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Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem

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Aspectos históricos da

psicologia do desenvolvimento Objetivos - conhecer sobre a origem do processo de inteligência humana, - Identificar as diferentes teorias que tratam do tema assim como - identificar os fatores que interferem no desenvolvimento humano

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Introdução: Você já ouviu falar em processo de inteligência humana? Esta Unidade tratará do assunto, possibilitando-nos conhecer o caminho percorrido por Piaget na busca de respostas para sua inquietação no que se refere ao estudo do processo de inteligência humana. Durante quase meio século, essa teoria resultou de extensas e intensas observações. Muitas teorias do desenvolvimento já tinham sido elaboradas abordando o processo de inteligência humana, porém nenhuma delas ousou tanto quanto Piaget. Por sua formação como biólogo, Piaget vai buscar nos conhecimentos dessa ciência fundamentação conceitual, fazendo analogias entre o que ocorre orgânica e mentalmente. Ele apresenta uma visão de desenvolvimento totalmente oposta ao já estudado. Enquanto pesquisadores anteriores abordavam a inteligência de forma mensurável, Piaget vai demonstrar que existem formas diferentes de interagir com o ambiente; o indivíduo lida com a realidade na tentativa de compreendê-la e, assim, organizá-la, o que caracteriza um processo individual, criativo, ativo. Nesse processo, a maturação exerce papel muito importante. É bom lembrar que não há reducionismo entre o biológico e o psicológico. Não há explicação fisiológica do comportamento humano. Em seus trabalhos, um dos interesses centrais é a explicação da adaptação e do desenvolvimento das estruturas mentais. Pronto para embarcar na visão Piagetiana? Veremos, nesta unidade, que a Epistemologia Genética preocupa-se em explicar a ordem de sucessão das diferentes capacidades cognitivas e que herdamos estruturas biológicas que vão amadurecendo em contato com o meio ambiente. Verificaremos como se desenvolve a inteligência e, além disso, conheceremos os processos de adaptação, assimilação, acomodação e equilibração. Vamos em frente!

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Para saber mais, visite os sites: http://www.unicamp.br/iel/site/alunos/publicacoes/ textos/d00005.htm h t t p : / / w w w. c e r e b r o m e n t e . o r g . b r / n 0 8 / m e n t e / construtivismo/construtivismo.htm

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Os Estudos do Desenvolvimento – Histórico e objetivos

como?

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Você saiba?

ALFRED BINET (1857- 1911), diretor do laboratório de psicologia da Sorbone em 1894, e fundador da revista “l’année psychologique” . Em 1904, o governo francês solicitou a Binet que elaborasse um teste para seleção de crianças em idade escolar, com objetivo de selecionar as crianças consideradas débeis, evitandose que tivessem o tratamento das normais. Seriam tratadas de modo excepcional. Trabalhou com Theodore Simon e elaborou uma escala, em 1905, revisando-a em 1908 e 1911. Todos os testes contemporâneos sobre inteligência, estão, de certa forma, ligados ao teste de Binet e Simon. Como por exemplo, a revisão de Stanfford (conhecida como Stanffford- Binet) feita por Terman (1877- 1956) em 1916. Em 1937, nova revisão, conhecida como “Stanfford-Binet Intelligende Test” elaborada por Terman e Meiril. O teste de Binet e Simon mostrava a idade mental da criança quando foi criado.

Como a psicologia estudava a inteligência através dos testes de QI quantitativamente, antes de Piaget? Foi justamente motivado por esse assunto que Piaget, juntamente com Binet e Simon, começou a realizar suas pesquisas. Verificou que muitas crianças, da mesma faixa etária, davam respostas semelhantes a determinadas questões e que estas eram consideradas erradas pelo teste. A natureza de pesquisador aguçou Piaget para esse fato até então não valorizado. Ele agrupou essas crianças. Procurou, através de indagações, compreender o porquê das respostas dadas. As crianças, através do diálogo com Piaget, explicavam o que pensavam frente às questões. Piaget percebeu que, mesmo a resposta não sendo a correta, tinha uma certa lógica, de acordo com o pensamento da criança. Assim, abandonou a prática da testagem e criou seu método de pesquisa (método clínico), a fim de avaliar a capacidade mental do sujeito.

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Quer saber mais? Acesse o texto Superdotado Características sócio-emocionais do superdotado: questões atuais, de Eunice M. L. Soriano de Alencar. Disponível em: http://www.portaleducacao.com.br/pedagogia/ artigos/7683/superdotado-caracteristicas-socioemocionais-do-superdotado-questoes-atuais Acesse também o texto Definições e Características: muito inteligentes, superdotados e gênios. Disponível em: http://www.mensa.com.br/pag.php?p=24

Método clínico Na disciplina Fundamentos Psicopedagógicos o termo “clínico” já foi discutido. Piaget considera que o método clínico na psicanálise permite conversar com o paciente, seguindo-o em suas respostas de forma a nada perder e "conduzi-lo às zonas críticas, sem saber naturalmente aonde irá aflorar a ideia delirante, porém mantendo constantemente a conversa em terreno fértil." (PIAGET, 1926, p.11). Para ele: "O bom experimentador deve, efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: saber observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada e, ao mesmo tempo, saber buscar algo de preciso, ter a cada instante uma hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar" (PIAGET, 1926, p.11). Teremos oportunidade de aprofundar esse assunto quando tratarmos das provas operatórias de Piaget! PIAGET, J. Representação do Mundo na Criança. Rio de Janeiro: Record, 1926

A partir daí, Piaget e seus colaboradores desenvolveram inúmeras pesquisas envolvendo crianças de diferentes idades. Os estudos que realizou versavam sobre a linguagem, o raciocínio causal, o julgamento moral e outros tipos de julgamento da criança. No período de 1921 a 1925, ainda são esses seus experimentos os mais conhecidos. Estes estudos foram elaborados e conduzidos com o objetivo primeiro de obter dados para a elaboração de uma epistemologia sistemática e abrangente, o que era uma das principais metas de Piaget. Em 1950, após ter se dedicado ao trabalho experimental com crianças, numa tentativa de entender a evolução da inteligência humana, publicou estudos aplicando esses resultados da pesquisa psicológica à Epistemologia. Portanto, sua teoria tem por base a Epistemologia Genética.

Utilidade da Psicologia do Desenvolvimento para Educadores Na introdução do livro Epistemologia Genética, Piaget afirma que "o conhecimento não pode ser concebido como algo predeterminado nem nas estruturas internas do sujeito" e "nem nas características preexistentes do objeto". Com essas afirmações, Piaget deixa claro que os processos de aprendizagem não devem ser pesquisados sob condições controladas rigidamente, porque esses processos "resultam de uma construção efetiva e contínua" (PIAGET, 1970, p. 1).

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A Epistemologia Genética estava preocupada em explicar a ordem de sucessão das diferentes capacidades cognitivas, uma vez que o conhecimento não se dá através de estruturas préformadas. Essa era a ideia central de Piaget: estudar o “sujeito epistêmico”, isto é, estudar os processos de pensamento presentes desde a infância inicial até a idade adulta.

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Estudo do saber { inteligência } em sua origem.

O método Epistemologia Genética levou Piaget a abandonar os aspectos quantitativos e a inovar com o estudo dos aspectos qualitativos da inteligência. Não interessava a ele saber sobre quem tem mais inteligência, mas sim de que forma o sujeito usa a sua capacidade mental. Para Piaget, tudo se inicia com os reflexos, que todo ser humano traz ao nascer. Sua pergunta básica era: de que forma o ser humano, que nasce somente com os reflexos, chega à adolescência usando uma capacidade mental onde é capaz de traçar hipóteses, fazer deduções, projetar, pensar abstratamente? Para você entender melhor, ficaria mais ou menos assim: • O que ocorre do nascimento até o sujeito se transformar em adulto a nível intelectual? • Como se aprende? • Como o sujeito desenvolve seu pensamento? Enfim, Piaget estava em busca do sujeito epistêmico.

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A inteligência é herdada? Essa foi outra questão que mobilizou os pesquisadores da época, inclusive Piaget. No texto de Clara Regina Rappaport vamos encontrar que, para Piaget, herdamos estruturas biológicas “que com a estimulação do meio se transformarão em estruturas mentais”.

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http://pt.scribd.com/doc/71029459/03-MODELOPIAJETIANO

Clara Regina Rappaport Trecho do Cap. 3 (Modelo Piagetiano) do livro Psicologia do Desenvolvimento Teorias do Desenvolvimento Conceitos Fundamentais, de Clara Regina Rappaport“O indivíduo herda uma série de estruturas biológicas sensoriais e neurológicas que predispõem ao surgimento de certas estruturas mentais. Portanto, a inteligência não a herdamos. Herdamos um organismo que vai amadurecer em contato com o meio ambiente. Desta interação organismo-ambiente resultarão determinadas estruturas cognitivas que vão funcionar de modo semelhante durante toda a vida do sujeito. Este modo de funcionamento, que constitui para Piaget nossa herança biológica (Flaveli, 1975), permanece essencialmente constante durante toda a vida. Por conseguinte, existe um paralelismo entre o biológico e o mental, na medida em que todo organismo dispõe de certas propriedades para se adaptar ao meio ambiente, e o funcionamento mental seria apenas um dos aspectos deste relacionamento.”

O conhecimento, na sua origem, não vem dos objetos, nem do sujeito, mas da interação entre ambos. O sujeito desempenha um papel ativo, agindo sobre o objeto, transformando-o, até o mesmo ser incorporado às estruturas mentais.

Um esquema sendo formado ficará para toda a vida do sujeito. Todos nós portadores de capacidades mentais altamente elaboradas, continuamos a usar a sucção. Vários esquemas formam uma estrutura mental. Essa estrutura se organiza através de atos menos elaborados aos mais elaborados.

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Como se desenvolve a inteligência? Piaget buscou na Biologia conceitos que pudessem explicar o desenvolvimento intelectual do sujeito. Um dos interesses centrais da Biologia é a explicação da adaptação e o desenvolvimento das estruturas biológicas. Ele transfere dois aspectos da evolução biológica à sua teoria do desenvolvimento intelectual. Um é o ajustamento contínuo de antigas estruturas a novas funções; e o outro é o desenvolvimento de novas estruturas para preencher, sob circunstâncias diferentes, funções antigas. De acordo com Piaget, a inteligência é:

A capacidade de o sujeito se adaptar ao meio com efi ciência e originalidade Para cada nível e idade, Piaget identificou determinadas estruturas e a maneira como cada uma se adapta às exigências ambientais e como modifica o que o ambiente exige. Você saberia dizer o que, no comportamento, corresponde à estrutura biológica que muda e se adapta? Se estiver atento (a) ao que estamos estudando, deve ter percebido que a resposta já foi dada anteriormente: o esquema, que pode ser simples ou global. Vejamos melhor o que é um esquema!

