PROGRAMA
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Associações e Juntas de Freguesia do Concelho
Rádio Voz da Planície
33ª Ovibeja NOTA DE ABERTURA Ai está mais uma Ovibeja! Este ano tristemente marcada pela “perda irreparável” do Engº Castro e Brito, fazendo nossas as palavras do Presidente da República. A região perdeu uma voz, a Acos o seu líder, a Ovibeja o seu mentor e a Voz da Planicíe um amigo. Já dissemos várias vezes que a história da Voz da Planicíe se cruza com a da Ovibeja. Pertencemos ao grupo dos sempre presentes, dos que acreditam na Ovibeja como fator de afirmação da região. Que fizeram dela sua, seguindo a máxima do seu mentor, que sempre afirmou que a Ovibeja “era de todos”. Com a conivência do Engº Castro e Brito, fomos, ano após ano, criando “problemas” à organização da feira. Um ano porque queríamos montar uma antena no telhado da Acos e precisamos de uma escada Magirus. Outro, porque quisemos montar um palco no meio do pavilhão institucional e aí realizar concertos com nomes como Luis Represas, António Zambujo e muitos outros. Depois quisemos o nosso estúdio na feira com melhores condições, circuito telefónico no auditório do Nerbe para transmitir a sessão de abertura e alguns colóquios, ou que o queríamos a ele à hora x no nosso estúdio para uma entrevista. A estes e muitos outros “problemas” criados pela Voz da Planicíe, o Engº Castro e Brito foi sempre dizendo sim à sua resolução. Ele sabia o que nos movia: fazer mais, fazer melhor e inovar. A Ovibeja vai continuar, e nós, como sempre, lá iremos estar. Mas este ano, quando no nosso trabalho de cobertura da Ovibeja, calcorrearmos o espaço da feira, vamos sentir seguramente a nostalgia da ausência do Castro e Brito. Sendo o Património um elemento catalisador na estratégia de promoção dos territórios, a Voz da Planície, na edição da revista que agora lhe oferecemos procura centrar atenções nesta área contando para o efeito com a colaboração de técnicos, autarcas e reputados especialistas que ao longo das páginas desta publicação fazem uma abordagem multifacetada e simultaneamente lançam pistas para a preservação, divulgação e promoção do Património material e imaterial da Região. A Direção da RVP
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Rádio Voz da Planície
TODO O ALENTEJO DESTE MUNDO Pode parecer já um lugar comum afirmar a importância da nossa herança cultural para o presente e para o futuro do Alentejo, dada a visibilidade que esta dimensão cultural da nossa região tem assumido ao longo dos últimos anos nos discursos e nas práticas dos responsáveis aos mais variados níveis e das comunidades de uma forma geral. Consideramos no entanto que a atenção crescente de que o património cultural tem beneficiado, tem ainda um caminho importante a fazer, de continuidade e também de novas tomadas de consciência. O que hoje consideramos património é muito mais do que entendíamos há anos e será seguramente menos do que será a realidade patrimonial no futuro. Porque a nossa consciência do que é património é diretamente proporcional à perda de valores, de conhecimento, de tradições, relacionada com uma visão do mundo que está em fim de ciclo. Por essa razão quando tomamos consciência do risco que é perder arquiteturas, saberes, práticas (cultura material e imaterial) e paisagens, em função da cultura globalizada em que vivemos, cresce a urgência na sua salvaguarda. A importância do património cultural no e para o Alentejo é mais séria e mais urgente do que o que esse mesmo património representa para a promoção da região, para a sua divulgação e para a sua dimensão de criação de valor económico. Se é absolutamente claro que a nossa dimensão cultural nos deve também servir para promover a visibilidade da região, para a melhoria das condições de vida das populações e para o crescimento da atividade turística da região e da sua inquestionável dimensão económica, não é menos verdade que nunca podemos esquecer-nos da “dimensão cultural da Cultura”, passo a redundância propositada, e da sua importância primeira para as identidades locais e regionais, para a construção da cidadania, para o desenvolvimento do espírito crítico, para a “apropriação do mundo como seu” por parte dos criadores de valores culturais e patrimoniais. A valorização das nossas práticas culturais é por isso fundamental para devolver auto estima criar dimensão crítica e reforçar as identidades. E neste sentido, da valorização das identidades de uma região cultural antiga como o Alentejo, a ligação da cul-
33ª Ovibeja
Ana Paula Amendoeira
Diretora Regional de Cultura do Alentejo
tura com a agricultura e com o território, é muito mais óbvia e urgente do que às vezes pode parecer. O reconhecimento da importância central de um projeto inovador e arrojado como é a OviBeja, é também no contexto cultural absolutamente obrigatório, a homenagem sentida à figura do seu criador, Engº . Castro e Brito, ao papel visionário que desempenhou e o lamento pelo vazio que nos deixou, um dever que tristemente aqui cumprimos. Contendo em si todo o Alentejo deste mundo, a OviBeja simboliza também a dimensão mais matricial da nossa cultura e do nosso património, ligada à terra, e ao seu futuro que queremos independente e livre. Uma saudação especial e o agradecimento, são devidos à Rádio Voz da Planície pelo empenho sistemático na cultura do Alentejo e pela importância da edição desta revista por ocasião da OviBeja.
Escolhemos como imagem a marca histórica e cultural da região representada pela torre alta de Beja dominando há séculos as longas e fortes terras que nos identificam com a essência do Alentejo. A intervenção de restauro e conservação que agora está a chegar ao fim neste importante monumento nacional representa bem o orgulho e a esperança que depositamos na importância do passado para construir com segurança e com raízes fortes o nosso futuro comum.
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Rádio Voz da Planície
ARQUEOLOGIA
CONHECIMENTO E OPORTUNIDADE
33ª Ovibeja
Miguel Serra
Arqueólogo – Projeto Outeiro do Circo
Resta então saber como promover e potenciar toda a informação registada e os milhares de peças arqueológicas retiradas do solo para que tudo isto não acabe num qualquer armazém ou arquivo onde o pó irá assentar devolvendo ao esquecimento as memórias passadas. É pois um tempo de oportunidade! A investigação de todo este vasto espólio será sem dúvida fundamental para transformar o conhecimento produzido num recurso que permita a criação de mais fatores de atração neste Alentejo que se quer virado para o futuro mas que carrega uma história rica e vasta desde há milhares de anos. Desde toscos calhaus deixados pelos primeiros A riqueza arqueológica do Baixo Alentejo é uma evidência incontestável desde há muito. No entanto os últimos anos traduziram-se num aumento exponencial dos vestígios arqueológicos conhecidos, sobretudo devido às inúmeras intervenções realizadas no âmbito de grandes obras públicas, com claro destaque para o Projeto Alqueva, mas também pelas ações concretizadas em ambiente de investigação programada. Este incremento no número de sítios arqueológicos, e naturalmente nos incontáveis artefactos neles recolhidos, transformou, em parte, a perceção que os investigadores tinham sobre certos períodos e sobre determinadas áreas geográficas. Neste campo, as principais novidades dos últimos anos, permitiram uma autêntica revolução de conhecimento para certas épocas como as idades dos metais (Idade do Cobre, Idade do Bronze e Idade do Ferro), mas também para as épocas históricas (Período Romano, Antiguidade Tardia, Período Islâmico…). Centenas de sítios arqueológicos foram alvo de trabalhos de escavação nos inícios do século XXI, num cenário nunca antes ocorrido na região e que proporcionou uma oportunidade única de aumento do conhecimento sobre um vasto território. Contudo, poucos destes sítios poderão vir a ser visitados uma vez que deles resta apenas o que se registou e recolheu, pois no seu lugar surgem agora infraestruturas contemporâneas e outras marcas da modernidade que se quer para a região.
habitantes do Paleolítico, passando pelas primeiras construções que os agricultores do Neolítico nos deixaram, como menires ou antas, ou pelos gigantescos recintos de fossos do Calcolítico, pelas complexas muralhas da Idade do Bronze ou os ricos espólios orientais da Idade do Ferro até às sumptuosas villas romanas ou às muralhas de taipa islâmicas escondidas sobre as pedras de castelos cristãos, é enorme a herança que nos foi legada. Saibamos aproveitá-la...
