clinica_v11n6

Page 1

revista

CLĂ?NICA de

volume 11, nĂşmero 6, dezembro 2012 / janeiro 2013

Dental Press


volume 11, nĂşmero 6, dezembro 2012/janeiro 2013

Dental Press

Rev ClĂ­n Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):1-136

ISSN 1676-6849


volume 11, número 6, dezembro 2012/janeiro 2013

Dental Press

20

relação entre DtM e tratamento ortodôntico na visão de clínicos gerais, especialistas em ortodontia e especialistas em Disfunção temporomandibular e Dor orofacial

28

aparelho t-Hyrax: um bem necessário

50

Distalizador com ancoragem máxima, eliminando a dependência do paciente. Parte ii

62

tratamento da classe ii subdivisão em paciente sem crescimento: relato de dois casos — parte ii

74

resistência adesiva ao cisalhamento de braquetes cerâmicos monocristalinos: estudo in vitro

82

a importância da ortodontia de acompanhamento na odontologia contemporânea

96

Relationship between TMD and orthodontic treatment in the opinion of dental general practitioners, specialists in Orthodontics and specialists in TMD and Orofacial Pain Waleska Caldas, Bruno D’Aurea Furquim, Augusto Ricardo Andrighetto

T-Hyrax appliance: A necessary change Rodrigo Castellazzi Sella, Wagner José Silva Ursi

Absolute anchorage provided by an orthodontic device for teeth distalization without relying on the patient’s cooperation. Part II Fernando Pedrin Carvalho Ferreira, Renato Rodrigues de Almeida, Marcio Rodrigues de Almeida, Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin, Celina Martins Bajo Insabralde, Marcelo Pires Prestes, Roberto Santana Filho, Natalia Martins Insabralde

Treatment of Class II subdivision in a growing patient: Two cases report — Part II Henrique Oliveira Feitosa, Gustavo Tirado Rodrigues

Shear bond strength of monocrystalline ceramic brackets: In vitro study Luis Filipe Siu Lon, Elisa Souza Camargo, Odilon Guariza Filho, Orlando Tanaka

The importance of monitoring Orthodontics in contemporary Dentistry Leopoldino Capelozza Filho, Fernando Kleinübing Rhoden, Fabio Pinto Guedes, Juliana Calistro da Silva, Raquel Rosa Amarante, Mauricio de Almeida Cardoso

toxina botulínica: um novo caminho na prática odontológica Botulinum toxin: New ways in dental practice Marcelo Okajima Lemes de Oliveira, Carlos Alberto Hideki Maruyama, Anderson Teruo Okimoto

50

107

tratamento ortodôntico de classe iii em pacientes com periodonto reduzido

116

estabilidade em longo prazo do tratamento da má oclusão de classe ii, divisão 1, com a utilização de um aparelho funcional propulsor mandibular fixo: relato de caso

Class III orthodontic treatment in reduced periodontium patients Flavio Cesar de Carvalho, Jonas Capelli

Long-term stability of Class II, division 1, malocclusion treatment with the use of a mandibular protrusive fixed functional appliance: Case report Carlos Henrique Guimarães Júnior, Eduardo Franco, José Fernando Castanha Henriques, Renata Castro, Wilana Moura, Ravindra Nanda


10

107

96

78

Editorial ................................................ 5 Eventos ................................................. 6 Acontecimentos ................................... 8 Pergunte a um Expert ......................... 10 Controvérsias .................................... 125 Abstracts ........................................... 131 Instruções aos autores ...................... 134


EDITOR Weber José da Silva Ursi

FOSJC/UNESP-SP

EDITOR EMÉRITO Omar Gabriel da Silva Filho HRAC-USP EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto UFG-GO Rosely Suguino CESUMAR-PR Danilo Furquim Siqueira USC-SP

PUBLISHER Laurindo Furquim UEM-PR

oordenador dos Abstracts C Mauricio de Almeida Cardoso

USC-SP

ONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO C Adilson Luiz Ramos UEM-PR Hélio Hissashi Terada UEM-PR CONSULTORES CIENTÍFICOS

Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Björn U. Zachrisson Carlo Marassi Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Stenyo W. Tavares Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz

UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP Universidade de Oslo / Noruega CPO SLMANDIC-SP Uniceuma-MA UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP ABO-PE / Ciodonto-PE Uniceuma-MA UFRN-RN ABENO-SP

Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - DiretorES Editoriais: Bruno D’Aurea Furquim - Rachel Furquim Marson - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Diego Ricardo Pinaffo - Bruno Boeing de Souza - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Marcos Amaral - Tatiane Comochena Tratamento de imagens: Ivo Azevedo - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira Dias - Revisão/COPydesk: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosana Guedes da Silva

Guilherme de Araújo Almeida UFU-MG Henrique Mascarenhas Villela ABO-BA Jeffrey P. Okeson Universidade de Kentucky / EUA Jesús Fernández Sánchez Universidade de Madrid / Espanha José Fernando C. Henriques FOB-USP-SP José Nelson Mucha UFF-RJ José Rino Neto FOUSP-SP Júlia Harfin Universidade de Maimonides / Argentina Julio de Araújo Gurgel FOB-USP-SP Julio Pedra e Cal-Neto UFF-RJ Jurandir Antonio Barbosa ACDC-SP Larry White AAO Dallas / EUA Leopoldino Capelozza Filho USC-SP Lorenzo Franchi Universidade de Florença / Itália Luciano da Silva Carvalho APCD-SP Marcelo de Castellucci e Barbosa UFBA-BA Marcio Costa Sobral UFBA-BA Marcio Rodrigues de Almeida UNOPAR-PR Marden Bastos EAP-ABO-MG Matheus Melo Pithon UESB-BA Ravindra Nanda Universidade de Connecticut / EUA Ricardo Nakama Clínica particular-PR Roberto Hideo Shimizu UTP-PR Roberto Justus Univ. Tecnológica do México / México Sebastião Interlandi USP-SP Vincent G. Kokich Universidade de Washington / EUA Wagner José Silva Ursi UEL-PR Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana FOB-USP-SP

Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti FOB-USP-SP

Patologia Alberto Consolaro FOB-USP-SP

Dentística Renata Pascotto

UEM-PR

A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2627 - Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.

Indexada nas Bases de Dados:

Bimestral. ISSN 1676-6849.

BBO

1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. CDD 21.ed. 617.643005

desde 2003

desde 2003

desde 2008


editorial

EDUCANDO O PACIENTE ORTODÔNTICO Weber Ursi Editor

O tratamento ortodôntico demanda do paciente uma alteração substancial de suas rotinas, com a necessidade de implementar hábitos de higiene bucal mais cuidadosos, uso de aparelhos removíveis e, em algumas situações, de aparelhos que impactam negativamente a estética facial — como os aparelhos extrabucais. Como convencer um paciente ortodôntico típico, adolescente, sob a forte influência da opinião dos amigos, em plena época da explosão das mídias sociais, Google e internet em geral, a modificar suas rotinas? Existem duas maneiras de fazer com que outro ser humano faça o que queremos que seja feito. As duas envolvem a palavra “poder”, e têm significados totalmente distintos. A primeira acepção da palavra tem relação com o poder da autoridade, o poder do “Doutor”, dos títulos e do conhecimento acumulado. Muitos ortodontistas usam esse tipo de convencimento que, dependendo da criança e/ou dos pais e da sociedade em que estão inseridos, pode até dar resultados. Uma queixa constante dos adolescentes é a “falta de paciência” de alguns ortodontistas, particularmente dos que já estão com uma alta quilometragem. Existe, obviamente, uma diferença significativa de gerações, conceitos e perspectivas nessa relação algumas vezes conturbada. Ao profissional cabe fazer uma reflexão de como abordar esses pacientes, como falar a língua deles, como criar empatia e ganhar sua confiança; tudo para obter o resultado pretendido. Uma relação baseada em medo não tem como prosperar e se manter. O outro tipo de poder é o poder que deriva da educação do paciente relativa ao seu caso, às dificuldades, às limitações enfrentadas e ao objetivo real e imediato de cada

ajuste realizado no decorrer do tratamento. O paciente não é um typodont mudo e passivo na relação. Como prestadores de serviço, nossa obrigação é informar e educar. Recursos visuais ajudam nessa comunicação e devem ser usados continuamente como auxiliares, não substituindo a informação falada. Ora, só se pode ensinar alguém quando se detêm conhecimento sobre o assunto, de maneira profunda e completa. Isso elimina os ortodontistas com formação deficiente ou os não propensos a conversar com o paciente. Quanto mais completa nossa educação — ortodôntica e geral —, melhor equipados estamos para negociar, lidar com revezes, argumentar e convencer. Uma das características da educação é que ela nunca termina, ela é um processo contínuo e acumulativo, que perdura toda a vida, sem nunca preencher nosso “disco rígido”. Sua grande qualidade é que quando ensinamos algo a alguém, não perdemos nada — seu poder é multiplicador! A cada contato profissional, o ortodontista está se “vendendo” a potenciais compradores de seus serviços, os quais manifestarão a seu círculo de amizades seu grau de satisfação ou insatisfação com os serviços prestados. Como meus poucos leitores sabem, aprecio máximas, mesmo as mais “batidas”, e uma cabe como luva: “Só se dá o que se tem”. Portanto, amigos ortodontistas, vamos continuar a estudar, a aprender e a propagar o conhecimento para o bem de nossos pacientes. Ou, melhor ainda, disse o poetinha Vinícius de Moraes: “Quem já passou por essa vida e não viveu 
 Pode ser mais, mas sabe menos do que eu 
 Porque a vida só se dá pra quem se deu”…

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):5

5


eventos

bIOMECâNICA COM MINIMPlANTEs NA ORTODONTIA lINGUAl - DR. HEE-MOON kYUNG DATA: 22 de fevereiro de 2013 LOCAL: Unicsul campus Liberdade – São Paulo/SP INFORMAÇÕES: (11) 3873-7907

1º bOA CONGREssO bRAsIlEIRO DE ORTODONTIA AUTOlIGáVEl DATA: 15 e 16 de março de 2013 LOCAL: Espaço APAS – São Paulo/SP INFORMAÇÕES: www.slubrasil.com.br (11) 2666-4066

7º CONGREssO INTERNACIONAl DE ORTODONTIA DA AbOR-GO DATA: 21, 22 e 23 de março de 2013 LOCAL: Centro de Convenções de Goiânia - Goiânia/GO INFORMAÇÕES: www.aborgoias.com.br

II TURMA REsIDêNCIA EM ORTODONTIA lINGUAl DATA: 29 de março de 2013 LOCAL: Unicsul campus Liberdade – São Paulo/SP INFORMAÇÕES: (11) 3873-7907

1º sIMPósIO DE ORTODONTIA DA AbO- REGIONAl CAMPOs DOs GOYTACAzEs DATA: 11, 12 e 13 de abril de 2013 LOCAL: Auditório da ABO-Regional – Campos dos Goytacazes/RJ INFORMAÇÕES: www.abocampos.com.br (22) 2732-3361

XIII ENCONTRO INTERNACIONAl DE ORTODONTIA DA APRO DATA: 23 a 25 de maio de 2013 LOCAL: Associação médica do Paraná – Curitiba/PR INFORMAÇÕES: www.ortoparana.com.br (41) 3223-7893

9O ENCONTRO AbzIl - ORTODONTIA INDIVIDUAlIzADA CAPElOzzA® DATA: 23, 24 e 25 de maio de 2013 LOCAL: Belo Horizonte/MG INFORMAÇÕES: www.pos-orto.com.br/abzilcapelozza

1O MEETING INTERNACIONAl DE ORTODONTIA DATA: 23, 24 e 25 de maio de 2013 LOCAL: Centro de Convenções Mario Henrique Simonsen - Rio de Janeiro/RJ INFORMAÇÕES: www.meetingortodontiaiom.com.br

6

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):6



ACONTECIMENTOS

Congresso OMD 2012 Durante os dias 8, 9 e 10 de novembro, a Dental Press esteve presente no XXI Congresso Anual da Ordem dos Médicos Dentistas, que foi realizado em Matosinhos, Portugal, no centro de eventos Exponor.

Drs. Frederico M. Gonçalves, Tânia Costa, João Farias e Jorge D. F. Fernandes.

Dra. Adriana C. O. Vitória.

Drs. Reinaldo Dias e Juscelino Kojima.

Drs. Nuno Neto e Sylvio Zanelato.

43º Encontro dos Professores de Ortodontia e Odontopediatria De 11 a 14 de novembro de 2012 aconteceu o 43º Encontro do Grupo Brasileiro dos Professores de Ortodontia e Odontopediatria, no Orotour Garden Hotel, em Campos do Jordão/SP. Nessa edição, foram debatidas importantes questões relacionadas ao ensino e à pesquisa das especialidades.

Drs. Weber Ursi, editor da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, Carlos Flores-Mir, da Universidade de Alberta/Canadá e David Normando, editor do Dental Press Journal of Orthodontics.

8

Drs. Osmar Cuoghi e Marcos Rogerio de Mendonça.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):8-9

Prof. Maria Salete Nahás Pires Corrêa (FOUSP).


Acontecimentos

Programa de Excelência na Ortodontia forma sua 14ª turma Programa de Excelência na Ortodontia finalizou sua 14ª turma. A solenidade de formatura foi realizada na noite de quinta-feira (22/11), no Nite Clube, em Maringá/PR. A cerimônia foi composta pelos professores Laurindo Furquim, Renata Pascotto, Adilson Ramos, Telma Araújo e Isabela Pordeus. O Excelência na Ortodontia é o primeiro programa de educação continuada direcionado a especialistas. Em 14 anos de existência, já formou mais de 250 profissionais de todo o país. Durante os cinco módulos de 2012, mais de 40 professores ministraram aulas aos 26 participantes da 14ª turma.

14a Turma do Programa de Excelência na Ortodontia.

Dra. Laurindo Furquim, Renata Pascoto e Telma Araújo.

Dras. Eliane Maria Duarte e Lisiane K. Gomes.

Dras. Isabela Pordeus e Keila Boaro Calegari.

Dr. Volmir Faedo e sua esposa Kadije e Dr. Adilson Ramos.

Drs. Gilson S. S. Souza e Danilo F. de Arruda.

Dra. Simone Faria de Rezende Netto e esposo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):8-9

9


pergunte a um expert

Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 1

Marcio Rodrigues Almeida*

INTRODUÇÃO O aparelho 4x2 é considerado um dos aparelhos mais versáteis, fácil de se adaptar e bem tolerado pelos pacientes que se encontram na fase de dentição mista. O 4x2 pode promover benefícios de caráter morfológico, estético e psicológico ao paciente. Esse é um ponto importante, que garante a grande maioria das indicações para o seu uso, como: 1) Alinhamento e nivelamento dos incisivos superiores e inferiores. 2) Redução de diastemas, objetivando o ganho de espaço para erupção dos incisivos laterais superiores e/ou caninos. 3) Retração dos incisivos superiores nos casos de Classe II, divisão 1. 4) Protrusão dos incisivos nos casos de Classe II, divisão 2, seguida de mecânica de avanço mandibular. 5) Auxiliar na correção da sobremordida profunda com a intrusão dos incisivos, associada ou não a distalização dos molares superiores. Apesar de alguns ortodontistas aludirem que a intervenção com o aparelho 4x2 na dentição mista pode levar

Como citar este artigo: Almeida MR. Quando, como e por que utilizar a mecânica 4x2: Parte 1. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):10-19.

