Recantos da Terra - novembro 2018

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Usina da Represa de Salto Grande consta em relatório de risco O estudo é realizado anualmente após o acidente com a barragem de Mariana (MG), em 2015

Comendador Müller será reformada vr.pdf

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03/08/18

Tragédia de Mariana continua sem condenados

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EMPRESAS AMIGAS DO MEIO AMBIENTE

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PICADA

Uso de soro antiescorpiônico não chegou a 4% Entre 2010 e 2018 (até o mês de outubro) 2.619 pessoas foram vítimas de acidente com escorpião no município

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om a morte recente da menina, Maria Eduarda de Araújo Pigato, causada pela picada de escorpião, em Santa Bárbara d’Oeste, muitas pessoas passaram a questionar a necessidade de manutenção do soro em outras unidades de saúde em municípios da região, além do Hospital Municipal “Dr. Waldemar Tebaldi”, em Americana. As manifestações, principalmente nas redes sociais, têm sido intensas, com a argumentação de que para não morrer em consequência da picada, a vítima do acidente deve ser encaminhada ao HM, uma vez que lá existe o antídoto. Mas apesar das reivindicações, os números mostram que a utilização do soro representa um ínfimo percentual no rol de procedimentos, quando comparada com o número de atendimentos realizados aos pacientes no próprio Hospital Municipal. De acordo com dados da Vigilância Epidemiológica de Americana, entre 2010 e 2018 (até o mês de outubro) 2.619 pessoas foram vítimas de acidente com escorpião no município. Desse total, duas crianças morreram, sendo uma em 2013, cujo acidente ocorreu no bairro Praia Azul e a outra em 2017, vitimada no bairro Jardim Boer. Apesar dessas duas mortes, o uso do soro antiescorpiônico não foi o fator deter-

minante para salvaguardar a saúde da maioria das vítimas, já que os médicos precisaram intervir com a soroterapia em apenas 96 pacientes, o que representou 3,7% do total de atendidos. No caso das duas mortes ocorridas em Americana, ambas as vítimas chegaram a receber o soro, mas devido às complicações ocasionadas pela toxina do animal, não foi possível reverter o quadro. Já no caso mais recente, da menina de Santa Bárbara d’Oeste, ela não chegou a tomar o soro, embora ele tenha ficado à disposição para os profissionais que atenderam a menor no pronto-socorro Edison Mano. O Hospital Municipal é um ponto regional de abastecimento de soro antiescorpiônico, para atender casos graves de acidentes causados em moradores de Americana, Santa Bárbara d’Oeste e Nova Odessa. Lá é mantido sempre um estoque mínimo do soro, cujo controle é feito semanalmente a fim de garantir a reposição em caso de uso por algum paciente. Embora a unidade hospitalar seja uma referência no fornecimento do soro pelos órgãos estaduais, durante os atendimentos de rotina os médicos têm conseguido resolver o problema, conforme a conduta necessária a cada caso e seguindo os protocolos existentes para acidentes com animais peçonhentos, sendo que na maioria dos casos tem havido apenas a necessidade de tratamento local, à base de anestésico e analgésico. Os números demonstram essa realidade, já que em praticamente uma década foram utilizadas apenas 277 ampolas do soro pelo HM.

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CONSUMO SAUDÁVEL

Produtores buscam organizar feiras orgânicas em condomínios Produtores de hortaliças orgânicas do bairro São Vito, em Americana, buscam consolidar o hábito de consumo saudável com feiras em condomínios do município. A medida visa ampliar o público dos produtos produzidos como solo enriquecido por meio de compostagem, sem uma única gota de agrotóxico. O projeto também tem o objetivo de incentivar os clientes a auxiliar no fornecimento de matéria orgânica para a compostagem. “Priorizamos a interatividade com os nossos clientes e agora precisamos expandir e divulgar essa cultura saudável. Uma saída na qual pensamos é organizar feiras nos condomínios de Americana”, afirma um dos proprietários da horta, Gabriel Calamari Xavier Cruz. Segundo ele, a ideia é procurar alguns condomínios para dar início ao projeto. COMPOSTAGEM O sócio de Cruz, Jair Ferreira Alves, explica que a compostagem é uma técnica que cultua o solo. “A fauna microbiana é amplamente expandida e é isso que traz qualidade aos alimentos produzidos na horta”, explica.

EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo José San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.san@jornalrecantosdaterra.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996

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SEGURANÇA

Usina de Americana é inclusa em relatório de risco da ANA 11 bairros ficam na área de risco e os moradores foram pegos de surpresa Com informações da EPTV e G1

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Agência Nacional de Águas incluiu a Usina Americana, na Represa de Salto Grande, no relatório sobre segurança de barragens e risco para moradores do entorno. A análise aponta que o local tem classificação de risco A, o que significa que existem pessoas próximas ao local que poderiam ser atingidas em caso de rompimento. O estudo é realizado anualmente após o acidente com a barragem de Mariana (MG), em 2015, cujo caso ainda continua sem punição aos culpados (ler reportagem na página 8). O relatório destaca que a barragem está em ótimo estado e não provoca nenhum risco. Em Americana, 11 bairros ficam na área de risco e os moradores foram pegos de surpresa. “É muito assustador, a gente nem imagina que pode acontecer um rompimento e a gente pode ser atingido”, disse o motorista Antônio Gerson Vichesi. “É uma área chamada de mancha

de inundação para fins de classificação. Em caso de uma potencial ruptura, quem seria atingido? Quantas casas? Quantas pessoas? Existe rodovia? É um exercício de simulação”, disse a coordenadora de regulação de serviços públicos da Agência Nacional de Águas. A barragem de Americana é uma das 45 consideradas preocupantes em um universo de 24 mil. Já das 900 hidroelétricas que a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), a Usina Americana está entre as duas que ganharam a classificação tipo A. “No caso de Americana há uma verificação continua da segurança desse empreendimento. Então a população que vive no entorno pode se sentir absolutamente segura, não há nenhum risco de acidentes”, disse o supervisor de fiscalização de geração da Aneel, Hélvio Guerra. A CPFL Renováveis, que administra a usina, informou que atende todos os requisitos de segurança e no ano passado entregou um plano de emergência à Defesa Civil.

Barragem é uma das 45 consideradas preocupantes em um universo de 24 mil

EDUCAÇÃO

Mais de 100 alunos participam de ação educativa ambiental A Secretaria de Meio Ambiente, por meio da Unidade de Educação Ambiental, esteve na manhã desta terça-feira (13), na Escola Estadual Leny Pagotto Boer, no bairro Jardim Boer, apresentando para 174 alunos o projeto “Eu sou responsável pelo local onde vivo e convivo”. Foram trabalhados temas ambientais de relevância, como destinação correta de resíduos, queimadas, descartes irregulares e seus

malefícios, biodiversidades, problemas ambientais e preservação do planeta. “Falamos também sobre o descarte irregular de resíduos da construção civil e apresentamos os ecopontos existentes, que muitos desconheciam. Para incentivá-los, convidamos os alunos para se tornarem voluntários ambientais, auxiliarem nos trabalhos de educação ambiental e na fiscalização da secretaria”, disse a coordenado-

ra da Unidade, Kátia Birke. A cidade conta com ecopontos nas regiões do Parque Universitário (Avenida Gioconda Cibin), Jardim dos Lírios (Rua Siriemas, próximo à Garagem Municipal), Jardim Bertoni (Avenida Roma, esquina com rua Madri), Jardim da Paz (Rua Estevão Carlos Vicentini, 175, no Residencial Dona Rosa), Antonio Zanaga (Rua Rayon Viscose, 209) e Praia Azul (Rua dos

Pinhais, 61, esquina com a Rua Pantanal). Funcionam de segunda a sexta, das 7 às 18 horas. Sábado, das 8 às 17 horas, e domingo, das 8 às 12 horas. Para agendar uma visita da Unidade de Educação Ambiental em escolas e empresas, basta entrar em contato com o telefone da Secretaria de Meio Ambiente (19) 3471-7770 ou pelo email: publicidade.sma@americana.sp.gov.br


