The Red Bulletin Julho 2015 - BR

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BRASIL

ALÉM DO COMUM

MERCENÁRIOS DO BEM

ESPECIAL REBELDES

O TIME MAIS CASCA-GROSSA

Na caçada aos traficantes de animais no Pacífico

OSTENTAÇÃO NA BALADA COM MC GUIMÊ

O funkeiro mostra o lado quente de São Paulo

COMO MUDAR O MUNDO

CHRIS PRATT O protagonista da nova geração de Hollywood

Quebrando as regras

NOVO HERÓI VOLVO OCEAN RACE

39 mil milhas náuticas de pura adrenalina

O astro de Guardiões da Galáxia e Jurassic World está salvando Hollywood do tédio

JULHO DE 2015




MAKERS OF THE ORIGINAL SWISS ARMY KNIFE I WWW.VICTORINOX.COM


O MUNDO DE RED BULL

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VOLVO OCEAN RACE

Viajamos o mundo, porto a porto, numa das competições mais alucinantes

PETER YANG (COVER), AINHOA SANCHEZ/VOLVO OCEAN RACE

BEM-VINDO Ativistas, jornalistas, hackers, chefs de cozinha, esportistas, roqueiros. Nesta edição, o Red Bulletin mostra que a vontade de mudar o mundo e influenciar os outros pode vir das mais variadas pessoas e profissões. São histórias inspiradoras que celebram os rebeldes do nosso tempo – do criador da bitcoin, Satoshi Nakamoto, a Pete Bethune, que rastreia traficantes de animais no Pacífico; do chef sueco Magnus Nilsson, que caça sua comida, ao jornalista Bruno Torturra, que busca novas formas de comunicação. Entrevistamos também Chris Pratt, que era stripper no Havaí e hoje é a estrela do momento em Hollywood, e caímos na noite de São Paulo ao lado do funkeiro MC Guimê. É pura energia! THE RED BULLETIN

“Verdadeiros heróis têm impulso de ajudar.” CHRIS PRATT, PÁG. 44

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JULHO DE 2015

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NESTE MÊS GALERIA

BALADA OSTENTAÇÃO

Embarcamos numa noite quente em São Paulo ao lado do funkeiro MC Guimê

10 FOTOS Os melhores registros do mês

BULLEVARD 17 REBELDES Pessoas que mudam o mundo com atitudes

DESTAQUES O líder de uma equipe que caça traficantes de animais no Pacífico

32 ECO-GUERRILHA

Este time com cara de poucos amigos é comandado por Pete Bethune. A missão? Prender traficantes de animais no Pacífico

64 AVENTURA EM CINCO FOTOS

Em pleno Deserto do Saara, a Marathon des Sables, no Marrocos, é a corrida de aventura mais difícil do mundo

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17

44 Chris Pratt

Conversamos com o cara que pode ser o próximo Indiana Jones

50 Volvo Ocean Race

Perigo, velocidade, água salgada: a regata mais difícil dos sete mares

58 Guimê na night

Um pouco de diversão não faz mal a ninguém. O MC Guimê sabe disso

64 Maratona no Saara

Os melhores momentos da maior corrida de aventura no deserto

AÇÃO 71 O ESSENCIAL Para quem quer ficar por dentro do mundo dos esportes, da tecnologia e do entretenimento

VIAGEM

Pegue uma prancha de surf. Agora coloque um motor de moto. Gostou? É o jetsurf, novo esporte na Austrália 6

BULLEVARD

A celebração da rebeldia. Conheça pessoas que estão armadas com ideias e que acreditam num futuro melhor

80 AGENDA  Shows e eventos em julho EXPEDIENTE  Nosso time 84 MOMENTO MÁGICO Matterhorn

THE RED BULLETIN

ROBERT ASTLEY SPARKE, JONAS BENDIKSEN/MAGNUM PHOTO, ERIK SAMPERS, CHRIS MCPHERSON/AUGUST

32 Pete Bethune



BASTIDORES THE RED BULLETIN JULHO DE 2015

NOSSO TIME ESTE MÊS

ABWARTEN SPART ZEIT, UMWEGE MACHEN SCHNELL: DIE BESTEN GLEITSCHIRM-PILOTEN DER WELT ZEIGEN BEI RED BULL X-ALPS, WIE UNKONVENTIONELLES DENKEN EFFIZIENTER ANS ZIEL FÜHRT.

Showdown am höchsten Berg Europas: Der Mont Blanc ist der drittletzte Turning Point, den die Athleten passieren müssen.

TEXT: ALEX LISETZ

ÉTIENNE BONAMY

Caçada no Oceano Pacífico A história do neozelandês Pete Bethune é incrível: ele abandonou o bem remunerado trabalho nas plataformas de petróleo, deixou sua família e passou a caçar criminosos ambientais na Ásia. Sem arma e com um time de elite de ex-soldados. Para o nosso “Especial Rebeldes”, o editor Andreas Rottenschlager e o fotógrafo norueguês Jonas Bendiksen foram à Ilha Palawan, nas Filipinas, para visitar o esconderijo de Bethune e aprender como abordar pescadores ilegais. Leia a reportagem na pág. 32.

KÜHLE

KÖPFE

FELIX WOELK/RED BULL CONTENT POOL

Bethune e Bendiksen nas águas de Palawan

Jornalista esportivo e ex-editorchefe do L’Equipe, Étienne segue há 30 anos os maiores eventos esportivos na França e no mundo. Para nós, ele abriu o diário de bordo da Volvo Ocean Race, na pág. 50.

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THE RED BULLETIN PELO MUNDO Na edição da Alemanha, os atletas explicam o caminho para ganhar o Red Bull X-Alps – disputa que vai de Salzburgo, na Áustria, a Mônaco com paragliders e corrida.

RÜDIGER STURM

Ele é conhecido por suas entrevistas com estrelas de Hollywood. Para o Red Bulletin, o alemão analisou a carreira do ator Chris Pratt – da época de stripper até se tornar estrela de blockbusters. Pág. 44.

Baixe todas as edições em: redbulletin.com/howtoget

MAKING OF POR TRÁS DAS CÂMERAS

“As pessoas viam o Guimê e já queriam agarrar e tirar fotos.” FERNANDO GUEIROS

Fernando (esq.), o fotógrafo Robert Sparke (centro) e Guimê na Casa 92

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“A balada começou à 1h da manhã e acabou perto das 5h. Foi uma noite inteira de trabalho e diversão, tudo junto”, diz Fernando Gueiros, editor do Red Bulletin no Brasil, sobre a noitada ao lado do funkeiro paulista. Veja como tudo aconteceu na pág. 58.

THE RED BULLETIN




D U R BAN , ÁFR I C A D O S U L

MULTITALENTO

KELVIN TRAUTMAN/RED BULL CONTENT POOL

O melhor triatleta da África do Sul, Matt ­Trautman, tem apenas 30 anos e uma carreira ­impressionante. Ele começou com o caiaque em águas brancas no Mundial Júnior, velejou o Atlântico sozinho em um mini-iate antes de mudar de esporte em 2014 e arrasar no triatlo e vencer o Ironman Wales. Depois disso se casou, mas ­terminou a lua de mel a tempo de largar na Wings for Life World Run na Cidade do Cabo. Blog do Trautman: www.mattytrautman.com Foto: Kelvin Trautman

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TREINO EM CASA O Balneário Camboriú é famoso por duas coisas: ter o único teleférico do mundo que liga duas praias e a mais antiga praia de nudismo brasileira. Ambos não recebem com muita frequência o filho mais importante da cidade: Igor Amorelli, vencedor do Ironman Brasil em 2014, gosta mesmo é de ter uma piscina infinita para treinar em frente de casa. Acompanhe o homem de aço: twitter.com/igoramorelli Foto: Fabio Piva

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FABIO PIVA/RED BULL CONTENT POOL

SANTA CATARINA, BRASIL




HYD E R ABAD, Í N D IA

ARTISTA DE RUA

PREDRAG VUCKOVIC/RED BULL CONTENT POOL

No show run da Fórmula 1, pilotos consa­ grados mundialmente aceleram os bólidos da Infiniti Red Bull Racing pelas mesmas ruas onde normalmente os simples mortais diri­ gem. David Coulthard teve a oportunidade de bater um recorde mundial na Necklace Road em Hyderabad: o radar registrou 282 km/h. A nuvem colorida foi seu bis e sua colabora­ ção para o Holi, o Festival das Cores indiano. Datas da Fórmula 1: www.f1.com Foto: Predrag Vucˇkovic´

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A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

lime

BlueBerry

www.redBull.com.Br


THE IN T E L L U B RED

L E B E R LL E Y L A I C E P E D O P ES E

U Q A O S S E P ? O A M M U O C E . T Ê S I C X O SÓ E O MUNDO: V STRAR O R M A V O L Ã V SA S E D L E B E R S E T S E

VIRE A PÁGINA. MAS, DEPOIS DE SEGUIR ESTA ORDEM, SIGA SOMENTE A SUA CONSCIÊNCIA.

THE RED BULLETIN

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REBEL YEL

“P

L:

R EC I S A M O S M U DA R A S R EG R A S DA EC O N O ” MIA YES MEN

PUXA-SACOS DEFENSORES DO MUNDO

J TRÊS FARSAS? YES! Em 2004, no 20° aniversário do acidente químico de Bhopal, no qual milhares de pessoas foram envenenadas, um portavoz da Dow Chemical assume na TV a “responsabilidade total” pelo acidente. O valor das ações da Dow Chemical despenca. Em 2007, dois representantes da ExxonMobil apresentam o mais novo produto da empresa em uma conferência: “Vivoleum” – petróleo produzido a partir de cadáveres humanos. Em 2008, uma semana após a vitória de Barack Obama nas eleições presidenciais, uma edição especial do New York Times é distribuída. A manchete: A guerra do Iraque acabou e George W. Bush será acusado .

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acques Servin e Igor Vamos já tiveram muitos empregos diferentes – de porta-vozes da Dow Chemical e criadores de produtos da ExxonMobil a editores do New York Times. O único problema foi que as empresas não sabiam de nada. Servin e Vamos são os Yes Men. Eles fazem sátira. Mas exatamente no lugar onde ela não é percebida imediatamente: na vida real.   : Vocês conseguiram várias grandes proezas satíricas nos últimos anos. Por que as pessoas acreditam em vocês?  : Quando nos fizemos passar por funcionários da Dow Chemical e anunciamos fazer o que era o certo e assumir a responsabilidade pelo acidente de Bhopal, aquele foi um anúncio “positivo”. As pessoas queriam acreditar nele porque estaria de acordo com seu senso de justiça. Uma história da salvação clássica que conta de uma purificação. E aquelas ações mais macabras e fúnebres? Aí o mecanismo por trás é outro. As pessoas tendem a acreditar em autoridades e especialistas. Além disso, coisas horríveis acontecem a todo momento no mundo, então é fácil as pessoas acreditarem em mais uma coisa horrível, mesmo se ela for completamente absurda. Vocês atacam as regras do sistema econômico no qual vivemos. O que deveria mudar? Precisamos mudar as regras econômicas segundo as quais o lucro

a curto prazo está acima de tudo. O capitalismo precisa de 3 pontos percentuais de crescimento para não quebrar. Mas só temos um planeta, e os recursos disponíveis são limitados. Temos que mudar as regras para que a economia traga algo de bom para o meio ambiente e para as pessoas mais pobres. Mas os seus alvos também não são de certa forma rebeldes? Afinal, na vida real, eles sempre se safam com suas malandragens. De forma alguma! Nós somos os rebeldes. Enquanto nossas sátiras são descobertas rapidamente, os departamentos de relações públicas deles nos contam mentiras todos os dias sem nunca serem pegos. É contra isso que protestamos. Vocês ainda conseguem pregar suas peças ou já estão conhecidos demais? Ainda funciona. E, quando somos reconhecidos, é mais divertido ainda ver como algumas pessoas tentam intervir. No nosso novo filme, The Yes Men Are Revolting, vocês verão o Jacques fantasiado. É a pior fantasia do mundo. O que mudou nas suas ações desde que vocês começaram 15 anos atrás? No início nós só improvisávamos. Por pura diversão. E porque queríamos provocar discussões sobre temas importantes. Agora nós planejamos estrategicamente o que vamos fazer para conseguir o melhor apoio possível a importantes causas políticas. Qual é a melhor motivação para a rebelião? O amor.

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J.B NICHOLAS/SPLASH NEWS/CORBIS(2)

Traje de salvação sob medida, exclusivo para ricos: a bola de sobrevivência para executivos no caso de um tsunami

THE RED BULLETIN

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REBEL YEL

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P R E S T E M AT E N ÇÃ:O! N ÃO T EN HO N A DA A EU ” D IZ E R “

REBEL YEL

L:

: É TÃO S IM P L E S!” A M E O P RÓX IM O

DANIEL NORRIS O HOMEM QUE NÃO QUER SER MILIONÁRIO SUA ARTE TRATA DE...*

V

ocê tem que ter estado presente. Só assim pode dizer que conhece a arte de Tino Sehgal. Porque não existem fotos ou vídeos oficiais. Só se sabe o que as pessoas contam. Pequenas lendas urbanas. Como por exemplo a dos seguranças da galeria que de repente começam a dançar em frente aos quadros nas paredes e a cantar: “Ah, isso é contemporâneo!” Ou a da garotinha que caminha pelo museu e começa discussões profundas com os visitantes desconhecidos sobre o capitalismo. Ou a da grande multidão que de ­repente...* Tino Sehgal nasceu em Londres e cresceu na Alemanha. Ele define sua arte como “situações cons­ truídas”. Atores seguem as instruções do artista, e as ­pessoas do público são sempre parte da obra de arte. Sehgal toma muito cuidado para que ninguém foto­ grafe ou filme seus trabalhos. Catálogos e descrições das obras? Ele não faz. Óbvio: assim ele motiva mais ­ainda a proliferação de fotos e vídeos clandestinos feitos com celulares. Mas a arte de Sehgal é e continuará sendo imaterial. O que importa é sempre o agora, a surpresa. Nada permanece. E apesar de – ou exatamente por – ir contra os critérios correntes do mercado das artes, museus como o Tate Modern em Londres ou o Guggenheim de Nova York estão dispostos a pagar muitos milhares de ­dólares por um Sehgal original. E sem contratos por ­escrito, claro. Todos têm que estar presentes.

