"O CANTE DA
NOSSA TERRA"
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Ficha técnica Publicação: Rádio Voz da Planície Inclui CD de oferta
O Cante Alentejano foi recentemente reconhecido pela UNESCO como Património Cultural Imaterial da Humanidade, motivo de orgulho para todos os Alentejanos e para todos os Portugueses. Este reconhecimento só foi possível graças ao esforço conjunto de muitas personalidades e entidades, nomeadamente, da Câmara Municipal de Serpa, então liderada por João Rocha, um trabalho continuado pelo atual presidente da edilidade serpense Tomé Pires, da Entidade Regional de Turismo, presidida por Ceia da Silva e dos Grupos Corais envolvidos. A Grande Feira do Sul, como montra multifacetada da nossa região, não poderia ignorar esta justa decisão da UNESCO. Por isso, como homenagem ao Cante Alentejano, é este o tema central da Ovibeja deste ano. Com o I Grande Encontro do Cante pretende-se dignificar e divulgar o Cante junto dos visitantes da feira. Será também uma oportunidade para trocar ideias sobre as suas origens e o seu significado como referência cultural do povo alentejano e sobre a sua identidade. Esta iniciativa pretende também ser um contributo para o conservar e para estimular as pessoas a investigarem o Cante e a virem ao Alentejo para o ouvir onde é mais genuíno, nos seus locais de origem, em particular nas tabernas, o que poderá constituir mais um fator de desenvolvimento económico, cultural e turístico. A Rádio Voz da Planície comemora este ano 30 anos. Ao longo da sua existência, a RVP orgulha-se de ter estado sempre empenhada na defesa da identidade regional em ligação com a comunidade que serve. A divulgação do Cante através dos seus Grupos Corais esteve sempre presente e vai continuar a estar presente na sua programação diária. Por outro lado, a RVP tem apoiado a produção discográfica de Grupos Corais, uma área de intervenção que, fruto de parcerias estabelecidas com empresas líderes do mercado, pretendemos incrementar. Durante a Ovibeja, juntamente com esta Revista, é distribuído gratuitamente um CD, que demos o nome “O Cante da Nossa Terra”, que reúne Modas cantadas por um Grupo Coral de cada um dos 14 concelhos do distrito de Beja. Para as comemorações dos 30 anos da RVP está a ser preparado um programa variado, onde constará um espetáculo dedicado ao Cante e ao Fado, também Património da Humanidade. É este o contributo da RVP para homenagear os Homens e as Mulheres que fizeram do Cante Alentejano uma via de transmissão dos saberes, viveres, cultura, anseios e problemas do Povo Alentejano. Aqui fica também o convite para estarem presentes nas comemorações dos 30 anos da RVP e para visitarem Beja e o Alentejo.
municĂpio
Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
POVO QUE CANTA NÃO MORRE “O Alentejo canta, logo resiste” escreveu Sérgio Tréfaut, referindo-se ao seu documentário sobre o cante alentejano e o processo de candidatura mostrou isso mesmo, resistência, porque até ser aceite, conheceu muitos altos e baixos. O relógio marcava 10.17 horas, quando no dia 27 de novembro de 2014, o cante alentejano foi declarado, pela UNESCO, património cultural imaterial da humanidade. O anúncio foi acompanhado pela delegação que levou a diretora Regional de Cultura do Alentejo, os presidentes da Entidade Regional de Turismo do Alentejo/Ribatejo e da autarquia serpense, o Grupo Coral da Casa do Povo de Serpa, comunicação social e outras personalidades a Paris. Depois da confirmação, presidente da República, primeiro-ministro, secretário de Estado da Cultura, as entidades e personalidades da delegação que foi a Paris, presidentes de Câmara da região e partidos políticos divulgaram reações de contentamento. Ficou registado que o reconhecimento do cante como património da humanidade é motivo de satisfação e orgulho para os alentejanos e para todos os portugueses.
Mas é preciso recordar também, que a ideia da candidatura partiu de um desafio lançado ao então presidente da autarquia serpense, João Rocha, pelo embaixador Fernando Andresen Guimarães e que a sugestão veio na sequência da preparação da candidatura de Serpa à Rede de Cidades Criativas da
grupos corais, 122 cantores, 1730 subscritores da petição pública na Internet e mais 21 entidades, numa candidatura promovida pela Confraria do Cante Alentejano, Casa do Alentejo, Associação MODA e por todos os municípios aderentes, como a Câmara de Serpa, que, juntamente com a Turismo do Alentejo
UNESCO, no tema “Música”. Quando esta notícia surgiu, nos finais de 2011, avançava-se que o processo seria entregue em março de 2012, na sede da UNESCO. Chegou março de 2012 e no seu início a reunião, em Serpa, no Musibéria, dos municípios apoiantes. Deste encontro resultou o compromisso de 35 câmaras e de mais de uma centena de juntas de Freguesia. A estes apoios juntaram-se ainda, 28
patrocinava a iniciativa, duas entidades que estiveram desde o início na dianteira deste processo. No dia 28 de Março de 2012, a comissão executiva da candidatura entregou o processo na Comissão Nacional da UNESCO. Nessa altura, Salwa Castelo Branco, da comissão científica afirmava que a mesma “ganharia, com mais um ano, mais investigação de suporte e maior envolvimento das comunidades”.
