Dental Press Journal of Orthodontics v. 18, n. 5 Sept/ Oct 2013

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Volume 18, Number 5, Sept / Oct 2013 / Portuguese version

Official Journal of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics Official Journal of the Brazilian Board of Orthodontics


5

ANOS

DE SUCESSO

O SISTEMA AUTOLIGÁVEL EASYCLIP ESTÁ COMPLETANDO 5 ANOS DE APLICAÇÃO CLÍNICA DE SUCESSO! A PRINCIPAL RAZÃO DESTE SUCESSO É VOCÊ, COM SUA DEDICAÇÃO E CONHECIMENTO COMO ORTODONTISTA E SEU DESEJO DE REALIZAR MUDANÇAS POSITIVAS PARA SI MESMO E SEUS PACIENTES.


Volume 18, Number 5, September / October 2013 / Portuguese version

Official Journal of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics Official Journal of the Brazilian Board of Orthodontics

Dental Press J Orthod. 2013 September/October;18(5):1-178

ISSN 2176-9451


Indexação:

desde 1999

desde 2011

desde 2013

BBO desde 1998

desde 1998

desde 2008

desde 1998

desde 2005

desde 2002

desde 2008

desde 2008

desde 2009

Dental Press Journal of Orthodontics v. 1, n. 1 (set./out. 1996) - . -- Maringá : Dental Press International, 1996 Bimestral ISSN 2176-9451 1. Ortodontia - Periódico. I. Dental Press International. CDD 617.643005


UFBA - BA - Brasil

Emanuel Braga Rego

EDITOR-CHEFE UFPA - PA - Brasil

David Normando

Faculdade de Itauna - MG - Brasil

Enio Tonani Mazzieiro

Univ. de Saint Louis - EUA

Eustáquio Araújo Eyas Abuhijleh

EDITORA ASSOCIADA UFBA - BA - Brasil

Telma Martins de Araujo

Ajman University - Emirados Árabes Unidos

Fabrício Pinelli Valarelli

UNINGÁ - PR - Brasil UNICID - SP - Brasil

Fernando César Torres

UFF - RJ - Brasil

Glaucio Serra Guimarães

EDITORES ADJUNTOS HRAC/FOB/USP - SP - Brasil

Daniela Gamba Garib Leandro Silva Marques

UFVJM - MG - Brasil USP - SP - Brasil

Fernanda Angelieri

FOB/USP - SP - Brasil

Guilherme Janson

UFRGS - RS - Brasil

Gustavo Hauber Gameiro

Karolinska Institute - Suécia

Hans Ulrik Paulsen

Flavia Artese

UERJ - RJ - Brasil

Helio Scavone Júnior

UNICID - SP - Brasil

Ildeu Andrade

PUC - MG - Brasil

Henri Menezes Kobayashi

UNICID - SP - Brasil

Matheus Melo Pithon

UESB - BA - Brasil

Hiroshi Maruo

ABO - PR - Brasil

Hugo Cesar P. M. Caracas

UNB - DF - Brasil

EDITORA ADJUNTA DO CONSELHO SUPERIOR DA ABOR PUCRS - Brasil

Luciane Macedo de Menezes

James A. McNamara

Universidade de Michigan - EUA

James Vaden

Universidade do Tennessee - EUA

Jesús Fernández Sánchez UEM - PR - Brasil

Laurindo Z. Furquim

Jorge Faber Maria F. Martins-Ortiz

University of Iowa Universidad Peruana Cayetano Heredia - Lima/Peru

José Antônio Bósio

CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Danilo Furquim Siqueira

UERJ - RJ - Brasil

Jonh S. Casko Jorge Luis Castillo

Adilson Luiz Ramos

Univ. de Madrid - Madrid - Espanha

Jonas Capelli Junior

PUBLISHER

UEM - PR - Brasil USC - SP - Brasil UnB - DF - Brasil ACOPEM - SP - Brasil

Univ. de Marquette - Milwaukee - EUA UERJ - RJ - Brasil

José Augusto Mendes Miguel José Fernando Castanha Henriques

UFF - RJ - Brasil

José Nelson Mucha

FOUSP - SP - Brasil

José Rino Neto José Valladares Neto

UFG - GO - Brasil

José Vinicius B. Maciel

UFRJ - PR - Brasil

CONSULTORES EDITORIAIS

Julia Cristina de Andrade Vitral

Ortodontia

Júlia Harfin

A-Bakr M Rabie Adriana de Alcântara Cury-Saramago Aldrieli Regina Ambrósio Alex Luiz Pozzobon Pereira Alexandre Trindade Motta Ana Carla R. Nahás Scocate Ana Maria Bolognese Andre Wilson Machado Anne Luise Scabell de Almeida Anne-Marie Bolen

Universidade de Hong Kong - China UFF - RJ - Brasil SOEPAR - PR - Brasil UFMA - MA - Brasil UFF - RJ - Brasil UNICID - SP - Brasil UFRJ - RJ - Brasil UFBA - BA - Brasil UERJ - RJ - Brasil Universidade de Washington - EUA

FOB/USP - SP - Brasil

Clín. partic. - SP - Brasil

Univ. de Maimonides - Buenos Aires - Argentina UNICEUMA - MA - Brasil

Júlio de Araújo Gurgel

UNINGÁ - PR - Brasil

Karina Maria S. de Freitas

AAO - Dallas - EUA

Larry White

UFVJM - MG - Brasil

Leniana Santos Neves

USC - SP - Brasil

Leopoldino Capelozza Filho Liliana Ávila Maltagliati

APCD - SP - Brasil Universidade de Michigan - EUA

Lucia Cevidanes

UNISANTA - SP - Brasil

Luís Antônio de Arruda Aidar

UFPE - PE - Brasil

Luiz Filiphe Canuto

FOAR/UNESP - SP - Brasil

Luiz G. Gandini Jr.

Antônio C. O. Ruellas

UFRJ - RJ - Brasil

Luiz Sérgio Carreiro

UEL - PR - Brasil

Armando Yukio Saga

ABO - PR - Brasil

Marcelo Reis Fraga

UFJF - MG - Brasil

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Marcio Rodrigues de Almeida

Ary dos Santos-Pinto

FOAR/UNESP - SP - Brasil

Marco Antônio de O. Almeida

Björn U. Zachrisson

Univ. de Oslo - Noruega

Marco Rosa

Bruno D'Aurea Furquim

Clín. partic. - PR - Brasil

Marcos Alan V. Bittencourt

Arno Locks

Camila Alessandra Pazzini

UFMG - MG - Brasil

Cauby Maia Chaves Junior

UFRJ - RJ - Brasil UFES - ES - Brasil

ABO - RS - Brasil

Maria Fernanda Martins-Ortiz

Universidade de Alberta - Canadá UFMA - MA - Brasil UFC - CE - Brasil

Maristela S. Inoue Arai

UNICEUMA - MA - Brasil

Mônica T. de Souza Araújo

Univ. de Montreal - Canadá

Orlando M. Tanaka

Cristiane Canavarro

UERJ - RJ - Brasil

Oswaldo V. Vilella

Daniel Jogaib Fernandes

UERJ - RJ - Brasil

Patrícia Medeiros Berto

Eduardo Franzotti Sant'Anna Eduardo Silveira Ferreira

Universidade da Carolina do Norte - EUA FOA/UNESP - SP - Brasil UFRJ - RJ - Brasil UFRGS - RS - Brasil

ULBRA - RS - Brasil Clín. partic. - SP - Brasil

Marinho Del Santo Jr.

Clarice Nishio

Eduardo C. Almada Santos

Copem - Brasil

Maria Perpétua Mota Freitas

Célia Regina Maio Pinzan Vercelino

David Sarver

UFG - GO - Brasil

Maria Cristina Thomé Pacheco

Carla D'Agostini Derech

Carlos Martins Coelho

UFBA - BA - Brasil

Marcos Augusto Lenza

UFSC - SC - Brasil

UNINCOR - MG - Brasil

Carlos Flores-Mir

UERJ - RJ - Brasil Universidade de Insubria - Itália

Margareth Maria Gomes de Souza

Camilo Aquino Melgaço Carlos A. Estevanel Tavares

UNOPAR - PR - Brasil

Univ. Médica e Odontológica de Tóquio - Japão

Patricia Valeria Milanezi Alves Paul Mjor Paula Vanessa P. Oltramari-Navarro Pedro Paulo Gondim

UFRJ - RJ - Brasil PUC/PR - PR - Brasil UFF - RJ - Brasil Clín. partic. - DF - Brasil Clín. partic. - RS - Brasil University of Alberta - Canadá UNOPAR - PR - Brasil UFPE - PE - Brasil


Renata C. F. R. de Castro

USC - SP - Brasil

Periodontia

Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin

USC - SP - Brasil

Adriana C. P. Sant’Ana

FOAR-UNESP - SP - Brasil

Renato Parsekian Martins Ricardo Machado Cruz

UNIP - DF - Brasil

Ricardo Moresca

UFPR - PR - Brasil UFJF - MG - Brasil

Robert W. Farinazzo Vitral

Clín. partic. - PR - Brasil

Roberto Hideo Shimizu

Univ. Tecn. do México - México

Roberto Justus Rodrigo César Santiago

Maurício G. Araújo Mário Taba Jr.

FOB/USP - SP - Brasil UEM - PR - Brasil FORP/USP - SP - Brasil

Prótese Marco Antonio Bottino

UNESP/SJC - SP - Brasil

Sidney Kina

Clín. partic. - PR - Brasil

UFRJ - RJ - Brasil

Rodrigo Hermont Cançado

UNINGÁ - PR - Brasil

Rogério Lacerda dos Santos

UFCG - PB - Brasil

Sávio R. Lemos Prado

UFPA - PA - Brasil

Sylvia Frazier-Bowers

Universidade da Carolina do Norte - EUA

Tarcila Triviño Vladimir Leon Salazar Weber José da Silva Ursi Won Moon

Radiologia Rejane Faria Ribeiro-Rotta

UFG - GO - Brasil

UMESP - SP - Brasil Universidade de Minnesota - EUA FOSJC/UNESP - SP - Brasil UCLA - EUA

Biologia e Patologia Bucal Alberto Consolaro Christie Ramos Andrade Leite-Panissi

FOB/USP - SP - Brasil FORP/USP - Brasil

Edvaldo Antonio R. Rosa

PUC/PR - PR - Brasil

Victor Elias Arana-Chavez

USP - SP - Brasil

Bioquímica e Cariologia Marília Afonso Rabelo Buzalaf Soraya Coelho Leal

FOB/USP - SP - Brasil UnB - DF - Brasil

Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana Laudimar Alves de Oliveira Liogi Iwaki Filho Waldemar Daudt Polido

FOB/USP - SP - Brasil UNIP - DF - Brasil UEM - PR - Brasil Clín. partic. - RS - Brasil

Dentística Maria Fidela L. Navarro

FOB/USP - SP - Brasil

Disfunção da ATM José Luiz Villaça Avoglio Paulo César Conti

CTA - SP - Brasil FOB/USP - SP - Brasil

O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419).

O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é uma publicação bimestral da Dental Press International. Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / PR - Fone/Fax: (0xx44) 3031-9818 www.dentalpress.com.br - artigos@dentalpress.com.br.

Epidemiologia Isabela Almeida Pordeus

UFMG - MG - Brasil

Saul Martins Paiva

UFMG - MG - Brasil

Fonoaudiologia Esther M. G. Bianchini

UVA - RJ - Brasil

Implantologia Carlos E. Francischone

FOB/USP - SP - Brasil

Ortopedia Dentofacial Kurt Faltin Jr.

UNIP - SP - Brasil

Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - Diretor Editorial: Bruno D’Aurea Furquim - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Bruno Boeing de Souza - Diego Ricardo Pinaffo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - TRATAMENTO DE IMAGEM: Ivo Azevedo - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira Dias - Revisão/COPydesk: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - JORNALISMO: Yara Borges Marchini - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosane Albino Rosana G. Silva.


Dental Press Journal of Orthodontics Official Publication of the Volume 18 . Number 5 . September-October 2013

Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics

Seções Editorial

Entrevista

1

14

Do embrião à maioridade

Uma entrevista com Adilson Luiz Ramos

David Normando

Caso Clínico BBO Orthodontics Highlights

2 Destaques da literatura ortodôntica mundial Matheus Melo Pithon

140 Tratamento ortodôntico compensatório de má oclusão de Classe II de Angle com mordida aberta posterior José Newton Torres

Insight Ortodôntico

4 Esclarecimentos, orientações e questionamentos sobre a clareação dentária “associada” ao tratamento ortodôntico Alberto Consolaro, Renata Bianco Consolaro, Leda Francischone

Tópico Especial

147 Procedimentos para finalização em Ortodontia: dimensões e proporções dentárias (micro-estética) Roberto Carlos Bodart Brandão, Larissa Bustamente Capucho Brandão

Ortodontia Baseada em Evidência

11 Ortodontia Baseada em Evidência: isso tem a ver com o seu paciente? ao tratamento ortodôntico Fernanda Angelieri

Artigos

32

46

Avaliação das experiências de dor em adultos e crianças após a

Os efeitos do Aparelho de Protração Mandibular em conjunto

colagem de braquetes e após a inserção do arco inicial

com o aparelho fixo em pacientes adultos

Marcio José da Silva Campos, Marcelo Reis Fraga, Nádia Rezende Barbosa Raposo,

Bruno D’Aurea Furquim, José Fernando Castanha Henriques, Guilherme Janson,

Ana Paula Ferreira, Robert Willer Farinazzo Vitral

Danilo Furquim Siqueira, Laurindo Zanco Furquim

38

53

Tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho de Herbst

Avaliação cefalométrica da previsibilidade dos resultados do

em pacientes na fase pós-pico de crescimento

tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar em pacientes face

José Carlos de Castro Alvares, Rodrigo Hermont Cançado, Fabrício Pinelli Valarelli,

longa: estudo retrospectivo

Karina Maria Salvatore de Freitas, Christian Zamberlan Angheben

Carla Maria Melleiro Gimenez, Francisco Antonio Bertoz, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli, Oswaldo Magro Filho, Idelmo Garcia, Valfrido Antonio Pereira Filho


Dental Press Journal of Orthodontics Official Publication of the Volume 18 . Number 5 . September-October 2013

Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics

59

107

Fatores relacionados ao tempo do tratamento ortodôntico em pacientes adultos

Avaliação da qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia ortognática

Ana Camila Esteves de Oliveira Melo, Lilianne Oliveira Thiers Carneiro, Luana Farias

Ana Catarina Alves e Silva, Roberta Almeida Silveira Carvalho,

Pontes, Rodolpho Lobão Cecim, José Nazareno Rufino de Mattos, David Normando

Thiago de Santana Santos, Nelson Studart Rocha, Ana Cláudia Amorim Gomes, Emanuel Dias de Oliveira e Silva

64 Efeitos da cirurgia de mentoplastia de avanço nas posições do osso hioide, da língua e no tamanho da orofaringe Milena Barreto de Arruda Cabral, André Carlos de Freitas, Telma Martins de Araújo, Nilson Pena, Rivail Almeida Brandão Filho

115 Avaliação das alterações verticais dos segundos molares superiores após a fase de alinhamento e nivelamento utilizando a técnica MBT Alael Barreiro Fernandes de Paiva Lino, Julio Wilson Vigorito

70 Características auditivas de indivíduos com disfunção temporomandibular e deformidades dentofaciais

121

Tatiane Totta, Giselda Santiago, Eduardo Sanches Gonçales,

Influência da inclusão dos segundos molares no tratamento sobre as angulações final e pós-contenção dos molares

Sandra de Oliveira Saes, Giédre Berretin-Felix

Luiz Filiphe Gonçalves Canuto, Karina Maria Salvatores de Freitas, Marcos Roberto de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado

78 Existe correlação entre a densidade óssea alveolar e a sistêmica? Paula Cabrini Scheibel, Adilson Luiz Ramos, Lilian Cristina Vessoni Iwaki

84 Estabilidade horizontal e vertical das osteotomias maxilares, em pacientes portadores de fissura labiopalatal, com o emprego de enxerto ósseo alógeno Kelston Ulbricht Gomes, Wilson Denis Benato Martins, Marina de Oliveira Ribas

128 Infiltrações intra-articulares com corticosteroides e hialuronato de sódio no tratamento das disfunções temporomandibulares articulares: uma revisão sistemática Eduardo Machado, Daniel Bonotto, Paulo Afonso Cunali

134 Exercícios terapêuticos para controle da disfunção temporomandibular Alberto da Rocha Moraes, Monique Lalue Sanches,

91 Comparação da alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores em casos tratados com e sem extrações: avaliação em tomografias Paulo Roberto Barroso Picanço, Fabricio Pinelli Valarelli, Rodrigo Hermont Cançado, Karina Maria Salvatore de Freitas, Gracemia Vasconcelos Picanço

99 Tradução e adaptação de um instrumento para a avaliação da qualidade de vida em pacientes com necessidade de tratamento orto-cirúrgico Adriana Monteiro de Araújo, José Augusto Mendes Miguel, Eveline Coutinho Baldoto Gava, Branca Heloisa de Oliveira

Eduardo Cotecchia Ribeiro, Antonio Sérgio Guimarães

175 Normas para publicação


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Prof. Dr. Daniel Gheur Tocolini (ABO Curitiba/ IMED-THUM Joinville), Prof. Dr. Ary dos Santos Pinto (UNESP Araraquara), Prof. Dr. Alexandre Moro (Universidade Federal do Paraná), Dr. Roque Mérida (Orthometric), Prof. Dr. Adriano Castro (Universidade Católica de Brasília), Prof. Dr. Janderson Figueiredo (Centro de pós-graduação HD/Unievangélica), Prof. Dr. Marcelo Martins (Autor do livro Braquetes Autoligados), Dr. Silvio Zilio (Orthometric)e Ausênte na fotoProf. Dr. Alael de Paiva Lino (SPO São Paulo). Salinas de Maragogi, profes-

No último mês, a Orthometric reuniu, no resort sores renomados no país para o lançamento oficial do Grupo P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) Orthometric.

Ao longo dos quatro dias de encontro, os profissionais apresentaram trabalhos clínicos e laboratoriais desenvolvidos com a utilização de produtos Orthometric. Muito pôde ser debatido nas mesas redondas e as sugestões já foram aplicadas aos produtos, otimizando o desempenho com auxilio de alta tecnologia e muita inovação a fim de oferecer soluções cada vez melhores ao mercado. A ideia para o evento surgiu como parte do processo de MELHORIA CONTÍNUA da Orthometric, das reuniões periódicas que a marca realiza há 2 anos com os profissionais e cujo objetivo é avaliar os resultados obtidos com os produtos. Nessas reuniões, são discutidos, aberta e profissionalmente, diferentes pontos e práticas do dia a dia, com o intuito de promover o aprimoramento das atividades ortodônticas. A Semana de P&D é mais uma iniciativa pioneira da Orthometric que, reunindo lazer, família e trabalho, cria um ambiente extremamente produtivo, onde alguns profissionais podem buscar em conjunto os melhores caminhos para todos os demais profissionais de ortodontia.


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Reconstructing the occlusal plane and controlling the vertical dimension with GUMMETAL archwires Orthodontic treatment in children: from diagnosis to early intervention in anterior open bite Orthodontic treatment in children: from diagnosis to early intervention in Class I malocclusion Orthodontic treatment in children: from diagnosis to early intervention in Class II malocclusion Orthodontic treatment in children: from diagnosis to early intervention in Class III malocclusion

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editorial

Do embrião à maioridade

O DPJO, consubstanciado pela sua importância dentro da Ortodontia clínica, manteve e manterá um espelho das suas publicações em língua portuguesa. Trata-se de uma forma de retribuir a credibilidade depositada por aqueles que acreditaram nas nossas potencialidades quando ainda espantávamos as incertezas e os medos da infância. A linguagem se afirma em dois idiomas — entre tropeços comuns a um jovem aprendiz em efusiva adolescência. Pernas e braços se alongam, uma necessidade fisiológica para a sustentação de um esqueleto hebiátrico. O alongamento atinge as instituições com objetivos afins: elevar a Ortodontia brasileira ao seu lugar de destaque inconteste. Aos 17, o Dental Press Journal of Orthodontics passa a ser o órgão oficial de divulgação da Associação Brasileira de Ortodontia (ABOR)4 e do Board Brasileiro de Ortodontia (BBO) e, em 2013, começa a publicar os resumos dos trabalhos apresentados durante o Encontro do Grupo Brasileiro de Professores de Ortodontia e Odontopediatria — uma importante conquista para o incremento da produção científica pós-graduada do nosso país. Às vésperas dos 18 anos, as citações dos artigos, que já se encontravam em amplo processo de crescimento, sofrem uma duplicação em 2012. Em 2013, recebemos o reconhecimento da maior base indexadora internacional em saúde, o PubMed5, o que irá aumentar consideravelmente o impacto científico desse periódico. Essas últimas conquistas são indicadores do alvorecer da maturidade. Agora, que podemos conduzir os nossos próprios caminhos de forma mais célere, faz-se necessária a reavaliação dos planos. Para o próximo ano, as nossas metas incluem a duplicação do nosso impacto científico e a elevação do nosso Qualis-CAPES, além da redução do tempo entre a submissão e a publicação. Porém, temos o entendimento de que as nossas metas são, apenas, reflexos de um trabalho irmanado com a convicção de que só conseguimos atingir a maturidade dos 18 porque os olhos, de quem lê essas derradeiras palavras, acreditaram na visão desbravadora daqueles que geraram esse periódico. Sim, temos pai... e mãe.

“Há entre o tempo e o destino um caso antigo, um elo, um par.” (Nilson Chaves)

O Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) comemora, nesta edição, 18 anos de profícua existência. Podemos saudá-los com a forte convicção de que chegamos a essa marca no tempo por caminhos que foram estrategicamente planejados, que não poderiam ser contados nas quase 180 páginas que compõem o tema desse volume: “O tratamento ortodôntico em adultos”. Quando celebramos datas, principalmente as que encerram ciclos, costumamos refazer o passado e esmiuçar planos para o porvir. Para um periódico que iniciou a sua embriogênese com a publicação de artigos traduzidos, passar a publicar artigos originais já seria uma mudança significativa. Um desenvolvimento acelerado, que nos faz relembrar a substituição da expressão dos desejos de um recém-nascido — simulados por mães e avós — pelas primeiras interlocuções verbais de uma criança, enfatizando os seus primeiros quereres, por meio de palavras próprias e apropriadas. Os passos se afirmam e as corridas são inexoráveis para quem sonha alçar voos mais altos. Quando ainda com 10 anos de idade, o DPJO conquistou o selo SciELO1 (uma importante base bibliográfica), o que nos permitiu ingressar num seleto grupo de revistas qualificadas, segundo a CAPES. Em verdade, ainda somos a única revista brasileira de uma especialidade odontológica estampada com esse mérito. Expressamos, aqui, o nosso desejo de companhia. Ao contemplar a adolescência, aos 13 anos ganhamos os ares da informatização e os seus benefícios organizacionais. As submissões de artigos passaram a ser realizadas através do sistema on-line2, exclusivamente, facilitando o trabalho de autores, revisores, editores e funcionários. No cume do nosso crescimento, as submissões explodem e o jovem periódico aprende o significado da negativa: a criança solícita cede espaço ao adolescente, que rejeita muito mais do que aceita — adolescência pura. A expressão das suas necessidades, desenhada pela alta frequência de rejeições, desperta incômodos indesejáveis, porém extremamente necessários para um amadurecimento seguro e focado nos objetivos traçados desde sua fase intrauterina. O crescimento toma um novo contorno quando os artigos científicos, antes publicados na língua de Camões, passam a ser difundidos na língua científica universal — a de Shakespeare, que foi contemporâneo de Camões3. Mudança inerente a quem deseja levar, a um número maior de ouvidos e olhos, a grandeza da Ortodontia brasileira. Não mudamos de língua, simplesmente precisávamos nos expressar em mais um idioma.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics

David Normando – editor-chefe (davidnormando@hotmail.com) Referências

1. 2.

