Omar prioriza despoluição da Salto Grande
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Audiência Pública e mobilização de entidades questionam implantação de aterro População, movimentos sociais e empresários participaram das discussões relacionadas à implantação de um aterro regional no Pós-Represa
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Americana-SP Abril/Maio 2017
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OPINIÃO
Vamos para o espaço? *Roque Ciriano
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omo o próprio nome deste jornal sugere, a palavra recanto seria um espécie de refúgio, mas um tipo de refúgio natural onde nós iríamos para descansar, relaxar, enfim, desestressar.Mas convenhamos, está ficando cada vez difícil achar este local no nosso planeta. Como a edição de março de 2017 deste mesmo jornal “Recanto da Terra” já adiantou, 2.016 foi o terceiro ano consecutivo - precisamos repetir isto novamente - foi o terceiro ano consecutivo de aumento da temperatura média do planeta terra, ou seja, 2014 foi o ano mais quente da história, 2015 foi mais quente que 2014 e 2016 foi mais quente que
2015. E pelas análises em 2017 iremos bater um novo recorde. Desde 1979, a camada de gelo polar tem mostrado uma diminuição, efeito do aquecimento global. Será que se continuarmos a poluir o planeta nesse ritmo quando a natureza cobrar teremos tempo de uma reação? As leis da natureza são um pouco diferentes das leis humanas. Elas são implacáveis. Então vamos fazer um exercício mental juntos. Será extremamente difícil, extremamente difícil não seria bem o correto dizer, pois nos dá a sensação que seria algo difícil, mas possível, e não é isso que queremos dizer. É simplesmente impossível poluir o universo como um todo, levando em conta as dimensões extraordinariamente grandes e os detalhes físicos
exigidos pela natureza para fazermos essa façanha. Nós, homo sapiens “inteligentes”, nos destruiríamos bem antes de acontecer isso. Mas e se escaparmos para aqui pertinho? Por exemplo, para Marte. Já não é mais ficção científica e já existem projetos para isso. Mas poluindo também o espaço bem próximo do nosso planeta, vai ficar difícil. Milhares de dejetos estão poluindo o espaço. Existem até projetos para uma despoluição espacial, mas admitamos, que se o ser humano puder optar entre descobrir algo extraterreno ou investir em um projeto de despoluição espacial, com certeza ele ficará com a primeira opção. Basta olharmos como estão nossos rios, mares, florestas, enfim, nosso planeta como um todo.
A ISS – Estação Espacial Internacional, está há 16 anos ininterruptamente com seres humanos a bordo. Ela é uma espécie de laboratório espacial. Vários países já enviaram astronautas, cosmonautas, taigonautas (o nome correto irá depender de sua origem) para lá, inclusive o Brasil.Acima uma foto da ISS. (e de fundo nosso maravilhoso planeta). A mesma ganância que nossos descendentes tiveram quando saíram mar aberto, procurando, acho que nem eles sabiam o quê, nossos desbravadores espaciais estão tendo, com uma diferença: hoje em dia existe uma enorme tecnologia, que poderia contribuir muito com isso. Mas infelizmente não é isto o que está acontecendo. *Roque Ciriano é escritor
EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo José San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.san@jornalrecantosdaterra.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996
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Horticultura
Meio Ambiente e horticultores debatem regularização do setor Objetivo do secretário é que todos tenham acesso e condições de melhorar suas estruturas e negócios
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Secretaria do Meio Ambiente de Americana realizou reunião com os proprietários e concessionárias de hortas do município para debater a regulamentações e normas para o setor. O encontro contou com cerca de 200 comerciantes do município, membros da pasta e de setores que regulamentam o comércio no município. As orientações foram desde questões de vigilância sanitária até dúvidas burocráticas sobre o modelo de negócio necessário para a instalação e funcionamento de hortas. “A nossa ideia é reunir todos os horticultores e todos os setores da administração pública para que deixemos organizadas as hortas de Americana. Para que o munícipe ganhe, para que o horticultor ganhe e para que a cidade ganhe não vamos medir esforços para solucio-
nar essa questão”, disse Odair Dias, secretário do Meio Ambiente e condutor do encontro. O secretário pretende realizar encontros a cada dois meses. “Temos o objetivo de que cada vez tenhamos menos problemas para discutirmos. No futuro vamos levar palestras, ações de aperfeiçoamento e melhorias para que o munícipe receba os produtos com melhor qualidade e o melhor custo benefício”. Odair disse ainda que há mais de uma centena de hortas e que a maioria está em situação exemplar, mas que muitas ainda fogem aos padrões de qualidade. O objetivo do secretário é que todos tenham acesso e condições de melhorar suas estruturas e negócios para que, a partir daí, se possa intensificar a cobrança por soluções.
