Volume 18, Number 1, January / February 2013 / Portuguese version
Official Publication of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
agenciamonday.com.br
Nestes últimos 15 anos, crescemos como uma das maiores empresas de importação e distribuição de materiais ortodônticos do Brasil. Hoje, orgulhosamente, ocupamos o posto de líder nacional em vendas de materiais ortodônticos para dentistas. E esse esforço de sempre buscar o melhor para nossos clientes precisava ser refletido em nosso nome, em nossa marca. É por isso que temos a alegria de apresentar para você a OrthoMundi. Uma evolução do nome da OrthoSource do Brasil que abrange agora todo nosso portfólio de mais de 3.500 materiais ortodônticos de grandes fornecedores globais. Além de incorporar a palavra Mundi ao nosso nome, temos a representação dos cinco continentes unidos pelos braquetes, mostrando a essência do nosso trabalho: o envolvimento diário para garantir um atendimento qualificado e de excelência para o mercado de profissionais de ortodontia. Se você também acredita que a evolução permanente é o caminho para continuar crescendo, ligue para a gente. Será um prazer seguir compartilhando com você uma história de sucesso e de bons produtos.
Volume 18, Number 1, January / February 2013 / Portuguese version
Official Publication of the Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
Dental Press J Orthod. 2013 Jan/Feb;18(1):1-160
ISSN 2176-9451
Indexação:
desde 1999
BBO
desde 1998
desde 2011
desde 2008
desde 1998
desde 1998
desde 2005
desde 2002
desde 2008
desde 2008
desde 2009
Dental Press Journal of Orthodontics v. 1, n. 1 (set./out. 1996) - . -- Maringá : Dental Press International, 1996 Bimestral ISSN 2176-9451 1. Ortodontia - Periódico. I. Dental Press International. CDD 617.643005
UFRJ - RJ - Brasil
Eduardo Franzotti Sant'Anna
EDITOR-CHEFE UFPA - PA - Brasil
David Normando
UFRGS - RS - Brasil
Eduardo Silveira Ferreira
UFBA - BA - Brasil
Emanuel Braga Rego
Faculdade de Itauna - MG - Brasil
Enio Tonani Mazzieiro
Univ. de Saint Louis - EUA
Eustáquio Araújo
EDITORA ASSOCIADA UFBA - BA - Brasil
Telma Martins de Araújo
Ajman University - Emirados Árabes Unidos
Eyas Abuhijleh
UNINGÁ - PR - Brasil
Fabrício Pinelli Valarelli
UNICID - SP - Brasil
Fernando César Torres
EDITORES ADJUNTOS (revisão língua inglesa) Flavia Artese
UERJ - RJ - Brasil
Glaucio Serra Guimarães
Ildeu Andrade
PUC - MG - Brasil
Guilherme Janson
UFF - RJ - Brasil FOB/USP - SP - Brasil UFRGS - RS - Brasil
Gustavo Hauber Gameiro
Karolinska Institute - Suécia
Hans Ulrik Paulsen
EDITORES ADJUNTOS (artigos online) HRAC/FOB/USP - SP - Brasil
Daniela Gamba Garib
USP - SP - Brasil
Fernanda Angelieri
UESB - BA - Brasil
Matheus Melo Pithon PUBLISHER
UEM - PR - Brasil
Laurindo Z. Furquim
Helio Scavone Júnior
UNICID - SP - Brasil
Henri Menezes Kobayashi
UNICID - SP - Brasil
Hiroshi Maruo
ABO - PR - Brasil
Hugo Cesar P. M. Caracas
UNB - DF - Brasil
James A. McNamara
Universidade de Michigan - EUA
James Vaden
Universidade do Tennessee - EUA Univ. de Madrid - Madrid - Espanha
Jesús Fernández Sánchez Adilson Luiz Ramos Danilo Furquim Siqueira Jorge Faber Maria F. Martins-Ortiz
UERJ - RJ - Brasil
Jonas Capelli Junior
CONSELHO EDITORIAL CIENTÍFICO UEM - PR - Brasil USC - SP - Brasil
Jorge Luis Castillo
UnB - DF - Brasil
José Antônio Bósio
ACOPEM - SP - Brasil
University of Iowa
Jonh S. Casko
Universidad Peruana Cayetano Heredia - Lima/Peru Univ. de Marquette - Milwaukee - EUA UERJ - RJ - Brasil
José Augusto Mendes Miguel José Fernando Castanha Henriques
UFF - RJ - Brasil
José Nelson Mucha Ortodontia A-Bakr M Rabie Adriana C. da Silveira Adriana de Alcântara Cury-Saramago Airton Arruda Aldrieli Regina Ambrósio Alex Luiz Pozzobon Pereira Alexandre Trindade Motta Ana Carla R. Nahás Scocate Ana Maria Bolognese Andre Wilson Machado Anne Luise Scabell de Almeida Anne-Marie Bolen
Universidade de Hong Kong - China Univ. de Illinois - Chicago - EUA UFF - RJ - Brasil
José Valladares Neto
UFG - GO - Brasil
José Vinicius B. Maciel
UFRJ - PR - Brasil
Universidade de Michigan - EUA
Júlio de Araújo Gurgel
SOEPAR - PR - Brasil
Julio Pedra e Cal Neto
UFMA - MA - Brasil UFF - RJ - Brasil UNICID - SP - Brasil UFRJ - RJ - Brasil UFBA - BA - Brasil UERJ - RJ - Brasil Universidade de Washington - EUA
UFF - RJ - Brasil UNINGÁ - PR - Brasil AAO - Dallas - EUA
Larry White
UNINCOR - MG - Brasil UFVJM - MG - Brasil
Leniana Santos Neves
USC - SP - Brasil
Leopoldino Capelozza Filho
APCD - SP - Brasil
Liliana Ávila Maltagliati
Universidade de Michigan - EUA
Lucia Cevidanes
Armando Yukio Saga
ABO - PR - Brasil
Luís Antônio de Arruda Aidar
UFSC - SC - Brasil
UNICEUMA - MA - Brasil
Leandro Silva Marques
Luciane M. de Menezes
FOAR/UNESP - SP - Brasil
Univ. de Maimonides - Buenos Aires - Argentina
Karina Maria S. de Freitas
UFRJ - RJ - Brasil
Ary dos Santos-Pinto
Clín. partic. - SP - Brasil
Julia Cristina de Andrade Vitral Júlia Harfin
Antônio C. O. Ruellas Arno Locks
FOUSP - SP - Brasil
José Rino Neto
CONSULTORES EDITORIAIS
FOB/USP - SP - Brasil
PUC/RS - RS - Brasil UNISANTA - SP - Brasil UFPE - PE - Brasil
Luiz Filiphe Canuto
FOAR/UNESP - SP - Brasil
Luiz G. Gandini Jr.
Björn U. Zachrisson
Univ. de Oslo - Noruega
Luiz Sérgio Carreiro
UEL - PR - Brasil
Bruno D'Aurea Furquim
Clín. partic. - PR - Brasil
Marcelo Reis Fraga
UFJF - MG - Brasil
Camila Alessandra Pazzini
UFMG - MG - Brasil
Marcio Rodrigues de Almeida
Camilo Aquino Melgaço
UFMG - MG - Brasil
Marco Antônio de O. Almeida
Carla D'Agostini Derech
UFSC - SC - Brasil
Carlos A. Estevanel Tavares Carlos Flores-Mir Carlos Martins Coelho Cauby Maia Chaves Junior
ABO - RS - Brasil Universidade de Alberta - Canadá UFMA - MA - Brasil UFC - CE - Brasil
Margareth Maria Gomes de Souza
UFRJ - RJ - Brasil
Maria Cristina Thomé Pacheco
UFES - ES - Brasil
Maria Perpétua Mota Freitas
Univ. de Montreal - Canadá
Marinho Del Santo Jr.
Cristiane Canavarro
UERJ - RJ - Brasil
Maristela S. Inoue Arai
Daniel Jogaib Fernandes
UERJ - RJ - Brasil
Mônica T. de Souza Araújo
FOA/UNESP - SP - Brasil
UFG - GO - Brasil
Marcos Augusto Lenza
UNICEUMA - MA - Brasil
Eduardo C. Almada Santos
UFBA - BA - Brasil
Marcos Alan V. Bittencourt
Clarice Nishio
Universidade da Carolina do Norte - EUA
UERJ - RJ - Brasil Universidade de Insubria - Itália
Marco Rosa
Célia Regina Maio Pinzan Vercelino
David Sarver
UNOPAR - PR - Brasil
Orlando M. Tanaka Oswaldo V. Vilella
ULBRA - RS - Brasil Clín. partic. - SP - Brasil Univ. Médica e Odontológica de Tóquio - Japão UFRJ - RJ - Brasil PUC/PR - PR - Brasil UFF - RJ - Brasil
Patrícia Medeiros Berto
Clín. partic. - DF - Brasil
Ortopedia Dentofacial
Patricia Valeria Milanezi Alves
Clín. partic. - RS - Brasil
Kurt Faltin Jr.
UNIP - SP - Brasil
University of Alberta - Canadá
Paul Mjor
UNOPAR - PR - Brasil
Paula Vanessa P. Oltramari-Navarro Pedro Paulo Gondim
UFPE - PE - Brasil
Periodontia Adriana C. P. Sant’Ana
Renata C. F. R. de Castro
USC - SP - Brasil
Maurício G. Araújo
Renata Rodrigues de Almeida-Pedrin
USC - SP - Brasil
Mário Taba Jr.
FOB/USP - SP - Brasil UEM - PR - Brasil FORP/USP - SP - Brasil
FOAR-UNESP - SP - Brasil
Renato Parsekian Martins Ricardo Machado Cruz
UNIP - DF - Brasil
Prótese
Ricardo Moresca
UFPR - PR - Brasil
Marco Antonio Bottino
UNESP/SJC - SP - Brasil
Robert W. Farinazzo Vitral
UFJF - MG - Brasil
Sidney Kina
Clín. partic. - PR - Brasil
Clín. partic. - PR - Brasil
Roberto Hideo Shimizu
Univ. Tecn. do México - México
Roberto Justus Rodrigo César Santiago
UFRJ - RJ - Brasil
Rodrigo Hermont Cançado
UNINGÁ - PR - Brasil
Rogério Lacerda dos Santos
UFCG - PB - Brasil
Sávio R. Lemos Prado
UFPA - PA - Brasil
Sylvia Frazier-Bowers
Universidade da Carolina do Norte - EUA
Tarcila Triviño Vladimir Leon Salazar Weber José da Silva Ursi Won Moon
Radiologia Rejane Faria Ribeiro-Rotta
UFG - GO - Brasil
UMESP - SP - Brasil Universidade de Minnesota - EUA FOSJC/UNESP - SP - Brasil UCLA - EUA
Biologia e Patologia Bucal Alberto Consolaro Christie Ramos Andrade Leite-Panissi
FOB/USP - SP - Brasil FORP/USP - Brasil
Edvaldo Antonio R. Rosa
PUC/PR - PR - Brasil
Victor Elias Arana-Chavez
USP - SP - Brasil
Bioquímica e Cariologia Marília Afonso Rabelo Buzalaf Soraya Coelho Leal
FOB/USP - SP - Brasil UnB - DF - Brasil
Cirurgia Ortognática Eduardo Sant’Ana
FOB/USP - SP - Brasil
Clín. partic. - RS - Brasil
O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é continuação da Revista Dental Press de Ortodontia e Ortopedia Facial (ISSN 1415-5419).
FOB/USP - SP - Brasil
O Dental Press Journal of Orthodontics (ISSN 2176-9451) é uma publicação
Laudimar Alves de Oliveira
UNIP - DF - Brasil
Liogi Iwaki Filho
UEM - PR - Brasil
Waldemar Daudt Polido Dentística Maria Fidela L. Navarro
- Zona 5 - CEP 87.015-001 - Maringá / PR - Fone/Fax: (0xx44) 3031-9818 -
Disfunção da ATM José Luiz Villaça Avoglio Paulo César Conti
CTA - SP - Brasil
Isabela Almeida Pordeus
UFMG - MG - Brasil
Saul Martins Paiva
UFMG - MG - Brasil
Fonoaudiologia UVA - RJ - Brasil
Implantologia Carlos E. Francischone
www.dentalpress.com.br - artigos@dentalpress.com.br.
FOB/USP - SP - Brasil
Epidemiologia
Esther M. G. Bianchini
bimestral da Dental Press International. Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712
FOB/USP - SP - Brasil
Diretora: Teresa Rodrigues D'Aurea Furquim - Diretor Editorial: Bruno D’Aurea Furquim - DIRETOR DE MARKETING: Fernando Marson - Produtor editorial: Júnior Bianco - Produção Gráfica e Eletrônica: Bruno Boeing de Souza - Diego Ricardo Pinaffo - Gildásio Oliveira Reis Júnior - Tatiane Comochena - submissão de artigos: Simone Lima Lopes Rafael - Márcia Ferreira Dias - Revisão/COPydesk: Adna Miranda - Ronis Furquim Siqueira - Wesley Nazeazeno - JORNALISMO: Yara Borges Marchini - BANCO DE DADOS: Cléber Augusto Rafael - Internet: Adriana Azevedo Vasconcelos - Fernando Truculo Evangelista - CURSOS E EVENTOS: Ana Claudia da Silva - COMERCIAL: Roseneide Martins Garcia - BIBLIOTECA/NORMALIZAÇÃO: Simone Lima Lopes Rafael EXPEDIÇÃO: Diego Matheus Moraes dos Santos - FINANCEIRO: Cléber Augusto Rafael - Lucyane Plonkóski Nogueira - Roseli Martins - Secretaria: Rosana G. Silva.
C O N F I R A N O S S O S L A N ÇAM E NTOS NO SI T E WWW.DE NTALCOM P R AS.COM .B R
journal_
journal_v17n5.indd 1
14/09/12 12
Dental Press Journal of Orthodontics Official Publication of the Volume 18 . Number 1 . January-February 2013
Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
Seções Editorial
Entrevista
1
8
Os anos seguintes
Uma entrevista com José Rino Neto
David Normando
Trabalhar em conjunto Ricardo Machado Cruz
Insight Ortodôntico
3 Em adultos: 47,2% apresentam periodontite! E nos pacientes ortodônticos?
8
Caso Clínico BBO
143 Tratamento cirúrgico da má oclusão de Classe III dentária e esquelética Ione Helena Vieira Portella
143
Brunharo
Alberto Consolaro
Tópico Especial Orthodontics Highlights
150
Destaques no universo da Ortodontia
Relação entre disfunção temporomandibular e o tratamento ortodôntico: revisão de literatura
Matheus Melo Pithon
Ronaldo Antônio Leite,
6
Joacir Ferreira Rodrigues, Maurício Tatsuei Sakima, Tatsuko Sakima
Artigos Online
30 Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares Sebastião Batista Bueno, Telmo Oliveira Bittar, Fabiana de Lima Vazquez, Marcelo Castro Meneghim, Antonio Carlos Pereira
31 Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração Paulo Eduardo Guedes Carvalho, Valdemir Muzulon dos Santos, Hassan Isber, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira
33 Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos Mariana Marquezan, Ana Maria Bolognese, Mônica Tirre de Souza Araújo
34 Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária Arthur Costa Rodrigues Farias, Maria Cristina Teixeira Cangussú, Rogério Frederico Alves Ferreira, Marcelo de Castellucci
32 Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2 Fabio Brandalise Rampon, Celestino Nóbrega, José Luiz Gonçalves Bretos, Franco Arsati, Sérgio Jakob, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin
Artigos
Dental Press Journal of Orthodontics
35
Official Publication of the
Correção da Classe II com o aparelho MARA Kelly Chiqueto, José Fernando Castanha Henriques,
Volume 18 . Number 1 . January-February 2013
Brazilian Association of Orthodontics and Facial Orthopedics
Sérgio Estelita Cavalcante Barros, Guilherme Janson
45 Mola verticalizadora de molares apoiada em mini-implante: descrição Antônio Carlos de Oliveira Ruellas, Matheus Melo Pithon, Rogério Lacerda dos Santos
50 Correlação entre medidas transversais e verticais em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas através da análise frontal de Ricketts-Faltin Regina Helena Lourenço Belluzzo, Kurt Faltin Jr, Cristina Ortolani, Adolpho Chelotti
86 Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de braquetes metálicos pela ação de diferentes dentifrícios Gustavo Antônio Martins Brandão, Rafael Menezes Simas, Leandro Moreira de Almeida, Juliana Melo da Silva, Marcelo de Castro Meneghim, Antonio Carlos Pereira, Haroldo Amorim de Almeida, Ana Maria Martins Brandão
94 Influência da anquilose intencional de caninos decíduos como reforço de ancoragem à tração reversa da maxila Luís Fernando Castaldi Tocci, Omar Gabriel da Silva Filho, Acácio Fuziy, José Roberto Pereira Lauris
55
103
Análise in vitro da degradação de força de cadeias elastoméricas utilizadas em Ortodontia
Necessidade de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros: um estudo utilizando o índice de estética dentária
André Weissheimer, Arno Locks, Luciane Macedo de Menezes,
Anderson Barbosa de Almeida, Isabel Cristina Gonçalves Leite
Adriano Ferreti Borgatto, Carla D’Agostini Derech
63 Efeito da contaminação por saliva na resistência de união de um compósito resinoso hidrofílico
110 Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa severa associados ao tratamento ortodôntico Gracemia Vasconcelos Picanço, Karina Maria Salvatore de Freitas,
Mauren Bitencourt Deprá, Josiane Xavier de Almeida,
Rodrigo Hermont Cançado, Fabricio Pinelli Valarelli,
Taís de Morais Alves da Cunha, Luis Filipe Siu Lon,
Paulo Roberto Barroso Picanço, Camila Pontes Feijão
Luciana Borges Retamoso, Orlando Motohiro Tanaka
69 Estudo comparativo da deflexão e do comprimento anterior e posterior da base do crânio, em indivíduos Padrão I, II e III Guilherme Thiesen, Guilherme Pletsch, Michella Dinah Zastrow,
121 Avaliação do atrito gerado por braquetes cerâmicos mono e policristalinos em mecânica de deslizamento Roberta Ferreira Pimentel, Roberto Sotto Maior Fortes de Oliveira, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves, Carlos Nelson Elias, Marco Abdo Gravina
Caio Vinicius Martins do Valle, Karyna Martins do Valle-Corotti, Mayara Paim Patel, Paulo Cesar Rodrigues Conti
76 Avaliação periodontal de diferentes técnicas de escovação em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos
128 Comparação da análise de espaço realizada em modelos de gesso e digitais utilizando a equação de Tanaka e Johnston Júlia Olien Sanches, Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto, Ary dos Santos-Pinto, Betina Grehs, Fabiano Jeremias
Patricia Oehlmeyer Nassar, Carolina Grando Bombardelli, Carolina Schmitt Walker, Karyne Vargas Neves, Karine Tonet, Rodolfo Nishimoto Nishi, Roberto Bombonatti, Carlos Augusto Nassar
81 O modelo de braquete autoligável influencia as forças de ativação, desativação e histerese do fio NiTi superelástico? José Rino Neto, Gilberto Vilanova Queiroz, João Batista de Paiva, Rafael Yagüe Ballester
134 Mini-implantes: recurso mecânico para verticalização de molares Susiane Allgayer, Deborah Platcheck, Ivana Ardenghi Vargas, Raphael Carlos Drumond Loro
158 Normas para publicação
editorial
Os anos seguintes Se quiseres um ano de prosperidade, cultives trigo. Se quiseres dez anos de prosperidade, cultives árvores. Se quiseres cem anos de prosperidade, cultives pessoas. (Provérbio chinês)
curso mais longo, de dois meses em média, até a negativa final. O resultado, geralmente, é a informação de que, enquanto a concepção do estudo poderia render prosperidade, o método de cultivo no qual o trigo foi plantado prejudicou uma boa colheita. Além da aceleração no processo de submissão, temos trabalhado para reduzir o tempo entre o aceite e a publicação. Ao final de 2011 esse tempo era de três anos; atualmente ronda dois anos, em média. As nossas projeções estabelecem que os artigos submetidos em 2013 sejam publicados em até 12 meses após o aceite final. Uma rotina comum a um periódico que chega à maioridade e que deseja transpassar as décadas em busca da preservação da excelência estampada na imagem de uma árvore forte, símbolo da prosperidade de décadas no provérbio em epígrafe. A árvore cresce frondosa e, agora, ancorada pelo selo ABOR. É com grande satisfação que, a partir desse número, o DPJO passa a ser o órgão oficial de divulgação científica da Associação Brasileira de Ortodontia. Na aproximação dessa maioridade, eu gostaria, em nome da Dental Press, de expressar minha gratidão para toda essa gente envolvida no sucesso contínuo do Dental Press Journal of Orthodontics. É com enorme prazer que agradeço aos funcionários da editora, aos autores, aos nossos revisores e a todo corpo editorial, por dedicaram seu precioso tempo à construção da qualidade da ciência que publicamos. Aos nossos leitores, o DPJO espera continuar promovendo a divulgação dos avanços da Ortodontia com a responsabilidade e credibilidade que os permitam conduzir tratamentos ortodônticos que gerem grande prosperidade em seu dia a dia, trigo a trigo, árvore a árvore, em sorrisos encantados por pessoas. Afinal, em desalinho com Woody Allen, que mundo poderia ser maravilhoso, se não fossem as pessoas?
Quando iniciamos um novo ano, é fato comum repensarmos ações. O intuito é buscar melhorias no porvir. O Dental Press Journal of Orthodontics completará 18 anos de existência profícua no segundo semestre de 2013. Enquanto aguardamos a maioridade, iniciamos o segundo ano no controle da navegação desse importante veículo de difusão da ciência ortodôntica. É tempo de repensar condutas e o cultivo talhado em busca da prosperidade do trigo. Ladeado de competentes colegas — de início —, transformados em amigos ao longo do enfrentamento virtuoso e fidedigno dos desafios, estabelecemos metas que estão sendo cumpridas com afinco. Uma delas foi a promoção de uma maior celeridade no processo de revisão e de publicação dos artigos. Atualmente, o DPJO aceita um em cada quatro artigos submetidos. Esse nível foi estabelecido no início do nosso trabalho com a finalidade de ajustar o fluxo dos artigos1. Entre os artigos que recebem a chancela “aceito”, temos despendido 118 dias, em média, entre a data da submissão e a decisão final. A taxa de aceite e o tempo de avaliação são semelhantes aos das principais revistas da especialidade. Temos como filosofia que a resposta negativa deve ser dada o mais rápida possível. Enquanto entre a submissão e a recusa o tempo médio é de apenas três semanas, cerca da metade desses artigos recebe parecer imediato, em menos de uma semana. São artigos que trazem poucas informações originais, contribuindo de forma pouco significativa com o avanço do conhecimento científico na Ortodontia. Entre eles, incluem-se, principalmente, casos clínicos que replicam condutas clínicas já bem difundidas na literatura e ensaios laboratoriais não originais. Aqueles que passam por esse crivo inicial e seguem para uma análise mais profunda dos revisores levam um per-
David Normando Editor-chefe (davidnormando@hotmail.com) Referências 1.
Normando D. Optimizing time and space. Dental Press J Orthod. 2012;17(2):6.
Edição especial com o tema “O tratamento ortodôntico no paciente adulto” O Dental Press Journal of Orthodontics (DPJO) tem a satisfação de anunciar uma edição especial sobre o tema "O tratamento ortodôntico no paciente adulto". Autores estão convidados a submeter artigos originais e inéditos relacionados a esse tema, seguindo as normas de publicação © 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
que constam nas instruções aos autores, no final da revista. A data limite para submissão de artigos é 31/5/2013. Todos os manuscritos serão analisados através de um sistema de revisão por pares e os artigos aceitos serão publicados na edição comemorativa de set-out de 2013 do DPJO. 1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):1-2
editorial
Trabalhar em conjunto
Desde sua fundação, havia o desejo de se ter uma revista científica oficial da ABOR. Vários estudos e propostas foram sendo apresentados ao longo desses anos, alguns preconizando a criação de um novo veículo e outros, a parceria com algum veículo já existente. Em 2010, a diretoria executiva da ABOR propôs o nome do Dental Press Journal of Orthodontics para se tornar a revista oficial da associação. Essa parceria começou a ser estudada pelo Conselho Superior da entidade e, finalmente, depois dos últimos acertos, veio a ser aprovada na última assembleia, em 10 de novembro de 2012. Esse acordo trará inúmeros benefícios às duas partes: estarão unidas a entidade oficial representativa da Ortodontia brasileira e a melhor publicação científica dessa área do conhecimento no país e uma das mais bem indexadas do mundo. Em breve, nossos membros estarão recebendo informações sobre os benefícios a que terão acesso a partir de agora. E isso é apenas o começo. Como disse Napoleon Hill, autor americano do pensamento novo: “Estarmos juntos é um começo, continuarmos juntos é progresso, trabalharmos em conjunto é sucesso”.
Essa é uma edição histórica do Dental Press Journal of Orthodontics! Marca oficialmente a parceria da conceituada editora Dental Press com a Associação Brasileira de Ortodontia – ABOR, o que muito nos orgulha. Como os leitores poderão perceber a partir desse volume, na capa da revista, ao lado do selo oficial de nossa entidade, virá uma frase anunciando-a como a publicação oficial da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial. Trata-se da materialização de uma parceria que já vinha ocorrendo há muito tempo. Sempre obtivemos total apoio da editora em nossos eventos científicos, nacionais e regionais, e já contávamos com um número elevado de membros da ABOR fazendo parte do corpo editorial e de revisores da revista. A Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial, fundada em 1994, está à beira de completar 20 anos de existência e, nesse período, se firmou como verdadeira representante da Ortodontia nacional, órgão consultor oficial junto ao CFO, lutando pelos interesses dessa especialidade. Ela congrega em seu Conselho Superior representantes de todos os estados da Federação, onde os mais diversos assuntos, pertinentes à Ortodontia, são estudados, buscando-se soluções e atuações, tanto na esfera local como na esfera nacional. Os mais recentes exemplos dessa atuação foram o aumento da carga horária mínima dos cursos de pós-graduação em Ortodontia para 2.000 horas e a recém-criada parceria com o Governo Federal, o Projeto Brasil Sorridente, atuando como órgão de orientação dos atendimentos ortodônticos que estarão previstos no SUS.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Ricardo Machado Cruz Presidente ABOR
2
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):1-2
insight ortodôntico
Em adultos: 47,2% apresentam periodontite! E nos pacientes ortodônticos? Alberto Consolaro1
A prevalência de 47,2% da doença periodontal inflamatória crônica induzida pela placa dentobacteriana em adultos com mais de 30 anos foi detectada em 3.742 adultos, que representaram estatisticamente 64,7 milhões de pessoas de 50 estados e do distrito federal dos Estados Unidos da América. O método foi preciso e os resultados induzem a alguns insights quanto à relação entre o tratamento ortodôntico e a saúde dos tecidos periodontais, que foram expostos no texto desse trabalho. Palavras-chave: Ortodontia-Periodontia. Gengivite. Periodontite.
um grande número de pessoas (3.742 adultos com mais de 30 anos), os quais representaram estatisticamente 64,7 milhões de estadunidenses de 50 estados e do distrito federal dos Estados Unidos da América. Foram analisados seis lugares diferentes dos tecidos periodontais em cada dente de cada pessoa, excetuando-se os terceiros molares. Os trabalhos anteriores apresentavam amostras menores e o método de análise pontuava de dois a quatro pontos do periodonto dos dentes examinados, resultando em prevalências bem menores do que as obtidas nesse novo estudo. Os resultados anteriores subestimaram a prevalência da doença periodontal inflamatória crônica1,3-7.
Introdução A mídia leiga estampou manchetes com os resultados da pesquisa coordenada pela Divisão de Saúde Bucal do Centro de Controle e Prevenção de Doenças de Atlanta, Geórgia (EUA), e realizada por muitos pesquisadores de outras universidades associadas: quase metade dos estadunidenses adultos com mais de 30 anos apresenta periodontite! De início, um profissional pode achar que se trata de mais um sensacionalismo, mas a informação está correta. Nesse estudo de Eke, Dye, Wei, Thornton-Evans e Genco2, publicado no Journal of Dental Research, pela primeira vez na literatura mundial examinou-se
1
Como citar este artigo: Consolaro A. In adults: 47.2% have periodontitis! And in orthodontic patients? Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):3-5.
Professor Titular da FOB-USP e da pós-graduação na FORP-USP.
» O autor declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Enviado em: 11 de novembro de 2012 Revisado e aceito: 17 de novembro de 2012 Endereço para correspondência: Alberto Consolaro E-mail: consolaro@uol.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
3
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):3-5
orthodontics highlights Matheus Melo Pithon1
não existe consenso entre os profissionais de qual método seria mais efetivo para tal procedimento. Os defensores das miniplacas argumentam que a distalização seria mais efetiva com esse dispositivo, visto que essas seriam mais estáveis do que os mini-implantes, além de serem fixadas numa região distante do osso alveolar. Por outro lado, os defensores dos mini-implantes argumentam que esses seriam igualmente efetivos, com custo reduzido e facilmente instalados e removidos pelo próprio ortodontista. Face a esses questionamentos, pesquisadores turcos2 objetivaram avaliar, em um estudo clínico com 30 pacientes, a efetividade do aparelho tipo pêndulo apoiado em mini-implantes inseridos no palato, comparando-os às miniplacas zigomáticas. Os resultados advindos com esse estudo comprovam a efetividade de ambos os métodos quanto à distalização dos dentes superiores. Entretanto, os autores fazem a ressalva de que, na presença de uma má oclusão mais severa, as miniplacas apoiadas no zigomático seriam mais efetivas (Fig. 1).
Laser potencializa a reparação da sutura palatina mediana pós expansão rápida da maxilA Amplamente divulgada, estudada e utilizada, a expansão rápida da maxila tornou-se uma importante aliada do ortodontista. Basicamente, esse procedimento processa-se com uma fase ativa, onde o aparelho disjuntor é ativado; e uma fase passiva, onde o aparelho é mantido em posição até a completa reestruturação da sutura expandida e neoformação de tecido ósseo. Reduzir o período de estabilização desses dispositivos favoreceria a redução no tempo total de tratamento ortodôntico final e no desconforto provocado pela presença do aparelho. Na busca de um método que potencializasse esse processo, pesquisadores brasileiros1 avaliaram, por meio de um estudo em animais, os efeitos histológicos da aplicação de laser na sutura palatina mediana após expansão maxilar. Os resultados evidenciaram que o laser parece estimular o processo de reparação da sutura e a osteogênese. Vale salientar que, embora animadores, os resultados são iniciais e obtidos em cães, necessitando de comprovação em seres humanos.
Mini-implantes inseridos manualmente apresentam menor estabilidade do que os inseridos com auxílio de motor Considerados uma das mais brilhantes descobertas da Ortodontia, os mini-implantes popularizaram-se e tornaram-se uma unanimidade entre os ortodontistas. Apesar de serem um excelente mecanismo de ancoragem, com diversas possibilidades clínicas, esses dispositivos apresentam falhas no que tange à sua estabilidade. A perda da estabilidade
Mini-implante no palato e miniplacas são excelentes mecanismos para distalização de dentes superiores Já está claro entre nós, ortodontistas, a efetividade dos mini-implantes e das miniplacas quanto à ancoragem para distalização de dentes superiores para correção da má oclusão de Classe II dentária. No entanto, ainda
A
1
Figura 1 - A) - Aparelho tipo Pendulum apoiado em mini-implantes. B) Sistema de ancoragem apoiado no zigomático.
B
Como citar esta seção: Pithon MM. Orthodontics highlights. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):6-7.
Professor de Ortodontia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Mestre e Doutor em Ortodontia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
Enviado em: 13 de dezembro de 2012 - Revisado e aceito: 19 de dezembro de 2012 Endereço para correspondência: Matheus Melo Pithon E-mail: matheuspithon@gmail.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):6-7
entrevista
uma entrevista com
José Rino Neto • Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo. • Mestre e Doutor em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - FOUSP. • Livre Docente em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia da Universidade de São Paulo - FOUSP. • Professor Associado da Disciplina de Ortodontia da FOUSP.
Apraz-nos poder apresentar essa entrevista com o professor José Rino Neto. Docente de renome da Universidade de São Paulo (USP), o professor Rino possui uma trajetória acadêmica alicerçada em bases sólidas na USP, desde a graduação (FOB-USP) até a sua completa formação como docente (mestrado, doutorado e livre-docência, na FOUSP). Por essa razão, é um mensageiro da cátedra dos memoráveis professores Sebastião Interlandi e Júlio Wilson Vigorito. Mas não somente, é um legítimo representante de uma Ortodontia brasileira de qualidade. Nosso entrevistado possui peculiaridades acadêmicas e de cunho pessoal que são dignas de divulgação. Sua trajetória busca uma síntese coerente da linha de pesquisa “Morfologia Dentofacial”, a qual o conduz a coordenar a “Clínica de Cirurgia Ortognática” da pós-graduação da Faculdade de Odontologia, em parceria com o Hospital Universitário, ambos da USP. Nesse campo de atuação, estamos convictos de que a Ortodontia brasileira avança sob o olhar crítico e sensato desse jovem professor que pondera sobre as vicissitudes da ciência, ora de maneira incongruente e ora de maneira a lograr êxito permanente. Com isso, contribui para desmistificar o surgimento de inovações. A convivência fraternal com seus orientados o torna um professor hábil, por saber exigir com amizade, simplicidade e perfeccionismo técnico-científico, caracterizando uma relação fidalga. Interessado em desenvolver um exercício de reflexão, embasada em sua experiência clínica, científica e como docente de uma importante universidade brasileira, o Prof. Rino nos concedeu, gentilmente, a seguinte entrevista. José Valladares Neto
Como citar esta seção: Rino Neto J. Interview. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29. Enviado em: 13 de dezembro de 2012 - Revisado e aceito: 19 de dezembro de 2012 » Os pacientes que aparecem na presente seção autorizaram previamente a publicação de suas fotografias e radiografias.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
8
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29
entrevista
Rino Neto J
Adilson Luis Ramos
José Valladares Neto
» Mestre em Ortodontia pela FOB–USP e Doutor em Ortodontia pela FOAR – UNESP. » Professor Associado do Departamento de Odontologia da UEM. » Ex-editor chefe do Dental Press Journal of Orthodontics (2003 a 2006). » Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
» Residência/Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial pelo Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP. » Mestre em Morfologia pelo ICB-UFG, e estudante de Doutorado em Ortodontia na FOUSP. » Professor Assistente da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal de Goiás. » Diplomado pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial.
Gilberto Vilanova Queiroz » » » »
Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP. Especialista em Ortodontia pela PROFIS – Bauru. Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da ABENO-SP.
Roberto Macoto » Graduado pela Faculdade de Odontologia de Bauru/USP. » Especialista em Ortodontia pela PROFIS – Bauru. » Mestre e Doutor em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial pela UNESP, Araçatuba. » Cirurgião Bucomaxilofacial do Hospital de Reabilitação de Anomalias Craniofaciais da USP.
João Batista de Paiva » » »
Graduado pela Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto – USP. Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP. Professor Titular da Disciplina de Ortodontia da FOUSP.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
29
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):8-29
artigo online*
Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares Sebastião Batista Bueno1, Telmo Oliveira Bittar2, Fabiana de Lima Vazquez3, Marcelo Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira5
Resumo do editor O aleitamento materno possui fundamental importância para o recém-nascido nos aspectos nutricional, psicológico, neurológico, ortodôntico e imunológico. O ato fisiológico da amamentação decorre de grande atividade e sincronia dos músculos bucofaciais, contribuindo para o adequado crescimento e desenvolvimento craniofacial. Além disso, pesquisas têm alertado que crianças amamentadas por curtos períodos de tempo, ou mesmo artificialmente, desenvolvem mais frequentemente o hábito bucal deletério da sucção digital ou da chupeta, fatores etiológicos das más oclusões. O objetivo do presente estudo consistiu em analisar a associação entre o tempo de amamentação e a presença de hábitos bucais deletérios e más oclusões na primeira infância. Foram avaliadas 138 crianças, de ambos os sexos, com 4 a 5 anos de idade, quanto à presença de mordida aberta, mordida cruzada posterior, sobremordida profunda e sobressaliência aumentadas, segundo os critérios do Índice de Estética Dentária (IED). A aeração nasal foi mensurada por meio do espelho milimetrado de Altmann. Ainda, um questionário foi aplicado aos responsáveis, constando de perguntas sobre tempo de amamentação, emprego de mamadeira e presença e duração dos hábitos bucais deletérios.
O grau de associação entre as variáveis foi verificado pelo teste do qui-quadrado ou Exato de Fisher (p<0,05), seguido da análise de regressão logística. Os resultados demonstraram que somente 25,4% das crianças foram amamentadas até um ano de idade, segundo preconizado pela Organização Mundial da Saúde, sendo que 29,7% foram amamentadas somente até o terceiro mês de vida, e 55,8% até o sexto mês. Crianças que foram amamentadas artificialmente durante o primeiro ano de vida ou mais apresentaram chance oito vezes maior de possuir o hábito de sucção digital ou de chupeta. Por sua vez, crianças que persistiram com o hábito de sucção da chupeta após os 3 anos de idade tiveram um risco 33,3 vezes maior de apresentar mordida aberta anterior, 2,77 vezes maior de possuir trespasse horizontal de mais que 5mm e 5,26 vezes maior de apresentar mordida cruzada posterior. Além disso, crianças que demonstraram um índice de aeração nasal menor que 12cm2 possuíam probabilidade 7,81 vezes maior de apresentar mordida cruzada posterior. Os autores concluíram que o aleitamento materno prolongado diminuiu a prevalência de hábitos bucais deletérios em crianças na primeira infância, prevenindo, também, a presença de má oclusão.
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.
Como citar este artigo: Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC. Association between breastfeeding, pacifier use and nasal breathing with occlusal disorders among preschoolers. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.
Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. Professor de Ortodontia, Universidade Federal de Campina Grande. 3 Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos, Unidade BioManguinhos, Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. 4 Professora de Virologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1 2
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Telmo Oliveira Bittar
Enviado em: 8 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 11 de março de 2009
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Rua 12, 316 – Centro CEP: 38.300-062 – Ituiutaba/SP E-mail: telmobittar@fop.unicamp.br
30
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30
artigo inédito
Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares Sebastião Batista Bueno1, Telmo Oliveira Bittar2, Fabiana de Lima Vazquez3, Marcelo Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira5
Objetivo: avaliar a associação do tempo de amamentação natural, tempo de uso de chupeta e aeração nasal em relação a problemas oclusais em crianças. Métodos: foi realizado um estudo observacional transversal com universo de 138 crianças entre 4 e 5 anos, de creches de Campo Limpo Paulista/SP. Foram aplicados questionários às mães com o intuito de identificar o tempo de amamentação natural total e exclusiva e hábitos deletérios. Utilizaram-se as variáveis independentes hábitos deletérios (chupeta, mamadeira e dedo), tempo de amamentação natural e aeração nasal; e as variáveis dependentes mordida aberta, mordida cruzada, overjet, sobremordida, presença de diastema e atresia. Foram realizados cálculos das distribuições das frequências, teste de associação do qui-quadrado, exato de Fisher e, em seguida, regressão logística pelo método de stepwise, utilizando nível de significância de 5%. Resultados: o uso de chupeta foi considerado o mais prejudicial dos hábitos deletérios, aumentando em 33,3 vezes a chance de mordida aberta; 2,77 vezes a chance de apresentar overjet acentuado e 5,26 vezes as chances de apresentar mordida cruzada posterior. Conclusão: houve uma forte associação entre hábitos deletérios (especialmente o tempo de uso de chupeta) e problemas oclusais, sendo esse fato importante no planejamento do tratamento de pacientes pré-escolares. Palavras-chave: Aleitamento materno. Má oclusão. Hábitos. Dentição decídua.
