volume 10, nĂşmero 2, abril/maio 2011
Dental Press
Rev ClĂn Ortod Dental Press. 2011 abr/maio;10(2):1-112
ISSN 1676-6849
volume 10, número 2, abril/maio 2011
Dental Press
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intrusão traumática: como o ortodontista deve proceder?
Traumatic intrusion: How should the orthodontist proceed? Adriano Dobranszki, Sérgio Luis Rodrigues Gianvechio, Nara Pereira D´Abreu Cordeiro Dobranszki, Soraya Coelho Leal
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Planejamento do tratamento ortodôntico para substituir dentes comprometidos por dentes hígidos: relato de caso
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aparelho expansor Haas com molas digitais para correção da mordida cruzada anterior e posterior
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considerações acerca do preparo ortodôntico direcionado à cirurgia ortognática
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ortodontia brasileira: ainda há boas safras
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extração de incisivo inferior: uma alternativa no tratamento da classe iii
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Orthodontic treatment planning to replace compromised teeth per healthy teeth: Case report Hugo Cesar Pinto Marques Caracas, Eduardo Franzotti Sant´Ana, Monica Tirre de Souza Araújo
Correction of anterior and posterior crossbite with a modified Haas maxillary expansion appliance André Wilson Machado, Alexandre Protásio Vianna, Aldrieli Regina Ambrosio, Luiz Gonzaga Gandini Júnior
Considerations concerning the orthodontic preparation addressed to the orthognathic surgery Carla Maria Melleiro Gimenez, André Pinheiro de Magalhães Bertoz, Francisco Antonio Bertoz, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, Valfrido Antonio Pereira Filho
Brazilian orthodontics: Still there are good vintages Marinho Del Santo, Luciano Del Santo
Lower incisor extraction: an alternative for a Class III treatment Djalmyr Brandão de Carvalho Melo Jr, Dirceu Barnabé Raveli, Luiz Gonzaga Gandini Jr, Luana Sampaio Dib, Renata Cristina Faria Ribeiro de Castro
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Editorial ................................................ 5 Pergunte a um Expert ........................... 8 Eventos ............................................... 22 Dica Clínica ......................................... 24 Acontecimentos .................................. 28
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Domínio Conexo ................................ 30 Ortodontia Forense ............................ 44 Abstracts ........................................... 102 Controvérsias .................................... 105 Instruções aos autores ...................... 110
EDITOR Omar Gabriel da Silva Filho EDITOR INTERINO Weber José da Silva Ursi EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto Rosely Suguino Danilo Furquim Siqueira
HRAC-USP
FOSJC/UNESP-SP
UFG-GO CESUMAR-PR UNICID-SP
PUBLISHER Laurindo Furquim
UEM-PR
COORDENADOR DOS ABSTRACTS Maurício de Almeida Cardoso
USC-SP
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Adilson Luiz Ramos Hélio Hissashi Terada
UEM-PR UEM-PR
CONSULTORES INTERNACIONAIS Björn U. Zachrisson Jeffrey P. Okeson Jesús Fernández Sánchez Júlia Harfin Larry White Lorenzo Franchi Ravindra Nanda Roberto Justus Tiziano Baccetti Vincent G. Kokich
Universidade de Oslo / Noruega Universidade de Kentucky / EUA Universidade de Madrid / Espanha Universidade de Maimonides / Buenos Aires - Argentina AAO Dallas / EUA Universidade de Florença / Itália University of Connecticut - EUA Universidade Tecnológica do México / Cidade do México - México Universidade de Florença / Itália Universidade de Washington / EUA
CONSULTORES CIENTÍFICOS Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Carlo Marassi
Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz Guilherme de Araújo Almeida Henrique Mascarenhas Villela José Fernando C. Henriques José Nelson Mucha José Rino Neto Julio de Araújo Gurgel Julio Pedra e Cal-Neto Jurandir Antonio Barbosa Leopoldino Capelozza Filho Luciano da Silva Carvalho Marcelo de Castellucci e Barbosa Marcio Costa Sobral Marcio Rodrigues de Almeida Marden Bastos Matheus Melo Pithon Ricardo Nakama Roberto Hideo Shimizu Sebastião Interlandi
Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana
FOB-USP-SP
Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti
FOB-USP-SP
Patologia Alberto Consolaro
FOB-USP-SP
UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP CPO SLMANDIC-SP
Dentística Renata Pascotto
Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - Diretor eDitorial: Bruno D’Aurea Furquim Diretor De MarKetiNG: Fernando Marson - aNaliSta Da iNForMaÇÃo: Carlos Alexandre Venancio - ProDutor eDitorial: Júnior Bianco - ProDuÇÃo GráFica e eletrôNica: Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Comochena - trataMeNto De iMaGeNS: Andrés Sebastián Pereira de Jesus - SubMiSSÃo De artiGoS: Roberta Baltazar de Oliveira - reviSÃo/ coPyDeSK: Ronis Furquim Siqueira - JorNaliSMo: Beatriz Lemes Soares - baNco De DaDoS: Adriana Azevedo Vasconcelos - WebMaSter: Edmar Baladeli - Fernando Truculo Evangelista curSoS e eveNtoS: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin - coMercial: Roseneide Martins Garcia - biblioteca/NorMaliZaÇÃo: Simone Lima Lopes Rafael - eXPeDiÇÃo: Diego Moraes - FiNaNceiro: Roseli Martins - Secretaria: Rosane A. Albino.
Uniceuma-SP UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP Clínica particular-SP UFRN-RN ABENO-SP UFU-MG ABO-BA FOB-USP-SP UFF-RJ FOUSP-SP FOB-USP-SP UFF-RJ ACDC-SP HRAC-USP-SP APCD-SP UFBA-BA UFBA-BA UNOPAR-PR EAP-ABO-MG UESB-BA Clínica particular-PR UTP-PR USP-SP
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A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá - Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.
Indexada nas Bases de Dados:
Bimestral. ISSN 1676-6849. 1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. desde 2003
CDD 21.ed.
617.643005
BBO
desde 2003
desde 2008
editorial
A extinção da má oclusão Weber Ursi Editor interino
O ano ortodôntico de 2011 acaba de começar no Brasil. Normalmente, as famílias brasileiras adiam o início do tratamento ortodôntico para março, uma vez que em dezembro poucas pessoas querem instalar aparelho às vésperas das Festas Natalinas. Em janeiro, as férias tomam grande parte do tempo de potenciais pacientes, muitos deles viajando para longe de suas cidades (e de seus ortodontistas). Fevereiro tem a volta às aulas, com suas atribulações e agendamentos da miríade de atividades que a vida contemporânea exige, além do pagamento das despesas no cartão de crédito das férias de janeiro, mais IPTU e IPVA (em muitos estados) e material escolar, além, é claro, do Carnaval, porque ninguém é de ferro... O ortodontista clínico disputa uma fatia do orçamento das famílias, e é comum ouvir nos consultórios os pedidos de desconto em função do comprometimento com outras despesas. Numa economia de mercado totalmente desregulada e descontrolada, como é a da Odontologia brasileira — particularmente na Ortodontia —, a guerra de preços provoca uma pressão para diminuição dos valores cobrados pelos tratamentos, conforme o tempo passa. Um paralelo seriam as dietas de “n” dias. No início, eram as dietas de 30 dias; depois a concorrência inventou a de 15 dias; mais tarde, a de 7 dias; e ainda há espaço para uma diminuição... Aos olhos de um economista, os valores cobrados no tratamento ortodôntico, por muitos profissionais, são um misto de guerrilha e de insensatez. O valor é determinado baseado unicamente no quanto a “concorrência” cobra, menos algum percentual. Ora, como a inflação dos custos fixos e custos variáveis de um consultório de Ortodontia é acima do custo de vida da classe média, a prática dessa “guerra de preços” leva, no transcorrer dos anos, ao colapso financeiro do “negócio” Ortodontia.
Para conseguir manter sua renda, o profissional tem que diminuir custos e aumentar as horas de trabalho. O resultado é desastroso: “burn-out” do profissional, insatisfação com a profissão, saúde precária e tratamentos com qualidade cada vez mais duvidosa. A política governamental de autorregulação do mercado como solução dos problemas ortodônticos da população, com a proliferação indiscriminada de uma indústria de cursos de Especialização, obviamente é uma das causas dessa situação. Como o número de “colocadores de aparelho” aumenta exponencialmente, em uma população com tendência futura de crescimento rumo à estabilização, chegará o dia em que a má oclusão no Brasil será extinta — pelo menos na faixa etária a partir dos 15 anos de idade, quando toda a população já deverá ter passado pelo “rito” de iniciação da adolescência, que é a colocação de algum tipo de dispositivo na boca. Qual é o remédio para essa situação nas gerações mais novas na Ortodontia? A resposta óbvia é a diferenciação, inicialmente pela escolha de cursos de formação sérios e comprometidos, com carga horária adequada; além da dedicação de corpo e alma à educação continuada; e a busca por informações atualizadas e com embasamento científico em periódicos com corpo editorial e revisores justos e atentos. A melhora da situação em que se encontra a especialidade só virá com a depuração que o tempo promove e a regulamentação que dê equilíbrio ao número de especialistas para uma dada população. Até que isso aconteça, vamos nos manter éticos e corretos, procurando oferecer aos nossos pacientes o melhor de nossa capacidade e conhecimento, mantendo-nos atualizados e com espírito empreendedor, praticando uma das mais belas profissões do mundo, a de fazer alguém sorrir mais e melhor.
