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volume 10, nĂşmero 6, dezembro 2011 / janeiro 2012

Dental Press International


volume 10, nĂşmero 6, dezembro 2011/janeiro 2012

Dental Press

Rev ClĂ­n Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):1-136

ISSN 1676-6849


volume 10, número 6, dezembro 2011/janeiro 2012

Dental Press

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Alteração cirúrgica do plano oclusal como opção de tratamento em casos limitados ortodonticamente

40

Tratamento ortodôntico em pacientes adultos com periodonto de inserção reduzido: relato de caso

Surgical modification in occlusal plane as a treatment option for orthodontically limited cases João Luiz Carlini, Kelston Ulbricht Gomes, Cassia Biron, Rafael Marques da Silva, Guilherme Strujak, Osmar Marqevix

Orthodontic treatment in adult patients with reduced periodontal insertion: Case report Ingrid Madeira de Barros Nunes, Dirceu Barnabé Raveli, Luciana Santos Bernardes, Lumena Raquel de Brito Souza, Lucelma Vilela Pieri, José Fernando Castanha Henriques, Rafael Pinelli Henriques

48

Abordagem terapêutica da mordida cruzada anterior: aparelhos removíveis

60

Metas terapêuticas para o tratamento ortodôntico-cirúrgico no Padrão III: relato de um caso clínico

40

Therapeutic approach of the anterior crossbite: Removable appliances Renato Rodrigues de Almeida, Marcio Rodrigues de Almeida, Guilherme Amaral Bouças de Campos, Paula Vanessa Pedron Oltramari-Navarro, Ana Claudia de Castro Ferreira Conti, Ricardo de Lima Navarro

Treatment goals for the skeletal Class III malocclusion ortho-surgical approach: Case report Mauricio de Almeida Cardoso, Fabio Pinto Guedes, Hugo Nary Filho, Danilo Furquim Siqueira, Tien Li An, Leopoldino Capelozza Filho

60

74

Tratamento ortodôntico corretivo de má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão, com extrações assimétricas

84

Utilização do magneto atrativo associado à banda alça para a desimpacção dentária: relato de caso clínico

94

Contenção inferior fixa 3x3 com fio meia cana

98

Correção da irregularidade anterior utilizando a técnica lingual “Social 6”

Corrective orthodontic treatment of Angle Class II subdivision malocclusion with asymmetrics extractions Giordani Santos Silveira, Juliana Maria Monteiro de Oliveira

Use of attractive magnet associated with band and loop to tooth disimpaction: Case report Sisenando Itabaiana Sobrinho, Nelcy Della Santina Mohallem, Sebastiana Luiza Bragança Lana, Geraldo José Corrêa, Rony Marlon Cerqueira da Costa

Bonded lingual retainer with half round wire Stefan Cardon, Gabriel Schmidt Dolci, Ernani Menezes Marchioro

Correction of anterior irregularities using “Social 6” lingual technique José Augusto Miguel, Stephanie de Araujo Porto Drummond, Luca Lombardo, Kyoto Takemoto, Giuseppe Scuzzo

106

Tratamento da deformidade maxilar decorrente de hábitos deletérios: relato de caso

116

Assimetria esquelética mandibular: relato de caso clínico

Treatment of maxillary deformity due to deleterious habits: Case report Susana Deon Rizzatto, Susiane Allgayer, Luciane Macedo de Menezes, Eduardo Martinelli Santayana de Lima

Skeletal mandibular asymmetry: Case report Gerson Luiz Ulema Ribeiro, Juliana da Silva Pereira, Carolina Baratieri, Arno Locks, Leticia Ruhland Correa, Maurício Brunetto


98

48

106

84

116

Editorial ������������������������������������������������ 5 Acontecimentos ����������������������������������� 8 Eventos ����������������������������������������������� 10 Pergunte a um Expert ������������������������� 12 Arquitetura ����������������������������������������� 18 Dica Clínica ����������������������������������������� 22 Abstracts ������������������������������������������� 124 Controvérsias ������������������������������������ 128 Instruções aos autores ���������������������� 134


EDITOR Omar Gabriel da Silva Filho HRAC-USP

EDITOR INTERINO Weber José da Silva Ursi

EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto UFG-GO Rosely Suguino CESUMAR-PR Danilo Furquim Siqueira USC-SP

PUBLISHER Laurindo Furquim UEM-PR

oordenador dos Abstracts C Mauricio de Almeida Cardoso

FOSJC/UNESP-SP

USC-SP

ONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO C Adilson Luiz Ramos UEM-PR Hélio Hissashi Terada UEM-PR CONSULTORES CIENTÍFICOS

Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Björn U. Zachrisson Carlo Marassi Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz

UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP Universidade de Oslo / Noruega CPO SLMANDIC-SP Uniceuma-SP UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP Clínica particular-SP UFRN-RN ABENO-SP

Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - Diretor Editorial: Bruno D’Aurea Furquim DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - ANALISTA DA INFORMAÇÃO: Carlos Alexandre Venancio - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Andrés Sebastián Pereira de Jesus - Diego Ricardo Pinaffo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Michelly Andressa Palma - Tatiane Comochena - submissão de artigos: Adna Miranda - Revisão/ COPydesk: Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - JORNALISMO: Beatriz Lemes Ribeiro - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos Fernanda de Castro e Silva - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/ NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins Secretaria: Rosane A. Albino.

Guilherme de Araújo Almeida UFU-MG Henrique Mascarenhas Villela ABO-BA Jeffrey P. Okeson Universidade de Kentucky / EUA Jesús Fernández Sánchez Universidade de Madrid / Espanha José Fernando C. Henriques FOB-USP-SP José Nelson Mucha UFF-RJ José Rino Neto FOUSP-SP Júlia Harfin Universidade de Maimonides / Argentina Julio de Araújo Gurgel FOB-USP-SP Julio Pedra e Cal-Neto UFF-RJ Jurandir Antonio Barbosa ACDC-SP Larry White AAO Dallas / EUA Leopoldino Capelozza Filho USC-SP Lorenzo Franchi Universidade de Florença / Itália Luciano da Silva Carvalho APCD-SP Marcelo de Castellucci e Barbosa UFBA-BA Marcio Costa Sobral UFBA-BA Marcio Rodrigues de Almeida UNOPAR-PR Marden Bastos EAP-ABO-MG Matheus Melo Pithon UESB-BA Ravindra Nanda Universidade de Connecticut / EUA Ricardo Nakama Clínica particular-PR Roberto Hideo Shimizu UTP-PR Roberto Justus Univ. Tecnológica do México / México Sebastião Interlandi USP-SP Tiziano Baccetti Universidade de Florença / Itália Vincent G. Kokich Universidade de Washington / EUA Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana FOB-USP-SP

Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti FOB-USP-SP

Patologia Alberto Consolaro FOB-USP-SP Dentística Renata Pascotto

UEM-PR

A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.

Indexada nas Bases de Dados:

Bimestral. ISSN 1676-6849. 1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. desde 2003

CDD 21.ed. 617.643005

BBO

desde 2003

desde 2008


editorial

O fim ou o meio da Ortodontia? Weber Ursi Editor interino

Há algum tempo, a Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial publicou em excelente artigo1 justificando que, embora alguns juristas considerem a Ortodontia como atividade de fim, a prática clínica está sujeita a fatores que a caracterizam como uma atividade de meio. Citando, ipsis litteris, trecho de seu resumo: “A Ortodontia deve ser, portanto, considerada uma obrigação de meio, onde o profissional tem o dever de utilizar todos os meios possíveis para atingir as expectativas do paciente, sem, entretanto, ter a obrigação de atingir o resultado idealizado. O ortodontista deve ser responsabilizado somente quando incorrer em imprudência, negligência, imperícia ou em caso de propaganda enganosa. Para evitar litígios, o ortodontista deve ter uma boa conduta profissional, registrando e mantendo arquivadas todas as etapas do tratamento, efetuando diagnósticos diferenciados, baseados nas características individuais, e escolhendo e conduzindo adequadamente o plano de tratamento.” Essa discussão torna-se relevante nesse momento, uma vez que, recentemente, a 4ª Turma do STJ considerou que o “Ortodontista tem obrigação de resultado com tratamento de paciente que busca um fim estético-funcional”. Essa situação, se confirmada como sendo a norma que regerá as relações profissional/paciente, poderá resultar em alegações descabidas e um aumento substancial de processos contra os ortodontistas. A atividade de meio é, normalmente, caracterizada por um compromisso que o profissional assume de prestar um serviço utilizando o máximo de sua capacidade intelectual e dentro das normas éticas que regem a profissão. O resultado final do tratamento seria decorrente da interação de três fatores: a capacidade do profissional, a dificuldade do caso e o grau de colaboração do paciente. Obviamente que os resultados decorrentes dessa interação podem não corresponder às expectativas do paciente, tanto as reais e legítimas quanto as irreais e subjetivas... Já as obrigações de resultado, ao contrário, seriam objetivas, tendo como obrigatoriedade o resultado proposto. É como se o ortodontista pudesse garantir, antecipadamente, um resultado, sem saber se o paciente irá se comprometer com o tratamento e se a resposta biológica individual será positiva. Seria o equivalente a prometer amor eterno a alguém que se conheceu minutos atrás, sem conhecimento prévio, nem referências...

Como tudo na vida, pessoal ou profissional, qualquer fato ou decisão tem aspectos negativos e positivos. No que se refere a esse assunto, dentre os aspectos negativos, abre-se o precedente para que pacientes mal intencionados façam alegações descabidas, com fins evidentes de ganhos financeiros ou alguma forma de revanchismo contra o profissional. A obrigação de resultado coloca toda a responsabilidade sobre o prestador do serviço, o que é totalmente descabido para quem conhece o andamento de um tratamento que envolve tantos fatores de difícil mensuração. Todos os ortodontistas com alguma experiência clínica sabem que as respostas ao tratamento ortodôntico é variada, mesmo se utilizados todos os critérios de diagnóstico atualmente disponíveis. Para o mesmo protocolo e sequência de tratamento verificam-se resultados que variam do regular ao ótimo. Qual o impacto dessa decisão no futuro da especialidade? Provavelmente os ortodontistas irão procurar se resguardar contra possíveis processos judiciais, documentando todas as intercorrências e adotando planejamentos ortodônticos mais conservadores ou com objetivos menos otimistas. Como dito anteriormente, tudo tem seu lado bom e pode-se antecipar que algumas promessas irreais deixarão de ser formuladas. É relativamente comum que profissionais de grande experiência e conhecimento apresentem aos pacientes planos de tratamento que envolvem, por exemplo, exodontias ou cirurgia ortognática e o paciente, relutante com a proposta, busque uma segunda ou terceira opinião, até encontrar alguém que lhe proponha um tratamento com o qual concorde. Será que o paciente — totalmente leigo em Odontologia, sem conhecer os riscos, benefícios e limitações de seu caso — deve ser quem decide sobre o tratamento a ser realizado, baseando-se unicamente em sua “opinião” ou “intuição”, e o especialista em Ortodontia concorde em executar esse tratamento? O paciente deve receber o tratamento que ele precisa, apesar de, muitas vezes, não ser o que ele quer…

Referências 1. Lopes EF, Ferrer KJN, Almeida MHC, Almeida RC. Ortodontia como atividade de meio ou resultado? R Dental Press Ortodon Ortop Facial. 2008 nov-dez;13(6):38-42.

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AGENDA INVISALIGN® 2012

Credenciamento Fechado - Mínimo de 10 inscritos - Para qualquer região do Brasil - Consulte condições especiais pelo email invisalign@invisalign.com.br

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ACONTECIMENTOS

XX Congresso da Ordem dos Médicos Dentistas - OMD (Portugal) Nos dias 10, 11 e 12 de novembro, a editora Dental Press participou, na capital portuguesa (Lisboa), do OMD/2011, que contou com a presença de importantes palestrantes, entre eles: Jan Lindhe, Jorge Faber, Alexandre Vinagre, Mário Filipe Bernardo, Otto Zühr, Cathy Jameson, Steve Barter e Peter Wöhrle.

8

Drs. Jorge Faber, Jan Lindhe e Laurindo Furquim.

Dras. Diana Correa e Andrea Rodrigues.

Drs. Darmes Piva Filho, Ertty Silva e Bernardo de Mira Correa.

Dras. Ana Rita Moio e Catarina Maria Bernardes.

Dras. Beatriz C. Saude, Sara D. Freitas, Margarida A. Ferreira.

Dras. Márcia Filipa Cascão e Ana Margarida Carrilho.

Drs. Vanessa Ribeiro, Jorge Patrão e Mauricio Nunes.

Stand da Dental Press.

Drs. Pedro Pires, Jorge Faber e Laurindo Furquim.

Dras. Sara Marques, Carolina Vidal e Joana Lima.

Drs. Paulo Miller, Miguel Vieira e Hugo Chamusca.

Lançamento do livro Sistemas Ertty, no stand da Dental Press: Drs. Laurindo Furquim, Ertty Silva, Edilson Figueiredo e Teresa Furquim.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):8-9


Acontecimentos

Excelência na Ortodontia O Programa de Excelência na Ortodontia finalizou sua 13ª turma, com solenidade de formatura realizada no dia 25/11, em Maringá/PR, no Car Wash Nite Club. O Excelência na Ortodontia é o primeiro programa de educação continuada direcionado a especialistas.

Alunos do Programa Excelência na Ortodontia.

Dr. Henrique Villela com o formando Dr. Alisson Luiz D'Afonseca.

Dr. Laurindo Furquim com o formando Dr. Felipe P. Maestri.

