RECANTOS DA TERRA
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Americana-SP Setembro 2017
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Discussão ampla
Movimento contra o aterro ganha proporção regional Assunto foi tratado em reunião do Parlamento Metropolitano realizada em Cosmópolis; obra do aterro continua a passos largos
Observatório Social chega em Americana
Polivalente discute biodigestores
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OPINIÃO
Furacão Harvey não veio do nada. É hora de falarmos sobre mudanças climáticas *Naomi Klein, theintercept.com
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ste é o momento exato para falarmos de mudanças climáticas e de todas as outras injustiças sistêmicas – do perfilamento racial à austeridade econômica – que transformam desastres como o Harvey em catástrofes humanas. Quem assiste à cobertura do furacão Harvey e das enchentes de Houston ouve muita gente dizendo que essa é uma tempestade sem precedentes; que ninguém conseguiu prevê-la e, portanto, se preparar adequadamente para ela. Mas fala-se muito pouco dos motivos pelos quais esses eventos climáticos sem precedentes, que quebram recordes, estão acontecendo com tanta frequência – a ponto de a expressão “recorde” já ter se tornado um clichê meteorológico. Em outras palavras, não vamos ouvir muito, se é que vamos ouvir alguma coisa, sobre mudanças climáticas. Dizem que isso vem de um desejo de não “politizar” uma tragédia humana no momento em que ela acontece. É até um impulso compreensível. Mas acontece o seguinte: cada
vez que agimos como se um evento meteorológico sem precedentes nos atingisse do nada, um tipo de ato divino que ninguém previu, nós repórteres tomamos uma decisão altamente política. Decidimos poupar os sentimentos das pessoas e evitar controvérsias em vez de dizer a verdade, por mais difícil que seja. E a verdade é que esses eventos têm sido previstos há muito tempo por cientistas climáticos. Oceanos mais quentes provocam tempestades mais intensas. A elevação do nível do mar leva temporais a locais inéditos. Mais calor gera climas extremos: longos períodos secos são interrompidos por neve ou chuva pesadas, e os padrões não são mais tão previsíveis quanto eram. RECORDE De seca, de tempestade, de incêndios florestais, ou apenas de calor – estão sendo quebrados ano após ano porque o planeta está significativamente mais quente do que jamais esteve desde que as temperaturas começaram a ser registradas. Cobrir acontecimentos como o Harvey ignorando esses fatos, não dando espaço para cientistas climáticos, nunca mencionando a decisão do presidente Donald Trump de se
retirar dos acordos climáticos de Paris, é falhar no dever mais básico do jornalismo: o de apresentar e contextualizar fatos relevantes. Isso deixa o público com a falsa impressão de que são desastres sem causas, que nada poderia ter sido feito em termos de prevenção (e que nada pode ser feito agora para evitar que piorem no futuro). Também é preciso ressaltar que a cobertura do Harvey tem sido altamente política desde bem antes da tempestade atingir o país. Houve uma discussão sem fim sobre se Trump levou a tempestade a sério ou não, especulações intermináveis sobre se esse furacão seria seu “momento Katrina” e muitas (e justas) denúncias de republicanos que votaram contra o pacote de ajuda do furacão Sandy e agora estendem a mão para o Texas. Isso é fazer política no meio do desastre. É exatamente o tipo de política partidária que está totalmente dentro da zona de conforto dos meios de comunicação convencionais, uma política que convenientemente evita se confrontar à realidade de que há um acerto bipartidário para colocar os interesses das empresas de combustíveis fósseis à frente da necessidade de um controle definitivo da poluição.
Em um mundo ideal, seríamos capazes de deixar a política de lado até passar a emergência imediata. Então, quando todos estivessem seguros, teríamos um debate público longo, reflexivo e bem embasado sobre as consequências políticas da crise que todos acabamos de testemunhar. Quais as implicações disso para a infraestrutura que construímos? E para o tipo de energia da qual dependemos ? Esta, aliás, é uma questão com sérias consequências para a indústria dominante da região mais atingida: petróleo e gás. E o que a hipervulnerabilidade de doentes, pobres e idosos à tempestade nos diz sobre o tipo de dispositivos de segurança que precisamos desenvolver, dado o futuro espinhoso que temos pela frente? Falar abertamente sobre o que está alimentando esta era de catástrofes em série – mesmo enquanto elas se desenvolvem em tempo real – não é desrespeitoso com as pessoas que estão na linha de frente. Na verdade, é a única maneira de realmente honrar suas perdas, e nossa última esperança de evitar um futuro repleto de inúmeras vítimas.
EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo José San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.san@jornalrecantosdaterra.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996
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Gestão
Observatório Social quer participação da sociedade no Executivo Composto por empresários e profissionais liberais do município, o observatório tem como premissa fazer funcionar com eficiência a máquina pública
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mericana agora conta com um Observatório Social. Lançado no mês passado, a intenção do grupo é fazer com que a sociedade participe diretamente da “grande empresa pública da qual é proprietária”, ou seja, ajude a gerir e fiscalizar os atos do poder executivo. Composto por empresários e profissionais liberais do município, o observatório tem como premissa fazer funcionar com eficiência a máquina pública. “Não se trata de investigar a Prefeitura para posteriormente fazer algum tipo de denúncia. Trata-se e acompanhar a grande empresa da cidade, que é pública, e não delegar tudo ao gestor”, explica o diretor institucional do Observatório, Danilo Luchiari. Segundo ele, a sociedade pouco cobra resultados dos gestores e isso traz grandes prejuízos à população. Luchiari diz que, em um primeiro momento, o Observatório vai focar em apenas alguns setores da Administração. “Não podemos querer resolver tudo de uma só vez. Vamos focar em dois ou três setores, neste primeiro ano de Observatório, para que possamos ganhar corpo. É ingenuidade achar que é possível resolver tudo de uma só vez. É preciso ir por etapas”, disse. LANÇAMENTO O lançamento do observatório aconteceu no dia 21 de agosto com a presença de aproximadamente 180 pessoas. Na ocasião, o fundador nacional do Observatório, Ney Ribas, ministrou uma palestra aos convidados e explicou detalhes sobre o funcionamento do observatório. “Não pode haver qualquer vínculo partidário dentro do grupo. É um trabalho técnico. Não queremos gente da base do governo ou da oposição. É totalmente independente”, ressaltou.
O fundador do Observatório Social, Ney Ribas, ministrou palestra aos 180 participantes
Ele ressaltou que o grupo chegou em Americana para “mostrar que o município pertence ao povo”. O QUE É? O observatório, segundo os organizadores, é um espaço para o exercício da cidadania, que deve ser democrático e apartidário e reunir o maior número possível de entidades representativas da sociedade civil com o objetivo de contribuir para a melhoria da gestão pública. Cada núcleo é integrado por cidadãos brasileiros que transformaram o seu direito de indignar-se em atitude: em favor da transparência e da qualidade na aplicação dos recursos públicos. São empresários, profissionais, professores, estudantes, funcionários públicos e outros cidadãos que, voluntariamente, entregam-se à causa da justiça social.
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Lixo
Luta contra o aterro sanitário no Pó Assunto foi amplamente discutido no Parlamento Metropolitano em reunião na vizinha Cosmópolis
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s ações contra a instalação do aterro sanitário na região do Pós-Represa, em Americana, cuja obra caminha a passos largos, ultrapassou as fronteiras do município e ganhou projeção regional ao ser discutido recentemente no Parlamento Metropolitano, fórum de discussões que reúne os presidentes das Câmaras da RMC (Região Metropolitana de Campinas). Em reunião realizada no início do mês em Cosmópolis, o assunto foi tratado como de estrema gravidade por parte dos presentes já que representa perigo para as cidades de Americana, Cosmópolis e Paulínia. A discussão sobre o tema foi despertada pelo ex-deputado Antonio Mentor (PT) e abraçada por outros parlamentares. Em sua fala durante a reunião Mentor lembrou que a região já conta com o maior aterro sanitário do Brasil, a Estre, e que um novo aterro localizado na chamada tríplice fronteira entre as cidades seria prejudicial para toda a região.
Segundo ele, todas as Câmaras da região deveriam pautar o tema e discuti-lo junto à população. “Esse empreendimento é ruim porque vai funcionar em uma área preservada, única área disponível para que Americana se desenvolva. Isso é inadmissível em uma região historicamente progressista como a nossa. Peço que todos os presidentes e vereadores aqui presentes pautem o assunto em suas respectivas cidades”, alertou Mentor. A vereadora de Cosmópolis, Eliane Lacerda (PV), disse que já ingressou com uma ação no MP (Ministério Público) contra a instalação do aterro naquela região. “Já ingressamos com essa ação para tentar barrar esse empreendimento. Vale lembrar que existem famílias que residem a menos de um quilômetro desse aterro e um novo empreendimento residencial será construído nas proximidades. Precisamos fazer algo rapidamente”, ressaltou. O presidente da Câmara de Ame-
Ex-deputado Antonio Mentor criticou a instalação do aterro
ricana, Alfredo Ondas (PMDB), ressaltou que Americana foi atuante em relação ao aterro inclusive com a organização de uma Audiência Pública, em março. Os ve-
readores americanenses Vagner Malheiros (PDT) e Rafael Macris (PSDB), além da vereadora Maria Giovana (PC do B) também participaram da reunião.