Professor de Ortodontia, Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia. 2 Professor de Ortodontia, Universidade Federal de Campina Grande. 3 Mestre em Tecnologia de Imunobiológicos, Unidade BioManguinhos, Fundação Oswaldo Cruz – Fiocruz. 4 Professora de Virologia, Universidade Federal do Rio de Janeiro. 1
Enviado em: 8 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 11 de março de 2009
Como citar este artigo: Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC. Association between breastfeeding, pacifier use and nasal breathing with occlusal disorders among preschoolers. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Telmo Oliveira Bittar Rua 12, 316 – Centro CEP: 38.300-062 – Ituiutaba/SP E-mail: telmobittar@fop.unicamp.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
30.e1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito
Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares
INTRODUÇÃO O aleitamento materno exclusivo é considerado o principal alimento para o desenvolvimento de lactantes, fonte de energia gratuita e excepcional sob o ponto de vista nutricional, gerador de benefícios imunológicos, neurológicos, emocionais e fonoaudiológicos exercidos pelo ato fisiológico da amamentação1-4. Além do fator nutritivo, também é decisivo e primordial para o correto estímulo ao crescimento e desenvolvimento das estruturas faciais, exercitando a musculatura orofacial, que guiará e estimulará o desenvolvimento das funções fisiológicas5. Essa função fisiológica conduz a excitação neural e, em consequência, o desenvolvimento facial mandibular anteroposterior e a modelação perfeita dos ângulos goníacos6, que se inicia no recém nascido e prolonga-se até a erupção dos primeiros dentes decíduos. Estudos relatam que o aleitamento materno interfere diretamente no padrão de movimentação dos músculos mastigatórios, no correto estabelecimento da deglutição e da respiração4. O menor tempo de aleitamento materno induz com maior frequência a hábitos bucais deletérios, com risco relativo sete vezes superiores àquelas crianças aleitadas exclusivamente no seio por período mínimo de seis meses. Lactantes com uso de mamadeira por mais de um ano apresentam probabilidade dez vezes maior de ocorrência de hábitos bucais viciosos do que aquelas que nunca utilizaram essa forma de aleitamento, onde se conclui que esses hábitos deletérios estão fortemente associados às más oclusões4,7,8,9. A falta, ou mesmo ausência, do aleitamento natural correlaciona-se ao hipodesenvolvimento do complexo mastigatório, à deglutição atípica, à instalação de respiração bucal ou mista e, com isso, propiciando o surgimento de más oclusões4,11,12. Acredita-se que quando o hábito deletério persiste até os três anos de idade, seus portadores apresentam menores alterações na oclusão, geralmente afetando somente a região anterior dos maxilares e, depois de retirado o estímulo, esses seguem seu crescimento normal com equilíbrio oclusal. Porém, quando a sucção persiste por mais tempo, normalmente produz deformações significativas na oclusão, tais como mordida aberta, palato atrésico, hipodesenvolvimento mandibular e projeção do maxilar13,14. O aumento das má oclusões, segundo a avaliação de estudos epidemiológicos, vem-se relacionando com o processo de industrialização, urbanização e com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
mudanças culturais e alterações de hábitos funcionais, em especial os hábitos alimentares em um pequeno espaço de tempo15,16. Essa afirmação vem ao encontro do argumento de que todo o problema do nosso sistema estomatognático, salvo raras exceções, tem como causa etiológica a atrofia funcional mastigatória provocada pelo nosso regime alimentar civilizado6. Estudar tais efeitos é de fundamental importância e relevância para se obter parâmetros científicos a serem usados na conscientização dos profissionais de saúde, Ortodontia e Ortopedia Funcional dos maxilares, para prevenir e interceptar problemas de má oclusão, com ações multidisciplinares na área da saúde coletiva. O presente estudo teve por objetivo analisar a correlação entre má oclusão e hábitos deletérios e suas possíveis relações com o tempo de aleitamento materno recebido na primeira infância. MATERIAL E MÉTODOS Esse estudo transversal incluiu todos os alunos (n = 138) entre 4 e 5 anos de idade, matriculados em quatro creches municipais da cidade de Campo Limpo Paulista/SP. Foi realizado contato prévio com as autoridades do colégio, esclarecidas as principais características e objetivos do estudo, e obtido consentimento dos pais ou responsáveis pelos alunos. O universo foi composto por crianças de ambos os sexos. Os alunos foram examinados com relação à presença da má oclusão. Um questionário na forma de entrevista estruturada foi aplicado com perguntas sobre o tempo de amamentação natural exclusiva e a utilização de mamadeira, sucção de chupeta e dedo. Para os dados clínicos, foram utilizados os critérios do IED (Índice de Estética Dentária), preconizado pela Organização Mundial de Saúde, e considerou-se presença de má oclusão os alunos que apresentaram mordida aberta, mordida cruzada posterior, sobremordida e sobressaliência. Para verificar possíveis alterações da aeração nasal, foi utilizado espelho milimetrado de Altmann17, devido à sua facilidade de manipulação e de registro do fluxo condensado sobre o espelho. Inicialmente, foram realizadas análises univariadas para verificar o grau de associação entre as variáveis. Para isso, utilizou-se o teste de qui-quadrado ou Exato de Fisher (α = 0,05). A seguir, foram realizadas análises de regressão logística pelo método stepwise. Para determinar o impacto dos hábitos, foram definidas como variáveis
30.e2
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito
Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC
dependentes a mordida aberta anterior, sobressaliência, sobremordida, mordida cruzada posterior e atresia. As variáveis independentes foram tempo de amamentação natural, tempo de aleitamento materno exclusivo, tempo de uso de chupeta e aeração nasal. Para os hábitos incluídos no modelo de regressão logística, o impacto foi estimado mediante razões de chances (odds ratio – OR), com intervalos de confiança de 95%. Todas as análises foram realizadas utilizando o programa estatístico SAS (SAS Institute Inc., EUA, Release 8.2, 2001). RESULTADOS Verificamos que o tempo de utilização da chupeta foi indicador de risco para a presença de mordida aberta acentuada. Há 33,3 vezes mais chances de ocorrência de mordida aberta acentuada em crianças que usaram chupeta acima de 3 anos, em relação às demais. A chance de haver diastema é 2,43 vezes maior em crianças com aeração nasal menor que 12cm2. Quando a criança respira pela boca, constitui-se uma anormalidade funcional denominada “posicionamento lingual atípico”, o que pode ocasionar, além da mordida aberta anterior, uma inclinação vestibular acentuada dos incisivos superiores e inferiores, gerando diastemas generalizados na região anterior. O indicador de risco para o overjet foi o tempo de utilização de chupeta. Tem-se 2,77 vezes mais chance de se haver overjet > 5mm nas crianças que usaram chupeta por mais de 3 anos, em relação às demais. O indicador de risco para a sobremordida foi o tempo de utilização de chupeta e a chance é 12,32 vezes maior de sobremordida nas crianças que usaram chupeta por menos de 3 anos, em relação às demais. Tem-se 2,78 vezes mais chance de sobremordida nas crianças que foram amamentadas de 0 a 6 meses, quando comparadas com as de 6 meses ou mais. Os indicadores de risco para a mordida cruzada posterior foram os tempos de utilização de chupeta e aeração nasal. Tem-se 5,26 vezes mais chance de mordida cruzada posterior nas crianças que usaram chupeta acima de três anos em relação às demais. Tem-se 7,81 vezes mais chance de mordida cruzada posterior nas crianças que apresentaram aeração nasal menor que 12cm2. Os indicadores de risco para atresia foram o tempo de utilização de chupeta e aeração nasal. Tem-se 4,61 vezes mais chance de se ter atresia nas crianças
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
que usaram chupeta acima de 3 anos em relação às demais. Tem-se 5,29 vezes mais chance de se ter atresia nas crianças que apresentaram aeração nasal menor que 12cm2. DISCUSSÃO Dentro do quadro pediátrico, englobando saúde e Odontologia, que necessariamente se fundem, não só por serem complementares, mas, também, por consciência científica, o aleitamento materno não é apenas um alimento, que pode ser substituído por pretensas decisões “profissionais” e pessoais, sem ter em conta sua relevância em todo o desenvolvimento psíquico-emocional, imunológico e funcional18. A pesquisa aponta o desmame precoce em 29,7% das crianças no terceiro mês de vida e, quando passamos para o sexto mês, esse número chega a 55,8%; apenas 25,4% das crianças chegam aos doze meses de amamentação natural. A Organização Mundial da Saúde recomenda que as crianças devam receber o leite materno por, no mínimo doze meses, e que a amamentação natural deve-se estender até 24 meses em países pobres19. Quando se confrontou a amamentação natural e a utilização de chupeta, os resultados mostraram que a frequência de hábitos deletérios é maior em crianças com menor tempo de amamentação natural. Em conformidade com as afirmações dos autores anteriormente citados, quanto ao uso de chupeta acima de três anos, o resultado analítico frente aos grupos estratificados da amamentação natural, está de acordo com o encontrado no trabalho de Farsi20, mostrando que a prevalência de sucção de chupeta é mais baixa entre crianças que mais amamentaram no peito, e que crianças com menos tempo de aleitamento materno desenvolvem com maior frequência hábitos bucais deletérios21, possuindo um risco relativo sete vezes superior com relação àquelas amamentadas no seio por um período mínimo de seis meses. A sucção, que a princípio é um reflexo natural e essencial à vida no seu período inicial, diminui à medida que há amadurecimento físico e emocional, tendendo a desaparecer antes dos quatro anos de idade. Quando isso não ocorre, surgem os hábitos de sucção persistente, ditos deletérios, relacionados à deficiência do aleitamento materno9. Crianças que apresentaram sucção de chupeta acima de três anos têm 5,26 vezes mais chances de adquirirem mordida cruzada posterior quando comparadas com as que não desenvolveram o hábito persistente.
30.e3
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito
Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares
Tabela 1 - Análises de regressão logística dos efeitos das variáveis independentes em relação às variáveis de desfecho “mordida aberta”, “diastema”, “overjet”, “sobremordida profunda”, “mordida cruzada posterior” e “atresia”. Mordida aberta
Odds ratio
Sem / leve (até 3mm)
Acentuada (>3mm)
≤ 3 anos
91/96 (94,8%)
5/96 (5,2%)
Referência
> 3 anos
19/42 (45,2%)
23/42 (54,8%)
33,3
IC
p
9,26-125,0
< 0,0001
IC
p
1,049-5,612
0,0334
IC
p
1,139-6,757
0,0927
IC
p
1,59-95,40
0,0015
Tempo de chupeta
Diastema
Odds ratio
Com
Sem
≥ 12cm2
14/31 (45,2%)
17/31 (54,8%)
Referência
< 12cm2
71/107 (66,4%)
36/10 (33,6%)
2,426
Aeração nasal
Overjet
Odds ratio
≤ 5mm
> 5mm
≤ 3 anos
92/96 (95,8%)
4/96(4,2%)
Referência
> 3 anos
25/42 (59,5%)
17/42 (40,5%)
2,77
Tempo de chupeta
Sobremordida
Odds ratio
Sem
Com
≤ 3 anos
72/96 (75,0%)
24/96 (25,0%)
Referência
> 3 anos
41/42 (97,6%)
1/42 (2,4%)
12,32
≤ 6 meses
69/77 (89,6%)
8/77 (10,4%)
Referência
1,074-7,246
> 6 meses
44/61 (72,1%)
17/61 (27,9%)
2,785
0,138-0,931
Odds ratio
IC
p
1,93-14,28
0,0006
0,969-62,5
0,0269
IC
p
1,880-11,364
0,0005
1,131-24,39
0,0218
Tempo de chupeta
Tempo de amamentação natural
0,0314 Mordida cruzada posterior Normal
Cruzada
≤ 3 anos
88/96 (91,7%)
8/96 (8,3%)
Referência
> 3 anos
28/42 (66,7%)
14/42 (33,3%)
5,26
≤ 12cm2
30/31 (96,8%)
1/31 (3,2%)
Referência
< 12cm2
86/107 (80,4%)
21/107(19,6%)
7,81
Tempo de chupeta
Aeração nasal
Atresia
Odds ratio
Sem
com
≤ 3 anos
82/96 (85,4%)
14/96 (14,6%)
Referência
> 3 anos
25/42 (59,5%)
17/42 (40,5%)
4,61
≤ 12cm2
29/31 (93,5%)
2/31 (6,5%)
Referência
< 12cm
78/107 (72,9%)
29/107 (27,1%)
5,291
Tempo de chupeta
Aeração nasal
2
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
30.e4
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito
Bueno SB, Bittar TO, Vazquez FL, Meneghim MC, Pereira AC
Ao analisarmos crianças com uso de mamadeira por um ano ou mais (n = 121), encontramos 90 dessas com hábitos de sucção de chupeta e/ou dedo. Podemos afirmar que a probabilidade de crianças que usam mamadeira por um ano ou mais em desenvolver hábitos de chupeta e/ou dedo é oito vezes maior quando comparada com as que nunca fizeram alimentação por esse meio. Tais resultados estão de acordo com os encontrados no trabalho de Serra-Negra9, que relata maiores riscos (dez vezes mais) em desenvolver hábitos em crianças com uso de mamadeira, quando comparados com as que nunca o fizeram. O hábito de sucção de chupeta, assim como todos os outros, tem gerado polêmica; no entanto, quando os torna persistente, ou seja, acima de três anos, normalmente produz deformações significativas na oclusão4,10,13,22. A associação da mordida aberta anterior com a presença de hábitos e amamentação natural simultâneos apresentou como resultado o indicador de risco para o desenvolvimento de mordida aberta anterior severa com o uso persistente de sucção de chupeta. A utilização de medidas severas, ou seja, acima de 3mm, se embasa no fato de que um pequeno trespasse vertical na dentição decídua é considerado normal23,24. A regressão logística mostra que as possibilidades de crianças com hábitos de sucção de chupeta em desenvolver mordida aberta é 33,3 vezes maior quando comparado com as demais. O resultado está de acordo com as afirmações de Ricketts25, Moyers22 e Lino13, que são unânimes em afirmar que o hábito persistente, ou seja, por mais de três anos, desenvolve distúrbios oclusais. Segundo Ricketts26, as medidas de 0,5 a 4,5mm são consideradas normais para overjet em sua análise cefalométrica. Com base em tais citações, o overjet foi agrupado com medidas de 0,5 a 5mm e maior que 5mm, e, em seguida, associadas com o tempo de amamentação natural e hábitos. A associação teve como principal resultado o tempo de uso de chupeta, com a regressão logística encontrando como indicador de risco para overjet maiores de 5mm o tempo de chupeta acima de 3 anos, mostrando que as crianças com hábitos persistentes de sucção de chupeta possuem 2,77 vezes mais chances de terem overjet acentuado quando comparadas
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
30.e5
com as demais. Esses resultados mostram que o hábito prolongado de sucção de chupeta é um indicador de risco para overjet acentuado27. Verificou-se uma associação entre mordida cruzada posterior e o atresia das arcadas com amamentação natural e hábitos deletérios. Pode-se afirmar que o indicador de risco é a sucção de chupeta prolongada, respectivamente 5,26 e 4,61 vezes mais chances de mordida cruzada posterior e atresia em crianças que mantêm tal hábito acima de 3 anos, em relação às outras crianças. Isso é particularmente importante durante o planejamento e tratamento ortodôntico, sendo fundamental a intervenção nesses hábitos em pacientes nessa faixa etária. A sucção de chupeta foi associada com a sobremordida, onde crianças do grupo que chuparam chupeta por mais tempo tiveram menos chance de apresentar sobremordida. Isso não significa que a sucção de chupeta seja fator de proteção para a sobremordida. Na realidade, em termos dinâmicos, esse hábito de sucção acentua a probabilidade de desenvolvimento de mordida aberta, diminuindo o percentual de crianças com sobremordida no grupo que utilizou a chupeta por mais tempo. Crianças do grupo que foram amamentadas por menos tempo (0 a 6 meses) apresentaram 2,78 vezes mais chance de ter sobremordida quando comparadas às do grupo que recebeu o leite materno por 7 meses ou mais. Esse resultado vem a ressaltar o trabalho de Köhler20, que defende a amamentação natural, pois os movimentos de ordenha estimulam o sistema bucal motossensorial, levando ao equilíbrio dos movimentos mandibulares, auxiliando, assim, o desenvolvimento do sistema estomatognático. CONCLUSÃO 1) A interrupção precoce do aleitamento materno influencia a prevalência de hábitos deletérios, principalmente os persistentes. 2) Hábitos deletérios persistentes influenciam altamente a prevalência de má oclusões e comprometem a respiração nasal. 3) A estimulação do aleitamento materno é um indicador de prevenção de hábitos deletérios, respiração bucal e das má oclusões.
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo inédito
Associação entre o tempo de amamentação natural, o tempo de uso de chupeta e a aeração nasal em relação a problemas oclusais em pré-escolares
Referências
1.
Almeida MF. Nutrição e cuidados com o recém-nascido. Pediatr Mod.
15. Varrela J. Occurrence of malocclusion in attritive environment: a
1992;28(1):5-7. 2.
study of a skull sample from southwest Finland. Scand J Dent Res.
Carvalhaes MABL, Parada CMGL, Manoel CM, Venâncio SY. Diagnóstico
1990;98(3):242-7.
da situação do aleitamento materno em área urbana do Sudeste do
16. Cavalcanti AL, Bezerra PKM, Moura C. Aleitamento natural, aleitamento
Brasil: utilização de metodologia simplificada. Rev Saúde Pública.
artificial, hábitos de sucção e maloclusões em pré-escolares brasileiros.
1998;32(5):430-6. 3.
Rev Saúde Pública. 2007;9(2):194-204.
Gigante DP, Victora CG, Barros FC. Nutrição materna e duração da
17. Altmann EBC, Gadella MEC. Insuficiência e incompetência velofaríngea.
amamentação em uma coorte de nascimentos de Pelotas-RS. Rev Saúde
In: Sih T. Otorrinolaringologia pediátrica. Rio de Janeiro: Revinter; 1998.
Pública. 2000;34(3):259-65. 4.
p. 387-93.
Gimenez CMM, Moraes ABA, Bertoz AP, Bertoz FA, Ambrosano GB.
18. Carvalho GD. Amamentação e o sistema estomatognático. In:
Prevalência de más oclusões na primeira infância e sua relação com as
Carvalho MR, Tamez RN. Amamentação bases científicas para a prática
formas de aleitamento e hábitos infantis. Rev Dental Press Ortod Ortop
profissional. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. p. 36-49.
Facial. 2008;13(2):70-83. 5.
19. World Health Organization. Expert consultation on optimal duration of
Carvalho GDSOS. Respirador bucal, uma visão funcional e clínica da
exclusive breastfeeding. Geneva 28-30 March 2001.
amamentação. São Paulo: Lovise; 2003. 6.
20. Farsi NMA. Sucking habits in Saudi children: prevalence contributing
Planas P. Reabilitação neuroclusal. 2ª ed. Rio de Janeiro: Medsi; 1997.
factors and effects on the primary dentition. Pediatr Dent.
355 p. 7.
1996;63(6):403-7.
Peres KG, Barros AJD, Peres MA, Victora CG. Efeitos da amamentação e
21. Luz CFL, Garib DG, Arouca R. Association between breastfeeding
dos hábitos de sucção sobre as oclusopatias num estudo de coorte. Rev
duration and mandibular retrusion: a cross-sectional study of children in
Saúde Pública. 2007;41(3):343-50. 8.
the mixed dentition. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130:531-4.
Robles FRP, Mendes FM, Haddad AE, Corrêa MSNP. A influência do
22. Moyers R. Ortodontia. 3ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan;1988. p.
período de amamentação nos hábitos de sucção persistentes e
9.
212-37; 267-72.
a ocorrência de maloclusões em crianças com dentição decídua
23. Guedes-Pinto AC. Odontopediatria. 6a ed. São Paulo: Ed. Santos; 1997.
completa. Rev Paul Odontol. 1999;21(3):4-9.
24. Ricketts RM. The value of cephalometrics and computerized technology.
Serra-Negra JMC. Estudo da associação entre aleitamento, hábitos
Angle Orthod. 1969;55:795-803.
bucais e maloclusões. Rev Odontol Univ São Paulo. 1997;11(2):79-86.
25. Ricketts RM. Clinical research in orthodontics. In: Ricketts RM. Vistas in
10. Souza DFRK, Valle MAS, Pacheco MCT. Relação clínica entre hábitos de
orthodontics. 5a ed. Fhiladelphia: Lea & Febiger; 1962.
sucção, má oclusão, aleitamento e grau de informação prévia das mães.
26. Ricketts RM. Esthetics, environment and the law of lip relation. Am J
Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(6):81-90.
Orthod. 1969;55:795-803.
11. Carvalho GD. Amamentação é prevenção das alterações funcionais
27. Van der Linden FPGM. Crescimento e Ortopedia Facial. 2a ed. São Paulo:
e estruturais do sistema estomatognático. Odontol Ens Pesq.
Ed. Santos; 1990. 244 p.
1998;2(1):339-48.
28. Viazis AD. Atlas de Ortodontia: princípios e aplicações clínicas. 1a ed. São
12. Costa COM, Figueiredo EM, Silva SB. Aleitamento materno: causas de
Paulo: Ed. Santos; 1996. p. 345.
desmame e justificativas para amamentar. J Pediatr. 1993;69(3):177-8.
29. Köhler NRW. Distúrbios miofuncionais: considerações sobre seus
13. Lino AP. Introdução ao problema da deglutição atípica. In: Interlandi S.
fatores etiológicos e conseqüências sobre o processo de crescimento/
Ortodontia: bases para iniciação. 4ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 1999.
desenvolvimento da face. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial.
Cap. 23.
2000:5(3):66-79.
14. Moyers R. Etiologia da má oclusão. In: Moyers RE. Ortodontia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991. p. 212-37.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
30.e6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):30.e1-6
artigo online*
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração Paulo Eduardo Guedes Carvalho1, Valdemir Muzulon dos Santos2, Hassan Isber2, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira1
Os resultados demonstraram que quatro grupos foram estatisticamente semelhantes entre si e apenas o aparelho de LED Gnatus apresentou comportamento distinto dos demais, quando ativado por tempo reduzido (10s). O grau de retenção aumentou de acordo com o tempo de exposição. O grupo que apresentou maior resistência média à tração de braquetes foi o de luz halógena, porém sem apresentar significância estatística, seguido pelo LED 3M-Espe, inclusive com tempo reduzido. Concluiu-se que os LEDs podem ser indicados na prática ortodôntica, contanto que seja utilizado um protocolo de aplicação da luz com tempo de ativação de 40 segundos.
Resumo do editor O processo de fotopolimerização está diretamente relacionado à resistência da resina de colagem de braquetes às forças de cisalhamento, tração e torção, provenientes da mastigação ou da mecânica ortodôntica. O comprimento de luz ideal para polimerização de compósitos varia entre 450 e 470nm. Mais comumente utilizado, o aparelho com fonte de luz halógena apresenta um grande espectro de comprimento de onda (400 a 500nm) e tempo ótimo de polimerização de 40 segundos. Recentemente disponíveis, os aparelhos LED parecem possibilitar uma ótima reação de polimerização com um espectro de luz baixo (460 e 480nm) e reduzida emissão de calor. Entretanto, há escassez de estudos comprovando sua eficiência. O objetivo desse trabalho foi estudar a resistência à tração de braquetes ortodônticos, colados em dentes humanos, utilizando diferentes protocolos de fotopolimerização da resina, segundo variação do tipo de luz e tempo de fotoativação. Para isso, braquetes foram colados na superfície vestibular de 50 dentes pré-molares superiores e submetidos a diferentes tempos de fotopolimerização, com três tipos de aparelhos fotoativadores: um de luz halógena (Optilight Plus, Gnatus) e outros dois de LED (Optilight CL, Gnatus e EliparFreelight, 3M-Espe). O grupo controle foi composto pelo aparelho de luz halógena aplicado por 40 segundos em cada braquete. Nos demais grupos com LED, 10 ou 40 segundos foram aplicados. Os corpos de prova foram submetidos aos testes de tração e testes estatísticos foram utilizados para a validação dos resultados e comparação dos grupos por meio da Análise de Variância (ANOVA) com nível de significância de 5%, seguida pelo teste de Tukey.
Figura 1 - Fixação do conjunto dente/braquete às matrizes plásticas.
Como citar este artigo: Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA. Halogen light versus LED on brackets bonding: a bond strength test. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):31. Enviado em: 28 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 25 de novembro de 2008
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Professor Doutor do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID). 2 Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).
Endereço para correspondência: Paulo Eduardo Guedes Carvalho Rua Cesário Galeno, 483, Tatuapé – CEP: 03071-000 – São Paulo / SP E-mail: paulo@carvalho-ortodontia.com.br
1
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
31
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):31
artigo inédito
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração Paulo Eduardo Guedes Carvalho1, Valdemir Muzulon dos Santos2, Hassan Isber2, Flávio Augusto Cotrim-Ferreira1
Introdução: os aparelhos de fotopolimerização por LED buscam proporcionar uma luz ativadora fria, que possibilite protocolos de polimerização do material com menor tempo de duração. Objetivo: avaliar a resistência à tração da colagem de braquetes, utilizando três tipos de aparelhos fotoativadores: um de luz halógena (Optilight Plus – Gnatus) e outros dois de LED (Optilight CL – Gnatus; e Elipar Freelight – 3M/Espe). Resultados: comparando os resultados por meio da análise de variância, o aparelho de LED Gnatus apresentou comportamento estatístico inferior em relação às outras fontes de luz, quando ativado por tempo reduzido. Já quando foi utilizado o tempo de 40 segundos, os resultados de polimerização foram compatíveis com as demais fontes avaliadas. O aparelho que apresentou melhor desempenho médio foi o de luz halógena, seguido pelo LED 3M/Espe. Conclusão: concluiu-se que os LEDs podem ser indicados na prática ortodôntica, uma vez que seja utilizado um protocolo de aplicação da luz com tempo de ativação de 40 segundos. Palavras-chave: Ortodontia. Resistência à tração. Braquetes ortodônticos. Colagem dentária.
Como citar este artigo: arvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA. Halogen light versus LED on brackets bonding: a bond strength test. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6.
Professor Doutor do Curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).
1
Mestre em Ortodontia pela Universidade Cidade de São Paulo (UNICID).
2
Enviado em: 28 de agosto de 2008 - Revisado e aceito: 25 de novembro de 2008 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Paulo Eduardo Guedes Carvalho Rua Cesário Galeno, 483, Tatuapé – CEP: 03071-000 – São Paulo / SP E-mail: paulo@carvalho-ortodontia.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
31.e1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração
INTRODUÇÃO Com objetivo de facilitar e aperfeiçoar o processo de colagem de braquetes, pesquisas são frequentemente realizadas com a luz halógena, a qual é mais utilizada pelos profissionais da área até hoje em dia. O aparelho com fonte de luz halógena utiliza um grande espectro de comprimento de onda, que possui entre 400 e 500nm, e também um filtro de luz, que despreza as ondas que não sensibilizam o ativador normalmente utilizado, a canforoquinona. Sendo assim, isso torna estreita a faixa de luz aproveitável na polimerização das resinas14. Sabe-se que a qualidade da polimerização das resinas é representada pelo número de ligações duplas de carbono dos grupos de metacrilato que reagiram durante a sensibilização da resina na sua polimerização12,15. O melhor tempo de aplicação da luz halógena é de 40 segundos, demonstrados pelos vários trabalhos realizados com esse equipamento5,10,17,18. Os pesquisadores Atmadja e Bryant2 realizaram um trabalho avaliando a microdureza knoop de quatro resinas (P 30, Prisma-fil, Heliomolar e Durafill). Foram confeccionados corpos de prova em matrizes cilíndricas com 4mm de diâmetro e espessuras que variavam de 1 a 6mm. O aparelho polimerizador utilizado foi o Heliomat, sendo acionados por três diferentes tempos de exposição (20, 40 e 60 segundos). Concluíram que: a) para cada tipo de resina avaliada, os valores de microdureza diminuíram com o aumento da profundidade de polimerização; b) o tempo de exposição mais efetivo foi de 40 segundos; c) a redução na espessura do incremento é o meio mais correto para se conseguir adequada polimerização, sendo melhor do que aumentar o tempo de exposição; d) as resinas fotoativadas continuam sua reação de polimerização após a fonte de luz ter sido removida. A intensidade da luz representa outro fator importante para preservação das margens da resina aplicada e polimerizada10,18. As resinas apresentam propriedades físicas superiores e melhor integridade marginal quando polimerizadas por meio da técnica gradual, se comparada com a polimerização iniciada com intensidade máxima11. Apesar de a literatura apresentar poucos estudos, acredita-se que o aparelho de LED tenha real condição de substituir as lâmpadas halógenas nos consultórios1,6, porque possui um custo semelhante ao da luz halógena e muito mais baixo quando comparado
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
ao laser de argônio e arco de plasma de xenônio. De qualquer modo, sabe-se que os LEDs possuem luz fria emitida por semicondutores, permitindo um tempo indeterminado de seu uso, com um espectro de luz baixo, entre 460 e 480nm7. Uma vez que a canforoquinona, fotoiniciador mais utilizado nas resinas, trabalha absorvendo luz visível na faixa de 350 a 550nm, com um pico de absorção em torno de 470nm, os valores emitidos pelo LED parecem ser favoráveis. O comprimento de luz ideal para polimerização de compósitos deve variar em torno de 450nm e 470nm9,16. Esses dados criam a expectativa de uma ótima reação de polimerização, compensando a menor intensidade de luz produzida por essas unidades, além de gerar uma reduzida emissão de calor7. Os aparelhos fotoativadores com lâmpadas halógenas possuem uma vasta literatura sobre o assunto, contrariamente aos LEDs, que estão sendo pesquisados mais intensamente atualmente. Nessa caso, esse trabalho teve como objetivo estudar a resistência à tração de braquetes ortodônticos, colados em dentes humanos, utilizando diferentes protocolos de fotopolimerização da resina, segundo variação do tipo de luz e tempo de fotoativação. MATERIAL E MÉTODOS Esse experimento foi submetido à apreciação da Comissão de Ética em Pesquisa da UNICID, tendo sido inteiramente aprovado. Para esse estudo, foram comparados os seguintes equipamentos: » Fonte de luz à base de lâmpada halógena com 600mW/cm² – aparelho Optilight Plus (Gnatus Equipamentos Médico-Odontológicos Ltda, Ribeirão Preto/SP). » Fonte de luz à base de LED com 700mW/cm² – aparelho LED Optilight CL (Gnatus Equipamentos Médico-Odontológicos Ltda). » Fonte de luz à base de LED com 1000mW/cm² – aparelho LED Elipar Freelight (3M/Espe Dental Products, EUA). Para tal, foram utilizados 50 dentes pré-molares superiores que foram previamente selecionados, sendo descartados os dentes que possuíam fraturas, trincas, rachaduras ou que não tinham a superfície vestibular íntegra. Essa amostra foi divida aleatoriamente em cinco grupos de dez dentes cada, sempre conservados em solução de soro fisiológico.
31.e2
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito
Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA
Os corpos de prova foram preparados por um cirurgião-dentista com experiência clínica em Ortodontia e, consequentemente, em colagem de braquetes; não utilizando colaboração de outros operadores para auxílio no experimento, a fim de minimizar as possibilidades de erros interexamiradores. Inicialmente, as superfícies vestibulares dos dentes foram limpas e polidas com taça de borracha e pedra-pomes, por 20 segundos cada, em baixa rotação e, depois, lavadas com água abundante. Todos os dentes tiveram suas faces vestibulares submetidas à aplicação de ácido fosfórico a 37% por 20 segundos, depois lavadas com água por mais 20 segundos e secas com ar comprimido. Para o procedimento de colagem, utilizou-se uma pinça específica para colagem de braquete e um sistema adesivo ortodôntico fotopolimerizável (Transbond XT, 3M/Unitek). Esse foi aplicado sob a base de cada um dos 50 braquetes Unitek full-size utilizados nesse estudo (3M/Unitek). Com o auxílio de um pincel microbrush foi aplicado adesivo líquido, do mesmo sistema adesivo, sobre a superfície condicionada do dente. Posicionou-se o conjunto braquete/resina no centro da coroa clínica do dente, realizando-se uma leve pressão com sonda exploradora, em busca do escoamento do material em excesso. Esse material foi removido com a ponta dessa sonda, visando evitar que a resina cobrisse a base do braquete, aumentando, assim, sua retenção e, consequentemente, influenciando os resultados. A partir desse momento, iniciou-se a polimerização dos corpos de prova, obedecendo aos tempos estabelecidos para cada um dos grupos, divididos da seguinte maneira: » Grupo 1 – Aplicação de luz halógena por 40 segundos em cada braquete (grupo controle). » Grupo 2 – Aplicação de luz de LED com aparelho 3M/Espe por 40 segundos em cada braquete. » Grupo 3 – Aplicação de luz de LED com aparelho 3M/Espe por 10 segundos em cada braquete. » Grupo 4 – Aplicação de luz de LED com aparelho Gnatus por 40 segundos em cada braquete. » Grupo 5 – Aplicação de luz de LED com aparelho Gnatus por 10 segundos em cada braquete. Após a fotopolimerização de todos os corpos de prova, conforme cada protocolo estudado, foram acomodados os conjuntos dente/braquete em matrizes plásticas que receberam resina acrílica ativada
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
31.e3
quimicamente, com o objetivo de compor a estrutura dos corpos de prova (Fig. 1). Optou-se, primeiro, pela realização da colagem dos braquetes nos dentes, seguido, então, pela estabilização do conjunto na matriz plástica e da inclusão da resina. Isso evitou instabilidade na posição dos dentes na matriz durante a colocação da resina. Também se buscou que os corpos de prova tivessem um posicionamento com o braquete perpendicular em relação à garra que foi usada para o tracionamento, a qual se encaixava com precisão nas aletas dos braquetes, reduzindo as possibilidades de alavanca e movimentos de tração desiguais no teste. Os corpos de prova foram mantidos acondicionados em meio úmido (soro fisiológico) a uma temperatura de 37°C, e na ausência de luz por um período de 24 horas. Em seguida, foram levados ao laboratório de plásticos e borrachas, da divisão de química do Instituto de Pesquisa Tecnológicas do Estado de São Paulo (IPT) onde foram executados os ensaios. Os corpos de prova foram submetidos aos testes de tração pela máquina universal de ensaios (Emic 10.000), com velocidade de 1,0mm/min, e com uma célula de carga de 50kgf. Para execução dos testes, foi utilizado um extrator em forma de garra confeccionada sob medida no laboratório de metais da divisão de engenharia do IPT. Essa garra se encaixava nas aletas dos braquetes, perpendicularmente ao corpo de prova, e posteriormente fixado na parte superior da máquina de tração EMIC (Fig. 2).
Figura 1 - Fixação do conjunto dente/braquete às matrizes plásticas.
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração
de Tukey na comparação dos grupos, indicando entre quais protocolos existiram diferenças suficientes para representar significância estatística. A Tabela 1 apresenta os valores médios e os desvios-padrões para os diversos protocolos de fotoativação estudados. Os valores obtidos na ANOVA e no teste de Tukey, para as diversas comparações de medidas, encontram-se na Tabela 2. Visando facilitar a comparação dos dados aqui obtidos com os presentes na literatura, a Tabela 3 apresenta os valores médios de cada amostra convertidos, também, para valores de pressão em megapascal (MPa), verificados a partir das medidas da base dos braquetes utilizados. Os braquetes full-size apresentam sua base com 0,399 x 0,335cm, gerando uma área de base de 0,133665cm2. Os valores em MPa são de grande importância na interpretação dos dados em relação a outros trabalhos, pois eliminam a variação quanto ao tamanho dos diferentes braquetes utilizados.
Figura 2 - Máquina de tração EMIC 10.000.
Cada corpo de prova foi submetido ao teste de tração, e a cada momento de ruptura da colagem do braquete foi registrado um determinado valor. Esses valores foram referentes à carga suportada por aquele braquete no exato momento de ruptura. Os testes foram realizados em todos os 50 dentes em um mesmo dia. Testes estatísticos foram utilizados para a validação dos resultados e comparação dos grupos, quando empregou-se a Análise de Variância (ANOVA) com nível de significância de 5%, seguida pelo teste de Tukey, quando diferenças foram encontradas. RESULTADOS Pretendeu-se obter conclusões a partir das medidas de resistência de resina que foram efetuadas, considerando cinco tipos de protocolos de fotoativação. Para o estudo das comparações entre os cinco grupos, uma vez que as medidas efetuadas obedecem aproximadamente a distribuições normais, optou-se pela utilização da análise de variância na comparação quanto à semelhança estatística dos cinco grupos. Para esse estudo, calculou-se, em primeiro lugar, as médias e os desvios-padrões para as grandezas estudadas e, a partir desses resultados, aplicou-se o teste ANOVA. Uma vez denotada diferença significativa presente na análise de variância da amostra total, foi aplicado o teste
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Tabela 1 - Valores médios e desvios-padrão dos cinco grupos avaliados, em Kgf. Protocolo
Halógena
de Ativação
LED 3M
LED Gnatus
40s
40s
10s
40s
Grupo
1
2
3
4
5
Média
6,21
6,01
4,99
5,53
3,85
D.P.
1,74
1,34
1,00
2,28
1,05
10s
D.P. = desvio-padrão; s = segundos. Tabela 2 - Testes estatísticos da ANOVA e de Tukey. Diferença
Grupos comparados
Luz halógena 40s (G1)
LED 3M 40s (G2)
LED 3M 10s (G3) LED Gnatus 40s (G4)
de médias
Sig.
LED 3M 40s (G2)
0,20
N.S.
LED 3M 10s (G3)
1,22
N.S.
LED Gnatus 40s (G4)
0,68
N.S.
LED Gnatus 10s (G5)
2,36
0,05
LED 3M 10s (G3)
1,02
N.S.
LED Gnatus 40s (G4)
0,48
N.S.
LED Gnatus 10s (G5)
2,16
0,05
LED Gnatus 40s (G4)
-0,54
N.S.
LED Gnatus 10s (G5)
1,97
0,05
LED Gnatus 10s (G5)
1,68
N.S.
Diferença mínima significativa (DMS) = 1,9136; N.S. = não significativo. Tabela 3 - Valores médios dos cinco grupos avaliados, em MPa.
31.e4
Protocolo de
Halógena
Ativação
LED 3M
LED Gnatus
40s
40s
10s
40s
Grupo
1
2
3
4
5
Média
4,56
4,41
3,66
4,06
2,82
10s
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito
Carvalho PEG, Santos VM, Isber H, Cotrim-Ferreira FA
DISCUSSÃO A finalidade de pesquisar os LEDs relaciona-se com sua recente disponibilidade no mercado, além de não existir um grande número de trabalhos científicos comprovando sua real eficiência. Uma vez que a faixa de luz emitida pelos LEDs coincide com o pico de absorção da canforoquinona, cria-se a expectativa de uma ótima reação de polimerização, compensando a menor intensidade de luz produzida por essas unidades, além de gerar uma reduzida emissão de calor. Uma vez colado o aparelho ortodôntico no ambiente intrabucal, esse recebe aplicações de forças decorrentes da mastigação e, também, das forças exercidas pela própria mecânica. Vários tipos de força agem nesse momento, tais como tração, cisalhamento e torção, podendo agir de maneiras isoladas ou, então, combinadas. Esse trabalho utilizou forças de tração por se tratar de uma força também utilizada em Ortodontia e pouco estudada. Entretanto, convém ressaltar que no momento da aplicação laboratorial da força pela máquina de tensão, não existe a possibilidade da obtenção uma força de tração pura, mas sim uma força predominante de tração com tensões e deformações por cisalhamento, secundariamente presentes. Dessa forma, o teste pode apresentar padrões de ruptura mais complexos, associando vários tipos de força em um único momento13. Esse fator pode estar presente na grande maioria dos trabalhos apresentados na literatura e ser uma variante a influenciar a comparação de resultados absolutos entre os vários apresentados. O objetivo desse trabalho foi permear cinco protocolos de tempo de fotoativação em Ortodontia, sem se preocupar com os protocolos recomendados em trabalhos da área dentística, que recomendam tempos de 40s e 60s como viáveis para a utilização de LEDs8. Foram utilizadas diferentes unidades de medidas (kgf e MPa) apenas visando disponibilizar um parâmetro comparativo com outros trabalhos realizados. Na análise dos resultados aqui obtidos por meio da ANOVA, quatro grupos foram estatisticamente semelhantes entre si, onde apenas o grupo 5 (LED Gnatus 10s) mostrou-se significativamente diferente.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Esse trabalho observou valores maiores para a lâmpada halógena quando comparados com os outros quatro grupos de LED. Analisando os grupos que tiveram os maiores tempos de incidência de luz, observa-se que eles possuem os melhores resultados. Para esses grupos de lâmpada halógena (6,21kgf), LED 3M 40s e 20s (6,01kgf e 4,99kgf) e LED Gnatus 40s e 20s (5,53kgf e 3,85kgf), tende-se a concluir que quanto maior o tempo de exposição, maior será a retenção do acessório no dente. Como comparação a esse trabalho de tração de braquetes, encontramos valores médios semelhantes de luz halógena versus LED3,4,5,15. Nesse estudo foram obtidos valores em MPa e kgf para o tempo de ativação de 40 segundos, que se mostram em acordo com os achados de Silva15, que utilizou tipos de aparelhos compatíveis aos do presente trabalho, mas que avaliou apenas protocolos de fotoativação mais longos (40 e 60 segundos). Vale a pena ressaltar que poucos trabalhos são disponibilizados na literatura estudando resistência à tração de braquetes, principalmente com propostas de fotoativação mais curtas (inferior a 20 segundos) e que deve-se sempre levar em conta o método aplicado, formas e tipo de extratores dos braquetes, variantes controláveis e não controláveis e o número de pessoas envolvidas. CONCLUSÕES Baseando-se no método aplicado nesse estudo, e de acordo com os resultados obtidos e aplicados à análise estatística, julga-se lícito concluir que: • A luz halógena proporcionou a maior resistência média à tração de braquetes; porém, sem apresentar significância estatística em relação a três outros protocolos realizados com aparelhos de LED. • O aparelho LED 3M/Espe apresentou resistência à tração de braquetes semelhante à obtida pela fonte halógena, mesmo com protocolo de 10 segundos de ativação. • O aparelho LED Gnatus apresentou resistência à tração de braquetes semelhante à obtida pela fonte halógena, apenas com protocolo de 40 segundo de ativação, sendo significativamente inferior quando utilizado por 10 segundos.
31.e5
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo inédito
Luz halógena versus LED na colagem de braquetes: resistência à tração
Referências
1.
Asmussen E, Peutzfeldt A. Light emitting diode curing: influence on
10. Mehl A, Hickel R, Kunzelmann KH. Physical properties and gap formation
selected properties of resin composites. Quintessence Int. 2003;34(1):71-5. 2.
of light-cured composites with and without softstart-polymerization.
Atmadja G, Bryant RW. Some factors influencing the depth of cure of
J Dent. 1997;25(3-4):321-30.
visible light-activated composite resin. Aust Dent J. 1990;35(3):213-8. 3.
11. Mills RW, Jandt KD, Ashworth SH. Dental composite depth of cure
Bengtson NG, Bengtson AL, Carvalho DS, Rossetto SM. Estudo
with halogen and blue light emitting diode technology. Brit Dent.
comparativo da força adesiva de quatro materiais para colagem de
1999;186(8):388-91.
braquetes. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2003;8(3):43-7. 4.
12. Peutzfeldt A. Correlation between recordings obtained with a light-
Bishara SE, Ajlouni R, Oonsombat C. Evaluation of a new curing light
intensity tester and degree of conversion of curing resin. Scand J Dent
on the shear bond strength of orthodontic brackets. Angle Orthod.
Rest. 1994;102(1):73-5.
2003;73(4):431-5. 5.
13. Phillips RW. Materiais dentários de Skinner. 8a ed. Rio de Janeiro:
Carillo VEB. Estudo comparativo in vitro da capacidade adesiva da resina
Interamericana; 1984.
fotoativada pela luz halógena e por laser de argônio, utilizando-se
14. Santos LA, Turbino ML, Youssef MN, Matson E. Microdureza de resinas
bracketes metálicos em pré-molares humanos [tese]. São Paulo (SP):
compostas: efeito de aparelhos e tempos de polimerização em
Universidade de São Paulo; 2004. 6.
diferentes profundidades. Pesq Odontol Bras. 2000;14:65-70.
Fujibayashi K, Norihiko M, Masaaki O, Hirokazu I, Atsushi K. Newly
15. Silva PCG. Estudo in vitro da colagem de braquetes sobre o esmalte dental
developed curing unit using blue light emitting diodes. Dent Japan.
humano: utilizando leds como fonte de luz - análise comparativa com a
1998;34(1):49-53. 7.
luz halógena [tese]. Araraquara (SP): Universidade Estadual Paulista; 2003.
Kurachi C, Eduardo CP, Magalhães DV, Bagnato VS. Human teeth
16. Teshima W, Nomura Y, Tanaka N, Urabe H, Okazaki M, Nahara Y. ESR
exposed to argon laser irradiation: determination of power-time-
study of camphorquinone/amine photoinitiator systems using blue light-
temperature working conditions. J Clin Laser Med Surg. 1999;17(6):255-9. 8.
emitting diodes. Biomaterials. 2003 May;24(12):2097-103.
Kurachi C. Estudo comparativo do laser, do led azul e da lâmpada
17. Turbino ML, Vinha D, Centola AL, Campos GM. Photopolymerized resins:
convencional no processo de polimerização da resina composta dental
surface hardness variation in relation to time of polymerization and
[dissertação]. São Carlos (SP): Universidade de São Paulo; 2000. 9.
setting. Braz Dent J. 1993;3(2):87-94.
Leonard DL, Charlton DG, Roberts HW, Cohen ME. Polymerization
18. Uno S, Asmussen E. Marginal adaptation of a restorative resin
efficiency of led curing lights. J Esthet Restor Dent. 2002;14(5):286-95.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
polymerized at reduced rate. Scand J Dent Res. 1991;99(1):440-4.
31.e6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):31.e1-6
artigo online*
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2 Fabio Brandalise Rampon1, Celestino Nóbrega2, José Luiz Gonçalves Bretos3, Franco Arsati4, Sérgio Jakob5, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin6
Resumo do editor Em Ortodontia, assim como em outras áreas da Odontologia, nota-se uma busca incessante por novos materiais e recursos para aumentar a eficiência da mecânica ortodôntica, a segurança biológica e o conforto do paciente, além de facilitar o desempenho clínico do profissional. A escolha do tipo de material que será usado é fator importante durante a realização do tratamento ortodôntico. Com base nessa premissa, fez-se necessário conhecer o perfil do ortodontista do estado de São Paulo, no que diz respeito aos materiais que costuma utilizar (braquetes, fios ortodônticos, ligaduras e mini-implantes). Para realização dessa pesquisa, os autores solicitaram ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo a lista de endereços de todos os especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial registrados até maio de 2007, num total de 2.414 profissionais. A todos foi enviado questionário com 20 questões objetivas, sendo que 8 delas permitiam assinalar mais de uma alternativa. Em 10 questões o profissional teve a possibilidade de acrescentar uma resposta escrita livre e descritiva. Para devolução do questionário, utilizou-se o serviço de carta-resposta. Com o auxílio do programa Excel Microsoft® e seu assistente gráfico, presente no Microsoft Windows XP, os dados obtidos foram digitados e
elaboradas planilhas. As respostas dos questionários foram analisadas por meio de gráficos e tabelas quanto às frequências absolutas (n) e frequências relativas (%). Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, usou-se o teste de associação Chi-quadrado. A elaboração das análises estatísticas foi feita no programa SPSS® versão 13.0. Foram devolvidos 593 (24,65%) questionários preenchidos, nos quais a maioria dos profissionais demonstrou preferência por braquetes metálicos (98%), cerâmicos (32%) ou de policarbonato (7,8%). A canaleta mais citada foi a 0,022” x 0,028” (73,2%). Quanto aos fios ortodônticos, 88,2% empregam fio de aço redondo e de NiTi convencional redondo; 52,6%, o NiTi termoativado redondo e 46,5%, o TMA retangular. A ligadura elástica (92,9%) foi a forma mais empregada para fixar o arco ortodôntico ao braquete. De posse dos resultados obtidos, os autores concluíram que os ortodontistas analisados alegam ser a eficácia o principal motivo de escolha do material ortodôntico, sendo que os braquetes convencionais unidos com ligaduras elásticas ainda são os mais utilizados pelos entrevistados, assim como os fios de aço inoxidável e Nitinol. Recursos recentes na Ortodontia, como os braquetes autoligáveis e os mini-implantes, não apresentaram uso significativo.
