Dental Press
v. 3, n. 2 - May-August 2013 / portuguese version
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Endodontics Dental Press
v. 3, n. 2, May-Aug 2013
Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):1-104
ISSN 2178-3713
Endodontics Dental Press
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Dental Press Endodontics (ISSN 2178-3713) é uma publicação quadrimestral da Dental Press International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2712 – Zona 5 – CEP: 87015-001 Maringá/PR, Brasil - Fone: (44) 3031-9818 www.dentalpress.com.br - artigos@dentalpress.com.br
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ISSN 2178-3713 1. Endodontia - Periódicos. I. Dental Press International. CDD 617.643005
editorial
Perspectivas para o êxito endodôntico
A conquista do sucesso no tratamento endodôntico representa, em parte, uma recompensa qualitativa dos procedimentos operatórios realizados de forma correta. Desafios durante a execução do tratamento endodôntico são inúmeros. Destacam-se a necessidade de conquistar a complexa anatomia interna, do entendimento de estratégias para o controle da microbiota do canal radicular infectado, e a percepção do resultado final do tratamento a partir da resposta imunológica do indivíduo. O conhecimento e a habilidade psicomotora do profissional constituem quesitos essenciais a esse processo. As novas tecnologias consistem em valiosa ferramenta, que, quando bem utilizadas, podem influenciar na qualidade do tratamento endodôntico. Exemplos podem incluir a aplicação da tomografia computadorizada de feixe cônico (em diferentes etapas do tratamento), além da utilização de instrumentos rotatórios de níquel-titânio durante o preparo dos canais radiculares. Os critérios de obediência e valorização de cada etapa definem a disciplina e atenuam possíveis dificuldades. A somatória dos valores científicos, tecnológicos e da habilidade psicomotora (treinamento) reforça a necessidade do foco do profissional contemporâneo, que está sempre determinado à conquista da excelência do tratamento endodôntico. Carlos Estrela Editor-chefe
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sumário
Endo in Endo 12. Desbridamento foraminal: reflexões e insight Alberto Consolaro Armelindo Roldi João Batista Gagno Intra Tereza Jacy Almeida Intra Graziella Bittencourt
35. Avaliação do preparo de canais radiculares com dois diferentes sistemas por meio da microtomografia computadorizada Sandra Soares Kuhne Busquim Marcelo dos Santos 41. Avaliação da eficácia do uso da terapia fotodinâmica (PDT) após a limpeza e modelagem do canal radicular: estudo in vivo
Artigos originais
16. Avaliação das nanopartículas de prata como solução irrigadora Gustavo Sivieri-Araujo Ludmilla Mota da Silva Santos Índia Olinta de Azevedo Queiroz Marcelo Tadahiro Wayama Guilherme Hiroshi Yamanari Christine Men Martins Eloi Dezan-Júnior Luciano Tavares Angelo Cintra João Eduardo Gomes-Filho 24. A capacidade de dissolução tecidual do hipoclorito de sódio é realmente confiável? Um estudo in vitro e ex vivo Alexandre Augusto Zaia Emmanuel João Nogueira Leal da Silva Aline Cristine Gomes Danna Mota Moreira 30. Avaliação quantitativa da presença de remanescentes de hidróxido de cálcio associado a diferentes veículos após a fase de remoção da medicação intracanal Renata Pereira Alves-Balvedi Fabio de Freitas Manna João Carlos Gabrielli Biffi
Antonio Henrique Braitt Herley Peixoto Murta Evaldo Almeida Rodrigues Carlos Eduardo da Silveira Bueno 46. Células-tronco: um avanço na Odontologia Filipe Leonardo Stringari Sabrina Cachoeira Werner Maria Urania Alves 52. Terapia fotodinâmica na Endodontia: emprego de uma estratégia coadjuvante frente à infecção endodôntica Gustavo Sivieri-Araujo Ludmilla Mota da Silva Santos Índia Olinta de Azevedo Queiroz Marcelo Tadahiro Wayama Guilherme Hiroshi Yamanari Eloi Dezan-Júnior Luciano Tavares Angelo Cintra João Eduardo Gomes-Filho
59. Diagnóstico de fraturas radiculares verticais em dentes tratados endodonticamente, com ou sem a presença de núcleos metálicos fundidos, empregando-se a tomografia computadorizada cone beam Rebeca Ferraz de Menezes Roberto Alves dos Santos Joedy Maria Santa Rosa Vanio Santos Costa 64. Acidentes e complicações em Endodontia causados por hipoclorito de sódio: revisão de literatura Jefferson J. C. Marion Thaís Mageste Duque Bruna Ferreira Gardin Frederico Campos Manhães 70. Fístula cutânea odontogênica: relato de caso Carlos Vieira Andrade-Júnior Kássio Henrique de Souza Aline Cristine Gomes Emmanuel João Nogueira Leal da Silva 75. Importância do uso da tomografia computadorizada no diagnóstico e planejamento endodôntico: relato de caso clínico Renato Piai Pereira João Milton Rocha Gusmão Rogério Vieira Silva David Costa Moreira
80. Sinusite do seio maxilar de origem odontogênica Priscila Dias Peyneau Lívia Gravina Teixeira de Oliveira Pollyanna Moura Rodrigues Carneiro Flavio Ricardo Manzi 84. Apicificação sem trocas periódicas de medicação intracanal e com plug apical de MTA: caso de cinco anos de acompanhamento Adriana de Jesus Soares Juliana Yuri Nagata Thiago Farias Rocha Lima Thaís Natsuco Sonoda Francisco José de Souza-Filho 90. Utilização da TCCB no tratamento endodôntico de um incisivo central superior fusionado a um mesiodens: relato de caso clínico Marina Tosta Shaiana Tashy Kawagoe Noboru Imura Francisco José de Souza Filho Robert Carvalho da Silva Caio Cezar Randi Ferraz 96. Emprego do MTA no tratamento de perfuração radicular cervical: relato de caso Jefferson J. C. Marion Thaís Mageste Duque Tatiane Silveira Santos Frederico Campos Manhães 102. Normas de apresentação de originais
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Endo in Endo
Desbridamento foraminal: reflexões e insight Alberto Consolaro1 Armelindo Roldi2 João Batista Gagno Intra3 Tereza Jacy Almeida Intra4 Graziella Bittencourt4
Resumo
incluem as dimensões reais da espessura do ligamento periodontal e das características reacionais inflamatórias e reacionais do tecido conjuntivo que o compõe. Essas reflexões e um insight para futuros trabalhos são apresentados nesse trabalho.
Durante a terapia endodôntica, uma manobra realizada no tratamento do canal, independentemente de técnica manual ou com instrumentos rotatórios, é o desbridamento foraminal, onde o instrumento inicial é utilizado além da abertura foraminal (0,5 a 1mm). Algumas reflexões sobre as implicações clínicas dessas manobras
Palavras-chave: Instrumentação. Rotatórios. Reparo apical. Reparo periapical.
Recebido: 18/07/2013. Aceito: 25/07/2013. Professor Titular, Faculdade de Odontologia da FOB-USP e FORP-USP.
1
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Pós-Doutor, USP. Professor, Faculdade de Odontologia de Santa Tereza, e do curso de Especialização da ABO-ES.
2
Doutor em Odontologia, UNIRIO. Professor, curso de Especialização da ABO-ES.
3
Como citar este artigo: Consolaro A, Roldi A, Intra JBG, Intra TJA, Bittencourt G. Foraminal debridement: reflections and insight. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):12-5.
Professora, curso de Especialização da ABO-ES.
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Consolaro A, Roldi A, Intra JBG, Intra TJA, Bittencourt G
de tornar o processo mais agudo por “empurrar” acidentalmente bactérias isoladas e ou em forma de aglomerados para os tecidos apicais já contaminados nos casos de lesões periapicais crônicas3. Cuidados maiores devem ser tomados nesse sentido. 5. Se o objetivo de ultrapassar esses limites for uniformizar as paredes do canal cementário e deixá-las em continuidade com as paredes do canal principal, em casos de biopulpectomia não haveria a necessidade de uma instrumentação tão além do forame apical, haja vista que as paredes cementárias não estão contaminadas, nem reabsorvidas. 6. Apesar do limiar de sensibilidade dolorosa e desconforto variar de paciente para paciente, inevitavelmente, nos protocolos em que o instrumento de trabalho ultrapassa os limites do forame apical e atravessa o ligamento periodontal apical haverá um processo inflamatório agudo inicial por dois ou três dias, que pode gerar desconforto caracterizado por sensibilidade dolorosa ao toque mastigatório ou espontânea. O profissional deve estar preparado para administrar com frequência as drogas analgésicas e anti-inflamatórias durante esse período, caso haja queixa do paciente. Ou, ainda, o profissional pode assumir que, em todos seus casos em que esse protocolo for adotado, administrará essas drogas para o maior conforto do paciente. 7. Nos casos em que persistirem os sinais e sintomas inflamatórios, deve-se considerar a possibilidade de uma maior presença de bactérias “levadas ou empurradas” pelos instrumentos na região apical. O processo pode evoluir para uma abscedação do processo. Nesses casos de um quadro com maior sensibilidade, deve-se considerar a possibilidade de uma antibioticoterapia para evitar a proliferação bacteriana nos tecidos apicais, abortando possíveis focos de abscedação. 8. Se considerarmos inevitável a inflamação induzida na região apical quando se adota a instrumentação além do forame apical, aumenta-se, também, a maior possibilidade de bactérias nos tecidos periapicais “levadas ou empurradas” pelos instrumentos no ligamento periodontal apical. Dessa forma, a administração preventiva de medicamentos logo após o tratamento endodôntico em pacientes especiais, como cardiopatas, nefropatas, imunodeprimidos e outros, deve ser ressaltada.
O conceito de patência foraminal é baseado na colocação de um instrumento endodôntico de pequeno diâmetro (no máximo nº 25) no forame apical. Para alguns autores, o instrumento de patência deve ultrapassar, em média, 1mm da abertura foraminal, estando na intimidade do ligamento periodontal1,4,5. Contudo, para um instrumento estéril e de pequeno diâmetro, esse fato não representa maiores problemas clínicos 5. Esse protocolo induz algumas reflexões sobre as implicações clínicas dessas manobras: 1. O ligamento periodontal será ultrapassado de lado a lado pelo instrumento, haja vista que sua espessura varia entre 0,2 e 0,4mm, com média de 0,25mm. De lado a lado significa que o instrumento ultrapassará o limite mais apical do cemento e chegará ao osso fasciculado além da cortical óssea alveolar, também chamada de lâmina dura. 2. Como um tecido conjuntivo fibroso altamente organizado é composto por 50% de vasos sanguíneos, inevitavelmente haverá o desencadeamento de um processo inflamatório, inicialmente, agudo, com o acúmulo localizado de substâncias (exsudato) e células (infiltrado), especialmente neutrófilos 2. Em dois a três dias, se as células e substâncias não encontrarem bactérias em número significativo, elas migrarão e serão reabsorvidas, sem que o exsudato seroso evolua para uma forma purulenta 2. Esse quadro pode ser nominado de pericementite (periodontite) apical aguda serosa, induzida fisicamente pelos instrumentos endodônticos, que evoluirá para o reparo, haja vista que sua causa será removida pela obturação do canal. 3. Se o dente em tratamento for portador de necrose pulpar e o canal radicular estiver contaminado, mas sem lesão periapical, espera-se que a possibilidade de contaminar o ligamento periapical com maior número de bactérias aumente consideravelmente, aumentando a necessidade de maiores cuidados nesse sentido. 4. Quando o dente for portador de lesão periapical crônica — incluindo pericementite apical crônica, granuloma periapical, cisto radicular e abcesso dentoalveolar crônico —, ultrapassar os instrumentos além de 1mm não provocará danos ao ligamento periodontal, haja vista que, nessa região, agora se tem um processo inflamatório e a estrutura ligamentar foi praticamente toda perdida. Mas, haverá maior risco
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[ endo in endo ] Desbridamento Foraminal: reflexões e insight
polpa dentina
cemento
ligamento
osso periapical
Figura 1. Aspectos morfológicos microscópicos do ápice dentário humano e da região periapical, destacando-se a proporcionalidade entre as partes e a irregularidade da região, em especial o delta apical (setas) (H.E. Magnificação = 10x).
9. Mesmo esperando uma melhor adaptação do material obturador nas paredes do canal instrumentado em um protocolo com instrumentação além forame apical, deve-se ressaltar que não haverá um fechamento hermético e uma adaptação perfeita na interface material-canal na altura do forame apical alargado, pois a anatomia do forame apical é muito irregular em seu formato (Fig. 1) e uniformidade de suas paredes em termos espaciais e superficiais. 10. A inflamação representa um mecanismo de defesa local do organismo muito eficiente, que consegue eliminar bactérias isoladas com relativa facilidade. Nos primeiros dois ou três dias, os neutrófilos, que chegam 90 minutos depois da agressão física, fagocitam as bactérias, e mesmo que regurgitem enzimas e substâncias tóxicas antibacterianas para os tecidos, como são poucas essas bactérias, no local não se formam focos de abscedação ou microabscessos. A abscedação e formação exuberante
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de pus acontece quando as bactérias estão em um grande número e/ou organizadas em forma de biofilmes microbianos, quando assumem uma maior resistência por falta de acesso das células, substâncias de defesa, antissépticos e antibióticos2. 11. Apesar de regularizar e limpar a parede do canal cementário, a instrumentação de canais além do forame apical não elimina os biofilmes microbianos aderidos à superfície externa do ápice, ainda menos os localizados nas irregularidades anatômicas, nos deltas apicais e/ou nas áreas de reabsorção apical3. Essa situação explica a persistência de uma pequena, mas importante, porcentagem de insucessos endodônticos quando os dentes são portadores de lesões periapicais crônicas. 12. A última fase de uma inflamação, ou reparação, caracteriza-se pela reconstrução das áreas desorganizadas e destruídas apenas depois que o agressor local for eliminado. Os vasos e as células 14
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muito mais confiáveis se considerarmos as especificidades da espécie. Nas pesquisas sobre os novos protocolos de tratamento com ultrapassagem dos limites apicais até 1mm, se deveria construir casuísticas avaliadas à luz de critérios como: dor e desconforto (tipo, intensidade e duração), oclusão dolorosa (tipo, intensidade e duração), necessidade de terapia medicamentosa analgésica, anti-inflamatória e antibiótica (tempo, tipo, custo e eficiência). Paralelamente, esses resultados deveriam ser comparados utilizando-se os mesmos parâmetros em casuísticas semelhantes, mas utilizando os protocolos mais clássicos de terapia endodôntica nos quais os limites apicais de trabalho se restringissem ao canal principal e cementário. Da mesma forma, nessas mesmas casuísticas, em subgrupos distintos, se poderia estudar as imagens anteriores da região apical, sem e com lesões periapicais crônicas de forma comparativa à evolução do reparo apical e periapical. As imagens digitais radiográficas e tomográficas oferecem, atualmente, um elevado grau de precisão de análise. Entre os parâmetros passíveis de comparação e avaliação estão os limites da obturação, extravasamentos de material, largura do espaço periodontal apical, continuidade da lâmina dura, neoformação óssea reparatória, reabsorção apical e grau de comprometimento estrutural, além da frequência de fraturas de instrumentos. As novas tecnologias de análise evoluíram muito e permitem, agora, avaliar em humanos os avanços da terapia endodôntica.
do ligamento periodontal vizinho proliferam e colonizam a região formando um tecido imaturo, conhecido como tecido de granulação, que gradativamente amadurece em tecido conjuntivo maduro estrutural e funcionalmente. As estruturas apicais, como cemento e o ligamento, se restabelecem, assim como se reinstalam os limites ósseos a partir do mesmo tecido de granulação, promovendo-se, também, a completa reparação óssea periapical. 13. O conceito de infecção refere-se ao contato de microrganismos (bactérias, vírus e fungos) em outro organismo vivo. Uma infecção pode se caracterizar: a) pela latência dos microrganismos sem provocar nenhuma agressão, ou ainda, b) pela indução de agressões e reações teciduais que caracterizam as doenças. As técnicas endodônticas, por mais evoluídas que sejam, tecnicamente ou tecnologicamente, não podem garantir que eliminam todos os microrganismos da região apical depois da obturação do canal. No entanto, a redução significativa da quantidade de microrganismos é mandatória, pois implicará numa reação inflamatória que eliminará e/ou controlará essa infecção/contaminação apical, sem desconforto clínico para o paciente. Considerações finais e insight A clínica endodôntica, incluindo a parte referente à imaginologia, oferece vários parâmetros para se estabelecer critérios de sucesso e insucesso para os tratamentos realizados. Esses critérios podem e devem ser aplicados nas pesquisas em seres humanos. Pesquisas aplicadas em humanos são diretamente extrapoláveis e, respeitados os preceitos éticos, são
Referências 1. Cohen S, Hargreaves KM. Caminhos da Polpa. 10a ed. Rio de Janeiro; 2011. 2. Consolaro A. Inflamação e reparo. Maringá: Dental Press; 2009. 3. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3a ed. Maringá: Dental Press; 2012. 4. Leonardo MR, Leonardo RT. Endodontia: conceitos biológicos e recursos tecnológicos. São Paulo: Artes Médicas; 2009. 5. Lopes HP, Siqueira JF. Endodontia: Biologia e técnica. 3a ed. Ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010.
