Recantos da Terra - outubro 2016

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Carlos Sobrinho

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Nova ETE Carioba terá 70 milhões em investimentos e eficiência de 98% Principal objetivo da reconstrução da estação de tratamento é atrair novas empresas; custo será bancado por empresas cotistas

Abelhas estão em extinção nos EUA Cooperativa Braço Forte é pioneira no Brasil Acordo de Paris entra em vigor em novembro www.jornalrecantosdaterra.com.br


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OPINIÃO

Riquezas renováveis O

Brasil tem uma grande vantagem em relação a muitos países, que é a disponibilidade de várias fontes limpas e renováveis para geração de energia. Temos sol e ventos em abundância, por exemplo, nos diferenciando de outras nações que não possuem recursos naturais e são obrigadas a investir em termelétricas para ter energia. Uma notícia positiva divulgada recentemente é que o Brasil já está na lista de maiores produtores de energia eólica do mundo. O levantamento “Energia Eólica no Brasil e Mundo”, do Ministério de Minas e Energia, mostra que o país foi o quarto colocado no ranking mundial de expansão de potência eólica em 2014. As nações que tiveram um avanço superior ao Brasil foram a China, Alemanha e Estados Unidos. Diante desse quadro de avanço do setor eólico, que representa um com-

plemento importante para o país, já que hoje tem sua base de geração de energia no sistema hidráulico, não dá pra acreditar que a Presidência da República vetou vários pontos do Plano Plurianual para o período de 2016 a 2019 que tratam sobre as energias renováveis não hidráulicas e às energias alternativas. Por outro lado, não houve vetos para termoelétricas e hidrelétricas. Admito que não consegui entender a justificativa dos vetos, além de que são totalmente contrários aos compromissos assumidos pelo Brasil na Convenção do Clima em Paris, realizada em dezembro, para aumentar o percentual das fontes renováveis na matriz energética. Parece que estamos dando passos para trás e continuamos incentivando o uso do carvão e do petróleo, que são muito poluentes. Os brasileiros sentiram no bolso em 2015 o aumento tarifário da energia e

as consequências da escassez de água. É fundamental o investimento na energia dos ventos, na solar, na biomassa, fazendo um complemento com a hidrelétrica. Num período de seca, por exemplo, pode ser usada mais a energia eólica, reservando a água e evitando de acionar as termoelétricas, que são mais caras. O Brasil precisa ter uma matriz energética diversificada, porque se houver falha em uma, a outra complementa. Investimentos também devem ser feitos em projetos que possam conciliar a energia eólica e a solar no mesmo parque, com duas linhas de produção, como outros países já estão adotando. O custo e o impacto ambiental das eólicas são menores, além de não modificarem as atividades econômicas do local onde os parques são instalados. A maior parte dos parques eólicos se concentra nas regiões nordeste e sul do Brasil. No entanto, quase todo o

Chico Sardelli é deputado estadual pelo Partido Verde

território nacional tem potencial para geração desse tipo de energia. Além de reduzir a emissão de carbono, o investimento em fontes renováveis de energia representa um diferencial competitivo para o Brasil na economia, além de contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população brasileira.

Barril de petróleo deve chegar a US$ 55 em 2017 e energia ficará mais cara O barril de petróleo bruto deverá custar 55 dólares em 2017, alertou o Banco Mundial em atualização de suas previsões para o preço da commoditie. O novo valor é dois dólares mais caro do que a cotação anterior. Preços da energia, abrangendo petróleo, gás natural e carvão, devem registrar um salto de quase 25% no próximo ano. Entre as causas do aumento, o organismo financeiro destaca a decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) de limitar a produção, após um longo período sem restrições à oferta. Segundo o economista sênior do Banco Mundial e principal autor do relatório com as novas previsões — Commodity Markets Outlook —, John Baffes, “as perspectivas estão cercadas por grande incerteza, pois aguardamos os detalhes e a implementação do acordo da OPEP, que, se concluído, terá um impacto sobre os mercados de petróleo, não resta dúvida”. A edição do documento publicada em outubro apresenta uma seção dedicada exclusivamente ao recente anúncio da OPEP. A agência das Nações Unidas aponta que, historicamente, acordos destinados a influenciar os preços de pro-