Formandos Drs. Marcia Lagranha, Rosalvo Amaral, orador de turma, e Daniela L. Rosseto.

Formandas Dras. Michelle V. Moraes e Waleska T. Caldas.

Formandas Dras. Fabiana C. Bleyer e Laura Coelho.

Formandas Dras. Taise S. Plucenio, Vanessa Elkik e Patricia P. Spolavori.

Formando Dr. Aldo Luis de Carli com sua esposa, Cirlene, e seu filho, Eduardo.

Formando Dr. Manoel A. Alves com sua esposa, Rosangela, e sua filha, Maria Fernanda.

Formandas de 2011.

Formanda Dra. Silvana P. de Oliveira com seu marido, Carlos.

Formandos da Bolívia, Drs. Jaime Gamarra Suarez e Mário Javier Avila Lopes.

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eventos

Encontro de alunos e ex-alunos - Especialização em Ortodontia Palestrante prof. dr. carlos g. cabrera Data: 9 e 10 de janeiro de 2012 Local: Auditório da Faculdade de Odontologia da UPF – Passo Fundo / RS Informações: (54) 3316-8409 – posodonto@upf.br

Sistema Lingual Prieto - Straight Wire Lingual / Curso compacto Data: 27 e 28 de janeiro de 2012 Local: Hotel Pestana Rio Atlântica – Rio de Janeiro / RJ Informações: (67) 3326-0077 – prietoeprieto@terra.com.br

14º CIODF - CONGRESSO INTERNACIONAL DE ODONTOLOGIA DO DISTRITO FEDERAL Data: 21 a 24 de março de 2012 Local: Centro de Convenções Ulysses Guimarães – Brasília / DF Informações: (61) 3445-4811 – www.ciodf.com.br

7º congresso internacional de odontologia dental press Data: 19, 20 e 21 de abril de 2012 Local: Maringá / PR Informações: www.dentalpress.com.br/congresso2012

8º simpósio internacional de ortopedia funcional dos maxilares e ortodontia Data: 23 a 26 de maio de 2012 Local: Serrano Resort – Gramado / RS Informações: www.simposiosobracom.com.br/

4º ccorto - 2012 – congresso catarinense de ortodontia

4º CCORTO - 2012

Data: 28 a 30 de junho de 2012 Local: Costão do Santinho Resort & Spa – Florianópolis / SC Informações: www.ccorto.com.br

28 a 30 de junho de 2012

Costão do Santinho Resort & Spa - Florianópolis, SC Promoção e Realização

Apoio

ABOR Seção SC

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL

www.ccorto.com.br

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Organização

SBO Orto Premium

www.oceanoeventos.com.br

Data: 12 a 14 de julho de 2012 Local: Hotel Windsor Atlântica - Rio de Janeiro / RJ Informações: www.sbo.org.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):10



pergunte a um expert

Assimetrias do plano frontal da maxila: diagnóstico e tratamento (parte II)

Marcos Janson

Dando continuidade à Parte I desse artigo, publicada na edição anterior, será novamente enfatizado o diagnóstico da assimetria com o objetivo de verificar, por meio do conhecimento do ideal de estética do sorriso, qual lado do paciente apresenta-se irregular e, a partir daí, planejar o tratamento, seja ele ortodôntico compensatório ou ortodôntico-cirúrgico. Nos Casos I e II (apresentados no primeiro artigo), os pa-

cientes exibiam assimetria do plano maxilar e, também, da face, sendo que o lado em dissonância expunha a gengiva em demasia. No Caso III (Fig. 1 a 9) existe, também, um desvio esquelético, porém há uma deficiência vertical, com falta de exposição. Apesar da similaridade mecânica, esse caso apresenta a possibilidade de correção sem ancoragem esquelética, por meio de levantamento de planos diferenciais.

Caso III – Assimetria facial por deficiência Vertical e correção Ortodôntica

Figura 1 A) Fotografia frontal, em repouso, onde se nota a assimetria da face, apresentando o lado esquerdo proporcionalmente menor do que o direito e refletindo na inclinação do tecido mole, de forma marcante nas comissuras labiais. B) Ao sorrir, nota-se que a paciente expõe adequadamente o lado direito, dentes e pequena faixa de gengiva; no lado esquerdo há uma deficiência de exposição superior e exposição dos dentes inferiores. O diagnóstico de tratamento é definido pelo sorriso. Como o lado direito está normal, a mecânica deve ser focada em expor o lado esquerdo. A paciente foi orientada sobre a possibilidade de cirurgia, porém optou pelo tratamento ortodôntico compensatório, relatando que a única coisa que a incomodava era o sorriso.

A

Como citar este artigo: Janson M. Assimetrias do plano frontal da maxila: diagnóstico e tratamento (parte II). Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):12-7.

12

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):12-7

B

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.


Janson M

CONCLUSÕES Os desvios do plano frontal da maxila podem ser causados por diversos fatores. Assim que são identificados, o principal papel do ortodontista é verificar se existe um componente esquelético grave (com deformidade facial) ou se o problema é simplesmente dentoalveolar. É necessário estar atento, com conhecimento profundo da estética do sorriso, para identificar qual lado está errado e se o problema é causado pelo excesso ou deficiência vertical unilateral. Deve-se, também, procurar

identificar os desvios camuflados — que não ficam evidentes no sorriso, devido à irregularidade vertical dos dentes, mas aparecem com grande intensidade quando esses são nivelados. Após o diagnóstico, o paciente, juntamente com o profissional, irá decidir se deseja a correção da face como um todo (tratamento ortodôntico-cirúrgico) ou se deseja corrigir somente o sorriso (tratamento ortodôntico compensatório). Em ambos os casos é possível atingir bons resultados, com a satisfação do paciente.

Marcos Janson • Especialista em Ortodontia pela FOB-USP/Bauru. Mestre em Ortodontia pela FOB-USP/Bauru.

Endereço para correspondência Marcos Janson Rua Engenheiro Saint Martin, 22-23 Altos da Cidade CEP: 17.043-080 – Bauru/SP E-mail: jansonm@uol.com.br / www.mjanson.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):12-7

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arquitetura

Acessibilidade: um direito e o dever de todos Maria Augusta Paes de mello*

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Há algum tempo, o poder público acordou para a necessidade de fazer cumprir a legislação sobre acessibilidade, que, embora exista há bastante tempo, não era cumprida na íntegra. A norma NBR 9050:2004 dispõe sobre acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos, tornando os ambientes acessíveis à maior quantidade possível de pessoas (independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade ou percepção), de maneira autônoma e segura. Engloba tanto estabelecimentos públicos quanto privados, onde enquadram-se as clínicas odontológicas. Não são muitos os profissionais que, em seus projetos ou reformas, levam em consideração esses princípios relacionados à questão da acessibilidade. Na maioria das vezes, não são consideradas as dimensões mínimas para acesso aos consultórios e áreas de circulação, e não existem banheiros adaptados para pacientes portadores de deficiência ou cadeirantes. Ao longo deste artigo listaremos alguns itens que devem ser considerados quanto à acessibilidade para cadeirantes, lembrando, porém, da importância da contratação de um profissional especializado nessa área e da correta observância da norma. Para iniciar, é importante entender o espaço e as dimensões de uma pessoa ocupando uma cadeira de rodas (Fig. 1). Na Figura 2 mostra-se que a área de manobra de uma cadeira de rodas, sem deslocamento, varia conforme a rotação. Inicialmente, é preciso observar-se a forma de acesso à clínica: mesmo quando existirem escadas, deve haver uma rampa, respeitando a inclinação correta, com corrimão nas laterais e atendendo às especificações existentes na norma. Isso também deve ser considerado nos desníveis existentes entre os ambientes internos, quando existirem. O piso nas áreas internas e externas, principalmente das rampas, deve possuir superfície regular e antiderrapante.

O espaço disponível na sala de espera deverá possibilitar tanto a circulação quanto um local para que o paciente cadeirante aguarde o seu atendimento, onde poderá posicionar-se sem que prejudique a circulação. Na elaboração do balcão de atendimento da recepção, deverá haver um local próprio para que esse paciente consiga ser atendido a uma altura confortável para a visualização da atendente. Os corredores devem possuir dimensões que possibilitem à cadeira de rodas passar e manobrar. A sala clínica deve possuir condições para que os portadores de necessidades especiais consigam entrar sem que precisem estacionar a cadeira de rodas na área de circulação. As portas de acesso da área externa, bem como as portas de acesso internas, devem possuir aberturas compatíveis para a passagem da cadeira, assim como possuir as maçanetas indicadas.

Como citar este artigo: Mello MAP. Acessibilidade: um direito e o dever de todos. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):18-9.

» A autora declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):18-9

Figura 1 Espaço ocupado por uma pessoa usando cadeira de rodas (Fonte: adaptado de NBR 9050:20041).


Mello MAP

A

Rotação de 90º

B

Rotação de 180º

C

Rotação de 360º

Figura 2 Área de manobra da cadeira de rodas sem deslocamento (Fonte: adaptado de NBR 9050:20041).

Com base na norma, deve-se calcular a quantidade de sanitários para uso dos portadores de necessidades especiais, possuindo as dimensões mínimas, conforme o tipo, e barras de apoio instaladas tanto no vaso sanitário quanto no lavatório. Os acessórios dos sanitários — tais como cabides, saboneteiras e toalheiros — devem ser instalados dentro de uma faixa de alcance, constante na norma. Para os espelhos, que podem ser instalados na vertical ou com

inclinação de 10%, existem também as medidas que devem ser observadas. As portas de acesso devem possuir condições para abertura tanto interna quanto externa, em casos de emergência. Em uma situação de competitividade, tal como a que se apresenta a Odontologia nos dias atuais, um consultório que ofereça tais adaptações ao paciente especial pode fazer a diferença quando esse vai escolher o profissional.

* Graduada em Arquitetura com especialização em Arquitetura de Interiores – Projeto de Ambiente

Referências 1. Associação Brasileira de Normas Técnicas. NBR 9050:2004. Acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2004. Acesso em: 10 nov. 2011. Disponível em: www.mpdft.gov.br/sicorde/NBR9050-31052004.pdf.

e Qualidade de Vida pela Unifil - Londrina/PR. Desenvolve projetos para clínicas e consultórios.

Endereço para correspondência Maria Augusta Paes de Mello E-mail: gutamel@gmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):18-9

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DICA CLÍNICA

Novo recurso para contenção dos primeiros molares permanentes após a distalização A new approach to maintain the position of permanent first molars after distalization

Wagner José Silva URSI* Rodrigo Castellazzi SELLA** Weber Ursi***

Abstract

Resumo A má oclusão de Classe II apresenta um alto índice de prevalência na clínica ortodôntica e seu tratamento envolve uma série de terapias, de acordo com o fator etiológico. Quando a causa do problema está no prognatismo dentoalveolar maxilar ou tem origem dentária em virtude da ação ambiental, uma opção de tratamento frequentemente aventada relaciona a distalização dos molares superiores em

contrapartida às extrações de pré-molares. Inúmeros dispositivos podem ser utilizados para se movimentar esses dentes para a distal, bem como para manter o novo posicionamento dentário. O objetivo deste artigo é apresentar uma nova aplicação clínica para os dispositivos temporários de ancoragem, ou miniparafusos ortodônticos, utilizando-os como contenção para os molares recém-distalizados.

Palavras-chave: Miniparafuso. Pendex. Distalização.

Keywords: Miniscrew. Pendex. Distalization.

Como citar este artigo: Ursi WJS, Sella RC, Ursi W. Novo recurso para contenção dos primeiros molares superiores permanentes após a distalização. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):22-6.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Class II malocclusion is rather prevalent in any orthodontic practice, and its treatment generally involves a series of approaches depending on the dentoskeletal component affected. When the problem is due to a maxillary dentoalveolar prognathism or it has dental origin because of environmental interactions, one option is to distalize the upper molars instead of extracting upper premolars. Several appliances have

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):22-6

been developed to both distalize the upper molars and maintain their new positions. The aim of this paper is to present a new approach to maintain the upper molars after they have been moved distally, using TADs (Temporary Anchorage Device, or orthodontic miniscrews).

* Especialista, Mestre e Doutor em Odontologia. Professor do Departamento de Odontologia Restauradora, Disciplina de Dentística da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor e Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), unidade Londrina. ** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UEL. Mestre e Doutor em Odontologia, área de concentração Ortodontia, pela FOA–UNESP. Professor do Departamento de Anatomia do Centro de Ciências Biológicas, Disciplinas de Anatomia Humana e Anatomia Dentária, da Universidade Estadual de Londrina (UEL). Professor e Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Cruzeiro do Sul (UNICSUL), unidade Londrina. *** Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Livre Docente, UNESP–São José dos Campos.


DICA CLÍNICA

Novo recurso para contenção dos primeiros molares superiores permanentes após a distalização

Figura 8 Radiografias periapicais antes e após a instalação do MPO para contenção do primeiro molar superior direito.

A

B

Figura 9 Radiografias periapicais antes e após a instalação do MPO para contenção do primeiro molar superior esquerdo.

A

B

A

B

Figura 10 Mecânica de retração dos dentes anteriores após a distalização do segmento posterior. Nota-se a chave de molares, pré-molares e caninos (A, B), bem como o início da erupção dos segundos molares superiores (C).

