Revista Clínica de Ortodontia Dental Press v.12 nº.1 - Abril / Maio

Page 1

revista

CLĂ?NICA de

volume 12, nĂşmero 2, abril / maio 2013

Dental Press



volume 12, nĂşmero 2, abril/maio 2013

Dental Press

Rev ClĂ­n Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):1-132

ISSN 1676-6849


volume 12, número 2, abril/maio 2013

Dental Press

seções Editorial

5 6 Eventos Pergunte a um Expert 8 18 Acontecimentos Ortodontia Forense 22 M&M’s

Weber Ursi

Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): considerações gerais sobre etiologia, diagnóstico e tratamento Roberto Macoto Suguimoto, Gabriel Ramalho-Ferreira, Leonardo Perez Faverani

Agora, é infração ética!

Beatriz Helena Sottile França

Controvérsias

122 127

O que analisar nos trabalhos sobre medicamentos e laser na movimentação dentária induzida e reabsorções associadas: quatro critérios

What to analyze in papers concerning drugs and laser effects in induced dental movement and associated resorptions: Four criteria Alberto Consolaro

Abstracts Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica

artigos

24

Tratamento compensatório limitado de adulto com assimetria e má oclusão do Padrão III

42

Tratamento compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com a técnica Biofuncional

50

Tratamento da má oclusão de Classe II subdivisão com distalização assimétrica de molares superiores

64

Prevenção e conduta diante da ingestão e deglutição acidental de componentes dos aparelhos ortodônticos

72

Estratégias de comunicação e o código de ética odontológica

Limited compensatory treatment in adult with asymmetry and Pattern III malocclusion Tien Li An, Mauricio Almeida Cardoso, Liliana Ávila Maltagliati, Leopoldino Capelozza Filho

Compensatory treatment of skeletal Class III malocclusion with Biofunctional technique Christian Zamberlan Angheben, Fabrício Pinelli Valarelli, Karina Maria Salvatore de Freitas, Rodrigo Hermont Cançado

Treatment of Class II malocclusion, subdivision with asymmetric distalization of upper molars Fábio Lourenço Romano, Mariana Umekita Shirozaki, Larissa Kumagai Malavasi, José Tarcísio Lima Ferreira, Marcelo Antônio Mestriner

Prevention and conduct in cases of accidental swallowing and ingestion of components of orthodontic appliances Cesar Augusto Rodenbusch Poletto, Orlando Motohiro Tanaka, Roberta Gevaerd, Andre Goulart Poletto, Elisa Souza Camargo

Communication strategies and the dental code of ethics Marcelo Afonso Machado, Eduardo Daruge, Luiz Renato Paranhos


42

101

24

78

Sliding Jig modificado apoiado em mini-implante: uma nova opção para mesialização de molares superiores

84

Utilização dos mini-implantes ortodônticos como elemento protético e de ancoragem em casos de agenesia dos incisivos laterais superiores permanentes

94

Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com diferentes resinas ortodônticas

78

Mini-implant supported modified Sliding Jig: A new option for mesial movement of maxillary molars Matheus Melo Pithon

Orthodontic mini-screws used as prosthetic element and anchorage in cases of agenesis of permanent lateral maxillary incisors Célia Regina Maio Pinzan-Vercelino, Júlio de Araújo Gurgel, Fausto Silva Bramante, Fabrício Viana Pereira Lima, Murilo Gaby Neves, Alan Betiol Vercelino

Evaluation of shear bond strength of brackets bonded with different orthodontic resins Mauro Carlos Agner Busato, Priscilla do Monte Ribeiro Busato, Diego Varella Dotto, Stefany Pedrotti, Carlos Rodrigo Gasparello

101

Tratamento ortodôntico-cirúrgico de paciente adulta com má oclusão de Classe II, retrognatismo mandibular e DTM

113

Uma revisão para colagem direta de braquetes ortodônticos

Orthodontic-surgical treatment of adult patient with Class II malocclusion, mandibular retrognathia and TMD Paulo Augusto Leal de Carvalho, Gladys Cristina Dominguez, André Tortamano, Solange Mongelli de Fantini

A review of direct bonding of orthodontics brackets Áureo Honorato e Melo, Gersinei Carlos de Freitas, João Batista de Souza


EDITOR EMÉRITO Omar Gabriel da Silva Filho EDITORES ASSISTENTES José Valladares Neto Rosely Suguino Danilo Furquim Siqueira

Julio de Araújo Gurgel Julio Pedra e Cal-Neto Jurandir Antonio Barbosa Larry White Leopoldino Capelozza Filho Lorenzo Franchi Luciano da Silva Carvalho Marcelo de Castellucci e Barbosa Marcio Costa Sobral Marcio Rodrigues de Almeida Marden Bastos Matheus Melo Pithon Ravindra Nanda Ricardo Nakama Roberto Hideo Shimizu Roberto Justus Sebastião Interlandi Stenyo Tavares Vincent G. Kokich Wagner José Silva Ursi

FOSJC/UNESP-SP

HRAC-USP

UFG-GO CESUMAR-PR USC-SP

PUBLISHER Laurindo Furquim

UEM-PR

COORDENADOR DOS ABSTRACTS Mauricio de Almeida Cardoso

USC-SP

CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Adilson Luiz Ramos Hélio Hissashi Terada

UEM-PR UEM-PR

CONSULTORES CIENTÍFICOS

Ortodontia Ademir Roberto Brunetto Arno Locks Ary dos Santos-Pinto Björn U. Zachrisson Carlo Marassi Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Cristiane Canavarro Cristina Feijó Ortolani Daltro Enéas Ritter Daniela Gamba Garib David Normando Eduardo Dainesi Fausto Silva Bramante Francisco Ajalmar Maia Gilberto Vilanova Queiroz Guilherme de Araújo Almeida Henrique Mascarenhas Villela Jeffrey P. Okeson Jesús Fernández Sánchez José Fernando C. Henriques José Nelson Mucha José Rino Neto Júlia Harfin

UFPR-PR UFSC-SC UNESP-SP Universidade de Oslo / Noruega CPO SLMANDIC-SP Uniceuma-MA UERJ-RJ UNIP-SP UFSC-SC HRAC-USP-SP UFPA/ABO-PA USC-SP Uniceuma-MA UFRN-RN ABENO-SP UFU-MG ABO-BA Universidade de Kentucky / EUA Universidade de Madrid / Espanha FOB-USP-SP UFF-RJ FOUSP-SP Universidade de Maimonides / Argentina

DIRETORA: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - DIRETORES EDITORIAIS: Bruno D’Aurea Furquim - Rachel Furquim Marson - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - PRODUTOR EDITORIAL: Júnior Bianco - PRODUÇÃO GRÁFICA E ELETRÔNICA: Diego Ricardo Pinaffo - Bruno Boeing de Souza - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Marcos Amaral - Tatiane Comochena TRATAMENTO DE IMAGENS: Ivo Azevedo - SUBMISSÃO DE ARTIGOS: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira Dias - REVISÃO/COPYDESK: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - INTERNET: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael - EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - SECRETARIA: Rosane Albino

FOB-USP-SP UFF-RJ ACDC-SP AAO Dallas / EUA USC-SP Universidade de Florença / Itália APCD-SP UFBA-BA UFBA-BA UNOPAR-PR EAP-ABO-MG UESB-BA Universidade de Connecticut / EUA Clínica particular-PR UTP-PR Univ. Tecnológica do México / México USP-SP Unicamp Universidade de Washington / EUA UEL-PR

Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana

FOB-USP-SP

Oclusão Paulo Cesar Rodrigues Conti

FOB-USP-SP

Patologia Alberto Consolaro

FOB-USP-SP

Dentística Renata Pascotto

UEM-PR

Image Copyright Subbotina Anna, 2013 Used under license from Shutterstock.com

EDITOR Weber José da Silva Ursi

A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press (ISSN 1676-6849) é uma publicação bimestral (seis edições por ano), da Dental Press Ensino e Pesquisa Ltda. — Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / Paraná - Brasil. Todas as matérias publicadas são de exclusiva responsabilidade de seus autores. As opiniões nelas manifestadas não correspondem, necessariamente, às opiniões da Revista. Os serviços de propaganda são de responsabilidade dos anunciantes. Assinaturas: revclinica@dentalpress.com.br ou pelo fone/fax: (44) 3031-9818.

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) Revista Clínica de Ortodontia Dental Press. – v. 1, n. 1 (fev./mar. 2002). – Maringá : Dental Press International, 2002-.

Indexada nas bases de dados: desde 2008

Bimestral. ISSN 1676-6849. 1. Ortodontia – Periódicos. I. Dental Press International. CDD 21.ed.

617.643005

desde 2003

desde 2009

BBO desde 2003


editorial

M&M’s Weber Ursi Editor

Alguns fãs de rock, principalmente os mais cronologicamente adiantados, conhecem uma banda chamada Van Halen, que faz sucesso desde os anos 70. Uma peculiaridade dessa banda, além do som de qualidade, que se mantém por quatro décadas, é que eles foram um dos primeiros a se preocupar com o resultado final do show, em termos de qualidade do som, efeitos visuais e visibilidade para a audiência. Detalhes como a disponibilidade de geradores reserva de energia e a própria montagem do palco eram parte da lista de solicitações que faziam aos organizadores dos shows aonde quer que fossem. Entre os inúmeros itens que colocavam nessa lista, um se tornou folclórico: a exigência de que nos camarins houvesse uma tigela de M&M’s de todas as cores, com exceção da marrom. A equipe organizadora tinha que comprar os confeitos e remover, um a um, todos os da cor marrom. Eles colocavam essa cláusula dentro das necessidades técnicas do show, perto dos tópicos relacionados à segurança do evento, não como um capricho, mas para testar se os organizadores haviam lido e tomado as providências necessárias para honrar o contrato. Essa atenção ao detalhe se fazia necessária, uma vez que evitava o risco de danos aos equipamentos ou riscos aos técnicos que montavam o show. Se atenção aos detalhes é importante para uma banda de rock — cujo maior risco normalmente é ter um de seus membros sem condições físicas e/ou mentais para desenvolver seu trabalho —, imagine entre nós, que administramos riscos diariamente e que somos julgados pelos resultados (ou pela falta deles) que produzimos. A atenção aos detalhes normalmente caracteriza os profissionais que se destacam e buscam o aperfeiçoamento contínuo de sua prática clínica. O estabelecimento de protocolos de tratamento para determinados procedimentos reduz a possibilidade de erros

e omissões, principalmente entre os ortodontistas iniciantes e o pessoal auxiliar. Um erro comum é falta de follow-up de uma decisão administrativa; muitas equipes ignoram uma mudança de rotina e simplesmente esperam até que o profissional a tenha esquecido. Um simples retorno de ligação telefônica para um colega ou paciente pode se perder se o profissional não atentar para esses detalhes de gestão. Emergências ortodônticas podem ser evitadas se tivermos atenção aos detalhes, como testar o corte do fio nas extremidades dos tubos molares, por exemplo. Cada emergência representa um custo adicional, seja financeiro, por aumentar o número de atendimentos em um dia, seja na relação profissional/paciente, principalmente se houver um desconforto muito acentuado para esse último. Conquistar um paciente antes de começar um tratamento ortodôntico é relativamente fácil, difícil é conquistar seu coração no transcorrer de uma experiência com perdas estéticas e com algum desconforto e transtornos na hora da alimentação, os quais caracterizam a experiência de ser submetido a um tratamento ortodôntico. Um paciente uma vez me relatou que, após comer couve, sua boca parecia um varal com roupas dependuradas para secar. Não é por acaso que o estágio final do tratamento ortodôntico normalmente é chamado de “término e detalhamento”, pois são tantos os detalhes a que temos que estar atentos! Um checklist dos pontos a serem observados vem a calhar. Não por acaso, o grande arquiteto Ludwig Mies van der Rohe cunhou a frase “Deus está nos detalhes”. Se isso for realmente verdade, cada vez mais devemos nos preocupar com eles. Portanto, tenha os olhos de dono e procure onde pode melhorar para que os resultados apareçam e se mantenham, e para que você tenha uma carreira longa e produtiva dentro da Ortodontia.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abri-maio;12(2):5

5


eVentos

9o ENCoNTRo aBZIL - oRToDoNTIa INDIvIDUaLIZaDa CaPELoZZa DATA: 23, 24 e 25 de maio de 2013 LOCAL: Ouro Minas Palace Hotel, Belo Horizonte/MG INFORMAÇÕES: www.pos-orto.com.br/abzilcapelozza

PaLESTRa+HaNDS-oN (oRToDoNTIa LINgUaL) – LaNÇaMENTo Do LIvRo oRToDoNTIa LINgUaL: TRaTaMENTo INvISívEL CoM RESULTaDo vISívEL (DR. vaLTER oSSaMU aRIMa) DATA: 8 de junho de 2013 LOCAL: Hotel Bourbon, Curitiba/PR INFORMAÇÕES: www.ortodontialingualarima.com.br

LaNÇaMENTo Do LIvRo DICaS PaRa oTIMIZaR a oRToDoNTIa (DR. MaRDEN BaSToS) DATA: 8 de junho de 2013 LOCAL: Brasília Imperial Hotel, Brasília/DF INFORMAÇÕES: (61) 3322-8546 - Érica

DR. MaRCoS jaNSoN - gRUPo DE ESTUDoS DE oRToDoNTIa EM aDULTo DATA: 12, 13 e 14 de junho de 2013 LOCAL: Quality Hotel Afonso Pena, Belo Horizonte/MG INFORMAÇÕES: (61) 3327-2711 ou (61) 8128-2071 arianeemail@yahoo.com.br

1o ENCoNTRo Do gRUPo DE ESTUDoS agoR DATA: 20 de julho de 2013 LOCAL: Canela/RS INFORMAÇÕES: www.agor.com.br

PoWER2REaSoN DATA: 2 e 3 de agosto de 2013 LOCAL: Rua Furriel Luiz Antonio Vargas 134, Mont’Serrat, Porto Alegre/RS INFORMAÇÕES: contato@damerica.com.br

CIRURgIa oRTogNÁTICa SEM MISTÉRIoS PaRa o oRToDoNTISTa DATA: 16 de agosto de 2013 LOCAL: Av. Eng. Oscar Americano, 840 / Morumbi - São Paulo INFORMAÇÕES: (11) 3884-5752 - Milena / www.gpco.com.br

MECâNICa aPLICaDa aoS DIagNóSTICoS E PLaNEjaMENToS oRToDôNTICoS (DR. aNTôNIo CaRLoS DE oLIvEIRa RUELLaS) DATA: 16 de agosto de 2013 LOCAL: ABO/PR - Rua Dias da Rocha, 625 - Alto da Rua XV / Curitiba-PR INFORMAÇÕES: (41) 9869-9758 / (41) 9734-9140 aepopucpr@gmail.com / www.orthodontics.com.br

vII° CoNgRESSo SUL BRaSILEIRo DE oRToDoNTIa DATA: 16 e 17 de agosto de 2013 LOCAL: Sibara Flat Hotel, Balneário Camboriú / SC INFORMAÇÕES: (49) 3224-0838 / (49) 8406-0272 6

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):6


Sua escolha é determinante... ® BioQuick bracket autoligado metálico interativo

• Menor autoligado do mercado • Anti-alérgico (sem níquel) • Com slot auxiliar • Clipe de CrCo

Sistema autoligado de 7 a 7!

BioQuick® para molares

Bandas e brackets (cola e solda)

Bio Arcos®

arcos termo-ativados para cada fase do tratamento. • BioStarter® • BioTorque® • BioFinisher®

• Pinça de abertura de clipe

Es

paç

o G&M

Participe de nossos treinamentos no Espaço G&M ou leve-os até sua cidade!

Tr eina

• Brackets Autoligados • Ortodontia Lingual Simplificada • Mini-implantes (Straight Wire) • Placas e alinhadores • Mais informações, acesse Speakers www.gm-orthodontics.com.br/espaco-gm

to

s

M

men

alestras • P •

• Posicionador de fios

Prescrição focada no diagnóstico chega ao Brasil. Saiba mais!

spaço G& • E

Prof. Sérgio Jakob

Utilize o QR-Code para acessar nosso website diretamente de seu tablet ou smartphone!

Profa. Silvana Kairalla

Prof. Alexandre Ponce

Prof. Javier Frenck

G&M Orthodontics

facebook.com/GMOrthodontics twitter.com/GMOrthodontics

Av. Angélica, 1.996 - cj. 1101 Higienópolis - São Paulo/SP - Brasil Telefax: +55 (11) 3661-8100 www.gm-orthodontics.com.br


pergunte a um expert

Síndrome da apneia obstrutiva do sono (saos): considerações gerais sobre etiologia, diagnóstico e tratamento Roberto Macoto Suguimoto* Gabriel Ramalho-Ferreira** Leonardo Perez Faverani**

INTRODUÇÃO Conceituação / Etiologia Por definição, apneia é a interrupção do fluxo aéreo em qualquer nível do trato respiratório, mais notavelmente no nariz e orofaringe, por pelo menos 10 segundos6. Atualmente, o típico paciente com síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS) é do sexo masculino, na quinta ou sexta década de vida, de baixa estatura e acima do peso. A SAOS é traiçoeira e tem sido destacada como causa de acidentes no trânsito e no trabalho, isso porque os pacientes desenvolvem cefaleia ao acordar, arritmias cardíacas, dificuldade de concentração e problemas familiares, tais como incômodo geral e desagregação familiar, que podem levar até a separação do casal1. A sonolência diurna é muito comum porque os múltiplos episódios apneicos fazem com que o sono noturno não seja reconfortante1. Além disso, está atrelada a algumas desordens sistêmicas, direta ou indiretamente, tais como hipertensão arterial sistêmica, hipotireoidismo e afecções cardiopulmonares, o que agrava a situação clínica do paciente8.

Como citar este artigo: Suguimoto RM, Ramalho-Ferreira G, Faverani LP. Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): considerações gerais sobre etiologia, diagnóstico e tratamento. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):8-16. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

8

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):8-16

Na população não sindrômica, a SAOS é mais comumente vista em pacientes retrognatas e obesos, sendo que o consumo de álcool piora os episódios apneicos. Já na população com síndromes craniofaciais, os principais fatores que ocasionam a SAOS são a hipoplasia da face média e mandibular. Assim, a hipoplasia mandibular pode resultar num colapso posterior da base da língua e na diminuição da via aérea na orofaringe5.

Fisiopatologia e classificação da SAOS Um sono noturno de 8 horas para o indivíduo adulto é considerado normal para a fisiologia humana. Constitui-se na alternância de dois estágios, as fases REM, do inglês “Rapid Eye Moviment”, e NREM, “Non Rapid Eye Moviment”. Na fase NREM as ondas cerebrais tornam-se mais lentas gradativamente, concomitantemente à diminuição das funções fisiológicas. Já a fase REM é caracterizada pela atonia muscular e movimentação ocular rápida. A maioria da musculatura está em repouso, com exceção dos músculos posturais e respiratórios31.

* Especialista em Ortodontia, Profis. Mestre e Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, FOA-UNESP. ** Doutorando em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial, FOA-UNESP.


pergunte a um expert

Síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS): considerações gerais sobre etiologia, diagnóstico e tratamento

Referências 1. Academy of Sleep Medicine Task Force. Sleep-related breathing disorders in adults: recommendations for syndrome definition and measurement techniques in clinical research. The Report of an American Academy of Sleep Medicine Task Force. Sleep. 1999;22:667-89. 2. Albertini R, Siqueira VCV. A Ortodontia e a Síndrome da Apnéia Obstrutiva do Sono. J Bras Ortodon Ortop Facial 2001;6(33):213-21. 3. Anderson PJ, Netherway DJ, Abbott A, Moore M, David DJ. Mandibular lengthening by distraction for airway obstruction in Treacher-Collins syndrome: the long-term results. J Craniofac Surg. 2004;15(1):47-50. 4. Arvystas M, Shprintzen RJ. Craniofacial morphology in Treacher Collins syndrome. Cleft Palate Craniofac J 1991;28(2):226-30. discussion 230-1. 5. Bannink N, Mathijssen IM, Joosten KF. Use of ambulatory polysomnography in children with syndromic craniosynostosis. J Craniofac Surg 2010;21(5):1365-8. 6. Bell WH. Modern practice in orthognathic and reconstructive surgery. Philadelphia: W. B. Saunders; 1992. v. 3. 7. Brockmann PE, Schaefer C, Poets A, Poets CF, Urschitz MS. Diagnosis of obstructive sleep apnea in children: a systematic review. Sleep Med Rev. 2013 Jan 29. doi: 10.1016/j.smrv.2012.08.004. [Epub ahead of print]. 8. Cavallari FEM, Leite MGJ, Mestriner PRE, Couto LGF, Formin DS, Oliveira JAA. Relação entre hipertensão arterial sistêmica e síndrome da apnéia obstrutiva do sono. Rev Bras Otorrinolaringol. 2002;68(5):619-22. 9. Epstein LJ, Kristo D, Strollo PJ Jr, Friedman N, Malhotra A, Patil SP, et al. Clinical guideline for the evaluation, management and long-term care of obstructive sleep apnea in adults. J Clin Sleep Med. 2009;5(3):263-76. 10. Friedlander AH, Walker LA, Friedlander IK, Felsenfeld AL. Diagnosing and comanaging patients with obstructive sleep apnea syndrome. J Am Dent Assoc. 2000;131(8):1178-84. 11. Godolfim LR. O tratamento do ronco e apnéia do sono com dispositivos intra-orais. Ortodontia. 2002;35(2):87-91. 12. Guilleminault C, Lee JH, Chan A. Pediatric obstructive sleep apnea syndrome. Arch Pediatr Adolesc Med 2005;159(8):775-85. 13. Guimarães KCC. Apnéia e ronco: tratamento miofuncional orofacial. São José dos Campos: Pulso; 2009. 14. Hong P. A clinical narrative review of mandibular distraction osteogenesis in neonates with Pierre Robin sequence. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 2011;75(8):985-91. 15. James D, Ma L. Mandibular reconstruction in children with obstructive sleep apnea due to micrognathia. Plast Reconstr Surg 1997;100(5):1131-7. discussion 1138. 16. Johnston C, Taussig LM, Koopmann C, Smith P, Bjelland J. Obstructive sleep apnea in Treacher-Collins syndrome. Cleft Palate J 1981;18(1):39-44.

