Onda Jazz

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MARCELO ALBUQUERQUE

DIVULGAÇÃO

Escritora americana Jennifer Egan tem seu premiado A Visita Cruel do Tempo lançado no Brasil. B10

MÚSICA. O jazz de Alagoas tem um novo disco para chamar de seu. Nascido do encontro acidental entre os instrumentistas Carlos Bala, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Atiba Taylor, no final de 2011 o Brasil Modern Jazz Quarteto botou na praça o CD The Magic Hour. Fruto das experiências de quatro músicos (três alagoanos e um americano) dos mais tarimbados, o registro que exala o despojamento típico do jazz também passeia por sonoridades diversas, incluindo as brasileiras. Responsáveis por manter o ritmo na ‘cozinha’ do quarteto, nesta edição Bala e Baigon – ases da bateria e do contrabaixo, respectivamente – contam à Gazeta como surgiu o BMJQ e revelam detalhes da gravação do álbum, além de comentar temas ligados à

Domingo 29/01/2012

cena musical da cidade. É claro que você não pode deixar de conferir Leia nas págs. B2, B5 e B6

ONDAJAZZ Da esq. para a dir., Atiba Taylor, Felix Baigon, Ricardo Lopes e Carlos Bala: é o BMJQ nas areias da praia de Garça Torta


B 2 Caderno B

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Da primeira ‘tocada’ à ideia de gravar um disco de jazz à moda antiga, uma história que tem tudo a ver com entrosamento

A QUÍMICA DE UM ENCONTRO ACIDENTAL FOTOS: MARCELO ALBUQUERQUE

As figuras do quarteto

Grupo cuja formação se deu após uma canja num bar do Centro de Maceió, o BMJQ estreia em disco com um trabalho que traduz a relação de seus integrantes com a música e, por que não dizer, com a vida na capital RAMIRO RIBEIRO REPÓRTER

Nome: Atiba Taylor Idade: 54 Nascimento: Richmond, Virginia, EUA O jazz numa palavra: “Freedom”

Nome: Carlos Bala Idade: 58 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “Uma maneira de tocar”

Nome: Felix Baigon Idade: 55 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “O jazz é como a vida”

Nome: Ricardo Lopes Idade: 34 Nascimento: Maceió O jazz numa palavra: “Liberdade”

Sim, foi quase sem querer. Quis o destino, ou os deuses do jazz, vá saber, que o embrião do Brasil Modern Jazz Quarteto surgisse de uma canja para lá de informal num bar do Centro de Maceió. É Carlos Bala, mais de 35 anos com suas baquetas MPB afora, quem conta a história. “Nós tocávamos no Mandala, no Centro, Ricardo Lopes, Van Silva e eu, éramos um trio. Um dia o Van não pôde tocar e mandou um substituto, que era o Felix Baigon. Nesse dia o Atiba Taylor apareceu por lá e deu uma canja. E nessa canja rolou uma química legal. Isso já tem uns dois anos. Daí pintou uma ideia de fazer alguma coisa com esse novo quarteto. Fizemos o primeiro ensaio, começamos a tocar, e a ideia foi amadurecendo”. O encontro acidental entre Carlos Bala (bateria), Felix Baigon (contrabaixo), Ricardo Lopes (guitarra) e Atiba Taylor (saxofone, teclados e, eventualmente, voz) rendeu, quase dois anos depois, as oito faixas que compõem The Magic Hour, estreia ‘descompromissada’ do grupo em disco, resultado de duas sessões de gravação realizadas em

meados de 2011. O arcabouço prático do jazz norteou o processo, como explica Baigon: “A ideia era fazer um disco como antigamente. Se você observar o encarte dos discos de Miles Davis, John Coltrane, essa turma gravava em estúdios que se pareciam com aqueles galpões de Jaraguá, com pé direito alto. O material era gravado sem emendas. Aqui fizemos mais ou menos a mesma coisa. Eu ficava com o Bala no aquário, e o Atiba e o Ricardo na técnica. Teve uma ou outra em que fizemos dois takes para escolher o melhor, mas a ideia era reproduzir a forma como tocamos nos bares da cidade”. À venda na Academia de Música, com o próprio guitarrista Ricardo Lopes, o disco custa R$ 20 e foi produzido e lançado pelo grupo, que agora planeja o escoamento do trabalho. A primeira oportunidade acontecerá no Garanhuns Jazz Festival, no carnaval. Ainda não há data para um show de lançamento em Maceió, mas bem que o público mereceria esse presente. Segundo Baigon, o plano é levar o CD para o maior número de lugares possível, “deixar o disco no Sesc, no Auditório Ibirapuera, na Rádio Eldorado. Em espaços onde essa música realmente

O improviso marcou a gravação de The Magic Hour. “A ideia era reproduzir a forma como tocamos nos bares”, diz Baigon

tem público, onde realmente vai abrir portas. Diferente disso, a gente fica tocando aqui em Maceió”. Em conversas francas com a reportagem, tanto Carlos Bala quanto Felix Baigon – os responsáveis pela ‘cozinha’ rítmica do quarteto – passearam por

questões pertinentes ao atual momento da música instrumental produzida em Alagoas. Dos bastidores do disco aos novos projetos dedicados ao jazz, ao choro e suas vertentes; do circuito de bares e restaurantes da cidade receptivos à boa música; e sobre

o histórico do estilo em Alagoas. Seria The Magic Hour o primeiro disco reconhecidamente de jazz gravado e lançado por um grupo por aqui? A seguir, a Gazeta traz os momentos mais marcantes dessas entrevistas, tudo por temas. Não perca. ‡