C

Referências 1. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004. 2. Hilgers JJ. Adjuncts to bioprogressive therapy: a palatal expansion appliance for noncompliance therapy. J Clin Orthod. 1991;25(8):491-7. 3. Hilgers JJ. The pendulum appliance for Class II non-compliance therapy. J Clin Orthod. 1992;26(11):706-14. 4. Hilgers JJ. The Hilgers bios system. In: 98th Annual Session of American Association of Orthodontists; 1998 May 15-20; Philadelphia: Mission: Viejo; 1998. 5. Ursi W, Almeida GA. Cooperação mínima utilizando o pêndulo de Hilgers. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2002;7(2):87-123.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):22-6

Endereço para correspondência Rodrigo Castellazzi Sella Rua Benjamin Constant, 1879 – 86.050-070 – Londrina/PR E-mail: rodrigosella@hotmail.com


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caso clínico

Alteração cirúrgica do plano oclusal como opção de tratamento em casos limitados ortodonticamente Surgical modification in occlusal plane as a treatment option for orthodontically limited cases

João Luiz Carlini* Kelston Ulbricht Gomes** Cassia Biron** Rafael Marques da Silva*** Guilherme Strujak** Osmar Marqevix****

Abstract

Resumo Introdução: a maioria das deformidades dentofaciais que requerem cirurgia maxilomandibular podem ser corrigidas com o tratamento cirúrgico convencional. A rotação do complexo maxilomandibular como opção de tratamento em cirurgia ortognática é usada nos casos onde os resultados estéticos desejados não são alcançados através dos métodos convencionais de tratamento. Relato de casos: a proposta desse trabalho é apresentar casos clínicos em que a indicação para a alteração do plano

oclusal por meio do tratamento cirúrgico teve como principal objetivo alcançar melhores resultados funcionais e, principalmente, estéticos para o paciente, principalmente naqueles já submetidos a tratamentos ortodônticos compensatórios. Conclusão: nos casos apresentados, a abordagem cirúrgica para modificação do plano oclusal mostrou-se uma excelente alternativa para corrigir os problemas estéticos das deformidades dentofaciais, bem como oferecer satisfatória função maxilomandibular.

Introduction: In the majority of dentofacial deformities, problems can be solved with conventional surgical treatment. The rotation of maxillomandibular complex is performed in those cases which satisfactory results cannot be accomplished by conventional methods of treatment. Cases report: The aim of this work is to present clinical cases of patients that where treated with occlusal plane alteration, which objective was to achieve better functional and esthetics results, specially in those patients previously treated with

compensatory orthodontic treatment. Conclusion: The alteration of occlusal plane, illustrated in the cases reported, seems to be an excellent choice to correct esthetic problems in dentofacial deformities as well as to offer satisfactory maxillomandibular function.

Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Oclusão dentária. Ortodontia.

Keywords: Orthognathic surgery. Dental occlusion. Orthodontics.

Como citar este artigo: Carlini JL, Gomes KU, Biron C, Silva RM, Strujak G, Marqevix O. Alteração cirúrgica do plano oclusal como opção de tratamento em casos limitados ortodonticamente. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):29-39.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

* Professor Adjunto da Universidade Federal do Paraná. Cirurgião bucomaxilofacial do Centro de Atendimento Integral ao Fissurado Lábio Palatal (CAIF). ** Cirurgiões bucomaxilofaciais do CAIF. *** Residente Fellow no CAIF pela Universidade de Oslo-Noruega. **** Cirurgião dentista estagiário no CAIF.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):29-39

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caso clínico

Alteração cirúrgica do plano oclusal como opção de tratamento em casos limitados ortodonticamente

DISCUSSÃO O planejamento, as formas de tratamento e abordagens das deformidades dentofaciais vêm sofrendo constantes avanços nas áreas da Ortodontia e Cirurgia. Atualmente, a exigência do paciente com relação aos resultados do tratamento, principalmente com relação à estética facial, tem desafiado ortodontistas e cirurgiões, os quais buscam, cada vez mais, alternativas que ofereçam maior segurança, praticidade e satisfação ao paciente. Os conceitos clássicos para o planejamento ortocirúrgico não devem ser esquecidos, mas aprimorados, para que esses objetivos sejam alcançados. Assim, a correção das deformidades dentofaciais deve ser baseada principalmente na queixa principal do paciente, na análise da estética facial e na análise funcional. O presente trabalho corrobora os estudos de Reyneke et al.1, os quais salientam que a rotação do complexo maxilomandibular é uma modalidade de cirurgia ortognática viável em casos selecionados, quando resultados estéticos satisfatórios não podem ser obtidos com os métodos e planos de tratamento convencionais. A estabilidade esquelética em longo prazo da rotação horária ou anti-horária do complexo maxilomandibular é compatível com a estabilidade esquelética pós-operatória do tratamento convencional, desde que a rotação seja realizada ao redor de um ponto no côndilo1. Ainda, os casos clínicos apresentados nesse trabalho ilustram as observações feitas no estudo de Pary et al.11, que comentam que a rotação do complexo maxilomandibular é uma ótima opção de tratamento quando se está diante de pacientes com deformidade dentofacial severa no sentido anteroposterior e, ao mesmo tempo, pouca alteração em relação ao trespasse horizontal. Quando se altera o plano oclusal, é possível obter-se mudanças significativas na projeção do mento, mesmo que o trespasse horizontal esteja pouco alterado11. Outra situação a ser analisada seriam os tratamentos ortodônticos compensatórios. Resoluções somente com o tratamento ortodôntico podem oferecer resultados funcionais interessantes, porém com resultados estéticos faciais insatisfatórios.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):29-39

Nessas circunstâncias, após criteriosa avaliação da saúde e estabilidade oclusal, pode-se propor uma abordagem cirúrgica, para corrigir e equilibrar a proporção facial do paciente, através da alteração do plano oclusal. Sabe-se que a maioria das deformidades dentofaciais é corrigida com osteotomias maxilares e mandibulares e movimentação cirúrgica sob o mesmo plano oclusal. Para que isso seja viável, é necessária a correção do posicionamento dentário, bem como a criação de uma discrepância de overjet — seja negativa, para pacientes Classe III, ou positiva, para pacientes Classe II. Muitas vezes, porém, pacientes que se submeteram ao tratamento ortodôntico apresentam satisfatória estabilidade oclusal, mas insatisfação com a estética facial. A opção de se instalar novamente o aparelho ortodôntico, planejar extrações dentárias e outros procedimentos talvez não seja de fácil aceitação pelo paciente. Assim, a abordagem cirúrgica com alteração do plano oclusal parece ser uma excelente opção de tratamento, com o benefício de a oclusão permanecer inalterada e estável como no pré-operatório.

CONCLUSÕES Os resultados obtidos a partir dos casos clínicos estudados permitem concluir que: a) A alteração do plano oclusal é uma opção de tratamento nos casos em que o tratamento orto-cirúrgico convencional não pode oferecer resultados estéticos satisfatórios, em virtude da limitação ortodôntica presente. b) Nos casos em que foram realizadas compensações ortodônticas para tratamento da deformidade dentofacial e os pacientes ainda se mostram insatisfeitos com os resultados estéticos obtidos, a abordagem cirúrgica com alteração do plano oclusal pode oferecer excelentes resultados estéticos faciais. c) Com a alteração do plano oclusal, é possível alcançar resultados estéticos mais satisfatórios, quando comparados com os obtidos pela aplicação de técnicas cirúrgicas convencionais de avanço e recuo dos ossos maxilares sobre o mesmo plano oclusal.


Carlini JL, Gomes KU, Biron C, Silva RM, Strujak G, Marqevix O

Referências 1. Reyneke JP, Bryant RS, Suuronen R, Becker PJ. Postoperative skeletal stability following clockwise and counter-clockwise rotation of the maxillomandibular complex compared to conventional orthognathic treatment. Br J Oral Maxillofac Surg. 2007;45(1):56-64. 2. Reyneke JP, Evans WG. Surgical manipulation of the occlusal plane. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 1990;5(2):99-110. 3. McCollum AG, Reyneke JP, Wolford LM. An alternative for the correction of the Class II low mandibular plane angle. Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1989 Mar;67(3):231-41. 4. Wolford LM, Chemello PD, Hilliard F. Occlusal plane alteration in orthognathic surgery—Part I: Effects on function and esthetics. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;106(3):304-16. 5. Reyneke JP. Surgical manipulation of the occlusal plane: new concepts in geometry. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 1998;13(4):307-16. 6. Wolford LM, Chemello PD, Hilliard FW. Occlusal plane alteration in orthognathic surgery. J Oral Maxillofac Surg. 1993;51(7):730-40; discussion 40-1. 7. Posnick JC, Fantuzzo JJ, Orchin JD. Deliberate operative rotation of the maxillomandibular complex to alter the A-point to B-point relationship for enhanced facial esthetics. J Oral Maxillofac Surg. 2006;64(11):1687-95. 8. Rosen HM. Occlusal plane rotation: aesthetic enhancement in mandibular micrognathia. Plast Reconstr Surg. 1993;91(7):1231-40; discussion 41-4.

9. Cottrell DA, Wolford LM. Altered orthognathic surgical sequencing and a modified approach to model surgery. J Oral Maxillofac Surg. 1994;52(10):1010-20; discussion 20-1. 10. Posnick JC, Ricalde P, Ng P. A modified approach to “model planning” in orthognathic surgery for patients without a reliable centric relation. J Oral Maxillofac Surg. 2006;64(2):347-56. 11. Pary AH, Martins H, Richard GM. Tratamento de micrognatia mandibular severa com rotação do complexo maxilomandibular. Rev Clín Ortod Dental Press. 2008;7(5):64-70. 12. Mehra P, Downie M, Pita MC, Wolford LM. Pharyngeal airway space changes after counterclockwise rotation of the maxillomandibular complex. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;120(2):154-9. 13. Filho VAP, Jeremias F, Tedeschi L, Souza RF. Avaliação cefalométrica do espaço aéreo posterior em pacientes com oclusão Classe II submetidos à cirurgia ortognática. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(5):119-25. 14. Pizzol KEDC, Barbeiro RH, Coleta RD, Marcantonio E. Avaliação da alteração do plano oclusal em cirurgias ortognáticas combinadas com utilização de fixação interna rígida em pacientes com Padrão Facial de Classe II. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(4):104-17.

Endereço para correspondência Kelston Ulbricht Gomes Rua Silva Jardim, 2042, Batel – 80.250-200 – Curitiba/PR E-mail: kelstongomes@yahoo.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):29-39

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caso clínico

Tratamento ortodôntico em pacientes adultos com periodonto de inserção reduzido: relato de caso Orthodontic treatment in adult patients with reduced periodontal insertion: Case report

Ingrid Madeira de Barros NUNES* Dirceu Barnabé rAVELI** Luciana Santos Bernardes*** Lumena Raquel de Brito Souza*** Lucelma Vilela Pieri**** José Fernando Castanha Henriques***** Rafael Pinelli Henriques******

Abstract

Resumo O tratamento ortodôntico em pacientes adultos visa a harmonia facial aliada à adequada função do sistema estomatognático. No entanto, requer cuidados especiais, principalmente com relação aos tecidos de suporte dos dentes, visto que forças ortodônticas associa-

das ao trauma oclusal e a tecidos periodontais inflamados podem contribuir para futuro colapso dos tecidos de suporte de uma forma mais acelerada. Este artigo tem como objetivo relatar o caso clínico de um paciente com periodonto de inserção reduzido.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Periodontite. Periodonto. Adulto.

Orthodontic treatment in adult patients seeks to provide facial harmony combined with the proper function of the stomatognathic system. However, it requires special care especially in relation to the supporting tissues of the teeth, whereas orthodontic

Keywords: Corrective orthodontics. Periodontitis. Periodontium. Adult.

Como citar este artigo: Nunes IMB, Raveli DB, Bernardes LS, Souza LRB, Pieri LV, Henriques

JFC, Henriques RP. Tratamento ortodôntico em pacientes adultos com periodonto de inserção reduzido: relato de caso. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):40-5.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):40-5

forces and occlusal trauma associated with inflamed periodontal tissue may contribute to future collapse of the supporting tissues in a more accelerated manner. This article aims to report a clinical case of a patient with reduced periodontal insertion.

* Professora de Ortodontia da Faculdade Integral Diferencial (FACID). Coordenadora da Especialização em Ortodontia na Uningá-Teresina. ** Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia de Araraquara, UNESP. *** Aluna do Curso de Odontologia da FACID. **** Doutoranda em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo, FOB-USP. ***** Professor Titular de Ortodontia da FOB-USP, em nível de graduação, especialização, mestrado, doutorado e pós-doutorado. ****** Diretor do Centro Odontológico Pinelli Henriques (COPH).


Nunes IMB, Raveli DB, Bernardes LS, Souza LRB, Pieri LV, Henriques JFC, Henriques RP

O tratamento ortodôntico inadequado realizado em pacientes com periodonto de inserção reduzido pode, certamente, contribuir para o futuro colapso dos tecidos de suporte, visto que forças ortodônticas associadas ao trauma oclusal e tecido periodontal inflamado podem destruir o periodonto de uma forma mais acelerada7,9. Há controvérsias no que diz respeito ao tempo de início do tratamento ortodôntico após terapia periodontal. Para alguns autores4,6, a terapia ortodôntica deveria ser iniciada após um período de 6 meses, quando os tecidos periodontais estariam estabilizados e destituídos de inflamação ativa; para outros7,11, após 7 a 10 dias já seria possível instituir a movimentação dentária. O tratamento ortodôntico do caso relatado foi iniciado 4 meses após a terapia periodontal. A movimentação ortodôntica em pacientes com periodonto de inserção reduzido tem como indicações a facilitação do tratamento restaurador, o restabelecimento da saúde periodontal e uma proporção coroa-raiz favorável numa orientação vertical, fazendo com que as forças oclusais sejam transmitidas no sentido do longo eixo dos dentes. De uma forma ampla, segundo a literatura, a estética e a função constituem fatores indicativos plausíveis de tratamento6,8,9, condição alcançada com o tratamento ortodôntico instituído.