Ramos AL. Conquista. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(1):1. Faber J. Colóquio editorial. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(4):1.

3.

Faber J. Adversities stimulating advances. Dental Press J Orthod. 2010;15(1):1.

4. 5.

Normando D. The following years. Dental Press J Orthod. 2013;18(1):1. Normando D. MEDLINE: international recognition of Brazilian orthodontic science development. Dental Press J Orthod. 2013;18(4):1.

1

Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):1


orthodontics highlights Matheus Melo Pithon*

hiperplasiados, pela falta de uma higienização correta) ou por descuido do ortodontista, levando ao corte da gengiva com brocas e/ou lixas. Mas seria esse singelo procedimento capaz de gerar perigos aos nossos pacientes, no que tange a bacteremia transitória? Na busca de resposta a esse questionamento, pesquisadores turcos e sauditas2 desenvolveram um estudo clínico que avaliou a presença de bacteremia transitória antes e após a realização de stripping em dentes anteroinferiores. Os resultados obtidos foram, de certa forma, alarmantes. Apesar de não terem sido observadas diferenças (sob o ponto de vista estatístico) entre as amostras de sangue antes e depois do stripping, 1 dos 30 pacientes avaliados apresentou bacteremia transitória, com a presença de Streptococcus sanguis. Em virtude desse caso isolado, os autores salientam a necessidade de se avaliar cada caso individualmente, evitando que problemas sistêmicos mais graves, como a endocardite bacteriana, se instalem.

a Expansão rápida e a lenta são protocolos efetivos na expansão maxilar Desde sua introdução, em 1860, por Angel, e reintrodução por Haas, em 1965, a expansão maxilar tornou-se popular entre ortodontistas de todo o mundo. A expansão da maxila proporciona diversos benefícios ortopédicos e ortodônticos ao paciente, entre eles: harmonia maxilar com os demais ossos da face, espaço na arcada para acomodação dos dentes, etc. No entanto, apesar de sua ampla aceitação e utilização, dúvidas persistem a respeito do método mais efetivo de ativação do aparelho expansor para se promover os melhores resultados. Visando elucidar tais questionamentos, pesquisadores chineses1 desenvolveram uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de comparar a efetividade das expansões rápida e lenta da maxila. Os resultados demonstraram que a expansão lenta é eficaz na expansão maxilar, e a rápida é eficaz em expandir tanto a arcada superior quanto a inferior. Os autores ressaltam, no entanto, que com a expansão lenta é possível se obter maior expansão na área molar maxilar. Os dados encontrados nesse estudo são de grande importância clínica, uma vez que, a partir do seu conhecimento, os ortodontistas poderão escolher o protocolo que mais se adeque a seus pacientes não baseando-se em preferências pessoais, mas sim por comprovação científica.

Uso de probióticos reduz o nível de Streptococcus Mutans em pacientes ortodônticos Como todos nós sabemos, o tratamento ortodôntico exige muita cumplicidade entre o paciente e seu ortodontista. Para uma boa resolução do tratamento, faz-se necessária a colaboração, por parte do paciente, no que tange a frequência às consultas, utilização de dispositivos auxiliares e manutenção de higiene bucal adequada. A presença de dispositivos ortodônticos na forma de braquetes, fios, elásticos, entre outros, propicia e muito o acúmulo bacteriano causador da cárie dentária. Bactérias, em especial o Streptococcus mutans, desenvolvem-se muito na presença de dispositivos ortodônticos. Chegar ao final do tratamento com os dentes bem posicionados e sem a presença de cárie dentária é o desejo de todo ortodontista. Mas, como conseguir esses resultados sem depender tanto da colaboração do paciente? Na busca de alternativas para o controle bacteriano de pacientes em uso de aparelho ortodôntico fixo, pesquisadores indianos3 desenvolveram um estudo clínico controlado randomizado onde

Stripping pode promover bacteremia transitória em pacientes ortodônticos A descoberta da presença de discrepância de tamanho dentário por Bolton, em 1958, sem sombra de dúvidas, favoreceu, e muito, a melhor finalização dos casos tratados ortodonticamente. Quando presente, a discrepância de Bolton deve ser eliminada, seja através de incrementos (nos dentes com deficiência de volume dentário) ou de desgastes nos dentes com excesso mesiodistal. Quando a opção é por desgaste, vários são os métodos e instrumentos disponíveis para tal. Um fato é que o sangramento está sempre presente nesse procedimento, seja pela proximidade do dente a ser desgastado com o tecido gengival (muitas vezes Enviado em: 19 de agosto de 2013 - Revisado e aceito: 26 de agosto de 2013 *

Como citar esta seção: Pithon MM. Orthodontics highlights. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):2-3.

Professor de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

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Endereço para correspondência: Matheus Melo Pithon E-mail: matheuspithon@gmail.com

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insight ortodôntico

Esclarecimentos, orientações e questionamentos sobre a clareação dentária “associada” ao tratamento ortodôntico Alberto Consolaro1, Renata Bianco Consolaro2, Leda Francischone3

Quanto ao melhor momento para se aplicar ou recomendar a clareação dentária aos pacientes ortodônticos, alguns esclarecimentos e orientações são explanados para responder questionamentos como: 1) Por que depois do tratamento ortodôntico se constitui a melhor oportunidade para tal procedimento?; 2) Por que não realizar a clareação dentária imediatamente antes do tratamento ortodôntico?; 3) Se poderia realizá-la em alguma condição especial, e qual seria?; 4) Por que não se deveria clarear os dentes durante o tratamento ortodôntico?; 5) Se possível em algumas situações especiais, quando seriam essas situações especiais? No presente artigo, se destacará porque é fundamental sempre proteger a mucosa e a região cervical, independentemente do momento em que se fizer uma clareação dentária relacionada ou não ao tratamento ortodôntico. O mecanismo de como, por que e se é ou não conveniente clarear os dentes antes da finalização dos tratamentos ortodônticos ainda representa uma sugestão clínica, um procedimento em análise e um conhecimento empírico à espera de sua comprovação ou desmitificação científica. Apesar do esmalte dentário ter uma circulação do líquido adamantino, que propicia um metabolismo próprio e específico, que pode vir a ser, cientificamente, a base para explicar e fundamentar a clareação dentária antes e durante o tratamento ortodôntico, ainda assim devemos ser muito cautelosos. Palavras-chave: Clareação dentária. Clareamento dentário. Tratamento ortodôntico.

Nos tempos atuais, no planejamento ortodôntico, mesmo antes de se iniciar o tratamento, ainda no levantamento das expectativas e perspectivas, o paciente já questiona o profissional sobre quando e como será o melhor momento para clarear os dentes. Há uma necessidade individual e social para se apresentar com dentes brancos e hígidos. Na prática clínica de um modo geral, clarear os dentes deve preceder os tratamentos restauradores e reabilitadores, pois, a partir da cor que se conseguiu obter com a técnica clareadora, procurar-se-á restaurar os dentes e

Houve um tempo, antes da década de 1980, em que o ortodontista se restringia a movimentar dentes e corrigir a má oclusão e a estética apenas em pacientes jovens, sem qualquer ausência de dentes, sem próteses ou implantes, com dentes e gengivas hígidos e organismos completamente saudáveis. Na atualidade, além de atender às necessidades funcionais e estéticas de todas as idades e nas mais variadas situações de saúde bucal e sistêmica, o ortodontista apoia e auxilia outros tipos de tratamentos reabilitadores bucais de variada complexidade.

Como citar este artigo: Consolaro A, Consolaro RB, Francischone L. Clarifications, guidelines and questions about the dental bleaching “associated” with orthodontic treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):4-10.

Professor Titular da FOB-USP e da Pós-graduação na FORP-USP. 2 Professora das Faculdades Adamantinenses Integradas (FAI). Doutora em Patologia, FOB-USP. 3 Doutora em Patologia Bucal pela FOB-USP. 1

Enviado em: 4 de julho de 2013 Revisado e aceito: 10 de julho de 2013

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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Endereço para correspondência: Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br

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insight ortodôntico

Consolaro A, Consolaro RB, Francischone L

a gengivite, por sua vez, fragiliza estruturalmente a gengiva nos casos em que o clareador entra acidentalmente em contato com suas estruturas.

reabilitar espaços perdidos, procurando harmonizar todos os componentes que comporão o futuro sorriso. No entanto, na clínica ortodôntica, de um modo peculiar, deve-se procurar clarear os dentes depois da remoção do aparelho ortodôntico, a não ser em situações muito especiais e com objetivos muito específicos. Nesse artigo, reproduzimos os cuidados, esclarecimentos e orientações relacionados ao melhor momento para se realizar a clareação dentária, tendo como parâmetro o tratamento ortodôntico, que foram descritos em artigo anteriormente publicado9. Depois dessa explanação, procuraremos, no texto a seguir, explicar quais os fundamentos com que algumas empresas e profissionais estão “recomendando” ou “indicando” a clareação dentária em pacientes durante o tratamento ortodôntico.

Por que não clarear os dentes antes do tratamento ortodôntico? Ou pode? Quando? No tratamento ortodôntico, os dentes podem ser intruídos ou extruídos, expondo partes inicialmente ainda recobertas por gengiva em dentes mal posicionados ou ainda não completamente irrompidos, situação comum de acontecer com os caninos superiores, por exemplo. As áreas ainda recobertas por gengiva ou em contato com outros dentes não entrarão em contato com o clareador, como nas demais áreas, caso o procedimento seja realizado antes do tratamento ortodôntico finalizado. Caso a clareação seja realizada antes do tratamento ortodôntico, essas áreas agora expostas podem ficar diferentes em suas tonalidades de cor. Os agentes clareadores são soluções ácidas à base de peróxido de hidrogênio em todas as suas formas de ação sobre os dentes2,6. Sua ação na superfície do esmalte deixa-o primeiramente mais poroso. Simultaneamente ou logo após, a colocação de braquetes exige um ataque ácido para a resina aderir ao esmalte, na sua fixação sobre a coroa dentária. Na fixação dos braquetes, o esmalte abaixo dessas superfícies pode ficar muito fragilizado estruturalmente. Na remoção dos braquetes, lascas de esmalte podem se desprender, comprometendo a sua integridade superficial. As restaurações resinosas podem ter um aumento de infiltrações, pela ação desmineralizadora e capacidade infiltrativa do peróxido de hidrogênio. Assim, não seria diferente entre a resina e o braquete, como na superfície do esmalte, promovendo seu deslocamento com maior facilidade. Da mesma forma, os ácidos bacterianos da placa dentobacteriana formada nessas superfícies irregulares tenderiam a ficar acumulados e ativos, gerando cáries tipo mancha branca subjacentes aos braquetes, especialmente se o paciente não for cuidadoso na higienização bucal. Nas áreas coronárias expostas, no esmalte mais poroso, mais placas dentobacterianas podem aderir-se, mais acentuadamente, pela maior retenção mecânica em decorrência dos braquetes e outros apetrechos e acessórios ortodônticos. Mas pode? Pode quando? Uma melhor aparência dos dentes, de um modo geral, pode ser obtida já nos primei-

Por que clarear os dentes depois do tratamento ortodôntico? Uma vez finalizado o tratamento, todas as superfícies coronárias estarão posicionadas e expostas adequadamente e prontas para sofrer ação do agente clareador de forma uniforme. Mesmo assim, o resultado não será, necessariamente, uniforme no primeiro momento, pois alguns dentes podem requerer aplicações adicionais, já que nem todos os dentes do mesmo paciente têm a mesma tonalidade de cor. Assim como a estrutura do dente como um todo, e o esmalte especificamente, não têm o mesmo volume, espessura e grau de mineralização em todos os seus elementos. Em alguns casos, após remover o aparelho, as superfícies abaixo dos braquetes podem estar irregulares na superfície e na cor, ou até com microfragmentos de resina ainda aderidos sobre o esmalte. Essas superfícies precisam ser regularizadas com procedimentos restauradores abrasivos e/ou remineralizadas, para que voltem a ficar com cor e superfícies regulares e harmoniosas com as áreas vizinhas. Ainda, depois de remover-se os aparelhos ortodônticos, deve-se ter o cuidado de uma adequação do meio bucal, as gengivites focais e ocasionais devem regredir e o controle de placa dentobacteriana voltar ao desejável. Depois de duas a quatro semanas, essa readequação pode determinar um meio bucal ideal para um procedimento clareador dentário mais eficiente e uniforme. A presença de placa dentobacteriana, cálculos e fragmentos de resina dificulta a ação do agente clareador sobre a superfície do esmalte;

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insight ortodôntico

Esclarecimentos, orientações e questionamentos sobre a clareação dentária “associada” ao tratamento ortodôntico

tenção de placa dentobacteriana e a possibilidade de destaques de estruturas superficiais durante a remoção dos braquetes, visto que os clareadores dentários promovem um certo de grau de perda mineral no esmalte. Associar clareação dentária e tratamento ortodôntico é uma situação excepcional e requer muito cuidado e ação fundamentada, além de ampla conscientização do paciente sobre o que pode ocorrer. Ressalta-se que, em qualquer situação, a clareação dentária deve ser feita por profissional treinado para atuar diretamente no paciente e sempre protegendo a região cervical dos dentes e a mucosa bucal com barreiras mecânicas — entre as quais, a resinosa é mais frequentemente utilizada —, para impedir o acesso do peróxido de hidrogênio na junção amelocementária e sua ação sobre a mucosa bucal. O mecanismo de como, por que e se é ou não conveniente clarear os dentes antes da finalização dos tratamentos ortodônticos ainda representa uma sugestão clínica, um procedimento em análise e um conhecimento empírico à espera de sua comprovação ou desmistificação científica. O fato do esmalte dentário ter um circulação do líquido adamantino, que propicia um metabolismo próprio e específico, pode vir a ser cientificamente a base para explicar e fundamentar a clareação dentária antes e durante o tratamento ortodôntico, mas ainda devemos ser muito cautelosos à espera de testes, resultados e evidências!

Mas por que essas perguntas nesse artigo? O objetivo dos “insights” é sugerir, destacar, indicar e instigar novos estudos que comprovem ou desmitifiquem teorias, para que as hipóteses sejam comprovadas e se tornem conhecimento científico, com base em dados e evidências concretas! Como, por que e se é ou não conveniente clarear os dentes antes da finalização dos tratamentos ortodônticos ainda representa uma sugestão clínica, um procedimento em análise e um conhecimento empírico à espera de sua comprovação ou desmitificação científica! Considerações finais O melhor momento para se indicar a clareação dentária em relação ao tratamento ortodôntico coincide com a finalização do caso, pois todas as superfícies dentárias estarão uniformemente expostas, e o que tinha de ser extruído, intruído e alinhado já foi realizado. Algumas situações especiais, ao se considerar o estilo de vida contemporâneo, podem e devem ser relevadas como exceção, e não regra geral. Alguns cuidados e ressalvas devem ser esclarecidos ao se associar, excepcionalmente, a clareação dentária com o tratamento ortodôntico antes do seu final. Entre as consequências estão o desprendimento mais frequente de braquetes, a presença de manchas brancas e a perda da uniformidade de cor do esmalte depois do removido o aparelho ortodôntico, maior re-

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Ortodontia Baseada em Evidência

Ortodontia Baseada em Evidência: isso tem a ver com o seu paciente? Fernanda Angelieri*

Essa seção será conduzida de forma a proporcionar subsídios ao clínico para a compreensão e análise crítica dos artigos científicos, com a elucidação dos principais tipos de estudos científicos, metodologia específica e análise estatística para a prática clínica baseada em evidência científica. O objetivo é aproximar o clínico da ciência, atuando como facilitadora da compreensão dos intricados métodos científicos. A inovação científica e tecnológica observada nas últimas décadas na Ortodontia é inegável. Obviamente, nós, ortodontistas, queremos oferecer o que há de mais atual e eficiente aos nossos pacientes. Contudo, como nossos pacientes deverão ser submetidos a essas inovações? Em outras palavras, como o ortodontista deve alterar sua conduta clínica de forma segura, adotando novos aparelhos, técnicas ou materiais? Em pesquisa1 publicada recentemente, ortodontistas americanos afirmaram modificar o tratamento de seus pacientes baseados, primariamente, na opinião de um expert, seguida pela consulta de artigos de casos clínicos, conselhos de colegas e artigos de revisão de literatura, respectivamente. Entretanto, seria prudente alterar o tratamento de um paciente baseado na opinião de um expert? Com a finalidade de responder cientificamente às questões clínicas em Saúde, o conceito da prática clínica baseada em evidência científica surgiu inicialmente na Medicina, na década de 902. A prática

clínica baseada em evidência científica consiste na procura e aplicabilidade da melhor e mais atual evidência científica, de maneira a contribuir na tomada de decisão para os cuidados em Saúde3,4. Frente à grande oferta de informação nos dias atuais, o processo da procura e identificação dos melhores e mais confiáveis resultados científicos, capazes de nortear a prática clínica baseada em evidência, envolve desde a hierarquização dos artigos científicos, como também a adequada interpretação desses resultados. Segundo a hierarquia da evidência científica, as revisões sistemáticas e metanálises encontram-se no mais alto nível da prova científica (Fig. 1). Diferentemente das tradicionais revisões de literatura, em que a escolha dos artigos científicos dependia fundamentalmente dos autores, nas revisões sistemáticas a seleção dos artigos científicos emprega uma rigorosa metodologia científica, que deve ser compreensível e reproduzível3. Além disso, deve ser realizada uma análise detalhada da qualidade dos estudos, e a procura exaustiva de todos os artigos selecionados, segundo rígidos critérios de inclusão e exclusão, salientando-se a importância da inserção dos ensaios clínicos randomizados. Quando os resultados desses estudos científicos selecionados na revisão sistemática podem ser agrupados e analisados estatisticamente, tem-se a metanálise. Assim, a metanálise aumenta o tamanho geral da amostra e o poder dos testes estatísticos, permitindo maior precisão na

Como citar esta seção: Angelieri, F. Evidence-based Orthodontics: Has it something to do with your patient? Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):11-3.

Endereço para correspondência: Universidade Metodista de São Paulo - Secretaria da Faculdade da Saúde Rua do Sacramento, 230 - Bairro Rudge Ramos CEP: 09.640-000 - São Bernardo do Campo – SP E-mail: fernandaang@yahoo.com.br

Enviado em: 29 de julho de 2013 - Revisado e aceito: 17 de setembro de 2013 *

Professora associada da Universidade Metodista de São Paulo.

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Ortodontia Baseada em Evidência

Angelieri F

baseada em evidência científica, por meio da consulta de revisões sistemáticas/metanálises. Contudo, apesar da publicação recente de várias revisões sistemáticas na Colaboração Cochrane e, principalmente, nos periódicos científicos em Ortodontia, inúmeras questões clínicas ainda não se encontram totalmente respondidas pelas revisões sistemáticas/metanálises5. Diante desse panorama atual, torna-se de suma importância a procura de todos os tipos de estudos nas principais bases de dados disponíveis, destacando-se: a MEDLINE (acessada publicamente por meio do endereço eletrônico www.pubmed.org), a LILACS (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde, disponível no endereço eletrônico http://lilacs. bvsalud.org/), SciELO (Scientific Electronic Library Online, disponível no endereço eletrônico www.scielo.br) e o Portal Capes (acessado no endereço eletrônico www. periodicos.capes.gov.br). Além disso, assume destacada relevância não só a identificação do tipo de estudo, mas também a adequada interpretação da qualidade metodológica dos artigos científicos. Na era da prática clínica baseada em evidência, é de suma importância que os ortodontistas tenham um maior entendimento do complexo design da pesquisa e análise estatística para tratar efetivamente seus pacientes no novo milênio6.

Embora profundamente enraizada no meio ortodôntico, a opinião de um expert assume um dos mais baixos níveis de evidência científica. Isso se deve ao caráter altamente subjetivo3 implícito na opinião, que geralmente engloba a experiência clínica vivida por aquele profissional, o conhecimento adquirido e experiências de ordem pessoal e psicológica. Entretanto, deve ser lembrado que a Ortodontia, em seus primórdios, foi construída em torno de grandes experts, como Angle, Tweed e Ricketts. Portanto, a opinião de um expert deve ser considerada, mas somente terá validade em termos de evidência científica se comprovada por ensaios clínicos, de preferência, randomizados. Apesar da importância dos estudos in vitro e em animais, para determinados tópicos da Ortodontia — como, por exemplo, respectivamente, a avaliação da citotoxicidade e mutagenicidade de materiais utilizados em Ortodontia ou mesmo estudos histológicos da movimentação ortodôntica —, esses estudos compreendem o menor nível de evidência científica para a prática clínica. Isso se deve ao fato deles não se referirem diretamente à realidade clínica4. Devido à grande quantidade e diversidade de estudos científicos, vale salientar que o intuito de hierarquizá-los visa à obtenção rápida e eficiente da resposta clínica

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entrevista

uma entrevista com

Adilson Luiz Ramos » Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru (1988). » Residência no setor de Ortodontia do Centrinho (HRAC/USP, Bauru) (1989-1992). » Mestrado em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru / USP (1995). » Doutorado em Odontologia (Ortodontia) pela Faculdade de Odontologia de Araraquara / UNESP (2001). » Professor Associado da Universidade Estadual de Maringá (UEM). » Ex-coordenador do Programa de Pós-graduação em Odontologia Integrada da Universidade Estadual de Maringá (UEM), de 2008 a 2011. » Ex-editor da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (atualmente, Dental Press Journal of Orthodontics), entre 2003 e 2006.

Amigo de longa data. Iniciamos, há mais de 20 anos, o programa de Ortodontia da Universidade Estadual de Maringá. Ainda me surpreendo com sua imensa formação cultural, a capacidade em administrar problemas e sua eterna preocupação em não magoar alguém. Nossos alunos dizem que ele “sabe tudo” de Física Quântica, Estatística, Microbiologia, Fisiologia, Bossa Nova, iPhone, iPad... Ex-editor da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (atualmente, Dental Press Journal of Orthodontics), entre 2003 e 2006. Durante sua gestão, o periódico alcançou a inclusão na SciELO, Scientific Electronic Library Online (FAPESP). Seremos eternamente gratos por sua dedicação, fundamental para a consolidação desse periódico no cenário internacional. Um ortodontista perfeccionista e com vasta clientela de adultos com tratamentos multidisciplinares. Pesquisador cuidadoso na elaboração do design de seus trabalhos e de suas orientações. Professor admirado pelos seus alunos e colegas. Uma referência para todos os professores da nossa instituição. Um marido apaixonado e um pai dedicadíssimo às duas lindas filhas. Um amigo para se ter para sempre. Laurindo Furquim

Como citar esta seção: Ramos AL. Interview. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):14-31. Enviado em: 10 de julho de 2013 - Revisado e aceito: 20 de agosto de 2013 » Os pacientes que aparecem na presente seção autorizaram previamente a publicação de suas fotografias e radiografias.

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entrevista

Ramos AL

visores e/ou com o editor, com aquela sensação de injustiça. Porém, acabamos convertendo tudo numa oportunidade de crescimento. Amadurecemos mais! Então, tenho a certeza de que acabamos nos empenhando em realizar pesquisas cada vez mais “fechadas” no design (com perguntas novas, e não deixando “brechas” para pareceres negativos), pois queremos ver nossos trabalhos publicados em revistas de destaque, como o DPJO e internacionais qualificadas. Diante disso, e após esses anos passando pelos dois lados desse processo (como autor, leitor, revisor e editor), percebo claramente um aumento inconteste da qualidade dos artigos de brasileiros, tanto os publicados aqui quanto no exterior.

