volume 11, nĂşmero 2, abril/maio 2012
Dental Press
Rev ClĂn Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):1-140
ISSN 1676-6849
volume 11, número 2, abril/maio 2012
Dental Press
42
Avaliação in vitro do comportamento das cadeias elastoméricas conforme temperatura e tempo de armazenamento
50
Ganhos periodontais na correção da mordida cruzada anterior dentária: relato de caso clínico
58
Má oclusão de Classe II, Divisão 1: avaliação longitudinal pós-contenção
70
Tratamento ortodôntico-cirúrgico de má oclusão do Padrão II relacionado à SAOS: relato de caso
84
Avaliação óssea da região de incisivos inferiores, por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico, em paciente Padrão II tratado com aparelho de protração mandibular
In vitro evaluation of elastomeric chains behavior according to time and temperature of storage Talita Hilb Strützel, Rodrigo Cecanho
Periodontal gains in the correction of the dental anterior crossbite: A case report Monica Malvar Corbacho, Lucianna Gomes, Telma Martins de Araújo
58
Class II, Division 1 malocclusion: Longitudinal post-retention evaluation Carolina Baratieri, Matheus Alves Junior, José Nelson Mucha, Ana Maria Bolognese, Margareth Maria Gomes de Souza
Surgical-orthodontic treatment of Class II malocclusion related to OSAS: A case report Mauricio de Almeida Cardoso, Fabio Pinto Guedes, Maíra Massuia Souza, Danilo Furquim Siqueira, Reinaldo Mazzottini, Leopoldino Capelozza Filho
Bone evaluation of lower incisors region using Cone-Beam computed tomography of a skeletal Class II patient treated with mandibular protraction appliance Rafael de Faria Bicalho, Jaime Sampaio Bicalho, Marcelo Marques Quaresma, Weber Ursi
96
A variação de cálcio, amilase, glicose, proteínas totais, fluxo, pH e capacidade de tamponamento da saliva de pacientes em tratamento ortodôntico interceptativo The variation of calcium, amylase, glucose, total protein, flow, pH and buffering capacity of saliva of patients in interceptive orthodontic treatment Julliane Salgado Ribeiro, Giovanna Simião Ferreira, João Armando Brancher, Sérgio Aparecido Ignácio, Elisa Souza Camargo
102
Histórico de traumatismo dentoalveolar e movimentação ortodôntica: uma relação perigosa?
118
Tratamento da Classe II subdivisão em paciente com crescimento: relato de caso — parte I
History of dentoalveolar trauma and orthodontic movement: A dangerous relationship? Mauro Carlos Agner Busato, Alex Luiz Pozzobon Pereira, Priscilla do Monte Ribeiro Busato, Kathleen Strapasson Bordiga, Marcos Rogério de Mendonça
Treatment of Class II subdivision in a growing patient: A case report — Part I Henrique Oliveira Feitosa, Gustavo Tirado Rodrigues
84
50
118 106
18
36
Editorial ������������������������������������������������ 5 Eventos ������������������������������������������������� 6 Acontecimentos ����������������������������������� 8 Entrevista ����������������������������������������������12 Pergunte a um Expert ������������������������� 18 Dica Clínica ����������������������������������������� 36 Ortodontia Forense ���������������������������� 38 Controvérsias ������������������������������������ 130 Abstracts ������������������������������������������� 134 Instruções aos autores ���������������������� 138
EDITOR Weber José da Silva Ursi
FOSJC/UNESP-SP
EDITOR EMÉRITO Omar Gabriel da Silva Filho HRAC-USP EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto UFG-GO Rosely Suguino CESUMAR-PR Danilo Furquim Siqueira USC-SP
PUBLISHER Laurindo Furquim UEM-PR
oordenador dos Abstracts C Mauricio de Almeida Cardoso
USC-SP
ONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO C Adilson Luiz Ramos UEM-PR Hélio Hissashi Terada UEM-PR CONSULTORES CIENTÍFICOS
Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Björn U. Zachrisson Carlo Marassi Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz
UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP Universidade de Oslo / Noruega CPO SLMANDIC-SP Uniceuma-SP UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP Clínica particular-SP UFRN-RN ABENO-SP
Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - DiretorES Editoriais: Bruno D’Aurea Furquim - Rachel Furquim Marson - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - ANALISTA DA INFORMAÇÃO: Carlos Alexandre Venancio - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Diego Ricardo Pinaffo - Bruno Boeing de Souza - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Michelly Andressa Palma - Tatiane Comochena - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Revisão/COPydesk: Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - Adna Miranda - JORNALISMO: Beatriz Lemes Ribeiro - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernanda de Castro e Silva - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - Rachel Furquim Scattolin COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosana Guedes da Silva
Guilherme de Araújo Almeida UFU-MG Henrique Mascarenhas Villela ABO-BA Jeffrey P. Okeson Universidade de Kentucky / EUA Jesús Fernández Sánchez Universidade de Madrid / Espanha José Fernando C. Henriques FOB-USP-SP José Nelson Mucha UFF-RJ José Rino Neto FOUSP-SP Júlia Harfin Universidade de Maimonides / Argentina Julio de Araújo Gurgel FOB-USP-SP Julio Pedra e Cal-Neto UFF-RJ Jurandir Antonio Barbosa ACDC-SP Larry White AAO Dallas / EUA Leopoldino Capelozza Filho USC-SP Lorenzo Franchi Universidade de Florença / Itália Luciano da Silva Carvalho APCD-SP Marcelo de Castellucci e Barbosa UFBA-BA Marcio Costa Sobral UFBA-BA Marcio Rodrigues de Almeida UNOPAR-PR Marden Bastos EAP-ABO-MG Matheus Melo Pithon UESB-BA Ravindra Nanda Universidade de Connecticut / EUA Ricardo Nakama Clínica particular-PR Roberto Hideo Shimizu UTP-PR Roberto Justus Univ. Tecnológica do México / México Sebastião Interlandi USP-SP Vincent G. Kokich Universidade de Washington / EUA Wagner José Silva Ursi UEL-PR Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana FOB-USP-SP
Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti FOB-USP-SP
Patologia Alberto Consolaro FOB-USP-SP
Dentística Renata Pascotto
UEM-PR
A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP 87.015-180 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.
Indexada nas Bases de Dados:
Bimestral. ISSN 1676-6849.
BBO
1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. CDD 21.ed. 617.643005
desde 2003
desde 2003
desde 2008
editorial
“Doutor, o que o senhor acha?“ Weber Ursi Editor
Quantas vezes ouvimos essa pergunta em nossa vida clínica? Quanto mais experiente o profissional, mais ele será procurado, para responder essa pergunta, por pacientes que estão em tratamento com outro profissional. Existem várias nuances na resposta, uma vez que as circunstâncias ditam o grau de comprometimento e transparência dessa. A primeira questão é como o paciente chegou até o profissional? Foi passando na rua, procurando na internet, ficou sabendo que é mais barato, foi indicado por outro paciente ou teve indicação de um colega que o examinou e observou que algo estava errado? Cada uma dessas opções merece uma consideração distinta. Cabe ao ortodontista que está recebendo o paciente investigar a motivação dessa avaliação e usar o bom-senso de como proceder. A versão que o paciente nos passa nem sempre corresponde à realidade dos fatos, seja por omissão, por tendenciosidade ou mesmo desonestidade. Há muitos anos fiz uma consulta de uma paciente que estava em tratamento ortodôntico com outro profissional, com o qual eu tinha uma ótima relação de trabalho e amizade, e que me procurou por se dizer insatisfeita com o andamento do caso. Uma simples ligação para o profissional revelou que a paciente estava inadimplente com seu consultório há mais de um ano, daí o motivo da “insatisfação”. Quantas vezes não “compramos” a versão de uma das partes, seja ela a do paciente ou a do profissional, que não condiz com a realidade. Para evitar essas “saias justas”, muitos ortodontistas têm como política simplesmente não atender esses pacientes, ou mesmo não aceitar transferências de pacientes em tratamento. O problema é que o paciente, muitas vezes, não menciona, no primeiro contato telefônico com o consultório, que está em tratamento... O profissional só vai saber do fato quando ele chega para a primeira avaliação. Como fica nossa relação com o paciente que nos procurou? Um aforismo da área médica, que nós abraçamos, é atribuído a uma interpretação dos ensinamentos de Hipócrates: “Curar algumas vezes, aliviar outras, consolar sempre”. O profissional deve obter a informação crucial para determinar sua conduta: qual é a intenção real do paciente, procura uma solução para um problema ou ele é o problema? Com alguma experiência e transparência, é possível obter essa informação: muitos pacientes passam grande parte da consulta falando mal sobre o profissional, e não sobre o que quer obter com o tratamento. Alguns profissionais se comprazem e até estimulam esses relatos, como se a desgraça alheia fosse a sua felicidade...
Se formos íntegros e éticos, devemos ser objetivos nas perguntas e demandar respostas pertinentes, não entrando no terreno lodoso do maldizer. O paciente tem o direito de perguntar nossa opinião, e nós temos o direito de responder que, dados os inúmeros fatores que contribuem para o sucesso do tratamento — como grau de dificuldade do caso, grau de colaboração e assiduidade do paciente e filosofia do profissional —, fica impossível se atribuir uma “culpa”. Como proceder, então? Uma opção, a partir do momento em que se percebe que o paciente está nos procurando para resolver o problema de maneira honesta e transparente, seria solicitar a remoção do aparelho que está sendo usado e fazer uma nova documentação ortodôntica completa, para que se possa elaborar um novo plano de tratamento. Não é ético tecer comentários sobre o trabalho de outros, uma vez que não sabemos as circunstâncias em que foram efetuados. O mesmo acontece conosco quando um colega clínico avalia o resultado de um caso que tratamos e cujo resultado não está ideal: é justo receber uma crítica quando, muitas vezes, o caso está bem melhor do que quando o iniciamos, e resultados melhores não foram obtidos por fatores fora de nosso controle? Portanto, muito cuidado antes de atirar a primeira pedra, embora frequentemente alguns colegas sejam merecedores de uma avalanche... Caso haja uma repetição sistemática de má conduta, imperícia ou imprudência por parte de um profissional, devemos informar ao paciente, uma vez que nosso papel não é encobertar erros grosseiros de maus profissionais que denigrem a imagem da especialidade, e que deveriam estar em outro ramo de atividade. A ética é devida tanto aos colegas quanto aos pacientes que nos procuram. Por outro lado, à pergunta “Mas não dá para continuar com esse aparelho, eu já paguei por ele?”, uma resposta adequada é que cada ortodontista usa e posiciona os braquetes que melhor lhe servem e, portanto, na maioria absoluta dos casos, isso não é possível. Mesmo quando utilizamos os mesmos braquetes, o próprio posicionamento dos acessórios e sua acuidade são muito pessoais: muitas vezes é mais rápido trocar os braquetes do que fazer dobras compensatórias o restante do tratamento. Ser ético, profissional e transparente irá atrair pessoas do mesmo tipo para seu consultório. Mais uma vez, lembre-se da antiga máxima: “Não existe negócio bom com gente ruim...”.