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* Não tem nada aqui? – Exatamente! Essa é a ideia. Esteja presente quando a arte de Sehgal acontece, ou você não vai perceber.

D

aniel Norris abastece a Kombi. Apenas US$ 20. E põe o pé na estrada. Até onde a gasolina o levar. Então, ele procura um lugar para es­ tacionar e passar a noite. De preferência na praia. Prepara uma refeição no fogareiro a gás e relaxa escutando música no rádio do carro. O sol se põe no mar. Para a noite, ele se ­enrola num saco de dormir térmico. Na manhã seguinte, vai em busca do próximo posto para abastecer. Essa é sua ro­ tina. Felicidade pura. Daniel Norris é arremessador pelo Toronto Blue Jays. E é multi­ milionário. Em um mundo em que o sucesso de um es­ portista costuma ser medido pela distância em que sua vida privada paira acima da reali­ dade, pessoas como Daniel Norris acabam tendo que dar explicações. Nenhuma cober­ tura de luxo com sete quartos? Nenhuma mansão de praia na Califórnia para as férias? Nem ao menos uma tela plana gigante na sala? Quer dizer... que sala? Fora de temporada, a casa de Norris é a sua Kombi Volkswagen ­Westfalia, ano

1978, que ele comprou com seu primeiro ­salário de joga­ dor de beisebol profissional. Ele tinha 18 anos e os Blue Jays tinham depositado US$ 2 mi­ lhões na sua conta da noite para o dia. Ele batizou a Kombi de “Shaggy” – desgrenhada. Já faz tempo que se acostumou com os olhares incrédulos das pessoas do seu meio. Alguns passantes acham que é um semteto. Muitos colegas do meio esportivo acham que ele é simplesmente louco. Mas, em sua opinião, seu estilo de vida é o certo, o óbvio. Qualquer outra coisa seria ­absurdo: “Não preciso desse luxo todo”.

MLB Desde 2011, Daniel Norris joga no Toronto Blue Jays. Primeiro no draft e, desde 2014, na Major League Baseball.

Fastballer Norris é canhoto e tem um dos ­arremessos mais rápidos da liga. Suas bolas chegam ao batedor com velocidades acima de 150 km/h. THE RED BULLETIN

WOLFGANG STAHR/LAIF, @DANIELNORRIS18

TINO SEHGAL


REBEL YEL

L:

R CO M ECE L O”GO A U SA O CÉR EB RO!

LEILANI MÜNTER A DEFENSORA MAIS RÁPIDA DO MUNDO

CHRIS MCPHERSON/AUGUST/PICTUREDESK.COM

the red bulletin: Corridas de carros e proteção ambiental – como as duas coisas combinam? leilani münter: Não adianta nada ­fazer longos discursos para pessoas que pensam como eu. Eu só consigo ­mudar algo se convencer as pessoas que pensam de forma completamente diferente da necessidade da preservação do meio ambiente. Como piloto, tenho um público provável de 75 milhões de americanos. Como você converte os descrentes? Eu não aponto o dedo acusando ­ninguém por dirigir um Hummer ou por ­comer carne todos os dias. Eu só mostro como faço: tenho um carro ­elétrico l­ indo, carregado por células ­solares no teto da minha casa. Eu posso andar com ele 425 km por dia sem ­gastar um dólar. Mas seu carro de corrida é a gasolina... Para compensar, adoto meio hectare de floresta tropical para cada largada. Sei que é um gesto simbólico, mas com isso neutralizo um pouco da ­emissão de carbono de uma corrida. Quais os três passos para cada um de nós melhorar o planeta? Primeiro: deixe de comer carne. Segundo: use energia de fontes ­reno­váveis. Terceiro: use o cérebro na hora de fazer compras.

Eco-Rider Bióloga, modelo, ativista ambiental – e ­piloto da ARCA Racing Series. Uma mulher e seu carro elétrico na luta contra o mal.

THE RED BULLETIN

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: L L E Y REBEL

A I R P Ó R P “ M ATA R A ” O T A M U E COMIDA?

O chef no traje branco de inverno: Magnus Nilsson a caminho da cozinha

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THE RED BULLETIN


MAGNUS NILSSON COZINHEIRO GUERRILHEIRO

O PER-ANDERS/THE GUARDIAN

homem jovem, tranquilo, com a espingarda ao ombro, não se importa com o furor à sua volta. Ele só faz aquilo que mais ama: cozinhar como um deus. Seu restaurante Fäviken, na cidadezinha de Järpen, nas planícies do norte da Suécia, é considerado um dos melhores do mundo atualmente. Magnus Nilsson nos contou as seis regras da sua arte culinária:

1. 2.

Não há regras. Esta é a regra mais ­importante de todas.

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Faça o melhor com aquilo que você tem. A localização do Fäviken

é muito ao norte, mas não no Polo Norte. Nossa região tem uma agricultura rica. E estamos próximos do mar. Em vez de buscar produtos de longe, usamos quase ­exclusivamente os produtos da região.

3.

Tenha limites. É bom para a criatividade. Os invernos aqui são muito longos. Mas não queremos importar frutas e legumes de longe. Então preparamos conservas. As texturas e nuances de sabor que os produtos ganham são simplesmente geniais.

4.

Respeite o produto. Sem o produto perfeito, até o melhor método culinário não adianta. Uma

cenoura não vai ser mais cenoura depois de preparada.

5.

Tome o tempo necessário. Alguns pratos precisam de muito tempo, outros de pouco. A fermentação pode ­levar meses. Mas no verão você serve vagens de ervilhas diretamente do pé.

6.

Saiba de onde a sua comida vem. Cada pedaço de carne já foi um animal que morreu por você. Matar a própria ­comida? Eu mato. Mas você não pre­cisa fazer isso. Colocar a responsabili­dade de matar o animal nas mãos de uma empresa g ­ igante? Isso você não deveria fazer. 23


REBEL YEL

“N

L:

ÃO - F I C ÇÃO É O N OVO V I D EOC L I P E ” BRUNO TORTURRA JORNALISTA E ATIVISTA

OCCUPY TELINHA Bruno fez suas primeiras incursões no mundo do live streaming em 2011, reportando passeatas em São Paulo e o Occupy Wall Street, em Nova York, de onde fazia coberturas ao vivo direto da rua.

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the red bulletin: Como foi o impacto de descobrir que você tinha audiência independente e em tempo real? bruno torturra: Quando fiz live streaming de um protesto e vi que tinha atingido mais de 250 mil pessoas, percebi na hora o potencial de criar uma rede de TV a custo quase zero. Pensei: “Essa rede existe e a audiência é determinada não pelo tamanho da antena, mas pela relevância do conteúdo” . Como é o olhar desse tipo de cobertura? Hoje você consegue mostrar um olhar subjetivo e objetivo. As duas coisas se confundem ao fazer coberturas imersivas. A câmera GoPro, por exemplo, representa isso no esporte. Ela acoplada ao surfista revela o olhar subjetivo dele e ao mesmo tempo é a coisa mais objetiva que você consegue fazer com relação à experiência de surfar. Essa visão foi um dos grandes legados da Mídia Ninja. O que mais você aprendeu nessa experiência? Foram muitos aprendizados. Um deles foi acreditar que a gente vive uma época que tem sede por quebras, rupturas.

Que tipo de quebras e rupturas? Se a atualidade permite fazer um ambiente novo de mídia, então vamos fazer. Existe um mundo novo incubando claramente. A gente vive a estrutura de um mundo novo ainda não estabelecido. O jornalismo experimental é importante, está em ascensão e tende a ser mais forte de hoje em diante não só pela crise da grande mídia mas também pela estrutura digital que temos. E como é possível ser ouvido nessa nova estrutura? O mais importante é não falar com quem concorda e já está convencido das coisas que você está colocando. Dentro da estrutura do Facebook, por exemplo, eu, pessoa física, com 22 mil followers, sou mais poderoso como veí­culo do que a Mídia Ninja, que tem mais de 300 mil e é case mundial. Esse é o modelo de ­negócio do Zuckerberg. Seu post tem, poten­cialmente, a capacidade de falar com 1 milhão de pessoas. A Mídia Ninja hoje tem alcance menor, mas falou com 11 milhões de timelines no seu auge. Isso provoca uma revolução absoluta na estrutura física e cultural da distri­ buição de informação. E como você vê o futuro do seu estúdio? Os caminhos que eu apostaria são me aproximar da programação, entrar no universo de aplicativos e estruturas ­digitais e me aproximar do pensamento de novas arquiteturas de rede social que facilitem o compartilhamento de infor­ mação e não de opinião. Acredito que a não-ficção – produção e difusão de ­informação – vai se tornar uma atividade muito difundida na sociedade. O que o videoclipe foi nos anos 1990 em termos de drive cultural, hoje a aposta é no audiovisual, não-ficção e conteúdo.

DIVULGAÇÃO

N

o terceiro andar de um prédio em reconstrução no Centro de São Paulo funciona o estúdio de jornalismo experimental ­Fluxo, que faz transmissões ao vivo via streaming. Bruno Torturra criou o projeto em 2014, dois anos depois de ajudar a con­ ceber a Mídia Ninja, rede de streamers ­independentes distribuídos pelo Brasil que ganhou notoriedade e virou assunto após a cobertura das manifestações que assolaram o país em 2013. Hoje, aos 36 anos, Bruno é uma das vozes no mundo de quem aposta em novas ­formas de comunicação.

Saiba mais em fluxo.net

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Conexão e conteúdo: Bruno no estúdio de ­jornalismo experimental Fluxo, em São Paulo

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: L L E Y L REBE

? O V I T A N R E “ R OC K A LT ” ! A D R E M A ISSO É UM LEMMY KILMISTER USINA DO HEAVY METAL

M

unique, Alemanha. Uma sala sem ­graça nos bastidores: Lemmy Kilmister está sentado num canto ­colocando moedas em uma máquina caça-níqueis. O vocalista do Motörhead tem um c­ hapéu da cavalaria enfiado na cabeça. Sobre a mesa, uma adaga de prata. Há quatro décadas, o roqueiro de 69 anos lota e­ stádios com músicas que soam como a turbina de um jato. Sua banda sobreviveu às modas de ­disco, punk e grunge. Os ingressos para o show desta noite e­ stão esgo­tados há três semanas. Nós limpamos a garganta para que note que entramos. Lemmy levanta os olhos. Um par de olhos muito suaves para o ­homem que escreveu um hino para os Hells Angels com “Iron Horse”.

A BÍBLIA Trailers em chamas, shows regados a LSD, um contra­baixo ­tro­vejando: White Line Fever, autobiografia de Lemmy ­Kilmister, conta a vida do deus do rock em 300 páginas. Compra obrigatória.

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the red bulletin: Contra quem você queria se rebelar quando fundou a banda mais barulhenta do mundo? lemmy kilmister: Contra todos. Pais, vizinhos, políticos. Essa posição não mudou até hoje. A posição não mudou, mas em 1975 você tinha bem outra aparência... Eu usava um velho casaco do exército e deixava o cabelo crescer até a bunda. Cresci na Inglaterra do pós-guerra, quando ainda não existia rock’n’roll. Quando eu era adolescente, tinha que ouvir as mesmas músicas que os pais ouviam. Que eram, claro, uma porcaria. Então vieram caras como ­Chuck B ­ erry e Elvis. Aí pensei: “Uau! Era disso que a gente precisava”. Este ano, o Motörhead faz 40. Como uma banda mantém o sucesso por tanto tempo? Não dando a mínima para as modas. Isso é tudo? Claro. Você não pode ficar analisando e interpretando o rock. Teorias, sentimentos, todas essas ­porcarias. Nós fazemos um som alto e rápido. As pessoas vêm para nossos concertos. Ponto. Vocês foram uma das primeiras bandas de rock ocidentais a tocar na então comunista Iugoslávia, lotaram estádios na Argentina, e o Japão é um dos países onde têm mais sucesso. Vocês

nunca se perguntaram como essas culturas tão ­diferentes enlouquecem com a sua música? O rock é internacional. Você ouve a música, e um relâmpago sobe pela sua coluna. Nós tocamos três acordes e as pessoas piram. Metaleiros japoneses? O que você tá falando! Os fãs de rock japoneses são muito loucos. Eles fazem penteado à Elvis, o cabelo deles é perfeito para isso. E as mulheres, então? (Imitando a sua porta-voz) “Lemmy, err, quando você tiver terminado aí com a garota, ­podemos voltar para os bastidores?” O que as mulheres veem nas estrelas do rock? Eles simbolizam a fama. Bem, algumas só querem dormir com uns caras bonitos. Eu já não sou mais tão bonito como antes. Mas, ainda assim, as mulheres chegam para mim depois do show com aquele olhar... Você sabe. Eu não reclamo. Por que você nunca se casou? Porque nunca encontrei a mulher que me faria ­deixar de procurar outras (ri). É uma loucura, se você pensar. Além disso, estamos em turnê há 40 anos. Fica difícil manter uma relação estável. Tenho uma teoria para explicar o sucesso do Motörhead: vocês são a encarnação da imagem do roqueiro numa época em que faltam rebeldes. É verdade. Não tem mais jovens roqueiros. Não ­daqueles que te fazem dizer “Uau!”. Os jovens de hoje tocam “rock alternativo”. Isso é uma merda: “alternativo”. Uma alternativa a quê? Vocês têm que nos engolir porque não tem nada melhor depois. Este ano você completa 70. Como se evita ­emburguesar com a idade? É só não emburguesar. Você não tem uma dica mais concreta? Hum... Você trabalha em um escritório, não? Sim. Deixe o cabelo crescer. Acho que as pessoas do meu escritório não iriam se importar. Faça mesmo assim. Você se surpreenderia de ver como isso ainda irrita as pessoas. Aftershock, o novo álbum do Motörhead, foi lançado pela Warner Music. Datas da turnê em: www.imotorhead.com

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ROBERT JOHN

Lemmy Kilmister, músico e filósofo: “Modas não te levam a lugar nenhum”

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: L L E Y REBEL

! S O R R A C “ DE S T RUA M SEUS ” ? A R E M Â C A Á T S E E D N E: O CHEN GUANGBIAO ATIVISTA AMBIENTAL (OU ALGO PARECIDO)

Chen Guangbiao é o ativista ambiental mais importante da China. Ao menos é assim que a mídia o considera. Suas manifestações políticas inusitadas têm uma boa dose de performance. Mas o que é isso tudo afinal? Ele é real? Nós queríamos descobrir. Queríamos.

