Ano 2 vol 06

Page 1


Conselho Científico Presidente do Conselho Cientíico

Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul

EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilberto@moriaeditora.com.br Produção: Álvaro Lopes (Publikmais) contato@publikmais.com.br Revisão de Português: Suliani Editograia Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 3351-2361 / 3334-4753 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial. Circulação: em todo território nacional. Seis números anuais: janeiro/fevereiro, março/ abril, maio/junho, julho/agosto, setembro/outubro e novembro/dezembro. Data da Impressão: Fevereiro/ 2012. Correspondência: Moriá Editora Ltda. Rua Aracy Fróes, 258 / 902 Jardim Itu Sabará - Porto Alegre/ RS CEP: 91.210-230 Tels.: (51) 9116.9298 / (51) 3334.4753. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.

ISSN 2236-0417

Profa Doutoranda Adriana Aparecida Paz UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre

Profa Dra Maria da Graça de Oliveira Crossetti UFRGS - Universidade Federal do RS

Profª Drª Ana Elizabeth Figueiredo PUC/RS

Profª Doutoranda Maria Ligia dos Reis Bellaguarda Univali/SC

Prof. Dr. Ari Nunes Assunção Unisc – Universidade de Santa Cruz do Sul Profa Dra Beatriz Regina Lara dos Santos PUC/RS Profa Dra Dulcinéia Ghizoni Schneider Unisul /SC Profa Dra Erica Rosalba Mallmann Duarte UFRGS - Universidade Federal do RS Profa MS Graziella Gasparotto Baiocco Grupo Hospitalar Conceição Profa Doutoranda Iride Cristofoli Caberlon Ulbra - Universidade Luterana do Brasil-Gravataí Profª Drª Juliana Vieira De Araújo Sandri Univali - Universidade do Vale do Itajaí /SC Profª Drª Laura Cristina S. Lisboa de Souza UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina Profa Dra Lisia Maria Fenstersefer Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Profa Dra Marlene Gomes Terra UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Dra Nara Marilene Oliveira Giradon Perlini UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Doutoranda Nára Selaimen G. de Azeredo Grupo Hospitalar Conceição - Porto Alegre/RS Profa Dra Nilva Lúcia Rech Stedile UCS - Universidade de Caxias do Sul Profa Dra Regina Gema Santini Costenaro Unifra - Centro Universitário Franciscano Profa Dra Rita Catalina Aquino Caregnato Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Dra Roseana Maria Medeiros Faculdade da Serra Gaucha /RS Profa Dra Sandra Maria Cezar Leal Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos Enfa Estomaterapeuta Silvana Janning Prazeres SOBEST - RS

Prof Doutoranda Lisnéia Fabiani Bock IPA - Rede Metodista de Educação do Sul a

Profa Dra Luzia Fernandes Milão Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Doutoranda Magada Tessman Schwalm Unesc/SC Profa Dra Maira Buss Thofehrn UFPel - Universidade Federal de Pelotas

Profa Dra Solange Machado Guimarães Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Dra Sonara Lucia Estima Unilasalle - Centro Universitário La Salle Profa Dra Sonia Beatriz Cocaro Souza UFRGS - Universidade Federal do RS Profa MS Terezinha Valduga Cardoso

Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS

Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde

Profa Doutoranda Maritê Inez Argenta Faculdade Estácio de Sá/SC

Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo

Profa Dra Maria Bettina Camargo Bub UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Ficha Catalográica R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel CRB10-581

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

1


Sumário Página 03

Editorial Artigos

Página 05

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos The application of the pain scale in adults Elisângela Freitas Melo, Graziella Gasparotto Baiocco

Página 12

Humanização na hora do parto: uma revisão bibliográica Humanization in the hour of the childbirth: a bibliographical review Sonia Walkiria dos Santos Miralha Stumpfs, Maristênia Machado Araújo Dias

Página 16

Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura Parent participation in hospitalized child care: integrative review of literature Luisa Flôr, Lisnéia Fabiani Bock, Jean Mauhs

Página 22

A relação do proissional enfermeiro com os órgãos representativos da proissão Relationship of the nursing professional with their representatives organizations Astronn Souza Capuá Teixeira, Graziela Motta da Silva, Maria Lígia dos Reis Bellaguarda, Maristela Assumpção de Azevedo

Página 29

Saúde do homem e seu peril em uma estratégia de saúde da família Health proile of the man and such a strategy in family health Bianca da Rosa Vieira, Margaret Ivanir Schneider

Página 34

Normas para publicação

Página 37

Atualização em Terapia Intensiva. Aula 6: Cuidados com drenos, cateteres e sondas

Página 48

Ventilação Mecânica - Implicações para a enfermagem. Aula 1: Abordagem da Via Aérea

Página 56

Eventos Cientíicos

Página 57

Palavra do Autor

2

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


Editorial Felicitações à ABEn-SC: 2012 é seu quinquagésimo aniversário

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 03 a 04

O tempo anuncia meio século de vida associativa de Enfermagem em Santa Catarina e este tempo se revela na experiência da tecedura que ele mesmo nos ensina. O ano de 2012 é, para a ABEn-SC, solene para reviver a vida desta instituição. A grandeza e o orgulho dos que fazem parte desta história, iniciada em 1962, ás vésperas do golpe militar de 1964, tornaram-se inevitáveis à memória de uma nascença da Enfermagem catarinense abrigada à força de uma composição, cujo início se fez com poucas enfermeiras, metade religiosas, metade não. As pioneiras, em sua maioria, eram profissionais vindas de outros Estados, pois não havia uma oferta de Ensino Superior de Enfermagem em Santa Catarina, onde estava sediada a primeira organização da ABEn local. Esta ABEn-SC garantiu sua tendência vocacional de organizar o cuidado à Saúde ofertado pelas instituições em Santa Catarina. Isto fortaleceu a identidade abenista em seus propósitos junto à sociedade no Estado, à luz de um sistema já incorporado pela ABEn Nacional. O rumo das concretas práticas e a reorientação das mesmas sustentou o difícil começo desta entidade de classe. Desde cedo a ABEn-SC mostrou sua inclinação às parcerias e, sem demora, de modo inverso à modalidade de criação da ABEn primeira no Brasil, emergiu do interesse na organização em serviços de saúde. Labutou também com a regularidade do exercício de seus profissionais buscando estruturar os primeiros Quadros dos Serviços de Saúde e, além disso, desenvolver Programas de Qualificação de pessoal de Enfermagem e trabalhar em Cursos de Auxiliares de Enfermagem ministrados pela Área Privada, tomando para si a responsabilidade de enfrentamento do desafio de estimular e apoiar a criação do Curso de Enfermagem na Universidade Federal de Santa Catarina. A comemoração deste quinquagésimo aniversário da ABEn-SC em 2012 fala por si só, de uma entidade organizativa, cuja importância sócio-político-cultural está entranhada na história da Saúde e da Educação da Enfermagem catarinense. E, por ter nascido antes da consolidação do Sistema Cofen-Coren, encarregou-se de vigiar, fiscalizar, denunciar a má prática e promover a boa prática do exercício do cuidado em todo o Estado de Santa Catarina. E o fez distinguida por honrar a profissão, e construir um selo de dignidade, respeitado e prestigiado nas diversas instâncias governamentais e, de modo articulado, buscando socialmente a cobertura de saúde da população em geral. A obra da ABEn-SC é pioneira na ocupação de espaços decisivos na história da Enfermagem brasileira. Seus embates registram apelos que não surpreendem, nem no cenário local,

3


Editorial Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 03 a 04

nem no nacional, uma vez que guarda em si uma postura política crescente e se coloca com ousadia, desde seus primórdios. Por seu empreendimento pioneiro, imprimiu os sinais de intrepidez, dos quais nunca abriu mão. Assim, foi vigilante e radical na guarda do respeito a suas iniciativas em favor da qualidade do ensino e das práticas profissionais de Enfermagem. Ainda iniciante como associação profissional, defendeu a inserção de quadros e salários dos profissionais de Enfermagem, bem como nunca desistiu de lutar pela primazia de seu lugar profissional nas Escolas e nos Serviços. As conquistas ou não, registradas até este ano 2012, solene para a ABEn-SC, são motivos grandiosos e comemorativos de meio século de vida associativa, em celebração digna de ser revivida em suas emoções, suas lutas, suas iniciativas, sua proatividade, suas decisões, seus desejos e atos conscientes de busca de unificação e parcerias entre entidades outras, igualmente organizadas em palcos encantados de Jornadas, Congressos, Seminários e tantas formas de comunicação que se apresentam. Deste modo foi o cenário do Congresso Brasileiro de Enfermagem (CBEn) em Camboriú, em 1978. Ali houve o prelúdio de novas posições, com nuances de redemocratização do País e do interior da organização estrutural da Enfermagem nas ABEns de todo o Brasil. Ali foram discutidas proposições de uma nova condição políticosocial da população por inteira e dos profissionais de Enfermagem como parte dela. Ali se previa a chegada da nova Carta Magna do Brasil. Ali estava a semente do Sistema Único de Saúde. Em meio a esse topo político da vitória da Saúde brasileira, estava esboçado, com rara beleza, o lastro no qual se encerra o caminho dos direitos dos cidadãos. E foi a ABEn-SC que sediou esse CBEn. Não estava longe o tempo de florescer que chegava na ABEn-SC para dar o salto qualitativo, sem precedentes, estampado em transformações democráticas radicais

em todo o Sistema de ABEns. Era a hora e a vez do exercício da Participação, instituído a partir de um Movimento, cuja liderança tinha representatividade na ABEn-SC. Hoje cinquentenária, a ABEn-SC conta com 31 anos do Movimento Participação, que deu lugar a uma especial fisionomia nesta Associação Brasileira de Enfermagem. À luz da convicção extremada de seu zelo pelas liberdades democráticas, a marca da Participação se consolidou na Enfermagem catarinense na força dos seus 18 anos de existência, nos anos 80, enquanto comunidade associativa – ABEn-SC. Hoje, no auge das celebrações de seu cinquentenário, a ABEn-SC há de se perpetuar por sua influência no poder político na Saúde e na Educação, tanto no interior da Enfermagem como nas significações dos movimentos sociais, em especial, nas causas mais populares. O efervescer das diversas atividades enriquecedoras da existência da ABEn-SC nestes 50 anos ressaltam sua vida no corpo da sociedade catarinense e nacional, não somente pelo que fica ora aqui registrado de seu “aniversário de ouro”, mas pelo seu cotidiano viver, desde o início da década de 60, com a participação dos enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem. Nos termos de modalidade de sua história cinquentenária, a ABEn-SC nos faz dominados pelo verdadeiro sentimento de admiração, apreço e reconhecimento aos que a construíram, com essa têmpera, e aos que, além de abraçarem seu legado, continuam a fazer a sua história. Nesse crescimento em vitalidade política de ideias e ações do trabalho coletivo, este é o único que nos imprime o prazer de plena realização. Novos tempos estão cravados nesta ABEn-SC de 50 anos, trazendo o sentido de outras vanguardas que estão vindo compor nossa cultura profissional, honrando nossa história com tradição e renovação de um tempo que se eterniza ao orgulhar-se do que foi e do que virá a ser realizado.

Maristela Assumpção de Azevedo – Enfermeira Mestre – Presidente da ABEn-SC Gestão 2010-2013 Lygia Paim – Enfermeira Doutora – Sócia Honorária – ABEn Helga Regina Bresciani – Enfermeira Mestre – Vice-presidente da ABEn Nacional Gestão 2010-2013

4

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


A aplicação da escala da dor em pacientes adultos The application of the pain scale in adult patients

* Elisângela Freitas Melo ** Graziella Gasparotto Baiocco Resumo – A pesquisa foi quantitativa, descritiva, de cunho transversal, com análise de 45 prontuários. Ocorreu o registro da dor na rotina dos sinais vitais em praticamente todos os pacientes nos três turnos, em destaque o turno da manhã com 97,8%. A reavaliação da dor após a administração de medicações prescritas ocorreu em 47,4% dos prontuários no turno da manhã. A avaliação da dor em outro horário e a reavaliação da dor após medicação prescrita e administrada foram os itens mais relevantes. No item “em outro horário”, prevaleceu a ausência de registros no turno tarde em 71,1%. A reavaliação da dor após medicação prescrita e administrada prevaleceu no turno da noite em 69,0%. Com relação às medicações mais administradas, destaca-se a dipirona (77%) e a morfina (60,0%). Concluiu-se que os pacientes são medicados para o alívio da dor, porém faltou o registro adequado de tal tarefa. Palavras-chave: Dor; enfermagem; escalas; pacientes.

Abstract – Quantitative research descriptive, transversal. 45 records. Record vital signs routine pains almost all patients in three shifts, morning highlight (97.8%). Night shift registers 51.1% of records. Revaluation pain after medication: morning records (47.4% records). Rating pain another time; re pain after medication prescribed and administered most relevant items. Item “another time” no records turn later prevailed (71.1%). Revaluation pain medication prescribed and administered following: night shift (69.0%). More medications administered dipyrone (77%), morphine (60.0%). Patients treated for pain relief, but lacked the proper recording of such a task. Keywords: Pain; nursing; scales; patients.

Introdução ex”eriência sens“rial e em“ci“nal desagradável, associada a lesões teciduais reais, ou expressada como tal, e sempre subjetiva”4. A dor é uma experiência complexa que apresenta componentes sensitivos, emocionais e cognitivos que interagem entre si, em um ambiente sociocultural, comprometendo os desempenhos físico, mental e social dos indivíduos, induzindo sofrimento, comportamentos doentios e inca”acidades secundárias1,5. O estudo da dor avançou muito nas últimas décadas, tornando a sua avaliação e a intervenção correspondente preocupações crescentes entre os ”r“issi“nais de saúde. C“nsiderand“ a ”erce”çã“ da dor como sendo uma qualidade inerente à vida e que aparece de forma precoce como sinalizadora de lesões tissulares, são sinais que incluem res”“stas c“m”“rtamentais e isi“lógicas que funci“nam c“m“ indicad“res válid“s de d“r passíveis de serem inferidos por um observador. O objetivo da avaliação da dor deve ser o de proporcionar dados acurados para determinar quais ações devem ser ad“tadas ”ara aliviá-la “u ab“li-la, e avaliar a eicácia dessas ações, send“ ideal que a avaliação e o tratamento da dor sejam interdependentes, pois um é praticamente inútil sem o outro6,9. A avaliação é uma troca compartilhada entre a enfermeira e o cliente, na medida em que este

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

5

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

A dor é um fenômeno quase universal e desde os primórdios da humanidade o homem vem desvendando suas dimensões com o ob jetivo de proporcionar algum alívio para quem a experimenta. Na Idade Média, a dor era considerada um dos seis parâmetros para o estabelecimento do diagnóstico e tinha valor prognóstico, indicando as estruturas acometidas1. A dor e suas teorias vêm sendo descritas na literatura desde que a humanidade começou a escrever, e, aparentemente, a sofrer, sendo inicialmente considerada como uma sensação meramente diferente daquelas do tato, da temperatura e da posição. Determinados nervos eram como transportadores de sensação, como terminais nerv“s“s es”ecíic“s, estruturad“s exclusivamente para essa sensação2. Em 1973 foi fundada em Washington, nos Estados Unidos, a International Association for the Study of Pain (IASP), ou Associação Internacional para o Estudo da Dor. Iniciativa pioneira de John Bonica, teve amplas repercussões e resultados altamente positivos no estudo, na pesquisa e no tratamento da dor em todo o mundo. A referida associação, entrand“ em c“ntat“ c“m ”r“issi“nais da área da saúde nos mais diversos países, sugeriu e estimulou a criação de associações similares, que seriam consideradas as regionais da IASP em todo o mundo3. A IASP deine a d“r c“m“ uma


f“rnece “ c“nheciment“ “u inf“rmaçã“ necessária para um tratamento de enfermagem de alta qualidade. A mensuração da magnitude da dor é necessária ”ara “ diagnóstic“, “ ”lanejament“ e a adequaçã“ da tera”ia antiálgica. A qualidade da dor pode sugerir a natureza da estrutura c“m”r“metida, send“ que a identiicaçã“ da l“calizaçã“ e da distribuiçã“ da d“r facilitará a c“m”reensã“ da isi“”at“l“gia da queixa d“l“r“sa e a identiicaçã“ das estruturas c“m”r“metidas7,8. Apenas o paciente pode descrever e avaliar com exatidão sua dor e são inúmeros os instrumentos que foram desenvolvidos para ajudar na avaliação da percepção da dor de um paciente. Os instrumentos de avaliação podem ser empregados para documentar a necessidade de intervençã“, avaliar a eicácia e identiicar a necessidade de outras intervenções alternativas “u adici“nais quand“ a ”rimeira tiver sid“ ineicaz no alívio da dor10. A avaliação da dor aguda difere da dor crônica, embora existam diversos aspectos comuns: na d“r aguda há ênfase nas características das repercussões biológicas da dor e no alívio, ”“rtant“, na d“r crônica há ênfase n“s as”ect“s psicossocioculturais como estado emocional, personalidade do doente, situação e satisfação com o trabalho, aspectos da história familiar relacionado à expansão e manejo da dor (atitudes, crenças, valores e os modos do doente e de sua família lidarem com a dor)11. A intensidade ou gravidade da dor é avaliada usand“-se uma escala de d“r, “ que ”ermite a sua classiicaçã“. F“ram elab“radas diversas escalas criativas para essa função, sendo a escolha de uma delas determinada pela capacidade de o cliente comunicar a intensidade da dor com a maior precisão7. As escalas anál“gas visuais sã“ úteis na avaliaçã“ da intensidade da d“r, s“licitand“-se à pessoa fazer uma marca na linha que indique onde a dor atual se localiza. Geralmente a âncora esquerda re”resenta nenhuma d“r “u sem d“r, enquant“ a ânc“ra direita re”resenta d“r intensa “u a ”i“r d“r ”“ssível 10.

Para quantiicar “s resultad“s, uma régua é colocada ao longo da linha, e a distância que a pessoa marcou a partir da extremidade esquerda ou baixa é medida e reportada em milímetros ou centímetros10. A escala de dor de faces com seis faces demonstra que as expressões variam desde o

6

s“friment“ c“ntid“ até “ óbvi“. S“licita-se a“ paciente que aponte para a face que mais se assemelha à intensidade da dor sentida10.

Na escala de categoria numérica/verbal é s“licitad“ a“ cliente classiicar a severidade da percepção/sensação da dor através da escolha de uma palavra na lista que melhor descreva a intensidade da dor. A escala numérica consiste numa série de números que variam de 0 a 10 ou 0 a 100, usualmente denominados de nenhuma dor ou pior possível, respectivamente. O paciente esc“lherá um númer“ que melh“r re”resente a intensidade subjetiva da dor. Escolha a intensidade da dor que sente neste momento, na escala de categoria verbal8: 1. Nenhuma dor 2. Dor fraca 3. Dor moderada 4. Dor forte 5. D“r insu”“rtável

Escolha a intensidade de dor que sente neste momento: Em janeir“ de 2000, a J“int C“missi“n “n Accreditati“n “n Heathcare Organizati“ns (JCAHO) publicou norma que descreve a dor como quinto sinal vital. Assim, ela deve ser sempre avaliada e registrada no mesmo momento que os outros sinais vitais. Send“ assim, esse at“ é necessári“ ”ara que exista conhecimento da conduta tomada, sua razão e seus resultados, valorizando e respeitando a queixa de dor13. Parâmetr“s isi“lógic“s tais c“m“ alterações cardiovasculares (hipertensão e taquicardia), frequência respiratória, saturação arterial de oxigênio, sudorese e alterações metabólicas e hormonais, têm sido utilizados associados, ou não, à observação do comportamento e podem ser úteis n“ ”r“cess“ de avaliaçã“, já que na vigência de dor aguda intensa respostas neurovegetativas “riundas da hi”eratividade sim”ática ”“dem ocorrer14. Chamar a d“r de quint“ sinal vital sugere que a avaliaçã“ da d“r deve ser tã“ aut“mática quant“ a obtenção da pressão arterial e pulso de um paciente10. Avaliar a dor como quinto sinal vital

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Elisângela Freitas Melo / Graziella Gasparotto Baiocco

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

Artigo de Pesquisa

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos


Metodologia A pesquisa foi de cunho quantitativo descritivo com delineamento transversal. A população env“lvida n“ estud“ f“i c“m”“sta ”“r ”r“ntuári“s de pacientes adultos internados a partir de 1º de julho de 2010 e que tiveram alta hospitalar até o dia 1º de agosto de 2010. A am“stra ”esquisada f“i de 45 ”r“ntuári“s de ”acientes adult“s cirúrgic“s. A am“stra f“i deinida a partir de uma média de quinhentos pacientes internados/mês, com margem de erro de ±10% na hi”ótese de ”=0,5, c“eiciente de c“niança de 95,5%, valor calculado através de tabela de determinação da amplitude da amostra. O estudo f“i a”r“vad“ ”el“ C“mitê de Ética em Pesquisa da instituição a ser pesquisada. Fez-se uma análise descritiva das inf“rmações “btidas ”ara cada variável. Os dad“s f“ram analisados através do software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS®) for Windows, versão 17, ad“tand“-se, ”ara critéri“s de decisã“, “ nível de signiicância (α=0,05) de 5%. F“i realizada a análise estatística descritiva utilizand“ as medidas de tendência central e de variabilidade, bem como a distribuição de frequências absoluta e relativa. A simetria das distribuições contínuas foi avaliada ”el“ teste de K“lm“g“r“v-Smirn“v. Na c“m”araçã“ de proporções entre as categorias de uma mesma variável, f“i utilizad“ “ teste qui-quadrad“, levando em consideração a distribuição teórica de homogeneidade entre as categorias comparadas, e f“ram a”resentadas em gráic“s e tabelas.

Análise e discussão dos resultados Pacientes se distribuíram de forma semelhante em relação ao sexo (2calc =0,580; p=0,873), se mostrando pouco mais elevado os investigados do sex“ masculin“ 53,3% (n=24), c“m“ ilustra a Figura 1: Figura 1: Distribuição relativa ao sexo.

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

7

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

é uma maneira de melhorar a qualidade de vida do cliente, pois a dor é um dos mais frequentes sintomas relatados por ele. Esta avaliação possibilita planejar a medicação de acordo com as necessidades ”ess“ais, e ”ermite veriicar a eicácia d“s tratament“s de m“d“ c“niável14. A Joint Commission on the Accreditation of Healthcare Organizations (2003) incorporou a dor e “ tratament“ da d“r em seus ”adrões, e airma que a d“r é avaliada em t“d“s “s ”acientes e que “s ”acientes ”“ssuem “ direit“ da avaliaçã“ e tratament“ a”r“”riad“s da d“r , reletind“ na importância do controle da dor10,2,3,1. Os enfermeiros diagnosticam e tratam a dor para aumentar o conforto do paciente, aliviar o sofrimento, prevenir e limitar lesão tissular e suas sequelas. Quando não aliviada também pode produzir ansiedade, interrupção do sono e prolongar a convalescência. Sendo assim, ela é um estressor importante que necessita de atenção por parte de enfermeiros16. Os ”r“issi“nais têm a res”“nsabilidade de descobrir como é a experiência de dor para o paciente e de iniciar medidas que proporcionem alívi“ “u ajudem-n“ a a”render a enfrentar “ mal-estar. O cliente val“riza a ca”acidade d“ ”r“issi“nal de enfermagem em ”r“”“rci“nar alívi“ para o seu sofrimento, enquanto enfermeiro que presta cuidados a um paciente que sente dor deseja que esse sint“ma seja aliviad“ de maneira eicaz, pois, existindo tantos recursos medicamentosos e cirúrgic“s, ”“de-se evitar “ desgaste da equi”e n“ que se refere ao seu equilíbrio emocional e físico e, ”rinci”almente, “ seu s“friment“ desnecessári“12. A avaliação da dor como quinto sinal vital ”ermite que “ ”r“issi“nal determine se é necessária uma nova terapia ou reconsidere a vigente, sendo que o paciente é a principal fonte de avaliação da eiciência de quaisquer medidas de alívi“ da dor. Os registros de enfermagem relacionados com a dor devem ser executados de maneira correta, completa e com clareza, facilitando, assim, as condutas dos médicos assistentes na programação da analgesia a ser utilizada, objetivando maior êxito no manejo da dor18. O presente estudo teve como objetivos: analisar os registros de enfermagem com relação à avaliação da dor em pacientes adultos internados em uma unidade cirúrgica de um hospital privado de Porto Alegre, Rio Grande d“ Sul; veriicar a a”licaçã“ da escala visual analógica para mensuração da dor como quinto sinal vital; identiicar as medicações analgésicas mais utilizadas ”ara cada grau de d“r; e veriicar a reavaliaçã“ da d“r n“s ”r“ntuári“s analisad“s.

Artigo de Pesquisa

Elisângela Freitas Melo / Graziella Gasparotto Baiocco

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos


Artigo de Pesquisa

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos

As faixas etárias que se m“straram mais ex”ressivas foram as de 70 anos ou mais, 24,4% (n=11), de 30 a 49 anos, 22,2% (n=10), e de 50 a 59 anos, 20,0% (n=9), c“m“ “bservad“ na Figura 2. Figura 2: Distribuição relativa à faixa etária.

Nas informações que se referem ao registro da d“r, veriic“u-se que, na r“tina d“s sinais vitais, “ registro foi realizado em praticamente todos os pacientes para os três turnos de investigação, oscilando entre 93,3% (n=42), no turno da noite, a 97,8% (n=44), no turno da manhã. Quanto ao registr“ da d“r em “utr“ h“rári“, ”revaleceu a ausência de registros nos turnos da manhã, 68,9% (n=31) e da tarde, 71,1% (n=32); no turno da noite, a ocorrência – 51,1% (n=23) – e não ocorrência – 48,9% (n=22) – de registros se mostrou distribuída de f“rma semelhante, c“m“ se “bserva na Figura 4: Figura 4: Distribuição relativa registros da dor na rotina dos sinais vitais e em outro horário.

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

Na abordagem do tempo de internação através de faixas (ou períodos), se mostrou signiicativamente elevada (2calc=4,202; p<0,05) a proporção de internações no período de 2 a 3 dias, 46,7% (n=21), bem como de 3 a 5 dias, 35,6% (n=16), c“m“ “bservad“ na Figura 3:

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

Sobre o diagnóstico, as maiores ocorrências f“ram ”ara Artr“”lastia j“elh“/c“x“-fem“ral, 24,4% (n=11) e Artrodese da coluna/hérnia discal/ osteotomia/tumores raquimedulares, 15,6% (n=7).

8

Em face a“ ex”“st“, evidencia-se a existência de pelo menos um registro de avaliação da dor junto à rotina dos sinais vitais, porém, com relação ao registro da d“r em “utr“ h“rári“, ”“de-se ”erceber que este nã“ se fez ”resente em 32 d“s ”r“ntuári“s analisad“s. A mai“r ”arte d“s registr“s da d“r em “utr“ h“rári“ f“i realizad“ n“ centr“ de recu”eraçã“ ”ós-anestésic“ e no turno da noite, enquanto os turnos da manhã e tarde apresentaram o menor número de registros. Os registros de enfermagem são as formas mais im”“rtantes de c“municaçã“, c“nstituind“-se num mei“ básic“ e im”rescindível de c“municar entre t“da a equi”e multi”r“issi“nal, ”r“m“vend“ uma assistência integral e qualiicada, send“ que a eicácia desses está ligada a“ treinament“, su”ervisã“ d“ ”ess“al e às instruções para a sua utilização19.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Elisângela Freitas Melo / Graziella Gasparotto Baiocco

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

Figura 3: Distribuição relativa ao tempo de internação


devidamente medicados com os analgésicos prescritos, mas os registros desta atividade não foram feitos. Outro aspecto importante do cuidado do paciente com dor é a reavaliação após a intervenção ter sid“ im”lementada. A avaliaçã“ da eicácia das medidas tem sido baseada no relato do paciente, e é reletida n“s instrument“s de avaliaçã“ da d“r. A”ós aguardar pelos efeitos das intervenções, é solicitado a“ ”aciente ”ara quantiicar a intensidade da d“r10. Mediante “s dad“s levantad“s, “bserv“u-se que os pacientes foram medicados e avaliados com relação a sua dor, mas ainda permaneceram com esta queixa. Sendo assim, as medidas implementadas ”ara “ alívi“ da d“r nã“ f“ram suicientes e através deste estud“ nã“ se ”ôde veriicar “ seguiment“ d“ atendiment“ ”ela falta de registr“s adequad“s. P“dese concluir que os pacientes foram devidamente medicados até o alívio da sua dor, mas através dos registros encontrados não se pôde fazer esta airmaçã“. Em relação à medicação que foi observada neste estudo, os resultados apontaram que se mostrou signiicativamente elevada (2calc=212,564; p<0,001) a proporção de pacientes que utilizaram dipirona, 77,% (n=35), e m“rina, 60,0% (n=27), quand“ c“m”arad“s aos demais medicamentos observados, como indica a Figura 5. Figura 5: Distribuição relativa aos medicamentos.