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eventos
4º CCORTO - 2012
4º ccorto - 2012 – congresso catarinense de ortodontia Data: 28 a 30 de junho de 2012 Local: Costão do Santinho Resort & Spa – Florianópolis / SC Informações: www.ccorto.com.br
28 a 30 de junho de 2012
Costão do Santinho Resort & Spa - Florianópolis, SC Promoção e Realização
Apoio
Organização
ABOR Seção SC
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ORTODONTIA E ORTOPEDIA FACIAL
www.ccorto.com.br
SBO Orto Premium
www.oceanoeventos.com.br
Data: 12 a 14 de julho de 2012 Local: Hotel Windsor Atlântica - Rio de Janeiro / RJ Informações: www.sbo.org.br
6º congresso Sul brasileiro de ortodontia Data: 10 a 11 de agosto de 2012 Local: Sibara Flat Hotel – Balneário Camboriú / SC Informações: www.oralesthetic.com
1º congresso internacional de ortodontia - amazônia Data: 23 a 25 de agosto de 2012 Local: Estação das Docas – Belém / PA Informações: www.abor-pa.com.br
OMD - 21º congresso Ordem dos médicos dentistas Data: 08 a 10 de novembro de 2012 Local: Exponor Matosinhos Porto – Portugal Informações: www.omd.pt
Ciosp - 1º congresso interdisciplinar da apcd Data: 31 de janeiro a 03 de fevereiro de 2013 Local: Centro de Exposições de Convenções – São Paulo / SP Informações: www.ciosp.com.br
Abor - 9º congresso internacional Data: 09 a 12 de outubro de 2013 Local: Centro de Convenções – Natal / RN Informações: www.congressoabor2013.com.br
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):6
ACONTECIMENTOS
7° Congresso Internacional de Odontologia Dental Press A Dental Press realizou este ano a 7ª edição de seu Congresso Internacional de Odontologia, realizado entre 19 e 21 de abril no Teatro Calil Haddad, em Maringá/PR. O evento, que contou com a presença de mais de 500 congressistas, teve como palestrantes, nacionais e internacionais, os renomados Drs. Lawrence e Will Andrews, Jason Cope, Ricardo Mitrani, Alberto Consolaro, Leopoldino Capelozza Filho, Carlos A. G. Cabrera, Marcos Janson, Dudu Medeiros, Ertty Silva, Sidney Kina e Roberto Brandão. As seguintes empresas estiveram presentes nesse evento: Aditek do Brasil, Dental Morelli, Eurodonto, Ortho Guia, Surya Dental, Vision, Orthometric, Ortho Source, TP Brasil, Oral B e Purity.
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Roberto Pupin, prefeito de Maringá em exercício, participou da solenidade de abertura.
Participantes do Congresso, na apresentação do Hino Nacional.
Alberto Consolaro e Carla Melleiro.
Leopoldino Capelozza Filho, Rosely Suguino e Carlos A. G. Cabrera.
Sidney Kina ministrando aula.
Fernando Marson, Ricardo Mitrani e Rachel Furquim Marson.
Roberto Brandão e Ertty Silva.
Jason Cope e Laura Cabrera.
Marcos Janson autografando livros.
Lawrence Andrews, Renato R. Almeida e Márcio R. Almeida.
Dudu Medeiros ministrando aula.
Painéis apresentados em TVs de LCD.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):8-10
ACONTECIMENTOS
Festa de confraternização Na quinta-feira (19), durante o 7° Congresso Internacional Dental Press, os participantes estiveram presentes em um animado jantar de confraternização, realizado no Giardino Eventos e animado pela banda Lobex.
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Salão da festa de confraternização no Giardino Eventos.
Alunos do curso de Especialização em Ortodontia Dental Press com Laurindo Furquim.
Lawrence Andrews, Rosana Moura, Gastão Moura, Bruno Furquim, Flávia Furquim e Will Andrews.
Alunos do curso de Especialização em Ortodontia Dental Press.
Festa de confraternização.
Festa de confraternização.
Maria Dalva T. T. Plutarco e marido, e Renata K. Gonçalves.
Lorena Tatim, Thaisa M. Polli, Laurindo Furquim, Janaina Franzoi e Ertty Silva.
Merian Lucena e Raul A. G. Pistorello.
Volmir Faedo e sua esposa, Kadije Faedo.
Carlos M. Hirata, Rodrigo Polizel Ribeiro, Primo Luiz Bof, Marcio N. Rodrigues e Rafael B. Lourenço.
Lawrence Andrews e Rachel Furquim Marson.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):8-10
ENTREVISTA
Oraci João de Vechi Morelli Oraci João de Vechi Morelli, nascido na cidade de Tietê/SP, ainda adolescente iniciou um curso profissionalizante na escola SENAI de Votorantim/SP. Posteriormente, tornou-se instrutor da escola SENAI-Sorocaba (SP) e trabalhou em várias indústrias, entre elas a Embraer. Em 1978, criou uma máquina para produzir peças de aço inoxidável com apenas alguns milímetros — peças que foram apresentadas a ele por um colega da escola SENAI, a pedido de um ortodontista. Movido pela curiosidade e pelo desafio, desenvolvia essa máquina após o expediente, em uma oficina de tornearia e usinagem, da qual era sócio, na cidade de Sorocaba. Após meses de trabalho, utilizando muitas vezes material de sucata, a primeira máquina produtora de braquetes ficou pronta. O ortodontista que, inicialmente, havia manifestado interesse pelo projeto, caso esse fosse concretizado, desistiu de investir. A máquina, então, foi deixada de lado até meados de 1980. Nesse mesmo ano, foi desfeita a sociedade da oficina de tornearia e usinagem, e o senhor Oraci abriu outra empresa de usinagem. Nessa época, havia grande carência de materiais ortodônticos. Os produtos existentes eram todos importados, escassos e de alto custo para a realidade brasileira. Os tratamentos estavam restritos apenas às universidades, para pacientes com anomalias graves ou pessoas com alto poder aquisitivo. Foi assim que, através de um amigo, cujo filho tratava de problemas labiopalatais no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo — o “ Centrinho”, de Bauru —, foram levados alguns braquetes aos especialistas. Rapidamente os ortodontistas se interessaram e passaram a sugerir melhorias, além de adquirir os braquetes. Assim nascia, em um pequeno barracão próximo ao rio Sorocaba, a “Oraci João de Vechi Morelli Indústria e Comércio de Peças para Ortodontia”, atual Dental Morelli Ltda.
Como citar esta entrevista: Morelli OJV. Entrevista. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):12-6.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):12-6
entrevista
Entrevista
e pesquisadores e adotamos, há anos, a consciência de que toda crítica ou sugestão orienta a direção da empresa.
Como a Dental Morelli pretende melhorar a qualidade da Ortodontia brasileira por meio do desenvolvimento de seus produtos? (Carlos Alberto Gregório Cabrera) Participamos da Ortodontia brasileira ao atender as sugestões dos ortodontistas para melhoria dos produtos, além de possuirmos uma excelente equipe para desenvolver as melhores técnicas de fabricação.
O controle de qualidade dos produtos Morelli é realizado pela própria empresa ou é terceirizado para empresas especializadas? (Carlos Alberto Gregório Cabrera) Somos uma empresa verticalizada e nos especializamos em fabricar nossos próprios equipamentos. Temos dois laboratórios para controlar as matérias-primas utilizadas nos processos e nos produtos. Somos certificados pelas normas ISO, além dos selos CE e FDA. Porém, o principal controle de qualidade é a aprovação dos nossos produtos pelos ortodontistas.
entrevistadores Adilson Ramos
Marcelo Fabian Martins
» Professor Associado do Departamento de Odontologia da UEM.
» Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial, UNOESTE.
» Mestre (FOB-USP) e Doutor (UNESP-Araraquara) em Ortodontia.
» Especialista em Ortopedia Funcional dos Maxilares, CFO.
» Editor do DPJO (2003 – 2006).
Carlos Alberto Gregório Cabrera » Especialista, Mestre e Doutor em Ortodontia, USP-Bauru. » Especialista em Radiologia, UUP- Bauru.
Jairo Corrêa » Mestre em Saúde Pública, Universidade de São Paulo. » Fundador da Sociedade Paulista de Ortodontia (cofundador). » Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial. » Especialista em Odontopediatria.
» Mestre em Ortodontia, São Leopoldo Mandic.
Marcos Janson » Especialista e Mestre em Ortodontia, FOB–USP. » Professor e Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia CIODONTO, Sertãozinho/SP. Ricardo F. Horliana » Professor Adjunto da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da UNISANTA. » Professor Assistente do Curso de Especialização em Ortodontia da UNISANTA. » Professor Colaborador do Curso de Atualização em Ortodontia para pacientes adultos com auxílio de ancoragem absoluta, disciplina de Ortodontia, USP.
Kurt Faltin Junior » Professor e Coordenador dos Cursos de Graduação, Especialização e Mestrado em Ortodontia da Universidade Paulista, UNIP.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):12-6
» Coordenador do Departamento de Ortodontia da Associação dos Cirurgiões-Dentistas da Baixada Santista, ACDBS/Regional APCD.