Encontro contou com 200 comerciantes de Americana Informe Publicitário
Alimentação balanceada aos pets A evolução na alimentação de nossos animais de estimação está cada dia mais inserida no nosso dia a dia. O que nossos animais comiam há tempos atrás é totalmente diferente dos dias de hoje. Passando de uma dieta carnívora e mal balanceada para uma alimentação processada e altamente balanceada. E foi pensando nesse cuidado indispensável aos fiéis companheiros, que a VitaClassic disponibiliza agora um alimento completo e balanceado, que enriquece com vitaminas e minerais para a alimentação de seu pet. Desenvolvida por profissionais que conhecem o quanto a saúde de seu amigo é importante, trás as marcas Havana e Cane & Care Premium, para inovar o mercado. Segundo o médico veterinário, Leandro de Carvalho, “tanta gordura trans, quanto os corantes e aromatizantes tornam-se prejudiciais ao longo dos anos, inclusive aos animais”, e garante “que esses ingredientes não fazem parte da composição da formulação de nossos alimentos”. Ele ainda ressalta que o processo “se agrava quando se trata se cães e gatos que possuem metabolismo acelerado”. Vale lembrar ainda que os corantes e aromatizantes também são possíveis de provocar alergias, doenças renais e até tumores.
Havana
A Havana Cat, por exemplo, além de se destacar pelos sabores carne e frango, ela possui Ômega 3 e 6 na fórmula o que garante mais brilho aos pelos dos animais.
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Empenho
Omar e Meio Ambiente vão priorizar a des
Prefeito conheceu a tecnologia Flotflux desenvolvida e patenteada pela DT Enhenharia, que é
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prefeito de Americana, Omar Najar (PMDB), pediu prioridade máxima ao secretário de Meio Ambiente, Odair Dias, na questão da despoluição da Represa de Salto Grande. Este mês, o chefe do Executivo recebeu a visita do diretor/presidente da empresa DT Engenharia, João Carlos Gomes de Oliveira, a qual é detentora da patente tecnológica Flotflux, utilizada na despoluição de mananciais. O sistema será utilizado para limpar o Rio Doce, após a tragédia de Mariana (MG), e já limpou a lagoa do Zoológico e do Parque Ibirapuera, ambos em São Paulo, a Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), além de ser a responsável pelo Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, entre outros projetos. A visita foi intermediada pelo deputado estadual, Chico Sardelli (PV) e pelo empresário e ex-vereador de Americana, Cláudio Froner. “O sistema representa um avanço em tecnologia e uma solução para a despoluição da Represa de Salto Grande. O nosso objetivo maior é o
trabalho de revitalização de toda a represa, recuperar a autoestima da represa, retomando as atividades turísticas e de lazer das Praias Azul e dos Namorados do jeito que a gente sempre sonhou, mas o projeto é grande e vai propulsionar inúmeras ações benéficas. O projeto pode ser viabilizado com parcerias de indicações de recursos parlamentares, dos governos estadual e federal, de fundos específicos e da iniciativa privada, tornando possível a sua realização”, afirmou Dias. A tecnologia, inclusive, já foi citada pelo promotor do Gaema (Grupo de Atuação Especial do Meio Ambiente), Ivan Carneiro Castanheiro, em entrevista ao jornal O Liberal, como uma das soluções para a despoluição da represa. “O prefeito pediu prioridade máxima da secretaria em relação ao assunto. Foi muito produtivo o encontro e essa é somente a primeira de várias reuniões que teremos”, disse o secretário. O diretor/presidente da DT Engenharia elogiou a receptividade de
Omar na ocasião. “Fiquei muito feliz com a receptividade do prefeito e seu interesse em uma questão tão nobre quanto é a despoluição da Represa de Salto Grande. Fui levado até ele pelo secretário de Meio Ambiente, Odair Dias, e ambos, apesar da crise financeira, estão buscando a tecnologia com o menor custo de implantação e também operacional. Isso mostra muita capacidade de gestão do Executivo de Americana”, diz ele. UTR O projeto apresentado pela empresa diz respeito à construção de uma Unidade de Tratamento de Rio (UTR) no rio Atibaia, em parceria com as cidades da região, e outras unidades na Praia dos Namorados e Praia Azul, com a viabilização da construção de “piscinões” para a população. A empresa desenvolve a tecnologia Flotflux para o tratamento de água e esgoto, baseada na aplicação sequencial e em fluxo das técnicas de coágulo/floculação e flotação para melhoria de cursos e corpos d água.
