UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL Rádio TV e Internet
Filipe Jesus Leonardo Rezende Willians Garcia Yuri César
MVP’s da Sociedade DOCUMENTÁRIO
São Paulo 2022
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Filipe Gabriel de Jesus – 22265261 Leonardo de Araújo Rezende – 22107681 Willians Delvin Garcia E. de Morais – 20676549 Yuri César Silva Vieira – 222087524
MVP’s da Sociedade
Trabalho de conclusão de Curso apresentado para o curso de Rádio TV e Internet, campus Liberdade, como requisito à obtenção da banca de qualificação do projeto. Orientador: Prof Me. Alexandre Henrique
São Paulo 2022
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FOLHA DE QUALIFICAÇÃO
Projeto qualificado em __/__/__ para obtenção do título de Bacharelado em Rádio TV e Internet.
Banca Examinadora do Projeto
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“Determinação silencia céticos” Kobe Bryant
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AGRADECIMENTOS
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SUMÁRIO
RESUMO ………………………………………………………………………..9 INTRODUÇÃO ………………………………………………………………...10 1 A PRODUTORA LEGÍTIMOS ……………………………………………..12 1.1 Missão, visão e valores ………………………………………………...13 1.2 Carômetro e Portifólio ……………………………………………….…14 1.3 Organograma ………………………………………………………….... 18 2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ………………………………………...…19 2.1 O que é o gênero documentário ……………………………………...19 2.2 História do documentário ……………………………………………...21 2.3 Documentário no Brasil ……………………………………………….. 23 2.4 Modos de documentário ………………………………………………..24 2.5 Documentário social ………………………………………………….... 26 2.6 Basquete …………………………………………………………………. 28 2.6.1 Projeto Social Esportivo ……………………………………………. 28 2.6.2 Terceiro Setor ………………………………………………………….31 2.6.3 Projeto social Família Astros ……………………………………….34 3 MVP’s da Sociedade ……………………………………………………...36 3.1 Sinopse ………………………………………………………………….. 37 3.2 Objetivo …………………………………………………………………. 37
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3.2.1 Objetivos específicos ………………………………………………. 37 3.3 Classificação Indicativa ………………………………………………..38 3.3.1 Classificação do Projeto …………………………………………….38 3.3.2 Público Alvo …………………………………………………………. 39 3.4 Mídias de Veiculação ……………………………………………….... 40 3.5 WatchESPN …………………………………………………………......40 3.6 Justificativa ………………………………………………………….....41 3.7 Argumento ………………………………………………………………43 3.7.1 Visão Original ………………………………………………………..45 3.7.2 Proposta do Documentário ……………………………………….46 3.7.3 Descrição dos Objetos …………………………………………….48 4 PROCESSO DE PRODUÇÃO ………………………………………....49 4.1 Pré - Produção ………………………………………………………..49 4.1.1 Definição de Personagens ………………………………………..50 4.1.2 Referências Estéticas ……………………………........................54 4.1.3 Cronograma ………………………………………………………...55 4.2 Produção ………………………………………………………………55 4.2.1 Execução de Planejamento ……………………………………....55 4.2.2 Descrição de Equipamentos de Áudio e Vídeo ………………57 4.3 Pós - Produção ……………………………………………………....58
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4.3.1 Decupagem / Ilha de edição ……………………………………...58 4.3.2 Grupo de Discussão ……………………………………………….58 4.3.3 Edição ………………………………………………………………..58 5 ORÇAMENTO …………………………………………………………...59 5.1 Tabela de Salários Audiovisual …………………………………...59 5.1.2 Tabela de Salários Produtora Legítimos……………………………..63
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS………………………………………..67 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS …………………………………68 8 APÊNDICES …………………………………………………………….73 9 ANEXOS ………………………………………………………………...73
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RESUMO
Projeto audiovisual do gênero documentário que será produzido pelos alunos do curso de Rádio TV e Internet da Universidade Cruzeiro do Sul. Com o objetivo de criar uma reflexão com público sobre o impacto causado na vida dos moradores de periferias por parte de projetos sociais ligados ao esporte, e apresentar o projeto social “Astros - Família Basketball”, originário da zona leste de São Paulo - Capital, bairro Vila Cisper, que incentiva a prática do esporte na modalidade basquetebol, na cidade de São Paulo, zona leste. O projeto utiliza das práticas, técnicas e ensinamentos adquiridos ao longo de quatro anos de curso somado a pesquisas direcionadas aos temas que serão abordados. Com isso, foi criado o projeto acadêmico de nome: MVP’s da Sociedade, que destaca personagens do projeto social e de que maneira o mesmo se tornou crucial em suas vidas.
Palavras-chaves: basquete; esporte; sociedade; projeto social; documentário.
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INTRODUÇÃO Estima-se no cenário brasileiro, que as Organizações não Governamentais (ONG’s) e projetos sociais tiveram início no século XIX. Entretanto, há informações de que foi fundada em 1543, aquela que se acredita ser a primeira organização sem fins lucrativos: Santa Casa de Misericórdia de Santos. As primeiras ONG’s surgiram nos anos de 1950 e 60, baseadas na educação primária, muitas delas vinculadas à igreja, que por sua vez, nos anos seguintes, vertentes diversas tiveram tal iniciativa. Segundo dados do IBGE1, publicado em 2016, foi catalogada a existência de 237 mil2 ONG’s. Porém, são números estimativos, já que projetos sociais acabam nascendo e findando suas atividades rapidamente. Dentre elas, temos o patrocínio governamental, a iniciativa privada, as próprias não-governamentais e também as organizações da sociedade civil, as chamadas OSCIPs. Os projetos sociais têm em seu intuito amparar, ajudar, promover o desenvolvimento social, cultural e econômico de determinada comunidade, grupos de indivíduos e também áreas esportivas, que é a área que este projeto intenta apresentar, como destaque o projeto social “Astros - Família Basketball”, apresentado a nós, por um dos documentaristas da produtora audiovisual universitária, Yuri César. Yuri tem grande destaque no projeto, pois também atua como um dos jogadores da equipe, equipe essa, que visa alçar vôos maiores, como poder participar de campeonatos oficiais da cidade, não mais no circuito amador. O projeto foi criado em 01 de Maio de 2010, por uma equipe amadora de basquete, com intenção de participar de campeonatos municipais, ganhando muitas das vezes. Mas, foi então que em 2015, a equipe notou ser necessário mais, tornando assim, um projeto social de fato, para promover a modalidade esportiva aos jovens da periferia, por conseguinte, não só o esporte, mas também atividades de desenvolvimento pessoal, formação de caráter, disciplina, dignidade, também fazem
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Disponível em: <https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/12869-asino-brasil-15-milhao-de-pessoas-trabalham-em-276-mil-fundacoes-privadas-e-associacoes-sem-fins-lucrativos> Acesso em:24, abr, 2022 2
Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101647.pdf> acesso em: 24, abr, 2022
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parte as atividades do projeto, criando assim uma tentativa de aumentar a qualidade de vida de indivíduos. A história se inicia no ano de 2022, na quadra de esportes do CEU Quinta do Sol no bairro Vila Cisper, na capital de São Paulo. O projeto social chamado Família Astros, trabalha os fundamentos do basquetebol e em contrapartida, proporciona o apoio e incentivo pessoal para o desenvolvimento de jovens que participam do projeto, bem como, o entorno da comunidade, no que o bairro e famílias necessitam, fazendo assim todo um trabalho de cidadania. Neste trabalho documental, será apresentado inicialmente a origem da Produtora Legítimos e suas diretrizes. Seguido pela fundamentação teórica, dado ao formato audiovisual escolhido em documentário, anexando também, a temática caracterizada em projeto social. Nesse mesmo item, o cerne principal, que é o nome do documentário: MVP’s da Sociedade, que faz um paralelo do âmbito esportivo, da modalidade basquetebol, entrelaçando a ascensão dos personagens oriundos da periferia, os que procuram alçar suas carreiras no esporte, e os que trabalham no projeto para dar amparo ao bairro e seus moradores. No complemento da estrutura da bíblia, temos a abordagem de veiculação e exibição, assim como os processos técnicos de organização e produção.
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A PRODUTORA LEGÍTIMOS Criada no ano de 2022, no primeiro semestre, a Legítimos é composta por quatro integrantes estudantes de Rádio, TV e Internet da Universidade Cruzeiro do Sul. A palavra legítimos se origina do Latim, Legitimus: “aquele que segue uma lei” e, temos seu nome inspirado nas raízes do que entendemos ser a essência do Rádio e TV e a criação do conteúdo audiovisual em sua legitimidade. Nossa marca é representada pela inicial do nosso nome, traduzindo a simplicidade e objetividade da produtora, a letra “L” está ligada diretamente aos nossos valores, enfatizando a liberdade e lealdade entre nós integrantes.
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MISSÃO Atribuir os conhecimentos acadêmicos para servir. Desenvolver trabalhos audiovisuais de acordo com a demanda, oferecendo qualidade e criatividade, de maneira a somar no cenário de rádio e tv, com o diferencial da produtora, que visa potencializar o contratante.
VALORES Liberdade de expressão - Além de falar, saber ouvir, prezamos pelo diálogo construtivo em busca de resoluções para ideias e decisões, formando um ambiente onde todos são livres para colocar suas metodologias em pauta. Respeito ao Próximo – Mesmo com opiniões adversas, saber respeitar ideias e
métodos.
É
nossa
chave
para
um
profissionalismo
sólido
e
melhor
desenvolvimento relacional. Confiança Mútua – Nós como produtora, acreditamos que a confiança em cada um de nossos setores, enfatiza nossa união e coloca nosso potencial em prática para uma melhor execução de tarefas. Portanto, confiar um no outro desperta o que há de melhor em nós.
VISÃO Transformar ideias e conceitos em obras expressivas, usufruindo dos recursos de comunicação para elaborar conteúdos audiovisuais. .
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2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 2.1 O que é documentário Tão como percebemos a intenção de provocar uma reação direta, do público alvo que irá consumir um produto audiovisual, também notamos a visão artística do autor, ao nos depararmos com a expressão intencional de uma realidade exibida na tela de cinema, através da exibição de uma obra documental apresentada como não ficção. De acordo com Bill Nichols, documentário trata-se de uma “visão do mundo”, de um ponto de vista, apresentando a realidade projetada na mente do cineasta, que por sua vez terá o intuito de esperar uma reação específica do público ao exibir essa realidade. Tal direcionamento de reprodução de uma obra documental é visto por Bill Nichols como ainda mais importante se comparado ao conceito de fidelidade com a representação da mesma. Representa uma determinada visão do mundo, uma visão com a qual talvez nunca tenhamos deparado antes, mesmo que os aspectos do mundo nela representados nos sejam familiares. Julgamos uma reprodução por sua fidelidade ao original - sua capacidade de se parecer com o original, de atuar como ele e de servir aos mesmos propósitos. Julgamos uma representação mais pela natureza do prazer que ela proporciona, pelo valor das idéias ou do conhecimento que oferece e pela qualidade da orientação ou da direção, do tom ou do ponto de vista que instila. Esperamos mais da representação que da reprodução. (NICHOLS, 2010, p.46) Arlindo Machado (2011) defende que em filmes documentários, o público pretende vivenciar aquela realidade expressa na tela como verdadeira, em contrapartida aos filmes de ficção, que não apresentam relevância ao fato da história ser verídica ou não para que aquele filme possa cumprir sua função de entreter ou informar .