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33ª Ovibeja
PATRIMÓNIO RELIGIOSO UM SECTOR ESTRATÉGICO PARA O DESENVOLVIMENTO DO TURISMO Estatísticas recém-publicadas sobre os fluxos turísticos ao nível europeu chamam a atenção para a importância avassaladora do “touring” religioso: a par do “touring” cultural e ambiental, é um dos poucos sectores onde o turismo pode crescer, de forma exponencial, no Velho Continente. Eis um dado a reter, na medida em que muitos dos agentes que operam na área do património, tal como na do turismo, não estão ainda bem cientes do seu real impacto. No Alentejo, o património sacro assume um peso marcante no contexto do universo patrimonial. Segundo alguns peritos, cerca de 70% do património de Portugal e Espa-
Quando se pretende conhecer a idiossincrasia uma cidade, uma vila ou mesmo uma aldeia deste território, os lugares de culto são chave indispensável para se aceder aos seus arcanos. Torna-se prioritário, pois, criar uma estratégia regional para a salvaguarda e a valorização das igrejas históricas, sejam elas catedrais, matrizes, paroquiais, ermidas ou capelas. Mas não basta pensar no património construído: o continente (o edifício) não vive sem o seu conteúdo (o acervo), seja ele integrado, móvel ou, inclusivamente, imaterial. Em primeiro lugar, o património religioso deve ser entendido como um todo, independentemente da nature-
nha é de origem religiosa. Tudo sugere que, no âmbito da nossa região, onde o Judaísmo, o Cristianismo e o Islão desenharam uma interessante confluência, tal percentagem possa ser ainda mais elevada. A arte sacra ocupa um lugar de primeira magnitude dentro do universo patrimonial alentejano e torna-se basilar para o entendimento da sua peculiar identidade.
za específica de cada um dos seus âmbitos. Privilegiar o Gótico ou o Manuelino em detrimento do Maneirismo ou do Barroco não faz qualquer sentido; e a atomização por “especialidades” cronológicas, estilísticas, temáticas, confessionais ou quaisquer outras, pode revelar-se muito prejudicial para a leitura equilibrada do todo. Devemos estar atentos a abusos desta índole, pois principiam a ser
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Rádio Voz da Planície cometidos na maior das impunidades. Outra pecha grave a resolver prende-se com a inexistência de circuitos efectivamente praticáveis, que permitam cruzar a região de uma forma coerente. A maior parte dos percursos hoje proclamados existe apenas no papel e, devido à nossa crónica falta de capacidade de organização, não se repercutem, com eficiência, no terreno, à escala regional. Um exemplo: mesmo quando existe sinalização, ela tende à descontinuidade. Como se isto não bastasse, inúmeros monumentos religiosos encontram-se fechados ao público fora dos atos de culto. Se é certo que se torna muito difícil manter abertos e preparados para a visitação um grande número de edifícios, pelo menos os “essenciais” deviam oferecer estas condições. Nem sempre se requer, para tal, um guardião; com a ajuda das autarquias locais, das associações ou de voluntários, podem encontrar-se alternativas eficazes. Muitos responsáveis pelas paróquias continuam a olhar os turistas de lado ou aceitam-nos apenas uma fonte de receita complementar. Continuam também a vislumbrar os fundos comunitários como um manancial que permite restaurar os seus edifícios; porém, inaugurada a obra, “esquecem-se” da obrigação de manter as portas abertas. Os trabalhos de conservação são apenas o princípio de
33ª Ovibeja um ciclo virtuoso. Se o património deve estar recuperado, de modo a poder cumprir a função que lhe cabe, é fundamental dispor de mecanismos de acolhimento, informação, dinamização. Não pode deixar-se aqui espaço para egoísmos de campanário, sob pena disso comprometer a sustentabilidade. São diversos, como se vê, os desafios que se perfilam na nossa região, conhecida pela sua escassa prática religiosa, para que as igrejas históricas possam sobreviver e continuar a desempenhar um papel útil à sociedade. Há um imenso trabalho de sensibilização a fazer nestes e noutros domínios, realmente basilares à luz da pastoral da cultura e da pastoral do turismo, segundo tem sido lembrado por notáveis documentos emanados da Santa Sé. No fundo, impõe-se uma “revolução” cultural e espiritual que ajude a colocar um vasto conjunto de bens pertencentes às comunidades, mas hoje capturados por circunstâncias adversas, ao serviço de todos. Se se pretende que assim seja, a prioridade n.º 1 deve residir na necessidade de tornar eloquente um património que parece condenado ao silêncio. Existe uma força decisiva para quebrar esse dramático mutismo: a imprensa regional.
José António Falcão
Dir. Dep. Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja
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33ª Ovibeja
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O MUNDO RURAL NAS TERRAS DO SUL Desde tempos antigos que no Alentejo as boas terras de cultivo e sobretudo os barros de Beja continuam na posse de grandes proprietários que, de uma forma geral, sempre se dedicaram a monoculturas cerealíferas. Contudo, nas vertentes da Serra Algarvia, por toda a serra cortada pelo Guadiana, nas terras pobres dos chamados campos de Ourique e de Mértola, antigas comunidades que ao longo da história escaparam ao controlo directo desses senhores, souberam organizar-se num sistema autonómico de sobrevivência agro-pastoral. Eram comunidades com uma sólida organização económica baseada sobretudo na criação de gado miúdo. Antes, como hoje, cultivavam pequenas hortas, situadas nas imediações de um ponto de água que resistia à estiagem. Era a mulher a amanhar a terra e o homem a tratar do gado. Estes campos do Alentejo serrano foram durante muitos séculos os grandes invernadeiros do gado de uma parte importante do Ocidente Peninsular. Já em épocas anteriores à “Reconquista” e portanto antes das mestas feudais, vinham para esta zona rebanhos das serras da Estrela e de Gredos para fugir às neves de Inverno. Nestas dobras da serra, subsiste algum povoamento herdeiro de antigas comunidades rurais, muito coesas, bem defendidas em redutos de cumeada onde se refugiavam dos senhores feudais com os seus rebanhos. Estas aldeias, nestes últimos anos quase abandonadas, foram durante muitos séculos a estrutura de um povoamento que se prolongava pelas zonas montanhosas do Rif marroquino e da Kabilia argelina. Durante muitos anos de investigação arqueológica, sempre deparámos com enorme dificuldade em estabelecer cronologias rigorosas para estes aldeamentos camponeses, tal é a semelhança, por vezes ao longo de muitos séculos e mesmo milénios, das formas e técnicas da habitação, dos hábitos culturais e alimentares. Nas quebradas da serra, muitas vezes onde menos se espera e onde as condições de solo parecem impossíveis, comunidades de camponeses criaram ao longo dos séculos espaços de sobrevivência. Um simples açude, além de fazer a moagem sazonal serve sobretudo para criar uma bolsa alimentar onde é cultivado o chícharo e a fava, a uva passa, o figo e a azeitona. Por todo o lado são hoje ainda visíveis pequenos campos agrícolas sobre o antigo leito de um curso de água, entretanto desviado.
