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ISSN 2176-9451

Volume 15, Number 6, November / December 2010

VersĂŁo em portuguĂŞs Dental Press International


v. 15, no. 6

Dental Press J Orthod. 2010 Nov-Dec;15(6):1-164

Nov/Dec 2010

ISSN 2176-9451


EDITOR CHEFE Jorge Faber

Armando Yukio Saga Brasília - DF

EDITORA ASSOCIADA Telma Martins de Araujo

Arno Locks

ABO - PR UFSC - SC

Ary dos Santos-Pinto

FOAR/UNESP - SP

Bruno D'Aurea Furquim

CLÍN. PARTIC. - PR

Camila Alessandra Pazzini

UFMG - MG

Camilo Aquino Melgaço

UFMG - MG

EDITORA ADJUNTA

Carla D'Agostini Derech

UFSC - SC

(artigos online)

Carla Karina S. Carvalho

ABO - DF

Daniela Gamba Garib

UFBA - BA

HRAC/FOB-USP - SP

Carlos A. Estevanel Tavares

ABO - RS

Carlos H. Guimarães Jr.

ABO - DF

EDITOR ADJUNTO

Carlos Martins Coelho

(Odontologia baseada em evidências)

Célia Regina Maio Pinzan Vercelino

David Normando

UFPA - PA

Cristiane Canavarro Eduardo C. Almada Santos

EDITORA ADJUNTA

Eduardo Franzotti Sant'Anna

(revisão língua inglesa)

Eduardo Silveira Ferreira

Flávia Artese

UERJ - RJ

Enio Tonani Mazzieiro Fernando César Torres

PUBLISHER Laurindo Z. Furquim

Giovana Rembowski Casaccia UEM - PR

Gisele Moraes Abrahão Glaucio Serra Guimarães

CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO Adilson Luiz Ramos Danilo Furquim Siqueira Maria F. Martins-Ortiz Consolaro

Guilherme Janson UEM - PR UNICID - SP ACOPEM - SP

Guilherme Pessôa Cerveira Gustavo Hauber Gameiro Haroldo R. Albuquerque Jr.

UFMA - MA FOB-USP - SP UERJ - RJ FOA/UNESP - SP UFRJ - RJ UFRGS - RS PUC-MG - MG UMESP - SP CLÍN. PARTIC - RS UERJ - RJ UFF - RJ FOB-USP - SP ULBRA-Torres - RS UFRGS - RS UNIFOR - CE

Henri Menezes Kobayashi

UNICID - SP

Consultores INTERNACIONAIS

Hiroshi Maruo

PUC-PR - PR

Adriana C. da Silveira

Hugo Cesar P. M. Caracas

UNB - DF

Univ. de Illinois / Chicago EUA

Jonas Capelli Junior

UERJ - RJ

Björn U. Zachrisson

José Augusto Mendes Miguel

Univ. de Oslo / Oslo - Noruega

José F. Castanha Henriques

UERJ - RJ FOB-USP - SP

Clarice Nishio

José Nelson Mucha

Université de Montreal

José Renato Prietsch

Jesús Fernández Sánchez

José Vinicius B. Maciel

Univ. de Madrid / Madri - Espanha

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José Antônio Bósio

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Marquette Univ. / Milwaukee - EUA

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Júlia Harfin

Karina Maria S. de Freitas

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Leandro Silva Marques

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AAO / Dallas - EUA

Leopoldino Capelozza Filho

Marcos Augusto Lenza

Liliana Ávila Maltagliati

Univ. de Nebraska - EUA

Lívia Barbosa Loriato

PUC-MG - MG

Maristela Sayuri Inoue Arai

Luciana Abrão Malta

CLÍN. PARTIC - SP

Tokyo Medical and Dental University

Luciana Baptista Pereira Abi-Ramia

Roberto Justus

Luciana Rougemont Squeff

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Luciane M. de Menezes Luís Antônio de Arruda Aidar

Consultores NACIONAIS

Luiz Filiphe Canuto

Ortodontia

Luiz G. Gandini Jr.

Adriana de Alcântara Cury-Saramago Adriano de Castro Aldrieli Regina Ambrósio Alexandre Trindade Motta Ana Carla R. Nahás Scocate Ana Maria Bolognese Andre Wilson Machado Antônio C. O. Ruellas

UFF - RJ UCB - DF SOEPAR - PR UFF - RJ UNICID - SP

Luiz Sérgio Carreiro Marcelo Bichat P. de Arruda Marcelo Reis Fraga Márcio R. de Almeida Marco Antônio de O. Almeida

UFRJ - RJ

Marcos Alan V. Bittencourt

UFBA - BA

Maria C. Thomé Pacheco

UFRJ - RJ

Maria Carolina Bandeira Macena

UFF - RJ UFRGS - RS PUC-PR - PR CLÍN. PARTIC - SP FOB-USP - SP UFF - RJ UNINGÁ - PR UNINCOR - MG UFVJM - MG HRAC/USP - SP USC - SP

UERJ - RJ UFRJ - RJ PUC-RS - RS UNISANTA - SP FOB-USP - SP FOAR-UNESP - SP UEL - PR UFMS - MS UFJF - MG UNIMEP - SP UERJ - RJ UFBA - BA UFES - ES FOP-UPE - PB


Orlando M. Tanaka Oswaldo V. Vilella Patrícia Medeiros Berto Patricia Valeria Milanezi Alves Pedro Paulo Gondim Renata C. F. R. de Castro Ricardo Machado Cruz Ricardo Moresca

PUC-PR - PR UFF - RJ

Dentística Maria Fidela L. Navarro

CLÍN. PARTIC - RS

Disfunção da ATM

UFPE - PE

Carlos dos Reis P. Araújo

UMESP - SP

José Luiz Villaça Avoglio

UNIP - DF UFPR - PR

Fonoaudiologia

Roberto Rocha

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Esther M. G. Bianchini

Rodrigo César Santiago

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Sávio R. Lemos Prado Sérgio Estelita Tarcila Triviño Weber José da Silva Ursi Wellington Pacheco

CTA - SP FOB-USP - SP

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Rolf M. Faltin

FOB-USP - SP

Paulo César Conti

Robert W. Farinazzo Vitral

Rodrigo Hermont Cançado

FOB-USP - SP

CLÍN. PARTIC. - DF

UNINGÁ - PR CLÍN. PARTIC - SP

CEFAC-FCMSC - SP

Implantologia Carlos E. Francischone

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UFPA - PA FOB-USP - SP UMESP - SP FOSJC/UNESP - SP

Ortopedia Dentofacial Dayse Urias

CLÍN. PARTIC. - PR

Kurt Faltin Jr.

UNIP - SP

PUC-MG - MG Periodontia

Biologia e Patologia Bucal Alberto Consolaro

Maurício G. Araújo

UEM - PR

FOB-USP - SP

Edvaldo Antonio R. Rosa

PUC - PR

Prótese

Victor Elias Arana-Chavez

USP - SP

Marco Antonio Bottino

UNESP-SJC - SP

Sidney Kina

CLÍN. PARTIC. - PR

Bioquímica e Cariologia Marília Afonso Rabelo Buzalaf

FOB-USP - SP

Radiologia Rejane Faria Ribeiro-Rotta

UFG - GO

Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana

FOB/USP - SP

COLABORADORES CIENTÍFICOS

Laudimar Alves de Oliveira

UNIP - DF

Adriana C. P. Sant’Ana

FOB-USP - SP

Liogi Iwaki Filho

UEM - PR

Ana Carla J. Pereira

UNICOR - MG

Rogério Zambonato Waldemar Daudt Polido

O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419). O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-

CLÍN. PARTIC. - DF ABO - RS

Luiz Roberto Capella

CRO - SP

Mário Taba Jr.

FORP - USP

Indexação:

Bases de dados:

9451) é uma publicação bimestral da Dental Press International. Av. Euclides da Cunha, 1.718 - Zona 5 - CEP

BBO

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desde 1998

desde 2002

desde 2008

Dental Press Journal of Orthodontics

ISSN 2176-9451

desde 1999

desde 2008

desde 2005

desde 2009


Sumário

ISSN 2176-9451

Volume 15, Number 6, November / December 2010 Dental Press Journal of Orthodontics Volume 15, Number 6, November / December 2010 Vers‹ o em portugu•s

Versão em português

6

Editorial

11

Calendário de Eventos / Events Calendar

12

Acontecimentos / News

14

O que há de novo na Odontologia / What’s new in Dentistry

18

Insight Ortodôntico / Orthodontic Insight

25

Entrevista com Leopoldino Capelozza Filho / Interview

Dental Press International

Ilustração capa: Andrés Sebastián

Artigos Online / Online Articles 54

Delineamento dos Estudos Estudos longitudinais prospectivos não randomizados

1

1

12

4

Orthodontics as risk factor for temporomandibular disorders: a systematic review Eduardo Machado, Patricia Machado, Paulo Afonso Cunali, Renésio Armindo Grehs

Revisões sistemáticas

Estudo clínico randomizado Meta-análise

56 tabela 4 - Resultado do teste aplicado na comparação dos grupos em relação ao tratamento ortodôntico. QUeStÕeS

ReSUltaDO DO teSte

ValOR tabelaDO

Custo do tratamento

4,631

ambiente do consultório

1,795

p>0,5

Como você se sente durante as consultas

31,750

p<0,005

Quantos pacientes são atendidos

9,343

p<0,05

Quem faz o atendimento clínico

2,583

p>0,1

Ortodontia como fator de risco para disfunções temporomandibulares: uma revisão sistemática

Avaliação do nível de satisfação de pacientes em tratamento ortodôntico em relação à atuação do ortodontista

Evaluation of level of satisfaction in orthodontic patients considering professional performance Claudia Beleski Carneiro, Ricardo Moresca, Nicolau Eros Petrelli

p>0,5

58

Avaliação da densidade óssea para instalação de mini-implantes Bone density assessment for mini-implants position Marlon Sampaio Borges, José Nelson Mucha Artigos Inéditos / Original Articles

61

Indicadores de qualidade de vida e sua importância na Ortodontia Quality of life instruments and their role in orthodontics Daniela Feu, Cátia Cardoso Abdo Quintão, José Augusto Mendes Miguel

71

Avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no padrão respiratório, por meio da rinomanometria anterior ativa: descrição da técnica e relato de caso

Evaluation of the effect of rapid maxillary expansion on the respiratory pattern using active anterior rhinomanometry: Case report and description of the technique Edmilsson Pedro Jorge, Luiz Gonzaga Gandini Júnior, Ary dos Santos-Pinto, Odilon Guariza Filho, Anibal Benedito Batista Arrais Torres de Castro 80

Processos proliferativos gengivais não neoplásicos em paciente sob tratamento ortodôntico

Non-neoplastic proliferative gingival processes in patients undergoing orthodontic treatment Irineu Gregnanin Pedron, Estevam Rubens Utumi, Ângelo Rafael Calábria Tancredi, Flávio Eduardo Guillin Perez, Gilberto Marcucci


Sumário

tabela 3 - Resultados do teste t de Student da comparação entre o Grupo 1 e o Grupo 2 para as medidas obtidas nos modelos de estudo. Medidas IPt IPt final

Grupo 1 (n = 42) X

d.p.

Grupo 2 (n =20) X

d.p.

t

88

P

1,74

0,97

1,35

1,13

1,40

0,167

IPt inicial

5,94

2,17

7,12

1,09

-2,30

0,025*

IPt f-I

-4,20

2,52

-5,77

1,40

2,59

0,011*

Características oclusais de pacientes com Classe II, divisão 1, tratados sem e com extrações de dois pré-molares superiores

Occlusal characteristics of Class II division 1 patients treated with and without extraction of two upper premolars João Tadeu Amin Graciano, Guilherme Janson, Marcos Roberto de Freitas, José Fernando Castanha Henriques

( * ) diferença estatisticamente significativa (p<0,05).

93

Expressão de TGFβ1 mRNA nas fases iniciais de expansão da sutura palatina mediana The expression of TGFβ1 mRNA in the early stage of the midpalatal suture cartilage expansion Emilia Teruko Kobayashi, Yasuaki Shibata, Vanessa Cristina Veltrini, Rosely Suguino, Fabricio Monteiro de Castro Machado, Maria Gisette Arias Provenzano, Tatiane Ferronato, Yuzo Kato

100

A influência da perda bilateral do primeiro molar inferior permanente na morfologia dentofacial – um estudo cefalométrico

The influence of bilateral lower first permanent molar loss on dentofacial morfology – a cephalometric study David Normando, Cristina Cavacami 107

Análise da expansão rápida da maxila por meio da tomografia computadorizada Cone-Beam

Analysis of rapid maxillary expansion using Cone-Beam Computed Tomography Gerson Luiz Ulema Ribeiro, Arno Locks, Juliana Pereira, Maurício Brunetto 113

Prevalência de má oclusão em crianças entre 6 e 10 anos – um panorama brasileiro An overview of the prevalence of malocclusion in 6 to 10-year-old children in Brazil Marcos Alan Vieira Bittencourt, André Wilson Machado

123

Estudo comparativo entre traçados cefalométricos manual e digital, através do programa Dolphin Imaging em telerradiografias laterais

Comparative study between manual and digital cephalometric tracing using Dolphin Imaging software with lateral radiographs Mariane Bastos Paixão, Márcio Costa Sobral, Carlos Jorge Vogel, Telma Martins de Araujo 131

Caso Clínico BBO / BBO Case Report Má oclusão Classe III de Angle, subdivisão direita, tratada sem exodontias e com controle de crescimento

Angle Class III malocclusion, subdivision right, treated without extractions and with growth control Sérgio Henrique Casarim Fernandes 143

Tópico Especial / Special Article Extração de incisivo inferior: uma opção de tratamento ortodôntico Lower incisor extraction: An orthodontic treatment option Mírian Aiko Nakane Matsumoto, Fábio Lourenço Romano, José Tarcísio Lima Ferreira, Silvia Tanaka, Elizabeth Norie Morizono

162

Normas para publicação / Information for authors


Editorial

Os impactos da Ortodontia na sociedade de qualidade de vida relacionados à Odontologia, os autores conseguiram concentrar, de forma excelente, o conhecimento sobre os diferentes impactos que nossa especialidade tem sobre a vida das pessoas. E são muitas as que necessitam de tratamento ortodôntico. Para se ter uma ideia disso, basta ler o artigo de Bittencourt e Machado, os quais avaliaram 4.776 crianças brasileiras durante a campanha “Prevenir é melhor que tratar”, conduzida, em 18 estados brasileiros, pela Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial. Por fim, a abrangência da Ortodontia pode ser observada de forma simples e direta no gráfico gerado com as palavras contidas nesse número do jornal (Fig. 1). O tamanho de cada palavra representa a frequência de sua aparição nos artigos. É incrível notar a quantidade de desdobramentos que o Tratamento realizado pela Ortodontia tem nos Pacientes.