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Mas se a ficção pode ser definida como a suspensão da descrença (uma história fictícia não pode ser considerada verdadeira ou falsa: ela é o que é e ponto final), espera-se que, no documentário, assim como no telejornal, as coisas se passem de forma diferente, ou seja, eu preciso acreditar na veracidade daquilo que estou vendo e ouvindo. (MACHADO, 2011, p.7) Observamos documentário como uma tentativa de captação de signos da realidade a fim de se construir uma narrativa, que por sua vez terá a intenção de dar voz de autoridade para levantar questões sobre o mundo. Machado atribuiria como “puros” os documentários apresentados sem a interposição de um realizador (MACHADO, 2011, p.10), defende que a intenção por trás da produção de um documentário é peça fundamental para sua essência. Aliás, um documentário puro seria algo inimaginável, pois sempre há a interposição da subjetividade de um (ou mais) realizador(es), sempre são feitas escolhas, seleções, recortes e é inevitável que essas mediações funcionem como interpretações. Para o bem ou para o mal. Na verdade, o documentário puro nem é desejável, pois seria algo insípido, incolor e inodoro, além de inútil, e, como vimos acima, a própria noção de documento depende de um engajamento da parte de quem lida com ele. (MACHADO, 2011, p.10) Deste modo é válido de se considerar a enfática, quanto a importância da linguagem audiovisual já dominada pelo cineasta ser utilizada de maneira intencional, a fim de se defender uma ideia, uma visão de mundo, uma ideologia, etc. Ao se perceber quais são as possibilidades de direcionamento quanto ao desenrolar de uma narrativa, que por sua vez, irá levantar reflexões e questionamentos sobre o mundo e suas ideias, durante a produção de um documentário preferencialmente, adiantada e bem planejada em seus processos, aprimora-se significativamente a qualidade apresentada no produto final.
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2.2 História do documentário A primeira vez em que o termo “Documentário” foi utilizado, está registrado em uma crítica de cinema realizada pelo produtor John Grierson em 1926, o filme que estava sendo avaliado chama-se “Nanook, o esquimó” estreado em 1922. Mas a linguagem do que se conhece hoje como documentário só surgiria com os filmes de Robert Flaherty, nos anos de 1920, quando, ao visitar pela terceira vez uma comunidade de esquimós localizada no norte do Canadá, ele se encantou com os indivíduos e criou aquele que é considerado o primeiro filme de não ficção, Nanook, o esquimó (1922). Os filmes de Flaherty – Nanook e Moana (1926) – inspirariam a célebre crítica escrita pelo produtor e também documentarista inglês John Grierson e publicada no New York Sun em 8 de fevereiro de 1926, em que foi usado pela primeira vez o termo documentary (ou “documentário”), inspirado na palavra francesa documentaire, que denominava os filmes de viagem. (LUCENA, 2012, p.8) Podemos afirmar que toda a história do cinema começou com os irmãos Lumière em 1895, mas o gênero documentário, para chegar ao formato que conhecemos hoje em dia, passou por várias transformações. Uma das obras que se assemelha à estrutura que conhecemos atualmente, foi realizada em 1922 com o filme "Nanook, o esquimó”, do diretor de Robert Flaherty, onde conta a história de uma família que vivia no Alaska. Após muito tempo filmando e com o filme pronto para exibição, um incidente ocorreu e assim ocasionou em novas filmagens. Essa segunda versão contava apenas com um personagem levando sua vida normalmente, mostrando sua realidade, portanto, esse conceito de se fazer cinema foi se popularizando ao longo do tempo e se aprimorando com novas histórias e perspectivas de retratação da verdade. A produção de um documentário, em paralelo, sempre acompanhou os avanços tecnológicos, com novos equipamentos e formas de se contar uma história, em 1929, o diretor Dziga Vertov, fez o filme “O homem com a câmera”, o filme que revolucionou as técnicas de construção de um documentário, ultrapassou fronteiras
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já conhecidas em outras obras, trazendo narrativas únicas que levaram Vertov a produzir cada vez mais outras desafiadoras, com aspectos diferenciados. Sonham com o microscópio para deixá-los ver fenômenos invisíveis, eles inventaram o telescópio, agora eles aperfeiçoaram a Cinecamera para penetrar mais profundamente no mundo visível, para explorar e registrar fenômenos visuais para que o que está acontecendo agora, que terá que ser levado em conta no futuro, não é esquecido.(DZIGA VERTOV - 1918-1954)
magiadoreal.blogspot.com Na década de 60, após a guerra na Europa, se construiu um movimento de produções documentais chamado Cinema Verité, que trazia uma abordagem de intrusão em suas obras, expressando assim, seu ponto de vista de forma interativa na narrativa do filme, e esse tipo de proposta audiovisual, acabou sendo adotada por outras produtoras em várias partes do mundo, tornando o Verité uma referência na maneira de se contar uma história real. Na década seguinte, os anos 70 foram um marco no cenário audiovisual, com a chegada das câmeras digitais, um produto revolucionário que realizava gravações com uma melhor captação de imagem, ou seja, esses equipamentos já não estavam mais nas mãos de grande cineastas, qualquer pessoa que tivesse acesso a essas equipamentos por meios financeiros, poderia criar seu próprio documentário, pois tudo foi ficando mais fácil de se manusear. Portanto, o gênero acabou passando por uma popularização, nisso, já estava consolidada a concepção do que era ficção e não ficção. Já com a chegada dos anos 90, a indústria televisiva estabeleceu um
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novo ambiente de produções com o surgimento da tv a cabo, um universo televisivo, mas com diferenças da tv aberto relacionados aos conteúdos apresentados, com isso, novas emissoras surgiram enriquecendo o cenário documental e aumentando a demanda de conteúdos audiovisuais. E por fim, os anos 2000 são marcados como a “era do audiovisual”. As plataformas de streaming como Netflix, Amazon, HBO Max entre outras, se estabeleceram de uma maneira tão rápida e com uma alta qualidade de produção que atualmente são os veículos mais procurados para a distribuição de documentários. Ainda que os dados mostrem que o cenário documental tenham uma audiência menor em comparação aos outros segmentos de audiovisual, essa é a melhor era para se produzir um documentário, pois com a facilidade que os equipamentos tecnológicos trazem, a história é construída de maneira mais objetiva sobre o tema proposto. Mas o desenvolvimento de um documentário, sempre terá como fundamento os métodos criados ao longo da sua história, pois o documentário faz a história, mas a história faz o documentário.
2.3 Documentário no Brasil Assim como o nascimento do primeiro cinema da história ter sido para a exibição de um filme do gênero documentário “A chegada do trem na estação”(1895), na França, produzido pelos irmãos Lumière, de acordo com Gonçalves (2007), as primeiras exibições de cinema no Brasil ocorreram no final do século XIX, realizadas por Pascoal Segreto, imigrante italiano, que realizava exibições das belezas regionais brasileiras. Numa dessas viagens, Afonso Segreto, irmão de Pascoal, realizou a primeira imagem do cinema brasileiro, filmando a Baía da Guanabara, no Rio de Janeiro, a bordo do navio “Brésil”, que retornava de Paris.(GONÇALVES, 2007, p.80) O cinegrafista costumava viajar para cidades onde se encontravam os mais atuais estudos sobre cinema no mundo, no caso, duas grandes metrópoles da época: Nova York e Paris, trazendo novidades sobre o cinema ao Brasil
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(GONÇALVES, 2007, p.80). Segreto tinha o interesse em produzir filmes de ficção, porém já sabendo de que se tratavam de produções de alto custo, juntava recursos arrecadados nas exibições de documentários para financiar a produção das futuras obras ficcionais. Devido à falta de infra-estruturas nas cidades brasileiras, durante as décadas de 10 e 20, predominou a produção de um cinema natural, com a produção de documentários e cine-jornais a fim de levantar recursos para a produção de filmes ficcionais.(GONÇALVES, 2007, p.80) Logo no começo do século XX, as câmeras de filmagem se tornaram uma ferramenta de pesquisa antropológica de uso recorrente, onde registrava-se a realidade de outras regiões e costumes, tais filmagens agregaram muito ao gênero documentário pois apresentavam uma realidade muitas vezes desconhecida ao povo brasileiro urbano. A obra “Rituais e Festas Bororo (1917)”, filme documental que mostra a realidade de povos indígenas, foi considerada pela crítica cinematográfica um dos primeiros casos de sucesso do cinema brasileiro, além de ter sido um dos pioneiros no cinema antropológico mundial (GONÇALVES, 2007, p.81).
2.4 Modos de documentário Bill Nichols contribui substancialmente com os estudos sobre o gênero audiovisual documentário, argumentou em sua obra, “Introdução ao Documentário” (2010), a evidente necessidade de se admitir a existência da voz intencionada de um diretor ou produtor de documentário ao apresentar uma realidade aparentemente crua e inalterada. De acordo com Nichols, tal forma de se apresentar uma realidade e causar uma reação ao público, pode ser categorizada e dividida em uma denominação chamada “modos”. Existem atualmente ao todo seis modos de documentário: poético, expositivo, observativo, participativo, reflexivo e performático.