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A era digital 3D na Ortodontia e Ortopedia Facial (parte 1)
Rolf M. Faltin
intrODuçãO A busca pela tridimensionalidade sempre foi inerente à natureza dos olhos humanos, uma vez que corresponde à preponderante realidade de nossa observação visual. As evoluções tecnológicas relacionadas aos recursos de imagem e a consequente tridimensionalidade na Ortodontia e Ortopedia Facial trouxeram recentemente, nos últimos anos, inúmeras e progressivas vantagens referentes à capacidade, precisão e qualidade das imagens para diagnóstico. Assim sendo, o avançado diagnóstico e novas ferramentas vieram facilitar e otimizar nossos planejamentos, como nas simulações e planejamentos virtuais tridimensionais de tratamento. Há algumas décadas os exames tomográficos e as reconstruções tridimensionais são utilizados progressivamente na área médica. Porém, devido à inerente quantidade de radiação à qual os pacientes são submetidos, esses exames não foram absorvidos como protocolo de rotina, ou seja, deixaram de ser solicitados pelos profissionais da área odontológica. Soma-se a isso a maior duração e o desconforto do exame, assim como uma proporcional exposição à radiação, o que não justificaria a solicitação de tais exames de imagem mesmo tendo em vista seus benefícios associados. Com o advento da tomografia computadorizada volumétrica (TCV), ou tomografia computadorizada de feixe cônico (Cone-Beam / TCFC), estabeleceu-se uma quebra de paradigma. Essa situação proporcionou uma grande mudança dentro do cenário odontológico e também médico. O desenvolvimento desse tipo de equipamento e princípio de aquisição volumétrica permitiu um exame tomográfico muito mais rápido, confortável e simples. De fundamental importância, somou-se a esses atributos uma proporção surpreendentemente baixa de exposição à radiação, quando comparada à dos exames tomográficos anteriormente utilizados. A associação dessa nova aquisição tomográfica com baixa dose de radiação e programas computacionais especializados/softwares
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de processamento desses dados tridimensionais viabilizou um grande avanço do ponto de vista de aplicação, eficácia e, principalmente, a validação desse tipo de exame para uso em nossa especialidade. Em resumo, hoje em dia defrontamo-nos com uma benéfica realidade: a partir de um exame de aquisição/escaneamento de face completa, com duração aproximada de 20 segundos, pode-se ter o volume completo da face do paciente e, a partir desse volume, pode-se — através do processamento desses arquivos (DICOM) — gerar inúmeras reconstruções, projeções (radiografias) e visualizações de diagnóstico fundamentais em nossa área. Lembramos que o advento da tridimensionalidade, em nosso ponto de vista, vem incorporar e permitir ainda mais quantidade e qualidade de informação àqueles exames bidimensionais protocolarmente solicitados. Em outras palavras, soma-se a 3ª dimensão à 2ª dimensão, e toda a experiência, conhecimento e base científica decorrentes de estudos realizados sobre essas possibilidades nas imagens bidimensionais que são as radiografias. Faz-se necessário, dentro do uso e da incorporação da tridimensionalidade na Ortodontia e Ortopedia Facial, que se transite abertamente entre a bidimensionalidade das radiografias, incorporando outros conceitos e interpretações das imagens das tomografias volumétricas. Resguarda-se, em analogia: diferenças básicas onde, nas imagens bidimensionais, as figuras são formadas pela justaposição de pontos, os chamados pixels, que determinam a qualidade e resolução dessa imagem; em contrapartida, dentro da tridimensionalidade, passamos a falar de volumes, que têm como sua menor parte o voxel. Poderíamos, simplificadamente ou analogamente, considerar como a sobreposição de cubos formando um volume, um objeto tridimensional. Na prática, a reconstrução tridimensional da face no esqueleto craniofacial dos nossos pacientes. Outro ponto dessa integração e diferenciação é a inserção de um novo tipo de arquivo chamado DICOM (Digital Imaging and Communications
Faltin RM
A
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Figura 19 Avaliação qualitativa e quantitativa em reconstrução tridimensional das vias aéreas superiores, com presença de desvio de septo nasal. a) Corte coronal: desvio de septo com referência ao plano sagital mediano, demarcado em vermelho (linha). b) Reconstrução tridimensional combinada de vias aéreas e tecidos duros translúcidos, com subtração volumétrica paracoronal, evidenciando o desvio de septo e linha média dentária maxilar com referência ao plano sagital mediano (demarcado em linha vermelha). c) Ampliação da figura 19B. D) Visualização superior (axial) de desvio de septo, em reconstrução tridimensional das vias aéreas.
como, por exemplo, nos casos de amídalas hipertróficas recorrentes, onde, através de um exame rotineiramente solicitado por nós, pode-se compartilhar essas imagens e reforçar a avaliação do especialista e da correlação dessas obstruções com uma respiração nasal ou bucal, que muito podem afetar o desenvolvimento dos pacientes (Fig. 18). Aplica-se também
RefeRências 1. Ackerman JL, Proffit WR, Sarver DM. The emerging soft tissue paradigm in orthodontic diagnosis and treatment planning. Clin Orthod Res. 1999;2(2):49-52. 2. Baumrind S, Carlson S, Beers A, Curry S, Norri K, Boy RL. Using three-dimensional imaging to assess treatment outcomes in orthodontics: a progress report from the University of the Pacific. Orthod Craniofac Res. 2003;6 Suppl 1:132-42. 3. Broadbent BH. A new X-ray technique and its application to orthodontia. Angle Orthod. 1931;1(2):45-66.
essa metodologia, de modo interessante, no diagnóstico detalhado dos desvios de septo e sinusopatias (Fig. 19). Dando continuidade, na próxima edição e segunda parte sobre esse tema, estaremos abordando outras indicações e aplicações dessa tecnologia 3D em nossa rotina clínica de diagnóstico e planejamento dentofacial.
4. Cevidanes LH, Bailey LJ, Tucker GR Jr, Styner MA, Mol A, Phillips CL, et al. Superimposition of 3D cone-beam CT models of orthognathic surgery patients. Dentomaxillofac Radiol. 2005;34(6):369-75. 5. Cevidanes LH, Bailey LJ, Tucker SF, Styner MA, Mol A, Phillips CL, et al. Threedimensional cone-beam computed tomography for assessment of mandibular changes after orthognathic surgery. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(1):44-50. 6. Cevidanes LH, Styner MA, Profitt WR. Image analysis and superimposition of 3-dimensional cone-beam computer tomography models. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(5):611-8.
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A era digital 3D na Ortodontia e Ortopedia Facial (parte 1)
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rolf M. Faltin • Graduado em Odontologia pela Universidade Paulista (UNIP). • Mestre em Biologia Celular e Tecidual pela Universidade de São Paulo (ICB/USP). • Doutor em Ortodontia-Ortopedia Facial pela Universidade de Ulm, Alemanha. • Professor Convidado do Curso de Graduação e Pós-Graduação em OrtodontiaOrtopedia Facial, Departamento de Odontologia, UNIP. • Professor Convidado do Departamento de Ortodontia da Universidade de Ulm, Alemanha. • Pesquisador Associado do Laboratório de Biologia Oral (LBO), da Universidade de São Paulo (USP).
endeReço paRa coRRespondência Rolf M. faltin Rua Frei Caneca, 1212 - 5º Andar – 01.307-907 – São Paulo / SP E-mail: rolf@faltin.odo.br
eventoS
ii cursO De imersãO em OrtODOntiA linguAl DA ABOl DATA: 2 a 6 de maio de 2011 (primeiro módulo) 13 a 16 de junho de 2011 (segundo módulo) LOCAL: São Paulo / SP INFORMAÇÕES: abolortolingual@abolortolingual.com.br
1º cOngressO DA FAculDADe De ODOntOlOgiA De ArAçAtuBA 31ª jOrnADA AcADÊmicA “prOF. jOrge KOmAtsu” 7º simpósiO De pós-grADuAçãO “prOF. vAlDir De sOuzA” DATA: 4 a 7 de maio de 2011 LOCAL: Araçatuba / SP INFORMAÇÕES: (18) 3636-3279 / 3636-3348 / congresso@foa.unesp.br
encOntrO DO centrO De OrtODOntiA De riBeirãO pretO DATA: 12 e 13 de maio de 2011 LOCAL: Edifício Office Tower - Ribeirão Preto / SP INFORMAÇÕES: (16) 3620-5635 / www.ortogotardo.com.br
3º ciclO De excelÊnciA em OrtODOntiA e 1º ciclO De excelÊnciA em implAntODOntiA DATA: Ortodontia: 12 a 14 de maio, 2 a 4 de junho de 2011 Implantodontia: 12 a 14 de maio de 2011 LOCAL: Hotel Bourbon Joinville - Joinville / SC INFORMAÇÕES: (47) 3435-5953 / www.cicloodontologia.com
i encOntrO internAciOnAl De OrtODOntiA e cirurgiA DATA: 20 de maio de 2011 LOCAL: Teatro do Prédio 40 da PUCRS - Porto Alegre / RS INFORMAÇÕES: www.pucrs.br/eventos/ortodontia
cursO em BelO HOrizOnte cOm O prOF. jOrge AYAlA DATA: 10 e 11 de junho de 2011 LOCAL: Belo Horizonte / MG INFORMAÇÕES: (31) 3213-2815 / 9198-6700
2º linguAl meeting - estéticA em OrtODOntiA x OrtODOntiA estéticA DATA: 17 e 18 de junho de 2011 LOCAL: São Paulo / SP INFORMAÇÕES: www.2lingualmeeting.com.br / contato@lingualmeeting.com.br
2º ciOmt – cOngressO internAciOnAl De ODOntOlOgiA De mAtO grOssO DATA: 15 a 17 de setembro de 2011 LOCAL: Hotel Fazenda Mato Grosso - Cuiabá / MT INFORMAÇÕES: (65) 3321-4428 / 3624-5212 / www.ipeodonto.com.br
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):22
diCa ClÍniCa
protocolo clínico de desgaste interproximal em dentes posteriores aplicado na técnica lingual Interproximal enamel reduction protocol in posterior teeth by lingual technique
Adriano Marotta aRaUJO* Renato Parsekian MaRtinS** Weber URSi*** Marcos Coral SCOCatE**** Eduardo Cesar WERnECK*****
Abstract
Resumo O desgaste interproximal no esmalte dentário constitui um procedimento comum na prática ortodôntica. O protocolo de execução deve ser preciso e muito bem planejado para evitar desgaste em excesso ou
sensibilidade tardia na região. O objetivo do presente trabalho foi descrever passo a passo o desgaste interproximal, assim como mostrar os acessórios utilizados e a sua execução clínica em dentes posteriores.
Palavras-chave: Desgaste interproximal. Ortodontia Lingual. Apinhamento.
Interproximal enamel reduction is a common procedure in orthodontics. The precise place and amount of dental stripping that needs to be performed is an important topic while using this procedure, in other hand, can
cause pain and excessive enamel reduction. The aim of this paper was to present a clinical approach to reducing enamel, step by step, and show the accessories tools that was part of the system and clinical protocol, as well.