Quais os impactos da Ortodontia na sociedade? Essa pergunta é frequentemente apontada para especialidades que têm como parte do seu alvo a estética. Nós, ortodontistas, sabemos — até intuitivamente — que o tratamento ortodôntico transgride os limites da beleza, e muitos pacientes compreendem claramente a relevância e a abrangência das correções porque gozam de seus benefícios a cada dia de suas vidas. Os pacientes fissurados encontram-se entre essas pessoas. E é curioso notar que o Brasil contribuiu muito para o desenvolvimento das técnicas e conceitos utilizados no tratamento dessa patologia, pois um dos maiores e mais respeitados centros do mundo para tratamento de fissurados é o Centrinho de Bauru (HRAC-USP). Lá, na década de 1970, um grupo de pesquisadores foi forçado a expandir os conhecimentos ortodônticos em busca de soluções para as pessoas que os procuravam com graves comprometimentos faciais estéticos e funcionais. Talvez como fruto dessa pressão de seleção, num clássico caso de darwinismo profissional, surgiram vários grandes profissionais. Destaco um deles, até porque é o entrevistado desse número, o Dr. Leopoldino ("Dino") Capelozza Filho. Ele foi forjado em um ambiente que lhe deu “condições inexoráveis para ter espírito crítico e confiança para ignorar dogmas e quebrar conceitos”, virtudes que marcaram sua vida profissional clínica e como professor. E foi essa última atuação, como mestre, o seu maior legado. Ele pertence ao pequeno grupo de professores que fizeram a transição da Ortodontia brasileira de uma mera repetidora de conhecimentos para uma posição de liderança mundial. Isso sempre reconhecendo o paciente como "objetivo principal”. Eu me referi à nossa intuição para compreender os benefícios que a Ortodontia traz para a população, que podem ser aferidos com obviedade em pacientes fissurados. Entretanto, a leitura do artigo de Feu e colaboradores, sobre indicadores de qualidade de vida e sua importância na Ortodontia, adensa essa compreensão. Ao descrever e exemplificar vários indicadores

Dental Press J Orthod

Boa leitura. Jorge Faber Editor-chefe faber@dentalpress.com.br

FIGURa 1 - Gráfico onde o tamanho de cada palavra representa a frequência de sua aparição nos artigos desse número do jornal. É incrível notar a quantidade de desdobramentos que o tratamento realizado pela Ortodontia tem nos Pacientes.

6

2010 Nov-Dec;15(6):6






Calendário

de

eventos IV International Meeting of The Peruvian Society of Orthodontics Data: 17 a 19 de março de 2011 Local: JW Marriott Hotel Lima; Malecon de la Reserva 615, Miraflores, Peru Informações: www.ortodoncia.org.pe ivcongreso-sp-orto@hotmail.com fernandoser@speedy.com.pe POWER2Reason - Evidence Based Seminars Data: 18 e 19 de março de 2011 Local: São Paulo - Hotel Blue Tree Premium Informações: ksmolje@americanortho.com (11) 6976-8533 0800-711.60.10 Curso Mini-implantes 2011 - Hands on Data: 25 e 26 de março de 2011 Local: Rio de Janeiro - Flamengo Informações: (21) 3325-5621 www.marassiortodontia.com.br Mega Curso de em São Paulo Ortodontia em Adultos Data: 30 e 31 de março de 2011 Local: Hotel Quality Suítes - Congonhas / SP Informações: www.megacurso.tumblr.com

Curso de Capacitação Biomecânica Interativa Auto Ligante Data: 1 e 2 de abril de 2011 Local: São José dos Campos / SP Informações: (12) 3923-2626 celestino@nyu.edu

VI Jornada de Medicina Dentária UCP-Viseu Data: 19 a 21 de maio de 2011 Local: Universidade Católica Portuguesa (Viseu/Portugal) Informações: www.vijornadasmd.pt.vu vijornadasmducp@gmail.com

Carta

ao

editor

Prezado editor, Houve uma falha de comunicação durante a redação do artigo intitulado Termo do 1º Consenso em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, publicado na edição 2010 May-June;15(3):114-20: equivocadamente, foi incluído o nome do Dr. José Tadeu Tesseroli de Siqueira

Dental Press J Orthod

como endossador. Assim, nós autores queremos esclarecer que o referido doutor não foi um dos endossadores do trabalho. Atenciosamente, Simone Vieira Carrara, Paulo César Rodrigues Conti e Juliana Stuginski Barbosa.

11

2010 Nov-Dec;15(6):11


Acontecimentos

SPO 2010 Na cidade de São Paulo, no Palácio das Convenções do Anhembi, foi realizado o 17º Congresso da SPO, com o tema “Ortodontia Contemporânea: Tecnologia e Bem-estar”, com a presença dos principais nomes da Ortodontia nacional e internacional.

Laurindo Furquim, Vanda Domingos, Nerio Pantaleoni, Vera T. C. Terra e Ertty Silva.

Alberto Consolaro e Jorge Faber.

Alisson Hernandes, Amanda Oliveira, Renata Romero, Maria Cláudia, Márcio Almeida e Manuela Morisco.

Bjorn Ludwig e Hugo de Clerck.

Weber Ursi, José Valladares e David Normando.

Laurindo Furquim e Carlos Cabrera.

Laura, Carlos e Marise Cabrera com Hugo José Trevisi.

Fabrizio Panti, Alessandro Rampello, Vanda, Leopoldino Capelozza e Enrico Massarotti.

Renato Almeida e David Normando.

Lançamento O “Ser” Professor Para celebrar o lançamento da 5ª edição do livro “O ‘Ser’ Professor – Arte e Ciência no Ensinar e Aprender”, o professor Alberto Consolaro, com o apoio da Editora Dental Press, recebeu amigos, alunos, professores e autoridades para uma noite de autógrafos em Bauru/SP.

Dental Press J Orthod

Professor Alberto Consolaro, Professora Maria Arminda do Nascimento Arruda, Pró-Reitora de Cultura e Extensão Universitária da USP, e José Jobson de Andrade Arruda, Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da USC.

12

2010 Nov-Dec;15(6):12-3


o

quE há dE novo na

odontologia

Movimentação dentária mais rápida, melhor e indolor: será possível? Jose A. Bosio*, Dawei Liu**

Por natureza, o movimento dentário ortodôntico (MDO) é um processo de modelação óssea induzida mecanicamente, onde o osso formado no lado da tensão é reabsorvido no lado da compressão do ligamento periodontal (LP). Historicamente, verificouse que, quando forças são aplicadas, as seguintes três fases distintas da movimentação dentária podem ser observadas: a primeira fase, de tensão, em que o LP é comprimido (menos de 5 segundos); a segunda fase, de latência, durante a qual o movimento dentário sofre uma pausa devido à hialinização que ocorre no LP (7-14 dias); e a terceira fase, de movimento, em que o dente se move com facilidade, provocando um processo de reabsorção que debilita intensamente o osso alveolar adjacente2. Portanto, é lógico supor que, se a 2ª fase (hialinização no LP) puder ser evitada ou minimizada, o dente poderá mover-se com maior suavidade e rapidez. Do ponto de vista clínico, a aplicação de forças possui características de magnitude, frequência e duração. Há anos que os estudos vêm privilegiando a magnitude e a duração das forças, o que resultou na maioria dos incontestáveis achados científicos descritos na literatura atual. Em resumo, sempre que são aplicadas forças leves, parece que a segunda fase não está presente e o dente se move com muito menos trauma (sem hialinização) através do osso alveolar — o que seria, sem dúvida, a situação ideal. O problema da aplicação de forças pesadas reside no fato de que, embora o dente se mova, em última

As tentativas de correção de dentes apinhados ou projetados remontam a 3000 anos de história. Foram encontradas múmias egípcias com anéis metálicos rudimentares envoltos em alguns dentes. Aparelhos ortodônticos toscos, mas surpreendentemente bem elaborados, também foram encontrados entre artefatos gregos e etruscos1. Começando com Pierre Fauchard, passando por Ben Kingsley, Calvin Case e, finalmente, Edward H. Angle, somos testemunhas de uma imensa evolução tecnológica. A era moderna da Ortodontia iniciou sua trajetória histórica em torno do ano 1900, evoluindo desde as bandas de metal ajustadas aos dentes até aparelhos colados nas superfícies vestibular e lingual, além dos aparelhos invisíveis, mini-implantes e miniplacas, braquetes autoligados, modelos digitais, laser etc. Portanto, a busca contínua pelo aperfeiçoamento dos materiais e técnicas suscita em nós o desejo de tratar os pacientes mais rapidamente, com melhores técnicas e de forma totalmente indolor. Hoje em dia, muitas pessoas submetem-se ao tratamento ortodôntico, o que lhes proporciona uma melhor oclusão, com efeitos benéficos nas funções orais e uma aparência facial mais harmoniosa. No entanto, dois desconcertantes desafios ainda não foram resolvidos pela Ortodontia clínica, ou seja: o tempo de tratamento prolongado (2-3 anos, em média) e a reabsorção radicular iatrogênica. A superação desses desafios certamente irá melhorar drasticamente a qualidade do tratamento ortodôntico.

Ambos os autores contribuíram igualmente para este trabalho. * Professor Assistente e Diretor da Clínica de Pós-Graduação do Departamento de Ciências do Desenvolvimento/Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Marquette, Milwaukee, WI, EUA. ** Professor Assistente, Diretor do Curso de Graduação e Diretor de Pesquisa do Departamento de Ciências do Desenvolvimento/Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Marquette, Milwaukee, WI, EUA.

Dental Press J Orthod

14

2010 Nov-Dec;15(6):14-7


bosio Ja, liu D

A

B

C

D

FIGURa 2 - A) Scanner intrabucal; B) modelo individualizado em 3D; C) dobras no fio, realizadas por robô e D) dobras no fio, individualizadas para cada dente.

realização de estudos imparciais e bem embasados, comprovando que os dentes podem realmente ser movimentados com maior rapidez, segurança e eficiência empregando-se a tecnologia SureSmile. São as seguintes as dificuldades encontradas no sistema SureSmile: 1) o tempo de varredura é ainda bastante longo, levando cerca de 25 minutos para digitalizar uma boca completa, 2) o tempo

de cadeira é reduzido, mas o tempo necessário ao planejamento e alteração do posicionamento dentário no programa de computador aumenta significativamente, 3) os custos iniciais com a montagem do equipamento e manutenção do programa ainda são muito elevados. Em breve, essa tecnologia arrojada deverá demonstrar sua eficácia diante da comunidade ortodôntica.

RefeRências 1. 2. 3. 4.

5. 6. 7. 8.

Wahl N. Orthodontics in 3 millennia. Chapter 2: entering the modern era. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005 Apr;127(4):510-5. Reitain K. Some factors determining the evaluation of forces in orthodontics. Am J Orthod. 1957;43:32-45. Proffit W. Contemporary Orthodontics. 4th ed. St. Louis: Mosby Year Book; 2007. cap. 9, p. 331-40. Cattaneo PM, Dalstra M, Melsen B. Moment-to-force ratio, center of rotation, and force level: a finite element study predicting their interdependency for simulated orthodontic loading regimens. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008 May;133(5):681-9. Rubin C, Turner AS, Bain S, Mallinckrodt C, McLeod K. Anabolism. Low mechanical signals strengthen long bones. Nature. 2001 Aug 9;412(6847):603-4. Xie L, Rubin C, Judex S. Enhancement of the adolescent murine musculoskeletal system using low-level mechanical vibrations. J Appl Physiol. 2008 Apr;104(4):1056-62. Kusano H, Tomofuji T, Azuma T, Sakamoto T, Yamamoto T, Watanabe T. Proliferative response of gingival cells to ultrasonic and/or vibration toothbrushes. Am J Dent. 2006 Feb;19(1):7-10. Nishimura M, Chiba M, Ohashi T, Sato M, Shimizu Y, Igarashi K, et al. Periodontal tissue activation by vibration: intermittent stimulation by resonance vibration accelerates experimental tooth movement in rats. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2008 Apr;133(4):572-83.

Dental Press J Orthod

9. 10. 11. 12. 13. 14.

Marie SS, Powers M, Sheridan JJ. Vibratory stimulation as a method of reducing pain after orthodontic appliance adjustment. J Clin Orthod. 2003 Apr;37(4):205-8. Liu D. Acceleration of orthodontic tooth movement by mechanical vibration. Access: 2009 Jan 12. Available from: http://iadr.confex. com/iadr/2010dc/webprogram/Paper129765.html. Kau CH, Jennifer TN, Jeryl D. The clinical evaluation of a novel cyclical-force generating device in orthodontics. Orthodontic Practice US. 2010;1(1):43-4. Mandall N, Lowe C, Worthington H, Sandler J, Derwent S, Abdi-Oskouei M, et al. Which orthodontic archwire sequence? A randomized clinical trial. Eur J Orthod. 2006 Dec;28(6):561-6. Mah J, Sachdeva R. Computer assisted orthodontic treatment: The SureSmile process. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001 Jul;120(1):85-7. Scholz RP, Sachdeva RCL. Interview with an innovator: SureSmile Chief Clinical Officer Rohit C. L. Sachdeva. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010 Aug;138(2):231-8.

endereço para correspondência Jose A. Bosio (jose.bosio@marquette.edu) Dawei Liu (dawei.liu@marquette.edu)

17

2010 Nov-Dec;15(6):14-7


InsIght OrtOdôntIcO

Tracionamento ortodôntico: possíveis consequências nos caninos superiores e dentes adjacentes Parte 3: anquilose alveolodentária, reabsorção dentária por substituição, metamorfose cálcica da polpa e necrose pulpar asséptica Alberto Consolaro*, Renata Bianco Consolaro**, Leda A. Francischone***

O tracionamento dos caninos representa um dos procedimentos passíveis de serem utilizados no tratamento ortodôntico para colocá-los na arcada dentária em condições estéticas e funcionais normais. O tracionamento dos caninos deve ser caracterizado como um movimento ortodôntico. Infelizmente, nas discussões clínicas sobre a prática ortodôntica, alguns profissionais oferecem resistência quanto a indicar o tracionamento ortodôntico, especialmente dos caninos superiores. Esses profissionais acreditam que o tracionamento ortodôntico promove muitos problemas clínicos trans e pós-operatórios. Entre os problemas mais citados para restringirem a indicação do tracionamento ortodôntico estão: 1) Reabsorção Radicular Lateral nos incisivos laterais e nos pré-molares. 2) Reabsorção Cervical Externa nos caninos tracionados. 3) Anquilose Alveolodentária do canino envolvido. 4) Metamorfose Cálcica da Polpa e Necrose Pulpar Asséptica.

