Revista Clinia de Ortodontia v12n1

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volume 12, número 1, fevereiro/março 2013

Dental Press

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):1-136

ISSN 1676-6849


volume 12, número 1, fevereiro/março 2013

Dental Press

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Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 2

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Barra palatina assimétrica em “L”: ancoragem em casos de Classe II subdivisão tipo 2 tratados com extração de um pré-molar superior

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Alinhadores invisíveis: indicações, limitações biomecânicas e a problemática da mensuração das forças aplicadas

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Tratamento da mordida aberta esquelética em adultos com a técnica Multiloop Edgewise Archwire

61

Retratamento de mordida aberta esquelética com intrusão dos molares superiores com mini-implantes

71

Comparação clínica da efetividade da colagem dos braquetes ortodônticos com duas resinas fotopolimerizáveis

79

Confecção imediata de elementos provisórios em resina composta, inseridos ao aparelho ortodôntico fixo

88 96

When, how and why to use the 4x2 mechanics: Part 2 Marcio Rodrigues Almeida

L-shaped asymmetrical palatal bar: anchorage in Class II type 2 subdivision cases treated with one premolar extraction Darwin Vaz de Lima, Karina Maria Salvatore de Freitas

Invisible aligners: Indications, biomechanical limitations and the problem of measuring the forces applied Giovanni Modesto Vieira, Eduardo Jacomino Franco, Carlos Henrique Guimarães Junior

Skeletal anterior open bite treatment in adults by Multiloop Edgewise Archwire technique Fabrício Viana Pereira Lima, Benedito Viana Freitas, Fausto Silva Bramante, Julio de Araújo Gurgel

Retreatment of a skeletal anterior open bite by upper molars intrusion with mini-implants Marcel Marchiori Farret, Milton Meri Benitez Farret

Clinical comparison of the effectiveness of orthodontic brackets bonding with two light-activated resins Silvio Jorge João de Oliveira Neto, Fabricio Pinelli Valarelli, Karina Maria Salvatore de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado, Ricardo César Gobbi de Oliveira

Immediate provisional teeth performed in composite resin, directed to fixed appliances Bruno Almeida de Rezende, Lízia Tatiana Franckevicius, Marília Inez Figueiredo

Cirurgia ortognática com aparelho ortodôntico lingual 2D

Orthognathic surgery with 2D lingual orthodontic appliance Silvana Allegrini Kairalla, Vittorio Cacciafesta, Mario Cappellette Junior, Aluísio Galiano, Luiz Renato Paranhos

Tratamento de mordida aberta anterior com intrusão de molares utilizando mini-implantes como ancoragem

Treatment of anterior open bite with molars intrusion using mini-implants as anchorage Fabricio Pinelli Valarelli, Juliana Shinnae de Justi, Claudia Cristina da Silva, Karina Maria Salvatore de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado

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Avaliação da resistência adesiva após colagem ortodôntica com resina e sistema hidrofílicos com ou sem contaminação

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Protocolo alternativo para o tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono com aparelho intrabucal

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Movimento ortodôntico depois de tratamento endodôntico, inclusive com perfuração: 30 dias

Evaluation of adhesive strength after orthodontic bonding with hydrophilic resin and system with or without contamination Julliane Salgado Ribeiro, Giovana Simião Ferreira, Odilon Guariza Filho, Sérgio Aparecido Ignácio, Jucienne Salgado Ribeiro, Elisa Souza Camargo

Alternative protocol for treatment of Obstructive Sleep Apnea with intraoral appliance Dario Fernandes Lopes Neto, Eloisa Marcantonio Boeck, Karina Eiras Dela Coleta Pizzol, Nadia Lunardi, Leandro Bielli Rossi

Orthodontic movement after endodontic treatment, even with perforations: 30 days Alberto Consolaro


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Editorial ������������������������������������������������ 5 Eventos ������������������������������������������������� 6 Acontecimentos ����������������������������������� 8 Marketing ������������������������������������������� 10 Pergunte a um Expert ������������������������� 11 Controvérsias ������������������������������������ 124 Abstracts ............................................ 129 Instruções aos autores ���������������������� 133


EDITOR Weber José da Silva Ursi

FOSJC/UNESP-SP

EDITOR EMÉRITO Omar Gabriel da Silva Filho HRAC-USP EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto UFG-GO Rosely Suguino CESUMAR-PR Danilo Furquim Siqueira USC-SP

PUBLISHER Laurindo Furquim UEM-PR

oordenador dos Abstracts C Mauricio de Almeida Cardoso

USC-SP

ONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO C Adilson Luiz Ramos UEM-PR Hélio Hissashi Terada UEM-PR CONSULTORES CIENTÍFICOS

Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Björn U. Zachrisson Carlo Marassi Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz

UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP Universidade de Oslo / Noruega CPO SLMANDIC-SP Uniceuma-MA UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP Uniceuma-MA UFRN-RN ABENO-SP

Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - DiretorES Editoriais: Bruno D’Aurea Furquim - Rachel Furquim Marson - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Diego Ricardo Pinaffo - Bruno Boeing de Souza - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Marcos Amaral - Tatiane Comochena Tratamento de imagens: Ivo Azevedo - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira Dias - Revisão/COPydesk: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernanda de Castro e Silva - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/ NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosane Albino

Guilherme de Araújo Almeida UFU-MG Henrique Mascarenhas Villela ABO-BA Jeffrey P. Okeson Universidade de Kentucky / EUA Jesús Fernández Sánchez Universidade de Madrid / Espanha José Fernando C. Henriques FOB-USP-SP José Nelson Mucha UFF-RJ José Rino Neto FOUSP-SP Júlia Harfin Universidade de Maimonides / Argentina Julio de Araújo Gurgel FOB-USP-SP Julio Pedra e Cal-Neto UFF-RJ Jurandir Antonio Barbosa ACDC-SP Larry White AAO Dallas / EUA Leopoldino Capelozza Filho USC-SP Lorenzo Franchi Universidade de Florença / Itália Luciano da Silva Carvalho APCD-SP Marcelo de Castellucci e Barbosa UFBA-BA Marcio Costa Sobral UFBA-BA Marcio Rodrigues de Almeida UNOPAR-PR Marden Bastos EAP-ABO-MG Matheus Melo Pithon UESB-BA Ravindra Nanda Universidade de Connecticut / EUA Ricardo Nakama Clínica particular-PR Roberto Hideo Shimizu UTP-PR Roberto Justus Univ. Tecnológica do México / México Sebastião Interlandi USP-SP Vincent G. Kokich Universidade de Washington / EUA Wagner José Silva Ursi UEL-PR Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana FOB-USP-SP

Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti FOB-USP-SP

Patologia Alberto Consolaro FOB-USP-SP

Dentística Renata Pascotto

UEM-PR

A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.

Indexada nas Bases de Dados:

Bimestral. ISSN 1676-6849.

BBO

1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. CDD 21.ed. 617.643005

desde 2003

desde 2003

desde 2008


editorial

O marketing na Ortodontia Weber Ursi Editor

A maioria dos cursos de Especialização em Ortodontia — e aqui me incluo, como um dos coordenadores desses cursos — não tem, um seu conteúdo programático, uma disciplina sobre gestão e marketing. Para suprir essa deficiência, o recém-egresso de um curso de pós-graduação em Ortodontia tem algumas saídas, como a ajuda de consultores, ou “coaches”, a contratação de agências de propaganda e marketing, ou procurar fazer cursos que tenham uma interface com nossa especialidade. Os resultados são os mais variados. Muitos se agarram a tábuas de salvação, desde a leitura de livros de autoajuda até a propaganda de aparelhos ou equipamentos. Autores de livros de autoajuda variam desde os mais conceituados pensadores modernos, com credenciais das melhores escolas, até os de formação mais duvidosa, que enumeram “pós-graduações” concluídas como se fosse uma lista de compras de supermercado. Os livros desses últimos são um atentado à inteligência do leitor, com um “cut-and-paste” infindável de platitudes e lugares comuns. Como literatura, são um lixo; como conteúdo, têm a profundidade de uma gota d’água. Nas livrarias, os livros de autoajuda merecem lugar de destaque, e até existem rankings dos mais vendidos, em separado dos livros de ficção e de não-ficção. Minha suspeita é que os únicos que têm algum retorno desses livros são somente os autores e a editora. Como escolher um livro que realmente possa agregar algo de positivo à nova vida pessoal e profissional? Normalmente, as resenhas e críticas de jornais e revistas conceituadas são bons indicadores. Capas chamativas e títulos engraçadinhos não devem ser o parâmetro na hora da escolha. Muitos profissionais divulgam, por meio de marketing externo, o uso de determinados aparelhos e/ou equipamentos, para procurar se diferenciar nesse mercado tão competitivo. Há 60 anos, essa estratégia já era utilizada, com a divulgação da expressão “raios x” nas placas dos consultórios odontológicos. Ora, quanto daquilo que vemos propagandeado hoje não é apenas a edição repaginada dos “raios X”?

Anos atrás, no início da década de 90, recebia a divulgação de cursos de atualização em Ortodontia nos seguintes termos: “Você, clínico-geral, não precisa mais indicar seus pacientes para especialistas, faça você mesmo Ortodontia, com uma nova técnica que não precisa (sic) fazer dobras nos fios, chamada Straight-Wire”. É de chorar a descarada falta de caráter do ministrador desse curso, que, além de ser um atestado de ignorância (a técnica já tinha 20 anos de uso), induzia a uma percepção de que a Ortodontia havia se tornado “fácil”. De repente, a mecânica se tornou mais importante do que o diagnóstico. Hoje, a onda do momento são os braquetes autoligáveis (autoligados ou autoligantes), com inúmeros cursos, livros, seminários e congressos dedicados ao assunto. Representantes comerciais travestidos de professores são a norma nesse mercado, com algumas exceções, repetindo mantras como se ungidos pelo próprio Dalai Lama. Ortodontistas e professores com formação ortodôntica esquálida recebem louros e aplausos dignos do calibre de um Graber, um Moyers, para ficar somente com os clássicos. A leitura crítica da literatura baseada em evidências, nesse momento, atesta que o uso de “self-ligating brackets“ é uma decisão relacionada ao manejo clínico do consultório, em termos de melhora da eficácia e eficiência, e não a virtudes mágicas e esotéricas que tais braquetes possam ter. Onde está o erro primordial de uma estratégia de marketing baseada em aparelhos ou equipamentos? Ora, o que impede que seu vizinho de porta, e concorrente direto, adquira e use os mesmos recursos que você? Onde está o seu diferencial? Seu diferencial, que nunca poderá ser copiado, ser comprado, ser ultrapassado, é seu capital intelectual. O investimento mais importante que um profissional pode fazer é em seu crescimento intelectual e no constante aperfeiçoamento como ser humano e cidadão. Fazendo uma interpretação livre de um poema de Mário Quintana: “Não saia por aí caçando as borboletas, cuide de seu jardim que elas virão até você”.

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eventos

7º congresso internacional de ortodontia da abor-go Data: 21, 22 e 23 de março de 2013 Local: Centro de Convenções de Goiânia - Goiânia/GO Informações: www.aborgoias.com.br

Residência em Ortodontia Lingual da Unicsul/ABOL Data: 22 de março de 2013 Local: Unicsul – Liberdade, São Paulo/SP Informações: www.residenciaortolingual.com.br (11) 3873-7907

curso preparatório de ortodontia lingual Data: 10, 11 e 12 de abril de 2013 Local: Hotel Leques, São Paulo/SP Informações: abolortolingual@abolortolingual.com.br

1º encontro DE ORTODONTIA DA ABO REGIONAL CAMPOS DOS GOYTACAZES Data: 11, 12 e 13 de abril de 2013 Local: Auditório da ABO-Regional Campos dos Goytacazes/RJ Informações: www.abocampos.com.br (22) 2732-3361

curso internacional de ortodontia - straight wire low friction - david suarez Data: 19 e 20 de abril de 2013 Local: Hotel Nacional Inn – Campinas/SP Informações: 0800-7030 766

XIII Encontro Internacional de Ortodontia da APRO Data: 23 a 25 de maio de 2013 Local: Associação Médica do Paraná – Curitiba/PR Informações: www.ortoparana.com.br (41) 3223-7893

9o encontro abzil - ortodontia individualizada capelozza Data: 23, 24 e 25 de maio de 2013 Local: Ouro Minas Palace Hotel, Belo Horizonte/MG Informações: www.pos-orto.com.br/abzilcapelozza

1o meeting internacional de ortodontia IOM Data: 23, 24 e 25 de maio de 2013 Local: Centro de Convenções Mario Henrique Simonsen - Rio de Janeiro/RJ Informações: www.meetingortodontiaiom.com.br

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ACONTECIMENTOS

CIOSP 2013 - I Congresso Interdisciplinar da APCD Nesse importante evento, realizado em São Paulo, entre os dias 31 de janeiro e 3 de fevereiro, o stand da Dental Press foi sede de inúmeros encontros entre profissionais, professores, alunos e empresas. Uma programação científica ampla e a abertura com o pianista e maestro João Carlos Martins também foram destaques.

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Dr. Bruno Furquim, de Maringá (PR), com os Drs. Marcos Kuwabara, de Londrina (PR), e Carlos Araujo, de Bauru (SP).

Fernando Marson, Dr. Norbeto dos Santos Marti, Dr. Jairo Correa, Dra. Rachel F. Marson e o publisher da Dental Press, Dr. Laurindo Furquim.

Dra. Michele Baffi Diniz e Dr. Alberto Diniz Neto.

Dra. Marília Ribeiro Oliveira.

Participaram ativamente do congresso as Dras. Sueli Reis de Oliveira e Gislaine Cristina Sangole.

Dr. André Felipe dos Santos e Dra. Tabata Levatti Monteiro, no primeiro dia do congresso.

Drs. Igor Felipe Silva Coelho e Paulo Eduardo Junqueira.

Dra. Valeska Fernanda Ciarelli com o Dr. Ertty Silva, de Brasília, e Dra. Loysiana Andrea Ciarelli.

Dr. Pedro Pires, de Portugal, e Dra. Teresa Furquim, diretora da Dental Press.

Dras. Walber Sesmilo Peron e Andrea Roge Ferreira Marcucci.

Dr. Érick Rodrigues Nery e Dra. Elizabela Caroline da Silva Ramos.

Dr. José A. E. Beramendi e Dra. Rita de Cassia Mangaravite, do Rio de Janeiro (RJ).