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PRAÇA CENTRAL

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Comendador Müller será reformada por meio de parceria Um dos projetos será a impermeabilização da fonte que voltará a funcionar

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ando sequência ao trabalho de revitalização da Praça Comendador Müller, a Secretaria de Meio Ambiente e a Sicredi (Sistema de Crédito Cooperativo), firmaram parceria e mais uma área da Praça terá nova jardinagem, calçamento, manutenção em lixeiras, bancos e aparelhos de ginástica. “Entre os vários serviços que serão feitos, um deles será a impermeabilização da fonte, que voltará a funcionar dentro de pouco tempo. Estamos tendo também bastante êxito nas parcerias e, por intermédio do programa de adoção de espaços, vários trechos da Comendador Müller serão reformados pela iniciativa privada. Pretendemos concluir as obras em 60 dias e voltar a oferecer um espaço bonito, tranqüilo e fami-

liar para as pessoas”, disse o secretário de Meio Ambiente, Odair Dias. “Nosso propósito é ajudar no crescimento e melhoria da cidade e estamos disponíveis para começar a manutenção na Praça Comendador Müller o quanto antes. Estivemos no local com o secretário e ficamos todos otimistas com a parceria. O local atrai muitas pessoas e é um dos principais pontos turísticos de Americana”, afirmou Robson Alessandro Dias de Souza, gerente geral da Sicred. ADOTE UMA PRAÇA Com o objetivo de revitalizar espaços públicos, a Secretaria de Meio Ambiente possui o projeto “Adote uma Praça”, em que empresas, grupos, ONGs, etc, podem “adotar” esses espaços e fazer as manutenções necessárias com a aprovação da pasta municipal. Atualmente 50 praças fazem parte deste projeto. Mais informações podem ser obtidas pelo telefone da secretaria (19) 3471-7770.

RIO PIRACICABA

Obra da nova captação de água atinge 32% de execução

Obras serão entregues em junho de 2019

As obras de construção da nova captação de água no Rio Piracicaba, entre as Avenidas João Nicolau Abdala e Lírio Corrêa (estrada velha de Limeira), região do bairro Carioba, já atingiram 32% de execução. Quando a unidade for entregue, em junho de 2019, Americana terá um completo sistema de captação de água, segundo o Departamento de Água e Esgoto (DAE). Iniciada em outubro de 2017, com a fase de limpeza e determinação topográfica, já foram executadas detonações para a

decomposição de rochas, escavação e construção do canal de captação, concretada a laje de fundo e a primeira etapa das paredes da estrutura. O investimento é de R$ 12 milhões, por meio do Programa de Aceleramento do Crescimento (PAC) e contrapartida do DAE no valor de R$ 2,3 milhões. Americana possuía duas unidades de tomada de água rio Piracicaba, sendo que uma foi construída no final da década de 1950 e está desativada. A única em operação data do início da década de 1970 .

Secretário Odair Dias estima que obra seja concluída em 60 dias


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MEIO AMBIENTE

Brasil é o maior produtor de resíduos eletrônicos da América Latina Levantamento aponta que em todo o mundo a quantidade de sujeira é criada por celulares

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enhum brasileiro imaginou ou quis estar na posição de ser um produtor de resíduo eletrônico na América Latina. Mas segundo dados obtidos através do estudo Global E-Waste, realizado pela Organização das Nações Unidas (ONU), o Brasil é o maior produtor de resíduo eletrônico e está em 7° lugar no mundo inteiro. O levantamento aponta, que em todo o mundo a quantidade de sujeira é criada a partir de celulares, computadores, tablets e outros itens da tecnologia. Atualmente, o Brasil produz 1,5 toneladas de lixo eletrônico, e somente 3% desse resíduo é descartado de forma correta. Esses dados preocupam, já que a composição química do descarte é tóxica ao meio ambiente, e sua decomposição pode ser prejudicial ao planeta e a saúde humana e animal. Quer ter uma ideia do perigo? Os

