Volume 19, Number 1, Jan / Feb 2014 / Portuguese version
Official Journal of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics Official Journal of the Brazilian Board of Orthodontics
Brazil international forum São Paulo, 11-12 de abril de 2014
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Volume 19, Number 1, January / February 2014 / Portuguese version
Official Journal of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics Official Journal of the Brazilian Board of Orthodontics
Dental Press J Orthod. 2014 January/February;19(1):1-140
ISSN 2176-9451
Dental Press Journal of Orthodontics - Qualis / CAPES: B2 - Interdisciplinar B2 - Enfermagem B3 - Odontologia B3 - Saúde Coletiva
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desde 2008
desde 2008
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Dental Press Journal of Orthodontics v. 1, n. 1 (set./out. 1996) - . -- Maringá : Dental Press International, 1996 Bimestral ISSN 2176-9451 1. Ortodontia - Periódico. I. Dental Press International. CDD 617.643005
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Seções Editorial
Entrevista
1
10
A redação de um artigo científico: por onde começar?
Uma entrevista com Kazuo Tanne
David Normando
Caso Clínico BBO Orthodontics Highlights
2 Destaques da literatura ortodôntica mundial Matheus Melo Pithon
Insight Ortodôntico
5 A distribuição das forças é mais importante que sua intensidade! Alberto Consolaro
113 Tratamento ortodôntico compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com mordida cruzada anterior José Valladares Neto
Tópico Especial
123 Qualidade de vida dos pacientes ortodônticoscirúrgicos: a busca por um diagnóstico global José Augusto Mendes Miguel, Nathália Barbosa Palomares, Daniela Feu
Ortodontia Baseada em Evidência
8 O que significa esse “p” (pezinho)? José R. P. Lauris
Artigos
19
36
Tratamento dos componentes dentários e esqueléticos da
Efeitos dentoesqueléticos do tratamento da má
Classe II associada a mordida aberta anterior com aparelho
oclusão de Classe II com o aparelho Twin Block em jovens
de Thurow modificado
brasileiros: um estudo prospectivo
Helder Baldi Jacob, Ary dos Santos-Pinto, Peter H. Buschang
Luciano Zilio Saikoski, Rodrigo Hermont Cançado, Fabrício Pinelli Valarelli, Karina Maria Salvatore de Freitas
26 Avaliação da maxila após expansão rápida em
46
crianças em crescimento usando tomografia
Alterações dentoesqueléticas de pacientes com
computadorizada de feixe cônico
retrognatismo mandibular após tratamento
Jessica L. Woller, Ki Beom Kim, Rolf G. Behrents, Peter H. Buschang
com Herbst e aparelho fixo pré-ajustado Fabio de Abreu Vigorito, Gladys Cristina Dominguez, Luís Antônio de Arruda Aidar
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Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
55
86
Prevalência de anomalias dentárias de número em diferentes subfenótipos da fissura isolada de palato (fissura pós-forame incisivo)
Comparação da fricção produzida por dois tipos de protetores de braquetes ortodônticos
João Paulo Schwartz, Daniele Salazar Somensi, Priscila Yoshizaki,
Patricia Bittencourt Dutra dos Santos, Fábio Henrique de Sá Leitão Pinheiro
Steyner de Lima Mendonça, Otávio José Praxedes Neto, Patricia Teixeira de Oliveira,
Luciana Laís Savero Reis, Rita de Cássia Moura Carvalho Lauris, Omar Gabriel da Silva Filho, Gisele Dalbén, Daniela Gamba Garib
92
60
Avaliação da movimentação dentária induzida após trauma de subluxação: estudo experimental em ratos
Os braquetes autoligáveis estão relacionados com menor formação de colônias de Streptococcus mutans? Uma Revisão Sistemática
Mauro Carlos Agner Busato, Alex Luiz Pozzobon Pereira, Celso Koogi Sonoda,
Leonard Euler Andrade Gomes do Nascimento, Margareth Maria Gomes de Souza,
100
Angela Rita Pontes Azevedo, Lucianne Cople Maia
69 Propriedades mecânicas de fios de NiTi e CuNiTi com efeito memória de forma utilizados em tratamentos ortodônticos. Parte 2: avaliação microscópica das superfícies e características metalográficas Marco Abdo Gravina, Cristiane Canavarro, Carlos Nelson Elias, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves, Ione Helena Vieira Portella Brunharo, Cátia Cardoso Abdo Quintão
77 Comparação da resistência ao cisalhamento e das superfícies do esmalte decorrentes de colagem e descolagem de braquetes cerâmicos e metálicos José Maurício da Rocha, Marco Abdo Gravina, Marcio José da Silva Campos, Cátia Cardoso Abdo Quintão, Carlos Nelson Elias, Robert Willer Farinazzo Vitral
Osmar Aparecido Cuoghi, Marcos Rogério de Mendonça
Estudo fotoelástico comparativo das ancoragens dentária e esquelética na retração do canino Cristiane Aparecida de Assis Claro, Rosana Villela Chagas, Ana Christina Elias Claro Neves, Laís Regiane da Silva Concílio
106 Tratamento de transposição de canino e incisivo lateral e inclusão de incisivo central: relato de caso Tarcisio Jacinto Gebert, Vinícius Canavarros Palma, Alvaro Henrique Borges, Luiz Evaristo Ricci Volpato
editorial
A redação de um artigo científico: por onde começar? “Era só começo o nosso fim.” (Yuri Popoff, contrabaixista e compositor mineiro)
Desenhe. Isso mesmo. Faça um traçado estratégico, um esqueleto, de todas as informações que deseja apresentar, e defina a localização de cada item dentro da estrutura do texto. Lembre-se de manter a conclusão em mente. À medida que encontre alguma informação interessante, primeiro pergunte a si mesmo se esse conhecimento é realmente importante para a compreensão do texto. Somente depois da resposta afirmativa e convincente, indique a posição desse questionamento na estrutura do texto. Dentro da estrutura IMRaD (Introdução, Metodologia, Resultados e Discussão), depois da conclusão, normalmente, passo para os resultados, em seguida, à discussão e ao material e métodos. A introdução será a última parte. Em todos esses capítulos, não tenha receio de cortar gorduras. O pesquisador tem, geralmente, dificuldade de descartar dados de seu experimento que não produziram informação útil, assim como há dificuldade em entender que dar um passo atrás, buscando uma nova informação, pode ser fundamental para o sucesso do estudo. Cortar dados excessivos facilita, sobremaneira, a redação do manuscrito. Deixe o título para o final. Você pode, até, redigir um título provisório, porém, quando o texto estiver pronto, analise se o título está adequado para informar, principalmente, o que se apresenta na conclusão do estudo. Entenda que o título é o resumo do resumo, porém não o alongue mais do que o necessário. Títulos longos, tal qual textos longos, suscitam o desinteresse do leitor. O título não precisa, necessariamente, comunicar tudo. Releia o título do presente editorial. Tudo bem, não é uma pesquisa. O editorial tem mais liberdade para devaneios. Mas, analise-o. No texto não há relato, apenas, de como iniciar a redação de um manuscrito. Existem outras informações importantes. É bem provável que se eu as tivesse inserido no título, o nosso começo teria chegado ao fim, já nas primeiras palavras.
Não é objetivo, nas próximas linhas, transformar o nosso leitor em um escritor contumaz de artigos científicos. A redação científica requer prática, e existem bons cursos para conduzir-nos por atalhos. No entanto, existem alguns conselhos importantes, que repasso pelas experiências que vivo como revisor, editor e, principalmente, como autor. A boa pesquisa científica começa com uma ideia original, executada por meio de um robusto conjunto de métodos. Diante de uma boa pergunta, a resposta virá de forma mais interessante. Se você encontrou a resposta de maneira confiável, falta apenas uma pequena dose de comunicação eficiente. Já tive contato com excelentes trabalhos que se perderam por uma redação deficiente, como, também, boas redações tentando salvar trabalhos deficientes, o que é mais corriqueiro. O corpo editorial terá mais interesse em corrigir problemas na redação do que deficiências metodológicas. Por onde começar a redigir? Que tal pelo fim? Sim, pela conclusão. Uma das falhas mais comuns, no meu entendimento, é começar a redação pela introdução. Como apresentaremos algo, se ainda não sabemos o que é? Esse caminho rotineiro decorre, em minha opinião, de tentarmos aproveitar o projeto que deu origem ao estudo, ora em redação. A consequência é uma introdução longa e distante da mensagem principal de seu trabalho: a conclusão. Então, começar pela conclusão incute em sua mente o desenho de um caminho que você deseja descortinar ao seu leitor. Seguindo, mantenha a conclusão em mente para redigir todo o artigo, mas seja breve e linear. Um dos erros mais comuns na redação científica é ser prolixo, escrever mais do que o necessário, principalmente na introdução. O pesquisador vive intensamente o que faz, dorme e sonha com os objetos de seu experimento ou observação. Por uma inebriante osmose, passa a acreditar que tudo o que escreve é importante. Convém, então, se colocar no lugar do outro, do leitor. Nesse caso, menos é mais. Vivemos na era da comunicação rápida. Textos curtos e palavras certas são mais apropriados. Então, simplesmente, leia e releia o que escreveu e corte, sem medo ou complexo de culpa, tudo que imaginar não ser importante para a compreensão do texto. Muitas revistas científicas de maior impacto na ciência, como a Nature e Science, estão solicitando submissões com um texto bem menor do que nos deparamos na Odontologia. Há um bom motivo.
© 2014 Dental Press Journal of Orthodontics
David Normando – editor-chefe (davidnormando@hotmail.com)
Como citar esta seção: Normando D. Writing a scientific paper: Where to start from? Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):1.
1
Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):1
orthodontics highlights Matheus Melo Pithon*
Esses resultados nos trazem um certo conforto e nos dão um maior poder de convencimento frente aos pacientes quando esses se mostrarem resistentes à realização desse procedimento.
desgasTe inTerproXimal não aumenTa susceTibilidade À cárie denTária Durante a realização do tratamento ortodôntico, um procedimento comumente praticado pelos ortodontistas é o desgaste interproximal. Entre suas indicações, tem-se a adequação do tamanho dentário quando há presença de discrepância de Bolton; obtenção de espaços na arcada em casos limítrofes, mostrando-se uma opção às extrações dentárias; recontornos dentários para eliminação de triângulos negros; transformação de caninos em incisivos laterais quando da ausência desses últimos; entre outras situações clínicas em que se faz necessário. Apesar de sua ampla aceitação, dúvidas persistem entre pacientes e ortodontistas. Esse procedimento deixaria o dente mais rugoso e mais suscetível a lesões de cárie dentária? Na busca de resposta a esse questionamento, pesquisadores alemães e gregos desenvolveram uma revisão sistemática1 focando a avaliação da rugosidade do esmalte e sua suscetibilidade a cárie com e sem desgastes interproximais. Segundo os autores, foi difícil tirar conclusões a respeito da rugosidade com e sem desgastes interproximais, em virtude da heterogenicidade dos estudos. No entanto, no que tange a suscetibilidade a cárie, não foram encontradas evidências científicas nem diferenças estatísticas entre os grupos sem e com desgastes interproximais.
A
miniplacas e mini-implanTes por palaTino são dolorosos e desconforTáveis para os pacienTes É indiscutível a importância dos dispositivos de ancoragem esquelética na Ortodontia contemporânea. Más oclusões consideradas de difícil tratamento, no passado, passaram a ser consideradas de fácil resolução com uso desses dispositivos. Nesse contexto, mini-placas e mini-implantes tornaram-se populares. A escolha de um ou outro dispositivos está, na grande maiorias das vezes, relacionada à preferência pessoal do ortodontista. Alguns profissionais alegam maior poder de movimentação com o uso das placas, outros dizem que conseguem os mesmos resultados com os mini-implantes, sem exigir uma etapa cirúrgica. No entanto, quais desses dispositivos seriam mais confortáveis aos pacientes? Buscando resposta a esse questionamento, pesquisadores japoneses desenvolveram um estudo clínico2, onde avaliaram a dor e o desconforto pós-instalação de mini-placas e mini-implantes por vestibular e por palatino (Fig. 1). Após a instalação dos diferentes
B
C
Figura 1 - Fotografias intrabucais. A) Mini-placa inserida por vestibular. B) Mini-implante inserido por vestibular. C) Mini-implante inserido no palato. (Fonte: Kawaguchi et al.2, 2013).
Enviado em: 10 de dezembro de 2013 - Revisado e aceito: 17 de dezembro de 2013
Como citar esta seção: Pithon MM. Orthodontics highlights. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):2-4.
Professor de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
Endereço para correspondência: Matheus Melo Pithon Av. Otávio Santos, 395 – Sala 705 – Vitória da Conquista/BA – CEP: 45020-750 E-mail: matheuspithon@gmail.com
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2
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orthodontics highlights
biocompatibilidade e liberação de flúor. Apesar de tantas características favoráveis, melhorias ainda são bem vindas. Uma melhoria em particular agilizaria, e muito, o procedimento de montagem do aparelho, que seria a fotopolimerização em tempo reduzido. Os materiais de colagem atuais necessitam de fotopolimerização por cerca de 20 a 40 segundos. Pode parecer pouco tempo, no entanto, pensando-se na colagem de todos dentes de uma boca, a redução do tempo de fotopolimerização de cada unidade faria uma diferença imensa ao final de um dia de atendimento clínico. Na busca de melhorias nesse quesito, pesquisadores brasileiros realizaram um estudo in vitro onde desenvolveram um compósito experimental com diferentes concentrações de sal de iodônio, com a proposta de verificar se a adição desse sal possibilitaria a fotopolimerização em menor tempo, sem perda das características mecânicas desses materiais4. Os resultados demonstraram que a adição do sal de iodônio aumenta a resistência de colagem de compósitos fotopolimerizados por 8 segundos quando comparados a compósitos sem esse sal. Esse estudo abre perspectivas futuras no desenvolvimento de compósitos com tempo de fotopolimerização reduzido.
Intrusão dentária não promove alterações pulpares significativas Já é sabido e bem documentado na literatura a ocorrência de alterações pulpares associada a movimentação dentária ortodôntica. Diferentes movimentos dentários podem promover alterações pulpares diversas. Um movimento em especial está, muita vezes, associado a alterações de maior magnitude, que é o movimento de intrusão. Mas, qual seria a real implicação desse movimento e de diferentes magnitudes de força na polpa dentária? Autores chineses se propuseram a avaliar essas situações em um estudo clínico5, onde foi realizado movimento intrusivo em pré-molares que seriam extraídos por razões ortodônticas com diferentes magnitudes de força (Fig. 3). Os resultados encontrados demonstraram vitalidade pulpar nos dentes intruídos sem a ocorrência de necrose pulpar. Esses resultados são importantes, no entanto, devem ser analisados com cautela e não extrapolados para todos os dentes da arcada, uma vez que o comportamento dos incisivos pode ser diferente dos pré-molares. Avaliação em dentes anteriores faz-se necessária em virtude desses elementos serem os mais comumente intruídos ortodonticamente.
A
B
Figura 3 - Aparelho utilizado para promover a intrusão. A) Vista lateral do aparelho. B) Vista oclusal do aparelho composto por barra transpalatina. (Fonte: Han et al.5, 2013).
Referências 1.
Koretsi V, Chatzigianni A, Sidiropoulou S. Enamel roughness and
congenitally missing maxillary lateral incisors. Progress in Orthodontics
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review. Orthod Craniofac Res 2013. 2.
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Kawaguchi M, Miyazawa K, Tabuchi M, Fuyamada M, Goto S.
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Questionnaire survey on pain and discomfort after insertion of
experimental composites with an iodonium salt. Eur J Orthod 2013.
orthodontic buccal miniscrews, palatal miniscrews and, orthodontic 3.
Costa AR, Vedovello-Filho M, Correr AB, Vedovello SA, Puppin-Rontani
5.
Han G, Hu M, Zhang Y, Jiang H. Pulp vitality and histologic changes
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Rosa M, Olimpo A, Fastuca R, Caprioglio A. Perceptions of dental
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professionals and laypeople to altered dental esthetics in cases with
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4
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insight ortodôntico
A distribuição das forças é mais importante que sua intensidade! Alberto Consolaro1
Um questionamento comum sobre as reabsorções radiculares na prática ortodôntica: “O que é mais importante? A intensidade das forças aplicadas ou sua distribuição ao longo das estruturas radiculares, periodontais e alveolares?” A distribuição difusa das forças aplicadas sobre os tecidos periodontais durante o movimento dentário de corpo tende a não promover extensas áreas de hialinização da matriz extracelular, nem morte significativa de cementoblastos que levariam à reabsorção radicular. Porém, a distribuição focal ou concentração de forças — como nas inclinações, mesmo nas de menor intensidade — em uma área restrita tende a induzir áreas extensas de hialinização e morte focal de cementoblastos, associando-se mais comumente à reabsorção radicular. Nos movimentos de inclinação, as áreas apicais, por sua menor dimensão da estrutura radicular e sua forma cônica, tendem a concentrar mais ainda as forças e lesar cementoblastos, aumentando a frequência das reabsorções radiculares. Na região cervical, a maior área decorrente do maior diâmetro e a deflexão óssea da crista óssea tendem a reduzir os efeitos das forças, mesmo quando mais concentradas, muito raramente induzindo a morte de cementoblastos e reabsorções radiculares. Palavras-chave: Forças ortodônticas. Movimentação dentária induzida e reabsorções radiculares.
forças pesadas na prática clínica: são incomparáveis as forças ortodônticas com as do trauma oclusal ou do traumatismo dentário. Para movimentar os dentes, requer-se excitar, estimular ou, ainda, estressar as células do ligamento periodontal para que aumentem a produção local de mediadores, normalmente liberados para comunicação intercelular. Os mediadores aumentados localmente aceleram o metabolismo e a atividade reabsortiva na face periodontal do osso fasciculado, também conhecido como osso alveolar propriamente dito, ou ainda como osso primário e embrionário. Essa atividade aumentada na área em que o ligamento está comprimido acaba por unidirecionar o movimento dentário de acordo com o objetivo da aplicação clínica dessa força1.