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Técnica Lingual Simplificada
Alexandre Moro
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intRodução Imagine corrigir dentes desalinhados e chegar a um sorriso perfeito, sem mostrar aparelhos metálicos ou de cerâmica. Isso é possível com a Técnica Lingual, a técnica invisível. A Ortodontia Lingual, como conhecida atualmente (aparelho multibraquetes), começou na década de 70, no Japão, com Kinya Fujita1, a fim de satisfazer praticantes de artes marciais, para proteger os tecidos moles (lábios e bochechas) do impacto contra os braquetes. Nos Estados Unidos, surgiu em 1975 quando Craven Kurz e Jim Mulick iniciaram seus estudos na Universidade da Califórnia, em Los Angeles. Apesar do grande entusiasmo inicial que gerou na especialidade, logo caiu em desuso devido à má qualidade dos resultados obtidos. As razões para isso foram o treinamento inadequado dos profissionais, sistemas de laboratório mal desenvolvidos e a indisponibilidade de arcos pré-formados. Na década de noventa, a técnica lingual praticamente foi esquecida nos Estados Unidos e teve grande desenvolvimento na Ásia e na Europa. Vários tipos de braquetes linguais foram desenvolvidos, e as dificuldades iniciais foram sendo superadas. Durante muitos anos, vários sistemas de colagem indireta dos braquetes linguais foram desenvolvidos. Entretanto, esses procedimentos laboratoriais impuseram limitações na aplicação da técnica, sobretudo no tocante a custos adicionais e demora nos procedimentos, sem contar a necessidade de capacitação profissional para executar tais procedimentos2. A Ortodontia Lingual está passando por uma nova fase e muito do que está acontecendo se deve à grande
divulgação dos alinhadores transparentes removíveis3. Muitos pacientes que fizeram um primeiro tratamento com aparelho fixo metálico quando adolescentes estão, na atualidade, corrigindo pequenas recidivas. Esses pacientes têm preferido utilizar aparelhos estéticos, principalmente os alinhadores. Da mesma forma, pacientes adultos que não tiveram oportunidade de tratar-se quando crianças, atualmente estão buscando tratamento e também não querem usar um aparelho convencional. Entretanto, muitos profissionais já perceberam que os alinhadores possuem uma série de desvantagens, como custo elevado, longo período de tratamento, dependência da colaboração do paciente, finalização problemática, não movimentar o dente de corpo, não são “invisíveis”, têm planejamento demorado no computador4. Para competir com os alinhadores, as empresas têm partido para a Técnica Lingual Simplificada (Social Six5, Ortodontia Lingual 2D6, Minor Tooth Movement7, braquete Idea-L8, etc). Ela se destina a alinhar apenas os dentes anteriores (casos cosméticos simples), não necessita a realização de um setup, nem grandes procedimentos laboratoriais, e pode ser realizada no próprio consultório. Na técnica simplificada, o mais indicado tem sido a colagem dos braquetes nos modelos sem a confecção de um pad, e a sua transferência por meio de uma moldeira completa ou do tipo individual (Hiro System9) para os dentes do paciente. Durante os últimos anos, temos trabalhado com alguns sistemas para a Ortodontia Lingual simplificada e nesse artigo vamos tentar passar um pouco da experiência acumulada.
Como citar este artigo: Moro A. Técnica Lingual Simplifica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):18-33.
» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):18-33
Moro A
Uma das maiores dificuldades encontradas na técnica simplificada é a manutenção da forma da arcada. Muitas vezes, quando se coloca os braquetes de canino a canino, há uma grande chance do canino inclinar-se para vestibular, e a sua posterior correção se torna difícil com o aparelho simplificado. O tempo de cadeira do paciente é maior que na técnica vestibular, e isso pode complicar ainda mais, principalmente no caso de descolamento de braquetes. As emergências são mais demoradas.
Resultado Financeiro Um aspecto muito importante a ser analisado por quem pretende iniciar na Ortodontia Lingual, é o aspecto financeiro. Os materiais utilizados na técnica lingual, como braquetes e fios, custam muito mais caro que os utilizados na técnica convencional. Além disso, o tempo de cadeira do paciente também é maior. No mínimo gasta-se o dobro de tempo que se gastaria em um atendimento por vestibular. A recolagem
de braquetes pode gastar até 3 vezes mais tempo. Isso vai ter um grande impacto no resultado financeiro. Não há como se cobrar barato por tipo de atendimento. Também não se deve formular os preços apenas diminuindo um pouco o valor que o colega ao lado cobra.
Conclusões A Técnica Lingual Simplificada é uma alternativa que apresenta uma ótima relação de custo-benefício quando comparada aos aparelhos linguais montados com setup ou desenhados no computador; e também aos alinhadores removíveis para o tratamento de casos de pacientes adultos que não requerem movimentos dentários de terceira ordem. Além disso, possibilita ao ortodontista clínico a sua iniciação na Técnica Lingual e, à medida em que aprofunda seus conhecimentos, poderá partir para voôs mais altos, com técnicas mais avançadas como o Arco Contínuo10,17, o Incognito18 ou o Harmony19.
Referências 1. Fujita K. New orthodontic treatment with lingual bracket and mushroom archwire appliance. Am J Orthod. 1979;76:657-75. 2. Prieto MGL, Prieto NT, Prieto LT, Prieto LT. Instrumentais em Ortodontia Lingual. Ortho Science andPractice. 2009;2(6):580-5. 3. Moro A, Bie MDD, Lopes SK, Alves PL, Silveira MF.Ortodontia Lingual 2D passo a passo. Ortho Science andPractice. 2012;5(17):73-85. 4. Moro A Bié MD, Lopes SK, Spada PCP, Portela CP. Podemos fazer colagem direta na ortodontia lingual? In: Marigo M, et al, editors. Ortodontia Lingual. Maringá: Dental Press; 2011. p.291-99. 5. Scuzzo G,Takemoto K. Lingual orthodontics – a new approach using STB light lingual system. Berlin (DE): Quintessence; 2010. 256p. 6. Macchi A, Norcini A, Cacciafesta V, Dolci F. The use of bidimensional brackets inlingual orthodontics: new horizons inthe treatment of adult patients. Orthodontics 2004;1:21-32. 7. Roncone R. Lingual you will love. Capture the incremental patient with invisible Orthodontics. Bohemia (NY): Dentsply GAC; 2010. 8. Franchi L, Giuntoli F, Fortini A, Chiodo BP, Baccetti T.A Simplified Lingual Technique. J ClinOrthod. 2010 Mar;44(3):183-9. 9. Hiro T, Iglesia F, Andreu P. Indirect bonding technique in lingual orthodontics: the HIRO system. ProgOrthod. 2008;9(2):34-45. 10. Takemoto K,Scuzzo G. Método Straight-wire lingual. In: Marigo M et al, editors. Ortodontia Lingual. Maringá: Dental Press; 2011. p.393-411. 11. Scuzzo G, Takemoto K, Takemoto Y, Scuzzo G, Lombardo L. A new self-ligating lingual bracket with square solts. J ClinOrthod. 2011 Dec;45(12):682-90. 12. Miguel JA, Drummond SAP, Lombardo L, Takemoto K, Scuzzo G. Correção da irregularidade anterior utilizando a técnica ‘Social 6”.Revclinortodon Dental Press. Dez 2011 – Jan 2012;10(6):98-105 13. Cacciafesta V. New Horizons in 2D Lingual Orthodontics. In: Romano R, editor. Lingual & Esthetic orthodontics. Berlin: Quintessence; 2011. p.17-28. 14. Macchi A, Norcini A, Cacciafesta V, Dolci F. The use of bidimensional brackets inlingual orthodontics: new horizons inthe treatment of adult patients. Orthodontics. 2004;1:1-11. 15. Ludwig B, Glasl B, Lisson JA, Kinzinger GS. Clinical Tips for Improving 2D Lingual Treatment. J ClinOrthod. 2010 Jun;44(6):360-2.
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Alexandre Moro • Mestre em Ortodontia, UMESP. Doutor em Ortodontia, Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. Professor Associado de Graduação e Pós-graduação em Ortodontia da UFPR. Professor Titular de Graduação e Pós-graduação em Ortodontia da Universidade Positivo.
Endereço para correspondência Alexandre Moro Rua Coronel Dulcídio, 1558 – CEP: 80.250-100 – Curitiba/PR E-mail: alexandremoro@uol.com.br
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):18-33
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DICA CLÍNICA
Mini-implantes ortodônticos como suporte para pônticos de molares: técnica clínica Orthodontic mini-implants as support for molar pontics: A clinical technique
Antônio Carlos de Oliveira RUELLAS* Matheus Melo PITHON**
Abstract
Resumo O objetivo do presente artigo é demonstrar um método simples e efetivo na substituição de dentes posteriores perdidos precocemente com a utilização de pôntico suportado por mini-
-implantes ortodônticos. Essa técnica apresenta-se efetiva, simples e de baixo custo, proporcionando ganho funcional e estético durante a realização do tratamento ortodôntico.
Palavras-chave: Mini-implantes. Ancoragem.
Keywords: Mini-implants. Anchorage.
Como citar este artigo: Ruellas ACO, Pithon MM. Mini-implantes ortodônticos como suporte para pônticos de molares: técnica clínica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):36-7.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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The aim of this paper is to demonstrate a simple and effective method in the replacement of posterior teeth prematurely lost, with the use of pontic supported by orthodontic mini-implants.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):36-7
This technique is effective, simple and has a low cost, providing esthetic and functional gain during orthodontic treatment.
* Professor de Ortodontia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. ** Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
ortodontia forense
A perícia e os documentos radiológicos Beatriz Helena Sottile frança*
Perícia odontológica, na área civil, é uma investigação promovida por autoridade judicial (juiz) com o objetivo de esclarecimentos sobre os aspectos técnicos da ciência. O perito é nomeado pelo juiz — por isso denominado perito do juízo — para que, por meio de exame tanto das arcadas dentárias do autor da ação como da documentação contida nos autos, e respondendo os quesitos (perguntas que lhe são feitas pelas partes), possa traduzir para o juiz os fatos relativos à lide. O perito tem o dever legal de ser imparcial e relatar a verdade dos fatos, sob pena de responder criminalmente por falsa perícia, cuja pena é de detenção. Na função de perito, é comum nos depararmos com alguns fatos que merecem ser aqui esclarecidos e orientados. Um deles é o que diz respeito à documentação radiológica do tratamento ortodôntico. Examinando os laudos radiológicos (melhor seria denominar o documento de “descrição das imagens radiográficas”), observa-se que o cirurgião-dentista ortodontista encaminha, durante todo o tratamento, o mesmo paciente para diferentes laboratórios. Ou seja, faz a documentação inicial em determinado laboratório, acompanhamentos em outro, e documentação final em um terceiro laboratório. Esse comportamento gera, na hora da perícia, maior dificuldade de comparação e visualização imediata entre os registros contidos nos documentos, pois diferentes laboratórios utilizam técnicas cefalométricas de diferentes autores. Além disso, em algumas situações, quando há perdas dentárias e movimentações para fechamento de espaços, diferentes sistema de identificação nas descrições dos dentes presentes e ausentes.