Keywords: Lingual technique. Stripping. Crowding.
* Professor Doutor da Disciplina de Ortodontia da UNESP - São José dos Campos / SP. ** Doutor em Ortodontia pela UNESP - Araraquara. *** Professor no Curso de Ortodontia da EAP-APCD, Ourinhos / SP. **** Professor Adjunto da Disciplina de Ortodontia da UNESP - São José dos Campos / SP. ***** Coordenador do Curso de Especialização do IEPC – Cruzeiro / SP.
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Araujo AM, Martins RP, Ursi W, Scocate MC, Werneck EC
A
C
B
D
cOnclusãO O desgaste interproximal de esmalte dentário constitui um método auxiliar do tratamento ortodôntico. É importante que o desgaste seja realizado na medida certa, para não comprometer a finalização da oclusão e tampouco a condição periodontal da região.
Figura 7 Fotografias intrabucais após o desgaste interproximal.
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endeReço paRa coRRespondência adriano Marotta araujo Rua Paulo Wagner Dinamarco n. 22 – 12.244-560 – Urbanova E-mail: dradriano@orthoi.com.br - São José dos Campos / SP
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ACONTECIMENTOS
Congresso Internacional de Odontologia do Centenário da APCD
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Jairo Corrêa, Teresa Furquim, Norberto dos Santos Martins e Cintia Gaio Murad.
Carlos Estrela e Carlos Elias.
Nayra S. Lima e Ana Fritz.
Bruna Maluza Florez e Yasmin Veloso Martins.
Gabriela Cunha e Monique Campos.
Daniel Scalon.
Reginaldo Dagostino e Giovanni Dagostino.
Gabriel Alves de Brito e Letícia C. Souza.
Thiago Donizete da Silva, Gabriela Fatureto Marques e Antonio Batista.
Patricia D. Araujo e Samuel Gomes.
Helio Kurebayzashi e Fernando V. Santos.
Frederico Artur Escudeiro e Maria Aparecida Guimarães.
Altair A. Del Bel Cury e Renata Cury.
Flavia Casagrande.
Dental Press esteve presente no Congresso Internacional de Odontologia do Centenário da APCD, que teve o tema “Agregar para crescer”.
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domÍnio Conexo
protocolo cirúrgico para instalação de mini-implantes ortodônticos Surgery protocol for using orthodontic mini-implants
Luiz Henrique PREviDEntE* Hideo SUzUKi** Jurandir A. BaRBOSa*** Celso Garcia RODRigUEz****
Resumo
Abstract
Um dos fatores que determinam o sucesso de um tratamento ortodôntico é o planejamento biomecânico e, nesse, encontra-se um fator importante, que é a definição do tipo de ancoragem. Em tratamentos que necessitam de uma ancoragem máxima, os miniimplantes ortodônticos são um eficiente recurso, pois são de fácil instalação e remoção, independem da cooperação do paciente, são pouco invasivos, possuem baixo custo, reduzido
desconforto ao paciente e um grande potencial de ancoragem. Este trabalho tem como objetivo demonstrar passo a passo os procedimentos de instalação de mini-implantes ortodônticos autoperfurantes em diferentes locais da cavidade bucal. Assim, pretendese estimular os ortodontistas a executar esse procedimento em sua prática clínica diária, pois esse recurso se apresenta como muito eficaz na solução de situações clínicas adversas.
Palavras-chave: Ancoragem esquelética. Mini-implantes ortodônticos. Protocolo cirúrgico.
A successful dental treatment depends on proper diagnostics, as well as on a good plan elaboration and execution. On planning a treatment, one thing is important: the type of anchorage definition. Thus regarding treatments requiring maximum anchorage, orthodontics miniimplants are an efficient device, since they are easy to be installed and removed, does not require patient cooperation, are affordable and less invasive and also can be more comfortable than
other anchorage devices. The aim of this study is to propose a procedure method for mini-implants installation using a self-drilling process in different locations of buccal cavity in order to motivate dentists to adopt this procedure and use it as a solution for different clinical situations.
Keywords: Skeletal anchorage. Orthodontic mini-implants. Surgical protocol.
* Mestrando em Ortodontia na Faculdade São Leopoldo Mandic. Professor do curso de Especialização em Ortodontia da ABO de São Luís/Maranhão. ** Doutor em Ortodontia e Professor na Faculdade São Leopoldo Mandic. Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO de São Luís/Maranhão. *** Doutor em Ortodontia e Professor na Faculdade São Leopoldo Mandic. Coordenador do Curso de Especialização da ACDC em Campinas/São Paulo. **** Mestre em Ortodontia e Professor na Faculdade São Leopoldo Mandic. Coordenador Curso de Especialização em Ortodontia da ABO de Imperatriz/Maranhão.
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Previdente LH, Suzuki H, Barbosa JA, Rodriguez CG
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Figura 20 Perfuração com fresa helicoidal da raiz mesiovestibular do segundo molar.
B
Figura 19 Ponta do mini-implante fraturada. a) Pequena imagem radiopaca evidenciando a porção fraturada. b) Comparação do miniimplante fraturado com mini-implante sem fratura.
A
B
Figura 21 Mini-implante em contato com a raiz (a), e após ser reposicionado (b).
contato do mini-implante com raiz ou ligamento periodontal Essa complicação pode causar sensibilidade dentária ou, mais comumente, a mobilidade e perda do mini-implante. Normalmente, a injúria à raiz é mínima e, assim, há o reparo das estruturas radiculares (cemento e ligamento periodontal)11. Durante a inserção, o operador deve estar atento à angulação do mini-implante no sentido mesiodistal, e não confiar totalmente em imagens radiográficas de guias cirúrgicos, pois essas podem fornecer imagens distorcidas, devido ao difícil posicionamento do feixe de raios X totalmente paralelo ao objeto a ser radiografado. Caso o paciente relate dor associada aos dentes, é necessária a interrupção do tratamento e a realização de tomada radiográfica para verificação de um possível contato com a raiz dentária. Na imagem radiográfica, atentar para a posição da ponta do dispositivo de ancoragem. O operador deve ter muita sensibilidade tátil durante o procedimento, pois, quando há um contato desse tipo, a inserção torna-se mais difícil, ou seja, o operador tem que realizar uma maior força de torção (torque) para que o mini-implante continue sua penetração. Relato de dor e mudanças de torque durante a inserção são os dois principais indícios clínicos de um possível contato do mini-implante com a raiz dentária (Fig. 21).
Ausência de estabilidade primária Quando há mobilidade logo após a inserção, recomen-
da-se a imediata troca por um mini-implante de diâmetro maior. Se isso não for possível, o operador poderá aguardar um período maior (21 dias) para a instalação de força ortodôntica. Durante esse período, recomendam-se verificações semanais, observando se houve melhora da estabilidade. Mas, se o mini-implante ainda apresentar mobilidade, o operador deverá removê-lo e escolher novo local para instalação, ou aguardar a cicatrização do tecido mole e do tecido ósseo (90 dias) para reinserção no mesmo local.
remOçãO DO mini-implAnte Geralmente, não é necessário administrar anestésicos injetáveis, pois o uso de anestésico tópico é suficiente. Basta inserir a chave no mini-implante e girá-la no sentido contrário da inserção, para removê-lo facilmente. Isso se deve ao fato da não ocorrência de osseointegração.
cOnclusãO Com critérios bem definidos (protocolo), a instalação dos mini-implantes ortodônticos é simples, permitindo ao ortodontista o uso frequente desse importante recurso de ancoragem, já que apresentam muitas vantagens quando comparados aos recursos convencionais de ancoragem.