O ligamento periodontal tem uma espessura média de 0,25mm (250µm), com medidas que variam a partir de 0,2 a 0,4mm (200 e 400µm). De forma uniforme, o ligamento periodontal compreende uma verdadeira membrana de tecido conjuntivo fibroso altamente especializado, cujo volume total é 50% ocupado por vasos sanguíneos, entre os quais predominam as vênulas e os capilares. Esses vasos são os que apresentam as paredes mais finas e mais fáceis de serem comprimidas, determinando rápidas mudanças no fluxo sanguíneo do ligamento periodontal, mesmo quando frente à ação de forças de menor magnitude. A respeito das forças aplicadas durante o movimento ortodôntico, elas quase sempre apresentam uma dimensão muito pequena, mesmo quando são referidas como
1
Como citar este artigo: Consolaro A. Force distribution is more important than its intensity. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):5-7.
Professor Titular da Faculdade de Odontologia de Bauru-USP e da Pós-graduação da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto-USP.
Enviado em: 20 de novembro de 2013 Revisado e aceito: 29 de novembro de 2013
» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
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Endereço para correspondência: Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br
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insight ortodôntico
Consolaro A
inclinação, não há deflexão óssea, e a estrutura radicular é mais estreita e afilada. Nessa região, a possibilidade de colabamento dos vasos é muito maior que na região cervical. Essas são as razões por que as reabsorções radiculares na prática ortodôntica são muito mais comuns no terço apical e raríssimas no terço cervical! Quando se questiona qual é o fator mais importante na etiopatogenia das reabsorções entre a intensidade ou a distribuição das forças, deve-se sempre ressaltar que a distribuição é muito mais importante. Forças leves e concentradas promovem reabsorções, e as intensas bem distribuídas não danificam as estruturas periodontais a ponto de matar cementoblastos — o fenômeno inicial dos processos reabsortivos radiculares.
Forças de inclinação As forças aplicadas intencionalmente para se ter movimentos de inclinação tendem a concentrar forças em uma menor área periodontal. Os riscos de colabamento dos vasos, de células morrerem e de estabelecimento de áreas de hialinização da matriz extracelular serão muito maiores. A raiz dentária tem os cementoblastos como os protetores de sua integridade estrutural. Sem receptores para os mediadores da reabsorção óssea em sua membrana, os cementoblastos ficam à margem dos fenômenos teciduais observados na movimentação dentária. Quando, eventualmente, os cementoblastos morrem por forças que fecham os vasos que os nutrem e/ou que os deforme de forma letal, teremos a reabsorção radicular com o desnudamento e exposição da superfície dentária voltada para o ligamento periodontal. Nos ápices dentários, pela configuração espacial cônica, as forças ortodônticas tendem a se concentrar mais, mesmo que o objetivo tenha sido um movimento de corpo. Ou seja, quando as forças atuam em uma menor área, concentram-se e aumentam a possibilidade de eliminar cementoblastos, aumentando a frequência de reabsorções radiculares nessa região.
Consideração final A distribuição difusa das forças aplicadas sobre os tecidos os periodontais durante o movimento ortodôntico tende a não promover extensas áreas de hialinização da matriz extracelular e nem morte significativa de cementoblastos que levariam à reabsorção radicular. No entanto, a distribuição focal ou concentração de forças, mesmo as menos intensas, em uma área restrita, tende a induzir áreas mais extensas de hialinização, assim como morte focal de cementoblastos, se associando mais comumente com a reabsorção radicular. Nas áreas apicais, a menor dimensão da estrutura radicular e a forma cônica do ápice tende a concentrar as forças e lesar cementoblastos, associando-se com frequência a reabsorções radiculares. Por sua vez, na região cervical, a maior área decorrente do maior diâmetro e a deflexão óssea da crista óssea tendem a reduzir os efeitos das forças mesmo quando mais concentradas, induzindo muito raramente a morte de cementoblastos e, em consequência, as reabsorções radiculares. Alguns trabalhos clínicos e imaginológicos comparando técnicas, formato de raiz e ápice, assim como o tipo de movimento e de forças aplicadas, poderiam fundamentar de forma aplicada e direta esses raciocínios e insights sobre o tema “intensidade e distribuição das forças ortodônticas e suas consequências nas estruturas radiculares e periodontais: estudo comparativo de acordo com vários protocolos terapêuticos aplicados”.
Distribuição e intensidade de força nas reabsorções radiculares Nas forças ortodonticamente aplicadas, o clínico deve se preocupar muito mais com a distribuição do que com sua intensidade quanto à preocupação em induzir mais ou menos reabsorções radiculares. Se priorizar sempre o aplicar de movimentos de corpo, mesmo sabendo que esse nunca será obtido plenamente, pois sempre haverá um certo grau de inclinação, a distribuição das forças será muito melhor do que quando se pretender primariamente aplicar um movimento de inclinação. Os movimentos de inclinação tendem a concentrar forças nas regiões apicais e cervicais. Nesses casos, se estabelecem áreas de hialinização da matriz extracelular e morte de eventuais ou numerosos cementoblastos. Movimentos de inclinação estão mais associados a reabsorções radiculares apicais. A forma cônica do terço apical favorece a maior concentração de forças nessa região, com morte de cementoblastos com maior frequência do que no terço cervical. Os maiores diâmetro e área do terço cervical e a maior capacidade de deflexão da crista óssea aliviam os efeitos das forças mais concentradas nos movimentos de inclinação. No terço apical, em movimentos de
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Referências 1.
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Ortodontia Baseada em Evidência
O que significa esse “p” (pezinho)? José R. P. Lauris*
A maioria dos profissionais da área da saúde tem certa resistência à Estatística. Nada de incoerente nisso, se gostassem de matemática teriam escolhido como profissão alguma carreira da área de Ciências Exatas. Os cirurgiões-dentistas não são diferentes e, em sua maioria, preferem evitar uma maior proximidade e consequente entendimento da Estatística. Sem dúvida, muitos procedimentos estatísticos envolvem cálculos complexos e de difícil compreensão para quem não é da área. Acontece que, assim como para utilizar um carro não precisamos entender os intrincados componentes mecânicos, elétricos e eletrônicos que o compõe, para utilizar a Estatística como ferramenta de interpretação do resultado de uma pesquisa, não precisamos entender detalhes das fórmulas que levaram àquele resultado. Um importante conceito na interpretação de um artigo é distinguir o que é a parte de Estatística “descritiva” e o que é a parte da Estatística “indutiva” ou “inferencial”. Estatística descritiva são todos os procedimentos que visam a descrever os dados coletados na amostra utilizada na pesquisa. Os principais recursos estatísticos nessa área são: tabelas, gráficos, parâmetros como a média, o desvio-padrão, mediana, coeficiente de correlação, frequência absoluta (n), frequência relativa (%), etc. Já a estatística indutiva aparece no artigo na forma do valor de “p”, e nos ajuda a concluir os resultados da pesquisa para a população representada pela amostra. Como exemplo, vamos supor que o pesquisador queira verificar o efeito de determinado tratamento ortodôntico no valor do ângulo SNA dos pacientes.
Quando se lê no artigo que a média do ângulo SNA pré-tratamento de uma amostra de 30 sujeitos é igual a 81,5°, esse é o valor médio encontrado pelo pesquisador na amostra estudada. Supondo que a média pós-tratamento seja 80,5°, o pesquisador pode concluir que nos pacientes tratados durante a pesquisa houve uma redução média de 1° no SNA. Esses resultados são procedimentos de estatística descritiva. A estatística descritiva descreve os dados coletados e, portanto, só se refere aos sujeitos participantes da pesquisa. Não envolve qualquer cálculo de probabilidade, pois não há envolvimento de erro probabilístico. Dessa forma, pôde-se concluir que nos pacientes tratados houve uma redução média de 1°, porque isto foi observado pelo pesquisador. Contudo, em uma pesquisa queremos chegar a uma conclusão não só para quem participou da pesquisa (amostra), mas sim para todos os outros sujeitos que não participaram da pesquisa (população), mas que possam necessitar daquele tipo de tratamento. Fazer indução em Estatística é concluir para a população com base no resultado obtido para a amostra. Fazemos indução no nosso dia a dia de forma intuitiva. Por exemplo, quando namoramos uma pessoa por dois anos e decidimos nos casar com essa pessoa, estamos fazendo indução. Isso porque avaliamos os dois anos de convivência (amostra) com essa pessoa, que foram bons, e concluímos que a convivência pelo resto da vida (população) será boa. O problema é que ao fazermos indução (extrapolar o resultado de uma
Como citar esta seção: Lauris JRP. What is the meaning of this lowercase ‘p’? Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):8-9.
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Endereço para correspondência: José R. P. Lauris E-mail: jrlauris@fob.usp.br
Enviado em: 5 de dezembro de 2013 - Revisado e aceito: 15 de dezembro de 2013
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Professor, Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva, Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo.
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entrevista
uma entrevista com
Kazuo Tanne » » » »
Graduado em Odontologia pela Universidade de Osaka. PhD em Ortodontia pela Universidade de Osaka. Presidente da Sociedade Asiática de Ortodontia. Ex-chefe do Departamento de Ortodontia e Biologia do Desenvolvimento Craniofacial da Universidade de Hiroshima, no Japão.
O professor Kazuo Tanne é graduado em Odontologia pela Universidade de Osaka, onde também se graduou como PhD em Ortodontia. Entre os anos de 1985 e 1987, atuou como Professor Visitante, sob a chefia do professor Charles J. Burstone, na Universidade de Connecticut, nos Estados Unidos. De primeiro de julho de 1993 até 31 de março de 2013, ocupou o cargo de Chefe do Departamento de Ortodontia e Biologia do Desenvolvimento Craniofacial da Universidade de Hiroshima, no Japão. O professor Tanne já foi presidente da Associação Japonesa de Fenda Lábio Palatal e, atualmente, é Presidente da Sociedade Asiática de Ortodontia (que inclui 18 Sociedades de Ortodontia da área da Ásia/Pacífico). Em termos de produção científica, possui mais de 700 artigos publicados e mais de 60 livros e/ou capítulos de livros, em vários tópicos. Professor Tanne conduziu interessantes pesquisas a respeito das desordens temporomandibulares, criopreservação dentária, fenda labiopalatal, biologia molecular/celular e engenharia genética para reparo ósseo. Tive a grande honra de ter sido orientado pelo professor Tanne no curso de Doutorado em Ortodontia durante o memorável período compreendido entre 2006 e 2010. Naquela oportunidade, confirmei todas as minhas expectativas a respeito da excelência na educação oferecida na Universidade de Hiroshima e por Kazuo Tanne, mas também tive a oportunidade de conhecer um grande ser humano e de coração nobre. Nós nos tornamos grandes amigos e afortunadamente tive a chance de aprender muito mais do que Ortodontia. Tanne Sensei (como é chamado por nós no Japão) tem uma grande admiração pelo Brasil e pela cultura brasileira. Já visitou o Brasil em três ocasiões a fez muitos amigos em diversos lugares. Emanuel Braga Rêgo
» O(s) paciente(s) que aparece(m) na presente entrevista autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. Como citar esta seção: Tanne K. Interview. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):10-8. Enviado em: 10 de dezembro de 2013 - Revisado e aceito: 17 de dezembro de 2013
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entrevista
Tanne K
A Sociedade Japonesa de Ortodontia (JOS) é a associação oficial, e o número de inscritos é de 6.375 (até fevereiro de 2012). Uma estimativa relativa pode ser feita em relação à população total do Japão, que é de aproximadamente 120 milhões de habitantes. O número de Faculdades com autorização para ministrar cursos de pós-graduação em Ortodontia é de 29 instituições. O número de ortodontistas certificados pela JOS é de 2.739, ou 43% de todos os membros (não necessariamente o sócio da JOS possui o certificado de Ortodontia). O número de ortodontistas com certificado de especialista (título semelhante à certificação do Board) é de 298, o que corresponde a 5% do total de membros, ou 11% do total de membros certificados. Explicando melhor: no Japão, o certificado de ortodontista emitido pela JOS requer um curso de pós-graduação de 5 anos de duração, e finalização de 30 casos (sendo que dois serão selecionados para uma prova oral). Subsequentemente, há outra certificação mais específica que chamaremos de especialização: o candidato deve apresentar dez casos tratados com pelo menos dois anos de contenção, e passar por nova avaliação. Somente os profissionais que já possuem o certificado de ortodontista emitido pela JOS podem aplicar para o título de especialista.
Professor Tanne, você já visitou o Brasil em três ocasiões, tendo a chance de participar de conferências e, também, de trocar suas experiências com importantes universidades brasileiras, como, por exemplo, UFRJ (Rio de Janeiro), UNESP (Araraquara), UNICAMP (Piracicaba) e UnB (Brasília). Em adição, já aceitou seis ortodontistas brasileiros para cursos de pós-graduação na Universidade de Hiroshima. Nesse contexto, quais são as suas impressões a respeito da Ortodontia brasileira? (Emanuel Braga Rêgo) Já participei de eventos científicos por três vezes no Brasil. Entre estas, a 49ª Jornada Odontológica Internacional, em Araraquara, foi a mais impressionante, porque foi a minha primeira visita ao Brasil. Além disso, tive a oportunidade de ministrar um curso de uma semana para os estudantes de Ortodontia da UNESP, e que foi muito bem aproveitado pelos alunos. Nessa oportunidade, confesso que achei o conhecimento dos alunos um pouco inferior ao dos estudantes japoneses, sobre tudo com relação à pesquisa científica. Posteriormente, participei de dois eventos: um em Campinas, em abril de 2006, onde tive a oportunidade de ministrar um curso para os alunos de Ortodontia da UNICAMP, e outro em Fortaleza, em setembro de 2009 (CLEFT). Depois dessas duas experiências, notei que o nível de conhecimento dos alunos havia aumentado substancialmente em termos clínicos e também científicos. Não obstante, gostaria de sugerir a todos os ortodontistas, em especial aos que ocupam cargos de ensino, para que promovam pesquisas básicas que possam se tornar evidências úteis para o desenvolvimento de novos sistemas terapêuticos e técnicas disponíveis para o dia a dia da Ortodontia. Gostaria, também, de ressaltar a importância do intercâmbio científico com outros países, como uma forma prática e rápida de se atingir melhor desempenho em pesquisa. A incorporação, pelas universidades brasileiras, de jovens ortodontistas/cientistas que tenham obtido título de doutorado ou treinamento no exterior sem dúvida é uma medida bastante positiva nesse sentido.
Professor, Hiroshima é bem conhecida no Brasil devido ao ataque atômico sofrido na segunda guerra mundial. Depois dessa entrevista, pelo menos para a comunidade ortodôntica, Hiroshima será também conhecida pela excelência na formação ortodôntica e produção científica. Poderia mencionar quais são os tópicos mais relevantes que estão sendo estudados na Universidade de Hiroshima no presente momento? (Emanuel Braga Rêgo) Desde minha promoção a Chefe do Departamento de Ortodontia em Hiroshima, sempre tentei educar os jovens estudantes com treinamento clínico e senso crítico para pesquisa. Nesse sentido, sempre requisitei que desenvolvessem tópicos relevantes em pesquisa científica, mesmo se quisessem apenas atuar como clínicos no futuro. Como resultado, três alunos se tornaram professores-chefe de departamento em outras universidades, 81 alunos foram graduados com título de PhD e 102 adquiriram o certificado de ortodontista. Os tópicos estudados atualmente são: 1) mecanismos biomecânicos
Professor Tanne, poderia explicar, resumidamente, o processo educacional para se tornar um ortodontista no Japão? (Emanuel Braga Rêgo) Antes de explicar o processo educacional, gostaria de apresentar o status atual da Ortodontia japonesa.
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entrevista
e biológicos/moleculares da osteoartrite da articulação temporomandibular, bem como princípios terapêuticos; 2) criopreservação de células e tecidos para uso no “banco de dentes”, bem como regeneração tecidual para o tratamento de defeitos ósseos em pacientes com fenda palatal; 3) prevenção e reparo de reabsorção radicular com a aplicação do ultrassom terapêutico de baixa intensidade; 4) associação da má oclusão, respiração e desordens do sono, que mostraram evidências que o tratamento ortodôntico pode melhorar a qualidade geral de vida do indivíduo; 5) aplicação de amelogenina, uma proteína do esmalte dentário, no reparo de defeitos da superfície dentária.
aos 3 ou 4 meses e, depois, aos 18 meses de vida. O tratamento ortodôntico é iniciado em seguida para a correção da discrepância maxilomandibular e mordida cruzada anterior e posterior. Durante o tratamento ortodôntico inicial, por volta dos 9 anos de idade, geralmente antes da erupção dos caninos permanentes, é realizado o enxerto ósseo secundário para fechar o defeito ósseo na área da fissura. Finalmente, com a dentição permanente completa, tratamento ortodôntico com aparatologia fixa é realizado para alinhar as arcadas e garantir a oclusão mais satisfatória possível. Cirurgia ortognática pode ser necessária nessa fase para a correção de assimetrias e discrepâncias ósseas severas. Agenesias dentárias são corrigidas com prótese fixa ou sobre implantes após o completo término do crescimento corporal.
