LARANJA, 4 REAIS!

UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL RÁDIO, TV E INTERNET

Juliana Bastos da Cruz Tatyane Isa Nascimento

LARANJA, 4 REAIS! DOCUMENTÁRIO

SÃO PAULO 2021

Juliana Bastos da Cruz

RGM: 1876496-7

Tatyane Isa Nascimento

RGM: 1934394-9

LARANJA, 4 REAIS! DOCUMENTÁRIO

Trabalho de conclusão apresentado ao curso de Rádio, TV e Internet como requisito parcial à obtenção do certificado de conclusão.

Orientadores: Profa. Ma. Krishna Gomes Tavares Prof. Me. Alexandre Henrique

Coorientador: Prof. Dr. Bruno Rogério Tavares

SÃO PAULO 2021

FOLHA DE APROVAÇÃO

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DEDICATÓRIA

Aos nossos pais e amigos, que nos apoiaram

desde

o

início.

Aos

nossos

professores, que serviram como mentores durante toda essa jornada. E aos feirantes, que são os personagens principais desse projeto e que nos receberam tão bem.

CAOS AUDIOVISUAL Inicialmente, queremos agradecer ao nosso professor coordenador Prof.

Dr. Bruno Tavares, sempre muito solicito e disposto a ajudar. Obrigada por estes 4 anos, por toda sua mentoria e orientação ao longo do curso. E por nos socorrer com conselhos e dicas quando nos sentimos perdidas, abrindo espaço para nos coorientar nesse projeto.

A Profa. Ma. Krishna Tavares, por sua orientação e paciência no início deste projeto. Por ter nos permitido, junto ao nosso coordenador, de última hora realizar esse trabalho em dupla, acreditando que daríamos conta do desafio.

Ao

nosso

querido

orientador,

Prof.

Me.

Alexandre

Henrique,

carinhosamente conhecido como Grego. Obrigada por ter acreditado em nós quando nem mesmo nós acreditamos. Você foi uma força fundamental para esse projeto, e nós temos plena certeza que esse ciclo precisou ser fechado com a sua orientação.

A todo o corpo docente do curso de Rádio TV e Internet da Universidade Cruzeiro do Sul, mesmo aqueles que já não estão mais conosco nessa reta final, agradecemos por todo conhecimento e ensinamento, nos incentivando a dar nosso melhor, e nos capacitando para exercemos com qualificação a profissão que escolhemos. Sentiremos muita saudade, e fecharemos a porta da sala de aula pela última vez com a sensação de que poderíamos tê-los aproveitado ainda mais.

Aos nossos colegas de turma que chegaram com a gente até o fim.

Apesar de todas as tretas e discussões, tivemos muitos momentos que serão guardados com carinho.

E por fim, aos amigos que levaremos para o resto da vida.

Em nome da Caos Audiovisual, obrigada!

JULIANA BASTOS Às vezes é difícil acreditar que essa jornada maluca de 4 anos está chegando ao fim. Mas, quando paro para olhar para trás, o sentimento de orgulho bate forte no peito. Uau, que trajetória! Para uma garota que alguns meses antes de entrar no curso nem ao menos sabia da existência dele, agora posso dizer que esse era o meu destino. Eu estou destinada a ser uma radialista.

Pais, vocês viram meus altos e baixos ao longo desses 4 anos, e nunca saíram do meu lado. Me incentivaram, oraram por mim, e foram o colo que eu despejei meus medos, angústias e as frustrações quando eu não queria que ninguém mais soubesse deles. Vocês foram, e são, a minha fortaleza, e foi por causa de vocês que eu tive forças pra acreditar. mesmo quando já estava desacreditada. Espero ter sido, e ser, motivo de orgulho pra vocês. Obrigada por sacrificarem tudo por mim. Eu amo vocês.

Vô Francisco, mesmo longe o senhor sempre foi presente. Investiu em mim de olhos fechados, confiante de que eu iria dar o meu melhor. Não tenho palavras que expressem o quanto o senhor é tudo pra mim, e não cabe no meu peito o quanto eu te amo. Obrigada por todas as suas orações, e todo seu amor.

Tia Glória, você é um dos maiores motivos e incentivos da minha jornada na graduação. O seu apoio na minha bolsa de estudos foi o começo de tudo.

Não tenho como agradecer e dizer o quanto você foi importante, e que eu jamais vou esquecer o que fez por mim. Eu te amo!

Para a minha inspiração profissional, Kika Simões, que me “adotou” como filha e é minha mãe do audiovisual: Obrigada por despertar em mim uma paixão que eu jamais teria conhecido se não fosse por você. Seu amor pela profissão, sua garra e coragem me inspiram. Obrigada pelo seu apoio, por suas palavras sempre tão incentivadoras e por todo material didático que me repassou, acreditando que eu poderia fazer um bom proveito. Espero que um dia, nossos caminhos profissionais se cruzem.

Para meu professor, coordenador, chefe e mentor: Dr. Prof. Bruno Tavares, não poderia jamais deixá-lo de fora desses agradecimentos. Professor, obrigada por toda parceria, confiança, mentoria, paciência, ensinamentos e pelas boas risadas que pudemos compartilhar juntos. Me sinto muito orgulhosa e honrada de ter tido a chance de, não ser apenas sua aluna, mas também de trabalhar com você dentro da Instituição. Obrigada por acreditar em mim, nas vezes que eu mesma duvidei que era capaz.

Para o maravilhoso orientador desse projeto, e um professor incrível, Alexandre Henrique "Grego”, por ser um dos grandes incentivos para que esse projeto fosse tão incrível quanto ele dizia que éramos capazes de fazer. Obrigada por todo seu apoio e parceria, e por expandir minha mente em milhões com suas sugestões brilhantes. Ficaremos te devendo um pastel com caldo de cana!

Para as minhas professoras Krishna, Patrícia e Cida, que me acompanham desde o início, e aos professores que não estão mais presentes, mas que fizeram parte desses 4 anos: Obrigada! Levarei todos como referências e lembrarei com muito carinho.

Aos meus colegas da turma D, foi um grande prazer conhecer todos vocês. Fico orgulhosa de olhar para os lados e ver que todos chegamos juntos, apesar dos pesares, e por fim nossa história junto está quase acabando.

Obrigada por me deixar representá-los nesses últimos dois anos.

Para todas as produtoras que passei ao longo do curso, e aos integrantes que tive a oportunidade de trabalhar ao lado: Banana Produções, Vinci Audiovisual, Produtora Escalera, D’Vinci Audiovisual, Four Audiovisual e por fim a Caos Audiovisual. Obrigada pela confiança profissional e pelos projetos que desempenhamos com sucesso, ou na medida do nosso possível.

Para minha brozinha, irmã do coração, melhor amiga: Marian. Nossa história começou muito antes da faculdade, mas o que seria de mim sem você comigo nessa? Sua presença me fortaleceu, e foi de extrema importância ter você ao meu lado. Obrigada por me acompanhar crescer, e fico muito orgulhosa de ver o quanto você cresceu também. Eu te amo!

Por último, mas talvez uma das pessoas mais importantes de todo esse agradecimento: minha amiga, Tatyane Isa. Caramba amiga, que loucura!

Lembro até hoje quando nosso caminho se cruzou. Ainda éramos de produtoras diferentes, e você me ajudou na gravação do primeiro projeto que eu fui diretora, e eu me lembro de uma frase sua, que nunca saiu da minha cabeça, que foi: “Você tem visão do audiovisual”. Você já estava na área, tinha uma visão técnica invejável e que me deixava completamente admirada, então ouvir aquele comentário seu, nos meus 20 anos de idade, insegura e cheias de medos, fez com que uma energia vibrante crescesse dentro de mim. Então no segundo semestre nos juntamos pela primeira vez, e entregamos um dos nossos melhores trabalhos, a radionovela Piratas do Bairro. E pra quem achou que tudo seria incrível, se enganou amargamente. Foi nesse projeto que batemos de

frente uma com a outra, e sentimos as diferenças profissionais nos afetar. Hoje em dia, entendemos que foi birra de duas garotas controladoras e com forte espirito de liderança, buscando bons resultados, mas se aquele semestre não tivesse acontecido, não teríamos aprendido a confiar uma na outra.

No momento que entendemos o papel que cada uma desempenhava, e nos abrimos para entender que nossas ideias não deviam nos afastar, mas sim nos completar, foi que atingimos um nível de sinergia que eu nunca imaginei ter com ninguém.

Construímos muito mais do que uma amizade, nos tornamos parceiras do tipo que confiam uma na outra de olhos fechados, e colocam a mão no fogo se precisar, sendo na vida pessoal ou na vida profissional. Não é à toa que o Grego nos chama de “dupla dinâmica”. Amiga, como você mesma diz “Não poderia ter pedido ninguém melhor para fechar esse ciclo comigo”.

Você sem dúvidas foi uma das minhas maiores admirações. Te ver trabalhar me fez crescer, aprender e expandir visões. Eu não consigo colocar aqui em palavras o quanto eu te amo, o quanto você é importante, o quanto eu sou grata. Foram 4 anos correndo ao seu lado, até mesmo nos momentos que eu tentei me afastar para buscar outros ares profissionais, o destino deu um jeito de te colocar comigo, e foi quando eu precisei muito de você e que você também precisou muito de mim.

Amiga, tenho total consciência que sem você, meu caminho na faculdade poderia ter sido muito diferente, e que bom que não foi. É como a gente brinca: “Há males que vem pro bem”. Por mais difícil que seja lidar com seu jeitão duro, você é a mulher mais doce, corajosa, guerreira (meme da Jojo todynho), e sensacional que já conheci. Obrigada por todos os B.Os que passamos juntas, sem medo de colocar a cara pra bater. Amo você!

TATYANE ISA Eu que sempre contei os dias para o fim desses 4 anos, em pegar o meu diploma, meu DRT e não ver a cara de mais ninguém do curso, atualmente me encontro tentando desacelerar o tempo. Não sei se por motivo dos prazos de entrega ou até mesmo pelo sentimento “tá acabando mesmo” e com isso, tentando aproveitar o momento do último trabalho. É confuso. Acredito que seja uma mistura de muitas emoções e a maior dela seja o confronto de quem eu era no começo do curso, com quem serei após o término dele.

Mãe, obrigada por ser quem é e desse modo ter me tornado quem eu sou hoje. Nenhum texto nesse documento ou em outro poderia descrever minha gratidão e amor por você. Uma mulher que teve que cuidar sozinha de uma família de três filhos, que por muito tempo precisou ter dois empregos para sustentar uma casa, seria impossível não ser vista como uma heroína. Quando as pessoas apontam em mim uma liderança, determinação e obstinação, tudo vem de você, da sua história, do seu protagonismo na minha vida. Você é a minha protagonista. Obrigada por me apoiar, por ter que lidar com as minhas loucuras, as brutalidades algumas vezes e por sempre me acolher nos teus braços, ainda mais quando transformamos as tristezas em fofocas. Você é a pessoa mais engraçada que conheço, dona Leda. Eu sou privilegiada por ter você.

Agradeço ao resto da minha família base: meu sobrinho, irmã, irmão, cunhado e padrasto. Sem esse conjunto essa trajetória não seria possível. Vocês deixam as coisas muito mais fáceis e leves, apesar das briguinhas que acontecem, isso torna essa turma perfeita. Graças a Deus vocês existem e são dessa forma, não poderia ser diferente disso. O meu muito obrigada ao meu maior presente do ano passado: Miguel, meu sobrinho. Assistir seu nascimento e ter a honra de dividir todos os momentos, me fez uma pessoa muito mais feliz e viva. Ninguém nunca saberá o quanto você me salvou. Titia te ama.

Lucas Fabozzi, um dos meus melhores amigos, não poderia ficar de fora.

O grande responsável por me colocar dentro do mundo do audiovisual. Anos atrás aceitei entrar na aventura da realização do seu sonho: trabalhar com confeitaria na internet. Eu, sem nenhum conhecimento, parti para a minha primeira gravação sem saber ligar uma câmera ou até mesmo editar. Seu sonho fez nascer uma nova paixão em mim. Obrigada por esse feito, sustentar as minhas ideias e me indicar ao meu primeiro emprego oficial na área há 4 anos

atrás, onde ainda trabalho atualmente. Você sempre será uma pessoa especial, a nossa sintonia é surreal. Espero que um dia possa ler isso.

