RECANTOS DA TERRA
co
lo g
ia •
tur ism
o
Americana Janeiro / 2016
•e
Barco Escola volta a içar âncoras, após interdição Embarcação “Helena” foi liberada pela Marinha e associação volta a atuar com educação ambiental no início do ano letivo
Movimento defende interdição da Salto Grande Conheça a bicicleta elétrica e limpa
www.jornalrecantosdaterra.com.br
Flávio Oliveira
meio
te en i b am
RECANTOS DA TERRA
02
Janeiro de 2016 | Americana-SP
ARTIGO
O lixo nosso de cada dia
Moacir Romero*
É
muito desagradável ver imagens como as mostradas pelos meios de comunicação a respeito do lixo deixado nas praias e outros lugares de comemorações nos últimos tempos, em especial nas festas de fim de ano. Festejar é sempre bom, mas conviver com o lixo não é salutar a ninguém. A quantidade de lixo produzida pela população demostra que o consumo tem aumentado e as medidas de educação e de investimento para dar uma destinação ecologicamente adequada não tem recebido a atenção devida. Americana tem sofrido nos últimos tempos com a questão relacionada ao lixo e seus transtornos, motivo de matérias jornalísticas que não nos dão orgulho algum. Primeiro foi no final de 2014, quando por não receberem o legítimo pagamento dos salários os servidores entraram em greve e, nas últimas semanas, o problema se agravou porque o aterro que tem contrato para receber o lixo de nossa cidade não deu conta da demanda, ou pelo menos foi o que alegaram. Enquanto os caminhões faziam fila
para descarregar os resíduos, a população teve que conviver com os problemas causados pelo acúmulo do material pelas ruas da cidade, problema que até hoje não está completamente solucionado. A empresa que aluga os caminhões para a coleta recebe independente da quantidade de viagens que forem feitas e a empresa dona do aterro sabe que depositaremos lá, pois não temos alternativas atualmente, ao contrário de outras cidades que possuem aterro próprio. As empresas cuidam dos seus interesses e lucros, mas ao poder público cabe pensar na coletividade, no bem comum de todos nós, por isso penso que devemos aprofundar o debate e os estudos para que voltemos a ter nossa frota de veículos coletores, bem como um aterro, como já tivemos no passado, o que permitirá um custo menor e sairemos da dependência existente em relação às empresas que não estão preocupadas com o lixo que fica amontoado em frente às nossas casas causando doenças e acumulando problemas. *Moacir Romero é líder do PT na Câmara Municipal de Americana.
EXPEDIENTE Edição e Texto: Paulo San Martin e Anderson Barbosa | Diagramação: Skanner Projetos Gráficos | Redação: paulo.san@jornalrecantosdaterra.com.br - anderson@jornalrecantosdaterra.com.br Gestor de Anúncios: Geraldo Martins - (19) 9.8178.8144 / 9.8268.9110 - ge@jornalrecantosdaterra.com.br | Rua Indaiá, 411, Jd. Ipiranga Americana-SP - Fone: (19) 3601.8996
recantosdaterra
Recantos da Terra
@jornal_rdt
(19) 9.8177.7613
Janeiro de 2016 | Americana-SP
RECANTOS DA TERRA
Flávio Oliveira
Educação
Barco Escola supera interdição e retoma atividades Novas adaptações foram realizadas na embarcação Helena e Marinha já emitiu autorização Anderson Barbosa
A
embarcação “Helena” da Associação Barco Escola da Natureza está liberada pela Marinha. Sua interdição foi oficializada no ano passado. Como explicaram os dirigentes da associação, as recomendações para que o barco se adaptasse às novas normas de navegação haviam sido encaminhadas em 2011, mas a associação não havia conseguido realizá-las. Por isso, ocorreu a interdição. Agora, com a liberação pela Marinha, as atividades do Barco Escola serão retomadas na volta do ano letivo e a expectativa é a de atender 20 mil estudantes em 2016. De acordo com o presidente da entidade, João Carlos Pinto, falta somente contratar pessoal para trabalhar na parte operacional da embarcação e também aqueles que atuarão como educadores. “Já conseguimos a regularização junto à Marinha e restam apenas alguns detalhes para voltarmos com as atividades regulares. Foi difícil realizar as adaptação requisitadas, mas deu tudo certo”, afirmou Pinto. Ele explicou que a direção anterior havia sido avisada sobre a necessidade de reformas, mas não conseguira executá-las em tempo hábil. “O Barco Escola estava abandonado e aos poucos conseguimos retomar parcerias e colocar ele novamente para funcionar”, explica o presidente. A interdição aconteceu em função da falta de certificados da embarcação, a qual ficou irregular em 2011, quando houve mudanças na lei. O pedido de interdição partiu também do MP (Ministério Público), já que a embarcação transporta crianças com finalidade educacional. “A embarcação é totalmente segura para navegação. Cumprimos com rigor todas as normas de segurança. Os pais podem ficar tranquilos”, explica Pinto.