A terapêutica ortodôntica é contraindicada na presença de inflamação gengival, dentes com prognóstico questionável, apresentando perda de inserção acima do terço apical, envolvimento de furca avançado e formas avançadas de periodontite7,12. Dentre os benefícios decorrentes do tratamento ortodôntico em pacientes com periodonto de inserção reduzido, destacam-se: melhor acesso para higienização, redução das cargas não axiais, ganho de inserção, redução dos defeitos ósseos, restituição da oclusão incisal, restabelecimento da anatomia periodontal e selamento labial, adequados comprimento da coroa clínica e níveis de margem óssea, estimulação do processo de cicatrização óssea e periodontal3,6.

CONCLUSÃO O periodonto de inserção reduzido não inviabiliza o tratamento ortodôntico. No entanto, para realizá-lo com segurança, faz-se necessário um perfeito controle da condição periodontal do paciente, por meio de tratamento interdisciplinar (Ortodontia e Periodontia), estabelecendo um efetivo programa de manutenção periodontal para assegurar danos mínimos aos tecidos envolvidos durante a biomecânica.

Referências 1. Capelloza Filho L, Braga SA, Cavassan AO, Ozawa TO. Tratamento ortodôntico em adultos: uma abordagem direcionada. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2001;6(5):63-80. 2. Valle-Corotti KM, Valle CVM, Neves LS, Henriques JFC, Pinzan A. Ortodontia na atuação odontogeriátrica. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2008;13(2):84-93. 3. Miyaijima K, Nagahara K. Orthodontic treatment for a patient after menopause. Angle Orthod. 1996;66(3):173-8; discussion 179-80. 4. Fiúza A, Raya S, Brito S, Mello F, Calastro R. Ortodontia para todas as idades. Jor Grupo Est Ortod Ortop Facial. 2006;2:45-9. 5. Carraro FLC, Jimenez-Pellegrin C. Tratamento ortodôntico em pacientes com periodonto de inserção reduzido. RGO: Rev Gaúcha Ortod. 2009;57(4):455-8. 6. D’Ornellas MC, Hahn L, Marchioro EM. Abordagem ortodôntica frente ao paciente periodontal adulto. Stomatos. 2003;9(16):7-13. 7. Foss SL. Inter-relação periodontia e ortodontia [tese]. Curitiba (PR): Associação Brasileira de Odontologia; 2005.

8. Saldana I, Ermesto J. Avaliação comparativa do controle da placa bacteriana e da gengivite em pacientes sob tratamento ortodôntico, sem orientação e com métodos de higiene supervisionados e de controle profissional [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1988. 9. Eliasson LA, Hugoson A, Kurol J, Siwe H. The effects of orthodontic treatment on periodontal tissues in patients with reduced periodontal support. Eur J Orthod. 1982;4(1):1-9. 10. Årtun J, Urbye KS. The effect of orthodontic treatment on periodontal bone support in patients with advanced loss of marginal periodontium. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;93(2):143-8. 11. Mathews DP, Kokich VG. Interdisciplinary treatment: Integrating Orthodontics with Periodontics, Endodontics, and Restorative Dentistry. Semin Orthod. 1997;3:21-38. 12. Menezes LM, Rizzatto SMD, Braga PC, Rego MVNN, Thiesen GF. A interrelação ortodontia/periodontia em pacientes adultos. RGO: Rev Gaúcha Ortod. 2003(7):6-21.

Endereço para correspondência Ingrid Madeira de Barros Nunes Av. Rio Poti, 1870, ap. 102 – 64.049-410 – Teresina/PI E-mail: nunesingrid@yahoo.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):40-5

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caso clínico

Abordagem terapêutica da mordida cruzada anterior: aparelhos removíveis Therapeutic approach of the anterior crossbite: Removable appliances Renato Rodrigues de Almeida* Marcio Rodrigues de Almeida** Guilherme Amaral Bouças de CAMPOS*** Paula Vanessa Pedron Oltramari-Navarro**** Ana Claudia de Castro Ferreira CONTI**** Ricardo de Lima NAVARRO***** Abstract

Resumo Introdução: dentre as más oclusões que acometem a região anterior, a mordida cruzada de um ou mais incisivos destaca-se devido ao seu marcante comprometimento estético e funcional. Estudos epidemiológicos apontam uma prevalência de 7 a 8% em crianças em fase de dentadura mista, sendo os fatores etiológicos relacionados à ocorrência de trauma na dentadura decídua e consequente desvio do germe dentário permanente, retenção prolongada de dentes decíduos, presença de dentes supranumerários, entre outros. Por se tratar de uma má oclusão que não se autocorrige, deve ser diagnosticada e tratada precocemente, com o fim precípuo de se evitar

um possível comprometimento esquelético. Objetivos: considerando-se o grande número de possibilidades terapêuticas para a correção da mordida cruzada anterior, este trabalho objetiva abordar um protocolo de tratamento com aparelhos removíveis. Métodos: por meio de casos clínicos, será abordada essa mecânica, de aplicação simples e efetiva para pacientes colaboradores, contribuindo para o crescimento e desenvolvimento normal da maxila, e permitindo a obtenção de uma oclusão funcional normal. Conclusão: conclui-se que o diagnóstico precoce é importante, assim como a interceptação ortodôntica dessa má oclusão.

Palavras-chave: Aparelhos ortodônticos removíveis. Dentição mista. Ortodontia interceptora.

Introduction: Among the malocclusions affecting the anterior region, the anterior crossbite (ACB) of one or more incisors presents clinical relevance once jeopardizes esthetics and function. Epidemiological studies indicate its prevalence as 7-8% in children during mixed dentition. Several etiological factors are commonly related to ACB such as trauma in the deciduous dentition causing displacement of the permanent incisor in the alveolar bone, late retention of deciduous teeth, presence of supranumerary teeth, and others. The impossibility of selfcorrection is another important characteristic of this malocclusion, what makes early diagnoses and treatment fundamental in

Keywords: Orthodontic removable appliances. Mixed dentition. Preventive orthodontics.

Como citar este artigo: Almeida RR, Almeida MR, Campos GAB, Oltramari-Navarro PVP, Conti ACCF, Navarro RL. Abordagem terapêutica da mordida cruzada anterior: aparelhos removíveis. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):48-58. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):48-58

order to avoid skeletal discrepancies. Objectives: Considering the existence of a variety of treatment modalities for the anterior crossbite correction, this paper aims to highlight the therapeutic possibilities using removable appliances. Methods: Through case reports it will be presented this simple and effective mechanics for compliance patients, which contributes to maxillary normal growth and development, allowing the achievement of a functional occlusion. Conclusion: It can be concluded that early diagnoses and interception of this malocclusion are very important.

* Professor Livre-Docente de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo (FOB-USP). Professor Titular do Departamento de Ortodontia da Universidade Norte do Paraná (UNOPAR, Londrina/PR). ** Mestre, Doutor e Pós-Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Professor Titular do Departamento de Ortodontia da UNOPAR. *** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial e Mestre em Ortodontia pela UNOPAR. **** Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Professor Titular do Departamento de Ortodontia da UNOPAR. ***** Mestre em Cirurgia Bucomaxilofacial e Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. Professor Adjunto do Departamento de Odontologia da UNOPAR.


Almeida RR, Almeida MR, Campos GAB, Oltramari-Navarro PVP, Conti ACCF, Navarro RL

A

Figura 15 Vista extrabucal frontal inicial (A) e vista extrabucal frontal ao final da interceptação (B ).

B

Discussão Existe uma versatilidade de mecânicas para o tratamento da mordida cruzada anterior, incluindo o ajuste oclusal, espátula abaixadora de língua, plano inclinado de acrílico inferior, coroa metálica cimentada, aparelho de Eschler, aparelhos fixos com molas, aparelho fixo 4x2, mentoneira e aparelhos removíveis com mola. Essa última opção está indicada devido à sua efetividade, possibilidade de utilização precoce e remoção em ocasiões especiais, o que facilita a higienização. Há um consenso na literatura quanto ao tratamento precoce da mordida cruzada anterior, incluindo-se, nesses protocolos, os aparelhos removíveis, desde que observados os pré-requisitos essenciais referentes à sua aceitação2,5,15. A aceitação do aparelho removível como terapêutica não está associada ao tipo de aparelho intrabucal, e sim à motivação de cada paciente3,9,20,22. Relata-se que, com a redução do volume do aparelho, o incômodo será menor e haverá uma maior adesão ao tratamento13. Os objetivos do tratamento, nessa abordagem, consistem em eliminar interferências e favorecer uma oclusão funcional, com vistas ao crescimento e desenvolvimento normais.

Entretanto, como nessa fase o crescimento ainda não cessou, corre-se o risco de recidiva10. Os aparelhos descritos no presente artigo são facilmente instalados pelo profissional, com consultas rápidas, práticas e tempo de tratamento reduzido. Dessa forma, obtém-se um resultado satisfatório, com a eliminação de contatos dentários desfavoráveis, o que permite o desenvolvimento fisiológico da oclusão. Após o tratamento interceptador, aconselha-se um acompanhamento semestral e, quando necessário, deve-se realizar a segunda fase do tratamento, com a utilização de aparelho fixo, na dentadura permanente.

Conclusão Recomenda-se que a interceptação da mordida cruzada anterior seja realizada precocemente, e uma boa opção terapêutica refere-se ao uso de aparelhos removíveis. Os resultados obtidos nos casos aqui apresentados evidenciam a eficácia desses aparelhos, permitindo a eliminação da má oclusão e favorecendo o desenvolvimento de uma oclusão funcional. Os aparelhos removíveis, quando bem utilizados, constituem um excelente recurso para o tratamento dos pacientes em crescimento.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):48-58

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Caso clínico

Abordagem terapêutica da mordida cruzada anterior: aparelhos removíveis

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Endereço para correspondência Marcio Rodrigues de Almeida Av. José Vicente Aiello, 7-70 – 17.053-082 – Bauru/SP E-mail: marcioralmeida@uol.com.br

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caso clínico

Metas terapêuticas para o tratamento ortodôntico-cirúrgico no Padrão III: relato de um caso clínico Treatment goals for the skeletal Class III malocclusion ortho-surgical approach: Case report

Mauricio de Almeida Cardoso* Fabio Pinto guedes** Hugo Nary Filho*** Danilo Furquim Siqueira* Tien Li An**** Leopoldino Capelozza Filho*

Abstract

Resumo O tratamento ortodôntico-cirúrgico das más oclusões envolvendo indivíduos Padrão III visa corrigir não somente a oclusão mas, especialmente, o erro facial. Sendo assim, o diagnóstico deverá valorizar a face do paciente, de acordo com o sexo, idade e etnia, identificando onde se encontra o problema e qual a sua gravidade. Com isso, o tratamento ortodôntico descompensatório cirúrgico tem a possibilidade de criar uma

condição oclusal condizente com o erro facial, dando ao cirurgião a chance de mudar, do modo necessário, as relações faciais. O presente artigo tem por objetivo ilustrar essa perspectiva de tratamento, privilegiando a face do paciente, onde a mecânica a ser utilizada visa eliminar características de compensação inerentes ao padrão de crescimento, assim permitindo que o paciente alcance uma condição de normalidade facial após a cirurgia.

Palavras-chave: Padrão III. Ortodontia descompensatória. Cirurgia ortognática.

Besides occlusal improvements, facial disharmony is particularly aimed to be corrected during skeletal Class III malocclusion management by ortho-surgical approach. Therefore, the focus should be mainly on the facial problems during diagnosis, not only to identify the location of the problems and their severities, but also to consider what gender, age and ethnicity may influence on the individual’s facial features. Once the problem is diagnosed and the treatment plan is established,

Keywords: Skeletal Class III. Decompensatory orthodontics. Orthognatic surgery.

Como citar este artigo: Cardoso MA, Guedes FP, Nary Filho H, Siqueira DF, Li An T, Capelozza Filho L. Metas terapêuticas para o tratamento ortodôntico-cirúrgico no Padrão III: relato de um caso clínico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):60-73. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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presurgical orthodontics shall aim to decompensate the teeth, which provides a dental condition that fits to facial disharmony, in order for surgeon to manage the facial skeletal relationships accordingly. The present report has the purpose of illustrating this perspective of treatment that provides priority to the facial esthetics, where the mechanics is driven to eliminate the compensation characteristics inherent with the growth pattern, so that normal facial features can be achieved after surgery.

* Professores Doutores do Programa de Graduação e Pós-Graduação em nível de Especialização e Mestrado em Ortodontia da Universidade Sagrado Coração (USC), Bauru/SP. ** Aluno do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Sagrado Coração (USC), Bauru/SP. *** Professor Doutor responsável pelo Programa de Pós-Graduação em Implantodontia da Universidade Sagrado Coração e do Instituto Branemark, Bauru/SP. **** Professor Doutor substituto da disciplina de Ortodontia, Departamento de Odontologia, Faculdade Ciências da Saúde – Universidade de Brasília-DF.


Cardoso MA, Guedes FP, Nary Filho H, Siqueira DF, Li An T, Capelozza Filho L

CONSIDERAÇÕES FINAIS Nas más oclusões do Padrão III onde a magnitude da discrepância esquelética é grande, com desagradabilidade facial, o tratamento ortodôntico associado à cirurgia

ortognática se torna uma opção terapêutica de grande valia. Para isso, deve-se fazer um diagnóstico crítico, privilegiando a face do paciente, o qual remeterá a um prognóstico, meta terapêutica e plano de tratamento individualizados.