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marketing

Sou dentista/vendedor, com muito orgulho! Henrique nakama*

Recentemente, eu estava ministrando um treinamento na área de vendas para a empresa Tri Hawk do Brasil e acabei questionando os vendedores sobre quais são as principais características de um excelente vendedor, e as respostas foram: — Conhecer bem os produtos que vende; — Ser simpático; — Ser persistente; — Ser proativo; — Gostar de pessoas, etc. Todas as respostas estão certas, mas eles se esqueceram de uma das principais características, que é saber e dominar as técnicas de negociação e vendas. As pessoas ainda pensam que é possível atuar em vendas sem nenhuma qualificação prévia. Isso não é totalmente falso, mas está longe de ser 100% verdadeiro. E foi daí que veio a minha inspiração para escrever esse artigo. Ser cirurgião-dentista foi visto durante muito tempo como um sacerdócio e que, na nossa profissão, falar de ganhos financeiros era quase uma heresia, o que é uma hipocrisia, pois, todos nós que nos formamos em Odontologia, visamos lucro. Eu, por exemplo, me inspirei no meu pai, que é um grande cirurgião-dentista Protesista e Ortodontista, a quem, em troca de um excelente serviço prestado, as pessoas entregavam seu dinheiro felizes e, com isso, sempre fomos uma família com muitos privilégios. Eu me lembro de quando era pequeno, que observava e pensava: “Nossa que legal! O trabalho do meu pai é fazer as pessoas felizes e ainda ganha bastante dinheiro por isso! Quero ser Dentista também!” E, assim que me formei em Odontologia, comecei a entender que no mundo dos negócios, você não ganha o que merece e sim o que você negocia, pois acreditava que os meus serviços valiam XX mas vendia por X. Por mais que eu fosse bom em minha profissão, eu só teria sucesso financeiro se conseguisse negociar e vender melhor os meus serviços ou produtos. Foi aí que comecei a estudar a área de vendas e consegui quebrar vários paradigmas e preconceito, como por exemplo:

1) “Todo vendedor quer empurrar produtos e serviços que não preciso”. Isso não é verdade, um bom profissional de vendas precisa conseguir identificar as necessidades do cliente e procurar oferecer as melhores soluções dentro das expectativas dele, ou procurar oferecer algo que supere as expectativas, que muitas vezes são baseadas na falta de conhecimento do produto ou de um serviço melhor; e essas soluções são obrigação do bom vendedor oferecer. 2) “Qualquer pessoa sem qualificação pode vender, pois vender é muito fácil”. Realmente, vender é fácil, o difícil é conseguir vender por um bom preço! Quando comecei a estudar sobre vendas, descobri o quanto essa área é maravilhosa e o quanto ela pode nos ajudar a nos tornarmos melhores profissionais da saúde, partindo dos seguintes princípios: — Um bom vendedor precisa escutar muito o cliente. Quais são suas expectativas e suas frustrações? O que ele realmente veio buscar? Função, estética ou “status”? — Um bom vendedor sabe qual é o perfil psicológico do cliente. Se é um cliente mais quieto, o vendedor fala menos também; se ele é mais moderno, o vendedor fala das novidades tecnológicas de equipamentos e técnicas aplicadas no consultório; se ele é mais objetivo, o vendedor não ficará oferecendo muito mais variedades além do que ele pediu, etc. — Um bom vendedor sabe que o segredo em vendas não é conseguir novos clientes, mas sim direcionar todos os esforços para conseguir fazer a segunda venda ao mesmo cliente. Enfim, todo cirurgião-dentista deveria investir para aprender técnicas de negociação e vendas. Com essas técnicas você aprenderá a lidar melhor, compreender melhor e entender melhor o seu cliente, e, assim, conseguir vender melhor, ganhar melhor e viver melhor! Boas vendas!

* Especialista em Radiologia, FOB/USP. Especialista em Gestão, Estratégia Empresarial e Marketing, UNIFIL. Professor e palestrante de marketing e vendas em Odontologia.

Como citar essa seção: Nakama H. Sou dentista/vendedor, com muito orgulho!. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):10.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):10

Endereço para correspondência Henrique Nakama E-mail: hhnakama@gmail.com


pergunte a um expert

Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 2

Marcio Rodrigues Almeida*

INTRODUÇÃO Como mencionado na Parte 1 desse artigo2, o aparelho 4x2 é considerado um dos aparelhos mais versáteis, fáceis de se adaptar e bem tolerado pelos pacientes que se encontram na fase de dentadura mista. O 4x2 pode promover benefícios de caráter morfológico, estético e psicológico ao paciente. Ultimamente, o uso crescente dos arcos com a liga de níquel-titânio, liberando forças mais leves e contínuas, assim como as evidências científicas disponíveis sobre a abordagem precoce das más oclusões com mecânica fixa, parecem encorajar fortemente o ortodontista a realizar a mecânica 4x2 no jovem paciente. Nessa Parte 2 da seção “Pergunte a um expert”, focaremos a aplicação do aparelho 4x2 na correção de mordida aberta de caráter dentoalveolar, pela extrusão dos incisivos; na redução da sobremordida profunda, por meio da intrusão de incisivos; bem como na aplicação em casos com apinhamento dentário anterior associado à discrepância dente/osso negativa após a expansão das arcadas e impacção/tracionamento de incisivos. Além disso, como mencionado anteriormente, nem sempre a mecânica 4x2 deve ser creditada como causadora de iatrogenias às raízes dos incisivos laterais. Assim, inicialmente abordaremos esse tópico, que parece ser um tanto quanto controverso, usando como ponto de partida a radiografia da Figura 58. Imagine-se recebendo um paciente ortodôntico, transferido de outro colega, como o da Figura 58... Não é difícil imaginar que, ao analisar a radiografia, o leitor se espante pela condição da reabsorção do incisivo lateral direito. Mas do que isso, ainda, o leitor pode se confrontar com perguntas no mínimo curiosas sobre essa situação, como: 1) Podemos atribuir essa reabsorção do incisivo lateral direito ao efeito iatrogênico do nivelamento com o aparelho 4x2?;

Como citar este artigo: Almeida MR. Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 2. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):11-29.

2) Por que o incisivo lateral esquerdo não sofreu o efeito de reabsorção radicular, como o direito?; 3) A posição e inclinação intraóssea dos caninos é a mesma em ambos os lados?; 4) O folículo pericoronário circundante do canino direito é de dimensão similar ao do esquerdo?. Devemos lembrar que essa situação pode acontecer com qualquer ortodontista experiente e, provavelmente, nenhum de nós escapará de um dia deparar-se com condição similar. Entretanto, a literatura pode ajudar a explicar tal ocorrência, que pode acometer uma porcentagem de pacientes durante a fase de dentadura mista e que apresentam caninos impactados ou irrompidos ectopicamente. O leitor é convidado a analisar, desse modo, as evidências científicas a respeito da inter-relação do posicionamento de caninos x folículo pericoronário x reabsorção radicular de incisivos4.

Figura 58 Radiografia panorâmica demonstrando a aplicação clínica do aparelho 4x2 e um arco base de Ricketts. Nota-se uma extensa reabsorção radicular no incisivo lateral direito e a formação radicular adequada dos demais dentes sob ação do aparelho.

* Pós-doutorado em Ortodontia, FOB-USP. Professor Titular do curso de Mestrado Acadêmico em Ortodontia, UNOPAR.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):11-29

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Almeida MR

Aplicação do aparelho 4x2 para correção da mordida profunda por meio da intrusão de incisivos O aparelho 4x2 também está corretamente indicado para pacientes jovens com má oclusão de Classe II e sobremordida profunda. Nesses casos, é imperativo utilizar a biomecânica dos arcos de intrusão para a correção simultânea

da relação molar de Classe II e da mordida profunda. O próximo caso clínico é de uma jovem com 10 anos e 7 meses de idade e má oclusão de Classe II, divisão 2 com sobremordida profunda, perfil bom e ligeiramente convexo, padrão mesofacial e apinhamento dos incisivos superiores e inferiores. A avaliação da radiografia panorâmica evidenciou a presença de todos os dentes permanentes irrompidos em

Figura 92 - 99 Paciente com 10 anos e 7 meses de idade, má oclusão de Classe II, divisão 2 com sobremordida profunda, bom perfil facial para a idade, falta de espaço para os incisivos laterais superiores e pequeno apinhamento na arcada inferior. A radiografia panorâmica denota a presença de todos os dentes permanentes em diferentes estágios de desenvolvimento.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):11-29

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Almeida MR

CONSIDERAÇÕES FINAIS O aparelho 4x2 é considerado um dos aparelhos mais versáteis, fáceis de se adaptar, bem tolerado pelos pacientes e de extrema utilidade clínica. Procurou-se, nesse contexto, demonstrar as indicações mais comuns dessa forma simples de tratar irregularidades da oclusão na fase da dentadura mista. O autor acredita que o aparelho 4x2 permite uma abordagem com maior controle do movimento dentário nas três dimensões do espaço, possibilitando facilitar o tratamento na segunda fase e, assim, obter resultados mais previsíveis — uma vez que não se trata de uma abordagem na qual os resultados estão diretamente ligados com a colaboração do paciente, como nos casos de aparelhos removíveis. Além disso, o aspecto psicológico e o entusiasmo dos jovens pacientes quando se utiliza esse aparelho também se refletem em estímulos e benefícios ao ortodontista. A prática clínica tem demonstrado que a instalação do 4x2 na dentição jovem não acarreta danos biológicos radiculares ou periodontais, como encurtamento da raiz ou reabsorção além do normal esperado. Cabe ressaltar, no entanto, que uma correta higienização bucal por parte dos pacientes deve ser condição obrigatória quando da aplicação dessa terapêutica. A literatura correlata aponta para a causa mais provável de problemas de reabsorção da raiz dos incisivos laterais superiores como sendo a espessura, posição, tamanho e forma do folí­culo pericoronário dos caninos superiores impactados e/ou irrompidos ectopicamente previamente à instalação do aparelho 4x2. O posicionamento inadequado dos caninos superiores, associado ao tamanho, forma, espessura e proximidade do folí­culo pericoronário, deve ser considerado o maior causador desse tipo de cenário. Dessa maneira, uma análise radiográfica e/ou tomográfica minuciosa e detalhada da região anterior parece ser interessante, na avaliação do posicionamento de caninos superiores que atendam os requisitos previamente comentados, antes da instalação do aparelho 4x2.

Referências 1. Almeida MR, Pereira ALP, Almeida RR, Almeida-Pedrin RR, Silva Filho OG. Prevalência de má oclusão em crianças de 7 a 12 anos de idade. Dental Press J Orthod. 2011;16(4):123-31. 2. Almeida MR. Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 1. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):10-19. 3. Almeida RR. Ortodontia preventiva e interceptora: mito ou realidade. Maringá: Dental Press; 2012. 4. ALMEIDA, R. R. et al. Abordagem da impactação e/ou irrupção ectópica dos caninos permanentes: considerações gerais, diagnóstico e terapêutica. Rev. Dental Press Ortodon. Ortop. Facial, Maringá, v. 6, n. 1, p. 93-116, jan/fev. 2001. 5. Broadbent BH. The face of the normal child. Angle Orthod. 1937;7:205. 6. BROWN, L. H. et al. A radiological study of the frequency and distribution of impacted teeth. J. Dental Assoc. of South Africa., v.37, p. 627-30, 1982. 7. Capeloza Filho L, Silva Filho OG. Reabsorção radicular na clínica ortodôntica: atitudes para uma conduta preventiva. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1998;3(1):104-24. 8. Clinch LM. Symposium on aspects of the dental development of the child. I. The development of the primary and the mixed dentitions. Dent Pract Dent Rec. 1966;17(4):135-44. 9. CONSOLARO, A. Controvérsias: O folículo pericoronário e suas implicações clínicas nos tracionamentos dos caninos. Rev. Clínica Ortod Dental Press., v.9, n.3, jun-jul., p.105-10, 2010. 10. Dowsing P, Sandler PJ. How to effectively use a 2x4 appliance. J Orthod. 2004;31:248-58. 11. Drumond AF, Gontijo AI, Miranda GE, Silva AMB, Alvedanha VL. Nivelamento 4x2: uma conduta ética. Rev Clín Ortod Dental Press. 2003;2(3):65-78. 12. Ericson, S; Bjerklin, K. The dental follicle in normally and ectopically erupting maxillary canines: a computed tomography study. Angle Orthodontists, Appleton, v.71, n.5, p.333-42, Oct., 2001 13. Ericson, S; Bjerklin, K; Falahat, B.Does the canine dental follicle cause resorption of permanent incisor roots? A computed tomographic study of erupting maxillary canines. Angle Orthodontists, Appleton, v.72, n.2, p.95-104, Apr., 2002 14. ERICSON, S.; KUROL, J. CT diagnosis of ectopically erupting maxillary canines – a case report. Eur. J. Orthod., v. 10, p. 283-95, 1988. 15. ERICSON, S.; KUROL, J. Incisor resorption caused by maxillary cuspids - a radiographic study. Angle Orthod., v. 57, p. 332-46, Oct. 1987. 16. Mavragani M, Bøe ME, Wisth PJ, Selvig KA. Changes in root length during orthodontic treatment: advantages for immature teeth. Eur J Orthod. 2002;24(1):91-7. 17. SASAKURA, H. et al. Root resorption of upper permanent incisor caused by impacted canine. Int. J. Oral Surg., v. 13, p.299-306, 1984. 18. Silva Filho OG, Garib DG, Freire Maia BAV, Ozawa TO. Apinhamento primário temporário e definitivo: diagnóstico diferencial. Rev Assoc Paul Cir Dent 1998;52(1):75-81. 19. Silva Filho OG, Lara ST, Silva GFB. Nivelamento 4 x 2: ponderações sobre sua aplicação na dentadura mista e permanente. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006;5(3):20-46. 20. Silva Filho OG, Mendes OF, Ozawa TO, Ferrari Junior FM, Correa TM. Behavior of partially formed roots of teeth submitted to orthodontic movement. J Clin Pediatr Dent. 2004;28(2):147-54.

agradecimentos O autor gostaria de agradecer ao Dr. Renato Rodrigues de Almeida, pelas correções e sugestões elaboradas no presente trabalho. Endereço para correspondência Marcio Rodrigues de Almeida Via Galileu, 1-15 – Bauru/SP CEP: 17.053-093 – E-mail: marcioalmeida@me.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):11-29

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caso clínico

Barra palatina assimétrica em “L”: ancoragem em casos de Classe II subdivisão tipo 2 tratados com extração de um pré-molar superior L-shaped asymmetrical palatal bar: anchorage in Class II type 2 subdivision cases treated with one premolar extraction

Darwin Vaz de Lima* Karina Maria Salvatore de freitas**

Abstract

Resumo A barra palatina é um dispositivo ortodôntico utilizado, com muita eficiência, há várias décadas, em diferentes técnicas ortodônticas. Tem como características principais: baixo custo, fácil manuseio e mínima necessidade de cooperação do paciente. Com ela, pode-se obter movimentos nos molares superiores como: rotação, expansão ou contração, ancoragem, intrusão, torque, distalização e mesialização. Este trabalho relata o caso clínico de um paciente

com má oclusão de Classe II subdivisão esquerda, tratado com extração assimétrica do primeiro pré-molar superior esquerdo e cuja ancoragem foi realizada com uma barra palatina modificada, ou seja, assimétrica. Os resultados finais demonstraram boa oclusão, relação de Classe I de caninos, Classe II de molar no lado esquerdo e Classe I de molar no lado direito, um excelente alinhamento dos dentes e sobremordida e sobressaliência normais.

chosen treatment was the asymmetric extraction of left maxillary first premolar, and the anchorage was obtained with a modified palatal bar, i.e., asymmetrical. Final results showed a good occlusion, Class I canines relationship, molars in Class II on the left side and in Class I on the right side, an excellent dental alignment and normal overbite and overjet.

Palavras-chave: Extração dentária. Assimetria facial. Ortodontia corretiva.

Keywords: Tooth extraction. Facial asymmetry. Corrective orthodontics.

Como citar este artigo: Lima DV, Freitas KMS. Barra palatina assimétrica em “L”: ancoragem em casos de Classe II subdivisão tipo 2 tratados com extração de um pré-molar superior. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):30-8.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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The palatal bar is a very efficient orthodontic device, used for several decades in various orthodontic techniques. It has as main characteristics: low cost, easy handling and minimal patient cooperation. With it, one can obtain such movements on maxillary molars as rotation, expansion or contraction, anchorage, intrusion, torque, distalization and mesialization. This paper reports the case of a patient presenting with Class II left subdivision malocclusion. The

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):30-8

* Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia do Instituto Darwin de Odontologia, Cuiabá/MT. ** Coordenadora do Mestrado em Ortodontia da Faculdade Ingá, Maringá/PR.


Caso Clínico

Barra palatina assimétrica em “L”: ancoragem em casos de Classe II subdivisão tipo 2 tratados com extração de um pré-molar superior

Figura 6 Fotografias oclusais após a extração do primeiro pré-molar superior esquerdo, mostrando a barra palatina assimétrica instalada.

Figura 7 Figura esquemática da barra palatina assimétrica em “L”.

Figura 8 Fotografias intrabucais mostrando o início da retração anterior superior do lado esquerdo.

trando que há retração no lado da extração (no caso, o lado esquerdo) e manutenção dos dentes em posição no lado da não extração (no caso, o lado direito). O nivelamento durou cerca de 10 meses, a retração durou 10 meses e o acabamento e finalização, 8 meses. Durante o tratamento todo, não foi necessário o uso de elástico de

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):30-8

Classe II, aparelho extrabucal ou qualquer outro dispositivo de ancoragem associado. O aparelho fixo foi removido após um tempo efetivo de tratamento total de 28 meses. Como contenção, o paciente utilizou placa de Hawley superior e um 3x3 colado de canino a canino na arcada inferior.