03
O Barco Escola A Associação Barco Escola da Natureza nasceu em 2000, com o objetivo de promover educação ambiental e colaborar na conservação do meio ambiente, em especial da Represa de Salto Grande. Seu trabalho é atuar como “fiscal ambiental”, investigando e denunciando práticas ilegais, além de auxiliar em diversos trabalhos de limpeza e despoluição da represa e seu entorno. A estimativa é que o Barco Escola tenha atendido a aproximadamente 120 mil alunos nos 16 anos de funcionamento. O presidente da associação afirma que a entidade é preocupada com a conscientização da comunidade em relação à necessidade de conservar o meio em que se vive. O Barco Escola recebeu do Ministério da Justiça a denominação de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), em 2003. Com o título, os patrocinadores e financiadores podem usufruir de benefícios fiscais e a entidade pode firmar parcerias com o poder público. Objetivos Pinto explica que o objetivo da associação é conscientizar o público frequentador da orla do reservatório em relação ao uso de apetrechos indevidos para pesca, além de fornecer informações sobre os problemas ambientais sofridos pelo reservatório. Além disso, a entidade incentiva arborização e replantio de espécies nativas da mata ciliar, orienta sobre as consequências do desmatamento e queimadas e aponta os prejuízos que o lixo doméstico traz para o solo e água. O Barco Escola oferece também subsídios para a colaboração de trabalhos científicos escolares com a temática ambiental e conscientiza funcionários de empresas sobre a realidade do meio no qual estão inseridos, através do trabalho com práticas de preservação ambiental.
João Carlos Pinto, presidente do Barco Escola, conseguiu a liberação da embarcação Helena
RECANTOS DA TERRA
04
Janeiro de 2016 | Americana-SP
Pela Represa
Movimento ambiental ‘vip’ defen
Grupo ‘Vamos Salvar a Represa de Salto Grande’ co Anderson Barbosa
O
escritório no imponente prédio comercial Win Office Tower, localizado na Rua Peru, no Frezzarin, em Americana, foi o local escolhido pelo empresário Ricardo Paixão – líder do movimento “Vamos Salvar a Represa de Salto Grande” – para a entrevista ao Recantos da Terra. O grupo completa dois anos este mês e tem motivos para comemorar. Por meio de uma denúncia protocolada no MP (Ministério Público), com ampla divulgação na mídia, cuja consequência foi a instauração de um inquérito civil para apurar quem são os poluidores do reservatório, o movimento recolocou a Represa de Salto Grande no centro do debate público em Americana. Paixão não tem o perfil tradicional de um ambientalista. Empresário do ramo imobiliário, o pragmatismo é marca presente no jovem alheio ao apego a longos debates, característica comum em grande parte do movimento ambientalista de Americana. “É muito simples resolver o problema da represa. Já sabemos quem polui e quanto fica para limpar. Falta vontade política”, diz ele, enfaticamente. Integram o grupo, ao qual Paixão faz questão de não colocar no mesmo bojo das ONGs (Organizações Não Governamentais) e associações afins, empresários e profissionais liberais dos mais diversos ramos. “Muita gente me ajuda, mas não quer aparecer. Tem medo. Eu não tenho medo”, enfatiza. O grupo tem uma página no Facebook e conta com estrondosos 25.463 seguidores. “Ganhamos respeito. A Globo me liga quando quer saber novidades sobre a represa. Isso não é fácil de conseguir”, afirma Paixão.