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artigo original
Avaliação das nanopartículas de prata como solução irrigadora Gustavo Sivieri-Araujo1 Ludmilla Mota da Silva Santos2 Índia Olinta de Azevedo Queiroz2 Marcelo Tadahiro Wayama3 Guilherme Hiroshi Yamanari2 Christine Men Martins2 Eloi Dezan-Júnior4 Luciano Tavares Angelo Cintra5 João Eduardo Gomes-Filho4
Resumo
foram sacrificados, os tubos e o tecido circundante foram removidos e preparados para análise em microscopia de luz. Avaliações qualitativas e quantitativas das reações foram realizadas. Resultados: todas as soluções em tubos não infectados causaram reações leves em 30 dias. Todas as soluções em tubos infectados causaram reações graves em 7 dias e leves em 30 dias. As respostas foram semelhantes às do grupo controle não infectado, mas melhores do que o grupo controle infectado. Conclusões: foi possível concluir que nanopartículas de prata em dispersão são biocompatíveis e podem atuar na desinfecção de tubos contaminados, especialmente em concentrações de 23ppm.
Introdução: a irrigação é um procedimento importante durante o tratamento do canal radicular, auxiliando na limpeza de áreas do sistema de canais radiculares que não são alcançadas diretamente por instrumentos. Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar a biocompatibilidade e a capacidade de desinfecção de nanopartículas de prata em dispersão, em comparação ao hipoclorito de sódio a 2,5%. Métodos: trinta ratos receberam, individualmente, quatro tubos de dentina infectados e não infectados, irrigados com dispersão de nanopartículas de prata 47ppm e 23ppm, hipoclorito de sódio a 2,5% e solução salina. Dezesseis ratos receberam um tubo de dentina infectada e um tubo de dentina não infectada como grupo controle. Após 7 e 30 dias, os animais
Palavras-chave: Endodontia. Biocompatibilidade. Biologia do tecido conjuntivo.
Como citar este artigo: Sivieri-Araujo G, Santos LMS, Queiroz IOA, Wayama MT, Yamanari GH, Martins CM, Dezan-Júnior E, Cintra LTA, Gomes-Filho JE. Evaluation of silver nanoparticles as irrigating solution. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):16-23.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Recebido: 25/03/2013. Aceito: 04/05/2013.
Pós-doutor em Endodontia, UNESP.
1
Doutoranda em Ciências Odontológicas, UNESP.
2
Graduado em Odontologia, UNESP.
Endereço para correspondência: João Eduardo Gomes-Filho Faculdade de Odontologia de Araçatuba, Universidade Estadual Paulista Rua José Bonifácio, 1193 – Araçatuba/SP – CEP: 16015-050 E-mail: joao@foa.unesp.br
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Livre-docente em Endodontia, UNESP.
4
Pós-doutor em Endodontia, UEM.
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Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):16-23
Sivieri-Araujo G, Santos LMS, Queiroz IOA, Wayama MT, Yamanari GH, Martins CM, Dezan-Júnior E, Cintra LTA, Gomes-Filho JE
Introdução A irrigação é um procedimento importante durante o tratamento dos canais radiculares, auxiliando na limpeza e desinfecção das áreas que não são alcançadas diretamente por instrumentos1. Dentes com rizogênese incompleta apresentam canais radiculares amplos, de paredes finas e frágeis. Essas características dificultam a instrumentação dos canais. Nesses casos, a fim de permitir o processo de regeneração pulpar, o tratamento de dentes imaturos na tentativa de revascularização da polpa tem sido estudada. O tratamento consiste em irrigação e desinfecção com agentes antimicrobianos, com revascularização bem sucedida2. Em outros estudos, o protocolo adotado difere das outras técnicas de apexificação em que a desinfecção do canal é realizada com hipoclorito de sódio (NaOCl) ou clorexidina (CHX), usando uma combinação de antibióticos, como ciprofloxacina, metronidazol e minociclina 4; obtendo um processo de revascularização bem sucedido3,4. O NaOCl, gluconato de clorexidina e solução salina são rotineiramente utilizados como irrigantes 5,6,7. Vários estudos compararam seus efeitos antimicrobianos, propriedades químicas e biocompatibilidade para estabelecer uma solução ideal para ser utilizada durante o tratamento do canal radicular5,6. Nanomateriais têm sido usados devido às suas propriedades físicas e químicas8. Quimicamente, as nanopartículas (NPs) são muito diversas. Nanopartículas de prata (Ag NPs) são amplamente utilizadas em eletrônica9,10, dispositivos ópticos10,11, catalases10,12 e agentes antimicrobianos10,13. Compostos de prata monovalentes, especialmente nitrato de prata, têm sido amplamente utilizados para tratamento antimicrobiano. Essas propriedades antimicrobianas são mantidas em Ag NPs e exploradas em esteiras de nanofibras, ataduras, curativos e pomadas. Além disso, Ag NPs têm sido usadas para prevenir a colonização bacteriana em várias superfícies, tais como cateteres, próteses e vestuário14. Entretanto, a prata deve ser usada com cautela, pois sua toxicidade é dependente da concentração14. Por outro lado, observou-se, recentemente, que a dispersão de nanopartículas de prata foi biocompatível, especialmente em baixas concentrações8. Considerando-se que há poucos estudos na literatura avaliando o uso de Ag NPs em passos de tratamento de canal radicular, especialmente como
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solução irrigadora, o objetivo do presente estudo foi avaliar a biocompatibilidade e a capacidade de desinfecção de dispersão de Ag NPs, em comparação ao hipoclorito de sódio a 2,5%, utilizando como modelo tecido subcutâneo de rato. Material e Métodos Quarenta e oito ratos albinos Wistar, machos, entre 4 e 6 meses de idade, pesando entre 250 e 280g, foram usados. Os animais foram mantidos em ambientes com temperatura controlada e receberam água e comida ad libitum. Os cuidados dos animais estavam de acordo com o Comitê de Ética da faculdade de Odontologia de Araçatuba – UNESP, que aprovou o projeto antes do início dos experimentos. Cento e sessenta tubos de dentina foram preparados utilizando raízes dos dentes da espécie bovina. Essa técnica foi adaptada a partir da preparação de tubos de dentina com dentes humanos15. Os canais radiculares foram ampliados até a lima K #35 e sobreinstrumentados 2mm além do forame apical. Os canais foram completamente irrigados com hipoclorito de sódio a 2,5% durante a instrumentação. Brocas Endo-Z (Dentsply Maillefer, Tulsa, EUA) foram utilizadas para dar acabamento e deixar as paredes de dentina com, aproximadamente, 0,5mm, conferida com régua endodôntica. No final do processo de preparação dos tubos de dentina, o comprimento dos tubos foi padronizado em 7mm. A smear layer foi removida com EDTA 17% e NaOCl a 5,25%, sob a vibração de ultrassom, e solução salina foi usada como irrigação final. Os tubos de dentina foram autoclavados durante 30 minutos a 134°C15. Saliva humana foi utilizada para infectar metade dos tubos. Saliva foi coletada (3ml) e distribuída em três frascos contendo 4ml de Brain Heart Infusion (“BHI”; Himedia, Mumbai, Índia) para ser armazenada durante 48h a 37°C. Sob fluxo laminar, os tubos foram assepticamente e individualmente montados em placas de 24 poços, usando cera descontaminada com álcool; por fim, os tubos foram preenchidos com o BHI contaminado. As placas foram armazenadas durante sete dias a 37°C para permitir a contaminação do tubo de dentina. Diariamente, os tubos foram preenchidos com 0,1ml de BHI contaminado. Dois tubos adicionais foram utilizados para verificar a contaminação. Tubos de dentina permaneceram sem contaminação, e também foram montados de forma asséptica em placa de 24 poços,
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Sivieri-Araujo G, Santos LMS, Queiroz IOA, Wayama MT, Yamanari GH, Martins CM, Dezan-Júnior E, Cintra LTA, Gomes-Filho JE
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artigo original
A capacidade de dissolução tecidual do hipoclorito de sódio é realmente confiável? Um estudo in vitro e ex vivo Alexandre Augusto Zaia1 Emmanuel João Nogueira Leal da Silva2 Aline Cristine Gomes3 Danna Mota Moreira4
Resumo
O tempo de dissolução foi analisado por meio da imersão de tecido pulpar bovino em diferentes volumes em concentrações de 2,5% e 5,25% de solução de NaOCl. Resultados: não foi encontrada diferença significativa entre as diferentes concentrações de NaOCl na investigação histológica. Nenhuma das substâncias foi capaz de realizar a completa limpeza dos istmos. Adicionalmente, foi encontrada uma maior taxa de dissolução para o tecido pulpar bovino na concentração de 5,25% de NaOCl, além de uma redução do tempo de dissolução para volumes maiores. Conclusão: o NaOCl é eficaz na dissolução de tecidos quando em contacto direto; no entanto, o NaOCl, mesmo em altas concentrações, não foi competente para dissolver restos de tecido pulpar em istmos radiculares durante o tratamento endodôntico.
Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar o efeito de dissolução tecidual do hipoclorito de sódio (NaOCl), em diferentes concentrações, na porção apical da raiz mesial de molares inferiores humanos com istmos, e avaliar o tempo de dissolução tecidual de tecido pulpar bovino em contato direto com diferentes concentrações e volumes de hipoclorito de sódio. Métodos: foi realizada uma investigação histológica em 30 raízes mesiais de molares inferiores humanos, as quais foram instrumentadas com o sistema Mtwo e irrigadas com NaOCl a 2,5% e a 5,25%. Solução salina foi utilizada como controle. Cada amostra foi submetida ao processamento histológico, e as imagens foram analisadas com o software ImageJ. A porcentagem de área ocupada pelo tecido foi calculada dividindo-se a área do tecido pela área dos canais. Os dados foram analisados por meio de análise de variância com o teste de Tukey (p < 0,05).
Palavras-chave: Hipoclorito de sódio. Dissolução. Anatomia.
Como citar este artigo: Zaia AA, Silva EJNL, Gomes AC, Moreira DM. The sodium hipochlorite tissue dissolution ability during endodontic treatment can really be trusted? An in vitro and ex vivo study. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):24-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 23/04/2013. Aceito: 30/04/2013.
Livre-Docente em Ortodontia e Professor Adjunto, UNICAMP.
1
Pós-doutor em Endodontia, UNICAMP. Professor Adjunto, UNIGRANRIO.
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Endereço para correspondência: Emmanuel João Nogueira Leal da Silva Rua Herotides de Oliveira, 61 – Icaraí – Niterói/RJ CEP: 24.230-230 – Email: nogueiraemmanuel@hotmail.com
Mestranda em Clínica Odontológica,UNICAMP.
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Pós-doutora em Biomateriais, University of Texas.
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Introdução Um dos objetivos da terapia endodôntica é a remoção de todo o tecido vital ou necrótico, de microrganismos e de produtos microbianos do sistema de canais radiculares1,2,3. O completo debridamento do sistema de canais radiculares é complicado pela presença de um complexo sistema de istmos, canais acessórios e deltas, os quais podem prover localização ideal para abrigar bactérias e debris (resíduos)1,4,5,6. Um istmo é definido como uma faixa estreita de comunicação entre dois canais radiculares que contém tecido pulpar7,8. A prevalência de istmos na raiz mesial de primeiros molares inferiores foi sido relatada em estudos em que foram realizadas as observações usando diferentes métodos e diferentes distâncias do ápice8,9,10. Essas áreas mostraram-se inacessíveis à instrumentação convencional manual e rotatória4,6,11,12,13. O uso de diversas soluções irrigadores tem sido defendido para uma remoção adicional de resíduos e desinfecção dessas áreas14,15. O hipoclorito de sódio (NaOCl) é a solução irrigadora mais recomendada durante o preparo químico- mecânico e a irrigação do sistema de canais radiculares. Esse irrigante endodôntico tem a habilidade de destruir um amplo espectro de microrganismos, e sua propriedade antimicrobiana tem sido altamente reportada16,17,18. Além disso, NaOCl é um agente proteolítico não específico, com excelente capacidade de dissolução tecidual19. A dissolução tecidual depende de três fatores: frequência de agitação, quantidade de matéria orgânica em relação à quantidade de irrigante e a quantidade de área de superfície disponível dos tecidos20. Muitos estudos têm examinado a habilidade de dissolução tecidual do NaOCl, sendo obtidos resultados conflitantes1,2,21,22. Aparentes inconsistências entre os resultados podem ser explicadas pela grande variedade de métodos usados para avaliar a solubilidade do tecido nesses estudos. Vários estudos in vitro demonstraram a capacidade do hipoclorito de sódio em dissolver o tecido pulpar por contato direto16,23. No entanto, em estudos em que o verdadeiro objetivo não era demonstrar a capacidade de dissolução do NaOCl, foi encontrado que essa solução irrigante não foi capaz de dissolver o tecido pulpar em áreas anatômicas de maior complexidade, especialmente em istmos1,2,22,24. Assim, o objetivo do presente estudo foi avaliar (1) o efeito de dissolução tecidual do hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações (2,5% e 5,25%), na porção apical das raízes mesial dos molares inferiores com istmos,
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e (2) o tempo de dissolução de tecido pulpar bovino em contacto direto com diferentes concentrações e volumes de hipoclorito de sódio (2,5% e 5,25%). Material e Métodos Avaliação histológica Foram selecionados 30 canais mesiais de molares humanos vitais recém-extraídos para esse estudo. A vitalidade pulpar dos 30 dentes foi inicialmente estabelecida com Endo-Ice spray (Hygenic Corp, Akron, EUA). Os dentes foram agendados para a extração por não poderem ser restaurados ou pela recusa do tratamento endodôntico pelo paciente. Após a extração, os dentes foram armazenados em solução de timol a 0,1% e mantidas a 4°C até antes da utilização. Preparos de acesso convencionais foram feitos e limas do tipo K nº 10 foram introduzidas em cada canal até que chegassem ao forame apical, sendo que o comprimento de trabalho (CT) foi estabelecido a essa distância. Ainda aleatoriamente, os canais foram divididos em três grupos de dez dentes, cada um de acordo com o protocolo de irrigação. Os canais radiculares foram preparados pela técnica crown-down usando o sistema Mtwo (VDW, Munique, Alemanha), com movimentos para cima e para baixo, como recomendado pelo fabricante. Após uma ampliação inicial com limas nº 10, procedeu-se à instrumentação com Mtwo (10/.04; 15/.05; 20/.06; 25/.06), realizada no CT. O canal radicular foi irrigado com uma seringa de agulha de calibre 27. Um volume de 10ml de cada solução de irrigação (hipoclorito de sódio a 2,5%, de hipoclorito de sódio a 5,25% e solução salina a 0,9%) foi utilizado em cada dente, após cada troca de lima; em seguida, 10ml da mesma solução foram utilizados para a irrigação final. Um volume total de 50ml de solução foi utilizado em cada dente. Foi feita recapitulação com lima #10 no CT, depois com limas de tamanho maior, uma após a outra. A solução foi mantida no sistema de canal por um período de 45 minutos. Foram selecionados 4mm apicais de cada raiz, sendo seccionados e removidos para o processamento histológico. Os canais foram inundados com 10% de formol tamponado neutro e armazenados nessa mesma solução até o processamento histológico. As amostras foram, em seguida, lavadas e descalcificadas em uma solução aquosa de partes iguais de ácido fórmico a 50% e citrato de sódio a 50% durante 20 dias, e embebidas em cera de parafina. Secções seriadas transversais foram cortadas em 6µm e
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Conclusão Para concluir, o presente estudo demonstrou que, dependendo da concentração, um volume mínimo de solução de hipoclorito de sódio é necessário para dissolver o
tecido de polpa em contato direto. No entanto, a solução de hipoclorito de sódio, em diferentes concentrações, não foi competente para dissolver restos de tecido pulpar no istmo radicular durante o tratamento endodôntico.
