Revista Opinião

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OpiniaoAno1n1/2021 O SUS em sua dimensão maior: O que a mídia não mostra. Pag. 10Pag.cresceucontrapandemiaquePesquisaspróprioOPag.trágicasconsequênciasdomarcaramdecoberturanaSensacionalismoimprensa:aexaustivacasosqueahistóriaBrasileas04inimigoemseular:apontamnodecorrerdaaviolênciaamulherrapidamente14

Apresentação da Revista Opinião

Editora chefe: Karine Gomes Editor de Arte : Pablo Sobral Repórtes: Karine Gomes, Camila Alves, Jeniffer Alves Fotografo: William Moreira

Produzida por formandos de jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, a Revista Opinião tem como propósito pautar e esclarecer assuntos de interesse social a partir de um teor democrático. São 24 páginas compostas por um conteúdo sem monotonia e de autenticidade ética e objetiva, pegando refêrencia revistas como referência Caros Amigos e Realidade. Abordados questões relevantes a sociedade, como saúde, habitação, feminicidio e vida durante a pandemia. Também criticamos a forma de fazer jornalismo trazendo um olhar de quem está entrando o mercado de trabalho agora.

sensacionalismo04sumárioOsimpactosdono caso Eloá Cristina Pimentel 08 A pandemia em 12 quadros 10 A pauta e o sus: a falta de contextualização dos meios de comunicação em assuntos relacionados a saúde pública 14 O Aumento da violência doméstica contra mulheres durante a pandemia do novo 18coronavírusMovimentos de moradia e sua luta durante a pandemia 21 Nossa indicação

Aquela Opinião

Aí dessas palavras que vão ser es critas, espero que não influencie ninguém! Porque minha opinião é de alguém comum, com as faculda des mentais abaladas e sem visão de um futuro próspero nesse lugar que chamo de nacionalidade. A palavra do Opinião, segundo o filosofo Parmênides é a “ideia con fusa a respeito da realidade e que se opõe ao conhecimento tido como verdadeiro”. Com as eleições de 2018 vemos que o palanque de infor mações cresceu e evidenciou pes soas que até então tinham vergonha de alçarem suas vozes com visões que eram ignoradas, preconceituosa ou simplesmente seriam taxadas de loucas. Eu não gosto dos neutros esse perfil que acha qualquer medi da de repressão contra esse tipo de fala é absurdo e dizem “deixem eles falarem qual mal pode haver? Pois eles têm o direito de ser intole rantes segundo a constituição! fala defendido por constituição, vamos relembrar que havias “estudos” na qual falavam de hegemonia de raça levando a morte muitos taxados de inferiores ou que a homossexualida de é uma doença, levou a persegui ção de muitos. Todos esses aspectos vemos ainda na sociedade de hoje. A opinião do Presidente da repúbli ca levou a morte de mais 600 mil pessoas, por não confiar em estu dos e sim uma opinião, um remédio, descrédito medidas de isolamento . Tomamos cuidados com essas opini ões que são como dentes- leão que são levados por qualquer brisa.

Opiniao Karine RepórterGomes

impactos do sensacionalismo no caso Eloá Cristina Pimentel

Perez, que produziu o pre miado documentário “Quem matou Eloá?”, deduzem que a imprensa teve certa parcial de culpa na morte de jovem. No documentário, é aborda do principalmente a forma como o crime foi noticiado a partir de manchetes apela tivas que ganharam a capa dos jornais com o título: “um crime passional” ou “um cri me por amor”.

A

A cobertura do sequestro e assassinato de Eloá Cristi na Pimentel, em 2008, é um exemplo claro. Vários meios de comunicação extrapo laram e, após reportagens exaustivas e desrespeitosas, o caso acabou com a preco ce morte da adolescente, que foi assassinada pelo ex na morado Lindemberg Alves. Em suma, muito se deduz o porquê o ocorrido chamou tanta atenção da imprensa. Seja pela forma como foi noticiado ou por seu desfecho, muitos especialistas, como por exemplo, a diretora Lívia

divulgação de um crime movimenta a opinião pública e mostra como o jornalismo é ne cessário para a sociedade. Entretanto, estamos sujeitos ao sensacionalismo, que é a perca da essência jornalís tica. Geralmente acontece quando a ética, que é o prin cipal fundamento da profis são, se perde. O propósito da notícia passa a não ser mais a informação e sim o ato dechocar.Os

O peso de uma cobertura exaustiva e sua influência negativa no desfecho do sequestro

O Programa, A Tarde é Sua, da Rede TV!, apresentado pela jornalista Sônia Abrão, foi um dos protagonistas nas coberturas sensacionalistas.

Imagem Tv Globo- Lindemberg Alves, manteve sobre cárcere privado a ex namorada Eloá Cristina por 100 horas

plorar para falar com Eloá. Quando passou o telefone, possivelmente o bom senso do universo desligou a liga ção, mas a inconveniência da jornalista não demorou para

Opiniao

“ No caso da Eloá, a imprensa políciacincoquefinalpareciaçãopulaçãoreforçavamjornalísticasvincente.namorada,algumaste,tamente,Anãonegativamenteinterviue,mesmoqueessafosseaintenção,poisacreditoqueopropósitoeratentarajudar,nofinal,sóatrapalharam”ideiadeumrapaz,suposestáveleconscienquesóqueriaresolverpendênciascomaeraamaisconAstransmissõesdealgunsmeiosessaideiaeapoacreditava.Areceperaotimistaeodesfechocaminharparaumfeliz.Contudo,nãofoioaconteceu.Apósquasediasdenegociações,ainvadiuoapartamen

O pico aconteceu quando a apresentadora conversou exclusivamente por telefone com o Lindemberg durante transmissão ao vivo. Na con versa, que mais parecia um bate-papo descontraído, a apresentadora, por diversas vezes, esqueceu da gravida de da situação e tentou con vencer o rapaz a desistir do sequestro, obviamente sem sucesso.“Acobertura