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

Os pacientes foram medicados com dipirona e m“rina c“m mai“r frequência, send“ essas medicações ”rescritas se necessári“. Nã“ f“i registrado o grau de dor que o paciente estava apresentando no momento da aplicação da

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

9

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

Em relaçã“ a“s esc“res da d“r, “bserv“u-se que no turno da manhã foram registrados escores de 42 ”acientes, c“m val“r mínim“ de 0,0 e máxim“ de 9,0 pontos. O escore mediano para dor foi de 0,0 pontos, sendo que 25% dos pacientes apresentaram esc“re de d“r su”eri“r a 3,2 ”“nt“s. Ainda veriic“use que, dos 42 pacientes que tiveram escores de dor apontados, 69,0% (n=29) apresentaram pontuação igual a zero e os demais escores, 31,0% (n=13), entre 2,0 e 9,0 pontos. Para o turno da tarde, foram apontados escores de 43 ”acientes, c“m val“r mínim“ de 0,0 e máxim“ de 10,0 pontos, sendo que o escore mediano para dor foi de 0,0 pontos, sendo que 25% dos pacientes apresentaram escore de dor superior a 2,0 pontos. Ainda em relação aos 43 pacientes que tiveram escores de dor apontados, 72,1% (n=31) apresentaram pontuação igual a zero e os demais pacientes, 27,9% (n=12), apresentaram escores entre 2,0 e 10,0 pontos. No que diz respeito ao turno da noite, também foram apontados escores de 43 pacientes, com val“r mínim“ de 0,0 e máxim“ de 10,0 ”“nt“s, c“m escore mediano de 4,0 pontos, sendo que 25% dos pacientes apresentaram escores de dor superior a 5,0 ”“nt“s. Também veriic“u-se s“bre “s 43 ”acientes que tiveram escores de dor apontados, que 41,9% (n=18) apresentaram pontuação igual a zero e os demais, 58,1% (n=25), apresentaram escores entre 2,0 e 10,0 pontos. O ”r“ntuári“ d“ ”aciente deve c“nter registr“s de enfermagem claros e distintos, deve descrever o planejamento, implementação e efeitos do cuidado de enfermagem, deve contribuir para a segurança do paciente e servir de base para avaliação contínua20. C“nsiderand“ a reavaliaçã“ da d“r a”ós a medicaçã“, ”“de-se “bservar que, ”ara “ turn“ da manhã, antes da medicação ocorreu registro de dor na rotina dos sinais vitais em 44 pacientes, e após a medicação, a reavaliação da dor ocorreu em 43,2% (n=19) dos pacientes, sendo que 9 permaneceram ainda com dor. Para o turno da tarde, antes da medicação ocorreu registro de dor na rotina dos sinais vitais em 43 pacientes, e após a medicação a reavaliação da dor ocorreu em 44,2% (n=19) dos pacientes, dos quais 6 ainda permaneceram com dor. Quanto ao turno da noite, dos 42 pacientes com registro da dor na avaliação dos sinais vitais, 69,0% (n=29) apresentaram registro na reavaliaçã“ da d“r a”ós a medicaçã“, veriicand“-se que 11 permaneciam com dor. P“de-se “bservar que n“s ”r“ntuári“s analisad“s ocorreu o registro da dor na rotina dos sinais vitais, mas a reavaliação da dor após a administração de medicação foi realizada em poucos pacientes e estes ainda permaneceram com dor. Através da pesquisa realizada, ”ercebeu-se que “s ”acientes f“ram

Artigo de Pesquisa

Elisângela Freitas Melo / Graziella Gasparotto Baiocco

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos


medicação, o que leva a crer que o paciente necessita de medicações além d“s h“rári“s ix“s e as recebe, mas a devida anotação não é feita. T“mand“-se ”“r base as evidências, a di”ir“na é um analgésico não opioide empregado em âmbito mundial para o tratamento da dor, tanto aguda como crônica. No Brasil, a dipirona é o principal analgésico da terapêutica nacional, “cu”and“ 31,8% d“ mercad“. Sua eicácia clínica em divers“s quadr“s álgic“s tem sid“ relatada, destacand“-se a utilidade n“ tratament“ da d“r ”ós-“”eratória14. A m“rina é “ agente de esc“lha n“ manej“ de dor aguda intensa; é preferência para esquema de doses intermitentes devido à sua maior duração de efeito, haja vista que tem início e duração de efeitos prolongados25. Quanto à forma de utilização prevaleceu a f“rma ixa, c“m ”r“”“rções variand“ entre 65,0% (n=13) no medicamento tramadol e 100,0% nos medicamentos celecoxibe (n=10) e tenoxican (n=2). Em relação à utilização dos medicamentos na f“rma ”rescrita se necessári“ , as ”revalências mostraram que a meperidina foi prescrita em 87,5% (n=7) e a m“rina em 59,3% (n=21), c“m“ é ”“ssível “bservar na Figura 6:

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

Figura 6: Distribuição relativa das formas de utilização dos medicamentos.

Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.

10

C“nf“rme Figura 6, “bserva-se que “s ”acientes ”“ssuíam ”rescriçã“ de analgésic“s ix“s na sua t“talidade. Estes f“ram utilizad“s n“s h“rári“s ”revist“s e além destes h“rári“s a d“r nã“ f“i registrada além da rotina dos sinais. Isso mostra que “ ”aciente recebe analgésic“s em vári“s “utr“s h“rári“s e “s registr“s nã“ sã“ feit“s. Mediante “s registr“s adequad“s, a equi”e médica ”“derá intervir através de uma ”rescriçã“ diversiicada de medicamentos analgésicos, possibilitando assim uma recuperação adequada e sem dor ou sofrimento para o paciente. A ”rescriçã“ de analgésic“s em h“rári“ ix“ evita grandes lutuações n“ nível ”lasmátic“ d“ fármac“ e ”revine ”ic“s de d“r. Além diss“, a prescrição deve prever a possibilidade de doses su”lementares d“ analgésic“ (se necessári“) ”ara o resgate da analgesia21. Sem possibilidade de doses suplementares (se necessári“), “ d“ente e a equi”e de enfermagem icam limitad“s ”ara “ adequad“ manej“ da d“r. C“nsiderand“-se estes c“nceit“s, a ”rescriçã“ em esquema mist“ (h“rári“ ix“ + se necessári“) atende de modo mais adequado às necessidades dos doentes. O adequado tratamento da dor n“ ”ós-“”eratóri“ nã“ é a”enas uma questã“ isi“”at“lógica21,22.

Consider ações finais Os resultados encontrados alcançaram os objetivos do trabalho e mostraram que o registro, na rotina dos sinais vitais, foi realizado em praticamente todos os pacientes nos três turnos, com destaque para o turno da manhã, quando h“uve registr“s em 97,8% d“s ”r“ntuári“s. Em “utr“s h“rári“s, “bserv“u-se que à n“ite h“uve registr“s em 51,1% d“s ”r“ntuári“s. Já quant“ à reavaliaçã“ da d“r a”ós medicaçã“, detect“u-se que h“uve registr“s ”ela manhã em 47,4% d“s ”r“ntuári“s. N“ estudo, os registros de enfermagem relativos à dor em “utr“ h“rári“ e à reavaliaçã“ da d“r a”ós a medicação foram os itens mais relevantes, sendo que n“ item em “utr“ h“rári“ ”revaleceu a ausência de registros no turno da tarde em 71,1% d“s ”r“ntuári“s analisad“s. Quant“ à reavaliaçã“ da d“r a”ós a medicaçã“, “bserv“u-se que “ turn“ da noite registrou 69,0%. A partir deste trabalho ”“de-se airmar que é n“tável a falta de registr“s de enfermagem com relação à avaliação da d“r. Sã“ insuicientes e ”“uc“ c“ntribuem ”ara “ desenvolvimento da qualidade da assistência de enfermagem no tratamento da dor. Observ“u-se que a analgesia f“i administrada adequadamente, a prescrição médica foi diversiicada, “s ”acientes utilizaram analgésic“s

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Elisângela Freitas Melo / Graziella Gasparotto Baiocco

Artigo de Pesquisa

A aplicação da escala da dor em pacientes adultos


A aplicação da escala da dor em pacientes adultos

Referências 1. Leão ER, Chaves LD. Dor quinto sinal vital: reflexões e intervenções de enfermagem. Curitiba: Maio; 2004. 2. Cailliet R. Dor: mecanismos e tratamento. Porto Alegre: Artes Médicas Sul; 1999. 3. Castro AB. Tratamento da dor no Brasil: evolução histórica. Curitiba: Maio; 1999. 4. Silveira RN. Síndromes dolorosas In: Guimarães JLM, Daniela, DR. Rotinas em oncologia. Porto Alegre: Artmed; 2008. 5. Carvalho MMMJ. Dor: um estudo multidisciplinar. São Paulo: Summus; 1999. 6. Pertes AR, Gross E. Dor crônica e dor aguda. In: Pertes AR.

Tratamento clínico das Disfunções temporomandibulares e da dor orofacial. São Paulo: Quintessence; 2005. 7. Kazanowski MK, Laccetti MS. Dor: fundamentos abordagem clínica, tratamento. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 8. Chaves LD, Pimenta CAM. Controle da dor pós-operatória: comparação entre métodos analgésicos. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2003 Mar-Abr; São Paulo; 11(2):215-19. 9. Silva YP. et al. Avaliação em neonatologia. Revista Brasileira de Anestesiologia 2007 Out; Rio de Janeiro, 57(5):565-74. 10. Smeltzer SC, Bare BG. Brunner & Suddarth: tratado de enfermagem médico cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 11. Pimenta, CAM. Dor: Manual clínico de enfermagem. São Paulo: EEUSP; 2000. 12. Potter PA, Perry AG. Grande tratado de enfermagem prática: clínica e prática hospitalar. 3. ed. São Paulo: Livraria Santos; 2005. 13. Pedroso RA, Celich KLS. Dor: quinto sinal vital, um desafio para o cuidar em enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem 2006 Jun; Florianópolis, v. 15, n. 2, p. 270-276. 14. SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O ESTUDO DA DOR. Dor como quinto sinal vital. Brasil, 2010. Disponível em: <http://www.dor.org.br>. Acesso em: 17 jan. 2010. 15. Silva YB, Pimenta CAM. Análise dos registros de enfermagem sobre dor e analgesia em doentes hospitalizados. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2003 Jun; São Paulo, v. 37, n. 2, p. 109-118. 16. Schell HM, Puntillo KA. Segredos em enfermagem na terapia intensiva. Porto Alegre: Artmed; 2005. 17. Swearingen PL, Keen HJ. Manual de enfermagem no cuidado crítico: intervenções em enfermagem e problemas colaborativos. 4. ed. Porto Alegre: Artmed; 2005. 18. Fontes KB, Jaques AE. O papel da enfermagem frente ao monitoramento da dor como quinto sinal vital. Ciência, Cuidado e Saúde 2007 Jun; Maringá, 6 (supl. 2): 481-87. 19. Possari JF. Prontuário do paciente e os registros de enfermagem. São Paulo: Iátria; 2007. 20. Draganov PB, Reichert MCF. Avaliação do padrão dos registros de enfermagem em um hospital privado na cidade de São Paulo. Revista de Enfermagem da UFPE 2007; Recife, v. 1, n. 1, p. 36-45. 21. Pimenta CAM. et al. Controle da dor no pós-operatório. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2001 Jun; São Paulo, 35(2): 180-83. 22. Lima et al. Controle da dor no pós-operatório de cirurgia cardíaca: uma breve revisão. Revista Eletrônica de Enfermagem 2008;10(2): 521-29. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index. php/fen/article/view/8064/5831>. Acesso: em 23 out. 2010.

* Enfermeira Graduada pela Universidade Feevale/RS. ** Professora Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade Feevale/RS.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

11

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 05 a 11

Recebido 08.03.2012 Aprovado 20.03.2012

Artigo de Pesquisa

”rescrit“s ix“s e se necessári“, mas nã“ há registr“ adequado da dor, ou seja, de uma forma ou de outra, a dor é avaliada, mas não registrada, faltand“ a c“ntinuidade da avaliaçã“ de eicácia da analgesia. Acredita-se que “s resultad“s “btid“s contribuirão para melhorias na Instituição em estud“, além de levar a uma relexã“ a intencionalidade de capacitar a equipe para sua qualiicaçã“ e melh“ria n“s registr“s. A Educaçã“ C“ntinuada deve ser uma medida constante para a equipe de enfermagem, que deve receber mais treinamentos e orientações contínuas quanto à existência da norma que institui a dor como sendo o quinto sinal vital. Deve ser estimulada a intr“duzida em sua ”rática ”r“issi“nal, nã“ a”enas send“ veriicada na r“tina dos sinais vitais, mas sempre que houver queixas d“ ”aciente e este f“r medicad“. Assim, assegurase que todos os pacientes tenham acesso ao controle da dor e seu registro adequado.


HUMANIZAÇÃO NA HORA DO PARTO: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Humanization in the hour of the childbirth: a bibliographical review * Sonia Walkiria dos Santos Miralha Stumpfs ** Maristênia Machado Araújo Dias

Resumo – Introdução: O parto é um momento de extrema importância para a mulher, em que participam profissionais da saúde que irão ajudar no processo de parturição e nascimento de forma saudável e humanizadora. Metodologia: Trata-se de um estudo de cunho bibliográfico, que tem por objetivo a compreensão científica da humanização na hora do parto. Referencial teórico: A hora do parto para a mulher: sentimentos e angústias; desde o início quando a mulher fica sabendo que está grávida, já começa a imaginar como será sua vida a seguir. Humanização na assistência: Com a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) houve várias mudanças na atenção à saúde no Brasil. Humanização no Parto: O modelo biomédico ainda utilizado na assistência à mulher no período de gravidez promove um aumento desnecessário de procedimentos invasivos e intervencionistas na hora do parto. Conclusão: Neste estudo percebemos a importância do parto para a mulher e a sua família, principalmente por todo o conjunto de ações que este evento é envolvido. Palavras-chave: Hora do parto; humanização no parto; humanização na assistência. Enfermagem.

Abstract – Introduction: The childbirth is a moment of extreme importance for the woman, where professionals of the health that will help in the Childbirth process and birth in a healthy way and humanization participate. Methodology: It is treated of a study of bibliographical stamp, that he/she has for objective the scientific understanding of the humanization in the hour of the childbirth. Theoretical Reference: At the hour of the childbirth for the woman: feelings and you: from I begin him/it where the woman is knowing that this pregnant, she already begins to imagine how his/her life will be ahead. Humanization in the attendance: With the creation of the Unique system of Health (SUS) there were several changes in the attention to the health in Brazil. Humanization in the Childbirth: The biomedical model still used in the attendance the woman in the pregnancy period promotes an unnecessary increase of procedures invasive and interventionist in the hour of the childbirth. Conclusion: In this study we noticed the importance of the childbirth for the woman and his/her family, mainly for the whole group of actions that this event is involved. Keywords: Hour of the childbirth; humanization in the childbirth; humanization in the attendance.

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 12 a 15

Introdução O parto é um momento de extrema importância ”ara a mulher, em que ”artici”am ”r“issi“nais da saúde que irão ajudar no processo de parturição e nasciment“ de f“rma saudável e humanizad“ra. O medo e a insegurança da gestante em relação ao parto vêm desde o tempo mais remoto. Por tradição popular, o parto sempre foi aliado à ideia de dor, sofrimento e angústia1. Os ”r“issi“nais de saúde, na atuaçã“ a“ ”art“ normal, independente da relação de gênero, estão buscando melhorar a atenção dispensada às parturientes e ampliando a assistência no contexto de igualdade social. O relacionamento inter”r“issi“nal, res”eitad“s “s saberes de cada categoria, auxilia no atendimento à mulher em trabalho de parto e no parto, garantindo a qualidade da assistência e a satisfação da clientela. Na mudança de paradigma em relação à humanização da assistência, isto se torna imprescindível na visão holística da atenção à mulher2. Entretanto, apesar de existirem trabalhos e esforços sobre a humanização, ainda convivemos

12

com uma assistência em que prevalece a desumanização. Os ”r“issi“nais de saúde sã“ c“adjuvantes dessa experiência e nela desempenham importante papel, c“l“cand“ seu c“nheciment“ a serviç“ d“ bemestar da mulher e d“ bebê; ajudand“-“s n“ ”r“cess“ de ”arturiçã“ e nasciment“ de f“rma saudável3. N“ entant“, nós, c“m“ ”r“issi“nais, tem“s que n“s atualizar e c“l“car em ”rática “ que sabem“s. O ”“nt“ básic“ da humanizaçã“ é a comunicação e o relacionamento baseado no respeito, no ouvir o dito e o não dito, no observar, t“mand“ c“m“ veícul“ técnicas es”ecíicas que só serão humanizadoras se houver envolvimento d“ ”r“issi“nal c“m “ cliente. Basead“s nessas c“municações, ”recisam“s estar atualizad“s, a im de “rientá-l“s c“nf“rme “ necessári“4. Diante das considerações anteriores, buscam“s am”liar a visã“ e reletir a im”“rtância da humanização para a mulher parturiente. Acreditamos que tais conhecimentos poderão subsidiar o cuidado a esta clientela, acrescentando a a”rendizagem na área da saúde da mulher.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


Humanização na hora do parto: uma revisão bibliográfica

Trata-se de um estud“ de cunh“ bibli“gráic“, que tem ”“r “bjetiv“ a c“m”reensã“ cientíica da humanizaçã“ na h“ra d“ ”art“. Realiz“u-se uma busca sobre o tema na Base de Dados Scielo, em 2 exemplares da Revista Gaúcha de Enfermagem, num livro e também nas Diretrizes do Ministério da Saúde. Na busca n“ Sciel“ utilizaram-se “s seguintes termos: Humanização na assistência e Humanização n“ ”art“. F“ram enc“ntrad“s 153 artig“s entre 2000 e 2009, desses, 16 foram analisados. A escolha dos artigos se baseou na proximidade com a enfermagem, sendo priorizados os que abordassem o tema. A técnica utilizada f“i a análise da bibli“graia encontrada, sendo realizada a leitura, seleção e ichament“ ”ara elab“raçã“ d“s tó”ic“s e d“ referencial teórico. Na ”esquisa bibli“gráica é realizada uma busca de dad“s em materiais já ”r“duzid“s ”“r “utr“s aut“res e ”ublicad“s em bases cientíicas5.

Referencial teórico A hora do parto para a mulher: sentimentos e angústias

Humanização na assistência C“m a criaçã“ d“ Sistema Únic“ de Saúde (SUS), h“uve várias mudanças na atençã“ à saúde no Brasil. O acesso irrestrito da população aos serviç“s de saúde fez c“m que se criassem desai“s, principalmente para que todos os princípios do SUS fossem realizados com sucesso10. Em 2003, foi instituída pelo Ministério da Saúde a Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS (Humaniza SUS). Esta política tem como sua base estimular a efetivação de todos os princípios do SUS, além de promover a s“lidariedade entre ”r“issi“nais da saúde, gest“res e a população11. Para que a humanização na assistência seja corretamente aplicada, deve haver respeito, diál“g“ e s“lidariedade entre ”r“issi“nais da saúde e a população em geral. Visar a integralidade do cuidado também se torna um aspecto importante nesta busca pela humanização. Entretant“, ”“dem“s citá-la c“m“ um ”r“cess“ complexo e demorado, pois envolve mudanças de comportamento dos envolvidos e acaba muitas vezes gerando medo e ansiedade12. Em uma pesquisa foi concluído que a maioria dos enfermeiros tem como seus princípios a bioética e o respeito ao paciente, principalmente em atos simples como cuidados de higiene e explicação de procedimentos. Porém, estes princípios muitas vezes sã“ barrad“s e diicultad“s ”elas r“tinas e normas do hospital. Neste mesmo estudo é citada a importância de se olhar o paciente integralmente como um todo, não se baseando apenas nas condições e necessidades biológicas, mas sim analisando toda a estrutura biopsicossocial do indivíduo13. Muit“s ”r“issi“nais da saúde acreditam que “ processo de cuidar é realizado somente em uma via, “u seja, “ ”r“issi“nal dis”“nibiliza “ cuidad“ basead“ em cunh“ técnic“-cientíic“; enquant“ o paciente que necessita desse cuidado apenas o recebe. P“rém, este ”ensament“ está equiv“cad“,

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

13

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 12 a 15

Sonia Walkiria dos Santos Miralha Stumpfs / Maristênia Machado Araújo Dias

Desde “ iníci“, quand“ a mulher ica sabend“ que está grávida, já c“meça a imaginar c“m“ será sua vida a seguir. A“ sentir que seu ilh“ está se mexendo, iniciam seus medos, suas dúvidas e angústias em relação ao momento do parto. Existem muitas expectativas que acometem as gestantes, tais como: assistência de qualidade no serviço que irão procurar; respeito por parte da equi”e; se haverá es”aç“ ”ara sua d“r e o sentimento que possivelmente terão que c“m”artilhar c“m “s ”r“issi“nais, “u seja, “s temores, as alegrias e os prazeres da gestação6. N“ entant“, a equi”e multi”r“issi“nal nã“ pode menosprezar que cada mulher tem o seu diferencial. Os ”r“issi“nais devem c“nsiderar este fato, pois as mulheres têm sua história pessoal, cultural, econômica e emocional7. C“m “ inal da gestaçã“, quand“ a ”arturiente procura um serviço de saúde para realizar o seu ”art“, é im”“rtante “ ”r“issi“nal criar um víncul“ com ela para que se sinta acolhida. Mesmo que o ”r“issi“nal nã“ ique “ tem”“ t“d“ a“ seu lad“, iss“ irá enc“rajá-la a c“nversar e realizar “s cuidad“s para um bom parto7. É im”“rtante a equi”e ”r“issi“nal ser educada, cuidadosa, atenciosa e mostrar dedicação neste momento em que mulheres estão com dores e amedrontadas8.

Um estudo de 2008 relata que algumas pacientes sentiram muita dor juntamente com solidão, nervosismo, impaciência, incapacidade de c“nseguir ter “ seu ilh“, seguid“ de ch“r“ e med“. O mesmo estudo destaca relatos de pacientes referindo que quando foram acompanhadas por algum ”r“issi“nal (geralmente da enfermagem), ist“ inluenci“u ”“sitivamente ”ara “ seu trabalh“ de ”art“, gerand“ assim c“niança, segurança e relaxamento9.

Artigo de Revisão

Metodologia


Artigo de Revisão

Humanização na hora do parto: uma revisão bibliográfica

”“is n“ m“ment“ em que “ ”r“issi“nal “uve e se im”“rta c“m “ ”aciente, este se sentirá satisfeit“ e c“m certeza irá a”r“var “ cuidad“14. Neste mesm“ estud“ é relatad“ que há muitas dimensões que inluenciam a humanizaçã“ n“ cuidado. Por exemplo, estar ciente das pessoas que irão ser atendidas no serviço, visando suas características, como condições socioeconômicas, problemas mais comuns que afetam sua saúde, crenças, valores culturais e suas carências, faz com que “ ”r“issi“nal f“calize seu “lhar e assim qualiique seu cuidado. A consideração da realidade do paciente gera um vínculo maior entre as partes e isso se torna uma forma de planejar o cuidado a cada indivíduo14. Outro aspecto é a participação de diversos ”r“issi“nais n“ cuidad“, iss“ ”“ssibilita a melh“r disponibilidade dos pacientes, além de criar mais c“niança c“m “s ”r“issi“nais. Incluem-se neste ponto os recepcionistas, guardas e todos aqueles que tenham contanto com o paciente14.

O modelo biomédico, ainda utilizado na assistência à mulher no período de gravidez, ”r“m“ve um aument“ desnecessári“ de procedimentos invasivos e intervencionistas na hora do parto. Muitas vezes esses procedimentos não são realizados com total aprovação da mãe e da família15. C“ntud“, há m“viment“s g“vernamentais “u independentes surgindo que estão tentando trazer e implementar a assistência humanizada visando integralmente o ser humano. Além disso, cabe também a“s ”r“issi“nais da saúde e seus gest“res criarem e incentivarem estas ideias principalmente para as mulheres na fase gravídica, momento em que se t“rnam mais vulneráveis e necessitam de um apoio emocional constante15. Para este tema, o Ministério da Saúde3 criou o programa Parto, Aborto e Puerpério: Assistência Humanizada à Mulher. Este programa tem como objetivo disseminar informações, conceitos e ”ráticas a“s ”r“issi“nais da saúde em relaçã“ à assistência à mulher no período de gravidez. Ele ”retende fazer a ligaçã“ entre “ caráter técnic“ e a necessidade do cuidado humanizado neste período. P“rém, n“ta-se que a mai“ria das mulheres nã“ conhece as políticas e propostas de humanização, que são seus direitos durante a gravidez. A participação do acompanhante na hora do parto é um dos únicos itens que normalmente as mulheres estão cientes8.

14

Consider ações finais Neste estudo percebemos a importância do parto para a mulher e sua família, principalmente por todo o conjunto de ações que este evento é envolvido. Analisamos que as necessidades médicas e bi“lógicas d“ m“ment“ nã“ sã“ “ que mais aligem as mulheres, mas sim c“m“ será feit“ atendiment“ ”el“s ”r“issi“nais. P“r iss“, é necessária uma atençã“ qualiicada a estas mulheres ”ara que se sintam acolhidas e cuidadas durante todo o ”r“cess“ d“ seu ”art“. É fundamental um “lhar diferenciado e atento a todos os detalhes, para que o cuidado humanizado seja realizado com sucesso. C“m base n“s achad“s da literatura “bservam“s que “ ”r“issi“nal da saúde é ”rivilegiad“ n“ que se refere ao atendimento à mulher no processo de parturição, pois pode incluir na assistência todo o seu conhecimento visando os padrões humanistas. C“m iss“ ”“dem“s a”resentar ”r“”“stas ”ara mudanças, “bservand“ “ que ac“ntece na ”rática do atendimento, transportando os direitos e deveres dessas mulheres ”ara uma maternidade irme e prazerosa, tanto para a mãe quanto para o bebê.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Sonia Walkiria dos Santos Miralha Stumpfs / Maristênia Machado Araújo Dias

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 12 a 15

Humanização no parto

Neste mesm“ estud“ c“nclui-se que é necessária uma política de humanização mais acessível às mulheres de classes sociais mais desfavorecidas. Uma política em que as mulheres possam ter um parto de qualidade, não só em relação às suas necessidades biológicas momentâneas, mas sim a toda magia que gira em torno deste momento8. Há também um déicit em relaçã“ a ”ublicações cientíicas naci“nais s“bre “ tema. Estes estud“s c“m certeza contribuíram para a implantação de serviços e rotinas para partos menos intervencionistas, além de c“ntribuir ”ara a visualizaçã“ d“s ”r“issi“nais da saúde sobre o parto como uma experiência positiva e enriquecedora16. Percebemos que é de fundamental importância a busca de uma assistência humanizada no nasciment“ e n“ ”art“. Ist“ signiica um ti”“ de assistência que vá além d“ ”art“ n“rmal a qualquer custo, que resgate a posição central da mulher no processo de parto e nascimento, respeitando a sua dignidade, autonomia e controle sobre a situação1. C“m“ ”r“issi“nais da saúde devem“s “lhar o outro com mais respeito e dignidade, tentando entender as condições de cada indivíduo e sendo livres de preconceitos. A partir disso conseguiremos realizar um cuidado muito mais humanizado, principalmente na hora do parto, evento que é culturalmente cercado de medo e ansiedade17.