A capacidade de o sujeito se adaptar ao meio com eficiência e originalidade 8


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Definição de Esquemas Piaget foi buscar na Biologia a explicação para esquema. Assim como a célula é a menor parte do corpo, o esquema pode ser considerado como a menor parte da estrutura mental. Na biologia, temos a estrutura biológica que muda e se adapta, enquanto no nível mental temos o esquema.

temos a estrutura biológica que muda e se adapta

Esquemas Esquemas são denominados conforme as sequências do comportamento a que se referem, e são de significativa importância, tendo em vista que a criança só estará apta a executar determinada tarefa se tiver o esquema adequado a essa tarefa desenvolvida. Quando nos referimos ao desenvolvimento sensório-motor, temos os esquemas de sugar, de olhar, de pegar, etc. Nos anos intermediários da infância temos os esquemas que se referem a estratégias através das quais a criança vai verificar se dois conjuntos de elementos são numericamente equivalentes, esquemas operatórios. Na adolescência os esquemas envolvem a operação da operação, quando os adolescentes usam sua capacidade intelectual e seus esquemas para responder a situações conflitivas e que os esquemas anteriores não dão conta. É importante observar que quando a criança executa uma sequência organizada de comportamentos (como já visto anteriormente) significa que a assimilação gerou uma estrutura cognitiva específica, uma disposição organizacional a nível mental. Para que uma sequência de comportamentos seja considerada um esquema, deve possuir certas características, que, por sua vez, abrangem sequências de comportamento que diferem amplamente em grandeza e complexidade. O que há de comum então nos esquemas? A sequência de comportamento que os constitui, que é uma totalidade organizada, com coesão, passível de repetição. Sintetizando: esquemas referem-se a classes de ações totais, distintas entre si, mas que têm características comuns. Os esquemas cognitivos não são ensinados. São construídos ao longo da vida do sujeito através da sua ação sobre o objeto. Se exigirmos da criança uma aprendizagem acima das possibilidades do seu estágio de pensamento para o qual não possui esquema adequado desenvolvido, essa aprendizagem não ocorrerá, o que pode acontecer é você observar uma pseudo-aprendizagem, isto é, um treinamento, repetição automática sem significado cognitivo e, consequentemente o desprazer no ato de aprender.

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Adaptação, Assimilação, Acomodação Também é com o auxílio da Biologia que Piaget vai explicar o processo da adaptação que envolve processos complementares: • Assimilação - uso dos esquemas já existentes (modificação do objeto). • Acomodação - mudança de esquema (modificação do sujeito). Para entender melhor o processo da adaptação, observe a imagem a seguir.

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O organismo precisa assimilar uma nova situação antes de poder acomodar-se a ela. À medida que cresce, a criança aos poucos se torna equilibrada através da aquisição de esquemas sistemáticos, organizados e de amplitude cada vez maior.

Equilibração Piaget também utiliza o processo de equilibração para poder explicar o desenvolvimento cognitivo. No momento em que o sujeito interage com o meio e é instigado a formular novos conhecimentos, fica em estado de conflito (desequilíbrio). Uma criança de 5 anos, por exemplo, pode deter ideias ou informações que não estão organizadas de forma coerente, que em alguns momentos apresenta uma certa lógica (o que para alguns adultos parece ser altamente inteligente) e, no momento seguinte, uma ilógica. Essa incoerência coloca a criança em conflito consigo mesma; o mesmo ocorre quando a criança está frente à outra criança com ponto de vista diferente. O reestabelecimento do equilíbrio nada mais é do que a adaptação à nova situação. Para Piaget, o conhecimento não ocorre somente através da experiência com o objeto nem é resultado de uma programação inata do sujeito, mas sim das ações do sujeito sobre o objeto, frente a desafios cognitivos ou situações problemáticas.

O reestabelecimento do equilíbrio nada mais é do que a adaptação à nova situação.

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Equilibração Majorante Quando o reestabelecimento do equilíbrio não apenas volta ao equilíbrio anterior, mas forma um novo equilíbrio ou um melhor equilíbrio (equilíbrio de nível superior) que funcionará como um novo ponto de partida e, assim, sucessivamente, ocorre a equilibração majorante. Esse processo não ocorre de forma linear, e sim de uma forma espiral, onde uma ação levará à outra através de um processo de interação constante. Para que essa equilibração majorante ocorra, Piaget nos mostra que, além da adaptação, se faz necessária a função de organização. Esta possibilitará a integração de uma estrutura à outra pré-existente, garantindo a totalidade.

Fatores que Interferem no Desenvolvimento humano Piaget observou que a criança interage com seu meio ambiente diferentemente, de acordo com as diversas etapas do desenvolvimento. Para ele, o sujeito herda a capacidade para a aprendizagem, mas o seu desenvolvimento dependerá das condições que o meio oferece. Tendo em vista isso, Piaget propôs quatro amplos fatores que são relacionados ao desenvolvimento cognitivo: maturação orgânica, experiência física, transmissão social e equilibração.

o sujeito herda a capacidade para a aprendizagem 12


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Maturação orgânica Representa a possibilidade neurológica do sujeito quando interage com o meio. Experiência física Representa a experiência com objetos, é indispensável para o desenvolvimento do conhecimento físico, a partir das características do objeto, e do conhecimento lógicomatemático, a partir das coordenações do sujeito sobre o objeto.

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Para saber mais sobre a teoria de Piaget e os seus estágios de desenvolvimento intelectual, acesse o endereço: http://penta.ufrgs.br/~marcia/piaget.htm Acesse também o texto Filme como produção de subjetividade: impressões psicopedagógicas a respeito do filme infantil james e o pêssego gigante. Disponível em: http://www.pedagogiaemfoco.pro.br/per09.htm http://www.psicopedagogia.com.br/artigos/artigo. asp?entrID=591 Você também pode consultar o livro RAPPAPORT, C.R., FIORI, W.R.,DAVIS, C. Psicologia do desenvolvimento: teorias do desenvolvimento conceitos fundamentais. V.1. São Paulo: EPU, 1981-1982.

Transmissão social Representa as possibilidades de acesso ao conhecimento construído pela sociedade. Este fator determina avanços ou atrasos, conforme a inserção do sujeito em contextos culturais mais ou menos ricos. Equilibração Coordena os outros três fatores. É um fator interno que constitui a busca de um novo equilíbrio a partir de uma situação de desequilíbrio. Cada equilíbrio constitui uma nova adaptação. É este fator que faz entender porque as crianças muitas vezes não compreendem e não progridem a partir do trabalho realizado em sala, mas somente tempo depois. Fonte: http://www.cinfop.ufpr.br/pdf/colecao_2/caderno_piaget__final.pdf

Piaget considerou cada um desses fatores e suas interações como condições necessárias para o desenvolvimento cognitivo, e nenhum deles sozinho como suficiente para assegurá-lo.

Conclusão Diferentemente das abordagens anteriores a Piaget, a inteligência não é herdada e sim construída, de forma dinâmica, e o desenvolvimento intelectual é um processo de equilibração progressiva que culmina com a conquista das operações formais. O contato com o ambiente possibilita a criança estar diante de questões que rompem com o seu estado de equilíbrio, estimulando-a a buscar comportamentos mais adaptativos. A partir de conhecimentos adquiridos, novas formas de interação com o ambiente vão surgindo, proporcionando adaptações cada vez mais completas e eficientes e tornando a criança mais apta a lidar com situações novas.

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Teoria Psicogenética de Piaget Objetivos - Reconhecer os estágios do desenvolvimento intelectual e suas características fundamentais. - Identificar cada estágio de desenvolvimento intelectual, a partir de observações feitas em crianças. -Reconhecer os fatores Responsáveis pelo Desenvolvimento Cognitivo.

a questão da cronologia { idade dos estágios } não deve ser considerada como fator determinante neste estudo 14


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Introdução: Até aqui, conhecemos o que é a Epistemologia Genética e também como se desenvolve a inteligência. Aprendemos ainda alguns conceitos fundamentais da teoria de Piaget, como adaptação, assimilação, acomodação, esquema e equilibração. Agora trataremos dos diferentes estágios de desenvolvimento intelectual e suas características fundamentais, bem como os fatores responsáveis pelo desenvolvimento cognitivo. Jean Piaget coloca como ponto de partida nesse estudo os reflexos, seguindo a linha do desenvolvimento até o pensamento lógico-formal, considerado o estado final de equilíbrio. Piaget desenvolveu esse estudo, a princípio, observando seus próprios filhos. Das estruturas iniciais do recém-nascido buscou compreender o processo que ocorria na construção das estruturas sucessivas. Assim, chegou ao conceito teórico de estágio ou período, que envolve um conjunto de características próprias a cada momento do processo de desenvolvimento das estruturas cognitivas. As estruturas variam de acordo com o estágio. Cada estágio apresenta características particulares com um repertório de esquemas cognitivos que lhe permite compreender e atuar sobre a realidade. Se observarmos como cada criança reage à determinada situação, podemos determinar sua estrutura de pensamento e, consequentemente, seu estágio de desenvolvimento intelectual. É importante observar que a questão da cronologia (idade dos estágios) não deve ser considerada como fator determinante neste estudo. Prontos para aprender mais sobre Piaget? Então, vamos!

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Períodos de Desenvolvimento Intelectual Piaget apresenta o desenvolvimento da criança em quatro estágios ou períodos: sensóriomotor, pré-operacional, operacional-concreto e operacional-formal. A estas formas de pensar e agir, Piaget denominou estágios ou períodos do desenvolvimento intelectual. Vamos conhecer cada um deles!

Sensório-motor A partir de reflexos neurológicos básicos, o bebê começa a construir esquemas de ação para assimilar mentalmente o meio. A inteligência é prática. As noções de espaço e tempo são construídas pela ação. O contato com o meio é direto e imediato, sem representação ou pensamento.

Pré-operacional Caracteriza-se, principalmente, pela interiorização de esquemas de ação construídos no estágio anterior (sensóriomotor).A criança deste estágio: é egocêntrica, centrada em si mesma, e não consegue se colocar, abstratamente, no lugar do outro; não aceita a idéia do acaso e tudo deve ter uma explicação (é fase dos "por quês"); já pode agir por simulação, "como se"; possui percepção global sem discriminar detalhes; deixa se levar pela aparência sem relacionar fatos.

Piaget denominou estágios ou períodos do desenvolvimento intelectual 16


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Operacional-concreto A criança desenvolve noções de tempo, espaço, velocidade, ordem, casualidade, ..., já sendo capaz de relacionar diferentes aspectos e abstrair dados da realidade. Não se limita a uma representação imediata, mas ainda depende do mundo concreto para chegar à abstração. Desenvolve a capacidade de representar uma ação no sentido inverso de uma anterior, anulando a transformação observada (reversibilidade).

Operacional-formal A representação agora permite a abstração total. A criança não se limita mais a representação imediata nem somente às relações previamente existentes, mas é capaz de pensar em todas as relações possíveis logicamente buscando soluções a partir de hipóteses e não apenas pela observação da realidade.

Entendendo Melhor os Períodos de Desenvolvimento Intelectual Ao nascer, a criança é dotada do reflexo de sugar. Ao sugar o seio da mãe, forma, mentalmente, o esquema de sugar que se diferencia de acordo com o objeto a ser sugado. Também podemos observar esse esquema de sugar associado a outro esquema, como o de agarrar. Assim, teremos: agarrar para sugar Esse período, chamado de sensório-motor, se subdivide em outros subperíodos, cada um com suas características específicas.