Na opinião do empresário, existem ONGs que estão atuando na cidade por mero interesse, de “sacanagem”, como ele mesmo disse. Paixão diz que já foi ameaçado de morte por intervir em interesses de terceiros relacionados à represa. “Isso não me fez parar. Não vou ficar intimidado”, ressalta. A polêmica O movimento causa polêmica ao defender a interdição do reservatório. Munido de laudos, pagos com recursos próprios angariados por meio de doações dos integrantes, que comprovam a péssima qualidade da água da Salto Grande, o grupo tenta oficializar a medida junto ao Poder Público por acreditar que a represa é uma ameaça à saúde pública da população. “Não sei o motivo de a interdição causar tanta polêmica. Tem gente comendo peixes da represa. E isso não causa polêmica!”, questiona o empresário. Forte apelo Ele explica que a interdição seria uma medida com um forte apelo ao reservatório e, consequentemente, deve acelerar o processo de limpeza da Salto Grande. Paixão é um dos que defendem a despoluição da represa por meio do sistema de flotação. Ou seja, uma estação de tratamento seria construída no Rio Atibaia, antes da Salto Grande. A implantação do sistema custa R$ 170 milhões e a manutenção mensal chega aos R$ 2 milhões. A empresa DT Engenharia, de São Paulo, inclusive já apresentou o projeto em audiência na Promotoria do Meio Ambiente. “Os 13 municípios que estão acima do rio e são os principais poluidores devem arcar com esse custo. Além deles, algumas empresas, como é o caso da
Ricardo Paixão, líder do movimento, concede entrevista à Rede Globo, emissora na qual te
Petrobras, também devem arcar com o custo. É simples assim”, explica ele. Visto como político, uma vez que procurou alguns deles em São Paulo, Paixão afirma que não é filiado a nenhum partido e não será candidato, como muitos imaginam. “Não tenho a mínima pretensão. Meu foco é limpar a represa”, diz. No Facebook ele posa em fotos ao lado de alguns deles como Paulo Skaf, Eduardo Bolsonaro, Pedro Serafim, entre outros. Na rede social é possível visualizar fotos dele com Tamara Najar, sobrinha do prefeito Omar Najar (PMDB). Nelas, ambos vestem uma camiseta com a foto da represa e a seguinte inscrição. “Let’s save Salto Grande”(Vamos Salvar a Salto Grande). “Essa questão não pode ficar presa em ideologia política. A porta está aberta para quem quiser ajudar”, diz. Um projeto antigo O empresário, ex-secretário e ex-vereador de Americana, Cláudio Roberto Froner, encabeçou no passado um projeto para a limpeza da represa nos
mesmos moldes que Paixão busca por meio do grupo. Ele vê com bons olhos a iniciativa do movimento e ressalta a importância do envolvimento da sociedade na questão. “Sou totalmente favorável ao projeto de flotação. Busquei informações no Rio de Janeiro, cidade que limpou o Piscinão de Ramos por meio desse sistema, e trouxe isso para Americana. Infelizmente faltou vontade política para executá-lo”, afirma Froner. Para o empresário, a limpeza do reservatório valorizaria os imóveis instalados no entorno da represa. “Com a represa do jeito que está já são valorizados. Imagine com ela limpa”, questiona. O deputado estadual Chico Sardelli (PV) também vê como positiva a iniciativa de Paixão e ressalta que vem trabalhando junto aos 13 municípios responsáveis por despejos irregulares de esgoto no Rio Atibaia para que iniciem o tratamento. “Temos trabalhado para que as cidades tenham estações de tratamento, o que aceleraria o processo de limpeza da Salto Grande”, explica Sardelli.