Lindemberg Alves sendo detido pela polícia, após manter Eloá Cristina em cativeiro

antesdesligariadaoeniacansaço.demonstravamas,dereciaenredoLindembergSimultaneamentedapéblicidades,lantes,decimareciava,eraparaquestroousavatros,oufome,perguntarpreocupargunste,perguntas,faltaEmapresentadoraexaustiva,inconvenienteeraemasapareciaseautopromoveremcimadasituação”dadaàcircunstancia,nadeassunto,Sôniafaziaaparentemendespretensiosas.Emalmomentos,pareciasecomorapaz,aoseeleestavacomsehaviadescansadodormidobem.Jáemoucomcertaconfiança,questionarseosetinhaalgumprazoseencerrar.Acoberturainconvenienteeexaustimasaapresentadorapaseautopromoveremdasituação.Ospicosaudiênciaeramestimuenquantoqueaspuconstantesnorodatela.aconversa,acompanhavaodocasopelaTV,pagostardarepercussãoeserocentrodasatenções,emoutrosmomentos,irritabilidadeeEnquantoisso,Sôesuatrupenãocessavamcontinuavamapapearcomrapazque,emdeterminaoportunidade,avisouqueachamada,nãodaapresentadoraim

Eloá Cristina Pimentel, de 15 anos, e mais três colegas, estes Victor, Iago e Nayara, realizavam trabalhos escola res quando foram surpreen didos pelo ex namorado da garota, Lindenberg Alves. Inicialmente, os dois reféns meninos foram liberados, en quanto que a amiga, também ganhou a liberdade horas de pois. Na casa, em posse do sequestrador, ficou somente Eloá. Não demorou para a polícia receber o chamado e cercar o local. Em atitude inesperada, Nayara foi con vidada a voltar ao cativeiro, atitude essa vista como equi vocada por muitos especia Olistas.que

parecia ser um seques tro que terminaria em um desfecho simples e amigável, acabou por se tornar o mais longo registrado pela polícia de São Paulo, durando em torno de 100 horas. Com uma tendência altamente noti ciosa, que se traduz em um

enredo onde se pode extrair pautas de todas as partes, o caso logo chamou a atenção da imprensa. A partir disso, o térreo do apartamento ficou dividido entre câmeras de Tvs e carros policiais. Junto a repercussão, consequentemente, veio a comoção na cional e a essa altura todos já sabiam quem eram os perso nagens da história.

retornar.OCASO ELOÁ

to e mobilizou Lindemberg, não antes dele atirar nas meninas. Após ser atingida na cabeça e na virilha, Eloá saiu do local carregada por um policial desacordada e foi encaminhada ao Centro de Hospital de Santo André. Sua morte foi confirmada horas depois. Enquanto que Naya ra, após um tiro de raspão no olho, saiu caminhando do local e Lindemberg,sobreviveu.por sua vez, acabou preso e, mesmo que declarado culpado, especialistas cogitaram que a ação precipitada da imprensa e da polícia também tiveram sua parcial de culpa. Na de legacia, o rapaz estava clara mente abalado e com o rosto inchado, o que para muitos, deu a entender que ele foi espancado, antes de ser de tido. De lá para cá, já se pas saram 13 anos e, atualmente, Lindemberg, condenado a 39 anos, segue preso em regime semiaberto na Penitenciaria de Tremembé. O advogado criminalista Maike Willyan Hartz, graduado pela Uni versidade Feevale e pós gra duado em Especialização de Direito Penal pela PUC-Rio Grande do Sul, conta que a interferência negativa, não somente da imprensa, mas da polícia, foram inconse quentes e salienta que essa forma de abordagem no caso Eloá, é usada nas academias e faculdades como um exem plo de como não agir em uma situação de sequestro.

tentar ajudar, no final, só atra palharam as negociações. Quiseram passar por cima da lei. É necessário que se tenha total responsabilidade nesse tipo de situação, porque é muito delicada. É um erro da imprensa em intervir dessa maneira e um erro maior ain da da justiça em deixar que acontecesse”.OSENSACIONALISMODOPROGRAMAATARDEÉSUAAprogramaAtardeésua!,éconhecidoporextrairomáximodasnotícias,mesesantesdocasoEloá,SôniaAbrãojáseaventuravaemreportarhistóriascomcunhosensacionalista.Emjulhode2008,opintorAndréMartins,atéentãocom25anos,foimortoatirospelapolícianorte-americanadeMassachusset-ts.Orapazteveoseuvelórionarradocomdramaticidadepelaapresentadora,quefezquestãodemostrarimagenspolêmicascomoumclosedeseurostofalecido,enquantoquenalegendadatela,acoberturaeradivulgadacomo“Exclusiva”.“QueremosmostraroúltimoadeusaopovodaterraemqueAndrénasceu”-Sônia

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Sônia Abrão, interviu diretamente nas negociações do sequestro e atrapalhou a ação da polícia

Abraão durante cobertura do assassinato do pintor André AlémMartins.do sensacionalismo, o jornalístico também é co nhecido por dar voz aos “in justiçados”. Em 2011, Abrão conversou com Luiz Henri que Franco, o padrasto do ex goleiro do Flamengo, Bru no. Ambos eram acusados de sequestrar e assassinar a modelo Elisa Samúdio na época. Durante a entrevista, Luiz Henrique disse que Elisa estaria viva, loira e vivendo na Colômbia, hipótese essa jamais comprovada.