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Modo poético: enfatiza associações visuais, qualidades tonais ou rítmicas, passagens descritivas e organização formal. Exemplos: A ponte (1928), Song of Ceyloti (1934), Listen to Britain (1941), Nuit et brouillard (1955), Koyaanisqatsi (1983). Esse modo é muito próximo do cinema experimental, pessoal ou de vanguarda. Modo expositivo: enfatiza o comentário verbal e uma lógica argumentativa. Exemplos: The plow that broke the plains (1936), Trance and dance in Bali (1952), A terra espanhola (1937), Os loucos senhores (1955), noticiários de televisão. Esse é o modo que a maioria das pessoas identifica com o documentário em geral. Modo observativo: enfatiza o engajamento direto no cotidiano das pessoas que representam o tema do cineasta, conforme são observadas por uma câmera discreta. Exemplos: A escola (1968), Salesman (1969), Primárias (1960), a série Netsilik eskimos (1967-1968), Soldier girls ( 1980). Modo participativo: enfatiza a interação de cineasta e tema. A filmagem acontece em entrevistas ou outras formas de envolvimento ainda mais direto. Frequentemente, une-se à imagem de arquivo para examinar questões históricas. Exemplos: Crônica de um verão (1960), Solovetsky vlast (1988), Shoah (1985), Le chagrin et la pitié (1970), Kurt e Courtney (1998). Modo reflexivo: chama a atenção para as hipóteses e convenções que
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regem
o
cinema
documentário. Aguça nossa consciência da
construção da representação da realidade feita pelo filme. Exemplos: O homem da câmera (1929), Terra sem pão (1932), The ax fight (1971), The war game (1966), Reagrupamento (1982). Modo performático: enfatiza o aspecto subjetivo ou expressivo do próprio engajamento do cineasta com seu tema e a receptividade do público a esse engajamento. Rejeita idéias de objetividade em favor de evocações e afetos. Exemplos: Diário inconcluso (1983), História e memória (1991), The act of seeing with ones own eyes (1971), Línguas desatadas (1989), e reality shows da televisão, como Cops (um exemplo vulgar). Todos os filmes desse modo compartilham características com filmes experimentais, pessoais e de vanguarda, mas com uma ênfase vigorosa no impacto emocional e social sobre o público. (NICHOLS, 2010, p.62)
2.5 Documentário social Baseando-se no conceito que um documentário se trata de um documento audiovisual, é importante estabelecer que a produção desse documento, é retratada única e exclusivamente pela visão de quem o produz. Lembrando também que um documentário não necessariamente representa a realidade como ela literalmente é, pois, diante do diversos modos de documentário (como os clássicos existentes:
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expositivo, observativo, reflexivo, performático, participativo e poético), no momento em que o documentarista propõe criar uma narrativa, está sendo ali criada também um registro parcial e subjetivo da realidade, já que ao pretender executar a obra audiovisual, seu criador quer que nela, contenha a visão que ele quer que o público tenha. Embora a narrativa seja do documentarista, há ali, a exposição, a exploração do tema, de maneira que aquela realidade é de fato real, porém, faz-se necessário se aprofundar no universo abordado. Importante ressaltar a diferenciação entre documentário e jornalismo. No jornalismo, entende-se ser uma reportagem, no sentido real de reportar um fato, mas ainda assim, um tanto quanto imediatista. Há quem caracterize o documentário, também como um braço do jornalismo: O professor Antônio Brasil, em seu artigo Crônica de uma morte anunciada, publicado no quadro Qualidade na TV, do site Observatório da Imprensa, aponta o Globo Repórter como um exemplo de produção documental jornalística de sucesso. Segundo ele, o programa surgiu em um período de revolução do país, sob alvo da censura imposta pela ditadura militar e se tornou uma das principais escolas de formação profissional e realização de documentários. Brasil afirma que: ``Março de 1973: era o início do Globo Repórter, um dos programas jornalísticos mais antigos da nossa TV.'' (2002, p.1) De tal forma que o documentário, é capaz de trazer essa exploração, provocar sentimentos diversos em quem o consome. É por esse meio que, usando dos modos de documentário, fica possível expressar tais sentimentos. Instigar o espectador que aquilo que está sendo visto, precisa de uma atenção maior, precisa tornar-se notável numa maior escala, precisa ser abordado com o devido cuidado, respeito, compreensão. Ou até mesmo reverenciar, comemorar, transmitir a alegria diante de um evento, conquista ou trabalho, por exemplo. Nessas vertentes dos modos,
ressalta-se
ainda, tipos distintos de documentários: investigativos,
televisivos, culturais, de compilação, de bibliografias, lugares, sociais, entre outros. Quando falamos de documentário, parece ser latente ao audiovisual a temática social. Querer retratar a realidade, uma situação, dar voz a alguém, uma comunidade, um nicho, é praticamente um chamado do documentarista.
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“O social bate à porta do audiovisual3: o debate sobre violência urbana a partir do documentário Notícias de uma guerra particular”, de Gustavo Souza pretende a partir do filme Notícias de uma guerra particular (de João Moreira Salles e Kátia Lund, 1999), traçar uma discussão sobre o estado de violência urbana no Brasil. É com o vídeo documentário que se pretende trazer à luz, setores da sociedade que estão à margem, mas quem vive aquela situação, acaba não tendo muita visibilidade, voz, oportunidades de prosperar. Com isso é possível fortalecer uma mobilização social, angariar recursos, chamar atenção de algum patrocínio privado ou governamental. Não só isso, despertar no indivíduo que assiste, uma concepção outrora ignorante daquele assunto abordado, mas que foi esclarecida, proporcionando uma sensibilidade, um entendimento, um sentimento de empatia, uma vontade de mobilizar auxílios, fazer parte daquilo. É através de um documentário, que a produtora Legítimos pretende dar visibilidade aos personagens, que têm seu potencial esportivo, por tratar de um projeto social que leciona a prática do basquetebol e, que transmite valores humanos, propiciando desenvolvimento social e pessoal aos envolvidos. Expandir a “Família Astros”, de maneira a obter maiores recursos, permitir que seu time amador possa se elevar ao status profissional. Ser os olhos e corações daqueles que estão em vídeo, e difundir à sociedade, que o basquete já se estabeleceu no mainstream e que o esporte, assim como tantas modalidades existentes, merece o devido apoio. O documentário social é capaz de expurgar preconceitos, de proporcionar ao público a mesma alegria e prazer de quem já está inserido naquele meio, que mesmo com dificuldades, projetos sociais existem para dignificar a humanidade, dar alento ao jovem que sonha, mas que não tem parâmetro de onde começar. É com o documentário social que a balança da desigualdade fica um pouco mais equilibrada, mas que pode melhorar muito as vidas dos membros do projeto, alçando-os para o mundo, sabendo que existem e que não estão sós.
2.6 Basquete
Freire, Marcius, and Manuela Penafria. "Documentário social e político." DOC On-line: Revista Digital de Cinema Documentário 8 (2010): 2-3. 3
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O Basquete se iniciou como uma forma de atrair os estudantes da escola A.C.M de Springfield, em Massachusetts, nos Estados Unidos. O responsável por criar um esporte que fosse competitivo e atraente para ser praticado em local fechado, foi o canadense James Naismith, em 1891. O professor formado em educação física estava na escola para lecionar sua matéria, então foi incumbido de criar esse esporte para ser algo coletivo entre os alunos, em seus relatos, a prática se iniciou de forma básica e simplificada, com uma bola de futebol e uma cesta de pêssegos improvisada. O esporte já poderia ser praticado, mas para ser mais organizado de acordo com as diretrizes impostas pela diretoria do colégio, Naismith criou 13 regras para a prática do esporte, regras essas que foram utilizadas durante 50 anos após a criação do esporte e com a evolução dele, foram atualizadas. As regras são as seguintes: 1 - A bola poderá ser lançada em qualquer direção, com uma ou com as duas mãos; 2 - A bola poderá ser golpeada com uma ou duas mãos em qualquer direção, mas nunca com os punhos; 3 - Os jogadores não poderão correr com a bola nas mãos. Devem lançá-la da mesma posição de onde a receberam. Pode ser concedida uma certa tolerância a um jogador que recebe a bola em movimento; 4 - A bola poderá ser segurada por uma ou por duas mãos, mas nem os braços ou outra parte do corpo poderão ser utilizados para retê-la; 5 - Será proibido golpear o adversário com os ombros, puxar, empurrar ou impedir sua movimentação. Toda infração a esta regra será falta. Em caso de repetição, o jogador reincidente será eliminado até que seja marcada uma nova cesta. Se houver a intenção de lesionar o adversário, o jogador será eliminado por todo o jogo, sem que se permita a substituição; 6 - Golpear a bola com os punhos será uma falta, como as violações descritas nas regras 3 e 4 e se aplicará a penalidade descrita na regra 5; 7 - Se uma equipe cometer três faltas consecutivas (sem que a outra equipe tenha cometido falta no mesmo lapso de tempo), um ponto será anotado em favor da equipe adversária; 8 - Será considerado ponto quando a bola for lançada ao cesto e nele entrar, caindo no solo. Se a bola tocar o aro e os defensores movimentarem esse aro, será marcado um ponto para a equipe atacante;
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9 - Quando a bola sair do campo ela deverá ser reposta no meio da quadra pelo mesmo jogador que a tocou para fora. Se houver dúvida o árbitro deverá lançá-la ao alto no interior do campo de jogo. O jogador terá cinco segundos para repor a bola em jogo. Se retiver a bola por mais tempo a lateral será dada à equipe adversária. Se uma equipe retardar intencionalmente o reinício do jogo será penalizada com uma falta; 10 - O árbitro principal julgará as ações dos jogadores e marcará as faltas. Quando um jogador cometer a terceira falta poderá ser desclassificado, aplicando–lhe as penalidades da regra 5; 11 - O segundo árbitro toma as decisões relacionadas à bola e indica quando ela estará em jogo, quando sai e a quem deve ser entregue. Ele será o cronometrista e decidirá se houve ponto. Será também o responsável pela contagem dos pontos; 12 - A partida será disputada em dois tempos de 15 minutos, com intervalo de 5 minutos; 13 - A equipe que marcar o maior número de pontos será declarada vencedora. Em caso de empate, a partida, em comum acordo entre os capitães, poderá ser prorrogada até que novo ponto seja marcado. Já com as regras estabelecidas, a primeira partida ocorreu em 21 de setembro de 1891, com 2 times em quadra, cada time contava com 9 jogadores. A partida teve uma duração de 2 tempos de 15 minutos e terminou com o placar de 1 a 0, pois somente o jogador William R Chase conseguiu pontuar na partida. No Brasil, o Basquete chegou em 1896, trazido por um missionário americano chamado Augusto F. Shaw, para o colégio Mackenzie em São Paulo. Logo após, Oscar Thompson levou o esporte até a escola Normal da Praça, também em São Paulo e, de forma lenta, o esporte começou a se espalhar em solo brasileiro. Com o esporte já consolidado no país, o primeiro clube surgiu no Rio de Janeiro, formando assim vários outros clubes, então surgiu a primeira liga de basquete no Brasil que foi conquistada pelo Flamengo. Como esporte já era modalidade olímpica e estava em grande ascensão no mundo, foi criada a liga americana principal de basquete norte americana, mais conhecida como NBA (National Basketball Association) em 1946, já com algumas modificações nas regras, como a redução de 9 para 5 jogadores em quadra e a posse de bola do time durar apenas 24 segundos. Os jogadores foram se adaptando
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e ficando ainda mais habilidosos na prática do esporte, grandes nomes se destacaram por atuações majestosas e escreveram seus nomes na história do esporte, jogadores que são venerados até hoje no hall da fama no basquete mundial. Alguns jogadores do hall da fama do basquete: Michael Jordan (USA) Magic Johnson (USA) Kareem Abdul-Jabbar (USA) Wilt Chamberlain (USA) Larry Bird (USA) Shaquille O'Neal (USA) Allen Iverson (USA) Yao Ming (China) Ubiratan Machado (Brasil) Hortência Marcari (Brasil) Oscar Schmidt (Brasil) Contudo, hoje o Basquete é um produto mundial que atrai milhões de amantes pelo esporte, com uma cobertura midiática milionária derivada entre marketing de produtos, transmissão de jogos, eventos, arenas grandiosas, etc. Mesmo a NBA sendo o foco principal, existem diversas ligas de potencial pelo mundo, como por exemplo a NBB (Novo Basquete Brasil), que conta com jogadores de alta qualidade e grandes clubes como Flamengo, Bauru, França, São Paulo, entre outros. O Basquete é um exemplo de como uma premissa simples, mas bem estruturada pode se tornar algo grandioso sem perder sua essência. Essa modalidade por ser tão atrativa, se tornou algo que aproxima e abrange também outras culturas, como a música (Hip Hop), dança (Break Dance) e também o jeito de se vestir, pois com a popularização do esporte, muitas vertentes saíram das comunidades americanas e são um estilo de vida até os dias de hoje, desde um tênis cano alto de marca, até uma camiseta longa de um time de basquete. Mas a representação que o Basquete tem na sociedade, pode ser um divisor de águas na vida de muitas pessoas, pois com esse esporte ligado à educação e lazer, surgem novas oportunidades de vida e carreira para aqueles que o praticam.