Prefeito e secretário buscam soluções para a de
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spoluição da Represa de Salto de Grande
é utilizada para a despoluição de mananciais
espoluição da Represa de Salto Grande
apelo
Vídeo de vereadores chega a ministro Um vídeo veiculado no facebook cujos protagonistas são a vereadora Maria Giovana Fortunato (PC do B) e o também vereador Rafael Macris (PSDB), presidente e relator da Comissão de Estudos e Acompanhamento para a despoluição da Represa de Salto Grande respectivamente, chegou até o ministro do Meio Ambiente, Sarney Filho. No vídeo, com duração de sete minutos e trinta e cinco segundos, os parlamentares requisitam verba federal para que o Rio Atibaia e, consequentemente a Salto Grande, sejam despoluídos. A hashtag #SarneyLimpaOAtibaia foi utilizada pelos vereadores para sensibilizar o ministro. Recantos da Terra apurou que ele assistiu ao vídeo e ficou impressionado com a qualidade e a repercussão do vídeo. Foram mais 90 mil pessoas alcançadas, com 53 mil visualizações, 1.328 compartilhamentos e 112 comentários. “O vídeo teve uma receptividade muito boa por parte dos internautas e pudemos perceber o quanto a Represa de Salto Grande é importante para o americanense. Valeu a pena fazer esse apelo e espero que o ministro libere a verba para limparmos o rio e o reservatório”, diz Maria Giovana.
VISITAS A comissão realizou uma série de visitas nos últimos dois meses. Os vereadores foram ao Barco Escola da Natureza, Câmara de Nova Odessa, Câmara de Jaguariúna, Câmara de Vinhedo e Câmara de Jundiaí. O parlamentares visitarão ainda nos próximos meses a Câmara de Valinhos e Campinas. Na última reunião, realizada em Jundiaí, foi definido que a comissão formalizará uma moção de apelo pela despoluição do Rio Atibaia. “A visita foi muita produtiva. Conversamos sobre a despoluição da Represa do Salto Grande, solicitando apoio à moção de apelo por parte de todas as câmaras municipais que estão envolvidas direta e indiretamente com o Rio Atibaia, e mais do que isso, tivemos uma noção de como funciona o modelo de concessão da parte de tratamento de esgoto de Jundiaí, modelo que é referência nacional e deve ser analisado, servindo de exemplo para a cidade de Americana”, ressaltou Macris. A intenção da comissão é sensibilizar as Câmaras e Executivos das cidades que estão a montante do Rio Atibaia e que são os potenciais poluidores do manancial.