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domÍnio Conexo
Protocolo cirúrgico para instalação de mini-implantes ortodônticos
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endeReço paRa coRRespondência Luiz henrique previdente Rua Quintino Bocaiúva, 2376 – 68.743-010 – Castanhal / PA E-mail: lhprevidente@hotmail.com
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ortodontia forenSe
A contribuição sindical dos cirurgiões-dentistas Beatriz Helena Sottile FRança*
Pagar ou não pagar a Contribuição Sindical é uma dúvida, entre os cirurgiões-dentistas, que vem se arrastando há muito tempo. E, quando chega esta época do ano, ela se aflora porque, conforme determina a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), se aproximam as datas de seu pagamento, previstas no Art. 583 – “O recolhimento da contribuição sindical referente aos empregados e trabalhadores avulsos será efetuado no mês de abril de cada ano, e o relativo aos agentes ou trabalhadores autônomos e profissionais liberais realizar-se-á no mês de fevereiro”. Esse artigo, à primeira vista, parece obrigar, de modo compulsório, o profissional cirurgião-dentista a pagar a Contribuição Sindical. Para melhor entendimento da questão, necessário se faz conceituar alguns vocábulos existentes nesse dispositivo legal: AUTÔNOMO, de acordo com o Dicionário Jurídico: 1. Na linguagem jurídica em geral: a) o que é independente; b) o que não está sujeito a nenhuma potência estranha, governando-se e dirigindo seu destino segundo leis próprias; c) o que tem existência própria. 2. Direito do Trabalho. Profissional que trabalha por conta própria sem qualquer vínculo empregatício. LIBERAL: “Considera-se profissional liberal aquele que exerce com independência ou autonomia profissão ligada à aplicação de seus conhecimentos técnicos e para a qual possua diploma legal que o autorize ao exercício da respectiva atividade”. (Essa definição encontra-se na CLT, tópico referente a PROFISSIONAIS LIBERAIS COM VÍNCULO EMPREGATÍCIO.) Os profissionais liberais podem exercer as atividades próprias da profissão na qualidade de empregado, de empregador e, quando por conta própria, na de autônomo (muitos confundem liberal com autônomo, daí a confusão). De acordo com o artigo citado da CLT, o autônomo regido por ela é a pessoa física que presta serviço de natureza urbana ou rural em caráter eventual a uma ou mais empresas, sem relação de emprego, mas para ser caracterizada depende dos pressupostos: a) pessoalidade da contratação; b) não eventualidade da prestação de serviços; c) subordinação
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hierárquica; e d) serviço prestado mediante pagamento de salário. (Conforme disposição das legislações trabalhistas e previdenciárias, bem como de decisões judiciais proferidas por Tribunais Regionais do Trabalho.) Nesse caso, então, há um contrato de trabalho para a prestação do serviço mesmo em caráter eventual, diferentemente do cirurgião-dentista, que trabalha por conta própria sem qualquer vínculo empregatício, nem o de caráter eventual, portanto, inexistindo subordinação jurídica, não se lhes aplicam as disposições da legislação trabalhista. O Ministério do Trabalho define o profissional liberal como “profissionais pertencentes a categorias diferenciadas regidos por estatuto próprio, ou seja, legislação específica, inserindo-se no conceito de profissões regulamentadas”. E informa que “Caso o profissional venha a prestar serviço, e estando configurada a existência do contrato de trabalho com vínculo empregatício, em que se obriga a prestar serviços não eventuais a outro (pessoa física ou jurídica), estando a essa subordinada hierarquicamente e mediante o pagamento de uma contraprestação, a que denomina-se “salário”, aplicaremos os arts. 2º e 3º da CLT, em que teremos de um lado o empregador, e do outro o empregado”. Definidas as diferentes modalidades de prestação de serviços a que pode se dedicar o profissional cirurgião-dentista, cabe informar os dispositivos legais sobre a questão da filiação sindical. Determina a Constituição Federal TÍTULO IIDOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS-CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOSArt. 5º. XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer associado. E no CAPÍTULO II-DOS DIREITOS SOCIAIS- Artigo 8º. “É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte: V- ninguém será obrigado a filiar-se ou manter-se filiado a sindicato. (Grifo meu.) Como a Constituição Federal é soberana, a filiação é opção do profissional e a filiação compulsória é proibida. O momento também é oportuno para citarmos a Consti-
França BHS
tuição Federal, no que diz respeito à competência da instituição da contribuição: Art. 149 – “Compete exclusivamente à União instituir contribuições sociais (grifo meu), de intervenção no domínio econômico e de interesse das categorias profissionais ou econômicas, como instrumento de sua atuação nas respectivas áreas...”. Parágrafo único – “Os Estados, o Distrito Federal e os municípios poderão instituir contribuição, cobrada de seus servidores, para o custeio, em benefício destes, de sistemas de previdência e assistência social." (Grifo meu.) E, ainda, pelo mesmo motivo acima, vale lembrar a Constituição Federal TÍTULO II-DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS-CAPÍTULO I – DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS- Art. 5º. XXI- “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei (grifo meu) estabelecer". No caso do exercício da Odontologia, a lei estabelecida é a 5.081 de 24/08/1966, que dispõe sobre a habilitação profissional, no Art. 2 – “O exercício da Odontologia no território nacional só é permitido ao cirurgião-dentista habilitado por escola ou faculdade oficial ou reconhecida, após o registro do diploma na Diretoria do Ensino Superior, no Serviço Nacional de Fiscalização da Odontologia, sob cuja jurisdição se achar o local de sua atividade”. A Lei 4.324 de 14/04/1964, que instituiu o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Odontologia, repete a determinação da Lei 5.081 citada, para a habilitação profissional, o mesmo ocorrendo nas disposições da Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia (Resolução CFO 63/2005). Ela também dispõe a competência dos Conselhos Regionais de Odontologia: ART. 11 - Aos Conselhos Regionais compete: a) deliberar sobre inscrição e cancelamento, em seus quadros de profissionais registrados na forma desta lei. (Grifo meu.) Após todos os esclarecimentos acima, como forma de entender como o judiciário vem julgando as causas referentes ao tema da Contribuição Sindical, cabe aqui citar sentença do Tribunal Superior do Trabalho, Proc. N.º. TST-RR141.056/2004-900-01-00.6 CONTRIBUIÇÃO ASSISTENCIAL E CONFEDERATIVA. EMPREGADOS OU EMPRESAS NÃO ASSOCIADOS AO SINDICATO. DESCONTOS INDEVIDOS. 1. Nos termos da jurisprudência iterativa, atual e notória da SBDI-I desta Corte superior, a imposição de contribuição assistencial em favor da agremiação sindical a empregados ou empresas a ela não associados ofende o princípio da liberdade de associação
consagrado nos termos do artigo 8º, inciso V, da Constituição da República. Tal dispositivo dá efetividade, no plano normativo interno, ao princípio erigido no artigo 2º da Convenção nº 87 da Organização Internacional do Trabalho – instrumento que, conquanto ainda não ratificado pelo Brasil, inclui-se entre as normas definidoras dos Princípios e Direitos Fundamentais no Trabalho, conforme Declaração firmada em 1998, de observância obrigatória por todos os países membros daquele organismo internacional. 2. Admitir a imposição de desconto visando ao custeio de ente sindical a que o trabalhador ou empresa não aderiu voluntariamente constitui desvio do princípio democrático que deve reger a vida associativa em todos os seus quadrantes. A contribuição sindical compulsória – seja ela decorrente da lei ou da norma coletiva – destitui os integrantes da categoria de um dos mais importantes instrumentos a lhes assegurar voz ativa na definição dos destinos da sua representação de classe, além de concorrer para a fragilização da legitimidade da representação sindical, na medida em que o seu custeio não mais estará vinculado à satisfação dos representados com a atuação dos seus representantes. (Grifo meu.) 3. Deve ser considerada nula, portanto, a cláusula constante de acordo, convenção coletiva ou sentença normativa que estabeleça contribuição em favor de ente sindical a título de taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou fortalecimento sindical e outras da mesma espécie a serem descontadas também dos integrantes da categoria não sindicalizados. 4. Recurso de revista conhecido e não provido. Bem o redigiu o Ministro relator da sentença: A filiação do trabalhador a sindicato de classe deve estar vinculada “à satisfação dos representados com a atuação de seus representantes”.
RefeRências 1. Diniz MH. Dicionário jurídico. São Paulo: Saraiva; 1998.
* Professora doutora em Odontologia Legal e Deontologia/FOP UNICAMP. Professora titular da graduação e pós-graduação da PUCPR. Professora adjunta doutora da UFPR.
endeReço paRa coRRespondência Beatriz helena sottile frança Rua Professor Arnaldo Alves de Araújo, 31 – Seminário 80.740-430 – Curitiba/PR E-mail: bhfranca@gmail.com
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reviSão de literatura
intrusão traumática: como o ortodontista deve proceder? Traumatic intrusion: How should the orthodontist proceed?
Adriano DOBRanSzKi* Sérgio Luis Rodrigues gianvEChiO** Nara Pereira D´Abreu Cordeiro DOBRanSzKi*** Soraya Coelho lEal****
Abstract
Resumo Entre os eventos traumáticos que acometem a dentição permanente, a intrusão (luxação intrusiva) é particularmente complexa, por requerer cuidados multidisciplinares e por colocar o ortodontista diante de sequelas que complicam o prognóstico dos dentes afetados. O diagnóstico é peça fundamental no tratamento, pois após a identificação do problema é que será escolhida a abordagem terapêutica. O tratamento vai depender da quantidade de intrusão, do desenvolvimento radicular, da presença de fratura coronária ou de mobilidade, da condição periodontal, do tempo decorrido
desde o trauma, e da motivação e cooperação do paciente e de seus pais. As possíveis terapias variam entre a espera pela reerupção passiva, o tracionamento ortodôntico e o tracionamento cirúrgico do dente em questão. Por ser relativamente raro em dentes permanentes, poucos dados sobre esse assunto estão disponíveis na literatura odontológica. O objetivo deste trabalho foi realizar um levantamento bibliográfico, complementado por exemplos clínicos, para ajudar o ortodontista a entender a dinâmica desse evento e fornecer subsídios para o tratamento clínico.
Palavras-chave: Traumatismo dentário. Intrusão traumática. Tratamento ortodôntico.
Among the traumatic events in the permanent dentition, the intrusion (intrusive luxation) is particularly complex, because it requires multidisciplinary care due to the sequelae that complicates the prognostic of affected teeth. The diagnostic is a fundamental piece of the treatment, therefore after the identification of the problem the therapeutic approach is decided. The treatment will depend on the quantity of intrusion, the radicular development, the presence of coronary fracture, mobility, periodontal status, time elapsed after trauma and cooperation and motivation of the patient and their parents.
The possible therapies vary between waiting for the passive reeruption, orthodontic traction and surgical traction. Because of the relative rareness in permanent dentition, few data is available on the subject at the dental literature. The objective of this paper is to gather information at the present literature and complement it with clinical examples, in order to help the orthodontist to understand the dynamics of this event and to provide useful information for the clinical treatment.
Keywords: Dental trauma. Traumatic intrusion. Orthodontic treatment.
* Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial, Doutorando em Ciências da Saúde – UnB – Brasília/DF. Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia - ABO-DF. ** Especialista em Ortodontia e Endodontia. Brasília, DF. *** Mestre e Doutora em Clínica Odontológica/Dentística, UNICAMP. Professora Titular de Dentística – FACIPLAC, Brasília/DF. **** Mestre e Doutora em Ciências da Saúde – UnB. Professora Adjunta da Universidade de Brasília nas disciplinas de Odontopediatria e Histologia Dental, Brasília, DF.
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CaSo ClÍniCo
Intrusão traumática: como o ortodontista deve proceder?
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CaSo ClÍniCo
planejamento do tratamento ortodôntico para substituir dentes comprometidos por dentes hígidos: relato de caso Orthodontic treatment planning to replace compromised teeth per healthy teeth: Case report
Hugo Cesar Pinto Marques CaRaCaS* Eduardo Franzotti Sant´ana** Monica Tirre de Souza aRaúJO**
Abstract
Resumo
Este relato de caso descreve o tratamento de uma má oclusão de Classe I de Angle com mordida cruzada posterior e apinhamento leve em uma paciente adulta, na qual foi utilizado um padrão de extrações diferente do usual. A paciente tinha boa harmonia facial e apresentava os terceiros molares intraósseos, além de lesão periapical em um dos molares inferiores, no qual havia sido realizado tratamento endodôntico Após expansão rápida da maxila, os primeiros
pré-molares superiores foram extraídos. A extração desses dentes contribuiu para favorecer a erupção dos terceiros molares, que, ao final do tratamento, entraram em oclusão na posição dos segundos molares. O padrão alternativo de extrações preservou os primeiros pré-molares inferiores, que estavam hígidos, sendo que foi alcançado, ao final do tratamento, um bom resultado estético e funcional, cuja estabilidade pôde ser verificada após 5 anos de acompanhamento.