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2.6.1 Projeto Social Esportivo Levantando problemáticas sobre a real efetividade no desenvolvimento educacional dos indivíduos que participam de projetos sociais esportivos, analisamos
as
reflexões
resultantes do processo metodológico “entrevista
semiestruturada” (MACHADO e col., 2015, p.2) expressas no artigo Pedagogia do Esporte e Projetos Sociais: Interlocuções sobre a Prática Pedagógica. Porto Alegre, 2015, realizado pelos autores Gisele Viola Machado, mestre em Educação Física (2012);
Larissa Rafaela Galatti, doutora em Educação Física (2010); e
Roberto Rodrigues Paes, doutor em educação física (1996), todos formados pela Universidade Federal de Campinas (FEF/UNICAMP). Considerando a didática durante uma orientação esportiva, que gira em torno de diversos
aspectos
educacionais, tais como metodologia e disciplina aplicada na prática, Gisele Machado defende que a real efetividade em transformações sociais se deve a esses aspectos, caso contrário, levantando de forma direta, poderia se tratar basicamente da ocupação do tempo dos praticantes de uma atividade social esportiva (MACHADO e col., 2015), inibindo os resultados de desenvolvimento que tal atividade tende a se auto classificar. O trato com o esporte nos projetos sociais é, de forma recorrente, usado como bandeira de transformação social, com forte apelo político na medida em que esporte e educação são popularmente associados. No entanto, o esporte contribuirá com o processo educacional no cenário dos projetos sociais quando for intencionalmente organizado, sistematizado
e
aplicado
com
o
fim
de
fomentar
o
pleno
desenvolvimento de seus participantes, e não apenas mantê-los ocupados. (MACHADO e col., 2015, p.415) Levamos em consideração a importância da metodologia necessária por parte dos instrutores durante a orientação e prática de atividades esportivas e recreacionais, para assim garantir solidez ao argumentar sobre a possibilidade de desenvolvimento social e educacional do indivíduo por parte de um projeto social esportivo.
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2.6.2 Terceiro Setor A história da utilização desse termo é originária do inglês Third Sector, que na década de 70 começou a ser utilizado nos Estados Unidos para separar instituições econômicas, ou seja, tudo o que consideramos como Terceiro Setor, são organizações paraestatais, entidades não governamentais sem fins lucrativos e que atuam por iniciativa própria exercendo atividades de interesse público. Essas instituições recebem esse nome de “paraestatais”, pois não são administradas pelo poder público, mas suas ações contam com recursos disponibilizados pelo estado. Temos como exemplos de entidades que fazem parte do Terceiro Setor o Sesi, Senac e Senai, que são serviços autônomos, organizações sociais (OS) quando uma pessoa jurídica do setor privado atua sem fins lucrativos com base em um contrato de gestão proporcionado pelo poder público, as organizações sociais civis de interesse público (OSCIP) como ONGs e projetos sociais e também entidades de apoio, que são fundações que apoiam institutos e faculdades em projetos de pesquisa. O que as distingue são, entre outras características, a preocupação com o pleno exercício da cidadania, a militância e o ativismo, a resistência, a capacidade de mobilização em prol de questões ligadas ao meio ambiente, aos direitos humanos e às minorias (portadores de HIV, mulheres, negros, crianças obrigadas a trabalhar, etc.), a determinação de não compactuar com a visão burocrática da questão social, o compromisso com o resgate dos valores humanos. (BOUDENS, 2000, p. 7) No Brasil, o termo começou a tomar uma magnitude maior em 1990 para atender algumas necessidades da sociedade onde os recursos de projeto do poder público não suficiente, portanto, através de parcerias e contratado concedidos pelo estado, entidades sem fins lucrativos atendia a essas demandas de interesse público coletivo para também se beneficiarem com os termos dessas parcerias. De acordo com Emile Boudens, citando Modesto:
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Terceiro setor é o conjunto de pessoas jurídicas privadas de fins públicos, sem finalidade lucrativa, constituídas voluntariamente por particulares, auxiliares do Estado na persecução de atividades de conteúdo social relevante, que investem em obras sociais a fundo perdido. (BOUDENS, 2000, p. 5, apud MODESTO, 1998, p. 61)
Podemos afirmar que com a conceituação desse termo, as entidades mudaram a forma significativa a maneira que tais demandas na sociedade tivessem um apoio socioeconômico mais amplificado, no período de surgimento do termo, as prioridades eram voltada basicamente para alimentação e saúde, mas com o aumento na criação de novas estatais e uma demanda de ser tornou ainda maior, outros segmentos tiveram uma atenção maior onde o poder público não conseguia atuar, dessa maneira, passaram a ser trabalhos outros quesitos de necessidade da população como direitos sociais, educação, cultura, meio ambiente, participação nas políticas públicas, e prática da gestão social e cidadania.
2.6.3 Projeto social Família Astros O Astros Família Basketball4, surgiu na Zona Leste de São Paulo, a partir do interesse de um grupo de amigos em participar de torneios de Basquete. Assim, no dia 01 de maio de 2010 foi criada uma equipe amadora para disputar campeonatos no estado.
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Diponível em: <http://familiaastros.com.br/sobre/> Acesso em: 23, abr, 2022
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http://www.familiaastros.com.br/images/portfolio/1572013467.jpg
Esse inicialmente time amador, praticava suas atividades em parques e quadras públicas, porém como ocorre em diversas quadras no Brasil, que sofrem inúmeros tipos de degradações e vandalismo que acabavam implicando com a modalidade na região, assim dificultando sua prática. No qual os próprios praticantes precisavam revitalizar as quadras, arrumando por exemplo, cestas, alambrados e muito mais. Quando não ocorria essa possibilidade, migravam de lugares para conseguirem jogar, porém, com o espaço das escolas públicas com o projeto ‘Escola da Família’, ocorreu uma oportunidade de continuar as atividades. Assim, dentro das escolas, disputando horários com outras modalidades esportivas.
Fonte: Yuri Cesar (2019) Em 2015 pensando na dificuldade existente para jogar basquete na Zona Leste, perceberam a possível chance da prática desaparecer na região e a extinção do Astros Família Basketball, pois os mesmos praticantes por questões de suas responsabilidades particulares, estavam diminuindo sua frequência e muitos acabaram parando, somado à dificuldade em relação às quadras, não se via uma nova geração chegar e permanecer, mas quando apareciam, não sabiam as regras e acabavam sem jogar, não voltavam, pois o pouco tempo que existia de quadra não teria como ensiná-los, Preocupados com essa questão da extinção do time e uma nova geração sem um local para aprender a jogar, criou-se o Projeto Astros Família Basketball, onde não seria apenas um time amador, mas ensinaria a prática e, além
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disso, apresentar uma mudança social para essa comunidade onde muitos cresceram. Promovendo um conceito de vida através do esporte, estimulando caráter, apoiando na qualidade de vida, na autoestima e tornando os seres humanos melhores.
Fonte: Agenor Francisco de Oliveira Junior (2022)
3 MVP’s da Sociedade No esporte mundial coletivo, é característico numa final de campeonato e onde o time consagrou-se campeão, destacar um jogador que teve na partida o desempenho mais evidente. Esse nome é dado de Most Valuable Player (MVP), na tradução, “jogador mais valioso”. É um termo bem popular na linguagem esportiva internacional e também aos que consomem o basquete no Brasil. Diante disso, tentaremos apresentar os personagens e até mesmo estender aos que dia-a-dia batalham na periferia pelo seu sustento e homenageá-los como MVP 's da sociedade. Pois, com as adversidades da periferia, a desigualdade e demais revezes, não há desculpas para a caminhada e, essa mentalidade é peculiar na área esportiva, o que faz com que atletas promissores se espelhem em seus ídolos. Vemos que na Famílias Astros, há muitas histórias, indivíduos que mesmo não tendo continuidade no basquete, foram gratos pelo projeto, por adquirem ali, valores que desconheciam, condutas que contribuíram para um curso de vida melhor e determinante. Tornando assim MVP's da sua própria vida, formando os MVP’s da Sociedade.
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3.1 Sinopse Um documentário brasileiro que apresenta o basquete de forma real, crua, na vivência de quem bate uma bola na periferia. Destacando o projeto social Família Astros, já estabelecido como instituição e que vem mudando histórias de pessoas, mas que encontra pedras no caminho para sair do amador para o profissional e ter melhores estruturas econômicas e visibilidade. Os personagens contam seu amor ao esporte e trazem enigmas de suas vidas, onde o projeto parece ser a única sustentação para seus sonhos É intrigante ver como o basquete cresce exponencialmente no país, trazendo novos heróis para essa geração e que precisam ser reconhecidos.
3.2 Objetivo Essa obra audiovisual tem o objetivo de trazer a visão de dentro de um projeto social, onde o espectador possa compreender a necessidade de trabalhos como esse na sociedade, visando a longo prazo transformar vidas e construir carreiras. Um legado atemporal sobre o conceito de vida através do esporte, estimulando o companheirismo, a solidariedade e a disciplina dentro da prática esportiva que poderá servir como modelo em projetos futuros nos espaços urbanos.
3.2.1 Objetivos específicos -
Levantar reflexões através da apresentação de uma narrativa documental, sobre como um projeto social pode impactar o desenvolvimento de uma comunidade com vulnerabilidade social.
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-
Mensurar a efetividade em atingir e desenvolver integrantes de uma comunidade periférica através da prática do esporte.
-
Avaliar a sinergia existente entre iniciativas beneficentes e práticas esportivas por parte de um projeto social esportivo, realizando a coleta de informações e depoimentos pessoais e apresentando dados relevantes ao público através da ilustração de infográficos em uma obra audiovisual não ficcional.
3.3 Classificação Indicativa Os dados referentes à classificação indicativa que será utilizada neste projeto, tem como base o Guia Prático de Audiovisual (2021), cujo tal, fornecerá informações sobre o atendimento de todos os três aspectos levantados ao se realizar uma classificação por faixa etária. Tal classificação considera os itens; Violência, Drogas e Conteúdo Sexual como critério para definição de uma categoria, representada por uma faixa etária específica. A Secretaria Nacional de Justiça (SENAJUS), do Ministério da Justiça e Segurança Pública, tem como uma de suas competências a atribuição da classificação indicativa a obras audiovisuais (televisão aberta e fechada; mercado de cinema e vídeo; serviços de streaming e vídeo
por
demanda;
jogos
eletrônicos,
aplicativos;
jogos
de
interpretação de personagens – RPG e espetáculos abertos ao público). (MJSB; SNJ; DPPJ, 4ªed., p.5, 2021).
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3.3.1 Classificação do Projeto Utilizando os órgãos que regulamentam a classificação indicativa no país para produções audiovisuais, o documentário “MVP’s da Sociedade”, será classificado para maiores de 12 anos, assumindo esse compromisso de forma ética com a legislação. O conteúdo poderá ter descrição de violência, agressão verbal, supervalorização do consumo, e violência psicológica, que pode ser prejudicial aos telespectadores de faixa etária menor a essa escolhida, podendo ser exibido em horário nobre em rede aberta ou através da internet.
