UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL CURSO DE JORNALISMO
1
PRISCILA FERREIRA DO NASCIMENTO
São2021Paulo
FINANCIAMENTO COLETIVO: análise da revista digital e feminista “AzMina”
JORNALISMO, MOVIMENTOS SOCIAIS E
CURSO DE JORNALISMO
UNIVERSIDADE CRUZEIRO DO SUL
São2021Paulo
PRISCILA FERREIRA DO NASCIMENTO
Relatório de Fundamentação Teórico Metodológica (RFTM)/Paper, acompanhado de Produto Experimental, desenvolvido como etapa final de elaboração do Trabalho de Conclusão de Curso de graduação em Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul,. sob orientação da Profa. Dra. Mirian Meliani.
FINANCIAMENTO COLETIVO: análise da revista digital e feminista “AzMina”
JORNALISMO, MOVIMENTOS SOCIAIS E
2
Dedico essa etapa conquistada ao meu filho, que torceu todos os dias pelo fim desta graduação para que eu pudesse passar mais tempo com ele e também descansar.
3
também ao Grupo Rede de Apoio, que nos momentos mais difíceis foram os pilares que me ajudaram a continuar tendo forças para concluir este projeto. Um agradecimento especial à Gabriela, pessoa que me deu o primeiro amparo para seguir esse trabalho, à Estela, queouviutodososmeusáudiosdedesabafoseàMônicaquemeguioucomseusconhecimentos para uma melhor compreensão.
Por fim, agradeço a todos os amigos que me apoiaram nesta escolha e que estão tão felizes quanto eu por essa conquista.
esses anos de graduação com o pé no chão e plena vontade de evolução foram elevados pelo meu querido amigo Thiago, que mesmo longe permanece sempre por perto. Parte dessas últimas conquistas se deram pela admiração imensa que tenho por ele e pela forma que ele lê oAgradeçomundo.
Só foi possível iniciar esta graduação contando com o apoio de duas mulheres muito importantes para mim: Aline, minha irmã, e Valeria, minha mãe. Elas dedicaram uma grande parte do tempo que tinham para cuidar de uma das estruturas mais valiosas da minha vida que é meu filho Arthur. Ao meu pai, Edvaldo, agradeço pelo apoio financeiro enquanto precisei custear meus estudos e tomar a decisão de sair de um emprego estável para encarar um estágio em novaTodosárea.
Nesses quatro anos pude conhecer uma mulher admirável, inteligente e acolhedora, que logo escolhi como mentora, Mirian Meliani. Foi ela que me mostrou do quanto sou capaz e me motivou em todos os processos da Iniciação Científica e do Trabalho de Conclusão de Curso.
AGRADECIMENTOS
4 1.SUMÁRIORESUMO ..................................................................................5 2. INTRODUÇÃO........................................................................5 3. APRESENTAÇÃO...................................................................6 4. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO...............8 5. RESULTADOS.......................................................................12 6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................18 7. REFERÊNCIAS.....................................................................19 8. APÊNDICE.............................................................................20 A) PRODUTO EXPERIMENTAL............................................20 B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO.....................................57 C) INVESTIMENTO ..................................................................58 D) OUTROS PRODUTOS DA SUA PESQUISA.....................59 E) ANEXOS.................................................................................61
Priscila Ferreira do Nascimento2 Universidade Cruzeiro do Sul, São Paulo, SP
Jornalismo, movimentos sociais e financiamento coletivo: análise da revista digital e feminista “AzMina”1
Veículos como MídiaNinja,PonteJornalismo, JornalistasLivres, entreoutros, possuem uma agenda de notícias bem específica. Esses veículos têm em sua estrutura editorial diversos conceitos capazes de subverter aspectos midiáticos praticados pela imprensa tradicional. Um de seus atributos são os sistemas de financiamento em que buscam libertar se de instituições públicas e privadas a fim de driblar as influências que estas têm constantemente na agenda de notícias de grandes e tradicionais veículos. Para isso, utilizam métodos de doações que partem de seu público, como assinaturas, para custear os gastos da redação, mas sem limitar o acesso de seu conteúdo a não apoiadores.
AzMina, revista digital feminista, objeto deste estudo, utiliza como método de financiamento o sistema Catarse. Assim, ela garante um conteúdo gratuito a quem não pode
2 Estudante de Graduação 8º semestre do Curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul, e mail: priscilafnascimento94@gmail.com.
1 Artigo apresentado como parte do Trabalho de Conclusão de Curso RFTM/Paper, derivado do Núcleo de Estudos em Mídia Digital.
PALAVRAS-CHAVE: jornalismo feminista; financiamento coletivo; mídia alternativa; AzMina.
5
1. RESUMO
Este estudo discute se o jornalismo sob financiamento coletivo é capaz de ser influenciado por seu público, considerando que ele é sua fonte de sobrevivência financeira. Para isso, foi conduzido um estudo de caso da revista digital feminista AzMina por meio de análise dos posts publicados no grupo fechado de apoiadores da revista no Facebook. Além disso, entrevistamos a Diretora de Conteúdo do veículo para entender o posicionamento da própria publicação quanto à proximidade com seus apoiadores. A fim de compreender a comunicação de movimentos sociais em rede utilizamos Castells (2014). Também classificamos os aspectos do veículo dentro do conceito de Jornalismo Pós Industrial revisitado por Bell, Anderson e Shirky (2013).E,porfim, analisamos arevistasob aspectos damídiaalternativae daFolkcomunicação a partir de reflexões realizadas por Woitowicz (2011).
2. INTRODUÇÃO
Esta pesquisa abordou um padrão diferente do que foi feito ao longo de muitos anos e entendemos por revista feminina. A revista digital e feminista AzMina é o que temos de diferente nesse modelo dos chamados “filhotes” da grande segmentação das revistas determinado por Scalzo (2011). Mas, além da diferença no conteúdo esbarramos no quesito financiamento.Omodelo de financiamento da Revista AzMina é livre de envolvimento com entidades públicas e privadas, recurso este que algumas análises reconhecem como um meio para prática de um jornalismo mais autônomo e livre de influências editoriais de grandes instituições. Essas influências institucionais são vistas como problemas no exercício da livre imprensa e do jornalismo em sua essência de informar o público sem barreiras no compromisso com a verdade. A revista tem contribuição de financiamento coletivo, ou seja, apoio do próprio público, porém neste trabalho as discussões foram em torno das possíveis influências desse públicoEmborafinanciador.tenhamos um jornalismo pautado por um movimento social, Assis et al. (2017) identificam algumas contradições descritas nos modelos de jornalismo independente que tem a
3. APRESENTAÇÃO
6 colaborar financeiramente e consegue custear as despesas da redação. Mas será que suas pautas sofrem interferências de apoiadores a ponto de influenciar em seu conteúdo?
Por fim, para chegar ao entendimento de como funciona parte da comunicação de movimentossociaisnainternet,utilizamososestudosdeCastells(2014).Etambém,analisamos o conceito de Jornalismo Pós Industrial revisitado por Bell, Anderson e Shirky (2013) e os novos meios de financiamento readaptados pela imprensa. Toda a discussão se dará em torno do viés de mídia alternativa e seus aspectos folkcomunicacionais delimitados por Woitowicz (2011).
Desse modo, este estudo avaliou se os veículos jornalísticos financiados pelo seu público possuem influências dele em suas pautas. Para isso, a pesquisa foi conduzida por meio de estudo de caso da revista digital feminista AzMina. Foram analisados os posts publicados entre 1 de janeiro e 21 de agosto, no grupo fechado para apoiadores no Facebook e também uma entrevista com a Diretora de Conteúdo, Helena Bertho, para entender o posicionamento do veículo quanto à comunicação com seus apoiadores. A hipótese é que, impulsionada pela continuidade no ativismo, a revista por vezes precise ceder parte de seu conteúdo ao agrado de público a fim de continuar a conquistar mais apoiadores, mas sem perder a essência que marca seu posicionamento no movimento social feminista.
de que informação leva à autonomia e consequentemente à emancipação, esta pesquisa busca entender como podemos garantir que mais desse jornalismo possa continuar produzindo de maneira acessível sem que interferências financeiras prejudiquem seu envolvimento em causas sociais.
Desse modo, observamos os posts publicados no grupo fechado de apoiadores da revista no Facebook. O método de busca avançada foi utilizado e as publicações filtradas pertencem ao período de 1 de janeiro a 21 de agosto. Assim, foram categorizadas e analisadas as interações da revista com o público e vice versa. Utilizamos o método de análise de conteúdo considerando contextos, interações e outros dados importantes para esta análise.
A fim de entender essa articulação, o objeto de estudo escolhido foi a Revista AzMina, primeiro por identificá-las como um equivalente ao trabalho experimental que acompanha este trabalho de conclusão de curso, que é uma revista digital com edição especial impressa voltada à mulher da periferia. Segundo, por seu caráter ativista pelo movimento feminista que vai além do jornalismo e conta com projetos que tem como objetivo, por exemplo, pressionar o poder legislativo na questão dos direitos das mulheres.
7 liberdade de imprensa como ponto principal. Eles descreveram a necessidade de entender como autonomia e ativismo se articulam. Por isso, a partir desse recorte, pudemos compreender essa questão em aplicação acadêmica e permitir um passo maior em busca do entendimento dessas diversas vertentes que abrigam o jornalismo que busca, cada vez mais, sua liberdade.
Castells (2014) analisou a importância da tecnologia na melhora da articulação de movimentos sociais. O sistema denominado como sociedade em rede (Castells, 1999) trouxe essa possibilidade como um dos muitos aspectos que permeiam essas mudanças. Apesar de sua discussão girar em torno das redes sociais, ele também ressalta a importância de uma mobilização coletiva em campo. Isso tudo é parte da análise do processo comunicativo como um potencializador de grandes movimentos e mudanças, aspectos esses em que podemos entender o veículo AzMina como um “motor” informacional capaz de levar esse conhecimento egeraro primeirodos sentimentos quemovemessas mudanças ediscutiremos melhornotópico a seguir.Apesar de alguns autores classificarem independência jornalística como um processo livre de influências estatais, Assis et al. (2017) trazem como observação que outros autores nos
Além disso, entrevistamos a diretora de conteúdo do veículo, Helena Bertho Dias, para entender o posicionamento da revista sobre todo esse processo e de que forma é recebida as ideias dosSobapoiadores.oentendimento
Nosestudos dejornalismo pós industrial, Andersonet. al. destacam um fatorimportante capaz de influenciar diversos âmbitos da imprensa. O que chamam de “ecossistema jornalístico” é o meio em que um veículo ou jornalista se insere, e ele abarca desde as instituições envolvidas (até mesmo fornecedores), ao público e conteúdo. Desse modo, trazem as principais mudanças que ocorreram principalmente com a inserção do jornalismo no meio digital e como isso se desdobrará pelos próximos sete anos e é importante ressaltar que o artigo foi publicado em 2012. Por isso, hoje, já no ano de 2021, conseguimos vislumbrar parte do que os autores trouxeram de importante para esse novo ecossistema que denominam como pós industrial.Em
parte dessas observações eles ressaltam o crescimento no número de veículos sem fins lucrativos.
Dentre muitas outras análises importantes em destaque no artigo, aqui nos manteremos na questão do financiamento que deriva de toda uma mudança no ecossistema jornalístico. Isso é importante para situarmos o contexto organizacional em que as atividades de imprensa se encontram atualmente. Nenhuma dessas mudanças, porém, é exclusiva de reflexões acerca de
O que entende se por discurso de movimentos sociais e suas questões sobre parcialidade adentram um novo mundo no jornalismo, não apenas por sua sede de independência, mas também pelo entendimento de imparcialidade que ficou consolidado por muitas décadas de atividade jornalística. Agora, discutimos como esses conceitos antigos foram capazes de unir se e formar um novo status para o jornalismo e os movimentos sociais, sempre levando em consideração as facilidades digitais e a rede de cooperação que pode influenciar esse novo processo jornalístico.
8 mostram que não é apenas esse o único poder capaz de manipular a informação. Levando em consideração omodelo industrial dejornalismo eo quetemse consolidadocom basenosistema capitalista, grandes empresas também influenciam nesta atividade por meio do sistema de anúncios e propagandas.
Haverá mais organizações jornalísticas sem fins lucrativos, bancadas por distintos mecanismos: dotações diretas de entidades filantrópicas e outras fontes de subsídio (como no caso da Ford Foundation bancando repórteres do Los Angeles Times, da William Penn Foundation financiando a PennPraxis), aporte de fundos por usuários (NPR, TPM) e doações em espécie tempo, conhecimento de uma determinada comunidade (como na redação de verbetes sobre catástrofes para a Wikipedia ou na criação de fluxos de hashtags no Twitter). (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013, p. 83)
4. REFERENCIAL TEÓRICO-METODOLÓGICO
3 Disponível em https://azmina.com.br/instituto azmina/quem somos/. Acesso realizado em 25 set. 2021.
9
Estendendo as discussões para além dos espaços físicos, notamos como a revista on line AzMina pode ser um campo político e simbólico capaz de promover outras mulheres, ou seja, aquelas que estiveram fora das mídias convencionais. A revista se apropria de fundamentações dos veículos mais tradicionais para subvertê los, ajudando não apenas a promover sujeitos e condutas que não tinham visibilidade nos meios de comunicação, como a desconstruir atribuições e significações relacionadas às mulheres.
4 Disponível em https://www.catarse.me/azmina?ref=&utm_source=web_27abr_apoiehome. Acesso realizado em 21 set 2021.
(BITTELBRUN, 2017, p. 366)
A revista “AzMina” possui teor ativista sob o movimento social feminista e, de acordo com Bittelbrun (2017, p. 359), “há uma postura interseccional no magazine, que considera as dinâmicas entre os diferentes eixos de subordinação na esfera social.” Embora não denominem a vertente em seu “Quem somos”3, muitos tipos de mulheres são contempladas em suas pautas. O site produz reportagens extensas, algumas delas investigativas, que relatam, informam e/ou apresentam soluções às mulheres representadas em determinado assunto. Assim:
O método de financiamento utilizado pela revista é o Catarse e conta com assinatura de pessoas que contribuem mensalmente com determinado valor para a realização da revista. Até a data da escrita deste artigo, 458 assinaturas4 estavam ativas e os valores vão de R$15 a R$500 mensais. Cada uma dessas contribuições conta com um nível diferente de benefício para o apoiador. Mas, desde o valor mínimo, esse colaborador adquire o direito de fazer parte do ConselhoEditorialepodeopinarnasproduções,levantarideiasdepautas,sugerireacompanhar o processo jornalístico por meio da possibilidade de conversa direta com a redação. Além disso,
influências editoriais, ela provém de uma necessidade de adaptação ao meio digital, a novas organizações e a dificuldades que o jornalismo industrial já enfrentava há algum tempo. Partindo dessa importante mudança no jornalismo de modo geral, este estudo utilizou um recorte de uma modalidade jornalística que surgiu nos últimos anos, principalmente com os atributos do jornalismo digital. A pesquisa analisou se o veículo jornalístico, na modalidade revista digital, AzMina, possui em suas pautas influências do público que o financia. A partir desse questionamento, queremos saber se o jornalismo ativista, mesmo livre de patrocínio de grandes corporações e entidades governamentais, consegue praticar plenamente sua autonomia.
Sob essa faceta interseccional e inclusiva, o veículo apresenta os mais diversos temas e pautas relacionados ao movimento, tendo em suas ações, por exemplo, um projeto chamado “Elas no Congresso”. Essa ação é uma forma de monitorar o que é discutido a respeito dos direitos das mulheres no poder legislativo.
Assim, as discussões acerca desse sistema mostram a necessidade de entender como essa articulação entre veículo e apoiador acontece. Além de uma análise empírica sobre autonomia e mídia alternativa, parte do que discorremos neste estudo de caso.
Entendendo que a comunicação é uma fonte base para diversos movimentos sociais e formação de coletivos capazes de organizar se em torno de um mesmo objetivo, Castells (2014) analisou como a comunicação digital tem importante participação em movimentos dos anos 2000, que foram realizados em diversos países e alguns resultaram na queda de governantes autoritários.Manifestações
O meio de comunicação entre o Conselho Editorial da revista AzMina e a parte organizacional do veículo é um grupo fechado no Facebook que, até a escrita deste artigo, possuía 449 membros. As conversas acontecem por publicações, que podem ser feitas por apoiadores e administradores do grupo, que são parte do desenvolvimento da revista, e as discussões costumam discorrer por comentários e reações, recursos próprios da plataforma.
Assis et. Al (2017) discorreram sobre questões de autonomia e colaboração levantando os principais aspectos que tangem esse modelo e que diferem do que é denominado grande imprensa. O sistema de financiamento coletivo é considerado uma forma de obter maior autonomia e também uma solução para o que eles determinam como um esgotamento do “modelo de sustentação do jornalismo adotado há poucos séculos”.
feministas acontecem no Brasil, mas suas conquistas ainda enfrentam diversas barreiras políticas que necessitam de um apoio massivo da sociedade. Por isso, a contribuição da comunicação de uma rede ativista pode levar diversas pessoas aos principais
10 também acontecem sorteios e convites a eventos produzidos pelo veículo. A partir desse valor entram benefícios como, livros, artes, adesivos, etc. Também há a opção de apoiar sem recompensa, em que o valor é editável a partir de R$10. Apesar dos planos de assinatura, todo o conteúdo produzido é 100% gratuito, mesmo para aqueles que não possuem assinatura colaborativa.Nacontribuição financeira máxima, de R$500, além de adquirir todos os retornos dos valores menores, a revista ressalta que contribuindo esse valor eles podem contratar uma repórter freelancer e existe a opção de “...se quiser mesmo contribuir, ainda pode participar dos bastidores e palpitar nas escolhas junto com a editora e a repórter.”
Existem iniciativas que buscam massificar o número de financiadores individuais, envolvê los em processos de decisão das pautas e acompanhamento das reportagens produzidas, garantindo não uma imparcialidade que existe apenas no discurso, mas uma certa “parcialidade justificada”. (ASSIS, et. al., 2017, p. 7)
sentimentos que, segundo Castells (2014), guiam os primeiros passos de uma revolta coletiva. Ele também observa que essa identificação de indivíduos com um mesmo propósito, acontece nas redes sociais. A comunicação dos movimentos sociais, de certo modo, cria sua própria rede.
Adentrando no conceito de comunicação horizontal, é necessário levantar a questão da mídia alternativa e da folkcomunicação como parte de um novo acesso dos grupos marginalizados pela sociedade. Woitowicz (2011) denomina a mídia alternativa como uma comunicação que explicita contraposição aos meios hegemônicos. Horizontalidade, mobilização, participação, conteúdo contra hegemônico, ambivalênciaentreemissorereceptor,espaçodeexpressãodaculturapopular, instrumento de resistência. Estes são os principais aspectos que fundamentam uma caracterização da mídia alternativa, compreendida tanto como prática de comunicação quanto reflexão teórica. (WOITOWICZ, 2011, p. 11)
11
Embora Castells refira se a movimentos de protesto, é possível identificar essa cultura da autonomia no engajamento de jornalistas que optaram pelo “faça você mesmo”. Ele também ressalta que os “atores da mudança social são capazes de exercer influência decisiva utilizando mecanismos de contrução do poder que correspondem às formas e aos processos do poder na sociedade em rede”.
Envolvendo se na produção de mensagens nos meios de comunicação de massa e desenvolvendo se na produção de mensagens nos meios de comunicação de massa e desenvolvendo redes autônomas de comunicação horizontal, os cidadãos da era da informação tornam se capazes de inventar novos programas para suas vidas com as matérias primas de seu sofrimento, suas lágrimas, seus sonhos e esperanças. Elaboram seus projetos compartilhando sua experiência. Subvertem a prática da comunicação tal como usualmente se dá, ocupando o veículo e criando a mensagem. Superam a impotência de seu desespero solitário colocando em rede seu desejo. Lutam contra os poderes constituídos identificando as redes que os constituem. (CASTELLS, 2014, p. 11)
Além disso, há uma conexão fundamental, mais profunda, entre a internet e os movimentos sociais em rede: eles comungam de uma cultura específica, a culturadaautonomia,amatrizcultural básicadassociedades contemporâneas. (CASTELLS, 2014, p. 135)
O processo digital é uma fonte que facilitou e proporcionou acessibilidade a essa forma de produção jornalística.
O trabalho de Bittelbrun (2017) faz uma comparação do veículo com as revistas Trip e Claudia, sendo que ambas percorrem o caminho do que se considera tradicional. Segundo a autora, “há, então, todo um ideal de transgressão proposto pelo magazine, em relação aos meios de comunicação tradicionais, passando pelo modo como as temáticas são abordadas e pelas
A folkcomunicação, além de incorporar a reflexão sobre horizontalidade e atribuir papel ativo no processo de comunicação também ao receptor, aproxima se das abordagens da mídia alternativa ao representar as formas de expressão da cultura popular, através de diferentes meios. É a comunicação direta, em que participam os membros de um determinado grupo social, que expressa os hábitos, valores e mesmo reivindicações dos setores marginalizados, através de suas manifestações culturais. Estas formas de comunicação, devido à representatividade que assumem no contexto de grupos sociais específicos, podem também ser entendidas como expressões de uma identidade de resistência que, ainda que estabeleça relações com a chamada cultura de massa, revela sua autenticidade e valor. (WOITOWICZ, 2011, p. 12)
5. RESULTADOS
A partir dessa ideia e da percepção de que o conceito elaborado por Beltrão, hoje, passa pelos aspectos de diferentes tipos de mídia alternativa, podemos vislumbrar os meios em que a imprensa marginal, sob o entendimento daquilo que não é tradicional, se instalaram nesse novo ecosssistemaeagoraencontram novoscaminhos edesafiosparacontinuarexistindodemaneira autônoma.
12 personagens colocadas em destaque.” E esse caráter não se restringe ao conteúdo, mas perpassa pelas características detalhadas por Woitowicz (2011).
Para entender e nos aprofundarmos nessa comunicação entre apoiadores e veículo, utilizamos uma amostra dos posts realizados entre 1 de janeiro e 21 de agosto de 2021. Todos eles foram obtidos por meio do método de pesquisa avançada da plataforma Facebook e isso resultou em um total de 28 posts. Eles foram listados e analisados um a um por data de publicação, autor da publicação, conteúdo, quantidade e tipo de interação, além de quantidade e conteúdo dos comentários.
Esses valores alternativos combinados à horizontalidade se expressam na comunicação do veículo com seu público, especialmente com apoiadores, indica mais uma das reflexões da autora em que a comunicação alternativa dialoga com a folkcomunicação, conceito criado por Luiz Beltrão.
O primeiro fator e o que mais chama a atenção é o fato de que, nesse período de amostragem, de 28 posts apenas 5 foram feitos por não administradores do grupo, ou seja, pessoas que não são parte organizacional da revista. Quatro dos cinco são divulgações de eventos online e um deles é um convite em que uma apoiadora propõe um debate sobre mulheres, empreendedorismo e pandemia na rede social Clubhouse Essa é a única publicação do período feita por uma apoiadora que não tenha objetivo de divulgar algum trabalho ou projeto.
Verena explica um pouco do novo cargo que assumiu e de maneira resumida cita que ela é a responsável pela conquista de mais apoiadores e pela comunicação com as pessoas que já são apoiadoras. O veículo possui um cargo voltado especialmente à conquista e diálogo com esse público. Em suas reflexões, Assis et. al destacam as questões do volume de dados em que os jornalistas tendem a deparar se com relação ao comportamento da audiência. Faz parte de uma publicação querer engajar e popularizar pela conquista de novos apoiadores e expansão do
Figura 1 A Gerente de Comunidade
13
Essa observação, de uma maioria de posts feitos pela parte organizacional, pode demonstrar uma busca da revista por maior participação e inclusão dos apoiadores, embora nenhum post denote busca de participação ativa no quesito de escolha e opinião em temas para reportagem, somente para resposta e compartilhamento dos formulários de pesquisa para obter estatísticas para os textos. Mesmo assim, todo o conteúdo que envolve sorteios, e até mesmo divulgação de resultados financeiros anuais, são publicados primeiramente lá. Parte disso pode ser demonstrado pelo primeiro post do ano e que foi realizado pela Verena Paranhos, Gerente de Comunidade da Revista AzMina, e também a pessoa que realizou 14 dos 23 posts realizados por administradores.
Fonte: imagem retirada do grupo fechado “Conselho de Apoiadores da Revista AzMina” no Facebook.