Inicialmente, gostaria de parabenizá-lo pelo excelente trabalho de formação de discípulos e pelas importantes pesquisas desenvolvidas na Universidade de Hiroshima, que muito contribuem para o desenvolvimento da Ortodontia. Parabenizo, também, a revista Dental Press Journal of Orthodontics pela excelente escolha para essa entrevista. No Brasil, temos centros de referência para o tratamento de pacientes fissurados. Esses centros atuam de forma multidisciplinar, realizando atendimento odontológico, ortodôntico, cirúrgico, psicológico, etc. Especificamente sobre o tratamento ortodôntico desses pacientes, pergunto: 1) esses pacientes podem receber tratamento ortodôntico em consultórios ou clínicas particulares, ou seja, fora dos centros de referência? 2) De forma sucinta, como é a logística de atendimentos desses pacientes no Japão? (Fábio Lourenço Romano) No Japão, o tratamento da fissura lábio palatina é coberto pelo seguro de saúde, portanto, os pacientes necessitam pagar apenas 30% do custo com cirurgias e tratamento ortodôntico. Em adição, somente os ortodontistas certificados têm permissão para tratar pacientes com fissura labiopalatina, seja em hospitais universitários ou mesmo em clínicas particulares especializadas. No website da JOS há uma lista dos ortodontistas certificados, e os pacientes têm livre acesso a essa informação. Com relação ao tratamento, de acordo com o protocolo geral, pacientes são, primeiramente, tratados pré-cirurgicamente com o aparelho de Hotz. Em seguida, cirurgias plásticas para o lábio e palato são executadas
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No paciente em crescimento, uma das modalidades de tratamento para a deficiência maxilar anteroposterior que acomete os pacientes fissurados é a expansão rápida da maxila associada a protração maxilar. Com sua experiência, esse protocolo de tratamento é eficiente e também estável? (Fábio Lourenço Romano) Para a correção da mordida cruzada posterior, a expansão rápida da maxila é muito útil. No entanto, previamente à expansão, é necessário diagnosticar a relação anteroposterior maxilomandibular. Se uma discrepância considerável for encontrada entre as bases ósseas, a mordida cruzada essencialmente estará presente, mesmo que as dimensões transversais da dentição superior estejam normais e a base apical esteja dentro do padrão de normalidade e em harmonia com a mandíbula. Nesse contexto, a sobre-expansão da maxila se tornará instável ou inconveniente para o futuro tratamento com aparelho fixo. Baseando-se nessas considerações, primeiramente corrigimos a relação anteroposterior com o uso de aparelhos ortopédicos em crianças e abordamos cirurgicamente com distração osteogênica os indivíduos adultos (avaliados a partir dos 12 anos de idade).
O enxerto autógeno de células-tronco mesenquimais associadas ao carbonato de hidroxiapatita poderá ser usado em seres humanos com sucesso para regeneração óssea de fissuras palatinas? (Fábio Lourenço Romano)
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entrevista
No futuro, será possível que dentes humanos se tornem órgãos elegíveis para doação, especialmente em países que não possuem acesso a tecnologias modernas, que assumem que em breve será possível “recriar dentes”? É possível instalar a tecnologia do Banco de Dentes no Brasil? (Matheus Melo Pithon) Nosso sistema de estocagem é estritamente mantido para preservar e reimplantar dentes para um mesmo paciente. Na cavidade bucal, muitas doenças infecciosas podem existir e ser transmitidas caso seja feito o transplante
em um receptor distinto. Esse é um princípio básico de nosso Banco de Dentes. Com relação à sua segunda pergunta, nós já implantamos nosso sistema de Banco de Dentes na Universidade de Medicina de Taipei, em Taiwan, portanto, é certamente possível instalar o mesmo sistema no Brasil, se alguns requisitos básicos forem satisfeitos. Peço a todos que se esforcem em busca de inovações em prol da Odontologia e da Ortodontia. Finalmente, gostaria de expressar meus sinceros agradecimentos ao Dental Press Journal of Orthodontics, aos entrevistadores e a todos os leitores.
Emanuel Braga Rêgo
Rogério Lacerda dos Santos
» Professor de Ortodontia e Odontopediatria da Universidade Federal da Bahia (UFBA). » Doutor em Ortodontia (Universidade de Hiroshima, Japão). » Vice-presidente da Associação Brasiliense de ExBolsistas Brasil-Japão (ABRAEX).
» Professor Adjunto de Ortodontia, Universidade Federal de Campina Grande (UFCG). » Mestre e Doutor em Ortodontia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). » Especialista em Ortodontia, Universidade Federal de Alfenas (UNIFAL).
Fábio Lourenço Romano
Matheus Melo Pithon
» Professor de Ortodontia, Departamento de Clínica Infantil, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo.
» Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). » Doutor em Ortodontia, Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). » Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).
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artigo inédito
Tratamento dos componentes dentários e esqueléticos da Classe II associada a mordida aberta anterior com aparelho de Thurow modificado Helder Baldi Jacob1, Ary dos Santos-Pinto2, Peter H. Buschang3
Introdução: devido ao número reduzido de estudos que distinguem entre as mudanças dentoalveolares e ósseas produzidas pelo aparelho de Thurow, esse estudo clínico, conduzido pelo departamento de Ortodontia da Faculdade de Odontologia de Araraquara, foi proposto para avaliar as mudanças dentárias e esqueléticas induzidas pelo aparelho de Thurow modificado. Métodos: a amostra incluiu um grupo experimental de 13 indivíduos, entre 7 e 10 anos de idade, com má oclusão Classe II e mordida aberta anterior, e um grupo controle de 22 indivíduos, com idades, plano mandibular e má oclusão similares. Com base em 14 pontos cefalométricos, 8 ângulos (S-N-ANS, SNA, PPA, S-N-Pog, SNB, MPA, PP/ MPA, ANB) e 3 medidas lineares (N-Me, ANS-Me, S-Go), foram avaliados movimentos maxilares e mandibulares horizontais e verticais dentários e esqueléticos (ANS, PNS, U1, U6, Co, Go, Pog, L1, L6). Resultados: o tratamento produziu diminuição significativamente maior no ângulo entre o plano palatino e o plano mandibular do grupo controle, devido ao aumento do ângulo do plano palatino. Os ângulos A-N-B, S-N-A e S-N-ANS diminuíram significativamente mais no grupo tratado. A PNS sofreu remodelação superior. A altura facial inferior (ANS-Me) diminuiu no grupo tratado, ao passo que aumentou no grupo controle. Conclusões: o aparelho controlou deslocamento vertical e horizontal da maxila, rotacionou a maxila para melhorar a mordida aberta e diminuiu a altura facial inferior. Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Mordida aberta. Ortopedia.
Como citar este artigo: Jacob HB, Santos-Pinto A, Buschang PH. Dental and skeletal components of Class II open-bite treatment with a modified Thurow appliance. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):19-25.
Pós-doutorando em Ortodontia, Texas A&M Baylor College of Dentistry. Livre-docente em Ortodontia, Faculdade de Odontologia de Araraquara/ UNESP. 3 Professor Regente, Diretor de Pesquisa em Ortodontia, Texas A&M Baylor College of Dentistry. 1
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Enviado em: 16 de novembro de 2010 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Helder Baldi Jacob 3302 Gaston Ave. - Texas A&M Baylor College of Dentistry Department of Orthodontics - 75246 Dallas/TX – EUA E-mail: hjacob@bcd.tamhsc.edu”
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artigo inédito
Tratamento dos componentes dentários e esqueléticos da Classe II associada a mordida aberta anterior com aparelho de Thurow modificado
crescimento horizontal da maxila e controlar seu crescimento vertical, manter o plano mandibular, mover distalmente os primeiros molares superiores e melhorar as relações labiais12,13,16-19. No entanto, essas afirmações foram baseadas em casos clínicossem comparação com grupos controles. Os estudos existentes que contêm grupo controle não foram capazes de distinguir entre as diferentes mudanças dentoalveolares e basais produzidas pelo aparelho, principalmente porque não foram realizadas as superposições cefalométricas14,20,21. A habilidade de diferenciar as contribuições esqueléticas e dentárias da correção é importante para assegurar que o objetivo do tratamento foi alcançado e para futuras melhoras na terapia com o aparelho. Clinicamente, o entendimento dos efeitos com o aparelho de Thurow é importantíssimo para o conhecimento da correção da Classe II em pacientes hiperdivergentes em crescimento. O objetivo desse estudo retrospectivo foi avaliar as mudanças esqueléticas e dentárias produzidas pelo aparelho de Thurow modificado com tração alta em pacientes hiperdivergentes Classe II, divisão 1, com mordida aberta por meio de radiografias cefalométricas.
INTRODUÇÃO A má oclusão de Classe II pode ser devido a protrusão esquelética ou dentária da maxila, retrusão mandibular ou a uma combinação dos fatores1,2,3. Enquanto a má oclusão de Classe II pode ser tratada de diversas maneiras (modificações dentoalveolares, forças ortopédicas que inibem o crescimento maxilar ou estimulam o crescimento mandibular, ou por meio do reposicionamento cirúrgico da mandíbula em pacientes adultos), a protrusão maxilar é, geralmente, tratada com forças ortopédicas produzidas pelos aparelhos extrabucais3,4,5. Esses aparelhos podem ser inseridos nas bandas dos molares superiores ou em aparelhos removíveis. No entanto, se a terapia com os aparelhos extrabucais promove mudanças esqueléticas na maxila, ainda é controverso6-9. Quando associada à hiperdivergência e à mordida aberta, a má oclusão de Classe II é um desafio para os ortodontistas. O posicionamento da língua e o ato de chupar dedo são os hábitos que talvez sejam os maiores fatores físicos que geram as mordidas abertas10. Pacientes hiperdivergentes com mordida aberta apresentam excessiva altura anterior e posterior, o ângulo palatino é mais plano e os ângulos mandibular e goníaco são aumentados11. Para tratar essas más oclusões de pacientes em crescimento, é necessário limitar o deslocamento maxilar e intruir os molares, objetivando rotacionar a mandíbula para frente e para cima12,13. O aparelho de Thurow foi desenvolvido para aplicar forças verticais e distais, enquanto controla a rotação e inclinação dos molares, produzidas pelas forças direcionadas pelos tubos vestibulares desses dentes. O aparelho original, que incorpora um aparelho extrabucal de tração alta e um acrílico maxilar que serve como um bite block, tem demonstrado restringir o crescimento maxilar, inclinar e deslocar os dentes da maxila distalmente, e restringir a erupção dos dentes posteriores maxilares14,15. Devido ao envolvimento do acrílico em toda a dentição maxilar, níveis de forças maiores podem ser dissipados sobre uma superfície maior. A superfície lisa do acrílico desoclui os dentes e elimina as interferências oclusais durante a aplicação de força, o que facilita o movimento dos dentes maxilares e permite o crescimento mandibular. O aparelho de Thurow modificado é indicado para os pacientes que apresentam Classe II com prognatismo maxilar, ângulo mandibular excessivo e mordida aberta16. Estudos têm demonstrado que o aparelho de Thurow pode ser utilizado para diminuir o ângulo ANB, inibir o
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Material e MétodoS Amostra Quinze crianças participaram desse estudo clínico retrospectivo e foram incluídas no grupo tratado. A seleção foi conduzida na clínica de Ortodontia na Faculdade de Odontologia de Araraquara, da Universidade Paulista. Durante o tratamento, dois pacientes mudaram de cidade. O grupo final tratado incluiu 13 crianças (uma masculina e 12 femininas) com má oclusão de Classe II, divisão 1, e mordida aberta entre sete e dez anos de idade, e que foram tratadas por 12 meses antes do surto de crescimento (Tab. 1). O aparelho foi confeccionado com uma placa acrílica, arco vestibular, um arco extrabucal fixado no acrílico, uma grade palatina e um torno expansor a nível dos segundos molares decíduos (Fig. 1), baseado no aparelho introduzido por Thurow16 e modificado por Santos-Pinto18. A placa acrílica foi estendida pela lateral e oclusal, cobrindo as cúspides e, aproximadamente, um terço das faces vestibulares dos molares. Se era preciso expandir, o torno expansor era ativado uma vez por semana (0,25 mm) até atingir a expansão necessária. O arco externo do aparelho foi ajustado para que a linha de força dos elásticos passasse ligeiramente pela posterior através do primeiro e segundo molar decíduos
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artigo inédito
Jacob HB, Santos-Pinto A, Buschang PH
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artigo inédito
Avaliação da maxila após expansão rápida em crianças em crescimento usando tomografia computadorizada de feixe cônico Jessica L. Woller1, Ki Beom Kim2, Rolf G. Behrents3, Peter H. Buschang4
Introdução: com o advento da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC), hoje é possível avaliar quantitativamente os efeitos da expansão rápida da maxila (ERM) em todo o complexo maxilar em pacientes em crescimento. Objetivo: este estudo usou imagens tridimensionais para avaliar o deslocamento das suturas circum-maxilares (frontonasal, intermaxilar, palatina mediana e palatina transversa) após a expansão rápida da maxila em crianças em crescimento. Métodos: imagens de TCFC de 25 pacientes tratados consecutivamente com ERM (10 meninos, 15 meninas) com idade média de 12,3 ± 2,6 anos foram obtidas e examinadas antes da expansão e imediatamente após a última ativação do aparelho expansor. Resultados: houve deslocamento estatisticamente significativo (p < 0,05) dos ossos da sutura frontonasal, intermaxilar, zigomaticomaxilar e palatina mediana. A alteração na angulação dos primeiros molares superiores devido à ERM também foi estatisticamente significativa. Não houve deslocamento estatisticamente significativo da sutura palatina transversa. Conclusões: a expansão rápida da maxila resultou em deslocamentos significativos dos ossos das suturas circum-maxilares em crianças em crescimento. Palavras-chave: Técnica de expansão palatina. Ortodontia. Tomografia computadorizada de feixe cônico. Suturas cranianas.
Como citar este artigo: Woller JL, Kim KB, Behrents RG, Buschang PH. An assessment of the maxilla after rapid maxillary expansion using cone beam computed tomography in growing children. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):26-35.
Clínica particular. Professor Assistente, Departamento de Ortodontia, Universidade de Saint Louis. 3 Professor, Chefe do Departamento de Ortodontia, Universidade de Saint Louis. 4 Professor Adjunto, Departamento de Ortodontia, Universidade de Saint Louis Professor, e do Departamento de Ortodontia da Baylor University. 1 2
Enviado em: 27 de janeiro de 2011 - Revisado e aceito: 03 de maio de 2011 » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Ki Beom Kim E-mail: kkim8@slu.edu
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artigo inédito
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O presente estudo usou imagens tridimensionais para avaliar as mudanças nas suturas circum-maxilares (frontonasal, zigomaticomaxilar, intermaxilar, palatina mediana e palatina transversa) devido à expansão rápida da maxila em crianças em crescimento. Analisou, também, a relação entre a sutura palatina mediana e as outras suturas.
Introdução A expansão rápida da maxila (ERM) é o procedimento ortopédico mais comum para a correção da maxila com discrepância transversal. Altas forças ortopédicas são usadas para separar as duas metades da maxila na sutura palatina mediana1. Entre as indicações da ERM, está a necessidade de corrigir a mordida cruzada posterior e de aumentar o perímetro da arcada em pacientes com discrepância entre o tamanho de dentes e o comprimento da arcada, de forma a tratar o apinhamento2,3. Além da separação da sutura palatina mediana4,5, a ERM tem efeitos em todo o complexo maxilar6,9. De acordo com Starnbach, a expansão palatina não separa apenas a sutura palatina mediana, mas também afeta os sistemas de suturas circum-zigomáticas e circum-maxilares10. Especificamente, as suturas nasal, zigomaticomaxilar e zigomaticotemporal, entre outras, são afetadas pela ERM. Estudos com crânios secos7, macacos11,14 e usando o método dos elementos finitos (MEF)15,17 mostraram que essas suturas são afetadas, mas as descrições tendem a ser de natureza qualitativa, exceto no caso de níveis de tensão calculados em estudos usando o MEF. Apesar de suas contribuições significativas, cada tipo de estudo mencionado acima tem limitações. Os estudos com crânios secos não incluem os tecidos moles, os quais podem prejudicar os efeitos da ERM, particularmente o tecido conjuntivo que forma a sutura entre os ossos. Os macacos têm uma anatomia maxilar significativamente diferente daquela dos humanos. A maior limitação do MEF, em qualquer tipo de estudo, é o fato de que o modelo que serve de base para o programa de computador usado define sua qualidade. Os estudos com o MEF para avaliar a ERM usam um crânio seco humano como base. Além disso, não mostram efeitos longitudinais, mas apenas demonstram a condição em um determinado momento. Muitos estudos5,8,18,29 buscaram quantificar as mudanças que ocorrem no complexo maxilar como resultado da ERM. Vários revisaram extensivamente as mudanças que ocorrem na sutura palatina mediana, nas estruturas dentoalveolares e nas cavidades nasais9,25,28,30,33. Entretanto, as limitações dos exames clínicos e da radiografia bidimensional limitam a análise do que está ocorrendo no nível das suturas nos pacientes ortodônticos. O desenvolvimento da tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) para uso na Ortodontia34,35 permitiu que se examine o complexo craniofacial em sujeitos vivos e em crescimento.
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MateriaL e Métodos Seleção de pacientes Esse estudo retrospectivo foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade de Saint Louis (n° 15727). Os prontuários de 25 pacientes (10 meninos, 15 meninas) foram selecionados dos registros de uma clínica particular, de acordo com os critérios a seguir: Critérios de inclusão 1) Diagnóstico de discrepância transversal esquelética e plano de tratamento que incluisse o uso de aparelho para expansão rápida da maxila. 2) Conjuntos completos de imagens de TCFC, incluindo imagens obtidas antes da colocação do aparelho e imediatamente após a fase de expansão ativa do tratamento. Critérios de exclusão 1) Anomalias craniofaciais, inclusive fenda labial e palatina. 2) Tratamento com aparelhos ortodônticos antes do tratamento com expansão rápida da maxila. A idade média dos pacientes na primeira consulta, quando foram obtidas as imagens para esse estudo, era de 12,3 ± 2,6 anos (8,3 a 17,8 anos). O segundo conjunto de imagens de TCFC foi obtido 22,8 ± 5 dias (14 a 37 dias) após as primeiras imagens. Todos os pacientes foram tratados com expansor maxilar dentossuportado (Hyrax), o qual possuía parafuso expansor Dentaurum de 7mm (Dentaurum, Ispringen, Alemanha), com braços de aço inoxidável de 0,051" de diâmetro, soldados às bandas ortodônticas do primeiro molar superior e fio de suporte de 0,051" de diâmetro, colocado em posição palatal em relação à dentição e com bandas para aumentar a rigidez do aparelho e estender a força do expansor para os caninos e primeiro e segundo pré-molares, quando presentes (Fig. 3). O expansor foi ativado ¼ de volta do parafuso expansor (0,2mm cada volta) no momento da colocação,
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artigo inédito
Efeitos dentoesqueléticos do tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho Twin Block em jovens brasileiros: um estudo prospectivo Luciano Zilio Saikoski1, Rodrigo Hermont Cançado2, Fabrício Pinelli Valarelli3, Karina Maria Salvatore de Freitas2
Objetivo: avaliar os efeitos dentoesqueléticos do tratamento da má oclusão de Classe II com o aparelho Twin Block comparado a um grupo controle. Métodos: o grupo experimental foi composto por 20 pacientes com idade inicial média de 11,76 anos e que foram tratados por um período de 1,13 anos. O grupo controle foi composto por 25 indivíduos com idade inicial média de 11,39 anos e que foram acompanhados por um período de 1,07 anos. Telerradiografias em norma lateral foram obtidas ao início e final do tratamento para avaliar as alterações decorrentes do tratamento. A comparação intergrupos foi realizada por meio do teste qui-quadrado e do teste t independente. Resultados: o aparelho Twin Block não apresentou alterações significativas no componente maxilar. O componente mandibular revelou um aumento estatisticamente significativo do crescimento efetivo da mandíbula (Co-Gn) e uma melhora significativa da relação existente entre as bases ósseas. Os componentes dentoalveolar superior e inferior apresentaram um significativo componente de inclinação dos dentes anteriores em ambas as arcadas. Os incisivos superiores foram inclinados para lingual e retruídos, ao passo que os incisivos inferiores foram inclinados para vestibular e protruídos. Conclusões: o aparelho Twin Block apresenta grande efetividade na correção da má oclusão de Classe II esquelética em pacientes em fase de crescimento. A maior parte das alterações ocorridas é de natureza dentoalveolar, com um grande componente de inclinação dentária associado a um significativo efeito esquelético na mandíbula. Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Circunferência craniana. Aparelhos ortodônticos funcionais. Estudos prospectivos. Resultado de tratamento.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Como citar este artigo: Saikoski LZ, Cançado RH, Valarelli FP, Freitas KMS. Dentoskeletal effects of Class II malocclusion treatment with the Twin Block appliance in a Brazilian sample: A prospective study. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):36-45.