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Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
O ator Nicolau Breyner, natural de Serpa, no dia 28 de março de 2012, foi o rosto da candidatura que, na Casa do Alentejo, leu o comunicado em que se afirmava que “adiar a entrega de um excelente e bem fundamentado documento é exigir aos portugueses que continuem a desbaratar dinheiros públicos durante não se sabe quanto tempo”, mas o prazo terminou e a decisão do adiamento acabou por se confirmar. A partir daqui o processo tomou um outro rumo. A 16 de junho de 2012, a Comissão Executiva da Candidatura do Cante Alentejano a Património Imaterial da Humanidade da UNESCO
José Serrano / DA
Ocasião em que, o presidente da Comissão Nacional da UNESCO, António Almeida Ribeiro, divulgou também, que seria desejável atrasar a sua entrega e justificou a decisão com base no facto, de considerar que a mesma ainda não estava amadurecida e que poderia ser chumbada. As piores expetativas ganharam forma e a candidatura do cante alentejano a Património Imaterial da Humanidade manifestou, publicamente, em Lisboa, igualmente, a 28 de Março de 2012, a sua “indignação” pela decisão tomada. Neste dia, mais de 500 elementos de diferentes grupos corais de cante alentejano estiveram concentrados em frente ao Ministério
dos Negócios Estrangeiros (MNE), em Lisboa, onde esperavam ver recebida a candidatura, entoando várias modas. Entre os temas ouviu-se “Grândola, Vila Morena”.
realizou, nas instalações do Instituto Politécnico de Beja (IPBeja), uma reunião com grupos corais do Baixo Alentejo para debater a caracterização desta manifes-
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tação cultural. Da Comissão Executiva participaram: João Rocha, presidente da Câmara de Serpa, João Proença, presidente da Direção da Casa do Alentejo em Lisboa, Joaquim Soares, presidente da Direção da MODA, Francisco Torrão, presidente da Direção da Confraria do Cante, Paulo Lima, antropólogo, e Vito Carioca, presidente do IPBeja. No dia 21 de julho abriu a Casa do Cante em Serpa, com a “missão” de “criar e implementar um plano de salvaguarda para a polifonia tradicional”, uma responsabilidade decorrente da candidatura. A 28 de Março de 2013, a candidatura do cante alentejano a Património Cultural Imaterial da Humanidade deu formalmente entrada, no comité internacional da UNESCO. As notícias da formalização do processo na secretaria da UNESCO e da sua aceitação chegavam a 2 de Abril de 2013. No dia 27 de outubro de 2014 foi entregue o parecer favorável de uma comissão internacional de especialistas da UNESCO. Um parecer que saiu de uma reunião prévia aos trabalhos do Comité do Património Imaterial da Humanidade, que iria reunir-se a 27 de novembro de 2014, data em que o cante alentejano se afirmou como pertença do mundo.
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Tomé Pires
O CANTE COMO ATIVO ECONÓMICO A Câmara de Serpa esteve na dianteira do processo de candidatura do cante, é nesta terra que a memória se preserva no presente, e para o futuro, na Casa que lhe é dedicada e onde o presidente da autarquia, Tomé Pires, defende que é “preciso trabalhar na sua salvaguarda” e transformação “num ativo económico”. Serpa sempre apostou na cultura como fator de desenvolvimento e a classificação do cante pela UNESCO também contribui para este fim, frisa Tomé Pires, explicando que o mesmo se apresenta na vertente da sua “salvaguarda, que exige um trabalho permanente e do qual se podem recolher os máximos dividendos” e na sua “transformação num ativo económico”. “O cante ganhou respeito, é cada vez mais o cartão-de-visita do território e está nas bases do turismo no Alentejo, enquanto património imaterial e elemento diferenciador da nossa cultura”, refere o presidente da Câmara de Serpa para explicar que esta forma de expressão cultural atrai pessoas. Prosseguiu revelando que
a Câmara de Serpa está a criar mais um polo de atração para o concelho, e para a região, que é o Museu do Cante. Tomé Pires adiantou que a autarquia pretende “incluir o Museu do Cante no qua-
eles possam assistir com regularidade. Mas a Câmara está a trabalhar ainda, o cante espontâneo, no sentido de promover o regresso do mesmo, aos sítios de origem, nomeadamente às ta-
dro comunitário que está a começar” e que este equipamento “irá ter um papel determinante ao nível da investigação”. Esclareceu que a ideia é trazer investigadores a Serpa e torná-los conhecedores do cante, assim como disponibilizar esta forma de cantar até nos ensaios dos grupos, de forma, a que as pessoas a
bernas, clarificou Tomé Pires, recordando que Serpa esteve na dianteira do processo de candidatura e que pretende ser também, pioneira no desenvolvimento da estratégia que vai atrair pessoas ao Alentejo para ouvir esta forma “tão nossa”, mas já do mundo, de cantar.
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Ceia da Silva
“Ativação do património imaterial” A Entidade Regional de Turismo (ERT) do Alentejo tem uma estratégia delineada e como horizonte 2020 e na mesma, o cante aparece como um dos elementos, aliado a outros que sejam diferenciadores, responsáveis pelo desenvolvimento turístico da região. Ceia da Silva, presidente da ERT Alentejo, afirma que esta entidade tem tido sempre uma grande preocupação na área da identidade e que por isso mesmo, tem apostado num conjunto de candidaturas de patrimónios imateriais, de que são exemplo os chocalhos de Alcáçovas e as Festas do Povo de Campo Maior, que se inserem num projeto maior denominado de “Ativação do Património Imaterial”. Na prática isto significa que a ERT vai ter um conjunto de bens classificados, na região com mais inscrições nesta área, frisou Ceia da Silva, referindo contudo, que não se pode ficar pelo selo da UNESCO. O presidente da ERT prosseguiu revelando que o caminho é dinamizar e ativar o cante, e os outros bens, de modo a que, o turista possa usufruir desta forma de cantar. Mas,
alegou ainda que os grupos também têm que ser valorizados e que devem ser criadas casas de cante, que terão um conceito semelhante às de fado. Ceia da Silva prosseguiu avançando que as casas de cante serão como unidades de restauração onde também se pode ouvir Cante
sário, igualmente, criar circuitos do cante associados ao património e diz que este é um projeto que a ERT já tem estruturado e que vai candidatar ao Alentejo 2020. O presidente da Entidade Regional de Turismo considera que este será um projeto muito valorizado no futuro, porque vai permitir a
em diferentes vertentes - ou seja em grupo, duetos ou a solo, mas de modo estruturado como oferta turística. Para Ceia da Silva é neces-
dinamização cultural e económica, do ponto de vista das dinâmicas turísticas, atraindo mais visitantes ao Alentejo.