Fonte: imagem retirada do grupo fechado “Conselho de Apoiadores da Revista AzMina” no Facebook.
No quesito botões de interações, a média da participação dos membros com a revista é baixa. De 449 membros, a publicação com maior número de interações, no período em análise, nos botões tem 39 reações, entre elas 22 “curti”, 15 “amei” e 2 “força”. A publicação foi feita pela Gerente de Comunidade. Ela divulga o resultado de um inquérito policial envolvendo AzMina que iniciou em 2018 ao divulgarem uma reportagem sobre aborto seguro. A Ministra da Mulher, Família e Direitos Humanos, juntamente com um deputado estadual de São Paulo, abriram investigação contra a revista pelas informações sobre aborto. Porém, todas as informações divulgadas estão previstas pela OMS como aborto seguro e não configuraram motivo para andamento com o inquérito. Além de divulgar o resultado, ela também o comemora, junto com apoiadores e outros administradores do grupo nos comentários, que são apenas 4.
Ainda nas análises dos autores, ao mencionar esse conflito de equilíbrio entre preferências do público e normas profissionais, mas que aqui vamos colocar a questão das preferências da redação e escolhas que sirvam ao movimento feminista, eles determinam que “tal balanceamento não parece tarefa simples, uma vez que as vontades dos usuários identificadas por meio dos números sinalizam melhores resultados econômicos (audiência, publicidade e assinaturas)” (ASSIS et. al., 2017, p.13) Mesmo que o objetivo não seja lucrativo, a existência desses veículos depende da ajuda financeira. Logo, um profissional voltado ao diálogo com apoiadores é justificável e necessário nesse tipo de redação, até mesmo para trazer a inclusão e a comunicação horizontal da mídia alternativa.

