Edição 129 - Julho/Agosto de 2021

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Espiritualidade Revista Renovação . Jul/Ago 2021

“EU NELES E TU EM MIM, PARA QUE SEJAM PERFEITOS NA UNIDADE” (JO 17,23A) O Espírito Santo expande a nossa capacidade de entender e perdoar o outro, dando-nos uma sensibilidade ampliada pela graça

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esus, na última ceia com os discípulos, implora pela união de todos os que creem: “Dei-lhes a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e o mundo reconheça que me enviaste e os amaste, como amaste a mim” (Jo 17,22-24). Estas são praticamente suas últimas palavras antes de sua prisão e subsequente paixão e morte. É seu último pedido, que expressa seu amor e cuidado não somente com os discípulos de então, mas com todas as gerações de pessoas que viriam a crer nele através dos séculos, também conosco. As últimas palavras de alguém são muito importantes, são ditas para ficarem gravadas no coração e na memória daqueles que ama. Sermos perfeitos na unidade. Tarefa impossível sem a presença e a assistência do Espírito Santo. Um pouco antes de fazer esta oração pela unidade, Jesus prometera enviar o “outro Paráclito”, o Espírito Santo, dizendo: “Naquele dia (quando vier o Paráclito), conhecereis que estou em meu pai, e vós em mim e eu em vós” (Jo 14,20).

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A unidade exterior, aquela que se reflete nos nossos relacionamentos, na vida em família, na comunidade, na Igreja, entre os irmãos de fé, é reflexo da unidade interna, obra do Espírito Santo que vai trabalhando em nós, se o permitirmos, dando-nos integridade interior, aquela “inteireza” onde o que estava ferido ou partido vai sendo restaurado, curado. Isso se dá pela presença de Deus Pai e de Deus Filho, presentes na pessoa do Espírito Santo que habita em nós. É o amor que circula

entre as Pessoas da Santíssima Trindade movendo-se em nós e tocando os espaços frios e vazios da nossa alma, os espaços feridos, machucados, maculados pelo desamor.

Só o amor pode nos curar do desamor e nos capacitar a amar, somente por obra do amor de Deus derramado nos nossos corações (cf. Rom 5,5) nós somos restaurados, ficamos inteiros, recriados à nossa beleza original, sem mágoas, ressentimentos, sem complexos, somos pacificados. Necessitamos do Espírito Santo para pacificar as lutas e contendas que se encontram no nosso interior a fim de que não se expressem no exterior através de palavras e atitudes. São Tiago adverte: “Donde vêm as lutas e contendas entre vós? Não vêm elas de vossas paixões, que combatem em vossos membros? Cobiçais, e não recebeis; sois invejosos e ciumentos, e não conseguis o que desejais; litigais e fazeis guerra” (Tiag 4, 1-2a). Ele adverte também contra o ciúme amargo e sobre a mentira, dizendo ser uma sabedoria terrena, humana, diabólica, ao passo que a sabedoria que vem de cima, aquela que nos dá o Espírito Santo, é pura, pacífica, condescendente, conciliadora, cheia de misericórdia, sem parcialidade, nem fingimento.


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