dutos básicos, como o estanho e o café, conseguiram influenciar os mercados por algum tempo, mas acabaram perdendo essa capacidade e entraram em colapso. O Banco Mundial considera ainda que a capacidade da OPEP para afetar os preços do petróleo provavelmente será “posta à prova” pela expansão da oferta de petróleo de fontes não convencionais, como os produtores de xisto. Até o final de 2016, os preços do petróleo devem registrar uma média de 43 dólares por barril, com as previsões para este ano mantendo-se inalteradas em relação ao relatório de julho. A análise do Banco Mundial inclui ainda previsões sobre outros produtos básicos, que devem registrar uma modesta recuperação em 2017, com o fortalecimento da demanda e a diminuição da oferta. Os preços dos metais e minerais devem subir 4,1% em, 2017 — valor que representa uma correção de 0,5% para cima na comparação com cálculos anteriores. A causa é também uma maior restrição da oferta. A previsão é de que os preços do zinco subam mais de 20% após o fechamento de algumas grandes minas do mineral e cortes na produção em anos anteriores.

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Educação ambiental

Troca de prefeito complica ida do Barco Escola para Paulínia Vitória de Dixon Carvalho (PP) sobre o atual prefeito José Pavan Júnior (PSDB) pode impedir a associação de ir para cidade vizinha

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troca de prefeitos em Paulínia – referendada nas eleições do último dia 2 – pode emperrar a ida da Associação Barco Escola da Natureza para o município. O presidente da entidade, João Carlos Pinto, já havia emitido todas as documentações necessárias para que o Barco Escola deixasse Americana para se instalar na cidade vizinha, entretanto, a vitória de Dixon Carvalho (PP) sobre o atual prefeito José Pavan Júnior (PSDB) pode impedir a associação de içar âncoras e partir para Paulínia. As negociações estavam em andamento desde junho deste ano e, no mês passado, a possibilidade se tornou praticamente certa. O Barco Escola conta com o aval do atual prefeito, a documentação tramita no Departamento Jurídico da Administração, mas a mudança no Executivo, que vai acontecer em 1º de janeiro, tornou a transferência incerta. “Já encaminhamos tudo o que nos foi solicitado, mas o processo encontra-se em fase de análise. Fico triste, decepcionado. Nossa opção é aguardar e, caso não consigamos resolver nessa Administração, vamos tentar o diálogo com o novo prefeito. Estou com este trabalho na Represa de Salto Grande desde 1994 e gostaria de prosseguir”, afirma Pinto. CRISE A associação, que enfrenta grave crise financeira em função da diminuição de repasses privados, pretende mudar para a Paulínia já que ficaria mais próxima das empresas do pólo petroquímico da cidade, no qual está inclusa a Petrobrás, uma das maiores financiadoras do projeto, mas que a atualmente diminuiu os repasses ao Barco Escola em cerca de 60%. “O trabalho continuaria o mesmo até porque a Represa de Salto Grande banha a cidade de Paulínia. Lá teríamos um respaldo maior para atuar”, explica o presidente. Pinto afirma que pretende iniciar um diálogo com o novo prefeito eleito o mais rápido possível com o intuito de alinhar a transferência. “Vamos expor tudo o que foi tratado com a atual Administração e mostrar a importância do projeto para a represa”, diz Pinto. Segundo ele, o local para onde a estrutura seria transferida já havia sido definido e preparado para a mudança. No início do ano, a associação retomou as atividades por algum tempo após a embarcação “Helena” ser interditada pela Marinha por não cumprir as novas normas de navegação determinadas pelo órgão. Entretanto, a falta de verbas para manter o projeto em funcionamento fez com que o atendimento

João Carlos Pinto, presidente do Barco Escola, planeja conversa com o prefeito eleito de Paulínia

a escolas da região fosse paralisado. “Não tivemos apoio suficiente para manter o trabalho. Existe um custo com monitores, professores, piloto da embarcação e alimentação. Chegou um momento em que não conseguimos mais arcar com os custos”, afirma. A ASSOCIAÇÃO A Associação Barco Escola da Natureza nasceu em 2000, com o objetivo de promover educação ambiental e colaborar na conservação do meio ambiente, em especial da Represa de Salto Grande. Seu trabalho é atuar como “fiscal ambiental”, investigando e denunciando práticas ilegais, além de auxiliar em diversos trabalhos de limpeza e despoluição da represa e seu entorno. A estimativa é que o Barco Escola tenha atendido aproximadamente 120 mil alunos nos 16 anos de funcionamento. O Barco Escola oferece também subsídios para a colaboração de trabalhos científicos escolares com a temática ambiental e conscientiza funcionários de empresas sobre a realidade do meio no qual estão inseridos por meio do trabalho com práticas de preservação ambiental. O principal objetivo da associação é conscientizar o público frequentador da orla do reservatório em relação ao uso de apetrechos indevidos para pesca, além de fornecer informações sobre os problemas ambientais sofridos pela represa. Além disso, a entidade incentiva a arborização e o replantio de espécies nativas da mata ciliar.