Boa ideia roubada de S.O.S. – Tem um Louco Solto no Espaço, de Mel Brooks: ar enlatado

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que sua forma de ativismo tem levantado somente a bandeira do seu próprio ego. Nós tentamos muitas vezes um contato direto. Infelizmente, tivemos mais contato com o mailer daemon do que com o senhor. O website oficial de sua empresa está offline desde 2013. Todos os números de telefone não chegam a ninguém. E aquela que deveria ser sua assistente (e tem o nome de uma heroína de mangá chinês) tem a voz de um homem que acaba de ser despertado e desligou imediatamente na nossa cara. O senhor existe mesmo, Sr. Guangbiao? Onde está? Escondido? Preso? Censurado? Nos EUA o senhor impressiona com sua filantropia: financiou um jantar de luxo para 250 moradores de rua de Nova York e prometeu-lhes uma mesada de US$ 300 para cada um. O senhor também quis comprar o New York Times para que suas notícias sobre a China fossem “mais objetivas”. Muito nobre. Na teoria. Porque nenhum morador de rua viu a cor do dinheiro. E o New York Times nem sequer o convidou para um jantar. Seja sincero, Sr. Guangbiao, quem é o senhor realmente? Um projeto artístico bem arquitetado? Uma peça de sátira social bem escrita? Quem fez o roteiro? Rupert Murdoch? Ou Marcelo Adnet? E é só uma coincidência que a tradução de Guangbiao seja “o cursor”? Admita. O senhor é o terceiro Yes Man! Seja lá quem for o senhor, tiramos o chapéu! Porque nos mostra o quanto somos suscetíveis a espetáculos extravagantes. Porque colocou os super-ricos da China para fazer doações. E porque nos vende soluções muito simples em tempos muito complicados. Para nós, o senhor é um rebelde. Um rebelde saído de um conto de fadas. Saudações, The Red Bulletin

GETTY IMAGES, ROPI

NOSSA CARTA AO DR. WHO

Prezado Sr. Guangbiao, Permita-nos fazer a seguinte pergunta: afinal de contas, quem é o senhor na verdade? No seu cartão de visitas podemos ler, além do seu nome, isto: “O homem mais influente da China”, “Exemplo preferido”, “Líder moral da China”. Hmmm. Parece que é mais fácil obter informações suas na mídia: todos amam sua forma excêntrica de ativismo, pouquíssimos amam seu desempenho como diretor da Jiangsu Huangpu Renewable Resources Ltd. O que não surpreende: essa empresa vende ar puro enlatado. O senhor destruiu sua Mercedes para chamar a atenção para o Dia sem Carro. Para provar o quanto a bicicleta é saudável, o senhor pendurou uma na própria boca. Tudo isso devidamente em frente às câmeras e sempre de forma extravagante para impressionar o público. Pelo meio ambiente o senhor chegou até mesmo a mudar oficialmente o seu nome. Para quem o senhor faz tudo isso, Sr. Chen Guangbiao? Perdão, Sr. Chen Baixa Emissão de Carbono? O senhor faz tudo isso para o meio ambiente? Para seus filhos? As críticas mais afiadas afirmam

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O verde da China vermelha. Nossa suspeita: sua arma secreta ĂŠ o humor

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REBEL YELL: “

EU ES TI VE TR AB AL HA NDO NU M NOVO SIST EM A MO NE TÁ RIO. EX PE RI ME NT EM ”

SATOSHI NAKAMOTO GÊNIO FINANCEIRO ANÔNIMO

1º de nov de 2008. 1 BITCOIN = US$ 0,00

BITCOIN é um meio segu­ ro e anônimo para pagamen­ tos na internet que foi criado do nada em 2008. À medida que a confiança na moeda digital foi crescendo, seu valor em ­dinheiro “verda­ deiro” também foi aumentando.

“Estive trabalhando num novo sistema monetário que funciona exclusivamente numa base peer to peer”, assim começa a mensagem que os membros de uma secreta lista de e-mails de criptografia ­receberam naquela manhã. O remetente: um tal ­Satoshi Nakamoto. Ele descreve um novo tipo de ­moeda que se baseia em uma rede de computadores e um sistema criptográfico refinado. Nakamoto ­chamou esse sistema de Bitcoin. “Experimentem”, disse Nakamoto. Milhões de pessoas iriam seguir o conselho nos anos seguintes.

18 de mai de 2010. 1 BITCOIN < US$ 0,004 Bitcoins são usadas pela primeira vez para fazer pagamentos: um dos membros do fórum bitcointalk.org compra duas pizzas para outro participante – em troca de 10 mil bitcoins. (No câmbio atual, isso significaria cerca de R$ 7 milhões.) Mas as aparições online de Satoshi Nakamoto vão se tornando cada vez mais ­raras. Logo ele vai simplesmente desaparecer. E não vai mais responder nenhum e-mail. O mito do criador da bitcoin ganha assim vida própria.

EM 20 ANOS, HAVERÁ UMA IMENSA QUANTIDADE DE DINHEIRO EM BITCOINS. OU NÃO HAVERÁ NADA.”

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10 de out de 2011. 1 BITCOIN = US$ 4,25 O escritor Joshua Davis da revista The New Yorker ­segue os rastros de Satoshi Nakamoto. Suas pesquisas o levam até Michael Clear, um estudante de ­criptografia irlandês então com 23 anos de idade. Mas ele nega terminantemente: “Não sou Satoshi – e, se fosse, não lhe contaria”. As hipóteses sobre a verdadeira identidade – ou identidades – de ­Nakamoto se multiplicam na internet. O pesquisador de segurança de informática Dan Kaminsky acredita que “ou uma equipe de especialistas está por trás de sua identidade, ou esse cara é um gênio”.

30 de nov de 2013. 1 BITCOIN = US$ 1.119,96 O blogueiro Skye Grey faz uma análise do estilo de escrita e chega à conclusão de que Nakamoto é Nick Szabo, um professor universitário dos EUA que já trabalhava, nos anos 1990, com um conceito de criptomoeda à qual tinha dado o nome de “bit gold”. O blogueiro entrou em contato via Twitter e teve a seguinte resposta: “Not Satoshi, but thank you”.

6 de mar de 2014. 1 BITCOIN = US$ 657,02 Uma repórter da revista Newsweek afirma haver descoberto finalmente o nome real de Satoshi ­Nakamoto. Ele se chama Dorian Satoshi Nakamoto. Esse é o nome de um engenheiro de descendência japonesa com residência na Califórnia. Ele também nega ser Satoshi. Um dia depois da revelação, a conta de Satoshi Nakamoto em um fórum sobre bitcoin é reativada – depois de quase quatro anos de silêncio total. Ele escreve somente cinco palavras: “Eu não sou Dorian Nakamoto”. E desaparece novamente.

5 de abr de 2015. 1 BITCOIN = US$ 257,03 Certa vez Nakamoto colocou uma data de nascimento em um perfil online: 5 de abril de 1975. Por isso a comunidade bitcoin festeja o Dia de Satoshi Nakamoto em 5 de abril. Quem quer que esteja por trás desse nome possui ainda cerca de 1 milhão de bitcoins, cerca de R$ 750 milhões. Os defensores da bitcoin tentam resolver o mistério cada vez com menos ­empenho – a maioria deles prefere que a identidade de Satoshi Nakamoto nunca seja revelada: afinal, quem melhor para representar um sistema monetário anônimo sem banco central do que um criador sem nome que não tem mais nada a ver com sua criação?

THE RED BULLETIN

TOM MACKINGER

Quem se esconde por trás do nome Satoshi Nakamoto? Todas as especu­ lações feitas até agora não levaram a nada. Ou será que sim?


REBEL YELL:

R T IN UA” A P R IVACIDA D E D E V EDCAOMNEN L TA N FU O T EI IR D M U O D EN S

OS ARQUIVOS DE LAURA POITRAS

MALTE JAEGER/LAIF

CINEASTA E PROVOCADORA Registro de arquivo (TOP SECRET): a cineasta vem sendo observada pelas autoridades há dez anos e, após análises internas, recomenda-se que receba uma atenção ainda mais intensiva. Sua mais nova obra subversiva, o filme Citizenfour sobre o traidor da nação americana Edward Snowden (veja arq. U41KL091), foi condecorada com um Oscar, a mais alta distinção na indústria cinematográfica. Isso poderia incitá-la a mais atividades ilícitas. Com a finalidade de esquivar-se da observação das autoridades, o alvo está escondendo-se há dois anos em Berlim. As atividades suspeitas de Poitras tiveram início em 2004, quando viajou para o Iraque com a finalidade de documentar a operação militar dos EUA naquele país. Dessa época são conhecidas, entre outras, a visita de Poitras à prisão de Abu Ghraib (veja arq. IR514BU22) bem como gravações em vídeo dos comandos de operações 727233 e 2938 em ação. Nos filmes My Country, My Country (2006) e The Oath (2010), ela faz críticas à política externa americana. Poitras não hesita em divulgar informações secretas delicadas (PRISM). Em suas entrevistas para os meios de comunicação internacionais nos últimos anos, ela fala sobre a privacidade como um “direito fundamental” e “necessidade” do ser humano que deve ser protegida. Várias medidas já foram impostas por delibe­ ração de Hdidisd diddd. Em vão. O alvo não foi dissuadido de suas atividades subversivas. Por conseguinte, em junho de 2006, seu status de ­passageira foi alterado para “SSSS” (Secondary Security Screening Selection), com o qual tem que se sujeitar a controles mais severos nos aeroportos. Desde então, foram mais de 40 ocorrências realizadas por agentes de segurança nos aeroportos de Wien, Amsterdam e London. Não lhe foi permitida a presença de um advogado durante a inspeção. Além de anotações manuais e recibos, Poitras também já teve o celular e o computador confiscados e devidamente inspecionados. Essas medidas, no entanto, não produziram ganhos de conhecimento significativos e falharam em sua missão intimidadora. O alvo somente escreve mensagens codificadas, demonstrando crescente profissionalização na arte de eludir a observação por parte das autoridades. Além disso, há grande interesse em confiscar os registros da NSA de X5.6R até D3.53, aos quais Poitras tem acesso devido à sua associação com Snowden. THE RED BULLETIN

DOSSIÊ Protocolo U282WE998 16 de junho de 2015, Washington D.C.

DADOS PESSOAIS

Ela vigia os ­vigilantes: Laura Poitras sobre os telhados de Berlim

Laura Poitras, nasc. 16/01/1964 em Boston, MA, EUA

AUTORIDADES ENVOLVIDAS FBI, NSA, Joint Terrorism Task Force (US Dept. of Justice), MI6 e outras

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THE RED

BULLETIN

EL B E R LL YE SPECIAL E

CAPITÃO PLANETA

O NEOZELANDÊS PETE BETHUNE GANHOU MUITO D INHEIRO COMO ENG ENHEIRO EM UMA PLATAFORM A PE TROLÍFERA. NO ENTANTO, DEIXOU A CARREIRA E A FAMÍLIA PARA FAZER AQUILO QUE REALMENT E O TORNA FELIZ: CAÇAR CONTRABANDISTAS DE ANIM AIS SILVESTRES NA FLORESTA E EM ALTO-MAR, C OM A AJUDA DE UM G RUPO DE SOLDADOS DE ELIT E POR: ANDREAS ROT T E NSCHLAGE R FOTOS: JONAS BE NDIKSE N

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Pete Bethune, 50, ativista ambiental: “O mundo será um lugar melhor porque estou aqui? Eu acho que sim”


BE T HU N E T E V E A I D EI A N AS LON GAS N OI T ES N A P R ISテグ : S OL DA D O S D E EL ITE PO D EM S E TO R NA R PR OT E TO R ES D E A N I M A I S?