1. Como editor da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial, durante os anos de 2003 a 2006, você foi um dos grandes responsáveis por alavancar o alto nível técnico e científico da revista, tornando-a referência e uma das mais importantes publicações na área da Ortodontia. Como você vê a revista DPJO atualmente e qual a sua opinião sobre a qualidade científica dos artigos publicados por nós, brasileiros, tanto em nosso país quanto fora dele? (Marcio Almeida) Entre o envio de sua pergunta e o momento em que a estou respondendo, tivemos a espetacular notícia de aprovação do DPJO no seleto indexador MEDLINE. Seria meio grosseiro, mas sei que você se contentaria apenas com essa notícia para responder, de forma indireta, sua pergunta! Pois ser aceito no MEDLINE significa que o DPJO, atualmente, preenche os requisitos de qualificação de uma grande revista mundial! É um momento de comemoração, e todos os envolvidos no “processo” DPJO merecem os louros dessa conquista ímpar da comunidade ortodôntica brasileira, incluindo você — como revisor e autor de diversos artigos —, leitores, diagramadores, autores, todos os revisores, todos os editores-chefes e adjuntos, e toda a equipe de funcionários da Dental Press, sob a liderança do casal Laurindo e Teresa. São 18 anos de trajetória crescente. Cada editor-chefe deu um passo adiante em direção aos padrões de qualidade, culminando hoje nessa nova conquista. Na gestão 2003-2006, colaboramos com a inclusão na coleção da SciELO — que, na ocasião, significava Qualis A nacional, segundo as normas vigentes da CAPES. E esse processo continuou rumo à qualificação, repercutindo inevitavelmente na qualidade dos artigos, promovendo, também, o preparo dos pesquisadores. Nesse sentido, o processo cada vez mais apurado de revisão por pares, sobre pesquisas igualmente melhor desenhadas, veio criando ao longo do tempo uma espécie de “seleção natural”, onde o espaço restrito para uma demanda crescente fez com que os melhores trabalhos alcançassem os leitores. Francamente, esse é um processo meio traumático, porém inevitável. Claro que, como qualquer processo humano-dependente, há o peso de diferentes revisores, fato que justifica variações nos aceites — o que pode ser injusto de fato. Mas isso também ocorre em todas as melhores revista do mundo. Sabemos o quanto é desgostoso ter um artigo recusado. Num primeiro momento, ficamos “bravos” com os re-

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2. Considerando-se o sorriso como um dos principais parâmetros pelo qual o paciente avalia o trabalho do ortodontista, quais são os principais detalhes de finalização aos quais você recomendaria um olhar cuidadoso do clínico? (Marcos Janson) Nessa questão, creio que as imagens representam mais do que uma descrição. Então remeto-me às 7 ilustrações que constam na Figura 1, as quais classicamente consideramos na avaliação frontal do sorriso16. Relembrando que, de um modo geral, todos os quesitos de um sorriso ideal aceitam pequenos desvios, haja vista a limitação da percepção humana em notá-los. As perguntas 3, 4 e 5 complementam essa questão. 3. Com base em seus trabalhos publicados e em sua vasta experiência clínica a respeito da estética do sorriso durante a mecânica de retração dos incisivos superiores, em casos tratados com extração dentária, como você delineia o planejamento adequado para o fechamento de espaços. Quais elementos importantes o ortodontista deve obedecer para obter uma excelente estética facial ao final do tratamento? (Marcio Almeida) Em relação à preocupação estética nos casos com extrações, o ortodontista deve atentar-se para a posição final desejada dos incisivos superiores após a “retração”, como menciona; e essa preocupação deve vislumbrar os três planos do espaço. Acredito que essa seja a chave para o sucesso estético de todos os casos, e não somente nos casos de exodontias. Mas, como bem observou, as extrações requerem cuidados especiais ao gerenciar o fechamento de espaços, haja vista que isso ditará o resultado sobre o

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entrevista

No momento de um exame como esse é que paramos para reavaliar nossos critérios internos de tolerância às imperfeições das documentações. Confesso que, ao conferir a documentação inicial de alguns dos casos que gostaria de levar ao BBO, percebi que os modelos estavam fora dos critérios de recorte ou as fotografias não estavam adequadas, etc. Então, terceira dica: cuide e exija uma documentação perfeita. Também nos faz repensar aqueles casos em que, por vezes — pela “pressão” dos pacientes (que não deixam de nos perguntar “quando vou tirar o aparelho?”) —, apressamos o término aceitando “passar” pequenos detalhes. Como falado diversas vezes durante o processo do BBO, concordo plenamente com a afirmação de que “A aprovação no exame do BBO não nos faz melhores do que ninguém, mas nos faz melhores do que éramos antes”. Aposto totalmente nessa iniciativa, que só traz benefícios e valorização à nossa profissão e aos nossos pacientes.

Pelo menos um caso precisa ser com exodontias, e no máximo um caso com cirurgia ortognática pode ser incluído. Tendo selecionado os casos que atingem a dificuldade mínima exigida, o caso deverá apresentar uma excelência de finalização, onde pontuam: primor do alinhamento, inclinação (torque) dos dentes posteriores, intercuspidação, relação anteroposterior, trespasses vertical e horizontal. Todos esses itens apresentam uma escala de pontuação baseada na régua padrão do BBO (que é a mesma utilizada nos EUA). Dessa forma, o candidato pode, inclusive, apresentar seus casos sabendo aproximadamente quanto irá pontuar. Tudo isso somente é possível mediante a apresentação de documentações impecáveis dos casos, preparadas seguindo os critérios do BBO (instruções disponíveis no site). Como clínicos que somos, muitas vezes “aceitamos” documentações que, na verdade, deveríamos “devolver” aos centros para serem refeitas.

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Ary dos Santos-Pinto

Marcio Rodrigues Almeida

» Doutor em Odontologia pela UFRJ. » Pós-doutorado na Baylor College of Dentistry. » Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil/ Ortodontia da UNESP/ Araraquara. » Livre-docente no Departamento de Clínica Infantil / Disciplina de Ortodontia da UNESP/ Araraquara.

» Doutor em Ortodontia pela FOB-USP. » Pós-doutorado em Ortodontia pela FOB-USP. » Professor Titular do Curso de Mestrado Acadêmico em Ortodontia da Universidade Norte do Paraná.

Marcos Janson » Mestre em Odontologia pela FOB-USP Bauru. » Coordenador do Curso de Especialização em Odontologia da CIODONTO, Sertãozinho/SP.

Daniela Gamba Garib » Doutora em Ortodontia e Ortopedia Facial, USP. » Professora Associada de Ortodontia no Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais e Faculdade de Odontologia de Bauru/USP.

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artigo inédito

Avaliação das experiências de dor em adultos e crianças após a colagem de braquetes e após a inserção do arco inicial Marcio José da Silva Campos1, Marcelo Reis Fraga2, Nádia Rezende Barbosa Raposo3, Ana Paula Ferreira4, Robert Willer Farinazzo Vitral5

Introdução: durante o tratamento ortodôntico, os pacientes rotineiramente relatam situações de dor, que ocorrem em até 95% dos casos. Essa dor é proveniente de alterações no ligamento periodontal e nos tecidos moles circundantes, e a sua intensidade e prevalência variam de acordo com a faixa etária dos pacientes. Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar a experiência de dor nos dentes e na mucosa bucal em pacientes adultos e crianças durante duas fases iniciais do tratamento ortodôntico. Métodos: a intensidade de dor nos dentes e na mucosa bucal relatada por 20 pacientes, 10 crianças (11-13 anos) e 10 adultos (18-37 anos), foi registrada com uma Escala Visual Analógica (EVA) durante 14 dias, sendo 7 dias apenas com os braquetes colados e 7 dias com o arco inicial inserido. Resultados: não houve diferença significativa na intensidade de dor entre adultos e crianças. Após a colagem dos braquetes, 50% das crianças e 70% dos adultos relataram dor; e, após a inserção do arco inicial, a prevalência de relatos foi de 70% para ambos os grupos. Os adultos relataram dores constantes e de baixa intensidade na mucosa bucal, enquanto as crianças mostraram grande variação na intensidade, porém com tendência de diminuição durante o período de avaliação. Os picos de intensidade e prevalência de dor nos dentes ocorreram, respectivamente para crianças e adultos, 24h e 48h após a inserção do arco inicial. Conclusão: de modo geral, as crianças exibiram menor prevalência de relatos de dor, porém com maior intensidade do que os adultos. Palavras-chave: Dor. Tratamento ortodôntico. Escala Visual Analógica.

Como citar este artigo: Campos MJS, Fraga MR, Raposo NRB, Ferreira AP, Vitral RWF. Assessment of pain experience in adults and children after bracket bonding and initial archwire insertion. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):32-7.

Professor, Curso de Especialização em Ortodontia, UFJF. 2 Professor, Curso de Especialização em Ortodontia, UFJF. 3 Professora Associada, Departamento de Toxicologia, UFJF. 4 Professora Associada, Departamento de Imunologia, UFJF. 5 Professor Associado, Departamento de Ortodontia e Odontopediatria, UFJF. 1

Enviado em: 14 de dezembro de 2010 - Revisado e aceito: 16 de janeiro de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Marcio José da Silva Campos Rua Paracatu, 568, Santa Terezinha, Juiz de Fora/MG – CEP: 36.046-040 E-mail: drmarciocampos@hotmail.com

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artigo inédito

Campos MJS, Fraga MR, Raposo NRB, Ferreira AP, Vitral RWF

não foram selecionados dentistas ou alunos de cursos de graduação em Odontologia; parentes diretos ou cônjuges de cirurgiões-dentistas ou de indivíduos que utilizaram aparelho fixo nos 12 meses anteriores; e indivíduos com medo de dentista, além de usuários de drogas psicotrópicas (antipsicóticos, benzodiazepínicos, anti-convulsivantes ou antidepressivos), anti-inflamatórios ou analgésicos.

INTRODUÇÃO Os pacientes submetidos ao tratamento ortodôntico vivem, rotineiramente, situações de desconforto e dor no decorrer do tratamento, tanto no tecido de suporte dentário (ligamento periodontal)1-6, decorrentes da aplicação de forças nos dentes1,4,7-11; quanto nos tecidos moles circundantes, devido à agressão causada pelo atrito dos braquetes e fios1,6,9,12,13. A prevalência de pacientes que relatam dor durante o tratamento ortodôntico8 é de, aproximadamente, 70%, atingindo até 95% quando somente o aparelho fixo é utilizado3,4,9,14. Devido à sua subjetividade e influência de fatores emocionais cognitivos e culturais15, os relatos de dor podem variar entre grupos de indivíduos com características diferentes. Entre essas características, a idade tem sido uma das mais abordadas na literatura. Jones7, Jones e Richmond16 relataram que a intensidade e a duração da dor foram maiores com o aumento da idade dos pacientes. Em contrapartida, o estudo de Brown e Moerenhout10 mostrou um nível mais alto de dor em adolescentes do que em crianças e adultos, enquanto Scheurer et al.4 e Erdinç e Dinçer17 não encontraram diferença entre crianças e adolescentes e entre adolescentes e adultos, respectivamente. O objetivo desse estudo foi avaliar a experiência de dor nos dentes e na mucosa bucal, em pacientes adultos e crianças, após a colagem de braquetes e após a inserção do arco inicial.

Procedimentos Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Juiz de Fora, sendo que todos os participantes eram voluntários e assinaram um termo de consentimento após a completa explicação dos procedimentos. Os pacientes foram avaliados quanto à dor que sentiam nos dentes e nas mucosas bucais (lábios e bochechas) por 14 dias, divididos em duas fases: fase colagem (dias 1-7) e fase arco inicial (dias 8-14), durante os quais não ingeriram analgésicos ou anti-inflamatórios. O registro da intensidade de dor foi realizado pelos pacientes diariamente ao acordar, com duas Escalas Visuais Analógicas (EVA) de 100mm19: uma referente à dor nos dentes e a outra para a dor nas mucosas bucais. A EVA usada variou de “sem dor” até “a pior dor de todas”. Na manhã do dia anterior ao início da avaliação, foram colados braquetes e tubos (Mini Standard Edgewise / American Orthodontics, Wisconsin, EUA) nas superfícies vestibulares dos incisivos, caninos, pré-molares e primeiros molares superiores dos pacientes; e, na manhã do dia 7, um arco pré-contornado 0,014” (Titanium Memory Wire, 857-504, American Orthodontics, Wisconsin, EUA) foi totalmente inserido nos slots de todos braquetes e nos tubos, e fixado com fio de amarrilho de aço 0,010mm.

MATERIAL E MÉTODOS Sujeitos Vinte indivíduos do sexo masculino, dez crianças e dez adultos, foram selecionados a partir dos candidatos à vaga para tratamento ortodôntico no Curso de Especialização em Ortodontia da FO-UFJF. Foram observados os seguintes critérios de inclusão: ausência de dentes decíduos; vontade de submeter-se ao tratamento ortodôntico; nunca ter sido tratado ortodonticamente; ter bom estado de saúde geral; ter mucosa bucal e periodonto livres de doença. A média de idade dos pacientes crianças foi de 12,2 ± 0,7 anos, com uma faixa de 11 a 13 anos. Os pacientes adultos tiveram uma média de 24,7 ± 4,2 anos, com uma faixa de 18 a 37 anos. Como as experiências de dor são influenciadas por características emocionais, cognitivas e motivacionais e por padrões de comportamento familiares6,18,

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Análise estatística A análise da intensidade de dor e da prevalência de pacientes com dor foi realizada por grupo e por fase, sendo inicialmente realizada a estatística descritiva. O teste de Mann-Whitney foi utilizado para testar a significância da intensidade de dor entre os grupos em cada fase de avaliação. A diferença entre os grupos foi avaliada com o teste de Wilcoxon, determinando a influência da idade dos pacientes. A alteração na intensidade de dor ao longo do período de avaliação foi

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artigo inédito

Campos MJS, Fraga MR, Raposo NRB, Ferreira AP, Vitral RWF

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artigo inédito

Tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho de Herbst em pacientes na fase pós-pico de crescimento José Carlos de Castro Alvares1, Rodrigo Hermont Cançado2, Fabrício Pinelli Valarelli3, Karina Maria Salvatore de Freitas4, Christian Zamberlan Angheben1

Objetivo: avaliar os efeitos dentoesqueléticos do tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho de Herbst em pacientes que se encontravam na fase pós-pico de crescimento. Métodos: a amostra consistiu de 16 pacientes com má oclusão de Classe II com medianas das idades inicial e final de 14,04 (amplitude 11,50 - 35,66) e 17,14 anos (amplitude 13,68 - 38,64), respectivamente, que foram tratados por um período médio de 2,52 anos. Telerradiografias em norma lateral foram obtidas ao início e final do tratamento para avaliar as alterações decorrentes do tratamento. Os modelos de gesso iniciais foram utilizados para avaliar o trespasse horizontal e a severidade da relação anteroposterior existente entre os molares ao início do tratamento. As alterações cefalométricas entre as fases inicial e final foram comparadas pelo teste não-paramétrico de Wilcoxon. Resultados: os resultados mostraram que o aparelho de Herbst não promoveu alterações significativas no componente maxilar, o comprimento efetivo da mandíbula aumentou significativamente, sem promover uma melhoria da relação maxilomandibular. As alterações dos componentes dentoalveolares superiores e inferiores mostraram que os incisivos superiores apresentaram uma retrusão e inclinação lingual, ao passo que os incisivos inferiores evidenciaram um aumento na protrusão e inclinação para vestibular. As relações dentárias apresentaram uma melhora significativa com o tratamento. Conclusão: com base nos resultados desse trabalho, concluiu-se que os efeitos da terapia com o aparelho de Herbst em pacientes na fase pós-pico de crescimento são de natureza predominantemente dentoalveolar. Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Circunferência craniana. Aparelhos ortodônticos funcionais. Adolescente.

» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias intrabucais.

Como citar este artigo: Alvares JCC, Cançado RH, Valarelli FP, Freitas KMS, Angheben CZ. Class II malocclusion treatment with the Herbst appliance in patients after the growth peak. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):38-45.

Mestre em Ortodontia, Faculdade Ingá. Pós-Doutor em Ortodontia, Universidade de Toronto. Professor Adjunto, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, Faculdade Ingá. 3 Doutor em Ortodontia, FOB/USP. Professor Adjunto, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, Faculdade Ingá. 4 Pós-doutor em Ortodontia, Universidade de Toronto.

Enviado em: 17 de janeiro de 2012 - Revisado e aceito: 14 de maio de 2012

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» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Rodrigo Hermont Cançado Rua do Amparo, 100 – Centro – Diamantina/MG – CEP: 39100-000 E-mail: rohercan@uol.com.br

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Alvares JCC, Cançado RH, Valarelli FP, Freitas KMS, Angheben CZ

com Cantilever Bite Jumper (CBJ), associado ao aparelho fixo (Fig. 1). Foram obtidos, inicialmente, 28 pacientes, dentre os quais 16 foram selecionados para compor a amostra conforme os seguintes critérios de inclusão: 1) pacientes que não haviam se submetido a tratamento ortodôntico prévio; 2) ausência de perdas dentárias até os primeiros molares permanentes; 3) documentação ortodôntica completa ao início (T1) e final do tratamento ortodôntico (T2); 4) pacientes que se encontravam ao início do tratamento na fase pós–pico de crescimento, avaliados em radiografias carpais; 5) o tratamento deveria ser realizado sem a extração de dentes permanentes. A amostra constituiu-se de 32 telerradiografias obtidas ao início e final do tratamento ortodôntico, e 16 modelos de gesso obtidos ao início do tratamento de 16 pacientes (dez do sexo feminino e seis do masculino) com má oclusão de Classe II (14 pacientes com Classe II, divisão 1, e dois pacientes com Classe II, divisão 2) que apresentavam medianas das idades inicial e final de, respectivamente, 14,04 (desvio interquartílico de 3,68; amplitude de 11,50 - 35,66) e 17,14 (desvio interquartílico de 4,07; amplitude de 13,68 – 38,64) anos, e que foram tratados por um período médio de 2,52 ± 1,00 anos). Os pacientes apresentavam um trespasse horizontal médio de 6,7mm, avaliado nos modelos de gesso iniciais. Considerando a severidade da relação anteroposterior existente entre as arcadas dentárias, quatro pacientes apresentavam ½ Classe II, quatro pacientes ¾ de Classe II e oito pacientes Classe II completa. O critério adotado para classificar os pacientes na fase pós-pico de crescimento foi a avaliação em radiografias carpais dos estágios de maturação esquelética da falange média do terceiro dedo. Os pacientes foram considerados na fase pós-pico de crescimento quando a interpretação radiográfica compreendia o estágio em que a epífise não apresenta, ainda, a largura da metáfise, até o estágio em que ocorre a fusão completa da epífise e metáfise7,16 (Tab. 1).

INTRODUÇÃO O aparelho de Herbst tem sido amplamente utilizado no tratamento das más oclusões de Classe II por apresentar grande efetividade10. Além de possibilitar um estímulo ao crescimento mandibular, o tratamento com o aparelho de Herbst promove um redirecionamento do crescimento maxilar, movimentos para a mesial dos dentes inferiores e movimento para distal dos dentes superiores9. Todos esses fatores são de grande importância para o tratamento e correção da má oclusão de Classe II. A maioria dos trabalhos que avaliam os efeitos esqueléticos e dentários do aparelho de Herbst é realizada em pacientes que se encontram na fase pré-pico de crescimento8,9,20,21. Por outro lado, trabalhos com o aparelho de Herbst em pacientes que se encontram na fase pós-pico de crescimento têm recebido ampla aceitação da comunidade ortodôntica, haja vista a possibilidade de influenciar o crescimento das bases ósseas em um menor período de tempo13,17,18. No entanto, esses trabalhos apresentam-se em menor número na literatura científica1,4,11. O objetivo do presente trabalho é avaliar as alterações esqueléticas e dentárias do aparelho de Herbst no tratamento da má colusão de Classe II em pacientes que se encontram na fase pós-pico de crescimento. MATERIAL E MÉTODOS Material O presente estudo clínico foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), e todos os pacientes da amostra assinaram um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), autorizando o uso de suas documentações ortodônticas com finalidade de pesquisa. A seleção da amostra, de caráter retrospectivo, apresentava, inicialmente, todos os pacientes com má oclusão de Classe II que foram tratados por um dos autores do trabalho com o aparelho de Herbst

A

B

C

Figura 1 - Aparelho de Herbst (CBJ) associado ao aparelho fixo: A) vista lateral direita, B) vista frontal, C) vista lateral esquerda.

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Alvares JCC, Cançado RH, Valarelli FP, Freitas KMS, Angheben CZ

alterações dentárias e esqueléticas proporcionadas pelo aparelho de Herbst7,12.

É na avaliação das relações dentárias que os efeitos do tratamento se mostram mais evidentes. A diminuição significativa de 3,10mm no trespasse horizontal, de 2,25mm no trespasse vertical e de 2,55mm na relação molar, são alterações que contribuem para a correção das discrepâncias anteroposterior e vertical em pacientes com má oclusão de Classe II (Tab. 3). Esses resultados são consequência do somatório das

CONCLUSÃO Com base nos resultados do presente trabalho, concluiu-se que os efeitos da terapia com o aparelho de Herbst em pacientes na fase pós-pico de crescimento são de natureza predominantemente dentoalveolar.

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artigo inédito

Os efeitos do Aparelho de Protração Mandibular em conjunto com o aparelho fixo em pacientes adultos Bruno D’Aurea Furquim1, José Fernando Castanha Henriques2, Guilherme Janson2, Danilo Furquim Siqueira3, Laurindo Zanco Furquim4

Objetivo: esse estudo retrospectivo teve como objetivo avaliar, cefalometricamente, os efeitos esqueléticos, dentários e tegumentares decorrentes do tratamento com o Aparelho de Protração Mandibular em conjunto ao aparelho fixo em pacientes adultos para correção da má oclusão de Classe II. Métodos: a amostra foi composta por telerradiografias pré- e pós-tratamento de nove adultos (idade inicial média de 22,48 anos), portadores de má oclusão de Classe II, divisão 1 bilateral. O teste t pareado (p < 0,05) foi empregado para comparação dos valores iniciais e finais. Resultados: de acordo com o teste t, observou-se aumento da altura facial anteroinferior e da altura facial posterior. As alterações dentárias foram: extrusão dos incisivos superiores, inclinação para vestibular e protrusão dos incisivos inferiores; e mesialização e extrusão dos molares inferiores. Com relação ao componente tegumentar, houve aumento do ângulo nasolabial e retrusão do lábio superior. Conclusão: os efeitos do tratamento com o Aparelho de Protração Mandibular em conjunto com aparelho fixo em pacientes adultos para correção da má oclusão de Classe II foram direcionados, principalmente, à arcada inferior, com inclinação vestibular, protrusão e intrusão dos incisivos e mesialização e extrusão dos molares. Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Aparelhos ortodônticos funcionais. Avanço mandibular. Adulto.

Como citar este artigo: Furquim BD, Henriques JFC, Janson G, Siqueira DF, Furquim LZ. Effects of mandibular protraction appliance associated to fixed appliance in adults. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):46-52.