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Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
Ana Paula Amendoeira
“Salvaguardar o Cante” A Casa do Cante de Serpa esteve na dianteira, com outras entidades, no processo de candidatura do cante, que foi também, como tudo no Alentejo, um projeto coletivo, que tem agora que ser salvaguardado, lembra a Diretora Regional de Cultura do Alentejo. Ana Paula
tejo e respetiva salvaguarda, frisou Ana Paula Amendoeira. Neste contexto referiu que a Direção Regional de Cultura, como entidade da tutela na região, vai continuar a colaborar, com todos, com a maior abertura, interesse e disponibilidade, avaliando os processos que lhe
Amendoeira recorda, igualmente, que foi o Estado quem candidatou o cante e quem vai ter a responsabilidade, dentro de três anos, de responder perante a UNESCO. Sendo responsável pela candidatura, o Estado tem responsabilidades ao mais alto nível perante esta manifestação cultural do Alen-
chegam sobre esta matéria. O contributo desta entidade também já se fez notar, na disponibilização de um apoio financeiro de sete mil euros, a gerir pela Câmara de Serpa e que foi transferido no princípio de janeiro de 2015, para se dar início ao trabalho determinado pelo plano de salvaguarda. Este foi, dentro das limitações fi-
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nanceiras existentes, o valor possível para já, deixou claro Ana Paula Amendoeira. O plano de salvaguarda é um dos elementos da candidatura aprovada pela UNESCO e prevê uma série de medidas, práticas e ações que concorrem para a salvaguarda da prática do cante, de acordo com a classificação que lhe foi atribuída. No espaço de três anos o Estado vai prestar contas, apoiado em quem está a trabalhar a salvaguarda do cante, e quer que tudo corra bem, frisou a Diretora Regional de Cultura. Ana Paula Amendoeira terminou garantindo que o envolvimento, relativamente ao cante, tem que prosseguir nesta prática do cantar, conciliada com as determinações do plano de salvaguarda, e que esta é o mais importante, mas sem deixar contudo, patrimonializar demasiado esta manifestação porque lhe retira autenticidade. Por isso, esclareceu, ser preciso conseguir-se um equilíbrio que não sendo fácil é possível, continuando a deixar essa liberdade total de se continuar a cantar como as pessoas sentem.
ALENTEJO! Cante, a voz de um povo. A Junta de Freguesia da União das Freguesias de Salvador e Santa Maria da Feira saúda o Cante Alentejano e todos os seus protagonistas! É com imensa satisfação que assistimos ao surgimento de novos grupos corais, muitos deles constituídos por gente jovem e audaz. Assinalamos também como muito positivo o aparecimento de novos projetos empresariais como é exemplo a Casa de Cante, sedeada no território da nossa freguesia. Aos audaciosos, aos que amam o Cante Alentejano, deixamos publicamente o nosso desejo de vos continuar a apoiar, pois sabemos quão decisiva é a contribuição do Poder Local Democrático na afirmação de projetos culturais na região, no País e no mundo! Neste tempo festivo de Ovibeja, o executivo da Junta de Freguesia saúda o povo alentejano e todos os que amam esta forma singular de cantar o Alentejo e as nossas tradições. Viva o cante! Vivam todos quantos cantam!
Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
João Rocha
2015 Ano Municipal do Cante lo Colaço e que integra atividades como o ensino desta forma de cantar, a sua divulgação e a continuidade do trabalho do grupo coral “Mocinhos em cante”.