17. Miranda SL. Cirurgia ortognática em apnéia. In: Araújo A. Cirurgia ortognática. São Paulo: Ed. Santos; 1999. p. 365-74. 18. Plomp RG, Bredero-Boelhouwer HH, Joosten KF, Wolvius EB, Hoeve HL, Poublon RM, et al. Obstructive sleep apnoea in Treacher Collins syndrome: prevalence, severity and cause. Int J Oral Maxillofac Surg. 2012;41(6):696-701. 19. Prado BN, Fernandes EG, Moreira TCA, Gavranich Jr J. Apneia obstrutiva do sono: diagnóstico e tratamento. Rev Odontol Univ Cid São Paulo. 2010;22(3):233-9. 20. Riley RW, Powell NB, Guilleminault C. Inferior sagittal osteotomy of the mandible with hyoid myotomy-suspension: a new procedure for obstructive sleep apnea. Otolaryngol Head Neck Surg. 1986;94(5):589-93. 21. Riley RW, Powell NB, Guilleminault C. Obstructive sleep apnea syndrome: a surgical protocol for dynamic upper airway reconstruction. J Oral Maxillofac Surg. 1993;51(7):742-7. 22. Roa NL, Moss KS. Treacher-Collins syndrome with sleep apnea: anesthetic considerations. Anesthesiology. 1984;60(1):71-3. 23. Samsoon GLT, Young JRB. Difficult tracheal intubation: a retrospective study. Anaesthesia. 1987;42(2):487-90. 24. Sher AE, Shprintzen RJ, Thorpy MJ. Endoscopic observations of obstructive sleep apnea in children with anomalous upper airways: predictive and therapeutic value. Int J Pediatr Otorhinolaryngol. 1986;11(2):135-46. 25. Silva SR. Diagnóstico del síndrome de apnea obstructiva del sueño. Acta Otorrinolaringol. Cir Cabeza Cuello. 1999;27(3):56-60. 26. Silva SR. Como ajudar o paciente roncador. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2002;56(4):247-57. 27. Smith RA, Karas N, Pogrel MA. Soft tissue surgery in the oral and Maxilofacial region. J Calif Dent Assoc. 2000;28(9):668-80. 28. Songu M, Tilmaz H, Yuceturk AV, Gunhan K. Effect of CPAP therapy on catatherina and OSA: a case report and review the literature. Sleep Breath. 2008;12(4):401-5. 29. Tiner BD. Surgical management of obstructive sleep apnea. J Oral Maxillofac Surg. 1996;54(9):1109-14. 30. Valera FCP, Demarco RC, Anselmolima WT. Síndrome da apnéia e da hipopnéia obstrutivas do sono (SAHOS) em crianças. Rev Bras Otorrinolaringol. 2004;70(2):232-7. 31. Ward SL, Marcus CL. Obstructive sleep apnea in infants and young children. J Clin Neurophysiol. 1996;13(3):198-207. 32. Wolford LM, Mehra P. Modified uvulopalatopharyngoplasty: the lateral inversion flap technique. J Oral Maxillofac Surg. 2001;59(10):1242-3.

Endereço para correspondência Roberto Macoto Suguimoto Av. Nações Unidas, 17-17 – Sala 910 – CEP: 17.013-905 – Bauru/SP E-mail: rmacoto@terra.com.br

16

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):8-16


homenagem

Grande perda para a Odontologia mineira No dia 20 de dezembro de 2012, faleceu na cidade de Belo Horizonte o querido Professor Dr. Anísio Bueno de Carvalho. Mineiro da cidade de Carmo do Rio Claro, foi um pai zeloso para as filhas, Carolina e Giovana, um irmão amigo, um amigo leal, um filho protetor, enfim, foi um grande Homem! Certa vez, pediram que completássemos a frase: “Atrás de um grande homem...”. A maioria disse, de prontidão, que haveria uma grande mulher... Aprendemos com o Dr. Anísio que atrás de um grande homem existe um passado; pois é nele que se escondem a educação, os valores e os ideais de todos os grandes homens, coisas que são indiferentes ao correr do tempo, mas que perduram durante ele todo. Se o passado condena alguns, certamente enaltece outros. É ele que nos torna grandes ou pequenos, bons ou maus. Assim, em um mundo onde pensamos demais e sentimos bem pouco, foi o Dr. Anísio quem nos ensinou que, melhor que simplesmente ter um passado, é tornar o passado um exemplo para o futuro. O professor Anísio foi um homem que acreditava em oportunidades, confiava nas pessoas, honrava o trabalho honesto e tinha um gosto sincero em ajudar os outros. Dizia que, muitas vezes, para querer velejar é preciso saber, antes, criar ventos. Embora não precisasse, trabalhou ainda criança, pagou sua própria faculdade e mudou-se para Belo Horizonte quando seus sonhos ficaram grandes demais para sua cidade. E foi lá, na capital, que o provinciano tornou-se metropolitano e a vocação para a Ortodontia aflorou. Curioso por natureza, foi um grande pesquisador e contribuiu de maneira incisiva para a mudança de vários protocolos de tratamento que ele julgava ineficientes ou injustificáveis. Desafiou as leis vigentes da profissão, não por desrespeito, mas apenas porque achava que poderiam ser melhores e mais abrangentes. Assim, criou sua própria escola e seus próprios métodos, mas jamais aceitou virar empresário. Tinha medo de perder a essência de ser verdadeiramente um professor; de poder ajudar, de acalentar os anseios e os receios de outros que, assim como ele, saíram de suas cidades em busca de sonhos. Montou cursos, escreveu artigos, ensinou técnicas. Gostava de churrasco e do Cruzeiro Futebol Clube. Influenciou incontáveis ortodontistas porque tinha a capacidade de ser simples, de fazer simples. Foi pai e mestre, irmão e amigo, profissional e homem. Não um espectro de homem, mas homem daqueles que arranham as paredes da vida com as próprias unhas e influenciam todos aqueles que vieram atrás dele... atrás de um grande homem! Texto de Giovanni de Carvalho e amigos saudosos.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):17

17


ACONTECIMENTOS

15ª turma do Excelência na Ortodontia Começou, no final do mês de março, o primeiro módulo da 15ª turma do Programa Excelência na Ortodontia. Estiveram presentes em Maringá, ministrando aulas, os renomados Profs. Marcio Rodrigues de Almeida, Daniela Garib, José Fernando Castanha Henriques, Mike Bueno, Renata Pascotto, David Normando, Roberto Macoto, José Rino Neto e Alberto Consolaro.

18

Drs. Roberto Macoto, Hélio Terada e José Rino Neto.

Dras. Nilma Pimentel e Luciane Costa.

Dras. Rosa Maria Freire e Adriana Penna.

Dras. Andrea Fernandes, Halessandra França e Luciana Maizato.

Drs. Luis Henrique Lages e Fernando Barth.

Drs. Jonathan Eduardo Sanchez e Cesar Navarro, do Chile.

Drs. Marcos Ulian e Alberto Consolaro.

Drs. Alberto Consolaro e Ricardo Markus.

Dra. Patrícia Giacomelli e Dr. Alberto Consolaro.

Dras. Roberta Machado de Mattos e Daniela Garib.

Drs. Paula Boeira, David Normando, Francine Locatelli e Patrícia Giacomelli.

Drs. Alciney de Almeida Luiz e David Normando.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):18-9


Acontecimentos

Drs. Ricardo Villela Armeni e Alberto Consolaro.

Dra. Priscila Vargas e Dr. Marcio Almeida.

Drs. Alberto Consolaro e Priscila Vargas.

Drs. José Fernando C. Henriques e Fernando Barth.

Dras. Patrícia Giacomelli, Paula Boeira e Francine Locatelli.

Drs. Fernando Barth, Ricardo Markus e Valdemir Pereira.

Drs. Carolina Krammes, Alberto Consolaro e Letícia Beilke.

Dr. Marcos Ulian e sua esposa, Dra. Rosane Dourado de Paula Pinta Ulian.

Dr. Laurindo Furquim e Dra. Daniela Takeshita.

Dras. Francine Locatelli e Daniela Garib.

Drs. Fabiane Yassumitsu, José Fernando C. Henriques e Karen Yassumitsu.

Drs. Marcio Almeida e Bruno Furquim.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):18-9

19


EXCELÊNCIA NA IMPLANTODONTIA

O melhor Programa de Educação Continuada do Brasil lança agora o Excelência na Implantodontia, seguindo o já conhecido padrão de qualidade da Dental Press.

39 renomados profissionais trazem, em cinco módulos, o melhor conteúdo da Implantodontia do Brasil.

Primeiro módulo

Segundo módulo

Terceiro módulo

Quarto módulo

Quinto módulo

13-16 de maio

01-04 de julho

19-22 de agosto

14-17 de outubro

25-28 de novembro

Reserve sua vaga. Início em maio de 2013

0800 600 9818 www.dentalpress.com.br/excelenciaimplante


Corpo docente e temas Alberto Consolaro Bases biológicas da Implantodontia aplicadas à clínica André Zétola Fator de crescimento das células-tronco, para regeneração óssea da maxila

João Milki » Planejamento da reabilitação com o uso de miniplacas, miniparafusos e implantes » Hands-on: colocação de miniplacas e mini-implantes. José Carlos Martins da Rosa Restauração dentoalveolar imediata

Angelo Menuci Neto Uso clínico de biomateriais em Implantodontia

José Cícero Dinato Influência dos componentes cirúrgicos e protéticos na estética peri-implantar

Arthur Belém Novaes Júnior A implantação imediata e a tábua óssea vestibular Carlos Araujo » Explorando as possibilidades mecânicas e biológicas dos implantes Cone-Morse: dos casos básicos aos avançados » Hands-on: componentes protéticos.

José Geraldo Malaguti Zircônia – o estado atual Júlio César Joly Possibilidades reconstrutivas em áreas com limitada disponibilidade tecidual

Carlos Eduardo Francischone Estética e longevidade em Implantologia: análise crítica

Laurindo Furquim Agenesia de incisivo lateral superior

Diego Klee de Vasconcellos Soluções estéticas em próteses sobre dentes naturais e implantes

Leonardo Magalhães Excelência no uso de implantes com Plataforma Switching

Eduardo Ayub Fatores estéticos críticos na Implantodontia contemporânea

Marcos Fadanelli Restauração dentoalveolar imediata

Elcio Marcantonio e Rogério Margonar Cirurgia guiada com planejamento virtual - aspectos cirúrgicos e protéticos

Marcos Pitta Estética em cirurgia ortognática

Elcio Marcantonio Junior Reconstrução óssea e gengival em Implantodontia

Mario Groisman Implantes e Estética – detalhes e limites

Estevam Bonfante Conceitos atuais em Implantodontia

Maurício Araújo Manejo do alvéolo dentário após extração

Fabio Valverde Osseointegração: superfícies atuais em bases científicas

Mauro Tosta Implantes: da cirurgia à reabilitação bucal

Gastão Soares de Moura Filho Transferência funcional de implantes

Paulo Conti Dor neuropática provocada por implantes dentários

Glécio Vaz de Campos » Cirurgia plástica peri-implantar – antes e após a instalação dos implantes. » Hands-on com microscópio operatório

Paulo Fernando Mesquita de Carvalho Preservação alveolar x implantes imediatos: considerações sobre o risco estético

Gojko Cvijic » Manobras estéticas com implantes Straumann. Execução protético-periodontal-cirúrgica. » Hands-on: prótese fixa com implantes com Plataforma Switching. » Escolha dos pilares provisórios e definitivos. » Protocolo Branemark com implantes Bone Level. » Prótese removível com implantes de um estágio. Dicas e detalhes técnicos.

Paulo Fukashi Yamaguti Reabilitação oral com implantes dentários: abordagem interdisciplinar Paulo Martins Ferreira Planejamento multidisciplinar no tratamento reabilitador com implante Ricardo Magini Estética rosa peri-implantar

Hugo Nary » A Implantodontia baseada em tratamentos previsíveis e estáveis. - Demonstração e prática de reabilitações com modelos e vídeos cirúrgicos Ivete de Mattias Sartori O papel da Implantologia na reabilitação oral João Garcez » Expansão cirúrgica em maxilares atróficos » Quando, onde e que técnica aplicar no rebordo alveolar atrófico? » Qual diâmetro e tipo de superfície de implante utilizado na colocação imediata? » Que tipo de biomaterial pode ser utilizado? Os professores destacados em vermelho ministrarão aula teórica e prática.

Sidney Kina Materiais cerâmicos na execução de próteses sobre implante. Como decidir? » » -

Waldemar Daudt Polido Alternativas cirúrgicas para a maxila atrófica. Enxertos ósseos para a área estética: Workshop em manequins Cirurgia demonstrativa ao vivo em paciente. Wilson Sendyk Reconstrução alveolar em pacientes com quantidade óssea insuficiente


ortodontia forense

Agora, é infração ética! Beatriz Helena Sottile frança*

Desde a promulgação do Código de Proteção e Defesa do Consumidor (CDC – Lei 8.078, de 11/09/90), ou seja, há mais de vinte anos, os doutrinadores da Odontologia Legal vêm orientando os cirurgiões-dentistas em como redigir os documentos clínicos durante o atendimento de seus pacientes. Desde essa época, todas as orientações foram advindas de suas reflexões acerca das determinações do CDC. Ora, se a lei diz que é direito do consumidor “a informação adequada e clara sobre os diferentes serviços” (Art. 6º) e que “a oferta sobre diferentes serviços deve assegurar informações corretas, claras, precisas, ostensivas...” (Art. 30°), entende-se que cabe ao profissional redigir um documento onde se encontrem essas informações, com linguagem acessível ao máximo, para que sejam compreendidas, atendendo, desse modo, o que a lei preconiza. Mas sempre nos pareceu que essas orientações não convenciam a maioria dos profissionais porque, até os dias de hoje (e tenho certeza de que não se trata de desinformação), os profissionais continuam negligenciando o que diz respeito ao tema. Sempre tivemos, também, a impressão de que, para a maioria dos profissionais, o CDC trata-se de legislação distante do exercício da Odontologia. Ao darmos as orientações, sempre tivemos que nos esforçar para convencer os ouvintes, porque a eles parecia que estávamos extrapolando nos cuidados com a documentação clínica odontológica. Isso é

tão verdade que em momento anterior já havia me reportado aos comentários de que as orientações eram entendidas como “muito acadêmicas”, ou “muito detalhistas” e “muito legalistas”. Dava-nos a sensação de que havia para os profissionais a necessidade de uma norma própria de órgão oficial da Odontologia para convencê-los. E já não foi sem tempo que o novo Código de Ética Odontológica (CEO), que entrou em vigência no primeiro dia desse ano, tratando do assunto, trouxe em seu contexto uma série de artigos em diferentes capítulos que protegem o cirurgião-dentista; e um, em especial, sobre documentos clínicos, considerando o seu descumprimento uma infração ética, passível de representação junto aos conselhos regionais da classe. Entre todas as orientações do CEO, vou me ater apenas ao que preconiza o Artigo 17, que dispõe: “É obrigatória a elaboração e a manutenção de forma legível e atualizada de prontuário e a sua conservação em arquivo próprio, seja de forma física ou digital”. Observem que a elaboração do prontuário, nesse artigo, “é obrigatória”, não esquecendo que se trata, também, de dever fundamental dos cirurgiões-dentistas no Artigo 9º § X, do mesmo código. Além disso, a obrigatoriedade é de que seja redigido de forma legível, isso para que não haja interpretações errôneas. Desse modo, é de bom senso evitar as abreviações ou, se possível, que essas sejam acompanhadas de uma legenda.

Como citar essa seção: França BHS. Agora, é infração ética! Rev Clín Ortod Dental Press. 2013

* Doutora em Odontologia Legal e Deontologia, FOP/UNICAMP. Professora Titular de Graduação e

abr-maio;12(2):22-3.

22

Pós-graduação, PUCPR. Professora Adjunta, UFPR.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):22-3



caso clínico

Tratamento compensatório limitado de adulto com assimetria e má oclusão do Padrão III Limited compensatory treatment in adult with asymmetry and Pattern III malocclusion

Tien Li AN* Mauricio Almeida Cardoso** Liliana Ávila Maltagliati*** Leopoldino Capelozza Filho**

Abstract

Resumo O presente relato de caso clínico ilustra o tratamento compensatório de uma paciente adulta, portadora de laterognatismo suave, limítrofe para Padrão III por deficiência maxilar relativa. A paciente procurou tratamento com a queixa principal relacionada a desgastes, além de diastemas nos dentes anteriores, e espaços associados a sequelas de exodontias efetuadas em tratamento ortodôntico prévio. Os problemas oclusais envolviam os três planos de

espaço: mordida cruzada posterior, ausência de trespasses horizontal e vertical, com pouca exposição de incisivos, tanto com o lábio em repouso como no sorriso. A mecânica assimétrica minimalista proposta resgatou, de modo compensatório, a forma das arcadas dentárias e, associada à reanatomização dentária e ao procedimento reabilitador, permitiu alcançar relações oclusais satisfatórias, em um contexto consciente do prognóstico limitado.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Assimetria facial. Estética dentária.

Como citar este artigo: An TL, Cardoso MA, Maltagliati LA, Capelozza Filho L. Tratamento compensatório limitado de adulto com assimetria e má oclusão do Padrão III. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):24-40. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

24

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):24-40

This clinical case report illustrates the compensatory treatment of an adult patient, with mild laterognathism, borderline Pattern III due to relative maxillary deficiency. The patient sought for treatment with the main complaint related to anterior teeth wear, besides the anterior teeth spacing and spaces associated with sequels of teeth extractions performed in previous orthodontic treatment. The occlusal problems involved all three dimensions of space:

Posterior crossbite, lack of overjet and overbite with little incisor exposure with the upper lip at rest or during smile. The proposed minimalist asymmetric mechanics recovered the dental arches form by compensatory tooth movement and, associated with a cosmetic dentistry and rehabilitation procedures, allowed to reach a satisfactory occlusal relationship, in a context of an evidently limited prognosis.

Keywords: Corrective orthodontics. Facial asymmetry. Dental esthetics.

* Doutor em Odontologia, UNESP. Professor Adjunto, disciplina de Ortodontia, Universidade de Brasília. ** Professores Doutores do Programa de Graduação e Pós-graduação em nível de Especialização e Mestrado em Ortodontia, Universidade do Sagrado Coração (USC-Bauru). *** Professora Doutora do Curso de Especialização em Ortodontia da Universidade do Sagrado Coração (USC-Bauru).


An TL, Cardoso MA, Maltagliati LA, Capelozza Filho L

Introdução A palavra "assimetria" denota uma ausência de correspondência — em grandeza, forma e posição relativa — de partes situadas em lados opostos de uma linha, ou distribuídas em volta de um centro ou eixo1. Assimetrias são frequentes na região craniofacial humana, podendo estar presentes nos três planos de espaço, variando desde uma magnitude clinicamente insignificante até uma gravidade que demanda tratamento ortocirúrgico. De fato, uma simetria bilateralmente perfeita é mais teórica do que real, pois diferenças entre os lados direito e esquerdo estão presentes em todas as partes, e o homem frequentemente convive com assimetrias funcionais e morfológicas2,3. As assimetrias nas regiões craniofaciais podem ser reconhecidas como diferenças no tamanho ou na relação dos dois lados da face, as quais podem ser resultantes tanto das discrepâncias na forma de ossos individuais quanto da má posição de um ou mais ossos do complexo craniofacial. Essa assimetria também pode estar restrita ao tecido mole sobrejacente4. Um estudo sobre a assimetria facial demonstrou que, à medida que se aproxima do crânio, menos assimetria e maior estabilidade dimensional são encontradas5. No plano sagital, as subdivisões de Angle ou a presença de diferentes relações dos primeiros molares no mesmo indivíduo; no plano transversal, a unilateralidade das mordidas cruzadas; no plano frontal, a ausência de paralelismo do plano oclusal em relação à linha bipupilar; todas denotam a presença da condição assimétrica clinicamente significativa. A prevalência das assimetrias dentofaciais não está muito bem definida na literatura. Em termos de assimetria oclusal, numa amostra de 5817 crianças, 30% mostraram assimetria de relação dos molares 6. Numa avaliação com 861 crianças quanto ao desvio da linha média e assimetria facial, observou-se uma predominância do desvio da linha média dentária inferior em relação à linha média da face (62%), seguido pela não coincidência das linhas médias dentárias (46%), desvio da linha média dentária superior em relação à linha média facial (39%), assimetria oclusal superior (22%), assimetria oclusal inferior (18%), assimetria facial (6%), desvio do mento (4%) e desvio do nariz (3%) 6. De acordo com um estudo retrospectivo, numa amostra de 1460 indivíduos que procuraram tratamento ortocirúrgico, cerca de 34% desses apresentaram assimetria facial clinicamente significativa; ainda nesse grupo com assimetria, 74% apresentaram relação molar de Classe III associada ao desvio transversal mandibular, na sua maioria 7.

Muitos métodos têm sido utilizados para identificar e quantificar a magnitude da assimetria, incluindo avaliação das proporções vertical e horizontal da face por meio de fotografias, radiografias, observações clínicas diretas3,8,9 e, mais recentemente, tomografias computadorizadas10. Clinicamente, as assimetrias podem estar mascaradas pelas compensações dentárias que, se não forem diagnosticadas no início do planejamento terapêutico, podem tornar-se aparentes à medida que o tratamento progride. O diagnóstico apropriado das assimetrias dentofaciais torna consciente a decisão entre compensar ou corrigir o problema, enquanto a falta desse pode levar a um prolongamento no tempo de tratamento, ou pode até comprometer o resultado terapêutico. Quanto à classificação das assimetrias dentofaciais, pode-se encontrar as assimetrias dentárias, esqueléticas, musculares e funcionais, as quais podem envolver somente a maxila, somente a mandíbula ou ambas, como também outros ossos craniofaciais3,11. Algumas assimetrias esqueléticas graves são observadas em indivíduos com síndromes e anomalias frequentemente congênitas, onde a quantidade e a migração das células da crista neural foram afetadas durante o desenvolvimento embriológico11. A fusão prematura das suturas também pode resultar em assimetria facial, embora sua causa ainda não esteja muito clara. Mutações gênicas do gene Msx e do gene receptor do fator de crescimento de fibroblastos podem levar não apenas ao aparecimento de fissuras e craniossinostoses, como também à agenesia congênita11. Outras assimetrias esqueléticas não sindrômicas podem estar relacionadas ao desenvolvimento esquelético assimétrico de uma determinada estrutura craniofacial, sem causa aparente ou por condições traumáticas11,12. Um desenvolvimento assimétrico na base do crânio pode causar assimetria de posição da fossa glenoide, que, em última instância, gera uma rotação da mandíbula em relação à maxila e uma oclusão assimétrica, mesmo que a maxila e a mandíbula não apresentem uma morfologia assimétrica. Isso pode levar a uma relação de Classe III no lado onde a fossa está mais anteriormente posicionada, e Classe I ou II no lado oposto, gerando um desvio da linha média se uma compensação dentoalveolar adequada não estiver presente12. De modo contrário, também pode-se observar rotação de maxila em relação à base do crânio, produzindo uma relação oclusal assimétrica, mesmo com a posição da fossa glenoide bilateralmente simétrica12. Com relação às assimetrias dentárias, essas podem ser intra-arcada ou interarcadas, resultantes de impacção dentária, erupção dentária ectópica, agenesias dentárias,

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):24-40

25


Caso Clínico

Tratamento compensatório limitado de adulto com assimetria e má oclusão do Padrão III

Referências 1. Aurélio BHF. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3a ed. Curitiba: Positivo; 2004. p. 212. 2. Lundstrom A. Some asymmetries of the dental arches, jaws and skull, and their etiological significance. Am J Orthod. 1961;47(2):81-106. 3. Bishara SE, Burkey PS, Kharouf JG. Dental and facial asymmetries: a review. Angle Orthod. 1994;64(2):89-98. 4. Sutton PR. Lateral facial asymmetry: methods of assessment. Angle Orthod. 1968;38(1):82-92. 5. Peck S, Peck L. Skeletal asymmetry in esthetically pleasing faces. Angle Orthod. 1991;61(1):43-8. 6. Sheats RD, McGorray SP, Musmar Q, Wheeler TT, King GJ. Prevalence of orthodontic asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):138-45. 7. Severt TR, Proffit WR. The prevalence of facial asymmetry in the dentofacial deformities population at the University of North Carolina. Int J Adult Orthod Orthog Surg. 1997;12(3):171-6. 8. Haraguchi S, Takada K, Yasuda Y. Facial asymmetry in subjects with skeletal Class III deformity. Angle Orthod. 2002;72(1):28-35. 9. Hayashi K, Muguruma T, Hamaya M, Mizoguchi I. Morphologic characteristics of the dentition and palate in cases of skeletal asymmetry. Angle Orthod. 2004;74(1):26-30. 10. Hwang HS, Hwang CH, Lee KH, Kang BC. Maxillofacial 3-dimensional image analysis for the diagnosis of facial asymmetry. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130(6):779-85. 11. Kronmiller JE. Development of asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):134-7. 12. Burstone CJ. Diagnosis and treatment planning of patients with asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):153-64. 13. Shroff B, Siegel SM. Treatment of patients with asymmetries using asymmetric mechanics. Semin Orthod. 1998;4(3):165-79. 14. Rebellato J. Asymmetric extractions used in the treatment of patients with asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):180-8.