3.3.2 Público Alvo Pensando de forma estratégica para a melhor apresentação deste projeto, realizamos pesquisas baseadas em números e estatísticas para a definição do nosso público alvo. Os assuntos abordados possuem suas próprias características que mudam a maneira em que eles são apresentados ao público para a questão do basquete. De acordo com o site Terra, a liga principal de basquete norte-americana (NBA), teve um aumento de consumo de 50% durante a pandemia do coronavírus. Em 2019 havia cerca de 31 milhões de torcedores no esporte, em 2021, esse número saltou para 45 milhões de torcedores, colocando o Brasil em segundo lugar entre os países que mais consomem NBA no mundo, sendo 45% mulheres e 55% homens, ou seja, essa modalidade já é consolidada no país e os números mostram que é um esporte adaptável para qualquer gênero ou até mesmo idade, pois a média etária de fãs do esporte fica entre 16 a 29 anos. Levamos em consideração também, o contexto socioeconômico do país, mediante a distribuição do projeto, mais precisamente ao consumo de conteúdos por plataformas de streaming no país. Segundo Guilherme Renache, no Brasil, 65% dos adultos possuem pelo menos uma assinatura de streaming, que já é maior que a média global, que fica em 56%. O grupo ESPN que é detentor dos direitos da plataforma WatchESPN, em 2018 teve um grande crescimento em sua distribuição
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alcançando 4 milhões de assinantes no país, um aumento de 49% de novas assinaturas. Com o foco na cidade de São Paulo, delimitamos ainda mais nosso público com base na média salarial dos trabalhadores no estado, onde pesquisas mostram que São Paulo detém a maior média salarial dentro todos os estados brasileiros, com o valor de R$ 1.926,78 mensais, seguido pelo Rio de Janeiro com média de R$ 1.756,71 e Distrito Federal com R$ 1.731,38, segundo a 63° edição de pesquisa salarial realizada pelo site de empregos Catho. Contudo, definimos o público alvo para pessoas entre 17 a 28 anos, que possuem uma renda mensal entre 1 a 2 salários mínimos, praticantes do basquete e consumidores da modalidade e seus produtos das ligas nacionais(NBB) e internacional(NBA) na cidade de São Paulo.
3.4 Mídias de Veiculação Com a expansão das plataformas de streaming no país, a comodidade dos assinantes consumirem o conteúdo quando e onde quiserem e a visibilidade desse segmento proporcionado pelas redes sociais, a produtora Legítimos decidiu disponibilizar o documentário MVP’s da Sociedade na plataforma WatchESPN. Streaming derivado dos canais por assinatura ESPN, do grupo ESPN Int e The Walt Disney Company. A ESPN possui a sua marca, ESPN Films, que exibe documentários da história do esporte, momentos marcantes que se tornaram eternos ao longo do tempo.
3.5 WatchESPN É uma plataforma de streaming que oferece para o telespectador e fãs de esportes, todo o conteúdo esportivo da ESPN e sua série de canais ESPN ESPN2, ESPN3, ESPN4 e ESPN Extra de forma totalmente online, sendo programações ao vivo e também reprises.
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WatchESPN foi criada em 2013 no mês de outubro para que os assinantes pudessem acompanhar de qualquer local os conteúdos ESPN, sendo apresentados mais de 6 mil eventos esportivos por ano, assim fazendo o assinante ter mais acesso a cobertura esportiva sem precisar estar perto de uma televisão. É disponibilizado também uma biblioteca com diversos conteúdos de vídeo com gols e lances dos principais torneios internacionais, programas transmitidos pelos canais ESPN filmes e documentários esportivos. Para
acessar os conteúdos WatchESPN, basta baixar o aplicativo
gratuitamente. Quem é assinante, pode acompanhar conteúdos exclusivos dos canais ESPN. O acesso pelo site: espn.com.br/watch.
3.6 Justificativa Projetos sociais fazem parte da vida de milhares de brasileiros, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), em 2016 havia cerca de mais de 237 mil ONGs no Brasil, através deles, pessoas têm a oportunidade de mudarem de vida, de carreira ou até mesmo se conscientizarem sobre determinado tema ou questão. Esse movimento se torna eficaz na sociedade partindo da premissa de mudanças, traçar um novo caminho com o intuito de obter melhores condições de vida e o aprimoramento de relações pessoais. Alguns desses projetos podem defender uma ideia, um movimento, um ambiente ou até mesmo lutar por mais oportunidades para aqueles que não têm trabalho, educação, lazer, moradia, entre outros. Os números de pessoas beneficiadas com projetos como esse, dificilmente são catalogados, pois o objetivo dessas ações não é fidelizar pessoas, mas sim trazer uma mudança em seu respectivo cenário, independente de sua necessidade, e essa se torna sua maior importância na sociedade. A escolha de realizarmos esse projeto se deu pelas experiências obtidas por um dos integrantes da produtora. Yuri, foi convidado a participar do projeto Família Astros, por amor ao basquete e por ter ali um ambiente onde poderia praticar seu esporte favorito, mas ao fazer parte daquele meio, percebeu que não é apenas o
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esporte, mas também uma maneira de respeitar o próximo, ter um apoio emocional, companheirismo, gerar caráter e trabalhar em equipe. Mostrando que todos podem ser capazes de atingir seus objetivos mesmo em um ambiente com poucos recursos, pois o projeto tem evoluído cada vez mais suas vertentes, atingindo assim um maior número de pessoas que praticam o esporte e consequentemente um impacto social ainda mais abrangente. A ambientação onde irá se desenrolar a narrativa se trata de uma quadra de basquete, onde diversos jovens criam o hábito de se reunir, assim dividindo o mesmo espaço de práticas esportivas e recreacionais, criam afinidades e contatos sociais uns com os outros, tais contatos tem como diferencial ocorrerem em ambiente controlado, protegido e orientado por um responsável, preservando assim a ordem durante as atividades realizadas e incentivando os contatos sociais a serem praticados de maneira saudável. Cria-se o senso de rotina, onde de forma pragmática, organiza-se um ajuntamento de todos os integrantes para uma dinâmica de auto apresentação, exposição de ideias e aconselhamento por parte dos integrantes mais experientes. Tal prática, se resulta no aumento do vínculo familiar entre os integrantes, criando novos laços sociais, e melhor conhecimento das implicações pessoais de cada integrante para possíveis iniciativas beneficentes. Aspectos de sociabilidade, vínculo familiar e disciplina são postos em prática durante a prática do esporte basquetebol, a prática esportiva por si só, já garante inúmeros benefícios para a saúde do indivíduo, e quando praticada sendo orientada por um profissional, que busca ensinar com base didática a prática esportiva e incentiva a interação e cooperação entre os participantes, os benefícios resultantes ao indivíduo passam
a
ser
consideravelmente
ampliados.
Serão
realizadas
captações
audiovisuais das atividades rotineiras e espontâneas praticadas pelos integrantes do projeto Astros, alguns membros desse projeto terão seus depoimentos utilizados como apresentação de resultados de desenvolvimento pessoal e profissional, utilizando-se do consenso do conhecimento empírico sobre a precariedade social nas periferias, surgirão reflexões sobre a correlação entre o envolvimento com o projeto social Astros e os benefícios ao indivíduo. Para uma melhor compreensão dessa realidade que o projeto social tenta mudar para melhor, essa obra audiovisual será narrada em um documentário, a ideia principal é de que os próprios personagens exponham suas histórias vividas nesse ambiente e qual o impacto que isso tem em suas vidas, contando vivências, lições
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aprendidas e como isso pode se tornar não só um diferencial para seu desenvolvimento pessoal ou profissão, mas toda uma atmosfera que o Basquete proporciona. Pensando nisso, sabíamos que esse tipo de conteúdo precisaria ser disponibilizado ao público em um ambiente já estruturado na temática, mas que também fosse interessante de se abordar toda essa questão social, portanto, a plataforma de streaming WatchESPN, entre as demais do ramo, se mostrou a mais promissora para a apresentação desse documentário.
