Recantos da Terra - Junho 2019

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JUNHO/ 2019

RECANTOS DA TERRA

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O poder da jabuticaba: alimento e saúde DESASTRE AMBIENTAL

Os agrotóxicos e o ‘apocalipse das abelhas’ Associação de Meliponicultores denuncia os riscos e investe em educação e alternativas para proliferar a vida de um dos principais insetos polinizadores

Grupo sai em busca de poluidores da Lagoa do Piva

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LAGOA DO PIVA

Força-tarefa quer descobrir responsável pela poluição A intenção, explica o secretário, é descobrir de onde sai o esgoto que polui o manancial

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Lagoa do Piva – localizada no entroncamento das Rodovias Anhanguera e SP-304 (Rodovia Luiz de Queiroz) – em Americana é alvo de uma verdadeira força-tarefa no intuito de despoluir o reservatório. Um grupo de moradores de condomínios próximos, Secretaria de Meio Ambiente, OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e MP (Ministério Público) agora querem saber quem é responsável pela poluição da lagoa. Esgoto in natura é despejado no reservatório. Segundo o secretário de Meio Ambiente, Odair Dias, as investigações estão caminhando e uma reunião deve ser agendada nos próximos meses com a participação da Autoban (concessionária que administra a Anhanguera) e o DER (Departamento de Estradas e Rodagem) do Estado. A inten-

ção, explica o secretário, é descobrir de onde sai o esgoto que polui o manancial. “Estamos avançando muito bem com as investigações. O promotor Ivan Carneiro Castanheiro está empenhado em resolver esse problema e tenho certeza que, com a união de forças, chegaremos ao nosso objetivo que é primeiro descobrir de onde vem o esgoto e depois tomar as providências que nos cabe”, afirma o Dias. A lagoa já foi alvo de inquérito civil em 2011. Um acordo com empresas e condomínios próximos resultou na limpeza do local, entretanto, plantas aquáticas voltaram a ocupar a lagoa no início deste ano. O DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana já realizou alguns trabalhos na lagoa na tentativa de solucionar o despejo de esgoto.

03 AÇÃO

86 horticultores de Americana participam da Hortitec 2019 A Secretaria de Meio Ambiente de Americana levou 86 horticultores até Holambra, para participar da 26ª Hortitec – Exposição técnica de horticultura, cultivo protegido e culturas intensivas. A ação foi realizada pela secretaria municipal com o objetivo de conscientizar a sociedade sobre a necessidade e importância da preservação do meio ambiente. De acordo com Ageu Venâncio, presidente da Comissão Gestora do Programa de Hortas Comunitárias de Americana (Cogesphoca), a capacitação viabiliza o pleito para os benefícios aos horticultores no próximo ano, conforme a Lei 6.258/2018. “Foi uma oportunidade para nossos horticultores compartilharem conhecimentos e elevar a qualidade produtiva do setor. Muitas novidades foram apresentadas, maquinários, espécies de sementes e procedimentos de trabalho, enfim, foi um dia muito produtivo para todos”, disse Ageu. “Além do certificado, os participantes puderam trocar informações, adquirir conhecimento e experiências, afinal estudar e participar de cursos nunca é demais. Promovemos a excursão para melhorar a produtividade dos horticultores e a qualidade dos produtos para os consumidores”, falou o secretário de Meio Ambiente, Odair Dias.

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Rua Iacanga, 359 - Jd. Ipiranga )3604.3894 EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.sanmartin@bol.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996

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DESASTRE AMBIENTAL

Agrotóxicos são a grande amea

Morte massiva de polinizadores está diretamente relacionada ao uso indiscriminado de a Véronique Hourcade