14 projeto. E aqui, nos referimos especificamente a projetos que não possuam viés lucrativos e se organizem em torno de um movimento social.
Figura 2 Inquérito Policial
Creio que isso reflete um pouco nosso desinvestimento no Facebook. Atualmente investimos mais em newsletters como ferramenta de contato com o público e estamos trabalhando em uma nova ferramenta para isso também. Assim, nosso maior contato com apoiadoras tem sido diretamente por email. O grupo no Facebook acaba ficando um tanto fora do foco. (DIAS, Entrevista Oral, apêndice D, p.50)
15
Nesse sentido, podemos entender que esse maior número de reações deve se a um caso muito específico e que está fora da comunicação rotineira que a revista costuma utilizar com os membros. Além de ter sido um acontecimento importante e que ameaçou negativamente o veículo.Em entrevista com a Diretora de Conteúdo da revista, Helena Bertho Dias, ela destacou que parte dessa pouca interação deve-se ao fato de que o próprio veículo tem parado de investir na plataforma Facebook.
Ao observar essa pouca interação podemos apontar diversas questões possíveis, como apoiadores pouco engajados com as questões do veículo, ou seja, apoiam e se contentam em apenas consumir os conteúdos da revista, que são abertos mesmo a quem não apoia; uma estabilidade na quantidade de contas ativas da própria plataforma; uma não identificação com esse modelo de comunicação aberta e em grupo, que pode justificar a escolha por uma comunicação mais particular por e mail, entre muitos outros fatores que podem influenciar essa questão.O post com o maior número de comentários foi feito pela Helena Bertho que também está como administradora do grupo. Na publicação, ela fez uma enquete utilizando uma ferramenta do próprio Facebook sobre uma possível produção de vídeos por parte da equipe AzMina. A enquete é de "sim" ou "não" questionando se os apoiadores acham que vale a pena esse tipo de conteúdo. A equipe também pede que respondam nos comentários ideias que possam somar com essa nova etapa de criação para a revista digital. Todos os 33 votos para a enquete foram “sim”. Nos comentários, 4 mulheres deram sugestões a respeito de formato, conteúdo, plataformas, e a administradora respondeu a todos.
Figura 3 Enquete
Fonte: imagem retirada do grupo fechado “Conselho de Apoiadores da Revista AzMina” no Facebook.
Figura 5 Comentários parte 2
Aqui, já encontramos uma tentativa de incluir os apoiadores em decisões do veículo no que diz respeito a conteúdo. No período, essa foi a publicação que melhor expressou a proposta de participação e horizontalidade que são uma das premissas de um veículo alternativo.


Fonte: imagem retirada do grupo fechado “Conselho de Apoiadores da Revista AzMina” no Facebook.
Figuras 4 Comentários
16
Além de já termos exemplificado questões de engajamento nas redes sociais e profissionais responsáveis pela comunicação e captação de apoiadores, precisamos lembrar que o meio digital não abrange somente o Facebook, embora o objeto deste estudo limite se a ele. Eventualmente, quando estamosfazendo alguma matéria que acreditamos que possa engajar na questão de apoio, pensamos em acompanhar a pauta com algum tipo de campanha para aumentar as colaborações, como aconteceu com a matéria sobre mulheres negras protagonistas, que virou uma campanha com postais, ou com a matéria sobre tudo que o governo já fez em relação aos direitos das mulheres. (DIAS, Entrevista Oral, Apêndice X, pag. X)
Pensando em algumas questões editoriais, Helena Bertho explicou sobre a escolha de pautas e indicou os critérios e filtros determinados. “A escolha de pautas é feita seguindo diversos critérios editoriais, que passam por relevância (tanto de interesse público, quanto de interesse do público), exclusividade, profundidade, novidade, etc.” Com liberdade e autonomia como questões em destaquenestetrabalho, énecessáriolembrarquetodo esseprocesso envolve um ecossistema jornalístico capaz de pautar decisões e meios de produção (ANDERSON; BELL; SHIRKY, 2013).
17
Fonte: imagem retirada do grupo fechado “Conselho de Apoiadores da Revista AzMina” no Facebook.
O uso de toda ferramenta digital está sob um conjunto de regras e exige conhecimento estratégico para divulgação, assim como qualquer campanha publicitária, embora aqui o assunto seja jornalismo. O contexto do jornalismo digital inserido na web traz as regras de um

18
“Temos algumas apoiadoras muito próximas, mas no geral aumentar esse diálogo é algo que tentamos atingir e melhorar. Estamos trabalhando para diminuir a distância e ter mais proximidade com nossas leitoras mais fieis e apoiadoras.” (DIAS, Entrevista Oral, Apêndice D) A partir disso, é possível refletir sobre duas questões: apoiadores não influenciam de forma direta nas pautas, mas influenciam de forma indireta nas ações estratégicas e necessárias, pois o veículo depende da captação financeira para continuar produzindo.
Mesmo livre de aspectos convencionais de financiamento e temas, a Revista AzMina continua sob influência do meio e de todo um sistema pré determinado. Logo, o próprio ecossistema pós industrial define algumas de suas de pautas e modos de produção. Ainda que os apoiadores não participem de maneira direta no conteúdo, algumas políticas precisam ser pensadas para a aquisição de novos apoiadores e crescimento do veículo. Campanhas, presença nas redes sociais e comunicação constante são realizadas para que o veículo não perca o padrão de produção que já possui.
novo sistema, novos meios de divulgação e formas de absorver ferramentas estratégicas para, no caso da Revista AzMina, subvertê las em benefício do veículo.
Os apoiadores influenciam, mas não de maneira direta e nem a ponto de pautar assuntos. Essa influência ocorre, ainda, de maneira indireta, levando em consideração que eles são a parte essencial para a continuidade da produção do veículo. É por isso que realizam campanhas e também o motivo de tornarem atrativas as “recompensas” para quem apoia. Da mesma forma, é importante levar em consideração os modelos de estratégias que envolvem regras de divulgação dentro de todo o meio digital.
Além disso, esse fator de crescimento do veículo não está apenas no âmbito financeiro, mas no quesito adquirir novos leitores. Faz parte do viés de movimentos sociais que cada vez mais pessoas se identifiquem com aquela produção jornalística e se engajem nos assuntos em discussão. O compromisso maior de um veículo pautado em movimentos sociais é a própria ação e não o lucro financeiro.
Mesmo em uma mídia alternativa, definida por Woitowicz (2011, p. 6) por “[...]seu caráter contra hegemônico e dos parâmetros diferenciados dos meios tradicionais no que se refere às suas formas de produção, circulação e consumo, assumindo características próprias”, édesafiadorpensar,atualmente,em um veículodigital quenãotenhaanecessidadedeencaixarseàs estratégias digitais para atenderaos seus objetivos. Isso tudo tambémpensandonas formas de diálogo entre veículo e apoiadores/leitores.
6. CONSIDERAÇÕES FINAIS
ASSIS, Evandro; et al. Autonomia, ativismo e colaboração: contribuições para o debate sobre a mídia independente contemporânea. 2017 18 p. Artigo Ponta Grossa, 2017.
CASTELLS, Manuel. A sociedade em rede. A era da informação: economia, sociedade ecultura, v. 1. São Paulo: Editora Paz e Terra, 1999.
CASTELLS, Manuel. Redes de indignação e esperança, v. 1. Rio de janeiro: Editora Zahar, 2014.
BITTELBRUN, Gabrielle Vívian. Sob cores e contornos: gênero e raça em revistas femininas do século 21. 2017. 434 p. Tese (Doutorado em literatura) Universidade Federal de Santa Catarina Florianópolis, 2017.
7. REFERÊNCIAS
19
SCALZO, Marília. Jornalismo de revista, v. 4. São Paulo: Contexto, 2011.
Por isso, estudos posteriores podem levar em consideração até onde essa influência indireta determina os caminhos do próprio jornalismo. Assim como, considerar que o próprio meio digital já determina parte dos conteúdos que são produzidos atualmente.
Embora ofereça maior liberdade de produção, o financiamento coletivo está longe de ser perfeito, pois a dependência financeira continua existindo. É difícil, hoje, pensar em um tipo de subsídio totalmente livre, sobretudo, considerando que o sistema capitalista é o que determina o molde organizacional atual.
ANDERSON, C. W.; BELL, Emily; SHIRKY, Clay Jornalismo pós industrial: adaptação aos novos tempos Revista de jornalismo ESPM São Paulo: ESPM, v. 5, n. 1, p. 30 89, abr/mai/jun 2013.
WOITOWICZ, Karina Janz. Diálogos entre folkcomunicação e mídia alternativa: um passeio teórico pelas formas de comunicação dos grupos marginalizados. Razón y palabra. n. 77, p. 1 15, ago/out 2011.
Área: Formato:digitalrevista
Linha editorial
"Eu, favelada" é uma revista digital, que se destina a informar a mulher da periferia sobre saúde e conta com edição especial impressa de distribuição gratuita. Tem o propósito de dialogar e representar meninas, mães e mulheres periféricas. Acreditamos na simplicidade e atuamos em favor do bem comum, da pluralidade e da interculturalidade, para construir relações de respeito. Temos o objetivo de atingir regiões da periferia da capital de São Paulo e região metropolitana para construir um relacionamento sólido com nosso público alvo.
Número de páginas/caracteres/duração
3. Sinopse
20 8. APÊNDICE
2. Área e formato
4 Descrição do projeto Linguagem
Linguagem acessível para o público de mulheres plurais que estão nas periferias na capital de São Paulo. Esse vocabulário flui entre a juventude e a terceira idade para que acolha mulheres de diferentes gerações. Aplicamos os estudos realizados nas pesquisas individuais de cada membro da equipe.
A) PRODUTO EXPERIMENTAL
Salve minas, mães, avós e mulheres das periferias de São Paulo. Essa revista é para você que sente falta de se ler. Aqui é seu espaço, com linguagem fácil, do dia a dia para entender e conhecer mais sobre sua saúde.
1. Título do produto Eu, Favelada
A tipografia Good Brush foi utilizada para títulos, Coolvetica simples para subtítulos e Coolvetica Condensed para o corpo do texto da revista impressa e site. Todas foram escolhidas pensando na legibilidade acessível para mulheres de todas as idades.
As funções desempenhadas no projeto experimental foram de repórter, redatora e editora da revista digital. Como repórter, me aprofundei na questão de métodos contraceptivos oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e também na importância do conhecimento do próprio corpo como um valor complementar a isso. Esse tema foi discorrido com o entendimento de que muitas mulheres não possuem essas informações e buscou informar de forma didática a partir da linguagem escolhida.
PAUTA
Revista: Eu, Favelada
Considerando o Regulamento do Trabalho de Conclusão do Curso de Jornalismo, da Universidade Cruzeiro do Sul, foi estabelecido que o produto revista eletrônica deve possuir de 20 mil a 40 mil caracteres com espaço.
Tipologia/Identidade Visual/ Identidade sonora/ Outros itens, de acordo com o seu Formato/Modalidade
Pautas/Roteiros/ Transcrições/ Outras documentações relevantes para a compreensão do produto
Para os projetos gráficos da revista digital foram escolhidas as cores complementares roxo e amarelo, como as principais. A escolha das cores foi definida por transmitirem as sensações de criatividade e otimismo, respectivamente. Entretanto, a identidade visual não se limita apenas a essas duas, trazendo liberdade artística para cada reportagem.
Função individual
Na função de editora da revista digital, garanti que a linguagem de todas as reportagens conversassem entre si e que ficassem acessíveis ao público alvo. A partir das análises de discurso elaboradas por todas as pesquisadoras do grupo, entramos em um consenso quanto ao melhor método de abordagem.
21
Parte da identidade visual utiliza colagens artísticas tendo como referência o veículo digital “AzMina”.

