Revista Científica Fecra - 2ª Edição 2017

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Equipe Editorial

Avaliadores – Externo Profa. Doutora Terezinha Bazzé de Lima – UNIGRAN Profa. Mestre Estela Mara de Andrade – SED/MS

Avaliadores - Interno Profa. Doutora Maria Ivone da Silva Profa. Mestre Rose Cristiani Franco Seco Liston Profa. Mestre Mércia Crepaldi Carvalho de Oliveira

Editora responsável pela Revista RCF – Profa. Mestre Rose Cristiani Franco Seco Liston Bibliotecária CRB1/2437

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SUMÁRIO

CASTRO, Iris Fagundes de; ANDRADE, Estela Mara de. A importância da produção de textos no processo da escrita e da leitura......................................................................................... ............. 3-10 COSTA, Camila Gonçalves da; PEREIRA, Márcia Aparecida da Silva. Representações de cultura e identidade entre os índios e os portugueses no período de colonização e as marcas dessa relação ............................................................................................................................................. ........... 11-18 PEREIRA, Wanderley Furtado; WIZIACK, Suzete Rosana de Castro. Aulas de campo como estratégia de ensino e aprendizagem no ensino superior de biologia da UFMS/UAB POLO COSTA RICA/MS ............................................................................................................. ........... 19-25 RESENDE, Valéria Castanho; LISTON, Rose Cristiani Franco Seco. Como desenvolver um plano de carreira ............................................................................................................................... ........... 26-33 SANTANA, Rute Carolina; RESENDE, Valéria Castanho; SILVA, Maria Romilda da. Resiliência na educação ............................................................................................................................. ........... 34-39 SILVA, Regia Aparecida Jacinta da; CHAVES, Tatielle Aguiar; OLIVEIRA, Mercia Crepaldi Carvalho de. Inclusão de pessoas especiais nas escolas quais suas vantagens e dificuldades para incluir uma criança especial na escola.................................................................................................. ........... 40-46

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A IMPORTÂNCIA DA PRODUÇÃO DE TEXTOS NO PROCESSO DA ESCRITA E DA LEITURA Iris Fagundes de Castro1 Estela Mara de Andrade2

RESUMO Este trabalho tem a pretensão de mostrar a importância da escrita no processo da leitura e da produção de texto. Buscamos compreender a relevância da escrita e a importância de práticas efetivas que levem os alunos a desenvolverem o gosto pela leitura e escrita. Sabemos que nos dias atuais está cada vez mais difícil conquistar as crianças para realizarem uma boa leitura e como consequência dessa falta de leitura, essas crianças vêm escrevendo mal, por isso o PCN de Língua Portuguesa diz que cabe a escola viabilizar o acesso do aluno ao universo dos textos que circulam socialmente, ensinando- o a produzilos e a interpretá-los, e que isso deve ocorrer de forma interdisciplinar, uma vez que o trabalho com texto, leitura e interpretação não deve restringir- se apenas as aulas de Língua Portuguesa. O presente estudo foi desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica. Observamos que usar o processo de leitura e escrita para o aprendizado do aluno tem a ver com o habito de leitura, ou melhor, o incentivo a ler, pois quando leem os alunos conseguem escrever, se expressarem melhor, sabendo- se que despertar o interesse e criar o habito da leitura deve acontecer de maneira sistemática, consciente, onde se devem fomentar atitudes críticas, desenvolvendo a aptidão artística e a criatividade, sejam em alunos ou com os professores. Palavras- chave: Leitura. Escrita. Produção de texto.

LEITURA E O ENSINO DA LEITURA A leitura tem um grande papel em nosso meio, pois através dela conseguimos formar cidadãos de bem. Segundo Solé (1998, p. 22): A leitura é um processo de interação entre o leitor e o texto; neste processo tenta- se satisfazer (obtendo uma informação pertinente para) os objetivos que guiam sua leitura. Esta afirmação tem várias consequências. Em primeiro lugar, envolve a presença de um leitor ativo que processa e examina o texto. Também implica que sempre deve existir um objetivo para guiar a leitura; em outras palavras, sempre lemos para algo, para alcançar alguma finalidade. O leque de objetivos e finalidades que fazem com que o leitor se situe perante um texto é amplo e variado: devanear, preencher um momento de lazer e desfrutar; procurar uma determinada atividade (cozinhar, conhecer as regras de um jogo); informar- se sobre um determinado fato (ler o jornal, ler um livro de consulta sobre a revolução francesa); confirmar ou refutar um conhecimento prévio; aplicar a informação obtida com a leitura de um texto na realização de um trabalho, etc.

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E-mail: irisfagundescastro@gmail.com - Pós graduanda em Linguística- FECRA E-mail: estelamanadrade@yahoo.com.br - Mestre em Educação - UCDB

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A leitura muitas das vezes pode ser tida como um momento de lazer, onde o leitor ao pegar um livro de história, por exemplo, é levado por ele a uma viagem, onde o mesmo consegue por meio daquela leitura vivenciar na sua imaginação a história lida. Além disso, a leitura nos ajuda a estarmos inteirados com o mundo, com o que acontece ao nosso redor diariamente através de jornais, revistas e etc. Quando o leitor precisa descobrir algo que o interessa muitas das vezes é através de uma leitura que ele consegue a informação necessitada, é onde o leitor se interage com a leitura e faz dela uma fonte necessária para seu objetivo, para se tornar um bom leitor é preciso de muita leitura e leituras diversificadas. Para Soares (2001, p. 18), “leitura é interação verbal entre os indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros”. O ensino da leitura tem sido essencial nos dias de hoje, sem saber a ler é praticamente impossível haver uma comunicação com o mundo em geral. O ensino da leitura começa primeiramente pela alfabetização, sem ela é impossível se formar um leitor. Segundo Solé (1998, p. 50): A alfabetização é um processo através da qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Estes procedimentos, porém, vão muito além de certas técnicas de translação da linguagem oral para a linguagem escrita. O domínio da leitura e da escrita pressupõe o aumento do domínio da linguagem oral, da consciência metalinguística (isto é, da capacidade de manipular e refletir intencionalmente sobre a linguagem) E repercute diretamente nos processos cognitivos envolvidos nas tarefas que enfrentamos (para não mencionar o que significam em nível de inserção e atuação social).

Para Solé, (1998) quanto mais se tem domínio da escrita e da fala, mais o ser humano pega habilidade pela leitura. O ensino da leitura é algo que é feito aos poucos, de maneira com que a criança entenda e goste do que está lendo. É essencial que seja usado na alfabetização, principalmente de crianças, textos que chamam a atenção do mesmo, como, por exemplo, contos e histórias. É necessário que o leitor não se prenda apenas em pequenos textos, mas que ele explore o mundo através da leitura. É preciso de muita leitura para que haja um certo domínio da leitura. Precisa- se de incentivo na alfabetização, deve levar para as crianças textos de livros que o interessem, que chamam a atenção fazendo com que as crianças viajem na história. Quanto mais uma criança ler mais será despertada sua vontade de ler novos textos. Uma pessoa que tem muita leitura ela dialoga com mais facilidade e redige textos com mais facilidade. Levar para as crianças pequenos textos, nas aulas, e pedirem que elas reconte a história isso faz com que ela busca mais, e é estar contribuindo para sua leitura. Segundo Santos (2003) a leitura tem o poder de levar o leitor além dos horizontes. A pessoa que lê constantemente se torna uma pessoa bem informada, culta e inteirada dentro dos assuntos sociais por exemplo. Fernandes e Daniel (2008, p. 13) relatam que: Ler não é pegar um sentido pronto, já presente no texto, diante dos nossos olhos. A atividade de ler é uma construção de sentido. Construção solitária? Não. Uma construção solitária em que construímos o sentido numa relação que envolve o leitor com sua história de vida e de leitura; o texto como uma construção; o autor que o elaborou num tempo e num espaço determinados e com algum propósito.

Sendo assim, podemos entender através disso que a leitura nos leva além daquilo que buscamos, ela nos traz novos conhecimentos abordando o ler como processo de construção entre o texto e o saber advindo do seu conhecimento inicial. Construir um texto, uma ideia é também leitura. Lemos para algo, para construir, para aperfeiçoar uma ideia, ou um tema, quando precisamos de mais recursos para sua elaboração. Quando Página 4


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lemos construímos um sentido conjunto com o autor, o leitor tem mais ideias, ele constrói para si argumentos que vão além daquilo que estava procurando e deixa para outros leitores novos caminhos abertos, para que eles encontre recursos necessários para si e deixe novas ideias para outros leitores. A LEITURA NA ESCOLA O ensino da leitura é primordial na escola, pois a escola tem como papel a alfabetização das crianças. Muitas das crianças não tem contato com a leitura em casa, por isso a escola é a melhor fonte de livros, e que tenham leituras interessantes e ilustrações criativas para despertar na criança a vontade de ler. Para se tornar um bom leitor é preciso de incentivo, e isso deve começar desde cedo. Uma criança deve estar em contato com livros desde pequena. Segundo Solé (1998, p. 58) “Quando a criança está nas primeiras etapas da escrita e soletra incorretamente todas ou quase todas as palavras (...), os adultos ficam muitos preocupados e a verdade é que impedem que a criança escreva ou a desanimam”. Para muitos é na escola que começam os primeiros passos para a leitura. É nessa fase que mais precisa incentivar a criança a ler. Para isso é preciso buscar argumentos e oferecer a estas crianças materiais ricos em leituras que chamem a atenção das mesmas. Além disso, é necessário o apoio e incentivo total dos pais nessa etapa de aprendizagem. Solé (1998, p. 58) ainda diz que: Quando a criança pequena começa a produzir suas primeiras tentativas de linguagem falada, os pais não a amordaçam nem proíbem que ela fale até poder pronunciar adequadamente as palavras. Uma ação dessas seria considerada universalmente ridícula, pois se reconhece que as crianças precisam praticar a fala durante algum tempo antes de desenvolver um domínio completo dos sons (...).

Muitas das pessoas, crianças na maioria das vezes, tem apenas a escola como fonte fornecedora da leitura, porem devem aproveitar o máximo possível este ambiente. A escola deve estar preparada para oferecer todo esse suporte ao aluno durante sua aprendizagem. Se a escola é o ambiente principal da alfabetização das crianças, que tal essa escola não levar esse momento mais a sério, construir argumentos de incentivo para essas crianças e também para os pais destas. A criança precisa de espaço nessa etapa de aprendizagem, cabe a escola trabalhar de forma conjunta com os pais, porque muitos dos pais não sabe o que fazer nesse momento, e estar preparado é essencial, pois a criança necessita de apoio e incentivo nessa etapa da sua vida, é um dos momentos mais felizes das crianças, ela está aprendendo algo novo e isso torna- se importante na sua vida, suas primeiras palavras devem ser bem valorizadas junto com um incentivo para outras novas e corretas que viram. TIPOS DE TEXTOS, DE LEITORES E DE LEITURA Cada texto em si tem sua finalidade e objetivo de levar ao leitor alguma informação. Alguns são apenas para descrever algum tipo de história ou relato e outros para nos passar algum tipo de informação. Cada texto tem o seu padrão, sua linguagem. Alguns formais e outros informais, porem todos direcionados ao leitor. Kaufman e Rodrigues (1995, p. 20 a 41) mencionam alguns elementos constitutivos do texto. São eles: 1. Textos literários - São textos que privilegiam a mensagem pela própria mensagem. Neles, interessa primordialmente como se combinam de acordo com padrões estéticos, os diferentes elementos da língua, para dar uma impressão de beleza. Diferentemente dos textos informativos, nos quais o referente é transparente, os textos literários são textos opacos, não implícitos, com muitos vazios ou espaço em branco, indeterminados. Página 5


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Os textos literários exigem que o leitor compartilhe do jogo da imaginação para captar o sentido de coisas não ditas, de ações inexplicáveis, de sentimentos não expressos. Textos jornalísticos - Os textos denominados de textos jornalísticos, em função de seu portador (jornais, periódicos, revistas), mostram um claro predomínio da função informativa da linguagem: trazem os fatos mais relevantes no momento em que acontecem. Esta adesão ao presente, está primazia da atualidade, condena- os a uma vida efêmera. Propõem- se a difundir as novidades produzidas em diferentes partes do mundo, sobre os mais variados temas. Os textos jornalísticos apresentam diferentes seções. As mais comuns são as notícias, os artigos de opiniões, as entrevistas, as reportagens, as crônicas, as resenhas de espetáculos. Textos de formação científica - Esta categoria inclui textos cujos conteúdos provem do campo das Ciências Sociais como nas Ciências Naturais. Apesar das diferenças existentes entre os métodos de pesquisas destas ciências, os textos têm algumas características que são comuns a todas as suas variedades: neles predominam, como em todos os textos informativos, as orações enunciativas de estrutura bimembre e preferese a ordem sintática canônica (sujeito- verbo- predicado). O vocabulário é preciso. Geralmente, estes textos não incluem vocábulos a que possam ser atribuídos uma multiplicidade de significados, isto é, evitam os termos polêmicos e, quando isso não é possível, estabelecem mediante definições operatórias o significado que deve ser atribuído ao termo polissêmico nesse contexto. Textos instrucionais - Estes textos dão orientações precisas para a realização das mais diversas atividades, como jogar, preparar uma comida, cuidar de plantas ou animais domésticos, usar um aparelho eletrônico, consertar um carro, etc. Dentro desta categoria, encontramos desde as mais simples receitas culinárias até os complexos manuais de instruções para montar um motor de avião. Existem numerosas variedades de textos instrucionais: Além de receitas e manuais, estão os regulamentos, estatutos, contratos, instruções, etc. Mas todos eles, independentemente de sua complexidade, compartilham da função apelativa, á medida que prescrevem ações e empregam a trama descritiva para representar o processo a ser seguido na tarefa empreendida. Textos epistolares - Os textos epistolares procuram estabelecer uma comunicação por escrito com um destinatário ausente, identificado no texto através do cabeçalho. Pode tratar- se de um indivíduo (um amigo, um parente, o gerente de uma empresa, o diretor de um colégio), ou de um conjunto de indivíduos designados de forma coletiva (conselho editorial, junta diretora). Estes textos reconhecem como portador este pedaço de papel que, de forma metonímica, denomina- se carta, convite ou solicitação, dependendo das características contidas no texto. Textos humorísticos - Tem como intenção primordial provocar o riso mediante recursos linguísticos e/ ou iconográficos que alteram ou quebram a ordem natural dos fatos ou acontecimentos, ou que deformam as características das personagens. Os recursos mais frequentes são as zombaria, a ironia, a sátira, a caricatura, o sarcasmo. Entre os textos humorísticos, destacam- se histórias em quadrinhos cômicas ou história de humor que, estando amplamente difundidas em nosso meio social, já são aceitas e valorizadas nas aulas. Textos publicitários - Estes textos, que são estreitamente relacionados com as expectativas e as preocupações da comunidade, são os indicadores típicos da sociedade de consumo: informam sobre o que se vende com intenção de criar no receptor a necessidade de comprar. A informação é parcial á medida que apresenta somente o positivo, porque procura transformar aquilo que oferece em objeto de desejo. São construídos em torno da função apelativa da linguagem, pois buscam como efeito modificar comportamentos; portanto, manipulam a linguagem em virtude do que se


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propõe obter do receptor. Este proposito habilita tanto a transparência como a opacidade; a linguagem neutra, sem adornos, como a linguagem figurada. A linguagem econômica do anuncio publicitário ou a complexa retórica da propaganda política dirigem- se às emoções, sentimentos e fantasias culturais do público. Cada texto tem sua forma de chamar a atenção do leitor. Porém todos com um objetivo, de levar ao leitor algum tipo de informação e aprendizagem. A partir do momento em que sabemos que existem tipos de textos, devemos também ter o interesse de conhecer os tipos de leitores que temos ou somos, e porque existe um tipo de leitor para cada leitura, para cada tipo de texto. Para Bamberger (2008, p. 35) “As motivações para a leitura e os interesses por ela diferem não só para os vários grupos de idade, mas também para cada tipo particular de leitor”. Cada leitor se interessa por uma leitura, nós enquanto professor devemos estar preparados e saber qual o tipo de leitura que devemos oferecer para nossos leitores, para que eles tem interesse pela leitura e busque outros tipos. O leitor procura o tipo de leitura que está necessitando, é difícil ou quase impossível encontrar leitor que goste de todos os tipos de leituras, muito dos leitores leem para alguma finidade, para obter alguma informação que está precisando. O que o autor que nos dizer é que a leitura pode ser vista através da preferência ou pela intenção da leitura, dependendo da formação leitora de cada leitor, podendo este interesse acontecer através da motivação, pois segundo Lewis (apud BAMBERGER, 2008, p. 35), existe o leitor “literário e utilitário” e para Escarpit (apud BAMBERGER, p. 35), existe o leitor “conhecedor e o consumidor”. Diante de tal conceitualização Bamberger (2008, p. 36) enfatiza quatro tipo de leitor, baseado na natureza da matéria preferida de leitura, conforme descritos a seguir: 1. O tipo romântico, ou seja, o que tem preferência pelo magico. Idade leitora dos 9 aos 11 anos, quando outras crianças são mais suscetíveis às histórias ambientais ou à nãoficção. 2. O tipo realista, reconhecido, acima de tudo, pela rejeição do chamado livro fantástico, como por exemplo, “Alice nos pais das maravilhas”, As aventuras de Dom Quixote de La Mancha” etc. Também ausente o amor dos contos de fada e das histórias de aventuras improváveis. Esse tipo notabiliza- se particularmente como exceção da segunda e da quarta fase de leitura. 3. O tipo intelectual, aquele que busca razões, quer tudo muito bem explicado, gosta de material instrutivo, procura a moral ou a vantagem prática de uma história. Prefere, portanto, a não ficção e deseja aprender cedo. Destaca- se do leitor médio, sobretudo na quarta e na quinta idade de leitura. 4. O tipo estético, aquele que gosta do som das palavras, do ritmo e de rima. Predilação especial pela poesia gosta de decorar poemas, copia os “trechos bonitos” dos livros, relê com frequência. É raro, mas encontra-se em todos os grupos de idade. 5. Diante desse contexto, de acordo com Wolgast (apud BAMBERGER, 2008, p. 37) “Poder- seia distinguir entre o leitor inclinado às maravilhas, aos disparates ou as aventuras, e o leitor realista ou esteta. Especialmente útil é uma diferenciação entre os leitores rápidos, lentos e oscilantes”. Percebe-se que conhecer o tipo de leitor é de fundamental importância, uma vez que podemos dentro da sala de aula, separar as leituras de acordo com o interesse de cada um, e a partir desse processo podemos começar a entender o porquê que muitas vezes nossos alunos não se interessam em ler um determinado livro ou texto. Por isso, a diversidade dos tipos de leitor deve ser levado em conta tanto dentro da sala de aula, como em ambientes de leitura, por exemplo, na biblioteca da escola, quando esta possuir tal ambiente de construção de conhecimento. Assim, cabe a nós educadores