15. Legan HL. Surgical correction of patients with asymmetries. Semin Orthod. 1998;4(3):189-98. 16. Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004. 17. Capelozza L. Metas terapêuticas individualizadas. Maringá: Dental Press; 2011. 983 p. 18. Capelozza Filho L, Capelozza JAZ. DIAO. Diagrama individual anatômico objetivo. Uma proposta para escolha da forma dos arcos na técnica de Straight-Wire, baseada na individualidade anatômica e nos objetivos do tratamento. Rev Clín Ortodon Dental Press. 2004;3(5):84-92. 19. Capelozza Filho L, Silva Filho OG, Ozawa TO, Cavassan AO. Individualização de Braquetes na técnica de Straight-Wire: revisão de conceitos e sugestão de indicações para uso. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999;4(4):87-106. 20. Capelloza Filho L, Reis SAB, Cavassan AO, Ozawa TO. Tratamento ortodôntico em adultos: uma abordagem direcionada. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2001;6(5):63-80. 21. Buttke TM, Proffit WR. Indicando pacientes adultos para o tratamento ortodôntico. J Am Dent Assoc. 1999;2(4):48-54. 22. Williams S, Melsen B, Agerbaek N, Asboe V. The orthodontic treatment of malocclusion in patients with previous periodontal disease. Br J Orthod. 1982;9(4):178-84. 23. Kondo E, Aoba TJ. Nonsurgical and nonextraction treatment of skeletal Class III open bite: its long-term stability. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(3):267-87. 24. Kawakami S, Yokozeki M, Takahashi T, Horiuchi S, Moriyama K. Siblings with spaced arches treated with and without partial glossectomy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;127(3):364-73. 25. Smith RJ, Burstone CJ. Mechanics of tooth movement. Am J Orthod. 1984; 85(4):294-307. 26. Burstone CJ, Koenig HA. Creative wire bending: the force system from step and V bends. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;93(1):59-67.

Endereço para correspondência Mauricio Almeida Cardoso Rua Padre João, 14-71 – CEP: 17.012-020 – Bauru/SP E-mail: maucardoso@uol.com.br

40

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):24-40


2013

SmartTrack

2012

2011 2010 melhorado

InvisalignG3

2009

• • •

InvisalignG4 •


caso clínico

Tratamento compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com a técnica Biofuncional Compensatory treatment of skeletal Class III malocclusion with Biofunctional technique

Christian Zamberlan Angheben* Fabrício Pinelli Valarelli** Karina Maria Salvatore de Freitas*** Rodrigo Hermont Cançado***

Abstract

Resumo Apresentamos o tratamento de uma má oclusão de Classe III esquelética com mordida de topo na região anterior e aumento da altura facial anteroinferior. Entre as opções de tratamento disponíveis, o tratamento compensatório foi a opção escolhida. A prescrição de braquetes biofuncionais para Classe III, com torque lingual nos incisivos superiores e torque vestibular nos incisivos inferiores, foi utilizada. Um trespasse horizontal positivo foi obtido com a utilização de elásticos intermaxilares da

face palatina dos incisivos superiores até a face vestibular dos incisivos inferiores. Elásticos de Classe III foram utilizados para a compensação da discrepância anteroposterior de Classe III. A colaboração do paciente com o uso dos elásticos intermaxilares foi excelente, e resultados oclusais e estéticos satisfatórios foram obtidos. A indicação precisa da prescrição de acessórios biofuncionais para Classe III e as vantagens e desvantagens dessa opção de tratamento são discutidas nesse trabalho.

Palavras-chave: Má oclusão Classe III de Angle. Torque. Aparelhos ortodônticos. Oclusão dentária.

Como citar este artigo: Angheben CZ, Valarelli FP, Freitas KMS, Cançado RH. Tratamento compensatório da má oclusão Classe III esquelética com a técnica Biofuncional. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):42-8. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

42

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):42-8

The treatment of a skeletal Class III malocclusion with increased lower anterior facial height is presented. Among the treatment options available, the compensatory treatment was the chosen option. Class III biofunctional brackets with lingual crown torque in the maxillary incisors and buccal crown torque in the mandibular incisors were used. A positive overjet was obtained with the use of elastics from the palatal of the maxillary incisors to the labial of the mandibular incisors. Class III

elastics were used to compensate the Class III anterior posterior discrepancy. Patient compliance with the use of elastics was excellent and satisfactory esthetic and occlusal results were obtained. The rigorous indications of Class III biofunctional accessories, the advantages and disadvantages of this treatment option are discussed in this paper.

Keywords: Angle Class III malocclusion. Torque. Orthodontic appliance. Dental occlusion.

* Mestre em Ortodontia, Faculdade Ingá. ** Doutor em Ortodontia e Odontologia em Saúde Coletiva, USP. Professor Adjunto, Faculdade Ingá. *** Pós-doutor em Ortodontia, Universidade de Toronto. Professor, Faculdade Ingá.


Angheben CZ, Valarelli FP, Freitas KMS, Cançado RH

Introdução

O objetivo desse trabalho é apresentar um caso clínico de má oclusão de Classe III esquelética tratado com a técnica Biofuncional para Classe III, o qual resultou em grande harmonia dentária ao final do tratamento, com a manutenção das inclinações vestibulolinguais dos dentes anteriores e ótima estética do sorriso.

O tratamento da má oclusão de Classe III esquelética representa um grande desafio ao ortodontista. Diversos estudos mostram que a etiologia da Classe III é multifatorial, sendo o componente hereditário o mais atuante1,2,3. Em um grande número de casos, os pacientes que apresentam essa má oclusão exibem uma compensação dentoalveolar ao início do tratamento, com a vestibuloversão dos inci- Diagnóstico sivos superiores e a linguoversão dos incisivos inferiores4. Durante a fase de crescimento, dentre as possibilidades Paciente do sexo masculino, com 18 anos de idade ao terapêuticas disponíveis, a expansão rápida da maxila se- início do tratamento, compareceu ao consultório odonguida de protração com máscara facial apresenta grande tológico com queixa relacionada ao mal posicionamento efetividade na correção da discrepância anteroposterior. do incisivo lateral superior direito e ao diastema interinO objetivo dessa abordagem de tratamento é influenciar cisivos centrais superiores. Nas fotografias extrabucais ortopedicamente no crescimento da maxila, diminuindo a iniciais, o paciente apresentava um perfil reto, com o terdiscrepância esquelética anteroposterior5-8. Na fase adulta, ço inferior da face aumentado e presença de selamento o paciente dispõe de duas modalidades de tratamento: labial passivo (Fig. 1). Nas fotografias intrabucais iniciais, a camuflagem ortodôntica por meio de aparelhos fixos e o paciente apresentava uma mordida de topo na região o tratamento ortodôntico associado à cirurgia ortognáti- anterior, incisivo lateral superior direito cruzado, diasteca6,9-15. No cotidiano do consultório ortodôntico, muitos pa- ma entre os incisivos centrais superiores e uma pequena cientes adultos são receosos quanto à realização da cirurgia discrepância entre as linhas médias dentárias. O paciente ortognática para a correção da Classe III esquelética. Isso apresentou uma relação molar de Classe III bilateral (3/4 se deve, principalmente, pelos custos e riscos que envol- em ambos os lados) (Fig. 2). A radiografia panorâmica inivem esse procedimento. Para esses casos, a camuflagem cial mostrava a presença de todos os dentes permanenortodôntica é uma alternativa que pode apresentar resulta- tes, incluindo os terceiros molares superiores e inferiores, dos satisfatórios16,17. Nesse contexto, as técnicas para a ca- e estruturas ósseas normais (Fig. 3A). A telerradiografia muflagem ortodôntica da Classe III vêm se aperfeiçoando em norma lateral inicial revelou uma relação deficiente cada vez mais, com vários tipos e prescrições de braquetes entre as bases ósseas (ANB = 0°), padrão de crescimento disponíveis para comercialização16,18-21. vertical com divergência entre os planos horizontais da A prescrição Biofuncional dispõe de braquetes que apre- face (SN.GoGn = 47,60° e FMA = 38,80°), incisivos susentam torque vestibular de coroa nos incisivos inferiores e periores protruídos e vestibularizados (1-NA = 7,30mm torque lingual de coroa nos incisivos superiores, além de 0° na e 1.NA = 32,10°), incisivos inferiores bem posicionados angulação dos incisivos inferiores (Tab. 1). Diferentemente de e suavemente inclinados para lingual (1-NB = 6,10mm, outras prescrições indicadas para o tratamento compensatório 1.NB = 24,10° e IMPA = 78,80°) (Fig. 3B e Tab. 2). da Classe III, na fase de utilização de arcos retangulares, a prescrição Biofuncional produz uma força contrária Tabela 1 Prescrição dos acessórios da técnica Biofuncional para Classe III. à força gerada pelos elásticos interDentes superiores Inclinação Angulação Dentes inferiores Inclinação Angulação maxilares de Classe III, promovendo uma resistência ao movimento de Incisivos centrais 0 +5° Incisivos centrais +10° 0 compensação dentária16,18,21. O reIncisivos laterais 0 +9° Incisivos laterais +10° 0 sultado é a correção da má oclusão Caninos -2° +13° Caninos -11° +7° com ótimo posicionamento dos inos os 1 pré-molares -7° 0 1 pré-molares -17° 0 cisivos em suas bases ósseas. Essa característica favorece a obtenção -7° 0 2os pré-molares -22° 0 2os pré-molares de uma oclusão estática e funcional -14° 0 1os molares -30° 0 1os molares ideal, assim como grande harmonia os os -14° 0 2 molares -35° 0 2 molares facial e do sorriso16,21,22.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):42-8

43


Caso Clínico

Tratamento compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com a técnica Biofuncional

Conclusões

Referências

O tratamento compensatório da má oclusão de Classe III esquelética com a utilização de recursos compensatórios apresenta riscos e benefícios que devem ser levados em consideração na escolha da melhor opção de tratamento. A utilização da técnica Biofuncional para Classe III representa uma alternativa de tratamento viável para pacientes que não aceitam o tratamento ortodôntico-cirúrgico, uma vez que propicia resultados oclusais e estéticos satisfatórios.

1. Battagel JM. The aetiological factors in Class III malocclusion. Eur J Orthod. 1993;15(5):347-70. 2. Chang HP, Kinoshita Z, Kawamoto T. Craniofacial pattern of Class III deciduous dentition. Angle Orthod. 1992;62(2):139-44. 3. Guyer EC, Ellis EE 3rd, McNamara JA Jr, Behrents RG. Components of Class III malocclusion in juveniles and adolescents. Angle Orthod. 1986;56(1):7-30. 4. Ellis E 3rd, McNamara JA Jr. Components of adult Class III malocclusion. J Oral Maxillofac Surg. 1984;42(5):295-305. 5. Cha KS. Skeletal changes of maxillary protraction in patients exhibiting skeletal Class III malocclusion: a comparison of three skeletal maturation groups. Angle Orthod. 2003;73(1):26-35. 6. Godt A, Zeyher C, Schatz-Maier D, Goz G. Early treatment to correct Class III relations with or without face masks. Angle Orthod. 2008;78(1):44-9. 7. Levin AS, McNamara JA Jr, Franchi L, Baccetti T, Frankel C. Short-term and long-term treatment outcomes with the FR-3 appliance of Frankel. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;134(4):513-24. 8. Ngan P, Yiu C. Evaluation of treatment and posttreatment changes of protraction facemask treatment using the PAR index. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;118(4):414-20. 9. Figueiredo MA, Siqueira DF, Bommarito S, Scanavini MA. Orthodontic compensation in skeletal Class III malocclusion: a case report. World J Orthod. 2007;8(4):385-96. 10. Souza JE. Avaliação das compensações dentoalveolares extremas no tratamento da Classe III esquelética. 11. Hiller ME. Nonsurgical correction of Class III open bite malocclusion in an adult patient. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;122(2):210-6. 12. Hisano M, Chung CR, Soma K. Nonsurgical correction of skeletal Class III malocclusion with lateral shift in an adult. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(6):797-804. 13. Kanno Z, Kim Y, Soma K. Early correction of a developing skeletal Class III malocclusion. Angle Orthod. 2007;77(3):549-56. 14. Kidner G, DiBiase A, DiBiase D. Class III Twin Blocks: a case series. J Orthod. 2003;30(3):197-201. 15. Leon-Salazar V, Janson G, Freitas MR, de Almeida RR, Leon-Salazar R. Nonextraction treatment of a skeletal Class III malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(5):736-45. 16. Janson G, Souza JE, Alves FA, Andrade Jr P, Nakamura A, Freitas MR, et al. Extreme dentoalveolar compensation in the treatment of Class III malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;128(6):787-94. 17. Stellzig-Eisenhauer A, Lux CJ, Schuster G. Treatment decision in adult patients with Class III malocclusion: orthodontic therapy or orthognathic surgery? Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;122(1):27-37; discussion 37-28. 18. Alves FA. Orthodontics: biofuncional therapy. São Paulo: Ed. Santos; 2003. 19. Andrews LF. The diagnostic system: occlusal analysis. Dent Clin North Am. 1976;20(4):671-90. 20. Capelozza Filho L, Silva Filho OG, Ozawa TO, Cavassan AO. Individualização de braquetes na técnica de straight-wire: revisão de conceitos e sugestões de indicações para uso. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999;4(4):87-106. 21. Prado E. Pergunte a um Expert. Questionando paradigmas no tratamento da Classe III em adultos. Qual seria o limite das compensações em pacientes adultos? Existe remodelação dentoalveolar ou o problema esquelético seria uma maldição? Rev Clín Ortod Dental Press. 2007 jun-jul;6(3):71-5. 22. Janson G, Souza JE, Barros SE, Andrade Junior P, Nakamura AY. Orthodontic treatment alternative to a Class III subdivision malocclusion. J Appl Oral Sci. 2009;17(4):354-63.

Endereço para correspondência Rodrigo Hermont Cançado Rua Amparo, 100 – CEP: 39.100-000 – Diamantina/SP E-mail: rohercan@uol.com.br

48

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):42-8



caso clínico

Tratamento da má oclusão de Classe II subdivisão com distalização assimétrica de molares superiores Treatment of Class II malocclusion, subdivision with asymmetric distalization of upper molars

Fábio Lourenço Romano* Mariana Umekita Shirozaki** Larissa Kumagai Malavasi** José Tarcísio Lima Ferreira*** Marcelo Antônio Mestriner****

Abstract

Resumo A má oclusão de Classe II é caracterizada pela posição distal da arcada inferior em relação à superior, com o centro da cúspide mesiovestibular do primeiro molar permanente superior ocluindo mesialmente ao sulco vestibular do primeiro molar permanente inferior. Sua origem pode ser esquelética, dentária ou uma combinação dos dois fatores. Essa má oclusão é dividida em divisão 1 e 2 e pode apresentar subdivisão. A Classe II subdivisão é encontrada em, aproximadamente, 50% dos casos de Classe II de Angle, e é caracterizada pela distoclusão de somente um lado da arcada dentária, com o outro lado em relação de Classe I de molar. O diagnóstico dessa má oclusão deve ser criterioso para a elaboração de plano de tratamento adequado. Diante de uma má oclusão de

Classe II subdivisão, deve-se verificar se a assimetria é dentária ou esquelética, e, quando dentária, se está localizada na arcada inferior ou superior. O tratamento das más oclusões de Classe II subdivisão é abrangente e pode envolver extrações, distalizações ou stripping — dependendo da idade do paciente, do tipo e das características da má oclusão. Um dos fatores mais importantes no tratamento da Classe II subdivisão, além de finalizar com os caninos em chave de oclusão, é coincidir as linhas médias dentárias entre si, e elas com a linha média facial. O objetivo desse trabalho foi abordar as principais características da má oclusão de Classe II subdivisão com ênfase no diagnóstico e tratamento, e ilustrá-lo com o relato de dois casos clínicos.

occlusion it must be verified if the asymmetry is dental or skeletal, and whether it is located in the lower or upper dental arch. The treatment of Class II subdivision malocclusion is comprehensive and may involve extractions, distalizations or stripping — depending on patient’s age, the type and characteristics of the malocclusion. One of the most important factors in the treatment of Class II subdivision, besides finishing with a canine-protected occlusion, is to match the dental midlines between them, and with the facial midline. The aim of this study was to present the main features of Class II subdivision malocclusion with an emphasis on diagnosis and treatment, and to illustrate it with the report of two clinical cases.

Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Diagnóstico. Ortodontia corretiva.

Keywords: Angle Class II malocclusion. Diagnosis. Corrective orthodontics.

Como citar este artigo: Romano FL, Shirozaki MU, Malavasi LK, Ferreira JTL, Mestriner MA. Tratamento da má oclusão de Classe II subdivisão com distalização assimétrica de molares superiores. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):50-62.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

50

The Class II malocclusion is characterized by a distal position of the mandibular arch in relation to the maxillary arch, with the center of the mesiobuccal cusp of the permanent upper first molar occluding mesial to the buccal groove of the permanent lower first molar. Its origin can be skeletal, dental, or a combination of both factors. This malocclusion is classified in division 1 and 2 and may present a subdivision. The Class II subdivision is found in approximately 50% of Class II malocclusion cases, and is characterized by the distocclusion of only one side of the dental arch, with the other side in Class I molar relationship. The diagnosis of this malocclusion must be judicious aiming at an appropriate treatment plan. To treat a Class II subdivision mal-

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):50-62

* Professor, Departamento de Clínica Infantil, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. ** Especialista em Ortodontia, curso de Especialização em Ortodontia, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. *** Professor Associado, Departamento de Clínica Infantil, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo. **** Professor, curso de Especialização em Ortodontia, Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo.


Romano FL, Shirozaki MU, Malavasi LK, Ferreira JTL, Mestriner MA

Introdução Em 1899, as más oclusões foram classificadas por Angle1, facilitando o diagnóstico, a comunicação entre profissionais e a elaboração de planos de tratamento semelhantes e adequados. Segundo Angle1, a má oclusão de Classe II é caracterizada pelo posicionamento distal do primeiro molar permanente inferior em relação ao primeiro molar permanente superior. A arcada inferior encontra-se, também, distal à superior, o que pode decorrer da protrusão maxilar, retrusão mandibular ou da combinação dos dois fatores, gerando um perfil facial convexo, que é comum nessa má oclusão1. A má oclusão de Classe II de Angle1 foi dividida em divisão 1 e 2, sendo a primeira caracterizada pela inclinação axial aumentada dos incisivos centrais superiores (ângulo 1.NA > 22°), e a segunda com inclinação axial diminuída (ângulo 1.NA < 22°). Se a relação de Classe II molar ocorrer em apenas um dos lados, é classificada, ainda, em subdivisão direita ou esquerda, de acordo com o lado em que se manifesta2. A subdivisão representa aproximadamente 50% dos casos de Classe II, e há dois tipos de má oclusão de Classe II subdivisão: Tipo I, quando a arcada dentária inferior é assimétrica; e o Tipo II, quando a assimetria está na arcada superior3,4,5. Segundo Hechter10, que analisou assimetrias dentárias entre indivíduos com oclusão normal e má oclusão, a maioria das assimetrias se encontra na arcada dentária inferior. Alguns estudos têm demonstrado que o principal fator etiológico da má oclusão de Classe II subdivisão é o posicionamento distal do primeiro molar inferior do lado da Classe II (61,36%), justificando o predomínio do desvio da linha média inferior. A condição clínica encontrada com menor frequência na Classe II subdivisão é a posição mesial do primeiro molar permanente superior, que acomete 18,18% dos casos. Aproximadamente 20,45% dos pacientes apresentam ambas as condições, ou seja, o posicionamento mesial dos molares superiores e distal dos molares inferiores6,7. Em muitos casos, as bases ósseas estão bem relacionadas entre si, porém, existe posicionamento dentário inadequado que leva à assimetria e, consequentemente, à Classe II subdivisão6,7,8. A maioria dos pacientes com má oclusão de Classe II subdivisão apresenta linha média superior coincidente com a rafe palatina mediana, ou levemente desviada, e a linha média inferior desviada para o lado da distoclusão9,10. Outros pacientes com o mesmo tipo de má oclusão, porém, em menor proporção, apresentam assimetria na arcada superior. Para o diagnóstico, é imprescindível a realização de exame clínico com avaliação da simetria do sorriso, da linha média facial e dentária em relação cêntrica e também em máxima

intercuspidação habitual, além de fotografias frontais (normal e sorrindo), radiografias e modelos de gesso. É importante realizar análise criteriosa das linhas médias dentárias, para identificar qual está desviada, e, diante disso, elaborar plano de tratamento adequado para deixá-las coincidentes com a linha média facial ao final do tratamento ortodôntico. O tratamento das más oclusões de Classe II subdivisão é abrangente e pode envolver extrações11, distalizações assimétricas12-15 e stripping16, dependendo da idade do paciente, do tipo e características da má oclusão6,16. É importante determinar o padrão de crescimento do paciente e o tipo morfológico facial, para elaborar um plano de tratamento adequado6. O objetivo desse trabalho foi abordar o diagnóstico e tratamento da má oclusão de Classe II subdivisão por meio do relato de dois casos clínicos.

Caso clínico 1 Descrição, etiologia e diagnóstico Paciente do sexo feminino, leucoderma, 12 anos e 8 meses de idade. Apresentou como queixa principal “dentes tortos”. História médica negativa, higiene bucal satisfatória, respiração mista com predominância nasal. Na análise facial (Fig. 1), observou-se perfil tegumentar levemente convexo, ângulo nasolabial obtuso, linha queixo-pescoço levemente diminuída e terços faciais proporcionais com selamento labial passivo. No padrão dentário, a relação de molares era de Classe II, divisão, subdivisão 2 esquerda, sobressaliência de 3mm e sobremordida de 60%. Curva de Spee inferior moderada (Fig. 1), linhas médias superior e inferior coincidentes entre si e ambas desviadas para a direita, discrepância de modelo superior e inferior negativas (-1,9mm e -3,5mm, respectivamente), além de atresia esquelética de maxila. A análise de simetria das arcadas dentárias, realizada nos modelos de gesso, detectou assimetria nas arcadas superior e inferior (Fig. 2). A radiografia panorâmica evidenciou presença de todos os dentes permanentes, inclusive dos terceiros molares, que estavam em formação (Fig. 3). Na radiografia cefalométrica (Fig. 4), observou-se que a maxila (SNA = 79°) e a mandíbula (SNB = 74°) apresentavam-se retruídas em relação à base anterior do crânio, má oclusão esquelética de Classe II (ANB= 5°) e padrão de crescimento vertical (SNGoGn = 36°), incisivos superiores retruídos e com inclinação axial diminuída (1-NA = 1mm, 1.NA = 16°) e incisivos inferiores bem posicionados e com inclinação axial aumentada (1-NB = 4mm, 1.NB = 28°) (Tab. 1).