Caso Clínico

Barra palatina assimétrica em “L”: ancoragem em casos de Classe II subdivisão tipo 2 tratados com extração de um pré-molar superior

principalmente aqueles vertidos mesiolingualmente; e, quando corrigidos distolingualmente, os dentes anteriores, aparentemente, foram mais facilmente para suas posições corretas. Com essas rotações corrigidas, obteve-se um ganho de 1 a 2mm por hemiarcada. Para Fantini e Kanashiro8, quando a BTP é ativada no sentido transversal, fazendo os movimentos de contração ou expansão, pode-se modificar o formato da arcada sempre que os dentes a serem movimentados estiverem conectados ou ligados a outros elementos dentários. No entanto, expansões maiores que 1 a 2mm devem ser feitas com aparelhos disjuntores4. Gunduz et al.9,10 modificaram a barra palatina com o objetivo de torná-la mais propícia à rotação dos molares. A maior modificação feita foi na quantidade e na forma do loop palatino. No entanto, a barra palatina assimétrica em “L” apresentada no presente trabalho, com extensão unilateral do molar até o canino do lado onde se deseja a ancoragem — ou seja, a não movimentação desses dentes —, ainda não havia sido descrita na literatura. Aidar et al.11 demonstraram o uso da barra palatina no tratamento da Classe II subdivisão; no entanto, tratada sem

extração e com distalização com o aparelho Jones Jig. A BTP foi utilizada, associada ao aparelho Jones Jig, para ajudar na distalização do segundo molar do lado da Classe II. Essa barra palatina modificada se mostrou um eficiente auxiliar na manutenção da ancoragem em caso de extração unilateral na arcada superior, em pacientes com Classe II subdivisão completa. Os resultados ao final do tratamento confirmaram a ancoragem efetiva da barra palatina assimétrica, pela retração considerável dos incisivos superiores; e, também, na sobreposição dos traçados inicial e final, demonstrando que não houve mesialização do molar superior (Fig. 18).

Conclusões O caso clínico relatado ilustrou o uso da barra palatina assimétrica em “L” em casos de Classe II subdivisão, tratados com extração de um pré-molar superior no lado da Classe II, promovendo uma maior ancoragem e otimização do tempo para a retração anterior unilateral, com obtenção de resultados oclusais e estéticos satisfatórios.

Referências 1. Goshgarian RA. Orthodontic palatal arch wires. United States: Government Patent Office; 1972. 2. Panhóca VH, Lima RS. Barra transpalatina: aplicações e seus efeitos. Rev Straight Wire Brasil. 1994 ago./dez.;3(5):13-21. 3. Baldini G, Luder HU. Influence of arch shape on the transverse effects of transpalatal arches of the Goshgarian type during application of buccal root torque. Am J Orthod. 1982 Mar;81(3):202-8. 4. McNamara Junior JA. Transpalatal arches. In: Integrated treatment of the orthodontic patient: diagnosis, treatment planning and clinical management. Ann Arbor: University of Michigan; 1986. 5. Ramos AL, Sakima MT, Pinto AS, Martins LP, Raveli DB. Barra palatina. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2000 jan./fev.;5(1):75-100. 6. Almeida MR, Almeida RR, Almeida-Pedrin RR. Barra palatina modificada: intrusão de molares. R Clin Ortodon Dental Press. 2004;3(3):16-25. 7. Lamons FH, Holmes CW. The problem of the rotated maxillary first permanent molar. Am J Orthod. 1961 Apr.;47(4):246-72. 8. Fantini SM, Kanashiro LK. Barra transpalatina no tratamento ortodôntico: Parte I. Ortodontia. 2002 abr./jun.;35(2):161-70. 9. Gunduz E, Crismani AG, Bantleon HP, Honigl KD, Zachrisson BU. An improved transpalatal bar design. Part II. Clinical upper molar derotation--case report. Angle Orthod. 2003 Jun;73(3):244-8. 10. Gunduz E, Zachrisson BU, Honigl KD, Crismani AG, Bantleon HP. An improved transpalatal bar design. Part I. Comparison of moments and forces delivered by two bar designs for symmetrical molar derotation. Angle Orthod. 2003 Jun;73(3):239-43. 11. Aidar LAA, Scanavini MA, Marchi LC, Daud EH, Novikoff S. Jones Jig e Barra Transpalatina - Tratamento alternativo na correção unilateral da má oclusão Classe II, divisão 2, subdivisão. R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2000;5(3):58-62.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):30-8

Endereço para correspondência Karina Maria Salvatore de Freitas Rua Jamil Gebara, 1-25 apto 111 – 17.017-150 – Bauru/SP E-mail: kmsf@uol.com.br



artigo inédito

Alinhadores invisíveis: indicações, limitações biomecânicas e a problemática da mensuração das forças aplicadas

Foram apresentadas à paciente as duas seguintes opções de tratamento: » Opção 1: aparelho fixo inferior, retratamento. » Opção 2: alinhador invisível Essix MTM (Dentsply). Após a escolha da opção 2, foi realizado o protocolo fotográfico inicial intra e extrabucal. As radiografias periapicais foram avaliadas para certificar-se da ausência de reabsorção radicular severa. A moldagem com alginato Hidrogum foi realizada nas arcadas superior e inferior. A verificação detalhada do molde em gesso tem como objetivo evitar bolhas positivas no modelo de gesso. O gesso tipo especial é mais indicado para esse procedimento. Após o preparo com a devida proporção pó/líquido, o gesso foi vibrado para eliminar as bolhas de ar, visando estabelecer um modelo uniforme e sem irregularidades (Fig. 3). Durante a confecção do alinhador, foi realizada área de alívio no dente 41 com resina fluida Fluroshield Dentsply e, depois, a fotopolimerização (Fig. 4). A placa de 1mm Essix

foi devidamente posicionada em uma plastificadora a vácuo (PlastVac P7 Bioart) e, em seguida, recortada com discos de diamante (Fig. 5). O acabamento do alinhador foi realizado por meio de buchas com três granulações diferentes (Fig. 6). A ativação foi feita com o uso de alicates termoativados, e ocorreu na face lingual coronária do dente 41 (Fig. 7). Na Figura 8, pode-se ver o alinhador instalado.

Resultados O alinhador Essix MTM foi eficiente na proposta de alinhamento e correção do apinhamento anteroinferior após duas semanas de uso contínuo (Fig. 9). O ajuste das guias funcionais de desoclusão foi realizado com a finalidade de se evitar a recidiva. A instalação da contenção 3x3 foi indicada imediatamente após a remoção do alinhador invisível, e uma placa de contenção transparente foi usada como contenção superior (Fig. 10).

Figura 2 Fotos intrabucais iniciais: relação dentária de Classe I, aspectos transversal e vertical normais entre as arcadas superior e inferior.

Figura 3 Modelo de gesso inicial obtido após a moldagem com alginato.

44

Figura 4 Área de alívio, no dente 41, com resina fluida, após a fotopolimerização.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):40-50


artigo inédito

Alinhadores invisíveis: indicações, limitações biomecânicas e a problemática da mensuração das forças aplicadas

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Endereço para correspondência Giovanni Modesto Vieira STN, centro clínico Life Center, sala 21 – 70.770-100 – Brasília / DF E-mail: giovanni.modesto@uol.com.br

50

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):40-50



caso clínico

Tratamento da mordida aberta esquelética em adultos com a técnica Multiloop Edgewise Archwire Skeletal anterior open bite treatment in adults by Multiloop Edgewise Archwire technique

Fabrício Viana Pereira Lima* Benedito Viana Freitas** Fausto Silva Bramante*** Julio de Araújo Gurgel****

Abstract

Resumo O tratamento da mordida aberta anterior em pacientes adultos apresenta muitas limitações. A terapia cirúrgica é a mais adequada para esses casos; no entanto, por razões psicológicas, alguns pacientes rejeitam essa forma de tratamento. Diante da necessidade de tratamento desses pacientes, esse artigo se propõe a

apresentar um caso de mordida aberta anterior severa tratada com a técnica Multiloop Edgewise Archwire (MEAW). Ao final do tratamento foi atingida oclusão ideal, com função adequada e estética agradável, demonstrando que a técnica aplicada foi efetiva para a correção da mordida aberta anterior, sem cirurgia.

Archwire technique (MEAW). At the end of treatment, it was established ideal occlusion with normal function and esthetic, demonstrating its effectiveness to correct anterior open bite without surgery.

Palavras-chave: Mordida aberta. Aparelhos ortodônticos. Ortodontia corretiva.

Keywords: Open bite. Orthodontic appliances. Corrective Orthodontics.

Como citar este artigo: Lima FVP, Freitas BV, Bramante FS, Gurgel JA. Tratamento da mordida aberta esquelética em adultos com a técnica Multiloop Edgewise Archwire. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):52-9.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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The anterior open bite treatment in adult patients presents many limitations. The most suitable therapy for this malocclusion is the surgical, but for psychological reasons, some patients reject it as treatment form. In reason of these patients, this article aims to describe a clinical case of a anterior open bite treatment in adult by the Multiloop Edgewise

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):52-9

* Especialista em Ortodontia, ABO/CE. Mestrando em Ortodontia, CEUMA. ** Professor Associado III da disciplina de Ortodontia da UFMA. Pós-doutorado em Ortodontia pela Universidade Nacional de Seul, Coreia do Sul. *** Doutor em Ortodontia, USP. Professor do curso de pós-graduação em Ortodontia, CEUMA. **** Pós-doutorado em Ortodontia, University of Texas. Professor do curso de pós-graduação em Ortodontia, CEUMA.


Lima FVP, Freitas BV, Bramante FS, Gurgel JA

Sequência de tratamento Foi solicitada a extração dos terceiros molares, antes do início do tratamento. Iniciou-se com a colagem direta de braquetes ortodônticos do tipo Edgewise slot 0,022’’ e bandagem dos primeiros e segundos molares superiores e inferiores. Sem nenhum recurso de ancoragem, foram realizados desgastes interproximais dos pré-molares superiores e inferiores o suficiente para que houvesse espaço para o alinhamento e nivelamento dos dentes. Prosseguiu-se com o nivelamento de forma convencional com fios de aço 0,014’’, 0,016’’, 0,018’’, 0,020’’ e 0,019” x 0,025’’. Oito meses depois, foi instalado e ativado o arco MEAW, em ambas as arcadas dentárias (Fig. 4).

Após acentuar a curva de Spee superior e reverter a inferior, foram instalados elásticos interarcos 3/16 força média na região anterior nas primeiras alças em “L”, para mecânica de fechamento da mordida (Fig. 5). Nessa etapa é importante conscientizar o paciente quanto ao uso dos elásticos, pois, seu detrimento pode acarretar em agrave da má oclusão, acentuando ainda mais a mordida aberta anterior devido às dobras aplicadas aos arcos superiores e inferiores. A relação vertical anterior foi restabelecida em cinco meses com o uso da técnica. Uma radiografia panorâmica e uma telerradiografia em norma lateral foram solicitadas para observação de possíveis alterações radiculares, das angulações dos dentes, assim como a observação da relação sagital intermaxilar (Fig. 6).

Figura 4 Arcos MEAW instalados com elásticos interarcos.

Figura 5 Elásticos interarcos anteriores.

Figura 6 Telerradiografia lateral e radiografia panorâmica intermediária.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):52-9

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Caso Clínico

Tratamento da mordida aberta esquelética em adultos com a técnica Multiloop Edgewise Archwire

Tabela 1 Mensurações cefalométricas, antes e após o tratamento. Mensuração

Norma

Antes do tratamento

Após o tratamento

SNA (graus)

82

74

84

SNB (graus)

80

73

80

ANB (graus)

2

0

4

Convexidade

1

1

9

Eixo Y (S-Gn com Frankfort)

59,9

79

66

Facial

87.8

89

87

SN-GoGn (graus)

32

52

44

FMA (graus)

25

35

34

IMPA (graus)

90

81

78

Incisivo superior-N.A (graus)

22

27

15

Incisivo superior-N-A (mm)

4

8

3

Incisivo inferior-N.B (graus)

25

23

21

Incisivo inferior-N-B (mm)

4

7

8

1-1

130

129

139

1A-Po

1

6

6

Ângulo Z (graus)

75

74

77

tal forma que os incisivos superiores pouco são extruídos para a correção da mordida aberta anterior2-12. Dentre os benefícios alcançados com a mecânica utilizada, pode-se citar a inexistência do sorriso gengival devido à pouca extrusão dos incisivos. Isso reafirma que a correção dessa má oclusão não é dependente da extrusão dos incisivos3,7,10.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):52-9

Figura 10 Sobreposição dos traçados cefalométricos inicial e final.

Deve-se ressaltar que para a utilização da técnica MEAW é necessário que o ortodontista esteja ciente das indicações e limitações do caso a ser tratado, assim como tenha conhecimento da técnica aplicada, pois ela apresenta em sua essência várias adaptações mecânicas aos loops, tornando-se um tratamento totalmente individualizado em detrimento da má oclusão.



caso clínico

Retratamento de mordida aberta esquelética com intrusão dos molares superiores com mini-implantes Retreatment of a skeletal anterior open bite by upper molars intrusion with mini-implants

Marcel Marchiori Farret* Milton Meri Benitez Farret**

Abstract

Resumo A mordida aberta esquelética representa um grande desafio para os ortodontistas e seu tratamento muitas vezes está condicionado à cirurgia ortognática. No entanto, o advento da ancoragem esquelética aumentou a possibilidade de tratamentos compensatórios para essa má oclusão. Assim, nesse artigo será apresentado o caso clínico de um paciente de 29 anos de idade, com mordida aberta

esquelética, tratado com intrusão dos molares superiores com um mini-implante em cada lado da maxila e barra transpalatina com botão de acrílico para auxiliar na intrusão. Ao término do tratamento, a mordida aberta foi totalmente fechada, sendo obtida excelente intercuspidação. A análise dois anos após o tratamento demonstrou que os resultados alcançados se mantiveram estáveis.

Skeletal open bite represents a great challenge to orthodontists, and its treatment usually involves orthognathic surgery in combination with other treatment modalities. However, compensatory treatment has become easier with the development of skeletal anchorage devices and, occasionally, miniimplants are chosen for this type of treatment. The present article reports the case of a 29-year-

old patient with moderate skeletal open bite that was treated by intrusion of the molars with one mini-implant in each side of the mandible and a transpalatal bar with the omega loop filled with acrylic resin to improve the intrusion. At the end of treatment, the open bite completely closed and excellent intercuspation was achieved. The 2-year follow-up analysis showed optimal stability of the results obtained.

Palavras-chave: Retratamento. Mordida aberta. Procedimentos de ancoragem ortodôntica.

Keywords: Retreatment. Open bite. Orthodontic anchorage procedures.

Como citar este artigo: Farret MM, Farret MMB. Retratamento de mordida aberta esquelética com intrusão dos molares superiores com mini-implantes. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):61-9.

* Professor CEOM, Passo fundo/RS e UNIFRA, Santa Maria/RS. ** Professor da disciplina de Ortodontia da UFSM, Santa Maria/RS.

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):61-9

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Caso Clínico

Retratamento de mordida aberta esquelética com intrusão dos molares superiores com mini-implantes

Figura 4 Radiografias iniciais.

excessiva exposição gengival durante o sorriso. Além disso, no tratamento realizado previamente, foi promovida a extrusão dos dentes anteriores para fechamento da mordida, o que resultou em acentuada recidiva. A terceira opção de tratamento considerava a utilização de ancoragem esquelética para intrusão dos dentes posteriores. Essa opção foi escolhida devido à necessidade de procedimento cirúrgico minimamente invasivo e pela possibilidade de fechamento da mordida aberta anterior por rotação mandibular.

