RECANTOS DA TERRA
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Americana julho / 2016
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Esperança
Tecnologia oferecida para limpar a Salto Grande vai salvar o Rio Doce Sistema Flotflux será utilizado pela Samarco para limpar a maior tragédia ambiental do Páis e já foi apresentado para limpar a Salto Grande
Projeto Jacarandá quer impulsionar a permacultura Maria Giovana Fortunato é voluntária e idealizadora do Projeto Jacarandá
• Livro mistura ficção e meio ambiente • Fim do desmatamento custa 5 bilhões ao ano
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OPINIÃO
A questão da água: olhando para o futuro Moacir Romero*
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mbora os dados mostrem que o volume de chuvas tenha sido bastante maior que nos anos anteriores em nossa região, não temos muitos motivos para comemorar, pois mesmo que sistemas, como o Cantareira, estejam parcialmente recuperados e disponíveis para nos socorrer em caso de necessidade, a verdade é que a água não fica adequadamente armazenada justamente por não termos espaços propícios para tal função. Até alguns anos atrás era impensável falarmos em crise de abastecimento, porém a dura realidade chegou e passamos a conviver com esse fato. Cada vez mais ficamos à mercê do clima e qualquer seca um pouco fora da normalidade deixa a população imediatamente em pânico. Ao longo dos anos, infelizmente, não foi pensado para o município de Americana um sistema de armazenamento a exemplo de projetos bem-sucedidos em outras cidades. Além de termos território pequeno em comparação aos vizinhos, pesa o fato de nossa área ser quase toda construída, o que implica impermeabilidade do solo, seja por conta das próprias construções, pelo calçamento das ruas e dos quintais que hoje não possuem espaço para infiltração das águas. O único espaço considerável em termos de tamanho e localização é aquele existente nas proximidades da linha férrea próxima ao Córrego Pyles, que poderia existir se houvesse planejamento e vontade politica para esse fim, pois além de estar em uma região de baixada, poderia receber as águas daquele córrego e as águas do Córrego do Parque que, por sua vez, seria canalizado até seu destino final, além de servir como reservatório para as águas de chuva que rotineiramente escoam pelo Ribeirão Quilombo e vai embora via Rio Piracicaba. Já propusemos ao Poder Executivo que realize estudos nesse sentido e esperamos que eles aconteçam, visto
que é urgente que se pense no futuro e, como dissemos, não podemos viver esperando apenas que a chuva venha, é necessário que façamos a nossa parte. Outra questão que não pode ser ignorada é a área da Represa do Salto Grande que também fornece água para a nossa população e, como sabemos, encontra-se em uma situação de poluição em decorrência do descaso dos municípios a jusante. Não podemos esquecer que a CPFL é a proprietária daquela área e, portanto, a responsável pela sua manutenção. Nesse sentido, protocolamos representação ao Ministério Público que acatou nosso pedido para que aquela companhia tome providencias em relação aos poluidores do reservatório. Assim, é necessário que cada um de nós tenha consciência quanto ao uso correto e regrado da água, mas é preciso também que as autoridades e demais envolvidos façam a sua parte. A responsabilidade não é de um ou de outro, é de todos nós. As consequências também.
Preços baixos
Frutas imperfeitas ganham delivery Todos os dias, toneladas de frutas e outros alimentos naturais são produzidos no país. Por outro lado, cerca de 30% dos alimentos produzidos são descartados no lixo. Em muitos dos casos, as frutas acabam mesmo estragando e, de fato, não há como serem aproveitadas, mas há também alimentos que deixam a rota comercial por simplesmente não estarem aptos aos padrões estéticos do mercado. Foi pensando no aproveitamento de frutas e verduras descartadas que o casal Roberto Fumio Matsuda e Nathália Inada criou a startup “Fruta Imperfeita”, que faz o delivery desses alimentos com preços de venda bem abaixo do que o mercado oferece.