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artigo original
Avaliação quantitativa da presença de remanescentes de hidróxido de cálcio associado a diferentes veículos após a fase de remoção da medicação intracanal Renata Pereira Alves-BALVEDI1 Fabio de Freitas Manna2 João Carlos Gabrielli Biffi3
Resumo
de refluxo estivesse transparente. As raízes foram seccionadas longitudinalmente em duas metades, que foram fotografadas e, depois, tiveram suas fotografias digitalizadas, possibilitando que os resíduos de hidróxido de cálcio fossem macroscopicamente quantificados pelo software Image Tools. Resultados: os resultados estatísticos evidenciaram que resíduos da medicação estavam presentes nos canais, sendo que até mesmo o soro fisiológico, apresentando, quantidade menor de resíduos, apresentou uma concentração maior no terço apical.
Introdução: o objetivo desse estudo é avaliar, após a remoção, a presença de resíduos de hidróxido de cálcio (HC) associado a diferentes veículos no terços cervical, médio e apical. Métodos: quarenta e cinco dentes bovinos foram seccionados transversalmente a uma distância de 18mm do ápice. Os canais foram biomecanicamente preparados e receberam HC. As amostras foram distribuídas em grupos (n = 10): G1, soro fisiológico; G2, HC (PA); G3, polietilenoglicol; G4, polietilenoglicol + PMCC; Controle negativo, sem HC (n = 5). Após sete dias, a medicação foi removida sob ação mecânica de lima associada a irrigação com soro fisiológico, até que a solução
Palavras-chave: Endodontia. Hidróxido de cálcio. Remoção de resíduos.
Como citar este artigo: Alves-Balvedi RP, Manna FF, Biffi JCG. Quantitative evaluation of the presence of remaining calcium hydroxide with different vehicles after removal of the intrachannel medication. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):30-4.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 03/05/2013. Aceito: 23/08/2013.
Doutoranda em Genética e Bioquímica, Universidade Federal de Uberlândia.
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Endereço para correspondência: Renata Pereira Alves Balvedi Av. Cesário Alvim 157- apto 1201. Centro - Uberlândia/MG - CEP: 38400-098 Email: renataalvesbalvedi@hotmail.com
Mestre em Reabilitação Oral, UFU.
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Doutor em Dentística Restauradora, UNESP. Professor Titular, UFU.
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Alves-Balvedi RP, Manna FF, Biffi JCG
Introdução Entre os princípios que norteiam o tratamento endodôntico, encontramos, como requisitos fundamentais, a limpeza e a desinfecção do sistema de canal radicular para alcançar a sanitização desejada e proporcionar condições para que os tecidos envolvidos voltem a seu estado normal1. A maioria das infecções em Endodontia mostra uma predominância de bactérias anaeróbias restritas. Nesses casos, existe uma infecção de polpa de longo prazo que promove propagação bacteriana a todo o sistema do canal radicular, incluindo istmo, ramos, buracos e túbulos. Nessas regiões, as bactérias são protegidas contra os efeitos do preparo biomecânico. Assim, na fase de preparo do canal radicular, o uso de uma medicação intracanal torna-se necessário como medida auxiliar para o controle das infecções endodônticas e para os processos de reparação periapical quando de infecção por E. faecalis2. Hidróxido de cálcio intracanal (HC) tem sido o medicamento mais utilizado3,4. O HC é conhecido por sua ação antimicrobiana e por sua capacidade de estimular a mineralização5. Por essas razões, esse material é, normalmente, utilizado em pulpotomias6 e como medicamento intracanal7. O HC, misturado com um veículo apropriado e condicionado no canal radicular por vários dias ou semanas, tem sido amplamente aceito na terapia endodôntica8,9. Pode ser associado a diferentes veículos, cada qual com diferentes características: I) solúveis aquosos (água destilada, solução salina e clorexidina); II) solúveis não-aquosos (propilenoglicol e polietilenoglicol); e III) não solúvel em água (paramonoclorofenol canforado)10. O HC pode ser combinado com outros medicamentos a fim de completar ou melhorar suas propriedades antibacterianas, tal como com o paramonoclorofenol canforado (PMCC)11. Os veículos salinos12, o polietilenoglicol e o azeite13 são utilizados, também, a fim de influenciar na capacidade de atuação, assim como em sua dissociação iônica e de difusão. Em contrapartida, estudos revelam que a associação de veículos aquosos e HC fornece a melhor ação biológica e antimicrobiana, permitindo maiores taxas de dissociação e de difusão, de acordo com Estrela e Holland14. Todavia, seu uso é questionado quando se leva em conta a possibilidade de resíduos. Análises da infiltração apical após obturação do canal radicular são o foco de outros estudos. Alguns autores afirmam que o resíduo de Ca(OH)2 impede a penetração de cimento © 2013 Dental Press Endodontics
em túbulos15 e altera as características dos cimentos de óxido de zinco e eugenol, tornando a consistência mais quebradiça e granular16. Esses resíduos podem, também, aumentar a infiltração apical após obturação17. Pesquisas avaliaram a capacidade de selamento do HC em teste utilizando a coloração de azul de metileno. Com a descoberta recente, de que o azul de metileno seria descorado pelo HC, pode ocorrer uma má interpretação dos resultados. Concluiu-se, assim, que essa técnica não podia ser testada isoladamente18. Os estudos que investigaram os efeitos de duas formulações de HC sobre sua capacidade de vedação, usando outras referências, como o India ink (corante) ou a utilização do rádio (radioisótopo) acrescentado ao HC, revelaram que o HC não aumenta a capacidade de vedação no ápice da raiz com o material obturador. Outras pesquisas avaliaram se a medicação intracanal atuaria no impedimento da penetração de bactérias no interior do canal. Concluíram que esses medicamentos não resultaram na proteção adequada, e que interferiram na capacidade de vedação dos cimentos16-19. Diante do exposto, o objetivo do presente estudo foi analisar a capacidade de remoção de hidróxido de cálcio, associado a diferentes veículos, dos canais radiculares, por meio da técnica de limagem e irrigação. Material e Métodos Foram utilizados 45 incisivos bovinos unirradiculares inferiores de animais adultos, com diâmetro anatômico compatível com lima tipo K 35/40 (diâmetro anatômico), armazenados em formalina a 10%. A porção de coroa foi removida perpendicularmente (ao longo do eixo do dente) com disco de aço (KG Sorensen, São Paulo), sob arrefecimento constante em água, resultando em remanescente de 18mm a partir da porção apical de cada raiz. Realizou-se a técnica de instrumentação step back, começando com lima tipo K 35/40 (Dentsply Maillefer, Tulsa, EUA) no comprimento real de trabalho (CRT) de 17mm, respeitando 1mm do forame apical, terminando o preparo biomecânico com lima tipo K 50/55 (Dentsply Maillefer), com o mesmo comprimento que determina o diâmetro da cirurgia do canal. Usamos 5ml de hipoclorito de sódio a 1% (Biodinâmica, Ibiporã/ PR) a cada troca de lima, usando seringa e agulha de 0,55 x 20mm (BD, Curitiba/PR) e irrigação final com soro fisiológico (ADV, Nova Odessa/SP). 31
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[ artigo original ] Avaliação quantitativa da presença de remanescentes de hidróxido de cálcio associado a diferentes veículos após a fase de remoção da medicação intracanal
Conclusão Em todos os dentes houve presença de resíduos de hidróxido de cálcio nas paredes do canal após a fase de remoção da medicação. De acordo com as análises estatísticas, foram encontradas diferenças significativas em relação aos terços radiculares quando os veículos utilizados foram soro fisiológico e Calen + PMCC, os maiores valores foram obtidos no terço apical e menores valores no terço cervical. Assim, novas técnicas de remoção devem ser estudadas para melhorar a remoção desses materiais, sem comprometer o preparo biomecânico.
As fotografias digitalizadas serviram para padronizar a quantificação desses resíduos em cada área representada pela raiz cervical, média e apical. Portanto, observando que o hidróxido de cálcio, quando utilizado como medicamento intracanal, permanece mesmo depois de várias técnicas de remoção, novos estudos devem não só sugerir o desenvolvimento de outras técnicas para a remoção do hidróxido de cálcio, assim como veículos que facilitem a remoção dos resíduos remanescentes no canal. Permanece questionável se a literatura relevante corrobora a alegação de que esses remanescentes têm consequências sobre a qualidade do canal em caso de vazamento21-24.
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artigo original
Avaliação do preparo de canais radiculares com dois diferentes sistemas por meio da microtomografia computadorizada Sandra Soares Kuhne Busquim1 Marcelo dos Santos2
Resumo
e divididas aleatoriamente em dois grupos: G1, Reciproc R40; e G2, BioRaCe. Os dentes foram escaneados por um microtomógrafo de raios X SkyScan 1172 antes e após o preparo dos canais radiculares. As imagens obtidas foram importadas, reconstruídas e, em seguida, analisadas para comparação das mudanças no volume do canal radicular. Resultados: os resultados foram submetidos ao teste estatístico não paramétrico de Mann-Whitney para análise do aumento do volume. O preparo do canal radicular resultou em aumento de volume, com diferença significativa entre os grupos (p < 0,5). Conclusão: o sistema Reciproc removeu mais dentina das paredes do canal radicular do que o sistema BioRaCe.
Introdução: canais radiculares com secção transversal oval longa dificultam a ação de instrumentos rotatórios, os quais não conseguem se adaptar às suas paredes em toda extensão. O sistema Reciproc de lima única (VDW, Munique, Alemanha) foi desenvolvido para o preparo do canal radicular pela técnica de movimento de trabalho recíproco. O movimento recíproco alivia o estresse do instrumento, reduzindo o risco de fatiga cíclica causada pela tensão e compressão. Objetivo: o objetivo desse estudo foi avaliar, ex vivo, o preparo de canais ovais longos de molares inferiores com o sistema Reciproc, comparando-o ao preparo com instrumentos de rotação completa BioRaCe por meio da microtomografia computadorizada. Métodos: as raízes distais de trinta molares inferiores foram utilizadas
Palavras-chave: Instrumentos odontológicos. Preparo de canal radicular.
Como citar este artigo: Busquim SSK, Santos M. Evaluation of the preparation of root canals with two different systems using micro-computed tomography. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):35-40.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 02/07/2013. Aceito: 23/08/2013.
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Endereço para correspondência: Sandra S K Busquim Rua Cardoso de Almeida, 1205 ap 72 Perdizes, São Paulo/SP - CEP: 05013-001 E-mail: sskuhne@yahoo.com.br
Mestranda em Endodontia, USP. Professor Associado, USP.
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[ artigo original ] Avaliação do preparo de canais radiculares com dois diferentes sistemas por meio da microtomografia computadorizada
Introdução A complexidade anatômica dos canais radiculares, como, por exemplo, de canais com secção transversal oval, oval longa (diferente da circular), ainda representa um sério desafio para um adequado preparo das superfícies das paredes destes canais1-4. Há uma tendência, nesses casos, em se manter áreas não preparadas e contaminadas do canal radicular. Em canais com essas condições anatômicas, a literatura relata diversos trabalhos que mostram que tanto a instrumentação manual quanto a instrumentação rotatória contínua têm demonstrado deixar nichos intocados3,5-8. A não remoção de sujidades da parede do canal radicular pode comprometer o sucesso da terapia endodôntica9,10. Nos sistemas rotatórios convencionais, nos deparamos com a dificuldade de instrumentação de canais com secção transversal diferente da circular, já que existe uma tendência de centralização do instrumento, trabalhando menos nos polos desse tipo de canais2,4. Na busca de uma ação mais adequada desses instrumentos, preconiza-se o movimento de pincelamento do instrumento, que rotaciona continuamente, dirigindo-os contra os polos do canal no intuito de que exerçam sua ação também nessas áreas. Recentemente, novos sistemas propõem instrumentos com movimentos de rotação reciprocante10-13. A microtomografia computadorizada (µCT) tem ganho importante significância em pesquisas em Endodontia, por ser um método não destrutivo, que permite análise tridimensional do sistema de canal radicular14-21, assim como a avaliação da ação do instrumento na parede do canal. O objetivo do presente estudo foi avaliar, ex vivo, o preparo de canais radiculares ovais longos de molares inferiores, realizado por dois sistemas mecanizados: o sistema Reciproc, com movimentos reciprocantes; e o BioRaCe, sistema rotatório de movimento contínuo. Como critério de qualidade do preparo, avaliou-se as mudanças de volume após o uso de cada sistema, utilizando a microtomografia computadorizada.
extraídos, cedidos pelo Banco de Dentes Permanentes Humanos da FOUSP, foram selecionados. A raiz distal desses dentes foi utilizada. Os dentes apresentavam um único canal na raiz distal e ângulo de curvatura menor que 20°22. Quando o diâmetro vestibulolingual era pelo menos 2,5x maior que o diâmetro mesiodistal ao nível de 5mm do ápice radicular, os canais foram classificados como ovais longos23,24. Essas mensurações foram feitas por um sistema computadorizado de processamento digital de imagens, o Image Tool (University of Texas Science Center, Califórnia, EUA). Após o acesso cirúrgico, os canais radiculares foram explorados com uma lima manual tipo K #10, e o comprimento real de trabalho (CRT) determinado quando a extremidade do instrumento foi observada através do forame apical, com auxílio de um microscópio operatório (Alliance, São Paulo/SP) em um aumento de oito vezes, recuando-se um milímetro. Os dentes foram distribuídos aleatoriamente em dois grupos experimentais: grupo G1, Reciproc R40 (n = 15); e grupo G2, BioRaCe (n = 15). O escaneamento das amostras foi feito antes e após o preparo do canal, por um microtomógrafo de raios X (SkyScan 1172, Kontich, Bélgica) a uma potência de 100 kV e 100 µA, e resolução isotrópica de 11,88µm. Os objetos foram rotacionados a 180º, com 0,4º de velocidade de rotação. O tempo total para escaneamento da imagem foi de 49 minutos e o total para a reconstrução da imagem de 13 minutos, perfazendo uma hora e dois minutos para digitalização e reconstrução da imagem. Preparo dos canais O preparo dos canais radiculares, em todos os grupos experimentais, foi realizado por um único operador. Grupo G1: Reciproc R40 (Sistema de movimento reciprocante) Nesse grupo, foram utilizadas as raízes distais, que permitiram a introdução de uma lima manual tipo K #20, passivamente até o CRT, como critério de seleção do instrumento R40 para preparo dessas. Nenhum instrumento manual foi utilizado para criar um caminho livre, seguindo instruções do fabricante. O acionamento do instrumento R40 foi realizado pelo motor elétrico VDW.Silver (VDW, Munique, Alemanha), ajustado para
Material e Métodos Seleção dos dentes Após aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FOUSP), 30 molares inferiores humanos
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[ artigo original ] Avaliação do preparo de canais radiculares com dois diferentes sistemas por meio da microtomografia computadorizada
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artigo original
Avaliação da eficácia do uso da terapia fotodinâmica (PDT) após a limpeza e modelagem do canal radicular: estudo in vivo Antonio Henrique Braitt1 Herley Peixoto Murta2 Evaldo Almeida Rodrigues3 Carlos Eduardo da Silveira Bueno4
Resumo
amostra foi feita sete dias após a aplicação da PDT. Foi utilizado na pesquisa o hipoclorito de sódio a 5,25% como substância irrigadora, sendo esse neutralizado com o tiossulfato de sódio a 5% em determinado momento da pesquisa. O aparelho de laser usado foi o Photon Laser III, durante 40 segundos, usando o corante azul de metileno a 0,005%, como substância fotossensível. Todas as amostras dos dois grupos foram encaminhadas ao laboratório de análises clínicas para a verificação da contaminação, ou não, do sistema de canais radiculares. Conclusão: os resultados demonstraram que não houve diferença estatística relevante entre os dois grupos, mas são necessários maiores estudos randomizados para demonstrar a eficácia da terapia fotodinâmica.