EDITORIA: Saúde
22 8FTURMA/PER/CAMPUS/Noturno/Liberdade
Partindo dos dados preliminares levantados no histórico, a reportagem buscará com profissionais informações sobre saúde reprodutiva e levantará como questão importante o conhecimento do ciclo menstrual. Além de trazer informações sobre ciclo menstrual, aparelho reprodutivo, métodos contraceptivos, principalmente os que são ofertados pelo SUS, e informações de como solicitá los. A proposta principal é que a informação seja passada a partir da história de mulheres que vivem na periferia e sejam atendidas pelo SUS. É interessante variar em faixa etária e levantar questionamentos sobre onde faltou informações, ou onde buscaram.
INTEGRANTES DO GRUPO
ALINHAMENTO EDITORIAL ENFOQUE/ANGULAÇÃO
Repórter, pauteira e editora: Priscila Ferreira
Transcrições de entrevistas
Entrevista com Gabriela Prado
GinecologistadoSUS Mulherquetevemaisdeumagestaçãonãoplanejada Mulherqueteveapenasumagestaçãonãoplanejada Mulherquetentaoujátentou/conseguiucolocarDIUpeloSUS Mulheresdeaté21anosquecolocaramimplanteanticoncepcionalpeloSUS NathaliaCardoso,médicaespecializadaemFamíliaeComunidadequetrabalhanaredepúblicadeSãoPaulo enoColetivoFeministaSexualidadeeSaúde Especialistaemmétododepercepçãodefertilidade
No Brasil, 55% das mulheres que tiveram filhos não planejaram a gravidez, assim aponta uma pesquisa da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz que ouviu 24 mil mulheres entre 2011 e 2012. Entre os muitos fatores que explicam esse percentual, um deles é o desconhecimento a respeito de métodos contraceptivos e a falta de orientação médica e educacional. Embora educação sexual nas escolas seja considerada um tabu, informações sobre saúde reprodutiva devem acontecer ao menos no consultório médico. Além disso, muitas mulheres enfrentam dificuldades para acessar métodos contraceptivos, como o DIU, pelo Sistema Único de Saúde (SUS), pois existe intensa burocracia no sistema, além de falta de preparo profissional. E, ainda, muitas mulheres sequer conhecem o método. No Acre, por exemplo, apenas três procedimentos do tipo foram realizados de 2017 a 2018.
Designer: Mônica Moreira
OBSERVAÇÃO
Revisora: Gabriela Cuerba
Uso de infográfico sobre o sistema reprodutivo Imagens explicando anatomia da vulva Arte da matéria em colagens
HISTÓRICO
Priscila Ferreira: Você ficou esses cinco meses sem tomar o anticoncepcional, mas estava usando algum outro método como, por exemplo, a camisinha tudo mais?
FONTES
PUBLICAÇÃO10/12/2021
Priscila Ferreira: Qual foi o impacto na sua vida? Eh são vários, eu sei, mas cita um mais importante assim, um impacto...
Gabriela Prado: da gravidez você fala?
Luisa Jacques: Olha isso é bastante variável. Aí entra um pouco nesse lugar de que cada UBS infelizmente é um feliz e infelizmente tem um tem os dois lados assim, mas existe muita autonomia nesse sentido, tanto pra melhor fluxo possível, quanto também pra um monte de barreiras. A princípio, por exemplo, nessa UBS que a gente tem esse acesso muito tranquilo basicamente basta a mulher querer Antes da pandemia os grupos de planejamento familiar, em que você conseguia reunir muitas mulheres pra falar sobre, hoje em dia o que acontece é que a mulher deseja [o método] e se vem de outra equipe de profissional de enfermagem, etcétera, eles já me encaminham, fazem uma primeira informação sobre o DIU, passam o termo pra mulher e geralmente ela já chega pra colocar. Então assim eu não coloco nenhuma restrição Porque afinal de contas se a gente for ver praticamente não tem restrição nem pré requisito e contra indicações, então se a mulher preenche ali os requisitos básicos a gente já faz a inserção então é algo muito rápido e muito simples inclusive porque o DIU de cobre tem disponível na rede no próprio UBS então já tinham vários horários de agenda que eram pra isso. Mas por outro lado, na outra unidade, por exemplo, que é, assim, dez minutos de distância na mesma região, se em uma eu colocava trinta DIUs por mês no outro eu colocava
Gabriela Prado: Não. Não. Foi loucura mesmo, cara, e assim não foi na questão de “ah não vai acontecer comigo”. Não foi isso. Eu sabia que eu estava na chuva pra me molhar né? Como já diz minha mãe. Mas a questão era mais financeira mesmo eu não tinha dinheiro pra comprar o anticoncepcional e na época o pai da Ju não queria pagar então pra ele era mais fácil pagar fralda e foi o que aconteceu. E aí meu não tem jeito você está na chuva você vai se molhar demorou até mas engravidei né?
Gabriela Prado: Foi psicológico, psicológico. Muito, muito, porque assim dinheiro eu já não tinha, né? E eu vinha de uma história meio torta né? Então engravidar ali sei lá eu me senti perdida perdidona mesmo eu acho que as coisas foram melhorar quando eu comecei a ter um pouco mais de auxílio no pré natal sabe? Mas eu estava perdida. A cabeça foi lá no chão.
Priscila Ferreira: Isso.
23
Entrevista com a ginecologista e obstetra Luisa Jacques Priscila Ferreira: Como funciona o procedimento na rede pública quando a mulher decide colocar o DIU?
24
Manual de comunicação visual da Manuaharinghttps://drive.google.com/file/d/1Hd4M6bNK_PEDNYGlc25DukR5u2d4ddea/view?usp=srevistalderedaçãodarevista
As regras expressas neste manual consideram um jornalismo democrático e que acredita na disseminação da informação de forma ampla, direta e com linguagem simples. O que está estabelecido aqui foi aprovado por todo corpo que integra a Redação da Eu, favelada.
Luisa Jacques: Com certeza. Acho que as vezes mulheres falam ‘ah eu quis colocar mil anos atrás eu fiquei anos tentando meses e acabei optando por outro método que era mais simples’ nesse sentido. Mais prontamente acessíveis, que são a pílula ou a injeção. Então eu entendo que muitas mulheres acabam fazendo essa... não seria nem uma escolha né?
Priscila Ferreira: Você acha que essa burocratização do processo é uma coisa que pode afastar as mulheres de quererem, por exemplo, usar o DIU?
um DIU em seis meses. Por uma questão meramente de dificuldade de fluxo mesmo. Enfim, mas e aí tem UBSs que vão exigir que se passe por rodas de planejamento familiar, tem profissionais que vão exigir uma série de exames, que tem que estar com papanicolau de um ano, que tem que ter ultrassom recente, que tem que estar no período menstrual, então, assim, infelizmente é muito variável esse acesso. Muitas mulheres, inclusive, possivelmente nessas coletas aí de dados, enfim, vocês podem observar que existe uma discrepância muito grande e bastante irregular mesmo dentro de São Paulo dentro de uma mesma região. Você vê muita discrepância de acesso, UBSs que é muito simples e UBSs que as mulheres basicamente não conseguem porque é um monte de exigências, de obstáculos e etcétera. Então é isso, mas a rigor mesmo seria muito simples, bastaria ela querer, pegar o termo. Não tem motivo pra não ser [simples] não existe uma limitação burocrática da cidade de São Paulo que fala que todas as mulheres tem que passar por isso e isso, então depende muito da unidade e do profissional. Então assim, se a unidade está a fim, se o profissional está a fim, é algo muito simples, basta que ela fale que quer colocar, basicamente Tem pouquíssimas contraindicações, pouquíssimos pré requisitos, ela basicamente precisa assinar o termo e marcar um dia pra colocar. Então a gente conseguiria fazer esse fluxo muito rápido, a mulher desejava, no mesmo mês ela já estava com seu DIU, enfim. Mas infelizmente essa não é a realidade geral.
AsREPORTAGENSreportagenstocam na temática de saúde e bem estar social das mulheres das periferias sempre com o objetivo de informar e instruir. Os diálogos devem ser de fácil entendimento,
em um jornalismo feminista interseccional, sobretudo com relação à classe social, que é capaz de emancipar por meio da informação; Não compactuamos com nenhuma forma de preconceito, tais como, racismo, transfobia, homofobia, lesbofobia, gordofobia, bifobia, etarismo, xenofobia, entre outros; Entendemos como questão central o aprofundamento no viés da classe social C e D, por ser um público que, muitas vezes, é invisibilizado pela grande mídia.
25
De maneira coletiva, trocamos sugestões, abordagens, indicações de fontes, ideias para que o conteúdo jornalístico da revista tenha a identidade de todas as integrantes da equipe e também a representatividade do nosso público alvo.
TratandoPAUTA se de uma revista feminina imprensa e on line segmentada, as pautas são destinadas à temática de saúde e bem estar social de mulheres residentes nas periferias de São Paulo.
TemosMISSÃOorgulho de nossas origens e de sermos mulheres periféricas, nossa missão é pautada em apresentar informações que possam melhorar a vida das mulheres que vivem nessas condições, para que possam reivindicar seus direitos relacionados à saúde feminina.
AcreditamosVALORES
A Revista Eu, favelada é uma revista digital e imprensa que faz parte do trabalho de conclusão de curso (TCC) das formandas (aqui não sei se vale citar nossos nomes) do curso de Jornalismo da Universidade Cruzeiro do Sul.
DISCUSSÃO EM EQUIPE
O carro chefe é tratar especialmente da saúde das mulheres plurais que residem nas periferias de São Paulo e que por muitas vezes foram invisibilizadas por Revistas Femininas que circulam atualmente no país.
Colocar datas entre parênteses ex: quinta feira (04/11); Colocar idade quando necessário entre vírgulas; Escrever por extenso o nome da Instituição e entre parênteses a sigla ex: Organização Mundial da Saúde (OMS); Tipo de escrita acessível, de fácil entendimento para o público alvo; Evitar termos formais e científicos caso não dê para “traduzir” o termo abordado, apresentar uma breve explicação ou box a parte do texto com a explicação (ex: AZMINA) / * em cima da palavra, etc.;
Não usar a palavra denegrir (buscar sinônimos);
USADOS E NÃO USADOS
26
Usados:Pessoas que menstruam; Pessoas que dão à luz (homens trans); Pessoas que fazem uso de anticoncepcional; Pessoas idosas/terceira idade, maduras, +60
AsFONTESnossas fontes são mulheres residentes das periferias de diferentes perfis. Além delas, ouvimos coletivos, especialistas e também fontes oficiais, sempre ambientadas na realidade da mulher ÍNDICEperiférica.DETERMOS
NãoNãousados:referir menstruação, gestação, uso de contraceptivos de modo que exclua pessoas trans, não binário, etc.
Não usar diminutivos para se referir das mulheres; Pessoa louca, maníaca, insana Raivosa, brava ou ameaçadora
REGRAS GERAIS
oferecer opções dentro da realidade do público mencionado e apresentar seus direitos fundamentais com base na legislação do país.
Citar leis que se encaixam dentro de cada reportagem (visar lado das políticas públicas). Ex: Lei Plano de Parto - garante às gestantes a companheiros, etc.;
https://www.instagram.com/eufavelada/
Instagram da revista
Infográficos produzidos para a reportagem
Link do site
Quando for apresentar as fontes (físicas), além do nome, dizer de qual periferia ela é ex: Gabriela Cueba, moradora da região periférica da Zona Leste de São Paulo; Padronizar as aspas das fontes até cinco (5) linhas entre aspas em outros casos, contar a história da pessoa (citação indireta).
Não alterar fala das fontes, manter gírias, apenas arrumar erros de concordância e vícios de linguagem.
27
https://www.eufavelada.com.br/
28

