The Red Bulletin Dezembro de 2013 - BR

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Ação i Esporte i Viagem i  Arte i Música

Uma revista além do comum dezembro de 2013

sobre duas rodas

SEBASTIAN

VETTEL

o TETRA DA f1 revela sua paixão pelo mundo das motos

magnus c a r lsen o próximo campeão mundial de xadrez tem 22 anos e está na mira de hollywood

floripa explosiva a comunidade que respira skate, surf e rock'n'roll


apresenta

A HistรณriA Por trรกs

Do reD Bull strAtos

A s s i tA c o m e x c l u s i v i d A d e o d o c u m e n tรก r i o e m :

rdio.com/redbullstratos

1 YEAR

ANNIVERSARY


O MUNDO DE RED BULL

Dezembro 26

SEBASTIAN VETTEL

Levamos o tetracampeão mundial de F1 para dar uma volta em algumas das motos mais clássicas da história

MARKUS JANS (FOTO DA CAPA), THOMAS STÖCKLI/RED BULL CONTENT POOL

HAJA FÔLEGO!

Fórmula 1, xadrez e uma comunidade anárquica que vive intensamente a liberdade. Esse é o eixo que norteia as próximas páginas que você irá ler. Representando a F1, nada menos que Sebastian Vettel, o campeão de 2013, de uma forma que você nunca viu: pilotando motos antigas e revelando sua paixão pelas duas rodas. No assunto xadrez, o Bulletin traz um perfil de Magnus Carlsen, que aos 22 anos irá enfrentar o melhor enxadrista do mundo em busca do título mundial. Coisa de nerd? Nem um pouco: Magnus já trabalhou como modelo, é atleta e flerta com Hollywood. E a viagem não acaba por aí, pois uma das comunidades mais underground do Brasil abriu suas portas para nossa reportagem: fomos a Floripa viver a utopia do RTMF. E isso é só o começo. THE RED BULLETIN

Eu e Meu Corpo, Fanny Smith, pág. 21

“Nada como um banho gelado para deixar a cabeça no lugar”  3


O MUNDO DE RED BULL

Dezembro NESTA EDIÇÃO BULLEVARD 14 17 18 20 21 2 2 25

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SURF, SKATE & ROCK

NOTAS  Pelo mundo NA CABEÇA  de Jennifer Lawrence ANTES E DEPOIS  Celulares KAINRATH  Calendário MEU CORPO  Fanny Smith FÓRMULA PERFEITA  Cabeceio NÚMEROS  Os relógios

DESTAQUES

Entramos em uma das comunidades mais radicais do Brasil: conheça o RTMF

26 Vettel em duas rodas Levamos o campeão para um rolê em cinco motos clássicas

38 De cinema

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Uma entrevista com o diretor  Baltasar Kormákur

42 Garoto prodígio

Dois dias ao lado do enxadrista   Magnus Carlsen

22 COURTNEY ATKINSON

O treino pesado do especialista em Ironman é focado tanto em força quanto em resistência

Por dentro do RTMF, a comunidade   do skatista Pedro Barros

58 Rock na estrada

A ARTE DO CABECEIO

Estudamos um dos lances mais importantes do futebol: o cabeceio. Quem nos ajudou foi ninguém menos que o Ibra

42 58 HEAVEN’S BASEMENT

Entramos no ônibus da banda de rock que passou o verão europeu viajando e tocando para multidões 4

MAGNUS CARLSEN

Aos 22 anos, o norueguês pode se consagrar campeão mundial de xadrez neste mês. De quebra, o cara é atleta e modelo

Na turnê europeia com   a Heaven’s Basement

66 Guia de viagem

Roteiros completos para os amantes de mountain bike

AÇÃO! 80 81 82 83 84 85 86 88 89 90

MEU EQUIPO  Kitesnow NOITADA  Drinques em Paris MALAS PRONTAS Voo zero-G EM FORMA O segredo do Ironman MINHA CIDADE  Chicago MÚSICA  Bloody Beetroots CORRIDA  A maratona mundial GAMES  Os blockbusters NA AGENDA  O melhor do mês TÚNEL DO TEMPO  Bananeira do Japão

THE RED BULLETIN

JULIE GLASSBERG, DAMIEN BREDBERG, PICTUREDESK.COM, JANE STOCKDALE, MARKUS JANS

48 Floripa explosiva


updateordie.com

Update rDie!

A segunda melhor maneira de proteger a sua cabeça.

ÂŽ


COLABORADORES NOSSO TIME EM DEZEMBRO THE RED BULLETIN Brasil, ISSN2308-5940 Editora e Sede Editorial Red Bull Media House GmbH Gerente Geral Wolfgang Winter Diretor Editorial Franz Renkin Editor Chefe Alexander Macheck, Robert Sperl Editor Brasil Fernando Gueiros Diretor de Arte Erik Turek Diretor de Fotografia Fritz Schuster Editora Assistente Marion Wildmann Gerentes de Projeto Cassio Cortes, Paula Svetlic

MARKUS JANS Temos que confessar que o fo­ tógrafo alemão é bem sortudo. As fotos que ele fez com o cam­ peão de F1 Sebastian Vettel, que pegou cinco motos raras de um dos maiores colecionadores do mundo e deu algumas voltas numa estrada nos alpes austría­ cos, ficaram ­alucinantes. “Foi um dia de sol e tudo deu muito certo. Do tempo à produção, da locação às pessoas ao redor”, ­afirma Jans. Melhor, impossível.

“Eles são unidos, respiram skate e vivem para isso”  JULIE GLASSBERG

Apoio Editorial Ulrich Corazza, Werner Jessner, Ruth Morgan, Florian Obkircher, Arek Piatek, Andreas Rottenschlager, Stefan Wagner, Paul Wilson, Daniel Kudernatsch (App & Coordenador Editorial) Editores de Arte Miles English (Diretor) Martina de Carvalho-Hutter, Silvia Druml, Kevin Goll, Carita Najewitz, Kasimir Reimann, Esther Straganz Editores de Fotografia Susie Forman (Diretora artística de fotografia) Eva Kerschbaum, Rudi Übelhör Revisão Manrico Patta Neto, Judith Mutici Impressão Clemens Ragotzky (Diretor), Karsten Lehmann, Josef Mühlbacher Gerente de Produção Michael Bergmeister Produção Wolfgang Stecher (Diretor) Walter O. Sádaba, Christian Graf-Simpson (iPad) Financeiro Siegmar Hofstetter, Simone Mihalits Marketing & Gerência de países Stefan Ebner (Diretor), Stefan Hötschl, Elisabeth Salcher, Lukas Scharmbacher, Sara Varmingg Assinaturas e Distribuição Klaus Pleninger, Peter Schiffer

JULIE GLASSBERG Julie Glassberg, 28 anos, nasceu em Paris, mas mora há cinco em Nova York. Foi de lá que ela pegou um avião diretamente para o Bra­ sil, onde terminou sua jornada no aeroporto de Florianópolis. Sua missão? Fotografar Pedro Barros e sua comu­nidade, o RTMF. “É exatamente o que eu gosto de fazer: aterrissar em um ambiente completamente novo e descobrir o estilo de vida das pessoas”, afirma Julie. “Todo mundo do RTMF tem cabeça jovem, seja com 17 ou 40 anos”, diz. “Eles querem se divertir. A vida deles é andar de skate.” Julie Glassberg passou dois dias em Floripa.

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Marketing de Criação Julia Schweikhardt, Peter Knethl Anúncios Marcio Sales, (11) 3894-0207, contato@hands.com.br. Gestão de anúncios Sabrina Schneider

ANDREAS ROTTENSCHLAGER O editor mais paz e amor do Red Bulletin passou dois dias ao lado do fenômeno norueguês Magnus Carlsen, perto de Oslo. O prodígio, que pode se tornar campeão mun­ dial de xadrez este mês, na Índia, impressionou o nosso enviado com seu talento no vôlei de praia. “O Carlsen não é nem um pouco nerd”, diz Rotti, que escreveu a matéria. “Ele é um esportista competitivo e muito profissional, mesmo que tenha ficado de ­chinelo na hora das fotos.”

Coordenadoria Manuela Geßlbauer, Kristina Krizmanic, Anna Schober IT Michael Thaler Escritório Central Red Bull Media House GmbH, Oberst-Lepperdinger-Straße 11–15, A-5071 Wals bei Salzburg, FN 297115i, Landesgericht Salzburg, ATU63611700 Sede da Redação Heinrich-Collin-Straße 1, A-1140 Wien Fone +43 1 90221-28800 Fax +43 1 90221-28809 Contato redaktion@at.redbulletin.com Publicação The Red Bulletin é publicado simultaneamente na Áustria, Brasil, França, Alemanha, Suíça, Irlanda, Kuwait, México, Nova Zelândia, África do Sul, Grã-Bretanha e Estados Unidos. Visite nosso site www.redbulletin.com.br

THE RED BULLETIN


/redbulletin

U M A RE V ISTA

A LÉ M D O CO

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S QUE TE FOTOGRAFIA FÔLEGO DEIXAM SEM

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S eu . o t n e M Mo © Alice Peperell

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Seu MoMento. ALÉM DO COMUM

DOWNLOAD GRATUITO


MAN ITOWI S H WATER S , EUA

COR DE BETERRABA Um guindaste para o fotógrafo e um puxador elétrico para o wakeboarder. Tudo isso num mar de cranberries (aquela pequena frutinha vermelha típica no hemisfério norte). Agora dá para acreditar no que disse Ryan Taylor: “Passei ­ anos sonhando com essa foto”. No outono de 2012, houve uma super produção de cranberries no estado do Wisconsin e elas encheram as águas de lagos e rios. Ryan e Ben Horan embarcaram para lá no Red Bull Winch Sessions e viram o sonho vermelho se tornar realidade. www.ryantaylorvisual.com  Foto: Red Bull Illume/Ryan Taylor


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PU NTA LO B O S , C H I LE

AZUL SEM FIM O surfista Cristian Merello foi ao Pacífico sul, mais especificamente para Punta Lobos, uma das bancadas mais exploradas pelos surfistas da atualidade, e chamou seu amigo Pablo Jiménez para remar para o outside congelante e fazer uma foto dentro dos tubos que quebram por lá. Esses cilindros de água têm mais de 100 metros de comprimento (e mesmo que dure segundos para cruzar um deles, a experiência é única). Pablo teve que se posicionar precisamente para conseguir este registro fabuloso. www.facebook.com/pablojimenezfotografo  Foto: Red Bull Illume/Pablo Jiménez


MAR B R AN CO, RÚ S S IA

SUBMERSO Um dia de sol no Mar Branco não é igual a um dia de sol em outros lugares do mundo. A mergulhadora Katerina Hamsikova sabe disso, mas não parece se preocupar. A temperatura da água, no verão, é de até 15 graus. O fotógrafo George Karbus jura que sua câmera ficou bem perto de virar uma grande pedra de gelo, por isso, para um mer­ gulho como esse, é fundamental estar com equipamento específico. www.emerald-vision.com  Foto: Red Bull Illume/George Karbus

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Bullevard Sua dose mensal de esporte e cultura

Para o décimo campeonato mundial do Red Bull BC One, oito B-Boys enfrentam oito campeões na Coreia do Sul: LILOU (ALG) Único a ganhar dois BC One, é profissional ­desde 1999 e continua sendo um dos melhores do mundo. Hoje está com Madonna.

MOUNIR (FRA) Conquistou a ­final de 2012 no Brasil. Mais tarde, disse que tinha mais alguns truques na manga. Blefe ou ameaça?

NEGUIN (BRA) Durante a final em 2012, o campeão mundial de 2010 integrava a banca dos ­jurados. Hoje é a esperança brasileira.

OMAR (EUA) Em 2004, ele ganhou o Red Bull BC One. Hoje, o pai de família de 28 anos treina seus filhos e também para sua volta à competição. A final do Red Bull BC One (30/11) passará no site: www.redbullbcone.com

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PLÁSTICA NA RAINHA

NIKA KRAMER/RED BULL CONTENT POOL (2), LITTLE SHAO/RED BULL CONTENT POOL, MARCELO MARAGNI/RED BULL CONTENT POOL

A batalha dos B-Boys

Um piercing no nariz e asas. O artista D*Face dá uma recauchutada na Pop-Art D*Face é apaixonado pela Pop-Art e seus quadros refletem isso. As personagens preferidas do artista de rua inglês são as loiras das histórias em quadrinhos, super-heróis e ícones pop. Ele faz uma divertida releitura dos clássicos de Roy Lichtenstein e Andy Warhol, enfeitando a rainha da Inglaterra com um moicano e um piercing no nariz ou dando asas à caveira de Marilyn Monroe. “Distorço as imagens ­famosas para chamar atenção das pessoas”, ele diz. “Quero despertar uma visão crítica ­sobre o ambiente consumista no qual vivem.” Acabou de sair seu primeiro livro, que mostra sua evolução de grafiteiro a artista pop. Hoje, suas obras valem cerca de € 70 mil.

O livro The Art of D*Face – One Man and His Dog, é ven­ dido pelo site: laurence king.com

CLICKS

A SUA FOTO AQUI Você já tirou uma foto com o sabor da Red Bull? Todo mês a gente faz uma seleção com nossas favoritas. phototicker@redbulletin.com

São Francisco

O astro da NBA, Blake Griffin (dir.), entrega o troféu de campeão a Tarron Williams no King of the Rock. Garth Milan THE RED BULLETIN


Game, set, recorde Os jogadores mais lendários da história da Copa Davis:

O Buraka Som Sistema viaja pelo mundo à procura de inspiração para novos projetos

PICTUREDESK.COM, CORBIS, GETTY IMAGES (2), MCKLEIN/RED BULL CONTENT POOL

Pesquisadores da música O que faz o Buraka Som Sistema quando começa a trabalhar em um novo álbum? Primeiro, eles compram passagens de avião, porque esses portugueses sabem: a inspiração não está na sala de ensaio. Há mais de seis anos eles viajam pelo mundo pesquisando novas subculturas e tendências musicais. A mistura desses impulsos coletados resulta num som de balada explosivo e multicultural. “Você não acha vibrações emocionantes em ­estúdios de gravação sofisticados, mas nos fundos de quintal”, explica Branko, integrante do BSS, no novo documentário Off the Beaten Track. O diretor do filme, João Pedro Moreira, acompanha os premiados da MTV em Angola, na Venezuela, na França e na Índia. Ele os segue em ­pequenos estúdios localizados no gueto, grandes palcos de festivais, em trabalho com jovens produtores e encontros com famosos, como M.I.A. e Diplo. Veja o trailer: www.offthebeatentrackmovie.com

Antália Jonny Walker no Red Bull Sea to Sky na Turquia, tentando chegar ao topo da montanha. Lukasz Nazdraczew THE RED BULLETIN

ROY EMERSON De 1959 a 67, o australiano ganhou oito troféus “saladeira de prata”.

BJÖRN BORG Em 33 partidas de simples, o sueco não perdeu nenhum jogo.