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A unidade de operações especiais de Bethune treina a abordagem de navios (armados com réplicas de fuzis de assalto M4) em frente à Ilha Palawan, nas Filipinas


O

bote inflável de Pete Bethune desliza sobre as ondas do Pacífico a 5 milhas da Ilha Palawan, nas Filipinas, um projétil negro, com motor de popa roncando e estalando. Bethune, cara ao vento e olhos apertados, segura firme nos cabos de amarração na proa. Atrás dele, quatro homens acocorados de uniformes camuflados e capacetes. Os olhos de todos fixados na traineira pesqueira azul balançando no horizonte. Na proa, um mastro de bambu balança ao ritmo das ondas. O bote inflável de Pete Bethune se aproxima da traineira por bombordo. Quando alcançam a embarcação, Bethune dá o sinal para a abordagem. Agora eles têm que ser muito rápidos. Quatro homens se esgueiram sobre a amurada do barco. Um deles protege a popa enquanto outros dois se posicionam na proa. Bethune avança para a cabine. “Mãos ao alto!”, ele grita. O capitão, de camiseta laranja e chinelos, levanta as mãos do leme. Os dois se olham durante um momento e então se cumprimentam. “Bom adversário”, brinca Bethune. O capitão sorri ironicamente. É uma tarde quente de março, Pete

No acampamento, Bethune recolhe provas contra um provável contrabandista de animais. Dois ex-marines vigiam os armazéns do suspeito

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“ASSIM Q U E O GOV ER NADO R DA IL HA AU TO R IZAR , M INHA EQ U IP E VAI AR R O M BAR P ORTAS. ”


O primeiro a bordo: Bethune (à dir.) aprendeu a abordar navios enquanto esteve na organização de proteção dos animais Sea Shepherd


Bethune e sua equipe estão treinando a abordagem de navios adversários. Faz quatro horas que estão abordando a traineira repetidamente. Aprisionam a suposta tripulação – cinco voluntários da guarda costeira –, saltam novamente para o bote e recomeçam tudo outra vez. Essa abordagem foi a oitava dessa sessão. A equipe de Bethune tira os capacetes. “Vinte minutos de pausa”, diz Bethune. “Depois, vamos praticar como algemar a tripulação.”

P

ete Bethune não é um ativista ambiental comum. O neozelandês caça criminosos ambientais. Seu equipamento são os homens em seu bote inflável: todos exsoldados de elite. Matt, 34 anos, e Tim, 25, eram da Marinha dos Estados Unidos, Phil, 27, foi tenente dos Navy SEALs, Stéphane, 48, foi paraquedista francês. Antes de capturar navios para Bethune, Stéphane foi guarda-costas de repórteres de TV na Síria. Bethune e sua unidade estão estacionados por quatro meses em Palawan para ir atrás de pescadores e caçadores ilegais e contrabandistas de animais. Uma pequena equipe filma suas atividades que depois são televisionadas sob o título The Operatives: uma unidade de comando pela proteção ambiental. Sem armas. Contra inimigos reais. As missões são financiadas por meio de doações. “Ajudamos as autoridades ambientais nos países em desenvolvimento”, conta Bethune. “Nós oferecemos tripulações e equipamentos de observação. As prisões

são feitas em conjunto com autoridades de cada país.” Bethune senta-se sobre a porta do convés. Tirou a camiseta e a colocou como um turbante na cabeça careca. Ele tem 50 anos, uma face angulosa e físico de um kickboxer. Pedala muitas horas por semana na bicicleta ergométrica. Quando o sol nasce, ele já está fazendo flexões na praia. Bethune formou os Operatives em 2011 para fazer pressão midiática sobre os governos. Sua equipe filmou a matança de focas na costa da Namíbia, rastreou pescadores ilegais com drones, capturou garimpeiros ilegais em uma zona de ­preservação ambiental na Costa Rica. A equipe de filmagem de Bethune foi recebida com tiros de fuzis AK-47. Os Operatives prenderam 14 pessoas. A segunda sessão de treinamento no pesqueiro começa. Os soldados ensinam os homens da guarda costeira como revistar e prender suspeitos. Bethune chama seus especialistas com um olhar. Matt Griffin, o marine americano, gosta de death metal norueguês e de tatuagens, entre elas uma soqueira e uma cabeça de cabra nas costas. Phil, o Navy SEAL que não quer ver seu sobrenome publicado na revista, é um homem robusto, com barba e cílios longos. Ele surpreende com sua eloquência quando fala, já que dificilmente abre a boca. Matt segura os braços de Phil atrás da sua cabeça. E grita: “Get down!”. Phil não se move. Matt lhe dá um golpe na parte de trás dos joelhos. Phil cai no chão. Matt se ajoelha sobre Phil, pressionando com os joelhos suas pernas e seu pescoço. Na sequência, ele pega uma abraçadeira e amarra os pulsos de Phil. Alta tecnologia: os rebreathers dos Operatives não soltam bolhas de ar. Assim, a equipe permanece oculta embaixo d’água

O ex-marine Tim (ao centro) treina os homens da guarda costeira. Para isso, ele faz o papel de pescador ilegal

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“C OM O SE E N TRA E M U M BA R C O D E C O NT R A BAN DI STAS SE M SE R N OTAD O ? PH I L PRECI SOU DE 2 0 M I N U TO S. ” Pausa no convés: o ativista ambiental Stéphane Rousseau (à esq.) e Bethune a bordo da traineira. Estão treinando a apreensão do navio faz quatro horas

“Vocês têm que falar alto e com auto­ ridade”, diz Matt. Os homens da guarda costeira acenam com a cabeça. Bethune conta que em 2011 dois marinheiros da Coreia do Sul foram apunhalados por pescadores ilegais durante uma apreensão. “Desde então, não deixamos nada ao acaso.” Bethune estudou engenharia na Nova Zelândia e trabalhou numa plataforma de petróleo. Ganhava muito dinheiro, mas estava entediado. Então construiu uma lancha com motor a biodiesel. Em 2008, bateu o recorde mundial da volta ao mundo mais rápida numa lancha. Nos quatro anos seguintes, viajou pelo mundo em seu barco. THE RED BULLETIN

“Eu vi como o ser humano está des­ truindo nossos mares”, ele conta. “Em Fiji, os barcos arrastam as redes em paz dentro de reservas marinhas. Nas Fili­ pinas, pescadores injetam cianeto entre os corais para matar mais rapidamente.” Bethune se alistou como capitão na Sea Shepherd, a organização radical dos EUA que luta pela preservação dos seres marinhos. Ele interceptou navios baleeiros na Antártida e atirou ácido butí­ rico nos pescadores. Em janeiro de 2010, um navio de acompanhamento da frota japonesa com 490 toneladas atropelou seu barco. Ele escapou por pouco. As ­imagens do incidente rodaram o mundo.

Isso não o desencorajou. Pelo contrário. Ele decidiu abordar o navio japonês. Ele foi de noite na garupa de um jet ski até o navio, subiu e questionou o capitão. Bethune foi preso e levado para Tóquio, onde ficou por quatro meses em uma prisão de segurança máxima enquanto esperava o julgamento por vandalismo e por invasão. Ele dormia em um colchonete de plástico fino, sua cela media 3 metros por 1 metro e meio. À noite, ele caminhava rente às paredes para se manter em forma. Uma volta, dez passos. A ideia dos Operatives surgiu durante as caminhadas na cela. 39


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ATI R A R AM EM B ETH UN E QUATRO V E ZES, E M 2 0 1 3, E EL E Q UASE S E AFOG OU N O PACÍ FI CO. POR Q U E UM A P ESS OA C O M 50 A N OS SE SU B M E TE A ISS O ?

Reunião no esconderijo dos ativistas: Bethune discute a operação com o Navy SEAL Phil (à esq.) e o ex-marine Tim (à dir.)


Treinamento matinal dos Operatives no esconderijo de Palawan. “A sua vida pode depender de você estar em boa forma”

“Eu queria criar minha própria unidade. Não queria ativistas e sim profissionais. ­Homens que soubessem como vigiar e ­abordar barcos de maneira profissional.” Em julho de 2010, Bethune ganhou liberdade condicional. Um amigo no exército forneceu contatos de ex-soldados. Bethune os contatou pelo Facebook. Ele ofereceu um cachê de US$ 200 por dia. Para cada missão ele monta uma equipe nova. Candidatos não faltam: para as missões na Ásia, cerca de uma centena de ex-militares se candidatou no final de 2014. Bethune escolheu quatro e todos seguiram para Palawan. Na traineira azul em frente a Puerto Princesa, a maior cidade da ilha, a equipe 42

de Bethune já recolocou os capacetes. Bethune quer abordar o barco novamente. À noite, de volta a Puerto Princesa, Bethune desce do barco, sobe no jipe e atravessa a capital da ilha. Ele segue por uma estrada e depois um caminho até o esconderijo dos Operatives: uma praia selvagem no leste da ilha que não pode ser vista do mar por estar escondida atrás de um manguezal. Os homens dormem em barracas de bambu entre as palmeiras. Bethune caminha pela areia. Sua barraca, construída sobre esteios de madeira, é a central de controle das operações. Ele conta que Puerto Princesa é um centro do comércio ilegal de animais

Rota de um navio suspeito na tela do laptop de Bethune. O rastreador foi escondido no navio pelo seu SEAL THE RED BULLETIN


À CAÇA:

AS REGRAS DAS OPERAÇÕES DE BETHUNE TIME DE PONTA Antes de planejar suas missões, Bethune contrata um think tank para checar a integridade das autoridades locais.

USE TECNOLOGIA NOVA Bethune coloca câmeras de infravermelho em drones militares para encontrar as fogueiras dos caçadores ilegais na selva.

ADAPTE-SE A equipe de Bethune usa Zodiacs em vez de barcos com casco sólido. Os infláveis são mais ágeis e mais fáceis de esconder.

MULTITALENTOS Os soldados de Bethune são contratados de acordo com os talentos necessários: de luta corpo a corpo a mergulho noturno.

na Ásia. “Tartarugas marinhas e pangolins são levados em navios daqui para a China. As duas espécies são protegidas.” A carne do pangolim, que se alimenta de insetos e tem o corpo escamoso e um focinho comprido que lembra um tamanduá, é muito cobiçada na China. É o mamífero mais contrabandeado. Dois anos atrás, a guarda costeira das Filipinas encontrou mais de 3 mil exemplares mortos a bordo de um navio de carga chinês. “Ninguém fala sobre os pangolins”, diz Bethune. Faz duas semanas que a equipe de Bethune está seguindo um comerciante nos arredores de Puerto Princesa. Eles querem confirmar as suspeitas da guarda Bethune em sua barraca de bambu na Ilha Palawan: “Pessoalmente estou quase sempre falido”

costeira de que ele está transportando espécies protegidas em seus contêineres. “Durante o dia, filmamos seus depósitos usando drones”, diz Bethune. “À noite, dois marines ficam à espreita.” Bethune sorri. “Além disso, conseguimos plantar um rastreador GPS no navio.” Como se chega a um suposto navio contrabandista sem ser notado? “Essa parte foi responsabilidade do Phil”, conta Bethune. “À noite, ele mergulhou no porto, nadou até o navio, subiu, escalou o mastro e fixou o transmissor enquanto a tripulação dormia no convés. Em 20 minutos, ele estava de volta.” No acampamento, Bethune abre seu laptop. Um mapa marítimo aparece na tela. Nele, uma linha vermelha que vai de Puerto Princesa em direção ao norte, Pacífico adentro. “Estamos seguindo o navio em tempo real. Notamos que, uma vez por semana, o navio faz uma rota diferente para o oeste, afastando-se muito da ilha. Mas esse barco está regis­trado como navio de pesca. Não deveria estar naquele lugar. Nós achamos que é lá que eles encontram o navio de contato.” Se o governador da ilha lhes der ordem de busca, os Operatives poderão entrar nos depósitos do comerciante ou prender a tripulação no mar. Bethune quer mandar Matt, o marine fã de death metal, junto com os oficiais da guarda costeira. Ele o nomeou “nosso homem para arrombar portas”. Pete Bethune quase se afogou em 2013 durante um mergulho em frente à Costa Rica. Ele levou tiros em suas missões em quatro países diferentes. Em Palawan, ele foi parar no hospital com suspeita de dengue depois de uma patrulha na floresta. Por que uma pessoa com 50 anos se submete a isso? Pelos pangolins? “Sempre me perguntei se a minha presença neste mundo pode torná-lo um pouquinho melhor”, conta Bethune em sua barraca no fim de um dia intenso. “Acho que o mundo será um pouquinho melhor se eu for atrás de pescadores ilegais. E de contrabandistas de pangolins.” O próprio Bethune não tem nada de dinheiro. A casa que tinha deixou para a ex-mulher. As roupas que tem cabem em quatro sacos de plástico. Ele viaja ao redor do mundo com três uniformes camuflados, dois pares de botas do exército e uma camisa branca. Ele usa os uniformes camuflados para trabalhar. A camisa é para quando tem que estar no tribunal. Bethune diz que a felicidade é ter achado alguma coisa pela qual vale a pena lutar. As notícias de Pete Bethune na selva: www.facebook.com/petebethune

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Chris Pratt: como vencer em Hollywood sem se ajustar


O ALTERNATIVO HERÓI DO STRIPTEASE À ESTRATOSFERA

A HISTÓRIA INACREDITÁVEL DE COMO CHRIS PRATT SE TORNOU UMA DAS GRANDES ESPERANÇAS DE HOLLYWOOD TEXTO: RÜDIGER STURM FOTOS: PETER YANG

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ATÉ POUCO TEMPO ATRÁS ERA POSSÍVEL VER CHRIS PRATT NU. PAGANDO US$ 40. ATÉ A AVÓ DE UM AMIGO GANHOU DE PRESENTE UM ESPETÁCULO DE STRIP 46

THE RED BULLETIN


Q

uem quisesse falar com Chris Pratt no final dos anos 1990 não podia ter medo de ratos e pulgas. Era com eles que o jovem de Minnesota dividia sua moradia na época. Chris morava na praia em Maui, em uma van pra lá de desleixada e passava o tempo livre bêbado e chapado. O dinheiro para financiar a rotina ele ganhava fazendo bicos de garçom. Mas a nossa entrevista em março de 2015 acontece numa das suítes de luxo do Four Seasons Hotel em Los Angeles. Pelo que se sabe, Chris gosta de ter um copo de uísque na mão em situações como esta, mas hoje ele tem uma garrafa de água mineral. E também parece muito saudável – os ombros largos, os braços fortes marcados nas mangas da camiseta polo. O fazedor de bicos sem moradia no Havaí se tornou uma das grandes promessas de Hollywood. No papel principal de Guardiões da Galáxia ele liderou a escalada do filme a um dos maiores sucessos de bilheteria dos últimos anos. Isso o ajudou a ser escolhido para viver o herói no novo lançamento da série Jurassic Park, Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros, que estreia em 11 de junho. E, se a decisão for depender da opinião favorável de Steven Spielberg, é provável que ele seja o próximo Indiana Jones. Isso surpreende o próprio Chris Pratt: “Para mim já é uma loucura que tenha chegado a ­entrar na lista das pessoas elegíveis para o papel”. Só a história de como ele saiu do meio dos insetos havaianos para chegar ao topo do show business já é quase inacreditável. Ainda mais porque Chris sem-