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.
Como citar este artigo: Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC. Profile of the orthodontist practicing in the state of São Paulo - Part 2. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.
Mestre em Odontologia, SL Mandic. Especialista em Ortodontia, ABO. Mestre em Radiologia Oral, Unicastelo. 3 Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Ciências, Unifesp. 4 Mestre e Doutor em Odontologia, Unicamp. 5 Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Odontologia, SL Mandic. 6 Professora do Mestrado em Ortodontia da SL Mandic. Especialista em Ortodontia, Unicastelo. Doutora em Ciências, USP. 1 2
Enviado em: 12 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 6 de junho de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Fabio Brandalise Rampon Rua Os 18 do Forte, 1207, sala 302 CEP: 95020 472 – Caxias do Sul / RS Email: fabiorampon@terra.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32
artigo inédito
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2 Fabio Brandalise Rampon1, Celestino Nóbrega2, José Luiz Gonçalves Bretos3, Franco Arsati4, Sérgio Jakob5, Maria Cristina Jimenez-Pellegrin6
Introdução: a escolha do tipo de braquetes, ligaduras e fios são fatores importantes no tratamento ortodôntico. O aço inoxidável predominou por muito tempo, mas novas ligas metálicas diversificaram o universo de fios disponíveis, assim como surgiram outros recursos. Objetivo: analisar o perfil do ortodontista do estado de São Paulo em relação aos materiais que utiliza. Métodos: foi enviado um questionário a 2414 especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial inscritos no Conselho Regional de Odontologia do estado de São Paulo. Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado o teste qui-quadrado, ao nível de significância de 5%. Resultados: houve o retorno de 593 (24,65%) questionários preenchidos. A eficácia do material ortodôntico foi o principal motivo alegado para sua escolha. A maioria demonstrou preferência por braquetes metálicos (98%), cerâmicos (32%) e de policarbonato (7,8%). O slot mais citado foi o de 0,022” x 0,028” (73,2%). Sobre os fios ortodônticos, 88,2% empregam fio de aço redondo e o NiTi convencional redondo; 52,6% o NiTi termoativado redondo e 46,5% o TMA retangular. A ligadura elástica foi a forma mais empregada (92,9%) para fixar o arco ortodôntico ao braquete. Conclusões: os ortodontistas analisados alegaram ser a eficácia o principal motivo de escolha do material; os braquetes convencionais unidos com ligaduras elásticas ainda são os mais utilizados. Entre os fios ortodônticos, os de secção redonda apareceram em primeiro lugar, tanto os de aço como os de nitinol convencional. Recursos recentes na Ortodontia brasileira, como os braquetes autoligáveis e os mini-implantes, não apresentaram uso significativo. Palavras-chave: Ortodontia. Pesquisa em Odontologia. Materiais.
Mestre em Odontologia, SL Mandic. 2 Especialista em Ortodontia, ABO. Mestre em Radiologia Oral, Unicastelo. 3 Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Ciências, Unifesp. 4 Mestre e Doutor em Odontologia, Unicamp. 5 Mestre em Ortodontia, Unicastelo. Doutor em Odontologia, SL Mandic. 6 Professora do Mestrado em Ortodontia da SL Mandic. Especialista em Ortodontia, Unicastelo. Doutora em Ciências, USP. 1
Como citar este artigo: Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC. Profile of the orthodontist practicing in the state of São Paulo - Part 2. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6. Enviado em: 12 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 6 de junho de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Fabio Brandalise Rampon Rua Os 18 do Forte, 1207, sala 302 CEP: 95020 472 – Caxias do Sul / RS Email: fabiorampon@terra.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32.e1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo inédito
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2
INTRODUÇÃO Em Ortodontia, assim como em outros setores da Odontologia, nota-se uma busca incessante de novos materiais e recursos com a finalidade de aumentar a eficiência da mecânica ortodôntica, a segurança biológica e o conforto do paciente, além de facilitar o desempenho clínico do profissional. Novas ligas, nos últimos anos, têm diversificado a composição dos fios ortodônticos, alterando suas propriedades biomecânicas, desde a formabilidade até seu comportamento, quando submetidos a mudanças de temperatura5. Os braquetes autoligáveis foram desenvolvidos com o objetivo de incorporar-lhes propriedades biomecânicas especiais, como a redução do atrito e, em alguns, até a interatividade com o fio ortodôntico, além de eliminar o uso de ligaduras, o que reduz o tempo clínico para a colocação e a remoção do arco ortodôntico, e, ainda, minimiza a retenção de biofilme10. O advento dos mini-implantes tem propiciado ao ortodontista soluções clínicas que outrora possuíam limitações, tais como a intrusão dentária e a movimentação ortodôntica na região posterior da arcada, fornecendo maior controle mecânico e segurança, além de reduzir o tempo de tratamento1,12,22,23. Por outro lado, a aceitação de uma nova tecnologia depende de numerosos fatores, desde sua validação científica até a mudança de conduta do profissional. Essa é a segunda parte de um amplo estudo, efetuado para se conhecer o perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo. Na primeira parte, realizou-se a análise do especialista em Ortodontia no que diz respeito ao sexo, faixa etária, tempo de inscrição no Conselho Regional de Odontologia do estado de São Paulo, análises cefalométricas empregadas com maior frequência, técnica ortodôntica de preferência e uso de recursos ortopédicos funcionais. A presente parte do estudo teve como objetivo verificar o perfil do ortodontista do estado de São Paulo no que diz respeito aos materiais que costuma utilizar: braquetes, fios ortodônticos, ligaduras e mini-implantes. MATERIAL E Métodos Para realizar a pesquisa, foi solicitado, junto ao Conselho Regional de Odontologia de São Paulo, a lista de endereços de todos os especialistas em Ortodontia e Ortopedia Facial registrados no Conselho Regional de
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Odontologia do estado de São Paulo até maio de 2007, perfazendo um total de 2414 profissionais. O questionário foi elaborado com 20 questões objetivas, sendo que 8 delas davam a possibilidade de se assinalar mais de uma alternativa. Além disso, em 10 questões o profissional teve a possibilidade de acrescentar uma resposta escrita livre e descritiva. O questionário foi impresso em folha A4 com papel sulfite 120g, com seu lado externo confeccionado em forma de carta-resposta, com o lado interno dividido em duas partes iguais: a superior, contendo o termo de consentimento livre e esclarecido, onde os profissionais foram devidamente esclarecidos sobre a natureza da pesquisa; e a inferior, contendo as perguntas do questionário, sendo que as questões ímpares foram destacadas com sombreamentos para uma melhor visualização e separação das questões. O serviço de carta-resposta foi previamente contratado junto à Empresa de Correios e Telégrafos. Esse serviço possibilitou ao respondente a isenção de ônus financeiro, sendo que, ao receber a correspondência em seu endereço cadastrado, o profissional somente teve o trabalho de responder ao questionário, dobrar e colar a folha, conforme as indicações, e depositar em qualquer agência dos correios. Foi tido o cuidado de enviar as correspondências de tal forma que não chegassem ao local de destino próximo ao final de semana, mas, preferencialmente, no início da semana, quando é maior a probabilidade de retorno das cartas-respostas14. Baseando-se nas respostas dos questionários que retornaram, procurou-se detalhar e interrelacionar as informações ao máximo, a fim de se conseguir o maior número de dados possíveis, com o objetivo de alcançar conclusões compatíveis com a proposição desse estudo. Com o programa Microsoft Excel e seu assistente gráfico, presentes no sistema operacional Microsoft Windows XP, os dados foram digitados e elaboradas planilhas. As respostas dos questionários foram analisadas através de gráficos e tabelas, conforme frequências absolutas (n) e frequências relativas (%). Para avaliar a associação entre as variáveis qualitativas, foi utilizado o teste de associação qui-quadrado. Sempre que o teste qui-quadrado foi significativo, a análise de resíduos ajustados foi utilizada como complemento. A elaboração das análises estatísticas foi através do software SPSS®, versão 13.0.
32.e2
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo inédito
Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC
Resultados A eficácia (81,1%) apareceu de forma expressiva como o principal motivo para o profissional escolher o material ortodôntico que utiliza, geralmente associando outros fatores, como o custo (23,4%), a facilidade para aquisição (17,5%) e a comodidade de uso (15,5%). Os questionamentos feitos a respeito de braquetes denotaram a preferência pelo metálico (98%), conforme Tabela 1, e pelo slot de tamanho 0,022” x 0,028” (73,2%), como mostra Tabela 2. A respeito do braquete autoligável, a maior parte dos profissionais (56,2%) declarou que o conhece, mas não o utiliza; 25% afirmaram desconhecer e somente 4,7% o utilizam com frequência (Gráf. 1). Tabela 1 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos tipos de braquetes empregados no dia a dia. n
%
Metálico
581
98,0
Cerâmico
190
32,0
Compósito
46
7,8
Autoligável
16
2,7
Outros
13
2,2
593
-
Total Resposta múltipla.
Tabela 2 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao tamanho dos slots dos braquetes utilizados no dia a dia.
0,022" x 0,028"
n
%
434
73,2
O uso dos braquetes autoligáveis está associado ao tempo de formação de especialista, entre 11 e 15 anos, como demonstrou o teste c2, complementado pela Análise de Resíduos Ajustados, ao nível de significância de 5% (Tab. 3). A maioria dos ortodontistas (92,9%) relatou fazer uso de ligadura elástica como método para fixar o fio ao braquete durante a mecânica, sendo que 76,1% fazem uso de amarrilhos metálicos (Tab. 4). A respeito dos tipos de fios que utilizam em sua rotina clínica, dos entrevistados, 88,2% empregam fio de aço redondo; 88,2% NiTi convencional redondo; 52,6% NiTi termoativado redondo; 46,5% TMA retangular; e 4,1% Elgilloy (Tab. 5). Foram agrupadas duas questões a respeito de mini-implantes. Na primeira parte, como mostra o Gráfico 2, as respostas dos ortodontistas foram sobre a utilização desse recurso. Na segunda parte, foi possível obter, dentre os profissionais que os utilizam, a informação a respeito da situação clínica em que os empregam (Tab. 6). Através do Teste c2, com p = 0,384, constatou-se não haver nenhuma associação entre tempo de Ortodontia e o uso do recurso dos mini-implantes (Tab. 7).
Tabela 3 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao tempo de formação como especialista e a utilização de braquetes autoligáveis. Braquetes autoligáveis
Tempo de Ortodontia
Não
Conhece e
Conhece
não utiliza
Total
Utiliza
0,018" x 0,025"
131
22,1
Slots combinados
20
3,4
n
%
n
%
n
%
n
%
Não responderam
8
1,3
1a5
36
24,8
97
29,6
21
22,1
154
27,1
593
-
6 a 10
48
33,1
105
32,0
18
18,9
171
30,1
Total
(em anos)
Resposta múltipla.
11 a 15
17
11,7
51
15,5
27
28,4*
95
16,7
Mais de 15
44
30,3
75
22,9
29
30,5
148
26,1
Total
145
100
328
100
95
100,0
568
100
c =19,89; p = 0,003. *Análise de Resíduos Ajustados: p<0,05. 2
Conheço, mas não utilizo Não conheço 25,0%
Tabela 4 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos métodos utilizados para fixar o fio ortodôntico ao braquete.
Conheço, mas utilizo ocasionalmente 12,1%
56,2%
Conheço e utilizo com frequência Não respondeu
4,7% 2,0% Base: 593 respondentes.
Gráfico 1 - Distribuição dos ortodontistas quanto ao conhecimento e à utilização de braquetes autoligáveis.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32.e3
n
%
Elástico
551
92,9
Amarrilho
451
76,1
Autoligável
14
2,4
Outro
2
0,3
Total
593
-
Resposta múltipla.
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo inédito
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2
Tabela 5 - Distribuição dos ortodontistas quanto aos métodos utilizados para fixar o fio ortodôntico ao braquete.
Ocasionalmente Nunca
36,2%
n
%
Redondo
523
88,2
Retangular
483
81,5
Quadrado
140
23,6
Trançado
188
31,7
Redondo
523
88,2
Retangular
370
62,4
Quadrado
88
14,8
Redondo
312
52,6
Retangular
251
42,3
Quadrado
47
7,9
Retangular
276
46,5
Redondo
129
Elgilloy
24
Rotineiramente Não respondeu
52,1%
Fio de aço
Fio de NiTi convencional
Fio de NiTi termoativado
11,0% 0,7% Base: 593 respondentes.
Gráfico 2 - Distribuição dos ortodontistas quanto à utilização do recurso dos mini-implantes.
Tabela 6 - Relação das situações clínicas citadas pelos ortodontistas em que utilizam mini-implantes. n Ancoragem
193
51,6
Intrusão
91
24,3
21,8
Distalização e mesialização
45
12,1
4,1
Retração
42
11,2
Verticalização de molares
24
6,4
Outro
32
8,6
Total
374
-
Fio de TMA
Outros Outros
13
Base
2,2
593
%
-
Resposta múltipla.
Tabela 7 - Relação entre tempo de Ortodontia e utilização do recurso dos mini-implantes. Uso de mini-implantes
Tempo de Ortodontia
Nunca
(em anos)
n
1a5
67
6 a 10
71
Ocasionalmente %
n
%
31,6
74
33,5
82
Rotineiramente n
%
24,6
17
27,0
27,2
20
31,7
Total
Não respondeu n
%
n
%
1
25,0
159
27,9
1
25,0
174
30,0
11 a 15
27
12,7
57
18,9
11
17,5
1
25,0
96
16,6
Mais de 15
47
22,2
88
29,2
15
23,8
1
25,0
151
26,0
Total
212
100
301
100
63
100
4
100
580
100
c2=9,60; p = 0,384.
Discussão É importante destacar que a literatura é escassa em dados nacionais a respeito do ortodontista brasileiro, especialmente quando se buscam informações com relação ao material utilizado rotineiramente, objeto desse estudo. De acordo com os dados obtidos, nota-se uma intensa preocupação dos ortodontistas quanto à qualidade do material que utilizam, pois, quando arguidos a esse respeito, apontaram a eficácia como principal motivo de escolha desses, tendo assinalado, em segundo plano, outros motivos, como o custo, facilidade e comodidade de uso como fatores considerados para a aquisição dos produtos.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32.e4
A preferência pela utilização de braquetes metálicos convencionais (98%) foi alta e coincidiu com os resultados dos estudos norte-americanos7,8,11. Esse dado evidenciou o uso consagrado dos braquetes metálicos, pela facilidade de emprego, aquisição e menor custo. Contudo, quando se trata de braquetes cerâmicos, que, nesse estudo, ficaram em segundo lugar (32%), os dados se encontram muito aquém da percentagem de utilização relatada por parte de profissionais norte-americanos7,8,11. Embora não tenha sido solicitada uma justificativa de resposta aos profissionais pesquisados, fatores como custo mais elevado, relatos relacionados com fraturas dos
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo inédito
Rampon FB, Nóbrega C, Bretos JLG, Arsati F, Jakob S, Jimenez-Pellegrin MC
braquetes cerâmicos, desgaste do dente antagonista quando em contato prematuro e dificuldade de remoção17 decerto estão relacionados com o resultado obtido. Nessa questão, ainda, os braquetes autoligáveis apresentaram 2,2% de utilização entre os ortodontistas do estado de São Paulo; percentual semelhante aos dados coletados nos EUA em 1996 (1,6%)8; e bem inferiores aos de outros estudos, pois 9,8% dos ortodontistas americanos relataram utilizar esses braquetes, em estudo realizado em 200211. No Reino Unido, em estudo recente indicou 11%2. Considerando a concentração de profissionais que há nesse estado e a facilidade de acesso a fornecedores, se comparada a outras regiões do país, nota-se o uso pequeno desse recurso. Através da análise estatística, constatou-se que o emprego dos braquetes autoligáveis está associado aos profissionais com tempo de especialidade entre 11 e 15 anos. Esse resultado nos remete a questionar se isso se deve apenas ao custo mais elevado desse tipo de braquete, o que poderia restringir o seu uso a pacientes com maior potencial financeiro. Um outro aspecto é que os profissionais com 15 anos de especialidade possuem uma formação mais ampla, sob o ponto de vista científico, o que lhes fornece maior percepção na escolha do material que utilizam, além do censo crítico mais apurado, já que os braquetes autoligáveis surgiram com o propósito de promover tratamentos mais eficientes e com menor quantidade de atrito6. Por outro lado, um aparelho pré-ajustado pode ser arriscado quando utilizado por profissionais iniciantes, se comparado ao sistema convencional. Do mesmo modo, há a necessidade do ortodontista possuir capacitação para reconhecer más posições dentárias individuais e de dominar manobras biomecânicas que permitam a individualização do torque e da angulação dentária, aspectos conciliáveis por profissionais mais experientes. Cabe lembrar que o ortodontista tem à disposição braquetes autoligáveis passivos e ativos, cada um apresentando suas vantagens e desvantagens. Thorstenson28 comparou a mecânica de deslizamento em braquetes de ambos os sistemas e obteve como resultado que a resistência ao deslizamento é nula nos sistemas passivos; contudo, considerou a possibilidade de ocorrer falta de controle no posicionamento da raiz do dente. Já para os sistema ativos, a resistência ao deslizamento variou de 12 a 54g. Em braquetes convencionais, os níveis de resistência ao deslizamento são superiores, especialmente se são utilizadas as ligaduras elásticas15.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32.e5
A escolha entre um ou outro braquete deve levar em consideração vários aspectos, desde a facilidade de obtenção do produto, até seu preço, qualidade de fabricação e vantagens clínicas de cada um, adaptadas ao caso clínico selecionado para o tratamento16. Ainda no que tange à dimensão dos slots, os resultados desse estudo demonstraram a preferência pelo 0,022” x 0,028” (73,2%) em relação ao 0,018” x 0,025” (22,1%), concordando com os resultados de estudos semelhantes realizados em outros países2,11. A maioria dos entrevistados respondentes declarou utilizar rotineiramente ligadura elástica em sua prática clínica (93%), mesmo com as restrições de degradação de força decorrente da ação térmica dos alimentos e da temperatura bucal, além da reação físico-química da saliva6. A facilidade para sua utilização, a possibilidade de aumentar a fricção quando necessária e o baixo custo, foram os principais motivos que justificaram a sua utilização10. Os fios ortodônticos de aço inoxidável, por muito tempo, predominaram na Ortodontia, mas, com o advento de novas ligas metálicas, tornou-se diversificado o universo de fios disponíveis9. A preferência pelos fios ortodônticos de aço e pelo nitinol (M-NiTi), ambos de secção redonda, proporcionou dados semelhantes. Resultados similares foram relatados2,11, pois o Nitinol normalmente é muito recomendado para o início do tratamento, etapa que exige elevada elasticidade e alta resiliência do fio; e o aço inoxidável para a finalização do tratamento, propiciando a individualização9. Os fios superelásticos, NiTi termoativados, A-NiTi, níquel-titânio ativo, foram denominados os fios dos anos 90 por oferecerem a característica da superelasticidade associada ao efeito memória5. Esses fios possuem uma aceitação considerável entre os ortodontistas pesquisados (52,6% de secção redonda e 42,3% de secção retangular) na comparação com os estudos de Gottlieb et al.8 (24,9%) e Keim et al.11 (26,8%). Contudo, de acordo com Sheridan19, 85% dos profissionais utilizam-nos rotineiramente na fase inicial do tratamento. O fio de TMA (liga de titânio-molibdênio) possui como característica principal a resiliência associada a uma moderada formabilidade9. Nos EUA, Gottlieb et al.8 relataram que 22,5% dos profissionais utilizavam rotineiramente fios de TMA. Keim et al.11 relataram que 13,5% dos pesquisados o utilizavam no início do tratamento e 16,6% na etapa final do tratamento. Constatou-se, no presente estudo, o emprego de 46,5% do fio
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo inédito
Perfil do ortodontista que atua no estado de São Paulo – Parte 2
de TMA de secção retangular e 21,8% de secção redonda, resultados mais expressivos que os estudos realizados nos EUA; entretanto, ainda insuficientes para suplantarem o uso dos fios de aço inoxidável e Nitinol. A liga de cromo-cobalto para fios ortodônticos, desenvolvida na década de 60 e introduzida no mercado com o nome de Elgiloy (Rocky Mountain Orthodontics), possui, atualmente, vários similares no mercado. O custo mais elevado, sua rigidez muito semelhante e um pouco mais de atrito do que a liga de aço são limitações que explicam sua pouca utilização dentre os profissionais pesquisados (4,1%)9, assim como no estudo de Keim et al.11, com 8,3% de uso rotineiro no início do tratamento e 3% no final do tratamento. Em pesquisas anteriores de Gottlieb et al.7,8, os fios Elgiloy nem sequer foram citados. O preparo da ancoragem, em Ortodontia, é uma fase muito importante para determinar o sucesso do tratamento22 e útil para pacientes não colaboradores20. Por esse motivo, os profissionais pesquisados foram indagados a respeito dos mini-implantes. Foi constatado
que 11% dos ortodontistas da amostra os utilizam como rotina, dado semelhante ao encontrado por Sheridan21, com 8%; e superior a Banks et al.2, que relataram a sua utilização por apenas 02% dos respondentes do Reino Unido. Ainda, 51,6% dos ortodontistas relataram utilizar os mini-implantes como ancoragem1,12,23 e 24,3% os associaram à biomecânica de intrusão com o objetivo de otimizar os resultados, dada a dificuldade que existe nesse movimento ortodôntico22. Conclusão Os ortodontistas analisados alegaram ser a eficácia o principal motivo de escolha do material ortodôntico, sendo que os braquetes convencionais unidos com ligaduras elásticas ainda são os mais utilizados pelos entrevistados. Os fios de secção redonda ficaram em primeiro lugar na pesquisa, tanto os de aço como os de Nitinol convencional. Recursos recentes na Ortodontia brasileira, como os braquetes autoligáveis e os mini-implantes, não apresentaram uso significativo.
Referências
1.
Araújo TM, Nascimento MHA, Bezerra F, Sobral MC. Ancoragem esquelética
15. Loftus BP, Artun J, Nicholls JI, Alonzo TA, Stoner JA. Evaluation of friction during
em Ortodontia com mini-implantes. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial.
sliding tooth movement in various bracket-arch wire combinations. Am J Orthod
2006;11(4):126-56. 2.
Dentofacial Orthop. 1999;116(3):336-45.
Banks P, Elton V, Jones Y, Rice P, Denwent S, Odondi L. The use of fixed appliances
16. Maltagliatti LA. Braquetes autoligados passivos x ativos. Rev Clín Ortod Dental
in the UK: a survey of specialist orthodontics. J Orthod. 2010;37(1):43-55. 3.
Press. 2010;9(2):8-13.
Brito Júnior VS, Ursi WJS. O aparelho pré-ajustado: sua evolução e suas
17.
prescrições. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(3):104-56. 4.
considerações clínicas. Rev Clín Ortod Dental Press. 2006;5(3):89-95.
Capelozza Filho L, Silva Filho OG, Ozawa TO, Cavassan AO. Individualização de
18. Mazzieiro ET. Braquetes do sistema Straight Wire: o que eles realmente significam?
braquetes na técnica Straight-Wire: revisão de conceitos e sugestão de indicações
J Bras Ortodon Ortop Facial. 2005;10(58):449-59.
para uso. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 1999;4(4):87-106. 5.
19. Oppenheim AM. Questionnaire design, interviewing and attitude measurement.
Cavalcanti AL, Melo TRNB, Barroso KMA, Souza FEC, Maia AMA, Silva ALO.
London: Pinter; 1993.
Perfil da pesquisa científica em Odontologia realizada no Brasil. Pesq Bras
20. Pantaleão AM. Estudo da prática ortodôntica no Distrito Federal [dissertação].
Odontopediatria Clin Integr. 2004;4(2):99-104. 6.
Campinas (SP): São Leopoldo Mandic; 2007.
Closs LQ, Mundstock KS, Gandini Jr LG, Raveli, DB. Os diferentes sistemas
21. Pissette AP, Feres MAL. II Estudo sobre a prática ortodôntica no Brasil - 1995.
de braquetes self-ligating: revisão da literatura. Rev Clín Ortod Dental Press.
Ortodontia. 1997;30(3):7-15.
2005;4(2):60-6. 7.
22. Queiroz Júnior G, Feres MAL. Estudo sobre a prática ortodôntica no Brasil.
Favaro J, Bakor SF, Tibério S, Martins SF, Guerreiro AM, Martins NS.
Ortodontia. 1994;27(3):67-77.
Movimentação ortodôntica frente aos efeitos dos fios de última geração.
23. Rinchuse DJ, Rinchuse DJ, Kapur-Wadhwa R. Orthodontic appliance design. Am J
Rev Espelho Clín. 2007 fev:5-9. 8. 9.
Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(1):76-82.
Ferreira MA, Borges PC. Biomateriais em Ortodontia: características, aplicações e
24. Sheridan JJ. Readers corner. J Clin Orthod. 1998;32(1):29-32.
inovações. Rev ABO Nac. 2008;16(1):45-53.
25. Sheridan JJ. Readers corner. J Clin Orthod. 2005;39(6):363-7.
Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels DS. 1990 JCO study of orthodontic diagnosis and
26. Sheridan JJ. Readers corner. J Clin Orthod. 2007;61(2):67-9.
treatment procedures - Part 1. J Clin Orthod. 1991;25(3):145-56.
27. Sung JH, Kyung HM, Bae SM, Park HS, Kwon OW, McNamara Jr JA. Mini-
10. Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels DS. 1996 JCO study of orthodontic diagnosis and
implantes. 1a ed. São Paulo: Napoleão; 2007.
treatment procedures - Part 1. J Clin Orthod. 1996;30(12):615-29. 11.
Maltagliatti LA, Feres R, Figueiredo MA, Siqueira DF. Braquetes estéticos:
28. Thorstenson GA. Comparison of resistance to sliding between different self-ligating
Gurgel JA, Ramos AL, Kerr SD. Fios ortodônticos. Rev Dent Press Ortod Ortop
brackets with second-order angulation in the dry and saliva states. Am J Orthod
Facial. 2001;6(4):103-14.
Dentofacial Orthop. 2002;121(5):472-82.
12. Harradine NWT. Self-ligating brackets: where are we now? J Orthod.
29. Villela H, Villela P, Bezerra F, Laboissière MA Jr, Soares M. Utilização de mini-
2003;30(3):262-73.
implantes para ancoragem ortodôntica direta. Rev Innovations J. 2004;8(1):11-8.
13. Keim RG, Gottlieb EL, Nelson AH, Vogels DS. 2002 JCO Study of orthodontic diagnosis and treatment procedures - Part 1. J Clin Orthod. 2002;36(10):553-68. 14. Laboissière Jr. M, Villela H, Bezerra F, Laboissière M, Diaz L. Ancoragem absoluta utilizando microparafusos ortodônticos. Protocolo para aplicação clínica (Trilogia parte 2). ImplantNews. 2005;2(1):37-46.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
32.e6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):32.e1-6
artigo online*
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos Mariana Marquezan1, Ana Maria Bolognese2, Mônica Tirre de Souza Araújo3
Ao final dos períodos experimentais, o cálculo da quantidade de movimentação dentária foi realizada pela diferença entre a distância inicial e final do incisivo central superior à face mesial do primeiro molar superior esquerdo. Adicionalmente, realizou-se a análise quantitativa das reações celulares e teciduais do periodonto e a contagem dos vasos sanguíneos no ligamento periodontal. Os grupos GC2 e GIr1 sofreram movimentação ortodôntica por dois dias, e apresentaram aumento da vascularização, porém sem diferença estatisticamente significativa. Os grupos GC3, GIr2 e GIr3 sofreram movimentações ortodônticas por 7 dias, mas apenas o grupo GIr3, que sofreu irradiação durante os sete dias, apresentou diferença estatística, mostrando que as aplicações de LBP diárias foram capazes de manter o número de vasos aumentados. Não houve diferença na quantidade de movimentação dentária entre os grupos. Portanto, apesar da ocorrência de angiogênese em alguns grupos irradiados, os protocolos de irradiação utilizados não aceleraram a movimentação dentária e não preveniram as reabsorções radiculares.
Resumo do editor Na Ortodontia, assiste-se a uma utilização crescente do laser de baixa potência (LBP), com variados protocolos de aplicação, com a finalidade de estimular a movimentação dentária, aliviar a dor e acelerar a regeneração óssea. Entretanto, a literatura vem mostrando resultados controversos quanto aos seus resultados. O objetivo desse trabalho foi verificar o efeito de dois protocolos de irradiação de LBP: irradiações diárias e irradiações iniciais. A amostra consistiu de 36 ratos Wistar com aproximadamente 90 dias de idade. Os animais foram divididos aleatoriamente em Grupo Controle (GC) e Grupo Irradiado (GIr) e, em seguida, novamente divididos em seis subgrupos: GC1, GC2, GC3, GIr1, GIr2, GIr3, de acordo com a presença de dispositivo ortodôntico para movimentação dentária, irradiação por LBP e data da eutanásia. Foi utilizado o método de irradiação pontual nas regiões mesial, vestibular e lingual da mucosa gengival do primeiro molar superior esquerdo, durante 3 minutos por ponto.
Como citar este artigo: Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS. Evaluation of two low-potency laser application protocols in patients submitted to orthodontic treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):33.
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra. Mestre e Doutora em Ortodontia - UFRJ. Professora Associada do Departamento de Ortodontia da FO-UFRJ. Coordenadora da Disciplina de Ortodontia para Fonoaudiologia da FM-UFRJ. 2 Professora Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ. 3 Professora Associada do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ. 1
Enviado em: 13 de julho de 2009 - Revisado e aceito: 27 de abril de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Mônica Tirre de Souza Araújo Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 325 - Ilha do Fundão CEP: 21.941-617 - Rio de Janeiro / RJ E-mail: monicatirre@uol.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):33
artigo inédito
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos Mariana Marquezan1, Ana Maria Bolognese2, Mônica Tirre de Souza Araújo3
Introdução: diferentes protocolos de irradiação por laser de baixa potência (LBP) têm sido testados para potencializar o movimento ortodôntico; entretanto, há resultados divergentes. Foi sugerido que seu efeito bioestimulador ocorre nas fases de proliferação e diferenciação celular, não agindo em estágios tardios. Objetivo: avaliar o efeito de dois protocolos de irradiação do LBP na movimentação ortodôntica: um com irradiações diárias e outro em que irradiações foram realizadas apenas nos períodos iniciais. Métodos: trinta e seis ratos Wistar foram divididos em grupos controles (GC1, GC2 e GC3) e irradiados (GIr1, GIr2 e GIr3), de acordo com a presença de dispositivo ortodôntico, a presença de irradiação, o tipo de protocolo de irradiação e a data de eutanásia (3º ou 8º dia de experimento). Ao final dos períodos experimentais, foram realizadas mensurações da movimentação dentária, análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto e contagem de vasos sanguíneos no ligamento periodontal. Resultados: a quantidade de movimentação não diferiu entre os grupos num mesmo tempo experimental (p < 0,05). A análise qualitativa revelou maior atividade absortiva nos grupos irradiados ao final de 7 dias, especialmente quando as irradiações foram diárias. Nos grupos irradiados diariamente, a contagem de vasos foi aumentada em relação aos animais isentos de dispositivo ortodôntico e de aplicações de LBP (p < 0,05). Conclusão: apesar de verificada angiogênese em certos grupos irradiados, os protocolos de irradiação testados não foram capazes de acelerar a movimentação dentária, e foi possível verificarem-se absorções radiculares. Palavras-chave: Lasers. Terapia a laser de baixa intensidade. Movimentação dentária. Agentes indutores da angiogênese.
Como citar este artigo: Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS. Evaluation of two low-potency laser application protocols in patients submitted to orthodontic treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9.
Mestre e Doutora em Ortodontia - UFRJ. Professora Associada do Departamento de Ortodontia da FO-UFRJ. Coordenadora da Disciplina de Ortodontia para Fonoaudiologia da FM-UFRJ. 2 Professora Titular do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ. 3 Professora Associada do Departamento de Odontopediatria e Ortodontia da UFRJ. 1
Enviado em: 13 de julho de 2009 - Revisado e aceito: 27 de abril de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Mônica Tirre de Souza Araújo Av. Prof. Rodolpho Paulo Rocco 325 - Ilha do Fundão CEP: 21.941-617 - Rio de Janeiro / RJ E-mail: monicatirre@uol.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33.e1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos
INTRODUÇÃO Na Ortodontia, o LBP tem sido utilizado para aliviar a dor, eventualmente, associada ao movimento dentário23,26, acelerar a regeneração óssea durante a expansão rápida da maxila21, bem como potencializar a movimentação dentária induzida ortodonticamente2,4,9. Esse último é o principal alvo de estudos de laserterapia em Ortodontia. Variações de métodos nos estudos que avaliaram a relação entre irradiação por LBP e a taxa de movimentação ortodôntica geraram resultados conflitantes. Podem ser observados resultados positivos, com aumento na taxa de movimentação2,4,11; efeito nulo, em que o grupo experimental e o controle não diferiram13; e efeito inibitório, em que o grupo irradiado com LBP apresentou taxas menores de movimento dentário22. Apesar de a maioria dos protocolos de aplicação do LBP para potencialização do movimento ortodôntico ser pontual, existem variações nos comprimentos de onda utilizados, nas doses e no número de sessões de irradiação nos dias que sucedem à ativação do aparelho. Alguns autores utilizaram irradiações diárias de LBP4,11,15, enquanto outros estabeleceram diferentes intervalos de aplicação do laser2,13,22. Tendo em vista que o efeito do laser é dose-dependente6,10, maior atenção deve ser dada aos protocolos de irradiação. Foi sugerido que o efeito bioestimulador do LBP se dá nas fases de proliferação e diferenciação celular, não agindo em estágios tardios18. Além disso, estudos sobre potencialização do movimento ortodôntico com irradiações diárias de laser que tiveram êxito em demonstrar essa associação observaram aumento na taxa de movimentação dentária entre o segundo e terceiro dias de movimentação, mantendo-se constante a diferença entre grupos irradiados e não irradiados após esse período4,11. Dessa maneira, torna-se necessário testar protocolos de aplicação de LBP para potencialização do
Dispositivo
MATERIAL E MÉTODOS Para o presente estudo experimental in vivo, foram utilizados 36 ratos machos da linhagem Wistar, com aproximadamente 90 dias de idade e pesando cerca de 250g. Os animais foram mantidos em gaiolas apropriadas, forradas com maravalha, e receberam água e ração triturada ad libitum. A luminosidade foi controlada, havendo ciclos dia/noite de 12 horas cada para evitar alterações no ciclo metabólico dos animais. O projeto teve aprovação da Comissão de Ética com Uso de Animais (CEUA) em Experimentação Científica do Centro de Ciências da Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Os animais foram divididos aleatoriamente em grupo controle (GC) e grupo irradiado (GIr) (Quadro 1) e, então, novamente divididos em seis subgrupos de acordo com a presença de dispositivo ortodôntico para movimentação dentária, irradiação por LBP e data da eutanásia. Cálculo amostral para diferença entre médias (α=5%, poder do estudo= 80%) foi realizado. O dispositivo ortodôntico utilizado foi constituído de uma mola de níquel-titânio de secção fechada com 7mm de comprimento (Dental Morelli Ltda, Sorocaba/SP), distendida dos incisivos superiores ao primeiro molar superior esquerdo para promover movimento mesial desse
Data de eutanásia
Nº de animais
Zero
1º dia
6
Zero
3º dia
6
Sim
Zero
8º dia
6
Sim
2
3º dia
6
GIr2
Sim
2
8º dia
6
GIr3
Sim
7
8º dia
6
Grupo
Subgrupo GC1
Não
GC Grupo controle
GC2
Sim
GC3 GIr1 GIr Grupo irradiado
movimento ortodôntico que contemplem irradiações apenas durante os períodos iniciais do movimento. O objetivo desse estudo foi verificar o efeito de dois protocolos de irradiação de laser de baixa potência na movimentação dentária induzida: um com irradiações diárias, e outro em que as irradiações se deram apenas nos períodos iniciais. Foram realizadas análise macroscópica quantitativa da movimentação dentária, análise microscópica qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto e quantificação do número de vasos sanguíneos no ligamento periodontal.
ortodôntico
Número de irradiações
Quadro 1 - Caracterização da amostra.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33.e2
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS
dente com força de, aproximadamente, 40cN. Realizou-se o procedimento de instalação do dispositivo ortodôntico com os animais sedados, administrando-se injeção intraperitoneal da associação de cloridrato de quetamina (1,33ml/kg) e cloridrato de xilazina (0,67ml/kg). Para irradiação dos animais dos grupos experimentais GIr1, GIr2 e GIr3, foi utilizado um laser de arseneto de gálio e alumínio (Ga-Al-As) (Thera Lase, DMC Equipamentos, São Carlos/SP), com comprimento de onda de 830nm, potência máxima de 100mW e sistema de entrega por fibra óptica de 0,6mm de diâmetro. As irradiações foram realizadas, utilizando-se o método pontual sobre as regiões mesial, vestibular e lingual da mucosa gengival dos primeiros molares superiores esquerdos (Fig. 1). O tempo de aplicação em cada ponto foi de 3 minutos, o que corresponde à fluência de aproximadamente 6000J/cm2 por ponto4,11. A quantidade de sessões para aplicação de LBP seguiu o protocolo especificado para cada grupo (Quadro 1). Imediatamente após a montagem do dispositivo ortodôntico, mensurou-se a distância entre os incisivos centrais superiores e o primeiro molar superior esquerdo com paquímetro ortodôntico (Odin, Ortho-pli, Philadelphia, EUA). Para facilitar a mensuração, foi criada uma marcação com ponta diamantada esférica (KG 1011) na porção esquerda da resina composta que cobria os incisivos, de onde partia uma das pontas do paquímetro. A outra extremidade era posicionada na face mesial do primeiro molar superior (Fig. 2). Esse procedimento foi repetido imediatamente antes de cada eutanásia, por um único examinador cego e calibrado (ICC = 0,996). Considerou-se como quantidade de movimentação
dentária a diferença entre as medidas inicial e final. O grupo GC1 foi excluído dessa análise por não ter sido submetido à movimentação dentária induzida. Ao final dos períodos experimentais especificados para cada grupo, a eutanásia foi realizada por meio de guilhotina. Em seguida, as maxilas sofreram dissecção e osteotomia para a obtenção das secções teciduais desejadas, compreendendo os molares superiores esquerdos e osso alveolar adjacente. As peças foram fixadas em solução de formol neutro a 10% durante uma semana e descalcificadas em solução de Ana Morse (partes iguais de ácido fórmico a 50% e citrato de sódio a 20%) por cerca de 35 dias, sendo a solução trocada diariamente. Verificada a descalcificação por método de punção com agulha, os espécimes teciduais sofreram processamento histotécnico e foram emblocados em parafina. Cortes transversais de 5μm foram obtidos no terço cervical dos molares e corados por hematoxilina e eosina (HE). Análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto do primeiro molar superior esquerdo foi realizada em microscópio Nikon Eclipse E600 com magnificações de 40, 100 e 400X. Análise quantitativa do número de vasos sanguíneos no ligamento periodontal também foi realizada a fim de verificar a presença ou não de angiogênese frente à movimentação dentária e à aplicação de laser. Fotomicrografias, com magnificação de 400X, foram obtidas em quatro campos (mesial, vestibular, distal e palatino) do ligamento periodontal da raiz mesial do dente movimentado e contagens foram realizadas visualmente com auxílio do programa Image Pro Plus 4.5 (Media Cybernetics, Silver Spring, EUA). O ICC para essa avaliação foi de 0,841.
Tabela 1 - Média da movimentação dentária induzida (em milímetros) e desvio-padrão (D.P.). Grupo
Média ± D.P.
GC2
0,39 ± 0,04a
GC3
1,28 ± 0,10b
GIr1
0,40 ± 0,05a
GIr2
1,04 ± 0,06b
GIr3
1,25 ± 0,11b
Letras diferentes indicam diferença estatística de α=0,05% (ANOVA/Tukey). Figura 1 - Ilustração esquemática dos pontos de irradiação por laser de baixa potência (círculos vermelhos) no primeiro molar superior esquerdo.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Figura 2 - Aferição da movimentação dentária: medida da distância entre a face mesial do primeiro molar superior esquerdo e o ponto de referência marcado na resina que recobre os incisivos superiores com paquímetro ortodôntico.
33.e3
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
GC1
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos
Superfície radicular
Ligamento periodontal
Osso alveolar
Fina camada de cemento acelular
Ligamento com espessura uniforme e fibras
Osteogênese na porção mesial devido ao processo
circundada por espessa camada
organizadas e inseridas perpendicularmente ao osso
eruptivo; espaços medulares de pequena extensão
de cemento celular; camada
alveolar; presença de vasos sanguíneos em toda a
preenchidos por medula hematopoiética e vasos
cementoblástica organizada
extensão do ligamento
sanguíneos
Espessura reduzida no lado de pressão e fibras GC2
Desorganização da camada cementoblástica no lado de compressão
comprimidas. No lado de tração, a espessura estava aumentada e as fibras distendidas; número de vasos aumentado; osteoclastos ativos nas áreas de pressão e tração; infiltrado inflamatório misto presente
Lacunas de Howship evidentes; espaços medulares de pequena extensão preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório misto e osteoclastos ativos Absorção na área de pressão e fina camada de
GC3
Ligamento com espessura aumentada pela
osteoide na área de tração; espaços medulares de
Desorganização da camada
atividade reabsortiva; redução no número de vasos
maior extensão preenchidos por tecido conjuntivo,
cementoblástica no lado de compressão
sanguíneos; osteoclastos ativos escassos; infiltrado
medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado
inflamatório crônico presente
inflamatório crônico, osteoblastos ativos e poucos osteoclastos
Espessura reduzida no lado de pressão e fibras GIr1
Desorganização da camada cementoblástica no lado de compressão
comprimidas. No lado de tração, a espessura estava aumentada e as fibras distendidas; número de vasos aumentado; osteoclastos ativos nas áreas de pressão e tração; infiltrado inflamatório misto
Desorganização da camada GIr2
cementoblástica no lado de compressão; presença de reabsorções radiculares
Desorganização da camada GIr3
cementoblástica no lado de compressão; presença de reabsorções radiculares
Ligamento com espessura aumentada pela atividade reabsortiva; redução no número de vasos sanguíneos; osteoclastos ativos escassos; infiltrado inflamatório crônico presente Maior alargamento do alvéolo; número de vasos sanguíneos aumentado; grande número de osteoclastos ativos; infiltrado inflamatório crônico presente
Lacunas de Howship evidentes; espaços medulares de pequena extensão preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório misto e osteoclastos ativos Absorção na área de pressão e fina camada de osteoide na área de tração; espaços medulares muito aumentados e preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, vasos, infiltrado inflamatório crônico, osteoblastos ativos e poucos osteoclastos Ausência de osteoide na área de tração; grande absorção dos septos ósseos; espaços medulares significativamente maiores, preenchidos por tecido conjuntivo; medula gordurosa; infiltrado inflamatório crônico; abundância de vasos e osteoclastos ativos
Quadro 2 - Análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto.