Mestre em Ortodontia, UNINGÁ. Professor Adjunto, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, UNINGÁ. Pós-Doutor em Ortodontia, Universidade de Toronto. 3 Doutor em Ortodontia, FOB/USP. Professor Adjunto, Programa de Mestrado Profissionalizante em Ortodontia, UNINGÁ. 1
Enviado em: 03 de abril de 2012 - Revisado e aceito: 06 de agosto de 2012
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» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. Endereço para correspondência: Rodrigo Hermont Cançado Rua do Amparo, nº 100 - Centro - Diamantina-MG CEP: 39100-000 - E-mail: rohercan@uol.com.br
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):36-45
artigo inédito
Saikoski LZ, Cançado RH, Valarelli FP, Freitas KMS
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):36-45
artigo inédito
Alterações dentoesqueléticas de pacientes com retrognatismo mandibular após tratamento com Herbst e aparelho fixo pré-ajustado Fabio de Abreu Vigorito1, Gladys Cristina Dominguez2, Luís Antônio de Arruda Aidar3
Objetivo: avaliar as alterações dentoesqueléticas observadas no tratamento da má oclusão de Classe II com retrognatismo mandibular, realizado com aparelho ortopédico de Herbst durante 13 meses (Fase I) e aparelho ortodôntico fixo pré-ajustado (Fase II). Métodos: foram obtidas telerradiografias laterais de 17 adolescentes, ao início (T1), final da Fase I (T2), primeiros 13 meses da Fase II (T3) e término da Fase II (T4). As diferenças entre as variáveis cefalométricas foram analisadas estatisticamente (variância e comparações múltiplas de Bonferroni). Resultados: de T1 a T4, do total da projeção da maxila, 42% foram observados de T1 a T2 (p < 0,01); 40,3% de T2 a T3 (p < 0,05); e 17,7% de T3 a T4 (n.s.). Do total da projeção da mandíbula, foi notado 48,2% de T1 a T2 (p < 0,001) e 51,8% de T2 a T4 (p < 0,01), sendo 15,1% (n.s.) de T2 a T3, e 36,7% de T3 a T4 (p < 0,01). A relação molar e a sobressaliência foram corrigidas idealmente. Em T4, todos apresentavam características de oclusão normal. O plano oclusal que de T1 a T2 rotacionou no sentido horário, de T2 a T3 retornou aos valores iniciais, mantendo-se estável até T4. A inclinação do plano mandibular, responsável pela caracterização do tipo facial, não alterou em nenhum tempo. Conclusão: a mandíbula cresceu significativamente mais que a maxila, favorecendo o ajuste sagital maxilomandibular. As mudanças dentárias (molares superiores), que sobrecorrigiram a má oclusão na Fase I, recidivaram parcialmente na Fase II, sem comprometer a correção da má oclusão. O tipo facial foi preservado. Palavras-chave: Má oclusão de Angle Classe II. Ortopedia. Ortodontia.
Como citar este artigo: Vigorito FA, Dominguez GC, Aidar LAA. Dental and skeletal changes in patients with mandibular retrognatism following treatment with Herbst and pre-adjusted fixed appliance. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):46-54.
Doutor em Ortodontia, FO-USP. 2 Livre Docente em Ortodontia, USP. Professora Associada, Departamento de Ortodontia e Odontopediatria, FO/USP. 3 Pós-Doutor em Otorrinolaringologia, UNIFESP. Professor, Universidade Santa Cecília. 1
Enviado em: 03 de abril de 2012 - Revisado e aceito: 03 de março de 2013 » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Gladys Cristina Dominguez Rua Dr. Alceu de Campos Rodrigues, 247 – Vila Nova Conceição – São Paulo/SP CEP: 04.544-000 – E-mail: gcdrodri@usp.br
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):46-54
artigo inédito
Vigorito FA, Dominguez GC, Aidar LAA
O tratamento foi desenvolvido em duas fases. Inicialmente, a Fase Ortopédica (Fase I) realizada com aparelho ortopédico funcional tipo Herbst sobre splints acrílicos, associado a disjuntor maxilar24. O objetivo foi interceder na discrepância transversal, que caracteriza esse tipo de má oclusão25, ativando o disjuntor durante o primeiro mês de tratamento e corrigir a discrepância sagital, com o aparelho construído a partir da mordida em cera obtida com 6mm de avanço inicial, e avanços progressivos de 2mm a cada dois meses, conforme as necessidades individuais. Essa fase durou, em média, 13,9 ± 2,1 meses. Na sequência, a Fase Ortodôntica (Fase II) realizada com aparelho fixo pré-ajustado, visou nivelar e alinhar os dentes superiores e inferiores e obter uma oclusão funcional, com sobressaliência e sobremordida adequadas. A duração dessa fase foi de 46 meses. Em todos os pacientes foi realizada uma documentação ortodôntica completa (radiografias panorâmica, de mão e punho, telerradiografias em norma lateral e frontal; fotografias extrabucais e intrabucais; modelos de estudo) em quatro tempos: T1, imediatamente antes do início do tratamento; T2, após 13 meses de uso do aparelho de Herbst que representou o término da Fase I; T3, após 13 meses de ter iniciado a Fase II ou fase ortodôntica; e T4, ao término da Fase II, representando um período de 33 meses. Todas as 68 telerradiografias em norma lateral foram traçadas manualmente pelo mesmo operador, distando um mês, e analisadas considerando as variáveis cefalométricas da análise das mudanças sagitais (SO-analysis) de Pancherz4 (Fig. 1, 2). Os responsáveis pelos pacientes assinaram um termo de consentimento esclarecido, concordando com todas as etapas do estudo e com a posterior divulgação dos resultados. O projeto foi aprovado pelo comitê de ética em pesquisa da FO-USP, protocolo 109/06.
INtroduçÃO Entre as propostas descritas na literatura para tratar pacientes em crescimento com má oclusão de Classe II e retrognatismo mandibular, a alternativa de iniciar o tratamento com uma fase ortopédica, utilizando o aparelho de Herbst, tem sido estudada de forma abrangente por Pancherz1-4 e por outros pesquisadores5-22. Vários aspectos foram abordados, mostrando que esse tipo de tratamento representa uma alternativa na correção da má oclusão de Classe II e preserva o sistema estomatognático. Porém, considerando indivíduos brasileiros, surgem questionamentos dos resultados obtidos, tais como se os efeitos do tratamento são esqueléticos ou dento-alveolares; se a curva de crescimento mandibular é modificada frente ao estímulo provocado pelo aparelho de Herbst; se os resultados obtidos se perdem após a remoção do aparelho; entre outros. A complexidade para esclarecer as referidas dúvidas está na dificuldade de conseguir realizar estudos longitudinais em casuísticas homogêneas. Visando eliminar tendências de incluir apenas casos bem sucedidos e confundir os resultados, idealmente, os estudos mais adequados seriam os prospectivos, em grupos de pacientes consecutivos. Sob esse ponto de vista, foi realizado, em 2007, um estudo23 para avaliar e comparar, em pacientes tratados durante o pico máximo do crescimento da adolescência, as mudanças dentoesqueléticas observadas na fase ativa do Herbst e em um período igual após remoção desse aparelho. Os resultados obtidos foram a motivação para realizar o presente estudo, que visa complementar essas informações com a avaliação do tratamento completo de adolescentes executado em duas fases: Fase I, ortopédica com uso do aparelho de Herbst; e Fase II, ortodôntica com a utilização de aparelho fixo pré-ajustado. Material e métodos A casuística foi composta por 17 pacientes adolescentes brasileiros (12 homens e 5 mulheres), com média de idade de 12 anos e 4 meses ± 1 ano e 2 meses, e idade óssea correspondente ao pico máximo, segundo a radiografia de mão e punho. Os pacientes foram escolhidos obedecendo os seguintes critérios de inclusão: indivíduos com retrognatismo mandibular e má oclusão de Classe II, divisão 1, de Angle maior que meia cúspide (>3mm); com sobressaliência >5mm, com dentição permanente; com discrepância de modelos menor que 4mm; com indicação clínica para avanço mandibular com aparelho ortopédico funcional. Foram excluídos indivíduos com ausência de dentes, fraturas dentárias e cáries dentárias.
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Análise estatística A avaliação do erro do método26 (Dahlberg) foi realizada em 11,8% da amostra. Foram descritos os valores de cada medida e relação em cada momento avaliado com uso de médias e desvios-padrão, e comparadas às medidas entre os momentos de avaliação com uso de análises de variâncias com medidas repetidas. Para as medidas que apresentaram diferenças estatisticamente significativas entre os momentos de avaliação, foram realizadas comparações múltiplas de Bonferroni, mostrando em quais momentos ocorreram essas diferenças. Os testes foram realizados com nível de significância de 5%.
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artigo inédito
Alterações dentoesqueléticas de pacientes com retrognatismo mandibular após tratamento com Herbst e aparelho fixo pré-ajustado
Resultados Para compreender as características de cada momento do crescimento (Fig. 2) e as diferenças entre eles, os resultados são apresentados em três tabelas. A Tabela 1 apresenta a descrição das medidas e relações entre as medidas a cada momento de avaliação e resultado das análises de variâncias.
O resultado das comparações múltiplas de Bonferroni que apresentaram diferença ao longo do tratamento para as medidas é apresentado na Tabela 2, e para as relações das medidas é apresentado na Tabela 3.
Figura 1 - Análise das mudanças sagitais (SO-analysis) de Pancherz.
Figura 2 - Sobreposição dos traçados (segundo análise de Pancherz4) de um paciente da amostra, nos quatro tempos de observação: T1, amarelo; T2, azul; T3, vermelho; e T4, verde.
Tabela 1 - Descrição das medidas e relações entre as medidas a cada momento de avaliação e resultado das análises de variâncias. Fase ortopédica Variável
Fase ortodôntica
T1
T2
T3
T4
Média ± D.P.
Média ± D.P.
Média ± D.P.
Média ± D.P.
N
p
SN.PM
32,59 ± 5,42
32,56 ± 5,59
31,88 ± 5,36
32,03 ± 6,26
17
0,439
is/Lop
90,77 ± 5,18
90,47 ± 6,55
92,15 ± 6,78
93,79 ± 6,28
17
<0,001
ii/Lop
81,62 ± 5,95
87,82 ± 6,50
87,97 ± 6,60
90,06 ± 6,20
17
<0,001
ms/Lop
57,12 ± 4,31
57,21 ± 5,02
59,56 ± 4,91
62,35 ± 5,45
17
<0,001
mi/Lop
55,53 ± 4,70
61,32 ± 5,24
62,59 ± 5,14
65,59 ± 5,61
17
<0,001
ss/Lop
81,24 ± 3,47
82,50 ± 3,94
83,71 ± 4,06
84,24 ± 4,40
17
<0,001
pg/Lop
83,15 ± 5,30
87,59 ± 5,85
88,59 ± 6,04
91,68 ± 6,19
17
<0,001
ar/Lop
10,59 ± 3,73
10,24 ± 3,70
10,44 ± 4,12
9,88 ± 4,14
17
0,241
co/Lop
12,94 ± 3,62
12,91 ± 3,58
13,29 ± 3,63
13,56 ± 4,08
17
0,319
SN.LO
20,29 ± 3,72
23,15 ± 4,63
20,79 ± 4,47
19,06 ± 4,72
17
<0,001
is/Lop-ii/Lop
9,15 ± 2,74
2,65 ± 1,23
4,18 ± 1,20
3,74 ± 0,90
17
<0,001
ms/Lop-mi/Lop
1,59 ± 1,61
-4,12 ± 2,10
-3,03 ± 1,58
-3,24 ± 1,15
17
<0,001
pg/Lop+ar/Lop
93,74 ± 5,18
97,82 ± 5,76
99,03 ± 6,74
101,56 ± 7,66
17
<0,001
pg/Lop+co/Lop
96,09 ± 5,12
100,50 ± 5,69
101,88 ± 6,62
105,24 ± 7,95
17
<0,001
is/Lop-ss/Lop
9,53 ± 2,70
7,97 ± 3,12
8,44 ± 3,28
9,56 ± 2,93
17
0,022
ii/Lop-pg/Lop
-1,53 ± 5,83
0,24 ± 5,86
-0,62 ± 5,61
-1,62 ± 5,63
17
0,031
ms/Lop-ss/Lop
-24,12 ± 2,24
-25,29 ± 2,30
-24,15 ± 2,18
-21,88 ± 2,71
17
<0,001
mi/Lop-pg/Lop
-27,62 ± 3,74
-26,26 ± 4,20
-26,00 ± 4,46
-26,09 ± 4,92
17
0,008
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):46-54
artigo inédito
Alterações dentoesqueléticas de pacientes com retrognatismo mandibular após tratamento com Herbst e aparelho fixo pré-ajustado
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artigo inédito
Prevalência de anomalias dentárias de número em diferentes subfenótipos da fissura isolada de palato (fissura pós-forame incisivo) João Paulo Schwartz1, Daniele Salazar Somensi1, Priscila Yoshizaki1, Luciana Laís Savero Reis1, Rita de Cássia Moura Carvalho Lauris2, Omar Gabriel da Silva Filho2, Gisele Dalbén3, Daniela Gamba Garib4
Objetivo: o propósito deste estudo foi avaliar radiograficamente a prevalência das anomalias dentárias de número (agenesias e supranumerários), na dentição permanente, em diferentes subfenótipos da fissura isolada de palato, em pacientes pré-adolescentes. Métodos: foram investigadas, de forma retrospectiva, 300 radiografias panorâmicas de pacientes com fissura palatina (pós-forame), de 9 a 12 anos de idade, matriculados em um mesmo centro. A amostra foi dividida em dois grupos de acordo com a extensão/gravidade da fissura palatina: completa e incompleta. O teste qui-quadrado foi utilizado para comparação intergrupos das prevalências de anomalias avaliadas (p < 0,05). Resultados: a agenesia dentária foi encontrada em 34,14% dos pacientes com fissura pós-forame completa e em 30,27% com fissura pós-forame incompleta. A prevalência de dentes supranumerários correspondeu a 2,43% nos pacientes com fissura palatina completa e a 0,91% no grupo com fissura palatina incompleta. Não houve diferença estatística significativa entre os grupos quanto à prevalência de agenesias dentárias e supranumerários. Não se observou diferença sexual quanto à prevalência de fissura dentro de cada grupo de estudo. Conclusão: os pacientes pré-adolescentes com fissura palatina apresentam maior prevalência de anomalias dentárias em relação à população em geral. A gravidade da fissura palatina parece não se associar com a prevalência de anomalias dentárias de número. Palavras-chave: Fissura palatina. Anormalidades dentárias. Radiografia panorâmica.
Como citar este artigo: Schwartz JP, Somensi DS, Yoshizaki P, Reis LLS, Lauris RCMC, Silva Filho OG, Dalbén G, Garib DG. Prevalence of dental anomalies of number in different subphenotypes of isolated cleft palate. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):55-9.
Especialista em Ortodontia, HRAC-USP. Mestre em Ortodontia, HRAC-USP. 3 Doutor em Odontopediatra, HRAC-USP. 4 Livre Docente e Professora Assistente de Ortodontia, FOB/USP. 1
2
Enviado em: 01 de dezembro de 2011 - Revisado e aceito: 08 de abril de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Daniela Gamba Garib Rua Rio Branco, 19-18 – Bauru/SP – CEP: 17.040-480 E-mail: dgarib@uol.com.br
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artigo inédito
Prevalência de anomalias dentárias de número em diferentes subfenótipos da fissura isolada de palato (fissura pós-forame incisivo)
dentárias parece relacionar-se à extensão/gravidade das fissuras labiopalatinas6. O reconhecimento das anomalias dentárias de número é fundamental para a definição do plano de tratamento no processo de reabilitação do paciente com fissura palatina, seja pela Ortodontia, prótese ou implante. O propósito desse estudo foi avaliar, radiograficamente, a prevalência de anomalias dentárias de número em diferentes subfenótipos da fissura isolada de palato.