Cláudio Torres Arqueólogo
O abandono destas obras hidráulicas e sobretudo dos muros de suporte dos barrancos, por falta de manutenção humana, faz com que desapareça para sempre o trabalho de muitas gerações, quando a terra, tantas vezes transportada às costas ou em dorso de mula, é levada pelas enxurradas que retomam os leitos geológicos, abrindo as encostas à mais selvagem erosão. Além da vida humana e ao contrário do que muitas vezes é afirmado, com o desaparecimento destas pequenas hortas e pomares, desaparece também a vida selvagem, dependente da biodiversidade, por sua vez alimentada pela tradicional policultura praticada pelas comunidades camponesas. O camponês, mesmo sem terra, é alguém que sabe da terra, que conhece os seus segredos. É um homem culto, conhecedor dos gestos ancestrais, das leis não escritas do sol e da
chuva. O camponês conhece todas as plantas, sabe podar e enxertar, conhece o tipo de solo para cada cultivo e o tempo das sementeiras. O camponês conhece bem o seu território, palmo a palmo, sabe de cada pedra, conhece, por vezes pelo nome, cada ovelha, cada cabra. É um especialista no trato com os animais. O seu valor e capacidade de resistência estão na diversidade dos seus múltiplos conhecimentos, na síntese dos seus saberes que mergulham nos alvores da humanidade. Ele sabe também ser solidário na sua comunidade. Ele é irmão do seu irmão, ele é amigo do seu amigo e, como nin-
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33ª Ovibeja
guém, não só está disposto a defender ferozmente as suas hortas ou o seu rebanho, como é também capaz de gestos do mais profundo desprendimento. Aliás é essa a especificidade do camponês alentejano. Inseparável da sua comunidade, pertence a um corpo único bem patente no gesto e na forma do seu cante. A terra, num futuro muito mais próximo do que imaginamos, terá de sofrer profunda conversão. Na recuperação dos sistemas de irrigação, no plantio de áreas hortícolas, no incentivo da policultura. Todo este processo, imparável a médio termo, vai necessitar outra vez de camponeses, de alguém que saiba ainda trabalhar os campos. A terra, pela sua raridade cada vez mais preciosa, como ultimamente tem sucedido com a água, tende necessariamente a tornar-se um bem social a preservar. A agricultura industrial, no seu afã exclusivo de lucro fácil, começa a mostrar a sua incapacidade de abastecer o seu próprio mercado e sobretudo de controlar a qualidade. E a qualidade alimentar começa a ser a pedra de toque de uma sociedade cada vez mais exigente e que neste sector não perdoa a ganância desenfreada dos agentes comprometidos nas mais graves manipulações químicas ou genéticas. Embora ainda tímida, em vários pontos da Europa e também entre nós, em simultâneo com a concentração em bairros
urbanos periféricos dos camponeses expulsos do interior rural, é já sensível um desejo de fuga da cidade, da selva urbana em que se transformaram as velhas cidades mediterrâneas. Por outro lado, de uma forma impensada, as zonas rurais estão a ser sistematicamente despojadas dos seus apoios cívicos e administrativos: as escolas fecham, desaparecem os postos de correio e os meios de transporte colectivos, os serviços sociais são centralizados, e até costumes fortemente enraizados são proibidos (construir em taipa, matar um porco, comer arroz de cabidela...). Tudo isto constituem incentivos ao abandono das zonas rurais e à super-concentração urbana. Quero crer, porém, que as zonas rurais do interior, onde ainda resta terra limpa, e água não poluída, serão um crescente atractivo e que, numa só geração, irão beneficiar de uma importante recuperação demográfica. Este movimento para o interior, se hoje é muitas vezes apenas alimentado pelo turismo ou por um certo romantismo de regresso à natureza, vai com certeza transformar-se num percurso vital de populações que procuram sobreviver. A água e a terra, como bens cada vez mais preciosos, continuam a ser indispensáveis e sobretudo vitais para a alimentação e sobrevivência do ser humano.
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DJODJE Los Romeros
11 jun.
THE GIFT Ruben Baião Six Irish Man colóquios | artesanato | produtos regionais música | animação | tasquinhas | mostra de gado
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ALJUSTREL
33ª Ovibeja
Rádio Voz da Planície
A DEFESA DO PATRIMÓNIO COMO PRIORIDADE
Deste a primeira hora que a Entidade Regional de Turismo definiu como prioridade a defesa do Património. Um património único e inestimável que edificou e edifica o ADN de uma Região com um caráter e uma identidade que merecem ser protegidos e enobrecidos. Da monumentalidade, à cultura, passando pela gastronomia, o enoturismo, a arte equestre, os recursos náuticos, a oferta sol e mar, o touring cultural e paisagístico ou as expressões e manifestações culturais são muitos e diversificados os recursos do território em tornos dos quais a Turismo do Alentejo, ERT - em estreita parceria com os agentes públicos e privados e recorrendo, em alguns casos, aos financiamentos da União Europeia - tem vindo a desenvolver e a implementar Planos Estratégicos que permitam não só a estruturação deste património mas também uma promoção ainda mais eficaz e que permita alavancar a procura dos mercados turísticos, cada vez mais exigentes e à procura de experiências inigualáveis. À semelhança do que fizemos com o património gastronómico - ao certificar os restaurantes da região e editar o Guia de Restaurantes Certificados, a Carta Gastronómica e o Roteiro Enogastronómico “Da Terra à Mesa” - e com a manifestação cultural do Cante e a arte tradicional do Fabrico de Choca-
António Ceia da Silva
Presidente Turismo do Alentejo, ERT
lhos – cujos processos de candidatura à Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco) levaram, nos últimos dois anos, à conquista de mais dois títulos de Património da Humanidade para uma Região onde o selo já era ostentado por Évora e Elvas, percorremos agora caminho para cumprir o que nos propusemos ao abrigo do Documento Estratégico Turismo do Alentejo 14-20. Um documento cujas linhas prioritárias vão ao encontro da certificação do Destino e de toda a sua cadeia de valor e que permitirá, seguramente, incrementar o crescimento do setor, apoiando os empresários nos seus projetos inovadores e disruptivos, permitindo-lhe assim pontuar, ainda mais, pela diferença através da oferta de produtos de excelência e, consequentemente, dinamizar a economia regional. O vasto e rico património material e imaterial que a Região possui são, sem sombra de dúvida, uma herança que nos permite estruturar produtos, articular a oferta, construir e promover uma marca turística diferenciadora e de excelência. Um Alentejo que, nos últimos anos, passou a figurar nas melhores rotas turísticas do mundo e a ser referência nas principais publicações nacionais e internacionais do setor.
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DIÁRIO DO ALENTEJO MUSEU REGIONAL DE BEJA BEJA DIGITAL CENTRO INTERMUNICIPAL DE DIGITALIZAÇÃO
CONTRATUALIZAÇÃO DOS FUNDOS COMUNITÁRIOS DE INVESTIMENTO
2007-2013 / 2014-2020
INVESTIMENTO 2007 – 2013
INVESTIMENTO 2014 – 2020
36.351.609,84 €
33.763.157,00 €
30.898.868,36 €
28.698.683,00 €
Investimento total
Apoio Comunitário FEDER
RESULTADO:
100% EXECUÇÃO
88 projetos executados nas áreas da Ação de
Valorização e Qualificação Ambiental, Energia, Economia Digital e Sociedade do Conhecimento, Equipamentos para a Coesão Local, Equipamentos Culturais, Mobilidade Territorial, Património Cultural, Promoção e Capacitação Institucional, Reabilitação Urbana, Sistema de Apoios à Modernização Administrativa e Sistema de Apoio a áreas de Acolhimento Empresarial e Logística.
Investimento total
Apoio Comunitário FEEI
META:
100% EXECUÇÃO
Áreas a investir: Património Cultural,
Eficiência Energética, Dinamização do Empreendedorismo e das Atividades Económicas, Tecnologias de Informação e Comunicação em linha (Modernização da Administração Local), Infraestruturas de Educação e Formação, Promoção do Sucesso Educativo, Infraestruturas Sociais e de Saúde, Proteção e Valorização dos Ativos do Território e Reforço da Inclusão e da Coesão Social e Adaptação às Alterações Climáticas.
Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira
Rádio Voz da Planície
BEJA
ALMA CRIATIVA Em mais uma edição da Revista da Rádio Voz da Planície na OVIBEJA, a quem agradeço o convite para participar e que aproveito para felicitar, o Município gostaria de apresentar algumas das ações que se inserem naquela que é a sua estratégia de promoção e projeção da cidade e do concelho. Esta estratégia municipal de afirmação do território, para além da clara aposta na promoção da nossa identidade regional, incide sobretudo na valorização do legado patrimonial que nos distingue, no investimento em espaços públicos e edifícios, é uma estratégia de envolvimento das pessoas, que apela à participação na vida da sua terra, estimula a revitalização de hábitos antigos, pretende o reforço das relações de vizinhança que antigamente se construíam nas conversas em amenos finais de tarde, sentados à porta de casa, nas ruas, nas aldeias, nos largos e nos montes. A requalificação e revitalização do Centro Histórico de Beja é uma das apostas desta estratégia, que visa criar as condições para que este núcleo central, o coração da cidade, se constitua como fator de desenvolvimento. Através das obras em curso, de valorização patrimonial, e da organização de eventos regulares, pretendemos que as pessoas saiam à rua e desfrutem das condições únicas da cidade criando, ao mesmo tempo, condições para que esta programação cultural se consolide, atraindo visitantes, como forma de contribuir para a promoção do turismo e desenvolvimento económico. Nesta lógica, o Centro Histórico tem acolhido diversos eventos de caráter cultural como a Beja Romana ou o projeto Viva o Natal com Alma, bem como de índole mais recreativa ou até religiosa, como as Festas da Santa Maria ou os mercados de produtos regionais, e vai ainda ser o palco, já este ano, do Festival BEJA na RUA, um festival de artes que trará para a rua variadas expressões artísticas e performances de artistas de renome, bem como o Festival de Banda Desenhada, que queremos descentralizar para uma maior fruição por parte da população. A riqueza deste nosso território reside no seu vasto património, material e imaterial, de onde se destaca o Cante Alentejano, classificado Património Imaterial da Humanidade, mas também o edificado, riquíssimo de monumentalidade, que se oferece à descoberta do visitante ao virar de uma esquina ou no cimo de uma colina e que conta a História desta região, as suas raízes, o passado dos seus habitantes. Beja é uma cidade com mais de 2 milénios de História, com um património histórico, artístico e cultural importantíssimo e que importa valorizar e divulgar, a par com o património arqueológico. Os recentes vestígios encon-
33ª Ovibeja João Rocha Presidente da Câmara de Beja
trados nas obras da Praça da República e Rua da Moeda incluem, para além de outros achados, um templo romano do século I, que pode ser o maior do país e um dos maiores da Península Ibérica, permitindo perceber a história de Beja desde a idade do Ferro até aos dias de hoje. Julgo que não existem dúvidas da importância que devemos atribuir a este achado e da responsabilidade que nos cabe de não o deixar escondido. Beja precisa de se reencontrar com a sua identidade cultural, as gerações mais novas devem aprender a amar a sua terra e as suas raízes pois o futuro de um povo só se garante se soubermos preservar o seu passado.
Foi com o intuito de devolver esse passado às pessoas, de relembrar as origens deste povo que aqui se fixou há mais de 2000 anos e cujo legado nos foi passado de geração em geração, que o Município levou a cabo a organização do evento Beja Romana, que registará este ano a sua terceira edição. A adesão das pessoas a esta recriação histórica tem sido crescente tal como o envolvimento do movimento associativo e das escolas na sua preparação e realização. Estes eventos, o seu sucesso e dimensão não são mais que o reflexo dos cidadãos e populações que os ajudam a engrandecer e, neste sentido, os bejenses têm sabido responder aos desafios que temos lançado. Estamos convictos que este é o caminho certo, numa cidade com passado mas onde queremos um futuro pleno de alma criativa. Este é mais um dos projetos âncora para o desenvolvimento da cidade de Beja e do seu Centro Histórico, da mesma forma que os outros eventos que temos projetados no espaço urbano. O Município de Beja dá as boas vindas a todos quantos nos visitem nestes dias, convidando a que descubram os encantos deste nosso Alentejo e do Concelho e desfrutem do que de melhor temos para vos oferecer.
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Rádio Voz da Planície
ALMODÔVAR
VILA DA ESCRITA DO Sudoeste Almodôvar é um concelho que tem muito para oferecer aos que vivem cá e a quem nos visita. Começamos pela excelente gastronomia que todos podem apreciar nos nossos restaurantes, tais como o Ensopado de Borrego, as Açordas, o Cozido de Grão, o Pão de Almodôvar, entre outras iguarias que fazem as delícias da nossa terra e da nossa cultura. A gastronomia de Almodôvar é um fator diferenciador na região, mas não é único. Em termos de cultura, temos fortes tradições ligadas ao Cante Alentejano, à arte dos Sapateiros e à Museologia em geral. Nesta última, talvez ainda poucas pessoas saibam que a mais antiga escrita conhecida no território, hoje português, tem mais de 2500 anos. Os achados de valor excecional em que ela consta e que são constituídos, por via da regra, por placas de xisto de diferentes dimensões, com pelo menos uma face relativamente lisa, na qual se gravou um texto, de conteúdo geralmente desconhecido, mas onde foram assinalados signos muito característicos, estabelecem o que se designa como “escrita do sudoeste”, “tartéssia” ou “sud-lusitana”. Parece de facto, que a maioria dos monumentos são estelas destinadas a serem colocadas no lugar da sepultura. Em alguns casos excecionais, a inscrição era acompanhada de imagens, e até hoje esta manifestação permanece indecifrável. Se a História começou no momento da invenção da escrita, então Almodôvar está na vanguarda da mesma, ou não tivesse origem neste território, parte significativa dos primeiros indícios da existência de uma escrita própria dos povos que remotamente habitaram o sudoeste peninsular. Nesta perspetiva, pela sua raridade, relevo científico e o facto de se tratar da forma de escrita mais antiga que se conhece neste canto do mundo, a Autarquia reuniu um conjunto de lápides epigrafadas da Idade do Ferro, em 2007, num espaço museológico – Museu da Escrita do Sudoeste de Almodôvar, o MESA, exibição que foi merecedora de uma Menção Honrosa, outorgada pela APOM, na edição de 2009 do Prémio Nacional de Museologia. Desde que abriu ao público, o MESA , único a nível mundial que trata exclusivamente desta temática, é um dos mais fortes pontos de partida para o entendimento da História de um vasto território que se estende por Portugal e Espanha e tem sido um elemento de captação
33ª Ovibeja
António Bota
Presidente da Câmara de Almodôvar
de turístas bastante importante para Almodôvar, despertando a curiosidade de orgãos de comunicação nacionais e internacionais, como a Associated Press, e, a BBC, que já realizaram reportagens e documentários de realce e que chamaram a atenção não só da comunidade ciêntifica, como do público em geral, originando visitas de turistas provenientes de locais tão longinquos como o Japão ou os Estados Unidos da América. Considerando o último estudo realizado em 2014 pela autarquia e que traçou o Perfil do Turista que visita Almodôvar, apurou-se que nos atributos mais destacados pelos turistas inquiridos estavam os Recursos Culturais e Históricos talvez porque hoje, a corrente que importa compreender prende-se com a raíz e a proveniência da nossa história e da nossa cultura e mais do que nunca,