A todos os meus amigos a minha gratidão também ao longo desses 4 anos. Souberam me escutar e me abraçarem nos momentos de maior frustração com relação à vida. Costumo dizer que sou uma garota muito sortuda por ter esse ciclo de afeição, vocês são maravilhosos. Marcix Basso, você é de outro mundo. Não existem palavras pra você. Me atura desde a faculdade de Arquitetura e quando decidi entrar nesse novo mundo, me apoiou na hora.

Obrigada por me amar dessa forma tão especial, por aceitar e topar todas as minhas ideias loucas. Meu texto é curto pra você, mas o meu amor e admiração por você é enorme. Eu te amo.

Ao Four, grupo da faculdade que me acolheu ao longo desse tempo: vocês são fod*! Juliana, Marian e Victor, vocês foram o meu pilar neste curso.

Obrigada por todas as conversas, suporte e até mesmo as fofocas no 6º andar, foi o que me manteve viva nesse tempo todo quando pensei em desistir. Vocês apontam o quanto aprenderam comigo, mas mal imagina que a maior aluna fui eu, que tive a honra de aprender tanto com vocês, coisas que a faculdade nunca conseguiria ensinar. Ao restante dos meus colegas de sala, apesar de todo conflito, foi uma experiência considerável conviver e trabalhar com vocês. Foi um prazer dividir essa bagagem e conhecimento, torço para que cada um realize o seu sonho.

Ao genial Alexandre Henrique, vulgo grego e orientador, você foi tão necessário nesse projeto, que as vezes penso que somos um trio e não uma dupla nesse TCC. É fascinante estar no mesmo ambiente (mesmo virtual) e poder confabular contigo, não poderia ser outro orientador. Talvez você não saiba, mas apesar da nossa pequena "discussão" alguns semestre atrás, eu sempre tiver uma admiração e respeito por você. E graças a Deus, pudemos nos aproximar nesse último. A vida é meio louca, né? Obrigada por acreditar em nós duas e no projeto. Sempre frisar nos nossos atendimentos o quanto somos capazes e nos dar o espaço para criarmos a nossa arte. Uma vez você nos disse: vocês são uma dupla dinâmica. Vou reformular: nós somos um trio dinâmico.

Esperando ansiosamente pra comer pastel e tomar caldo de cana, depois de todo evento. A gente se encontra na feira.

A todos os professores que tive a honra de ter: o meu muito obrigada.

Cada um da sua maneira foi especial e acrescentou na minha vida acadêmica.

A Professora Maria Aparecida foi o meu primeiro amor na faculdade. Sua visão e sua paixão com as palavras, me fizeram explanar o olhar por trás de uma câmera. Obrigada por cada puxão de orelha e conselhos. Espero que possa cativar muito mais alunos, você faz a diferença. Professora Krishna, foi o meu segundo amor. Você me puxou de volta em um momento, onde eu mesma acreditava que não pertencia mais: audiovisual. Sou uma grande apreciadora dos seus trabalhos e conceitos. Obrigada por todos os semestres e atualmente por nos orientar e ter a maior paciência nesse TCC louco. Sei que somos uma bagunça, mas não tenha dúvida que aspiramos a arte no meio de toda essa confusão.

Juliana Bastos, que difícil é escrever sobre você. Eu já te disse tantas coisas durante todos esses anos e ainda mais nesse semestre, no qual jogamos tudo para cima e resolvemos de última hora tornamos uma dupla de TCC. Antes desse evento, achava que não tinha capacidade para concluir um projeto desse nível em um grupo menor de pessoas, mas quando as coisas começaram a afundar na antiga produtora, sabíamos que era esse caminho. Te ter como parceira ao meu lado, eliminou 90% de todo esse medo que sentia. Você é sobre isso: abrigo. Por mais que pareça clichê, você tem a capacidade de estabelecer esse sentimento de que podemos tudo, da confiança de olhos fechados e de tornar possível qualquer coisa. “Eu não poderia ter pedido uma parceira melhor, não poderia ser outra”, uma frase que repito quase todos os dias pra você, porque não quero que tenha dúvidas disso. Obrigada por ter sido tudo que eu precisava e o que eu não precisava também, muitas vezes você foi a que colocou os meus pezinhos no chão e me fez acordar pra realidade. De verdade? Esse texto parece ridículo em relação ao que sinto por você, ignore toda essa bagunça de pensamentos colocados aqui. Eu amo você, sou orgulhosa da mulher que se tornou, da amizade que construímos e por tudo que vamos viver ainda. A minha maior meta é a nossa formação, porque merecemos por tudo que passamos e representamos. Ps: por favor, daqui uns anos vamos ler esses agradecimentos e rir como idiotas lembrando de todos os perrengues? Estou contanto com isso, Jujex.

EPÍGRAFE

Há males que vem para o bem” (Autor desconhecido)

SUMÁRIO RESUMO

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INTRODUÇÃO

17

1.0 A PRODUTORA

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1.1 Apresentação .................................................................................................................... 20 1.2 Missão, visão e valores ..................................................................................................... 21 1.3 Carômetro e minicurrículo ................................................................................................ 22 1.4 Portifólio de atividades ..................................................................................................... 23

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

29

2.1 O documentário ............................................................................................................... 29 2.1.1 Definição do gênero

29

2.1.2 História do gênero

30

2.1.3 História do gênero no Brasil

31

2.1.4 Particularidades do documentário

32

2.1.5 Tipos de documentários

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2.2 Feiras livres ...................................................................................................................... 36 2.2.1 História de uma tradição e cultura

36

2.2.2 A importância dessa tradição

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2.2.3 A regulamentação

39

2.2.4 O trabalho informal e a visão impopular

40

2.3 Mercado Informal .............................................................................................................. 42 2.3.1 Origem e definição do termo

42

2.3.2 Surgimento das Leis Trabalhistas no Brasil e mercado formal

43

2.3.3 Formal x informal

44

2.3.4 Mercado de trabalho informal no Brasil atualmente

46

3.0 O PROJETO

48

3.1 Explicação do Título .......................................................................................................... 49 3.2 Sinopse .............................................................................................................................. 50 3.3 Objetivos ........................................................................................................................... 51 3.3.1 Objetivos específicos

51

3.4 Classificação Indicativa ..................................................................................................... 52 3.4.1 Classificação do Projeto

52

3.5 Pesquisa de Público Alvo .................................................................................................. 53 3.6 Veículação e Distribuição .................................................................................................. 56 3.6.1 Globoplay

56

3.7 Justificativa

58

3.8 Argumento ........................................................................................................................ 59 3.8.1 Visão original.......................................................................................................... 59 3.8.2 Proposta do documentário .................................................................................... 60 3.8.3 Descrição dos objetos ............................................................................................ 62 3.8.4 Sugestão de estrutura.......................................................................................... 64 3.8.5 Estratégias de abordagem ..................................................................................... 66

4.0 Referências estéticas

68

5.0 Desenho de Produção

72

6.0 Cronograma de Produção

83

7.0 Orçamento Previsto

86

8.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS

90

9.0 REFERÊNCIAS

95

RESUMO Quando falamos de audiovisual, o documentário é uma produção artística não-ficcional. Trata-se de registros reais, que tem como base principal o compromisso com a realidade. Através dele, o documentarista tem o poder de aproximar o espectador do assunto a ser retratado, utilizando ferramentas que dão ritmo, sentido e visão a qual quer transmitir em forma de sensação ou reflexão para quem estiver assistindo.

Neste projeto documental, exploraremos as feiras livres em sua essência cultural, alegre e diversificada, carregada com o peso de uma tradição nacional, envolvendo o espectador em um sentimento de familiaridade aos momentos atípicos que as feiras livres proporcionam, e os levaremos a conhecer os verdadeiros protagonistas desse projeto, e são os que dão vida às feiras livres: os feirantes. Por trás das barracas de feira, esses trabalhadores vivem uma rotina puxada e pouco valorizada, sendo os principais responsáveis em carregar a cultura e animação para dentro das feiras, e assim, levar a tradição a diante.

Palavras-chaves: feiras-livres; feirantes; tradição; cultura; pluralidade; trabalho informal; trabalho autônomo

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INTRODUÇÃO Existentes desde a antiguidade, as feiras livres carregam uma forte tradição nacional, trazida pelos portugueses na era da colonização. Contando com milhares de fregueses e frequentadores, essa tradição se mantém viva até os dias de hoje, o que faz das feiras livres ambientes de pluralidade, em que podemos encontrar pessoas de todos os tipos de classes, raças, gêneros e etc.

No Brasil, segundo o Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em 2015 estimava-se a existência de 5.119 feiras livres no país. Diferente dos mercados e hipermercados, as feiras livres se destacam por sua variedade de produtos e serviços oferecidos em um mercado a céu aberto, realizado nas ruas de diversos bairros, em um dia fixo na semana. Em meio a barracas armadas, gritos chamativos, slogans criativos, cores vibrantes, e personagens inusitados, as feiras livres são como uma quebra de rotina na vida dos moradores locais, que passam a frequentar religiosamente as feiras de seus bairros.

Neste cenário, o protagonismo das feiras livres não é de seus frequentadores, eles, na verdade, são apenas os coadjuvantes que participam dessa tradição. São os trabalhadores, feirantes, que dão vida ao espaço, e carregam com eles toda essa história de tradição. Dados do ano de 2014, divulgado pela prefeitura de São Paulo, informavam que naquela época haviam mais de 880 feiras espalhadas pela cidade, contando com 12.073 feirantes cadastrados dentro da regulamentação. Esses números, é claro, aumentaram significativamente nos últimos 7 anos, assim como também o número de trabalhadores informais nas feiras livres.

Seja informal ou autônomo, esses feirantes trabalham exaustivamente seis dias na semana para garantirem o sustento de suas famílias, doam suas energias e dão um show de criatividade para chamar a atenção de seus clientes e dar continuidade às tradições das feiras livres. A rotina frenética do trabalho duro do feirante é classificada na visão popular como um subemprego, provido da falta de oportunidade desses trabalhadores no mercado de trabalho. Essa visão deturpada revela a falta de conhecimento que a população tem dos feirantes.

Produzir um documentário audiovisual, que quebre a barreira entre o desconhecido, é o desafio desse projeto. A ideia de registrar uma tradição tão

18 conhecida nacionalmente, surgiu justamente da proximidade do tema na vida das documentaristas. Lucena (2012) diz que “Os melhores documentários são aqueles que nós queremos fazer”, histórias que queremos contar para levá-las além do que já é conhecido. Buscamos um tema que faz parte da nossa vida pessoal: A tradição das feiras livres.

Este trabalho te convida à uma experiência pelas feiras livres da capital de São Paulo, apresentando histórias e momentos únicos que as feiras nos proporcionam junto de seus personagens, os feirantes. Acompanharemos a rotina de trabalho de um casal de feirantes, mostrando que o trabalho duro vai além do trabalho exercido por trás das barracas de feira, envolvendo relacionamentos pessoais, disposição física e emocional e o peso de uma profissão pouco valorizada.

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A PRODUTORA

3 A PRODUTORA 3.1 Apresentação

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3.2 Missão, visão e valores

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1.3

Carômetro e minicurrículo

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Portifólio de atividades

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FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA Neste item, abordaremos através do ponto de vista teórico, o gênero audiovisual escolhido pela produtora para das seguimento ao projeto. Aqui também traremos em pesquisa o contexto histórico e o cenário atual da situação do trabalho informal no Brasil, dando o gancho para a abordagem teórica do tema principal do documentário que são as feiras livres.

2.1 2..1 O documentário Neste tópico, apresentaremos a pesquisa do gênero do projeto, traçando o contexto histórico, definição e particularidades.

2.1.1 Definição do gênero Define-se o documentário como um gênero audiovisual, sendo uma produção não-ficcional que se compromete em retratar a realidade através de uma narrativa construída por um ponto de vista artística e cinematográfico.