INtroduçÃO As fissuras isoladas de palato são, também, denominadas de fissura pós-forame incisivo, e sua explicação embrionária é a ausência de fusão entre as lâminas palatinas que formam o palato secundário. Nesse tipo de fissura, os processos palatinos secundários não se fusionam na linha média e tampouco com o septo nasal, mantendo a comunicação da cavidade bucal com a cavidade nasal, enquanto a formação dos lábios e do rebordo alveolar processa-se normalmente1. As fissuras pós-forame incisivo podem se manifestar em sua forma completa e incompleta1. A fissura pós-forame incisivo é considera completa quando a fissura acomete todo o palato mole e palato duro, estendendo-se até o forame incisivo (Fig. 1A); e incompleta quando atinge parcialmente o palato mole e/ou palato duro, sem alcançar o forame incisivo (Fig. 1B, C, D). A prevalência da fissura palatina é de 1:1000 nascimentos aproximadamente1. Em geral, os indivíduos de descendência asiática apresentam maior prevalência, enquanto indivíduos de descendência africana apresentam prevalência menor, quando comparados aos indivíduos caucasianos2. A etiologia das fissuras labiopalatinas é complexa, apresentando causalidade multifatorial, onde tanto os fatores genéticos quanto os fatores ambientais desempenham um papel de relevância na determinação da má formação3. A fissura palatina é uma entidade distinta da fissura labiopalatina do ponto de vista embriológico. Diferenças na epidemiologia e nos fatores etiológicos também foram reconhecidas na literatura3. Assim, como em pacientes sem fissuras, os distúrbios odontogênicos também são encontrados em pacientes com fissuras. Existe a hipótese da fissura e das anomalias dentárias apresentarem origem genética comum ou inter-relacionada, considerando a elevada prevalência de anomalias dentárias em pacientes com fissuras4. Em outras palavras, os pacientes com fissuras apresentam maior manifestação de anomalias dentárias do que os indivíduos sem fissuras5. Além disso, a prevalência das anomalias
A
Material e Métodos O presente estudo foi desenvolvido no setor de Ortodontia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo (HRAC-USP), sendo aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) dessa instituição. O presente trabalho analisou o conjunto de exames radiográficos de 300 pacientes pertencentes ao arquivo do HRAC-USP. A amostra foi composta por 117 (39%) pacientes do sexo masculino e 183 (61%) do sexo feminino. A idade dentária dos pacientes compreendeu a dentição mista tardia (segundo período transitório, na classificação de van der Linden) e a dentição permanente jovem. Em termos de idade cronológica, os pacientes situaram-se entre os 9 a 12 anos. Nessa idade, os terceiros molares foram excluídos da avaliação. A amostra total foi dividida em dois grupos de estudo, segundo a extensão da fissura palatina registrada no prontuário dos pacientes: grupo 1, fissura palatina completa; e grupo 2, fissura palatina incompleta. A presença de agenesias de dentes permanentes e supranumerários foi avaliada em radiografias panorâmicas com o auxílio de negatoscópio, em ambiente com condições de iluminação adequada e interpretadas por um observador previamente calibrado. Foram utilizadas somente radiografias com boa qualidade técnica e que proporcionavam boa visualização dos dentes, irrompidos ou não, e de suas estruturas circunjacentes. Após o cálculo da prevalência das anomalias dentárias em cada grupo de estudo, aplicou-se o teste
B
C
D
Figura 1 - Fissura pós-forame completa: estende-se, invariavelmente, do forame incisivo até a úvula (A). Fissura pós-forame incompleta: envolve a região posterior do palato sem alcançar o forame incisivo (B). Pode acometer palato mole e parte do palato duro (C), ou pode acometer somente o palato mole (D).
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artigo inédito
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artigo inédito
Os braquetes autoligáveis estão relacionados com menor formação de colônias de Streptococcus mutans? Uma Revisão Sistemática Leonard Euler Andrade Gomes do Nascimento1, Margareth Maria Gomes de Souza2, Angela Rita Pontes Azevedo3, Lucianne Cople Maia4
Objetivo: verificar, por meio de uma revisão sistemática, se o design dos braquetes (convencionais ou autoligáveis) apresenta influência na aderência e formação de colônias de Streptococcus mutans. Métodos: quatro bases de dados (Cochrane Central Register of Controlled Trials; Ovid ALL EMB Reviews; PubMed e BIREME) foram selecionados para procurar artigos relevantes, do período de janeiro de 1965 a dezembro de 2012. Os critérios de seleção foram inicialmente aplicados aos títulos e abstracts e o texto integral foi obtido de publicações que cumprira os critérios de inclusão. Dois revisores, de forma independente, extraíram os dados utilizando as palavras-chave “convencionais”, “autoligados”, “biofilme”, “Streptococcus mutans” e “revisão sistemática” e avaliaram a qualidade metodológica dos estudos incluídos. No caso de divergência, foi adotada a técnica do consenso. Resultados: a estratégia de busca resultou em 1.401 artigos. A classificação da relevância científica revelou alta qualidade dos 6 artigos elegíveis, cujos desfechos não foram unânimes em relatar a influência do design dos braquetes (convencionais ou autoligáveis) sobre a aderência e a formação de colônias de Streptococcus mutans, e que outros fatores como características dos tipos de braquetes, o nível de higiene bucal individual, colagem e idade dos indivíduos, podem ter maior influência. O tratamento estatístico foi inviável por causa do desenho metodológico heterogêneo. Conclusões: dentro das limitações do presente estudo, concluiu-se que não há evidência de uma possível influência do design dos braquetes (convencionais ou autoligáveis) sobre a aderência e a formação de colônias de Streptococcus mutans. Palavras-chave: Biofilmes. Braquetes ortodônticos. Streptococcus mutans. Revisão.
Como citar este artigo: Nascimento LEAG, Souza MMG, Azevedo ARP, Maia LC. Are self-ligating brackets related to less formation of Streptococcus mutans colonies? A Systematic Review. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):60-8.
Professor Convidado, Curso de Especialização em Ortodontia da UFPI. Doutor em Ortodontia pela UFRJ. 2 Professora Titular da Disciplina de Ortodontia da UFRJ. 3 Doutorando em Ortodontia, UFRJ. 4 Professora Titular da Disciplina de Odontopedriatria da UFRJ. 1
Enviado em: 14 de agosto de 2012 - Revisado e aceito: 01 de fevereiro de 2013 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Lucianne Cople Maia Disciplina de Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Caixa Postal 68066 – Universitária – CCS CEP: 21.941-971 – Rio de Janeiro/RJ – E-mail: leonardeuler@hotmail.com
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artigo inédito
Nascimento LEAG, Souza MMG, Azevedo ARP, Maia LC
dos sistemas AL. Mesmo com as mudanças nos modernos tipos de aparelhos fixos, o problema de acúmulo de placa em torno dos braquetes ainda é cotidiano e persistente na Ortodontia37,39. Ao longo dos anos, muitas publicações6-11,33,34,38-41 relataram resultados diferentes sobre a aderência de microrganismos e o desenvolvimento de biofilmes em braquetes C e AL. A aderência de biofilme sobre os braquetes é medida por diferentes métodos, tornando difícil a avaliação da qualidade científica. Portanto, propôs-se verificar, por meio de uma revisão sistemática, se o design dos braquetes (convencionais ou autoligáveis) apresenta influência na aderência e formação de colônias de Streptococcus mutans. Além disso, uma avaliação da qualidade da solidez metodológica dos estudos incluídos na revisão foi empreendida.
INTRODUÇÃO O aumento da microbiota bucal de Streptococcus mutans e Lactobacilos está associado com o desencadeamento da desmineralização dentária e da doença periodontal, principalmente em pacientes ortodônticos, por apresentarem maior risco de colonização por esses microrganismos1-4. Parece que o principal fator para o aumento na acumulação de placa dentária e da resposta inflamatória é o aparecimento de novos locais de retenção em torno dos componentes da aparelhagem ortodôntica fixa corretiva5. Os dispositivos utilizados em aparelhos ortodônticos, sejam bandas, fios, ligaduras ou braquetes, podem promover mudanças no ambiente bucal, tais como pH, quantidade de Streptococcus mutans, do biofilme6-9 e descalcificação do esmalte10-16. As características clínicas e propriedades físicas dos tipos de braquetes são muito diferentes17, e podem influenciar diretamente na quantidade de adesão da placa e, consequentemente, na gengivite5,18-22. As características da superfície dos dentes e gengiva influenciam na formação espontânea de placa, tanto em quantidade quanto em qualidade18,23-30. A composição da saliva e a taxa de secreção também influenciam na formação de biofilme27. Os braquetes convencionais (C) estão associados ao uso de ligaduras elásticas ou de aço inoxidável para manter o fio ortodôntico dentro da canaleta8. O termo autoligáveis (AL), em Ortodontia, refere-se aos braquetes ortodônticos que possuem mecanismo próprio de abertura e fechamento da canaleta, não requerendo qualquer ligadura metálica ou elástica como método para a fixaçao do fio31,32. Todos esses métodos têm vantagens e desvantagens, mas, no que se refere à retenção de biofilme, a literatura8,33 sugere que ligaduras elásticas têm maior retenção de biofilme. O tratamento ortodôntico com braquetes convencionais geralmente apresenta como efeitos colaterais algumas alterações periodontais, pela dificuldade da higienização e pelo maior acúmulo e alteração qualitativa da placa3,5,6,8,19,20; sendo assim, com o objetivo de melhorar essa deficiência dos braquetes convencionais, foram desenvolvidos os sistemas AL, que, segundo os fabricantes e alguns estudos8,34-38, possibilitariam melhor higienização por se assumir que os braquetes AL são menos susceptíveis à colonização bacteriana por seu formato e pela ausência de ligaduras elásticas ou metálicas33. É questionável, no entanto, se a aderência de microrganismos e desenvolvimento do biofilme seriam reduzidos pela remoção de ligaduras dos braquetes convencionais, com a utilização do mecanismo de abertura e fechamento
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MATERIAL E MÉTODOS Estratégia de pesquisa A estratégia para a presente revisão sistemática foi baseada no Serviço Nacional de Saúde – Centro de Análises e Disseminação42, dos EUA. Quatro fontes de dados e portais da internet (Cochrane Central Register of Controlled Trials; Ovid ALL EMB Reviews, PubMed e Bireme) foram selecionadas para pesquisar artigos relevantes, abrangendo o período desde janeiro de 1965 a dezembro de 2012, utilizando as palavras-chave “convencionais” e/ou “autoligados”, que também foram cruzadas com as combinações dos termos “biofilme” e/ou “Streptococcus mutans” e/ou “revisão sistemática”, por meio das correspondentes fontes de informação eletrônica. Os dois revisores procuraram, separadamente, por publicações relevantes adicionais, que poderiam ter estado ausentes da base do banco de dados, como busca manual de periódicos e contato com autor. Não houve restrições de idiomas. Os revisores selecionaram os artigos pela leitura do título e resumos. O texto integral foi obtido de publicações que cumpriam os critérios de inclusão (Tab. 1). Após a seleção dos artigos pelos critérios de inclusão, a qualificação da relevância científica dos artigos selecionados foi realizada de forma independente pelos revisores; em caso de divergência, foi adotada a técnica do consenso. Essa avaliação utilizou o processo PICO (Population, Intervention, Comparison, Outcomes; “População, Intervenção, Comparação, Resultados”)43 para a construção da pesquisa e bibliografia (Tab. 1).
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artigo inédito
Propriedades mecânicas de fios de NiTi e CuNiTi com efeito memória de forma utilizados em tratamentos ortodônticos. Parte 2: avaliação microscópica das superfícies e características metalográficas Marco Abdo Gravina1, Cristiane Canavarro2, Carlos Nelson Elias3, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves4, Ione Helena Vieira Portella Brunharo5, Cátia Cardoso Abdo Quintão6
Objetivo: objetivou-se nessa pesquisa comparar as composições químicas qualitativas e as morfologias das superfícies e das regiões de fratura, após ensaios de tração, de oito tipos de fios de NiTi superelásticos e termoativados convencionais (GAC, TP, Ormco, Masel, Morelli e Unitek) aos fios com adição de cobre (CuNiTi 27°C e 35°C, da Ormco). Métodos: as análises foram realizadas em microscópio eletrônico de varredura (JEOL, modelo JSM-5800 LV) com sistema de microanálise EDS (energy dispersive spectroscopy). Resultados: os resultados mostraram que os fios de NiTi ensaiados apresentaram Ni e Ti como os principais elementos da liga, com diferenças mínimas em suas composições. Os fios de CuNiTi, por sua vez, apresentaram Ni e Ti, com percentual significativo de cobre (Cu). Em relação às morfologias das superfícies, os fios que apresentaram os melhores acabamentos foram os superelásticos da Masel e Morelli, e os que apresentaram os piores acabamentos foram os de CuNiTi 27°C e 35°C, da Ormco, graças à presença de microcavidades formadas devido ao arrancamento de partículas, possivelmente de NiTi4. As superfícies de fratura apresentaram características de fratura dúctil, com a presença de microcavidades. Os fios superelásticos da GAC e de CuNiTi 27°C, bem como os termoativados da Unitek, apresentaram as menores microcavidades e os melhores acabamentos à fratura, enquanto os fios de CuNiTi 35° apresentaram acabamentos inadequados das regiões de fratura. Conclusão: os fios de CuNiTi 35°C não apresentaram características morfológicas mais adequadas das superfícies e das regiões de fratura em relação aos demais fios. Palavras-chave: Propriedades físicas. Fios ortodônticos. Microscopia eletrônica de varredura. Níquel. Titânio. Cobre.
Como citar este artigo: Gravina MA, Canavarro C, Elias CN, Chaves MGAM, Brunharo IHVP, Quintão CCA. Mechanical properties of NiTi and CuNiTi wires used in orthodontic treatment. Part 2: Microscopic surface appraisal and metallurgical characteristics. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):69-76.
Professor Adjunto, disciplina de Ortodontia, UFJF. Professora Substituta, disciplina de Ortodontia, FOUERJ. 3 Professor Assistente, IME. 4 Professora Adjunta, disciplina de Patologia, UFJF. 5 Professora Visitante, disciplina de Ortodontia, FOUERJ. 6 Professora Adjunta, disciplina de Ortodontia, FOUERJ. 1
2
Enviado em: 11 de agosto de 2009 - Revisado e aceito: 09 de agosto de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Marco Abdo Gravina Av. Barão do Rio Branco, 2595 – Sl. 1204 – Juiz de Fora/MG – CEP: 36.010-011 E-mail: marcoabdogravina@yahoo.com.br
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Propriedades mecânicas de fios de NiTi e CuNiTi com efeito memória de forma utilizados em tratamentos ortodônticos. Parte 2: avaliação microscópica das superfícies e características metalográficas
peraturas, as ligas de NiTi eram facilmente deformadas e, com o aquecimento dessas, acima de suas temperaturas de transição, suas configurações originais eram reestabelecidas. Todavia, a complexidade do tratamento térmico das ligas de NiTi tornou, naquela época, a manufatura de fios termoativáveis inviável9,17. Os fios de NiTi com adição de cobre (CuNiTi) surgiram, comercialmente, em meados da década de 90, e foram manufaturados em três temperaturas de transição, sendo um deles superelástico (CuNiTi 27°C) e dois termoativados (CuNiTi 35°C e CuNiTi 40°C). Por apresentarem incorporação de cobre — eficiente condutor de calor — ao níquel e titânio, apresentam temperaturas de transição mais definidas, garantindo a geração de cargas mais homogêneas de arco para arco e de extremidade para extremidade, e aumentando a efetividade na movimentação dentária16. Fisher-Brandies et al.10 compararam as composições químicas e as topografias superficiais de cinco marcas comerciais de fios de NiTi retangulares superelásticos (Dentaurum, Forestadent e Lancer) e termoativados ( GAC e CuNiTi 35°C). Os resultados demonstraram que todos os fios testados apresentaram diferenças mínimas em suas composições químicas, com aproximadamente 58% de níquel e 42% de titânio. Exceção se fez para o fio de CuNiTi que, além do níquel (50,7%) e do titânio (42,4%), apresentou 6,9% de cobre em sua composição. Quanto à topografia superficial, todos os fios apresentaram inclusões e resíduos de manufatura (partículas de Si e Al), imunogeneidades químicas e ranhuras superficiais. Os fios superelásticos apresentaram as superfícies mais lisas em relação aos termoativados. Tais características são importantes por estarem associadas à intensidade do atrito braquete-fio, à biocompatibilidade e à resistência à corrosão, já que a liberação de íons e as fraturas por fadiga iniciam-se nos locais das inclusões e de corrosão10. Damon7 afirmou que a utilização específica dos fios ortodônticos de CuNiTi 35°C, juntamente com braquetes autoligáveis (Damon System), reduziria, significativamente, o coeficiente de atrito gerado em mecânicas convencionais, sendo essa a chave para um tratamento mais eficiente, com redução significativa do tempo médio das consultas, do número de visitas necessárias aos ortodontistas e do grau de desconforto para os pacientes.