Suave sintonia Na maciota, na boa. Assim sucedem-se os temas que compõem o conjunto harmônico de The Magic Hour, estreia do Brasil Modern Jazz Quarteto em disco. Independente, o álbum foi uma boa surpresa no finzinho de 2011, e tem estirpe para entrar numa provável lista dos melhores momentos da música produzida em Alagoas. A liberdade que marcou as duas sessões de gravação – ao vivo, à moda antiga, no estilo old school – transparece já na abertura, na levada da faixa-título, com as viradas da bateria de Carlos Bala e o sax de Atiba Taylor viajando livre. Ricardo Lopes dá o tom na metade final de Jazzcarecica, de sua auto-

ria, que ao lado de Trilha do Mar, Trilha do Jazz presta homenagem ao pedaço do litoral alagoano que tanto combina com a sonoridade do grupo. Minha Amada é um sopro sereno à beiramar, fazendo o contraponto com o swingado de Out of the Dark. A brasileiríssima O Billy Chegou é homenagem ao multi-instrumentista Billy Magno, e tem ares de samba de gafieira. Dona Marta, composta por Felix Baigon em parceria com o também alagoano Luizinho Assis há mais de 20 anos, já tem seu espaço reservado no cancioneiro local, um partidoalto de responsa. Impossível não reconhecê-la após os primeiro acordes. Passaport fecha o disco, com

a voz de Atiba a marcar o improviso bem orquestrado. Tarimba e despojamento se unem num trabalho contemplativo, praieiro, em notas meticulosamente buriladas. Belo début. RR

Disco: The Magic Hour Banda: Brasil Modern Jazz Quarteto Lançamento: independente Preço: R$ 20 Onde encontrar: na Academia de Música (rua Princesa Isabel, 38, Farol; tel. 3317-0298)


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FOTOS: PINTO DA MADRUGADA/RICARDO LÊDO/ARQUIVO GA A NOITE DO CHUPACABRAS/DIVULGAÇÃO

Domingo, 29 de janeiro de 2012, GAZETA DE ALAGOAS

Folia!

Festejando dez anos de atividades, o bloco inicia sua maratona foliã no Munguzá do Pinto: no dia 04 de fevereiro, com concentração em frente ao Hotel Ponta Verde

PRÉVIAS DE CARNAVAL 9º BAILE DOS SERESTEIROS Mais tradicional evento do calendário de prévias de Maceió, o Baile de Máscaras dos Seresteiros da Pitanguinha está com ingressos à venda. Em sua nona edição, a festa será no dia 03 de fevereiro, no Pavilhão do Centro Cultural e de Exposições, em Jaraguá. Na programação, os Seresteiros da Pitanguinha e a Estação Frevo Orquestra de Pernambuco, além do disputado concurso de máscaras e fantasias – as inscrições devem ser feitas antecipadamente, no estande Sue Chamusca. Neste ano também será realizada a 3ª edição do Bailinho, com os Seresteiros e a dupla Divina Supernova fazendo a alegria dos baixinhos – no dia 05 de fevereiro, novamente no Centro de Convenções. Pavilhão do Centro de Convenções/Baile. Centro Cultural e de Exposições. Rua Celso Piatti, s/n, Jaraguá. No dia 03 de fevereiro, a partir das 21h. Ingressos: de 30 a R$ 400. Mais informações: 32355301 e 9925-7299. Pavilhão do Centro de Convenções/Bailinho. No dia 05 de fevereiro, a partir das 15h. Ingressos: a partir de R$ 30. Mais informações: 99257299.

PINTO DA MADRUGADA Em atividade há mais de uma década, o bloco carnavalesco tem como objetivo recuperar a tradição dos festejos de momo por meio das brincadeiras de rua. De acordo com Braga Lyra, um dos diretores da agremiação, neste ano o desfile deve atrair um público superior a 160 mil pessoas. Mas antes de pôr (oficialmente) o bloco na rua, o Pinto contará com duas ‘prévias’ – são as prévias da prévia. A primeira será no dia 04 de fevereiro, a partir das 07h, no chamado Munguzá do Pinto, cuja concentração será em frente ao Hotel Ponta Verde. Já o Pintinho Infantil, dedicado à garotada, acontece no dia 05 de fevereiro, a partir das 10h, na orla de Pajuçara – na ocasião, os foliões festejarão os dez anos do bloco. A ‘cereja do bolo’, ou seja, o desfile do Pinto, é atração no dia 11 de fevereiro,

com direito a surpresas. “Que a gente só vai revelar na hora”, despista Braga. Vale ficar de olho. Concentração em frente ao Clube do CRB, na Pajuçara. No dia 11 de fevereiro, a partir das 06h; desfile ao longo da orla de Pajuçara e Ponta Verde. Aberto ao público. Mais informações: 9982-6614, 9968-3666 e 8804-0216.

GRITO ROCK Apesar de concebido como um projeto independente, o Grito Rock está entre os destaques da programação do Jaraguá Folia. Gratuito, o festival é uma iniciativa de caráter intercontinental, já que é realizado em diversas cidades brasileiras e em outros oito países, incluindo México e EUA. Além de Maceió (no próximo dia 10, na praça Marcílio Dias), o Coletivo Popfuzz, organizador do evento, também tocará parcerias nas cidades de Arapiraca ( L a g o d a Pe r u c a b a , 11/02), Palmeira dos Índios (Boate Aquarius, 12/02) e Delmiro Gouveia (no dia 20, em local a confirmar). O Grito Rock América Latina é uma iniciativa da rede Fora do Eixo, e é produzido com o apoio do Toque no Brasil. Rua Sá e Albuquerque, Jaraguá. No dia 10 de fevereiro, a partir das 17h. Aberto ao público. Mais informações: 9969-0377.