cartuchos e toners de impressoras, por exemplo, quando descartados incorretamente liberam gás metano, que não só potencializa o efeito estufa, mas causa grandes problemas respiratórios, e é inflamável, podendo causar explosões. Além disso, a tinta que sobra nos cartuchos contamina o solo e o lençol freático, deixando o terreno estéril e a água imprópria para o consumo. Diversas empresas têm adotado os programas apropriados de descarte de lixo eletrônico, oferecendo pontos de coletas para quem deseja descartar. Os próprios fabricantes dos produtos costumam oferecer atendimento para isso, então vale a pena dar uma olhada no site dos mesmos e buscar por essa opção de descarte. Existem também serviços pagos que retiram os resíduos direto nas casas das pessoas ou nas empresas. Outra alternativa, é doar para entida-

País ocupa ainda o sétimo lugar no ranking mundial

des beneficientes os computadores velhos e celulares, pois eles podem ser reaproveitados. Empresas como a HP e a Lexmark desenvolvem projetos no qual 20% da matéria-prima vem da reutilização de toners e cartuchos usados, enquanto a Xerox tem investido em uma nova tecnologia de impressão, que de cer-

ta forma não deixa resíduos de tintas nos cartuchos. Além disso, vale ficar sempre de olho nos modelos que possuem o selo de sustentabilidade Energy Star. A responsabilidade de garantir que esses aparelhos eletrônicos sejam descartados de modo correto é nossa, e a natureza agradece!


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ALTERNATIVAS

CEPAL discute investimentos produtivos sustentáveis no Brasil Especialistas reuniram-se este mês em Brasília para discutir o “Big Push Ambiental”

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specialistas brasileiros e latino-americanos reuniram-se na semana passada (6) em Brasília (DF) para discutir o “Big Push Ambiental”, ideia desenvolvida pela Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (CEPAL) que foca nas oportunidades e coordenação de investimentos produtivos sustentáveis, em especial os de baixo carbono, para dar impulso a um novo ciclo de crescimento com maior igualdade no país. O seminário “Big Push Ambiental no Brasil: opções para a transformação social e ecológica da economia brasileira” reuniu mais de 60 formuladores governamentais de políticas públicas, pesquisadores e representantes da sociedade civil e do setor privado do Brasil e da América Latina. O evento foi realizado por meio de uma parceria entre CEPAL, Centro de Gestão e Estudos Estratégicos

(CGEE) e Fundação Friedrich Ebert Stiftung (FES). Segundo Carlos Mussi, diretor do escritório da CEPAL no Brasil, “nós estamos vivendo mudanças demográficas, tecnológicas e climáticas transformadoras, que trazem de volta a discussão sobre qual estilo de desenvolvimento queremos para o futuro”. “O ‘Big Push Ambiental’ coloca a oportunidade de pensar em políticas públicas, em planejamento e coordenação de médio e longo prazo e em novas formas de engajamento e interação entre os setores público e privado, para dar maior produtividade ao uso dos nossos recursos escassos – não apenas a infraestrutura física, os ambientais e os humanos, mas também os fiscais”. O seminário teve como objetivo apresentar o Big Push Ambiental e gerar uma discussão sobre sua apli-

cação para o caso do Brasil a partir das oportunidades e desafios que os investimentos ambientalmente sustentáveis podem apresentar para impulsionar um novo ciclo estável de crescimento econômico para o Brasil. O Big Push Ambiental é uma ideia desenvolvida pela CEPAL como uma possível resposta dos países latino-americanos e caribenhos aos desafios e mudanças transformadoras em curso globalmente. Surge no contexto de um novo consenso mundial por um estilo de desenvolvimento consolidado nos compromissos feitos pela comunidade internacional na Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, no Acordo de Paris para Mudanças Climáticas e na Agenda de Ação de Adis Abeba para o Financiamento do Desenvolvimento. O Big Push Ambiental busca iden-