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Quando a criança começa a formar esquemas simbólicos, graças principalmente, à ação da linguagem (cópia internalizada dos esquemas sensoriais-motores), ela passa para o segundo período, conhecido por pré-operacional. Essa interiorização dos esquemas consiste na representação das ações. De início, os instrumentos que a criança dispõe para conhecer o mundo são os esquemas de ação, caracterizando uma inteligência prática, que vai sendo substituída pela inteligência representativa. A criança, no estágio anterior, ao sentir sede só pede água se a água estiver no seu campo visual. Neste período, pré-operacional, a criança é capaz de pedir água mesmo a água não estando presente (mentalmente já está formada a representação da água). Esquemas conceituais vão se formando, de acordo com os princípios da lógica, porém dependendo ainda de atividades com objeto presente. É o período operacional-concreto. Nele, a criança consegue fazer tudo que não era possível no estágio anterior, pois o egocentrismo desaparece e surgem as possibilidades de operar com conceitos lógicosmatemáticos. Quando a criança não se limita mais a atividades com o objeto presente, ela passa para o período operatório-formal, caracterizado pelo pensamento abstrato, pela operação envolvendo situações hipotéticas de modo lógico, organização de regras, questionamento de valores apresentados pela sociedade. Agora, você está pronto para o estudo de um dos pontos mais importantes na teoria de Piaget: o estudo da linguagem e do pensamento. Como esses conceitos se desenvolvem? Que relações são estabelecidas entre ambos? Quem aparece primeiro: a linguagem ou o pensamento?

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Quer saber mais? A palavra linguagem tem vários significados. Veja alguns deles.

Acesse o dicionário online: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx

[Do provenç. lenguatge.] S. f. O uso da palavra articulada ou escrita como meio de expressão e de comunicação entre pessoas. A forma de expressão pela linguagem própria de um indivíduo, grupo, classe etc. O vocabulário específico us. numa ciência, numa arte, numa profissão etc.; língua. Vocabulário; palavreado. Tudo quanto serve para expressar ideias, sentimentos, modos de comportamento etc., e que exclui o uso da linguagem.

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Quer saber mais? A palavra pensamento tem vários significados. Veja alguns deles. [De pensar + -mento.] S. m. Ato ou efeito de pensar, refletir, meditar; processo mental que se concentra nas idéias. Faculdade de pensar logicamente: Poder de formular conceitos. Aquilo que é pensado; o produto do pensamento; idéia. Reflexão, meditação. Mente, intelecto, espírito. Fantasia, sonho, imaginação. Lembrança, recordação, ideia

Acesse o dicionário online: http://www.priberam.pt/dlpo/dlpo.aspx

Essas questões e muitas outras mobilizaram Piaget e colaboradores a estudarem sobre o assunto. A partir de seus experimentos e de suas observações, eles perceberam que o desempenho linguístico da criança dependia dela enquanto sujeito do conhecimento. Sendo assim, esse tema básico em nossas discussões necessitará de um estudo cuidadoso, já que em alguns momentos causará polêmicas. Mais adiante, teremos oportunidade de revê-lo, quando abordaremos, em outra unidade, a teoria de Vygotsky. É interessante também alertar que, neste estudo, recordaremos alguns pontos já discutidos durante os estágios do desenvolvimento intelectual. Além da linguagem e do pensamento, abordaremos a questão da moralidade infantil e da autonomia. Vamos em frente!

Construtos Básicos Piagetianos Piaget, por ser cognitivista e fazer sua análise do ponto de vista interacionista-construtivista, atribui à linguagem um papel secundário, valorizando as estruturas operatórias do pensamento. Opõe-se ainda, à ideia de que a linguagem seja a responsável pelo pensamento. É na ação que a criança desenvolve as estruturas cognitivas superiores à origem da lógica e do pensamento No final do período sensório-motor, a criança desenvolve a capacidade de representar simbolicamente os objetos, graças à internalização das ações. Logo, a linguagem é estruturada pela lógica. As representações mentais fazem parte do aspecto figurativo do pensamento em oposição às operações mentais lógicas, aspecto operatório do pensamento (raciocínio, relações lógicas). Essas representações ocorrem através da imitação, do jogo simbólico, da imagem mental, do desenho e da linguagem.

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Imitação

Linguagem

Jogo simbólico

Representação Mental

Imagem mental

Desenho

Imitação A criança imita as características do objeto através da ação. A base da imitação é o processo de acomodação. A imitação pode ocorrer na presença ou não de modelos (imitação diferida).

Jogo simbólico A criança representa diferentes papéis. Há um predomínio da assimilação. O modelo é modificado. Depende dos esquemas que a criança já desenvolveu. Nessa atividade, a criança utiliza objetos para representar qualquer coisa que imagina. Fazem parte do jogo simbólico: jogo de faz -de - conta, jogos organizados (com regras), as dramatizações e as brincadeiras.

Imagem mental Provem de representações mentais das ações internalizadas. A criança imagina situações, representando um objeto pelo som, pelo tato ou pela descrição. Constroem-se esquemas simbólicos.

Desenho A criança tenta representar o real através do desenho. Este não é uma cópia da realidade. Há um equilíbrio entre assimilação e acomodação. O desenho á construção da criança. Envolve não só seu desenvolvimento cognitivo, como também afetivo-emocional.

Linguagem A criança utiliza a expressão verbal para expressar suas ações e interpretações do mundo. A linguagem é o reflexo do pensamento da criança. Ela é a que melhor expressa a internalização das ações e percepções. Dentre todas as representações mentais, a linguagem é a que melhor expressa a internalização das ações e percepções. Portanto, ela merece um aprofundamento.

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Linguagem Você saberia as respostas destas questões: Pensamento e linguagem constituem uma unidade ou são funções distintas? Existe pensamento sem linguagem? A Linguagem desempenha papel ativo no pensamento? Nos diferentes estudos sobre linguagem e pensamento, muitas questões como essas são levantadas. Para pesquisadores, a relação pensamento-linguagem constitui um dos problemas mais complexos. Por um lado, dizem que a linguagem não pode ser empregada sem pensamento; porém, por outro lado, o pensamento puro, sem linguagem é controvertido.

A partir daí, encontramos duas posições: • Concepção monista: unidade do pensamento e da linguagem, sem os identificar. • Concepção dualista: separação entre linguagem e pensamento, buscando priorizar a influência de um sobre o outro. Diante dessas duas concepções, qual seria a posição de Piaget?

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Controvertido Do lat. controversu.] Adj. 1. Que é objeto de controvérsia; controvertível, controvertido. Quer saber mais acesse o dicionário online! http://www.priberam.pt/dlpo/definir

A ideia de que a linguagem seja a responsável pelo pensamento não é compartilhada por Piaget. Para ele, é na ação da criança que está a origem da organização simbólica e do desenvolvimento das estruturas cognitivas superiores (estruturas lógicas do pensamento). E a linguagem faz parte de uma organização cognitiva mais geral, embasada na ação e nos mecanismos sensoriais-motores. Então, podemos dizer que, para Piaget, o lugar da linguagem é minimizado pela sua interpretação cognitivista, já que é a partir da atividade do sujeito epistêmico e secundariamente social, que o conhecimento se constitui enfatizando o papel da inteligência operatória nas construções das estruturas cognitivas, a linguagem tem papel insuficiente nesse processo. Sujeito Epistêmico Já vimos esse termo na Unidade 1, você se lembra? O método da Epistemologia Genética levou Piaget a abandonar os aspectos quantitativos e a inovar com o estudo dos aspectos qualitativos da inteligência. Não interessava a ele saber sobre quem tem mais inteligência, mas sim de que forma o sujeito usa a sua capacidade mental. Segundo Piaget, tudo se inicia com os reflexos, que todo ser humano traz ao nascer. A pergunta básica dele era: de que forma o ser humano, que nasce somente com os reflexos, chega à adolescência usando uma capacidade mental onde é capaz de traçar hipóteses fazer deduções, projetar, pensar abstratamente? É nessa discussão sobre linguagem e pensamento que surge uma questão fundamental: o egocentrismo infantil.

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Linguagem e Egocentrismo Você já observou que as crianças pequenas (três anos) falam sozinhas, todas ao mesmo tempo, sem nenhuma preocupação de comunicação ou troca uns com os outros? Esse fenômeno é chamamos de Fala Egocêntrica. Segundo Piaget, o egocentrismo ocupa uma posição genética, estruturalmente funcional, intermediária entre o pensamento autístico e o pensamento dirigido. À medida que a criança se desenvolve, seu pensamento vai sendo influenciado pela experiência e pela lógica.

Pensamento autístico

Pensamento egocêntrico

individualista

Fica meio caminho entre o autismo e o pensamento socializado

Piaget vê o autismo como a forma mais primitiva do pensamento - a lógica da razão aparece relativamente mais tarde - e o pensamento egocêntrico como o elo genético entre ambos. Para ele, as conversas infantis caracterizam-se pela fala egocêntrica e fala socializada.

Segundo Piaget, o egocentrismo ocupa uma posição genética

Fala Egocêntrica A criança fala apenas de si própria, sem interesse por seu interlocutor. Neste sentido, não tenta se comunicar, não espera resposta e, frequentemente, não se preocupa em saber se alguém está prestando atenção ao que diz Fala Socializada A criança procura efetivamente estabelecer um contato com o outro. Piaget acrescenta, ainda, que a tendência da fala egocêntrica é de atrofiar-se à medida que a criança se aproxima da idade escolar. Admite, pois, que a fala egocêntrica deriva de uma socialização insuficiente da fala, sendo seu destino o desaparecimento. SOUZA, Solange Jobim e.; KRAMER, Sonia. O Debate Piaget/Vygotsky e as políticas educacionais. Caderno de Pesquisa n.77 São Paulo, maio 1991. p. 70

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O egocentrismo infantil é um obstáculo a ser superado para que o pensamento da criança se torne lógico. De acordo com Piaget, o jogo simbólico (característico do pensamento prélógico) é o pensamento egocêntrico puro. É através do jogo simbólico que “a criança encontra uma maneira de satisfazer seu “eu” por meio de uma transformação do real em função de seus desejos. No jogo simbólico, a criança refaz a própria vida, corrigindo-a e revivendo todos os prazeres ou conflitos, resolvendo-os ou compensando-os, à sua maneira, através da imaginação.” (SOUZA e KRAMER, 1991, p. 75). Para Piaget a imitação é um esforço de adaptaçäo do sujeito ao real, enquanto no jogo simbólico a criança demonstra uma assimilação deformada da realidade ao eu. Neste sentido, a tendência do desenvolvimento cognitivo é a evolução do pensamento em direção a uma adaptação cada vez maior. Essa adaptação é caracterizada pelo pensamento intuitivo ou pré-lógico da primeira infância ao pensamento lógico do adulto (forma mais elaborada da relação inteligente do homem ao mundo). Em síntese, a linguagem, para Piaget, é a tomada de consciência de uma operação mentalmente construída na ação. É a indicadora do pensamento do sujeito. A linguagem envolve signos, e não símbolos.