INTRODUÇÃO Desde o início da oferta dos fios de NiTi no mercado ortodôntico, há mais de 30 anos, evoluções vêm sendo obtidas no sentido de melhorar seu desempenho na fase de nivelamento e alinhamento dentário. Em 1963, as ligas de NiTi foram desenvolvidas no Naval Ordinance Laboratory, em Silver Springs, nos EUA. Na prática ortodôntica, Andreasen et al.1,2 foram atraídos pelas propriedades únicas inerentes a essas ligas, tais como o alto limite elástico, a alta resiliência e o baixo módulo de elasticidade e rigidez, de maneira que as primeiras ligas comerciais de NiTi, para fins ortodônticos, foram desenvolvidas por eles. Subsequentemente, a Unitek Corporation produziu a liga de NiTi estabilizado para uso clínico, sob o nome comercial de Nitinol (Nickel Titanium Naval Ordinance Laboratory). Essa foi desenvolvida na proporção em peso de 55% níquel e 45% titânio, sendo utilizada, clinicamente, pela primeira vez, em 1972. Apesar de possuir excelente propriedade de recuperação elástica, o Nitinol não possuía, naquela época, o efeito memória de forma ou superelasticidade. As ligas de NiTi superelásticas (NiTi SE) foram inicialmente produzidas em 1978 pela empresa Furukawa Eletric Co., do Japão. A partir daí, vários estudos foram conduzidos na tentativa de se produzir fios com propriedades similares para fins ortodônticos, sendo esse objetivo alcançado em 1986, com o desenvolvimento do fio Japanese NiTi. Concomitantemente a essa descoberta, uma outra liga de NiTi, com características similares às descritas anteriormente, foi desenvolvida especialmente para fins ortodônticos, por Tien Hua Cheng, no General Research Institute for Non-Ferrous Metals (Beijing, China)6. Essas ligas, denominadas Chinese NiTi, possuíam características únicas de manutenção constante das forças durante as ativações e desativações6,12. A estrutura cristalina austenítica obtida durante o processo de manufatura as diferem significativamente dos fios de NiTi estabilizados6. As ligas de NiTi termoativadas surgiram, para fins comerciais, na década de 90. Além das propriedades de manutenção de cargas constantes dos fios superelásticos, os fios de NiTi termodinâmicos possuíam a característica adicional de serem termicamente ativáveis, propriedade responsável pelo efeito memória de forma12. Desde 1963, Buehler4 havia observado o efeito memória de forma15, afirmando que, em baixas tem-
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liados esses sob magnificação de 2.000x (Fig. 3E, 3F), observou-se que apresentaram, além das marcas e ranhuras da trefilação, microcavidades formadas devido ao arrancamento das partículas, possivelmente de NiTi4, fato também observado para os fios de NiTi e CuNiTi 27°C superelásticos da Ormco. A precipitação do NiTi4 depende da quantidade de Ni em solução sólida, sendo que poderia ter sido alterada pela presença do cobre na composição dos fios de CuNiTi. Variações na ordem de 0,1% de Ni já seriam significativas para induzir à formação e precipitação de NiTi4. Em relação aos fios de NiTi superelásticos da Ormco, observou-se que eles apresentaram percentual ligeiramente inferior de Ni em relação aos demais fios de NiTi ensaiados (Tab. 1), o que poderia ter induzido à formação de maior percentual de precipitação e de arrancamento das partículas de NiTi4. Com relação à morfologia da região de fratura dos subgrupos dos fios superelásticos e termoativados, sob magnificação de 2.000 vezes, (Fig. 5, 6), observa-se a presença de microcavidades, características de fratura do tipo dúctil, sendo as maiores microcavidades formadas em função do arrancamento de partículas, possivelmente de NiTi4. Observa-se que, de maneira geral, o tamanho das microcavidades encontradas para os fios de NiTi superelásticos foram superiores às encontradas para os fios de NiTi termoativados. Entre os fios de NiTi superelásticos, os que apresentaram as menores microcavidades foram os de CuNiTi 27°C (Fig. 5D). Os da GAC, TP, Masel e Morelli (Fig. 5) apresentaram microcavidades de tamanhos similares. Os termoativados da GAC e da Unitek (Fig. 6E, 6H) apresentaram microcavidades inferiores às apresentadas pelas demais amostras. Os resultados do presente trabalho demonstraram, dessa forma, que os fios de CuNiTi 35°C apresentaram características inadequadas em termos das topografias superficiais, o que poderia predispor a um maior coeficiente de atrito, durante a movimentação ortodôntica. Damon7, todavia, afirmou que a utilização sequencial dos fios ortodônticos de CuNiTi 35°C de 0,014", 0,014" x 0,025"e 0,018" x 0,025" em braquetes autoligáveis, reduziria, significativamente, o coeficiente de atrito gerado em mecânicas convencionais, sendo essa a chave para um tratamento mais eficiente, com redução significativa no tempo médio das consultas e no número de visitas necessárias aos ortodontistas e no grau de desconforto para os pacientes. Sugere-se, entretanto, um novo trabalho que avalie o atrito de tais fios em relação aos demais fios de NiTi
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e CuNiTi superelásticos e termoativados, já que, por meio da microscopia eletrônica de varredura, o presente trabalho, em concordância aos resultados obtidos por Fisher-Brandies et al.10, comprovou que os fios de CuNiTi 35°C da Ormco apresentaram marcas e ranhuras de trefilação bastante visíveis em todos os aumentos, além de microcavidades formadas devido ao arrancamento das partículas de NiTi4, o que poderia gerar um maior coeficiente de atrito. CONCLUSÃO 1) Quanto à composição química, os fios de NiTi ensaiados apresentaram predomínio de Ni e Ti com a presença de pequenos percentuais de Al, Ca e Si. Os fios de CuNiTi apresentaram, além do Ni e do Ti, percentual significativo de cobre em suas composições. 2) Quanto à morfologia das superfícies, os fios de NiTi superelásticos da Masel e da Morelli apresentaram os melhores acabamentos das superfícies, enquanto os de NiTi e os de CuNiTi superelásticos e termoativados da Ormco apresentaram os piores 3) Quanto à morfologia das regiões de fratura, os fios de CuNiTi 27°C da Ormco e termoativados da GAC e Unitek apresentaram as menores microcavidades, enquanto os de CuNiTi 35°C da Ormco apresentaram as maiores. 4) Todos os fios apresentaram superfície de fratura sob tração do tipo dúctil 5) Os fios de CuNiTi 35°C não apresentaram características morfológicas mais adequadas das superfícies e das regiões de fratura, em relação aos demais fios.
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Propriedades mecânicas de fios de NiTi e CuNiTi com efeito memória de forma utilizados em tratamentos ortodônticos. Parte 2: avaliação microscópica das superfícies e características metalográficas
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Comparação da resistência ao cisalhamento e das superfícies do esmalte decorrentes de colagem e descolagem de braquetes cerâmicos e metálicos José Maurício da Rocha1, Marco Abdo Gravina2, Marcio José da Silva Campos3, Cátia Cardoso Abdo Quintão4, Carlos Nelson Elias5, Robert Willer Farinazzo Vitral6
Objetivo: avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por três marcas de braquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e uma marca de braquete metálico, verificando os índices de resina remanescentes (IRA) após os ensaios, e analisar, por meio de microscopia eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte após a descolagem, detectando o desprendimento de partículas minerais desse. Métodos: foram utilizados 60 incisivos inferiores bovinos. Os braquetes cerâmicos (Allure, InVu e Clarity) e metálico (Geneus) foram colados utilizando-se o adesivo Transbond XT. Para os resultados referentes ao cisalhamento e ao IRA, foi utilizado o teste de Kruskal-Wallis, com nível de significância de 5%. A prova de Mann-Whtiney foi utilizada para comparar os diferentes tipos de braquetes aos pares, quanto ao IRA. Para a análise dos resultados referentes às composições químicas do esmalte, aplicou-se o teste de Brown-Forsythe, com significância de 5%. As comparações entre os grupos foram realizadas utilizando os testes Post Hoc e de Games-Hoewell. Resultados: não foram observadas diferenças significativas quanto às cargas de cisalhamento. O Clarity foi o mais afetado em relação à topografia e ao desprendimento de partículas minerais do esmalte (íons Ca). Conclusão: em relação ao IRA, foi confirmada a prevalência do escore 4, com um percentual de 40,4%. Em relação à topografia superficial do esmalte, o Geneus foi o único que não apresentou perda de tecido . O InVu e o Clarity apresentaram fraturas coesivas de 33,3% de suas amostras, e o Allure de 50%, sendo o que mais fraturou durante a remoção. Palavras-chave: Resistência ao cisalhamento. Esmalte dentário. Braquetes ortodônticos. Microscopia eletrônica de varredura.
Como citar este artigo: Rocha JM, Gravina MA, Campos MJS, Quintão CCA, Elias CN, Vitral RWF. Shear bond resistance and enamel surface comparison after the bonding and debonding of ceramic and metallic brackets. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):77-85.
Mestre e Professor Adjunto de Ortodontia, FO/UFJF. 2 Doutor em Odontologia, UERJ. Professor Adjunto de Ortodontia, FO/UFJF. 3 Pós-doutor em Ortodontia e Professor, FO/UFJF. 4 Doutora em Ortodontia, UFRJ. Professora Adjunta de Ortodontia, FO/UERJ. 5 Doutor em Ciências dos Materiais, IME. Professor Adjunto de Biomateriais, UFF. 6 Doutor em Ortodontia, UFRJ. Professor Associado de Ortodontia, FO/UFJF. 1
Enviado em: 31 de julho de 2011 - Revisado e aceito: 28 de novembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Marco Abdo Gravina Av. Barão do Rio Branco, 2595 – Salas 1203 e 1204 – Centro Juiz de Fora/MG – CEP: 36010-011 E-mail: marcoabdogravina@yahoo.com.br
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Comparação da resistência ao cisalhamento e das superfícies do esmalte decorrentes de colagem e descolagem de braquetes cerâmicos e metálicos
tornou-se necessário obter um substituto com as mesmas características físicas. Os dentes humanos são morfológica e histologicamente semelhantes aos dentes de outros mamíferos, sendo que o tamanho e a disponibilidade fazem dos incisivos bovinos uma boa opção para as pesquisas odontológicas5. O teste de cisalhamento é um dos mais simples e amplamente utilizados para a determinação da resistência de adesão à colagem de braquetes ortodônticos8. Nesse teste, a união é rompida por uma força aplicada paralelamente à interface adesiva. O teste pode ser realizado por meio de uma haste metálica ou uma alça de fio de aço, justapostas o mais próximo possível da interface adesiva8. A fratura se inicia no ponto onde a haste aplica uma força normal, portanto, a fratura nem sempre ocorre no ponto mais fraco23. A microscopia eletrônica de varredura (MEV) é utilizada em várias áreas do conhecimento, e o uso dessa técnica vem se tornando mais frequente por fornecer informações de detalhe, com magnificações de até 300.000 vezes. Ao microscópio eletrônico pode ser acoplado o sistema EDS (energy dispersive spectroscopy), que possibilita a determinação da composição qualitativa e semiquantitativa das amostras, a partir da emissão de raios X característicos7. A realização de estudos in vivo pode apresentar muitas variáveis, o que pode ser minimizado a partir do desenvolvimento de protocolos de pesquisa in vitro, padronizando os procedimentos e limitando ao máximo as variáveis envolvidas. Dessa forma, os resultados seriam mais representativos e passíveis de comparação. O presente estudo objetivou avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por três marcas comerciais de braquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e uma marca de braquete ortodôntico metálico, analisando, por meio da microscopia eletrônica de varredura, as topografias superficiais do esmalte após a descolagem dos braquetes, detectando o desprendimento de partículas minerais desse.
INTRODUÇÃO A exigência por tratamentos ortodônticos estéticos, principalmente por parte dos pacientes adultos, culminou no desenvolvimento dos primeiros braquetes cerâmicos na Ortodontia no final da década de 80. A partir de então, vêm sendo desenvolvidas novas tecnologias para manufatura dos braquetes estéticos10. Os braquetes cerâmicos podem ser policristalinos ou monocristalinos, sendo que a diferença está no processo de fabricação. Os braquetes policristalinos são produzidos pela precipitação de partículas de óxido de alumínio, combinadas com um aglutinador, trabalhados e aquecidos para remover as imperfeições da superfície e o estresse causado pelo processo de corte. Esse processo de manufatura pode produzir falhas estruturais nos acessórios. Os braquetes monocristalinos são feitos por um processo inteiramente diferente. Cristais únicos, feitos de safira, envolvem a combinação das partículas de óxido de alumínio com um aglutinador a 2.100°C13,19. Dessa maneira, a estrutura cristalina do braquete monocristalino é mais pura do que a do policristalino, reduzindo, assim, as falhas estruturais, porém, elevando os custos de fabricação3. A introdução do ataque ácido ao esmalte dentário, por Buonocore4, tornou a colagem de braquetes uma rotina na terapia ortodôntica com aparelho fixo. Buonocore4 propôs que a superfície do esmalte poderia ser alterada por ácidos, para se tornar mais receptiva à adesão. A técnica consistiu em — previamente à profilaxia do esmalte e com esse já limpo, seco e isolado da saliva — se aplicar o ácido sobre sua superfície. Vários materiais foram desenvolvidos com essa finalidade. As resinas compostas tornaram-se o principal material de colagem devido às suas propriedades adesivas4. Quando um braquete é removido, a ruptura na união pode ocorrer na interface braquete/adesivo (adesiva), adesivo/esmalte (adesiva), na camada adesiva (coesiva), ou pode ser mista (adesiva e coesiva). Quando ocorre a quebra na interface adesivo/esmalte, há maior risco de fragmentos de esmalte serem removidos juntamente com a resina da base dos braquetes. Portanto, o ortodontista deve se preocupar em utilizar a técnica que promova a fratura na interface braquete/adesivo, prevenindo danos à estrutura dentária2,4,11,12,14,24. Devido à grande dificuldade em se obter dentes humanos extraídos para pesquisas odontológicas,
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Proposição 1) Avaliar, in vitro, a resistência ao cisalhamento apresentada por três marcas comerciais de braquetes ortodônticos cerâmicos policristalinos e por um braquete ortodôntico metálico, todos com retenção mecânica.
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compararam e observaram, em MEV, as topografias superficiais do esmalte de pré-molares, submetidos à colagem de braquetes ortodônticos, conforme dois métodos: 1) condicionamento com ácido fosfórico a 37% durante 30 segundos + adesivo Transbond XT + cimento resinoso transbond XT; e 2) Transbond Plus Self Etching Primer (SEP) + cimento resinoso transbond XT. Com base nos resultados, demonstraram que o grupo condicionado com ácido fosfórico apresentou maior perda de esmalte do que o grupo Transbond Plus Self Etching Primer, além das interfaces esmalte-adesivo terem se apresentado mais irregulares quando o esmalte foi condicionado com ácido fosfórico. Dessa forma, as diferenças, em relação a alguns trabalhos encontrados na literatura, podem estar relacionadas a esse condicionamento, já que o ácido fosfórico foi o utilizado no presente estudo. Sugere-se, portanto, a realização de trabalhos posteriores comparando-se o Transbond Plus Self Etching Primer, o ácido fosfórico a 37% e os demais materiais de condicionamento, na tentativa de se buscar, cientificamente, o material ortodôntico de condicionamento que cause menos danos ao esmalte dentário após a remoção dos braquetes, objetivando um procedimento mais conservador na colagem ortodôntica. O presente estudo comprovou que danos ao esmalte dentário são passíveis de ocorrer, após a remoção de braquetes, em dentes condicionados com ácido fosfórico a 37%, sendo mais frequentes e extensos quando os braquetes cerâmicos são utilizados.
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CONCLUSÃO 1) Não foram observadas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos nas cargas de cisalhamento necessárias para a promoção da descolagem dos braquetes. 2) Em relação aos índices de resina remanescentes, observou-se diferenças estatísticas entre os grupos Clarity e Invu; Allure e InVu e Clarity e Geneus. Nas demais comparações, não houve diferença estatisticamente significativa entre os pares. Em um contexto geral, foi confirmada a prevalência do escore 4, com um percentual de 40,4%. 3) Na análise da topografia superficial do esmalte, observou-se que o grupo Geneus foi o único que não apresentou perda de tecido superficial, apenas pequenas fissuras decorrentes, provavelmente, da técnica de descolagem. Entre os grupos compostos pelos braquetes cerâmicos, todos apresentaram erosões, poros, depressões e perda de camada aprismática de esmalte, sendo o grupo Clarity o mais afetado, tendo demonstrado alterações significativas na microestrutura do esmalte. 4) Em relação ao teste EDS, o grupo Clarity apresentou percentual significativamente inferior de íons Ca no esmalte após a remoção dos braquetes. 5) Observou-se que os braquetes metálicos não fraturam durante a remoção, os grupos InVu e Clarity apresentaram fraturas de 33,3% de suas amostras e o grupo Allure de 50%.
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artigo inédito
Comparação da fricção produzida por dois tipos de protetores de braquetes ortodônticos Steyner de Lima Mendonça1, Otávio José Praxedes Neto2, Patricia Teixeira de Oliveira3, Patricia Bittencourt Dutra dos Santos4, Fábio Henrique de Sá Leitão Pinheiro5
Introdução: o aparelho ortodôntico fixo é considerado um fator causador de traumas na mucosa bucal. Com o intuito de controlar o desconforto no tecido mole, diversos ortodontistas recomendam a utilização de uma pequena quantidade de cera utilidade sobre os braquetes como forma de proteção. Esse estudo teve como objetivo avaliar, in vitro, o atrito gerado por dois tipos de protetores de braquetes (protetor de acetato e de resina – PPA e PRT) durante os estágios iniciais do tratamento ortodôntico. Métodos: o atrito gerado pelos protetores no fio ortodôntico foi avaliado em unidades de teste de modelos experimentais. Esses modelos foram ligados a uma máquina de ensaios mecânicos que simulava o alinhamento do canino superior. A comparação intergrupos foi realizada pela ANOVA, com nível de significância de 5%. Resultados: a fricção apresentada pelo grupo PRT foi estatisticamente maior do que a do grupo controle ao nível de 6mm. Para o atrito máximo, a média do grupo PRT foi estatisticamente maior do que a dos grupos controle e PPA. Conclusão: o protetor de acetato demonstrou não interferir no atrito entre o fio e a ranhura do braquete ortodôntico. Palavras-chave: Ortodontia. Braquetes ortodônticos. Fricção.
Como citar este artigo: Mendonça SL, Praxedes Neto OJ, Oliveira PT, Santos PBD, Pinheiro FHSL. Comparison of friction produced by two types of orthodontic bracket protectors. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):86-91.