Janeiro de 2016 | Americana-SP
RECANTOS DA TERRA
05
nde interdição da Salto Grande
ompleta dois anos este mês sem medo de polêmicas
em contatos com jornalistas
Ao lado de Tamara Najar e Pedro Serafim: “Let’s Save Salto Grande”
Quem vai pagar? Adriano Camargo, secretário de Meio Ambiente de Americana, disse que a Secretaria vem trabalhando para combater o despejo de esgoto na represa por parte das chácaras instaladas no entorno do reservatório. Segundo ele, várias delas já foram notificadas e agora a pasta busca um meio de solucionar o problema. Em relação ao sistema defendido pelo movimento, Camargo acredita ser uma boa solução, contudo, faz um alerta em relação ao pagador ou pagadores do sistema. “É muito bom o sistema, acredito nele, mas o problema é saber quem e como se pagará”, afirma. O presidente da Câmara Municipal, Pedro Peol (PV ), diz que o movimento é importante e a Casa sempre estará aberta para debater temas relacionados à represa. “É importante a Salto Grande voltar ao debate público principalmente em um momento em que os olhos do mundo estão voltados para as causas ambientais. Gosto do movimento, o qual chegou para ser mais um aliado na causa”, disse o vereador. Para vereador, Marcelo de Barros Feóla, o Teo Feóla (PCdoB), o grupo é importante, mas erra o foco em suas reivindicações.
“Em minha opinião, o movimento erra o foco. A responsável pela represa é a CPFL Paulista. Ela é quem deve ser cobrada. Vale ressaltar que, ao contrário de outras represas que tem como finalidade o lazer, a Salto Grande foi construída para gerar energia e a responsável é a empresa”, disparou o parlamentar. Na mesma linha, o líder do PT na Câmara, vereador Moacir Romero, argumenta que a CPFL Paulista nada faz para limpar a represa. “A CPFL Paulista é uma empresa com muitos recursos. Eles poderiam contribuir e muito para limpeza do reservatório. Mas até onde eu sei nada fez em relação ao problema”, ressalta ele. Interdição não O presidente da Associação Barco Escola da Natureza, João Carlos Pinto, é enfático ao afirmar que é contra a interdição proposta pelo movimento “Vamos Salvar a Represa de Salto Grande”. Para ele, a medida inibiria a presença de pessoas na Orla, o que deixaria o local abandonado. “Sou contra a interdição. Temos que continuar com o trabalho focado em educação ambiental. A represa não pode ficar abandonada”, dispara.
06
RECANTOS DA TERRA
Janeiro de 2016 | Americana-SP
Meio Ambiente
A bicicleta elétrica sustentável Bike é silenciosa, não emite nenhum tipo de gás poluente e baterias são recarregáveis na rede de energia elétrica
B
icicletas estão em alta e o mercado oferece uma grande variedade de produtos para quem é apaixonado por pedalar. O hábito, além de saudável, reforça o lema da sustentabilidade já que as bikes não emitem gases poluentes. Para quem as utiliza como meio de locomoção, uma opção limpa é a e.Bike Chronos. Diferente das bicicletas motorizadas convencionais, que utilizam gasolina, a Chronos é movida a baterias, que podem ser recarregadas na rede doméstica de energia elétrica. O produto é vendido no mercado a R$ 3 mil. Basta recarregar a bateria durante três horas que a bicicleta consegue uma autonomia de 20 quilômetros, caso utilize apenas o acelerador, e 30 quilômetros caso o ciclista use o pedal assistido. “Ao contrário do que muitos pensam a bicicleta elétrica não é um produto para sedentários. Caso a pessoa resolva pedalar, acontece uma economia de bateria. Neste caso, o motor faz 80% do trabalho e outros 20% fica por conta do ciclista. O pedal fica bastante leve, como os das bikes com marcha, por exemplo”, explica o diretor da empresa, Silvio Adelar da Silva Abreu. As baterias são acopladas no quadro da bicicleta – que pesa cerca de 30 quilos – e são muito econômicas. Segundo Abreu, caso sejam recarregadas uma vez ao dia, o consumidor deverá ter um acréscimo entre R$ 5 e R$ 6 na conta de energia. “Ela é muito econômica. Quem se locomove de automóvel, moto ou ônibus gasta muito mais”, ressalta o diretor.