O Pensamento Infantil e suas Características Segundo Piaget, o pensamento, o raciocínio, as estruturas lógicas é que fazem com que o sujeito seja capaz ou não de compreender a linguagem que, por sua vez, vem do exterior (de fora para dentro). É o desenvolvimento da criança que vai determinar que ela internalize ou não o fato externo.Piaget trabalhou com dois tipos de estrutura de pensamento, a saber:

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Estrutura Infralógica - Altamente significante para o desenvolvimento do pensamento. Para a formação dessa estrutura, a criança opera com um único objeto como um todo e é capaz de subdividir o todo nas partes que o compõem ou vice-versa. As noções infralógicas estão relacionadas a espaço, tempo, medida etc. Os conceitos infralógicos evoluem paralelamente aos conceitos lógicos Estrutura Lógica - Aqui, o pensamento opera com um conjunto de objetos e suas relações. Envolve o classificar, seriar, incluir em classes, trabalhar com as operações No estágio pré-operatório, do pensamento intuitivo, as crianças demonstram alguma capacidade para raciocinar de forma concreta. Um exemplo é a criança que, brincando com os blocos lógicos, coloca um triângulo sobre um quadrado e diz: “casa da vovó”. Outro exemplo é quando a criança pergunta quem colocou a lua no céu. As intuições não dispõem de reversibilidade, mobilidade. O pensamento ocorre somente com base na realidade que veem. São ainda caracterizados pelo animismo, finalismos, artificialismo. Essas características que fundamentam uma capacidade pré-lógica do pensamento levam ao raciocínio transductivo (capacidade de explicar o fenômeno do particular para o particular). É no estágio operatório-concreto que começa a surgir uma frágil capacidade de raciocínio abstrato. Surgem as estruturas infralógicas. Ocorre, nesse estágio, uma manipulação concreta de objetos em relação à constituição de espaço, de tempo e de medida. Já na proximidade dos 12 anos de idade, no estágio operatório-formal, a criança começa a fazer operações lógico-matemáticas de classificação, seriação, multiplicação lógica e numeração, desenvolvendo uma estrutura lógica interna consistente e uma habilidade em solucionar problemas concretos. Na fase da pré-adolescência, a criança é capaz de deduzir, fazer proposições, discutir hipóteses, pensar abstratamente e não trabalhar apenas com o real. O pensamento torna-se muito mais complexo utilizando teorização e reflexão, chegando à estrutura lógica combinatória e proposicional. É a capacidade mental mais evoluída do pensamento humano.

A Criança e a Construção da Moralidade

Fonte: http://psicologiad40.blogspot.com.br/2012/06/denvolvimento-moral-teoria-de-piaget.html

O inquilino ao qual a Mafalda se refere na história acima é a moral que, segundo o dicionário, é “o conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, quer de modo absoluto para qualquer tempo ou lugar, quer para grupo ou pessoa determinada”. Para Piaget, os valores morais são construídos a partir da interação da criança com os diversos ambientes sociais, em um contexto de cooperação. É o outro quem desafia a criança a justificar sua forma de pensar, seus pontos de vista em relação a determinado conhecimento.

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A primeira moral da criança é a obediência ao adulto, e o primeiro critério de bem é a vontade dos pais. Na relação criança/criança, vê-se que as normas surgem da própria criança em conformidade com o contexto social onde está inserida. O desenvolvimento da moral infantil, portanto, ocorre por um processo de maturação que, em contato com o contexto social, fará com que a criança evolua numa linha ascendente da dependência moral à autonomia moral, passando por vários níveis, na busca da equilibração majorante. De acordo com Piaget, são quatro os estágios do desenvolvimento moral pelos quais a criança passa. Vamos conhecer cada um deles!

Os quatro estágios de desenvolvimento moral da criança

Diminuição do egocentrismo ao longo de todo o desenvolvimento do sujeito moral. 25


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O que temos é, de início, um estágio chamado de anomia (não há regras). É o estágio pré-moral. As ordens são obedecidas de forma mecânica, característica comum em bebês que ainda irão construir valores ao longo de seu desenvolvimento. O egocentrismo infantil é predominante e a criança tem a tendência de projetar seus impulsos no mundo exterior. O segundo estágio se caracteriza por uma fase de moralidade heterônoma (cinco a oito anos). A criança desenvolve a aquisição do conceito de normas e regras. Sente-os através da coerção e imposições do adulto. Analisa os atos de acordo com a consequência imediata e não pela intenção de quem o praticou. Por exemplo, no caso em que uma pessoa quebra muitos pratos sem querer, e uma outra quebra um único prato porque atirou com raiva em outra pessoa. A criança, nessa fase, julga que quem quebrou muitos pratos sem querer é o mais culpado. O terceiro estágio é a fase de transição para a autonomia moral (oito a dez anos). As normas ainda são percebidas como impostas, porém já não manifesta uma obediência rígida às regras e proibições, considera as situações específicas. O quarto estágio á caracterizado pela autonomia moral (dez a doze anos). Analisa as situações para cumprir os deveres ou as proibições. O julgamento da responsabilidade pelos atos leva mais em consideração a intenção de quem pratica o ato do que a consequência do ato. Será mais grave de acordo com a intenção de quem o praticou. No estudo da constituição da moral, Piaget mostra que a maturação não é o único fator importante, mas também, e, principalmente, o desenvolvimento da cooperação e do respeito pelos outros. Daí ser fundamental nesta construção da moralidade, a liberdade dada à criança para refletir, questionar, reinterpretar as normas estabelecidas, e não somente cumpri-las incondicionalmente.

estágios

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Observe a imagem seguinte.

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Notou que a cooperação, o respeito recíproco e a socialização favorecem a autonomia? É a partir dos processos de descentração (do debate) que a criança vai se desprendendo da coerção e das normas impostas pelo meio social e vai sendo capaz de desenvolver uma postura crítica. A ausência de debate, de expressão e de interação não favorece o desenvolvimento da subjetividade crítica necessária à autonomia. É diante da subjetividade crítica que a criança constrói as suas normas de conduta e de pensamento, podendo assim se adaptar à necessidade, buscando a autonomia.

A Busca pela Autonomia

Piaget aponta alguns cuidados que o educador deve ter, a fim de propiciar condições para que a criança chegue satisfatoriamente à autonomia. Por exemplo, se o adulto usa recompensas ou castigos acreditando que está contribuindo para a formação moral da criança, engana-se; na verdade, está reforçando a heteronímia (segundo estágio do desenvolvimento moral). As crianças vão apresentar comportamentos de revolta, conformidade (só obedecem), e repetirão o comportamento quando houver nova possibilidade. A possibilidade de a criança construir, por si mesma, regras de conduta através da coordenação de seus pontos de vista, poderá ser desenvolvida através de sanções de reciprocidade. As exigências dos adultos devem ser razoáveis e estarem sempre de acordo com o nível de compreensão das crianças.

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Aqui, mais uma vez, a atitude de cooperação entre adulto e criança é de fundamental importância: excluir temporariamente do grupo, deixar a criança experimentar a consequência direta e material do seu ato, privar o sujeito de algo que tenha estragado, encorajar a criança a reparar o que fez – podendo inclusive ajudá-la, ou qualquer outra exigência que leve à construção moral da criança e não somente à obediência a partir do medo –, são algumas propostas para que a criança construa sua autonomia. Lembre-se sempre: A moralidade infantil é uma construção e reconstrução ativa de regras por parte do sujeito.

Provas Operatória de Jean Piaget É através das provas operatórias que, segundo Piaget, compreenderemos como o sujeito opera com as situações vivenciadas no dia a dia, como as situações de aprendizagem propostas mobilizam o surgimento de atividades construtivas por parte da criança e a importância de ouvirmos nosso aluno no sentido de percebermos seu ponto de vista. De início, deve ficar claro que as provas são usadas como recurso. Elas são úteis para melhor analisarmos o desenvolvimento cognitivo. Também difere de um teste, já que não há respostas certas. Verificaremos, neste tópico, os três tipos de conhecimento destacados por Piaget: físico, lógico-matemático e social. Conheceremos as provas operatórias piagetianas de conservação, classifi cação, seriação e de pensamento formal. Vale ressaltar que não cabe aqui detalhar a aplicação das provas operatórias, apenas serão apresentadas algumas provas operatórias e suas modificações. Vamos colocar em prática os conceitos estudados na teoria de Piaget sobre provas operatórias!

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Três Tipos de Conhecimento Para começarmos o tópico, leia o texto a seguir. Um dia eu vi uma menina de 9 anos dividindo um tablete de chicletes de bola com seu irmão. O irmãozinho, de 5 anos, reclamou: "O seu é maior. você tem mais. A menina pegou o pedaço dele, espichou bem até ficar mais comprido que o dela. "Olhe agora." E o menino, todo contente, foi embora: "É, o meu é maior". A menina havia descoberto um modo de receber e dar o maior pedaço a cada um. (CARRAHER, 1989, p. 63.)

Você saberia dizer qual conhecimento foi construído pela menina?

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Piaget, assim como seus seguidores, demonstraram que nem todos os conhecimentos são da mesma natureza. Para ele, existem três tipos de conhecimento: o físico, o lógicomatemático e o social. Comecemos pelo conhecimento físico. O conhecimento físico, através do experimento, a criança dissocia uma propriedade do objeto, recentemente descoberta, das demais propriedades. Por exemplo, cor, textura, forma, cheiro, gosto, temperatura etc. Ela descobre essas propriedades através da sua ação sobre os objetos e como os objetos reagem a essas ações – observação da ação. Voltemos ao exemplo da menina que dividiu o chiclete com o seu irmão. Aos 9 anos, ela já sabe que esticando o chiclete ele ficará maior. Isso é conhecimento físico! Apalpar, quebrar, bater, esticar, dobrar, sacudir, morder são atividades importantes para desenvolver o conhecimento físico. Existem atividades onde a ação (deslocamento dos objetos) é a principal e a observação (transformações) é secundária. Tome nota disso! O conhecimento lógico-matemático é aquele adquirido através das coordenações das ações que o sujeito exerce sobre os objetos. É importante deixar bem claro, aqui, que essa separação entre conhecimento físico e lógico-matemático é puramente didática. Na verdade, o conhecimento físico não pode ser construído sem uma relação lógica-matemática, não é mesmo? Objeto: fonte do conhecimento físico. Sujeito: fonte do conhecimento lógico-matemático. Anote as características do conhecimento lógico-matemático! • Constrói-se a partir das relações que a criança cria entre os objetos. • É unidirecional e irreversível. • Jamais será esquecido. Agora, tente identificar alguma dessas características na história abaixo. Dois irmãos, uma menina de 4 anos e um menino de 8 anos, pedem dinheiro aos pais para comprar pipoca. Os pais dão para o menino 1 moeda de R$ 1,00; e para a menina, 4 moedas de R$ 0,25. A menina sai correndo feliz da vida, achando ter recebido mais dinheiro do que o irmão.

Você acha que a menina já tem estruturado o pensamento lógico-matemático? Não. Ela pensou que, ao ganhar mais moedas, estaria com mais dinheiro do que o irmão, o que não é verdade. A moeda de R$ 1,00 possui o mesmo valor do que as quatro moedas de R$ 0,25. Ou seja, os dois irmãos teriam ganhado a mesma quantidade de dinheiro para comprar pipoca.