10

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):10-19

à impacção dos caninos permanentes, pela provável modificação na inclinação das raízes dos incisivos laterais, ou mesmo causando uma reabsorção radicular dos dentes envolvidos, é opinião do autor que, desde que bem executada, pode-se conseguir resultados interessantes e com boa previsibilidade. A grande controvérsia que talvez mereça maiores esclarecimentos é o fato da colagem dos acessórios ser realizada em dentes permanentes jovens e que frequentemente não apresentam o ápice radicular totalmente formado. Obviamente, isso, no passado, deveria ser levado em consideração, talvez pela própria falta de evidências científicas a respeito desse tópico e, também, pelo uso de fios exclusivamente de aço nessa terapêutica. No entanto, o uso incrementado da liga de níquel-titânio liberando forças mais leves e contínuas e as evidências literárias disponíveis sobre a abordagem precoce das más oclusões com mecânica fixa, parecem encorajar fortemente o ortodontista a realizar a mecânica 4x2 no jovem paciente. Nessa seção “Pergunte a um expert”, que será dividida em duas partes, focaremos na parte 1 na aplicação do aparelho 4x2 na correção de pequenos apinhamentos anteriores, na redução de diastemas, bem como nas características de normalidade de uma oclusão na fase de dentição mista.

* Pós-Doutorado em Ortodontia, FOB-USP. Professor Titular do curso de Mestrado Acadêmico em Ortodontia, UNOPAR.


Almeida MR

Considerações finais Nessa parte 1, procurou-se demonstrar o padrão eruptivo de normalidade dos incisivos permanentes superiores, associado com as principais características peculiares do período intertransitório da dentição mista (fase do patinho feio). Além disso, abordou-se as indicações mais comuns dessa simples forma de tratamento de irregularidades da oclusão (apinhamentos e diastemas) em pacientes jovens, com o uso do aparelho 4x2.

Referências 1. Almeida MR, Pereira ALP, Almeida RR, Almeida-Pedrin RR, Silva Filho OG. Prevalência de má oclusão em crianças de 7 a 12 anos de idade. Dental Press J Orthod. 2011;16(4):123-31. 2. Almeida RR. Ortodontia preventiva e interceptora: mito ou realidade. Maringá: Dental Press; 2012. 3. Broadbent BH. The face of the normal child. Angle Orthod. 1937;7:205. 4. Capeloza Filho L, Silva Filho OG. Reabsorção radicular na clínica ortodôntica: atitudes para uma conduta preventiva. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1998;3(1):104-24. 5. Clinch LM. Symposium on aspects of the dental development of the child. I. The development of the primary and the mixed dentitions. Dent Pract Dent Rec. 1966;17(4):135-44. 6. Dowsing P, Sandler PJ. How to effectively use a 2x4 appliance. J Orthod. 2004;31:248-58. 7. Drumond AF, Gontijo AI, Miranda GE, Silva AMB, Alvedanha VL. Nivelamento 4x2: uma conduta ética. Rev Clín Ortod Dental Press. 2003;2(3):65-78. 8. Mavragani M, Bøe ME, Wisth PJ, Selvig KA. Changes in root length during orthodontic treatment: advantages for immature teeth. Eur J Orthod. 2002;24(1):91-7. 9. Silva Filho OG, Garib DG, Freire Maia BAV, Ozawa TO. Apinhamento primário temporário e definitivo: diagnóstico diferencial. Rev Assoc Paul Cir Dent 1998;52(1):75-81. 10. Silva Filho OG, Mendes OF, Ozawa TO, Ferrari Junior FM, Correa TM. Behavior of partially formed roots of teeth submitted to orthodontic movement. J Clin Pediatr Dent. 2004;28(2):147-54. 11. Silva Filho OG, Lara ST, Silva GFB. Nivelamento 4 x 2: ponderações sobre sua aplicação na dentadura mista e permanente. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006;5(3):20-46.

Endereço para correspondência Marcio Rodrigues de Almeida Via Galileu, 1-15 – Bauru/SP CEP: 17.053-093 – E-mail: marcioalmeida@me.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):10-19

19


caso clínico

Relação entre DTM e tratamento ortodôntico na visão de clínicos gerais, especialistas em Ortodontia e especialistas em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial Relationship between TMD and orthodontic treatment in the opinion of dental general practitioners, specialists in Orthodontics and specialists in TMD and Orofacial Pain

Waleska Caldas* Bruno D’Aurea Furquim** Augusto Ricardo Andrighetto***

Abstract

Resumo Objetivo: o objetivo do presente estudo foi avaliar a visão de clínicos gerais (CG), especialistas em Ortodontia (EO) e especialistas em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (EDTM), por meio de questionário, quanto à inter-relação tratamento ortodôntico e DTM. Métodos: foi enviado questionário via correio eletrônico a 9.490 cirurgiões-dentistas de diferentes regiões do Brasil. Resultados: dos 132 profissionais que responderam à pesquisa, 75% relatou examinar, usualmente, seus pacientes quanto a sinais e sintomas de DTM previamente ao tratamento odontológico. A maioria dos profissionais (55%) afirmou acreditar

que tratamento ortodôntico pode prevenir DTM; 68% dos EDTM não concordam com essa opinião. A maior parte (62%) associou tratamento ortodôntico à causa da DTM e não acredita que Ortodontia possa tratar a referida desordem (56%). A maioria dos CG (64%), no entanto, considera que se pode tratar DTM por meio de Ortodontia. Conclusão: a maioria dos profissionais acredita que tratamento ortodôntico pode prevenir DTM, mas que, ao mesmo tempo, não pode curar e pode ainda causar tal desordem. Foi encontrada diferença estatisticamente significativa em relação às respostas das três áreas de interesse (CG, EO e EDTM).

treatment can cause TMD but, on the other hand, cannot cure it (56%). Most of the GP (64%), however, claim that orthodontics does treat TMD. Conclusions: Most dentists believe orthodontic treatment can prevent TMD but is not able to cure it and can even cause the disease. The study found statistically significant difference with regard to the opinion of the three areas of interest (GP, SO and ST).

Palavras-chave: Ortodontia. Síndrome da Disfunção da Articulação Temporomandibular. Questionários.

Keywords: Orthodontics. Temporomandibular Joint Disorders. Questionnaires.

Como citar este artigo: Caldas W, Furquim BD, Andrighetto AR. Relação entre DTM e tratamento ortodôntico na visão de clínicos gerais, especialistas em Ortodontia e especialistas em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):20-6.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

20

Objective: The objective of this study was to evaluate the opinion of dental general practitioners (GP), specialists in orthodontics (SO) and specialists in TMD (ST) on the relationship between orthodontic treatment and TMD. Methods: A questionnaire was sent via electronic mail to 9,490 dentists from different parts of Brazil. Results: Of the 132 subjects who responded to the survey, 75% reported frequently examining their patients for signs and symptoms of TMD prior to odontological treatment. Most subjects (55%) believe orthodontic treatment can prevent TMD; 68% of the ST disagree with that opinion. The majority (62%) believe that the orthodontic

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):20-6

* Especialista em Ortodontia, Instituto Latino Americano de Pesquisa e Ensino Odontológico. ** Mestre em Ortodontia e Doutorando em Reabilitação Oral, FOB-USP. *** Mestre e Doutor em Ortodontia, FOB-USP.


Caso Clínico

Relação entre DTM e tratamento ortodôntico na visão de clínicos gerais, especialistas em Ortodontia e especialistas em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial

Referências 1. Pollack B. Cases of note: Michigan jury awards $850,000 in ortho case; A tempest in a teapot. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;70(11-12):540-2. 2. Okeson JP. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 4ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 2000. 3. Seligman DA, Pullinger AG. A Multiple stepwise logistic regression analysis of trauma history and 16 other history and dental cofactors in females with temporomandibular disorders. J Orofac Pain. 1996;10(4):351-61. 4. Mohlin B, Axelsson S, Paulin G, Pietilä T, Bondemark L, Brattström V, et al. TMD in relation to malocclusion and orthodontic treatment. Angle Orthod. 2007;77(3):542-8. 5. Pullinger AG, Seligman DA, Gorbein JA. A multiple logistic analysis of the risk and relative odds of temporomandibular disorders as a function of common occlusal features. J Dent Res. 1993;72(6):968-79. 6. McNamara JA Jr, Seligmen DA, Okeson JP. Occlusion, Orthodontic treatment, and temporomandibular disorders: a review. J Orofac Pain. 1995;9(1):73-90. 7. Magnusson T, Egermark I, Carlsson GE. A prospective investigation over two decades on signs and symptoms of temporomandibular disorders and associated variables. A final summary. Acta Odontol Scand. 2005;63(2):99-109. 8. Mao Y, Duan XH. Attitude of Chinese orthodontists towards the relationship between orthodontic treatment and temporomandibular disorders. Int Dent J. 2001;51(4):277-81. 9. Moana Filho EJ. Levantamento das atitudes e crenças dos Ortodontistas com relação à disfunção têmporo-mandibular e dor orofacial. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2005;10(4):60-75. 10. Leeuw R. Dor orofacial: guia de avaliação, diagnóstico e tratamento. 4ª ed. São Paulo: Quintessence; 2010. 11. Vieira SM. Bioestatística: tópicos avançados. 1ª ed. São Paulo: Campus; 2003. 12. McNamara JA Jr. Orthodontic treatment and temporomandibular disorders. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol Endod. 1997;83(1):107-17. 13. Conti A, Freitas M, Conti P, Henriques J, Janson G. Relationship between signs and symptoms of temporomandibular disorders and orthodontic treatment: a crosssectional study. Angle Orthod. 2003;73(4):411-7. 14. Delboni MEG, Abrão J. Estudo dos sinais de DTM em pacientes ortodônticos assintomáticos. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2005;10(4):88-96. 15. Godoy F, Rosenblatt A, Godoy-Bezerra J. Temporomandibular disorders and associated factors in Brazilian teenagers: a cross-sectional study. Int J Prosthodont. 200;20(6):599-604. 16. Solberg WK, Bibb CA, Nordström BB, Hansson TL. Malocclusion associated with temporomandibular joint changes in young adults at autopsy. Am J Orthod. 1986;89(4):326-30.

17. Sonnesen L, Bakke M, Solow B. Malocclusion traits and symptons and sings of temporomandibular disorders in children with severe malocclusion. Eur J Orthod. 1998;20(5):543-59. 18. Agerberg G, Sandström R. Frequency of occlusal interferences: a clinical study in teenagers and young adults. J Prosthet Dent. 1988;59(2):212-7. 19. Motegi E, Miyazaki H, Ogura I, Konishi H, Sebata M. An orthodontic study of temporomandibular joint disorders. Part 1: Epidemiological research in Japanese 6-18 year olds. Angle Orthod. 1992;62(4):249-56. 20. Buckingham RB, Braun T, Harinstein DA, Oral K, Bauman D, Bartynski W, et al. Temporomandibular joint dysfunction syndrome: a close association with systemic joint laxity (the hypermobile joint syndrome). Oral Surg, Oral Med, Oral Pathol. 1991;72(5):514-9. 21. Rendell JK, Norton LA, Gay T. Orthodontic treatment and temporomandibular joint disorders. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):84-7. 22. Macfarlane TV, Kenealy P, Kingdon HA, Mohlin BO, Pilley JR, Richmond S, et al. Twenty-year cohort study of health gain from orthodontic treatment: temporomandibular disorders. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;135(6):692.e1-8. 23. Kremenak CR, Kinser DD, Harman HA, Menard CC, Jakobsen JR. Orthodontic risk factors for temporomandibular disorders (TMD). I: Premolar extractions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):13-20. 24. Hirata RH, Heft MW, Hernandez B, King GJ. Longitudinal study of signs of temporomandibular disorders (TMD) in orthodontically treated and nontreated groups. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):35-40. 25. Henrikson T, Nilner M. Temporomandibular disorders, occlusion and orthodontic treatment. J Orthod. 2003;30(2):129-37. 26. Pissete AP, Feres MAL. II Estudo sobre a prática ortodôntica no Brasil: 1995. Ortodontia. 1997;30(3):7-15. 27. Egermark I, Thilander B. Craniomandibular disorders with special reference to orthodontic treatment: an evaluation from childhood to adulthood. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):28-34. 28. Sadowsky C, Polson AM. Temporomandibular disorders and functional occlusion after orthodontic treatment: results of two long-term studies. Am J Orthod. 1984;86(5):386-90. 29. Carrara SV, Conti PCR, Barbosa JS. Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial. Dent Press J Orthod. 2010;15(3):114-20.

Endereço para correspondência Waleska Caldas Rua Dr. Roberto Barroso, 1351 – Mercês – Curitiba/PR – 80.520-070 E-mail: waleska.caldas@hotmail.com

26

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):20-6



caso clínico

Aparelho T-Hyrax: um bem necessário T-Hyrax appliance: A necessary change

Rodrigo Castellazzi Sella* Wagner José Silva Ursi**

Abstract

Resumo Os aparelhos dentomucossuportados fazem parte do arsenal ortodôntico e/ou ortopédico para o tratamento da atresia maxilar (Haas) e podem estar associados às molas de TMA para correção da relação molar de Classe II por meio de distalização dos dentes superiores, sem depender da cooperação do paciente (Pêndulo, Pendex, T-Rex). Esses aparelhos têm a sua higiene dificultada e, ocasionalmente, promovem lesões à mucosa palatina. O presente artigo tem como

28

objetivo expor uma discussão concernente às intercorrências clínicas relacionadas com a utilização de aparelhos que exibem apoio mucoso e apresentar uma associação do T-Rex ao Hyrax — o aparelho T-Hyrax — como uma alternativa para os casos que requerem a expansão rápida da maxila e a distalização de molares superiores, viabilizando, devido ao arquétipo do aparelho, uma condição de higiene mais favorável e com menores riscos de danos ao palato

Appliances supported in teeth and mucosa are part of the orthodontic and/or orthopedic arsenal for treatment of maxillary atresia (Haas) and may be associated with the correction of Class II molar relationship without patient’s compliance (Pendulum, Pendex, T-Rex). These devices have poor hygiene conditions and occasionally promote palatal mucosa lesions. This paper aims to expose a discussion regarding the clinical complications as-

sociated with the use of devices showing mucosal support and to present a combination of T-Rex and Hyrax — the T-Hyrax appliance — as an alternative for cases that require rapid maxillary expansion and distalization of upper molars, making it possible due to the archetype of the appliances, a better hygienic condition with low risk of palate damage.