A quantidade de movimentação dentária registrada em milímetros e o número absoluto de vasos para cada espécime foram tabulados e analisados estatisticamente por meio do programa Statistical Package for the Social Science (version 16, SPSS Inc., EUA). A verificação da normalidade e da homogeinedade foi realizada por meio do teste de Shapiro-Wilk e do teste de Levene, respectivamente, ao nível de significância de 0,05. Verificada a distribuição normal e homogênea das variáveis, utilizou-se Análise de Variância (ANOVA) e o teste de comparações múltiplas de Tukey para verificar a diferença intergrupos. RESULTADOS Quantificação da movimentação dentária
A análise macroscópica revelou não haver diferença significativa entre grupos controles e irradiados nos dias avaliados (3º e 8º dias) (p < 0,05) (Tab. 1).
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Análise qualitativa das reações celulares e teciduais do periodonto
A análise das reações celulares e teciduais será descrita a seguir e está sintetizada do Quadro 2. GC1 sem aplicações de laser e sem dispositivo ortodôntico
Esses animais apresentando fisiologia normal foram considerados como padrão para comparação. Na raiz mesial, observou-se a presença de fina camada de cemento acelular circundada por uma de cemento celular, bastante espessa nas faces vestibular e mesial. Foi verificada a presença de camada cementoblástica recobrindo-o e algumas áreas de formação de cementoide. O ligamento periodontal apresentou-se com espessura relativamente uniforme, com feixes de fibras organizados e circundados de fibroblastos. Na porção distal, esses feixes se mostraram paralelos entre si e perpendiculares ao cemento e
33.e4
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS
ao osso alveolar. Já na face mesial, esse paralelismo não se mostrou tão claro; porém, a inserção de feixes perpendicularmente ao cemento e osso alveolar era visível. Vasos sanguíneos de diferentes calibres foram observados em toda a extensão do ligamento periodontal. No tecido ósseo alveolar, na porção mesial, pôde-se observar linha de aposição, indicando osteogênese recente nessa região, provavelmente devido ao processo eruptivo normal em sentido distal desse dente. Os espaços medulares eram de pequena extensão (Fig. 3) e preenchidos por tecido hematopoiético e vasos sanguíneos.
GC2 com dispositivo ortodôntico, sem irradiação por LBP e eutanásia ao 3º dia
A movimentação dentária induzida promoveu alteração na organização dos cementoblastos, especialmente na zona de pressão. Nessas áreas, houve redução do espaço do ligamento periodontal e foram observados feixes de fibras comprimidos e difusos, enquanto nas áreas de tração os feixes de fibras estavam estirados. Vasos sanguíneos estiveram presentes em toda a extensão do ligamento. Esses vasos foram em maior número quando comparados aos do grupo sem dispositivo ortodôntico (GC1).
GC1
GIr1 ml
to
to
m
dv
int
m int
dv
1000µm
GC2
ml
dl
Dl
1000µm
GIr2
ml
ml
dl
to
dl to dv
m dv
int
int
1000µm
1000µm
GC3
dl
GIr3
ml
ml
dl
to to
dv
m
m
dv
int
1000µm
int
m
1000µm
Figura 3 - Fotomicrografia dos tecidos de suporte e dos primeiros molares superiores submetidos à movimentação ortodôntica nos diferentes grupos. M = raiz mesial; ML = raiz mesiolingual; DL = raiz distolingual; INT = raiz intermediária; DV = raiz distovestibular; TO = trabeculado ósseo (HE, 40X).
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33.e5
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos
Foram observados osteoclastos ativos tanto nas áreas de pressão como nas de tração, indicando o alargamento inicial do alvéolo. Infiltrado inflamatório misto também foi observado, havendo presença de células inflamatórias polimorfonucleares e monoclucleares. No tecido ósseo, observou-se a presença de lacunas de Howship, conferindo contorno irregular. Na área de tração, não foram observadas áreas de neoformação óssea. Puderam-se observar espaços medulares de pequena extensão preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório misto e osteoclastos ativos (Fig. 3). GC3 com dispositivo ortodôntico, sem irradiações por LBP e eutanásia ao 8º dia
As características do cemento eram idênticas às do grupo GC2. Devido à atividade absortiva, a espessura do ligamento apresentou-se aumentada. Osteoclastos ativos estiveram escassos tanto nas áreas de pressão e de tração, quanto nos espaços medulares. A vascularização do ligamento periodontal permaneceu uniformemente distribuída, havendo pequena diminuição no número de vasos. Infiltrado inflamatório linfoplasmocitário (crônico) foi observado. No osso alveolar, a parede do lado de compressão mostrou irregularidades características do processo reabsortivo, enquanto no lado de tração foram observadas estreitas áreas de osteoide. Pôde-se observar espaços medulares de extensão maior que em GC2, preenchidos por tecido conjuntivo, medula gordurosa, vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório crônico, osteoblastos ativos e poucos osteoclastos (Fig. 3).
GIr1 com dispositivo ortodôntico, duas aplicações de laser e eutanásia ao 3º dia
Características idênticas ao GC2 foram observadas (Fig. 3). GIr2 com dispositivo ortodôntico, duas aplicações de laser e eutanásia ao 8º dia
Diferenças mais pronunciadas foram verificadas entre os grupos de sete dias de movimentação dentária. Em comparação ao GC3, diferenças nas características do cemento e dos espaços medulares foram evidentes. O cemento apresentou áreas de absorção (Fig. 4), enquanto os espaços medulares apresentaram grande extensão e os septos inter-radiculares estiveram substancialmente diminuídos (Fig. 3). GIr3 com dispositivo ortodôntico, 7 aplicações de laser e eutanásia ao 8º dia
Em comparação ao GIr2, maior alargamento do espaço periodontal foi observado (Fig. 3) e absorções radiculares também foram observadas (Fig. 4). O número de vasos sanguíneos foi maior que nos demais grupos com 7 dias de movimentação dentária. Foram vistas células inflamatórias mononucleares em abundância (infiltrado inflamatório crônico). Os septos inter-radiculares apresentaram significativa redução, inclusive desaparecendo em alguns animais. No espaço entre as raízes, foram observados tecido conjuntivo, medula gordurosa, abundância de vasos sanguíneos, infiltrado inflamatório crônico e osteoclastos ativos nas regiões dos septos remanescentes.
LP
D
LP
C
C
A
B
Figura 4 - Fotomicrografia das áreas de absorção na raiz mesial dos primeiros molares de ratos pertencentes ao GIr2 (A) e GIr3 (B). D = dentina; C = cemento; LP = ligamento periodontal; setas negras = osteoclastos; barra = 100μm (HE, 400X).
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33.e6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS
Tabela 2 - Média da movimentação dentária induzida (em milímetros) e desvio-padrão (D.P.).
Em todos os grupos em que foi aplicada força ortodôntica ao primeiro molar, observaram-se reações semelhantes, porém de menor expressão, no periodonto do segundo molar. Puderam-se observar zonas de pressão e tração no ligamento periodontal e, também, alterações de dimensão e celulares nos espaços medulares.
Grupo
Média ± D.P.
GC1
22,00 ± 3,16a
GC2
37,40 ± 9,91b
GC3
30,40 ± 5,41ab
GIr1
37,00 ± 6,89b
GIr2
27,66 ± 3,78ab
GIr3
38,00 ± 5,19b
Contagem dos vasos sanguíneos
As médias de cada grupo, sua comparação e o desvio-padrão estão expressos na Tabela 2. Foi verificada diferença estatisticamente significativa (p < 0,05) apenas entre o grupo GC1 e os grupos GC2, GIr1 e GIr3. Nesses últimos, foi verificado aumento no número de vasos (Fig. 5).
Letras diferentes indicam diferença estatística de α = 0,05% (ANOVA/Tukey).
D
A
D
B
C
C
LP
LP
OA
OA
Figura 5 - Fotomicrografia do ligamento periodontal da raiz mesial de animais pertencentes ao GC1 (A) e GIr1 (B). As setas negras indicam vasos sanguíneos; D = dentina; C = cemento; LP = ligamento periodontal; AO = osso alveolar; barra = 100μm (HE, 400X).
DISCUSSÃO Dois diferentes protocolos de aplicação do LBP foram testados durante a movimentação dentária induzida nessa pesquisa: um em que as irradiações foram diárias e outro em que as irradiações ocorreram apenas nos dois primeiros dias do movimento dentário. A avaliação macroscópica da movimentação dentária revelou não haver diferença significativa entre os grupos irradiados e não irradiados nos dias avaliados (3º e 8º dias), ou seja, ambos os protocolos testados não foram capazes de aumentar a quantidade de movimentação dentária em relação ao grupo controle (p < 0,05). Esse resultado é compatível com os achados de limpanichkul et al.13, em que o grupo irradiado por LBP e grupo controle não diferiram quanto à velocidade de
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
movimentação dentária. Outro estudo demonstrou o efeito inibitório do LBP, ou seja, diminuição da quantidade de movimentação dentária22. Porém, outros demonstraram a eficácia do LBP2,4,11. Acredita-se que o LBP tenha efeito dose-dependente, podendo acelerar ou retardar os processos biológicos dependendo da fluência aplicada e do regime de irradiação1,6,9,10. Além de variações nos protocolos de aplicação do LBP, os estudos supracitados utilizaram diferentes sujeitos de pesquisa: utilizaram ora animais (ratos ou coelhos), ora humanos, o que pode mudar a interpretação da fluência como alta ou baixa. Dois desses trabalhos, entretanto, utilizaram o mesmo modelo animal e mesma fluência utilizados nessa pesquisa e obtiveram resultado positivo4,11, discordando dos resultados apresentados. Contudo, a
33.e7
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Avaliação da aplicação de laser de baixa potência na movimentação ortodôntica sob dois protocolos
tomada das medidas e os pontos de referência foram distintos: ambos utilizaram as superfícies oclusais dos primeiro e segundo molares sob magnificação após moldagem e digitalização dos modelos. Já na presente pesquisa, utilizou-se um paquímetro ortodôntico, diretamente na cavidade bucal do animal, distendido da face mesial do primeiro molar até os incisivos, conforme trabalho de drevensek et al.3 Apesar de Kawasaki e Shimizu11 e Fujita et al.4 terem utilizado um método indireto associado à magnificação para medir a movimentação, o que pode tê-lo tornado mais sensível, a escolha do segundo molar como ponto de referência não parece adequada, visto que esse dente também sofre certa movimentação pela ação das fibras transeptais8,28. Outro fator na presente pesquisa que diferiu dos estudos de Kawasaki e Shimizu11 e Fujita et al.4 foi a força aplicada. Ambos utilizaram 10cN, enquanto nesse trabalho utilizaram-se 40cN7,12,14,15,24,25. Esse fator, entretanto, parece não explicar a diferença de resultado obtida, pois, no estudo de Gonzales et al.5, em que foram testadas as forças de 10, 25, 50 e 100cN para movimentação de molares de ratos, observou-se que, ao longo de 14 dias, as forças de 10, 25 e 50cN não diferiram quanto à quantidade de movimentação dentária. Além disso, a força utilizada no presente trabalho foi capaz de gerar remodelação óssea sem indícios de hialinização, o que sugere que foi adequada. Análises qualitativas de reações celulares e teciduais têm sido pouco exploradas em artigos científicos. Sabe-se da importância em se quantificarem dados e submetê-los a análises estatísticas; porém, a descrição de fenômenos facilita o entendimento do leitor e pode despertar-lhe a curiosidade em realizar outras análises e quantificar outros dados. Na presente pesquisa, fenômenos interessantes puderam ser observados. Verificou-se que, nos grupos irradiados por laser, após sete dias de movimentação dentária (GIr2 e GIr3), absorções radiculares foram evidentes, enquanto nos demais grupos não foram verificadas. Outro aspecto interessante foi o efeito sobre o tecido ósseo alveolar, especificamente sobre os espaços medulares. Os grupos de sete dias de movimentação dentária e irradiados por laser, em especial nos quais as irradiações foram diárias (GIr3), mostraram maior atividade absortiva, havendo espaços medulares extremamente amplos, inclusive no segundo molar, por consequência da ação das fibras transeptais28. Absorções radiculares foram observadas nas raízes mesiais dos primeiros molares submetidos à movimentação dentária ao final de sete dias e irradiados por LBP. Esse achado discorda do trabalho de Mendes15, segundo o qual
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
absorções radiculares foram consideradas semelhantes entre grupos irradiados e não irradiados. A literatura não provê informações sobre a relação entre LBP e modificações nos espaços medulares. Nessa pesquisa, objetivou-se quantificar os vasos sanguíneos do ligamento periodontal, uma vez observado o efeito angiogênico do LBP no reparo de feridas20,29. A angiogênese é, igualmente, benéfica à movimentação dentária, não só por permitir maior circulação de oxigênio, nutrientes e mediadores químicos inflamatórios, como também por facilitar a infiltração de células de reparo30. Favorece, ainda, a chegada dos osteoclastos, células que advêm dos monócitos provenientes da medula óssea e transportados pela corrente sanguínea16. Os grupos GC2 e GIr1, grupos em que foi realizado movimento ortodôntico por dois dias, diferiram do GC1, confirmando que nos períodos iniciais da movimentação dentária há incremento na vascularização17,20,28. Esses dois grupos, entretanto, não diferiram entre si, mostrando que o LBP, quando associado à movimentação dentária induzida, não foi capaz de aumentar ainda mais a angiogênese aos dois dias de movimento dentário. No oitavo dia de movimentação dentária, a vascularização tendeu a retornar à normalidade, não se observando diferença estatística entre GC3, GIr2 e os demais grupos. Exceção foi verificada no GIr3, único grupo de sete dias de movimentação dentária que diferiu do controle GC1, mostrando que, nesse tempo experimental, aplicações diárias de laser foram capazes de manter o número de vasos aumentados. Esse resultado vai ao encontro do trabalho de Mendes15, em que foi verificado um incremento na vascularização no periodonto de ratos irradiados diariamente por LBP em relação ao controle durante o 8º dia de movimento dentário. Dos grupos irradiados, apenas o GIr2 não diferiu do GC1. Esse dado ratifica a conclusão de Saito e Shimizu21 ao estudarem o reparo ósseo da sutura palatina mediana após disjunção em ratos. Esses autores sugeriram que apesar de aplicações de LBP durante os períodos iniciais de regeneração óssea desencadearem efeito estimulador, as aplicações nos períodos tardios parecem ter a função de manter tal efeito. A descontinuidade das aplicações parece diminuir o estímulo, como observado nesse estudo.
33.e8
CONCLUSÕES A análise quantitativa demonstrou que a movimentação dentária não diferiu entre os grupos irradiados e não irradiados em tempos experimentais equivalentes, de-
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo inédito
Marquezan M, Bolognese AM, Araújo MTS
monstrando que os dois protocolos de aplicação do LBP testados não foram capazes de aumentar a movimentação dentária induzida. A análise qualitativa do periodonto revelou maior atividade absortiva, tanto em cemento como em tecido ósseo, nos grupos de sete dias de movimentação dentária associados a aplicações de LBP, especialmente quando foram realizadas irradiações diárias. A quantidade de vasos sanguíneos no ligamento periodontal de animais submetidos à movimentação ortodôntica
e irradiados por LBP foi aumentada em relação ao grupo controle GC1 (animais isentos de dispositivo ortodôntico e de aplicações de LBP) apenas nos grupos em que as aplicações de LBP foram diárias (GIr1 e GIr3), mostrando que aplicações em períodos tardios são necessárias para manutenção do efeito estimulador. Apesar de verificado incremento vascular em certos grupos, os protocolos de irradiação por LBP testados não foram capazes de acelerar a movimentação dentária e trouxeram, como efeito adverso, absorções radiculares.
Referências
1.
Coombe AR, Ho C-TG, Darendeliler MA, Hunter N, Philips JR, Chapple CC, et
16. Mundy GR. Bone remodeling and its disorders. 2nd ed. London: Ed. Martin
al. The effects of low laser irradiation on osteoblastic cells. Clin Orthod Res.
Dunitz; 1999.
2001;4(1):3-14. 2.
17. Murrel EF, Yen EHK, Johnson RB. Vascular changes in the periodontal
Cruz DR, Kohara EK, Ribeiro MS, Wetter NU. Effects of low-intensity laser
ligament after removal of orthodontic forces. Am J Orthod Dentofacial
therapy on the orthodontic movement velocity of human teeth: a preliminary
Orthop. 1996;110(3):280-6.
study. Lasers Surg Med. 2004;35(2):117-20. 3.
18. Ozawa Y, Shimizu N, Kariya G, Abiko, Y. Low-energy laser irradiation stimulates
Drevensek M, Sprogar S, Boras I, Drevensek G. Effects of endothelin
bone module formation at early stages of cell culture in rat calvarial cells.
antagonist tezosentan on orthodontic tooth movement in rats. Am J Orthod
Bone. 1998;22(4):347-54.
Dentofacial Orthop. 2006;129(4):555-8. 4.
19. Rygh P, Bowling K, Hovlandsdal L, Williams S. Activation of the vascular
Fujita S, Yamaguchi M, Utsunomiya T, Yamamoto H, Kasai K. Low-energy
system: a main mediator of periodontal fiber remodeling in orthodontic tooth
laser stimulates tooth movement velocity via expression of RANK and RANKL.
movement. Am J Orthod. 1986;89(6):453-68.
Orthod Craniofac Res. 2008;11(3):143-55. 5.
20. Rocha JCT. Terapia laser, cicatrização tecidual e angiogênese. Rev Bras
Gonzales C, Hotokezaka H, Yoshimatsu M, Yozgatian Jh, Darendeliler
Promoção Saúde. 2004;17(1):44-8.
Ma, Yoshida N. Force magnitude and duration effects on amount of
21. Saito S, Shimizu N. Stimulatory effects of low-power laser irradiation on bone
tooth movement and root resorption in the rat molar. Angle Orthod.
regeneration in midpalatal suture during expansion in the rat. Am J Orthod
2008;78(3):502-9. 6.
Dentofacial Orthop. 1997;111(5):525-32.
Hawkins DH, Abrahamse H. The role of laser fluence in cell viability,
22. Seifi M, Shafeei HA, Daneshdoost S, Mir M. Effects of two types of low-level
proliferation, and membrane integrity of wounded human skin fibroblasts
laser wave lengths (850 and 630 nm) on the orthodontic tooth movements in
following Helium-Neon laser irradiation. Lasers Surg Med. 2006;38(1):74-83. 7.
8.
rabbits. Lasers Med Sci. 2007;22(4):261-4.
Hayashi H, Konoo T, Yamaguchi K. Intermittent 8-hour activation in
23. Shimizu N, Yamaguchi M, Goseki T, Shibata Y, Takiguchi H, Iwasawa T, et al.
orthodontic molar movement. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Inhibition of prostaglandin E2 and interleukin 1-β production by low-power
2004;125(3):302-9.
laser irradiation in stretched human periodontal ligament cells. J Dent Res.
Heller IJ, Nanda R. Affect of metabolic alteration of periodontal fibers
1995;74(7):1382-8.
on orthodontic tooth movement. An experimental study. Am J Orthod.
24. Stuani AS. Aspectos histológicos do periodonto no lado de pressão de dentes,
1979;75(3):239-58. 9.
quando submetidos à força ortodôntica [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ):
Houreld NN, Abrahamse H. Laser light influences cellular viability and
Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2003.
proliferation in diabetic-wounded fibroblast cells in a dose- and wavelength-
25. Taweechaisupapong S, Srisuk N, Nimitpornsuko C, Vattraphoudes T,
dependent manner. Lasers Med Sci. 2008;23:11-8.
Rattanayatikul C, Godfrey K. Evening primrose oil effects on osteoclasts during
10. Karu T, Pyatibrat LV, Ryabykh TP. Nonmonotonic behavior of the dose
tooth movement. Angle Orthod. 2005;75(3):356-61.
dependence of the radiation effect on cells in vitro exposed to pulsed laser
26. Turhani D, Scheriau M, Benesch T, Jonke E, Bantleon HP. Pain relief by single
radiation at λ = 820 nm. Lasers Surg Med. 1997;21(5):485-92.
low-level laser irradiation in orthodontic patients undergoing fixed appliance
11. Kawasaki K, Shimizu N. Effects of low-energy laser irradiation on bone
therapy. Am J Orthod. 2006;130(3):371-6.
remodeling during experimental tooth movement in rats. Lasers Surg Med.
27. Vandevska-Radunovic V, Kristiansen Ab, Heyeraas Kj, Kvinnsland S. Changes
2000;26(3):282-91.
in blood circulation in teeth and supporting tissues incident to experimental
12. King GJ, Archer L, Zhou D. Later orthodontic appliance reactivation stimulates
tooth movement. Eur J Orthod. 1994;16(5):361-9.
immediate appearance of osteoclasts and linear tooth movement. Am J
28. Verna C, Zaffe D, Siciliani G. Histomorphometric study of bone reactions
Orthod Dentofacial Orthop. 1998;114(6):692-7.
during orthodontic tooth movement in rats. Bone. 1999;24(4):371-9.
13. Limpanichkul W, Godfrey K, Srisuk N, Rattanayatikul C. Effects of low-level
29. Walsh LJ. The current status of low level laser therapy in dentistry. Part 1. Soft
laser therapy on the rate of orthodontic tooth movement. Orthod Craniofac
tissue applications. Aust Dent J. 1997;42(4):247-54.
Res. 2006;9(1):38-43.
30. Watson JC, Redmann JG, Meyers MO, Alperin-Lea RC, Gebhardt BM,
14. Madan MS, Liu ZJ, Gu GM, King GJ. Effects of human relaxin on orthodontic
Delcarpio JB, et al. Breast cancer increases initiation of angiogenesis without
tooth movement and periodontal ligaments in rats. Am J Orthod Dentofacial
accelerating neovessel growth rate. Surgery. 1997;122(2):508-14.
Orthop. 2007;131(1):8.e1-10. 15. Mendes OF. Influência do laser de baixa potência na movimentação ortodôntica: estudo experimental em ratos [dissertação]. Rio de Janeiro (RJ): Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2005.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
33.e9
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):33.e1-9
artigo online*
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária Arthur Costa Rodrigues Farias1, Maria Cristina Teixeira Cangussú2, Rogério Frederico Alves Ferreira3, Marcelo de Castellucci4
em múltiplo estágio e, desses, 486 indivíduos foram classificados como pertencentes ao grupo étnico negro. Foram aplicados questionários aos participantes, registrando características demográficas, e todos os dados das más oclusões foram coletados por seis examinadores previamente calibrados (Kappa = 0,89), utilizando o Índice de Estética Dentária (IED). O nível de significância estabelecido para todas as análises foi p<0,05. Observou-se em 76% da amostra uma baixa necessidade de tratamento ortodôntico; e em 24%, uma condição de má oclusão severa, com imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico. As principais características oclusais encontradas no grupo com maior necessidade de tratamento ortodôntico foram apinhamento dentário e overjet acentuado. Relacionando essas características à idade, houve uma tendência de aumento do apinhamento dentário e redução do overjet nos indivíduos de maior idade. Destacou-se a importância do desenvolvimento de políticas públicas que objetivem a inserção do tratamento ortodôntico entre os procedimentos dos programas de saúde, com a implementação e desenvolvimento de centros especializados.
Resumo do editor No Brasil, a variável etnia está relacionada com alguns problemas de saúde, inclusive de saúde bucal, os quais são muitas vezes influenciados pelas diferenças nas condições socioeconômicas. Sendo a má oclusão considerada um problema de saúde pública, faz-se necessário conhecer sua situação epidemiológica para o planejamento e racionamento dos recursos necessários para o fornecimento eficiente de tratamento ortodôntico para a população mais necessitada. Portanto, o objetivo desse estudo foi identificar a prevalência e severidade das más oclusões na etnia negra avaliando escolares da cidade de Salvador/BA (Brasil), além de determinar a necessidade de tratamento ortodôntico desse grupo segundo idade e sexo, contribuindo para o desenvolvimento de programas de saúde bucal. O desenho epidemiológico foi o transversal, e a população de referência foi constituída por escolares com idades entre 12 e 15 anos (n=220.300), matriculados em escolas públicas e privadas de primeiro e segundo grau. Chegou-se a um número de 2.100 escolares soteropolitanos, sorteados por meio de uma amostra probabilística
* Acesse www.dentalpress.com.br/revistas para ler o artigo na íntegra.
Ortodontista da Unidade de Deformidades da Face/UFRN. Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Social e Pediátrica da UFBA. 3 Professor adjunto de Ortodontia - UFBA. 4 Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Faculdade de Odontologia da UFBA. 1 2
Como citar este artigo: Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M. Occlusal characteristics and orthodontic treatment need in black adolescents in Salvador/BA (Brazil): An epidemiologic study using the dental esthetics index. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34. Enviado em: 21 de outubro de 2008 - Revisado e aceito: 6 de agosto de 2009
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Endereço para correspondência: Arthur Costa Rodrigues Farias Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, Av. Araújo Pinho, 62 – Canela – CEP: 40.110-060 – Salvador/BA E-mail: arthurcrfarias@hotmail.com
34
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34
artigo inédito
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária Arthur Costa Rodrigues Farias1, Maria Cristina Teixeira Cangussú2, Rogério Frederico Alves Ferreira3, Marcelo de Castellucci4
Objetivo: averiguar a necessidade de tratamento ortodôntico, prevalência e severidade das más oclusões em indivíduos negros numa amostra representativa de escolares da cidade de Salvador/BA (Brasil), além de determinar se as más oclusões eram afetadas por condições sociodemográficas como idade e sexo. Métodos: o desenho epidemiológico foi transversal, e a população de referência se constituiu de escolares com idades entre 12 e 15 anos, matriculados em escolas de primeiro e segundo graus, públicas e privadas. Participou do estudo um total de 486 indivíduos sorteados em amostra probabilística em múltiplo estágio. O nível de significância adotado foi de 1% e o poder do teste foi de 90%. Aos participantes foram aplicados questionários registrando características demográficas e, depois, avaliados por examinadores previamente calibrados (Kappa 0,89), utilizando-se o Índice de Estética Dentária (IED) segundo critérios da Organização Mundial de Saúde. Resultados: constatou-se que a maioria dos indivíduos (76%) observados nesse estudo possuía pouca ou nenhuma necessidade de tratamento ortodôntico. Cerca de 24% apresentaram uma condição de má oclusão severa, acarretando uma imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico. As principais características oclusais encontradas no grupo com maior necessidade de tratamento ortodôntico foram apinhamento dentário e overjet maxilar acentuado. A idade foi positivamente relacionada com a melhora do quadro do overjet maxilar e com a presença de apinhamento dentário. Conclusão: torna-se fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que objetivem a inserção do tratamento ortodôntico entre os procedimentos dos programas de saúde, com a implementação e desenvolvimento de centros especializados. Palavras-chave: Má oclusão. Ortodontia. Prevalência. Estética dentária. Levantamentos de Saúde Bucal.
Ortodontista da Unidade de Deformidades da Face/UFRN. 2 Professora Adjunta do Departamento de Odontologia Social e Pediátrica da UFBA. 3 Professor adjunto de Ortodontia - UFBA. 4 Professor do Curso de Especialização em Ortodontia e Ortopedia Facial da Faculdade de Odontologia da UFBA. 1
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Como citar este artigo: Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M. Occlusal characteristics and orthodontic treatment need in black adolescents in Salvador/BA (Brazil): An epidemiologic study using the dental esthetics index. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8. Enviado em: 21 de outubro de 2008 - Revisado e aceito: 6 de agosto de 2009 Endereço para correspondência: Arthur Costa Rodrigues Farias Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia, Av. Araújo Pinho, 62 – Canela – CEP: 40.110-060 – Salvador/BA E-mail: arthurcrfarias@hotmail.com
34.e1
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária
INTRODUÇÃO O Brasil, diferentemente de vários outros países, apresenta uma população caracterizada por uma grande miscigenação étnica, cujas características oclusais têm sido epidemiologicamente consideradas por alguns estudos12,26,29. No que concerne às pesquisas morfológicas, parece haver consenso entre os ortodontistas de que alguns dados indicativos de normalidade podem variar nas populações das diferentes regiões geográficas, ou nos diferentes grupos étnicos. Deve-se ressaltar, também, a importância de associar a severidade das más oclusões e os diversos fatores como cáries dentárias, perdas precoces e doenças periodontais. Associado aos aspectos étnicos, os fatores socioeconômicos também devem ser considerados, pois, segundo alguns autores15,18,22, a oclusão deve ser estudada em seu contexto social, dando importância não somente às consequências físicas do seu mau desenvolvimento, mas também ao impacto negativo no bem estar social. No Brasil, a variável etnia está relacionada com alguns problemas de saúde, inclusive de saúde bucal, os quais são muitas vezes influenciados por diferenças nas condições socioeconômicas12,25. Uma das cidades que mais se enquadram nessa situação de miscigenação étnica e disparidade socioeconômica é Salvador, na Bahia, onde a etnia negra é a mais acometida pelos problemas provenientes dessa situação, fato que pode ser constatado principalmente nas zonas mais carentes ou de privação social da cidade. Na concepção de Perin21, com a evolução da Odontologia, a Ortodontia ficou numa situação de desafio, considerando-se que cada vez mais torna-se maior a preocupação no sentido da extensão de serviços à comunidade. Assim, faz-se necessário conhecer a situação epidemiológica das más oclusões para o planejamento e racionamento dos recursos (humanos e financeiros) necessários para o fornecimento eficiente de tratamento ortodôntico para a população mais necessitada. O diagnóstico em Ortodontia é baseado, primariamente, na classificação de desvios a partir da normalidade; e a medida de alterações e afastamentos em relação a ela depende dos métodos utilizados e do julgamento dos examinadores23. Ou seja, o diagnóstico ortodôntico tradicional é qualitativo, não sendo apropriado para utilização em saúde pública, visto que a quantificação dos problemas é a solução mais apropriada para conhecer o problema em uma perspectiva coletiva, identificar os fatores determinantes e subsi-
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
34.e2
diar o planejamento e a avaliação de ações, assim como o emprego e distribuição dos recursos. Como resultado disso, têm sido desenvolvidos, nos últimos 50 anos, inúmeros métodos quantitativos capazes de classificar ou avaliar os desvios da normalidade da oclusão, permitindo um atendimento prioritário para os indivíduos que apresentam as más oclusões mais severas. A diversidade de índices oclusais na literatura é muito vasta, existindo desde aqueles que fazem a classificação por diagnóstico das más oclusões até os que estabelecem a necessidade e complexidade do tratamento ortodôntico, tais como: o Índice de Prioridade de Tratamento (TPI), Índice Oclusal de Summers (OI), Índice de Desvios Labiolinguais Incapacitantes de Draker (HLD), Registro da Avaliação da Má Oclusão Incapacitante (HMAR), Índice de Necessidade de Tratamento Ortodôntico (IOTN) e o Índice de Estética Dentária (IED)6,7,10,13,23,27. Todos esses índices compilam um conjunto de dados a respeito da má oclusão e expõem um valor numérico ou alfanumérico final que pode classificar a situação oclusal em nível de severidade e indicação de tratamento. O Índice de Estética Dentária (IED) foi preconizado pela OMS, em 199730, para aferir a severidade e necessidade de tratamento das más oclusões. O IED foi desenvolvido em 1986, na Universidade de Iowa (EUA), baseado em percepções da estética dentária nos Estados Unidos. Ele identifica dez alterações oclusais, observando ausência dentária, espaço e oclusão, que resultam matematicamente em escores, com pesos baseados em suas relativas importâncias de acordo com padrões estéticos socialmente definidos. Portanto, fundamentado nas pontuações dos casos fornecidos pelo IED, pode-se, de um modo geral, considerá-lo como um dos critérios mais adequados para se priorizar necessidades de tratamento ortodôntico, possuindo uma abordagem clínica de caráter epidemiológico8. Perante o exposto, o objetivo desse estudo foi identificar as principais características oclusais da etnia negra a partir de uma amostra representativa de escolares da população da cidade de Salvador/BA-Brasil, além de determinar a necessidade de tratamento ortodôntico desse grupo, segundo idade e sexo, a fim de fornecer uma base sólida para as estimativas das condições atuais de saúde bucal da população e, com isso, produzir dados básicos confiáveis que possam ser utilizados para o desenvolvimento de programas de saúde bucal. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M
MATERIAL E MÉTODOS A amostra para essa pesquisa foi extraída de um estudo conduzido pelo Instituto de Saúde Coletiva e pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal da Bahia. O desenho epidemiológico foi o transversal, e a população de referência se constituiu de escolares com 12 a 15 anos de idade (n = 220.300), matriculados em escolas de primeiro e segundo graus, públicas e privadas, de Salvador/BA, no ano de 2005. Essas idades foram selecionadas porque a Organização Mundial de Saúde (OMS)considera os 12 anos como a idade de comparação e vigilância internacional das doenças bucais, e os 15 anos, como a idade na qual a prevalência de cárie é mais significativa, visto que os dentes permanentes estão expostos de 3 a 9 anos no ambiente bucal18. A população desse estudo se constituiu de 2.100 escolares soteropolitanos (42,5% meninos e 57,5% meninas), sorteados através de uma amostra probabilística em múltiplo estágio, cujas unidades amostrais primárias representam o cadastro de escolas públicas e particulares da cidade, fornecido pelo Ministério da Educação. Foram sorteados 72 estabelecimentos de ensino (10% do total), pré-estratificados por Distrito Sanitário, obedecendo a proporcionalidade entre escolas públicas e privadas, de ensino fundamental e médio. Para o cálculo da amostra, foram utilizados dados populacionais da proporção de más oclusões aos 12 anos de idade, com uma prevalência estimada de 10% na maior severidade. O nível de significância adotado foi de 1% e o poder do teste foi de 90%. O número de indivíduos classificados como pertencentes ao grupo étnico negro foi de 486. O responsável por cada aluno selecionado assinou o termo de consentimento para a realização do estudo, que foi aprovado pelo comitê de Ética em pesquisa do ISC/UFBA, seguindo os requisitos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa adotou, para a categorização dos indivíduos na etnia negra, a classificação utilizada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (2004), levando em consideração os traços físicos predominantes. Os indivíduos foram avaliados utilizando-se o Índice de Estética Dentária (IED) de acordo com a metodologia proposta pela Organização Mundial da Saúde30.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Foram utilizadas sondas periodontais da OMS e espátulas de madeira descartáveis para o afastamento das bochechas e lábios. Todos os dados das más oclusões foram coletados por seis examinadores previamente calibrados em estudo piloto. O percentual de concordância geral foi de 98,16% e o kappa = 0,89, sendo a pior concordância entre os examinadores de 85,30%. Ambos os indicadores foram calculados a partir da média de concordância para cada dois examinadores. Observa-se que se obteve uma concordância considerada satisfatória pela OMS18 para os levantamentos epidemiológicos em saúde bucal. Os critérios de exclusão foram: » Aqueles estudantes que estavam sob tratamento ortodôntico. » Estudantes que já tinham sido submetidos a algum tratamento ortodôntico. Cada componente registrado foi multiplicado por seu coeficiente correspondente. Os produtos foram somados e adicionados à constante, para se obter o valor final do IED (Quadro 1). Os níveis de severidade e necessidade de tratamento ortodôntico podem ser classificados de acordo com o escore final em: a) sem anormalidade ou má oclusão
Condições 1
Componentes do IED
Peso
Número de dentes ausentes visíveis
6
Apinhamento nos segmentos incisais: 2
0 = nenhum segmento apinhado, 1 = 1
1
segmento apinhado, 2 = 2 segmentos apinhados Espaçamento nos segmentos incisais: 3
0 = nenhum espaçamento, 1 = 1 segmento com
1
espaço, 2 = 2 segmentos com espaço 4 5 6
Diastema mediano em milímetros
3
Maior desalinhamento anterior na maxila
1
em milímetros Maior desalinhamento anterior na mandíbula
1
em milímetros
7
Sobressaliência maxilar em milímetros
2
8
Sobressaliência mandibular em milímetros
4
9
Mordida aberta anterior em milímetros
4
Relação molar; maior desvio do normal para 10
mesial ou para distal: 0 = normal, 1 = ½ cúspide
3
para mesial ou para distal, 2 = 1 cúspide ou mais para mesial ou para distal
11
CONSTANTE Total
13 Escore IED
Quadro 1 - Valores e dados da equação padrão de regressão do IED (Fonte: Cons et al.8, 1986).
34.e3
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária
leve com nenhuma ou pouca necessidade de tratamento (≤25); b) má oclusão definida com necessidade eletiva de tratamento (26 a 30); c) má oclusão severa com indicação de tratamento altamente desejável (31 a 35); e d) má oclusão muito severa ou incapacitante, com imprescindível necessidade de tratamento (>36). Os dados foram digitados em uma planilha eletrônica no Microsoft Excel® 2003 e, posteriormente, exportados e analisados no programa SPSS 10.0 for Windows. Para efeito de análise, a severidade da má oclusão e a necessidade de tratamento ortodôntico foram dicotomizadas em: má oclusão leve e pouca necessidade de tratamento; e má oclusão severa e tratamento desejável, com o ponto de corte definido no escore 30. O nível de significância estabelecido para todas as análises foi de p<0,05.
26,28 ± 7,87; de 26,01 ± 7,78 para o sexo masculino e de 26,52 ± 7,96 para o feminino. Do total da amostra, 61% apresentaram escore final igual ou menor que a média. Observou-se em 76% (n = 369) uma baixa necessidade de tratamento ortodôntico, com escore máximo de 30, o que pode ser observado na Figura 1. Em contrapartida, 24% (n = 117) do grupo estudado apresentaram má oclusão severa, com uma alta necessidade de tratamento ortodôntico, sendo os escores superiores a 31 (Fig. 1). As Tabelas 2 e 3 apresentam, respectivamente, a distribuição dos componentes do IED de acordo com a classificação quanto à necessidade de tratamento e quanto à faixa etária. A primeira subcategoria dentro de cada componente caracteriza uma condição de oclusão normal7. O apinhamento dentário é uma das características oclusais que mais chamam a atenção (67,5%) no grupo com alta necessidade de tratamento ortodôntico, e sua presença aumenta com a idade. Entretanto, essa foi a única condição homogênea em diferentes graus de severidade. Em todos os outros componentes do IED — como overjet maxilar acentuado (65%), espaçamento (43,6%) e mordida aberta (40,2%) —, observou-se um aumento na presença e severidade, com diferença estatisticamente significativa. Testando-se a diferença entre os valores dos diversos componentes do IED entre as duas faixas etárias (agrupadas, para efeito de análise, em 12-13 e 14-15), observou-se a existência de uma associação entre a idade, a presença de dentes ausentes e a sobressaliência, onde a população de indivíduos mais jovens possuiu um maior número de dentes ausentes e maiores sobressaliências. Observou-se, também, um aumento significativo do apinhamento dentário com a idade.
RESULTADOS Dos 486 indivíduos negros, 236 (48,6%) eram do sexo masculino e 250 (51,4%) do sexo feminino. A média de idade dos indivíduos examinados foi de 13,5 anos (D.P. = 1,1), com mediana de 14. A maioria dos indivíduos (26,5%) tinha idade de 15 anos. Pode ser aferido estatisticamente que os indivíduos da idade de 15 anos do sexo masculino possuem uma menor necessidade de tratamento ortodôntico do que os demais (p < 0,05). A distribuição dos dados segundo a idade, sexo e necessidade de tratamento encontra-se disposta na Tabela 1. Com relação ao grau de severidade da condição oclusal, dois indivíduos tiveram a condição mais aceitável socialmente, cada um com um escore de 13. Apenas um indivíduo obteve o maior escore de severidade (69). A média do valor final do IED para toda a amostra foi de
Tabela 1 - Distribuição numérica e percentual dos indivíduos segundo a idade, necessidade de tratamento e sexo. Salvador, BA. 2004.
Sexo
Masculino
Feminino
Idade (anos)
Necessidade de Tratamento
12 n
13 %
14
n
%
n
15 %
n
% 92,7
Baixa
36
70,5
37
64,9
42
71,2
64
Alta
15
29,5
20
35,1
17
28,8
5
7,3
Baixa
49
80,3
51
72,8
44
74,6
46
76,6
Alta
12
19,7
19
27,2
15
25,4
14
23,3
*p > 0,05, sendo p = 0,001 para os 15 anos.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
34.e4
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M
Tabela 2 - Distribuição numérica e percentual das variáveis segundo a necessidade de tratamento. Salvador, BA. 2004. Necessidade de tratamento Condição
Dentes ausentes
Apinhamento em segmentos
Espaçamento em segmentos
Diastema em mm
Desalinhamento maxilar anterior em mm
Desalinhamento mandibular anterior em mm
Overjet maxilar em mm
Overjet mandibular em mm
Mordida aberta em mm
Relação molar de cúspide
Nenhuma/Eletiva
Altam. desej./ Imprescindível
n
%
n
%
0
362
98,1
100
85,5
≥1
7
1,9
17
14,5
0
202
54,7
38
32,5
1-2
167
45,3
79
67,5
0
240
65
66
56,4
1-2
129
35
51
43,6
0
291
78,9
80
68,4
>0
78
21,1
37
31,6
0-1
292
79,1
61
52,1
>1
77
20,9
56
47,9
0-1
328
88,9
81
69,2
>1
41
11,1
36
30,8
0-2
210
56,9
41
35
>2
159
43,1
76
65
0
358
97
104
88,9
>0
11
3
13
11,1
0
351
95,1
70
59,8
>0
18
4,9
47
40,2
Normal
236
64
33
28,2
Anormal
133
36
84
71
p valor
0,000
0,785
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,000
0,018
Tabela 3 - Distribuição numérica e percentual das variáveis segundo a faixa etária. Salvador, BA. 2004. Idade (anos) Condição
Dentes ausentes
Apinhamento em segmentos
Espaçamento em segmentos
Diastema em mm
Desalinhamento maxilar anterior em mm
Desalinhamento mandibular anterior em mm
Overjet maxilar em mm
Overjet mandibular em mm
Mordida aberta em mm
Relação molar de cúspide
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
12-13
14-15
p valor
n
%
n
%
0
221
92,5
241
97,6
≥1
18
7,5
6
2,4
0
124
51,9
116
47
1-2
115
48,1
131
53
0
149
62,3
157
63,6
1-2
90
37,7
90
36,4
0
180
75,3
191
77,3
>0
59
24,7
56
22,7
0-1
172
72
181
73,3
>1
67
28
66
26,7
0-1
197
82,4
212
85,8
>1
42
17,6
35
14,2
0-2
115
48,1
136
55,1
≥2
124
51,9
111
44,9
0
225
94,1
237
96
>0
14
5,9
10
4
0
209
87,4
212
85,8
>0
30
12,6
35
14,2
Normal
130
54,4
139
56,3
Anormal
109
45,6
108
43,7
34.e5
0,008
0,160
0,427
0,339
0,412
0,183
0,075
0,232
0,348
0,372
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária
Necessidade de Tratamento 100% 90% 80%
76%
70% 60% 50% 40%
24%
30% 20% 10% 0% Nenhuma / Eletiva
Altam. desejável / Imprescind.
Figura 1 - Distribuição numérica e percentual dos indivíduos de Etnia Negra, segundo a necessidade de tratamento. Salvador, BA. 2004.