Outro aspecto, não menos importante, é sobre os registros que os laboratórios radiológicos fazem na própria radiografia, tais como o nome do paciente, a sua idade, a data da realização da radiografia. Num primeiro momento, isso parece não ter muita importância. Porém, no momento da perícia, quando o perito examina cada um dos documentos em separado, buscando a verdade dos fatos, esses se tornam relevantes, se não vitais. O nome correto do paciente no documento confirma que as imagens ali contidas realmente são de suas arcadas dentárias, e não de um possível terceiro. Nome redigido de modo errado, tanto na radiografia quanto no documento redigido pelo laboratório, pode ser considerado como má-fé. A data, em qualquer documento, permite ao perito montar a ordem cronológica da ocorrência dos fatos. Explico: uma radiografia inicial sem data pode gerar dúvida de que realmente foi tomada antes do profissional ter realizado qualquer intervenção nas arcadas dentárias de seu paciente, podendo responsabilizá-lo pelos danos visíveis existentes nas imagens radiográficas. A data nas radiografias iniciais (panorâmica, facial) também comprova que houve um planejamento de tratamento de acordo com a ciência, e não fundamentado apenas no exame bucal, o que é, na maioria das especialidades clínico-cirúrgicas, condenável. Tratamento sem diagnóstico e plano de tratamento é considerado tratamento negligente porque não atende à regra técnica preconizada pela ciência. Quanto à escolha do laboratório para a realização dessa radiografia inicial, sempre que possível, a melhor opção é a solicitação para realização em laboratório especializado que tem por
... O perito tem o dever legal de ser imparcial, relatar a verdade dos fatos sob pena de responder criminalmente por falsa perícia.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):38-9
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artigo ARTIGOinédito INÉDITO
Avaliação in vitro do comportamento das cadeias elastoméricas conforme temperatura e tempo de armazenamento In vitro evaluation of elastomeric chains behavior according to time and temperature of storage
Talita Hilb StrÜtzel* Rodrigo Cecanho**
Abstract
Resumo O objetivo desse artigo é avaliar, in vitro, o comportamento da força de tração das cadeias elastoméricas das marcas GAC, Morelli, Tecnident, TP Orthodontics, Uniden e Unitek, considerando-se os fatores tempo e temperatura de armazenamento. Foram selecionadas 20 unidades de cada marca comercial, sendo 10 mantidas em temperatura ambiente e 10 acondicionadas sob refrigeração até o momento dos ensaios. As amostras foram distendidas 25mm e as leituras de tração foram efetuadas com um dinamômetro Correx nos intervalos 0, 1, 6, 12, 24 e 72 horas; 1, 2, 3 e 4 semanas. Para determinar a influência na forma de armazenamento sobre a força das cadeias elastoméricas, o teste
foi repetido por 12 meses, a cada 3 meses, a contar da leitura inicial. Após aplicação da ANOVA e do teste de Tukey (p=0,05) constatou-se que todas as marcas comerciais sofreram degradação de força estatisticamente significativa, principalmente nas primeiras 24 horas, variando de 15,26% a 23,33%. Não houve diferenças significativas entre as amostras armazenadas em temperatura ambiente ou sob refrigeração. Considerando-se que o teste foi realizado em ambiente laboratorial e apesar de apresentarem diferenças entre si, todas as amostras analisadas apresentaram força suficiente para produzir movimentação dentária após os períodos de teste.
(p=0,05), the results showed that all trademarks lost statistically significant force, mostly on the first 24 hours, ranging between 15,26% to 23,33%. There were no significant differences between the samples stored at room temperature or under refrigeration. Considering that the test was performed in a laboratory environment and in spite of showing differences from one brand to the other, all the analyzed samples remained with enough force to produce tooth movement after the test periods.
Palavras-chave: Elastômeros. Movimentação dentária. Ortodontia. Elasticidade. Propriedades físicas.
Keywords: Elastomers. Tooth movement. Orthodontics. Elasticity. Physical properties.
Como citar este artigo: Strützel TH, Cecanho R. Avaliação in vitro do comportamento das cadeias elastoméricas conforme temperatura e tempo de armazenamento. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):42-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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This study aimed to test, in vitro, the behavior of tensile forces performed by elastomeric chains of the brands GAC, Morelli, Tecnident, TP Orthodontics, Uniden and Unitek, considering time and temperature of storage. They were selected 20 samples of each brand, 10 being kept at room temperature and 10 placed under refrigeration until the time of the tests. The specimens were extended at 25 mm and the tension readings were taken with a Correx dynamometer at the following intervals: 0, 1, 6, 12, 24 and 72 hours; 1, 2, 3 and 4 weeks. To determinate the storage influence on elastomeric forces, the test was repeated for 12 months, every 3 months, starting by the baseline. After applying ANOVA and Tukey test
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):42-9
* Mestre em Ortodontia, Faculdade São Leopoldo Mandic. ** Professor de Fisiologia, Faculdade São Leopoldo Mandic.
Strützel TH, Cecanho R
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Endereço para correspondência Talita Hilb Strützel Rua Madre Rita Amada de Jesus, 72 – apto. 192B – São Paulo / SP CEP: 04.721-050 – E-mail: talitahilb@gmail.com
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):42-9
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caso clínico
Ganhos periodontais na correção da mordida cruzada anterior dentária: relato de caso clínico Periodontal gains in the correction of the dental anterior crossbite: A case report
Monica Malvar Corbacho* Lucianna Gomes** Telma Martins de Araújo***
Abstract
Resumo A mordida cruzada anterior é uma má oclusão frequente na dentição mista, sendo a do tipo dentária aquela que envolve somente inclinações axiais anormais dos incisivos. Ela deve ser tratada assim que diagnosticada, principalmente pelos possíveis problemas mucogengivais que podem causar
aos dentes envolvidos. Esse artigo descreve um caso clínico no qual a mordida cruzada dentária, envolvendo os dentes 11 e 41, provocou danos aos tecidos periodontais desse último dente. A sua interceptação, juntamente com o controle da higiene bucal, levou à normalização do periodonto.
This article describes a clinical case in which the dental crossbite of the teeth #11 and #41 was causing damage to the periodontal tissues in the last one. Its interception, joined with an oral hygiene control, led to the normalization of the periodontium.
Palavras-chave: Má oclusão. Periodonto. Ortodontia Corretiva.
Keywords: Malocclusion. Periodontium. Corrective Orthodontics.
Como citar este artigo: Corbacho MM, Gomes L, Araújo TM. Ganhos periodontais na correção da mordida cruzada anterior dentária: relato de caso clínico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):50-6.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Anterior crossbite is a frequent malocclusion in the mixed dentition, and the dental type is the one which involves only axial inclinations of the incisors. It has to be treated as soon as diagnosed for esthetic and functional reasons, as the mucogingival problems caused to the teeth involved.
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):50-6
* Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial, UFBA. Mestranda em Odontopediatria, Universidade Cruzeiro do Sul. ** Especialista em Ortodontia, COP-PUC/MG. Mestre em Clínica Odontológica, UFBA. Professora do curso de Especialização em Ortodontia, UFBA. *** Mestre e Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora Titular de Ortodontia, UFBA. Coordenadora do Centro de Ortodontia e Ortopedia Facial Professor José Édimo Soares Martins.
caso clínico
Ganhos periodontais na correção da mordida cruzada anterior dentária: relato de caso clínico
Um batente oclusal é indicado quando o dente cruzado está totalmente irrompido ou quando a sobremordida é excessivamente profunda15,19, tendo como objetivo eliminar o bloqueio provocado pelo cruzamento e devendo ser usado somente durante a fase de movimentação do dente cruzado29. Como, em oclusão, o dente 41 cobria 50% do dente 11, foi necessário o uso de uma placa com batente posterior para desoclusão (Fig. 5), a fim de permitir o descruzamento. O tratamento realizado na dentição mista pode levar somente algumas semanas18, como ocorreu com esse paciente. O acompanhamento desse caso atesta a importância do tratamento ortodôntico corretivo realizado.
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):50-6
CONCLUSÕES As mordidas cruzadas anteriores dentárias são más oclusões comuns na dentição mista, devendo ser tratadas assim que diagnosticadas. Sua correção promove melhoras estéticas e funcionais, com a mecânica 4x2 apresentando vantagens, além de um custo biológico irrisório. Além disso, há a normalização da condição periodontal do dente envolvido, sem necessidade de intervenção cirúrgica, independente da presença de uma faixa estreita de gengiva inserida, desde que haja um bom controle da higiene bucal por parte do paciente.
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Endereço para correspondência Monica Malvar Corbacho de Melo Rua Raul Leite, 123 – Ed. Costa Brava – 40.270-180 – Salvador/BA E-mail: monicorbacho@superig.com.br
caso clínico
Má oclusão de Classe II, Divisão 1: avaliação longitudinal pós-contenção Class II, Division 1 malocclusion: Longitudinal post-retention evaluation
Carolina Baratieri* Matheus Alves Junior** José Nelson Mucha*** Ana Maria Bolognese**** Margareth Maria Gomes de Souza****
Abstract
Resumo Intervir na má oclusão de Classe II, Divisão 1, durante o período de crescimento puberal torna possível a correção, ou a melhora, do problema esquelético geralmente associado. Esse relato apresenta o acompanhamento longitudinal de um paciente com má oclusão de Classe II, Divisão 1, tratado durante período de crescimento. Aparelho extrabucal
foi utilizado para a correção da Classe II, seguido de terapia ortodôntica fixa total, sem extrações dentárias. Ao final do tratamento, oclusão ideal, com função adequada e estética agradável, foi atingida. A avaliação em longo prazo (19 anos após tratamento) mostrou estabilidade funcional e oclusal, achatamento do perfil e leves alterações dentárias.
Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Efeitos em longo prazo. Aparelhos de tração extrabucal.
Como citar este artigo: Baratieri C, Alves Junior M, Mucha JN, Bolognese AM, Souza MMG. Má oclusão de Classe II, Divisão 1: avaliação longitudinal pós-contenção. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):58-67. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Intervention of Class II, Division 1 malocclusion during pubertal growth turns possible the correction or improvement of the orthopedic problem often present. A long-term follow-up of a treated Class II, Division 1 malocclusion was presented. Headgear appliance was used to achieve Class II correction, followed by full-fixed orthodontic
appliance therapy without extractions. At the end of treatment, it was established ideal occlusion with normal function and esthetic. The long-term (19 years post-treatment) evaluation showed function and occlusion stability, profile straighter and slight dental changes.
Keywords: Malocclusion. Angle Class II. Long-term effect. Extraoral traction appliances.
* Especialista em Ortodontia, UFSC. Mestre e Doutora em Ortodontia, UFRJ. ** Mestre em Ortodontia, UFRJ. Doutorando Ortodontia, UFRJ. *** Mestre e Doutor em Ortodontia, UFRJ. Professor, UFF. **** Mestre e Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora Titular, UFRJ.