JOHN MCENROE 6h22: em 1982, o americano ganhou a partida simples mais demorada da história. A final será em Belgrado, dia 15/11

Ceva

AU REVOIR! Sébastien Loeb, 9x campeão mundial de rali, encerrou sua carreira capotando em seu país de origem the red bulletin: No últi­ mo dia da corrida, a apenas 5 segundos atrás do líder, seu carro capotou. Você está triste? seb Loeb: Não tem como mudar isso. Fiquei triste pelos fãs. Percebi que estou encerrando a minha carreira num momento em que posso competir para ganhar. Na próxima temporada, você estará competindo no WTCC, o campeonato mundial dos carros de tu­ rismo. Você está fazendo isso para se acostumar com a ideia da aposentadoria? Claro! Quero ser competitivo na pista de corrida. Atualmente estamos testando o carro, o C-Elysée Citroën. Meu companheiro de equipe, Yvan Muller,

tem 35 anos de experiência na pista e eu sou um novato. Yvan é a pessoa perfeita como referência. Você vai sentir falta do rali? Com certeza sentirei falta da sensação de voar a 180 km/h pelos morros e bosques. Do que eu não vou sentir falta é de me levantar cedo nos finais de semana e feriados. O que o seu copiloto, Daniel Elena, está fazendo agora? Ele está jogando Pétanaque e tomando Pastis. Verdade! Ele está se transformando em um típico francês do sul da França. E eu fico sozinho nos aeroportos, vou sozinho para as pistas de corrida e para o hotel. Hoje ligo muito mais para ele do que antes. www.sebastienloeb.com

A última corrida de Seb Loeb com o Citroën DS3

Aprendizes italianos de BMX se impres­ sionam com as manobras de Alessandro Barbero no Red Bull Under My Wing. Damiano Levati

Yamanashi O wakeboarder Shota

Tezuka desliza no Lago Yamanaka durante o Red Bull Wake and Capture. Jason Halayko

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Bullevard

Karina subiu o Everest

No topo do mundo A expedição mais recente da multiesportista e médica Karina Oliani, de 31 anos, será exibida pelo canal Off nos próximos meses. Karina subiu os 8 848 metros do Monte Everest e se tornou a mais jovem brasileira a chegar ao cume. O material rendeu três especiais e um documentário. Tudo aconteceu nas primeiras semanas de abril. Entre as brasileiras, Karina é a terceira a chegar ao cume e a primeira a chegar sem guia de alta montanha. Todo o material foi gravado pela própria Karina. Veja a programação do Off em: canaloff.com.br

Cavalo é o primeiro disco solo do ex-­Los Hermanos

CAVALEIRO SOLITÁRIO

Irmãos Cavalera de volta

Conspiração musical James Murphy é o homem por trás do finado e respeitadíssimo grupo de eletropunk nova-iorquino LCD Soundsystem. Desde que Murphy enterrou o projeto num show apoteótico no Madison Square Garden, o cara tem se dedicado à produção musical. Primeiro foi Reflektor, o aguardado novo disco do Arcade Fire, e agora o trampo é ao lado dos irmãos Iggor e Max Cavalera, que formam o Cavalera Conspiracy. Dessa mistura devem sair boas pancadas! www.cavaleraconspiracy.com

Colombo O brasileiro Pelezinho dá uma aula no Red Bull BC One All Stars, no Sri Lanka. Red Velvet 16

Taipei

Depois do Los Hermanos e do projeto mezzo gringo, mezzo brasileiro Little Joy, Rodrigo Amarante mergulhou na Califórnia e fez bons amigos que o inspiraram em seu primeiro projeto solo, Cavalo, lançado em outubro com três shows em São Paulo. Amarante diz passar por um momento de redescobrimento, descrito como um “inesperado porém muito bem-vindo exílio”, como revelou em carta divulgada nas redes sociais. Mensagem esta assinada em 17 de setembro, direto da cidade do Rio de Janeiro, de onde, ainda estrangeiro depois de tanta andança pelos EUA, planejou sua nova turnê. “De repente, me vi num deserto, feliz de estar só, deslumbrado com o vazio, com o silêncio”, conta Amarante sobre as inspirações do novo disco. O cantor e compositor já está com a agenda atribulada nos pró­ ximos meses, com seu novo show passando por Brasília, Rio, Curitiba, Recife, BH e Salvador. As músicas estão disponíveis para escutar via streaming ou podem ser baixadas pelo iTunes, gratuitamente. ­­ As versões em CD e vinil devem ser lançadas nos próximos meses. soundcloud.com/rodrigoamarante

O Surfista Prateado estava no espírito e mostrou raça na disputa do Red Bull Soapbox, em Taiwan. Victor Fraile

Moscou A escadaria de uma estação de metrô é o playground perfeito para Yuri Renov. Dmitry Krayuhin, Red Bull Skate Underground THE RED BULLETIN

INTERTOPICS, CAVALEIRA CONSPIRACY

Rodrigo Amarante exaltou as diferenças de estilos e línguas para traduzir seu momento e o caminho de sua maturidade musical


Bullevard

ONDE ESTÁ SUA CABEÇA

JENNIFER LAWRENCE A atual vencedora do Oscar de melhor atriz é a estrela principal da mais bem-sucedida franquia de fantasia de Hollywood – e ela tem só 23 anos. Veja como ela conseguiu

Primeiro ato

Jennifer Shrader Lawrence nasceu em Louisville, Kentucky, em 15 de agosto de 1990. Ela queria ser atriz, mas os pais só permitiriam se ela terminasse a escola antes. Ela se formou dois anos mais cedo. “Disse: ‘Obrigado por me criarem, daqui para a frente é comigo’. ”

Cada vez mais alto

Depois de Jogos Vorazes: Em Chamas, estrelou dois filmes com Bradley Cooper: O Lado Bom da Vida e American Hustle. Em 2014, estará novamente como a mutante Mystique, em X-Men: Dias de um Futuro Esquecido, e depois novamente com Cooper no drama Serena.

Amiga dos animais

Em 2010, no drama Inverno da Alma, ela tira a pele de um esquilo para jantar com os filhos. Nenhum animal foi ferido para a cena, diz-se, mas ela contou que o bichinho era de verdade. Por isso, ganhou uma reprimenda da Peta.

Sem Twitter

RYAN INZANA

Boom!

PAUL WILSON

Foi em 2012 que tudo explodiu. Primeiro veio Jogos Vorazes, que faturou US$ 700 milhões de bilheteria no mundo todo (a sequência tem estreia prevista para 20 de novembro). Depois veio a fã de dança neurótica em O Lado Bom da Vida.

THE RED BULLETIN

Presença

Enquanto se dirigia ao palco para receber o Oscar, J-Law tropeçou. Hollywood engasgou, mas ela começou seu discurso assim: “Vocês estão de pé só porque caí. É bastante constrangedor, mas obrigada”. Presença de espírito, honestidade e inteligência marcam suas entrevistas.

Não estar no Twitter é pouco comum para garotas de 23 anos. Jennifer não está. Ela diz que a plataforma parece mais castigo do que diversão. Outras estrelas também não são adeptas dos 140 caracteres: Robert Downey Jr., Angelina Jolie, Kristen Stewart e Will Smith.

www.thehungergamesexplorer.com

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Bullevard

ANTES E DEPOIS

CELULAR

Do “tijolo” ao smartphone, são 30 anos de telefonia móvel

VISOR

O display de LED é consti­ tuído por diodos, emisso­ res de luz, uma tecnologia dos anos 1970 utilizada em calculadoras. O display do DynaTAC possuía duas linhas, o que per­ mitia visua­lizar o nome e o número.

APARELHO

Com 33 centímetros de comprimento (defi­­­­ni­ tivamente não cabia no bolso) e pesando 2 quilos, o primeiro telefone celular do mundo era grande e qua­drado, e por isso ga­nhou apelidos como “tijolo”.

1983 MOTOROLA DYNATAC 8000X A ligação que entrou para a história: no dia 3 de abril de 1973, o engenheiro da Motorola, Martin Cooper, ligou pa­ra a empresa americana AT&T - da rua. E, assim, testou com sucesso sua invenção. Em 1983, o DynaTAC 8000X foi lançado e vendeu mais de 330 mil unidades – apesar de a bateria durar apenas 20 minutos. Segundo Cooper, “Ninguém se importava com isso, porque não dava para segurar o telefone por muito mais tempo”.

FUNÇÕES

Martin Cooper segurando o protótipo do Motorola DynaTAC 8000X, o primeiro telefone celular do mundo www.motorola.com

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THE RED BULLETIN

AREK PIATEK

“Falar”, “escutar”, “discar” e “desligar”. O único luxo do DynaTAC – a princípio, um rádio – era uma memória para 30 números de telefone e o nome do contato.


APARELHO

O smartphone, com sistema operacional Android, que pesa apenas 169 g, tem 144 mm de altura, 8,5 mm de espessura e é à prova d’água. Ele sobrevive desde uma queda na banheira até filmagens que chegam a 1,5 metro de profundidade.

VISOR

O display Full HD de 6,4 polegadas dá vida a imagens e vídeos provenientes da câmera que fica na parte posterior do telefone, que cria fotos com 20,7 megapixels e vídeos em 1080p.

2013 SONY XPERIA Z1 A Sony trabalhou muito tempo num projeto secreto de codinome “Honami”, antes do lançamento oficial do smartphone mais inteligente do mundo, em setembro de 2013, em Berlim. Sucessor do Xperia Z, esse telefone tem uma série de novas funções, como o Info-Eye (veja ao lado) ou a possibilidade de transferir vídeos ao vivo para a rede através do Facebook. As ligações também podem ser bem longas com o Xperia Z1: 14 horas seguidas até acabar a bateria.

REUTERS, RAFAL MESZKA

FUNÇÕES

É também uma câmera digital, sound station e pla­ taforma de jogos – e define novos padrões para a obten­ ção de informação: por meio do Info-Eye, um aplicativo de realidade aumentada, ele exibe informações sobre pontos turísticos no campo de visão da câmera. THE RED BULLETIN

O chefe da Sony, Kazuo Hirai, apresenta o Sony Xperia Z1 2013 durante a IFA (feira de tecnologia) em Berlim www.sony.com

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DIETMAR KAINRATH

Bullevard

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Bullevard

EU E MEU CORPO

FANNY SMITH

A suíça é a campeã mundial de esqui cross (estilo livre), gosta de tomar banho gelado, treina com pesos de 150 kg e ganha a corrida antes mesmo da largada

CABEÇA NO LUGAR

Você ganha uma corrida com a cabeça? Sim! Por isso faço treino mental e mantenho o pensamento positivo. Na largada, imagino o que preciso fazer para chegar ao final em primeiro lugar. Quanto mais claro for seu pensamento, maior a chance de virar realidade.

1 LARGADA

Como faço para ficar ligada para a corrida? Tomo um banho gelado na noite anterior à disputa. Assim eu me sinto preparada para descer a 90 e poucos quilô­metros por hora pela encosta ou para saltar de 5 metros de altura.

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CURSO INTENSIVO

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As quedas e lesões fazem parte do esqui cross. Tenho ligamentos rompidos, dois meniscos quebrados... E os ferimentos leves não me param: no Mundial de 2011, desloquei o polegar e, ainda com a tala, fiquei em segundo na corrida seguinte pela Copa do Mundo.

2 BODYBUILDING

CREDIT: LUKAS MAEDER

AREK PIATEK

Durante a disputa, quando você não está saltando, o que você procura é velocidade. Coxas fortes passam a ser uma vantagem. Treino na sala de musculação fazendo agachamentos com uma barra de 150 kg nos ombros.

PERSEVERANÇA

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No Mundial de 2011, caí e rompi o ligamento cruzado do joelho. Depois da operação, fui para a reabilitação e passei por um trabalho pesado para recuperar a musculatura – sempre pensando: “Vou voltar”. Na temporada seguinte, eu conquistei o Mundial e a Copa do Mundo.

www.fanny-smith.com THE RED BULLETIN

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Bullevard

FÓRMULA PERFEITA

USANDO A CABEÇA

As jogadas aéreas de Zlatan Ibrahimović não são mágica. O nosso físico* explica

www.ibrahimoviczlatan.com * Dr. Martin Apolin, de 48 anos, é físico e cientista esportivo, trabalha como professor do ensino secundário e da Faculdade de Física de Viena. É também autor de diversos livros.

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GETTY IMAGES

A RECOMPENSA: COMEMORAR NOVE VEZES O CAMPEONATO NACIONAL Em dez anos, Ibra foi campeão nacional nove vezes, jogando em cinco clubes diferentes, em três países distintos. Este é o saldo do astro sueco de 1,95 m de altura e 95 kg.

MANDY FISCHER

UMA CARGA DE 2 100 NEWTONS Zlatan Ibrahimović pula e cabeceia a bola para o canto direito do gol. É caixa! Vamos analisar para qual direção a cabeça deve apontar e quais são as possíveis cargas que incidem sobre a cabeça do jogador (Figura 1). A bola é desviada pelo ângulo direito, e a velocidade de 20 m/s (72 km/h) é a mesma, antes e depois do impacto. Para qual direção a variação da velocidade (Δv) deve apontar para que seja gol? Deve-se aplicar: v¹ + Δv = v², e assim Δv = v² – v¹. Através de gráficos, pode-se inverter o vetor v¹ (Figura 2a) e colocá-lo na ponta do vetor v² (Figura 2b). A variação da velocidade Δv se estende agora desde o início do v² até o fim do –v¹, apontando para a esquerda superior com um ângulo de 45°. A força com a qual Ibrahimović cabeceia a bola deve apontar exatamente para essa direção. De acordo com a segunda Lei de Newton, força é igual massa vezes aceleração: F = m · a. A aceleração (a) é, por sua vez, a mudança da velocidade por tempo: Δv/Δt. Então, aplica-se F = m · Δv/Δt, e assim F ~ Δv. Portanto, a variação da velocidade é sempre proporcional à força pela qual a bola é lançada. E, como nos dois casos se trata de vetores, a força deve estar apontando para a esquerda superior, com um ângulo de 45° (Figura 3). Aqui, somos enganados pela nossa intuição. Temos a percepção de que o impulso deveria ser direcionado justamente em direção ao gol. Mas, nesse caso, a bola passaria pelo alvo, pela direita. Qual é o tamanho da variação da velocidade em números absolutos? Já que Δv corresponde à diagonal de um quadrado, a equação será 20 m/s · √ 2  = 28,28 m/s. O que surpreende é que a alteração da velocidade é maior do que as próprias velocidades! Qual é a carga aplicada sobre a cabeça? Para calculála, precisamos do tempo de contato, que depende do grau de dureza da bola e da velocidade que, em casos extremos, pode ter apenas 6/1 000 s. Então, a aceleração da bola será a = Δv/Δt ≈ 4 700 m/s²! Como a bola tem uma massa de cerca de 0,45 kg, segue de acordo com F = m · a uma força de aproximadamente 2 100 N. Por– tanto, para 6 · 10 ³ s, a carga de uma massa de cerca de 210 kg incide sobre a cabeça.


Um monstro na grande รกrea: Ibra joga atualmente pelo Paris Saint-Germain


Bullevard

É BRASIL NO BREAKDANCE

VENCEDORES DO MÊS

Sorte, suor, sofrimento... Existem diversos elementos que levam à glória no esporte

Fabiano Lopes, o Neguin, vai representar o Brasil no BC One All Stars, na Coreia Estilo, movimentos explosivos e muita técnica garantiram ao paranaense Fabiano Lopes, 26, o primeiro lugar no Red Bull BC One de 2010 e em dezenas de outras competições ao redor do mundo. Depois disso, Neguin, como é conhecido, se mudou para os EUA e integrou a equipe de dançarinos da turnê de Madonna. Agora, se prepara para mais um desafio: voltar ao palco do BC One, mas desta vez contra a elite da elite, no fim de novembro, na Coreia do Sul, em busca do título de Melhor dos Melhores entre os campeões da competição. The red bulletin: Sua página no Facebook tem 40 mil likes e alguns dos seus vídeos já foram vistos mais de 2 milhões de vezes. Que diferenças você vê no Neguin de antes e no de agora? neguin: A única diferença do Neguin de antes para o atual é o conhecimento adquirido. Ao longo dos anos viajando pelo mundo, pude vivenciar di­ ferentes culturas e, acima de tudo, me descobrir. Como foi a mudança para os EUA? Me mudei para os EUA há alguns anos sem a inten­ ção de trabalhar. Queria viver a cultura urbana de Nova York. Mas os meus trabalhos foram se desen­ volvendo, então acabei vivendo entre Nova York e Los Angeles. Hoje o meu principal trabalho é com a Red Bull, no BC One All Stars. Fico a maior parte do tempo viajando com o projeto. O que te inspira a dançar? Música, calor humano, consciência, esportes, artes marciais, animais. Inspiração é livre. Também sou apaixonado por todo o tipo de forma artística. Como você mantém a calma para dançar nas situações importantes? Procuro ser eu mesmo, natural e puro. Sou muito confiante porque acredito no que faço e represento o lugar de onde venho.

Na última corrida da temporada, em Leogang, Steve Smith (CAN) liquidou Gee Atherton (GBR) e levou o mundial de MTB downhill.

Foi na Praia de Carcavelos, em Portugal, que Carissa Moore (Havaí) levantou o troféu de campeã mundial de surf feminino.

A coreana Jain Kim, de 25 anos, costuma se dar muito bem na cidade de Puurs, na Bélgica. É a quarta vez que ela conquista lá mesmo o mundial de alpinismo.

A dupla grega Iordanis Paschalidis e Kostas Trigonis se deram bem em Ibiza (ESP) e levaram o título em cima da dupla Tornado-Klasso.

O BC One All Stars é dia 30/11. www.redbull.com.br

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THE RED BULLETIN

MARCELO MARAGNI/RED BULL CONTENT POOL, MIHAI STETCU/RED BULL CONTENT POOL, LUKAS PILZ/RED BULL CONTENT POOL, HUGO SILVA/RED DIETMAR KAINRATH BULL CONTENT POOL, OEWK/ELIAS HOLZKNECHT, INTERNATIONAL TORNADO CLASS ASSOCIATION/MARTINA BARNET

Neguin luta capoeira e já dançou com Madonna


Bullevard

NÚMEROS DA SORTE

HORA CERTA

Pesando toneladas ou medindo milímetros, feitos para ir ao espaço ou ao fundo d’água: um olhar sobre relógios incríveis espalhados pelo mundo

Abraj Al Bait Towers

OMEGA, GETTY IMAGES, REUTERS, NASA, JAEGER LE-COULTRE, CHOPARD, BURRUS/NIST, PICTUREDESK.COM, ROLEX (2)

ULRICH CORAZZA

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O maior relógio do mundo fica na terceira maior torre construída pelo homem, a Abraj Al Bait Towers, nos Emirados Árabes. Os quatro mostradores têm diâmetro de 43 metros e são compostos por mais de 90 milhões de peças. Os ponteiros de minutos têm comprimento de 23 metros e seu interior pesa 7,5 toneladas.

3,4

Buzz Aldrin e o Omega Speedmaster

Kaliber 101 da JaegerLeCoultre

-18

10 916 Um Rolex Submariner foi sub­­me­tido ao mais duro teste de sub­mersão já realizado no dia 23 de janeiro de 1960. O relógio foi fixado no exterior do submarino Trieste, da marinha dos EUA, que desceu a 10 916 pés (3 327 m) de profundidade. James Bond usa esse modelo em seus nove primeiros filmes e também nos livros.