Nos dois trabalhos anteriores, discorremos sobre os itens 1 e 2. Nesse último artigo da série, trataremos da fundamentação biológica dos casos de anquilose alveolodentária, reabsorção dentária por substituição, metamorfose cálcica da polpa e necrose pulpar asséptica relacionados direta ou indiretamente com o tracionamento ortodôntico de caninos. Diferenciando o tracionamento ortodôntico de outros procedimentos Existem outras formas, a partir de procedimentos cirúrgicos, de colocar na arcada dentária caninos não irrompidos ou irrompidos mas mal posicionados. Os deslocamentos cirúrgicos dos caninos para a arcada dentária recebem nomes como “tracionamento rápido” do canino ou extrusão rápida do canino, mas na realidade representam um transplante autógeno intra-alveolar10 e não se utilizam movimentos dentários induzidos e realizados pelos tecidos periodontais. Não existe a possibilidade de “tracionamento” cirúrgico de caninos, pois o próprio nome refere-se

* Professor Titular em Patologia da FOB-USP e da Pós-Graduação da FORP-USP. ** Professora Substituta de Patologia da Faculdade de Odontologia de Araçatuba da UNESP. *** Professora Doutora da Graduação e Pós-Graduação em Biologia Oral da USC-Bauru.

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tracionamento ortodôntico: possíveis consequências nos caninos superiores e dentes adjacentes (Parte 3)

Essas consequências não decorrem primária e especificamente do tracionamento ortodôntico. Elas podem ser evitadas se determinados cuidados técnicos forem adotados, especialmente “os quatro pontos cardeais da prevenção de problemas durante o tracionamento ortodôntico” 6 a saber: 1. Avaliar o folículo pericoronário e suas relações com os dentes vizinhos. 2. Valorizar a região cervical do dente não irrompido, para evitar exposição e manipulação cirúrgica da junção amelocementária. 3. Cuidar para não transformar a luxação antes do tracionamento em severo traumatismo dentário, em procedimentos cirúrgicos desnecessários. 4. Preservar o feixe vasculonervoso apical que adentra no canal radicular durante o procedimento de conferir a obtenção da luxação ou pelo aumento da velocidade do tracionamento dentário em sentido oclusal.

consideração final O tracionamento ortodôntico deve ser considerado um movimento dentário induzido, como qualquer outro movimento ortodôntico. As suas forças e direção são de extrusão dentária e criam aspectos específicos para esse procedimento ortodôntico. No planejamento e execução do tracionamento ortodôntico de caninos, devem ser consideradas as características anatômicas e funcionais do ligamento periodontal. As consequências indesejadas mais citadas para restringir a indicação do tracionamento são de ordem técnica, de execução, e podem ser esclarecidas biologicamente. São elas: a) Reabsorção radicular lateral nos incisivos laterais e nos pré-molares; b) Reabsorção cervical externa nos caninos tracionados; c) Anquilose alveolodentária do canino envolvido; d) Metamorfose cálcica da polpa e necrose pulpar asséptica.

RefeRências 1. 2.

3. 4. 5. 6.

7.

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Consolaro A, Francischone LA, Consolaro RB, Carraro ESC. Escurecimento dentário por metamorfose cálcica da polpa e necrose pulpar asséptica. Rev Dental Press Estét. 2007 outdez;12(6):128-33. 10. Consolaro A, Pinheiro TN, Intra JBG, Masioli MA, Roldi A. Os transplantes dentários autógenos: as razões biológicas do sucesso clínico. Rev Dental Press Estét. 2008 julset;5(3):124-34. 11. Damante JH. Estudo dos folículos pericoronários de dentes não irrompidos e parcialmente irrompidos. Inter-relação clínica, radiográfica e microscópica [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1987.

endereço para correspondência Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br

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EntrEviSta

Uma entrevista com

Leopoldino Capelozza Filho • Graduado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Bauru da Universidade de São Paulo - FOB-USP (1972). • Mestre em Ortodontia pela FOB-USP (1976). • Doutor em Reabilitação Oral, área Periodontia, pela FOB-USP (1979). • Iniciou carreira profissional como fundador e responsável pelo setor de Ortodontia do Centrinho (Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da Universidade de São Paulo, HRAC-USP). • Participa como docente na pós-graduação dessa mesma instituição. • No início da década de 80, acrescentou às suas atividades a prática da Ortodontia em clínica particular, desenvolvendo extensa experiência em tratamentos ortodônticos de crianças e adultos, com deformidades dentárias e/ou esqueléticas, e em Odontologia de acompanhamento. • É professor-assistente doutor aposentado da Universidade de São Paulo, professor do Curso de PósGraduação (mestrado) em Fissuras Orofaciais do HRAC-USP, professor visitante da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, ortodontista do HRAC-USP, assessor da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo. Com inúmeras publicações em revistas nacionais e internacionais, e expressiva participação em congressos da especialidade, atualmente mantém a coordenação do Curso de Especialização em Ortodontia da Profis e dos Cursos de Especialização e Mestrado em Ortodontia da Universidade do Sagrado Coração (USC), e colabora com vários cursos de pós-graduação em Ortodontia.

Numa especial circunstância, fui convidado a apresentar a entrevista do Prof. Leopoldino Capelozza Filho, diante do fato de que um dos seus maiores amigos e parceiros científicos, o Prof. Omar Gabriel da Silva Filho, estava por fazê-lo, mas infelizmente, logo após o envio de suas perguntas, um problema de saúde não lhe permitiu continuar mais esse trabalho. Mas, com a graça de Deus, em breve ele poderá voltar ao trabalho e curtir esta histórica participação. Sobre a apresentação do ilustre entrevistado desta edição, tenho a certeza de que, se fossem fazê-la, muitos dos seus amigos (e são muitos) sentiriam o mesmo peso da responsabilidade em apresentar o “Dr. Dino”, como carinhosamente seria citado. E também todos se perguntariam: precisa de apresentação? Estima-se que mais de 3000 exemplares de seu livro já foram vendidos, tornando-o um best-seller da editora Dental Press. E esse incansável mestre está por lançar um novo livro com mais inovações, focando uma Ortodontia individualizada, realista e minimalista (onde, parafraseandoo, o mínimo pode ser o máximo). Tive o privilégio de, no início de minha formação, ter o Prof. Capelozza como um dos principais mentores de Ortodontia e, por essa razão, posso testemunhar o seu caráter, honestidade pessoal e científica, e o bom senso desse incomparável mestre. Tive condições de aprender e despertar para uma Ortodontia de olhos mais abertos, diante de sua vasta experiência e critério científico. Conteúdo esse que justifica, há muito, sua diretriz morfológica de diagnosticar e tratar. Durante os anos de residência odontológica no Setor de Ortodontia do Centrinho (HRAC-USP, Bauru), pude também acompanhar a influência de sua lucidez na luta diária em prol dos melhores resultados para os pacientes fissurados, juntamente com toda a equipe do Centrinho. Muitas linhas seriam necessárias para relacionar o impacto de suas atitudes sobre as condutas atuais dos ortodontistas brasileiros, construídas em mais de 30 anos de Ortodontia. Desde os seus ex-alunos, como eu, que hoje passaram para o “lado de cá” e continuam a transmitir seus conceitos na formação de novos profissionais, até os novos ortodontistas, que podem ter a feliz oportunidade de iniciar a carreira a um passo adiante. Aos que o conhecem bem, sabem que poderíamos dizer muito mais desse genial amigo. Nesta entrevista, pode-se subtrair um pouco do raciocínio claro do Prof. Leopoldino Capelozza Filho, que “passeia” sobre o tratamento em fissurados e pacientes da clínica ortodôntica, pontuando sua visão nos tratamentos compensatórios nos três planos (vertical, anteroposterior e transversal). Contamos com a participação, como entrevistadores, dos ilustres colegas Prof. Omar Gabriel da Silva Filho e Profa. Terumi Okada, do Prof. Laurindo Furquim, Profa. Susana Rizzato e Profa. Dione do Vale. Como era de se esperar, o leitor vai se entregar sem pausas a este rico e imperdível bate-papo, tendo a sensação de que estava conversando pessoalmente com este ícone ímpar da Ortodontia. Boa leitura.

Adilson Luiz Ramos

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Entrevista

oclusões, repetindo o passado recente das sociedades mais avançadas do mundo. Como não ser otimista com um passado recente e um presente como esses? Muitos profissionais, cursos que não prezam o nível necessário de formação, tratamentos que não obedecem parâmetros rígidos de qualidade? Claro que existem, efeitos colaterais desse movimento, positivo em essência, que devem e precisam ser controlados. Não confundir esses desvios passíveis de críticas, com mudanças que significam evolução. A Ortodontia tende a ser ortodoxa. Não há evolução sem mudança de conceitos. Novos conceitos necessitam de novas perspectivas. Informações que, derivadas de pesquisas, devem gerar conhecimento. Ações terapêuticas que considerem o indivíduo, diagnosticado pelo que ele realmente é, e não pela relação dos seus molares. Mudar o olhar para mudar o fazer. Fazer o melhor em um futuro que pode ser brilhante.

Revistas de qualidade, com esforços para publicações controladas e, inclusive em língua inglesa, como a Dental Press. Firmas competindo pelo mercado brasileiro, inclusive com investimentos em fábricas, como os da 3M na Abzil. Uma sociedade que melhora seu poder de compra e que, reconhecidamente, valoriza a estética. Um completo e positivo panorama, que deve refletir um ensino qualificado e uma prestação de serviços de excelência. Nesse ponto, o mais importante na minha perspectiva, a evolução mais consistente e o melhor futuro. De uma especialidade destinada à elite, na década de 70; a uma especialidade acessível a uma parcela muito significativa da população, desde o final do século passado. Em um futuro próximo, disponível no serviço de saúde pública. Sim, junto com os esforços para o controle da cárie, permitido por uma Odontologia de alto nível, preocupações com as más

Referências 1. 2. 3.

4. 5. 6. 7.

8. Capelozza Filho L, Almeida AM, Ursi WJ. Rapid maxillary expansion in cleft lip and palate patients. J Clin Orthod. 1994;28(1):34-9. 9. Capelozza Filho L, Reis SAB, Cardoso Neto J. Uma variação no desenho do aparelho expansor rápido da maxila no tratamento da dentadura decídua ou mista precoce. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999 jul-ago;4(1):69-74. 10. Capelozza Filho L, Fattori L, Cordeiro A, Maltagliati LA. Avaliação da inclinação do incisivo inferior através da tomografia computadorizada. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2008 nov-dez;13(6):108-17. 11. Capelozza Filho L, Machado FMC, Ozawa TO, Cavassan AO. Folga braquete/fio – o que esperar da prescrição para inclinação nos aparelhos pré-ajustados. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. No prelo. 2010. 12. Capelozza Filho L, Silva Filho OG, Ozawa TO, Cavassan AO. Individualização de braquetes na técnica de StraightWire: revisão de conceitos e sugestão de indicações para uso. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999 julago;4(4):87-106.

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Capelozza Filho L

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Dione do Vale

Susana Maria Deon Rizzatto

- Mestre e Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP. - Responsável pelo Setor de Ortodontia do Centro de Atencão aos Defeitos de Face (CADEFI) do Instituto de Medicina Integral Prof. Fernando Figueira (IMIP, Recife / PE).

- Mestre e Especialista em Ortodontia pela UFRGS e PUC-RS. - Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia (BBO). - Professora de Ortodontia da PUC-RS.

Laurindo Furquim

Terumi Okada Ozawa

- Graduação em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Lins (1979). - Especialização em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru (1983). - Doutorado em Patologia Bucal pela Faculdade de Odontologia de Bauru (2002). - Atualmente é professor de Ortodontia na Universidade Estadual de Maringá (UEM).

- Doutora em Ortodontia pela FO Araraquara-UNESP. - Ortodontista e Diretora de Divisão de Odontologia do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais (HRAC) - USP / Bauru.

Omar Gabriel da Silva Filho - Coordenador do Curso de Atualização em Ortodontia Preventiva e Interceptiva, promovido pela PROFIS (Sociedade de Promoção Social do Fissurado LábioPalatal). - Professor do Curso de Especialização em Ortodontia promovido pela PROFIS. - Ortodontista do HRAC-USP (Hospital de Pesquisa e Reabilitação de Lesões Lábio-Palatais, Universidade de São Paulo), em Bauru.

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Endereço para correspondência Leopoldino Capelozza Filho E-mail: lcapelozza@yahoo.com.br

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artigo onlinE*

Ortodontia como fator de risco para disfunções temporomandibulares: uma revisão sistemática Eduardo Machado**, Patricia Machado***, Paulo Afonso Cunali****, renésio Armindo grehs*****

Resumo Objetivo: nos últimos anos, a inter-relação entre Ortodontia e disfunções temporomandibulares (DTM) tem despertado interesse crescente na classe odontológica, sendo tema de discussões e controvérsias. Em um passado recente, a oclusão era considerada como principal fator etiológico das DTM, sendo o tratamento ortodôntico uma medida terapêutica primária para um restabelecimento fisiológico do sistema estomatognático. Assim, o papel da Ortodontia na prevenção, desencadeamento e tratamento das DTM passou a ser investigado. Com a realização de estudos científicos com metodologias mais rigorosas e precisas, a relação entre o tratamento ortodôntico e as DTM pôde ser avaliada e questionada dentro de um contexto baseado em evidências científicas. Este trabalho, através de uma revisão sistemática da literatura, teve como objetivo analisar a inter-relação entre a Ortodontia e as DTM, verificando se o tratamento ortodôntico é fator contribuinte para o desenvolvimento de DTM. Métodos: levantamento em bases de pesquisa — MEDLINE, Cochrane, EMBASE, Pubmed, Lilacs e BBO — entre os anos de 1966 e 2009, com enfoque em estudos clínicos randomizados, estudos longitudinais prospectivos não randomizados, revisões sistemáticas e meta-análises. Resultados: após a aplicação dos critérios de inclusão, chegou-se a 18 artigos, sendo que 12 eram estudos longitudinais prospectivos não randomizados, 4 revisões sistemáticas, 1 estudo clínico randomizado e 1 meta-análise, que avaliaram a relação entre tratamento ortodôntico e DTM. Conclusões: pela análise da literatura, conclui-se que o tratamento ortodôntico não pode ser considerado fator contribuinte para o desenvolvimento de disfunções temporomandibulares. Palavras-chave: Síndrome da disfunção da articulação temporomandibular. Transtornos da articulação temporomandibular. Transtornos craniomandibulares. Articulação temporomandibular. Ortodontia. Oclusão dentária.

Resumo do editor A disfunção temporomandibular (DTM) chamou a atenção dos ortodontistas mediante o conhecimento de processos judiciais que apontavam o tratamento ortodôntico como o fator

desencadeante das dores na região da articulação temporomandibular. Além disso, a literatura tem investigado detalhadamente a influência das irregularidades oclusais na etiologia das DTM. Estudos atuais, com critérios metodológicos

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. ** Especialista em Disfunções Temporomandibulares (DTM) e Dor Orofacial pela UFPR. Graduado em Odontologia pela UFSM. *** Aluna do Curso de Especialização em Prótese Dentária da PUC-RS. Graduada em Odontologia pela UFSM. **** Doutor em Ciências pela UNIFESP. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação em Odontologia da UFPR. Coordenador do Curso de Especialização em DTM e Dor Orofacial da UFPR. ***** Doutor em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UNESP/Araraquara. Professor Adjunto dos cursos de graduação e pós-graduação em Odontologia da UFSM.