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proporcionarmos aos nossos alunos momentos de alegria e interação, seja este realizado para sua formação leitora ou para seu próprio interesse leitor. No ambiente da leitura, é importante que se saiba que existe um tipo de leitura para cada informação que desejamos obter, seja uma leitura reflexiva, construtiva, crítica ou analítica. Pois segundo Almeida (2008, p. 84) a Revista Nova Escola, de agosto de 2006, apresentou uma importante reportagem que tinha como título “Leitura, as melhores estratégicas para: ler por prazer; ler para estudar e ler para se informar”, pois tal reportagem fez com que muitos educadores começassem a observar qual seria o tipo de leitura que mais chamaria a atenção dos seus alunos. Diante disso, sabemos que cada leitor possui uma demanda, seja ela subjetiva ou objetiva, que o leva ao texto. Para Almeida (2008, p. 49) “Se a demanda for o texto informativo, ali o leitor deve estar, mas se a demanda for o literário, é para lá que ele deve caminhar”. É notável que nossos alunos desenvolvam seus critérios de escolhas e buscas de textos para leituras, mas, antes devemos prepara-los para que tais escolhas possam estar pautadas em argumentação, objetividade, finalidade, gosto pessoal e necessidade, pois se assim não o for, me pauto em Almeida (2008, p. 48) quando o mesmo faz a seguinte pergunta: “Qual é o papel da escola, no processo da leitura?”. Para responder tal questionamento Almeida (2008, p. 49- 51) nos apresenta os argumentos de defesa apresentados pela Revista Nova Escola, para cada tipo de leitura: 1. Ler para se informar: tal leitura é descontraída e dinâmica, pois ela repete o que ocorre do lado de fora dos muros da escola, e é assim que deveria ser sempre. Só lendo jornal de verdade, o estudante será capaz de entender a linguagem rápida e concisa, acompanhada de símbolos, gráficos, fotografias e ilustrações, do texto da imprensa. Essa pratica aproxima os pequenos do mundo cotidiano, distantes das metáforas e “viagens” da literatura e ajuda a formar leitores assíduos e interessados por fatos reais. Jornais e revistas cumprem a função básica de produtores de conhecimentos. Como a informação é uma matéria- prima do trabalho escolar, não há como falar de educação sem ler essas publicações todos os dias. O que observa- se que não existe nenhuma outra leitura que dê tanta oportunidade de desenvolver o sentido critico como a leitura jornalística, pois existe uma distância enorme entre o que acontece dentro e fora da escola. Segundo Nóbrega (apud ALMEIDA, 2008, p. 50) “A exploração do texto jornalístico contribui para aproximar essas realidades”, pois segundo a mesma autora “Você ainda ajuda a formar jovens mais críticos e com opiniões próprias, capazes de brigar por seus direitos”. 1. Ler por prazer, em outras palavras, nas aulas de literaturas só deveria haver espaço para textos literários. Pode parecer obvio, mas não é o que se ver por aí. Muitos professores organizam o currículo com base na ordem cronológica e históricas dos movimentos literários. “Discutem os problemas e conflitos sociais presentes em determinadas obras. Debatem a biografia dos autores, mas leem muito pouco”, afirmou Maria Jose Nobrega, consultora e professora da USP. 2. Ler para estudar, ou seja, orientar a leitura desses textos é mais difícil, entre outras coisas, porque o próprio material de estudo é pouco atraente: muitas letras, poucas ilustrações, um conjunto de ideias que precisam fazer sentido (e elas quase sempre são novas para o leitor). O ritmo de trabalho é, necessariamente, mais lento, para alcançar o objetivo de localizar informações sobre um assunto especifico e reler trechos difíceis. Entender isso é essencial para criar situações didáticas coerentes com a realidade. Aqui, sim, faz todo sentido pedir resumos, esquemas e síntese para facilitar o entendido. O foco não deve ser só a avaliação, mas principalmente o registro, pois, ao escrever e esquematizar, a gente precisa reelaborar o que foi lido. E isso é estudar.

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Existem vários métodos e estratégias para chamar a atenção do aluno na questão leitura. Em primeiro lugar a escola deve ter uma biblioteca sortida, de livros de todo tipo de linguagem, depois cabe ao professor junto com a escola e a família trabalhar de forma conjunta para buscar incentivos, para que despertem nesses alunos a vontade pela leitura não só dentro da escola mais em todo seu convívio. Segundo Almeida (2008, p. 50): A leitura para estudar, é também conhecida como leitura didática, que são as leituras dos manuais escolares. Elas precisam cumprir o papel também de informação/ formação. No entanto, as características quase persuasivas dos textos, portanto, dos conteúdos apresentados por eles, fazem com que o aluno, a partir dessa sequência e dessa pratica didática, chegue a patamares que chamamos de conhecimentos básicos, e destes, pode chegar aos conhecimentos elaborados. Todo o cuidado deve se concentrar no sentido de pasteurizar estas persuasões, para que os conteúdos ganhem criticidade e aplicabilidade.

Diante disso deve- se perceber que essas leituras didáticas são aquelas que possuem conhecimentos específicos, metodologias, direcionamentos e intenções previamente determinadas, pois fazem parte do dia- a- dia do aluno. Afinal, são essas demarcações de caminhos de leitura, advindas do texto informativo e do texto didático que também contribuem para formação leitora do indivíduo. Mas, existem também as leituras paradidáticas, que segundo Almeida (2009, p. 51) “como a própria palavra diz, são textos que ajudam que caminham que estão de mãos dadas com os textos didáticos”. O que Almeida (2008) nos diz é que os textos paradidáticos são utilitaristas, eles possuem uma intencionalidade, um espaço previamente determinado para o seu preenchimento e, além disso, possuem uma metodologia de trabalho. Esses textos também têm seu espaço no ambiente escolar. Portanto, se torna essencial que só um tipo de leitura que é importante, todas as leituras são, dadas as proporções e finalidades, o seu lugar, pois juntas elas irão garantir condições de formar leitores críticos e reflexivos. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante desse contexto, não podemos esquecer- nos da leitura literária, pois segundo Almeida (2008), p. 51) “o texto literário é aquele que não possui compromisso com o leitor, com os textos paradidáticos ou com texto didáticos, ele é estética, criação, imaginário, fantasia, pensamento e atitude”. O que Almeida (2008) nos relata que o texto literário é apresentado ao leitor quase que soberano e onipotente, onde está soberania do texto literário que irá transportar o leitor do seu espaço racional a outro mais sublime, mais simbólico, subjetivo. O que observar- se que o leitor a ser transportado nesse espaço de leitura, ele poderá desenvolver o sonho, o imaginário, a fantasia, o símbolo e, portanto, a espontaneidade da recepção, e, é, o texto literário que irá garantir isso. Portanto, o desenvolvimento do prazer pela leitura é uma das principais condições que o texto literário desencadeia, além de ser uma das mais breves formas da gente se aproximar de gente, isto é, ao perceber as falhas, os desejos e as duplas condições das personagens, pode- se também perceber as nossas, sendo importante lembrar que a rotina do ambiente escolar se faz na multiplicidade. Não se faz o dia- a- dia escolar só com textos informativos, ou somente com textos literários, ou didáticos, isto é, estes textos devem estar presentes em todas as disciplinas e nos vários momentos da escola, pois segundo Almeida (2008, p. 52) é “na confluência deles e na multiplicidade das linguagens, por eles utilizadas, que acontecera a reflexão, o posicionamento, a influência ou a modificação, por parte do leitor, naquilo que desejar”. Assim, se torna essencial perceber que os tipos de leitura são de fundamental importância para o desenvolvimento crítico e reflexivo do leitor, observando que essas leituras devem condizer com o

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ambiente em que eles estão inseridos, não esquecendo que para cada tipo de leitor existe um tipo de leitura. REFERÊNCIAS: ALMEIDA, Geraldo Peçanha de. Práticas de leituras para neoleitores. Curitiba: Pró- Infantil, 2008. BAMBERGER, Richard. Como incentivar o hábito de leitura. São Paulo: Ática, 2008. FERNANDES, José Genèsio; DANIEL, Maria Emília Borges. Leitura e produção de textos. Campo Grande (MS): UFMS, 2008. KAUFMAN, Ana Maria; RODRÍGUEZ, Maria Elena. Escola, leitura e produção de texto. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. SANTOS, Roberto Elísio dos. A história em quadrinhos na sala de aula. Artigo, INTERCOMSociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação- XXVI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação- BH/ MG- 2 a 6 Set 2003. SOLÉ, Isabel. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artmed, 1998.

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REPRESENTAÇÕES DE CULTURA E IDENTIDADE ENTRE OS ÍNDIOS E OS PORTUGUESES NO PERÍODO DE COLONIZAÇÃO E AS MARCAS DESSA RELAÇÃO Camila Gonçalves da Costa3 Márcia Aparecida da Silva Pereira4

RESUMO Neste artigo pretende-se analisar a história dos índios e dos portugueses colonizadores. Para tal propósito optou-se em trabalhar com um documento de época, a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita pelo escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. Na análise, foram primordiais os relatos de Caminha ao rei de Portugal para descrever os nativos que viviam no Brasil, suas impressões acerca das qualidades da nova terra e suas intenções reveladas pelo autor do documento para essa terra, e, então, compreender a relação de cultura e identidade entre os índios e os portugueses e como estes são representados. Palavras-chave: Cultura. Identidade. História da colonização brasileira. INTRODUÇÃO Neste artigo, propõe-se uma análise dos ensaios Cultura como conceito (1925), de Zygmunt Bauman, Cultura e sociedade no Brasil (1943), de Carlos Nelson Coutinho, Versões de cultura (1943), de Terry Eagleton, Uma Literatura nos trópicos (2000), de Silviano Santiago, Brasil gigante pela própria natureza (2007), de Carlos Eduardo Almeida, As raízes do caráter nacional (2007), de Dante Moreira Leite e Identidade cultural na pós modernidade (2006), de Stuart Hall5, visando observar a representação dos índios e dos portugueses colonizadores, e o conceito de Cultura nessas obras, bem como verificar como são construídas suas identidades (cultura dominada x cultura dominante) ao longo das épocas. Para tanto, devemos entender o termo cultura, a fim de analisar as representações e identidades de cada etnia, seja ela indígena ou portuguesa. Para Eagleton6 (1943) “cultura é considerada uma das duas ou três palavras mais complexas de nossa língua”. Porém, podemos definir cultura dentro do senso comum como um conjunto de ideias, comportamentos, símbolos e práticas sociais, apreendidos de geração em geração através da vida em sociedade, como se fosse a herança social da humanidade. Portanto, toda sociedade têm sua própria

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Camila Gonçalves da Costa é mestranda do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul (UEMS), Unidade Universitária de Paranaíba. Professora efetiva da rede pública de ensino de Mato Grosso do Sul e Docente da Faculdade de Educação de Educação de Costa Rica – FECRA. Email: camilaggcosta@hotmail.com 4 Márcia Aparecida da Silva Pereira é Mestre em Educação pela Universidade Católica Dom Bosco (2009). Possui especialização pela Faculdade de Educação de Costa Rica - FECRA e especialização em Línguística pela Faculdade de Selvíria. Foi diretora da Escola Municipal Francisco Martins Carrijo. Atualmente é contratada da Faculdade de Educação de Costa Rica, no qual ocupa o cargo de Técnica em Inspeção Escolar na Secretaria Municipal de Educação de Costa RicaMS. Email: marciaapprofessora@outlook.com 5 As referências completas seguem ao final deste trabalho. 6 Ainda para Eagleton (1943, p. 10), “a raiz latina da palavra “cultura” é colere, o que pode significar qualquer coisa, desde cultivar e habitar a adorar e proteger”. Página 11


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cultura e seu próprio estilo de vida, pois cada uma possui sua forma particular de se expressar, pensar, agir e sentir. Dentro dessa perspectiva, Bauman (1925, p. 83) fala que “é conhecida a inexorável ambiguidade do conceito de cultura”. Assim, podemos entender cultura como uma palavra de conceito subjetivo, ou seja, cada indivíduo possui sua forma de representação acerca desse termo. Porém, a cultura é um conceito que está sempre em desenvolvimento, pois com o passar do tempo ela é influenciada por novas maneiras de pensar independente do desenvolvimento do ser humano e da sociedade em si. Ainda nessa mesma linha de pensamento, o autor citado acima afirma que a cultura pode ser considerada propriedade e como toda propriedade, esta pode ser adquirida, dissipada, manipulada, transformada e adaptada. É nessa situação de (des)construção de identidade que o índio teve seu papel de vítima diante da cultura dominante. Neste sentido, a cultura dominante será desenvolvida na medida em que o colonizador sintetiza preceitos axiológicos no qual o dominado, ou seja, os índios se subordinarão, deixando a mercê as suas próprias origens culturais. As motivações culturais dominantes serão palco nas fundamentações subsequentes. O COMEÇO DA HISTÓRIA NA ERA DA COLONIZAÇÃO BRASILEIRA Analisaremos a partir deste momento a história dos índios e dos portugueses colonizadores, para tanto faremos o uso do documento de época, a Carta de Pero Vaz de Caminha, escrita pelo escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral. A Carta conhecida como “Carta de Pero Vaz de Caminha” é um documento no qual Pero Vaz de Caminha, escrivão de Pedro Álvares Cabral (descobridor do Brasil) registrou suas primeiras impressões sobre a terra descoberta. É considerado o primeiro documento escrito da História do Brasil. Assim, podemos considerá-la como o “marco zero” para a construção da história brasileira após seu descobrimento. A Carta é de acordo com Almeida (2007) “um documento de arquivo que, devido sua grande capacidade de observação e relatos, à cultura e ao talento do seu autor, reúne características por excelência de uma obra literária", pois foi o primeiro testemunho de uma realidade que mudou verdadeiramente a história brasileira. As pessoas referidas na carta são, em primeiro lugar Pedro Álvares Cabral, o responsável pela armada, e outros, mencionados ou não, que faziam parte da expedição, eram capitães experientes, todos pertencentes a famílias portuguesas. A Carta relata detalhes dos costumes dos habitantes da terra, seus hábitos, seu comportamento pacífico, suas casas, alimentação, vestuário, vários utensílios como arcos, setas, machados, aves, a cor da terra, os densos arvoredos, a inexistência de animais domésticos, dentre outras observações. Pero Vaz de Caminha era escrivão da frota de Pedro Álvares Cabral, e redigiu essa carta para Dom Manoel I (1469-1521), o então rei de Portugal, para comunicar-lhe o descobrimento7 das novas terras. Quando a frota de Cabral ancorou em Porto Seguro, os membros da tripulação viram os índios pela primeira vez como conta, por exemplo, o escrivão Pero Vaz de Caminha, na carta 8 ao rei de Portugal dom Manuel I, em 1º de maio de 1500: Neste mesmo dia, a horas de véspera, houvemos vista de terra! A saber, primeiramente de um grande monte, muito alto e redondo; e de outras serras mais baixas ao sul dele; e de terra chã, com grandes arvoredos; ao qual monte alto o capitão pôs o nome de O Monte Pascoal e à terra O termo “descobrimento” usado algumas vezes aqui neste artigo é muito questionado hoje em dia, pois quando usado, nos faz esquecer que estas terras já foram habitadas por índios, conforme aprendemos na escola desde crianças onde nos ensinaram que os índios foram os primeiros habitantes da terra brasileira e as próprias cartas dos viajantes confirmam tal fato. 8 Considerando a grande extensão do documento original, aliada à necessidade de objetividade da atividade, não utilizaremos a Carta de Pero Vaz de Caminha na íntegra, mas sim fragmentos dela. 7

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RCF – Revista Científica da FECRA – 2ª Edição/ 2017 A Terra de Vera Cruz! (...) Andamos por aí vendo o ribeiro, o qual é de muita água e muito boa. Ao longo dele há muitas palmeiras, não muito altas; e muito bons palmitos. Colhemos e comemos muitos deles. (...) E o Capitão mandou em terra a Nicolau Coelho para ver aquele rio. E tanto que ele começou a ir-se para lá, acudiram pela praia homens aos dois e aos três, de maneira que, quando o batel chegou à boca do rio, já lá estavam dezoito ou vinte. Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel. E Nicolau Coelho lhes fez sinal que pousassem os arcos. E eles os depuseram. Mas não pôde deles haver fala nem entendimento que aproveitasse, pôr o mar quebrar na costa. (...) E estando Afonso Lopez, nosso piloto, em um daqueles navios pequenos, foi, por mandado do Capitão, por ser homem vivo e destro para isso, meter-se logo no esquife a sondar o porto dentro. E tomou dois daqueles homens da terra que estavam numa almadia: mancebos e de bons corpos. Um deles trazia um arco, e seis ou sete setas. E na praia andavam muitos com seus arcos e setas; mas não os aproveitou. Logo, já de noite, levou-os à Capitaina, onde foram recebidos com muito prazer e festa. A feição deles é serem pardos, um tanto avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem cobertura alguma. Nem fazem mais caso de encobrir ou deixa de encobrir suas vergonhas do que de mostrar a cara. Acerca disso são de grande inocência. Ambos traziam o beiço de baixo furado e metido nele um osso verdadeiro, de comprimento de uma mão travessa, e da grossura de um fuso de algodão, agudo na ponta como um furador. Metem-nos pela parte de dentro do beiço; e a parte que lhes fica entre o beiço e os dentes é feita a modo de roque de xadrez. E trazem-no ali encaixado de sorte que não os magoa, nem lhes põe estorvo no falar, nem no comer e beber. Os cabelos deles são corredios. E andavam tosquiados, de tosquia alta antes do que sobre-pente, de boa grandeza, rapados todavia por cima das orelhas. E um deles trazia por baixo da solapa, de fonte a fonte, na parte detrás, uma espécie de cabeleira, de penas de ave amarela, que seria do comprimento de um coto, mui basta e mui cerrada, que lhe cobria o toutiço e as orelhas. E andava pegada aos cabelos, pena por pena, com uma confeição branda como, de maneira tal que a cabeleira era mui redonda e mui basta, e mui igual, e não fazia míngua mais lavagem para a levantar. (CAMINHA, Pero de Vaz. Carta a El Rei D. Manuel. São Paulo, 1963).

