MARIA RITA SANTOS CARDOSO
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CAMPUS LIBERDADE
ROTEIRO TRABALHO INTERDISCIPLINAR
Roteiro sobre a história e vida de Maria Do Carmo Santos, baseado na entrevista com sua filha Maria Da Penha Santos Santana Orientador(a): ProfªCarla Testa
ROTEIRO PROJETO INTERDISCIPLINAR
HISTÓRIA SOBRE MARIA DO CARMO SANTOS CONTADA POR SUA FILHA MARIA DA PENHA SANTOS SANTANA
Esse roteiro é feito a partir da entrevista com Maria da Penha Santos Santana, filha da protagonista em foco desse trabalho MARIA DO CARMO SANTOS
Foram feitas 13 perguntas a pessoa entrevistada:
1-Qual o seu parentesco com a pessoa em foco?
2-Como foi a infância dela?
3- Qual foi a sua cidade natal e com quantos se mudou, qual foi o objetivo da mudança?
4 Quais foram suas profissões?
5- O que consegue me contar sobre o casamento dela?
6- Sabe me dizer com quantos anos teve seu primeiro filho?
7-Quando ficou doente pela primeira vez?
8-Como foi a sua infância com ela?
9 O que se lembra de sua personalidade?
10 Quais eram seus pontos mais fortes?
11 Tem alguma lembrança que gostaria de compartilhar?
12 Por fim, me conte como a descreveria.
Bônus: Se ela pudesse te ouvir, o que diria para ela?
Com base nessas questões, podemos dizer que:
INFÂNCIA
Dona Maria do Carmo Santos ou “Vó do Carmo” como era chamada pelos filhos, netos e amigos, nasceu no Estado do Ceará no dia 10 de Setembro de 1936 na cidade de Barbalha. Era filha de Ana Maria da Conceição e Antônio Benedito De Souza, teve nove irmãos: Maria de Lourdes, Pedro, Expedito, Beatriz, Maria do Socorro, Francisca, Tereza, José, João.
Foi Uma Mulher muito guerreira, que desde pequena trabalhava na ‘’roça’’ com seus pais, colhendo café e hortelã. Não concluiu os seus estudos, pois a rotina de trabalho era extremamente cansativa e não havia tempo para ir à escola, porém nunca deixou de querer aprender a ler e escrever, então sozinha em casa no tempo que sobrava estudava por conta própria com a ajuda dos seus irmão e pais e assim aprendeu o que podia e não se tornou uma pessoa ignorante.
PRIMEIRA MUDANÇA DE ESTADO
Aos 16 anos seu Pai vendeu o sítio e foram para o Estado do Paraná, na cidade de Campo Mourão, lá continuaram a trabalhar na roça e vendiam o que cultivavam.
Nessa mesma época, conheceu Enedino José dos Santos que era três anos mais velho, com quem viria a ter um relacionamento amoroso e se casaria aos 19 anos em 1955 (data exata também não foi revelada). Enedino também havia vindo de outro Estado (Bahia) em busca de empregos melhores quando era um pouco mais novo, óbvio que o destino os juntaria!
CASAMENTO E FAMILIA
No ano seguinte ao casamento, Maria do Carmo teve sua primeira gestação, onde sofreu um aborto espontâneo pela primeira vez, devido à falta de cuidados médicos. Meses depois, teve a segunda gestação e o segundo aborto. Finalmente em 1958 aos 22 anos teve seu primeiro filho que se chamou Juraci dos Santos.
A partir daí, sua linhagem continuou a crescer até que sua última filha nasceu em 1970, somando 7 filhos: Juraci dos Santos, Vilma dos Santos, Eduardo dos
Seu casamento durou 44 anos, segundo relatos da entrevistada, foi um casamento de muito amor e companheirismo, o marido gostava de realizar todos seus sonhos, por mais simples que fossem e lhe agradar com tudo que gostava. Mas também era um homem muito ‘’pavio curto’’ e Maria do Carmo não aceitava quando ele lhe impusera ordens e não abaixava a sua cabeça para nenhum desaforo vindo de sua parte ou de ninguém. Isto fez com que brigassem muitas e muitas vezes, como por exemplo a entrevistada citou uma discussão: Informou que naquela época era comum que as mulheres usassem panos enrolados em seus cabelos, pois era costume que só o lavassem de 20 há 30 dias com sabonete de soda, porém, Maria não gostava de ficar tantos dias sem cortar o cabelo e muito menos usar esses lenços pois gostava muito de exibir seus cabelos, para resolver essa questão decidiu cortar o cabelo bem curto, para que fosse mais fácil de cuidar e para assim, estando na altura de um cabelo socialmente considerado masculino, não precisaria usar os lenços.
Isso frustrou muito seu marido que não gostou do estilo de corte pois chamava muita atenção. Maria neste dia, fugiu de casa e só voltou no dia seguinte quando Enedino estivesse mais calmo e manteve seu corte de cabelo até seu último dia de vida.
A personalidade de Maria do Carmo sempre foi muito forte, no sentido de nunca se deixar ser rebaixada por ser Mulher ou Negra ou Pobre, e quando nova, entrava em muitas brigas por conta disso. Além disso, devido a sua criação simples se tornou uma mulher muito humilde, não gostava muito de ir à praia ou a cinema, somente gostava de estar perto dos seus familiares seja em festas em casa ou viagens que fossem para locais mais urbanos, onde podia ver o amanhecer do sol e andar de cavalo.