De acordo com o casal, a ideia vem conscientizar sobre a cultura do desperdício e baseia-se na venda de alimentos com “defeito de fábrica” (como o formato das frutas, por exemplo), mas que não apresentam diferenças na qualidade ou sabor. Desta forma, a empresa oferece uma nova opção muito mais em conta para aqueles que não se incomodam com a ‘beleza’ das frutas e legumes que vai consumir. Apesar do pouco tempo de existência – a startup foi lançada em 2015 –, a iniciativa tem firmado grandes parcerias com produtores rurais ao longo dos últimos meses, fato que fazem os seus donos garantir que o negócio tem despertado o interesse de muita gente.
*Moacir Romero é vereador na Câmara Municipal de Americana
Errata Diferente do publicado na legenda da foto de capa da edição de junho do Recantos da Terra, o nome correto do fotógrafo que registrou o ChoróBoi no Parque Aimaratá é Luiz Ricardo Bastos e não Luiz Carlos Bastos, como foi publicado.
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Meio Urbano
Projeto Jacarandá quer fomentar a permacultura em Americana Objetivo é implantar o cultivo de alimentos orgânicos, a criação de hortas comunitárias, a estruturação e facilitação de um sistema de captação de água e compostagem
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Projeto Jacarandá volta a angariar voluntários em Americana e região com objetivo claro: formar um coletivo, com livre adesão, para fomentar a permacultura – técnica criada na Austrália com o intuito de criar um mundo mais sustentável por meio de métodos simples e criativos – dentro do município. A ideia começou em 2014 e, após um hiato de um ano, o projeto retorna à cidade com o objetivo de disseminar o cultivo de alimentos orgânicos, a criação de hortas comunitárias, a estruturação e facilitação de um sistema de captação de água e compostagem, além da valorização do comércio justo e local. “O Jacarandá funcionoua em formato de coletivo, com livre adesão dos integrantes por atividades de interesse. Por exemplo: fizemos um projeto de hortas orgânicas, plantação de mudas, captação de água da chuva, trocas de experiências e fortalecimento da economia local. Nós fazemos um encontro semanal, estudamos permacultura juntos, decidimos as próximas atividades e nos organizamos para realizá-las”, afirma a voluntária e idealizadora do projeto, Maria Giovana Fortunato. Segundo ela, a ideia é reunir os antigos integrantes e conseguir novos voluntários para dar continuidade ao projeto. PRÁTICAS SUSTENTÁVEIS Ela explica que mesmo dentro da cidade é possível desenvolver práticas sustentáveis, as quais podem levar a população a desenvolver uma consciência social e ambiental. “É importante passar a ideia de que ser verde ou sustentável em uma cidade não é impossível. Não quer dizer que temos que abrir mão do que temos ou do que estamos habituados. A ideia é ter uma cidade com consciência social e ambiental e também uma prestação de serviços honesta dentro da comunidade e um comércio justo e responsável”, salienta Maria Giovana. Segundo ela, todos podem e devem ter o compromisso de construir uma cidade com condições de vida saudáveis, incluindo moradia e condições dignas de vida. “Dá para começar
por nossas casas ou em nosso espaço público. O importante é olhar os elementos da cidade atual como uma oportunidade de transformação. Desta maneira passamos a nos transformar e ver o problema de viver em meio urbano como a solução. As cidades que perceberem estas mudanças iminentes o quanto antes saem na frente para um futuro melhor e com mais oportunidade”, explica a voluntária. PERMACULTURA Permanent Agriculture, em inglês, nasceu na cabeça de Bill Mollison, ex-professor universitário australiano, na década de 1970. Refugiado das loucuras da sociedade de consumo, Mollison percebeu que nem os cantos remotos do interior australiano, onde morava, seria poupado do colapso planetário iminente – a flora e a fauna estavam diminuindo sensivelmente. Mollison, em sua passagem pelo Brasil em junho de 1992, disse “que, se voltasse para o mundo, voltaria com uma coisa muito positiva”. Foi assim que nasceu a ideia, juntamente com David Holmgren, de criar sistemas de florestas produtivas para substituir as monoculturas de trigo e soja, responsáveis pelo desmatamento mundial. Observando e imitando as formas de florestas naturais do lugar, revelou-se possível a criação de sistemas altamente produtivos, estáveis e recuperadores dos ecossistemas locais. Depois de dez anos implantando tais sistemas em todos os continentes, Mollison, Holmgren e seus colaboradores perceberam que não adianta concentrar-se em sistemas naturais sem considerar os outros sistemas tão vitais para a sobrevivência humana: sistemas monetários, urbanos (arquitetura, reciclagem de lixo e águas), sociais e de crenças. Hoje a permacultura conta com mais de 10.000 praticantes em todos os continentes e mais de 220 professores trabalhando em tempo integral. A permacultura chegou no Brasil através do primeiro curso ministrado por Bill Mollison, em Porto Alegre. Hoje existe uma equipe de profissionais que estão se aprofundando na ideia.