“ No caso de Eloá, o jornalístico é visto como um dos responsáveis pelo desfecho trágico ”

Já em 2015, precisamente no dia 24 de junho, a morte do sertanejo Cristiano Araú jo e de sua namorada Alana Moraes, comoveu a todo o Brasil. O cantor, de 29 anos, estava no auge da carreira quando sofreu um acidente de carro enquanto voltava de um show. Consequente mente, por ser um artista em ascensão, sua partida gerou grande repercussão na mí dia, mas nenhuma emissora

“ Quando a cobertura de um caso gera grande repercus são, atraí os olhares das pes soas e, através disso, nasce a revolta. No caso da Eloá, a imprensa interviu negativamente e, mesmo que essa não fosse a intenção, pois acredito que o propósito era

explorou tanto o caso como o programa A Tarde É Sua!.

Em uma exaustão de infor mações durante oito dias seguidos, o ápice da cober tura charlatona aconteceu quando Abrão mostrou uma pomba branca pousando na cabeça do guitarrista de Cris tiano. Segundo a jornalista, o animal era um sinal do além enviado pelo cantor.

dos governos da época. So bretudo, o real oficio do jornalismo sempre foi divulgar a informação com autentici dade e trabalhar em pró da sociedade. Porém, é notável que desde os primórdios, a profissão esteve submeti da a interesses particulares, mesmo que o seu oficio ético de fato, fosse totalmente o oposto. O bom jornalismo existe, mas assim como em todas as profissões, tem os seus males e o sensacionalismo é um deles.

jornalismo tra balha com a verdade, com o intuito apenas de informar e esclarecer, ele funciona. A mídia tem muita relevância em investigações criminais e sua cobertura tem total influência na opinião pública. De exemplo, temos o recen te caso da CPI da Covid, do Senado Federal. Graças a co bertura exemplar da impren sa, um contrato que iria lesar os cofres públicos foi sus penso. Outro caso bastante relevante foi o impeachment do ex-presidente Fernando Collor, em 1992. Após a de núncia de seu irmão, Pedro Collor, houve uma investigação massiva, que mais tar de culminou em sua queda. Todas essas investigações foram fundamentadas com

ParaSENSACIONALISMOCAUSAMQUEONOJORNALISMOdelimitarmoscomo o sensacionalismo acontece no jornalismo, primeiramen te, é necessário entendermos como os mesmos funcionam e quais as suas origens. Em relação ao jornalismo, sabe mos que o s primeiros jornais saíram dos cafés da Inglater ra, ainda no século 17 e, con sideravam, a princípio, exer cer uma função investigativa. Enquanto isso, na América colonial, apesar de funcionar como uma tri buna para o povo, a imprensa era consi derada partidária, defensora

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Em definição genérica, o sensacionalismo é prescrito como um método utilizado pelos meios de comunica ção para gerar interesse no público e, assim, aumentar a quantidade de receptores. Contudo, quando atinge um pico alarmante, faz com que a notícia perca o seu princípio moral. O jornalista investigativo Eduardo Reina, formado em Comunicação Social des de 1985 e Mestrado em Jor nalismo Investigativo desde

A interferência ficou nítida quando a apresentadora foi convocada pelo júri para fa zer parte do time de testemunhas na audiência do cri me. A defesa de Lindemberg acusava a mídia, em especial o diurno, pelo trágico assas sinato da jovem, alegando que a cobertura intensiva ajudou a prolongar o seques tro e, consequentemente, fez com que este chegasse ao extremo.FATORES

2020, pela Universidade Me todista de São Paulo, aponta os leques necessários que levam o jornalismo a uma co bertura ética, usando como exemplo, casos de grande “Quandorepercussão:o

No caso de Eloá, o jornalísti co é visto como um dos res ponsáveis pelo desfecho trá gico. A conversa por telefone de Sônia com Lindemberg, interviu diretamente nas ne gociações do sequestro e atrapalhou a ação da polícia.

Acervo Pessoal-Eduardo Reina é jornalista investigativo especializado em política

princípios éticos, informati vos e Assimdemocráticos”.comoocaso Eloá, quando acontece um crime com grande teor noticioso, a mídia reporta e não demora para que este alcance grande comoção nacional. Os meios de comunicação, como as redes sociais, permitem que as notícias se espalhem com mais rapidez. Até então, essa instantaneidade pode ser considerada um avanço da modernidade, mas quando se extrai conteúdo de onde não tem, o jornalismo perde o seu propósito ético.

AS TECNOLOGIASNOVAS E impressos,dios,formaçãonovosessascomunicaçãomundoComoSENSACIONALISMOOumaaçãonaturaldoedahumanidade,amudouecommudançassurgiramdesafios.Antes,aineralimitadaasrátelevisoresejornaismascomosavan-

Acervo da internet- hoje em dia notícias foram expandidos para outros meios

uma de suas variantes, a teo ria do Agenda Setting, é de fendido que a imprensa não tem a intenção de manipular as pessoas, justificando que essa forma de abordagem intensa, é nada mais que um costume de noticiabilidade que vem desde os primór dios. Então, segundo os es tudos, a imprensa é moldada, induzida e vende o que o pú blico compra.

durante a Revolução Industrial, co meçaram-se os primeiros indícios de independência.

As pessoas passaram a ter uma maior resistência, as sim, o jornalismo começava a ganhar seus aspectos de oficio tradicional, passando a prestar serviço, não somente para uma classe social e sim para todas. Com a revolução, o publicismo não tinha mais o poder de manipulação em massa. Agora as notícias im pactavam a todos os povos, que buscavam por mais ob jeção e direito, ao invés de informações vazias – diz-se - publicistas. Desse modo, o publicista do passado é o sensacionalista do presente e, sendo assim, notamos que o fazer notícias e cobertu ras com teor espalhafatoso, não é um mal da atualidade e como dito anteriormente, todas as profissões tem seus males e o jornalismo não se isenta disso.

“O jornalismo livre e impar cial só existe por causa da democracia e esta é assegu rada entre outras vertentes, do próprio jornalismo e da opinião pública. O sensacio nalismo ganha força, porque o seu conteúdo é vasto, mas isso não significa que seja relevante. Há quem compre essa forma de disseminar notícia, mas há quem contes te também e ainda bem, né?! Essa contestação é muito importante, porque uma so ciedade democrata precisa de um jornalismo livre e verí dico.”, Eduardo Reina.