Relógio de diamantes da Chopard

201

Tempo é dinheiro... de fato. O relógio Rolex Daytona é mais caro que muito carro popular. Já o Greubel Forsey Double Tourbillon 30° Vision custa mais que uma casa. E o modelo exclusivo de diamantes de 201 quilates do fabricante suíço Chopard vale carros e casas: a “bagatela” de US$ 25 milhões (cerca de R$ 56 milhões). THE RED BULLETIN

Minúscula grandiosidade. A en­ grenagem do relógio Kaliber 101 da Jaeger-LeCoultre tem um comprimento de apenas 14 mm, largura de 4,8 mm, altura de 3,4 mm e pesa cerca de 1 grama. Esta obra-prima suíça foi produ­ zida pela primeira vez em 1929. A montagem leva cerca de uma semana e até hoje é inteiramente produzido à mão.

Relógio atômico em Washington

A Omega ganhou a corrida para a Lua. O relógio Speedmaster cumpriu todos os requisitos da Nasa: funciona perfeitamente sob temperaturas entre -18 e 93 graus Celsius, é à prova de choque, suporta pressão alta e baixa e no dia 21 de julho de 1969 foi o primeiro relógio a ir à Lua no pulso de Buzz Aldrin.

13,8

Submarino Trieste, Rolex Oyster & Sean Connery em 007 Contra a Chantagem Atômica

Para criar o relógio mais preciso do mundo, no National Institute of Standards and Technology, em Washington (EUA), 10 mil átomos de itérbio (um dos 17 elementos químicos dos “metais de terras raras”) foram resfriados a -273 graus Celsius. Em 13,8 bilhões de anos, o relógio atômico deverá apresentar um erro de menos de um segundo. www.timeanddate.com

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EMTEMPOS DOIS Sebastian Vettel, o melhor piloto de Fórmula 1 da atualidade, sempre foi apaixonado por mo­ tos. Uma paixão ­muitas vezes escondida, r­ aramente vivida, mas ­sempre presente. É uma paixão pela liber­ dade, tecnologia e beleza da forma. Uma paixão pela ­simplicidade, arte e genialidade

POR: WERNER JESSNER  FOTOS: MARKUS JANS STYLING: KLAUS STOCKHAUSEN

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“TROCAR AS QUATRO PELAS DUAS RODAS É EXTREMAMENTE DIFÍCIL. O INVERSO É PROVAVELMENTE MAIS FÁCIL. O MOTOCICLISMO TRAZ UMA LIBER­ DADE QUE VOCÊ NÃO TEM NO CARRO”

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E

m Furkajoch, na região de Vorarlberg, na Áustria, um jovem usando uma estilosa jaqueta de couro, calça jeans e capacete prateado está pilotando uma moto. Ape­ nas o símbolo da marca revela o modelo da moto aos vários insiders presentes: é uma Scott Flying Squirrel, construída em 1938. É preciso olhar com mais aten­ ção para ver quem é o cara com um largo sorriso debaixo do capacete prateado: ­Sebastian Vettel, quatro vezes campeão do mundo na Fórmula 1 e fã de motos. “Antes só andava de bicicleta. Mas aí meu pai comprou uma míni Vespa para mim e para minha irmã. Durante o primeiro pas­ seio no quintal, estava tão frio e eu tremia tanto que caí por cima do guidão.” Sua paixão por veículos de duas rodas não foi afetada por essa pequena queda. No entanto, mesmo que os heróis da sua juventude eram da Fórmula 1, ele gostava de ver as corridas de Mick Doohan na TV. Sebastian tinha 7 anos quando Michael Schumacher conquistou seu primeiro ­título mundial. Não precisava olhar para muito longe para encontrar um ídolo. “Quando eu era criança, imaginava que Doohan era meio louco. Agora que eu o conheci pessoalmente, sei que ele é de fato um cara ­completamente diferente e uma lenda na moto.” Sebastian teve 30

uma juventude muito normal e saudável e ­conquistou sua liberdade com a Vespa. “Poderia ir para a cidade, a piscina públi­ ca, encontrar amigos. Dessa maneira, esse foi o primeiro meio de transporte que me proporcionou independência.” Na adolescência, Sebastian andava de kart. A habilitação de moto era uma con­ sequência lógica: era impossível imaginar um piloto chegando à escola de motinho. O campeão do mundo admite, rindo, que ele ajustava sua scooter para torná-la mais rápida. Nascido em 1987, ele não viveu a época em que se tunavam scooters, como na geração de seu pai que explorava a tecnologia e a velocidade. “Aos 16 anos, gastei todo dinheiro que ganhei na crisma da minha primeira moto, uma Cagiva Mito. Essa sim era ­decente. De frente, parecia uma Ducati. Era um pouco constrangedor chegar à escola com ela. A Mito era, de longe, a moto mais ­invocada comparada às scooters dos cole­ gas.” Assim como seus karts de corrida, a Mito tinha um motor de dois tempos. Simples, mas de alta rotação e que, em vez de gasolina pura, queimava uma mistura de óleo e gasolina. Daí o odor ­característico. “Meu amor por dois tempos veio, definitivamente, da época em que andava de kart. O som e o cheiro do motor de dois tempos são memórias da minha adolescência. Só de pensar na velocidade! Eu sempre fui fã de dois tempos, mesmo dirigindo somente carros com motores de quatro tempos. Pena que hoje os motores de dois estão quase extintos.” A Mito raramente ficava estacionada em frente à escola. Sebastian ocupou-se, em tempo integral, em participar de várias corridas da categoria júnior e, logo após se formar no ensino médio, estreou na Fórmula 1. Em casa, as conversas sobre motos nunca pararam: seu avô elogia sua NSU Max e sua BMW R 51/3. Por coincidência, Sebastian recentemente encontrou num celeiro o mesmo modelo de BMW que seu avô dirigia. “Ainda não está ­pronta. Na verdade, ela precisa ser recon­struída.” ­Sebastian quer fazer isso com suas pró­ prias mãos. Vamos ver quando ele vai terminá-la. Sua atual frota de veículos de duas ­rodas inclui uma Vespa, uma outra moto para restauração, uma scooter moderna para ser utilizada no dia a dia (“imbatível

“É PRECISO SENSI­­BI­­­­­LI­DADE E PRÁTICA PARA LEVAR UMA MOTO AO LIMITE”



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“A NORTON É UMA MÁQUINA DAQUELAS QUE VOCÊ SENTA E ELA PEDE:­ ‘ACELERA, ACELERA, ACELERA!’”


O colecionador de motos Fritz Ehn aprovou: “O Vettel é um dos nossos”

“AOS 16 ANOS, EU JÁ ANDAVA DE MOTO. ATÉ HOJE NUNCA ME MACHUQUEI PRA VALER”


e ­respeita seu limite: “Não sou aquele cara que anda até o pneu ficar careca”. São os momentos leves e harmoniosos que Vettel aprecia no motociclismo. Ele até começa a filosofar: “O motociclismo dá uma sensação de liberdade que você não tem no carro. Os sentidos têm um ­significado diferente do que no automóvel. Não tem rádio, mas você não precisa. Você sente o cheiro do ambiente melhor do que num conversível. Você sempre pode parar e descer, até mesmo na cidade. Não há nada que possa ser comparado a uma moto. Você não fica preso ao veículo. Acho triste que os jovens de hoje não apreciem a moto como antigamente”. Como se explica isso? “Talvez seja culpa dos pais. Eles estão felizes por terem sobre­ vivido seus dias selvagens na moto e por isso não querem que seus filhos andem. E hoje temos mais segurança em muitas estradas. Espero que o espírito do tempo mude de novo, porque o motociclismo é algo muito bonito e enriquecedor.” A vida corrida de Sebastian provoca nele uma vontade de escapar: para quem tem uma rotina de pegar avião, táxi, pista de corrida, táxi, avião, é bom poder sentir o vento no cabelo, andar nas curvas de uma montanha e sorrir, pelo simples fato de poder quebrar a rotina. para andar na cidade”), uma KTM 690 Duke para andar em percursos com mui­ tas curvas e uma BMW S1000RR, que é a moto perfeita para um superatleta. Quem tem o talento de um tetracampeão de Fór­ mula 1 pode se sentar em qualquer veículo que vai sair bem na foto. “Adapto-me ­rapidamente a velocidade e sequências de movimentos. Tenho essa vantagem, mas, com a minha falta de prática, pode ficar perigoso.” Sebastian Vettel conhece THE RED BULLETIN

H

oje é um desses dias – um feriado. Fritz Ehn – também ­conhecido pelos espe­ cialistas em motos como Professor Friedrich Ehn – trouxe cinco preciosidades da década de 1930 que ele retirou de seu formidável museu de motos, localizado em Sigmunds­ herberg, perto da cidade austríaca de Horn. São elas: uma Brough Superior, que na sua época equivalia a um Rolls-Royce – e o valor de mercado atual em euros tem seis dígitos; uma Norton International, ­vitoriosa em diversas pistas de corrida pelo mundo; uma Scott Flying Squirrel, a favo­ rita de Sebastian, com um motor refrigera­ do a água de dois tempos e dois cilindros – e visualmente linda; uma Ariel; e uma Rudge, duas maravilhas da engenharia ­inglesa. Em pouco tempo, Fritz e Sebastian já iniciaram uma discussão técnica como se fossem amigos íntimos. “É a sabedoria de um velho experiente passada para um jovem”, diz Sebastian com um sorriso ma­ landro no rosto. Sebastian, que gosta de ­tirar sarro das “sucatas”, acha incrível que essas motos pretas e cromadas de mais de 80 anos atrás ainda rodem tão bem. “Não importa se são quatro ou duas rodas: é preciso considerar quando e em quais con­ dições foram construídas. Naquela época tinha muito mais trabalho manual. Claro que a precisão é muito maior no nosso car­ ro de Fórmula 1. Mesmo sendo um artesão talentoso na época, hoje a gente trabalha com milésimos de milímetros. Eu acho ­legal que, mesmo assim, tenha surgido algo tão bonito que se destaca tecnicamente.” 35



“A SENSAÇÃO É A DE QUE SEMPRE ESTOU ­TIRANDO UMA FINA, MAS, HONESTAMENTE, MEU JOELHO NUNCA TOCOU O ASFALTO” Produção: Christopher Schönefeld/made in germany, Set Design: Dagmar Murkudis, Grooming: Berry Erwanto, Motos: Fritz Ehn

Uma vida plena e realizada precisa de contrastes: se você comer todos os dias no melhor restaurante, é bom experimentar, às vezes, uma batata feita no alumínio e cozida no fogo. Usar o pedal de partida e fazer a lubrificação com óleo em vez de telemetria e Kers. A Norton e a Scott, especialmente, ­mexem com os sentimentos de Sebastian neste belo dia de outono: “A Norton é uma máquina de corrida que você per­ cebe assim que sentar nela. Ela pede: ­‘Acelera, acelera, acelera!’ Ela pede muita velocidade. Na Scott, me senti um pouco melhor. Você fica mais relaxado para ­passear e curtir a paisagem”. A discussão torna-se mais filosófica, como acontece de praxe entre motociclis­ tas: “Visualmente, eu acho motos de cor­ rida muito atraentes. Você pode simples­ mente colocá-la na sua frente e olhá-la como um quadro que se pendura na pa­ rede. Depois, há as incrivelmente belas ­motos da categoria naked, onde você con­ segue ver toda a parte técnica. Por isso acho as motos antigas tão interessantes. Você consegue entender como ela funciona e como ela é construída. Pode-se imaginar o processo com muito mais facilidade. Nos carros de hoje, é tudo muito abstrato. Em motocicletas, no entanto, há a ilusão de que você pode consertá-las a qualquer momento – ou pelo menos descobrir onde está o problema. Acho interessante ver de que maneira as coisas funcionam. Como, por exemplo, a aceleração”. Ao ver Sebastian lidando com uma moto antiga, observa-se uma sutileza téc­ nica que ultrapassa o interesse pelo motor: aqui está um homem que estuda e quer en­ tender a parte técnica e se comunica com ela. As “velhinhas” do museu de Fritz Ehn são tratadas com sensibilidade – verifi­ cando a ignição, examinando o acelera­ dor, averiguando a alavanca da marcha invertida, os acoplamentos de cortiça e os freios que precisam de uma compreensão mais simbólica. E em nenhum momento o rígido Professor Ehn tem a impressão de que o jovem, que domina as quatro rodas, estaria maltratando a preciosa sucata de metal. Muito pelo contrário. “O Vettel é um de nós”, diz ele quando Sebastian ­desaparece do outro lado de Furkajoch. E esse é o maior elogio que se possa ima­ ginar vindo de um homem que está em ­sétima década sentado em uma moto. Caso você encontre um dia desses um jovem com um largo sorriso no rosto em cima de uma moto antiga ou nova, grande ou pequena... porém bonita: ­cumprimente-o gentilmente. Pode ser ­Sebastian Vettel. www.sebastian-vettel.de

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UM HOMEM DE

AÇÃO Diretor de filmes, aventureiro e às vezes as duas coisas. Na véspera do seu segundo filme em Hollywood, o islandês BALTASAR KORMÁKUR fala sobre as distâncias que atravessa para filmar e sobre subir o Everest rumo ao ponto alto de sua carreira Por: Andreas Tzortzis Fotos: Hordur Sveinsson

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No dia em que Baltasar Kormákur quase morreu – bom, foram muitos desses dias, mas vamos nos concentrar em um espe­ cífico –, ele estava trabalhando sem dublê nas águas geladas do Atlântico Norte, no litoral da Islândia. É importante destacar que Kormákur é diretor, não ator. Ele estava filmando o naufrágio de um barco de pesca islandês, uma das principais cenas do seu filme de 2012, The Deep, sobre o único sobre­ vivente de uma catástrofe em 1984. Quando a parte dianteira do barco afun­ dou, ele abriu a porta para a área do res­ taurante no convés enquanto as câmeras gravavam tudo e foi levado por um imenso fluxo de água. “Estou nadando, agarrado à minha preciosa vida, tentando me afastar

da porta. Se não tivesse conseguido, teria sido sugado direto para o local em que a água vazava do barco”, ele diz. “É o momento em que você para e pensa: ‘Vou morrer se não sair daqui’.” Essa história ele conta em um pedaço do paraíso californiano que é o ensola­ rado jardim do terraço do restaurante Chateau Marmont. Kormákur relaxa sentado em um sofá, sua camisa social xadrez não tem nenhum vestígio de suor. Seu look sombrio é atípico das caracte­ rísticas físicas que tendem mais para o branco na sua Islândia, as botas que ele calça apenas reforçam essa impressão de, bem, um pirata. Um esportista com paixão por velejar e pelo ar puro, ele é menos calculista que instintivo em sua procura por sucesso na indústria cinematográfica, com um apetite aventureiro pelo espontâneo e o autêntico. E é por isso que seus filmes variam – desde a estreia com a comédia cascagrossa e sombria em 101 Reykjavík, no ano 2000, até o intrincado suspense Jar City, o sucesso de bilheteria Contrabando e a melancólica busca pela essência em The Deep. Sua segunda maior reali­ zação em Hollywood, Dose Dupla, com Mark Wahlberg e Denzel Washington, está nos cinemas. Mas talvez seu maior projeto seja a produção de Everest, uma recriação dos acontecimentos trágicos de Maio de 1996, quando oito pessoas morreram THE RED BULLETIN


POR QUE EU ME COLOCO EM PERIGO NOS FILMES? É PORQUE PRECISO. TENHO QUE ME SENTIR VIVO


EU Nテグ QUERO SER LIMITADO PELA IDEIA DE QUE O DIRETOR TEM QUE ESTAR NA CADEIRINHA

Kormテ。kur em um dos 100 cavalos que ele e sua mulher criam em um rancho no norte da Islテ「ndia


numa tempestade de neve enquanto tentavam alcançar o topo do Monte Everest. Ele planeja, é claro, filmar na montanha, o mais próximo possível do cume. the red bulletin: Por que as situações extremas te atraem tanto? baltasar kormákur: De certa maneira, ser parte delas e vivê-las é um jeito de contar para os outros. Se você conta para as pessoas histórias que viveu na pele, é mais provável que vá contar melhor. Então, o que você planeja fazer em Everest? Quero contar a história do Everest que existe dentro de cada pessoa. Eu acredito que todo mundo tenha uma dentro de si, algo pelo qual está apegado ou que precisa fazer, mesmo arriscando tudo ao mesmo tempo. Creio que essa é a minha jornada, assim como é a jornada de todos em um contexto diferente. Por exemplo, estou longe de casa e da família aqui. O que estou fazendo? Por que não estou em casa com a minha família? O que é essa urgência ou necessidade de conquis­tar alguma coisa? Acredito que o Everest seja uma versão bem simples disso. Acho que é por esse motivo que as pessoas são tão atraídas por ele. Meu Everest (o filme) é isso. Isso remonta ao que eu estava lhe contando antes sobre poder físico. Você se coloca nas condições mais extremas. E eu acho que de alguma forma é possível superar muitas coisas ao fazer isso. Por que eu me arrisco no filme? Porque preciso. Tenho que me sentir vivo. É necessário sentir que eu fiz alguma coisa naquele dia. Você foi muito cauteloso na chegada a Hollywood. Dose Dupla será apenas a sua segunda superprodução. Isso é parte do seu plano? Foi uma oportunidade fantástica. Mas eu não penso no que fiz na Islândia como um treino para Hollywood. Não sou estrategista. As coisas ocorrem numa sucessão de processos e acontecimentos. Você pode fazer apenas o que aparece na sua frente e pronto. Não se pode dizer: “Farei isso e isso e isso” e tudo acontece como foi planejado. Tem que saber qual é o momento certo de dizer “não” e qual é a hora em que se deve dizer “sim”. Depois que fiz 101 Reykjavík, me ofereceram fazer A Última Casa, um filme de terror. Mas eu não ­queria fazer isso. Assim, eu acabei definindo o que viria depois. Este é o negócio: às vezes, você define para onde vai dizendo mais “não” do que “sim”. THE RED BULLETIN

Como é que apareceu Everest para você? Evan Hayes foi um produtor com o qual trabalhei na produção de Contrabando. Ele me mandou o roteiro. Lembro quando li, pensei que era o motivo da viagem. Eu estava na banheira em um apartamento de Londres, li e disse: “Uau, OK. O que eu queria começou a aparecer”. Isso é de verdade o que eu queria fazer. Foi o que fiz em Contrabando. Não estou desmerecendo nada, mas todo mundo tem o seu sonho e o seu projeto. Esse é o meu. A ideia a respeito de Hollywood mudou desde que você começou a pensar em ter sucesso aqui como jovem ator na Islândia? O que acontece é que normalmente a viagem até algum lugar é tão longa e difícil que, quando você chega, a ideia já mudou. Quando você está lá já não é mais o mesmo obstáculo que havia quando você estava em casa. Aquilo já não te amedronta mais. Não é mais a mesma montanha. Basicamente, ao subir a montanha, cada vez mais ela diminui. Isso é o que ocorre.