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Estudo

Embrapa conclui que cultivo de cana-de-açúcar é mais limpo do que se pensa Resultados podem ampliar a defesa dos produtos brasileiros no mercado internacional Pensamento Verde*

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tualmente o Brasil é o principal produtor de cana-de-açúcar do mundo. Com ela se faz dois dos produtos mais essenciais para economia mundial: o açúcar e o álcool. Porém, questões ambientais significativas rondam a cana-de-açúcar. Encontram-se diversos problemas em seu cultivo devido aos impactos negativos que o seu processo pode causar tanto na qualidade dos ecossistemas quanto na saúde humana, como o desmatamento, contaminação das águas superficiais e subterrâneas e do solo, compactação do solo, danos à flora e à fauna, consumo intenso de óleo diesel nas etapas do plantio, assoreamento de corpos d’água, entre outros. Para completar, um dos riscos mais discutidos é a queima da palha, responsável pela emissão de gases, fazendo com que a má qualidade do ar prejudique a saúde tanto dos trabalhadores como a das pessoas que estão em volta do local de plantio. Como forma de debater o assunto, foi apresentada uma pesquisa no V Congresso Brasileiro de Gestão em Ciclo de Vida, nos dias 19 e 22 de setembro, em Fortaleza (CE), que mostrou que os impactos ao meio ambiente causados no cultivo de cana-de-açúcar são menores do que se imaginava. Análise O estudo utiliza a metodologia de Avaliação de Ciclo de Vida de Produtos (AVC), uma ferramenta que possibilitada avaliar o desempenho ambiental de produtos ao longo de todo o seu ciclo de vida.

Essa metodologia possui uma grande base científica e reconhecimento internacional, padronizada pelas normas ISO 14040. Ela mostra que a produção da segunda mais importante commodity brasileira é mais limpa do que apontam estudo internacionais anteriores, devido à falta de contato direto com a agricultura brasileira e o uso de dados secundários disponíveis na literatura. Foram descobertos pelos pesquisadores brasileiros menores impactos em categorias como ecotoxicidade terrestre e aquática, formação de oxidantes fotoquímicos e degradação da camada de ozônio. Para realizar esse estudo desenvolvido pelo projeto ACV cana, coordenado pela Embrapa e com a participação de vários parceiros, foram analisadas todas as regiões produtoras, utilizando para os cálculos de emissões as metodologias mais recentes com ajustes para realidade local. Em matéria publicada o site da Embrapa, Marília Ieda da Silveira Folegatti Matsuura, pesquisadora da Embrapa Meio Ambiente (SP) e responsável pela pesquisa, enfatiza que esse foi o primeiro estudo completo e regionalizado. “Existem vários grupos brasileiros que abordam questões como eficiência energética e emissões de gases de efeito estufa, mas não avaliam outras categorias de impacto e nunca se adotou uma abordagem regional”, ressalta. O projeto foi divido por estados pelos pesquisadores em nove regiões homogêneas, tirando como base as condições do solo e clima. O Estado de São Paulo que responde por quase metade da produção nacional, também foi dividido em cinco regiões, onde tiveram experimentação a campo e medição

Estudo aponta que impactos são menores que o imaginado

da emissão de gases de feito estufa em condição experimental. Dessa forma, chegaram a fatores de emissão mais adequados que o padrão recomendado pelo Painel Intergovernamental para Mudança do Clima (IPCC). Os resultados obtidos pela Embrapa podem ajudar na produção e promoção de uma agricultura mais limpa e para a defesa dos produtos agrícolas brasileiros no mercado internacional. Essa metodologia é utilizada em diversos países para a formação de políticas públicas, além de ser usada pelo setor privado, no desenvolvimento de produtos e processos e de estratégias de negócios. Adaptações Um dos grandes desafios dos pesquisadores brasileiros foi realizar um inventário de ACV observando a atual realidade dos sistemas de produção praticados no país e adaptar a metodologia à agricultura tropical, já que qualquer emissão para o meio ambiente é calculada por um modelo pré-definido, que foi criado apenas para países com clima temperado. Marília lembra que o inventário anterior, realizado pela Ecoinvent, se baseava ainda na queima da cana na maior parte da área de produção do Brasil, o que não ocorre nos dias de hoje. Outra grande divergência entre o estudo anterior e o atual refere-se à ecotoxicidade, já que antes eram considerados o uso de pesticidas altamente tóxicos, que já não são mais utilizados no Brasil. O estudo também teve um outro grande avanço ao analisar as emissões de pesticidas, pois a maioria das pesquisas realizadas observavam apenas