A partir dessa definição, começamos a compreender a diferença entre filmes de ficção e filmes de não-ficção. Bill Nichols (2001 p.26) entende que “Todo filme é um documentário”, e os divide em duas categorias: (1) documentários de satisfação e desejo, que o autor se refere aos filmes de ficção criados com o objetivo de entreter o expectador a partir da imaginação. (2) documentários de representação social, que Nicholls se refere aos filmes de nãoficção, que tem como objetivo trazer à tona aspectos sociais do mundo que fazemos parte. Nos dois casos apresentados por Nichols ambos contam uma narrativa a partir de linguagens diferentes. Carlos Lucena define melhor as características e diferenças entre os dois modos: (...) O documentário passa a ser considerado uma produção audiovisual que registra fatos, personagens e situações que tenham como suporte o mundo real (ou mundo histórico) e como protagonistas os próprios “sujeitos da ação”. (...) O filme de ficção por sua vez, tem sua construção condicionada a um roteiro predeterminado, cuja a base é composta de personagens ficcionais ou reais, os quais são interpretados por atores. (LUCENA. 2012. P.11)

O filme documentário explora uma nova compreensão da realidade, enriquecida e direcionada, sobre algo ou alguém, estabelecendo asserções sobre o mundo que já nos é conhecido. Não é de fato uma reprodução da realidade, destaca-se a intenção do documentarista sobre a forma de querer

30 contar seu ponto de vista da realidade e caberá ao expectador acreditar ou não naquilo que lhe é transmitido.

2.1.2 História do gênero Os primeiros registros documentais sugiram no final do século XIX, junto com as primeiras imagens em movimento, segundo Lucena (2012. P.9). Os irmãos franceses Auguste e Louis Lumière, filhos do fotógrafo Antoine Lumière, desenvolveram a partir dos seus conhecimentos sobre câmera fotográfica e da invenção do ¹Cinescópio de Dickson e Edison (1891), um a máquina capaz de capturar imagens que juntas criavam movimento. A criação dos irmãos em 1984, denominada Cinematógrafo, além de registrar imagens em movimento, conseguia também as projetar para que mais de uma pessoa pudesse assistir, diferente do ¹Cinescópio. Apesar de não serem os pioneiros, os irmãos foram os que ficaram mais famosos na corrida pelas imagens em movimento.

(MASCARELLO, 2006. P. 19).

Em dezembro de 1895, no Grand Café Paris, os irmãos realizaram pela primeira vez a famosa exibição de seus filmes ao público. O filme “A saída da fábrica”, registrava o momento do final do expediente da empresa da família em que os funcionários deixavam o prédio. O filme “A chegada do trem na estação”, também exibido no Grand Café, causou uma reação inesperada por parte de seu público que, desconhecendo aquela tecnologia tão próxima da realidade, se assustou com a possibilidade de que o trem pudesse sair de dentro da imagem em direção a eles. Os filmes de Auguste e Louis eram registros documentais do cotidiano, e foi o que deu início à linguagem cinematográfica, comprovando que o cinema nasce como documentário (LUCENA, 2012. P.20).

O termo “Documentário” só veio a ser aplicado alguns anos depois, através de um critica publicada no New York Sun, pelo produtor John Grierson em 1926, referindo-se aos filmes do cineasta norte-americano Robert Flaherty.

Flaherty, contribuiu com a construção dessa nova linguagem audiovisual ao incluir em suas gravações um personagem real, vivendo ou representando situações reais (LUCENA. 2012. P22). O filme “Nanook, o esquimó” (1922), do cineasta, foi o primeiro a apresentar esse aspecto que se diferencia dos filmes de ficção, 1registrando a vida e os costumes de família real de esquimós no Norte 1

Instrumento de projeção interno, que reproduzia imagens em movimento, patenteado por Thomas Edison em 1893.

31 do Canada. Nestas produções, Flaherty utilizou textos-legendas como ferramenta de auxílio à descrição da narrativa. O modo como Flaherty conta essas histórias foi o que deu início à linguagem do documentário.

Em 1950, os norte-americanos e os franceses, concorrentes na busca por equipamentos mais leves, modernos e tecnológicos, criaram dois novos modos de produção de documentários: o cinema direto e o cinema-verdade. Nesta época, alguns desses equipamentos já estavam sendo desenvolvidos e testados. Essas inovações mudariam completamente o modo com os documentários eram feitos (LUCENA. 2012. P.26). O cinema direto, dos norteamericanos, caracterizava-se pela não interferência do documentarista com o seu personagem, afim de registrar comportamentos espontâneos. O cinemaverdade, dos franceses, deixava claro a presença de uma equipe de produção, e se colocavam junto ao documentário através de entrevistas e interferências durante o processo. Esses dois modos de produção, junto com o clássico apresentado no trecho acima, caracterizaram as produções de documentários ao longo dos anos.

2.1.3 História do gênero no Brasil No Brasil a primeira imagem animada reproduzida foi um registro da baía de Guanabara, no Rio de Janeiro feita por Afonso Segreto a bordo de um navio.

Segundo Gonçalves (2006, p.80). Segundo o autor, nas décadas de 10 e 20 no país “predominou a produção de um cinema natural, com a produção de documentários e cinejornais a fim de levantar recursos para a produção de filmes ficcionais.”. Caracterizou-se pelos registros etnográficos e antropológicos de expedições pelo Brasil, e o cinema propaganda que tinha como objetivo mostrar aos estrangeiros a beleza natural do Brasil. Ainda segundo Gonçalves, a partir dos anos 30, a criação do o Instituto Nacional do Cinema Educativo, conhecido como INCE, pelo governo federal, pretendia mostrar uma imagem positiva do país para fora, impulsionando as produções documentais no país em busca de valorização regional. Gonçalves (2006) chama de moderno o progresso do documentário no Brasil nos anos 60, e caracteriza as produções como “uma temática que busca refletir sobre o subdesenvolvimento do país e a desigualdade social.”

32 A conjuntura política do Brasil no período motiva a realização de inúmeros filmes, que voltam o olhar para o interior do país, na busca da valorização das questões regionais, com temas voltados às manifestações da cultura, economia e religiosidade popular. O documentário se fortalece como gênero influenciado pela linguagem do cinema verdade/direto, distanciando-se da abordagem educativacientificista. (GONÇALVES. 2006 P. 83)

Criado por Thomas Farkas, um grupo chamado de documentaristas conhecido por Caravana Farkas produziu uma série de documentários entre 1969 e 1971. Segundo Gonçalves, “os documentaristas lançavam um olhar crítico sobre a crescente urbanização e industrialização do país, ao mesmo tempo, que valorizavam a cultura popular.” O Brasil passava pelo período do regime militar, pós golpe de 1965. Nessa época, diretores eram perseguidos e tinham seus filmes censurados pelo regime. (GONÇALVES, 2006. P. 84).

Para Lucena (2012), a segunda metade da década de 90 marca a “retomada do cinema brasileiro” com o sucesso de alguns filmes da época e isso intensificou a produção de documentários do Brasil, além do desenvolvimento tecnológico que trouxe câmeras de baixo custo que viabilizavam a produção audiovisual. Essas mudanças foram fundamentais para o desenvolvimento do gênero no Brasil.

2.1.4 Particularidades do documentário O documentário é construído através da perspectiva do documentarista de representar algo ou alguém, e para isso, é preciso definir um tema. A ideia de documentar algo ou alguém vem de pensamentos casuais, motivados pelas experiências ao nosso redor (LUCENA 2012 p. 32). A partir da definição do tema, é preciso desenvolver melhor a ideia, e para isso o autor recorre a questões jornalísticas que ajudam no processo: O que eu quero mostrar? Como eu quero mostrar isso? Por que eu quero mostrar isso? Quem é meu personagem? O que ele vai fazer? Como ele vai agir?

A representação é uma das partes fundamentais do documentário.

Quando falamos em “representação do outro”, Nichols (2001) contextualiza que nos filmes de não-ficção As “pessoas” são tratadas como atores sociais: continuam a levar a vida mais ou menos como fariam sem a presença da câmera. Continuam a ser atores culturais e não artistas teatrais. Seu valor para o cineasta consiste não no que

33 promete uma relação contratual, mas no que a própria vida dessas pessoas incorpora. Seu valor reside não nas formas pelas quais disfarçam ou transformam comportamento e personalidade habituais, mas nas formas pelas quais comportamento e personalidade habituais servem às necessidades do cineasta. (NICHOLS, 2001. P.31) É necessário que o documentarista tenha total compreensão de sua responsabilidade ética ao retratar a vida de um personagem real. Nichols (2001) entende que há uma tensão entre o desejo do cineasta de realizar um filme marcante e o desejo do indivíduo de ter seus direitos respeitados e sua dignidade intacta. A ética se estabelece através do compromisso moral entre o documentarista e seu sujeito tema.

Segundo Nichols (2001 p.40-46), há cinco modos que ajudam a classificar essas representações: •

Eu falo deles pra você – O cineasta assume uma persona individual, diretamente ou usando um substituto. Um substituto típico é o narrador com voz de Deus, que ouvimos em voz-over, mas a quem não vemos.

•

Falar de - O cineasta representa outras pessoas. A ideia de falar sobre um tópico ou assunto, uma pessoa ou indivíduo, empresta um ar de importância cívica a esse trabalho

•

Eles – O pronome na terceira pessoa implica uma separação entre aquele que fala e aquele de quem se fala. O eu que fala não á idêntico àquele de quem ele fala. Como público, temos a sensação de que as pessoas no filme estão lá para nosso exame e edificação.

•

Você - Como “eles”, “você” sugere uma separação. Uma pessoa fala e a outra escuta. () cineasta fala e o público vê. O documentário, assim, pertence a um discurso ou estrutura institucional.

•

Eu – ou nós falamos – de nós para você - Essa formulação denuncia uma ideia de separação, senão de alienação, entre quem fala e seu público. O filme, ou o vídeo, endereçado a nós, parece provir de uma fonte que carece de individualidade.

34 Além disso, Nichols (2001) apresenta três maneiras diferentes que classificam as representações: (1) oferecendo uma maneira distinta de observar a realidade que já conhecemos; (2) representando o interesse de seu sujeito tema; (3) defendendo um ponto de vista, deixando claro a posição do documentarista em relação ao tema, neste caso podendo até mesmo influenciar opiniões.

No documentário, a “voz” também é uma característica importante, mas para entendermos melhore, precisaremos definir o que significa a “voz” de um documentário. Sabemos que documentários são representações singulares da realidade, e por serem representações abrem margem para que tenham a sua própria “voz” (NICHOLS, 2001, P. 73). A “voz” refere-se a forma em que o documentarista se expressa, e traz a sua perspectiva para o filme, ela transmite o ponto de vista social do cineasta diante do tema abordado por ele. Segundo Nichols (2001), também utilizasse a voz como forma de orientar e organizar o documentário para uma lógica informativa. O autor define a “voz” de um documentário como o modo em que a lógica, o argumento e o ponto de vista são transmitidos.

2.1.5 Tipos de documentários A partir do estudo do gênero documentário, é possível identificar características de produção entre os documentaristas que nos levam a crer na existência de modos de produção documental. Dentro de um documentário, esses modos funcionam como subgêneros, ajudando a determinar a estrutura do filme.

Bill Nichols (2001), descreve seis modos: poético, expositivo, participativo, observativo, reflexivo e performático. Veremos as características individuais de cada um na tabela seguinte.

35

36 2.2 Feiras livres Neste tópico, abordaremos sobre o impacto nacional da tradição das feiras livres no Brasil, além do aspecto socioeconômico. Colocando em destaque a manifestação cultural presente no meio, e apresentando os colaboradores, feirantes, que são encarregados de manter essa tradição.