Maria Giovana Fortunato explica a funcionalidade da permacultura
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Unidade de Tratamento
Sistema oferecido à Salto Grande se
A tecnologia, única no mundo, é uma saída para limpar em de Anderson Barbosa
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sitema Flotflux – que consiste em limpar a água de rios, lagos e represas pelo método de flotação dos poluentes – desenvolvido pela DT Engenharia será utilizado para limpar o Rio Doce, manancial severamente castigado pelo pior desastre ambiental já ocorrido no Brasil, na cidade de Mariana, em Minas Gerais. A tecnologia, única no mundo, é uma saída para limpar em definitivo a Represa de Salto Grande e já foi apresentada ao MP (Ministério Público) durante audiência realizada em agosto do ano passado, como uma solução para a despoluição do reservatório. O custo para a implantação do projeto na represa é de R$ 150 milhões e mais R$ 2,5 milhões por mês em manutenção. Além do Rio Doce, cuja fase de testes para a implantação da estação de tratamento foi um sucesso, segundo a empresa, a DT Engenharia, que está há 34 anos no mercado, é responsável pelo tratamento da Lagoa da Pampulha, em Belo Horizonte (MG), pela Unidade de Tratamento de Rio (UTR) do Rio Arroio Fundo, no Rio de Janeiro, e da UTR do Córrego do Sapateiro,
que deságua no Lago do Parque do Ibirapuera, em São Paulo, e também trata a água do famoso Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro, entre outros. Além disso, a empresa realizou testes para a despoluição do Rio Pinheiros, na Capital Paulista, com alto índice de eficiência. “Temos uma alta eficiência na remoção de poluentes, inclusive metais pesados, por isso conseguimos ganhar a confiança da Samarco (empresa responsabilizada pelo desastre em Mariana), já que lá temos poluentes pesados como o ferro, por exemplo. Nossos testes demonstraram que todos os poluentes são removidos pelo sistema Flotflux. Fizemos, inclusive, um criadouro de peixes com a água tratada”, afirma o diretor da DT Engenharia, João Carlos Gomes de Oliveira. Ele explica que a estação será construída no Rio Gualaxo do Norte, que é subafluente do Rio Doce. “Trata-se de um trabalho que nos dá muito orgulho e que nos credencia ainda mais para trabalhos futuros. Espero que possamos fazer o mesmo com a represa de Salto Grande para que o reservatório volte a fomentar turismo e traga riquezas para Americana e região”, afirma Oliveira.