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Audiência pública questiona implantação de aterro sanitário Com auditório completamente lotado, Câmara Municipal questiona implantação do aterro sanitário na região do Pós-Represa
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om o auditório lotado por um público heterogêneo – que reuniu desde lideranças políticas, comunitárias e empresariais até profissionais liberais e moradores de diferentes regiões da cidade – a Câmara Municipal de Americana realizou no dia 25 de abril uma audiência pública para discutir o projeto de implantação de um aterro sanitário na região do Pós-Represa. Como informou Recantos da Terra em sua edição de março, o projeto de implantação do aterro vinha sendo conduzido a toque de caixa, sem nenhuma discussão ampla com a sociedade ou com os moradores dos inúmeros bairros que serão diretamente afetados pelo empreendimento. O projeto, de autoria da Engep-Engenharia e Pavimentação Ltda., empresa com sede na vizinha cidade de Limeira, já recebeu licença de instalação concedida pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) e é destinado a receber não só o lixo de Americana, mas também de várias outras cidades da região. Como mostrou a edição de Recantos, máquinas e caminhões já estavam em operação na área, pelo menos desde fevereiro deste ano, com o objetivo de implantar o aterro. Após ser tornado público, o projeto foi fortemente questionado por inúmeras lideranças comunitárias e entidades ambientais. Diante dos inúmeros protestos disparados na cidade, os vereadores aprovaram, por ampla maioria, a realização da audiência pública para discutir o aterro, solicitada através de requerimento da vereadora Maria Giovana (PCdoB). LIXO DE FORA Um dos principais temas discutidos
na audiência foi o projeto de emenda apresentado pelo prefeito Omar Najar (PMDB) à Câmara, no final do ano passado, pedindo a revogação do artigo 170 da LOM (Lei Orgânica do Município). O artigo 170 da LOM, de autoria dos vereadores Luciano Corrêa e Antônio Carlos Sacilotto – ambos do PSDB – foi aprovado pelos vereadores em 2005. Ele proíbe o ingresso do lixo de outros municípios em aterros sanitários públicos ou privados de Americana. Caso o artigo seja revogado, o aterro projetado para o Pós-Represa poderá ser o depósito de lixo de diversas cidades da região. Exatamente por isso, os debates na audiência pública bateram forte nesta questão. “O Pós-Represa é um espaço muito rico em Americana, não só ambientalmente como economicamente. Esse aterro pode mudar a história do local, que hoje é o único espaço no qual Americana pode se desenvolver em território. Além disso, temos que saber como lidar com nosso lixo, como tratar a política dos resíduos sólidos e qual a tecnologia mais adequada para lidar com esse material”, defendeu a autora do pedido de audiência, vereadora Giovana. O vereador Welington Rezende (PRP) lembrou que Americana participa do Consimares (Consórcio Intermunicipal de Manejo de Resíduos Sólidos) com mais sete cidades da região. “Esse consórcio discute a questão do lixo nas cidades e o seu presidente, Denis Andia, assinou um acordo com as prefeituras para decidir a questão dos resíduos sólidos e uma parceria com uma cidade escolhida, provavelmente Santa Bárbara d’Oeste, para que os oitos
Câmara de Americana
Audiência pública contou com grande números de cidadãos
municípios depositem seu lixo lá. Acredito que seria a forma mais correta, mais ecológica”, expôs. Defensores do consórcio apontam que esse é o modelo mais adequado, pois coloca os governos municipais como principais responsáveis pelo acompanhamento direto na gestão do aterro, dando transparência ao modelo. E, ao contrário de visar apenas o lucro, como é o caso de um aterro da iniciativa privada, visaria principalmente a destinação adequada e permitiria investimentos de longo prazo. ERRO TÉCNICO Durante o uso da palavra, o gerente técnico da Engep, Delmo Conti Pescuma, explicou dados técnicos sobre o projeto e disse que existe
uma política nacional de resíduos sólidos, além de afirmar que no local não existe corpo hídrico. “Nós andamos pela área e vimos que não existe nenhum corpo hídrico num raio de 300 metros do local, mas de qualquer forma, caso haja, existe todo um processo de tratamento”, defendeu. Essa intervenção do representante da Engep é duramente questionada por entidades ambientais e associações de moradores (leia na página 7 desta edição). A audiência foi presidida pelo presidente da Casa, vereador Dr. Alfredo Ondas (PMDB), e contou com a participação de mais oito vereadores de diferentes partidos, além de quatro representantes da Prefeitura e da supervisora da Cesteb de Americana, Carolina Alves Beraldi.
Questões que ficaram sem respostas Algumas questões fundamentais sobre a legalidade do projeto de implantação do aterro ficaram sem respostas durante a audiência pública. 1- Onde está a matrícula destacada dos 277.56,59 m² (área prevista para a implantação do aterro e que consta na licença de instalação emitida
pela Cetesb)? Ela não aparece em nenhum documento emitido pelos órgãos oficiais e não foi tornada púbica durante a audiência. 2- De acordo com o Plano Diretor de Americana, aprovado em dezembro de 2016, a área do aterro privado é Z-II_ZRH (Zona de Preservação e Moradia Horizontal), tratando-
-se portanto de Gleba, do ponto de vista jurídico. A Gleba só pode sofrer qualquer tipo de intervenção, após a apresentação das “diretrizes da área”. Nem os representantes da Prefeitura e nem os representantes da Engep apresentaram a documentação em questão. 3- Os 456,67m² de construção,
descritos na Licença de Instalação emitida pela Cetesb, também exigem aprovação antecipada da Prefeitura, antes do início das obras. Essa documentação também não foi apresentada. Assim como não foi apresentada também a licença ambiental exigida para fazer a intervenção na área.