ÀS VEZES, VOCÊ DEFINE AONDE QUER CHEGAR EM HOLLYWOOD DIZENDO MAIS ‘NÃO’ DO QUE ‘SIM’ A ida até a montanha faz com que ela se torne menor. Você tem uma mistura de origens: seu pai é da Catalunha, na Espanha, e sua mãe é islandesa. Você acha que isso é uma identidade que a indústria de cinema em Hollywood está atrás? Algo que eles buscam hoje em dia? Não, acho que não. Me irrita muito quando as pessoas falam na Europa que tal filme é americano. Elas não enxergam na tota­ lidade. Sim, algumas das piores coisas são realizadas aqui, mas as melhores são feitas aqui também. Hollywood é só uma ideia. A maioria dos filmes é feita em outros lugares e a maioria dos melhores filmes vem da Europa, Rússia, ou seja, de qualquer lugar que queira injetar o dinheiro. É um ponto de encontro global.

Então, como é que é o sucesso? Você se torna forte o bastante naquele ambiente que ninguém pode colocar um dedo em você. Existem alguns diretores, como Ang Lee, que você realmente não consegue saber como é que vão se sair. Se você assiste ao Segredo de Brokeback Mountain e O Tigre e o Dragão, diria que são do mesmo diretor? Gosto disso. Ang Lee é também um cineasta estrangeiro. Você pensa que isso tem algo a ver com essa liberdade e indepen­dência na hora de fazer os filmes? Acho que Spielberg faz isso também. Mas foi só ele se transformar em um grande nome que as pessoas pararam de encarálo. Você pega Prenda-me se For Capaz, E.T. – O Extraterrestre e Lincoln, é uma variedade incrível de filmes, e ainda tem Jurassic Park, coisas assim. Mas não seria demais se Spielberg fizesse um drama com uma heroína de baixo orçamento ou outra versão de Penetras Bom de Bico? Talvez ele faça. Eu me pergunto por que alguém com esse sucesso todo não faz exatamente o que quer fazer. Talvez ele acredite em certos valores e seja isso que ele quer apresentar. Acho que é também perigoso quando você comanda um império e parte desse império está fundamentada no grande sucesso dos seus filmes. Você se amarra em um determinado tipo de produção cinematográfica. Minha liberdade foi ir lá fazer The Deep. Eu sabia que era muito bem-sucedido na Islândia, mas também que não faria nenhuma bilheteria no resto do mundo. Quero manter essa liberdade. Você tem medo de ser rotulado como cineasta? Não dá para se definir tipo “este sou eu, é só isso que eu faço”. As coisas te definem quando você segue em frente na sua vida. Eu acho que ao decidir qual será sua jornada, então essa jornada não vale mais a pena. Quanto mais você planeja, menos interessante será. Isso permite que você penetre através de suas próprias barreiras. É isso que provavelmente o ser humano está quebrando. Acredito que na maior parte das pessoas, subir a montanha mais alta do mundo seja uma coisa impossível. Acredito que ao realizar isso você quebrou essas barreiras que te retardavam. Talvez seja por isso que eu pulo no mar. Eu não quero ser limitado pela ideia de que o diretor tem que estar na cadeirinha. www.2guns-movie.net

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COMO DERRUBAR O REI

Ele humilhou Kasparov, pagou de modelo ao lado de Liv Tyler, gosta de dormir até tarde e evita usar computadores. A partir de 7 de novembro, o gênio do xadrez, Magnus Carlsen, disputará o campeonato mundial na Índia. E ele nos contou o que está tramando Por: Andreas Rottenschlager Fotos: Markus Jans

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É

um dia típico de verão em Stabbestad, na Noruega. São 9h30. Magnus Carlsen está dormindo. Quem quiser falar com o melhor jogador de xadrez do mundo chegou cedo demais. “Magnus só vai se levantar daqui a uma hora”, diz seu assistente Espen Agdestein, de quase 50 anos e ombros largos como um guarda-costas. Espen está sentado no lobby do hotel Kragerø Resort, que fica a duas horas de carro ao sudoeste de Oslo. Diante da porta de vidro da entrada, os primeiros carrinhos de golfe partem em direção ao campo, e os convidados começam a lotar a área do SPA. No primeiro andar, Magnus Carlsen se vira mais uma vez de lado na cama e puxa seu cobertor. Desde o início de agosto de 2013, o líder do ranking mundial de xadrez se prepara, em Stabbestad, para seu primeiro cam­ peonato mundial. Magnus Carlsen tem 22 anos, é jovem, com queixo quadrado e traços fortes – o maior talento de sua geração. Com um ELO de 2 872

Magnus Carlsen, o prodígio do xadrez: memória fotográfica e resistência de um maratonista



(a pontuação é calculada com base nos resultados dos torneios), ele detém o recorde do nível mais alto da história. No entanto, seu domínio vai além do jogo de xadrez: a revista Time o escolheu em abril como uma das 100 pessoas mais importantes do mundo. A partir de 7 de novembro, Carlsen enfrentará Viswanathan Anand na Índia, o país de origem deste, valendo o título mundial. Anand, que está sempre de óculos e tem aparência amigável, é especialista da teoria de abertura e defende com sucesso seu título desde 2007. Carlsen quer que o indiano de 43 anos seja derrubado. No Kragerø Hotel, ele arma seu plano de batalha. A preparação começa hoje, às 10h30, com um café da manhã. Carlsen come cereais e parece ainda estar sonolento, com profundas olheiras. Às 11h, ele se tranca em uma sala sem janelas no primeiro andar para treinar xadrez. A sala de pensadores é pequena. Dentro, há uma mesa, quatro cadeiras e um flipchart em branco. Quando não há jornalistas presentes, dois grandes mestres do xadrez da Rússia elaboram, com Carlsen, uma estratégia para bater Anand. Carlsen joga melhor entre a metade e o final da partida, e Anand é especialista em abertura. Então, como vencer? E quais são os nomes dos mestres assistentes? “É segredo”, diz o assistente Espen. Depois de duas horas quebrando a ­cabeça na sala, Carlsen faz uma hora de academia. Ele diz que, como jogador de xadrez, precisa ter a resistência de um maratonista. Espen acrescenta: “Aquele que não está em forma se cansa. Quando as pessoas estão cansadas, erram mais”. Às 15h, Carlsen dá uma entrevista. O melhor jogador de xadrez do mundo usa chinelo, moletom verde néon e bermuda. Ele se senta à mesa com as costas retas e olha fixamente para seu oponente.

Falando em Kasparov: Carlsen tinha 13 anos quando se sentou pela primeira vez diante do ex-campeão russo em um torneio relâmpago de xadrez em Reykjavik, na Islândia. Usando um mo­letom cinza e uma garrafa de suco na mão, Carlsen parecia um aluno do primário. Kasparov atrasou em meia hora, deu um rápido alô e apoiou os cotovelos sobre a mesa. Carlsen fez uma jogada confiante. Kasparov enterrou a cabeça nas mãos. Durante uma pausa de reflexão do russo, Magnus foi até a mesa ao lado assistir à partida de seus vizinhos. No final, Carlsen forçou um empate. “Adolescente humilha o Deus do xadrez”, diziam as manchetes dos jornais. Na época, Kasparov saiu da sala sem dar parabéns e Magnus comemorou com seus pais no McDonald’s. Cinco anos depois, Hendrik – pai de Magnus – contratou Kasparov para treinar seu filho. O russo abriu seu banco de dados a Carlsen e o aconselhou durante os torneios importantes por telefone. Depois de um ano, a parceria terminou. Kasparov reclamou da indisciplina do menino prodígio e Carlsen disse que acabou devido às “diferenças de opinião”. Uma destas diferenças: Carlsen evita usar computadores a todo custo. Na era da análise computacional, isso não é bem aceito. “O que você aprendeu com Kasparov?” “Ele era capaz de reconhecer padrões nos lances de seus oponentes. Mesmo

O MELHOR JOGADOR DE XADREZ DO MUNDO CHEGA PARA A ENTRE­VISTA DE CHINELO, MOLETOM E BERMUDA nos jogadores excêntricos, como Vassily Ivanchuk (da Ucrânia e vice-campeão do mundo) e Alexander Morozevich (grande mestre da Rússia). Foi quando percebi que ele está acima dos outros mestres.” “Foi difícil decifrar Kasparov no tabuleiro?” “Não. Ele balançava a cabeça cada vez que cometia um erro.” “O que significa balançar a cabeça?” “Acredito que não tenha significado. Os enxadristas são notoriamente para­ noicos. As pessoas querem interpretar demais esses gestos.” Carlsen conta que ele é capaz de reencenar de memória os principais lances de seus 2 500 jogos em torneios. Vídeos mostram como ele joga contra dez adversários simultaneamente, virado de costas para eles. Ele controla 364 peças – sem ver nenhuma. “Como funciona a sua técnica de memorização?” “Memorizo as posições no tabuleiro.”

I. Gênio

“Magnus, qual foi a sua pior matéria na escola?” “Ciências. Eu perdia o interesse com facilidade.” “Sua melhor matéria?” “Línguas estrangeiras. Minhas redações me fazem rir até hoje.” Carlsen sorri. Ele fala inglês quase sem sotaque. “O que é mais importante para um jogador de xadrez: criatividade ou uma boa memória?” “Muitas vezes, a criatividade é subestimada”, diz Carlsen. “Garry Kasparov tinha uma excelente memória – mas ela sozinha não foi decisiva para o seu sucesso.” 44

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O aspirante a campeão mundial, Magnus Carlsen, numa sessão de vôlei de praia na Noruega: “É ótimo para jogadores de xadrez”

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DE ACORDO COM O NEW YORK TIMES, ELE GANHOU US$ 1,2 MILHÃO NO ANO PASSADO. QUANDO SE TRATA DE MÍDIA, CARLSEN JÁ ULTRA­PASSOU KASPAROV, DE LONGE

Carlsen vai ao campeonato mundial de xadrez na Índia com seu cozi­ nheiro e médico: “Sei exatamente como meu adver­ sário se sente”


“Você cria histórias para as peças para conseguir memorizar melhor as suas posições?” “Não, eu guardo como uma câmera fotográfica.” Agora Carlsen parece estar entediado. Será que ele está pensando em xadrez? As peças ficam passando por sua cabeça? Como ele mantém o pensamento livre? Tivemos casos de alguns gênios na história do xadrez que ficaram loucos. Wilhelm Steinitz, o primeiro campeão do mundo de Viena, acreditava ao final de sua vida que poderia mover peças por meio de correntes elétricas de seu corpo. Bobby Fischer retirou suas obturações dentárias, com medo de que a KGB pudesse ter escondido transmissores de micro-ondas dentro delas. Magnus responde: “É difícil banir o xadrez dos meus pensamentos – mas é possível levar uma vida boa, enquanto você pensa muito sobre xadrez”. Quando ele quer se distrair, assiste à série de comédia Segura a Onda ou joga uma partida de golfe. De acordo com o New York Times, ele ganhou US$ 1,2 milhão no ano passado com jogos de xadrez e contratos publicitários. Quando se trata de mídia, Carlsen já ultrapassou Kasparov, de longe: a imprensa o adora.

II. Pop star

“Você ainda tem o número de telefone da Liv Tyler?” “Não.” “Por quê?” “Salvo poucos contatos porque sempre perco meu celular.” Em 2010, Carlsen estampou a campanha da marca holandesa G-Star ao lado da atriz de Hollywood. As fotos da campanha foram feitas pelo cobiçado fotógrafo Anton Corbijn. As imagens mostram Carlsen com um olhar obscuro, com o qual poderia desempenhar um papel de cobrador de dívidas na série Os Sopranos, ou um Matt Damon enraivecido no começo de carreira. Carlsen deu aulas de xadrez para Liv Tyler. Fotos postadas no Facebook mostram Carlsen jogando com o megainvestidor Warren Buffet e o rapper de nu metal, Fred Durst (“Buffet foi mais difícil de vencer”). O promotor de xadrez Andrew Paulson chama Carlsen de “um antídoto para um russo velho e esquisito cujo nome começa com K”. Paulson tem a missão de tornar o xadrez em algo atraente para o público da TV. Em 2012, quando ele propôs medir e transmitir em tempo real a frequência cardíaca dos jogadores, ele foi rejeitado pela maioria dos profissionais. Magnus Carlsen acredita que seja uma ótima ideia: “Eu também gostaria de saber a minha frequência cardíaca”.

No início de novembro, Carlsen vai viajar com seu médico e cozinheiro para Chennai, no extremo sul da Índia, onde se encontrará com o campeão do mundo Anand no salão de festas do hotel Hyatt. Ele vai tentar derrubar o rei. O ven­­­­ce­ dor será o primeiro que tiver no mínimo 6,5 pontos. (Depois de 12 jogos, se ­der empate, haverá um tie-break.) Seria ­interessante saber quão rápidos serão os batimentos cardíacos de Carlsen ­durante esse duelo.

III. Guerreiro

“Você já está treinando seu poker face?” “Não. Você aprende a ficar calmo quando participa de torneios.” “Anand diz que analisa a respiração de seus oponentes para descobrir como eles estão se sentindo no momento.” “Sei exatamente como Anand se sente. Já consigo lê-lo bem.” Carlsen diz que não há mais truques psicológicos em torneios como havia em 1972, quando Bobby Fischer expôs Boris Spassky na luta pelo título mundial, à noite, quando ele se infiltrou no quarto de Spasski ou quando mandou levar sua poltrona para a Islândia. Especialistas de xadrez concordam que o condicionamento físico de Carlsen fará diferença na partida contra Anand. E Carlsen nutre a imagem de “bombado” em todos os canais de comunicação. Fotos no Twitter mostram ele andando de jet ski, jogando basquete e posando sem ­camiseta em um trampolim de 5 metros. Num vídeo postado no Facebook, ele acaba com o campeão de xadrez relâm­pago, o francês Laurent Fressinet, num jogo de 2m28s. Carlsen comenta os lances de seu adversário: “Muito fraco! Muito lento!” Espen, seu assistente, diz que são avisos para Anand. Carlsen acredita que basta uma jogada rápida e confiante para pressionar seu oponente. Às 16h, o gênio do xadrez se despede e vai de carrinho de golfe em direção à quadra de vôlei de praia. Esse esporte é uma parte importante de seu treino – “ideal para jogadores de xadrez”, comenta Carlsen. Na partida no Fjord von Kragerø, ele é o único que tira a camiseta. Ele corta a bola com a mão direita, que é a forte. No segundo set, devolve a bola de costas para o outro lado da rede. Duas equipes de câmeras e três fotógrafos cercam Carlsen, sem camiseta, como abelhas, para registrar os momentos do prodígio que pode vir a ser o próximo campeão. Talvez uma dessas fotos vá parar mais tarde no Facebook. Campeonato Mundial de Xadrez 2013: de 7 a 28/11, em Chennai, na Índia; www.fide.com

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Na Terra do Nunca O esti l o de vida regado a skate, surf, roc k ‘n‘roll e churrasco da família RTMF e d e seu filho pródigo, o tricampeão mu n d i al de bowl Pedro Barros

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Po r: Endr igo Chiri Braz   Fotos : Julie Glassberg


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Felipe “Foguinho”, da nova geração do RTMF, acerta um Andrecht Invert no bowl do amigo Pedro Barros

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N uma terça-feira qualquer, fim de inverno na Ilha de Florianópolis, em Santa Catarina, a noite vem chegando e traz com ela vários skatistas que beiram os 40 anos para a pousada Hi Adventure, localizada no bairro do Rio Tavares, Praia do Campeche. Os termômetros beiram os 10 graus, mas a chuva enfim deu trégua depois de cinco dias de garoas e temporais. Como acontece toda semana, os membros fundadores da família RTMF recebem os amigos para a sessão de skate Old School. No meio dos 20 veteranos que dividem as paredes do bowl construído em 1997, três mo­ leques treinam flips 360º e bonelesses na plataforma enquanto esperam a vez no drop. Não são infiltrados. Muito menos forasteiros. São as crias da família: Pedro Barros, 18 anos; Vinicius “Vi” ­Kakinho, 15 anos; e o agregado Felipe ­“Foguinho” Caltabiano, 19 anos. 50