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Já para o jornalista Nilson Lage, “o compromisso fun damental de um jornalista é com a verdade e com a precisa apuração dos fatos”. Baseando-se a partir desse pensamento, eternizado em seu livro, Teoria e Técnica de Reportagem, Entrevista e Pesquisa Jornalística, po demos contextualizar sobre quão importante é o papel do profissional para com a so ciedade. Por muitas décadas, o jornalista foi visto como um publicista, uma espécie de defensor político. O exercer da profissão era limitado a uma espécie de “atividade Embarata”.contrapartida,

“ O nalísticas.destaquesãoimportantestendemconsumidorespropõemnaldMaxwellformuladaAmasganhasensacionalismoforça,porqueoseuconteúdoévasto,issonãosignificaquesejarelevante”teoriadoAgendamento,pelosjornalistasMcCombseDoShaw,nadécadade70,aideiadequeosdenotíciasaconsiderarmaisosassuntosqueveiculadoscommaioremcoberturasjorEnquantoque,em

Programas policiais costumam ter chamadas sensacionalistas

democrata“profissional.Umasociedadeprecisa de um jornalismo livre e verídico ”

não é todo mundo que usa essa vantagem para o bem. Nesse ínterim, o tre cho citado anteriormente do livro de Nilson Lage, sobre o modo de fazer jornalismo de publicismo, como “atividade barata”, se transforma em um termo atual. A internet e as publicações de notícias de forma instantânea e, sem ve racidade, muitas das vezes, com contextos direcionados a uma determinada parcial de leitores, com tendencia a fácil manipulação são um mal para a democracia.

ços tecnológicos, tudo se expandiu. As redes sociais, os dispositivos móveis e sua capacidade instantânea de transmitir informação, transformaram pessoas comuns em transmissores de notí cias. Na atualidade, a posse de um aparelho celular, faz com que qualquer indivíduo exerça a função de repórter, mesmo que, no sentido lite ral, não exista uma capacita ção

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Os próprios meios de co municação dão certo espa ço para os telespectadores mostrarem suas ideias e denúncias. É o caso do Jornal Nacional, da Rede Globo, que faz muito sucesso com o quadro “O Brasil que eu que ro”, onde as pessoas mandam seus vídeos, falando o que desejam para o futuro do país. Outro exemplo, é o diur no paulista SPTV, também da Rede Globo, que também abre seu espaço, dessa vez, para denúncias. Quando o jornalismo resolve empoderar o seu público, a câmera na mão de uma pessoa co

mum passa a ser de grande Porém,valia.

A Teoria Critica, idealizada pelos estudiosos da escola de Frankfurt, foi um movi mento que contestou a tec nologia, ainda no século XX. No estudo, os teóricos previ ram que a tecnologia, mesmo que uma expectativa de grande evolução social, tam bém traria grandes males. Contextualizando, a grande tendência de manipulação era o principal apontamento e, de fato, quando observa mos as notícias, principalmente nas redes sociais, com manchetes chamativas e, em muitos casos, sem autentica ção, notamos que a teoria se

faz real. É comum observarmos em campanhas políticas, notícias sem fundamentos, apelativas e mentirosas, visando apenas a garantia de votos. Outra situação muito comum também, principalmente quando se envolve celebridades, é o aumento da manchete e, quando checamos de fato, o contexto é totalmente diferente. Posteriormente, em relação a casos criminais de grande repercussão, além de lidar com o sensacionalismo, também é preciso se atentar a notícias com cunho mentiroso. Portanto, cabe ao jornalismo transparente e investigativo, trabalhar com a verdade e lutar contra a disseminação de Fake News, para assim, vivermos em uma sociedade mais transparente.

A pandemia em 12 quadros

A campanha de prevenção, a princípio soava com um propósito próspero, mas não vingou. O “Fique em casa”, não era compatível com a re alidade de pessoas que pre cisavam sair de suas casas para trabalhar em busca do sustento diário. Após toda a tragédia, entre desemprego e mortes diárias, muitos ain da insistiram em sorrir em meio ao caos na esperança de dias melhores, estes que passaram a ser reais com a chegada da vacina.

William FotojornalistaMoreira

Dois anos após o início da pandemia do novo coro navírus, o fim ainda parece ser algo distante. A fal ta de responsabilidade daqueles que deveriam ser exemplo, estes os governantes, faz com que a população não tenha noção do real perigo da doença.

A pauta e o sus: a falta de contextualização dos meios de comunicação em assuntos relacionados a saúde pública

Camila RepórterAlves

O

A opinião particular, negativa e generalizada da imprensa sobre a saúde pública e a falta de conhecimento dos profissionais de comunicação sobre o assunto

vezes nos deparamos com reportagens que impactam nosso dia a dia e, posterior mente, rendem assuntos por semanas? Geralmente, esse tipo de pauta vem acompa nhado de muitas polêmicas que, se dissolvem e geram muitas outras. Até então, não há nada de anormal, tratan do-se apenas do jornalismo seguindo o seu oficio primor dial.

s meios de comuni cação - televisivos, rádio e a internet - têm o poder de moldar a opinião pública. A autonomia é incontestável e, a importância desses ca nais, faz com que as pessoas compreendam determinadas situações, que sozinhas não conseguiriam. As atribui

ções vão desde referências sociais, políticas, culturais, entre outras, que, de certa forma, influenciam nos mais diversos pontos pessoais do ser Nessehumano.ínterim, para enfatizar a relevância que esses meios representam para a socieda de, é interessante destacar como uma notícia determi na a nossa rotina. Quantas

Foto Brasil de Fato: Nesse dois últimos anos o SUS esteve muito presente nos notíciarios