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):50-62

51


Caso Clínico

Tratamento da má oclusão de Classe II subdivisão com distalização assimétrica de molares superiores

Conclusão

Referências

O diagnóstico correto e criterioso da má oclusão de Classe II subdivisão é importante para a elaboração do plano de tratamento adequado. Diante de assimetria dentária, a prioridade é identificar em qual arcada está a assimetria responsável pela Classe II subdivisão. O tratamento desses casos é muito abrangente e depende das características da má oclusão, da idade do paciente e de sua colaboração. Independentemente da modalidade terapêutica eleita, ao final do tratamento deve-se obter relação de caninos em Classe I e coincidência das linhas médias dentárias com a facial, propiciando a estética facial e do sorriso.

1. Angle EH. Classification of malocclusion. Dent Cosmos. 1899;41:248-64. 2. Amaral RMP, Gandini LG, Gandini MRS, Mello PB. Tratamento da má oclusão de Classe II, divisão 1, na dentadura mista com aparelho extrabucal removível. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2011;10(1):37-43. 3. Rose JM, Sadowsky C, Begole EA, Moles R. Mandibular skeletal and dental asymmetry in Class II subdivision malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;105(5):489-95. 4. Silveira GS, Oliveira JMM. Tratamento ortodôntico corretivo de má oclusão de Classe II de Angle, subdivisão, com extrações assimétricas. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2011;10:74-5. 5. Moscardini MS. Sliding Jig: uma opção para a correção da má oclusão de Classe II subdivisão sem comprometimento esquelético. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2011;9(6):71-7. 6. Wertz RA. Diagnosis and treatment planning of unilateral Class II malocclusions. Angle Orthod. 1975;45(2):85-94. 7. Alavi DG, Begole EA, Schneider BJ. Facial and dental arch asymmetries in Class II subdivision malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;93(1):38-46. 8. Shelley A, Beam W, Mergen J, Parks CT, Casko J. Asymmetric extraction treatment of an Angle Class II Division 2 subdivision left malocclusion with anterior and posterior crossbites. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;118(4):462-6. 9. Janson GRP, Metaxas A, Woodside DG, Freitas MR, Pinzan AP. Three-dimensional evaluation of skeletal and dental asymmetries in Class II subdivision malocclusions. Am J Orthod Dentoafacial Orthop. 2001;119(4):406-18. 10. Hechter FJ. Symmetry, form and dimension of the dental arches of orthodontically treated patients. Winnipeg: University of Manitoba; 1975. 11. Janson G, Dainesi EA, Henriques JFC, Freitas MR, Lima KJ. Class II subdivision treatment success rate with symmetric and asymmetric extraction protocols. Am J Orthod Dentoafacial Orthop. 2003;124(3):257-64. 12. Baggio PE, Telles CS, Domiciano JB. Estudo comparativo em simulador de diferentes aparelhos extra-orais assimétricos. Rev SBO. 1989;1:194-201. 13. Jones RD, White JM. Rapid Class II molar correction with an open-coil jig. J Clin Orthod. 1992;26(10):661-4. 14. Shroff B, Lindauer SJ, Burstone CJ. Class II subdivision treatment with tip-back moments. Eur J Orthod. 1997;19(1):93-101. 15. Sfondrini MF, Cacciafesta V, Sfondrini G. Upper molar distalization: a critical analysis. Orthod Craniofacial Res. 2002;5(2):114-26. 16. Bishara SE, Burkey PS, Kharouf JG. Dental and facial asymmetries: a review. Angle Orthod. 1994;64(2):89-98. 17. Mucha JN, Bolognese AM. Análise de modelos em Ortodontia. Rev Bras Odontol. 1985;42(1-3):28-44. 18. Scheideman GB. Cephalometric analysis of dentofacial normals. Am J Orthod. 1980;78(4):404-20. 19. Park YC, Burstone CJ. Soft-tissue profile: fallacies of hard-tissue standards in treatment planning. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1986;90(1):52-62. 20. Czarnecki ST, Nanda RS, Currier GF. Perceptions of a balanced facial profile. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;104(2):180-7. 21. Sander PDN, Castro AGB, Castro CGB, Minervino BL. A importância das linhas médias no diagnóstico, planejamento e tratamento ortodôntico. Rev Clín Ortod Dental Press. 2011;10(5):72-9.

Endereço para correspondência Fábio Lourenço Romano Av. do Café, S/N – Monte Alegre – CEP: 14.040-904 – Ribeirão Preto/SP E-mail: fabioromano@forp.usp.br

62

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):50-62



artigo inédito

Prevenção e conduta diante da ingestão e deglutição acidental de componentes dos aparelhos ortodônticos Prevention and conduct in cases of accidental swallowing and ingestion of components of orthodontic appliances

Cesar Augusto Rodenbusch Poletto* Orlando Motohiro Tanaka** Roberta Gevaerd*** Andre Goulart Poletto**** Elisa Souza Camargo*****

Abstract

Resumo A ingestão e a aspiração de componentes dos aparelhos ortodônticos são relatadas na literatura. Apesar de pouco preocupantes, alguns casos podem evoluir para situações de maior risco. O presente trabalho faz uma revisão dos casos relatados na literatura ortodôntica, verificando que os acidentes mais comuns são

a deglutição de componentes encaixados de aparelhos fixos e de partes de aparelhos fixos ou removíveis, tendo a maioria dos acidentes ocorrido fora do consultório odontológico. A aspiração de componentes é mais rara. Os procedimentos preventivos e as atitudes a serem tomadas em situações semelhantes foram discutidas.

Palavras-chave: Emergências. Deglutição. Corpos estranhos.

Como citar este artigo: Poletto CAR, Tanaka OM, Gevaerd R, Poletto AG, Camargo ES. Prevenção e conduta diante da ingestão e deglutição acidental de componentes dos aparelhos ortodônticos. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):64-70. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

64

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):64-70

The ingestion and aspiration of orthodontic appliances or parts of orthodontic appliances have been described in the literature. The purposes of this article were to review the literature about the appliances most likely to cause problems and to discuss their clinical management. The most common problem observed is the ingestion of parts of orth-

odontic appliances occurred when the patient is at home. Suggestions are made to prevent these problems.

Keywords: Emergency treatment. Swallowing. Foreign bodies.

* Doutorando em Ortodontia, PUC/PR. ** Pós-doutor em Ortodontia, UFJF e Saint Louis University. Professor Titular de Ortodontia, Escola de Saúde e Biociências, PUC/PR. *** Professora de Ortodontia, UNIPLAC. **** Graduando em Odontologia, UFSC. ***** Doutor em Ortodontia, UFRJ. Professora Titular de Ortodontia, Escola de Saúde e Biociências, PUC/PR.


Poletto CAR, Tanaka OM, Gevaerd R, Poletto AG, Camargo ES

Introdução

Deglutição de componentes do aparelho ortodôntico

O tratamento ortodôntico é um dos procedimentos mais complexos da Odontologia. Além do diagnóstico e planejamento, que requerem muito conhecimento por parte do profissional, a etapa de instalação e ativação dos aparelhos exige muita técnica e precisão, sendo naturalmente difícil pelo fato de se trabalhar com acessórios diminutos, dentro de cavidades bucais de tamanho reduzido, com a presença de saliva, língua e, em muitos casos, com pacientes tensos e ansiosos. Os aparelhos ortodônticos não são inquebráveis, nem o poderiam ser, uma vez que devem permanecer na boca apenas por um determinado tempo. O entendimento da necessidade de cuidados com os aparelhos varia muito de pessoa para pessoa e sofre influência direta do nível de amadurecimento psicológico de cada paciente, existindo aqueles altamente cuidadosos e comprometidos; porém, outros são totalmente displicentes e não colaboradores1-4. Diante de fraturas do aparelho, de parte dele, ou durante a sua instalação, pode ocorrer acidentalmente a deglutição ou aspiração de algum de seus componentes. A ingestão de objetos relacionados à área odontológica tem sido eventualmente relatada5,6. Em Ortodontia, alguns casos de deglutição e aspiração de componentes de aparelhos ortodônticos também já foram descritos na literatura1,3,4. Frente a tais situações, é de fundamental importância o ortodontista saber como proceder, uma vez que tais intercorrências podem, inclusive, gerar risco de morte ao paciente. O objetivo desse trabalho é realizar uma revisão dos casos relatados de ingestão ou aspiração de objetos relacionados à Ortodontia, bem como de atitudes preventivas e dos procedimentos necessários diante de casos de deglutição e aspiração de componentes dos aparelhos ortodônticos.

Na literatura encontram-se relatos sobre a deglutição de pequenos objetos, como uma contenção ortodôntica para o seis dentes anteriores, composta por um fio, dois grampos e uma estrutura de acrílico10; segmentos de fio ortododôntico4,11,12; tubos ortodônticos9,12 e banda ortodôntica13. Aparelhos, ou parte deles, também podem ser deglutidos, havendo relatos de deglutição de aparelho disjuntor do tipo Hyrax quebrado14. A deglutição com posterior travamento na garganta de uma barra transpalatina quebrada em uma paciente de 12 anos resultou na necessidade de sua remoção por um cirurgião de cabeça e pescoço15. Um caso raro de deglutição de aparelho quadri-hélice durante a ingestão de iogurte por um menino de 13 anos, portador de síndrome de Down, resultou, após avaliação médica e endoscopia, na necessidade da remoção cirúrgica do aparelho, para evitar que suas extremidades pontiagudas perfurassem a parede do esôfago16. A chave de ativação do aparelho disjuntor palatal foi deglutida por um paciente de 9 anos durante a ativação feita pelos pais, em casa. O paciente foi levado ao serviço de emergência, onde foi constatada a presença do dispositivo de ativação. Nenhum sinal de desconforto foi observado e uma dieta rica em fibras foi prescrita para facilitar a eliminação do objeto, constatada dois dias após a ingestão17. A deglutição de parte de um aparelho ortopédico removível Twin Block ocorreu após fratura de parte do componente inferior. O paciente continuou usando o aparelho mesmo fraturado, e um fragmento foi engolido durante o sono. A parte fraturada precisou ser removida por meio de uma endoscopia2.

Aspiração de componentes do aparelho ortodôntico REVISÃO DE LITERATURA A aspiração acidental, tanto de objetos orgânicos como de inorgânicos, continua sendo uma das principais causas de morbidade e mortalidade infantil, e tal situação requer o pronto reconhecimento e rápido atendimento, para minimizar as chances de consequências mais graves7. Estudos na área médica relatam que a aspiração de objetos não é um evento raro, principalmente nas faixas etárias mais jovens8. Na avaliação da ingestão acidental de corpos estranhos durante o atendimento odontológico, a ocorrência mais comum é a ingestão de restaurações e próteses; porém, há diversos relatos de acidentes com pacientes em tratamento ortodôntico, que representam menos de 10% dos casos registrados9.

A aspiração de componentes odontológicos é um acidente bastante raro, porém com grande potencial de gravidade. Em estudo sobre deglutição e aspiração acidental durante procedimentos odontológicos, realizado no Tokyo Dental College, num período de aproximadamente um ano, não foi observado nenhum caso de aspiração de corpo estranho durante o atendimento odontológico9. De acordo com Hill e Rubel18, todos os pacientes que aspiraram objetos de origem odontológica precisaram ser hospitalizados, e o conhecimento do dentista sobre o que fazer nessa situação é extremamente importante, tanto no aspecto médico quanto no legal. Laureano Filho, Godoy e O’Ryan19 descreveram a aspiração de um componente do aparelho ortodôntico durante uma cirurgia ortognática. O tubo colado no segundo molar superior se

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):64-70

65


ARTIGO INÉDITO

Prevenção e conduta diante da ingestão e deglutição acidental de componentes dos aparelhos ortodônticos

Manobra de Heimlich A Manobra de Heimlich foi descrita em 1974 por Henry Heimlich, sendo reconhecida pela Cruz Vermelha e difundida mundialmente. A técnica consiste em se induzir uma tosse artificial que expele o objeto que esteja bloqueando a respiração da vítima, pois a pressão exercida pela mão sobre o final do diafragma comprime os pulmões e empurra o objeto estranho para fora da traqueia29. Para executar a manobra, deve-se avisar o paciente que tentaremos desengasgá-lo. O profissional se posiciona por detrás do paciente e inclina o tronco desse levemente para a frente. Com o punho de uma das mãos fechado, coloca-se o braço ao redor do paciente e agarra-se o punho fechado com a outra

mão, na altura entre o umbigo e o osso esterno do tórax. Faz-se, então, um movimento rápido e forte para dentro e para cima quantas vezes forem necessárias (Fig. 6). A autora alerta que, antes de se realizar qualquer procedimento, deve-se chamar ajuda especializada por meio do telefone de emergências 193.

CONCLUSÃO Dessa forma, considerando-se os diversos casos de deglutição de componentes utilizados no tratamento ortodôntico relatados na literatura e suas possíveis consequências, é importante o ortodontista se manter atualizado para prevenir esses acidentes, bem como atuar corretamente caso ocorram tais situações.

Referências 1. Comparin R, Comparin E, Comparin ECI, Ito P. Deglutição acidental em ortodontia. Rev Clín Ortod Dental Press. 2010;9(4):58-63. 2. Rohida NS, Bhad WA. Accidental ingestion of a fractured Twin-block appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011;139(1):123-5. 3. Tripathi T, Rai P, Singh H. Foreign body ingestion of orthodontic origin. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011;139(2):279-83. 4. Umesan UK, Ahmad W, Balakrishnan P. Laryngeal impaction of an archwire segment after accidental ingestion during orthodontic adjustment. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012;142(2):264-8. 5. Lau G, Kulkarni N, Roberts GK, Brock-Utne J. “Where are my teeth?” A case of unnoticed ingestion of a dislodged fixed partial denture. Anest Analg. 2009;109(3):836-8. 6. Tihan D, Trabulus D, Altunkaya A, Karaca S, Cihan A, Alif H. Esophageal perforation due to inadvertent swallowing of a dental prosthesis. Turk J Gastroenterol. 2011;22(5):529-33. 7. Passali D, Lauriello M, Bellussi L, Passali GC, Passali FM, Gregori D. Foreign body inhalation in children: an update. Acta Otothinolaryngol Ital. 2010;30(1):27-32. 8. Souza STEV, Ribeiro VS, Menezes Filho JM, Santos AM, Barbieri MA, Figueiredo Neto JA. Aspiração de corpo estranho por menores de 15 anos: experiência de um centro de referência do Brasil. J Bras Pneumol. 2009;35(7): 653-9. 9. Hisanaga R, Hagita K, Nojima K, Katakura A, Morinaga K, Ichinohe T, et al. Survey of accidental ingestion and aspiration at Tokyo Dental College Chiba Hospital. Bull Tokyo Dental Coll. 2010;51(2):95-101. 10. Hinckle FG. Ingested retainer: a case report. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1987;92(1):46-9. 11. Lee BW. Case report: swallowed piece of archwire. Aust Orthod J. 1992;12(3):169-70. 12. Milton TM, Hearing SD, Ireland AJ. Ingested foreign bodies associated with orthodontic treatment: report of three cases and review of ingestion/aspiration incident management. Br Dent J. 2001;11(9):592-6. 13. Al-Wahadni A, Al Hamad KQ, Al-Tarawned A. Foreign body ingestion in dentistry: a review of the literature and reports of three cases. Dent Update. 2006;33(9):561-70. 14. Sfondrini MF, Cacciafesta V, Lena A. Accidental ingestion of a rapid palatal expander. J Clin Orthod. 2003;37(4):201-2. 15. Abdel-Kader HM. Broken orthodontic trans-palatal bar archwire stuck to the throat of orthodontic patient: is it strange? J Orthod. 2003;30(1):11. 16. Allwork JJ, Edwards IR, Welch IM. Ingestion of a quadhelix appliance requiring surgical removal: a case report. J Orthod. 2007;34(3):154-7. 17. Monini AC, Maia LGM, Jacob HB, Gandini Jr LG. Accidental swallowing of orthodontic expansion appliance key. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2011;140(2):266-8.

70

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):64-70

18. Hill EE, Rubel B. A practical review of prevention and management of ingested/aspirated dental itens. Gen Dent. 2008;56(7):691-4. 19. Laureano Filho JR, Godoy F, O’Ryan F. Orthodontic bracket lost in the airway during orthognathic surgery. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;134(1):288-90. 20. Campbell SG, Etsell G. Dental braces as a cause of airway obstruction. CJEM. 2009; 11(6):214-5. 21. Tanaka O, Orellana B, Ribeiro G. Detalhes singulares nos procedimentos operacionais da disjunção palatina. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2004;9(4):98-107. 22. Wenger NA, Atack NF, Mitchell CN, Ireland AJ. Peri-operative second molar tube failure during orthognathic surgery: two cases reports. J Orthod. 2007;34(2):75-9. 23. Umesan KU, Chua KL, Balakrishnan P. Prevention and management of accidental foreign body ingestion and aspiration in orthodontic practice. Ther Clin Risk Manag. 2012; 8:245-52. 24. Bilder L, Hazan-Molina H, Aizenbud D. Medical emergencies in a dental office: inhalation and ingestions of orthodontic objects. J Am Dent Assoc. 2011;142(1):45-52. 25. Sheridan A. Readers’ forum. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;135(1):5. 26. Ramos AR, Sakima M. Barra palatina. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2000;5(1):75-100. 27. Choi B, Li J, Kim H, Ko C, Jeong S, Xuan F, Lee S. Ingestion of orthodontic anchorage screws: an experimental study in dogs. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(2):767-8. 28. Silva EL. Avaliação do nível de conhecimento do uso de protocolos de urgência e/ou emergência médica na clínica odontológica [dissertação]. Belém (PA): Universidade Federal do Pará; 2006. 29. Santos TAP. Manobra de Heimlich. Disponível em: http://maesso.wordpress. com/2011/09/13/. Acesso em: 28 set. 2012.

Endereço para correspondência Cesar Augusto Rodenbusch Poletto Rua Rubens de Almeira, 75 – Coral – Lages/SC CEP: 88.523-180 – E-mail: cesarpoletto2@gmail.com


Dr. LeopoLdino CapeLozza

em Fortaleza 22 e 23 de agosto | Hotel Luzeiros

informações e inscrições 85. 3257 8880 | 3257.8008 Neide 85. 3242 5252 | 3242.3036 rafaelle


artigo inédito

Estratégias de comunicação e o código de ética odontológica Communication strategies and the dental code of ethics

Marcelo Afonso Machado* Eduardo Daruge** Luiz Renato paranhos***

Abstract

Resumo A comunicação e a divulgação em Odontologia são reguladas pelo Código de Ética Odontológica, editado pelo Conselho Federal de Odontologia. A adoção pelos cirurgiões-dentistas de técnicas e estratégias de propaganda oriundas de outros mercados, muitas vezes, implica em infrações éticas. Esse trabalho irá analisar as mudanças implementadas pelo novo Código de Ética Odontológica, vigente a partir de 01/01/2013, em especial nos artigos que tratam da comunicação, focan-

do os anúncios e publicidades permitidas, esclarecendo as situações que são consideradas infrações éticas. O cirurgião-dentista que comete alguma infração do código de ética está sujeito a penas que variam da advertência até a cassação do direito de exercer a Odontologia. O comportamento dos cirurgiões-dentistas e das pessoas jurídicas que exercem a Odontologia deve ser no sentido de evitar a mercantilização, zelando pelo bom prestígio e conceito da profissão.

the situations considered as ethical infractions. The dentist who commits any breach of the code of ethics is subjected to penalties that vary from warning to revocation of the right to practice dentistry. The behavior of dentists and legal entities engaged in dentistry should be directed to avoid commodification whilst caring for the good concept and prestige of the profession.

Palavras-chave: Legislação odontológica. Ortodontia. Ética odontológica.

Keywords: Dental ethics. Orthodontics. Dentistry.

Como citar este artigo: Machado MA, Daruge E, Paranhos LR. Estratégias de comunicação e o código de ética odontológica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):72-6.

* Mestrando em Odontologia Legal, FOP/UNICAMP. ** Professor Titular, Odontologia Legal, FOP/UNICAMP. *** Professor, Programa de Pós-graduação, USC.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

72

The communication and advertisement in the Brazilian Dentistry are regulated by the Dental Code of Ethics, edited by the Federal Council of Dentistry. The adoption by dentists of techniques and advertising strategies from other markets frequently involves ethical violations. This study will analyze the changes implemented by the new Dental Code of Ethics, effective since January 1st, 2013, especially in the articles dealing with the communication, focusing the advertisements allowed and clarifying

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):72-6


Machado MA, Daruge E, Paranhos LR

Introdução

ser anunciadas e quais modalidades de publicidade podem ser realizadas, utilizando para isso o CEO7. O Quadro 1 relaciona as informações obrigatórias e opcionais nos anúncios em Odontologia, de acordo com o novo Código de Ética Odontológica. No tocante às formas de anúncio é que surgem os grandes dilemas éticos. O dinâmico mercado da publicidade está sempre criando novas formas de anunciar produtos e serviços. Assim, em relação à manutenção da ética, os desafios são cada vez maiores, exigindo mudanças constantes nos Códigos de Ética, educação continuada de todos os profissionais ligados à Odontologia e punição exemplar àqueles que cometerem infrações.