tes culturais e toda a comunidade. Neste âmbito já foram realizadas reuniões de trabalho e estabelecidas parcerias para que estas estratégias se concretizem, sendo possível
José Ferrolho / DA
Seguindo uma estratégia segura para a salvaguarda do cante alentejano, a Câmara de Beja tem apoiado os grupos, as atividades e os eventos com ele relacionados. A gravação do cd Mestre Cante que partiu de um desafio da Câmara, e de vídeos promocionais, a designação de 2015 como Ano Municipal do Cante e o projeto nas escolas do concelho “Herança com raízes” são exemplo disso mesmo. João Rocha considera que o reconhecimento da UNESCO é um instrumento excecional para a divulgação do cante e da cultura alentejana, bem como uma alavanca para o empreendedorismo cultural e para o desenvolvimento local. O presidente da Câmara de Beja frisa também, que o cante é acima de tudo, a afirmação deste território como valor único, num processo mais vasto e estratégico de crescimento e desenvolvimento sustentado. Neste contexto importa recordar, referiu o autarca, que no concelho de Beja, o trabalho de salvaguarda do cante começou antes da sua inscrição como património da humanidade, mais precisamente em julho de 2014, com o projeto “Herança com raízes”, que incide nos estabelecimentos de ensino do Agrupamento de Escolas Nº 2 de Beja, que é coordenado pelo músico Pau-
João Rocha prosseguiu lembrando que a autarquia designou 2015 como o Ano Municipal do Cante para definir que a agenda deste ano seria sob a égide do cante alentejano, reforçando as linhas de intervenção estratégicas que passam pela aposta na cultura e no património como uma pedra basilar do desenvolvimento do concelho. Acrescentou que o objetivo principal é fazer com que em 2015 sejam realizadas um conjunto de atividades em volta do cante, capazes de criar dinâmicas presentes e futuras com vista à salvaguarda e promoção desta expressão cultural, envolvendo os grupos corais, os cantadores, os agenPág. 15
avançar que as coisas estão a correr bem, deixou claro, igualmente, o autarca. A salvaguarda do cante é um “movimento” crescente com benefícios para o concelho e região e Beja tem sabido responder, estando na linha da frente no que respeita à divulgação e materialização desta expressão cultural, assim como na criação de novas dinâmicas que passam por projetos que trouxeram consigo uma nova geração de cantadores talentosos e empenhados na perpetuação do cante alentejano relevou ainda, João Rocha.
Rádio Voz da Planície // 31ª Ovibeja
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Actualidade
Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
António Cartageno
“Algumas notas características do cante” Na sua execução as vozes têm funções bem específicas, a saber: o Ponto ou Solista, que inicia a moda sozinho, cantando em geral duas linhas da quadra. Terminada a sua intervenção, o Alto, a uma terceira acima da melodia exposta, levan-
nalidade menor no vastíssimo repertório. Nas melodias encontram-se por vezes intervalos característicos: um salto descendente de 4ª, da tónica para a dominante, (por ex., de fá para dó), formando um acorde sem terceira (dó-sol) que vai resolver de novo
José Serrano / DA
O cante é único, não tem similar em Portugal: é belo e poderoso, é solene e emotivo, toca a alma, é imagem de marca do povo alentejano. É uma grande alegria ver o cante elevado a Património da Humanidade – o profano e o religioso. Um e outro se completam, porque são duas dimensões da mesma alma do povo alentejano. Na decisão favorável da UNESCO pesou o contributo do cante para a solidariedade e fraternidade entre as pessoas. De facto, assim é: não conheço em Portugal, ao nível do canto popular, outro que aproxime tanto as pessoas. O cante, tal como é executado, transmite bem a ideia de fraternidade: quando cantam desfilando, os homens fazem-no abraçados uns aos outros, reforçando o sentido de grupo e moldando a relação entre eles. Esta forma de execução é uma das notas características do cante. Mas há outras que eu gostaria de sublinhar. É uma manifestação folclórica de inspiração popular, ligada essencialmente ao mundo rural e transmitida por via oral de geração em geração. É cantado a duas vozes, geralmente em terceiras paralelas e sem instrumentos, mas nem sempre foi assim.
ta a voz sozinho também, mas apenas numas escassas notas, juntando-se lhe depois as segundas vozes, que constituem o coro. (Cfr. António Marvão, Fisionomia do cante alentejano. p. 14). Por vezes, o Alto, no fim das frases, preenche os espaços vazios de som (pausas) com pequenas intervenções que lhe dão também um certo protagonismo. É um canto de grupo, comunitário, sem maestro. É sempre em tonalidade maior. Praticamente não existem modas na to-
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na tónica (fá-lá). É um caso típico de muitas melodias alentejanas, por exemplo: “Ó lendroeiro”, “quando esta moda for nova”, “O Menino, de S. Marcos da Ataboeira”, “O Menino, de Peroguarda”, etc. Aparece também o uso do modo mixolídio, ou tetrardus gregoriano, o correspondente à escala de sol maior sem fá sustenido. É difícil explicar sem dar um exemplo sonoro. Digamos que, por exemplo, numa melodia que tem 2 # na armação de clave, a voz inferior,
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no agudo, quando chega ao dó faz bequadro e a seguir, na descida, a voz superior quando passa pelo dó faz sustenido. Ou seja: modal na voz inferior e tonal na voz superior. Este procedimento harmónico aparece em muitas modas do cante. Um exemplo bem conhecido é “Ao romper da bela aurora”, quando o coro canta a palavra “roxo”. Outros exemplos: “Ó menina Ameliazinha”, “O Menino, de Serpa”, etc. etc. Não conheço repertório
doutras regiões onde se verifique tal procedimento, pelo que considero que também este é um traço muito característico de certas modas do cante. Por último, sublinho também a singular forma de cantar, porventura a característica que mais chama a atenção: a forma de emitir os sons, o uso dos melismas, várias notas numa só sílaba, o som característico do cante, que o identifica de imediato e o torna facilmente reconhecível.
Como é sabido, o cante alentejano tem também uma vertente religiosa. Os alentejanos também usam o seu cante para se relacionarem com Deus, para rezar. Há uma grande riqueza e variedade neste campo. O repertório do canto popular religioso abrange seis grande temas: cânticos do ciclo do Natal e da Quaresma/ Paixão; cânticos aos Santos Populares e a Nª Senhora; cânticos para pedir a chuva e cânticos das Almas.