Baratieri C, Alves Junior M, Mucha JN, Bolognese AM, Souza MMG
A
B
C
D
Inicial Acompanhamento Final Pós-contenção
Figura 13 Sobreposições dos traçados cefalométricos inicial, acompanhamento (pré-Ortodontia fixa), final e pós-contenção. A) Total – registro no ponto Sela; B) Total – registro no ponto Násio; C) Parcial de maxila – Best-fit; D) Parcial de mandíbula – registro na sínfise.
Figura 14 Alterações do perfil facial durante o tratamento e crescimento.
Conclusão O relato de caso apresentado, utilizando aparelho extrabucal de tração alta, seguido de terapia ortodôntica fixa sem extrações, para o tratamento de uma má oclusão
de Classe II, Divisão 1, durante o período de crescimento, mostrou-se relativamente estável do ponto de vista oclusal e funcional, ao final de 19 anos pós-correção.
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Endereço para correspondência Carolina Baratieri Rua General Urquiza, 236 – Leblon – CEP: 22.431-040 Rio de Janeiro/RJ – E-mail: carolinabaratieri@hotmail.com
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caso clínico
Tratamento ortodôntico-cirúrgico de má oclusão do Padrão II relacionado à SAOS: relato de caso Surgical-orthodontic treatment of Class II malocclusion related to OSAS: A case report
Mauricio de Almeida CARDOSO* Fabio Pinto GUEDES** Maíra Massuia SOUZA*** Danilo Furquim SIQUEIRA**** Reinaldo MAZZOTTINI***** Leopoldino CAPELOZZA FILHO******
Abstract
Resumo O tratamento ortodôntico-cirúrgico das más oclusões em indivíduos do Padrão II, deficiência mandibular, portadores de Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS), extrapola a correção da oclusão e da estética facial e visa, especialmente, permitir uma melhora funcional. A descompensação ortodôntica, condição primária nos tratamentos cirúrgicos, deve ser feita nos adultos individualização absoluta, considerando as limitações
em criar uma condição oclusal condizente com o erro facial, relacionadas à idade, perdas dentárias, saúde periodontal e tratamentos reabilitadores prévios. O presente artigo tem por objetivo ilustrar, por essa perspectiva, o tratamento em um paciente adulto senil, onde a descompensação ortodôntica foi limitada, mas suficiente para permitir o procedimento cirúrgico e a redução da severidade da SAOS, além da melhora na face e oclusão.
itations in creating an occlusal condition consistent with the facial error, related to age, tooth loss, periodontal health and previous rehabilitation treatments. This article aims to illustrate, through this perspective, the treatment in a senile adult patient, whose orthodontic decompensation was limited, but sufficient to allow the surgical procedure and the OSAS severity reduction, besides the face and occlusion improvement.
Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Síndrome da apneia do sono. Cirurgia ortognática.
Keywords: Malocclusion. Angle Class II. Sleep apnea syndrome. Orthognathic surgery.
Como citar este artigo: Cardoso MA, Guedes FP, Souza MM, Siqueira DF, Mazzottini R, Capelozza Filho L. Tratamento ortodôntico-cirúrgico de má oclusão do Padrão II relacionado à SAOS: relato de caso. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):70-82.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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The surgical-orthodontic treatment of malocclusion in Pattern II subjects, with mandibular deficiency and Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS) extrapolates the correction of the occlusion and facial esthetics and aims to, especially, allow a functional improvement. The orthodontic decompensation, primary demand in surgical treatments, must be adopted absolute individualization in adults, considering the lim-
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):70-82
* Mestre e Doutor em Ortodontia, UNESP/Araçatuba. Professor do Programa de Graduação e Pós-Graduação em nível de Especialização e Mestrado em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP. ** Especialista em Ortodontia, UNIGRANRIO. Mestrando em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP. *** Mestre em Ortodontia, PUC/RS. Professora das disciplinas de Ortodontia Preventiva e Clínica Integrada Infantil, Faculdade de Imperatriz, Imperatriz/MA. **** Mestre e Doutor em Ortodontia, FOB-Bauru. Professor do Programa de Graduação e Pós-Graduação em nível de Especialização e Mestrado em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP. ***** Mestre em Ortodontia, FOB-Bauru. Doutor em Reabilitação Oral, FOB-Bauru. Professor, Faculdade de Odontologia, USP-Bauru. Membro do Setor de Cirurgia Ortognática, HRAC, USP-Bauru. ****** Mestre em Ortodontia, FOB/Bauru. Doutor em Reabilitação Oral, FOB/Bauru. Professor do Programa de Graduação e Pós-Graduação em nível de Especialização e Mestrado em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração, Bauru/SP.
caso clínico
Tratamento ortodôntico-cirúrgico de má oclusão do Padrão II relacionado à SAOS: relato de caso
considerou as limitações específicas que o paciente apresentava. É de extrema importância que toda a equipe interdisciplinar, e especialmente o paciente, reconheça as limitações e, mais importante, que as aceite. O planejamento deve ser sempre realizado pelo ortodontista em conjunto com o cirurgião, definindo diagnóstico, prognóstico, meta terapêutica e plano de tratamento individualizado, especialmente em pacientes adultos, cujo objetivo primário é potencializar o sucesso do tratamento.
Conclusão O tratamento das más oclusões do Padrão II, deficiência mandibular subtipo grave, associado à SAOS, requer um diagnóstico crítico, privilegiando não somente a face do paciente mas, especialmente, a função respiratória. No caso clínico exposto, o tratamento ortodôntico, associado à cirurgia ortognática, conseguiu atender às expectativas do paciente (otimização da respiração) e melhorou a estética da face e oclusão.
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Endereço para correspondência Mauricio de Almeida Cardoso Rua Padre João, 14-41 – CEP: 17.012-021 – Bauru/SP E-mail: maucardoso@uol.com.br
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Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):70-82
caso clínico
Avaliação óssea da região de incisivos inferiores, por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico, em paciente Padrão II tratado com aparelho de protração mandibular Bone evaluation of lower incisors region using Cone-Beam computed tomography of a skeletal Class II patient treated with mandibular protraction appliance
Rafael de Faria Bicalho* Jaime Sampaio Bicalho** Marcelo Marques Quaresma*** Weber Ursi****
Abstract
Resumo O tratamento ortodôntico compensatório que utiliza mecânicas protratoras mandibulares tem se mostrado eficiente no tratamento de pacientes portadores de má oclusão de Classe II esquelética ao longo dos últimos 30 anos. Porém, apesar dos excelentes resultados apresentados, a proclinação dos incisivos inferiores, decorrente da perda
de ancoragem dos dentes posteroinferiores, sempre foi uma grande preocupação dos ortodontistas que utilizam essa técnica. O objetivo desse trabalho foi analisar, por meio de tomografias Cone-Beam, as alterações que ocorreram na região vestibular dos incisivos inferiores de um paciente submetido ao tratamento de protração mandibular.
this paper was to analyze, using Cone-Beam CT, the bone changes that occurred in the lower incisor region of a patient undergoing treatment with a mandibular protraction appliance.
Palavras-chave: Tomografia computadorizada de feixe cônico. Movimentação dentária. Má oclusão de Angle Classe II. Aparelhos ortodônticos.
Keywords: Tooth movement. Orthodontic appliances. Cone-Beam computed tomography. Malocclusion. Angle Class II.
Como citar este artigo: Bicalho RF, Bicalho JS, Quaresma MM, Ursi W. Avaliação óssea da região de incisivos inferiores, por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico, em paciente Padrão II tratado com aparelho de protração mandibular. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):84-94.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Comprehensive orthodontic treatment by mandibular protraction mechanics has been effective in the treatment of patients with skeletal Class II malocclusion over the past 30 years. But despite the excellent results presented, the proclination of lower incisors, caused by anchorage loss of lower posterior teeth, has always been a major concern. The objective of
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):84-94
* Especialista em Ortodontia pela Associação Brasileira de Ensino em Odontologia - ABENO - SP. Coordenador do Curso de Fotografia Digital da ABO-DF. Professor do Curso de Ancoragem Esquelética da ABO-DF. ** Especialista em Ortodontia pela Policlínica Geral do Rio de Janeiro. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. Coordenador do Curso de Ancoragem Esquelética da ABO-DF. *** Graduado em Odontologia pela Universidade de Brasília. **** Mestre e Doutor em Ortodontia pela USP/Bauru. Livre Docente pela UNESP de São José dos Campos.
caso clínico
Avaliação óssea da região de incisivos inferiores, por meio de tomografia computadorizada de feixe cônico, em paciente Padrão II tratado com aparelho de protração mandibular
osso. Na arcada superior, a espessura do osso vestibular permaneceu inalterada. Entretanto, houve uma diminuição estatisticamente significativa na espessura óssea lingual em ambas as arcadas após a retração dos incisivos, sendo que alguns dos pacientes demonstraram deiscência óssea não visível macroscópica ou cefalometricamente. Portanto, como esse foi um estudo piloto, outros trabalhos, com um maior número de pacientes e, também, com diferentes mecânicas, são necessários para saber se esse resultado representa o verdadeiro comportamento dos dentes submetidos à protrusão ou se o reposicionamento apical do osso alveolar vestibular dos incisivos inferiores configura-se como custo biológico da movimentação dentária, assim como o remodelamento dos ápices dentários.
Conclusão No caso clínico apresentado, constatou-se que a proclinação dos incisivos inferiores, atestada por um aumento do IMPA da ordem de 7°, quando realizada com uma mecânica controlada e com controle de higiene, não modificou significativamente a arquitetura óssea da região alveolar da sínfise mandibular, mas teve como custo biológico um reposicionamento ósseo vestibular apical de 0,22mm, em média.
Agradecimentos Agradecemos à Paulo Galvão Radiologia Oral, por todo o suporte fornecido para a realização desse trabalho.