Palavras-chave: Extração. Primeiros molares. Paciente adulto.
This case report describes an alternative extraction pattern used to treat a 22 years-old patient with posterior crossbite, moderate crowding and Angle’s Class I malocclusion. Patient had good facial balance, intraosseous lower third molars, and a poor prognosis of lower first molars due to a periapical lesion. After a rapid palatal expansion procedure, upper first premolars were extracted. On the lower arch, first molars were extracted instead of first premolars. The extraction of
the lower teeth contributed to the eruption of third molars, that at the end of treatment were in occlusion on the position of second molars. The alternative extraction pattern preserved the lower first premolars that were healthier than the lower first molars. A pleasant profile was achieved at the end of treatment, and the case was stable 5 years after its was concluded.
Keywords: Extraction. First molars. Adult patients.
* Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. ** Professor Adjunto da disciplina de Ortodontia do Departamento e Ortodontia e Odontopediatria da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):52-8
CaSo ClÍniCo
Planejamento do tratamento ortodôntico para substituir dentes comprometidos por dentes hígidos: relato de caso
cOnclusãO
RefeRências
A preservação de dentes saudáveis em detrimento de dentes com grande perda estrutural deve ser considerada como um dos objetivos do tratamento, sendo que tal escolha pode contribuir para a obtenção de bons resultados estéticos e funcionais, que são estáveis a longo prazo.
1. Aras A. Vertical changes following orthodontic extraction treatment in skeletal open bite subjects. Eur J Orthod. 2002;24(4):407-16. 2. Daugaard-Jensen I. Extraction of first molars in discrepancy cases. Am J Orthod. 1973;64(2):115-36. 3. Kim TK, Kim JT, Mah J, Yang WS, Baek SH. First or second premolar extraction effects on facial vertical dimension. Angle Orthod. 2005;75(2):177-82. 4. Sandler PJ, Atkinson R, Murray AM. For four sixes. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(4):418-34. 5. Staggers JA. A comparison of results of second molar and first premolar extraction treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;98(5):430-6. 6. Williams R, Hosila FJ. The effect of different extraction sites upon incisor retraction. Am J Orthod. 1976;69(4):388-410. 7. Yamaguchi K, Nanda RS. The effects of extraction and nonextraction treatment on the mandibular position. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991;100(5):443-52.
endeReço paRa coRRespondência hugo cesar pinto Marques caracas SQN 108 Bl. A, apto. 407, Asa Norte – 70744- 010 – Brasília / DF E-mail: caracashugo@hotmail.com
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):52-8
CaSo ClÍniCo
Aparelho expansor Haas com molas digitais para correção da mordida cruzada anterior e posterior Correction of anterior and posterior crossbite with a modified Haas maxillary expansion appliance
André Wilson MaChaDO* Alexandre Protásio vianna** Aldrieli Regina aMBROSiO*** Luiz Gonzaga ganDini JúniOR****
Abstract
Resumo As mordidas cruzadas anteriores e posteriores podem ser tratadas desde as dentaduras decídua e mista. Embora a literatura descreva diversas técnicas para a correção individualizada desses problemas, o tratamento de pacientes com as duas altera-
ções é pouco documentado. O presente artigo relata o tratamento desses problemas com o expansor tipo Haas associado a molas digitais. Essa alternativa apresenta boa previsibilidade, fácil confecção e instalação, e ótima eficiência.
Palavras-chave: Mordida cruzada. Ortodontia interceptora. Expansão maxilar. Má oclusão.
The anterior and posterior crossbite can be treated since the primary and mixed dentitions. Although the literature describes several techniques to correct these problems individually, the treatment of patients with both changes is poorly documented. This article reports the treatment of these
problems with the Haas expander connected to digital springs. This alternative has good predictability, easy manufacture and installation, and optimum efficiency.
Keywords: Crossbite. Interceptive orthodontics. Palatal expansion technique. Malocclusion.
* Mestre em Ortodontia pela PUC/Minas. Doutorando em Ortodontia pela UNESP/ Araraquara - University of California, Los Angeles (UCLA - EUA). Professor da especialização em Ortodontia da UFBA. Professor Visitante do departamento de Ortodontia da UCLA. ** Mestre em Ortodontia pela PUC/RS. Doutorando em Ortodontia pela UNESP/Araraquara. Professor de Ortodontia da UEFS e da especialização em Ortodontia da UNIME/BA. *** Mestre em Ortodontia pela PUC/PR. Doutoranda em Ortodontia pela UNESP/Araraquara. **** Professor Livre Docente/Adjunto da Disciplina de Ortodontia do Departamento de Clínica Infantil da UNESP/Araraquara. Pós-doutorado e Professor Assistente Adjunto Clínico do Departamento de Ortodontia da Baylor College of Dentistry (Dallas/EUA).
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):60-7
CaSo ClÍniCo
Aparelho expansor Haas com molas digitais para correção da mordida cruzada anterior e posterior
A
B
C
Figura 15 Fotografias intrabucais após 1 ano do final da fase de contenção: a) lateral direita, b) frontal e c) lateral esquerda.
DiscussãO O tratamento instituído corrigiu as mordidas cruzadas e permitiu que uma condição periodontal mais favorável fosse alcançada, principalmente nos incisivos inferiores. Ao posicionar o dente adequadamente dentro da sua base óssea, estabelece-se um melhor ambiente para o periodonto29, o que pôde ser constatado no Caso 2. Além disso, segundo a literatura, a correção precoce da mordida cruzada posterior previne o aparecimento de hábitos bucais danosos, como a deglutição atípica13, principalmente; evita ou corrige o desenvolvimento de assimetrias faciais e/ou esqueléticas2,7,17, o que justifica intervenções na dentadura decídua. Dentre as várias opções de tratamento para a correção das mordidas cruzadas, optou-se pela utilização do aparelho expansor tipo Haas associado a molas digitais. Segundo a literatura, a união desses dois recursos é bastante eficaz e apresenta boa previsibilidade24,30. Após avaliar os resultados obtidos nos dois casos apresentados, percebe-se a satisfatória previsibilidade do aparelho utilizado. É importante salientar que, para a correta seleção do aparelho, um minucioso diagnóstico deve ser realizado e algumas variáveis analisadas, como a duração do tratamento e a cooperação do paciente9,11,21,23. Os aparelhos removíveis apresentam menor eficácia na correção das mordidas cruzadas posteriores, além de exigirem muito mais tempo de tratamento, diminuindo sua eficiência4,16. A análise do Caso 2 corrobora a literatura nesses aspectos, pois o paciente estava
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):60-7
em tratamento ortodôntico há 1 ano, utilizando elásticos intermaxilares para a correção das mordidas cruzadas, porém sem sucesso. Com a utilização do disjuntor fixo, a correção das mordidas cruzadas ocorreu após 4 meses de tratamento ativo. As ativações das molas foram realizadas de acordo com o método sugerido por Fields5, que preconiza a ativação de aproximadamente 2mm da mola para a movimentação dentária de 1 a 2mm por mês. No início do tratamento, a colocação do batente de mordida em acrílico foi necessária para promover uma leve desoclusão, a fim de permitir a movimentação do incisivo cruzado19,21. No Caso 1, essa peculiaridade não foi necessária devido ao suave trespasse vertical dos dentes anteriores, característica de normalidade na dentição decídua12,18. Atualmente, o aspecto “duração do tratamento” é fator fundamental, pois existe uma tendência à busca de tratamentos mais eficientes. O termo “eficiência” tem sido atribuído àqueles tratamentos eficazes no menor intervalo de tempo possível14. Os resultados clínicos apresentados nesse artigo foram obtidos após 2 a 4 meses de tratamento ativo, demonstrando a boa eficiência da abordagem adotada.
cOnsiDerAções FinAis Ressalta-se que o expansor tipo Haas é um aparelho versátil, podendo ser adaptado para a correção de problemas sagitais.
Machado AW, Vianna AP, Ambrosio AR, Gandini Júnior LG
RefeRências 1. Alarcón JA, Martín C, Palma JC. Effect of unilateral posterior crossbite on the electromyographic activity of human masticatory muscles. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;118(3):328-34. 2. Almeida MAO, Quintão CCA, Brunharo IHVP, Koo D, Coutinho BR. A correção da mordida cruzada posterior unilateral com desvio funcional melhora a assimetria facial? Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2009;14(2):89-94. 3. Bittencourt MAV, Bolognese AM. Correção da mordida cruzada posterior unilateral funcional na dentição decídua. JBP: J Bras Odontopediatr Odontol Bebê. 2002;28(5):451-6. 4. Erdinç AE, Ugur T, Erbay E. A comparison of different treatment techniques for posterior crossbite in the mixed dentition. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(3):287-300. 5. Fields HW. O tratamento de problemas não-esqueléticos em pré-adolescentes. In: Proffit WR, Fields HW. Ortodontia contemporânea. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1995. p. 342-84. 6. Figueiredo MA, Siqueira DF, Bommarito SSMA. Tratamento precoce da mordida cruzada posterior com o quadrihélice de encaixe. Rev Clín Ortod Dental Press. 2007;5(6):83-94. 7. Kilic N, Kiki A, Oktay H. Condylar asymmetry in unilateral posterior crossbite patients. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;133(3):382-7. 8. Kurol J, Berglund L. Longitudinal study and cost-benefit analysis of the effect of early treatment of posterior cross-bites in the primary dentition. Eur J Orthod. 1992;14:173-9. 9. Lee BD. Correction of crossbite. Dent Clin North Am. 1978;22(4):647-68. 10. Macari S, Moghini EM, Satos GTM, Matsumoto MA. Mordida cruzada: definição, diagnóstico diferencial e tratamento. JBP: Rev Ibero-am Odontopediatr Odontol Bebê. 2005;8(45):349-62. 11. Machado AW, Machado JW, Sobral MC. Mordida cruzada anterior e diastema interincisal: abordagem multidisciplinar. Rev Bras Ortod Ortop Dento-Facial. 2003;6(1):53-8. 12. Moyers RE. Ortodontia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991. p. 356-7. 13. Ovsenik M. Incorrect orofacial functions until 5 years of age and their association with posterior crossbite. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(3):375-81. 14. Pancherz H. Treatment timing and outcome. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(6):559. 15. Perussolo B, Bringhenti A, Kuhn A. Resina fotopolimerizável: um tratamento alternativo para mordida cruzada anterior. J Bras Ortodon Ortop Facial. 2001;35(3):368-74.