Palavras-chave: T-Rex. Expansão rápida da maxila. Anatomia maxilar.

Keywords: T-Rex. Rapid maxillary expansion. Maxillary anatomy.

Como citar este artigo: Sella RC, Ursi WJS. Aparelho T-Hyrax: um bem necessário. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):28-48.

» Os autores declaram deter a patente do aparelho T-Hyrax.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):28-48

* Doutor em Ortodontia, UNESP. Professor, Departamento de Anatomia, do Centro de Ciências Biológicas, Disciplinas de Anatomia Humana e Anatomia Dentária, UEL. Professor, Curso de Especialização em Ortodontia, UNICSUL. ** Doutor em Odontologia. Professor, Departamento de Odontologia Restauradora, Disciplina de Dentística, UEL. Professor, Curso de Especialização em Ortodontia, UNICSUL.


Caso Clínico

Aparelho T-Hyrax: um bem necessário

(dentição mista) para maior confiabilidade durante a transferência dessas para a moldagem, pode-se lançar mão de um segmento de arco full size (0,017” x 0,025” no slot 0,018” x 0,028”, ou 0,021” x 0,025” no slot 0,022” x 0,025”) do braquete da banda desses dentes à banda dos primeiros molares permanentes, com intuito de tornar o aparelho mais rígido. Quando as bandas dos pré-molares ou molares decíduos não recebem braquetes, pode-se uni-las à mesial da banda do primeiro molar permanente por meio de um segmento de fio de 1,00mm (0,040”), soldado em ambas as extremidades. CONSIDERAÇÕES FINAIS Apresentamos o aparelho T-Hyrax como uma alternativa para o uso de aparelhos dentomucossuportados. A remoção do acrílico da estrutura do expansor/distalizador permitiu:

• • • • •

Reduzir o volume do aparelho. Proporcionar melhores condições de higiene. Eliminar a interface acrílico/mucosa palatina. Reduzir a microbiota bucal (microporosidades). Proteger o paciente contra o surgimento de lesões durante a ERM. As molas de TMA removíveis atribuíram versatilidade para sua ativação, reativação ou desativação, aumentando a segurança contra lesões palatinas durante esses procedimentos. Os fatores higiene e segurança contra lesões também foram favorecidos por meio do deslocamento das molas de TMA, aumentando sua distância em relação ao palato. O ortodontista poderá optar por uma das três versões, com apoios vestibulares, oclusais, ou bandado em pré-molares, conforme as indicações. Os resultados clínicos de cada versão do T-Hyrax serão publicados em artigo subsequente.

Referências 1. Almeida RR, Almeida MR, Fuzy A, Henriques JFC. Modificação do Aparelho Pendulum/Pendex. Descrição do aparelho e técnica de construção. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial, M 1999;4(6):12-9. 2. Andrews LF, Andrews WA. Syllabus of andrews philosophy and techniques. 5a ed. San Diego: Lawrence F. Andrews Foundation; 1995. 3. Andrews LF, Andrews WA. The six elements of orofacial harmony. Andrews J. 2000;1(1):33-9. 4. Biederman W. A hygienic appliance for rapid expansion. J Pract Orthod. 1968;2(2):6770. 5. Capelozza Filho L, Silva Filho OG. Expansão rápida da maxila: considerações gerais e aplicação clínica - Parte I. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1997;2(3):88-102. 6. Capelozza Filho L, Silva Filho OG. Expansão rápida da maxila: considerações gerais e aplicação clínica - Parte II. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1997;2(4):86-108. 7. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004. 8. Consolaro A. Bactérias e fungos usam aparelhos ortodônticos e ortopédicos: Um assunto superinteressante. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2004;3(1):100. 9. Consolaro A. Lesões necróticas na disjunção palatina: explicação e prevenção. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2009;14(5):20-6. 10. Ferreira C, Ursi W, Atta JY, Lyra COM, Lyra FA. Efeitos dentais e esqueletais mediatos da E.R.M. utilizando o disjuntor Hyrax. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(4):36-48. 11. Haas AJ. Interviews. J Clin Orthod. 1973;7:227-45. 12. Hass AJ. Long-term post-treatment evaluation of rapid palatal expansion. Angle Orthod. 1980;50(3):189-217. 13. Haas AJ. Palatal expansion on the maxillary dental arch and nasal caviy by openning the midpaladal suture. Angle Orthod. 1970;57(3):219-55. 14. Hass AJ. Rapid expansion on the maxillary dental arch and nasal cavity by opening the midpaladal suture. Angle Orthod. 1961;31(2):73-90. 15. Hass AJ. Rapid paladal expansion: recommended pre requisit to class III treatment. Eur Orthod Soc Trans. 1973;311-8. 16. Hass AJ. The treatment of maxillary deficiency by opening the midpalatal suture. Angle Orthod. 1965;35(3):200-17. 17. Hilgers JJ. Adjuncts to bioprogressive therapy: a palatal expansion appliance for noncompliance therapy. J Clin Orthod. 1991;25:491-7.

48

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):28-48

18. Hilgers JJ. The pendulum appliance for class II non-compliance therapy. J Clín Orthod. 1992;26(11):706-14. 19. Hilgers JJ. The Hilgers bios system. In: Annual session of american association of orthodontists, 98., 1998, Philadelphia. Hyper-efficient Orthodontics. Ed. Mission: Viejo, 1998. 20. McNamara JA Jr. An orthopedic approach to Class III malocclusion in growing children. J Clin Orthod. 1987;21(9):598-608. 21. Prieto MGL, Fuziy A, Ishikawa EM, Prieto L. Pêndulo higiênico de Prieto. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006;5(4):26-35. 22. Santos ECA, Santos ECA, Silva APJL, Bertoz APM. Distalização dos molares superiores com aparelho Pendex: estudo em modelos de gesso. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(3):71-80. 23. Sella RC, Ursi WJS. Descompensação do arco inferior: conceito e métodos. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012;11(5):28-45. 24. Ursi W, Almeida GA. Cooperação mínima utilizando o pêndulo de Hilgers. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2002;7(2):87-123. 25. Ursi WJS, Sella RC, Ursi W. Novo recurso para contenção dos primeiros molares permanentes após a distalização. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011 Dez2012;10(6):72-6.

Endereço para correspondência Rodrigo Castellazzi Sella Rua Benjamin Constant, 1879 – Londrina/PR CEP: 86020-320 – E-mail: rodrigosella@hotmail.com


l

o

s

o

f

i

a Es

paç

o G&M

O curso Filosofia SWING é mais uma iniciativa da G&M Orthodontics que, periodicamente, apoia aprimoramentos técnico-científicos com renomados palestrantes. • Tr eina

to

M

men

alestras • P •

i

s

spaço G& • E

f

Treinamentos permanentes do Espaço G&M • Brackets Autoligados • Ortodontia Lingual Simplificada • Mini-implantes (Straight Wire) • Placas e alinhadores

Novidade: nossos treinamentos podem ir até sua cidade! Saiba mais acessando: gm-orthodontics.com.br/espaco-gm

Conheça nossos produtos! BioQuick®

bracket autoligado metálico interativo

Inédito: 1 Turma no Brasil a

FOCO NO DIAGNÓSTICO

QuicKlear®

”A Ortodontia é oclusão; e sem oclusão não há Ortodontia. A guia anterior é o objetivo a ser atingido, tanto na dentição mista quanto na permanente. Quando iniciamos um tratamento ortodôntico com aparatologia fixa, o sucesso do caso está em como não perder o trespasse vertical (overbite) e como fazer para que não se aumente o trespasse horizontal (overjet), à medida que os dentes se alinham com um arco com memória. Este é o grande desafio da Técnica do Arco Reto (Straight Wire) em qualquer das suas variações.” Javier Frenck

bracket autoligado cerâmico interativo

Lingual 2D®

bracket autoligado lingual

OrthoEasy® mini-implante

Curso inédito em 3 módulos bimestrais • Módulo I: 08 e 09 de Março/2013 • Módulo II: 24 e 25 de Maio/2013 • Módulo III: 26 e 27 de Julho/2013

plastificadora digital automatizada

Local: Espaço G&M - Treinamentos e Palestras Av. Angélica, 1996 - mezanino Higienópolis - São Paulo/SP

Vagas Limitadas!

Mais informações e inscrições, acesse

gm-orthodontics.com.br/swing

G&M Orthodontics

Av. Angélica, 1.996 - cj. 1101 Higienópolis - São Paulo/SP - Brasil Telefax: +55 (11) 3661-8100 Utilize o QR-Code para www.gm-orthodontics.com.br acessar nosso website

diretamente de seu tablet ou smartphone!

facebook.com/GMOrthodontics

twitter.com/GMOrthodontics


caso clínico

Distalizador com ancoragem máxima, eliminando a dependência do paciente. Parte II Absolute anchorage provided by an orthodontic device for teeth distalization without relying on the patient’s cooperation. Part II

Fernando Pedrin Carvalho FERREIRA* Renato Rodrigues de ALMEIDA** Marcio Rodrigues de ALMEIDA*** Renata Rodrigues de ALMEIDA-PEDRIN**** Celina Martins BAJO INSABRALDE***** Marcelo Pires PRESTES****** Roberto Santana FILHO******* Natalia Martins INSABRALDE********

Abstract

Resumo Um dos principais efeitos colaterais dos distalizadores intrabucais é a projeção dos dentes anteriores, aumentando, assim, o tempo de tratamento. Esse trabalho tem como objetivo apresentar uma modificação do Pendulum, aparelho para a correção da má oclusão de Classe II de Angle, já consagrado na Ortodontia, promovendo a distalização dos molares,

sem ocasionar a perda de ancoragem dos dentes anteriores. A apresentação desse caso clínico evidencia uma Classe II de Angle completa, sendo um tratamento que gera uma grande dificuldade de correção sem extração, ou que depende do paciente usar elásticos. Serão mostradas suas características, vantagens e sua simples confecção.

The presentation of this case report shows a complete Angle Class II, with a treatment that causes enormous difficulties of correction without extraction, or that depends on the patient using elastic. It will be shown its features, advantages and its simple preparation.

Palavras-chave: Implantes dentários. Aparelhos ortodônticos. Procedimentos de ancoragem ortodôntica.

Keywords: Dental implants. Orthodontic appliances. Orthodontic anchorage procedures.

Como citar este artigo: Ferreira FPC, Almeida RR, Almeida MR, Almeida-Pedrin RR, Insabralde CMB, Prestes MP, Santana Filho R, Insabralde NM. Distalizador com ancoragem máxima, eliminando a dependência do paciente. Parte II. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):50-60.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

50

One of the major side effects of intraoral distalization is the projection of the anterior teeth, thus increasing the treatment time. This work aims to present a modification of the Pendulum appliance for the correction of Class II malocclusion, already enshrined in Orthodontics, promoting molar distalization without causing the loss of anchorage of the anterior teeth.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):50-60

* Doutor em Ortodontia,FOB/USP. Professor, CORA. ** Doutor e Livre-Docente em Ortodontia, FOB/USP. Professor de Ortodontia, FOB/USP e CORA. *** Pós-doutor em Ortodontia, FOB/USP. Professor, CORA. **** Pós-doutora em Ortodontia e Especialista em Radiologia, FOB/USP. Professora, CORA. ***** Especialista em Ortodontia, Faculdade de Odontologia de Lins. Professora, CORA. ****** Mestre e Doutor em Odontopediatria, FOB/USP. ******* Especialista em Ortodontia, UNINGÁ. Professor, CORA. ******** Pós-Graduanda em Ortodontia, UNOPAR.


Caso Clínico

Distalizador com ancoragem máxima, eliminando a dependência do paciente. Parte II

A distalização dos molares por meio do aparelho Pendulum tem como características a unidade de ancoragem apoiada nos pré-molares, proporcionando mesialização dos pré-molares e consequente perda de ancoragem.

de confecção do aparelho apresentado nesse trabalho o tornam uma excelente opção para a correção das más oclusões de Classe II de Angle, em qualquer idade. O caso apresentado teve 13 meses de tratamento, evidenciando-se eficaz e rápido.

CONCLUSÃO AGRADECIMENTOS A grande dificuldade de colaboração do paciente para a distalização dos molares, a perda de ancoragem inerente aos distalizadores intrabucais, bem como a dificuldade em manter os molares distalizados após a obtenção dos espaços, são algumas das desvantagens dos outros aparelhos distalizadores. O custo e a simplicidade

Ao nosso técnico em prótese ortodôntica, Pedro Paulo Brandão de Lima (PEO), pela participação na elaboração e confecção do aparelho; à empresa SIN pelo total apoio e incansável busca pelas inovações e à empresa Orthometric por acreditar na Ortodontia de nosso país.

Referências 1. Almeida RR, Almeida MR, Fuziy A, Henriques JFC. Modificação do aparelho Pendulum/Pend-X. Descrição do aparelho e técnica de construção. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999;4(6):12-9. 2. Angelieri F, Almeida RR, Almeida MR, Fuziy A. Dentoalveolar and skeletal changes associated with the pendulum appliance followed by fixed orthodontic treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(4):520-7. 3. Bernhart T, Freudenthaler J, Dörtbudak O, Bantleon HP, Watzek G. Short epithetic implants for orthodontic anchorage in the paramedian region of the palate. A clinical study. Clin Oral Implants Res. 2001;12(6):624-31. 4. Bernhart T, Vollgruber A, Gahleitner A, Dörtbudak O, Haas R. Alternative to the median region of the palate for placement of an orthodontic implant. Clin Oral Implants Res. 2000;11(6):595-601. 5. Bussick TJ, McNamara JA Jr. Dentoalveolar and skeletal changes associated with the pendulum appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(3):333-43. 6. Byllof FK, Karcher H, Clar E, Stoff F. An implant to eliminate anchorage loss during molar distalization: a case report involving the Graz implant-supported pendulum. Int J Adult Orthodon Orthognath Surg. 2000;15(2):129-37. 7. Chen F, Kazuto T, Hanada K, Saito I. Anchorage effect of osseointegrated vs nonosseointegrated palatal implants. AngleOrthod. 2006;76(4):660-5. 8. Ferreira FPC, Almeida RR, Almeida MR, Almeida-Pedrin RR, Insabralde CMB, Prates MP. Distalizador com ancoragem máxima, eliminando a dependência do paciente. Parte I. A simplicidade da confecção. Innov Implant J. 2008;3(5)27-30. 9. Ferreira FPC, Almeida RR, Almeida MR, Almeida-Pedrin RR, Insabralde CMB, Santana Filho RF, et al. Simplificação da instalação dos mini-implantes ortodônticos. Innov Implant J. 2009; 4(2)76-82. 10. Garib DG, Navarro RL, Francischone CE, Oltramari PVP. Pendulum implantosuportado: uma opção para a distalização de molares superiores com ancoragem óssea. Ortodontia SPO. 2008;41(3):229-33. 11. Gianelly AA, Dietz VS. Molar distalization with the acrylic cervical occipital appliance. SeminOrthod. 2000;6(2):91-7. 12. Joseph AA, Butchart C. An evaluation of the Pendulum distalizing appliance. SeminOrthod. 2000;6(2):129-35. 13. Karaman AI, Basciftci FA, Polat O. Unilateral distal molar movement with an implant-supported distal jet appliance. Angle Orthod. 2002;72(2):167-74. 14. Kärcher H, Byllof FK, Clar E. The Graz implant supported pendulum, a technical note. J Craniomaxillofac Surg. 2002;30(2):87-90.