Objetivo: a proposta desse estudo foi verificar a eficácia do uso da terapia fotodinânica (PDT) em dentes com lesão periapical, visualizada radiograficamente. Métodos: para isso, foram selecionados 24 dentes anteriores, divididos em dois grupos de 12 dentes cada. De cada espécime, de ambos os grupos, foram colhidas três amostras em momentos estratégicos do tratamento. No grupo G1, foi realizado o preparo endodôntico utilizando um sistema rotatório de níquel/titânio, sendo a primeira amostra colhida na abertura cirúrgica; a segunda, após o preparo endodôntico; e a terceira, sete dias após o preparo do canal. No grupo G2, as amostras foram colhidas do mesmo modo que o grupo G1; exceto que a segunda amostra foi realizada após a instrumentação e aplicação da terapia fotodinâmica (PDT). A terceira
Palavras-chave: Terapia a laser. Enterococcus faecalis. Tratamento do canal radicular.
Como citar este artigo: Braitt AH, Murta HP, Rodrigues EA, Bueno CES. Evaluation of the effectiveness of the use of photodynamic therapy (PDT) after cleaning and shapping the root canal: An in vivo study. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):41-5.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Recebido: 10/07/2013. Aceito: 23/07/2013. Mestre em Endodontia, SLMandic. Professor, curso de Especialização em Endodontia, FUNORTE.
1
Especialista em Endodontia, FUNORTE.
2
Mestre em Endodontia, UFBA. Professor, curso de Especialização em Endodontia, FUNORTE.
Endereço para correspondência: Antônio Henrique Braitt Av. Aziz Maron 1.117 sala 703 - Jardim União, Itabuna/BA - CEP: 45605-415 E-mail: henrique_braitt@hotmail.com
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Pós-doutor em Endodontia, UNICAMP. Professor, SLMandic.
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[ artigo original ] Avaliação da eficácia do uso da terapia fotodinâmica (PDT) após a limpeza e modelagem do canal radicular: estudo in vivo
Introdução O tratamento endodôntico possui limitações que prejudicam o sucesso da terapia. É comum nos depararmos com dificuldades durante a limpeza e modelagem do canal radicular, como variações anatômicas, calcificações e atresia dos canais. Essas dificuldades inviabilizam a adequada limpeza e modelagem, além de possibilitar a reinfecção bacteriana. Schilder13 relatou que a limpeza e modelagem do canal radicular devem preencher todos os requisitos necessários para se alcançar um prognóstico favorável: preparo cônico afunilado, sem a modificação da posição do forame apical; remoção de bactérias e restos teciduais; alisamento das paredes e aumento da permeabilidade dentinária com o auxílio de substâncias químicas irrigadoras que favorecem a descontaminação microbiana e o acesso do material obturador. A descontaminação e redução microbiana são favorecidas na luz do canal, podendo permanecer cepas de bactérias capazes de sobreviver em ambientes de anaerobiose no sistema de canais radiculares, tais como canais acessórios, laterais e secundários. Os microrganismos estão situados no interior do canal e não podem ser eliminados somente pelos mecanismos de defesa. Acredita-se que a causa mais provável do insucesso endodôntico seja a sobrevivência de microrganismos no terço apical do canal radicular. Esses microrganismos também podem estar em áreas do canal normalmente inacessíveis aos procedimentos de desinfecção, tais como istmos, crateras, reentrâncias e ramificações do sistema de canais radiculares, tornando a terapia endodôntica bem mais difícil. A espécie microbiana mais comumente isolada no sistema de canais radiculares quando do insucesso endodôntico é o Enterococcus faecalis, microrganismo anaeróbio facultativo capaz de crescer tanto na presença quanto na ausência de oxigênio. Sundqvist et al.18 associaram o insucesso de tratamentos com fatores desfavoráveis ou falhas na execução da terapia endodôntica, em tratamentos de dentes desvitalizados com lesão periapical. Também relataram que a particularidade da microbiota encontrada nos canais com tratamento endodôntico prévio que fracassou deve-se a um processo de seleção dependente da resistência específica de determinados microrganismos aos procedimentos antimicrobianos e medicamentos
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utilizados durante a terapêutica endodôntica, e da capacidade de sobrevivência em meio nutricional restrito, no qual as relações entre bactérias são mínimas. Na Endodontia, o laser tem demonstrado capacidade de eliminação da camada de detritos e de vedação dos túbulos dentinários, vaporização do tecido pulpar, alteração da permeabilidade dentinária e desinfecção do sistema de canais radiculares por meio de sua ação bactericida. Vários autores1,3,4,12,14,15,17,21 relataram que diversos estudos têm sido realizados em Odontologia com o intuito de complementar as terapias convencionais. Especificamente em Endodontia, a PDT apresenta papel promissor como coadjuvante em retratamento com lesões periapicais. Estudos vêm sendo realizados para demonstrar a redução microbiana intracanal. O presente trabalho se propôs avaliar a eficácia do uso da PDT na limpeza e modelagem do sistema de canais radiculares. Material e Métodos Foram selecionados 24 dentes anteriores com presença de lesão periapical visível radiograficamente. Todos os pacientes assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. Os dentes foram divididos em dois grupos (G1 e G2), de 12 dentes cada. Os dentes do grupo (G1) foram abertos usando uma broca esférica de alta rotação nº 1015 (KG Sorensen Ltda, São Paulo/SP), isolamento absoluto (Madeitex Indústria e Comércio de artefatos de Látex Ltda, São Paulo/SP), assepsia com solução de álcool iodado a 0,1% (Farmax, Minas Gerais), uso da broca Endo Z (Dentsply Maillefer,Bellagues,Suíça) para realizar a forma de conveniência, uso das brocas Gates-Glidden #2, #3 e #4 (Dentsply Maillefer) para realizar a fase de pré-alargamento, finalizando a abertura coronária. O canal foi modelado com o sistema ProTaper (Dentsply Maillefer) e saneado com hipoclorito de sódio a 5,25% (Farmácia de Manipulação Macela Dourada Ltda., Vitória da Conquista/BA) . A odontometria foi realizada por meio do localizador foraminal Root ZX (J. Morita Corporation, Japão) sempre buscando a patência foraminal. Foram feitas três coletas do material, conforme a seguinte ordem: No grupo (G1), a primeira coleta foi realizada após a abertura cirúrgica; a segunda, após o preparo do canal; e, a terceira, sete dias após a limpeza e modelagem do canal radicular. O preparo do canal foi realizado
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Braitt AH, Murta HP, Rodrigues EA, Bueno CES
Conclusões » Não houve diferença estatística relevante nos resultados das amostras apresentadas. » Há necessidade de maiores estudos sobre o presente tema. » A terapia fotodinâmica pode ser usada como coadjuvante no tratamento do sistema de canais radiculares.
Todos os pacientes foram tratados por um só operador, no mesmo ambiente de trabalho, para manter a padronização da pesquisa. Estudos recentes têm demonstrado grande eficiência da PDT na redução microbiana do sistema de canais radiculares, sendo utilizada como coadjuvante no tratamento endodôntico.
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artigo original
Células-tronco: um avanço na Odontologia
Filipe Leonardo Stringari1 Sabrina Cachoeira Werner1 Maria Urania Alves2
Resumo
procedimentos laboratoriais adequados para a utilização dessas células, sendo necessário conhecer as subdivisões celulares existentes de acordo com seu local de origem. Métodos: o método utilizada nesse trabalho foi a busca de artigos científicos em revistas, livros e nas bases de dados BIREME, LILACS, PubMed e SciELO. Conclusão: por meio dessa revisão de literatura, buscou-se exemplificar os principais grupos celulares, suas funções e dificuldades para conhecimento básico do cirurgião dentista e sua possível utilização.
Introdução: os avanços científicos para a compreensão da regulação molecular da morfogênese do dente, da biologia das células-tronco e da biotecnologia, oferecem oportunidades para viabilizar a regeneração de dentes em futuro próximo. As células-tronco possuem a capacidade de estimular a regeneração tecidual e, consequentemente, apresentam diversas perspectivas terapêuticas, fato que torna possível sua utilização em Odontologia. Sua aplicação na recuperação das estruturas bucais está cada dia mais próxima; porém, muitos estudos ainda são necessários para entender o correto armazenamento e
Palavras-chave: Células-tronco. Engenharia tecidual. Reabilitação.
Como citar este artigo: Stringari FL, Werner SC, Alves MU. Stem cells: A breakthrough in dentistry. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):46-51.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 07/07/2013. Aceito: 23/07/2013. Endereço para correspondência: Filipe Leonardo Stringari Rua Ricardo Koball, 421 – Bairro Escola Agrícola – Blumenau/SC CEP: 89037-660 – Email: filipestringari@hotmail.com
Graduando em Odontologia, Universidade Regional de Blumenau.
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Doutora em Odontologia, UFF. Professora, Universidade Regional de Blumenau.
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Stringari FL, Werner SC, Alves MU
Introdução As células-tronco embrionárias são derivadas de embriões que se desenvolvem de óvulos fertilizados in vitro. Esses embriões têm, tipicamente, quatro ou cinco dias de idade, e são vistos como uma bola oca de células chamada de blastocisto. Essas células possuem a característica de se diferenciar em qualquer tipo celular, e são chamadas de totipotentes1. Já o termo pluripotente é utilizado para descrever células-tronco derivadas das três camadas germinativas embrionárias: mesoderme, ectoderme e endoderme. Os diferentes tipos de células especializadas que compõem o corpo são originárias dessas três camadas. Células pluripotentes possuem a capacidade de dar origem a qualquer tipo de célula1. As chamadas células-tronco adultas são consideradas multipotentes, ou seja são células indiferenciadas, encontradas entre as células diferenciadas de um tecido ou órgão e podem renovar-se e diferenciar-se para produzir tipos especializados de células. Recentes pesquisas têm sido realizadas utilizando as terapias com células-tronco, apresentando resultados animadores no que se refere à cura e ao tratamento sem precedentes de determinadas doenças. A busca por formas de permitir a reparação tecidual, e até mesmo a formação de tecidos novos, tem como objetivo ampliar de forma drástica as possibilidades terapêuticas nas diferentes áreas da saúde. As maiores descobertas dos últimos tempos mostram que as células-tronco estão sendo empregadas no tratamento de várias doenças, como câncer, degeneração neural, recuperação de pacientes tetraplégicos e paraplégicos, Mal de Alzeimer e, inclusive, na Odontologia2. Estudos com as células-tronco são de grande interesse para a ciência, pois possuem a capacidade de estimular a regeneração tecidual e, consequentemente, apresentam diversas perspectivas terapêuticas, fato que torna possível sua utilização nas diferentes necessidades de procedimentos odontológicos, visando recuperar a qualidade da saúde bucal da população. Vários fatores contribuem para a perda de dentes, entre eles: hábitos deletérios, defeitos genéticos, anomalias congênitas ou perdas precoces causadas por trauma, doença periodontal e cárie dentária. Atualmente, as evidências científicas mostram que para reabilitação das estruturas dentárias perdidas, lança-se mão de técnicas não biológicas, como as próteses e implantes.
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Outras técnicas para reabilitação e recuperação da saúde bucal que evitassem complicações poderiam ser utilizadas com sucesso, como, por exemplo, as chamadas biológicas, altamente desejáveis para reposição de dentes, minimizando os custos relacionados com a recuperação da saúde bucal. O método utilizado no presente trabalho foi a busca de artigos científicos em revistas, livros e por meio das bases de dados BIREME, LILACS, PubMed e SciELO, objetivando revisar a literatura sobre diferentes tipos de células-tronco, demonstrando sua importância na Odontologia, descrevendo, classificando os diferentes grupos, discutindo à luz da literatura e de evidências científicas, buscando as mais recentes pesquisas a respeito da dificuldade de seu isolamento e potencial de utilização dessas células. Revisão de literatura Tudo começou com Thomson et al.30, quando publicaram o primeiro isolamento de células-tronco em embriões humanos. Células-tronco embrionárias de rato foram isoladas31,32 em 1981, e vários estudos mostraram que poderiam ser propagadas indefinidamente em cultura, mantendo sua capacidade de produzir todos os tipos de células encontradas nos ratos. Ferrari et al.33 publicaram o primeiro de uma série de relatos sobre a plasticidade das células-tronco adultas, desafiando a antiga crença de que as células-tronco adultas são de linhagem restrita. Na maioria desses estudos de plasticidade, geneticamente marcados a partir de células de um órgão de rato adulto, aparentemente deu-se origem a tipos celulares característicos de outros órgãos após transplante, sugerindo que as células eram mais plásticas em seu potencial de desenvolvimento do que se pensava. O uso de células-tronco adultas evitou problemas éticos, trazendo as seguintes vantagens: as células podem ser isoladas a partir de pacientes que necessitam tratamento, evitando complicações de rejeição imunológica, e a redução do risco de formação de tumores, que ocorre com frequência elevada quando utiliza-se células-tronco embrionárias heterógenas21. As células-tronco são células indiferenciadas com alta capacidade de autorrenovação e de produção de, pelo menos, um tipo celular altamente especializado. Existem duas categorias: as embrionárias pluripotentes e a linhagem de células unipotentes ou multipontentes, denominadas adultas ou somáticas, que residem em tecidos diferenciados. 47
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Stringari FL, Werner SC, Alves MU
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revisão de literatura
Terapia fotodinâmica na Endodontia: emprego de uma estratégia coadjuvante frente à infecção endodôntica Gustavo Sivieri-Araujo1 Ludmilla Mota da Silva Santos2 Índia Olinta de Azevedo Queiroz2 Marcelo Tadahiro Wayama3 Guilherme Hiroshi Yamanari2 Eloi Dezan-Júnior4 Luciano Tavares Angelo Cintra5 João Eduardo Gomes-Filho4
Resumo
laser e LED, surgiram alternativas de tratamentos na área da saúde, como a terapia fotodinâmica (TFD), que é um conjunto de procedimentos físicos, químicos e biológicos, que ocorrem após a administração de um agente fotossensibilizador (FS) ativado por meio de uma luz visível de comprimento de onda específico (laser ou LED) para destruir a célula-alvo, ou auxiliar no combate das infecções. Na Endodontia, foram demonstrados em estudos in vitro e in vivo que o emprego da TFD atua como um coadjuvante e potencializa a desinfecção do SCR, além de ser de fácil aplicação e não promover resistência microbiana. O objetivo da presente revisão é apresentar o estado atual da terapia fotodinâmica em Endodontia.
O tratamento endodôntico é de fundamental importância para abolir a infecção nos dentes com necrose pulpar. O sucesso desse tratamento depende: da eliminação eficiente da infecção no sistema de canais radiculares (SCR) e do correto selamento pela obturação dos canais radiculares. Devido à complexidade anatômica do SCR, certas áreas podem ser inacessíveis ao preparo biomecânico (PBM), portanto, o emprego de uma medicação intracanal potencializa a redução dos microrganismos (MO) e seus produtos tóxicos no SCR. Mesmo com o avanço técnico e científico da Endodontia, há MO que ainda sobrevivem ao PBM, sendo os principais responsáveis pela manutenção infecção endodôntica. Assim, novos tratamentos devem ser pesquisados. Com o advento dos aparelhos de
Palavras-chave: Endodontia. Infecção endodôntica. Terapia fotodinâmica.
Como citar este artigo: Sivieri-Araujo G, Santos LMS, Queiroz IOA, Wayama MT, Yamanari GH, Dezan-Júnior E, Cintra LTA, Gomes-Filho JE. Photodynamic therapy in Endodontics: Use of a supporting strategy to deal with endodontic infection. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):52-8.
1
Pós-doutor em Endodontia, UNESP.
2
Doutoranda em Ciências Odontológicas, UNESP.
3
Graduado em Odontologia, UNESP.
4
Livre-docente em Endodontia, UNESP.
5
Pós-doutor em Endodontia, UEM.
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» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Recebido: 14/07/2013. Aceito: 22/07/2013.