29

30 Imagens do Cabeçalho/Iníciosite

31
Destaques


32 InstagramContato

visualização

33
SobreRodapéa

Revista

34
Quem somos



35


36
Reportagens


37


38


39 Especial (edição impressa) Contato


Por Priscila Ferreira
Quando Carol engravidou pela primeira vez ela não sabia muito sobre métodos contraceptivos. Conhecia a camisinha/preservativo, mas nunca foi orientada a ir além. Aos 18 anos, no primeiro e único contato sexual com o pai de sua primeira filha, ela engravidou. Sem método, sem orientação, sem proteção contra Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), com um homem mais experiente, segundo ela, o ato aconteceu. “Fiquei desnorteada sem saber o que fazer. Não aceitava de jeito nenhum [a gravidez], até ela nascer. Só vim aceitar quando ela nasceu. Mas também foi só, só me engravidou e não tive mais nenhum contato [com o pai da criança].”
Uma gravidez não planejada traz diversas marcas na vida de uma mulher, sejam elas econômicas, sociais e, principalmente, psicológicas. Nada pode prepará las
Carol R.*, 33 anos, é moradora do bairro periférico Nova Cumbica, em Guarulhos. Ela foi criada pela avó e depois morou com a tia. Sexo, contraceptivos, ciclo menstrual, nunca foram assuntos presentes no diálogo da família. E foi da mesma maneira na vida da Gabi, da Jéssica e da Gleice.
40 Reportagem
Métodos contraceptivos: a escolha mais segura para você
Muito além do anticoncepcional, saiba quais são os outros meios que o SUS oferece para o seu planejamento familiar