Léo Kakinho, 40 anos, ex-skatista ­ rofissional e pai de Vinicius, chegou em p Floripa vindo de Guaratinguetá, interior de São Paulo, um dos berços da modalidade bowl no país. Veio no começo dos anos 1990 para fazer faculdade de Eco­ nomia e surfar. André Barros, 41, pai de ­Pedrinho, veio mais ou menos na mesma época, e os dois se conheceram no outside das mais de dez praias com boas ondas da ilha. Dois anos mais tarde, André atraiu para Floripa o amigo de infância e com­ padre Rafael Bandarra, 41. Incentivados por André, que já tinha uma minirrampa em sua casa, Léo e Rafa investiram toda a grana que tinham e passaram sete meses morando com Beto, um pedreiro trazido de Brasília, terra natal de André e Rafa, para construir a pista de skate que viria a ser a pedra fundamental dos Rio Tavares Mother Fuckers. “A ideia era fazer o bowl de forma que lembrasse bastante o surf, que tivesse as paredes bem ‘skatáveis’, que fosse uma onda que não acabasse nunca”, recorda Rafa, que havia comprado um terreno, onde fez o bowl e uma casa, que mais tarde se transformaria em pousada. Depois da intensa experiência de construir um bowl com pouca grana e sem mão de obra especializada, o elo entre os três estava eternizado naquelas curvas de cimento. Na época da construção, quando pistas do tipo eram escassas

Em sentido horário, a partir desta foto: Riquinho Wendhausen, um dos grandes surfistas do RTMF, nas ondas do Campeche; a placa que leva à casa de Pedrinho; André Barros dá uma canja na banda do filho


“A ideia era fazer o bowl de forma que lembrasse bastante o surf, que fosse uma onda que não acabasse nunca”


Em sentido hor谩rio, a partir desta foto: Foguinho na batera, Feij贸 no baixo (esq.) e Vi Kaquinho na guitarra integram a banda que tem Pedrinho nos vocais; Riquinho rumo ao surf; Rafa no primeiro bowl do RTMF; e Pedrinho em sua pista


“Eu dava um aéreo e em seguida um fifty, que saía meio torto. Aí terminava achando que ia ganhar parabéns pelo aéreo, mas não”

no Brasil, Pedro tinha apenas 2 anos e já usava o skate para se locomover, com as mãos apoiadas na parede. Logo estava aprendendo a fazer carvings com o mestre Léo Kakinho, mas as lições foram inter­ rompidas quando Pedro completou 6 anos e foi morar na Austrália com o pai, André. “Lá tive um conhecimento de pista que ­jamais teria no Brasil, eram nove bowls numa única pista”, lembra ele. “Uma ­parada muito fora do comum para mim.” Três anos depois, a dupla voltou para ­Florianópolis, com ideias que futuramente seriam aplicadas ao bowl. “A gente pen­ sava, e pensa, que é uma pista de treino para eles, então sempre fomos adaptando a rampa para o que estava rolando na gringa, para quando eles chegassem lá não sentissem uma diferença muito grande”, explica Rafa. A primeira reforma agregou a xícara com borda de coping block feito de punho próprio, e Pedrinho passou boa parte de seus dias andando diariamente naquele bowl, até porque, quando não ­estava morando com o padrinho Rafa do lado da rampa, vivia a apenas alguns quarteirões de distância. A reforma de 2007 acrescentou o over­ vert e de quebra eternizou parte da histó­ ria do skate brasileiro. Os coping blocks da xícara foram trocados pelos da pista Ultra de São Paulo, que havia renascido na forma de bowl depois de muitos anos fechada. Nos anos 1980, o half da Ultra, uma das primeiras pistas da maior cidade do país, revelou nomes do vertical, como 53


Pedro na sala de sua casa, no Rio Tavares, onde pode descansar entre a rotina de campeonatos. Na foto menor: Vi, André, Pedro, Foguinho e Feijó durante a reunião Old School na pousada Hi Adventure

“Minha vida sempre foi em torno do skate. Se o Rafa não tivesse feito o bowl, outra pessoa teria feito. Todos eram muito apaixonados pelo skate”

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Bob Burnquist e Cristiano Mateus. Rafael conta orgulhoso a façanha: “A gente fez um transplante de pista para não deixar morrer a história da Ultra”. O oververt e a experiência de correr grinds num coping block era o que faltava para Pedro começar a despontar. Naquele mesmo ano, com 13 anos, venceu um evento profissional que aconteceu na pousada, e a partir daí passou a competir na categoria Pro. “Com 14 anos, fui convidado para o Protec Pool Party e consegui ficar em quarto lugar. Para mim foi um sonho realizado”, recorda Pedro. A terceira reforma na pousada Hi Adventure, em 2012, não só trocou o oververt por um corner grande, inspirado no do X-Games de Los Angeles que o Pedro ganhou, como trouxe mais uma inovação no que diz respeito às bordas. “A gente desenvolveu a forma dos coping blocks

aqui, o André conseguiu a fórmula que é usada nos EUA, e nós mandamos fazer”, conta o pai da pista. Atualmente, André tem uma fábrica de coping blocks.

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arroz com frutos do mar está no fogo enquanto a sessão noturna segue no gás mesmo com a baixa temperatura. Na noite Old School da pousada que nasceu em volta do bowl e foi inaugurada em 2004, a cada terça-feira um dos camaradas fica encarregado de providenciar a alimentação – mas não vale churrasco, justamente porque esse é o prato principal em pelo menos outros quatro dias da semana. Quando Pedro Barros dropa para dar um rolezinho, os mais ­velhos, mesmo que a noite seja deles, THE RED BULLETIN


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­admiram e se orgulham da base do tricam­ peão mundial de bowl. Mesmo estando ­entre amigos que o viram crescer, atual­ mente Pedro é um dos ilustres convidados que sempre frequentaram o bowl da Hi Adventure. Durante a entrevista, Rafa faz questão de frisar a importância de todos os skatistas que apareceram para andar numa das melhores piscinas do Brasil ao longo destes 16 anos. Esses caras fo­ ram fundamentais para dar vida ao bowl e também direcionamento aos skatistas mais novos que ali despontavam. Foi ­assim que a pista criou vida própria, e, quando ele percebeu, o caminho mais ­lógico era deixar o emprego burocrático e transformar sua casa numa pousada, para assim poder abrigar bem seus nobres visi­ tantes. Entre as tantas visitas de skatistas profissionais que Pedro presenciou nas pistas do Rio Tavares, duas delas estão marcadas em sua memória para sempre. A primeira foi quando ele ainda tinha apenas 10 anos e Léo Kakinho recebeu um telefonema de Bob Burnquist pergun­ tando se podia aparecer para dar um rolê de skate na companhia do 11 vezes cam­ peão mundial de surf Kelly Slater. “Do momento em que recebi a notícia até eles aparecerem, fiquei maníaco”, diz Pedrinho. “Foi o dia que mais andei de skate na ­minha vida.” A pilha da visita de Bob e Kelly fez com que o moleque acertasse seu ­primeiro 540º pouco tempo depois. Pedro já tinha um half pipe para ­treinar construído no quintal de sua casa, mas aí “a gente começou a ir lá para fora e percebeu que o Brasil não tinha um bowl de verdade, então há quatro anos

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nós resolvemos construir um no quintal”. O hoje famoso “bowl do Pedrinho” foi o palco da segunda visita ilustre de des­ taque, que dessa vez veio em massa e já aconteceu três vezes. A primeira foi em dezembro de 2010, na primeira edição do Red Bull Skate Generation, espécie de piloto de um campeonato de bowl que nas duas edições seguintes reuniu a nova geração, os melhores profissionais da mo­ dalidade e as lendas do skate competindo divididos por equipes mistas. “Isso é uma parada que realmente nunca imaginei, que receberia aquelas pessoas na minha casa. Quando vi Christian Hosoi, Jeff Grosso, Steve Caballero, Duane Peters e todo mundo andando muito e curtindo, foi um dos momentos mais emocionantes da minha vida.” Na terceira edição, que aconteceu em abril deste ano, Pedro teve o prazer de dividir o pódio novamente com o ídolo Christian Hosoi, na única ­etapa do mundial de bowl que rola no Brasil – e no quintal de sua casa.

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ara Rafael Bandarra, “o Léo é a pessoa que mais influenciou e caracterizou o estilo de andar do Pedro. É o cara que tem uma influência sinistra em todos os moleques aqui”. Pedrinho endossa: “Ele tem um dos melhores conhecimentos de bowl do Brasil, então me ajudou muito. Quando era moleque, olhava e queria ser igual ao Léo Kakinho”. Seguiu os passos à risca. Nos anos 1980, Léo também havia sido um dos skatistas mais novos a se ­tornar profissional, aos 13 anos de idade. Ao observar Pedro, Vi Kakinho e Foguinho num dos treinos diários que fazem no bowl, e que geralmente são seguidos de um ensaio da banda de rock pesado forma­ da pelos três mais o videomaker Marcos Feijó, a escola Léo Kakinho de skate fica nítida. Alta velocidade, aproveitamento máximo da pista, otimização das curvas e manobras com o balanço preciso entre estilo e perfeição. “A gente zoa ele de ran­ zinza porque é muito perfeccionista, téc­ nico para tudo, só gosta de manobra bem executada. Eu busquei muito isso porque o Léo era foda comigo”, entrega Pedro, e exemplifica: “Eu dava um aéreo e em ­seguida um fifty, que saía meio torto. Aí terminava achando que ia ganhar parabéns pelo aéreo, mas não. O Kakinho: ‘Consegue dar um aéreo desse jeito e não consegue dar um fifty direito até hoje, tá louco’”. Mas a influência de Léo não se limita ao estilo de skate. Ele é também o respon­ sável pelo desenho das pistas dos RTMF. Na reforma feita ano passado no bowl do Pedrinho, ganhou a ajuda de seu irmão 55


Gui Kakinho, que já havia construído pistas em Guaratinguetá, e agora assume a divisão de projetos de rampas da família.

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as quatro semanas do mês, ao menos uma delas Pedro passa entre campeonatos, aeroportos e hotéis. Uma rotina frenética e cheia de pressão psicológica. Por isso, quando está em casa só quer saber de se divertir com os amigos e andar de skate, o que para ele é exatamente a mesma coisa. Seu dia a dia em Floripa se resume basicamente a skate, surf, ­música, churrasco, cerveja e festas, como a que estamos nessa terça-feira fria. Seus únicos compromissos fixos são os treinos de movimento funcional e a fisioterapia diária. Durante nossa visita, Pedro tratava uma fissura nas costelas, dias antes de embarcar para mais um campeonato. A geração de Pedro dos RTMF primou pela qualidade e não pela quantidade. Ele e o parceiro de infância Vi Kakinho são os frutos diretos, mas que agora contam com dois reforços. Felipe “Foguinho” – “Era aquele melhor amigo das viagens 56

“A gente vive uma expressão real do que é o lifestyle do surf, do skate, da música. (...) Nós vivemos nossa vida em volta do que amamos. Vivemos na Terra do Nunca” que agora mora aqui”, define Barros – e Murilo Peres – “Aquele irmão que não mora com a gente”. A banca eternizada por uma mesma tatuagem no braço treina quase todo fim de tarde no bowl do Pedrinho e não economiza perna na sessão noturna da pousada. Assim, continuam absorvendo a experiência e podem gritar yeah! para as manobras dos mais velhos. Já no surf, o elo entre pai e filho levou mais tempo para se firmar. Pedro surfou muito quando morou na Austrália. De volta ao Brasil, seguiu em forma dentro d’água

e faz surf trips anuais com André, Léo e suas respectivas mulheres. Já viajaram para México, Peru, Nicarágua e Indonésia, de onde haviam acabado de voltar depois de 20 dias de ondas perfeitas. “Maior ­tesão poder fazer isso com meu pai.” ­Pedro aprecia também a influência do surf na evolução de seu skate. “Passei a olhar as pistas de outro jeito, fazer a melhor ­utilização possível delas, saber que tenho tempo de uma parede para outra. No surf as coisas acontecem muito rápido, ainda mais aqui que é beach break, então THE RED BULLETIN


caras são os Rio Tavares Mother Fuckers’. Aí acabou ficando”, explica Rafa. “A gente vive uma expressão real do que é o lifestyle do surf, do skate, da música; a congregação dessas coisas. Nós vivemos nossa vida em volta das coisas que amamos. Vivemos na Terra do Nunca, nos fechamos dentro do RTMF e vivemos nosso mundo, um pouco até alienado das coisas que existem lá fora”, define Bandarra. Durante o dia, quem toma conta das transições do bowl e da minirrampa recém-construída na pousada é um bando de meninos e meninas que frequenta as aulas da escola de skate da Hi Adventure. “Temos obrigação, junto com as marcas, de contribuir para o desenvolvimento do skate daqui, e a escolinha é parte disso”, explica Rafa. “É uma forma de manter o esporte, de manter a nova geração confiante. Não é para criar campeão. Nossos alunos não são treinados para ganhar, a gente mostra para eles o que vivemos do skate. É para mostrar para a molecada como é legal andar de skate.”

N Em sentido horário a partir desta foto: Pedrinho em sua pista; Mad espera sua vez para dropar na sessão Old School; a pitbull Belinha já está acostumada com suas eventuais quedas dentro do bowl

tem que dropar já pensando no que vai dar para fazer. Aí comecei a ver o skate de outra forma. Hoje em dia, eu dropo o bowl pensando só nas minhas duas primeiras manobras, porque o resto eu sei que vai fluindo.” Os irmãos Kakinho, Rafa, André, ­Dranho, Menesca, Ratão, Mad, Karaguá e Alemão. Boa parte dos membros mais ­antigos da família RTMF está reunida na sessão que o Red Bulletin presenciou. No surf, André e Kakinho contam ainda com Netto Moura, o aerealista Riquinho THE RED BULLETIN

Wendhausen e um ilustre membro fundador, o freesurfer e guitarrista Binho Nunes, influência importante na aproximação do RTMF com a música – Agent Orange, Foo Fighters, Sepultura, Marcelo D2, Zegon, MixHell, entre outros, já tocaram durante as sessões de skate. O nome RTMF, que surgiu em 2006, foi cunhado por Mark, um californiano dono de marca de skate que se radicou no bairro e também construiu sua rampa. “Ele era da época de Dogtown & Z-Boys, viu essa cena toda acontecendo aqui e falou: ‘Caralho, esses

um raio de 2 quilômetros, além dos dois bowls, o da pousada e o de Pedro, tem mais cinco pistas de skate. Outros dois bowls estão sendo projetados por Gui Kakinho, e o grupo batalha agora na prefeitura por uma pista pública com uma área de street. “Vejo esses mo­ leques do bowl numa pistinha de street e eles não sabem subir uma guia de ollie”, enxerga Pedro. “Sinto essa carência em Floripa, por isso estamos batalhando para ter uma pista de street.” Quando perguntado se sente necessidade de ir morar nos Estados Unidos, como todo skatista profissional da sua idade, Pedro é categórico. “Daqui eu não saio. Só se todo mundo vier junto!”, arremata o campeão mundial, ­antes de se reunir com a família novamente para traçar o arroz com frutos do mar, abrir uma garrafa da cerveja produzida na Serra Catarinense e aprender a jogar futebol de botão com os amigos. Atrás dele, nas paredes da pousada, todos os seus modelos de shape dividem espaço com os troféus que o padrinho guarda e com uma fotografia dele aos 2 anos de idade no meio da obra do bowl, que é o coração da família RTMF. Uma terça-feira qualquer no Rio Tavares. Graças ao empenho e amor pelo skate de seu pai, seu padrinho e seu mentor, Pedro Barros não precisou se mudar para os Estados Unidos para se sentir na Califórnia. Hosoi, Caballero, Grosso e Peters sabem o que isso significa. Siga o Pedro Barros no Twitter: @pedrobarrossk8

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TOULOUSE, MADRI, BARCELONA. TRÊS SHOWS EM T R Ê S D I A S . PA R A A B A N D A H E AV E N ’ S B A S E M E N T, I S S O FA Z PA R T E D O D I A A D I A . E M A B R I L , O S B R I TÂ N I C O S ­E S T I ­V E R A M E M T U R N Ê P E L A E U R O PA C O M O B L A C K V E I L ­B R I D E S . N Ó S A C O M PA N H A M O S E S S A L O U C U R A D E N T R O D O ÔNIBUS E FIZEMOS UM DIÁRIO DE VIAGEM EM NOME DO ROCK POR: FLORIAN OBKIRCHER

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FOTOS: JANE STOCKDALE


DO PO R テグ AO S UUCESSO CESSO


Quatro roqueiros para uma aleluia: Aaron Buchanan (vocal), Chris Rivers (bateria), Sid Glover (guitarra) e Rob Ellershaw (baixo) nos bastido­ res, relaxando após o show

uatro caras com um sonho: chegar ao topo do mundo do hard rock. E a banda Heaven’s Basement tem tudo para conseguir seu objetivo. Com o álbum de estreia, Filthy Empire, alcançaram o topo das paradas inglesas em fevereiro, recebendo elogios de revistas como a Kerrang!. A banda britânica já dividiu palcos e toalhas para tirar o suor com heróis do rock como Bon Jovi, Deftones e Papa Roach. Para a Heaven’s Basement, os shows ao vivo são a essência do rock‘n’roll e o motivo para o qual se levantam da cama todo dia. O baixista Chris Rivers explica: “Cada vez que tocamos, é como se fosse a primeira apresentação. Com muita paixão e devoção. Quando você destrói sua guitarra, tem que ser para valer. Quando o público pula, se joga com tudo, não se pode hesitar”.