Endereço para correspondência: João Eduardo Gomes-Filho Rua José Bonifácio, 1193 – Araçatuba/SP CEP: 16015-050 – Email: joao@foa.unesp.br
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Sivieri-Araujo G, Santos LMS, Queiroz IOA, Wayama MT, Yamanari GH, Dezan-Júnior E, Cintra LTA, Gomes-Filho JE
Introdução O tratamento endodôntico de é fundamental importância para abolir a infecção presente no sistema de canais radiculares (SCR)1. O preparo biomecânico (PBM), em conjunto com as soluções irrigadoras, limpa e modela o SCR, reduzindo o número de microrganismos (MO)2. Em virtude da complexa variação anatômica do SCR, certas áreas podem ficar inacessíveis ao PBM3, portanto, o emprego do hidróxido de cálcio como medicação intracanal aumenta a oportunidade de redução dos MO e seus produtos tóxicos no SCR4,5. Nos últimos anos, ocorreu grande avanço técnicocientífico da terapêutica endodôntica em relação ao desenvolvimento de novos materiais e técnicas2,6. Entretanto, mesmo com esse progresso, há MO que sobrevivem ao tratamento endodôntico, sendo os responsáveis pela persistência das infecções endodônticas resistentes, que contribuem para os insucessos6,7. Logo, novas estratégias terapêuticas constantemente devem ser investigadas para emprego contra as infecções endodônticas. Com o advento dos aparelhos de laser e LED, surgiram novas alternativas nos tratamentos da área de Saúde8,9. Entre as propriedades terapêuticas desses aparelhos, destacase a terapia fotodinâmica (TFD), que emprega um agente fotossensibilizador (FS), que pode ser um corante, que é ativado por meio de laser ou LED, com intuito de destruir a célula-alvo ou auxiliar no combate às infecções8,9,10. Na Endodontia, a TFD surge como uma modalidade terapêutica coadjuvante e inovadora, que potencializa a desinfecção do SCR com intuito de suprimir os MO resistentes ao tratamento endodôntico11,12. A TFD é de fácil aplicação, não promove resistência microbiana e pode ser empregada depois do PBM e antes da obturação dos canais radiculares, podendo empregar ou não medicação intracanal11-14. A presente revisão de literatura visa apresentar e discutir o emprego da terapia fotodinâmica na Endodontia.
Porém, a complexidade da anatomia dentária interna dificulta a desinfecção de todo o SCR, sendo necessário o emprego de medicação intracanal, como o hidróxido de cálcio, no combate às infecções endodônticas1,4,5,18. Nas infecções endodônticas primárias, nos deparamos com diferentes espécies bacterianas que irão propagar em todo o SCR, originando uma infecção polimicrobiana, com predomínio de bactérias anaeróbias Gram-negativas1,6,19. Contudo, nos insucessos endodônticos (infecções secundárias), observa-se poucas espécies microbianas e características diferentes das infecções primárias. Nesses casos, as infecções endodônticas possuem predomínio de Gram-positivos19,20,21. O SCR deve ser limpo para eliminar MO e a smear layer com a finalidade de permitir a obturação adequada e reparo tecidual pós-tratamento4,6,7. O uso do hipoclorito de sódio e EDTA remove, com eficácia, os componentes inorgânicos e orgânicos, aliados à utilização de hidróxido de cálcio como medicação intracanal, promovendo desinfecção5,15. Nos últimos anos, avanços no tratamento endodôntico como preparo com limas de níquel-titânio e limas autoajustáveis (self-adjusting file, “SAF”)2,17 e o emprego do microscópio cirúrgico e ultrassom, transformaram as técnicas de tratamento do SCR. No entanto, a variação anatômica do SCR3 e as infecções endodônticas resistentes sustentam os insucessos21. Assim, novas estratégias de tratamento endodôntico são constantemente investigadas, com a finalidade de ampliar o espectro de atuação contra os MO presentes na infecção endodôntica. O emprego da luz como agente terapêutico No passado, a luz solar foi muito utilizada em países como Egito, Índia e China, para o tratamento de doenças da pele (psoríase, vitiligo), contudo, de maneira empírica10. Com o avanço técnico-científico das técnicas ópticas, foi possível empregar a luz como agente terapêutico na área da Saúde8,9,10. Com o advento dos aparelhos laser e LED na década de 60, surgiram novas opções de tratamentos, devido às propriedades terapêuticas benéficas que esses aparelhos possuem8,9,10,22,23. O laser apresenta características peculiares, como monocromaticidade, pequena divergência, intensa energia e pulsos ultracurtos24. O LED é um diodo emissor de luz, de baixo componente térmico, com mecanismo espontâneo de radiação que necessita de pouca energia para geração de luz25.
Tratamento endodôntico O objetivo do tratamento de endodôntico em dentes com necrose pulpar consisti em combater a infecção endodôntica, eliminando as bactérias e inativando seus subprodutos tóxicos, como o lipopolissacarídeo (LPS)5-16 e o biofilme apical6,7,17. Quando bem executados, o combate à infecção endodôntica, juntamente com uma adequada obturação dos canais radiculares, proporciona o reparo tecidual pós-tratamento endodôntico4-7,15,16,17.
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tanto para o profissional quanto para auxiliar e paciente. Esse item de proteção geralmente faz parte de um kit quando se adquire as fontes de luz. As fibras ópticas empregadas na TFD devem ser esterilizadas ou desinfetadas de acordo com o recomendado pelo fabricante31,32.
soro fisiológico, e o canal radicular seco deve ser novamente aspirado com cânulas e secado com pontas de papel absorvente11-14,37,38,47,52,53. Nesse momento, o cirurgião-dentista deve optar pela conduta que o próprio profissional achar necessária, ou seja, colocar uma medicação intracanal e obturar os canais radiculares em uma segunda sessão ou partir diretamente para a obturação dos canais radiculares em sessão única, observando que, a TFD não substitui a medicação intracanal.
Considerações finais A TFD na Endodontia pode ser um importante ferramenta coadjuvante, para auxiliar na redução e combate aos MOs e seus produtos tóxicos presentes na infecção endodôntica, desde que, utilize FS seletivos e eficientes, com adequados parâmetros de aplicação de laser ou LED. Entretanto, são necessários mais estudos para estabelecer protocolos de aplicação clínica.
Biossegurança Assim como qualquer equipamento que empregue fontes de luz (laser ou LED), o uso de óculos de proteção de comprimento de ondas específicos é obrigatório,
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artigo original
Diagnóstico de fraturas radiculares verticais em dentes tratados endodonticamente, com ou sem a presença de núcleos metálicos fundidos, empregando-se a tomografia computadorizada cone beam Rebeca Ferraz de Menezes1 Roberto Alves dos Santos2 Joedy Maria Santa Rosa1 Vanio Santos Costa3
Resumo
A sensibilidade, a especificidade e a acurácia foram calculados por meio de uma avaliação dicotômica (presença ou ausência de fratura). Resultados: por meio do teste exato de Fisher, não foi registrada diferença estatística entre os três grupos em relação à acurácia, à sensibilidade e à especificidade para o diagnóstico da fratura, porém ocorreu alto percentual de falso positivo para o grupo 3. Conclusão: a TCCB é um excelente recurso para o diagnóstico da fratura vertical; porém, a presença do NMF produz imagens com muitos artefatos, resultando em altos valores de falso positivos, sendo de suma importância unir os achados tomográficos aos sinais e sintomas clínicos para um diagnóstico o mais preciso possível da fratura.
Objetivo: avaliar o diagnóstico de fraturas verticais em dentes tratados endodonticamente, com ou sem a presença de núcleos metálicos fundidos (NMF), por meio de tomografia computadorizada cone beam (TCCB), utilizando-se tomógrafo Prexion. Métodos: quarenta e oito pré-molares humanos extraídos, unirradiculares, constituíram a amostra, que foi dividida em três grupos: grupo 1, controle, 16 dentes sem a presença da guta-percha e do NMF, dos quais 8 foram artificialmente fraturados; grupo 2, 16 dentes com a presença da guta-percha, dos quais 8 foram artificialmente fraturados; grupo 3, 16 dentes com a presença do NMF, dos quais 8 foram artificialmente fraturados. Os dentes foram fraturados segundo método já consagrado na literatura. Um especialista em radiologia odontológica, com 10 anos de experiência em tomografia, avaliou as imagens.
Palavras-chave: Diagnóstico por imagem. Endodontia. Tomografia computadorizada de feixe cônico espiral.
Como citar este artigo: Menezes RF, Santos RA, Rosa JMS, Costa VS. Diagnosis of vertical root fractures in endodontically prepared teeth, with or without the presence of intracanals cast metallic posts using Cone Beam Computed Tomography. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):59-63.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 17/04/2013. Aceito: 24/04/2013.
1
Doutorando em Endodontia, UPE. Doutor em Dentística, USP. Professor Adjunto de Odontologia, UPE.
2
Endereço para correspondência: Rebeca Ferraz de Menezes Av. Fernando Simões Barbosa, 374 – Apt 1404 – Boa Viagem CEP: 51020-390 – Recife/PE – ferraz.rebeca@gmail.com
Mestre em Odontologia, UNP. Professor de Odontologia, UFAL.
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Diagnóstico de fraturas radiculares verticais em dentes tratados endodonticamente, com ou sem a presença de núcleos metálicos fundidos,
[ artigo original ] empregando-se a tomografia computadorizada cone beam
Introdução As fraturas radiculares verticais (FRVs) são um desafio para o cirurgião-dentista quanto à sua detecção precoce e à conduta a ser seguida. A FRV pode ser definida como uma linha de fratura completa ou incompleta orientada longitudinalmente, que tem origem na porção interna do canal radicular e se estende em direção aos tecidos perirradiculares, até alcançar a superfície externa do dente¹. A fratura pode estar localizada no terço cervical, médio ou apical do canal radicular, e, em geral, acomete dentes tratados endodonticamente. Quando a FRV ocorre, seja completa ou incompleta, se estende para o ligamento periodontal. Em comunicação com a cavidade bucal por meio do sulco gengival, materiais estranhos, restos de alimentos e bactérias têm acesso à área da fratura. Dessa forma, um processo inflamatório é induzido², resultando em um rompimento do ligamento periodontal, perda de osso alveolar e formação de tecido de granulação³. As principais causas de fratura radicular vertical são o trauma físico, prematuridades oclusais4 hábitos parafuncionais repetitivos do estresse mastigatório5, reabsorção patológica induzindo fraturas radiculares e tratamento dentário iatrogênico6. Entre as causas iatrogênicas, a terapêutica endodôntica é um importante fator etiológico para as fraturas radiculares verticais devido à aplicação de forças excessivas durante a condensação lateral e/ou vertical, devido ao enfraquecimento da estrutura dentária interna ao efeito de cunha ocasionado por núcleos metálicos fundidos inadequados, à dilatação dos metais utilizados na confecção de pinos devido à diferença do coeficiente de expansão térmica linear da dentina e do retentor intrarradicular, à indução de tensões durante a instalação de pinos pré-fabricados rosqueáveis ou durante a cimentação de pinos rígidos7,8. Como nem sempre há sinais, sintomas e/ou características radiográficas exatas, a fratura radicular vertical pode ser confundida com um insucesso no tratamento endodôntico e, até mesmo, com uma doença periodontal. Entretanto, quando as FRVs acontecem, os sinais e sintomas mais comuns em dentes tratados endodonticamente são dor, edema, presença de fístula e uma bolsa periodontal isolada, profunda e estreita. Já as características radiográficas são representadas pelo espessamento do ligamento periodontal, perdas ósseas vertical, localizada ou profunda, e perda óssea perirradicular localizada (halo de perda óssea)9.
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A tomografia computadorizada cone beam (TCCB) é muito utilizada nas áreas da Implantodontia, Ortodontia, Periodontia, Cirurgia e Endodontia. Na Endodontia, a TCCB mostra-se muito útil no diagnóstico de fraturas alveolares e radiculares, na avaliação da morfologia do canal radicular e sua localização, nas avaliações de reabsorções radiculares, no planejamento endodônticocirúrgico, e em muitas outras áreas, inclusive, nas pesquisas endodônticas10. Considerando-se as dificuldades encontradas no diagnóstico das fraturas radiculares verticais, o objetivo da presente pesquisa foi avaliar a precisão da TCCB no diagnóstico de fratura radicular vertical em dentes tratados endodonticamente, com ou sem a presença de núcleos metálicos fundidos. Material e Métodos O trabalho teve início após sua aprovação pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade de Pernambuco (UPE), sob o registro CAAE n° 0251.0.097.000-11. Foram utilizados na pesquisa 48 dentes unirradiculares, com a presença de um único canal radicular. Após serem cuidadosamente analisados por meio de exame radiográfico e visual com o auxílio de uma lupa (magnificação de 4x), os dentes selecionados foram aqueles que não apresentaram rizogênese incompleta, calcificações, reabsorções radiculares, tratamento endodôntico anterior, fraturas radiculares e instrumentos ou retentores intrarradiculares. Após a remoção das sujidades da superfície radicular com pedra-pomes e água, os dentes foram mantidos em água destilada, para evitar a desidratação. Todos os dentes foram preparados por um único operador. Os 48 dentes foram divididos em três grupos: » Grupo 1 (controle) (n = 16): dentes sem a presença de guta-percha e sem a presença do núcleo metálico fundido (NMF), dos quais 8 foram artificialmente fraturados e 8 não apresentavam fraturas. » Grupo 2 (n = 16): dentes com tratamento endodôntico e com presença de guta-percha, mas sem a presença de NMF, dos quais 8 foram artificialmente fraturados e 8 não apresentavam fraturas. » Grupo 3 (n = 16): dentes com tratamento endodôntico, com presença de guta-percha e do NMF, dos quais 8 foram artificialmente fraturados e 8 dentes não apresentavam fraturas. Os canais radiculares foram instrumentados com limas de níquel-titânio Protaper Universal (Dentsply-Maillefer)
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desses trabalhos in vivo corroboram os resultados encontrados no presente trabalho ex vivo.
das tomografias entre os dentes dos dois grupos, corroborando, assim, seus resultados aos achados do presente estudo. No entanto, houve uma redução significativa na especificidade (p = 0,016) das imagens tomográficas em relação ao grupo de dentes preenchidos com guta -percha, divergindo dos resultados do presente estudo, no qual o valor da especificidade não foi reduzido. Em pesquisas clínicas17,19, concluíram que a presença da guta-percha nos canais radiculares não influenciou significativamente a sensibilidade, a especificidade e, consequentemente, a acurácia no diagnóstico das fraturas radiculares verticais, mostrando, dessa forma, que mesmo diante da presença desse material obturador, a tomografia computadorizada cone beam é capaz de realizar diagnósticos precisos de FRVs. Os resultados
CONCLUSÃO 1) A precisão em diagnosticar fraturas radiculares verticais por meio da tomografia computadorizada cone beam com o tomógrafo Prexion 3D foi maior em dentes sem a presença de cones de guta-percha e de núcleos metálicos fundidos. 2) Os dentes com núcleos metálicos fundidos apresentaram um maior percentual de falso positivos. 3) Não houve diferença estatística significativa entre os três grupos quanto à acurácia, à sensibilidade e à especificidade no diagnóstico das fraturas radiculares verticais.
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revisão de literatura
Acidentes e complicações em Endodontia causados por hipoclorito de sódio: revisão de literatura Jefferson J. C. Marion1 Thaís Mageste Duque2 Bruna Ferreira Gardin3 Frederico Campos Manhães4
Resumo
tais como queimaduras de pele e mucosa intrabucal, edema de glote, obstrução de vias aéreas superiores, parestesia, hemorragia, etc, podem ocorrer quando utilizado inadvertidamente. Dessa maneira, cuidados de técnica, armazenamento e manuseio devem ser tomados, com a finalidade de se evitar essas complicações indesejáveis. O profissional, ainda, deve estar capacitado para identificar e solucionar os problemas quando surgirem.
Essa revisão de literatura aborda os acidentes e complicações que podem ser causados pelo manuseio inadequado do hipoclorito de sódio (NaOCl) durante o tratamento endodôntico. Essa solução tem sido utilizada desde 1920, em concentrações de 0,5% a 5,25%, como irrigante antimicrobiano para apoiar o preparo biomecânico dos canais radiculares. É clinicamente comprovado que é um agente lubrificante, antisséptico e com propriedade solvente de tecido orgânico. Porém, acidentes potencialmente graves,
Palavras-chave: Hipoclorito de sódio. Acidentes. Endodontia.
Como citar este artigo: Marion JJC, Duque TM, Gardin BF, Manhães FC. Accidents and complications in Endodontics caused by sodium hypochlorite: Literature review. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):64-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 11/03/2013. Aceito: 09/04/2013.
Doutorando em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP. Professor, Departamento de Endodontia da ABOl e UNINGÁ.
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Doutoranda em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP.
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Endereço para correspondência: Jefferson José de Carvalho Marion Rua Néo Alves Martins, 3176 – 6º andar – sala 64 – Centro CEP: 87.013-060 – Maringá/PR Email: jefferson@jmarion.com.br / atendimento@jmarion.com.br
Graduada em Odontologia, UNINGÁ.
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Doutorando em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP.