Humanização na hora do parto: uma revisão bibliográfica

Recebido 13.01.2012 Aprovado 03.02.2012

* Enfermeira, Pós-Graduada em Urgência e Emergência pelo Centro Universitário Metodista IPA. ** Docente do Centro Universitário Metodista IPA. Enfermeira e Orientadora.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

15

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 12 a 15

Sonia Walkiria dos Santos Miralha Stumpfs / Maristênia Machado Araújo Dias

1. Merighi MAB, Carvalho GM, Suletroni VP. O processo de parto e nascimento: visão das mulheres que possuem convênio saúde na perspectiva da fenomenologia social. Acta Paulista de Enfermagem 2007 Out-Dez; 20(4):434-40. 2. Wolff LR, Waldo VR. Violência consentida: mulheres em trabalho de parto e parto. Saúde e Sociedade 2008 Jul-Set; 17(3):138-51. 3. Ministério da Saúde (Brasil). Programa Parto, Aborto e Puerpério: assistência humanizada à mulher. Brasília: Ministério da Saúde; 2001. 4. Oliveira ME, Zampieri MFM, Brüggemann OM. A melodia da humanização: reflexões sobre o cuidado no processo de nascimento. Florianópolis: Cidade Futura; 2001. 5. Gil AC. Como elaborar um projeto de pesquisa. 4. ed. São Paulo: Hucitec; 2006. 6. Hotimsky SN, et al. O parto como eu vejo. Ou como eu o desejo? Expectativas de gestantes, usuárias do SUS, acerca do parto e da assistência obstétrica. Cadernos de Saúde Pública 2002 Set-Out; 18(5):1303-11. 7. Oliveira DL. Enfermagem na gravidez, parto e puerpério. Porto alegre: UFRGS; 2005. 8. Dias MAB, Deslandes SF. Expectativas sobre a assistência ao parto de mulheres usuárias de uma maternidade pública do Rio de Janeiro, Brasil: os desafios de uma política pública de humanização da assistência. Cadernos de Saúde Pública 2006 Jan-Dez; 22(12):2647-55. 9. Rodrigues AV, Siqueira AAF. Sobre as dores e temores do parto:

dimensões de uma escuta. Revista Brasileira de Saúde MaternoInfantil 2008 Jan-Mar; 8(2):179-86. 10. Beck CLC, et al. Humanização da assistência de enfermagem: percepção de enfermeiros nos serviços de saúde de um município. Revista Gaúcha de Enfermagem 2009 Mar; 30(1):54-61. 11. Ministério da Saúde (Brasil). Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do Sistema Único de Saúde (Humaniza SUS). Brasília: MS; 2003. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/ saude/cidadao/area.cfm?id_area=1342>. 12. Beck CLC, et al. A humanização na perspectiva dos trabalhadores de enfermagem. Florianópolis. Texto & Contexto Enfermagem 2007 Jul-Set; 16(3):503-10. 13. Barbosa IA, Silva MJP. Cuidado humanizado de enfermagem: o agir com respeito em um hospital universitário. Brasília: Revista Brasileira de Enfermagem 2007 Set-Out; 60(5):546-51. 14. Hoga LAK. A dimensão subjetiva do profissional na humanização da assistência a saúde: uma reflexão. Revista de Escola de Enfermagem da USP 2005 Mar; 38(1):13-20. 15. Moura FMJS, et al. A humanização e a assistência de enfermagem ao parto normal. Revista Brasileira de Enfermagem 2007 Jul-Ago; 60(4). 16. Domingues RMSM, Santos EM, Leal MCL. Aspectos da satisfação das mulheres com a assistência ao parto: contribuição para o debate. Cadernos de Saúde Pública 2004;20(1):S52-S62. 17. Oliveira ZMLP, Madeira AMF. Vivenciando o parto humanizado: um estudo fenomenológico sob a ótica de adolescentes. Revista da Escola de Enfermagem 2002 Jun; 36(2):133-40.

Artigo de Revisão

Referências


Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura* Parent participation in hospitalized child care: integrative review of literature

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

** Luisa Flôr *** Lisnéia Fabiani Bock **** Jean Mauhs Resumo – O presente estudo objetivou conhecer o que retrata a produção científica brasileira, nos últimos 9 anos, sobre a participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada. Foi realizada uma revisão integrativa da literatura, mediante a busca de produções na língua portuguesa, na Biblioteca Virtual de Saúde – BVS, nas bases de dados do LILACS e BDENF, através dos descritores: hospitalização, criança hospitalizada, enfermagem pediátrica, cuidados de enfermagem, enfermagem familiar e família. Das 90 produções encontradas na primeira busca, somente 21 publicações trouxeram à discussão a participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada. A análise apontou os sentimentos dos pais relacionados à hospitalização da criança; a participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada; e o relacionamento entre os pais e a enfermagem. A hospitalização da criança é sempre uma situação extremamente delicada, pois a mesma não possui a compreensão necessária sobre sua doença, bem como o motivo da internação, e os pais encontram-se bastante fragilizados. Neste instante, torna-se necessário que os profissionais de saúde percebam que a criança necessita de uma assistência de enfermagem com cuidados diferenciados, estimulando e favorecendo a presença dos pais junto ao filho e organizando planos de ações que possibilite a recuperação da mesma. Acreditamos que o apoio dos profissionais que cuidam da criança é essencial para a sua adaptação ao ambiente hospitalar e aos tratamentos aos quais ela é submetida. Concluiu-se que a integração da família com a enfermagem na internação pediátrica contribui para a recuperação da criança. Para isto, torna-se necessário que a família e a enfermagem se envolvam no cuidado com carinho, dedicação e motivação da criança internada. Palavras-chave: Hospitalização; criança hospitalizada; enfermagem pediátrica; cuidados de enfermagem; enfermagem familiar; família.

Abstract – This study aimed to identify which depicts the brazilian scientific production in the last 9 years on the participation of parents in the care of hospitalized children. We performed an integrative literature review by searching for production in the Portuguese language, the virtual health library – BVS, in the databases: LILACS and BDENF, through the descriptors: hospitalization, child hospitalized, pediatric nursing, nursing care, family nursing and family. Of the 90 products found in first search, only 21 publications brought the issue, the participation of parents in the care of hospitalized children. The analysis pointed out the feelings of parents related to hospitalization of the child, parent participation in the care of hospitalized children, and the relationship between parents and nurses. The hospitalization of the child is always an extremely delicate situation, because it lacks the necessary understanding about their illness and the reason for admission, as well as parents are very fragile. Right now, it is necessary that health professionals understand that a child needs nursing care with special care, fostering and encouraging the presence of parents with their child and organizing action plans that enable the recovery of the same. We believe that the support of professionals who care for the child, it is essential to adapt them to the hospital and the treatments to which it is submitted. It was concluded that the integration of family and hospitalization in pediatric nursing, contributes to the child’s recovery. For this, it is necessary that the family and become involved in nursing care with love, dedication and motivation of the hospitalized child. Keywords: Hospitalization; child hospitalized; pediatric nursing; nursing care; family nursing; family.

Introdução A hospitalização é uma situação crítica e delicada na vida de qualquer ser humano, mais ainda quando se trata de crianças, pois elas não ”“ssuem a c“m”reensã“ necessária ”ara entender sua doença e o motivo da internação. Neste instante, em que a fragilidade infantil se mostra mais evidente, t“rna-se necessári“ que “s ”r“issi“nais de saúde tenham consciência de que a criança necessita de uma assistência de enfermagem com cuidados diferenciados, estimulando e fav“recend“ a ”resença d“s ”ais junt“ a“ ilh“ e organizando planos de ações que possibilitem a recuperação da criança.

16

É necessári“ manter “ víncul“ mãe-ilh“ durante este período hospitalar, aproveitando a profunda relaçã“ ”sic“em“ci“nal entre eles, “ que irá facilitar os futuros tratamentos desta criança1. A preocupação com a permanência dos pais no h“s”ital t“rn“u-se mais efetiva a”ós a ”r“mulgaçã“ da Lei 8069 de 13 de julho de 1990, regulamentando “ Estatut“ da Criança e d“ Ad“lescente (ECA), que diz n“ seu artig“ 12: “s estabeleciment“s de atendimento à saúde deverão proporcionar condições para a permanência em tempo integral de um d“s ”ais “u res”“nsável, n“s cas“s de internação de criança ou adolescente”2.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura

Metodologia Este estud“ c“nstitui-se de uma revisã“ integrativa de literatura, que é elaborada com base em material, composta principalmente de artigos cientíic“s4. A principal vantagem deste tipo de pesquisa reside no fato de permitir ao pesquisador a abordagem de um grupo de fenômenos mais amplo do que aquele que poderia ser pesquisado diretamente. Essa metodologia possibilita resumir as ”esquisas já c“ncluídas em estud“s anteri“res, a im de que se crie deduçã“ s“bre “ tó”ic“ es”ecíic“5. Embora os métodos para a condução de revisões integrativas variem, existem padrões a serem seguidos utilizando as seguintes etapas: identiicaçã“ d“ ”r“blema, seleçã“ da am“stra, deiniçã“ das inf“rmações a serem extraídas d“s artig“s seleci“nad“s, “rganizaçã“ e análise d“s dados, apresentação e discussão dos resultados e apresentação da revisão5,6,7. A revisão integrativa de literatura, além de proporcionar uma síntese do conhecimento criado sobre um determinado tema, permite também a visualizaçã“ de lacunas de evidências na ”rática ”r“issi“nal, viabiliza a c“ntextualizaçã“ d“ ”esquisad“r em determinada temática e ”ermite uma análise am”la da literatura, c“ntribuind“ ”ara discussões sobre métodos e resultados de pesquisa8. A presente pesquisa foi realizada junto à Biblioteca Virtual de Saúde (BVS–BIREME) elegendo as bases de dad“s: LILACS (Literatura Latin“-Americana e d“ Caribe em Ciências da Saúde) e BDENF (Base de Dad“s Bibli“gráic“s Es”ecializada na Área de Enfermagem d“ Brasil). Fizeram ”arte da am“stra coletada artigos em português de pesquisa original, revisã“ de literatura e relexã“ teórica. Os critérios para a seleção dos materiais foram: ”r“duções dis”“níveis nas bases de dad“s LILACS e BDENF e ”r“duções registradas c“m “s descrit“res hospitalização, criança hospitalizada, enfermagem ”ediátrica, cuidad“s de enfermagem, enfermagem familiar e família. A partir da seleção dos descritores, foram priorizadas as produções que contemplassem a participação dos pais na hospitalização da criança e publicações entre os anos de 2000 a 2009 em língua portuguesa. Os descritores escolhidos ”ara a busca de ”eriódic“s atenderam a“ DeCS (Descrit“res em Ciências da Saúde), c“nf“rme possível relação com o tema. Ao utilizarmos os descritores selecionados no LILACS, enc“ntram“s um t“tal de 90 artig“s na primeira busca. Após analisarmos criteriosamente “s resum“s, seleci“nam“s 21 ”r“duções cientíicas que estavam de acordo com os objetivos do estud“ ”ara análise. F“ram excluíd“s 20 artig“s ”“r serem teses e dissertações, 8 artigos publicados

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

17

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

A ligação afetiva entre a criança e sua família, mais objetivamente com a mãe, é imprescindível para assegurar que as bases da formação psicológica do futuro adulto sejam mantidas intactas. C“nsiderand“ que a situaçã“ de internaçã“ é de várias ”rivações, a manutençã“ desse vínculo é importante para minimizar esse prejuízo3. Tend“ em vista a internaçã“ da criança, faz-se necessári“ c“nsiderar a interaçã“ entre a equi”e multidisciplinar, o cliente e sua família, visando ”r“”“rci“nar-lhe segurança e c“nf“rt“ n“ dec“rrer do tratamento. A criança não deve ser considerada como um ser isolado, mas um paciente inserido no contexto hospitalar. O período de adaptação ao hospital tem de ser contínuo, por isso a família e a equipe multidisciplinar devem manter essa interação de um modo permanente, buscando superar os problemas naturais que surgem durante este momento c“nturbad“ da internaçã“: “s ”r“issi“nais da saúde devem compreender que a família do ”aciente está s“frend“ um estresse ”r“fund“, ”“is está ”assand“ ”“r uma reestruturaçã“ t“tal de suas atividades diárias, de seus recurs“s ec“nômic“s e disponibilidade pessoal, assim como os membros dessa família devem entender que a equipe de saúde ”“ssui “utras demandas ”r“issi“nais. C“m“ “ ”r“cess“ de internaçã“ é uma situação nova para a criança, gera ansiedade e ”“de ”r“v“car alterações signiicativas n“ seu desenvolvimento. Este trabalho pretende reforçar a importância da participação dos pais na h“s”italizaçã“ da criança, ”“is ainda há muitas instituições que limitam a presença dos pais e/ou familiares. A doença leva a desequilíbrios físicos, emocionais e cognitivos, provocando estresse tanto na criança quanto na sua família. A hospitalização é uma situaçã“ traumática, causand“ na criança um estado de insegurança e ameaça psíquica. Diante das considerações realizadas na introdução deste trabalho, surge o nosso questionamento: como se c“nigura a im”“rtância da ”artici”açã“ dos pais no cuidado à criança hospitalizada na ”r“duçã“ cientíica brasileira n“s últim“s 9 an“s? O trabalho tem por objetivo conhecer o que retrata a ”r“duçã“ cientíica brasileira n“s últim“s 9 anos sobre a participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada; realizar o levantamento das ”r“duções cientíicas desenv“lvidas ”ela enfermagem sobre a participação dos pais no cuidad“ à criança h“s”italizada; identiicar “s aut“res, “s ti”“s de ”esquisa, a c“erência teóric“metodológica dos artigos e os resultados, e analisar descritivamente os resultados das pesquisas produzidas para a construção do conhecimento na área.


em inglês/es”anh“l e 1 relat“ de cas“. F“ram ainda excluídos 40 artigos por não corresponderem ao tema proposto. Ao realizar a busca na BDENF, enc“ntram“s 4 artig“s, “s quais também enc“ntravam-se n“ LILACS. Os artig“s seleci“nad“s f“ram lid“s várias vezes, procurando interpretar como o(s) autor(es) construíram o problema, os métodos, as técnicas utilizadas para o estudo e os resultados obtidos. Procuramos utilizar os princípios que regem a interpretação. A partir de uma leitura geral de todos os dados coletados, foi realizada a conferência dos artigos no que tange aos critérios de inclusão, de exclusão e “bjetiv“, den“minada ”rimeira ”eneira 5. C“m“ indica a Revisão Integrativa, os dados foram sistematizados em tabelas e posteriormente foi realizada uma leitura criteri“sa, levand“-se em conta o critério de exaustão e pertinência da coleta d“s dad“s, den“minada de segunda ”eneira . Diante dos pressupostos, os dados coletados f“ram tratad“s quantitativamente, a im de descrever em valores numéricos as características das produções quanto: à distribuição das publicações nos últimos 9 anos, periódico e ano de produção; ao tipo de estudo; aos objetivos d“ estud“; a“ títul“ da ”r“duçã“ cientíica; a“s aut“res/titulaçã“; à ”“”ulaçã“-alv“; a“ l“cal onde foi realizada a pesquisa; ao método e tipo de pesquisa; ao referencial utilizado; ao instrumento de c“leta de dad“s; a“ ti”“ de análise; a“s resultad“s; à conclusão e recomendações. Os resultados e discussões dos dados obtidos foram apresentados de forma descritiva, possibilitando ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa elaborada, como também atingir o objetivo desse método, fornecendo, assim, subsídios ao enfermeiro para uma atuação visando contribuir com a otimização da assistência para o acolhimento da criança hospitalizada, bem como ao incentivo da participação dos pais no contexto da hospitalização. Os aspectos éticos foram respeitados na medida em que todos os autores das obras utilizadas na pesquisa foram devidamente referenciados ao longo do trabalho, conforme recomendado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Os direitos autorais foram preservados de acordo com a Lei 9.610, de 19 de fevereiro de 19989.

Resultados e discussão Dos 21 artigos analisados, 12 foram publicados em periódicos brasileiros. Destes, o que publicou o maior número de artigos (3, 14,3%) foi a Escola Anna Nery – Revista de Enfermagem do Rio de Janeiro.

18

Já a Revista Latin“ Americana de Enfermagem, Revista Brasileira de Enfermagem, Acta Paul. de Enfermagem, Revista Escola de Enfermagem da USP, Revista Enfermagem da UERJ, Revista de Cresciment“ e Desenv“lviment“ Human“, Revista Eletrônica de Enfermagem apresentaram cada uma 2 artigos (9,5%) publicados sobre o tema. As demais revistas, c“m“ a Ciência e Saúde, Text“ e C“ntext“ Enfermagem, Revista Gaúcha de Enfermagem, Revista Einstein, apresentaram 1 artigo (4,8%) publicado. Ao analisarmos o conjunto da amostra, veriicam“s que “s artig“s, em sua mai“ria f“ram ”ublicad“s em ”eriódic“s da área da saúde em geral, sendo através de revistas e cadernos de enfermagem. D“s 21 artig“s analisad“s, identiic“use a seguinte distribuição da produção dos últimos 9 anos, conforme a Tabela 1. Tabela 1: Distribuição das produções de 2000 a 2009 Ano

Produções

%

2000

01

4,8

2001

01

4,8

2002

00

00

2003

04

19

2004

06

28,5

2005

04

19

2006

02

9,5

2007

01

4,8

2008

01

4,8

2009

01

4,8

TOTAL

21

100

Observa-se que as ”ublicações f“ram relativamente distribuídas nos anos entre 2000 e 2009, embora tenhamos um aumento de publicações em 2004. Ao analisarmos os delineamentos de pesquisa enc“ntrad“s na am“stra estudada, identiicam“s que 16 (90,5%) utilizaram a abordagem metodológica qualitativa. Destas, 1 estud“ é relexã“ teórica e 2 estud“s sã“ revisã“ de literatura e bibli“graia. Já 2 estud“s (9,5%) desenv“lveram mét“d“s quantitativos. Quant“ à ”“”ulaçã“-alv“ d“s estud“s: 3 (11,1%) crianças, 6 (25,9%) pais (mães e pais), 7 (22,2%) enfermagem (enfermeiros, técnicos de enfermagem e auxiliar de enfermagem), 4 (14,8%) família (tia, avó, irmão), 2 (7,4%) acadêmicos de enfermagem e 5 (18,6%) ”r“issi“nais da saúde (médicos, psicólogos, terapeutas...). Analisando os 21 artigos por regiões pesquisadas, destac“u-se a regiã“ Sudeste com 9 estudos

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Luisa Flôr / Lisnéia Fabiani Bock / Jean Mauhs

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

Artigo de Revisão

Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura


Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura

Luisa Flôr / Lisnéia Fabiani Bock / Jean Mauhs

A ex”eriência de ter um ilh“ d“ente e c“m necessidade de hospitalização é, sem dúvida, muito angustiante para a família. Também para a criança a internação se caracteriza por um período extremamente desconhecido e novo, no qual a mãe e a família têm importância para a adaptação e melhora da criança. A hospitalização pode gerar uma situação de crise envolvendo a família e a criança doente, com alterações signiicativas, c“m“ a desc“ntinuidade

Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada Na ”rática ”r“issi“nal “ ”rinci”al f“c“ na mai“ria das vezes é o indivíduo doente, cabendo ao acompanhante desenvolver o papel de estar ao lado da criança neste momento tão difícil. Apesar de desempenhar um papel tão importante para diminuir o sofrimento da criança, para o acompanhante também é um processo bastante doloroso. Para a família a dquirir segurança no cuidado da criança d“ente é necessári“ es”ecializar-se continuamente, para isso precisa conhecer e aprender procedimentos, tais como: conhecimento sobre a doença, quadro clínico, tratamento da criança, aprendizado de habilidades técnicas para cuidar, desenvolvimento e sensibilidade para identiicar manifestações de melh“ra “u agrav“ d“ estado de saúde da criança16.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

19

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

Sentimentos dos pais relacionados à hospitalização da criança

na satisfaçã“ das necessidades bi“lógicas, ”sic“lógicas e sociais, prejudicando o crescimento e desenvolvimento da criança e aumentando o grau de de”endência. C“m iss“, “s ”ais vivem vári“s sentimentos, que vão da frustração à incapacidade de agir frente à d“ença d“ ilh“11. A importância dos familiares na participação dos cuidados juntamente com a equipe de enfermagem favorece a recuperação da criança e minimiza as angústias e incertezas dos familiares, pois se tornam parte integrante no processo do cuidad“ ”ediátric“. Os ”ais sentem diiculdade ”ara enfrentar “ s“friment“ de seus ilh“s, ”“is a falta de informação e o atendimento humanizado retratam uma assistência falha e fragmentada12. O sofrimento durante a hospitalização da criança é um fator determinante que nem a mãe, o enfermeiro ou qualquer familiar que se interessa ”el“ bem-estar da criança ”“de evitar, mas através de medidas terapêuticas a criança tem contado com um mundo novo, gerando melhor qualidade de vida13. Também compete ao enfermeiro apoiar essas mães, buscando dar atenção e informação a res”eit“ d“s ilh“s e “rientand“ adequadamente para que elas possam ajudar nos cuidados desta criança. Fazend“ iss“, a enfermagem c“ns“lida seu papel na assistência às mães14. Os sentimentos de medo e insegurança de viver a ex”eriência de ter um ilh“ internad“ abalam a estrutura familiar e os cuidados frente a esta criança15. Nesse processo é de suma importância que a equipe de enfermagem preste um acompanhamento integral às famílias, promovendo a aproximação e o envolvimento ao cuidado prestado à criança.

Artigo de Revisão

(42,86%), sendo estes nos estados de São Paulo (7 produções) e Rio de Janeiro (2 produções). Depois a região Sul com 7 estudos (33,33%), nos estados d“ Ri“ grande d“ Sul (3 ”r“duções) e Paraná (4 ”r“duções). Na regiã“ Centr“-Oeste f“ram identiicad“s 2 estud“s (9,52%), em G“iás e Mat“ Grosso do Sul (com 1 produção cada). Em 3 estudos (14,29%) não constava a região de origem. A maioria dos estudos foi desenvolvida na região Sudeste. Justiica-se devid“ à im”lantaçã“ d“s ”rimeir“s Pr“gramas de Pós-Graduaçã“ em Enfermagem nessa região, onde até hoje se concentra a maioria deles. Quanto ao instrumento de coleta de dados, 2 artig“s utilizaram a análise d“cumental (9,52%), 1 de relexã“ (4,76%), 2 de “bservaçã“ (9,52%), e 16 utilizaram a entrevista (76,2%). A entrevista semiestruturada parte de alguns questionamentos básic“s, a”“iad“s em hi”óteses d“ ”esquisad“r que dizem respeito à pesquisa, permitindo amplo campo de indagações, que podem surgir na medida em que o informante responde às perguntas realizadas10. Evidenciamos a falta de clareza na maioria dos estudos analisados, e muitos estão relacionados ao interesse particular de cada pesquisador. Para a análise das inf“rmações f“i utilizad“ “ mét“d“ de análise de c“nteúd“, d“ ti”“ temátic“, ”r“”“st“ ”“r Bardin, em 4 (19,05%) publicações, 1 (4,76%) utilizou o mét“d“ dialétic“- hermenêutic“, 4 (19,05%) a te“ria fundamentada dos dados, 3 (14,28%) a estatística e 9 (42,86%) nã“ inf“rmaram a análise realizada. Além disso, poucos deles apresentaram com clareza “s c“nceit“s da te“ria seleci“nada ”ara análise e interpretação dos resultados. Para a análise das 21 ”r“duções que c“ntinham dad“s e/“u discussões acerca da temática, ”ermitiu-se a f“rmulaçã“ de 3 categ“rias: sentimentos dos pais relacionados à hospitalização da criança ; ”artici”açã“ d“s ”ais n“ cuidad“ à criança h“s”italizada ; e relaci“nament“ entre “s pais e a enfermagem”.


O ”r“issi“nal desenv“lve habilidades e competências frente a questões gerencias tecnológicas e semiológicas do cuidado. Outro elemento de qualidade no cuidado é a demonstração de atenção, afago, cumplicidade e carinho, de modo que se estabeleça um relaci“nament“ de c“niança17. A hospitalização é uma experiência estressante que envolve profundas adaptações na vida da criança e da família, além de sentimentos de culpa, ansiedade, medo, depressão e raiva. Neste sentid“, “ cuidad“ s“lidári“ t“rna-se im”“rtante e necessári“ a“ trabalh“ d“ enfermeir“ n“ ”r“cess“ de cuidar18. A presença de uma pessoa conhecida e com vínculos estabelecidos ameniza os possíveis sentimentos frente a uma hospitalização. Essa presença não deve ocorrer apenas por estar na lei, mas porque faz parte do cuidado e minimiza o estresse da criança19. Pais e enfermagem têm como objetivo o cuidado da criança e o foco no atendimento adequado de suas necessidades decorrentes da doença e da hospitalização20. A mãe atua como elo entre a criança e a equipe de enfermagem, ”“is ela f“rnece inf“rmações e m“diicações n“ estado geral da criança que podem comprometer a evolução da saúde da criança21. O bom relacionamento da mãe e família com a criança no lar é um d“s fat“res que inluência na recu”eraçã“ da criança no hospital. Apesar de muito positiva, a presença do acompanhante, que em geral é a mãe, possui aspectos pesados para o cuidador. Além de estar lidando com uma patologia que desconhece, existe a aliçã“ de ver a criança internada, a desestruturação de sua rotina, a necessidade de se afastar do lar e a falta de assistência aos outros ilh“s.