SILENCIOSA E LIMPA A bicicleta é silenciosa e não emite nenhum tipo de gás poluente. “Trata-se de um produto totalmente limpo”, ressalta Abreu. Além disso, ele explica que a bike tem um ótimo desempenho nas subidas (ela pode alcançar até 35 quilômetros por hora, entretanto, o recomendado é atingir no máximo 25 quilômetros por hora) e é muito confortável. A bicicleta vem com todas as sinalizações noturnas de segurança e conta com um farol dianteiro e um velocímetro digital. O produto é oferecido em sete cores diferentes e em dois tamanhos: o modelo 24 e o 26. O primeiro atende pessoas com até 1,70 metro e o segundo é para pessoas maiores e mais pesadas. “Para que a bicicleta consiga seu total desempenho é recomendado que a pessoa tenha no máximo 100 quilos. Acima disso, ela acaba ficando mais lenta, mas não existe nenhuma restrição”, explica. A bike é 60% nacional e o restante dos itens é importado. Segundo o diretor, as peças são de fácil reposição e o índice de defeitos é baixo. EMPRESA A empresa iniciou as atividades em janeiro de 2012 com objetivo de disponilibizar no mercado nacional, soluções para mobilidade, alinhando praticidade, desempenho e sustentabilidade. Com produtos de baixa manutenção e design que atende tanto o público masculino quanto o feminino, a Chronos conta hoje com uma crescente rede de revendas espalhadas por todo território nacional.
Janeiro de 2016 | Americana-SP
RECANTOS DA TERRA
07
Novas Metas
Reforço na educação ambiental: alvo é o Município VerdeAzul Município ocupa a 11ª colocação no ranking e pretende subir de colocação
A
mericana terá como prioridade em 2016 reforçar e ampliar as atividades de educação ambiental nas escolas do município. Por meio das secretarias de Meio Ambiente, Educação e Saúde, a cidade reforçará cada vez mais nas crianças a importância de temas relacionados ao meio ambiente. A ideia é criar um selo municipal com o objetivo de incentivar práticas sustentáveis dentro das escolas. As atividades, segundo a Prefeitura de Americana, terão impacto direto na classificação do município no programa Município VerdeAzul, do Governo do Estado. Atualmente a cidade ocupa a 11ª colocação. A Secretaria de Educação, por exemplo, realiza atividades periódicas nas 54 unidades municipais de ensino, as quais são voltadas ao meio ambiente. Além disso, projetos específicos são organizados por cada unidade e, após a conclusão de cada um deles, um relatório é feito e anexado ao documento encaminhado ao programa Município VerdeAzul. “Toda a rede foi envolvida no processo já ano passado. Documentamos todos os trabalhos”, afirma a subsecretária de formação da pasta, Neuza Moro. Ela disse que diversos trabalhos são desenvolvidos na área de meio am-
biente, principalmente relacionados à reciclagem, produção de hortas e exposições temáticas. “São trabalhos importantes que trazem um resultado incrível a médio e longo prazo”, explica. Ela enfatiza que cada secretaria do Executivo desenvolve projetos relacionados ao tema e isso influi diretamente no bom desempenho do município no programa. Ações de incentivo O secretário de Meio Ambiente, Adriano Camargo, afirma que os alunos poderão ser incentivados através de gincanas, competições entre escolas e coleta de materiais recicláveis. “O que eu acho mais importante da educação ambiental é o incentivo à coleta seletiva porque reduz o lixo que vai para o aterro, aumenta a vida útil e a prefeitura economiza”, destaca. A ideia, segundo ele, é envolver toda a comunidade escolar. O programa garante aos municípios bem classificados acesso a verbas que financiam programas ambientais. Americana recebeu mais um caminhão para a coleta seletiva. A frota também será incrementada com mais dois caminhões recuperados de outros setores. Serão sete, ao todo, a serviço da coleta. Americana coleta 120 toneladas por
Adriano Camargo, secretário de Meio Ambiente, ministra palestra em escola
mês de material reciclável e deve ampliar para 180 toneladas com o incremento da frota. O material é destinado a cooperativas de reciclagem. Lançado em 2007 pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente, o Programa Município VerdeAzul tem o propósito de medir e apoiar a eficiência da gestão ambiental com a descentralização e valorização da agenda ambiental nos municípios. A participação do município no programa é um dos critérios de avaliação para a liberação de recursos do
Fundo Estadual de Controle da Poluição. As ações propostas pelo programa compõem as dez diretivas norteadoras da agenda ambiental local, que vão desde esgoto tratado, até gestão das águas, arborização urbana e educação ambiental. O primeiro ranking do programa foi publicado em 2008, com a certificação de 44 municípios, e o ranking publicado em dezembro de 2014 contou com a certificação de 130 municípios, o que revela a crescente adesão dos municípios paulistas ao programa.