CINEMA: FORA DO CIRCUITO A NOITE DOS MALDITOS Para a turma que aprecia cultura trash, a noitada é imperdível. Na primeira sexta-feira de fevereiro, o Cine Sesi se transformará num templo para o horror e seus sub-gêneros. O som

EM CARTAZ

progressivo-sombrio do grupo Necronomicon abre os trabalhos, às 22h, preparando o clima para a exibição dos curtas Zombio e O Doce Avanço da Faca, do cineasta catarinense Petter Baiestorf. Considerado o maior expoente do explotation nacional, após o debate com o realizador é a vez da banda Imprensa Anônima dar continuidade à maratona, que só termina após a projeção do longa A Noite do Chupacabras, de Rodrigo Aragão. E aí? Vai encarar? Cine Sesi. Av. Dr. Antônio Gouveia, 1113, Pajuçara. No dia 03 de fevereiro, a partir das 22h. Ingressos: R$ 12 (inteira) e R$ 6 (meia); à venda a partir do dia 1º de fevereiro, na bilheteria do Centro Cultural Sesi. Mais informações: 32355191 e www.centroculturalsesi.com.br.

ARTES VISUAIS ALAGOANÓS Fundado em 1974 numa vila de pescadores do município de Maragogi, o Museu da Praia abriga até o dia 29 de fevereiro a exposição AlagoaNós, que reúne trabalhos de quatro fotógrafos alagoanos em suas andanças. Integrantes do Projeto Autorretrato, Hannah Rocha e Sheila Tainara, jovens que vivem na comunidade, exibem imagens capturadas em diferentes paragens no interior do estado. Já o repórter fotográfico Ailton Cruz compila instantâneos clicados durante sua estada em Angola, na África. A mostra reserva ainda uma sala com vídeos produzidos pelo bailarino Jorge Schutze. Com entrada franca, a coletiva pode ser conferida somente aos sábados e domingos, no horário das 14h às 17h. Museu da Praia. Povoado de Ponta de Mangue, Maragogi, Alagoas. Visitação: até o dia 29 de fevereiro,

PROGRAMAÇÃO ATÉ 02/02. HORÁRIOS FORNECIDOS PELOS CINEMAS; KINOPLEX (WWW.KINOPLEX.COM.BR); 4003-7043 (CENTERPLEX); 3317-4834 (CINE LUMIÈRE); 3235-5191 (CINE SESI)

2 COELHOS Kinoplex (nacional, 18h50, 21h10); Centerplex (nacional, 14h20, 16h40) – 16 anos Sinopse: após se envolver num grave acidente automobilístico e perder mulher e filho, Edgar é indiciado, mas se livra da prisão. Depois de uma temporada em Miami, ele retorna com um plano de vingança.

A BELA E A FERA 3D Kinoplex (dub., 13h10, somente sáb. e dom.); Centerplex (dub., 17h, somente sáb. e dom.) – Livre Sinopse: remasterizada, a fábula clássica conta a história da feiticeira que transforma um príncipe cruel em uma fera horrenda. Para quebrar o feitiço, a Fera precisa conquistar o amor da linda e inteligente Bela.

À BEIRA DO ABISMO Kinoplex (leg., 19h, 21h20); Centerplex (dub., 19h20, 21h40) – 14 anos Sinopse: um ex-policial procurado pela justiça resolve se matar pulando do alto de um prédio de Nova York. Notificada, a polícia da cidade se mobiliza para tentar impedir que o homem acabe com a própria vida.

AS AVENTURAS DE TINTIM 3D Kinoplex (dub., 13h20, 15h50, 18h20, 20h50); Centerplex (dub., 14h, 16h30, 18h50, 21h10); Cine Lumière (leg., 14h30,16h40, 18h50, 21h) – 10 anos

Sinopse: Tintim é um jovem repórter que está sempre atrás de uma boa matéria. Nesta nova aventura, ele e seu cão, Milu, juntamse ao capitão Haddock na disputa contra Sakharine para encontrar o tesouro.

ALVIN E OS ESQUILOS 3 Kinoplex (dub., 13h, 15h, 17h); Centerplex (dub., 13h, 14h50, 17h, exceto sáb. e dom., 19h, 21h) – Livre Sinopse: de férias a bordo de um luxuoso cruzeiro, Alvin, Simon, Theodore e as Esquiletes estão agindo como de costume, transformando o navio em seu playground pessoal, até que eles ficam encalhados em uma ilha deserta. Agora, eles vão viver uma movimentada aventura insular.

COMPRAMOS UM ZOOLÓGICO Kinoplex (dub., 13h40, somente sáb. e dom.) – Livre Sinopse: Benjamin Mee é um homem que, ao lado dos filhos, encontra uma bela casa para viver no interior, mas é surpreendido ao descobrir que o lugar é um zoológico abandonado. Ele aceita o desafio e compra a casa, na esperança de restaurar a glória do local.

L’APOLLONIDE – OS AMORES DA CASA DE TOLERÂNCIA Cine Sesi (leg., 21h, exceto seg.) – 16 anos Sinopse: no fim do século 19 e início do 20, o bordel parisiense L’Apollonide vive seus últimos dias. No filme, o dia a dia das prostitutas que trabalham no casarão.

A PELE QUE HABITO Cine Sesi (leg., 17h, exceto seg.) – 16 anos Sinopse: um brilhante cirurgião plástico, assombrado pela morte da esposa, cria uma pele sintética, resistente a qualquer tipo de dano, e resolve testá-la em uma mulher misteriosa.