Doutorando em Reabilitação Oral, FOB-USP. 2 Livre-docente em Ortodontia e Professor Titular, FOB-USP. 3 Doutor em Ortodontia, FOB-USP. Professor, UNICID. 4 Doutor em Patologia Bucal, FOB-USP. Professor Associado, UEM. 1

Enviado em: 24 de novembro de 2009 - Revisado e aceito: 29 de dezembro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Bruno D’Aurea Furquim R. Arthur Thomas, 999 - Maringá/PR – CEP: 87013-250 Email: brunofurquim@hotmail.com

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artigo inédito

Furquim BD, Henriques JFC, Janson G, Siqueira DF, Furquim LZ

5) Relação molar de Classe I e redução do trespasse horizontal ao final do tratamento. Os pacientes foram considerados adultos utilizando-se o método de maturação vertebral cervical para avaliação do crescimento mandibular, proposto por Baccetti et al.21 Foram considerados adultos os pacientes a partir do quinto estágio de naturação vertebral cervical (EMVC V). A avaliação foi realizada utilizando-se a telerradiografia inicial. Os pacientes que geraram dúvida quanto à classificação foram excluídos da amostra. A amostra foi composta por nove brasileiros leucodermas adultos (seis do sexo feminino e três do masculino), portadores da má oclusão de Classe II, divisão 1 bilateral. Os pacientes apresentaram idade inicial média de 22,48 ± 5,64 anos; variando de 15,14 a 29,69 anos). O período médio de acompanhamento foi de 4,01 anos, e a idade média final dos pacientes foi de 26,50 anos. Os pacientes foram tratados por dois professores experientes. Por se tratar de um trabalho retrospectivo, as telerradiografias foram realizadas em diferentes centros de documentação. O traçado anatômico e os pontos demarcados foram digitalizados em uma mesa digitalizadora Numonics AccuGrid XNT, modelo A30TL.F (Numonics Corporation, Montgomeryville, EUA). O programa utilizado para a medição das variáveis cefalométricas foi o Dentofacial Planner 7.02 (Dentofacial Planner Software Inc., Toronto, Canadá), com o qual a magnificação da imagem radiográfica já é corrigida. Para as estruturas bilaterais, foi efetuado o traçado médio, com exceção dos molares, uma vez que se levou em consideração o mais distalmente posicionado. O erro intraexaminador foi realizado tomando-se novas medidas para as 15 telerradiografias, iniciais ou finais, 30 dias após a primeira medição. Os erros sistemáticos foram analisados pela aplicação do teste t dependente, conforme Houston19. Para avaliação dos erros casuais, foi empregada a fórmula de Dahlberg, a qual demonstra a variação média entre a primeira e a segunda medição. O teste é calculado pela seguinte fórmula: S2 = Σd2/2n, onde S2 é a variação do erro, d representa a diferença entre a primeira e a segunda medição e n é o número de medições duplas20. O cálculo do erro casual foi realizado mediante o emprego de uma planilha do Microsoft Excel XP. O teste de Kolmogorov-Smirnov foi empregado para avaliar se os valores apresentam distribuição normal,

INTRODUÇÃO Há muitos anos, o tratamento de pacientes adultos é uma realidade na prática ortodôntica1,2,3. Para os casos de pacientes adultos portadores de deficiência mandibular, existem duas possibilidades usuais de tratamento: a primeira, compensatória, com extração de pré-molares, permitindo retração dos incisivos superiores e consequente correção do trespasse horizontal; a segunda, cirúrgica, reposicionando a mandíbula em uma posição mais anterior4. Além dessas duas possibilidades mais tradicionais de tratamento, os aparelhos funcionais fixos correspondem a uma terceira possibilidade para o tratamento da má oclusão de Classe II sem extrações ou cirurgia4-12. O aparelho de Herbst foi o primeiro aparelho funcional fixo descrito para a correção da má oclusão de Classe II, e também o primeiro descrito para essa correção em pacientes adultos8. Além do aparelho de Herbst, existem outros aparelhos funcionais fixos eficazes na correção da má oclusão de Classe II, como o Jasper Jumper, o MARA, o FMA e o APM5,6,7,13. O Aparelho de Protração Mandibular (APM) se destaca por sua fácil confecção, baixo custo e rápida instalação14. Alguns estudos compararam o tratamento da má oclusão de Classe II por meio do uso do APM associado a outros dispositivos em pacientes adolescentes13,15. Casos clínicos de pacientes adultos tratados com o APM já foram apresentados na literatura16,17,18, mas nenhum trabalho de pesquisa que investigue o tratamento com APM em um grupo de pacientes adultos foi apresentado. Sendo assim, o presente estudo objetivou avaliar, cefalometricamente, os efeitos esqueléticos, dentários e tegumentares do tratamento com o APM em conjunto com aparelho fixo em pacientes adultos para correção da má oclusão de Classe II. Material e Métodos Os seguintes critérios de inclusão foram observados para a seleção da amostra: 1) Presença de má oclusão inicial de Classe II divisão, 1 bilateral; 2) Ausência de agenesias ou perdas de dentes permanentes; 3) Ausência de dentes supranumerários; 4) Tratamento realizado exclusivamente por meio do Aparelho de Protração Mandibular associado a aparelho ortodôntico fixo;

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Os efeitos do Aparelho de Protração Mandibular em conjunto com o aparelho fixo em pacientes adultos

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artigo inédito

Avaliação cefalométrica da previsibilidade dos resultados do tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar em pacientes face longa: estudo retrospectivo Carla Maria Melleiro Gimenez1, Francisco Antonio Bertoz2, Marisa Aparecida Cabrini Gabrielli3, Oswaldo Magro Filho3, Idelmo Garcia3, Valfrido Antonio Pereira Filho3

Objetivos: a proposta desse trabalho foi comparar, por meio das análises cefalométricas de McNamara, Legan e Burstone, os traçados de previsão manuais e os digitalizados pelos programas Dentofacial Planner Plus e Dolphin Imaging, com os resultados pós-cirúrgicos. Métodos: foram selecionadas as telerradiografias pré- e pós-cirúrgicas (seis meses) de 25 pacientes face longa submetidos a cirurgia ortognática combinada. Foram realizados os traçados de previsão manual e computadorizados de cada paciente, comparando-os, cefalometricamente, com os resultados pós-cirúrgicos. Esse protocolo foi repetido para avaliação do erro do método e realizou-se a avaliação estatística por meio da análise de variância e sobreteste de Tukey. Resultados: observou-se uma maior frequência de variáveis cefalométricas que não diferiram estatisticamente do resultado pós-cirúrgico real para o método manual, seguido dos programas DFPLus e Dolphin; observando-se valores cefalométricos similares para a maioria das variáveis. Conclusão: concluiu-se que o método manual pareceu mais fidedigno, embora a previsibilidade dos métodos avaliados (computadorizados e manual) tenha se mostrado razoavelmente satisfatória e similar. Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Previsões. Cirurgia bucal. Face.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo

Como citar este artigo: Gimenez CMM, Bertoz FA, Gabrielli MAC, Magro Filho O, Garcia I, Pereira Filho VA. Cephalometric evaluation of the predictability of bimaxillary surgical-orthodontic treatment outcomes in long face pattern patients: A retrospective study. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):53-8. Enviado em: 27 de agosto de 2009 - Revisado e aceito: 13 de abril de 2010 Endereço para correspondência: Carla Maria Melleiro Gimenez Rua Padre Duarte 989, Ap. 24, Centro, Araraquara/SP. CEP: 14801-310 E-mail: carlamg@yahoo.com

Doutora em Ortodontia, FOA-UNESP. Professor Titular, departamento de Clínica Infantil, FOA-UNESP. 3 Professor Assistente, disciplina de Cirurgia Buco Maxilo Facial, FOA-UNESP. 1 2

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artigo inédito

Avaliação cefalométrica da previsibilidade dos resultados do tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar em pacientes face longa: estudo retrospectivo

ilustrado e fornecendo uma silhueta do perfil mole e esquelético pós-cirúrgico. No entanto, vale notar que a previsão dessas alterações de perfil é difícil devido à variabilidade do comportamento do tecido mole e às diferenças em sua translação acompanhando as alterações esqueléticas promovidas pela cirurgia ortognática17. É nesse contexto que se insere o presente estudo, com o propósito de avaliar, comparativamente, por meio da cefalometria, a precisão dos traçados de previsão manuais e dos realizados pelos programas Dentofacial Planner Plus e Dolphin Imaging com os resultados pós-cirúrgicos de pacientes face longa submetidos a cirurgia ortognática bimaxilar.

INTRODUÇÃO O diagnóstico preciso das estruturas envolvidas nas más oclusões e a severidade das condições oclusais, faciais e funcionais, conduzem à decisão pelo tratamento ortodôntico-cirúrgico. Torna-se extremamente importante o planejamento individualizado para o êxito na obtenção de resultados consistentes. Inicialmente, dá-se início aos procedimentos ortodônticos preparatórios para a cirurgia ortognática, que terão como principal meta posicionar os elementos dentários em suas respectivas bases ósseas. Na fase mais adiantada de colocação dos arcos ideais, realiza-se a moldagem para articulação dos modelos superiores e inferiores em relação de Classe I, e, estando esse relacionamento adequado nas dimensões sagital, vertical e transversal, encaminha-se o paciente ao cirurgião bucomaxilofacial, para que seja realizado o planejamento cirúrgico em todas as suas particularidades1. Os traçados de previsão evidenciam a inclinação dos incisivos e antecipam os movimentos cirúrgicos necessários, proporcionando a visualização do resultado a ser alcançado, tanto no tecido mole quanto no esquelético. Com base nesses dados, é realizada a cirurgia de modelos em articulador semiajustável, na qual são transferidas as informações do traçado de previsão. Essa fase determinará, com exatidão, a magnitude e direção dos movimentos cirúrgicos para a obtenção da oclusão adequada. Procede-se, então, à cirurgia propriamente dita, e, posteriormente, às fases de finalização ortodôntica, remoção do aparelho ortodôntico, colocação de contenção e acompanhamento pós-contenção. O presente trabalho irá se ater à fase de traçados de previsão, importante para o planejamento cirúrgico adequado e para a orientação e comunicação com o paciente, havendo constante preocupação profissional com a fidedignidade do resultado proposto. Esses traçados criam uma situação na qual é possível descrever, detalhadamente, as alterações cirúrgicas, o que leva a uma otimização da condução do caso13. Convencionalmente, são realizados de forma manual, no entanto, existem programas computadorizados que realizam a previsão de resultados com base na digitalização de pontos cefalométricos das telerradiografias, por exemplo: Dentofacial Planner, OPAL, Quick Ceph Image, COGsoft, TIOPS e Dolphin4,16. Esses programas são capazes de simular o efeito da descompensação incisiva e os consequentes movimentos das bases ósseas, traduzindo-os de modo

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Material e MétodoS Aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia de Araçatuba-UNESP, o presente estudo analisou as telerradiografias em norma lateral pré-cirúrgicas e pós-cirúrgicas (seis meses) de uma amostra de 25 pacientes adultos, face longa, Classe II de Angle, submetidos a cirurgia ortognática combinada. Essas telerradiografias foram provenientes do CEDEFACE (Centro de Pesquisa e Tratamento das Deformidades Buco-Faciais, Araraquara/SP) e da disciplina de Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial da FOA-UNESP. A inclusão na amostra baseou-se nos seguintes critérios: 1) pacientes de ambos os sexos, leucodermas, brasileiros, dentados, adultos; 2) portadores do padrão de crescimento do tipo vertical; 3) relação dentária de Classe II, não apresentando mordida aberta; tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar 4) realizado em um período mínimo de seis meses para suficiente regressão do edema ocasionado pelo ato cirúrgico; 5) documentação radiográfica dos períodos inicial, pré-operatório imediato e pós-operatório de boa qualidade; 6) ausência de patologias, fissuras, assimetrias ou anomalias faciais; 7) técnica ortodôntica de Edgewise convencional para o preparo ortodôntico; 8) ausência de outro tipo de cirurgia reparadora estética na face durante ou após o tratamento ortodôntico-cirúrgico.

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artigo inédito

Avaliação cefalométrica da previsibilidade dos resultados do tratamento ortodôntico-cirúrgico bimaxilar em pacientes face longa: estudo retrospectivo

nariz foi a área de maior precisão, e a área de maior diferença foi a do lábio superior. No plano vertical, a área de maior acurácia foi a subnasal, e a menos precisa foi a do lábio inferior. Sugeriu-se que as previsões no sentido sagital foram superiores às do sentido vertical. Vários autores sugerem que os fatores de variabilidade relativos ao tecido mole (como espessura, tonicidade do tecido mole, forma, solicitação funcional e espaço funcional livre) sejam considerados com cautela na interpretação da previsibilidade no contexto do tratamento ortodôntico-cirúrgico6,8,14. A análise estatística do erro do método comprovou que o método utilizada no presente trabalho para a marcação dos pontos cefalométricos e mensuração das medidas angulares, lineares e da proporção, mostrou-se confiável e reprodutível, o que confirma as considerações de vários autores2,11,19.

Remetendo ao bom senso para a utilização de qualquer sistema de previsão de resultados, Lu et al.10 ressaltaram que, embora os sistemas de imagem computadorizados sejam de grande valia para a comunicação e para o esclarecimento dos pacientes, ainda são necessários maiores esforços para melhorar sua precisão, incluindo, também, considerações relativas às tensões de tecido mole e de qualidade do tecido muscular. Portanto, deve-se considerar que a previsão obtida pelo sistema de imagem deve ser cuidadosamente interpretada. Constatando a possibilidade de haver grande variabilidade individual, Cousley et al.4, comparando os resultados pós-cirúrgicos com os traçados de previsão, observaram que as previsões de algumas variáveis cefalométricas foram razoavelmente precisas, em termos de médias de valores. No entanto, houve grande variação individual para a maioria das medidas, notando-se a presença de erro sistemático. Em particular, notou-se uma tendência de sobreprevisão da cirurgia ortognática, induzindo a rotação mandibular para trás. Pektas et al.15, avaliando a precisão de previsibilidade da resposta tegumentar decorrente do tratamento ortodôntico-cirúrgico, observaram que, no plano sagital, a ponta do

Conclusão As condições experimentais desse estudo permitem concluir que, em relação aos resultados pós-cirúrgicos reais, os resultados do método manual mostraram maior frequência de aproximação das variáveis cefalométricas avaliadas, seguidos dos resultados obtidos com o DFPlus e o Dolphin.

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artigo inédito

Fatores relacionados ao tempo do tratamento ortodôntico em pacientes adultos Ana Camila Esteves de Oliveira Melo1, Lilianne Oliveira Thiers Carneiro1, Luana Farias Pontes2, Rodolpho Lobão Cecim3, José Nazareno Rufino de Mattos4, David Normando5

Introdução: o tratamento ortodôntico de pacientes adultos apresenta grande variabilidade no tempo necessário para sua realização. Objetivo: o objetivo desse trabalho foi investigar a influência de diversas variáveis sobre o tempo de tratamento. Métodos: foram examinados 70 casos clínicos, de pacientes adultos, com bom resultado final, coletados em clínicas de três ortodontistas experientes, cujo acervo total inicial era de 4.723 prontuários. A influência das variáveis idade, sexo, padrão facial, severidade inicial da má oclusão (medida por meio do índice PAR), relação sagital de caninos, tipo de braquetes (estético ou metálico), exodontias, faltas às consultas e “quebras” de aparelho, sobre o tempo de tratamento (variável dependente), foram avaliadas por meio da análise de regressão linear múltipla, seguida do método Stepwise, com p < 0,05. Resultados: a quantidade de faltas (R2 = 14,04%, p < 0,0001) e o número de “quebras” do aparelho (R2 = 29,71%, p = 0,0037) tiveram influência significativa na variação do tempo de tratamento, sendo essas duas variáveis juntas capazes de prever 43,75% (R2 total) da variação no tempo de tratamento. Outros fatores, como a relação de caninos ao início do tratamento, o tipo de braquete usado (metálico ou cerâmico), exodontias, a idade ao início do tratamento, a severidade inicial da má oclusão, o sexo do paciente e o padrão facial não tiveram influência significativa sobre o tempo de tratamento. Conclusão: a duração do tratamento ortodôntico em adultos, quando realizado por ortodontistas experientes, sofre influência, principalmente, de fatores associados à colaboração do próprio paciente. Entretanto, diversos fatores não incluídos nesse estudo podem contribuir para a variação na duração do tratamento ortodôntico. Palavras-chave: Adulto. Fatores de tempo. Ortodontia.

Como citar este artigo: Melo ACEO, Carneiro LOT, Pontes LF, Cecim RL, Mattos JNR, Normando D. Factors related to orthodontic treatment time in adult patients. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):59-63.

Especialista em Ortodontia, ABO-PA. 2 Mestranda em Ortodontia, UFPA. 3 Especialista em Ortodontia, ABO/PA. Mestre em Patologia Oral, UFPA. 4 Professor de Ortodontia da ABO/PA. Mestre em Odontologia, UFPA. 5 Professor da Disciplina de Ortodontia da UFPA. 1

Enviado em: 05 de junho de 2013 - Revisado e aceito: 16 de agosto de 2013 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Ana Camila Esteves de Oliveira Melo Rua Jerônimo Pimentel, 117 – B. Umarizal – Belém/PA CEP 66055-000 – E-mail: millamelo18@hotmail.com

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artigo inédito

Melo ACEO, Carneiro LOT, Pontes LF, Cecim RL, Mattos JNR, Normando D

A avaliação da severidade inicial na má oclusão, medida no presente estudo por meio do índice PAR, continha o anseio de afirmar que quanto maiores os problemas oclusais iniciais do paciente, mais tempo ele deveria passar em tratamento para que todos os problemas fossem satisfatoriamente sanados. No entanto, essa variável não mostrou desempenhar influência estatisticamente significativa sobre a duração do tratamento, corroborando achados anteriores6,7,13. Outros estudos, no entanto, têm mostrado que o grau de severidade inicial da má oclusão apresenta grau significativo de influência sobre o tempo de tratamento5,8,11,12,14,15. É importante frisar que todos os estudos tomados como referência para a presente pesquisa envolvem a investigação de variáveis com provável influência sobre o tempo de tratamento, mas nenhum deles se dedicou a focar somente pacientes adultos, abrangendo em sua amostra, também, pacientes infantes e/ou adolescentes. Assim, ressalta-se a importância de se realizar mais estudos voltados, especialmente, para pacientes adultos.

CONCLUSÕES De acordo com os achados do estudo pode-se concluir que: 1) Foi possível verificar que fatores comportamentais do paciente (faltas às consultas e quebras do aparelho) tiveram influência significativa sobre o aumento no tempo de tratamento. 2) Outros fatores, como a relação inicial de canino, a opção por braquetes metálicos ou cerâmicos, exodontias incluídas no planejamento ortodôntico, a idade inicial, o índice PAR ao início do tratamento, o sexo e o padrão facial não tiveram influência significativa sobre o tempo de tratamento do paciente adulto. 3) Dentro das limitações do estudo, foi possível identificar que as variáveis estudadas representaram apenas 54,3% de influência sobre a duração do tratamento, sugerindo que outros fatores devem ser investigados para melhor elucidação sobre o tempo de tratamento ortodôntico em adultos.

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artigo inédito

Efeitos da cirurgia de mentoplastia de avanço nas posições do osso hioide, da língua e no tamanho da orofaringe Milena Barreto de Arruda Cabral1, André Carlos de Freitas2, Telma Martins de Araújo3, Nilson Pena4, Rivail Almeida Brandão Filho5

Introdução: a cirurgia de avanço de mento isolado tem sido cada vez mais indicada para a correção de deficiência anterior da mandíbula, harmonizando o perfil e gerando alterações funcionais. Objetivo: essa pesquisa teve a finalidade de avaliar os efeitos da cirurgia de avanço de mento no tamanho da orofaringe e nas posições do osso hioide e da língua. Métodos: a amostra constou de 22 radiografias cefalométricas de perfil de 11 indivíduos que se submeteram à cirurgia de mentoplastia de avanço isolada. Dessas radiografias, 11 retratavam o período imediatamente pré-cirúrgico (T0) e 11 o pós-cirúrgico de, pelo menos, quatro meses (T1). As radiografias foram digitalizadas e transferidas para o programa Radiocef Studio 2.0, por meio do qual foram feitas as medições entre os pontos demarcados. Resultados: verificaram-se diferenças estatisticamente significativas entre T0 e T1 quanto à posição do osso hioide e da língua no sentido horizontal e ao tamanho da orofaringe. O osso hioide se apresentou posicionado mais anterior em T1 (p = 0,01), assim como a língua, aumentando o tamanho da orofaringe (p = 0,01). Conclusão: houve aumento do espaço aéreo da orofaringe com o posicionamento mais anterior da base da língua, bem como a reposição do osso hioide anteriormente. Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Queixo. Orofaringe. Osso hioide. Língua.

» O pacientes que aparece no presente artigo autorizou previamente a publicação de suas imagens radiográficas.

Como citar este artigo: Cabral MBA, Freitas AC, Araújo TM, Pena N, Brandão Filho RA. Effects of chin advancement surgery in hyoid bone and tongue positions and in the dimension of the oropharynx. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):64-9. Enviado em: 30 de junho de 2011 - Revisado e aceito: 03 de dezembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Mestranda em Ortodontia e Ortopedia Facial, UFBA. Doutor em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, PUCRS. Professor Associado, UFBA. 3 Doutor em Ortodontia, UFRJ. Professora Titular, curso de Especialização em Ortodontia, UFBA. 4 Doutor em Radiologia Odontológica, UNICAMP. 5 Doutorando em Desordem Temporomandibular e Professor Assistente, UFBA. 1

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Endereço para correspondência: Milena Barreto de Arruda Cabral Av. Araújo Pinho, 62 – 7º andar – Canela – Salvador/BA CEP: 40.110-150 – E-mail: cabralmilena@hotmail.com

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artigo inédito

Cabral MBA, Freitas AC, Araújo TM, Pena N, Brandão Filho RA

assim o osso hioide se movimenta com a língua e o assoalho bucal durante a mastigação e a respiração11. Em indivíduos saudáveis, o osso hioide encontra-se situado ao nível da vértebra cervical C3-C4, sendo a distância entre o osso hioide e o plano mandibular de, aproximadamente, 12mm14. Ele é importante na manutenção da dimensão do espaço aéreo superior, pois serve como âncora para a musculatura lingual15. A orofaringe é revestida por tecido linfoide e se estende desde a segunda até a quarta vértebra cervical, participando dos processos de deglutição e respiração10. Mudanças dimensionais do espaço aéreo — além de mudanças no posicionamento da língua, do osso hióide e da cabeça9 — têm sido demonstradas após o reposicionamento cirúrgico da mandíbula e da maxila6,7,8. A cirurgia de avanço mandibular tem mostrado aumento na dimensão da orofaringe e tem sido reconhecida como uma das condutas de maior sucesso no tratamento da deficiência de espaço orofaríngeo7,16,17. O avanço mandibular empurra os músculos geniohióideo e genioglosso para frente, causando um movimento anterior da base da língua e do osso hioide; consequentemente, aumenta o espaço aéreo posterior18. A técnica de mentoplastia com avanço do músculo genioglosso em pacientes com retrognatismo mandibular promove aumento do espaço aéreo posterior (EAP) e avanço dos tecidos moles da região mentoniana19. O objetivo do presente artigo foi avaliar se ocorre mudança na dimensão da orofaringe e nas posições do osso hioide e da língua após cirurgia de avanço de mento isolado.