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Endereço para correspondência Mauricio de Almeida Cardoso Rua Padre João 14-71 – 17.012-021 – Bauru/SP E-mail: maucardoso@uol.com.br

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caso clínico

Tratamento ortodôntico corretivo de má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão, com extrações assimétricas Corrective orthodontic treatment of Angle Class II subdivision malocclusion with asymmetric extractions Giordani Santos silveira* Juliana Maria Monteiro de oliveira**

Abstract

Resumo Os casos de subdivisão representam, aproximadamente, 50% de todos os casos de má oclusão de Classe II de Angle; e o principal fator etiológico é o posicionamento mais posterior do molar inferior do lado afetado. Uma das estratégias para correção dessa má oclusão é a extração do primeiro pré-molar inferior no lado da Classe I, associada com as extrações dos primeiros pré-molares superiores, a fim de se obter a coincidência

das linhas médias, as chaves de caninos e a relação dente/dois dentes nas regiões posteriores, sendo de Classe I molar de um lado e Classe II molar do outro. O presente trabalho ilustra essa modalidade de tratamento, realizado em um paciente do sexo masculino, leucoderma, com 13 anos e 5 meses de idade, que havia perdido, precocemente, o primeiro molar inferior direito. Após 39 meses, o tratamento foi satisfatoriamente concluído.

Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Ortodontia corretiva. Extração dentária.

The subdivision cases prevalence is about 50% of all Angle Class II malocclusions; and its main cause factor is the distal positioning of the mandibular first molar on the affected side. One option to treat this malocclusion is the extraction of mandibular first premolar on Class I side associated with extractions of maxillary first premolars, resulting in midlines coincidence, canines keys, one tooth/ two teeth posterior occlusion with molar Class II on one side and

molar Class I on the other. This paper illustrates this treatment modality on a male Caucasian patient, 13 years and 4 months old, that previously had missed the right mandibular first molar. After 39 months, the treatment was satisfactorily accomplished.

Keywords: Angle Class II malocclusion. Corrective orthodontics. Tooth extraction.

Como citar este artigo: Silveira GS, Oliveira JMM. Tratamento ortodôntico corretivo de má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão, com extrações assimétricas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):74-82. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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* Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade de Itaúna/MG. ** Especialista em Odontopediatria pela PUC-MG. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Universidade de Itaúna/MG.


caso clínico

Tratamento ortodôntico corretivo de má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão, com extrações assimétricas

Reabsorções radiculares leves foram observadas nos incisivos superiores e inferiores (Fig. 13), manifestadas pelo arredondamento dos ápices, sem relevância clínica, demonstrando que o custo biológico da intrusão dos incisivos — em ambas as arcadas — foi positivamente pequeno. O paralelismo radicular observado após a conclusão da Ortodontia só não foi completo por causa das inclinações distais das raízes dos caninos superiores. Essa é uma crítica a alguns aparelhos pré-ajustados, em particular a prescrição Roth utilizada nesse caso, que apresenta 13º de angulação nos caninos superiores. Não há qualquer vantagem periodontal em ter menor largura de trabeculado ósseo entre as raízes dos caninos e pré-molares, nem a maior proximidade dos ápices radiculares é desejável15,16. Pelo contrário, qualquer eventual processo infeccioso futuro em um desses dentes, seja periodontal ou endodôntico, pode mais facilmente envolver o dente vizinho, pela proximidade. Assim, uma radiografia panorâmica realizada antes da remoção do aparelho fixo mostra-se valiosa para a identificação da necessidade de correções das inclinações dentárias, seja através de dobras nos arcos ortodônticos ou da recolagem compensatória dos braquetes.

Além disso, Capelloza Filho et al.17 advogaram que um braquete de canino superior com menor angulação não provocaria a angulação mesial da coroa e, consequentemente, evitaria efeitos indesejáveis como a mesialização dos dentes anteriores e o aumento do trespasse horizontal durante a correção ortodôntica da má oclusão de Classe II com aparelho pré-ajustado.

CONCLUSÃO A Ortodontia associada às extrações assimétricas de três pré-molares é uma abordagem terapêutica valiosa nos casos de má oclusão de Classe II de Angle subdivisão causadas por alterações eruptivas durante a dentadura mista ou mutilações dentárias, desde que a coincidência das linhas médias, as chaves de caninos e a intercuspidação dente/dois dentes sejam determinadas como metas. A escolha dos dentes a serem extraídos deve levar em consideração: o comprometimento da estrutura dentária (patologias e/ou restaurações), as relações dentárias intra e interarcadas e o padrão facial.

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12. Hendrix I, Carels C, Kuijpers-Jagtman AM, Van’T Hof M. A radiographic study of posterior apical root resorption in orthodontic patients. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;105(4):345-9. 13. Silva Filho OG, Mendes OF, Ozawa TO, Ferrari Júnior FM, Correa TM. Comportamento radicular durante a movimentação dentária induzida em dentes com rizogênese incompleta. Ortodontia. 2004;37(3):53-62. 14. Consolaro A, Martins-Ortiz MF, Velloso TRG. Dentes com rizogênese incompleta e movimento ortodôntico: bases biológicas. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2001;6(2):25-30. 15. Gould MS, Picton DC. The relation between irregularities of the teeth and periodontal disease. Br Dent J. 1966;121:20-5. 16. Newman MG, Takei HH, Klokkevold PR, Carranza FA. Periodontia clínica. 10ª ed. Rio de Janeiro: Elsevier; 2007. cap. 5, p. 68-92; cap. 57, p. 856-70. 17. Capelozza Filho L, Silva Filho OG, Ozawa TO, Cavassan AO. Individualização de braquetes na Técnica de Straight-Wire: revisão de conceitos e sugestão de indicações para uso. Rev Clín Ortod Dental Press. 1999;4(4):87-106.

Endereço para correspondência Giordani Santos Silveira Av. Antônio Abrahão Caran, 820/708 – 31.275-000 – Belo Horizonte/MG E-mail: giordanisilveira@hotmail.com



caso clínico

Utilização do magneto atrativo associado à banda-alça para a desimpacção dentária: relato de caso clínico Use of attractive magnet associated with band and loop to tooth disimpaction: Case report

Sisenando Itabaiana Sobrinho* Nelcy Della Santina Mohallem** Sebastiana Luiza Bragança LANA*** Geraldo José Corrêa**** Rony Marlon Cerqueira da Costa*****

Abstract

Resumo Neste relato clínico será descrito o emprego de uma alternativa mecânica para a erupção guiada de um pré-molar impactado utilizando-se magnetos atrativos compostos por uma liga de neodímio-ferro-boro (Nd2Fe14B). O tratamento cirúrgico-ortodôntico foi realizado em um paciente jovem, com 11 anos de idade, portador de má oclusão de Classe II de Angle, apresentando impacção do segundo pré-molar superior direito. O sistema magnético atrativo proposto consistiu de um magneto colado com resina fotopolimerizável sobre a superfície vestibular do dente impactado e outro pólo magnético rígido incrustado em um aparelho banda-alça modificado. A desimpacção den-

tária foi realizada em 50 dias e nesse intervalo foram necessárias duas ativações magnéticas por readaptação estratégica dos magnetos no sistema banda-alça. Os níveis de forças magnéticas desenvolvidos ficaram entre 0,15 e 0,80N. A opção magnética nesse caso clínico foi efetiva tanto em relação ao tempo de tratamento quanto em relação ao conforto proporcionado à paciente. Os magnetos empregados geraram um campo de força contínuo e autônomo, não sendo necessária a utilização de fios metálicos como guias de orientação na erupção e nem elásticos de tracionamento. Entretanto, foram verificados sinais de corrosão por frestas nas superfícies dos magnetos.

Palavras-chave: Erupção dentária. Pesquisa e novas técnicas. Ortodontia corretiva.

Como citar este artigo: Itabaiana Sobrinho S, Mohallem NDS, Lana SLB, Corrêa GJ, Costa RMC. Utilização do magneto atrativo associado à banda-alça para a desimpacção dentária: relato do caso clínico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):84-91. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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The present case report describes the use of a new mechanical approach to promote the guided eruption of an impacted premolar by using attractive magnets composed of neodymium-iron-boron alloy (Nd2Fe14B).The surgicalorthodontic treatment was performed in an 11 year-old patient, with Angle Class II malocclusion and impaction of second right premolar. It was used a magnetic system consisting of a magnet attached to the vestibular surface of the impacted tooth using a photopolymerizable resin and the other magnet embedded in a modified retainer appliance. Disimpaction time was 50 days and in this interval two magnetic activations were necessary for the strategic re-adaptation of the magnets in the retainer system. The degree

of magnetic force ranged from 0.15 to 0.80 N. The magnetic option in this clinical case was quite effective with regard to both treatment time and patient comfort. The magnets used generated a continuous and autonomous magnetic field. Thus, there was no need for the use of metal wires as guides during the eruption or elastic bands for traction. However, there were signs of corrosion due to the cracks on the magnet surfaces.

Keywords: Tooth eruption. Research and new techniques. Corrective orthodontics.

* Mestre e Doutorando em Engenharia de Materiais na REDEMAT. Pesquisador associado do grupo de materiais nanoestruturados do departamento de Química da UFMG. ** Professora Adjunta do Departamento de Química da UFMG. *** Professora e Pesquisadora da REDEMAT. **** Professor do curso de especialização em Ortodontia da Faculdade CIODONTO. ***** Aluno de Especialização em Ortodontia pela Faculdade CIODONTO.


Itabaiana Sobrinho S, Mohallem NDS, Lana SLB, Corrêa GJ, Costa RMC

CONCLUSÃO A desimpacção dentária utilizando o sistema magnético proposto foi bastante eficiente tanto em relação ao tempo de tratamento quanto em relação ao conforto proporcionado ao paciente. Esse novo sistema magnético, o aparelho banda-alça, mostrou-se de fácil confecção e manuseio do magneto em seu interior, além de higiênico. Os magnetos empregados geraram um campo de força contínuo e autônomo, não sendo necessária a utilização

de fios metálicos como guias de orientação na erupção nem elásticos. Não obstante, para o êxito dessa proposta terapêutica ortodôntica, é necessário avançar nas pesquisas focalizando os aspectos biológicos gerados pelos campos magnéticos (magnetobiologia), e também abrir novas fronteiras do conhecimento a respeito do magnetismo gerado pelos tecidos bucais (biomagnetismo). Talvez nesse quesito possam-se encontrar respostas mais seguras que justifiquem a excelente performance dessa conduta clínica.

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Endereço para correspondência Sisenando Itabaiana Sobrinho Rua Afonso XIII, 589/304 – 30.430-170 – Belo Horizonte/MG E-mail: sisenandoi@gmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):84-91

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artigo inédito

Contenção inferior fixa 3x3 com fio meia cana Bonded lingual retainer with half round wire

Stefan Cardon* Gabriel Schmidt Dolci* Ernani Menezes Marchioro**

Abstract

Resumo O objetivo deste artigo é descrever a confecção e indicar as vantagens de uma contenção inferior 3x3 realizada com um fio meia cana (1,3mm x 0,65mm). Dentre os diferenciais da utilização desse fio, ressaltam-se: (1) alta resistência e (2) conforto do paciente. Apesar de pouco discutido na literatura, esse pro-

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cedimento tem sido usado em nossa prática clínica há mais de 10 anos, obtendo-se bons resultados na prevenção da recidiva do apinhamento anteroinferior. Tal condição pode ser atribuída à alta resistência do fio, evitando alterações na distância intercaninos e evitando a retroinclinação de incisivos inferiores.

The purpose of this paper is to describe the confection and the advantages of a canine to canine bonded lingual retainer made with half round wire (1.3 mm x 0.65 mm). The main advantages of this retainer are: (1) High resistance and; (2) patient comfort. Although this clinical procedure is few described

in literature, it has been successfully used in our practice for more than 10 years. Good results in relapse prevention were observed in this period, what is related to the high resistance of the wire, avoiding both changes in the intercanine distance and lower incisors retroinclination.

Palavras-chave: Ortodontia. Recidiva. Má oclusão.

Keywords: Orthodontics. Relapse. Malocclusion.

Como citar este artigo: Cardon S, Dolci GS, Marchioro EM. Contenção inferior fixa 3x3 com fio meia cana. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):94-6.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):94-6

* Especialista, mestre e professor do curso de especialização em Ortodontia da Sociedade Brasileira de Cirurgiões-dentistas. ** Mestre, Doutor e professor de Ortodontia da PUCRS. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Sociedade Brasileira de Cirurgiões-dentistas.