60

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):50-60

15. Ngantung V, Nanda RS, Bowman SJ. Posttreatment evaluation of the distal jet appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;120(2):178-85. 16. Onçağ G, Akyalcin S, Arikan F. The effectiveness of a single osteointegrated implant combined with pendulum springs for molar distalization. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(2):277-84. 17. Onçağ G, Seçkin O, Dinçer B, Arikan F. Osseointegrated implants with pendulum springs for maxillary molar distalization: a cephalometric study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(1):16-26. 18. Polat-Ozsoy Ö, Kircelli BH, Arman- Özçirpici A, Pektas ZÖ, Uçkand S. Pendulum appliances with 2 anchorage designs: conventional anchorage vs bone anchorage. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;133(3):339.e9-17. 19. Prieto MGL, Fuziy A, Ishikawa EN, Prieto L. Pêndulo higiênico de Prieto. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006;5(4):26-35. 20. Sandler J, Benson PE, Doyle P, Majumder A, O’Dwyer J, Speight P, et al. Palatal implants are good alternative to headgear: a randomized trial. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;133(1):51-7. 21. Schütze SF, Gedrange T, Zellmann MR, Hazerd W. Effects of unilateral molar distalization with a modified pendulum appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(5):600-8. 22. Sugawara J, Kanzaki R, Takahashi I, Nagasaka H, Nanda R. Distal movement of maxillary molars in nongrowing patients with the skeletal anchorage system. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(6):723-33. 23. Villela H, Bezerra F, Menezes P, Villela F, Laboissiére M Jr. Microparafusos ortodônticos de titânio autoperfurantes: mudando os paradigmas da ancoragem esquelética na ortodontias. ImplantNews. 2006;3(4):369-75.

Endereço para correspondência Fernando Pedrin Carvalho Ferreira Rua Manoel Pereira Rolla, 18-9 – Vila nova – Cidade Universitária CEP: 17013-190 – Bauru/SP E-mail: drfernandopedrin@bol.com.br



caso clínico

Tratamento da Classe II subdivisão em paciente sem crescimento: relato de dois casos — parte II Treatment of Class II subdivision in a growing patient: Two cases report — Part II

Henrique Oliveira Feitosa* Gustavo Tirado Rodrigues**

Abstract

Resumo A Classe II subdivisão de Angle é um tipo de má oclusão frequente na prática clínica. Para que sejam atendidos os anseios estéticos e funcionais, a obtenção das relações em “Classe I”, bilateralmente, entre os caninos e a coincidência da linha média com o plano sagital mediano, devem ser objetivos primordiais durante o planejamento. Nesses casos, pode-se aceitar a manutenção da relação de Classe II em molares de um dos lados. A Classe II subdivisão pode ser corrigida de diferentes formas e a sua resolução pode envolver, se de natureza esquelética, tratamento ortocirúrgico ou abordagem do crescimento; se dentária, exodontias de um, três ou quatro pré-molares. Sendo assim, serão relatados, em duas partes, três casos clínicos que apresentavam má oclusão de Classe II subdivisão, dentre outras, e que foram tratados sob três diferentes protocolos. O caso clínico relatado na parte I

referiu-se a um paciente em crescimento, com desvio esquelético inferior corrigido por avanço mandibular assimétrico com Bionator de Balters13. Nessa parte II, um dos casos relatados tratou-se de uma paciente que apresentava desvio dentário inferior corrigido em tratamento com três exodontias; e outro em que se apresentava desvio dentário superior corrigido em tratamento envolvendo quatro extrações. Independentemente do protocolo adotado, os objetivos estéticos e funcionais primordiais foram alcançados nos três casos. Para tanto, o ortodontista deve fazer um diagnóstico preciso e dominar a terapêutica, bem como estar ciente dos efeitos mecânicos provenientes de cada protocolo de tratamento disponível na literatura, para que, dessa maneira, ofereça ao paciente o tratamento mais adequado.

case reported in Part I referred to a growing patient with lower skeletal deviation corrected by mandibular advancement of asymmetric Balters Bionator 13. In this part II, one of the reported cases treated a patient with lower dental deviation corrected in treatment with three extractions, and another in which was present a in upper dental deviation corrected with four extractions. Regardless of the protocol used, the primary functional and aesthetic goals were achieved in all three cases. Therefore, the orthodontist must make an accurate diagnosis and dominate the technique, as well as being aware of the mechanical effects from each treatment protocol available in literature, so that he can offer the patient the best treatment.

Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Extração dentária. Ortodontia Corretiva.

Keywords: Angle’s Class II malocclusion. Tooth extraction. Corrective Orthodontics.

Como citar este artigo: Feitosa HO, Rodrigues GT. Tratamento da Classe II subdivisão em pacientes sem crescimento: relato de dois casos. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):70-81.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

62

Angle Class II subdivision is a common type of malocclusion in clinical practice. To achieve both esthetic and functional objectives, obtaining relations in “Class I”, bilaterally, between canines and the coincidence of the midline with the median sagittal plane, should be primary objectives during planning. In such cases, it can be acceptable to maintain the Class II relationship of molars on one side. The Class II subdivision can be corrected in different ways and its resolution may involve, if skeletal in nature, treatment or approach orthosurgical growth, if dental, extractions of one, three or four premolars. So, this paper will report in two parts, three clinical cases presenting Class II subdivision malocclusion, among other problems, and that were treated under three different protocols. The clinical

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):62-73

* Especialista em Ortodontia, UNIT. ** Mestre em Odontologia, UFS.


Feitosa HO, Rodrigues GT

controle de ancoragem e na aplicação de forças ortodônticas próximas aos níveis ideais, foi possível alcançar os objetivos do tratamento (caso 2), mesmo havendo histórico de tratamento ortodôntico prévio, reabsorções radiculares moderadas e ampla necessidade de colaboração na utilização de mecânica de elásticos intermaxilares e aparelho extrabucal de ancoragem. Apesar da queixa principal da paciente (caso 1) ser de biprotrusão dentária e labial, clinicamente não se justificava grandes retrações. Nos tratamentos compensatórios de paciente Padrão II mandibular sem crescimento, normalmente, o tratamento envolve extração dos primeiros pré-molares superiores seguido de retração anterossuperior. Nesses casos, a mecânica de retração inferior deveria ser evitada. Caso contrário, a característica facial Padrão II se tornaria ainda mais evidente. No caso apresentado, a necessidade de exodontia do primeiro pré-molar inferior direito (unidade 44) ocorreu para que pudesse ser mantida a relação de Classe I dos caninos direitos, corrigindo o desvio da linha média inferior (para esquerda) e melhorando a inclinação dos incisivos inferiores com melhor controle da correção das linhas médias dentárias, como proposto pela literatura9. Na hipótese se tratar paciente em fase ativa de crescimento, com o mesmo retrognatismo e um padrão dentário de menor protrusão, um tratamento por avanço mandibular assimétrico poderia ter sido utilizado, como demonstrado por Feitosa e Rodrigues13. Embora haja a indicação na literatura11 de tratamento da Classe II subdivisão tipo 2 com a exodontia de apenas um pré-molar superior do lado da Classe II, a severidade da biprotrusão

encontrada no caso 2 inviabilizou qualquer alternativa mais conservadora. Em casos em que a protrusão não justifique extrações múltiplas, a opção de apenas uma extração deve sempre considerar o trespasse horizontal inicial, para que o trespasse permita a retração anterossuperior, permitindo completo fechamento de espaços, sem grandes manobras de geração de espaço adicional no arco inferior como desgastes interproximais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS A Classe II subdivisão permanece sendo uma condição frequente e desafiadora no dia a dia do ortodontista. Dessa forma, o profissional que se dispõe a tratá-la deve dominar as técnicas e conhecer todas as características e limitações de cada protocolo de tratamento (alguns deles descritos na na parte I desse artigo) e, em alguns casos, contar com a participação de outras especialidades durante o planejamento, para que juntamente com o correto diagnóstico possa se determinar qual o plano de tratamento que melhor atende à necessidade do caso. Deve-se ressaltar, no entanto, que no tratamento dessas relações assimétricas, o paciente assume um papel importante na colaboração com o uso de mecânica com elásticos ou ancoragem extrabucal. Do ponto de vista funcional, o correto alinhamento e nivelamento e a obtenção das guias funcionais equilibradas são fatores determinantes para uma oclusão balanceada e estável; do ponto de vista estético, são fatores primordiais para que seja alcançado um sorriso simétrico e harmonioso, independentemente do protocolo adotado.

Referências 1. Feitosa HO, Rodrigues GT. Tratamento da Classe II subdivisão em paciente com crescimento: relato de caso. Parte I. Rev Clín Ortoda Dental Press. 2012;11(2):118-27. 2. Angle EH. Classification of malocclusion. Dent Cosmos. 1899;41(3):248-64. 3. Kelly MF. Light-wire treatment of a Class II, Division I subdivision malocclusion. Am J Orthod. 1986; 89(3):216-22. 4. Alavi DG, BeGole EA, Scheneider BJ. Facial and dental arch asymmetries in Class II subdivision malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;93(1):38-46. 5. Janson GRP, Metaxas A, Woodside DG, Freitas MR, Pinzan A. Threedimensional evaluation of skeletal and dental asymmetries in Class II subdivision malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;119(4):406-18. 6. Azevedo ARP, Janson G, Henriques JFC, Freitas MR. Evaluation of asymmetries between subjects with Class II subdivision and apparent facial asymmetry and those with normal occlusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(3):376-83. 7. Lima KJRS. Distribuição dos tipos de Classe II, subdivisão e avaliação de suas assimetrias [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2003. 8. Moyers RE. Ortodontia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999.

9. Janson G, Dainesi EA, Henriques JFC, Freitas MR, Lima KJRS. Class II subdivision treatment success rate with symmetric and asymmetric extraction protocols. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;124(3):257-64. 10. Janson G, Carvalho PEG, Cançado RH, Freitas MR, Henriques JFC. Cephalometric evaluation of symmetric and asymmetric extraction treatment for patients with Class II subdivision malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;132(1):28-35. 11. Janson G, Cruz KS, Woodside DG, Freitas MR, Henriques JFC. Dentoskeletal treatment changes in Class II subdivision malocclusions in submentovertex and posteroanterior radiographs. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;126(4):451-63. 12. Tweed CH. Clinical Orthodontics. St Louis: CV Mosby; 1966.

Endereço para correspondência Henrique Oliveira Feitosa Rua Florino Peixoto, 55 – Getúlio Vargas – Aracaju/SE CEP: 49055-420 – E-mail: henrique.odontoufs@hotmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):62-73

73


caso clínico

Resistência adesiva ao cisalhamento de braquetes cerâmicos monocristalinos: estudo in vitro Shear bond strength of monocrystalline ceramic brackets: In vitro study Luis Filipe Siu Lon* Elisa Souza Camargo** Odilon Guariza Filho** Orlando Tanaka***

Abstract

Resumo Objetivo: o objetivo desse trabalho foi avaliar in vitro a resistência adesiva (RA) ao cisalhamento e o modo da falha adesiva pelo índice de adesivo remanescente (IAR) de braquetes cerâmicos monocristalinos Radiance e Inspire Ice, comparando-os com braquetes metálicos Miniature Twin e braquetes cerâmicos policristalinos Clarity. Métodos: foram utilizados 80 incisivos inferiores permanentes bovinos, distribuídos em 4 grupos de 20 dentes cada: G1 - braquetes metálicos Miniature Twin (3M Unitek), G2 - braquetes cerâmicos policristalinos Clarity (3M Unitek), G3 - brackets cerâmicos monocristalinos Radiance (American Orthodontics) e G4 - braquetes cerâmicos monocristalinos Inspire Ice (ORMCO). Os braquetes foram colados com Transbond XT (3M Unitek). Após 24h, avaliou-se a RA, em máquina universal de ensaios, e o IAR.

Resultados: a RA média em MPa foi: G1 = 13,23; G2 = 21,00; G3 = 12,08 e G4 = 16,09. A análise de variância e o teste de Games-Howell indicaram que não houve diferença significativa (p>0,05) entre o G1 e G3 e entre o G1 e G4. O G2 diferiu estatisticamente (p<0,05) de todos os grupos, enquanto o G3 foi significativamente menor (p<0,05) que o G4. Na maior parte dos corpos de prova do G1, a falha adesiva ocorreu na interface adesivo-esmalte, resultando em IAR variando entre 0 e 1, enquanto no G2, G3 e G4 o IAR variou entre 2 e 3, evidenciando falha na interface braquete-adesivo. Conclusões: os braquetes cerâmicos monocristalinos apresentaram RA semelhante aos braquetes metálicos e demonstraram padrão de falha na interface braquete-adesivo, sugerindo a tendência do adesivo permanecer aderido ao dente.

show the adhesive failure mode. Results: The mean shear bond strength in MPa was 13.23, 21.00, 12.08 and 16.09 for G1, G2, G3 and G4, respectively. Significant differences (p<0.05) among groups were found, except between G1 and G3 and G1 and G4. In most of the G1 specimens, the adhesive failure occurred at the adhesive-enamel interface. For all the ceramic brackets tested, most of the specimens failed at the bracket-adhesive interface. Conclusions: The monocrystalline ceramic brackets presented an adequate SBS for clinical use and adhesive failure at bracket-adhesive interface, suggesting a tendency for the adhesive to remain on the tooth, reducing the enamel damage.

Palavras-chave: Colagem dentária. Esmalte dentário. Braquetes ortodônticos.

Keywords: Dental bonding. Dental enamel. Orthodontic brackets.

Como citar este artigo: Siu Lon LF, Camargo ES, Guariza Filho O, Tanaka O. Resistência adesiva ao cisalhamento de braquetes cerâmicos monocristalinos: estudo in vitro. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):74-80.