DISCUSSÃO Os índices que aferem necessidade de tratamento ortodôntico garantem que indivíduos com necessidades similares tenham o mesmo grau de prioridade. Além disso, funcionam como uma ferramenta de comunicação entre os ortodontistas, pacientes e responsáveis2,3,11,23. No entanto, nenhum índice é aceito universalmente como meio para mensuração de todos os aspectos da necessidade de tratamento ortodôntico de indivíduos ou populações. Torna-se muito complicado elaborar um índice que leve em consideração todas as condições das más oclusões e que possa ser utilizado de forma consistente também por profissionais não especialistas em Ortodontia. Além disso, as percepções de más oclusões podem diferir entre os países e culturas, assim como entre faixas etárias. Por isso eles talvez não sejam válidos para diferentes sociedades20,24. A despeito das modificações propostas por Cons et al.8 para o uso do IED na dentição mista, o mesmo ainda é alvo de muitas críticas20. Apesar disso, o IED é o produto de extensivos testes estatísticos e pode ser considerado um bom instrumento de avaliação para se aferir severidade e necessidade de tratamento ortodôntico também no Brasil, segundo estudos de análise de consistência9. Ou seja, é considerado um índice transcultural, pois sintetiza padrões de estética dentária definidos socialmente nas características que ele avalia7, além de fornecer mais informação clínica do que outros índices, não subestimar a severidade da má oclusão e permitir uma maior flexibilidade de categorias para classificação do indivíduo. O presente estudo foi realizado na cidade de Salvador, no Nordeste brasileiro, que trata-se de uma cidade
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
desprovida de oferta de tratamento ortodôntico no setor público, onde os recursos são insuficientes para atender a população com necessidade de tratamento. A população da região metropolitana de Salvador é de origem multiétnica, com predominância dos segmentos afro-mestiços, ou seja, existe uma maior quantidade de indivíduos de etnia negra ou parda (67,2% da população)18. É indiscutível, também, a problemática de privação que tece a vida dessa população, em particular, no que diz respeito aos aspectos econômicos e sociais, que se interligam com as questões raciais do país, onde a etnia contribui para a maior ou menor exposição a diferentes riscos à saúde. Isso gera a hipótese de que os indivíduos pertencentes à etnia negra teriam uma menor assistência médico-odontológica e sofreriam de maiores danos físicos no que diz respeito à presença de más oclusões e assim, consequentemente, haveria um maior número de indivíduos com imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico comparado com os outros grupos étnicos. Entretanto, segundo os achados dessa pesquisa, 24% da população estudada apresentaram uma alta necessidade de tratamento, não diferindo dos resultados de estudo sem restrição étnica, como os de Abdullah e Rock1, que encontraram 24,1% da população demandando tratamento ortodôntico. Resultados semelhantes também foram encontrados nos estudos de Jenny et al.16, ao analisar nativos americanos; de Estioko, Wright e Morgan11, ao avaliar escolares australianos com 11 a 16 anos — apesar da média do escore final do IED ter sido um pouco maior nessa pesquisa —; e de Marques et al.18, ao avaliar escolares com 10 a 14 anos em Belo Horizonte no Brasil. Comparando com os escores do IED obtidos por Cons et al.8, a proporção de indivíduos necessitando de tratamento ortodôntico foi semelhante nesse estudo. Em outro estudo14 abrangendo apenas escolares de etnia negra da província de Limpopo, na África do Sul, observou-se que 26% dos indivíduos possuíam más oclusões definidas e severas, segundo a aplicação do IED. As características oclusais mais observadas no grupo com imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico foram o apinhamento dentário, seguido do overjet maxilar acentuado, corroborando os achados de Pires et al.22 ao examinar 141 escolares também em Salvador/BA, além de outros estudos4,18,26.
34.e6
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Farias ACR, Cangussú MCT, Ferreira RFA, Castellucci M
Más oclusões caracterizadas pelo apinhamento e overjet maxilar acentuado podem interferir nas relações sociais, uma vez que a estética facial é considerada um determinante significativo quanto às percepções e atribuições da sociedade e dos indivíduos em relação a si mesmos, sendo a insatisfação com a aparência a principal razão da busca pelo tratamento ortodôntico18. Com relação à idade, a média do IED caiu muito pouco dos 12 aos 15 anos. No entanto, os indivíduos mais velhos tiveram uma aparência dentária um pouco mais aceitável do que os indivíduos mais jovens. Observou-se uma diminuição da frequência da ausência dentária e do overjet maxilar. Fato que, provavelmente, ocorreu porque alguns indivíduos mais jovens apresentavam ausência clínica de alguns dentes por estarem no segundo período transicional, e devido ao surto de crescimento puberal, harmonizando a discrepância horizontal das bases ósseas maxilares5. Foi observado um aumento do apinhamento dentário com a idade. A presença de doença periodontal, cárie e perda precoce de elementos decíduos é fato de ocorrência frequente em populações mais carentes que vivem numa situação de ausência de tratamento odontológico básico. Assim, o desenvolvimento oclusal é negativamente influenciado pela migração mesial dos dentes, resultando em apinhamento dentário. Como asseveram Thilander et al.29, não se deve excluir a hipótese de que a falta de uma adequada higiene bucal explique, pelo menos parcialmente, a alta prevalência de apinhamento. Observa-se, no padrão facial do indivíduo negro brasileiro, a predominância da biprotrusão maxilar, caracterizada muitas vezes pelo apinhamento dentário anterior e consequente biprotrusão com incompetência labial. A tendência atual é a extração dos quatro primeiros pré-molares e retração máxima dos dentes anteriores. Esse tratamento tende a retrair os lábios e reduzir a convexidade facial. No entanto, a ideia de se corrigir a convexidade facial dos indivíduos negros é um pouco incerta na perspectiva de muitos profissionais. Quais serão as metas estéticas para esses pacientes? Será que os valores estéticos atuais permitem uma leve convexidade facial ou essa opinião tem sido modificada pela influência da sociedade? Na essência, qual seria a preferência do grupo étnico negro, um perfil reto ou convexo? Talvez uma situação de meio termo? Como a sociedade se torna cada vez mais
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
preocupada com a condição estética, os ortodontistas devem considerar a opinião do paciente. O profissional deve considerar as características do padrão étnico, visto que o conceito de beleza é subjetivo, tratando-se de uma questão individual, onde uma única pesquisa geral não pode ser aplicável a todas as pessoas de todos os grupos étnicos, de diferentes culturas. É impossível deixar de considerar alguns limites do estudo, fundamentados principalmente no indicador utilizado. O IED não mensura certas condições como sobremordida acentuada, desvio de linha média e mordida cruzada e aberta posterior, achados clínicos que também poderiam estar presentes nos indivíduos analisados e, muitas vezes, significativos na severidade e complexidade do caso. Como o delineamento proposto seguiu rigorosamente os pressupostos para se alcançar um estudo representativo dos escolares da cidade de Salvador, ao se extrapolar esses dados para os 220.300 estudantes da faixa etária de 12 a 15 anos, estima-se que pelo menos 52.872 escolares necessitavam de tratamento ortodôntico. Em Salvador, os serviços de saúde pública prestados à população não oferecem esse tratamento. É evidente a ausência de infraestrutura quanto aos aspectos políticos, sociais e operacionais face ao problema. CONCLUSÃO A maioria dos indivíduos (76%) observados nesse estudo possuía pouca ou nenhuma necessidade de tratamento ortodôntico. Cerca de 24% apresentaram uma condição de má oclusão severa, acarretando numa imprescindível necessidade de tratamento ortodôntico. As principais características oclusais encontradas no grupo com maior necessidade de tratamento ortodôntico foram o apinhamento dentário e a sobressaliência acentuada. A idade foi positivamente relacionada com a melhora do quadro do overjet maxilar e com a presença de apinhamento dentário anterior. Não houve diferença estatisticamente significativa, segundo o sexo, quanto à necessidade de tratamento. Torna-se fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que objetivem a inserção do tratamento ortodôntico entre os procedimentos dos programas de saúde, com a implementação e desenvolvimento de centros especializados.
34.e7
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Características oclusais e necessidade de tratamento ortodôntico em adolescentes de etnia negra, em Salvador/BA (Brasil): um estudo epidemiológico utilizando o índice de estética dentária
Referências
1.
Abdullah MS, Rock WP. Perception of dental appearance using index of
17. López FU, Cezar GM, Ghisleni GC, Farina JC, Beltrame KP, Ferreira ES.
treatment need (Aesthetic Component) assessments. Community Dent
Prevalência de maloclusão na dentição decídua. Rev Fac Odontol Porto
Health. 2002;19(3):161-5. 2. 3.
Alegre. 2001;43(2):8-11.
Baume LJ. A method for measuring occlusal traits. Int Dental J.
18. Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva AM.
1973;23:530-7.
Prevalência da maloclusão e necessidade de tratamento ortodôntico
Birkeland K, Boe OE, Wisth PJ. Relationship between occlusion and
em escolares de 10 a 14 anos de idade em Belo Horizonte, Minas Gerais,
satisfaction with dental appearance in orthodontically treated and
Brasil: enfoque psicossocial. Cad Saúde Pública. 2005;21(4):1099-106.
untreated groups. A longitudinal study. Eur J Orthod. 2000;22:509-18. 4.
19. Noronha CV, Machado EP, Tapparelli G, Cordeiro TRF, Laranjeira DHP,
Bittencourt LP, Pimentel EC, Modesto A, Bastos E. Frequência dos hábitos
Santos CAT. Violência, etnia e cor: um estudo dos diferenciais na região
orais e a severidade das maloclusões. 17ª Reunião Anual da SBPqO;
metropolitana de Salvador, Bahia, Brasil. Am J Public Health. 1999;5:4-5.
2000; Set 2; Aguas de Lindoia; 2000. 5.
20. Otuyemi D, Ogunyinka A, Dosumu O, et al. Percepções da estética dental
Björk A, Skieller V. Normal and abnormal growth of the mandible. A
nos Estados Unidos e Nigéria. Com Dent Oral Epid. 1998;26:418-20.
synthesis of longitudinal cephalometric implant studies over a period of 6.
21. Perin PCP. Prevalência de má oclusão e necessidade de tratamento
25 years. Eur J Orthod. 1983;5(1):1-46.
ortodôntico, comparando a classificação de Angle e o Índice de Estética
Brook PH, Shaw WC. The development of an index of orthodontic
Dentária, na cidade de Lins/SP [tese]. Lins (SP): Universidade Estadual
treatment priority. Eur J Orthod. 1989;11(3):309-20. 7.
Paulista; 2002.
Cons NC, Jenny J, Kohout FJ, Songpaisan Y, Jotikastira D. Utility of the
22. Pires DM, Rocha MCBS, Teixeira MCT. Prevalência de oclusopatias
dental aesthetic index in industrialized and developing countries. J Public
na dentadura mista em escolares - Salvador-BA. Rev Bras Odontol.
Health Dent. 1989;49(3):163-6. 8.
2001;58(6):414-7.
Cons NC, Jenny J, Kohout FJ. DAI: the Dental Aesthetic Index. Iwoa:
23. Proffit WR, Fields HW, Moray LJ. Prevalence of malocclusion and orthodontic
College of Dentistry, University of Iwoa; 1986. p. 134. 9.
treatment need in the United States: estimates from the NHANES III survey. Int
Cunha ACPP. Avaliação da capacidade dos índices DAI e IOTN em
J Adult Orthodon Orthognath Surg. 1998;13(2):97-106.
estabelecer a necessidade de tratamento ortodôntico [dissertação]. Natal
24. Saltzmann JA. Handicapping malocclusion assessment to establish
(RN): Universidade Federal do Rio Grande do Norte; 2002.
treatment priority. Eur J Orthod. 1968;54:749-65.
10. Draker HL. Handicapping labio-lingual deviations: A proposed index for
25. Shaw WC, Lewis HG, Robertson NRE. Perceptions of malocclusion.
public health purposes. Am J Orthod. 1960;46:295-305.
Br Dent J. 1975;138:211-6.
11. Estioko LJ, Wright FAC, Morgan MV. Orthodontic treatment need of
26. Silva Filho OG, Freitas SF, Cavassan AO. Prevalência de oclusão normal
secondary schoolchildren in Heidelberg, Victoria: an epidemiologic
e má oclusão na dentadura mista em escolares da cidade de Bauru
study using the Dental Aesthetic Index. Community Dent Health.
(São Paulo). Rev Assoc Paul Cir Dent. 1989;43(6):287-90.
1994;11(3):147-51.
27. Silva CHT, Araújo TM. Prevalência de más oclusões em escolares na
12. Frazão P. Epidemiologia da oclusão dentária na infância e os sistemas de
Ilha do Governador, Rio de Janeiro. Parte 1: Classes I, II e III e mordida
saúde [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 1999.
cruzada. Ortodontia. 1983;16(3):10-6.
13. Grainger RM. Orthodontic treatment priority index. 1000 PHSPN (Public
28. Summers CJ. The Occlusal Index: A system for identifying and scoring
Health Service publication number). ed. 2, n. 25. Washington, DC:
occlusal disorders. Am J Orthod. 1971;59(6):552-67.
Government Priting Office, 1967.
29. Thilander B, Pena L, Infante C, Parada SS, Mayorga C. Prevalence
14. Hlongwa P, Plessis JB. Malocclusions among 12-years-old school children in
of malocclusion and orthodontic treatment need in children and
Mankweng, Limpopo Province of South Africa. SADJ. 2005;60(10):455-57.
adolescents in Bogotá, Colômbia. An epidemiological study related to
15. Jenny J. A social perspective on need and demand for orthodontic
different stages of dental development. Eur J Orthod. 2001;23:153-67.
treatment. Int Dental J. 1975;25:248-56.
30. World Health Organization. Oral health surveys: basic methods. 4th ed.
16. Jenny J, Cons NC, Kohout FJ, Jakobsen J. Differences in need for
Geneva: ORH/EPID; 1997.
orthodontic treatment between Native Americans and the General Population based on DAI scores. J Public Health Dent. 1991;51:234-38.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
34.e8
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):34.e1-8
artigo inédito
Correção da Classe II com o aparelho MARA Kelly Chiqueto1, José Fernando Castanha Henriques2, Sérgio Estelita Cavalcante Barros3, Guilherme Janson4
Objetivo: avaliar os efeitos proporcionados pelo aparelho MARA no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão. Métodos: utilizou-se uma amostra de 44 jovens, divididos em dois grupos — Grupo MARA, com idade inicial média de 11,99 anos e tratado com o aparelho MARA por um período médio de 1,11 ano; e Grupo Controle, com idade inicial média de 11,63 ano e observado por um período médio de 1,18 ano, sem nenhum tratamento. Utilizou-se as telerradiografias em norma lateral para comparar os grupos quanto às variáveis cefalométricas das fases inicial e final. Para essas comparações, aplicou-se o teste t de Student. Resultados: o aparelho MARA proporcionou efeitos na restrição do crescimento maxilar, sem nenhuma alteração do desenvolvimento mandibular, com melhora da relação maxilomandibular, aumento da altura facial anteroinferior e inclinação anti-horária do plano oclusal funcional. Na arcada superior, os incisivos foram lingualizados e retruídos, e os molares foram distalizados e inclinados para distal. Na arcada inferior, ocorreu vestibularização e protrusão nos incisivos, e mesialização e inclinação mesial dos molares. Por fim, observou-se uma redução significativa nos trespasses horizontal e vertical, e uma melhora evidente na relação molar. Conclusão: pode-se concluir que o aparelho MARA foi eficaz na correção da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, promovendo alterações esqueléticas e, principalmente, dentárias. Palavras-chave: Má oclusão Classe II de Angle. Aparelhos ortodônticos funcionais. Avanço mandibular.
Como citar este artigo: Chiqueto K, Henriques JFC, Barros SEC, Janson G. Class II correction with MARA appliance. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):35-44.
Mestre e Doutora em Ortodontia pela Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. Coordenadora do curso de especialização em Ortodontia pela ABCD-BA. 2 Professor Titular do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. 3 Mestre, Doutor e Pós-doutorado em Ortodontia pela FOB-USP. Professor Adjunto de Ortodontia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul UFRGS. 4 Professor Titular e Chefe do Departamento de Odontopediatria, Ortodontia e Saúde Coletiva da Faculdade de Odontologia de Bauru, USP. 1
Enviado em: 31 de março de 2009 - Revisado e aceito: 22 de maio de 2009 » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Kelly Chiqueto Av. Bento Gonçalves, 1515 - apto 1904C, Santo Antônio – Porto Alegre/RS CEP: 90.650-002 – E-mail: kellychiqueto@yahoo.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
35
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):35-44
artigo inédito
Chiqueto K, Henriques JFC, Barros SEC, Janson G
para mesial. Esse efeito de mesialização dos molares é observado em vários estudos17,21,31. Considerando as relações dentárias, os trespasses horizontal e vertical foram significativamente reduzidos pelo aparelho MARA. Além disso, a relação molar apresentou uma melhora significativa. Provavelmente, a acentuada vestibularização ocorrida nos incisivos inferiores foi resultante da evidente correção da relação molar e também contribuiu para diminuir de forma mais intensa o trespasse vertical.
Neves20 e Lima15 encontraram uma vestibularização de 2,6° dos incisivos ao final do tratamento com o aparelho Jasper Jumper. Porém, como foi salientado pelas autoras, uma maior vestibularização deve ter ocorrido nos incisivos inferiores durante a fase de uso do Jasper Jumper. Posteriormente, após removido esse aparelho e durante a fase de finalização, pode ter ocorrido uma lingualização desses dentes, tanto pela tendência natural de recidiva quanto pela aplicação de torque lingual de coroa inserido na região anteroinferior do arco retangular. Avaliando os efeitos do aparelho Herbst na dentadura mista, Almeida et al.4 encontraram um vestibularização significativa dos incisivos inferiores, mostrada pelo aumento de 5° no valor do IMPA. Pancherz e Hansen23 compararam cinco tipos de ancoragem inferior do aparelho de Herbst e concluíram que nenhum foi eficaz no controle da vestibularização dos incisivos inferiores. Porém, Ruf, Hansen e Pancherz29 relataram que, apesar da grande vestibularização dos incisivos inferiores, não se observam recessões gengivais ao término do tratamento, concordando com outros autores que afirmam que a maior inclinação encontrada não foi demonstrada como prejudicial1. Nos molares inferiores, observou-se uma mesialização e inclinação mesial estatisticamente maior no grupo MARA que no Controle. Na correção da má oclusão de Classe II, é desejável que os molares movimentem-se
CONCLUSÕES O aparelho MARA foi eficaz na correção da má oclusão de Classe II, 1ª divisão, promovendo mais efeitos dentoalveolares do que esqueléticos, sendo que as alterações esqueléticas ocorreram predominantemente na maxila, com restrição do seu crescimento, sem efeitos significativos na mandíbula. Além disso, promoveu aumento na dimensão vertical da face. Quanto às alterações dentárias, os incisivos superiores foram inclinados para lingual e retruídos. Os molares superiores apresentaram uma distalização e inclinação distal. Os incisivos inferiores inclinaram para vestibular e protruíram. Os molares inferiores apresentaram mesialização e inclinação mesial. O MARA promoveu uma melhora significativa nas relações dentárias (trespasses horizontal e vertical e relação molar).
Referências
1.
Allais D, Melsen B. Does labial movement of lower incisors influence the
7.
level of the gingival margin? A case-control study of adult orthodontic
tomographic evaluation of Herbst treatment in the mixed dentition. Am J
patients. Eur J Orthod. 2003;25(4):343-52. 2.
Allen-Noble PS. Clinical management of the MARA: A manual for
3.
Almeida MR, Henriques JF, Almeida RR, Almeida-Pedrin RR, Ursi W.
Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(4):435-43. 8.
Cureton SL, Regennitter F, Orbell MG An accurate, inexpensive headgear
9.
DeVincenzo JP. Changes in mandibular length before, during, and after
orthodontists and staff. Sturtevant: Ormco Corporation; 2002.
timer. J Clin Orthod. 1991;25(12):749-54.
Treatment effects produced by the Bionator appliance. Comparison with
successful orthopedic correction of Class II malocclusions, using a
an untreated Class II sample. Eur J Orthod. 2004;26(1):65-72. 4.
functional appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991;99(3):241-57.
Ameida MRA, Henriques JFC, Almeida RR, Ursi W, Almeida-Pedrin RR,
10. Eckhart JE, White LW. Class II therapy with the Mandibular Anterior
McNamara JA Jr. Efeitos dentoesqueléticos produzidos pelo aparelho
Repositioning Appliance. World J Orthod. 2003;4(2):135-44.
de Herbst na dentadura mista. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial.
11. Gönner U, Ozkan V, Jahn E, Toll DE. Effect of the MARA appliance on the
2006;11(5):21-34. 5.
position of the lower anteriors in children, adolescents and adults with
Angelieri F. Comparação dos efeitos cefalométricos promovidos pelos
Class II malocclusion. J Orofac Orthop. 2007;68(5):397-412.
aparelhos extrabucal cervical e pendulum [tese]. Bauru (SP): Universidade 6.
Croft RS, Buschang PH, English JD, Meyer R. A cephalometric and
12. Karacay S, Akin E, Olmez H, Gurton AU, Sagdic D. Forsus Nitinol
de São Paulo; 2005.
Flat Spring and Jasper Jumper corrections of Class II division 1
Covell DA Jr, Trammell DW, Boero RP, West R. A cephalometric study
malocclusions. Angle Orthod. 2006;76(4):666-72.
of Class II division 1 malocclusions treated with the Jasper Jumper appliance. Angle Orthod. 1999;69(4):311-20.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
43
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):35-44
artigo inédito
Correção da Classe II com o aparelho MARA
13. Kinzinger G, Ostheimer J, Förster F, Kwandt PB, Reul H, Diedrich P. Development of a new fixed functional appliance for treatment of skeletal Class II malocclusion first report. J Orofac Orthop. 2002;63(5):384-99. 14. Küçükkeleş N, Ilhan I, Orgun IA. Treatment efficiency in skeletal Class II patients treated with the jasper jumper. Angle Orthod. 2007;77(3):449-56. 15. Lima KJS. Comparação das alterações dentoesqueléticas promovidas pelos aparelhos Jasper Jumper e Ativador combinado à ancoragem extrabucal seguido de aparelho fixo, no tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão [tese]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2007. 16. McNamara JA Jr, Bookstein FL, Shaughnessy TG. Skeletal and dental changes following functional regulator therapy on Class II patients. Am J Orthod. 1985;88(2):91-110. 17. McNamara JA Jr, Howe RP, Dischinger TG. A comparison of the Herbst and Frankel appliances in the treatment of Class II malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;98(2):134-44. 18. Moro A, Janson G, de Freitas MR, Henriques JF, Petrelli NE, Lauris JP. Class II Correction with the Cantilever Bite Jumper. A variant of the Herbst. Angle Orthod. 2009;79(2):221-9. 19. Nahás ACR. Estudo cefalométrico das alterações dento-esqueléticas da má oclusão de Classe I, divisão 1 tratada com o aparelho de Herbst e o aparelho extrabucal de tração occipital [tese]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; 2004. 20. Neves LS. Estudo comparativo dos efeitos do tratamento da má oclusão de Classe II, 1ª divisão com os aparelhos Jasper Jumper e Bionator, associados ao aparelho fixo [tese]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru, Universidade de São Paulo; 2007. 21. Pancherz H. The Herbst appliance--its biologic effects and clinical use. Am J Orthod. 1985;87(1):1-20. 22. Pancherz H, Anehus-Pancherz M. The headgear effect of the Herbst appliance: a cephalometric long-term study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(6):510-20. 23. Pancherz H, Hansen K. Occlusal changes during and after Herbst treatment: a cephalometric investigation. Eur J Orthod. 1986;8(4):215-28. 24. Pancherz H, Zieber K, Hoyer B. Cephalometric characteristics of Class II division 1 and Class II division 2 malocclusions: a comparative study in children. Angle Orthod. 1997;67(2):111-20.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
25. Pangrazio-Kulbersh V. Entrevista. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2008;13(2):29-33. 26. Pangrazio-Kulbersh V, Berger JL, Chermak DS, Kaczynski R, Simon ES, Haerian A. Treatment effects of the mandibular anterior repositioning appliance on patients with Class II malocclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;123(3):286-95. 27. Popowich K, Nebbe B, Major PW. Effect of Herbst treatment on temporomandibular joint morphology: a systematic literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;123(4):388-94. 28. Rondeau B. MARA appliance. Funct Orthod. 2002;19(2):4-12, 14-6. 29. Ruf S, Hansen K, Pancherz H. Does orthodontic proclination of lower incisors in children and adolescents cause gingival recession? Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;114(1):100-6. 30. Ruf S, Pancherz H. Does bite-jumping damage the TMJ? A prospective longitudinal clinical and MRI study of Herbst patients. Angle Orthod. 2000;70(3):183-99. 31. Valant JR, Sinclair PM. Treatment effects of the Herbst appliance. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1989;95(2):138-47. 32. Von Bremen J, Pancherz H. Efficiency of early and late Class II Division 1 treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(1):31-7. 33. Voudouris JC, Kuftinec MM. Improved clinical use of Twin-block and Herbst as a result of radiating viscoelastic tissue forces on the condyle and fossa in treatment and long-term retention: growth relativity. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(3):247-66. 34. Voudouris JC, Woodside DG, Altuna G, Angelopoulos G, Bourque PJ, Lacouture CY, Kuftinec MM. Condyle-fossa modifications and muscle interactions during Herbst treatment, Part 2. Results and conclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;124(1):13-29. 35. Voudouris JC, Woodside DG, Altuna G, Kuftinec MM, Angelopoulos G, Bourque PJ. Condyle-fossa modifications and muscle interactions during Herbst treatment, Part 1. New technological methods. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;123(6):604-13.
44
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):35-44
artigo inédito
Mola verticalizadora de molares apoiada em mini-implante: descrição Antônio Carlos de Oliveira Ruellas1, Matheus Melo Pithon2, Rogério Lacerda dos Santos3
Introdução: desde o surgimento dos mini-implantes como recurso de ancoragem ortodôntica, muitas aplicações têm sido descritas na literatura. Entre essas, cita-se a verticalização de molares inclinados para mesial. No entanto, pouco se fala da correta aplicação das forças ortodônticas nesses dispositivos, sob o ponto de vista mecânico. Objetivos: o objetivo desse artigo foi demonstrar uma mola mini-implante suportada para verticalizar molares inclinados para mesial. Com esse dispositivo consegue-se correta aplicação da mecânica ortodôntica, favorecendo movimentos mais previsíveis e minimizando os movimentos indesejáveis. Palavras-chave: Dente molar. Ortodontia corretiva. Implante dentário.
INTRODUÇÃO A perda precoce de molares decíduos ou mesmo a perda de primeiros molares permanentes são problemas clínicos rotineiros na clínica ortodôntica e resultam na inclinação mesial dos primeiros molares, ou de segundos e terceiros molares, dependendo do dente extraído ou ausente1,2. A inclinação mesial favorece o aparecimento de defeitos ósseos verticais e bolsas infraósseas na região mesial dos molares, a migração distal dos pré-molares, extrusão do molar antagonista, contatos prematuros em
relação cêntrica, interferências oclusais nos movimentos de lateroprotrusão além de dificultar a confecção de prótese, quando a inclinação é excessiva3,4. A verticalização do molar para a sua correta posição leva à normalização da situação oclusal funcional e periodontal, possibilitando o posicionamento das raízes perpendicularmente ao plano oclusal, de forma que resista melhor às forças oclusais e facilite o plano de inserção da prótese paralelamente ao longo do eixo do dente5.
Como citar este artigo: Ruellas ACO, Pithon MM, Santos RL. Miniscrew-supported coil spring for molar uprighting: description. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):45-9.
Professor Associado de Ortodontia da UFRJ. 2 Professor da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). 3 Professor da Universidade Federal de Campina Grande. 1
Enviado em: 17 de abril de 2009 - Revisado e aceito: 8 de junho de 2009 » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Antônio Carlos de Oliveira Ruellas Rua Rodolpho Paulo Rocco, 325, Cidade Universitária, Rio de Janeiro/RJ CEP: 21.941-617 – E-mail: antonioruellas@yahoo.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
45
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):45-9
artigo inédito
Ruellas ACO, Pithon MM, Santos RL
distal ao tubo, o qual pode ser conseguido com gancho soldado no tubo molar ou colocação de gancho auxiliar com a utilização de tubo duplo. A função desse gancho é minimizar o efeito extrusivo, aumentar o efeito de verticalização do molar e tracionar o molar para mesial. Sempre lembrando que tudo isso dependerá do comprimento vertical dessa haste distal e da resultante das forças aplicadas. A altura do gancho em que o elástico em cadeia está inserido é responsável pelo controle da extrusão do molar: quanto maior o gancho, maior o momento mesial de raiz. Entretanto, menor controle vertical ocorrerá, visto que se aproxima do centro de resistência, diminuindo o vetor de intrusão. A escolha do local de inserção do mini-implante se deve ao fato da necessidade de se ter uma alternativa nos casos onde não é possível a colocação dos mini-implantes na região retromolar, como nos casos em que os terceiros molares ainda não tenham sido extraídos e se posicionam intraósseos. Outra contraindicação seria nos casos onde essa área se mostra diminuta e com pouca ou nenhuma gengiva inserida, com predominância de mucosa alveolar.
vista mecânico, possibilitando a obtenção de resultados previsíveis ao final do tratamento. A mola deve ser confeccionada com fio de secção retangular, permitindo um maior controle tridimensional. O material usado para sua confecção pode ser o aço inoxidável ou TMA: a escolha da liga está na dependência da flexibilidade exigida pelo caso, sendo o TMA o material de eleição para dentes com maior comprometimento periodontal — em virtude de liberação de forças mais suaves — e em casos de dentes com severa inclinação mesial. A confecção da alça com helicoide proporciona maior flexibilidade, além de exercer função fundamental quando se necessita de movimentos de abertura ou fechamento de espaços. Quando opta-se por abrir o espaço, a alça é aberta, ficando comprimida entre o mini-implante e o dente; visto que o mini-implante não se movimenta, a tendência é a verticalização associada à distalização do molar. Entretanto, quando o plano de tratamento for favorável ao fechamento de espaço, procedimento contrário deve ser realizado, ou seja: fechar a alça e distendê-la em direção mesial, encaixando-a no mini-implante ativada e gerando força para mesial. A presença da alça proporciona um fechamento ou abertura de espaço mais efetivo, uma vez que se trata de uma mecânica sem atrito. Nessas situações onde se necessita de movimento radicular efetivo, dobra tip-back é realizada na extremidade final da mola, fazendo com que atue um momento mesial de raiz. Para melhor controle do movimento do molar, é inserido um gancho vertical no segmento de arco
CONCLUSÕES A utilização da mola com alça apoiada em mini-implantes como ancoragem é um método simples e eficaz na verticalização de molares. Uma gama de ativações pode ser conseguida, proporcionando movimentos variados e com previsibilidade, principalmente em casos onde a inserção do mini-implante na região retromolar é contraindicada.
Referências
1.
Haralabakis NB, Tsianou A, Nicolopoulos C. Surgical correction of mesially
7.
Carano A, Testa M, Siciliani G. The Distal Jet for uprighting lower molars.
8.
Upadhyay M, Yadav S. Mini-implant for intrusion: is it always justified? Am J
9.
Moon CH, Lee DG, Lee HS, Im JS, Baek SH. Factors associated with the
impacted mandibular second molars. J Clin Orthod. 2003;37(4):209-12;
J Clin Orthod. 1996;30(12):707-10.
quiz 204. 2.
Lee KJ, Park YC, Hwang WS, Seong EH. Uprighting mandibular second
Orthod Dentofacial Orthop. 2007;131(3):298.
molars with direct miniscrew anchorage. J Clin Orthod. 2007;41(10):627-35. 3.
Sawicka M, Racka-Pilszak B, Rosnowska-Mazurkiewicz A. Uprighting partially
success rate of orthodontic miniscrews placed in the upper and lower
impacted permanent second molars. Angle Orthod. 2007;77(1):148-54. 4.
posterior buccal region. Angle Orthod. 2008;78(1):101-6.
Sohn BW, Choi JH, Jung SN, Lim KS. Uprighting mesially impacted second
10. Majourau A, Norton LA. Uprighting impacted second molars with
molars with miniscrew anchorage. J Clin Orthod. 2007;41(2):94-7. 5.
segmented springs. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107(3):235-8.
Weiland FJ, Bantleon HP, Droschl H. Molar uprighting with crossed tipback
11.
springs. J Clin Orthod. 1992;26(6):335-7. 6.
Miao YQ, Zhong H. An uprighting appliance for impacted mandibular second and third molars. J Clin Orthod. 2006;40(2):110-6.
Gracco A, Lombardo L, Cozzani M, Siciliani G. Uprighting mesially inclined mandibular second molars with a modified Uprighter Jet. J Clin Orthod. 2007;41:281-4.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
49
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):45-9
artigo inédito
Correlação entre medidas transversais e verticais em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas através da análise frontal de Ricketts-Faltin Regina Helena Lourenço Belluzzo1, Kurt Faltin Jr2, Cristina Ortolani2, Adolpho Chelotti3
Introdução: atualmente no diagnóstico ortodôntico, além da análise cefalométrica lateral — que avalia os sentidos anteroposterior e vertical —, deve-se acrescentar a análise no sentido frontal, a qual propicia outra dimensão importante no espaço, a transversal. Objetivo: poucas são as amostras longitudinais publicadas utilizando telerradiografias frontais; portanto, o presente estudo cefalométrico teve o intuito de correlacionar as medidas transversais e verticais por meio da análise frontal de Ricketts-Faltin, em dois tempos radiográficos. Métodos: a amostra constou de 45 crianças brasileiras, sendo 25 meninas e 20 meninos, todos apresentando dentição mista, com perfil harmonioso e sem nunca terem sido tratadas ortodonticamente e/ou ortopedicamente. A idade média inicial (T1) foi de 7,7 anos e a final (T2) de 13,3 anos. As medidas avaliadas foram: DTF, DTMx, DTN, DTII e DTMd (transversais); DVO e DVT (verticais). Resultados: todas as medidas transversais estavam correlacionadas positivamente, em grau médio ou forte, entre si e com as medidas verticais; somente DTII estava correlacionada em grau fraco com essas medidas. Conclusão: concluiu-se que a face possui regiões interdependentes, e assim mantém-se mesmo com o crescimento. Palavras-chave: Telerradiografia frontal. Estudo longitudinal. Correlação.
Como citar este artigo: Belluzzo RHL, Faltin Jr K, Ortolani C, Chelotti A. Correlation between transverse and vertical measurements in Brazilian growing patients, evaluated by Ricketts-Faltin frontal analysis. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):50-4.
Professora adjunta da UNIP, disciplina de Ortodontia/Ortopedia Facial. Professor Titular do Mestrado Acadêmico em Ortodontia/Ortopedia Facial da UNIP. 3 Ex-professor Titular da Disciplina de Odontopediatria na UNIP. 1 2
Enviado em: 24 de abril de 2009 - Revisado e aceito: 20 de junho de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Regina Helena Lourenço Belluzzo E-mail: rebelluzzo@ortodontista.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
50
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):50-4
artigo inédito
Correlação entre medidas transversais e verticais em pacientes brasileiros em crescimento avaliadas através da análise frontal de Ricketts-Faltin
A DTMd representa a largura transversal óssea da mandíbula, sua avaliação no diagnóstico diferencial de cirurgia ortognática é imprescindível, fornecendo o valor real da largura mandibular, a qual pode se correlacionar com a largura maxilar, permitindo verificar-se precisamente onde está o problema. A DTMd mostrou-se correlacionada de forma positiva e em grau médio com as medidas transversais DTF e DTMx e com as verticais DVO e DVT (correlações que mantiveram-se em T2). A DVO representa a altura da face média no sentido vertical e, como visto anteriormente, essa variável se correlaciona positivamente, em grau fraco ou médio, com todas as medidas transversais e verticais estudadas (tanto em T1 quanto em T2), menos com a DTII, que apresentou grau muito fraco de correlação positiva. Houve, porém, uma correlação forte, a maior desse estudo, com a variável DVT, aumentando com o crescimento. A DVT fornece a altura total da face no sentido vertical. Essa variável também se correlacionou positivamente, de forma média, com todas as medidas transversais e
verticais estudadas, com forte correlação positiva com a variável DVO; menos com a DTII, com a qual mostrou correlação positiva fraca. Isso mostra que as medidas transversais da face estão inter-relacionadas entre si e essa inter-relação se mantém ou aumenta com o crescimento. A DTII, sendo uma medida dentária, mostrou que se comporta de forma independente das medidas ósseas. E a DVO e a DVT foram as medidas que tiveram a maior correlação desse estudo, mostrando que a face, além do crescimento transverso, possui uma dimensão importante a ser considerada, a vertical. CONCLUSÃO Tendo em vista os resultados obtidos, pode-se concluir, para a amostra estudada, que a face mantém regiões interdependentes que se correlacionam entre si positivamente, tanto no sentido transverso quanto no sentido vertical, relações que se mantêm ou se fortalecem com o crescimento.
Referências 1.
Araujo TM, Wilhelm RS, Almeida MA. Skeletal and dental arch
14. Michelon D. Estudo de grandezas cefalométricas em telerradiografias
assymmetries in Class II division 1 subdivision malocclusions. J Clin
em norma frontal [tese]. Piracicaba (SP): Universidade Estadual de
Pediatr Dent. 1994;18(3):181-5.
Campinas; 1999.
2. Athanasiou AE, Droschl H, Bosch C. Data and patterns of transverse
15. Mulick JF. Clinical use of the frontal headfilm. Angle Orthod.
dentofacial structure of 6- to 15-year-old children: A posteroanterior
1965;35(4):299-304. 16. Peck S, Peck L, Kataja M. Skeletal assymmetry in esthetically pleasing
cephalometric study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(5):465-71. 3.
Broadbent BH. A new x-ray technique and its application to orthodontia.
faces. Angle Orthod. 1991;61(1):43-8. 17. Richardson ME. The reproducibility of measurements on depressed
Angle Orthod. 1931;1(2):45-66. 4.
Broadbent BH. Bolton standards and technique in orthodontic practice.
posteroanterior cephalometric radiographs. Angle Orthod. 1967;37(1):48-51. 18. Ricketts RM. Perspectives in the clinical application of cephalometrics -
Angle Orthod. 1937;4(7):209-33. 5.
Engel G, Spolter BM. Cephalometric and visual norms for a Japanese
The first fifty years. Angle Orthod. 1981;51(2):115-50. 19. Ricketts RM. Orthodontic diagnosis and planning cephalometric systems.
population. Am J Orthod. 1981;80(1):48-60. 6.
Ghafari J, Cater PE, Shofer FS. Standardizing film distance on
St. Louis: Rocky Mountain; 1982. 20. Sato K. Estudo cefalométrico radiográfico de padrões crânio-faciais,
cephalometric measurements. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 7.
1995;108(1):30-7.
em normas lateral e frontal, em adolescentes brasileiros, leucodermas,
Grummons DC, Van de Coppello K. A frontal assymmetry analysis. J Clin
com oclusão dentária normal [tese]. São Paulo (SP): Universidade de São
Orthod. 1987;21(7):448-65. 8.
Paulo; 1982.
Hofrath H. Die bedeutung der rontgenfern und abstrandsaufnahme
21. Silva JJ, Oliveira MG. Estudo cefalométrico computadorizado, em norma
fur die diagnostik der kieferanomalien. Fortschritte der
frontal, de dimensões lineares e angulares em indivíduos da raça negra.
Orthodontik.1931;1:232-58. 9.
Rev Fac Odontol Porto Alegre. 1997;38(1):7-11.
Huertas D, Ghafari J. New posteroanterior cephalometric norms: A
22. Snodell SF, Nanda RS, Currier GF. A longitudinal cephalometric study of
comparison with craniofacial measures of children treated with palatal
transverse and vertical craniofacial growth. Am J Orthod Dentofacial
expansion. Angle Orthod. 2001;71(4):285-92.
Orthop. 1993;104(5):471-83.
10. Janson GR, Metaxas A, Woodside DG, de Freitas MR, Pinzan A.
23. Vasconcellos FAF. Avaliação das assimetrias faciais em traçados
Three-dimensional evaluation of skeletal and dental asymmetries in
cefalométricos obtidos por meio de telerradiografias em norma frontal
Class II subdivision malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
de pacientes leucodermas brasileiros com oclusão normal [dissertação].
2001;119(4):406-18.
São Paulo (SP): Universidade de São Paulo; 2001. 24. Wei SHY. Craniofacial width dimensions. Angle Orthod. 1970;40(2):141-9.
11. Faltin Jr K. Diagnóstico Ortodôntico - Aula: análise cefalométrica frontal
25. Yoon YJ, Kim DH, Yu PS, Kim HJ, Choi EH, Kim KW. Effect of head
de Ricketts-Faltin. Comunicação pessoal. Universidade Paulista, Instituto de Ciências e Saúde, Faculdade de Odontologia; 1999.
rotation on posteroanterior cephalometric radiographs. Angle Orthod.
12. Langlade M. Diagnóstico ortodôntico. São Paulo: Ed. Santos; 1993.
2002;72(1):36-42.
p. 193-204. 13. Lundstr MA. Some assymmetries of the dental arches, jaws, and skull, and their etiological significance. Am J Orthod. 1961;47(2):81-106.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
54
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):50-4
artigo inédito
Análise in vitro da degradação de força de cadeias elastoméricas utilizadas em Ortodontia André Weissheimer1, Arno Locks2, Luciane Macedo de Menezes3, Adriano Ferreti Borgatto4, Carla D’Agostini Derech5
Objetivo: analisar, in vitro, a degradação de força, ao longo do tempo, de elastômeros das marcas comerciais American Orthodontics, Morelli, Ormco e TP Orthodontics. Métodos: a amostra constituiu-se de 80 segmentos de elastômeros em cadeia fechada na cor cinza, divididos em quatro grupos, conforme o fabricante. A distensão foi padronizada em 21mm, com liberação de força inicial variando de 300 a 370g de força. As amostras foram mantidas em saliva artificial em temperatura constante de 37oC, e a força avaliada nos seguintes intervalos: inicial, 1h, 3h, 5h, 7h, 9h, 1 dia, 7 dias, 14 dias, 21 dias, 28 dias e 35 dias. Resultados: houve diferença estatisticamente significativa na degradação de força entre os grupos avaliados, sendo que no primeiro dia houve perda de 50 a 55% em relação à força inicial. Os valores médios de força em 35 dias variaram de 122 a 148g. Conclusão: todas as marcas comerciais apresentaram degradação de força ao longo do tempo, sendo que na primeira hora a perda de força esteve entre 59 e 69% da força inicial. Porém, como existe variação dessa degradação dependendo da marca comercial, estudos como esses são importantes para orientação do uso desses elastômeros. Palavras-chave: Elastômeros. Resistência à tração. Materiais biomédicos e odontológicos.
Como citar este artigo: Weissheimer A, Locks A, Menezes LM, Borgatto AF, Derech CA. In vitro evaluation of force degradation of elastomeric chains used in Orthodontics. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62.
Estudante do doutorado em Ortodontia na PUC-RS. 2 Professor de Ortodontia na UFSC. 3 Professora de Ortodontia da PUC-RS. 4 Professor de Estatística na UFSC. 5 Professora do curso de especialização em Ortodontia da UFSC. 1
Enviado em: 13 de maio de 2009 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Carla D’Agostini Derech Av. Rio Branco, 333/306 - Centro - CEP: 88.015-201 - Florianópolis/SC E-mail: carladerech@hotmail.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
55
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62
artigo inédito
Análise in vitro da degradação de força de cadeias elastoméricas utilizadas em Ortodontia
Referências
1.
Andreasen GF, Bishara S. Comparison of alastik chains to elastics involved
14. Lu TC, Wang WN, Tarng TH, Chen JW. Force decay of elastomeric
with intra-arch molar-to-molar forces. Am J Orthod. 1971;60(2):200-1. 2.
chain - a serial study. Part II. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Araujo FB, Ursi WJ. Estudo da degradação de força gerada por
1993;104(4):373-7.
elásticos ortodônticos sintéticos. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial.
15. Matta ENR, Chevitarese O. Avaliação laboratorial da força liberada por elásticos plásticos. Rev SBO. 1997;3(4):131-6.
2006;11(6):52-61. 3.
Ash JL, Nikolai RJ. Relaxation of orthodontic elastomeric chains and
16. Matta ENR, Chevitarese O. Deformação plástica de elásticos ortodônticos
4.
Baty DL, Storie DJ, von Fraunhofer JA. Synthetic elastomeric chains: a
17. Morton M. Rubber technology. 3rd ed. Londres: Chapman & Hall; 1995.
literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;105(6):536-42.
18. Nattrass C, Ireland AJ, Sherriff M. The effect of environmental factors
modules in vitro and in vivo. J Dent Res. 1978;57(5-6):685-90.