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Machado e, Machado P, Cunali Pa, Grehs Ra

rigorosos e desenhos adequados, apresentam evidências mais precisas da inter-relação entre a Ortodontia e as DTM. O presente estudo realizou uma revisão sistemática de evidências sobre a associação do tratamento ortodôntico e as disfunções temporomandibulares. A amostra foi composta por 18 artigos que satisfaziam os critérios de inclusão adotados. A revisão literária demonstrou que não há um aumento na prevalência de DTM devido ao tratamento ortodôntico tradicional, seja com protocolos de exodontias ou não. Porém, é necessária a realização de novos

estudos longitudinais, randomizados e intervencionistas, com critérios diagnósticos padronizados, para que se determinem associações causais mais precisas. Durante a fase de diagnóstico do paciente préortodôntico, é importante a realização de uma avaliação completa da presença de sinais e sintomas de DTM. Para tanto, torna-se necessária uma integração da Ortodontia com a especialidade da Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial, para uma adequada decisão terapêutica quando da presença dessas, visto a grande prevalência das DTM na população de um modo geral.

Questões aos autores

sobre essa condição, bem como sobre a importância da sua natureza etiológica multifatorial, para o adequado manejo e controle das disfunções temporomandibulares.

1) existe relação entre a má oclusão e as disfunções temporomandibulares? Cada vez mais inserido dentro de um contexto de uma Odontologia baseada em evidências, a oclusão não pode ser considerada como um fator etiológico primário no desencadeamento de DTM. Admite-se que determinadas condições oclusais podem atuar como cofatores na etiologia das DTM, porém o seu papel não pode ser superestimado. Assim, tratamentos que alterem o padrão oclusal de forma irreversível, tais como o ajuste oclusal e a Ortodontia, não encontram sustentação científica como protocolos iniciais de tratamento para DTM.

3) O tratamento ortodôntico não deve ser indicado com vistas a amenizar os sintomas de DTM. Qual a sua percepção quanto à difusão dessas evidências dentre os clínicos gerais e ortodontistas? O protocolo inicial de tratamento para DTM deve ser conservador, reversível, pouco invasivo e pautado em evidências científicas significativas. Atualmente, com a utilização de métodos baseados em evidências, os estudos clínicos demonstram que a Ortodontia não consiste em uma forma de tratamento e prevenção para DTM; bem como, quando realizada de forma adequada, não acarreta desencadeamento de DTM. Esse conhecimento deve ser discutido e repassado para a classe odontológica em geral e a ortodôntica, de forma que permita elucidar essa inter-relação tanto para os profissionais quanto para os pacientes, visto que, em algumas publicações, nota-se ainda que essa interface não está totalmente clara para os profissionais.

2) Qual a conduta que devemos estabelecer antes de iniciar o tratamento ortodôntico de um paciente com DTM? O exame clínico pré-ortodôntico do paciente deve englobar uma avaliação completa acerca de sinais e sintomas de DTM, lançando-se mão de exames complementares, quando necessário, para o correto diagnóstico. Quando na presença desses, a opção terapêutica recai sobre tratamentos conservadores e reversíveis, para, depois de controlados os sinais e sintomas de DTM, se proceder a realização do tratamento ortodôntico e reabilitações bucais. É necessária a conscientização do paciente

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Endereço para correspondência Eduardo Machado rua francisco Trevisan, nº 20, Bairro Nossa Sra. de Lourdes CEP: 97.050-230 – Santa Maria / rS E-mail: machado.rs@bol.com.br

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artigo onlinE*

Avaliação do nível de satisfação de pacientes em tratamento ortodôntico em relação à atuação do ortodontista Claudia Beleski Carneiro**, ricardo Moresca***, Nicolau Eros Petrelli****

Resumo Objetivo: devido à crescente preocupação dos profissionais em adquirir novos pacientes

e mantê-los satisfeitos com o tratamento, este estudo tem por objetivo avaliar o nível de satisfação de pacientes em tratamento ortodôntico com relação à atuação do ortodontista. Métodos: 60 questionários foram preenchidos por pacientes em tratamento ortodôntico com profissionais especialistas em Ortodontia, da cidade de Curitiba/PR. Os pacientes foram divididos em dois grupos: o grupo 1 compreendia 30 pacientes que se consideravam insatisfeitos e foram transferidos de profissional nos últimos 12 meses; os 30 pacientes participantes do grupo 2 consideravam-se satisfeitos e estavam em tratamento ortodôntico com o mesmo profissional há pelo menos 12 meses. Resultados e Conclusões: após a realização da análise estatística pelo teste qui-quadrado, foi possível concluir que os fatores estatisticamente relacionados com o nível de satisfação dos pacientes avaliados, considerando a atuação do ortodontista, foram: titulação, recomendação do profissional, motivação, classificação técnica, interação profissional/paciente e relacionamento pessoal com o paciente. Na avaliação do tratamento ortodôntico, os fatores que determinaram diferenças estatisticamente significativas no nível de satisfação dos pacientes foram: quantidade de pacientes atendidos simultaneamente e integração do paciente durante as consultas. Palavras-chave: Satisfação do paciente. Relações profissional-paciente. Ortodontia.

Resumo do editor Com o aumento do número de profissionais no mercado de trabalho, a busca pela satisfação do paciente ortodôntico ganhou atenção. Entretanto, há dificuldade em quantificar tais questões, pela necessidade de consultar a opinião dos pacientes e pela natureza prolongada do tratamento

ortodôntico. Quais seriam, então, as percepções do paciente que influenciariam a satisfação com o tratamento ortodôntico e também com a atuação do profissional? Essa é uma questão importante para desvendar o universo psicológico do paciente, responsável pela sua integração ou não ao ambiente clínico.

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. ** Mestre em Farmacologia - UFPR. Aluna do Curso de Especialização da Universidade Federal do Paraná. *** Professor de Ortodontia da UFPR, graduação e especialização. Professor do Curso de Mestrado em Odontologia Clínica da Universidade Positivo. **** Professor Coordenador do Curso de Pós-Graduação em Ortodontia, UFPR.

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Carneiro Cb, Moresca R, Petrelli Ne

Participaram deste estudo 320 pacientes de 10 consultórios particulares de profissionais especialistas em Ortodontia. Agruparam-se os pacientes declaradamente insatisfeitos com o tratamento ortodôntico e que mudaram de profissional, e um segundo grupo foi composto por pacientes satisfeitos com o tratamento ortodôntico. Tais pacientes responderam a um questionário escrito de 17 questões objetivas com apenas três alternativas, nas salas de espera das clínicas ortodônticas. Utilizou-se o teste do “Qui-quadrado” para avaliar as diferenças entre os grupos (p<0,05). O currículo do profissional pareceu não influenciar no grau de satisfação dos pacientes. Com relação à natureza das informações transmitidas ao paciente, não foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos estudados. A maioria dos pesquisados do presente estudo, em ambos os grupos, afirmou ter

recebido informações educativas pelo profissional. Apesar da ausência de diferença significativa, a prevalência de pacientes que relataram que o profissional não os reconhecia pelo nome constituiu um terço dos pacientes insatisfeitos. Com relação à aceitação de críticas e sugestões pelo profissional, foram encontradas diferenças estatisticamente significativas entre os grupos estudados. Dentre os pacientes que se consideravam insatisfeitos, 60% não tinham liberdade de expressar críticas e sugestões. Isso sugere a falha de comunicação que existiu em mais da metade dos profissionais que tiveram pacientes transferidos. No estudo realizado, quase 90% dos pacientes que se consideravam insatisfeitos não apresentavam uma relação pessoal boa com o profissional. Esses dados sugerem que a satisfação do paciente está fortemente relacionada à boa relação pessoal com o profissional.

Questões aos autores 3) Haveria uma recomendação distinta quando do atendimento de pacientes ortodônticos no âmbito acadêmico-universitário? No âmbito universitário, seria interessante explorar mais esta capacidade de integração entre paciente e profissional, já que se trata de um ambiente de ensino, onde os profissionais envolvidos podem treinar essa habilidade continuamente, durante as sucessivas consultas clínicas. Deveria ser mais explorado o aspecto psicológico do tratamento ortodôntico, já que não apenas de técnica e rapidez vive o ortodontista — ele necessita aprender um contexto psicológico para melhorar seu relacionamento com os pacientes, garantindo, assim, a satisfação para ambos os lados.

1) Qual a importância de estudos como esse? Estudos como esse permitem o entendimento do relacionamento profissional/paciente, além do aprimoramento do profissional, não apenas no aspecto técnico, mas no sentido de garantir o bem-estar do paciente. A partir do momento em que o profissional conquista o paciente, garante sua permanência no consultório, assim como a indicação de outros pacientes novos por esse paciente satisfeito. 2) com vistas a otimizar o grau de satisfação dos pacientes ortodônticos, qual o aconselhamento que os autores dariam aos ortodontistas clínicos? Os ortodontistas clínicos deveriam prezar mais pelo bom relacionamento pessoal com seus pacientes. Essa atitude garante a integração do paciente no ambiente clínico, melhora o diálogo entre a equipe técnica e o paciente, além de garantir a indicação do profissional a parentes e amigos do paciente.

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Endereço para correspondência Claudia Beleski Carneiro rua rio grande do Sul, 381 CEP: 84.015-020 – Ponta grossa / Pr E-mail: cbeleskic@hotmail.com

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artigo onlinE*

Avaliação da densidade óssea para instalação de mini-implantes Marlon Sampaio Borges**, José Nelson Mucha***

Resumo Introdução: além da espessura da cortical óssea e a largura dos espaços interradiculares, a den-

sidade óssea é fator primordial para a eficiência dos mini-implantes como recursos de ancoragem. Pretendeu-se avaliar a densidade óssea alveolar e basal maxilar e mandibular, em unidades Hounsfield (HU). Métodos: em onze arquivos de imagens tomográficas computadorizadas Cone-Beam, de indivíduos adultos, foram obtidas 660 medidas da densidade óssea alveolar (corticais vestibular e lingual), osso medular e basal (maxilar e mandibular). Valores foram obtidos através do software Mimics versão 10.01 (Materialise, Bélgica). Resultados: maxila — a densidade da cortical vestibular na faixa de osso alveolar variou de 438 a 948 HU, e a lingual de 680 a 950 HU; já o osso medular variou de 207 a 488 HU. A densidade da cortical vestibular na faixa de osso basal apresentou uma variação de 672 a 1380 HU e o osso medular de 186 a 420 HU. Mandíbula — a variação do osso na cortical vestibular na faixa de osso alveolar foi de 782 a 1610 HU, na cortical lingual alveolar de 610 a 1301 HU, e na medular de 224 a 538 HU. A densidade na área basal foi de 1145 a 1363 HU na cortical vestibular e de 184 a 485 HU na medular. Conclusões: a maior densidade óssea na maxila foi observada entre pré-molares na cortical alveolar vestibular. A tuberosidade maxilar foi a região com menor densidade óssea. A densidade óssea na mandíbula foi maior do que na maxila e observou-se um acréscimo progressivo de anterior para posterior e de alveolar para basal. Palavras-chave: Densidade óssea. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Ortodontia.

Resumo do editor Os mini-implantes têm se sobressaído na preferência dos profissionais, pela facilidade de inserção e remoção, possibilidade de carga imediata, tamanho pequeno e baixo custo. A escolha do local de inserção do mini-implante deve ser feita com base em regiões adequadas de tecidos moles, quantidade de osso cortical adequada, inclinação da implantação, tamanho do mini-implante e, principalmente,

no tipo de movimento dentário. A tomografia computadorizada Cone-Beam permite a avaliação da densidade óssea dos tecidos mineralizados. O objetivo deste estudo foi avaliar a densidade óssea nas regiões dos septos ósseos interdentários. A amostra do estudo consistiu de 11 arquivos de tomografia computadorizada volumétrica em formato DICOM, onde foram avaliadas, na região do osso alveolar, as densidades das corticais

* acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. ** Especialista em Ortodontia pela UFF. Cirurgião-dentista pela UFRJ. Especialista em Ortodontia pela UFF. *** Doutor e mestre em Ortodontia pela UFRJ. – Professor Titular de Ortodontia da FO-UFF.

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borges MS, Mucha JN

óssea alveolar, na cortical vestibular, foi a região entre os pré-molares. Na maxila, a cortical vestibular apresentou-se mais densa na faixa de osso basal do que na faixa de osso alveolar em todas as regiões analisadas. A densidade da cortical alveolar lingual maxilar apresentou valores ligeiramente superiores aos da cortical vestibular. Na mandíbula, de modo geral, há um progressivo aumento de densidade óssea da região anterior (menor densidade) para a região posterior (maior densidade). A cortical basal vestibular apresenta maior densidade óssea do que a cortical alveolar vestibular, exceto na região retromolar. A densidade óssea na mandíbula foi maior do que na maxila em praticamente todas as áreas avaliadas, exceto nas regiões entre incisivo central e lateral e entre segundo pré-molar e primeiro molar. Foi verificado nesse estudo que os valores da densidade óssea das áreas corticais são maiores do que a densidade da área medular. Essa observação reforça a necessidade de inserir os mini-implantes com uma angulação de 10 a 20 graus em relação ao longo eixo dos dentes, para aproveitar ao máximo a pouca espessura e a maior densidade dessa cortical, tanto por lingual como por vestibular.

vestibulares, linguais e do osso medular; e, na região do osso basal, as densidades das corticais vestibulares e do osso medular, tanto na maxila como na mandíbula. As densidades ósseas foram calculadas através do software Mimics versão 10.01 e medidas em unidades Hounsfield (HU). Foram realizados cortes no osso alveolar na faixa de altura de 3 a 5mm da crista óssea alveolar e, para o osso basal, na faixa de altura de 5 a 7mm do ápice radicular dos dentes (Fig. 1). Nas áreas determinadas de osso alveolar e osso basal, os locais avaliados entre os dentes foram: entre os incisivos centrais e laterais, entre caninos e primeiros pré-molares, entre os primeiros e segundos pré-molares, entre os segundos pré-molares e primeiro molares, entre primeiros e segundos molares e na região distal aos segundos molares, tanto para a maxila quanto para a mandíbula. Nos locais entre os dentes, mediu-se, portanto: nas faixas de osso alveolar, a densidade óssea da cortical vestibular, da cortical lingual e do osso medular. Na faixa de osso basal, mediu-se a densidade da cortical vestibular e do osso medular (Fig. 2). Na maxila, a área com menor densidade foi a tuberosidade maxilar, e a área com maior densidade

Crista óssea Osso alveolar

3-5mm da crista Osso alveolar

Ápice radicular Osso basal

5-7mm do ápice

Medular

Cortical

Osso basal

FIGURa 1 - Imagem transversal de corte tomográfico computadorizado, ilustrando a localização da crista óssea e dos ápices radiculares, bem como a determinação das áreas medidas, correspondentes ao osso alveolar (3 a 5mm da crista óssea), bem como do osso basal (5 a 7mm dos ápices radiculares).