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Na Justiça
Associação denuncia impactos Entidade que realiza diversos projetos ambientais em Americana também denuncia irregularidades
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Associação Socioambiental Ecologicamente, que atua em Americana desde 2015, protocolou no início deste mês de maio junto ao MPE (Ministério Público Estadual) um longo documento, com análises detalhadas que apontam para uma série de impactos negativos que serão provocados na região do Pós-Represa caso seja instalado ali o aterro sanitário. O documento mostra a existência de diversas nascentes, cursos d´água e áreas de preservação ambiental nas proximidades do terreno onde máquinas e caminhões já trabalham na construção do aterro. A associação aponta ainda a existência de irregularidades no projeto, uma vez que nem a Engep Engenharia e nem a prefeitura apresentaram estudos e documentos que são exigidos por lei para a implantação de empreendimentos complexos e de grande impacto como o aterro. Assim, a associação pede a ação do Ministério Público para garantir a “suspensão imediata” das obras e uma investigação detalhada do projeto e de seus impactos. E pede ainda a suspensão da proposta de emenda à LOM (Lei Orgânica do Município) que derruba o artigo 170 do inciso VI (leia texto na página 6 desta edição). O documento é assinado pela presidente da Associação Ecologicamente, a
bióloga Monique Medon Almeida Prado, e foi dirigido ao promotor de Justiça substituto da comarca de Americana, Daniel Tadeu dos Santos Mano. QUESTIONAMENTOS No documento encaminhado ao promotor Santos Mano, a associação informa que, em 20 de abril, encaminhou “requerimento administrativo” endereçado ao prefeito municipal Omar Najar (PMDB) com uma série de questionamentos sobre o aterro. Esses questionamentos foram apresentados na audiência pública, mas ficaram sem respostas (leia texto na página 6 desta edição). Assim, o documento questiona: “A atitude par a passo da entrega do Projeto de Lei (proposta de emenda à LOM) supracitado, com as obras iniciais de construção do citado aterro, na visão deste poder executivo municipal não pode se configurar em grave conduta de favorecimento preparatório aos interesses de entes particulares e ato tipificado como improbidade administrativa”? De acordo com dados apresentados no documento, existem áreas públicas praticamente encostadas ao terreno onde a Engep já iniciou a construção do aterro. Portanto, a associação pergunta se “o Poder Público
Juliana Martins, diretora da associação, durante audiência pública
A Associação Ecologicamente anexou um grande número de fotos ilustrativas ao documento protocolado no Ministério Público, diversas delas comprovam também a existência de inúmeras nascentes na área
municipal tem interesse (ou intenção) de alienar a citada área pública em favor da também citada empresa ou de outros particulares”. No relato que faz ao promotor, a associação lembra a realização da audiência pública e aponta: “No evento citado foram debatidas várias questões,
mas gostaríamos de destacar que os Senhores Secretários Municipais informaram que havia um projeto para implantação de um aterro, mas que o mesmo encontrava-se ‘tramitando’ na Prefeitura Municipal. Portanto, a empresa estava executando obras no local sem aprovação do projeto”.