Se você já iniciou um método contraceptivo pelo Sistema Único de Saúde (SUS), provavelmente participou, ou ouviu falar, da equipe de Planejamento Familiar. A Gleice M.*, 24 anos, moradora do Parque Cruzeiro na Zona Leste da cidade de São Paulo, nos contou como foi sua experiência participando da atividade educativa junto à equipe da Unidade Básica de Saúde (UBS) da sua região.
E precisamos citar também a importância de garantir a decisão de uma mulher interromper uma gravidez não desejada em quaisquer circunstâncias. Sim, a garantia de aborto seguro e gratuito é uma questão de saúde pública e a não legalização só reforça o quanto o Estado ainda ignora todos os problemas ocasionados por essa criminalização.
O uso típico é quando o método não é utilizado sempre e/ou de forma incorreta. O uso perfeito é quando o método é utilizado da maneira que é indicado, com frequência e corretamente. Sendo que o primeiro possui maior taxa de falha do que o uso perfeito.
É importante também dizer que essas taxas de falha são informativas e a decisão de usar determinado método não deve levar apenas isso em consideração. O uso da pílula anticoncepcional, por exemplo, pode ser muito eficaz para uma mulher que consegue lembrar de tomar todos os dias no mesmo horário, mas nem tanto para uma mulher que tende a esquecer em alguns dias da semana.
Então, por que falar sobre métodos contraceptivos? Porque quanto melhor informada estiver, maior autonomia você terá para decidir o melhor momento para ter, ou não ter, filhos.
41
A escolha do método é fruto de uma longa conversa com seu ginecologista com base em todo o histórico relacionado ao tema, autoconhecimento e percepção de como é o seu ciclo menstrual. Em algumas situações, você também pode testar algum método e observar se haverá adaptação. Nada de se colocar nas experiências alheias, ok? Cada corpo funciona de uma forma, se não deu certo para sua amiga ou uma conhecida, pode dar muito certo para você.
para lidar com isso, são milhares de sentimentos, sensações e situações que precisam ser resolvidas de maneira racional.
PLANEJAMENTO FAMILIAR
Não existe método contraceptivo 100% eficaz e esse já é um bom começo para entender que, mesmo fazendo uso correto de um método, podemos entrar na estatística das taxas de falha. Os dados coletados para esse índice possuem variáveis de uso típico e uso perfeito.
“É um grupo fechado. Tem mulheres grávidas, que pretendem colocar [fazer uso de método contraceptivo] assim que tiver o parto e tem adolescentes. Mais ou
Para Gabriela P, 29 anos, moradora do bairro Socorro, na Zona Sul de São Paulo, o maior impacto com a gravidez não planejada foi o psicológico. “[...] assim, dinheiro eu já não tinha, né? E eu vinha de uma história meio torta. Então engravidar ali, sei lá, eu me senti perdida. Eu acho que as coisas foram melhorar quando comecei a ter um pouco mais de auxílio no pré natal sabe? Mas eu ‘tava’ perdidona. A cabeça foi lá no chão.”
Mas o grupo de Planejamento Familiar não é um procedimento que acontece em todas as UBS, principalmente após a pandemia. Embora esteja previsto por lei, ele não necessariamente ocorre nessa mesma configuração relatada pela Gleice. Cada unidade age de acordo com a determinação de sua administração respeitando as leis que amparam essas questões e também de acordo com a disponibilidade dos profissionais.
Gleice não tem filhos. Ela procurou a UBS mais próxima quando iniciou vida sexual ativa com o namorado. Em consulta com a área ginecológica ela foi apresentada à opção de colocar o Dispositivo Intrauterino (DIU) e convidada a participar do grupo de Planejamento Familiar da unidade.
42
Então, podemos encontrar uma UBS muito completa e com os maiores índices de ofertas para a saúde populacional em um bairro, e no bairro vizinho essa questão ser totalmente oposta. Planejamento familiar é um direito de todo cidadão brasileiro e possui amparo legal e regulamentado pelo SUS para administrações públicas e particulares que estão sob controle do sistema.
A ginecologista e obstetra Luisa Jacques atua em duas UBS na região do Perus, Noroeste de São Paulo. Ela explica a variação no procedimento de solicitação do DIU nas duas UBS. “Isso é bastante variável. Aí entra um pouco nesse lugar de que cada UBS, feliz e infelizmente, tem os dois lados assim, mas existe muita
COMO SOLICITAR UM MÉTODO CONTRACEPTIVO PELO SUS?
Entre as ações previstas estão: atividades educativas, aconselhamento e atividades clínicas. As informações foram retiradas do próprio manual, que teve a quarta e mais recente edição publicada em 2002. Acesse aqui.
Cada UBS possui um protocolo administrativo próprio, claro, dentro do que é exigido em legislação. O procedimento descrito na cartilha de planejamento familiar dita que a mulher precisa ser informada e orientada sobre os métodos existentes, mas de maneira alguma o acesso deve ser dificultado.
menos, tinha um grupo de umas nove pessoas, nove casais, e tinha uma enfermeira e uma ginecologista e aí explicavam todos os métodos contraceptivos.”, explica Gleice.
Isso consiste no direito à auxílio na concepção (engravidar) e contracepção (não engravidar). O manual técnico de Assistência em planejamento familiar, com sua primeira edição publicada em 1988 pelo Ministério da Saúde (MS), tem como objetivo orientar profissionais do setor na abordagem do público para apresentar as opções ofertadas pelo SUS.
Ela explicou que os encontros do grupo eram semanais e aconteceram por quatro semanas com reuniões que duravam entre uma e duas horas. É sempre preferível que o casal participe, mas na época o namorado dela trabalhava e não pôde comparecer. “Geralmente vão os casais e lá é informado todos os métodos contraceptivos. Foi assim que eu tive o conhecimento de todos e depois disso, que eu aprendi, fui procurar além. Aí eu me interessei pelo DIU e tudo mais, comecei a pesquisar eu mesma.”
Afinal, como solicitar um método contraceptivo? Segundo o manual técnico de Assistência em planejamento familiar, as ações educativas (reuniões de planejamento familiar) devem acontecer antes da primeira consulta. Os profissionais do grupo devem informar sobre todas as opções disponíveis pelo SUS com linguagem “acessível, simples e precisa”.
autonomia nesse sentido, tanto para melhor fluxo possível, quanto também para um monte de barreiras.”
43
Ou seja, Gleice aguardou em torno de quatro meses para um procedimento que é realizado em uma consulta. Além dos procedimentos descritos, ela participou por um mês das reuniões de planejamento familiar, optou pelo DIU de cobre, preencheu o formulário e depois passou pelos procedimentos acima. “Se tivesse acontecido algum incidente, eu, que estava procurando me preservar, não teria conseguido, sabe? Eu pensei muito nisso”, lembra.
Após isso, o procedimento é de aconselhamento, que é realizado de maneira individual. A base desse procedimento consiste no profissional escutar o indivíduo ou casal para entender suas prioridades, medos, conhecimento do assunto, entre outras coisas, inclusive na orientação de prevenção de IST. “A ideia demarcada no aconselhamento é a troca. Dessa forma torna se possível o desenvolvimento de uma relação de confiança, condição básica para a realização dos procedimentos presentes no processo de aconselhamento”, 4ª edição do manual técnico.
Luisa também lembra que uma das questões que também pode agilizar ou retardar esse acesso é o fluxo do próprio profissional. Alguns deles exigirão uma série de exames enquanto outros podem tornar o acesso mais rápido, pois as contraindicações, no caso do DIU de cobre, são poucas.
A Gleice detalhou o processo de como foi a inserção do DIU para ela, que é atendida na Zona Leste de São Paulo. Ela afirma ter aguardado de três a quatro meses para o procedimento. “A enfermeira solicitou que eu realizasse o papanicolau e aí depois de um mês eu realizei. E aí teve que esperar o resultado mais um mês pra colocar o DIU. Só que no dia que fui colocar o DIU, cheguei no posto de saúde, na minha UBS, né? E não tinha o DIU. Então tive que aguardar mais um mês.”
Luisa acredita que um procedimento menos burocrático para o DIU de cobre poderia levar mais mulheres a procurarem o método, após toda a desmitificação, claro. A demora no procedimento acaba fazendo com que elas optem pela pílula ou injeção, pois são mais prontamente acessíveis.
Segundo ela, em uma das UBS o acesso é mais rápido. Antes da pandemia os grupos de Planejamento Familiar conseguiam reunir muitas mulheres para orientar. Atualmente, basta a mulher expressar o desejo de inserir o DIU de cobre que ela é encaminhada ao atendimento ginecológico para as devidas orientações. “Por outro lado, na outra unidade, por exemplo, que fica a dez minutos de distância na mesma região, se em uma eu colocava, sei lá, trinta DIUs por mês, na outra eu colocava um DIU em seis meses, sabe? Assim, por uma questão meramente de dificuldade de fluxo”, compara.
Por fim, as atividades clínicas, que consistem na consulta diretamente com o profissional para o encaminhamento da realização dos exames necessários, se for preciso. Inclusive o levantamento da data do último papanicolau, pois, caso seja recente, não haverá necessidade de realizar novamente o exame. Então, a escolha e prescrição do método anticoncepcional.
Por isso, observe seu corpo, conheça seu ciclo menstrual e faça essa escolha com um profissional. Escute as opções, mesmo que já tenha em mente um método específico. Se não te oferecerem opções, exija! Você tem o direito de saber o que há disponível e solicitar. O SUS garante que você saiba suas opções e que tenha todas as informações necessárias, bem como um atendimento amplo e Basicamente,humanizado.váaté
Você já parou para refletir quando os assuntos menstruação, métodos contraceptivos e sexo seguro passaram a fazer parte da sua realidade? Ou então, quando esses temas passaram a fazer parte do seu vocabulário de maneira informativa? Quem te falou sobre isso pela primeira? Você perguntou? Se sentiu à vontade para perguntar? Ou teve vergonha e desistiu?
A Carol, a Gleice, a Jéssica e a Gabi não tiveram orientações e tampouco se sentiram a vontade para falar sobre isso com pessoas que poderiam orientá las.
44
A Carol e a Gabi engravidaram aos 18 anos, ainda adolescentes entrando na fase adulta. No caso da Jéssica, moradora de Guarulhos, engravidou aos 28, mas assim como as outras duas, a gravidez não foi planejada. A Gleice não tem filhos e procurou a UBS por conta própria. O que todas elas têm em comum é a falta de orientações sobre sexo seguro e até mesmo sobre ciclo menstrual.
Para a ginecologista Luisa Jacques esse tipo de informação começa na escola e não apenas em um consultório médico. Podemos, inclusive, dizer que deveria começar em casa, mas existem muitas barreiras que ainda precisam ser solucionadas para que essa questão entre em alinhamento com a criação dos filhos. Por exemplo, pais que não tiveram esse tipo de orientação, dificilmente saberão passar essas informações aos filhos, ou sequer têm a noção de que é um assunto importante e precisa ser iniciado desde a infância. E claro que existem diversas maneiras de se conversar a respeito com base na idade da criança, por isso à princípio essa questão deveria ser parte da orientação nas escolas. Inclusive, como meio de prevenção ao abuso sexual na infância.
Então, a prevenção de IST e gravidez não planejada não é algo que inicia com a atividade sexual e sim muito antes disso. Isso inclui questões de conhecimento do próprio corpo, conhecimento sobre o ciclo menstrual, sobre métodos
“Acho que se a gente tivesse esse tipo de educação na escola, já de partida, sem dúvida nenhuma a gente teria muita diferença em relação à prevenção de gravidez assim, e claro a UBS é importante até pra possibilitar o acesso a isso, mas eu acho que é um acesso tardio a essa informação né?”, diz Luisa.
OUTRAS FORMAS DE EVITAR UMA GRAVIDEZ NÃO PLANEJADA
a sua UBS e expresse a necessidade de iniciar um contraceptivo, pergunte qual o procedimento e lembre sempre de todas as informações disponíveis aqui.
45
No Brasil, o aborto legal e seguro pode ser realizado apenas em três casos: gravidez decorrida de estupro, casos em que a vida da mulher está em risco e anencefalia do feto (má formação cerebral, que resulta na morte do bebê horas ou dias após o nascimento). Infelizmente, a escolha da mulher na interrupção de uma gravidez não é considerada, exceto pelos casos citados acima, mas ainda com grandes dificuldades.
A Gabi, a Jéssica e a Carol têm filhas que hoje estão na fase de pré-adolescência e todas ainda encontram dificuldades para conversar diretamente sobre isso com elas. Mas nenhuma delas pôde contar com alguém que oferecesse esse tipo de conversa sem tabus, então infelizmente é um ciclo muito difícil de se quebrar, por isso o papel da escola ainda é fundamental.
Fornecer informações é muito mais do que apenas dar respostas prontas, é também ensinar como fazer as perguntas certas. Para, então, chegar em um consultório médico e sanar dúvidas de maneira mais esclarecida.
Por isso, a rede de apoio se faz necessária em momentos como esse. Uma gravidez não planejada traz muitos impactos na vida de uma mulher. Abandono talvez seja a palavra que melhor descreva casos como esses, especialmente se é uma pessoa solteira e/ou adolescente.
“Acho que a falta de liberdade para fazer as coisas que eu queria. Porque eu já não tinha mais tempo, eu não tive apoio. Que nem, se eu tivesse que deixar minha filha com a minha mãe, seria só pra trabalhar, se fosse pra sair ou alguma coisa assim, eu não podia. Na época, eu ainda (es)tava no pique de fazer faculdade e na cabeça da minha mãe se eu deixasse minha filha com ela pra fazer faculdade eu ia acabar saindo, então isso daí acabou embarreirando”, lembra Jéssica.
Nem todos possuem essa rede de acolhimento que compreenda a dor e questões envolvidas nesse processo. Muitas vezes o peso do julgamento alheio e da culpa recaem sobre elas. E o que há para ser feito?
contraceptivos, sobre prevenção de IST e também sobre consentimento, tanto para meninos como para meninas.
ENGRAVIDEI E NÃO PLANEJEI, E AGORA?
