Jornal Recantos da Terra - novembro de 2015

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Água subterrânea de Americana começa a secar Em alguns poços, bombas de captação têm que ser rebaixadas em mais de 50 metros. Situação preocupa especialistas e assusta autoridades

Depósito de entulho vira pequena praça sustentável ‘Visita Solidária’ muda hábitos na Base do Ipiranga Papel reciclado volta às gôndolas de supermercado

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Silvio Carlos Baldino e Valderez Dias Baldino sentados na praça que criaram no terreno abandonado


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NA COMUNIDADE

Base do Ipiranga humaniza e estreita relações com vítimas de roubo Desde janeiro corporação colocou em prática o ‘Visita Solidária’ que visa ajudar vítimas da violência urbana

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Base Comunitária da PM (Polícia Militar) do Jardim Ipiranga/ Mollon estreita os laços com vítimas de roubos ao instituir um atendimento humanizado. Com a finalidade de prestar atendimento após o drama da violência urbana, o programa “Visita Solidária”, instituído desde janeiro deste ano dentro do conceito de Polícia Comunitária, faz um trabalho importante junto às vítimas. A principal intenção, segundo a PM, é diminuir a sensação de insegurança e conseguir informações que possam levar a polícia a localizar e prender os criminosos. “As pessoas ficam com certo trauma, até porque os roubos são realizados a mão armada. Nossa intenção, além de colher informações, é humanizar o atendimento e passar uma sensação de segurança”, explica o sargento Josué Car-

valho Gomes de Abreu, que comanda a base. Ele diz que grande parte das pessoas atendidas pelo programa é vítima de roubos de veículos e roubos à residência. Entre as questões aplicadas estão perguntas básicas como: se foi a primeira vez que pessoa sofreu roubo; se possui seguro do produto roubado; se os policiais transmitiram segurança; se os policiais foram educados, entre outras questões. Além disso, existe um espaço no formulário no qual o cidadão pode fazer críticas ou propor sugestões à polícia. “Todos os policiais estão aptos a realizar o trabalho. Uma viatura vai até a residência da vítima, o que facilita a integração”, afirma Abreu. POLÍCIA COMUNITÁRIA Com o objetivo de se aproximar mais do cidadão, a Polícia Militar criou em

1997 o policiamento comunitário, que é uma filosofia e, ao mesmo tempo, uma estratégia institucional. Como filosofia, permeia todos os níveis da PM e é absorvida por todos os policiais militares, que aprendem e aplicam conceitos primários de solidariedade e respeito às individualidades no cotidiano do trabalho com a população. Enquanto estratégia, o projeto direciona esforços, medidas e programas institucionais no sentido de criar continuamente condições de aproximação com a população. A diretriz do policiamento comunitário compreende o estreitamento dos laços entre a PM e a população. O trabalho é baseado no conceito de que tanto a polícia quanto a comunidade devem trabalhar juntas para identificar, priorizar e resolver os problemas, com o objetivo de melhorar a qualidade geral de vida.

FORMAÇÃO ESPECIALIZADA Se, por um lado, o conceito de polícia comunitária implica na formação especializada de recursos humanos, por outro a política de aproximação com a população também demandou inovações estruturais para permitir maior presença e distribuição territorial da polícia. Estas estruturas são compostas pelas Bases Comunitárias Móveis. Atualmente, o Estado de São Paulo conta com 540 delas – deste total, 250 foram adquiridas pelo Governo do Estado em 2012, em um investimento de R$ 29,6 milhões. Além disso, há 230 Bases Comunitárias de Segurança fixas e 52 Bases Comunitárias de Segurança Distritais – onde os policiais moram com suas famílias. A Polícia Militar é multiplicadora da filosofia das Bases Comunitárias para diversos Estados brasileiros e países.

EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.san@jornalrecantosdaterra.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8178.8144 / 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996

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PAISAGEM URBANA

A pequenina praça sustentável Com recursos próprios, empresário transforma depósito de entulho em praça

Anderson Barbosa

Silvio reutilizou objetos velhos como vasos sanitários, capacetes e pneus como adereços para a praça

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s vasos e adereços coloridos se destacam em meio ao verde na pequena praça construída com as próprias mãos pelo empresário Silvio Carlos Baldino, 57. Indignado com o entulho acumulado em frente à sua casa, no Parque Universitário, em Americana, ele acordou em uma manhã de 2012 e resolveu transformar a sujeira em arte. Com recursos próprios, ele e esposa, Valderez Dias Baldino, 54, transformaram vasos sanitários, capacetes, baldes velhos e outros objetos descartáveis em belos vasos de flores. Um belo jardim tomou o lugar do entulho, enquanto a água que rega plantas e grama é reaproveitada da chuva por meio de um sistema simples de armazenamento. Silvio fala com entusiasmo da praça. Ele tem estatura baixa, é calvo, usa óculos e tem a voz rouca, com fala pausada. “Tenho paixão por plantas. Eu via este local sendo maltratado e não aguentava mais. Certo dia eu acordei e resolvi mudar totalmente o

aspecto deste local”, explica. A praça é extremamente cuidada e limpa. O terreno, de propriedade da Prefeitura, é enorme e Silvio utilizou somente uma faixa para construir a praça. Além das plantas, o local conta com bancos bem cuidados, mesa e uma cobertura onde foi construído um pequeno santuário em homenagem a Nossa Senhora Aparecida, de quem o casal é devoto. “Eu faço minhas orações e sempre encontro diversas velas que outras pessoas trazem. Fico feliz com isso”, revela Silvio. ÁGUA DA CHUVA Uma caixa d’água velha serve para reservar água da chuva. O compartimento é devidamente coberto por uma rede na parte superior, medida que impede a caixa de ser um criadouro do mosquito da dengue. “São 500 litros de água que utilizo para regar plantas”, diz Silvio. Segundo ele, aos finais de semana, é comum ver ele e vizinhos assistin-

do futebol na praça. O espaço conta com energia elétrica puxada da própria casa de Silvio. “É uma praça agradável e democrática. Desde que não haja depredação do espaço qualquer um pode frequentá-la”, adverte o empresário. Só existe um problema ainda não resolvido: a praça ainda não tem nome. Sugestões podem ser enviadas por meio fã page do Recantos da Terra no Facebook: https://www.facebook. com/jornalrecantosdaterra.

03 Prefeitura reativa ‘Adote uma praça’ A praça do Parque Universitário é inspiradora neste momento em que a Prefeitura de Americana retomou o projeto “Adote uma Praça”, iniciado ainda na gestão do ex-prefeito Erich Hetzl Júnior (PPS) e substituído pelas praças imponentes e caras do governo megalomaníaco do prefeito cassado Diego De Nadai (PTB). O interesse na adoção dos espaços públicos é grande: 86 empresas já protocolaram pedidos de adoção na Prefeitura. “Retomamos o projeto de adoção de praças e já temos muitos interessados. Apesar da grande procura, ainda existem muitas áreas verdes que podem ser adotadas na cidade”, afirma o secretário de Meio Ambiente, Adriano Camargo. Ele antecipa que existem empresas interessadas em adotar os canteiros da Avenida Brasil, a Praça Divino Salvador – onde está localizada a Câmara de Americana, a Praça Rotary, na Avenida São Jerônimo, entre outros locais. Os processos agora estão fase de análise e, a partir do ano que vem, as revitalizações já poderão acontecer. As placas de publicidade que serão exploradas pelas empresas são padronizadas por força da lei. Elas terão 90 centímetros de altura e 1,30 metros de largura. Para áreas não superiores e 500 metros quadrados duas placas poderão ser instaladas. Em locais com dimensão superior até quatro placas são permitidas, segundo a Administração.


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NO GARGALO

Reservatórios subterrâneos d

Volume de água do Aquífero Tubarão, que abastece a cidad Anderson Barbosa

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s reservatórios de águas subterrâneas de Americana – que abastecem os poços conhecidos popularmente como ‘artesianos’ – já apresentam severa escassez de água em diversos pontos, segundo especialistas e autoridades do município. Enquanto na década de 1990, época em que foram inaugurados os poços municipais na cidade, encontrava-se água em baixas profundidades, entre 100 e 150 metros de perfuração, hoje o DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana pena para conseguir água nos reservatórios a mais de 200 metros. Americana, assim como grande parte das cidades da RMC (Região Metropolitana de Campinas), capta água subterrânea do Aquífero Tubarão. A baixa no volume de água nos poços perfurados para a retirada do líquido já preocupa o DAE uma vez que, em alguns pontos, as bombas de captação deveriam ser rebaixadas em pelo menos 50 metros de profundidade para manter um volume aceitável nas torneiras. O problema já havia sido detectado em 2005 pela Secretaria Estadual de Meio Ambiente que, em relatório sobre as condições dos lençóis freáticos do Estado, já havia recomendado o rebaixamento das bombas de captação do Tubarão em 30 metros. De lá pra cá, o problema parece ter se agravado principalmente em função da grave crise hídrica que assola o Sudeste do Brasil, com destaque para o Estado de São Paulo. A principal fonte de reabastecimento do Aquífero é a chuva. Outros fatores, como as perfurações irregulares e o uso desenfreado de água,