INTRODUÇÃO Os pacientes portadores de deformidades dentofaciais buscam, cada vez mais, o tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática. Além do fator estético, inerente à deformidade facial, condições funcionais podem ser prejudicadas, como a mastigação, a fonoarticulação e a respiração nasal1. A mentoplastia é um procedimento cirúrgico muito utilizado em conjunto com outras cirurgias ortognáticas na correção de desarmonias transversais, verticais e sagitais do terço inferior da face. Hoje em dia, ela é, muitas vezes, indicada isoladamente, pois é considerada um procedimento relativamente simples, com resultados previsíveis e, quando corretamente indicada, promove estética facial bastante satisfatória. A hipoplasia, ou deficiência mentoniana, é uma das mais frequentes deformidades da região anterior da mandíbula2. Acompanha tanto pacientes portadores de má oclusão de Classe II quanto de Classe I de Angle, com adequado posicionamento tridimensional do complexo maxilomandibular. Para muitos desses casos, a cirurgia ortognática de mentoplastia é, provavelmente, o tratamento de escolha3. Por meio das mentoplastias, algumas deformidades isoladas do terço inferior da face podem ser corrigidas, alterando-se a forma e o tamanho da sínfise mandibular, melhorando o suporte ósseo dos tecidos moles e o perfil do paciente2. Quando realizada de forma isolada, é um procedimento cirúrgico mais conservador, com pequena morbidade, não necessitando de fixação intermaxilar e da hospitalização do paciente por muito tempo4. A osteotomia estende-se da região de pré-molar de um lado da mandíbula ao lado oposto, abaixo dos ápices dos dentes e do canal mandibular. A musculatura lingual, incluindo os músculos geniohióideo e genioglosso, permanece inserida ao segmento de osso osteotomizado para manter o suprimento sanguíneo necessário para a viabilidade do aumento do mento4,5. O músculo geniohióideo tem origem no tubérculo geniano inferior da sínfise mentoniana, estendendo-se medialmente ao milohióideo e inserindo-se na margem superior do corpo do osso hioide. O músculo milohióideo tem origem na superfície medial da mandíbula e insere-se na superfície anterior do osso hioide, através de sua porção posterior12. O músculo genioglosso origina-se do tubérculo geniano da mandíbula, tendo uma parte de suas fibras interligada com fibras do músculo gênio-hioideo,

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MATERIAL E MÉTODOS A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, sob o parecer no 40/09. A amostra constou de 22 radiografias cefalométricas de perfil de indivíduos do sexo masculino e feminino, na faixa etária entre 16 e 49 anos, que realizaram cirurgia de mentoplastia de avanço isolada. A média de avanço do mento nos pacientes que foram utilizados nesse estudo foi de 6,84mm ± 2,02mm. Esses procedimentos foram realizados independentemente da pesquisa. Dessas radiografias, 11 retratavam o período pré-cirúrgico imediato (T0) e 11 o período pós-cirúrgico de, pelo menos, quatro meses (T1), para que possíveis edemas pós-cirúrgicos não interferissem nos resultados da pesquisa. As radiografias

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artigo inédito

Cabral MBA, Freitas AC, Araújo TM, Pena N, Brandão Filho RA

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artigo inédito

Características auditivas de indivíduos com disfunção temporomandibular e deformidades dentofaciais Tatiane Totta1, Giselda Santiago2, Eduardo Sanches Gonçales3, Sandra de Oliveira Saes4, Giédre Berretin-Felix5

Objetivo: investigar se há relação entre os sintomas otológicos, vestibulares, achados audiológicos e o tipo de disfunção temporomandibular (articular, muscular e misto), e verificar a distribuição do grau de disfunção da DTM nessa população. Métodos: estudo retrospectivo, envolvendo 30 pacientes com deformidades dentofaciais diagnosticados com DTM, de ambos os sexos, entre 18 e 49 anos de idade, submetidos a avaliação clínica (palpação muscular, ausculta da articulação temporomandibular durante os movimentos mandibulares e mensuração da movimentação da mandíbula), exame audiológico (audiometria tonal limiar e imitanciometria) e a dois questionários, sendo um sobre sintomas otológicos e vestibulares e outro anamnético da DTM. A partir do questionário anamnético e da avaliação clínica, os sujeitos foram divididos conforme o tipo e o grau da disfunção da DTM (leve, moderado e severo), e comparados quanto à ocorrência dos sinais e sintomas auditivos, vestibulares e achados audiológicos, de acordo com o tipo de DTM. Resultados: houve maior prevalência (83,33%) de DTM severa de acordo com questionário anamnético. Sujeitos com DTM mista apresentaram mais queixas de hipoacusia do que aqueles com DTM muscular (p < 0,05). Os resultados evidenciaram ausência de alterações nos exames audiológico e imitanciométrico para todos os indivíduos avaliados. Conclusão: sintomas auditivos estão presentes nos sujeitos com DTM e deformidades dentofaciais, independentemente da classificação da DTM (articular, muscular ou mista), e aqueles com DTM mista podem apresentar maior ocorrência de queixa de hipoacusia do que sujeitos com DTM muscular. Estudos futuros são necessários para investigar a relação entre a sintomatologia auditiva e os diversos tipos de DTM. Palavras-chave: Transtornos da articulação temporomandibular. Transtornos da audição. Audiometria. Má oclusão.

Como citar este artigo: Totta T, Santiago G, Gonçales ES, Saes SO, Berretin-Felix G. Auditory characteristics of individuals with temporomandibular dysfunctions and dentofacial deformities. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):70-7.

Doutoranda em Ciências da Reabilitação, HRAC-USP. 2 Mestre em Ciências da Reabilitação, HRAC-USP. 3 Livre-docente em Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-faciais , FOB-USP. Professor Associado, Departamento de Estomatologia, FOB-USP. 4 Doutora em Fonoaudiologia, FMB/Unesp. Professora, USC. 5 Livre-docente em Fonoaudiologia, FOB-USP. Professora, Departamento de Fonoaudiologia, FOB-USP. 1

Enviado em: 17 de novembro de 2009 - Revisado e aceito: 27 de abril de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Giédre Berretin-Felix Alameda Dr. Otávio Pinheiro Brizolla, 9-75. Vila Universitária, Bauru/SP - CEP: 17012-901 E-mail: gfelix@usp.br

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Totta T, Santiago G, Gonçales ES, Saes SO, Berretin-Felix G

de suporte dentário posterior, poderia causar bloqueio da tuba auditiva e sintomatologia de otalgia, zumbido e vertigem. Posteriormente, Myrhaug17 afirmou que a tensão e a compressão das estruturas que conduzem o som proporcionam o aumento da impedância, causando, algumas vezes, sensação de plenitude auricular de característica flutuante associada ao zumbido. Porém, Penkner et al.20 demonstraram que espasmos nos músculos mastigatórios não prejudicam a função do músculo tensor do véu palatino e da tuba auditiva. Mais recentemente, outros trabalhos encontraram associação entre dor à palpação do côndilo da mandíbula e a presença de otalgia em sujeitos com DTM8,11,24. Também foi verificada alta prevalência dos sintomas de zumbido e vertigem nessa população9,28,30, bem como plenitude auricular8,14,25, que pode estar relacionada tanto ao quadro de DTM como à presença de tensão muscular29, e dor à palpação nos músculos mastigatórios14. Quanto aos limiares auditivos em sujeitos com DTM, a literatura aponta rebaixamento dos limiares das vias aéreas nas frequências de 6.000Hz e 8000.Hz25. No entanto, também foi encontrada ausência de alterações nos testes audiológicos e maior incidência de imitanciometria normal9. Embora muitas pesquisas descrevam a sintomatologia auditiva presente em indivíduos com DTM, poucos estudos correlacionaram o tipo de disfunção (articular, muscular ou mista) com sinais e sintomas auditivos. Entre eles, o de Tuz et al.28 não verificou predileção entre a ocorrência de sintomas de otalgia, zumbido, vertigem e perda auditiva entre sujeitos classificados como portadores de DTM articular, muscular e mista, porém, encontrou prevalência maior de queixas nessa população comparativamente ao grupo controle. Nesse intuito, tendo em vista que a má oclusão esquelética pode ser um fator contribuinte para a DTM, o objetivo do presente estudo é caracterizar a função auditiva de indivíduos com DTM e deformidades dentofaciais para cada um dos três grupos de DTM: articular, muscular ou mista (articular e muscular), e verificar a distribuição do grau de disfunção da DTM (leve, moderada ou severa) na população estudada.

INTRODUÇÃO As disfunções temporomandibulares (DTM) correspondem a um conjunto de sinais e sintomas clínicos de etiologia multifatorial, caracterizadas por dor na articulação temporomandibular (ATM) e/ou no tecido que a envolve, limitações funcionais na mandíbula ou estalos durante a movimentação da ATM13. A classificação utilizada, segundo os critérios da Academia Americana de Dor Orofacial18, diferencia as DTMs em grupos conforme a etiologia anatômica, sendo, respectivamente: desordem articular, incluindo a superfície articular, o disco intra-articular ou o osso articular; desordem muscular, envolvendo os músculos mastigatórios que envolvem a ATM; ou mista, quando há sinais de DTM articular e muscular12. Vários são os fatores associados à etiologia das DTMs, tais como distúrbios da oclusão; das bases ósseas maxilar e mandibular; problemas degenerativos; fatores traumáticos; alterações musculares, como hiperatividade ou hipoatividade; estresse e problemas emocionais; assim como modificações funcionais e hábitos nocivos que geram sobrecarga persistente na ATM ou na musculatura1,12. Embora a literatura seja divergente quanto à real influência da má oclusão na ocorrência de DTM, o trabalho de revisão de literatura de McNamara et al.15 relacionou grupos específicos de diagnóstico de DTM a fatores oclusais, como mordida aberta anterior esquelética, overjet maior que 6 ou 7mm, diferença entre a relação cêntrica e a máxima intercuspidação habitual maior que 4mm, mordida cruzada unilateral e ausência de cinco ou mais elementos dentários posteriores. Quanto às más oclusões de Angle, Thilander et al.27, correlacionaram as Classes I, II e III com a prevalência de DTM, e verificaram maior frequência de DTM no grupo com Classe III. Porém, a análise de revisão sistemática da literatura de estudos longitudinais realizada por Mohlin et al.16, não verificou associações clínicas e significativas entre as diferentes más oclusões, tratamentos ortodônticos e sinais e sintomas de DTM. As queixas e sintomas auditivos, como otalgia, zumbido, hipoacusia, sensação de plenitude auricular e vertigem, são frequentemente correlacionados à presença das DTM(s)9,11,19,20,21,24,26,28,30. Vários estudos foram realizados com o propósito de compreender a etiologia dos sintomas auditivos em indivíduos com DTM, tendo sido primeiramente descrita por Costen6. O autor sugeriu que o mal posicionamento do côndilo da mandíbula, ocasionado pela perda

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MATERIAL E MÉTODOS Foram selecionados para a presente pesquisa 30 sujeitos, de ambos os sexos, na faixa etária de adulto jovem, que apresentavam diagnóstico clínico de disfunção

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Características auditivas de indivíduos com disfunção temporomandibular e deformidades dentofaciais

pacientes com DTM, como o espasmo do músculo pterigóideo lateral, que levam à hipertonia do músculo tensor do tímpano, causando alterações no ciclo de abertura da tuba auditiva e levando à redução na ventilação da orelha média17; porém, o estudo de Penkner et al.20 contesta essa hipótese por meio da avaliação eletromiográfica. Já a sensação de zumbido e dos demais sintomas otológicos, como a otalgia e a hipoacusia, têm sido relacionados à presença das DTM(s) em diversos estudos, existindo quatro possíveis modelos que explicariam a etiologias dos sintomas e sinais otológicos nas DTM(s): embriológico, muscular, comunicação óssea e rede neural22. No presente estudo, indivíduos com sintomas articulares associados ou não a musculares, apresentaram maior ocorrência de queixas de otalgia e hipoacusia, embora a perda auditiva tenha sido descartada pela realização dos exames audiológicos, concordando com Ciacanglini et al.3, que também verificaram associação significativa entre a severidade da artropatia e a percepção de sintomas auditivos. Tais queixas podem ser justificadas pela íntima relação entre a ATM, cavidade timpânica e a tuba auditiva2, onde a influência de alterações na contração dos músculos estapédio e malar sobre a cadeia ossicular da orelha média e a membrana timpânica, originada pelo tracionamento do disco articular, poderiam causar impacto sobre a percepção auditiva, estando a queixa de otalgia relacionada aos efeitos excitantes centrais e mecanismos neuromusculares envolvidos no processo de DTM22. O presente estudo observou ausência de alterações nos testes audiológicos, concordando com a literatura8,20,

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e encontrou função tubária adequada (curva tipo A) para todos os indivíduos, também verificada em demais estudos8,20. Contudo, é discordante de estudo semelhante25, que verificou rebaixamento dos limiares das vias aéreas nas frequências de 6.000Hz e 8.000Hz em indivíduos com DTM. Vale considerar as limitações desse estudo, no que se refere à heterogeneidade dos tipos de deformidades dentofaciais em cada grupo estudado, como também a ausência de grupo controle, com equilíbrio dentofacial. Trabalhos futuros serão conduzidos nessa direção, na tentativa de melhor compreender as relações entre má oclusão, disfunção temporomandibular e sinais e sintomas auditivos e vestibulares. CONCLUSÃO O presente estudo verificou que os sintomas auditivos estão presentes nos sujeitos com disfunção temporomandibular e deformidades dentofaciais, independentemente da classificação da DTM (articular, muscular ou mista), e que sujeitos com DTM mista podem apresentar maior ocorrência de queixa de hipoacusia do que sujeitos com DTM muscular, entretanto, não sendo constatada perda auditiva nos exames audiológicos ou alterações timpanométricas observadas na população avaliada. Ressalta-se a importância da realização de estudos futuros que investiguem a possível relação entre a sintomatologia auditiva e a classificação das DTM(s), dispondo-se de uma casuística maior, uma vez que esse trabalho é um estudo preliminar.

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Existe correlação entre a densidade óssea alveolar e a sistêmica? Paula Cabrini Scheibel1, Adilson Luiz Ramos2, Lilian Cristina Vessoni Iwaki3

Objetivo: avaliar a correlação entre a densidade óssea alveolar maxilomandibular e a densidade mineral óssea sistêmica. Métodos: a absorciometria duoenergética por raios X do osso alveolar maxilomandibular (região anterior e posterior), dos sítios sistêmicos padrões (coluna lombar e fêmur) e da terceira vértebra cervical foi realizada em 23 mulheres de meia idade. Radiografias periapicais dos incisivos superiores também foram obtidas com uma escala de alumínio como referência para a leitura digital da densidade óssea da região apical. Resultados: o teste de correlação de Spearman revelou que a densidade da região apical foi correlacionada com a do colo femoral (r = 0,433; p < 0,05), a densidade óssea da região posterior mandibular e maxilar foram significativamente correlacionadas com a DMO da vértebra cervical (r = 0,554, p ≤ 0,01; e r = 0,423, p ≤ 0,05) e a da região maxilar anterior foi correlacionada com a mandibular posterior (r = 0,488, p ≤ 0,05). Conclusão: a densidade óssea alveolar maxilar foi significativamente correlacionada com a do colo femoral. Entre as densidades ósseas das regiões alveolares, somente a anterior maxilar (AMx) e posterior mandibular (PMd) foram significativamente correlacionadas. Esse achado sugere que a densitometria óssea deveria ser individual e localmente avaliada. Palavras-chave: Densidade óssea. Radiografia dentária. Densitometria.

» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas imagens radiográficas.

Como citar este artigo: Scheibel PC, Ramos AL, Iwaki LCV. Is there correlation between alveolar and systemic bone density? Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):78-83. Enviado em: 22 de junho de 2011 - Revisado e aceito: 08 de novembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Mestre em Odontologia Integrada, UEM. Doutor em Ortodontia, Unesp/ Araraquara. Professor Adjunto, Departamento de Odontologia, UEM. 3 Doutora em Radiologia Odontológica, UNICAMP. Professora Adjunta de Radiologia Odontológica e Estomatologia, UEM. 1

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Endereço para correspondência: Paula Cabrini Scheibel Av. Dr Luiz Teixeira Mendes, 2266 – Maringá/PR CEP: 87015-001 – E-mail: pscheibel13@gmail.com

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osso alveolar e a perda dentária. Esse fato pode ser especialmente relevante em mulheres de maior idade afetadas por doença periodontal. Entretanto, Miyauchi11 não observou diferenças estatisticamente significativas entre as densidades em mulheres com periodontite na pré e na pós-menopausa. Também na comunidade ortodôntica, há preocupação com relação às prováveis diferenças biológicas em resposta à movimentação ortodôntica. Uma série de estudos tem investigado o efeito do desequilíbrio hormonal no metabolismo ósseo e sua influência no movimento ortodôntico, enquanto outros têm pesquisado as consequências da administração de determinadas substância químicas21. A taxa de remodelação óssea é aumentada em ratos com osteoporose induzida, o que pode potencializar a movimentação ortodôntica1,2. Esses achados corroboram o movimento mais rápido encontrado em cães com alto turnover ósseo causado por hiperparatireoidismo secundário22, e em coelhos submetidos à condição de osteoporose induzida pela aplicação de corticoides23. Considerando a carência de estudos sobre esse assunto e a divergência dos resultados encontrados, o objetivo do presente estudo foi acessar as correlações da densidade mineral óssea entre o osso alveolar maxilomandibular e a região apical dos incisivos superiores, do fêmur, da coluna lombar e da coluna cervical.

INTRODUÇÃO Na Odontologia, considera-se a necessidade de reflexão sobre a variação da massa óssea maxilomandibular e as diferentes respostas aos procedimentos odontológicos, como o movimento ortodôntico, instalação de implantes e tratamento periodontal1-13. Indivíduos adultos saudáveis ou com alterações sistêmicas, como a osteoporose (ainda que sob terapia medicamentosa), são os principais alvos dessas pesquisas, haja vista que esses têm buscado cada vez mais o tratamento odontológico nas diversas áreas. Embora haja um padrão ouro para a avaliação da perda óssea sistêmica, não há uma definição de valores normativos para maxila e/ou mandíbula. Resultados divergentes têm sido encontrados em relação à correlação entre a massa óssea sistêmica (coluna, fêmur e rádio) e a maxilomandibular. Vários estudos6,14-19 concluíram que a avaliação de alguns padrões morfológicos observados nos exames radiográficos odontológicos, como a espessura da cortical mandibular, o padrão trabecular, índice cortical e densidade óptica, são ferramentas promissoras como auxiliares do diagnóstico em osteoporose. Hildebolt20, em uma revisão da literatura, revelou que, embora nem todos os estudos tenham encontrado associação entre osteoporose e perda óssea dos maxilares, essa relação pode existir. Tanaka et al.13 analisaram histomorfometricamente as mudanças estruturais do trabeculado ósseo mandibular em ratas ovariectomizadas. Os autores observaram que as mudanças osteoporóticas causadas pela deficiência de estrógeno e o aumento significativo nos espaços intertrabeculares do osso alveolar poderiam acelerar a reabsorção do

A

MATERIAL E Métodos A amostra foi composta por 23 mulheres com idade entre 32,6 e 48,3 anos (média de 40,2 anos). Um consentimento esclarecido e assinado, a presença da maioria dos

B

C

Figura 1 - A) Regiões de interesse no fêmur. B) Regiões de interesse na coluna lombar. C) Regiões de interesse no osso alveolar apical aos incisivos centrais superiores (1), osso alveolar entre as corticais da sínfise mandibular (2), osso alveolar distal ao segundo molar inferior (3), osso alveolar distal ao segundo molar superior (4), terceira vértebra cervical (5).

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Conclusão Com base nos resultados do presente estudo, conclui-se que: » A densidade óssea alveolar maxilar foi correlacionada com a densidade óssea do colo femoral. » Entre as densidades ósseas das regiões alveolares,

somente a maxila anterior (AMx) e a mandíbula posterior (PMd) correlacionaram-se. Diante disso, sugere-se que exames densitométricos sejam realizados individualmente para cada região alveolar de interesse.

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Estabilidade horizontal e vertical das osteotomias maxilares, em pacientes portadores de fissura labiopalatal, com o emprego de enxerto ósseo alógeno Kelston Ulbricht Gomes1, Wilson Denis Benato Martins2, Marina de Oliveira Ribas3

Objetivo: avaliar a estabilidade maxilar após o tratamento ortodôntico-cirúrgico de pacientes portadores de fissura labiopalatal, por meio de análise cefalométrica, em dois diferentes grupos, com e sem utilização de enxerto ósseo alógeno. Métodos: a amostra foi constituída de 48 pacientes portadores de fissura labiopalatal. O grupo teste foi composto de 25 pacientes que, após a correção da posição da maxila, receberam enxertia óssea alógena para preenchimento dos espaços gerados pelas osteotomias maxilares do tipo Le Fort I. O grupo controle foi composto por 23 pacientes, com os procedimentos cirúrgicos similares aos do grupo teste, com a diferença de que não se utilizou enxertia óssea. Realizaram-se traçados cefalométricos manuais e comparação entre as telerradiografias em perfil, obtidas no pré-operatório, no pós-operatório imediato e após o período mínimo de seis meses. Resultados: ocorreu maior recidiva horizontal no grupo controle (p < 0,05). Não houve diferenças estatisticamente significativas nas recidivas verticais entre os grupos teste e controle (p > 0,05). Conclusão: a utilização de enxertos alógenos em pacientes portadores de fissura labiopalatal submetidos a osteotomias maxilares Le Fort I contribuiu para o aumento da estabilidade horizontal pós-operatória, quando comparada com cirurgias sem enxertia óssea. Palavras-chave: Cirurgia ortognática. Cirurgia bucal. Transplante ósseo.

Como citar este artigo: Gomes KU, Martins WDB, Ribas MO. Horizontal and vertical maxillary osteotomy stability, in cleft lip and palate patients, using allogeneic bone graft. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):84-90.

