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Opinião
Por: Wagner Parronchi, colunista wagnerparronchi@hotmail.com
Em casa, a melhor parte do frango é um presente para os pais
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Em janeiro de 2014 foi publicado o artigo de maior sucesso desta coluna intitulado “Em casa, a melhor parte do frango é dos pais”, que contou um pouco da minha história como pai
Constantemente recebo mensagens, telefonemas e até sou abordado no dia a dia por leitores da RE fazendo elogios, críticas, concordando e discordando das opiniões emitidas nesta coluna, o que é algo democrático e sadio, mas nenhum outro artigo fez tanto sucesso quanto o publicado em janeiro de 2014 - “Em casa, a melhor parte do frango é dos pais” – pelo qual retratei um pouco da educação que eu e minha amada esposa oferecíamos aos nossos fi lhos, na época crianças de tenra idade; lições que tiramos, do jeito deles, da excelente educação que nossos pais nos deram.
O sucesso do artigo não foi por acaso e em uma das abordagens me lembro de um pai que me disse que pegou a revista, colocou debaixo do braço e a levou para ler o artigo para sua esposa e seus sogros, avós maternos dos seus fi lhos. Aí entendi: o sucesso adveio de pais angustiados por uma luz na criação e educação dos fi lhos, tarefa muito difícil e que tem interferência de todos os lados: avós, tios, parentes, padrinhos, amigos, educadores, nossos corações moles etc. Não que eu seja o dono da verdade. Apenas contei uma realidade que vivíamos em família.
Impor limites dói muito, muito mesmo, e nos faz sofrer demais, pois as carinhas de tristeza dos nossos fi lhos é de cortar o coração, mas compensa e muito no futuro, onde hoje estamos. No aludido artigo eu disse para o leitor perguntar “aos meus fi lhos o quanto é difícil conquistar algo de seus pais”. Não por menos, entre os familiares era comum ouvir que eu e minha esposa éramos sargentões e que meus fi lhos viviam um “regime militar” dentro de nossas casas. Não é de todo verdade. Nós apenas queríamos formar cidadãos dando a eles a oportunidade de conhecer antemão o que a vida iria naturalmente cobrar deles. Mas pergunte a eles também o quanto este velho sargento foi um tremendo palhaço e o quanto brincamos das mais malucas brincadeiras que deixavam a mãe “sargentona” enlouquecida, mas também deixaram marcas indeléveis em seus corações, na forma de lembranças para contar a vida toda para os seus fi lhos e netos.
Repetimos em casa tudo o que a vida pudesse cobrar dos nossos fi lhos, os quais já estão encaminhando para as próprias vidas adultas. Minha linda princesa seguindo os passos do pai, que orgulho, já vai para o 3º ano de Direito, e meu fi lhão passou no vestibular e ingressou na concorrida faculdade de Medicina, um orgulho para nós. Logo eu e minha velha, os “sargentões” de outrora, com o sentimento de que “missão dada é missão cumprida”, estaremos na reserva, ou como se diz no meio militar, “reformados”, mas felizes e orgulhosos pelo belo resultado de um árduo, mas também criticado trabalho.
Não que nós ou meus fi lhos nunca tivéssemos errado. Ao contrário. Isso é improvável. Todo mundo erra. O importante são as lições que tiramos dos erros que cometemos, de estar preparado para reconhecêlos e de saber parar ou consertar, e minimizar ao máximo os danos, bem como de refl etir como meus pais vão se sentir ao saber do erro que cometi. É essa a semente que deve ser plantada na mente dos nossos fi lhos para que se perguntem toda vez que estiverem no limite entre o erro e o acerto: como meus pais vão fi car quando souberem o que eu fi z?
Hoje não é mais necessário separar ou impor para que as melhores partes do frango sejam meu e da minha esposa. Meus fi lhos fazem questão disso. Eles cuidam de nós melhor do que cuidamos deles. Dedicam atenção, se preocupam conosco, com nossos sentimentos e com a nossa saúde. São eles que cuidam da casa, fazem as compras e até marcam médicos para nós quando precisamos. É óbvio que o trabalho ainda não acabou. Quem é pai e mãe sabe que só termina quando fecharmos os olhos defi nitivamente, mas, recentemente, disse à minha querida e velha esposa: “fomos ‘sargentões’ na época certa para que não precisássemos ser agora”.
Obrigado, obrigado e obrigado aos meus fi lhos e minha amada “sargentona”. Feliz Natal e próspero Ano Novo.
Em tempo: vale a pena acessar: https://www.dicionarioinformal. com.br/sargentona/.
Viu só? É um elogio!