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Governo Federal liberou, neste mês de junho, mais 42 agrotóxicos, fazendo com que a lista de novos produtos liberados no Brasil, só neste ano, chegasse a 239. Além dos profundos impactos ambientais que estes produtos podem acarretar eles prometem ameaçar ainda mais a vida das abelhas, num momento em que no mundo todo se anuncia o chamado “apocalipse das abelhas”. Para o biólogo Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, pesquisador da Embrapa Meio Ambiente, em Jaguariúna, e presidente da Amesampa (Associação de Meliponicultores do Estado de São Paulo) o declínio de agentes polinizadores verificado no mundo tem relação com a significativa redução da cobertura vegetal natural mas, principalmente, com o intensificado e indiscriminado uso de agrotóxicos. De acordo com ele, são diversos

os estudos que comprovam a relação entre os agrotóxicos e a mortandade de abelhas. Segundo explica, não apenas os inseticidas provocam diversos danos, mas também fungicidas e herbicidas são responsáveis por uma série de distúrbios verificados nas abelhas, como comprometimento dos sistemas nervoso (com prejuízo, por exemplo, na capacidade de orientação), imunológico e até digestivo (com perda da capacidade de absorção de nutrientes). Para o pesquisador, existe um forte lobby por parte das empresas desse setor químico no sentido de desqualificar as pesquisas que associam os venenos utilizados na agricultura à morte massiva de abelhas e de outros polinizadores. No entanto, essa relação já foi fortemente comprovada, conforme afirma. “Várias ações têm sido feitas em relação a tentar minimizar o impacto desses produtos nos polinizadores. Diversos países da Europa têm feito ações de banimento

de produtos que sabidamente prejudicam as abelhas e polinizadores. A França, por exemplo, baniu todos os neonicotinóides, que são comprovadamente substâncias que causam morte e provocam outros impactos nas abelhas”, recorda. Na contramão, o Brasil que já era campeão mundial no consumo de veneno, tem a lista de agrotóxicos liberados cada vez maior. Desde janeiro deste ano, já são 239 novos registros. Camargo diz que o poder de lobby dessas empresas no Brasil é grande. Basta verificar, conforme aponta, as ações do governo federal em relação à liberação “quase indiscriminada” de produtos que já são proibidos em vários países. “Tudo o que está sendo proibido na Europa, Estados Unidos, na China ou em outros lugares do mundo, as indústrias estão tendo que desovar em algum lugar e encontram em nossa terra uma situação favorável para despejar toda essa quantidade de veneno aqui, na nossa terra”.

O presidente da Amesanpa e biólogo da Emb


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aça ao ‘apocalipse das abelhas’

agrotóxicos e Brasil libera mais 42 marcas de produtos para serem usados na agricultura

Solução passa por rever modelo de produção agrícola Os agentes polinizadores são fundamentais para o equilíbrio ambiental e biodiversidade. E as abelhas, entre os insetos, são os principais nessa tarefa acidental que contribui com a reprodução das plantas. O declínio de populações desses agentes polinizadores, muito mais do que prejuízos aos produtores de mel, por exemplo, que também são significativos, representa um verdadeiro desastre ambiental. Para o pesquisador Ricardo Costa Rodrigues de Camargo, o cenário é grave, mas possível de ser revertido. “Desde que haja vontade política e um pensamento completamente contrário ao modelo de produção de alimentos que está sendo aplicado no Brasil”. Grande concentração de terra, extensas áreas de monocultura, uso intensivo de insumos químicos é o modelo de produção agrícola que temos incentivado no Brasil, inclusive com isenção tributária, apesar dos altos impactos sociais e no meio ambiente.

brapa, Ricardo Camargo, multiplica junto a agricultores a criação de abelha sem ferrão

Amesampa vai atuar na Mata Santa Genebra A Amesampa (Associação de Meliponicultores do Estado de São Paulo), criada em 2013, firmou recentemente um termo de cooperação técnica com a Fundação José Pedro de Oliveira, responsável pela conservação e gestão da Área de Relevante Interesse Ecológico (ARIE) Mata de Santa Genebra, em Barão Geraldo (Campinas). O convênio visa a formação de um meliponário modelo e esse espaço possibilitará a realização de ações de formação técnica, disseminação de informações para sociedade sobre essa atividades de meliponicultura, que é a criação de abelhas sem ferrão. Entre os objetivos da parceria também estão o desenvolvimento de pesquisas junto a universidades. Para o pesquisador Camargo, que preside a associação, esse termo de cooperação é de fundamental importância para a entidade. Segundo ele, outras parcerias também estão sendo buscadas junto a prefeituras do Estado. “A meliponicultura deveria ser incentivada, mas a gente observa uma série de restrições para essa atividade tão nobre. Estamos usando uma riqueza da nossa biodiversidade de forma verdadeiramente sustentável. Quem cria essas abelhas (sem ferrão) está ajudando a conservá-las. Então, estamos contribuindo para a conservação de animais que estão em profundo risco de conservação e mesmo de extinção, ao mesmo tempo somos considerados criminosos ambientais quando não conseguimos atender exigências descabidas e burocráticas da legislação atual”.