Doutor em Cirurgia Buco-Maxilo-Facial, PUCPR. 2 Doutor em Patologia Bucal, FOB-USP. Professor, curso de Odontologia, PUCPR. 3 Doutora em Estomatologia Clínica, PUCRS. Professora, curso de Odontologia, PUCPR. 1

Enviado em: 16 de janeiro de 2012 - Revisado e aceito: 17 de agosto de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Kelston Ulbricht Gomes Av. Silva Jardim, 2042 – Sala 1205 – Curitiba/PR CEP: 80250-200 – E-mail: kelstongomes@yahoo.com.br

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indicam o uso de enxerto ósseo alógeno em cirurgia ortognática; porém, nesses estudos, somente usados em pacientes não portadores de fissura labiopalatal. No estudo de Precious18, concluiu-se que as cicatrizes no lábio superior e no palato interferem no desenvolvimento do nariz, lábios, tecidos moles adjacentes e no desenvolvimento esquelético. Quando há intervenção entre cinco e seis anos de idade, com enxerto ósseo na fissura e correção da musculatura nasolabial, estabelece-se uma função simétrica, que melhorará o desenvolvimento facial. A cirurgia primária muscular melhora o crescimento diminuindo as chances de cirurgia ortognática19 Nique et al.2 estudaram o emprego do osso alógeno para preenchimento alveolar em pacientes portadores de fissura labiopalatais unilaterais. A região enxertada foi acompanhada, radiograficamente, por um período de três a seis meses. O osso alógeno é uma excelente alternativa para reparar fissuras alveolares. Seu uso apresenta benefício significativo para o paciente, eliminando a morbidade de um segundo sítio operatório. Garrison et al.19, em avaliação de 20 pacientes submetidos, simultaneamente, ao enxerto ósseo alveolar e osteotomia Le Fort I, avaliaram, por meio de telerradiografias de perfil, os índices de recidiva da maxila no sentido anteroposterior e vertical, concluindo que não houve mudança significativa no plano horizontal. Entretanto, na direção vertical, houve grande tendência de recidiva. O tempo de bloqueio maxilomandibular foi de oito semanas, utilizando-se cerclagens mandibulares na rima orbitária e no pilar zigomático. Para a avaliação, utilizou-se cefalometria, traçando o plano SN; uma linha perpendicular foi traçada a partir do násio. Mediu-se a distância dessa linha ao ponto A, avaliando-se as mudanças no sentido horizontal (anteroposterior). Para determinar o movimento vertical, traçou-se uma linha perpendicular ao plano SN, até o ponto A­. Outro estudo, de Heliovaara et al.20, avaliou as causas da recidiva em um estudo retrospectivo de 71 pacientes, dos quais 58 possuíam fissuras uni- e bilaterais. O avanço médio da maxila foi de 6,9mm. Foram feitos enxertos de calota craniana ou mandibular, quatro miniplacas para contenção da maxila e bloqueio maxilomandibular por seis semanas, mantido após liberação do bloqueio com elásticos em Classe III. Concluiu-se que o tipo de fissura (uni- ou bilateral), as cicatrizes no palato mole, tensão muscular, a adaptação e estabilidade dos

INTRODUÇÃO As fissuras labiopalatais são a má formação facial mais comum entre as anomalias congênitas da face1. Entre as possibilidades terapêuticas para recuperação funcional e estética do paciente portador de fissura labiopalatal, estão o tratamento ortodôntico e a cirurgia ortognática. Nos pacientes portadores de fissura labiopalatal, observam-se algumas situações oclusais deletérias, como apinhamento dentário e mordida cruzada unilateral com colapso dos segmentos, mordida aberta no lado afetado e retrusão da maxila2-6. Após o período de crescimento, naqueles pacientes em que se observa deformidade dentofacial, indica-se cirurgia ortognática para correção das discrepâncias esqueléticas e dentárias. Hirano e Suzuki7 descreveram os possíveis aspectos responsáveis pela retrusão maxilar em pacientes adultos fissurados: a ação muscular desfavorável devido às cicatrizes de cirurgia precoces no lábio e palato; retalhos faringeanos e ausência de dentes, diminuindo a estabilidade oclusal. Em geral, quanto maior for o número de cirurgias prévias à cirurgia ortognática de avanço de terço médio facial, maiores são as possibilidades de complicações, inclusive instabilidade7. A estabilidade da cirurgia ortognática depende do tipo e extensão dos movimentos executados nos maxilares. Especialmente nos pacientes portadores de fissuras labiopalatais, a estabilidade é difícil. Geralmente, esses pacientes já sofreram cirurgias no palato mole e duro, o que, normalmente, resulta em fibrose, limitando a extensão dos movimentos transversais e anteroposteriores da maxila8-12. Como forma de se evitar as recidivas no tratamento das deformidades dentofaciais em pacientes portadores de fissura labiopalatal, alguns autores sugerem aumento do tempo de bloqueio intermaxilar no pós-operatório, cirurgias combinadas de maxila e mandíbula, uso de máscaras faciais com tração reversa de maxila e interposição de enxertos ósseos entre os espaços criados após o avanço da maxila13,14,15. O sucesso na correção das deformidades dentofaciais depende de estabilização efetiva e da rápida união entre os segmentos ósseos reposicionados. Quando existe uma grande área de contato entre os segmentos, a união óssea satisfatória e segura pode ser esperada. Quando existe pequena área de contato, pode ocorrer instabilidade, recidiva ou união fibrosa (pseudoartrose) entre os segmentos. Nesses casos, indicam-se enxertos. Alguns autores16,17

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Estabilidade horizontal e vertical das osteotomias maxilares, em pacientes portadores de fissura labiopalatal, com o emprego de enxerto ósseo alógeno

no presente estudo, apresentou resultados similares aos dos autógenos, mesmo frente às conhecidas condições adversas apresentadas pelos pacientes fissurados. Sendo assim, em comparação à literatura, os presentes resultados parecem ser inéditos, pois não foram encontrados estudos de avaliação da estabilidade pós-operatória maxilar com utilização de enxertia óssea alógena em pacientes portadores de fissura labiopalatal.

ou seja, obteve-se mais estabilidade com o uso de enxertos. Fato, esse, também observado por Hirano e Suzuki7; porém, nesses estudos citados, as recidivas ocorreram tanto no sentido horizontal quanto no vertical — a única abordagem diferente foi a utilização do enxerto ósseo autógeno para preenchimento dos espaços gerados pelas osteotomias, o que pode sugerir a formação de uma barreira mecânica de enxerto autógeno menos eficiente para restringir os movimentos de recidiva. Por fim, os presentes resultados corroboram os estudos de Heliovaara et al.20 e Iannetti et al.21, sugerindo, também, maior estabilidade nos casos enxertados e demonstrando os efeitos positivos da realização do enxerto ósseo em cirurgias ortognáticas de pacientes fissurados como forma de se minimizar as recidivas. Porém, em todos os estudos citados, a enxertia foi autógena e em pacientes não fissurados. É possível, assim, inferir que o enxerto alógeno, empregado

CONCLUSÃO A utilização de enxertos alógenos em pacientes fissurados submetidos a osteotomias maxilares Le Fort I contribui para o aumento da estabilidade horizontal pós-operatória, quando comparada com cirurgias sem enxertia óssea. Não houve diferenças estatisticamente significativas nas recidivas verticais entre grupo teste e grupo controle.

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Comparação da alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores em casos tratados com e sem extrações: avaliação em tomografias Paulo Roberto Barroso Picanço1, Fabricio Pinelli Valarelli2, Rodrigo Hermont Cançado2, Karina Maria Salvatore de Freitas3, Gracemia Vasconcelos Picanço1

Objetivo: comparar, por meio de tomografia computadorizada, a alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores durante o tratamento ortodôntico, com e sem extração dentária. Métodos: foram avaliados 12 pacientes, divididos em dois grupos: G1, seis pacientes tratados com extrações de dois primeiros pré-molares superiores, com idade média inicial de 15,83 anos, e tratados por um tempo médio de 2,53 anos; G2, seis pacientes tratados sem extrações, com idade média inicial de 18,26 anos e tratados por um período de 2,39 anos. Foram utilizadas tomografias computadorizadas, telerradiografias em norma lateral e radiografias periapicais ao início (T1) e após 18 meses de tratamento (T2), desde que o espaço da extração já estivesse fechado nos casos tratados com extrações. A comparação intragrupo foi realizada por meio do teste t dependente, e a comparação intergrupos por meio do com o teste t independente. Resultados: o grupo 1 apresentou uma retração e verticalização do incisivo central, enquanto o grupo 2 apresentou uma vestibularização desse dente. Além disso, o grupo 1 apresentou maior aumento da espessura óssea cervical vestibular durante o tratamento, quando comparado ao grupo 2. A incidência de reabsorção radicular não apresentou diferenças significativas entre os grupos. Conclusões: não houve alteração nas espessuras ósseas alveolares quando comparados casos tratados com e sem extrações, com exceção da espessura óssea vestibular na região cervical dos incisivos superiores. Palavras-chave: Processo alveolar. Movimentação dentária. Extração dentária. Tomografia.

Como citar este artigo: Picanço PRB, Valarelli FP, Cançado RH, Freitas KMS, Picanço GV. Comparison of the changes of alveolar bone thickness in maxillary incisor area in extraction and non-extraction cases: Computerized tomography evaluation. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):91-8.

Mestre em Ortodontia, Uningá. Professor, Centro de ortodontia Paulo Picanço. 2 Professor Adjunto, Uningá. 3 Pós-doutora em Ortodontia, University of Toronto. Professora, Uningá. 1

Enviado em: 21 de outubro de 2010 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Fabrício Valarelli Rua Manoel Pereira Rolla, 12-75, apto 503 – Bauru/SP – CEP: 17012-190 E-mail: fabriciovalarelli@uol.com.br

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Comparação da alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores em casos tratados com e sem extrações: avaliação em tomografias

INTRODUÇÃO O movimento ortodôntico pode acontecer rápido ou lentamente, dependendo das características físicas da força aplicada, do tamanho e da resposta biológica do ligamento periodontal1. Segundo Vardimon, Oren e Ben-Bassat2, existe um axioma na Ortodontia que diz: “o movimento dentário deixa marcas no osso”, porém, isso nem sempre é favorável. No sentido vertical, durante a extrusão dentária, a alteração do tecido ósseo pode não acompanhar o deslocamento dentário, levando a um aumento da coroa clínica, muitas vezes indesejado. No sentido transversal e anteroposterior, a deiscência e fenestração óssea têm sido relatadas quando se faz protrusão ou retração de incisivos3,4. Segundo Handelman5, as tábuas corticais vestibulares e linguais ao nível do ápice dos incisivos podem representar limites anatômicos à movimentação dentária ortodôntica. A literatura especula que a protrusão e a vestibularização dos incisivos superiores podem produzir deiscência da cortical óssea vestibular, enquanto a retração afeta a cortical palatina, sendo que isso será reversível somente se o dente retornar à posição original6. O delineamento dos limites do movimento dentário, antes do início do tratamento ortodôntico, pode ser extremamente benéfico, especialmente em situações nas quais a discrepância esquelética é severa ou onde uma ou ambas as arcadas podem acomodar de forma limitada o reposicionamento dos dentes após a movimentação dentária5,7. Para detectar os níveis ósseos, vários métodos podem ser utilizados, tais como radiografias periapicais, telerradiografias laterais e radiografias panorâmicas. No entanto, radiografias bidimensionais apresentam limitações, como superposição de imagens, distorções e a não possibilidade de mensuração da espessura óssea em panorâmicas e periapicais7,8. Nesse contexto, as tomografias computadorizadas (TC) se tornam de especial importância para o diagnóstico dos níveis ósseos ao início do tratamento ortodôntico, assim como a avaliação de suas alterações durante o tratamento ortodôntico9,10. O objetivo do presente trabalho consistiu em comparar, por meio de tomografia computadorizada, a alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores durante o tratamento ortodôntico com e sem extração de primeiros pré-molares superiores.

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MATERIAL E MÉTODOS Amostra Foram selecionados 12 pacientes do Centro de Ortodontia Paulo Picanço, de ambos os sexos, na dentição permanente, e que preencheram os seguintes requisitos: 1) não ser portador de doença sistêmica que pudesse alterar o metabolismo ósseo; 2) não ser fumante; 3) não fazer uso diário de medicamentos à base de corticoides; 4) não apresentar doença renal crônica; 5) no caso de ser do sexo feminino, não apresentar baixo nível de estrógeno; 6) apresentar todos os dentes anterossuperiores de canino a canino; 7) não ter sofrido trauma, fratura óssea alveolar ou luxação na região dos incisivos superiores; 8) não ser portador de coroa protética no incisivo central superior direito; 9) não ser portador de fissura alveolar na região de canino a canino superior. A amostra foi dividida em dois grupos: G1, seis pacientes (cinco homens, uma mulher) com idade média inicial de 15,83 ± 4,87 anos), com má oclusão de Classe II, tratados com extração dos primeiros pré-molares superiores, por um tempo médio de 2,53 ± 0,49 anos); G2, seis pacientes (cinco homens, uma mulher) com idade média inicial de 18,26 ± 6,42 anos), três com má oclusão de Classe I e três com má oclusão de Classe II, tratados sem extrações por um período médio de 2,39 ± 0,66 anos. A amostra foi tratada por alunos de curso de Pós-graduação, orientados pelo mesmo professor, seguindo os mesmos padrões de diagnóstico, plano de tratamento e mecânica ortodôntica (braquetes da técnica Edgewise, prescrição 0,018" x 0,025" (Morelli, Sorocaba/SP). Métodos Os pacientes realizaram tomografia computadorizada ao início (T1) e após 18 meses de tratamento (T2), desde que o espaço da extração já estivesse fechado. Também foram realizadas em T1 e em T2 radiografias periapicais na técnica do paralelismo, para avaliar a reabsorção radicular externa dos incisivos superiores, e telerradiografias em norma lateral, para avaliar alterações anteroposteriores, verticais e inclinações desses dentes. As telerradiografias e tomografias foram avaliadas utilizando-se o programa Dolphin Imaging Premium 10.5 (Dolphin Imaging e Management Solutions, Chatsworth, EUA), por meio do qual foram digitalizadas as imagens e processadas as mensurações.

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Comparação da alteração da espessura óssea alveolar na região de incisivos superiores em casos tratados com e sem extrações: avaliação em tomografias

significativas nas reabsorções radiculares entre os grupos, deve-se ter cautela antes de afirmar que elas não existiram ou que não se mostraram clinicamente importantes. Segundo alguns autores, os pacientes submetidos à retração dos incisivos anteriores com torque lingual de raiz e baixa espessura óssea, ou seja, pouca largura alveolar, demonstraram, clinicamente, uma diminuição na espessura óssea alveolar e uma maior tendência de reabsorção radicular externa2,30.

Reabsorção radicular externa Uma das consequências que o movimento ortodôntico pode causar é a reabsorção radicular externa. O presente estudo avaliou o grau de reabsorção radicular externa por meio da escala proposta por Levander e Malmgren11. Segundo Cheng et al.27, um dos fatores biológicos que influenciam a reabsorção inflamatória das raízes durante a movimentação ortodôntica é sua morfologia; além disso, há, também, a idade, sexo, velocidade do metabolismo e anormalidade dentária — esses são fatores que fogem ao controle do profissional. Entre os fatores mecânicos, estão a quantidade de movimento, o tempo de tratamento e a magnitude da força aplicada28,29. Embora não se tenha obtido diferenças estatisticamente

Conclusões Não houve alteração nas espessuras ósseas alveolares quando comparados casos tratados com e sem extrações, com exceção da espessura óssea alveolar vestibular na região cervical dos incisivos superiores.

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artigo inédito

Tradução e adaptação de um instrumento para a avaliação da qualidade de vida em pacientes com necessidade de tratamento orto-cirúrgico Adriana Monteiro de Araújo1, José Augusto Mendes Miguel2, Eveline Coutinho Baldoto Gava3, Branca Heloisa de Oliveira4

Introdução: o Questionário de Qualidade de Vida para Pacientes Orto-cirúrgicos (Orthognathic Quality of Life Questionnaire – OQLQ) foi desenvolvido em 2000 e validado em 2002, com o objetivo de analisar os impactos e benefícios do tratamento ortodôntico-cirúrgico na qualidade de vida dos pacientes. Objetivo: realizar a tradução e adaptação transcultural desse instrumento para o português, assegurando a manutenção de suas propriedades. Métodos: primeiramente, realizou-se a equivalência conceitual e de itens, onde um grupo de especialistas debateu cada item do questionário, e quatro pacientes com necessidade de tratamento ortodôntico-cirúrgico foram entrevistados, utilizando o método de grupo focal. Após verificar a pertinência e relevância dos itens, o questionário foi traduzido por dois tradutores, de forma independente. As duas versões foram testadas em 20 pacientes e, depois, unificadas. Essa versão unificada foi retraduzida para o inglês por dois tradutores independentes, e a unificação das retraduções foi avaliada pelos autores do questionários original e pela equipe de pesquisa. Resultados: a partir dessas avaliações, foi produzida a versão brasileira do OQLQ, a qual foi testada em um estudo piloto que envolveu 12 pacientes, com idade entre 16 e 34 anos. Conclusão: a versão brasileira do questionário OQLQ pode ser considerada um instrumento apropriado para acessar o impacto da deformidade dentofacial na qualidade de vida de pacientes da rede pública de saúde com necessidade de tratamento ortodôntico-cirúrgico. Palavras-chave: Qualidade de vida. Cirurgia bucal. Estudos de validação.

Como citar este artigo: Araújo AM, Miguel JAM, Gava ECB, Oliveira BH. Translation and cross-cultural adaptation of an instrument designed for the assessment of quality of life in orthognatic patients. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):99-106.

Especialista em Ortodontia, UERJ. Doutor em Odontologia, UFRJ. Professor Adjunto, disciplina de Ortodontia, UERJ. 3 Mestre em Odontologia, UERJ. 4 Doutora em Saúde Coletiva/Epidemiologia, UERJ. Professora Adjunta, Departamento de Odontologia Preventiva e Comunitária, UERJ. 1

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Enviado em: 22 de agosto de 2011 - Revisado e aceito: 09 de janeiro de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Adriana Monteiro de Araújo Av. Almirante Barroso, 28 – Souza – Belém/PA CEP: 66613-020 – E-mail: ortodontia.adriana@gmail.com

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artigo inédito

Tradução e adaptação de um instrumento para a avaliação da qualidade de vida em pacientes com necessidade de tratamento orto-cirúrgico

saúde e a serviços de universidades. Entretanto, como esse tratamento é caro, complexo e demorado, não se consegue, na rede pública e nos serviços universitários, atender a todos imediatamente. Logo, geralmente, é preciso que se estabeleçam prioridades. O OQLQ pode ser um instrumento útil para auxiliar o profissional a estabelecer essas prioridades. O objetivo o presente trabalho é descrever o processo de adaptação para o português do questionário OQLQ, visando torná-lo apropriado para o uso em serviços odontológicos públicos e universitários.

INTRODUÇÃO Pacientes com oclusopatias e deformidades dentofaciais graves podem ter sua qualidade de vida associada à saúde (QVS) afetada sob diferentes aspectos, experimentando limitações funcionais e problemas emocionais e sociais ao ponto de até considerar a vida, em geral, menos satisfatória1,2. A cirurgia ortognática constitui uma alternativa de tratamento das deformidades dentofaciais que proporciona uma correção mais estável e uma melhor estética, nos casos em que não é possível se fazer a compensação das relações esqueléticas inadequadas somente com o tratamento ortodôntico3. A demanda por tratamento ortodôntico está relacionada à queixa individual sobre a aparência e a outros fatores psicossociais4, sendo a autopercepção da deformidade dentofacial o principal fator a ser considerado na decisão do paciente em aceitar ou não o tratamento orto-cirúrgico3. O sucesso desse tipo de tratamento e as modificações na QVS que pode produzir dependem da seleção adequada dos pacientes5. O Questionário de Qualidade de Vida para Pacientes Orto-cirúrgicos (Orthognathic Quality of Life Questionnaire – OQLQ) foi desenvolvido, em 2000, no Reino Unido, para permitir avaliar o sucesso do tratamento orto-cirúrgico sob a perspectiva do efeito na QVS segundo a percepção do paciente6. O OQLQ inclui 22 perguntas, divididas em quatro domínios: oito são relativas aos aspectos sociais da deformidade, cinco relacionam-se à estética facial, cinco à função bucal e quatro dizem respeito à conscientização sobre a deformidade facial. As respostas são dadas em uma escala de quatro pontos para medir o quanto a condição especificada em cada questão incomoda o paciente (1 = incomoda pouco; 4 = incomoda muito). Em 2002, o questionário teve sua validade e responsividade demonstradas. A validade foi avaliada pela correlação do OQLQ com outras medidas de impacto sobre a QVS, e a responsividade foi testada pela comparação entre as pontuações obtidas por pacientes no OQLQ antes e depois do tratamento. Os resultados evidenciaram que o questionário pode ser útil tanto na clínica quanto em pesquisas7. O OQLQ já foi adaptado para outras culturas8,9 e utilizado em diversos países para a avaliação do impacto das deformidades dentofaciais e dos efeitos do tratamento orto-cirúrgico sobre a qualidade de vida em estudos seccionais5,10 e longitudinais11,12. Muitos pacientes que apresentam necessidade de tratamento orto-cirúrgico recorrem à rede pública de

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material e Métodos Aspectos éticos A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Pedro Ernesto da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (registro CEP/HUPE 2705/2010; CAAE 0150.0.228.000-10). Participaram do estudo apenas os pacientes que manifestaram sua autorização por escrito na forma de Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Adaptação do questionário Equivalência conceitual e de itens Antes de iniciar o processo de tradução e retradução visando a obtenção da equivalência semântica entre a versão brasileira do OQLQ e o instrumento original, avaliou-se, no contexto cultural brasileiro, a adequação do modelo conceitual empregado na elaboração do questionário, bem como a pertinência e relevância dos itens que o compõem13. Esses aspectos foram analisados por uma equipe de especialistas (EE) composta por dois ortodontistas, uma aluna de pós-graduação em Ortodontia e um profissional com experiência em elaboração e adaptação de instrumentos de qualidade de vida. Cada item do instrumento original, em inglês, foi lido e debatido. Em seguida, foram entrevistados quatro pacientes com necessidade de tratamento orto-cirúrgico atendidos na clínica de Ortodontia da UERJ. As entrevistas foram filmadas para que pudessem ser, posteriormente, analisadas. O objetivo era identificar os termos empregados pelos próprios pacientes para descrever as interferências causadas pelas deformidades dentofaciais em sua qualidade de vida e, em especial, verificar como os entrevistados se referiam a problemas abordados no questionário que foram considerados potencialmente difíceis de explicar na língua portuguesa pelos especialistas

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Tradução e adaptação de um instrumento para a avaliação da qualidade de vida em pacientes com necessidade de tratamento orto-cirúrgico

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artigo inédito

Avaliação da qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia ortognática Ana Catarina Alves e Silva1, Roberta Almeida Silveira Carvalho2, Thiago de Santana Santos3, Nelson Studart Rocha4, Ana Cláudia Amorim Gomes5, Emanuel Dias de Oliveira e Silva6

Objetivo: comparar as mudanças relacionadas à autoestima e satisfação com aparência, entre o pré-operatório e o pós-operatório, de pacientes submetidos à cirurgia ortognática, e avaliar a qualidade de vida e mudanças psicossociais desses pacientes seis meses após a cirurgia. Métodos: estudo qualitativo, de caráter observacional do tipo longitudinal, com amostra de 15 pacientes que apresentavam deformidades dentofaciais e que foram submetidos à cirurgia ortognática. Foram aplicados um questionário e dois formulários, em duas fases: uma pré-cirúrgica e outra pós-cirúrgica. Resultados: os resultados mostraram que 13,3% dos pacientes obtiveram melhora em relação à autoestima e, principalmente, em relação à satisfação com a aparência. Foi também constatada melhoria nas relações sociais, profissionais e familiares. Em relação à avaliação da qualidade de vida segundo o questionário da Organização Mundial da Saúde, observou-se que a média mais baixa correspondeu ao domínio meio ambiente. Conclusões: a cirurgia ortognática traz consigo uma carga emocional elevada, que deve ser considerada antes e após o ato cirúrgico, pois o estado psicológico do paciente repercute em fatores favoráveis ou desfavoráveis durante a sua recuperação, influenciando de diferentes formas na qualidade de vida, autoestima e satisfação com a aparência. Palavras-chave: Qualidade de vida. Cirurgia bucal. Ortodontia.

Como citar este artigo: Alves e Silva AC, Carvalho RAS, Santos TS, Rocha NS, Gomes ACA, Oliveira e Silva ED. Evaluation of life quality of patients submitted to orthognatic surgery. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):107-14.

Aluna do mestrado em Saúde Coletiva da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). 2 Especialista em Endodontia pela Faculdade de Odontologia de Recife (FOR). 3 Aluno do doutorado em Cirurgia Buco-maxilo-facial da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (FORP/USP). 4 Doutor em Cirurgia e Traumatologia Buco-maxilo-facial pela Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP/UPE). 5 Professora da Disciplina de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial da Faculdade de Odontologia de Pernambuco (FOP/UPE). 6 Chefe da residência da Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Universitário Oswaldo Cruz (HUOC/UPE). 1

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Enviado em: 1 de fevereiro de 2010 - Revisado e aceito: 12 de abril de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Thiago de Santana Santos Av. Gal. Newton Cavalcanti, 1.650 - Camaragibe/PE - CEP: 54.753-220 E-mail: thiago.ctbmf@yahoo.com.br

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artigo inédito

Avaliação da qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia ortognática

qualidade de vida e as demais 24 representam cada uma das 24 facetas que compõem o instrumento original. Foi realizada análise fatorial confirmatória para uma solução aos seguintes quatro domínios, que compõem o WHOQOL-bref: físico, psicológico, relações sociais e meio ambiente1,8. O objetivo do presente estudo foi comparar as mudanças relacionadas à autoestima e satisfação com a aparência, entre o pré-operatório e o pós-operatório, de pacientes submetidos à cirurgia ortognática, e avaliar a qualidade de vida desses pacientes seis meses após a cirurgia.