Cardon S, Dolci GS, Marchioro EM

INTRODUÇÃO Diversos dispositivos têm sido utilizados para se evitar a recidiva do apinhamento anteroinferior. Dentre eles, destacam-se as contenções fixas e os aparelhos removíveis. Os aparelhos removíveis apresentam vantagens como a contenção das posições dentárias de toda a arcada inferior e a facilidade de higienização. Já como principal desvantagem, ressalta-se a necessidade da colaboração do paciente. As contenções inferiores fixas são as de eleição por grande parte dos ortodontistas, podendo ser coladas de canino a canino (3x3), de primeiro pré-molar a primeiro pré-molar (4x4) ou de segundo pré-molar a segundo pré-molar (5x5). Além disso, podem ser confeccionadas usando-se diferentes fios1,2,3 e diferentes técnicas4. Na maioria dos casos, durante a confecção dessas barras linguais preconiza-se a realização de uma dobra de aproximadamente 90º ou um helicoide nas suas extremidades, com o objetivo de impedir sua rotação e consequente descolagem. O objetivo desse trabalho é apresentar uma contenção inferior fixa para caninos e incisivos (3x3), utilizando-se um fio de secção transversa semicircular, também denominado meia cana. Serão destacadas vantagens de sua utilização e descritos os detalhes de sua confecção. » Vantagens: dentre as vantagens da utilização do fio meia cana para a confecção da contenção inferior fixa 3x3,

A

ressaltam-se: (1) alta resistência — por esse motivo, é indicada nos casos em que está prevista a colagem apenas dos caninos. A resistência pode, ainda, ser aumentada através de um tratamento térmico endurecedor; (2) conforto do paciente — a superfície arredondada do fio meia cana ficará voltada para o lado da língua, tornando-se mais confortável ao paciente; (3) segurança — o lado plano do fio ficará voltado para a face lingual dos incisivos e caninos, aumentando a superfície de contato e prevenindo a ocorrência de rotações do dispositivo, dispensando dobras ou curvaturas nas extremidades. » Confecção: corta-se de 4 a 5cm de fio meia cana (1,3mm x 0,65mm); após retificar-se o segmento, esse é contornado no sentido cérvico-oclusal, utilizando dois alicates 410 (ou quaisquer outros que contenham ranhuras) (Fig. 1A); com o alicate Della Rosa, contorna-se o fio no sentido sagital, adaptando-o à curvatura das faces linguais de incisivos e caninos inferiores, com o lado plano voltado para a face lingual dos dentes (Fig. 1B); corta-se os excessos de fio próximo ao terço distal dos caninos e conclui-se a adaptação da peça (Fig. 2); tratamento térmico endurecedor (revenido) (Fig. 3); com pedra montada abrasiva, reduz-se a espessura do fio nos extremos da contenção, com o objetivo de diminuir o volume do material de colagem na região de caninos (Fig. 4); pode-se, também, jatear com óxido de alumínio as áreas de retenção, como mais um reforço à colagem.

B

Figura 1 A) O fio meia cana é contornado no sentido cérvico-oclusal, utilizando dois alicates com ranhuras, uma vez que essa curva é realizada no sentido mais largo do fio. B) Em seguida, com um alicate Della Rosa, o fio é recontornado acompanhando as faces linguais dos incisivos e caninos inferiores (no sentido mais estreito).

Figura 2 Corte dos excessos de fio e conformação final da contenção.

REVENIDO A

B

Figura 3 A) Tratamento térmico utilizando dispositivo adaptado a uma soldadora do tipo eletrônica. B) Detalhe da contenção fixada ao acastanhador (esse acessório não acompanha a soldadora).

Figura 4 Redução da espessura das extremidades, com pedra montada abrasiva.

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artigo inédito

Contenção inferior fixa 3x3 com fio meia cana

» Colagem: após o condicionamento do esmalte e aplicação do adesivo, coloca-se uma camada de resina composta micro-híbrida na superfície lingual dos caninos. Depois, o dispositivo é cuidadosamente imerso nessa camada e posicionado. Esse procedimento permite o completo envolvimento, com compósito, das áreas retentivas da contenção, reduzindo a possibilidade de se aprisionarem bolhas de ar na interface entre o fio e o esmalte. As camadas subsequentes, se necessárias, deverão envolver totalmente o fio e proporcionar uma superfície regular e homogênea. O polimento final poderá ser realizado com discos abrasivos e/ou pontas de acabamento para resina. » Higienização: a contenção inferior fixa deve estar associada a uma rigorosa instrução de higiene bucal. Alguns autores sugerem a utilização de uma contenção inferior fixa higiênica (contornada), a qual permite o livre acesso do fio

dental nas regiões proximais4. Contudo, a contenção inferior convencional, quando comparada à higiênica, apresenta um menor acúmulo de biofilme nas faces proximais e linguais dos dentes, além de propiciar maior conforto ao paciente4. A orientação de uso do fio dental com a contenção sugerida nesse trabalho dispensa a utilização de passa-fio ou similares e é ilustrada na sequência de fotos da Figura 5. Dessa forma, a utilização do fio meia cana para confecção da contenção inferior fixa 3x3, em casos nos quais a colagem dos incisivos não se faz necessária, parece ser uma alternativa viável. Esse procedimento é utilizado em nossa prática clínica há mais de 10 anos, com bons resultados na prevenção da recidiva do apinhamento anteroinferior. Tal condição pode ser atribuída à alta resistência do fio, que estabiliza a distância intercaninos e impede a lingualização dos incisivos inferiores.

A

B

C

D

E

F

Figura 5 Passos para a utilização do fio dental com a contenção instalada. A) Coloca-se o fio entre os incisivos laterais e os caninos; B) desloca-se o fio cervicalmente, abaixo da contenção; C) com auxílio da língua ou dos dedos, puxa-se o segmento de fio; D) um dos lados é retirado de baixo da contenção para fora; (E, F) após realizada essa passagem, o fio tem acesso a todos os espaços interproximais, deslizando entre a contenção e os incisivos, que não estão envolvidos na colagem.

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):94-6

Endereço para correspondência Gabriel Schmidt Dolci Rua Múcio Teixeira, 1380 – 90.150-090 – Porto Alegre/RS E-mail: gabriel@sorrirfazbem.com


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artigo inédito

Correção da irregularidade anterior utilizando a técnica lingual “Social 6” Correction of anterior irregularities using “Social 6” lingual technique

José Augusto Miguel* Stephanie de Araujo Porto Drummond** Luca Lombardo*** Kyoto Takemoto**** Giuseppe Scuzzo****

Abstract

Resumo A procura por tratamentos e aparelhos ortodônticos estéticos tem aumentado significativamente. Para a maioria dos pacientes, um belo sorriso é caracterizado apenas pelo alinhamento dos seis dentes anteriores. A correção somente da irregularidade desses dentes é chamada de social six, uma referência aos elementos mais visíveis no convívio social e mais impactantes na estética do sorriso. Este artigo

apresenta uma alternativa para tratamento — de forma rápida, discreta e previsível — de irregularidades anteriores como recidivas, diastemas e apinhamentos. A facilidade e simplicidade da técnica tem estimulado diversos profissionais a praticarem a Ortodontia Lingual, oferecendo a seus pacientes o único tratamento ortodôntico verdadeiramente invisível e que exige o mínimo de colaboração.

spacing and crowding. It delivers a totally discreet, fast and predictable treatment. This technique is remarkably easy to learn and this fact stimulate its use. This way, professional could provide to the patient a truly invisible treatment with minimal compliance.

Palavras-chave: Ortodontia. Estética. Má oclusão.

Keywords: Orthodontics. Esthetics. Malocclusion.

Como citar este artigo: Miguel JA, Drummond SAP, Lombardo L, Takemoto K, Scuzzo G. Correção da irregularidade anterior utilizando a técnica lingual “Social 6”. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):98-104.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Patient’s demand for esthetic treatment and appliances has considerably increased. For most of them a beautiful smile is characterized only by aligned anterior teeth. The alignment of just these teeth is called social six, as it refers to the six anterior teeth, which are the most commonly noticed in the smile esthetics. This article presents a approach to treat simple anterior irregularities such as relapsed cases,

Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):98-104

* Mestre e Doutor em Odontologia, Especialista em Ortodontia, Professor Adjunto da disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UERJ. ** Aluna de Mestrado em Ortodontia na UERJ. *** Pesquisador convidado do departamento de Ortodontia da Universidade de Ferrara, Itália. **** Professor Adjunto do departamento de Ortodontia da Universidade de Ferrara, Itália.


artigo inédito

Correção da irregularidade anterior utilizando a técnica lingual “Social 6”

Conclusão

Referências

A busca por uma Ortodontia cada vez mais estética aumenta diariamente, para satisfazer pacientes que anseiam por tratamentos rápidos, invisíveis e discretos. O sistema Social 6 é uma nova abordagem para o tratamento de irregularidades anteriores, suaves a moderadas, em até quatro meses, podendo ser o primeiro passo para a incorporação da Ortodontia Lingual no consultório.

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Endereço para correspondência José Augusto Miguel Av. Ataulfo de Paiva, 204/506 – Leblon – 22.440-033 – Rio de Janeiro / RJ E-mail: jamiguel66@gmail.com

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):98-104


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caso clínico

Tratamento da deformidade maxilar decorrente de hábitos deletérios: relato de caso Treatment of maxillary deformity due to deleterious habits: Case report

Susana Deon Rizzatto* Susiane Allgayer** Luciane Macedo de Menezes*** Eduardo Martinelli Santayana de Lima****

Abstract

Resumo Os hábitos de sucção sem fins nutritivos e a respiração bucal são fatores de risco para o desenvolvimento de más oclusões. O objetivo deste trabalho é enfatizar a importância do diagnóstico e tratamento oportuno, exemplificando a terapêutica por meio da apresentação de um

caso clínico. A paciente de oito anos de idade, respiradora bucal e com hábito de sucção digital — apresentando a tríade mordida aberta, mordida cruzada posterior e má oclusão de Classe II —, foi submetida a tratamento ortodôntico na Faculdade de Odontologia da PUC/RS.

Palavras-chave: Mordida aberta. Técnica de expansão palatina. Hábito de sucção. Ortodontia corretiva.

Non-nutritive sucking habits and mouth breathing are risk factors for the development of malocclusions. The aim of this work is to emphasize the importance of diagnosis and timely treatment by exemplifying the therapeutics through the presentation of a case report. An 8-year-old female pa-

Keywords: Open bite. Palatal expansion technique. Sucking habit. Corrective orthodontics.

Como citar este artigo: Rizzatto SD, Allgayer S, Menezes LM, Lima EMS. Tratamento da deformidade maxilar decorrente de hábitos deletérios: relato de caso. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):106-15.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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tient, mouth breather, presenting the triad of open bite, posterior crossbite and Angle Class II malocclusion underwent orthodontic treatment at the Faculty of Dentistry of the Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul.

* Mestre em Ortodontia pela PUCRS. Especialista em Ortodontia pela UFRGS. Professora de Ortodontia na PUCRS. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia. ** Aluna do curso de doutorado em Ortodontia da PUCRS. Mestre em Ortodontia pela PUCRS. Especialista em Ortodontia pela ABORS. Especialista em Endodontia pela UPF. *** Doutora e Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professora de Ortodontia na PUCRS. Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia da ABORS e do Doutorado em Ortodontia da PUCRS. **** Doutor e Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professor de Ortodontia na PUCRS. Coordenador dos Cursos de Especialização e Mestrado em Ortodontia da PUCRS. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia.


caso clínico

Tratamento da deformidade maxilar decorrente de hábitos deletérios: relato de caso

Pacientes com mordida aberta podem apresentar deficiência transversal na região zigomática e na maxila, tanto na porção dentoalveolar quanto esquelética16. Crianças com hábitos de sucção não-nutritivos têm um risco duplo de desenvolver uma mordida cruzada posterior. Esse risco aumenta para três vezes quando, além do hábito, a respiração bucal está associada8. Se a maxila está atrésica em relação ao resto da face, como nesse caso clínico, uma expansão esquelética será apropriada2,22,25,26. A disjunção atuou alterando a forma27 ogival presente nessa deformidade da maxila e a separação das suas metades a impulsionou para baixo26. Essas mudanças podem aumentar o espaço nasal e, consequentemente, aumentar a permeabilidade nasal27,28, melhorando o fluxo aéreo nasal e, assim, podendo diminuir a respiração bucal. Isso só acontece quando a estenose obstrutiva localiza-se nas porções anteroinferiores da cavidade nasal, já que a maior abertura provocada pela expansão situa-se exatamente nessa região29. Os efeitos de extrusão dentoalveolar e rotação da mandíbula no sentido horário26 decorrentes da disjunção foram minimizados através do AEB com tração alta para controle do crescimento vertical1,10. A concomitante verticalização dos incisivos superiores, observada nas sobreposições, foi um fato favorável à redução da mordida aberta anterior (Fig. 7). Para estabilizar a disjunção utilizou-se a grade palatina, que atuou como limitador constante no hábito de interposição lingual, interceptando a mordida aberta (Fig. 4B). A grade fixa superior foi escolhida para esse tratamento porque não oferece restrição à atividade muscular ou oclusão, e é menos visível do que um aparelho na arcada inferior5,6,7,19,20,21. Ela permitiu interceptar os fatores locais que impediam a erupção dos dentes na posição normal e foi associada com o uso de um AEB de tração alta para controle do crescimento vertical1,10, a fim de proporcionar melhores resultados. O controle da dimensão vertical1 é um fator importante no sucesso do tratamento de pacientes com mordida aberta10,12. O uso do AEB de tração alta1,23, para impedir a extrusão dos molares superiores, associado ao crescimento equilibrado dessa paciente30, manteve a disposição equilibrada dos planos horizontais de sua face. Portanto podemos concluir que o padrão facial favorável da paciente, que proveu o crescimento horizontal da mandíbula (Fig. 8D), associado à mecânica empregada, permitiu a melhora da relação maxilomandibular e foi decisivo na correção da Classe II esquelética e no estabelecimento da relação de chave de oclusão30. Dados coletados em um estudo com 1.160 crianças apontaram a incidência de 51% para a má oclusão de mordida aberta nessa população e 7,5% para a mordida cruzada. Esse mesmo estudo concluiu que a mamadeira, isoladamente ou combinada com a rinite alérgica, tem efeito na mordida cruzada posterior. Por sua vez, a mordida cruzada posterior foi mais frequente em