Fórum pede plebiscito sobre empreendimento O Fórum de Desenvolvimento e Cidadania, que reúne 62 entidades representativas dos mais diversos segmentos sociais e econômicos de Americana, protocolou na Câmara Municipal um ofício pedindo a realização de um plebiscito – inédito na história da cidade – para que os eleitores decidam sobre a implantação ou não do aterro sanitário no Pós-Represa. No ofício, que foi lido em recente sessão da Câmara pelo presidente da Casa, Alfredo Ondas (PMDB), o Fórum afirma: “Considerando a pretensão do Poder Executivo local em instalar, na região do pós-represa de Americana, o denominado aterro
regional; considerando que a legislação municipal proíbe expressamente o recebimento de resíduos industriais e domésticos de outros municípios; considerando que esse modelo de destinação do lixo doméstico e industrial revela-se ultrapassado, havendo inúmeras outras alternativas mais aceitáveis do ponto de vista ecológico; considerando os impactos sócio ambientais que esse tipo de empreendimento pode causar a médio e longo prazo; considerando o diminuto território do Município de Americana; (...) Os representantes das entidades componentes do Fórum (...) vem requerer dessa Casa Le-
gislativa as necessárias providências para que a questão do aterro sanitário seja submetida a sufrágio universal mediante plebiscito”. A proposta já recebeu o apoio e diversos vereadores, entre eles o líder do governo na Casa, vereador Rafael Macris (PSDB), e deverá ser debatida entre eles em reunião a ser convocada pelo presidente Ondas. A proposta do plebiscito já havia sido apresentada pela vereadora Maria Giovana Fortunato (PCdoB), mas ganhou força com o requerimento do Fórum. “O plebiscito entrega à população a decisão de ter ou não um aterro no Pós-Represa, e o Executivo deve aca-
tar a decisão que for tomada”, declarou Ondas. O documento é assinado por dez entidades representativas do Fórum, entre elas a ACIA (Associação Comercial e Industrial de Americana), AEAA (Associação dos Engenheiros, Agrônomos e Arquitetos de Americana), CIESP (Centro das Indústrias do Estado de SP - Diretoria Regional de Americana), FIDAM (Feira Industrial de Americana), IAB (Instituto dos Arquitetos do Brasil), OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) e SINDITEC (Sindicato das Indústrias de Tecelagem de Americana, Nova Odessa, Santa Bárbara d’Oeste e Sumaré).
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Aterro vai aumentar riscos na Ivo Macris Má conservação da estrada da foi alvo de protestos e confrontos e moradores temem agravamento da situação
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instalação do aterro sanitário no Pós-Represa, nas dimensões propostas na documentação da Engep-Engenharia e Pavimentação Ltda., certamente aponta para outro grave problema que se arrasta há anos, sem solução, na região. Trata-se do estado de abandono crônico da Estrada Municipal Ivo Macris, que liga os municípios de Americana, Paulínia e Cosmópolis e é a única grande via asfaltada de acesso ao Pós-Represa, partindo de Americana, e interliga os bairros da região. Funcionando na capacidade máxima autorizada na Licença de Instalação emitida pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), o aterro poderia receber até 500 toneladas diárias de lixo, o equivalente a mais de 70 caminhões por dia, durante 20 anos. “Se hoje a estrada já está assim, sem conservação nenhuma, qual a garantia que teremos de que a coisa não vai piorar ainda mais com a ins-
talação desse aterro?”, questiona o líder comunitário Jânio Carneiro de Oliveira, presidente da Iacia (Instituto Assistencial e Cultural Imperatriz Americanense), associação que atua em vários bairros do Pós-Represa, tem mais de 2.500 associados e se opõe ao aterro sanitário na área. No início deste ano, em fevereiro, moradores de bairros da região bloquearam a Ivo Macris, ateando fogo em pneus e pedaços de madeira, para protestar por melhorias. A manifestação foi duramente reprimida por policiais militares e guardas municipais, e acabou com moradores feridos e alguns detidos. A estrada, assim como hoje, já se encontrava totalmente esburacada e com trechos onde o trânsito é praticamente inviável. Em diversos trechos, os motoristas são obrigados a trafegar na contramão para fugir dos buracos. RISCO AUMENTA De acordo com moradores e lideran-
Em diversos trechos a estrada está praticamente intransitável e provoca uma sucessão de pequenos acidentes
ças comunitárias da região, o crescimento do tráfego de veículos pesados na Ivo Macris já tem aumentado os riscos na estrada, inclusive com o aumento do número de buracos. Os pequenos acidentes são frequentes, hoje, com veículos tendo os pneus arrebentados por causa dos buracos na pista. E, como a via não tem acostamento, carros quebrados também se transformam em transtorno para todo o tráfego, pois têm que ficar no meio da rodovia a espera de socorro. “Se o trânsito aumentar ainda mais, sem as devidas melhorias, pode ter certeza que a estrada se
transformará em um grande perigo para todos os moradores daqui que dependem dela como via de acesso”, avalia o presidente da Iacia. A conservação da Ivo Macris está sob a responsabilidade das cidades de Americana, Paulínia e Cosmópolis, mas há tempos os municípios já protocolaram pedido junto ao Governo do Estado para que ela se torne uma rodovia estadual. Em janeiro, o DER (Departamento de Estrada de Rodagem) informou que a solicitação está em estudos, mas não pode antecipar quando isso será possível, ou mesmo se ocorrerá.