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Endereço para correspondência Rafael de Faria Bicalho SCN Quadra 02, Bloco D, Torre B, Sala 323 – Brasília/DF CEP: 70.710-500 – E-mail: rafael.bicalho@ig.com.br
artigo inédito
A variação de cálcio, amilase, glicose, proteínas totais, fluxo, pH e capacidade de tamponamento da saliva de pacientes em tratamento ortodôntico interceptativo The variation of calcium, amylase, glucose, total protein, flow, pH and buffering capacity of saliva of patients in interceptive orthodontic treatment
Julliane Salgado Ribeiro* Giovanna Simião Ferreira** João Armando Brancher*** Sérgio Aparecido Ignácio**** Elisa Souza Camargo*****
Abstract
Resumo Objetivo: avaliar e comparar as características da variação do fluxo, capacidade de tamponamento, pH, amilase, proteínas totais, glicose e cálcio da saliva de indivíduos que se encontram em tratamento ortodôntico com aparelhos removíveis e em indivíduos sem aparelho. Métodos: para tanto, foi coletada amostra de saliva de 50 indivíduos divididos em dois grupos: experimental, composto de usuários de aparelho ortodôntico removível (n=25); e controle, sem qualquer tipo de aparelho ortodôntico (n=25). Foram realizados os testes salivares de sialometria, pH, capacidade de tamponamento salivar, concentração de proteínas totais, atividade da amilase salivar, cálcio
e glicose em todas as amostras de saliva. Resultados: após isso, foi realizada a análise estatística e aplicado o teste de normalidade visando comparar se todas as variáveis acusaram distribuição normal. Para as variáveis cálcio, glicose, proteína e amilase, foi utilizado o teste U de Mann-Whitney, e para as demais variáveis utilizou-se o teste t de Student. Foi encontrado aumento na concentração de amilase e cálcio e diminuição na concentração de glicose e proteína no grupo experimental quando comparado com o grupo controle, porém não estatisticamente significativos. Conclusão: o aparelho ortodôntico removível não ocasiona modificações na composição salivar.
calcium and glucose tests in all saliva samples. Results: After this, statistical analysis was carried out and applied the test for normality in order to compare if all variables accused normal distribution. For the variables calcium, glucose, protein and amylase it was used Mann-Whitney U test, and for the other variables the Student t-test was used. It was found increased concentration of amylase and calcium and decrease in glucose and protein in the experimental group compared with the control group, but not statistically significant. Conclusion: The removable orthodontic appliance does not cause changes in salivary composition.
Palavras-chave: Ortodontia. Ortodontia Interceptora. Aparelhos ortodônticos. Saliva.
Keywords: Orthodontics. Interceptive Orthodontics. Orthodontic appliances. Saliva.
Como citar este artigo: Ribeiro JS, Ferreira GS, Brancher JA, Ignácio SA, Camargo ES. A variação de cálcio, amilase, glicose, proteínas totais, fluxo, pH e capacidade de tamponamento da saliva de pacientes em tratamento ortodôntico interceptativo. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):96-100.
* Acadêmica de Odontologia, PUCPR. Bolsista PIBIC, Fundação Araucária. ** Acadêmica de Odontologia, PUCPR. *** Mestre em Bioquímica, UFPR. Doutor em Medicina, PUCPR. Professor de Bioquímica, PUCPR. **** Mestre em Economia Rural, UFV. Doutor em Engenharia Florestal, UFPR. Professor Titular de graduação e pós-graduação em Odontologia de Bioestatística, PUCPR. ***** Mestre e Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora Adjunta de Graduação e Pós-Graduação em Odontologia e Ortodontia, PUCPR.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Objective: To evaluate and compare the variation characteristics of the flow, buffering capacity, pH, amylase, total protein, glucose and calcium in the saliva of individuals who are in orthodontic treatment with removable appliances and in individuals without any appliance. Methods: For this sample, saliva was collected from 50 individuals divided into two groups: Experimental, made up of removable orthodontic appliance users (n=25); and control, without any type of orthodontic appliance (n=25). Were performed sialometry, salivary pH, salivary buffering capacity, concentration of total protein, salivary amylase activity,
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):96-100
artigo inédito
A variação de cálcio, amilase, glicose, proteínas totais, fluxo, pH e capacidade de tamponamento da saliva de pacientes em tratamento ortodôntico interceptativo
de íons cálcio e pH salivar, não apresentam modificações com a presença de aparelhos ortodônticos removíveis. De acordo com Mitchell25; Atack, Sandy, Addy3; Chang, Walsh e Freer8, a base da resina acrílica favorece a colonização bacteriana. Com isso, o meio ficará mais ácido, aumentando o desenvolvimento de cárie. Porém, nesse estudo, quando comparado o pH salivar do grupo controle em relação ao grupo experimental, não foi observada nenhuma significância estatística. Esse resultado, provavelmente, se deve ao fato de que o aparelho removível não está em contato com o meio bucal continuamente. Muitos pacientes relatam tirar o aparelho removível durante algum período do dia, facilitando o restabelecimento da cavidade bucal e
componentes salivares. Outro fator importante para esse resultado é a higiene realizada repetidamente pelos pacientes nos aparelhos removíveis, colaborando para a não colonização bacteriana.
CONCLUSÃO As características da variação do fluxo, capacidade de tamponamento, pH, amilase, proteínas totais, glicose e cálcio da saliva de indivíduos que se encontram em tratamento ortodôntico com aparelhos removíveis e em indivíduos sem aparelho, são semelhantes.
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Endereço para correspondência Julliane Salgado Ribeiro Rua Santa Madalena de Piazzi, 20 – 80.240-550 – Curitiba/PR E-mail: jullisr@hotmail.com
caso clínico
Histórico de traumatismo dentoalveolar e movimentação ortodôntica: uma relação perigosa? History of dentoalveolar trauma and orthodontic movement: A dangerous relationship?
Mauro Carlos Agner Busato* Alex Luiz Pozzobon Pereira** Priscilla do Monte Ribeiro Busato*** Kathleen Strapasson Bordiga**** Marcos Rogério de Mendonça*****
Abstract
Resumo O traumatismo dentoalveolar é uma ocorrência cada vez mais comum na população em geral e está relacionado, na maioria das vezes à violência no trânsito, violência urbana e à prática esportiva. Esse aspecto, por conseguinte, tem aumentado sobremaneira o número de pacientes que procuram o tratamento ortodôntico e que relatam ter passado por algum episódio de trauma em seus dentes. Dentro desse contexto, muitas questões surgem com relação ao manejo de dentes com histórico de traumatismo dentoalveolar. Do ponto de vista histológico, quais as diferenças em
movimentar-se um dente com histórico de trauma? O fato de um dente ter sido traumatizado pode influenciar no planejamento e no tratamento ortodôntico? E o protocolo das ativações do aparelho deveria ser alterado? O objetivo desse trabalho é apresentar uma breve revisão de literatura, bem como dois casos clínicos de pacientes que sofreram trauma dentário prévio à movimentação ortodôntica, no sentido de gerar subsídios técnicos e científicos para o especialista em Ortodontia, de modo que busque conhecer as implicações e limitações em movimentar dentes traumatizados.
planning and orthodontic treatment? And the protocol of the activations of the device should be changed? The objective of this work is through a brief literature review and presentation of two case reports of patients who suffered teeth trauma prior to the teeth movement, generate scientific and technical evidence to the orthodontist to acquired knowledge about the implications and limitations of movement of traumatized teeth, and consequently, allows the performance of orthodontic treatment with predictable results, and that lead to longevity of the tooth in question.
Palavras-chave: Ortodontia. Traumatismos dentários. Reabsorção radicular.
Keywords: Orthodontics. Traumatology. Root resorption.
Como citar este artigo: Busato MCA, Pereira ALP, Busato PMR, Bordiga KS, Mendonça MR. Histórico de traumatismo dentoalveolar e movimentação ortodôntica: uma relação perigosa? Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):102-15.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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The dentoalveolar trauma is an increasingly common occurrence in the general population and is mostly related with violence in traffic, urban violence and sports. This, therefore, has greatly increased the number of patients seeking orthodontic treatment and reporting having experienced some episode of trauma in their teeth. Within this context, many questions arise regarding the management of teeth with a history of dentoalveolar trauma. From the histological point of view, what are the differences in moving a tooth with a history of trauma? The fact that a tooth has been traumatized, can influence the
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):102-15
* Professor de Ortodontia e Clínica Infantil na UNIOESTE (Universidade Estadual do Oeste do Paraná). ** Professor de Ortodontia na UFMA (São Luiz-MA). *** Professora de Clínica Integrada e Dentística na UNIOESTE. **** Monitora da Disciplina de Ortodontia na UNIOESTE. ***** Livre Docente - Professor de Ortodontia na UNESP (Araçatuba-SP).
Busato MCA, Pereira ALP, Busato PMR, Bordiga KS, Mendonça MR
formatou-se o protocolo de indução de movimentação ortodôntica sem a utilização de mecânica com arcos retangulares e com forças intermitentes (elásticos intermaxilares). Embora com consultas mais distantes entre si, buscou-se uma redução no tempo de tratamento por meio da limitação de seus objetivos. Por exemplo, no caso 2 optou-se somente pela correção da discrepância de modelos, sendo que a discrepância cefalométrica não foi corrigida pela limitação anatômica imposta pela história de trauma dentoalveolar. Vale lembrar que períodos de observação prévios ao tratamento ortodôntico são recomendados de acordo com a gravidade dessas sequelas3,9,10,11. Em injúrias suaves — como a concussão, leve luxação lateral, extrusão, fratura de coroa — esse período tem média de 3 meses. Já em danos moderados ao periodonto — como luxação lateral (deslocamento moderado/severo), intrusão, avulsão e reimplantação — nenhum tratamento ortodôntico é recomendado antes que a cicatrização periodontal tenha ocorrido completamente (no mínimo 6 meses). Também não é recomendada a movimentação antes de 1 ano em fraturas de raízes com envolvimento pulpar, ou seja, essa espera deve ser de, em média, 1 ano3.
CONCLUSÕES Baseados na literatura consultada e nos casos clínicos descritos, é lícito concluir que: • Considerando a taxa relativamente alta de pacientes que procuram tratamento ortodôntico apresentando histórico de trauma dentoalveolar, é imperativo questionar os pacientes sobre a ocorrência desse evento, uma vez que a maioria dos ortodontistas já trataram casos com histórico de trauma e, ainda assim, poucos profissionais fazem esse questionamento específico sobre trauma em sua anamnese. • Dependendo da magnitude do trauma e de como se procedeu o reparo da camada de cementoblastos, o dente traumatizado, muitas vezes, pode ter uma maior predisposição à reabsorção radicular. • O correto diagnóstico, o entendimento da etiologia e a dinâmica dos processos que envolvem os tecidos dentários traumatizados são críticos para o controle efetivo desses elementos durante o tratamento ortodôntico. • Além do intervalo de aplicação das forças ser maior (60 a 90 dias), o uso de forças leves e dissipantes parece ser preferível às forças pesadas e contínuas.