Tratamento Inicialmente foi colado aparelho Edgewise standard 0,022” x 0,028” nas arcadas superior e inferior, e o alinhamento e nivelamento foram realizados com fios de níquel-titânio 0,012” x 0,014” e, posteriormente, com fios de aço redondo até fios 0,020” em ambas as arcadas. Nesse momento, foi inserido um mini-implante — Neodent, Curitiba/PR, com 1,7mm de espessura e 9mm de comprimento — em cada lado da maxila, entre segundos pré-molares e primeiros molares. Para evitar a vestibularização dos dentes durante a intrusão, foi utilizada uma barra transpalatina modificada, com o ômega preenchido com resina acrílica e mantido afastado 3mm do palato, para facilitar a intrusão

64

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):61-9

dos molares por pressão da língua. Os mini-implantes foram conectados aos primeiros molares superiores com elásticos em cadeia, distribuindo 300g/f em cada lado (Fig. 5). Devido à discrepância de Bolton, optou-se pelo aumento dos incisivos laterais ao término do tratamento. Para isso, foi utilizado um arco 0,019” x 0,025” de aço com alças em gota justapostas à distal dos incisivos laterais, para abertura de espaço por projeção dos incisivos. Esse procedimento foi fundamental, também, para o fechamento da mordida, pois os incisivos superiores estavam retroinclinados e haveria contato em topo durante o fechamento (Fig. 6). A mordida aberta foi fechada em 5 meses e, quando uma sobressaliência de 3mm foi alcançada, o aparelho foi removido e colada contenção 3 x 3 na arcada inferior. No arcada superior, o paciente foi orientado a usar uma contenção removível wraparound 24 horas/dia, por no mínimo 18 meses. O tempo total de tratamento foi de 15 meses e, após a remoção do aparelho, foi alcançada excelente intercuspidação, com sobressaliência e sobremordida adequadas. Além disso, houve um aumento na convexidade do perfil por ganho de volume labial, consequência da rotação mandibular no sentido anti-horário, confirmada no traçado cefalométrico (Tab. 1) e nas sobreposições cefalométricas (Fig. 7-11). A análise dois anos pós-tratamento demonstrou estabilidade dos resultados obtidos, sem recidiva da mordida aberta anterior (Fig. 12).


Farret MM, Farret MMB

Além disso, o uso de miniplacas foi considerado muito invasivo, por se tratar de uma má oclusão de severidade leve. Adicionalmente, a barra transpalatina modificada foi utilizada com o intuito de facilitar a intrusão dos molares, pela pressão da língua sobre o botão de acrílico16. A principal preocupação relacionada à mordida aberta anterior é a estabilidade no pós-tratamento. De acordo com Sugawara et al.14, a recidiva da mordida aberta tratada por intrusão posterior ocorre em 33% dos casos, um valor considerado alto. Littlewood et al.17 reportaram recidivas em mordidas abertas tratadas tanto por intrusão dos dentes posteriores quanto por extrusão dos dentes anteriores, e afirmaram que o período de contenção nesse tipo de má oclusão é um grande desafio para os ortodontistas. Nesse caso, foi utilizado um protocolo

de contenção convencional e não se observou recidiva na análise dois anos após o tratamento (6 meses pós-contenção). Considerando-se a alta recidiva apresentada pela mordida aberta anterior, o paciente ainda será analisado por um longo período de tempo, para verificar a estabilidade dos resultados.

Conclusão Com base nos resultados obtidos nesse caso, é possível indicar a utilização de somente um mini-implante em cada lado da maxila como uma alternativa conservadora para o tratamento de mordida aberta anterior com pouca discrepância esquelética envolvida.

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Endereço para correspondência Marcel Marchiori Farret Rua Floriano Peixoto 1000/113, Centro – 97.015-370 – Santa Maria/RS E-mail: marcelfarret@yahoo.com.br

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artigo inédito

Comparação clínica da efetividade da colagem dos braquetes ortodônticos com duas resinas fotopolimerizáveis Clinical comparison of the effectiveness of orthodontic brackets bonding with two light-activated resins

Silvio Jorge João de Oliveira Neto* Fabricio Pinelli Valarelli** Karina Maria Salvatore de Freitas*** Rodrigo Hermont Cançado**** Ricardo César Gobbi de Oliveira****

Abstract

Resumo Objetivo: o presente estudo objetivou comparar a proporção de descolagem de acessórios ortodônticos da superfície do esmalte de dentes colados com resina Transbond XT e Fill Magic Ortodôntico. Métodos: a amostra foi composta por 17 pacientes que iniciaram o tratamento ortodôntico na clínica da Faculdade Ingá e foram acompanhados durante 7 meses. Os braquetes foram colados de segundo pré-molar a segundo pré-molar do lado oposto, em ambas as arcadas (sendo o lado direito com resina Transbond XT e o lado esquerdo com resina Fill Magic Ortodôntico), totalizando 340 braquetes colados, 170 com

cada tipo de sistema adesivo. O índice de quebra das duas resinas avaliadas foi comparado pelo teste qui-quadrado. Resultados: os resultados obtidos demonstraram que os braquetes colados com a resina Transbond XT, ao longo dos 7 meses de avaliação, apresentaram 4 quebras em 3 braquetes, sendo que 1 deles quebrou 2 vezes; já a Fill Magic ortodôntico, nos 7 meses de avaliação, apresentou 19 quebras em 17 braquetes, sendo que 2 braquetes quebraram por 2 vezes. Conclusão: o sistema adesivo Transbond XT apresentou melhor retenção do que o sistema adesivo Fill Magic ortodôntico, com diferenças significativas.

Objective: This study aimed to compare the proportion of debonding of orthodontic accessories from enamel surfaces of teeth bonded with Transbond XT resin and Fill Magic orthodontics. Methods: The sample comprised 17 patients who undergone orthodontic treatment in the dental clinic of Ingá faculty and were followed-up for 7 months. Brackets were bonded from second premolar to second premolar on the opposite side in both jaws (the right side was bonded with Transbond XT and the left side with Fill Magic orthodontic), totaling 340 brackets, 170 with each adhesive system. The failure rate of the two evaluated resins was compared by chi-

square test. Results: The results showed that during the 7-month evaluation brackets bonded with Transbond XT resin presented 4 failures in 3 brackets, and one of them failed twice. Fill Magic orthodontic during the 7-month evaluation showed 19 failures in 17 brackets, and two brackets failed twice. Conclusion: Transbond XT adhesive system showed better retention than Fill Magic orthodontic adhesive system, with significant differences.

Palavras-chave: Braquetes ortodônticos. Resinas acrílicas. Colagem dentária.

Keywords: Orthodontic brackets. Acrylic resins. Dental bonding.

Como citar este artigo: Oliveira Neto SJJ, Valarelli FP, Freitas KMS, Cançado RH, Oliveira RCG. Comparação clínica da efetividade da colagem dos braquetes ortodônticos com duas resinas fotopolimerizáveis. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):71-7.

* Mestre em Ortodontia pela Faculdade Ingá. ** Professor associado Faculdade Ingá - Maringá. *** Coordenadora do curso de mestrado em Ortodontia da Faculdade Ingá. **** Professores do curso de mestrado em Ortodontia da Faculdade Ingá.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Oliveira Neto SJJ, Valarelli FP, Freitas KMS, Cançado RH, Oliveira RCG

3) Lavagem com água e ar por 15 segundos. 4) Secagem com jato de ar da seringa tríplice por 10 segundos. 5) Isolamento relativo com rolos de algodão. Os procedimentos de colagem dos acessórios ortodônticos foram feitos no mesmo dia, pelo mesmo operador, segundo a recomendação dos fabricantes de ambas as marcas.

Grupo 1 1) Aplicou-se ácido fosfórico a 35% por 30 segundos na face vestibular de cada dente que recebeu o acessório ortodôntico. 2) Logo após o ataque ácido, fez-se a lavagem com água e ar por 15 segundos. 3) Em seguida, secagem com ar por 10 segundos. 4) Aplicou-se o adesivo por 3 segundos em cada face e, depois, removeu-se o excesso com leve jato de ar. 5) O braquete foi apreendido pela pinça porta-braquete, e a resina Transbond XT foi comprimida em sua base. O acessório foi, então, posicionado sobre a área de colagem e pressionado até que todo o excesso do material escoasse pelas laterais. O excesso foi removido antes da fotopolimerização. 6) Cada acessório foi fotopolimerizado com luz LED por 20 segundos: 10 segundos na face mesial e 10 segundos na face distal.

Análise estatística Para comparação do número de quebras de braquetes, ou seja, descolagens, de cada resina utilizada, foi realizado o teste qui-quadrado. A estatística descritiva incluiu as porcentagens. Todos os testes foram realizados com o auxílio do software Statistica (Statistica for Windows, versão 7.0, Statsoft, 2005). Os resultados foram considerados significativos para p < 0,05.

RESULTADOS A Tabela 1 mostra a comparação, por meio do teste qui-quadrado, da quantidade de quebras de braquetes com relação às duas resinas avaliadas. Dos 17 pacientes avaliados no presente estudo, 10 apresentaram descolamento dos braquetes, sendo que 19 descolamentos foram com a resina Fill Magic® e apenas 4 com a Transbond XT® (Gráf. 1). Em relação ao número de pacientes, 10 pacientes apresentaram quebra com a resina Fill Magic e apenas 3 com a Transbond XT (Gráf. 2). Dos 170 braquetes colados com a resina Fill Magic, 19 tiveram descolamento; enquanto dos 170 braquetes colados com a resina Transbond XT, 4 descolaram (Gráf. 3 e 4). A maior incidência de descolamento dos braquetes foi nos dentes pré-molares, tanto com a resina Fill Magic quanto com a Transbond XT (Tab. 2).

Grupo 2 1) Aplicou-se ácido fosfórico a 35% por 30 segundos na face vestibular de cada dente que recebeu o acessório ortodôntico. 2) Logo após o ataque ácido, fez-se a lavagem com água e ar por 15 segundos. 3) Em seguida, secagem com ar por 10 segundos. 4) O braquete foi apreendido pela pinça porta-braquete, e a resina Fill Magic Ortodôntico foi comprimida em sua base. O acessório foi, então, posicionado sobre a área de colagem e pressionado até que todo o excesso do material escoasse pelas laterais. 5) Removeu-se os excessos antes da fotopolimerização, feita com LED, em cada acessório, por 20 segundos: 10 segundos na face mesial e 10 segundos na face distal. Preconizou-se a seguinte sequência de fios: 0,014”, 0,016”, 0,018” e 0,020” Nitinol; seguidos por 0,016”, 0,018”, 0,020” e 0,019” x 0,025” de aço.

Tabela 1 Comparação da quantidade de quebras de braquetes com relação as duas resinas avaliadas (teste qui-quadrado). Descrição

Quebra

Sem quebra

Transbond XT

4

167

Fill Magic ortodôntico

19

153

X2 = 10,39; GL = 1; P = 0,001* * estatisticamente significativo para p < 0,05.

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Oliveira Neto SJJ, Valarelli FP, Freitas KMS, Cançado RH, Oliveira RCG

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Endereço para correspondência Fabricio Pinelli Valarelli Rua Manoel Pereira Rolla, 12-75 apto 503 – 17.012-190 – Bauru/SP E-mail: fabriciovalarelli@uol.com.br

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caso clínico

Confecção imediata de elementos provisórios em resina composta, inseridos ao aparelho ortodôntico fixo Immediate provisional teeth performed in composite resin, directed to fixed appliances

Bruno Almeida de Rezende* Lízia Tatiana Franckevicius** Marília Inez Figueiredo***

Abstract

Resumo A confecção de elementos dentários provisórios para adaptação em espaços edêntulos na região anterior das arcadas, durante o tratamento ortodôntico, é um procedimento bastante rotineiro. Esse artigo tem por objetivo demonstrar uma técnica simples para a confecção de

elementos dentários provisórios utilizando-se resina composta restauradora fotopolimerizável. Tal técnica permite a obtenção de elementos provisórios com ótimas características estéticas, boa aderência ao braquete ortodôntico e baixo custo, entre outras vantagens.

Palavras-chave: Ortodontia. Dente artificial. Resinas acrílicas. Resinas compostas.

Como citar este artigo: Rezende BA, Franckevicius LT, Figueiredo MI. Confecção imediata de elementos provisórios em resina composta, inseridos ao aparelho ortodôntico fixo. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):79-86.

The preparation of provisional teeth in order to fit into edentulous spaces in the anterior part of dental arch during orthodontic treatment is a very common procedure. The aim of the present article is to demonstrate a technique of easy making of temporary teeth using light-cured

restorative composite. This technique results in provisional teeth with great esthetic characteristics, good adhesion to the orthodontic bracket and low cost, among other advantages.

Keywords: Orthodontics. Artificial tooth. Composite resins. Acrylic resins.

* Doutor e Pós-doutor em Fisiologia e Farmacologia, UFMG. ** Especialista em Ortodontia, Ciodonto. *** Mestre em Odontopediatria, PUC-MG.

Agradecimentos: os autores agradecem o professor Elmar Brito, pelo auxílio na realização das fotografias.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Caso Clínico

Confecção imediata de elementos provisórios em resina composta, inseridos ao aparelho ortodôntico fixo

A seguir, a sequência clínica para confecção dos elementos provisórios em resina composta fotopolimerizável: 1) Análise criteriosa do espaço para coroa clínica dos incisivos laterais (12 e 22) no caso clínico apresentado foi elaborada. Como nessa fase o espaço conquistado era suficiente para a instalação dos referidos elementos provisórios, foi precedida a tomada de cor da resina composta a ser utilizada. A escolha da cor pode ser feita com escala de cores compatível com o compósito preferido ou comparando-se diretamente a amostra da resina com o elemento dentário adjacente (Fig. 2B). No caso específico desse artigo, foi utilizada resina composta direta fotopolimerizável micro-híbrida Charisma (Heraeus Kulzer). 2) Sobre uma placa de vidro, incrementos de resina composta são adicionados e formatados com auxílio de um aplicador de resina composta embebido em adesivo resinoso Prime & Bond 2.1 (Dentsply) para facilitar a obtenção da forma adequada, que deve seguir o formato da coroa dentária do elemento a ser confeccionado (Fig. 3A a 3D). Para a região incisal, escolhe-se uma resina translúcida que promova efeito mais natural ao elemento dentário provisório (Fig. 3B). Após a incrementação do material resinoso, fotopolimeriza-se o material (Fig. 3E), que é facilmente destacado da placa de vidro por meio de um instrumental (Fig. 3F). 3) Utilizando-se brocas diamantadas e discos de polimento, procede-se ao acabamento dos elementos

dentários provisórios, seguindo contornos e formas combinadas às coroas clínicas do paciente (Fig. 4A, B). Muitas vezes, pequenas adaptações são necessárias para o encaixe perfeito do provisório ao espaço relativo à sua adaptação. Para melhor adaptação gengival, usa-se um bisel na parte cervical posterior do dente a ser confeccionado (Fig 4C, D). Após o acabamento, marca-se com um lápis a melhor região para colagem do braquete. As canaletas dos braquetes dos dentes vizinhos são utilizadas como referência para a colagem do braquete ao dente provisório. 4) Procede-se à colagem do braquete ao elemento provisório recém-confeccionado. Para isso, basta acrescentar diretamente resina composta ao braquete (Fig. 5D, E) e fixá-lo ao local demarcado, seguido por sua fotopolimerização (Fig. 5G). A fotopolimerização do braquete também pode ser feita diretamente em boca com os elementos provisórios fixados à arcada dentária com cera utilidade, adaptada por lingual, como descrito por Bastos em 20044, pois, assim, verifica-se antes da colagem definitiva a real relação do braquete a ser posicionado com braquetes dos dentes vizinhos. 5) Após a fixação dos braquetes aos provisórios, eles são inseridos ao arco retangular. Nessa fase, pequenas adaptações de acabamento e ajuste oclusal podem ser necessárias (Fig. 6).

A

B

C

D

E

F

Figura 3 Sequência para confecção do elemento dentário provisório em resina composta fotopolimerizável.

