JOSÉ ROSA XAVIER NETO - ESCRITO

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Universidade Cruzeiro do Sul

Liberdade

José Rosa Xavier Neto

RGM:629878951

Retratos de Família

São Paulo

Campus
2022

Universidade Cruzeiro do Sul Campus Liberdade

José Rosa Xavier Neto

RGM:629878951

Retratos de

Trabalho

Família
apresentado no curso de Relações Públicas no campus Liberdade São Paulo 2022

Introdução:

Essa história trouxe diversas lembranças que precisei apagar e filtrar tudo que definiria quem sou hoje. É sobre a história de uma mulher que me inspira, que me cativa e me faz querer ser ainda melhor. Essa é a história da minha mãe Karina e sobre tudo que definiu a família Xavier de hoje.

Nossa história se inicia quando minha avó Beatriz e minha tia avó, irmã dela Aparecida saíram de casa um dia para ir para balada dançar e apreciar na noite de Bauru no interior de São Paulo. Isso era uma coisa que elas sempre faziam.

Na época, ambas estavam solteiras e foi onde conheceram meu avô José e meu tio avô Antonio que eram do centro de São Paulo e estavam de passagem em Bauru.

Foi aí que eles começaram a se conhecer e construir uma relação, minha tia avó com meu tio avô e minha avó com o meu avô. Mas por conta da distância, ficou complicado eles manterem esse relacionamento, foi então que eles decidiram se casar e construir uma família para assim vir morar em São Paulo, a terra dos sonhos.

Minha tia teve 2 filhos com meu tio e minha avó teve 3 filhos, sendo que uma faleceu após nascer, ficando minha mãe Karina e meu tio Robson.

Quando os filhos da minha tia avó fizeram 13 e 14 anos, meu tio avô que trabalhava viajando de carro, sofreu um acidente de com mais 3 pessoas e veio a óbito na hora sendo o único que não resistiu.

Uma mulher, preta naquela época com 2 filhos não foi fácil, porém ela batalhou e estudou muito se tornando a primeira mulher da família a cursar uma faculdade e ter um cargo alto em uma empresa.

Já minha avó e meu avô decidiram voltar para Bauru para criar minha mãe e meu tio em uma realidade mais aceitável que São Paulo poderia oferecer, e criaram seus filhos lá por 12 anos.

Porém nesse período meus avos declararam o divorcio deles.

De volta a São Paulo com a minha mãe já com 14 anos ela e sua prima Andréa ficaram sabendo que tinha um vizinho novo no bairro e que era lindo, minha mãe não deu tanta bola para aquele vizinho e tentou juntar ele com a minha tia, o que não funcionou.

Esse vizinho era meu pai o Adilson que chegou de Pernambuco com 17 anos em uma cidade totalmente diferente da realidade que ele cresceu com o sonho de construir uma vida e uma família aqui.

Assim que ele viu minha mãe, ele ficou apaixonado e fez de tudo para chamar a atenção dela e conquistá la, mas minha mãe já estava namorando com um outro menino.

Ao completar 15 anos, ela descobriu que estava gravida da sua primeira filha e minha irmã Thayna, que é fruto desse relacionamento que minha mãe teve. Porém ele não era exatamente o pai que ela queria que fosse para a filha dela.

Então ela ficou naquele dilema, uma jovem de quinze anos, preta e sem experiencia nenhuma. Como ela iria criar uma filha?

Nesse período em que ela estava gravida, meu pai se aproximou da minha mãe pois ele não deixou de amar ela desde o primeiro dia em que a viu.

Após nove meses a minha irmã nasceu, e naquele momento ela não tinha um pai para registrar no seu documento, apenas uma mãe. Porém meu pai foi até o hospital e assumiu a filha que minha mãe teve e se tornou o pai dela por registro e por amor. Foi aí que a história deles começou e com muita batalha já que a família por parte de pai não aceitou a decisão que ele teve e não eram tão próximos da minha mãe assim.

Um ano depois de relacionamento, minha mãe descobriu estar gravida novamente, mas agora do meu irmão que levou o nome do meu pai Adilson. Dessa vez a gravidez foi complicada, ela não tinha repouso e a família por parte de pai não colaborou com a gestação também e foi quando o meu pai começou a beber mais ainda, o que levava a família dele entender que era por culpa da minha mãe, que aguentou por apenas sete meses e foi quando meu irmão nasceu.

Foi uma batalha para ele sobreviver, uma luta diária que minha mãe tinha que era de cuidar da sua filha, lidar com seu marido e família e um filho que estava lutando para ficar vivo em um hospital que ficava a mais de 2 horas longe da casa dela.

Minha mãe que sempre teve fé sabia que meu irmão ia sair daquela e iria voltar para casa com saúde, e foi o que aconteceu. Após passar dias internado, ele voltou para casa com uma saúde inabalável.

Por passar por tudo isso, minha mãe decidiu que não iria mais ter filhos e começou a tomar remédio para não engravidar, então ela começou a tomar em 1996 o famoso Microvilar e continuou tomando por quase dois anos, quando descobriu estar gravida de 3 meses de mim.