* Mestre em Ortodontia, PUC. ** Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora Adjunta de Ortodontia, PUCPR. *** Doutor em Ortodontia, UFRJ. Pós-Doutor em Ortodontia, UFJF e Saint Louis University. Professor Titular de Ortodontia, PUCPR.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

74

Objective: The purpose of this study was to evaluate the shear bond strength (SBS) and the adhesive failure mode of Radiance (American Orthodontics) and Inspire Ice (ORMCO) monocrystalline ceramic brackets and compare them with a Miniature Twin metal bracket (3M Unitek) and with the Clarity polycrystalline ceramic bracket (3M Unitek). Methods: Eighty lower permanent bovine incisors were randomly divided into four groups of 20 teeth each: G1 - Miniature Twin metal brackets, G2 - Clarity polycrystalline ceramic brackets, G3 - Radiance monocrystalline ceramic brackets and G4 - Inspire Ice monocrystalline ceramic brackets. The brackets were bonded with Transbond XT (3M Unitek). After 24 hours, the SBS was assessed with a universal testing machine and the adhesive remnant index (ARI) was determined to

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):74-80


Caso Clínico

Resistência adesiva ao cisalhamento de braquetes cerâmicos monocristalinos: estudo in vitro

CONCLUSÕES • Os braquetes Radiance e Inspire Ice apresentaram RA semelhante à dos braquetes metálicos. • Os braquetes Clarity apresentaram RA maior que a dos dois braquetes monocristalinos estudados.

• Os braquetes cerâmicos monocristalinos Radiance e Inspire Ice mostraram padrão de falha na interface braquete-adesivo, sugerindo a tendência do adesivo ficar aderido ao dente após sua remoção, diminuindo as chances de trincas de esmalte durante sua remoção.

Referências 1. Årtun J, Bergland S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. 1984;85(4):333-40. 2. Bishara SE, Fehr DE, Jacobsen JR. A comparative study of the debonding strengths of different ceramic brackets, enamel conditioners, and adhesives. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;104(2):170-9. 3. Bishara SE, Fehr DE. Ceramic brackets: something old, something new, a review. Semin Orthod. 1997;3(3):178-88. 4. Bishara SE, Olsen ME, Von Wald L, Jakobsen JR. Comparison of the debonding characteristics of two innovative ceramic bracket designs. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(1):86-92. 5. Bishara SE, Olsen ME, Von Wald. Evaluation of debonding characteristics of a new collapsible ceramic bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112(5):552-9. 6. Bishara SE. Ceramic brackets and the need to develop national standards. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(5):595-7. 7. Bordeaux JM, Moore RN, Bagby MD. Comparative evaluation of ceramic bracket base designs. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;105(6):552-60. 8. Chaconas S, Caputo A, Niu G. Bond strength of ceramic brackets with various bonding systems. Angle Orthod. 1990;61(1):35-42. 9. Chay SH, Wong SL, Mohamed N, Chia A, Yap AU. Effects of surface treatment and aging on the bond strength of orthodontic brackets to provisional materials. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;132(5):577.e7-11. 10. Ghafari J, Skanky T, Mante F. Shear bond strength of two ceramic brackets. J Clin Orthod. 1992;26(8):491-3. 11. Guess MB, Watanabe LG, Beck FM, Crall MG. The effect of silane coupling agents on the bond strength of a polycrystalline ceramic bracket. J Clin Orthod. 1988;22(12):788-92. 12. Joseph VP, Rossouw E. The shear bond strengths of stainless steel and ceramic brackets used with chemically and lightactivated composite resins. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;97(2):121-5. 13. Karamouzos A, Athanasios E, Papadopoulos MA. Clinical characteristics and properties of ceramic brackets: A comprehensive review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;112(1):34-40. 14. Liu JK, Chung CH, Chang CY, Shieh DB. Bond strength and debonding characteristics of a new ceramic bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;128(6):761-5; quiz 802. 15. Maltagliati LA, Feres R, Figueiredo MA, Siqueira DF. Bráquetes estéticos – Considerações Clínicas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006; 5(3):89-95. 16. Merrill SW, Oesterle LJ, Hermesch CB. Ceramic bracket bonding: a comparison of shear, tensile, and torsional bond strengths of ceramic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;106(3):290-7. 17. Mundstock KS, Sadowsky PL, Lacefield W, Bae S. An in vitro evaluation of a metal reinforced orthodontic ceramic bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop 1999;116(6):635-41.

80

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):74-80

18. Ødegaard J, Segner D. Shear bond strength of metal brackets compared with a new ceramic bracket. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;94(3):201-6. 19. Oesterle LJ, Shellhart WC. Effect of aging on the shear bond strength of orthodontic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;133(5):716-20. 20. Retief DH. Failure at the dental adhesive etched enamel interface. J Oral Rehabil. 1974;1(3):265-84. 21. Reynolds IR. A review of direct orthodontic bonding. Br J Orthod. 1975;2(3):171-8. 22. Sinha PK, Nanda RS, Duncanson MG, Hosier MJ.Bond strengths and remnant adhesive resin on debonding for orthodontic bonding techniques. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;108(3):302-7. 23. Sobreira CR, Loriato LB, Oliveira DD. Bráquetes estéticos: características e comportamento clínico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2007; 6(1):94-102. 24. Swartz ML. Ceramic brackets. J Clin Orthod 1988;22(2):82-8. 25. Theodorakopoulou LP, Sadowsky PL, Jacobson A, Lacefield WJ. Evaluation of the debonding characteristics of 2 ceramic brackets: An in vitro study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;125(3):329-36. 26. Wang WN, Meng CL, Tarng TH. Bond strength: a comparison between chemical coated and mechanical interlock bases of ceramic and metal brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;111(4):374-81. 27. Weinberger SJ, Foley TF, McConnell RJ, Wright GZ. Bond strengths of two ceramic brackets using argon laser, light, and chemically cured resin systems. Angle Orthod. 1997;67(3):173-8. 28. Yamamoto A, Yoshida T, Tsubota K, Takamizawa T, Kurokawa H, Miyazaki M. Orthodontic bracket bonding: enamel bond strength vs time. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130(4):435.e1-6. 29. Zachrisson BU. Bonding in Orthodontics. In: Graber TM, Swain BF, editors. Orthodontic, current principles and techniques. St Louis: Mosby; 2005.

Endereço para correspondência Luis Filipe Siu Lon Rua Ebano Pereira, 60 – Sl 1105 – Centro – Curitiba/PR CEP: 80410-902 – E-mail: filipelon@hotmail.com



caso clínico

A importância da Ortodontia de acompanhamento na Odontologia contemporânea The importance of monitoring Orthodontics in contemporary Dentistry

Leopoldino Capelozza Filho* Fernando Kleinübing Rhoden** Fabio Pinto Guedes*** Juliana Calistro da Silva**** Raquel Rosa Amarante**** Mauricio de Almeida Cardoso*****

Abstract

Resumo A prática da Odontologia de acompanhamento, de modo contemporâneo, exige dos ortodontistas conhecimento para controlar a erupção e o desenvolvimento da dentição, considerando o padrão de crescimento. Atualmente, pacientes procuram orientação ortodôntica cada vez mais cedo, dando a devida importância ao diagnóstico precoce de uma possível doença (má oclusão). De modo geral, e desde há muito tempo, a atenção primordial da prática ortodôntica foi à fase ativa do tratamento, em geral realizada com aparelho fixo. No contexto cultural em que está inserida a maior parte dos

pacientes ortodônticos, não parece adequado continuar com esse foco. A busca pela saúde positiva, ou algo a mais que a simples ausência de doença, torna oportunos estudos relacionados à metas terapêuticas preventivas individualizadas e planos de tratamentos customizados. O presente artigo tem por objetivo ilustrar, por essa perspectiva, o caso clínico de um paciente Padrão Face Longa que foi acompanhado desde os 7 anos de idade e que possibilitou a atuação do profissional em duas fases, sempre considerando o prognóstico e a melhor época para tratamento dos problemas envolvidos.

positive health, or something more than the absence of diseases, makes studies related to preventive individualized therapeutic goals and adapted treatment plans appropriate. This article aims to illustrate, by this perspective, a case report of a long face pattern patient monitored since his 7 years of age, which allowed the professional to act in two stages, always considering prognosis and the best time to treat the involved problems.

Palavras-chave: Diagnóstico. Ortodontia interceptora. Ortodontia corretiva.

Keywords: Diagnostic imaging. Interceptive Orthodontics. Corrective Orthodontics.

Como citar este artigo: Capelozza Filho L, Rhoden FK, Guedes FP, Silva JC, Amarante RR, Cardoso MA. A importância da Ortodontia de acompanhamento na Odontologia contemporânea. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):82-94.

* Doutor em Reabilitação Oral, USP. Professor, Universidade do Sagrado Coração. ** Especialista em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração. *** Mestrando em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração. **** Graduanda em Odontologia, Universidade do Sagrado Coração. ***** Doutor em Ortodontia, UNESP-Araçatuba/SP. Professor, Universidade do Sagrado Coração.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

82

The practice of monitoring Dentistry in a contemporary way requires from the orthodontists the knowledge to control the teeth eruption and development, considering the growth pattern. Nowadays, patients seek orthodontic orientation even earlier, giving the importance for early diagnosis of possible disease (malocclusion). In general and since long ago, the primordial attention in orthodontic practice have been the active treatment, generally using fixed appliance. It doesn’t look suitable to keep this focus in the cultural context on which most orthodontic patients are included. The search for

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):82-94


Caso Clínico

A importância da Ortodontia de acompanhamento na Odontologia contemporânea

da oclusão, justificando a abordagem imediata. Porém, sempre que possível, o aparelho ortodôntico deve ser instalado após o desenvolvimento da dentição permanente, o que minimiza o tempo de tratamento e reduz os custos biológicos6. Outra importante observação clínica em pacientes com disgenesias é a análise da morfologia dos dentes presentes, considerando que eles tendem a apresentar alteração de forma, tamanho (fenômeno conhecido como simplificação morfológica) e erupção11,12. Nesse paciente, o dente 16 apresentava hipoplasia de esmalte e falta de espaço para os caninos. Essa associação entre as anomalias dentárias é relevante para que o odontopediatra e o ortodontista realizem o diagnóstico precoce, permitindo condutas terapêuticas preventivas e interceptivas. Na análise facial de indivíduos Padrão Face Longa, a incompetência labial é um critério obrigatório, ocasionado pela incapacidade de selamento labial passivo, que é evidente no repouso. Durante o ato de selamento labial ocorre a contração da musculatura peribucal, o que acentua a deficiência do contorno do mento7. Isso é muito frequente nos humanos em crescimento vertical, tão frequente que pode ser considerada normal (prevalência de 34,94%). A compreensão correta do que isso significa tem absoluta importância clínica para o diagnóstico e prognóstico, e o primeiro, e talvez o mais importante, ponto é compreender que a presença desse comprometimento pode ser normal9,10. Proffit e Mason18 detalharam o conceito de incompetência

labial transitória entre outros descompassos funcionais entre a musculatura intra e peribucal, como a deglutição atípica, resultada dos desajustes esperados durante o processo de crescimento facial normal. As relações que eram relatadas e reconhecidas como normais não estavam necessariamente presentes durante o crescimento, podendo ser estabelecidas somente no final da adolescência e, portanto, do padrão de crescimento, possível de se notar no caso tratado. Desse modo, o acompanhamento estende-se por anos, exigindo intervalos de avaliação estabelecidos com consistência. Pressupõe uma relação de confiança determinada por vários fatores, dentre os quais, certamente, o mais importante é partilhar conhecimento e justificar ações, ou a ausência delas.

Considerações finais A Ortodontia vislumbra novos horizontes, e o motivo principal são as necessidades odontológicas, em uma nova geração de pacientes sem cáries, já presentes para alguns ortodontistas e, no futuro próximo, para muitos. Os pacientes ortodônticos mantidos em um monitoramento de crescimento, com possíveis orientações e ações justificadas, poderão ser submetidos a uma fase de mecânica ortodôntica, de curta duração e baixa complexidade, e acompanhados para a preservação dos resultados obtidos em um pós-tratamento.

Referências 1. Baba-Kawano S, Toyoshima Y, Regalado L, Sa’do B, Nakasima A. Relationship between congenitally missing lower third molars and late formation of tooth germs. Angle Orthod. 2002;72(2):112-7. 2. Baccetti T. A controlled study of associated dental anomalies. Angle Orthod. 1998;68(3):267-74. 3. Behrents RG. Growth in the aging craniofacial skeleton. Ann Arbor: University of Michigan; 1985. (Craniofacial Growth. Series Monograph, 17). 4. Boorse C. Health as a theoretical concept. Philos Sci. 1977;44(4): 542-73. 5. Capelozza Filho L, Cardoso MA, Cappellozza JAZ. Ortodontia contemporânea: o antes e o depois tão importantes quanto o durante. In: Cotrim-Ferreira FA, Domingos VBTC, coordenadores. Nova visão em Ortodontia e Ortopedia Funcional dos Maxilares. São Paulo: Ed. Santos; 2012. 6. Capelozza Filho L. Metas Terapêuticas Individualizadas. Maringá: Dental Press; 2011. v 1. 7. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004. 519 p. 8. Capelozza Filho L, Cappellozza JAZ. DIAO: Diagrama individual anatômico objetivo. Uma proposta para escolha da forma dos arcos na técnica de Straight-Wire, baseada na individualidade anatômica e nos objetivos de tratamento. Rev Clín Ortod Dental Press. 2004;3(5):84-92. 9. Cardoso MA, Capelozza Filho L. Padrão face longa: diagnóstico morfológico e implicações clínicas. Programa de Atualização em Ortodontia. 2011. v. 4, p. 35-94. 10. Cardoso MA, Capelozza Filho L, An TL, Lauris, JRP. Epidemiology of long face pattern in school children attending fundamental schools at the city of Bauru-SP. Dental Press J Orthod. 2011;16(2):108-19. 11. Garib DG, Peck S, Gomes SC. Increased occurrence of dental anomalies in patients with second premolar agenesis. Angle Orthod. 2009;79(3):436-41.

94

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):82-94

12. Garib DG, Alencar BM, Lauris JRP, Baccetti T. Agenesis of maxillary lateral incisors and associated dental anomalies. Am J Orthod Dentofacial Orthop 2010;137:732.e1-6. 13. Garn SM, Lewis AB. The relationship between third molar agenesis and reduction in tooth number. Angle Orthod. 1962;32:14-8. 14. Garn SM, Lewis AB. The gradient and the pattern of crownsize reduction in simple hypodontia. Angle Orthod. 1970;40(1):51-8. 15. Ngan PW. Early treatment of class III malocclusion: is it worth the burden? Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(Suppl 4):S82-5. 16. Peck S, Peck L, Kataja M. Concomitant occurrence of canine malposition and tooth agenesis: evidence of orofacial genetic fields. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;122(6):657-60. 17. Proffit WR, White RP. Long-face problems. In: Proffit WR, White RP. Surgicalorthodontic treatment. St. Louis: CV Mosby; 1990. p. 381. 18. Proffit WR, Mason RM. Myofunctional therapy for tonguethrusting: background and recommendations. J Am Dent Assoc. 1975;90(2):403-11.