Opiniao

Contudo, quando o propósito deixa de ser a informação e passa a ser o ataque, a es sência da profissão se perde. O bombardeio de manche tes, muitas das vezes, objetivando visualizações e a ape lação, faz com que o público necessite de mais cautela na escolha do que irá consumir como notícia. É assim que os meios de comunicação entram em nossas vidas e se fixam. Portanto, o jornalista precisa ter coerência, auten ticidade e segurança na hora de reportar um fato, pois, este, impactará grande mas sa e formará opiniões, muitas das vezes, falido.porta-loemdosçãocomdoscaresConsideradoirreversíveis.umdosmelhosistemasdesaúdepúblidomundo,oSUS,éummeiosquemaissofremafaltadecontextualizadaimprensa,emespecialmeiostelevisivosque,boaparte,costumamrecomoumsistemaÉfatoquehámuitoo

ronavírus, enfim a vacina se tornou uma realidade brasi leira e o SUS foi visto como um dos protagonistas nessa conquista. A partir disso, a hashtag Viva o SUS, passou a ser um dos assuntos mais exaltados na internet. Apesar da aclamação, muitas pes soas questionaram a super valorização do sistema, jul gando desnecessária, mas, em contrapartida, a maioria abraçou a causa. O SUS, desde sempre, é pautado em meio a críticas e ameaças de encerramento do programa e, essa valorização repen tina, se caracterizou como uma ação de extrema importância.“Poucos jornalistas sabem como o SUS funciona ”

Opiniao

Segundo o IBGE, em torno de 72% dos brasileiros de pendem do SUS e, quando o assunto é sobre a sua desvalorização, o próprio brasileiro surge como o principal pes simista. Sobretudo, reforçan do o que foi abordado ao lon go da matéria, a implicância com o programa, é ocasiona da pelas reportagens inten sivas e descontextualizadas por parte da imprensa.

A televisão, mesmo que, com menos praticidade e alcance do que a internet, ainda as sim, é o meio de comunicação mais utilizado pelo ho mem da atualidade e, a partir disso, quando resolve fixar a ideia negativa de algo, seja do SUS, ou de qualquer ou tro meio, faz com que as pes soas comprem a ideia. Entre as notícias mais “vendidas”, defende-se o fato de que o SUS, necessita de privatiza ção para se firmar como um meio de saúde efetivo e de qualidade.UMNOVO

que melhorar no programa, porém, trata-se de um ex cesso de informações com o propósito de abordar apenas o lado negativo, deixando de apontar os positivos.

Após quase dois anos do iní cio da pandemia do novo co

OLHAR SOBRE O SUS

O papel da mídia é funda mental, então, quando se fala de saúde pública, a realida de do brasileiro é retratada. Realmente existe uma pre carização, como muitos pro gramas jornalísticos, em es pecial os policiais, costumam reportar. Por dia, são milha res de acidentes que culmi nam com as vítimas nas UTIs lotadas. Contudo, também há hospitais onde há vagas de sobra e atendimento de qualidade, mas quando isso ocorre, não é o foco principal da notícia.

Ilustração Ana Cattini: Viva o SUS, foi uma frase para apoiar o programa de saúde

Nas UPAS, por exemplo, existe toda uma organização de classificação por pulseiras de cores, – vermelho e ama relo para casos urgentes; azul e verde para casos le ves – onde os pacientes são atendidos a partir da gravi dade do seu quadro clinico. Mesmo que considerado um procedimento organizado e bem elaborado, a imprensa escolhe extrair o negativo do processo. Ao invés de apon tar os acertos, é apontado a demora no atendimento, que variam de cinco a sete ho ras, mesmo que as pessoas nessas condições, estejam destacadas nas cores verdes e azuis, estes considerados quadros super leves.

É nesse ínterim que as notícias descontextualizadas são reportadas, mas, o que poucos sabem, inclusive alguns jornalistas, é que o funcionamento da UTI, é calculado baseado no número de moradores de

Renata Alves é enfermeira na UBS Vila Guilhermina

determinado município. Ou seja, cada habitante tem um custo, este que é baseado nos impostos da população. A partir disso, gera outro procedimento necessário no SUS, que é o cadastro de pessoas nas UPAS mais próximas de suas casas. Sendo assim, quando uma pessoa, que não é da região, casa,riamfacilmentetes,mento,dequerpessoasves,muitosAlémmunicípio.sistemasobrecargasenoatendimentoprocurapostolocal,geraumanodessedomais,emcasoslehátambém,quese-necessitamumatendisendoesquadrosque,setratadosemsemfalarnos

“ O SUS não diz respeito apenas a saúde pública e gratuita, ele também regula Portanto,questõesoutras”ojornalismo

pacien

tes marotos que se deslocam para os hospitais apenas em busca de um atestado mé dico. Sobretudo, este não é um assunto interessante a se pautar na imprensa.

sim, uma realidade do siste ma, mas, antes de reportar apenas um lado, é interes sante, abordar os procedimentos que ocasionam tal. Quando isso não acontece, a imagem de um jornalismo criterioso e a falta de conhe cimento dos profissionais da comunicação sobre o SUS, se torna algo monótono. Vis to que o jornalista é responsável pela apuração, inves tigação e apresentação dos fatos de interesse público, a atenção e coerência de suas pautas devem ser dobradas.

Considerado um dos princi

traz

teresses particulares, mas a forma que a mídia aborda, faz parecer que sim. O fato é que o jornalismo deve trabalhar com prioridades de assuntos relacionados a sociedade, então estimular a população a compreender qual o papel do SUS, como ele funciona, as diversas formas que o sis tema faz em pró social e seus demais aspectos positivos é algo fundamental. Portanto, é interessante sim, apontar os erros, mas também é essen cial, apontar os acertos. Ao trazer uma crítica, também visar trazer uma solução, assim, mediando um jornalis mo ético e imparcial visando sempre o interesse do povo.

ma

pais pilares da democracia, o jornalismo falha gravemen te quando reporta assuntos desconexos, não somente sobre a saúde pública, mas de qualquer outro assunto. Em alguns casos, ainda fa lando sobre o SUS, o erro vem do próprio veículo de imprensa que escala jornalis tas de outras editorias, sem certa especialização e isso faz com que não se tenha au tonomia no assunto falado.