Para quem não conhece, esse remédio teve alguns lotes declarado como feito a base de farinha, e ela foi contemplada por esse lote Então em 1998 eu nasci com três quilos e enorme, o maior da família.

Daí em diante a maior batalha da minha mãe era cuidar de três crianças e um marido alcoólico e que só ajudava colocando comida em casa e pagar as contas. Diversas vezes ela pensou em

desistir, diversas vezes ela saiu de casa com um carrinho de beber e três crianças para tentar mudar aquela realidade, mas ela sempre voltava pois amava meu pai.

Ele tentava parar de beber e conseguia ficar tempos sem uma gota de álcool, mas sempre tinha recaídas.

Quatorze anos depois que nasci, minha mãe ainda com meu pai teve mais uma filha, agora a Thamyres. Foi uma surpresa para todos, uma surpresa que mexeu com todos e até com meu pai que decidiu então parar de beber de vez e foi o recorde dele de dois anos.

Nesse período de dois anos, minha mãe que que cuidava de 4 filhos, do marido e do trabalho começou a sentir que algo tinha mudado nela e ela foi procurar um médico. Sim, minha outra irmã Thalyta estava a caminho e mais uma vez nossa família ficou extremamente animada com essa notícia, então meu pai voltou a beber para comemorar novamente...

Então nove meses depois, após minha irmã nascer tudo que a dois anos atras tinha mudado, voltou a acontecer.

Só que desta vez foi diferente, após um mês de nascimento da Thalyta recebemos a notícia de que minha avó que estava namorando com outra pessoa, havia sido levada para o hospital pois desmaiou dentro de casa fazendo comida.

Só que essa história foi além de tudo que imaginaríamos, ela foi levada para o hospital que ninguém sabia qual ele era. Movemos uma ação para localizá la e procuramos em todos os hospitais da região, mas sem sucesso.

Até que chegamos em um e encontramos, ela havia sido internada com o nome incorreto e sem acompanhante.

Uma coisa que minha avó sempre disse:

“Quando eu morrer, vai ser em um dia marcante para sempre lembrarem que estive aqui ...”

No domingo de Dia das Mães em 2007 ela foi declarada morta por envenenamento.

Esse é o tipo de coisa que meche com a cabeça de qualquer filho, de qualquer neto e de qualquer familiar. E não foi diferente da minha mãe, que sempre teve fé que a vida ia ser melhor para todos que ela amava e que Deus abençoaria todos ao seu redor ... teve um colapso, tentou desistir da sua vida e de tudo que ela batalhou para ter. Agora com 5 filhos, um marido alcoólatra e sem uma mãe, realmente a vida não fazia mais sentido

Esse período foi bem complicado, minha mãe vivia anestesiada pela situação eu e meus irmãos mais velhos tínhamos que lidar com todo o resto, cuidar de dois bebês e do meu pai e resolver todos os problemas que começaram a surgir naquela época.

Mas ela voltou, batalhou internamente e ressurgiu com toda energia para reverter aquilo e levantou por conta dos filhos que ela tinha. Foi quando ela tentou por mais de 5 anos se separar do meu pai, que nunca mais parou de beber.

E com a bebida, com essa doença as agressões chegaram, as ameaças chegaram e as tentativas de matar minha mãe também chegou. Foi quando uma noite que meu pai estava alcoolizado pegou uma faca e tentou entrar no quarto da minha mãe e por Deus eu acordei naquele momento e consegui desarmar meu pai e tirar ele de lá.

Dentre esse período minha mãe havia conhecido um homem que escutava as dores dela, mesmo que virtualmente e começaram a namorar durante esse período de cinco anos.

Então, após essa tentativa foi quando minha mãe decidiu sair de casa e ir morar com esse namorado que até então não conhecíamos.

Foi quando o Junior, namorado da minha mãe entrou em nossa família. Um homem humilde e que fazia de tudo pela minha mãe e dava seu melhor para ver ela feliz. E após alguns anos de relacionamento com ele, descobrimos que a nossa caçula estava a caminho, a Kemilly o nosso ponto de paz e o ponto final de uma vida passada onde minha mãe teve que batalhar para criar seus filhos e se manter viva. Naquela hora essa criança era o momento de felicidade que precisávamos.

Desde então meu pai se mudou para outro estado começar a vida dele novamente e minhas irmãs mais novas passaram a morar com a minha mãe e com o Junior.

Em 2021 quando pensamos que não podíamos mais ser mais surpreendido, meu irmão Adilson e minha cunhada Lais, anunciaram para a família que estavam esperando um filho o primeiro neto da minha mãe, o Lorran.

Existem coisas na vida que não sabemos explicar e esse neto, meu primeiro sobrinho mudou completamente toda estrutura que tínhamos, quando minha irmã mais nova nasceu achamos que nada iria nos alegrar mais como quando essa notícia chegou. Eles dois foram os pontos de mudança na nossa vida e a felicidade que nos trouxe, mostrou que apenas uma família que se mantem unida, passa por todos os obstáculos juntos.

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