INTRODUÇÃO A beleza é muito valorizada na sociedade, além de ser um fator determinante no próprio relacionamento interpessoal. A cirurgia ortognática permite uma melhora na função mastigatória, na fonética, na respiração e na estética facial, elevando de modo expressivo a qualidade de vida das pessoas portadoras de deformidades dentofaciais. Esse procedimento cirúrgico tem como propósito melhorar a autoestima, a estética e a função dos pacientes, logo, as mudanças faciais ocorridas através da cirurgia refletem na vida pessoal e social do indivíduo e, por vezes, no componente psicológico desse. No entanto, complicações podem ocorrer, sendo essas de ordem física e/ou psicológica, como alterações da sensibilidade nervosa e a dificuldade em ajustar-se com a nova aparência15. Na área da saúde, o interesse pelo conceito da qualidade de vida é relativamente recente. No que concerne à subjetividade, trata-se de considerar a percepção da pessoa sobre o seu estado de saúde e sobre os aspectos não-médicos do seu contexto de vida, levando em consideração como o indivíduo avalia a sua situação pessoal em cada uma das dimensões relacionadas à qualidade de vida. A maior parte dos estudos enfoca resultados quantitativos no tratamento das deformidades; no entanto, são poucos os estudos que direcionam seus resultados sobre a opinião dos pacientes, avaliando-os qualitativamente24. Segundo Fleck et al.8, a qualidade de vida foi definida pelo Grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde como “A percepção do indivíduo de sua posição na vida, no contexto da cultura e sistema de valores nos quais ele vive e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e preocupações”. Apesar da crescente importância da avaliação desse desfecho em diferentes áreas da Medicina, não havia nenhum instrumento desenvolvido dentro de uma perspectiva transcultural para uso internacional. Assim, inicialmente foi desenvolvido um instrumento de avaliação de qualidade de vida com 100 questões (WHOQOL-100)23. A necessidade de instrumentos curtos e que demandem pouco tempo para seu preenchimento, mas com características psicométricas satisfatórias, fez com que o Grupo de Qualidade de Vida da OMS desenvolvesse uma versão abreviada do WHOQOL-100, o WHOQOL-bref. O WHOQOL-bref consta de 26 questões, sendo duas questões gerais de

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material e MÉTODOS O presente estudo foi qualitativo, analítico, de caráter observacional do tipo longitudinal. E a população-alvo foi constituída por 15 pacientes de demanda espontânea, que apresentavam deformidades dentofaciais e que se submeteriam à cirurgia para correção dessas deformidades no setor de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial do Hospital Universitário Oswaldo Cruz, da Universidade de Pernambuco (HUOC/UPE). Não foram incluídos na amostra pacientes portadores de fissura labial e/ou palatina, e patologias não compensadas. Essa pesquisa teve um tempo de acompanhamento mínimo de seis meses, sendo realizada em dois momentos distintos: 1) no pré-operatório, realizado no dia do internamento do paciente; 2) no pós-operatório, realizado 6 meses após a cirurgia. Como instrumentos de coleta de dados, foram aplicados um questionário e dois formulários, sendo anexado a esses um termo de consentimento livre e esclarecido e protocolo de aprovação do Comitê de Ética da Universidade de Pernambuco (número 054/07), no qual o paciente e/ou responsável foi informado quanto à participação na pesquisa, sendo solicitada a sua autorização por escrito. Pré-cirúrgico Nessa fase foi aplicado um questionário autoadministrado (respondido pelo paciente). Esse instrumento de coleta de dados constou de onze perguntas (Fig. 1), cujas respostas variaram entre múltipla escolha e respostas subjetivas, nas quais se procurou avaliar a satisfação desses pacientes com sua aparência e seus relacionamentos sociais, antes da cirurgia.

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artigo inédito

Avaliação da qualidade de vida de pacientes submetidos à cirurgia ortognática

CONCLUSÕES Quando se refere ao tratamento ortodôntico-cirúrgico, os resultados estéticos são importantes motivadores para a decisão da cirurgia. O diálogo entre profissional e paciente tem como objetivo principal definir o que desagrada o paciente, possibilitando ao cirurgião estabelecer um vínculo de confiança que permite que o paciente participe das discussões dos riscos e benefícios da cirurgia.

A circunstância da necessidade da cirurgia ortognática traz consigo uma carga emocional elevada, que deve ser considerada antes e após o ato cirúrgico, pois o estado psicológico do paciente repercute em fatores favoráveis ou desfavoráveis durante a sua recuperação, influenciando, de diferentes formas, na qualidade de vida, autoestima e satisfação com a aparência.

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artigo inédito

Avaliação das alterações verticais dos segundos molares superiores após a fase de alinhamento e nivelamento utilizando a técnica MBT Alael Barreiro Fernandes de Paiva Lino1, Julio Wilson Vigorito2

Objetivo: a proposta do presente trabalho foi comparar as angulações distocervicais das coroas dos segundos molares superiores de um grupo com oclusão normal e outro composto de más oclusões de Classes I e II de Angle, e analisar as modificações ocorridas após o alinhamento e nivelamento com a técnica MBT. Métodos: a amostra de oclusão normal foi composta por 32 telerradiografias laterais; e a amostra de má oclusão constituiu-se de 38 telerradiografias laterais iniciais e pós-nivelamento. Resultados: os resultados não mostraram diferença estatisticamente significativa entre as características morfológicas dos grupos com oclusão normal e com má oclusão; porém, após o alinhamento e nivelamento, observamos redução estatisticamente significativa nas inclinações distocervicais, com extrusão da porção distal dos segundos molares superiores. Palavras-chave: Oclusão dentária. Desenho de aparelho ortodôntico. Radiografia. Ortodontia corretiva.

Como citar este artigo: Lino ABFP, Vigorito JW. Evaluation of the vertical alterations of the upper second molars after the alignment and leveling phase using the MBT technique. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):115-20.

Estagiário da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP). 2 Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da FOUSP. 1

Enviado em: 11 de dezembro de 2009 - Revisado e aceito: 29 de dezembro de 2010 » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e radiografias. Endereço para correspondência: Alael Barreiro Fernandes de Paiva Lino Av. Professor Lineu Prestes, 2.227, Cidade Universitária CEP: 05.508-000 - São Paulo - SP E-mail: alael@usp.br

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

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artigo inédito

Avaliação das alterações verticais dos segundos molares superiores após a fase de alinhamento e nivelamento utilizando a técnica MBT

propondo as seis chaves de oclusão normal, que deveriam ser obtidas após a terapia ortodôntica. Essas características oclusais serviram de base para a introdução do aparelho Straight-Wire. Esse possui, no seu desenho, slots dos braquetes com pré-angulação, as quais acompanham a angulação mesiodistal das faces vestibulares dos dentes. Em relação ao segundo molar superior, os achados de Andrews mostraram, em média, uma angulação da face vestibular da coroa clínica de 0,39o para mesial 4. Na literatura dos aparelhos pré-ajustados, encontramos diversos valores propostos como 5 graus11, 3 graus7, 4,09 graus17, 0 grau15, -0,30 grau17 e -5 graus5. Além da angulação, a altura do posicionamento dos acessórios ortodônticos nos elementos dentários é uma variável diária na clínica ortodôntica. Vigorito16, em 2004, citou em seu livro que a altura ocluso-cervical do braquete do segundo molar superior deve ser 0,5mm menor do que a do primeiro molar superior, com 0o de angulação e inserção do ângulo caudal no arco ortodôntico na região do segundo molar superior. Na técnica MBT11, é preconizada a utilização da tabela para a instalação dos acessórios, na qual se verifica que a altura média para o segundo molar superior é de 2,0mm, e de 3,0mm para os primeiros molares. Como verificamos nos trabalhos supracitados, existem diferentes prescrições em relação à angulação a ser expressa no segundo molar superior, variando da prescrição MBT, que indica 5o de angulação para mesial, até os trabalhos que indicam que os segundos molares superiores apresentam e devem manter, durante e após a terapia ortodôntica, uma angulação cérvico-distal5,6,9,10,12,14,16. Esse trabalho tem como objetivos comparar as características da angulação mesiodistal e do posicionamento vertical9 dos segundos molares superiores entre os grupos com oclusão normal (grupo controle) e com má oclusão; além de verificar as alterações após a fase de alinhamento e nivelamento executada com aparelhos pré-ajustados MBT. Com base nesses objetivos mencionados, o presente trabalho se propôs a: 1) Verificar as possíveis diferenças nas posições verticais e angulares dos segundos molares superiores, observadas em telerradiografias em norma lateral, comparando-se as más oclusões de Classes I e II com as oclusões normais. 2) Avaliar, por meio dos cefalogramas, a posição dos segundos molares superiores, comparando-se as fases inicial e ao término do alinhamento e nivelamento utilizando a técnica MBT.

INTRODUÇÃO A clínica de pesquisa sobre o aparelho pré-ajustado MBT é uma disciplina oferecida pelo programa de pós-graduação em Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Essa tem como objetivo, habilitar o aluno na aplicação da técnica Straight-Wire MBT para o tratamento das más oclusões, com ou sem extrações de dentes, com vistas aos trabalhos de pesquisas desenvolvidos no programa, com apoio do material documentado produzido. Observando os resultados clínicos e os elementos de diagnóstico obtidos após o alinhamento e nivelamento ortodôntico dos grupos tratados, notamos, em alguns casos, contatos prematuros e interferências oclusais nas regiões dos segundos molares. Esse fato nos estimulou a estudar as características dessa região e as possíveis alterações ocorridas após a fase de alinhamento e nivelamento dentário. A montagem dos aparelhos MBT seguiu as propostas da técnica11 em relação à altura e angulação dos acessórios ortodônticos. Essas variáveis estão descritas na literatura ortodôntica, com objetivos de preservação das características funcionais, preparo e manutenção de ancoragem, visando a obtenção de oclusão normal livre de interferências oclusais. Nos aparelhos do tipo arco de canto, as angulações dos dentes são obtidas modificando-se o posicionamento dos braquetes ou inserindo-se dobras de segunda ordem nos arcos de aço inoxidável 12, na região dos segundos molares superiores. Essas variações têm como objetivo o controle de ancoragem, a manutenção da posição inicial do dente e prevenção de interferências oclusais nos movimentos mandibulares6,10,12,14,16. Artigos12 determinam, com objetivo de preparo de ancoragem, a movimentação do segundo molar superior com angulação cérvico-distal de 20o, devendo o arco ortodôntico possuir uma angulação de 10o na região desse dente. Outra possibilidade para introdução de angulação no segundo molar superior14 é a inserção do acessório angulado em 15o ou a colagem do tubo no mesmo plano após o nivelamento básico de primeiros molares a caninos superiores10. Por outro lado, alguns autores indicam a inclusão dos segundos molares na mecânica, em casos de extração de quatro primeiros pré-molares, terceiros molares ou em casos de cruzamento no sentido vestibulolingual. Em situações clínicas normais, deve-se aguardar o estabelecimento natural da oclusão18. Andrews1, em 1972, após estudar 120 modelos de indivíduos com características de oclusão normal, apresentou um artigo

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Avaliação das alterações verticais dos segundos molares superiores após a fase de alinhamento e nivelamento utilizando a técnica MBT

Referências

CONCLUSÃO Com base no método utilizado e na literatura pertinente, concluímos que: 1) Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas nas características angulares dos segundos molares, quando comparamos os grupos com oclusão normal e com más oclusões. As coroas clínicas dos segundos molares apresentam-se sempre anguladas em uma direção distocervical. 2) Os segundos molares superiores apresentaram uma diferença na angulação das coroas quando comparados ao início e ao grupo de oclusão normal, ocorrendo uma diminuição decorrente da extrusão da porção distal. Verificou-se diminuição significativa da angulação mesiodistal dos segundos molares superiores e extrusão da sua porção distal.

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artigo inédito

Influência da inclusão dos segundos molares no tratamento sobre as angulações final e pós-contenção dos molares Luiz Filiphe Gonçalves Canuto1, Karina Maria Salvatores de Freitas2, Marcos Roberto de Freitas3, Rodrigo Hermont Cançado4

Objetivo: analisar a influência da inclusão dos segundos molares inferiores durante a mecânica ortodôntica nas angulações dos molares ao final do tratamento e na fase de pós-contenção. Métodos: a amostra consistiu em 150 radiografias panorâmicas de 50 pacientes avaliados antes, após o tratamento e no período de pós-contenção. Os pacientes foram tratados com extrações dos quatro primeiros pré-molares, e divididos em dois grupos: grupo 1, composto por 25 pacientes com segundo molares incluídos na mecânica ortodôntica; grupo 2, 25 pacientes cujos segundos molares não foram incluídos na mecânica ortodôntica. As angulações dos primeiros e segundos molares inferiores foram comparadas nas fases estudadas utilizando-se a Análise de Variância (análise intragrupo) e o teste t independente (análise intergrupos). Resultados: a análise intragrupo, realizada no grupo 2, demonstrou que ocorreu uma verticalização significativa dos primeiros e segundos molares inferiores durante o tratamento, que se manteve estável na fase de pós-contenção. Os resultados da análise intergrupos demonstraram diferenças significativas na angulação dos primeiros e segundos molares após o tratamento e na fase de pós-contenção. Conclusão: a inclusão dos segundos molares inferiores à mecânica ortodôntica apresenta-se relevante, não apenas para corrigir a angulação desses dentes, mas, também, para auxiliar a correção da angulação dos primeiros molares permanentes. Palavras-chave: Radiografia panorâmica. Ortodontia corretiva. Oclusão dentária.

Como citar este artigo: Canuto LFG, Freitas KMS, Freitas MR, Cançado RH. Influence of treatment including second molars on final and postretention molar angulation. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):121-7.

Pós-doutor em Ortodontia, FOB-USP. Professor, curso de Especialização em Ortodontia, ABO/PE. 2 Pós-Doutora em Ortodontia, University of Toronto. Professora, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, Faculdade Ingá. 3 Livre Docente em Ortodontia e Professor Titular, Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, FOB-USP. 4 Pós-Doutor em Ortodontia, University of Toronto. Professor Adjunto, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, Faculdade Ingá. 1

Enviado em: 20 de setembro de 2011 - Revisado e aceito: 27 de dezembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Luiz Filiphe Gonçalves Canuto Rua José Bonifácio, 205 – Sl 109 – Madalena – Recife/PE CEP: 50.710-000 – E-mail: luizfiliphecanuto@yahoo.com.br

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artigo inédito

Influência da inclusão dos segundos molares no tratamento sobre as angulações final e pós-contenção dos molares

O critério de seleção da amostra foi baseado nas seguintes características: casos apresentando má oclusão de Classe I ou II ao início do tratamento; casos tratados ortodonticamente com a técnica Edgewise com extrações de quatro pré-molares; presença de dentição permanente, com todos os dentes irrompidos até os segundos molares, ao início do tratamento. Outros critérios de inclusão consistiram na ausência de tratamento ortodôntico corretivo ou interceptor prévio, ausência de dilacerações radiculares e de assimetrias mandibulares esqueléticas. Todos os pacientes utilizaram uma placa de Hawley modificada como contenção na arcada superior, por tempo integral, no período de um ano — após isso, seis meses de uso noturno. A barra lingual, colada de canino a canino, na arcada inferior, foi removida no terceiro ano pós-tratamento.

INTRODUÇÃO A importância da obtenção de uma correta angulação dentária durante o tratamento ortodôntico já foi ressaltada por vários clínicos. O conceito de oclusão normal, descrito por Andrews, em 1972, estabeleceu as chamadas “seis chaves para uma oclusão normal”. Entre outras variáveis, destaca-se a obtenção de uma correta inclinação mesiodistal dos dentes, também denominada de angulação dentária1. Pesquisas prévias relataram que um correto posicionamento mesiodistal dos longos eixos dentários contribui sobremaneira para o alcance dos equilíbrios da oclusão, periodontal e do sistema estomatognático1,2,3, constituindo um fator relevante para a obtenção do perfeito alinhamento dos dentes em suas respectivas bases ósseas e para a estabilidade do fechamento do espaço das extrações durante a mecânica ortodôntica1,4-7. Por sua importância na finalização dos tratamentos ortodônticos, o Board Americano de Ortodontia inclui em sua avaliação para a certificação dos profissionais a avaliação da inclinação final mesiodistal dos dentes por meio de radiografias panorâmicas. A importância da obtenção de uma inclinação axial mesiodistal correta com as raízes paralelas entre si é frequentemente mencionada na literatura1,3,8,9-13, uma vez que esse paralelismo auxilia na manutenção do alinhamento dos dentes em suas bases apicais e de uma oclusão normal dos dentes superiores e inferiores6. Além disso, o correto posicionamento mesiodistal permite uma distribuição uniforme das forças oclusais por meio dos contatos proximais, contribui com a manutenção da estabilidade dos resultados obtidos pelo tratamento ortodôntico3,6,10. Face à importância de uma correta angulação dos dentes sobre a qualidade do tratamento e em sua estabilidade, os autores tiveram como propósito investigar a influência da inclusão dos segundos molares inferiores durante a mecânica ortodôntica nas angulações desses dentes ao término do tratamento e na fase de pós-contenção.

Métodos A amostra foi dividida em dois grupos: Grupo 1: composto pelas radiografias panorâmicas realizadas ao início, ao final do tratamento e na fase de pós-contenção de 25 pacientes (11 pacientes do sexo masculino e 14 do feminino), cujo tratamento não incluiu a bandagem ou colagem dos segundos molares inferiores, apresentando idade inicial média de 13,29 ± 1,44 anos. Grupo 2: constituído pelas radiografias panorâmicas de 25 pacientes (10 pacientes do sexo masculino e 15 do feminino), realizadas ao início, ao final do tratamento e na fase de pós-contenção, cujo tratamento incluiu a bandagem ou colagem dos segundos molares inferiores, apresentando idade inicial média de 12,95 anos. Os tempos médios de tratamento, contenção e de avaliação pós-tratamento, para ambos os grupos, são apresentados na Tabela 1. Foi realizada a avaliação da angulação dos primeiros e segundos molares inferiores por meio de radiografias panorâmicas (ortopantomografias) traçadas manualmente,

MATERIAL E MÉTODOS Material A amostra consistiu de 150 radiografias panorâmicas, de 50 jovens brasileiros de ambos os sexos, provenientes da documentação ortodôntica de cada paciente selecionadas do arquivo da disciplina de Ortodontia do Departamento de Ortodontia, Odontopediatria e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru/USP. Essa documentação incluiu as radiografias panorâmicas realizadas ao início, ao final do tratamento e na fase de pós-contenção.

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Tabela 1 - Tempos médios de tratamento, contenção e de avaliação pós-tratamento dos grupos 1 e 2, com e sem inclusão dos segundo molares, respectivamente.

Tempo (em anos)

Grupo 2 2º molar incluído

(n = 25)

(n = 25)

Média ± D.P.

Média ± D.P.

2,41 ± 0,64

2,45 ± 0,53

Contenção

1,33 ± 0,51

1,49 ± 0,76

Pós-tratamento

4,84 ± 2,38

4,18 ± 2,47

Tratamento

122

Grupo 1 2º molar não incluído

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artigo inédito

Canuto LFG, Freitas KMS, Freitas MR, Cançado RH

molar inferior aumenta o comprimento da arcada e, portanto, aumenta o vetor horizontal e diminui o vetor vertical do elástico, fato bastante favorável à mecânica, pois favorece o ajuste sagital entre as arcadas dentárias e evita a extrusão do primeiro molar. Nos casos com extrações inferiores, os segundos molares podem propiciar melhor ancoragem, evitando a inclinação e rotação dos primeiros molares. Outras indicações consistem em casos cirúrgicos e em casos que apresentam segundos molares cruzados, vestibularizados ou simplesmente mal posicionados26. Entretanto, há situações onde a inclusão dos segundos molares pode estar contraindicada, como em pacientes que apresentam mordida aberta anterior inicial.

além disso, as diferenças entre métodos impossibilitam tal comparação. Entretanto, a partir dos resultados obtidos, pode-se verificar que a inclusão dos segundos molares inferiores promove um benefício à mecânica de verticalização e correção das angulações, não apenas dos segundos molares, mas, também, dos primeiros molares inferiores. Os resultados sugerem que a inclusão de segundos molares na mecânica ortodôntica provavelmente resulta em um suporte distal que colabora com o processo de verticalização dos primeiros molares inferiores. Notam-se algumas dúvidas e controvérsias sobre a necessidade ou não de inclusão dos segundos molares na mecânica ortodôntica. Um dos objetivos principais do início de tratamento consiste no nivelamento da curva de Spee e correção da sobremordida. Sendo assim, nada mais racional do que utilizar os segundos molares para propiciar ancoragem ao movimento de intrusão anterior e favorecer a planificação da curva de Spee. Durante a utilização de elásticos de Classe II, a inclusão do segundo

CONCLUSÃO A inclusão dos segundos molares inferiores à mecânica ortodôntica apresenta-se relevante, não apenas para corrigir a angulação desses dentes, mas, também, para auxiliar a correção da angulação dos primeiros molares permanentes.

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Maringá: Dental Press; 2010.

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artigo inédito

Infiltrações intra-articulares com corticosteroides e hialuronato de sódio no tratamento das disfunções temporomandibulares articulares: uma revisão sistemática Eduardo Machado1, Daniel Bonotto2, Paulo Afonso Cunali3

Introdução: em algumas situações, o tratamento conservador das alterações internas da articulação temporomandibular apresenta-se pouco responsivo. Nessas condições, torna-se necessária a realização de tratamentos que visem reduzir a dor e melhorar a função dos pacientes frente a disfunções temporomandibulares articulares. Objetivo: esse trabalho, por meio de uma revisão sistemática de literatura, teve como objetivo analisar a efetividade de infiltrações intra-articulares com corticosteroides e com hialuronato de sódio no tratamento para as alterações internas da ATM. Métodos: foi feito levantamento nas bases de pesquisa MEDLINE, Cochrane, EMBASE, PubMed, Lilacs e BBO, abrangendo os anos de 1966 a outubro de 2010, com enfoque em estudos clínicos controlados randomizados ou quase-randomizados, cegos ou duplo-cegos. Resultados: após a aplicação dos critérios de inclusão, chegou-se a nove artigos, sendo que sete eram estudos clínicos controlados randomizados duplo-cego e dois eram estudos clínicos controlados randomizados apenas cegos. Conclusões: pela análise da literatura, verifica-se que a infiltração intra-articular com corticosteroides e hialuronato de sódio parece ser um método efetivo no tratamento das alterações internas da ATM. Porém, são necessários mais estudos clínicos controlados randomizados, com amostras representativas e tempo de acompanhamento longo, para avaliar a real efetividade da técnica. Palavras-chave: Corticosteroides. Ácido hialurônico. Articulação temporomandibular. Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular. Transtornos da articulação temporomandibular.

Como citar este artigo: Machado E, Bonotto D, Cunali PA. Intra-articular injections with corticosteroids and sodium hyaluronate for treating temporomandibular joint disorders: A systematic review. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):128-33.