Mestre em Ortodontia, UNP. 2 Doutor em Ciências da Saúde, UFRN. Professor Associado, UNP. 3 Doutora em Estomatologia Clínica, PUCRS. Professora Associada, UNP. 4 Doutoranda em Ciências Biológicas Aplicadas, FOB/USP. Professora Assistente, UERN. 5 Doutor em Ortodontia, Universidade de Manchester. Professor Associado, UNP. 1
Enviado em: 01 de dezembro de 2011 - Revisado e aceito: 08 de abril de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Patricia Bittencourt Dutra dos Santos Rua Pinheiro Borges, 656 – Barro Vermelho – Natal/RN – CEP: 59030-370 E-mail: pati_bittencourt@hotmail.com
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INtroduçÃO O aparelho ortodôntico fixo tem sido considerado causador de úlceras bucais devido a um atrito intermitente entre a mucosa bucal e os braquetes1,2. Esse problema, inevitavelmente, leva ao desconforto, tanto para a mucosa jugal quanto para a língua3. Com o intuito de controlar o desconforto dos tecidos moles, comumente associado aos aparelhos ortodônticos fixos, a maioria dos ortodontistas recomenda a utilização de uma pequena quantidade de cera utilidade sobre os acessórios, a fim de aliviar o trauma. Essa é, talvez, uma das maneiras mais tradicionais de se proteger os tecidos moles durante o tratamento ortodôntico. Embora a incorporação de compostos anestésicos já tenha sido relatada 1, nenhuma investigação adicional sobre esse tipo de proteção foi publicada. Recentemente, outros materiais foram incorporados à rotina clínica, como resinas restauradoras temporárias4 (por exemplo, a Fermit) ou até materiais plásticos para recobrir os braquetes; entretanto, a literatura não dispõe, ainda, de dados sobre a biocompatibilidade e influência desses materiais na biomecânica. Estudos anteriores mostraram que o uso contínuo de protetores (plásticos ou resinosos) pode levar a um aumento de fricção entre o fio e a ligadura, e entre o fio e o braquete ortodôntico5-13. Idealmente, seria desejável que os materiais utilizados sobre os braquetes não interferissem ou tocassem o fio e a ranhura do braquete durante o movimento dentário. Um protetor de acetato personalizado para cada tipo de braquete, tendo o objetivo de não interferir no fio e na ranhura do braquete, foi desenvolvido para o presente estudo. Esse tipo de protetor ainda precisa ser validado por meio de um ensaio clínico randomizado (ECR) antes de seu uso poder ser totalmente recomendado. No entanto, seria antiético iniciar um ECR sem antes verificar se esse tipo de protetor pode interferir na movimentação ortodôntica. O objetivo do presente estudo foi comparar a fricção, in vitro, gerada por dois grupos diferentes de protetores de braquetes durante a simulação do nivelamento de canino superior: 1) braquetes cobertos com um protetor de acetato personalizado, fabricado para o presente estudo; e 2) braquetes cobertos com uma resina temporária. Ambos os grupos foram comparados com um grupo controle sem proteção.
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Material e Métodos Tipo de braquetes Os braquetes pré-ajustados (Prescrição Roth, Dental Morelli, São Paulo) utilizados nesse estudo eram de aço inoxidável de 0,022", especificamente projetados para pré-molares, caninos e incisivos laterais superiores. Com exceção do braquete do incisivo lateral, todos os outros possuíam ganchos. Grupos experimentais Foram criados 3 grupos para comparar o grau de atrito: grupo PPA, braquetes cobertos com um protetor personalizado de acetato (PPA); grupo PRT, braquetes cobertos com um protetor de resina temporária (PRT), e grupo Controle, braquetes sem proteção para tecidos moles. Foram realizados 21 testes de atrito em cada grupo. O número de testes foi determinado pelo cálculo amostral, com base no estudo piloto com 10 testes, no qual a diferença de 1N entre as médias foi considerada clinicamente significativa. Para esse cálculo, o poder do teste foi fixado em 80% e o nível de significância em 5%. Fabricação do protetor personalizado de acetato, conforme utilizado no Grupo PPA Os protetores personalizados de acetato para cobertura de braquetes metálicos (Dental Morelli) e biocompatíveis foram fabricados por um único operador calibrado. O processo de calibração incluiu o acompanhamento da fabricação de uma série de protetores diferentes, e foi determinado em consequência da satisfação dos autores com a qualidade dos protetores produzidos. Sessenta protetores foram fabricados para cada tipo específico de braquete a ser utilizado no estudo. O contato direto do acetato com o fio ortodôntico ou com ranhura do braquete foi evitado por meio de um alívio da ranhura de cada braquete, utilizando resina composta fotopolimerizável Z100 (3M, St. Paul, EUA). Os braquetes foram colocados em uma máquina térmica a vácuo, a fim de obter uma película de acetato de 1mm de espessura. O acetato foi cortado com discos de aço de 0,5mm montados em uma peça de mão de baixa rotação. O procedimento de corte foi realizado de tal maneira a restringir o protetor para apenas as superfícies do braquete que normalmente entram em contato com os tecidos moles. Durante esse procedimento, quaisquer áreas ou pontos de contato entre o fio ortodôntico e o acetato foram removidos.
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cada cinco ensaios. Considerou-se que a substituição do braquete se tornava uma desvantagem, uma vez que sua reinstalação poderia aumentar as chances de erro de padronização. Acreditamos, também, que a ordem aleatória em que os grupos foram testados poderia resolver o viés relacionado à fadiga do braquete. Além do maior conforto a que os pacientes são propensos com o uso desse protetor de acetato personalizado, os achados do atual estudo sugerem que ele não interfere na mecânica ortodôntica. À medida em que o protetor testado parece não aumentar o atrito, acredita-se que ele não pode interferir no tempo de tratamento, embora o tempo de tratamento não pareça ser dependente apenas da fricção, mas, também, da ligação do fio contra os cantos dos braquetes6. No entanto, devemos ter em mente que esse problema é mais comum durante a mecânica de deslizamento, e não durante o nivelamento dos caninos, como ilustrado aqui. Quando se trata de viabilidade clínica, não esperamos que os clínicos fabriquem cada protetor individualizado
para seus pacientes. Em vez disso, esperamos que a indústria ortodôntica produza conjuntos de protetores que se encaixam em diversos tipos de braquetes. Enquanto os princípios aqui descritos são incorporados ao processo de industrialização de forma padronizada, não haverá preocupações sobre a sensibilidade técnica. No futuro, parece ser necessária a realização de estudos similares usando fios mais espessos para simular a mecânica de fechamento de espaços. Os testes in vitro também deve ser conduzidos, bem como estudos randomizados para avaliar a eficácia clínica (nível de conforto) do protetor de acetato como proteção dos tecidos durante o tratamento ortodôntico. Conclusão A partir do presente estudo, foi possível concluir que a utilização de protetores de braquetes de acetato, como proposto no artigo, resultou em um nível de fricção similar ao observador em braquetes sem protetores.
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Avaliação da movimentação dentária induzida após trauma de subluxação: estudo experimental em ratos Mauro Carlos Agner Busato1, Alex Luiz Pozzobon Pereira2, Celso Koogi Sonoda3, Osmar Aparecido Cuoghi4, Marcos Rogério de Mendonça4
Objetivo: avaliar as alterações histológicas ocorridas na área periodontal de molares de ratos submetidos à movimentação dentária induzida (MDI), logo após um trauma intencional (subluxação). Métodos: quarenta ratos Wistar machos adultos (Rattus norvegicus albinus) foram selecionados. Os animais foram divididos em oito grupos (n = 5), de acordo com a combinação das variáveis: Grupo 1 – controle (sem trauma e sem MDI); Grupo 2 – MDI; Grupos 3, 4, 5 e 6 – grupos de trauma dentoalveolar correspondendo, respectivamente, para 1, 3, 8 e 10 dias após o trauma; Grupos 7 e 8 – os molares murinos foram submetidos a um impacto de 900cN e, de um e três dias após o evento trauma, o movimento do dente foi induzido. Os primeiros molares superiores dos animais foram movidos mesialmente durante sete dias, com uma mola fechada (50cN). Após período experimental de cada grupo, os animais foram sacrificados por overdose anestésica e as maxilas direitas foram removidas e processadas para análise histológica qualitativa. Resultados: nos animais dos grupos 3, 4, 5 e 6, as alterações histológicas não foram muito significativas. Consequentemente, o efeito do movimento dentário induzido logo após um evento de subluxação (grupos 7 e 8) foi muito semelhante ao descrito para o grupo 2. Conclusão: não houve diferença na qualidade do reparo periodontal quando a MDI foi aplicada aos dentes que sofreram um trauma de subluxação. Palavras-chave: Ortodontia. Traumatismos dentários. Periodonto.
Como citar este artigo: Busato MCA, Pereira ALP, Sonoda CK, Cuoghi OA, Mendonça MR. Microscopic evaluation of induced tooth movement after subluxation trauma: an experimental study in rats. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):92-9.
Doutor em Odontologia, UNESP. Professor de Ortodontia, UNIOESTE. 2 Doutor em Ortodontia, UNESP. Professor de Ortodontia, UFM. 3 Doutor, Livre-Docente (Unesp Araçatuba-SP). 4 Livre Docente em Ortodontia, UNESP. Professor, Departamento de Odontologia Infantil e Social, Disciplina de Ortodontia, UNESP. 1
Enviado em: 22 de maio de 2012 - Revisado e aceito: 28 de junho de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Mauro Carlos Agner Busato Rua Rio de Janeiro, 1866 – Cascavel/PR CEP: 85.801041 – E-mail: mcabusato@uol.com.br
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desses tecidos3,12. De modo secundário, Mine et al.3 inferiram que estímulos mecânicos calculados, tais como as forças ortodônticas, seriam importantes para que, após o trauma, ocorresse o processo de migração e proliferação das células do ligamento periodontal, prevenindo a ocorrência de cicatrizes teciduais como a anquilose e reabsorções radiculares inflamatórias. Entretanto, o real efeito histológico do somatório da aplicação de uma carga ortodôntica sobre um dente recém-traumatizado ainda não foi estabelecido experimentalmente1,13-16. O relacionamento do fator tempo com a movimentação do dente traumatizado deve, ainda, ser estabelecido de modo experimental para os tecidos periodontais; em outras palavras, faltam evidências científicas que sustentem as condutas clínicas5. Desse modo, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a qualidade da resposta do tecido periodontal quando se aplicou movimentação dentária induzida em dentes recentemente traumatizados.
INtroduçÃO O traumatismo dentoalveolar pode envolver, segundo classificação da Organização Mundial da Saúde (OMS)1, os dentes, seus tecidos de sustentação, a gengiva e a mucosa bucal. Do ponto de vista da Ortodontia, a maior preocupação reside sobre os traumas dirigidos aos tecidos de suporte, incluindo osso alveolar, ligamento periodontal e cemento radicular, pois da normalidade desses tecidos depende o sucesso da terapia ortodôntica, já que o movimento dentário é um fenômeno diretamente relacionado ao periodonto de sustentação2-5. As subluxações são as formas mais comuns de traumatismo ao periodonto de sustentação, chegando a representar um quarto do total dos traumas que envolvem injúria do ligamento periodontal6. Nas subluxações o dente não se desloca de sua posição inicial e, após o trauma, esse apresentará certo grau de mobilidade1. Os eventos histológicos após um trauma de subluxação envolverão nas primeiras horas hemorragia no espaço do ligamento periodontal, com lesão das fibras periodontais e morte celular. Na sequência, haverá o aparecimento de áreas hialinas e acúmulo de mediadores inflamatórios que, por sua vez, induzirão reabsorção óssea e radicular. Dez dias após o trauma, com a menor concentração de produtos inflamatórios, se iniciará o reparo periodontal1,7. Os protocolos da International Association of Dental Traumatology8,9,10, divulgados em 2007, trazem uma visão consensual de diversos pesquisadores e clínicos das várias especialidades sobre os cuidados e procedimentos a serem realizados em dentes traumatizados. Esse guia sugere condutas para o tratamento dos diversos traumatismos, indicando que, no caso de subluxações, não há a necessidade de tratamento específico, e os dentes envolvidos devem ser acompanhados por, no mínimo, três meses antes de serem submetidos às forças ortodônticas8,9,10. Esse é o paradigma vigente com relação aos dentes subluxados, ou seja, considera-se que a força ortodôntica seria um trauma adicional ao periodonto e, assim, recomenda-se cautela e bom senso antes de indicá-la11. Contrapondo-se ao estado da arte com relação à movimentação de dentes traumatizados, outros autores sugerem que a movimentação de dentes luxados poderia aliviar as áreas de compressão no periodonto e na polpa e, consequentemente, facilitar o reparo
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MATERIAL E MÉTODOS O projeto de pesquisa foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética de Pesquisa Animal da Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade do Estado de São Paulo (UNESP). Seguiram-se todas as diretrizes referentes aos cuidados com os animais da pesquisa. A amostra foi composta por 40 ratos machos Wistar (Rattus norvegicus albinus), pesando entre 250 e 350g. Os animais foram mantidos em gaiolas plásticas sob condições climáticas controladas (com ciclo de luz de 12/12 horas e temperatura constante) e alimentados com ração sólida (Ração Ativada Produtor; Anderson e Clayton S.A. Indústria e Comércio, São Paulo/SP) e água ad libitum. Todos os procedimentos experimentais foram executados sob anestesia, com a aplicação de um relaxante muscular (cloridrato de xilazina – Dopaser, Caleir S.A., Barcelona, Espanha), ministrando-se 0,03ml/100g de peso, associados ao anestésico cloridrato de cetamina (Vetaset, Fort Dodge Animal Health, Iowa, EUA), com dosagem de 0,07ml/100g de peso, ambos por via intramuscular. Os animais foram divididos em oito grupos, com cinco animais em cada grupo. No grupo 1 (grupo controle – periodonto normal), os animais foram acompanhados durante todo o experimento, sem indução de nenhum tratamento e, após o período
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Assim como Turley et al.22 e Gomes et al.24, em sete espécimes dos grupos 7 e 8, foram observadas áreas de reabsorção óssea com a presença de células multinucleadas nas lacunas de Howship. Também no grupo submetido à movimentação dentária induzida (grupo 2) foram observadas as mesmas lacunas de reabsorção. Mais uma vez, quando associou-se trauma e movimentação (grupos 7 e 8), os eventos de reparo da parede óssea alveolar foram semelhantes ao grupo 2. Considerando os eventos microscópicos do periodonto de sustentação após um trauma de subluxação e a movimentação dentária induzida, parece não haver razões objetivas para se aguardar um período de tempo, após esse tipo de trauma, antes de se iniciar o tratamento ortodôntico. A hialinização do ligamento periodontal, as reabsorções radiculares e ósseas encontradas foram semelhantes nos grupos de movimentação dentária induzida (grupos 2, 7 e 8), de modo que a aplicação de uma força ortodôntica controlada sobre um dente que sofreu um traumatismo do tipo subluxação não apresenta contra-indicação. Em outras palavras, o tempo de acompanhamento de um dente traumatizado, antes da indução de movimento ortodôntico, recomendado pela literatura6,8,9,10, parece, nas condições experimentais do presente trabalho, não se sustentar para dentes que sofreram subluxação.
nos dentes que sofreram intrusões leves (0,5 a 1mm), e que, na sequência, foram ortodonticamente extruídos, ocorreu reabsorção radicular inflamatória, resultado semelhante aos encontrados nos grupos 7 e 8 do presente trabalho, no qual, em sete dos dez animais, foram observados pontos de reabsorção de superfície, principalmente na porção apical do lado distal da raiz mesial, área reconhecidamente de compressão do ligamento periodontal. Esses resultados de reabsorção radicular superficial e inflamatória também foram detectados nos grupos de animais submetidos ao traumatismo dentoalveolar (grupos 3, 4, 5 e 6), embora em áreas limitadas e em menor magnitude. Também encontrou-se, em dois espécimes do grupo 7, áreas mais profundas de reabsorção cemento-dentinária no terço médio da raiz e, em um deles, uma área de proximidade entre cemento e osso alveolar. Resultados semelhantes foram encontrados em cães por Gomes et al. 24, que observaram extensa reabsorção lacunar que alcançou a dentina, principalmente no terço cervical, mas com grande atividade de reparo e sem evidências de reabsorção radicular ativa. No grupo movimentação (grupo 2) também foram constatadas áreas de proximidade entre cemento e osso alveolar no terço apical da superfície distal da raiz. Parece que a ocorrência de contato entre cemento e osso alveolar nos grupos 7 e 8 está relacionada mais à movimentação dentária induzida do que ao efeito do traumatismo, uma vez que, os referidos eventos também foram observados no grupo 2 (grupo movimentação dentária induzida), aspecto, esse, não registrado nos grupos submetidos ao traumatismo (grupos 3, 4, 5 e 6).
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CONCLUSÃO Com base nos métodos aplicados e após a análise criteriosa dos resultados, parece lícito concluir que não houve diferença na qualidade da resposta do tecido periodontal quando se aplicou movimentação dentária induzida em um e três dias após um evento de subluxação.
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artigo inédito
Estudo fotoelástico comparativo das ancoragens dentária e esquelética na retração do canino Cristiane Aparecida de Assis Claro1, Rosana Villela Chagas2, Ana Christina Elias Claro Neves3, Laís Regiane da Silva-Concílio4
Objetivo: comparar as ancoragens dentária e esquelética na retração do canino inferior, por meio do estudo da distribuição de tensões. Métodos: foi confeccionado um modelo fotoelástico de segundo molar a canino, sem o primeiro pré-molar, e simulada a retração do canino inferior com elástico preso a dois tipos de ancoragem: dentária, no primeiro molar conjugado aos dentes adjacentes; e ancoragem esquelética, em gancho simulando o mini-implante. As forças foram aplicadas 10 vezes e observadas no polariscópio circular. As tensões no canino inferior foram registradas em 7 regiões. O teste de Mann-Whitney foi aplicado para comparar as tensões em cada região, considerando os dois sistemas de ancoragem. As tensões nas regiões perirradiculares do canino foram comparadas pelo teste de Kruskal-Wallis. Resultados: as tensões foram similares tanto na região cervical quanto no terço médio. No terço apical, as tensões associadas à ancoragem esquelética foram maiores que as tensões associadas à ancoragem dentária. Os resultados do teste de Kruskal-Wallis mostraram que as maiores tensões foram identificadas nas regiões cervicodistal, apicodistal e na região do ápice com o uso da ancoragem dentária; e com o uso da ancoragem esquelética, as maiores tensões se localizaram nas regiões apicodistal, apicomesial, cervicodistal e no ápice. Conclusão: o uso de ancoragem esquelética na retração promoveu maior tensão no terço apical do que o uso da ancoragem dentária, indicando um componente intrusivo devido à direção da força decorrente da posição do mini-implante e do gancho do braquete do canino. Palavras-chave: Ortodontia. Movimentação dentária. Procedimentos de ancoragem ortodôntica.
Como citar este artigo: Claro CAA, Chagas RV, Neves ACEC, Silva-Concílio LR. Comparative photoelastic study of dental and skeletal anchorages in the canine retraction. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):100-5.