Relacionamento entre os pais e a enfermagem O relacionamento entre paciente, equipe de enfermagem e família é muito importante. O processo de cuidar inclui a maneira como é dada a notícia, a clareza com que é abordado o assunto, a abertura que é dada ao paciente e à sua família, para que assim se possa conversar sobre os sentimentos, dúvidas e recuperação. Por isso, no momento da internação a equipe de enfermagem deve atuar junto à família e à criança, auxiliand“-as na c“m”reensã“ desse complexo processo, pois o mundo hospitalar envolve muitos sentimentos e ações. Na história da pediatria, a aceitação dos pais no cuidado era restrita. A equipe rejeitava a

20

presença dos pais e familiares durante a internação porque referia perigo de transmissão de doenças. Os cuidados, então, eram realizados apenas por médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem22. O envolvimento dos pais e familiares no processo de cuidar da criança trouxe mudanças nas “rganizações das unidades ”ediátricas, nã“ só de estrutura e projetos, mas de atitude dos ”r“issi“nais de saúde em sua interaçã“ c“m ela. São reconhecidos os benefícios da participação da família, tanto para a criança como para a família, indicando que o estresse e a ansiedade de ambos podem ser reduzidos se um familiar estiver acompanhando esta criança e se a equipe de multi”r“issi“nais esteja ”re”arada ”ara aceitar e participar desde o processo de mudança na hospitalização infantil. Os problemas de comunicação entre a família e a equi”e de enfermagem diicultam “ relacionamento e os processos de cuidar desta criança. A enfermagem precisa ter em mente que essa família s“b seus cuidad“s enc“ntra-se em um momento muito difícil, sob forte tensão emocional, o que pode intervir no processo de comunicação. A ocorrência de desequilíbrio nas relações familiares não é rara durante a internação da criança, trazendo distúrbios psicológicos23. A enfermagem nã“ está “rganizada ”ara compartilhar com a mãe um conjunto de regras de uma assistência planejada na qual não prevalece a simples divisão de tarefa, mas uma decisão baseada nas necessidades da criança e da mãe2,8. A família não tem decisão frente à criança, mas ”artici”a d“s cuidad“s de seu ilh“, c“m“ dar medicação, banho e outros fatores que envolvem a criança. As relações entre acompanhantes e enfermagem se mostram complexas, trazendo alterações nas relações nas unidades de trabalho. Ainda falando sobre hospitalização, as autoras relatam que as ac“m”anhantes em geral sentem-se res”“nsáveis ”“r determinad“s cuidad“s e c“meçam a assumilos, ou porque viram outras mães fazendo ou porque foram autorizadas sutilmente pela equipe2,8. Apontam também o fato de os pais tomarem parte d“ cuidad“ d“s ilh“s h“s”italizad“s c“m“ uma causa de alterações nas relações daquele local. Assim, dentro do processo de cuidar, o familiar é visto como um agente de trabalho.

Consider ações finais Ao longo do estudo observamos que nos artigos em geral os autores ressaltam a necessidade de compreender não só os medos e angústias do paciente, mas também de respeitar os direitos da

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Luisa Flôr / Lisnéia Fabiani Bock / Jean Mauhs

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

Artigo de Revisão

Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura


Participação dos pais no cuidado à criança hospitalizada: revisão integrativa da literatura

Referências

Luisa Flôr / Lisnéia Fabiani Bock / Jean Mauhs

IPS. A efetividade do cuidado solidário diante de eventos que acompanham a cronificação da doença da criança hospitalizada. Revista. Eletrônica Enfermagem. [Internet]. 2006; 8(2):194-204. 19. Dias SMZ; Motta MGC. Práticas e saberes do cuidado de enfermagem à criança hospitalizada. Ciência, Cuidado e Saúde 2004 Jan-Abr; 3(1):41-54. 20. Sabatés AL, Borba RIH. As informações recebidas pelos pais durante a hospitalização do filho. Revista Latino-americana de Enfermagem 2005 Nov-Dez; 13(6):968-73. 21. Souza CCF; Oliveira ICS. Mãe e filho hospitalizado: participação nos cuidados – Escola Anna Nery Revista de Enfermagem 2003 Dez; Rio de Janeiro, v.7, n.3, p. 379-387. 22. Collet N, Rocha SMM. Criança hospitalizada: mãe e enfermagem compartilhando o cuidado. Rev. Latino-Am. Enfermagem [online]. 2004; vol. 12, n. 2, pp. 191-197. 23. Vernier ETN, Dall’agrol CM. (Re)ações de uma equipe de enfermagem mediante a permanência a conjunta em pediatria. Acta Paul. de Enferm. 2004; São Paulo, v. 17, n. 2, p. 172-80.

Recebido em 23.01.2012 Aprovado em 01.02.2012.

*Estudo extraído da Monografia de conclusão do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Metodista do Sul do IPA, Porto Alegre/RS, Brasil. **Enfermeira no Hospital Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. E-mail: luisaflor@ig.com.br. ***Enfermeira. Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista do Sul do IPA. Doutoranda pelo programa de PósGraduação em Enfermagem da UFSC. Membro do Grupo de Estudos da História do Conhecimento da Enfermagem e Saúde (GEHCES). E-mail: fabibock@gmail.com. ****Enfermeiro. Mestrando pelo Programa de Pós-Graduação Acadêmico em Biociências e Reabilitação do Centro Universitário Metodista do IPA. Docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA. E-mail: jean.mauhs@yahoo.com.br.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

21

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 16 a 21

1. Faquinello P, Collet N. Vínculo afetivo mãe/criança na unidade de alojamento conjunto pediátrico. Rev. Gaúcha Enfermagem 2003 Dez; 24(3):294-304. 2. Brasil. Conselho Nacional de Defesa dos Direitos da Criança e Adolescente Brasília; 1992. 3. Oliveira BRG, Collet N. Criança hospitalizada: percepção das mães sobre o vínculo afetivo criança-família. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 1999, vol. 7, n. 5, pp. 95-102.

4. Gil AC. Como Elaborar Projeto de Pesquisa. 4. ed. São Paulo: Atlas; 2007. 5. Beyea S, Nicoll E. Writing an integrative review. Aorn J April; 67(4):877-80; 1998. 6. Broome M. Integrative literature reviews for the development of concepts. In: Rodgers B; Knafl K. Development in nursing: foundations, techniques, and applications. Philadelphia: Saunders; 2000. p.231-50. 7. Whittemore R, Knafl K. The integrative review: updated methodology. J Adv Nurs. ;52(5):546-53, 2005. 8. Fernandes LM. Úlcera de pressão em pacientes críticos hospitalizados: uma revisão integrativa da literatura. (Dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP; 2000. 9. Brasil. Ministério da Justiça: Lei dos Direitos Autorais. Lei n. 9610, de 19 de fevereiro de 1998. Disponível em: <http//www.mdic.gov.br>. 10. Trivinos ANS. Introdução à pesquisa em ciências sociais: a pesquisa qualitativa em educação. São Paulo: Atlas; 1987. 11. Pinto MCM, Camata DG, Oliveira AC, Dalge DP, Paes AT. Significado do cuidar da criança e a percepção da família para a equipe de enfermagem. Einstein (São Paulo); 7(1):18-23; 2009. 12. Andraus LMS, Munari DB, Faria RM, Souza ACSE. Incidentes críticos segundo os familiares de crianças hospitalizadas. Revista Enfermagem UERJ 2004 OutDez;15(4):574-579. 13. Ribeiro CA, Angelo M. O significado da hospitalização para a criança préescolar: um modelo teórico. Revista da Escola de Enfermagem USP 2005 Dez; 39(4):391-400. 14. Santos AF; Campos MA; Dias SFP; Cardoso TVM; Oliveira ICS. O cotidiano da mãe com seu filho hospitalizado: uma contribuição para a enfermagem pediátrica. Esc. Anna Nery – Rev. Enfermagem 2001 Dez; 5(3):325-334. 15. Centa ML; Moreira EC; Pinto MNGHR. A experiência vivida pelas famílias de crianças hospitalizadas em uma unidade de terapia intensiva neonatal Texto & Contexto Enfermagem 2004 Jul-Set; 13(3):444-451. 16. Silveira AO, Angelo M, Martins SR. Doença e hospitalização da criança: identificando as habilidades da família. Revista Enfermagem UERJ 2008 AbrJun; 16(2):212-217. 17. Pedro E, Funghetto SS. Concepções de cuidado para os cuidadores: um estudo com a criança hospitalizada com câncer. Revista Gaúcha Enfermagem 2005 Ago; Porto Alegre, 26(2):210-9. 18. Alaves AM, Gonçalves CSF, Martins MA, Silva ST, Auwerter TC, Zagonel

Artigo de Revisão

criança h“s”italizada e da sua família. Pr“cur“u-se analisar as relações existentes entre “s ”r“issi“nais de saúde, a criança e a sua família, no interior d“ h“s”ital; c“m“ “s ”r“issi“nais agem, sentem e percebem os direitos dessas crianças e de sua família, e como a própria família compreende os direit“s d“s seus ilh“s. Desse m“d“, entende-se que ”ara cuidar é necessári“ ter ”“r base “s sistemas de val“res humanístic“s e de sensibilidade a im de considerar os sentimentos diante da doença da criança. N“s últim“s an“s, “s ”r“cediment“s de assistência de uma internaçã“ ”ediátrica a”resentaram mudanças signiicativas. O ”a”el d“ ac“m”anhante é dar suporte emocional à criança hospitalizada e também colaborar no manejo e no tratamento que irá ser ”restad“ a“ ”aciente neste m“ment“ tão difícil na vida da criança, sendo essencial para a sua cura. A legalização da permanência dos pais junto a crianças e adolescentes hospitalizados exige que “s ”r“issi“nais c“m”reendam “ n“v“ processo de cuidar. O modelo assistencial atual ainda está distante das necessidades reais ”ara a permanência em tempo integral do familiar junto à criança internada, limitand“-se a “ferecer ”“ltr“nas e alimentaçã“ a im de amenizar “ s“friment“ e tentar adequar-se à legislaçã“ vigente. Acreditam“s que “ a”“i“ d“s ”r“issi“nais que cuidam da criança é essencial para a sua adaptação ao ambiente hospitalar e aos tratamentos aos quais ela será submetida, e a atuaçã“ da enfermeira junt“ à criança ”“de ajudá-la a lidar melh“r c“m as suas diiculdades.


A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão Relationship of the nursing professional with their representatives organizations

* Astronn Souza Capuá Teixeira ** Graziela Motta da Silva

*** Maria Lígia dos Reis Bellaguarda **** Maristela Assumpção de Azevedo

Resumo - Estudo qualitativo, exploratório-descritivo, pelo método de análise de conteúdo descrito por Bardin em inter-relação com a Teoria de Madeleine Leininger. Objetivou conhecer a relação que se estabelece entre enfermeiras(os) e os órgãos representativos da profissão. Os participantes deste estudo foram 5 enfermeiros da área hospitalar, 7 da atenção primária e 6 enfermeiros docentes do nível superior, totalizando 18 enfermeiros. Da análise do processo emergiram duas categorias: Ser enfermeira(o): a cultura instituída na expressão de profissionais; As(Os) profissionais enfermeiras(os) e os órgãos representativos da profissão. Este estudo mostra a frágil compreensão por parte dos profissionais enfermeiros de suas relações com os órgãos representativos da categoria, uma vez que não consideram seus deveres com o órgão fiscalizador como uma forma de relação. Os enfermeiros sujeitos deste estudo reconhecem o valor e a importância, para a Enfermagem como profissão, da existência de órgãos representativos à evolução e manutenção da categoria como profissão. Palavras-chave: Enfermagem; organizações de normalização profissional; associações profissionais.

Abstract - Qualitative study, exploratory and descriptive method of content analysis described by Bardin in interrelation with the Theory Madeleine Leininger. Objective was to know the relationship established between nurses and the representative bodies of the profession. The participants in this study were 5 hospital nurses, 7 and 6 of the collective area of the upper level nursing teachers, totaling 18 nurses. Results two categories emerged from the analysis process: Being Nurse: culture in the expression of established professionals; The Nurse Practitioners and the representative bodies of the profession. This study show to the fragile understanding by nurses of their relations with the representative bodies of the category, since they do not consider their duties to the supervisory body as a form of relationship. The subjects of this study nurses recognize the value and importance to nursing as a profession, the existence of representative bodies of the evolution and maintenance category as a profession. Keywords: Nursing; professional review organizations; professional associations.

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

INTRODUÇÃO Na Enfermagem brasileira, a Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), “ C“nselh“ Federal (C“fen) e “s C“nselh“s Regi“nais (C“ren) desem”enham, na maneira es”ecíica de cada um, estes papéis. No estado catarinense, a Associação Brasileira de Enfermagem, Seção Santa Catarina (ABEn-SC), e “ C“nselh“ Regi“nal de Enfermagem de Santa Catarina (C“ren-SC), representam em nível estadual as representações ”r“issi“nais da Enfermagem brasileira. Durante a Graduaçã“, “ ”r“issi“nal enfermeir“ mantém seu primeiro contato com a história desses órgãos representativos, o que oportuniza conhecer sua trajetória, suas inalidades e sua im”“rtância ”ara a Enfermagem. Após a conclusão acadêmica e seu ingress“ na área ”r“issi“nal, enfermeir“s, técnic“s e auxiliares de enfermagem enc“ntram-se a”t“s a exercer suas competências, de acordo com suas atividades privativas, preestabelecidas por decretos e leis, que o amparam em determinadas situações. O ”r“issi“nal de saúde, atuante n“ serviç“ ”úblic“ ou privado, exerce suas atividades sem muitas vezes

22

c“nhecer a legislaçã“ d“ exercíci“ ”r“issi“nal, “s decret“s-leis, ”rivações e c“m”etências c“m“ ”r“issi“nal. Os órgã“s re”resentativ“s de uma ”r“issã“ estabelecem relações entre “s membr“s ”r“issi“nais c“m a ”ró”ria s“ciedade quand“ “ trabalh“ que desenv“lvem está garantid“ em saberes e responsabilidade legal e ética que garantam atividades seguras a esta s“ciedade. É um movimento que implica construção histórica, demarcaçã“ de territóri“ ”r“issi“nal, ética e utilidade s“cial da ”rática e “rganizaçã“ ”“r mei“ de órgã“s regulad“res d“ exercíci“ ”r“issi“nal.3 Trazer à tona este tema na formação acadêmica im”rime, certamente, c“nheciment“ às ”ráticas assistenciais, ”“is “”“rtuniza a“s futur“s ”r“issi“nais da Enfermagem exercerem a sua cidadania, buscar por direitos e melhores condições de trabalho e garantir qualidade na assistência a ser prestada. Diante disto, os autores deste estudo fazem o seguinte questionamento: Qual a relação entre o proissional enfermeiro e os órgãos representativos da proissão? E para responder objetivaram conhecer

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão

Método

Revisão de liter atur a A ”r“issã“ Enfermagem tem em sua estrutura organizacional seus órgãos representativos e normativos, que delineiam o papel e a legalidade d“ fazer ”r“issi“nal. Em sua história, a ”rimeira entidade da Enfermagem foi a Associação Brasileira de Enfermagem, organizada em 12 de agosto de 1926, no Rio de Janeiro. Inicialmente denominada Associação Nacional de Enfermeiras Di”l“madas (ANED), teve ”“r inalidade c“ngregar as enfermeiras4, ex-alunas da Esc“la de Enfermeiras Dona Anna Nery, após a formação da turma pioneira, em 1925. Era de interesse mútuo e c“nveniente tant“ das ex-alunas c“m“ da Esc“la de formação, que manteria certo controle sobre as enfermeiras diplomadas, fazer com que estas agregassem ao seu diploma o capital cultural

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

23

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

Pesquisa qualitativa de caráter ex”l“ratóri“descritiv“, ”el“ mét“d“ de análise de c“nteúd“ descrito por Bardin1 em inter-relaçã“ c“m a Te“ria de Madeleine Leininger2. Este estud“ realiz“u-se em três espaços de serviços de saúde, sendo um coletivo, um hospitalar e um espaço de formação acadêmica. Os sujeitos foram enfermeiras(os) que atuam na Enfermagem nas dimensões do ensin“ su”eri“r (6 ”r“issi“nais), da atençã“ ”rimária (7 ”r“issi“nais) e da área h“s”italar (5 ”r“issi“nais), t“talizand“ 18 sujeit“s ”ara “ estud“. A escolha foi realizada pelo método aleatório em que as(os) enfermeiras(os) formadoras(es) foram da Escola em que os autores desenvolvem atividades acadêmic“-d“centes, bem c“m“ “s es”aç“s da ”rática assistencial. Os ”artici”antes f“ram identiicad“s ”“r mei“ das abreviações: EH – Enfermeira(o) Hospitalar; EAP – Enfermeira(o) Atençã“ Primária; EF – Enfermeira(“) F“rmad“r, seguidos por caracterização numérica (ex. EAP1, EF1, EH1). Em res”eit“ à Res“luçã“ 196/96, que regulamenta a pesquisa com seres humanos, foi garantido o direito ao sigilo e ao anonimato. Utiliz“u-se um r“teir“ ”ara a entrevista aberta com as(os) enfermeiras(os) dos serviços de escolha como campo, para aplicação do estudo. Para “ tratament“ d“s dad“s f“i utilizada a análise da enunciação, a qual se organizou em grelhas de análise, “u seja, quadr“s de categ“rias1. Pesquisa a”r“vada ”el“ C“mitê de Ética em Pesquisa – CEP – H“s”ital G“vernad“r Cels“ Ram“s, s“b “ Parecer 00642011.

referente a uma instituição de prestígio. No ano de 1944, altera-se “ n“me ”ara Ass“ciaçã“ Brasileira de Enfermeiras Diplomadas (ABED), e a partir de 21 de ag“st“ de 1954, ”assa a den“minarse Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), como é conhecida até a atualidade5. A ABEn tem a inalidade de c“ngregar enfermeiras(“s), obstetrizes, técnicos, auxiliares de enfermagem e acadêmic“s; ”r“m“ver “ desenv“lviment“ técnic“cientíic“, cultural e ”“lític“; ”r“m“ver a ”esquisa e o intercâmbio com outras organizações nacionais e internacionais; e divulgar as atividades da Enfermagem nacional internacionalmente, tendo, assim, grande inluência c“m“ órgã“ de classe6. A ABEn inluenci“u decisivamente a criaçã“ d“ C“nselh“ Federal de Enfermagem, ”ara n“rmatizar, disci”linar e iscalizar “ exercíci“ da ”r“issã“, ”el“ fato das enfermeiras sentirem a necessidade de um órgão representativo para a defesa dos interesses da categ“ria. O C“nselh“ Federal de Enfermagem (C“fen) e “s C“nselh“s Regi“nais de Enfermagem (C“ren) f“ram criad“s ”“r mei“ da Lei 5.905, de 12 de julh“ de 1973, que deiniu as c“m”etências como órgãos disciplinadores do exercício da ”r“issã“ de enfermeir“(a) e das demais ”r“issões compreendidas no serviço de Enfermagem7. Para poder disciplinar o exercício, precisariam contar com uma lei própria, atualizada, e que englobasse t“das as categ“rias ”r“issi“nais. A ”artir de entã“, “ ”rimeir“ C“nselh“ Federal de Enfermagem f“i constituído por nove membros, sendo nomeado pelo Ministro do Trabalho, Arnaldo Pietro, em abril de 1975, a partir de uma lista tríplice encaminhada pela Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn), que na época era o principal órgão de classe que re”resentava a ”r“issã“. Uma das ”rimeiras ”r“vidências da diret“ria a assumir “ C“fen era em relaçã“ a um códig“ de ética ”ara “s ”r“issi“nais e à elaboração de um anteprojeto de lei sobre “ exercíci“ ”r“issi“nal de Enfermagem4,7. Além dessas atividades, outras foram desencadeadas, c“m“ instalar administrativamente “ C“fen; redigir e aprovar um regimento interno como instrumento básic“ ”ara seu funci“nament“; e instalar “s C“nselh“s Regi“nais de Enfermagem em 22 estad“s da federação. Es”eciicamente n“ Estad“ de Santa Catarina, a Associação Brasileira de Enfermagem foi criada ”“r intençã“ da Irmã Cacilda Hammes, c“m a ”artici”açã“ ativa de Ursula Engel e Flérida G“udel de Card“s“, em 13 de març“ de 19628. E desde sua instalaçã“ n“ Estad“, a ABEn-SC enfrenta desai“s em ”r“l da val“rizaçã“ e desenv“lviment“ da Enfermagem para oferecer à sociedade catarinense qualidade na assistência à saúde, bem c“m“ c“nstitui diál“g“s em prol de políticas

Artigo de Pesquisa

a relação que se estabelece entre enfermeiras(os) e “s órgã“s re”resentativ“s da ”r“issã“.


públicas de saúde e educação que convergem em visibilidade e desenv“lviment“ da ”r“issã“. O C“nselh“ Regi“nal de Enfermagem de Santa Catarina (C“ren-SC) f“i instalad“ ”el“ c“njunt“ de enfermeiras catarinenses que compuseram, em 31 de “utubr“ de 1975, “ órgã“ iscalizad“r e disciplinador da Enfermagem no Estado9. Os órgãos representativos da Enfermagem garantem a “rganizaçã“ da ”r“issã“ em disci”lina, legislações, c“ndições de trabalh“ e decisões étic“-”r“issi“nais para a assistência da Enfermagem. Implicam órgãos c“m inalidades diferentes, mas que “bjetivam a visibilidade ”r“issi“nal c“m“ ”rática de saúde técnic“-cientíica de utilidade s“cial.

Resultados

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

Os resultados foram compilados, organizados e analisados a partir do método de Bardin1, sob a m“dalidade da análise da enunciaçã“. A análise da enunciaçã“ c“ncebe “ discurs“ c“m“ um processo, em que a produção da palavra é elaborada e opera transformações, sendo o discurso um processo de elaboração e referências10. Das expressões dos sujeitos foram reagrupados códigos: Ser enfermeira(o)...; O que mais gosto...; O que men“s g“st“...; Esc“lhi ”“rque...; C“nheç“ “s órgãos representativos...; Relação estabelecida...; S“u membr“ “u ”artici”“...; Signiicam...; Sua importância é... Após o reagrupamento dos códigos1, os autores chegaram a duas categorias que seguem: Ser enfermeira(o): a cultura instituída na ex”ressã“ de ”r“issi“nais e; As(Os) ”r“issi“nais enfermeiras(os) e os órgãos representativos da ”r“issã“.

Discussão Ser enfermeira(o): a cultura instituída na expressão de proissionais Na história da Enfermagem do mundo e do Brasil “bserva-se “ c“m”r“metiment“ da ”ess“a enfermeira(o) no cuidado e na responsabilidade de uma equipe que trabalha 24 horas por dia no cuidado do outro. Assim, enfermeiras e enfermeiros são pessoas que administram, coordenam, cuidam, assistem, estudam, ensinam, supervisionam e integram uma equipe de saúde com vistas à melhoria da saúde da população. O estudo mostra que ser enfermeiro é cuidar do próximo com responsabilidade, ética e comprometimento, promovendo qualidade de vida a“ ”aciente. É estar ”autad“ na relaçã“ com o ser humano, tendo seus direitos e deveres c“m“ qualquer “utra ”r“issã“. O enfermeir“ deve

24

transmitir seus conhecimentos tanto aos pacientes como aos acadêmicos de Enfermagem. Essas expressões estão em acordo com as ideias de Leopardi2, que defende que a ”rática d“ cuidad“, “u a arte d“ cuidar, c“m“ muit“s ”r“issi“nais ex”ressam, é a verdadeira essência ”ara a ”r“issã“ da(o) enfermeira(o)2. A autora diz ainda que é a essência e a dimensã“ ”rática intelectual que uniica a ”r“issã“ de enfermeira(“). Nas três esferas investigadas – coletiva, hospitalar e na docência – ser enfermeiro permeia essa essência declarada por Leininger, quando dizem: ... é intermediar e aplicar políticas públicas já existentes, como também ajudar na formulação de estratégias para a promoção de saúde da população. Enfermeiro é praticar o ato de cuidar.” (EAP6) ... é estar à frente do cuidado, organizando, executando, proporcionando melhores condições de saúde bem-estar ao paciente. É estar em contato direto com o ser humano promovendo ao mesmo tempo qualidade de vida.” (EH3) ... é ser um proissional consciente e responsável com o cuidado ao próximo. Sempre em busca do conhecimento, trabalhando com ética, amor e competência. No meu caso é ensinar com amor e competência. (EF4) Observa-se nas ex”ressões d“s sujeit“s deste estud“ uma c“nce”çã“ humanitária d“ enfermeir“, em que a ação do cuidado deve estar estabelecida em meio ao contato integral e direto com o outro, evidenciando, assim, a integralidade do cuidado. Outro fator a ser estimado são as questões éticas atreladas ao conhecimento e a competência ”r“issi“nal, fat“res que se integram à s“ci“l“gia das ”r“issões, em que uma ”r“issã“ é c“nsiderada assim a partir da expertise e da ética por meio dos órgã“s re”resentativ“s da ”r“issã“. Assim, diz-se que as ”r“issões ”recisam d“ saber, das credenciais e da autonomia para serem consideradas como tal11. Isto nos mostra que ser enfermeiro, na visão dos respondentes, alia devoção, arte, ciência e compromisso com a qualidade de vida. A Enfermagem se a”resenta c“m“ uma ”r“issã“ cientíica e humanista2 por ser focada no cuidado humano. Surgem também expressões sobre o ato de cuidar, a relação com o ser humano/paciente, a assistência a“ usuári“ e a ”“ssibilidade de exercer a prevenção e promoção da saúde. F“i ”“ntuad“ ”el“s sujeit“s d“ estud“ “ ”“uc“ rec“nheciment“ ”r“issi“nal, a baixa val“rizaçã“, a falta de ética intraequi”e e multi”r“issi“nal,

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

Artigo de Pesquisa

A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão


A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

25

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

unanimidade a carga h“rária excessiva, causand“ desc“ntentament“ a esses ”r“issi“nais. Analisand“ essa cultura instituída entre a Enfermagem e as(os) enfermeiras(os), a questão que se destaca nesse m“ment“ da ”esquisa é se “ ”r“issi“nal enfermeir“ precisa de incentivos para procurar sua ascensão ”r“issi“nal, “u deve fazer iss“ ”“r si mesm“. Nesse c“ntext“, está a im”“rtância d“s órgã“s re”resentativ“s da ”r“issã“, integrad“s entre ass“ciaçã“, c“nselh“s e “ ”ró”ri“ ”r“issi“nal, que, a partir de sua inscrição/associação obrigatória ou não, se torna membro destas entidades. Todos precisam trabalhar juntos a favor da classe ”r“issi“nal, através da Ass“ciaçã“ Brasileira de Enfermagem, que ”r“m“ve enc“ntr“s cientíic“culturais, aproximando a Enfermagem das instituições de serviço público/privado, educação de nível médio/superior, e proporcionando aos acadêmic“s e ”r“issi“nais atuantes n“ mercad“ de trabalho a troca de experiências e a visibilidade de suas ações no país e também no exterior. Assim, o víncul“ entre “s ”r“issi“nais da classe e “s c“nselh“s, através da iscalizaçã“, esclareciment“ de dúvidas, e re”resentaçã“ ”“lític“-regulamentad“r d“s direit“s e deveres ”r“issi“nais, através d“ Códig“ de Ética e d“ exercíci“ ”r“issi“nal, e ”rinci”almente d“ ”r“issi“nal enfermeir“, que deve re”resentar esses órgã“s n“ seu es”aç“ de atuaçã“ ”r“issi“nal, fazem com que a Enfermagem se destaque como ”r“issã“, e nã“ c“m“ “cu”açã“18. A esc“lha ”ela ”r“issã“ vem de uma série de m“tivações, ”“r ser uma ”r“issã“ dinâmica, que env“lve necessidade de atualizaçã“ cientíica e resultados da sua ação, o gostar de cuidar, a vocação, a oportunidade momentânea, a vontade em aprimorar os conhecimentos sobre o cuidado ao paciente, e o contato com as pessoas. Estas relações de esc“lha ”r“issi“nal estã“ ligadas ao que vemos em estudos19,20 que analisaram “ m“tiv“ da esc“lha ”r“issi“nal, ”“r mei“ d“ que c“m”õe a identidade ”r“issi“nal da(o) enfermeira(o): a imagem servil, que mostra o desejo de servir; a imagem vocacional, que faz com que o ser humano encontre a autorrealização, ocupando um lugar na sociedade e no mundo d“ trabalh“; e a imagem ”r“issi“nal, em que a “”çã“ ”ela Enfermagem justiica-se ”“r mulheres c“ntem”“râneas engajarem-se em um trabalh“ para ajudar no sustento de suas famílias. O processo de rec“nheciment“ c“m“ ”r“issã“ técnic“cientíica, c“m essência na arte d“ cuidar, ”arte da uniã“ das entidades re”resentativas da ”r“issã“ e d“s ”r“issi“nais re”resentantes dessa categ“ria, instituindo, assim, a cultura expressa nas diversas ações competentes a essa autarquia.