Rebaixamento do aquífero foi detectado em relatório de 2005 da Secretaria Estadual de Meio Ambiente

principalmente no boom da industrialização da cidade, aliado a falta de fiscalização do poder público, são apontados como agravantes da escassez de água nos poços subterrâneos de Americana. SEM RECURSOS “Sentimos uma gradual e preocupante baixa na quantidade de água subterrânea. O volume baixou em alguns poços municipais e não temos recursos suficientes para baixar as bombas de captação”, afirma o chefe da Divisão de Tratamento de Água do DAE, Maury Félix, de 75 anos, que passou pelo menos 36 anos de sua vida a serviço da autarquia.

Maury é baixo, tem cabelos grisalhos, fala pausada e procura explicar com riqueza detalhes cada questão. Segundo ele, dos 31 poços populares inaugurados a partir de 1991, sete deles já foram fechados por estarem fora dos padrões legais de potabilidade. Dois foram inutilizados por apresentar baixa vazão. “O correto seria baixar as bombas, mas isso requer investimentos pesados e a cidade passa por uma crise financeira”, explica. A LENDA TEBALDI O ex-prefeito Waldemar Tebaldi, conhecido pela habilidade política e o bom trato com a população, jamais poderia imaginar tal situação quando inaugurou o poço municipal do bairro São Manoel, ainda na década de 1990. Segundo políticos presentes na solenidade de inauguração, Tebaldi teria dito que “o seu João”, morador do bairro, havia lhe pedido a construção do poço e “foi atendido”. O ex-prefeito se apoderou de uma caneca e a encheu de água da obra recém-inaugurada. O líquido, que ainda não havia passado pelo processo de cloração (para que a água tenha coloração adequada e seja desinfetada) estava com a cor turva. Tebaldi, como

“O correto seria baixar as bombas”

explicam correligionários da época, tomou toda a água do recipiente, limpou a boca e disse: “Nossa, que água boa. Podem tomar a vontade”, teria disparado para delírio da população que acompanhava a solenidade munida de galões e baldes de água. TEARES IMPORTADOS O geólogo Apolo Oliva Neto, diretor da Drill Center e membro da Associação Brasileira de Águas Subterrâneas, explica que a nomenclatura “poço artesiano”, utilizada popularmente, está errada. Americana, de acordo com ele, não possuiu poços artesianos e sim os


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de Americana estão secando

de, apresenta queda e preocupa autoridades e especialistas chamados poços tubulares profundos ou semi-artesianos. “Os artesianos”, diz ele, “são aqueles que jorram água ao atingir a profundidade certa. Bem diferente dos perfurados em Americana, que atingem as camadas mais profundas”. “Americana tem geologia complexa. É difícil medir com exatidão o quanto o aquífero baixou. Existem casos em que, ao perfurar um poço, pouca vazão é encontrada. A menos de 50 metros, no entanto, existe água em abundância”, explica ele, que prestou assessoria técnica na gestão Tebaldi para a perfuração dos poços municipais. Segundo o geólogo, a baixa existe e tem uma explicação histórica para isso. “Basta ver quantas empresas da cidade possuem poços perfurados”, enfatiza. Existe uma lógica para tal raciocínio. Depois da abertura econômica no início da década de 1990 e a consequente quebradeira das indústrias têxteis de Americana, principal setor econômico do município, empresários importaram teares movidos a vapor d’água. Segundo Apolo, como comprar água era inviável em função do alto va-