Nestes trechos extraídos da Carta de Caminha podemos perceber primeiramente o deslumbramento dos portugueses diante do que podemos chamar de “novo mundo”, o mundo indígena, um paraíso até então nunca descoberto, cheio de riquezas e ingenuidade. De acordo com Almeida (2007, p. 37), “[...] a nudez de homens e mulheres significava uma manifestação de inocência, comportamento típico das criaturas que habitavam cenários paradisíacos e que ainda não tiveram contato com a civilização”. Este mesmo autor defende a visão que “[...] o Brasil é um éden tropical habitado por criaturas com costumes bárbaros”, pois estes costumes eram totalmente diferentes e desconhecidos pela cultura europeia. Cada cultura possuía sua etnia, termo esse definido por Hall (2006, p. 62) como “características culturais- língua, religião, costume, tradições, sentimento de “lugar” - que são partilhadas por um povo”. Para Leite (2007, p. 18), “o estrangeiro provoca nossa desconfiança, às vezes o nosso medo e, nem sempre entendemos seus gestos e certamente não compreendemos sua língua, ele não se veste como nós, a sua fisionomia pode ser diferente da nossa”. Diante de tal afirmação pode-se notar a estranheza entre pessoas de culturas distintas, sendo, a indígena e a dos portugueses, como muito diferentes uma da outra e que pertenciam a mundos completamente opostos, pois, os índios possuíam seus costumes, suas crenças, seus rituais, seu modo de viver sempre em contato com a natureza, de onde tiravam o seu alimento. Conforme nos mostra o seguinte trecho abaixo: Eles não lavram nem criam. Nem há aqui boi ou vaca, cabra, ovelha ou galinha, ou qualquer outro animal que esteja acostumado ao viver do homem. E não comem senão deste inhame, de que aqui há muito, e dessas sementes e frutos que a terra e as árvores de si deitam. E com isto andam tais e tão rijos e tão nédios que o não somos nós tanto, com quanto trigo e legumes comemos. (CAMINHA, Pero de Vaz. Carta a El Rei D. Manuel. São Paulo, 1963).

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A natureza e o índio viviam em plena harmonia até a chegada dos portugueses, que dizimaram sua cultura e depredaram a natureza com o intuito de obter lucros. Os portugueses não tinham o objetivo de colonizar, mas sim, de obter riquezas e voltar para a sua terra. No fragmento abaixo podemos observar o interesse por parte dos portugueses: O Capitão, quando eles vieram, estava sentado em uma cadeira, aos pés uma alcatifa por estrado; e bem vestido, com um colar de ouro, mui grande, ao pescoço. E Sancho de Tovar, e Simão de Miranda, e Nicolau Coelho, e Aires Corrêa, e nós outros que aqui na nau com ele íamos, sentados no chão, nessa alcatifa. Acenderam-se tochas. E eles entraram. Mas nem sinal de cortesia fizeram, nem de falar ao Capitão; nem a alguém. Todavia um deles fitou o colar do Capitão, e começou a fazer acenos com a mão em direção à terra, e depois para o colar, como se quisesse dizer-nos que havia ouro na terra. E também olhou para um castiçal de prata e assim mesmo acenava para a terra e novamente para o castiçal, como se lá também houvesse prata! Mostraram-lhes um papagaio pardo que o Capitão traz consigo; tomaram-no logo na mão e acenaram para a terra, como se os houvesse ali. (CAMINHA, Pero de Vaz. Carta a El Rei D. Manuel. São Paulo, 1963).

Coutinho9 nos apresenta uma análise da relação entre cultura brasileira e cultura universal a fim de explicar como se articulou a formação econômico-social brasileira. Este autor conceitua a cultura brasileira como as tribos indígenas que habitavam o território brasileiro antes da chegada de Cabral, que se situavam no contraditório processo de acumulação primitiva do capital. Ao contrário do que acontecia na cultura universal, na qual era vista como um “intercâmbio universal”, uma forma de interdependência das nações, nas quais “as criações culturais de uma nação tornam-se propriedade comum de todas”. Assim, Coutinho entende o capitalismo como o objetivo central na época do colonialismo. De acordo com Coutinho (1943, p. 41 e 42) “[...] o predomínio mercantil consistia em extorquir valores de uso produzidos pelas economias não capitalistas dos povos colonizados, com a finalidade de transformá-los em valores de troca no mercado internacional”. Portanto, os portugueses extorquiam riquezas naturais dos povos indígenas e aproveitavam da ingenuidade desses povos para explorar, a fim de comercializar essas riquezas em outros países. Caminha relata ainda na Carta encaminhada ao rei, a troca de sinais, presentes e informações. Quando os portugueses começaram a explorar o pau-brasil das matas brasileiras, começaram a escravizar muitos indígenas e a utilizar o escambo. Davam espelhos, apitos, colares e chocalhos para os indígenas em troca de seu trabalho, pois os mesmos ingênuos não viam malicia na relação com os portugueses. Segundo Santiago em sua obra “Uma literatura nos trópicos” (2000) na qual se propõe a discutir as relações culturais, o que contribuiu para a propagação da cultura ocidental entre nós foi à definição dos sistemas do código linguístico e do código religioso. Podemos considerar que a visão que o europeu tinha a respeito dos índios era etnocêntrica10, pois estes se achavam superiores aos indígenas e, portanto deveriam dominá-los e colocá-los ao seu serviço. A cultura indígena era considerada pelo europeu como sendo inferior e grosseira, pois de acordo com Leite (2007, p. 26) “a personalidade autoritária caracteriza-se pelo julgamento negativo do grupo estranho; tende a atribuir a este todas as más qualidades, enquanto as boas são atribuídas ao próprio grupo”. Dentro desta visão, a cultura dominante acreditava que sua função era converter os indígenas ao cristianismo e fazê-los seguirem a sua cultura. Foi assim, que aos poucos, os índios foram perdendo sua cultura e identidade para a cultura dominante, a europeia. Essa tarefa de conversão religiosa e linguística não foi difícil, pois, como sabemos os povos indígenas não possuíam religião e os europeus viram nisso uma forma de extorquir seus valores e riquezas naturais devido a sua grande ingenuidade. Santiago (2000) nos fala que os índios estariam 9

COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. Rio de janeiro: Sindicato Nacional dos Editores de Livros, 1943, p. 41. 10 Este termo é defino por Leite (2007, p. 24) como o “conceito que descreve o fato de o indivíduo considerar o seu grupo como o ‘centro de tudo’, isto é, como critério de avaliação. Para Summer, o etnocentrismo leva as pessoas a exagerarem o que, nos seus costumes, distingue seu grupo de todos os outros”. Página 14


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naturalmente ligados à conversão religiosa, visto que, imitavam os gestos dos cristãos durante o santo sacrifício da missa. Esse gesto de imitação, foi o argumento mais convincente que o navegador pôde enviar a seu rei em favor da inocência dos indígenas, como nos mostra os trechos abaixo: Ao sairmos do batel, disse o Capitão que seria bom irmos em direitura à cruz que estava encostada a uma árvore, junto ao rio, a fim de ser colocada amanhã, sexta-feira, e que nos puséssemos todos de joelhos e a beijássemos para eles verem o acatamento que lhe tínhamos. E assim fizemos. E a esses dez ou doze que lá estavam, acenaram-lhes que fizessem o mesmo; e logo foram todos beijá-la. Parece-me gente de tal inocência que, se nós entendêssemos a sua fala e eles a nossa, seriam logo cristãos, visto que não têm nem entendem crença alguma, segundo as aparências. E portanto se os degredados que aqui hão de ficar aprenderem bem a sua fala e os entenderem, não duvido que eles, segundo a santa tenção de Vossa Alteza, se farão cristãos e hão de crer na nossa santa fé, à qual praza a Nosso Senhor que os traga, porque certamente esta gente é boa e de bela simplicidade. E imprimir-se-á facilmente neles qualquer cunho que lhe quiserem dar, uma vez que Nosso Senhor lhes deu bons corpos e bons rostos, como a homens bons. E o Ele nos para aqui trazer creio que não foi sem causa. E portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles. E prazerá a Deus que com pouco trabalho seja assim! (...) Ali disse missa o padre frei Henrique, a qual foi cantada e oficiada por esses já ditos. Ali estiveram conosco, a ela, perto de cinqüenta ou sessenta deles, assentados todos de joelho assim como nós. E quando se veio ao Evangelho, que nos erguemos todos em pé, com as mãos levantadas, eles se levantaram conosco, e alçaram as mãos, estando assim até se chegar ao fim; e então tornaram-se a assentar, como nós. E quando levantaram a Deus, que nos pusemos de joelhos, eles se puseram assim como nós estávamos, com as mãos levantadas, e em tal maneira sossegados que certifico a Vossa Alteza que nos fez muita devoção. (...) E segundo o que a mim e a todos pareceu, esta gente, não lhes falece outra coisa para ser toda cristã, do que entenderem-nos, porque assim tomavam aquilo que nos viam fazer como nós mesmos; por onde pareceu a todos que nenhuma idolatria nem adoração têm. (CAMINHA, Pero de Vaz. Carta a El Rei D. Manuel. São Paulo, 1963).

Conforme podemos observar nos fragmentos acima, desde o início o interesse dos portugueses era catequizar e cristianizar os indígenas, para tal fazendo o uso de um código linguístico para a implantação da fé. Ou seja, ao mesmo tempo em que propagavam a fé cristã, procuravam ouro e metais preciosos para aumentar os bens da Igreja e da Coroa portuguesa. Na falta de diálogo natural entre duas culturas diversas, num primeiro momento, houve a questão da imitação. Ou seja, o índio ao imitar os gestos do português fez refletir uma cópia de um original. Segundo Santiago (2000, p. 13): Os índios só queriam aceitar como moeda de comunicação a representação dos acontecimentos narrados oralmente, enquanto os conquistadores e missionários insistiam nos benefícios de uma conversão milagrosa, feita pela assimilação passiva da doutrina oralmente. Instituir o nome de Deus equivale a impor o código linguístico no qual seu nome circula em evidente transparência.

Como podemos perceber até o presente momento, o contato dos índios brasileiros com os portugueses foi extremamente prejudicial para os povos indígenas, pois estes foram enganados e escravizados. Perderam suas terras e foram forçados a abandonarem sua cultura em favor da europeia. Assim, dentro do “[...] modo de produção pré-capitalista da área colonial, assumo como hipótese a de que se tratava de um modo de produção escravista [...]” (COUTINHO. 1943 p. 43). Dessa forma, os portugueses implantaram sua cultura, instalando suas capitanias, povoando as novas terras e evangelizaram os povos indígenas que passaram a servir de escravos, e exploraram livremente o continente, primeiro extraindo madeira e destruindo a natureza, depois explorando o interior, buscando ouro e pedras preciosas, que foram enviadas para a Coroa portuguesa a fim de serem comercializadas em outros países e com isso adquirir riquezas através da exploração da cultura dominada, a indígena.

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Na mesma medida a doutrina religiosa e a língua europeia contaminaram o pensamento selvagem, pois “de agora em diante, na terra descoberta, o código linguístico e o código religioso se encontram intimamente ligados, graças à intransigência, a astúcia e a força dos brancos” (SANTIAGO, 2000, p. 14). Assim, os povos indígenas perderam sua língua e seu sistema de vida na qual estavam acostumados a viver e em troca receberam a imposição da cultura europeia. Para Hall (2006, p. 49): A formação de uma cultura nacional contribuiu para criar padrões de alfabetização universais, generalizou uma única língua vernacular como meio dominante de comunicação em toda a nação, criou uma cultura homogênea e manteve instituições culturais nacionais, como, por exemplo, um sistema educacional nacional.

Portanto, o idioma português foi influenciado pelas línguas faladas pela cultura dominante, pois os missionários traduziam peças sacras, orações e hinos, na catequese. Os colonizadores portugueses, principalmente os padres jesuítas, difundiram o idioma no Brasil. No entanto, diversas palavras indígenas foram incorporadas ao português. Assim, o idioma português foi se juntando à família linguística tupi-guarani, em especial o Tupinambá, um dos dialetos Tupi. Os índios aculturados ensinaram também seu dialeto aos europeus. A NOVA ERA: O PÓS-COLONIALISMO Com submissão dos indígenas diante da cultura dominante, aconteceu pouco a pouco o processo de modernidade, na qual Giddens (1990, p. 37-38) retoma as ideias de Hall (2006, p. 14) e relembra que: [...] nas sociedades tradicionais, o passado é venerado e os símbolos são valorizados porque contêm e perpetuam a experiência de gerações. A tradição é um meio de lidar com o tempo e o espaço, inserindo qualquer atividade ou experiência particular na continuidade do passado, presente e futuro, os quais, por sua vez, são estruturados por práticas sociais recorrentes.

Fazendo alusão ao fato exposto acima, é certo de que as identidades dos indígenas sofrem uma mudança contínua, tendo em vista que há uma sobreposição de uma “identidade em desfavor de outra”, fazendo com que ocorra a chamada “crise de identidade”, situação está que configura uma perda de sentido, de deslocamento do sujeito no tempo e no espaço. Esta perda de um ‘sentido de si’ estável é chamada, algumas vezes, de deslocamento ou descentração do sujeito. Esse duplo deslocamento – descentração dos indivíduos tanto de seu lugar no mundo social e cultural quanto de si mesmos – constitui uma ‘crise de identidade’ para o indivíduo (HALL, 2006, p. 09).

A interação entre o “eu e a sociedade”, que consiste numa das premissas da formação do conceito de identidade do sujeito é, consequentemente, afetada em relação a dominação dos povos europeus às tribos indígenas. Assim, a essência interior indígena, que o “torna ser o que é”, sofre uma modificação, fazendo com que se desloque e não se coadune com o seu núcleo. Desta feita, o sujeito que, no caso, são os índios começam a apresentar uma estrutura fragmentada, disforme ao seu âmago, já que “o sujeito previamente vivido como tendo uma identidade unificada e estável, está se tornando fragmentado; composto não de uma única, mas de várias identidades, algumas vezes contraditórias ou não-resolvidas” (HALL, 2006, p. 12). Tal ambiente interior contraditório induz ao que se conhece de “sujeito pós-moderno”, na medida em que este não consegue deter uma identidade fixa, imutável, pois a mesma está em permanente transformação de maneira contínua, inclusive quando é sobrepujada por outras formas de cultura, conforme podemos acompanhar no tópico anterior.

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A situação vivenciada pelos índios conduz a uma identidade cultural desfragmentada, já que não consegue se manter segura, firme e coerente. Sendo assim, tal identidade fixa é uma utopia diante de sociedades modernas que, ao ponto de vista desta subscritora, são vivenciadas pelos europeus, ao passo que, numa visão etnocêntrica, a cultura indígena é vista como marginal e sendo a modernidade um processo constante de evolução e transformação, faz com que a identidade cultural indígena que, até então, era considerada como fixa e linear, torna-se mutável, fragmentada, devido à dominação colonizadora de uma cultura, qual seja, a europeia em desfavor da cultura indígena. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES Como vimos, o período de colonização foi um processo muito relevante para a História do Brasil, porém essa história é marcada por contradições e conservadorismo. Na verdade, podemos concluir que o descobridor, antes de estudar os índios, antes de sentir a presença da religião, queria saber de ouro e prata, conforme observado nos trechos extraídos da Carta de Caminha. O interesse era, portanto, em explorar as riquezas existentes na colônia. Sendo assim, a cultura dominante sempre visou somente os seus interesses pessoais e não o crescimento do país como nação independente, forte e possuidora de riquezas naturais e de uma cultura já constituída. Assim, não podemos considerar os portugueses como os únicos antagonistas da história, pois como sabemos há muitos outros relatos de ingleses, reis, governantes brasileiros, em vários períodos da História, na qual sempre tiveram como meta explorar e não colonizar. De acordo com Hall (2006, p. 59) “a maioria das nações consiste de culturas separadas que só foram unificadas por um longo processo de conquista violenta – isto é, pela supressão forçada da diferença cultura”. Portanto, desde a era da colonização, o europeu impôs o seu modelo de pensamento e ação, inferiorizando a cultura do indígena. A solução era o aculturamento desses povos e a conversão, ou então, como chamavam os portugueses, a “salvação” dos índios através do Cristianismo, segundo o que nos diz a Carta de Caminha (1963) “[...] e, portanto Vossa Alteza, pois tanto deseja acrescentar a santa fé católica, deve cuidar da salvação deles”. Sendo assim, o conquistador dominou os índios, que por sua vez acabaram perdendo sua identidade. Podemos considerar que essa perda da identidade se deu, sobretudo, com o batismo, que significava a conversão dos povos nativos, absorvendo não só a religião, a língua, a cultura e os costumes da cultura dominante. Não podemos deixar de lado ou simplesmente ignorar estas (des)construções de identidade que aconteceram, pois o índio acabou perdendo suas origens e seus traços culturais. Assim, a figura do índio foi desconstruída, o dono da terra acabou na miséria, sem terra, iludido pela cultura do branco, pela cidade que lhe proporcionaria prazer e melhores condições de vida. O que antes havia, hoje não há mais, a mata já é pobre e a cidade industrializada. É muito comum hoje em dia encontrarmos tribos indígenas falando em português e não mais em sua língua de origem, vestindo roupas e usando equipamentos considerados antes desnecessários para sua existência, tais como: celulares, antenas parabólicas, TVs, equipamentos agrícolas, carros, dentre outros, frutos do processo de aculturação. Leite (2007, p. 20) entende que “é compreensível que o índio brasileiro, ao comparar seus instrumentos de trabalho com os utilizados pelos brancos, acabe por aceitar esses últimos”. A cultura dominada também sofreu com a falta de cuidados e de conscientização da cultura dominante, já que sua terra antes inexplorada, pura e intocada, hoje sofre com o desequilíbrio ambiental. Seus rios hoje contaminados não há mais os peixes que antes haviam, o ar limpo de antes, hoje embriagado de poluição, as árvores que antes serviam de sustento para suas famílias hoje só servem para ocupar espaço em ruas e casas, tornando-se assim, desnecessárias. Enfim, foram grandes as transformações ocorridas entre a relação dos indígenas com os portugueses.