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Introdução Um dos principais objetivos da terapia endodôntica é a manutenção do elemento dentário na cavidade bucal. Invasões bacterianas no sistema de canais radiculares desses dentes resultam, frequentemente, em infecções e periodontite apical. O emprego das substâncias químicas, a fim de diminuir ou eliminar as bactérias, sempre ocorreu desde os primórdios da Endodontia. Os meios químicos (substâncias químicas auxiliares), juntamente com os meios mecânicos (ação dos instrumentos) e físicos (irrigação e aspiração), formam um processo único, simultâneo, contínuo e inseparável, que é o biopreparo químico-mecânico do canal radicular1. Várias substâncias, tais como peróxido de hidrogênio, solução salina fisiológica, água, hipoclorito de sódio (NaOCl), gluconato de clorexidina e água eletroquimicamente ativada, têm sido utilizadas durante e imediatamente após o preparo biomecânico do canal radicular para remover os debris e tecidos necróticos pulpares, e ajudar na eliminação ou diminuição dos microrganismos que não podem ser alcançados apenas pela instrumentação mecânica2. É de fundamental importância que as substâncias químicas selecionadas como irrigantes endodônticos tenham como propriedades a atividade antimicrobiana e a capacidade de dissolução de tecidos orgânicos, além de ajudarem no debridamento do sistema de canais e não serem tóxicas aos tecidos circundantes3. Assim, o NaOCl tem sido eleito como solução irrigadora, em diversas concentrações, que variam de 0,5% a 5,25%, para uso endodôntico pela maioria dos profissionais. Uma solução de 0,5% de NaOCl (solução de Dakin) foi utilizada pela primeira vez em 1920 por Crane, com a finalidade de promover o debridamento e esterilização do canal radicular. Desde então, o NaOCl tornou-se o irrigante mais comumente utilizado na Endodontia2. Esse fato se deve ao mecanismo de ação dessa solução ser capaz de promover alterações celulares biossintéticas, alterações no metabolismo celular, destruição de fosfolipídios, bem como, por suas excelentes propriedades, ter capacidade de dissolver tecidos orgânicos, ser antimicrobiana, possuir pH alcalino, promover clareamento, ser desodorizante e ter baixa tensão superficial4. Isso tudo além de ser de baixo custo, facilmente disponível e de fácil armazenagem2. No entanto, ele é tóxico aos tecidos vitais, causando hemólise, ulcerações, inibição da migração de
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neutrófilos, danos às células endoteliais e fibroblastos, danos ao nervo facial e necrose quando há extrusão desse irrigante para a região periapical durante a irrigação do sistema de canais radiculares5-9. O NaOCl também possui odor desagradável e descolore tecidos quando em contato com esses10. Wong11 descreve que o tratamento endodôntico é um procedimento rotineiro praticado na clínica odontológica, com poucas complicações relatadas. Porém, acidentes com NaOCl têm sido relatados por causa da injeção acidental de NaOCl armazenado pelo cirurgião dentista em tubetes anestésicos vazios e, também, por extravasamento de NaOCl para a região periapical durante a irrigação do sistema de canais radiculares12-15. Hipersensibilidade ou reações alérgicas16, respingos nos olhos17, formação de hematoma facial18, severa necrose de tecido palatino19, equimose, sangramento abundante, enfisema5,12,20-23, comprometimento das vias aéreas24, hemólise, ulceração da pele, edema localizado25,26, necrose de mucosa gengival27, dor imediata, parestesia, fraqueza facial9, dor difusa e queimação no lábio7, fistulização, eritema28, infecção secundária e úlcera6, todas essas situações são complicações decorrentes do manuseio inadvertido do NaOCl relatadas na literatura. Independentemente da razão ou motivo, um acidente com hipoclorito de sódio é um evento assustador e devem ser tomadas precauções para evitar que isso aconteça29. Algumas dessas precauções podem ser o uso do babador de plástico para proteger a roupa do paciente, fornecimento de protetor de olho para ambos (paciente e operador), o uso de um dique de borracha para isolar o dente em tratamento, o uso agulhas para irrigação do canal radicular com saída lateral, agulha de irrigação calibrada com 2mm aquém do comprimento de trabalho e evitar pressão excessiva durante a irrigação24. Dentro desse contexto, o presente estudo tem por objetivo realizar uma revisão de literatura com a finalidade de apresentar acidentes e complicações com o NaOCl durante o tratamento endodôntico, e também como preveni-los e solucioná-los. Revisão de literatura Spangberg, Engström e Langeland30 afirmaram que uma das preocupações dos endodontistas é promover a desinfecção do sistema de canais radiculares, pois os 65
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caso clínico
Fístula cutânea odontogênica: relato de caso Carlos Vieira Andrade-Júnior1 Kássio Henrique de Souza2 Aline Cristine Gomes3 Emmanuel João Nogueira Leal da Silva4
Resumo
procurou o atendimento odontológico. Ao exame radiográfico, constatou-se uma lesão cariosa no elemento 22, com presença de patologia periapical. O tratamento endodôntico foi proposto e realizado em única sessão. Resultados: três dias depois, a fístula já havia regredido, restando apenas um cicatriz no local por causa da retração tecidual para o fechamento do orifício de abertura da lesão. Dois meses depois, o exame radiográfico apontou uma formação óssea na região apical do elemento dentário. Conclusão: tornase evidente a relevância do conhecimento dessa condição por cirurgiões-dentistas e médicos para a correta condução do diagnóstico e do tratamento da patologia.
Introdução: as fístulas odontogênicas são canais que se originam de um sítio de inflamação dentária e que drenam para as regiões orofacial e do pescoço. Uma das causas mais frequentes para a formação de fístulas odontogênicas é a presença de cáries ou de trauma dentário, com invasão bacteriana do tecido pulpar e posterior necrose pulpar. Objetivo: relatar a história clínica de uma paciente atendida na Faculdade de Odontologia da UESB, apresentando uma fístula cutânea odontogênica. Métodos: paciente de 47 anos de idade, apresentou-se ao serviço de endodontia da UESB queixando-se de uma fístula extrabucal, localizada na região esquerda da face. Depois de consultas a clínicos gerais, otorrinolaringologistas e oftalmologistas, a paciente
Palavras-chave: Fístula cutânea. Diagnóstico. Endodontia.
Como citar este artigo: Andrade-Júnior CV, Souza KH, Gomes AC, Silva EJNL. Odontogenic cutaneous sinus tract: Case report. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):70-4.
» A paciente que aparece no presente artigo autorizou previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Mestre em Clínica Odontológica, UNICAMP. Professor Assistente de Endodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia.
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Recebido: 26/04/2013. Aceito: 23/08/2013.
Graduado em Odontologia, UESB.
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Endereço para correspondência: Emmanuel João Nogueira Leal da Silva Rua Herotides de Oliveira, 61 – Icaraí – Niterói/RJ CEP: 24.230-230 – Email: nogueiraemmanuel@hotmail.com
Mestranda em Clínica Odontológica,UNICAMP.
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Pós-doutor em Endodontia, UNICAMP. Professor Adjunto, UNIGRANRIO.
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Andrade-Júnior CV, Souza KH, Gomes AC, Silva EJNL
Introdução As fístulas odontogênicas são canais que se originam de um sítio de inflamação dentária e que drenam para as regiões orofaciais e do pescoço. Geralmente, são mal diagnosticadas e, em muitos casos, o tratamento não é adequado, sendo de suma importância o conhecimento de sua etiologia1,2,3. Uma das causas mais frequentes de formação de fístulas odontogênicas é a presença de cáries ou de trauma dentário, com a invasão bacteriana do tecido pulpar e posterior necrose pulpar 4,5. Essa inflamação, microbiologicamente induzida, pode penetrar o osso alveolar e se espalhar ao longo do caminho de menor resistência, provocando uma periodontite apical4. O processo inflamatório pode atingir os tecidos moles circundantes e formar um caminho para a drenagem, formando a fístula. O sítio de drenagem extrabucal depende do dente afetado, bem como de fatores específicos, tais como a virulência do microrganismo, resistência do corpo do paciente e da relação entre anatomia e anexos musculares faciais3,6,7,8. Os elementos dentários mais associados a fístulas cutâneas são os terceiros molares inferiores, seguidos pelos terceiros molares superiores e caninos superiores 1,7,9. As áreas mais comumente atingidas são o queixo e região submentoniana; outras áreas incluem bochechas, dobra nasolabial e canto interno do olho4,6,7,10. O objetivo do presente trabalho é apresentar o relato de um caso de fístula cutânea odontogênica, mostrando a etiologia da doença, as dificuldades de se estabelecer um diagnóstico exato e as manobras corretas, que devem ser seguidas pelos profissionais da área da saúde para remissão do problema.
A paciente relatou que, no ano de 2007, procurou um primeiro atendimento, com sintomas de dor de cabeça e uma coceira no dente, recebendo a sugestão médica de que fosse uma sinusite. Não satisfeita com o diagnóstico, uma segunda opinião médica foi dada por um otorrinolaringologista, o qual sugeriu que o canal lacrimal havia estourado, por causa da sinusite, e formado a fístula. O médico descartou ser um problema dermatológico e confirmou a necessidade de cirurgia do canal lacrimal. Um mês após a consulta, a paciente desistiu da cirurgia e decidiu procurar por outros tratamentos. Para controle da drenagem de pus, ela fazia uso de corticoides e antibióticos. Nessa época, havia inchaço na parte esquerda do rosto e dos lábios, apresentando uma coloração arroxeada; todavia, a fístula sempre apresentou o mesmo tamanho. Relatou não sentir dor casual, apenas quando pressionava o local. Cerca de quatro anos após a última consulta médica, a paciente procurou atendimento odontológico, relatando novamente uma coceira no dente. O dentista pediu uma radiografia panorâmica, diagnosticando, assim, uma fístula associada a um elemento dentário. No entanto, o profissional extraiu um dente que não fazia parte do contexto da fístula. Em seguida, a paciente buscou tratamento na UESB, para a possível solução de seu problema. O exame radiográfico revelou lesão periapical associada ao elemento 22 (Fig. 1B). O exame periodontal revelou ausência de bolsas periodontais, não sendo possível constatar mobilidade do elemento. Foi proposta à paciente a realização de tratamento endodôntico do elemento 22, que foi realizado em sessão única (Fig. 1C). Três dias após o tratamento endodôntico, já era possível verificar a cicatrização da fístula e a ausência de secreção purulenta (Fig. 2A). Na consulta de acompanhamento, 60 dias após o tratamento endodôntico, já não havia mais queixa de incômodo. Apenas uma pequena contração tecidual era notada na face, exclusivamente pelo fechamento da fístula (Fig. 2B). A radiografia de acompanhamento demonstrou área de reparação tecidual (Fig. 2C). Novas consultas de retorno serão realizadas semestralmente por um período de dois anos.
Descrição do caso clínico Paciente do sexo feminino, 47 anos de idade, apresentou-se à Faculdade de Odontologia da UESB com uma fístula extrabucal na região esquerda da face, de tamanho aproximado de 5mm x 5mm, próxima à asa do nariz e posicionada sobre o sulco nasofacial, queixando-se de incômodo (Fig. 1A). Durante a anamnese, a paciente relatou que a fístula havia aparecido há quatro anos e que diversas tentativas de tratamento foram realizadas. A história médica relevou dois traumas faciais na mesma região da face, sendo um há 30 anos e outro há 10 anos, sem complicações dentárias aparentes.
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Discussão Uma fístula cutânea pode se estabelecer de forma rápida, em algumas semanas, ou tão tarde como
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[ caso clínico ] Fístula cutânea odontogênica: relato de caso
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caso clínico
Importância do uso da tomografia computadorizada no diagnóstico e planejamento endodôntico: relato de caso clínico Renato Piai Pereira1 João Milton Rocha Gusmão1 Rogério Vieira Silva2 David Costa Moreira1
Resumo
Resultados: a avaliação tridimensional da região demonstrou a lesão periapical do incisivo central esquerdo. A reintervenção endodôntica resultou na remissão dos sintomas e regressão da rarefação óssea periapical. Conclusão: a utilização da tomografia computadorizada foi imprescindível para a resolução do caso relatado, o que ficou comprovado com a neoformação óssea.
Objetivo: relatar um caso clínico de reintervenção endodôntica em paciente submetido a cirurgia ortognática, com uso de tomografia computadorizada para auxílio no diagnóstico e plano de tratamento. Métodos: a paciente foi encaminhada para avaliação endodôntica dos dentes anteriores com história pregressa de cirurgia ortognática em maxila e presença de placas de fixação interna rígida na região próxima aos ápices dentários.
Palavras-chave: Tomografia computadorizada de feixe cônico. Periodontite periapical. Endodontia.
Como citar este artigo: Pereira RP, Gusmão JMR, Silva RV, Moreira DC. The importance of the use of computed tomography in diagnosis and in endodontic planning: a case report. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):75-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 08/06/2013. Aceito: 23/08/2013.
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Endereço para correspondência: João Milton Rocha Gusmão Rua José Moreira Sobrinho, Jequié/BA – Departamento de Saúde CEP: 45206-190 – E-mail: joao.milton@ig.com.br
Professor Assistente, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Professor Assistente, Faculdade Independente do Nordeste.
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[ caso clínico ] Importância do uso da tomografia computadorizada no diagnóstico e planejamento endodôntico: relato de caso clínico
Introdução A necessidade em avaliar estruturas em três dimensões na prática endodôntica é notada, especialmente, em casos complexos. Os exames radiográficos convencionais são, originalmente, limitados a uma visualização bidimensional, os quais, mesmo com técnicas de paralelismo, distorções e sobreposição de estruturas, são inevitáveis, e as informações da anatomia são obscuras e não revelam com exatidão aspectos importantes para se obter um correto diagnóstico e planejamento1. A dificuldade de visualização de lesões periapicais em imagens bidimensionais tem sido relatada 2-5. Exames de tomografia computadorizada de feixe cônico (TCFC) estão mais associados à identificação de casos de lesões periapicais do que a exames radiográficos convencionais 6. O uso de placas de fixação interna rígida em cirurgias ortognáticas promove a sobreposição de imagens em radiografias convencionais, o que pode dificultar o diagnóstico em Endodontia. Existem relatos de complicações endodônticas causadas pela instalação de placas de fixação interna rígida7,8. A tomografia computadorizada oferece um método de diagnóstico preciso com imagens de alta resolução, o que pode reduzir a incidência de diagnósticos falsonegativos5, minimizar a interferência do observador e aumentar a confiabilidade em intervenções. O objetivo do presente trabalho foi relatar um caso clínico de reintervenção endodôntica em paciente submetido a cirurgia ortognática, com uso de tomografia computadorizada para o diagnóstico e plano de tratamento.
foram compatíveis com a normalidade para os dentes 11 e 22. Ao exame radiográfico, constatou-se a presença de tratamento endodôntico nos dentes 21 e 12, com aspecto insatisfatório para o dente 21, mas a interpretação radiográfica da região periapical dos dentes foi comprometida pela sobreposição de imagens causadas pelas placas de fixação interna rígida (Fig. 1). Logo, uma TCFC foi solicitada para visualização tridimensional da região anterior de maxila. Por meio da tomografia, foi observada extensa área de rarefação óssea na região periapical do dente 21 (Fig. 2). Com o diagnóstico de periodontite apical crônica para o dente 21, iniciou-se a reintervenção endodôntica. Após todos os cuidados pré-operatórios inerentes ao tratamento, como a profilaxia, anestesia local e colocação do isolamento absoluto, o acesso endodôntico foi realizado com o uso de brocas esféricas diamantadas, broca Endo Z (Microdont, São Paulo) e um esvaziamento cervical com brocas de Gates-Glidden (Microdont). A remoção do material obturador foi auxiliada pelo uso de limas Hedstroem (Dentsply-Maillefer, Ballaigues, Suíça), em movimentos de remoção e copiosa irrigação com hipoclorito de sódio a 5,25% (Equilibrium, Vitória da Conquista/BA). O comprimento aparente do dente foi obtido pela ferramenta de medida presente no software de leitura da tomografia e o comprimento de trabalho foi determinado com o uso de um localizador foraminal Endex (Osada, Tóquio, Japão), já que ao exame radiográfico de odontometria não foi possível visualizar o ápice dentário (Fig. 3). Foram utilizadas limas endodônticas tipo K (Dentsply-Maillefer) para a reinstrumentação do canal radicular com comprimento de trabalho de 19mm e o último instrumento do preparo apical de número 60. A irrigação final foi realizada com EDTA 17% (Fórmula e Ação, São Paulo) e curativo de demora, por 30 dias, com hidróxido de cálcio Callen (SS White, Rio de Janeiro). Após esse período, houve a remissão dos sintomas e a obturação foi realizada pela técnica da condensação lateral, com o uso de cones de guta-percha (Dentsply-Maillefer) e cimento obturador Pulp Canal Sealer EWT (SybronEndo, Orange, EUA) (Fig. 4). Em consulta de controle dois anos após a conclusão da terapia endodôntica, foi solicitada uma nova TCFC, na qual foi constatada a regressão da rarefação óssea periapical (Fig. 5).