Ivan Castanheiro (destaque) é o promotor respons
Um dos exemplos mais emblemático da eficiência do sistema Flotflux foi a limpeza do fam
A TRAGÉDIA Em novembro do ano passado, duas barragens da mineradora Samarco se romperam na cidade de Mariana (MG). Nessas barragens havia lama, rejeitos sólidos e água. Esses detritos são resultado da mineração na região. Os detritos das barragens tomou conta do Rio Gualaxo do Norte e chegaram ao município de Barra Longa, a 60 quilômetros de Mariana e a 215 quilômetros de Belo Horizonte. Seis localidades de Mariana, além de Bento Rodrigues, foram atingidas. Segundo especialistas, a lama que desce pelo Rio Doce atin-
girá, no total, uma área de cerca de 10 mil quilômetros quadrados no litoral capixaba – área equivalente a mais de seis vezes o tamanho da cidade de São Paulo. Os prejuízos são calculados em mais de R$ 100 milhões. O SISTEMA O tratamento Flotflux consiste na aplicação conjunta, sequencial e em fluxo e níveis variáveis de técnicas empregadas em Estações de Tratamento de Água, e mais recentemente em Estações de Tratamento de Esgoto, para segregação de materiais: a chamada coágulo/floculação e a flotação. Em
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erá utilizado para salvar o Rio Doce
efinitivo a Represa de Salto Grande e já foi apresentada ao MP Autoridades e ambientalistas aprovam o sistema para a Salto Grande
sável pelo inquérito que apura os responsáveis pela poluição da Salto Grande
moso Piscinão de Ramos, no Rio de Janeiro
adição às técnicas de segregação físico-química os sistemas baseados no processo incluem a remoção do lodo formado na superfície da água por equipamentos especiais. Eventualmente, dependendo do uso da água resultante, o tratamento se completa com a desinfecção do efluente. As unidades consideram ainda o comportamento hidráulico do curso d’água como uma variável operacional, garantindo a eficiência indistinta em leitos de rios e canais de variadas condições ambientais ou tanques artificiais, garante a empresa. Essa flexibilidade possibilita a aplicação para a
melhoria de rios e canais urbanos, reservatórios e lagos e como refinamento de outros processos em Estações de Tratamento de Esgoto. As metas do processo são alcançadas pela redução de substâncias poluentes indicadoras de qualidade como os coliformes; DBO e DQO; fósforo total; óleos e graxas e pela diminuição da taxa de parâmetros perceptíveis como a cor; turbidez; e o odor da água tratada. Como resultado da aplicação tem-se o aumento da oxigenação das águas, fator significativo para a preservação e a conservação da vida aquática.
Ambientalistas e autoridades aprovam a tecnologia Flotflux para a limpeza da Represa de Salto Grande. O alto custo de implantação e manutenção pode ser alcançado, segundo eles, com um esforço conjunto entre os 11 municípios que estão acima do Rio Atibaia e são responsáveis diretos pela poluição da Salto Grande. A ideia seria usar a água da represa no abastecimento público dos municípios da região. Outra fonte de recurso seria a Petrobras, que mantém a refinaria Replan no município de Paulínia. Para o ex-vereador e ex-secretário do Meio Ambiente de Americana, Claudio Roberto Froner, a instalação de uma Unidade de Tratamento no Rio Atibaia, manancial represado na Salto Grande, resolveria o problema da contaminação do reservatório. “Não tenho dúvidas que tratar a água que entra na represa resolveria praticamente 90% do problema. Com água limpa, o próprio ecossistema faria o restante do trabalho. Em um médio prazo a água poderia servir para banho
e também ser direcionada para o abastecimento da região do Pós-Anhanguera, em Americana, por exemplo”, explica Froner. Na mesma linha, o deputado estadual Francisco Sardelli (PV) defende a tecnologia como uma forma eficiente de despoluição da Salto Grande. “Acompanhei, como deputado, o trabalho realizado pela DT Engenharia no Rio Pinheiros, em São Paulo, e não tenho dúvidas de que o sistema é confiável. Ele remove com muita eficiência os elementos poluidores”, diz o deputado. Segundo Sardelli, a questão da Salto Grande tem que ser tratada com seriedade já que o reservatório é de grande importância para toda da região. Outro entusiasta do sistema é Ricardo Paixão, líder do movimento “Vamos Salvar a Represa Salto Grande”. “Essa tecnologia já provou que é eficiente em mananciais mais castigados que a Salto Grande. Não entendo qual o motivo de não ser implementada no reservatório. Falta vontade”, dispara.