PRIMEIRO DIA (TOULOUSE) A rua estreita em frente à balada La Dynamo está bloqueada. Motoristas buzinam e pedem para que a multidão de adolescentes vestidos de preto saia do caminho. Mas ninguém parece se importar. Eles estão se ajudando a arrumar a maquiagem que se desfez com a forte chuva e preparam cartazes com corações gigantes. Juntos, cantam as músicas que ­tocam nos seus telefones celulares. É dia de estreia de mais um filme da saga Crepúsculo? Não. Os adolescentes estão cantando as músicas do Black Veil Brides. Atualmente, a banda americana de rock emo 60

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“CADA SHOW A GENTE TOCA COMO SE FOSSE O PRIMEIRO“ THE RED BULLETIN

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está causando uma espécie de Beatlemania por onde passa, especialmente devido ao carismático cantor Andy ­Biersack, de 22 anos, que parece ­­ um jovem ­Marilyn Manson. Não está fácil para a Heaven’s Basement. Desde on­ tem a jovem banda britânica está em turnê pela Europa com o Black Veil Brides. Já na primeira apresentação em Paris, os ingressos esgotaram – mas não por causa da Heaven’s Basement. A banda de abertura precisa conquistar o reconhecimento do público em cada ci­ dade que passa. Mas o vocal Aaron e o resto do grupo adoram o desafio. “Não fazemos uma abertura morna para eles. Queremos desafiar os caras – e dar tudo nos nossos shows”, ele diz nos bastidores pouco antes da apresentação. Ao fundo, seus companheiros estão se aquecendo para entrar. “Um, dois, três, quatro! Isso pode melhorar!”, incentiva o baixista Rob o seu colega Chris, o magro baterista da banda. Como um touro selvagem, ele bate no aparador de soco do seu adver­ sário. “Durante a turnê, você passa grande parte do tempo dentro de um ônibus e raramente tem tempo e espaço para treinar”, afirma Chris, suado. Quem vê a Heaven’s Basement pouco depois no palco pergunta se a banda realmente precisa desse aquecimento. “Como estão se sentindo, Toulouse?”, saúda Aaron a multidão que aplaude. O chimbal soa. Boom! Como uma Ferrari, o quarteto inicia seu show – de zero a 100 em cinco segundos. O guitarrista Sid se ajoelha no palco como seu ídolo Slash. Seu longo cabelo cobre o rosto e ele enforca a guitarra. Chris

” N ÃO TEM NADA MELHOR DO QUE ALGUNS PICOLÉS PARA CURAR A RESSACA”

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manda ver na batera. Na última música, Aaron mergulha do palco para a plateia e passa pelas mãos dos fãs. Sid equilibra a guitarra com uma mão, Chris joga as baquetas para a multidão. Eles se curvam como forma de agrade­ cimento, o público aplaude e eles saem do palco. A apre­ sentação foi um sucesso – algo bastante evidente quando a banda encontra com o público após o show. O stand de merchandise está lotado. Os músicos são requisitados para inúmeras fotos e assinam CDs e cartazes, com o in­ tuito de que cada fã receba um autógrafo. Nos bastidores, são aguardados pelos colegas do ­Black Veil Brides com uma garrafa de uísque. O plano deles é fazer uma visita ao clube de strip que fica nas proximi­ dades. A banda olha para seu assessor, esperando um ­sinal positivo. Ele balança a cabeça. “Gente, o ônibus sai às 23 em ponto! Não tem desculpas.” O grupo obedece e se contenta com algumas cervejas, jogando Fifa 13 no PlayStation durante a viagem noturna a Madri.

SEGUNDO DIA (MADRI) O ônibus da Heaven’s Basement é dividido em três partes. Na frente é a área da festa, onde ficam guardados os video­ games e as garrafas de bebida. Na parte de trás fica o ci­ nema, com uma grande TV. No meio ficam os beliches. São camas estreitas que dão uma ideia de como deve ser o descanso eterno dentro de um caixão e lembram as ex­ cursões na época da escola. Os efeitos gasosos do álcool no período da manhã são terríveis. Às 11 horas, toda a banda está pronta para sair. O ônibus estaciona numa garagem deserta. A surpresa é grande quando, ao sair, os músicos se encontram em um quadrado de mármore branco em frente ao Palácio Real. O sol espanhol está forte. A primeira coisa a fazer é colocar os óculos escuros e ­tomar os comprimidos para dor de cabeça. Nas proxi­ midades, eles vão a um café. Sid opta por tomar picolés. “Está ­muito quente, minha garganta está seca e não tem nada melhor para curar uma ressaca”, diz o guitarrista. “Grazie”, diz ele educadamente à garçonete, e seus com­ panheiros de banda caem na gargalhada, afinal “grazie”



”NÃO SINTO FALTA DA MINHA PRÓPRIA CAMA. EM CASA, EU SINTO FALTA DE ESTAR EM UM CAFÉ ESPANHOL COMENDO OMELETE” 64

é o que se diz na Itália, não na Espanha. “Depois de meses na estrada, você pode confundir as línguas.” A má notícia é dada à banda logo após o café da manhã: o equipamento de som precisa ser carregado até o local do show que fica a 15 minutos andando. Isso porque não há espaço suficiente para estacionar o grande ônibus ao lado do local do show. Eles amarram os tambores da bateria sob os ombros e os amplificadores do tamanho de uma pessoa são colocados sobre carrinhos de mão. Os turistas no centro de Madri assistem com admiração aos quatro caras ofegantes vestindo jaquetas de couro e calças jeans rasgadas. “É ótimo ter uma banda, não acha?”, pergunta Rob, sorrindo e enxugando o suor da testa. Durante a passagem de som, eles ­descobrem que a viagem noturna do Black Veil Brides não foi tão gloriosa: em vez de conhecer o clube de strip, o motorista de táxi os levou para um bordel ­local. Depois de descobrir o engano (as garotas pediram € 2 mil somente pela entrada), eles voltaram ­desapontados para o hotel. Os caras da Heaven’s ­Basement caem na risada. No chuveiro dos bastidores, Aaron encontra uma pistola de água com a qual abre o show. Ele esguicha água na plateia e ganha o público de imediato. Quando toca a música “I Am Electric”, a plateia vai ao delírio. Aaron se aproxima da beirada do palco, as meninas gritam e esticam os braços. A galera pula de forma THE RED BULLETIN


” N ÃO USO CUECA DURANTE OS SHOWS. NÃO ADIANTA, ELAS FICAM ENCHAR­ CADAS DE SUOR” enlouquecida da primeira à quinta fileira. O público balança a cabeça e levanta os punhos. “Isso é algo que nunca aconteceu comigo”, diz o guitarrista Sid, impressionado nos bastidores logo após a apresentação em Madri. “Esse foi provavel­ mente o nosso melhor show até agora.” Chris está checando a página do Facebook e os primeiros ­comentários sobre o show já estão online. Recente­ mente, a banda postou: “Se 2 mil pessoas curtirem este post, o nosso roadie fará uma tatuagem de uma asa de galinha sorridente usando um chapéu de caubói”. Hoje, a prova da popularidade da banda adorna o braço do roadie, que mostra com orgulho a pintura na pele.

TERCEIRO DIA (BARCELONA) São 9 horas da manhã. Enquanto o resto da banda ainda está dormindo, Aaron senta na mesa vestindo uma túnica elegante e jogando xadrez no iPad. Ao contrário de seus companheiros, ele não bebe e ge­ ralmente desaparece depois que os shows terminam e vai para a cama. Tudo para preservar a voz. Parece que ele leva uma vida paralela no ônibus da turnê. Ele volta à realidade quando o grupo começa a cantar

alto covers de Oasis no violão às 4 da manhã. No en­ tanto, o contraste entre sua abstinência e as atitudes de roqueiro de Sid é importante para a química da banda. “No palco, essas diferenças se transformam em descargas de pura energia”, diz Aaron. Uma hora depois, Chris levanta sonolento de seu beliche e pergunta sobre a situação do chuveiro. O ônibus está parado em um estacionamento isolado num bairro industrial de Barcelona: caminhões e trai­ lers e empreendimentos abandonados. Deve existir um lugar para tomar banho aqui perto, diz o moto­ rista do ônibus. Enquanto Chris procura na sua mala por cuecas limpas, o resto do grupo sai para tomar café da manhã. Em um bar de tapas, Sid pede uma tortilha e apro­ veita o sol. “É por isso que eu amo a vida na estrada”, diz. “Não sinto falta da minha própria cama. É exata­ mente o oposto. Quando estou em casa, na Inglaterra, sinto falta de sentar em um café espanhol e comer omeletes no café da manhã.” Durante o caminho para a famosa casa de shows local chamada City Hall, que fica no centro da cidade, Sid escuta música. AC/DC no volume máximo nos ­fones de ouvido. “AC/DC me faz entrar no clima certo para o show. Depois de algumas músicas, você está eletrizado. Yeah, let’s do it!” Pouco antes do show, tem uma sessão de fotos. Sorrisos sujos, gestos de rock – os caras posam como profissionais. Quando Chris faz um chifre em direção ao céu, aparece sua cueca da Union Jack por cima do cinto de sua calça jeans. “Você vai usar essa hoje durante o show?”, pergunta Sid. “Nunca uso cuecas nas apresentações ao vivo”, diz Chris com um sorriso. “Não adianta porque elas ficam encharcadas de suor.” Inspirado, durante o caminho para o City Hall, Sid conta dos gladiadores da Roma antiga, que suposta­ mente enxugavam seu suor em panos antes de sua morte e davam às mulheres idosas como afrodisíaco. Se essa história for verdadeira, seria um negócio lu­ crativo para a banda. Logo depois da terceira música, Sid e Chris rasgam suas camisetas. Está quente. In­ crivelmente quente. E esse bafo parece inspirar ainda mais o grupo. Chris toca bateria com tanta força que em uma música quebra a esteira da caixa, por sorte, um pouco antes da parte mais tranquila de uma músi­ ca. O momento lembra uma troca de um pneu na Fór­ mula 1. São exatos 20 segundos até o refrão: o roadie corre até a bateria. Ele solta o parafuso e fixa a caixa. O refrão se aproxima, as guitarras ficam mais altas. Um, dois, três... está arrumado! Ufa! A apresentação está garantida. Depois do show, os rapazes riem sobre o incidente. Chris diz: “Foi por muito pouco! Se tivesse demorado mais três segundos, teria perdido a entrada”. O assessor Alex acena ao lado. Hoje o ônibus parte especialmen­ te cedo, porque amanhã precisam estar em Zurique. Ou seja: percorrer 800 km durante a noite. Lá a banda terá seu primeiro e único dia livre da turnê. O que eles pretendem fazer? Relaxar no lago local? “Prova­ velmente não. Talvez faremos um show adicional”, diz Sid enquanto sobe no ônibus. A Heaven’s Basement continua a turnê. Em novembro, eles se apresentam nos EUA e na Europa. As datas e os locais, você pode encontrar no site: www.heavensbasement.com

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O paraĂ­so da mountain bike: escolha seu destino e pedale atĂŠ o sol se pĂ´r

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ALE DI LULLO

Por: Werner Jessner


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GUIA LOCAL DARREN BERRECLOTH Fera do mountain bike

COMO CHEGAR O estado de British Columbia é o melhor lugar para a prática de mountain bike no mundo. O ponto de partida é Williams Lake, uma viagem de sete horas de carro a partir de Vancouver. O Fraser River tem um trajeto de quase 1 400 km, desde as Rocky Mountains até Vancouver. Os locais a que Berrecloth se refere só podem ser alcançados de barco. QUANTO É Viagens de barco a partir de C$ 125 (R$ 278,50). ONDE FICAR Numa barraca à beira do rio. QUANDO IR De julho a setembro. DEPOIS DA TRILHA Pescar salmão e depois assá-lo na companhia de águias, carneiros selvagens e ursos.

www.jetboatadventures.com

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JOHN GIBSON/RED BULL CONTENT POOL, MATTIAS FREDRIKSSON (2), CREDIT: CRISPIN CANNON/RED BULL CONTENT POOL (2), IAN HYLANDS/RED BULL CONTENT POOL (2)

“Viajo o mundo com minha bicicleta, sempre em busca do melhor lugar. O imponente Fraser River, na fronteira das geleiras do oeste canadense, é praticamente meu quintal e oferece condições perfeitas. O solo é acidentado, o que resulta em trilhas de boa dificuldade, mas ao mesmo tempo é macio e ajuda na estabilidade.”


2

C LÁS SICA WH I STLE R CA NA DÁ

“Whistler tem história no mundo do mountain bike. Foi o primeiro resort de esqui a se transformar em ‘bike resort’ em tempo integral no verão. Isso significa que as trilhas do lugar também cresceram e se desenvolveram. Sempre tem pessoas dispostas a andar de bicicleta em Whistler, gente do mundo todo, o que é outra boa razão para que a cidade ofereça as melhores condições para a prática.”

GUIA LOCAL BRANDON SEMENUK Campeão mundial em 2012 de Freeride Mountain Bike

AS PE S SOAS SE MUDAM PARA WH I STLE R POR CAUSA DO MOUNTAI N BI KE

COMO CHEGAR Pouco menos de duas horas de carro de Vancouver. ONDE FICAR Desde hotéis a apartamentos, Whistler é perfeita para qualquer orçamento e grupos de qualquer tamanho. QUANTO É As entradas para um dia custam a partir de C$ 56 (R$ 122). QUANDO IR De junho a setembro. DEPOIS DA TRILHA Você não terá um “depois da trilha”. No verão, tudo no lugar gira em torno do mountain bike. Mas você sempre pode descansar e se divertir ao olhar as pes­soas passando no centro enquanto toma uma cerveja e come um hambúrguer.

bike.whistlerblackcomb.com


3

NA PEGADA BIG WATE R U TA H, EUA

GUIA LOCAL DARREN BERRECLOTH Fera do mountain bike

“Encontrei este lugar para Where the Trail Ends [novo filme sobre mountain bike] depois de procurar por três semanas. O terreno de bentonita é percorrível em qualquer sentido e, quando se fala de paisagens, Utah é um dos lugares mais bonitos que existem. Mesmo tendo crescido no litoral, tenho descoberto a magia do deserto cada vez mais.”

COMO CHEGAR Voe para Las Vegas ou Salt Lake City, de lá mais três ou quatro horas de carro. Big Water é área de lazer. Então, andar de bicicleta não é apenas permitido, mas aconselhável. ONDE FICAR Big Water é uma cidade minúscula de apenas 400 habitantes. Existem alguns quartos para os poucos turistas. QUANTO É De graça. QUANDO IR O ano todo, basicamente. DEPOIS DA TRILHA No Grand Canyon é impossível andar de bicicleta mesmo para quem é muito experiente, mas ainda assim vale dirigir até ele (mais ou menos 320 km de distância).

www.bigwatertown.org

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SCOTT MARKEWITZ/RED BULL CONTENT POOL, IAN HYLANDS/RED BULL CONTENT POOL

UTAH É UM DOS LUGARE S MAI S BONITOS DO MUNDO


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COLI NAS DO H I MALAIA MUSTANG N E PA L

GUIA LOCAL MADS MATHIASEN Guia turístico

“Downhills insanos, trilhas que fluem e es­ treitas rotas de cross­ country com o cenário estonteante do Hima­ laia. Minha trilha favorita leva ao que um dia foi a cidade real em Mus­ tang, Lo Manthang, que é reconhecida pela Unesco como patrimô­ nio da humanidade.”

COMO CHEGAR Mustang fica à sombra do Annapurna. O aeroporto mais próximo é Jomsom, sendo que o maior próximo fica em Katmandu. A partir deles, você dá início a sua viagem com o auxílio de guias. ONDE FICAR Nas casas de chá dos mora­ dores locais. A alternativa ­ é o camping. QUANTO É O passe para subir até Mustang custa US$ 500 (R$ 1 125) e tem validade de dez dias. Você deve orçar algo entre US$ 100 (R$ 225) e US$ 250 (R$ 560) por dia no Nepal. QUANDO IR De meados de abril até o fim de junho. DEPOIS DA TRILHA Contemple a fragilidade do ser humano ao observar a imponência de Dhaulagiri e Annapurna, respectivamente sétima e décima maiores montanhas do mundo.

TRI LHAS COM C E NÁRIO MONTANHOSO DE ARRE PIAR

BLAKE JORGENSON/RED BULL CONTENT POOL (2), CREDIT: CHRISTOPH MALIN, RICHARD BULL, HOLZKNECHT SEEFELD

www.himalayan-trails.com


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VARIAÇÕE S TI ROL ÁUST R I A

“Graças às nossas montanhas, as condições para mountain bike são ideais no Tirol. A infraestrutura não é a melhor, mas isso está mudando. A montanha Nordkette é próxima a Innsbruck, Steinach am Brenner e Serfaus e combina belas paisagens com diversão ao pedalar.”