Desse modo, surge o ques tionamento: Seria possível fortalecer o SUS se os veículos de comunicação in vestissem em jornalistas que dominassem o assunto? É possível que esses profissio nais, que realmente sabem da importância do progra e privilégioéfalarção.–seremtosContudo,tamenteAteresseassuntosobstáculososna,comoentendemfuncioapurassemverdadeirosedeinsocial?respostacerésim.muiaindaprefereportar–dizdefenderaprivatizaSobretudo,sobrenãoerradoouumdein

Kalyne Menezes é jornalista especializada em saúde Menezes é jornalista especializada em saúde

falha gravemente quando reporta assuntos desconexos, não somente sobre a saúde pública, mas de qualquer outro assunto. “

Trata-se de uma cobertura de vícios que ajuda a disse minar pautas parciais, incoe rentes, que abordam apenas um “lado.Jornalismo

conheceu um projeto a qual a auxiliou para registrar a denúncia,conseguindo uma medida protetiva. Hoje, ela se sente segura: “A dica que eu dou para as mulheres saírem dessas agressões, é se senti rem fortes, não desistirem, e lutarem por suas vidas. Os homens sempre dizem que vão mudar. Um ou outro muda, mas temos que enxer gar quando não dá mais, por que senão vermos essa hora, pode chegar ao ponto de ele

Estudos do Fórum Brasileiro de Segurança Pública relataram que em menos de dois meses depois do início da pandemia, houve um crescimento de 44% no número de socorros à mulher

A Covid-19 iniciada em 26 de fevereiro de 2020 no Brasil, além de prejudicar a saúde de muitas pessoas agravou um conflito existente: A violência contra as mulheres. No início da pandemia em 20 de abril de 2020, o Fórum Brasileiro de Segurança Pública regis trou um crescimento de 44% no número de socorros para vítimas mulheres. Além dis so, o feminicídio também ob teve um aumento de 13 para 19 casos.

O Aumento da violência doméstica contra mulheres durante a pandemia do novo coronavírus

Opiniao Jeniffer RepórterAlves

Marcela da Silva, de 35 anos sofreu agressões antes do pe ríodo da pandemia e depois. Ao todo foram 5 anos. Na in fância, testemunhou seu pai bater em sua mãe por diver sas vezes,e depois de quatro meses de casamento, se via na mesma situação. Sofria violência doméstica, física e sexual. Na maioria das vezes, a violência ocorria na frente de seus filhos. No início des se ano, Marcela estava com depressão, e por uma amiga,

Banco de imagem - Durante o confinamento aumentaram casos de violência doméstica

tirar a nossa vida. Temos que lutar.”

se casaram depois de um ano de namoro para se libertarem, ela com 22 anos, e ele com 25. Adelaide que veio de três gerações de violência domés

Na maioria das vezes, a aconteciaviolêncianafrentedeseusfilhos”

Opiniao

tica, começou a repassar o papel da vítima, e seu marido José Carlos repassou o papel do pai como agressor.

Acervo Pessoal- Joseane Bernardes, assistente social da linha de frente do Projeto Mulher Reviva

Uma das causas mais comuns de um relacionamento abusi vo é o ciúmes excessivo, este que Adelaide Congo acredita va ser demonstração de amor: “No começo, nós achamos bonito, achamos que é legal, que é proteção. Mas, ali já são sinais que ele quer te contro lar”. Hoje, a assistente social que ajuda mulheres nessas condições de violência do méstica no projeto: “Mulher Reviva”, afirma que os sinais de um homem violento se ini ciam no namoro. Assim como Marcela, Adelaide presenciou sua mãe apanhar de seu pai na infância. Seu marido convi via também com essa realida de onde via seu pai bater em sua mãe. De tanta violência que presenciavam, os dois

As agressões eram desde o início do casamento quan do ela decidiu ir a uma igre ja evangélica, contrariando a familia do marido que era espírita. No final de sema na,tudo era descontado na sua mulher. Já esperando pe las agressões, Adelaide dizia para os filhos não fazerem nada que pudesse deixar o pai nervoso. Adelaide afirmou que se fosse nesse período saberia que seria muito pior dar um basta. E o dia do basta chegou. No dia do seu aniver sário em 2013 em um almo ço para uma comemoração, José Carlos chegou em casa e partiu para cima dela e de sua amiga, pois quando bebia ficava mais agressivo. Adelai de viu seu filho se atacar com seu marido para defendê-la,

“Na pandemia, a mulher so freu muito mais, porém, vejo que hoje a um avanço para a mulher grita. Há 30 anos, a mulher sofria do mesmo jei to, mas morria calada. Além disso, é existente a violência psicológica que graças a Deus surgiu essa lei que ajuda tantas mulheres. O tapa na cara, o roxo no braço todo mundo vê, e todo mundo julga, mas alguém analisa a situação Joseanedela?”.

e nesse momento percebeu que não podia mais ficar nes sa situação. Partiu para uma delegacia, porém por conta do carnaval, a medida proteti va demorou 15 dias para sair. Enquanto isso, a assistente social ficou na casa de seu ir mão. A família de seu marido à culpava pela realização da denúncia, e o acobertava por tudo que fazia.

também relatou questões não tão abordadas, como o histórico dos agres

O caso da assistente social é muito comum na maioria dos casos, onde o agressor tem algum histórico na família, e pode vir a repassar para sua futura companheira. Pois tudo fica guardado em seu sub consciente. Quando o homem bate em sua mulher, e no dia seguinte volta com flores

ria necessário de forma ime diata realizar uma denúncia. Mesmo assim, uma pesquisa realizada com base no Dique 100 (direitos humanos), e ao 180(central de atendimento à mulher) registraram 105.671 denúncias feitas em 2020, o qual obteve um crescimento de 33% em relação a 2019. “ O homem não nasce agressor, se torna ”

