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Saúde Mental
Por Luciana Dainese Graduanda em Psicologia pelas Faculdades Integradas de Jahu - Terapeuta de Barras de Access - Facilitadora da Ofi cina das Emoções
A estimulação cognitiva para os idosos
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A população idosa teve um crescimento signifi cativo nos últimos anos, tanto no Brasil quanto no mundo (IBGE, 2017)
Diante disso, surgem novos desafi os nos cuidados com a saúde geral do idoso. Considerando que a velhice traz com ela alterações fi siológicas e psicossociais importantes, é preciso zelar pelo bem-estar, seja ele físico, emocional, social, fi nanceiro, entre outras condições, para que o idoso continue dignamente seu processo de desenvolvimento humano, que só termina com a morte. Para falar de estimulação cognitiva com os idosos, assunto central desse texto, vou falar brevemente e esclarecer o que é cognição, neuroplasticidade e reserva cognitiva.
O termo cognição representa nossos sistemas e estruturas cerebrais que atuam na aquisição do conhecimento e envolve várias funções como atenção, percepção, memória, linguagem, raciocínio, entre outros elementos que compõem o sistema cognitivo. Apesar de o nosso sistema nervoso central ser programado geneticamente, o cérebro possui grande capacidade de se modifi car ao longo da vida. Essas mudanças adaptativas, que ocorrem na estrutura e função do sistema nervoso, denominamos neuroplasticidade. Essas alterações acontecem em qualquer fase da vida, através das interações com o meio interno e externo.
A Reserva Cognitiva pode ser entendida como o registro de atividades cognitivamente estimulantes realizadas ao longo da vida. Esse conceito de “reserva cognitiva” ainda está em construção, mas é possível observar que determinadas habilidades foram mais estimuladas e provavelmente estão mais preservadas, possibilitando conservá-las por mais tempo através da estimulação cognitiva. Vários fatores têm sido associados à aquisição de uma boa reserva cognitiva, alguns deles são: a educação formal, nível de inteligência, ocupação profi ssional desafi ante, hábito de leitura, exercício físico regular, atividade social e de lazer; e também práticas intelectuais complexas como aprender um instrumento musical, um idioma, entre outros processos de aprendizagem que desafi am e apresentam novos estímulos.
Quando envelhecemos nosso corpo, incluindo nosso cérebro, sofre diversas alterações, então a lentifi cação dos processos cognitivos faz parte do envelhecimento. Essas alterações não prejudicam nem impedem a realização das atividades cotidianas, ou seja, não causam dependência. É preciso fi car alerta quando o idoso apresentar difi culdades de se orientar no tempo e no espaço, em tomar decisões, de se autogerenciar e em alterações de comportamento de forma brusca e repentina. Esses sinais devem ser investigados por equipe interdisciplinar de saúde, pois sugere o início de algum tipo de demência que precisa de um diagnóstico e orientação de tratamento não só ao paciente, mas à sua família e cuidadores. O conceito de demência descreve um grupo de sintomas que podem ser causados por várias doenças, ou seja, esse termo “demência” se aplica a vários distúrbios neurocognitivos.
Muitas doenças distintas causam os sinais de demência. O Alzheimer é a causa mais frequente de demência irreversível, iniciase com a perda da memória e gradualmente leva à incapacidade total. A estimulação cognitiva é parte essencial da reabilitação e manutenção das habilidades gerais e pode ser aplicada em idosos com ou sem declínio cognitivo, de forma individual ou em grupo. As atividades realizadas, além de proporcionarem a melhora cognitiva, impactam positivamente nas emoções e habilidades sociais; o idoso se sente mais capaz, motivado, quando percebe que está realizando as atividades propostas e interagindo com o grupo.
Em 2021, para o estágio da faculdade, trabalhei em instituições de idosos, fi z o curso de estimulação cognitiva voltado para idosos e apliquei as atividades com eles. Foi muito gratifi cante ver de perto os resultados. A cada atividade realizada eles se sentiam acolhidos, gratos, pois se viam exercitando atividades que não eram rotineiras e que traziam à tona seus potenciais, e mesmo com limitações, reconheciam suas capacidades para o aprendizado.
A estimulação cognitiva, portanto, é um recurso que melhora a qualidade de vida do idoso, dos familiares e de seus cuidadores, previne as doenças neurodegenerativas e retarda a progressão, se a doença já estiver instalada.
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