António Zambujo
Paulo Vaz Henriques
“Alentejo na Voz”
“Trago Alentejo na voz” é um dos temas que encanta o público, além-fronteiras, do músico bejense António Zambujo, um verdadeiro embaixador do cante alentejano e onde se nota o cantar da sua gente. Uma
particularidade que o músico considera que “tem sido uma sorte”. António Zambujo, músico premiado e de reconhecido valor, a nível nacional e internacional, não se imagina, olhando para traz, a nascer Pág. 18
noutra região, a aprender outra forma de cantar, para além do cante alentejano, enquanto criança, nem a ter outras influências. “O cante alentejano aproxima”, assegura António Zambujo e conta mesmo que, quando diz nos concertos que é do Alentejo, isso fica na memória das pessoas, que muitas vezes vão ter com ele no final para lhe dizerem que gostariam de conhecer a região e de ouvir a música “dolente” que interpreta no seu habitat natural. Com a edição de “O mesmo fado”, álbum em que já se notavam as influências musicais do Alentejo e o
Rádio Voz da Planície // 32ª Ovibeja
so de fado aos 16 anos, integrou, durante quatro anos, o musical Amália, de Filipe La Féria, e editou o seu primeiro disco, em 2002. António Zambujo tem vindo a cres-
locais, acompanha-os, os velhos e os novos, e é embaixador da iniciativa da freguesia de Beringel, do concelho de Beja, “Sabores no Barro”.
Rita Carmo
primeiro da sua carreira, António Zambujo passou a integrar o elenco de artistas da conhecida Casa de Fado Senhor Vinho, em Lisboa, e a fazer concertos um pouco por todo o mundo. E neste percurso além-fronteiras, António Zambujo recorda-se de um episódio relacionado com o tema “Não é tarde nem é cedo”, que interpretou muitas vezes, fora do país, nos concertos de promoção do álbum “Quinto”, de 2012, e que todos cantavam, mesmo sem perceber “patavina” do que estavam a dizer. Para o músico de Beja isto significa que pode cantar em qualquer lugar do mundo, que vai levar sempre consigo a sua marca, o “Alentejo na voz”. António Zambujo nasceu em Beja, em 1975. Cresceu a ouvir o cante alentejano e cedo rumou para Lisboa para tentar a sua sorte, na música. Venceu um concur-
cer desde essa altura, e ganhando os palcos nacionais e do mundo, sem nunca esquecer as suas origens. O músico vem a Beja sempre que pode, apoia os músicos
Com seis discos editados, António Zambujo viu as portas da música do Brasil abrirem-se quando lançou “Outro Sentido”, CD que também, o ajudou a ganhar, em definitivo, o público europeu e americano, assim como os críticos. A edição de “Quinto”, em 2012, consagrou-o como intérprete de música do mundo, capaz de fazer duetos com músicos reconhecidos, receber rasgados elogios de nomes como Caetano Veloso e encher as salas mais emblemáticas, como a Carnegie Hall, em Nova Iorque. Agora, com “Rua da emenda”, que chegou em 2014, António Zambujo, que assume o “Alentejo na voz”, diz ser “uma rua do mundo, generosa, coerente, variada e fascinante”.
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O músico bejense acompanhou também, o processo de candidatura do cante alentejano a património cultural e imaterial da humanidade e diz ter sempre acreditado na concretização desta aspiração. Para António Zambujo a candidatura agitou as massas, levando as pessoas a fazerem mais coisas, assim como ao aparecimento de mais grupos e acima de tudo de sangue novo no cante. Mas o músico diz faltar contudo, agora que o cante já é património cultural imaterial da humanidade, renovar o repertório. António Zambujo afirma ainda, que há pessoas com capacidade para o fazer e interessadas em deixar este contributo na tradição.
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PA RC EIROS
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Hugo Bentes
Nascer e viver no cante
“Nascer no cante” é ter esta forma sentida de interpretar, na alma, e receber, perpetuando, a herança de quatro gerações. Assim tem sido para Hugo Bentes, com 37 anos de idade, cantador e capa do filme “Alentejo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut. “O seu cantar é dolente, é certo é boa gente, tem verdade e tem mais cor”, assim se canta na moda “Verão” e esta foi apenas uma, das muitas heranças que Hugo Bentes Quem nasce no cante, vive sentando a quinta geração da recebeu, desde os seus 7 nele e Hugo Bentes interpre- sua família, numa das mais tou-o, durante anos, repre- emblemáticas formações do anos de idade.
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concelho de Serpa, o Grupo Coral da Casa do Povo desta cidade. Presentemente tem outros projetos em mãos, como é o caso do grupo “Os Alentejanos”, onde exprime a sua paixão pelo cante. Hugo Bentes foi também, um dos participantes no filme “Alentejo, Alentejo”, de Sérgio Tréfaut e sobre este episódio da sua vida confidenciou que foi uma honra e
motivo de orgulho, integrar este documentário, entre muitos outros cantadores e grupos corais. Um filme que, para Hugo Bentes, mostra ao país, e além-fronteiras, o que é a cultura tradicional de um povo, através da sua forma de cantar. Hugo Bentes é, igualmente, o rosto da capa do filme de Sérgio Tréfaut e realça a importância que este docu-
mentário tem tido na visibilidade do cante alentejano. Um documentário que integrou a candidatura do cante alentejano a património imaterial da humanidade e que vai ficar para sempre na memória de Hugo Bentes, que sempre acreditou neste reconhecimento.