AS AVENTURAS DE AGAMENON, O REPÓRTER Kinoplex (nacional, 13h20, exceto sáb. e dom., 15h10, 17h) – 14 anos Sinopse: a comédia revela a misteriosa vida do jornalista Agamenon Pedreira, personagem criado por Marcelo Madureira e Hubert que há mais de 20 anos assina uma coluna de jornal.

MILLENNIUM – OS HOMENS QUE NÃO AMAVAM AS MULHERES Kinoplex (leg., 14h10, 17h20, 20h40); Centerplex (leg., 14h30, 18h, 21h20) – 16 anos Sinopse: Harriet Vanger desapareceu há 36 anos, sem deixar pistas. Mesmo tanto tempo após seu sumiço, seu tio ainda está à sua procura. Ele resolve contratar um jornalista, que aceita o trabalho, recebendo a ajuda de Lisbeth Salander, uma hacker com dotes de detetive.

OS DESCENDENTES Kinoplex (leg., 14h, 16h30, 19h, 21h25) – 12 anos Sinopse: há 23 dias, a vida

de Matt King mudou completamente: sua esposa, Elizabeth, sofreu um acidente e entrou em coma. Desde então, cabe a Matt cuidar das filhas Scottie e Alexandra, até ser informado pelos médicos que sua esposa irá morrer.

O ÚLTIMO DANÇARINO DE MAO Cine Sesi (leg., 14h50, exceto seg.) – 14 anos Sinopse: depois de estudar balé em Pequim, um jovem chinês entra para a Companhia Houston Ballet, nos Estados Unidos, onde começa uma vida nova – e livre.

SHERLOCK HOLMES: O JOGO DE SOMBRAS Kinoplex (leg., 13h30, exceto sáb. e dom., 16h10, 18h50, 21h30); Centerplex (dub., 15h40, 18h20, 21h); Cine Lumière (leg., 14h, 16h30, 19h, 21h30) – 14 anos Sinopse: Sherlock Holmes sempre foi a pessoa mais inteligente da Inglaterra... Até conhecer o professor Moriarty, não apenas o seu equivalente intelectual, mas também seu maior inimigo.

UM CONTO CHINÊS Cine Sesi (leg., 19h10, exceto seg.) – 14 anos Sinopse: Roberto é um solitário veterano da Guerra das Malvinas que tem uma loja de ferragens e vive de mau humor. Isso até o dia em que resolve ajudar o Jun, um chinês que vira sua vida de cabeça para baixo.

aos sábados e domingos, das 14h às 17h. Entrada franca. Mais informações: (82) 3296-9218 e no site www.museudapraia.com.br.

ESPETÁCULO TEATRAL SADE EM SODOMA Baseado na obra Os 120 Dias de Sodoma, do Marquês de Sade, o espetáculo que foi adaptado para o teatro pelo diretor e dramaturgo Ivan Sugahara a partir de uma novela inédita do autor Flávio Braga narra os 120 dias de uma grande orgia para o próprio Marquês. Perversão sexual, violência, crueldade, prazer com o sofrimento alheio e pedofilia fazem parte dos relatos. Em cena, o soldado Mathieu (Tárik Puggina) é contratado como guarda-costas de um nobre. Ele narra ao marquês os acontecimentos dos últimos quatro meses. A descrição dos desregramentos ali ocorridos envolve antigas cafetinas, que auxiliaram na criação dos climas de cada um dos 120 dias. O zeloso criado sugere que ele ouça também uma das cafetinas, Madame Duclos, papel vivido pela atriz Guta Stresser. A peça tem última apresentação hoje (29) em Maceió, no Deodoro.

Trash!

Cena de A Noite do Chupacabras, filme de Rodrigo Aragão que será exibido na Noite dos Malditos: no dia 03 de fevereiro, no Cine Sesi

Teatro Deodoro. Pç. Mal. Deodoro, s/n, Centro. Hoje (29), às 20h. Ingressos: R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia). Ponto de venda: loja Levi’s (Maceió Shopping). Classificação: 18 anos. Mais informações: 3032-5210 e 9601-2828.

ROTEIRO CULTURAL

RICARDO LÊDO/ARQUIVO GA

MIRANTES DE MACEIÓ Áreas que oferecem uma bela panorâmica da capital, os mirantes estão localizados em diferentes bairros da cidade. Os principais são o de São Gonçalo, no Farol, o de Chã de Bebedouro e o da praia da Sereia, no litoral norte. Em diversos pontos da capital. As visitas devem ser feitas preferencialmente durante o dia. Em alguns deles, há feirinhas.


B 4 Caderno B TV ABERTA TA A

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo

CRUZ CRUZA DAS

DIVULGAÇÃO

TEMPERATURA ATURA MÁXIMA ÁXIMA Uma família derosa superpoderosa vai tomarr conta da telinha mação na animação Os Incríveis críveis

04h45 05h45 05h55 06h25 07h00 08h00 08h30 11h30 12h45 14h40 16h00

18h00 19h45 22h05 22h50 23h45 01h35

Santa Missa Sagrado Gazeta Rural Pequenas Empresas Globo Rural Auto Esporte Esporte Espetacular Esquenta Temperatura Máxima: Os Incríveis Domingão do Faustão Futebol 2012 – Campeonato Carioca: Nova Iguaçu x Botafogo Domingão do Faustão Fantástico Big Brother Brasil 12 Festival de Verão de Salvador Domingo Maior: O Jogador Sessão de Gala: Hollywoodland – Bastidores da Fama

TV PAJUÇARA CANAL 11 04h25 04h55 05h45 06h15 08h00 09h00 09h30 10h00 11h00 15h00 19h00 22h15 00h00 00h30