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Endereço para correspondência Mauro Carlos Agner Busato Rua Rio de Janeiro 1866 - 85801-031 - Cascavel/PR E-mail: mcabusato@uol.com.br
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):102-15
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Caso clínico
Tratamento da Classe II subdivisão em paciente com crescimento: relato de caso — parte I Treatment of Class II subdivision in a growing patient: A case report — Part I
Henrique Oliveira FeitosA* Gustavo Tirado Rodrigues**
Abstract
Resumo A Classe II subdivisão de Angle é um tipo de má oclusão frequente na prática clínica. Para que sejam atendidos os anseios estéticos e funcionais, a obtenção das relações em “Classe I”, bilateralmente, entre os caninos e a coincidência da linha média com o plano sagital mediano, devem ser objetivos primordiais durante o planejamento. Nesses casos, pode-se aceitar a manutenção da relação de Classe II em molares de um dos lados. A Classe II subdivisão pode ser corrigida de diferentes formas e a sua resolução pode envolver, se de natureza esquelética, tratamento ortocirúrgico ou abordagem do crescimento; se dentária, exodontias de um, três ou quatro pré-molares. Sendo assim, serão relatados, em duas partes, três casos clínicos que apresentavam má oclusão de
Classe II subdivisão, dentre outras, e que foram tratados sob três diferentes protocolos. O caso clínico da parte I refere-se a paciente em crescimento, com desvio esquelético inferior com boa relação da maxila com o crânio do paciente (SNA=77º e ângulo nasolabial obtuso), em que não se julgou apropriada a correção por distalização assimétrica na arcada superior. A correção da relação oclusal de Classe II e da assimetria inferior foi promovida por avanço mandibular assimétrico com aparelho Bionator base de Balters, seguida de fase corretiva para finalização estética e funcional. Todos os objetivos estéticos e funcionais foram alcançados com grande estabilidade, sendo verificados mesmo após 2 anos de contenção.
and that were treated under three different protocols. The case of Part I refers to patient in growth stage with lower skeletal deviation with good relationship of maxilla with the skull of patient (SNA = 77° and obtuse nasolabial angle), in which it was deemed inappropriate distal asymmetric correction in the upper arch. The correction of Class II occlusal relationship and lower asymmetry was promoted by means of asymmetrical mandibular advancement with Balters’s Bionator base appliance followed by corrective phase for esthetical and functional finalization. All functional and esthetic objectives were achieved with high stability being checked even after 2 years of retention.
Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Aparelhos ativadores. Ortopedia.
Keywords: Angle Class II malocclusion. Activator appliances. Orthopedics.
Como citar este artigo: Feitosa HO, Rodrigues GT. Tratamento da Classe II subdivisão em paciente com crescimento: relato de caso — parte I. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):118-27.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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The Angle Class II subdivision is a common type of malocclusion in clinical practice. For that esthetic and functional objectives be achieved, bilateral Class I relationship, between canines and the coincidence of the middle line with the median sagittal plane should be primary goals during planning. In such cases, it can acceptable to maintain the Class II relationship of molars on one side. The Class II subdivision may be corrected in different ways and their resolution may involve, in case of skeletal nature, ortho-surgical treatment or growth approach; if dental, extractions of one, three or four premolars. So, this paper will report in two parts, three clinical cases presenting Class II subdivision malocclusion, among others problems,
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):118-27
* Ortodontista na Clínica Ortos - Centro de Especialidade em Ortodontia. ** Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial, ABO-GO. Mestre em Ciência das Saúde, UFS. Professor coordenaor do Curso de Especialização em Ortodontia da Universidade Tiradentes, Aracaju/SE. Professor Adjunto do Curso de Especialização, Cesmac, Maceió-AL.
Feitosa HO, Rodrigues GT
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Endereço para correspondência Henrique Oliveira Feitosa Rua Marechal Floriano Peixoto, 55 – Getúlio Vargas – CEP: 49.055-420 Aracaju/SE – E-mail: henrique.odontoufs@hotmail.com
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):118-27
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08 | 09 | 10 | NOV | 2012 | EXPONOR | PORTO | PORTUGAL
CONFERENCISTAS CONVIDADOS PIERPAOLO CORTELLINI | IT RICARDO MITRANI | MEX DENNIS TARNOW | USA SERGIO KUTLER | USA RONALD JUNG | CH MICHAEL NORTON | UK MARGA REE | NED JACQUES NOR | BR FRANK SHWARTZ | GER
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controvérsias
Reabsorções dentárias são assintomáticas, não envelhecem o complexo dentinopulpar, não induzem necrose pulpar e metamorfose cálcica da polpa e nem lesões periapicais crônicas! Dental resorptions are asymptomatic, do not age the pulp-dentin complex, do not induce pulp necrosis and calcium metamorphosis of the pulp and even not chronic periapical lesions!
Alberto Consolaro* Renata Bianco CONSOLARO**
Abstract
Resumo As reabsorções dentárias são assintomáticas e podem se apresentar em dentes que foram submetidos a traumatismos dentários. Além da reabsorção dentária, o traumatismo dentário pode induzir — paralela e independentemente das reabsorções — outras consequências, como metamorfose cálcica da polpa, necrose pulpar asséptica e lesões periapicais crônicas. O envelhecimento pulpar, do mesmo
modo, não é acelerado pelas reabsorções dentárias. Quando presente, mesmo nos dentes com reabsorções, o envelhecimento precoce e acelerado geralmente está relacionado a atrição, abrasão, cárie e a restaurações. Tratamento ortodôntico, doença periodontal crônica e trauma oclusal não aceleram o envelhecimento natural do complexo dentinopulpar como se acreditou por um longo tempo!
and accelerated aging is generally related to attrition, abrasion, caries and restorations. Orthodontic treatment, chronic periodontal disease and occlusal trauma does not accelerate the natural aging of the pulp-dentin complex as it was believed for a long time!
Palavras-chave: Reabsorções dentárias. Complexo dentinopulpar. Necrose pulpar. Metamorfose cálcica da polpa. Periapicopatias.
Keywords: Dental resorptions. Pulp-dentin complex. Pulp necrosis.
Como citar este artigo: Consolaro A, Consolaro RB.Reabsorções dentárias são assintomáticas, não envelhecem o complexo dentinopulpar, não induzem necrose pulpar e metamorfose cálcica da polpa e nem lesões periapicais crônicas! Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):130-2
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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The dental resorptions are asymptomatic and can be found in teeth that suffered dental trauma. Besides of root resorption, dental trauma can induce, parallel and independently of resorption, other consequences like calcium metamorphosis of the pulp, aseptic pulp necrosis and chronic periapical lesions. The aging of pulp is not accelerated by root resorption. When present, even in the teeth with resorptions, premature
Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 abr-maio;11(2):130-2
* Professor Titular, Faculdade de Odontologia de Bauru/USP e de Pós-graduação, FORP-USP. ** Professora Doutora, Faculdades Integradas de Adamantina. Professora Substituta, FOA/UNESP.
controvérsias
Reabsorções dentárias são assintomáticas, não envelhecem o complexo dentinopulpar, não induzem necrose pulpar e metamorfose cálcica da polpa e nem lesões periapicais crônicas!
abrasão e erosão, assim como nos dentes com história de cárie e restaurações. A doença periodontal crônica, o tratamento ortodôntico e o trauma oclusal não aceleram o processo de envelhecimento pulpar. Em outras palavras, o envelhecimento pulpar natural, decorrente da idade, oferece poucos sinais clínicos e imaginológicos, mas quando se torna precoce pela aceleração induzida por fatores externos, ter-se-á sinais clínicos acentuados como alteração de cor dos dentes, redução do volume pulpar, nódulos pulpares e calcificações difusas visíveis em exames imaginológicos. As reabsorções dentárias não aceleram o envelhecimento natural da polpa, como fazem os desgastes dentários, a cárie e as restaurações. Abaixo de uma área com reabsorção dentária não se forma dentina esclerosada ou depósito de dentina reacional na parede pulpar de dentina subjacente. Em casos de traumatismos dentários que lesem parcialmente o feixe vascular na entrada do forame apical, as células pulpares podem, em sua grande maioria, sofrer metaplasia e se transformarem em odontoblastos que, aleatória e difusamente, depositam uma dentina desorganizada ao seu redor. Essa reação em até um ano pode obstruir totalmente a câmara e/ou o canal radicular, escurecendo o dente, e pode ser chamada de metamorfose cálcica da polpa. Um traumatismo dentário pode, ainda, romper totalmente o feixe vascular e a polpa terá uma necrose asséptica, quase que assintomática e seguida de escurecimento dentário, tal como metamorfose cálcica da polpa. Na metamorfose cálcica da polpa e na
Referências
Considerações Finais As reabsorções dentárias são assintomáticas, pois seus mediadores não são os mesmos da dor. Os produtos usados pelos clastos atuam apenas na interface com a dentina, sem penetrar nos túbulos e sem chegar à polpa. Os casos de reabsorção dentária com necrose pulpar, lesão periapical crônica, metamorfose cálcica da polpa e os dentes escurecidos, são fenômenos independentes, promovidos pela mesma causa; em geral, o traumatismo dentário. Nos casos de envelhecimento pulpar precoce e ou acelerado, as principais causas são atrição, abrasão e restaurações. Tratamento ortodôntico, doença periodontal crônica e trauma oclusal não aceleram o envelhecimento natural do complexo dentinopulpar como se acreditou por um longo tempo, muito menos as reabsorções dentárias.
Endereço para correspondência
1. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3a ed. Maringá: Dental Press; 2012.
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necrose pulpar asséptica, pode, após alguns meses, se desenvolver uma lesão periapical crônica. As reabsorções dentárias não promovem metamorfose cálcica da polpa ou necrose pulpar asséptica, mas podem ocorrer em dentes traumatizados, inclusive naqueles em que o traumatismo também lesou o feixe vascular e as induziu. Esses dentes se apresentam com escurecimento, obliteração pulpar e/ou necrose pulpar asséptica, com ou sem lesão periapical, assim como podem apresentar reabsorção dentária, mas como um processo simultâneo e independente.
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Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br
abstracts
Literatura ortodôntica mundial Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica.