a globalização a que assistimos faz-nos perder esses laços, pelo que é premente preservá-los e interiorizá-los. É esse o objetivo da autarquia almodovarense e por isso, a Escrita do Sudoeste é observada como um dos elementos diferenciadores que, aliado a uma série de iniciativas que têm vindo a ser estrategicamente implementadas, poderá alavancar o Concelho para um aumento considerável do número de turistas, e respetivo crescimento em termos de procura da restauração e do comércio local. Nesta perspetiva, temos em plano um evento promocional, que inicia até ao final do ano e que
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Rádio Voz da Planície potenciará esta temática, procurando evidenciar a escrita como elemento diferenciador. Assim, verifica-se que o potencial turístico de Almodôvar é constituído por um somatório de pequenos recursos, de admirável património, de valorização dos testemunhos antigos e de preservação de práticas ancestrais ainda hoje realizadas, e permite, em simultâneo com o aproveitamento do passado, uma integração do presente e um caminho a traçar para o futuro. Considerando estes pressupostos, a Câmara Municipal tem vindo a adaptar a sua estratégia, de forma a atender não só aos benefícios e bem-estar dos turistas, mas também ao das populações e comunidades visitadas. Refira-se que a Escrita do Sudoeste desperta o imaginário de cada um que contacta com ela, suscita-nos a curiosidade, faz reviver os sentimentos de admiração ligados à nossa história e faz-nos também querer decifrá-la, querer compreender as mensagens que os nossos antepassados nos tentaram deixar, e isso são experiências marcantes que têm vindo, não só a fidelizar, como a aumentar o número de visitantes que Almodôvar tem tido e que buscam nesta temática esse RadioPax2016.pdf 1 15-04-2016 10:16:47 tipo de emoções. No fundo, o que se propõe, ou pretende propor, é um produto, que contém sensações e experiências emo-
33ª Ovibeja cionais. Este é o princípio que norteia a corrente do Marketing experiencial que transforma os produtos em experiências com um valor acrescentado, onde o consumidor compra, não bens e serviços, mas a vivência de experiências e sensações e acreditamos que esta é a fórmula da Escrita do Sudoeste. Mais do que os produtos ou atrações do destino, mais do que a generalidade do que pode visitar em Almodôvar, interessa a componente intangível associada ao nosso saber, à nossa cultura e ao que temos para oferecer, desde os pequenos destinos rurais da nossa terra, que por si só são diferenciadores, até à gastronomia, terminando num Museu único, que será certamente potenciador do desenvolvimento por via do setor turístico. Acreditamos que a Escrita do Sudoeste é este elemento. Acreditamos que o potencial do concelho está na diferenciação que temos e na capacidade de tornar essa diferenciação em atração para os diferentes nichos de mercado turístico. Por essa razão, definimos eventos, feiras, exposições e seminários que proporcionem aos turistas oportunidades e razões fortes para que nos visitem, comprem no comércio local, conheçam os nossos produtos locais, saboreiem a nossa gastronomia, pernoitem, e, levem vontade de voltar ao nosso concelho.
Cooperativa do Ano 2015
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PATRIMÓNIO E DESENVOLVIMENTO LOCAL
Tomé Pires
Presidente da Câmara de Serpa
O MUSEU MUNICIPAL DE ARQUEOLOGIA DE SERPA
O modelo de desenvolvimento que o município de Serpa segue assenta em grande parte na valorização e salvaguarda do património e dos recursos endógenos, enquanto dimensão estratégica para a sustentabilidade. Este trabalho, que tem vindo a ser feito de forma persistente e empenhada, resulta num conjunto de projetos, de ações e de programas consistentes que permitem afirmar e distinguir o concelho e a cidade de Serpa como um centro efetivo de promoção cultural e de forte identidade. Porque o desenvolvimento local constrói-se com e para os agentes e as comunidades, congregando sinergias para o crescimento e qualidade de vida de que podemos todos beneficiar. O Museu Municipal de Arqueologia de Serpa, reaberto agora ao público após uma grande intervenção de requalificação do espaço físico e da museografia é, sem dúvida, um dos exemplos que podemos destacar no quadro deste processo de construção de um território sustentável, de qualidade de vida e de participação democrática. Importa acrescentar que este Museu acrescenta valor também ao núcleo histórico da cidade, clas-
sificado em 2004 como Imóvel de Interesse Público, contribuindo para acentuar o seu papel de polo dinamizador da existente riqueza patrimonial concelhia. Por outro lado, o desenvolvimento da estratégia museológica que está pensada para este território, numa perspetiva de museu aberto, tem como objetivo acrescentar-lhe variados outros conteúdos interpretativos de forma a melhorar as condições de fruição do património local. Em síntese, esta requalificação é uma das etapas na salvaguarda e valorização do património local concelhio, contribuindo para a construção de uma rede de espaços e conteúdos interpretativos do território que serão pilares do desenvolvimento local. A par com outras intervenções e programas de ação, com destaque para o Cante Alentejano, pretendemos o crescimento de uma rede de serviços de dimensão e qualidade, representando um investimento de efeito multiplicador, benéfico para o concelho e para as atividades turísticas e produtivas, contribuindo para a sua sustentabilidade económica e social.
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A ILUMINAR SORRISOS
Acordos: ACS | MEDIS (CTT) | ADM | AavanceCar Allianz Saúde | Future Healthcare | Multicare Sãvida | PSP (Regime Livre) | ADMG (Regime Livre) Acordos varias entidades
VOCÊ TAMBÉM PODE SORRIR Rua General Morais Sarmento, 18 r/c 7800-064 BEJA
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Depósito Votivo de Garvão da II Idade do Ferro
Muito do que é a nossa identidade, tão valorizada e reconhecida nos últimos anos com o Cante e os Chocalhos, resulta da presença nos nossos territórios de legados de diversidade cultural únicas que importa valorizar como vantagem competitiva para a afirmação da Região. O Depósito Votivo de Garvão da II Idade do Ferro é uma dessas marcas diferenciadoras. Garvão, “Aranni” na época romana, “Arandis” para Ptolomeu e “Garabon” para os árabes, terá sido um dos grandes centros de espiritualidade proto-histórica do Sudoeste Peninsular. Em 1982, uma descoberta acidental durante a instalação de infraestruturas deu a conhecer um espólio singular de cerâmica, metais e vidros da II Idade do Ferro, provavelmente associados ao culto de uma divindade com poderes profiláticos nas doenças dos olhos. Esse património que ficou armazenado desde o final dos anos 80 em Évora e depois em Conímbriga, regressou a Ourique por impulso da Autarquia e, em breve, estará ao dispor do público no Centro de Arqueologia Caetano de Melo Beirão, em Ourique, criado pela Câmara Municipal para acolher estes objetos arqueológicos e oferecer as condições técnicas especiais necessárias ao projeto GODESS e a outros estudiosos.
Marcelo Guerreiro
Presidente da Câmara de Ourique
A exposição do espólio do Depósito Volitivo de Garvão que em breve será inaugurada é o corolário do projeto GODESS, em curso desde 2010, financiado pela Fundação para a Ciência e Tecnologia / Ministério da Ciência e Ensino Superior, desenvolvido no seio de uma parceria que integrou o Laboratório HERCULES/Universidade de Évora, o Centro de Estudos de Arqueologia, Arte e Ciências do Património/Universidade de Coimbra, a Direção Regional de Cultura do Alentejo (DRCA), bem como outras unidades de investigação nacionais e internacionais. A riqueza do património do Depósito Votivo de Garvão é o resultado da fusão das sociedades ibéricas com fortes influências celtas e do mundo Mediterrâneo, justifica o nosso esforço de valorização dessa memória e uma visita a Ourique. Se soubermos conjugar a defesa do nosso património histórico e cultural, material e imaterial, com a afirmação das marcas atuais da nossa identidade saberemos construir um conjunto de oportunidades de desenvolvimento local e de qualidade de vida . É isso que fazemos em Ourique com o património histórico e com a marca Capital do Porco Alentejano. Um Povo com memória será certamente um Povo com futuro.