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Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):106-15

crianças com rinite alérgica e hábitos de sucção não nutritiva8. Um estudo realizado em crianças com respiração bucal revelou que a incidência da Classe II passou de 27% para 32%; e a da mordida cruzada, de 30% para 48% na transição da dentição mista para a permanente. Assim, sugere-se que quanto maior a exposição ao desequilíbrio da função muscular, em consequência da respiração bucal, mais grave se torna a má oclusão17. A associação dos três aparelhos ortodônticos escolhidos nessa abordagem (disjuntor, grade palatina e AEB de tração alta) somou efeitos ortopédicos e eliminou a tríade mordida cruzada posterior, mordida aberta anterior e má oclusão de Classe II, tratando com sucesso essa complexa deformidade maxilar. Caso essa paciente atingisse a idade adulta sem tratamento, restaria a cirurgia ortognática1, para impacção posterior da maxila e consequente rotação da mandíbula no sentido anti-horário31; ou dispositivos temporários de ancoragem4,31, para corrigir a mordida aberta. O tratamento durante a fase de crescimento assim se justifica, pois é mais simples, dispensa cirurgia e assinala estabilidade em longo prazo, fundamentada cientificamente1,3,6. Os efeitos do tratamento podem ser vistos nas sobreposições (Fig. 6C, 7C, 8C). O AEB promoveu a verticalização dos molares, o que pode ser observado na sobreposição parcial de maxila (Fig. 7); e esse mencionado bom padrão de crescimento expressou-se na mandíbula30, que cresceu livremente (Fig. 8D), assim estabelecendo a relação de Classe I. A movimentação para a frente e para baixo foi praticamente a mesma de toda a face (Fig. 6C), o que evidencia o controle vertical dos aparelhos utilizados sobre os molares30. Os valores de SN.Ocl, SN.GoGn e FMA se mantiveram constantes até o final do tratamento (Tab. 1), assim revelando o adequado controle da dimensão vertical1. As sobreposições da maxila mostram que a área subnasal foi alterada significativamente, com grande crescimento vertical do rebordo alveolar, extrusão e verticalização dos incisivos, principalmente na 3ª fase do tratamento, favorecendo de forma positiva o fechamento da mordida aberta anterior (Fig. 7C).

CONCLUSÕES A etiologia da mordida aberta anterior é complexa e multifatorial. Assim, é necessário que o clínico diagnostique os fatores etiológicos da mordida aberta em cada paciente e determine a forma de tratamento mais adequada. Considerando-se que os hábitos deletérios possam ser os principais fatores etiológicos, em indivíduos com padrão facial equilibrado, os mesmos devem ser tratados na fase de crescimento, no intuito de obterem-se melhores resultados e minimizar a recidiva.


Rizzatto SD, Allgayer S, Menezes LM, Lima EMS

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Endereço para correspondência Susiane Allgayer Faculdade de Odontologia da PUCRS Av. Ipiranga, 6681, Prédio 6, sl. 209 – 90.619-900 – Porto Alegre/RS E-mail: susianeallgayer@gmail.com

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caso clínico

Assimetria esquelética mandibular: relato de caso clínico Skeletal mandibular asymmetry: Case report

Gerson Luiz Ulema Ribeiro* Juliana da Silva Pereira** Carolina Baratieri*** Arno Locks**** Leticia Ruhland Correa***** Maurício Brunetto******

Abstract

Resumo O tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática é muito frequente em casos onde a assimetria esquelética está presente. Este artigo tem como objetivo relatar o tratamento ortocirúrgico de um paciente portador de má oclusão de

Classe III de Angle associado à assimetria mandibular. O plano de tratamento baseado na queixa principal do paciente e na obtenção de uma boa oclusão ao final do tratamento é de fundamental importância para o sucesso do caso clínico.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Má oclusão de Angle Classe III. Cirurgia ortognática. Assimetria facial.

Como citar este artigo: Ribeiro GLU, Pereira JS, Baratieri C, Locks A, Correa LR, Brunetto M. Assimetria esquelética mandibular: relato de caso clínico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):116-22.

Orthodontic treatment associated with orthognathic surgery is very common in cases where the skeletal asymmetry is present. This paper aims to report the orthosurgical treatment of a patient with Angle Class III malocclusion associated with mandibular

asymmetry. The treatment plan based on the patient’s main complaint and aiming to obtain a good occlusion as outcome is crucial for a successful clinical case.

Keywords: Corrective orthodontics. Angle Class III malocclusion. Orthognathic surgery. Facial asymmetry.

* Professor da Disciplina de Ortodontia na UFSC. ** Mestranda em Ortodontia na UFSC. *** Doutorando em Ortodontia na UFRJ. **** Professor da Disciplina de Ortodontia na UFSC.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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***** Doutoranda em Radiologia na PUC/RS. ****** Mestrando em Ortodontia na UFSC.


Caso Clínico

Assimetria esquelética mandibular: relato de caso clínico

Conclusão

Referências

O conjunto de um apurado diagnóstico, que abranja tanto os princípios ortodônticos quanto as queixas e expectativas do paciente, é importante para a elaboração de um correto plano de tratamento e de suma importância para o sucesso do mesmo. Em casos de moderada assimetria esquelética, facilmente perceptível na face do paciente, a cirurgia ortognática deve ser considerada no plano de tratamento, com objetivo de obter estética facial satisfatória ao final desse.

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Endereço para correspondência Juliana da Silva Pereira Rua Cristóvão Nunes Pires 150 – 88.010-120 – Florianópolis/SC E-mail: juspereira78@hotmail.com

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abstracts

Literatura ortodôntica mundial Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica.

Densidade dos ossos alveolar e basal da maxila e da mandíbula

Estabilidade do mini-implante avaliada com digitalização de tomografia computadorizada

Density of the alveolar and basal bones of the maxilla and the mandible

Miniscrew stability evaluated with computerized tomography scanning

Hyo-Sang Park, Youn-Ju Lee, Seong-Hwa Jeong, Tae-Geon Kwon Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008 Jan;133(1):30-7

Jung-Yul Cha, Jae-Kyoung Kil, Tae-Min Yoon, Chung-Ju Hwang Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Jan;137(1):73-9

Introdução: o objetivo dessa investigação foi avaliar quantitativamente a densidade dos ossos alveolar e basal da maxila e da mandíbula. Métodos: sessenta e três conjuntos de imagens de tomografias computadorizadas (TC) foram selecionadas, e a densidade óssea foi mensurada com o software de imagem V-Works (CyberMed, Seul, Coreia). A amostra consistiu de 23 homens (faixa etária 29±10,9 anos) e 40 mulheres (faixa etária 25,6±7,6 anos). Foram mensuradas as densidades ósseas cortical e esponjosa nos ossos alveolar e basal nas áreas de incisivo, canino, pré-molares, molares e tuberosidade maxilar/retromolar. Resultados: a densidade óssea da cortical da maxila variou aproximadamente entre 810 e 940UH (unidades Hounsfield) no osso alveolar, exceto na tuberosidade maxilar (443UH na vestibular e 615UH na palatina do osso alveolar), e entre 835 e 1113UH no osso cortical basal, exceto na tuberosidade (542UH). A densidade óssea da cortical da mandíbula variou entre 800 e 1580UH no osso alveolar e 1320 e 1560UH no osso basal. A maior densidade óssea na maxila foi observada nas áreas de canino e pré-molar, e a tuberosidade maxilar apresentou a menor densidade óssea. A densidade do osso cortical foi maior na mandíbula do que na maxila, e mostrou um aumento progressivo de incisivo para a área retromolar. Conclusões: esses dados podem fornecer informações valiosas ao selecionar sítios e métodos de colocação de mini-implantes na arcada dentária.

Introdução: neste estudo, objetivou-se determinar o efeito da densidade óssea mineral (DOM), da espessura da cortical óssea (ECO), da posição e do desenho do implante em sua estabilidade. Métodos: noventa e seis mini-implantes dos tipos cilíndrico e cônico foram colocados em 6 cães Beagle. A DOM e a ECO foram medidas através de tomografia computadorizada e correlacionadas com o torque de colocação, de remoção e mobilidade. A equação de regressão para prever o torque de colocação foi calculada com base na DOM, ECO, tipo e posição do implante. Resultados: o torque de colocação mostrou uma correlação positiva com a ordem do torque de remoção (0,66), a DOM da cortical óssea (0,58) e a ECO (0,48). Os valores dos torques de colocação e de remoção foram significativamente maiores na mandíbula do que na maxila. Mini-implantes cônicos tiveram torque de colocação maior do que o tipo cilíndrico (p<0,001). No entanto, o torque de remoção foi semelhante nos dois grupos. O torque de colocação foi afetado pela posição do implante, tipo de implante e DOM da cortical óssea, nessa ordem. Conclusões: a DOM da cortical óssea, o tipo e a posição de implante influenciam significativamente na estabilidade primária dos mini-implantes.

Tradução: Fabio Pinto Guedes.

Espessura da cortical óssea em locais comuns de colocação de mini-implante

Tradução: Fabio Pinto Guedes.

Cortical bone thickness at common miniscrew implant placement sites David Farnsworth, P. Emile Rossouw, Richard F. Ceen, Peter H. Buschang Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011 Apr;139(4):495-503.

Conheça o acervo de Abstracts da Dental Press, acesse: www.dentalpress.com.br/abstracts

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Introdução: o objetivo deste estudo foi avaliar as diferenças quanto à idade, sexo e espessura entre as regiões da cortical óssea nos sítios maxilares e mandibulares mais usados para colocação de mini-implantes. Métodos: foram avaliadas imagens de tomografia computadorizada de feixe cônico, com voxel de 0,39mm de tamanho, de 52 pacientes, incluindo 26 adolescentes (13 meninas, com idades entre 11 e 13 anos; 13 meninos, com idades entre 14 e 16 anos) e 26


Abstracts

adultos (13 homens e 13 mulheres, com idades entre 20 e 45 anos). Os dados das tomografias computadorizadas de feixe cônico foram importados por um software 3D (Dolphin Imaging Systems, versão 10.5, Chatsworth, Califórnia); orientações padronizadas foram utilizadas para medir a espessura da cortical óssea em 16 sítios, representando as seguintes regiões: 3 sítios paramedianos do palato, um sítio da crista infrazigomática, 4 sítios interradiculares vestibulares da mandíbula, e 4 sítios interradiculares vestibulares e linguais da maxila. Resultados: a análise de variância multivariada (MANOVA) não apresentou diferenças significativas na espessura da cortical óssea entre os sexos. Houve diferenças significativas (p<0,05) entre adolescentes e adultos, com a cortical dos adultos significativamente mais espessa em todas as áreas, exceto no sítio na crista infrazigomática, no sítio vestibular entre o primeiro e o segundo molar inferior, e no sítio posterior do palato. A cortical óssea foi mais espessa na região posterior do que na região anterior da mandíbula. Nos adultos, o osso interradicular na região entre o primeiro e o segundo pré-molar superior, e entre o segundo pré-molar e o primeiro molar era mais espesso do que o osso na região entre incisivo lateral e canino, e primeiro e segundo molares. O osso palatino paramediano anterior foi significativamente mais espesso do que o osso localizado mais posteriormente. As regiões vestibular da mandíbula e da crista infrazigomática tinham cortical óssea mais espessa; as diferenças entre as regiões vestibulares e linguais da maxila e do palato foram pequenas. Conclusões: as corticais ósseas da maxila e da mandíbula de áreas comumente usadas para colocação de mini-implantes são mais espessas em adultos do que em adolescentes. Existem também diferenças na espessura da cortical óssea entre e dentro das regiões dos maxilares que devem ser consideradas na colocação de mini-implantes. Tradução: Fabio Pinto Guedes.

Espessura da cortical óssea vestibular para colocação de mini-implante

Proximidade radicular é o fator principal para o insucesso do mini-implante em ancoragem ortodôntica Root proximity is a major factor for screw failure in orthodontic anchorage Shingo Kuroda, Kazuyo Yamada, Toru Deguchi, Takashi Hashimoto, Hee-Moon Kyung, Teruko Takano Yamamoto Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007 Apr;131(4 Suppl):S68-73. Introdução: o propósito desse estudo foi avaliar a proximidade radicular como um fator de risco para insucesso dos mini-implantes usados como ancoragem ortodôntica. Métodos: foram usadas radiografias dentárias e imagens de tomografia computadorizada 3D para examinar 216 mini-implantes de titânio em 110 pacientes. Cada mini-implante foi classificado de acordo com a sua proximidade à raiz adjacente — categoria I, o mini-implante foi absolutamente separado da raiz; categoria II, o ápice do mini-implante pareceu tocar a lâmina dura; e categoria III, o corpo do mini-implante estava sobreposto à lâmina dura. Se a força ortodôntica pudesse ser aplicada no mini-implante por 1 ano (ou até o tratamento ortodôntico estar completo), registrava-se a ancoragem do mini-implante como um sucesso. Resultados: os mini-implantes obtiveram uma alta taxa de sucesso (acima de 80%). Mini-implantes colocados na maxila tiveram uma taxa de sucesso significativamente maior do que na mandíbula. Houve uma correlação significativa entre índice de sucesso e proximidade radicular. Houve diferenças significativas nos índices de sucesso entre as categorias I e II, I e III, II e III. Embora mini-implantes das 3 categorias na maxila e das categorias I e III na mandíbula apresentassem um alto índice de sucesso (acima de 75%), mini-implantes na categoria III na mandíbula tiveram um índice menor de sucesso (35%). Conclusão: a proximidade do mini-implante à raiz é o principal fator de risco para o insucesso do mini-implante de ancoragem. Essa tendência é mais óbvia na mandíbula. Tradução: Isabella Simões Holz.