Doutora em Ortodontia, USP. Professora Assistente, UNITAU. 2 Doutora em Odontologia e Professora Assistente, UNITAU. 3 Doutora em Odontologia, UNESP. Professora Assistente, UNITAU. 4 Doutora em Clínica Odontológica, UNICAMP. Professora Assistente, UNITAU. 1
Enviado em: 29 de maio de 2012 - Revisado e aceito: 15 de setembro de 2012 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Cristiane Aparecida de Assis Claro Av. Tiradentes, 477 – Apto 34 – Centro – Taubaté/SP E-mail: cristiane.claro@unitau.com.br
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):100-5
artigo inédito
Claro CAA, Chagas RV, Neves ACEC, Silva-Concílio LR
a angulação de 7° tende a transferir a força para a região apical, especialmente na face distal do ápice. Já com o uso da ancoragem esquelética, os resultados, ao se comparar as tensões entre as regiões perirradiculares do canino, indicaram que a maior magnitude de tensão localizou-se na região apicodistal (1,0), porém, o referido valor não apresentou diferença estatisticamente significativa em relação às regiões apical (0,9), apicomesial (0,6) e cervicodistal (0,79) (Tab. 3). Futuros estudos fotoelásticos poderão simular as diferentes direções de tracionamento, variando as posições dos mini-parafusos e, também, a altura do gancho na região anterior para comparar as tensões geradas pelos distintos sistemas de forças. Embora resultados satisfatórios tenham sido obtidos tanto com uso de ancoragem esquelética quanto com o uso de ancoragem convencional, a retração com uso de mini-implantes não requer colaboração do paciente16 e é, incontestavelmente, um recurso de ancoragem que tem cada dia mais adeptos na prática ortodôntica.
confirmam que a força de retração no canino tende a inclinar a coroa distalmente quando a tração está ancorada nos molares, mesmo com uso de fio de 0,019" x 0,025" e braquete com 7° de angulação. A inclinação e extrusão do canino ocorrem em resposta à deflexão do arco ortodôntico, causada pela força de distalização e, também, devido à dificuldade inerente do dente em realizar um movimento genuíno de translação radicular. Portanto, houve uma tendência de inclinação distal do canino, independentemente do sistema de ancoragem utilizado. Por outro lado, como a força ancorada em mini-implante apresentou tensões maiores na região apical, admite-se que ocorreu maior controle da referida tendência de inclinação e extrusão (Fig. 1C). O componente de força intrusivo associado com a força de distalização, com o uso de ancoragem esquelética, aumentou significativamente as tensões em comparação às franjas geradas com o uso de ancoragem dentoalveolar (Tab. 1, regiões AM, AD e A). Com o uso da ancoragem dentária, como se observa na Tabela 2, as maiores tensões foram identificadas na região cervicodistal (0,9). Este valor, entretanto, não foi significativamente diferente das tensões na região apico distal (0,79) ou da região apical (0,6). A observação das franjas na região apical, mesmo com uso de ancoragem dentária, pode ser explicada pelo tipo de braquete usado no canino; nos braquetes da prescrição Roth,
CONCLUSÃO O uso de ancoragem esquelética na retração promoveu maior tensão no terço apical do que o uso da ancoragem dentária, indicando um componente intrusivo devido à direção da força decorrente da posição do mini-implante e do gancho do braquete do canino.
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):100-5
artigo inédito
Tratamento de transposição de canino e incisivo lateral e inclusão de incisivo central: relato de caso Tarcisio Jacinto Gebert1, Vinícius Canavarros Palma2, Alvaro Henrique Borges3, Luiz Evaristo Ricci Volpato4
Introdução: transposição e impacção dentárias são distúrbios relacionados à erupção ectópica ou à falha na erupção dentária, que podem afetar o desenvolvimento físico, psíquico e social da criança, e que podem ser de difícil resolução clínica. Métodos: é descrito um caso clínico de transposição entre o canino e o incisivo lateral superior esquerdo, associado à impacção do incisivo superior, do mesmo lado, em uma paciente de 12 anos de idade. Optou-se pela realização de tratamento ortodôntico-cirúrgico conservador, envolvendo a correção ortodôntica dos dentes transpostos e o tracionamento do incisivo central impactado. Conclusão: a opção pela correção da transposição e tracionamento ortodôntico com a utilização da técnica do arco segmentado com uso de dispositivos como cantiléver e alças em fios TMA retangulares, apesar de ser uma alternativa de execução complexa, mostrou-se efetiva do ponto de vista estético e funcional. Palavras-chave: Dente impactado. Erupção ectópica de dente. Ortodontia corretiva.
Como citar este artigo: Gebert TJ, Palma VC, Borges AH, Volpato LER. Dental transposition of canine and lateral incisor and impacted central incisor treatment: A case report. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):106-12.
» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.
Enviado em: 24 de janeiro de 2012 - Revisado e aceito: 30 de agosto de 2012 Mestrando, Programa em Ciências Odontológica Integradas, UNIC. Doutor em Odontologia, UNESP. Professor, Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, UNIC. 3 Doutor em Odontologia, UNAERP. Professor, Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, UNIC. 4 Doutor em Odontologia, FOB-USP. Professor, Programa de Mestrado em Ciências Odontológicas Integradas, UNIC. 1
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
2
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Endereço para correspondência: Tarcisio Jacinto Gebert Av. Campo Grande, 1259 – Primavera do Leste/MT – CEP: 78.850-000 E-mail: tjgebert@terra.com.br
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):106-12
artigo inédito
Tratamento de transposição de canino e incisivo lateral e inclusão de incisivo central: relato de caso
pela técnica do arco segmentado com uso de dispositivos como cantiléver e alças em fios retangulares, que possibilitaram trabalhar com um sistema de controle de força dos movimentos do incisivo central, lateral e canino e das unidades de ancoragem de forma individualizada3,7,10. Contudo, o tratamento envolve riscos, requerendo uma mecânica de extremo controle, cuidado e de aplicação precisa para superar as possibilidades de insucesso. A manutenção do incisivo central, incisivo lateral e canino em sua posição habitual foi fundamental para obtenção de oclusão balanceada, saúde periodontal, harmonia facial e estabelecimento da estética da paciente. Outro aspecto bastante favorável do caso foi a consecução da guia oclusal de canino. Com isso, foram mantidos de forma adequada os movimentos de protrusiva e lateralidade, constituindo um elemento de proteção do sistema estomatognático, assim como a relação molar de Classe I de Angle, overjet e overbite corretos, permitindo a estabilidade oclusal e estética dentária adequada3,7.
Diante de um caso envolvendo transposição dentária entre canino e incisivo lateral associado à inclusão de incisivo central, o ortodontista deve empenhar-se no sentido de posicioná-los corretamente, os alinhando e nivelando na arcada dentária dentro dos princípios biológicos que regem a integridade tecidual das estruturas adjacentes, resultando no êxito do tratamento8,10,12. A técnica de tracionamento e transposição dentária apresentada mostrou-se bastante satisfatória, devolvendo à paciente a estética e relações oclusais harmoniosas. CONCLUSÃO No caso apresentado, a opção pela transposição e tracionamento ortodôntico com a utilização da técnica do arco segmentado com uso de dispositivos como cantiléver e alças em fios TMA retangulares, apesar de ser uma alternativa mais difícil de ser executada, mostrou-se efetiva do ponto de vista estético e funcional.
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Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):106-12
Caso Clínico BBO
Tratamento ortodôntico compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com mordida cruzada anterior José Valladares Neto1
Introdução: o presente relato de caso clínico versa sobre o tratamento ortodôntico em um paciente adulto com má oclusão de Classe III esquelética e mordida cruzada anterior. Dificuldades de diagnóstico cefalométrico foram geradas pela base craniana encurtada. A queixa principal se direcionou à estética do sorriso e a problemas relacionados com a função mastigatória. Métodos: o tratamento ortodôntico de escolha foi a compensação dentoalveolar por meio da extração de primeiros pré-molares inferiores, uma vez que o paciente apresentava ausência dos primeiros pré-molares superiores e recusou-se à realização da cirurgia ortognática. A retração inferior foi auxiliada pelo levantamento provisório da dimensão vertical da oclusão para que a movimentação ortodôntica ocorresse sem entraves. Resultados: ao final do tratamento, sobressaliência e sobremordida ideais foram obtidas. Conclusão: a reavaliação oito anos após o tratamento ortodôntico revelou adequada estabilidade clínica. O presente caso foi apresentado ao Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), como parte dos requisitos para se tornar diplomado pelo BBO. Palavras-chave: Mordida cruzada. Extração dentária. Ortodontia Corretiva.
» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Como citar este artigo: Valladares Neto J. Compensatory orthodontic treatment of skeletal Class III malocclusion with anterior crossbite. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):113-22. Enviado em: 08 de novembro de 2013 - Revisado e aceito: 10 de novembro de 2013
1
Doutor em Ortodontia, FOUSP. Professor Adjunto, disciplina de Ortodontia, UFG. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
» O paciente que aparece no presente artigo autorizou previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. Endereço para correspondência: José Valladares Neto Rua 132, número 113, Setor Sul - Goiânia-GO CEP: 74093-210 E-mail: jvalladares@uol.com.br
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caso clínico BBO
Tratamento ortodôntico compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com mordida cruzada anterior
INtroduçÃO O paciente, um homem com idade de 22 anos e 10 meses, apresentou-se para a consulta inicial em bom estado geral de saúde. A queixa principal se direcionou ao sorriso, particularmente à presença de mordida cruzada anterior e a diastemas superiores, além de dificuldades associadas com a função mastigatória. Sua história dentária continha o registro da extração dos primeiros pré-molares superiores por um dentista clínico, aproximadamente aos doze anos de idade, devido à ausência de espaço adequado para a erupção dos caninos superiores.
DIAGNÓSTICO A análise facial expôs certos aspectos de equilíbrio, como o padrão mesofacial, simetria e selamento labial. Entretanto, uma deficiência sagital maxilomandibular também se mostrou presente. Narinas estreitas, ponta do nariz levemente caída, deficiência paranasal, sulcos marcantes em repouso e ao sorrir, linha mento-pescoço curta e ângulo mento-pescoço obtuso suportaram esse diagnóstico, com discreto predomínio para a deficiência maxilar (Fig. 1). Ao exame das articulações temporomandibulares, percebeu-se a ocorrência de estalido
Figura 1 - Fotografias faciais e intrabucais iniciais.
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caso clínico BBO
Tratamento ortodôntico compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com mordida cruzada anterior
Tabela 1 - Valores cefalométricos iniciais (A) e finais (B) Medidas SNA
Padrão esquelético
Padrão dentário
Perfil
Normal
A
B
Dif. A/B
(Steiner)
82°
86°
85°
1°
SNB
(Steiner)
80°
84°
83°
1°
ANB
(Steiner)
2°
2°
2,5°
-0,5°
Ângulo de convexidade
(Downs)
0°
5,5°
6,5°
-1,0° 0°
Eixo Y
(Downs)
59°
57°
57°
Ângulo facial
(Downs)
87°
93°
92°
1°
SN-GoGn
(Steiner)
32°
34°
34°
0°
FMA
(Tweed)
25°
26°
23°
3°
IMPA
(Tweed)
90°
94°
78°
16°
1.NA
(Steiner)
22°
26°
25°
1°
1-NA
(Steiner)
4mm
7mm
6mm
1mm
1.NB
(Steiner)
25°
34°
17°
17°
1-NB
(Steiner)
4mm
11mm
4mm
7mm
1.1 – Ângulo interincisal
(Downs)
130°
115°
135°
-20°
1-APo
(Ricketts)
1mm
10mm
5mm
5mm
Lábio superior – Linha S
(Steiner)
0mm
0mm
0mm
0mm
Lábio inferior – Linha S
(Steiner)
0mm
3mm
0,5mm
2,5mm
invariavelmente, ser tratados ortodonticamente pela compensação dentoalveolar (camuflagem ortodôntica) ou cirurgia ortognática4,5. No presente relato de caso, fez-se a opção pela compensação dentoalveolar envolvendo a extração dos primeiros pré-molares inferiores. Considerou-se satisfatórios os resultados e os objetivos oclusais alcançados. A obtenção de um sorriso harmonioso agradou o paciente, aumentando sua autoestima e qualidade de vida.
CONSIDERAÇÕES FINAIS Alterações na base craniana influenciam fortemente a interpretação cefalométrica apoiada nessa região, como é o caso dos ângulos SNA, SNB, ANB e Ângulo de Convexidade. Outros parâmetros cefalométricos, fatores de correção e, sobretudo, a análise facial contribuíram para elucidar o diagnóstico e para permitir o bom delineamento do plano de tratamento. Em adultos, padrões esqueléticos de Classe III podem,
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tópico especial
Qualidade de vida dos pacientes ortodônticoscirúrgicos: a busca por um diagnóstico global José Augusto Mendes Miguel1, Nathália Barbosa Palomares2, Daniela Feu3
A decisão de iniciar um tratamento ortodôntico-cirúrgico depende do impacto negativo estético, funcional ou social gerado pela deformidade dentofacial na qualidade de vida de cada paciente. O objetivo deste artigo é demonstrar a importância da avaliação da qualidade de vida desses indivíduos para elevar a taxa de sucesso no tratamento ortodôntico-cirúrgico, por meio da aplicação de questionários específicos antes do início do tratamento. Esses instrumentos avaliam, além do fator estético, as condições funcionais que podem estar afetadas e os problemas psicológicos relacionados à autoestima e à sociabilidade, que devem ser identificados para possibilitar a elaboração de um plano de tratamento individualizado para as expectativas subjetivas do paciente. Assim, torna-se mais previsível obter um alto grau de satisfação ao final do tratamento ortodôntico-cirúrgico, tanto do ponto de vista normativo avaliado pelos profissionais quanto do ponto de vista subjetivo dos pacientes. Apesar da deficiência de dados comparáveis suficientes na literatura disponível para avaliar a extensão da melhora após o tratamento ortodôntico-cirúrgico, há relatos recentes de universidades em diversos países que demonstram uma boa resposta da maioria dos pacientes após a cirurgia, com alto grau de satisfação dos pontos de vista estético, funcional e psicossocial. Conclui-se que o objetivo atual do tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognática consiste em não apenas tratar os componentes estético e funcional da deformidade dentofacial, mas, também, o de considerar o componente psicológico do paciente. Palavras-chave: Qualidade de vida. Ortodontia. Cirurgia ortognática.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo
Como citar este artigo: Miguel JAM, Palomares NB, Feu D. Life-quality of orthognathic surgery patients: The search for an integral diagnosis. Dental Press J Orthod. 2014 Jan-Feb;19(1):123-37. Enviado em: 3 de novembro de 2009 - Revisado e aceito: 10 de outubro de 2010
Doutor em Odontologia, UFRJ. Professor Adjunto, UERJ. Mestranda em Odontologia, UERJ. 3 Doutora em Odontologia, UERJ. Professora Adjunta de Ortodontia, UVV. 1
» O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
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Endereço para correspondência: José Augusto Mendes Miguel Avenida Ataulfo de Paiva, 204 – Sl. 506 Leblon – Rio de Janeiro/RJ – CEP 22.440-033 E-mail: jamiguel66@gmail.com
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tópico especial
Qualidade de vida dos pacientes ortodônticos-cirúrgicos: a busca por um diagnóstico global
Os escores de B-OQLQ desse paciente foram avaliados em vários momentos do preparo ortodôntico, em cuja etapa o paciente ainda se encontra. Após um mês de preparo, houve uma redução inicial do impacto negativo na qualidade de vida, com escore 43. Aos 6 meses de preparo, o escore passou a ser 51, indicando uma pequena piora. Após 1 ano de preparo, o escore piorou para 63, um patamar ainda mais negativo que a situação inicial. Atualmente, o paciente está com 2 anos de duração de preparo (Fig. 8) e apresenta 77 pontos no OQLQ, o que demonstra como a qualidade de vida piora de forma muito expressiva quanto mais esta etapa do tratamento for prolongada, por adiar a obtenção do benefício da melhora almejada pelo paciente nos aspectos estético e funcional. Esses dados nos sugerem que talvez devemos preferir protocolos de tratamento ortodôntico-cirúrgico que reduzam substancialmente a fase de preparo para a cirurgia, como o benefício antecipado, para que os pacientes sofram menos impacto negativo inerente a essa etapa.
conSIDERAÇÕES FINAIS O objetivo atual do tratamento ortodôntico-cirúrgico consiste em não apenas tratar os componentes estético e funcional da deformidade dentofacial, mas também o de restaurar o componente psicológico do paciente. Ambos são influenciados de forma paralela; mas as motivações, percepções e expectativas do indivíduo têm um papel significativo no sucesso da cirurgia e no sucesso psicológico27. Todos esses fatores contribuem para a qualidade de vida do paciente, a qual deve ser avaliada por meio de questionários validados, como o B-OQLQ, antes do início do tratamento, para que seja possível determinar o quanto essa condição interfere na qualidade de vida desses indivíduos e como ela pode ser melhorada, visando a completa satisfação do indivíduo com o tratamento, restabelecendo sua saúde como um todo e, com isso, justificando seus custos biológico e financeiro nos âmbitos público e privado.
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10. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências devem ser citadas no texto. — para facilitar a leitura, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é responsabilidade dos autores e elas devem conter todos os dados necessários para sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir:
7. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar, o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada tabela. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável). 8. Comitês de Ética — os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao parecer do Comitê de Ética da instituição.
Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.
9. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Permissão para uso de imagens protegidas por direitos autorais Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de material com direitos autorais devem vir acompanhadas da permissão de uso pelos proprietários desses direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar corretamente o crédito à fonte). — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. Fotografias de pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por uma autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsáveis, no caso de menores de idade. Essas autorizações devem ser guardadas indefinidamente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser enviada folha de rosto atestando o fato de que todas as autorizações dos pacientes foram obtidas e estão em posse do autor correspondente.
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Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.
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Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos 1. O registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.
controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org. au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials. gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal. 3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www. who.int/ictrp/en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup. htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.
2. Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ ictrp/network/en/index.html), com interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e
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Atenciosamente, David Normando, CD, MS, Dr Editor-chefe do Dental Press Journal of Orthodontics ISSN 2176-9451 E-mail: davidnormando@hotmail.com
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