Pedro Mestre
“Profissional da arte do cante” O cante está-lhe no “sangue” e foram estas raízes familiares que o motivaram. Começou a cantar há 20 anos, nos Carapinhas, o Gru-
o cante, são a sua profissão. A história de Pedro Mestre, da aldeia da Sete, Castro Verde, está ligada aos “mestres” da viola campaniça,
Rita Carmo
que o ajudaram a divulgar esta forma de cultura e que permitiram a entrada dos palcos na sua vida. O músico e cantador tem divulgado o cante e a viola de arame, um pouco por todo o país, e fora dele, através de projetos como aquele que tem com Chico Lobo, em que se misturam os sons da campaniça e caipira, tornando-se um profissional que vive da arte do cante e um dos poucos exemplos disso mesmo. Pedro Mestre recebeu a responsabilidade de ensaiar os Ganhões de Castro Verde aos 15 anos e recorda, com satisfação e orgulho, o percurso que fez no grupo e po Coral Infantil de Castro porque foi ao lado deles que todos os outros que ajudou Verde, chama-se Pedro Mes- começou a cantar e a tocar, a criar, como os Cardadores tre, tem 31 anos de idade e assim como a criar o gosto da Sete e as Atabuas, formadiz que a viola campaniça, e por este instrumento, factos ções onde tem demonstra-
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do a sua “paixão pelo cante”. Em 2006, Pedro Mestre abraçou o projeto piloto Cante nas Escolas, em Almodôvar e depois em 2008, em Serpa. Um projeto que se revelou de sucesso e que hoje, continua a desenvolver em Castro Verde e Serpa. Pedro Mestre considera que a inscrição desta forma de cantar, como património ‘Campaniça do Despique’ é o novo disco de Pedro Mestre, que comemora 20 anos de cantigas com um trabalho onde valoriza a viola campaniça interpretando temas de sua autoria e outros do cancioneiro tradicional alentejano num
cultural da humanidade, foi “apenas um ponto de partida”. Na sua opinião, a mesma implica trabalhar mais, na preservação do cante, no sentido de o manter merecedor deste reconhecimento. O músico está a assinalar em 2015, os seus 20 anos de carreira e editou o álbum “Pedro Mestre – Campaniça do despique”, para celebrar trabalho onde o toque da viola campaniça se junta a novas sonoridades e a convidados como António Zambujo, Janita Salomé, Fábia Rebordão, Jorge Fernando, Guilherme Banza ou o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento.
esta data. Neste CD, Pedro Mestre brinda o seu público com modas do cancioneiro alentejano, que são apresentadas em dueto, com nomes bem conhecidos como Janita Salomé, António Zambujo, Fábia Rebordão, Jorge Fernando e Guilherme Banza.
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Paulo Ribeiro
O cante permanece nas novas gerações Com uma longa carreira, em diversos projetos e a solo, o músico de Beja Paulo Ribeiro afirma que o cante “sempre influenciou” a sua forma de cantar. Para Paulo Ribeiro, músico e ensaiador, o cante “só poderá permanecer se as novas gerações o continuarem a cantar”. O pai levou-o ainda pequeno, a uma taberna em Beringel, onde ouviu os homens a cantar e aquela imagem marcou-o para sempre. Paulo Ribeiro, garante que o cante, em tudo o que tem feito, acabou sempre por influenciar, mesmo de forma inconsciente, a sua forma de cantar. “Aqui tão perto do sol” é o nome de um dos álbuns a solo de Paulo Ribeiro que tem um tema, com o mesmo nome, onde o músico escreve e canta: “sob uma luz que encandeia, solta-se um vento que arde e que em mim, calor semeia”. Canção que deixa transparecer as suas influências rurais, com um toque de urbanidade, neste músico de Beja. Ser ensaiador de grupos corais é um trabalho que faz com “gosto”, e onde ensina e aprende. Mas esta verten-
te para Paulo Ribeiro começou apenas há sete anos, em Baleizão. O músico de Beja dá muita importância aos grupos corais que já contam com anos de estrada, mas mais ainda, aos que estão a começar, por con-
quer coisa mais importante”. Para o músico e ensaiador “está tudo por fazer” e é aqui que se deve trabalhar, cumprindo as exigências da UNESCO, o Plano de Salvaguarda, mas acima de tudo, no enquadramento do can-
siderar que são estes - que representam as novas gerações - os grandes responsáveis pela preservação e continuidade do cante alentejano. Paulo Ribeiro encara a inscrição do cante alentejano como património cultural imaterial da humanidade como “um princípio de qual-
te alentejano em tudo o que envolve. O músico, e ensaiador, de Beja, Paulo Ribeiro, a deixar claro que “é preciso dar novos passos para que nada fique na mesma e para que tudo mude, para melhor, no cante alentejano”.