82

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):79-86


Rezende BA, Franckevicius LT, Figueiredo MI

DISCUSSÃO A grande maioria dos ortodontistas, quando se depara com situações semelhantes às do caso clínico apresentado, utiliza como recurso para fechamento temporário do espaço destinado à reabilitação protética elementos provisórios pré-fabricados em acrílico sem micropartículas inorgânicas (Biotone, Dentsply; Vitapam, Wilcos; ou similares). No entanto, a utilização de material acrílico sem carga inorgânica oferece, nessa situação, inúmeras desvantagens em relação à resina composta fotopolimerizável (base de bis-GMA e micropartículas inorgânicas) na confecção de elementos provisórios. É sabido que a aderência de um braquete ao elemento provisório pré-fabricado em resina acrílica é baixa5,6, independentemente do material de adesão utilizado. O descolamento do braquete é frequente nessa situação. A resina composta não se adere bem à resina acrílica utilizada na confecção do elemento provisório pré-fabricado. Da mesma maneira, a resina acrílica autopolimerizável, muitas vezes utilizada como elemento de adesão, não se adere bem ao braquete6. Alguns trabalhos da literatura têm salientado a dificuldade de colagem do braquete ao material acrílico, mesmo com técnicas de tratamento de superfície, emprego de adesivos específicos e silanos5,7. No caso em que o elemento provisório é confeccionado em resina composta, esse problema é eliminado, pois, o material utilizado para fazer a colagem do braquete sobre ele é a própria resina composta utilizada em sua confecção, ou seja, com excelente compatibilidade. Tratando-se do mesmo material, a adesividade é ótima, não necessitando nenhum tratamento adicional de superfície ou mesmo de agentes de adesão auxiliares, como adesivos. A melhor aderência de braquetes metálicos a elementos dentários provisórios, feitos em resina composta específica para sua confecção (Integrity, Dentsply), quando comparados a outros, feitos em resina acrílica convencional ou polimetilmetacrilato, já foi discutida em trabalhos de Maryanchik et al.7 e de Chay et al.8 Após o acabamento do material acrílico com broca, perde-se a lisura de superfície. A aderência de alimentos e a placa bacteriana frequentemente promovem aspecto desagradável, bem como alteração da coloração da face vestibular do elemento provisório. Com a resina composta, o acabamento superficial é muito mais fácil, trazendo mais estabilidade de cor, o que comprovado por inúmeros trabalhos da literatura9,10. Outro ponto positivo à confecção de provisórios em resina composta é eliminar o estoque dos dentes pré-confeccionados. Para que o ortodontista obtenha êxito estético ao optar pelo emprego de elementos provisórios pré-fabricados em resina acrílica, ele deve contar com uma variedade de

elementos com cores e tamanhos diversos, para que escolha aquele que melhor se adapte ao espaço edêntulo e que mais se assemelhe à coloração dos dentes naturais do paciente. No entanto, com poucas bisnagas de resina composta restauradora fotopolimerizável, normalmente sempre disponíveis em qualquer consultório odontológico, o profissional poderá combinar cores e, certamente, terá êxito, sem necessidade de estocar elementos provisórios pré-fabricados. À medida que o tratamento ortodôntico evolui, muitas vezes é necessário alterar as dimensões do espaço edêntulo, de modo que o elemento provisório perde sua perfeita adaptação àquele espaço. No caso de elementos provisórios pré-fabricados em resina acrílica, devido à dificuldade de ser acrescentado material acrílico para a modificação das dimensões laterais, na maioria das vezes, ele deverá ser substituído, sendo necessária a demanda de tempo para confecção de novo elemento provisório. Quando confeccionado em resina composta, pode ser acrescentado material resinoso às superfícies distais do dente, seguido por um breve acabamento, não necessitando confeccionar outro provisório. Por fim, com o término do tratamento ortodôntico, muitas vezes a reabilitação protética não pode ser imediatamente executada. Esse é o caso, por exemplo, de pacientes em fase de crescimento, que devem esperar até que o crescimento termine para que os implantes dentários osseointegráveis sejam confeccionados. Nesses casos há indicação de elementos provisórios em resina composta fotopolimerizável para confeccionar uma ponte adesiva provisória. Assim, após a remoção do aparelho ortodôntico, basta remover o braquete do referido elemento provisório e fixá-lo aos dentes vizinhos por lingual com auxílio de resina composta fluída fotopolimerizável e fitas de fibra de vidro, facilmente encontradas no mercado11. Dessa forma o paciente pode esperar pelo momento de executar a reabilitação protética, mantendo o espaço edêntulo estável, a estética dentária e sorriso harmonioso.

CONCLUSÃO A confecção de elementos dentários provisórios em resina composta restauradora fotopolimerizável representou uma ótima alternativa para manutenção da estética em pacientes com ausência de elementos dentários em regiões anteriores das arcadas dentárias. Essa técnica mostrou-se simples, de baixo custo, com grande aplicabilidade clínica, que oferece vantagens em relação aos tradicionais dentes provisórios pré-fabricados confeccionados em resina acrílica.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):79-86

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Confiabilidade dos materiais ortodônticos


caso clínico

Cirurgia ortognática com aparelho ortodôntico lingual 2D Orthognathic surgery with 2D lingual orthodontic appliance

Silvana Allegrini Kairalla* Vittorio Cacciafesta** Mario Cappellette Junior*** Aluísio Galiano**** Luiz Renato Paranhos*****

Abstract

Resumo A Ortodontia evoluiu muito nos últimos anos, assim como, também, a técnica lingual, que surgiu no final dos anos 70. Essa técnica é uma alternativa estética bastante procurada por pacientes adultos e adultos jovens que necessitam da correção ortodôntica, mas desejam um tratamento estético e com o máximo de invisibilidade — o que é possível com a técnica lingual. Porém, muitos dos casos de tratamento ou retratamento envolvem a correção por meio da cirurgia ortognática, que hoje também está mais simplificada e sedimentada como grande

auxiliar na correção das más oclusões. Dessa forma, o presente estudo visa mostrar a correção de uma má oclusão com a técnica ortodôntica lingual e a cirurgia ortognática. Concluiu-se que é possível realizar um tratamento com aparelho lingual e cirurgia ortognática, permitindo ao paciente manter a estética desejada.

study seeks to show the correction of a malocclusion using lingual orthodontic technique and orthognathic surgery. It was concluded that it is possible to perform a treatment with lingual appliances and orthognathic surgery, enabling the patient to maintain the desired esthetics.

Palavras-chave: Má oclusão. Ortodontia corretiva. Cirurgia ortognática.

Keywords: Malocclusion. Corrective orthodontics. Orthognathic surgery.

Como citar este artigo: Kairalla SA, Cacciafesta V, Cappellette Junior M, Galiano A, Paranhos LR. Cirurgia ortognática com aparelho ortodôntico lingual 2D. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):88-93.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Orthodontics has significantly evolved in recent years, as well as the lingual technique, which emerged in the late 70’s. This technique is an aesthetic alternative quite popular among adult and young adult patients that seek for orthodontic treatment, but want an aesthetic treatment with maximum invisibility — which can be achieved with the lingual technique. However, many of the cases of treatment or retreatment involve the correction through orthognathic surgery, which now is also streamlined and grounded as a great help in correcting malocclusions. In this way, the present

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):88-93

* Mestre em Ortodontia, UMESP. Professora do Curso de Especialização de Ortodontia da ABO – São Paulo. ** Professor do Departamento de Ortodontia da Universidade de Pavia / Itália. *** Coordenador do curso de Especialização em Ortodontia da UNIFESP, ABO–São Paulo, ABO–Santos e da Uni FMU. **** Mestre em Ortodontia, UMESP. Especialista em Cirurgia e Traumatologia Buco Maxilo Facial (UNIP). ***** Professor Doutor do Programa de Biologia Oral da USC - Bauru/SP.


Kairalla SA, Cacciafesta V, Cappellette Junior M, Galiano A, Paranhos LR

A

B

Figura 5 Radiografias periapicais evidenciando o espaço entre as raízes, necessário como preparo pré-cirúrgico.

Figura 6 Fotografia intrabucal das arcadas dentárias já alinhadas e niveladas na fase pré-cirúrgica.

A

B

C

Figura 7 Vistas intrabucais com braquetes metálicos por vestibular.

A

B

C

Figura 8 Fotografias intrabucais finais.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):88-93

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Kairalla SA, Cacciafesta V, Cappellette Junior M, Galiano A, Paranhos LR

Discussão Uma das razões para se utilizar o aparelho lingual nesse caso, especificamente, diz respeito à estética promovida por ele durante toda a fase ativa do tratamento, visto que era uma das exigências do paciente ser tratado de forma imperceptível ou invisível — pois o aparelho lingual apresenta essas qualidades9. Também é importante levar em consideração que, ao se corrigir a compensação natural dos dentes para a Classe III, faz-se necessária a protrusão dos incisivos inferiores, além da protrusão do lábio inferior, fato que pode ser um pouco mais agravado quando se utiliza um aparelho por vestibular. Nota-se, na Figura 4, que houve necessidade de utilização de acessórios para colocação de elásticos intermaxilares (elástico de Classe II), para descompensação dentária. Esses acessórios foram cuidadosamente planejados e instalados respeitando as exigências estéticas do paciente. Sendo assim, o fator estético — o quesito mais importante para o paciente — durante a fase de nivelamento e alinhamento dos dentes pré-cirurgia ortognática pode ser priorizado com o aparelho colado na face interna dos dentes8,9,10. Vale ressaltar que, durante o planejamento orto/cirúrgico, é muito importante discutir qual tipo de cirurgia vai ser realizado e de que maneira2,3. Nesse caso, o cirurgião planejou a utilização da técnica cirúrgica com corte na maxila entre os incisivos laterais e os caninos superiores11,12. Para isso, a montagem do aparelho lingual também deve ser alterada, ou seja, o posicionamento dos braquetes nos incisivos laterais e caninos superiores sofreu uma pequena mudança na inclinação, como pode-se verificar na Figura 3A, e comprovado na radiografia periapical da Figura 5.

Da mesma forma, na montagem do aparelho metálico por vestibular previamente à cirurgia, foram realizadas amarrações e contenções cirúrgicas. O fio retangular foi segmentado entre os incisivos laterais e caninos superiores, como mostra a Figura 7, a fim de facilitar o corte da maxila durante o ato cirúrgico11,12. Por fim, verifica-se, na Figura 11A, a fase final de alinhamento e nivelamento dos dentes, conseguidos às custas do aparelho lingual; e, na Figura 11B, os dentes com braquetes metálicos, por vestibular, colados previamente à cirurgia ortognática, somente com a intenção de se conseguir uma amarração adequada para a realização da cirurgia2,3. Nota-se, claramente, uma diferença entre essas duas fases no que diz respeito à estética, isto é, à preservação da estética desejada pelo paciente — o que pode ser obtido com o aparelho lingual1,10 e mantido durante o período mais longo do tratamento. Essa vantagem não poderia ser conseguida se o aparelho por vestibular fosse montado desde as fases iniciais do tratamento.

Considerações Finais É possível realizar um tratamento com aparelho lingual e cirurgia ortognática, o que permite manter a estética desejada durante o período mais longo do tratamento ortodôntico, até a realização da cirurgia, atendendo às necessidades e ao desejo estético do paciente.

Referências 1. Maltagliati LA, Montes L AP. Análise dos fatores que motivam os pacientes adultos a buscarem o tratamento ortodôntico. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2007; 12(6): 54-60 2. Arnett W, McLaughlin RP. Planejamento facial e dentário para ortodontistas e cirurgia bucomaxilofaciais. (ed 1). Porto Alegre: Artes Médicas, 332p. 2005. 3. Miloro M, Ghali GE, Larsen P, Waite P. Peterson’s Principles of Oral and Maxillofacial Surgery. (ed 3). Shelton: PMPH-USA, Ltd. 2012. 4. Wiechmann D, Wong RWK, Hagg U. Incognito: the Novel CAD/CAM Lingual Orthodontic Appliance. Dental Asia. 2008;1:19-25. 5. Ling HP. Lingual Orthodontics: History, Misconceptions and Clarification. J Can Dent Assoc. 2005; 71(2): 99-102. 6. Alexander CM, Alexander RG, Gorman JC, Hilgers JJ, Kurz C, Scholz RP, Smith JR, et al: Lingual orthodontics: a status report, Part 1. J Clin Orthod 1982;16(4): 255-62. 7. Pato JMS. Lingual Orthodontics. R Dental Press Ortodon Ortop Facial 2002; 7(2): 77-80. 8. Kairalla SA, Cacciafesta V, Maltagliati LA, Paranhos LR. Ortodontia Lingual: evolução da técnica e os braquetes autoligados. Rev Clín Ortod Dental Press 2011; 10(3):106-12.

9. Kairalla SA, Kairalla RA, Miranda SL, Paranhos LR. Ortodontia lingual: um aparelho “invisível”. Rev Bras Cir Craniomaxilofac 2010; 13(1): 40-3. 10. Fillion D. An interview. Dental Press J Orthod 2011 Jan-Feb;16(1):22-8. 11. Wolford L M, Rieche-Fischel O, Mehra P. Soft Tissue Healing After Parasagittal Palatal Incisions in Segmental MaxillarySurgery: A Review of 311 Patients. J Oral Maxillofac Surg 2002; 60(1): 20-25 12. Wolford L M, Karras S C, Mehra P. Considerations for orthognathic surgery during growth, Part 2: Maxillary deformities. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2001; 119(2): 102-5.

Endereço para correspondência Silvana Allegrini Kairalla Rua Diogo Moreira, 132 – CEP: 05.423-010 – São Paulo/SP E-mail: sil_allegrini@hotmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):88-93

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caso clínico

Tratamento de mordida aberta anterior com intrusão de molares utilizando mini-implantes como ancoragem Treatment of anterior open bite with molars intrusion using mini-implants as anchorage

Fabricio Pinelli Valarelli* Juliana Shinnae de Justi** Claudia Cristina da Silva*** Karina Maria Salvatore de Freitas**** Rodrigo Hermont Cançado*****

Abstract

Resumo Este artigo relata a correção de uma mordida aberta anterior severa, com indicação cirúrgica, em uma jovem com 18 anos de idade. Como a paciente apresentava resistência a intervenções mais invasivas, optou-se por um tratamento conservador. A abordagem utilizada para conseguir um fechamento satisfatório da mordida aberta foi o tratamento ortodôntico convencional, associado à intrusão dos molares superiores. Considerando-se que a mecânica de intrusão provoca efeitos colaterais — dependendo da forma como se realiza a

ancoragem e devido à maneira como as forças agem sobre o dente que está sendo intruído e sobre os suportes de ancoragem, que na maioria dos casos são dentes adjacentes —, foram utilizados dois mini-implantes como sistema de ancoragem absoluta. Tal decisão ocorreu para obtenção de um melhor controle da mecânica. Ao final do tratamento, o fechamento da mordida aberta foi alcançado satisfatoriamente, atendendo plenamente às expectativas da paciente e obtendo uma grande melhora estética e funcional.

the intruded tooth and on the anchoring supporters, which in most cases are the adjacent teeth —, two mini-implants were used as absolute anchorage system. This decision was made in order to obtain a better control of the mechanics. At the end of the treatment the closure of the open bite was satisfactorily achieved, fully meeting the expectations of the patient, providing a great esthetic and functional improvement.

Palavras-chave: Mordida aberta. Movimentação dentária. Ortodontia corretiva.

Keywords: Open bite. Tooth movement. Corrective orthodontics.

Como citar este artigo: Valarelli FP, Justi JS, Silva CC, Freitas KMS, Cançado RH. Tratamento de mordida aberta anterior com intrusão de molares utilizando mini-implantes como ancoragem. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):96-108.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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This article describes the correction of a severe anterior open bite, with surgical indication, in an eighteen-years-old young subject. As the patient showed resistance to more invasive interventions, a conservative treatment was chosen. The approach used to achieve a satisfactory closure of the open bite was the conventional orthodontic treatment, associated to the intrusion of the maxillary molars. Considering that the intrusion mechanics causes side effects — depending on how anchorage is carried out and due to the forces acting on

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):96-108

* Professor do Curso de Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Faculdade Ingá, Maringá-PR. ** Especialista em Ortodontia pelo ICOS-CIODONTO, Joinville-SC. *** Professora do Curso de Especialização em Ortodontia da UNIES, Bauru/SP. **** Coordenadora do Curso de Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Faculdade Ingá, Maringá-PR. ***** Professor do Curso de Mestrado em Odontologia, área de concentração Ortodontia, da Faculdade Ingá, Maringá-PR.


Caso Clínico

Tratamento de mordida aberta anterior com intrusão de molares utilizando mini-implantes como ancoragem

Figura 11 Esporões colados às faces palatinas dos incisivos superiores.

Figura 12 Efeito do torque lingual conferido ao fio na região posterior.

Figura 13 Elásticos intermaxilares para a sobrecorreção do trespasse positivo.