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ós-Represa ganha projeção regional Comissão da Represa busca alternativas ao aterro A Comissão de Estudos e Acompanhamento para a Despoluição da Represa do Salto Grande da Câmara de Americana conheceu recentemente um projeto de Eco Usina Sustentável desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa (MG). O projeto foi apresentado pelo diretor de negócios da Saffi Consultoria, Renesse Junior, e Douglas Araújo, da Neo Eficiência, visa substituir os lixões e aterros sanitários. A comissão vai organizar nos próximos meses um simpósio para que outras tecnologias sejam apresentadas à sociedade. A reunião contou com a presença da presidente da comissão, Maria Giovana (PC do B), do relator da comissão, Rafael Macris (PSDB), do membro da comissão, Gualter Amado (PRB), do secretário de Meio Ambiente de Americana, Odair Dias, além de asses-
sores parlamentares. O prefeito Omar Najar foi convidado pela comissão, contudo, em função de um imprevisto na agenda, o chefe do Executivo não pôde acompanhar a apresentação. Segundo os idealizadores do Eco Usina, um dos maiores problemas mundiais atualmente é a intensa geração de resíduos e sua destinação incorreta. Estima-se que 80% dos municípios brasileiros depositam seus resíduos em lixões, o que causa contaminação aos lençóis freáticos, à atmosfera e ao solo. O projeto Eco Usina Sustentável desenvolvido pela Universidade Federal de Viçosa em parceria com a RISAM com representação exclusiva da CTR Central de Tratamento de Resíduos -, sob a coordenação do professor Márcio Arêdes Martins, Engenheiro Químico e Doutor em Engenharia
Mecânica, propõe um novo conceito em tratamento de resíduos. O sistema – que já está em processo de implantação na cidade de Ouro Preto (MG) – não deixa passivos ambientais, transforma matéria orgânica em energia, trata do lixo eletrônico, do lixo hospitalar e também de resíduos da construção civil. Outro ponto positivo, segundo os parlamentares, é que a usina pode trabalhar em conjunto com as cooperativas de reciclagem do município. “Os lixões trazem prejuízos para o meio-ambiente e comprometem a integridade da saúde pública. Este projeto gera todos os recursos necessários para sua operação, tais como energia, renda e insumos para agricultura, garantindo 100% de sustentabilidade no processo de tratamento de resíduos. Podendo processar todo tipo de lixo
transformando-o em recursos úteis para a sociedade”, afirmou Douglas Araujo. O vereador Rafael Macris analisou como de essencial importância conhecer novas tecnologias sobre o descarte de resíduos. ”É importante analisarmos tecnologias alternativas para a destinação do nosso lixo. Principalmente tecnologias que agridam menos o meio ambiente e ocupem uma pequena área territorial”. Para a presidente da comissão, Maria Giovana, é importante que o Executivo e a sociedade saibam que existem alternativas ao aterro sanitário que atualmente está em fase de construção na região do Pós-Represa. “Essa é uma das alternativas. Existem outras. Tenho esperança de que vamos conseguir outra tecnologia, mais limpa, para Americana”, argumentou.