A comunicação em Odontologia sempre foi um tema que suscitou calorosas discussões entre profissionais e entidades de classe. O aumento do número de faculdades de Odontologia, a tendência à formação cada vez mais tecnicista dos cirurgiões-dentistas e o distanciamento da realidade social da população são fatores que contribuem para o aumento da concorrência no mercado de trabalho odontológico1. No intuito de se sobressair dentre os demais num mercado tão competitivo, frequentemente o cirurgião-dentista (CD) se vê atraído pelas técnicas e estratégias de marketing de outros mercados2 e se utiliza dessas para tentar atrair mais clientes, como, por exemplo, com anúncios em sites de compras coletivas. Ao adotar essas práticas mercantilistas, INFRAÇÕES PREVISTAS NO CÓDIGO DE ÉTICA muitas vezes o profissional incorre em algum tipo de infração das normas éticas da profissão. O capítulo XVI do CEO estabelece que os aspectos relaAnteriormente, Ortodontia e Prótese eram as especia- tivos à “comunicação e a divulgação” em Odontologia, bem lidades que mais sofriam processos éticos junto aos con- como “os anúncios, a propaganda e a publicidade”, “poderão selhos regionais3. No entanto, um trabalho recente mos- ser feitos desde que obedecidos os preceitos deste Código”. trou a queda da Ortodontia, a manutenção da Prótese e o Dessa forma, estão sujeitos a essas normas “todos aqueles aparecimento da Implantodontia como as especialidades que exerçam a Odontologia, ainda que de forma indireta, semais acionadas 4. jam pessoas físicas ou jurídicas, tais como: clínicas, policlínicas, Para orientar o CD em como realizar a divulgação de seus operadoras de planos de assistência à saúde, convênios de serviços de maneira adequada, os anúncios, as propagandas qualquer forma, credenciamentos ou quaisquer outras entie a publicidade em Odontologia estão disciplinadas pelo Có- dades”. É considerada infração ética praticar, permitir ou se digo de Ética Odontológica (CEO)5. Com o intuito de regu- beneficiar de propaganda irregular ou em desacordo com lar as estratégias de comunicação utilizadas atualmente, um CEO — ainda que o profissional não tenha sido o responsável novo código6 foi aprovado pela resolução nº 118 do Conselho direto pela publicidade. Assim, mesmo que um profissional Federal de Odontologia, em 11/05/2012, que passou a valer não seja o dono ou o responsável técnico por uma clínica que a partir de 01/01/2013. Dessa forma, esse trabalho analisou cometeu irregularidade, responderá perante o CRO. as mudanças implementadas por esse novo Código de Ética, em especial nos Informações obrigatórias Informações opcionais artigos que tratam da comunicação, fo• Áreas de atuação dentro das cando os anúncios e publicidades permi• Nome.* especialidades. tidas, esclarecendo as situações que são • Número de inscrição da pessoa física ou • Especialidades com registro no Conselho consideradas infrações éticas. jurídica junto ao Conselho Regional. Regional.

COMUNICAÇÃO EM ODONTOLOGIA E O MERCADO Atualmente, o mercado oferece diversas formas para os CDs divulgarem seus serviços. No entanto, para que a profissão mantenha o bom conceito e o prestígio que ora possui, é papel do CFO definir as informações que podem

• Expressão “cirurgião-dentista” – referente ao nome representativo da profissão.

• Títulos de formação acadêmica stricto sensu e do magistério relativos à profissão.

• No caso de pessoas jurídicas, deve-se também colocar o nome e o número de inscrição do responsável técnico.

• Endereço, telefone, fax, endereço eletrônico, horário de trabalho, convênios, credenciamentos e atendimento domiciliar e hospitalar. • Logomarca e/ou logotipo. • Expressão “Clínico Geral”.

Quadro 1 Informações obrigatórias e opcionais nos anúncios em Odontologia. É importante salientar que essas informações são atinentes a tanto pessoas físicas quanto jurídicas, ou seja, de qualquer natureza. * Aconselhável colocar, preferencialmente, o nome completo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):72-6

73


artigo inédito

Estratégias de comunicação e o código de ética odontológica

trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Odontologia e pelo prestígio e bom conceito da profissão”. Já o art. 13 afirma ser infração ética “criticar erro técnico-científico de colega ausente, salvo por meio de representação ao CRO”. Da mesma forma, é considerado infração induzir a opinião pública a acreditar que determinados tipos de tratamento odontológico são exclusivos do profissional. Portanto, aquele profissional que veicula publicidade afirmando ter “os melhores tratamentos” ou “tratamentos exclusivos” está cometendo infração ética.

Penalidades O CD que comete a infração das determinações do código referentes à comunicação, mesmo que seja de forma indireta e omissa, está sujeito às penalidades. Essas dependem da ocorrência de uma denúncia e da abertura de um processo ético, e podem variar desde uma advertência confidencial, passando pela suspensão do exercício profissional por até 30 dias, podendo chegar até à cassação do direito de exercer a Odontologia. O que vai determinar o tipo da pena é a gravidade da infração. O novo código de ética, no capítulo que trata da comunicação e divulgação, descreve como prática de extrema gravidade a oferta de “serviços odontológicos de forma abusiva, enganosa, imoral ou ilegal” e a oferta de “serviços odontológicos em sites de compras coletivas ou similares”.

Considerações Finais O exercício da Odontologia e de suas especialidades requer um comportamento exemplar daqueles que se propõem a fazê-lo. As oportunidades que o mercado da propaganda oferece são muitas, mas o CD deve ter em mente que também é seu dever cumprir os preceitos éticos e legais da profissão: “Abster-se da prática de atos que impliquem mercantilização da Odontologia ou sua má conceituação” (art. 9º). É papel dos conselhos regionais atualizar o Código de Ética à medida que as mudanças no mercado e na sociedade exigirem. A disponibilização de um Código de Ética comentado poderia facilitar o entendimento da classe odontológica sobre os temas discutidos nesse Código16. Ainda, uma classe unida, amistosa e cumpridora das normas que ela mesmo instituiu passa à sociedade uma imagem de uma profissão respeitosa e condizente com o papel que a Odontologia merece ter hoje, enquanto profissão de saúde.

76

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):72-6

Referências 1. Oliveira FT, Sales Peres A, Sales Peres SHC, Yarid SD, Silva RHA. Ética odontológica: conhecimento de acadêmicos e cirurgiões-dentistas sobre os aspectos éticos da profissão. Rev Odontol UNESP. 2008;37(1):33-9. 2. Lages LHR, Neves LS, Viotto FRS, Benedicto EM, Paranhos LR. Marketing na clínica ortodôntica. Ortodontia SPO. 2011;44(3):263-72. 3. Franco EL. Levantamento dos processos éticos no CRO-GO no período 2000/2005. [monografia] Piracicaba (SP): Universidade de Campinas; 2006. 4. Oliveira OF, Kairalla AS, Kairalla RA, Torres FC, Paranhos LR. Perfil das denúncias éticas realizadas ao Conselho Regional de Odontologia - uma reflexão. Rev Assoc Paul Cir Dent. 2011;65(2):142-4. 5. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Resolução 71/2006, de 06 de junho de 2006: Altera a redação do Capítulo XIV do Código de Ética Odontológica. Disponível em: http://www.cfo.org.br. 6. Brasil. Conselho Federal de Odontologia Resolução 118/2012, de 11 de maio de 2012: Revoga o Código de Ética Odontológica aprovado pela Resolução CFO-42/2003 e aprova outro em substituição. Disponível em: http://www.cfo.org.br. 7. Brasil. Lei nº 4.324, de 14 de abril de 1964. Institui o Conselho Federal e os Conselhos Regionais de Odontologia, e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF [Acesso 2012 Dez 19]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ leis/1950-1969/L4324.htm. 8. França BHS. Alterações e comentários ao novo código de ética odontológica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012;11(5):18-21. 9. Brasil. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Diário Oficial da União, Brasília, DF [Acesso 2012 Ago 10]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8078.htm. 10. Garbin AJI, Orenha ES, Garbin CAS, Gonçalves PE. Publicidade em odontologia: avaliação dos aspectos éticos envolvidos. RGO: Rev Gaúch Odontol. 2010;58(1):85-9. 11. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Resolução 63/2005, 08 de abril de 2005: Aprova a Consolidação das Normas para Procedimentos nos Conselhos de Odontologia. Disponível em: http://www.cfo.org.br. 12. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Resolução 51/2004, 30 de abril de 2004: Baixa normas para habilitação do CD na aplicação da analgesia relativa ou sedação consciente, com óxido nitroso. Disponível em: http://www.cfo.org.br. 13. Brasil. Conselho Federal de Odontologia. Resolução 82/2008, 25 de setembro de 2008: Reconhece e regulamenta o uso pelo cirurgião-dentista de práticas integrativas e complementares à saúde bucal. Disponível em: http://www.cfo.org.br. 14. Oliveira NMR, Oliveira MT, Furtado A. Análise da natureza da responsabilidade civil do ortodontista e seu impacto na prática da especialidade. Rev Bras Odontol. 2011;68(2):260-3. 15. Fernandes MM, Oliveira MR, Oliveira OF, Paranhos LR, Daruge Júnior E. Veiculação de publicidade irregular relacionada a um cartão de descontos em Odontologia: relato de caso. Rev Facul Odontol UFP. 2012;17(1):86-90. 16. Garcia SJ, Caetano JC. O código de ética odontológica e suas infrações: um estudo sobre os processos ético-profissionais dos cirurgiões dentistas do estado de Santa Catarina. Odontol Clín Científ. 2008;7(4):307-13.

Endereço para correspondência Luiz Renato Paranhos Rua Padre Roque, 958 – CEP: 13.800-033 – Mogi Mirim/SP E-mail: paranhos@ortodontista.com.br



caso clínico

Sliding Jig modificado apoiado em mini-implante: uma nova opção para mesialização de molares superiores Mini-implant supported modified Sliding Jig: A new option for mesial movement of maxillary molars Matheus Melo Pithon*

Abstract

Resumo O objetivo desse artigo foi descrever o caso clínico de uma paciente com agenesia de segundo pré-molar superior tratada com mesialização do molar superior usando Sliding Jig apoiado em mini-implante.

Os resultados obtidos com essa mecânica foram considerados favoráveis, uma vez que se conseguiu movimento de translação com uma boa oclusão final, sem a ocorrência de efeitos indesejáveis.

Palavras-chave: Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Ortodontia Corretiva. Movimentação dentária.

The objective of this article was to describe the clinical case of a patient with agenesis of second premolar treated with mesial movement of maxillary molars using a mini-implant supported Sliding Jig. The results obtained

with this mechanics were very favorable considering that it was possible a translatory movement and a good final occlusion without the occurrence of undesired effects.

Keywords: Orthodontic anchorage procedures. Corrective orthodontics. Tooth movement.

Como citar este artigo: Pithon MM. Sliding Jig modificado apoiado em mini-implante: » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação uma nova opção para mesialização de molares superiores. Rev Clín Ortod Dental Press. de suas fotografias faciais e intrabucais. 2013 abr-maio;12(2):78-82. » O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

78

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):78-82

* Professor de Ortodontia, UESB.


Pithon MM

Introdução Uma situação clínica comum nos consultórios ortodônticos é a necessidade de mesialização de dentes superiores, visando fechar espaços decorrentes de perdas prematuras de dentes permanentes ou em casos de agenesias dentárias1. O fechamento desses espaços requer do ortodontista um correto controle da ancoragem, haja vista que, quando as perdas são unilaterais, efeitos indesejáveis podem ocorrer, como desvio da linha média, inclinações dentária acentuadas com consequente dano estético e funcional, com a perda das relações oclusais entre as arcadas superior e inferior2. Com o surgimento dos mini-implantes, muitos desses problemas puderam ser resolvidos, já que os mini-implantes favorecem um correto controle da ancoragem3,4,5. Entretanto, a ancoragem não é o único problema envolvido nessas situações clínicas. Os conceitos físicos e mecânicos que envolvem esse procedimento não podem ser descartados, como por exemplo a coincidência da linha de ação da força com o centro de resistência dos dentes que serão movimentados, uma vez que, para que ocorra movimento de translação, é preciso essa coincidência6. Então, como é possível obter um movimento essencialmente de translação quando se utiliza mini-implantes? Em resposta a essa pergunta, a proposta do autor com o presente artigo é relatar um novo método de mesialização de dentes superiores com maior efetividade, com o uso de Sliding Jig associado a mini-implante.

Relato dE Caso Clínico Paciente de 17 anos de idade, veio ao consultório ortodôntico, encaminhada por seu implantodontista, para correção ortodôntica previamente à instalação de implante osseointegrável. Ao exame intrabucal, a paciente apresentava

má oclusão de Classe I com agenesia do segundo pré-molar superior direito (#15). A paciente relatou incômodo com a estética dentária e a vontade de não colocar implante osseointegrável para substituir o elemento 15 ausente (Fig. 1, 2). O primeiro molar decíduo apresentava-se no local. Partindo das avaliações clínica, cefalométrica, radiográfica e de modelos ortodônticos e da vontade da paciente, optou-se pela mesialização dos molares superiores do lado direito usando mini-implantes como recurso de ancoragem. Inicialmente, montou-se o aparelho ortodôntico fixo de 0,022” x 0,030”, seguindo a técnica Edgewise Standard. Após alinhamento e nivelamento dentário com arcos de aço de 0,012”; 0,016”; 0,020” e 0,019” x 0,025”, solicitou-se exodontia do segundo molar superior decíduo (#55). Na sequência, instalou-se mini-implante ortodôntico no espaço da extração e iniciou-se mesialização do primeiro molar superior com auxílio de Sliding Jig modificado (fio de aço 0,032”) (Fig. 3). Quando mesializado cerca de 3mm, necessitou-se que o mini-implante fosse reposicionado para o espaço entre o canino e primeiro pré-molar (Fig. 4). Finalizada a mesialização do primeiro molar (Fig. 5), iniciou-se a do segundo molar. Nessa fase não foi mais possível utilizar o Sliding Jig, por se tratar do último dente da arcada; por isso, soldou-se um gancho no tubo triplo do acessório soldado à banda desse molar. Esse gancho serviu de apoio para o elástico que estava apoiado ao mini-implante e possibilitou coincidência da linha de ação da força com o centro de resistência do segundo molar (Fig. 6). Cerca de 12 meses após o início da mesialização, os molares já haviam sido mesializados, iniciando-se, assim, a finalização do caso ortodôntico com arco de 0,019” x 0,026”. Durante essa etapa realizou-se ajuste na superfície oclusal para melhor encaixe dos molares superiores com os dentes inferiores. Na sequência, o aparelho ortodôntico fixo foi removido, seguido da instalação de placa de contenção superior tipo wraparound e barra 3x3 na arcada inferior (Fig. 7, 8).

Figura 1 Fotografias intrabucais iniciais.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):78-82

79


Caso Clínico

Sliding Jig modificado apoiado em mini-implante: uma nova opção para mesialização de molares superiores

Discussão

Referências

A proposta do autor com esse artigo foi relatar um novo método, ainda não descrito na literatura, para mesialização de molares superiores em um caso de agenesia de pré-molar superior. Com o advento dos mini-implantes, esse tipo de movimento foi facilitado; no entanto, o método de transferir a força do mini-implante ao dente em questão não é efetivo, levando, em muitas ocasiões, a movimentos indesejáveis em decorrência da não coincidência da linha de ação da força ao centro de resistência do dente. Encontra-se na literatura uma infinidade de métodos para mesializar molares para espaços edêntulos7,8. O método mais comumente divulgado é apoiar o elástico vindo do mini-implante diretamente no acessório do dente. Esse método promove movimento de mesialização, juntamente com inclinação do dente para mesial, em virtude da não coincidência da linha de ação da força com o centro de resistência do dente, como já citado anteriormente9,10. Faber e Velasque11 utilizaram miniplaca como ancoragem, associada a arco segmentado, para mesializar molares superiores em um caso também de agenesia de segundo pré-molar superior direito. Os resultados alcançados foram excelentes, entretanto, a instalação da miniplaca necessita de um procedimento mais invasivo do que a instalação de mini-implante, como no caso aqui relatado. A utilização do Sliding Jig proporcionou a coincidência da linha de ação da força com o centro de resistência do dente, além de que, à medida que o dente ia se movimentando, o Sliding Jig também se movimentava. O Sliding Jig é um acessório fácil de ser confeccionado, exigindo poucos minutos para sua confecção.

1. Jha P, Jha M. Management of congenitally missing second premolars in a growing child. J Conserv Dent. 2012;15:187-90. 2. Wang XL, Xu BH, Liang W, Wang SY, Liu C. A 3-dimensional finite element analysis of displacement of maxillary first molar on mesial movement in lingual orthodontics. Shanghai Kou Qiang Yi Xue. 2008;17:175-9. 3. Kanomi R. Mini-implant for orthodontic anchorage. J Clin Orthod. 1997;31(11):763-7. 4. Pithon MM, Nojima MG, Nojima LI. In vitro evaluation of insertion and removal torques of orthodontic mini-implants. Int J Oral Maxillofac Surg. 2011;40(1):80-5. 5. Pithon MM, Nojima MG, Nojima LI. Primary stability of orthodontic mini-implants inserted into maxilla and mandible of swine. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2012;113(6):748-54. 6. Goldberg M. The biomechanics of tooth movement with Begg. Int J Orthod. 1972;10(4)115-24. 7. Williams M, Gurman M, Portnof JE, Gershenson P, Badner V. Use of temporary anchorage devices in regaining lost interocclusal space. Case series. NY State Dent J. 2012;78(2):31-5. 8. Kojima Y, Fukui H. Effects of transpalatal arch on molar movement produced by mesial force: a finite element simulation. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008; 134(3):335.e1-7; discussion 335-6. 9. Nagaraj K, Upadhyay M, Yadav S. Titanium screw anchorage for protraction of mandibular second molars into first molar extraction sites. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;134(4):583-91. 10. Breuning KH. Correction of a Class III malocclusion with over 20 mm of space to close in the maxilla by using miniscrews for extra anchorage. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008;133(3):459-69. 11. Faber J, Velasque F. Titanium miniplate as anchorage to close a premolar space by means of mesial movement of the maxillary molars. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(4):587-95.

Conclusão Pode-se concluir com o presente caso clínico que a associação de Sliding Jig com mini-implante é um bom método para casos de mesialização de dentes superiores em pacientes com agenesias dentárias.

Endereço para correspondência Matheus Melo Pithon Av. Otávio Santos, 395 – Sala 705 – Vitória da Conquista/BA CEP: 45.020-750 – E-mail: matheuspithon@gmail.com

82

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):78-82



caso clínico

Utilização dos mini-implantes ortodônticos como elemento protético e de ancoragem em casos de agenesia dos incisivos laterais superiores permanentes Orthodontic mini-screws used as prosthetic element and anchorage in cases of agenesis of permanent lateral maxillary incisors

Célia Regina Maio Pinzan-Vercelino* Júlio de Araújo Gurgel** Fausto Silva Bramante* Fabrício Viana Pereira Lima*** Murilo Gaby Neves*** Alan Betiol Vercelino****

Abstract

Resumo Para a adequação de espaços edêntulos, principalmente na região anterior das arcadas dentárias, torna-se importante minimizar os efeitos colaterais nas unidades de ancoragem durante a movimentação ortodôntica e, concomitantemente, promover a estética e função ao longo

do tratamento. O objetivo desse trabalho é apresentar a versatilidade dos mini-implantes em atender a esses objetivos, por meio de um caso clínico com agenesia dos incisivos laterais superiores permanentes, em que a estratégia terapêutica envolveu a reposição protética na área.

to demonstrate the versatility of mini-implants in fulfilling these goals through a case with agenesis of the permanent lateral maxillary incisors in which the therapeutic strategy involving the prosthetic replacement in the area.

Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Implantes dentários.

Keywords: Corrective orthodontics. Orthodontic anchorage procedures. Dental implants.

Como citar este artigo: Pinzan-Vercelino CRM, Gurgel JA, Bramante FS, Lima FVP, Neves MG, Vercelino AB. Utilização dos mini-implantes ortodônticos como elemento protético e de ancoragem em casos de agenesia dos incisivos laterais superiores permanentes. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):84-91.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

84

While adjusting edentulous spaces, especially when located in the anterior region of the dental arch, it is important to minimize the side effects in the anchorage units during orthodontic movement and hence preserve the esthetics and function throughout the treatment. The aim of this paper is

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):84-91

* Doutor em Ortodontia, FOB/USP. Professor, curso de Mestrado em Ortodontia, Universidade CEUMA. ** Professor, curso de Mestrado em Ortodontia, Universidade CEUMA. Professor Assistente, UNESP. Doutor em Ortodontia, FOB/USP. *** Mestrando em Ortodontia, Universidade CEUMA. **** Especialista em Periodontia, APCD.


Pinzan-Vercelino CRM, Gurgel JA, Bramante FS, Lima FVP, Neves MG, Vercelino AB

Introdução Frequentemente, a ausência de dentes ocasiona a angulação da coroa e/ou raiz dos dentes adjacentes em direção ao espaço edêntulo, com consequente diminuição do perímetro da arcada e/ou do espaço inter-radicular. A reabilitação por meio de implantes protéticos tem sido a restauração de escolha para a maioria dos casos, pois trata-se de um tratamento pouco invasivo, que atende aos objetivos estéticos e funcionais necessários. Entretanto, para a instalação dos implantes, a angulação dos dentes adjacentes é indesejável e, muitas vezes, o espaço não é suficiente ou até mesmo não se encontra bem distribuído para essa finalidade, e, portanto, diversos pacientes são encaminhados à Ortodontia previamente ao tratamento reabilitador1-4. A adequação dos espaços para a reabilitação protética na região anterior da arcada constitui-se em um desafio para o ortodontista, pois, além da mecanoterapia adequada, o profissional precisa estar atento para preservar a estética nessa região durante o tratamento. As placas removíveis com dentes de acrílico constituem-se em uma das opções, entretanto, geralmente, não são bem aceitas pelos pacientes devido às possíveis interferências na fala e, principalmente, devido à exposição do espaço edêntulo quando a placa é removida para alimentação ou mesmo para a higienização. Dentes de estoque fixados à arcada dentária, ao fio ortodôntico ou a um arco lingual também podem ser considerados, porém, assim como as placas removíveis, são incapazes de manter o contorno gengival e a espessura óssea na região edêntula. Ressalta-se que a preservação do osso nessa região merece atenção, principalmente quando o paciente encontra-se em fase de crescimento, quando é necessário aguardar até a idade adulta para o tratamento reabilitador de prótese sobre implante5. Além das questões estéticas, o profissional deve estar atento aos possíveis efeitos colaterais indesejados nos dentes que servirão de apoio para a movimentação dentária. A fonte primária de ancoragem em Ortodontia sempre foram os dentes6. Apoiam-se em dentes de maior volume e implantação óssea ou em maior número de dentes para exercer determinada força em outros dentes6. Com a evolução da Ortodontia, a fim de controlar a perda de ancoragem durante o tratamento ortodôntico, foi introduzida a ancoragem esquelética7, obtida por meio da utilização dos mini-implantes. Desde então, esse acessório vem se tornando rotina na clínica ortodôntica. Os mini-implantes apresentam adequada biocompatibilidade e podem ser facilmente inseridos e, portanto, tornaram-se dispositivos de muita validade no auxílio à ancoragem para diferentes tipos de movimentos ortodônticos, podendo ser instalados em diferentes regiões da cavidade bucal8.

Apesar de serem utilizados principalmente no sentido horizontal, observa-se o uso dos mini-implantes também no sentido vertical para verticalização de molares9, distalização de molares superiores10 e, recentemente, inseridos no rebordo alveolar como apoio para coroas provisórias11,12,13. Os implantes mais comuns apresentam retenções em suas cabeças, favorecendo a instalação de coroas provisórias para a restauração estética, quando utilizados na região anterior das arcadas dentárias. Assim, a utilização do conjunto mini-implante/provisório, ao mesmo tempo em que atua como ancoragem, favorece a estética, mantém o espaço interdentário e, também, o tecido ósseo da região13. Esse método de uso do mini-implante pode ser proposto tanto na ausência de dentes na região anterior13, como na posterior14 da arcada. Em virtude da versatilidade do uso dos mini-implantes, esse artigo tem como objetivo apresentar a utilização do conjunto mini-implante/provisório como elemento estético provisório e de ancoragem para o movimento ortodôntico dos dentes adjacentes ao espaço edêntulo.