Figura 14 Placa de Hawley com orifício recordatório e contenção 3x3.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):96-108


Valarelli FP, Justi JS, Silva CC, Freitas KMS, Cançado RH

de molares ancorada em mini-placas. Também Sherwood et al.24 e Erverdi et al.25 verificaram a rotação do plano oclusal no sentido horário, a rotação da mandíbula no sentido anti-horário e a consequente diminuição da AFAI, em estudos semelhantes, com intrusão de molares superiores por meio de miniplacas. A variável SN.PlOcl sofreu aumento de 4,4°, que ocorreu por causa da giroversão do plano oclusal no sentido horário mediante a intrusão dos molares superiores14. Em relação ao movimento de intrusão dos molares superiores, é importante salientar que esses dentes sofreram mínima angulação para a distal, verificada pela alteração na variável MS_(centroide).SN, o que denota que a alteração na variável MS_(centroide)-PP foi realmente proporcionada pela intrusão real dos molares, e não apenas por uma rotação para a distal da coroa desses dentes. Um fator pouco evidenciado na literatura e de grande importância durante o movimento de intrusão dos molares é a tendência de inclinação vestibular desses dentes. Alguns autores desenvolveram acessórios específicos para auxiliar na mecânica de intrusão, como Erverdi et al.20, que preconizaram uma placa de acrílico recobrindo os dentes posteriores e ancorando-a em mini-placas de titânio, ou Hernandez et al.26, que desenvolveram um parafuso de titânio que atravessa a cortical óssea de vestibular a palatino na região posterior da maxila. Ambos visam minimizar o efeito colateral de vestibularização do molar, resultante da mecânica de intrusão. Para o caso clínico relatado no presente artigo, optou-se pela utilização de uma barra transpalatina nos primeiros momentos do tratamento, seguida da aplicação de torque palatino no fio ortodôntico 0,019” x 0,025” de aço, realizado na região dos molares superiores. Segundo Park et al.21, a barra transpalatina pode ser substituída por mini-implantes inseridos na região palatina ou, em pacientes que passaram por uma prévia expansão rápida da maxila (ERM), o aparelho expansor pode ser mantido com a mesma finalidade. Em relação à recidiva do movimento de intrusão ocorrida com os molares superiores, a quantidade é pequena27. Contudo, os molares superiores, no caso clínico em questão, apresentaram recidiva de 0,9mm 1 ano após o final do tratamento, ou seja, aproximadamente 30% da intrusão obtida durante o tratamento. Sugawara et al.23 também relataram recidiva de aproximadamente 30% do movimento de intrusão dos molares. Por esse motivo, Park et al.21 sugerem a sobrecorreção do movimento intrusivo dos molares como um dos principais fatores na estabilidade da correção da mordida aberta anterior por meio de mini-implantes. Observa-se, no presente caso clínico, que diferentemente do comportamento observado pelos incisivos superiores, o componente dentoalveolar inferior sofreu alterações nítidas.

Os incisivos inferiores apresentaram grande verticalização (II.NB e IMPA), extrusão (II-GoMe) e suave retração (II-NB). Os molares inferiores sofreram extrusão (MI_(centroide)-GoMe). Todas essas alterações já eram esperadas mediante a giroversão da mandíbula, e consequentemente dos dentes inferiores, no sentido anti-horário, além dos desgastes interproximais realizados para diminuição da pequena discrepância de modelo existente ao início do tratamento. Ademais, a utilização de elásticos intermaxilares verticais na região anterior promoveu a extrusão e lingualização dos incisivos superiores e inferiores, o que foi favorável para a correção da mordida aberta anterior, em conjunto com a intrusão dos dentes posterossuperiores14. A sobremordida foi a variável que sofreu maior alteração durante o tratamento (início: -2,9mm / final: 3,1mm). Essa alteração de 6mm foi causada, principalmente, pela intrusão dos molares superiores, que possibilitou a giroversão da mandíbula no sentido anti-horário, juntamente com a extrusão dos dentes anteriores causada pela utilização dos elásticos intermaxilares nessa região14,15,21,25. Dessa forma, o principal objetivo do tratamento para a paciente em questão foi atingido. Ademais, para a obtenção plena do sucesso do tratamento dessa paciente, espera-se, além da correção do trespasse vertical negativo na região anterior ao término do tratamento, também uma boa estabilidade dos resultados. Segundo Baek et al.28, a grande maioria dos casos de mordida aberta anterior tratados com intrusão de molares por meio de ancoragem esquelética apresenta recidivas durante o primeiro ano após sua finalização. No presente caso clínico, o trespasse vertical apresentou recidiva irrelevante de 0,4mm após 1 ano de controle, demonstrando a grande estabilidade da correção conseguida durante a fase ativa do tratamento. Além disso, especula-se que a utilização de contenções funcionais, como a placa de acrílico utilizada pela paciente em questão, após o tratamento, possa aumentar a estabilidade dos resultados28.

Conclusão O tratamento sem extração da mordida aberta anterior de origem esquelética em paciente adulto, por meio de mini-implantes, mostrou a ocorrência de uma intrusão real dos molares superiores. Dessa forma, a correção da mordida aberta foi facilitada, obtendo-se resultados estéticos e funcionais. Um ano após o tratamento, mesmo com uma pequena recidiva da intrusão dos molares superiores, a oclusão se manteve estável e a mordida permaneceu fechada.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):96-108

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artigo inédito

Avaliação da resistência adesiva após colagem ortodôntica com resina e sistema hidrofílicos com ou sem contaminação Evaluation of adhesive strength after orthodontic bonding with hydrophilic resin and system with or without contamination

Julliane Salgado Ribeiro*

Sérgio Aparecido Ignácio****

Giovana Simião Ferreira**

Jucienne Salgado Ribeiro*****

Odilon Guariza Filho***

Elisa Souza Camargo******

Resumo

Abstract

A contaminação salivar deve ser evitada para obter-se adequada adesão dos braquetes no esmalte. Entretanto, a colagem de braquetes e acessórios em dentes impactados, superfícies dentárias linguais, segundos molares e dentes parcialmente irrompidos torna mais difícil o procedimento de colagem sem contaminação. Dessa forma, materiais têm sido desenvolvidos com a intenção de obter-se boa resistência adesiva dos braquetes frente à contaminação por água e/ou saliva. O objetivo desse trabalho foi avaliar, in vitro, a resistência adesiva ao cisalhamento após a colagem de braquetes metálicos com a resina Transbond Color Change® (TCC) e sistema adesivo Transbond Plus Self-Etching Primer® (TPSEP) na presença ou ausência de contaminação por saliva. Foram utilizados 100 incisivos inferiores

bovinos, divididos em 4 grupos (Grupo 1: TPSEP + Transbond XT e ausência de contaminação; Grupo 2: TPSEP + Transbond XT e presença de contaminação; Grupo 3: TPSEP + TCC e ausência de contaminação; Grupo 4: TPSEP + TCC e presença de contaminação). Os corpos de prova foram submetidos ao teste de cisalhamento na máquina de ensaio universal DL 500 (EMIC). Os valores obtidos foram analisados estatisticamente através do método de ANOVA a dois critérios, modelo fatorial completo, e evidenciaram que a presença de contaminação por saliva diminuiu a resistência adesiva nos dois grupos estudados (p < 0,05). Conclui-se que a resistência adesiva ao cisalhamento diminui na presença de contaminação por saliva ao se utilizar um sistema adesivo e resina hidrofílicos.

present; Group 3: TPSEP + CBT, no contamination; Group 4: TPSEP + TCC, contamination present). The specimens were submitted to shearing stress by a DL 500 universal testing machine (EMIC). The resulting values were analyzed in a two-way ANOVA, full factorial design, showing that saliva contamination reduced the bonding strength in both groups (p< 0.05). The conclusion is that the shearing strength of bonding decreases in the presence of saliva when both the hydrophilic adhesive system and the hydrophilic resin are used.

Palavras-chave: Ortodontia. Resistência ao cisalhamento. Braquetes ortodônticos.

Keywords: Orthodontics. Compressive strength. Orthodontic brackets.

Como citar este artigo: Ribeiro JS, Ferreira GS, Guariza Filho O, Ignácio SA, Ribeiro JS, Camargo ES. Avaliação da resistência adesiva após colagem ortodôntica com resina e sistema hidrofílicos com ou sem contaminação. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):110-5.

* Acadêmica de Odontologia na PUCPR. Bolsista PIBIC-PUCPR. ** Academica de Odontologia na PUCPR. *** Mestre em Ortodontia, USP-SP. Doutor em Ortodontia, UNESP-Araraquara. Professor titular de graduação e pós-graduação em Ortodontia, PUCPR. **** Mestre e Doutor em Engenharia Florestal, UFPR. Professor titular de Bioestatística na graduação e pós-graduação em Odontologia, PUCPR. ***** Mestre em Odontologia, área de concentração Ortodontia, PUCPR. ****** Mestre e Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora adjunta na graduação e pós-graduação em Odontologia, Ortodontia, na PUCPR.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Salivary contamination prevention is a key to proper bracket adhesion to the enamel. However, it is difficult to be achieved when bonding brackets and accessories on impacted teeth, lingual tooth surfaces, second molars and on partially erupted teeth. Thus, materials have been developed in order to provide satisfactory bracket bonding strength in the presence of water and/or saliva. This study aimed at an in vitro evaluation of the shear strength after bonding metal brackets with Transbond Color Change® (TCC) resin and Transbond Plus Self-Etching Primer® (TPSEP) adhesive system in the presence or absence of saliva contamination. One hundred bovine lower incisors were divided into 4 groups (Group 1: TPSEP + Transbond XT, no contamination; Group 2: TPSEP + Transbond XT, contamination

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):110-5


Ribeiro JS, Ferreira GS, Guariza Filho O, Ignácio SA, Ribeiro JS, Camargo ES

Avaliação da resistência da união adesiva Um método tradicionalmente utilizado para testar a resistência da união adesiva nos procedimentos de colagem de braquetes ortodônticos tem sido o teste de cisalhamento. Esse teste mensura a carga máxima necessária para a descolagem ou fratura inicial do braquete, para se saber o esforço que as partes envolvidas podem suportar. Os dados brutos são apresentados em unidades de força (Newtons) e depois convertidos para unidades de estresse (Megapascais), utilizando-se, assim, uma medida da força por superfície de área do braquete. O teste não prediz exatamente o comportamento clínico, mas é útil para estabelecer parâmetros de qualidade dos materiais7. O teste de cisalhamento foi realizado em uma máquina universal de ensaios EMIC® DL 500 (Emic Equipamentos e Sistemas de Ensaio Ltda., São José dos Pinhais, Brasil) utilizando célula de carga de 50kgf e com velocidade de cabeça de 0,5mm/minuto (segundo a ISO/TS 11405) (Fig. 1). Um computador conectado à máquina, usando o software TESC 3.04, registrou a força necessária para a quebra de cada um dos corpos de prova, testando-se, assim, a resistência da união adesiva.

condições de contaminação) apresentaram distribuição normal para a variável em análise. A verificação de normalidade foi feita através do teste de normalidade de Kolmogorov-Smirnov, ao nível de significância de 0,05. Quando a ANOVA indicou existir diferença entre os valores médios da variável analisada, utilizou-se, para identificar quais tratamentos diferiam entre si, o teste de comparações múltiplas de Games Howell para variâncias heterogêneas, entre os tratamentos, uma vez que o teste de homogeneidade de variâncias de Levene indicou variâncias heterogêneas entre os 4 tratamentos. O nível de significância adotado foi de 0,05.

RESULTADOS

Foi realizada a análise de variância a dois critérios de classificação, modelo fatorial completo (ANOVA a 2 critérios), uma vez que os 4 tratamentos analisados (2 resinas, 2

O teste ANOVA a dois critérios modelo fatorial completo indicou que a resina Transbond XT apresentou maior resistência adesiva do que a resina Transbond Color Change, considerando-se as duas condições de contaminação simultaneamente (p < 0,05). Ambas as resinas apresentaram maior resistência adesiva quando não houve a contaminação por saliva (p < 0,05). Na ausência de contaminação, não foi verificada diferença estatisticamente significativa entre as resinas (p > 0,05); porém, na condição de contaminação, a resina Transbond XT apresentou maior resistência adesiva do que a resina Transbond Color Change (p < 0,05). Ambas as resinas apresentaram redução na resistência adesiva frente à contaminação (p<0,05).

A

B

Análise estatística

Figura 1 A) Máquina de ensaios transversais EMIC. B) Corpo de prova durante ensaio de cisalhamento.

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Ribeiro JS, Ferreira GS, Guariza Filho O, Ignácio SA, Ribeiro JS, Camargo ES

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Endereço para correspondência Julliane Salgado Ribeiro Rua Santa Madalena de Piazzi, 207 – 80.240-550 – Curitiba/PR E-mail: jullisr@hotmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):110-5

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caso clínico

Protocolo alternativo para o tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono com aparelho intrabucal Alternative protocol for treatment of Obstructive Sleep Apnea with intraoral appliance Dario Fernandes LOPES NETO*

Nadia LUNARDI****

Eloisa Marcantonio BOECK**

Leandro Bielli ROSSI*****

Karina Eiras Dela Coleta PIZZOL***

Abstract

Resumo Introdução: a síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) tornou-se um problema de saúde pública, sendo mais prevalente na população mundial do que outras doenças crônicas. A Ortodontia tem um papel importante em seu tratamento com a utilização dos aparelhos intrabucais (AIB) dinâmicos de avanço mandibular, principalmente em casos de SAOS de intensidade leve a moderada. Existem na literatura protocolos de tratamento, no quais a cooperação do paciente para realizar a ativação do AIB é fundamental para o sucesso e evolução do caso. Métodos: foi usado um protocolo de atendimento alternativo para um paciente adulto, do sexo feminino, com índice de apneia/hipopneia (IAH) de 12 episódios por hora, associado a ronco intenso, índice de massa

corporal de 27,4 kg/m2 e quadro de hipertensão arterial. Foi realizada uma abordagem terapêutica integrada envolvendo a Otorrinolaringologia, a Ortodontia e a Fonoaudiologia, de forma que a ativação do avanço mandibular do AIB foi controlada mensalmente pelo ortodontista. Resultados: redução significativa do ronco, diminuição da frequência cardíaca (sono REM 61 para 47,3 e NREM 51 para 42,7), atenuando o AIH para 2 episódios por hora em um período de 6 meses. Conclusão: o protocolo proposto nesse artigo mostrou-se eficaz ao tratar um paciente com SAOS de intensidade leve, com o mínimo de avanço mandibular em um curto período de tempo, apresentando estabilidade oclusal, clinicamente observada após um ano de acompanhamento.

approach involving Otolaryngology, Orthodontics and speech therapy, so that activation of mandibular advancement was controlled by the AIO orthodontist monthly. Results: Significant reduction of snoring, decrease in heart rate (REM and NREM 61 to 47.3 51 to 42.7), attenuating the AIH for 2 episodes per hour over a period of 6 months. Conclusion: The protocol proposed in this article was effective in treating a patient with mild OSA, with minimal mandibular advancement in a short period of time, presenting clinically occlusal stability observed after one year of follow up.

Palavras-chave: Síndromes da apneia do sono. Protocolos clínicos. Avanço mandibular.

Keywords: Sleep apnea syndromes. Clinical protocols. Mandibular advancement.

Como citar este artigo: Lopes Neto DF, Boeck EM, Pizzol KEDC, Lunardi N, Rossi LB. Protocolo alternativo para o tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono com aparelho intrabucal. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):116-21.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Introduction: The syndrome of obstructive sleep apnea (OSA) has become a public health problem, being more prevalent in the world population than other chronic diseases. Orthodontics plays an important role in dealing with the use of intraoral devices (IOD) of dynamic mandibular advancement, especially when there is mild to moderate OSA. There are treatment protocols in the literature in which the patient’s cooperation to accomplish the activation of IOD is critical to the success and progress of the case. Methods: Protocol alternate answer to an female adult, with an apnea/hypopnea index (AHI) of 12 episodes per hour, associated with heavy snoring, body mass index of 27.4kg/m2 and hypertension framework pressure. We carried out an integrated therapeutic

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):116-21

* Especialista em Ortodontia, UFBA. Mestrando em Ortodontia, UNIARA. ** Doutora em Ortodontia, UNICAMP. Professora de Ortodontia, cursos de Graduação e Pós-graduação, UNIARA. *** Doutora em Ortodontia, UNESP. Professora de Ortodontia, cursos de Graduação e Pós-graduação, UNIARA. **** Doutora em Materiais Dentários, UNICAMP. Professora de Ortodontia, cursos de Graduação e Pós-graduação, UNIARA. ***** Especialista em Ortodontia, ABO- Araçatuba. Mestrando em Ortodontia, UNIARA.