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O conhecimento social é adquirido através das informações fornecidas pelas pessoas que estão ao redor da criança. É um conhecimento arbitrário e fundamenta-se no consenso social. Esse conhecimento não ocorre de forma unilateral, é fundamental para a adaptação ao meio em que se vive. As atividades que possibilitam esse conhecimento permitem a obtenção de objetivos cognitivos, afetivos, sociais e perceptivos-motores. De acordo com o interesse e a curiosidade da criança, os conteúdos e atividades relacionadas ao conhecimento social vão se desenvolvendo. Quando as atividades escolhidas pela criança são desafiantes, seu pensamento será desenvolvido num clima sem coerção, o que assegurará os objetivos afetivos. Do mesmo modo, em relação aos objetivos cognitivos, a aquisição do conhecimento social ampliará o conhecimento que a criança tem do mundo e suas possibilidades de adaptação.

E

exemplo

Veja o exemplo a seguir. No cantinho da leitura, em uma prateleira ao alcance das crianças, ficam expostos os livros. Elas escolhem alguns e se sentam no chão para folheá-los ou mesmo levá-los à boca. Uma criança pequena entrega um livro à professora, que pergunta: "Ah, você quer que eu leia?" Os pequenos, então, passam a prestar atenção na leitura feita por ela, que mostra as ilustrações e as comenta. (Revista Nova Escola)

O que levou a criança pequena a entregar o livro à professora para que ela o lesse? Provavelmente a criança já havia observado alguém de seu meio pegando o livro e lendo, não é mesmo? Isso é conhecimento social. A partir das informações fornecidas pelas pessoas e pelo ambiente social, a criança desenvolve esse conhecimento. Ele ocorre de forma dinâmica e integrada. No conhecimento social, os objetivos sociais também estarão assegurados, já que estas atividades possibilitarão uma integração social. Atividades que estimulem as habilidades perceptivas-motoras também se desenvolverão a partir de temas de conhecimento social, a partir de situações reais vivenciadas pelas crianças.

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Provas Operatórias Como já vimos, as provas operatórias nos permitem conhecer o funcionamento e o desenvolvimento das funções lógicas do sujeito. É através delas que podemos investigar o nível cognitivo em que a criança se encontra e se há diferença em relação à sua idade cronológica. Uma criança com dificuldades de aprendizagem, por exemplo, poderá ter uma idade cognitiva diferente da idade cronológica. Esta criança encontra-se com uma defasagem cognitiva e que pode ser a causa de suas dificuldades de aprendizagem, pois será difícil para a criança entender um conteúdo que está acima da sua capacidade cognitiva. Vale lembrar que, ao aplicar as provas, é fundamental não aplicar várias provas de conservação em uma mesma sessão, para que o sujeito não seja contagiado pelas mesmas respostas. Faça uma alternância entre provas de conservação, classificação, seriação e de pensamento formal. Veremos, a seguir, cada uma delas. Provas de Conservação Conservação é definida por Piaget como a capacidade de perceber que apesar das variações de forma ou arranjo espacial, uma quantidade ou valor não varia se dele não se retira ou adiciona algo. Temos provas de conservação de: matéria, líquidos, pequenos conjuntos discretos de elementos, superfície, volume, peso e comprimento.

Conservação da quantidade de matéria

Igualdade inicial

modificação do elemento experimental (achatamento)

Conservação de quantidade de líquidos

Igualdade inicial

Primeira modificação

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Segunda modificação

Terceira modificação

Conservação de pequenos conjuntos discretos de elementos

Igualdade inicial

Segunda modificação espacial

Primeira modificação espacial

Terceira modificação espacial

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Conservação de superfície

Igualdade inicial

Retorno empírico

Perguntas iniciais

Primeira modificação espacial

Segunda modificação espacial

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Conservação de peso

Modificação do elemento experimental (alargamento)

Igualdade inicial

Modificação do elemento experimental (partição)

Modificação do elemento experimental (achatamento)

Conservação de peso

Apresentação das correntes. Perguntas iniciais

Primeira situação

Segunda situação 36


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Prova de Classificação Nesse tipo de prova, agrupa-se pela semelhança, pela definição de um critério. Por exemplo, o critério da cor, da forma, do tamanho.

Classifi cação por mudança de critério - Dicotomia

Classificação por cores sem caixa

Classificação por cores usando a caixa

Classificação por formas usando a caixa

Classificação por tamanho usando a caixa

Classifi cação por inclusão de classes

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Classifi cação por mudança de critério - Dicotomia

Prova de Seriação Nesse tipo de prova, agrupa-se segundo as diferenças, segundo a ordenação dos elementos (grandezas crescentes ou decrescentes) Por exemplo, quando há vários palitos de tamanhos diferentes e a criança agrupa-os de acordo com o tamanho de cada um em ordem crescente (do menor ao maior).

Palito de inclusão

Prova Operatória para o Pensamento Formal Prova de combinação de fichas e prova de permutações possíveis com um conjunto determinado.

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saiba mais

Quer saber mais sobre as provas piagetianas e o diagnóstico psicopedagógico, acesse o texto O uso clínico das provas piagetianas como protótipo do diagnóstico psicopedagógico de Denise da Cruz Gouveia. Disponível em: http://books.google.com.br/books/about/ Psicopedagogia_Fundamentos_Para_a. html?hl=pt-BR&id=XYcZPaU_NS0C

Conclusão Para Piaget, o desenvolvimento intelectual ocorre através de uma sucessão de períodos ou estágios evolutivos em que esquemas e reflexos de ação e de conceitos são organizados entre si. Cada uma dessas etapas é responsável por determinada construção, sendo estas sempre contínuas. Dessa forma, todo o conhecimento do sujeito precisa primeiro ser construído nos estágios mais básicos, para, em seguida, ser reconstruído, possibilitando o enriquecimento da compreensão. Esse processo não acontece de modo rápido, uma vez que os períodos ou estágios são construídos vagarosamente a partir da interação do sujeito com o meio.

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O Sóciointeracionismo de Vygotsky

Objetivos - Identificar os principais conceitos da teoria de Vygotsky: interação, internalização e mediação. - Reconhecer os três níveis de desenvolvimento psicológico humano: filogenético (ou evolutivo, ou ainda natural), ontogenético e histórico-cultural. - Descrever a posição de Vygotsky em relação do desenvolvimento da linguagem e do pensamento infantil.

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Introdução: Vamos começar esta Unidade, voltando a nossa infância. Lembra quando você brincava de pique-pega, amarelinha, pula cordas, esconde-esconde? Se olharmos para trás, agora com outro olhar, observaremos o quanto este “brincar” foi importante para a nossa vida. Através das brincadeiras, aprendemos a conviver em grupo, a compartilhar nossas vidas, e também coisas, com outras pessoas. Aprendemos a socializar-nos. Foi pensando no desenvolvimento do sujeito como resultado de um processo sócio-histórico que Vygotsky construiu a sua teoria. Ele procurou compreender como o indivíduo marcado pela história e pela cultura constrói o conhecimento (esta é uma idéia marxista). Vygotsky contrapunha-se à psicologia oficial de seu tempo, de que a aprendizagem era uma mera aquisição de informações. Entendia que a aprendizagem não acontecia a partir de uma simples associação de ideias armazenadas na memória, mas era um processo interno, ativo e interpessoal. Estudaremos, nesta aula, os principais conceitos da teoria de Vygotsky (interação, internalização e mediação), bem como os três níveis de desenvolvimento psicológico humano descritos pelo teórico: filogenético (ou evolutivo, ou ainda natural), ontogenético e histórico-cultural. Também veremos o posicionamento de Vygotsky em relação ao desenvolvimento da linguagem e do pensamento infantil. Vamos seguir em frente!

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aprofundando

A teoria de Vygotsky é considerada revolucionária e muito atual. Contemporâneo de Piaget, professor e pesquisador, nasceu e viveu na Rússia. Foi membro do PCUS e participou da revolução de 1917, com 21 anos. Sua teoria foi influenciada, claramente, pela dialética marxista. Como muitos intelectuais semelhantes, discordou de Stalin e, por isso, teve sua obra não divulgada. Morreu de tuberculose aos 37 anos. Quer saber o que foi a Revolução de 1917, acesse http://www.historianet.com.br/conteudo/default. aspx?codigo=49

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Pressupostos Básicos da Teoria de Vygotsky A base dos estudos de Vygotsky é o materialismo histórico-dialético. O autor enfatizava o processo histórico-social e o papel da linguagem no desenvolvimento do indivíduo. Sua questão central é a aquisição de conhecimentos pela interação do sujeito com o meio. Por isso, a linguagem tem um papel central no desenvolvimento humano. De acordo com o teórico, o meio social e o histórico são anteriores à existência do sujeito. O homem se torna humano através de uma construção social resultante da interação entre sujeito e meio sócio-cultural, numa dinâmica dialética. É essa interação que leva o homem a apropriar-se de significações.

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saiba mais

“O método materialista histórico-dialético caracterizase pelo movimento do pensamento através da materialidade histórica da vida dos homens em sociedade, isto é, trata-se de descobrir (pelo movimento do pensamento) as leis fundamentais que definem a forma organizativa dos homens durante a história da humanidade.” (PIRES, 1993) Para saber mais sobre o materialismo histórico-dialético, leia o texto O materialismo histórico-dialético e a Educação, de Marília Freitas de Campos Pires, disponível em

Vygotsky acreditava que até mesmo as nossas atitudes individuais estão impregnadas de trocas com o coletivo, ou seja, mesmo o que tomamos como característica individual foi construída a partir da interação com outros indivíduos. Entenderemos melhor essa relação quando falarmos sobre Zona de Desenvolvimento proximal. O importante a frisar aqui é que o conhecimento humano se desenvolve pela troca, através de processos de interação, internalização e mediação. A seguir, veremos cada um desses processos.

http://www.scielo.br/pdf/icse/v1n1/06.pdf

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Interação O homem para Vygotsky é um ser que age sobre o mundo, transforma as ações e se transforma: é um ser interativo. Ele adquire conhecimentos pela interação com o meio. O meio é aqui entendido como algo muito amplo, carregado de significados, que envolve cultura, sociedade, ideologias, história e práticas sociais. Para o teórico, não importa a classe social onde o sujeito está inserido ou as culturas mais ou menos desenvolvidas. O que importa são os meios pelos quais a sociedade se organiza, os tipos de tarefas que a criança, em desenvolvimento, enfrenta, e os tipos de instrumentos tanto físicos como mentais que utiliza Pela interação social, a criança aprende e se desenvolve, cria novas formas de agir no mundo, ampliando suas ferramentas de atuação em contextos culturais complexos. Assim, o sujeito adquire conhecimentos a partir de relações intra e interpessoais e de troca com o meio.

Internalização A internalização é o modo como o sujeito aprende algo externo. Ela é fundamentada na capacidade de mediação que o indivíduo possui entre as relações sociais e o desenvolvimento das funções mentais superiores (pensamentos, linguagem, capacidade de abstração). Vamos nos apropriar de um exemplo para clarificar esse conceito.