3.7 Argumento Yuri atravessa a rua após descer da lotação da Vila Silvia, na Zona Leste de São Paulo, para entrar no Parque Izaias Wiggter. Logo se vê a mudança em seu semblante, já com ar de alegria. Yuri está em casa, ouvindo de fundo o bater da bola do corredor que dá caminho a quadra. Para todo basqueteiro esse barulho sincroniza com as batidas do coração, que desliga do mundo lá fora e se conecta ao esporte, àquela paz momentânea, o ambiente da quadra, estando ali seus amigos e jovens aprendizes que já amam a bola laranja. Ele é nosso guia e narrador, os olhos de quem vive a periferia, para transmitir a atmosfera contagiante, onde todo mundo se conhece, se compreende e caminha junto. Seja no sol forte ou no frio, a quadra está sempre lotada, sendo possível ter vários times para se revezar nos rachas e treinos. Lá está o Agenor, que habilidade com seus 41 anos! O And 1 devia ter visto esse cara, poderia muito bem ser o representante brasileiro de streetball. Apaixonado por basquete desde a década de 90, fez do esporte seu hobby maior e hoje é um dos comandantes da Família Astros, que desde 2015 se estabelece como projeto social e que ensina a prática de quem é amante do esporte aos jovens e crianças. Com outros amigos, viram a chance de entregar oportunidades, esperanças. Agenor nos conta que já viu de tudo, pessoas que estavam nas drogas e ali se libertaram, pessoas de condutas erradas na vida, pessoas sem rumo, que tinham um sonho e não sabiam como canalizar. A Família Astros pôde e ampara muita gente. A prática do basquete não é a única ação ali aplicada. Uma das atividades é trabalhar a cidadania, arrecadando cestas básicas para a comunidade,
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angariar recursos para o bairro, auxiliando indivíduos perdidos, que encontraram no Astros uma válvula de escape, a maneira de um norte, uma melhor conduta de vida. Muitas ações comunitárias já foram feitas e, essa retribuição é visível, quando vemos no rosto de cada um na quadra, famílias que chegam pra apoiar, filhos e filhas que dão orgulho aos seus pais. Um desses pais é Moacir, também de 41 anos, que vivenciava o basquete e pelas redes sociais veio a conhecer o projeto. Fez uma visita e logo se apaixonou. Rapidamente se tornou um dos treinadores e levou seu jovem filho junto, Tarick, que pratica e se mostra um promissor da modalidade. No papo, Moacir relata como era ver de fora a situação de inúmeros jovens que infelizmente são levados para um caminho não muito bom e, pela experiência de vida, quis se doar a pescar essa juventude, apresentando um ambiente de conforto, assistência e disciplina. A gente vê que o Moacir não pega leve com o filho, toda hora fazendo observações de movimentos e jogadas na quadra, para que o menino Tarick melhore seu desempenho. Dividida a quadra, um lado com um grupo adolescente e outro mais criança, Yuri, sendo um dos treinadores, fica com as crianças, com seu carisma peculiar e muito querido por elas, organiza a molecada para a prática dos fundamentos. Essa organização já é um aprendizado aos pequenos, entenderem que existem passos a serem dados, e a repetição é importantíssima para boa execução do jogo. Essa disciplina é ressaltada aos jovens, ao final, um bate papo com todos ao centro é levado, fazendo um paralelo da vida, decisões a serem tomadas, para um passe certeiro, uma jogada ousada, com momentos da vida, observar, fazer a leitura das situações, como o respeito faz parte da coletividade. É aliada a esse cuidado que a Família Astros atua e enche o coração de quem trabalha nesse projeto. No intervalo, Yuri passa a conversar com Samira, uma das treinadoras formada em educação física, para definir sequência de treinos. Samira conta seu prazer em ensinar, em estar naquele meio. Por amigos em comum com Agenor, chegou ao projeto, fortalecendo na organização de treinamentos, por seus conhecimentos técnicos. Com isso, muito mais meninas tomaram coragem de praticar, pois sempre gostavam do jogo, ou ali mesmo, por estarem pelo bairro, passaram a pegar gosto. Samira conta sua rotina cheia, pois é mãe, e esse trabalho voluntário vê como serve de exemplo pra seus filhos. Percebemos que o Astros não
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é só uma atividade física que torna tudo mecânico, vemos que o ditado “uma mão lava outra” se aplica, todos tratados como irmão da comunidade. O Astros trouxe alegria ao bairro, assim como trouxe alegria a jovem Malu, de 16, que com sua altura evidente, vemos na quadra suas habilidades. Menina tímida, mas com um sorriso largo, é muito querida por todos. É vista como a menina de ouro do Astros, já conseguiu entrar para o Sesi, time de grande expressão esportiva, mas que está sempre aos domingos, entre amigos, aprimorando seu game. Malu retrata sua caminhada e como almeja estar no cenário profissional, nessa troca de ideia com Yuri, se abre um pouco mais, apresentando suas incertezas, pensamentos nebulosos de como seria sendo mulher. Mas ao mesmo tempo percebemos claramente que é uma garota de foco, e que facilmente veremos uma nova Hortência, mais um esportista, assim como tantos outros do ramo, saíram dos seus bairros humildes, da periferia, mas que em meio a dificuldades, projetos sociais como a família Astros, existe para trazer esperança e parâmetro de vida aos jovens, seja no âmbito esportivo ou desenvolvimento pessoal, profissionais de outras áreas surgiram também do projeto. Agora, a Família Astros já está de casa nova, do parque Izaias Wiggter, tem suas reuniões e treinos no CEU Quinta do Sol. Uma quadra já com cobertura, mais bem estruturada. Veremos como se deu esse upgrade de cenário e que mais novidades esperam para Família Astros. É como se você vestisse um tênis novo, um uniforme novo. A alegria se faz presente e todos querem treinar na nova quadra. Yuri nos traz esse olhar humano com peculiaridade e carisma, por conhecer todo mundo, o espectador se sente em casa, se vê caminhando como se estivesse no próprio bairro e preocupado com o futuro da comunidade e jovens que só querem ser vistos como pessoas dignas e que almejam viver para dar orgulho a sua família e prosperar em sua caminhada. Expõe também como quem é de fora enxerga a periferia, os olhares preconceituosos e rejeições, a falta que faz recursos melhores para que se tenha mais qualidades nos treinos. Essas dificuldades, não fazem com que a equipe fundadora baixe a cabeça, procuram não transparecer aos praticantes, o clima é sempre pra cima, que na verdade é essa vibe do basquete. Superação, prazer, amizade, coletividade são elementos característicos da modalidade. Não é à toa que o maior lema do basquete é “I love this game”.
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3.7.1 Visão Original Um projeto social tem como propósito alcançar objetivos, mudar ações, conscientizar um público, adquirir recursos, exigir melhorias, etc. Mas a maioria deles acaba de certa forma mudando de maneira direta ou indireta a vida daqueles que são beneficiados de alguma forma por esses projetos ou até mesmo dos voluntários que disponibilizam sua mão de obra, tempo e recursos para ajudar o próximo ou uma causa. Nossa ideia consiste em mostrar a maneira que um projeto social ligado ao esporte, executa seus fundamentos, ideias e conceitos de forma imersiva, onde o público possa se sentir dentro do próprio projeto durante suas atitudes e presenciar como é todo o processo de desenvolvimento dos participantes/atletas através de nossos personagens dentro e fora de quadra. Com o basquete como ferramenta, muito do que é proposto durante as atividades gira em torno desse universo e de suas vertentes associadas, pois além de lazer, o projeto foca em preparar jogadores(as) para que possam ser incluídos em competições dentro da modalidade, e além disso, o desenvolvimento humano se faz presente entre os jogadores(as) e organizadores, pois em seus treinos, sempre há uma reunião inclusiva onde todos participam, construindo um ambiente de companheirismo e união, representando uma grande família, reforçando a ideologia do projeto. Essa é a essência que o público verá através de relatos dos próprios participantes do projeto e daqueles que através da premissa de amor ao esporte, fizeram disso um movimento que tem transformado vidas e dado oportunidades e inspiração para aqueles que não tinham. Em meio a tantos problemas na sociedade, conflitos pessoais e familiares, o projeto trabalha para ser uma via de escape para os jogadores(as), desviando eles(as) de caminhos que muita das vezes não tem volta, portanto essa obra audiovisual apresentará os passos que são dados para a transformação desses jogadores(as) em verdadeiros MVP's não só na sociedade, mas da vida.
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3.7.2 Proposta do documentário O documentário tem como proposta evidenciar a relevância que um projeto social impacta na sociedade e no indivíduo. A escolha do nome MVPs da sociedade, reforça o valor que cada pessoa tem, por suas batalhas, sua determinação, seus sonhos, ou até mesmo a busca em se encontrar, trilhar um caminho que até certo ponto da vida foi perdido e pôde se reerguer com o projeto social Família Astros. Ou, quem está iniciando sua jornada e tem como amparo a Família Astros, que lhe auxilia a ser melhor, a se conhecer, se desafiar, ter a segurança de que não está sozinha. Poder desenvolver suas habilidades no basquete, ter um espaço onde treinar, tendo ali profissionais da área, de quem já foi do ramo, quem está no ramo. Os personagens escolhidos são diversificados, para justamente apresentar que todos têm seu papel importante. Temos profissionais de educação física, ex-atletas, atletas em formação e fundadores do projeto. Essas diversidade será capaz de informar ao público, trazer consciência, parâmetros mais claros de como um projeto social flui em sua naturalidade. É de intenção demonstrar como a periferia é unida, desmistificar preconceitos, que mesmo com dificuldades, a dignidade é universal. O esporte é capaz de expor de forma cristalina o quão humano é a relação entre pessoas, como o estender as mãos, a caminhada junto, a disciplina, a desigualdade e tantos fatores inerentes ao ser humano se fundem e, ao final, essa relação humana se fortalece em laços inimagináveis em superações, amizades, prosperidade e amor. A visão trazida pelo guia do documentário, Yuri, que com seu carisma narra e participa, participa do projeto há anos, será possível compreender como cada personagem tem seu valor, como foi seu desenvolvimento. Esses personagens, são o prelúdio de tantas personalidades do esporte, hoje conhecidas, mas que começaram num projeto social, na periferia. É com este documentário que se exibe de forma detalhada como surge uma nova Hortência, um novo Oscar Schimidt, ou um profissional de qualquer segmento. Nas entrevistas e relatos, será possível enxergar o indivíduo, o que a jovem Malu era antes de entrar na Família Astros, como ela se estabeleceu ali e seus planos futuros. Como a treinadora Samira, que vê tantos jovens ali, entende a importância do projeto e o que o faz ser tão especial, para que ela faça parte. Como
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o jovem Tarik adquiriu seu gosto pelo basquete e porquê pretende seguir caminho. Como ele vê um projeto social na periferia. Traremos seu pai, que é um dos fundadores e sua visão ampla, já com maturidade e responsabilidade de dar seguimento num projeto social. A narrativa proposta do documentário, será apresentar o basquete como um esporte que já passou do estereótipo “periferia”, e cada vez mais vem sendo um esporte que dita estéticas, estilo de vida, moda, entre outros aspectos da sociedade, que estão ali, por causa do basquete. Que todas as classes sociais o consomem, que ele já é exibido nos programas de esporte de forma natural e corriqueira. Não há mais comparação com o futebol, pois os próprios futebolistas também consomem, são fãs do esporte. A proposta será mostrar o basquete como ele deve ser visto, universal, vibrante, um esporte coletivo e que traz valores, e que o público merece presenciar cada vez mais. Contudo, determinamos ser o modo participativo mais coerente na construção do documentário. Pela inserção do integrante Yuri no meio, sendo sua vivência já de outrora, facilita o olhar e percepção do ambiente, trazendo a sensação de imersão e intimidade. Por causa de sua presença, se dá a importância de extrair a devida veracidade do projeto social e dos personagens.
3.7.3 Descrição dos objetos Parque Vila Silvia - Izaias Wingter Local de essência do basquete na periferia, onde o Astros começou seus primeiros passos como Projeto Social, essa locação fará parte do documentário apresentando a transformação do projeto para um novo local mas não perdendo a essência das suas raízes iniciais. CEU Quinta do Sol Atual local onde são feitos os treinos de basquete do projeto Família Astros, uma evolução para os jogadores, pois agora a quadra é coberta, piso laminado,
48
tabelas profissionais e cestas profissionais, arquibancada para torcedores e melhores vestiários. Além de contarem com todo o suporte que o CEU proporciona na questão social e de ensino. Bola de basquete O elemento principal de toda a história, através dela são construídos laços de amizade, jogadas com alegria, passes de companheirismo, arremessos para a vitória. A bola gira sobre todos, e todos giram em torno dela. Tênis Um passo de cada vez resulta em uma grande caminhada, para isso, um par de tênis faz uma grande diferença, embora sejam calçados simples, mas além de trazer estilo, auxilia na performance dos jogadores e traz uma identidade visual para eles. Sons Os sons que estão presentes no ambiente, são autoexplicativos, pois só de ouvi-los, já sabemos onde estamos e o que está acontecendo. Hip-Hop - Artistas do Bairro Essa é uma das principais vertentes ligadas ao basquete, o Hip Hop além de um gênero musical também é um estilo de vida, as músicas inspiram diretamente os jogadores e revelam grandes artistas na comunidade.