Artigo de Pesquisa

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

a carga h“rária elevada, “s ”r“blemas c“m“ a falta de materiais no ambiente de trabalho, as diiculdades existentes entre as relações da equi”e multidisciplinar. Referiram a necessidade de maior união entre a categoria e o reconhecimento do enfermeiro em ser um membro da equipe de Enfermagem c“m diferencial técnic“-cientíic“. Ist“ den“ta uma fragilidade na visibilidade da ”r“issã“ junto à sociedade. A imagem dos enfermeiros muitas vezes é identiicada c“m dist“rções e c“m“ send“ um ”r“issi“nal desval“rizad“ s“cialmente, devid“ à imagem de que a ”r“issã“ é mal remunerada e é subordinada principalmente à Medicina12. Uma relexã“ interessante e ”ertinente é de que a primeira tarefa dos enfermeiros é ajudar o público a c“nstruir um signiicad“ autêntic“ ”ara a ”alavra enfermeir“ , e que assim c“nsiga transmitir a riqueza, a singularidade e a indispensabilidade da Enfermagem em todo seu processo de trabalho13. Ressalta-se que ainda ”ermanecem“s em c“nstante luta ”ara se irmar entre as ”r“issões14. É preciso ter em mente que, realizando um trabalho consciente, aliado a uma boa estruturação das entidades de classe, é possível atingir o sucesso14. Nesse contexto, para atingirmos o reconhecimento c“m“ ”r“issã“, é necessári“ estabelecer uma f“rmaçã“ criad“ra de identidade ”r“issi“nal, uma representatividade visível aos diferentes campos sociais e participarmos enquanto enfermeiros das organizações das políticas de saúde, construindo assim um ”r“cess“ de ser Enfermagem 15. Os ”r“issi“nais env“lvid“s n“ ensin“ e f“rmaçã“ ”r“issi“nal destacam a im”“rtância da ética em suas res”“stas. Esta característica deve-se ”el“ fat“ de ser um ”r“issi“nal f“rmad“r, necessitand“, assim, estar em constante atualização, tanto no que diz respeito a leis e normas éticas, como em ”r“cediment“s técnic“-cientíic“s. S“mente “ ser humano é constituído como um ser ético, devido ao uso da razão, capacidade, liberdade e consciência dos seus atos, envolvendo a si mesmo o outro e a sociedade16. O Códig“ de Ética de Enfermagem é um instrumento legal que reúne um conjunto de normas, ”rincí”i“s m“rais e direit“ relativ“s à ”r“issã“ e ao seu exercício, expressando o que se espera d“ enfermeir“ enquant“ ”r“issi“nal, deinind“ o seu comprometimento com a sociedade, que “s rec“nhece c“m“ ”ess“as técnicas, cientíicas e humanamente capazes de desempenhar um determinado conjunto de funções17. Os membros da equipe também devem manter-se atualizad“s. P“rém, a“ analisar as respostas expressadas sobre o que menos g“stavam na ”r“issã“, surge ”raticamente c“m“


As(Os) proissionais enfermeiras(os) e os órgãos representativos da proissão Destaca-se neste estud“ a im”“rtância que emergiu da fala dos enfermeiros ao manter sua relação com os órgãos representativos e disciplinadores, pois os mesmos oportunizam o cresciment“/desenv“lviment“ ”r“issi“nal, regulamentam o exercício de suas atividades, respondem pelos direitos de um todo como classe trabalhista, em questões étic“-legais, e ”“ssibilitam ações que visam a“ desenv“lviment“ ”r“issi“nal. O”“rtunizand“, desta maneira, que o enfermeiro esteja sempre em ascensã“, “s c“nceit“s étic“-legais sã“ im”erativ“s vitais para nossa sobrevivência como seres políticos que desejam evoluir, gerando assim maior respeito e reconhecimento da sociedade21. Os sujeitos respondentes deste estudo demonstraram conhecer as representações da Enfermagem, quando relataram a Associação Brasileira de Enfermagem, “ Sistema C“nselh“ Federal e seus Regionais e os sindicatos dos trabalhadores da saúde em Santa Catarina. Entre as áreas de atuaçã“ de saúde c“letiva, f“ram citad“s ”rinci”almente “s C“nselh“s Federal e Regi“nal de Enfermagem, c“m a”enas alguns ”“uc“s ”r“issi“nais citando a Associação Brasileira de Enfermagem como entidade re”resentativa da ”r“issã“. A Enfermagem é res”“nsável ”ela mai“ria das ações de saúde desenvolvidas e possui um papel fundamental no resultado assistencial dos serviços de saúde22. Esta importância da Enfermagem está l“nge de ser rec“nhecida ”el“ m“del“ de saúde vigente no país, que não valoriza o trabalho da ”r“issã“. A Enfermagem nã“ ”artici”a das decisões ”ara deiniçã“ de ”r“gramas de saúde, e os serviços de Enfermagem não ocupam o espaço a que têm direito nas instituições de saúde22. Relete “ que Leinninger2 diz em seus ”ressu”“st“s, que “s val“res, crenças e ”ráticas d“ cuidad“ cultural s“frem inluência da visã“ de mund“. E a cultura ”articular da Enfermagem está, no entendimento dos autores, na valorização inicial da ”r“issã“ ”el“s seus membr“s c“nstituintes – enfermeiros e técnicos de enfermagem – que são a frente de trabalh“ da ”r“issã“, e que, n“s seus valores, os órgãos representativos devem ter seu entendimento. O ”r“issi“nal deve saber que a ”artir d“ m“ment“ em que se ass“cia, sindicaliza “u está inscrit“ em algum órgão de representação social e/ou ”r“issi“nal, ”assa a fazer ”arte dele c“m“ membr“, e deve saber que sua atuação e participação junto a essas entidades se faz importante para exercer suas atividades e competências. Saber de seus direitos e deveres e representar em seu ambiente

26

de trabalho a Enfermagem, que é formada por ”r“issi“nais e órgã“s de re”resentaçã“, ajuda a transf“rmá-la em ”r“issã“, em um m“viment“ que implica construção histórica, demarcação de territóri“ ”r“issi“nal, ética, utilidade s“cial da ”rática e organização por meio de órgãos reguladores do exercíci“ ”r“issi“nal3. Os ”r“issi“nais das áreas de saúde coletiva, hospitalar e docência, ao serem indagados se são membros ou participam de algum desses órgãos representativos, foram na maioria negativos, pois não se viam como membros ou participantes. Ao lembrar os principais órgãos que representam a enfermagem, podemos citar a ABEn6, que tem ”“r inalidade ”r“m“ver “ desenv“lviment“ técnic“-cientíic“, cultural e ”“lític“; ”r“m“ver a pesquisa e o intercâmbio com outras organizações nacionais e internacionais; e divulgar as atividades da Enfermagem nacional e internacionalmente, tend“, assim, grande inluência c“m“ entidade de classe. Também ”“dem“s citar “ C“ren e “ C“fen, que são órgãos disciplinadores do exercício da ”r“issã“ de enfermeir“(a) e d“s demais membr“s que integram “ serviç“ de Enfermagem. Já “s sindicatos defendem as questões trabalhistas dos ”r“issi“nais sindicalizad“s7. Fazer ”arte de uma entidade de classe, de um órgã“ re”resentativ“ de uma ”r“issã“, ”er”assa em não somente ser ativista, mas ter clara as ações a serem desenvolvidas por estas entidades, conhecer seus propósitos e socializar sua existência e suas ações ”ara am”liar e dar visibilidade à ”r“issã“. As relações que podem ser estabelecidas entre o ”r“issi“nal enfermeir“ e “s órgã“s que re”resentam a ”r“issã“ ”“dem estar inluenciadas ”el“ ”agament“ da inscriçã“ – um dever d“ ”r“issi“nal ”ara “ exercíci“ da ”r“issã“ – “ que seria uma relação compulsória, dentro dos direitos e deveres. As relações de participação ativa nas discussões da ”r“issã“ im”licam ”r“issi“nalism“ de cada indivíduo na atitude de cada um, seja por força dos ideais ou pela impulsão de ações coletivas para o bem mai“r e val“rizaçã“ da ”r“issã“. As regras de cada ”r“issã“ devem ser cum”ridas ”el“s ”ró”ri“s ”r“issi“nais, nã“ havend“ interferência governamental nestas questões. As representantes das gestões dos órgãos representativos são esc“lhidas ”“r eleiçã“ dem“crática ”ela ”ró”ria classe ”r“issi“nal. Nesta ”ers”ectiva, “s órgã“s re”resentativ“s sã“ “s ”ró”ri“s ”r“issi“nais, “s quais esc“lhem gru”“s ”ara re”resentá-l“. Os ”ró”ri“s ”r“issi“nais nã“ sabem “ que é um c“nselh“ de iscalizaçã“, uma ass“ciaçã“ “u sindicato23. Nas expressões dos sujeitos, as respostas para a pergunta sobre o conhecimento dos signiicad“s das entidades ”“r eles citadas f“ram positivas nas três esferas da pesquisa.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

Artigo de Pesquisa

A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão


A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão

... apenas contribuinte em relação às anuidades de valores absurdos. (EF5)

... somente procuro quando preciso de alguma informação técnica ou auxílio proissional.” (EH4) As relações ”r“issi“nais devem ”artir a”enas d“s ”r“issi“nais de Enfermagem, “u as entidades devem ser mais visíveis e ”artici”antes? O desconhecimento da real função dos conselhos leva “ ”r“issi“nal a acreditar que se ele ”aga tributo, deve ter retribuições. Sim, essas retribuições devem existir, mas por meio da defesa dos interesses da categoria24. Esses autores referem ainda que a“ exercer, n“ cas“ d“s c“nselh“s ”r“issi“nais, a iscalizaçã“ ética e técnica, estará agind“ em ”r“l de sua categ“ria, uma vez que “”“rtunizará es”aç“ n“ mercad“ de trabalh“ ”ara “s seus ”r“issi“nais. As relações devem ser mútuas. Ao mesmo tem”“ em que há a visibilidade das entidades, a ”artici”açã“ d“ ”r“issi“nal deve ser ”resente e constante, pois as entidades não são órgãos onipresentes, ou seja, presentes em todas as instituições que atuam com a saúde. Essa presença deve existir em cada ”r“issi“nal, que faz c“m que seus direitos, deveres, ações e competências sejam levadas, através da sua ”artici”açã“ ”r“issi“nal, a todas as autarquias da Enfermagem, dentro e fora das instituições. Por isso, as expressões coletadas sobre a importância desses órgãos representativos e disci”linad“res da Enfermagem ”autaram-se na im”“rtância de disci”linar e iscalizar o exercício da ”r“issã“, ”unir e “rientar, decidir s“bre questões éticas, interagir com órgãos superiores para melh“rias na ”r“issã“, inf“rmar “ ”r“issi“nal s“bre suas atribuições, proibições e deveres, proporcionar

Consider ações finais Os autores creem na grande importância da realização deste estudo, no sentido de mostrar as fragilidades que uma ”r“issã“ a”resenta ”ara ampliar sua visibilidade quando o conjunto de ”r“issi“nais desc“nhece a real necessidade e im”“rtância d“s órgã“s re”resentativ“s da ”r“issã“, para seu engrandecimento e empoderamento no mund“ d“ trabalh“ e das ”r“issões. A seguir, algumas estratégias que podem ser utilizadas para o fortalecimento da relação entre os ”r“issi“nais enfermeir“s e “s órgã“s re”resentativ“s da ”r“issã“:

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

27

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

... uma relação breve. Não consigo me envolver muito, sinto falta de incentivos, convites e esclarecimentos.” (EAB5)

a educaçã“ ”ermanente a“s ”r“issi“nais, representar perante a sociedade, lutando pela valorização e promovendo a união da Enfermagem. Observ“u-se que a n“çã“ de órgã“ re”resentativ“ da ”r“issã“ está n“ sistema C“fen/C“ren, e nã“ há referências signiicativas quant“ a ABEn e suas ações. Outr“ fat“r que leva a reletir acerca d“ desc“nheciment“ d“s ”r“issi“nais s“bre a história da ”r“issã“ e da im”“rtância da Ass“ciaçã“ Brasileira de Enfermagem ”ara “ nasciment“ d“ sistema C“fen/ C“ren é “ fat“ d“s sujeit“s ”esquisad“s identiicarem a im”“rtância em sua atuaçã“ ”r“issi“nal da existência das representações da Enfermagem. Nas três esferas da pesquisa, as respostas permearam entre a identiicaçã“ da im”“rtância das entidades de representação, por parte dos sujeitos, através das portarias, regulamentações que facilitam e valorizam “ trabalh“ d“ ”r“issi“nal da ABEn, auxiliand“ na melh“ria d“ c“nheciment“ d“s ”r“issi“nais, e d“ C“ren, dis”“nível ”ara auxiliar as instituições e “s ”r“issi“nais que necessitam, dand“ res”ald“ n“ exercíci“ ”r“issi“nal. Vê-se que a mai“ria d“s entrevistados não refere aos sindicatos, possivelmente porque o sindicato não é um órgão exclusivo da Enfermagem n“ Estad“ de Santa Catarina. As relações mantidas entre “s ”r“issi“nais enfermeiros e as entidades representativas da Enfermagem foram abordadas de uma forma realista, de acordo com a pesquisa realizada em suas esferas educacionais e assistenciais. As relexões a”resentadas durante “ estud“ m“stram certa deiciência n“ fat“ de “ enfermeir“ assumir seu papel enquanto assistencialista e formador, nos aspectos das relações de proximidade com sua ”r“issã“ em uma visã“ étic“-legal. A”resent“u também os diferentes pensamentos e atitudes em cada esfera e as posições que o enfermeiro adota perante variadas situações. Descortinar temas e relações, muitas vezes esc“ndidas “u camuladas entre a mai“ria d“s ”r“issi“nais, serve ”ara “ crescimento e expansão de ideais a favor de uma categ“ria que requer a c“ns“lidaçã“ da ”r“issã“ e sua visibilidade e valorização.

Artigo de Pesquisa

A atual relação dos enfermeiros com essas entidades se faz expressa, na grande maioria dos sujeitos da pesquisa, apenas como inscrição para exercer “ seu exercíci“ ”r“issi“nal. Alguns declaram não ter relação alguma. As relações precisam ser discutidas e re”ensadas ”el“s ”r“issi“nais e re”resentantes legais, ”“is “s ”r“issi“nais sã“ suas entidades representativas e delas precisam para f“rtalecer “ c“letiv“ ”r“issi“nal, bem c“m“ “s órgãos representativos precisam do qualitativo e quantitativ“ de seus ”r“issi“nais ”ara a “rganizaçã“ da categoria e do trabalho, garantindo espaços, mercado de trabalho e visibilidade de suas ações. Porém um ponto a destacar é a expressão de alguns ”r“issi“nais das esferas da ”esquisa:


1) P“r ”arte das entidades ”r“issi“nais: A”r“ximar-se mais d“s ”r“issi“nais ”“r mei“ de ca”acitações e esclarecer as es”eciicidades de cada órgão representativo da Enfermagem; Realizar estratégias de comunicação com os ”r“issi“nais frequentemente (internet, ”ublicidade, “icinas); Realizar reuniões c“m “s ”r“issi“nais ”“r instituição; Am”liar e efetivar a iscalizaçã“ d“s serviç“s de saúde e d“s ”r“issi“nais; Chamar “s ”r“issi“nais ”ara ”artici”ar das atividades n“ C“nselh“ e Ass“ciaçã“; Ampliar, por meio da busca ativa, os ass“ciad“s da ABEn-SC; Efetivar ações e eventos junto às instituições formativas da Enfermagem; Manter a integração efetiva entre as entidades de classe. 2) P“r ”arte d“s ”r“issi“nais: Buscar junto aos órgãos representativos esclareciment“s ”ara suas ações ”r“issi“nais; C“nhecer as es”eciicidades das entidades representativas; Engajar-se nas lutas da categ“ria, uma vez que é importante pensar na coletividade; Partici”ar da vida ass“ciativa e d“ C“nselh“ para saber o que é adequado e o que não é para a ”r“issã“; C“nhecer as n“rmativas que regem “ exercíci“ da ”r“issã“; C“nhecer a história da ”r“issã“.

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 22 a 28

Referências 1. Bardin L. Análise de conteúdo. Lisboa/Portugal: Edições 70; 2010. 2. Leopardi MT. Teoria e método em assistência de Enfermagem. 2. ed. Florianópolis: Soldasoft; 2006. 3. Machado WCA. Capítulo 16. In: Geovanini T, Moreira A, Dornelles S, organizadoras. História da enfermagem: versões e interpretações. 3. ed. Rio de Janeiro: Revinter; 2010: 356-357. 4. Mancia JR, Padilha MICS, Ramos FRS. A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn). In: Padilha MICS, Borenstein MS, Santos I, organizadoras. Enfermagem: história de uma profissão. São Paulo: Difusão Editora; 2011: 411-448. 5. Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926–1976: documentário. 2. ed. Brasília: ABEn Nacional; 2008. 6. Freitas GF. Capítulos 8 e 10. In: Oguisso T, organizadora. Trajetória histórica e legal da enfermagem. 2. ed. São Paulo: Manole; 2010: 195; 196; 204; 241-243; 250.

7. Oguisso T, Schmidt MJ. O exercício da enfermagem: uma abordagem ético-legal. 3. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2010. 8. Neves EP. A Associação Brasileira de Enfermagem Seção Santa Catarina (ABEn-SC) e a Repercussão na criação do Curso de Graduação em Enfermagem na UFSC. In: Zago AT, Martins CR, Borenstein MS, Mendes NC, organizadoras. Contribuições da ABEnSC para a Enfermagem Catarinense. Florianópolis: ABEn-SC; 2010: 21-46. 9. Bellaguarda MLR, Bub LR, Elsen I. A Associação Brasileira de Enfermagem Seção Santa Catarina e a criação do Conselho Regional de Enfermagem de Santa Catarina. In: Zago AT, Martins, CR, Borenstein MS, Mendes NC, organizadoras. Contribuições da ABEnSC para a Enfermagem Catarinense. Florianópolis: ABEn-SC; 2010: 47-56. 10. Leopardi MT, Rodrigues MSP. O método de análise de conteúdo: uma versão para enfermeiros. Fortaleza: Fundação Cearense de Pesquisa e Cultura; 1999. 11. Freidson E. Profissão médica: um estudo de sociologia do conhecimento aplicado. São Paulo: Editora UNESP; 2009. 12. Nauderer TM, Lima MDAS. Imagem da enfermeira: revisão da literatura. Rev Brasil Enferm 2005; 58(1):74-77. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S003471672005000100014&lng=en>. Acesso em: out. 2011. 13. Buresh B, Gordon S. Do silêncio à voz. Coimbra: Ariadne; 2004. 14. Carvalho AC. Associação Brasileira de Enfermagem 1926-1976: documentário. 2. ed. Brasília: ABEn Nacional; 2008. 15. Pai DD, Schrank G, Pedro ENR. O enfermeiro como ser sóciopolítico: refletindo a visibilidade da profissão do cuidado. Acta Paulista de Enfermagem. 2006 Jan-Mar; São Paulo, vol. 19, no. 1, suppl. 1. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_ arttext&pid=S0103-21002006000100013&lng=pt&nrm=iso&tlng= pt>. Acesso em: out. 2011. 16. Freitas GF, Fernandes MFP. Capítulo 3: Ética e Moral. In: Oguisso T, Zoboli E, organizadoras. Ética e bioética: desafios para enfermagem e a saúde. São Paulo: Ed. Manole; 2006:45, 46, 53, 54, 58. 17. Schirmer J. Capítulo 4: Ética profissional. In: Oguisso T, Zoboli E, organizadoras. Ética e bioética: desafios para enfermagem e a saúde. São Paulo: Ed. Manole; 2006:62-66. 18. Pires DEP, Bellaguarda MLR, Zago AT, Matos E, organizadoras. Consolidação da legislação e ética profisional. v. 1. Florianópolis: Quorum Comunicação; 2010. 19. Ribeiro AAA, Falson GS, Borenstein MS, Padilha MICS. A escolha profissional no imaginário social – enfermeiras brasileiras e peruanas. Rev. Enferm. Esc. Anna Nery [online]. 2006; 10(2):241-50. 20. Rosa RB, Lima MAD. Concepções de acadêmicos de enfermagem sobre o que é ser enfermeiro. Acta Paulista de Enfermagem. 2005; 18(2):125-130. 21. Baumann G. Implicações ético-legais do exercício da enfermagem. Rio de Janeiro: Freitas Bastos; 1999. 22. Albuquerque GL. A luta pela identidade profissional: participação e enfermagem. Florianópolis: UFSC/PEN; 2002. 23. Chaves Jr A. A importância dos conselhos profissionais para a sociedade atual. ADM. Notícias, informativo bimestral do Conselho Regional de Administração de Minas Gerais 2005 Mar-Abr; (6). 24. Girardi SN, Fernandes Jr H, Carvalho CL. A Regulamentação das Profissões de Saúde no Brasil. Espaço para a saúde [online]. Disponível em: <http://www.ccs.uel.br/espacoparasaude/v2n1/RPSB.htm>. Acesso em: 20 dez. 2011. Recebido 30.01.2012 Aprovado 15.02.2012

*Enfermeiro. Formação pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. Membro do GT Memória ABEn-SC. **Enfermeira. Formação pela Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina. ***Enfermeira. Mestre e Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da UFSC. Membro do GT Memória da ABEn-SC e do Grupo de estudos da História e do conhecimento em Enfermagem e Saúde – GEHCES/UFSC. Bolsista CAPES em Doutorado sanduíche na Lawrence’s Bloomberg Faculty of Nursing – University of Toronto, Canadá. E-mail: bellaguardaml@gmail.com. ****Enfermeira. Mestre em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação da UFSC. Presidente da ABEn-SC. Docente do Curso de Enfermagem da Faculdade Estácio de Sá de Santa Catarina.

28

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Astronn Souza Capuá Teixeira / Graziela Motta da Silva / Maria Lígia dos Reis Bellaguarda / Maristela Assumpção de Azevedo

Artigo de Pesquisa

A relação do profissional enfermeiro com os órgãos representativos da profissão


Saúde do homem e seu perfil em uma estratégia de saúde da família Health profile of the man and such a strategy in family health

* Bianca da Rosa Vieira ** Margaret Ivanir Schneider

Resumo – Introdução: Historicamente o homem brasileiro evita o contato com os serviços de atenção básica à saúde. Objetivo: Verificar o número de usuários do sexo masculino, entre 25 e 59 anos, que acessam o serviço de uma Estratégia de Saúde da Família de Porto Alegre, analisando os motivos de suas consultas. Metodologia: Pesquisa descritiva, retrospectiva, quantitativa, que analisou o banco de dados de consultas realizadas por homens em uma ESF na respectiva faixa etária no ano de 2010. Resultados: A ESF tem 1202 homens cadastrados na faixa etária de 25 a 59 anos. Destes, 390 (32,44%) procuraram o serviço de saúde, realizando 2020 consultas no ano de 2010. Os maiores percentuais de consultas realizadas foram nas especialidades de: consultas odontológicas (23,7%), seguidas das Cardiovasculares e Endócrinas por hipertensão e diabetes (13,7%) e na área de Saúde Mental, sofrimento psíquico (6,9%). Quanto às idades, 30% estavam entre 25-35 anos e 70% eram de meia-idade (36-59 anos). Conclusão: Percebe-se que a implantação de Saúde do Homem, proposto pelo Ministério da Saúde, se faz necessário uma vez que apenas 32% dos homens procuraram espontaneamente a ESF. Palavras-chave: Saúde do homem; Estratégia de Saúde da Família; Atenção Primária à Saúde.

Abstract – Introduction: Historically the Brazilian man avoids contact with the services of primary health care. Objective: To determine the number of male users between 25 and 59 years, who access the service of a family health strategy in Porto Alegre, analyzing the reasons for your queries. Methods: Quantitative research, retrospective and descriptive analyzed the database of an FHS in 2010. Results: The ESF has enrolled 1202 men, of these 390 (32.44%) sought health care, performing 2,020 consultations. The highest percentage were dental visits (23.66%), followed by hypertension and diabetes and psychological distress 13.66% (6.93%). The ages were between 30% 25-35 years and 70% were middle age (36-59 years). Conclusion: It is clear that the deployment of Men’s Health, proposed by the Ministry of Health is required because only 32% of men sought spontaneously FHS. Keywords: Men’s health; family health strategy; Primary health care.

Introdução etc.); e causas externas (acidentes e violência). Cerca de 80% das internações n“ Sistema Únic“ de Saúde (SUS) são em consequência das causas externas, destacand“ a faixa etária d“s 20 a“s 29 anos, sendo os acidentes de transporte os de maior magnitude. Os acidentes coronarianos (40,5%) e a hipertensão arterial (18,7%) foram as principais doenças do aparelho circulatório que motivaram internações masculinas. Dentre as causas de m“rbidade masculina destacaram-se as doenças dos aparelhos respiratório, circulatório e digestiv“. Nas d“enças res”iratórias destac“u-se a ”neum“nia, res”“nsável ”“r 43% das internações, seguida por outras causas: 29% por Doença Pulm“nar Obstrutiva Crônica (DPOC) 12%, asma 11% e tuberculose 5%2. C“m“ se ”“de ”erceber, estas d“enças sã“ passíveis de prevenção. Mas a resistência dos h“mens em ”r“curar a atençã“ ”rimária aumenta a s“brecarga inanceira da s“ciedade, bem c“m“ o sofrimento físico e emocional do paciente e de sua família2.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

29

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 29 a 33

Historicamente o homem é visto como o sexo forte, sendo esperadas dele características de invulnerabilidade e virilidade; portanto, interpretam o adoecer e a procura por auxílio como sinal de fraqueza. Esta característica faz com que o homem brasileiro evite o contato com os serviços de atenção básica à saúde, ”r“curand“ as emergências1. Muitos agravos poderiam ser evitados caso os homens realizassem, com regularidade, as medidas de ”revençã“ ”rimária. Estudos comparando homens e mulheres comprovam a maior vulnerabilidade dos homens às doenças, sobretudo às enfermidades graves e crônicas. Em consequência disso, a mortalidade do homem é mais precoce do que a da mulher2. Segundo dados do Ministério da Saúde, as principais causas de internações do gênero masculin“ c“m faixa etária entre 25-59 an“s em 2007 foram: doenças do aparelho digestivo; doenças do aparelho circulatório; doenças do aparelho res”iratóri“; tum“res; “utras causas (Asma, DPOC, Pneumonia, Hipertensão arterial, coronariopatias,


A partir desta perspectiva, o Ministério da Saúde criou, em 2008, a Política Nacional de Saúde do H“mem, c“m “ “bjetiv“ de ”r“m“ver a melh“ria das condições de saúde da população masculina do Brasil, contribuindo, de modo efetivo, para a redução da morbidade e mortalidade dessa população, através do enfrentamento racional dos fatores de risco e mediante a facilitação ao acesso, às ações e aos serviços de assistência integral à saúde”2,3,1. Observando empiricamente as salas de es”era das unidades de saúde, ”ercebe-se ainda que as unidades básicas de saúde atendem preponderantemente mulheres, crianças e idosos, deixando de lado, por consequência, o atendimento à saúde do homem. A inclusão dos homens em ações de saúde é desaiad“ra, ”“r estes nã“ rec“nhecerem a importância do cuidado e a valorização do corpo no sentido da saúde3. Outras explicações para os homens não procurarem atendimento são o fato de que o cuidad“ nã“ é vist“ c“m“ uma ”rática masculina, “ h“rári“ de atendiment“ das UBS, uma vez que elas funci“nam em h“rári“ c“mercial, h“rári“ em que a mai“ria d“s h“mens está trabalhand“, e também o fato de o atendimento ser feito na maioria das vezes por mulheres4. Esta pesquisa surgiu através do interesse em estudar a saúde do homem, uma vez que atuei no Departamento da Saúde do Trabalhador de uma metalúrgica, onde os homens não aderiam às “rientações e indicações d“ PCMSO (Pr“grama de C“ntr“le Médic“ de Saúde Ocu”aci“nal), que es”eciicava ”r“cediment“s e c“ndutas a serem adotadas pelas empresas em função dos riscos aos quais os empregados se expunham no ambiente de trabalh“ (guia trabalhista, NR-7)5. Seu objetivo é prevenir, detectar precocemente, monitorar e controlar possíveis danos à saúde do empregado. Diante d“ ex”“st“, será veriicad“ “ númer“ de usuári“s d“ sex“ masculin“, entre 25 e 59 an“s, que acessam o serviço de uma Estratégia de Saúde da Família de P“rt“ Alegre, analisand“ “s m“tiv“s de suas c“nsultas. Através da análise d“ banc“ de dados de consultas realizadas por homens numa Estratégia de Saúde da Família, l“calizada no município de Porto Alegre, serão avaliadas as variáveis s“ci“ec“nômicas, veriicand“ “ númer“ de c“nsultas, identiicand“ a saz“nalidade, bem como o motivo da última consulta.