Bíblia em Foco Desenhos Bíblicos IURD – Nosso Tempo Desenhos Bíblicos Ponto de Luz Pajuçara 360º Informativo Cesmac Alagoas Dá Sorte Tudo é Possível Programa do Gugu Domingo Espetacular Repórter Record Amazônia Aprontando Na Índia

09h15 09h30 10h00 10h15 10h30 11h00 11h30 11h45 12h00 12h30 12h45 13h00 13h30 14h00 15h00 16h00 17h00 17h30 18h00 19h00 20h00 21h30 22h00 23h45 00h30 02h00 02h30 03h30 04h30

TV ALAGOAS CANAL 5 05h00 06h00 07h00 07h30 09h00 10h00 14h00 18h00 18h55 19h00

TV EDUCATIVA CANAL 3 05h00 05h30 06h00 07h00 08h00

Via Legal Brasil Eleitor Palavras de Vida Santa Missa Viola Minha Viola

Curta Criança Janela Janelinha Escola pra Cachorro Meu Amigaozão A Turma do Pererê ABZ do Ziraldo Tromba Trem Carrapatos e Catapultas A Turma do Pererê Catalendas Cocoricó Dango Balango TV Piá Stadium O Planeta Azul – O Abismo Ver TV De Lá Pra Cá Cara e Coroa Papo de Mãe Conexão Roberto D’Ávila Esportvisão Curta TV Cine Ibermedia DocTV Esportvisão De Lá Pra Cá A Grande Música Caminhos da Reportagem Expedições

23h00 00h00 01h00 02h00 03h00

Aventura Selvagem Pesca Alternativa A Grande Ideia Vrum Igreja Mundial Domingo Legal Eliana Roda a Roda Jequiti Sorteio da Tele Sena Programa Silvio Santos De Frente com Gabi O Mentalista Divisão Criminal Os Esquecidos Encerramento

NO RÁDIO FESTIVAL DE VERÃO DE SALVADOR A Globo exibe o compacto com os melhores momentos do evento, a partir das 22h50

NO ASTRAL

BÁRBARA ABRAMO

GAZETA AM 1.260 KHz 04h00 06h00 06h10 EDGAR DE SOUZA/DIVULGAÇÃO

TV GAZETA CANAL 7

09h00 13h00 20h00 00h00

Notícias da manhã – 1ª parte Despertar com Deus Notícias da manhã – 2ª parte Hoje é dia de praia Jornada esportiva Notícias da noite Encerramento

Mercúrio e Júpiter em dissonância sugerem desvios, excessos e exageros. Lua crescente em Touro: 31/1

ÁRIES. Lua em seu signo GAZETA FM 94.1 MHz 01h00 05h00 06h00 07h00 09h00 10h00 11h00 16h00 20h00 22h00

Show da madrugada Forró da manhã Como é grande o meu amor por você Bom dia Gazeta Swing da Gazeta Alagoas dá sorte Swing da Gazeta Gazeta pediu tocou Gazeta toca tudo Love is love

pede calma, silêncio e natureza para você restaurar suas energias. Semana promete movimento e novidades, então aproveite seu tempo com discriminação. Saiba fazer escolhas saudáveis.

LIBRA. Engate uma conversa básica sobre suas deficiências, temores e fraquezas com seu amor. A maioria daqueles aspectos que você preferia ocultar estão saltando aos olhos de todos. Observe. Melhor dia para encará-los, impossível.

TOURO. Aproveite o do-

ESCORPIÃO. Segure a von-

mingo para dormir bem, descansar, meditar ou fazer uma pequena viagem em que possa arejar a mente e exercitar os músculos em atividades leves. De noite, evite excessos alimentares para não ficar mal.

tade de gastar muito, comer demais, se exceder na bebida, tomar sol demais, enfim fazer tudo alem do moderado e do equilibrado. Mercúrio e Júpiter anunciam efeitos negativos. Mas você pode evitar tudo isso!

GÊMEOS. Seu planeta regente Mercúrio arma hoje aspecto tenso com Júpiter, sinalizando gastos desnecessários por conta de uma viagem, ou luxos desnecessários. Cuidado. Exerça seu poder de discriminação.

CÂNCER. Lua e Saturno em ângulo difícil anunciam adiamentos, demoras ou mudanças de planos que envolvem planos familiares e pessoais. Parcerias problemáticas, não se fie em promessas arrancadas de pressões.

SAGITÁRIO. Domingo bom para visitar um canto desconhecido da sua cidade com um amigo. Bom papo, ideias inteligentes para resolver problemas crônicos da cidade etc. mas anote tudo para essa inspiração não ser em vão. CAPRICÓRNIO. Música, na-

tureza e descanso – no máximo um cineminha no fim da tarde! Melhor programa não há, para você neste domingo. Leia sobre novos investimentos financeiros. Evite ser rígido com seus queridos para não arrumar intrigas.

LEÃO. Curtir o domingo exigirá de você compreensão para com os outros e capacidade de agir em conjunto, deixando de lado seus interesses. Se estiver disposto, ótimo. Senão, evite programações sociais e familiares.

AQUÁRIO. Você está vivendo um dos períodos mais propícios do ano para fazer novas amizades e aprender muito com outros estilos de vida. Viagens e novos interesses. Só não seja teimoso e turrão.

VIRGEM. Altos e baixos neste domingo, em especial por causa de gastos - com concertos domésticos, aquisição de aparelhos ou utensílios etc. Aspecto difícil entre Lua e Marte anunciam conflitos com mulheres. Momento de inquietude.

PEIXES. Faro fino para com-

putar gastos, entradas e saídas de dinheiro, avaliar bens e como negociar melhor seus talentos profissionais. Arrume um tempo neste domingo para anotar suas inspirações a respeito disso.