2.2.1 História de uma tradição e cultura As feiras livres fazem parte de uma tradição urbana, desenvolvida ao longo da história do Brasil, e vem desempenhando um papel importante no abastecimento dos bairros e metrópoles do país. Consideradas um varejo a céu aberto, as feiras livres surgem nos tempos modernos como um serviço de utilidade pública, que aproxima os cidadãos metropolitanos de produtos da agropecuária. Para os comerciantes, uma forma de garantir o sustento de sua família; já para os clientes, um lugar para comprar produtos frescos e baratos em comparação aos mercados tradicionais.

No brasil, essa tradição é também uma manifestação cultural, isso porque a “cultura é um conceito amplo que representa o conjunto de tradições, crenças e costumes de determinado grupo social. Ela é repassada através da comunicação ou da imitação às gerações seguintes” (DIANA, 2020, Todamateria). É perceptível que o ato de “fazer a feira” é um habito dos pais repetidos por seus filhos, que quando chegam à idade adulta, entendem a feira livre não só como um lugar de comprar produtos de qualidade, mas também como um resgaste da memória afetiva que a feira livre proporciona, sem nem que eles mesmos compreendam esse sentimento.

Tradição nacional e cultura levada através de gerações, as feiras livres fazem parte da vida dos brasileiros desde sempre, e por isso precisamos voltar na história mundial para compreendermos melhor a chegada desse mercado a céu aberto no Brasil.

Há poucas informações sobre a origem de fato das feiras livres. Sabe-se que, desde a antiguidade, as feiras se fazem presente, entre as comunidades, como uma forma de comercialização. Antes mesmo da moeda ser usada como forma de pagamento, as feiras existiam a partir de trocas de produtos entre seus produtores, (SOUSA, 2004. apud VASCONCELOS, 2019. p13.).

O modelo de feira livre, como conhecemos nos dias de hoje, surgiu a partir do século XI no período da baixa idade média, quando ocorreu o Renascimento

37 Comercial e Urbano na Europa, a partir do interesse por matérias primas e outros produtos. “A principal forma de organização das trocas de produtos nessas cidades eram as feiras. A disposição de tendas para a venda dos produtos em um só lugar, em determinado dia da semana, facilitava as trocas comerciais para todos.” (FERNANDES, 2020. Brasilescola).

No Brasil, as feiras livres foram trazidas pelos portugueses no período colonial, que estabeleceram como um patrimônio cultural no país e de grande relevância no convívio social nas comunidades. A partir disso, as feiras livres se expandiram junto ao crescimento demográfico do país. Em São Paulo, no ano 1914, a capital sofria com escassez no abastecimento de frutas e verduras, e devido à isso, a crise acentuava os preços dos alimentos que eram vendidos no centro da cidade. Neste mesmo ano, o até então prefeito de São Paulo Washington Luís assinou o Ato 710, considerada a criação dos “Mercados Francos”, o que ocasionou na oficialização da primeira feira livre localizada no Largo do General Osório, contando com 26 feirantes. Na data do decreto do Ato 710, dia 25 de agosto de1914 é comemorado o dia do feirante no Brasil.

2.2.2 A importância dessa tradição “Fazer a feira”, virou um hábito do brasileiro. Religiosamente, nos dias de feira no bairro, podemos encontrar os mesmos fregueses, que tradicionalmente vão a feira buscando produtos frescos para reabastecer suas geladeiras. Estes frequentadores sabem o “melhor horário”, já possuem em mente as “melhores barracas” e sabem exatamente que vão encontrar lá tudo o que precisam.

Essa confiança entre os consumidores e as feiras livres não se dá por acaso, já que a qualidade do produto e o preço baixo é indiscutível quando compramos as feiras livres com os supermercados. As feiras ainda saem atrás quando paramos para analisar que elas não são abertas diariamente, e sim uma ou duas vezes por semana nos bairros, além das poucas horas de funcionamento, enquanto os supermercados estão disponíveis todos os dias em larga escala de horário. Mesmo assim, os frequentadores das feiras não abrem mão de esperar por elas para a realização de suas compras.

Além da comodidade das feiras de rua dos bairros domiciliares, e da qualidade e do custo benefício descritos acima, as feiras livres também possuem um outro fator que conquista seus fiéis clientes: a alegria. O dia da feira é uma

38 quebra de rotina na vida do freguês, principalmente de regiões metropolitanas.

A atração de cores, sons e pessoas diferentes no mesmo lugar, é o que faz das feiras livres um lugar rico em cultura e tradição, mas também um ambiente democrático.

A alegria contagiante vem principalmente dos trabalhadores, que com muito alto astral dão vida e animam as feiras, e é por isso que devemos colocalos em destaque, afinal, eles dão um show de carisma, simpatia e camaradagem, e é entre os próprios feirantes que a pluralidade das feiras começam. Neste meio encontramos pessoas pessoa de todos os tipos, podemos até mesmo destacar casos opostos como por exemplo de pessoas que não concluíram o ensino fundamental, e pessoas graduadas que optaram por continuar o trabalho na feira; Crianças ajudando seus pais, e idosos que, talvez em um emprego comum, já poderiam ter se aposentado. Raças, cores, lugares, religiões, gêneros e idades, é essa mistura e troca de experiências que faz da feira livre ser o que ela é, e são eles, os feirante, os responsáveis por levar isso adiante.

Além das cores vibrantes das barracas coloridas, das frutas e verduras empilhadas artisticamente, da agitação e energia que destacam o visual atrativo das feiras livres, há um outro elemento que faz parte de toda essa festa: o som.

Sendo uma marca registrada das feiras, o grito do feirante é a principal ambientação sonora do lugar. O marketing chamativo através dos gritos cantados, divulgam mercadorias e atraem fregueses, dando voz e charme as feiras. É através deles que clientes descobrem promoções, e se influenciam a ir até as barracas conferir o produto. Os bordões tão tradicionais dos feirantes foram, inclusive, o que levou a criação dos slogans publicitários, hoje em dia usados com frequência para fazer as pessoas lembrarem de uma marca. Apesar disso, o grito convidativo do feirante ainda gera desconforto entre os moradores locais. Em 2007, um decreto realizado pela Prefeitura de São Paulo, pelo até então prefeito Gilberto Kassab, gerou uma insatisfação entre os feirantes e frequentadores das feiras livres, no qual ficou instituído que “os feirantes não poderão usar aparelhos sonoros e nem oferecer mercadorias em volume de voz que incomode” (G1, 2007). O entendimento de “proibição” dos tradicionais gritos, desagradou os profissionais das feiras e seus fregueses, que entendem o grito como uma ferramenta de trabalho dos feirantes. O grito também é uma forma de superar a concorrência dentro das feiras: leva o cliente aquele que melhor conseguir chamar sua atenção.

39 A concorrência entre barracas também é algo que faz parte das feiras livres, sendo uma disputa amistosa pela venda do melhor produto, pelo menor preço. Ao longo dos anos em que houve a regulamentação das feira-livres, foi ficando cada vez mais acessível o cadastro de novos feirantes, aumentando a concorrência. A organização e a fiscalização das feiras livres garantem o bom funcionamento desses tradicionais mercados a céu aberto.

2.2.3 A regulamentação Quando se trata de feiras livres no Brasil, há uma escassez e falta de clareza em relação aos dados, que pontue informações sobre o cenário atual.

Segundo a Sociedade Nacional de Agricultura (SNA), em 2015 um levantamento feito pela Câmara Interministerial de Segurança Alimentar e Nutricional (Caisan), divulgado através da pesquisa MapaSAN realizada por eles, estimava-se que “Em todo o Brasil, existiam 5.119 feiras livres em 1.176 municípios, a maioria delas (83%) com periodicidade semanal, além de 1.331 feiras agroecológicas ou com produção orgânica em 624 municípios.” (SNA, 2015).

Em São Paulo, as informações sobre feiras livres, retiradas do portal de Dados Abertos da Prefeitura do Estado, estão disponíveis entre os anos de 2003 a 2014, com exceção do ano de 2011, continuando assim a falta de dados atualizados sobre esse espaço. Em 2014, em comemoração ao centenário da regularização das feiras livres, a Secretaria Especial de Comunicação (SECOM) em meio a uma homenagem, apresentou alguns dados relevantes, e apesar de serem dados ultrapassados, é interessante analisar. Naquele ano, a cidade de São Paulo contava com 880 feiras livres, distribuídas pelas 32 subprefeituras, sendo ao todo 10.073 feirantes cadastrados, donos de 16.300 barracas. No texto apresentado, a SECOM ainda apresentou dados sobre os perfis dos comerciantes de acordo com gênero e idade:

40

Gênero

Homens 4.862 (40%)

Mulheres

7.211 (60%)

Idade até 35 anos 66 a 95 anos

até 35 anos 36 a 65 anos 66 a 95 anos 36 a 65 anos

2.2.4 O trabalho informal e a visão impopular Para o Estado de São Paulo, os feirantes são aqueles que realizaram seus cadastros no site e pagam uma taxa mensal que garante a regularidade de seu negócio. Popularmente, pouco se sabe que muitos feirantes são na verdade pessoas jurídicas, e possuem MEI (Microempreendedor individual) e um CNPJ (Cadastro nacional de pessoas jurídicas) ativo, isso porque, ainda há uma grande parte de feirantes que atuam como informais, ou seja, trabalham sem seguir a regulamentação decretada pelas Leis trabalhistas.

41 Apesar de ainda ser um trabalho considerado informal, e visto por muitos como um sub emprego, trabalhar como feirante é a fonte de sustento de milhares de lares, e essa profissão é, muitas vezes, passada de geração para geração. É comum ver atrás das barracas crianças ajudando e atendendo clientes, isso porque desde cedo estão familiarizadas com os processos do trabalho nas feiras, dando suporte para os pais.

No âmbito informal, a feira livre também abre espaço para uma visão impopular sobre o trabalho dos feirantes, colocando em pauta a dignidade e legalidade do serviço e mercadoria, e gerando desconfiança quando comparados aos hipermercados dos bairros.

Podemos considerar que, no cenário urbano contemporâneo, as feiras livres constituem alvo de críticas e marginalização pelo poder público, na medida em que são consideradas antiquadas e anacrônicas, face ao surgimento das grandes redes de hipermercados e dos automóveis, revelando-seassim, tradições urbanas tornadas obsoletas, por não estarem em compasso com as novas tendências econômicas, ditas mais lucrativas e mais seguras como as grandes redes de supermercados. (SOUZA. 2015. P131)

JESUS, afirma que essa visão impopular é uma associação a feiras livres cariocas que “comumente as vinculou à sujeira, à ilegibilidade, desordem, atraso e promiscuidade, que se contrapunham aos ideários modernizantes, marcados pelos novos padrões de beleza, higiene e civilidade” (JESUS apud SOUZA 2015). Podemos associar também ao preconceito e desigualdade social, já que o trabalho na feira é popularmente ligado à falta de oportunidade, ou aos seus trabalhadores, que em grande parte são pessoas de origens simples, sem estudos, migradas de outros estados.

É importante afirmar que o trabalho informal não deve ser associado ao trabalho criminoso, por isso, no próximo tópico abordaremos melhor o assunto, para garantir um melhor entendimento sobre as condições de trabalho dos feirantes.

42

2.3 Mercado Informal Trabalhar na informalidade tem sido, para muitos brasileiros, uma maneira de escapar do desemprego e da precarização do mercado de trabalho. Esse tema vem sendo discutido ao longo dos anos por diversas áreas de estudo, abordados principalmente no âmbito das políticas públicas, sociais e econômicas.

2.3.1 Origem e definição do termo Segundo Souza Filho (2004), o termo tem origens na África em 1972 através de um estudo realizado pela 2Organização Internacional do Trabalho (OIT) no Programa Mundial de Emprego do mesmo ano, que teve um papel importante para a contextualização do termo. Referindo-se como “Setor Informal”, a OIT caracterizou em um primeiro momento o trabalho informal como “atividades desempenhadas por trabalhadores pobres, mas que não eram admitidos como legais, registrados, protegidos ou regulamentados pelas autoridades públicas” (FEIJO; SILVA; SOUZA. 2009. P.331). Ao longo do tempo junto com o agravamento da informalidade do mercado de trabalho, foram surgindo novas definições. Para Feijo, Silva e Souza (2009), a 78° Session of the International Labour Conference realizada pela OIT em 1991 definiu o posicionamento da organização em relação ao trabalho informal quando percebeu-se que teriam duas escolhas: (1) Incentivar o mercado informal entendendo o setor como provedor de empregos e renda. (2) Oferecer uma regulamentação e proteção social aos trabalhadores informais, neste caso compreendendo que haveria uma queda geração de empregos.