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MÉRTOLA
A VILA ÁRABE DO ALENTEJO
A história de Mértola conserva-se até hoje nas suas ruas empedradas, no casario disposto em socalco, nas pedras da velha muralha, nos achados arqueológicos ali descobertos e nos saberes e ofícios ainda preservados. Implantada sobre um imponente esporão rochoso entre o Guadiana e a ribeira de Oeiras, esta vila amuralhada foi em tempos um importante porto do Mediterrâneo e do Gharb al-Andalus. Mértola, importante cidade mercantil desde a Antiguidade, entreposto comercial que ligava este território a toda a bacia do Mediterrâneo, tornou-se célebre pela sua posição geográfica, pela navegabilidade do Guadiana e pela proximidade às regiões metalíferas de Aljustrel e S. Domingos. Esta importância manteve-se no período islâmico, com especial destaque nos séculos XII e 1ª metade do XIII d.C, tendo a Vila chegado a ser sede de um pequeno Reino Taifa. O carácter cosmopolita de então mantêm-se nos dias de hoje, através dos milhares de turistas que aqui acorrem para visitar o vasto património histórico que mais de 3 décadas de investigação, conservação e divulgação através da museologia, deram a conhecer. Em 2015, a vila com pouco mais de 1000 residentes, contabilizou perto de 40
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Jorge Rosa
Presidente da Câmara de Mértola
mil visitantes na Igreja Matriz, antiga Mesquita, que integra atualmente o conjunto dos 14 núcleos do Museu de Mértola. Esta forte herança cultural não pode por isso deixar de ser um eixos estruturantes nas estratégias de desenvolvimento e promoção do território. Além do projeto de investigação histórico-arqueológica e museológico de Mértola, de 2 em 2 anos a herança islâmica é evocada através do Festival Islâmico. Este evento enaltece a história e uma comunidade recetiva à diferença, ao diálogo e ao salutar convívio entre os indivíduos, e dignifica um território que estruturou o seu desenvolvimento num caminho sólido baseado na salvaguarda e dinamização do seu património e da sua herança cultural. Em torno desta presença islâmica estão ainda em curso projetos como a instalação do Hammam & Casa de Chá de Mértola ou a implementação da Rota Islâmica. Situada no interior empobrecido de uma região árida, parca em oportunidades e fortemente abalada por processos migratórios de êxodo, a vila de Mértola, desenhou assim o seu futuro assente na premissa que a memória do local, sedimento da sua identidade, é também um poderoso fator impulsionador do seu desenvolvimento.
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IDENTIDADE COMPETITIVIDADE RESPONSABILIDADE UNIテグ EUROPEIA Fundo Europeu de Desenvolvimento Regional
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PATRIMÓNIO CULTURAL S. CUCUFATE E VINHO DA TALHA
As Ruínas de S. Cucufate, património do Concelho de Vidigueira, localizado em Vila de Frades, assume se como uma das mais antigas ruínas e hoje mantém as portas abertas, muito sob a responsabilidade das Autarquias Locais. São elas que contribuem para a sua manutenção em termos físicos do equipamento e também ao nível dos recursos humanos, permitindo assim a possibilidade de ter visitas guiadas ao espaço e contribuir deste modo para o conhecimento da nossa história. Este Património é considerado por muitos, a melhor residência rural Romana em Portugal, o edifício é composto por dois pisos e terá tido a função de residência do proprietário agrícola, onde armazenava o azeite e o vinho, em talhas. Estes dois produtos muito apreciados pelos Romanos encontraram em Vila de Frades, as condições excelentes para a sua produção. É daqui que surge a história do Vinho da Talha em Vila de Frades e perdura hoje por via dos produtores locais e também por via de algumas festividades relacionadas com o mesmo. Este vinho é apresentado por altura do São Mar-
Helena D’Aguilar
Vice-presidente da Câmara de Vidigueira
tinho e serve de motivo para as Festas Báquicas realizadas em Vila de Frades pela Associação Vitifrades, que todos os anos realiza estas festas e faz honra ao seu Vinho da Talha, com a Rota das Adegas, onde é dada a oportunidade a todos os visitantes de integrarem a Rota e provarem o Vinho da Talha. Por esta altura todos os produtores locais, abrem as suas portas, das suas casas, das suas adegas e convidam todos os visitantes a entrarem a provar o vinho que produziram, acompanhados sempre de uma mesa bem composta, por queijos, enchidos e não falta o pão da Vidigueira. O que também não falta nesta Rota é o Cante, que anima a Rota e convida a cantar todos os que se juntam à volta da mesa, a provar o Vinho. Entendo que este Vinho tem características únicas, tanto pela forma de o fazer, como pela origem do mesmo, e por isso mesmo, a promoção do Concelho passa inevitavelmente pela sua promoção e valorização, tornando este Vinho da Talha um produto turístico capaz de impulsionar a economia local.
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XXII EXPOSIÇÃO AGRO-PECUÁRIA
GARVÃO 6 A 8 MAIO 2016 8 MAIO SOMOS PORTUGAL TVI
cm ourique ENTRADAS LIVRES Exposição Agro-Alimentar | Artesanato | Gastronomia | Exposição Pecuária Corrida de Touros | Encontro de Produtores | Leilão de Suínos Reprodutores de Raça Alentejana | Actividades Equestres | Concurso Regional de Garvão Rafeiro do Alentejo | Tasquinhas | Espectáculos | Animação
União de Freguesias de Garvão e Santa Luzia
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CASTELO DE MOURA
A candidatura, em 2009, de um projeto intitulado Regeneração Urbana do Centro Histórico de Moura viria a revelar-se a pedra de toque para um processo de intervenção em parte substancial do Centro Histórico da Cidade. Foram anos decisivos para a cidade de Moura, num processo que, no que ao castelo diz respeito, ainda não está terminado. Num quadro de grandes restrições financeiras e num momento em que o interior se desertifica cada vez sentimos a necessidade de renovar a cidade. Torná-la mais digna do seu passado é, também, uma forma de a preparar para o futuro. Em que domínios se trabalhou, no castelo de Moura? O Convento de Nossa Senhora da Assunção, em pleno castelo da cidade, foi alvo de trabalhos de consolidação. A degradação do conjunto, construído em meados do século XVI, foi interrompida, estando criadas condições para o desenvolvimento de um projeto futuro de reabilitação e refuncionalização do edifício. A torre do relógio, particularmente afetada por um temporal em 1984, foi recuperada. O relógio
Santiago Macias
Presidente da Câmara de Moura
foi reinstalado, estando a funcionar desde o mês de abril de 2013. A torre de menagem permaneceu desconhecida dos mourenses até 2012. Foi, nesse ano, aberta ao público a sala da torre, adaptada a espaço expositivo de armaria e dotada de um sistema de iluminação que valoriza a sua arquitectura, com particular destaque para a magnífica abóbada. O novo posto de turismo municipal foi construído em pleno castelo, estando a funcionar desde o início do verão de 2013. Num espaço onde se conjugam discursos arquitetónicos de vários séculos - do XII ao XX – as linhas arrojadas deste novo imóvel fazem a ponte entre o passado e o futuro. Junto ao posto de turismo foram postas a descoberto estruturas arqueológicas dos períodos medieval e moderno. As escavações arqueológicas foram iniciadas em 1989 e têm vindo, a despeito do seu caráter intermitente, a revelar troços importantes de uma Moura desconhecida. Casas, quartéis, cemitérios, igrejas são peças de um puzzle que, aos poucos, se resgata ao desconhecimento através de projetos de investigação científica.