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FIGURa 2 - Vista ampliada de corte de tC na região entre 1 e 2 (incisivo central e lateral) na mandíbula com a ilustração da medição da densidade óssea na faixa de osso basal, tanto da cortical vestibular como da área medular. a faixa ilustra a área representada do osso alveolar.

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avaliação da densidade óssea para instalação de mini-implantes

3) a espessura da cortical óssea e a densidade óssea costumam coincidir ou divergir para cada região em particular? De acordo com a análise de tabelas e demais figuras presentes no artigo, pode-se perceber na maxila que a cortical vestibular apresentou-se mais densa na faixa de osso basal do que na faixa de osso alveolar, em todas as regiões analisadas. Também foi verificado um progressivo aumento de densidade óssea na mandíbula da região anterior (menor densidade) para a região posterior (maior densidade). Na mandíbula, a cortical basal vestibular, quando comparada com a cortical alveolar vestibular, apresentou densidade maior, com significância estatística, na maioria das áreas avaliadas, com exceção da região retromolar. A densidade do osso alveolar da região cortical vestibular da mandíbula foi estatisticamente maior do que da maxila, exceto nas regiões entre incisivo central e lateral e entre segundo pré-molar e primeiro molar. Comparando o osso medular da região alveolar, os locais entre canino e primeiro pré-molar e entre primeiro e segundo pré-molares foram mais densos na mandíbula quando comparados à maxila, com significância estatística. No osso alveolar, os valores obtidos para a cortical lingual foram muito semelhantes aos valores médios obtidos para a cortical vestibular, tanto para a maxila como para a mandíbula.

Questões aos autores 1) Quais as implicações clínicas deste tipo de investigação? Com o advento da interpretação de imagens através de softwares para avaliação de tomografias computadorizadas de feixe cônico (Cone-Beam), houve um avanço nas pesquisas relacionadas a esse campo. Clinicamente, os resultados do estudo da densidade óssea a partir do mapeamento de regiões em maxila e mandíbula permitirão ao ortodontista um maior entendimento sobre as diferenças entre as densidades ósseas, facilitando a seleção, a partir de critérios científicos, de uma ou mais regiões, em maxila e mandíbula, adequadas para a instalação de mini-implantes ortodônticos em pacientes adultos. 2) Houve dificuldades metodológicas na realização deste estudo? As maiores dificuldades estiveram relacionadas à grande quantidade de regiões analisadas nas imagens tomográficas e, em alguns poucos casos, aos artefatos de imagens produzidos por restaurações metálicas extensas em alguns dentes. Entretanto, como as regiões mensuradas no estudo localizavam-se, respectivamente, próximas à crista óssea (área alveolar) e à região apical (área basal), os artefatos não prejudicaram a leitura da densidade óssea no estudo.

Endereço para correspondência Marlon Sampaio Borges rua Conde de Bonfim 255 – sala 612 CEP: 20.520-051 – Tijuca / rJ E-mail: borges.marlon@gmail.com

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artigo inédito

Indicadores de qualidade de vida e sua importância na Ortodontia Daniela feu*, Cátia Cardoso Abdo Quintão**, José Augusto Mendes Miguel***

Resumo Objetivos: o objetivo desse estudo foi buscar na literatura informações consistentes sobre a qualidade de vida relacionada à saúde bucal, permitindo aos clínicos acessar e compreender sua influência no processo de busca e tratamento de seus pacientes. Métodos: foram pesquisadas as bases de dados eletrônicas MEDLINE, LILACS, BBO e Cochrane Controlled Trials, entre 1980 e 2010. Foram encontrados 158 estudos que discutiam a qualidade de vida relacionada à saúde bucal. Resultados: foram selecionados 30 estudos, sendo dois prospectivos longitudinais, duas revisões sistemáticas, cinco casos-controle, doze estudos epidemiológicos, cinco estudos transversais e três revisões de literatura, além da declaração da Organização Mundial da Saúde. A seleção baseou-se no objetivo de descrever os indicadores de qualidade de vida, e na metodologia utilizada nos estudos. Conclusões: o uso de indicadores de qualidade de vida na pesquisa odontológica e na clínica ortodôntica é de grande importância e auxílio no diagnóstico e planejamento; todavia, esses não substituem os índices normativos, devendo ser usados em caráter complementar. Palavras-chave: Qualidade de vida. Ortodontia. Más oclusões.

inTRODUÇÃO A qualidade de vida é caracterizada como a “sensação de bem-estar proveniente da satisfação ou insatisfação com áreas da vida consideradas importantes para si mesmo”25,30. O enfoque dos estudos clínicos tem sido mensurar a qualidade de vida dos pacientes com a proposta de avaliar os cuidados com a saúde. Essas medições estão ganhando mais importância, já que os pesquisadores compreenderam que os estudos tradicionais possuíam pouca ou nenhuma relevância para o paciente25. Portanto, para avaliar inteiramente qualquer intervenção na área da saúde, incluindo

os serviços de atenção à saúde bucal, como a Ortodontia, são necessárias medidas de importância para o paciente, além das tradicionais medidas informativas para o clínico19,23. Tradicionalmente, as medidas de alterações pré e pós-tratamento ortodôntico são baseadas em medidas clínicas tradicionais, ou normativas, como dados cefalométricos e a medida de índices oclusais. Mais recentemente, alguns indicadores subjetivos vêm sendo desenvolvidos e adaptados, como novos métodos de medição da necessidade de tratamento e comparação de seus resultados. Nesse caso, a percepção do indivíduo é o elo central de toda a

* Especialista e Mestre em Ortodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ). Doutoranda em Ortodontia pela UERJ. ** Mestre e Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Professora Adjunta da Disciplina de Ortodontia da FO/UERJ-RJ e da FO/UFJF-MG. *** Mestre em Odontologia pela UERJ. Doutor em Clínica Odontológica pela UFRJ. Professor adjunto da Disciplina de Ortodontia da FO/UERJ-RJ.

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Indicadores de qualidade de vida e sua importância na Ortodontia

Quality of life instruments and their role in orthodontics abstract Objectives: The purpose of this study was to survey reliable information about quality of life as it relates to oral health in the literature, allowing clinicians to access and understand its influence on the process of finding and treating their patients. Methods: The MEDLINE, LILACS, BBO and Cochrane Controlled Trials electronic databases were researched between 1980 and 2010 and 158 studies were found that discuss quality of life related to oral health. Results: Thirty studies were selected: two prospective longitudinal studies, two systematic reviews, five case-control studies, twelve epidemiological studies, five cross-sectional studies and three reviews of literature, in addition to the Statement of the World Health Organization (WHO). The selection was based on the goal of describing the indicators of quality of life and the methodology used in the studies. Conclusions: The use of quality of life indicators in dental research and clinical orthodontics are extremely important and helpful in diagnosis and planning but do not replace standard indexes and should be used in a strictly complementary manner. Keywords: Quality of Life. Orthodontics. Malocclusions.

RefeRências 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7.

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artigo inédito

Avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no padrão respiratório, por meio da rinomanometria anterior ativa: descrição da técnica e relato de caso Edmilsson Pedro Jorge*, Luiz gonzaga gandini Júnior**, Ary dos Santos-Pinto***, Odilon guariza filho*, Anibal Benedito Batista Arrais Torres de Castro****

Resumo

A finalidade deste artigo é avaliar o efeito da expansão rápida da maxila (ERM) no padrão respiratório. Por intermédio de um caso clínico, será relatado como indivíduos com atresia da maxila e problemas respiratórios podem se beneficiar com a expansão rápida da maxila. Outro aspecto que deve-se salientar é como profissionais da área da saúde, principalmente ortodontistas e otorrinolaringologistas, têm à sua disposição exames complementares para o diagnóstico do paciente com “Respiração Bucal”. Palavras-chave: Rinomanometria anterior ativa. Expansão rápida da maxila. Resistência nasal total. Padrão respiratório. Respiração bucal. Via áerea superior.

INTRODUçÃO A respiração nasal é o único padrão respiratório considerado fisiologicamente normal no ser humano. Quando, por algum motivo, o indivíduo apresenta alguma dificuldade em respirar pelo nariz, ele complementa ou substitui a respiração nasal pela respiração bucal15. Os métodos de diagnóstico para determinar o padrão respiratório de um indivíduo são controversos na literatura. Entretanto, não estão totalmente esclarecidos os efeitos da obstrução naso-respiratória no desenvolvimento da má oclusão e no crescimento facial. Embora a relação existente entre a respiração e o crescimento craniofacial tenha sido muito pesquisada, muitas dúvidas permanecem sem respostas,

em razão das inúmeras variáveis decorrentes da predisposição genética e das influências do meio ambiente, pois cada indivíduo tem uma maneira própria de enfrentar o impacto resultante da alteração na normalidade do padrão respiratório11,20,27. A importância de estudar a respiração nasal e suas alterações é fundamental para o ortodontista, pois os distúrbios da respiração nasal podem repercutir negativamente no desenvolvimento da oclusão19,20 e no crescimento facial11,25. Há mais de um século, alguns pesquisadores tiveram interesse em avaliar o efeito da expansão rápida da maxila (ERM) na morfologia e função nasal. Esse procedimento, introduzido por Angell1, modifica a forma da maxila, abrindo a sutura

* Mestres em Ortodontia pelo Departamento de Ortodontia e Odontopediatria da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo (FO-USP). Doutores em Ortodontia pelo Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Araraquara). ** Professor Assistente Doutor do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Araraquara). *** Professor Adjunto do Departamento de Clínica Infantil da Faculdade de Odontologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP - Araraquara). **** Professor Adjunto do Departamento de Otorrinolaringologia e Distúrbios da Comunicação Humana da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP).

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avaliação do efeito da expansão rápida da maxila no padrão respiratório, por meio da rinomanometria anterior ativa: descrição da técnica e relato de caso

é enfatizar que o aparelho expansor, utilizado para realizar a ERM, além de corrigir as mordidas cruzadas posteriores uni ou bilaterais (sua principal função), também contribui para a diminuição da resistência nasal total e aumento da condutância nasal. Entretanto, não podemos esquecer que o exame de rinomanometria anterior ativa é um método de diagnóstico importante para avaliar a diminuição da função nasorrespiratória e determinar o padrão respiratório do paciente.

Entretanto, devemos estar cientes de que esse procedimento ortopédico, apesar do benefício da diminuição da resistência nasal e consequente aumento da permeabilidade nasal, não deve ser realizado simplesmente com a finalidade de proporcionar melhora na função nasal em pacientes com dificuldades respiratórias, mas, sim, quando associado a uma correta indicação para que seja realizado10,32. Dessa forma, uma das finalidades desse artigo

Evaluation of the effect of rapid maxillary expansion on the respiratory pattern using active anterior rhinomanometry: Case report and description of the technique Abstract The aim of the present investigation is to evaluate the effect of rapid maxillary expansion (RME) on the respiratory pattern. A clinical case is presented to describe how patients with atresic maxilla and respiratory problems can benefit from rapid maxillary expansion. The article highlights that the health professional, mainly the Orthodontist and the Otorhinolaryngologist, may use complementary exams to diagnose a mouth breather patient. Keywords: Active anterior rhinomanometry. Rapid maxillary expansion. Total nasal resistance. Respiratory pattern. Mouth breather. Upper airway.

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Enviado em: fevereiro de 2005 Revisado e aceito: junho de 2009

Endereço para correspondência Edmilsson Pedro Jorge rua francisco rocha nº 1750, sala 604 – Champagnat CEP: 80.730-390 – Curitiba / Pr E-mail: edmilssonjorge@yahoo.com.br

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artigo inédito

Processos proliferativos gengivais não neoplásicos em paciente sob tratamento ortodôntico Irineu gregnanin Pedron*, Estevam rubens Utumi**, Ângelo rafael Calábria Tancredi***, flávio Eduardo guillin Perez****, gilberto Marcucci*****

Resumo Introdução: a aparatologia ortodôntica dificulta a higiene bucal e pode contribuir para a formação de

lesões gengivais, como os processos proliferativos gengivais não neoplásicos. Essas lesões, dependendo de alguns fatores — como o tempo de evolução, constituintes histopatológicos e condições bucais —, podem ser reversíveis, em alguns casos, por meio da orientação sobre higiene bucal e da terapia periodontal básica. Entretanto, na maioria das vezes há necessidade de tratamento cirúrgico. Objetivo: o propósito deste trabalho é relatar o caso de uma paciente portadora de aparatologia ortodôntica fixa que apresentou duas lesões gengivais distintas, diagnosticadas como granuloma piogênico e hiperplasia gengival inflamatória. Foram discutidas as características clínicas e histopatológicas, incidência e frequência, modalidades terapêuticas e prevenção de ambas as lesões, demonstrando a importância do encaminhamento do material colhido ao exame histopatológico, dada a possibilidade de diversas hipóteses diagnósticas. Em ambas as lesões foi realizada a exérese cirúrgica. Resultados: a lesão na arcada superior, diagnosticada como granuloma piogênico, apresentou recorrência, sendo necessária terapia periodontal básica e repetição do procedimento cirúrgico. A lesão na arcada inferior foi diagnosticada como hiperplasia gengival, sendo removida cirurgicamente e acompanhada clinicamente, com prescrição de orientação da higiene bucal ao paciente. Palavras-chave: Granuloma piogênico. Hiperplasia gengival. Doenças periodontais. Ortodontia. Gengiva.

INTRODUçÃO Os efeitos das aparatologias ortodônticas fixas e removíveis sobre o periodonto são amplamente conhecidos. Normalmente, o aparelho ortodôntico dificulta a adequada higiene bucal, contribuindo para o desenvolvimento da inflamação

gengival, sendo mais evidente em crianças, adolescentes e adultos jovens. Essa situação é agravada quando o paciente já apresenta alterações periodontais e, sobretudo, se esse não se encontra em manutenção periodontal, tornando-se, então, um paciente de risco1,15.

* Especialista em Periodontia e Mestre em Ciências Odontológicas (área de concentração em Clínica Integrada) pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Tenente Dentista da Força Aérea Brasileira - Hospital de Aeronáutica de São Paulo (HASP). ** Especialista em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofaciais e Mestre em Ciências Odontológicas (Área de Concentração em Clínica Integrada) pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. Tenente Dentista da Força Aérea Brasileira - Hospital de Aeronáutica de São Paulo (HASP). *** Especialista em Estomatologia e Mestre em Diagnóstico Bucal (Subárea: Estomatologia Clínica) pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. **** Professor Doutor da Disciplina de Clínica Integrada da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo. ***** Professor Titular da Disciplina de Diagnóstico Bucal (Subárea: Semiologia) da Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo.