Endereço para correspondência Leopoldino Capelozza Filho Rua Padre João, 14-71 – Bauru/SP CEP: 17018-021 – E-mail: lcapelozza@yahoo.com.br



caso clínico

Toxina botulínica: um novo caminho na prática odontológica Botulinum toxin: New ways in dental practice

Marcelo Okajima Lemes de Oliveira* Carlos Alberto Hideki Maruyama** Anderson Teruo Okimoto***

Abstract

Resumo Embora o mecanismo de ação da neurotoxina botulínica, produzida pela bactéria gram-positiva anaeróbia Clostridium botulinum, seja conhecido pela comunidade científica a mais de um século, as pesquisas sobre o uso da neurotoxina botulínica como agente terapêutico só tiveram início no final da década de 70, tendo sido liberado seu uso pelo FDA (Food and Drug Administration), nos EUA, somente em 1989 para o tratamento de estrabismo, blefaroespasmo e espasmo hemifacial1. Pela ANVISA, no Brasil, foi liberado em 2000 para tratamento cosmético2, sendo que em 2009 a ANVISA liberou o uso da neurotoxina botulínica do tipo A para tratamento terapêutico das distonias focais e

espasticidade3. Portanto, sendo o cirurgião dentista detentor do conhecimento acerca da morfologia das estruturas da cabeça e pescoço, e estando apto a tratar as patologias que acometem a cavidade bucal e estruturas adjacentes, inclusive as desordens musculoesqueléticas que acometem essa região, é objetivo desse trabalho relatar os principais usos da neurotoxina botulínica do tipo A na prática odontológica, com a apresentação de três casos clínicos que comprovam que seu uso, seguindo criteriosa avaliação clínica, aliada ao domínio da ação farmacológica e total conhecimento das estruturas neuroanatômicas envolvidas, resultam em uma melhora significativa na condição de vida dos pacientes.

well as surrounding structures, including muscle-bone disorders that goes on in this area. The goal of this work is to show the main uses of botulinum neurotoxin type A in dental practice with the presentation of three clinic cases which assure that using it according to selective clinical evaluation and with the knowledge of pharmacological action and total understanding of neuroanatomical structures involved, it results in improvement of life conditions of subjects.

Palavras-chave: Toxinas botulínicas tipo A. Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular. Distonia.

Keywords: Botulinum toxins type A. Temporomandibular joint dysfunction syndrome. Dystonia.

Como citar este artigo: Oliveira MOL, Maruyama CAH, Okimoto AT. Toxina botulínica: um novo caminho na prática odontológica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):96-105.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

96

Although the mechanism of action of the gram-positive bacterium Clostridium botulinum has been known by scientific community for more than one century, researches on the use of botulinum neurotoxin as a therapeutic agent only started in the end of the 70’s, being allowed it’s use by the FDA only in 1989 for therapeutic use in strabismus, blepharospasm and hemifacial spasm. It was also allowed by ANVISA, in Brazil, in 2000 for cosmetic treatment. In 2009 ANVISA allowed the use of the botulinum toxin type A for therapeutic treatment of focal dystonia and spasticity. As the dentist is the professional who best knows the morphological structures of the oral cavity, head and neck, and he is the one that is ready to treat the pathologies in the oral cavity as

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):96-105

* Especialista em Ortodontia e Radiologia Clínica, Clínica e Instituto Tsuyako Shioya. ** Especialista em Pacientes com Necessidades Especiais e DTM, Clínica e Instituto Tsuyako Shioya. *** Graduando em Odontologia, FOA-Unesp.


Oliveira MOL, Maruyama CAH, Okimoto AT

Conclusão Ante ao que foi proposto e exemplificado com a casuística mostrada, concordamos com a maioria dos autores que afirmam que o uso terapêutico da neurotoxina botulínica tipo A, é um procedimento seguro, que requer do profissional que ira realizar a aplicação, conhecimento suficiente das bases anatômicas que ira abordar, bem como sua fisiologia, além de conhecer o mecanismo de ação farmacológica da medicação, seus riscos e complicações. Seu uso na prática odontológica apesar de ser recente, ainda carece de um maior aporte científico, porém merece especial atenção, pois trata-se de uma poderosa ferramenta que veio para, sem sombra de dúvidas agregar valor de peso ao cotidiano dos profissionais dedicados, que serão capazes de poder melhorar ainda mais a qualidade de vida de seus pacientes.

Referências 1. Sposito MMM. Toxina Botulínica do Tipo A: mecanismo de ação. Acta Fisiatr. 2009;16(1):25-37. 2. Carvalho RCR, Shimaoka AM, Andrade AP. O uso da toxina botulínica na odontologia. [Acesso 2012 mar 7]. Disponível em: http://cfo.org.br/todas-as-noticias/ noticias/o-uso-da-toxina-butolinica-por-profissionais-de-odontologia 3. Beltrame A. Protocolo clínico e diretrizes terapêuticas:espasticidade toxina botulínica tipo a. Anexo a Portaria SAS/MS nº 376, de 10 de novembro de 2009. Diário Oficial. Nº 215 – 11/11/09 – p. 64. [Ascesso em 01 mar 2012]. Disponível em: ftp://ftp.saude.sp.gov.br/.../2009/.../U_PT-MS-SAS-377_101109.pdf 4. Colhado OCG, Boeing M, Ortega LB .Toxina Botulínica no tratamento da dor. Rev Bras Anestesiol. 2009;59:3:366-81. 5. Amantéa DV, Novaes AP, Campolongo GD, Barros TP. A utilização da toxina botulínica tipo A na dor e disfunção temporomandibular. JBA. 2003;3(10):170-3. 6. Sposito MMM. Bloqueios químicos para o tratamento da espasticidade na paralisia cerebral. Acta Fisiatr. 2010;17(2):68-83. 7. Pereira Júnior AJA, Carvalho PAG, Pereira FL. Tratamento da hipertrofia muscular mastigatória com toxina botulínica tipo A. HU Rev. 2009;35(4):315-9. 8. Sposito MMM. Toxina botulínica tipo A: propriedades farmacológicas e uso clínico. Acta Fisiatr. 2004; Supl 1. 9. Pascotto RC, Moreira M. Integração da odontologia com a medicina estética. RGO: Rev Gaúch Odontol. 2005;53(3):171-5. 10. Beaufour Ipsen Farmacêutica. Monografia Dysport. CD-ROM, Material cientifico. 2011.

Endereço para correspondência Marcelo Okajima Lemes de Oliveira Rua 02, 2943 – Centro – Jales/SP CEP: 15700-052 – E-mail: marcelookajima@gmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):96-105

105



caso clínico

Tratamento ortodôntico de Classe III em pacientes com periodonto reduzido Class III orthodontic treatment in reduced periodontium patients

Flavio Cesar de Carvalho* Jonas Capelli**

Abstract

Resumo Introdução: o tratamento ortodôntico de pacientes adultos apresenta várias limitações. Dentre as mais frequentes e preocupantes, podemos citar a perda exagerada do suporte ósseo e a dificuldade de se obter uma ancoragem satisfatória devida às perdas de vários elementos dentários. Para exemplificar tais problemas, relata-se nesse artigo um caso clínico tratado de maneira eficiente com abordagem multidisciplinar e adequação da mecânica ortodôntica à necessidade desse paciente, em particular. Resultados: os objetivos do tratamento

foram alcançados e os resultados considerados satisfatórios diante das limitações inerentes do caso. Foram estabelecidos correta chave de oclusão de caninos, bom transpasse vertical e horizontal e boa intercuspidação funcional. Conclusão: com base na literatura consultada, pode-se concluir que o tratamento de pacientes com periodonto reduzido requer adequação mais simplificada dos objetivos do tratamento, com modificações específicas na mecânica ortodôntica, já que o centro de resistência ao movimento encontra-se deslocado apicalmente.

Introduction: Usually the orthodontic treatment of adults is quite limited, either because of an exaggerated reduction in bone support or due to the lack of anchorage points when several teeth have been lost. In order to describe these problems, this article describes a case that was treated in an effective orthodontic way with a multidisciplinary approach and with a mechanical adaptation for the particular patient’s needs. Results: The treatment objectives were achieved and the results considered satisfactory considering the case limitations.

Correct canine occlusion, good overjet, overbite and functional intercuspation were established. Conclusion: Based on the consulted literature one can conclude that the treatment of patients with reduced periodontium requires a simplification of the treatment objectives and specific modifications of orthodontic mechanics, since the center of resistance of the movement is located apically.

Palavras-chave: Ortodontia Corretiva. Perda da inserção periodontal. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Má oclusão de Angle Classe III.

Keywords: Corrective Orthodontics. Periodontal diseases. Orthodontic anchorage procedures. Angle Class III malocclusion.

Como citar este artigo: Carvalho FC, Capelli J. Tratamento ortodôntico de Classe III em pacientes com periodonto reduzido. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):107-14.

* Doutorando em Ortodontia, UERJ. ** Livre Docente e Doutor em Ortodontia, UERJ.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):107-14

107


Caso Clínico

Tratamento ortodôntico de Classe III em pacientes com periodonto reduzido

Figura 14 Fotografias intrabucais, após reabilitação protética. A estabilidade oclusal foi mantida com a reabilitação dos elementos perdidos.

Embora a idade avançada não seja uma contraindicação ao tratamento ortodôntico, uma avaliação periodontal inicial em tais pacientes é indicada, pois a doença periodontal e a perda de osso alveolar estão associadas ao aumento da idade11. Essa abordagem visa identificar a necessidade de intervenção periodontal prévia ao tratamento ortodôntico, assim como levantar fatores de risco que possam indicar uma tendência de desenvolvimento de doença periodontal8. Ficou demonstrado que a movimentação ortodôntica em pacientes com periodonto reduzido somente será benéfica na ausência de doença periodontal ativa, e desde que exista um controle de placa bacteriana adequado, respeitando-se os limites biológicos do indivíduo4,11,12,13.

CONCLUSÃO O tratamento ortodôntico em pacientes com periodonto reduzido pode ser realizado rotineiramente; entretanto, é necessário avaliar a condição periodontal e estabelecer o plano de tratamento interdisciplinar apropriado, considerando as limitações de cada caso e buscando a melhor oclusão possível, já que nem sempre a oclusão “ideal” pode ser obtida. O movimento dentário nesses pacientes não é contraindicado, desde que a infecção periodontal seja diagnosticada e controlada, e uma condição de saúde periodontal seja estabelecida e mantida do início ao fim do tratamento ativo. Contudo, um maior risco de efeitos adversos sobre o periodonto pode ser esperado quando movimentos ortodônticos são realizados de maneira indiscriminada na presença de inflamação periodontal e higiene bucal menos efetiva.

Referências 1. Moullas AT, et al. Non surgical treatment of a patient with a class III malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;129(4 Suppl 1):s11-118. 2. Boyd RL, Leggott PJ, Quinn RS, Eakle WS, Chambers D. Periodontal implications of orthodontic treatment in adults with reduced or normal periodontal tissues versus those of adolescents. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1989;96(3):191-8. 3. Tore K, Knut M. Movimento dentário ortodôntico na terapia periodontal. In: Lindhe J. Tratado de periodontologia clínica. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1992. p. 470-86. 4. Kessler MBS. Interrelationships between orthodontics and periodontics. Am J Orthod. 1976;70:154-72. 5. Lindhe J. Tratado de Periodontia clínica e Implantologia oral. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2003. 6. Lisgarten M, Levin S. Positive correlation between the proportions of subgengival spirochaetes and motile bacteria and susceptibility of human subjects to periodontal deterioration. J Clin Period. 1981;8:122-38. 7. Reitan K. Clinical and histologic observations on tooth movement during and after orthodontic treatment. Am J Orthod. 1967;53(10):721-45. 8. Vanarsdall RL Jr. Movimento dental como auxílio na terapia periodontal. In: Genco RJ, Cohen DW, Goldman HM. Periodontia contemporânea. 2ª ed. São Paulo: Ed. Santos; 1997. p. 505-19. 9. Zachrisson BU. Ortodontia e Periodontia. In: Lindhe J. Tratado de Periodontia clínica e Implantologia bucal. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999. p. 537-78. 10. Valle-Corotti K, Pinzan A, Henriques JFC, Valle AL, Valle CVM, Pereira JR. Aspectos clínicos do tratamento ortodôntico no paciente com doença periodontal. Rev Clín Ortod Dental Press. 2004 dez-2005 Jan;3(6):42-9. 11. Heasman PA, Millett DT, Carter NE. Orthodontic treatment in adults with periodontally involved labial segments. Dental Update. 1994;21(3):122-8. 12. Calheiros A, Fernandes A, Quintão CA, Souza EV. Movimentação ortodôntica em dentes com comprometimento periodontal: relato de um caso clínico. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2005;10(2):111-8. 13. Melsen B. Current controversies in Orthodontics. 1st ed. Chicago: Quitessence; 1991. p.147-80.

Endereço para correspondência Flavio Cesar de Carvalho Av. Armando Lombardi, 1000 – Bl. 1 – Cob 315 Barra da Tijuca – 22.640-000 – Rio de Janeiro/RJ E-mail: flaviocesardecarvalho@hotmail.com

114

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):107-14



caso clínico

Estabilidade em longo prazo do tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1, com a utilização de um aparelho funcional propulsor mandibular fixo: relato de caso Long-term stability of Class II, division 1, malocclusion treatment with the use of a mandibular protrusive fixed functional appliance: Case report

Carlos Henrique Guimarães Júnior* Eduardo Franco** José Fernando Castanha Henriques*** Renata Castro*** Wilana Moura**** Ravindra Nanda*****

Abstract

Resumo O tratamento da má oclusão de Classe II sem extrações dentárias vem ganhando popularidade na comunidade ortodôntica já há três décadas. Aparelhos funcionais fixos vêm sendo utilizados por profissionais, de maneira crescente, para promover compensações dentoalveolares e corrigir a má oclusão de Classe II. Os efeitos mais significativos são

observados em pacientes com padrão de crescimento horizontal. Um caso clínico será relatado com o uso do aparelho fixo Twin Force Bite Corrector em uma paciente do sexo feminino, para a correção da Classe II. Esse dispositivo de ancoragem fixa dispensa o uso de aparelhos funcionais removíveis e não necessita da cooperação do paciente.

patients with horizontal growth pattern. A clinical case is reported with the use of a fixed non compliant appliance, the Twin Force Bite Corrector, in a female patient with complete permanent dentition, for the correction of Class II. This fixed anchoring device replaces the use of removable functional appliances and does not need patient cooperation.

Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Aparelhos ortodônticos funcionais. Avanço mandibular.

Keywords: Angle’s Class II malocclusion. Functional orthodontic appliances. Mandibular advancement.