Caderno B 5 B

Domingo, 29 de janeiro de 2012, GAZETA DE ALAGOAS

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Da ‘cozinha’ para os holofotes, o baterista Carlos Bala e o contrabaixista Felix Baigon revisitam os lances que levaram à criação do BMJQ e falam sobre as particularidades do circuito musical de Maceió

Quadros em exposição O DISCO

gon. Nesse dia que o Baigon foi de substituto o Atiba Taylor apareceu por lá e deu uma canja. E nessa canja rolou uma química legal. Isso já tem uns dois anos. Daí pintou uma ideia de fazer alguma coisa com esse novo quarteto. Fizemos o primeiro ensaio, começamos a tocar, e a ideia foi amadurecendo. Fomos tocando aqui, ali, até que pintou a ideia de gravar o disco. Sempre toquei com muita gente e participei de vários discos instrumentais, mas o BMJQ é apenas minha segunda banda. A primeira foi em 1985, chamava-se High Life. Durou apenas três meses, espero que o BMJQ dure mais. Estou superfeliz com esse projeto. É uma forma muito leve de tocar. Ninguém está inventando a roda ou quer fazer o disco do século. É totalmente sem compromisso, estamos tocando aquilo que a gente gosta de tocar. Um chega e apresenta uma música, outro apresenta outra. Tem momentos em que fazemos um mix das músicas do grupo e em outros, músicas que são de outros compositores, standards de jazz ou da música instrumental brasileiO CD está à venda com o Ricardo Lopes, na Academia de Mú- ra. Colocamos uma roupagem diferente e vamos levando. Estou muito feliz em estar no grupo, e de estar de volta a sica, que fica próximo à praça Centenário, no Farol. Custa Maceió. É mais um motivo para valorizar o projeto. R$ 20. Hoje não tem mais lojas de disco, praticamente. Temos que mandar para alguns pontos, tipo escolas de mú- Bala sica, faculdades. Esses locais concentram o número de pesO Bala é muito visceral. Pela estrada que tem e pelo que soas interessadas. Estamos apostando no disco. Quero ver estudou, quando senta na bateria já sabe o que vai fazer, se consigo tirar esse material daqui. Levei vários kits com o sai muito espontâneo. Todos nós procuramos isso. Quando disco para São Paulo, onde participo de um musical. Mas a você sobe no palco as pessoas percebem. Temos que aliar figura de um produtor faz falta. Quanto à gravação, a ideia a estrada de cada um, o que cada um já estudou e vivenciera fazer um disco como antigamente. Se você observar ou. O somatório disso tudo é que dá num padrão do BMJQ. o encarte dos discos de Miles Davis, John Coltrane, essa Tocamos na última edição do Maceió Jazz e no Festival de turma gravava em estúdios que se pareciam com aqueles galpões de Jaraguá, com pé direito alto. O material era gra- Porto de Galinhas, já deu para o pessoal sentir que o grupo tem uma identidade. Tocamos música de todo mundo. De vado sem emendas. O cara começava com o tema pequeno, que é a melodia, e daí abria espaço para a improvisação, Miles Davis à samba de gafieira. O Atiba canta blues. Mas, isso à parte, o que trabalhamos mais é a música autoral. dentro daquelas cadências harmônicas da melodia. Isso é Baigon combinado, não é feito aleatoriamente. Depois volta-se ao tema para encerrar a música. Aqui, no Estúdio G, fizemos mais ou menos a mesma coisa. Claro, não temos a mesma O CIRCUITO condição acústica desses galpões e espaços grandes. Olha, tem lugar para a gente tocar. Não existe uma ampliEu ficava com o Bala no aquário, e o Atiba e o Ricardo tude de lugares nem é um mar de rosas, mas a dificuldana técnica. Teve uma ou outra em que fizemos dois takes de que existe aqui existe no Sudeste. São Paulo eu deixo para escolher o melhor, mas a ideia era reproduzir a fora disso porque a oferta é muito grande, de bares, restauforma como tocamos nos bares. rantes, teatros, etc. Mas no Rio a coisa é parecida com o Felix Baigon que rola aqui. Quando cheguei lá em 1985, tínhamos pelo menos cinco, seis lugares para tocar. Depois isso foi acaMARCELO ALBUQUERQUE bando. Aqui de certa forma até me surpreendeu. Tem alO GRUPO guns bares onde a gente pode tocar. O Mandala é um deles. Nós tocávamos no Mandala, Uma pena que a frequência era baixa e não foi viável a no Centro, Ricardo Lopes, Van Silva e eu, éramos um gente continuar. Mas andamos tocando por aí. No Trilha do Mar a gente eventualmente toca, quando todo mundo está trio. Um dia o Van não pôde tocar e mandou um por aqui. É um dos lugares onde se permite tocar mais à vontade. As pessoas que vão gostam de música, vão substituto, que era o Felix BaiA gente ensaia uma vez por semana. Sou o único no quarteto que não compõe. Então os outros três integrantes foram apresentando suas músicas durante esses ensaios semanais. Não houve uma grande preparação. A ideia era gravar o disco como se fosse ao vivo. Por isso gravamos de uma forma que não é convencional hoje, por exemplo, com contrabaixo e bateria na mesma sala. Mas a nossa ideia era fazer assim, como se estivéssemos em algum lugar tocando ao vivo. Em duas sessões gravamos as oito músicas. Daí para a frente foi o processo de mixar e masterizar. Nosso lançamento deve acontecer no mês de fevereiro, quando o Baigon voltar de São Paulo e eu voltar do Rio. Aí pensaremos numa data. Temos um kit com CD e release que está sendo enviado pelo Brasil inteiro. A ideia é sair tocando pelos festivais por aí. Vai depender dos convites. Carlos Bala