THE RED BULLETIN

pre foi um cara alternativo, avesso a se adequar aos moldes da sociedade. Depois da escola, ele tentou a faculdade, mas abandonou o curso na metade do primeiro semestre. Uma carreira como representante de marcas baratas também teve uma vida muito curta. O que o levou à próxima carreira igualmente curta de stripper, ou “Magic Mike barato”, como ele se nomeou, que não tinha pudores de tirar a roupa a US$ 40 por apresentação. Ele chegou a se apresentar na festa de aniversário da avó de um conhecido. Quando um antigo amigo o convidou para participar da esquadrilha da fumaça no Havaí, ele não pensou duas vezes. Mas mesmo os caras mais alternativos podem ­mudar radicalmente. Desde que tenham uma paixão: “Sempre quis ser ator”, repete Pratt como uma metralhadora, sem hesitar. “Quando estava na pré-escola, via meu irmão três anos mais velho se apresentar nos teatros escolares. Minha mãe ficava tão emocionada com ele que chorava. Eu pensei comigo: ‘Também posso fazer isso’.” Mas, para chegar lá, Chris precisou de um em­ purrãozinho do acaso. Que no seu caso se chamou Rae Dawn Chong e o encontrou em Maui. A atriz ­tinha atuado em Comando para Matar com Arnold Schwarzenegger, um filme que Chris tinha visto ­“centenas de vezes”. Uma noite, quando lhe servia camarões, Chris a reconheceu imediatamente e a conquistou com seu charme. O resultado: ela lhe ofereceu um papel no seu primeiro filme como d ­ iretora, a comédia de horror Cursed Part 3, e o colocou num avião para Los Angeles.

“EU NÃO TERIA TIDO PROBLEMAS EM FAZER O PRIMEIRO SUPER-HERÓI GORDO DO MUNDO.” 47


MELHORES FILMES DE CHRIS 2011

E

O HOMEM QUE MUDOU O JOGO Estrela do beisebol ao lado de Brad Pitt, no drama que teve cinco indicações ao Oscar.

2012 A HORA MAIS ESCURA SEAL da marinha americana que liquida Bin Laden. Suspense com – de novo – cinco indicações ao Oscar.

2012 CINCO ANOS DE NOIVADO Aliado do personagem principal (Jason Segel) na charmosa comédia romântica.

2014 UMA AVENTURA LEGO Um herói da construção (voz) que coloca o universo LEGO de cabeça para baixo.

2014 GUARDIÕES DA GALÁXIA Ladrão herói e piloto espacial na premiada versão para cinema dos quadrinhos Marvel.

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ntre essa primeira trip e a decolagem da carreira ainda demorou algum tempo. Depois de sua estreia, Chris entrou na corrida maluca da Fábrica de Sonhos, lutando bravamente para conseguir papéis. A imprensa gosta de contar que o seu fundo do poço foi uma audição infrutífera para Avatar, grande sucesso de James Cameron, mas Chris corrige logo: “Esse foi só mais um dos filmes que eu não consegui. Eu não conseguia nada. Nada! Eu me candidatei a praticamente todos os filmes nos quais eu não estou”, conta, quase gritando, numa mistura de ironia e decepção verdadeira. Mas uma coisa o motiva: “A crença que tenho em mim mesmo, a minha capacidade de me motivar e a certeza de que eram os outros que estavam errados quando pensaram que eu não era o ator indicado para aqueles papéis”. Mas não é que Pratt soe como um egomaníaco cego. Ao contrário, ele demonstra uma distância segura do próprio ego. Quando as séries de TV nas quais fez seus primeiros papéis acabaram, Chris disse a si mesmo: “Não preciso ter o papel principal. Os papéis de coadjuvante são tão bons quanto”. Por isso, o papel do preguiçoso, gordo e pouco esperto Andy Dwyer na famosa série Parks and Recreation não lhe pareceu pouca coisa. E também não teve problemas quando teve que emagrecer para fazer o papel de um jogador de beisebol em O Homem Que Mudou o Jogo, logo depois de ter engordado 20 quilos para a comédia 10 Anos de Pura Amizade. Depois, para De Repente Pai, ele tentou chegar ao peso de competição de 150 quilos. Para fazer Guardiões

“EU ME CANDIDATEI A PRATICAMENTE TODOS OS FILMES NOS QUAIS EU NÃO ESTOU.”

da Galáxia, Chris se enfiou novamente na academia, mas não por vaidade: “Eu não teria tido problemas em fazer o primeiro super-herói gordo do mundo”. E ele gostava tanto do projeto que as chances de que o filme fizesse sucesso já nem lhe importavam: “Eu dizia a mim mesmo: ‘Esse filme vai ser um fiasco e esse será o fim da minha carreira’ ”. Uma suposição que tinha boas chances de se confirmar. Antes do verão de 2014, parecia que ninguém ia se interessar por uma tropa de personagens de desenhos animados que caçava uma bola misteriosa pelo Universo afora. Pela sua coragem, Chris Pratt foi condecorado com US$ 774 milhões nas bilheterias e recebeu da revista especializada The Hollywood Reporter o título de “quebrador de regras de 2014”. Já a fama e a notoriedade não o impressionam. Quando atuou com Brad Pitt em O Homem Que Mudou o Jogo, ele soube esconder a empolgação e não deixou transparecer nada no rosto quando se viu em frente à superestrela. É verdade que depois ele admitiu: “Foi inacreditável gravar com ele. Talvez eu devesse ter curtido mais”. Mas seus heróis de verdade não estão nas telas: “Os verdadeiros heróis são pessoas que têm um impulso natural e altruísta de ajudar os outros. Para mim, Russell Wilson, quarterback dos Seattle Seahawks, é um herói. E não só porque ele levou o seu time duas vezes seguidas à final do Super Bowl. Mas também porque ele devolve muito do que ganha à sociedade, por exemplo, ajudando crianças no hospital. Isso para mim é realmente o máximo. Mas a maioria dos verdadeiros heróis nem é de pessoas famosas. São pessoas que arriscam a própria pele para proteger outras pessoas e nem sequer recebem um agradecimento pelo que fazem.” E o que o torna um herói de Hollywood? A distância que Chris mantém tanto do meio como do próprio ego também tem mais um efeito importante: mesmo que nas entrevistas Chris sempre responda com seriedade e deixe as piadas de lado, ele deve seu sucesso em grande parte a seu senso de humor. Seu papel em Parks and Recreation cresceu na série porque os produtores acharam que ele era muito engraçado já na entrevista. Atualmente ele é considerado o maior talento de improvisação de todo o elenco da série. Foi assim que ele chamou a atenção de Colin Trevorrow, o diretor de Jurassic World: O Mundo dos Dinossauros. Chris explica que seu talento vem da “experiência de vida”. Quem teve que se entender com pulgas, ratos e vovós vorazes aprendeu a levar as coisas com descontração. E a postura vale também para um filme de muitos milhões de dólares, como Jurassic World. Quando Chris conta qual foi seu momento preferido da gravação, dá para perceber uma centelha anarquista que ele provavelmente ainda carrega da vida alternativa nas praias do Havaí. “Numa das cenas de ação, eu pilotava uma moto a toda velocidade. No final, eu destruí a moto e voei de ponta-cabeça por cima do guidão. Foi o máximo.” E, enquanto conta isso, um sorriso maroto se espalha por seu rosto, como se tivesse vontade de virar todo o mundo cinematográfico também de cabeça para baixo. www.jurassicworldmovie.com THE RED BULLETIN


No que depender de Steven Spielberg, este homem ser谩 o pr贸ximo Indiana Jones


BATALHA DOS ELEMENTOS 7 EQUIPES / 9 MESES / 9 ETAPAS / 71.745 QUILÔMETROS

A Vo l v o O c e a n R a c e é u m a r e g a t a i m p l a c á v e l ao redor dos oceanos, passando pela costa dos cinco continentes do planeta. Nesse desafio, os melhores velejadores do mundo arriscam seus barcos – e a vida

MATT KNIGHTON/ABU DHABI OCEAN RACING/VOLVO OCEAN RACE

Por: Étienne Bonamy e Albert Niemann

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1ª ETAPA / ALICANTE – CIDADE DO CABO / OUTUBRO DE 2014 A Abu Dhabi Ocean Racing luta bravamente ao longo da costa da África Ocidental. No leme: S ­ imon “SiFi” Fisher. Paredes de água de 1 metro e meio ameaçam arrastar os velejadores


O MAPA DA VOLVO OCEAN RACE 2014-2015 Gotemburgo Lorient Newport

Alicante Sanya

Lisboa Abu Dhabi ItajaĂ­ Auckland

RICK TOMLINSON

Cidade do Cabo

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A Team Brunel parece que vai ser engolida pelas águas do famoso Cabo Horn. Cada minuto exige dos velejadores concentração absoluta. A concorrente Dongfeng Race Team abandona a prova depois de quebrar o mastro rumo ao Cabo 5ª ETAPA / AUCKLAND – ITAJAÍ / ABRIL DE 2015


“A Q U I V O C Ê N Ã O D E I X A E S PA Ç O PA R A PENSAR. E ISSO É BOM. PENSAR PODERIA L E VA R A D Ú V I D A S . ” 5ª ETAPA / AUCKLAND – ITAJAÍ / MARÇO DE 2015

Raros momentos de tranquilidade a bordo do barco Dongfeng. Três horas seguidas de sono são uma bênção para os velejadores exaustos. O oceano castiga as ­paredes sem isolamento do barco 3ª ETAPA / ABU DHABI – SANYA / JANEIRO DE 2015

AINHOA SANCHEZ/VOLVO OCEAN RACE, SAM GREENFIELD/DONGFENG RACE TEAM/VOLVO OCEAN RACE, AMORY ROSS/TEAM ALVIMEDICA/VOLVO OCEAN RACE (2)

A líder Abu Dhabi Racing ao longo da costa brasileira. Itajaí espera os vencedores da mais longa perna da Volvo Ocean Race: 6 776 milhas náuticas, mais de 12 500 quilômetros. O tempo da vencedora da etapa, Abu Dhabi: quase 19 dias


4ª ETAPA / SANYA – AUCKLAND / FEVEREIRO DE 2015 Troca de velas para a Alvimedica em frente à costa da Nova Caledônia. O vento esfria, cada segundo é vital, cada movimento tem que ser exato. O esforço necessário está estampado na cara de Dave Swete

2ª ETAPA / CIDADE DO CABO – ABU DHABI / NOVEMBRO DE 2014 Um lanchinho antes de continuar. A Volvo Ocean Race significa muitas coisas: perigo, aventura, velocidade e às vezes loucura também. Confortável não é nunca. Conforto não existe no dicionário deles

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“QUANDO VOCÊ CONSEGUE TRÊS HORAS SEGUIDAS DE SONO, É UMA BÊNÇÃO.”

5ª ETAPA / AUCKLAND – ITAJAÍ / ABRIL DE 2015 No leme da Alvimedica, Stu Bannatyne navega o impiedoso Pacífico Sul. O veleiro americano é o primeiro a contornar o temido Cabo Horn. Se alguém cair ao mar aqui, não tem a menor chance de voltar

2ª ETAPA / CIDADE DO CABO – ABU DHABI / DEZEMBRO DE 2014 Depois de mais uma noite estressante, as mãos de Ryan Houston são a prova do trabalho realizado. Sol, água do mar e a força incrível a que estão submetidas as c­ ordas deixam suas marcas. E ainda ­virão muitas mais


AMORY ROSS / TEAM ALVIMEDICA / VOLVO OCEAN RACE (2), SAM GREENFIELD/DONGFENG RACE TEAM/VOLVO OCEAN RACE

O

s olhares são compenetrados nas faces bronzeadas e curtidas de mar dos melhores velejadores do mundo em 4 de outubro de 2014, o dia da largada da regata Volvo Ocean Race 2014/15 em Alicante, Espanha. Sete veleiros vão cruzar os mares do planeta em nove etapas com paradas na África do Sul, nos Emirados Árabes, na China, na Nova Zelândia, no Brasil, nos EUA, em Portugal, na França e ­che­gada em Gotemburgo, na Suécia. Quem ouve as histórias dos atletas no porto de Alicante enquanto as gaivotas guincham sobre suas cabeças poderia imaginar que eles são masoquistas. Contam de frio e calor, de tempestades e vendavais, risco de vida. De etapas em que o vendaval metralha estalactites de gelo para todo lado, de uma mistura de cavalgada e voo sobre ondas da altura de casas. “Quando você surfa essas ondas monstruosas abaixo, é como se a proa mergulhasse num vale de ondas”, conta o alemão Tim Kröger, veterano da Volvo Ocean Race. “Uma parede de água de 1 metro e meio quase te arrasta. Logo você vê que está com água gelada na cintura. Você não deixa espaço para pensar. E isso é bom. Porque pensar poderia levar a dúvidas. E elas não perderam nada em uma regata.” Os velejadores moram durante semanas nos barcos de 20 metros. Nove pessoas enlatadas em poucos metros quadrados. Passam dias com as roupas encharcadas. Dormem com o medo de chocar, no escuro, a cerca de 60 km/h, com um contêiner vagando ou uma baleia adormecida, o que poderia acabar numa tragédia. Torcem o nariz ao lembrar do macarrão que ­comem em um tipo de tubo. O estresse da regata é tanto que alguns contam que suas barbas deixam de crescer, THE RED BULLETIN