CASO CLÍNICO Aos 20 anos e 4 meses de idade, a paciente foi encaminhada pelo implantodontista para a adequação dos espaços nas regiões das agenesias dos incisivos laterais superiores. Havia a necessidade de correção das angulações do incisivo central direito e do canino direito e a obtenção de espaço na região do incisivo lateral superior esquerdo. Na anamnese, a paciente relatou que já havia sido submetida a tratamento ortodôntico prévio e, desde a finalização, encontrava-se usando, de forma contínua, uma placa de Hawley com dentes provisórios nas regiões edêntulas. A maior preocupação da paciente estava na preservação da estética na região anterior da arcada durante o tratamento ortodôntico. Ao exame clínico, constatou-se uma relação de ¼ de Classe II, subdivisão, na região dos caninos e de Classe I bilateral de molares, diastema interincisivos centrais superiores e ligeiro desvio da linha média superior (Fig. 1). O palato encontrava-se extremamente avermelhado (Fig. 1D) em função do uso contínuo da Hawley, inclusive durante a alimentação. A radiografia panorâmica evidenciou as angulações incorretas do incisivo central superior e do canino do lado direito e a falta de espaço intercoronário e inter-radicular para a reabilitação protética do incisivo lateral superior esquerdo (Fig. 2). Cefalometricamente, a paciente apresentava uma relação desfavorável entre as bases ósseas, com ligeira predominância de padrão de crescimento vertical. Os incisivos superiores encontravam-se acentuadamente verticalizados e retruídos, e os incisivos inferiores bem posicionados (Fig. 3 e Tab 1).

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):84-91

85


Caso Clínico

Utilização dos mini-implantes ortodônticos como elemento protético e de ancoragem em casos de agenesia dos incisivos laterais superiores permanentes

DISCUSSÃO Embora a correção da angulação dos dentes possa ser realizada por meio de dobras ou alças, o uso de mini-implantes inseridos verticalmente no rebordo alveolar simplifica a mecânica, principalmente devido ao fato de minimizar a ocorrência de efeitos colaterais indesejáveis nas unidades de ancoragem. Observa-se que a ancoragem fornecida pelo provisório auxilia na correção da angulação da raiz já na primeira fase do tratamento ortodôntico, ou seja, durante o alinhamento e nivelamento dentário, contribuindo para uma diminuição do tempo de tratamento. A instalação de mini-implantes posicionados verticalmente no rebordo alveolar de regiões edêntulas na porção anterior da arcada apresenta como principal vantagem sua atuação como ancoragem, ao mesmo tempo em que promove estética, conforto na fonação, alimentação e higienização. Além disso, esse tipo de tratamento promove a preservação e o estímulo para manutenção do tecido ósseo da região alveolar13, e os implantes protéticos podem ser instalados imediatamente após a remoção dos mini-implantes. Preferencialmente, o mini-implante deve ser inserido na porção palatina da mucosa do rebordo alveolar. A maior espessura tecidual da mucosa nessa região reduz a quantidade de inserção do implante no osso e, assim, atualmente recomenda-se o uso de mini-implantes de 10mm, diminuindo a probabilidade de mobilidade dos implantes com menores comprimentos13. Com essa medida de implante, preserva-se a mesma regra aplicada ao tracionamento ortodôntico com finalidade protética, na qual a relação entre o comprimento da coroa e o comprimento de implantação do dente deve ser, no mínimo, de 1:115. O posicionamento do mini-implante na porção mais palatina da mucosa do rebordo alveolar ainda previne a fenestração da cortical, além de favorecer a adaptação do provisório ao contorno gengival. Alerta-se quanto à preferência pela técnica anestésica por bloqueio, em virtude do comprimento de 10mm do implante, evitando-se qualquer desconforto para o paciente durante a instalação dos mini-implantes. Ressalta-se, também, a importância de manter os provisórios sem contato oclusal, tanto em oclusão como durante os movimentos mandibulares de desoclusão. Esse cuidado previne a fratura do implante ou a quebra do dente de estoque. A checagem para eliminar os contatos oclusais pode ser realizada utilizando-se uma fita articular após a adaptação das coroas provisórias na cabeça dos mini-implantes. Também recomenda-se o desgaste das faces proximais dos dentes de estoque, para propiciar espaço para a movimentação dos dentes adjacentes, quando necessário. Os espaços entre

90

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):84-91

as faces interproximais devem ser checados em todas as consultas, para facilitar o movimento ortodôntico de correção da angulação dos dentes. A possibilidade de uso do mini-implante ortodôntico como reabilitador provisório em jovens com agenesia de incisivo lateral superior merece avaliações em longo prazo, para manutenção da regularidade na altura da crista alveolar, mediante a remodelação óssea própria da idade16. As consultas de controle têm por objetivo analisar a necessidade do recontorno cervical dos provisórios e reposicionamento do mini-implante. Como o implante apresenta superfície não tratada, sua estabilidade é apenas primária, permitindo ser desrosqueado a fim de ser reposicionado, prevenindo-se o risco de alteração na altura da crista óssea alveolar em relação aos dentes adjacentes. Ressalta-se que ainda não há evidência científica na literatura sobre a preservação da largura do rebordo alveolar ao longo do tempo. Estudos futuros devem mostrar se a presença do mini-implante no rebordo alveolar favorece a manutenção da altura e largura do rebordo alveolar na área. Os pacientes e/ou seus responsáveis devem ser advertidos, desde o planejamento do caso, em relação à necessidade de realização dos implantes osseointegráveis ao final do tratamento ortodôntico, haja vista que os mini-implantes devem atuar apenas como dispositivos temporários14. A remoção do mini-implante é simultânea à instalação do implante protético. Observa-se que a utilização desse protocolo de tratamento favorece a manutenção do contorno gengival, e o orifício ósseo do mini-implante pode ser utilizado como guia para a inserção do implante protético. Os resultados obtidos no caso clínico apresentado demonstram que a utilização do conjunto mini-implante/provisório favoreceu a estética e, concomitantemente, auxiliou no restabelecimento dos espaços interdentários e na manutenção do tecido ósseo das regiões edêntulas, para posterior instalação dos implantes protéticos. O tratamento executado atendeu às expectativas da paciente, além de proporcionar conforto na fonação, alimentação e facilidade de higienização.

CONCLUSÃO A utilização do conjunto mini-implante/coroa provisória em regiões edêntulas, para a adequação dos espaços intercoronários e inter-radiculares, possibilita a correção da angulação dos dentes adjacentes, proporcionando espaço adequado para a instalação dos implantes protéticos, ao mesmo tempo em que mantém o tecido ósseo alveolar, atua como unidade de ancoragem e promove a estética do sorriso.


Pinzan-Vercelino CRM, Gurgel JA, Bramante FS, Lima FVP, Neves MG, Vercelino AB

Referências 1. Armbruster PC, Gardiner DM, Whitley JB Jr, Flerra J. The congenitally missing maxillary lateral incisor. Part 1: Esthetic judgment of treatment options. World J Orthod. 2005;6(4):369-75. 2. Brough E, Donaldson AN, Naini FB. Canine substitution for missing maxillary lateral incisors: the influence of canine morphology, size, and shade on perceptions of smile attractiveness. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010;138(6):705.e1-9. 3. Kinzer GA, Kokich VO Jr. Managing congenitally missing lateral incisors, part II. Tooth-supported restorations. J Esthet Restor Dent. 2005;17(2):76-84. 4. Gomes R, Buffara W, Rocha SRT, Moro A, Moresca R. Agenesia de incisivos laterias superiores: possibilidades terapêuticas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2010 dez-2011 Jan; 9(6):26-48. 5. Higuchi KW. Orthodontic applications of osseointegrated implants. Hong Kong: Quintessence; 2000. 6. Janson M. A utilização rotineira dos mini-parafusos na clínica ortodôntica. In: Janson M. Ortodontia em adultos e tratamento interdisciplinar. Maringá: Dental Press; 2008. p. 357-405. 7. Creekmore TD, Eklund MK. The possibility of skeletal anchorage. J Clin Orthod. 1983;17(4):266-9. 8. Cornelis MA, Scheffler NR, De Clerck HJ, Tulloch JFC, Nyssen-Behets, C. Systematic review of the experimental use of temporary skeletal anchorage devices in orthodontics. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(4 Suppl):S52-8.

9. Park HS, Kyung HM, Sung JH. A simple method of molar uprighting with microimplant anchorage. J Clin Orthod. 2002;36(10):592-6. 10. Lim SM, Hong RK. Distal movement of maxillary molars using a lever-arm and miniimplant system. Angle Orthod. 2008;78(1):167-75. 11. Ritto AK. Anchorage: Different approaches. In: Nanda R, Uribe FA. Temporary anchorage devices in orthodontics. St Louis: Mosby; 2009. p. 238-59. 12. Bicalho RF, Bicalho JS, Laboissiere M Jr. Use of self-drilling orthodontic miniscrews for temporary rehabilitation of maxillary lateral incisors. ImplantNews. 2010;7(3):389-96. 13. Graham JW. Temporary replacement of maxillary lateral incisors with miniscrews and bonded pontics. J Clin Orthod. 2007;41(6):321-5. 14. Ruellas ACO, Pithon MM. Mini-parafusos ortodônticos como suporte para pônticos de molares: técnica clínica. Rev Clín Ortod Dental Press. 2012;11(2):36-7. 15. Simon JHS. Root extrusion: rationale and techniques. Dental Clin North Am. 1984;28(4):909-21. 16. Carlson G. Changes in contour of the maxillary alveolar process under immediate dentures. Acta Odontol Scand. 1967;25(1):45-75.

Endereço para correspondência Célia Regina Maio Pinzan Vercelino Alameda dos Sabiás, 58 – Boituva/SP – CEP: 18.550-000 E-mail: cepinzan@hotmail.com

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):84-91

91


Lanรงamento dia 24.05.2013 9ยบ Encontro Abzil | Belo Horizonte MG

www.dentalpress.com.br | 0800 600 9818


`

~ ~

~ ~

^


artigo inédito

Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com diferentes resinas ortodônticas Evaluation of shear bond strength of brackets bonded with different orthodontic resins

Mauro Carlos Agner Busato* Priscilla do Monte Ribeiro Busato** Diego Varella Dotto*** Stefany Pedrotti*** Carlos Rodrigo Gasparello***

Abstract

Resumo Objetivo: avaliar comparativamente a resistência de união adesiva e o índice de adesivo remanescente (ARI) da interface resina/braquete sob esforços de cisalhamento, empregando duas marcas comerciais de resina, Transbond 3M (sistema convencional) e Orthocem FGM (adesivo/resina em um único frasco). Métodos: quarenta corpos de prova foram confeccionados utilizando-se incisivos bovinos, divididos em dois grupos de 20 dentes. Foram realizados os procedimentos usuais de uma colagem: profilaxia, condicionamento ácido e colagem dos braquetes em seus

respectivos grupos. Os braquetes colados aos dentes foram removidos utilizando-se uma máquina universal de ensaios, com velocidade de 0,5mm por minuto, para avaliação da resistência ao cisalhamento, e classificados de acordo com os escores do ARI. Resultados: não houve diferença estatisticamente significativa entre os grupos para a comparação das variáveis resistência de união adesiva e índice de remanescente adesivo. Conclusão: dentro das condições desse estudo, pode-se afirmar que os materiais testados satisfizeram plenamente os requisitos laboratoriais para colagem de braquetes.

Palavras-chave: Resinas compostas. Braquetes. Resistência ao cisalhamento.

Como citar este artigo: Busato MCA, Busato PMR, Dotto DV, Pedrotti S, Gasparello CR. Avaliação da resistência ao cisalhamento de braquetes colados com diferentes resinas ortodônticas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):94-9. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

94

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):94-9

Objectives: To evaluate the shear bond strength and adhesive remaining index (ARI) of two commercial orthodontic resins: Transbond 3M (conventional system) and Orthocem FGM (adhesive/ resin in a single bottle). Methods: Forty specimens were made of bovine incisors, divided into two groups. The usual procedures of orthodontic bonding were performed: Prophylaxis, acid etching and bracket bonding according to the respective groups. The brackets bonded to the teeth were removed using a universal testing machine with a speed of 0.5mm per minute for evaluation of the shear bond strength and ranking according to

the scores (ARI). Results: There was no statistically significant difference between groups for comparison of bond strength and adhesive remnant index. Conclusion: Within the experimental conditions of this study, it can be concluded that the tested materials fulfilled all laboratory requirements for bracket bonding.

Keywords: Composite resins. Orthodontic brackets. Shear strength.

* Doutor em Odontologia, UNESP. ** Doutora em Odontologia, PUC/PR. *** Graduação em Odontologia, UNIOESTE.


Busato MCA, Busato PMR, Dotto DV, Pedrotti S, Gasparello CR

Introdução O grande avanço na área científica alcançado pela tecnologia trouxe inúmeros benefícios, refletindo intensamente na Odontologia. Diversas pesquisas fizeram surgir técnicas e materiais, que resultaram no aprimoramento e simplificação dos procedimentos clínicos. Na Ortodontia Corretiva, desde o início do emprego dos aparelhos fixos, e, principalmente, na transição entre o aparelho multibandas para o de acessórios colados diretamente aos dentes, sempre houve incertezas com relação à fixação e estabilidade aos dentes. Pesquisando um método para aumentar a adesão de materiais acrílicos restauradores às superfícies de esmalte previamente tratadas com solução ácida, Buonocore 1, em 1955, indiretamente proporcionou um grande impulso à fixação direta de braquetes sobre a superfície do esmalte. O aumento da área obtida com o condicionamento consequentemente aumenta os valores das forças de adesão, classificando essa retenção como um fenômeno puramente físico. A colagem de braquetes representa um dos mais significativos avanços da Ortodontia na montagem de aparelhos ortodônticos, diminuindo o tempo e o trabalho do procedimento, além do número de bandas cimentadas. As vantagens da colagem direta em relação à bandagem são inúmeras, como a eliminação de algumas fases do tratamento (bandagem e redução de diastemas), o que poupa tempo, além de reduzir outros aspectos inconvenientes, como o comprometimento da estética, o surgimento de manchas brancas no esmalte e, consequentemente, o aparecimento clínico das lesões de cárie e a instalação de inflamações gengivais devido ao acúmulo de placa por bandas incorretamente adaptadas nas áreas cervicais2,3. A colagem de braquetes ortodônticos à superfície dentária ainda é alvo de discussão para muitos pesquisadores. O objetivo de uma colagem rápida e efetiva dos acessórios ortodônticos parece se tornar um desafio clínico com a utilização de sistemas adesivos convencionais, visto que o procedimento é realizado, na maioria das vezes, em ambiente úmido, com isolamento relativo do campo operatório. Por isso, torna-se relevante dar preferência a sistemas adesivos simplificados, que diminuam o tempo operatório, assegurando a mesma qualidade no procedimento da colagem ortodôntica dos braquetes4. Outro aspecto importante referente a esse procedimento trata da recolagem dos acessórios, que ocorre nas consultas mensais, causada em grande parte das vezes por descuido do paciente, por falha na interface de adesão devida

à contaminação, por problemas de exposição do material a ambientes inadequados durante o armazenamento, por execução inadequada da técnica pelo operador ou, ainda, pela mera necessidade de se alterar o posicionamento do braquete para refinamento da etapa de alinhamento e nivelamento do tratamento. Diante desses fatores, fica evidente a necessidade de se utilizar um sistema adesivo prático, simplificado e de qualidade, que demande menor tempo de cadeira e que proporcione maior conforto, tanto ao paciente quanto ao dentista4. Recentemente, surgiu no mercado um adesivo/cimento, o OrthoCem (FGM), que possui o adesivo incorporado à seringa do produto, que preconiza apenas o condicionamento ácido, lavagem, secagem e posterior aplicação do produto no braquete para a sua cimentação, o que, segundo o fabricante, permite uma diminuição do tempo clínico na montagem do aparelho fixo. Considerando que, até o momento, a união resina/braquete é conseguida mecânica e quimicamente, esse estudo propôs-se a avaliar comparativamente a resistência de união adesiva e o índice de remanescente adesivo da interface resina/braquete sob esforços de cisalhamento, empregando duas marcas comerciais de resina: Transbond 3M (sistema convencional — uso do adesivo em separado) e OrthoCem FGM (adesivo/cimento em um único frasco).

MATERIAL E MÉTODOS Para a realização desse trabalho, foram utilizados 40 incisivos bovinos, divididos em dois grupos de 20, desinfetados em solução de timol a 0,1%, por uma semana. Utilizando-se uma ponta diamantada #4138 (Fig. 1) em alta rotação sob refrigeração, as coroas dos dentes foram divididas em três partes (Fig. 2), sendo somente o terço médio (Fig. 3) incluído em resina acrílica autopolimerizável em um tubo de PVC com 1,5cm de altura, com o apoio de uma placa de vidro servindo como planificador. Em seguida, a face vestibular dos incisivos bovinos foi lixada com lixa d’água de granulação fina, para regularização e padronização da superfície (Fig. 4). Após a fixação, os corpos de prova foram armazenados em soro fisiológico, para, então, serem realizados os procedimentos usuais de uma colagem. Iniciou-se pela profilaxia com pedra-pomes e água por 10 segundos, utilizando-se micromotor de baixa rotação e taça de borracha (Fig. 5). Em seguida, os corpos de prova foram lavados pelo período de 10 segundos (Fig. 6) e, posteriormente, cada superfície foi secada com jatos de ar por 20 segundos.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):94-9

95


Busato MCA, Busato PMR, Dotto DV, Pedrotti S, Gasparello CR

Referências 1. Buonocore MG. A simple method of increasing the adhesion of acrylic filling materials to enamel surfaces. J Dent Res. 1955;34(6):849-53. 2. Bryant S, Retief DH, Russell CM, Denys FR. Tensile bond strength of orthodontic bonding resins and attachments to etched enamel. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1987;92(3):225-31. 3. Phillips HW. Bonding first molars. J Clin Orthod. 1986;20(5):320-3. 4. Menezes Filho PF, Marques CC. Adesão dos bráquetes ortodônticos ao esmalte: revisão de literatura. Int J Dent. 2006;1(2):52-7. 5. Artün J, Bergland S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. 1984;85(4):333-40. 6. Mondelli AL, Freitas MR. Estudo comparativo da resistência adesiva da interface resina/braquete, sob esforços de cisalhamento, empregando três resinas compostas e três tipos de tratamento na base do braquete. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(3):111-25. 7. Pithon MM, Santos RL, Oliveira MV, Ruellas ACO. Estudo comparativo in vitro da resistência ao cisalhamento da colagem e do índice de remanescente adesivo entre os compósitos Concise e Fill Magic. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006; 11(4):76-80. 8. Bishara SE, VonWald L, Laffoon JF, Warren JJ. Effect of using a new cyanoacrylate adhesive on the shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod. 2001;71(6):466-9. 9. Reynolds IR, Fraunhofer JA. Direct bonding in orthodontics: a comparison of attachments. Br J Orthod. 1976;4(2):65-9. 10. Bishara SE, VonWald BA, Laffoon JF, Warren JJ. The effect of repeated bonding on the shear bond strength of a composite resin orthodontic adhesive. Angle Orthod. 2000;70(6):435-41.

11. Romano FL, Tavares SW, Consani S, Magnani MBBA, Nouer DF. Shear bond strength of metallic orthodontic brackets bonded to enamel prepared with self-etching primer. Angle Orthod. 2005;75(5):849-53. 12. Pandis N, Polychronopoulou A, Eliades T. Failure rate of self-ligating and edgewise brackets bonded with convenvional acid etching and a self-etching primer. Angle Orthod. 2006;76(1):119-22. 13. Sfondrini MF, Cacciafesta V, Scribante A, De Angelis M, Klersy C. Effect of blood contamination on shear bond strength of brackets bonded with conventional and selfetching primers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;125(3):357-60. 14. Grubisa HIS, Heo G, Raboud D, Glover KE, Major PW. An evaluation and comparison of orthodontic bracket bond strengths achieved with self-etching primer. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;126(2):213-9. 15. Breschi L. Ultramorphology and shear bond strengths of self-etching adhesives on enamel [abstract 2957]. J Dent Res. 1999;475. 16. Hara AT, Amaral CM, Pimenta LA, Sinhoreti MA. Shear bond strength of hydrophilic adhesive systems to enamel. Am J Dent. 1999;12(4):181-4. 17. Kavagutti AF, Giannini M, Soares CJ. Bond strength in substrate of enamel human, bovine and swine. Pesqui Odontol Bras. 2001;15(30). 18. Romano FL, Ruellas ACO. Comparação entre materiais utilizados para cimentação de bandas ortodônticas em ensaio de cisalhamento. J Bras Ortodon Ortop Maxilar. 2002;7(42):494-9. 19. Barkmeier WW, Erickson RL. Shear bond strength of composite to enamel and dentin using scotchbond multi-purpose. Am J Dent. 1994;7(3):175-9. 20. Oesterle LJ, Shellhart WC, Belanger GK. The use of bovine enamel in bonding studies. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;114(5):514-9.

Endereço para correspondência Mauro Carlos Agner Busato Rua Rio de Janeiro, 1866 – CEP: 85.801-031 – Cascavel/PR E-mail: mcabusato@uol.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):94-9

99



caso clínico

Tratamento ortodôntico-cirúrgico de paciente adulta com má oclusão de Classe II, retrognatismo mandibular e DTM Orthodontic-surgical treatment of adult patient with Class II malocclusion, mandibular retrognathia and TMD Paulo Augusto Leal de Carvalho* Gladys Cristina Dominguez** André Tortamano*** Solange Mongelli de Fantini****

Abstract

Resumo Introdução: paciente do sexo feminino, 38 anos de idade, leucoderma, brasileira, portadora de deformidade dentofacial de Classe II com retrognatismo mandibular, deficiência maxilar e distúrbios articulares, apresentando sintomatologia da ATM de caráter crônico e incapacitante por causa das dores. O diagnóstico foi realizado com o auxílio de placa miorrelaxante e confirmação da remissão dos sintomas. A análise do deslocamento real dos côndilos foi realizada com um Condylar Position

Indicator (CPI), obtendo, assim, a diferença entre a MIC e a RC. Objetivo: evidenciar a importância dos meios de diagnóstico no tratamento ortodôntico-cirúrgico. Métodos: foram avaliadas as verdadeiras discrepâncias antes do tratamento com montagem no articulador semiajustável. O tratamento realizado foi o ortodôntico-cirúrgico. Resultados: foram alcançados os objetivos clínicos, que eram o equilíbrio oclusal, articular, remissão dos sintomas e, consequentemente, a harmonia facial.

Introduction: Patient of female gender, 38-year-old, Brazilian Caucasian, presenting with Class II dentofacial deformities and mandibular retrognathia, maxillary deficiency and joint disorders, chronic and disabling TMJ symptoms because of pain. The diagnosis was made with the aid of occlusal splint and the confirmation of the remission of symptoms. The analysis of the actual displacement of the condyles was performed with a Condylar Position Indicator (CPI), thereby

obtaining the difference between MI and CR. Objective: To highlight the importance of diagnosis and surgical orthodontic treatment. Methods: It was evaluated, therefore, the actual differences before treatment with the mounting of a semi-adjustable articulator. The performed treatment was the orthodontic-surgical. Results: The objectives were achieved, being the occlusal and articular balance, remission of symptoms and, therefore, the facial harmony.

Palavras-chave: Placas oclusais. Relação central. Diagnóstico bucal.

Keywords: Occlusal splints. Centric relation. Oral diagnosis.