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Sobretudo, ao desejar resgatar uma parte dessa cultura tão vitimada, cabe ao leitor fazer o uso de leituras mais aprofundadas, a fim de trazer à tona a verdadeira reconstrução da história para que assim este leitor de forma crítica se dê conta de como realmente aconteceu à colonização brasileira. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Carlos Eduardo de. Brasil: gigante pela própria natureza. In: Entre o próprio e o alheio: a construção literária da nação brasileira. São Paulo: Ômega, 2007. BAUMAN, Zygmunt. Cultura como conceito. Rio de janeiro: Zahar, 1943. COUTINHO, Carlos Nelson. Cultura e sociedade no Brasil: ensaios sobre ideias e formas. Rio de janeiro: DP&A, 1943. EAGLETON, Terry. Versões de cultura. In: A ideia de cultura. Rio de Janeiro: Editora UNESP, 1943. HALL, Stuart. A identidade cultural na pós-modernidade. 11. Ed. Rio de Janeiro: DP&A Editora, 1ª edição em 1992, 2006. LEITE, Dante Moreira. As raízes do caráter nacional. In: O caráter nacional brasileiro: história de uma ideologia. São Paulo: Editora UNESP, 2007. NÚCLEO de Pesquisas em Informática, Literatura e Linguística. NUPILL. Carta a El Rei D. Manuel, São Paulo: © LCC Publicações Eletrônicas, 1963. SANTIAGO, Silviano. Uma literatura nos trópicos: ensaios sobre dependência cultural. Rio de Janeiro: Rocco, 2000. WIKIPEDIA. A Carta de Pero Vaz de Caminha. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Carta_a_El-Rei_D._Manuel.html. Acesso em 22 set. 2014.

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AULAS DE CAMPO COMO ESTRATÉGIA DE ENSINO E APRENDIZAGEM NO ENSINO SUPERIOR DE BIOLOGIA DA UFMS/UAB POLO COSTA RICA/MS Wanderley Furtado Pereira11 Suzete Rosana de Castro Wiziack12

RESUMO O presente trabalho tem como objetivo analisar as aulas de campo como estratégia para o ensino e aprendizagem em Biologia. Busca-se investigar o aproveitamento pedagógico das aulas de campo, por meio dos acadêmicos de um curso superior de Ciências Biológicas/UFMS-UAB. De abordagem qualitativa, a investigação foi realizada com a coleta de dados empíricos utilizando-se como instrumento um questionário com questões abertas e fechadas, além da pesquisa bibliográfica sobre a temática em foco. Os resultados da pesquisa comprovam a eficácia das aulas de campo para uma melhor compreensão das teorias e dos fenômenos naturais no processo ensino-aprendizagem em biologia, representando uma valiosa estratégia pedagógica. Palavras-Chave: Aulas de Campo; Ensino de Biologia; Estratégia de Ensino e Aprendizagem.

INTRODUÇÃO Entre várias estratégias de ensino e aprendizagem presentes no ensino de biologia se destacam as aulas de campo, pois são compreendidas como opção metodológica da área, uma vez que são apresentadas como facilitadores da aprendizagem dos conhecimentos científicos. Delas, se espera o alcance de vários objetivos didático-pedagógicos, sobretudo quando se pretende a contextualização entre teoria e prática. Argumentos dessa natureza podem ser percebidos em inúmeros trabalhos que apontam as aulas de campo como necessárias ao ensino de ciências biológicas. De acordo com Viveiro e Diniz (2009, p.01) as atividades de campo mostram-se estratégicas no ensino de ciências, “[...] uma vez que permitem explorar uma grande diversidade de conteúdos, motivam os estudantes, possibilitam o contato direto com o ambiente e a melhor compreensão dos fenômenos.” Seniciato e Cavassan (2004, p.133) afirmam que as aulas de Ciências e de Biologia, quando desenvolvidas em ambientes naturais, além de motivarem crianças e jovens nas atividades educativas, mostram-se importantes como estratégia de superação da fragmentação do conhecimento. Os mesmos autores discutem o fato de que a maioria das pesquisas sobre aulas de campo em ambiente natural trazem a promoção de mudanças de valores e de posturas em relação à natureza como objetivos centrais da investigação. Dessa forma, mesmo reconhecendo a importância dessa investigação, indicam a necessidade de também se averiguar a eficiência das aulas de campo no auxílio da aprendizagem dos conhecimentos científicos. Para Gomes et al (2011, p.02), quando o estudante fica em contato direto com o objeto de estudo nas aulas de campo, sobretudo em contato com a natureza, “[...] esse método revela-se enriquecedor, uma vez que há a possibilidade de constatações cientificas previamente explicadas em sala de aula.” Mas, se realmente as aulas de campo melhoram a aprendizagem dos alunos em relação aos conteúdos da área, quais seriam os elementos necessários ao seu desenvolvimento?

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Acadêmico do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas Professora Assistente da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul Página 19


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Gomes et al, no mesmo texto, sugerem que o contato com o ambiente natural, além de ser um elemento motivador da atividade em si, estimula a participação dos alunos de maneira mais efetiva. Na concepção dos autores, isso amplia as possibilidades de aquisição de conhecimento, até porque a interatividade manifesta-se de forma espontânea. Sugerem, assim, a aula de campo em grupo, como favorecedora da troca de informações, tanto entre professor e alunos, quanto entre os alunos. De acordo com os autores, de maneira geral, as aulas de campo se associam a ideia de uma estratégia de ensino, pela qual “se substitui a sala de aula por outro ambiente, natural ou não, onde existam condições para estudar as relações entre os seres vivos ali presentes, incluindo a interação do homem nesse espaço, explorando aspectos naturais, sociais, históricos, culturais, entre outros” (GOMES, et al, 2011, p.02). Dessa forma, segundo os autores, o estudante tem uma atuação mais ativa, com maior interação na exploração do espaço/ambiente em contraste com as aulas em sala, onde o aluno se porta geralmente de maneira mais passiva. No entanto, conforme Silva (2009, p.14), Na atualidade, muitas vezes as ciências têm sido ensinadas, no ensino fundamental e médio, com relatos de fatos, descrição de fenômenos e enunciados de teorias a serem decorados, com os fundamentos e as abordagens dos livros didáticos. Falta discutir com os alunos as causas dos fenômenos, as relações com o meio e os procedimentos que levam às descobertas científicas. Sendo assim, o ensino se limita aos ensinamentos de teorias que são apresentadas aos alunos como produtos acabados, não havendo contato e vivência com o meio natural (SILVA, 2009, p.14).

Essa discussão também é importante no âmbito do ensino de biologia presente nos cursos superiores de ciências biológicas, mostrando-se essencial nas reflexões sobre os cursos a distância, sobretudo porque neles, as atividades presenciais tendem a ser mais escassas. A preocupação com tal questão acompanhou nossa trajetória no curso. Como acadêmico pude me empenhar nas atividades práticas e de campo realizadas durante a formação acadêmica. Foi a dificuldade do curso em determinados momentos em realizar/propiciar atividades de campo, e também o sucesso de várias aulas que participei durante a vivência acadêmica que deu origem ao nosso desejo de realizar uma investigação sobre as mesmas. A relevância da temática da pesquisa pode ser evidenciada pelo seu alcance curricular, pois se trata de um assunto central no ensino de biologia, sendo também as aulas de campo parte da metodologia dos cursos superiores de Ciências biológicas no Brasil. Sendo assim, procuramos encaminhar a presente investigação com o intuito de aproximar daquilo que denominamos natureza e conteúdo dessa atividade. Para tanto, foi realizada a investigação sobre as aulas de campo, com o apoio dos acadêmicos do curso de Ciências Biológicas da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul/Universidade Aberta do Brasil (sujeitos da pesquisa), que responderam aos questionamentos elaborados. Como objetivo geral da investigação buscou-se analisar as aulas de campo como estratégia de ensino e de aprendizagem no referido curso. Os objetivos específicos referem-se a: identificar a importância atribuída pelos acadêmicos as aulas de campo, identificar a relação teoria-prática que essas aulas permitem realizar; identificar competências e habilidades atribuídas as aulas de campo em diferentes disciplinas do curso. Os resultados da investigação encontram-se no presente texto. Primeiramente procuramos realizar uma reflexão sobre a aproximação entre teoria e prática nas aulas de campo. Em seguida fizemos uma abordagem sobre as estratégias ou modelos de ensino e aprendizagem, na qual buscamos referências a respeito do ensino de biologia. Por conseguinte, demonstramos como foi realizada a pesquisa, os seus resultados e por fim, as considerações finais.

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AS AULAS DE CAMPO COMO INDUTORAS DA APROXIMAÇÃO ENTRE TEORIA E PRÁTICA Talvez um dos grandes desafios da educação atualmente é o da complementaridade entre a teoria e a prática. Em se tratando de ensino de ciências biológicas, teoria e prática tem fundamental importância. A prática dá suporte à construção do conhecimento cientifico, fornecendo subsídios da realidade para a elucidação das teorias do conhecimento. Segundo Heerdt e Leonel (2007, p. 15), o objetivo primordial de toda ciência é a aproximação do ser humano aos fenômenos naturais e humanos por meio da compreensão e do domínio dos mecanismos que os regem. A construção do conhecimento científico, tradicionalmente, pressupõe atividades práticas. De certa forma, fazer ciência é uma atividade dependente da experimentação, em dado momento a experimentação se torna imprescindível em muitos estudos e pesquisas. A aproximação com a realidade acontece de maneira natural e espontânea até um determinado nível, ou seja, o senso comum. Este nível, no entanto, não alcança a profundidade com que os fenômenos devem ser abordados, sendo, por isso, necessária a ciência e outros modos de compreender a vida (HEERDT e LEONEL, 2007, p.15). Nessa relação entre teoria e prática se constituem os processos de ensino e aprendizagem que possuem diferentes aportes didáticos para sua realização. No campo da Biologia, inúmeros modelos e metodologias são apresentados como estratégias a serem empregadas nas atividades de ensino das ciências biológicas. Nesse contexto, se poderia afirmar que as aulas de campo têm a função de pôr em prática as teorias vistas em sala de aula? Acreditamos que não, pois o sucesso das mesmas incide no fato de que elas devem ser pensadas como uma atividade que não substitui as aulas teóricas, pois para se constituírem num recurso didático elas precisam confrontar ou pelo menos provocar a contextualização entre teoria e prática. Ora, As atividades de campo constituem importante estratégia para o ensino de Ciências, uma vez que permitem explorar uma grande diversidade de conteúdos, motivam os estudantes, possibilitam o contato direto com o ambiente e a melhor compreensão dos fenômenos (VIVEIRO e DINIZ, 2009, p.01).

No entanto, a análise da questão envolve diferentes dimensões como o embasamento teórico dos conteúdos a serem abordados, a análise dos objetivos definidos e resultados esperados. Mas é imprescindível investigar o alcance dessas aulas. Interessa saber, por exemplo, se os fenômenos naturais quando observados de perto levam os alunos a expandirem seus conhecimentos teóricos. Enfim, saber se a aula de campo, pela sua natureza, permitiria a análise desse resultado. Ou seja, quando e como uma aula de campo se torna uma estratégia ou modelo de ensino e aprendizagem, sobretudo no ensino superior de Ciências Biológicas.

ESTRATÉGIAS OU MODELOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM: UMA REFLEXÃO Para enfocar modelos de aprendizagem, Assis de Sá e Junior (2010, p.50) discutem que, ao longo da história, diferentes modelos de ensino e aprendizagem se estabeleceram, firmando ideias no cenário educacional. Para analisar a situação atual da educação, dentre vários modelos, os autores destacam a “educação bancária” e o chamado modelo cartesiano. Conforme os autores, o modelo da educação bancária, de acordo com o exposto por Paulo Freire, em 1987, serviu para evidenciar a preocupação central de Freire com o depósito de dados descontextualizados na cabeça dos alunos e sua ênfase na reprodução do conhecimento e na negação da diversidade. Já o modelo cartesiano, alvo de críticas, também bastante utilizado nos processos de ensino e aprendizagem, se tornou inaceitável diante dos novos contextos sociais, pelos quais, segundo Página 21


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os pesquisadores, as informações são facilmente obtidas e as novas demandas giram em torno de uma formação que privilegie aspectos da realidade dos educandos. Assis de Sá & Junior, no mesmo texto, ao evidenciarem o predomínio da teoria, sobretudo do conceito, nas ações educativas, confirmam que os saberes reproduzidos nos textos impressos afirmaram nos sistemas educacionais uma divisão entre o ensino da teoria e da prática. Indicam, assim, que um dos grandes dilemas da educação moderna tem sido desenvolver estratégias que garantam a complementaridade entre a teoria e a prática. Enfatizam: [...] O quanto de prática deve ser utilizado para cada nível de aprendizado? Ou, como adequar atividades práticas a diferentes condições de ensino? Estas são perguntas que suscitam de respostas concretas, pois o processo educacional é processual e, portanto se faz necessário planejar as atividades que deverão ser utilizadas em cada fase do aprendizado. A realização de novas propostas metodológicas tem sido um dos grandes desafios de educadores e profissionais envolvidos com a práxis pedagógica. Neste contexto, o desenvolvimento de técnicas e ferramentas que possam ser aplicadas de forma concreta para as diferentes realidades de ensino existentes, deixa de ser uma utopia e passa a se caracterizar como uma premente necessidade educacional (ASSMAN, 2001; VASCONCELOS et al., [s.d] apud Assis de Sá; Junior, 2010, p. 51).

Carmo e Schimin (2008, p. 05) também refletem a questão, enfatizando o predomínio do ensino da teoria na educação. Apontam que “apesar de terem ocorrido profundas transformações no ensino da Biologia, ainda vê-se um ensino descritivo, teórico, desvinculado do cotidiano do aluno”. De acordo com os pesquisadores a realização de aulas práticas para tornar o ensino mais dinâmico e atrativo faz parte das estratégias de propostas curriculares de inovação, sendo As aulas práticas/experimentais são uma modalidade pedagógica de vital importância, onde os educandos põem em prática hipóteses e ideias aprendidas em sala de aula sobre fenômenos naturais ou tecnológicos e que estão presentes em seu cotidiano (CARMO e SCHIMIN, 2008, p. 05). Ao considerarem o ensino das ciências biológicas na formação profissional, Assis de Sá e Junior (2010, p.03) enfocam a utilização de atividades de campo como tarefa imprescindível que permite a vivência do futuro profissional em atividades que primem pelo caráter prático e pela criatividade e robustez em sua estrutura e execução, desde que se prime pelo planejamento. Essa investigação nos faz repensar sobre o papel e o alcance de tais estratégias de ensino nos cursos de biologia. Daí a importância do presente artigo e o que nos levou à pesquisa com foco para o ensino superior. A primeira providencia está na revisão absolutamente radical do que é hoje pedagogia, na direção do aprender a aprender, exterminando-se a exclusividade da didática ensino/aprendizagem, nela e em todos os outros cursos. Trata-se de recuperar e de institucionalizar a pesquisa como inspiração fundamental da vida acadêmica, inclusive da educação como um todo. Isso supõe que a mudança deve começar nas faculdades de educação (pedagogia), para dar o exemplo adequado de excelência e produtividade, ligação fecunda entre teoria e prática, compromisso com a humanização competente da modernidade. A faculdade de pedagogia deve construir, concretamente, o que é aprender a aprender, saber pensar, propedêutica básica, avaliação permanente do desempenho dos professores e alunos. Deve ser a usina teórica e prática do processo inovador pela via do conhecimento construído (DEMO apud LEMES et al, 2011, p. 07). Nesse contexto considera-se essencial enfocar a importância da pesquisa para evidenciar as questões do ensino. Também a importância a ser atribuída às instituições que formam educadores, ou seja, o seu papel, o que para Lemes et al. deve ser o de “[...] apontar caminhos, apontar caminhos, estabelecer elo entre sonho e realidade, para isso, necessita-se de pesquisa.” (LEMES et al, 2011, p 10).

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PROCEDIMENTOS RESULTADOS

METODOLÓGICOS:

A

PESQUISA

REALIZADA

E

SEUS

A investigação foi desenvolvida durante o ano de 2013, com o aporte teórico de vários autores que discutem o ensino de biologia. Além da consulta às bibliografias pertinentes à temática “Aulas de campo”, buscamos coletar dados por meio da aplicação de questionário que visou compreender o alcance das aulas de campo, na visão dos acadêmicos do curso de biologia Polo de Costa Rica. Buscouse indagar as impressões dos alunos sobre aspectos do aproveitamento didático que as aulas os proporcionaram. Após a aplicação do questionário, composto de 06 perguntas abertas e 06 perguntas fechadas, procedeu-se a leitura dos mesmos e a organização dos dados em tabela, a análise dos resultados foi realizada por meio do agrupamento das questões em torno: da Importância das aulas de campo; da compreensão de que as aulas de campo podem ser ou não indutoras da compreensão de fenômenos naturais; do aprendizado dos acadêmicos com as aulas; da relação entre teoria e prática e das competências e habilidades que as aulas de campo permitiram desenvolver em determinadas áreas. Dos dezesseis (16) alunos regularmente matriculados no curso de Licenciatura Plena em Ciências Biológicas da UFMS/UAB polo Costa Rica-MS, onze (11) responderam ao questionário. Dos cinco (5) que não responderam, um se justifica por problema de doença, o segundo porque é autor da pesquisa, os outros três (03) não devolveram o questionário e não justificaram. Ao indagarmos sobre a importância e eficiência das aulas de campo e se elas se mostram fundamentais como estratégia no processo ensino-aprendizagem no curso, todos os sujeitos responderam afirmativamente, sobretudo porque as consideram estratégicas no processo ensinoaprendizagem no curso. Nas respostas merece destaque a indicação: de que as aulas de campo são facilitadoras da relação teoria e pratica; de que permitem contextualizar os conteúdos; de que ampliam o conhecimento sobre o “contexto de cidadania e de análise crítica”. Responderam, ainda, que quando as aulas de campo possuem planejamento, com objetivo específico, elas ajudam na elucidação da teoria. Os participantes apontaram as aulas de campo como indutoras da compreensão de fenômenos naturais, embora não tenham justificado de forma pertinente ou coerente a questão, o que era uma solicitação de pesquisa. Talvez podem não ter entendido a pergunta ou não souberam interpretá-la no que a questão se propunha a investigar. Indicaram com maior frequência (05 acadêmicos), a Seca e a Cheia do Pantanal como fenômeno compreendido nas aulas, a Queimada do Cerrado, percebida no Cerrado do Parque Nacional das Emas, assim como o Ciclo dos Nutrientes dos Vegetais, a Fotossíntese e as posições das folhas para captação dos raios solares, fenômenos compreendidos nas aulas de campo de botânica. Três participantes, não responderam a essa questão, que sendo a mesma era aberta, o que nos leva a pensar que talvez não a responderam por apatia. Todos os acadêmicos manifestaram que é necessário suporte teórico para o embasamento e para a realização das práticas. A justificativa mais frequente para essa questão foi a de que “depois da aula teórica, a aula de campo fica mais fácil”, ou seja, facilita a compreensão. Alguns, ainda justificaram que as aulas de campo ajudam a fixar na memória o que foi estudado na teoria. Uma justificativa nos chamou a atenção, é preciso primeiro a teoria, “Para ter foco, se não vira um passeio”, afirmando que se não haver um embasamento teórico prévio a aula de campo corre o risco de se tornar uma atividade de lazer. Um participante não justificou essa questão. Quanto à integração das atividades do campo com as atividades práticas de laboratório, oito (08) acadêmicos indicaram a integração ocorrida na disciplina de Zoologia, outros seis (06) apontaram a disciplina Ecologia e quinze (15) citaram a área da Botânica, compreendida entre Fisiologia vegetal um (01); Sistemática vegetal quatro (04); Botânica Geral sete (07) e Anatomia Vegetal três (03). Quanto às competências e habilidades que as aulas de campo permitiram desenvolver nas disciplinas Botânica, Zoologia e Ecologia, sobretudo no trabalho desenvolvido na Base de Pesquisa do Pantanal, dos onze (11) respondentes, (um) 01 não respondeu. Embora de forma um pouco confusa, os acadêmicos apontaram habilidades como observação, identificação, compreensão, análise e classificação presentes nas aulas de campo das referidas disciplinas. Chamou a atenção, a indicação de Página 23