No período da pandemia,hou ve a campanha “Sinal Verme lho”, idealizada pelo Conse lho Nacional de Justiça (CNJ) e Associação dos Magistra dos Brasileiros (AMB) que capacitaram atendentes de farmácias para quando uma mulher aparecesse com um “X” na palma das mãos, se

Para compreender melhor esta questão da violência do méstica na pandemia, Josea ne Andrade que é advogada e assistente social por 13 anos na linha de frente do Projeto: “Mulher Reviva”, trabalhan do com o empoderamento fe minino explicou de maneira mais aprofundada questões necessárias para abordar o tema, como a questão do his tórico do agressor, e amor próprio da vítima. Joseane também relata sobre sua par ticipação na segunda tem porada da série: “Bom dia, Verônica” da Netflix que faz a demonstração de mulheres vítimas de homens agresso res.

“ No começo, nós achamos o ciúmes bonito. Achamos que é proteção. Mas alí já é um sinal que ele quer te controlar ”

juntamente com um pedido de perdão significa que a mudança irá acontecer. Mas Adelaide afirma que quando o homem decide não ser mais violento por vontade própria, ele pode sim, mudar. Pois co meça a entender que bater é errado. Porém, é necessário que a mulher se imponha de monstrando não aceitar ne nhum tipo de agressão desde o início do relacionamento: “Antes eu pedia permissão, hoje, eu apenas comunico aonde eu vou. Tenho minhas escolhas. Além disso, você nunca vai me ver com um re lógio, porque não quero nada que me controle”.

Entenda como saber se está vivendo em um relacionamento abusivo

sores. A assistente social que na infância teve um pai alcoólatra, mas que ajuda va mulheres em situações de violência afirma que o fato do homem beber não justifica a agressão , e que ele pode vir a mudar se quiser: “O homem não nasce agressor, se torna. Ninguém analisa a vida desse homem, que na verdade era um filho da violência e virou um agressor. Ele pode ter tido um pai violento, e ter guardado isso, e se ele quiser mudar, ele consegue sim”.

De acordo com Joseane, o fato de muitas vítimas serem julgadas por fazer uma de núncia depois de anos, é se dado por conta do machismo estrural: “ Julgar é fácil, se teletransportar pra dor dessa mulher é difícil. É o que eu sempre digo, em briga de ma rido não se mete a mulher, se mete o faqueiro inteiro”.

Porém, obviamente entende mos que há muitas pedras no caminho:” É difícil porque a mulher pensa:’Quem vai me ajudar? A mãe diz que é melhor com ele , e pior sem ele. A religião diz que um divór cio só pode ocorrer mediante traição. Tem muita coisa en volvida. Mas ela precisa se amar, se não vai viver anos nessa relação. A mulher está dando algo que não recebe: o amor , e o respeito”.

A

parentava ser um dia comum na estrada de Itapecerica da Serra. O trânsi to estava engarrafado como o habitual, mas a razão do congestionamento era bem diferente dos motoristas: Moradores da ocupação MDM fecharam a avenida com pneus e galhos luta vam pelo direito a residência. Uma reintegração de posse do Movimento de Moradia, o MDM, acusava o governo

Com a diminuição de vagas de trabalho, aumentou o número de pessoas que não poderia pagar aluguel sendo uma da alternativa a buscar por movimento de moradia

Opiniao Pablo RepóterSobral

Movimentos

mento: Para onde aquelas pessoas iriam?

a

Fotográfo Pablo Sobral- O sonho de sair do aluguel se tornou ainda mais distante em esses dois anos de pandemia

pelo abandono dos prédios locais. Por meses, os inte grantes do movimento luta ram na justiça pelo direito de moradia no local se encontrava abandonado. Contudo, todo o processo foi em vão, afinal, não foi possível revo gar a ordem judicial. E no dia 14 de julho, a Polícia Militar fez a retirada das 63 famí lias que trataram de colocar os seus pertences nos cami nhões. Naquele momento, havia apenas um questiona

Essa realidade não é um caso isolado. Durante a pan demia do novo coronavírus, por exemplo, mais de 21.725 pessoas foram despejadas de suas casas, segundo os dados da Campanha Despejo Zero. Não bastasse, a en fermidade mundial também trouxe a alta taxa de desem prego, o que, consequen temente, tornou impossível de moradia e sua luta durante pandemia

tora que, sem dinheiro para finalizar as obras, abando nou o lugar. “Enquanto este ve abandonado por 27 anos, a prefeitura nunca fez nada. Nós não ocupamos os apar tamentos, até porque eles têm donos” explica o Samuel apontando para os prédios “

o pagamento do aluguel. A partir disso, evitando as ruas, muitas famílias recorreram a Nossaocupações.equipe de reportagem conversou com uma moradora da ocupação Filhos da Terra, localizada na zona sul de São Paulo. A dona de casa, Gislaine Maria*,* que reside no local com o marido e mais três filhos, nos contou que, antes da pandemia, tra balhava em uma escola, mas com os fechamentos devido a quarentena, acabou demiti da. Além dela, o marido tam bém ficou desempregado e a única alternativa para não viver nas ruas, foi se mudar para uma ocupação

O advogado Silvio Cabral diz que os movimentos por mo radia têm respaldo por lei e crime é deixar o um local sem função social. Salienta : “Nos baseamos no código civil art.1.275, na Usucapião na qual se a pessoa mora no

local por mais de 5 anos no local e não tem outro terreno urbano ou rural pode reivindicar a proprie dade como sua e também no plano diretor”.