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Funções mentais superiores Vygotsky fez uma distinção principal entre funções mentais "inferiores", naturais, como percepção elementar, memória, atenção e vontade, e as funções "superiores" ou culturais como consciência, linguagem social (racional), leitura e escrita, que são especificamente humanas e que aparecem gradualmente no curso de uma transformação radical das funções inferiores. DANIELS, Harry. [org.]. Uma introdução a Vygotsky. São Paulo: Loyola, 2002. p. 117 Inicialmente, uma criança realiza atos indeterminados. Depois, esses atos são direcionados a algum objeto que ela deseja alcançar e agarrar. Os adultos interpretam esses gestos e pegam o objeto para a criança. Na verdade, a criança alcança o objeto através do adulto que interpretou seu gesto. Como observado, as crianças, desde o nascimento, estão em contato constante com os adultos. De início, suas respostas são explicadas através de processos naturais. À medida que vai ocorrendo a intervenção do adulto, processos psicológicos mais complexos vão se constituindo (processo de interação). Fica claro em Vygotsky que o desenvolvimento está apoiado no plano das interações e daí sua importância. Diferentemente de Piaget, os movimentos da criança mobilizam o adulto e não o objeto do conhecimento diretamente. Vygotsky diz que: “todas as funções no desenvolvimento da criança aparecem duas vezes: primeiro, no nível social, e, depois, no nível individual; primeiro, entre pessoas (interpsicológico ou intersubjetivo) e, depois, no interior da criança (intrapsicológico ou intrasubjetivo).” (1998, p.75). Este último, intrapsicológico, ocorre quando os processos vivenciados com o outro se interiorizam no sujeito, transformando-se e constituindo o desenvolvimento interno do sujeito. Você deve ficar atento para perceber que quando Vygotsky fala em plano interno, não quer dizer cópia do externo ou sua reprodução. Durante o processo de internalização ocorrem transformações. Cada sujeito constrói o seu conhecimento a partir de interações. Assim, na teoria de Vygotsky, a socialização leva ao aprendizado e não o contrário.

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Mediação Podemos chamar de mediação o processo ao qual caracteriza a interação homem/mundo, homem/homem, possibilitando o desenvolvimento das funções psicológicas superiores. Também podemos denominar mediação o processo de interação envolvendo um elemento intermediário numa relação, que deixa de ser direta para se transformar numa relação mediada por esse elemento. Observe o esquema seguinte.

s S = estímulo R = resposta X = elemento mediador

x

r

O esquema nos mostra que o processo simples estímulo (S)-resposta (R) é substituído por um ato complexo, que envolve um elemento mediador (X). Para Vygotsky, são dois os tipos de elementos mediadores: os instrumentos e os signos. Ligado às ideias marxistas (princípios), Vygotsky busca compreender o homem tomando como base o trabalho, a formação da sociedade humana e o surgimento do trabalho. O trabalho permite ao homem transformar a natureza, unindo-os e criando a cultura e a história humana. O instrumento seria o elemento entre o trabalhador e o seu objetivo no trabalho, possibilitando maior transformação da natureza. Ele é um objeto social e mediador entre a relação indivíduo-mundo. Diferentemente dos instrumentos, que são elementos externos ao indivíduo cuja função é modificar os objetos, os signos (também chamados de "instrumentos psicológicos", por Vygotsky) são voltados para o próprio indivíduo, para o controle de suas ações psicológicas e não das ações concretas, como os instrumentos. Utilizamos vários sinos no nosso dia a dia para auxiliar o nosso desempenho nas atividades psicológicas, como por exemplo, fazer anotações, desenhar mapas, dentre outras coisas. Tudo isso para melhorar a nossa capacidade de controlar a ação psicológica e para armazenar informações.

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Linguagem e Construção do Conhecimento Vygotsky aponta que um dos instrumentos (signos) básicos criados pelo homem é a linguagem. Para ele, a linguagem é o principal mediador do conhecimento, tendo um papel fundamental na interiorização do outro. Ela é, desde o início, social e socializada, valorizada pela troca e compreensão de seu significado, muito mais que sua expressão oral; seja de qualquer forma que se expresse: palavras, gestos, choro, olhares etc. Quando nos relacionamos com os objetos, esses objetos estão carregados de significados, de acordo com a cultura onde se encontram. Por exemplo: um copo não é apenas um objeto. Tem um significado que é passado pelo outro e uma história que faz desse objeto ser um copo. Segundo Vygotsky, a linguagem permite organizar o objeto em categorias conceituais. Tanto expressa o pensamento como age organizando o mesmo. À medida que lida com o objeto ausente, abstrai e generaliza possibilitando a comunicação entre os homens. É falando que organizamos nosso pensamento. Na medida em que se fala, se compreende. Na medida em que a linguagem acontece, o pensamento se concretiza (compreensão se dá por si). Logo, pensamento e linguagem não são dicotômicos. Quando o sujeito pensa, é como se estivesse dialogando consigo mesmo. Observando-se crianças, percebemos que a fala, de início, acompanha as ações: criança fala brincando. Mais tarde dirige a ação; é quando a fala assume a função planejadora. Em outras palavras, com o passar do tempo, a fala deixa de ser um meio para dirigir o comportamento do outro e passa a ter a função de autodireção. Vygotsky ainda chama atenção para a fala egocêntrica, que para ele é uma forma de transição entre a fala exterior e a interior (posição antagônica a Piaget). Fala egocêntrica A criança se utiliza da fala egocêntrica para acompanhar sua atividade, realizar uma descarga emocional e planejar a atividade. Nesse planejamento, surge o elo com o processo psíquico superior: o pensamento. A fala é interiorizada psicologicamente antes de ser interiorizada fisicamente. Durante o desenvolvimento da criança a freqüência de vocalização da fala egocêntrica diminui; porém, a sua estrutura e a sua função evoluem. Isso indica que o aparente desaparecimento da fala egocêntrica ‘esconde’ o nascimento de uma nova forma de fala, uma fala para si mesmo que não encontra expressão na fala exterior. “A decrescente vocalização da fala egocêntrica indica o desenvolvimento de uma abstração do som, a aquisição de uma nova capacidade: a de ‘pensar as palavras’, ao invés de pronunciá-las.” (Vygotsky, 2000b).]

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O esquema abaixo ilustra o desenvolvimento da fala, de acordo com Vygotsky

FERREIRA, Patrícia Vasconcellos Pires. Disse, tá dizido; prometeu, tá prometado! Disponível em: http://www.caleidoscopio.psc.br/ideias/disse.html

O momento de maior significado do desenvolvimento intelectual é quando se observa a fala e a ação se desenvolvendo independentes uma da outra e, de repente, convergem ocorrendo o uso do significado e do significante, próprio somente da espécie humana. O homem difere do animal porque é capaz de pensar em termos de presente, passado e futuro. Assimila, acumula, transmite experiências, projeta ideias, toma decisões, modifica.

Desenvolvimento da Linguagem e do Pensamento Agora, podemos entender a relação entre pensamento e linguagem na visão de Vygotsky. Ambos, linguagem e pensamento, têm origens distintas. Entretanto, ao longo da evolução, ocorre uma interdependência constante, que se modifica e de desenvolve. Perceber essas relações é fundamental para compreender o funcionamento psicológico do sujeito. Mesmo antes de dominar a linguagem, a criança demonstra capacidade de resolver problemas práticos, de utilizar instrumentos e meios para atingir objetivos. É o que o Vygotsky chamou de fase pré-verbal do pensamento. Ela é capaz, por exemplo, de dar a volta no sofá para pegar um brinquedo que caiu atrás dele e que não está à vista. Embora ainda não dominem a linguagem como um sistema simbólico, os pequenos também utilizam manifestações verbais. O choro e o riso têm a função de alívio emocional, mas também servem como meio de contato social e de comunicação. É o que o pesquisador denominou fase pré-intelectual da linguagem. Por volta dos 2 anos de idade, o percurso do pensamento encontra-se com o da linguagem e o cérebro começa a funcionar de uma nova forma. A fala torna-se intelectual. A criança atinge a fase intelectual, em que o desenvolvimento do pensamento e da linguagem se unem, tornando a fala intelectual (função simbólica) e o pensamento verbal, mediado pela linguagem. Isso ocorre graças à inserção da criança no grupo social. (Revista NOVA ESCOLA).

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Veja a representação do esquema na imagem seguinte.

Assim, para Vygotsky o desenvolvimento do pensamento independe do desenvolvimento da linguagem e vice-versa. Em determinado momento da evolução filogenética, essas duas fases se unem: o pensamento passa a ser verbal e a linguagem, racional (característica humana) e o biológico se torna sócio-histórico.

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Para saber mais sobre as relações entre pensamento e linguagem, leia o texto Vygotsky e o conceito de pensamento verbal, de Camila Monroe e Rodrigo Ratier. Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/gestao-escolar/ vygotsky-conceito-pensamento-verbal-639053.shtml

Vygotsky mostra que gestos, desenhos, brinquedos simbólicos contribuem para a aprendizagem da linguagem escrita 48


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Linguagem Escrita

Em Vygotsky vamos encontrar a escrita como um processo que se inicia muito antes da entrada da criança na escola, antes dela passar pelo processo de alfabetização propriamente dito. Segundo o teórico, a escrita é cultural. A criança que se desenvolve numa cultura letrada está exposta ao seu uso, adquirindo o conhecimento da escrita ao longo do seu desenvolvimento. Ele pontua o seguinte caminhar da criança: • Rabiscos mecânicos - busca imitar a escrita do adulto. • Marcas topográficas - distribui sua escrita no espaço do papel. • Representação pictográfica - faz o desenho no lugar da escrita da palavra. • Escrita simbólica - usa formas para representar informações difíceis de serem representadas (abstrações) Ex: noite - bola preta. • Assimilação dos mecanismos da escrita simbólica - aprendizagem da língua escrita propriamente dita. Esses passos são dados pela criança em um processo coletivo e que depende do contexto onde ela está inserida. Vamos encontrar crianças que não fazem a representação pictográfica por não aceitá-la como escrita; ou, aquelas que já grafam letras, mas ainda não compreendem sua função como escrita, utilizando a mesma letra para escrever diferentes nomes. Vygotsky mostra que gestos, desenhos, brinquedos simbólicos contribuem para a aprendizagem da linguagem escrita, já que são sistemas simbólicos que representam a realidade. Para o pesquisador, antes de dominar a escrita, a criança passa por um longo processo de organização da capacidade de simbolizar. O domínio da escrita pressupõe, então, a possibilidade de simbolizar.

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Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) Você se lembra o que Piaget afirmava sobre a forma como ocorre o desenvolvimento? Na proposta desse teórico, a criança passa por estágios de desenvolvimento intelectual que seguem uma sequência e são universais. Vygotsky, diferentemente de Piaget, não aborda a questão de níveis, mas sim de Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP) na construção do conhecimento. Para ele, a zona de desenvolvimento proximal é o ponto principal para se compreender as relações entre desenvolvimento e aprendizagem. A ZDP envolve dois níveis de desenvolvimento: o real e o potencial.

Níveis real ou potencial

Nível Real O nível de desenvolvimento real é determinado pela capacidade que a criança tem de resolver um problema sem ajuda. Nível Potencial O nível de desenvolvimento potencial baseia-se na resolução de problemas, por parte da criança, com a orientação de um adulto ou em colaboração com outro companheiro.