Metodologia O delineamento utilizado foi o de estudo descritivo, retrospectivo quantitativo, com dados secundári“s. Esse ti”“ de delineament“ ”ermitiu

30

ter uma ”erce”çã“ d“ ”eril d“s h“mens que frequentam a Estratégia de Saúde da Família. N“ estud“ retr“s”ectiv“ c“m dad“s secundári“s, é realizada a análise de dad“s já c“letad“s nã“ c“m a inalidade de ”esquisa. Esse delineament“ f“i escolhido por se adequar aos objetivos do estudo. O critério para inclusão na pesquisa foi o de h“mens cadastrad“s na ESF, c“m idade de 25 a 59 an“s. Essa faixa etária f“i esc“lhida ”“rque obedece aos critérios estabelecidos pelo Ministério da Saúde na Saúde do Homem. A amostra foi retirada d“ banc“ de dad“s “nde há “ registr“ de atendiment“s ”restad“s ”ela ESF. Destes, f“ram selecionados apenas os homens que procuraram o serviço de saúde no período de 1º de janeiro a 31 de dezembro de 2010. F“ram utilizad“s “s seguintes ”r“cediment“s: a referida ESF tem “ registr“ de t“d“s “s atendiment“s prestados em um banco de dados, estes dados icam registrad“s em arquiv“s acces de f“rma bruta. Para extrair “s dad“s de interesse entr“u-se em c“ntat“ c“m “ res”“nsável ”el“ núcle“ de avaliação da instituição, que forneceu as seguintes variáveis: n“me; data das c“nsultas; Códig“ da Classiicaçã“ Internaci“nal das D“enças (CID) de cada c“nsulta; idade; e “ endereç“ d“s usuári“s do sexo masculino que consultaram entre 1º de janeiro de 2010 a 31 de dezembro de 2010. Estes dados foram transcritos e analisados pelo ”ac“te estatístic“ Micr“s“ft Ofice Excel 2007, c“m a utilizaçã“ de iltr“s ”ara cada variável analisada. Para a análise d“s CIDs das c“nsultas, utiliz“u-se “ ”r“grama “n-line d“ CID, “nde “s códig“s sã“ descritos e depois agrupados em subcategorias, de acordo com cada problema maior. As variáveis utilizadas f“ram: númer“ t“tal de usuári“s masculin“s ”“r faixa etária, idade entre 25 e 59 an“s, usuári“s que consultaram no ano de 2010, motivo da consulta, mês da consulta, idade d“ h“mem e endereç“ d“ usuári“ que c“nsult“u no ano de 2010. A pesquisa foi desenvolvida de acordo com a Res“luçã“ 196/96 d“ C“nselh“ Naci“nal de Saúde (CNS), atendend“ a“s ”rincí”i“s étic“s inerentes à pesquisa desta natureza, e foi aprovada pelo comitê de ética da ULBRA no dia 28/04/20116.

Resultados e discussão C“nsiderand“ a necessidade de c“nhecer “ ”eril da população masculina no Serviço de Atenção Primária à Saúde, f“ram a”resentad“s “s resultad“s e a discussã“ d“ estud“ através da análise d“ banco de dados da UBS, complementado com a literatura que trata do assunto. A Tabela 1 descreve “ t“tal de usuári“s inscrit“s d“ sex“ masculin“ cadastrad“s na ESF e suas res”ectivas faixas etárias.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Bianca da Rosa Vieira / Margaret Ivanir Schneider

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 29 a 33

Artigo de Pesquisa

Saúde do homem e seu perfil em uma estratégia de saúde da família


Saúde do homem e seu perfil em uma estratégia de saúde da família

Idade

N

%

25 – 29 anos

215

17,89

30 – 34 anos

227

18,89

35 – 39 anos

168

13,98

40 – 44 anos

133

11,06

45 – 49 anos

154

12,80

50 – 54 anos

159

13,23

55 – 59 anos

146

12,15

Tabela 3 – Faixa etária dos pacientes que consultaram em 2010

Total

1202

100,0

Faixa etária

N

%

25 – 29 anos

58

14,87

30 – 34 anos

59

15,13

35 – 39 anos

46

11,79

40 – 44 anos

48

12,31

45 – 49 anos

54

13,85

50 – 54 anos

67

17,18

Fonte: banco de dados ESF pesquisado.

Na Tabela 1 ”“de-se ”erceber que a equi”e de ESF tem cadastrad“ 1202 usuári“s d“ sex“ masculin“, na faixa etária de 25 a 59 an“s, e “ mai“r ”ercentual está na faixa etária de 30 a 34 anos (18,89%). Tabela 2 – Meses em que os homens consultaram na ESF Consultas Mês

%

Janeiro

182

9,00

Fevereir“

89

4,40

Março

134

6,63

Abril

195

9,65

Maio

225

11,14

Junho

247

12,23

Julho

260

12,87

Agosto

229

11,34

Setembro

225

11,13

Outubro

46

2,27

Novembro

129

6,38

Dezembro

60

2,96

2020

100,0

Total

As consultas realizadas no ano de 2010 t“talizaram 2020. Para veriicar a saz“nalidade, as consultas foram divididas pelos meses de sua realização. O período de maio a setembro foi o de maior procura ao serviço de saúde, sendo que no mês de julho foram realizados 260 atendimentos (12,87%). No Rio Grande do Sul os meses de inverno são os que mais sobrecarregam os serviços de saúde, pois o frio desencadeia muitos agravos à saúde, principalmente os referentes às infecções das vias res”iratórias. Pesquisad“res airmam que a alta umidade relativa do ar, aliada ao maior tempo de permanência nos ambientes internos, ao menor arejamento e exposição ao sol dos espaços

55 – 59 anos

58

14,87

Total

390

100,0

Fonte: banco de dados ESF pesquisado.

A Tabela 3 retrata a idade d“s usuári“s masculinos que consultaram no ano de 2010. Estes dados foram agrupados segundo as fases de desenvolvimento do adulto, em que adultos jovens são considerados as pessoas que têm entre 25-35 an“s (30%) e “s de meia-idade entre 35 e 59 an“s (70%). Esta estratiicaçã“ res”eita “s critéri“s globalmente aceitos na literatura, uma vez que a forma como a saúde e a doença são vividas e c“ncebidas alteram-se a“ l“ng“ d“ cicl“ de vida, já que ”ara “ adult“ j“vem e ”ara “ adult“ de meia-idade existem diferentes ”re“cu”ações nas dimensões familiar, ”r“issi“nal e ”ess“al8. As consultas no ano de 2010 totalizaram 2020, com 390 pacientes utilizando o serviço. O maior númer“ está na faixa etária de 50-54 an“s, em que 17% d“s usuári“s masculin“s ”r“curaram “ serviç“ de saúde. Os homens não procuram com frequência o serviç“ de saúde ”“r terem diiculdade de agendar as c“nsultas e ”“r enfrentar ilas que, muitas vezes, causam a ”erda de um dia inteir“ de trabalh“, sem que necessariamente tenham suas demandas resolvidas em uma única consulta1. Os CIDs (Cadastr“ Internaci“nal de D“enças) das consultas realizadas no ano de 2010 foram 228 n“ t“tal, e ”ara facilitar a análise das causas, f“ram agru”ad“s de ac“rd“ c“m suas áreas. O mai“r ”ercentual de c“nsultas f“i na área “d“nt“lógica (23,66%), com 478 consultas realizadas. Estudos de Figueired“9 demonstram que o uso dos serviços pelos h“mens c“ncentra-se na assistência a ”at“l“gias,

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

31

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 29 a 33

N

Fonte: banco de dados ESF pesquisado. Bianca da Rosa Vieira / Margaret Ivanir Schneider

domiciliares, com consequente crescimento de mofo e fungos, são fatores que podem contribuir para o aumento das doenças respiratórias, especialmente as alérgicas7. No mês de dezembro a procura foi menor, apenas 60 consultas (2,96%), devido às reformas que a unidade estava realizand“, em que a ESF ic“u fechada ”“r 20 dias.

Artigo de Pesquisa

Tabela 1 – Usuários masculinos com idade entre 25 e 59 anos


acidentes ou lesões, problemas odontológicos e no us“ da farmácia, “ que também ”“dem“s “bservar no presente estudo. A segunda maior procura pelo serviço de saúde foi para renovação de receitas. Doenças crônicas como hipertensão e diabetes totalizaram 13,66% das consultas masculinas (9,5% hipertensão, 5,16% diabetes). Percebe-se neste item a ”“uca ”re“cu”açã“ d“s usuári“s d“ sex“ masculin“ c“m a sua saúde, pois o Ministério da Saúde refere que a prevalência da hipertensão na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%. Se apenas 9,5% das consultas foram para o controle deste agrav“ à saúde, tem-se um ”ercentual muit“ grande de pessoas não tratadas e, consequentemente, em risco para desenvolver complicações, que podem ser: d“ença cérebr“-vascular, d“ença arterial c“r“nariana, insuiciência cardíaca, d“ença renal crônica, ou ainda doença arterial periférica. Estas c“m”licações já resultaram em 24 (1,18%) isquemias e problemas cardíacos e 5 (0,25%) Acidentes Vascular Cerebral. Já em relaçã“ à diabetes, ”ercebe-se que a procura corresponde ao esperado para a população, uma vez que em 1995 atingia 4,0% da população adulta mundial e, segundo estimativas, em 2025 alcançará a cifra de 5,4%10. As patologias e os agravos da população masculina adulta c“ncentram-se nas áreas de cardiologia, urologia, gastroenterologia, saúde mental e ”neum“l“gia. Observa-se que as d“enças do aparelho circulatório e digestivo, juntamente com as causas externas, são as principais causas de morbidade2. Uma das variáveis que cham“u a atençã“ foi o número de pacientes que consultaram por sofrimento psíquico, que totalizaram 140 (6,93%) consultas. Dentre os problemas mentais, 13 consultas (0,64%) foram destinadas aos pacientes que sofriam de Esquizofrenia, num total de 6 pacientes dos 1.202 (0,20%), o que é menor do que refere o Ministério da Saúde, que diz que 1% da população brasileira sofre deste transtorno psíquico11. Os distúrbios metabólicos totalizaram 67 consultas (3,32%), nos quais se enquadra a obesidade. Por se tratar de uma unidade de ESF, “ atendiment“ longitudinal é realizado e até esperado, e consultas para mostrar exames são muito utilizadas. Neste estudo encontramos 103 consultas (5%) que foram destinadas a isso. É im”“rtante ressaltar que a”enas 3 d“s 390 pacientes procuraram o serviço para a anticoncepção, e os 3 buscavam o serviço para encaminhament“ de vasect“mia. Aut“res airmam que em todos os serviços esta demanda por parte dos homens é reduzida e que cabem às mulheres a contracepção12.

32

Tabela 4 – Motivos que levaram homens de 25 a 59 anos a procurar a ESF CIDs

N

%

Pr“blemas dentári“s

478

23,66

Renovação de receita

477

23,61

Hipertensão

192

9,50

Transtornos mentais

140

6,93

Diabetes

84

4,16

Distúrbios metabólicos

67

3,32

Sistema osteomuscular

65

3,22

Explicação de achados de exames

103

Infecções das vias aéreas

40

1,98

Dorsalgia

35

1,73

DSTs

33

1,63

Doenças de pele

32

1,58

5,00

Problemas respiratórios

32

1,58

Sistema urinári“

31

1,53

Atestados

29

1,44

Drogas

21

1,04

Problemas cerebrais

20

0,99

Doenças da mucosa oral

18

0,89

Traumas musculoesqueléticos

17

0,84

Aconselhamento médico

16

0,79

Esquizofrenia

13

0,64

Distúrbios visuais e auditivos

13

0,64

Outros

12

0,59

Isquemias

12

0,59

Problemas cardíacos

12

0,59

Doenças gastrointestinais

11

0,54

Tuberculose

6

0,30

AVC

5

0,25

Anticoncepção

3

0,15

Neoplasias

3

0,15

2020

100,0

Total Fonte: banco de dados ESF pesquisado.

Observa-se que a ”r“cura ”“r serviç“s de saúde pelos homens é devido à presença de alguma doença, ou pela busca por medicamentos e c“nsultas-dia, deixand“ de lad“ as c“nsultas de caráter ”reventiv“. A busca ”el“ serviç“ de atençã“ básica à saúde “c“rre quand“ “s h“mens sentem d“res insu”“rtáveis “u quand“ se ”ercebem incapazes de exercerem as atividades laborativas, sendo relevante também a procura por exames periódicos adicionais exigidos pelas empresas, os quais são obrigados a realizar4.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Bianca da Rosa Vieira / Margaret Ivanir Schneider

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 29 a 33

Saúde dodo homem e oe perfil destes uma estratégia saúde família Saúde homem seu perfil emem uma estratégia dede saúde dada família


Saúde do homem e seu perfil em uma estratégia de saúde da família

Área de risco

N

%

R. Ernestro Pellanda

53

13,59

Praça Baltazar de Bem

16

4,10

R. Veiga Cabral

12

3,08

R. Seival

13

3,33

Outras

293

75,13

3

0,77

390

100,0

F“ra de área Total Fonte: banco de dados ESF pesquisado.

Dos 390 pacientes que consultaram, 94 moram em áreas de risc“, c“m“ “s 53 que m“ram na Ernestr“ Pellanda, área de mai“r risc“ de ad“ecer. O homem procura o serviço de saúde para atendimentos que tenham soluções mais rá”idas ”ara seu ”r“blema, c“m“ as c“nsultas odontológicas e a renovação de receitas, além de ”r“curar “ serviç“ quand“ a d“ença já está num estado mais avançado, no caso de doenças crônic“-degenerativas nã“ transmissíveis, c“m“ hi”ertensã“ e diabetes. Vári“s estud“s c“nstatam que os homens, em geral, padecem mais de condições severas e crônicas de saúde do que as mulheres e também morrem mais do que elas pelas principais causas de morte13. Uma das diiculdades que se tem ”ara que esta população adentre no sistema de saúde pela atençã“ ”rimária é “ fat“ de que nã“ admitem ou reconhecem a necessidade de prevenção à saúde. Isto ocorre pelo fato de que os homens veem a d“ença c“m“ fragilidade e ”“r c“nsiderarem-se invulneráveis, “ que acaba ”“r c“ntribuir ”ara que eles cuidem menos de si mesmos e se exponham a situações de risco14.

Bianca da Rosa Vieira / Margaret Ivanir Schneider

A ”resente ”esquisa dem“nstr“u “ ”eril da população masculina que procura o serviço de atençã“ básica à saúde. Os dad“s da ”esquisa comprovaram que o Programa de Saúde do Homem, desenvolvido pelo Ministério da Saúde n“ an“ de 2008, tem razã“ de ser, já que de 1202 homens de 25 a 59 anos, apenas 309 (25,7%) c“nsultaram. Também ic“u clar“ que esses 309 têm sua saúde muito afetada, pois eles produziram 2020 consultas, o que representa em torno de 6,5 c“nsultas ”“r usuári“ ”“r an“. Muitos destes agravos poderiam ser evitados se os homens procurassem e realizassem medidas de ”revençã“ ”rimária.

Referências 1. Ribeiro TN. Saúde reprodutiva e sexual masculina em Francisco Morato, SP: o discurso de profissionais, gerentes e gestores de saúde. Saúde soc. São Paulo: Dez 2009; 18(4). 2. BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária de Atenção a Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Política Nacional de Atenção Integral á Saúde do Homem. Brasília; 2008. Disponível em: <http://www.saude.gov./consultapublica>. Acesso em: 12 ago. 2010. 3. Schraiber LB, Gomes R, Couto MT. Homens e saúde na pauta da saúde coletiva. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, 2005; 10(1):7-17. 4. Gomes R, Nascimento EF, Araújo FC. Por que os homens buscam menos os serviços de saúde do que as mulheres? As explicações de homens com baixa escolaridade e homens com ensino superior. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2007 Mar; 23(3). 5. Guia Trabalhista NR-7. Disponível em: <http://www.guiatrabalhista. com.br>. Acesso em: 20 fev. 2011. 6. Brasil. Resolução 196, de 10 de outubro de 1996. Conselho Nacional de Saúde. Pesquisas envolvendo seres humanos. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/resolucoes/1996/Reso196.doc>. Acesso em: 12 ago. 2010. 7. Rosa AM, Ignotti E, Botelho C, Castro HÁ, Hacon SS. Doença respiratória e sazonalidade climática em menores de 15 anos em um município da Amazônia brasileira. J. Pediatr; Rio de Janeiro, 2008 Nov-Dez; 84(6). 8. Reis JC, Fradique FS. Significações Sobre Causas e Prevenção das Doenças em Jovens Adultos, Adultos de Meia-idade e Idosos. Psicologia: Teoria e Pesquisa 2003 Jan-Abr; 19(1):47-57. 9. Figueiredo W. Assistência à saúde dos homens: um desafio para os serviços de atenção primária. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, 2005 Mar; 10(1). 10. Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 11. Brasil. Ministério da Saúde. Portal saúde. Brasília, 27 de maio de 2011; Núcleo de Comunicação. Secretaria de Vigilância em Saúde. Clipping SVS, p. 26. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/ arquivos/pdf/clipping_27052011.pdf>. Acesso em: 24 abr. 2011. 12. Schraiber LB. Equidade de gênero e saúde: o cotidiano das práticas no Programa de Saúde da Família do Recife. In: Villela W, Monteiro S. (Org.). Gênero e Saúde: Programa de Saúde da Família em Questão. São Paulo: ABRASCO/UNFPA; 2005. 13. Pinheiro RS et al. Gênero, morbidade, acesso e utilização de serviços de saúde no Brasil. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 7, n. 4; 2002. 14. Albano BR. Desafios para a inclusão dos homens nos serviços de atenção primária à saúde. Revista Enfermagem Integrada – Ipatinga: Unileste-MG; 2010 Nov-Dez; 3(2). Recebido 08.01.2012 Aprovado 01.02.2012

*Acadêmica do oitavo semestre do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Campus Canoas/RS. E-mail: bianca_ viana@msn.com. **Enfermeira. Mestre, docente do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Campus Canoas/RS. Orientadora. E-mail: margaretschnider@terra.com.br.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

33

Ano 2 – Número 6, Janeiro/Fevereiro 2012 - paginas de 29 a 33

Consider ações finais

Neste contexto, o enfermeiro tem um papel fundamental, pois, através de ações educativas, ele deve ensinar como o paciente deve proceder ”ara cuidar melh“r de si mesm“, identiicand“ as necessidades de saúde dos homens e intervindo com as ações preventivas e de promoção à saúde9. O enfermeiro que atua na educação para a saúde pode desenvolver um papel importante no contexto da saúde do homem. Ele pode atuar através de ações educativas de promoção da saúde e prevenção de doenças, esclarecendo dúvidas e incentivando a população masculina a cuidar da saúde, assim como é desenvolvido com crianças, mulheres e idosos através de programas e outras atividades.

Artigo de Pesquisa

Tabela 5 – Distribuição dos homens que consultaram segundo as áreas de risco


Normas para publicação A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral, que tem por objetivo ser um dos principais veículos de divulgação do conhecimento na área de enfermagem no Brasil, promovendo, o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais, publicando trabalhos originais e inéditos, de revisão, atualização ou relatos de casos/experiências. Seu conselho editorial, que tem caráter consultivo, é constituído por pesquisadores em enfermagem, de origem institucional diversificada, e é o principal responsável pela qualidade do conteúdo da revista. Apresentação do manuscrito 1. Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, no que se refere ao texto, às figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuandose resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. 2. Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa. O número do processo/ projeto deverá constar no método do trabalho. 3. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336:309. 4. Figuras e tabelas deverão ser apresentadas em arquivo com boa resolução e separadas do texto (imagens com mínimo de 300 dpi). 5. O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a declaração de responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, conforme modelo abaixo. Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais. Vimos submeter à aprovação da Revista SulBrasileira de Enfermagem o artigo __________________ _________________________________________________ _________________________________________________ ___ e informamos que todos os procedimentos éticos devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito e está sendo enviado com exclusividade à Revista. Concordamos que, em caso de aceitação do mesmo, os direitos autorais a ele referentes passarão a ser propriedade exclusiva da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem.

34

Categoria do artigo: _____________________________ Assinatura dos Autores: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________

Data: _____/_____/_____. 6. O(s) autor(es) deve(m) especificar no artigo indicação de financiamentos relacionados ao trabalho a ser publicado. Categorias de manuscritos aceitos pela Revista (A) Artigos originais/Pesquisas – Investigação baseada em dados empíricos, concluída, utilizando metodologia científica e que possam ser aplicadas e generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora. Sua estrutura deve conter. – Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. – Objetivo: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor. – Revisão da literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução. – Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza estatística.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


– Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou comentários pessoais, podendo, para maior facilidade de compreensão, estar acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc. – Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os novos e importantes aspectos observados e discutidas as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência proissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial.

Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista. Preparo dos manuscritos • Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s) nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras. • Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográicas (Exemplos) Artigos de periódicos: • Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95 • Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4):88-94. Materiais em formato eletrônico: • Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/reeusp/upload/pdf/258.pdf • Livro ou monograias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

35


Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007 • Capítulo do livro ou monograia: Debert GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78. • Dissertação e tese: Amarante ST. Análise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1999. • Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA, Brasil.

Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico, sendo que um dos autores deverá ser assinante da revista. Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm; laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé.

Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Rua Aracy Fróes, 258 / 902 - Jardim Itu-Sabará - Porto Alegre/RS / CEP: 91210-230. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Tel. (51) 3351.2361.

36

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA AULA 6 –Cuidados com drenos, cateteres e sondas

     

• 1a aula: Avaliação do paciente na UTI • 2a aula: Atendimento a PCR no adulto: O que mudou? • 3a aula: Interpretação de ECG e arritmias • 4a aula: Monitorização Hemodinâmica • 5a aula: Ventilação mecânica • 6a aula: Cuidados com drenos, cateteres e sondas

Lisnéia Fabiani Bock Graduada em Enfermagem pela Universidade Luterana do Brasil; Especialista em Administração dos Serviços em Enfermagem pela PUCRS; Especialista em Terapia Intensiva pela Ulbra; Mestre em Enfermagem pela UFSC; Docente do Curso de Pós-Graduação na Ênfase de Terapia Intensiva do HMV; Doutoranda no Programa de Pós-Graduação em Enfermagem, UFSC; Coordenadora do Curso de Pós-Graduação Enfermagem com Ênfase em Urgências e Emergências do IPA; Coordenadora do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA. fabibock@gmail.com

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

37


ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS COM DRENOS, CATETERES E SONDAS

AULA 6 – CUIDADOS COM DRENOS, CATETERES E SONDAS A realização de procedimentos invasivos pelos enfermeiros na Unidade de Terapia Intensiva aument“u c“nsideravelmente. C“nf“rme a gravidade d“s ”acientes, é necessária a utilizaçã“ d“ Cateter Ven“s“ Central (CVC) de l“nga ”ermanência, Cateter Central de Inserçã“ Periférica (PICC), Cateter de Artéria Pulm“nar (CAP), Cateter de Pressã“ Intracraniana (PIC), Derivação Ventricular Externa (DVE), bem como dos dispositivos: dreno de tórax, Sonda Nasoenteral (SNE) e Sonda Vesical de Demora (SVD), os quais serão detalhados nesta aula. Os pacientes e familiares devem ser informados sobre as vantagens e os riscos do procedimento. A aut“rizaçã“ d“s mesm“s deverá “c“rrer através da assinatura de um Term“ de C“nsentiment“ e deve preceder o ato de implantação de qualquer procedimento invasivo.

enfermagem deve estar atenta ao sítio de inserção, à presença de acotovelamento, exteriorização e à ixaçã“ d“ cateter. Na ”erce”çã“ de sinais l“gístic“s, a retirada deve ser imediata ”el“ enfermeiro, registrando todos os dados em ev“luçã“. Deve-se ter “ cuidad“ a“ rem“ver, com precauções que evitem a embolia aérea. O enfermeiro deve realizar o curativo conforme “rientaçã“ da C“missã“ de Infecçã“ H“s”italar da instituição, privilegiando, se possível, a película transparente (troca a cada 5 ou 7 dias). CATETERES DE UM ÚNICO/MONO LÚMEN DE CURTA PERMANÊNCIA

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

CATETER VENOSO CENTR AL – CVC Os cateteres são, em sua maioria, de poliuretano, hidr“fílic“ “u de silic“ne. Suas ”aredes sã“ inas, permitindo lumens únicos/monos, duplos e triplos. Os de maior diâmetro são mais rígidos e resistentes, su”“rtand“ mai“r ”ressã“ e resistind“ a“s fármac“s utilizados na Terapia Intensiva. A inserção do acesso central tem como objetivo a infusão contínua e sem riscos de contaminação em pacientes com restrita rede venosa periférica, utilizado na administração de dietas parenterais, drogas vasoativas, sedação e analgesia contínua, intenci“nand“ uma rá”ida res”“sta tera”êutica. Também está indicad“ na necessidade de infusões de grandes volumes, mensuração da Pressão Ven“sa Central (PVC), “btençã“ de am“stras sanguíneas para exames como a extração gasométrica venosa e na monitorização de marcadores e de oxigenação tecidual. Quanto aos cuidados, a enfermagem tem papel fundamental na escolha do material também durante “ ”r“cediment“ e na manutençã“ d“ CVC. O procedimento deve ser realizado de forma estéril, send“ necessári“ que “s ”r“issi“nais env“lvid“s (médico, enfermeiro e técnico de enfermagem) lavem as mãos com técnica asséptica. Atualmente, em algumas instituições ”ercebe-se a ativa ”artici”açã“ d“ enfermeir“ e equi”e d“ C“ntr“le de Infecção no estabelecimento de protocolos que qualiicam as ações, bem c“m“ a ad“çã“ de luvas estéreis, ócul“s de ”r“teçã“, t“uca e máscara cirúrgica durante o procedimento. Após a passagem e c“rreta ixaçã“, uma imagem radi“lógica se faz necessária antes d“ iníci“ da infusã“ de qualquer s“luçã“, ”ara c“nirmaçã“ d“ ”“sici“nament“ inal (distal) do cateter. Quanto aos cuidados na manutenção, a

38

Descrição

Vantagens

* Borracha de silicone ou poliuretano

* Pode ser inserido à cabeceira do paciente

* C“m cerca de 20 cm de comprimento

* É de fácil remoção

* Variedade de calibres de lumens

* A rigidez auxilia o m“nit“rament“ da PVC

Indicações

Desvantagens

* Acesso venoso * Tem funções central de curta limitadas permanência * Acesso de emergência * Paciente que precisa de apenas um lúmen

* Precisaria ser trocado a cada 3 a 7 dias (mas na ”rática, sabemos que vai depender da avaliação do médico)

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

Cuidados pela enfermagem * Avaliar com frequência, na busca de sinais e sintomas de infecção e formação de c“águl“s


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS COM DRENOS, CATETERES E SONDAS

CATETERES DE CURTA PERMANÊNCIA E COM VÁRIOS LUMENS

Possíveis complicações – Punção acidental de carótida, formação de hematomas; – Punção acidental de traqueia, lesão de nervo recorrente laríngeo; – Embolia aérea, pneumotórax; – Tr“mb“se, lebite, se”se; – Má-”“siçã“, ”erda e emb“lia d“ cateter; – Lesão cardíaca pelo cateter.