Como citar este artigo: Guimarães Júnior CH, Franco E, Henriques JFC, Castro R, Moura W, Nanda R. Estabilidade em longo prazo do tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1, com a utilização de um aparelho funcional propulsor mandibular fixo: relato de caso. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):116-23.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

116

The treatment of Class II malocclusion without extractions has gained popularity in the orthodontic community over the last three decades. Non compliant fixed functional appliances have been used in increasing numbers to promote dentoalveolar compensation for the correction of Class II malocclusion. The most significant effects are observed in

Rev Clín Ortod Dental Press. 22012 dez-2013 jan;11(6):116-23

* Professor Doutor do Programa de Mestrado em Ortodontia do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, São Paulo/SP. ** Mestre e Especialista em Ortodontia, FOB-USP. *** Doutor em Ortodontia FOB-USP. **** Aluna do Programa de Mestrado em Ortodontia do Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic, São Paulo/SP. ***** Professor e Chefe do Departamento de Ciências Craniofaciais. Divisão de Ortodontia. Universidade de Connecticut-EUA.


Guimarães Júnior CH, Franco E, Henriques JFC, Castro R, Moura W, Nanda R

de torque nos braquetes dos incisivos anteriores e inferiores e realização de dobra na distal dos molares inferiores2,6-9. A melhora na relação maxilomandibular, a manutenção do padrão horizontal e a predominância dos efeitos dentoalveolares em relação aos esqueléticos, observados no caso abordado, também foram observados por outros autores2,6-9. Alguns dos resultados apresentados são relatados por uma revisão sistemática da literatura que buscou avaliar os efeitos dentoesqueléticos em más oclusões Classe II, divisão 1, tratadas com o propulsor mandibular de Herbst, o qual possui o mesmo mecanismo de ação do TFBC. Nessa revisão, os autores observaram que o tratamento com o propulsor mandibular resultou em mesialização dos molares inferiores e distalização dos molares superiores, com consequente correção da relação molar de Classe II4. O uso do TFBC por três meses permitiu atingir os objetivos desejados. Esse é o tempo médio de uso relatado na literatura para esse aparelho2,6-9. O tratamento com o TFBC, quando comparado aos tratamentos realizados com outros propulsores mandibulares (como o de Herbst e os APM, Forsus e Jasper Jumper), pode ser considerado mais eficiente,

pois o tempo médio de uso dos outros propulsores varia de 5 a 12 meses11-19. Foi observada estabilidade no controle após três anos. Um estudo realizado por Campbell5 mostrou que de uma amostra com 22 pacientes, 20 permaneceram com relacionamento estável após controle de 6 anos, denotando a estabilidade dos casos tratados com o propulsor Twin Force5,8.

Conclusões O Twin Force Bite Corrector é um aparelho pré-fabricado, de fácil instalação. Por ser fixo, exerce força constante e não necessita de colaboração do paciente. O desenho desse aparelho permite a execução de movimentos de lateralidade, proporcionando mais conforto ao paciente. O TFBC promove alterações dentoesqueléticas e de perfil mole capazes de corrigir a má oclusão de Classe II, divisão 1, a relação maxilomandibular, os trespasses horizontal e vertical e, também, de melhorar o perfil facial em um curto período de tempo e com estabilidade em longo prazo.

Referências 1. McNamara JA Jr. Components of class II malocclusion in children 8-10 years of age. The Angle Orthod. 1981;51(3):177-202. 2. Guimarães Jr CH. Estudo das alterações dento-esqueléticas decorrentes do tratamento da má oclusão de classe II, 1ª divisão, com o aparelho propulsor mandibular twin force bite corrector, associado a aparelhagem fixa [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2008. 3. Henriques JFC, Maltagliati LA, Pinzan A, Freitas MR. Estudo longitudinal das características da má oclusão de classe II, 1ª divisão sem tratamento, em jovens brasileiros, leucodermas por um período médio de 3 anos e 4 meses. Rev Dent Press Ortod Ortop Facial. 1998;3(3): 52-66. 4. Flores-Mir C, Ayeh A, Goswani A, Charkhandeh S. Skeletal and dental changes in class II division 1 malocclusion treated with splint-type herbst appliances, A systematic review. Angle Orthod. 2007;77(2):376-81. 5. Campbell ES. A prospective clinical trial and mechanical analysis of a push type fixed intermaxillary Class II correction appliance [dissertação]. Farmington (Connecticut): University of Connecticut Health Center; 2003. 6. Rothenberg J, Campbell ES, Nanda R. Classe II Correction with Twin Force Bite Corrector. 2004;38(4):232-40. 7. Altug- Ataç AT, Dalci ON, Memikoglu UT. Skeletal class II treatment with twin force bite corrector. World J Orthod. 2008;9(3):7-17. 8. Chhibber A, Upadhyay M, Uribe F, Nanda R. Long-Term stability of class II correction with twin force bite corrector. J Clin Orthod. 2010; 44(6): 363-76. 9. Davoody AR, Feldman J, Uribe FA, Nanda R. Mandibular molar protraction with twin force bite corrector in a class II patient. J Clin Orthod. 2011;45(4):223-8. 10. Flores-Mir C, Major MP, Major PW. Soft tissue changes with fixed functional appliances in class II division 1. Angle Orthod. 2006;76(4):712-20. 11. Moro A, Locatelli A, Silva JFE, Bié MDD, Lopes SK. Eficiência no tratamento da má oclusão de classe II com o aparelho forsus. Orthod Sci Pract. 2010;3(11):229-39. 12. Cardoso MA, Li An Tien, Silva Filho OG, Capelozza Filho L.Tratamento da má oclusão do Padrão II, protrusão de maxila, com o aparelho Herbst. Rev Clín Ortod Dental Press. 2010; 9(5):60-74.

13. Henriques RP, Janson G, Henriques JFC, Freitas MR, Freitas KMS. Efeitos do aparelho Jasper Jumper no tratamento da má oclusão de classe II. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2009;14(6): 82-96. 14. Pancherz H. Treatment of class II malocclusions by jumping the bite with the Herbst appliance. A cephalometric investigation. Am J Orthod. 1979;76:423-42. 15. Pancherz H. The Herbst appliance--its biologic effects and clinical use. Am J Orthod. 1985;87:1-20. 16. Pancherz H. History, background, and development of the Herbst appliance. Semin Orthod. 2003;9:3-11. 17. Landázuri DRG. Alteracoes cefalométricas do perfil facial decorrentes do crescimento natural e induzidas pelo aparelho de Herbst no tratamento da classe II, divisão 1, em fase pré-puberal [dissertação]. Araraquara (SP): Universidade Estadual Paulista; 2009. 18. Maia S, Raveli DB, Santos-Pinto A, Raveli TB, Gomez SP. Avaliação tomográfica no tratamento com Herbst em adulto jovem. 2010;15(5):130-6. 19. Rego MVNN, Thiesen G, Marchioro EM, Silva Filho OG, Rizzatto SMD. Estudo esquelético do tratamento precoce da má oclusão de classe II, 1ª divisão, com o aparelho Herbst: alterações esqueléticas sagitais. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2005;10(6):120-40.

Endereço para correspondência Carlos Henrique Guimarães Júnior SRTVN Qd 701 – Bloco B – Sala 109 – 70.719-903 – Brasília/DF E-mail: ibepo@terra.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):116-23

123


Dolphin p 3D 11.7 beta gP Imagin

lus

TM

• C e p h Tr a c i n g • Tre a tmen

t Sim ula

tion

Sy 3D • ter 3D Surgery™ • Let

ste

m

Osteotomias virtuais.

Planejamento virtual pós-op com alterações de tecidos moles.

Planejamento detalhado • Resultados em tempo real

• Fácil de usar

Dolphin 3D Surgery, a nova e completa ferramenta de planejamento e apresentação com animação em tempo real das mudanças esqueléticas e faciais. Você precisa apenas da aquisição 3D (DICOM) e foto facial. Use os dados das tomografias computadorizadas (CBCT, CT espiral e outras fontes), combine com escaneamento intra-oral ou modelos digitais para maior detalhamento dos modelos cirúrgicos virtuais, permitindo exportar guias cirúrgicos precisos. Associado a outros aplicativos Dolphin Imaging, mais uma razão que faz do Dolphin 3D, o mais completo e eficiente sistema de soluções por imagens utilizado ao redor do mundo. Para mais informações, entre em contato por fone: (11) 3286-0300, e-mail: contato@renovatio3.com.br e/ou visite: www.dolphinimaging.com/3dsurgery.

© 2011 Patterson Dental Supply, Inc. All rights reserved.


controvérsias

A lista de checagem do Planejamento Defensivo no tratamento ortodôntico ou Os fatores preditivos das reabsorções dentárias Checklist for Defensive Planning for Orthodontic Treatment or The predictive factor of dental resorptions

Alberto Consolaro*

Abstract

Resumo Ainda há dificuldades em adotar-se o protocolo “Planejamento Defensivo para o Tratamento Ortodôntico” quanto à ocorrência das reabsorções radiculares. Essa dificuldade está relacionada à falta de acesso a essas informações. Usando-se uma linguagem mais direta e objetiva, apresentamos uma lista de checagem sobre os fatores preditivos das reabsorções dentárias no tratamento ortodôntico, um verdadeiro guia prático para a prevenção das reabsorções radiculares consequentes da terapêutica ortodôntica.

No planejamento ortodôntico não se deve valorizar a predisposição genética e/ou hereditária como um fator preditivo para reabsorções dentárias durante o tratamento ortodôntico. Os fatores de risco, ou preditivos, envolvidos nas reabsorções dentárias, têm natureza local e são passíveis de controle e prevenção por parte do profissional. O risco calculado, com a anuência e esclarecimento do paciente, descaracterizam a negligência ou a imperícia.

It is still difficult to accept the protocol “Defensive Planning for Orthodontic Treatment” as for the root resorption occurrences. This difficulty is related to the lack of access to this info. In a more specific language, we present a check list on the predictive facts of dental resorption in orthodontic treatment, a real guide for preventing root resorption originated in orthodontic therapy. In the orthodontic treatment, it is not supposed to be considered the genetic and/or hereditary predisposition as a predictive factor

for resorption during orthodontic treatment. The risk factors, or predictive, involved in dental resorption have local origin and are easy to control and be prevented by the professional. The calculated risk, with the consent of the patient, mischaracterize the negligence and incompetence.

Palavras-chave: Reabsorção radicular. Reabsorção dentária. Movimento dentário. Fatores preditivos.

Keywords: Root resorption. Dental resorption. Dental movement. Predictive factors.

Como citar este artigo: Consolaro A. A lista de checagem do planejamento defensivo no tratamento ortodôntico ou Os fatores preditivos das reabsorções dentárias. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):125-29.

* Professor Titular, Faculdade de Odontologia de Bauru/USP e de Pós-graduação, FORP-USP.

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):125-9

125


controvérsias

A lista de checagem do planejamento defensivo no tratamento ortodôntico ou Os fatores preditivos das reabsorções dentárias

17º – Concentração de forças: a camada cementoblástica protetora da raiz tende a ser mais lesada quando forças se concentram em uma determinada e menor área. Na medida do possível, as forças devem ser aplicadas preocupando-se e priorizando a distribuição na estrutura dentária. A distribuição/concentração das forças é mais importante do que a redução da intensidade como conduta preventiva de reabsorções dentárias durante o tratamento ortodôntico.

Considerações Finais No planejamento ortodôntico não se deve valorizar a predisposição genética e/ou hereditária como um fator preditivo para reabsorções dentárias durante o tratamento ortodôntico.

Os fatores de risco ou preditivos envolvidos nas reabsorções dentárias têm natureza local e são passíveis de controle e prevenção por parte do profissional, como revelados anteriormente. Em casos clínicos em que esses fatores de risco não sejam passíveis de controle ou prevenção, juntamente com o paciente e/ou seus responsáveis, pode-se assumir os riscos depois de uma avaliação criteriosa, como mencionada anteriormente. Se reabsorções radiculares ocorrerem nessa situação, passam a serem consideradas um custo biológico para se ter dentes com função e estética adequada ao ser humano, em atendimento às expectativas apresentadas pelo paciente. O risco calculado, com a anuência e esclarecimento do paciente, descaracterizam a negligência ou a imperícia.

Referências 1. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3a ed. Maringá: Dental Press; 2012. 2. Harris EF, Robinson QC, Woods MA. An analysis of causes of apical root resorption in patients not treated orthodontically. Quintessence Int. 1993;24:417-28. 3. Massler M, Malone AJ. Root resorption in human permanent teeth. American J Orthod. 1954;40:619-33. 4. Woods MA, Robinson QC, Harris EF. The population distribution of cases with root resorption. J Dental Res. 1992;71A, 214.

128

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):125-9

Endereço para correspondência Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br


Consolaro A

FICHA DE REGISTRO DOS FATORES PREDITIVOS DE REABSORÇÃO RADICULAR NO PLANEJAMENTO DO TRATAMENTO ORTODÔNTICO (De acordo com Consolaro. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):125-9).

Fatores Preditivos

Risco 0

Risco 1

Risco 2

Risco 3

Traumatismo dentário prévio Reabsorção dentária não ortodôntica previamente existente Raízes triangulares Ápices afilados Ápices com dilaceração radicular Raízes curtas com menos que 1,6 vezes a coroa Crista óssea alveolar retangular Movimentos extensos Extrações dentárias no tratamento Mecânicas intrusivas Uso de elásticos intermaxilares Tempo de tratamento Retratamento ortodôntico Movimento dentário e/ou ancoragem nas corticais Áreas ósseas densas ou esclerosadas Anodontia parcial Concentração de forças

Paciente:______________________________________________________________________________________________________ Risco de reabsorção dentária no tratamento ortodôntico:_________________________________________________________ Data _____/_____/________

Dr(a)._____________________________________________________________________________

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):125-9

129



abstracts

Literatura ortodôntica mundial Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica.

Relatando a qualidade de resumos de estudos controlados randomizados publicados nos principais periódicos de Ortodontia de 2006-2011 Padhraig S. Fleming, Niamh Buckley, Jadbinder Seehra, Argy Polychronopoulou, Nikolaos Pandis American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics - October 2012 (Vol. 142, Issue 4, Pages 451-458). Introdução: os melhores relatórios de estudos randomizados e resumos aumentam a transparência e facilitam a avaliação e identificação de estudos. O objetivo desse estudo foi investigar a qualidade dos relatórios de resumos de estudos controlados randomizados publicados em periódicos de Ortodontia. Métodos: buscas eletrônicas complementadas por pesquisas manuais para identificar estudos controlados randomizados no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics, Angle Orthodontist, European Journal of Orthodontics e Journal of Orthodontics, de 2006 a 2011, foram realizadas. A integralidade do relatório dos resumos foi avaliada pelo CONSORT modificado para confirmação da lista de verificação de resumos. Os dados foram analisados por meio de estatísticas descritivas, seguidas por exames uni e multivariado de associações estatísticas (p=0,05). Resultados: resumos de 117 estudos controlados randomizados foram identificados e avaliados. A maioria foi publicada no American Journal of Orthodontics and Dentofacial Orthopedics (53%) ou no Angle Orthodontist (23%); a maioria dos resumos (85,5%) era estruturada. A média geral do índice de qualidade dos relatórios foi de 60,2%. Em relação aos itens de qualidade individual, a maioria dos resumos demonstrou claros relatórios de intervenções (97,4%), objetivos (93,2%) e número de participantes randomizados (95,7%). Relatório insuficiente de procedimentos de randomização, ocultação de alocação, mascaramento e falha em reportar intervalos de confiança e danos foram quase universais. Registros de estudos controlados randomizados e fontes de financiamento não foram relatados em nenhum dos resumos identificados. A maior pontuação relatada foi observada no Journal of Orthodontics (66%, intervalo de confiança de 95%, 63,568,7). Conclusões: a qualidade dos relatórios de resumos de estudos controlados randomizados em periódicos de Ortodontia não é excelente (suboptimal). Tendo em vista a primazia de resumos de pesquisa, esforços devem ser feitos para melhorar seus relatórios.