Vejamos como Vygotsky caracteriza a zona de desenvolvimento proximal. Zona de desenvolvimento proximal define aquelas funções que ainda não amadureceram, mas que estão em processo de maturação, funções que amadurecerão, mas que estão presentes em estado embrionário. Essas funções poderia ser chamadas de ´brotos` do desenvolvimento. O nível de desenvolvimento mental, retrospectivamente, enquanto a zona de desenvolvimento proximal caracteriza o desenvolvimento prospectivamente. (VYGOTSKY, 1988, p.113).

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Podemos afirmar, então, que Vygotsky conceitua a zona de desenvolvimento proximal como sendo um intervalo entre a resolução de problemas com ajuda (por exemplo, a criança amarrar o cadarço do tênis com a orientação de alguém) e sem ajuda (por exemplo, depois de um intervalo, a criança passa a amarrar o cadarço do tênis sozinha). É o aprendizado que possibilita e movimenta o processo de desenvolvimento e que torna real o que antes era potencial. Logo, o bom ensino é o que vai atuar na zona de desenvolvimento proximal. Através da ZPD percebemos como a criança organiza a informação recebida e como seu pensamento opera. Daí, o papel do educador, de mediador, que só poderá agir na ZPD e não apenas transmitir conteúdos ou desenvolver exercícios automatizados. É ele quem irá interferir no processo de conhecimento, provocando avanços nos alunos, sendo a construção de conceitos o objeto principal dessa intervenção.

O Papel do Brinquedo na Construção do Conhecimento No início da dessa Unidade, vimos o quanto as brincadeiras e os brinquedos são importantes para aprendermos a conviver em grupo, a compartilhar nossas vidas, e também coisas, com outras pessoas. Além da socialização, é grande a influência do brinquedo no desenvolvimento cognitivo e afetivo do sujeito, como mostra a imagem a seguir.

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O brinquedo dá possibilidades à criança de atuar com o cognitivo, indo além da simples percepção do objeto. Privilegia a brincadeira do “faz de conta”. A criança é levada a agir num mundo da fantasia. Um simples pedaço de pau vira cavalo, espada, instrumento de música etc. A criança estabelece a relação entre os objetos e o significado que tem para si. De acordo com suas vivências, transforma-os, desenvolve a imaginação. Mesmo quando adultos usamos o brinquedo não só como atividade prazerosa, mas como um caminho para desenvolver o pensamento (jogo de xadrez). Vygotsky considera o brinquedo uma importante fonte de promoção do desenvolvimento. Através dele, a criança se supera, é capaz de apresentar comportamentos e descobrir respostas, que em outra situação não conseguiria fazê-lo. Isso graças à imaginação que leva a criança a dar asas ao seu pensamento, ultrapassando limites impostos pelo meio social. Brincando, a criança experimenta, descobre, inventa, propõe situações, descobre suas habilidades. Enfim, brincar é fundamental para a saúde física, emocional e intelectual de qualquer criança.

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Quer saber mais sobre a influência do brinquedo no desenvolvimento do sujeito? Leia o texto Papel do Brinquedo no Desenvolvimento Infantil, disponível em: http://www.scelisul.com.br/cursos/graduacao/pd/ artigo2.pdf

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O brinquedo dá possibilidades à criança de atuar com o cognitivo

Quer saber mais sobre afetividade e escola? Leia o livro de Valéria Amorim Arantes, Afetividade na escola: alternativas teóricas e práticas. Para ler a resenha do livro, acesse o endereço: http://www.scielo.br/pdf/es/v25n87/21472.pdf

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Conclusão Diferentemente de Piaget, Vygotsky não se preocupou em descrever etapas do desenvolvimento. Isso porque a base de seus estudos não é maturacional e sim sóciocultural. Em sua teoria, as funções psicológicas fundamentam-se nas condições objetivas da vida social (através da construção de instrumentos e signos), necessariamente históricoculturais. Ao internalizar as experiências fornecidas pela cultura a criança reconstrói individualmente os modos de ação realizados externamente e aprende a organizar os próprios processos mentais signos externos e começa a se apoiar em recursos internalizados (imagens, representações mentais, conceitos etc.).

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Processo ensinoaprendizagem

e a construção social do sujeito Objetivos - conhecer os fatores motivacionais, orgânicos, psicológicos e socioculturais que contribuem para o processo de aprendizagem; - conhecer os diferentes contextos educacionais que sustentam especificamente o desenvolvimento humano, -Identicar e aplicar as práticas pedagógicas

Introdução: Na Unidade anterior falamos que a linguagem não tem somente o papel de comunicação. Permite formular conceitos, abstrair, generalizar através das atividades mentais superiores. Você se lembra? Nesta Unidade, estudaremos o processo de desenvolvimento infantil e do psiquismo humano na teoria de Wallon. Veremos que esse desenvolvimento infantil vai do sincretismo à categorização e que a imitação, segundo Wallon, é um processo constitutivo do desenvolvimento psíquico da criança. Analisaremos também as abordagem teóricas na prática pedagógica. Como as crianças constroem conceitos? De que forma podemos ajudá-las em seu desenvolvimento? Vamos seguir em frente, pensando nesses questionamentos! Então, convido você a entrar por mais este labirinto do conhecimento!

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Wallon e sua abordagem sobre o desenvolvimento humano Vimos até aqui a teoria de dois grandes autores da psicologia, Piaget e Vigotsky, que muito contribuíram para a Pedagogia, embora não tivessem sido pedagogos. Agora iremos conhecer outro autor que também muito enriqueceu a prática pedagógica, Henry Wallon. Wallon era médico neurologista. Interessou-se pela psicologia buscando em outros teóricos, como Piaget e Freud, fundamentos para construção de sua teoria. Em sua obra, portanto, encontraremos um diálogo constante com esses autores. O que estudamos em Piaget como pensamento pré-lógico, vamos encontrar em Wallon como pensamento categorial (veremos mais adiante). Porém, havia diferenças entre os dois autores: enquanto Piaget estudava a gênese da inteligência, Wallon se preocupava com a gênese da pessoa completa, ou seja, considerava os aspectos afetivo, cognitivo e motor do indivíduo. Ele mostra a predominância do afeto, nos primeiros anos de vida de uma criança, enquanto Piaget prioriza a questão da intelectualidade.

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Processo de Desenvolvimento Infantil e o Psiquismo Humano Como Wallon explica o processo do desenvolvimento infantil? Você deve estar se fazendo essa pergunta? Que ótimo! Você vai se encantar com o olhar desse teórico. Wallon buscou desenvolver a psicogênese do sujeito concreto, contextualizado, tendo por base de sua teoria, o materialismo dialético. Alguém já falou sobre isso. Você seria capaz de identificar o teórico? Wallon destaca que precisamos abordar a totalidade das relações nas quais o sujeito está inserido (espaciais, sociais, afetivas, culturais), a pessoa em seu conjunto e como se relaciona com o meio a cada momento de sua vida. Será que já abordamos essa visão em nossos estudos? Daí a afirmação de que a teoria do desenvolvimento cognitivo de Wallon é centrada na criança contextualizada, onde o ritmo no qual se sucedem as etapas do desenvolvimento é descontínuo, marcado por rupturas e retrocessos, provocando mudanças significativas em cada etapa. A teoria de Wallon supera, assim, a dicotomia indivíduo/meio. Valoriza a passagem do orgânico ao psíquico (interação entre sujeito/ambiente). Wallon afirma ainda que só podemos compreender a criança, se observarmos e entendermos as relações que ocorrem no meio onde está inserida. Para ele, o orgânico é a condição primeira do pensamento, porque toda função psíquica supõe um componente orgânico. Porém, esse componente orgânico não é suficiente, visto que o objeto de ação mental vem do ambiente no qual o sujeito está inserido. O homem é determinado fisiológica e socialmente, está sujeito às estimulações internas e externas. “Jamais pude dissociar o biológico e o social, não porque o creia redutíveis entre si, mas porque, eles me parecem tão estreitamente complementares, desde o nascimento, que a vida psíquica só pode ser encarada tendo em vista suas relações recíprocas.” (Wallon citado por WEREBE; NADEL-BRULFERT, 1986, p. 8). Mais uma vez se aproxima de Piaget e Vygotsky ao se opor às dicotomias entre orgânico e o social. O biológico e o social são complementares. Por isso, Wallon valoriza a interatividade de vários fatores na constituição do sujeito.

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A Pessoa, as Emoções, o Movimento e a Inteligência H. Wallon, ao estudar a pessoa global, apresentou seu desenvolvimento levando em consideração não só o cognitivo, mas também o afetivo e o motor. Portanto, o estudo da pessoa abrangente de Wallon envolveu quatro elementos básicos: afetividade, movimento, inteligência e a pessoa (EU). Wallon dizia que a pessoa era integrada por três campos que formavam uma unidade. Você saberia dizer quais campos são esses?

Para ele, o estudo integrado da pessoa envolve diferentes campos (emoções, movimento e inteligência) do desenvolvimento que de início, aparecem pouco diferenciados. A pessoa integra esses campos, e é também um campo funcional. Nesses campos ocorrem sucessivas diferenciações, tanto em seu interior como entre eles. Portanto, Wallon estudou o desenvolvimento do ser humano nos domínios afetivo, cognitivo e motor com seus vínculos, relações e inter-relações, surgindo assim, quatro temas fundamentais: emoção, movimento, inteligência, pessoa (EU), conhecidos como os pilares da teoria de Wallon. Vejamos cada um deles.

Afetividade

Movimento

Inteligência

Pessoa (EU)

Envolve uma gama maior de manifestações, englobando as dimensões psicológica e biológica, ou seja, os sentimentos e as próprias emoções.

Wallon acreditava que as escolas deveriam quebrar a rigidez e a mobilidade adaptando a sala de aula para que as crianças possam se movimentar mais.

“O desenvolvimento da inteligência, em grande parte, é função do meio social. Para que ele possa transportar o nível da experiência ou da invenção imediata e concreta, tornam-se necessários os instrumentos de origem social, como a linguagem e os diferentes sistemas de símbolos surgidos nesse meio”. (Wallon, 1971, p. 14).

A construção do eu depende essencialmente do outro.