Contraindicações Descrição * Borracha de silicone ou poliuretano

Vantagens * Pode ser inserido à cabeceira do paciente

* Lúmen * É de fácil duplo, triplo remoção “u quádru”l“, a intervalos de 1,9 cm * Variedade de calibres do lúmen

* A rigidez auxilia o monitoramento da PVC * Permite a infusão de múltiplas soluções por meio do mesmo cateter – ainda para a mesma tarefa (ex.: soluções incompatíveis)

Indicações

Desvantagens

* Acesso * Tem funções venoso central limitadas de curta permanência * Precisaria ser trocado a cada 3 a 7 dias (mas na ”rática, sabemos que vai depender da avaliação do médico)

* C“nhecer “ diâmetro e a inalidade de cada lúmen * Usar o mesmo lúmen para a mesma tarefa (ex.: infusão de nutrição parenteral ou coletar amostra de sangue)

Cuidados na retirada do cateter – As vias do cateter devem ser lavadas com soro isi“lógic“ 0,9% e as ”inças fechadas; – O ”aciente deverá ser “rientad“ s“bre “ procedimento; – Faça antisse”sia da ”ele a“ red“r d“ cateter com clorohexidine alcoólico, e solte os pontos cirúrgicos com uma lâmina de bisturi; – C“m “ ”aciente em Trendelemburg, “riente-“ a inspirar profundamente e proceder a uma expiração forçada com a glote fechada (como se estivesse fazendo esforço para evacuação) e remova o cateter; – C“m uma mã“ segure “ cateter c“m gaze estéril e com a outra comprima levemente o local com gaze estéril durante a remoção, até que não haja mais nenhum sinal de sangramento; – Cubra “ l“cal de inserçã“ d“ cateter imediatamente c“m um curativ“ im”ermeável para evitar entrada de ar. Preferencialmente não retirar antes de 24 horas.

CATETER CENTR AL DE INSERÇÃO PERIFÉRICA – PICC É um cateter lexível de silic“ne “u ”“liuretan“, demarcado a cada 5 cm, radiopaco, biocompatível e termossensível, com tempo de permanência ”r“l“ngad“ e de fácil instalaçã“. É a”resentad“ em du”l“ e únic“ lúmen, estéril, descartável e de calibres variáveis (Gauge 16, 18, 20, 22 e 26; French 5.0, 4.0, 3.0, 2.8 e 1.9) e comprimento de 50 e 65 cm.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

39

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

* Paciente com locais de inserção limitados que precisam de infusões múltiplas

Cuidados pela enfermagem

– Discrasias sanguíneas de qualquer grau de gravidade, uso de anticoagulantes; – Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica e/“u enisema (mai“r risc“ de ”neum“tórax); – Trauma de clavícula, cirurgias prévias no local “u def“rmidades t“rácicas acentuadas; – Durante a realizaçã“ de man“bras de ressuscitação cardiorrespiratória.


ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 –COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA26––ATENDIMENTO CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

A inserção de cateter periférico central pelo enfermeiro encontra amparo legal na Lei 7.498/86 e “ seu Decret“ 94406/87, nas res“luções d“ C“fen n. 240/2000 e 258/2001 d“ Códig“ de Ética d“s Pr“issi“nais de Enfermagem. Indicações: Para antibi“tic“tera”ia, quimi“tera”ia, transfusã“ sanguínea “u hem“derivad“s (men“s indicada), anticoagulação, terapia analgésica, nutrição parenteral e vasopressores. A indicaçã“ deve também levar em c“nsideração as doenças e condições do paciente, além do tipo de terapia e duração de tratamento. Os diagnósticos mais comuns para utilização do CCIP sã“: câncer, “ste“mielites, ibr“se cística, ”ancreatite, d“ença de Cr“wn, infecções extensas de feridas, AIDS, sepse e dor em fase terminal de vida. Outra indicaçã“ está relaci“nada a“ ti”“ de droga utilizada, como irritantes ou vesicantes, extremos de osmolaridade, extremos de pH, agentes ne“”lásic“s, tera”ias c“ntínuas e intermitentes.

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

Limitações do PICC: – Nã“ ”ermite a infusã“ de sangue e hem“derivados em cateteres com calibre abaixo de 4 French; – Acess“ é difícil em l“cais anteri“rmente ”unci“nados; – Requer acesso em veias calibrosas e íntegras; – Exige vigilância rig“r“sa d“ dis”“sitiv“ e discussão prévia com a equipe para a tomada de decisã“/esc“lha d“ PICC; – Plaquetopenia severa; – Utilização em amplo espectro de medicações com efeito anticoagulante; – Edema generalizado; – Membro superior de pacientes submetidas à mastectomia; – Membro superior com fístula arteriovenosa; – Obesidade severa ou mórbida; – Veias esclerosadas. Logo, as contraindicações servem como atenção frente aos cuidados de enfermagem, que iniciam-se c“m a ”assagem d“ acess“. Nesta etapa, o enfermeiro não deve forçar a passagem d“ PICC. Cas“ enc“ntre resistência à ”r“gressã“, pode injetar simultaneamente solução salina 0,9% ”ara abrir as válvulas ven“sas, facilitand“ a ”r“gressã“. Durante “ ”r“cediment“, “ ”r“issi“nal deve estar atento à ocorrência de arritmias, por isso, monitorizar o paciente e limitar o número de tentativas de punção em até 4 vezes. A utilização do acesso para administração de drogas segue o mesmo cuidado do cateter

40

central, “u seja, s“mente a”ós a c“nirmaçã“ d“ posicionamento da ponta do cateter, através de RX. Critérios de exclusão: As contraindicações descritas na literatura são de inferior proporção em relação às indicações: alterações anatômicas que possam impedir a progressão do cateter; infecção da pele próximo ao l“cal de inserçã“; ”resença de tr“mb“s, lebites “u tromboses; extravasamentos químicos, alterações neurológicas e ortopédicas; alterações anatômicas (estruturais ou venosas) que possam impedir a correta progressão do cateter (punções venosas prévias, dissecções, lesões ou cirurgias prévias que possam ter alterado a anatomia venosa ou o retorno venoso); lesões dérmicas próximas ou no local de inserção; recusa do paciente ou familiar; ”acientes c“m insuiciência renal; e ”acientes em uso de muletas. Em neonatologia é contra indicado ministrar grandes v“lumes em b“lus “u c“m ”ressã“, ”ela fragilidade do cateter. Locais de inserção: * Veias preferenciais para inserção: basílica, cefálica “u mediana cubital. Em ”ediatria c“nsideram-se c“m“ esc“lhas as veias tem”“rais, auricular posterior e jugular externa, sendo esta a última escolha; – Características das veias esc“lhidas: ”al”áveis, calibr“sas e retas “ suiciente ”ara a inserçã“ e adequação da agulha introdutória; – A ”ele s“brejacente à veia esc“lhida deverá estar íntegra e não apresentar sinais de: hematomas, infecçã“ (lebites, celulites e abscess“s) e alteraçã“ anatômica; – Se necessária a rem“çã“ de ”el“s, essa deverá ser realizada com tricotomizador elétrico ou tesoura. Localização do cateter: – O cateter é considerado posicionado em nível central quando sua ponta estiver localizada no terço distal da veia cava superior; – O cateter é considerado em posição periférica quando sua ponta se localiza na veia axilar – midline “u na veia subclávia midclavicular. Conirmação da posição do cateter: – Antes de utilizar “ PICC ”ara medicament“s deve-se c“nirmar através de RX se a ”“nta enc“ntra-se adequadamente instalada na veia cava superior (preferencialmente no 1/3 inferior). Complicações relacionadas à inserção: – Tr“mb“lebite, hemat“ma, dan“s a nerv“s braquiais, posicionamento inadequado da

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 55 –– COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

terminação do cateter, contaminação/infecção, punção arterial, trombose, embolia aérea, ”erfuraçã“ d“ átri“ direit“, emb“lia d“ cateter, arritmias cardíacas, secção do cateter pela agulha, diiculdade na ”r“gressã“ d“ cateter. Complicações pós-inserção: – Flebite, infecçã“ d“ cateter, se”se relaci“nada ao cateter, infecção do local de inserção/ celulite, tr“mb“se/tr“mb“lebite, migraçã“, exteri“rizaçã“, iniltraçã“, “bstruçã“ (”“r d“bra posição inadequada da ponta do cateter ou im”ermeabilizaçã“ insuiciente d“ mesm“), quebra/ embolia, embolia aérea/gasosa.

(HIC) está relaci“nada a várias an“rmalidades, tanto no sistema nervoso central, quanto no próprio organismo. A PIC tem uma variaçã“ isi“lógica, send“ c“nsiderada n“rmal a PIC < 10 mmHg, levemente elevada entre 10 e 20 mmHg, moderadamente elevada entre 21 e 41 mmHg, e acima de 41 mmHg é considerada hipertensão intracraniana (algumas f“ntes bibli“gráicas a”“ntam diferenças nos valores indicados). As terapias visam, em sua mai“ria, manter PIC < 20 mmHg e c“m uma ”ressã“ de ”erfusã“ cerebral (PPC) entre 60 e 70 mmHg, icand“ sua l“calizaçã“ na regiã“ e”idural, subdural, intraventricular ou no tecido cerebral.

As causas mais comuns de retirada do PICC são: – Término da terapia proposta; – Sinais de infecção sem foco aparente; – Sinais de infecçã“ n“ síti“ “u a“ l“ng“ d“ cateter; – Posicionamento inadequado do cateter; – Ruptura ou quebra; – Obstruçã“ que nã“ res”“nde à man“bra e extravasamento de líquidos. Não existem dados na literatura sobre o tempo de permanência, por isso, a observação de sinais que evidenciem a necessidade de troca é o maior aliado. Para a manutenção do cateter, realizar lush de s“luçã“ salina 0,9% a cada turn“ de 08, 12 ou 24 horas, conforme protocolo institucional ou da unidade. É ”rudente a realizaçã“ de lush a“ términ“ da infusão de medicamentos, principalmente ao infundir solução de nutrição parenteral total, quimi“terá”ic“s e hem“derivad“s. Se houver resistência na retirada do cateter, solicitar RX para avaliar o local de inserção e o sítio de punção. Não realizar pressão no local de saída, ”róxim“ d“ cateter e a“ l“ng“ da veia. Falhand“ as primeiras tentativas de retirada, aguardar 20 a 30 minutos e repetir o procedimento. Após este período, realizar compressa morna sobre a área afetada, na tentativa de vas“dilataçã“ e facilidade de rem“çã“ d“ PICC. Cas“ ”ermaneça a resistência, fechar o cateter, refazer o curativo e tentar rem“vê-l“ n“vamente a”ós 12 a 24 h“ras. Se a indicação for de foco infeccioso, não aguardar as 12 horas e contatar imediatamente o cirurgião vascular para retirada do mesmo.

Figura 1 – Inserção de cateter para monitorização da PIC.

A pressão intracraniana pode ser medida e monitorizada através de um cateter ventricular acoplado a um transdutor de pressão externo. Para inserir “ cateter intraventricular, ”erfura-se um “rifíci“ n“ crâni“ e insere-se “ cateter através da massa cerebral no ventrículo lateral (um dos espaços abertos no cérebro).

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

CATETER DE PRESSÃO INTR ACR ANIANA – PIC A ”ressã“ intracraniana (PIC) é enc“ntrada n“ interior da caixa craniana, tendo como referência a ”ressã“ atm“sférica. Já a hi”ertensã“ intracraniana

Figura 2 – Possíveis locais de inserção do cateter de PIC.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

41


ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 –COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA26––ATENDIMENTO CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

Um transdutor é um dispositivo que converte um sinal mecânico (pressão, temperatura, entre outros) e o converte em um sinal elétrico. O cateter é um pequeno tubo que pode ser inserido em um ducto ou vaso (cateter vascular), em uma cavidade corpórea natural ou em uma cavidade cística ou de abcesso, possibilitando a drenagem ou injeção de luid“s “u “ acess“ a instrument“s cirúrgic“s. Para inalizar a “btençã“ de sinal da ”ressã“ intracraniana, existe um am”liicad“r que detecta “s sinais d“ transdut“r e envia-“s ”ara um sistema de registro, um osciloscópio, por exemplo. A pressão intracraniana (PIC) nã“ a”enas ”“de ser m“nit“rizada, como também pode ser reduzida por meio de drenagem d“ líquid“ cefal“rraquidian“ (LCR) c“m “ cateter. Pode ser difícil a inserção do cateter se houver pressão intracraniana aumentada, uma vez que, sob pressão, os ventrículos mudam de forma.

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

Figura 3 – Transdutor de leitura da PIC (Codman®).

O parafuso ou pino subaracnóideo é um parafuso oco que é inserido através de um orifício realizad“ n“ crâni“, e através de um c“rte na duramáter. Infelizmente, esse dis”“sitiv“ “bstrui-se c“m facilidade. O sensor epidural é colocado através de um orifício perfurado no crânio, logo acima do revestiment“ e”idural. C“m“ “ revestiment“ epidural não é perfurado, esse procedimento é menos invasivo, mas tem a desvantagem de não ”ermitir a retirada d“ excess“ de LCR. Independente da causa e da indicação, medidas imediatas como a inspeção da região na admissão do paciente e a avaliação de todo o sistema uma vez a cada turn“, serã“ necessárias e garantem segurança à assistência. A enfermagem deve anotar o aspecto da ferida operatória e do curativo, bem como a variação d“ val“r da PIC. O enfermeir“ deve estar atent“ à instabilidade hemodinâmica, alterações dos valores

42

de referência da PIC n“ m“nit“r, ”resença de sinais l“gístic“s, alteraçã“ d“ nível de c“nsciência, alteraçã“ ”u”ilar, déicit m“t“r, cefaleia, rigidez de nuca e vômitos, comunicando imediatamente ao neurocirurgião e equipe médica da Terapia Intensiva. C“m a cabeceira centralizada e elevada a 30º, a manipulação do paciente deve ser realizada de forma cuidadosa (com mais pessoas auxiliando e na presença do enfermeiro), evitando ao mínimo a agitação do paciente, bem como o posicionamento inadequado da cabeça, ou até mesmo o tracionamento do cateter. Em caso de tração, de forma alguma o cateter deve ser reposicionado. Além disso, não se deve injetar ou aspirar solução alguma no cateter, em caso de obstrução. O primeiro curativo deve ser realizado com gaze estéril seca, e mantido ocluído por 24 horas. Após este período, manter curativo aberto, sempre limpo e seco, realizando uma vez ao dia na região pericateter e observando a presença ou extravasamento de liquor ou secreção. Dreno de Derivação Ventricular Externa – DVE: A DVE é um tipo de cateter ventricular essencial para o tratamento de pacientes com hidrocefalia, cujo objetivo é melhorar o controle da pressão intracraniana através da dosagem do nível de lactato liquórico e no tratamento da redução do edema cerebral, através da drenagem de líquid“ cefal“rraquidian“ (LCR). Também ”“de ser utilizado no tratamento e acompanhamento dos cas“s de HIC, c“ntr“le de drenagem liquórica nas complicações ventriculares e/ou tratamento de hemorragias. A enfermagem deve estar atenta aos seguintes cuidados: manter cabeceira em 30º (com a cabeça alinhada ao corpo), zerar o sistema do cateter de DVE cada vez que o nível da cabeceira for alterado (manipulação no leito, posicionamento, banho...) e ainda, uma vez ao turno, conservar o posicionamento da câmera de gotejamento conforme indicação, podendo variar de 10 a 15 cm do meato auditivo externo. O enfermeiro também deverá realizar a ins”eçã“ da regiã“ de inserçã“ do cateter na admissão do paciente na UTI e acompanhar durante a internação. Registrado o aspecto da ferida operatória, drenagem (aspecto e c“l“caçã“ d“ LCR). Observar sinais l“gístic“s, alteração do nível de consciência, diâmetro ”u”ilar, déicit m“t“r, cefaleia, náuseas e vômit“s, rigidez de nuca ou confusão mental. Qualquer suspeita de tração do cateter, jamais reposicionar. Sempre comunicar ao médico de plantão ou neurocirurgião.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 55 –– COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

O curativo é realizado pelo enfermeiro uma vez ao dia, “bservand“ a inserçã“ e se nã“ há drenagem de LCR. Na necessidade de m“vimentaçã“ n“ leit“, altera-se a altura da cabeceira, na situaçã“ de trans”“rte d“ ”aciente, “ sistema deverá ser fechado, prevenindo o extravasamento ou hi”erdrenagem de LCR. Quanto ao controle de drenagem e à manipulação da bolsa coletora pelo enfermeiro, quando esta atingir ¾ de sua capacidade preenchida, deve ser realizada com técnica asséptica. E quando a bolsa coletora não apresentar dispositivo (aberto) de drenagem, realizar desinfecção da bolsa com álc““l 70%, ”unci“nand“ “ dis”“sitiv“ c“m agulha e seringa estéril e registrando em folha de controle da enfermagem “ v“lume e as”ect“. Rec“mendase um tempo de permanência do cateter, não superior a 14 dias.

DRENOS Utilizados sempre que, em uma situação patológica ou criada cirurgicamente, houver a necessidade de ”r“m“ver “ esc“ament“ de luíd“s, como sangue, pus, secreções corporais ou ar. São colocados no interior de feridas ou de cavidades do organismo e fabricados geralmente de borracha macia (”enr“se), de ”lástic“ “u de silic“ne. A eliminaçã“ ”“derá “c“rrer es”“ntaneamente ou através de um mecanismo de aspiração (contínua ou intermitente). Finalidades: – Drenar ar ou líquidos da cavidade pleural; – Drenagem da cavidade mediastinal “u articular que não toleram o acúmulo de líquidos; – Drenar secreçã“ ”urulenta de feridas infectadas; – Evitar “ acúmul“ e secreções ser“-hemáticas em regiões de grande vascularização ou que sofreram grande dissecção do tecido; – Evitar acúmulo de secreções biliosas ou digestivas após cirurgia destes órgãos.

Drenagem pleural

Um sistema de drenagem é composto por: 1) Dreno de tórax. Características im”“rtantes na esc“lha d“ dren“: – Ser tubular multiperfurado, pela maior superfície de drenagem e menor chance de obstrução; – Ser silic“nizad“, ”“is diiculta a aderência de c“águl“s; – Ter c“nsistência irme ”ela men“r chance de c“la”sar e de f“rmar c“águl“s. Evite dren“s rígid“s que provocam dor e podem lesar o pulmão; – Ter calibre em adult“s: 36 F (3/8’) em hem“tórax “u derrames es”ess“s; 28 F (1/4’) em ”neum“tórax “u derrames luid“s; – O calibre em crianças: 16 F em recém-nascid“s, 22 F c“m 1 an“ de idade; – Radiopaco ou com linha radiopaca, o que ”ermite c“nirmar, ”“r radi“graia, se a última ”erfuraçã“ d“ dren“ está na cavidade ”leural e a sua posição; – A ixaçã“ deve ser feita c“m um ”“nt“ de nyl“n “u alg“dã“ na ”ele, além de ixaçã“ adici“nal ”“r mes“ e c“ntrames“ , ”ara evitar desl“cament“s que alterem a posição do dreno e afrouxamento à ”ele, ajudand“ a ixá-l“ n“ l“cal de sua inserçã“; – O mes“ e “ c“ntrames“ sã“ feit“s a seguir e devem permanecer enquanto continuar o dren“, send“ refeit“s sem”re que necessári“. Eles auxiliam na ixaçã“, reduzind“ a d“r e “ risc“ de saída acidental d“ dren“. Para fazer “ mes“ e “ c“ntrames“ rec“rte uma tira de 20 cm e duas tiras de 10 cm de c“m”riment“ de ita adesiva h“s”italar de 5 cm de largura (micropore ou esparadrapo). Env“lva “ dren“ na metade da ita l“nga (20 cm), c“land“ ita c“m ita ”“r 2 cm abaix“ d“ dren“. Fixe “ restante da ita adesiva na ”ele. Faça “ c“ntrames“ aixand“ as itas men“res (10 cm) s“bre cada lad“ d“ mes“ , ”aralelamente a“ dreno; – Posicione adequadamente o dreno em relação ao corpo do paciente, evitando dobras em relaçã“ a“ seu mai“r eix“. Evite ixações na regiã“ do quadril, pois a movimentação do doente pode provocar angulações no dreno; – A ixaçã“ d“ dren“ de”ende muit“ mais d“ mes“ e c“ntrames“ d“ que d“ ”“nt“ na ”ele. 2) Conexões intermediárias e extensões – C“nect“r (intermediári“) entre “ dren“ e a extensã“, ”referencialmente de ”lástic“ trans”arente e de calibre c“m”atível. C“nect“res

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

43

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

A drenagem pleural é um procedimento realizado pelo médico (preferencialmente pelo intensivista ou cirurgião), largamente empregado em situações eletivas e de emergência. C“nsiderad“ c“m“ ato relativamente simples, pode levar a severas complicações devido à falta de cuidados que precisam ser pensados. Pode ser facilmente realizado à beira d“ leit“ e “c“rre quand“ há a necessidade de esvaziamento de conteúdo líquido ou gasoso patologicamente retido na cavidade pleural.

Características ideais do sistema de drenagem torácica


ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS COM DRENOS, CATETERES E SONDAS

ou extensões de calibre reduzido não dão boa vazã“ a“ lux“ de ar em fístulas aéreas de alt“ débit“ e se “bstruem facilmente ”“r c“águl“s (em tem”“: fístula aérea decorre das roturas de brônquios ou de b“lhas de enisema que mantêm um esca”e c“nstante de ar ”ara a cavidade ”leural). Use ita adesiva h“s”italar ”ara ixar a c“nexã“; – Extensã“ de látex “u ”lástic“ trans”arente (com diâmetro interno mínimo de 0,95 mm) permite a visualização da coluna líquida no seu interior. Evite extensões reesterilizadas, que perdem a consistência e colabam naturalmente ou com a aspiração do sistema. O comprimento da extensão deve ser suiciente ”ara ”ermitir a mudança de decúbito do paciente, mas na muito longa, evitando a formação de alças que podem criar c“lunas hidr“státicas e diicultar a drenagem.

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

3) Frasco selo de água – Frasc“ de vidr“ “u ”lástic“ trans”arente e graduado para permitir o controle do volume drenado; – C“nexã“ e res”ir“ de calibre adequad“s: ”acientes c“m fístulas ”“dem ter lux“ aére“ alt“ principalmente durante a tosse ou ventilação mecânica; – Nível líquido é o mecanismo que funciona c“m“ válvula n“ sistema de drenagem, c“brind“ “s 2 cm distais d“ tub“ d“ frasc“ sel“ de água. Esse mecanismo permite a drenagem do líquido “u gás e im”ede a entrada de ar na cavidade pleural. Entretanto, se o tubo estiver mergulhado mais que 2 cm, a drenagem aérea acaba sendo ”rejudicada ”“rque aumenta a resistência a“ lux“ de drenagem. Na ”rática intensiva, quand“ “ ”aciente necessita de drenagem pleural, são conhecidas duas técnicas, diferenciadas pelo material a ser utilizad“. Na técnica tradici“nal, utiliza-se um dren“ pleural, tubular, rígido, que pode ser constituído de silic“ne (mais lexível) “u ”lástic“ (mais rígid“), seguid“ ”“r c“nect“r intermediári“, extensã“ e frasco coletor, usualmente com 2000 ml de ca”acidade. Já a técnica alternativa tem c“m“ “bjetiv“ manter a ”ressã“ negativa intrat“rácica e eliminar coleções intrapleurais que permitam a expansão pulmonar. Nesta situação são utilizados os drenos: Dreno de Blake (Ethicon) ou Pig Tail Waynea (C““k), amb“s de silic“ne, lexíveis. O Blake pode ser conectado em um sistema fechado sob as”iraçã“. Já “ Pig Tail é utilizad“ ”ara drenagem ”“r ”unçã“, send“ ada”tad“ em uma válvula de lux“ unidireci“nal (Heimlich), dispensando o uso de um sel“ de água.

44

Principais indicações: – Pneumotórax (principalmente hipertensivo); – Hemotórax; – Derrame Pleural; – Quilotórax (acúmulo de linfa); – Pós-“”eratóri“ de cirurgias cardíacas, transplantes.

Figura 4 – Indicações de drenagem pleural.

Cuidados de enfermagem: – Não pinçar em nenhum momento o dreno ”leural, excet“ na tr“ca d“ sel“ d’agua “u desconexão na troca do sistema; – Um d“s “rifíci“s (na tam”a) sem”re deverá icar abert“ a“ mei“ ambiente; – Para manter em sel“ de água, utilizar S.F 0,9%, sendo trocado a cada 24 horas pelo enfermeiro. Ao registrar, não esquecer de desconsiderar o volume previamente inserido; – Evitar formação de alça ou nó na extensão, o que impede a drenagem; – Curativ“ diári“ c“m gaze estéril, c“m ixaçã“ de micropore ou esparadrapo.

Dreno de Penrose É um tub“ de b“rracha maleável, que se apresenta com uma luz colabada, formando uma lâmina du”la de b“rracha. Funci“na ”“r drenagem espontânea das secreções e é geralmente utilizado ”ara rem“çã“ de c“leções su”ericiais, c“m“ abcesso subcutâneo. O dren“ é ixad“ geralmente c“m ”“nt“, que deverá ser retirad“ quand“ indicad“ ”el“ médic“, o tracionamento do dreno. Após a remoção d“ ”“nt“ cirúrgic“, “ dren“ deverá ser mantid“ transixad“ ”“r um alinete de segurança ”ara impedir que este deslize para o interior da incisão ou cavidade. O curativ“ deve ser feit“ c“l“cand“-se duas gazes dobradas, uma de cada lado do dreno, depois repousando o dreno sobre uma delas e c“brind“-“ c“m mais gaze.

Dreno Tubular Sã“ c“nstituíd“s ”“r tub“ de b“rracha, de ”lástic“ ou silicone, pois apresentam rigidez mínima para não colabar por compressão dos tecidos ao redor.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 55 –– COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

Estes drenos permitem a instilação de substâncias medicamentosas e também a aspiração ativa das secreções. São utilizados para a drenagem de cavidades naturais nos grandes deslocamentos do tecido subcutâneo, nas cirurgias da mama e ortopédicas. Em situações em que a ixaçã“ d“ dren“ tubular se t“rna difícil, ”“de ser utilizad“ um dren“ em T (Dreno de Kehr). Geralmente são utilizados aspiradores de ”lástic“ sanf“nad“ (Hem“vac®; P“rtvac®) ”ara aumentar a eiciência da drenagem. P“rém, sã“ eicientes s“mente ”ara drenar ”equen“s v“lumes de secreçã“ e quand“ “ dren“ tubular está completamente vedado ao ar exterior.