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endeReço paRa coRRespondência andré Wilson Machado Rua Eduardo José dos Santos, 147 – 41.940-455 – Salvador / BA E-mail: andre@andrewmachado.com.br
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Advanced Program in Orthodontics
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CaSo ClÍniCo
considerações acerca do preparo ortodôntico direcionado à cirurgia ortognática Considerations concerning the orthodontic preparation addressed to the orthognathic surgery
Carla Maria Melleiro giMEnEz* André Pinheiro de Magalhães BERtOz** Francisco Antonio BERtOz*** Marisa Aparecida Cabrini gaBRiElli**** Valfrido Antonio PEREiRa FilhO****
Abstract
Resumo Este trabalho tem a proposição de contribuir para que a comunicação entre ortodontistas e cirurgiões bucomaxilofaciais seja aumentada e melhorada, revisando e discutindo os princípios de diagnóstico e movimentação ortodôntica específicos para o paciente com indicação cirúrgica.
Serão descritos os pontos eletivos na conduta do ortodontista para que suas decisões possam conduzir a um planejamento individualizado e adequado, buscando a excelência em termos de resultado para o tratamento ortodôntico-cirúrgico das discrepâncias dentofaciais.
Palavras-chave: Ortodontia. Cirurgia ortognática. Tratamento em adultos.
This work aims at contributing to increase and improve the communication between orthodontists and maxillofacial surgeons, reviewing and discussing the principles of diagnosis and orthodontic movement specific to patients with surgical indication. It describes the elective points in the conduct of the
orthodontist so that their decisions could lead to an individualized and appropriate planning, striving for excellence in terms of outcomes for the surgical-orthodontic treatment of dentofacial discrepancies.
Keywords: Orthodontics. Orthognathic surgery. Adult treatment.
* Mestre e Doutoranda do Curso de Pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, FOA-UNESP. ** Mestre e Doutor em Odontologia, área de concentração em Ortodontia, FOA-UNESP. *** Professor Titular de Ortodontia, FOA-UNESP. **** Professor Assistente Doutor do Departamento de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da FOAr-UNESP.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):70-82
Gimenez CMM, Bertoz APM, Bertoz FA, Gabrielli MAC, Pereira Filho VA
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B
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Figura 16 Avaliação oclusal final: Classe I, linha média coincidente, trespasses adequados.
Figura 17 Telerradiografia lateral final.
Figura 18 Panorâmica final.
cOnclusãO • O sucesso do tratamento ortodôntico-cirúrgico depende da boa integração entre cirurgião e ortodontista no que diz respeito ao planejamento, mas também do conhecimento das técnicas empregadas (ortodônticas e cirúrgicas).
• O processo de diagnóstico ortodôntico integra as movimentações dentárias ao equilíbrio facial, sendo necessária uma avaliação pormenorizada para a utilização da melhor mecânica ortodôntica em cada caso. • A execução do preparo ortodôntico pré-cirúrgico é de extrema importância para maximizar o movimento cirúrgico e melhorar a estabilidade do caso.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):70-82
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CaSo ClÍniCo
Considerações acerca do preparo ortodôntico direcionado à cirurgia ortognática
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endeReço paRa coRRespondência carla Maria Melleiro gimenez Padre Duarte, 989, apto 24 - Centro - 14.801-310 - Araraquara / SP E-mail: carlamg@yahoo.com
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):70-82
CaSo ClÍniCo
Ortodontia brasileira: ainda há boas safras Brazilian orthodontics: Still there are good vintages
Marinho DEl SantO* Luciano DEl SantO**
Abstract
Resumo O presente artigo relata o caso clínico ortodôntico de uma paciente adulta, tratada por Ortodontia fixa, com extração de quatro primeiros pré-molares e mecânica Straight Wire/Tweed. Destaca-se a importância do
diagnóstico, baseado na avaliação clínica e análise da documentação ortodôntica; e da disciplina na aplicação do plano de tratamento, para contemplar a demanda estética e funcional da paciente e do ortodontista.
Palavras-chave: Avaliação clínica morfológica-funcional.
This article reports the clinical orthodontic case of an adult patient, treated with fixed orthodontics, through four first bicuspids extraction and Straight Wire/Tweed mechanics. It highlights the importance of diagnosis,
based on clinical and orthodontic records assessments, and discipline in the treatment plan application, in order to achieve the esthetic and functional demand of the patient and the orthodontist.
Keywords: Morphological-functional clinical assessment.
* Mestre em Ortodontia pela Baylor College of Dentistry, Dallas, Texas. ** Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial pelo Hospital Heliópolis, São Paulo, SP.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):84-9
Del Santo M, Del Santo L
respostas biológicas, não têm o poder de, por exemplo, induzir fibras periodontais a responderem como “fibras de última geração”. Exatamente por isso, é quase fatal que, ano após ano, a indústria substitua as técnicas recém-preconizadas por novas técnicas, “agora, sim, definitivas”. Conhecimento e experiência se atualizam, mas não são substituídos. Conhecimento deve ser bem embasado pela literatura científica de qualidade. A resposta biológica é um processo genotipicamente e fenotipicamente lapidado durante toda a evolução humana, processo que não deve nenhuma “satisfação” às técnicas que criamos e aplicamos, e que podem ou não funcionar bem. As técnicas, sim, devem se moldar e respeitar os princípios biológicos cientificamente comprovados. Especificamente em Ortodontia, especialidade odontológica objeto desse artigo, ou respeitamos as prováveis limitações para posicionamento dentário estável nos arcos dentoalveolares e a relação desses arcos com o “envelope” neuromuscular de entorno, ou estamos provavelmente fadados ao fracasso, independentemente da técnica ortodôntica, aplicada por quem quer que seja. Apresentamos esse caso tratado com extração de quatro pré-molares porque: o perfil da paciente demandava extração para ser harmonioso; visando um correto selamento dos lábios; a mordida aberta, a constrição da arcada superior e a discrepância negativa de modelo demandavam extração para que o posicionamento dentário fosse estável a longo prazo. Tecnicamente, foram instaladas bandas em primeiros e segundos molares; usou-se uma sequência progressiva de fios para alinhamento e nivelamento; a prescrição usada foi MBT (0,018”) em braquetes autoligados SmartClip™ (3M Unitek®); o fechamento de espaços da extração foi realizado com fios de aço retangulares 0,016” x 0,022” com alças de Bull, com atento controle contra efeitos colaterais. Após o tratamento ortodôntico, ajustes oclusais em OC (cuja coincidência com RC fora testada) possibilitaram o “imbricamento” oclusal, que a anatomia original dos dentes antagônicos permitiu automaticamente com a movimentação ortodôntica customizada para essa nova situação oclusal. Além disso, os movimentos excursivos de mandíbula, protrusivos e de lateralidade, foram testados para que não houvesse interferência ou excesso de carga oclusal. Assim, o tratamento preconizado logrou bom
RefeRências 1. Del Santo M Jr. Influence of occlusal plane inclination on ANB and Wits assessments of anteroposterior jaw relationships. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(5):641-8.
resultado estético-funcional e boa estabilidade de longo prazo, a contento da paciente e do profissional. O protocolo descrito é tão típico em Ortodontia que poderia ter sido apresentado por Charles Tweed, em TucsonArizona (EUA), em 1940 ou 1950. Uma parte dos leitores certamente perguntará: “Mas, então, não temos novidade?”. E essa pergunta é incoerente se considerarmos outra premissa muito simples, talvez já esquecida: “Novidades são bem-vindas, mas não precisa ser novidade para ser bom. Um bom resultado segue a hierarquia natural dos eventos, com o diagnóstico bem feito e a boa atuação profissional, respeitando-se, em qualquer das instâncias, o principal: a Biologia”. Quando não se respeita a Biologia, o resultado não é previsível e o sucesso é apenas uma ocorrência aleatória — por sinal, razoavelmente rara. Facetas laminadas de porcelana foram instaladas nos incisivos centrais superiores da paciente, uma vez que as restaurações de resina não contemplavam os objetivos estéticos do caso.
cOnclusãO A prestação de serviços odontológicos em clínica privada no Brasil sofreu uma transformação marcante nos últimos anos. Infelizmente transformou-se, na maioria das vezes, na venda de uma commodity. O relato desse caso ortodôntico estimula os leitores, principalmente os mais jovens, a acreditarem que Odontologia deve ser embasada pelo bom diagnóstico e deve ser bem executada. Entretanto, isso demanda boa formação profissional, conhecimento científico e habilidade manual, experiência, disponibilidade de tempo e recursos financeiros, definição de objetivos claros mutuamente acertados entre paciente e profissional, e o compromisso do profissional com a entrega do melhor resultado possível no serviço que o paciente buscou em seu consultório. Ele, paciente, não pediu (ou exigiu) isso simplesmente porque estava fora de sua alçada de conhecimento. O profissional é quem deve assumir a responsabilidade pela qualidade do serviço prestado, justificando o investimento do paciente no tratamento realizado.
endeReço paRa coRRespondência Marinho del santo Jr. Rua Pedroso Alvarenga 162, Cj. 52, Itaim Bibi – 04.531-000 – São Paulo / SP E-mail: marinho@delsanto.com.br
Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):84-9
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CaSo ClÍniCo
extração de incisivo inferior: uma alternativa no tratamento da classe iii Lower incisor extraction: an alternative for a Class III treatment
Djalmyr Brandão de Carvalho MElO JR* Dirceu Barnabé RavEli** Luiz Gonzaga ganDini JR** Luana Sampaio DiB*** Renata Cristina Faria Ribeiro de CaStRO****
Abstract
Resumo A correção da má oclusão de Classe III em pacientes adultos é um dos maiores desafios da Ortodontia, devido às deformidades faciais impostas durante o crescimento desfavorável desse tipo de padrão, bem como às opções de tratamento capazes de produzir mudanças faciais esteticamente aceitáveis e adequadas para os padrões atuais de beleza. Uma alternativa de tratamento aceitável é a extração de um incisivo inferior. A correção da Classe III com a extração de um incisivo inferior deve
ser precedida de um cuidadoso diagnóstico e planejamento, considerando-se a quantidade de overjet e overbite, as condições periodontais dos dentes e a possibilidade de obter-se uma boa oclusão dentária com uma estética facial aceitável. Serão relatados dois casos clínicos de pacientes que apresentavam apinhamento anteroinferior e má oclusão de Classe III, onde a decisão de tratamento foi a extração de um incisivo inferior; e discutidas as razões para a indicação desse tratamento.