GUIA LOCAL GEORGY GROGGER Engenheiro de parques para bicicleta

COMO CHEGAR Voe para Innsbruck ou Munique. ONDE FICAR Muitas opções com diversas faixas de preço: este é um lugar feito para o turismo. QUANTO É Passes diários para os bike parks custam em torno de € 30 (R$ 90). QUANDO IR No final do verão quando o ar é limpo, as cores vivas e as trilhas bem sulcadas. DEPOIS DA TRILHA Innsbruck tem um espírito quase italiano de urbanidade relaxada (reforçado por uma grande presença de estudantes) e também se pode observar o clichê dos homens em trajes típicos cantando iodelei nas ruas da vila.

AS CONDIÇÕE S PARA ANDAR DE BI KE NO TI ROL SÃO I DEAI S

www.tyrol.com

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OUTRO PE LOTÃO ALPE D’ HUE Z F R A NÇA

GUIA LOCAL RENÉ WILDHABER Hexacampeão da Megavalanche

“A Megavalanche em Alpe d’Huez é a maior maratona downhill do mundo e é aberta tanto a amadores quanto profissionais. Cerca de 2 mil pilotos realizam uma descida de 2.500 m desde o cume de Pic Blanc. Os mais rápidos terminam em 50 minu­ tos; os retardatários levam quase o dia todo para chegar ao fim.”

COMO CHEGAR Uma pedalada clássica por 21 curvas fechadas que ficaram famosas com o Tour de France. Os aeroportos mais próximos são os de Turim e Grenoble. ONDE FICAR O pacote que você adquire para participar da corrida inclui apartamento ou hotel. QUANTO É O ingresso para a corrida, que inclui a subida, custa € 55 (R$ 165). QUANDO IR A semana da Megavalanche foi de 8 a 14 de julho em 2013. DEPOIS DA TRILHA Experimente uma tartiflette, prato típico dos Alpes Fran­ ceses feito de cebola, batata e bacon cobertos por uma tonelada de queijo derretido. Alimenta uma tropa.

www.megavalanche.com

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UMA DE SC I DA DE 2, 5 M I L M ETROS, E M 50 M I NUTOS OU A M ETADE DE UM DIA


STEFAN HUNZIKER, LUKAS MAEDER/RED BULL CONTENT POOL


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PICOS DE TURPAN DE SE RTO DE GOBI CH I NA

GUIA LOCAL JACK HO Guia turístico e organizador

CREDIT: JOHN WELLBURN/RED BULL CONTENT POOL, GRAEME MURRAY/RED BULL CONTENT POOL (3), JACK HO

MONTANHAS FEITAS PARA O DOWNH I LL

“As montanhas flamantes de Turpan parecem feitas para o downhill. Elas formam um pitoresco parque de diversões, como se pode ver no filme Where the Trail Ends. Turpan é o melhor lugar da China. Porém, mesmo os mais bem preparados ciclistas perdem o entusiasmo nas temperaturas de verão que ultrapassam os 40ºC.”

COMO CHEGAR Vá até Pequim e de lá pegue um voo regional até Ürümqi. Desta cidade, o trajeto de carro até Turpan é de quatro horas. ONDE FICAR A noite em um hotel custa US$ 50 (R$ 115). QUANTO É Visto chinês de US$ 120 (R$ 276), voos regionais por cerca de US$ 400 (R$ 920), ônibus de excursão no local dependendo do trajeto e do número de pessoas. QUANDO IR Março, abril e outubro são os meses em que a temperatura está mais suportável. DEPOIS DA TRILHA Turpan fica na Rota da Seda, o que significa a presença de uma das mais ricas culturas do mundo há mais de 2 mil anos. www.wherethetrailends.com


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PARAÍ SO DA MADE I RA ROTORUA NOVA Z E L Â N DI A

GUIA LOCAL BROOK MACDONALD Profissional do downhill

O M E LHOR CUSTO -BE NE FÍC IO E M TRI LHAS

“Rotorua tem tudo: trilhas de cross-country infinitas e um belíssimo circuito de downhill. Ambas ficam a apenas alguns minutos de distância da cidade e você pode andar por elas o ano todo. Só Whistler é melhor – especialmente o seu downhill –, mas Rotorua é um ­­custobenefício bem mais interessante.”

COMO CHEGAR O aeroporto internacional de Auckland fica a quatro horas de carro. ONDE FICAR Hotéis, casas de família e apartamentos voltados para as necessidades do ciclista são fáceis de encontrar. Como alternativa, você pode alugar um trailer em Auckland. QUANTO É Ônibus por NZ$ 10 (R$ 19). QUANDO IR Janeiro, durante o verão no país. DEPOIS DA TRILHA Relaxe nas águas termais de Rotorua.

www.riderotorua.com

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A energiA de red Bull em trĂŞs novos sABores.

crAnBerry

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BlueBerry

www.redBull.com.Br


Aonde ir e o que fazer

Faça seu próprio clipe e ponha na web direto da câmera, página 83

AÇ ÃO !

V I AG EM / EQ U I PA M ENTO / TR EI N O / M Ú S I CA / FESTAS / C I DA D ES / BA L A DAS

Suor de campeão O TREINO PUXADO DO TRIATLETA COURTNEY ATKINSON INCLUI MÉTODOS BEM IMPRESSIONANTES

MARK WATSON/RED BULL CONTENT POOL

EM FORMA, página 81

Courtney Atkinson em ação

THE RED BULLETIN

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AÇÃO!

MEU EQUIPO

Ajuste de claridade: não precisa mudar de lente quando muda o ambiente, essas se ajustam ao sol ou à sombra sozinhas. Além disso, melhoram o contraste e cortam 99,9% da claridade solar. www.zealoptics.com

Voando na montanha KITESNOW O CAMPEÃO MUNDIAL REMI MEUM MANDA UM SALVE PARA O SEU EQUIPAMENTO QUANDO SOBE AO PÓDIO

O campeão do kitesnow Remi Meum gosta de inovação

Meum era um habilidoso snowboarder até se tornar kitesurfista quando descobriu o esporte aos 15 anos. A nova prática esportiva lhe permitiu tirar seu equipamento das águas e levá-lo morro acima, onde obteve um impulso bem maior com o vento, dispensou o teleférico e descobriu novos lugares – em velocidades superiores a 100 km/h. Aos 28 anos, ele foi o pioneiro de manobras que ninguém pensava que fossem possíveis. É pentacampeão nacional em seu país, a Noruega, e também é dono de um título do mundial de kitesnow. Seu equipamento, incluindo os óculos de proteção com Bluetooth, evoluiu com sua habilidade. “Teve muita novidade nos últimos anos”, diz. “Hoje o esporte é mais seguro e confortável… O kit faz muita diferença na performance.” vimeo.com/remimeum

O QUE FAZ MEUM IR BEM LONGE

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CABRINHA EMPIRE SNOWBOARD “Desenvolvida para kitesnow, quase não tem curvas e melhora o controle quando se está tentando chegar ao limite.”

“Este capacete me salvou em mais de uma ocasião. É confortável e leve.”

“As cias. aéreas cobram pouco para levar sacolas de golfe, e esta acomoda duas pranchas, um trapézio e três velas.”

www.cabrinhakites.com

www.sweetprotection.com

www.cabrinhakites.com

CAPACETE TROOPER SWEET PROTECTION

CABRINHA GOLF BAG

THE RED BULLETIN

RUTH MORGAN

SNOW PRO

Olha só Um visor acoplado mostra velocidade, distância, temperatura e saltos, enquanto seu GPS mostra caminhos e mapas


AÇÃO!

NOITADA

FA Ç A O SEU TRÊS DICAS DE JULIEN DEFRANCE PARA ACERTAR NO DRINQUE

1

“Você não precisa ter um bar comple­ to em casa. Basta ter ingredientes suficientes para preparar um ou dois coquetéis clássicos.”

2

Julien Defrance, 34, é o mestre dos ­drinques na França

Bebendo como um rei na França

FABIEN BREUIL (5), SHUTTERSTOCK

FLORIAN OBKIRCHER

PARIS O COQUETEL FOI INVENTADO PELOS AMERICANOS, MAS EM PARIS ELE É MAIS GOSTOSO. O MIXOLOGISTA JULIEN DEFRANCE NOS CONTOU O PORQUÊ O que diferencia um bom coquetel dos outros? O cliente não pode sentir o gosto do álcool nem distinguir os ingredientes individualmente. “Um bom Cosmopolitan não tem gosto de vodca, licor de laranja (triple sec) e suco de cranberry. Tem gosto de Cosmopolitan”, afirma Julien ­Defrance. Com 34 anos, ele é o rei dos drinques na França. Cria coquetéis para os melhores ba­ res do mundo e a sua consultoria de drinques, ­Likidostyle, acaba de abrir uma nova filial em Hong Kong. No entanto, o viajante do mundo acredita que Paris seja a metrópole dos mix­ drinks. Por quê? Embora o coquetel tenha sido inventado durante a Lei Seca nos EUA, a França é imbatível em termos de diversidade – além de sua tradição em fabricar os melhores ingredien­ tes. “Um gole do Dry Curaçao de Pierre Ferrand tem gosto de laranja fresca”, diz Defrance. Aqui ele recomenda os bares que servem os melhores coquetéis na sua cidade natal. LIKIDOSTYLE www.likidostyle.com

THE RED BULLETIN

Dica: os drinques do L’upper Crémerie

DE GOLE EM GOLE OS MELHORES DRINQUES DE PARIS

PERSHING HALL

Ficou com vontade de ­tomar um drinque num ­ambiente com jardim? Só existe nesse bar, que agrada, com seus detalhes, ­­ à alta classe parisiense. 49 Rue Pierre Charron 75008

LE SECRET THE BISTROLOGISTE

Não é mais segredo o fato de este ser o melhor lugar de coquetel de Paris. Quem quiser tomar, uma vez na vida, um clás­ sico impecável, precisa ­conhecer o Le Secret.

“Quanto melhor forem os ingre­ dientes, melhor ­será o drinque. ­Sucos de quali­ dade e bons cham­ panhes, como o Dom Ruinart, não são baratos. Mas não economize, porque o gosto ­será outro.”

3

“Existem inúmeras maneiras de que­ brar o gelo para preparar um drin­ que. Na minha opi­ nião, o melhor jeito é enrolar o gelo num pano e quebrá-lo com um martelo.”

16 Avenue de Friedland 75008

L‘UPPER CRÉMERIE

Recém-inaugurado, o bar até o momento não fazia parte do circuito da vida ­noturna parisiense. Os coque­téis são deliciosos e o ambiente é especial, com jeito de loft psicodélico. 71 Avenue Marceau 75016

81


AÇÃO!

MALAS PRONTAS

NÃO FIQUE DE BOBEIRA APROVEITANDO LAS VEGAS

CORRA Ainda não encheu das Gs? Entre em um carro de 600 cavalos de potência estilo corrida de Fórmula Indy e freie a 300 km/h na pista. www.xperience days.com

Superman por sete minutos: esse é o tempo que você vai voar como estes caras na foto

Vamos flutuar   Z ERO GRAVIDADE  NUNCA CONSEGUIU SER UM ASTRONAUTA? MAL PODE ESPERAR PARA ENTRAR NA VIRGIN GALACTIC? EXPERIMENTE A FALTA DE GRAVIDADE DE UMA VIAGEM EM PLENO ESPAÇO

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www.montecarlo.com

FIQUE ATENTO LEVE A CÂMERA CERTA “Se você vai levar uma câmera, a GoPro, ou uma com alguma fivela para o peito, é perfeita”, diz Rapoza. “Ela libera as mãos e dá um ponto de vista incrível. Apenas ligue ela e esqueça enquanto tem a melhor sensação em toda a vida.”

Viagem galáctica

“Há outras experiências que vêm junto com a viagem”, diz Michelle Peters, da Zero Gravity Corporation. “ O G-Force One também voa em uma parábola que dá aos passageiros a experiência de uma gravidade marciana – de um terço do peso – e duas parábolas lunares, de um sexto do seu peso.”

RECARREGUE Faça um jantar ao ar livre diferente e coma a 15 andares de altura. Os cintos de segurança e assentos de corrida asseguram que você não desça até depois da sobremesa. www.dinner intheskylv.com

THE RED BULLETIN

AVENFOTO/BRYAN RAPOZA (2), GETTY IMAGES (2), SHUTTERSTOCK, REUTERS

Embarcar neste voo é a única forma de experimentar a ausência de peso sem tomar parte de uma missão espacial. “O seu coração dispara no momento em que você começa a flutuar, é diferente de tudo que já ­conheci”, diz o fotógrafo americano Bryan Rapoza, que foi em três voos parabólicos, em Las Vegas. “É como flutuar submerso, mas sendo capaz de res­ pirar.” Rapoza estava em um Boeing 727 chamado ­G-Force One, que voa em uma série de parábolas, um voo que faz uma trajetória em forma de arco. A 24 mil pés de altitude, o avião acelera, causando uma força de 1,8 G e fazendo com que os passageiros sintam o dobro do próprio peso. Então, por volta de 32 mil pés, o bico do avião aponta para baixo e ele nivela com o topo do arco. A força centrífuga exercida no avião anula a força gravitacional, e todo mundo dentro tem uma experiência de Os preços partem de ­ficar sem peso por cerca de 25 a US$ 4 950 + taxas. 30 segundos. “Cada parábola dura Os voos estão cerca de um minuto e eles repe­ disponíveis desde tem 15 vezes por voo, então você quatro localidades ganha sete minutos a zero G”, diz dos EUA, incluindo Rapoza. “Sempre sonhei em voar Las Vegas www.gozerog.com e isso me fez ter essa sensação.”

APOSTE Qualquer apos­ tador que quiser dar boa impressão nas mesas pode aproveitar os conselhos de especialista em craps e pôquer oferecidos no Monte Carlo.


AÇÃO!

EM FORMA

Sempre no limite  TRIATLO O AUSTRALIANO COURTNEY ATKINSON TREINA COM CISNES, UTILIZA SENSORES DE ESFORÇO E SEU CORPO FUNCIONA EM UMA ESPÉCIE DE PILOTO AUTOMÁTICO

Courtney Atkinson, triatleta de 34 anos, já participou de duas Olimpíadas e foi o campeão do Ironman nas Filipinas este ano

DAMIEN BREDBERG (2), SHIMANO

HERI IRAWAN

Em 2012, o tricampeão australiano de triatlo trocou a distância olímpica (1,5 km de natação, 40 km de ciclismo e 10 km de corrida) pelo Ironman (3,8 km/180 km/42,2 km) – uma vertente mais pesada do triatlo. “Treinar significa ir ao limite – mas é um limite que você tem que manter por bastante tempo”, diz Atkinson. “A velocidade significa pouco. O mais importante é a constância.” O treino diário de Atkinson inclui sessões de natação entre cisnes no Lago Hugh Muntz, na Gold Coast australiana, e treinos de corrida e de bike – utilizando um relógio com GPS e um medidor de potência. “Os equipamentos servem só para análise, porque você precisa sentir quando um treino está pesado demais mesmo sem a ajuda de equipamentos.”

M EDI DOR DE POTÊNCIA CONHEÇA O SENSOR DE ESFORÇO

Atkinson treinando na floresta: “Dá para treinar como poupar energia”

TREINE EM CASA “Não desperdice energia à toa durante a corrida”, diz Atkinson. “Quanto mais estável estiver o seu quadril, mais calmo será o seu estilo de corrida. Siga o meu exercício para treinar estabilidade.”

1

Colocar as mãos no quadril, levantar uma das pernas e, depois de 10 segundos, alterná-las.

Super-Homem: esticar os braços e manter a postura. Após 10 segundos, alternar pernas e braços.

Movimentar os braços como se estivesse correndo. Após 10 segundos, alternar as pernas.

2

FORÇA EM WATTS

É bom saber escutar seu corpo, mas sensores de esforço também podem ajudar com informações valiosas. “O medidor de potência Shimano 9000 está integrado à minha bicicleta e calcula meu esforço durante o treino em watts.” À noite, os resultados são analisados no computador.

THE RED BULLETIN

Manter esta posição sobre a bola, contrair os glúteos, segurar por alguns segundos e repetir 10 vezes.

Levantar a perna, segurar brevemente, 10 repetições. Dica: quanto mais baixa deixar, mais difícil fica.

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AÇÃO!

MINHA CIDADE Wicker Park

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3

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O artista Hebru Brantley encon­ tra inspiração no Wicker Park, em Chicago

“Fliperama e cerveja: como não gostar?” CHICAGO A ESTRELA DA CENA ARTÍSTICA DA CIDADE CONTA COM JAY-Z ENTRE SEUS CLIENTES, MAS HEBRU BRANTLEY MANTÉM OS PÉS NO CHÃO COM FLIPERAMA E BOA COMIDA Uma dieta rigorosa de desenhos animados no sábado de manhã, gibis e cultura de grafiti nas ruas da zona sul de Chicago colocaram Hebru Brantley no caminho do sucesso. Agora suas obras costumam ser arrematadas por grandes quantidades de dinheiro vindas da elite de colecionadores de arte – sendo uma adquirida por Jay-Z por US$ 25 mil. Brantley cresceu no bairro de Bronzeville, mas o seu trabalho o levou ao convívio da boemia chique em Wicker Park. A região nasceu sob o comando de proprietários de cervejarias europeias na década de 1870, mas atualmente é uma mistura de famílias, estudantes e criativos. Para Brantley, que tem 32 anos, é o melhor lugar para se divertir, tanto de dia como à noite. 84

CHICAGO É A MECA DOS ARTISTAS AMERICANOS

TOP 5 MEUS LUGARES FAVORITOS EM CHICAGO

1 THE VIOLET HOUR 1520 North Damen Avenue

“É para onde levo minha namorada. É bem discreto, com drinques muito bons e bom ambiente para conversar. Eles têm regras, como não permitir celular. É como quando você entra na casa de alguém e te mandam tirar os tênis. Você tira.”