4 Processo de produção 4.1 Pré - Produção Nas primeiras reuniões para o desenvolvimento do tema, estávamos com a primeira proposta de criação de uma plataforma transmídia, relacionada a ações sociais no âmbito esportivo, porém, com algumas reuniões em grupo e orientador, foi definido a elaboração de um projeto documental, que aborda as transformações que um projeto social de basquete pode gerar em pessoas e em uma sociedade. Neste caso, usaremos um de nossos integrantes do grupo, Yuri Cesar, que faz parte de um
49
projeto, para nos guiar dentro da Astros Família Basketball e com participantes do projeto. Através de diversas pesquisas, referências, visitas técnicas, reuniões com diretoria do projeto conseguimos entender melhor a necessidade e Projetos Sociais em comunidades e o que é gerado na vida das pessoas, moldando a abordagem que será usada neste documentário para melhor entendimento do público sobre o tema. Com uma ideia já projetada, contatamos nossos personagens para sondá-los a respeito desse projeto e se eles fariam parte dessa obra audiovisual. Questionamos sua rotina, seu envolvimento com o basquete e qual a importância que o projeto Família Astros tem na vida deles e em seu desenvolvimento pessoal, dessa forma saberemos de forma mais detalhada como questionar nossos personagens e extrair deles nossa narrativa. Para as gravações, como atualmente o projeto é executado em uma quadra coberta e bem iluminada, contaremos um a luz do ambiente para manter a nitidez mais fiel possível ao cenário, dispensando nesses momentos a utilização de equipamentos que propagam luz artificialmente. Na grande parte das gravações, deixaremos o som do ambiente prevalecer com o intuito de enfatizar essa identificação que o ginásio proporciona, pois com os sons típicos de bola batendo, tênis raspando seco ao chão propagando um apito e as vozes que dando a dinâmica do jogo, darão as gravações essa identidade sonora, além disso, enriquecerá nossa estratégia de diálogos na quadra deixando a narrativa de forma natural, onde serão feitas perguntas cujas as respostas não se prolongam tanto, sendo algo mais direto para esse tipo de abordagem, priorizando respostas mais elaboradas nas entrevistas individuais em outros ambientes com os personagens selecionados. Nas datas de gravação antes de acontecerem as filmagens, tomaremos uma série de preparos para melhor utilização do tempo e equipamentos de acordo com nosso pré estabelecido cronograma. Organização dos membros da equipe: onde será estabelecido data, horário e local de encontro, além de planejamento de logística/transporte de membros e equipamentos. Autorizações e documentos necessários: autorizações de uso de imagem, uso de locação e uso de composições que possuem direitos autorais.
50
Segurança de equipamentos, membros e participantes: não expor equipamentos em locais de não gravação para evitar roubos ou furtos. Prezar pela a segurança de todos os envolvidos evitando ações que geram algum tipo de risco para a pessoa ou equipamento durante a cena. Teste de equipamentos e peças extras: fazer todos os testes necessários nos equipamentos selecionados para a gravação do dia, além de levar itens que podem ser de extrema necessidade para a duração de funcionamento dos equipamentos (pilhas, baterias, etc). Contatos de emergência: em casos de emergência entre os membros da equipe, personagens e participantes, teremos os contatos imediatos dos serviços de atendimento para a prestação de socorro (ambulância, bombeiros, convênios médicos, etc).
4.1.1 Definição dos personagens A seleção dos personagens que compõem a narrativa do documentário, foi baseada após as visitas aos treinos do projeto, inicialmente no Parque Izaias Wiggter, localizado na Vila Silvia, zona leste de São Paulo, e também no CEU Quinta do Sol , onde são realizados os treinos do projeto Família Astros atualmente.. Os organizadores nos forneceram um montante de informações dos participantes do projeto, alguns deles com grande potencial. Entretanto, tivemos alguns nomes em destaque, definindo assim 5 integrantes que irão construir com seus depoimentos toda a história e proposta do documentário. Embora todos tenham a prática do basquete em comum, são perfis distintos que trazem ao documentário visões e conceitos diferentes. A atleta Malu nos mostrará a realidade vivida dentro da modalidade com foco em uma carreira profissional, uma perspectiva nova que poucos conhecem. Já Moacir tem a essência do projeto em suas veias e, além de nos trazer uma visão mais voltada ao desenvolvimento social, mostraremos da maneira mais pura, como é a relação familiar dentro do projeto. Tarick é o personagem mais novo do elenco, mas através dele, o público poderá entender como é o início de toda a ideia por trás do projeto e quais os objetivos a serem alcançados, por outro lado, uma visão madura e profissional será
51
apresentada por Samira, trazendo de uma maneira mais teórica a importância desse projeto, e por fim, organização e paixão definem Agenor, um dos líderes mostrará como tudo funciona na prática, desde os fundamentos mais básicos, até um suporte pessoal que faz toda a diferença e os torna Astros.
Malu, 16 anos, estudante do ensino médio, conheceu o basquete através da irmã e amigos no projeto Astros, após muita determinação e trabalho duro , conseguiu uma oportunidade de se federar com o Sesi participando de um dos principais campeonatos da categoria de base no
Brasil
que
éa
FPB
(FEDERAÇÃO
PAULISTA DE BASQUETE). Levando suas habilidades e talentos que começaram nas quadras do bairro para todo país, almejando uma futura convocação para seleção Brasileira.
Moacir
Praxedes
Junior,
41
anos,
telespectador assíduo de basquete, conheceu o projeto Astros através de uma rede social, então, após fazer uma visita para conhecer como as coisas funcionavam, acabou gostando tanto que hoje é um dos treinadores do projeto, além dessa experiência ter lhe ensinado
52
muitas coisas, hoje Moacir passa todos os seus fundamentos da modalidade para seu filho que também faz parte do projeto.
Tarick , 11 anos, filho de Moacir , herdou o amor pelo esporte de seu pai que sempre foi apaixonado pelo esporte, com o interesse da família em aprimorar seus talentos quando visitou o projeto que vem gerando grandes resultados,
fazendo o sonho do pai se
concretizar. Hoje Tarick faz parte do time do Corinthians sendo atleta da categoria de base na
FPB
(FEDERAÇÃO
PAULISTA
DE
BASQUETE) .
Samira Lucena, 31 anos, formada em educação física, teve em sua adolescência o primeiro contato contato com o basquete através de uma peneira do estado na escola em que estudava, a modalidade foi tão atrativa que desde então, ela nunca mais parou de praticar o esporte, devido a sua amizade com Agenor (treinador, organizador e personagem desse documentário) proporcionada por amigos em comum, Samira foi incluída no projeto e, por ter sido bem recebida, a mesma se considera uma pessoa bem melhor devido ao projeto e as pessoas que fazem o projeto acontecer.
53
Agenor Francisco de Oliveira Junior, 41 anos,
atleta por hobby, se apaixonou pelo
basquete na década de 90, onde acompanhava os jogos pela TV Bandeirantes. Através de amigos conheceu o Astros, assim que entrou, foi bem recebido e percebeu que aquele era o seu lugar, de uma pessoa introvertida, atualmente Agenor é um dos treinadores e organizadores do projeto.
4.1.2 Referências Estéticas Para esse quesito, pensamos na maneira em que o documentário fosse trabalhado em suas cenas e na abordagem proposta, com isso, usamos referências de filmes e séries consagradas para nos auxiliar na melhor apresentação do objetivo da obra ao público. A ideia é que durante as filmagens em quadra, um dos personagens apresentará os outros e também irá narrar algumas ações e passagens em off, tecnica muito bem executado na série Cidade dos Homens (2002), onde os personagens Laranjinha e Acerola narram os fatos acontecidos na trama, dando um panorama geral para uma melhor interatividade do público com a história.
54
Sinopse: Laranjinha (Darlan Cunha) e Acerola (Douglas Silva) são dois grandes amigos que vivem em uma comunidade e que precisam enfrentar a pobreza e o poder que o tráfico de drogas exerce em cima de seu
cotidiano.
Acerola
é
um
menino
tranquilo que nunca se envolveu com o tráfico, mas acaba entrando em diversos problemas por conta de Laranjinha, que se envolve com o pessoal que movimenta o tráfico.série (CIDADE DE DEUS, 2002) Pensando no melhor enquadramento das cenas, as imagens serão adaptadas de acordo com os personagens e as ações executadas, como por exemplo o estilo das camisetas de basquete, pelo fato delas serem mais longas ou dribles com a bola para fugir da marcação, o plano americano capta ambas as situações do jogador, essa parte se torna muito importante
para
mostrar
na
íntegra
cada
movimento dos atletas com ou sem a bola, até mesmo na comunicação dentro de e fora de quadra. O filme Coach Carter além de ter uma profunda
relação
com
o
desenvolvimento
socioeducativo dos atletas que também é um dos pontos abordados pelo projeto, o longa realiza muito bem essa questão de enquadramento, pois como a maioria dos jogadores são altos, esse acaba sendo o melhor plano para as gravações. Sinopse: Em 1999, Ken Carter retorna para sua antiga escola em Richmond, Califórnia, aceitando se tornar o treinador do time de basquete para colocá-lo em forma. Com muita disciplina e regras duras, ele consegue fazer a equipe vencer. Mas quando as notas dos jogadores começam a baixar, Carter fecha o ginásio e interrompe o campeonato. O treinador é criticado pelos jogadores e seus pais,
55
mas está determinado a fazer com que os jovens sejam vencedores tanto na escola quanto na quadra (COACH CARTER TREINO PARA A VIDA, 2005)
4.1.3 Cronograma
CRONOGRAMA DE PRÉ PRODUÇÃO
MARÇ
ABRIL
MAIO
O Reformulação da Produtora
JUNH O
15/Mar
Reunião para novo nome e identidade para produtora 16/MA R Ficha de inscrição da Produtora
18/MA R
Definição do tema
06/AB R
Reunião para iniciação de pesquisas
14/AB R
Primeira visita técnica
24/AB R
Orientação
29/AB R
Reunião para estudo do questionário dos
06/MAI
personagens Envio da bíblia e para feedback
13/MAI
56
Orientação
13/MAI
Reunião para correção da Bíblia
14/MAI
Correção de bíblia e reenvio para feedback
16/MAI
Entrega a bíblia para banca de qualificação
23/MAI
Bancas de qualificação
11/JU N
Reunião com orientadores para avaliação do
14/JU
processo de produção, qualificação e produção
N
CRONOGRAMA DE PRODUÇÃO
AGO
Retomada do projeto com os orientadores
09/AG
SET
OUT
NOV
O Reunião da produtora para alinhamento de datas e
12/AG
horários para as filmagens e locação de
O
equipamentos Primeira semana de gravações
21/AG O
Segundo semana de gravações
28/AG O
Decupagem das cenas gravadas
30/AG O
Ilha de edição e processo de montagem
01/SET
Primeiro corte do documentário
10/SET
Grupo de discussão com exibição do primeiro corte
11/SET
Entrega das cópias da versão preliminar do projeto
13/SET
57
Bancas da versão preliminar da versão preliminar
20/SET
Reunião para com os orientadores para avaliação e
30/SET
planejamento da finalização CRONOGRAMA DE PÓS PRODUÇÃO
SET
Retomada das edições para a versão final
OUT
NOV
DEZ
05/OU T
Reunião da produtora para alinhamento do processo
13/OU
de finalização
T
Conclusão dos itens que compõem a bíblia de
26/OU
produção
T
Entrega dos exemplares para distribuição à banca
08/NO V
Definição das bancas finais
16/NO V
Bancas públicas
05/DE Z
4.2 Produção 4.2.1 Execução de Planejamento 4.2.2 Descrição de Equipamentos de Áudio e Vídeo Câmera digital Para melhor capturas de imagens em ambientes internos e externos, a câmera digital foi escolhida pela variedade de configurações de imagem e pelo recurso HDR, que suave a variação brusca de cores. Tripé
58
Para um melhor enquadramento em depoimentos, o tripé manterá o foco no personagem enquanto há essa interação com a câmera Estabilizador de câmera Com o ambiente esportivo, a captura de movimentos é feita de forma dinâmica, adaptando a câmera a cena reproduzida pelo personagem, o estabilizador manterá a imagem mais sólida dentro do enquadramento proposto
Microfone individual (lapela) O posicionamento do personagens em cena dificulta o alcance e captação do áudio, para manter uma boa qualidade sonora, microfones individuais (lapela), serão utilizados para tornar mais nítido o áudio propagado pelo personagem
Microfone direcional (boom)Parte do cenário proposto no documentário envolve cenas em externas, e comunicação entre os personagens, o direcional (boom), auxiliará na captação de áudio do ambiente num todo. Claquete Para a organização e sincronização de áudio das tomadas, a claquete se torna fundamental para dar o start na cena.