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XXI EXPOSIÇÃO AGRO-PECUÁRIA GARVÃO 8 a 10 Maio 2015 10 DE MAIO SOMOS PORTUGAL TVI
ENTRADAS LIVRES
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Virgínia Coroa
As mulheres cantam diferente dos homens
vulgou as vozes do povo entre 1960 e 1980, escolheu a aldeia de Peroguarda como morada e nela ficou sepultado. O seu legado encontra-se no Museu Municipal de Ferreira do Alentejo, espaço que tem também, uma fotografia do padre José Mendes Alcobia, o pároco que formou os primeiros grupos corais deste concelho e que foi amigo de Giacometti. Peroguarda foi ainda, o berço de Joaquim Roque, em Janeiro de 1913, professor, investigador, escritor, jornalista e deixaram a sua marca no can- as mulheres cantam, e bem, o etnógrafo, que deixou um vate e desde 1998 que elas, As Alentejo, mas de maneira di- lioso trabalho de investigação em estudos etnográficos do Margaridas, mostram tam- ferente dos homens. bém, como se canta “bem”, Michel Giacometti, da Cór- Alentejo. mas “diferente dos homens”. sega, estudou, registou e diNa terra em que o etnomusicólogo Giacometti viveu, em que o professor Joaquim Roque nasceu e o padre Alcobia exerceu, Peroguarda, todos
As Margaridas de Peroguarda são ensaiadas por Virgínia Coroa, que já cantou em grupos mistos, mas que não gostou e por isso afirma que
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Ovibeja 2015
O maior encontro de Cante de que há memória A Ovibeja 2015 homenageia o cante alentejano com quatro dias de programação intensiva e a realização do “maior encontro de cantadores de que há memória”, fazendo do cante alentejano o tema central desta 32ª edição. O ensino do cante nas escolas está em destaque na quarta-feira, dia 29, num desfile de crianças e jovens dos diferentes agrupamentos escolares de todo o Baixo Alentejo, durante a tarde. Na quinta e sexta-feira, dias 30 de abril e 1 de maio, a programação da grande feira do Sul sugere para o espaço físico no recinto que a organização da Ovibeja preparou para receber a festa do cante, tertúlias sobre esta forma de cantar, a candidatura e a sua nova vida, depois da inscrição como património cultural imaterial da humanidade. Sábado, dia 2 de maio, é o grande dia, o da realização do “maior encontro de cante de que há memória e que reúne mais de 2000 cantadores de dentro e de fora do país”, assegura Luísa Castro e Brito, da organização. Os cantadores, e o público, reúnem-se às 15.00 horas, no Pavilhão Multiusos, para cantarem em uníssono e mostrarem a força deste cante coletivo.
O cante é um dos temas centrais da Ovibeja deste ano e por isso mesmo, a organização apresenta também, aos cantadores e visitantes, uma exposição temática que passa em re-
res, acompanhados de um copo de vinho, revela ainda, Luísa Castro e Brito. O cante alentejano tem integrado a programação da Ovibeja desde a sua gênese e este ano, a organização dá
I Grande Encontro do Cante Exposição Temática Cante nas Escolas Actuação de Grupos Corais vista a sua história e a forte presença que assumiu, e que continua a ter, no quotidiano dos alentejanos, num espaço próprio criado para este efeito e onde se pode encontrar a recriação de uma taberna que convida à partilha de saberes e saboPág. 31
continuidade e intensifica esta participação mantendo, igualmente, o palco da CIMBAL, que recebe todos os anos formações dos municípios da Comunidade Intermunicipal do Baixo Alentejo.
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João Português
Cuba catedral do Cante Em Cuba, o Cante é tido como um traço identitário forte e diferenciador do nosso povo. O Cante é para os seus protagonistas uma “coisa que está no sangue”, algo que está enraizado desde o tempo em que se ia para o campo trabalhar cantando modas, expressando valores como a tradição, a manutenção das aprendizagens de uma vida e a preservação da memória de outros tempos, de outras vivências mais duras. Quando reconhecemos Cuba como a “Catedral do Cante” afirmamos estes valores não com atitude altiva de quem acha que canta melhor, mas com a postura de quem vê esta forma de expressão como uma valiosa herança e com a “crença” de quem tem o Cante como uma experiência espontânea, quase religiosa, ou ritual. Antes mesmo do reconhecimento pela UNESCO do Cante como Património Imaterial da Humanidade, já a autarquia de Cuba havia reconhecido a sua importância declarando-o património imaterial mu-
nicipal. É um facto de que a candidatura do Cante a Património Imaterial da Humanidade teve o mérito de devolver o orgulho aos alentejanos no Cante Alentejano e o de impulsionar o surgimento de novos grupos corais, principalmente entre os mais jovens.
de logo, a habituação ao cante por parte dos mais novos, sendo que para tal será muito importante a implementação de aulas de cante alentejano nas escolas, preparando-os para o ingresso nos grupos corais já existentes onde deverão dar continuidade à sua
Porém, sabemos que esta “maré” poderá desvanecer-se com o tempo e é aqui que as autarquias locais, principais suportes dos grupos corais, devem assumir um papel preponderante na salvaguarda e perpetuação do cante. É importante garantir, des-
aprendizagem com os cantadores mais experientes do cante à Cuba, que faz deste concelho “A Catedral do Cante”.