questões como desempenho energético e mudanças climáticas, ignorando informações muito importantes de categorias de impactos relacionados à toxicidade. Então como solução, foi estabelecida uma parceria com a Universidade Técnica da Dinamarca (DTU), que criou um software específico para modelagem de pesticidas, batizado de PestLCI. Marília Folegatti explica que o software modela o comportamento dos pesticidas no meio ambiente, percebendo as mudanças das substâncias em diversas condições, pois frações de pesticidas podem alcançar diferentes compartimentos ambientais, como águas superficiais e subterrâneas e o solo. O intuito dos pesquisadores brasileiros é permitir que os inventários produzidos sobre cana-de-açúcar sejam fornecidos para o banco nacional de inventários de ciclo de vida (SICV Brasil) e para a Ecoinvent, parceiros da Embrapa. Marília explica: “Se alguém quiser comparar o etanol de cana brasileiro com o etanol de milho americano, por exemplo, vai procurar inventários em bases de dados como essas. Isso é um apoio para a competitividade da nossa produção.” Ela ainda ressalta que essa avaliação sobre o impacto da cana-de-açúcar era um processo bastante importante, sendo que os outros países já observavam a cana brasileira e estavam gerando pesquisas. O estudo ainda possibilita a identificação dos pontos críticos do processo de produção, assinalando oportunidades de melhorias para o desempenho ambiental. *www.pensamentoverde.com.br


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Iniciativa

ETE Carioba será reconstruída e terá eficiência de 98% no tratamento de esgoto Obra custará R$ 70 milhões e será bancada por empresa; objetivo é fazer Americana voltar a crescer

Acordo foi firmado entre o promotor Ivan Carneiro Castanheiro, o prefeito Omar Najar (PMDB) e o diretor do DAE, Leandro Zanini

Empresas cotistas para reconstrução da ETE Carioba Antenor Pelisson Ind. e Com. Tecidos Ltda Bellan Indústrias Textil Ltda Beneficiamento Textil Multi Color Ltda Cervejaria Berggren Indústria e Comércio de Bebidas Ltda. Cruzeiro do Sul Indústria Textil Ltda Di Grecco Ind. Textil Ltda Ecotec Tecnologia Ecológica Ltda Flint Indústria Textil Eireli-ME Hudtelfa Textile Technology Ltda Ind. Textil Dahruj S/A (Atual Quality Benef.Tecs.Ltda) Indústria Têxtil Poles Ltda Indústrias Têxteis Najar Ltda Julimar Lavanderia Ltda. - EPP Lavanderia Americana Ltda Lavanderia Lugati Ltda Leão Alimentos e Bebidas Ltda Marles Indústria Têxtil e Comercial Ltda Nova Giulen Ind. Têxtil da Moda Ltda Ober S/A. Indústria e Comércio PQA Química Ltda R. C. L. Indústria e Comércio de Produtos Químicos Ltda Saltorelli Tint. Têxtil Ltda. STC Textil Ltda T.F.T. Tecidos e Fios Técnicos Ltda. (Ciamarro Têxtil) TASA - Tinturaria Americana Ltda Tecelagem Fatto A Mano Tecelagem Jacyra Ltda (Atual: Tecelagem Macias Ltda.) Tecelagem Jolitex Ltda Texanna Textil Ltda Textil Color Story Ltda. (Brand Têxtil) Textil Irineu Meneghel Ltda Tinturaria e Estamparia Primor Ltda Toyobo do Brasil Participações Ltda

Anderson Barbosa

empregos para o município”, afirma o diretor do DAE, Leandro Zanini.

DAE (Departamento de Água e Esgoto) de Americana anunciou a reconstrução da ETE (Estação de Tratamento de Esgoto) Carioba. Com investimento de R$ 70 milhões – quantia que será destinada por empresas cotistas por meio de um fundo – a nova estação terá eficiência de 98% no tratamento, acima do determinado por Lei, hoje fixado em 80%. Segundo estimativas da autarquia, atualmente a ETE Carioba tem eficiência de 47%. A estação é responsável por tratar 85% de todo o esgoto doméstico e industrial do município. O restante é direcionado para a ETE Praia Azul e Balsa, além da utilização da estação de tratamento de Santa Bárbara d’Oeste, responsável por parte dos bairros da divisa com a cidade vizinha. O principal objetivo da reconstrução, de acordo com o DAE, é recolocar Americana novamente nos trilhos do desenvolvimento econômico. “Com a atual eficiência no tratamento de esgoto, Americana deixou de atrair empresas já que não conseguiríamos tratar o esgoto dos novos empreendimentos, sem que não fosse despejado esgoto nos mananciais. Seria uma incoerência ambiental grave. Com a criação do fundo e o auxílio das empresas, vamos voltar a atrair investimentos e