Caso Clínico

Protocolo alternativo para o tratamento da síndrome da apneia obstrutiva do sono com aparelho intrabucal

multidisciplinar foi de potencializar a ação do AIB e viabilizar a manutenção em longo prazo dos resultados obtidos, uma vez que, estando a tonicidade muscular preservada, as chances de recidiva por flacidez da musculatura tornam-se menores. Para o tratamento odontológico com o uso de AIB, optou-se pela instalação de um aparelho KlearwayTM, que age como um reposicionador mandibular dinâmico composto por dois splints, sendo um maxilar e um mandibular, unidos por um parafuso expansor de 11mm que permite uma ativação em incrementos de 0,25mm e movimentos laterais (13mm) e verticais da mandíbula (1-5mm)10,11. Os splints maxilar e mandibular recobrem até 2/3 da coroas dentárias e são conectados por um torno expansor tipo Hyrax, com o máximo de 7mm de separação entre maxila e mandíbula10. Esse aparelho, além de permitir um certo grau de mobilidade mandibular, é passível de ajuste, o que viabiliza o avanço progressivo da mandíbula. A desvantagem desse tipo de AIB é o desconforto promovido pelo Hyrax no dorso da língua, podendo, em alguns raros casos, promover injúrias na superfície da língua. Para a confecção do KlearwayTM, utiliza-se modelos de gesso

Figura 1 Fotografias intrabucais e modelos de gesso iniciais da paciente.

Figura 2 Imagens do AIO adaptado com ativação inicial de 2mm.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):116-21

superior e inferior, associados a registro em cera com oclusão em topo-a-topo. Em algumas situações, torna-se inviável a aquisição desse registro em relação de topo-a-topo devido à limitações inerentes do paciente, sendo necessário que o registro seja obtido em máxima intercuspidação habitual (MIH). A instalação do aparelho AIB é extremamente simples, necessitando apenas que o mesmo seja adaptado sobre os dentes de ambas as arcadas, verificando sua retenção e possíveis pressões ou injúrias na cavidade bucal. Embora a maioria dos protocolos de tratamento com AIB descritos na literatura preconizem que a ativação do aparelho seja realizada pelo próprio paciente, dependendo, assim, de sua colaboração, o protocolo clínico utilizado pelos autores determina que a ativação seja realizada pelo profissional, com ativações de 1mm ao mês durante a fase ativa. Uma vez constatada a melhora clínica, que normalmente ocorre no 5º ou 6º mês de uso do aparelho, solicita-se uma nova polissonografia para comprovar o sucesso do tratamento. Decorrido o primeiro ano, o paciente persiste sob acompanhamento, entretanto, com consultas a cada 6 meses, por tempo indeterminado ou enquanto houver necessidade do uso do aparelho.


Lopes Neto DF, Boeck EM, Pizzol KEDC, Lunardi N, Rossi LB

craniofaciais de Classe II e desfavoráveis nos casos de Classe I, com diminuição da sobremordida e sobressaliência, alteração das distâncias intercaninos e intermolares na mandíbula25. No caso relatado pelos autores, os efeitos colaterais foram mínimos, uma vez que as ativações foram realizadas pelo próprio profissional durante as consultas mensais (1mm/mês, durante 4 meses). A melhora relatada pela paciente, com redução dos sintomas após o início da utilização do AIB, e melhora considerável do IAH, SaO2 e frequência cardíaca confirmados pela segunda polissonografia, sugerem que, ao se promover um avanço mandibular gradativo com intervalos maiores, as estruturas de suporte das vias aéreas superiores têm maior tempo hábil para se adequar à nova posição; e o paciente tem um tempo maior para perceber as alterações clinicas decorrentes da terapêutica, com o mínimo de avanço possível. A associação de medidas de higiene do sono e

da fonoterapia, com a finalidade de aumentar e preservar a tonicidade muscular, aparentemente garantem a eficácia do tratamento em longo prazo26.

Conclusões Os AIB dinâmicos de avanço mandibular são uma forma efetiva para tratamento contínuo e por tempo indeterminado da SAOS, pois apresentam excelentes resultados na redução do IAH, melhora da SaO2 e, consequentemente, da qualidade de vida. O protocolo proposto nesse artigo, mostrou-se eficaz ao tratar de forma multidisciplinar um paciente com SAOS de intensidade leve, com o mínimo de avanço mandibular em um curto período de tempo, apresentando estabilidade oclusal clinicamente observada após um ano de acompanhamento.

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Endereço para correspondência Dario Fernandes Lopes Neto Av. Maria Antônia Camargo de Oliveira, 170 CEP: 14807-120 – Araraquara/SP – E-mail: dflneto@gmail.com

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controvérsias

Movimento ortodôntico depois de tratamento endodôntico, inclusive com perfuração: 30 dias Orthodontic movement after endodontic treatment, even with perforations: 30 days

Alberto Consolaro*

Resumo

Abstract

Um questionamento muito frequente: qual o tempo que se deve esperar para movimentar um dente submetido a tratamento endodôntico, inclusive os de perfuração radicular? A extrapolação dos fenômenos observados em outras regiões da raiz e a fundamentação experimental com base em situações correlatas permitem afirmar que 30 dias correspondem a um período mais do que razoável para o reparo periapical estar em fase avançada

de maturação e síntese. As forças ortodônticas são muito leves e dissipantes — muito mais do que o traumatismo dentário, o trauma oclusal e as forças mastigatórias normais —, e não devem interferir na patogenicidade e virulência das microbiotas envolvidas nas necroses e lesões periapicais crônicas, assim como não devem interferir nos fenômenos celulares e teciduais durante a reorganização dos tecidos apicais e periapicais.

dissipating — much more than dental trauma, occlusal trauma and normal mastication forces — and should not interfere in pathogenicity and virulence of the microbiota involved in necrosis and chronic periapical lesions, as should not interfere in cellular and tissue phenomena during the reorganization of apical and periapical tissues.

Palavras-chave: Endodontia-Ortodontia. Movimentação ortodôntica. Reparo periapical. Reparação endodôntica.

Keywords: Endodontics-Orthodontics. Orthodontic movement. Periapical repair. Endodontic repair.

Como citar este artigo: Consolaro A. Movimento ortodôntico depois de tratamento endodôntico, inclusive com perfuração: 30 dias. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):124-8.

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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A very common question: how long to wait until moving a tooth that undergone endodontic treatment, including root drilling? The extrapolation of phenomena observed in other regions of the root and experimental reasoning based on related situations allows to affirm that 30 days correspond to a more than reasonable period for the periapical repair to be in an advanced stage of maturation and synthesis. The orthodontic forces are very light and

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):124-8

* Professor Titular na Faculdade de Odontologia de Bauru/USP e da Pós-graduação na FORP-USP.


controvérsias

Movimento ortodôntico depois de tratamento endodôntico, inclusive com perfuração: 30 dias

2) Pela presença quase constante de reabsorções apicais externas, que aumentam a inacessibilidade de instrumentos e medicamentos sobre os biofilmes microbianos. Nos casos de dentes com lesões periapicais crônicas que foram tratados endodonticamente, e também movimentados ortodonticamente, os insucessos devem ser atribuídos a fatores endodônticos e morfológicos, e não ao fato dos dentes terem sido submetidos a forças leves e dissipantes ortodônticas. Uma observação muito importante deve ser ressaltada: quando movimenta-se um dente, pode-se promover reabsorções cemento-dentinárias laterais nas raízes, inclusive nas áreas de perfurações já reparadas. O mesmo acontece no ápice de dentes endodonticamente tratados há muito tempo. Nesse processo, pode haver um rearranjo na região ou até uma reativação de um suposto processo inflamatório anterior, considerando-se que essas reabsorções possam ter exposto áreas que estavam escondidas, com eventuais bactérias e/ou seus produtos nos túbulos dentinários ou canais suplementares de um delta apical; mas, em geral, após terminado o movimento ortodôntico, volta ao normal, pois volta a ocorrer o vedamento necessário. Nos casos em que, muito raramente, isso venha a acontecer, sem regredir novamente depois do tratamento ortodôntico, deve-se refazer o caso endodonticamente. Embora isso muito raramente aconteça, o paciente deve ser avisado dessa possibilidade, apesar de ser muito rara.

Consideração final Os objetivos essenciais do tratamento endodôntico são: 1) Controlar e eliminar os agentes infectantes. 2) Preencher os espaços e não deixar corpos estranhos na região periapical. 3) Não irritar quimicamente a região com os materiais utilizados. Se esses objetivos forem atingidos — independentemente se o dente tinha vitalidade pulpar, necrose pulpar, lesão periapical crônica ou perfuração radicular —, após o período de 30 dias, os tecidos periodontais estarão em fase final de reparação e reorganizando-se para devolver a anatomia e fisiologia à região. Mesmo que, imaginologicamente, essa evolução ainda não se apresente como tal, pois a mineralização é muito incipiente. As forças ortodônticas são muito leves e dissipantes e incomparavelmente menores e diferentes das observadas no traumatismo dentário e no trauma oclusal, e daquelas observadas durante a mastigação normal. Essas forças ortodônticas não interferem na biologia dos tecidos em reparo e nem mesmo na patogenicidade e virulência de eventuais microbiotas envolvidas na necrose pulpar, lesões periapicais crônicas e região periodontal de perfurações radiculares durante o tratamento endodôntico.

Referências Endereço para correspondência 1. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3. ed. Maringá, Dental Press, 2012. 2. Consolaro A. Inflamação e reparo. 2. ed. Maringá, Dental Press, 2013. No prelo.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):124-8

Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br


abstracts

Literatura ortodôntica mundial Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica. A impacção do canino superior aumenta o risco de reabsorção radicular dos dentes adjacentes: Um problema de proximidade física Yan B, Sun Z, Fields H, Wang L. Maxillary canine impaction increases root resorption risk of adjacent teeth: a problem of physical proximity. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):750-7 Introdução: nosso objetivo foi investigar a prevalência, localização e extensão da reabsorção, e os potenciais fatores de risco para caninos impactados associados à reabsorção radicular (CIARR) em pacientes chineses, que, ao contrário dos pacientes brancos, têm predominantemente impacções de caninos superiores por vestibular. Métodos: tomografias computadorizadas de feixe cônico pré-tratamento de 170 indivíduos chineses (idades de 12 a 30 anos, média de 14,5 anos) com caninos superiores impactados (101 impacções por vestibular e 69 por palatina) e 170 indivíduos pareados por idade e sexo, sem impacções, foram utilizados. Todos os registros de tomografia computadorizada de feixe cônico foram avaliados por meio de software por um avaliador. A prevalência, localização e extensão de CIARR no incisivo lateral, incisivo central e primeiro pré-molar foram analisados. Para identificar os fatores de risco para CIARR, os sujeitos com canino impactado foram divididos em dois grupos (com e sem reabsorção radicular). As medidas de 10 variáveis foram comparadas individualmente entre os grupos e, em seguida, testadas novamente usando regressão logística binária para cada dente. Resultados: comparada com o grupo controle e o lado de não impacção, a reabsorção radicular foi significativamente mais prevalente em indivíduos com impacção do canino e do lado da impacção (p < 0,01), com taxas de prevalência totais de 27, 18 e 10% para o incisivo lateral, incisivo central, e primeiro pré-molar, respectivamente. Afetando, predominantemente, o terço apical de todos os dentes, CIARR, se presente, atingiu a polpa do incisivo lateral, incisivo central e o primeiro pré-molar, com taxas de 36, 57 e 0%, respectivamente. Individualmente, as variáveis que refletem a proximidade com o canino superior impactado apresentaram medidas diferentes (p < 0,05) entre os sítios de impacção (quadrantes superiores) com e sem reabsorção radicular para cada dente, enquanto que o fator de estágio de desenvolvimento do canino só foi significativo para os incisivos centrais e laterais superiores. Nenhuma diferença significativa de prevalência de CIARR foi encontrada entre os indivíduos com impacções vestibular e palatina. Combinados, a relação de contato foi o indicador dominante para CIARR em todos os dentes "em contato" (separação < 1mm), apresentando a maior e mais significativa probabilidade de aumento de reabsorção radicular em comparação com os "fora de contato" (separação ≥ 1mm). A relação de probabilidade foi de 9,9; 3,7; e 5,9 para o incisivo lateral, incisivo central, e primeiro pré-molar, respectivamente. Conclusão: a impacção de canino superior aumenta o risco de reabsorção radicular em dentes adjacentes (incisivos e primeiros pré-molares). A proximidade física (< 1mm) entre o canino impactado e uma raiz adjacente é o indicador mais importante para a reabsorção radicular, e essa característica é bastante semelhante em pacientes chineses em relação à pessoas brancas.

Mudanças na Densidade Ósssea Alveolar ao Arredor de Miniparafusos: Um estudo clínico prospectivo Al Maaitah EF, Safi AA, Abdelhafez RS. Alveolar bone density changes around miniscrews: a prospective clinical study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):758-67. Introdução: nosso objetivo foi avaliar os efeitos dos miniparafusos sobre a densidade óssea alveolar interproximal e a saúde do tecido gengival adjacente. Métodos: quarenta e quatro miniparafusos de titânio foram inseridos entre segundos pré-molares e primeiros molares superiores em ambos os lados da arcada em 22 pacientes consecutivos (15 mulheres e 7 homens, idades de 14 a 24 anos). Uma área de controle (entre os primeiros e segundos pré-molares superiores) também foi avaliada. Tanto os miniparafusos (estudo) quanto as áreas de controle foram clinicamente e radiograficamente monitoradas em momentos diferentes: antes da inserção dos miniparafusos, 1 mês, 3 meses e 6 meses após a inserção. Um software associado a uma máquina de radiografia digital intrabucal foi usado para avaliar as mudanças na densidade óssea alveolar. Parâmetros clínicos gengivais do estudo e as áreas de controle também foram registrados. Testes de análise da variância de medidas repetidas e comparação pareada post-hoc de Bonferroni, foram utilizados para avaliar as mudanças em momentos diferentes. Resultados: trinta e nove miniparafusos tiveram sucesso na duração do estudo. Indivíduos do sexo masculino apresentaram (p < 0,001) uma densidade óssea alveolar significativamente maior do que as mulheres, no início. A densidade óssea alveolar em torno dos miniparafusos aumentou significativamente (p < 0,001) entre 3 e 6 meses após a inserção e após aplicação de força. A densidade óssea alveolar na área controle não alterou significativamente durante o estudo (p > 0,05). A largura de gengiva queratinizada aumentou significativamente (p < 0,001) nas áreas de estudo e de controle após a inserção dos miniparafusos e permaneceu sem alterações significativas ao longo do estudo. Conclusão: os miniparafusos aumentaram significativamente a densidade óssea alveolar após 3 meses de inserção e não foram associados com efeitos prejudiciais sobre os tecidos adjacentes gengivais. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Tradução: Fabio Pinto Guedes