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que as aulas propiciam o desenvolvimento do senso crítico e o que foi denominado de descoberta sobre como ensinar para alunos da escola básica um determinado fenômeno, pois sendo um curso de licenciatura há a preocupação em levar tais conhecimentos para a sala de aula, a exemplo do processo do transporte do xilema e floema, dos fatores biológicos no ambiente, ou do reconhecimento de biomas. CONSIDERAÇÕES FINAIS Ao finalizar este artigo podemos afirmar que o aperfeiçoamento da educação e do conhecimento requer a busca por atividades que possam levar os alunos a confrontar conhecimentos diante da realidade. Acreditamos que em um curso de Licenciatura em Ciências Biológicas, as aulas práticas são cruciais, sejam em campo ou em laboratório. Vimos com a pesquisa que as aulas de campo despertam para a observação e compreensão dos fenômenos naturais, como por exemplo, períodos de incêndios no cerrado, cheias do Pantanal e a disposição das folhas das plantas para captação dos raios solares, ou seja, a estratégias da natureza para a perpetuação das espécies. As atividades em campo servem para fazer a relação da teoria com a prática, no momento que o estudante, desenvolve uma série de competências e habilidades, tais como, observação, medição, comunicação, classificação, reconhecimento, analise, visualização, identificação, relação, conceituação, formulação de hipóteses, interpretação de dados e elaboração de uma conclusão. O que se percebeu é que nas aulas de campo o estudante é reportado aos conteúdos teóricos já vistos, facilitando a compreensão dos mesmos. Por isso a importância do suporte teórico. Todavia este não necessariamente precisa ser prévio, pois uma aula de campo pode ser teórica. Os trabalhos com a turma em grupo se mostram mais eficientes no desenvolvimento do aprendizado. Para finalizar, foi possível confirmar os diversos efeitos positivos dessa estratégia sobre o processo de ensino e aprendizagem. Uma atividade de campo permite ações de planejamento, execução, análise e reformulação de conceitos, o que a torna uma atividade fundamental para a construção do saber crítico científico. Por isso a importância do curso manter e ampliar essa estratégia de ensino, colocando-a de fato em seu planejamento curricular, envolvendo todas as áreas. REFERÊNCIAS CARMO, Solange do; SCHIMIN, Eliane Strack. O Ensino da biologia através da experimentação. Guarapuava, 2008. Disponível em: < http: //www. Diaadiaeducacao .pr.gov.br/portals/pde/arquivos/1085-4.pdf.> Acesso em: 11/04/2013. GOMES, Adriano Roberto; MELO, Jussandro Ferreira; MARQUES, Eliana Aparecida da Costa. Atividades de campo no ensino das ciências e na educação ambiental: uma experiência com alunos do ensino fundamental da escola Rafael Rueda Cuiabá/MT, 2011. Disponível em: < http :// sistemas .ufmt.br /ufmt.Evento /files/ 1fd9917f-d33a-4512-94b9-8221a67d6139.docx.> Acesso em: 28/02/2013. HEERDT, Mauri Luiz; LEONEL, Vilson. Metodologia Científica e da Pesquisa: Disciplina na modalidade à distância. Universidade do Sul de Santa Catarina. Palhoça: UnisulVirtual, 2007. Disponível em: <http://busca.unisul.br/pdf/88818_Mauri.pdf.> Acesso em: 06/03/2013. LEMES, Camilla de Menezes; ASSIS, Carla Carolina Dias de; BRAGA, Ederlaine Fernandes; ALMEIDA, Gizelax Bastos da Mota. A teoria e a prática na formação de professores: desafios e dilemas. IV EDIPE – Encontro Estadual de Didática e Prática de Ensino, 2011. Disponível em: < http:// www.ceped.ueg.br /anais/ivedipe /pdfs/didatica/co/CO%20458-1148-1-SM[1].pdf.> Acesso em: 03/03/2013. Página 24


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COMO DESENVOLVER UM PLANO DE CARREIRA

Valéria Castanho Resende13 Rose Cristiani Franco Seco Liston14

RESUMO Hoje em dia o profissional necessita de planejar sua carreira para se destacar com vantagens de competir profissionalmente e as empresas necessitam de se manter no mercado com profissionais competentes. Assim ganha espaço no mercado o profissional que planeja sua carreira e conclui seus objetivos e a empresa que tem os profissionais capazes de planejar e concluir seus objetivos com sucesso. Contudo o presente artigo destaca como um plano de carreira é importante, principalmente quando se trata da evolução do individuo na empresa, visando assim o planejamento ou processo de estabelecer objetivos para chegar a resultados positivos e maneiras de seguir passo a passo o planejamento de carreira para se obter excelência na vida profissional com o desenvolvimento de seu próprio plano de carreira. Palavras-chave: Carreira. Plano de carreira. Passo a passo. Excelência profissional.

INTRODUÇÃO

Atualmente a competição no mercado de trabalho é destaque para as empresas e para os profissionais. As empresas competem para se manter no mercado com aceitação, oferecer produtos com qualidade, atender a demanda, atender o prazo de entrega, a logística enfim garantir qualidade. E os profissionais competem para ser destaque, se manter e ganhar novas posições no mercado de trabalho, evoluir em histórico de conhecimento e salarial. Contudo tanto a empresa como o indivíduo deve seguir um caminho de como vai chegar a excelência profissional, e se os dois caminharem na mesma direção o sucesso é mais provável, pois o indivíduo que faz parte de uma empresa deve seguir a direção da evolução da empresa e encontrar resultados positivos para si e para a empresa. Neste contexto o artigo descreve a carreira e sua evolução para o indivíduo e para a empresa, a melhor maneira de seguir o caminho dessa carreira é planejando, organizando e agindo de maneira planejada para obter objetivos concretos e por fim demonstra passo a passo para realização de um plano de carreira, onde sua carreira deve seguir objetivos que levem a realizações de sonhos profissionais. Enfim conhecendo sua carreira, planejando e seguindo passo a passo chegará a resultados de excelência profissional. CARREIRA Etimologicamente, a palavra “carreira” se origina do latim “carraria” e significa caminho, estrada para a carruagem e o curso pelo qual qualquer pessoa ou coisa passa. A partir do século XIX o 13

Concluinte do Curso de Pós-Graduação Especialização em Gestão de Recursos Humanos. FECRA. Faculdade de Educação de Costa Rica. Costa Rica-MS. E-mail: valeria_engenhari@yahoo.com.br 14 Professora Mestre. Professor Orientador. Pós-Graduação em Gestão de Recursos Humanos. FECRA. Faculdade de Educação de Costa Rica. Costa Rica-MS. E-mail: rose_liston123@hotmail.com Página 26


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termo passou a ser empregado à trajetória que a pessoa toma na vida profissional (MARTINS, 2001 apud VERIGUINE, 2008). De maneira geral, a carreira refere-se à atividade profissional do indivíduo e à sequência de experiências profissionais que ele atravessa ao longo de sua vida (SOARES, 2000 apud VERIGUINE, 2008). Geralmente, ela inicia com a escolha por uma profissão e finaliza com o término da atividade de trabalho e a aposentadoria. Em sua trajetória, o indivíduo atravessa etapas que envolvem a formação educacional, o ingresso no mundo do trabalho e a execução das atividades profissionais (SCHEIN, 1996 apud VERIGUINE, 2008). Cochran (1994 apud VERIGUINE, 2008) e Schein (1996 apud VERIGUINE, 2008) ao conceituaram a carreira tecem uma diferenciação entre a carreira objetiva ou externa e a carreia subjetiva ou interna. Para os autores, a carreira objetiva/externa envolve uma sequência de papéis e eventos no trabalho, e, em sua ideia, está implícita uma representação de passado, presente e futuro. Ela remete aos cargos de trabalho que a pessoa assume ao longo do tempo, dentro ou fora de uma organização. A carreira subjetiva/interna, por sua vez, enfatiza as experiências mais do que os eventos, a identidade pessoal mais do que os papéis profissionais. Ela se refere à ideia que a pessoa possui de seu trabalho e o papel que essa atuação desempenha na vida: uma está ligada às condições externas e físicas; e outra, às condições internas e subjetivas do indivíduo. Ao longo dos anos, a carreira adquiriu diferentes enfoques, de acordo com as mudanças que ocorreram no mundo do trabalho. Até recentemente, quando predominava o modelo de produção taylorista/fordista, a ideia de carreira era associada diretamente ao emprego e à permanência numa estrutura organizacional. A carreira era a movimentação de ascensão linear e vertical que a pessoa realizava ao longo do organograma de uma mesma empresa. Escolhia-se uma profissão na juventude, e a carreira não sofria muitas alterações. O trabalhador iniciava sua atuação numa mesma empresa e permanecia nela até aposentar-se e se desligar da organização. Havia estabilidade no emprego, previsibilidade de um futuro profissional, esquema escalar de remuneração, valorização da lealdade do profissional e benefícios claramente definidos pela organização, a qual proporcionava treinamentos e elaborava o plano de carreira do funcionário (COELHO, 2006; THIRY-CHERQUES, 2006; TOLFO, 2002; XIKOTA, 2004 apud VERIGUINE, 2008). Entretanto, a partir das mudanças no campo do trabalho, a carreira sofreu alterações. O processo de reestruturação produtiva, as elevadas taxas de desemprego e um número maior de pessoas trabalhando em atividades de prestação de serviços impulsionaram outra maneira de pensar a carreira. No conceito emergente, que alguns autores chamam de carreira multidirecional, carreira sem fronteiras (boundaryless careers) e carreira proteana15 (COSTA & CAMPOS, 2006 apud VERIGUINE, 2008), a carreira passou a ser entendida como a sequência de oportunidades de trabalho do indivíduo, sejam elas na forma de emprego, prestação de serviços, trabalho temporário etc. (COELHO, 2006 apud VERIGUINE, 2008). Em vez de “subir degraus numa escada”, o indivíduo faz uma movimentação horizontalizada e/ou na forma de espiral. A carreira passa a ser os movimentos de respostas do indivíduo aos desafios, aos imprevistos e às oportunidades que se apresentam ao longo da vida profissional (TOLFO, 2002 apud VERIGUINE, 2008). Tolfo (2002, p. 54 apud VERIGUINE, 2008, p. 45) explica as características do novo modelo: O modelo pós-moderno, que vem se desenvolvendo [...] pode ser caracterizado pela carreira pautada na habilidade pessoal de colocar as capacidades para uso no trabalho e pela ampliação na participação em projetos que demandam profissionais inovadores e competentes do ponto de vista técnico. Apresenta-se como uma carreira mutável, que pode implicar na ampliação de oportunidades de treinamento e compensação financeira, no aumento do grau de riscos e incertezas [...] e nas exigências permanentes para demonstrar a aprendizagem.

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A carreira proteana recebeu esse nome em função do Deus Proteu da mitologia grega, que incorpora as características de versatilidade e polimorfismo Página 27


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A situação na qual um indivíduo trabalha de forma exclusiva para uma organização (e ao longo de toda a sua vida) tende a se manter restrita a poucos trabalhadores, os quais teriam estabilidade no emprego. A maioria das pessoas estaria sujeita a essa nova realidade, na qual, para obter trabalho e renda, precisa oferecer suas habilidades a várias organizações, em vários contextos diferentes. A carreira traz maior mobilidade profissional e se transforma na sequência de escolhas profissionais, as quais vão construindo a trajetória da pessoa. O desenvolvimento da carreira do indivíduo, sem estar vinculado a uma única empresa, passará a ser muito mais frequente e é mais compatível com as condições atuais. Uma carreira sem fronteiras prevê o desenvolvimento de uma relação independentemente entre organização e indivíduo e uma mobilidade profissional. O indivíduo que não consegue ser dono da própria carreira ou decidir que caminho de desenvolvimento profissional deve seguir não está preparado para enfrentar as situações de seu cotidiano (COELHO, 2006, p. 97).

No modelo tradicional de carreira, o responsável pelo planejamento da carreira é a organização, que cria o plano de cargos e salários de seus funcionários. Já no modelo emergente, a carreira assume um caráter de autogerenciamento, transferindo para o profissional a responsabilidade por seu curso (COSTA & CAMPOS, 2006 apud VERIGUINE N. R. 2008). Ele precisa investir constantemente no desenvolvimento de novas habilidades e aprendizagens, pois ser empregável e ter qualificação são as garantias diante do mercado de trabalho competitivo e instável. Para H. T. Martins (2006 apud VERIGUINE N. R. 2008), a tendência é de que as carreiras se tornem curtos estágios de “prospecção/experimentação/maestria/saída”, nas quais os indivíduos buscam novas ocupações, passam por um período de adaptação e aprendizagem, adquirem domínio na área, finalizam suas tarefas e reiniciam o processo de busca por novas atividades. Há uma maior mobilidade, e o profissional permanece menos tempo trabalhando na mesma organização. Para alguns autores como Coelho (2006 apud VERIGUINE, 2008), essa flexibilidade favorece a identificação com o trabalho, a busca pela felicidade profissional e a autonomia do trabalhador, pois esse estaria supostamente livre para realizar seus projetos de carreira da forma desejada. Motta (2006 apud VERIGUINE N. R. 2008), Costa e Campos (2006) e Tolfo (2002 apud VERIGUINE, 2008) apresentam uma postura mais crítica a esse respeito afirmando que as pessoas moldam suas carreiras mais em função das oportunidades que lhes são oferecidas do que dos desejos de progresso e de desenvolvimento profissional. Segundo os autores, as escolhas de carreira dependem de questões como o contexto de inserção profissional, o grau de qualificação do profissional e o número de vagas de postos de trabalho na área. Motta (2006 apud VERIGUINE, 2008) alerta para o forte individualismo presente nesse novo modelo de carreira, no qual o sucesso profissional parece depender única e exclusivamente do profissional. Os modelos contemporâneos [...] deixam transparecer que o êxito ou o fracasso na carreira se deve exclusivamente ao esforço individual. A proclamação da responsabilidade individual única sobre o progresso na carreira parece enganar principalmente os jovens, fazendo-os crer que podem vencer dispensando o jogo de poder organizacional. Para o individualismo contemporâneo, parece não existir os limites de poder (MOTTA, 2006, p. 17 apud VERIGUINE, 2008, p. 52).

Embora o modelo emergente de carreira possibilite certa liberdade de escolha, é importante compreender que essa liberdade é sempre condicionada ao contexto social e econômico e às condições impostas pelo sistema capitalista vigente. Todo indivíduo escolhe a partir das condições que o meio material lhe possibilita. Em função das transformações do mundo do trabalho, no modelo emergente de carreira, os imprevistos, as instabilidades e as descontinuidades são frequentes e demandam uma avaliação constante das escolhas relacionadas à vida profissional. Ao procurar adaptar-se às possíveis mudanças do mundo do trabalho, o indivíduo precisa reorientar sua identidade profissional, suas atitudes, metas

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e rotinas profissionais (MALVEZZI, 1998 apud VERIGUINE, 2008). Ele precisa constantemente planejar e replanejar sua carreira. A partir da necessidade de melhorar a carreira, de planejar, organizar de se destacar no mundo competitivo o planejamento de carreira abre destaque nas organizações e para os indivíduos. PLANEJAMENTO DE CARREIRA O planejamento de carreira – como parte do processo de gestão de carreira – é uma noção historicamente recente, a qual surgiu no decorrer do século XIX, com a sociedade industrial capitalista liberal, e recebeu maior atenção somente a partir dos anos setenta do século passado (MARTINS, 2001 apud XIKOTA, 2004). Define-se como planejamento o ato ou processo de estabelecer objetivos, diretrizes e procedimentos (CHIAVENATO, 1998). Para Martins (2001, p. 82 apud XIKOTA, 2004), “o planejamento é a mais relevante e cerebral atividade do homem. A capacidade de planejar torna o homem único no reino animal”. Conforme Swartz (apud CARAVANTES e BJUR, 1997, p. 78 apud XIKOTA, 2004), planejamento de carreira individual traduz-se por um processo que auxilia a pessoa a reconhecer seus valores, desejos e necessidades “fixando objetivos em termos vitais, dentro do quadro de referência de exigências organizacionais e ambientais extremamente mutantes”. Soares (2000 apud XIKOTA, 2004) entende que o planejamento de carreira constitui um processo em que os indivíduos determinam suas habilidades, seus interesses e seus valores. Além disso, ele possibilita à pessoa a fixar objetivos profissionais e estabelecer planos para alcançá-los. Em 20 função das características e predisposições individuais, todo planejamento supõe uma planificação da direção a ser seguida. Corroborando com o assunto, Bridges (1998, p. 168 apud XIKOTA, 2004, p. 32) enfatiza a função do planejamento de carreira: Ele lhe diz aonde você vai e como chegar lá; [...] Ele visa lhe oferecer os recursos de que você necessita e o caminho que você pretende seguir. E, pelo fato de a mudança estar conduzindo tudo neste mundo onde as estruturas de cargos estão desaparecendo, ele lhe oferece um plano B, caso as circunstâncias mandarem o plano A para o espaço.