DIAGNÓSTICO Antes de firmar um novo acordo judicial com o MP (Ministério Público), que ingressou com um processo na Justiça em função da baixa eficiência no tratamento, uma empresa foi contratada e fez um diagnóstico da situação da ETE Carioba. O valor de R$ 320 mil referente ao estudo também foi pago pelas empresas cotistas, segundo o DAE. Um Fundo Municipal será criado para que as 33 empresas possam arcar com os custos da reconstrução. Zanini explica ainda que outros 20 empreendedores individuais também vão auxiliar nos custos. “Vamos encaminhar um projeto para a Câmara ainda este ano para a criação do Fundo Municipal e, posteriormente, será iniciada a fase de planejamento e reconstrução da ETE. Trata-se de uma saída inteligente frente à calamidade financeira pela qual Americana passa”, explica Zanini. Segundo ele, um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta) foi firmado entre a Prefeitura e o MP para que reparos emergenciais fossem realizados na ETE, contudo, a Administração passada descumpriu o acordo e forçou o MP a ingressar na Justiça. “Não havia a possibilidade de um novo TAC porque o firmado em 2012 foi descumprido. A única solução foi um acordo judicial”, explica.

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Polinização

Pela primeira vez, abelhas entram na lista de animais em extinção nos EUA Sete espécies nativas do Havaí compõem o levantamento feito pelo FWS, deixando especialistas de todo o mundo bastante preocupados Pensamento Verde*

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oucas pessoas sabem que a agricultura moderna e a sobrevivência de algumas plantas e vegetais dependem de pequenos insetos e aves. Segundo estudos científicos, 35% das lavouras do mundo dependem da polinização feita por abelhas, borboletas, besouros e algumas espécies de pássaros. O grande problema é que alguns desses animais estão desaparecendo, o que é o caso das abelhas. O US Fish and Wildlife Service (FWS), o Ibama dos EUA, acabou de colocar pela primeira vez as abelhas na lista de espécies em extinção. Especialistas de todo o mundo estão ficando muito preocupados com o desaparecimento das abelhas e até cogitam criar abelhas-robôs. Afinal, não ficaremos apenas sem mel. As abelhas são como o órgão sexual das plantas, sendo que uma parte de todo o reino vegetal depende delas para espalhar seu pólen. É difícil de acreditar, mais dois terços da nossa comida vêm de forma direta ou indiretamente de vegetais que necessitam

das abelhas para se reproduzir. Claro que ainda não é o fim de todas as abelhas. Existem 25 mil espécies delas espelhadas pelo mundo e sete estraram nessa lista, que são: Hylaeus anthracinus, Hylaeus longiceps, Hylaeus assimulans, Hylaeus facilis, Hylaeus hilaris, Hylaeus kuakea, e Hylaeus mana. Todas são nativas do Havaí e possuem a cara amarela, semelhantes com as que encontramos aqui no Brasil. Para o FWS isso pode estar acontecendo devido à inclusão de novas espécies de plantas e animais invasores não nativos, o que desequilibra a fauna local. Outra hipótese é a urbanização que está cada vez maior nas ilhas da região, o que beneficia o turismo imprudente e devasta o habitat natural dos insetos. Outros países também estão notando o desaparecimento das abelhas. Desde 2006, apicultores vêm reclamando que as populações do inseto diminuíram. Do ano de 2012 para 2013, 31% das abelhas dos EUA tinham desaparecido, na Europa 53% e no Brasil cerca de 30%. O grande problema é que ninguém sabe qual o verdadeiro motivo para isso