lor já naquela época houve uma onda desenfreada de perfurações de poços para abastecer os teares. Logo em seguida, equipamentos mais modernos foram adquiridos, mas os poços estavam lá, porém, com outras funções. “Houve um descontrole no consumo em função do desenvolvimento e modernização da cidade. Foi um processo em que muita água de poços foi usada”, explica. A grande quantidade de tinturarias instaladas em Americana, e que precisam de água em abundância, agravou ainda mais o problema no decorrer dos anos. CAPACIDADE DO AQUÍFERO A maior parte do Aquífero Tubarão estende-se pelo oeste do Estado de São Paulo e atinge grandes profundidades, dificultando sua utilização, segundo a Secretaria Estadual de Meio Ambiente. Seu uso atual restringe-se à porção superficial, que aflora em uma área de 20.700 km2 nas regiões dos municípios de Casa Branca até Itapetininga e Itararé. É constituído por sedimentos arenosos, siltosos e argilosos formados há mais de 250 milhões de anos em ambiente glacial (geleiras),

continental e marinho. Sua espessura é variável, podendo atingir o valor máximo de 800 metros em sua porção aflorante. Apresenta, em geral, baixa produtividade, com vazões recomendadas inferiores a 2,8 litros/segundo por poço, podendo atingir, em alguns pontos, até 11 litros/segundo. Ele contribui para o abastecimento de municípios como Americana, Limeira, Itapetininga, Porto Feliz, Tietê, entre outros. O aquífero apresenta, de forma geral, água de boa qualidade para consumo humano e outros usos. CÂMARA Para o presidente da Câmara, Pedro Peol (PV ), o assunto é grave uma vez atinge diretamente toda a população de Americana. “É preciso se atentar cada vez mais para resguardar os recursos naturais, principalmente a água. Meu partido, o PV (Partido Verde), sempre alertou para temas relevantes como este, mas agora o problema está em nosso quintal. Temos que encontrar uma solução junto à sociedade e ao poder Executivo”, diz.

Apolo: geologia de Americana é complexa

O líder do PT (Partido dos Trabalhadores) no Legislativo, Moacir Romero, afirma que em 2013 organizou uma audiência com o especialista no assunto, Silvio Marques, para discutir a questão e que outras medidas devem ser tomadas pela Casa. “Trata-se de um problema grave para o qual chamamos a atenção há alguns anos, mas temos que tomar as medidas cabíveis e urgentes para evitar um problema maior”, diz.


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MEMÓRIA

Salve o Canto do Rio Clube de futebol atuante nas décadas de 1950 e 1960 em Americana, o Canto do Rio ainda desperta paixões Anderson Barbosa

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mericana tem um histórico de clubes ligados ao futebol com nomes de rio. O mais famoso deles, claro, é o Rio Branco. Tivemos também o Águia do Beira Rio. Mas, nas décadas de 1950 e 1960, o Canto do Rio, cujo estádio era localizado onde hoje funciona a escola São Vicente de Paulo, no bairro Vila Jones, teve seus anos de reinado nos gramados de Americana e região. O nome não é à toa e tem forte ligação com o meio ambiente. Atrás do campo passa o Córrego do Pyles que naquela época presenteava os frequentadores com água limpa e uma faixa de areia branca. O amor pelo clube é tanto que ultrapassou décadas e ainda mexe com a lembrança de ex-atletas e torcedores. Lucidio Camargo, de 89 anos, jogou e treinou o time à época. Com dificuldades para se locomover e uma deficiência visual, ele fez questão de receber Recantos da Terra em sua casa, no bairro Cordenonsi, para lembrar os áureos tempos. Está com uma ideia fixa na cabeça. “Quero ser enterrado com a bandeira do Canto Rio sobre o meu caixão”, afirma ele com a fala baixa. Familiares e amigos estão em uma cruzada para encontrar a flâmula azul e branca do extinto clube. TEMPOS DE GLÓRIA O último desejo de Lucidio não o faz esquecer as glórias do Canto do Rio. A mais intensa na memória é a conquista do troféu Mendonça Falcão após o time vencer o Ararense, de Araras, em pleno Estádio do Pacaembu, na Capital. “Lembro de cada jogo daquele campeonato”, diz ele, que treinou também outras equipes amadoras da cidade.