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A ARQUITETURA MANUELINA
Há sempre um bom motivo para voltar a Alvito. A arquitetura manuelina será, pois, um bom pretexto para visitar esta vila alentejana. O castelo, construído entre 1496 e 1511, no tempo de D. Diogo Lobo da Silveira, constitui um dos melhores exemplares da arquitetura quinhentista portuguesa, com destaque para o desenho quadrangular que projeta o edifício numa simbiose de fortaleza/palácio, expressão eloquente da modernidade de inspiração renascentista. As janelas, de mainel central e de arco em ferradura, caraterística também da arquitetura deste período, conferem-lhe o exotismo distintivo da influência da arquitetura mourisca, o que constitui outra nota do manuelino. Nos interiores refiram-se a arcaria, os portais e as abóbadas, particularmente das salas da torre de menagem, quer pela singularidade quer pela austeridade decorativa, não faltando referência explícitas ao manuelino na sua dimensão decorativa. As igrejas Matriz e a de Nossa Senhora das Candeias são bons exemplares da arquitetura dita manuelina. Merecem destaque as suas abóbadas polinervadas, arcarias de volta inteira, fechos de abóbada e capitéis de pedraria lavrada de feição naturalista, não faltando as cordas, a cruz de cristo ou a esfera armilar que se associam à dimensão
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António João Valério
Presidente da Câmara de Alvito
decorativa da arquitetura manuelina, ou ainda a composição de arcobotantes de suporte da cobertura da nave central da matriz. A poucos quilómetros de Alvito, o Solar de Água de Peixes, é também um belíssimo exemplar da arquitetura manuelina que vale a pena visitar. Releva a elegância do varandim de entrada, do pórtico principal sobrepujado pelas armas dos Melos e das janelas, também de arco em ferradura, em tudo semelhantes às do castelo. Mas talvez o que torna Alvito Manuelino ímpar sejam os inúmeros portais que se encontram pelo casario da vila conferindo à sua modéstia um ar distinto de nobreza em imitação do solar quinhentista dos Lobos da Silveira. Quiçá os canteiros que trabalharam nas obras do castelo tenham inspirado outros, formando uma escola de pedreiros que ao longo do próspero século XVI respondem aos ensejos de modernidade e de alguma forma de imitação à casa senhorial dos Lobos.
Um passeio pelas ruas de Alvito, no final de um dia de verão, quando o frescor das sombras invade a tarde e modula o casario branco e singelo onde, inesperadamente, ressalta um pórtico manuelino em nota de erudição, constitui uma experiência estética a não perder.
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PARQUE MINEIRO DE ALJUSTREL O PATRIMÓNIO MINEIRO COMO OPORTUNIDADE DE DESENVOLVIMENTO O território mineiro de Aljustrel conheceu sucessivas fases de povoamento e exploração ao longo do tempo. As alterações espaciais provocadas pelas atividades de mineração conduziram a uma categorização de paisagem cultural a defender, à luz de uma nova visão sobre a importância da ação do homem nos contextos espaciais e ambientais, com fortes implicações na afirmação sociocultural da nossa comunidade. A vila de Aljustrel é detentora de património que remonta ao período do Calcolítico, há 5 mil anos, passando pela ocupação Romana e que se afirmou nos séculos XIX e XX, sendo possível reconhecer no território diferentes valências patrimoniais: geológico-mineiras, técnicas e tecnológicas, arquitetónicas, arqueológicas e também naturais e ecológicas. O futuro Parque Mineiro de Aljustrel, em fase de constituição, é mais uma alternativa à atividade mineira predominante no nosso concelho, reunindo as condições para se tornar num atrativo lúdico/ turístico/pedagógico de âmbito alargado, oferecendo aos visitantes a oportunidade de conhecer um património diversificado, onde a história, a arte, o ambiente, a tecnologia e as diferentes culturas do trabalho se sucederam e se tornam elementos
de uma estrutura territorial profunda, que só este projeto pode restituir em toda a sua riqueza e complexidade. A possibilidade de visitar uma galeria mineira, os malacates, as toldas, a cementação e restante edificado mineiro, a oportunidade de aprofundar conhecimento sobre geologia, percorrendo o Chapéu de Ferro, o contacto com o Cante Alentejano, personificado no Grupo Coral do Sindicato Mineiro de Aljustrel (o mais antigo do país em atividade), são elementos fortes e diferenciadores deste projeto. A aceitação e desenvolvimento do Parque Mineiro de Aljustrel permitirá, finalmente, dar um exemplo de utilização de recursos patrimoniais como instrumento de desenvolvimento económico e social e até de ordenamento territorial, podendo, assim, reivindicar suportes financeiros nacionais e internacionais para apoio à concretização de projetos que perseguem esses objetivos, particularmente nas áreas do turismo, da cultura, da investigação e do ordenamento e requalificação ambiental. Somos o território mineiro mais antigo do mundo em atividade. São 5 mil anos de história que queremos honrar e projetar para o futuro. Estamos a caminho!
Nelson Brito
Presidente da Câmara Municipal de Aljustrel
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PROJETO CASA FIALHO D’ALMEIDA Fialho d’Almeida, o escritor, jornalista, crítico e panfletário, estabeleceu-se em Cuba, na Rua João Vaz, após o casamento com D. Emília Augusta Garcia Pêgo, corria o ano de 1893. Aqui viveu e aqui continuam a residir os seus restos mortais desde o seu desaparecimento físico em 4 de Março de 1911. Apesar das homenagens que têm vindo a ser concretizadas ao longo dos anos ao autor, e ainda o ano passado o município de Cuba honrou mais uma vez a memória do escritor numa cerimónia ocorrida na Casa do Alentejo, estamos convictos de que a consagração maior será obtida com a perpetuação da sua obra através do seu estudo, por forma a que esta possa influenciar os trabalhos de artistas hodiernos. Para a prossecução com sucesso deste propósito, era necessário criar a estrutura física onde este se pudesse materializar e desenvolver, sendo que para o efeito constituiu-se como centro natural a sua casa de residência. Aptação há muito desejada pelos fialhófilos. A autarquia, em colaboração com a Associação Fialho d’Almeida, estruturou um projeto para o n.º 6 da Rua João Vaz que acredita cumprir o desígnio ambicionado e que se poderá dividir em 2 partes: A casa de residência, que será conservada e adaptada controladamente para que possa ser devolvida à memória do escritor, permitindo que nela se promova a sua obra, assim como a produção e apresentação artísticas. E por outro lado estão os anexos, que serviam a atividade agrícola da casa, reabilitando-se a antiga adega típica onde se produzia o tradicional vinho de talha e cons-
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João Português
Presidente da Câmara de Cuba
truindo-se o Museu da Ruralidade e da Etnografia da Vila, através dos quais se prestará tributo à visão sociológica, antropológica e etnográfica que o escritor tinha do Alentejo, tendo produzido uma empenhada defesa na preservação do Alentejo alentejano, como o descreveria o Historiador Joaquim Palminha Silva.
Fialho d´Almeida desempenhou um papel importantíssimo no panorama literário de transição do século XIX para o século XX, influenciando de sobremaneira mais de um século na literatura portuguesa. A sua presença é notada nas obras de Pessoa (Bernardo Soares) a José Saramago, passando por Almada Negreiros, Raul Brandão, Teixeira de Pascoaes, Manuel da Fonseca, entre outros tantos, que a ele foram beber, pretendendo-se eterniza-la através deste projeto.