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Processos proliferativos gengivais não neoplásicos em paciente sob tratamento ortodôntico

cirúrgica dos processos proliferativos, a propósito de evitar o sangramento abundante no transoperatório e complicações pós-operatórias, como a própria recorrência das lesões. 3. A exérese cirúrgica é a técnica mais empregada. Independentemente da modalidade de tratamento utilizada, o encaminhamento do material colhido ao exame histopatológico é elucidativo e condição sine qua non, evitando a subestimação dessas lesões e possíveis erros no diagnóstico final, haja vista a possibilidade de diversas hipóteses diagnósticas. 4. Na proservação desses casos, há a necessidade de terapia periodontal de suporte e controle da higiene bucal.

da lesão12,17, sendo calculada em torno de 14 a 16%7. No presente relato, a recorrência esteve possivelmente relacionada à doença periodontal previamente instalada. Há relato do incremento da recorrência durante o período gestacional2. CONCLUSõES Em vista do exposto, é lícito concluir que: 1. O granuloma piogênico e a hiperplasia gengival inflamatória apresentam, normalmente, características clínicas e histopatológicas típicas. 2. As doenças periodontais, normalmente presentes pela dificuldade de realização da higiene bucal adequada em virtude do aparelho ortodôntico, devem ser tratadas antes da remoção

Non-neoplastic proliferative gingival processes in patients undergoing orthodontic treatment Abstract Introduction: Orthodontic appliances render oral hygiene difficult and may contribute to the development of gingival lesions such as non-neoplastic proliferative gingival processes. These lesions, depending on such factors as development time, histopathological components and oral conditions may be reversible in some cases - through oral hygiene advice and basic periodontal therapy. In most cases, however, surgical treatment is required. Objectives: The purpose of this paper is to report the case of a patient using fixed orthodontic appliance who presented with two distinct gingival lesions diagnosed as pyogenic granuloma and inflammatory gingival hyperplasia. The clinical and histopathological features, incidence and frequency, treatment modalities and prevention of both lesions were discussed, highlighting the importance of submitting the material collected from the lesions to histopathological examination given the possibility of different diagnostic hypotheses. Surgical excision was performed on both lesions. The upper arch lesion, diagnosed as pyogenic granuloma, relapsed, which led us to provide basic periodontal therapy and repeat the surgical procedures. Results: The lesion in the lower arch, diagnosed as gingival hyperplasia, was surgically removed and followed up clinically, whereas the patient was instructed to perform proper oral hygiene. Keywords: Pyogenic granuloma. Gingival hyperplasia. Periodontal diseases. Orthodontics. Gingiva.

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Pedron IG, Utumi eR, tancredi aRC, Perez FeG, Marcucci G

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Enviado em: outubro de 2008 Revisado e aceito: dezembro de 2009

Endereço para correspondência Irineu gregnanin Pedron rua flores do Piaui, 347 CEP: 08.210-200 – São Paulo/SP E-mail: igpedron@usp.br

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artigo inédito

Características oclusais de pacientes com Classe II, divisão 1, tratados sem e com extrações de dois pré-molares superiores* João Tadeu Amin graciano**, guilherme Janson***, Marcos roberto de freitas****, José fernando Castanha Henriques*****

Resumo Objetivos: o objetivo deste estudo foi identificar características oclusais iniciais de pa-

cientes Classe II, divisão 1, tratados sem e com extrações de dois pré-molares superiores. Métodos: foram selecionados 62 pacientes que apresentavam má oclusão de Classe II, divisão 1, os quais foram divididos em dois grupos, de acordo com a forma de tratamento proposta, sendo o grupo 1 constituído de 42 pacientes (23 do sexo feminino e 19 do sexo masculino), com idade média de 12,7 anos, tratados sem extrações e com aparelho fixo combinado com extrabucal; e o grupo 2, composto de 20 pacientes (6 do sexo feminino e 14 do sexo masculino), com idade média de 13,5 anos, tratados também com aparelho fixo combinado com uso de extrabucal, mas que tiveram indicação de extrações de dois pré-molares superiores em seus planos de tratamento. Para observar as características oclusais iniciais e finais, assim como suas alterações com o tratamento, foi utilizado o Índice de Prioridade de Tratamento (IPT). Os valores dos índices foram submetidos à análise estatística pelo teste t independente, para comparar as variáveis entre os grupos. Resultados e conclusões: os resultados demonstraram que o grau de má oclusão inicial foi diferente nos dois grupos quando avaliados pelo IPT, sendo maior no grupo tratado com extrações de dois pré-molares superiores. Palavras-chave: Extração de pré-molares. Classe II, divisão 1. Ortodontia.

tam os consultórios de Ortodontia o faz por serem portadores dessa má oclusão12. Sendo assim, existem diferentes recursos para seu tratamento, indicados dependendo das características parti-

inTRODUÇÃO e PROPOsiÇÃO O tratamento da má oclusão de Classe II é amplamente discutido na literatura, o que se justifica, pois a maioria dos pacientes que frequen-

* Parte integrante de Dissertação de Mestrado em Ortodontia e Ortopedia Facial UEL/USP- Bauru. ** Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UEL/USP-Bauru. Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela UEL. Professor de Ortodontia da UNOPAR. *** Professor Titular e Chefe do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru - USP. Coordenador do Curso de Mestrado em Ortodontia da FOB/USP. Member of the Royal College of Dentists of Canadá (MRCDC). **** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da USP-Bauru. Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ortodontia – Doutorado USP-Bauru. ***** Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da USP-Bauru.

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Características oclusais de pacientes com Classe II, divisão 1, tratados sem e com extrações de dois pré-molares superiores

Occlusal characteristics of Class II division 1 patients treated with and without extraction of two upper premolars Abstract Objective: The purpose of this study was to identify initial occlusal characteristics of Class II, division 1 patients treated with and without extraction of two upper premolars. Methods: For this purpose, 62 patients presenting with Class II, division 1 malocclusion were selected and divided into two groups according to treatment type. Group 1 consisted of 42 patients (23 females and 19 males) with a mean age of 12.7 years, who were treated without extractions, with fixed appliance and headgear. Group 2 was composed of 20 patients (6 females and 14 males) with a mean age of 13.5 years, also treated with fixed appliance combined with the use of headgear, but Group 2 treatment plan indicated the extraction of two premolars. In order to observe initial and final occlusal characteristics as well as changes throughout treatment the Treatment Priority Index (TPI) was used. TPI values were subjected to statistical analysis by the independent t-test to compare variables between groups. Results and Conclusions: The results showed that the degree of initial malocclusion was different in the two groups when assessed by the TPI, which was higher in the group treated with extraction of two upper premolars. Keywords: Extraction of premolars. Class II, Division 1. Orthodontics.

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Enviado em: maio de 2007 Revisado e aceito: novembro de 2007

endereço para correspondência João Tadeu Amin Graciano Rua Massud Amin, 199, sala 202 CEP: 86.300-000 – Cornélio Procópio / PR E-mail: jtadeuag@uol.com.br

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artigo inédito

Expressão de Tgfβ1 mrNA nas fases iniciais de expansão da sutura palatina mediana Emilia Teruko Kobayashi*, Yasuaki Shibata**, vanessa Cristina veltrini***, rosely Suguino****, fabricio Monteiro de Castro Machado*****, Maria gisette Arias Provenzano******, Tatiane ferronato*******, Yuzo Kato********

Resumo Introdução: a expansão da maxila induz a formação de novo osso na sutura palatina mediana por

um processo de proliferação e diferenciação celular. A força de expansão pode estimular, nas células progenitoras, a produção de citocinas com atividade osteoindutiva, tais como o transforming growth factor β1 (TGFβ1). Objetivos: o principal objetivo deste estudo foi determinar a função dessa citocina nos estágios iniciais de expansão da sutura palatina mediana. Métodos: um aparelho ortodôntico foi instalado entre os molares superiores direito e esquerdo de ratos com 4 semanas de idade. A força de expansão inicial foi de 50g. Os grupos controle e experimental foram sacrificados nos dias 0, 2 e 5. Cortes bucais de 6µm foram obtidos e sujeitos à técnica de hibridização in-situ. Resultados: dois dias após a aplicação de força, as células osteocondroprogenitoras, distribuídas no lado interno do tecido cartilaginoso, exibiram altos níveis de transcrição de transforming growth factor β1. No dia 5, o nível de transcrição de TGFβ1 foi observado nos osteócitos e nas células osteoblásticas, na superfície do novo osso. A atividade osteoblástica foi confirmada por meio de um estudo imunohistoquímico utilizando-se Osteocalcina-Pro (OC-Pro). Conclusões: os dados sugerem que a expansão da sutura palatina induz a diferenciação de células osteocondroprogenitoras em osteoblastos, estimuladas pela produção de citocinas. Palavras-chave: Transforming growth factor β1. Proliferação. Diferenciação. Osteoblastos. Hibridização “in-situ”.

INTRODUçÃO A cartilagem da sutura palatina mediana de ratos em crescimento é composta por camadas de células precartilaginosas, localizadas na parte central da sutura, e cartilaginosas maduras, em ambos

os lados da camada precartilaginosa. A primeira camada é preenchida por células pré-condroblásticas e mesenquimais não diferenciadas, que apresentam alta capacidade de proliferar e diferenciarse em condrócitos e osteoblastos.

* Doutora em Ortodontia e Ortopedia Facial pela Nagasaki University School of Dentistry, Japão. Professora adjunta, Disciplina de Odontologia Pediátrica I e II, no Centro Universitário de Maringá (CESUMAR). ** Doutor em Patologia pela Nagasaki University School of Dentistry, Japão. Professor Adjunto, Division of Oral Pathology and Bone Metabolism, Nagasaki University Graduate School of Biomedical Science, Japão. *** Doutora em Patologia pela FOB-USP. Professora de Patologia do Departamento de Odontologia da UEM. **** Doutoranda em Ortodontia pela UNESP Araçatuba. Professora Adjunta, Disciplina de Odontologia Pediátrica I e II, Centro Universitário de Maringá (CESUMAR). ***** Mestre em Ortodontia pela Universidade de Marília. Professor Adjunto, Disciplina de Odontologia Pediátrica I e II, Centro Universitário de Maringá (CESUMAR). ****** Mestre em Odontopediatria pela FOB-USP. Professora adjunta, Disciplina de Clínica Integrada Infantil do Departamento de Odontologia da UEM. ******* Especialista em Ortodontia pela Universidade Estadual de Londrina (UEL). ******** Doutor em Farmacologia pela Tokyo Medical and Dental University. Professor Titular, Division of Molecular Pharmacology, Nagasaki University Graduate School of Biomedical Science, Japão.

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Kobayashi et, Shibata Y, Veltrini VC, Suguino R, Machado FMC, Provenzano MGa, Ferronato t, Kato Y

The expression of Tgfβ1 mrNA in the early stage of the midpalatal suture cartilage expansion Abstract Introduction: The application of an orthodontic expansion force induces bone formation at the midpalatal suture because of cell proliferation and differentiation. Expansion forces may stimulate the production of osteoinductive cytokines, such as transforming growth factor β1 (TGFβ1), in the progenitor cells. Objectives: This study determined the role of TGFβ1 in the early stage of midpalatal suture cartilage expansion. Methods: A rectangular orthodontic appliance was placed between the right and left upper molars of 4-week-old rats. The initial expansion force was 50 g. Animals in the control and experimental groups were sacrified on days 0, 2, and 5 and 6 µmm thick sections were prepared for an in situ hybridization technique. Results: Two days after the application of force, prechondroblastic and undifferentiated mesenchymal cells distributed along the inner side of the cartilaginous tissue had high levels of TGFβ1 transcription. On day 5, the TGFβ1 transcription was found in osteocytes and osteoblastic cells on the surface of newly formed bone. Immunohistochemistry using Osteocalcin-Pro (OC-Pro) confirmed osteoblastic activity. Conclusions: Results suggest that the expansion of midpalatal suture cartilage induces differentiation of osteochondroprogenitor cells into osteoblasts after stimulation by cytokine production. Keywords: Transforming growth factor β1. Proliferation. Differentiation. Osteoblast. In-situ hybridization.

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Endereço para correspondência Emilia Teruko Kobayashi rua Professor Samuel Moura 1039, Jd. Araxa CEP: 86.061-060 – Londrina / Pr E-mail: etk2207@terra.com.br

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artigo inédito

A influência da perda bilateral do primeiro molar inferior permanente na morfologia dentofacial – um estudo cefalométrico David Normando*, Cristina Cavacami**

Resumo Objetivo: avaliar as alterações cefalométricas em pacientes com perda bilateral do primeiro molar inferior permanente. Métodos: foram analisadas 68 telerradiografias laterais de pacientes

de consultórios particulares. A amostra foi dividida em dois grupos pareados quanto ao sexo e idade — 34 indivíduos sem perdas (grupo controle) e 34 com perda bilateral do primeiro molar inferior permanente (grupo com perda). Foram excluídos da amostra pacientes que haviam perdido outros dentes que não o primeiro molar inferior, casos de agenesia e pacientes com menos de 16 anos de idade. Buscou-se avaliar somente indivíduos que tivessem relatado a perda há pelo menos 5 anos. Resultados: demonstraram que a perda bilateral do primeiro molar inferior permanente leva ao suave fechamento do ângulo GnSN (P=0,05), um giro anti-horário do plano oclusal (P=0,0001), uma suave diminuição da altura facial anteroinferior (P=0,05), uma acentuada inclinação lingual (P=0,04) e retrusão dos incisivos inferiores (P=0,03). Por outro lado, a perda bilateral do primeiro molar inferior permanente não foi capaz de influenciar a relação maxilomandibular no sentido anteroposterior (P=0,21), a quantidade de mento (P=0,45), a inclinação dos incisivos superiores (P=0,12) e a posição anteroposterior dos incisivos superiores (P=0,46). Conclusão: a perda bilateral dos primeiros molares inferiores é capaz de produzir alterações marcantes no posicionamento dos incisivos inferiores e no plano oclusal, além de uma suave redução vertical da face. Palavras-chave: Primeiro molar permanente. Cefalometria.

INTRODUçÃO Apesar de todo o conhecimento científico sobre os métodos preventivos eficazes da doença cárie, dados epidemiológicos sobre as perdas dentárias revelam índices alarmantes no Brasil, principalmente na população de baixa renda2,8,9,15. A perda do primeiro molar inferior permanente concorre para

esses dados e é apontada como a mais prevalente8,9. A literatura, ao longo dos anos, tem demonstrado a importância do primeiro molar permanente na oclusão. A sua perda pode acarretar problemas graves, com mudanças clínicas notáveis na posição dos dentes vizinhos e antagonistas5,10,11, o que poderá exigir tratamento

* Especialista em Ortodontia pela PROFIS-USP/Bauru. Professor da disciplina de Ortodontia da UFPA. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da EAP/ABO-PA. Mestre em Clínica Integrada pela FOUSP. Doutor em Odontologia pela UERJ. ** Especialista em Ortodontia pela EAP/ABO-PA.