Relato do caso Paciente do sexo feminino, 32 anos de idade, foi encaminhada ao serviço de Endodontia, com queixa principal de dor na região anterior da maxila, para avaliação endodôntica dos dentes anteriores. A história dentária pregressa revelou que a paciente foi submetida a cirurgia ortognática em maxila há dois anos. Ao exame clínico, não foram observados edema ou mobilidade dos dentes anteriores. O teste de palpação não contribuiu para o diagnóstico devido à presença de placas de fixação interna rígida na região próxima aos ápices dentários. A percussão vertical foi positiva para o dente 21. Os testes de sensibilidade pulpar
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Pereira RP, Gusmão JMR, Silva RV, Moreira DC
interna rígida. As injúrias causaram a necrose pulpar de duas unidades dentárias. As radiografias de estudo apresentaram a sobreposição das placas de fixação com os ápices radiculares, o que dificultou a interpretação radiográfica. A tomografia eliminou a sobreposição das estruturas e permitiu a visualização da extensa lesão periapical. O diagnóstico e planejamento do presente relato não estariam completos sem esse recurso. Atualmente, a TC está associada a um aumento das taxas de identificação de lesões periapicais quando comparada às radiografias convencionais3,4,6,12,13.
Estrela et al.6 demonstraram que exames de TCCF identificaram mais casos de lesões periapicais do que exames radiográficos de rotina, e que essas lesões só foram identificadas por métodos convencionais quando uma condição severa estava presente. Conclusão Diante dos resultados obtidos, conclui-se que a utilização da tomografia computadorizada foi imprescindível para o diagnóstico, plano de tratamento e resolução do caso relatado, o que ficou comprovado com a neoformação óssea.
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caso clínico
Sinusite do seio maxilar de origem odontogênica
Priscila Dias Peyneau1 Lívia Gravina Teixeira de Oliveira2 Pollyanna Moura Rodrigues Carneiro3 Flavio Ricardo Manzi4
Resumo
exame de escolha no auxílio do diagnóstico das sinusopatias. Objetivo: o objetivo desse trabalho é avaliar os aspectos que caracterizam uma sinusite odontogênica por meio de um relato de caso clínico.
Introdução: devido à íntima relação dos ápices radiculares dos dentes posterossuperiores com o seio maxilar, algumas sinusites maxilares podem ser de origem odontogênica, como extrações dentárias e lesões periodontais e periapicais (abscessos, granulomas e cistos radiculares. A tomografia computadorizada é o
Palavras-chave: Seio maxilar. Infecção focal dentária. Diagnóstico bucal. Sinusite maxilar.
Como citar este artigo: Peyneau PD, Oliveira LGT, Carneiro PMR, Manzi FR. Maxillary sinus disease with odontogenic origin. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):80-3.
» O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Recebido: 01/07/2013. Aceito: 23/08/2013.
Mestre em Odontologia, PUC-Minas.
1
Graduada em Odontologia, PUC-Minas.
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Endereço para correspondência: Flávio Ricardo Manzi Av. Dom José Gaspar, Prédio 45 – Clínica de Radiologia Coração Eucarístico, Belo Horizonte/MG – CEP: 30535-901 E-mail: manzi@pucminas.br
Mestranda em Clínica Odontológica, PUC-Minas.
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Pós-doutor em Radiologia Odontológica, UNICAMP. Professor, disciplina de Radiologia Odontológica, PUC-Minas.
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Introdução A sinusopatia inflamatória tem sido considerada a doença crônica de maior prevalência em todas as faixas etárias, e é a quinta maior causa de uso de antibióticos. Pode-se considerar frequente a ocorrência de sinusopatias inflamatórias agudas recorrentes e sinusopatias inflamatórias crônicas em crianças de faixa etária entre um e sete anos1,2. As sinusites podem se desenvolver como resultado da inflamação da membrana sinusal, em consequência de doenças infecciosas sistêmicas ou gerais do organismo, tais como resfriados, gripes, pneumonias, sarampo, entre outras. A inflamação sinusal pode ocorrer, também, pela propagação de um foco infeccioso de origem odontogênica. Outro fator que pode contribuir para o desenvolvimento das sinusopatias, principalmente as de caráter crônico, é a consequência de uma lesão periapical instalada em algum dente sem vitalidade, geralmente com processo infeccioso (abscesso periapical crônico), que pode promover a ocorrência de fístulas bucoantrais, definidas como a comunicação entre a cavidade bucal e o seio maxilar. Outra infecção odontogênica que pode se disseminar e levar a uma sinusopatia é a lesão endoperiodontal, caracterizada pela associação de doença periodontal e pulpar em um mesmo elemento dentário; dessa forma, novamente, a proximidade dos dentes com o seio fará com que a infecção se dissemine. A sinusite odontogênica abrange de 10 a 12% dos casos de sinusite maxilar. A origem odontogênica da sinusite deve ser considerada em pacientes com história de infecção odontogênica, cirurgia dentoalveolar ou periodontal. Cerca de um décimo de todas as sinusites corresponde a sinusite maxilar, devido à relação de proximidade que o seio maxilar possui com os dentes superiores, e pelo fato de ser mais suscetível à invasão de microrganismos patogênicos. É importante realizar uma análise aprofundada para determinar se a doença sinusal é de origem odontogênica ou não. Diagnosticar a doença sinusal de origem odontogênica exige uma avaliação clínica completa e radiográfica, dando atenção à história do paciente e a sintomatologias, que incluem dor de cabeça, sensibilidade maxilar e congestão nasal. A tomografia computadorizada é um exame complementar de escolha no auxílio do diagnóstico das sinusopatias, uma vez que é possível visualizar a cavidade sinusal principal, o assoalho do seio, todas as suas
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paredes e o teto ou borda superior, permitindo a comparação dos dois lados e imagens de tecidos duros e moles e identificar o local exato da lesão e de eventuais defeitos na parede do seio, com isso, as informações são mais precisas. Assim, o objetivo do presente trabalho foi relatar de um caso clínico de sinusopatia de origem odontogênica, evidenciando informações clínicas e tomográficas, classificando essa condição patológica e formas de tratamento. Relato de caso Paciente do sexo feminino, de 56 anos de idade, procurou um otorrinolaringologista com queixa de pressão interna, sensação de cabeça pesada do lado direito e dificuldade de respiração pela narina direita, com história de sinusite recorrente. Após a antibioticoterapia, não houve remissão dos sintomas. O profissional suspeitou de sinusite de origem odontogênica. Questionando a paciente, essa relatou episódio de gosto amargo na boca. Foi realizada a tomografia computadorizada em tomógrafo volumétrico, obtendo reconstruções coronais, axiais e sagitais com espessura e intervalo de 5mm. Foram realizadas, ainda, as reconstruções panorâmicas e transversais na região dos dentes posterossuperiores do lado direito com espessura e intervalo de 1mm. Foi observado, nesse exame tomográfico, material de densidade de partes moles (opacificação/velamento) ocupando praticamente todo o seio maxilar direito, estendendo-se para o infundíbulo principal de drenagem do mesmo, que se encontra obliterado. Algumas células etmoidais anteriores do lado direito apresentam-se com espessamento mucoso e/ou parcialmente veladas, e os septos intercelulares apresentam-se com aspecto de normalidade. O seio frontal desse lado apresenta-se, também, com tal velamento. Os recessos frontonasal e esfenoetmoidal do lado direito apresentavam-se obliterados. Os demais seios paranasais, assim como seus contornos e vias de drenagens, apresentam-se dentro dos aspectos de normalidade. Foi observado, ainda, aumento hiperplásico do corneto nasal inferior do lado direito, diminuindo a via área nasal desse lado, além do desvio do septo ósseo nasal com a convexidade voltada para o lado esquerdo. Nas reconstruções panorâmicas, transversais (Fig. 1A) e coronal (Fig. 1B), observou-se rarefação óssea parcial-
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Conclusão É importante salientar que a TC é um dos principais exames complementares que auxilia os profissionais no diagnóstico de uma sinusite de origem odontogênica, sendo solicitada pelo otorrinolaringologista quando a causa de uma doença sinusal for desconhecida, ou quando não há remissão dos sintomas após antibioticoterapia. Contudo, é de extrema importância que haja uma relação interdisciplinar entre dentista e otorrinolaringologista, para que sejam realizados procedimentos que direcionem o caso para um diagnóstico e tratamento adequado.
O tratamento proposto para a paciente foi a remoção da causa, que era o elemento 16, e nova TC para controle. A resolução de casos com essas características depende da junção de tratamentos médicos e odontológicos, tendo em vista que a paciente procurou a o cirurgião dentista após ter sido avaliada por um otorrinolaringologista e encaminhada por esse para avaliação de outro profissional. O dentista, nesse caso, participa do diagnóstico, detectando o dente que está causando a sinusopatia, e, com o uso de suas habilidades, cuida para que esse seja tratado ou removido, atuando diretamente na origem do problema.
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caso clínico
Apicificação sem trocas periódicas de medicação intracanal e com plug apical de MTA: caso de cinco anos de acompanhamento Adriana de Jesus Soares1 Juliana Yuri Nagata2 Thiago Farias Rocha Lima3 Thaís Natsuco Sonoda4 Francisco José de Souza-Filho5
RESUMO
óxido de zinco, sem trocas periódicas, no dente 11, e na confecção de um plug apical de MTA no dente 21. Resultados: após o período de acompanhamento de oito meses, o fechamento apical de ambos os dentes foi observado. Após cinco anos de acompanhamento clínico e radiográfico, verificou-se que os dentes não apresentavam sintomatologia e que as lesões periapicais foram reparadas. Conclusão: concluiu-se que os dois protocolos utilizados diminuem o número de sessões e podem fornecer sucesso clínico e conforto ao paciente.
Objetivo: apresentar um caso clínico de apicificação de dentes traumatizados por meio de dois diferentes protocolos de tratamento. Métodos: paciente do sexo masculino, 11 anos de idade, compareceu ao Serviço de Trauma Dental da FOP-UNICAMP, tendo sofrido fratura de esmalte e dentina, e subluxação nos dentes 11 e 21 há três anos, após sofrer um acidente ciclístico. Radiograficamente, verificou-se que os dentes apresentavam rizogênese incompleta. Após o diagnóstico de necrose pulpar, o plano de tratamento consistiu na utilização de uma pasta que associa hidróxido de cálcio, clorexidina gel a 2% e
Palavras-chave: Endodontia. Necrose da polpa dentária. Raiz dentária.
Como citar este artigo: Soares AJ, Nagata JY, Lima TFR, Sonoda TN, Souza-Filho FJ. Apexification without periodic changes of intracanal medicament and MTA apical plug: five years follow-up of a case. Dental Press Endod. 2013 May -Aug;3(2):84-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
Doutora em Endodontia e Professora Colaboradora, Departamento de Odontologia Restauradora, Área de Endodontia, UNICAMP.
1
Doutora em Endodontia, UNICAMP. Professora Auxiliar de Endodontia, Universidade Federal de Sergipe.
2
Recebido: 31/07/2013. Aceito: 23/08/2013.
Mestre em Endodontia, UNICAMP. Professor de Clínica Odontológica, área Endodontia, SENAC/SP.
3
Mestre em Endodontia, SLMandic.
4
Endereço para correspondência: Thiago Farias Rocha Lima Av. Comandanta Alvaro Martins, 121 – Apto 701 – Mata da Praia CEP: 29.066-050 – Vitória/ES – thiagofrl@hotmail.com
Livre-Docente e Professor Titular, Departamento de Odontologia Restauradora, Área de Endodontia, UNICAMP.
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Soares AJ, Nagata JY, Lima TFR, Sonoda TN, Souza-Filho FJ
Introdução O trauma dentário pode ser considerado um problema de saúde pública mundial e, além de promover um grande impacto na qualidade de vida das pessoas, requer um planejamento multidisciplinar1. Sua prevalência é alta, principalmente em crianças e adolescentes com a idade entre 7 e 10 anos2. Considerando a ocorrência de episódios de trauma dentário em pacientes jovens que apresentam dentes em fase de desenvolvimento, a conduta adotada, sempre que possível, deve levar em conta um tratamento que estimule a formação radicular. Quando dentes com rizogênese incompleta necessitam de tratamento endodôntico, a terapia deve criar condições para a obturação e reabilitação definitiva do dente. O tratamento mais tradicional refere-se à apicificação3. Essa técnica propõe a descontaminação do canal radicular por meio do preparo químico-mecânico associado a medicações intracanais, com o objetivo principal de induzir o fechamento apical desses dentes. A barreira de tecido calcificado formado tem sido descrita como um tecido semelhante ao cemento ou a dentina4,5. A medicação intracanal usada na apicificação atuará na complementação da desinfecção, estimulará o fechamento apical e prevenirá ou impedirá a reabsorção inflamatória6. As medicações compostas por hidróxido de cálcio e MTA são os materiais mais utilizados para induzir a formação de uma barreira apical calcificada, apresentando elevadas taxas de sucesso7,8,9. Enquanto o hidróxido de cálcio deve ser renovado no interior do canal por alguns meses, conduzindo o tratamento a várias sessões clínicas, a apicificação por meio do MTA pode ser realizada por meio da confecção de um tampão apical que cria uma barreira que permite a obturação apical definitiva em um menor intervalo de tempo10. Recentemente, uma alternativa para apicificação surgiu por meio de uma variedade de estudos e relatos de casos que mostram resultados promissores de revascularização pulpar em dentes imaturos necrosados11,12. Entretanto, existem situações em que a revascularização pode não ser a primeira escolha de tratamento, considerando a necessidade de reabilitação com retentores intrarradiculares e a presença de reabsorção radicular. Além disso, existem muitas perguntas em relação à revascularização pulpar que ainda estão sendo estudadas. Entretanto, a apicificação é um procedimento mais bem conhecido e bem sucedido, com longo tempo de acompanhamento de outros estudos9,13.
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Diante do exposto, o objetivo do presente trabalho é descrever um caso clínico de trauma dentário em dentes com rizogênese incompleta, tratados com dois diferentes protocolos de apicificação: hidróxido de cálcio sem trocas periódicas e plug apical de MTA. Descrição do caso clínico Paciente do sexo masculino, 11 anos de idade, foi encaminhado ao Serviço de Trauma Dental da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (UNICAMP), devido a uma queda de bicicleta ocorrida há três anos. Durante o exame clínico, observou-se uma fratura de esmalte e dentina nos incisivos centrais superiores, associada a subluxação. Os incisivos centrais fraturados apresentavam restaurações adesivas, e verificouse que o paciente apresentava aparelho ortodôntico. Radiograficamente, observou-se que os dentes apresentavam rizogênese incompleta, ausência de fratura radicular e presença de lesões periapicais (Fig. 1). Nessa primeira consulta, os testes térmicos e elétrico apresentaram respostas negativas, e o paciente não relatou dor à percussão nem à palpação. Considerando as respostas negativas ao teste de vitalidade e a presença de lesão radiolúcida, o plano de tratamento consistiu na apicificação por meio de dois diferentes protocolos: no dente 11, foi utilizada uma pasta de hidróxido de cálcio, sem trocas periódicas; e, no dente 21, foi realizado um plug apical com MTA. Além disso, o ortodontista foi orientado a não utilizar forças excessivas nos referidos dentes até a finalização do tratamento endodôntico. O incisivo central direito foi anestesiado e isolado com dique de borracha. Logo após, foi realizada a abertura coronária por meio de pontas diamantadas (KG Sorensen, Barueri/SP). O canal radicular foi desinfectado com clorexidina gel a 2% (Endogel, Itapetininga/SP) irrigada com soro fisiológico estéril, e os canais foram instrumentados com a técnica crown-down e limas K-file (Dentsply Maillefer, Petrópolis/RJ) manuais. Posteriormente, os canais radiculares foram secados com cones de papel absorvente (Dentsply) e preenchidos com uma pasta composta por hidróxido de cálcio, clorexidina gel a 2% e óxido de zinco, na proporção de 2:1:2 (Fig. 2). Essa pasta foi mantida sem alterações, atuando como um material obturador temporário. O dente 21 foi submetido aos mesmos procedimentos de isolamento, acesso, descontaminação e instrumenta85
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caso clínico
Utilização da TCCB no tratamento endodôntico de um incisivo central superior fusionado a um mesiodens: relato de caso clínico Marina Tosta1 Shaiana Tashy Kawagoe2 Noboru Imura3 Francisco José de Souza Filho4 Robert Carvalho da Silva5 Caio Cezar Randi Ferraz6
RESUMO
grafia computadorizada cone beam (TCCB) foi útil durante o diagnóstico endodôntico e possibilitou a visualização da complexa morfologia radicular de dentes fusionados.
