ESCRITO

Page 1

Nome: Beatriz da Silva Santos RGM: 630068622 Essa é a história da Vanda, mãe de três filhas e avó de duas meninas e um menino. É a história de uma mulher que sempre quis a casa cheia, uma mulher que nunca gostou da solidão e do silêncio. Ela sempre gostou das risadas altas, das conversas disfuncionais porque uma falava por cima da outra, e da correria na hora de se arrumar pra qualquer evento. O importante era a casa estar cheia. Todas as filhas da minha vó cresceram com ela contando histórias da infância e, após a morte do meu vô, histórias do casamento. E ela sempre contou com uma voz carregada de amor e nostalgia, como se tivesse vivido tudo ontem e não anos atrás. Minha avó foi abençoada com um dom de conseguir contar historias com o corpo e olhos, então ela se move e te olha de um jeito que faz você entrar na história ou ter vontade de viver tudo de novo com ela. Dona Vanda que saiu com 18 anos de sua terra natal porque tinha casado, a eterna adolescente que não pode se despedir da mãe porque estava longe demais, a ainda menina que precisou cuidar de três crianças sozinha, e ainda assim, queria muito mais: “Meu sonho era ser mãe de gêmeos, eu queria ter 12 filhos. E se eu pudesse, eu teria outro agora. [...] Sempre gostei de casa cheia, sou muito feliz com isso.” Não é de se surpreender que ela tenha começado a resmungar até para as paredes quando todas as filhas começaram a passar a noite fora; ela precisava de alguém, uma companhia. Afinal, ela é uma daquelas pessoas que cresceu apreciando o barulho que uma casa com 11 irmãos pode reproduzir. Vanda não guardou memórias infelizes de sua infância, tanto que assistindo ela falar sobre é quase possível acreditar que não passou por nada triste quando era criança; até que ela cita: “Eu guardo memórias muito boas da minha infância, até melhores do que tenho depois de velha.” Talvez, a vida dela depois do casamento tenha sido passar por dificuldades e superar obstáculos, apesar de ter sido tudo por amor, é nítido que ela deu e fez tudo que podia pelo marido, que se tornou alcoólatra, mas estava longe da família, que era o pilar dela, e precisava cuidar das filhas, enquanto ainda era nova demais e estava sozinha; o mundo não oferecia tantas ferramentas para comunicação, ela precisou se apoiar nas lembranças boas que tinha com as amigas, irmãos, mãe e pai, parentes. Era tudo que ela tinha, até quando não aguentava mais, ela insistiu e resistiu, tudo pelas filhas: “Elas são muito importantes. Que elas são tudo pra mim, minha razão de viver.” Hoje, todas as suas filhas já são crescidas e nunca foram mal cuidadas, elas cresceram com muito amor e tiveram uma mãe que nunca deixou faltar comida e cuidados. Todas falam com muito carinho da mãe para Deus e o mundo escutarem; mesmo que não sejam acostumadas a falarem sobre sentimentos em voz alta. E a Dona Vanda aprendeu a ficar sozinha, mas ainda não gosta muito, por isso ainda mantém uma das filhas com seu neto consigo, na mesma casa. Ela fica com um brilho diferente quando sabe que todas as filhas e netas estão indo pra casa e já se acostumou com todas as amigas da neta mais velha chamando ela de “vó”, pois todo mundo que entra na casa dela fica encantado e é bem cuidado.


Essa é uma história resumida de uma mulher de personalidade muito forte que merece uma vida longa ao lado das pessoas que ama.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.