5.
em cadeia: estudo in vitro. Rev SOB. 1998;3(5):188-92.
Billmeyer FW. Textbook of polymer science. 3rd ed. New York: John
on elastomeric chain and nickel titanium coil springs. Eur J Orthod.
Wiley & Sons; 1984. 6.
1998;20(2):169-76.
De Genova DC, McInnes-Ledoux P, Weinberg R, Shaye R. Force
19. Ren Y, Maltha JC, Kuijpers-Jagtman AM. Optimum force magnitude
degradation of orthodontic elastomeric chains: a product comparison
for orthodontic tooth movement: a systematic literature review. Angle
study. Am J Orthod. 1985;87(5):377-84. 7.
Orthod. 2003;73(1):86-92.
Eliades T, Eliades G, Silikas N, Watts DC. In vitro degradation of
20. Stevenson JS, Kusy RP. Force application and decay characteristics of
polyurethane orthodontic elastomeric modules. J Oral Rehabil.
untreated and treated polyurethane elastomeric chains. Angle Orthod.
2005;32(1):72-7. 8.
1994;64(6):455-64.
Ferriter JP, Meyers CE Jr, Lorton L. The effect of hydrogen ion
21. Taloumis LJ, Smith TM, Hondrum SO, Lorton L. Force decay and
concentration on the force-degradation rate of orthodontic polyurethane
deformation of orthodontic elastomeric ligatures. Am J Orthod
chain elastics. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;98(5):404-10. 9.
Dentofacial Orthop. 1997;111(1):1-11.
Hershey HG, Reynolds WG. The plastic module as an orthodontic tooth-
22. Teixeira L, Pereira B do R, Bortoly TG, Brancher JA, Tanaka OM, Guariza-
moving mechanism. Am J Orthod. 1975;67(5):554-62.
Filho O. The environmental influence of Light Coke, phosphoric acid, and
10. Huget EF, Patrick KS, Nunez LJ. Observations on the elastic behavior of a
citric acid on elastomeric chains. J Contemp Dent Pract. 2008;9(7):1724.
synthetic orthodontic elastomer. J Dent Res. 1990;69(2):496-501.
23. von Fraunhofer JA, Coffelt MT, Orbell GM. The effects of artificial
11. Jeffries CL, von Fraunhofer JA. The effects of 2% alkaline glutaraldehyde solution on the elastic properties of elastomeric chain. Angle Orthod.
saliva and topical fluoride treatments on the degradation of the elastic
1991;61(1):25-30.
properties of orthodontic chains. Angle Orthod. 1992;62(4):265-74.
12. Josell SD, Leiss JB, Rekow ED. Force degradation in elastomeric chains.
24. Wong AK. Orthodontic elastic materials. Angle Orthod. 1976;46(2):196-205.
Semin Orthod. 1997;3(3):189-97.
25. Young J, Sandrik JL. The influence of preloading on stress relaxation of
13. Kovatch JS, Lautenschlager EP, Apfel DA, Keller JC. Load extension time
orthodontic elastic polymers. Angle Orthod. 1974;49(2):104-9.
behavior of orthodontic alastiks. J Dent Res. 1976;55(5):783-6.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
62
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):55-62
artigo inédito
Efeito da contaminação por saliva na resistência de união de um compósito resinoso hidrofílico Mauren Bitencourt Deprá1, Josiane Xavier de Almeida1, Taís de Morais Alves da Cunha2, Luis Filipe Siu Lon2, Luciana Borges Retamoso3, Orlando Motohiro Tanaka4
Objetivo: avaliar a influência da contaminação por saliva na resistência de união de braquetes metálicos colados ao esmalte com um compósito resinoso hidrofílico. Métodos: oitenta pré-molares foram divididos aleatoriamente em quatro grupos (n=20), de acordo com o material de colagem e a presença de contaminação — G1) colagem com Transbond XT na ausência de contaminação; G2) colagem com Transbond XT na presença de contaminação; G3) colagem com Transbond Plus Color Change na ausência de contaminação; G4) colagem com Transbond Plus Color Change na presença de contaminação. Os resultados foram tratados estatisticamente (ANOVA/Tukey). Resultados: as médias e desvios-padrão (MPa) foram G1 = 10,15 ± 3,75; G2 = 6,8 ± 2,54; G3 = 9,3 ± 3,36; G4 = 8,3 ± 2,95. O índice de adesivo remanescente (IAR) variou entre 0 e 1 no G1 e no G4; no G2, houve predomínio do escore 0 e distribuição similar no G3. Conclusão: a contaminação por saliva reduziu a resistência de união no grupo que usou a resina hidrofóbica Transbond XT. Por outro lado, a resina hidrofílica Transbond Plus Color Change não foi influenciada pela contaminação. Palavras-chave: Saliva. Braquetes ortodônticos. Resistência ao cisalhamento. Adesivos.
Como citar este artigo: Deprá MB, Almeida JX, Cunha TMA, Lon LFS, Retamoso LB, Tanaka OM. Saliva contamination effect on shear bond strength of hydrophilic composite resin. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8.
Estudante de graduação em Odontologia, PUCPR. Mestre em Odontologia, área concentração Ortodontia, PUCPR. 3 Estudante de doutorado em Materiais Dentários, PUCRS. 4 Professor Titular de Ortodontia, PUCPR. 1 2
Enviado em: 23 de junho de 2009 - Revisado e aceito: 12 de abril de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Orlando Tanaka Rua Imaculada Conceição, 1115 – CEP: 80.215-901 – Curitiba/PR E-mail: tanakaom@gmail.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
63
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8
artigo inédito
Efeito da contaminação por saliva na resistência de união de um compósito resinoso hidrofílico
resistência dos adesivos com prévio condicionamento ácido diminui após a termociclagem21. Já com aplicação de um adesivo autocondicionante, a resistência se mantém mesmo após a termociclagem. Saito et al.19 teorizam que esse fato é explicado pela hidrofilicidade e presença de HEMA nessas soluções autocondicionantes. Diante das propriedades descritas, recomendamos que, em situações de iminente contaminação por saliva, os braquetes sejam colados com sistema adesivo e compósito com características hidrofílicas, aumentando a
resistência adesiva e, consequentemente, a longevidade do procedimento de colagem. CONCLUSÃO A saliva reduz a resistência de união ao cisalhamento quando os braquetes são colados com a resina hidrofóbica Transbond XT. Entretanto, a resistência de união não é afetada pela contaminação por saliva quando os braquetes são colados com sistema adesivo e resina com propriedades hidrofílicas (Transbond Plus + Transbond Plus Color Change).
Referências
1.
Ajlouni R, Bishara SE, Oonsombat C, Denehy GE. Evaluation of modifying
15. Reddy L, Marker VA, Ellis E 3rd. Bond strength for orthodontic brackets
the bonding protocol of a new acid-etch primer on the shear bond strength
contaminated by blood: composite versus resin-modified glass ionomer
of orthodontic brackets. Angle Orthod. 2004;74(3):410-3. 2.
cements. J Oral Maxillofac Surg. 2003;61(2):206-13.
Artun J, Bergland S. Clinical trials with crystal growth conditioning as an
16. Retamoso LB, Collares FM, Samuel SMW, Ferreir ES. Influência do sistema
alternative to acid-etch enamel pretreatment. Am J Orthod. 1984;85(4):333-40. 3.
adesivo na resistência de união de “brackets”: um estudo in vitro. Rev Facul
Bishara SE, Gordan VV, VonWald L, Olson ME. Effect of an acidic primer
Odontol Porto Alegre. 2006; 47(3):17-22.
on shear bond strength of orthodontic brackets. Am J Orthod Dentofacial
17. Retamoso LB, Onofre NML, Marchioro EM. Avaliação de diferentes fontes de
Orthop. 1998;114(3):243-7. 4.
polimerização na resistência de união de braquetes. Rev Clín Ortod Dental
Bishara SE, Gordan VV, VonWald L, Jakobsen JR. Shear bond strength of
Press. 2008;7(2):74-8. 18. Romano FL, Tavares SW, Nouer DF, Consani S, Borges, AMMB. Shear bond
composite, glass ionomer, and acid primer adhesive systems. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;115(1):24-8. 5.
strength of metallic orthodontic brackets bonded to enamel prepared with
Bishara SE, VonWald L, Laffoon JF, Warren JJ. Effect of a self-etch primer/
self-etching primer. Angle Orthod. 2005;75(5):849-53.
adhesive on the shear bond strength of orthodontic brackets. Am J Orthod
19. Saito K, Sirirungrojying S, Meguro D, Hayakawa T, Kasai K. Bonding durability
Dentofacial Orthop. 2001;119(6):621-4. 6.
of using self-etching primer with 4-META/ MMA-TBB resin cement to bond
Bishara SE, Oonsombat C, Ajlouni R, Laffoon JF. Comparison of the shear
orthodontic brackets. Angle Orthod. 2005 Mar;75(2):260-5.
bond strength of 2 self-etch primer/adhesive systems. Am J Orthod
20. Schaneveldt S, Foley TF. Bond strength comparison of moisture-insensitive
Dentofacial Orthop. 2004;125(3):348-50. 7.
8.
primers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;122(3):267-73.
Brown CR, Way DC. Enamel loss during orthodontic bonding and
21. Sirirungrojying S, Saito K, Hayakawa T, Kasai K. Efficacy of using self-etching
subsequent loss during removal of filled and unfilled adhesives. Am J
primer with a 4-META/MMA-TBB resin cement in bonding orthodontic
Orthod. 1978;74(6):663-71.
brackets to human enamel and effect of saliva contamination on shear bond
Campoy MD, Vicente A, Bravo LA. Effect of saliva contamination on the
strength. Angle Orthod. 2004;74(2):251-8.
shear bond strength of orthodontic brackets bonded with a self-etching
22. Trites B, Foley TF, Banting D. Bond strength comparison of 2 self-etching
primer. Angle Orthod. 2005;75(5):865-9. 9.
primers over a 3-month storage period. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Carvalho RM, Yoshiyama M, Pashley EL, Pashley DH. In vivo study of the
2004;126(6):709-16.
dimensional changes of human dentin after demineralization. Arch Oral Biol.
23. Vicente A, Bravo LA, Romero M, Ortíz AJ, Canteras M. Shear bond strength
1996;41(4):369-77.
of orthodontic brackets bonded with self-etching primers. Am J Dent.
10. Carvalho RM. Adesivos dentinários: fundamentos para aplicação clínica. Rev
2005;18(4):256-60. 24. Webster MJ, Nanda RS, Duncanson MG Jr, Khajotia SS, Sinha PK. The effect
Dent Rest. 1998;1(2):62-95. 11. De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem
of saliva on shear bond strengths of hydrophilic bonding systems. Am J
M, Van Meerbeek B. A critical review of the durability of adhesion to tooth
Orthod Dentofacial Orthop. 2001;119(1):54-8.
tissue: methods and results. J Dent Res. 2005;84(2):118-32.
25. Yamada R, Hayakawa T, Kasai K. Effect of using self-etching primer for
12. Eliades T, Brantley WA. The inappropriateness of conventional orthodontic
bonding orthodontic brackets. Angle Orthod. 2002;72(6):558-64.
bond strength assessment protocols. Eur J Orthod. 2000;22(1):13-23.
26. Zachrisson BJ. A posttreatment evaluation of direct bonding.in orthodontics.
13. Joseph VP, Rossouw PE. The shear bond strengths of stainless steel
Am J Orthod. 1977;71(2):173-89.
orthodontic brackets bonded to teeth with orthodontic composite resin and
27. Zeppieri IL, Chung CH, Mante FK. Effect of saliva on shear bond strength
various fissure sealants. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;98(1):66-71.
of an orthodontic adhesive used with moisture-insensitive and self-etching
14. Rajagopal R, Padmanabhan S, Gnanamani J. A comparison of shear bond
primers. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;124(4):414-9.
strength and debonding characteristics of conventional, moisture-insensitive, and self-etching primers in vitro. Angle Orthod. 2004;74(2):264-8.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
68
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):63-8
artigo inédito
Estudo comparativo da deflexão e do comprimento anterior e posterior da base do crânio, em indivíduos Padrão I, II e III Guilherme Thiesen1, Guilherme Pletsch2, Michella Dinah Zastrow3, Caio Vinicius Martins do Valle4, Karyna Martins do Valle-Corotti5, Mayara Paim Patel6, Paulo Cesar Rodrigues Conti7
Objetivo: o presente estudo avaliou as variações da base craniana anterior (S-N), base craniana posterior (S-Ba), e ângulo de deflexão da base do crânio (SNBa) entre três diferentes padrões faciais (Padrão I, II e III). Métodos: selecionou-se uma amostra de 60 telerradiografias em norma lateral de pacientes brasileiros leucodermas, de ambos os sexos, com idades entre 8 anos e 17 anos. A amostra foi dividida em três grupos (Padrão I, II e III), sendo cada grupo constituído de 20 indivíduos. Os critérios de seleção dos indivíduos para cada grupo basearam-se nos valores de ANB, Wits e ângulo do contorno facial (Gl.Sn.Pg’). Para observar se houve diferença nos valores médios de SNBa, S-N e S-Ba entre os diferentes grupos, utilizou-se a Análise de Variância One Way - ANOVA, seguida de testes post-hoc de Scheffé. Resultados e Conclusões: não houve diferença estatisticamente significativa na deflexão da base do crânio entre os diferentes padrões faciais (Padrão I, II e III). Também não houve diferença significativa nos valores da base anterior e posterior do crânio entre o Padrão I e o Padrão II. Os valores médios de S-Ba apresentaram-se reduzidos no Padrão III, com diferença estatisticamente significativa. Os valores médios de S-N também se apresentaram reduzidos no Padrão III, embora sem diferença estatisticamente significativa. Essa tendência a valores reduzidos da base do crânio poderia explicar a deficiência maxilar e/ou prognatismo mandibular, características que podem estar presentes no Padrão III. Palavras-chave: Base do crânio. Ortodontia. Desenvolvimento maxilofacial. Face.
Como citar este artigo: Thiesen G, Pletsch G, Zastrow MD, Valle CVM, Valle-Corotti KM, Patel MP, Conti PCR. Comparative study of the flexure, anterior and posterior lengths of the cranial base in facial patterns I, II and III patients. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75.
Mestre em Ortodontia e Ortopedia Facial pela PUCRS. Professor de graduação e pós-graduação em Ortodontia da UNISUL e UNIASSELVI. 2 Especialista em Ortodontia pela UNISUL. 3 Mestre em Radiologia pela UFSC. Professora das disciplinas de Radiologia e Estomatologia da UNISUL. 4 Mestre em Ortodontia pela FOB-USP. Coordenador do curso de especialização em Ortodontia da Universidade Leonardo da Vinci, Florianópolis/SC. Estudante do doutorado em Reabilitação Oral na FOB-USP. 5 Mestre e Doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Professora Associada do Departamento de Ortodontia e do curso de Mestrado em Ortodontia da Universidade Cidade de São Paulo. 6 Mestre e Doutora em Ortodontia pela FOB-USP. Professora do Curso de Especialização em Ortodontia no Instituto Catarinense de Odontologia e Saúde. 7 Professor Titular do Departamento de Prótese da FOB-USP. 1
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Enviado em: 22 de setembro de 2009 - Revisado e aceito: 20 de janeiro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Guilherme Thiesen Av. Madre Benvenuta, 1285, Santa Mônica CEP: 88.035-001 – Florianópolis / SC E-mail: guilherme.thiesen@unisul.br
69
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75
artigo inédito
Thiesen G, Pletsch G, Zastrow MD, Valle CVM, Valle-Corotti KM, Patel MP, Conti PCR
excesso mandibular; separando o Padrão II por excesso maxilar e o Padrão II por deficiência mandibular, por exemplo), assim distinguindo o fator etiológico principal de cada padrão facial. A Ortodontia atual não mais aceita valores absolutos de normalidade. A harmonia facial é expressa por uma combinação de normas flutuantes para ângulos e proporções10, principalmente em uma população com grande miscigenação racial como a brasileira. Cada indivíduo apresenta uma arquitetura facial própria. Assim, o estudo de uma variável, isoladamente, não é suficiente para se compreender as características de um tipo facial. Porém, o ortodontista não deve esquecer que, em alguns casos, o fator morfológico causal de um padrão facial desarmonioso, como os Padrões II e III, pode advir de alterações presentes na base craniana, e não somente numa desproporção linear entre a estrutura da maxila e da mandíbula. Esse “elo perdido” muitas vezes acaba sendo negligenciado pelos profissionais na avaliação cra-
niofacial dos pacientes. Deve-se conhecer o papel que cada variável representa dentro de um todo, para assim conseguir diagnosticar a etiologia principal de determinada doença. CONCLUSÕES » Na amostra estudada, não houve diferença entre os valores médios do ângulo de deflexão da base do crânio (SNBa) nos diferentes padrões faciais (Padrão I, II e III). » Houve diferença estatisticamente significativa nos valores médios da base posterior do crânio (S-Ba) para o grupo Padrão III: nesse grupo, a base posterior do crânio apresentou-se diminuída em relação aos grupos Padrão I e II. » Embora não tenha apresentado diferença estatística, a base anterior do crânio (S-N) no grupo Padrão III apresentou-se reduzida, quando comparada à dos Padrões I e II.
Referências
1.
Anderson D, Popovich F. Relation of cranial base flexure to cranial form and
18. Marquez IM. Avaliação do padrão facial, preparo ortodôntico e capacidade
mandibular position. Am J Phys Anthropol. 1983;61(2):181-7. 2.
do tratamento cirúrgico em pacientes Classe III com prognatismo mandibular
Angle EH. Treatment of malocclusion of the teeth. Philadelphia: The S. S. With
[tese]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru; 1993.
Dental Manufacturing; 1907. 3.
Bishara SE. Ortodontia. São Paulo: Ed. Santos; 2004.
4.
Björk A. Cranial base development. Am J Orthod. 1955;41(3):198-225.
5.
Brodie AG Jr. The behavior of the cranial base and its components as revealed
19. Moore WJ, Lavelle CLB. Growth of the facial skeleton in the hominoidea. New York: Academic; 1974. 20. Mouakeh M. Cephalometric evaluation of craniofacial pattern of Syrian children with Class III maloclusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;119(6):640-9.
by serial cephalometric reontgenograms. Angle Orthod. 1955;25(3):148-160.
21. Moyers RE. Ortodontia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991.
6.
Capelozza Filho L. Diagnóstico em Ortodontia. Maringá: Dental Press; 2004.
22. Ngan PW, Byczek E, Scheick J. Longitudinal evaluation of growth changes in
7.
Coben SE. The integration of facial skeletal variants. Am J Othod.
Class II division 1 subjects. Semin Orthod. 1997;3(4):222-31.
1955;41(6):407-34. 8.
23. Ricketts RM. Planning treatment on the basis of the facial pattern and an
Dhopatkar A, Bhatia S, Rock P. An investigation into the relationship between the
estimative os its growth. Angle Orthod. 1957;27(1):14-37.
cranial base angle and malocclusion. Angle Orthod. 2002;72(5):456-63. 9.
24. Rothstein T, Yoon-Tarlie C. Dental and facial skeletal characteristics and growth
Enlow DH. Crescimento facial. 3ª ed. São Paulo: Artes Médicas; 1993.
of males and females with Class II, division 1 malocclusion between the ages
10. Faltin Jr. K. A individualização do diagnóstico e conseqüentes opções
of 10 and 14 (revisited) – Part I: characteristics of size, form, and position. Am J
de tratamento. In: Grupo brasileiro de Professores de Ortodontia e
Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(3):320-32.
Odontopediatria. São Paulo; 1997. p. 166-72.
25. Sandborn RT. Differences between the facial skeletal patterns of Class III
11. Ferner AG, Staubesand RT. Sobotta Atlas de Anatomia Humana. Rio de Janeiro:
malocclusion and normal occlusion. Angle Orthod. 1955;25(4):208-22.
Guanabara Koogan; 1983.
26. Scott JH. Dentofacial development and growth. Oxford: Pergamon; 1967.
12. Freitas JC. Influência da base craniana nas más oclusões [dissertação]. Rio de
27. Suguino R, Ramos AL, Terada HH, Furquim LZ, Maeda L, Silva OG Filho. Análise
Janeiro (RJ): Universidade Federal do Rio de Janeiro; 1983.
Facial. Rev Dental Press Ortod Ortop Maxilar. 1996;1(1):86-107.
13. Guyer EC, Ellis EE 3rd, McNamara JA Jr, Behrents RG. Components of Class III
28. Varrela J. Early developmental traits in Class II malocclusion. Acta Odontol
maloclusion in juveniles and adolescents. Angle Orthod. 1986;56(1):7-30.
Scand. 1998;56(6):375-7.
14. Jacobson A, Evans WG, Preston CB, Sadowsky PL. Mandibular prognathism. Am
29. Vion PE. Anatomia cefalométrica. São Paulo: Ed. Santos; 1994.
J Orthod. 1974; 66(2):140-71.
30. Weidenreich F. Some particulars of skull and brain of early hominids and their
15. Kasai K, Moro T, Kanazawa E, Iwasawa T. Relationship between cranial base and
bearing on the problem of the relationship between man and anthropoids. Am
maxilofacial morphology. Eur J Orthod. 1995;17(5):403-10.
J Phys Anthropol. 1947;5(4):387-427.
16. Klocke A, Nanda RS, Kahl-Nieke B. Skeletal Class II paterns in the primary dentition. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2002;121(6):596-601. 17. Lanza P, Santos Pinto A, Bolini PDA. Estudo cefalométrico do crescimento e flexão da base do crânio humano do nascimento aos seis meses de idade. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2003;7(2):33-9.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
75
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):69-75
artigo inédito
Avaliação periodontal de diferentes técnicas de escovação em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos Patricia Oehlmeyer Nassar1, Carolina Grando Bombardelli2, Carolina Schmitt Walker3, Karyne Vargas Neves3, Karine Tonet3, Rodolfo Nishimoto Nishi4, Roberto Bombonatti5, Carlos Augusto Nassar6
Introdução: o controle de placa bacteriana é o maior consenso durante o tratamento ortodôntico para prevenir a ocorrência de cáries e inflamação periodontal. O recurso mecânico de maior efetividade e uso frequente nesse controle é a higienização bucal. As técnicas de escovação dentária mais usadas por pacientes ortodônticos são: a friccional giratória de Ramfjord, a Stillman modificada e a sulcular de Bass. Objetivo: tendo em vista que estudos de controle avaliando a efetividade das técnicas de escovação mais comuns não demonstraram nenhuma superioridade clara, o objetivo desse estudo foi avaliar a efetividade de três técnicas de escovação, através dos parâmetros clínicos periodontais de pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos. Métodos: foram selecionados 30 pacientes, com idades entre 14 e 22 anos, portadores de aparelhos ortodônticos fixos. Após o final do tratamento periodontal básico, determinou-se o (1) Índice de Placa e o (2) Índice Gengival, e cada paciente foi incluído, aleatoriamente, em um dos três grupos, selecionados de acordo com a técnica de escovação (Grupo 1 = Técnica de esfregaço; Grupo 2 = Técnica de Stillman Modificada e Grupo 3 = Técnica de Bass). Os pacientes foram avaliados por um período total de 9 meses. Resultados: os resultados mostraram uma diminuição significativa dos parâmetros clínicos ao final desse período, porém houve uma redução muito significativa do Índice Gengival no grupo 3 (13,6%), em comparação aos demais grupos. Conclusão: pode-se sugerir que a Técnica de Bass pode ser efetiva na redução dos parâmetros clínicos periodontais de Índice de Placa e Índice Gengival em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos. Palavras-chave: Placa dentária. Escovação dentária. Aparelhos ortodônticos.
Como citar este artigo: Nassar PO, Bombardelli CG, Walker CS, Neves KV, Tonet K, Nishi RN, Bombonatti R, Nassar CA. Periodontal evaluation of different toothbrushing techniques in patients with fixed orthodontic appliances. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80.
Professora Adjunta da Disciplina de Periodontia da UNIOESTE (Cascavel/ PR). 2 Estudante de Especialização em Odontologia, UNIOESTE. 3 Graduada em Odontologia, UNIOESTE. 4 Especialista em Odontologia, UNIOESTE. 5 Professor Assistente da disciplina de Ortodontia da UNIOESTE. 6 Professor Adjunto da disciplina de Periodontia da UNIOESTE. 1
Enviado em: 14 de janeiro de 2010 - Revisado e aceito: 21 de abril de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Patricia Oehlmeyer Nassar Rua Pernambuco, 593 apto 504, Centro – CEP: 85.810-020 – Cascavel / PR E-mail: ponassar@yahoo.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
76
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80
artigo inédito
Avaliação periodontal de diferentes técnicas de escovação em pacientes portadores de aparelhos ortodônticos fixos
desse padrão no Índice de Placa, observando-se, ao final do período experimental, que: os pacientes que realizaram a Técnica de Esfregaço apresentaram 24,5% de placa; os que realizaram a Técnica de Stillman Modificada apresentaram 26,9%; e os pacientes que realizaram a Técnica de Bass apresentaram 24,8% de placa. Apesar disso, a diminuição no Índice de Placa pode não ter sido maior devido à faixa etária dos pacientes selecionados e pela pobre qualidade de técnica de escovação que esse pacientes apresentavam anteriormente1. Os índices de placa são úteis como indicadores da cooperação do paciente e sucesso com os procedimentos de controle diário de placa. No entanto, os níveis de placa, por si sós, não refletem necessariamente saúde gengival ou risco de progressão da doença, apesar de a placa estar altamente correlacionada com a presença de gengivite8. Em termos de predição de sucesso controlando-se a inflamação e reduzindo a chance de progressão da doença, o sangramento é de longe o melhor indicador10. Considerando-se o Índice Gengival avaliado nesse estudo, observou-se uma porcentagem de redução muito significativa desse índice no grupo que realizou a Técnica de Bass (13,6%). Isso pode ser explicado pelo fato de essa técnica enfatizar a colocação sulcular das cerdas, removendo a placa não somente da margem gengival, mas também subgengivalmente. Por meio da revisão de literatura, pode-se comprovar e demonstrar que, utilizando esse método de escovação, a eficiência da limpeza pode alcançar uma profundidade de 0,5mm subgengivalmente4. A Técnica de Bass requer paciência e posicionamento da escova de dentes em várias posições diferentes para
cobrir toda a dentição. Os pacientes precisam ser instruídos a escovar em uma sequência sistemática e controlada. Outros métodos de escovação, como a Técnica modificada de Stillman e Charters, são variações da Técnica de Bass também designadas para obter a completa remoção da placa das margens gengivais. Eles enfatizam a estimulação da circulação gengival, o que não demonstrou alcançar resultados reparadores melhores dos que os obtidos por meio de uma boa remoção de placa. Os princípios do método de Bass têm duas vantagens com relação a outras técnicas mais complexas: o movimento curto de vaivém é fácil de ser controlado, por ser um movimento familiar simples para a maioria dos pacientes que utilizam uma técnica de esfregaço. Ele concentra a ação de limpeza nas porções cervical e interproximal do dente, onde a placa bacteriana é mais acumulada10, comprovando a facilidade e eficácia dessa técnica. CONCLUSÃO Dentro dos limites desse estudo e com base na significância clínica dos resultados encontrados, pode-se concluir que todas as técnicas analisadas demonstraram efetividade no controle de placa bacteriana de pacientes portadores de aparelhos fixos. Entretanto, pode-se sugerir que a Técnica de Bass foi mais efetiva para a manutenção da saúde periodontal nesses pacientes por um período de 9 meses. Estudos mais abrangentes podem ser importantes para confirmar esses achados e demonstrar a efetividade dessa técnica na manutenção da saúde dos tecidos periodontais de pacientes portadores de aparelhos fixos.
Referências
1.
Arici S, Alkan A, Arici N. Comparison of different tooth brushing protocols in
7.
poor-tooth brushing orthodontic patients. Eur J Orthod. 2007;29(5):488-92. 2.
Couto JL, Couto RS, Duarte CA. Motivação do paciente: avaliação dos
8.
recursos didáticos de motivação para prevenção da cárie e doença 9.
Duarte CA, Lotufo RFM. Etiopatogenia da doença periodontal e cárie: importância
10. Perry DA. Controle de placa para o paciente periodontal. In: Newman MG,
promoção de saúde bucal. São Paulo: Artes Médicas; 1997. p. 29-50.
Takei HH, Klokkevold PR, Carranza FA. Periodontia Clínica. Rio de Janeiro:
Echeverría JJ, Sanz M. Controle mecânico da placa supragengival. In:
Elsevier; 2007. p. 733-44.
Lindhe J, Karring T, Lang NP. Tratado de Periodontia clínica e Implantologia
11. Ramaglia L, Sbordone L, Ciaglia RN, Barone A, Martina R. A clinical
Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 435-49. 5.
comparison of the efficacy and efficiency of two professional prophilaxis
Gusmão ES, Jovino-Silveira RC, Santos RL. Inter-relação da Periodontia com
procedures in orthodontic patients. Eur J Orthod. 1999;21(4):423-8.
a Ortodontia. In: Paiva JS, Almeida R. Periodontia: a atuação clínica baseada
12. Silness J, Loe H. Periodontal disease in pregnancy. II. Correlation between
em evidências científicas. São Paulo: Artes Médicas; 2005. p. 423-5. 6.
Mendes MMSG, Zenóbio EG, Pereira OL. Agentes químicos para controle de placa bacteriana. Rev Periodontia. 1995;5:252-6.
da placa bacteriana. In: Lascala NT. Prevenção na clínica odontológica: 4.
Loe H, Theilade E, Jensen SB. Experimental gingivitis in man. J Periodontol. 1965;36:177-87.
periodontal. RGO: Rev Gaúcha Odontol. 1992;40:143-59. 3.
Loe H, Silness J. Periodontal disease in pregnancy. I. Prevalence and severity. Acta Odontol Scand. 1963;21:533-51.
oral higiene and periodontal condition. Acta Odontol Scand.1964;22:121-35.
Lang NP, Brägger U, Salvi G, Tonetti, MS. Terapia periodontal de suporte (TPS). In: Lindhe J, Karring, T, Lang NP. Tratado de Periodontia Clínica e Implantologia Oral. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. p. 759-83.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
80
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):76-80
artigo inédito
O modelo de braquete autoligável influencia as forças de ativação, desativação e histerese do fio NiTi superelástico? José Rino Neto1, Gilberto Vilanova Queiroz2, João Batista de Paiva3, Rafael Yagüe Ballester4
Objetivo: comparar as forças de ativação, desativação e histerese produzidas por deformação de primeira ordem do fio superelástico Contour NiTi 0,014” (Aditek®) em quatro modelos de braquetes autoligáveis: Damon MX, Easy Clip, Smart Clip e In-Ovation. Métodos: as forças de ativação e desativação foram medidas em máquina universal de tração Instron com velocidade de 3mm/minuto e deslocamento de 4mm. Em cada combinação braquete/fio foram executadas oito repetições. A análise estatística empregou ANOVA e o Teste de Comparações Múltiplas de Tukey. Resultados: com 4mm de deformação, as forças médias de ativação foram, em ordem crescente, Damon = 222gf, Easy Clip = 228gf, In-Ovation = 240gf e Smart-Clip = 306gf; a mesma ordem foi observada nas histereses médias, cujos valores foram, respectivamente, 128gf, 140gf, 150gf e 206gf; os valores das forças de desativação foram, respectivamente, 94gf, 88gf, 90gf e 100gf. Conclusão: os braquetes com maiores valores nas forças de ativação foram acompanhados por maiores valores na histerese, o que resultou em forças de desativação clinicamente semelhantes, independentemente do tipo de braquete autoligável utilizado. Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Fios ortodônticos. Aparelhos ortodônticos.
Como citar este artigo: Rino Neto J, Queiroz GV, Paiva JB, Ballester RY. Does self-ligating brackets model affect activation and deactivation forces, and hysteresis of NiTi archwires? Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5.
Professor Associado do Departamento de Ortodontia da FOUSP. Mestre e Doutor em Ortodontia pela FOUSP. 3 Professor Titular do Departamento de Ortodontia da FOUSP. 4 Professor Titular do Departamento de Materiais Dentários da FOUSP. 1 2
Enviado em: 16 de janeiro de 2010 - Revisado e aceito: 29 de dezembro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Gilberto Vilanova Queiroz Via Piacenza, 144 – Jd. Paradiso – CEP: 13.331-545 – Indaiatuba/SP E-mail: gilbertovilanova@terra.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
81
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5
artigo inédito
Rino Neto J, Queiroz GV, Paiva JB, Ballester RY
braquetes autoligáveis avaliados são equivalentes, independentemente das forças de ativação. No entanto, vale destacar que a deformação do fio produz momentos de força tanto no dente mal posicionado como nos dentes adjacentes de ancoragem, componentes que não foram objeto de estudo da presente pesquisa.
braquetes autoligáveis, Franchi et al.4 não encontraram diferenças clinicamente relevantes. No presente estudo, houve diferença estatisticamente significativa entre as forças médias de desativação dos braquetes Easy Clip e Smart Clip; porém, uma vez que tal diferença foi de apenas 12gf, valor insuficiente para produzir diferenças clinicamente relevantes, as forças de desativação entre os braquetes Damon, Easy Clip, In-Ovation e Smart Clip foram consideradas semelhantes. Portanto, do ponto de vista clínico, as diferenças significativas nas forças de ativação entre os braquetes autoligáveis não influenciaram as magnitudes das forças de desativação. A histerese mecânica — definida como a diferença de força entre os platôs de ativação e desativação dos arcos com mesma deflexão6,7 — foi significativamente diferente entre os braquetes autoligáveis, com valores inferiores para o braquete Damon, intermediários para o Easy Clip e In-Ovation, e valores maiores para o braquete Smart Clip. Isso indica que as diferenças significativas encontradas nas forças de ativação entre os braquetes autoligáveis foram absorvidas pelo arco NiTi SE, tornando as forças de desativação clinicamente semelhantes entre eles, o que pode ser explicado pelas propriedades mecânicas especiais dos fios de níquel-titânio superelásticos. O fio NiTi superelástico obedece à Lei de Hooke na deformação inicial, quando um aumento na carga resulta em deformação proporcional do fio. Após essa primeira fase, quando a deformação atinge um limite crítico inicia-se um segundo estágio, caracterizado pela transformação da estrutura cristalina do arco de austenítica para martensítica. Nessa transição, ocorre colapso na rigidez do fio, que propicia deformação progressiva do arco com força praticamente constante, fenômeno evidenciado pelo platô na força de ativação do fio6,7,12. A fase martensítica é instável na ausência de força, portanto, ao cessar a compressão do fio, o processo se inverte, com transformação de martensítica para austenítica. É necessária menor quantidade de energia para a reversão da estrutura cristalina, o que justifica a marcante histerese no início da desativação. Embora sua participação não esteja claramente definida, a força de atrito que se opõe ao deslizamento do arco constitui um dos fatores que influenciam o perfil da curva carga-deformação e a magnitude de histerese6. Considerando que as forças de desativação possuem a verdadeira relevância clínica e que elas foram semelhantes entre os braquetes Damon, Easy Clip, In-Ovation e Smart Clip, os resultados do presente estudo sugerem que os
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Conclusão Valores elevados nas forças de ativação do fio Contour NiTi 0,014” foram acompanhados por maiores magnitudes na histerese, o que resultou em forças de desativação clinicamente semelhantes independentemente do tipo de braquete autoligável.
Referências 1.
Baccetti T, Franchi L. Friction produced by types of elastomeric ligatures in treatment mechanics with the preadjusted appliance. Angle Orthod. 2006;76(2):211-6.
2.
Cacciafesta V, Sfondrini MF, Ricciardi A, Scribante A, Klersy C, Auricchio F. Evaluation of friction of stainless steel and esthetic self-ligating brackets in various bracket-archwire combinations. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2003;124:395-402.
3.
Demicheli M, Migliorati MV, Balboni C, Biavati AS. Confronto tra differenti sistemi bracket/filo/legatura - Misurazione in vitro dell’attrito su un’intera arcata. Mondo Ortod. 2006;4:273-89.
4.
Franchi L, Baccetti T, Giuntini V. Forces released by nonconventional bracket or ligature systems during alignment of buccally displaced teeth. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136:316.e1–e6.
5.
Gandini P, Orsi L, Bertoncini C, Massironi S, Franchi L. In vitro frictional forces generated by three different ligation methods. Angle Orthod. 2008;78:917-21.
6.
Garrec P, Jordan L. Stiffness in bending of a superelastic Ni-Ti orthodontic wire as a function of cross-sectional dimension. Angle Orthod. 2004;74:691-6.
7.
Garrec P, Tavernier B, Jordan L. Evolution of flexural rigidity according to the cross-sectional dimension of a superelastic nickel titanium orthodontic wire. Eur J Orthod. 2005;27:402-7.
8.
Kasuya S, Nagasaka S, Hanyuda A, Ishimura S, Hirashita A. The effect of ligation on the load-deflection characteristics of nickel-titanium orthodontic wire. Eur J Orthod. 2007;29(6):578-82.
9.
Kusy R, Whitley, JQ. Influence of archwire and bracket dimensions on sliding mechanics: Derivations and determinations of the critical contact angles for binding. Eur J Orthod. 1999;21:199-208.
10. Mallory DC, English JD, Powers JM, Brantley WA, Bussa HI. Forcedeflection comparison of superelastic nickel-titanium archwires. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;126:110-2. 11. Meling TR, Odegaard J, Holthe K, Segner D. The effect of friction on the bending stiffness of orthodontic beams: A theoretical and in vitro study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112:41-9. 12. Miura F, Mogi M, Ohura Y, Hamanaka H. The super-elastic property of the Japanese NiTi alloy wire for use in orthodontics. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1986;90:1-10. 13. Nakano H, Satoh K, Norris R, Jin T, Kamegai T, Ishikawa F, et al. Mechanical properties of several nickel-titanium alloy wires in three-point bending tests. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;115:390-5. 14. Queiroz G, Rino JN, Paiva JB, Ballester RY. Estudo comparativo da força de atrito produzida pela deformação de arco NiTi em diferentes braquetes ortodônticos. Avaliação in vitro. Dental Press J Orthod. 2012;17(4):45-50.
85
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):81-5
artigo inédito
Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de braquetes metálicos pela ação de diferentes dentifrícios Gustavo Antônio Martins Brandão1, Rafael Menezes Simas2, Leandro Moreira de Almeida2, Juliana Melo da Silva3, Marcelo de Castro Meneghim4, Antonio Carlos Pereira4, Haroldo Amorim de Almeida5, Ana Maria Martins Brandão5
Objetivo: avaliar in vitro a degradação iônica e corrosão do fundo do slot de braquetes metálicos submetidos à escovação com dentifrícios, realizando análises da composição química por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) e qualitativa por Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). Métodos: foram selecionados 38 braquetes divididos aleatoriamente em quatro grupos experimentais (n = 7). Dois grupos (n = 5) funcionaram como controles positivo e negativo. Aparelhos ortodônticos simulados foram confeccionados com fios de aço inoxidável 0,019” x 0,025” e anéis elastoméricos. Os grupos foram divididos de acordo com o tratamento de superfície: G1 (Máxima Proteção Anticáries®); G2 (Total 12®); G3 (Sensitive®); G4 (Branqueador®); Controle Positivo (saliva artificial) e Controle Negativo (sem tratamento). Foram realizados 28 ciclos de escovação e avaliações antes (T0) e após (T1) o experimento. Resultados: o teste de Wilcoxon indicou não existir diferença nas concentrações iônicas de titânio (Ti), cromo (Cr), ferro (Fe) e níquel (Ni) entre os grupos. O grupo G2 apresentou redução significativa (p < 0,05) na concentração do íon alumínio (Al) e os grupos G3 e G4 apresentaram aumento significativo (p < 0,05) nas concentrações do íon alumínio. A análise em MEV mostrou aumento nas características indicativas de corrosão dos grupos G2, G3 e G4. Conclusão: a análise por EDS revelou que os grupos controle e G1 não sofreram alterações na composição química. O grupo G2 apresentou degradação na quantidade de íons Al, e G3 e G4 sofreram aumento na concentração de Al. A imersão em saliva artificial e o dentifrício Máxima Proteção Anticáries® não alteraram o polimento de superfície. Os dentifrícios Total 12®, Sensitive® e Branqueador® alteraram o polimento de superfície. Palavras-chave: Braquetes ortodônticos. Corrosão. Microscopia eletrônica de varredura.
Como citar este artigo: Brandão GAM, Simas RM, Almeida LM, Silva JM, Meneghim MC, Pereira AC, Almeida HA, Brandão AMM. Evaluation of ionic degradation and slot corrosion of metallic brackets by the action of different dentifrices. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93.
Professor Adjunto da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará. Cirurgião-dentista pela Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará. 3 Estudante de doutorado no Programa de Pós-graduação em Clínica Odontológica, área de Endodontia, FOP-Unicamp. 4 Professor do Programa de Pós-graduação em Odontologia, FOP-Unicamp. 5 Professor da Disciplina de Ortodontia da Faculdade de Odontologia da Universidade Federal do Pará. 1 2
Enviado em: 25 de fevereiro de 2010 - Revisado e aceito: 22 de outubro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Endereço para correspondência: Gustavo Antônio Martins Brandão E-mail: gb_net@hotmail.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
86
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
artigo inédito
Avaliação da degradação iônica e corrosão do slot de braquetes metálicos pela ação de diferentes dentifrícios
podem induzir alterações imprevisíveis na composição iônica superficial de braquetes ortodônticos metálicos. A escassez de estudos impede a comparação dos resultados encontrados, entretanto, indica que novas pesquisas devem ser conduzidas para melhor identificação das alterações estruturais a que estão suscetíveis os braquetes ortodônticos no interior da cavidade bucal. Essas alterações podem ser de grande prejuízo para a mecânica ortodôntica, visto que podem ter interferência negativa no atrito durante a mecânica de fricção. Os grupos G2, G3 e G4 apresentaram aumento nas características qualitativas indicativas de corrosão, o que merece atenção, visto que, quanto menor o polimento das superfícies, mais difícil será a mecânica de deslizamento15,19, podendo trazer prejuízos ao tratamento ortodôntico. Schiff et al.26 sugerem que os bochechos devem ser prescritos de acordo com os materiais ortodônticos usados, por causa das alterações estruturais que podem ser induzidas. Esse fato é corroborado no presente trabalho, devido às alterações na composição superficial e nas características de superfície dos braquetes metálicos avaliados tanto quantitativamente (EDS) quanto qualitativamente (EDS). Com base nos resultados desse trabalho, pode-se sugerir que novos estudos sejam conduzidos, em situações clínicas de relevância, para melhor compreensão dos fatores que podem induzir alterações na composição química e corrosão de dispositivos ortodônticos e identificar como esses fatores podem causar prejuízos à mecânica ortodôntica.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
CONCLUSÃO De acordo com os fatores avaliados nessa pesquisa e a metodologia empregada, os resultados obtidos permitem concluir que: a) A análise da composição química por Espectroscopia de Energia Dispersiva (EDS) revelou que o grupo controle (imerso em saliva artificial) e o G1 (Máxima Proteção Anticáries®) não apresentaram alterações na composição química dos braquetes após o delineamento experimental. O G2 (Colgate Total 12 Clean Mint®) apresentou degradação na quantidade de íons Al, enquanto o G3 (Sensitive Multi Proteção®) e o G4 (Colgate Ultra Branqueador®) apresentaram aumento na concentração de íons Al na superfície dos braquetes. b) A análise qualitativa com microscopia eletrônica de varredura (MEV) revelou que a imersão em saliva artificial e a escovação utilizando o dentifrício Máxima Proteção Anticáries® não alteraram o polimento de superfície dos braquetes metálicos, enquanto o mesmo procedimento realizado com os dentifrícios Total 12 Clean Mint®, Sensitive Multi Proteção® e Ultra Branqueador® foi capaz de alterar o polimento de superfície, aumentando o número de características indicativas de corrosão.
92
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
artigo inédito
Brandão GAM, Simas RM, Almeida LM, Silva JM, Meneghim MC, Pereira AC, Almeida HA, Brandão AMM
Referências
1.