PARA TODO MUNDO Um passeio sem pressa pelo bairro revela murais de tapetes de parede públicos. choosechicago.com

3 SAINT ALFRED 1531 North Milwaukee Avenue

“Na maioria das lojas, você vê jovens elitistas que são esnobezinhos do tênis. A St. Al é tranquila, tem clima de barbearia. Ali você entra e conversa.”

4 FILTER COFFEE SHOP 1373 North Milwaukee Avenue

LOFTS PARA ARTISTAS Lofts Brantley e diversos outros artistas de ponta têm um espaço por aqui – o prédio sempre está agitado com lança­ mentos e shows. lacuna2150.com

“É um espaço amplo. Nos últimos tempos, tem sido meu escritório. Posso desenhar e, às vezes, eu faço reuniões. Desenho qualquer coisa, preencho de três a quatro cadernos por ano.”

MUSEU DE ARTE MEXICANA 2 RODAN 1530 North Milwaukee Avenue

5 EMPORIUM ARCADE BAR 1366 North Milwaukee Avenue

“Eles exibem filmes bem obscuros na parede dos fundos e servem também uma boa variedade de pratos. Eu como apenas peixes e vegetais, e os Bao [sandu­íches] vietnamitas são meus preferidos.”

“Cara, lá eles têm videogames retrô por todos os lados! Fliperama e cerveja... como não gostar dessa combinação? Jogo muito NBA Jam e sou fã de Tartarugas Ninjas – passo muito tempo jogando lá.”

Uma das preciosi­ dades ocultas do mundo artístico tem arte contem­ porânea e arte­ fatos históricos. www.nationalmuseum ofmexicanart.org

THE RED BULLETIN

ANDREAS TZORTZIS

Wicker Park

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ARTE PURA

KRISTIE KAHNS, THE VIOLET HOUR, KAYLA M SMITH, RODAN, EMPORIU

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CHICAGO, EUA

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LAKE MICHIGAN

CHICAGO


AÇÃO!

MÚSICA

O TA L D O TWERK Bob Cornelius Rifo prefere o sintetizador à guitarra e veste uma máscara negra de herói dos quadrinhos nos shows. O som que ele faz com a The Bloody ­Beetroots é um punk do novo milênio. É pura energia: você pode dançar com ela e é mais pesada que a maioria dos rocks. Em 2009, o italiano de 35 anos emplacou seu primeiro hit com a música “Warp 1.9”. Ele hoje tem mais de 1 milhão de fãs no ­Facebook e grava no estúdio com Tommy Lee e Paul McCartney. Sim, você leu isso: o ex-Beatle gravou sua primeira música eletrônica para o segundo álbum do The Bloody Beetroots, Hide, que está nas lojas. Rifo conta a seguir quais músicas o inspiram, incluindo os Beatles.

Império vermelho: Bob Cornelius Rifo integra a dupla The Bloody Beetroots

No ritmo certo PLAYLIST DE BEATLES A BACH: O ROQUEIRO ELETRÔNICO DO THE BLOODY BEETROOTS REVELA OS DISCOS QUE MAIS O INFLUENCIARAM

1 Wendy Carlos

2 Refused

3 The Beatles

“Topei com esse som em uma loja de discos esquisita em Veneza. Fiquei maluco. Wendy Carlos, mais conhecida por compor a trilha sonora de Laranja Mecânica, interpreta a música de Johann Sebastian Bach em um moog. É muito insano e bem-feito. Me inspirou a realizar uma releitura eletrônica para a ‘Ave Maria’, do compositor alemão.”

“A energia do disco The Shape of Punk to Come é contagiante e parecida com o meu primeiro trabalho. Quando conheci Dennis Lyxzén, o vocalista do ­Refused, entendi por que somos parecidos. O que ele faz com as guitarras é o que eu faço com os sintetizadores. E também somos muito fãs do anarquista italiano Errico Malatesta.”

“Quando era criança, peguei esse disco da coleção dos meus pais por causa da capa divertida. Logo em seguida, aprendi a cantar todas as letras, como a de ‘Here Comes the Sun’. Foi uma honra enorme para mim trabalhar com Paul McCartney no estúdio, mas não disse isso a ele. Você precisa se conhecer ­durante a gravação de igual para igual.”

4

5

FLORIAN OBKIRCHER

Switched-On Bach

ENRICO CAPUTO, REUTERS

www.thebloodybeetrootsofficial.com

The Clash The Clash

“Tenho ‘1977’ tatuado no peito porque foi o ano em que nasci e também porque foi o ano em que o primeiro ­álbum do Clash deu início ao punk. Descobri o disco graças ao meu tio. Ele era baterista e me introduziu ao punk. Não consegui deixar de lado a energia que as músicas tinham. Ainda sou fascinado por esse som até hoje.”

THE RED BULLETIN

The Shape of Punk...

Herbie Hancock Future Shock

“Eu dançava break em 1997. Uma música que a gente dançava era ‘Rockit’, do ­álbum Future Shock. Soa atual até hoje e foi uma revolução na época de seu lançamento. É um marco do início da música eletrônica, em pleno ano de 1983. Eu queria trabalhar com Herbie, mas ele estava muito ocupado. Vou insistir e tentar de novo realizar esse sonho.”

Abbey Road

VOCÊ CONHECE ESSE REBOLADO, MAS O QUE VOCÊ SABE SOBRE A DANCINHA DA MILEY CYRUS?

G NG KIIN RK ER WE T TW 1 “Twerk” ingressou no Dicionário Oxford de inglês em agosto. A definição é: dançar música popular de forma sexualmente provocativa, ­incluindo movimentos de puxões do quadril e bumbum empinado.

2 O rapper DJ Jubilee foi o primeiro a usar o termo, em 1993. Ele canta “Twerk, Baby!”, em sua música “Do the Jubilee All”.

3

FO C O ES PEC IA L FAÇA VÍDEOS COMO UM PROFISSIONAL

SONY HDR-MV1 A câmera para músicos: com microfones profissionais e um sensor que produz ­imagens com mínimo ruído em uma boate ­escura. E ainda dá para subir sua gravação diretamente no YouTube via wi-fi. www.sony.com

Uma hora de rebolado queima ao menos 500 calorias, fazendo com que o twerk seja mais eficiente como exercício do que correr ou andar de bicicleta.

4 O twerk tem suas raízes na Costa do Marfim, onde um estilo de dança parecido, o mapouka, foi banido da TV por ser muito obsceno.

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AÇÃO!

CORRIDA

CANADÁ EUA MÉXICO

Correndo na Terra   W INGS FOR LIFE WORLD RUN  ACONTECE EM MAIO DO PRÓXIMO ANO EM 33 PAÍSES SIMULTANEAMENTE A PRIMEIRA CORRIDA GLOBAL. TODO MUNDO LARGA AO MESMO TEMPO, MAS SÓ UM SERÁ O CAMPEÃO

Inscreva-se em: www.wingsforlifeworldrun.com

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Onde

SÃO AS CORRIDAS?

Dos locais com vista para o mar à natureza selvagem, em es­tradas de asfalto ou de terra. À medida que o dia da ­corrida se aproxima, o site do Wings for Life World Run terá mais ­detalhes.

ANDREAS ROTTENSCHLAGER

39 CIRCUITOS 33 PAÍSES 1 LARGADA

Quem PARTICIPA?

Todos, desde atletas amadores até campeões olímpicos. Você precisa ter 18 anos ou mais para participar.

SPORTCOM.COM.AU

No domingo 4 de maio de 2014, às 10h TUC – manhã em Londres, meio da noite em Los ­Angeles, quase hora de dormir em Auckland –, a largada será dada para a Wings for Life World Run, uma corrida de resistência um pouco diferente do comum. Assim que o grupo da dianteira estiver correndo por 30 minutos, “carros perseguidores” partirão na caça dos mais lerdos, gradualmente aumentando sua velocidade. Quando um carro ultrapassa um corredor, ele, ou ela, estará fora da corrida. O vencedor é a última pessoa que persistir – a única pessoa do mundo que correu a essa ­velocidade. Independentemente de quem seja o primeiro ou o último na competição, todo mundo ajuda. O dinheiro arrecadado pela taxa de participação será revertido para a Wings for Life Foundation, voltada para pesquisas para a medula espinhal. David Coulthard, ­ex-piloto de F1, participará. “Nunca fui muito corredor”, ele diz, “mas definitivamente farei parte da Wings for Life Run. Devemos todos correr para ajudar quem não pode.”

PERU BRASIL CHILE ARGENTINA

THE RED BULLETIN


MÚSICAS PARA VENCER O PLAYLIST DE MARK WEBBER PARA CORREDORES DE LONGA DISTÂNCIA

Largada global 4 DE MAIO DE 2014, ÀS 10H (UTC)

PORTUGAL ESPANHA FRANÇA IRLANDA INGLATERRA NORUEGA SUÉCIA HOLANDA ALEMANHA SUÍÇA ITÁLIA POLÔNIA ESLOVÁQUIA ESLOVÊNIA ÁUSTRIA CROÁCIA UCRÂNIA ROMÊNIA GEÓRGIA

O piloto de F1 australiano de 37 anos é embai­ xador da fundação Wings for Life.

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FOO FIGHTERS “EVERLONG”

2

AUSTRÁLIA NOVA ZELÂNDIA

ÁFRICA DO SUL

Como Quando Pra que FUNCIONA?

Depois que os líderes de cada prova tiverem corrido por 30 minutos, o carro perseguidor começa a pas­ sar os retardatários. Assim que o carro ultrapassar o corredor, ele está fora.

THE RED BULLETIN

“Rock é uma mú­ sica perfeita para correr. Essa fica mais rápida na me­ dida em que ela vai rolando e as pernas acompanham.”

TURQUIA ÍNDIA TAIWAN COREIA DO SUL

ACABA?

A distância de cada corredor é registrada no ponto em que é ultrapassado pelo carro. Compare online com cada ­corredor que participou no mundo: “Quem no planeta foi melhor ou pior do que eu?”

ISSO TUDO?

Todo o dinheiro arrecadado será revertido para a fun­ dação Wings for Life, cujas pesquisas são direcionadas à cura da lesão na medula ­espinhal. www.wingsforlife.com

RED HOT CHILI PEPPERS “CAN’T STOP” “Um pouco mais devagar que o Foo Fighters, mas uma música muito boa para me fazer concentrar.”

3

THE PRODIGY “FIRESTARTER” “Simplesmente te dá uma dose ­extra de energia. É perfeita para a última parte da corrida, na hora do sprint final.”

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AÇÃO!

GAMES

Será que o novo Call of Duty será o game mais vendido?

APPS PARA JOGAR DIVERSÃO PARA iPHONE E iPAD

RPG THE SILENT AGE O homem certo no lugar errado com uma máquina do tempo portátil. Uma aventura fantástica.

MIND-BEND 868-HACK Um quebracabeças difícil, mas muito hipnotizante, com estilo retrô anos 1980.

Novo hit CALL OF DUTY COMO É ESPERAR UM NOVO GAME SER LANÇADO QUANDO FOI VOCÊ QUE FEZ? O lançamento de um jogo de videogame de sucesso é hoje um grande evento. Em setembro, Grand Theft Auto V teve, no primeiro dia de vendas, mais de US$ 800 bilhões em cópias, o maior número em todos os tempos. Os quatro melhores resultados anteriores foram os lançamentos dos games Call of Duty.

Um novo está para sair neste mês – Call of Duty: Ghosts. O que é divertido para os fãs é que a conta­ gem regressiva para o lançamento é difícil para os desenvolvedores. “Quando estamos fazendo compras ou em restaurantes, as pessoas notam nossas cami­ setas e nos fazem perguntas”, diz Tina Palacios, da empresa que fez Ghosts, chamada Infinity Ward. “É difícil manter o segredo. Não posso contar muita coisa diferente do que já revelamos.” Depois do lançamento também não é de folga, não. “Cuidamos de tudo para que os games estejam rodando direito. Mas é uma oportunidade rara.” www.callofduty.com/ghosts

Call of Duty: Ghosts lança no final de novembro para Xbox One e PS4 (veja abaixo)

B O X- O U T

Grandes designs

O JOGO DOS SONHOS DE QUEM AMA CARROS ESTÁ DE VOLTA Faz 16 anos (!) desde que o Gran Turismo redefiniu o que um jogo de carro poderia e deveria ser. Agora, Gran Turismo 6 acaba de lançar e rompe os ­limites do realismo. gran-turismo.com

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BATALHA CERCO SAMURAI Comandos ninja e exércitos de ­samurais contra as forças dos seus amigos em tempo real. Viciante.

FUTEBOL

O despertar das máquinas XBOX ONE VS. PS4: É GUERRA!

Para entrar na próxima fase dos games, a escolha é drástica: Xbox ou PlayStation. O antigo sensor do Kinect promete muito, o último tem um processador de gráficos mais encorpado. Nossa dica: compre os dois!!

SCORE! Assista e relembre jogadas, assis­ tências e gols que ­viraram clássicos e entraram para a história do ­futebol mundial.

KATRIN AUCH

Tina Palacios: como é fazer Call of Duty?

xbox.com e playstation.com

THE RED BULLETIN


AÇÃO!

NA AGENDA

C U RTAS E BOAS PARA FERVER EM DEZEMBRO

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TERÇA-FEIRA

KART Está confirmado no Kartódromo Beto Carrero World, em Penha, Santa Cata­ rina, a terceira Co­ pa das Federações de Kart. O evento reúne campeões e vices de campeo­ natos estaduais e regionais. www.fauesc.org.br

14 SÁBADO

FESTA A nova Arena Fonte Nova vai come­mo­ rar os 20 anos de carreira de I­ vete Sangalo. Do mega­ show, em Salvador, serão produzidos CD e DVD.

No S do Senna: Interlagos recebe o tetracampeão

22, 23 e 24/11, em São Paulo

É tetra no Brasil

www.ivetesangalo. com.br

Sebastian Vettel chega ao Brasil para coroar mais um ano voando alto com as máquinas mais rápidas do automobilismo mundial. A posição que a parada brasileira tem na agenda da F1 favorece grandes decisões, e neste ano vamos ver o piloto alemão se consagrar com o tetracampeonato mundial. Vai perder essa? Os ingressos estão à venda e você não pode perder.

21 SÁBADO

MUNDIAL

REUTERS (2), CHRISTIAN PONDELLA/RED BULL CONTENT POOL

gpbrasil.com.br

15/11, em São Paulo

30/11 e 1/12, em Maresias

Universitário A segunda etapa do Cir­ cuito Universitário de Surf vai acontecer em Maresias (SP). Ondas e muita festa estão no cardápio. www.ibrasurf.com.br

THE RED BULLETIN

De 8 a 17/11, em Curitiba

Vert Evolution

Picadeiro

Uma nova forma de fazer campeonatos de Skate ­Ver­tical: essa é a ideia do Red Bull Vert Evolution. A inter­a­ ção é total, com um sistema de notas no telão e no app do evento, que pode ser baixado gratuitamente. Os critérios de julgamento envolvem ­dificuldade da manobra, ­variedade e PCA (perfeição, continuidade e amplitude). www.redbull.com.br

O palco 360º do Cirque du Soleil chega a Curitiba. Ao sabor dos malabares, acrobatas, palhaços e mágicos, os paranaenses pode­ rão engordar a lista de mais de 6 milhões de espectado­ res pelo mundo que assis­ tiram ao espetáculo ­Corteo, que viaja atu­ almente pelo Brasil. Os ingressos variam de R$ 95 a R$ 640. cirquedusoleil.com.br

Será em Marrakesh a final do Mundial de Clubes da Fifa. Mas, caso se con­ firmem as expecta­ tivas e os favoritos avancem até a final, brasileiros e ale­ mães, torcedores de Atlético Mineiro e Bayern Munique, vão sintonizar a partida em muitas casas e bares. O estado de Minas Gerais deve se divi­ dir entre torce­ dores e secadores. www.fifa.com

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TÚNEL DO TEMPO Bananeira do Japão

GETTY IMAGES

Durante a década de 1810, estudiosos dos movimentos corporais pesquisavam a suposta superioridade do andar ereto dos japoneses. O japonês Gyokusho Terajima criou um conceito antagônico ­revolucionário: ele preferia percorrer distâncias usando todas as extremidades do corpo de forma igual. Essa ideia revolucionária continua viva nos esportes de hoje. Na foto: Gyokusho Terajima, que inventou a bananeira, na década de 1960.

O RED BULLETIN SAI NA SEGUNDA QUARTA-FEIRA DE CADA MÊS 90

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