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MOTE FALSO “É um modelo oriundo da Revolução Verde que não entregou aquilo que se comprometeu a entregar: acabar com a fome do mundo. Esse era o mote na sua origem, assim como os transgênicos”, recorda o pesquisador. Conforme levantamento da FAO (Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura), divulgado em setembro do ano passado, 821 milhões de pessoas passam fome no mundo. Em uma declaração feita em fevereiro deste ano, o então diretor-geral da FAO, José Graziano da Silva afirmou que “chegamos ao limite do paradigma da Revolução Verde. Não podemos continuar a produzir alimentos da mesma maneira, contando com técnicas agrícolas intensivas, insumos químicos e mecanização. Precisamos mudar para uma abordagem mais interconectada da sustentabilidade”. A alternativa, na visão de Camargo, seria inverter a situação e passar a incentivar, apoiar e oferecer isenções aos sistemas de produção que trabalham de forma sustentável e respeitando a biodiversidade natural. “É outro olhar. Sobretaxar os agrotóxicos e, ao mesmo tempo, dar isenções tributária e fiscal àqueles que estão produzindo de forma a não impactar o meio ambiente, como sistemas agroecológicos, agroflorestais e sistemas orgânicos de produção. Isso incentivaria os produtores a buscar as alternativas não impactantes de produção”.


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NA TORNEIRA

Moradores de Americana e região reclama da água suja Outro problema é a sujeira na caixa d’água, em locais que não possuem dispositivos de tratamento

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oradores de Americana, Sumaré e região, relatam a presença de uma grande quantidade de cloro e sujeira na água que chega a suas residências prejudicando atividades do cotidiano como lavar louça, lavar roupa, fazer comida, entre outras atividades que utilizam água. Outro problema é a sujeira na caixa d’água, em locais que não possuem dispositivos de tratamento, é comum formar uma camada de sedimentos no fundo da caixa, inviabilizando o consumo e colocando em risco a saúde dos moradores. Mesmo que a manutenção e a limpeza sejam frequentes, em pouco tempo fica suja novamente. “Às vezes, parece água com terra. Em outras, é mais escura. A gente não sabe se tem bactéria. Estou comprando água para tudo”. relata Luiz

Paulo da Silva de Americana, em entrevista ao jornal O Liberal Em Sumaré os relatos não são muito diferentes; segundo o depoimento do ajudante geral Clodoaldo dos Santos ao EPTV 1 – Campinas e Região “Em 30 dias do mês, 25 vem suja. É uma pouca vergonha. A gente sempre reclama, mas ninguém faz nada. Dá até nojo”. SOLUÇÕES Esse problema da água é algo que precisa ser resolvido com urgência para o bem de todos os moradores de Americana, Sumaré e região, explicam especialistas, que precisam utilizar este recurso natural tão importante para o dia a dia. Por este motivo, não devemos e não podemos cruzar os braços e esperar por soluções a longo prazo. Já existem diversas soluções

práticas, eficientes e imediatas que auxiliam tanto na melhoria da qualidade quanto na remoção de impurezas presentes na água, por exemplo, purificadores, torneiras

com peneira, filtros e refis para instalação em caixa d’agua realizando o tratamento antes do momento de uso ou com instalação direta na torneira com ação instantânea.

EDUCAÇÃO

Idosos do Civi assistem palestras sobre saúde e meio ambiente

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Trinta frequentadores do Centro de Integração e Valorização do Idoso (Civi) participaram este mês das atividades da campanha Junho Verde, organizada pela Secretaria de Meio Ambiente. A ação contou com exposição de maquetes, exibição de filmes e palestras sobre “Uso Racional de Recursos Naturais” e “Saúde e Meio Ambiente”, ministrada pelo coordenador da vigilância ambiental em saúde, Antônio Jorge da Silva Gomes. Com apoio da Secretaria de Ação Social e Desenvolvimento Humano, o evento contou ainda com apresentações da empresa Ecosystal e do Instituto Ser, que trabalham com terapias alternativas para melhorar a qualidade de vida das pessoas. A coordenadora da Unida-