Projeto arquitetônico desenvolve fazenda orgânica em alto mar Em 2015 foi divulgado um relatório pela Organização das Nações Unidas informando que hoje a população mundial é de 7,3 milhões, mas que em 2030 ela pode chegar a 8,5 milhões. Essa projeção preocupou a empresa Forward Thinking Architecture em relação à produção de alimentos para o futuro. Caso a população chegue a esse número a demanda iria aumentar em até 50%. Foi então que o escritório desenvolveu o Smart Floating Farms (Fazendas Flutuantes Inteligentes), uma ideia inovadora que poderá ser a solução desse problema. O projeto arquitetônico tem o intuito de criar fazendas flutuantes com 209 mil metros quadrados, que serão utilizadas para o plantio em alto mar ou em áreas alagadas próximas aos centros urbanos. No espaço seriam cultivados alimentos como frutas, legumes, verduras, ervas e peixes. Todo a construção será sustentável, usando energia solar para o seu abastecimento e duas técnicas para o cultivo dos alimentos: sistema hidropônico (cultivo de plantas sem solo) e aquicultura (cultivo e

reprodução de peixes, algas, crustáceos ou moluscos). Foi pensando também na falta de espaço dos grandes centros urbanos que eles decidiram criar essas fazendas em alto mar ou em locais alagados. A construção é dividida em três andares: no primeiro ficarão os pontos de água, englobando as piscinas para a aquicultura, armazenamento, usina de dessalinização e central de embalagens. No segundo andar estarão as estufas hidropônicas, o sistema de irrigação e a central de controle do microclima. E no terceiro e último andar vai estar a usina fotovoltaica, transformando toda a energia renovável captada em eletricidade. A estrutura vai contar com diversas soluções sustentáveis para diminuir os impactos ambientais, como aberturas para a entrada de luz natural e um sistema de captação de água de chuva, além da utilização de energia eólica, reutilização de resíduos orgânicos para a produção de biomassa, redução do uso de combustíveis fosseis e eliminação da logística de importação de exportação de alimentos.

Parte de todo o reino vegetal depende do pólen das abelhas

acontecer. Alguns cientistas acreditam que é devido à poluição, outros acham que são os pesticidas. Além disso, existe uma doença conhecida como Síndrome do Colapso da Colônia, na qual as abelhas simplesmente saem de suas

colmeias sem que nada tenha acontecido. O que complica é que essa síndrome ainda é um mistério, tornando ainda mais difícil o estudo dos cientistas e a descoberta desse grave problema. *www.pensamentoverde.com.br


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PIONEIRISMO

Braço Forte: a primeira do Brasil Surge em Americana a primeira cooperativa que integra todos os segmentos de trabalhadores envolvidos na cadeia produtiva da construção civil

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mericana, cidade que tem uma tradição pioneira no cooperativismo, acaba de marcar uma nova e importante posição no segmento, com a fundação da Cooperativa Braço Forte. A Braço Forte é a primeira e, por enquanto, única cooperativa brasileira de trabalho na construção civil em toda sua extensão. Ela é a única que tem entre os seus cooperados profissionais especializados em trabalhos que vão do projeto à execução, da arquitetura e urbanismo aos projetos ambientais; incluindo desde segurança a incêndios até a elaboração e implantação de Planos Diretores. É única cooperativa hoje existente no Brasil que agrega, entre os cooperados, arquitetos/urbanistas, engenheiros, mestres de obras, pedreiros, pintores, encanadores, eletricistas e serventes. “Ao contrário do que ocorre em uma empresa privada, as decisões coletivas produzem um efeito positivo na obra. As soluções, quando em tomadas em comum e com a participação de todos os envolvidos no processo produtivo, são mais rápidas e duradouras, pois são debatidas por um corpo técnico unitário e ágil”, avalia o arquiteto e urbanista Victor Chinaglia, um dos idealizadores da Braço Forte. De acordo com a diretoria da Braço Forte, o fato de ser uma cooperativa oferece também vantagens tributárias, que são repassadas ao consumidor, ou seja, o contratante dos serviços. Isso porque a cooperativa é isenta da cobrança de impostos como o PIS-Cofins, uma vez que não se trata de empresa patronal. “Com encargos menores, a cooperativa tem mais competitividade no disputado mercado das empreiteiras”, aponta Chinaglia. PARCERIAS A Braço Forte, recém-criada, passa agora pelo processo de cadastradamento junto à Ocesp (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo), mas já mantém parcerias importantes junto ao Sasp (Sindicato de Arquitetos no Estado de São Paulo) e entidades sociais preocupadas com o emprego e qualidade de serviços no segmento da construção civil. Os atuais integrantes da Braço Forte relatam que a ideia de criar uma cooperativa de trabalho voltada para a construção civil surgiu quando a Cooperteto (Cooperativa Nacional de Habitação e Construção), também com sede em Americana, começou a produzir casas com o sistema de pré-moldados e no regime de mutirão, em parceria com a Prefeitura Municipal – durante os governos de Waldemar Tebaldi e Erich Hetzel. “O arquiteto/urbanista Marco