Segundo Stoner e Freeman (1999, p. 424 apud XIKOTA, 2004) o início do planejamento de carreira individual contempla a compreensão do que se pretende do trabalho, da carreira e da vida. Caso não se esteja certo disso, “várias abordagens de planejamento de carreira podem lhe dar alguns ‘insights’ nesses assuntos. O planejamento da carreira individual pode ser abordado como qualquer outro tipo de planejamento, apesar de se parecer mais com o planejamento estratégico”. Quanto aos objetivos, o planejamento de carreira visa levar as pessoas a: desenvolver senso crítico com relação a seu comportamento; estimular e dar suporte ao processo de auto-avaliarão; oferecer estrutura para reflexão sobre a realidade profissional e pessoal; disponibilizar ferramentas não só para desenvolver objetivos de carreira e planos de ação, como também para monitorar a carreira ao longo do tempo (DUTRA, 1996 apud XIKOTA, 2004). O planejamento de carreira individual, segundo Martins (2001 apud XIKOTA, 2004), compõese de três momentos. Do primeiro momento faz parte a auto-avaliação que consiste em apreciar as qualidades, os interesses e os potenciais, situando-os nos diversos espaços organizacionais. O estabelecimento de objetivos de carreira, fundamentado na auto-avaliação e na avaliação das oportunidades oferecida pelo mercado de trabalho, refere-se ao segundo momento. Por fim, a implementação do plano de carreira possibilita vivenciar experiências profissionais indispensáveis para disputar oportunidades e atingir metas de carreira.

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Outrossim, por meio do planejamento de carreira, as pessoas aprendem a reconhecer e a enfrentar situações que as fazem sentirem-se impotentes; esse planejamento as ajuda a tomar melhores decisões a cada etapa de sua carreira (STONER e FREEMAN, 1999 apud XIKOTA, 2004). Dutra (1996, p. 25 apud XIKOTA, 2004) acredita que há várias formas para se planejar a carreira; dois pontos, entretanto, são essenciais: “formar uma visão realista, clara e apurada de suas qualidades, interesses e inclinações pessoais e estabelecer objetivos de carreira e preferências profissionais”. Ao se insistir sobre a necessidade de se elaborar o planejamento individual, não significa que se afirme que ele já não exista. De uma forma ou de outra todos nós planejamos. Há, no entanto, diferença enorme entre organizá-lo de forma assistemática ou sistemática. Esta última deve ocorrer conforme orientações e cuidados preestabelecidos. Nesse sentido Caravantes e Bjur (1997 apud XIKOTA, 2004) afirmam que, registrar o que se pretende cumpre dupla função: o indivíduo define melhor o que deseja, pode fazer reflexões e alterações no que já havia organizado e, dessa forma, ainda, há maior empenho, compreensão e comprometimento do trabalhador na obtenção dos objetivos. No dizer de Dutra (1996, p. 21 apud XIKOTA, 2004, p. 46) Há, por parte das pessoas, uma natural resistência ao planejamento de suas vidas profissionais, tanto pelo fato de encararem a trilha profissional como algo dado, quanto pelo fato de não terem tido qualquer estímulo ao longo de suas vidas. [...] Acreditamos que este quadro venha a ser modificado nos próximos anos em função de mudanças na postura e no comportamento exigidos das pessoas pelas empresas e pelas pressões sociais e econômicas sobre as mesmas. Podemos observar ainda que, em momentos de crise e escassez de emprego, as pessoas tornamse naturalmente mais preocupadas em planejar suas carreiras, buscando conselhos, métodos e instrumentos que as ajude nesse processo.

Segundo Macedo (1998, p. 180 apud XIKOTA, 2004) “as pessoas que planejam suas próprias carreiras têm uma competência em comum: são empreendedoras consigo mesmas. Isso já as diferencia das demais”. Para Martins (2001, p. 83 apud XIKOTA, 2004, p. 52) O planejamento é tanto mais necessário quanto maior a incerteza do ambiente, normalmente favorecendo a eficiência (uso otimizado de recursos) por antecipar alguns cursos de ação considerados mais prováveis. Em um ambiente socioeconômico mutável e incerto como o atual, a proatividade e a visão de médio e longo prazos na gestão de carreira podem ser uma vantagem competitiva considerável.

O Planejamento de Carreira não é uma panacéia que resolverá todos os problemas – o pacote da felicidade. Trata de proposta recente, em que precisam ser observadas e consideradas, com atenção, suas possibilidades e resultados a fim de que se possa tirar proveito dessa nova prática. PASSO A PASSO DO PLANO DE CARREIRA Cabrer (1999) relata que qualquer profissional que esteja entrando no mercado de trabalho ou que já faça parte do seleto grupo de pessoas que estão empregadas tem que ter sempre um plano de carreira. Quem não tem plano, quem acha que as coisas acontecem e que no fim dão certo, em geral é um mero coadjuvante no plano de outra pessoa que mais inteligentemente elaborou e mantém atualizado seu plano de carreira. Parece radical, mas não é. Na verdade, é vital, imprescindível como o ar que se respira que cada profissional tenha por escrito o seu PLANO DE CARREIRA e o mantenha periodicamente atualizado. A realidade deste mundo tão competitivo é que ninguém em empresa nenhuma esta lá para cuidar de sua carreira. O que as organizações modernas e boas fazem é dar condições para que seu plano se realize. Se ficar esperando eventualmente não acontecerá é preciso fazer o seu próprio plano, seguindo os passos: Página 30


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1º PASSO O projeto de carreira começa com o seu sonho pessoal! Sonhar é um problema hoje em dia. Assim como é um problema aprender a pensar a longo prazo. Normalmente, foram tantos anos de inflação, tantos anos de cuidar do dia a dia, de pensar em sobrevivência e não em existência, que você anestesiou a parte do cérebro que formula os sonhos, que idealiza o futuro, que imagina sonhando o que gostaria de estar fazendo daqui a dez anos. Mesmo os jovens que não viveram as taxas de inflação gigantescas foram impregnados dessa paranóia pelos pais, pelos irmãos, pelos amigos. Planejar? Como? Nem sei o que vai acontecer amanhã, quanto mais daqui a cinco anos! Insisto que o sonho é a essência do projeto. 2º PASSO Pôr no papel seus sonhos estará dando início a elaboração do plano de carreira, o plano só funcionará se colocar suas ideias no papel afinal registrará seu maior patrimônio sua carreira. 3º PASSO Agora você já tem um sonho no papel. Cinco anos passam tão depressa, pelo menos temos o que perseguir. Quanto mais definido o sonho, maior sua energia pessoal para passar por fases complicadas (inevitáveis), por crises e por dificuldades. Quem tem um sonho claro encara a vida com mais serenidade. E cada sacrifício e cada vitória são como um passo na direção da consecução do sonho. Vamos à 3ª parte: A AUTOANÁLISE. Eu sei que também não é fácil achou que ia ser mole? Pensa que fazer um projeto de carreira que é um verdadeiro plano de vida é uma coisa simples, básica? Vamos usar para isso o moderno conceito de COMPETÊNCIA. Sabe o que é COMPETÊNCIA? É aquilo no que você é reconhecidamente bom. Simples como tudo o que é importante Competência existe quando é reconhecida no grupo ao qual você pertence. Se for no trabalho, ela tem que ser percebida e reconhecida pelos seus pares, subordinados e superiores. Competência não é aquilo em que você acha que é bom, é o que os membros do seu grupo de referência reconhecem como sendo uma competência sua. Vamos usar três grupos básicos de competência para facilitar sua auto-análise.  Competência em lidar com pessoas.  Competência em lidar com informações.  Competência em lidar com tecnologia. Explicando: competência em lidar com pessoas pode ser reconhecida pela sua facilidade de se colocar no lugar dos outros e procurar entendê-los (vulgarmente chamada de empatia). Pode também ser reconhecida pela sua capacidade de fazer as pessoas confiarem em você. Pode também ser expressa pela sua facilidade em administrar conflitos ou, ainda, em conduzir negociações do tipo ganha-ganha. Sua facilidade de integrar se em grupos diferentes culturalmente ou socialmente também é uma forma de competência para lidar com pessoas. Competência em lidar com informações é a competência de ouvir e reproduzir, ler e sintetizar. Ouvir, escrever e depois apresentar a um determinado público. Ouvir e separar o que é importante do que é urgente e do que é lixo. Colocar uma idéia no papel ou na tela é uma forma de competência em lidar com as informações. Como fica fácil de perceber, é uma competência essencial hoje em dia em qualquer carreira. Qual é sua auto-análise dessa competência? No que você já é bom e no que precisa melhorar? O que você vai fazer ou está fazendo para melhorar? Competência em lidar com tecnologia: essa é a competência que você tem para lidar com hardware e software variados. Ela mede sua rapidez de integração com novas tecnologias tanto de gestão como de processamento de informação, como ainda de fabricação de produtos. A sua

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competência em lidar com tecnologia vai medir sua capacidade de ser e continuar sendo atual e moderno. 4º PASSO Eu sei que fazer a auto-análise não é fácil. Tendemos a ser muito mais exigentes conosco do que com os outros, mas é muito importante que você, ao terminar a auto-análise, mostre a um(a) colega de trabalho para testar sua sensibilidade. Mostre-a também a uma pessoa do seu relacionamento pessoal, fora do ambiente de trabalho. Você poderá ter surpresas do tipo ser reconhecidamente competente nas relações com pessoas no ambiente social e não ser assim reconhecido no ambiente de trabalho. Pode ser que atitudes e comportamentos que você está tendo no ambiente de trabalho não estejam sendo percebidos da forma como você gostaria. Esse quarto passo é muito legal porque coloca você frente a frente com as decisões do "ONDE". Isso mesmo. Onde você vai investir suas competências? Lembre se: temos um sonho a cumprir. Muito bem. Agora vamos escolher do macro para o micro. Primeiro o setor da economia: primário, secundário, terciário. Não, eu não quero complicar, mas essa é a linguagem que se usa para começar a definir os setores econômicos. Então, vamos lá. Onde você acredita que seu conjunto de competências poderá ser aplicado de forma a poder levá-lo à consecução de seu sonho. Uma observação importante para quem já está empregado. Nessa hora da elaboração de seu projeto, você vai fazer uma cuidadosa avaliação de seu trabalho atual. Pode ser que você esteja na empresa certa, mas na área errada, ou com o chefe errado! Esse " onde" que estamos avaliando pode ser em sua própria empresa, porém em outra divisão ou setor. O importante é recolher todas as informações sobre as empresas, suas características, sua cultura organizacional, seu negócio, seus dirigentes, seus acionistas. Procure os anuários do tipo Melhores e Maiores (da revista Exame) e o Guia Exame As Melhores Empresas para Você Trabalhar. E também notícias de jornais e revistas de negócios, entrevistas de dirigentes, visite os sites na Internet. Recolha todas as informações e use o seu network. Garimpe. Pesquise. É a sua carreira, é o seu sonho, é a sua vida. 5º PASSO Depois que você definiu o “ONDE”, vamos partir para o " COMO". Que estratégia você vai adotar para mudar de área dentro de sua empresa ou mudar de empresa se você chegou à conclusão de que a atual não vai levá-lo a atingir seu sonho ou a entrar na empresa desejada para aqueles que batalham o primeiro emprego PP, isto é, pós-projeto! O " como" é um esforço de estratégia e de marketing pessoal. Como tudo em marketing pessoal, o " como" é feito por meio de pessoas. Temos plena consciência de nossas competências atuais (porque, lembre-se, você pode adquirir outras que ainda não tem). Sabemos onde aplicar as competências e agora queremos que tudo isso se materialize. A primeira providência é informar os outros (os amigos, os conhecidos, os agentes de mercado, enfim, todo o seu network) sobre o sonho, as competências instaladas e o " onde". O primeiro veículo para isso é seu currículo. Aí existem vários formatos, não importa, o que importa é que o currículo tenha sua cara, que qualquer pessoa que o leia perceba com clareza seus objetivos, suas competências e o que você quer fazer com elas. Acredito em currículos que expressem o projeto do profissional. Feito o currículo, que tanto pode ter uma como mais páginas, esse documento precisa chegar às mãos das organizações que você pré-selecionou na fase " Onde". Se você conseguiu uma entrevista por meio de conhecidos, leve o currículo pessoalmente. Se for preciso mandá-lo antecipadamente ou entregá-lo a um portador, escreva uma carta que sirva de capa e de introdução. Uma carta curta dizendo por que se interessou pela organização, qual é sua competência mais significativa para aquela empresa, e mencione sua disponibilidade (horário e datas) para uma entrevista.

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Faça uma carta para cada empresa. Não mande aquele tipo de carta que parece uma circular ou tem cara de mala direta. Você tem lido nas revistas várias formas de fazer essa abordagem do " como" escolha a que mais se pareça com você. Prepare se sempre bem para a entrevista. Faça sua lição de casa mesmo que já esteja empregado e que só esteja tentando mudar de área ou de divisão. Informe-se antes de ir conversar com as pessoas que poderão ajudá-lo. Procure saber quem é seu interlocutor, o que se passa na área dele, o que se espera como maior contribuição, não vá na raça, não brinque de "deixa comigo", nunca se apresente amadoristicamente. A competência, assim como a sutileza e o amor, está sempre nos detalhes. Cuide de seu projeto. Refaça o anualmente. Não espere uma crise, uma demissão, um susto maior para fazer o projeto pela primeira vez. Seja profissional sempre, e para isso tenha um projeto de carreira. Não se contente em ser coadjuvante. Seja você o astro principal.

CONSIDERAÇÕES FINAIS O presente trabalho teve como objetivo principal de demonstrar o que é carreira sua importância no mercado de trabalho e o marco histórico e sua evolução no mercado. O plano de carreira sua importância e como pode ser realizado passo a passo de seu desenvolvimento. A carreira é marcada pelo caminho que cada indivíduo ou empresa deseja seguir para realização do sucesso profissional e permanência no mercado. O plano de carreira refere-se ao histórico que cada indivíduo ou empresa traça e segue para alcançar seus objetivos. Um indivíduo ou empresa sem plano não conclui seus objetivos e não alcança a excelência do sucesso profissional. O passo a passo a ser seguido é uma breve sugestão que leva a um resultado objetivo de onde quer chegar profissionalmente. Do que se deseja alcançar com a carreira profissional pessoal e dentro de uma empresa. Contudo nossa carreira merece um plano onde possamos seguir os passos e chegar a excelência de nossa vida profissional.

REFERÊNCIAS VERIGUINE, N. R. Autoconhecimento e informação profissional: implicações para o processo de planejar a carreira de jovens universitários 2008. Dissertação (Mestrado em Filosofia de Ciências Humanas). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. Disponível em <www.scielo.org.br>. Acesso em: 05 de novembro de 2012. XIKOTA, L.J. Planejamento de Carreira: um estudo com egressos de cursos de administração 2004. Dissertação (Mestrado em Psicologia). Universidade Federal de Santa Catarina, Florianópolis, Santa Catarina. Disponível em <www.scielo.org.br> . Acesso em: 18 de novembro de 2012. CHIAVENATO, I. A corrida para o emprego: um guia para identificar, competir e conquistar um excelente emprego. São Paulo: Makron Books, 1997. CABRER, L. C. Plano de Carreira. Revista Você S.A. set. 1999. Disponível em: <www.vocêsa.com.br>. Acesso em: 10 de novembro de 2012.

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RESILIÊNCIA NA EDUCAÇÃO

Rute Carolina Santana16 Valéria Castanho Resende17 Maria Romilda da Silva18 RESUMO O artigo analisa a resiliência como uma característica fundamental para a educação tanto para o aprendizado do aluno quanto para a evolução do professor no cotidiano da vida escolar. Tem como objetivo discutir a questão da resiliência na educação. Pretende-se aprender neste artigo uma pesquisa bibliográfica que vamos compreender mais sobre resiliência, como sermos mais resilientes, qual a importância de sermos resilientes, como isto nos ajuda e como a resiliencia é importante na educação tanto para o aluno, quanto para o professor. Um professor resiliente pode atender melhor sua clientela diferenciada e um aluno resiliente evolui mais, passa pelo aprendizado sem dificuldades e a cada etapa vai evoluindo gradativamente sem maiores problemas. O estudo nos mostra que a partir da resiliência em nossa vida podemos ser mais seguros, mais competentes e mais felizes, com a resiliência em nossa vida nos tornamos seres mais evoluídos e mais capazes de superar nossas dificuldades. Palavras-chave: resiliência, educação, professor.

INTRODUÇÃO

Cada vez mais nota-se que o indivíduo que vem se destacando é aquele chamado de resiliente, o sujeito resiliente encara tudo e todos, se agrupa, forma grupo, enfim é um sujeito versátil a adaptação novas a todo tempo. Está sempre disposto, sempre encoraja as pessoas ao seu redor, faz com que vários o tenham como exemplo, encara as dificuldades como uma oportunidade de aprender e somar, aquilo que dá errado serve como exemplo para o que vem pela frente, guarda os erros como tesouro de experiência. Parece até mágica falando assim, tudo perfeito! Esta capacidade está dentro de cada um de nós e ela vem melhorando com o tempo, desde que nascemos já nos tornamos resilientes e a partir daí tudo ao nosso redor nos faz crescer mais. Sabemos também que cada indivíduo tem seu tempo e que o meio familiar, social, escolar, religioso e mais é uma chave fundamental para esta evolução. Com isso destacamos o quanto é importante nossos pais ser pessoas resilentes com auto – estima elevada, isso nos fortalece! E na sequência de nossas vidas somos colocados na escola, que bom se lá na escola encontrasseos professores resilientes, assim somaríamos pais e professores resilientes, juntando isso teríamos indivíduos cada vez mais capazes de superar todas as barreiras que vamos encontrando durante o nosso crescimento e evolução pessoal. Resultado disso teríamos pessoas mais felizes, mais produtivas e que formariam uma vida social, familiar mais concretas, e viveríamos com mais sabedoria e serenidade ao longo de nossa vida. 16

Concluinte do Curso de Pós-Graduação Especialização em Metodologia e Didática da Educação Básica e Ensino Superior. FECRA. Faculdade de Educação de Costa Rica. Costa Rica-MS. E-mail: rutecarol@live.com 17 Concluinte do Curso de Pós-Graduação Especialização em Metodologia e Didática da Educação Básica e Ensino Superior. FECRA. Faculdade de Educação de Costa Rica. Costa Rica-MS. E-mail: valeria_engenharia@yahoo.com 18 Professora Doutoranda. Professora Orientadora. Pós-Graduação em Metodologia e Didática da Educação Básica e Ensino Superior . FECRA. Faculdade de Educação de Costa Rica. Costa Rica-MS. E-mail: mar.romilda@ig.com.br Página 34


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A revisão bibliográfica que será apresentada teve como base de pesquisas no Google Acadêmico, Scielo e alguns livros sobre o tema. Os textos com diferentes autores e enfoques e áreas distintas de conhecimento de cada autor, também nos ajudou no amplo conhecimento sobre resiliência e a aplicação que nos chama atenção e nos motiva a uma melhor educação. Cada material encontrado nos enriquece cada vez mais e será apresentado de maneira que esclareça sobre resiliência na educação.