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Educação
Meio Ambiente orienta 900 alunos sobre descartes irregulares e queimadas Objetivo é envolver a população na preservação ambiental, limpeza da cidade e no combate às queimadas
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s alunos da EMEF Florestan Fernandes, do bairro Morada do Sol, foram convidados a serem agentes ambientais para denúncia de descartes irregulares e queimadas, auxiliando os trabalhos de fiscalização. Esse foi um dos objetivos alcançados durante a campanha de Educação Ambiental, que teve início nesta terça-feira (15), realizada dentro da “Ação Integrada de Combate às Queimadas”, que faz parte do projeto “Sou responsável pelo local que vivo e convivo”, desenvolvido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente. No total, 900 estudantes devem receber orientações com o objetivo de envolver a população na pre-
servação ambiental, limpeza da cidade e no combate às queimadas. A atividade foi realizada em 15 classes e outras 14 recebem o trabalho de educação ambiental nesta quarta-feira (16). Na sexta-feira (18), o trabalho de conscientização será voltado para os comércios localizados na Rua China, que fica na divisa dos bairros Morada do Sol e Parque das Nações. De acordo com a coordenadora da Unidade de Educação Ambiental e Planejamento e interlocutora do Programa Município VerdeAzul, Kátia Birke, essas informações serão propagadas pelos alunos aos familiares. “Os estudantes ficaram impressionados quando souberam que a região em que vivem
teve o maior índice de queimadas no município. A importância de diminuir essa quantidade e os malefícios dessa prática para a saúde da população, o meio ambiente e a qualidade do ar, também foram abordados”, afirmou. O secretário municipal de Meio Ambiente, Odair Dias, destacou a importância da ação de conscientização. “Este é o pontapé inicial para um projeto muito maior, que vai atender toda essa região, identificada como a mais problemática no que se refere à incidência de queimadas. Temos que fazer as informações irradiarem de maneira intensificada e mudando de fato as atitudes da população”, considerou. “Importante ressaltar que aqueles que forem flagrados fazendo descartes irregulares ou provocando queimadas serão penalizados de acordo com o que determina a lei”, completou. Durante a atividade na escola, também foi informado sobre o mutirão de limpeza que está sendo realizado na região pela Secretaria de Obras e Serviços Urbanos e sobre a localização dos ecopontos existentes no município. A “Ação Integrada de Combate às Queimadas” envolve as secretarias de Meio Ambiente, Obras e Serviços Urbanos, Saúde, Educação, Habitação, Defesa Civil, Planejamento e Gama (Guarda Municipal de Americana).
Odair afirma que é pontapé inicial para algo maior
Denúncias Denúncias de descartes irregulares e queimadas podem ser feitas por meio do SAC (Serviço de Atendimento ao Cidadão), no telefone (19) 3475-9024, na Unidade de Limpeza Pública, no telefone (19) 3405-9444, na Secretaria de Meio Ambiente, no 3471-7770, no GPA (Grupo de Proteção Ambiental), nos telefones 153 e (19) 3407-0513. As denúncias podem ser feitas, inclusive, por meio de fotografia, com multa aplicada ao proprietário do veículo flagrado fazendo o descarte. As infrações referentes a queimadas são passíveis de multa no valor R$ 667,77 e de descarte irregular o valor é de R$ 948,08.
Americana envia mais de mil escorpiões ao Butantan O PVCE (Programa de Vigilância de Carrapatos e Escorpiões), órgão ligado à Uvisa (Unidade de Vigilância em Saúde), recebeu este mês a visita de uma equipe do Instituto Butantan, de São Paulo. Os técnicos vieram fazer o recolhimento de 1.563 exemplares do escorpião amarelo (Tityus serrulatus), uma das espécies de maior importância médica e responsável pela maioria dos acidentes no município e no Estado. Em 2016 foram registrados 365 acidentes e em 2017, até agosto, o município havia contabilizado 237 ocorrências. De acordo com o médico-veterinário e coordenador do programa, Dr. José Brites Neto, esta espécie é a que mais prevalece na área urba-
na, e isto se deve a quatro fatores principais; água, alimento, abrigo e acesso. No caso do alimento, pode-se dizer que a barata é a presa de maior preferência do escorpião e que, devido ao fato de estar presente em grande número nas galerias de esgoto dos logradouros públicos, isto determina uma direta contribuição nos níveis de infestação destes animais peçonhentos nas residências dos munícipes. “A presença de escorpiões em populações subterrâneas localizadas na rede de esgoto urbana de nosso município, acaba facilitando seu acesso para a rede doméstica e o ambiente interno dos domicílios, ocasionando riscos de acidentes em humanos”, assinalou o médico-veterinário.