O pré-natal pode ser um fator importantíssimo para auxiliar nesse primeiro acolhimento que muitas pessoas não têm. Por isso, a “Eu, Favelada” trouxe uma reportagem que detalha a importância do atendimento humanizado nesse período. Inclusive, locais que realizam partos humanizados pelo SUS e tem como pauta principal o acolhimento. Vale a pena conferir.
“Das minhas três gravidez[es]? É... tipo, engravidar e saber que você vai criar seu filho sozinha porque o pai não vai te dar nenhum apoio. Simplesmente só fez e deixou pra você, né? No meu caso foram esses. Nunca tive apoio de pai, nem da família de pai, sempre foi eu e a minha família que me ajudou. Tipo, o meu maior impacto foi esse, eu saber que eu (es)tava grávida e não ter com quem contar”, reflete Carol.
Gabriela faz uso regular da pílula anticoncepcional desde os 16 anos, mas aos 18 ficou desempregada e não conseguiu continuar com o método. O namorado dela, na época, recusou se a comprar o remédio que ela já estava habituada a tomar. Com cinco meses de vida sexual ativa sem uso de métodos contraceptivos, ela engravidou.
46
“A questão era mais financeira mesmo eu não tinha dinheiro para comprar o anticoncepcional e na época o pai da Ju (filha dela) não queria pagar, então para ele era mais fácil pagar fralda e foi o que aconteceu. E aí, meu, não tem jeito. Você está na chuva você vai se molhar. Demorou até, mas engravidei né?”, explica Gabi.
É preciso entender que contracepção, embora na maioria dos casos seja realizada no corpo com útero, exceto em casos de camisinha externa, também é uma responsabilidade do homem. Estar incluso no processo de contracepção é uma responsabilidade a dois, assim como criar um filho. O sexo heterossexual está propenso a esse tipo de consequências e na maioria das vezes quem sofre sem apoio é quem tem o útero.
• LEIA +: Parto humanizado: mais que uma escolha, um direito (link reportagem Gabi)
ATENTA NA ESCOLHA DO MÉTODO MÉTODOS HORMONAIS
POR QUE O HOMEM TAMBÉM PRECISA PARTICIPAR DA CONTRACEPÇÃO?
Por falta de informações e muitos outros motivos, Gabi teve sua primeira filha aos 18 anos e isso trouxe diversas questões psicológicas a ela. Mas uma das principais foi o fato de que ali, naquele momento, a contracepção tenha sido encarada apenas como uma responsabilidade dela.
O namorado, devidamente empregado, com um salário que ela define como acima da média, se negou a apoiar e enxergar a contracepção como uma responsabilidade também dele.
Existem duas variações nesse tipo de método, sendo elas contraceptivos hormonais de inibição da ovulação e de espessamento do muco cervical. A inibição da ovulação impede que os ovários liberem o óvulo para que, caso ocorra penetração sem camisinha, o espermatozoide não tenha como fecunda-
Os métodos hormonais são os contraceptivos que funcionam a partir de hormônios femininos sintéticos, ou seja, produzidos em laboratório. Esse tipo de método interrompe o ciclo menstrual da mulher, desse modo, não há um ciclo natural acontecendo ali. Mesmo, por exemplo, as pílulas contraceptivas com pausa de sete dias em que há sangramento vaginal. Esse sangramento não é menstruação, mas sim o chamado sangramento de privação, que ocorre pela queda no nível de hormônios das pílulas.
47
A cartilha de planejamento familiar do SUS prevê o uso desse tipo de método, portanto, caso tenha interesse, consulte a ginecologia da UBS mais próxima de Temperaturavocê.
Método do muco cervical: Tem como base a identificação do período fértil pela observação das características do muco cervical. Muco cervical é a secreção produzida no colo do útero e apresenta transformações características de acordo com o período do ciclo. A observação é feita diariamente.
lo. O espessamento do muco cervical engrossa o muco do colo do útero e isso dificulta a passagem do espermatozoide até o óvulo.
Método Sintotérmico/sintotermal: é uma combinação dos dois métodos MÉTOanteriores.DOS
DE BARREIRA
Nesse tipo de métodostemosos de barreira, comportamentais, e o DIU de cobre.
MÉTODOS NÃO HORMONAIS
basal: A temperatura basal corporal da mulher muda de acordo com a fase do ciclo. A partir dela é possível identificar os períodos de maior e menor fertilidade. Essa temperatura precisa ser medida com o corpo em repouso. A mensuração é feita diariamente.
INFOGRÁFICO 1
Os métodos não hormonais são aqueles que não possuem o uso de substâncias hormonais sintéticas e que não interferem no ciclo menstrual. Todo o ciclo natural do corpo continua acontecendo normalmente. A maioria deles possui zero efeitos colaterais, embora alguns deles precisem de maior atenção para o uso perfeito. Então, novamente, o método contraceptivo precisa ser escolhido de acordo com a sua própria observação do corpo e do ciclo. Não se embase pela experiência alheia.
As vantagens e desvantagens são muito subjetivas. Algumas mulheres se adaptam muito bem a esses métodos e outras não. É completamente normal que as experiências sejam as mais variadas, pois cada corpo é único. O ideal é que você observe o seu ciclo menstrual, faça uma lista de todas as vantagens e desvantagens que teria com o ciclo natural e sem ele, se hoje você leva uma vida tranquila com sua menstruação, sem cólicas entre outros efeitos naturais do corpo. Leve tudo isso ao seu ginecologista e exija informações completas, pois o SUS te garante esse direito.
MÉTODOS COMPORTAMENTAIS
São os métodos que requerem observação contínua do ciclo e se baseiam em não se relacionar com penetração durante os períodos férteis, ou utilizar um método de barreira no período, como a camisinha. Entre eles estão: temperatura basal corporal, método do muco cervical, método sintotérmico
Antes de nos aprofundarmos nos métodos oferecidos pelo SUS, precisamos salientar a importância de conhecer cada fase do seu ciclo. Em casos que a mulher não tenha esse conhecimento, caso ela esteja no período fértil, mesmo tomando a pílula do dia seguinte, a gravidez pode acontecer. A janela de falha desse método é muito curta, mas ela existe.
48
No SUS, o DIU não é oferecido como método emergencial, embora ele sirva também para isso e seja muito mais eficaz que a PCE. “Não existe nada oficial, embora realmente não tenha nenhum impedimento inclusive legal, para nós. Então depende da mulher saber dessa opção e de contar com profissionais que também saibam e que acolham essa demanda.” Afirma Luisa.
MÉTODOS EMERGENCIAIS
É um dispositivo inserido no útero que não contém hormônios sintéticos. O cobre, que reveste o objeto, mata os espermatozoides e o DIU causa uma pequena inflamação no útero, o que impede a fecundação e também uma nidação (quando um óvulo fecundado gruda na parede interna do útero). Pode ser utilizado por até 10 anos e tem a eficácia próxima de uma laqueadura. A inserção é feita pela ginecologia, ou enfermagem especializada, em consultório. O procedimento pode ser realizado com anestesia local ou não.
As Pílulas Contraceptivas de Emergência (PCE), ou pílula do dia seguinte, têm como principal função bloquear ou retardar a ovulação. Elas causam uma alteração de hormônios que impede a liberação de um óvulo do ovário, desse modo, o espermatozoide não entrará em contato e não haverá a fecundação.
INFOGRÁFICO 4
Os métodos emergenciais servem para os casos em que houve penetração sem proteção e existe o risco de gravidez. Até mesmo se houver a desconfiança que o método utilizado de maneira habitual possa ter falhado. Mas existem peculiaridades importantes que precisam ser observadas.
INFOGRÁFICO 3
Agora, considerando que um óvulo pode ser fecundado por 12 a 24 horas e um espermatozoide sobrevive entre 5 a 7 dias no corpo, caso a ovulação tenha ocorrido, a pílula já não fará efeito. A janela de falha é de 1 a 2 dias.
Em casos como esse, o método emergencial recomendado é o DIU de cobre. Ele pode ser inserido em até 5 dias após a relação sexual e possui eficácia mesmo em casos que a PCE pode não funcionar, ou seja, mesmo após a ovulação já ter acontecido.
DIU DE COBRE
São métodos que formam obstáculos químicos ou físicos para impedir a chegada dos espermatozoides ao canal que leva aos ovários. Entre eles estão as camisinhas interna e externa, diafragma e espermicidas.
Como saber o método ideal para você? Considere as seguintes questões e apresente à ginecologia:
• Você garante que, caso opte por usar um método de barreira, não fará penetração sem o dispositivo?
• Pretende engravidar? Se sim, a longo ou curto prazo?
disponível a pílula do dia seguinte, que precisa ser consumida até 72h depois da relação sexual. “Essa questão da pílula do dia seguinte, inclusive, muitas mulheres nem sabem que tem disponível no SUS, ou como acessar. Se a gente for ver na legislação a mulher nem precisa passar por consulta né? Basta ela ir, enfim, sinalizar se ela precisa tomar e daí ela já pega a medicação direto, mas muitos postos acabam colocando barreiras. Então isso também é uma questão né?”, explica a ginecologista.
• Qual a intensidade do fluxo do seu sangue?
A ginecologista também explica que o uso do dispositivo como método de emergência consta em documentos oficiais da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo). Porém, não há documento que especifique esse uso na atenção primária Atualmente,(UBS).existe
• Se fosse para tomar a pílula anticoncepcional, você lembraria de tomar todos os dias?
NEM TODO MÉTODO CONTRACEPTIVO PODE SER O IDEAL PARA VOCÊ
49
• Caso não tenha grandes efeitos no ciclo, estaria disposta a passar por uma fase de adaptação que pode (não é regra) te levar a ter alguns ciclos de maiores cólicas antes que normalizasse novamente?
• Seus dias de sangramento são tranquilos, ou são sinônimos de dores intensas e reviravoltas emocionais muito fortes?
Enfim, não tenha medo de testar. Explique seu histórico à ginecologia e tenha em mente que nenhum método precisa ser definitivo, ou seja, precise usar o mesmo a vida toda. Não adianta optar por um método hormonal acreditando que ele seja mais seguro e acabar esquecendo de tomar as pílulas todos os dias, por exemplo. Seja paciente com o seu corpo e use a camisinha sempre, de preferência.
*são nomes fictícios para representar as fontes entrevistadas que não quiseram ser identificadas.
Diário de campo Semana de 08 a 14 de agosto
Não tenho avançado muito com o trabalho experimental porque ainda preciso de uma orientação no quesito linguagem. Então, como meio de compensar isso tempo em pausa, decidi
• Quantos dias dura o sangramento?
Escrevi 3 parágrafos do artigo e me senti vitoriosa. Agora pretendo avançar lendo os artigos que já tenho como referência para continuar a escrita. Espero conseguir terminar a parte científica do trabalho antes da experimental. Será bom para dedicar meu tempo somente a isso e poder trabalhar minha criatividade com mais calma.
19/8 Concluí o cronograma individual detalhado.
18/8 Determinei um padrão de pergunta para as fontes técnicas, mas deixam algumas mais específicas para cada uma.
Já no primeiro dia da semana, estou organizando meus arquivos para a primeira orientação com a professora Mirian, que será na próxima sexta. Também me envolvi no compromisso com o grupo de mandarmos todas as perguntas para fontes de entrevista à professora até quarta, desse modo ela poderá já nos orientar nesse sentido.
me dedicar mais ao artigo. Nesta semana as aulas voltaram e já fomos orientados sobre como fluirão as coisas. Embora eu tenha me sentido apreensiva com o pouco tempo, também me senti esperançosa de que tudo dará certo. Tenho refletido muito de maneira pessoal sobre o propósito de tudo isso e estou conseguindo encontrar meu lugar.
Eu sempre me organizo melhor com cronogramas, então pensei em fazer um ainda mais detalhado das etapas das duas partes do trabalho.
20/8 Dia de orientação. Agora parece que muita coisa ficou mais clara na minha cabeça. Preciso aproveitar esse impulso para cumprir com as datas que propus no cronograma.
50
Semana de 15 a 21 de agosto
21/8 Aproveitei que acordei cedo e coloquei a cabeça para funcionar em função do TCC. Sempre funciono melhor pela manhã. Tive algumas ideias a respeito da reportagem e, uma delas, é a de seguir com fontes mais focadas na periferia onde moro, inclusive tentar entrevistar o/aginecologistaqueatendenaUBSdaregião.Achoqueposso,decertomodo,contarahistória do meu bairro também por meio dessas vivências. Essa semana já faço a entrevista com uma primeira fonte e tento já delinear os caminhos da estrutura do meu texto. Fiquei até mais animada com a ideia. Finalizei as perguntas que podem me guiar nas entrevistas e separei os links de todas as publicações da revista Az Mina deste ano. Usei a ideia que a Mirian sugeriu de fazer um cronograma semanal para garantir que vou cumprir todas as etapas necessárias dentro do prazo. Para a próxima semana já tenho todos os processos listados.
25/08 Hoje criei o post para conseguir as fontes principais da Reportagem e publiquei no meu perfil do Facebook e no Grupo fechado na minha região. Infelizmente não tive forças para concluir tudo que me propus. Apenas consegui adiantar mais análise de posts que faria amanhã. Agora, espero conseguir cumprir com as tarefas de amanhã.
22/08 Aproveitei o dia em casa e analisei mais interações no Facebook do que me propus a fazer ontem. Consegui padronizar e organizar as análises em planilha e printei todas as interações necessárias.
27/08 A fonte me respondeu, mas me perguntou pra quando eu precisava da entrevista, pois estava corrida ESSES DIAS, etc, etc. Apenas respondei que poderia ser semana que vem sem problema nenhum e no melhor dia para ela. Hoje também li um artigo interessantíssimo sobre folkcomunicação e comunicação alternativa. Muitas das referências foram as mesmas de um outro artigo sobre jornalismo independente, olha, realmente estou gostando muito desse conceito. Quero ler mais. Hoje também teve orientação e a Mirian nos passou o modelo do artigo. Já pretendo começar a redigir tudo no documento. Quero realmente finalizar esse artigo até o próximo mês e ficar com meses livre só para o projeto experimental. Seguindo rigorosamente meu planejamento semanal para não perder esse time. Vai dar certo!
24/08 Apesar de ontem não ter conseguido trabalhar no TCC por conta do cansaço físico e mental, hoje consegui fazer o que tinha planejado para os dois dias. Fiz mais análises de post e fichei o capítulo sobre análise de discurso do livro “Métodos e Técnicas de pesquisa em comunicação”. Sinceramente, esse cronograma semanal tem me ajudado demais.