RESILIÊNCIA Conforme Stancolovich (2015, p.37), resiliência é um termo originalmente vindo da física, que significa a capacidade de um material em voltar ao seu estado normal depois de ter sofrido uma pressão. Ou seja, todos nós temos diversas maneiras de reação diante das dificuldades que enfrentamos no decorrer da vida, é a capacidade que um indivíduo tem de construir-se positivamente, estando passando por alguma situação difícil. A pessoa resiliente enfrenta a vida com ética e não se abate tão fácil. É uma pessoa alegre, enfrenta a vida com bom humor, nunca coloca a culpa de seus problemas em outras pessoas. Dando sempre prioridade para a vida e o que há de melhor. Trabalha com alegria e energia lutando sempre pelos seus objetivos. Diante de uma fatalidade nunca se deixa abater, e faz dela uma aprendizagem para superar obstáculos. O conceito de resiliência foi visado em uma perspectiva de adaptação dos sujeitos á realidade vivida. Sua capacidade individual de se desenvolver diante de uma determinada circunstância. Tendo assim, um bom desenvolvimento diante de diferentes situações de risco. Vimos que a sua influência pode variar de acordo com seu contexto social e com seu grau de qualidade de adversidade. De acordo com Barros, (apud RUTTER, 1987) vemos que: Os processos de proteção têm quatro funções principais: reduzir o impacto dos riscos, alterando a exposição da pessoa a situação adversa; reduzir às reações negativas em cadeia que seguem a exposição do indivíduo a situação de risco; estabelecer e manter a auto-estima e auto-eficácia, através do estabelecimento de relações de apego seguras e o cumprimento de tarefas com sucesso; criar oportunidades para reverter os efeitos do estresse.

Em cima de pesquisas sobre o conceito de resiliência, esses processos se fazem presentes em indivíduos que conseguem se mobilizar individual ou coletivamente através de recursos sociais, físicos que na verdade nem sempre estão ao seu alcance. No contexto de exposição às adversidades significativas, a resiliência é tanto a capacidade dos indivíduos para navegar o seu caminho psicológico, e sua capacidade individual e coletiva para negociar recursos que estão ausentes. (UNGAR, 2008, p.225).

Quando estamos falando em resiliência logo pensam em grandes acontecimentos e grandes traumas, mas na verdade a resiliência pode ser vivida no nosso dia, diante de situações que temos que enfrentar. Não é preciso estar diante de uma grande catástrofe. Sair sorrindo depois de um dia difícil, enfrentar críticas e se sair mais confiante e forte, também é uma forma de ser resiliente. Cada indivíduo pode desenvolver sua própria habilidade em resiliência, sendo esta habilidade herdada ou construída ao longo de sua vida. As pessoas resilientes percebem que para enfrentar um problema é preciso reconhece-lo, por que caso contrário só estaremos dando força para o problema, é preciso diagnosticar e encarar a realidade, para que se procure uma solução, ou até mesmo adaptar- se melhor a uma determinada situação. As pessoas resilientes sabem que é necessário enfrentar a realidade, procurando sua compreensão para tentar solucionar o problema ou adaptar-se sabendo que se fugir da sua realidade

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atrapalharia o seu autoconhecimento se proibindo de crescer e continuar contornando a sua vida com êxito. Conforme Barros (apud CASTRO, 2001), o resiliente entende que é preciso trabalhar para que haja mudanças e que só irá se sobressair com êxito com adaptações, desafiando e desenvolvendo situações que irão contribuir para que mude para melhor sua vida, desenvolvendo potencialidades e desafiando cada vez com mais força os desafios impostos. Assim frente a esta realidade, a solução dos problemas sociais não se dá de forma linear e instantânea. Os imprevistos e as mudanças provocam reações de desequilíbrio que exigem novas adaptações. Quanto maior o desafio maior a necessidade de desenvolver e potencializar certas habilidades, especialmente grande flexibilidade e capacidade de adaptação, inovação e criação diante das dificuldades e do desconhecido BARROS, (apud, CASTRO, 2001, p.116).

COMO SER RESILIENTE Para nos tornamos pessoas resilientes é preciso ter uma meta em sua vida, do seu autoconhecimento. Depende que você faça escolhas boas, questionando a si próprio, traçando metas positivas, fazendo bons planos e lutando pelo o que interessa. Registrar os seus objetivos para tornálos realidade. Todos nós conhecemos o que nos trava e o que nos motiva. Uma questão muito importante a ser citada, é que a resiliência pode ser aprendida, ou seja, o indivíduo pode ao longo de sua vida aprender de acordo com seus conhecimentos. Olhar para trás traçar um novo plano, enxergar uma mudança ou até mesmo algo ruim como uma oportunidade para melhoras. Segundo Stancolovich (2015, p.44), quando tomamos as rédeas da nossa vida e somos resilientes, as coisas acontecem a nosso benefício, pois as nossas energias estão a nosso favor. Mas é preciso perseverança e força de vontade, acreditar e insistir mesmo quando todos nos dizem que não vai dar certo e que não somos capazes de dar a volta por cima.

Outra questão muito importante que devemos colocar é que a auto - estima faz parte da resiliência, ela é como a chama que ilumina dentro de cada pessoa, é como a pessoa se percebe, como ela se compreende, perante a vida, diante dos seus familiares, dos seus amigos, do seu trabalho. Ela fará parte das escolhas que todo indivíduo tomara para mudar e dar novas perspectivas para sua vida. Desenvolver a auto - estima significa desenvolver a resiliência dentro de si. É acreditar na capacidade, no sucesso, na alegria, no otimismo, e essa pratica levara o indivíduo a ter mais sucesso em seus objetivos. Pessoas resilientes apresentam características básicas como: autoestima positiva, habilidades de dar e receber em relações humanas, disciplina, responsabilidade, receptividade, interesse, tolerância ao sofrimento e muitas outras ANGST, (apud BARREIRA e NAKAMURA, 2006).

É importante também, estar sempre perto de pessoas positivas, e assim contagiar se desse estado. Percebendo e aprendendo que a auto - estima faz o crescer positivamente, trazendo consigo a capacidade a auto capacidade, estando mais aberto a críticas e fazendo delas um alicerce de aprendizagem. Isso não significa que os problemas não existirão mais, é simplesmente a sua capacidade de lidar com esses episódios que mudarão. Como vai afetar ou não a sua vida. Saber respirar quando for preciso, e assim recuperar as energias. Stancolovich (2015, p.61) diz que: a pessoa resiliente também sofre, é um ser humano, mas não se deixa abater facilmente ou se vitimiza, ela age. Sendo assim, uma pessoa que busca metas, está sempre disposta a mudanças, novos planos, faz dos obstáculos um

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aprendizado natural. A criatividade é um fator muito importante para ser resiliente, pois a tomada de decisão de suas ações se tornam mais rápidas, e adapta-se a situações com mais confiança em si mesmo. Resiliência pode ser construída através de soluções criativas diante das adversidades presentes na sociedade atual, da qual resulta um duplo efeito: a resposta ao problema em questão e a renovação das competências e impulso vital dos indivíduos. A resiliência envolveria não somente o controle sobre a situação, mas um determinado reforço para que o indivíduo siga lutando por novos resultados pessoais OLIVEIRA e NAKANO (apud BARLACH, LIMONGI FRANÇA e MALVEZZI, 2008). CADA INDIVIDUO POSSUI UM PONTO DELICADO DENTRO DE SI O mundo moderno nos traz cada dia mais inúmeros problemas, correrias, estresse, cobranças. E isso pode gerar dentro de cada um mudanças, sejam elas positivas ou negativas. Cada indivíduo precisa pôr em pratica a resiliência. Buscar a solução para os problemas, ser capaz de buscar ajuda se for necessário, buscar no seu íntimo o que a de melhor em você, fazer valer seus ideais, ser capaz de amar a si próprio e também os que o rodeiam. Identificar o que te torna feliz e também o que te desagrada, isso irá trazer para o seu lado energias positivas. Cuidar do corpo e da mente é muito importante, pois temos que saber respeitar as nossas necessidades, o nosso corpo tem suas limitações e temos que saber respeita - lo. Saber dividir as horas entre cultura, lazer e sono e comprometer com uma boa qualidade de vida, isso com certeza irá contribuir para sermos pessoas mais resilientes. PARA QUE SER RESILIENTE A resiliência se constrói assim como a felicidade, olhando para dentro do seu íntimo. É importante ressaltar que, a revolta é uma das características de uma pessoa não resiliente, esta que esta pessoa, está sempre colocando a culpa de seus problemas no outro, questionando o que lelé poderia ter feito, o que deveria ter, o que não poderia fazer. Resiliência não é um traço de caráter hereditário, que você tem ou deixa de ter, é uma conquista pessoal Stancolovich (2015, p.80), que podemos desenvolver e aprender, confrontar e enfrentar situações com desenvoltura , e enfrentar uma resposta positiva e não mergulhar no problema, buscando sempre a solução para determinada situação. A vida é feita de desafios, e nem tudo é um mar de rosa, todos temos problemas, mas quando conquistamos algo que sempre almejamos experimentamos um grande prazer na vida. As vezes o ser humano simplesmente coloca em destaque em sua vida as suas derrota, suas fraqueza. Precisamos aprender valorizar as pequenas coisas, e saber que as derrotas fazem parte e é com elas que aprendemos acertar e valorizar as conquistas. Estudos mostram que pessoas felizes são resilientes, e por isso começar o dia de mau humor é uma má iniciativa para começar o dia. Outra questão muito importante é que: é preciso estar bem consigo mesmo. É preciso estar bem no seu interior, para atrair para seu lado pessoas felizes e realizadas. Enfim, a felicidade é algo considerado muito importante para a resiliência. Pois ela abre portas e enxergam as oportunidades. RESILIÊNCIA NA EDUCAÇÃO Segundo Silveira e Brochado (2008, p. 7) resiliência na educação se refere à capacidade que as pessoas têm, tanto individualmente quanto em grupo, de resistir a situações difíceis sem perder o equilíbrio e ajustar-se, constantemente, de maneira positiva. Isso quer dizer resistir às pressões do cotidiano escolar, mantendo o foco nos objetivos principais da educação.

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O professor é o profissional que passa por situações diversas: financeiras, falta de recursos nas escolas, cobranças sem medidas de pais, cobranças da escola em que se trabalha, cobranças por competências de formação, stress, falta de disciplina de alunos, falta de renovação com o avanço rápido da tecnologia, enfim todas as mudanças são cobradas e não se tem tempo para adaptação adequada de todas as situações. Por isso e muito mais o professor deve se desdobrar para conseguir alcançar os resultados esperados e se manter no mercado de trabalho sendo resiliente. (SILVEIRA, A. L; BROCHADO, S. M. D, 2008) Embora a resiliência seja uma condição íntima e pessoal, não se é resiliente sozinho. E numa escola o professor torna-se assim peçachave no processo da promoção da resiliência. De acordo com Silveira apud (MELILLO, 2001), “é preciso escolher entre se abater diante de dificuldades ou impedimentos ou lutar com os recursos e as reais possibilidades”.

O envolvimento entre professor e aluno traz uma ligação que completa ambos o aluno se senti mais à vontade para perguntar e dialogar sobre as matérias expostas e o professor senti confiança de que o aluno está aprendendo e evoluindo no seu tempo. Está satisfação de ambos deixa claro a resiliência como salto para formação do aluno e satisfação do profissional docente. Os pais tem um papel de integridade total para que seus filhos sejam resilientes e se tornem capazes de encarrar o aprendizado de maneira saudável e feliz. O meio social que os pais agregam os seus filhos os tornam mais ou menos resilientes e isto é levado para escola, a maneira que os pais encarram a vida com auto ou baixa auto – estima reflete totalmente no que os filhos serão e a maneira que eles vão evoluindo, são exemplos concretos que os fazem se sentir fortes ou fracos e ser resilientes. E a escola depende sim dos pais está ligação entre escola e casa faz uma grande diferença se tiver conexão, todos tem que estar com o objetivo do aprendizado de maneira saudável. Ao se manter uma relação baseada no amor, os pais e os professores concretizam a resiliência, construindo ações e atitudes positivas com as crianças e os adolescentes. Essa relação, cujos atos favorecem a auto-estima e a autonomia, estimula a capacidade de resolver problemas e de manter uma boa auto-estima em situações adversas, além de instalar um clima de afeto e alegria (SILVEIRA, 2008).

Já os alunos tem que se sentirem motivados pelos país e pelos professores e todo ambiente que a escola proporciona. Uma criança motivada evolui, contagia os colegas, os pais e os professores, é mais fácil ensinar uma criança que tem curiosidade, e que está motivada. Sobretudo nos casos de ausência de laços afetivos familiares fortes e de sistemas de suporte social, cabe à escola um papel fundamental na educação para a resiliência: Ela possui funções que vão além da produção e reprodução do conhecimento. “Os exemplos e os incentivos são importantes para a formação do indivíduo e, portanto, investir na escola como espaço que contribua também para a promoção da saúde, a qualidade de vida e o bem-estar dos indivíduos que dela fazem parte pode ser um caminho para a prevenção de agravos à saúde”. (BARROS apud ASSIS, 2006, p.117-118).

Pais e professores resilientes formam alunos resilientes, este conjunto é o ideal e o agrupamento dos dois vão formar cidadãos mais capazes de superar os obstáculos da vida. E quanto mais a sociedade estiver cheia de pessoas resilientes, mais vamos nos desenvolver, teremos pessoas com auto-estima mais elevada e espiritualidade equilibrada. Seres humanos mais humanos, mais alegres, que partilham mais, que são solidários, pró-ativos, enfim como seres humanos seremos evoluídos e capazes de superar as dificuldades. Todos os benefícios de ser resilientes nos favorecem, também as pessoas ao nosso redor e uma sociedade que fazemos parte.

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CONSIDERAÇÕES FINAIS Este artigo nos mostra a importância de ser resiliente na formação do indivíduo. Os pais, professores e o meio em que vive irão transformar este indivíduo em uma pessoa resiliente ou não. A resiliência é algo fantástico na vida do indivíduo. E a partir do momento que temos uma pessoa resiliente o benefício é de todos. O indivíduo resiliente é um ser iluminado contagia a todos, está sempre disposto a mudança e evolui com todos, puxa os que estão para traz, acompanha os que estão indo a frente e não para de evoluir. A criação de um indivíduo resiliente é trabalhosa porém está formação não depende de apenas um indivíduo e ao se tornar independente resiliente a pessoa ama mais, é carinhosa, afetiva, mais humana e todos querem ficar ao seu redor, está transformação exige tempo, serenidade e sabedoria para chegar a resiliência individual.

REFERÊNCIAS ANGST, R. Psicologia e Resiliência: Uma revisão de literatura. CURITIBA – PR, 2009. ASSIS, S.G. Encarando os desafios da vida: uma conversa com adolescentes. Rio de Janeiro: FIOCRUZ, ENSP, / CLAVES, CNPq, 2005. ASSIS, S.G; PESCE, R.P; AVANCI, J.Q. Resiliência: enfatizando proteção dos adolescentes. Porto Alegre - RS: Artmed, 2006. BARROS, W.D.C. Resiliência na educação: Uma reflexão no trabalho docente. UEPB, Campina Grande – PB. COIMBRA, N. de A; MORAIS, N.de A. A resiliência em questão: Perspectivas teóricas, pesquisa e intervenção. Porto Alegre –RS, Armed Editora, 2015. OLIVEIRA, M. A ; NAKANO, T.C. Revisão de pesquisa sobre criatividade e resiliência. CAMPINAS – SP, 2011 STANCOLOVICH, E. Resiliência: vença o stress e controle a pressão antes que eles dominem você. São Paulo: Editora Ser Mais, 2015. SILVEIRA, A. L; BROCHADO, S.M.D. Resiliência na educação. Jacarezinho – PR, UENP, 2008.