A Dongfeng Racing Team termina a perna de pouco mais de 20 dias em terceiro lugar, apenas oito ­minutos depois da vencedora MAPFRE 4ª ETAPA / SANYA – AUCKLAND / FEVEREIRO DE 2015

e outros perdem até dez quilos em ­algumas das etapas. Ken Read, ex-comandante na Volvo Ocean Race, explica o que eles vivem ali: “Sente-se no teto do seu carro durante um vendaval e peça para alguém dirigir a toda velocidade em uma estradinha ruim de montanha. Aí você pode ter uma pequena ideia do que os velejadores enfrentam aqui”. O maior medo de Read sempre foi ter que ouvir um dia o grito “homem ao mar” em seu barco. “A pior coisa por que passei na Volvo Ocean Race? Foi quando o velejador Hans Horrevoets caiu de seu barco em 2006 e se afogou.” O perigo está presente em todo momento da regata. No fim de novembro de 2014, ou seja, pouco depois da largada, a flotilha se reduziu de sete a seis veleiros: o casco do barco da equipe Vestas Wind foi danificado ao encalhar em um recife a nordeste das Ilhas Maurício, no Oceano Índico. Até ser resgatada na manhã seguinte, a tripulação passou a noite no lado do veleiro. Os veleiros Volvo Ocean 65 são máquinas de corrida que usam Kevlar, fibras de carbono e mais nove materiais inovadores em sua construção. A bordo, o equipamento eletrônico é de última geração e os sistemas hidráulicos os mais possantes – já a palavra conforto não está nas especificações. Só o fato de as paredes não serem isoladas transforma a vida no interior do barco em tortura. Em algumas regiões, a temperatura da água é de 1 grau e a do interior do navio não chega a 10. O nível de ruído vai desde o murmurejar agradável do mar tranquilo até o estrondo ensurdecedor quando, por exemplo, no convés a gennaker gigantesca está sendo recolhida

“QUANDO VÊ, J Á E S TÁ C O M ÁGUA GELADA NA CINTURA.” com ajuda do guincho e parece que o barco vai se partir em dois. “Dormir três horas seguidas é uma bênção”, conta um dos velejadores em Alicante. “Cada saco de dormir é usado alternadamente por duas pessoas, o que economiza espaço e diminui o peso.” O francês Yann Riou, 31 anos, é o chamado repórter on board da equipe francochinesa Dongfeng. As fotos que ele envia para todo o mundo mostram o sofrimento e o desempenho dos velejadores. Assim como os outros seis repórteres que acompanham as outras equipes, ele está proibido de participar das manobras, mas compartilha a rotina da tripulação. Riou teve sua dose de aventura a oeste do Cabo Horn. “Estava falando com o timoneiro Charles Caudrelier no interior do barco quando escutamos um ruído horrível.” A parte superior do mastro ­tinha quebrado. “Quando isso acontece, é necessário subir e cortar a parte quebrada do mastro para impedir que caia sobre o convés, ­porque isso seria muito pior.” À pergunta de como é um dia típico de regata a bordo, o ex-comandante Read responde: “Cada dia é diferente. ­Somente os primeiros dias são realmente ruins. Depois, você se acostuma a tudo”. volvooceanrace.com

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BALADA De p is t a s u l t ra m o d e r n a s a b a la d as d e b a i xo d a á r vo r e, S ã o Pa u l o fe r ve d e p o is q u e o s o l se p õe. Fo m o s c o m M C G u i m ê e m b usc a d a n o i te p e r fe i t a e c o n f i r m a m o s: a c i d a d e q u e s ó t ra b a l h a t a m b ém s a b e se d i ve r t i r P OR : FE R N AN DO GUEIROS FOTOS: R O BERT ASTLEY SPARKE

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ZERO ONZE

Animação, pistas quentes e noites épicas: bem-vindo a São Paulo


S ão m uit as cida des em u ma só: a noi te de S ão Pa ulo é polimor fa Guimê pisa na pista e não dá outra: a mulherada vai pra cima

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A

DIVULGAÇÃO (2)

A agen da de Guimê tem ma is de 4 0 shows por mês, m as hoje é d ia de fes t a

van está totalmente escura do lado de dentro. O som dos graves de músicas de hip hop explode nas caixas enquanto o veículo cruza São Paulo. Uma pequena saída de ar no teto ajuda a eliminar a névoa de fumaça que toma o interior. O relógio marca 1 hora da manhã, e MC Guimê e seus amigos estão indo para a balada. Aos 22 anos, Guimê já é uma estrela do showbiz brasileiro. Nascido em Osasco e morador do bairro do Tatuapé, na Zona Norte de São Paulo, ele chegou ao estrelato com hits de funk como “Plaquê de 100” e “Na Pista Eu Arraso”, cada um com mais de 50 milhões de visualizações no YouTube.

Estourou tanto que viu até o Flea, do Red Hot Chili Peppers, fazer um cover de “Plaquê” e postar online. Atualmente, a agenda do cantor conta mais de 40 shows por mês, mas nesta quinta-feira cinza tipicamente paulistana, a data está bloqueada – é dia de festa. “Desde moleque curti rap e funk e sempre procurei lugares que tocassem isso. Hoje não é muito diferente. Mas ouço de tudo, vou em shows de diversos estilos musicais, sertanejo, pagode...” Apesar de ser um dos maiores representantes do funk ostentação, sempre com joias, carrões na garagem e belas mulheres por perto, Guimê tem uma ­postura ­extremamente humilde e de ­gratidão. Valores que o aproximaram de Neymar, no ano passado, quando fez a música “País do Futebol”, que virou pra­ ticamente um hino durante o Mundial. “Quando ­conheci o Neymar, foi um sonho realizado”, conta. “Não imaginava que ia conhecer o cara comendo um lanche, junto, na humildade.” O encontro aconteceu após o convite de Guimê para que Neymar participasse do clipe da música. “Sabia que ele ia gostar porque sempre gostou muito de funk. Comecei com a ideia, coloquei a letra e, antes mesmo de ficar pronta, mostrei e ele curtiu. Depois a gente se conheceu melhor. Conheci os parceiros dele, frequentei sua casa e vi a humildade desse cara. Ele precisa de várias homenagens, essa foi a minha.” A van para em frente ao Lions Nightclub, no Centro de São Paulo. As tatuagens do funkeiro saem pelas mangas da jaqueta e pela gola da camiseta. “É uma satisfação poder pegar uma mesa e curtir com os meus amigos”, ele diz, pouco antes de sair do carro. “Gosto de baladas onde eu

Guimê em dia de show: seus hits têm mais de 50 milhões de visualizações no YouTube DJ King comandando as picapes no Lions Nightclub

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A receita da noite: drinque na mão, balde de gelo na mesa, belas mulheres ao redor e rap no som

Na selva de pedra: em São Paulo a pista ferve até altas horas da madrugada

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São Paulo tem público para todo tipo de evento, em qualquer formato ou horário


Mulherada presente: noite de balada descolada na Casa 92 é assim

possa ter espaço e privacidade, aí eu curto de verdade.” A porta da van desliza, Guimê se levanta e todos descem. Rapidamente passam pela segurança e entram no club. Guimê conheceu o Lions quando gravou o clipe de “Na Pista Eu Arraso”, há dois anos. A balada fica no primeiro andar de um prédio no Centro de São Paulo e representa um marco na revitalização da vida noturna da região, que há cinco anos estava muito degradada. Sócio da casa e figura importante da noite paulistana, Facundo Guerra acredita que o Centro passou a ser um dos polos hegemônicos de clubs em São Paulo por ter aluguéis baixos e atualmente ser habitado por artistas e investidores. “São Paulo tem uma das noites menos comerciais do mundo”, diz o empresário. “Grande parte de clubs em Londres, Ibiza, Madri ou Paris depende de turistas para sobreviver. Como o turismo de São Paulo não é a passeio, mas a trabalho, a balada é feita para a própria população.” Ele continua: “São várias cidades em uma, cada uma representada por uma zona específica, com sua noite, seu ecossistema, sua ética”, diz Facundo. “É uma aberração, tem público para todo tipo de evento, em qualquer formato ou horário.”

Pista de LED: Guimê gravou aqui o clipe de “Na Pista Eu Arraso”

E

m cima da mesa estão duas garrafas de vodca, um balde de gelo e Red Bulls. O camarote fica no canto do salão principal, que conta também com uma pista e um bar 360º no centro. Às quintas, a noite é de rap e hip hop, do jeito que Guimê gosta. Do salão, é possível ir à ampla varanda ou à pista-inferninho com luzes de LED e efeitos 3D. As caixas de som tocam alto e os graves balançam os corpos na pista. DJ King está no comando. Com o copo em uma mão e balançando a outra para os lados e para cima, Guimê dança na pista. Ao redor, homens jogam as mãos para o alto e mulheres dançam até o chão. Duas delas se aproximam, levando as mãos na altura da cabeça e mexendo os quadris. No bar, três meninas viram, ao mesmo tempo, shots de tequila. Espremem o limão na boca e lambem o sal na parte de fora da mão. Patrícia Azevedo, 24, estudante de arquitetura, é uma delas. “Minha amiga foi contratada e a gente veio comemorar. Acho as noites de hip hop e eletrônico a cara de São Paulo.” Antes de partir em direção à pista, que nesse momento toca “Subirusdoistiozin”, do Criolo, ela pergunta: “Aquele é o MC Guimê?” Os garçons passam com baldes de gelo e mais uma garrafa aterrissa na mesa. A pista está quente, Guimê dá risadas e bate papo com um dos seus parceiros, mas o grupo tem outro plano para o momento: conhecer uma balada na qual eles nunca foram, onde a festa esta noite é rock, soul e eletrônico, a Casa 92.

Saída rápida, corte seco. Van escura, rap no máximo e a cidade passando pela janela. “O gelo e as bebidas já estão na mesa?”, pergunta um dos amigos de Guimê ao telefone. Eles chegam às 3h40 da manhã. “Blister in the Sun”, do Violent Femmes, toca alto numa pista com pouco mais de 20 metros quadrados. Esta é a primeira das quatro da casa, que conta ainda com nove bares. O club é montado numa casa antiga, encravada entre arranha-céus e situada no bairro de Pinheiros, onde público e música são diferentes do que se encontra nas festas do Centro. A Casa 92 abriga desde baladeiros habitués até aqueles que tomam um banho rápido depois do trabalho para em seguida sair para beber com os amigos – um tipo de pressa característico do paulistano. Na pista, uma menina avista Guimê e corre para abraçá-lo, sem perder o ritmo da música. Ele abre um sorriso, conversa. Do lado de fora, uma grande árvore cobre o espaço que liga aos cômodos da casa, que nesse caso são pistas de dança. Guimê sobe as escadas até uma espécie de laje com um sofá, abaixo de uma projeção psicodélica na parede, onde é possível curtir com mais exclusividade. “Posso estar cansado, mas não consigo dormir cedo”, ele diz. “Nos dias normais, são 3h, 4h da manhã ou até mais tarde.” Sentado no sofá, Guimê dá um gole no copo de vodca com energético. “A noite de São Paulo tem muita qualidade, é sofisticada. As baladas têm estrutura, som bom, gente de todos os tipos. Sou louco por isso aqui.” Ele abre um sorriso: “Parece até que você está na gringa!”. O relógio marca 4h20 da manhã, e uma das pistas toca “Bizarre Love Triangle”, do New Order. Um casal se beija encostado no tronco da árvore, e meninas pedem para fazer selfies. Mais uma vodca? O som de James Brown salta aos ouvidos com um cara dançando como se estivesse numa festa dos anos 1970. Guimê observa e comenta: “Balada é isso, curtir o tempo livre para esquecer dos problemas”. O céu assume um tom roxo, e a lua surge entre dois prédios. A projeção de vídeo na parede faz parecer que estamos sob efeito de alucinógenos. Mas não. É apenas São Paulo. www.facebook.com/mcguimeoficial

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UMA HISTÓRIA EM CINCO IMAGENS: MARATONA DO SOFRIMENTO POR: ANDREAS ROTTENSCHL AGER FOTOS: ERIK SAMPERS

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O PERCURSO A Marathon des Sables no Marrocos é a mais difícil corrida de etapas no ­deserto. Durante seis dias, os parti­ cipantes enfrentam 250 quilômetros nas areias do Saara. Os corredores ­levam provisões e saco de dormir nas costas. Itens obrigatórios na mochila: tocha de sinalização, bússola e extrator de veneno de cobra. O recorde de vitó­ rias é de Lahcen Ahansal do Marrocos (à esq.), que venceu a competição dez vezes até agora.


AS DORES Os únicos recursos disponibilizados pela organização da corrida são bar­racas berberes e água. Os corredores têm que coletar lenha. Depois de passar a noite numa barraca bivak, o marroquino Rachid El Morabiti senta-se ao lado da fogueira do café da manhã (acima) e refresca as feridas dos dedos com uma bolsa de gelo. Ferimentos nos pés são comuns: a cada ano, os 1 300 participantes utilizam mais de 2 quilômetros de curativos.

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AS DUNAS Os corredores do deserto usam polainas para impedir que a areia fina e fofa das dunas de até 150 metros de altura entre nos sapatos. A tarefa mais importante em uma temperatura de quase 50 graus é beber regularmente (recomendam-se 9 litros diários). Na foto: o acampamento dos parti­ cipantes próximo ao povoado Jdaid, logo após o início da quinta etapa.


A SOLIDÃO O episódio mais lembrado da Marathon des Sables aconteceu em 1994, quando o italiano Mauro Prosperi se perdeu durante uma tempestade de areia. Ficou dez dias caminhando a esmo pelo Saara. Para sobreviver, bebeu a própria urina e o sangue de morcegos mortos. Berberes encontraram o cor­ redor de 38 anos a 200 quilômetros da trilha. Prosperi tinha emagrecido 15 quilos. Dois anos depois, ele estava novamente na largada. Hoje os corre­ dores (acima) são localizados por GPS.