Ağaoğlu G, Arun T, Izgi B, Yarat A. Nickel and chromium levels in the
16. Kerosuo H, Moe G, Hensten-Pettersen A. Salivary nickel and chromium
saliva and serum of patients with fixed orthodontic appliances. Angle
in subjects with different types of fixed orthodontic appliances. Am J
Orthod. 2001;71(5):375-9. 2.
Orthod Dentofacial Orthop. 1997;111(6):595-8.
Assad-Loss T, Neves R, Mucha J. Composição química e aspecto
17. Kim H, Johnson JW. Corrosion of stainless steel, nickel-titanium,
superficial do slot de braquetes metálicos. Rev Dental Press Ortod Ortop
coated nickel-titanium, and titanium orthodontic wires. Angle Orthod.
Facial. 2008;13(3):85-96. 3.
1999;69(1):39-44.
Barrett RD, Bishara SE, Quinn JK. Biodegradation of orthodontic
18. Kuhta M, Pavlin D, Slaj M, Varga S, Lapter-Varga M, Slaj M. Type of
appliances. Part I. Biodegradation of nickel and chromium in vitro. Am J
archwire and level of acidity: Effects on the release of metal ions from
Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(1):8-14. 4.
orthodontic appliances. Angle Orthod. 2009;79(1):102-10.
Bishara S, Barret R, Selim M. Biodegradation of orthodontic appliances.
19. Kusy RP, Whitley JQ, Mayhew MJ, Buckthal JE. Surface roughness
Part II. Changes in the blood level of nickel. Am J Orthod Dentofacial
of orthodontic archwires via laser spectroscopy. Angle Orthod.
Orthop. 1993;103(2):115-8. 5.
1988;58(1):33-45.
Dolci G, Menezes L, Souza R, Dedavid B. Biodegradação de braquetes
20. Machado G, Ramos F, Terra A, Santos S, Cunha T, Avoglio J, et al.
ortodônticos: avaliação da liberação iônica in vitro. Rev Dental Press
Avaliação da corrosão dos braquetes ortodônticos. Rev Virtual Odontol.
Ortod Ortop Facial. 2008;13(3):77-84. 6.
2007;1(4):15-27.
Eliades T, Athanasiou AE. In vivo aging of orthodontic alloys: Implications
21. Menezes LM, Campos LC, Quintão CC, Bolognese AM. Hypersensitivity
for corrosion potential, nickel release, and biocompatibility. Angle
to metals in Orthodontics. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Orthod. 2002;72(3):222-37. 7.
8.
2004;126(1):58-64.
Eliades T, Pratsinis H, Kletsas D, Eliades G, Makou M. Characterization
22. Menezes LM, Lima SEM, Rizzatto SMD, Thiesen G, Rego MVNN,
and cytotoxicity of ions released from stainless steel and nickel-titanium
Cumerlato ML, et al. Avaliação da superfície de braquetes de titânio após
orthodontic alloys. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;125(1):24-9.
a aplicação de fluoreto de sódio. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(3):93-103.
Ferreira J. Avaliação da resistência à corrosão de materiais metálicos
23. Morais L, Guimarães G, Elias C. Liberação de íons por biomateriais
utilizados em aparelhos ortodônticos fixos [tese]. Rio de Janeiro (RJ):
metálicos. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(6):48-53.
Universidade Federal do Rio de Janeiro; 2005. 9.
24. Probster L, Lin W, Hutteman H. Effects of fluoride prophylactic agents on
Grimsdottir MR, Gjerdet NR, Hensten-Pettersen A. Composition and in vitro corrosion of orthodontic appliances. Am J Orthod Dentofacial
titanium surfaces. Int J Oral Maxillofac Implants. 1992;7:390-4.
Orthop. 1992;101(6):525-32.
25. Romano FL, Correr Sobrinho L, Consani S, Magnani MBBA, Nouer DF.
10. Harzer W, Schröter A, Gedrange T, Muschter F. Sensitivity of titanium
Oxidação de braquetes metálicos. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2005;10(6):24-5.
brackets to the corrosive influence of fluoride-containing toothpaste and tea. Angle Orthod. 2001;71(4):318-23.
26. Schiff N, Boinet M, Morgon L, Lissac M, Dalard F, Grosgogeat B.
11. House K, Sernetz F, Dymock D, Sandy JR, Ireland AJ. Corrosion of
Galvanic corrosion between orthodontic wires and brackets in fluoride
orthodontic appliances-should we care? Am J Orthod Dentofacial
mouthwashes. Eur J Orthod. 2006;28(3):298-304.
Orthop. 2008;133(4):584-92.
27. Schiff N, Dalard F, Lissac M, Morgon L, Grosgogeat B. Corrosion
12. Iijima M, Endo K, Ohno H, Yonekura Y, Mizoguchi I. Corrosion behavior
resistance on three orthodontic brackets: a comparative study of three
and surface structure of orthodontic Ni-Ti alloy wires. Dent Mater J.
fluoride mouthwashes. Eur J Orthod. 2005;27(6):541-9.
2001;20(1):103-13.
28. Toumelin-Chemla F, Rouelle F, Burdairon G. Corrosive properties
13. Jensen CS, Lisby S, Baadsgaard O, Byrialsen K, Menné T. Release of
of fluoride-containing odontologic gels against titanium. J Dent. 1996;24:109-15.
nickel ions from stainless steel alloys used in dental braces and their
29. Walker MP, White RJ, Kula KS. Effect of fluoride prophylactic agents on
patch test reactivity in nickel-sensitive individuals. Contact Dermatitis. 2003;48(6):300-4.
the mechanical properties of nickel-titanium-based orthodontic wires.
14. Kaneko K, Yokoyama K, Moriyama K, Asaoka K, Sakai J, Nagumo M.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;127(6):662-9.
Delayed fracture of beta titanium orthodontic wire in fluoride aqueous
30. Watanabe I, Watanabe E. Surface changes induced by fluoride
solutions. Biomaterials. 2003;24(12):2113-20.
prophylactic agents on titanium-based orthodontic wires. Am J Orthod
15. Kapur R, Sinha PK, Nanda RS. Frictional resistance in orthodontic brackets
Dentofacial Orthop. 2003;123(6):653-6.
with repeated use. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(4):400-4.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
93
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):86-93
artigo inédito
Influência da anquilose intencional de caninos decíduos como reforço de ancoragem à tração reversa da maxila Luís Fernando Castaldi Tocci1, Omar Gabriel da Silva Filho2, Acácio Fuziy3, José Roberto Pereira Lauris4
Introdução: nesse estudo cefalométrico retrospectivo, analisou-se a influência da anquilose intencional de caninos decíduos em pacientes com má oclusão de Classe III e mordida cruzada anterior, nos estágios de dentição decídua e mista precoce, tratados com expansão ortopédica da maxila, seguida de tração reversa. Métodos: foram utilizadas telerradiografias em norma lateral de 40 pacientes, divididos em 2 grupos pareados por idade e sexo. O Grupo Anquilose foi constituído de 20 pacientes (10 meninos e 10 meninas) tratados com anquilose induzida e que apresentavam as idades médias inicial e final, respectivamente, de 7a 4m e 8a 3m, e o tempo médio de tração reversa de 11 meses. O Grupo Controle, composto de 20 pacientes (10 meninos e 10 meninas) tratados sem anquilose induzida e que apresentavam as idades médias inicial de 7a 8m e final de 8a 7m, e tempo médio de tração reversa de 11 meses. Foram empregadas as análises de Variância a dois critérios e de Covariância para comparar as variáveis cefalométricas inicial e final e as alterações de tratamento entre os grupos. Resultados: segundo os resultados, as variáveis que evidenciaram as mudanças de tratamento significativas entre os grupos confirmaram que o procedimento de anquilose intencional potencializou a resposta sagital das bases apicais (Pg-NPerp) e aumentou os ângulos de convexidade facial (NAP e ANB). Conclusão: o protocolo envolvendo a anquilose intencional de caninos decíduos potencializou a resposta sagital das bases apicais. Palavras-chave: Má oclusão. Classe III de Angle. Mordida cruzada. Ortodontia interceptora.
Como citar este artigo: Tocci LFC, Silva Filho OG, Fuziy A, Lauris JRP. Influence of intentional ankylosis of deciduous canines to reinforce the anchorage of maxillary protraction. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102.
Mestre em Ortodontia, UNIMAR. Mestre em Ortodontia, UNESP. 3 Pós-Doutor em Odontologia, FOB-USP. 4 Livre Docente, USP. Doutor em Distúrbios da Comunicação Humana, USP. 1 2
Enviado em: 18 de abril de 2010 - Revisado e aceito: 30 de junho 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Luís Fernando Castaldi Tocci Rua Carneiro Lobo, 570 – Conj. 1003 – Batel - Curitiba/PR CEP 80240.240 - E-mail: clinica@tocciortodontia.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
94
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102
artigo inédito
Influência da anquilose intencional de caninos decíduos como reforço de ancoragem à tração reversa da maxila
Referências
1.
Baccetti T, McGill JS, Franchi L, McNamara JA Jr, Tollaro I. Skeletal effects
14. Ngan P, Hägg U, Yiu C, Merwin D, Wei SH. Soft tissue and dentoskeletal
of early treatment of Class III malocclusion with maxillary expansion and
profile changes associated with maxillary expansion and protraction
face-mask therapy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(3):333-43. 2.
headgear treatment. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;109(1):38-49.
Baik HS. Clinical results of the maxillary protraction in Korean children.
15. Ngan P, Hägg U, Yiu C, Merwin D, Wei SH. Treatment response to
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;108(6):583-92. 3.
maxillary expansion and protraction. Eur J Orthod. 1996;18(2):151-68.
Chong YH, Ive JC, Artun J. Changes following the use of protraction
16. Ngan PW, Hagg U, Yiu C, Wei SH. Treatment response and long-term
headgear for early correction of Class III malocclusion. Angle Orthod.
dentofacial adaptations to maxillary expansion and protraction. Semin
1996;66(5):351-62.
Orthod. 1997;3(4):255-64.
4.
Delaire J. Maxillary development revisited: relevance to the orthopedic
17. Saadia M, Torres E. Sagittal changes after maxillary protraction with
treatment of Class III malocclusions. Eur J Orthod. 1997;19(3):289-311.
expansion in Class III patients in the primary, mixed and late mixed
5.
Dahlberg G. Statistical methods for medical and biological students. New
dentitions: a longitudinal retrospective study. Am J Orthod Dentofacial
York: Interscience; 1940. 6.
Orthop. 2000; 117(6):669-80.
Gallagher RW, Miranda F, Buschang PH. Maxillary protraction:
18. Shanker S, Ngan P, Wade D, Beck M, Yiu C, Hägg U, Wei SH.
treatment and postreatment effects. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Cephalometric A point changes during and after maxillary protraction
1998;113(6):612-9. 7.
and expansion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;110(4):423-30.
Göyenç Y, Ersoy S. The effect of a modified reverse headgear force
19. Silva Filho OG, Magro AC, Capelozza Filho L. Early treatment of the Class
applied with a facebow on the dentofacial structures. Eur J Orthod.
III malocclusion with rapid maxillary expansion and maxillary protraction.
2004;26(1):51-7. 8.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(2):196-203.
Houston WJ. The analysis of errors in orthodontic measurements. Am J
20. Silva Filho OG, Ozawa TO, Okada CH, Okada HY, Carvalho RM.
Orthod. 1983;83(5):382-90. 9.
Intentional ankylosis of deciduous canines to reinforce maxillary
Ishii H, Morita S, Takeuchi Y, Nakamura S. Treatment effect of combined
protraction. J Clin Orthod. 2003;37(6):315-20.
maxillary protraction and chincap appliance in severe skeletal Class III
21. Silva Filho OG, Ozawa TO, Okada CH, Okada HY, Dahmen L. Anquilose
cases. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1987;92(4):304-12.
intencional dos caninos decíduos como reforço de ancoragem para a
10. Kapust AJ, Sinclair PM, Turley PK. Cephalometric effects of face mask/
tração reversa da maxila. Estudo cefalométrico prospectivo. Rev Dental
expansion therapy in Class III children: a comparison of three ages
Press Ortod Ortop Facial. 2006;11(6):35-44.
groups. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(2):204-12.
22. Sung SJ, Baik HS. Assessment of skeletal and dental changes by maxillary
11. Kiliçoglu H, Kirliç Y. Profile changes in patients with class III
protraction. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;114(5):492-502. 23. Takada K, Petdachai S, Sakuda M. Changes in dentofacial morphology
malocclusions after Delaire mask therapy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(4):453-62.
in skeletal Class III children treated by a modified maxillary protraction
12. McNamara JA Jr. An orthopedic approach to the treatment of Class III
headgear and a chin cup: a longitudinal cephalometric appraisal. Eur J Orthod. 1993;15(3):211-21.
malocclusion in young patients. J Clin Orthod. 1987;21(9):598-608.
24. Turley PK. Orthopedic correction of Class III malocclusion: Retention and
13. Mermigos J, Full CA, Andreasen G. Protraction of the maxillofacial complex. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1990;98(1):47-55.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
phase II therapy. J Clin Orthod. 1996;30(6):313-24.
102
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):94-102
artigo inédito
Necessidade de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros: um estudo utilizando o índice de estética dentária Anderson Barbosa de Almeida1, Isabel Cristina Gonçalves Leite2
Objetivo: determinar a necessidade normativa de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros de 12 anos de idade, no município de Juiz de Fora, Minas Gerais, e compará-la à necessidade percebida pelos responsáveis e crianças da amostra, avaliando potenciais fatores sociodemográficos associados. Métodos: quatrocentos e cinquenta e uma crianças, sem história de tratamento ortodôntico, foram selecionadas, aleatoriamente, de uma população de 7.993 escolares matriculados na rede de ensino pública e particular da cidade de Juiz de Fora. Resultados: a prevalência da necessidade normativa de tratamento ortodôntico em crianças de 12 anos de idade, utilizando o Índice de Estética Dentária (DAI), foi de 65,6% (n = 155). A percepção da necessidade pelos responsáveis foi de 85,6% e pelas crianças foi de 83,8%. No entanto, somente a percepção dos responsáveis teve uma correlação significativa com a necessidade normativa (p = 0,023). Conclusões: existe uma alta prevalência (65,6%) de má oclusão com necessidade de tratamento ortodôntico em escolares brasileiros de 12 anos de idade. As más oclusões mais prevalentes no estudo foram apinhamento, relação molar de Classe II e sobressaliência maxilar. Não houve uma correlação significativa entre a percepção da estética dentária por meio do IOTN-AC (Index of Orthodontic Treatment Need) e a necessidade de tratamento normativo avaliada por meio do DAI. Palavras-chave: Má oclusão. Prevalência. Necessidades e demandas de serviços de saúde.
Como citar este artigo: Almeida AB, Leite ICG. Orthodontic treatment need in Brazilian schoolchildren: A study using the dental aesthetic index. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Enviado em: 01 de junho de 2010 - Revisado e aceito: 30 de junho de 2011
Mestre em Saúde Coletiva, UFJF. 2 Doutora em Saúde Pública, Escola Nacional de Saúde Pública. 1
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Endereço para correspondência: Anderson Barbosa de Almeida Av. Barão do Rio Branco, 2555/601 – Centro CEP: 36010-011 – Juiz de Fora/MG E-mail: anderalmeida@oi.com.br
103
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9
artigo inédito
Almeida AB, Leite ICG
» A percepção da necessidade relatada pelos responsáveis apresentou associação significativa com a necessidade normativa de tratamento, quando ajustadas pela escolaridade dos pais e pelo nível econômico (p = 0,023). » Não houve diferenças significativas para as variáveis sexo, cor da pele, escolaridade dos responsáveis e tipo de escola. » A percepção da estética dentária por meio do IOTN-AC foi significativamente menor que a necessidade de tratamento normativa avaliada por meio do Índice de Estética Dentária – DAI (p < 0,001). No entanto, as duas foram fortemente associadas estatisticamente (p = 0,002; OR = 2,8; IC = 1,3-5,7).
CONCLUSÃO A partir dos dados obtidos e da discussão apresentada, pode-se concluir que: » Existe uma alta prevalência (65,6%) de má oclusão com necessidade de tratamento ortodôntico em escolares de 12 anos de idade na cidade de Juiz de Fora, Minas Gerais. » O apinhamento em um ou dois segmentos, a relação molar de Classe II e a sobressaliência maxilar horizontal (overjet acentuado) foram as más oclusões mais prevalentes no estudo. » A percepção da necessidade de tratamento ortodôntico pelos escolares e responsáveis foi significativamente maior (p < 0,001) que aquela atribuída por critérios normativos.
Referências
1.
Almeida MEC, Vedovello Filho M, Vedovello SAS, Lucatto A, Torrezan AT.
17. Marques CR, Couto GB, Orestes-Cardoso S. Assessment of orthodontic
Prevalência da má oclusão em escolares da rede estadual do município de
treatment needs in Brazilian schoolchildren according to the Dental Aesthetic
Manaus, AM - Brasil. RGO: Rev Gaúch Odontol. 2007;55(4):389-94. 2. 3.
Index (DAI). Community Dent Health. 2007;24(3):145-8.
Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa. Critérios de Classificação
18. Marques LS, Barbosa CC, Ramos-Jorge ML, Pordeus IA, Paiva SM. Prevalência
Econômica. São Paulo: ABEP; 2008.
da má oclusão e necessidade de tratamento ortodôntico em escolares
Baldwin DC. Appearance and aesthetics in oral health. Community Dent
de 10 a 14 anos de idade de Belo Horizonte, Minas Gerais, Brasil: enfoque
Oral Epidemiol. 1980;8(6):244-56. 4.
psicossocial. Cad Saúde Pública. 2005;21(4):1099-106.
Brasil. Relatório SB Brasil, 2003. Condições de saúde bucal da população
19. Moura C, Cavalcanti AL. Maloclusões, cárie dentária e percepções de estética
brasileira 2002-2003. Resultados principais. Brasília: Ministério da Saúde; 2004. 5.
e função mastigatória: um estudo de associação. Rev Odonto Ciênc.
Cavalcanti AL, Bezerra PKM, Alencar CRB, Moura C. Prevalência de
2007;22(57):256-62.
Maloclusão em escolares de 6 a 12 anos de idade em Campina Grande,
20. Peres KG, Traebert ESA, Marcene W. Differences betweem normative criteria
PB, Brasil. Pesq Bras Odontoped Clin Integr. 2008;8(1):99-104. 6.
and self-perception in the assessment of malocclusion. J Public Health.
Dias PF, Gleiser R. Orthodontic treatment need in a group of 9-12-year-old
2002;36(2):230-6.
Brazilian schoolchildren. Braz Oral Res. 2009;23(2):182-9 7.
21. Shaw WC. The influence of childrens dentofacial appearance on their
Freitas MR, Freitas DS, Pinheiro FHS, Freitas, KMS. Prevalência das
social attractiveness as judged by peers and lay adults. Am J Orthod.
más oclusões em pacientes inscritos para tratamento ortodôntico na
1981;79(4):399-415.
Faculdade de Odontologia de Bauru-USP. Rev Fac Odontologia Bauru.
22. Shaw WC. Rees G, Dawe M, Charles CR. The influence of dentofacial
2002;10(3):164-9. 8.
appearance on the social attractiveness of young adults. Am J Orthod
Gherunpong S, Tsakos G, Sheiham A. A socio-dental approach to assessing
Dentofacial Orthop. 1985;87(1):21-6. 23. Shaw WC, Richmond S, OBrien KD. The use of occlusal indices: A European
children’s orthodontic needs. Eur J Orthod. 2006;28(4):393-99. 9.
Grzywacz I. The value of the aesthetic component of the Index of
perspective. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107(1):1-10. 24. Souames M, Bassigny F, Zenati N, Riordan PJ, Boy-Lefevre ML. Orthodontic
Orthodontic Treatment Need in the assessment of subjective orthodontic treatment need. Eur J Orthod. 2003;25(1):57-63.
treatment need in French schoolchildren: an epidemiological study using the
10. Järvinen S. Indexes for orthodontic treatment need. Am J Orthod
Index of Orthodontic Treatment Need. Eur J Orthod. 2006;28:605-9. 25. Sousa RLS, Lima RB, Florêncio C Filho, Lima KC, Diógenes AMN. Prevalência
Dentofacial Orthop. 2001;120(3):237-9. 11. Jenny J, Cons NC. Comparing and contrasting two orthodontic indices,
e fatores de risco da mordida aberta anterior na dentadura decídua completa
the index of orthodontic treatment need and the dental aesthetic index.
em pré-escoalres na cidade de Natal - RN. Rev Dental Press Ortod Ortop
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;110(4):410-6.
Facial. 2007;12(2):129-38.
12. Kerosuo H, Al Enezi S, Kerosuo E, Abdulkarim E. Association between
26. Suliano AA, Rodrigues MJ, Caldas Júnior AF, Fonte PP, Porto-Carreiro CF.
normative and self-perceived orthodontic treatment need among Arab
Prevalência de maloclusão e sua associação com alterações funcionais
high school students. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2004;125(3):373-8.
do sistema estomatognático entre escolares. Cad Saúde Pública.
13. Kilpelainen PV, Phillips C, Tulloch JF. Anterior tooth position and motivation
2007;23(8):1913-23. 27. Väkiparta MK, Kerosuo HM, Nyström ME. Orthodontic treatment need from
for early treatment. Angle Orthod. 1993;63(3):171-4. 14. Levy OS, Lemeshow S. Sampling of populations: methods and applications
eight to 12 Years of age in an early treatment oriented public health care
book description. 4ª ed. New York: John Wiley & Sons; 2008.
system: a prospective study. Angle Orthod. 2005;75(3):344-9.
15. Lopes LS, Cangussu MCT. Prevalência e severidade das alterações oclusais
28. World Health Organization-WHO. Oral health surveys: basic methods. 4ª ed.
em escolares de 12 a 15 anos de Salvador - BA, 2004. Rev Ciênc Méd Biol.
Geneva: ORH/EPID; 1997. 29. World Health Organization-WHO. The World Oral Health Report 2003.
2005;4(2):105-12. 16. Maciel SM, Kornis GEM. Equity through the inclusion of orthodontic care
Continuous improvement of oral health in the 21st century - the approach
in oral health policis: suggestions for reflection and debate. Rio de Janeiro:
of the WHO Global Oral Health Programme. Geneva: World Health
UERJ, IMS; 2006.
Organization; 2003.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
109
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):103-9
artigo inédito
Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa severa associados ao tratamento ortodôntico Gracemia Vasconcelos Picanço1, Karina Maria Salvatore de Freitas2, Rodrigo Hermont Cançado3, Fabricio Pinelli Valarelli4, Paulo Roberto Barroso Picanço5, Camila Pontes Feijão6
Objetivo: avaliar os fatores comuns aos pacientes que desenvolveram reabsorção radicular externa moderada ou severa (graus 3 e 4 de Malmgren) nos incisivos superiores, durante o tratamento ortodôntico fixo na dentição permanente. Métodos: foram selecionados 99 pacientes que iniciaram o tratamento ortodôntico fixo com a técnica Edgewise. Os pacientes foram divididos em dois grupos: G1 – 50 pacientes que concluíram o tratamento com ausência de reabsorções radiculares ou apresentando apenas irregularidades apicais (graus 0 e 1 de Malmgren), com idade média inicial de 16,79 anos e tempo de tratamento médio de 3,21 anos; G2 – 49 pacientes que finalizaram o tratamento apresentando reabsorção radicular moderada ou severa (graus 3 e 4 de Malmgren) nos incisivos superiores, com idade média inicial de 19,92 anos e tempo de tratamento médio de 3,98 anos. As radiografias periapicais e telerradiografias foram avaliadas, além de diversos fatores que pudessem influenciar a ocorrência de uma reabsorção severa. A análise estatística incluiu o testes qui-quadrado, teste exato de Fisher e teste t independente. Resultados: foi demonstrada a presença de diferença significativa entre os grupos para as variáveis realização de extrações, grau de reabsorção radicular inicial, comprimento radicular, proporção coroa/raiz e da espessura da cortical óssea alveolar. Conclusão: pode-se concluir que são fatores de risco para reabsorção radicular severa nos incisivos superiores, durante o tratamento ortodôntico, a presença de reabsorção radicular antes do início do tratamento, a realização de extrações, o comprimento radicular reduzido, a proporção coroa/raiz diminuída e a espessura óssea alveolar fina. Palavras-chave: Reabsorção radicular. Movimentação dentária. Ortodontia.
Como citar este artigo: Picanço GV, Freitas KMS, Cançado RH, Valarelli FP, Picanço PRB, Feijão CP. Predisposing factors to severe external root resorption associated with orthodontic treatment. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):110-20.
Mestre em Ortodontia, UNINGÁ. 2 Pós-Doutora em Ortodontia, University of Toronto. 3 Doutor em Ortodontia, FOB-USP. 4 Doutor em Ortodontia, USP. 5 Mestre em Ortodontia, UNINGÁ. 6 Especialista em Ortodontia, UVA-CE. 1
Enviado em: 04 de junho de 2010 - Revisado e aceito: 03 de maio de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Karina Maria Salvatore de Freitas Rua Jamil Gebara, 1-25 – Apto 111 CEP: 17017-150 – Bauru/SP – E-mail: kmsf@uol.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
110
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):110-20
artigo inédito
Fatores de predisposição à reabsorção radicular externa severa associados ao tratamento ortodôntico
Referências
1.
Baumrind S, Korn EL, Boyd RL. Apical root resorption in orthodontically
20. Hendrix I, Carels C, Kuijpers-Jagtman AM, Van ‘T Hof M. A radiographic study
treated adults. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;110(3):311-20. 2.
of posterior apical root resorption in orthodontic patients. Am J Orthod
Beck BW, Harris EF. Apical root resorption in orthodontically treated subjects:
Dentofacial Orthop. 1994;105(4):345-9.
analysis of edgewise and light wire mechanics. Am J Orthod Dentofacial
21. Horiuchi A, Hotokezaka H, Kobayashi K. Correlation between cortical plate proximity and apical root resorption. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
Orthop. 1994;105(4):350-61. 3.
Brezniak N, Wasserstein A. Root resorption after orthodontic treatment: Part
1998;114(3):311-8.
1. Literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(1):62-6. 4. 5.
22. Janson GR, De Luca Canto G, Martins DR, Henriques JF, De Freitas MR.
Brezniak N, Wasserstein A. Root resorption after orthodontic treatment: Part
A radiographic comparison of apical root resorption after orthodontic
2. Literature review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(2):138-46.
treatment with 3 different fixed appliance techniques. Am J Orthod
Brin I, Tulloch JF, Koroluk L, Philips C. External apical root resorption in Class
Dentofacial Orthop. 2000;118(3):262-73.
II malocclusion: a retrospective review of 1- versus 2-phase treatment. Am J
23. Kaley J, Phillips C. Factors related to root resorption in edgewise practice.
Orthod Dentofacial Orthop. 2003;124(2):151-6. 6.
Angle Orthod. 1991;61(2):125-32.
Capelozza Filho L, Silva Filho OG. Reabsorção radicular na clínica
24. Kalkwarf KL, Krejci RF, Pao YC. Effect of apical root resorption on periodontal
ortodôntica: atitudes para uma conduta preventiva. Rev Dental Press Ortod
support. J Prosthet Dent. 1986;56(3):317-9.
Ortop Facial. 1998;3(1):104-26. 7.
25. Kjaer I. Morphological characteristics of dentitions developing excessive root
Chiqueto K, Martins DR, Janson G. Effects of accentuated and reversed
resorption during orthodontic treatment. Eur J Orthod. 1995;17(1):25-34.
curve of Spee on apical root resorption. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
26. Levander E, Malmgren O. Evaluation of the risk of root resorption
2008;133(2):261-8. 8.
during orthodontic treatment: a study of upper incisors. Eur J Orthod.
Chiqueto K. Influência da mecânica intrusiva de acentuação e reversão da
1988;10(1):30-8.
curva de spee no grau de reabsorção radicular [dissertação]. Bauru (SP):
27. Levander E, Malmgren O. Long-term follow-up of maxillary incisors with
Universidade de São Paulo; 2005. 9.
severe apical root resorption. Eur J Orthod. 2000;22(1):85-92. 28. Linge L, Linge BO. Patient characteristics and treatment variables associated
Consolaro A. Reabsorções dentárias nas especialidades clínicas. 2ª ed. Maringá: Dental Press; 2005.
with apical root resorption during orthodontic treatment. Am J Orthod
10. Costopoulos G, Nanda R. An evaluation of root resorption incident to
Dentofacial Orthop. 1991;99(1):35-43.
orthodontic intrusion. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1996;109(5):543-8.
29. Marques LS, Ramos-Jorge ML, Rey AC, Armond MC, Ruellas AC. Severe
11. Dahlberg G. Statistical methods for medical and biological students.
root resorption in orthodontic patients treated with the edgewise method:
London: George Allen and Unwin; 1940.
Prevalence and predictive factors. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
12. de Freitas MR, Beltrão RT, Janson G, Henriques JF, Chiqueto K. Evaluation
2010;137(3):384-8. 30. Mirabella AD, Artun J. Risk factors for apical root resorption of maxillary
of root resorption after open bite treatment with and without extractions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2007;132(2):143.e15-22.
anterior teeth in adult orthodontic patients. Am J Orthod Dentofacial
13. Dermaut LR, De Munck A. Apical root resorption of upper incisors caused by
Orthop. 1995;108(1):48-55. 31. Parker RJ, Harris EF. Directions of orthodontic tooth movements associated
intrusive tooth movement: a radiographic study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1986;90(4):321-6.
with external apical root resorption of the maxillary central incisor. Am J
14. Dudic A, Giannopoulou C, Leuzinger M, Kiliaridis S. Detection of apical root
Orthod Dentofacial Orthop. 1998;114(6):677-83.
resorption after orthodontic treatment by using panoramic radiography and
32. Remington DN, Joondeph DR, Artun J, Riedel RA, Chapko MK. Long-term
cone-beam computed tomography of super-high resolution. Am J Orthod
evaluation of root resorption occurring during orthodontic treatment. Am J
Dentofacial Orthop. 2009;135(4):434-7.
Orthod Dentofacial Orthop. 1989;96(1):43-6.
15. Furquim LZ. Perfil endocrinológico de pacientes ortodônticos com e sem
33. Sameshima GT, Asgarifar K. O. Assessment of root resorption and root
reabsorções dentárias: correlação com a morfologia radicular e da crista
shape: periapical vs panoramic films. Angle Orthod. 2011;71(3):185-9.
óssea. [tese]. Bauru (SP): Faculdade de Odontologia de Bauru; 2002.
34. Sameshima GT, Sinclair PM. Predicting and preventing root resorption: Part I.
16. Gadben JMA, Ribeiro A, Generoso R, Armond MC, Marques LS. Avaliação
Diagnostic factors. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;119(5):505-10.
radiográfica periapical dos níveis de reabsorção radicular de incisivos
35. Sameshima GT, Sinclair PM. Predicting and preventing root resorption: Part
superiores após tratamento ortodôntico. Arq Odontol. 2006;42(4):257-336.
II. Treatment factors. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2001;119(5): 511-5.
17. Handelman CS. The anterior alveolus: its importance in limiting orthodontic
36. Silva Filho OG, Berreta EC, Cavassan AO, Capelozza Filho L. Estimativa
treatment and its influence on the occurrence of iatrogenic sequelae. Angle
da reabsorção radicular em 50 anos casos ortodônticos bem finalizados.
Orthod. 1996;66(2):95-109.
Ortodontia. 1993;26(1):24-35.
18. Harris EF, Baker WC. Loss of root length and crestal bone height before and
37. Taner T, Ciğer S, Sençift Y. Evaluation of apical root resorption following
during treatment in adolescent and adult orthodontic patients. Am J Orthod
extraction therapy in subjects with Class I and Class II malocclusions. Eur J
Dentofacial Orthop. 1990;98(5):463-9.
Orthod. 1999;21(5):491-6.
19. Harris EF, Kineret SE, Tolley EA. A heritable component for external apical root resorption in patients treated orthodontically. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;111(3):301-9.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
120
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):110-20
artigo inédito
Avaliação do atrito gerado por braquetes cerâmicos mono e policristalinos em mecânica de deslizamento Roberta Ferreira Pimentel1, Roberto Sotto Maior Fortes de Oliveira2, Maria das Graças Afonso Miranda Chaves3, Carlos Nelson Elias4, Marco Abdo Gravina5
Objetivo: avaliar e comparar in vitro as cargas máximas de atrito geradas por três tipos de braquetes estéticos, sendo dois deles cerâmicos policristalinos convencionais (20/40 e InVu) e um monocristalino de safira (Radiance), em ambientes seco e umedecido por saliva artificial. Também avaliar a influência exercida pela saliva artificial sobre as cargas de atrito dos referidos braquetes. Métodos: os ensaios foram realizados em ambiente seco e em ambiente umedecido com saliva artificial em gel (Oral Balance), utilizando uma máquina de ensaios mecânicos (EMIC, modelo DL10000), simulando um deslizamento de 2mm de fios retangulares 0,019” x 0,025” de aço sobre os braquetes (n = 18, para cada braquete), pré-angulados e pré-torqueados (canino superior direito prescrição Roth, slot 0,022” x 0,030”). Para comparação entre os braquetes, em ambiente seco ou umedecido, utilizou-se a análise de variância; e para a comparação dos braquetes em ambiente seco e umedecido, utilizou-se o teste t para amostras independentes. Resultados: os resultados obtidos indicaram que, na ausência de saliva, os braquetes monocristalinos Radiance demonstraram o maior coeficiente de atrito, seguidos pelos braquetes policristalinos 20/40 e InVu. Nos ensaios realizados em ambiente umedecido, os braquetes Radiance e 20/40 apresentaram coeficientes de atrito estatisticamente semelhantes, e superiores ao apresentado pelos braquetes InVu. A saliva artificial não promoveu alterações na força máxima de atrito para os braquetes Radiance; todavia, para os demais (20/40 e InVu), promoveu aumento significativo nos coeficientes de atrito. Conclusão: os braquetes InVu apresentaram, tanto nos ensaios realizados na ausência, quanto na presença de saliva, os menores coeficientes de atrito, entre os braquetes ensaiados. Palavras-chave: Fricção. Braquetes ortodônticos. In vitro. Materiais biomédicos e odontológicos. Biomecânica.
Como citar este artigo: Pimentel RF, Oliveira RSMF, Chaves MGAM, Elias CN, Gravina MA. Evaluation of the friction force generated by mono and policristalyne ceramic brackets in sliding mechanics. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):121-7.
» Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse, nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Mestranda em Clínica Odontológica, UFJF. Professor Adjunto de Ortodontia, UFJF. 3 Professora Adjunta, Disciplina de Patologia, UFJF. 4 Professor Adjunto, Disciplina de Biomateriais, UFF. 5 Professor Adjunto de Ortodontia, UFJF. 1 2
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Enviado em: 21 de agosto de 2010 - Revisado e aceito: 17 de janeiro de 2012
Endereço para correspondência: Marco Abdo Gravina Av. Barão do Rio Branco, 2595 – Salas 1203 e 1204 – Centro CEP: 36010-011 – Juiz de Fora/MG E-mail: marcoabdogravina@yahoo.com.br
121
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):121-7
artigo inédito
Pimentel RF, Oliveira RSMF, Chaves MGAM, Elias CN, Gravina MA
Referências
1.
Angolkar PV, Kapila S, Duncanson Jr MG, Nanda RS. Evaluation of friction
19. Kusy RP. A review of contemporary archwires: their properties and
between ceramic brackets and orthodontic wires of four alloys. Am J
characteristics. Angle Orthod. 1997;67(3):197-207.
Orthod. 1990;98(6):499-506. 2.
20. Kusy RP. The future of orthodontic materials: the long-term view. Am J
Baccetti T, Franchi L, Camporesi M. Forces in the presence of ceramic
Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(1):91-5.
versus stainless steel brackets with unconventional vs conventional
21. Loftus BP, Artun J, Nicholis JI, Alonzo TA, Stoner JA. Evaluation of
ligatures. Angle Orthod. 2008;78(1):120-4. 3.
friction during sliding tooth movement in various bracket-arch wire
Bággio E, Telles CS, Domiciano JB. Avaliação do atrito produzido por
combinations. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1999;116(3):336-45.
braquetes cerâmicos e de aço inoxidável, quando combinados com fios 4.
22. Matarese G, Nucera R, Militi A, Mazza M, Portelli M, Festa F, et al.
de aço inoxidável. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2007;12(1):67-77.
Evaluation of frictional forces during dental alignment: an experimental
Bazakidou E, Nanda RS, Duncanson MQ, Sinha P. Evaluation of frictional
model with 3 nonleveled brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
resistance in esthetic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
2008;133(5):708-15.
1997;112(2):138-44. 5.
23. Nishio C, Motta AFJ, Elias CN, Mucha N. In vitro evaluation of frictional
Bednar JR, Gruendeman GW, Sandrik JL. A Comparative study of
forces between archwires and ceramic brackets. Am J Orthod
frictional forces. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1991;100(6):513-22. 6.
Dentofacial Orthop. 2004;125(1):56-64.
Begg PR. Diferencial force in orthodontic treatment. Am J Orthod.
24. Pratten DH, Popli K, Germane N, Gunsolley JC. Frictional resistance
1956;42(7):481-510. 7.
of ceramic and stainless steel orthodontic brackets. Am J Orthod
Bishara SE. Ceramic brackets and the need to develop national standards.
Dentofacial Orthop. 1990;98(5):398-403.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2000;117(5):595-7. 8.
25. Prososki RR, Bagby MD, Erickson LC. Static frictional force and surface
Burrow SJ. Friction and resistance to sliding in orthodontics: a critical
roughness of nickel-titanium arch wires. Am J Orthod Dentofacial
review. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;135(4):442-7. 9.
Orthop. 1991;100(4):341-8.
Cacciafesta V, Sfondrini MF, Scribante A, Klersy C, Auricchio F. Evaluation
26. Reicheneder CA, Baumert U, Gedrange T, Proff P, Faltermeier A,
of friction of conventional and metal-insert ceramic brackets in various
Muessig D. Frictional properties of aesthetic brackets. Eur J Orthod.
bracket-archwire combinations. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
2007;29(4):359-65.
2003;124(4):403-9.
27. Rueggeberg FA, Lockwood PE. Thermal debracketing of single cristal
10. Cha JY, Kim KS, Hwang CJ. Friction of convencional and silica-insert
sapphire brackets. Angle Orthod. 1992;62(1):45-50.
ceramic brackets in various bracket-wire combinations. Angle Orthod.
28. Sadique SE, Ramakrishna S, Batchelor AW, Bing CH. In vitro frictional
2007;77(1):100-7.
behavior and wear patterns between contemporary and aesthetic
11. De Franco D, Spiller RE, Von Fraunhofer JA. Frictional resistances using
composite orthodontic brackets and archwires. Wear. 2006;261:1121-39. 29. Saunders CR, Kusy RP. Surface topography and frictional characteristics
teflon-coated ligatures with various bracket-archwire combinations. Angle Orthod. 1995;65(1):63-72.
of ceramic brackets. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;106(1):76-87.
12. Doshi UH, Bhad-Patil WA. Static frictional force and surface roughness of
30. Stoner MM. Force control in clinical practice: an analysis of forces
various bracket and wire combinations. Am J Orthod Dentofacial Orthop.
currently used in orthodontic practice and a description of new methods
2011;139(1):74-9.
of contouring loops to obtain effective control in all three planes of
13. Drescher D, Bourauel C, Schumacher H. Frictional forces
space. Am J Orthod. 1960;46(3):163-86. 31. Tanne K, Matsubara S, Shibaguchi T, Sakuda M. Wire friction from
between bracket and arch wire. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1989;96(5):397-404.
ceramic brackets during simulated canine retraction. Angle Orthod.
14. Fidalgo TK, Pithon MM, Maciel JV, Bolognese AM. Friction between
1991;61(4):285-90.
different wire bracket combinations in artificial saliva - an in vitro
32. Taylor NG, Isson K. Frictional resistance between orthodontic brackets
evaluation. J Appl Oral Sci. 2011;19(1):57-62.
and archwires in the bucal segments. Angle Orthod. 1996;66(3):215-22.
15. Karamouzos A, Athanasiou AE, Papadopoulos MA. Clinical characteristics
33. Tecco S, Festa F, Caputi S, Traini T, Di Lorio D, D’Attilio M. Friction of
and properties of ceramic brackets: a comprehensive review. Am J
convencional and self-ligating brackets using a 10 bracket model. Angle
Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112(1):34-40.
Orthod. 2005;75(6):1041-5.
16. Keith O, Kusy RP, Witley JQ. Zirconia brackets: an evaluation of
34. Tselepis M, Brockhurst P, West V. The dynamic frictional resistance
Morphology and coefficients of friction. Am J Orthod Dentofacial
between orthodontic brackets and arch wires. Am J Orthod Dentofacial
Orthop. 1994;106(6):605-14.
Orthop. 1994;106(2):131-8.
17. Kusy RP, Whitley JQ. Coefficients of friction for arch wires in satinless
35. Vaughan JL, Duncanson MG, Nanda RS, Currier F. Relative kinetic frictional
steel and polycrystalline alumina bracket slots. Am J Orthod Dentofacial
forces between sintered stainless steel brackets and orthodontic wires.
Orthop. 1990;98(4):300-12.
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;107(1):20-7.
18. Kusy RP, Whitley JQ, Prewitt MJ. Comparison of the frictional coefficients for selected archwire-bracket slot combinations in the dry and wet states. Angle Orthod. 1991;61(4):293-302.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
127
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):121-7
artigo inédito
Comparação da análise de espaço realizada em modelos de gesso e digitais utilizando a equação de Tanaka e Johnston Júlia Olien Sanches1, Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto2, Ary dos Santos-Pinto3, Betina Grehs1, Fabiano Jeremias4
Objetivo: comparar medidas de tamanhos dentários, suas reprodutibilidades e a aplicação da equação de regressão de Tanaka e Johnston na predição do tamanho dos caninos e pré-molares em modelos de gesso e digital. Métodos: trinta modelos de gesso foram escaneados para obtenção dos modelos digitais. As medidas do comprimento mesiodistal dos dentes foram obtidas com paquímetro digital nos modelos de gesso e nos modelos digitais utilizando o software O3d (Widialabs). A somatória do tamanho dos incisivos inferiores foi utilizada para obter os valores de predição do tamanho dos pré-molares e caninos utilizando equação de regressão, e esses valores foram comparados ao tamanho real dos dentes. Os dados foram analisados estatisticamente, aplicando-se aos resultados o teste de correlação de Pearson, a fórmula de Dahlberg, o teste t pareado e a análise de variância (p < 0,05). Resultados: excelente concordância intraexaminador foi observada nas medidas realizadas em ambos os modelos. O erro aleatório não esteve presente nas medidas obtidas com paquímetro, e o erro sistemático foi mais frequente no modelo digital. A previsão de espaço obtida pela aplicação da equação de regressão foi maior que a somatória dos pré-molares e caninos presentes nos modelos de gesso e nos modelos digitais. Conclusão: apesar da boa reprodutibilidade das medidas realizadas em ambos os modelos, a maioria das medidas dos modelos digitais foram superiores às do modelos de gesso. O espaço previsto foi superestimado em ambos os modelos e significativamente maior nos modelos digitais. Palavras-chave: Imagem Tridimensional. Modelos dentários. Reprodutibilidade dos testes.
Como citar este artigo: Sanches JO, Santos-Pinto LAM, Santos-Pinto A, Grehs B, Jeremias F. Comparison of space analysis in plaster dental casts and digital models applying Tanaka and Johnston’s equation. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):128-33.