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a influência da perda bilateral do primeiro molar inferior permanente na morfologia dentofacial – um estudo cefalométrico

The influence of bilateral lower first permanent molar loss on dentofacial morfology – a cephalometric study Abstract Objective: To evaluate cephalometric changes in patients after bilateral loss of lower first permanent molar teeth. Methods: Sixty-eight lateral radiographs of patients from private practices were analyzed. The sample was divided into two groups matched for age and gender: 34 individuals without loss (control group) and 34 presenting with bilateral loss of lower first permanent molar teeth (loss group). Patients who had lost teeth other than first molars, cases of agenesis and patients under 16 years of age were excluded from the sample. Only individuals who reported losing teeth at least 5 years earlier were evaluated. Results: It was found that bilateral loss of lower first permanent molars leads to smooth closure of GnSN angle (P=0.05), counterclockwise rotation of occlusal plane (P=0.0001), mild decrease in lower anterior face height (P=0.05), pronounced lingual tipping (P=0.04) and retrusion of mandibular incisors (P=0.03). Moreover, bilateral loss of lower first permanent molars did not affect the maxillomandibular relationship in the anteroposterior direction (P=0.21), amount of treatment (P=0.45), inclination of upper incisors (P=0.12) and anteroposterior position of maxillary incisors (P=0.46). Conclusion: Bilateral loss of lower first molars can produce marked changes in lower incisor positioning and in the occlusal plane as well as a mild reduction of the face in the vertical direction. Keywords: First permanent molar. Cephalometry.

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Enviado em: agosto de 2009 Revisado e aceito: maio de 2010

Endereço para correspondência David Normando rua Boaventura da Silva, 567, Apt. 1201 CEP: 66.635-540 – Belém / PA E-mail: davidnor@amazon.com.br

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artigo inédito

Análise da expansão rápida da maxila por meio da tomografia computadorizada Cone-Beam gerson Luiz Ulema ribeiro*, Arno Locks**, Juliana Pereira***, Maurício Brunetto***

Resumo

Diante do diagnóstico de uma arcada maxilar esqueleticamente atrésica, o tratamento de escolha geralmente é a expansão ortopédica da maxila, envolvendo a separação da sutura palatina mediana. A avaliação dessa sutura era basicamente realizada por meio da radiografia oclusal superior, limitando sua análise em norma frontal. Da mesma forma, quantificar essa atresia radiograficamente nas telerradiografias cefalométricas sempre foi um obstáculo para o clínico, devido à grande sobreposição das estruturas faciais. O advento da tomografia computadorizada na Odontologia tem transformado a forma de diagnóstico devido à alta precisão na avaliação das dimensões das estruturas faciais, possibilitando quantificar de maneira fiel o comportamento das hemimaxilas, a inclinação dentária, a formação óssea na sutura nos três planos do espaço, assim como a reabsorção óssea alveolar e demais consequências da expansão palatina. Palavras-chave: Diagnóstico. Imagens radiográficas. Expansão rápida da maxila. Tomografia Computadorizada Cone-Beam.

INTRODUçÃO A recuperação da discrepância transversal da maxila mostra-se indispensável para o tratamento adequado de diversos tipos de más oclusões. Diante disso, vários autores têm estudado sobre as possíveis formas de expansão da arcada maxilar, através de diferentes meios. Os defensores da expansão rápida defendem que ela causa um mínimo movimento dentário e um máximo deslocamento esquelético; já os defensores da expansão lenta acreditam que ela produz menos resistência tecidual nas estruturas contínuas à maxila e melhor formação óssea na sutura intermaxilar, e que os dois fatores ajudam a

minimizar a recidiva pós-expansão12,13. Alguns autores defenderam a separação da sutura palatina para expandir arcadas maxilares estreitas11,15,20. Por outro lado, Graber7, em 1972, afirmou que a técnica está originalmente em decadência devido ao desenvolvimento de mordidas abertas, recidivas e ao fato de que a melhora da respiração nasal é somente temporária. Além disso, aparelhos ortodônticos convencionais atingem com êxito a expansão maxilar intermolares e intercaninos. A diversidade das estruturas que compõem o complexo craniofacial tem possibilitado a existên-

* Mestre e Doutor em Ortodontia pela UFRJ. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação da UFSC. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. ** Mestre e Doutor em Ortodontia pela UFRJ. Pós-doutorado pela Universidade de Aarhus-Dinamarca. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação da UFSC. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. *** Especialista em Ortodontia pela UFSC. Mestranda em Ortodontia pela UFSC.

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análise da expansão rápida da maxila por meio da tomografia computadorizada Cone-beam

Analysis of rapid maxillary expansion using Cone-Beam Computed Tomography Abstract Whenever a maxillary arch is diagnosed as skeletally atresic the treatment of choice is usually maxillary orthopedic expansion, involving separation of the midpalatal suture. Basically, this suture used to be assessed with the aid of a maxillary occlusal radiograph, which limited its posteroanterior evaluation. Similarly, quantifying this atresia in cephalometric x-rays always posed an obstacle for clinicians owing to considerable superimposition of facial structures. With the advent of computed tomography, this technology has revolutionized diagnostic methods in dentistry because it provides high dimensional accuracy of the facial structures and a reliable method for quantifying the behavior of the maxillary halves, tooth inclination, bone formation at the suture in the three planes of space, as well as alveolar bone resorption and other consequences of palatal expansion. Keywords: Diagnosis. Radiographic images. Rapid maxillary expansion. Cone-Beam Computed Tomography.

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Enviado em: julho de 2010 Revisado e aceito: agosto de 2010

Endereço para correspondência gerson Luiz Ulema ribeiro rua Max Colin, 1356 CEP: 89.204-635 – Joinville / SC E-mail: gersonlr@expresso.com.br

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artigo inédito

Prevalência de má oclusão em crianças entre 6 e 10 anos – um panorama brasileiro Marcos Alan vieira Bittencourt*, André Wilson Machado**

Resumo Objetivo: estabelecer um panorama da ocorrência de más oclusões em crianças brasileiras de 6

a 10 anos de idade, além de duas situações clínicas frequentemente associadas a elas, a cárie e a perda prematura de dentes decíduos. Métodos: a amostra selecionada foi aleatória e intencional, tendo-se avaliado 4.776 crianças. A coleta dos dados foi realizada por meio de exame clínico e anamnese, como parte da campanha “Prevenir é melhor que tratar”, conduzida em 18 estados brasileiros e no Distrito Federal, com a participação de ortodontistas filiados à Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR). Resultados e Conclusões: verificou-se que apenas 14,83% das crianças eram portadoras de oclusão normal, enquanto 85,17% possuíam algum tipo de alteração oclusal — sendo 57,24% portadoras de má oclusão de Classe I; 21,73%, de Classe II e 6,2%, de Classe III. Observou-se, também, a ocorrência de mordida cruzada em 19,58% das crianças, sendo 10,41%, na região anterior e 9,17% na posterior; de sobremordida profunda em 18,09%; e de mordida aberta em 15,85%. Cárie e/ou perdas dentárias estavam presentes em 52,97% das crianças. Além disso, verificou-se a possibilidade de intervenção ortodôntica preventiva em 72,34% das crianças examinadas, e interceptora em 60,86%. Sendo assim, destaca-se que a presença, nos postos públicos de saúde, de um especialista em Ortodontia, com qualificação que atenda aos padrões estabelecidos pela ABOR e pela World Federation of Orthodontists (WFO), pode beneficiar sobremaneira as crianças carentes brasileiras. Palavras-chave: Prevalência. Epidemiologia. Má oclusão.

INTRODUçÃO A partir de 1899, com a classificação das más oclusões proposta por Angle4, e com o reconhecimento da Ortodontia, muito foi publicado sobre a incidência e a prevalência de más oclusões na população. Sabe-se, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS)17, que a má oclusão é o terceiro item na ordem dos problemas de saúde bucal, sendo precedido somente pela

cárie e pela doença periodontal. No Brasil, essa situação se repete, o que faz com que a má oclusão seja merecedora de especial atenção. Contudo, é preocupante a dificuldade que a população menos favorecida financeiramente tem em acessar os serviços públicos de saúde bucal, já que poucos deles têm um setor ou programa voltado para esse problema. Assim, há acúmulo das necessidades de tratamento ortodôntico e não há acesso nem aos

* Doutor e Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professor Adjunto de Ortodontia na UFBA. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. ** Mestre em Ortodontia pela PUC-Minas. Doutorando em Ortodontia pela UNESP-Araraquara. Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da UFBA.

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bittencourt MaV, Machado aW

intervenção ortopédica para correção das más oclusões de Classe II ou III de Angle (8,56%). 6. Fica claro que a presença, nos postos públicos de saúde, de um especialista em Ortodontia com qualificação que atenda aos padrões estabelecidos pela ABOR e pela WFO pode beneficiar aproximadamente 70% das crianças carentes brasileiras.

relacionadas aos hábitos anormais de pressão (5,51%) e à respiração bucal (2,68%). 5. Da mesma forma, detectou-se a necessidade de intervenção ortodôntica interceptora envolvendo a manutenção de espaço (13,48%), recuperação e/ou controle de espaço (23,79%), correção da mordida cruzada (9,23%) e da mordida aberta (5,8%), além de

An overview of the prevalence of malocclusion in 6 to 10-year old children in Brazil Abstract Objectives: To provide an overview of the malocclusions present in Brazilian children aged 6 to 10 years, and present two clinical situations often associated with these malocclusions, i.e., caries and premature loss of deciduous teeth. Methods: A sample comprised of 4776 randomly and intentionally selected children was evaluated. Data collection was performed by clinical examination and history taking (anamnesis) as part of the campaign “Preventing is better than treating” conducted in 18 Brazilian states and the Federal District involving orthodontists affiliated with the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics (ABOR). Results and Conclusions: It was noted that only 14.83% of the children had normal occlusion while 85.17% had some sort of altered occlusion, with 57.24% presenting with Class I malocclusion, 21.73%, Class II, and 6.2%, Class III. Crossbite was also found in 19.58% of the children, with 10.41% in the anterior and 9.17% in the posterior region. Deep overbite was found in 18.09% and open bite, in 15.85% of the sample. Caries and/or tooth loss were present in 52.97% of the children. Moreover, the need for preventive orthodontics was observed in 72.34% of the children, and for interceptive orthodontics, in 60.86%. It should therefore be emphasized that the presence of specialists in orthodontics—duly qualified to meet the standards established by ABOR and the World Federation of Orthodontists (WFO)—in attendance at public health clinics, can greatly benefit underprivileged Brazilian children. Keywords: Prevalence. Epidemiology. Malocclusion.

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Prevalência de má oclusão em crianças entre 6 e 10 anos – um panorama brasileiro

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Enviado em: maio de 2010 Revisado e aceito: julho de 2010

Endereço para correspondência Marcos Alan Vieira Bittencourt Av. Araújo Pinho, 62, 7º Andar, Canela CEP: 40.110-150 – Salvador / BA E-mail: alan_orto@yahoo.com.br

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artigo inédito

Estudo comparativo entre traçados cefalométricos manual e digital, através do programa Dolphin Imaging em telerradiografias laterais Mariane Bastos Paixão*, Márcio Costa Sobral**, Carlos Jorge vogel***, Telma Martins de Araujo****

Resumo Objetivo: comparar medidas cefalométricas angulares e lineares obtidas por meio de traçados

cefalométricos manual e digital utilizando o programa Dolphin® Imaging 11.0, em telerradiografias laterais. Métodos: a amostra foi composta de 50 telerradiografias laterais. Uma operadora, devidamente calibrada, realizou 50 traçados cefalométricos manuais e 50 digitais, utilizando 8 medidas angulares (FMA, IMPA, SNA, SNB, ANB, 1.NA, 1.NB e Eixo Y) e 6 medidas lineares (1-NA, 1-NB, Co-Gn, Co-A, Linha E-lábio inferior e AFAI). Para análise dos resultados obtidos, foi aplicado o teste t de Student. Resultados: os resultados encontrados não mostraram diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das medidas avaliadas (p>0,05). Conclusão: o método convencional e o computadorizado foram concordantes em todas as medidas angulares e lineares. O programa de traçado cefalométrico Dolphin® Imaging 11.0 pode ser utilizado, de forma confiável, como recurso auxiliar no diagnóstico, planejamento, acompanhamento e avaliação de tratamentos ortodônticos no âmbito clínico e no de pesquisa. Palavras-chave: Cefalometria. Ortodontia. Diagnóstico por computador.

INTRODUçÃO Em 1931, a Ortodontia consagrou a era da cefalometria radiográfica a partir dos históricos trabalhos de Broadbent, nos Estados Unidos, e Hofrath, na Alemanha, os quais desenvolveram simultaneamente técnicas para obtenção de radiografias padronizadas da cabeça. A radiografia cefalométrica é um instrumento de grande valor no diagnóstico,

prognóstico, planejamento e avaliação do tratamento, bem como em estudos de crescimento e desenvolvimento do complexo dentocraniofacial1,7. Os traçados cefalométricos podem ser realizados pelos métodos manual e/ou computadorizado. Durante muito tempo, o método manual foi o único utilizado para a execução de traçados cefalométricos e obtenção de medidas angulares e lineares

* Aluna do curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Universidade Federal da Bahia (UFBA). ** Mestre em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Professor do Curso de Especialização em Ortodontia da UFBA. *** MsC pela University of Illinois, Chicago, EUA. Doutor pela Universidade de São Paulo (USP). Membro da Edward H. Angle Society of Orthodontists. Ex-diretor presidente do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. **** Doutora em Ortodontia pela UFRJ. Mestre em Ortodontia pela UFRJ. Professora titular de Ortodontia na UFBA. Coordenadora do Curso de Especialização em Ortodontia da UFBA. Diretora Presidente do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial. Editora associada do Dental Press Journal of Orthodontics.

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estudo comparativo entre traçados cefalométricos manual e digital, através do programa Dolphin Imaging em telerradiografias laterais

Comparative study between manual and digital cephalometric tracing using Dolphin Imaging software with lateral radiographs Abstract Objective: The purpose of this study was to compare angular and linear cephalometric measurements obtained through manual and digital cephalometric tracings using Dolphin Imaging® 11.0 software with lateral cephalometric radiographs. Methods: The sample consisted of 50 lateral cephalometric radiographs. One properly calibrated examiner performed 50 manual and 50 digital cephalometric tracings using eight angular measurements (FMA, IMPA, SNA, SNB, ANB, 1.NA, 1.NB, Y-Axis) and six linear measurements (1-NA, 1-NB, Co-Gn, Co-A, E Line-Lower lip and LAFH). Results were assessed using Student’s t-test. Results: The results showed no statistically significant differences in any of the assessed measurements (p> 0.05). Conclusions: Conventional and computerized methods showed consistency in all angular and linear measurements. The computer program Dolphin Imaging® 11.0 can be used reliably as an aid in diagnosing, planning, monitoring and evaluating orthodontic treatment both in clinical and research settings. Keywords: Cephalometry. Orthodontics. Computerized diagnosis.