Buccal cortical bone thickness for mini-implant placement Sebastian Baumgaertel, Mark G. Hans Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009 Aug;136(2):230-5

Controle da dimensão vertical durante retração em massa com ancoragem por mini-implante

Introdução: a espessura da cortical óssea é um fator importante na estabilidade do mini-implante. Nesse estudo, nós investigamos a espessura da cortical óssea vestibular de cada área interdentária como uma ajuda no planejamento da colocação de mini-implante. Métodos: a partir da tomografia computadorizada de feixe cônico de 30 crânios secos, foram gerados cortes bidimensionais através de cada área interdentária. Nesses, a espessura da cortical óssea foi mensurada a 2, 4 e 6mm da crista alveolar. Correlação intraclasse foi utilizada para determinar a confiabilidade intraexaminador, e a análise de variância (ANOVA) foi utilizada para testar as diferenças de espessura da cortical óssea. Resultados: a espessura da cortical óssea vestibular foi maior na mandíbula do que na maxila. Enquanto essa espessura aumentou com o distanciamento da crista alveolar na mandíbula e no sextante anterior da maxila, o comportamento foi diferente nos sextantes vestibulares da maxila; a menor espessura foi ao nível de 4mm. Conclusões: a espessura interdentária da cortical óssea vestibular varia nos maxilares. Parece haver um padrão distinto. O conhecimento desse padrão e dos valores médios da espessura pode ajudar na seleção e preparação do local do mini-implante.

Vertical-dimension control during en-masse retraction with mini-implant anchorage

Tradução: Fabio Pinto Guedes.

Madhur Upadhyay, Sumit Yadav, Ravindra Nanda Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Jul;138(1):96-108 O controle da dimensão vertical com mecanoterapia de aparelho fixo tem sido sempre um problema a ser considerado em pacientes com abertura do ângulo alto de moderada a severa e inclinação vestibular severa dos dentes anteriores. A extrusão dos dentes posteriores é uma sequela inevitável nesses pacientes, especialmente se eles forem adultos. Esse artigo relata 3 pacientes que foram tratados com mini-implantes (diâmetro 1,3mm; comprimento 8mm) colocados entre as raízes do segundo pré-molar e do primeiro molar para retração em massa dos dentes anteriores. O sistema de força biomecânica desenvolvido não só manteve ancoragem absoluta, mas também proporcionou um controle efetivo da dimensão dentoalveolar posterior, tanto que uma dramática melhora na estética facial pôde ser atingida. Pequena, mas significativa, autorrotação da mandíbula pôde ser notada; isso levou ao

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ABSTRACTS

aumento da proeminência do mento em todos os 3 pacientes. Com um diagnóstico e plano de tratamento precisos, a ancoragem com mini-implante pode ser uma alternativa possível para a cirurgia ortognática em pacientes limítrofes similares aos apresentados. Tradução: Isabella Simões Holz.

Mensuração da densidade óssea em áreas interdentárias com colocação simulada de mini-implantes ortodônticos Bone density measurement in interdental areas with simulated placement of orthodontic miniscrew implants Jin-Hugh Choi, Chang-Hun Park, Seung-Won Yi, Hoi-Jeong Lim, Hyeon-Shik Hwang Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(6):766.e1-12; discussion 766-7 Introdução: os objetivos desse estudo foram determinar a densidade óssea em diversos sítios de implantes ortodônticos e compará-los de acordo com a profundidade e a área (anterior e posterior, vestibular e lingual, maxila e mandíbula). Métodos: dados da tomografia computadorizada da região maxilofacial foram obtidos em 30 adultos com oclusão normal. A densidade óssea foi registrada em unidades de Hounsfield com colocação simulada de mini-implantes com o programa V-implant (Cybermed, Seul, Coreia). A densidade óssea foi mensurada até a profundidade de 6mm, a intervalos de 1mm, em 60 áreas interdentárias (30 na maxila e 30 na mandíbula), e a densidade óssea média foi calculada em cada sítio. Resultados: a densidade óssea tende a diminuir com o aumento da profundidade, particularmente na área posterior. A densidade óssea média mostrou um aumento progressivo de posterior para anterior, com exceção da face vestibular, onde não houve diferenças significativas. Uma comparação da densidade óssea média entre as faces vestibular e lingual na mandíbula mostrou que na face lingual os valores foram maiores na área anterior, e ao contrário na parte posterior. Por outro lado, não houve diferenças significativas entre as faces vestibular e lingual na maxila. Uma comparação entre as densidades ósseas médias na maxila e na mandíbula apresentou valores maiores para a mandíbula, e essas diferenças foram mais significativas na face vestibular posterior. Conclusões: as diferenças nas densidades ósseas de acordo com a profundidade e área devem ser consideradas na seleção e colocação de mini-implantes para ancoragem ortodôntica. Tradução: Isabella Simões Holz.

Efeitos da orientação de mini-implantes em sua estabilidade e resistência a falhas Effects of miniscrew orientation on implant stability and resistance to failure Michael B. Pickard, Paul Dechow, P. Emile Rossouw, Peter H. Buschang Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Jan;137(1):91-9 Introdução: o objetivo deste estudo foi determinar o efeito da orientação do mini-implante sobre a resistência à falha na interface osso-implante. Métodos: os mini-implantes (IMTEC, Ardmore, Oklahoma) foram colocados em nove mandíbulas de cadáveres humanos, orientados a 90º ou 45º à superfície óssea, e testados até

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falharem nos testes de tração e de cisalhamento. A linha de força aplicada e a orientação dos implantes alinhados a 45º eram paralelas ou perpendiculares ao eixo máximo de rigidez óssea. Nos testes de cisalhamento, os implantes alinhados a 45º foram angulados em direção oposta ao eixo de força de cisalhamento. Resultados: os implantes alinhados a 90º tiveram a maior tendência ao insucesso dentre todos os grupos (342±80,9N, p<0,001). Nos testes de cisalhamento, os implantes que estavam angulados na mesma direção que a linha de força foram os mais estáveis e tiveram a maior força de ruptura (253±74,05N, p<0,001). Os implantes angulados longe da direção de força foram os menos estáveis e tiveram a menor força (87±27,2N) ao falhar. Conclusões: quanto mais perto o longo eixo do implante estiver da linha de força aplicada, maior sua estabilidade e maior resistência à falha. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden.

Relação entre o padrão esquelético vertical e o índice de sucesso de mini-implantes ortodônticos Relationship between vertical skeletal pattern and success rate of orthodontic mini-implants Cheol-Hyun Moon, Hyun-Kyung Park, Ji-Seon Nam, Jeong-Soo Im, Seung-Hak Baek Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Jul;138(1):51-7 Introdução: o objetivo desta pesquisa foi determinar quais fatores clínicos e esqueléticos estão relacionadas com o índice de sucesso dos mini-implantes ortodônticos em áreas posteriores vestibulares da maxila e da mandíbula. Métodos: um total de 778 mini-implantes ortodônticos (Dual-Top Anchor System, Jeil Medical, Seul, Coreia; 1,6mm de diâmetro, 8mm de comprimento, forma cilíndrica, autoperfurantes) em 306 pacientes foram examinados retrospectivamente. O índice de sucesso foi calculado de acordo com variáveis clínicas (sexo, idade, gerenciamento do tecido mole, posição de colocação, classificação esquelética sagital, discrepância de comprimento da arcada, e lado) e variáveis esqueléticas (ângulo articular, ângulo do plano mandibular com plano palatino, ângulo do plano mandibular com plano de Frankfurt, ângulo do plano mandibular, ângulo goníaco, ângulo goníaco superior e ângulo goníaco inferior). Análise de variância (ANOVA), testes qui-quadrado e análise de regressão logística múltipla foram usados para análises estatísticas. Resultados: o índice geral de sucesso foi de 79,0%. Quase 80% das falhas ocorreram nos 4 primeiros meses. As variáveis clínicas sexo, idade, gerenciamento de tecido mole, classificação esquelética sagital, discrepância de comprimento da arcada e lado não mostraram diferenças significativas no índice de sucesso. Embora os índices de sucesso tenham sido significativamente diferentes de acordo com a posição de colocação (p<0,01), não houve diferença significativa quanto às posições de colocação. Nas variáveis esqueléticas, os ângulos goníacos superiores médios (84,2%) tiveram um índice de sucesso significativamente maior (p<0,01) do que ângulos goníacos superiores baixos (75,7%) e altos (71,2%). Os grupos com elevado ângulo do plano mandibular com plano de Frankfurt (p<0,05) e reduzido ângulo goníaco superior (p<0,05) apresentaram probabilidade de sucesso significativamente menor do que os outros tipos. Conclusões: o padrão esquelético vertical pode ser um fator importante para o sucesso de mini-implantes colocados em áreas posteriores vestibulares. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden.



controvérsias

Osso fasciculado: a parte mais externa de um dente! Extrapolações e explicações clínicas Bundle bone: The outer portion of a tooth! Extrapolation and clinical explanations

Alberto Consolaro* Renata B. Consolaro** Leda A. Francischone***

Abstract

Resumo O osso fasciculado reveste a parede alveolar e tem turnover mais acelerado do que o osso maduro, assim como o ligamento periodontal. O cemento, o ligamento e o osso fasciculado têm a mesma origem ectomesenquimal: o folículo dentário. O componente mais externo de um órgão dentário está representado pelo osso fasciculado, e não pelo cemento. O turnover acelerado do ligamento periodontal e do osso fasciculado explica porque os movimentos dentários induzidos têm um curto tempo de obtenção e estabilidade nos resultados.

Em movimentos de rotação no longo eixo, requer-se remodelação de fibras gengivais circulares e transeptais, mas o tecido conjuntivo gengival tem origem mesenquimal comum, com turnover muito mais lento. A obtenção mais lenta do movimento de rotação requer contenção por meses, até que as fibras gengivais sejam remodeladas e reposicionadas, para gerarem estabilidade do resultado final. Conhecer a origem, estrutura e função do osso fasciculado facilita a compreensão dos resultados de alguns procedimentos ortodônticos.

gival fibers, but the gingival tissue has common mesenchymal origin, with much slower turnover. Obtaining slower rotational movements requires retention for months, until the gingival fibers are remodeled and repositioned, to generate a final result with stability. Understanding about the origin, structure and function of bundle bone facilitates the comprehension of some orthodontic procedures outcomes.

Palavras-chave: Osso fasciculado. Movimento ortodôntico. Rotação. Ligamento periodontal. Gengiva.

Keywords: Bundle bone. Orthodontic movement. Rotation. Periodontal ligament. Gingiva.

Como citar este artigo: Consolaro A, Consolaro RB, Francischone LA. Osso fasciculado: a parte mais externa de um dente! Extrapolações e explicações clínicas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 dez-2012 jan;10(6):128-33.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Bundle bone covers the alveolar walls and has a more accelerated turnover than the periodontal ligament. The cementum, the ligament and the bundle bone have the same ectomesenquimal origin: The dental follicle. The outer component of a dental organ is represented by the bundle bone and not by the cementum. The accelerated turnover of periodontal ligament and bundle bone explain why the inducted dental movements have a short achievement time and stable results. Rotation movements along the axis requires remodeling of the circular and transeptal gin-

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* Professor Titular da Faculdade de Odontologia de Bauru/USP e da Pós-graduação da FORP-USP. ** Professora Doutora Substituta da Faculdade de Odontologia de Araçatuba/ UNESP e das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI). *** Professora Doutora da USC - Bauru.


Consolaro A, Consolaro RB, Francischone LA

Considerações Finais Do ponto de vista funcional, o componente mais externo de um órgão dentário está representado pelo osso fasciculado, e não pelo cemento, como habitualmente se encontra relatado. O turnover acelerado do ligamento periodontal e do osso fasciculado explica por que os movimentos dentários induzidos têm um tempo curto de obtenção e uma estabilidade maior dos resultados. Em movimentos de rota-

ção, no entanto, requer-se remodelação de fibras gengivais circulares e transeptais, mas o tecido conjuntivo gengival tem origem mesenquimal comum, com turnover muito mais lento, enquanto as estruturas periodontais de suporte são ectomesenquimais, derivadas do folículo dentário. Em consequência, a obtenção mais lenta do movimento de rotação requer contenção por meses, até que as fibras gengivais sejam remodeladas e reposicionadas, para que gerem estabilidade do resultado final.

Referências 1. Berkovitz BKB, Holland GR, Moxham BJ. Oral Anatomy, histology and embryology. London: Mosby-Elsevier; 2009. 2. Berkovitz BKB, Moxham BJ, Newman HN. The periodontal ligament in health and disease. 2nd ed. London: Mosby-Wolfe; 1995. 3. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 2ª ed. Maringá: Dental Press; 2005. 4. Newman MG, Takei HH, Klokkevold PR, Carranza FA. Clinical periodontology. St Louis: Elsevier; 2006.

Endereço para correspondência Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br

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instruções aos autores

— A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, dirigida à classe odontológica, destina-se à publicação de relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesse aos profissionais da área, comunicações breves e atualidades. — A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br — Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Euclides da Cunha 1718, Zona 5 CEP: 87.015-180, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br — As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nesta publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nesta publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas. — Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DE MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como descrito a seguir: 1. Página de título — deve conter título em português e inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não inclua informações relativas aos autores, por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos. Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.

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2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).


Instruções aos autores

7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. 9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos ao lado.

Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpressjournals.com.br

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registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.

Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que

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integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

Posicionamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.


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