Especialista em Disfunções Temporomandibulares e Dor Orofacial, UFPR. Mestre em Ciências da Saúde, PUCPR. Professor, curso de Especialização em DTM e Dor Orofacial, UFPR. 3 Doutor em Ciências, UNIFESP. Professor, cursos de Graduação e Pósgraduação em Odontologia, UFPR. 1

2

Enviado em: 13 de novembro de 2011 - Revisado e aceito: 20 de fevereiro de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Eduardo Machado Rua Francisco Trevisan, 20 – Santa Maria/RS CEP: 97050-230 – E-mail: dr.eduardomachado@yahoo.com.br

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artigo inédito

Machado E, Bonotto D, Cunali PA

“hyaluronic acid”, “sodium hyaluronate”, “temporomandibular disorder”, “temporomandibular joint”, “craniomandibular disorder”, “TMD”, “TMJ”, “osteoarthritis” e “osteoarthrosis”, os quais foram cruzados nos mecanismos de busca. A lista inicial de artigos, que foram avaliados por seu título e resumo, foi submetida à revisão por dois avaliadores, que aplicaram critérios de inclusão para determinar a amostra final de artigos. Caso houvesse alguma discordância entre os resultados dos revisores, um terceiro avaliador seria consultado por meio da leitura da versão completa do artigo. Os critérios de inclusão dos artigos foram: » Estudos envolvendo humanos, nos quais foi avaliada a efetividade de infiltrações intra-articulares com corticosteroides e/ou hialuronato de sódio (HS) no tratamento de disfunções temporomandibulares articulares. » Estudos em que os corticosteroides e/ou o HS foram comparados a placebo ou associados a outras terapias, como artrocentese ou artroscopia. » Critérios diagnósticos para DTM baseados em exames clínicos e/ou de imagens de tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética nuclear (RMN). » Somente foram incluídos estudos clínicos controlados randomizados (ECRs) ou quase-randomizados, cegos ou duplo-cegos. » Nenhuma restrição quanto a idiomas, mas somente estudos publicados entre 1966 e outubro de 2010.

INTRODUÇÃO Entre as disfunções temporomandibulares (DTM) articulares, as incoordenações do complexo cabeça da mandíbula/disco articular decorrem do colapso da função normal do disco sobre a cabeça da mandíbula, devido à incompetência dos ligamentos colaterais do disco e lâmina retrodiscal inferior. Exemplos dessa situação são os deslocamentos de disco com e sem redução, que podem estar associadas a alterações inflamatórias como capsulite, sinovite e retrosdiscite; ou degenerativas, como osteoartrite e osteoartrose da articulação temporomandibular (ATM)1. Como protocolo inicial de tratamento, opta-se por terapias reversíveis e pouco invasivas, como dispositivos interoclusais, antiinflamatórios não-esteroidais (AINES), analgésicos, exercícios fisioterápicos, termoterapia, microcorrente, repouso funcional e aconselhamento do paciente. Porém, em algumas situações devido às alterações estruturais presentes o tratamento conservador torna-se pouco responsivo1. Assim, procedimentos de maior complexidade como infiltrações intra-articulares com corticosteroide ou hialuronato de sódio, artrocentese, artroscopia ou cirurgias abertas de ATM surgem como opções terapêuticas para o controle e tratamento das alterações internas da ATM. Nessas situações, a infiltração intra-articular com corticosteroides e hialuronato de sódio — o sal de sódio do ácido hialurônico, procedimento clínico conhecido como viscossuplementação — aparece como alternativa de tratamento menos invasiva quando comparada a procedimentos cirúrgicos da ATM. Dessa forma, o objetivo do presente estudo, por meio de uma revisão sistemática da literatura, foi analisar, dentro de um contexto de uma Odontologia baseada em evidências científicas, a efetividade das infiltrações intra-articulares com corticosteroides e hialuronato de sódio como tratamento para as alterações internas da ATM.

RESULTADOS A lista inicial de artigos contemplava 412 possíveis estudos. Após a aplicação dos critérios de inclusão, obteve-se nove estudos clínicos controlados randomizados,

Gráfico 1 - Delineamento dos estudos incluídos.

MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada uma busca computadorizada nas bases de dados MEDLINE, Cochrane, EMBASE, PubMed, Lilacs e BBO, no período compreendido de 1966 a outubro de 2010. Os descritores de pesquisa contemplavam termos amplamente utilizados dentro da linha de pesquisa proposta por esse estudo, sendo “corticosteroid”,

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Estudos clínicos

2

randomizados duplo7

cegos

Estudos clínicos randomizados cegos

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Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):128-33


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artigo inédito

Exercícios terapêuticos para controle da disfunção temporomandibular Alberto da Rocha Moraes1, Monique Lalue Sanches2, Eduardo Cotecchia Ribeiro3, Antonio Sérgio Guimarães4

Introdução: a disfunção temporomandibular (DTM) é uma doença multifatorial, geralmente com evolução benigna. Por esse motivo, é difícil a obtenção de um diagnóstico inicial preciso e correto, levando a um consenso na prescrição de tratamentos conservadores, entre eles, os exercícios terapêuticos, que são classificados em exercícios de alongamento, relaxamento, coordenação, fortalecimento e resistência. Objetivo: o objetivo desse estudo foi realizar uma revisão de literatura dos trabalhos que apresentam os tipos de exercícios disponíveis e sua eficácia para o tratamento das DTM musculares. Métodos: foi feito um levantamento bibliográfico, de 2000 a 2010, nas bases se dados Web of Science, PubMed, LILACS e BBO, cruzando os seguintes descritores: exercise, physical therapy, facial pain, myofascial pain syndrome e temporomandibular joint disfunction syndrome. Foram excluídos os trabalhos que não consideravam o tema exercícios e DTM, utilizavam exercícios pós-cirúrgicos e que não utilizavam critérios validados para o diagnóstico da DTM (RDC/TMD). Resultados: resultaram sete artigos, que mostraram que os exercícios terapêuticos foram efetivos para o tratamento de DTM muscular. No entanto, uma das limitações desses estudos foi a não utilização exclusiva dos exercícios durante o tratamento, mas sim sua associação com outros procedimentos conservadores. Outras dificuldades apresentadas foram as amostras pequenas, a falta de grupo controle e a não descrição minuciosa da realização do exercício quanto à intensidade, número de repetições, frequência e duração. Conclusão: apesar dos exercícios terapêuticos apresentarem eficácia no controle da DTM muscular, é necessário o desenvolvimento de ensaios clínicos randomizados sobre o assunto, pois, muitos dos trabalhos existentes ainda são baseados na experiência clínica do profissional. Palavras-chave: Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular. Síndromes da dor miofascial. Modalidades de fisioterapia. Exercício.

Como citar este artigo: Moraes AR, Sanches ML, Ribeiro EC, Guimarães AS. Therapeutic exercises for the control of temporomandibular disorders. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):134-9.

Especialista em DTM e Dor Orofacial, UNIFESP. 2 Especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, UNIFESP. 3 Doutor em Anatomia e Professor Associado, Departamento de Morfologia e Genética, UNIFESP. 4 Doutor em Morfologia, UNIFESP. 1

Enviado em: 1 9 de abril de 2011 - Revisado e aceito: 03 de dezembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Monique Lalue Sanches Rua Pereira da Nóbrega, 324 – Apto 43 – São Paulo/SP CEP: 01.549-020 – E-mail: moniquelsanches@uol.com.br

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Moraes AR, Sanches ML, Ribeiro EC, Guimarães AS

temporomandibular joint disfunction syndrome. As exigências para inclusão foram artigos que abordassem o diagnóstico de DTM muscular por meio de critérios validados e uso de exercícios terapêuticos para o seu tratamento. Foram excluídos os trabalhos que não consideravam o tema (exercícios e DTM), utilizavam exercícios pós-cirúrgicos e que estavam em outro idioma além do português ou inglês. Com base nessas informações, o objetivo do presente trabalho foi apresentar, por meio de uma revisão, os tratamentos com exercícios disponíveis para DTM muscular, bem como sua eficácia. O exercício terapêutico decorre da prescrição de se realizar contrações musculares e movimentos corporais com o propósito de melhorar a função geral do indivíduo, e de ajudá-lo a encontrar a necessidade apropriada desse exercício para sua vida diária. Isso compreende uma aplicação positiva e progressiva, e um ajuste do tipo e da quantidade de forças adequadas para o sistema corporal, com a finalidade de resolver a deficiência ao melhorar a função musculoesquelética, mantendo uma condição de bem-estar9. Os exercícios utilizados para o tratamento da DTM muscular têm a finalidade de diminuir a dor, melhorar a coordenação dos músculos da mastigação, reduzir o espasmo e a hiperatividade muscular, restaurar o comprimento muscular original, fortalecer a musculatura em questão e promover o reparo e a regeneração tecidual6,9,16-20.

INTRODUÇÃO Disfunção temporomandibular (DTM) é um termo coletivo, que abrange um largo espectro de problemas clínicos da articulação temporomandibular (ATM), dos músculos da mastigação e de estruturas associadas; é caracterizada, principalmente, por dor, sons na articulação e função irregular ou limitada da mandíbula1,2. Tem sua maior prevalência no sexo feminino, com idade predominante entre 20 e 45 anos3. Para fins didáticos, é subdividida pela Academia Americana de Dor Orofacial (American Academy of Orofacial Pain – AAOP) em DTM muscular e DTM articular, sendo a de origem muscular bem mais prevalente, podendo, também, ocorrer a presença concomitante de ambas1. Sua classificação é baseada em formas e métodos diversos, sendo uma das mais utilizadas a classificação elaborada por Dworkin et al.4, denominada Research diagnostic criteria for temporomandibular disorder (RDC/TMD). Pelo fato de ser considerada uma doença multifatorial, a DTM não apresenta fator etiológico específico, mas fatores de risco que afetam o equilíbrio dinâmico do sistema da mastigação. Os fatores de risco são distribuídos em traumáticos, anatômicos, fisiopatológicos e psicossociais1,3. Por esse motivo, e pelo fato de apresentar uma evolução benigna5, muitas vezes torna-se difícil a obtenção de um diagnóstico definitivo preciso e correto, o que leva a um consenso na prescrição de tratamentos conservadores e reversíveis, já que grande parte das DTMs é de origem muscular6-10. Esses tratamentos compreendem terapia de calor ou frio, terapia cognitivo-comportamental, uso de placas intrabucais e diversos tipos de exercícios físicos. No entanto, a evidência atual da eficiência dos exercícios é pobre, devido a um número limitado de estudos clínicos randomizados adequados11. Apesar disso, artigos recentes, com critérios mais bem elaborados, têm mostrado os reais efeitos dessa modalidade de tratamento, confirmando a efetividade de sua utilização5,6,7,9,10,12,13,14. Os exercícios são tratamentos de primeira escolha para os pacientes com DTM muscular devido ao seu baixo custo e boa efetividade9,15, já que alguns estudos mostraram que o tratamento da DTM muscular com placas estabilizadoras tem o mesmo prognóstico que com exercícios12,14. Com o intuito de analisar a eficácia e os tipos de exercícios disponíveis para o tratamento da DTM muscular, foi realizado um levantamento bibliográfico abrangendo o período de 2000 a 2010 dos trabalhos disponibilizados nas bases de dados Web of Science, PubMed, LILACS e BBO, cruzando-se os seguintes descritores: physical exercise, physical therapy, orofacial pain, myofascial pain e

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TIPOS DE EXERCÍCIOS Alongamento e relaxamento A finalidade desse tipo de exercício é diminuir a tensão das fibras musculares10. Pode ser realizado de maneira passiva, quando se tem auxílio na realização do movimento desejado; ou de maneira ativa, quando o movimento é realizado sem nenhum auxílio18. Esses exercícios são indicados quando existe limitação de amplitude de movimento e presença de dor1,18,19,21. O alongamento dos músculos levantadores da mandíbula é conseguido com o abaixamento mandibular (abrindo-se a boca)8,9. Esse é um exercício isotônico, porque apresenta um trabalho muscular dinâmico, onde há alternância rítmica entre a contração e o relaxamento22. Outra maneira de se alongar um músculo pode ser por meio da técnica de inibição recíproca, na qual os músculos que se opõem ao músculo que está sendo alongado são contraídos de forma isométrica (força de contrarresistência), ajudando, ativamente, o movimento

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Caso Clínico BBO

Tratamento ortodôntico compensatório de má oclusão de Classe II de Angle com mordida aberta posterior José Newton Torres1

O presente relato de caso aborda o tratamento de uma má oclusão de Classe II de Angle em paciente do sexo feminino, adulta, face longa, com mordida aberta posterior, e arcadas dentárias extremamente expandidas, decorrente de tratamento prévio. A não aceitação, por parte da paciente e de seus pais, de um tratamento envolvendo cirurgia ortognática levou à realização de camuflagem ortodôntica das discrepâncias esqueléticas. Esse caso clínico foi apresentado à Diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO) como parte dos requisitos para obtenção do título de Diplomado pelo BBO. Palavras-chave: Classe II de Angle. Mordida aberta anterior. Camuflagem ortodôntica.

O perfil era convexo, com ângulo nasolabial obtuso, ápice nasal levemente desviado para a direita, face longa, com ausência de selamento labial passivo, terço inferior da face aumentado e linha queixo-pescoço curta (Fig. 1). O exame intrabucal revelou a presença de má oclusão de Classe II, 1ª divisão de Angle, arcadas dentárias superior e inferior expandidas e assimétricas, sobressaliência de 6mm, mordida aberta posterior, com contato oclusal apenas nos segundos molares, e desgastes excessivos nas cúspides dos molares superiores e inferiores, devido a uma tentativa de ajuste oclusal (Fig. 1, 2). Os incisivos superiores e inferiores estavam protruídos e inclinados para vestibular, com arredondamento apical das raízes dos incisivos superiores (Fig. 3, 4, 5).

introdução Paciente do sexo feminino procurou tratamento com 18 anos e 7 meses de idade, com a queixa principal de que, após sete anos de tratamento com aparelhos removíveis, não estava satisfeita com o resultado final e não conseguia “mastigar os alimentos com os dentes posteriores”, engolindo a comida quase inteira, em grandes pedaços. Não havia dados relevantes em sua história médica. Diagnóstico A paciente apresentava um padrão esquelético de Classe II, caracterizado por deficiência mandibular, com ângulo ANB de 6o (SNA = 82o e SNB = 76o) (Tab. 1).

» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela ACD/Campinas. Diretor da

1

Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR). Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).

» A paciente que ilustra o presente artigo autorizou previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

Como citar este artigo: Torres JN. Compensatory orthodontic treatment of Angle Class II malocclusion with posterior open bite. Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):140-6.

© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics

Endereço para correspondência: José Newton Torres SCN Qd 2, bloco D, entrada A, sala 911 – Brasília / DF – CEP: 70.712-903 Email: torres.jn@terra.com.br

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caso clĂ­nico BBO

Torres JN

Figura 1 - Fotografias faciais e intrabucais iniciais.

Figura 2 - Modelos iniciais.

Š 2013 Dental Press Journal of Orthodontics

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tópico especial

Procedimentos para finalização em Ortodontia: dimensões e proporções dentárias (micro-estética) Roberto Carlos Bodart Brandão1, Larissa Bustamente Capucho Brandão2

Objetivo: o objetivo do presente artigo é descrever procedimentos que podem ser realizados para alcançar a excelência na finalização do tratamento ortodôntico. Delimita-se o assunto à micro-estética, que abrange o conceito das dimensões e proporções dentárias ideais (estética branca) e sua correlação com o periodonto (estética vermelha). Padrões de normalidade são descritos tanto em suas dimensões reais (altura e largura dentária), como naquelas efetivamente percebidas pelo observador, as dimensões virtuais. Métodos: buscou-se na literatura a melhor evidência científica para embasar os procedimentos clínicos que devem nortear o profissional para obter a máxima qualidade estética nos tratamentos. E, para tanto, há necessidade de investigar o que as demais especialidades da Odontologia esperam da Ortodontia e, principalmente, o que têm a oferecer. Casos clínicos serão utilizados para ilustrar a movimentação dentária que pode maximizar o resultado final do tratamento, e para confrontar com os padrões ideais para o estado da arte atual. Conclusão: conclui-se que a qualidade do tratamento está diretamente relacionada à soma de procedimentos implementados pelo ortodontista, associados a conceitos e recursos da Periodontia e Prótese Dentária. A micro-estética não pode ser vista de forma isolada, mas sim como parte fundamental para se estabelecer um sorriso agradável (mini-estética), uma face harmoniosa (macro-estética) e um ser humano com autoestima elevada (hiper-estética). Palavras-chave: Ortodontia. Odontologia. Estética dentária. Sorriso.

Como citar este artigo: Brandão RCB, Brandão LBC. Finishing procedures in Orthodontics: dental dimensions and proportions (microesthetic). Dental Press J Orthod. 2013 Sept-Oct;18(5):147-74.

Enviado em: 5 de agosto de 2013 - Revisado e aceito: 30 de agosto de 2013 » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Doutor em Ortodontia pela UNESP/Araraquara. Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professor de Ortodontia da UFES. Diretor do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO). 2 Especialista em Ortodontia pela UFF.

Endereço para correspondência: Roberto Carlos Bodart Brandão Av. Américo Buaiz, 501/1007 – Torre Norte – Enseada do Suá CEP: 29.050-911 – Vitória/ES E-mail: consultorio@ortobrandao.com.br

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tópico especial

Procedimentos para finalização em Ortodontia: dimensões e proporções dentárias (micro-estética)

Também tivemos a oportunidade de abordar os princípios fundamentais que norteiam a finalização em Ortodontia em uma entrevista9, na qual afirmamos que a finalização começa antes mesmo do aparelho ser colocado, por mais paradoxal que isso possa parecer. Na maioria das vezes, nos preocupamos com a finalização nos últimos meses do tratamento ortodôntico, especialmente quando são colocados os arcos retangulares. Quando isso ocorre, perdeu-se tempo e oportunidades que poderiam abreviar e otimizar a finalização. Um planejamento consistente e uma montagem individualizada dos aparelhos definem uma melhor finalização. E vale relembrar que o início do tratamento é quando temos a maior colaboração do paciente; quando deixamos para exigir essa colaboração nos momentos finais do tratamento, já temos um paciente cansado e, muitas vezes, desmotivado9. Uma divisão interessante do assunto estética em Ortodontia é aquela apresentada por Sarver e Ackerman48, que a dividiram em três partes: 1) Micro-estética, que envolve o aspecto dentário, considerando a disposição dos dentes nas arcadas, sua cor, forma, dimensões e proporções; 2) Mini-estética, que abrange a estética do sorriso, como os dentes são expostos e percebidos na dinâmica do sorriso, especialmente sua relação com os lábios; 3) Macro-estética, que nos remete à face, sua harmonia e proporções, e o impacto estético das diversas estruturas que a compõem (Fig. 1). Nesse artigo, discutiremos, dentro do tópico Procedimentos ortodônticos estéticos, a abordagem da Micro-estética, especialmente as dimensões e proporções dentárias, com seus desdobramentos.

INTRODUÇÃO O assunto finalização em Ortodontia é tanto instigante quanto extenso. Afinal, trata-se de alcançar os objetivos do tratamento ortodôntico, buscar a excelência dos resultados, justificar todo o investimento financeiro do paciente e, por conseguinte, uma prévia indicação profissional, para que novos tratamentos possam ser iniciados. Finalizar de maneira adequada os casos é investir na longevidade profissional, manter-se no seu local de trabalho com a aprovação da sociedade — colegas e pacientes, em um mercado cada vez mais competitivo, como uma previdência privada no seu verdadeiro sentido, qual seja: preparar o futuro. Por ser muito abrangente, a finalização do tratamento ortodôntico deve ser discutida em quatro tópicos diferentes e, ao mesmo tempo, complementares: 1) Princípios fundamentais. 2) Procedimentos ortodônticos estéticos. 3) Abordagens transdisciplinares. 4) Ajuste oclusal. Começamos a discutir o tema finalização em ordem inversa, quando publicamos o artigo Ajuste oclusal na Ortodontia: por que, quando e como8. Essa ordem inversa foi proposital. Se o ortodontista pretende fazer um tratamento rápido e estável, deve-se começar de trás para a frente, ou seja, estabelecer o quanto antes a melhor intercuspidação em molares, depois pré-molares, viabilizando a perfeita chave de caninos. Dessa forma, primeiro estabelece-se uma oclusão estável, reproduzível e sem contatos prematuros. Esse é o alicerce do sucesso na finalização; os procedimentos estéticos só serão plenos e duráveis se houver estabilidade na oclusão dentária8.

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Figura 1 - Abordagens estéticas segundo Sarver e Ackerman48: A) Macro-estética, busca a harmonia das estruturas faciais; B) Mini-estética, avaliada pelas estruturas bucais que compõem o sorriso; C) Micro-estética, relacionada aos dentes e ao periodonto.

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tópico especial

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a completa excelência em todos os casos tratados, mesmo que isso seja uma utopia. Se prepararmos todos os casos pensando que serão apresentados para o exame do BBO, certamente muitos deles não alcançarão o grau de excelência, por diversos fatores, mas haverá um ortodontista muito melhor em seu desempenho clínico, a ponto de alcançar a certificação de excelência. A micro-estética não pode ser vista de forma isolada, mas sim como parte fundamental para se estabelecer um sorriso agradável (mini-estética) e uma face harmoniosa (macro-estética). A maior preocupação deve ser sempre o paciente, com seus anseios não apenas atendidos, mas superados, pelo profissional. Nossas preocupações e ações são medidas em milímetros, mas podem fazer toda a diferença na qualidade de vida das pessoas. Conseguir elevar a autoestima de um ser humano, por meio do tratamento odontológico integrado, poderia ser considerado um objetivo, que talvez possamos chamar de “hiper-estética”.

CONCLUSÕES A micro-estética diz respeito às abordagens de tratamento mais diretamente relacionadas à Ortodontia e às demais especialidades odontológicas que lidam com estética, e seu domínio deve fazer parte do alicerce para a boa prática do dentista. O desafio é utilizar todos os parâmetros disponíveis, aqueles preconizados pelas diferentes especialidades da Odontologia, e aplicar esses conceitos em cada caso tratado. Não é um detalhe que define a excelência, mas a soma de muitos deles. Nesse artigo, buscou-se descrever ideais de proporções e dimensões dentárias, e suas interações com o periodonto, a serem considerados pelo ortodontista para a finalização dos tratamentos. Muitos desses aspectos estão fora do espectro de modificação que o aparelho ortodôntico poderia provir e totalmente dependentes da intervenção de periodontistas e protesistas. Portanto, há necessidade de se agregar conceitos e definir padrões, que devem ser seguidos pela equipe de profissionais, para que não se perca tempo com procedimentos desnecessários ou contraditórios. Nas mesas clínicas dos casos aprovados no American Board of Orthodontics (ABO) e no Board Brasileiro de Ortodontia (BBO), que são expostas em congressos, está a frase: “Todos os casos tratados ortodonticamente têm algum defeito, e os casos expostos representam o esforço de profissionais para alcançar a certificação de excelência”. Isso quer dizer que devemos buscar, sempre,

Agradecimentos Os autores gostariam de agradecer e homenagear Vincent G. Kokich, que representou não apenas a busca pela excelência na Ortodontia, com seus artigos e palestras brilhantes, mas, principalmente, o pensamento crítico e a busca pela melhor evidência científica que deve nortear as decisões que nós precisamos tomar todos os dias em nossos consultórios. Agradecimentos especiais a Telma Martins de Araújo, Lícia Pacheco Teixeira, Gabriela Cassaro de Castro, pela preciosa ajuda na elaboração desse trabalho.

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6. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser citados, no texto, como figuras. — devem ser enviados os arquivos que contêm as versões ori-

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7. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar, o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada tabela. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável). 8. Comitês de Ética — os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao parecer do Comitê de Ética da instituição.

Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.

9. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Permissão para uso de imagens protegidas por direitos autorais Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de material com direitos autorais devem vir acompanhadas da permissão de uso pelos proprietários desses direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar corretamente o crédito à fonte). — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. Fotografias de pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por uma autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsáveis, no caso de menores de idade. Essas autorizações devem ser guardadas indefinidamente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser enviada folha de rosto atestando o fato de que todas as autorizações dos pacientes foram obtidas e estão em posse do autor correspondente.

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Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.

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Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos 1. O registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.

controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org. au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials. gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal. 3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www. who.int/ictrp/en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup. htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.

2. Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ ictrp/network/en/index.html), com interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e

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Atenciosamente, David Normando, CD, MS, Dr Editor-chefe do Dental Press Journal of Orthodontics ISSN 2176-9451 E-mail: davidnormando@hotmail.com

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