tificar os caminhos para que investimentos coordenados transformem a estrutura produtiva, a infraestrutura e a demanda rumo a baixas emissões de gases do efeito estufa e que sejam também catalisadores de um ciclo sustentável de crescimento econômico no país, contribuindo para estimular a economia, gerar empregos e reduzir diferentes desigualdades para uma sociedade mais inclusiva. O seminário ocorreu no âmbito das celebrações dos 70 anos da CEPAL, que foi fundada em 25 de fevereiro de 1948. Foram lembradas as contribuições de grandes economistas cepalinos sobre desenvolvimento na América Latina e no Caribe, incluindo o argentino Raúl Presbisch, os chilenos Aníbal Pinto, Fernando Fajnzylber e Osvaldo Sunkel e os brasileiros Celso Furtado, Maria da Conceição Tavares e Fernando Henrique Cardoso.


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TRAGÉDIA

Crime: três anos de lama no Rio Doce Atingidos denunciam negligência da Samarco e revivem diariamente os impactos do desastre

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a tarde de 5 de novembro de 2015, a barragem de Fundão da mineradora Samarco rompeu e despejou 50 milhões de metros cúbicos de rejeitos de minério de ferro ao longo de 43 municípios de Minas Gerais e Espírito Santo, até desembocar no mar. O crime deixou 19 mortos e afetou de diferentes formas pessoas que viram suas vidas se transformarem com a passagem da lama tóxica. O maior desastre socioambiental do Brasil completa três anos sem que houvesse nenhuma condenação dos responsáveis na Justiça. Nos anos que precederam o rompimento, a Samarco aumentou significativamente sua produção, elevando consequentemente o volume de rejeitos. Relatórios da própria empresa mostram que em 2011 eram produzidos cerca de 15,6 milhões de toneladas de rejeitos por ano. O número subiu para 21,8 milhões em 2015.

Diversos estudos realizados após o crime evidenciam negligência por parte da empresa. Um laudo realizado pela Polícia Federal, apresentado em 2016, apontou falhas graves de manutenção da barragem e a omissão da Samarco em reparar os problemas detectados ainda em 2014. Ainda de acordo com o estudo, 28% da lama despejada em Fundão em 2014 vinha da Vale e não havia licença ambiental para a operação. Outro relatório realizado pelo Ministério Público Federal afirma que a Samarco promoveu “alterações significativas na barragem de Fundão, de forma ilegal, sem qualquer licença ou controle” e que “a empresa induziu os órgãos ambientais a erro, apresentando estudos, laudos e relatórios falsos, por omissões gravíssimas, nos procedimentos de licenciamento e fiscalização”. De acordo com dados do Departamento Nacional de Produção Mineral, a jazida da Samarco, de onde vieram os rejeitos de Fundão, representa 12,5% da reserva brasi-

RECANTOS DA TERRA QUALIDADE, SERIEDADE E

COMPROMETIMENTO!

Crime ambiental ainda não tem nenhuma condenação

leira de minério de ferro. Segundo relatórios da própria mineradora, a jazida tem potencial de exploração de 2,9 bilhões de toneladas. Até a data do rompimento da barragem, a empresa mantinha uma exploração anual de 25 milhões de toneladas. De acordo com levantamento realizado pelo Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a jazida ainda tem potencial exploratório para mais 115 anos.

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“Tudo aponta que a Samarco optou por ignorar a segurança da população e produzir mais para não afetar seu lucro. Não foi um desastre, mas um crime que vinha dando sinais que iria acontecer”, afirma Pablo Dias, da coordenação estadual do MAB. “Apesar de não ter reparado os atingidos, a mineradora já afirmou que pretende retomar a exploração. O que deixa claro que a prioridade é o lucro e não as pessoas”, completa.

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TO N E TIM

COMPROMETIMENTOV E R D VERDE

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Por Amélia Gomes e Júlia Rohden, Brasil de Fato

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