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INCLUSÃO DE PESSOAS ESPECIAIS NAS ESCOLAS QUAIS SUAS VANTAGENS E DIFICULDADES PARA INCLUIR UMA CRIANÇA ESPECIAL NA ESCOLA Regia Aparecida Jacinta da Silva Tatielle Aguiar Chaves Mercia Crepaldi Carvalho de Oliveira

RESUMO Este artigo tem como objetivo proporcionar aos educadores meios para entender o processo de inclusão de forma clara e objetiva, onde todos são parceiros que colaboram com essa prática. Como objetivos específicos, pode-se ser: Verificar como os alunos veem a inclusão na escola; verificar quais são as metodologias utilizadas pelos professores em sala de aula sobre a inclusão; fazer uma análise do conteúdo apresentado pelos professores aos alunos com deficiência. Tomar consciência dos problemas; levantar as informações necessárias; isto é, conhecer as possibilidades de solução; podem participar dessa pesquisa famílias, alunos professores e a própria sociedade em si como procedimentos de coleta de dados, este trabalho fará o uso de questionários com questões direcionados à família e aos professores. Neste sentido, revela-se a importância de se entender o processo de inclusão, começar pela Educação Infantil e se entender para os Ensino Superior. Portanto, para construir o conhecimento é necessário unir o saber, à experiência e à consciência, de se dar o melhor pelo próximo. Este artigo vai abranger sugestões de alguns teóricos, com propostas para contribuir no sentido de colaborar com o processo de inclusão, no que diz a respeito da escola. Palavra-chave: Inclusão, Deficiência acessibilidade. INTRODUÇÃO Educar e alfabetizar crianças são uma missão maravilhosa, mas também é um grande desafio. Segundo Kramer a alfabetização não é um processo que inicia repentinamente e sim de forma continua, ou seja, esse processo se dá antes mesmo da criança iniciar sua vida escolar. A alfabetização é um processo que, ainda que se inicie formalmente na escola, começa, de fato, antes de a criança chegar a escola, através das diversas leituras que vai fazendo do mundo que a cerca, desde o momento em que nasce e, apesar de se consolidar nas quatro primeiras series, continua pela vida a fora. Este processo continua apesar da escola, fora da escola, paralelamente à escola. A criança vai construindo conhecimentos sobre o mundo em que vive. Nesse processo de construção está inserida a escrita, como um objeto cultural socialmente construído. (KRAMER, 2003, p.35 – 37)

Se buscarmos na história da Educação irá notar que o processo de alfabetização evidencia algumas mudanças conceituais no decorrer dos anos. Uma delas gira em torno do conceito de alfabetização através da ludicidade nos anos iniciais, traz como objetivo a ampliação do ato de alfabetizar, ou seja, um sentido macro para o processo de construção da alfabetização. Ao ingressarmos na faculdade para fazer o curso de pedagogia, vimos quanto é importante enxergar o que ocorre com a inclusão no meio social e escolar. Assim, lidar com o processo de inclusão

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é uma maneira de compreender melhor o ser humano que existe em cada um. Mas, para que tudo aconteça, será necessário buscarmos novas atitudes e conceitos para vencer essa discriminação. A justificativa de termos escolhidos esse tema, foram apresentadas por vários professores que nos mostraram a realidade, que existe durante os quatro anos de faculdade, sendo assim o nosso foco de pesquisa. Surgiram algumas indagações, sobre o processo de inclusão no ambiente escolar: por que é tão difícil se ter uma criança com deficiência na escola? Serão que eles não têm direito a frequentar a escola como as outras crianças ditas normais? O aprofundamento será por meio do levantamento de uma família com uma criança especial e uma professora. Não há dúvida de que temos de considerar as crianças nos procedimentos e nas possibilidades de aplicação dos conceitos que apresentaremos nesse artigo, se não citarmos as escolas, seja pública ou particular que devem receber de braços abertos essas crianças especiais ou outros grupos. Sendo este artigo de fundamental importância para o nosso crescimento profissional perante a escola e a sociedade. E nas considerações finais apresentaremos as constatações pertinentes ao estudo realidade e ainda apontaremos algumas possibilidades para novos estudos. A EDUCAÇÃO INCLUSIVA DENTRO DA FAMÍLIA ESCOLA E NA SOCIEDADE A educação inclusiva deve-se prevê oportunidades de melhores acesso à escola com facilidades pelos portadores de necessidades especiais. O que devemos ter sempre em mente que o processo de inclusão não deve acontecer somente na família, mas também acontecer no ambiente escolar e na sociedade como forma de trabalhar em parceria para o desenvolvimento das crianças especiais. O autor Vygotsky (1998, p.104) A aprendizagem e desenvolvimento um Aprendizagem e desenvolvimento, um processo sócio histórico diz, que “a aprendizagem é processo puramente exterior, paralelo ao processo de desenvolvimento, mas que não participa ativamente desde nem o modifica". Sendo que cada pessoa construí o seu desenvolvimento gradativamente passo a passo. A citação nos aponta que onde a escola e família trabalham juntas conseguem um resultado fantástico, tanto na vida escolar quanto para a vida em sociedade. Sabemos que a inclusão envolve vários aspectos tanto cognitivos quanto social, nesse processo o professor deve contribuir para que a criança se desenvolva conforme suas necessidades. Pois somo seres inacabados e estamos sempre crescendo cada dia de nossa existência. Freire (1996) destaca o ser humano como um ser inacabado, que está em constante transformação que apesar das deficiências pode surgir algumas mudanças no comportamento, na aprendizagem e no convívio de cada indivíduo. Esse processo deve ser feito por todos os interessados e não apenas por um grupo eletrizando, mas por uma sociedade que luta por um mundo sem exclusão, deixando todos ter direitos a vida em grupo, pois através desses momentos ensinamos e aprendemos muitas com coisas apresentadas por essas crianças especiais. Assim, podemos compreender de acordo com Freire que “lutar contra a imoralidade da discriminação implica enfrentar os desafios da inclusão na educação”. Sendo assim as instituições devendo trabalhar de forma que superem as dificuldades em relação às classes especiais. No nosso entendimento Vygotsky e Freire percebem o ser humano independentes das classes sociais ou de aprendizagem pode superar funções diferentes a partir da vivência entre outros indivíduos, com experiências históricas e cultural que cada um traz consigo, pois ninguém nasce pronto, mas que se evolui a todo o momento, assim são os seres humanos. O referencial Curricular Nacional (1998) apresenta: O brincar como forma particular de expressão, pensamento, interação e comunicação infantil e a socialização das crianças por meio de sua

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participação e inserção nas mais diversificadas práticas sociais, sem discriminação de espécie alguma (p.13). Onde o referencial reforça que todos têm direito a uma educação inclusiva de qualidade. A declaração de Salamanca afirma que: “As escolas integradoras devem reconhecer as diferentes necessidades de seus alunos e a elas atender: adaptar-se aos diferentes estilos e ritmos de aprendizagem das crianças e assegurar um ensino de qualidade por meio de um adequado programa de estudos, de boa organização escolar, criteriosa utilização dos recursos e entrosamento com suas comunidades” (Declaração de Salamanca, 1994: 23).

Por isso o papel da escola e da sociedade é muito valioso para o desenvolvimento desse cidadão que precisa ser inserido no contexto escolar com outros alunos ditos normais. O professor deve ser o mediador dessa interação tornando assim possível ser claramente um processo inclusivo. INCLUSÃO E ACESSIBILIDADE

Portanto todos os educadores devem conhecer a natureza do processo de inclusão e acessibilidade, da mesma forma que devemos conhecer os processos e recursos, através dos quais se constroem seres capazes de se desenvolver, através de suas necessidades. Quanto mais essa criança for estimulada a exercitar, maior é a possibilidade de se desenvolver uma atitude positiva em relação ao seu processo de aprendizagem. Segundo os Parâmetros Curriculares nacionais (1998). O cuidado preciso considerar, principalmente, as necessidades das crianças, que, quando observadas, ouvidas e respeitadas, podem dar pistas importantes sobre a qualidade do que estão recebendo. Cuidar da criança, é, sobretudo, da atenção a ela como pessoa que está num contínuo crescimento e desenvolvimento, compreendendo sua singularidade, identificando e respondendo às suas necessidades. Inclui interessar-se sobre o que a criança sente, pensa o que ela sobre si e sobre o mundo, visando à ampliação deste conhecimento e de suas habilidades que, aos poucos, a tornarão mais independente e mais autônoma cuidar. Se o aluno for estimulado em seu ambiente sociocultural ele se sentirá seguro e capaz de aprender algo importante para seu desenvolvimento. Pois é no ambiente escolar que devemos assumir o papel de mediador de forma a promover alterações na cognição, na afetividade, na forma de comunicação e interação social da criança. Cris Poli (2010, p.81 e 82) afirma que “Como conseguir a aplicação prática dos conceitos de acessibilidade na escola é ainda uma das questões que mais preocupam os educadores, em tempos de inclusão social. O tema inclusão social tem sido discutida em todos os segmentos da sociedade, com bastante ênfase, desde 1990”. O objetivo a ser atingido é conseguir que a sociedade se sensibilize e se mobilize para que possa ser exercido o direito de ir e vir das pessoas portadoras de necessidades especiais. Tudo isso, só reforça que a acessibilidade na escola é um direito para que os alunos especiais participem das atividades escolares. Muitas das vezes faltam recursos necessários para ampliação desse processo de inclusão nas escolas regulares. A autora Cris Poli (2010, p.82) diz: Os professores precisam conscientizar-se das adaptações necessárias para receber alunos com necessidades especiais em sala de aula. Quando se fala de inclusão, ainda são grandes os desafios, pela falta de informação, por não se dar a devida importância ao assunto e também pela dificuldade de aceitação no convívio social daquele que é deficiente.

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Para obter melhores resultados nas escolas é preciso um esforço grandioso, se ter sucesso. Porque as escolas particulares conseguem suprir as necessidades da acessibilidade. Mas tudo é possível se todos juntar a vontade de tornar as escolas acessíveis a todos, que delas necessitam para seu desenvolvimento, portanto contamos com todos os voluntários que se disponibilizam seu tempo ao até mesmo com ajuda financeira para o crescimento, tornando assim a inclusão e acessibilidade um conjunto muito importante para o desenvolvimento do ser humano. A RELAÇÃO ENTRE ESCOLA E FAMÍLIA, PRINCIPALMENTE UMA FAMÍLIA QUE TEM UMA CRIANÇA COM NECESSIDADES ESPECIAIS Família e escola são fundamentais para o processo de aprendizagem, o papel desta união é desenvolver a socialização, a harmonia, a aprendizagem e o afeto nos indivíduos. E é nesta junção familiar e escolar que as crianças se desenvolvem no aspecto cultural e social no qual os prepara para o convívio em sociedade. Para que haja um melhor desempenho do educando se faz necessário que estes dois contextos trabalhem de forma coletiva, sendo que tanto um quanto o outro oferecem pontos positivos e negativos na formação do indivíduo. Sabendo que se uma destas instituições não apoiar e auxiliar a outra jamais poderá ser realizado um trabalho com bons resultados. Conforme Tiba (2006) A força dos pais está em transmitir aos filhos a diferença entre o que é aceitável ou não, ensinar o que é certo e errado, colocando limites, porque a escola conta e precisa deste limite oferecido no lar para obter bons resultados em seu trabalho. Compreendendo que a maior responsável pela educação dos indivíduos é da família por estarem em permanente contato com a criança no lar durante o seu processo de formação e desenvolvimento da personalidade. A família influencia positivamente quando transmite afetividade, apoio solidariedade. É no seio familiar no seio familiar, que a criança aprende a socializar, dividir, compartilhar e conviver em grupo. Uma das funções da família é transmitir à criança os valores e padrões culturais no meio social em que está inserido independentemente da onde vivem e de suas condições financeiros esta responsabilidade dos familiares não pode ser transferida para a escola. Sabendo também que a escola não é a única instância de formação de cidadania. Mas, o desenvolvimento dos indivíduos e a sociedade dependem cada vez mais da qualidade e da igualdade de oportunidades educativas. Sendo assim temos que ver os objetivos éticos, pois a escola deve ser um espaço de valorização tanto da informação quanto da formação de seus alunos. A escola como instituição busca através de seu ensino, que seus alunos possam assumir a responsabilidade por este mundo, como diz Arendt (apud CASTRO, 2002, p. 1). Ultrapassa os desejos individuais e esta responsabilidade só poderá advir, através do enlaçamento entre conhecimento, e ação, entre o saber e as atitudes, entre os interesses individuais e sócias. A escola, como um novo modelo, irá ampliar o mundo dos alunos, convidando-os a olhar suas experiências com uma outra lente, que não a familiar, o que alterará os significados já conhecidos. A escola pública tem mais fortemente, então, a responsabilidade da apresentação de conceitos e conteúdos herdados de nossa cultura, pois muitas crianças só terão acesso a esta herança, através de sua passagem pela escola, que deve então, abrir caminhos de acesso à cultura de maneira igualitária para todos e neste sentido, lutar contra os privilégios de uma classe social. Todo educador enquanto mediador do vínculo entre aluno e a cultura, entre a escola e a família, estão mergulhados e comprometidos nesta rede de interesses dos dominantes e dos dominados.

A escola exercesse seu papel de forma em que os alunos vejam o mundo com outros olhos a não serem só os familiares, mas sem tirar da família a responsabilidade da educação de seu filho, por

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isso o papel da família é considerado fundamental para o desenvolvimento da criança e em todas as fases de sua educação social, afetiva e escolar. O dever da família com o processo de escolaridade e a importância de sua presença no contexto escolar é publicamente conhecido na legislação nacional e nas diretrizes do Ministério da Educação aprovadas no decorrer dos anos 90, tais como: Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), instituído por lei n° 8069/90, que aponta para os deveres da família e os direitos das crianças, Política Nacional de Educação Especial, que adota como uma de suas diretrizes gerais: adotar mecanismos que oportunizem a participação efetiva da família no desenvolvimento global do aluno, entre seus objetivos específicos, tem o envolvimento familiar e da comunidade no processo de desenvolvimento da personalidade do educando; Lei de Diretrizes e Bases da Educação, instituído pela Lei n° 9394/96, que atenta para importância família, nos artigos 1° 6° e 123°, Plano Nacional de Educação, aprovado pela Lei n° 10172/2001, que define como uma de suas diretrizes a implantação de conselhos escolares e outras formas de participação da comunidade escolar (composta também pela família) e local na melhoria do funcionamento das instituições de educação e no enriquecimento das oportunidades educativas e dos recursos pedagógicos. Sendo assim também pode ressaltar a importância da inclusão de crianças com necessidades especiais nas escolas, porque sabemos que a educação é direito de todas e todos devem ser tratados igualitariamente sem preconceito ou privação deste direito. E neste caso só mostrar mais ainda a importância da família com a participação na vida escolar e educativa de seu filho. Mas mesmo assim sabendo deste direito as escolas ainda encontra muita dificuldade com os obstáculos que surgem a cada momento. A educação especial tem como proposta pedagógica assegurar recursos e serviços para apoiar, a esta inclusão e são assegurados pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) n° 9.394, de 1996, (BRASIL, 1996), conceitua como Educação Especial em ser art58 “a modalidade de educação escolar oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais”. De acordo com esta afirmação temos leis, porem as leis não mudam posturas e preconceitos e discriminação que envolvem o trato com pessoas com necessidades especial. Cabe aos muitos interessados, a constante busca por uma sociedade e escola que acolha, respeite e conviva com as diferenças que se manifestam no ambiente escolar. Entendi que a inclusão escolar se baseia no princípio de uma instituição escolar democrática para todos, sem descriminação, no paradigma da educação inclusiva, o princípio fundamental é a igualdade de direitos e a sociedade torna-se inclusiva quando passa a considerar todos com igualdade de valor. As escolas devem incluir no seu Projeto Político Pedagógico comtemplar inclusão de pessoas especiais, conduzindo-as para o respeito às diversidades sociais, étnicas, biológicas e raciais. Através de todas estas informações podemos perceber que sem a ajuda familiar nada do que está nas leis são realizadas corretamente porque é traves deles que estas leis serão cobradas e cumpridas e em momento algum a família deve transferir a responsabilidade da inclusão somente para escola pois o processo de inclusão é um trabalho ardo, mas que com as duas partes trabalhando juntas o trabalho é bem-sucedido. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA A resolução de aprofundar os estudos sobre o processo de inclusão foi através de observações e indagações que surge cada dia, sobre a inclusão. Onde buscaremos auxílio em alguns autores que reforça o nosso pensamento sobre o processo de inclusão: Maria Teresa Ègler Montoam e Rosângela Gavioli Prieto, Valéria Amorim Arantes, org. (2006) colabora com sua obra Inclusão Escolar, Gabriel Chalita (2005) com seu trabalho Pedagogia do Amor, Paulo Freire (2015) com sua proposta Pedagogia da Autonomia Saberes Necessários a Práticas

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Educativas. Todos esses materiais colaboram com a proposta, dentro um paradigma histórico sócio cultural do processo de inclusão escolar interligando com a instituição familiar a escola e a sociedade. A declaração de Salamanca aborda o processo inclusivo como a existência de diferenças sobre a perspectiva da diversidade sociocultural e da desigualdade sociocultural e da desigualdade econômica, pois a educação das crianças tem forma diferenciada de comportamento, por algumas deficiências, onde esse ser passou por vários problemas de interação, pois ainda existem ambientes que não estão adaptados para receberem esses educados, com a realidade que eles necessitam. É necessário que os professores insistam na mudança, criando novas estratégias de abordagem do processo de inclusão no ambiente escolar, do processo de inclusão no ambiente escolar. Porque existem outros grupos também necessitam também de atenção especial para a realidade que eles vivem. O autor Audrey Carvalho (2010, p.7) ressaltar: A educação inclusiva prevê a oportunidade de acesso ao conteúdo por parte de alunos com características diferenciadas. Nos âmbitos nacional, sabese que a meta é incluir todos os alunos, garantindo-lhes ensino de qualidade, sejam eles deficientes, afro descentes, marginais, pobres, ciganos, indígenas. O que podemos relatar que não é fácil para os professores praticar isso na sala, pois são salas com mais de 30 alunos. Vygotsky (1998, p.104), Aprendizagem e desenvolvimento, um processo sócio histórico diz, que “a aprendizagem é processo puramente exterior, paralelo ao processo de desenvolvimento, mas que não participa ativamente desde nem o modifica". Sendo que cada pessoa construí o seu desenvolvimento gradativamente passo a passo. O que podemos relatar que não é fácil para os professores praticar isso na sala, pois são salas com mais de 30 alunos. Onde cada criança desenvolva o seu senso crítico, para isso acontecer cada professor deve usar sua criatividade, para cada tipo específico de aluno, não se esquecendo das atividades pedagógicas adequadas ao ensino da matemática. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com a realização dessa pesquisa, podemos dizer que o processo de inclusão, tem um papel importante na vida do aluno, pois a formação de cidadão precisa ser um compromisso de todas as famílias, as escolas, professores e a sociedade que deve valorizar esse ser, que tem várias qualidades a serem mostradas. Como se trata de um processo incluso deve haver um envolvimento muito grande para a aprendizagem sem esquecer que essa criança deve ser tratada com o devido respeito, aí sim contribuirá com a melhoria no processo de inclusão. É importante lembrar que todas as ações necessárias para resolver os problemas encontrados no processo de inclusão precisam ser desenvolvidas com tranquilidade e amor, e com muita paciência e objetividade. Dessa maneira, educar é acima de tudo, uma missão de amor pelo próximo. Acreditamos que a nossa pesquisa será um marco para novos estudos nesta área e que os futuros pesquisadores possam dar prosseguimento dessa temática. REFERÊNCIAS AMIRALIAN, M.L.T.M. Psicologia do Excepcional. São Paulo: EPU, 1986. ARDORE, Marilena. Eu tenho um irmão deficiente... Vamos conversar sobre isto?. São Paulo, Edições Paulinas, 1988.

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BAZÍLIO, Luiz e KRAMER, Sônia. Infância, educação e direitos humanos. São Paulo: Ed. Cortez, 2003. Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação Média e Tecnológica Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Fundamental Brasília: Ministério da Educação, 2001. Oliveira, Marta Kolal de. Vygotsky: Aprendizagem e desenvolvimento. Um processo sócio-histórico, 4° ed. São Paulo: Scipione, 1988. BUSCAGLIA, L. Os deficientes e seus pais. Trad. Raquel Mendes. 2.ed. Rio de Janeiro: Record, 1993. CARVALHO, Audrey. Formando leitores. São Paulo: Rideel, 2010. CASTRO, Edmilson de. Família e escola: o caos institucional e a crise da modernidade. (2002). Disponível em: < http://clm.com.br/espaço/info9aa/1.html >. Acessado em: 31 outubro 2016. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1996. KRAMER, Sônia. Infância, cultural contemporânea e educação contra a barbárie. In: SALAMANCA, Declaração de linhas de ação sobre necessidades educativas. Brasília: Corde, 1994. SZYMANSKI, Heloisa. A relação família/escola: desafios e perspectivas. Brasília:Plano, 2001. TIBA, Içami. Disciplina Limite na Medida Certa – São Paulo Editora: Integrare, 2006.

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