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O Diâmetro do mini-implante ortoDôntico não afeta a geração de microtrincas lineares In Situ na mandíbula ou na maxila Liu SS, Cruz-Marroquin E, Sun J, Stewart KT, Allen MR. Orthodontic mini-implant diameter does not affect in-situ linear microcrack generation in the mandible or the maxilla. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):768-73. Introdução: os microdanos reduzem as propriedades mecânicas do osso e, por isso, podem contribuir para a falha do implante. O objetivo desse estudo foi investigar se o diâmetro dos mini-implantes afeta a produção de microtrincas lineares e se difere entre a mandíbula e a maxila devido às suas corticais contrastando em espessuras. Métodos: quadrantes superiores e inferiores de 5 cães foram aleatoriamente designados para receber, in situ, nenhuma perfuração piloto ou inserção de mini-implante (controle), apenas perfuração pilotos em a inserção dos mini-implantes, ou perfuração piloto acrescida de um mini-implante de até três diâmetros: 1,4 mm (n = 18); 1,6mm (n = 18); e 2,0mm (n = 18). Microfissuras lineares foram avaliadas com base em secções coradas de fucsina, usando microscopia de epifluorescência. Resultados: a perfuração piloto sem a inserção de mini-implante produziu danos significativamente maiores com microtrincas lineares na mandíbula em comparação com a maxila. Em ambas mandíbula e maxila, todos os implantes produziram danos maiores com microtrincas lineares do que os controles, mas não houve diferenças entre os três diâmetros de implante. Conclusão: nem o diâmetro dos mini-implantes, nem o local de inserção (mandíbula vs maxila) apresentaram um efeito significativo sobre a quantidade de microdanos lineares adjacentes aos implantes, quando os implantes são inseridos após a perfuração piloto in situ. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Maturação Esquelética em Pacientes Obesos Giuca MR, Pasini M, Tecco S, Marchetti E, Giannotti L, Marzo G. Skeletal maturation in obese patients. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):774-9. Introdução: o objetivo desse estudo foi comparar a maturação óssea em pacientes obesos e em indivíduos de peso normal para avaliar o melhor momento para o tratamento ortopédico e ortodôntico. A hipótese nula foi que os pacientes obesos e os de peso normal apresentam graus semelhantes de maturação esquelética. Métodos: a amostra desse estudo retrospectivo foi composta de 50 pacientes brancos (28 meninos, 22 meninas), cujos raios X (mão e punho e radiografias cefalométricas laterais) já estavam disponíveis. O grupo teste incluiu 25 pacientes obesos (11 meninas e 14 meninos, com idade média de 9,8 ± 2,11 anos); e o grupo controle incluiu 25 indivíduos de peso normal (11 meninas e 14 meninos, com idade média de 9,9 ± 2,5 anos). A maturação esquelética foi determinada utilizando o método de análise carpal e o método de maturação das vértebras cervicais. Resultados: de acordo com a análise carpal, houve uma diferença significativa entre as idades esqueletais e cronológica entre o grupo de teste (11,8 ± 11,4 meses) e o grupo de controle (-2,9 ± 3,1 meses). Além disso, os indivíduos obesos apresentaram uma média de pontuação na maturação cervical vertebral significativamente maior (2,8 ± 0,7) do que os indivíduos controle (2 ± 0,6), (p < 0,05). Conclusão: comparados com os indivíduos de peso normal, os indivíduos obesos apresentaram maior discrepância média

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entre as idades cronológicas e esqueléticas de acordo com a análise carpal, e apresentaram uma pontuação na maturação cervical vertebral significativamente maior. Assim, para avaliar o crescimento em pacientes obesos com discrepância esquelética, pode ser necessária a realização de exames e tratamentos dentofaciais e ortopédicos mais cedo do que em indivíduos com peso normal. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Aplicação local de zoledronato para ancoragem máxima durante o fechamento de espaço Ortega AJ, Campbell PM, Hinton R, Naidu A, Buschang PH. Local application of zoledronate for maximum anchorage during space closure. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):780-91. Introdução: ortodontistas têm usado várias meios físicos, dependentes de colaboração, tais como aparelhos extrabucais e intrabucais para evitar a perda de ancoragem. O objetivo desse estudo foi determinar se a aplicação local do bisfosfonato zoledronato pode ser usado para prevenir a perda de ancoragem durante o fechamento do espaço de extração em ratos. Métodos: trinta ratos tiveram seus primeiros molares superiores esquerdos extraídos e seus segundos molares superiores esquerdos mesializados para o interior do espaço da extração com uma mola de fechamento de níquel-titânio de 10g, durante 21 dias. Quinze ratos controles receberam uma injeção local de uma solução salina tamponada com fosfato, e 15 ratos experimentais receberam 16μg do bisfosfonato zoledronato. O bisfosfonato também foi injetado diretamente no local da extração e deixado em repouso durante 5 minutos. Cefalogramas e medidores de espessura incremental foram usados para medir movimentos do dente. Os tecidos foram analisados por tomografia computadorizada e histologia. Resultados: o grupo controle demonstrou movimentos significativos (p < 0,05) dos dentes durante o período de 21 dias. Eles mostraram movimentos dentários significativamente maiores do que o grupo experimental, no início da segunda semana. O grupo experimental não mostrou nenhum movimento dentário significativo após a primeira semana. A tomografia computadorizada e observações histológicas mostraram perda óssea significativa nos locais de extração e em torno dos segundos molares dos controles. Em contrapartida, o grupo experimental apresentou preservação do osso e preenchimento ósseo. Não houve evidência de osteonecrose associada ao bisfosfonato em qualquer amostra. Conclusões: uma dose pequena e única, aplicada localmente do zoledronato, forneceu ancoragem máxima e preveniu a perda óssea significativa. Tradução: Isabella Simões Holz

Estabilidade a longo prazo do fechamento de mordida aberta anterior com osteotomia sagital bilateral Fontes AM, Joondeph DR, Bloomquist DS, Greenlee GM, Wallen TR, Huang GJ. Long-term stability of anterior open-bite closure with bilateral sagittal split osteotomy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):792-800. Introdução: a impacção maxilar e osteotomias bimaxilares são usadas para tratar más oclusões com mordida aberta anterior, mas podem ter efeitos indesejáveis nos tecidos moles. Corrigir uma mordida aberta anterior com um simples procedimento


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mandibular evita esses efeitos indesejáveis dos tecidos moles, mas a estabilidade do presente procedimento não é conhecida. O objetivo desse estudo foi avaliar a estabilidade em longo prazo da correção de mordida aberta anterior com osteotomia sagital bilateral e fixação interna rígida. Métodos: registros de cirurgia ortognática de um cirurgião bucal foram pesquisados para todos os pacientes com mordida aberta anterior tratados com osteotomia sagital bilateral e rotação anti-horária cirúrgica da mandíbula com fixação interna rígida. Filmes cefalométricos da consulta inicial, do pré-cirúrgico, do pós-cirúrgico, da remoção do aparelho ortodôntico, e de uma média de 4,5 anos após a remoção do aparelho ortodôntico, foram coletados, traçados, e medidos. Resultados: trinta e um pacientes preencheram os critérios de inclusão para esse estudo e apresentaram uma mordida aberta inicial média de -2,6 ± 1,1mm. Os pacientes apresentaram uma rotação mandibular média de fechamento de 3,7 ± 2,4° com a cirurgia. Com a remoção do aparelho ortodôntico, a mandíbula rodou no sentido horário 1,1°; e a sobreposição do incisivo foi de 1,4 ± 1,0mm. Aproximadamente 4,5 anos após remoção do aparelho ortodôntico, a sobreposição média dos incisivos foi mantida a 1,0 ± 1,0mm; contudo, a mandíbula rodou no sentido horário um adicional de 1,1°. Apenas três pacientes apresentaram recidiva com nenhuma sobreposição dos incisivos em longo prazo, e apenas três apresentaram recidiva maior do que 1mm em longo prazo. Conclusões: aproximadamente 90% dos pacientes tratados apresentaram uma sobreposição positiva dos incisivos 4,5 anos após remoção do aparelho ortodôntico. Apesar de uma perda de 60% da rotação anti-horária cirúrgica da mandíbula, apenas 10% dos pacientes apresentaram recidiva com nenhuma sobreposição dos incisivos em longo prazo. A osteotomia sagital bilateral e a rotação anti-horária cirúrgica da mandíbula, utilizando fixação interna rígida, deve ser considerada uma alternativa estável no tratamento de más oclusões de mordida aberta anterior de leve a moderada. Tradução: Isabella Simões Holz

Precisão de software de imagem para análise em 3 dimensões da via aérea superior Weissheimer A, Menezes LM, Sameshima GT, Enciso R, Pham J, Grauer D. Imaging software accuracy for 3-dimensional analysis of the upper airway. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):801-13. Introdução: o objetivo desse estudo foi comparar a precisão e eficácia dos seis softwares de imagem para medir volumes das vias aéreas superiores no dados de tomografia computadorizada de feixe cônico. Métodos: a amostra foi composta de 33 pacientes em crescimento e uma orofaringe fictícia de acrílico, digitalizados com um scanner i-CAT (Imaging Sciences International, Hatfield, EUA). O volume conhecido da orofaringe fictícia de acrílico foi utilizado como padrão-ouro. Segmentações semiautomáticas com protocolos limiares interativos e fixos da orofaringe dos pacientes e da orofaringe fictícia de acrílico foram realizadas com os softwares Mimics (Materialise, Leuven, Bélgica), ITK-Snap (www.itksnap.org), OsiriX (Pixmeo, Genebra, Suíça ), Dolphin3D (Dolphin Imaging & Management Solutions, Chatsworth, EUA), InVivo Dental (Anatomage, San Jose, EUA), e OnDemand3D (CyberMed, Seul, Coreia

do Sul). O coeficiente de correlação intraclasse foi utilizado para os testes de confiabilidade. A análise de variância para medidas repetidas (ANOVA) e testes post-hoc (testes de Bonferroni) foram utilizados para comparar os softwares. Resultados: a confiabilidade foi alta para todos os programas. Com o protocolo de limiar interativo, as segmentações da orofaringe fictícia de acrílico com Mimics, Dolphin3D, OsiriX e ITK–Snap apresentaram erros menores do que 2% em volume, em comparação com o padrão-ouro. OnDemand3D e InVivo Dental apresentaram mais de 5% de erros em comparação ao padrão-ouro. Com o protocolo de limiar fixo, os erros de volume foram semelhantes (-11,1% para -11,7%) entre os programas. Na segmentação da orofaringe com o protocolo interativo, ITK Snap, Mimics, OsiriX, e Dolphin3D foram estatisticamente significativamente diferentes (p < 0,05) da InVivo Dental. Nenhuma diferença estatística (p > 0,05) foi encontrada entre o InVivo Dental e OnDemand3D. Conclusões: todos os 6 programas de imagem foram confiáveis, porém apresentaram erros nas segmentações de volume da orofaringe. Mimics, Dolphin3D, ITK Snap-eOsiriX foram semelhantes e mais precisos do que InVivo Dental e OnDemand3D para avaliação das vias aéreas superiores. Tradução: Isabella Simões Holz

Alterações do nervo mielinizado e expressão da proteína básica da mielina em ligamentos periodontais após a movimentação dentária experimental em ratos Lu L, Huang JH, Yu SB, Liu XD, Zhang Y, Zhang X, Qiu ZY, Wang MQ. Changes of myelinated nerve and myelin basic protein expression in rats' periodontal ligaments after experimental tooth movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):814-24. Introdução: as informações sobre o efeito da movimentação dentária sobre o nervo mielinizado no ligamento periodontal são limitadas. Nesse estudo, o objetivo é investigar quais as respostas que o nervo periodontal mielinizado pode ter durante a movimentação dentária experimental. Métodos: no Grupo ExperimentaI I, os terceiros molares superior esquerdo e inferior direito foram movidos distalmente. No Grupo Experimental II, o terceiro molar superior esquerdo foi movido, mas o direito não, e os terceiros molares inferiores foram extraídos. As ultraestruturas do nervo mielinizado no ligamento periodontal dos terceiros molares superiores foram observadas em um microscópio eletrônico de transmissão. A expressão da proteína básica de mielina foi avaliada pela imuno-histoquímica. Resultados: alterações degenerativas ultraestruturais do nervo mielinizado no ligamento periodontal foram notados, sobretudo na bainha de mielina, esses foram observados previamente e foram recuperados no Grupo Experimental I. Em contraste, as alterações ultraestruturais do nervo mielinizado que ocorreram, principalmente nos axônios, foram observadas mais tarde, e foram irrecuperáveis no Grupo Experimental II. Uma diminuição concomitante da expressão da proteína básica de mielina foi observada em ambos os grupos. Conclusões: tanto o movimento dentário experimental quanto às alterações oclusais que o acompanham causaram alterações do nervo mielinizado no ligamento periodontal. Tradução: Letícia Moraes de Aguiar

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Avaliação tridimensional de alterações esqueléticas transversais após expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida e tratamento Ortodôntico: Um estudo prospectivo de tomografia computadorizada

Simulação dinâmica do processo de inserção autoRrosqueante do microimplante ortodôntico no osso cortical através do método tridimensional de elemento finito

Magnusson A, Bjerklin K, Kim H, Nilsson P, Marcusson A. Three-dimensional assessment of transverse skeletal changes after surgically assisted rapid maxillary expansion and orthodontic treatment: a prospective computerized tomography study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):825-33.

Yu W, Park HS, Kyung HM, Kwon OW. Dynamic simulation of the selftapping insertion process of orthodontic microimplants into cortical bone with a 3-dimensional finite element method. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012 Dec;142(6):834-41.

Introdução: o objetivo desse estudo longitudinal prospectivo foi avaliar as alterações esqueléticas transversais após expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida. As mudanças foram registradas usando a técnica de tomografia computadorizada tridimensional com base em sobreposição na base anterior do crânio. Métodos: a amostra consistiu de 35 pacientes (idade média, 19,7 anos, variando de 16,1 a 43,9 anos). Com baixa dose, imagens de tomografia computadorizada helicoidal foram tomadas no início e após o tratamento ortodôntico. Os modelos em três dimensões foram registrados e sobrepostos na base anterior do crânio. Resultados: a expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida teve um efeito significativo no tratamento transversal esquelético, significativamente maior posteriormente do que anteriormente. A expansão foi paralela anteriormente, mas posteriormente houve significativa inclinação transversal. Embora não tenha havido nenhuma diferença estatisticamente significativa entre as alterações nos pontos de referência correspondentes, o intervalo de desvios-padrão foi marcado. Conclusões: os resultados mostraram que, para o registro de alterações esqueléticas transversais após expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida, a sobreposição tridimensional é um método confiável, evitando projeções e erros de medição. A expansão rápida da maxila cirurgicamente assistida teve um efeito significativo, mas não uniforme, no tratamento esquelético. Apesar de a separação cirúrgica ter sido cuidadosa, uma pronunciada inclinação posterior ocorreu. Não foi encontrada correlação entre a gravidade da inclinação e da idade do paciente.

Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar a tensão no osso cortical ao redor do microimplante ortodôntico durante e após a cirurgia de inserção. Métodos: a inserção autorrosqueante do microimplante ortodôntico em no osso cortical de 1mm de espessura, contendo uma perfuração prévia, foi simulado utilizando o método tridimensional de elemento finito. A cirurgia de inserção completa foi repetida em um total de 3601 sequências de cálculo, isso é, as primeiras 3600 etapas dinâmicas analisando o processo de inserção e uma etapa estática adicional para analisar a tensão residual após a inserção. Quatro microimplantes foram inseridos experimentalmente em uma tíbia de coelho para medir os torques de inserção e compará-los aos resultados das análises de elemento finito. Resultados: uma concordância razoável foi observada entre as medidas experimentais e os torques calculados por elemento finito, confirmando a validade da nossa simulação de elemento finito, que mostra que tensões elevadas podem desenvolver-se na interface óssea durante a inserção do microimplante. Tensões circunferenciais acima da resistência à tração e tensões radiais acima da resistência à compressão do osso cortical desenvolveram-se no osso. Além disso, as tensões radiais residuais maiores que as tensões de limiar crítico para desencadear reabsorção óssea patológica foram observadas após a inserção. Essas altas tensões relacionadas à inserção demonstram que não é a força ortodôntica ou o tempo de sua aplicação, mas sim as condições de inserção que podem determinar a resposta óssea para o microimplante e seu prognóstico clínico. Conclusão: essa análise de elemento finito in-vitro mostrou que, durante a inserção autorrosqueante de microimplantes ortodônticos, tensões altas o suficiente para fraturar o osso cortical podem acontecer. Após a inserção autorrosqueante, a tensão radial calculada na interface óssea foi maior do que o valor limite para desencadear reabsorção óssea patológica.

Tradução: Letícia Moraes de Aguiar

Tradução: Tatiana Sanches Almeida de Oliveira

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2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).

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Instruções aos autores

7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. 9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos ao lado.

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Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

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registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.

Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que

integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

Posicionamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 fev-mar;12(1):133-5

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