RECANTOS DA TERRA
08
Janeiro de 2016 | Americana-SP
EFEITO GADO
Acordo entre frigoríficos e pecuaristas reduz desflorestação na Amazônia Por pressão da opinião pública e das políticas estatais brasileiras, indústria das carnes assina acordos para combater desmatamento Pete Spotts*
D
esde sempre consideradas uma ameaça à floresta amazônica, as grandes empresas do setor de processamento de carnes poderão desempenhar um papel importante na batalha contra a desflorestação. Para combater o aquecimento global e preservar a biodiversidade, é essencial proteger as florestas tropicais, que absorvem quantidades imensas de dióxido de carbono. Essa proteção pode ser conseguida obrigando-se os grandes frigoríficos a só comprar matérias-primas e produtos agrícolas de fornecedores que não contribuam para a deflorestação. Sendo ainda cedo para avaliar o resultado prático de medidas como essas, cientistas dos EUA e do Brasil concluíram que os acordos sobre deflorestação zero poderão reduzir rapidamente o ritmo de destruição das matas nativas, sobretudo na Amazônia. O estudo centrou-se nas fazendas da Amazônia brasileira, particularmente no Sudeste do Estado do Pará, que fornecem gado à maior empresa mundial de carnes, a JBS (leia-se Friboi). Com 19,2 milhões de cabeças de gado, o Pará é o primeiro produtor dos nove estados da Amazônia brasileira. Nessa região ficam 70% dos grandes matadouros públicos, sujeitos a inspeção federal. “Um dos resultados apontados pelo estudo foi a rapidez das alterações, a partir do momento em que os acordos começaram a ser aplicados”, explica Holly Gibbs, pesquisadora do Centro para o Desenvolvimento Sustentável e o Ambiente Mundial da Universidade de Wisconsin, em Madison (Wisconsin) e autora principal de um artigo recentemente publicado na revista Conservation Letters, que apresentou os resultados do estudo. “Foi espantosa a velocidade com que os frigoríficos conseguiram levar os criadores a alterar seu comportamento predatório”, explica a cientista. Sumidouro de gases com efeito de estufa, a floresta tropical úmida da Amazônia absorve todos os anos mais 300 milhões de toneladas de dióxido de carbono do que as que emite para a atmosfera - revela um estudo publicado o ano passado na revista Nature Communications. Esses 300 milhões de toneladas correspondem a 5% das emissões anuais de dióxido de carbono dos EUA. Além de absorver essa enorme quantidade de gás, a floresta amazônica alberga 30% de todas as espécies vegetais do planeta. Num hectare de floresta pode haver 600 espécies de árvores.