Palavras-chave: Incisivo inferior. Extração dentária. Tratamento da Classe III.
The correction of a Class III malocclusion in adult patients is one of the major challenges in orthodontics due to facial deformities occurring during the unfavorable growth of this kind of pattern, as well as the treatment options capable of producing facial changes aesthetically acceptable and adequate for today’s beauty standards. One acceptable alternative treatment is the removal of a lower incisor. For a Class III correction through a lower incisor extraction a thorough analysis and planning must be carried out
by taking into consideration the amount of overjet and overbite, periodontal condition of the teeth and the possibility of obtaining a good dental occlusion with acceptable facial aesthetics. Will be presented two case reports of patients presenting an anteroinferior crowding, Class III malocclusion condition. The treatment through a lower incisor extraction and the reasons why this treatment was adopted will be discussed.
Keywords: Lower incisor. Tooth extraction. Class III treatment.
* Mestre no programa de Pós-Graduação em Odontologia (mestrado), área de concentração Ortodontia, da Universidade Metodista de São Paulo (UMESP). ** Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil, Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara/UNESP. *** Mestre e Doutoranda pela “Faculdade Júlio de Mesquita Filho”- UNESP/Araraquara. **** Mestre e Doutora pela FOB/USP. Professora do programa de pós-graduação em Odontologia, área de concentração Ortodontia, UMESP.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):92-101
Melo Jr DBC, Raveli DB, Gandini Jr LG, Dib LS, Castro RCFR
com idade média de 27,8 anos. Os autores concluíram que a extração dos incisivos inferiores pode ser satisfatória em adultos Classe III com overbite e overjet reduzidos, apinhamentos pequenos e dentes inferiores grandes. De acordo com as características apresentadas pelos pacientes nos casos descritos no presente artigo, optou-se pelo tratamento com extração de um incisivo inferior para ambos os casos devido a apresentarem indicações para essa opção de tratamento suportada pela literatura. No primeiro caso relatado, foi decidido pela extração de um incisivo devido à quantidade de discrepância dentária negativa, que era de aproximadamente 6mm (tamanho aproximado de um incisivo central inferior), overjet reduzido e apresentar Classe III dentária. Todos esses fatores justificaram a escolha dessa opção de tratamento baseada nos trabalhos encontrados na literatura3,4,6,11,12,15,17,18. No segundo caso, a paciente possuía um desvio de linha média superior para a esquerda, ausência do primeiro prémolar superior esquerdo e presença de uma prótese substituindo o incisivo central inferior esquerdo, o que justificava a
extração do primeiro pré-molar direito para correção da linha média superior. Na arcada inferior, optou-se por eliminar a prótese do incisivo inferior esquerdo para fechamento do espaço, solucionando o problema de um overjet e um overbite deficientes, além de ajudar na obtenção de uma oclusão posterior satisfatória. É importante salientar a necessidade de um bom planejamento e um preciso diagnóstico em casos em que se pretende extrair um incisivo inferior, visto que sua indicação é limitada e, quando não for bem planejada, poderá acarretar problemas irreversíveis.
cOnclusãO Diante dos resultados dos casos clínicos apresentados, pode-se concluir que a opção pela extração de um incisivo inferior, em casos bem indicados e bem planejados, se torna uma opção de tratamento simples, rápida e com ótimos resultados estéticos e funcionais.
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endeReço paRa coRRespondência dirceu Barnabé Raveli Av. Portugal, 887 – 14.801-075 Araraquara / SP E-mail: draveli@foar.unesp.br
Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):92-101
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abStraCtS
literatura ortodôntica mundial Resumos, em Português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica.
revisãO sistemáticA DO usO experimentAl De DispOsitivOs De AncOrAgem esQueléticA tempOráriOs em OrtODOntiA Systematic review of the experimental use of temporary skeletal anchorage devices in orthodontics Cornelis MA, Scheffler NR, De Clerck HJ, Tulloch JF, Behets CN Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007 Apr;131(4 Suppl):S52-8
eFeitOs DentOFAciAis DA prOtrAçãO mAxilAr cOm AncOrAgem esQueléticA: um estuDO cOntrOle De pAcientes clAsse iii trAtADOs cOnsecutivAmente Dentofacial effects of bone-anchored maxillary protraction: a controlled study of consecutively treated Class III patients De Clerck H, Cevidanes L, Baccetti T Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Nov;138(5):577-81
Introdução: o objetivo deste estudo foi revisar a literatura experimental para determinar o que é conhecido sobre as reações morfológicas e funcionais dos tecidos em torno de dispositivos de ancoragem esquelética temporários com carga ortodôntica. Métodos: foi realizada pesquisa no banco de dados eletrônico PubMed e nas referências citadas em artigos publicados até o final de abril de 2006. Foram incluídos estudos em animais sobre ancoragem esquelética com carga ortodôntica composta por placas ósseas metálicas ou implantes de parafuso de 2,2mm de diâmetro ou menos. Dados sobre o tempo de cicatrização, aplicação de força, estabilidade, efeitos colaterais e osseointegração foram coletados por dois leitores independentes. Resultados: oito artigos preencheram os critérios de seleção. Os tempos de cicatrização variaram de 0 a 12 semanas, e a quantidade de força variou de 25 a 500g. A estabilidade do implante foi geralmente conseguida sem efeitos colaterais graves. O contato direto parafuso-osso foi relatado com sendo entre 10% e 58%, e a osseointegração aumentou com o tempo de carga. No entanto, nenhuma diferença significativa no contato parafuso-osso foi encontrada entre os implantes de parafuso com e sem carga, ou entre os lados de tensão e pressão dos implantes com carga. Conclusões: essa revisão destaca alguns achados experimentais positivos que se aplicam na prática clínica. No entanto, permanecem questões a respeito de sistemas de forças ideais, técnicas cirúrgicas e posicionamento, e tempo de cicatrização. Pesquisas futuras devem ser bem controladas e baseadas em protocolos padronizados para testar hipóteses específicas.
Introdução: neste estudo cefalométrico, foram analisados os efeitos do tratamento da protração maxilar com ancoragem óssea (PMAO) com miniplacas na maxila e na mandíbula ligadas por elásticos de Classe III em pacientes com má oclusão de Classe III. Métodos: a amostra tratada consistiu de 21 pacientes Classe III tratados consecutivamente com o protocolo de PMAO antes do surto de crescimento puberal (idade média de 11,10 ± 1,8 anos) e reavaliados após a terapia de PMAO, cerca de 1 ano depois. O grupo tratado foi comparado com um grupo controle pareado de 18 indivíduos Classe III não tratados. Diferenças significativas entre os grupos tratado e controle foram avaliadas com teste t para amostras independentes (P<0,05). Resultados: medidas sagitais da maxila mostraram melhorias altamente significativas durante o tratamento ativo (cerca de 4mm a mais do que os controles não tratados), com efeitos significativos da protração na órbita e na fossa pterigomaxilar. Melhorias significativas da sobressaliência e da relação molar foram registradas, assim como medidas esqueléticas mandibulares no Ponto B e pogônio. Alterações esqueléticas verticais e modificações na inclinação dos incisivos foram desprezíveis, exceto por uma significativa vestibularização dos incisivos inferiores no grupo tratado. Mudanças significativas do tecido mole refletiram as modificações subjacentes do esqueleto. Conclusões: comparado com o crescimento dos indivíduos Classe III não tratados, o protocolo PMAO induziu um incremento médio de avanço esquelético e de tecido mole das estruturas maxilares de aproximadamente 4mm, e as mudanças mandibulares favoráveis excederam 2mm.
Tradução: Fabio Pinto Guedes.
Tradução: Fabio Pinto Guedes.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):102-3
Abstracts
miniplAcAs mODiFicADAs pArA AncOrAgem esQueléticA tempOráriA em OrtODOntiA: cirurgiAs De instAlAçãO e remOçãO Modified miniplates for temporary skeletal anchorage in orthodontics: placement and removal surgeries Cornelis MA, Scheffler NR, Mahy P, Siciliano S, De Clerck HJ, Tulloch JF J Oral Maxillofac Surg. 2008 Jul;66(7):1439-45 Objetivo: sistemas de ancoragem esquelética são cada vez mais utilizados em Ortodontia. Este artigo descreve as técnicas de instalação e remoção de miniplacas cirúrgicas modificadas utilizadas para ancoragem ortodôntica temporária e relata a percepção da sua utilização pelos cirurgiões. Material e Métodos: foram incluídos 97 pacientes ortodônticos consecutivos que utilizavam miniplacas como método auxiliar ao tratamento. Um total de 200 miniplacas foram instaladas por 9 cirurgiões. Os pacientes e os cirurgiões preencheram questionários após as cirurgias de instalação e remoção. Resultados: quinze miniplacas precisaram ser removidas prematuramente. Antibióticos e anti-inflamatórios foram geralmente prescritos após a instalação, mas não após a cirurgia de remoção. A maioria das cirurgias foi realizada com o paciente sob anestesia local. A cirurgia de instalação durou, em média, entre 15 e 30 minutos por placa e foi considerada pelos cirurgiões como sendo muito fácil a moderadamente fácil. A cirurgia para remover as miniplacas foi considerada mais fácil e levou menos tempo. A queixa principal dos pacientes foi o inchaço, durando em média 5,3 ± 2,8 dias após a instalação e 4,5 ± 2,6 dias após a remoção. Conclusões: embora as cirurgias de instalação/remoção das miniplacas necessitem da elevação de um retalho, essa foi considerada um procedimento cirúrgico fácil e relativamente rápido, que geralmente pode ser realizado com o paciente sob anestesia local e sem complicações, podendo ser considerado um auxiliar seguro e eficaz para o tratamento ortodôntico. Tradução: Sérgio Luiz de Azevedo Silva.