Antonio Alves Jorge, o Kim, era secretário municipal de Habitação e eu atuei como secretário de Planejamento. Na ocasião, desenvolvemos vários projetos na área de habitação popular, em parceria com os movimentos sociais da cidade”, lembra Chinaglia. Foi a partir dessas experiências que nasceu a ideia de fundar uma cooperativa de trabalho que pudesse aproveitar o conhecimento técnico adquirido pelos trabalhadores. Afinal, a Cooperteto, fundada em 1996, tinha um grande acúmulo de conhecimento na área de habitação, adquirido em décadas de atuação. UM NOVO OLHAR Chinaglia relata que a experiência da Cooperteto e da construção de habitações de caráter social em Americana, permitiram que os profissionais envolvidos ampliassem o debate sobre o papel dos arquitetos/urbanista e dos engenheiros na cadeia produtiva da construção civil. “E, de fato, cresceu a partir daí a discussão sobre a necessidade de constituirmos uma cooperativa de engenharia, arquitetura, urbanismo e construção que abarcasse todos os trabalhadores, sem distinção de graduação acadêmica, mas que unisse os profissionais da indústria da construção”, diz. O lançamento do programa MCMV (Minha Casa Minha Vida), em 2009, reforçou junto aos profissionais da área ligados aos movimentos sociais a urgência de se criar novos modelos para o setor da construção civil. Afinal, 95% dos recursos do programa iam para as construtoras e empreiteiras privadas, enquanto os movimentos populares investiam pesado em projetos do programa, mas tinham que pagar valores altos dos empreendimentos para os parceiros do setor privado. “Isso ocorria pelo simples fato de não existirem entidades de capital coletivizado ou mesmo associativo regularizados no setor de construção para disputar os editais governamentais. Assim, aumentava a expectativa do surgimento do trabalho de cooperativas, dentro do espírito associativista e da economia solidaria”, avalia Chinaglia. Portanto, na visão dos cooperados da Braço Forte, o nascimento da cooperativa é mais do que a criação de um empreendimento voltado para a geração de empregos – embora também o seja. Mas resulta, principalmente, de um amplo processo político de apropriação social da cadeia produtiva da construção civil. “E isso envolvendo todos os trabalhadores dessa cadeia produtiva, desde os serventes aos engenheiros e arquitetos/urbanistas”, afirma.

O arquiteto e urbanista Victor Chinaglia, um dos fundadores da cooperativa

Equipe da Braço Forte trabalha na instalação do elevador da ACIA (Associação Comercial e Industrial de Americana)


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Opinião

O desafio do clima: Acordo de Paris entra em vigor em novembro Julio César Centeno*

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Acordo de Paris, aprovado por delegações de 193 países, em dezembro de 2015 – cujas ratificações começaram a ser realizadas em abril deste ano, desde os encontros na sede central da Organização das Nações Unidas (ONU), em Nova York –, devem entrar em vigor neste mês de novembro – nos próximos dias, portanto. De acordo com a Secretaria do Convênio s Mudanças do Clima (UNFCCC, em sua sigla em inglês), o Acordo de Paris já foi ratificado por 74 países – segundo a mais recente atualização, em 5 de outubro de 2016 –, que juntos representam 59% do total de emissões globais de gases do efeito estufa. Segundo o estipulado no artigo 21, o Acordo de Paris deve se tornar efetivo 30 dias depois de confirmadas ao menos 55 ratificações de Estados-membros da convenção que aprovou o acordo, em dezembro, desde que eles envolvessem ao menos 55% das emissões totais de gases. Assim, o secretário geral da ONU, o sul-coreano Ban Ki-moon, anunciou a data oficial de ativação do acordo: 4 de novembro de 2016. Entre os países que ratificaram o acordo, se encontram os principais emissores de gases: os Estados Unidos, os países que compõem a União Europeia, a China e a Índia. Na América Latina, o documento já foi ratificado por Argentina, Brasil, México, Bolívia, Peru, Cuba, Panamá, Belize, Guiana e Honduras. Em setembro, durante seu último discurso como presidente na Assembleia Geral da ONU, Barack Obama disse que “se não atuamos com determinação para frear o aquecimento global, enfrentaremos sérios problemas, cidades que ficarão submersas, êxodos massivos, nações desabitadas, destruição de fontes de alimentos e conflitos provocados pela desesperança. Devemos saber superar a pobreza sem condenar nossos filhos a um planeta que não respeita a capacidade de regeneração dos seus recursos”. O objetivo do Acordo de Paris é evitar que a temperatura média da