Outro saudosista daquela época, Geraldo Padovani, 80, lembra da ferrenha rivalidade entre o Canto do Rio e o Progresso de Nova Odessa. “Era sem sombra de dúvidas a maior rivalidade regional nos anos de 1950 e 1960 na região. Foram jogos memoráveis”, lembra. Outro adversário que endurecia as pelejas era o Flamengo, também de Americana, segundo ele. Quando questionado sobre um atleta que se destacou no clube ele não titubeia: “O Odair com certeza foi um jogador que se destacou entre os demais. Era um meia direita (posição extinta no futebol moderno) clássico, habilidoso. Jogava bonito”, lembra ele. O clube, conhecido pela qualidade das equipes que formava, trouxe o meia da cidade de Campinas. ALTA GRANDEZA Francisco Giongo Neto, de 79 anos, conhecido como Chico Giongo, também é um entusiasta do clube azul e branco. Quarto zagueiro de excelência foi convidado aos 35 anos para atuar como profissional pelo Inter de Limeira, mas negou o convite. “Eu já me achava velho. Mas sabia jogar sim”, explica ele com humildade. Em suas lembranças estão os bons momentos juntos aos amigos e companheiros de time. “Era uma época muito gostosa. Muita gente frequentava o Canto do Rio naquela época. Era só amizade”, relembra. Os jogos do clube à época eram considerados eventos de alta grandeza. Em fotos da época é possível ver torcedores de terno e gravata na pequena arquibancada. Em algumas ocasiões, explica os frequentadores, eram cobrados ingressos dos torcedores. “Tempo bom. O futebol era outro”, crava Giongo.

Padovani e Camargo relembram os áureos tempos do Canto do Rio


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Sustentabilidade

Logística reversa garante papel 100% reciclado Material fabricado pela Papirus em parceria com o Grupo Pão de Açúcar e cooperativas revoluciona mercado de recicláveis

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Papirus - em parceria com o Grupo Pão de Açúcar – revoluciona o mercado de recicláveis ao implantar o processo de logística reversa na reciclagem de embalagens coletadas nas próprias unidades do Pão de Açúcar. O projeto, totalmente sustentável, usa as marcas próprias do GPA para gerenciar o ciclo de vida das embalagens entregues nas Estações de Reciclagem e nos Caixas Verdes instaladas nas lojas do Grupo. Após o processo de reciclagem, o papel Vitacarta GPA volta às gôndolas do hipermercado. “Trata-se do gerenciamento da operação de retorno de uma embalagem já consumida ao seu ponto de origem proporcionando sua inserção em um novo ciclo de negócios”, explica o gerente de marketing da Papirus, Eduardo Gianini. Ele explica que o material é constituído 100% de papéis reciclados, dos quais 70% são provenientes de resíduo industrial (gráfico) e outros 30% de embalagens já utilizadas pelos consumidores. “Parte do material tem origem nas estações de reciclagem e caixas verdes das lojas e são coletadas por cooperativas”, afirma Gianini. Dentro do processo, a Papirus tem a função de “transformador” do papel reciclado Vitacarta GPA por meio de um detalhado processo de rastreabilidade de matérias-primas recicláveis. “A reciclagem do papel minimiza a necessidade de extração de novos recur-

sos da natureza, incentiva a inclusão social de famílias com baixa renda nas cooperativas de reciclagem e o custo do Vitacarta GPA é compatível aos demais papéis do mercado”, ressalta. PESQUISA Para realização dessa ação, durante um ano, foram realizadas pesquisas e estudos envolvendo os processos de rastreabilidade para garantir a integração entre as esferas econômica, ambiental e social. A iniciativa reforça a política do Grupo Pão de Açúcar de envolver a comunidade em ações de multiplicação do consumo consciente e desenvolvimento social, já que essa prática coíbe o descarte indevido de embalagens e beneficia as cooperativas de catadores. Localizadas nos estacionamentos das lojas, as Estações de Reciclagem Pão de Açúcar Unilever funcionam como Postos de Entrega Voluntária (PEVs), onde os clientes contam com a ajuda dos “fiscais da natureza” - atendentes responsáveis pela organização, limpeza e orientação sobre o programa – que auxiliam na triagem do material que será enviado às Cooperativas de Reciclagem. Além do caráter ambiental da ação, que oferece uma solução simples para a prática do consumo consciente, e de preservação do meio ambiente, o projeto também exerce um papel social, com a geração de emprego e renda aos cooperados.