Assim, ficou entendido que o papel da OIT deveria se orientar no sentido de combater as causas subjacentes à informalidade, e não só os sintomas, a partir de uma estratégia de política econômica e social, abrangente e multifacetada (OIT, 1991, p. 27/7-27/8).3 Isso implica dizer que a intervenção governamental com o objetivo de combater a informalidade não se resume à aplicação de políticas específicas sobre a atividade informal, mas envolve também a aplicação de medidas de política econômica com vistas à promoção do crescimento econômico como uma estratégia de saída da condição de subdesenvolvimento (SALM, 2005. apud FEIJO; SILVA; SOUZA. 2009. p.333)

A definição do termo “informal” é muito abordada entre os autores e pesquisadores do tema, isso porque o termo pode abranger diferentes

2

Agência da Organização das Nações Unidas (ONU) fundada em 1919 com o objetivo de proteger os direitos dos trabalhadores do mundo.

43 significados que fogem da definição do que é entendido como “trabalho informal”.

Uma visão pejorativa do termo “informal” associa esse tipo de trabalho à criminalidade, neste caso referindo-se a vendas de produtos ilícitos e práticas criminosas, e não ao fato que há uma desregularidade no trabalho informal.

Feijo, Silva e Souza (2009) ressaltam que “há atividades criminosas na economia informal, mas isso não significa que toda atividade informal seja criminosa”, e contextualizam “na verdade, boa parte fornece produtos e serviços que são legais”. (2009. P 334). A respeito da definição do termo, vale citar uma observação feita por BETTIOL (2009) que o termo informal é compreendido pelos autores como “a força de trabalho que engloba os trabalhadores não inseridos nas relações ditas assalariadas” (BETTIOL. 2009. p.5).

Considera-se o trabalho formal aquele que está nos conformes das leis trabalhistas, e o informal o que não segue uma regulamentação. Uma definição mais objetiva aos olhos popular feita por Noronha (2003 p.114) diz que o trabalho formal é aquele que possui a carteira de trabalho assinada, ou seja, que comprova vínculos com a empresa com o entendimento do governo, e isso garante o trabalhador proteção perante a lei. Souza Filho (2004) afirma que essa compreensão popular do trabalho “formal” e “informal” no Brasil deriva de ordem jurídica, que teve início do século XX e trouxe mudanças significativas para a classe proletária, alterando todo o cenário de mercado de trabalho nacional, e assim dividindo o mercado nessas duas modalidades.

2.3.2 Surgimento das Leis Trabalhistas no Brasil e mercado formal Entre as décadas de 1930 e 1940 o governo do, até então, presidente Getúlio Vargas se caracterizou pelo populismo, nacionalismo e a aproximação com a classe operária. Esse governo, que começou com o fim da República das Oligarquias, deu início a chamada “Era Vargas” que tinha como objetivo desenvolver ainda mais a industrialização no país, deixando se ser um país agrário-exportador e passando a ser urbano-industrial. Mas para que o governo tivesse força necessária para essas mudanças, precisava do apoio da classe operária.

A obra maior da engenharia política getulista foi trazer as classes trabalhadoras para a agenda do Estado, politizar a “questão social”, tirá-la do espaço exclusivo da criminalização e das delegacias policiais.

Mas, para implementar o projeto industrial, nacionalista e estatal, que veio a se desenvolver ao longo das décadas seguintes, Vargas precisava contar com o apoio dos trabalhadores urbanos para manter

44 seu poder num momento de fortes dissensões entre as frações agráriaexportadora-cafeeira, a agrária não exportadora e os emergentes setores industriais, encontrando nos tenentes outra força política importante para sua sustentação. (ANTUNES. 2006. P 84-85).

É importante salientar a existência da luta proletária por direitos trabalhistas, antes mesmo do governo de Vargas, como por exemplo a Greve Geral de 17, considerada a primeira greve geral do país, quando o setor operário começou a adquirir consciência de classe e passou a buscar melhorias nas condições de trabalho.

A Constituição de 1934, criada no governo Vargas, estabelecia uma série de direitos progressistas que ia além da legislação trabalhistas como também: voto secreto, voto feminino e autonomia dos sindicatos. No que diz respeito às leis trabalhistas, a Constituição de 1934 decretou diretos como: salário mínimo, jornada de trabalho de 8 horas, repouso semanal, férias remuneradas, além da carteira de trabalho como documento que comprova o vínculo do empregado com a empresa empregadora.

Em 1943, alavancando ainda mais o populismo de Getúlio entre a classe proletária, o governo promulga a Consolidação das Leis do Trabalho, conhecida como CLT, no Decreto-Lei n°5.452, que unifica todas as leis trabalhistas no Brasil, regulamentando as relações individuais e coletivas de trabalho. É a partir dessa legislação que surge o trabalho formal, ou seja, dentro dos termos do decreto. Esse avanço para o país marcou e mudou o mercado de trabalho dali em diante, sofrendo alterações com o decorrer dos anos, como em garantindo ao trabalhador direitos e benefícios.

2.3.3 Formal x informal A conquista proletária dos direitos trabalhistas e a definição de trabalho formal através da Consolidação das Leis do Trabalho não foram suficientes para prever o fenômeno estrutural que surgiria com essas mudanças. O trabalho informal surge diretamente da existência dessas definições formais e leis trabalhistas.

O crescimento da informalidade ganha força à medida que a economia formal se apresenta incapaz de gerar postos de trabalho suficientes para uma mão de obra em constante crescimento e também porque se torna, em muitos casos, impossível para um empreendedor constituir uma empresa que possa ser considerada formal. Nesse contexto, é cada vez maior o número de pessoas que

45 veem na economia informal a única saída para a sobrevivência. (FEIJO; SOUZA; SILVA. 2009. P338) Podemos aqui analisar o trabalho informal de dois ângulos diferentes: (1) o do trabalho informal a partir de um contrato informal. (2) E o do trabalho informal autônomo.

Para entendermos o primeiro caso precisamos conhecer os três personagens envolvidos nesse cenário: o empregado, o empregador e o governo. As leis trabalhistas, formalizadas pela CLT, decretadas pelo governo em prol do trabalhador, são entendidas como algo “desvantajoso” para o empregador. Além da limitação da jornada de trabalho de 8 horas diárias, e da tributação de impostos ao governo, cabe ao empregador o pagamento das particularidades das funções desempenhadas, suporte ao empregado como licença maternidade e auxílio doença (AJ & OLIVEIRA. 2020). Algumas empresas passam então a adotar contratos atípicos, não regulamentados. Esses contratos informais, muitas vezes acertados verbalmente entre o empregador e o empregado, não dá garantias dos direitos do trabalhador como: carteira assinada, 3FGTS, seguro-desemprego e outras ajudas de custo cedidas pelo governo. Não podemos aqui fingir que de fato exista a opção de escolha do empregado em aceitar ou não as condições impostar pelo empregador, não quando o cenário de desemprego cresce cada vez mais no país. Veremos esses dados mais adiante.

O trabalho informal autônomo é aquele em que o trabalhador é popularmente conhecido como “o seu próprio patrão”. Neste modo, o trabalhador oferece a venda de produtos ou serviços por conta própria. A característica principal dessa modalidade é que é uma forma de obter rendimento sem depender das burocracias do trabalho de mercado formal, mas, assim como o trabalho informal por meio de contrato com empresa, o trabalho informal autônomo também abre mão dos direitos trabalhistas previstos na lei. Além disso, a falta de renda fixa mensal é uma desvantagem que gera insegurança ao setor.

O economista Sylvio Lyra diz em entrevista ao documentário “As caras da informalidade” (2007), que as atividades informais vão em paralelo a economia formal, atendendo apenas um lado do problema social. Contextualizando a fala 3

Fundo de garantia do tempo de serviço, criado para proteger financeiramente o trabalhador que foi demitido sem justa causa.

46 de Lyra, o trabalho informal surge como um meio do trabalhador ganhar o seu dinheiro, e por este lado resolve a questão social no que diz respeito ao seu sustento,

entretanto

o

trabalho

informal

prejudica

a

economia

e

o

desenvolvimento do país. Por outro lado, GOMES e REGINESNE (2015) afirmam: Os trabalhadores informais atingiram, de forma diversificada, uma posição no contexto de economia mundial. A fragmentação social assume outra complexidade associada, na maioria das vezes, às novas organizações do mercado que relacionam o trabalho informal como fator crucial e responsável pela sobrevivência de parte da população periférica urbana (GOMES e REGINESNE, 2015).

A OIT compreende que os trabalhadores informais possuem sua “política econômica” própria, e “chama a atenção para o fato de que as pessoas envolvidas em atividades informais têm suas próprias regras e estruturas organizacionais do mercado” (FEIJO; SOUZA; SILVA. 2009 p.334).

2.3.4 Mercado de trabalho informal no Brasil atualmente O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que é responsável por apresentar dados sobre a população, aborda na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (PNADc) informações que nos ajudam a entender em estatísticas o cenário do mercado de trabalho do país.

Antes de apresentarmos os dados que completam aqui nossa pesquisa, precisamos entender a quem o IBGE se refere em suas pesquisas segundo o site POLITIZE (2020) •

População ocupada – pessoas que trabalharam ao menos 1 hora completa na semana da pesquisa;

•

População desocupada – pessoas que não trabalharam, mas procuraram emprego nos 30 dias anteriores à semana da pesquisa e tinham condições de assumir o trabalho na mesma semana;

População na força de trabalho – pessoas com 14 anos ou mais na semana da pesquisa que estavam ocupadas ou desocupadas; •

População fora da força de trabalho – pessoas com 14 anos ou mais na semana da pesquisa que não estavam nem ocupadas, nem desocupadas;

•

População desalentada – pessoas que não trabalharam na semana da pesquisa e gostariam de ter um emprego, mas

47 desistiram de procurar. Essas pessoas são consideradas fora da força de trabalho.

Segundo o CENSO 2021, através dos dados da PNADc divulgadas pelo IBGE em dezembro de 2020, o desemprego chegou a 14,1 milhões no trimestre encerrado em julho, e houve um aumento de 2,8% na taxa de população ocupada chegando a 84,3 milhões de pessoas. O site ainda afirma que “O aumento no número de ocupados foi puxado pelos trabalhadores informais”, representando 38,8% da população ocupada, e neste meio citam “os profissionais sem carteira assinada (empregados do setor privado e trabalhadores domésticos), sem CNPJ (empregadores e por conta própria) ou sem remuneração (auxiliam em trabalhos para a família).” (CENSO2021. 2020) Houve um aumento também entre os empregados sem carteira assinada no setor privado, cerca de 9.5 milhões, e de 918 mil para trabalhadores autônomos sem CNPJ.

48

O PROJETO

49

3.1 EXPLICAÇÃO DO TÍTULO LARANJA, 4 REAIS! Em homenagem aos gritos dos feirantes, que são usados como ferramenta atrativa de clientes, o nome do documentário carrega toda a tradição e cultura por trás das feiras livres. Sendo o Brasil o maior produtor mundial, a palavra laranja é escolhida para indicar a própria fruta. Junto disso, ao pensar como tonalidade, a cor vibrante remete à alegria, empolgação, espontaneidade e sucesso, outras características das tradicionais feiras livres. O Número 4 representa as quatro visões de quem assiste e faz parte desse documentário: o do feirante; o do freguês; o do espectador; e o das documentaristas.

50

3.2 SINOPSE Pega o carrinho que hoje é dia de ‘fazer a feira’! Nessa animada tradição semanal dos brasileiros, as feiras livres são ricas em cultura e pluralidade, mas o que faz as feiras-livres serem o que são? Ou melhor, quem faz?