Objetivo: o objetivo desse relato de caso clínico é apresentar uma solução previsível para o tratamento endodôntico e estético de um incisivo central superior, fusionado a um mesiodens, por meio de uma abordagem conservadora e multidisciplinar. Resultados: no presente caso, a tomo-
Palavras-chave: Tomografia computadorizada de feixe cônico. Diagnóstico por imagem. Fusão. Dentes supranumerários. Endodontia.
Como citar este artigo: Tosta M, Kawagoe ST, Imura N, Souza Filho FJ, Silva RC, Ferraz CCR. CBCT-guided endodontic management of maxillary central incisor fused to mesiodens: A case report. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):90-5.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
Mestre em Endodontia, SLMandic. Coordenadora da APCD-Central.
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Mestre em Endodontia, FOP-UNICAMP. Professora Assistente, APCD.
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Doutor em Endodontia, FOP-UNICAMP. Professor Titular, UNICAMP.
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Livre Docente, FOP-UNICAMP.
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Recebido: 11/5/2013. Aceito: 25/05/2013.
Doutor em Periodontia, FOP-UNICAMP.
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Endereço para correspondência: E-mail: marinatosta@terra.com.br
Livre Docente e Professor Titular, FOP-UNICAMP.
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Introdução Os exames clínico e radiográfico são fundamentais durante o plano de tratamento. Radiografias periapicais são uma importante ferramenta de diagnóstico em Endodontia, além de propiciarem a visualização da anatomia do canal radicular. No entanto, as radiografias convencionais podem não ser suficientes para a interpretação da morfologia dos canais radiculares. Como resultado da sobreposição, as radiografias periapicais apresentam limitações relacionadas à anatomia tridimensional. Além disso, estão sujeitas a distorções geométricas1. Tais dificuldades podem ser superadas pela tomografia computadorizada cone beam (TCCB). A TCCB foi desenvolvida, especificamente, para a obtenção de imagens tridimensionais sem distorções da região maxilofacial, inclusive de dentes e tecidos adjacentes, com uma dose de radiação efetiva significativamente menor quando comparada à tomografia computadorizada convencional2,3. As aplicações da TCCB em Endodontia incluem diagnóstico de lesões periapicais, avaliação da morfologia do canal radicular e avaliação em casos de trauma dentário4-10. Dentes traumatizados podem representar um desafio em relação ao diagnóstico, plano de tratamento e prognóstico. A intrusão é uma injúria grave que afeta o desenvolvimento do germe dentário em crianças de zero a dois anos 11 — período que corresponde ao tempo de calcificação dos terços médio e incisal da matriz do esmalte. Os efeitos do trauma na dentição decídua incluem alterações patológicas e morfológicas, como a fusão12. A fusão é definida como a união entre a dentina e/ou esmalte de dois ou mais dentes em desenvolvimento. É uma anomalia rara dos tecidos dentários duros que pode causar problemas clínicos estéticos, periodontais e ortodônticos (má oclusão). A incidência da fusão é <1% na população caucasiana 13. A compressão física, que resulta no íntimo contato entre dois germes dentários em desenvolvimento, tem sido relatada como fator etiológico 14. Predisposição genética e predileção racial também foram citadas na literatura como fatores predisponentes. O principal critério para o desenvolvimento da fusão é a união dentinária, que depende, diretamente, da fase de desenvolvimento do dente no momento do trauma. Dentes fusionados podem apresentar
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cavidades pulpares distintas ou unidas. A fusão pode ocorrer entre dois dentes ou entre um dente e um supranumerário. Os dentes supranumerários se formam a partir da proliferação contínua da lâmina dentária, que resulta na formação de um terceiro germe dental. O supranumerário mais comum é o mesiodens, localizado entre os incisivos centrais superiores. Caracteriza-se por uma forma conoide e raiz curta. Sua incidência na população caucasiana varia de 0,15% a 1%, com predileção (2:1) para o sexo masculino13. Esse relato de caso clínico descreve uma abordagem multidisciplinar, direcionada pela TCCB, para reabilitação estética e funcional de um incisivo central superior fusionado a um mesiodens. Relato de caso Paciente do sexo feminino, 13 anos de idade, foi encaminhada à Faculdade de Odontologia de Piracicaba com queixa estética relacionada aos dentes #12 e #11 (Fig. 1A, B). Durante a anamnese, a paciente relatou ter sido vítima de luxação intrusiva aos dois anos de idade. A anatomia original do dente fusionado apresentava-se alterada pela presença de uma restauração insatisfatória em resina na face vestibular. Devido à inconclusividade dos testes de sensibilidade pulpar e à complexidade anatômica do elemento #11, foi requisitada uma TCCB (i-CAT/Kavo). As imagens tomográficas sugeriram a existência de fusão entre um incisivo central superior e um mesiodens, associada a hipodensidade periapical (corte sagital – Fig. 2B, C). A análise dos cortes sagitais evidenciou uma depressão palatina acentuada, visualizada clinicamente após a realização de aumento de coroa clínica. Os cortes axiais detectaram a presença de dois canais distintos e confirmaram a presença de hipodensidade periapical (Fig. 2A). Os cortes coronais confirmaram a presença de dois canais (Fig. 2D). A reconstrução tridimensional forneceu subsídios para a realização de uma cirurgia de acesso não convencional no terço cervical da face vestibular (Fig. 2E, F). O acesso vestibular e a utilização do microscópio clínico facilitaram a localização dos dois canais com o mínimo desgaste de estrutura dentária (Fig. 3A). A patência foi realizada com limas Hi-5 #15 (Miltex, EUA), e, após a realização da odontometria eletrônica, o dente foi preparado com limas manuais Flex-R (Miltex) e limas rotatórias
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caso clínico
Emprego do MTA no tratamento de perfuração radicular cervical: relato de caso Jefferson J. C. Marion1 Thaís Mageste Duque2 Tatiane Silveira Santos3 Frederico Campos Manhães4
Resumo
capaz de formar tecido mineralizado devido à sua habilidade de selamento, biocompatibilidade e alcalinidade. Além disso, a umidade presente nos tecidos periodontais pode prover o meio necessário para que aconteça a adaptação do MTA sobre as paredes da perfuração e sua expansão de presa, justificando seu uso no caso apresentado, já que se trata de perfuração cervical, local de difícil controle da umidade. Conclusão: os autores concluíram que o MTA é um excelente material para selamento de perfuração radicular cervical.
Objetivo: relatar o tratamento de um dente com perfuração radicular cervical ocasionada durante o tratamento endodôntico. Método: a paciente compareceu ao consultório do endodontista com sintomatologia dolorosa resultante de uma perfuração radicular cervical exposta ao meio bucal. Foi realizado tratamento endodôntico em múltiplas sessões, utilizando a medicação intracanal com pasta à base de hidróxido de cálcio e propilenoglicol, a fim de auxiliar a descontaminação do canal radicular e da perfuração. O selamento da perfuração radicular foi feito com MTA por ser um material
Palavras-chave: Tratamento do canal radicular. Hidróxido de cálcio. Endodontia.
Como citar este artigo: Marion JJC, Duque TM, Santos TS, Manhães FC. The use of MTA in the treatment of cervical root perfuration: case report. Dental Press Endod. 2013 May-Aug;3(2):96-101.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo autorizou(aram) previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias.
Doutorando em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP. Professor, Departamento de Endodontia da ABOl e UNINGÁ.
Recebido: 12/03/2013. Aceito: 09/04/2013.
Doutoranda em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP.
Endereço para correspondência: Jefferson José de Carvalho Marion Rua Néo Alves Martins, 3176 – 6º andar – sala 64 – Centro CEP: 87.013-060 – Maringá/PR Email: jefferson@jmarion.com.br / atendimento@jmarion.com.br
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Graduada em Odontologia, UNINGÁ.
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Doutorando em Clínica Odontológica – Endodontia, UNICAMP.
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Introdução A perfuração radicular é um acidente de técnica em que é feita uma abertura artificial, comunicando a câmara pulpar, canais radiculares e tecidos periapicais. Esses acidentes, em geral, ocorrem devido a causas iatrogênicas, que consistem na falta de conhecimento da anatomia dentária, calcificação total da câmara coronária e terço cervical, falhas na análise da radiografia de diagnóstico, desgastes acentuados e mal direcionados, assim como falta de pré-curvamento das limas em caso de canais curvos. Patologias como cáries, reabsorções internas e externas, também são fatores que podem levar a esses acidentes. Entre os fatores que afetam o prognóstico nas perfurações radiculares, deve-se considerar a localização (terço cervical, médio ou apical), a extensão, presença ou ausência de bolsa periodontal, o tempo decorrido entre a perfuração e o tratamento, a compatibilidade biológica e a capacidade seladora do material obturador1. Quanto mais rápido a perfuração for selada, mais favorável será o prognóstico, principalmente quando se tratar de perfurações envolvendo o terço cervical e da câmara pulpar. Nessa localização, por estar mais próxima ao meio bucal, a contaminação por bactérias estabelecendo um processo infeccioso no local se torna mais fácil, acarretando na perda do dente afetado, caso o reparo não seja feito rapidamente. No entanto, para o terço médio e apical da raiz, não é necessário um selamento imediato, desde que a área esteja devidamente protegida da infiltração bacteriana2. A perfuração pode ser diagnosticada pelo aparecimento súbito de hemorragia no canal radicular ou por sua persistência após a remoção do tecido pulpar, também pela exploração clínica, aspecto radiográfico mostrando a lima no periodonto, constatação de lesão lateral e pino direcionado fora do longo eixo da raiz1. Para um tratamento adequado, a perfuração deve ser selada com um material biocompatível, capaz de produzir um bom selamento, com boas propriedades físicas, radiopaco, não reabsorvível, de fácil manipulação e com capacidade de promover osteogênese e cementogênese3. Tendo em vista as qualidades e limitações dos materiais até então rotineiramente utilizados para o selamento de perfurações dentárias, tem-se buscado um material que se aproxime das características de um selador ideal. Com o propósito de suprir tais deficiências e a partir da evolução tecnológica dos novos materiais,
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surgiu na década de 90 na Universidade de Loma Linda, Califórnia, chefiados pelo Professor Torabinejad, um grupo que desenvolveu um novo cimento denominado agregado trióxido mineral (MTA). A partir de então, vários estudos foram realizados com esse material, analisando-se sua biocompatibilidade4-7, suas propriedades físicas e químicas, antimicrobianas7, citotoxicidade8, mutagenicidade9, capeamento pulpar10,11, análise da capacidade seladora em obturações retrógradas12,13, adaptação marginal em microscopia eletrônica de varredura (MEV), bem como a sua utilização em perfurações radiculares14-17. Ainda, sobre as aplicações do MTA, também está indicado nos casos de tratamentos conservadores da polpa dentária10,15,18, tratamentos de apicigênese e apicificação19, como material selador de perfurações resultantes de reabsorções internas e externas comunicantes20, como material obturador de sistemas de canais radiculares de dentes decíduos21 e permanentes4,15,22, como material reparador de fraturas radiculares verticais e horizontais20, e como plug apical. A capacidade de formação de tecido mineralizado do MTA pode ser atribuída à sua habilidade de selamento, biocompatibilidade, alcalinidade ou, até mesmo, por outras propriedades a ele associadas20. O objetivo do presente trabalho é relatar o tratamento de um dente com perfuração radicular cervical, ocasionada durante o tratamento endodôntico e selada com MTA, bem como evidenciar as vantagens e desvantagens do emprego e inserção desse material no vedamento da perfuração e ainda na manutenção do elemento dentário na cavidade bucal, exercendo suas funções estéticas e mastigatórias. Relato de caso Uma paciente de 19 anos de idade foi encaminhada para tratamento endodôntico do dente 43, em junho de 2010. Durante a anamnese, foi verificado que não havia histórico de doença sistêmica; porém, a paciente relatou ser alérgica à substância medicamentosa paracetamol. No histórico odontológico, a paciente relatou estar em tratamento ortodôntico, e que, devido a uma infiltração marginal em uma restauração no dente 43, foi encaminhada a um cirurgião-dentista (CD) para efetuar a troca da restauração. Ao iniciar o procedimento restaurador, o dentista informou à paciente que, devido à profundidade da restauração, havia ocorrido uma exposição pulpar, e que
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Referências
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Normas de apresentação de originais 1. Autores — o número de autores é ilimitado; entretanto, artigos com mais de 4 autores deverão informar a participação de cada autor na execução do trabalho.
— O Dental Press Endodontics publica artigos de investigação científica, revisões significativas, relatos de casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e outros materiais relacionados à Endodontia, tendo a missão de difundir os avanços científicos e tecnológicos da Endodontia, que contribuam significativamente à comunidade de pesquisadores em níveis local, regional e internacional, visando à publicação da produção técnico-científica, relacionada à saúde e, especialmente, à Endodontia.
2. Página de título — deve conter título em português e em inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não devem ser incluídas informações relativas à identificação dos autores (por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos). Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.
— O Dental Press Endodontics utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br
3. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando, além das conclusões do estudo, as implicações clínicas dos resultados. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, também em português e em inglês, adequadas conforme orientações do DeCS (http://decs.bvs.br/) e do MeSH (www.nlm.nih.gov/mesh).
— Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 CEP 87.015-001, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br — As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nessa publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nessa publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas.
4. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter no máximo 3.500 palavras, incluindo legendas das figuras e das tabelas (sem contar os dados das tabelas), resumo, abstract e referências. — as figuras devem ser enviadas em arquivos separados (leia mais abaixo). — insira as legendas das figuras também no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo.
— Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir as orientações descritas adiante. ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO Dos MANUSCRITOS — Os trabalhos devem, preferencialmente, ser escritos em língua inglesa. — Apesar de ser oficialmente publicado em inglês, o Dental Press Endodontics conta ainda com uma versão em língua portuguesa. Por isso serão aceitas, também, submissões de artigos em português. — Nesse caso, os autores deverão também enviar a versão em inglês do artigo, com qualidade vernacular adequada e conteúdo idêntico ao da versão em português, para que o trabalho possa ser considerado aprovado.
5. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 DPIs de resolução. — devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 6. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser citados, no texto, como figuras. — devem ser enviados os arquivos que contêm as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável).
formatação Dos MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como descrito a seguir:
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Normas de apresentação de originais — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é responsabilidade dos autores e elas devem conter todos os dados necessários para sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir:
— os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 7. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar, o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada tabela. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável). 8. Comitês de Ética — os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao parecer do Comitê de Ética da instituição.
Artigos com até seis autores Vier FV, Figueiredo JAP. Prevalence of different periapical lesions associated with human teeth and their correlation with the presence and extension of apical external root resorption. Int Endod J 2002;35:710-9.
9. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Permissão para uso de imagens protegidas por direitos autorais Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de material com direitos autorais devem vir acompanhadas da permissão de uso pelos proprietários desses direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar corretamente o crédito à fonte). — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. Fotografias de pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por uma autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsáveis, no caso de menores de idade. Essas autorizações devem ser guardadas indefinidamente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser enviada folha de rosto atestando o fato de que todas as autorizações dos pacientes foram obtidas e estão em posse do autor correspondente.
Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Nair PNR. Biology and pathology of apical periodontitis. In: Estrela C. Endodontic Science. São Paulo: Artes Médicas; 2009. v. 1. p. 285-348. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Debelian GJ. Bacteremia and Fungemia in patients undergoing endodontic therapy. [Thesis]. Oslo - Norway: University of Oslo, 1997. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.
10. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências devem ser citadas no texto. — para facilitar a leitura, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração.
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Normas de apresentação de originais 1. O registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.
sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal. 3. Posicionamento do Dental Press Endodontics O DENTAL PRESS ENDODONTICS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame. org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.
2. Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/ index.html), com interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os
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Atenciosamente, Carlos Estrela Editor do Dental Press Endodontics - ISSN 2178-3713 E-mail: estrela3@terra.com.br
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