Santos, Djalma dos Santos, Elio dos Santos, Jurani dos Santos e Maria da Penha Santos.CRIAÇÃO RELIGIOSA
Teve uma criação muito religiosa também, foi católica e com o passar dos anos sempre cultivou mais a sua Fé e a mostrava e compartilhava com todos que conhecia, ia a missa todos os domingos e em todos os dias santos, organizava terços marianos nas casas dos fiéis e gostava muito de participar de procissões e penitencias. Mesmo com todas as adversidades que encontrou no temperamento do seu marido, nunca cogitou em divórcio, pois acreditava que casamentos feitos e consagrados na igreja, eram um compromisso com Deus e seria um pecado horrível desfazê lo. Tinha o costume sempre de pedir a benção aos seus pais e na sexta feira da paixão se ajoelhar em genuflexão para mostrar respeito ao pedir a benção, costume que passou para os filhos.
SEGUNDA MUDANÇA DE ESTADO
Em 1973, se mudou com sua família para São Paulo em busca de condições melhores em que seus filhos ou eles não precisassem mais continuar o trabalho assíduo na roça para se sustentar. Seu marido conseguiu algumas oportunidades de trabalho como operário e porteiro, enquanto isso, Maria ficou cuidando da casa e educando seus filhos.
A MORTE DO MARIDO
Em 1999, a maioria de seus filhos já estavam casados, com seus próprios filhos e haviam saído de casa, ficando somente Maria Da Penha morando com ela e seu Pai. No mesmo ano, Enedino que já tinha problemas respiratórios como bronquite, adoeceu e infelizmente veio a falecer no dia 24 de julho deixando Maria do Carmo devastada. Não veio a se relacionar com nenhum homem após isso e sempre lembrava dele e fazia questão de manter sua memória viva.
DOENÇAS
Cinco anos após a morte do seu marido, Maria veio a descobrir que tinha um câncer considerado maligno no útero o que trouxe um imenso temor a sua família,
visto que não havia tanto tempo que tinham perdido seu Pai. Passou por tratamento rigorosos onde sofreu demais, mas sempre rezando e intervendo a Nossa Senhora Aparecida e por fim foi preciso que fosse feito a remoção do seu útero para que pudesse sobreviver a esta doença, com o tempo se curou e o câncer nunca mais voltou ao seu corpo. Dizia a todos que foi Nossa Senhora Aparecida que havia lhe curado.
Seis anos após essa doença, também veio a ter problemas cardíacos e precisou instalar um marcapasso para que seu coração voltasse a bater corretamente.
Em 2015, começou a sentir fortes dores na perna direita, com o tempo foi descoberto que as dores eram causadas devido ao acúmulo de gordura em suas veias e foi feita a primeira cirurgia de obstrução. Mesmo com a cirurgia, continuava a sentir dores que só pioravam, mas mesmo assim, continuava a se forçar a ir à igreja rezar por sua saúde e agradecer por cada dia.
Em 2016, após conviver com essas dores a um ano, elas vieram a piorar de maneira significativa e Maria teve inúmeras internações para controle da doença, mas em 2017 foi necessária uma segunda cirurgia de obstrução.
Mesmo com a cirurgia, nada resolvia seu problema e devido a idade avançada, mais cirurgias poderiam ser altamente perigosas e provavelmente levariam a morte devido seus problemas cardíacos controlados pelo marcapasso e também diabéticos.
Foi resolvido pelos médicos, que seria necessário a amputação de sua perna para que Maria sobrevivesse, e então, logo ela que gostava de andar por São Paulo, ir à igreja, ir as excursões para Aparecida do Norte, ir à feira e andar a cavalo, foi forçada a permanecer refém de uma cadeira de rodas ou andador, para que pudesse se locomover o mínimo possível, sem uma de suas pernas.
A partir disso, tentou colocar uma prótese mecânica oferecida pelo SUS, mas por conta de seu peso e idade, não foi recomendada pelos médicos.
Nos anos que se seguiram, Maria continuou a ir à igreja com a ajuda dos seus familiares e sempre esteve rodeada por todos eles e seus amigos, todos os dias de sua vida. Mesmo tendo sido uma pessoa fechada, tendo uma personalidade forte, demonstrava com atitudes e orações como se importava e amava todos ao seu redor,
sempre sendo um exemplo de humildade, generosidade, fé e amor. Sempre dizendo a todos como são pessoas fortes e podem ser melhores acreditando em si mesmos e em Deus.
Maria do Carmo faleceu no dia 04 de fevereiro de 2022 devido a uma pneumonia bacteriana que lhe causou um ataque cardíaco e não resistiu, deixando 7 filhos, 21 netos, 30 bisnetos e 2 tataranetas.
Em memória de: (1936 2022)
CONCLUSÃO
Concluo este trabalho, dizendo que em base na entrevista de sua filha mais nova, Maria da Penha Santos, posso dizer que Maria do Carmo foi uma Mulher que sofreu diversas dificuldades na sua vida, desde a sua infância difícil, sua dificuldade em engravidar até as doenças que enfrentou. Passou por tudo isso sendo forte e acreditando que Deus e Nossa Senhora Aparecida estariam sempre ao seu lado, lhe afastando de todo o mal, até que finalmente chegasse a sua hora, evangelizou todos ao seu redor e os incentivou a ser pessoas melhores e autossuficientes sendo o maior exemplo. Posso dizer também, que tive a honra de ser Neta dessa mulher incrível e que de onde esteja, possa se orgulhar do trabalho que fez aqui na terra para com todos.