26/08 Fiz o primeiro contato com uma possível fonte, que ainda não me respondeu. Ela é mãe de 3 crianças e nenhuma das gravidezes foram planejadas. Também realizei o fichamento do capítulo sobre metodologia folkcomunicacional do livro “Métodos e Técnicas de pesquisa em comunicação”. Cada dia mais apaixonada pelo conceito de folkcomunicação. E fechei o dia analisando mais 2 posts de interação da Revista Az Mina no grupo de apoiadores do Facebook.
28/08 Ainda sem fonte e me bateu um leve desespero com o tempo. Não consegui redigir o artigo. Fiquei muito bloqueada hoje, em especial. Vou tentar amanhã cedo novamente. Mas consegui finalizar todas as análises de interação entre revista e apoiadores, iniciei um template para postar no Facebook amanhã e tentarei fechar todas as fontes que preciso o quanto antes, só estou esperando aprovação da Mônica. Enfim, o desespero ele vem atropelando e só
Semana de 22 a 28 de agosto
51
01/09 Hoje entrei em contato com algumas fontes para a reportagem, tentei ler um artigo, mas ando meio desanimada e preocupada com o prazo. Apesar de não estar atrasada, sinto que tudo vai desabar e dar errado. Mas consegui ler parte do artigo que precisava ler. Esse é sobre jornalismo pós industrial.
52
03/09 Fui atrás do tal do “Marcos do Administrativo” na UBS. Ele me pediu para entrar em contato com o Escola SUS e solicitar autorização para que os funcionários de lá pudessem me conceder entrevista. Sinto cheiro de burocracia, mas liguei lá. Spoiler: me pediram para ligar na quarta. E é isso, depois tive orientação e me reuni com o grupo.
02/09 Sabe aquela frase “o surto vem”? Hoje ele veio. Mas pelo menos consegui confirmar duas entrevistas para o próximo fim de semana, organizei melhor meu cronograma, porém não consegui concluir a leitura do artigo e nem escrever nada. Só tive forças para revisar as perguntas e mandar para a orientadora. Depois apurei um pouco sobre o procedimento de colocação do DIU e daqui a pouco vou na UBS me humilhar para conseguir uma entrevista com o/a ginecologista. Fé na Deusa. Atualização: Na UBS, me pediram para voltar no dia seguinte e falar com o pessoal do administrativo.
04/09 Dediquei esse dia para entrevistas. Entrevistei duas mulheres que tiveram 1 gravidez não planejada. Também entrei em contato com outras fontes e consegui entrevista com duas ginecologistas do SUS para a próxima semana. Aos poucos as coisas vão caminhando.
31/08 Meuamigo conseguiu baixaro artigo \o/. Mandei novamensagem para aHelenaBertho e pedi o e mail dela. Ela me respondeu. Expliquei o projeto com a ajuda da professora Mirian e agora pretendo aguardar uma resposta até a próxima segunda. Mandei mensagem para a Médica do Coletivo Feminista, mas sem sucesso por enquanto.
29/08 Só tive forças para terminar o template para a publicação da busca pelas fontes no 30/08Facebook.Fiz contato com algumas fonte, chamei a Helena Bertho no Insta, mas ela visualizou e não respondeu. Procurei um artigo que precisava e fiquei frustrada por não conseguir baixar. No fim do dia, já bem exausta, pedi para um amigo tentar me ajudar no dia seguinte.
05/09 Folga do TCC.
atrapalha. Também finalizei o cronograma com os passos para a próxima semana. Fé na Deusa que finalizo esse artigo até a apresentação do seminário. Amém?!
14/09 Finalizeiaapresentaçãodoartigoeenvieie mailparamaisumaginecologistaetambém mandei o ofício assinado para o Escola SUS. Espero ter retorno breve deles.
11/09 A Mayara disse que ficou sem celular ontem, falei que era só ela me falar nova data. Nem voumehumilhar mais. Cansei. A Jennifernãorespondeu, também cansei. Sei que consigo outras fontes no mesmo perfil. Reescrevi o resumo e a introdução do artigo, amanhã tento resolver o restante, hoje não me sobrou muita paciência porque o dia já começou complicado.
10/09 Bom, hoje a Mayara simplesmente sumiu. A Jennifer mandou mensagem para conversarmos ontem mesmo e depois sumiu também. Tive orientação, enviei as perguntas à Helena mais tarde do que gostaria e é isso. Foco no artigo a partir de hoje.
06/09 Organizei o cronograma para esta semana e levei um “bolo” de uma fonte. E a ginecologista que eu ia entrevistar hoje precisou ir para a maternidade atender uma mulher. Imaginei que algo do tipo pudesse acontecer. O bebê nascendo “vô atrapalhar o TCC da Priscila”.
12/9 Escrevi parte do artigo me arrastando, mas escrevi. Também consegui entrevistar a Jennifer finalmente! Agora vou descansar.
13/09 Dia de resolver questões pessoais e limpar a casa. Nem peguei no TCC.
07/09 Consegui colocar parte do artigo em ordem e situar a estrutura. Entrevistei a Taty e consegui organizar melhor o cronograma.
09/09 Zero pique por hoje, mas sigo tentando. Escrevi algumas perguntas para a Helena e liguei no Escola SUS de Guarulhos. Agora só preciso solicitar um ofício com a Faculdade e enviar no e mail que me passaram. Aparentemente mais fácil do que imaginei. Espero que dê tudo certo. E a Mayara me respondeu reagendando para amanhã nossa conversa.
53
08/09 Tentei fechar datas com algumas fontes que faltaram e entrevistei a Luísa, que é ginecologista de duas UBS na região do Perus e também atua no Coletivo Feminista de Sexualidade e Saúde. Foi muito esclarecedor. Tentei remarcar com a Mayara, mas ela ainda não me respondeu. A Helena respondeu meu e mail e me pediu as perguntas, que ainda não tenho. Mas prometi enviar até sexta.
15/09 Escrevi pouco mais do artigo e montei a apresentação para o seminário da próxima sexta. Como acredito que não avançarei o suficiente amanhã, já deixei tudo pré resolvido e quase pronto.
54
24/09 Revisei a apresentação do seminário e apresentei. Após a apresentação me sinto muito mais segura com as alterações que fiz na pesquisa. A professora Mirian é perfeita.
28/09 Avancei na leitura do Artigo sobre Jornalismo Pós Industrial.
30/09 Avancei na leitura do Artigo sobre Jornalismo Pós Industrial.
27/09 Meu erro é acreditar que consigo escrever algo depois de um dia de faxina. Pelo menos a Helena me mandou as respostas hoje e incluí no artigo. E isso é tudo. Espero conseguir finalizar tudo realmente amanhã.
23/09 Infelizmente o dia foi corrido demais e não consegui mexer no TCC.
26/09 Apesar de não ter conseguido terminar hoje, como era minha meta pessoal, acredito que mais um dia de trabalho focado no artigo e mais uma leitura, consigo terminar ele completamente. Me sinto até mais leve.
01/10 Foi dia de orientação e toda sexta é um dia super corrido, então acabei não mexendo em nada além disso
16/09 Não rolou escrever mais do artigo hoje, mas refinei minha apresentação pro seminário e contei com a ajuda da Estela pra ver minha apresentação e me ajudar com o tempo e tudo 17/09mais.
Não deu tempo de apresentar o seminário e ficará para a próxima semana. 18/09 Folga.
20/09 Fiz a leitura de um artigo e cobrei a Helena Bertho com as respostas.
19/09 Modo retornando da folga, Só organizei a semana e atualizei minhas planilhas.
21/09 Escrevi um pouco do artigo e li sobre Midiativismo. Foi nesse momento que percebi que o conceito não se encaixa na minha pesquisa e é complexo demais para continuar com ele neste 22/09momento.Liorestante do artigo sobre Midiativismo para ver se não deixei passar algo.
25/09 Quase finalizando aspectos teóricos metodológicos. Falta o conceito de jornalismo pós industrial, mas estou começando a achar ele bem dispensável. De todo modo vou trabalhar nos resultados amanhã e depois me dedico a ler esse artigo. Avancei bem hoje.
12/10 Eu sou uma piada. Não consegui finalizar, mas pelo menos avancei. Já entendi minha dinâmica, meu erro é ficar dias sem mexer no artigo, tem que ser todo dia um pouco. Por hoje já deu. Mesmo praticamente o dia todo trabalhando nisso, não consegui finalizar. Meu cérebro não aguenta mais por hoje e é isso. Amanhã mexo mais, falta somente considerações finais e finalizar os resultados.
17/10 Organizei a semana e elaborei mais um pouco do artigo. Embora esteja na reta final, a escrita está saindo igual ao ditado, “de grão em grão”.
11/10 Li sobre análise de conteúdo. Aos pouquinhos tá saindo o artigo. Amanhã quero dar um passo ainda maior e finalizar tudo.
10/10 Consegui inserir a parte de jornalismo pós industrial no artigo e organizei a semana. De terça não pode passar, finalizo o artigo todinho.
03/10 Organizei o cronograma para a semana.
14/10 Embora ontem eu tenha sido derrubada pela rotina doméstica, hoje consegui dar mais olhares ao meu artigo e escrever mais um pouco. Amanhã vou dedicar mais tempo a isso.
16/10 Escrevi pouco mais do arquivo.
24/10 organizei a semana.
55
05/10 Arrumei a transcrição de uma das entrevistas e já deixou no ponto certo para a escrita da 06/10reportagem.Transcrevi mais entrevistas e consegui reduzir o tamanho dos áudios que faltavam para enviar ao bot do Telegram.
15/10 Escrevi mais um pouco do artigo.
18/10 Mais um pouquinho do artigo. Já levantei a estrutura final dos resultados e depois posso 20/10finalizar.Finalmente finalizei o artigo e enviei para a Mirian!
23/10 Transcrevi mais uma das entrevistas.
09/10 Terminei de ler o artigo de jornalismo pós industrial.
04/10 Enviei o e mail com a autorização do Escola SUS para a UBS.
02/11 Li a cartilha de planejamento familiar do SUS, iniciei a escrita da reportagem, elaborei algumas perguntas para a equipe de planejamento familiar e tive um leve surto de ansiedade. Mas já passo bem, agora estou indo treinar Kung Fu para limpar a mente.
03/11 Resolvi diversas pendências com o grupo, como escrever minha mini bio e subir ideias de post para o Instagram.
07/11 Acho que peguei o jeito da escrita, agora vai! Não terminei, mas avancei de uma forma que conseguirei seguir nos próximos dias.
25/10 transcrevi entrevistas.
26/11 Revisei as reportagens do digital, publiquei e fiz alguns ajustes no site. Apanhei o dia todo do Wix (plataforma de hospedagem do site).
29/10 Me reuni com o grupo novamente e adicionamos mais elementos à imagem da homepage, criamos a foto do perfil do Instagram da revista e definimos o que será decidido nas próximas semanas
01/11 Transcrevi toda a entrevista da ginecologista.
04/11 hoje foi dia de pesquisar pouco mais sobre meu tema de reportagem e começamos (e avançamos bem) a capa da revista impressa.
05/11 Escrevi mais um pouco da reportagem, mas sem sair muito do lugar. Mandei e mail para a Victoria do Diga Vulva, quero ela como fonte técnica. Também fiz reunião para apresentação do seminário com o grupo, rolou a apresentação e deu tudo certo.
27/10 Me reuni com o grupo e conseguimos finalizar a imagem para a homepage do site.
30/10 Transcrevi mais entrevistas.
06/11 Foi um dia de ansiedade, não consegui escrever.
31/10 organizei a semana.
15/11 Basicamente passei os últimos dias redigindo a reportagem, então decidi só atualizar hoje para dizer que FINALMENTE TERMINEI. Mas assim, ainda preciso fazer uma bela revisão, porém o pior já passou.
56
Levantamento de fontes X X
Pré pauta X
Pauta X X
B) CRONOGRAMA DE EXECUÇÃO
Redação das reportagens X X X
Criação de conteúdo para as redes sociais X X X
Montagem do site X X X X
JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ
Apuração X X X
57
Criação da identidade visual X X
Revisão X
Entrega do produto final X
Realização de entrevistas X X
ETAPAS
58
C) INVESTIMENTO
Hospedagem do site 1 R$ 228,00 R$ 228,00 Impressão da revista
11 R$ 63,64 R$ 700,04 Total R$ 291,64 R$ 928,04
Item
Quantidade Valor unitário Valor Total
Priscila Ferreira: Em algum momento é levado em consideração temas que serão mais relevantes para o engajamento da Revista, principalmente com a finalidade de conseguir novos apoiadores?
Helena Dias: A escolha de pautas é feita seguindo diversos critérios editoriais, que passam por relevância (tanto de interesse público, quanto de interesse do público), exclusividade, profundidade, novidade, etc. Eventualmente, quando estamos fazendo alguma matéria que acreditamos que possa engajar na questão de apoio, pensamos em acompanhar a pauta com algum tipo de campanha para aumentar as colaborações, como aconteceu com a matéria sobre mulheres negras protagonistas, que virou uma campanha com postais, ou com a matéria sobre tudo que o governo já fez em relação aos direitos das mulheres.
Priscila Ferreira: Já teve alguma situação em que vocês alteraram alguma reportagem, ou deixaram de apurar algum tema por conta de algum apontamento/sugestão de apoiador? Se sim, pode contar a situação?
59
D) OUTROS PRODUTOS DA SUA PESQUISA
Entrevista com a Diretora de Conteúdo da revista AzMina, Helena Bertho Dias, para coleta de informações para o artigo científico.
Helena Dias: Creio que isso reflete um pouco nosso desinvestimento no Facebook. Atualmente investimos mais em newsletters como ferramenta de contato com o público e estamos trabalhando em uma nova ferramenta para isso também. Assim, nosso maior contato com apoiadoras tem sido diretamente por e mail. O grupo no Facebook acaba ficando um tanto fora do foco.
Helena Dias: Não.
Helena Dias: Temos algumas apoiadoras muito próximas, mas no geral aumentar esse diálogo é algo que tentamos atingir e melhorar. Estamos trabalhando para diminuir a distância e ter mais proximidade com nossas leitoras mais fieis e apoiadoras.
Priscila Ferreira: Analisei os posts feitos no grupo de apoio este ano e percebi que possui pouca interação. Isso reflete o perfil do apoiador AzMina?
Priscila Ferreira: Os apoiadores buscam um diálogo mais próximo com vocês, ou ainda existe uma distância muito grande?
60
Priscila Ferreira: Percebi que a Revista passou por uma mudança editorial. Antes os títulos e a linguagem em geral tinham um viés mais descontraído. Quando essa mudança ocorreu e por quê?
Helena Dias: Foi uma mudança não intencional, causada pelo cenário social e político do mundo e do Brasil. Tem sido realmente difícil cobrir temas leves e descontraídos diante do desmonte e constantes ataques aos nossos direitos. Acabamos focando mais nossa cobertura em temas de política e por isso acabou ficando mais sério.
E) ANEXOS
Imagem principal da reportagem “Métodos contraceptivos: a escolha mais segura para você”. A fotografia é do banco de imagens “Getty Images”.
61