de de Educação Ambiental e Planejamento, Katia Birke, frisou o interesse da “melhor idade” nas causas ambientais apresentadas durante a ação. “Foi um dia muito positivo, eles foram receptivos e até mostraram interesse em se tornarem voluntários ambientais. A Unidade de Educação Ambiental abrange todas as faixas etárias, camadas sociais e também o público não formal, ou seja, fora do âmbito escolar. Estamos de portas abertas e disponíveis para agendar novas palestras”, disse. O contato com a Unidade de Educação Ambiental e Planejamento pode ser feito pelo email publicidade. s m a @ a m e r i c a n a . s p. g ov. b r ou no telefone da Secretaria de Meio Ambiente (19) 34717770.


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POLUIÇÃO QUE MATA

Omissão do governo paralisa ações de controle da exposição ao benzeno Petroleiros temem que possa haver retrocessos em direitos conquistados desde 1995

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rabalhadores de polos petroquímicos ligados à Petrobrás, como é o caso de Paulínia em nossa região, estão com os cabelos em pé depois que uma vistoria do MPT (Ministério Público do Trabalho), feita recentemente, confirmou riscos na exposição ao benzeno no Terminal da Transpetro de São Caetano do Sul. O benzeno, substância que se encontra no petróleo e derivados, é altamente poluente e pode causar graves riscos à saúde de toda a população, mas, de forma especial, dos trabalhadores diretamente expostos a ele. Entre estes estão os trabalhadores das refinarias de petróleo, da siderurgia, das fábricas de tintas e plástico, da indústria de borracha e frentistas dos postos de gasolina. Os efeitos do benzeno em pessoas expostas por muito tempo podem ser devastadores. Em casos de grande exposição imediata ao produto, a pessoa pode ter sintomas como aceleração dos batimentos cardíacos, dificuldade respiratória, tremores, convulsão, irritação das mucosas e até edema pulmonar. A exposição crônica, por longo período, causa anemia, sangramento excessivo no nariz, queda do sistema imunológico, aumentando as chances de infecções e de desenvolvimento de cânceres sanguíneos de vários tipos, como as leucemias. A substância também é suspeita de relações com outros tipos de tumores. Embora a exposição ao benzeno encontrada no terminal de São Caetano estivesse dentro dos índices considerados “toleráveis”, a comprovação despertou a atenção de diretores do Sindipetro Unificado-SP (Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo), que acompanharam a vistoria. “Mesmo os produtos estando enquadrados dentro dos valores per-

mitidos pela legislação, os trabalhadores estão expostos e precisam de medidas que evitem a exposição e contaminação pelo benzeno”, afirmou o diretor de base do terminal de Guararema e integrante da Comissão Estadual do Benzeno, Carlos Augusto, o Sassá. Após a vistoria, o MPT deverá recomendar mudanças de procedimentos, melhorias nas instalações e condições de trabalho. Mas para diretores do Sindipetro Unificado, a questão da exposição ao benzeno está hoje cercada por omissões oficiais graves. ORGÃOS TRAVADOS O dirigente do Sindipetro Auzélio Alves, coordenador da Bancada dos Trabalhadores na Comissão Nacional Permanente do Benzeno (CNPBz), afirma que os órgãos oficiais estão paralisados desde o início do atual governo de Jair Bolsonaro. De acordo com ele, as reuniões que deveriam ser realizadas desde o começo do ano foram adiadas e não aconteceram até o momento e nem têm data marcada na agenda dos trabalhos. A comissão foi criada em 1995, depois que estudos realizados no mundo inteiro comprovaram os efeitos nocivos da exposição prolongada de trabalhadores ao benzeno. Ela reúne representantes dos mais diversos segmentos ligados à questão, como sindicatos e centrais sindicais, integrantes de ministérios da Saúde, Previdência e Trabalho; representantes das empresas, das petroquímicas e do Ministério Público, entre outros. Com a criação da comissão, foi efetivado também em 1995 o Acordo Nacional do Benzeno, com regulamentação de normas para o trabalho nas atividades e operações insalubres causadas pelo benzeno, e também nas medidas a serem tomadas pelas indústrias para garantir a maior proteção possível dos