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Livro
‘Caos, tempos de espera’ mescla ficção, ação e meio ambiente Nascido em São Paulo e criado no estado do Paraná, o autor reside em Santa Bárbara há dois anos
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ma ficção que mescla ficção científica, desastres naturais e aventura. Com esse tripé, o vendedor de móveis Giorgio Barros Pereira da Silva tenta envolver o leitor no livro “Caos, tempos de espera – O recomeço” com personagens peculiares e um enredo no qual ainda está incluído política, meio ambiente e a utopia por um mundo melhor e mais sustentável. Nascido em São Paulo e criado no estado do Paraná, Silva reside em Santa Bárbara d’Oeste há dois anos e trabalha em Americana. “Trata-se de uma ficção cheia de ação e romance em que o mundo vive um momento delicado e as mudanças climáticas tem afetado cada vez mais o cotidiano. Sabe-se que o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta e que o resto do mundo voltará os olhos para o nosso país assim que as coisas chegarem a uma situação crítica”, diz o autor ao explicar o contexto em que se passa a história. O livro leva em conta que estamos vivendo uma fase alheia a isso e, para o autor, a humanidade volta suas atenções a questões políticas e fúteis. “No enredo são poucos os que realmente estão interessados no caos que está previsto e dentre esses, um grupo de cientistas mais alguns colaboradores correm contra o tempo para evitar um desastre ambiental mas, para isso, é necessário um líder e ele será escolhido para enfrentar todas as adversidades, inclusive mudar o foco das pessoas e fazer com que elas mudem seus hábitos”, afirma o autor.
ORELHA DO LIVRO Sem saber que está sendo treinado, João passa por enormes dificuldades, porém, vai conhecer pessoas dispostas a lutar pela mesma causa e mostrar um mundo subterrâneo totalmente diferente e que servirá de exemplo e novo conceito de vida. Para isso, eles terão que enfrentar várias adversidades políticas, homens ambiciosos e pessoas que não tem ideia do do problema. Será um grande desafio e a história não termina nesse livro que é empolgante e cheio de tramas. A corrida contra o tempo vai começar e será que teremos chance de trazer o equilíbrio natural novamente? MEIO AMBIENTE Embora o livro seja uma ficção, ele aborda muitas questões ambientais e novos estudos. Escrito de uma forma contemporânea e diferente, a leitura faz com que o leitor viaje em um mundo que será descoberto para que a gente aprenda a recomeçar, tendo a natureza como aliada. “Caos, tempos de espera” é exatamente um período em que a falta de recursos fará com que esperemos os resultados de uma longa luta pela sobrevivência. LANÇAMENTO Quando: dia 08/08/2016 Onde: Colégio Polivalente/Americana. Somente para alunos, professores e familiares. Horário: 19 horas Para o público em geral o lançamento será no dia 20/08/2016 às 17h, na Rua Dom Pedro, 607, Americana.
Livro será lançado no mês que vem em duas datas e locais distintos
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Política pública
A revolução das sementes no semiárido brasileiro Mesmo com as ameaças das sementes transgênicas, o povo do semiárido continua fazendo os seus estoques de sementes crioulas Najar Tubino/Carta Maior*
Aracaju (SE) – Essa estratégia faz parte da lógica de resistência histórica que a ASA organizou nos nove estados do nordeste e o norte de Minas. Uma política pública bancada pelo BNDES e pelos ministérios do desenvolvimento social e combate à fome e o do desenvolvimento agrário. Resultado: 640 bancos de sementes. O maior projeto de sementes crioulas do mundo – o outro reconhecido de Vandana Shiva, na Índia, tem pouco mais de 200 bancos. E que está ameaçado, não pela estratégia em si, porque os agricultores e agricultoras do semiárido guardam sementes há séculos. Mas porque haveria um salto muito maior: mais mil bancos de sementes. As corporações multinacionais odeiam as sementes crioulas. Elas são o maior exemplo da incompetência dos cientistas das multis em querer produzir sementes de laboratório com penduricalhos químicos, genes e veneno. O semiárido brasileiro é o mais populoso do mundo, aliás, é o bioma brasileiro com maior população – entre 22 e 25 milhões de pessoas. No IV Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores a ASA lançou uma cartilha sobre sementes crioulas. É o resultado de um amplo projeto de pesquisa realizado em 240 municípios, 24 territórios e 12 mil famílias. A lógica histórica do estoque Antonio Gomes Barbosa é o coordenador do programa de sementes da ASA, além de coordenar o projeto P1M2, também chamado de Uma Terra e Duas Águas, cujo destino final é a produção de alimentos e as criações de animais. A ASA assessora 90 mil famílias de um total de 130 mil que já foram beneficiadas com este programa. Barbosa é um apaixonado por sementes. Em uma conversa de uma hora ele é capaz de fazer o histórico da evolução da humanidade contada