Efeitos dos corredores bucais na estética do sorriso em ortodontistas japoneses e coreanos e pacientes ortodônticos Hideki Ioi, Sangwook Kang, Takahiro Shimomura, Seong-sik Kim, Soo-byung Park, Woo-sung Son, Ichiro Takahashi American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics - October 2012 (Vol. 142, Issue 4, Pages 459-465) Introdução: o objetivo desse estudo foi avaliar a influência do tamanho dos corredores bucais na avaliação da estética do sorriso atraente por ortodontistas japoneses e coreanos e pacientes ortodônticos. Métodos: corredores bucais foram digitalmente modificados de 0 a 25%, em comparação com a largura intercomissural interna. Utilizando uma escala analógica visual, 41 ortodontistas japoneses e 25 coreanos, também 96 pacientes ortodônticos japoneses e 72 coreanos (15 a 29 anos) classificaram a atratividade de 6 sorrisos com corredores bucais alterados. A influência do tamanho do corredor bucal na estética do sorriso foi avaliada. Resultados: embora não houve uma diferença significativa entre os sexos no julgamento dos efeitos dos corredores bucais para os ortodontistas coreanos e japoneses, diferenças significativas entre os sexos foram apresentadas para os pacientes ortodônticos japoneses. Existiram diferenças significativas nos seis níveis de pontuações estéticas medianas em todos os grupos. Dos corredores bucais, 0, 5 e 10% nos sorrisos tenderam a ser preferidos em relação a outros sorrisos, o que foi clinicamente significativo em todos os grupos. A pontuação mediana da estética caiu para tornar-se clinicamente significativa de 10 a 15% dos corredores bucais, para todos os grupos. Conclusões: ortodontistas japoneses, coreanos e pacientes ortodônticos preferem corredores bucais estreitos ou médios a corredores bucais amplos. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Tradução: Fabio Pinto Guedes

Conheça o acervo de Abstracts da Dental Press, acesse: www.dentalpress.com.br/abstracts

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):131-3

131


ABSTRACTS

Estresse ósseo quando miniplacas são utilizadas para ancoragem ortodôntica: análise de elementos finitos Yen-Wen Huang, Chih-Han Chang, Tung-Yiu Wong, Jia-Kuang Liu American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Pages 466-472, October 2012

componentes da mordida profunda poderia ajudar os clínicos a desenhar mecanoterapias individualizadas com base na causa subjacente, em vez de ser tendenciosa em direção a mecânicas predeterminadas no tratamento de pacientes com uma má oclusão de sobremordida profunda. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Introdução: a taxa de sucesso de miniplacas é superior à de outros dispositivos de ancoragem temporária; no entanto, o comportamento biomecânico das mini-placas durante o uso ortodôntico não está totalmente compreendido. O objetivo desse estudo foi investigar o estresse ósseo, através da análise de elementos finitos, quando miniplacas são usadas para ancoragem ortodôntica. Métodos: um modelo tridimensional, consistindo de um bloco ósseo integrado com um sistema de miniplaca e parafuso de fixação, foi construído para simular vários tipos de miniplacas, números de parafusos, comprimentos de parafusos, espessuras do córtex e direções e magnitudes de forças. Resultados: os valores de estresse da cortical do pico von Mises foram maiores com as placas de tipo I, seguidos dos tipos de placas L, Y, e T. O estresse ósseo diminuiu conforme aumentou o número de parafusos, porém, não foi relacionado ao comprimento dos parafusos. O estresse do osso aumentou à medida que a espessura da cortical diminuía. O estresse ósseo foi linearmente proporcional à magnitude da força e os maiores valores foram produzidos quando a força estava na frente. Conclusões: quando uma placa do tipo T ou Y é utilizada, ou quando a direção da força é no modo de tração, diminui-se o estresse ósseo. O estresse ósseo também diminui com o aumento do número de parafusos e com o aumento da espessura da cortical. Além disso, diminui à medida que a magnitude da força torna-se menor. Tradução: Fernando Kleinübing Rhoden

Má oclusão de sobremordida profunda: Análise dos componentes subjacentes Mostafa M. El-Dawlatly, Mona M. Salah Fayed, Yehya A. Mostafa American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Pages 473-480, October 2012 Introdução: uma má oclusão de mordida profunda não deve ser encarada como uma doença; em vez disso, ela deve ser vista como uma manifestação clínica de discrepâncias subjacentes. O objetivo desse estudo foi investigar os vários componentes esqueléticos e dentários da má oclusão de mordida profunda, a importância da contribuição de cada um e se existem certas correlações entre eles. Métodos: medidas dentárias e esqueléticas foram feitas em radiografias cefalométricas laterais e modelos de estudo de 124 pacientes com mordida profunda. Essas medidas foram analisadas estatisticamente. Resultados: uma curva de Spee exagerada foi o maior componente dentário compartilhado (78%), significativamente maior do que qualquer outro componente (p=0,0335). Um ângulo goníaco diminuído foi o maior componente esquelético compartilhado (37,1%), altamente significativo em comparação com os outros componentes (p=0,0019). Uma forte correlação positiva foi encontrada entre o ângulo do ramo/plano horizontal de Frankfurt e o ângulo goníaco; correlações mais baixas foram encontradas entre vários componentes. Conclusões: uma exagerada curva de Spee e um ângulo goníaco diminuído foram os componentes que mais contribuíram. Essa análise de

132

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):131-3

Detecção molecular de Actinobacillus actinomycetemcomitans em braquetes metálicos pela técnica de hibridização “Checkerboard DNA-DNA” Paulo Nelson-Filho, Karla Orfelina Carpio-Horta, Marcela Cristina Damião Andrucioli, Magda Feres, Raquel Assed Bezerra da Silva, Francisco Wanderley Garcia de Paula-Silva, Fábio Lourenço Romano American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Pages 481-486, October 2012 Introdução: o objetivo desse estudo clínico randomizado foi avaliar a presença do patógeno periodontal Actinobacillus actinomycetemcomitans sobre braquetes metálicos e a eficácia de um enxaguatório bucal de digluconato de clorexidina a 0,12% na inibição deste microorganismo. Métodos: O estudo envolveu 35 pacientes de ambos os sexos que tiveram tratamento ortodôntico com aparelhos fixos entre as idades de 14 e 22 anos, divididos aleatoriamente em dois grupos: experimental (n=17) e controle (n=18). Dois braquetes metálicos novos foram colocados nos pré-molares dos pacientes e os indivíduos bochecharam uma solução de digluconato de clorexidina 0,12% ou uma solução placebo, duas vezes por semana, durante 30 dias. Depois disso, os braquetes foram removidos e submetidos à análise microbiológica com a técnica de hibridização “Checkerboard DNA-DNA”. Os dados foram analisados usando o teste t de Student, exato de Fisher e Mann-Whitney ao nível de significância de 5%. Resultados: os resultados mostraram que A. actinomycetemcomitans estava presente em todos os braquetes dos indivíduos do grupo controle, contra 83% dos indivíduos que bochecharam com digluconato de clorexidina (p<0,0001). Houve também níveis significativamente mais baixos dessa espécie no grupo de digluconato de clorexidina em comparação com o grupo controle (p=0,0003). Conclusões: concluiu-se que o enxaguatório com digluconato de clorexidina 0,12%, duas vezes por semana, por 30 dias, durante o tratamento ortodôntico, é eficaz em reduzir a presença e os níveis de A. actinomycetemcomitans em braquetes metálicos. Tradução: Isabella Simões Holz

Os efeitos do tratamento com esporões colados associados à terapia de mentoneira com tração alta no tratamento de pacientes com mordida aberta anterior Michelle Alonso Cassis, Renato Rodrigues de Almeida, Guilherme Janson, Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin, Márcio Rodrigues de Almeida American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Pages 487-493, October 2012 Introdução: o objetivo desse estudo clínico prospectivo foi investigar as alterações cefalométricas produzidas pelos esporões colados, associados à terapia de mentoneira com tração alta, em


Abstracts

crianças com má oclusão Classe I de Angle e mordida aberta anterior. Métodos: Trinta pacientes com idade média inicial de 8,14 anos e mordida aberta anterior média de -3,93mm foram tratados com esporões colados associados à terapia com mentoneira por 12 meses. Um grupo controle, sem tratamento, de 30 indivíduos com idade média inicial de 8,36 anos e uma mordida aberta anterior média de -3,93mm e a mesma má oclusão, foi acompanhado por 12 meses para comparação. Testes t de Student foram utilizados para comparações entre os grupos. Resultados: o grupo tratado demonstrou uma redução significativamente maior do ângulo goníaco, aumento da sobremordida, inclinação palatina dos incisivos superiores e desenvolvimento dentoalveolar vertical dos incisivos superiores e inferiores em comparação ao grupo controle. Conclusões: a associação de esporões colados com a terapia de mentoneira com tração alta foi eficiente para a correção da mordida aberta em 86,7% dos pacientes, com um aumento da sobremordida de 5,23mm ± 1,69mm). Tradução: Isabella Simões Holz

Cinética da expressão de interleucina-6 e dos ligantes de quimiocinas 2 e 3 nos tecidos periodontais durante a movimentação dentáriA ortodônticA Davidson Fróis Madureira, Silvana de Albuquerque Taddei, Mauro Henrique Nogueira Guimarães de Abreu, Henrique Pretti, Elizabeth Maria Bastos Lages, Tarcilia Aparecida da Silva American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Pages 494-500, October 2012 Introdução: a aplicação de força induz a remodelação do ligamento periodontal e do osso alveolar e é mediada por citocinas e quimiocinas. Nesse estudo, investigamos a cinética dos níveis de interleucina-6 e dos ligantes de quimiocinas 2 e 3 nos ligamentos periodontais submetidos a forças ortodônticas. Métodos: foram utilizados 64 pré-molares nesse estudo tipo split-mouth. O grupo experimental consistiu de pré-molares submetidos a uma força de 0,980N em direção apical por períodos de 3 horas, 15 horas, 3 dias, 12 dias e de 21 dias com um cantiléver de liga beta-titânio 0,017” × 0,025”. Os dentes contralaterais, sem aparelhos ortodônticos, foram utilizados como controle. Os pré-molares foram extraídos por razões ortodônticas e os ligamentos periodontais foram raspados para análise dos níveis de citocinas por ELISA. Resultados: em comparação ao grupo controle, foi observado um aumento no ligante de quimiocina 2 nos dias 3 e 12, e foram observados aumentos da interleucina-6 e do ligante de quimiocina 3 no dia 12 no grupo experimental. Conclusões: nossos resultados demonstram uma expressão diferenciada de interleucina-6 e dos ligantes de quimiocinas 2 e 3 nos ligamentos periodontais após aplicação de força ortodôntica, o que pode refletir as diferentes funções dessas moléculas no processo de remodelação óssea. Tradução: Isabella Simões Holz

Análise de elemento finito do efeito das direções de força sobre o movimento do dente no fechamento de espaço de extração com a mecânica de deslize com miniparafuso Yukio Kojima, Jun Kawamura, Hisao Fukui. American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Paginas 501-508, Outubro 2012 Introdução: miniparafusos colocados no osso têm sido usados como ancoragem ortodôntica no fechamento de espaço de extração com mecânica de deslize. Os padrões de movimentação dos dentes dependem das direções de força. Para mover os dentes num padrão desejado, a direção adequada da força deve ser selecionada. O objetivo desse artigo é esclarecer a relação entre direções de força e padrões de movimentação. Métodos: usando o método de elemento finito, movimentos ortodônticos foram simulados com base na lei de remodelação do osso alveolar. O comprimento do braço de força e a posição do miniparafuso foram variados para alterar as direções da força. Resultados: quando o braço de força foi prolongado, a rotação de toda a dentição superior diminuiu. Os dentes posteriores foram eficazes para evitar a rotação dos dentes anteriores através de um fio. Em casos de posição alta de um miniparafuso, o movimento de corpo do dente foi quase alcançado. O componente vertical da força produziu intrusão ou extrusão de toda a dentição. Conclusões: dentro dos limites do método, as simulações mecânicas demonstraram o efeito da direção da força nos padrões de movimentação. Tradução: Letícia Moraes de Aguiar

Correção ortodôntica de uma transposição entre canino e primeiro pré-molar superior na dentição permanente Kazuaki Nishimura, Kimihisa Nakao, Taijyu Aoki, Mariko Fuyamada, Keisuke Saito, Shigemi Goto. American Journal of Orthodontics & Dentofacial Orthopedics. Volume 142, Issue 4 , Paginas 524-533, Outubro 2012 A paciente era uma menina japonesa de 16 anos de idade, cuja principal queixa era o apinhamento e uma transposição do canino e primeiro pré-molar superior. Um modelo de setup foi utilizado para, pré-operatoriamente, alinhar os dentes em suas posições transpostas. A quantidade de remodelação pós-operatória foi estimada pelas superfícies oclusais dos dentes. No entanto, a paciente não queria ter seus dentes reduzidos pela remodelação ou receber materiais compósitos para camuflagem reparadora. Como ela esperava fortemente o alinhamento dos seus dentes na posição correta intra-arco, os dentes transpostos foram corrigidos sem extração dos dentes transpostos. A tomografia computadorizada de feixe cônico foi utilizada para obter informações mais detalhadas sobre a transposição, também a direção do movimento dentário foi analisada. Embora a duração do tratamento tenha sido longa, ambas as coroas e as raízes dos dentes transpostos foram corretamente alinhadas. Tradução: Letícia Moraes de Aguiar

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):131-3

133


instruções aos autores

— A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, dirigida à classe odontológica, destina-se à publicação de relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesse aos profissionais da área, comunicações breves e atualidades. — A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br — Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2627 – Zona 5 CEP: 87.015-001, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br — As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nesta publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nesta publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas. — Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DE MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como descrito a seguir: 1. Página de título — deve conter título em português e inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não inclua informações relativas aos autores, por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos. Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.

134

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):134-6

2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).


Instruções aos autores

7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. 9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos ao lado.

Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

* Para submeter novos trabalhos acesse o site:

www.dentalpressjournals.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):134-6

135


registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.

Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que

136

Rev Clín Ortod Dental Press. 2012 dez-2013 jan;11(6):134-6

integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

Posicionamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.