lá para ouvir a música. Uma coisa interessante aqui é que as pessoas acham Garça Torta longe pra caramba. Para mim é superperto. No Rio, às vezes, tinha que sair de casa duas horas antes para ir até a zona sul. Aqui são só 15 quilômetros e tem gente que acha longe. Portanto, quem vai lá – mesmo achando longe – vai por causa da música. Sempre rola uma jam session. E tem outros lugares. O Divina Gula realizou durante dois meses no ano passado um projeto, patrocinado, com uma banda diferente a cada quintafeira. Era muito legal. O Lopana também tem um espaço bacana. São vários os bares. Resumindo, tem lugar para tocar aqui. Eu achei que estava tudo parado. Agora, tem alguns lugares que não são muito confortáveis, onde as pessoas querem conversar e ter uma música ambiente. Isso é uma coisa que faz parte do jogo, você escolhe se faz ou não. Em algumas situações pode ser legal, em outras você fica aborrecido. “Pô, tô aqui tocando há duas horas e ninguém presta atenção”. Mas é sempre um espaço para tocar. Bala Está bacana. Estão abrindo espaço para a música instrumental. Passamos uma época aqui em que era aquela febre do pagode, depois teve esse negócio de sertanejo. Mas agora está abrindo. Lopana, Divina Gula, Trilha do Mar, Bar do Osman, o do ‘seu’ Manoel... Baigon

LITORAL NORTE Entre os bares, meu lugar preferido é o Trilha do Mar. O lugar é lindo, a gente toca à vontade, ninguém exige que a gente toque nada. O repertório quem faz é a gente, e tudo bem. As pessoas que vão lá vão para ouvir música. Então esse é o lugar. Só a paisagem já é um privilégio. Às vezes mando uma foto e mostro para os colegas do Rio. “Bicho, olha como eu tô passando mal!”. No bar do Osman mesmo (o Quintal), em Garça Torta, todo ano a gente faz um encontro lá. Tocamos olhando para o mar. Isso é um prêmio. É outro lugar bom de tocar, embora a estrutura não permita que se faça constantemente. Mas é um lugar superagradável. Entre o Trilha do Mar e o bar do Osman, ali na Garça Torta, tem o bar do Carlinhos, também superlegal, toquei lá umas duas vezes. Aquela orla é uma maravilha, aquilo é o que há. Você tocar de frente para o mar, superconfortável. É um lugar especial. Bala Acho que a praia, né? Aquele marzão, você vai tomar uma cerveja, ouvir uma música... Já é um atrativo. Botar o pé na areia. É meio estranho, porque a música instrumental lá fora, no Rio e em São Paulo, é naquele clima da noite, bares enfumaçados, piano bar, ir curtir uma música ambiente. Aqui não, é o sol mesmo, sábado à tarde, é algo por aí. Baigon

Bala e o fascínio do Litoral Norte: “Aquela orla é uma maravilha, é o que há. Você tocar de frente para o mar. É um lugar especial”


B 6 Caderno B

GAZETA DE ALAGOAS, 29 de janeiro de 2012, Domingo

CONTINUAÇÃO DA PÁG. B1. Na última parte da conversa, Carlos Bala e Felix Baigon lembram de suas vivências longe de Alagoas, avaliam nossa cena instrumental e refutam a afirmação de que The Magic Hour é o primeiro disco de um grupo de jazz lançado por aqui

Quadros em exposição MARCELO ALBUQUERQUE

O ÊXODO Já tem dois anos que eu estou aqui. No réveillon de 2009 eu ainda tocava com a Simone, tocamos em Aracaju, eu estava voltando. Parei de vez aqui em maio de 2010. Não sinto falta do Rio de Janeiro ou de São Paulo como músico. Agora, é óbvio que a gente vai pensar na sobrevivência, e faz diferença. Quando voltei para cá estava trabalhando com a Simone. É interessante que isso continue. Vai continuar com o Djavan. Fazer alguns trabalhos lá e manter o quartel-general aqui. Vai lá, faz o que tem que fazer, e volta. É esse o meu sonho. Pessoas que me encontram comentam: “Seu semblante está ótimo, você está com uma energia boa”. Não tem dinheiro que pague isso. Foram mais de 30 anos fora. Vinha só de passagem, ficava três ou quatro dias, às vezes no fim do ano. Estou reconhecendo minha cidade. Está sendo especial para mim. Você valorizar a qualidade de vida é muito importante, porque reflete na música, reflete na sua performance. Na hora de apresentar sua mensagem, se estiver bem espiritualmente, isso acaba passando para as pessoas. O fato é que estou na contramão. A maioria das pessoas – e entendo isso, é a lógica –, os mais novos, querem ir para lá, Rio ou São Paulo. Já teve baterista que me perguntou: “Mas você veio para parar?” Isso surpreende as pessoas. “Você veio fazer o quê em Maceió?” Ora, tem coisas pra fazer em Maceió. Eu vim para continuar. E descobrir surpresas. Aqui está cheio de músicos bons. Quando comecei a tocar, tinha um disco na cidade para tudo quanto era músico ouvir, e quase sempre já estava defasado. Hoje os caras estão na internet, ligados, têm informação. Carlos Bala As pessoas falam, “Ah, tem que morar no Rio ou São Paulo”. Tem alguns momentos em que tem, sim. Eu mesmo já morei dez anos no Rio e alguns em São Paulo. Se você chegar em São Paulo sem o teu material na mão, vai ser mão-de-obra. Tem que ter consciência disso. Agora, os compositores daqui, Júnior Almeida, Mácleim, Eliezer, esse pessoal com disco novo, bacana, tem que passar um pouquinho lá fora também. Dois shows no Rio, um em São Paulo. É legal para expandir o público, as possibilidades de entrada. Felix Baigon