Rebatedor O equipamento auxiliará na iluminação durante as filmagens, de acordo com a necessidade de cada ambiente. Iluminador de Led
59
Conforme a estética proposta, o Softbox conduzirá toda a iluminação do ambiente, configurado para harmonizar as cores proporcionando melhor contraste e facilitando a edição na pós-produção.
4.3 Pós - Produção 4.3.1 Decupagem / Ilha de edição 4.3.2 Grupo de discussão 4.3.3 Edição
5 Orçamento 5.1 Tabela de Salários Audiovisual
PRÉ PRODUÇÃO Equipamento: Descrição
Semanas
Qnt. Item
Valor Unitário Valor total
Diretor
1
1
R$6.156,76
R$6.156,76
Produtor Executivo
1
1
R$4.419,84
R$4.419,84
Produtor Geral
1
1
R$1.369,44
R$1.369,44
Diretor de Fotografia
1
1
R$2.999,25
R$2.999,25
60
Pesquisador
1
1
R$2.744,26
R$2.744,26
Subtotal R$17.689,55
PRODUÇÃO Equipamento Descrição
Semanas Qnt. Item
Valor Unitário
Valor total
Diretor
1
1
R$6.156,76
R$6.156,76
Assistente de direção
1
1
R$2.003,22
R$2.003,22
Produtor Executivo
1
1
R$4.023,20
R$4.023,20
1
R$2.993,86
R$2.993,86
Diretor de Produção 1 Diretor de Fotografia
1
1
R$2.999,25
R$2.999,25
Operador de Câmera
1
1
R$2.743,08
R$2.743,08
Diretor de Arte
1
1
R$2.995,25
R$2.995,25
Operador de Áudio
1
1
R$1.670,94
R$1.670,94
Subtotal R$25.585,56
PÓS PRODUÇÃO Equipamento Descrição
Semana
Qnt. Item
Valor Unitário
Valor total
s
61
Diretor
1
1
R$ 6.156,76
R$ 6.156,76
Editor/ Montador
1
1
R$ 2.995,26
R$ 2.995,26
Assistente de Edição
1
1
R$ 1.278,93
R$ 1.278,93
Editor de som
1
1
R$ 2.949,60
R$ 2.949,60
Finalizador
1
1
R$ 1.580,13
R$ 1.580,13
Subtotal R$ 14.960,68
EQUIPAMENTO Equipamento Descrição
Marca
Qnt. Item
Valor
Valor total
Unitário Câmera Canon SL3
CANON
1
R$ 3,698.57
R$ 3,698.57
Lente Canon 50 mim
CANON
1
R$ 861,36
R$ 861,36
Microfone de Lapela
SONY
2
R$ 300,00
R$ 300,00
Microfone direcional
RODE
1
R$ 448,00
R$ 448,00
Gravador de Áudio
ZOOM
2
R$ 725,30
R$ 1.450,60
ZHIYUN
1
R$ 1.079,80
R$ 1.079,80
MANFOTTO
1
R$ 900,00
R$ 900,00
WORLD
1
R$ 70,00
R$ 70,00
Estabilizador Tripé Rebatedor
62
VIEW Cartão SD 64
SANDISK
2
R$ 75,00
R$ 150,00
Iluminador Led
GREIKA
2
R$ 360,00
R$ 720,00
Pendrive 64 gb
SANDISK
1
R$ 80,00
R$ 80,00
Subtotal R$ 7.196,21
TRANSPORTE EQUIPE / EQUIPAMENTO Aluguel de Van Descrição
Dias
Qnt. Item
Valor Unitário
Valor Total
Van Equipe
5
Diária
R$ 500,00
R$ 2.500,00
Van Técnica
5
Diária
R$ 500,00
R$ 2.500,00
Subtotal
R$ 5.000,00
ALIMENTAÇÃO Descrição Almoço: Produção
Semana
Qnt. Item
1
8
Valor Unitário Valor Total R$ 35,00
R$ 1.400,00
Almoço: Personagens
1
5
R$ 35,00
R$ 875,00
Subtotal R$2.275,00
63
ORÇAMENTO PREVISTO Descrição
Semanas
Qnt. Item
Valor Total
Pré Produção
1
1
R$17.689,55
Produção
1
1
R$25.585,56
Pós Produção
1
1
R$ 14.960,68
Equipamento
1
1
R$ 7.196,21
Transporte Geral
1
1
R$ 5.000,00
Alimentação Geral
1
1
R$ 2.275,00
Subtotal
R$ 72.707,00
5.1.2 Tabela de Salários Produtora Legítimos
64
PRÉ PRODUÇÃO Equipamento Descrição
Semanas Qnt. Item
Valor Unitário -
Valor total
Diretor
1
1
-
Produtor Executivo
1
1
-
-
Produtor Geral
1
1
-
-
Diretor de
1
1
-
-
1
1
-
-
Fotografia Pesquisador
Subtotal R$ 0,00
PRODUÇÃO Equipamento Descrição
Semanas
Qnt. Item
Valor Unitário Valor total
Diretor
1
1
-
-
Assistente de direção
1
1
-
-
Produtor Executivo
1
1
-
-
Diretor de Produção
1
1
-
-
65
Diretor de Fotografia
1
1
-
-
1
1
-
-
Diretor de Arte
1
1
-
-
Operador de Áudio
1
1
-
-
Operador de Câmera
Subtotal
R$ 0,00
PÓS PRODUÇÃO Equipamento Descrição
Semana Qnt. Item
Valor Unitário
Valor total
s Diretor
1
1
-
-
Editor/ Montador
1
1
-
-
Assistente de Edição
1
1
-
-
Editor de som
1
1
-
-
Finalizador
1
1
-
-
Subtotal
R$ 0,00
66
EQUIPAMENTO Equipamento Descrição
Marca
Qnt. Item
Valor
Valor total
Unitário Câmera Canon SL3
CANON
1
-
-
Lente Canon 50 mim
CANON
1
-
-
Microfone de Lapela
SONY
2
-
-
Microfone direcional
RODE
1
-
-
Gravador de Áudio
ZOOM
2
-
-
ZHIYUN
1
-
-
MANFOTTO
1
-
-
WORLD
1
-
-
SANDISK
2
R$ 75,00
R$ 150,00
Iluminador Led
GREIKA
2
-
-
Pendrive
SanDisk
1
R$ 80,00
R$ 80,00
Estabilizador Tripé Rebatedor
VIEW Cartão SD 64
Subtotal
R$ 230,00
67
TRANSPORTE Descrição
Semana
Qnt. Item
Valor Unitário
Valor Total
Transporte Público
1
3
17,60
R$ 264,00
Subtotal
R$ 264,00
ALIMENTAÇÃO Descrição
Semana
Qnt. Item
Valor Unitário
Total Valor
Almoço:Produção
1
4
R$ 10,00
R$ 200,00
Subtotal
R$ 200,00
68
ORÇAMENTO PREVISTO - PRODUTORA LEGÍTIMOS Descrição
Semanas
Qnt. Item
Valor Total
Pré Produção
1
1
-
Produção
1
1
-
Pós Produção
1
1
-
Equipamento
1
1
R$ 230,00
Transporte
1
1
R$ 264,00
Alimentação
1
1
R$ 200,00 Subtotal
R$ 694,00
6 CONSIDERAÇÕES PARCIAIS 6.1 Filipe Jesus Em um projeto de conclusão de curso, todos os conhecimentos adquiridos ao longo dos semestre se põem a prova, são vários desafios adversos que tornam essa produção ainda mais complexa. A produtora se empenhou nesse projeto de várias maneiras, mesmo com alguns recursos limitados e falta de tempo para realização de algumas atividades, mas toda essa primeira etapa nos serviu como experiência para obter um resultado mais satisfatório nas etapas seguintes.
6.2 Leonardo Rezende No caráter de consistência, do que o projeto se propõe a fazer, entendo que esteja bem consolidado. O tema abordado é de grande apreço pessoal e, a sugestão feita pelo nosso integrante Yuri, me é satisfatório. Já que acompanho a modalidade do basquetebol por grande parte da vida. Além de ter a oportunidade de
69
estreitar a relação com a comunidade e compreender mais de perto sua essência e necessidade. Na questão de grupo, é importante ressaltar ainda a falha de comunicação e proatividade. Senso crítico individual, que canaliza para o bom sucesso do projeto. Como diretor, embora a responsabilidade seja maior e de autorreconhecimento, por poder ter delegado de maneira mais efusiva, acabei não o fazendo, aguardando o tino dos demais, em entender a importância do trabalho e agir. Acredito que a produção será de qualidade, pois os integrantes têm ótimo repertório criativo.
6.3 Willians Delvin Diante de todas as situações divergentes, a produtora universitária Legítimos demonstrou enorme empenho no auto aprimoramento e desenvolvimento de todas as atividades pendentes, agradeço pelo companheirismo, simpatia e dinamismo, vislumbro resultados promissores em lançamentos futuros.
6.4 Yuri César Como uma produtora nova e pequena que está desenvolvendo um projeto de conclusão de curso, acredito que estamos caminhando para uma grande produção documental. Mesmo com diversas situações que vem ocorrendo no mesmo período, acredito que estamos evoluindo cada vez mais e entendendo nossos pontos fracos e fortes e nós capacitando cada vez mais para o mercado de trabalho.
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
PEDAGOGIA DO ESPORTE E PROJETOS SOCIAIS: INTERLOCUÇÕES SOBRE A PRÁTICA PEDAGÓGICA (2015) O QUE É O TERCEIRO SETOR (2002) Rubem Cesar Fernandes
70
SIGNIFICADOS DE UM TRABALHADOR SOCIAL ESPORTIVO: UM ESTUDO A PARTIR DAS PERSPECTIVAS DE PROFISSIONAIS, PAIS, CRIANÇAS E ADOLESCENTES (2011) Suélen Barbosa Eiras de Castro Doralice Lange Souza Possui graduação em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (2007), mestrado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (2011) e doutorado em Educação Física pela Universidade Federal do Paraná (2016). Atualmente e bolsista de pós-doutorado da Universidade Federal do Paraná e membro do projeto ``Inteligência Esportiva, o qual é desenvolvido pela Universidade Federal do Paraná em parceria com a Secretaria Especial do Esporte do Ministerio da Cidadania. Informações coletadas do Lattes em 22/06/2020
SHUTT, Diego, como criar um documentário que mostre a verdade sobre um tema, ficccao.emtopicos.com.br, fevereiro de 2022. FERREIRA, Renata, ONGs no Brasil: conheça projetos sociais e saiba como voluntariar
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