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divulga, promove e valoriza o Cante Alentejano
CIMBAL COMUNIDADE INTERMUNICIPAL DO BAIXO ALENTEJO A CIMBAL tem como principal estratégia o desenvolvimento integrado da região, apostando na valorização dos projetos estruturantes, como o Aeroporto de Beja e o Empreendimento de Fins Múltiplos do Alqueva. Defende a melhoria das acessibilidades regionais rodo e ferroviárias e todos os recursos endógenos diferenciadores no território. Neste sentido, foram feitas várias diligências junto do Governo sobre as infraestruturas, designadamente: o aproveitamento do canal e a plataforma da A26; requalificação do IP8, entre Sines e Vila Verde de Ficalho; completada a qualificação do IP2; adoção de um plano de requalificação de toda a rede viária da região, bem como a eletrificação da linha ferroviária de Casa Branca a Beja/Funcheira, exigindo a ligação ferroviário Sines-Beja-Évora-Caia fundamentais para a promoção do desenvolvimento do Alentejo e do País. Quanto ao Novo Período de Fundos Estruturais 20142020, a CIMBAL elaborou o PEDBA, consubstanciado na Estratégia Integrada de Desenvolvimento e no Pacto de Desenvolvimento para a Coesão Territorial/ Investimento Territorial Integrado em parceria com todos os atores locais e regionais. Este plano apresenta a estratégia para o território até 2020 e assenta em cinco objetivos, designadamente: Território Amigo do Investimento, Território Empreendedor e Produtivo, Território de Excelência Ambiental, Território Residencialmente Atrativo e Território em Rede. Estes objetivos materializam-se nas seguintes ações estruturantes: Qualificação da Envolvente de Suporte à Iniciativa Empresarial, Promoção e Valorização Económica do Potencial Endógeno, Pacto Territorial para a Empregabilidade e o Empreendedorismo, Rede para a Inclusão e Promoção do Desenvolvimento Social, Valorização e Promoção da Atratividade Residencial, Rede de Infraestruturas e Serviços Ambientais, Rede de Infraestruturas e Serviços de Conetividade, Promoção da Eficiência Energética e das Energias Renováveis, Gestão Integrada de Ativos e Riscos Ambientais, Capacitação e Modernização da Administração Local. Este trabalho foi desenvolvido em articulação
com o Plano de Ação Regional, Estratégia de Especialização Inteligente e Programa Operacional Regional do Alentejo, no âmbito do Portugal 2020. Ao nível de principais projetos na CIMBAL, destacam-se: Valorização e Promoção do Cante Património Imaterial da Humanidade, Beja digital, Bejabiz, Centro Intermunicipal de Digitalização, Central de Compras Eletrónicas, Planos Municipais de Emergência, Modernização Administrativa, Formação Autárquica, Gabinete de Apoio ao Desenvolvimento Económico, Rede de Cultura, Gabinete de Promoção Cultural e Cooperação Transnacional, Rede de Bibliotecas do Baixo Alentejo, SIADAP – Sistema Integrado de Avaliação e Desempenho da Administração Pública, Plataforma da Contratação Pública, Plano Diretor da Rede de Serviços e Transportes Públicos, Alentejo a Pé, Plano Integrado de Transportes, Delimitação da Reserva Ecológica Nacional - riscos de erosão. A CIMBAL continuará a desenvolver o seu trabalho, fixando-se nas pessoas e no seu território, visando atrair investidores e promover a qualidade de vida e bem-estar porque os territórios de baixa densidade têm que ser potenciados de acordo com as suas especificidades. Para atingir os seus objetivos, as Autarquias precisam de manter a autonomia do Poder Local Democrático conquistado com o 25 de Abril, restituindo os serviços e criando outros, só desta forma se poderão combater as assimetrias. Porque só com as escolas/educação, a saúde, as finanças, a segurança, o trabalho, os tribunais, as acessibilidades, entre e outros, se poderá fixar a população e promover o desenvolvimento. A CIMBAL integra a NUT II do Alentejo e constitui a NUT III do Baixo Alentejo, da qual fazem parte os municípios de Aljustrel, Almodôvar, Alvito, Barrancos, Beja, Castro Verde, Cuba, Ferreira do Alentejo, Mértola, Moura, Ourique, Serpa e Vidigueira. O Presidente do Conselho Intermunicipal João Rocha
Praceta Rainha D. Leonor, nº 1– Apartado 70-7801–953 BEJA - Telefs. 284 310 160 / Fax 284 326 332 E-mail: cimbal@cimbal.org.pt
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Casa do Alentejo
A diáspora no Cante e espaço para apresentarem os seus trabalhos. Agora, com o cante inscrito como património cultural imaterial da humanidade, a responsabilidade é maior relevou João Proença. Prosseguiu referindo que, é preciso continuar-se a apoiar o cante, assim como definir as regras de funcionamen-
A Casa do Alentejo tinha que fazer parte da candidatura do cante e acompanhou o processo desde o início e esteve em Paris, na data em que a UNESCO decidiu que esta forma de cantar passaria a pertencer ao mundo, frisou o seu presidente João Proença. Mas, a Casa do Alentejo tem assumido a responsabilidade ao longo dos anos, de dar voz aos grupos da diáspora da grande Lisboa
to dos grupos, recrutar novos elementos, gente mais nova, ou seja “continuar a alimentar a criança”. E este, frisou João Proença, tem sido sempre o trabalho da Casa do Alentejo e por isso mesmo, tem as tertúlias de cante, uma vez por semana, para quem quer aprender a cantar e todos os sábados há, pelo menos, um ou dois grupos corais que se apresenta ao público deste espaço, fazendo, muitas
Paulo Machado
A prática do cante é informal e quotidiana e ouve-se todos os dias na Casa do Alentejo, em Lisboa, que recebe todo o ano, na diáspora de Lisboa, 40 a 45 grupos corais, que aqui ensaiam e que aqui se apresentam ao público deste espaço, que recebe alentejanos e pessoas do mundo inteiro.
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vezes, um desfile pelas ruas da capital. Hoje, a Casa do Alentejo não está sozinha, afirmou, igualmente, João Proença, revelando que há várias associações nos concelhos de Setúbal, Seixal, Barreiro, Almada, Loures, Cascais, com muitos alentejanos nas direções, que promovem o cante, os produtos e as tradições do Alentejo. A diáspora de Lisboa é consumidora de todo o que diz respeito à região e o cante acompanha todas as celebrações e a Casa do Alentejo marca presença em todas elas, por ter a preocupação de não fazer sobreposições de calendário, acertando com as associações as diversas realizações, porque as mesmas são consideradas complementares e não concorrentes fez ainda, questão de deixar claro João Proença. O presidente da Casa do Alentejo terminou avançando que no dia 2 de maio, a Casa do Alentejo desloca-se com 20 grupos corais, da diáspora de Lisboa, à Ovibeja, para participar na homenagem ao cante alentejano, programada pela organização da feira para esta data.
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