através da evolução genética das sementes. É a teoria do estoque. Uma garrafa PET, hoje em dia, usada para estocar sementes do povo do semiárido, guarda a evolução da agricultura. E os agricultores e agricultoras sabem como dosar isso no plantio, mesmo que a cada década ocorra uma seca e a cada 30 anos uma seca de quatro a cinco anos – ainda estamos vivendo uma seca no semiárido, que é a maior da história do Brasil. Depois de quase 20 anos de trabalho a ASA está reencontrando com sua lógica histórica – o estoque de comida, tanto para humanos como para os animais. No semiárido o povo nunca usa todas as sementes da garrafa PET. No primeiro plantio pegam 80% das sementes. Se o inverno falhar – quando a chuva não chega – eles ainda arriscam mais 15% na próxima temporada. Cinco por cento é a garantia da produção futura. A ideia é a autossuficiência Semente crioula não é apenas o material genético que o povo do semiárido manuseou por séculos. É a tradução do conhecimento acumulado, um conceito que os burocratas da academia teimam em não reconhecer. Muitas vezes, porque muitos deles trabalham para as corporações que ao longo da história rouba este conhecimento e usa o material genético para produzir os seus frankesteins de laboratório, como são os transgênicos. Como diz Antônio Barbosa, a questão da semente crioula não tem nada a ver com romantismo, é que questão de valor, de competição comercial. A política pública, envolvida com a ampliação dos bancos de sementes crioulas, prevê que as famílias possam comercializar as sementes. Um banco de semente recolhe o produto de 20 famílias. Cada município têm três bancos e eles poderiam suprir a necessidade de sementes dos agricultores e agricultoras neste raio de ação. A ideia é a autossuficiência para cada município.
Projeto já rendeu 640 bancos de sementes desde que foi criado
Contaminação nos testes de transgenia O trabalho da ASA de pesquisa encontrou mais de 400 variedades de sementes de milho – a mais ameaça na atualidade -, mais de 300 variedades de feijão de corda e por aí vai. Também realizaram testes de transgenia nas sementes crioulas, para avaliar a contaminação com as sementes transgênicas das corporações. E encontraram muita contaminação, inclusive no Polo da Borborema, na Paraíba, considerado um santuário de sementes. A estratégia das multinacionais é contaminar as crioulas. Existe também germoplasma guardado na Embrapa que agora as organizações so-
ciais querem aproveitar. A EMBRAPA precisa abrir a caixa preta, porque ninguém sabe o que tem estocado de semente crioula. Além disso, quem vai pagar o prejuízo pela contaminação das crioulas com os transgênicos da Monsanto, Syngenta, Bayer e companhia limitada. Enquanto isso, o povo do semiárido continua fazendo os seus estoques de sementes, trocando em feiras, como o correu em Aracaju, e divulgando o seu conhecimento. Um dos participantes do IV Encontro Nacional é o seu Golinha, Antônio Rodrigues do Rosário, 60 anos, viúvo, dois filhos, três netos, assentado no Tabuleiro Grande, em Apodi (RN). *www.cartamaior.com.br
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Custo alto
Fim do desmatamento custaria 5 bi ao Brasil ao ano até 2030 Mais de 20 milhões de hectares estão na linha de corte nos próximos 15 anos, a maior parte no Cerrado Pensamento Verde*
S
egundo uma pesquisa realizada Organização das Nações Unidas (ONU), estima-se que sete milhões de hectares de floresta são desmatados por ano em todo o Brasil, acarretando em diversos problemas ambientais, como aumento da emissão de gases de efeito estufa, perda da vegetação e de várias espécies de animais e extinção ou degradação de rios e lagos. Uma das primeiras florestas que sofreu e ainda sofre com o desmatamento é a Mata Atlântica, que hoje conta apenas com cerca de 7% de sua área original. E para que esse problema diminua, é preciso tomar algumas medidas importantes. Pensando nisso, pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) realizaram um mapeamento para verificar os territórios onde se tem os menores custos ou maiores ganhos no sentido de proteger florestas em troca dos serviços que ela presta,