Como citar este artigo: Carvalho PAL, Dominguez GC, Tortamano A, Fantini SM. Tratamento ortodôntico-cirúrgico de paciente adulta com má oclusão de Classe II, retrognatismo mandibular e DTM. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):101-12.

» Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

* Mestre e Doutorando em Ortodontia, FO-USP. ** Livre Docente e Doutora em Ortodontia, FO-USP. *** Doutor em Ortodontia, FO-USP. **** Professora e Doutora em Ortodontia, FO-USP.

Agradecimentos: ao Professor e Doutor Roberto Macoto pelas imagens cedidas.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):101-12

101


Caso Clínico

Tratamento ortodôntico-cirúrgico de paciente adulta com má oclusão de Classe II, retrognatismo mandibular e DTM

Introdução Na avaliação inicial de um paciente ortodôntico adulto, é indispensável realizar, de forma completa e criteriosa, a anamnese, o exame clínico e os exames complementares, que abrangem radiografias e/ou imagens, modelos de estudos e análise instrumental, para que o profissional possa ter informações suficientes para realizar um diagnóstico correto, que inclui não só a inspeção estática da má oclusão, mas também a avaliação dinâmica, visando identificar a verdadeira severidade da má oclusão. O sistema neuromuscular protege o paciente, desviando seus dentes das interferências, acomodando a mandíbula em uma posição de MIH (máxima intercuspidação habitual)1, a qual nem sempre é a posição mais estável dos côndilos na fossa mandibular, podendo ser uma posição adaptada3,4. Alguns indivíduos podem até apresentar sinais e sintomas, como dores articulares, dores musculares, estalidos nas ATMs, desgastes dentários e retrações gengivais1,4,5. Como meio auxiliar no diagnóstico, a montagem de modelos em articulador semiajustável, na posição de relação cêntrica (RC), permite uma observação do relacionamento da mandíbula e maxila, independentemente dos contatos oclusais, possibilitando avaliar tridimensionalmente a posição condilar e suas possíveis alterações quando comparadas à MIH com RC, registrando as diferenças nos três planos do espaço por meio do acessório do articulador CPI (condylar position indicator)1,2,6. O caso clínico apresentado é de uma paciente adulta com histórico de desconforto articular crônico, com sinais e sintomas evidentes, que procurou tratamento ortodôntico.

Classe I de Angle do lado direito e ½ Classe II do lado esquerdo, sobremordida de 2,5mm e sobressaliência de 4mm. Periodontalmente, todos os tecidos de suporte estavam saudáveis. Visando eliminar a sintomatologia, foi construída uma placa miorrelaxante, usada pela paciente por um período de quatro meses. Com o relaxamento muscular obtido, houve remissão da sintomatologia das ATMs e da cefaleia. Em seguida, os modelos foram montados no articulador semiajustável (Panadent, Colton, EUA), em relação cêntrica (Fig. 3). A má oclusão ficou mais severa do que na avaliação inicial: ¾ de Classe II do lado direito, uma Classe II completa do lado esquerdo, sobressaliência de 6mm e sobremordida de 3mm. Os registros obtidos com o CPI mostraram uma discrepância média (lados direito e esquerdo) entre RC e MIH nos planos horizontal, de -1,75mm; vertical, de 1,5mm; e transversal, de 0,5mm (Fig. 4). Com essas informações, foi realizada a conversão cefalométrica9 (Fig. 5A), que possibilitou a avaliação inicial em RC (Fig. 5B e Tab. 1).

Objetivos do tratamento Correção da discrepância sagital dentoesquelética, com avanço mandibular e impacção da maxila, para diminuir a altura facial inferior e favorecer o selamento labial sem contração muscular. Assim, o tratamento proposto foi o ortodôntico-cirúrgico. O objetivo ortodôntico pré-cirúrgico foi adequar as arcadas para permitir que a correção cirúrgica resultasse em obtenção de oclusão funcional e melhora da harmonia facial. Após a cirurgia, o objetivo do tratamento ortodôntico foi o refinamento da oclusão até obter relações funcionais ideais.

Diagnóstico inicial Sequência Clínica do tratamento Mulher saudável, com 38 anos de idade, leucoderma, brasileira, satisfeita com sua estética dentofacial, apresentou-se com queixa de desconforto nas ATMs e “dores de cabeça constantes, todos os dias”. A paciente relatou que já havia sido submetida a tratamento ortodôntico. Na avaliação clínica e radiográfica inicial (Fig. 1, 2), verificou-se perfil convexo, aumento do ângulo nasolabial, maxila bem posicionada, retrognatismo mandibular, aumento da altura facial inferior, contração do músculo mentalis no selamento labial, bom nivelamento e alinhamento dos dentes, com boa exposição dos incisivos superiores. Na avaliação das ATMs, foram observados ruídos articulares, dor e desconforto na região periauricular, temporal e do músculo trapézio. O exame intrabucal evidenciou, em MIH, relação molar de

102

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):101-12

O preparo ortodôntico pré-cirúrgico foi iniciado com a instalação do aparelho fixo superior e inferior (Inspire ICE, Ormco; 0,022” x 0,028”). A fase de nivelamento e alinhamento seguiu a sequência de arcos 0,014” de NiTi (dois meses), 0,018” de NiTi (dois meses), 0,020” de aço (um mês) e 0,019” x 0,025” de aço (dois meses), preparando as arcadas individualmente, porém, coordenadas para o momento cirúrgico (Fig. 6). Para eliminar as compensações das inclinações dentárias, foram necessários desgastes interproximais. Não foram necessários acessórios de ancoragem. Com a finalidade de visualizar e quantificar a real posição mandibular antes da cirurgia, a paciente utilizou, novamente, uma placa miorrelaxante durante dois meses (Fig. 7).


Carvalho PAL, Dominguez GC, Tortamano A, Fantini SM

Para verificar a estabilidade dos resultados obtidos, a paciente foi examinada novamente 18 meses após o término do tratamento. Tanto a avaliação clínica (Fig. 15), quanto a montagem em articulador (Fig. 16) e os resultados do CPI (Fig. 17), demonstraram estabilidade dos resultados.

Discussão A existência de associação entre má oclusão e DTM tem sido um tema muito discutido na literatura, com resultados controversos4,5, provavelmente porque sua etiologia é multifatorial e

A

B

porque o termo DTM é genérico. Segundo Okeson4, as cefaleias podem estar incluídas dentro das condições clínicas de dor associada a distúrbios temporomandibulares; portanto, esse autor exalta a importância de se realizar um diagnóstico diferencial. Para realizar com eficiência as funções, com muita frequência a neuromusculatura desloca a mandíbula para a posição de maior número de contatos oclusais (MIH), tirando os côndilos de sua posição mais assentada nas cavidades articulares. Quando avaliamos pacientes adultos pela primeira vez, o engrama muscular programado pela MIH não permite realizar uma manipulação da mandíbula porque cria uma resistência que impede a identificação da RC na primeira consulta.

C

Figura 16 Modelos obtidos após 18 meses, montados no articulador.

Figura 17 CPI: registros obtidos após 18 meses.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):101-12

111


Caso Clínico

Tratamento ortodôntico-cirúrgico de paciente adulta com má oclusão de Classe II, retrognatismo mandibular e DTM

Mas, conforme afirmado por Okeson4, é fundamental realizar o diagnóstico para diferenciar se existe associação de condições clínicas de dor, como cefaleia. A partir do diagnóstico diferencial, as condições clínicas de DTM, que incluem os distúrbios da DTM, fazem parte da dor orofacial. A queixa da paciente apresentada era a cefaleia, não a insatisfação estética com os componentes de sua má oclusão. As características faciais do paciente Classe II esquelético com retrognatismo mandibular, descritas por Arnett e Bergman8,9 , apresentam-se com o terço facial inferior diminuído ou normal, exposição de incisivos, sorriso e contorno labial também normais. No entanto, a característica mais evidente desse tipo de deformidade é a posição retruída do mento, a qual deve ser relacionada com a posição dos lábios, contorno mandibular e pescoço. Como muitas dessas características são padrões de harmonia estética aceitáveis, pode acontecer que o clínico unicamente atenda ao problema dentário, não prestando a suficiente e necessária atenção ao problema das bases ósseas, podendo contribuir ou favorecer condições que provoquem patologias na região da articulação temporomandibular em casos que são realizados tratamentos compensatórios1,2. Conforme Jacobs e Sinclair10, em casos que envolvem cirurgia ortognática, os objetivos de tratamento, padrões de extração e tipo de mecânica empregada frequentemente são o oposto daqueles adotados na Ortodontia convencional. De acordo com Epker, Stella e Fish11, o preparo ortodôntico pré-cirúrgico, no plano sagital, objetiva a remoção das compensações dentárias, provenientes da deformidade esquelética presente. O sucesso obtido no tratamento dessa paciente corrobora que é fundamental realizar um diagnóstico integral

para poder formular um plano de tratamento adequado e que permita corrigir, de maneira adequada, os componentes da má oclusão. Esse fato justifica a opinião de alguns autores que sugerem a introdução do articulador na rotina diagnóstica do ortodontista2. As radiografias e as tomografias da ATM são menos utilizadas por causa da impossibilidade de evidenciarem e medirem pequenas mudanças da posição condilar1. A patologia apresentada por essa paciente é multifatorial, uma vez que ela já havia sido submetida a tratamento ortodôntico, obtendo um resultado satisfatório à época e sem qualquer sintomatologia. De fato, a aparição da sintomatologia nessa área costuma ocorrer meses ou anos após a conclusão do tratamento, devido ao fato do paciente não conseguir adaptar-se a essa nova posição condilar indesejada e não procurada. Segundo Roth1, o fato do paciente apresentar discrepância oclusal sem sinais e sintomas não significa necessidade de tratamento ortodôntico; mas, se o paciente apresentar sinais e sintomas, o mais correto seria conseguir uma oclusão ideal, onde a intercuspidação dos dentes esteja em harmonia com a posição da mandíbula em relação cêntrica. Pode-se concluir que a elaboração correta do diagnóstico permitiu planejar e realizar um tratamento interdisciplinar apropriado, resolvendo de forma satisfatória a queixa principal da paciente, que era a sintomatologia da região da articulação temporomandibular. Dessa maneira, foram obtidos resultados gratificantes, tanto da estética quanto da funcionalidade, atingindo as metas propostas ao paciente. Após 18 meses do término do tratamento, a paciente não apresentou sintomatologia e estava satisfeita com os resultados (Fig. 15, 16 e 17).

Referências 1. Roth RH. Functional occlusion for the orthodontist. J Clin Orthod. 1981;15:32-51. 2. Slavicek R. On clinical and instrumental funtional analysis for diagnosis and treatment planning. J Clin Orthod. 1988;22(6):358-70. 3. McLaughlin RP. Malocclusion and the temporomandibular joint: an historical perspective. Angle Orthod. 1988;58(2):185-9. 4. Okeson JP. Tratamento das desordens temporomandibulares e oclusão. 4a ed. São Paulo: Artes Médicas; 2000. 5. Roth RH. Temporomandibular pain-dysfunction and occlusal relationship. Angle Orthod. 1973;43(2):136-53. 6. Fantini SM. Deslocamentos condilares entre RC e MIC com ou sem desprogramação, em indivíduos assintomáticos com maloclusão de Cl II [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 1999. 7. Okeson JP. Management of temporomandibular disorders and occlusion. 3rd ed. Sant Louis: Mosby; 1993. 8. Arnett GW, Bergman RT. Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment planning – part I. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(4):299-312.

112

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):101-12

9. Arnett GW, Bergman RT. Facial keys to orthodontic diagnosis and treatment planning – part II. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(5):395-411. 10. Jacobs JD, Sinclair RP. Principles of orthodontic mechanics in orthognathic surgery cases. Am J Orthod. 1983;84(5):321-33. 11. Epker BN, Stella JP, Fish LC. Dentofacial deformities: integrated orthodontic and surgical correction. 2nd ed. St. Louis: Mosby; 1995.

Endereço para correspondência Paulo Augusto Leal de Carvalho Rua Rio de Janeiro, 622 – Centro – CEP: 19.900-002 – Ourinhos/SP E-mail: lealc@terra.com.br


REVISÃO DE LITERATURA

Uma revisão para colagem direta de braquetes ortodônticos A review of direct bonding of orthodontics brackets

Áureo Honorato e Melo* Gersinei Carlos de Freitas** João Batista de Souza**

Abstract

Resumo A aparente simplicidade do procedimento de colagem de braquetes pode levar a erros. Essa etapa pode, indubitavelmente, ser mal realizada, até por ortodontistas experientes que não realizam os procedimentos com cuidado e a técnica adequada. O propósito dessa revisão de literatura foi aperfeiçoar os

resultados e, portanto, melhorar o tratamento ao paciente. Em um levantamento bibliográfico, procurou-se descrever as melhores soluções obtidas em experimentos prévios, nos vários passos clínicos que envolvem a colagem de braquetes em superfície de esmalte, metálica, porcelana, entre outras.

Palavras-chave: Resinas compostas. Cimentos de ionômero de vidro. Colagem dentária.

Como citar este artigo: Honorato e Melo A, Freitas GC, Souza JB. Uma revisão para colagem direta de braquetes ortodônticos. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):113-20.

The supposed simplicity of the brackets bonding procedures may lead one to carry out mistakes. Even experienced orthodontists not observing the correct procedures, may misconduct the technique. The aim of this work is to review the literature in order to optimize the results and to achieve any improvements in

patient treatment. Here, we describe the best results obtained in previous researches on the different steps involved in metallic or nonmetallic brackets bonding on enamel, metallic, porcelain and others surfaces.

Keywords: Composite resins. Glass ionomer cements. Dental bonding.

* Mestre em Materiais Odontológicos, UFG. ** Doutor em Materiais Dentários, UNICAMP. Professor Associado, UFG. *** Doutor em Dentística, FOB-USP. Professor Associado, UFG.

» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):113-20

113


rEVISÃO DE LITERATURA

Uma revisão para colagem direta de braquetes ortodônticos

Introdução O condicionamento ácido do esmalte dentário tornou rotineira a colagem de braquetes nos procedimentos ortodônticos com aparatologia fixa. São vantagens a não interferência no contato proximal, fácil colagem e remoção de acessórios, estética, higiene e menor irritação às mucosas. A colagem, sendo temporária, deve resistir às forças ortodônticas e de oclusão. As resinas compostas tornaram-se o principal material de colagem devido às suas propriedades adesivas. O cimento de ionômero de vidro utilizado como material restaurador e sua propriedade de aderir-se quimicamente ao esmalte, dentina e metais, e com a vantagem de liberação de íons flúor, posteriormente usado na cimentação de bandas ortodônticas, torna-se uma opção às resinas compostas. Pesquisas são desenvolvidas para obter melhores condições de retenção com o mínimo de alterações ou danos às superfícies dentárias, tornando a colagem promissora, com melhores produtos em termos de adesivos, braquetes, dispositivos e técnicas, obrigando o ortodontista a se atualizar sempre. Desse desenvolvimento, da educação continuada e da comunicação, o campo da Ortodontia tem se expandido com o aumento na demanda de pacientes adultos para tratamento. Assim, é comum encontrar restaurações em amálgama, incrustações em ouro, coroas cerâmicas e próteses fixas. Contudo, os avanços em materiais e técnicas indicam que uma colagem efetiva de acessórios ortodônticos na superfície de materiais que não o esmalte é possível.

ESMALTE HUMANO Bhascar5 relata que o esmalte dentário é um tecido mineralizado, constituído de 96% mineral e 4% orgânicos e água. O inorgânico consiste de fosfato de cálcio cristalino, hidroxiapatita, cartilagem calcificada, dentina e cemento. Íons como estrôncio, magnésio, chumbo e fluoreto, se presentes durante a formação do esmalte, serão incorporados pelos cristais de hidroxiapatita, sendo que o volume dentário é ocupado por hidroxiapatita reticulada. Uma fina rede de orgânicos aparece entre os cristais. A natureza orgânica dessa substância é proteica e contém material polissacarídico. Enamelinas, proteínas de alto peso molecular, persistem no esmalte maduro e estão fortemente ligadas às superfícies dos cristais de hidroxiapatita, ocupando o espaço entre os cristais. O material orgânico é observado em cortes desmineralizados de esmalte imaturo e, também, como uma fina rede ao microscópio eletrônico. Pelo alto conteúdo mineral, o esmalte é extremamente duro, uma

114

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):113-20

propriedade que o capacita a suportar as forças mecânicas aplicadas durante a mastigação. Essa dureza, comparada ao aço mole, também o torna friável. Para manter sua integridade, é necessária uma camada subjacente de dentina, mais resiliente. O esmalte é transluzente e varia em cor do amarelo-claro ao branco-acinzentado. Varia em espessura de 1,5mm nas superfícies de trabalho até uma delgada borda na cervical. Essa variação influencia na cor do esmalte, sendo que a dentina amarela subjacente é vista através das regiões mais delgadas. Os retículos do esmalte estão em forma de bastonetes, cordões ou cilindros, denominados prismas de esmalte, com aproximadamente 5µm no diâmetro, e correm na junção amelodentinária até a superfície, apresentando trajetos ou angulações diferentes com o longo eixo do dente. Na superfície, a estrutura dos prismas é irregular ou está ausente. Na cervical, as fileiras de prismas orientam-se horizontalmente e, na incisal, verticalmente. O arranjo das fileiras de prismas tem importância clínica porque o esmalte se fratura entre fileiras adjacentes. Ainda, a presença do esmalte aprismático pode ser considerada uma característica normal do esmalte, já existindo mesmo no dente não irrompido, indicando que não pode ser adquirido após a erupção e é um produto da redução da atividade funcional no estágio final da amelogênese. A tentativa de remover a camada de esmalte aprismático com um prolongado tempo de ataque ácido é contraindicada. A orientação e direção dos prismas de esmalte em relação à superfície externa e o longo eixo do dente são dirigidas às superfícies externa e oclusal dos dentes, sendo que os prismas de esmalte não são alinhados de forma perpendicular à superfície dentária, exceto nas pontas de cúspides e bordas da crista interproximal14,22. Em um estudo para verificar em qual frequência é observado esmalte aprismático e em que região dos pré-molares inferiores se encontra em maior quantidade, concluiu-se que os primeiros pré-molares inferiores, quanto à presença de esmalte aprismático, o possuíam em 59,2% das superfícies dos terços oclusais; em 61,4% das superfícies dos terços médios; e em 96,8% das superfícies dos terços cervicais, mostrando um aumento de sua quantidade no sentido ocluso-cervical. A colagem de braquetes no terço cervical desses dentes também deve ser evitada, substituindo-os por bandas ortodônticas, e o desgaste da superfície do esmalte ou o aumento do tempo do ataque ácido para a remoção da camada de esmalte aprismático não se justificam devido aos danos causados a essa superfície. Ainda, é importante salientar que a quantidade de esmalte aprismático diminui após a erupção dos pré-molares, por abrasão e por forças mastigatórias, mas não se sabe a que ponto.


rEVISÃO DE LITERATURA

Uma revisão para colagem direta de braquetes ortodônticos

Referências 1. Anusavice KJ. Materiais dentários. 10ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1998. cap. 12, p. 161-77. 2. Baratieri LN. Dentística: procedimentos preventivos e restauradores. 2ª ed. São Paulo: Ed. Santos; 1992. cap. 7, p. 201-56. 3. Barkmeier W, Gwinnett AJ, Shaffer SE. Effects of reduced acid concentration and etching time on bond strength and enamel morphology. J Clin Orthod. 1987; 21(6):395-8. 4. Beech DR, Jalaly T. Bonding of polymer to enamel: influence of deposits formed during etching time and period of water immersion. J Dent Res. 1980;59(7):1156-62. 5. Bhascar SN. Histologia e embriologia oral de Orban. 8ª Ed. São Paulo: Artes Médicas, 1978. 6. Bishara SE, Vonwald L, Zamtua J . Effects of different types of light guides on shear bond strengths. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;114(4):447-51. 7. Bishara SE, VonWald L, Olsen ME, Laffoon JF, Jakobsen JR. Effect of light-cure time on the initial shear bond strength of a glass ionomer adhesive. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(2):164-8. 8. Brandt S, Servoss JM, Wolfson J. Practical methods of bonding ceramic brackets. J Clin Orthod. 1996;9(10):610-36. 9. Branstrom M, Nordenvall KJ. Etching of young permanent teeth with an acid gel. Am J Orthod. 1982;82(5):379-83. 10. Büyükyilmaz T, Zachrisson YO, Zachrisson BU. Improving orthodontic bonding to gold alloy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;108(5):510-8. 11. Canay S, Kocadereli I, Ak”ca E. The effect of enamel air abrasion on the retention of bonded metallic orthodontic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(1):15-9. 12. Diedrich P. Enamel alterations from bracket bonding and debonding: A study with the scanning electron microscope. Am J Orthod. 1981;79(5):500-22. 13. Eustaquio R, Garner LD, Moore BK. Comparative tensile strengths of brackets bonded to porcelain with orthodontic an adhesive and porcelain repair systems. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1988;94(5):421-5. 14. Fernandes CP, Chevitarese O. The orientation and direction of rods in dental enamel. J Prosthet Dent. 1991;65(6):793-800. 15. Galindo HRA, Sadowsky PL, Vlachos C, Jacobson A, Wallace D. An in vivo comparison between a visible light-cured bonding system and a chemically cured bonding system. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(3):271-5. 16. Garlipp OA, Carvalho JC. Compósitos : constituição e propriedades. Parte II Agentes de união da matriz ao substrato. Ars Curandi Odontol. 1978;5(5):10-5. 17. Gorelick L, Geiger AM, Gwinnett AJ. Incidence of white spot formation after bonding and banding. Am J Orthod. 1982;81(2):93-8.

18. Gwinnett A. Acid etching restorative systems. In: Reisbick MH. Dental materials in clinical Dentistry. 1st ed. Boston: Ed. John Wright; 1982. p. 39-76. 19. Ichiki K, Fukushima T, Yoshida Y, Horibe T. Correlation between air-drying duration and bond strength of composite resins to teeth. J Prosthet Dent. 1990;63(5):525-9. 20. Knoll M, Gwinnett AJ, Wolff MS. Shear bond strength of brackets bonded to anterior and posterior teeth. Am J Orthod. 1986;89(6):476-9. 21. Mardaga WJ, Shannon IL. Decreasing the depth of etch for direct bonding in orthdontics. J Clin Orthod. 1982;16(2):130-2. 22. Mendes AM, Baggio PE, Chevitarese O. Mapeamento do esmalte da face vestibular do primeiro pré-molar inferior. Rev SOB. 1992;2(1):2-6. 23. Miller RA. A light-cured hybrid compomer for bonding to impacted canines. J Clin Orthod. 1996;30(6):331-3. 24. Newmam GV. Bonding to porcelain. J Clin Orthod. 1983;17(1):53-5. 25. Brännström M, Nordenvall KJ, Malmgren O. The effect of various pretreatment methods of the enamel in bonding procedures. Am J Orthod. 1978;74(5):522-30. 26. O’Brien K, Read MJ, Sandison RJ, Roberts CT. A visible light -active-direct bonding materials: an in vivo comparative study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1989;95:348-51. 27. Olsen ME, Bishara SE, Damon P, Jakobsen JR. Comparison of shear bond strength and surface structure between conventional acid etching and air abrasion of human enamel. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112(5):502-6. 28. Proffit WR, Fields Jr HW. Contemporary orthodontics. 2nd ed. St. Louis: MosbyYear Book; 1993. 29. Sperber RL, Watson PA, Rossouw PE, Sectakof PA. Adhesion of bonded orthodontic attachments to dental amalgam: in vitro study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(5):506-13. 30. Thompson RE, Way DC. Enamel loss due to prophylaxis and multiple bonding/ debonding techniques. Am J Orthod. 1981;79(3):282-95. 31. Velásquez NZ, Henriques JFC, Martins DR. Colagem de bráquetes em dentes metálicos utilizando um sistema adesivo universal. Rev Dental Press Ortod Ortop Maxilar. 1998;3(5):45-51. 32. Wang WN, Tarng TH. Evaluation of the sealant in orthodontic bonding. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991 Sep;100(3):209-11. 33. Zachrisson BU, Buyukyilmaz T. Recent advances in bonding to gold, amalgam, and porcelains. J Clin Orthod. 1993; 27(12):661-75. 34. Zachrisson Y, Zachrisson BU, Buyukyilmaz T. Surface preparation for orthodontic bonding to porcelain. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;109(4):420-30.