JAZZ MADE IN ALAGOAS Não sei se um disco, CD, ou seja lá o que for, mas o meu irmão já fez isso. Já gravou, só que não saiu o disco. O Beto (Batera) tinha um grupo, que tocava sempre no Trilha, aliás, os caras tocavam jazz, bossa nova, e gravaram isso, só que não saiu. Portanto acho que o nosso não é o primei-

ro, não. Além do meu irmão devem ter outras pessoas que já fizeram. Mas se algo foi efetivamente lançado, não sei. Bala Nosso disco não é o primeiro. Tivemos o Everaldo Borges, que já lançou dois discos. Tivemos sim outros grupos. Não assim especificamente de jazz. O Chorinho Novo já deve ter lançado alguma coisa. O Wellington Pinheiro, que toca na Confraria do Choro, também tem um disco instrumental. Zé do Cavaquinho teve sua obra editada em CD. E outros. O Chau do Pife, como disse, não deixa de ser totalmente instrumental. É música que você pode classificá-la não como jazz, no seu sentido mais amplo, mas não deixa de ser porque o cara improvisa como um louco. O Chau é uma maravilha. Tocou outro dia com o Cristovão Bastos, que é um gênio do piano, e o Chau do Pife lá, improvisando. Baigon

FELIX BAIGON

CARLOS BALA

“Se você chegar em São Paulo sem o teu material na mão, vai ser mão-de-obra. Tem que ter consciência disso. Agora, os compositores daqui, Júnior Almeida, Mácleim, Eliezer, esse pessoal com disco novo, bacana, tem que passar um pouquinho lá fora também”

“Não sinto falta do Rio de Janeiro ou de São Paulo como músico. Agora, é óbvio que a gente vai pensar na sobrevivência, e faz diferença”

OUTROS PROJETOS Quando eu fizer alguma coisa... O problema é o seguinte: eu já rodei tanto por aí, já toquei com tanta gente que, às vezes, isso é o que impede de fazer alguma coisa nesse sentido. Eu gostaria de chamar todo mundo. Não dá, né? Mas tenho que viabilizar esse trabalho. Fico pensando tanto nisso que o negócio não sai do chão. Já está na hora. Pode acontecer aqui, pode acontecer no Rio, ou em São Paulo, em qualquer lugar. Posso fazer minha parte aqui e mandar para lá, hoje a tecnologia permite. Eu preferiria gravar com todo mundo junto. Não tem data, mas é uma coisa que está perto de acontecer. E Maceió está me ajudando nisso, nessa ideia de fazer um disquinho meu. Olha, eu falo isso para as pessoas e é difícil de entender, até para mim mesmo. Eu não sou músico de jazz, eu gosto de tocar jazz, essa é a diferença. Estou tocando mais jazz em Maceió do que no Rio. Quer dizer, está confortável pra mim. Tenho tocado muitas coisas diferentes. Participei de projetos diferentes, um dia com Júnior Almeida, no outro com Mácleim. Cada um tem sua história. Isso tem sido muito legal, porque o trabalho fica intenso. Tem sempre alguma coisa acontecendo. Bala Eu sou um operário. Até costumo brincar dizendo que sou um “boia-fria da MPB”. Sou mão-de-obra. Me chamam para tocar, eu vou e toco. É como pago minhas contas. Sou um profissional. Não importa: orquestra, acompanhar cantores, produzir, arranjar. Me considero como mão-de-obra. Tenho um projeto solo, iniciado em 2009, está pronto. Tenho dez músicas gravadas. Mas não parei para correr atrás de pa-

trocínio, para prensar os discos... Tanto está pronto que aproveitei três músicas no The Magic Hour. Baigon

A CENA Olha, a música instrumental teve um ‘boom’ do começo do ano passado para cá. A gente tinha, praticamente, só o Power Jazz atuando em Maceió. Criamos o grupo a partir de uma canja que fazíamos no Mandala, no Centro. Depois disso, começaram a surgir outros trabalhos instrumentais. Claro que já tinha Everaldo Borges, Almir Medeiros, Power Jazz. Mas do ano passado para cá é que começam a surgir novos grupos. Tenho notícias, através das redes sociais, de grupos formados por músicos evangélicos. Eles têm uma estrutura diferente da nossa. As igrejas já têm os instrumentos, os equipamentos, o que é um elemento facilitador. A gente tinha que carregar a nossa tralha para poder ensaiar e tocar. Sei de pelo menos três grupos atuando na cidade. Claro, eles não têm a nossa pegada

de tocar muito em bares, até pela questão da religião, mas têm um material de primeira. Já vi um grupo desses tocando no Divina Gula. São novas propostas de música instrumental, com uma galera supernova. Isso é bacana porque de certa forma dá uma oxigenada no mercado. Agora, é hilário você fazer uma música que não tem para onde escoar, para onde vender. É um público realmente muito restrito. Os grandes nomes não tocam muito longe da gente. Quem vê aqui nomes como Leo Gandelman, Arthur Maia, vê que os caras têm uma qualidade técnica excepcional nos seus instrumentos, mas, no fundo, todo mundo quer vender a sua música. Ninguém quer mostrar perfumaria ou uma técnica fora do comum. A música tem que tocar as pessoas de alguma forma. Acho que a nossa música já tem essa qualidade, essa punção. Mas falta ainda essa abertura de chegar aos locais onde acontecem os grandes festivais e ter espaço, receber convites. Baigon


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