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Endereço para correspondência faculdade de Odontologia da UfBA – Ortodontia e Ortopedia facial Av. Araújo Pinho, 62, 7º andar – Canela CEP: 40.110-150 – Salvador/BA E-mail: mbpaixao@hotmail.com

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CaSo ClíniCo BBo

Má oclusão Classe III de Angle, subdivisão direita, tratada sem exodontias e com controle de crescimento* Sérgio Henrique Casarim fernandes**

Resumo

A Classe III de Angle é uma má oclusão caracterizada por discrepâncias anteroposteriores dentárias e faciais, normalmente acompanhadas por alterações esqueléticas, com componente genético associado. O diagnóstico precoce e correto e o tratamento adequado são de suma importância para promover o controle do crescimento e evitar recidivas. Este artigo relata o tratamento, executado em duas fases, de uma paciente do sexo feminino de 12 anos de idade, apresentando uma má oclusão de Classe III de Angle, subdivisão direita, com mordida cruzada anterior em máxima intercuspidação habitual (MIH) e topo em relação cêntrica (RC), apresentando, ainda, falta de espaço na maxila, que foi tratada sem exodontias e com controle de crescimento. Esse caso foi apresentado à Diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO), representando a categoria 1, ou seja, uma má oclusão Classe III de Angle, tratada sem exodontias e com controle de crescimento, como parte dos requisitos para a obtenção do título de Diplomado pelo BBO. Palavras-chave: Classe III de Angle. Protração maxilar. Ortodontia interceptativa.

fase descendente do surto de crescimento. Não apresentava lesões cariosas relevantes nem problemas periodontais. Em relação cêntrica (RC), apresentava mordida de topo na região anterior e, em máxima intercuspidação habitual (MIH), mordida cruzada anterior severa (Fig. 1, 2, 3). Na pesquisa do histórico familiar, pôde ser observado que a mãe possuía relação dentária de topo na região anterior. Sua queixa principal era estética, pois, segundo a paciente, incomodava bastante o fato de os dentes inferiores ficarem projetados para a frente.

HISTÓRIA E ETIOLOGIA A paciente, leucoderma, do sexo feminino, apresentou-se para consulta ortodôntica aos 12 anos de idade, com bom estado de saúde geral, não relatando histórico de doenças graves e/ou traumas. Não foram observados hábitos posturais ou de sucção, possuindo deglutição e fonação normais. Encontrava-se em fase de dentição permanente, ainda sem os segundos molares superiores. A menarca havia ocorrido cinco meses antes, sugerindo que a paciente se encontrava em uma

* Relato de caso clínico, categoria 1, aprovado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO). ** Mestre e Especialista em Ortodontia e Ortopedia Facial pela COP/PUC-Minas. Coordenador do Curso de Especialização em Ortodontia da ABO - Juiz de Fora. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.

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Fernandes SHC

CONSIDERAçõES FINAIS A má oclusão Classe III de Angle é de difícil planejamento e controle, pois pode ter um componente genético muito forte1-10. Além disso, existem vários outros fatores etiológicos a se considerar, como as más posições dentárias individuais, o crescimento excessivo mandibular, a falta de crescimento maxilar, os problemas verticais ou a combinação de vários deles2,3,4,6. O planejamento deve considerar todos esses fatores, além da idade do paciente, para tentar predizer os resultados e a estabilidade do tratamento1,8,9. No presente caso, especificamente, é importante lembrar que a radiografia cefalométrica, as fotografias e os modelos iniciais foram realizados em RC, o que pode ter modificado as medidas cefalométricas mandibulares para menos, em uma direção anteroposterior, e para mais, em relação às medidas verticais, mascarando uma Classe III ainda mais severa. Em MIH, a paciente apresentava mordida cruzada funcional total, com os incisivos superiores sendo cobertos pelos inferiores. A opção para a tomada da documentação em RC foi mostrar que, realmente,

mesmo em RC, a paciente apresentava uma relação verdadeira de Classe III de Angle. Assim sendo, os objetivos foram obtidos, com a correção da relação molar, das mordidas cruzadas anterior e posterior e, também, da linha média. Ocorreu melhora no padrão esquelético, com maior crescimento maxilar em relação à mandíbula e, embora os resultados cefalométricos obtidos tenham mostrado apenas ligeiras alterações, deve-se lembrar, novamente, que a radiografia inicial foi realizada em RC, o que pode ter minimizado o problema apresentado pela paciente. Entretanto, para o estabelecimento de uma correta relação na região anterior, necessitou-se de excessiva inclinação dos incisivos superiores, compatível com o tratamento compensatório para a má oclusão de Classe III, objetivo desse tratamento. No acompanhamento de seis anos, pode-se verificar a estabilidade estética e funcional do tratamento. Ocorreu ligeira extrusão dos incisivos e dos molares inferiores, mas o padrão de crescimento se manteve bastante estável. Dessa forma, pode-se confirmar que a mecânica utilizada foi efetiva e bem indicada.

Angle Class III malocclusion, subdivision right, treated without extractions and with growth control Abstract Angle Class III malocclusion is characterized by anteroposterior dental and facial discrepancies usually accompanied by skeletal changes associated with a genetic component. Early, accurate diagnosis and appropriate treatment are of paramount importance to promote growth control and prevent relapse. This article reports the two-phase treatment of a female patient, aged 12 years, with an Angle Class III, subdivision right malocclusion with anterior crossbite in maximum intercuspation (MIC) and end-on bite in centric relation, further presenting with lack of maxillary space. The case was treated without extractions and with growth control. This case was presented to the Brazilian Board of Orthodontics and Facial Orthopedics (BBO) as representative of Category 1, i.e., Angle Class III malocclusion treated without tooth extractions, as part of the requirements for obtaining the BBO Diploma. Keywords: Angle Class III. Maxillary protraction. Interceptive orthodontics.

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Má oclusão Classe III de angle, subdivisão direita, tratada sem exodontias e com controle de crescimento

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Enviado em: julho de 2010 Revisado e aceito: setembro de 2010

Endereço para correspondência Sérgio Henrique Casarim fernandes rua Henrique Surerus Sobrinho, 132 CEP: 36.036-246 – Juiz de fora – Mg E-mail: sergiocasarim@terra.com.br

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tópiCo ESpECial

Extração de incisivo inferior: uma opção de tratamento ortodôntico Mírian Aiko Nakane Matsumoto*, fábio Lourenço romano**, José Tarcísio Lima ferreira***, Silvia Tanaka****, Elizabeth Norie Morizono*****

Resumo

A exodontia de um incisivo inferior pode ser considerada uma opção valiosa na busca de excelência nos resultados ortodônticos para obtenção de máxima função, estética e estabilidade. O objetivo deste estudo foi reunir informações referentes às indicações, contraindicações, vantagens, desvantagens e estabilidade dos resultados obtidos nos tratamentos realizados com extração de um incisivo inferior. Essa opção de tratamento pode ser indicada em más oclusões com discrepância de volume dentário anterior devido a incisivos superiores estreitos e/ou incisivos inferiores largos. É contraindicada em más oclusões sem discrepância anterior ou com discrepâncias ocasionadas por incisivos superiores largos e/ou incisivos inferiores estreitos. A literatura sugere maior estabilidade pós-tratamento quando comparada com a opção de extrações de prémolares. Além do diagnóstico cuidadoso, obtido com a colaboração do set-up, a habilidade e a experiência clínica do profissional são importantes para o sucesso dos resultados ortodônticos alcançados com essa opção de tratamento. Palavras-chave: Ortodontia. Ortodontia corretiva. Extração dentária.

INTRODUçÃO A evolução da Ortodontia, por meio de pesquisas científicas e observações clínicas, possibilitou compreender que, para atingir a oclusão normal, muitas vezes é necessária a remoção de dentes, sejam eles pré-molares — os mais comumente indicados — ou então outros dentes. Extrações com finalidade ortodôntica já eram realizadas no século XVIII por Hunter, cujos relatos foram publicados em seu livro “The natural history of human teeth”. Edward Hartley Angle,

condenou essa prática, pois acreditava que “O melhor equilíbrio, a melhor harmonia e as melhores proporções da boca, nas suas múltiplas relações, requeriam a presença de todos os dentes e que cada dente ocupasse uma posição normal”3. Essa afirmação foi confrontada por Calvin Case, ao ponderar que as bases ósseas não poderiam ser induzidas, por meios mecânicos, a crescer além do seu tamanho inerente. Portanto, sem extrações não seria possível solucionar discrepâncias osseodentárias severas, assim como não justificaria

* Professor Associado do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia. ** Professor Doutor do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Piracicaba, Universidade Estadual de Campinas. *** Professor Doutor do Departamento de Clínica Infantil, Odontologia Preventiva e Social da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. Doutor pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro. **** Especialista em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo. ***** Mestre em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

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extração de incisivo inferior: uma opção de tratamento ortodôntico

extrações de pré-molares. Desde que corretamente indicada e conduzida com cuidado e de forma apropriada, pode-se afirmar que a exodontia de um incisivo inferior tem valiosa contribuição no tratamento de determinadas más oclusões e na busca de excelência nos resultados do tratamento ortodôntico, traduzida por máxima função, estética e estabilidade.

Essa opção de tratamento pode acarretar algumas dificuldades ou limitações no tratamento ortodôntico: obtenção da guia de caninos, possibilidade de reabertura de espaços, perda estética da papila gengival, influência sobre a linha mediana, sobressaliência e sobremordida. A recidiva do apinhamento pós-contenção parece ser menor do que nos casos submetidos às

Lower incisor extraction: An orthodontic treatment option Abstract Lower incisor extraction can be regarded as a valuable option in the pursuit of excellence in orthodontic results in terms of function, aesthetics and stability. The aim of this study was to gather information about the indications, contraindications, advantages, disadvantages and stability of the results achieved in treatments performed with lower incisor extraction. This treatment option may be indicated in malocclusions with anterior dental volume discrepancy due to narrow maxillary incisors and/or large mandibular incisors. It is contraindicated in malocclusions without anterior discrepancy or with discrepancies caused by large maxillary incisors and/or narrow mandibular incisors. The literature suggests this method affords improved posttreatment stability compared with premolar extraction. As well as a careful diagnosis, established with the aid of a diagnostic setup, professional skills and clinical experience are instrumental in achieving successful orthodontic results with this treatment option. Keywords: Orthodontics. Corrective Orthodontics. Tooth extraction.

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Matsumoto MaN, Romano Fl, Ferreira Jtl, tanaka S, Morizono eN

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Enviado em: junho de 2010 Revisado e aceito: julho de 2010

Endereço para correspondência Mírian Aiko Nakane Matsumoto Av. do Café, s/n Monte Alegre CEP: 14.040-904 – ribeirão Preto / SP E-mail: manakane@forp.usp.br

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n ormaS

dE aprESEntação dE originaiS

— O Dental Press Journal of Orthodontics publica artigos de investigação científica, revisões significativas, relatos de casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e outros materiais relacionados à Ortodontia e Ortopedia Facial.

ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO DE MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com — Organize sua apresentação como descrito a seguir: 1. Página de título — deve conter título em português e inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não inclua informações relativas aos autores, por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos. Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.

— O Dental Press Journal of Orthodontics utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema online de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com — Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Euclides da Cunha 1718, Zona 5 CEP: 87.015-180, Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br

2. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando o que os autores concluíram dos resultados, além das implicações clínicas. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavras-chave, ou descritores, também em português e em inglês, as quais devem ser adequadas conforme o MeSH/DeCS.

— As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nesta publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nesta publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas.

3. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter o número máximo de 4.000 palavras, incluindo legendas das figuras, resumo, abstract e referências. — envie as figuras em arquivos separados (ver logo abaixo). — também insira as legendas das figuras no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo.

— Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir as orientações descritas adiante. — Os trabalhos deverão, obrigatoriamente, ser escritos na língua inglesa.

4. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 dpis de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto.

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n ormaS

dE aprESEntação dE originaiS

5. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser enviados os arquivos contendo as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.

Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301.

6. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada uma. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).

Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990.

7. Comitês de Ética — Os artigos devem, se aplicável, fazer referência a pareceres de Comitês de Ética.

Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/ a15v11n6.pdf.

8. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências listadas devem ser citadas no texto. — com o objetivo de facilitar a leitura do texto, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração. — as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas no texto. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é de responsabilidade dos autores; as mesmas devem conter todos os dados necessários à sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http:// www.nlm.nih.gov/bsd/uniform_requirements. html). — utilize os exemplos a seguir: Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.

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* Para submeter novos trabalhos acesse o site: www.dentalpressjournals.com

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C omuniCado

aoS

a utorES

E

C onSultorES - r EgiStro

dE

E nSaioS C líniCoS

primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.au (Australian Clinical

1. O registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências

Trials Registry), www.clinicaltrials.gov e http://isrctn.org (Internatio-

para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo pro-

nal Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRC-

jeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista

TN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possí-

intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de

vel, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para

causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter

os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem

interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clí-

ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação,

nicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados

data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financia-

e registrados antes de serem iniciados.

mento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinado-

O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de

res, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas,

identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos

título público do estudo, título científico, países de recrutamento, pro-

resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas cien-

blemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e ex-

tíficas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como

clusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário,

pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de

tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de

instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com

resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três

interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite

categorias:

reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas,

- Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e

observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas

contribuem para o Portal;

nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revis-

- Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas

tas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões inter-

enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários;

nacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas

- Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria

científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic

do Portal, ainda não contribuem para o Portal.

Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram in-

3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics

cluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de

O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia

registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área

as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial

da saúde.

da Saúde - OMS (http://www.who.int/ictrp/en/) e do International

Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Jour-

Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.

nal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que

org/wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup.htm),

exijam dos autores o número de registro no momento da submissão

reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divul-

de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos

gação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso

Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos en-

aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS

dereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados,

para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão

os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios

aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham

estabelecidos pela OMS.

recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje.

2. Portal para divulgação e registro dos ensaios

org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final

A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros

do resumo.

de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Se-

Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o

arch Portal (http://www.who.int/ictrp/network/en/index.html), com

registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.

interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos corres-

Atenciosamente,

pondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical

Jorge Faber, CD, MS, Dr

Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores

Editor do Dental Press Journal of Orthodontics

dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e

ISSN 2176-9451

controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros

E-mail: faber@dentalpress.com.br

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