levando em conta não só o desmatamento, mas também a biodiversidade para proteção das espécies. O primeiro passo tomado por eles foi avaliar as melhores oportunidades para aderir ao Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), quem tem como objetivo central pagar ao proprietário de terra para que ele não desmate ou que ele recupere uma vegetação a fim de preservar os recursos hídricos, absorver o carbono do ar ou evitar a sua emissão e proteger a biodiversidade. Após a avaliação, eles descobriram que o custo de R$ 5,2 bilhões por ano seria o ideal para zerar todo o desmatamento do Brasil até 2030, lembrando que 20,5 milhões de hectares estariam na linha de corte nos próximos 15 anos, a maior parte no Cerrado. Se isso acontecesse, a emissão de gás carbônico diminuiria em até 5,6 bilhões de toneladas. Carlos Eduardo Young, coordenador do Grupo de Economia do Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) afirmou ao site do
Mata Atlântica conta com apenas 7% de sua área original
jornal O Estado de São Paulo: “Nossa ideia com PSA não é combater a agricultura inteligente, de alta produtividade, mas o desmatamento burro, que perde carbono, biodiversidade e água por um retorno muito baixo.” Segundo cientistas e ambientalistas, a melhor forma de incentivar a preservação das florestas do Brasil é pagar o produtor pelos serviços prestado pela conservação da mata. Esta
ação está prevista no novo Código Florestal e se destacou após a Rio+20, conferência que discute sobre a renovação do compromisso político com o desenvolvimento sustentável. Porém, apesar dos diversos projetos que estão no Congresso sobre o tema abordado, a discussão não teve evolução nos últimos anos. *www.pensamentoverde.com.br
Iniciativa
Pão de Açúcar abandona embalagens e passa a vender a granel Nem todo mundo sabe, mas pelo menos 1/3 do lixo doméstico gerado em todo o país é composto por embalagens, e que, logo depois da primeira utilização, cerca de 80% delas são descartadas. Ainda que sacolas plásticas e outros tipos de materiais tenham passado por um processo de atualização, tornando-se mais favoráveis à reutilização, a dificuldade em estimular a reciclagem continua grande. Com a proposta de reeducar seus clientes no uso dessas embalagens, a rede de supermercados Pão de Açúcar lançou no começo do mês de julho o projeto Reutilizar #praserfeliz, que
busca alimentar uma nova geração de hábitos mais saudáveis e sustentáveis. A ideia é substituir a comercialização de produtos naturais embalados de maneira tradicional por alimentos vendidos a granel. A primeira loja da rede a receber a novidade está localizada na Av. Ricardo Jafet, em São Paulo, e contará com a comercialização de pelo menos 40 produtos a granel (grãos, sementes, cereais e mais alguns produtos). Os colaboradores da loja na capital paulistana foram treinados para manuseio do equipamento onde os produtos ficarão armazena-
dos (dispensers gravitacionais). “O Reutilizar #praserfeliz foi inspirado na mudança de hábitos dos consumidores que estão reavaliando o que é realmente necessário consumir, não apenas por uma questão financeira, mas porque estão adotando hábitos mais saudáveis e sustentáveis em suas vidas. Para o Pão de Açúcar, que tem em seu DNA essas questões, foi um caminho natural evoluir para uma proposta de diminuição de embalagens e educação quanto ao consumo consciente”, explica João Mariano, Gerente de Inovação do Pão de Açúcar.
A assessoria do Pão de Açúcar confirmou que o objetivo do projeto é aumentar a lista de produtos a granel para 60 itens já nestes próximos meses do ano, além de colocar em prática o plano de expansão para outras lojas da cidade e do interior paulista. Em conjunto, a rede de supermercados anunciou a venda de recipientes de vidro reutilizável, que o cliente poderá adquirir no próprio local e utilizá-lo sempre que frequentar a loja. São quatro tamanhos, que vão de 240 ml – R$ 4,99 a 810 ml – R$ 9,99. www.pensamentoverde.com.br