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Educação
Importância do biodigestor é debatida no Polivalente Palestra contou com a participação da vereadora Maria Giovana, que informou aos alunos que a Câmara analisa um projeto de Lei sobre a obrigação do equipamento
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Polivalente de Americana realizou uma palestra, com o apoio da empresa Acqualimp, para debater e divulgar a importância da utilização dos biodigestores em locais que não contam com a rede de coleta de esgoto. Atualmente o tema é amplamente debatido e tornou-se tema central dentro da Comissão para a Despoluição da Represa de Salto Grande da Câmara de Americana. Um projeto de Lei é analisado dentro da comissão e será apresentado na Casa de Leis ainda este ano. A presidente da comissão, vereadora Maria Giovana (PC do B), explicou o andamento do projeto na Câmara. Durante o encontro, os alunos puderam conhecer como funciona o biodigestor e a importância da utilização do equipamento em detrimento as chamadas “fossas negras”, as quais contaminam o solo e o lençol freático. Outro fato importante é que os alunos, majoritariamente do curso de edificações da instituição, puderam conhecer o equipamento em seu interior já que vários deles ficaram expostos no saguão da escola, sem a capa protetora do equipamento. Maria Giovana disse que a comissão pretende regulamentar a utilização dos biodigestores principalmente nas chácaras localizadas no entorno da Represa de Salto Grande. “Estamos discutindo ainda o projeto porque também queremos alguma contra partida para quem instalar o equipamento. Seja por meio de um IPTU (Imposto Predial Territorial Urbano) verde ou outro benefício”, explicou a parlamentar. Hoje, segundo a Prefeitura, Americana conta com 103 imóveis que necessitam de limpeza de fossas. O
Alunos participaram de palestra sobre a importância do equipamento
serviço é realizado por uma empresa terceirizada cujo contrato anual pelo trabalho é da ordem de R$ 1 milhão por ano. Os biodigestores dispensam a necessidade periódica de limpeza. BIODIGESTORES O Biodigestor é uma miniestação de tratamento de esgoto residencial, fabricado em polietileno de alta densidade (PEAD), 100% impermeável, que possui um exclusivo sistema de extração do lodo, dispensando definitivamente o uso do caminhão limpa fossa. É indicado para tratamento de efluentes sanitários em residências, chácaras, sítios, fazendas e escritórios. Além de garantir de forma eficiente o tratamento do esgoto doméstico, o sistema não polui o meio ambiente, cuida da higiene, da saúde e é econômico.
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Perigo
Poluição por agrotóxicos: consequências “invisíveis” para a água, solo e ar Estima-se que o Brasil use 19% de todo o agrotóxico do mundo, sendo seu maior consumidor no planeta inteiro
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esenvolvidos para eliminar pragas e doenças que atacam plantações, os agrotóxicos são produtos muito eficientes nessa função. Por outro lado, sua utilização contínua traz consequências graves para o meio ambiente e para a saúde humana. O agrotóxico só perde para o esgoto não tratado quando se trata dos maiores contaminadores de rios brasileiros. Sua utilização nunca foi tão discutida e condenada, especialmente se levarmos em conta os altos índices de poluição de rios, solos e ar associados ao uso de inseticidas na agricultura. CONSEQUÊNCIAS Estima-se que o Brasil use 19% de todo o agrotóxico do mundo, sendo seu maior consumidor no planeta inteiro. Um dado curioso e
alarmante é que 99% do inseticida inserido na plantação não ataca a praga que deveria matar, se dispersando na natureza e causando muitos impactos ambientais. Os agrotóxicos se esvaem pelos rios, impregnam o solo e chegam às águas subterrâneas. O mesmo vale para o ar e os seres vivos que estão a seu redor. É possível mensurar o nível de contaminação dos rios pelo fato da agricultura ser a maior consumidor de água doce do mundo, chegando ao patamar de 70% de sua totalidade. Essa água repleta de inseticida contamina os seres vivos presentes na região, inclusive as plantas aquáticas. De acordo com sua influência e localização, o dano pode ser muito maior e até irreversível para determinadas espécies. Muitos desses danos são invi-
síveis, já que peixes contaminados por agrotóxicos podem ser consumidos por pessoas, propagando um efeito em cadeia de disseminação do inseticida. O ser humano que consome hortaliças contaminadas também acumula veneno por meio do consumo de alimentos. No solo, a contaminação por agrotóxicos se torna contínua pelo poder que ele tem de reter grande quantidade de veneno ao longo dos anos, reduzindo sua fertilidade e empobrecendo seus nutrientes. A intoxicação do ar, por sua vez, acontece quando o produto fica em suspensão, sendo disseminado mais rapidamente pela força dos ventos e contaminando as pessoas através das vias respiratórias. O primeiro veneno a ser utilizado em cadeia foi o DDT, um pesticida que, quase um século depois de sua massificação, foi proibido em muitos países pela sua correlação com o câncer. No Brasil, em-
bora ele tenha sido proibido para uso na agricultura, continuou a ser fabricado e usado em outros produtos até recentemente. Outros venenos já proibidos por lei ainda são utilizados tranquilamente, sem que haja uma fiscalização rigorosa para impedir essa ação. A avaliação do poder do inseticida em prejudicar a natureza é feita baseada em quanto tempo eles persistem nos locais contaminados. Alguns mais simples se evaporam com um curto espaço de tempo, enquanto outros levam mais de 30 anos para sumirem por completo. Mesmo com as informações sobre os danos causados pelos agrotóxicos, as proibições e os métodos alternativos de agricultura sem utilizá-los, o Brasil também se destaca pela falta de conscientização real da população e do Governo para adotar medidas que impeçam esses agentes poluentes e perigosos a permanecer no ciclo da contaminação.