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A CHEGADA “As emoções mais fortes você vive na chegada”, conta o fotógrafo Erik Sampers, que acompanha a corrida no deserto desde 1990. “Os corredores choram ou desabam esgotados. Mas a maioria retorna em outro ano.” Aqui o neozelandês Philip Culpan (51 anos) no fim da última etapa da 30ª edição em 2015. Sampers nomeou sua foto como “a vitória de um corredor comum”. Inscreva-se: marathondessables.com



Explore. Descubra. Mergulhe.

AÇ ÃO ! 72

VIAGEM 73

EQUIPO 75

MOTOR 76

CULTURA 78

COMO... 80

AGENDA VIAGEM

PRANCHA A MOTOR Surf com cavalos de potência

JEFF FLINDT

O lendário surfista havaiano Paul Strauch uma vez comparou o surf ao sexo: “É sempre bom, não importa quantas vezes você faça”. Mas mesmo as melhores coisas podem ser melhoradas ­ainda mais com um pouco de criatividade. Martin Sula, engenheiro tcheco da Fórmula 1, fez isso em 2008 ao colocar um motor de dois ­tempos e 100 cilindradas em uma prancha de surf de fibra de carbono para criar o jetsurf.

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AÇÃO As pranchas motorizadas de alta performance do jetsurf levarão o surf tradicional a um outro nível, transformando até as águas mais calmas em um parque de diversões para o surfista e entregando uma experiência descrita pelo waterman Kai Lenny como uma “mistura de surf e MotoGP”. “O jetsurfing é toda uma nova injeção de adrenalina, e você não precisa de uma grande onda para sentir isso”, diz Lenny, campeão mundial 2013 de stand-up paddle (SUP). “Voar baixo sobre a água é uma coisa similar à sensação de surfar uma onda gigante. Assim que você faz uma curva, as forças gravitacionais te fazem querer mais. É viciante.” A prancha de 12 cv pode chegar a 58 km/h e tem uma autonomia de 75 km ou 90 minutos com um tanque cheio. Fazer o ajuste da velocidade é fácil, basta comprimir ou soltar o acelerador, que fica no final do leash eletrônico que vai no punho do surfista. Ele também funciona como um dispositivo de emergência para parar o motor assim que o surfista libera. Mesmo com o motor fazendo a maior parte do trabalho, ainda é fundamental ter preparo físico para manter a prancha equilibrada por um tempo, já que a maioria dos surfistas não está acostumada a ficar em pé mais que alguns minutos. “Essa onda leva mais que uma hora até que você precise reabastecer”, diz Martin Sula, inventor da prancha. “Exige muita força física e mental.” No entanto, graças ao fato de a prancha ter um motor relativamente pequeno e um corpo de fibra de carbono leve – o aparato todo tem peso de apenas 14 kg –, é fácil lidar com ela na água e simples de transportar. Atualmente, são apenas alguns lugares no mundo

VIAGEM PERTH

Explore a região Com asas Sinta a adrenalina do combate aéreo como copiloto de um antigo avião militar Nanchang CJ-6A Warbird enquanto ele enfrenta um inimigo em 45 minutos de voo simulado nos ares de Perth. warbirdswa.com

Na água

Jetsurf: uma mistura de surf e moto

“O JETSURF É UMA NOVA INJEÇÃO DE ADRENALINA QUE NÃO PRECISA DE UMA ONDA GIGANTE PARA SENTIR.”

Embarque em um raft e atravesse as corredeiras alucinantes do Rio Avon, que passa pelo acidentado terreno do Walyunga National Park e recebe a mais longa corrida de rafting por águas claras do mundo. rafting.com.au

Perth Você tem coragem de surfar a jato? Visite: jetsurf perth.com.au

que oferecem treino para o jetsurf, e um dos mais pitorescos é Perth, cidade no oeste da Austrália. Surfistas e não-surfistas são igualmente bem-vindos e, com ventos espetaculares e tubos proporcionais garantidos quase todo dia, não é preciso ver a previsão das ondas.

Descubra exatamente o que um motor 5.0 V10 pode fazer por você quando entrega uma potência de 700 cv em um Lamborghini Gallardo por oito voltas em um desafiador circuito particular. supercarsperth.com.au

DICA DE QUEM CONHECE Kai Lenny conhecendo a geringonça

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“Se você está viajando por grandes extensões de água, um GPS ou um celular pode ser útil – só para garantir”, diz Martin Sula.

THE RED BULLETIN

TOM SERVAIS ,JOHN ABSOLON, CORBIS, BRODIE BUTLER

Acelerando Perth, AUS


EQUIPO

AÇÃO

LEVE COM VOCÊ Seja onde for, estes equipamentos aguentam o tranco

BioLite CampStove

Dê uma carga no smartphone em qualquer lugar com este gerador portátil de energia. O fogareiro inteligente para camping carrega a maioria dos dispositivos compatíveis com USB enquanto cozinha seu jantar ao mesmo tempo. biolitestove.com

Coloque lenha e alimente um fogo sem fumaça com chamas maiores que as da sua lareira

CHIPS

LaCie XtremKey USB 3.0

RYAN JAMES HACKBARTH, PETER MELBINGER, BEN FONNESBECK

Fone com Bluetooth perfeito para a neve. Ele funciona com qualquer capacete adaptado para áudio e permite fazer ligações e selecionar música sem tirar as luvas. ellis-brigham.com

SEACAM

Esta é a forma infalível de levar sua câmera preferida para o mar, feita de uma mistura de titânio e uma liga de metal reforçado à prova d’água salgada. seacam.com

THE RED BULLETIN

Um banco de dados duro o suficiente para sobreviver ao apocalipse. Este USB mantém 128 GB seguros a até 200 m de profundidade e em temperaturas de 200 ºC a -30 ºC. lacie.com

Buckshot Pro

Este amplificador três em um também funciona como carregador e acendedor. Faça ligações sem utilizar as mãos com o microfone embutido e use-o como lanterna. outdoortechnology.com

Gloryfy SPORTstyle

Graças a um inovador material chamado I-Flex, estes óculos escuros têm garantia de ser 100% inquebráveis, enquanto ainda oferecem 100% de proteção contra o sol. gloryfy.com

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AÇÃO

EQUIPO

INDO FUNDO Mergulhe com um Tudor

Tudor Pelagos Blue

A caixa de titânio e aço inoxidável de 42 mm é equipada com uma válvula de escape de hélio para prevenir que exploda durante o mergulho. O Tudor tem uma coroa de dar corda reforçada com sistema triplamente à prova d’água

O anglófilo fundador da Rolex, Hans Wilsdorf, lançou a sua segunda linha de relógios, a Tudor, em 1946, como forma de oferecer aparelhos mais em conta – seguindo os padrões Rolex. Seu primeiro foi o Tudor Oyster em 1947. Então veio o esportivo 7922 em 1954, que era excepcionalmente similar ao Rolex Submariner – fazendo desse relógio de mergulhador com bezel giratório um item de coleção. Mas com o lançamento deste ano, o Tudor Pelagos, a empresa saiu da sombra da Rolex. O relógio distintamente moderno contém o novo sistema de dar cordas automático MT5612, o primeiro de fabricação própria da Tudor. O resultado é um produto luxuoso, tão funcional e confiável quanto atraente. Quando está com a corda toda, por um movimento de 6,5 mm, funciona numa boa por 70 horas. E isso vale também a 500 m de profundidade. tudorwatch.com

NO PULSO DO MARINHEIRO

Estes são relógios que não precisam ficar em terra firme

As caixas de aço inoxidável destes cronômetros medem 36, 42 ou 44 mm. Quanto maior é o relógio, mais forte é sua resistência na água: 200, 500 e mil metros. breitling.com

Longines Heritage Diver 1967

Com um design inspirado em um modelo de 1967, este relógio tem uma caixa de aço de 42 mm com um bezel giratório para mergulho que tem

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resistência de 30 bar. O cronógrafo é destacado e tem um contador de 30 minutos, podendo durar 54 horas quando está com a corda toda. longines.com

Zenith El Primero 400 B

Para marcar o seu 150º aniversário, a Zenith lançou um cronógrafo que tem a escala do taquímetro para medir velocidades médias. A edição especial de 45 mm tem resistência a profundidade de 20 bar. zenith-watches.com

GISBERT L. BRUNNER

Breitling Superocean II

THE RED BULLETIN


AÇÃO

MOTOR

MAIS ESTILO Melhore sua experiência ao volante

Marma London Aston Martin Collection A marca de óculos Marma London lançou uma linha oficialmente licenciada de modelos da Aston Martin. Fabricados na Itália, estão disponíveis em opções de lentes espelhadas, coloridas e polarizadas. marma.co.uk

MONTANHAS DE DIVERSÃO

O Alpina ficou mais rápido

ALPINA BURKARD BOVENSIEPEN GMBH + CO. KG

A Alpina Burkard Bovensiepen GmbH – ou apenas Alpina – comemora seu 50º aniversário neste ano. Apagando a linha entre montadora de veículos e especialista em tuning de peças, a fabricante alemã de carros de alta performance com base em peças BMW tem produzido alguns dos modelos mais velozes e arrojados do planeta. Então, para marcar seu meio século, vai lançar um dos mais potentes Alpinas de todos os tempos. A Edition 50 é uma série de 100 carros, 50 cupês B6 e 50 carros de turismo B5. O Alpina “padrão” tem motor 4.4, V8 biturbo que foi modificado para ir além de 60 cv, com uma potência de 600 cv para os carros Edition 50 e dando a eles a possibilidade de ir a uma velocidade máxima de 320 km/h. A cabine do Edition 50 tem detalhes discretos, entre eles um interior todo de couro Lavalina. Não é exatamente um lobo em pele de cordeiro, mas parte do encanto do Edition 50 é a discrição que permite a você ir ao supermercado fazer compras em um supercarro. alpina-automobiles.com

O interior do Alpina: luxo e potência sem chamar atenção

THE RED BULLETIN

O MAIS TOP

Land Rover de luxo

Desde seu lançamento em 1970, a Range Rover passou por muitas identidades, cada uma avançando um pouco mais sobre suas origens agrícolas. Este ano, o Salão do Automóvel de Nova York testemunhou a montadora britânica revisar o apelo do seu veículo de luxo, lançando uma linha nova e caríssima: o Range Rover SVAutobiography. Vem com opção de diesel, motor híbrido ou de potência de 550 cv V8 5.0. A Land Rover está fazendo grande alarde deste carro como sendo a SUV mais luxuosa disponível no mercado – apontando para a perfeita disposição dos acessórios e para o alumínio e o couro que preenche os interiores. Mas, com o preço tão alto, poucos potenciais compradores devem confundir o carro com um veículo de fazenda. landrover.com

Ducati Scrambler A tão aguardada Ducati Scrambler está começando a ser vista nas ruas, e a fabricante italiana está acompanhando este lançamento com uma linha de produtos cheia de estilo e com um apelo bastante divertido. ducati.com

Jaguar-Pinarello K8-S O caso de amor entre a empresa britânica de automóveis e a equipe de ciclismo Team Sky continua com esta bike Paris-Roubaix com tecnologia Jaguar e Pinarello. A DOGMA K8-S já está disponível para pré-compra. jaguar.com

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AÇÃO

CULTURA É QUASE TUDO VERDADE A série mais dark da TV está de volta

O primeiro trailer de True Detective 2 está cheio de coisas boas: Colin Farrell com uma gravata de laço e soco-inglês e Vince Vaughn não tentando ser engraçado. Sabe-se pouco mais do que isso, mas é assim que tem que ser. A primeira temporada superou expectativas. Então agora nós vamos ter um mini-épico sombrio, cheio de viradas, poucos spoilers e mais uma nova equipe e cenário (os policiais Farrell e Rachel McAdams investigam Vaughn, com Taylor Kitsch à espreita), o que é muito bem-vindo. O primeiro episódio vai ao ar no dia 21 de junho. hbo.com/true-detective

Papai urso: agora o Ted quer ser pai

Ted 2 : precisa falar mais?