Menos floresta destruída
Todos os anos, o Brasil perde uma área de floresta tropical úmida superior à de qualquer outro país com um ecossistema semelhante. Durante os últimos 50 anos, a Amazônia poderá ter perdido 17% da sua cobertura florestal. Na última década, o país deu passos de gigante na redução do ritmo de destruição da floresta tropical: entre 2004 e 2014, abrandou 80%. Onde outrora se abatiam árvores para a agricultura de subsistência ou para programas de realojamento do Governo, as serras mecânicas são agora utilizadas pelas empresas madeireiras e pelas grandes explorações agrícolas exportadoras, sublinham os investigadores. Do total de terras desflorestadas para fins agrícolas, 60% são utilizadas como pastagens. Em 2006, o Governo brasileiro obrigou todos os proprietários rurais a registrarem as suas propriedades no CAR (Cadastro Ambiental Rural). lsso permite detectar as alterações do uso da terra e vigiar a desflorestação. Os proprietários que se inscreveram no registro beneficiavam de isenções fiscais e facilidades de acesso a crédito bancário e evitavam sanções. Três anos mais tarde, os processos instaurados pelo Estado Federal e a pressão da opinião pública levaram os matadouros e os retalhistas do Pará a concordar em utilizar o seu poder de compra para apoiar as políticas de conservação da floresta. Um após outro, os industriais do setor das carnes assinaram acordos em que se comprometiam a deixar de comprar carne de produtores que praticassem desflorestações ilegais. No mesmo ano, a organização de defesa do ambiente Greenpeace assinou acordos de “desflorestação zero” com quatro dos maiores frigoríficos do país, incluindo a JBS, que mais tarde viria a comprar uma das suas três concorrentes. Para avaliar o impacto dessas políticas e garantir que a JBS respeitava os seus compromissos, Holly Gibbs e os seus colegas verificaram o registo CAR. Em 2006, apenas 2% dos fornecedores diretos da JBS do Sudeste do Pará estavam registados no CAR. Em 2009, eram 60%, e, em 2013, atingiam os 96%. Segundo outro estudo, 85% dos 56 fornecedores da JBS implantados na região tinham registrado as suas terras para poderem trabalhar com a JBS. Em contrapartida, das 69 explorações que não forneciam carne à JBS apenas 35% se inscreveram no CAR, após os acordos de “desflorestação zero”. Usando outros indicadores, os cien-
tistas descobriram também que, em 2009, em 36% das explorações que forneciam gado aos matadouros da JBS da região eram visíveis sinais de desflorestação recente. Em 2013, este número caiu para 4%. Acordo foi decisivo
A equipe de Holly Gibbs estudou os dados de dois grupos de criadores: os que forneciam gado à JBS antes de esta ter assinado os acordos e os que passaram a ser fornecedores após a assinatura. Entre 2010 e 2012, os fornecedores da JBS pós-assinatura apresentavam taxas de abate de mata 50% inferiores às das explorações que anteriormente eram fornecedoras daquela empresa. “Põe-se a hipótese de a JBS ter deixado de trabalhar com eles por continuarem a abater árvores”, explica a cientista. Atualmente, a JBS não procura expandir o seu negócio, acrescenta Holly Gibbs. A empresa multiplicou o número de matadouros na Amazônia, passando de nove, em 2008, para 32, em 2015. Nos locais estudados “o número de transações também aumentou”. Desde 2009, o Governo alargou estes acordos de não deflorestação a quatro outros estados da região da Amazônia. Holly Gibbs e os seus colegas reconhecem que ainda há diversas questões por analisar. As fazendas de gado fornecedoras da JBS são a última etapa
pela onde passam os animais antes do abate: é a fase final da engorda. Na fase atual de aplicação dos acordos, é difícil determinar a origem dos animais antes de ali chegarem. Fazendas com elevadas taxas de abate de árvores poderão estar “branqueando” os seus efetivos, enviando os animais para estes locais de engorda. No âmbito dos estudos realizados pela equipe, os criadores admitem que o “branqueamento” de gado é comum na região. Outra incógnita é o número de animais abatidos em matadouros que não controlam a respectiva origem. A equipe de investigadores recomenda ao Governo que tome medidas adicionais para melhorar o programa. Preconiza a disponibilização de dados de rastreamento dos animais, do nascimento ao matadouro, e controles obrigatórios nos matadouros. Os gigantes do setor agroalimentar são duramente criticados por contribuírem para a destruição das florestas tropicais. Em condições adequadas, conclui o estudo, “as grandes empresas agrícolas podem gerar alterações importantes, que mitigam ou cortam, a ligação entre agricultura e desflorestação”. *Fonte: Site do The Christian Science Monitor, Boston, EUA. Artigo traduzido e publicado originalmente no Brasil pela revista Oásis, do site de notícias Brasil 247.