Este documentário te leva a conhecer um pouco mais da rotina dos personagens principais das feiras livres: os feirantes. Em meio ao trabalho exaustivo, e as relações interpessoais, conheceremos algumas histórias e acompanharemos um pouco do que acontece por trás das barracas.

51

3.3 OBJETIVOS Esse projeto tem como objetivo trazer à tona, para o espectador, os sentimentos de familiaridade e afeição pela tradição nacional das feiras livres.

Além de leva-los à um novo ponto de vista sobre o trabalho duro, e pouco valorizado, dos feirantes, colocando em destaque esses trabalhadores como os grandes protagonistas, que dão vida e carregam as tradições das feiras livres.

• • • • •

Aproximar o telespectador do ambiente das feiras livres, construindo um sentimento de familiaridade Registrar a euforia das feiras livres Evidenciar a pluralidade das feiras livres, mostrando pessoas de todos os tipos, classes, idades e gêneros.

Destacar a relação de camaradagem dos feirantes com fregueses.

Acompanhar a vida e rotina de trabalho do casal de feirantes escolhidos como personagens principais do documentário.

•

Compreender o motivo pelo qual os personagens optaram por viver do trabalho como feirantes

•

Desassociar o trabalhador informal realizado nas feiras livres, com a visão popular de falta de oportunidade de trabalho.

•

Traçar uma narrativa que mostre a dignidade do trabalho na feira, sendo geradora de renda e sustento do lar.

•

Destacar o orgulho do feirante em ser um feirante.

•

Destacar a força da tradição cultural que está viva nas feiras até os dias de hoje.

3.3.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Destacar o feirante como agente social, responsável por dar continuidade da tradição das feiras livres através dos anos, enfatizando a energia e alegria que eles levam para o lugar, dando vida ao lugar, animando e conquistando a atenção da clientela. Mostrando também o lado pouco conhecido sobre a rotina puxada de trabalho, o desgaste físico e o cansaço emocional por trás das feiras livres.

52

3.4 CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA A Classificação é embasada na Constituição Federal, e no Estatuto da Criança e da Nova Classificação Indicativa (Portaria SNJ nº 8/2006).

O sistema de classificação é regulamentado através dos órgãos responsáveis:

Ministério

Justiça

(MJ);

Nacional

de

Departamento

da

Secretaria

Justiça

(SNJ);

de

Justiça,

Classificação,

Títulos

Qualificação

e

(DEJUS);

Coordenação de Classificação Indicativa (COCIND).

O Ministério da Justiça não proíbe a transmissão dos programas,

por

isso

a

classificação tem como objetivo ser uma indicação à família sobre recomendação de faixa etária para as obras audiovisuais das programações, e caberá aos pais a decisão sobre o que o filho poderá ou não assistir.

3.4.1 CLASSIFICAÇÃO DO PROJETO Tomando como base os órgãos que regulam as classificações indicativas no Brasil, o documentário “Laranja 4 reais a dúzia” será classificado como “Livre para todos os públicos”, assumindo um compromisso ético com a legislação. A recomendação tem como característica não expor as crianças à conteúdos prejudiciais, sendo livre de livre para qualquer faixa etária e podendo ser exibida em qualquer horário na programação dos canais televisivos. Além da isenção de conteúdos e cenas que possam conter violência, drogas ilícitas, palavrões, nudes ou insinuações sexuais.

53

3.5 PESQUISA DE PÚBLICO ALVO Para determinarmos o nosso Público Alvo, traçamos uma linha de pesquisa analisando informações de tópicos como: quem assiste o gênero documentário? qual o perfil do assinante da plataforma Globoplay? Qual perfil dos consumidores da feira livre? Reunindo essas informações, determinaremos o nosso público alvo.

Para o cineasta Amir Labaki (VALOR, 2021), uma pesquisa europeia analisou que para os espectadores de documentários, o assunto desenvolvido pelo gênero é o principal fator para o consumo do conteúdo, por isso buscamos entender melhor o perfil dos frequentadores das feiras livres, que se relacionam com o tema. As feiras livres são tradições nacionais, estendidas por todo o território brasileiro, e que atrai frequentadores dos mais variados tipos, classes, raças e idades. A frequência do gênero feminino supera a do gênero masculino, sendo 58,3% o público feminino e 41,7% o público masculino. Ou seja, para cada dez pessoas, quase seis pessoas são mulheres e apenas quatro são homens.

(DIAS, ALMEIDA, SOUZA, BARROS. 2021).

O acesso ao conteúdo também é um fator determinante para o público, por isso, buscamos compreender o perfil dos assinantes das plataformas de Streaming

no

Brasil.

Segundo

uma

pesquisa

realizada

pelo

Itaú

Cultural/Datafolha, 71% dos entrevistados têm acesso à uma plataforma de stream, sendo 24% Globoplay. Além disso, o consumo de streaming é maior entre pessoas com 17 e 25 anos e 30 a 45 anos. No quesito regional, ainda segundo a pesquisa, a região sudeste dispara na frente com 76%, enquanto por classe econômica, o acesso a plataformas de vídeos sob demanda é de 94% na classe A e B, 74% na classe C, e 43% das classes D e E. (FOLHA, 2021). Uma pesquisa divulgada pelo site gente.globo.com (2020), sobre “O consumo de filmes streaming entre os públicos do Brasil” entra ainda mais a fundo na questão socioeconômica, e traz dados relevantes para a escolha do público. A pesquisa aponta que:

Classe A-B •

Consome as plataformas de Streaming como primeira opção

•

Tem um melhor acesso à internet banda larga, para aproveitar a experiência.

54 •

Possuem Smart Tvs

•

Outros dispositivos conectados à internet

•

Acesso Premium a plataformas de streaming

Classe C •

Possui uma plataforma de streaming, mas não é sua primeira opção de conteúdo, isso devido à baixa conexão de internet, e menos acesso a TVs Smart.

•

Possuem acesso a pacotes básicos de TVs por assinatura

A diferença entre as classes ainda se destaca no fator psicográfico: Para a Classe AB, escolher o conteúdo para assistir é um momento de entretenimento. A classe C utiliza esse tempo como um momento de relaxamento, e por isso não quer ter que escolher o conteúdo.

Para a classe AB, assistir o conteúdo é um momento de alta atenção, por isso preferem conteúdos que gerem reflexão. Já para a classe C, é um momento de baixa atenção, e pouco esforço para assistir o conteúdo.

Afunilando ainda mais nossa pesquisa, buscamos dados referentes a Globoplay, plataforma escolhida para a veiculação que veremos melhor no item seguinte, mas que enriquecem o desenvolvimento do público alvo deste projeto.

Em um levantamento de audiência e perfil da plataforma do Globoplay, através do Google Analytics, o consumo de conteúdo entre desktop e smartphones, mostra que a média mínima é de 70% dos entrevistados assistem por smartphones, enquanto 20% assiste pelo desktop. O público por gênero é misto, com força maior entre as mulheres, tendo uma pequena diferença a mais na porcentagem quando comparado aos homens. 53% mulheres e 47% homens.

O público por idade, 25-34 é o público mais forte com mais de 30%, em seguida vem o grupo de 35-44 com quase 20% de audiência. (MÍDIA KIT SITES GLOBO, 2020)

55 Após toda a análise de dados e pesquisas, concluímos o público alvo para esse projeto:

Gênero: Misto. (H) Homens; (M) Mulheres

Faixa etária: Dois grupos selecionados, entre 25-34 anos e 35-40 anos

Classe social: Classe A – Renda mensal entre R$ 11.262,00 a R$ Classe B – Renda mensal entre R$ 8.641,00 a R$ 11.261,00

Regionalidade: Nacional – Brasil

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3.6 VEICULAÇÃO E DISTRIBUIÇÃO Com a evolução das plataformas digitais que disponibilizam acesso de conteúdo, a partir de um plano de assinatura, e a facilidade e praticidade que essas plataformas oferecem para serem assistidas quando e onde o assinante desejar, a Caos Audiovisual decidiu que essa seria a melhor forma de veicular o documentário “Laranja 4 reais a dúzia, na plataforma Globoplay, do Grupo Globo.

3.6.1 GLOBOPLAY Em 2015 o Grupo Globo divulgou

o

lançamento

da

plataforma de digital Globoplay, que ficaria disponível a partir do dia 03 de novembro do mesmo ano. Segundo a matéria, Erick Brêtas, o diretor de mídias digitais da plataforma, afirmou que “Tudo o que é produzido pela TV Globo estará no Globoplay”, e inicialmente, o Globoplay seria um serviço com acesso tanto gratuito como por assinatura. No plano gratuito, ofertava trechos de novelas, série e minisséries, e alguns programas jornalísticos. Já para os assinantes do plano de 12,90 ao mês, o além do acesso à todo o conteúdo sem limitações, o plano contava com câmeras exclusivas do reality mais famoso do Brasil realizado pela emissora, o Big Brother Brasil. Não existia interesse por parte do grupo globo colocar em sua plataforma produções que não fossem realizadas pelo grupo, mas com a evolução da plataforma e a briga com a concorrência, aos poucos as séries estrangeiras e produções independentes começaram a chegar ao catálogo, somando com as centenas de produções nacionais.

Segundo o site FORBES, em 2020 a Globoplay ultrapassou todos os concorrentes de Streaming, incluindo Netflix e Amazon Prime, e se consolidou como a plataforma com mais assinantes no Brasil, com mais de 20 milhões de assinaturas do serviço, batendo a meta estabelecida pelo grupo segundo Brêtas.

Atualmente, dependendo do plano escolhido, a plataforma além de conteúdos próprios, exclusivos e internacionais, também conta com a força dos canais ao vivo do Grupo Globo principalmente canais que antes era exibidos na TV por assinatura, como Multishow, GNT, SporTV, Gloob entre outros, e para os

57 amantes de Futebol também tem a opção de incluir no pacote o Premiere. Os planos variam de acordo com os combos oferecidos, além disso, uma das estratégias da plataforma para atrair novos clientes são as parcerias, como por exemplo a inclusão da plataforma Disney+ no plano com um valor promocional, ou a parceria com o aplicativo de música Deezer, que dá ao assinante 1 ano de assinatura grátis no Deezer Premium.

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3.7 JUSTIFICATIVA As feiras livres são tradições culturais do Brasil, que acontecem semanalmente nos bairros e metrópoles. Frequentado em grande massa, as pessoas saem das suas casas para comprarem suas frutas e outras variedades de alimentos, se tornando uma ação predominante na rotina do brasileiro. Com isso, é fácil assegurar que a comunidade tem uma grande participação universo, ajudando assim, a manter a existência das feiras livres. Por outro lado, o fato de a população ir à feira, não significa que conheçam ou enxerguem o trabalho maciço dos feirantes por trás de toda produção das barracas.

As ideias nascem, portanto, de observações do nosso entorno, do acompanhamento de noticiários de TV, da leitura de jornais, que mostram pequenas histórias e personagens que podem ser trabalhados em vídeo. Essas ideias surgem como pensamentos casuais, que normalmente estão relacionados com nossa vontade de documentar alguma situação ou personagem. Na verdade, os melhores documentários são aqueles que nós queremos fazer.

(Lucena, Luiz Carlos. Como Fazer Documentários - Conceito, Linguagem e Prática de Produção (pp. 26-27). Summus Editorial).

A escolha desse projeto vem da vivência de uma das integrantes da produtora. Tatyane, que tem uma irmã e cunhado feirantes, foi introduzida sem experiência nenhuma nesse cenário para ajudar ambos em alguns dias da semana. Seu maior obstáculo foi quebrar toda a barreira do preconceito em relação a trabalhar na feira. Embora apoiasse sua irmã, na época não entendia a escolha em sair do trabalho de carteira assinada e iniciar um autônomo como feirante, com o seu marido.

Como uma forma de instrumento mobilizador, o documentário nasce como uma tentativa de desempenhar um papel correlato da integrante com experimento da feira ao público.