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Emoção Wallon entende a emoção como manifestações afetivas diferenciadas – emocional é perceptível. Vêm acompanhadas por alguma transformação no sistema neurovegetativo, por exemplo: boca seca, taquicardia, ritmo da respiração. Atribui este fato à existência da função postural ou tônica, comum a todo ser humano. Afetividade e emoção não são sinônimas. A afetividade é um conceito abrangente no qual estão várias manifestações. É um fenômeno complexo que surge de uma causa interna/ externa, desencadeando reflexos faciais e diversas alterações no corpo. Quando os sintomas aumentam de intensidade o afeto fica mais mobilizador, transformando-se em emoção. A emoção antecede o sentimento. Quer uma prova? A emoção da “simpatia” pode se transformar no sentimento de “empatia”. Pense nisso! No decorrer do desenvolvimento da pessoa, percebe-se que as emoções são controladas pela razão. Transforma-se com a reflexão. Cada cultura tem regras próprias para expressar as emoções. Wallon, usando dados coletados em seus estudos de antropologia, mostra a força das cerimônias com rituais, o caráter contagioso e coletivo da emoção nas sociedades ditas primitivas. Movimento Wallon considera o movimento a primeira expressão da emoção. Gestos, mímicas, olhares, expressões faciais são constitutivos da atividade emocional. De início, os gestos são impulsivos; depois, emocionais. É importante atentar para o fato de que os gestos tenderão a permanecer ou não, dependendo da sociedade em que a criança está inserida. Se esses gestos não forem usados pelos adultos, a tendência é desaparecerem. Inteligência Wallon em suas pesquisas sobre a construção da inteligência, voltou-se para a análise de entrevistas realizadas com crianças entre 5 e 9 anos de idade. Mostrou que, de início, o pensamento da criança é confuso; tem grande dificuldade de compreender a realidade. No estágio categorial do pensamento, dos 6 aos 9 anos, a criança vai objetivar o real. Há a redução do sincretismo, isto ocorre a partir do momento em que a criança apresenta um conflito entre o mundo interno de fantasias e o externo (real) caracterizado por símbolos, valores sociais, culturais etc. É na busca da solução desses conflitos que a inteligência evolui. No seu estudo sobre a inteligência, deu grande importância à linguagem que, para ele expressa o pensamento e é estruturadora do mesmo. Segundo Wallon, conforme o indivíduo se desenvolve, as emoções vão encontrando outras formas de expressão. O que antes era comunicado através do corpo, com a linguagem, vai ganhando novas formas de expressão. Surgem palavras e ideias para expressar as emoções. Pessoa (EU) O que vimos a respeito do desenvolvimento da inteligência, também vai ocorrer na constituição do EU: uma lenta e progressiva diferenciação.O momento inicial da pessoa é a indiferenciação entre o eu e o outro, pois se encontram numa simbiose (fusão). Vamos tomar como exemplo a relação entre o bebê e o outro. Para Wallon, o que vai proporcionar a crescente diferenciação entre o EU e o outro são as interações do sujeito: com ele próprio e dele com o meio social e físico. É importante observar que essa diferenciação ocorrerá em dois momentos:

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1º momento - no plano corporal - diferenciação no próprio corpo. 2º momento - no plano psíquico - aos três anos de idade, criança nega sistematicamente o outro (crise da oposição) na tentativa de ver a si própria destacada do outro agredir ou se jogar no chão para obter alguma coisa. Assim, a construção do EU vai depender essencialmente do outro. Os professores da educação infantil devem ficar atentos para a importante tarefa da construção da pessoa, do EU. Eles têm um papel fundamental nesse processo. Cabe à escola proporcionar atividades (pode ser a mesma) com ênfase nos objetos, envolvendo objetivos cognitivos, ou com ênfase no sujeito, atingindo objetivos afetivos. O equilíbrio entre esses objetivos proporcionará a construção do objeto e, consequentemente, a construção do sujeito. Você está percebendo a abordagem crítica da teoria de Wallon, como também a não aceitação de modelos tradicionais da educação?

A prática pedagógica nos diferentes contextos de aprendizagem. Depois de ter estudado as teorias de Piaget e Vygotsky e Wallon você saberia dizer qual foi a grande contribuição de seus estudos para a prática pedagógica?

Piaget e a Prática Pedagógica Antes de Piaget, tínhamos um modelo comportamentalista de ensino, onde o professor era a figura central, exercendo todo o poder sobre o aluno, seja nos aspectos intelectuais, sociais, morais ou afetivos, sendo sua tarefa principal acumular conhecimentos na cabeça do aluno. Piaget nunca se preocupou em escrever para a Pedagogia. Sua teoria é eminentemente psicológica, isto é, estuda o desenvolvimento da inteligência. Porém, como aborda a questão da construção do conhecimento, a Pedagogia se apossou de suas ideias, a fim de propor novas ações metodológicas em sala de aula. Uma proposta pedagógica fundamentada em Piaget repudia o modelo tradicional de ensino. Esse é o grande impasse do construtivismo. O professor acredita que perderá tempo, não conseguirá “dar” todo o conteúdo programático se permitir ao aluno ser ativo (a ação do aluno é que vai gerar conhecimento). Dar respostas prontas não permitirá ao sujeito fazer suas próprias descobertas, elaborar suas próprias dúvidas, desenvolver seu próprio conhecimento e é a escola quem deverá adaptar o material escolar em função de o aluno traçar seu próprio caminho intelectual. É ela quem vai provocar a construção da autonomia intelectual nos alunos, também impregnada de afetividade o que significa a conquista de uma autonomia afetiva. Erros vão ocorrer na caminhada de construção do saber pelo aluno, porém esta é a única forma de “aprender a aprender”. Cabe ao professor criar atividades pedagógicas que provoquem o desequilíbrio, mobilizem o aluno no sentido de reestruturar o equilíbrio através da construção de novos esquemas para a solução do conflito cognitivo.

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Vygotsky e a Prática Pedagógica A grande contribuição de Vygotsky foi desenvolver uma teoria que tem como base as relações intra e interpessoais. Para ele, o conhecimento não só se dá a partir da ação do sujeito sobre a realidade, mas também na interação com ela. Toda pedagogia derivada da teoria sócio-histórica se centraliza na atividade dos sujeitos em interação, sendo o conhecimento visto de forma compartilhada. O conhecimento não se restringe a uma construção individual, mas se realiza no coletivo. Não somente o que a criança faz sozinha é o indicativo do seu conhecimento. Os alunos têm que participar de grupos, o mais heterogêneos possível (Vygotsky não admite turmas homogêneas), pois é na troca que aquele que não sabe terá oportunidade de aprender com o que sabe. Para Vygotsky, o sujeito jamais aprenderá a ler e escrever se não participar de situações concretas, práticas sociais que possibilitem esse aprendizado. É graças à mediação, à imitação e às experiências compartilhadas socialmente, que a criança aprende a realizar tarefas, solucionar problemas desenvolvendo suas funções psicológicas superiores. Enfim, diferentemente de Piaget, Vygotsky sempre se preocupou com questões pedagógicas, até porque o que o mobilizou para a construção de sua teoria foi sua preocupação com o aluno portador de deficiência mental.

H. Wallon e a prática pedagógica A teoria de Wallon possibilita ao educador uma reflexão pedagógica a respeito das ações que são executadas em sala de aula, principalmente, no que refere à criança da educação infantil (creche, maternal, pré-escola). Através do estudo da psicogênese da criança concreta, contextualizada, alerta os educadores para que se conscientizem de que a criança é corpo e emoção. Além de uma cabeça pensante e, como tal, tem que ser trabalhada nos aspectos afetivo, cognitivo e motor, desenvolvendo-a em todos esses níveis. Para ele, o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um cérebro. Contrário à educação tradicional, aponta para a necessidade de se superar a dicotomia entre indivíduo e sociedade, integrando-os. Resgata o papel do professor, que, por vezes, se coloca como mero espectador do desenvolvimento da criança.

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Valoriza os conteúdos de ensino, porém não assume uma postura conteudista, limitada a incorporar no sujeito os elementos da cultura. Valorizar a expressividade do sujeito, o que lhe vai dar a oportunidade de se colocar em confronto com o outro, organizando-se. Lembra-se do que já falamos anteriormente? A criança se desenvolve em confronto com o outro. Wallon também atribuiu um grande valor ao ambiente escolar. Para ele, esse ambiente deve proporcionar espaço adequado para o pleno desenvolvimento da criança, e esta poderá usá-lo da forma que desejar, além de conter objetos estimuladores, que desafiem a criança na construção do seu conhecimento. A o estruturar adequadamente o ambiente escolar, a escola irá possibilitar à criança uma vivência diferente da do grupo familiar. Esse aspecto é importante, no sentido de que irá propiciar enriquecimento da personalidade da criança. No espaço escolar dinâmico, a criança poderá assumir vários papéis, participar de vários grupos, lidar com materiais diversos e usar o tempo adequadamente. Exemplificando, mais uma vez, com a criança de três anos, com o comportamento de oposição, vamos observar, no cotidiano escolar, comportamentos de desentendimento, dispersão, crises emocionais, agitação motora, que tanto assustam os professores. É importante que o professor perceba que quanto maior clareza ele tiver dos fatores que provocam esses conflitos, buscando compreendê-los, melhor controlará as suas reações emocionais e as do outro. Mas qual a proposta de Wallon para o trabalho pedagógico que atenda às necessidades das crianças?

Ao estruturar adequadamente o ambiente escolar, a escola irá possibilitar à criança uma vivência diferente da do grupo familiar

Propõe (que as) atividades pedagógicas em que os objetos devem ser trabalhados de formas variadas. Os temas e as disciplinas devem ajudar a descobrir o eu no outro e não ficarem restritos a trabalharem o conteúdo friamente. Mesmo sabendo da necessidade de mudanças, a escola continua sendo intelectualista. Assim, é comum vermos a escola esquecer-se das necessidades psicológicas da criança, voltando-se somente para o cognitivo, exigindo que as crianças fiquem sentadas, paradas concentradas por tempo indeterminado, pois acreditam que só assim ocorre a aprendizagem. Wallon mostrou que crianças participantes em atividades espontâneas apresentam atenção muito maior do que se estivessem imóveis, pois o cansaço da imobilidade provoca desconcentração. Diferentemente do que se pensava, a variação nas posturas facilita a atenção e a aprendizagem ocorre com muito mais prazer.

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E a escola, qual o seu papel neste contexto? A escola constitui um contexto diversificado de desenvolvimento e aprendizagem, isto é, um local que reúne diversidade de conhecimentos, atividades, regras e valores e que é permeado por conflitos, problemas e diferenças (Mahoney, 2002). É nesse espaço físico, psicológico, social e cultural que os indivíduos processam o seu desenvolvimento global, mediante as atividades programadas e realizadas em sala de aula e fora dela (Rego, 2003). O sistema escolar, além de envolver uma gama de pessoas, com características diferenciadas, inclui um número significativo de interações contínuas e complexas, em função dos estágios de desenvolvimento do aluno. Trata-se de um ambiente multicultural que abrange também a construção de laços afetivos e preparo para inserção na sociedade (Oliveira, 2000).

Conclusão Piaget, Vygotsky e Wallon são três teóricos que abordam o estudo do conhecimento em sua gênese, contrapondo-se aos demais teóricos do desenvolvimento e da aprendizagem. Vale destacar que, algumas teorias contemporâneas do desenvolvimento aceitam que as transformações no processo de desenvolvimento acontecem em todas as fases da vida, mas que são mais marcantes em períodos rápidos de transição. Desse modo, é necessário ampliar o escopo em que se configura o desenvolvimento humano. A visão ampliada acerca da concepção da psicologia do desenvolvimento faz desse conhecimento bastante importante para elaboração de programas de intervenção de cunho preventivo e, sobretudo, na promoção da saúde perpassando pela compreensão dos processos de desenvolvimento humano no contexto familiar e escolar. Esperamos que tenha aproveitado esta oportunidade de aprimorar seus conhecimentos! Esperamos também que o conhecimento adquirido aqui se transforme em ações que otimizem a sua prática. Até a próxima!

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