cOmpArAçãO De DOis prOtOcOlOs pArA prOtrAçãO mAxilAr: AncOrAgem esQueléticA versus máscArA FAciAl cOm expAnsãO rápiDA DA mAxilA Comparison of two protocols for maxillary protraction: bone anchors versus face mask with rapid maxillary expansion Cevidanes L, Baccetti T, Franchi L, McNamara JA Jr, De Clerck H Angle Orthod. 2010 Sep;80(5):799-806 Objetivo: testar a hipótese de que não há diferença nos efeitos do tratamento ativo para o avanço da maxila induzido pela protração maxilar com ancoragem óssea (PMAO) e os efeitos do tratamento ativo com máscara facial em associação com a expansão rápida da maxila (ERM/MF). Material e Métodos: este é um estudo em pacientes tratados consecutivamente. As mudanças nas variáveis
cefalométricas dentoesqueléticas do início do tratamento (T1) até o final do tratamento ativo (T2), com um intervalo médio T1-T2 de cerca de 1 ano, foram comparadas em uma amostra de 21 indivíduos submetidos a PMAO com uma amostra de 34 pacientes tratados com ERM/MF. Todos os pacientes eram pré-adolescentes em T1. A comparação estatística foi feita com o teste t para amostras independentes. Resultados: o protocolo de PMAO produziu um avanço maxilar significativamente maior do que a terapia de ERM/MF (com uma diferença de 2 a 3mm). As alterações sagitais na mandíbula foram similares, enquanto as alterações verticais foram melhor controladas com a PMAO. A relação sagital intermaxilar melhorou 2,5mm a mais nos pacientes com PMAO. Os resultados favoráveis adicionais do tratamento com PMAO foram a ausência de rotação no sentido horário da mandíbula, assim como a ausência de retroinclinação dos incisivos inferiores. Conclusão: a hipótese foi rejeitada. O protocolo de PMAO produziu um avanço da maxila significativamente maior do que a terapia de ERM/MF. Tradução: Fabio Pinto Guedes.
Análise triDimensiOnAl DA prOtrAçãO mAxilAr cOm elásticOs intermAxilAres ApOiADOs em miniplAcAs Three-dimensional analysis of maxillary protraction with intermaxillary elastics to miniplates Heymann GC, Cevidanes L, Cornelis M, De Clerck HJ, Tulloch JF Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Feb;137(2):274-84 Introdução: o tratamento precoce da Classe III com tração reversa geralmente resulta em protração esquelética maxilar, mas é frequentemente acompanhado por efeitos dentoalveolares desfavoráveis. Um tratamento alternativo com elásticos intermaxilares apoiados em dispositivos de ancoragem temporários pode permitir equivalentes alterações esqueléticas favoráveis, sem os efeitos dentoalveolares indesejados. Métodos: seis pacientes consecutivos (3 meninos e 3 meninas, com idades entre 10 anos e 13 anos e 3 meses), com má oclusão de Classe III e deficiência maxilar, foram tratados usando elásticos intermaxilares apoiados em miniplacas de titânio. Tomografias computadorizadas de feixe cônico foram realizadas antes e após o tratamento, para criar modelos volumétricos em três dimensões que foram sobrepostos, na base anterior do crânio, a estruturas sem crescimento, para determinar as alterações anatômicas durante o tratamento. Resultados: o efeito das forças dos elásticos intermaxilares foi observado em todas as estruturas nasomaxilares. Todos os seis pacientes apresentaram melhoras na relação esquelética, especialmente por meio do avanço da maxila, com pouco efeito sobre as unidades dentoalveolares ou alteração na posição mandibular. Conclusões: o uso de forças intermaxilares aplicadas a dispositivos temporários de ancoragem parece ser um método de tratamento promissor. Tradução: Sérgio Luiz de Azevedo Silva.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 abr-maio;10(2):102-3
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ControvérSiaS
lábio duplo: cirurgia antes ou depois do tratamento ortodôntico?
Alberto COnSOlaRO* Alexandre Vieira FERnanDES**
A estética representa a harmonia entre forma, tamanho, cor e consistência das estruturas. Não parece razoável que cuidemos dos dentes isoladamente. Na maioria dos casos clínicos publicados, a maravilhosa recuperação estética dos dentes se harmoniza com a forma, cor, volume, contornos e integridade estrutural dos lábios6,7. Infelizmente, em alguns casos clínicos publicados ou apresentados, a reabilitação estética e funcional dos dentes não se harmoniza com o lábio duplo, a queilite actínica, hiperqueratose e outras afecções nos lábios inferiores e superiores7. Em casos de cirurgias corretivas nos lábios, como em casos de lábio duplo superior, elas devem ser feitas antes ou após o tratamento ortodôntico ser finalizado? Os lábios são revestidos internamente pela mucosa bucal, e externamente pela epiderme. Entre a pele e a mucosa bucal, o vermelhão do lábio tem revestimento epitelial típico, conhecido como semimucosa. Ela se apresenta discretamente queratinizada, homogênea e transparente, com aparência atraente e sedutora. Os tecidos labiais podem representar uma das formas de boa apresentação e impressão no mundo do relacionamento humano. Um exemplo está na quantidade de personalidades cuja identificação visual são os lábios: Angelina Jolie, Kim Basinger, Gal Gosta, Karina Bacchi, Juliana Paes, Daniela Cicarelli, Julia Roberts e muitas outras6. A separação entre a mucosa bucal e a semimucosa do vermelhão labial é determinada por uma tênue linha, quase imperceptível, também conhecida como junção seco-molhada. A mucosa interna não é visível externamente durante o sorriso e a fala. Entre a pele e semimucosa, há uma linha demarcatória bem definida, muitas vezes até elevada e festonada, delimitando claramente os limites externos da boca. Nos desenhos e pinturas, a forma da boca é determinada por essa linha muito explorada pelo mundo publicitário. A semimucosa
labial deve ser rósea avermelhada, sedosa, levemente aveludada e entrecortada por discretas linhas no sentido anteroposterior. Nos lábios inferiores, os aspectos do vermelhão labial inferior podem ser modificados se o tecido conjuntivo subjacente sofrer alterações como o enrijecimento e alterações do colágeno induzidas pela exposição excessiva ao sol sem a devida proteção ou por traumatismos constantes7. Nos lábios superiores, uma das principais alterações estéticas está relacionada com o volume dos tecidos imediatamente inferiores à mucosa labial interna, logo atrás da junção seco-molhada: o lábio duplo. O volume aumentado dos tecidos promove uma dobradura na mucosa labial interna, de tal forma que ao sorrir, ou mesmo durante a fala, aparentemente se forma um segundo e rudimentar lábio superior.
O cOnceitO De láBiO DuplO O lábio duplo superior representa uma dobra da mucosa labial interna que, ao sorrir, promove um aspecto redundante (Fig. 1). Isso ocorre por um aumento do número de glândulas salivares menores mucosas labiais ou de sua localização mais superficial (Fig. 2). O peso desse tecido aumentado ou superficialmente localizado não se mantém em função da delicadeza e resiliência da mucosa labial interna, daí a sua dobradura. O sorrir contrai os músculos labiais, especialmente o orbicular, e comprime os tecidos labiais contra os dentes anteriores superiores, não sendo por isso evidente quando a boca está fechada12. Não há dados sobre a frequência do lábio duplo, mas ainda assim é citado como incomum, apesar dos frequentes casos na clínica odontológica acometendo todas as etnias e ambos os sexos16, muito embora haja relatos de prevalência maior nos homens17,22. Muito raramente, o lábio duplo pode ser inferior8,20.
* Professor Titular da FOB-USP e Professor de Pós-Graduação na FORP-USP.
** Mestre em Estomatologia e Doutor em Cirurgia Bucomaxilofacial pela UNESP-Araçatuba.
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Consolaro A, Fernandes AV
Outra observação importante na literatura está na ausência de evidências definitivas sobre as causas do lábio duplo: seria um distúrbio do desenvolvimento herdado dos pais como alteração transmitida com padrão autossômico dominante, conforme sugeriu Ali 1, em 2007? Teria um caráter familiar ou étnico? Ou se constituiria num erro focal de distribuição mais superficial das glândulas salivares menores durante as migrações celulares embrionárias, sem mutações genéticas adquiridas ou herdadas? Haveria, nos vários casos clínicos, fatores causais frequentes, como traumatismos locais tal como mordidas constantes, história de traumatismo severo anterior, associação com bruxismo e outros? Qual a real importância desses fatores epigenéticos? Uma das características marcantes da prática ortodôntica está na documentação padronizada dos casos clínicos antes, durante e depois de terminado o tratamento ortodôntico. O relato de casuísticas ortodônticas — indicando qual a prevalência do lábio duplo, as características dos pacientes e qual a evolução do processo ao longo do tempo e/ou quais foram as abordagens terapêuticas efetuadas — irá contribuir muito com o conhecimento do problema por parte dos clínicos e patologistas bucais, inclusive sobre suas causas.
RefeRências 1. 2. 3. 4.
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pAcientes OrtODÔnticOs: QuAnDO cOrrigir cirurgicAmente O láBiO DuplO? Quando se deve corrigir cirurgicamente o lábio duplo: antes ou depois do tratamento ortodôntico? Ao descrever um caso clínico de lábio duplo em um paciente ortodôntico, Daniels9, em 2010, recomendou que a cirurgia deve ser feita depois do tratamento ortodôntico finalizado, pois, no planejamento e no reparo dos tecidos moles, haverá uma adequação à arcada dentária definitiva. Se a cirurgia labial fosse feita antes do tratamento ortodôntico finalizado, poderia ser necessária uma segunda cirurgia para adequar a forma e a relação dos tecidos moles labiais com a nova forma da arcada e posições dentárias. Esse protocolo pode ser adotado em todos os pacientes? Ainda, o paciente com lábio duplo deve ser orientado de que alterações palpebrais e tireoidianas podem vir a ocorrer ao longo do tempo, ainda que isso ocorra raramente.
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endeReço paRa coRRespondência alberto consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br
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inStruçõeS aoS autoreS
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2. resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).
Instruções aos autores
7. comitês de ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir:
capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.
Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301.
* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpressjournals.com
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regiStro de enSaioS ClÍniCoS
Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.
portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que
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integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.
posicionamento da revista clínica de Ortodontia Dental press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.