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3.8 ARGUMENTO 3.8.1 Visão original As feiras livres são muito tradicionais nos bairros e metrópoles, atraindo o mais diversificado tipo de clientes frequentadores. Essas pessoas, que por inúmeros motivos preferem fazer suas compras de frutas, legumes e outros produtos da agropecuária, conhecem as feiras-livres como um lugar barato com produtos frescos e de qualidade, e apesar de imaginarem que há um grande trabalho por trás para que possam levar esses produtos para casa, não imaginam de verdade como é a vida e rotina de um trabalhador da feira.

O trabalho do feirante é muito mais do que apenas vender e carregar caixotes pesados de madeira, os feirantes são quase que publicitários, marketeiros sem graduação, são animadores de festa e contadores fiscais, mesmo a grande maioria não ter tido nem mesmo a chance de terminar o ensino médio. A ideia de que o trabalho do feirante é um trabalho exaustivo, que exige uma rotina de seis dias por semana realizando um trabalho braçal, usando a tradicional “lábia” para vendas e atração dos clientes, se une com o fato de que o trabalho na feira não exige qualificações, criando uma imagem de subemprego, ou seja: informal, de baixa renda. Essa imagem cria uma visão popular deturpada a respeito das verdadeiras pessoas por trás da barraca, associadas à analfabetização, falta de estudos, falta de oportunidades de trabalho no mercado, e que a o trabalho na feira livre seria única saída para o desemprego.

Mas, o que temos encontrado nas feiras livres são profissionais que optaram por trabalhar na feira por ser uma oportunidade, e não falta dela. Dizer que o trabalho nas feiras livres deriva de uma falta de oportunidade, é descredibilizar e desmerecer esse tipo de serviço que gera renda e sustenta milhares de famílias brasileiras. Em um país como o Brasil onde o salário mínimo é de R$ 1.100,00 e a cesta básica R$ 626,00 segundo análise da DIEESE. A reafirmação da dignidade do trabalho do feirante num espaço tão tradicional, cultural, plural, que são as feiras livres, se faz necessária nos dias de hoje, afinal, são eles os donos dessa festa.

60 3.8.2 Proposta do documentário O documentário se inicia com uma cena de um carrinho de feira de estampa chamativa, utilizado para guardar compras, sendo arrastado pela rua do bairro, sem sequer mostrar quem está puxando os carrinhos. O som da rodinha no concreto será um destaque da cena.

Intercalando nessa cena inicial, quatro inserts serão inseridos em momentos diferentes. O primeiro insert é de um feirante executando seu trabalho, o segundo é do freguês escolhendo seu produto, o terceiro é das documentaristas registrando o doc, e o último é uma câmera subjetiva em 1° pessoa, fazendo referência ao olhar do espectador.

A cena do carrinho continua, junto com as intercalações dos inserts, até que o carrinho chegue ao início da feira.

O grito do feirante é a transição que faz o documentário "entrar" na feira.

Destacaremos em takes dinâmicos, com uma brincadeira da edição dos vídeos, sobrepondo cenas em escalas diferentes na mesma tela, as cores vibrantes, a saturação do clima de sol, o barulho de ruído do ambiente, a grande movimentação de pessoas, o falatório, a energia dos feirantes.

Em meio a esses cortes dinâmicos, a tela se abrirá para entrevistas curtas ou diálogos captados dos clientes da feira, dando opiniões, respondendo alguma pergunta da produção, ou apenas tendo um diálogo com o feirante. Também conheceremos alguns personagens que trabalham na feira, em pequenas entrevistas contando um pouco de seus produtos e suas histórias como feirante.

O documentário continua seguindo entre as barracas, até chegar à barraca dos nossos personagens principais: Tamyres e Edson. Mostraremos um pouco do trabalho realizado no momento, vendendo frutas, trabalhando em equipe. Entre as cenas, a entrevista acontece, até chegar ao assunto do trabalho pesado.

A câmera então dará zoom in nós dois atrás da barraca, com a feira finalizada, contabilizando o dinheiro do caixa.

Nessa próxima cena, será o do bloco 2. A cena de transição é sonorizada pela porta do carro batendo, em uma localização escura, onde acompanharemos a madrugada do nosso ator social Edson, pelo Mercadão onde ele realizará as compras de sua mercadoria para a feira do dia seguinte. Cenas do mercadão serão inserts pelo caminho de Edson. Pessoas cansadas, cochilando em um

61 canto qualquer, carregando caixas pesadas, comprando produtos e etc, serão destacadas em plano médio ou detalhe, registrando em planos detalhes e médios, sinais de exaustão corporal e mental.

Quando Edson finaliza seus afazeres, a cena mudará para o carro que ele leva as mercadorias. No início, não terá muitos diálogos, além do som do carro e os takes detalhes de seu rosto expressando cansaço. Então inicia-se o diálogo, que é uma entrevista sobre a rotina de vida que ele e sua esposa levam e como conciliar isso com a criação do filho e as poucas horas de sono.

Nessa próxima cena, ambientada na locação da feira do dia seguinte, a mudança de horário será evidenciada por takes do nascer do sol e das barracas sendo montadas aos poucos. Diferente das cenas iniciais, essa terá mais detalhes do trabalho duro de carregar e descarregar, enfatizando o trabalho braçal.

A próxima cena, será a transição para o último bloco. Assim como na primeira cena, será uma transição sonora a partir de um grito do feirante, "abrindo" a feira, assim como a volta das cores saturadas e vibrantes, dos ruídos sonoros, dos diálogos e afins.

Entrará uma música animada, enquanto os takes registram a energia dos feirantes, os momentos de risadas e sorrisos em meio ao trabalho, os slogans para chamar os clientes, as provocações amistosas com os donos das barracas vizinhas, o sorriso divertido dos clientes que escutam, entre outras cenas que mostram o ambiente animado casa feiras livres, destacando o feirante.

Quando a música estiver quase finalizando, será interrompida, e a imagem do carrinho de compras que apareceu lá no começo do documentário, aparecerá novamente. A câmera vai subindo aos poucos para relevar a pessoa que estava puxando o carrinho, enquanto a escutamos reclamar dos preços com um feirante, parada em frente à barraca. No pequeno diálogo a pessoa diz ao feirante que a culpa dos preços altos não era deles, e sim de quem votou “nele”, fazendo uma referência ao atual Presidente, Bolsonaro.

Após a fala, a música voltará do ponto que parou, abrindo espaço para os créditos finais.

Nas cenas de créditos finais, os nomes e funções das integrantes serão pendurados em cartazes de preços das frutas nas barracas.

62 3.8.3 Descrição dos objetos Edson Maciel: Edson tem 33 anos, casado com Tamyres Nascimento. Chegou em São Paulo em 2011 e há 10 anos realiza trabalho de feirante nas feiras livres. Por 6 anos foi funcionário dos donos de barracas, e há 4 anos conseguiu empreender e ser dono de sua própria barraca junto com sua esposa. Desempenha funções como: comprador, carregador, montador e vendedor nas feiras.

Tamyres Nascimento Tamyres tem 34 anos, nascida em Pernambuco, casada com Edson Maciel. Há 30 anos, veio ainda criança para São Paulo com sua família. Em 2016, Tamyres deixa seu emprego com carteira assinada para ter seu próprio negócio junto com o marido nas feiras livres de São Paulo. Desempenha funções como: compras de produtos, montagem da barraca e vendas.

Produtos típicos da feira Registros para inserts de frutas, legumes, produtos e serviços oferecidos nas feiras de São Paulo.

Mercadão Local onde os feirantes selecionam e compram os produtos para a revenda nas feiras livres.

Feiras livres Ainda a definir os locais exatos, a feira-livre será uma locação muito importante dentro do documentário. É lá onde se passará a maior parte do material em vídeo. São nessas locações que conseguiremos gravar a rotina profissional desses trabalhadores.

Barracas de feiras O processo de montagem e desmontagem das barracas de feiras farão parte do documentário. São a estrutura de vitrine do trabalho dos nossos atores sociais. Todos os dias esse processo é realizado, fazendo parte fundamental da rotina dos atores.

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Organização das frutas As organizações das frutas nas barracas chamam a atenção dos clientes que frequentam as feiras-livres, e atrai para a compra. Esse processo, é feito com o objetivo de aumentar as vendas e exibir a qualidade dos produtos escolhidos pelos trabalhadores das barracas.

Grito dos feirantes Importante para a estratégia de sonorização do documentário, o grito do feirante além de ser algo tradicional, é o que mais escutamos quando entramos uma feira livre. Essa cultura presente nas feiras livres será destacada no projeto, sendo também o título.

Cansaço/Esgotamento físico O retrato físico do trabalhador feirante após um dia de trabalho duro, e da rotina pesada.

Sons Sendo uma das partes principais do projeto, a captura de som ambiente será importante para levarmos o espectador para dentro das feiras.

64 3.8.4 Sugestão de estrutura ABERTURA – Indo até a feira Essa abertura foi pensada pelas documentaristas com muito cuidado. É através dela que o nome do documentário terá peso, e mostraremos as quatro visões do documentário.

A cena se inicia com um carrinho de feira sendo puxado ao longo de uma rua, sendo ele o único objeto em foco. A sonorização se dará apenas pelo som do atrito das rodinhas do carrinho com o asfalto. Essa cena será intercalada com quatro inserts em momentos diferentes, sempre voltando para a cena do carrinho principal antes de mudar. As cenas serão: O olhar do feirante: feirante exercendo seu trabalho.

O olhas do freguês: cliente escolhendo seus produtos O olhar das documentaristas: Cenas delas registrando a feira livre O olhar do espectador: Uma câmera subjetiva em 1° pessoa na feira.

A abertura se encerrará com o nome do documentário na tela.

BLOCO 1 – Apresentado a feira livre e seus trabalhadores No início do documentário, apresentaremos a feira-livre em sua essência, colocando em evidência a euforia do lugar, abusando da sonorização ambiente e de cores vibrantes que combinem com a sensação de alegria causada pelo lugar. Neste primeiro bloco, abordaremos tudo aquilo que chama e convida a atenção do freguês, fazendo com que nossos expectadores se transportem para dentro da feira, criando um sentimento de familiaridade e entusiasmo. Neste bloco trabalharemos com imagens quentes, saturadas, que harmonizem com o calor do dia, contando com a previsão do tempo para nos dar esses registros.

Ainda nele, introduziremos nossos protagonistas do tema, os feirantes.

Traremos relatos, histórias, inserts, que mostrem um pouco da relação entre os feirantes e as feiras, durante os registros da feira. É no final deste bloco que apresentaremos nossos atores sociais, o casal Edson e Tamyres.

BLOCO 2 – Conhecendo mais da rotina desconhecida do feirante Através de uma transição sonora e visual, o bloco 2 funcionará como uma quebra de tempo. Essa quebra se dará pela passagem do período matutino, do

65 primeiro bloco, para o período noturno que acontecerá no segundo bloco. Além disso, a colorização mais fria e a sonorização menos ruidosa, contrapõe-se com o bloco anterior, isso porque o bloco 2 retratará o primeiro horário da rotina do feirante, que começa de madrugada. Acompanharemos Tamyres e Edson na compra dos produtos para a feira do dia seguinte, registrando as relações e diálogos entre eles e os vendedores atacadistas, além da relação profissional entre o casal.

BLOCO 3 – Por trás da barraca de feira De volta à feira livre, a transição do bloco anterior também será percebida pelo som, colorização vibrante, movimentação/agitação. O último bloco acompanha a rotina de trabalho dos nossos atores sociais na feira, desde o início até o fim do expediente.

CENAS DE CRÉDITO A cena entrará após a finalização do documentário, sendo sonorizada através de uma trilha branca. A ficha técnica será atuada na barraca de feira, onde nossos nomes e funções serão pendurados no varal em que os feirantes utilizam para pendurar os preços dos produtos.

66 3.8.5 Estratégias de abordagem Personagens reais – Imagens do cotidiano e narrativas: Nossos dois personagens principais serão trabalhados através de seu cotidiano. A intenção é que durante a rotina sejam exibidos os depoimentos, como conversas, atividades manuais, compras no mercadão e em todo período de feira. A câmera nessas situações está sempre na mão, onde os mesmos têm a liberdade de se movimentar dentro do cenário, assim, ocorrendo possibilidades da mudança de foco de um personagem para o outro com rapidez e sem cortes.