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Falar das Freguesias de Salvador e de Santa Maria da Feira é falar de Beja. Beja, terras do barro, do pão, dos ranchos, do cante dolente, hoje Património Imaterial, do Sol e de boa gente de tez queimada, chapéu de aba larga e de poucas falas. Beja, uma realidade entre o urbano e o rural, que de mãos dadas fizeram a sua fundação, algures, dizem, na Idade do Ferro. É desta Beja que as freguesias de Salvador e de Santa Maria da Feira contribuíram para fazer a sua história. Santa Maria da Feira está associada à grande história da vida da cidade. O seu património edificado é riquíssimo e muito ligado às lutas entre cristãos e árabes, entre portugueses e castelhanos e aos grandes senhores da terra. Destacamos três grandes monumentos: o Convento da Nossa Senhora da Conceição; a Igreja de Santa Maria da Feira e o Pelourinho. A freguesia do Salvador conta um riquíssimo e antiquíssimo património arquitetónico religioso com muitos séculos, como é a Igreja de Nossa Senhora do Pé da Cruz, situada no antigo bairro das Alcaçarias, próximo da Fonte Santa. Com uma fachada “estilo chão”, caracterizada por linhas austeras, dificilmente deixa adivinhar a riqueza barroca de azulejaria, pintura e talha dourada do seu interior. Vamos até à Pousada de S. Francisco, antigo Convento de S. Francisco, do século XIII, erguido já fora das Muralhas, à beira da estrada que ligava Mértola a Beja. As portas de Moura, mais uma das entradas principais de acesso à cidade, conduz-nos ao antigo bairro da Mouraria. Mais um símbolo arquitetónico a visitar nesta freguesia, a Ermida de São Pedro. Um pequeno templo, construído no século XVII. Para completar a caraterização do património arquitetónico falta falar do Arco romano de Avis que dá acesso ao Miradouro do Terreirinho das Peças e do Jardim da Rampa com a sua escadaria em pedra que divide ou une as freguesias de Salvador e de Santa Maria da Feira. O Terreirinho das Peças (artelharia), de acordo com o arti-
go (BORRELA, Leonel – “Iconografia Pacense” in Diário do Alentejo, de 14 de Julho de 1995) a sua história está ligada ao mestre-de-obras militares António Lopes Baião que após a conclusão de importantes trabalhos de restauro na muralha, mandou construir, em 1635, sobre as portas romanas de Avis uma capela dedicada a Nossa Senhora da Guia A Capela de Nossa Senhora da Guia e o Arco romano d’Avis Como se depreende era um templo pequeno, com cerca de 12m de comprimento, de uma só nave com pinturas murais dedicadas a Tibério, Severo, Sesinando, Elias, Aprígio, Auto, Urso e Ângelo Pacense, havendo lugar para outras figuras que nunca se concluíram. Tudo foi demolido em 1893 para alargamento da artéria, porém, em 1939,o município bejense coadjuvado pela direção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais reconstruiu, ainda com a maioria dos silhares dos pés-direitos e as aduelas originais, o vetusto arco romano. Motivos mais do que suficientes para uma visita ao nosso território, onde será sempre bem acolhido! Maria de Jesus Ramires
Presidente da Junta de Freguesia da União das Freguesias de Salvador e Santa Maria da Feira
*Informação histórica retirada do artigo “Iconografia Pacense, da autoria de Leonel Borrela, publicado no Diário do Alentejo, de 14 de Julho de 1995
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CASTRO VERDE
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Miguel Rego
POTENCIAR O TURISMO PASSA POR DIGNIFICAR O PATRIMÓNIO
A museologia tem-se afirmado nas últimas duas décadas, como um método de divulgação do património dos sítios e dos lugares e como uma fórmula de valorização e dignificação das comunidades. De uma forma consequente, os poderes públicos encontraram nos museus um caminho para fazer chegar uma determinada realidade, um determinado objeto ou conjunto de objetos, ou algumas formas de representação cultural, a um vasto leque de públicos (desde turistas, a escolas ou ao público em geral), e potenciar aquilo que mais identifica o seu território ou que mais valoriza uma determinada realidade, expressão, ritual ou acontecimento, criando uma mais-valia potenciadora de visitantes, motivadora de autoestima na sua comunidade, renovadora do espaço urbano onde se insere. O projeto Museu da Ruralidade que se desenvolve no concelho de Castro Verde é, por si só, uma forma de intervenção que procura potenciar o património cultural, histórico e arquitetónico local, encontrando nas mais diversas realidades que caracterizam aquelas terras campaniças, a mais-valia que cada uma delas pode acrescentar ao projeto de Museu de Território.
Coordenador do Museu da Ruralidade
Iniciado com a criação do Núcleo da Oralidade, em Entradas (2011), ao qual acrescentou o núcleo “A Minha Escola”, em Almeirim (2014), e o Núcleo “Aivados – Aldeia Comunitária” (2015), podendo integrar-se neste conjunto o Moinho de Vento do Largo da Feira de Castro, este é um projeto de dinâmicas comunitárias que assenta o seu funcionamento num estreito relacionamento com as populações onde cada um dos polos é criado ou com os diversos públicos potencialmente envolvidos. Mas a importância da museologia na oferta de infraestruturas que potenciam o turismo e, ao mesmo tempo, na valorização da comunidade, passa em Castro Verde por dois outros projetos indiretamente ligados ao Município e que enriquecem, de forma exponencial, o concelho e a região: O Tesouro da Basílica Real, nascido da cooperação entre o Município de Castro Verde, e o Museu da Lucerna, fruto da parceria entre a Cortiçol e a Câmara Municipal.
É nesta simbiose de cooperação e de envolvimento comunitário que assenta a filosofia de um projeto que pretende ser abrangente, para a comunidade local, e atraente para potenciar a visita a quem é de fora.
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ODEMIRA
PATRIMÓNIO NATURAL POR DESCOBRIR
Situado no Sudoeste de Portugal, o concelho de Odemira evidencia caraterísticas tão distintas como a planície, a serra, o rio, a barragem, o mar e as praias, sendo esta imensa diversidade o principal atrativo do maior concelho do país, com 1720 km2 de área, sendo 43% da sua área territorial em Rede Natura e Parque Natural. Os seus 55 km de costa estão integrados no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, um dos mais extensos parques naturais portugueses. Odemira oferece 12 km de praias, em extensos areais ou praias escondidas pelas falésias, desde o Malhão, Farol, Franquia, Furnas (estas junto a Vila Nova de Milfontes), Almograve, Zambujeira do Mar e Carvalhal. A Costa Sudoeste constitui uma das faixas litorais menos afetadas pela intervenção humana e com caraterísticas biofísicas e ecológicas únicas no contexto europeu, com a presença de elevados níveis de biodiversidade. A existência de fundos rochosos, de pequenas ilhas, baías e cabos, sistemas lagunares e o estuário do Rio Mira, proporciona habitats adequados em termos de abrigo, proteção a predadores, alimentação, desova e crescimento de juvenis de muitas espécies marinhas. Na faixa litoral a flora é deslumbrante, destacando-se as espécies endémicas, sendo também possível
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José Alberto Guerreiro Presidente da Câmara de Odemira
encontrar espécies raras ou muito raras. Também a fauna oferece caraterísticas únicas, pois ao longo de toda a costa, encontra-se a única população portuguesa de lontra que utiliza o meio marinho para se alimentar de peixes e crustáceos. Nas falésias rochosas é possível encontrar várias espécies que aí nidificam, como o falcão-peregrino e a cegonha branca. O interior do Concelho apresenta igualmente paisagens e valores bem interessantes: o Rio Mira, que rasga montes e vales no seu percurso até ao mar, a Barragem de Santa Clara, uma das maiores albufeiras do país, ou a própria Serra de S. Luís e os campos e o montado, tão caraterísticos da paisagem alentejana. A sul, na zona de serra, destaca-se o medronheiro, cujo fruto é muito apreciado e valorizado no fabrico de aguardentes, constituindo a sua destila uma importante tradição e fonte de receita. As áreas integradas em Rede Natura 2000 têm forte expressão em Odemira. Para além destas, o concelho possui ainda vastas áreas integradas em Reserva Ecológica Nacional (REN), que abrange zonas costeiras e ribeirinhas, águas interiores, áreas de infiltração máxima e zonas declivosas, representando cerca de 11% do território municipal.