Endereço para correspondência Áureo Honorato e Melo Rua T-44, 50 – Resid. Buena Vista – Ap. 1402 – Setor Bueno CEP: 74.000-000 – Goiânia/GO E-mail: aureohm@hotmail.com

120

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):113-20


Dolphin 3D 11.7 beta gPlus Imagin

TM

• C e p h Tr a c i n g • Tre a tmen

t Sim ula

tion

3D • ter 3D Surgery™ • Let

st Sy

em

Osteotomias virtuais.

Planejamento virtual pós-op com alterações de tecidos moles.

Planejamento detalhado • Resultados em tempo real

• Fácil de usar

Dolphin 3D Surgery, a nova e completa ferramenta de planejamento e apresentação com animação em tempo real das mudanças esqueléticas e faciais. Você precisa apenas da aquisição 3D (DICOM) e foto facial. Use os dados das tomografias computadorizadas (CBCT, CT espiral e outras fontes), combine com escaneamento intra-oral ou modelos digitais para maior detalhamento dos modelos cirúrgicos virtuais, permitindo exportar guias cirúrgicos precisos. Associado a outros aplicativos Dolphin Imaging, mais uma razão que faz do Dolphin 3D, o mais completo e eficiente sistema de soluções por imagens utilizado ao redor do mundo. Para mais informações, entre em contato por fone: (11) 3286-0300, e-mail: contato@renovatio3.com.br e/ ou visite: www.dolphinimaging.com/3dsurgery.

© 2011 Patterson Dental Supply, Inc. All rights reserved.


controvérsias

O que analisar nos trabalhos sobre medicamentos e laser na movimentação dentária induzida e reabsorções associadas: quatro critérios* What to analyze in papers concerning drugs and laser effects in induced dental movement and associated resorptions: Four criteria

Alberto Consolaro**

Resumo

Abstract

Propusemos quatro critérios, ou pontos fundamentais, para a análise de trabalhos sobre o uso de laser e medicamentos, em modelos clínicos ou experimentais, cujos objetivos principais são acelerar otimizando o movimento dentário ou reduzindo seus efeitos colaterais (como as reabsorções radiculares). São eles: 1) para verificar a influência nas reabsorções radiculares, deve-se garantir que as forças aplicadas experimentalmente lesaram a camada cementoblástica de todos os espécimes; 2) para otimizar a movimentação dentária induzida reduzindo o tempo de tratamento, sem efeitos colaterais, deve-se garantir que as forças aplicadas experimentalmente não lesaram a camada

cementoblástica em nenhum dos espécimes; 3) O aplicador da fototerapia e/ou do medicamento e o colocador dos aparelhos nos dentes não poderiam saber quais animais efetivamente receberiam o tratamento-teste, e os grupos controle devem ter recebido tratamentos simuladores; 4) A análise tomográfica e microscópica dos espécimes deve ter sido aleatória, sem que os espécimes fossem identificáveis quanto ao grupo a que pertenciam, para que os imaginologistas e patologistas não sofressem qualquer influência na avaliação dos fenômenos. Se esses cuidados forem adotados, serão oferecidos resultados cada vez mais confiáveis e extrapoláveis para a clínica ortodôntica.

Palavras-chave: Movimentação dentária induzida. Reabsorções radiculares. Reabsorções dentárias. Fototerapia. Medicamentos.

*

teeth should not know which animals did really receive the testtreatment, and the control groups should have received simulated treatment; 4) The tomographic and microscopic analysis must have been done at random, without specimens identification concerning their group, so the radiologists and pathologists would not be under influence when evaluating phenomena. If these cares are applied, it will be offered more reliable and relevant results for the orthodontic clinic.

Keywords: Induced dental movement. Root resorptions. Dental resorptions. Phototherapy. Drugs.

Em trabalho semelhante, ressaltamos os mesmos critérios: Effects of medications and laser on induced tooth movement and associated root resorption: Four key points. Dental Press J Orthod. 2013 Mar-Apr;18(2):4-7.

Como citar este artigo: Consolaro A. O que analisar nos trabalhos sobre medicamentos e laser na movimentação dentária induzida e reabsorções associadas: quatro critérios. Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):122-5. » O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.

122

We have proposed four criteria, or key points, for analyzing papers on the usage of laser and medication in clinical and experimental models aiming to accelerate and optimize dental movement, or to reduce its side effects as root resorptions. They are: 1) To verify the influence in root resorptions, it must be ensured that the applied forces damaged the cementoblasts layer in all specimens; 2) to optimize the induced dental movement reducing treatment time without side effects it must be ensured that the experimentally applied forces did not damage the cementoblasts layer in none of the specimens; 3) the responsible for the phototherapy or drugs administration and the installer of appliances in

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):122-5

** Professor Titular, Faculdade de Odontologia de Bauru/USP, e de Pós-graduação, FORP-USP.


Consolaro A

Por que os osteócitos? As reabsorções radiculares durante o tratamento ortodôntico são frequentes, mas não podem ser consideradas normais ou fisiológicas. Em muitos casos clínicos, nos tratamentos ortodônticos, as reabsorções radiculares apicais são praticamente inevitáveis, apesar de previsíveis, se considerarmos os fatores preditivos estabelecidos e conhecidos pela maioria dos profissionais2. Mesmo com o planejamento levando em consideração os fatores preditivos, alguns casos raros podem resultar em reabsorções radiculares. Nesses casos em que os riscos foram avaliados, considerados e explicitados, as reabsorções radiculares não deverão ser consideradas iatrogenia, mas custo biológico a ser pago para se ter os benefícios estéticos e funcionais do tratamento ortodôntico. A cada dia que passa há uma busca para se acelerar o movimento dentário e reduzir o tempo do tratamento ortodôntico. Da mesma forma, procura-se encontrar fatores que reduzam a frequência e a gravidade das reabsorções radiculares durante o tratamento ortodôntico. Nessa busca, procura-se encontrar medicamentos e outras formas para se atingir esses objetivos, entre os quais está o uso da fototerapia, especialmente o laser em suas variações. O modelo experimental de movimentação dentária induzida em ratos idealizado por Heller e Nanda13 é o mais usado universalmente para se avaliar a influência de vários fatores relacionados à prática clínica ortodôntica, e seus aspectos foram revisados por Ren et al.21, em 2004. Em 2009, Fracalossi et al.6 sugeriram uma padronização de cortes transversais dos molares murinos para a análise dos fenômenos relacionados à movimentação dentária induzida; e Santamaria Jr.22 apresentou uma forma prática para sua quantificação. Ainda em 2009, Maldonado19 investigou a influência de medicamentos, especialmente analgésicos e anti-inflamatórios, sobre o movimento dentário induzido e sobre a frequência e gravidade das reabsorções dentárias induzidas associadas. Recentemente, o uso da microtomografia computadorizada tem ampliado a possibilidade de análises cada vez mais criteriosas das reabsorções radiculares e ósseas durante o

movimento dentário induzido a partir do modelo de Heller e Nanda13. Esse método permite analisar o molar — movimentado experimentalmente — em cortes nos mais variados planos e sentidos, incluindo imagens tridimensionais. Em perspectiva, pretendemos utilizar tal método em nossos futuros trabalhos experimentais sobre movimentação dentária induzida e reabsorções radiculares associadas.

O uso da fototerapia, especialmente do laser, em movimentos dentários induzidos, cada vez mais tem despertado o interesse de clínicos e pesquisadores. Destaca-se que, em 2013, Vasconcelos25, em sua tese de doutorado, verificou que o uso do laser de baixa potência não teve efeito sobre a reabsorção radicular ortodonticamente induzida. No entanto, a partir de vários métodos, o efeito da fototerapia ainda requer muitos estudos experimentais, em função de suas variáveis, como sugere-se ao ler os principais trabalhos publicados sobre o assunto1,3,4,5,7,8,9,11,12,14-20,23-26. Para que a avaliação dos efeitos de medicamentos e da fototerapia na movimentação dentária induzida e reabsorções radiculares associadas seja livre de influências externas, sugerimos quatro pontos fundamentais na aplicação dos modelos experimentais.

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):122-5

123


Consolaro A

sobre o assunto em modelos experimentais de movimentação dentária induzida e reabsorções radiculares associadas: 1) A morte dos cementoblastos. Se o objetivo for verificar a influência nas reabsorções radiculares, deve-se garantir que as forças aplicadas experimentalmente irão lesar a camada cementoblástica em todos os espécimes. 2) A preservação dos cementoblastos. Se o objetivo for otimizar a movimentação dentária induzida, reduzindo o tempo de tratamento sem efeitos colaterais, deve-se garantir que as forças aplicadas experimentalmente não irão lesar a camada cementoblástica em nenhum dos espécimes. 3) Não se deve saber quem está recebendo o teste. Os aplicadores da fototerapia ou do medicamento e o co-

locador dos aparelhos nos dentes não devem saber quais os animais que receberão efetivamente o tratamento-teste, e os grupos controle devem receber tratamentos simuladores. 4) Os avaliadores não devem saber quem recebeu ou não o teste. A análise tomográfica e microscópica dos espécimes deve ser aleatória, sem que os espécimes sejam identificáveis quanto ao grupo a que pertencem, para que os imaginologistas e patologistas não sofram qualquer influência na avaliação dos fenômenos. Esses cuidados adotados oferecerão resultados cada vez mais livres de influências subjetivas por parte dos pesquisadores e, ao mesmo tempo, serão mais confiáveis e extrapoláveis para a clínica ortodôntica.

Referências 1. Altan BA, Sokucu O, Ozkut MM, Inan S. Metrical and histological investigation of the effects of low level therapy on orthodontic tooth movement. Lasers Med Sci. 2012;27(1):131-40. 2. Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 3ª ed. 2012. 816 p. 3. Cruz DR, Kohara EK, Ribeiro MS, Wetter NU. Effects of low-intensity laser therapy on the orthodontic movement velocity of human teeth: a preliminary study. Lasers Surg Med. 2004;35(2):117-20. 4. Doshi-Mehta G, Bhad-Patil WA. Efficacy of low-intensity laser therapy in reducing treatment time and orthodontic pain: a clinical investigation. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2012;141(3):289-97. 5. Fonseca PD, Lima FM, Higashi DT, Koyama DF, Toginho Filho DO, Dias IF, et al. Effects of light emitting diode (LED) therapy at 940nm on inflammatory root resorption in rats. Lasers Med Sci. 2013;28(1):49-55. 6. Santamaria Jr. M, Consolaro MFMO, Consolaro A. Movimentação dentária experimental em murinos: Período de observação e plano dos cortes microscópicos. Rev Dental Press Ortod Facial. 2009;14(1):143-57. 7. Gama SK, Habib FA, Monteiro JS, Paraguassú GM, Araújo TM, Cangussú MC, et al. Tooth movement after infrared laser phototherapy: clinical study in rodents. Photomed Laser Surg. 2010;28 Suppl 2:S79-83. 8. Genc G, Kocadereli I, Tasar F, Kilinc K, El S, Sarkarati B. Effect of low-level laser therapy (LLLT) on orthodontic tooth movement. Lasers Med Sci. 2013;28(1):41-7. 9. Genovese MD, Olivi G. Use of laser technology in orthodontics: hard and soft tissue laser treatments. Eur J Paediatr Dent. 2010;11(1):44-8. 10. Goulart CS, Nouer PR, Mouramartins L, Garbin IU, Lizarelli RFZ.. Photoradiation and orthodontic movement: experimental study with canines. Photomed Laser Surg. 2006;24(2):192-6. 11. Habib FA, Gama SK, Ramalho LM, Cangussú MC, Santos Neto FP, Lacerda JA, et al. Effect of laser phototherapy on the hyalinization following orthodontic tooth movement in rats. Photomed Laser Surg. 2012;30(3):179-85. 12. Habib FA, Gama SK, Ramalho LM, Cangussú MC, Santos Neto FP, Lacerda JA, et al. Laser-induced alveolar bone changes during orthodontic movement: a histological study on rodents. Photomed Laser Surg. 2010;28(6):823-30. 13. Heller IJ, Nanda R. Effect of metabolic of periodontal fibers on orthodontic tooth movement. Am J Orthod. 1979;75(3):239-58. 14. Kawasaki K, Shimuzi N. Effects of low-energy laser irradiation on bone remodeling during experimental tooth movement in rats. Lasers Surg Med. 2000;26(3):282-91. 15. Kim SJ, Kang YG, Park JH, Kim EC, Park YG. Effects of low-intensivity laser therapy on periodontal tissue remodeling during relapse and retention of orthodontically moved teeth. Lasers Med Sci. 2013;28(1):325-33.

16. Kim SJ, Paek JH, Park KH, Kang SG, Park YG. Laser-aided circumferential supracrestal fiberotomy and low-level laser therapy effects on relapse of rotated teeth in beagles. Angle Orthod. 2010;80(2):385-90. 17. Limpanichkul W, Godfrey K, Srisuk N, Rattanayatikul C. Effects of low-level laser therapy on the rate of orthodontic tooth movement. Orthod Craniofac Res. 2006;9(1):38-43. 18. Liu Z, Xu J, E L, Wang D. Ultrasound enhances the healing of orthodontically induced root resorption in rats. Angle Orthod. 2012;82(1):48-55. 19. Maldonado VB. Efeitos microscópicos do ácido acetilsalicílico (aspirina) e do acetaminofeno (tylenol) na movimentação dentária induzida e nas reabsorções radiculares associadas [dissertação]. Ribeirão Preto (SP): Universidade de São Paulo; 2009. 20. Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MT. Effects of two low-intensity laser therapy protocols on experimental tooth movement. Photomed Laser Surg. 2010;28(6):757-62. 21. Ren Y, Maltha JC, Kuijpers-Jagtman AM. The rat as a model for orthodontic tooth movement — a critical review and a proposed solution. Eur J Orthod. 2004;26(5):483-90. 22. Santamaria Jr M. Biologia da movimentação dentária induzida e das reabsorções radiculares: influência do gênero e dos bisfosfonatos [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2009. 23. Seifi M, Shafeei HA, Daneshdoost S, Mir M. Effects of two types of low-level laser wave lengths (850 and 630 nm) on the orthodontic tooth movements in rabbits. Lasers Med Sci. 2007;22(4):261-4. 24. Sousa MV, Scanavini MA, Sannomiya EK, Velasco LG, Angelieri F. Influence of low-level laser on the speed of orthodontic movement. Photomed Laser Surg. 2011;29(3):191-6 25. Vasconcelos EC. Estudo histomorfométrico da ação do laser de baixa potência na reabsorção radicular ortodonticamente induzida em ratos [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2013. 26. Youssef M, Ashkar S, Hamade E, Gutknecht N, Lampert F, Mir M. The effect of low-level laser therapy during orthodontic movement: a preliminary study. Lasers Med Sci. 2008;23(1):27-33.

Endereço para correspondência Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):122-5

125



abstracts

Literatura ortodôntica mundial Resumos, em português, de artigos publicados em importantes revistas de Ortodontia de todo o mundo. Informação qualificada e oportuna para a melhoria de sua prática clínica.

Avaliação com CBCT do nível de osso alveolar vestibular após ERM Pangrazio-Kulbersh V, Jezdimir B, de Deus Haughey M, Kulbersh R, Wine P, Kaczynski R. CBCT assessment of alveolar buccal bone level after RME. Angle Orthod. 2013 Jan;83(1):110-6. Objetivo: avaliar os níveis de osso alveolar vestibular na maxila após a expansão palatina com expansores bandados e colados, usando tomografia computadorizada de feixe cônico (CBCT). Métodos: a amostra da população consistiu de 22 pacientes que necessitaram de expansão durante seu tratamento. Dez pacientes (cinco homens e cinco mulheres) com idade média de 13,5 anos (CVMS 3) usaram expansores higiênicos colados, e doze (seis homens e seis mulheres), com idade média de 12,6 anos (CVMS 3), usaram expansores Hyrax bandados. A CBCT foi realizada antes (T1) e 6 meses após a última ativação (T2). Foram feitas medições da espessura óssea (EO) vestibular, nível ósseo marginal (NOM) vestibular, e nível de espessura óssea (NEO) no primeiro molar direito (MDir), primeiro molar esquerdo (MEsq), primeiro pré-molar direito (PMDir) e primeiro pré-molar esquerdo (PMEsq). Um modelo misto de análise de variância avaliou diferenças entre e dentro dos grupos. Testes t post-hoc foram realizados com os resultados significativos da análise de variância para determinar onde as diferenças ocorreram. Resultados: a análise de variância não revelou diferenças significativas entre ou dentro dos dois grupos. A EO horizontal diminuiu significativamente após a expansão rápida da maxila. A quantidade de osso perdida foi de -0,59 mm no MDir, -0,72mm no PMDir, -0,50mm no MEsq, e -0,57mm PMEsq (p < 0,003). Conclusões: não houve diferença significativa entre ou dentro dos dois grupos. A perda óssea vestibular na dimensão vertical (NOM) apenas mostrou significância no grupo bandado no MDir (0,63mm) e no PMEsq (0,37mm), como evidenciado pelo teste t pareado (p < 0,05). Tradução: Fabio Pinto Guedes.

Relações entre a proporção raiz-coroa e a perda de contato oclusal e o ângulo do plano mandibular alto em pacientes com mordida aberta Uehara S, Maeda A, Tomonari H, Miyawaki S. Relationships between the root-crown ratio and the loss of occlusal contact and high mandibular plane angle in patients with open bite. Angle Orthod. 2013 Jan;83(1):36-42.

grupos, e as variações entre a proporção R/C ou o comprimento da raiz e o ângulo Pm em pacientes com mordida aberta foram analisados ​​estatisticamente. Resultados: a proporção R/C e o CO de incisivos a pré-molares foram significativamente menores em pacientes com mordida aberta do que para os controles, e alguns dentes apresentaram raízes dentárias curtas. As relações entre a proporção R/C baixa ou comprimento radicular e um ângulo Pm alto foram significativas em pacientes com mordida aberta. Conclusão: pacientes com mordida aberta, especialmente aqueles com um ângulo Pm alto, têm uma proporção R/C desfavorável e raízes dentárias curtas em alguns dentes, que podem estar relacionadas com a perda de CO. Tradução: Isabella Simões Holz.

Dinâmica do sorriso em diferentes faixas etárias Chetan P, Tandon P, Singh GK, Nagar A, Prasad V, Chugh VK. Dynamics of a smile in different age groups. Angle Orthod. 2013 Jan;83(1):90-6. Objetivo: avaliar o sorriso em diferentes faixas etárias e detectar diferenças no sorriso entre os sexos. Métodos: registros videográficos digitais de 241 indivíduos selecionados aleatoriamente foram obtidos para análise dos sorrisos. Os indivíduos foram divididos em quatro grupos, por idade (15 a 20 anos, 21 a 30 anos, 31 a 40 anos e 41 a 50 anos). Cada grupo foi subdividido por sexo. Após a exclusão de 41 indivíduos, as dimensões do sorriso de 200 indivíduos foram analisadas ​​pela análise de variância multivariada de medidas repetidas (MANOVA), juntamente do teste post hoc de Duncan para múltiplas comparações. Resultados: todas as medidas dinâmicas (mudança no comprimento do lábio superior, espessura do lábio superior, altura da comissura e largura intercomissural do repouso ao sorriso) diminuíram com a idade, em ambos os sexos. Mudanças no comprimento do lábio superior e altura da comissura no sorriso foram maiores no sexo masculino, em comparação ao feminino, na mesma faixa etária. Mudanças na largura intercomissural no sorriso foram maiores em mulheres, em comparação aos homens, em todas as faixas etárias. Conclusão: o sorriso muda com o aumento da idade, e as mudanças diferem entre homens e mulheres. Mulheres apresentaram um sorriso mais largo em comparação aos homens de faixas etárias similares. Tradução: Isabella Simões Holz.

Objetivo: determinar a proporção raiz-coroa (R/C) e o comprimento da raiz dentária de pacientes com mordida aberta, e buscar quaisquer relações com o contato oclusal (CO) e o ângulo do plano mandibular (Pm). Métodos: 31 pacientes com mordida aberta e sobremordida negativa em pelo menos quatro dentes anteriores, e 31 pacientes-controle com sobressaliência e sobremordida clinicamente normais foram incluídos. A proporção R/C, o comprimento da raiz dentária, CO e ângulo Pm foram medidos por meio de radiografias panorâmicas, modelos dentários e cefalogramas, respectivamente. As diferenças médias entre os

Rotação mandibular durante a dentição de transição Ueno H, Behrents RG, Oliver DR, Buschang PH. Mandibular rotation during the transitional dentition. Angle Orthod. 2013 Jan;83(1):29-35. Objetivo: determinar se as alterações dentoalveolares ou o crescimento condilar vertical estão mais intimamente relacionados com a rotação verdadeira da mandíbula para anterior durante a transição

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):127-9

127


instruções aos autores

— A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press, dirigida à classe odontológica, destina-se à publicação de relatos de casos clínicos e de técnicas, artigos de interesse aos profissionais da área, comunicações breves e atualidades. — A Revista Clínica de Ortodontia Dental Press utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br — Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2627 – Zona 5 CEP: 87.015-001, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br — As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nesta publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nesta publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas. — Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DE MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como descrito a seguir: 1. Página de título — deve conter título em português e inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não inclua informações relativas aos autores, por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos. Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.

130

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):130-2

2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavraschave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS. 3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo. 4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto. 5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial. 6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).


Instruções aos autores

7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética. 8. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo todos os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press International, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. 9. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos ao lado.

Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7. Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 12 jun 2008]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

* Para submeter novos trabalhos acesse o site:

www.dentalpressjournals.com.br

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):130-2

131


registro de ensaios clínicos

Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da Saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da Saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.

Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index. html), com interface que permite a busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que

132

Rev Clín Ortod Dental Press. 2013 abr-maio;12(2):130-2

integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho da amostra pretendido, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal, somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

Posicionamento da Revista Clínica de Ortodontia Dental Press A REVISTA CLÍNICA DE ORTODONTIA DENTAL PRESS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/ en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/wamestmt.htm#trialreg e http:// www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.




Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.