Gislaine e seu marido moradores da Ocupação Filhos da Terra

a uma função social, o dono é notificado e, se não obedece a legislação que exige que o local não fique desocupa do, o bem acaba penhorado. O programa diário da Rede Globo, SPTV, apurou que, em 2019, foram realizadas somente oito notificações e, em comparativo a 2014, ano em que a lei foi criada, nota -se que há uma redução de 99,32% em notificações.

Samuel Santos, coor denador do programa Fi lhos da Terra, conta que a ocupação é recente ten do somente dois meses no local, mas isso não os isentaram de receber três pedidos umapertenciacatambémte,Posteriormenreintegração.deSamuelexpliqueolocalaconstru-

Na cidade de São Paulo, há mais de 290 mil imóveis vazios. Segundo o professor calcebeprefeituraFGV,Gonçalves,Robsondaquandoaperqueumlonãoatende

No dia 18 de maio de 2018, o MTST tornou-se o foco das notícias, quando o edifício Wilton Paes desabou, após um incêndio. Nas manchetes jornalísticas, termos crimino sos foram noticiados em re lação ao movimento Luta por Moradia, LMD. O jornalista Augusto Nunes, da Rádio Jovem Pan, acusava o pré-can didato à presidência na épo ca líder do MTST, Guilherme Boulos, por não prestar as sistência as famílias vitima das, sem checar o real fato de que o LMD não tinha vínculo

Samuel Santos, coodenador do MDM Filhos da Terra

Opiniao

“ Movimentos por moradia têm respaldo por lei e crime é deixar o um local sem função social ”

“ Mais de 21.725 pessoas foram despejadas de suas casas ”

“Com o passar dos anos, esse número diminuiu consi deravelmente e hoje em dia, abrigamos em torno de duas mil pessoas. As famílias chegavam sem entendimen to sobre do que se tratava e como funciona uma ocupação, então muitas acabaram ocupando mais do que o ne cessário, pegando áreas que pareciam uma fazenda de tão grande. O primei ro passo de uma ocupação é mostrar que existe um local sem cumprir seu papel social e serviria para mora dia”. A maioria dos nossos morado res são mulheres, mães que buscam criar seus filhos e não tem condições de pagar aluguel”.

dia eu estava aqui ajudando” Mesmo com a reprovação de familiares e conhecidos de fora da ocupação. Ela conta: Me sinto como se estive na minha terra natal”.

Maria José diaris ta é umas dessas mulheres que vivem com sua neta na ocupação: Vivo aqui há 3 anos, mas desde do primeiro

“ Enquanto tadatratavaolíticacaAbertotamentoacabouosãoPaulo,segundoApósabandonadoestevepor27anos,aprefeituranuncafeznada”ocuparumlocalque,aprefeituradeSãoserviriaparaaexpandoparqueM’BoiMirim,movimentoNovaPalestina,acusadodedesmapelovereadorGilNatalini(sempartido).coordenadoJussara,expliqueoMTSTtemumapocontradesmatamentoelugardaocupaçãonãosedeumaáreadesmaesimantropizada,ocu

algum com o MTST. Sobretu do, é comum ver esse tipo de posicionamento por parte da imprensa.“Terraé

Ocupação Nova Paslestina, a maior ocupação urbana

param somente onde já tinha formado pasto. No início, a Nova Palestina abrigava cerca de 8 mil pessoas:

Maria José e sua neta, vivem a três anos na ocupação

Opiniao

um bem que não pode ser multiplicado, então gera especulação imobiliá ria que é algo bem lucrativo. Então a mídia criminaliza os movimentos por moradia, porque sabem que nós so mos contra essa criação de riqueza e antissistema.” –Jussara Basso, coordenadora da ocupação Nova Palestina sobre o posicionamento da mídia sobre as ocupações.

Condenados pela Mídia - 2020 - Série Documental

The Post – 2017 - Filme

Uma obra original Netflix, Condenados pela Mídia, aborda alguns casos de grande repercussão midiática durante as décadas de 1980 a 2000 e aponta como a imprensa influenciou nos julgamentos.

Nossa indicação

Opiniao

Dirigido por Steven Spielberg, o longa conta o conflito real da redação do jornal norte-americano, The Post, que tem a difícil decisão de escolher ou não, denunciar corrupções do governo dos Estados Unidos durante a Guerra do Vietnã na década de 70.

Nós da revista Opinião, decidimos dar uma lição de casa para vocês que leram nossa revista. Então pegue a pipoca e prepare para seção de cinema, cada filme tem relação com as matérias que produzimos. Para poder assistir basta colocar sua câmera em frente do Qr code e vai ser direcionado para o streaming.

Tom Hanks e Meryl Streep, que dão vida aos jornalistas protagonistas, Ben Baldlee e Kay Graham, atuam muito bem e entregam toda a dramaticidade que a trama exige, enquanto que o roteiro, detalha todos os acontecimentos relevantes que nos fazem entender os verdadeiros fundamentos éticos do jornalismo.

A trama idealiza a ideia de até onde um profissional de jornalismo é

O filme narra a trajetória de um grupo de repórteres localizados na Georgia, que durante cinco dias, tentam registrar os crimes cometidos no conflito da guerra contra a Rússia. Ao mesmo tempo em que buscam por furos, eles também procuram não serem capturados e ter os seus conteúdos revelados.

Opiniao

Aquarius - Filme 2016

Uma jornalista aposentada defende seu apartamento, onde viveu a vida toda, do assédio de uma construtora. O plano é demolir o edifício Aquarius e dar lugar a um grande empreendimento.

Bom dia, Verônica - 2020

Bom dia, Verônica, é mais uma série original Netflix, que fala sobre a delegada Verônica, que se vê totalmente envolvida na vida de Janete, uma vítima de violência doméstica. No decorrer da trama cheia de suspense e reviravoltas, o telespectador se surpreende com a qualidade e roteiro da trama.

Cinco Dias de Guerra - Filme 2010

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