superfície do planeta aumente mais de 2°C até o fim de deste século, num parâmetro de comparação com a temperatura média no fim da era pré-industrial. Isto significa, entre outros fatores, evitar que a concentração de gás carbônico na atmosfera supere as 450 partículas por milhão (ppm). Entretanto, o acordo não define nem a estratégia nem o caminho com o qual se deve buscar e alcançar tais objetivos. Estudos realizados no final de 2015 mostravam que o aumento na temperatura superficial do planeta era de 1°C e a concentração de CO2 se encontrava em 400 ppm. As tendências atuais conduzem a um na temperatura superficial numa média entre 3,7°C e 4,8°C até o final deste século, numa comparação com a era pré-industrial. Estas tendências representam uma emergência sem precedentes na história da humanidade. Um aumento de 4°C não é registrada desde meados do período Mioceno, há 10 milhões de anos. Logo, as tendências atuais nos levariam o mundo a transformações que tornariam o planeta um ambiente hostil e desconhecido para a espécie humana, e esse seria o legado que deixaríamos aos nossos descendentes. O Acordo de Paris é um apanhador de contribuições voluntárias, determinadas por cada país segundo a sua própria iniciativa, sem coordenação entre as partes, sem caráter vinculante, sem condições ou penalizações em caso de os compromissos não serem cumpridos. E mesmo se todas estas expressões voluntárias de colaboração fossem realizadas tal qual o estabelecido no acordo – o que parece ser pouco provável que aconteça –, a humanidade se veria a caminho de um aumento médio da temperatura entre 3°C e 3,5°C. As limitações do Acordo de Paris ficaram evidentes no 17º ponto do documento de conclusão da conferência COP21: “a Conferência das Partes observa com preocupação que os níveis estimados das emissões de gases do efeito estufa, entre 2025 e 2030, já como resultado das contribuições a nível nacional previstas e determinadas pelo acordo, não são compatíveis com o cenário de 2°C

como aumento máximo da média da temperatura, que era o objetivo inicial das negociações”. A missão fundamental que deveria ser descarbonizar a economia mundial, necessidade que vem sendo bastante debatida nas reuniões preparatórias, ficou reduzida a uma vaga referência: “as partes se comprometem a manter as emissões de carbono abaixo do nível máximo estipulado, e a começar a trabalhar nesse sentido o antes possível”, para logo explicar que a finalidade é “alcançar um equilíbrio entre as emissões antropogênicas por parte das fontes e a absorção antropogênicas por parte dos mecanismos desenvolvidos para atenuar os efeitos até a segunda metade deste século”. Para se obter o máximo de aumento médio de 2°C, com uma probabilidade de ao menos 66%, é necessário que as emissões acumuladas de todos os gases durante o período entre 1850-2100 se mantenham abaixo das 3.670 gigatoneladas de CO2. O máximo possível de emissões no período entre 2015 e 2100, para se alcançar esse objetivo, é de apenas 855 gigatoneladas de CO2, o que implica deixar ao menos dois terços das reservas de gás e petróleo debaixo da terra. O objetivo dos 2°C como aumento máximo requer melhoras substantivas dos compromissos assumidos em Paris, particularmente por parte dos países que mais contribuíram com a

gestação da ameaça climática que a humanidade enfrenta hoje. Os países industrializados, que reúnem 18% da população mundial, geraram 72% das emissões de CO2 acumuladas entre 1850 e 2014. Entretanto, o Acordo de Paris conseguiu evadir essas desproporcionadas responsabilidades históricas. Países como a Venezuela devem analisar com calma as delicadas implicações da entrada em efeito do Acordo de Paris, cujo objetivo implícito é a superação de um desenvolvimento econômico dependente do consumo de petróleo e outros combustíveis fósseis em apenas algumas décadas. Outros países, como o Canadá, criaram impostos específicos às emissões de CO2 – no caso canadense, funcionará a partir de 2018, e cobrará 7,60 dólares por tonelada, com um aumento anual da mesma magnitude, até alcançar os US$ 38 em 2022. Assim, se estabelecerá, a curto prazo, um imposto equivalente a US$ 16 por barril de petróleo. * Especialista venezuelano graduado pela Universidade de Nova York e com estudos de pós-graduação na Universidade de Berkeley. Diretor do Instituto Florestal Latino-Americano e Professor da Universidade dos Andes. Representante da Venezuela nas negociações internacionais sobre políticas climáticas e meio ambientais. Tradução: Victor Farinelli


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