Feira livre: Neste ambiente, será de extrema importância absorver toda a agitação do lugar, além da grande movimentação de pessoas e dos ruídos sonoros que cercam o lugar. Com câmera na mão e pouca luz, a ambientação ocorrerá no período matutino, e contaremos com a previsão do tempo para nos dar um clima ensolarado que nos traga um ar “quente” e saturado para os registros da execução da feira. Nesse momento teremos o foco não somente nas imagens, mas também na parte sonora. O conjunto de sons dessas cenas é prioridade para composição de identidade do cotidiano dos feirantes e será usado para adentrar os espectadores para o cenário. Teremos enquadramentos geral e detalhe, sendo uma forma de ao mesmo tempo mostrar uma visão que o cliente tem (geral), com uma que ele nunca parou pra analisar do que acontece durante a feira (detalhe).

Mercadão Sendo o segundo cenário utilizado no documentário, o mercadão funcionará como um ponto de virada para a transição do segundo bloco, onde de fato acompanharemos nossos dois personagens principais. A ambientação ocorrerá no período noturno, e contaremos com a iluminação local, sem uso de iluminação externa. A captação dos diálogos, que serão a troca de conversas entre os personagens e os trabalhadores de quem eles compram os produtos para revender, será importante para o andamento do bloco, que nos aproxima da parte desconhecida ou pouco conhecida da rotina dos feirantes.

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Grito do Feirante: A captação da vocalização será priorizada em relação aos personagens que apareceram em seus locais de trabalho, buscando chamar a atenção do freguês para sua barraca.

Eles relatam todas as táticas e estratégias para essa ação. O público nos conta qual o encanto dos feirantes os atrai e como isso faz a diferença na hora da compra. Conduzir um enquadramento fechado nos rostos do cliente e um geral, para registrar suas reações. Esse elemento também funcionará como ligação da passagem dos blocos definidos: um insert, um grito do feirante, uma tela preta de três segundos e logo após o início do outro bloco.

Feirantes: Como os protagonistas do tema, precisamos abrir espaço e coloca-los dentro do projeto. Inserts, entrevistas, relatos, diálogos e ações serão importantes registros para inseri-los, principalmente no primeiro bloco. Sendo eles os trabalhadores locais, e entendendo que possa haver alguma falta de familiaridade entre eles e a câmera, os deixaremos à vontade para contar relatos e histórias na medida em que se sintam confortáveis, as vezes usando apenas da captação do áudio para traze-los para o projeto.

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4.0 Referências estéticas

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5.0 Desenho de Produção

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12. CRONOGRAMA DE PRODUÇÃO 12. CRONOGRAMA DE PRODUÇÃO

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6.0 Cronograma de Produção

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7.0 Orçamento Previsto

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8. CONSIDERAÇÕES FINAIS

CAOS AUDIOVISUAL No início do ano, quando a ideia do projeto de TCC estava sendo discutida e ainda no início dos desenvolvimentos, a ideia inicial não era a realização de um documentário, e não imaginávamos que sairíamos de uma produtora de 7 integrantes para ser apenas 2.

Com 2 meses de atraso em relação à outras produtoras, criamos a Caos Audiovisual juntas. Duas mulheres, com uma grande parceria profissional, que se uniram para realizar juntas o último projeto universitário. Claro que essa decisão custou caro, estávamos pedidas, atrasadas e precisávamos afunilar e aperfeiçoar a única decisão que tomamos desde o início: faríamos um documentário sobre feiras livres.

A empolgação de realizar esse projeto veio desde o início em que a ideia foi discutida. As feiras livres por si só são ambientes eufóricos, que possuem conteúdos incríveis para a realização de um documentário. As possibilidades de explorar as cores, sensações, formas, personagens e histórias pareciam ilimitadas. Projetar tudo isso, foi ainda mais incrível, mas a parte difícil foi dar foco ao que queríamos contar. O fato era: queríamos mostrar a feira livre como uma tradição nacional. Tínhamos os dois personagens principais, e as ideias, só faltava encaixar tudo isso em uma única coisa.

Nas primeiras orientações, quando ainda nos sentíamos perdidas do caminho pelo qual deveríamos ir, junto com a Prof. Krishna, entendemos que nosso projeto falava sobre os feirantes, e que sobre o trabalho na feira livre, e assim nosso primeiro caminho foi entender essa profissão e conhecer mais do trabalho autônomo informal. Assim, criamos a primeira versão de Bíblia, e definimos a nossa pré-produção através dessa orientação, mas sentíamos ainda que algo faltava.

Quando o projeto foi para a avaliação da primeira banca, e tivemos a oportunidade de ter outras duas visões de fora, a do Prof. Bruno Tavares e a do Prof. Alexandre Henrique, pudemos perceber onde estávamos errando, e o ponto certo que poderíamos mudar: a visão artística. Algo que as duas sempre tiveram dificuldade ao longo do curso, a direção de arte era como um bicho de 7

91 cabeças para nós. A parte mais complicada de todo esse projeto foi deixar a visão racional de lado, e explorar um pouco mais da parte criativa, principalmente com um tema com tantas possibilidades. A partir disso, essa foi a nossa missão: trazer o olhar artístico para o que queríamos mostrar. Brincar com a colorização, com os sons, com inserts, com a edição e a montagem seriam a chave principal para darmos o ritmo que gostaríamos. Então alteramos nosso projeto para se encaixar nesse novo objetivo.

Uma vez definida a pré produção, pensada e detalhada, pudemos partir para a produção, e foi aí que as maiores dificuldades surgiram. O choque de saber o que quer e não ter o que precisa foi o que nos colocou em frustração.

Existe uma coisa no documentário, que quando está na etapa de planejamento passa despercebido: você não controla a realidade. Essa é a parte difícil de uma produção não ficcional, tudo pode acontecer, ou as vezes nada pode acontecer e é nessa hora que precisamos de resiliência para saber contornar as situações.

Desde as questões climáticas, as alterações de cronograma, até a difícil relação dos personagens com a câmera ligada, nos fizeram dar um passo para trás e reavaliar as condições que tínhamos e o que poderíamos fazer com aquilo.

Não foi fácil abrir a mão do controle, muito menos deixar que as coisas fossem pelo caminho que precisavam e não pelo que queríamos, mas tivemos que fazer, e lidar com isso da melhor forma possível. Afinal, esse projeto é muito mais do que apenas um documentário, é o nosso trabalho de conclusão de curso, e precisamos conciliar as nossas expectativas com os prazos que devemos cumprir.

Mesmo assim, quando chega a reta final, a satisfação é imensa. Olhar para essa trajetória, que antes parecia nunca ter fim, e ver quer chegamos aqui, mesmo além de todas as dificuldades, é um prazer. Entregamos esse projeto com um sentimento de orgulho, de missão cumprida, tendo a certeza que ainda temos muito a melhorar, mas que somos melhores do que quando começamos

92 JULIANA BASTOS

Parte 1 Desde quando entramos na universidade, o semestre mais temido sempre foi o último, o ano do TCC. O nome “trabalho de conclusão de curso” por si só já é assustador, já que é ele que definirá se merecemos ou não um diploma, e é aí que a ansiedade bate na porta. Por inúmeras vezes me peguei no meio de uma crise, com o coração agoniado, duvidando de mim mesma e de toda minha trajetória universitária, me questionando se eu seria mesmo capaz de entregar um projeto tão importante. Todas as vezes que me peguei tendo esse tipo de pensamento, coloquei toda essa angustia em orações, e aos poucos fui conseguindo lidar com as situações e fazer o que tinha que fazer.

Foi uma grande provação quando decidimos realizar o projeto em dupla.

A mudança de grupo de última hora, todos os atrasos que tivemos que correr atrás, os prazos curtos, o cansaço, a vida externa, os outros projetos, enfim.

Há muito caminho ainda para percorrer. Dei o meu máximo, mas sou capaz de ser ainda melhor, e vou aproveitar o tempo que teremos para aperfeiçoar ainda mais esse projeto. E não poderia ter escolhido uma dupla melhor para fazer tudo isso acontecer comigo.

Parte 2 A parte do projeto que menos me assustava, era a que eu deveria ter temido mais. Quando estamos na fase de produção, e saímos com a câmera na mão, é onde tudo pode dar errado. Foi nessa fase de produção onde eu me encontrei tentando ser o mais resiliente possível em meio a tantas turbulências.

As coisas definitivamente não saíram como pensávamos, o que teoricamente parecia fácil, na prática estava quase impossível. Quando a câmera está ligada, tudo aquilo que queremos registrar do natural, acaba entrando numa zona um pouco mais desconfortável e menos descontraída. Principalmente quando estamos falando de pessoas reais, Frustrações a parte, enquanto Taty foi o meu incentivo na parte de pré produção, eu senti que precisava fazer o mesmo por ela na pós-produção, que foi o momento no qual ela mais se sentiu perdida e desmotivada. Acredito que mesmo assim ela conseguiu entregar um resultado incrível, e vamos apresentalo com orgulho.

93 TATYANE ISA

Parte 1 Tenho tentado dar o meu melhor nesse processo de ideias, mesmo tendo dificuldades quando significa colocar tudo em um papel e apresentar. Trouxe um tema particular para ser trabalhado e eu sinto uma responsabilidade 2 vezes maior em contá-la, pelo respeito e carinho que sinto. Sentir essa pressão, que eu mesma me coloquei, tem atrapalhado um pouco o meu processo nesse semestre. Somando esse bloqueio, entra o cansaço físico e psicológico que tenho adquirido com o meu trabalho, que coincidentemente é na área. A demanda tem sido grande e me coloco 4 vezes a mais responsabilidade por não ter tido tempo para ler e agregar mais ao trabalho. Juliana foi de grande importância, soube lidar com toda a minha bagunça e assumiu quase todo o compromisso em apresentar todo o conceito do TCC. Tem sido um desafio por vários motivos e um deles é termos partido de um grupo, para realizar o trabalho em dupla, com semanas de atrasos. Correr contra o tempo e lutar contra a nossa insanidade foi difícil, mas acredito que estamos entregamos um trabalho satisfatório.

Parte 2 No segundo semestre, acredito que alguns pontos relatados sobre o primeiro não tiveram evolução nenhuma. Continuei sentindo a pressão e o bloqueio se manteve. É nítido que a minha maior frustração foi ter projetado o documentário de uma forma e na hora da captação de áudio e imagem, ver que não seria como o roteiro. Quando se trata de pessoas, é inevitável ter tudo sobe controle. O que isso significa? Era óbvio que os feirantes e até mesmo os fregueses não seriam tão abertos as entrevistas, sentimos a relutância e a desconfiança ao diálogo proposto. Repensar e montar uma nova estratégia consumiu mais ainda a nossa energia e talvez uma travada no projeto, um atraso maior do que tínhamos previsto. Novamente me encontrei sem criatividade e ânimo para finalizar o projeto.

Acredito que o peso da responsabilidade que o TCC traz, junto da parceria e paciência que Juliana e o nosso orientador Alexandre tiveram comigo, foi determinante para concluir o documentário da melhor forma possível com o que eu poderia oferecer nesse momento.

94

95

9. REFERÊNCIAS 100 anos da feira Livre em São Paulo. Prefeitura de São Paulo. 2014.

Disponível

em:

https://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/trabalho/2014%2010 0%20ANOS%20FEIRAS.pdf Acesso em: 09 de maio de 2021.

ABULQUERQUE, Karol. Pesquisa mostra que 42,6% dos brasileiros não veem vantagem em assinar plataformas de streaming. Olhar Digital, 2021.

Disponível

em:

https://olhardigital.com.br/2021/07/29/cinema-e-

streaming/pesquisa-mostra-que-426-dos-brasileiros-nao-veem-vantagem-emassinar-plataformas-de-streaming/. Acesso em: 23 de outubro de 2021 ANTUNES, Ricardo. De Vargas a Lula: Caminhos e descaminhos da legislação

trabalhista

no

Brasil.

São

Paulo

2006.

Disponível

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10. ANEXOS

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