Refinaria da Petrobras, em Paulínia: ações de órgãos oficiais estão paralisadas desde o início do atual governo

trabalhadores expostos. “Ainda não há nada oficial, mas temos informações sérias de que o governo federal e empresas estão elaborando um novo Acordo Nacional do Benzeno para propor à Comissão. Diante do processo de desmonte de direitos trabalhistas que estamos vivendo hoje, e de forma acentuada dentro da Petrobrás, nosso temor é que venham aí retrocessos dos direitos adquiridos desde 1995, com essa nova formulação”, aponta o dirigente. Auzélio avalia que a omissão oficial pode agravar os efeitos da expo-

sição. “Temos cobrado permanentemente a fiscalização dos órgãos responsáveis nos terminais, como o de Paulínia, mas as coisas esbarram nesta omissão”, diz ele. A própria fiscalização ocorrida agora, em São Caetano do Sul, é resultado de um processo aberto ainda em 2009. E os efeitos de eventuais retrocessos podem atingir não só os trabalhadores diretamente, mas também diversos setores da população. É sabido que populações que moram ao redor de indústrias petroquímicas estão mais expostas ao benzeno, pela poluição do ar.


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ALIMENTAÇÃO E SAÚDE

O poder da jabuticaba

Suplemento alimentar usa substâncias com propriedades medicinais comprovadas em laboratório

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velha, boa e saborosa jabuticaba, que há séculos faz parte da culinária brasileira, fonte também de delícias como geleias e licores, ganhou um motivo redobrado para estar o mais presente possível em nossas mesas. Graças a um estudo desenvolvido por um grupo de pesquisadores da Faculdade de Engenharia de Alimentos da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), a startup Rubian Extratos – graduada pela Incubadora de Empresas de Base Tecnológica da universidade – se prepara para lançar um suplemento alimentar com substâncias retiradas da casca da jabuticaba. Essas substâncias, agora comprovadamente, trazem inúmeros benefícios à saúde: podem ser eficazes no controle do peso e utilizadas na prevenção de inúmeras doenças, entre as quais a inflamação da próstata. O produto final, licenciado recentemente em caráter não exclusivo, será uma composição de extrato da casca da jabuticaba, para ser ingerido

oralmente. A previsão é que chegue ao mercado até meados de 2020 e o objetivo é que seja distribuído para farmácias de manipulação e também para uso industrial, após a autorização dos órgãos regulatórios. A tecnologia foi desenvolvida pelo professor Mário Roberto Maróstica Júnior, da Engenharia de Alimentos, em conjunto com a professora Valeria Alves Quitete. “O grande diferencial desta tecnologia se baseia no aspecto nutracêutico do produto. Existem medicamentos que combatem a obesidade e câncer de próstata, mas os efeitos colaterais nem sempre são desprezíveis. Nosso extrato, nos estudos realizados em escala laboratorial, mostrou excelente eficácia e não evidenciamos efeitos colaterais”, comenta o professor. Ele explica que a não-toxicidade, a ausência de efeitos colaterais nos testes in vivo e a obtenção de um extrato padronizado com dois bioativos são os principais pontos positivos da tecnologia. O produto que está sendo desen-

volvido pela startup busca também trazer benefícios ambientais, uma vez que utilizará a casca da jabuticaba que seria descartada pela indústria alimentícia. AS PROPRIEDADES De acordo com as pesquisas, a composição contém propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias e é eficiente para combater desde o aumento do colesterol até a multiplicação de células cancerígenas. As substâncias encontradas na casca da jabuticaba também são eficazes, de acordo com testes laboratoriais, na regulação do metabolismo hormonal e de glicose. A jabuticaba, fruta 100% brasileira, originária da Mata Atlântica, tem o nome originário do tupi: “iapoti kaba”, ou frutas em botão. E as suas propriedades alimentícias e de auxiliares à saúde são amplamente conhecidas e empregadas no tradicional conhecimento das ervas medicinais. Ao longo do tempo, essas propriedades vêm sendo confirmadas por pesquisas la-

Fruta legitimamente brasileira tem poderosos componentes alimentícios e medicinais

boratoriais em várias universidades. Alguns autores apontam que a jabuticaba tem cerca de 20 benefícios à saúde já comprovados, além de ser uma fruta riquíssima em componentes importantes para a alimentação, como fósforo, tiamina, ferro, cálcio, e vitaminas C e B3, entre outras.


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