Mestrandas em Odontologia, FORP-USP. 2 Professora Titular, Departamento de Clínica Infantil, FOAR-UNESP. 3 Livre Docente e Professor Adjunto, Departamento de Clínica Infantil, FOAR-UNESP. 4 Doutorando em Odontopediatria, UNESP. 1
Enviado em: 28 de setembro de 2010 - Revisado e aceito: 08 de novembro de 2011 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Lourdes Aparecida Martins dos Santos-Pinto Rua Humaitá, 1680 – Araraquara/SP CEP: 14801-930 – Email: lspinto@foar.unesp.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
128
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):128-33
artigo inédito
Sanches JO, Santos-Pinto LAM, Santos-Pinto A, Grehs B, Jeremias F
Referências
1.
Alhaija ESJ, Qudeimat, MA. Mixed dentition space analysis in a
12. Redlich M, Weinstock T, Abed Y, Schneor R, Holdstein Y, Fischer A. A new
Jordanian population: comparison of two methods. Int J Paediatr Dent.
system for scanning, measuring and analyzing dental casts based on a
2006;16(2):104-10. 2.
3D holographic sensor. Orthod Craniofac Res. 2008;11(2):90-5.
Tanaka MM, Johnston LE. The prediction of the size of unerupted
13. Houston WJB. The analysis of error in orthodontics measurements. Am J
canines and premolars in a contemporary orthodontic population. J Am
Orthod. 1983;83(5):382-90.
Dent Assoc. 1974;88(4):798-801. 3. 4.
14. Dalstra M, Melsen B. From alginate impression to digital virtual models:
Keating AP, Knox J, Bibb R, Zhurov AI. A comparison of plaster, digital and
accuracy and reproducibility. J Orthod. 2009;36(1):36-41.
reconstructed study model accuracy. J Orthod. 2008;35(3):191-201.
15. El-Zanaty HM, El-Beialy AR, Abou El-Ezz AM, Attia KH, El-Bialy AR, Mostafa
Redmond WR. Digital models: a new diagnostic tool. J Clin Orthod.
YA. Three-dimensional dental measurements: an alternative to plaster
2001;35(6):386-7. 5.
models. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2010;137(2):259-65.
Paredes V, Gandia JL, Cibrián R. Digital diagnosis records in orthodontics.
16. Schirmer UR, Wiltshire WA. Manual and computer-aided apace analysis: a
An overview. Med Oral Patol Oral Cir Bucal. 2006;11(1):e88-93. 6.
comparative study. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1997;112(6):676-80.
Santoro M, Galkin S, Teredesai M, Nicolay OF, Cangialosi TJ. Comparison
17. Hirogaki Y, Sohmura T, Satoh H, Takahashi J, Takada K. Complete 3-D
of measurements made on digital and plaster models. Am J Orthod
reconstruction of dental cast shape using perceptual grouping. IEEE
Dentofacial Orthop. 2003;124(1):101-5. 7.
Trans Med Imaging. 2001;20(10):1093-101.
Whetten JL, Williamson PC, Heo G, Varnhagen C, Major PW. Variations
18. Aguiar RM, Freitas BV. Confiabilidade da análise de Moyers em indivíduos
in orthodontic treatment planning decisions of Class II patients between
de São Luís-MA. Ortho Sci Orthod Sci Pract. 2008;1(2):147-52.
virtual 3-dimensional models and traditional plaster study models. Am J
19. Jedlinska A. The comparison analysis of the line measurements between
Orthod Dentofacial Orthop. 2006;130(4):485-91. 8.
plaster and virtual orthodontic 3D models. Ann Acad Med Stetin.
Quimby ML, Vig KW, Rashid GR, Firestone AR. The accuracy and reliability
2008;54(2):106-13.
of measurements made on computer-based digital models. Angle
20. Bishara SE, Jakobson JR. Comparison of two non radiographic methods
Orthod. 2004;74(3):298-303. 9.
of predicting permanent tooth size in the mixed dentition. Am J Orthod
Zilberman O, Huggare JA, Parikakis KA. Evaluation of the validity of
Dentofacial Orthop. 1998;114(5):573-6. 21. nikTahere H, Majid S, Fateme M, Kharazi F, Javad M. Predicting the size
tooth size and arch width measurements using conventional and threedimensional virtual orthodontic models. Angle Orthod. 2003;73(3):301-6.
of unerupted canines and premolars of the maxillary and mandibular
10. Leifert MF, Leifert MM, Efstratiadis SS, Cangialosi TJ. Comparison of space
quadrants in an Iranian population. J Clin Pediatr Dent. 2007;32(1):43-7. 22. Arslan SG, Dildes, N, Kama JD, Genc C. Mixed-dentition analysis in a
analysis evaluations with digital models and plaster dental casts. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(1):16.e1-4.
Turkish population. World J Orthod. 2009;10(2):135-40.
11. Mayers M, Firestone AR, Rashid R, Vig KW. Comparison of peer
23. Melgaço CA, Araújo MT, Ruellas AC. Applicability of three tooth size
assessment rating (PAR) index scores of plaster and computer-based
prediction methods for white Brasilians. Angle Orthod. 2006;76(4):644-9.
digital models. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2005;128(4):431-4.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
133
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):128-33
artigo inédito
Mini-implantes: recurso mecânico para verticalização de molares Susiane Allgayer1, Deborah Platcheck2, Ivana Ardenghi Vargas3, Raphael Carlos Drumond Loro4
Introdução: o tratamento ortodôntico precoce permite a correção das discrepâncias esqueléticas por meio do controle de crescimento e a eliminação de hábitos deletérios, que são fatores de risco para o desenvolvimento de más oclusões, que favorecem a correção do posicionamento dentário mais tardiamente, em uma segunda fase do tratamento. Durante o desenvolvimento da dentição e da oclusão, normalmente o segundo molar inferior chega à cavidade bucal após todos os dentes posicionados anteriormente a ele. Durante seu processo eruptivo, pode ocorrer uma condição chamada “impacção dentária”, em que sua erupção completa é interrompida, exigindo tratamento apropriado para verticalização. Os dispositivos temporários de ancoragem permitem a desimpacção e a movimentação desses dentes diretamente às suas posições finais, sem a necessidade de cooperação do paciente e sem movimento de reação nas outras unidades da arcada. Objetivo: descrever o tratamento de um caso de má oclusão Classe II de Angle, realizado em duas fases, durante o qual foram utilizados mini-implantes para verticalização dos segundos molares inferiores impactados. Palavras-chave: Ortodontia corretiva. Procedimentos de ancoragem ortodôntica. Dente impactado.
Como citar este artigo: Allgayer S, Platcheck D, Vargas IA, Loro RCD. Mini-implants: Mechanical resource for molars verticalization. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42.
Estudante de doutorado em Ortodontia, PUCRS. 2 Mestre em Ortodontia, UFRJ. Professora de Ortodontia dos cursos de Atualização e Especialização da ABO/RS. 3 Doutora em Odontologia e Professora de Ortodontia de Graduação e PósGraduação, ULBRA. 4 Mestre em Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial e Professor de Graduação e Pós-graduação, PUCRS. 1
Enviado em: 16 de março de 2011 - Revisado e aceito: 31 de agosto de 2011. » Os pacientes que aparecem no presente artigo autorizaram previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais. » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Susiane Allgayer PUCRS – Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul Av. Ipiranga, 6681 – Prédio 06 – Sala 209 CEP: 90619-900 – Porto Alegre / RS E-mail: susianeallgayer@gmail.com
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
134
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42
artigo inédito
Mini-implantes: recurso mecânico para verticalização de molares
Referências
1.
Hitchin AD, Durh MDS, Edin RCS. The impacted maxillary canine. Br Dent
17. Sugawara J, Kanzaki R, Takahashi I, Nagasaka H, Nanda R. Distal movement
J. 1956;100(1):1-14. 2.
of maxillary molars in nongrowing patients with the skeletal anchorage
Lindauer SJ, Rubenstein LK. Canine impaction identified early with
system. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(6):723-33.
panoramic radiographs. J Am Dent Assoc. 1992;123(3):91-7. 3. 4.
18. Sugawara J, Daimaruya T, Umemori M, Nagasaka H, Takahashi I,
Grover PS, Lorton L. The incidence of unerupted permanent teeth and
Kawamura H, et al. Distal movement of mandibular molars in adult
related clinical cases.Oral Surg Oral Med Oral Pathol. 1985;59(4):420-5.
patients with skeletal anchorage system. Am J Orthod Dentofacial
Varpio M, Wellfelt B. Disturbed eruption of the lower second molar:
Orthop. 2004;125(2):130-8.
clinical appearance, prevalence, and etiology. ASDC J Dent Child.
19. Vedtofte H, Andreasen JO, Kjaer I. Arrested eruption of the permanent
1988;55(2):114-8. 5.
lower second molar. Eur J Orthod. 1999;21(1):31-40.
Montelius GA. Impacted teeth: a comparative study of chinese and
20. Rindler A. Effects on lower third molars after extraction of second molars.
canadian dentitions. J Dent Res. 1932;12(6):931-8. 6.
Johnsen DC. Prevalence of delayed eruption of permanent teeth as a
7.
Lima CEO, Henriques JFC, Janson GRP, Freitas MR. Segundo molar
Angle Orthod. 1977;47(1):55-8. 21. Higuchi KW, Slack JM. The use of titanium fixtures for intraoral anchorage
result of local factors. J Am Dent Assoc. 1977;94(1):100-6.
to facilitate orthodontic tooth movement. Int J Oral Maxillofac Implants. 1991;6(3):338-44.
inferior impactado: revisão e apresentação de um caso clínico. Rev Clín
22. Roberts WE, Marshal KJ, Mozsary PG. Rigid endosseous implant utilized
Orthod Dental Press. 2004;2(6):68-75. 8.
as anchorage to protract molars and close an atrophic extraction site.
Teixeira RG, Vidal BC, Bastos EPS. Reposicionamento cirúrgico de um
Angle Orthod. 1990;60(2):135-52.
segundo molar inferior direito impactado com cárie: relato de caso. J
23. Lee JS, Kim DH, Park YC, Kyung SH, Kim Tk, The efficient use of
Bras Ortodon Ortop Facial. 2000;5(30):76-81. 9.
midpalatal miniscrew implants. Angle Othod. 2004;74(5):711-4.
Moyers RE. Ortodontia. 4ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1991.
24. Wehrbein H, Merz BR, Diedrich P, Glatzmaier J. The use of palatal
10. Pogrel MA. The surgical uprighting of mandibular second molars. Am
implants for orthodontic anchorage. Design and clinical application of
J Orthod Dentofacial Orthop. 1995;108(2):180-3.
the orthosystem. Clin Oral Implants Res. 1996;7(4):410-6.
11. Faber J, Velasque F. Titanium miniplate as anchorage to close a premolar
25. Joseph S. Petrey, Marnie M. Saunders, G. Thomas Kluemper, Larry L.
space by means of mesial movement of the maxillary molars. Am J
Cunningham, and Cynthia S. Beeman. Temporary anchorage device
Orthod Dentofacial Orthop. 2009;136(4):587-95.
insertion variables: effects on retention. Angle Orthod. 2010;80(4):634-
12. Cope JB. Temporary anchorage devices in orthodontics: a paradigm
41. 26. Lee JS, Kim DH, Park YC, Vanardall RL. Aplicação dos mini-implantes
shift. Semin Orthod. 2005;11(1):3-9. 13. Faber J, Morum TFA, Leal S, Berto PM, Carvalho CKS. Miniplacas
ortodônticos. São Paulo: Quintessence; 2009. 27. Joondeph DR. Mysteries of asymmetries. Am J Orthod Dentofacial
permitem tratamento eficiente e eficaz da mordida aberta anterior. Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2008;13(5):144-57.
Orthop. 2000;117(5):577-9.
14. Faber J. Ancoragem esquelética com miniplacas. In: Lima Filho RMA,
28. Assed S. Odontopediatria: bases científicas para a prática clínica. São
Bolognese AM. Ortodontia: arte e ciência. Maringá: Dental Press; 2007. p.
Paulo: Artes Médicas; 2005.
449-73.
29. Tanaka OM, Amorin LH, Shintcovsk RL, Hirata TM. Treatment of patient
15. Kuroda S, Katayama A, Takano-Yamamoto T. Severe anterior open-
with severaly shortened maxillary central incisor roots. J Clin Orthod.
bite case treated using titanium screw anchorage. Angle Orthod.
2008;42(12):729-31.
2004;74(4):558-67.
30. Ramanathan C, Hofman Z. Root resorption in relation to orthodontic
16. Erverdi N, Keles A, Nanda R. The use of skeletal anchorage in open bite
tooth movement. Acta Medica (Hradec Kralove). 2006;49(2):91-5.
treatment: a cephalometric evaluation. Angle Orthod. 2004;74(3):381-90.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
142
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):134-42
Caso Clínico BBO
Tratamento cirúrgico da má oclusão de Classe III dentária e esquelética Ione Helena Vieira Portella Brunharo1
O preparo ortodôntico para tratamento cirúrgico do padrão esquelético de Classe III envolve o planejamento em conjunto com o cirurgião bucomaxilofacial, com o objetivo de solucionar as necessidades funcionais e estéticas do paciente. A fim de permitir a manipulação cirúrgica das bases ósseas, a obtenção de overjet negativo por meio da descompensação dos incisivos, na fase pré-cirúrgica, leva, com frequência, o ortodontista a optar pela exodontia dos primeiros pré-molares superiores. O presente relato ilustra um caso de preparo ortodôntico no qual, devido a fatores específicos inerentes à questão psicológica da paciente, a retroinclinação dos incisivos superiores e vestibularização dos incisivos inferiores foi realizada sem a remoção de elementos dentários. Esse caso foi apresentado à diretoria do Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO) como parte dos requisitos para a obtenção do título de Diplomado pelo BBO. Palavras-chave: Má oclusão de Classe III. Tratamento cirúrgico. Preparo orto-cirúrgico.
Diagnóstico O exame facial evidenciou um padrão braquicéfalo, apesar de uma altura mentoniana aumentada. A paciente apresentava leve desvio mandibular para a direita, perfil côncavo e ângulos nasolabial agudo e mentolabial obtuso. A análise do sorriso mostrou linha de sorriso baixa, com pequena exposição dos incisivos superiores e bom preenchimento dos corredores bucais (Fig. 1). Na avaliação extrabucal, foi observado baixo risco de cárie e boas condições de saúde dos tecidos periodontais.
Introdução Paciente leucoderma, sexo feminino, com 17 anos e 7 meses de idade, apresentava insatisfação com sua estética facial e dentária, após realização de um tratamento ortodôntico para camuflagem do overjet negativo. A presença de um grande comprometimento do terço facial inferior trazia à paciente um profundo descontentamento com sua face. A anamnese mostrou bom estado geral de saúde e, no histórico familiar, uma herança de prognatismo mandibular pelo lado paterno.
» A autora declara não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo.
Professora Visitante da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Doutora em
1
Ortodontia pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Diplomada pelo Board Brasileiro de Ortodontia e Ortopedia Facial (BBO).
» A paciente que ilustra o presente artigo autorizou previamente a publicação de suas fotografias faciais e intrabucais.
Como citar este artigo: Brunharo IHVP. Surgical treatment of dental and skeletal Class III malocclusion. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):143-9.
Endereço para correspondência: Ione Helena Vieira Portella Brunharo Rua Almirante Tamandaré, 59 – Rio de Janeiro/RJ – CEP: 22.210-060 Email: ioneportella@yahoo.com.br
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
143
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):143-9
caso clínico BBO
Brunharo IHVP
Tabela 1 - Resumo das medidas cefalométricas.
Medidas
Padrão esquelético
Padrão dentário
Perfil
Normal
A
A1
B
Dif. A/B
SNA
(Steiner)
82°
80°
81,5°
80°
0
SNB
(Steiner)
80°
88°
88°
81°
7
ANB
(Steiner)
2°
-8°
-6,5°
-1°
7
Ângulo de convexidade
(Downs)
0°
-17°
-15°
-6°
11
Eixo Y
(Downs)
59°
50°
55°
56°
6
Ângulo facial
(Downs)
87°
97°
94°
92°
5
SN-GoGn
(Steiner)
32°
28°
30,5°
35°
7
FMA
(Tweed)
25°
18°
24°
27°
9
IMPA
(Tweed)
90°
69°
72°
78°
9
1.NA (graus)
(Steiner)
22°
34°
25,5°
30°
4
1-NA (mm)
(Steiner)
4mm
7mm
5,5mm
6mm
1
1.NB (graus)
(Steiner)
25°
4°
9°
15°
11
1-NB (mm) 1 –Ângulo interincisal 1
(Steiner)
4mm
-1,5mm
0mm
3mm
4,5
(Downs)
130°
150°
146°
135°
15
1–APo (mm)
(Ricketts)
1mm
2mm
3mm
2mm
0
Lábio superior – Linha S
(Steiner)
0mm
-4mm
-5,5mm
-1,5mm
2,5
Lábio inferior – Linha S
(Steiner)
0mm
-2mm
-2,5mm
-1mm
1
a estética não é satisfatória, o tratamento apenas ortodôntico não é bem-sucedido5. No caso relatado, o tratamento foi realizado dentro das expectativas do planejamento. As questões sobre a estabilidade cirúrgica ficaram em aberto, uma vez que a paciente não aceitou a proposta inicial de exodontia de primeiros pré-molares superiores no preparo pré-cirúrgico. Assim, houve bastante dificuldade para obtenção da sobressaliência negativa, apesar de o resultado facial estético ter sido interessante. Por esse motivo, o caso requer supervisão constante durante a contenção4. A paciente e os responsáveis mostraram-se bastante satisfeitos com o resultado final obtido, que melhorou significativamente sua autoestima.
Foi obtido bom relacionamento entre as arcadas, com relação dos molares e dos caninos em chave de oclusão e níveis normais de sobremordida e sobressaliência. Os resultados proporcionaram equilíbrio funcional e boas condições de saúde aos tecidos periodontais (Fig. 8-12). Considerações Finais O tratamento ortodôntico-cirúrgico combinado da má oclusão de Classe III com comprometimento esquelético tem grande aceitação entre os pacientes que buscam a correção do problema. A camuflagem ortodôntica desse problema requer a avaliação de considerações no que tange à questão facial, pois, quando
Referências
1.
Phillips C, Proffit WR. Phycosocial aspects of dentofacial deformities and
4.
its treatment. In: Proffit WR, Fields HW, Sarver DM, editors. Contemporary
Sarver DM, editors. Contemporary treatment of dentofacial deformity. St.
treatment of dentofacial deformity. St. Louis: Mosby; 2003. Chap. 3. 2.
Blaker GH III, White Jr RP. Mandibular surgery. In: Proffit WR, Fields HW, Louis: Mosby; 2003. Chap. 10.
Proffit WR, Phillips C, Sarver DM. Tratamento cirúrgico e ortodôntico
5.
combinados. In: Proffit WR, Fields HW, Sarver DM, editors. Ortodontia
Kiyak HA, West RA, Hohl T, McNeill RW. The psychological impact of orthognatic surgery: a 9-month follow-up. Am J Orthod. 1982;81(5):404-12.
contemporânea. Rio de Janeiro: Mosby; 2007. Cap. 8. 3.
Proffit WR, Phillips C, Sarver DM. Tratamento cirúrgico e ortodôntico combinados. In: Proffit WR, Fields HW, Sarver DM, editors. Ortodontia contemporânea. Rio de Janeiro: Mosby; 2007. Cap. 7
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
149
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):143-9
tópico especial
Relação entre a disfunção temporomandibular e o tratamento ortodôntico: revisão de literatura Ronaldo Antônio Leite1, Joacir Ferreira Rodrigues2, Maurício Tatsuei Sakima3, Tatsuko Sakima4
Objetivo: revisar a literatura mais atual, dos últimos 15 anos, em busca de estudos clínicos que relatem a relação entre a disfunção temporomandibular (DTM) e o tratamento ortodôntico e/ou a má oclusão. A intenção foi verificar se o tratamento ortodôntico aumentaria o aparecimento de sinais e sintomas de DTM, e se o tratamento ortodôntico seria um recurso para o tratamento ou prevenção dos sinais e sintomas de DTM. Métodos: artigos dos tipos revisão de literatura, editorial, carta, estudo experimental em animais e comunicação foram excluídos dessa revisão. Foram incluídos artigos prospectivos, longitudinais, caso-controle ou retrospectivo com amostra maior, com relevante análise estatística. Estudos que abordassem deformidades e síndromes craniofaciais e tratamento por cirurgia ortognática também foram excluídos, bem como aqueles que relatassem apenas a associação entre má oclusão e DTM. Resultados: foram encontrados 20 artigos relacionando Ortodontia à DTM, segundo os critérios adotados. Os estudos, então, associando sinais e sintomas de DTM ao tratamento ortodôntico apresentaram resultados heterogêneos. Alguns encontraram efeitos positivos do tratamento ortodôntico para os sinais e sintomas de DTM; entretanto, nenhum deles apresentou diferença estatisticamente significativa. Conclusões: todos os estudos citados nessa revisão de literatura relataram que o tratamento ortodôntico não forneceu risco ao desenvolvimento de sinais e sintomas de DTM, independentemente da técnica utilizada para tratamento, da exodontia ou não de pré-molares e do tipo de má oclusão previamente apresentada pelo paciente. Alguns estudos realizados com acompanhamento em longo prazo concluíram que o tratamento ortodôntico não seria preventivo ou uma modalidade de tratamento para DTM. Palavras-chave: Ortodontia. Transtornos da articulação temporomandibular. Oclusão dentária.
1
Doutor Otorrinolaringologia, UNIFESP. Mestre em Odontologia, USP. Professor de Diagnóstico Integrado, Universidade de Franca.
2
Mestre em Ortodontia, São Leopoldo Mandic. Professor de Ortodontia, Universidade de Franca.
3
Pós-Doutor, University of Aarhus Royal Dental College. Professor Assistente, disciplina de Clínica Infantil, FOAr/UNESP.
4
Livre-Docente, FOAr/UNESP. Professor, curso de Especialização em Ortodontia, Universidade de Franca, APCD e Centro de Pesquisas Odontológicas São Leopoldo Mandic.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Como citar este artigo: Leite RA, Rodrigues JF, Sakima MT, Sakima T. Relationship between temporomandibular disorders and orthodontic treatment: Literature revision. Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7. Enviado em: 24 de março de 2009 - Revisado e aceito: 20 de outubro de 2010 » Os autores declaram não ter interesses associativos, comerciais, de propriedade ou financeiros, que representem conflito de interesse nos produtos e companhias descritos nesse artigo. Endereço para correspondência: Ronaldo Antônio Leite Rua Francisco Marques, 698 – Sala 2 – Vila Nova – Franca/SP CEP: 14405-342 – E-mail: dr.ronaldoleite@gmail.com
150
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7
tópico especial
Leite RA, Rodrigues JF, Sakima MT, Sakima T
Referências
1.
Durso BC, Azevedo LR, Ferreira JTL. Inter-relação Ortodontia X Disfunção
18. Egemark I, Ronnerman A. Temporomandibular disorders in the active phase of
da articulação temporomandibular. J Bras Ortodon Ortop Facial.
orthodontic treatment. J Oral Rehabil. 1995;22:613-8.
2002;7(38):155-60. 2. 3.
19. Lima DR. Estudo de prevalência de disfunção craniomandibular segundo
Okeson JP. Dor orofacial: guia para avaliação, diagnóstico e tratamento. São
o índice de Helkimo tendo como variáveis: sexo, faixa etária e indivíduos
Paulo: Quitenssence; 1998.
tratados ou não ortodonticamente [dissertação]. São José dos Campos (SP):
Siqueira JTT. Disfunção temporomandibular: classificação e abordagem clínica.
Universidade Estadual Paulista; 1995.
In: Siqueira JTT, Teixeira MJ. Dor orofacial: diagnóstico, terapêutica e qualidade
20. Katzberg RW, Westesson PL, Tallents RH, Drake CM. Orthodontics and
de vida. Curitiba: Ed. Maio; 2001. p. 373-404. 4.
temporomandibular joint internal derangement. Am J Orthod Dentofacial
Okeson JP. Current diagnostic classification schema and assessment of
Orthop. 1996;109(5):515-20.
patients with temporomandibular disorders. Oral Surg Oral Med Oral Pathol
21. Lagerström L, Egemark I, Carlsson GE. Signs and symptoms of
Oral Radiol Endod. 1997;83:61-4. 5.
temporomandibular disorders in 19-year-old individuals who have undergone
McNamara Jr JA, Seligman DA, Okeson JP. Occlusion, orthodontic treatment,
orthodontic treatment. Swead Dental J. 1998;22(5-6):177-86. 22. Owen AH. Unexpected temporomandibular joint findings during fixed appliance
and temporomandibular disorders: a review. J Orofacial Pain. 1995;9(1):73-90. 6.
Selaimen CMP, Jeronymo JC, Brilhante DP, Lima EM, Grossi PK, Grossi
therapy. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1998;113(6):625-31.
ML. Occlusal risk factors for temporomandibular disorders. Angle Orthod. 7.
23. Henrikson T, Nilner M, Kurol J. Signs of temporomandibular disorders in girls
2007;77(3):471-7.
receiving orthodontic treatment. A prospective and longitudinal comparison
Pellizoni SEP, Salioni MA, Juliano Y, Guimarães AS, Alonso LG.
with untreated Class II malocclusions and normal occlusion subjects. Eur J
Temporomandibular joint disc position and configuration in children with
Orthod. 2000;22:271-81.
functional unilateral posterior crossbite: a magnetic resonance imaging
24. Henrikson T, Nilner M. Temporomandibular disorders and the need for
evaluation. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 2006;129(6):785-93. 8.
stomatognathic treatment in orthodontically treated and untreated girls. Eur J
Conti A, Freitas M, Conti P, Henriques J, Janson G. Relationship between signs
Orthod. 2000;22(3):283-92.
ans symptoms of temporomandibular disorders and orthodontic treatment: a
25. Valle KM. Estudo comparativo da oclusão e da sua relação com as Disfunções
cross-sectional study. Angle Orthod. 2003;73(4):411-7. 9.
Temporomandibulares (DTM) em jovens com e sem tratamento ortodôntico
Egermark I, Carlsson GE, Magnusson T. A prospective long-term study of
[Dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2000.
signs and symptoms of tempomandibular disorders in patients who received
26. Corotti-Valle KM. Avaliação da prevalência da disfunção temporomandibular
orthodontic treatment in childhood. Angle Orthod. 2005;75(4):645-50.
(DTM) em pacientes tratados das más oclusões de Classe III, submetidos a
10. Malterud K. Qualitative research: standards, challenges, and guidelines. Lancet.
tratamento ortodôntico e orto-cirúrgico [tese] Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 2004.
2001;11:483-8. 11.
27. Mohlin BO, Derweduwen K, Pilley R, Kingdon A, Shaw WC, Kenealy P.
Kremenak CR, Kinser DD, Harman HA, Menard CC, Jakobsen JR. Orthodontic risk factors for temporomandibular disorders (TMD) I: premolar extractions.
Malocclusion and temporomandibular disorder: a comparison of adolescents
Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):13-20.
with moderate to severe dysfunction with those without signs and symptoms of
12. Kremenak CR, Kinser DD, Melcher TJ, Wright GR, Harrison SD, Ziaja RR, et al.
temporomandibular disorder an their further development to 30 years of age. Angle Orthod. 2004;74(3):319-27.
Orthodontics as a risk factor for temporomandibular disorders (TMD) II. Am J
28. Helkimo M. Studies on function and dysfunction of the masticatory system. II.
Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):21-7. 13. Hirata RH, Heft MW, Hernandez B, King GJ. Longitudinal study of signs of
Index for anamnestic and clinical dysfunction and occlusal state. Swed Dental J. 1974;67:101-21.
temporomandibular disorders (TMD) in orthodontically treated and nontreated
29. Bevilaqua-Grossi D, Chaves TC, de Oliveira AS, Monteiro-Pedro V. Anamnestic
groups. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):35-40. 14. Egemark I, Thilander B. Craniomandibular disorders with special reference
index severity and signs and symptoms of TMD. Cranio. 2006;24(2):112-8.
to orthodontic treatment: an evaluation from childhood to adulthood. Am J
30. Fonseca DM. Diagnóstico pela anamnese da disfunção craniomandibular. Rev
Orthod Dentofacial Orthop. 1992;101(1):28-32.
Gaúcha Odontol. 1994;42:23-8.
15. Wadhwa L, Utreja A, Tewari A. A study of clinical signs and symptoms of
31. Dworkin SF, Le Resche L. Research diagnostic criteria for temporomandibular
temporomandibular dysfunction in subjects normal occlusion, untreated, and
disorders. J Craniomandib Disord. 1992;6(4):301-55.
treated malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1993;103(1):54-61.
32. Pedroni CR, Oliveira AS, Guaratini MI. Prevalence study of signs and symptoms
16. O Reilly M, Rinchuse DJ, Close J. Class II elastics and extractions and
of temporomandibular disorders in university students. J Oral Rehabil.
temporomandibular disorders: a longitudinal prospective study. Am J Orthod
2003;30:283-9.
Dentofacial Orthop. 1993;103(5):459-63. 17.
33. Le Resche L. Epidemiology of temporomandibular disorders: implications for the
Beattie JR, Paquette DE, Johnston LE. The functional impact of extraction and
investigation of etiologic factors. Crit Rev Oral Biol Med. 1997;8(3):291-305.
nonextraction treatments: a long-term comparison in patients with borderline, equally susceptible Class II malocclusions. Am J Orthod Dentofacial Orthop. 1994;105:444-9.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
157
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb;18(1):150-7
Normas de apresentação de originais — O Dental Press Journal of Orthodontics publica artigos de investigação científica, revisões significativas, relatos de casos clínicos e de técnicas, comunicações breves e outros materiais relacionados à Ortodontia e Ortopedia Facial.
1. Autores — o número de autores é ilimitado; entretanto, artigos com mais de 4 autores deverão informar a participação de cada autor na execução do trabalho.
— O Dental Press Journal of Orthodontics utiliza o Sistema de Gestão de Publicação, um sistema on-line de submissão e avaliação de trabalhos. Para submeter novos trabalhos visite o site: www.dentalpressjournals.com.br
2. Página de título — deve conter título em português e em inglês, resumo e abstract, palavras-chave e keywords. — não devem ser incluídas informações relativas à identificação dos autores (por exemplo: nomes completos dos autores, títulos acadêmicos, afiliações institucionais e/ou cargos administrativos). Elas deverão ser incluídas apenas nos campos específicos no site de submissão de artigos. Assim, essas informações não estarão disponíveis para os revisores.
— Outros tipos de correspondência poderão ser enviados para: Dental Press International Av. Dr. Luiz Teixeira Mendes, 2.712 - Zona 5 CEP 87.015-001 — Maringá/PR Tel.: (44) 3031-9818 E-mail: artigos@dentalpress.com.br
3. Resumo/Abstract — os resumos estruturados, em português e inglês, de 250 palavras ou menos são os preferidos. — os resumos estruturados devem conter as seções: INTRODUÇÃO, com a proposição do estudo; MÉTODOS, descrevendo como o mesmo foi realizado; RESULTADOS, descrevendo os resultados primários; e CONCLUSÕES, relatando, além das conclusões do estudo, as implicações clínicas dos resultados. — os resumos devem ser acompanhados de 3 a 5 palavras-chave, também em português e em inglês, adequadas conforme orientações do DeCS (http://decs.bvs.br/) e do MeSH (www.nlm.nih.gov/mesh).
— As declarações e opiniões expressas pelo(s) autor(es) não necessariamente correspondem às do(s) editor(es) ou publisher, os quais não assumirão qualquer responsabilidade pelas mesmas. Nem o(s) editor(es) nem o publisher garantem ou endossam qualquer produto ou serviço anunciado nessa publicação ou alegação feita por seus respectivos fabricantes. Cada leitor deve determinar se deve agir conforme as informações contidas nessa publicação. A Revista ou as empresas patrocinadoras não serão responsáveis por qualquer dano advindo da publicação de informações errôneas.
4. Texto — o texto deve ser organizado nas seguintes seções: Introdução, Material e Métodos, Resultados, Discussão, Conclusões, Referências, e Legendas das figuras. — os textos devem ter no máximo 3.500 palavras, incluindo legendas das figuras e das tabelas (sem contar os dados das tabelas), resumo, abstract e referências. — as figuras devem ser enviadas em arquivos separados (leia mais abaixo). — insira as legendas das figuras também no corpo do texto, para orientar a montagem final do artigo.
— Os trabalhos apresentados devem ser inéditos e não publicados ou submetidos para publicação em outra revista. Os manuscritos serão analisados pelo editor e consultores, e estão sujeitos a revisão editorial. Os autores devem seguir as orientações descritas adiante. ORIENTAÇÕES PARA SUBMISSÃO Dos MANUSCRITOS — Os trabalhos devem, preferencialmente, ser escritos em língua inglesa.
5. Figuras — as imagens digitais devem ser no formato JPG ou TIF, em CMYK ou tons de cinza, com pelo menos 7 cm de largura e 300 DPIs de resolução. — as imagens devem ser enviadas em arquivos independentes. — se uma figura já foi publicada anteriormente, sua legenda deve dar todo o crédito à fonte original. — todas as figuras devem ser citadas no texto.
— Apesar de ser oficialmente publicado em inglês, o Dental Press Journal of Orthodontics conta ainda com uma versão em língua portuguesa. Por isso serão aceitas, também, submissões de artigos em português. — Nesse caso, os autores deverão também enviar a versão em inglês do artigo, com qualidade vernacular adequada e conteúdo idêntico ao da versão em português, para que o trabalho possa ser considerado aprovado.
6. Gráficos e traçados cefalométricos — devem ser citados, no texto, como figuras. — devem ser enviados os arquivos que contêm as versões originais dos gráficos e traçados, nos programas que foram utilizados para sua confecção. — não é recomendado o envio dos mesmos apenas em formato de imagem bitmap (não editável). — os desenhos enviados podem ser melhorados ou redesenhados pela produção da revista, a critério do Corpo Editorial.
formatação Dos MANUSCRITOS — Submeta os artigos através do site: www.dentalpressjournals.com.br — Organize sua apresentação como descrito a seguir:
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
158
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):158-60
Normas de apresentação de originais 7. Tabelas — as tabelas devem ser autoexplicativas e devem complementar, e não duplicar, o texto. — devem ser numeradas com algarismos arábicos, na ordem em que são mencionadas no texto. — forneça um breve título para cada tabela. — se uma tabela tiver sido publicada anteriormente, inclua uma nota de rodapé dando crédito à fonte original. — apresente as tabelas como arquivo de texto (Word ou Excel, por exemplo), e não como elemento gráfico (imagem não editável).
— as referências devem ser identificadas no texto por números arábicos sobrescritos e numeradas na ordem em que são citadas. — as abreviações dos títulos dos periódicos devem ser normalizadas de acordo com as publicações “Index Medicus” e “Index to Dental Literature”. — a exatidão das referências é responsabilidade dos autores e elas devem conter todos os dados necessários para sua identificação. — as referências devem ser apresentadas no final do texto obedecendo às Normas Vancouver (http://www.nlm.nih. gov/bsd/uniform_requirements.html). — utilize os exemplos a seguir:
8. Comitês de Ética — os artigos devem, se aplicável, fazer referência ao parecer do Comitê de Ética da instituição.
Artigos com até seis autores Sterrett JD, Oliver T, Robinson F, Fortson W, Knaak B, Russell CM. Width/length ratios of normal clinical crowns of the maxillary anterior dentition in man. J Clin Periodontol. 1999 Mar;26(3):153-7.
9. Declarações exigidas Todos os manuscritos devem ser acompanhados das seguintes declarações, a serem preenchidas no momento da submissão do artigo: — Cessão de Direitos Autorais Transferindo os direitos autorais do manuscrito para a Dental Press, caso o trabalho seja publicado. — Conflito de Interesse Caso exista qualquer tipo de interesse dos autores para com o objeto de pesquisa do trabalho, esse deve ser explicitado. — Proteção aos Direitos Humanos e de Animais Caso se aplique, informar o cumprimento das recomendações dos organismos internacionais de proteção e da Declaração de Helsinki, acatando os padrões éticos do comitê responsável por experimentação humana/animal. — Permissão para uso de imagens protegidas por direitos autorais Ilustrações ou tabelas originais, ou modificadas, de material com direitos autorais devem vir acompanhadas da permissão de uso pelos proprietários desses direitos e pelo autor original (e a legenda deve dar corretamente o crédito à fonte). — Consentimento Informado Os pacientes têm direito à privacidade que não deve ser violada sem um consentimento informado. Fotografias de pessoas identificáveis devem vir acompanhadas por uma autorização assinada pela pessoa ou pelos pais ou responsáveis, no caso de menores de idade. Essas autorizações devem ser guardadas indefinidamente pelo autor responsável pelo artigo. Deve ser enviada folha de rosto atestando o fato de que todas as autorizações dos pacientes foram obtidas e estão em posse do autor correspondente.
Artigos com mais de seis autores De Munck J, Van Landuyt K, Peumans M, Poitevin A, Lambrechts P, Braem M, et al. A critical review of the durability of adhesion to tooth tissue: methods and results. J Dent Res. 2005 Feb;84(2):118-32. Capítulo de livro Kina S. Preparos dentários com finalidade protética. In: Kina S, Brugnera A. Invisível: restaurações estéticas cerâmicas. Maringá: Dental Press; 2007. cap. 6, p. 223-301. Capítulo de livro com editor Breedlove GK, Schorfheide AM. Adolescent pregnancy. 2nd ed. Wieczorek RR, editor. White Plains (NY): March of Dimes Education Services; 2001. Dissertação, tese e trabalho de conclusão de curso Beltrami LER. Braquetes com sulcos retentivos na base, colados clinicamente e removidos em laboratórios por testes de tração, cisalhamento e torção [dissertação]. Bauru (SP): Universidade de São Paulo; 1990. Formato eletrônico Câmara CALP. Estética em Ortodontia: Diagramas de Referências Estéticas Dentárias (DRED) e Faciais (DREF). Rev Dental Press Ortod Ortop Facial. 2006 nov-dez;11(6):130-56. [Acesso 2008 Jun 12]. Disponível em: www.scielo.br/pdf/dpress/v11n6/a15v11n6.pdf.
10. Referências — todos os artigos citados no texto devem constar na lista de referências. — todas as referências devem ser citadas no texto. — para facilitar a leitura, as referências serão citadas no texto apenas indicando a sua numeração.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
159
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):158-60
Comunicado aos Autores e Consultores - Registro de Ensaios Clínicos au (Australian Clinical Trials Registry), www.clinicaltrials. gov e http://isrctn.org (International Standard Randomised Controlled Trial Number Register (ISRCTN). Os registros nacionais estão sendo criados e, na medida do possível, os ensaios clínicos registrados nos mesmos serão direcionados para os recomendados pela OMS. A OMS propõe um conjunto mínimo de informações que devem ser registradas sobre cada ensaio, como: número único de identificação, data de registro do ensaio, identidades secundárias, fontes de financiamento e suporte material, principal patrocinador, outros patrocinadores, contato para dúvidas do público, contato para dúvidas científicas, título público do estudo, título científico, países de recrutamento, problemas de saúde estudados, intervenções, critérios de inclusão e exclusão, tipo de estudo, data de recrutamento do primeiro voluntário, tamanho pretendido da amostra, status do recrutamento e medidas de resultados primárias e secundárias. Atualmente, a Rede de Colaboradores está organizada em três categorias: - Registros Primários: cumprem com os requisitos mínimos e contribuem para o Portal; - Registros Parceiros: cumprem com os requisitos mínimos, mas enviam os dados para o Portal somente através de parceria com um dos Registros Primários; - Registros Potenciais: em processo de validação pela Secretaria do Portal, ainda não contribuem para o Portal.
1. O registro de ensaios clínicos Os ensaios clínicos se encontram entre as melhores evidências para tomada de decisões clínicas. Considera-se ensaio clínico todo projeto de pesquisa com pacientes que seja prospectivo, nos quais exista intervenção clínica ou medicamentosa com objetivo de comparação de causa/efeito entre os grupos estudados e que, potencialmente, possa ter interferência sobre a saúde dos envolvidos. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os ensaios clínicos controlados aleatórios e os ensaios clínicos devem ser notificados e registrados antes de serem iniciados. O registro desses ensaios tem sido proposto com o intuito de identificar todos os ensaios clínicos em execução e seus respectivos resultados, uma vez que nem todos são publicados em revistas científicas; preservar a saúde dos indivíduos que aderem ao estudo como pacientes; bem como impulsionar a comunicação e a cooperação de instituições de pesquisa entre si e com as parcelas da sociedade com interesse em um assunto específico. Adicionalmente, o registro permite reconhecer as lacunas no conhecimento existentes em diferentes áreas, observar tendências no campo dos estudos e identificar os especialistas nos assuntos. Reconhecendo a importância dessas iniciativas e para que as revistas da América Latina e Caribe sigam recomendações e padrões internacionais de qualidade, a BIREME recomendou aos editores de revistas científicas da área da saúde indexadas na Scientific Library Electronic Online (SciELO) e na LILACS (Literatura Latino-americana e do Caribe de Informação em Ciências da Saúde) que tornem públicas estas exigências e seu contexto. Assim como na base MEDLINE, foram incluídos campos específicos na LILACS e SciELO para o número de registro de ensaios clínicos dos artigos publicados nas revistas da área da saúde. Ao mesmo tempo, o International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE) sugeriu aos editores de revistas científicas que exijam dos autores o número de registro no momento da submissão de trabalhos. O registro dos ensaios clínicos pode ser feito em um dos Registros de Ensaios Clínicos validados pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE. Para que sejam validados, os Registros de Ensaios Clínicos devem seguir um conjunto de critérios estabelecidos pela OMS.
3. Posicionamento do Dental Press Journal of Orthodontics O DENTAL PRESS JOURNAL OF ORTHODONTICS apoia as políticas para registro de ensaios clínicos da Organização Mundial da Saúde - OMS (http:// www.who.int/ictrp/en/) e do International Committee of Medical Journal Editors – ICMJE (http://www.wame.org/ wamestmt.htm#trialreg e http://www.icmje.org/clin_trialup.htm), reconhecendo a importância dessas iniciativas para o registro e divulgação internacional de informação sobre estudos clínicos, em acesso aberto. Sendo assim, seguindo as orientações da BIREME/OPAS/OMS para a indexação de periódicos na LILACS e SciELO, somente serão aceitos para publicação os artigos de pesquisas clínicas que tenham recebido um número de identificação em um dos Registros de Ensaios Clínicos, validados pelos critérios estabelecidos pela OMS e ICMJE, cujos endereços estão disponíveis no site do ICMJE: http://www.icmje. org/faq.pdf. O número de identificação deverá ser registrado ao final do resumo. Consequentemente, recomendamos aos autores que procedam o registro dos ensaios clínicos antes do início de sua execução.
2. Portal para divulgação e registro dos ensaios A OMS, com objetivo de fornecer maior visibilidade aos Registros de Ensaios Clínicos validados, lançou o portal WHO Clinical Trial Search Portal (http://www. who.int/ictrp/network/en/index.html), com interface que permite busca simultânea em diversas bases. A pesquisa, nesse portal, pode ser feita por palavras, pelo título dos ensaios clínicos ou pelo número de identificação. O resultado mostra todos os ensaios existentes, em diferentes fases de execução, com enlaces para a descrição completa no Registro Primário de Ensaios Clínicos correspondente. A qualidade da informação disponível nesse portal é garantida pelos produtores dos Registros de Ensaios Clínicos que integram a rede recém-criada pela OMS: WHO Network of Collaborating Clinical Trial Registers. Essa rede permitirá o intercâmbio entre os produtores dos Registros de Ensaios Clínicos para a definição de boas práticas e controles de qualidade. Os sites para que possam ser feitos os registros primários de ensaios clínicos são: www.actr.org.
© 2013 Dental Press Journal of Orthodontics
Atenciosamente, David Normando, CD, MS, Dr Editor-chefe do Dental Press Journal of Orthodontics ISSN 2176-9451 E-mail: davidnormando@hotmail.com
160
Dental Press J Orthod. 2013 Jan-Feb; 18(1):158-60