Há três anos, a frase “TED Talks” na internet se referia a vídeos de pessoas inteligentes falando sobre tecnologia, design e entretenimento. E então chegou Ted, um filme sobre um ursinho de pelúcia que se parece com o roteirista e diretor Seth MacFarlane, com brincadeiras grosseiras que ele não podia colocar nos seus programas de TV Family Guy e American Dad!. Mas Ted acaba sendo um hilariante e sensível urso que fala. Foi também um enorme sucesso de bilheteria, faturando mais que dez vezes o seu orçamento (US$ 549 milhões, com custo de US$ 50 milhões). Ted foi muito bem por três motivos: o urso é desbocado, as piadas são ótimas e Mark Wahlberg está muito bom como John, o melhor amigo do urso. Em 2010, o ator mostrou que é duro na queda junto com Will Ferrell em Os Outros Caras, mas com Ted ele provou que tem ainda uma boa veia humorística: bom timing, habilidade e tiradas espertinhas. Ele e Ted também tiveram muita identificação, o tipo de amizade com a qual rapazes conseguem entender e que mulheres acham chato. Nessa sequência, Ted vai se casar com a namorada que conheceu no supermercado, Tami-Lynn. Quando eles planejam começar uma família (e tome piadas com doação de esperma), Ted precisa provar na Justiça que é humano. Ted e John contratam uma advogada, que, para a sorte de um solitário John, é interpretada por Amanda Seyfried. MacFarlane espera que Ted 2 tenha uma melhor recepção, tanto de bilheteria quanto de crítica, do que seu último filme, Um Milhão de Maneiras de Pegar na Pistola, que teve seu valor, mas não foi hilariante, e talvez tenha sido muito forçado. Com Ted 2 ele está com melhores chances de sucesso. O filme deve estrear no dia 27 de agosto. tedisreal.com

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Colin Farrell em True Detective 2

O ADEUS DE TIGER

Começa a era McIlroy no PGA Tour O atual slogan do PGA Tour, da EA Sports, é “golfe sem limites”. Isto não é verdade: os engenheiros do jogo ficaram fartos de ter Tiger Woods como personagem, mudando para Rory McIlroy. Outras características do PGA incluem toda uma nova equipe de comentaristas e o The Night Club, um conjunto de desafios menos realistas e mais de videogame. Com a incrível vitória de Jordan Spieth no Masters ainda fresca na lembrança, é decepcionante não poder jogar no campo Augusta por problemas legais. Mas todo o resto faz do PGA Tour um dos melhores games de esportes de todos os tempos. Sai em Xbox One e PS4. easports.com

THE RED BULLETIN

LACEY TERRELL/HBO

A VOLTA DO URSINHO


CULTURA

FIQUE POR DENTRO

PLAYLIST NILE RODGERS

Podcasts musicais que vão manter você atualizado

Ele fundou a mais bem-sucedida banda disco de todos os tempos em 1976. As músicas contagiantes da Chic, como “Le Freak”, dominaram tanto as paradas quanto as pistas de dança. Na onda do sucesso da Chic, Rodgers se tornou um dos mais assediados produtores musicais do mercado, com estrelas como David Bowie, Madonna e, mais recentemente, Daft Punk e Sam Smith, ansiosos para tê-lo em seus discos. Agora ele volta ao centro das atenções com o primeiro álbum da Chic em 23 anos. Ele nos contou quais são suas principais influências. nilerodgers.com

Elvis Presley

The Doors

“Blue Suede Shoes”

“The End”

“Quando eu era muito jovem, meus pais tocavam muita música em casa, mais jazz. Mas a primeira música que realmente me tocou foi ‘Blue Suede Shoes’. Foi a primeira que me lembro de ter entrado de verdade na minha vida. Minha avó me deu o single e um par de sapatos de camurça azuis para acompanhar. Minha família me fez dançar na frente dos outros, foi engraçado. Eu imitei o Elvis.”

“Essa música teve um efeito profundo em mim. Escutei na primeira vez que tomei LSD. Eu era bem jovem, tinha 13 ou 14, e não sabia de verdade o que o LSD era. Eu tomei e ficou tocando ‘The End’ de novo e de novo no fundo. Foi incrível. Abriu meus olhos. Depois dessa experiência, eu deixei de tocar música clássica e passei a tocar mais jazz, R&B e rock’n’roll. Foi um abalo sísmico na vida.”

Miles Davis

Donna Summer

“Ouvir Miles Davis faz com que pareça que você esteja chapado – mesmo que não tenha tomado nada. É sério! (Risos) Sua música tem o mesmo efeito que LSD ou cogumelos. Esse som em particular é louquíssimo. Não é apenas jazz de vanguarda, abre um novo universo, um mundo particular. E ainda mexe muito comigo, como mexia em 1970. Mesmo o título em si é tão legal, é o máximo!”

“Que música! Representa outra mudança drástica na minha vida porque me fez querer entrar na onda da club music. Entrei em uma discoteca uma noite e o DJ pulou de uma música para outra. Nunca tinha ouvido isso antes. Antigamente, a cada música, havia uma interrupção e entrava a outra. Mas esse cara emendou uma na outra. Eu fiquei: ‘Uau! Queria fazer parte desse mundo de música non-stop’.”

“Bitches Brew”

Queen

“Another One Bites The Dust” “Não há uma música que tenha sido mais claramente inspirada pelo sucesso ‘Good Times’, da Chic, que esta. Foi líder das paradas nos EUA – apesar de a disco music ter sido declarada morta pelos DJs da época, o que me deixou muito triste. Me mostrou que o poder do nosso som podia superar até as forças do ódio. Muitas pessoas que diziam odiar a disco provavelmente curtiram esse som.”

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AÇÃO

“Love To Love You Baby”

Music Popcast (30 min)

Todas as semanas o jornalista musical do New York Times Ben Ratliff pega um tópico que é amplamente discutido no mundo da música e faz uma análise em profundidade. As opiniões ficam a cargo de convidados.

Steve Lamacq’s Roundtable (30 min)

Toda quinta-feira o crítico da BBC Radio 6 resenha os lançamentos da semana com outros três convidados. Os gêneros musicais são variados e abrangem de novatos a estrelas.

GADGET

Monster SuperStar BackFloat Este dispositivo wireless de bolso causou furor quando foi apresentado como o primeiro reprodutor de arquivos de áudio que flutua. Você pode afundá-lo na água que a música segue tocando. Com capa à prova de choque, Bluetooth e bateria, é perfeito para a praia. Monster. monsterproducts.com

Song Exploder (15 min)

O conceito do podcast é simples e original: em cada episódio um músico analisa seu próprio som trecho por trecho. Mostra os diferentes lados de algumas de suas músicas preferidas nos quais você nunca tinha reparado.

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AÇÃO

COMO...

FAZER UM HEADSPIN

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Ninguém faz headspins melhor que Benny Kimoto, integrante do time de b-boys de Berlim Flying Steps. “Quando eu tinha 14 anos, vi alguns dançarinos de break e fiquei impressionado, mas os headspins que eles estavam fazendo me deixaram ­fascinado”, diz Kimoto. “Todos os dias, ­depois daquilo, passei muito tempo ­praticando. Às vezes chegava a fazer ­quatro horas por dia”. Isso foi há 11 anos. Agora, Kimoto se apresenta com seu ­grupo em eventos por todo o mundo, o último dos quais é uma produção do ­próprio Flying Steps, o Red Bull Flying ­Illusion, que aconteceu em Zurique, Suíça, no dia 5 de junho. Kimoto, de 35 anos, teve que aprender a fazer o headspin do jeito mais difícil. “Não tinha tutoriais na internet nem treinadores de dança. Meu único vídeo de treino era o Beat Street, um filme de 1984 que comprei em VHS. Caí incontáveis vezes, mas, depois de alguns meses, consegui f­ azer meus primeiros headspins.”

Prepare-se para ação

“Faça um aquecimento completo, de cerca de 30 minutos”, diz ­Kimoto. “Você precisa começar a suar. Faça um bom alongamento no pescoço, ombros, ­pernas e costas. Alguns apoios e abdominais podem ajudar.”

2

Fique íntimo da parede

“Aprenda a fazer um headstand. Para tornar as coisas mais fáceis, comece apoiando-se na parede. Assim que você obtiver a noção disso e a tensão for distribuída no centro do corpo, faça isso sem se apoiar contra a parede. Comece com suas pernas juntas, depois passe a abri-las como se você ­estivesse fazendo um espacate.”

Paciência e dedicação

“Muitos dançarinos de break vêm das artes marciais. Não é coincidência. Os músculos bem trabalhados e uma percepção ­natural do próprio corpo são de grande valia. Mas, mesmo que você não tenha uma formação nas artes marciais, ainda deve ser paciente e esperar os primeiros sinais de avanço em algo como três semanas.”

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Gire o corpo

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Pense à frente

“Você vai precisar de um piso macio para fazer os primeiros spins. Uma bandana, um chapéu ou um capacete de skate reduz o atrito no giro. Ficar praticando o movimento na cabeça, parte por parte, ajuda o cérebro a internalizar o que o corpo tem que fazer.”

“Os braços e a parte superior do corpo colocam a rotação em curso. A cintura e as pernas vão junto. Um ritmo proporcional é importante. Não é bom precipitar o auge rápido demais e forçar a rotação; isso vai permitir que você faça apenas dois ou três giros. Então, comece girando devagar e ­sempre controle o equilíbrio.”

MARK THOMAS

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AÇÃO

AGENDA

Areia e futebol: duas coisas que brasileiro conhece bem

9 a 19 de julho Futebol de areia em Portugal

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cidade, que terá seis estádios de futebol de praia e um plano para implementar a modalidade com foco nas crianças e nos jovens e desenvolver uma liga nacional. fifa.com/beach soccerworldcup

14 a 19 de julho Vôlei

11 de julho Seu Jorge

no Rio

no Rio

A Liga Mundial de Vôlei passará pelo Brasil, mais especificamente pelo Ginásio do Maracanãzinho, no Rio de Janeiro. A competição funcionará como evento teste para os Jogos Olímpicos de 2016 e trará as melhores seleções da modalidade para território brasileiro. O Brasil divide o Grupo A da competição com Austrália, Sérvia e Itália. Em tempo: como o Rio será a sede da Olimpíada, a seleção de Bernardinho já está classificada. fivb.com

Seu Jorge saiu das areias do Rio de Janeiro, onde tocava e cantava com o Farofa Carioca, para se tornar um dos mais célebres artistas do Brasil na atualidade. Seu último disco, Músicas para Churrasco Vol. 2, é uma síntese da alegria e talento do cantor que também tem célebres passagens pelo mundo do cinema, onde atuou em filmes de sucesso como Cidade de Deus e A Vida Marinha de Steve Zissou. Seu Jorge está viajando com sua nova turnê pelo Brasil e tocará no Citibank Hall, no Rio, em julho. seujorge.com

Músicas para Churrasco Vol. 2 : Seu Jorge na ativa MANUEL QUEIMADELOS, RETRATO, DIVULGAÇÃO (3)

O Campeonato Mundial de Beach Soccer da FIFA acontece na Praia da Baía, em Espinho, uma pequena cidade na região norte de Portugal, e terá 16 seleções disputando o título: Portugal, Brasil, Rússia, Suíça, Japão, Senegal, Argentina, Omã, Itália, Costa Rica, México, Espanha, Irã, Paraguai, Taiti e Madagascar. O evento vai mudar a vida da

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NO PALCO

Até 21 de junho Fuerza Bruta em São Paulo

Shows imperdíveis

A trupe argentina extendeu sua passagem pelo Brasil com o espetáculo Wayra, um show marcado pela liberdade e explosão. O Fuerza Bruta mistura teatro com tecnologia de ponta e performances sensoriais que fazem o espectador participar do show. O Wayra é imperdível para quem quer aflorar emoções e mergulhar num mundo intenso de arte e experimentação. Corra para garantir os ingressos. ticketsforfun.com.br

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julho Raimundos e Nação Zumbi

O Fuerza Bruta é uma experiência única

1º a 5 de julho Flip

Até 26 de julho Chacrinha

em Paraty

em São Paulo

A feira de literatura mais importante do país terá entre os destaques o escritor Roberto Saviano, autor do best-seller Gomorra, de 2006, que expôs o dia a dia da máfia da região de Nápoles, na Itália. O escritor homenageado deste ano será Mário de Andrade. flip.org.br

O musical que agitou o Rio de Janeiro chegou em São Paulo no começo de abril e fica em cartaz até o final de julho. O espetáculo acompanha a trajetória do apresentador desde sua infância em Surubim, Pernambuco, até o auge da carreira na TV Globo. teatroalfa.com.br

10 a 26 de julho Jogos Pan-Americanos no Canadá Chegou a hora de torcer para o esporte brasileiro no último grande desafio antes da Olimpíada do Rio. Neste ano, os Jogos Pan-Americanos acontecem no Canadá, e o Braisl chega junto na briga pelas medalhas em esportes como judô e natação. toronto2015.org

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Duas bandas pesopesado em um show para saciar a fome de rock dos brasileiros. A apresentação acontece no Citibank Hall de SP. Prepare-se para lembrar de hits estrondosos dos anos 1990, como “Quero Ver o Oco”. ticketsforfun.com.br

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4 de julho Pitty em São Paulo

A cantora baiana foi um dos destaques do time brasileiro que tocou no Lollapalooza este ano. Com a turnê de seu último disco, Setevidas, na estrada, Pitty mostra que veio para ficar no cenário do rock brasileiro. Em julho ela traz toda sua energia e banda para o Audio Club, em São Paulo, uma das casas de shows mais agitadas da cidade. Para o fãs mais antigos da cantora, um aviso: a turnê toca poucos sucessos antigos e foca o show em músicas da fase mais recente de Pitty, como “Um Leão”, “Setevidas” e “Serpente”. pitty.com.br

julho Matanza

A banda mais “pé na porta e soco na cara” do Brasil está de volta. O grupo está lançando seu novo disco, Pior Cenário Possível. Com uma explosiva mistura de country com o mais sujo e agressivo hardcore, o Matanza promove uma catarse de proporções apocalípticas. matanza.com.br

25 julho Teatro Mágico

O grupo formado em 2003 é um projeto que reúne elementos do circo, do teatro, da poesia, da música, da literatura, da política e do cancioneiro popular. O show acontece no Citibank Hall de São Paulo. oteatromagico.mus.br

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Diretor de Redação Robert Sperl Redator-Chefe Alexander Macheck Editor de Generalidades Boro Petric

Diretor de Criação Erik Turek Diretor de Arte e de Criação Adjunto Kasimir Reimann

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Diretores Executivos Christopher Reindl, Andreas Gall

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MATTERHORN, SUÍÇA 14 DE JULHO DE 1865 Naquele dia, o britânico Edward Whymper se tornou a primeira pessoa a atingir o topo do Matterhorn. Na comemoração do feito, 150 anos depois, o fotógrafo suíço Robert Bösch criou um projeto único: 30 alpinistas da região de Zermatt desenharam com lanternas de cabeça a famosa rota que a equipe fez em 1865. O tempo estava ruim, mas, quando as nuvens se abriram um pouco, Bösch tirou a foto.

“Vento forte, 10 graus negativos, mas 30 alpinistas mantiveram a formação por horas.” O fotógrafo de montanhas Robert Bösch e a criação da corrente de luzes na rota Hörnligrat no Matterhorn

A PRÓXIMA EDIÇÃO DO RED BULLETIN SERÁ LANÇADA EM 15 DE JULHO 84

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MAMMUT/ROBERT BOESCH/ ERDMANNPEISKER

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