Comparação da perda óssea alveolar ao redor dos incisivos em amostras de oclusão normal e em pacientes com Classe III esquelética cirúrgica Comparison of alveolar bone loss around incisors in normal occlusion samples and surgical skeletal Class III patients Kook YA, Kim G, Kim Y. Angle Orthod. 2011 Nov 30. [Epub ahead of print]. Objetivo: testar a hipótese de que não há diferença na perda óssea alveolar vertical e na espessura óssea alveolar ao redor de incisivos centrais superiores e inferiores em amostras de oclusão normal e em pacientes com má oclusão de Classe III esquelética. Material e Métodos: a amostra desse estudo foi composta por 20 indivíduos coreanos com oclusão normal (idade média de 22,1 anos; Grupo 1) e pacientes com má oclusão de Classe III esquelética com mordida aberta anterior (idade média de 22,4 anos; Grupo 2). Imagens tridimensionais (3D) de tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) foram tiradas antes do tratamento ortodôntico, e cortes sagitais escolhidos no sentido vestibulolingual do ponto mais largo dos incisivos centrais direitos superior e inferior foram avaliados, respectivamente. A quantidade de perda óssea alveolar vertical e/ ou espessura óssea alveolar da placa vestibular e lingual no ápice radicular foram medidas. Resultados: o Grupo 2 teve, estatisticamente, perda óssea vertical mais significativa do que o Grupo 1 (p< 0,05). O osso alveolar no ápice foi significativamente mais fino no Grupo 2 (p< 0,05), exceto para os incisivos superiores. Incisivos inferiores apresentaram maior perda óssea alveolar do que foi observado nos incisivos superiores em ambos os grupos, especialmente no lado lingual no Grupo 2 (p< 0,05). No geral, a espessura do osso alveolar no ápice foi maior do que a largura na junção amelocementária (JAC), exceto para os incisivos inferiores no Grupo 2, para o qual o percentual foi de 81,33%. Conclusões: a hipótese foi rejeitada. Cuidados especiais devem ser tomados para evitar o agravamento da perda óssea alveolar preexistente nos dentes anteriores, especialmente na mandíbula, em pacientes com Classe III esquelética, que podem ser mais vulneráveis à perda óssea alveolar durante o tratamento ortodôntico. Tradução: Fabio Pinto Guedes.
Efeitos da discrepância esquelética anteroposterior e do tipo vertical na descompensação pré-operatória e na compensação pós-operatória do incisivo inferior em pacientes com Classe III esquelética Skeletal anteroposterior discrepancy and vertical type effects on lower incisor preoperative decompensation and postoperative compensation in skeletal Class III patients Ahn HW, Baek SH. Angle Orthod. 2011 Jan;81(1):64-74. Objetivo: determinar a compensação inicial, a descompensação pré-operatória e a compensação pós-operatória dos incisivos inferiores, de acordo com a discrepância esquelética anteroposterior e o tipo vertical, em pacientes Classe III esquelética. Material e Métodos: as amostras consistiram de 68 pacientes Classe III esquelética tratados com cirurgia de dois maxilares e tratamento ortodôntico. Radiografias cefalométricas laterais foram obtidas antes do tratamento ortodôntico pré-operatório (T0), antes da cirurgia (T1) e após a descolagem (T2). De acordo com a discrepância esquelética anteroposterior / tipo vertical (ANB, norma = -4°; SN-GoMe, norma = 35°) no estágio T0, as amostras foram divididas em Grupo 1 (discrepância anteroposterior severa / tipo vertical hipodivergente, n = 17), Grupo 2 (discrepância anteroposterior moderada / tipo vertical hipodivergente, n = 17), Grupo 3 (discrepância anteroposterior severa / tipo vertical hiperdivergente, n = 17) ou Grupo 4 (discrepância anteroposterior moderada / tipo vertical hiperdivergente, n = 17). Após mensuração das variáveis, a análise unidirecional de variância com teste de comparação múltipla de Duncan, a análise de tabela cruzada e a análise de correlação de Pearson foram realizadas. Resultados: em T0, os Grupos 3 e 2 exibiram, respectivamente, a maior e a menor compensação dos incisivos inferiores. No Grupo 2, uma boa descompensação pré-operatória e considerável compensação pós-operatória resultaram em diferentes valores para T0, T1 e T2 (IMPA, T0 <T2 <T1; p< 0,001). No entanto, o Grupo 3 não apresentou alterações significativas no IMPA entre os estágios. Portanto, os Grupos 2 e 3 apresentaram diferentes índices de sucesso de descompensação (p< 0,05). O Grupo 3 exibiu os piores índices de descompensação e estabilidade (24% e 6%, respectivamente, p< 0,001). Discrepância anteroposterior / tipo vertical (ANB: p< 0,01 em T0 e T1, p< 0,001 em T2; SN-GoMe: p< 0,01, todos os estágios) foram fortemente correlacionados com o índice de percentagem relativa do IMPA para o valor normal. Conclusões: a discrepância esquelética anteroposterior / tipo vertical resulta em diferenças na quantidade e no padrão de compensação inicial, descompensação pré-operatória e compensação pós-operatória dos incisivos inferiores em pacientes Classe III. Tradução: Fabio Pinto Guedes.
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ABSTRACTS
esperadas em pacientes jovens Classe III tratados com movimento dentário ortodôntico de camuflagem. Uma grande variedade de displasias esqueléticas pode ser camuflada com movimento dentário sem efeitos deletérios para o periodonto. No entanto, um diagnóstico correto e objetivos realistas de tratamento são necessários para evitar sequelas indesejáveis. Tradução: Fabio Pinto Guedes.
Efeitos da descompensação dentária no tratamento cirúrgico do prognatismo mandibular Effects of dental decompensation on the surgical treatment of mandibular prognathism Capelozza Filho L, Martins A, Mazzotini R, da Silva Filho OG. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 1996;11(2):165-80. A compensação dentária apresentada em pacientes com má oclusão de Classe III, ou prognatismo mandibular, e sua importância para o tratamento ortodôntico-cirúrgico foram avaliadas nesse estudo. O estudo envolveu o exame cefalométrico de dois grupos de pacientes que foram considerados tratados de forma adequada ou inadequada durante a fase ortodôntica pré-cirúrgica. Os resultados mostraram que a compensação dentária é comum em ambas as arcadas, superior e inferior. Tal compensação é mais frequentemente eliminada na arcada inferior durante o tratamento ortodôntico pré-cirúrgico. Houve alguma correlação entre a descompensação e a quantidade de redução mandibular durante a cirurgia e uma forte correlação entre o excesso mandibular cefalométrico pós-cirúrgico e a altura facial anteroinferior.
Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden.
Precisão das Imagens de Vídeo para Prever o Perfil do Tecido Mole Após Cirurgia de Recuo Mandibular Accuracy of video imaging for predicting the soft tissue profile after mandibular set-back surgery Kazandjian S, Sameshima GT, Champlin T, Sinclair PM. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999 Apr;115(4):382-9.
Tradução: Fabio Pinto Guedes.
Abordagem de Benefício Antecipado na Má Oclusão de Classe III Esquelética Tratada Com Cirurgia Bimaxilar: Avaliação do Movimento Cirúrgico e do Tratamento Ortodôntico Pós-operatório Surgery-first approach in skeletal Class III malocclusion treated with 2-jaw surgery: evaluation of surgical movement and postoperative orthodontic treatment Baek SH, Ahn HW, Kwon YH, Choi JY. J Craniofac Surg. 2010 Mar;21(2):332-8. O objetivo desse estudo foi avaliar o movimento cirúrgico e o tratamento ortodôntico pós-operatório (TOP) da abordagem de Benefício Antecipado para a correção da má oclusão de Classe III esquelética. A amostra consistiu de 11 pacientes, com má oclusão de Classe III esquelética, submetidos a tratamento sem extrações e cirurgia bimaxilar (osteotomia Le Fort I com impacção posterior de maxila, ou IPM; e osteotomia sagital bilateral do ramo com recuo da mandíbula). A goteira foi removida 4 semanas após a cirurgia. A duração média do TOP e do tratamento total foi de 8,91±3,14 e 12,18±3,57 meses, respectivamente. Radiografias cefalométricas laterais foram obtidas durante o exame inicial (T0), imediatamente
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após a cirurgia (T1) e após a remoção do aparelho (T2). Dezesseis variáveis foram mensuradas. O teste t pareado foi realizado para a análise estatística. A maxila foi girada no sentido horário e o ângulo nasolabial aumentado pela IPM (ângulo FH-Plano palatino, ângulo FH-plano oclusal, p< 0,01; ângulo nasolabial, p< 0,05) e bem conservado durante o TOP. A mandíbula foi reposicionada para trás pela osteotomia sagital bilateral do ramo e recuo da mandíbula (SNB, Pog-N perp, p< 0,001), e recidivou para a frente durante o TOP (SNB, p< 0,01; Pog perp-N, p< 0,05). O U1-SN foi diminuído pela IPM (p< 0,001) e recidivou para vestibular devido à mecânica de Classe III durante o TOP (p< 0,01); eventualmente, nenhuma diferença significativa foi encontrada entre os estágios T0 e T2. Embora o IMPA tenha aumentado no TOP, não houve diferença significativa entre os estágios T0 e T2. A mandíbula parece recidivar para a frente imediatamente após a remoção da goteira e antes da vestibuloversão dos incisivos inferiores. A previsão rigorosa do TOP é crucial no controle do alinhamento dentário, na descompensação do incisivo, na coordenação das arcadas e no assentamento oclusal. Em longo prazo, para controlar a inclinação do incisivo superior e prevenir a recidiva da mandíbula são necessários desgastes e retificação seletiva da goteira para vestibularização dos incisivos inferiores e uso de miniplacas/mini-implantes.
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O objetivo desse estudo foi comparar a precisão de dois programas de imagens de vídeo para prever os resultados do tecido mole em cirurgia de recuo mandibular em pacientes com má oclusão de Classe III esquelética. A amostra consistiu de 30 pacientes brancos previamente tratados, sem crescimento, que haviam sido submetidos à cirurgia isolada de recuo mandibular. Uma comparação objetiva foi realizada para cada programa de previsão cefalométrica, utilizando-se uma análise customizada, bem como uma comparação subjetiva das imagens simuladas conforme avaliadas por um grupo de seis avaliadores. Os resultados mostraram que ambos os programas produziram cefalometrias semelhantes e previsões em imagens de vídeo. As previsões visuais cefalométricas dos objetivos de tratamento foram consideradas mais precisas no plano horizontal; aproximadamente 30% dos casos apresentaram erros maiores que 2,0mm, enquanto no plano vertical, a taxa de erro foi maior (50%). As previsões resultantes das imagens de vídeo foram julgadas pelo grupo como sendo na categoria de "razoáveis". Um problema particular foi observado quando uma compressão vertical significativa das imagens dos tecidos moles foi exigida. A imagem de vídeo foi adequada para a educação do paciente, mas não precisa o suficiente para o diagnóstico detalhado e planejamento do tratamento. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden.
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2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).
Instruções aos autores
7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. 9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos ao lado.
Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.
* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpressjournals.com.br
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registro de ensaios clínicos
Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.
Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que
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integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.
Posicionamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.