Papirus desenvolve o papel Vitacarta GPA 100% reciclado

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A privatização da Sabesp gerou a crise hídrica em SP Especialistas mostram porque a mercantilização da empresa surrupiou o direito à água da população Najla Passos Agência Carta Maior*

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ma crise anunciada, que resulta da privatização da Sabesp, uma empresa de economia mista controlada pelo governo de São Paulo, com a atribuição de assegurar o abastecimento de água do estado, mas que se mercantilizou a tal ponto nos últimos anos que acabou por abandonar sua função pública de garantir o direito da população à água. Este foi o veredito dos debatedores que participaram dos “Seminários para o Avanço Social”, promovido no início deste mês pelo Fórum 21, para a crise da água em São Paulo. O geólogo Delmar Mattes, ex-secretário de Vias Públicas e de Obras da Prefeitura na administração de Luiza Erundina e membro do Coletivo de Luta pela Água, afirma que São Paulo já vivenciava uma grave situação de insegurança hídrica muito antes das variações climáticas resultarem em falta de chuvas na região, devidamente identificada e denunciada por diversos técnicos. “Esta é uma crise anunciada. Nós já vivíamos na iminência de uma crise hídrica”, atesta. Além disso, ele ressalta que a falta d´água é apenas um aspecto desta crise. E nem mesmo o mais grave deles. “Hoje, cerca de 40% da população de São Paulo está sofrendo cortes de abastecimento. Mas a crise é também da qualidade desta água. Aliás, a crise é muito maior em relação à qualidade, não querendo desprezar a falta de água”, alerta. Conforme o geólogo, a má qualidade já afeta todas as formas de captação, da rede

pública até às cisternas usadas por muitos condomínios. Para ele, isso ocorre porque a qualidade da água não é prioridade para a Sabesp, uma empresa mista que tem colocado o lucro acima de tudo. “Em 10 anos, a Sabesp distribuiu R$ 4,2 bilhões em dividendos, dinheiro este que poderia ter sido aplicado em saneamento básico”, aponta. O geólogo aponta também o excesso de terceirizações como sintoma dessa busca desenfreada pelo lucro, que já afeta a maior parte dos serviços da empresa e prejudica a qualidade do serviço ofertado. UM BEM PÚBLICO Mattes alega que a água é um bem público que jamais poderia ser submetido à lógica de exploração privada. Segundo ele, é essa lógica que permite, por exemplo, que os clientes com consumo igual ou superior a 500 mil metros cúbicos – ou seja, as grandes empresas – paguem tarifa reduzida e tenham seu abastecimento priorizado, em detrimento dos pequenos consumidores das regiões periféricas. As escolas públicas de São Paulo pagam mais pela água que consomem do que empresas privadas signatárias de contratos de demanda firme com a Sabesp. Enquanto as escolas estaduais pagam R$12,08 por metro cúbico de água, instituições privadas de ensino com contratos de demanda firma pagam bem menos: a Uninove, por exemplo, paga R$ 8,71, e o Colégio São Luís paga R$ 6,89. Dentre os desafios colocados, ele ressalta a importância da aprovação do projeto de lei de que propõe a reestatização da Sabesp, mais participação popular nas

Especialista afirma que São Paulo já vivenciava crise hídrica antes das variações climáticas

decisões sobre a política hídrica do estado, recuperação dos mananciais mais próximos ao centro urbano, dentre outros. A engenheira sanitarista Érika Martins, que também é do Coletivo de Luta pela Água, acrescenta que a causa da crise hídrica está também no conflito permanente entre os setores de abastecimento e enérgico, com o último tomando sempre vantagens. “As políticas públicas em São Paulo não priorizam o abastecimento”, afirma. Segundo ela, o processo de privatização fragilizou a Sabesp e permitiu que a empresa fosse sequestrada pelos interesses do capital, situação esta muito agravada pela falta de transparência na gestão e de abertura para a participação popular. “Os comitês estão esvaziados e as relações entre os representantes de empresas de consultoria, empreiteiras e gestores públicos são bastante promíscuas”, denuncia.

Ex-funcionária da Sabesp, ela explica que a lógica da empresa hoje é gastar o mínimo necessário para manter o sistema, não investindo sequer em reparação. “é uma lógica totalmente mercantilista: pra que distribuir um pouco mais da água produzida para pobres que não vão consumir muito mesmo? Melhor enviar logo para os centros de consumo”, ironizou. A militante também criticou a dificuldade das organizações em conseguirem espaço na mídia para apresentar uma narrativa sobre a crise diferenciada daquela sustentada pelas gordas verbas publicitárias do governo de São Paulo. “As organizações não conseguem dialogar com a população e as pessoas vão se acostumando a um nível ruim de serviço, que começam a achar que é assim mesmo, que não são merecedores de um tratamento melhor”, lamentou. (*www.cartamaior.com.br)


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