SONDAS Sonda Nasoenteral – SNE

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

45

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

Desde as eras mais antigas buscam-se “utras vias para alimentar pacientes impedidos de comer pela boca. Os egípcios alimentavam seus pacientes através de sondas retais e, com o passar dos anos, houve empenho para que fossem fabricados tubos de alimentação que possibilitassem maior conforto aos pacientes. Na década de 70, Liffmann & Randall e Dobbie & Hoffmeister construíram sondas de jejunostomia e s“ndas nasais de in“ calibre, c“m uma “giva distal que possibilitava o posicionamento delas além do esfíncter piloro e permitia a administração de dietas de maneira mais c“nf“rtável e segura, principalmente nos pacientes idosos, acamados e c“m relex“s diminuíd“s. Essa s“nda ”ass“u a ser conhecida como Sonda de Dobbhoff, que hoje são fabricadas em poliuretano e silicone, materiais que não sofrem alteração física na presença de pH ácid“, c“nservam lexibilidade, maleabilidade e durabilidade, não irritam a mucosa digestiva, e, por serem de pequeno calibre, permitem o fechamento d“s esfíncteres cárdia e ”il“r“. Em 1999, o Ministério da Saúde, através da Portaria 337 e da Resolução 63 de 2000, normatizou a Terapia Nutrici“nal Enteral e “icializ“u as atribuições de cada ”r“issi“nal dentr“ da equi”e multi”r“issi“nal especializada, que obrigatoriamente deve estar ”resente nas instituições que usam a ”rática da nutrição por meio de sondas digestivas e cateteres venosos. Alimentar um paciente por sonda, seja por via nasal ou ostomia, necessita de cooperação do paciente e de seus familiares, principalmente quando existe indicação dessa terapia no domicílio.

Atualmente estão disponíveis dois tipos genéricos de sondas para alimentação: as utilizadas via nas“gástrica e via nas“entérica e as de “st“mias. As sondas nasoentéricas têm de 50 a 150 cm de comprimento, diâmetro médio interno de 1,6 mm e externo de 4 mm. Todas têm marcas numéricas ao l“ng“ de sua extensã“, que facilitam a veriicaçã“ d“ seu ”“sici“nament“ inal. P“r serem radi“”acas, as sondas atuais possibilitam que sua localização seja c“nirmada ”“r mei“ de exame radi“lógic“, e ”“r serem bastante maleáveis, um guia metálic“ e lexível é utilizad“ ”ara facilitar sua intr“duçã“ nasal. Na extremidade proximal, são encontrados adaptadores simples ou duplos; estes últimos são usados para facilitar a irrigação da sonda ou administração de medicamentos, sem necessidade de interromper a infusão de dieta. O objetivo do material é o fornecimento de suporte nutricional, sendo importante na recuperação de doentes com doenças crônicas e c“m int“lerância “u diiculdade de deglutiçã“. Indicada na administração de dietas enterais, infusões de líquidos e medicamentos. Ao realizar o procedimento, as etapas abaixo são as recomendadas: 1. Ex”licar e “rientar “ ”aciente s“bre a importância e a necessidade do uso da sonda e deixar que ele a manuseie. Esta etapa é fundamental ”ara que “ ”r“cediment“ seja mais fácil; 2. C“l“car “ ”aciente sentad“ “u deitad“ c“m a cabeceira do leito elevada a 45 graus; 3. Medir a extensão da sonda, que deve ser introduzida colocando seu orifício distal na ponta do nariz, estendend“-a até “ lóbul“ da “relha e daí até o apêndice xifoide. (Quando houver indicação do ”“sici“nament“ n“ estômag“, intr“duzi-la até este ponto. Para o posicionamento na segunda/terceira ”“rçã“ d“ du“den“ “u jejun“, deverá migrar es”“ntaneamente c“m “ estímul“ ”eristáltic“ de 25 cm ou mais); 4. Depois de ser determinada a porção da sonda que será intr“duzida, umedecê-la c“m água. A”ós veriicar se “ ”aciente tem alguma “bstruçã“ nasal, selecionar a narina; observar, também, se existe desvi“ de se”t“, “ que ”“derá diicultar a passagem da sonda. Pequena quantidade de anestésico local pode ser colocada na narina para diminuir o desconforto. Algumas vezes o uso do próprio anestésico local pode ser causa de desconforto passageiro; 5. Introduzir delicadamente a sonda na narina, acompanhando o septo nasal e superfície superior do palato duro;


Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 –COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA26––ATENDIMENTO CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

6. Orientar o paciente para relaxar os músculos da face e, quando sentir que a sonda chegou à garganta, “rientá-l“ ”ara ins”irar e eng“lir f“rtemente, ”ara evitar a sensaçã“ de náusea, causada pela presença da sonda na faringe; 7. Se “ ”aciente está c“nsciente, “ferecer água e ”edir-lhe ”ara dar ”equen“s g“les. Em cada deglutiçã“ da água, intr“duzir lenta e delicadamente a sonda através da narina, avançand“ até “ esôfag“ e estômag“, guiand“se pela medida feita anteriormente. Nos pacientes c“m relex“s diminuíd“s, letir a cabeça ”ara que a glote se feche e proteja as vias aéreas. Quando, após cada deglutição, a sonda caminhar es”“ntaneamente na mã“ d“ ”r“issi“nal, nã“ há dúvida de que a s“nda está se ”“sici“nand“ corretamente no esôfago. A movimentação ”eristáltica d“ esôfag“ é v“luntária n“ seu terç“ su”eri“r e inv“luntária n“s 2/3 distais (mesm“ em pacientes inconscientes) e as vias aéreas não têm tal capacidade; 8. Observar se o paciente apresenta tosse, diiculdade res”iratória, cian“se e agitaçã“, que podem ser manifestações de um desvio da sonda ”ara as vias aéreas. Nesse cas“, deverá ela ser retirada e reintr“duzida. A lexã“ da cabeça “bstrui as vias aéreas superiores, portanto, nunca tentar passar a sonda enteral com a cabeça em extensão; 9. Quando sentir resistência na introdução da s“nda, veriicar se ela já atingiu “ estômag“. Ist“ ”“de ser veriicad“ ”“r mei“ de uma das f“rmas: as”irar suc“ gástric“ c“m seringa de 20 ml (seringas menores são contraindicadas, porque oferecem ”ressã“ excessiva e ”“dem daniicar a s“nda e lesar a muc“sa gástrica); intr“duzir de 10 a 20 ml de ar através da sonda e auscultar com estetoscópio, l“g“ abaix“ d“ a”êndice xif“ide (deve-se auscultar um ruído, indicando que a extremidade da sonda está n“ estômag“ e está ”érvia); mergulhar em água a extremidade ”r“ximal da s“nda e veriicar se há saída de b“lhas de ar, ist“ indica que ela está nas vias aéreas. Fazer este últim“ ”r“cediment“ com cuidado, para se evitar ocorrência rara de aspiração de líquido para o pulmão. Além das manobras indicadas, observar se o paciente apresenta dispneia, cianose, prostração ou ainda diiculdade ”ara falar; 10. De”“is de c“nirmad“ “ ”“sici“nament“ gástric“, ”ara a s“nda migrar até “ intestin“ delgad“, ela deve ser ixada na face d“ ”aciente, deixand“se uma alça que será desfeita es”“ntaneamente c“nf“rme “s m“viment“s ”eristáltic“s. A instalaçã“ no intestino ocorre de forma lenta, dependendo

46

da ”eristalse gastrintestinal, “ que ”ermitirá a passagem pelo piloro; 11. Para que a chegada da sonda no intestino seja mais rá”ida, ”“de-se lançar mã“ de algumas manobras como: colocar o paciente em decúbito lateral direito, estimular deambulação ou ainda administrar drogas estimulantes da motilidade gástrica. Antes de se iniciar a administraçã“ da dieta, todos os testes de posicionamento da sonda devem ser rigorosamente feitos, para que não existam dúvidas quanto à presença dela no tubo digestiv“. O mét“d“ c“nsiderad“ ”adrã“-“ur“ é “ RX de abdômen “u lu“r“sc“”ia. N“ ”aciente com distúrbios neurológicos, inconsciente, idoso ou traqueostomizado, o risco de mau posicionamento do tubo de alimentação é maior. Testes de pH do líquido aspirado através da sonda com valores menores que 6 sugerem que a sonda se encontra no estômago, porém a presença de alimentos e medicamentos no tubo digestivo pode mascarar o teste. Quando não existe cooperação do paciente “u existe algum “bstácul“ nas ”rimeiras ”“rções d“ tub“ digestiv“, a s“nda deverá ser intr“duzida c“m “ i“-guia, t“mand“-se “ cuidad“ de injetar 5 ml de vaselina líquida na luz da sonda para que ele possa ser retirado com mais facilidade. Somente depois de c“nirmad“ “ ”“sici“nament“ n“ estômag“ é que “ i“-guia deverá ser retirad“. Nunca se ”“de intr“duzir “ i“-guia na s“nda de”“is que ela já estiver instalada no paciente.

Possíveis complicações – Relacionadas ao mau posicionamento da sonda, contaminação, administração inadequada da dieta ou intolerância a algum componente da fórmula; – Diarreia é a complicação mais comum na alimentação por sonda e, geralmente, resulta de c“ntaminaçã“ bacteriana da dieta, infusã“ rá”ida com sobrecarga osmolar e intolerância a lactose; – Pneumonia aspirativa é uma complicação grave, que deve ser evitada mantendo o paciente em posição sentada ou semissentada durante ou após a administração da dieta e, uma hora após, posicionando a sonda em duodeno ou jejuno e ainda usando bomba de infusão, para evitar um excesso de volume infundido acidentalmente com c“nsequente relux“; – Hiperglicemia, hiponatremia, hipernatremia, hipocalemia e hipercalemia frequentemente relacionadas com administração hídrica em excess“ “u insuiciente.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO ATUALIZAÇÃO EM EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA AULA 55 –– COM VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS DRENOS, CATETERES E SONDAS

Sonda Vesical de Demora – SVD É a intr“duçã“ de uma s“nda “u cateter na bexiga através de passagem uretral ou suprapública ”ara rem“çã“ da urina. É de alívi“ quand“ realizad“ o esvaziamento vesical e imediatamente retirada a s“nda, e de dem“ra quand“ há a necessidade de permanência da mesma. Indicações: – Obtenção de urina asséptica para exame; – Esvaziamento da bexiga em pacientes com retençã“ urinária, em ”re”ar“ cirúrgic“, “u entã“ n“ ”ós-“”eratóri“ ”ara m“nit“rizar “ débit“ urinári“ h“rári“; – Pacientes dependentes, inconscientes ou com bexiga neurogênica; – Veriicaçã“ de urina residual. Cuidados de enfermagem – Inspeção do local; – Pal”açã“ da bexiga, veriicand“ ”“ssibilidade

de globo vesical, obstrução do material, edema e sangramento; – Observar volume e aspecto, registrando e analisand“ se “ débit“ h“rári“ está adequad“.

Referências BARE, B.G.; SMELTZER, S.C. Tratado de Enfermagem Médico-Cirúrgica. 11. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. CINTRA, E. Assistência de enfermagem ao paciente gravemente enfermo. São Paulo: Atheneu, 2001. CDC – Guideline for the prevention of intravascular, Catheter related – Infections. 2002. HUDAK, C.M.; GALLO, B.M.; Cuidados intensivos de enfermagem: uma abordagem holística. 8. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. KNOBEL, E. Condutas no paciente grave. 2. ed. São Paulo: Atheneu, 1998. MANUAL de residência médica em neurologia. MEDCURSO. Ed. Zit., 2006. PADILHA, K.G.; VATTIMO, M.F.F.; SILVA, S.C.; KIMURA, M. Enfermagem em UTI: cuidado do paciente Crítico. São Paulo: Manole, 2010. UNAMUNO, M.R.D.L.; MARCHINI, J.S. Sonda nasogástrica/nasoentérica: cuidados na instalação, na administração da dieta e prevenção de complicações. Medicina, Ribeirão Preto, 35: 95-101, jan./mar. 2002. VIANA, R.A.P.P. Enfermagem em Terapia Intensiva: prática baseada em evidências. São Paulo: Atheneu, 2001.

Ms. LISNÉIA FABIANI BOCK

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

47


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA

Ventilação Mecânica Implicações para a enfermagem Márci“ Neres d“s Sant“s / Fábi“ da R“sa / Od“n Mel“ S“ares

Aula 1 – Abordagem da Via Aérea – Anatomia e Fisiologia da Via Aérea – Mecânica Ventilatória – Avaliação da Via Aérea e Ventilação

Aula 2 – Via Aérea Difícil e Dispositivos Extraglóticos – Identificação da Via Aérea Difícil – Intervenções na Via Aérea e Ventilação – Intubação Endotraqueal – Intubação em Sequência Rápida – Dispositivos Extraglóticos – Máscara Laríngea, Dispositivo Esofágico de Multilúmen (Combi Tube) e Tubo Laríngeo – Cricotireoidostomia por Punção e Cirúrgica Aula 3 – Insuficiência Respiratória Aguda – IrpA e Equilíbrio Ácido-Básico – IrpA – Conceitos Básicos de Equilíbrio Ácido-Base – Princípios Básicos de Interpretação de Gasometria

Aula 4 – Ventilação Mecânica Invasiva – Breve Histórico da Ventilação Mecânica – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios de Ventilação Mecânica – Parâmetros Básicos e Fases do Ciclo Ventilatório na Ventilação Mecânica – Modalidades Ventilatórias Aula 5 – Ventilação Mecânica Não Invasiva – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios Básicos de Ventilação Mecânica Não Invasiva Aula 6 – Cuidados de Enfermagem com Pacientes em Ventilação Mecânica – Aspiração de Vias Aéreas – Protocolo PAV – Cuidados com Ventilação Mecânica

Nossos Facilitadores Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutorando em Biologia celular e Molecular.Mestre em Educação. Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos em Saúde e Especialista em Auditoria em Saúde. Aperfeiçoamento em Terapia Intensiva. Orientador da Residência Integrada em Saúde (GHC), Ênfase Atenção ao Paciente Crítico. Assistente de Coordenação do Serviço de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV) e no Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde (GHC/MS). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência da UNISINOS. E-mail: nerespoa@gmail.com Fábio Rosa – Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem.Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva e Especialista em Dinâmica e Gestão de Grupo. Enfermeiro do CTI Adulto do Hospital Mãe de Deus (HMD). Atua como docente na Escola Profissional do Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia (IC FUC). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Terapia Intensiva da UNISINOS. E-mail:Fabio_nurse@yahoo.com.br Odon Melo Soares – Enfermeiro. Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva. Enfermeiro da UTI Adulto do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA).. Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS. E-mail:odonmelo@gmail.com

48

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


EM TERAPIA INTENSIVA VENTILAÇÃO ATUALIZAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA1.5 ABORDAGEM – VENTILAÇÃODA MECÂNICA AULA VIA AÉREA

Nessa ”rimeira aula será a”resentada uma revisã“ s“bre anat“mia e isi“l“gia da via aérea, noções de mecânica ventilatória e as principais recomendações para avaliação das vias aéreas. Na aula seguinte serão discutidos os equipamentos utilizados no acesso e manutenção das vias aéreas, indicações e observações relevantes. Assim c“m“ a via aérea difícil. Já na terceira aula, será ab“rdada a insuiciência res”iratória aguda (IR”A) e “ equilíbri“ ácid“-base. Na

quarta aula, a temática é a ventilaçã“ mecânica invasiva – “bjetiv“s, indicações, c“nceit“s básic“s, ”arâmetr“s básic“s, fases d“ cicl“ ventilatóri“ e modalidades. Na sequência, a quinta aula ab“rdará a ventilaçã“ nã“ invasiva – “ c“nceit“, as indicações, “s “bjetiv“s e seus ”rincí”i“s básic“s. A sexta e última aula a”resentará “s cuidad“s de enfermagem aos pacientes mecanicamente ventilados – aspiração de vias aéreas, protocolos e rotinas assistenciais.

1. ABORDAGEM DA VIA AÉREA 1.1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA VIA AÉREA O sistema respiratório é formado por um conjunto de estruturas anatômicas cuja função é fornecer para o organismo oxigênio e expelir o dióxido de carbono. O ar entra pelo nariz ou pela boca, passa pela faringe e converge para os pulmões pela traqueia, que forma um ramo – um brônquio – para cada ”ulmã“. Cada brônqui“ se divide várias vezes em túbulos menores chamados bronquíolos que, inalmente, terminam em ”equen“s sac“s aére“s chamados alvéolos2,3. Anatomicamente o sistema respiratório é dividido em dois segmentos: as vias aéreas su”eri“res (c“nduz, aquece, umidiica e iltra o ar atmosférico) e as vias aéreas inferiores (troca de gases entre sangue e tecidos nos pulmões). As estruturas do sistema respiratório também podem ser divididas em zona condutora (que leva o ar para dentro e para fora dos pulmões) e zona respiratória (revestida por alvéolos, onde ocorrem as trocas de gases)5 (Fig. 1). A zona condutora inclui nariz, nasofaringe, laringe, traqueia, brônquios, bronquíolos e bronquíolos terminais, sendo que a traqueia é a principal via de condução. Ela se divide em dois brônquios, cada um indo para um pulmão, divididos, cada um, em dois brônquios menores, que, de novo, se dividem. Ao todo, ocorrem 23 divisões desse tipo em vias aéreas cada vez menores3,4,5,6. As paredes das vias de condução contêm musculatura lisa. Esses músculos têm inervação sim”ática e ”arassim”ática, que exercem efeit“s opostos sobre o calibre dessas vias3,4,6. Neurônios adrenérgic“s sim”átic“s ativam rece”t“res β2 nos músculos lisos brônquicos, o que leva ao relaxamento e dilatação das vias. Neurônios c“linérgic“s ”arassim”átic“s ativam rece”t“res muscarínicos, o que leva à contração e à constrição das vias aéreas3,4,6. A zona respiratória inclui as estruturas que são revestidas por alvéolos e, portanto, participam das trocas de gases. Essa zona é constituída pelos

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

49

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

A oferta inadequada de sangue oxigenado às estruturas vitais, tais como cérebro e coração, é o fator que mais rapidamente causa a morte dos ”acientes em situações agudas. Via área ”érvia e protegida é fundamental para redução da morbidade e da mortalidade desses pacientes. A ab“rdagem da via aérea é uma eta”a ”ri“ritária sobre as demais, principalmente nas vítimas de trauma e na maior parte das intercorrências clínicas, independente da forma de comprometimento sistêmico. As condutas na atenção à via aérea visam a manutenção da homeostase orgânica a partir da oferta de oxigenação e de ventilação adequada. Alguns mecanismos estão associados a eventos adversos durante a abordagem da via aérea: falha na identiicaçã“ da necessidade de estabelecer a permeabilidade da via aérea, ventilação inadequada, intubaçã“ es“fágica, as”iraçã“ de c“nteúd“ gástric“, intubaçã“ difícil, entre “utr“s1,2,3. Em função disso, a sistematização da assistência através de algoritmos, procedimentos operacionais padrão e rotinas tem sido útil para a educação permanente das equipes assistenciais e para a redução de eventos relacionados à manipulação das vias aéreas, impactando na qualidade da assistência prestada ao paciente. A atuação do enfermeiro na abordagem da via aérea e na ventilação é intensa e contínua, pois ele é “ membr“ da equi”e que é res”“nsável ”ela organização, seleção e padronização de materiais e equi”ament“s. Assim c“m“ é “ res”“nsável ”ela sistematização da assistência de enfermagem de forma contínua e ininterrupta, tendo início antes da instalação da via aérea, prolongando até a reabilitação do paciente. Dessa f“rma, a ret“mada de c“nceit“s básic“s s“bre anat“mia e isi“l“gia da via aérea, mecânica respiratória e avaliação da via aérea é uma das etapas na instrumentalização do enfermeiro que pretende atuar com pacientes em ventilação mecânica.


EM TERAPIA INTENSIVA VENTILAÇÃO ATUALIZAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NODA ADULTO: O que mudou? AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 1. ABORDAGEM VIA AÉREA

bronquíolos respiratórios, que são estruturas de transição; pelos condutos alveolares, que são completamente revestidos por alvéolos e contêm pouco músculo liso e nenhum cílio; e pelos alvéolos, que são evaginações em forma de bolsa das paredes dos bronquíolos respiratórios, dos ductos alveolares e dos sacos alveolares4,6.

Fig. 1 – Vias aéreas – zonas condutora e respiratória. Fonte: GI Motility online 2006 doi: 10.1038/gimo2.

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

A via aérea su”eri“r (Fig. 2) é uma estrutura complexa e multifuncional que regula diversas funções do organismo humano, tais como a “lfaçã“, a f“naçã“, a iltraçã“ de ”artículas, a umidiicaçã“ d“ ar ins”irad“ e a rece”çã“ de secreções provenientes dos seios paranasais e dos ductos lacrimonasais5. Inúmeras características da anat“mia e da isi“l“gia da via aérea su”eri“r sã“ importantes para o seu manejo adequado1.

cartilaginosa (cartilagens laterais superiores e inferiores) e um lóbulo (a ponta do nariz)2. As asas ibr“g“rdur“sas f“rmam as margens laterais de duas aberturas chamadas narinas, que funcionam como ”“rta ”ara a entrada d“ lux“ de ar que é c“nduzid“ ao vestíbulo do nariz. Os pelos presentes no interior das narinas servem para reter as maiores partículas que poderiam entrar durante a inspiração2,4. O septo do nariz divide a cavidade do nariz em câmaras direita e esquerda. O teto ósseo da cavidade do nariz é formado pela lâmina crivosa do osso etmoide. As paredes laterais irregulares são formadas pelas conchas nasais superiores e médias do osso etmoide e pelas conchas nasais inferiores1,4. O assoalho da cavidade do nariz é formado pelo palato duro, ósseo e mais posteriormente pelo palato mole (muscular). O palato separa a cavidade do nariz da cavidade da boca. O nariz, a sua cavidade e os seios paranasais são revestidos ”“r uma muc“sa c“ntínua de e”itéli“ ”seud“estratiicad“ ciliad“, que c“ntém numer“sas glândulas mucosas. Essa mucosa tem um extensivo suprimento sanguíneo que aquece o ar inalado. P“r “utr“ lad“, satura “ ar de água durante a sua passagem2,3,4. A cavidade nasal também c“ntém várias aberturas de drenagem, pelas quais o muco dos seios paranasais é drenado3,4. Os seios paranasais compreendem os seios maxilares, frontal, etmoidal e o esfenoidal. Uma camada de muco que cobre as mucosas protege o sistema respiratório por reter pequenas partículas que conseguem ultrapassar os pelos das narinas4. O muco produzido nas vias aéreas inferiores habitualmente é eliminado por movimentos ciliares uniformes e ascendentes, que leva até a epiglote, onde é deglutido continuamente6. Além disso, no teto das fossas nasais existem células sens“riais, res”“nsáveis ”el“ olfato. Considerações importantes!

Fig. 2 – Via aérea superior, visão sagital. Fonte: Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2000.

NARIZ E FOSSAS NASAIS É “ iníci“ da via aérea su”eri“r. Extern“ a“ ”lan“ mediano da face, é composto por uma abóbada óssea (ossos nasais, processos frontais da maxila e a espinha frontal do osso frontal), uma abóbada

50

– O plexo de Kiesselbach, também conhecido c“m“ área de Little, é uma regiã“ muit“ vascularizada localizada na região anterior de cada narina. Geralmente, a epistaxe se origina nessa área2. Dessa f“rma, durante “ at“ da intubação nasotraqueal (INT), é recomendado que “ bisel (a ”“nta d“ tub“) seja inserid“ invertid“ (ponta para cima) na narina esquerda e girado 180 graus após a ponta progredir para além do septo cartilaginoso, diminuindo assim o risco de sangrament“s2. É rec“mendada antes da INT, em adultos, a inserção delicada de um dedo mínimo, lubriicad“, a im de dilatar a“ máxim“ este canal. O uso de vasoconstritores tópicos pode reduzir a

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA EM VENTILAÇÃO ATUALIZAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 1. ABORDAGEM DA VIA AÉREA

incidência de epistaxe e aumentar o calibre da via aérea nasal2,4. – Os pacientes que são intubados por via nasal ou traqueal devem ter o cluff do balonete insulad“ até nã“ haver vazament“s de ar durante as inspirações, formando um sistema fechado que exclui as vias aéreas superiores (e, também a glote). Por isso, devemos fornecer pelo menos o valor do PEEP isi“lógic“ ”ara c“m”ensar a ”erda da funçã“ glótica6. – Os pacientes quando intubados devem periodicamente ter suas vias aéreas aspiradas, pois o muco secretado pelas vias aéreas inferiores deixa de ser conduzido à epiglote para ser expelido, podendo obstruir o tubo2,4,6.

FARINGE

Fig. 3 – Laringe, visão interna. Fonte: Netter FH. Atlas de Anatomia Humana. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2000.

LARINGE É um órgã“ tubular, mede a”r“ximadamente 4 cm de comprimento e cerca de 3 cm de diâmetro, situado no plano mediano e anterior do pescoço, e adapta a sua morfologia à fonação e deglutição1,2,3,4. C“l“ca-se anteri“rmente à faringe e é continuada diretamente pela traqueia. O esqueleto da laringe é cartilaginoso, sendo a

Fig. 4 – Laringe, visão superior. Fonte: Arquivo pessoal.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

51

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

A faringe é um tubo que mede cerca de 13 cm e sua peculiaridade é ser comum tanto ao sistema res”iratóri“ c“m“ a“ sistema digestóri“. C“municase com a cavidade nasal (através das coanas), com a cavidade da boca (através das fauces), com o ouvido médio (através das tubas auditivas), com a laringe (através da glote) e com o esôfago1,2,4. A faringe pode ser dividida descritivamente em três partes: parte nasal da faringe (nasofaringe), parte bucal da faringe (bucofaringe) e parte laríngea da faringe (laringofaringe). A nasofaringe está l“calizada imediatamente atrás da cavidade do nariz e é contínua com ela através das coanas. Já a buc“faringe é a c“ntinuaçã“ da nas“faringe, estendend“-se desde “ ”alat“ m“le até “ c“meç“ da laring“faringe5. Essa estende-se desde a bucofaringe, acima, até o esôfago, abaixo. C“munica-se anteri“rmente c“m a laringe3,4,5. Na abertura superior encontramos a epiglote, que é formada pelo osso hioide e cartilagem. Na extremidade ”“steri“r há uma aba chamada e”igl“te (cartilagem na ”arte de trás da língua), que fecha automaticamente a laringe no ato de eng“lir, ”ara im”edi-l“ de entrar n“ c“nteúd“ d“s alimentos nas vias aéreas2,3,4.

maior das cartilagens a tireóidea, constituída de duas laminas que se unem anteriormente para formar a proeminência laríngea (pomo de adão)5. A cartilagem cricóidea é impar, tem forma de anel e limita inferiormente a laringe. A cartilagem aritenóidea é ”ar e ”“steri“r, a”resentand“-se na f“rma ”iramidal e articuland“-se inferi“rmente c“m a cartilagem cricóidea3,4. A cartilagem epiglótica, ímpar e mediana, funcionalmente é muito importante, pois impede a passagem de líquidos e sólidos para as vias respiratórias. As cartilagens cuneiformes e corniculadas completam o esqueleto da laringe4. Na anat“mia interna da laringe (Fig. 3) ”“de-se observar a presença de uma fenda anteroposterior que leva a uma pequena invaginação o ventrículo da laringe, que é limitado superiormente pela prega vestibular e inferiormente pela prega vocal4,5. O espaço que vai da abertura da laringe (adito) até a prega vestibular é denominado de vestíbulo da laringe, já “ es”aç“ aére“ c“m”reendid“ entre as pregas vestibular e vocal é conhecido como glote2,3,4. As ”regas v“cais (Fig. 4) sã“ c“nstituídas pelo ligamento e músculos vocais, e o espaço existente entre elas é denominado rima glótica. As pregas vestibulares possuem função protetora3,4.


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA TERAPIA INTENSIVA INTENSIVA VENTILAÇÃO ATUALIZAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM EM AULA 22 –– ATENDIMENTO ATENDIMENTO A PCR PCR NO NODA ADULTO: O que que mudou? mudou? AULA VIA AÉREA AULA A ADULTO: O AULA1.5 ABORDAGEM – VENTILAÇÃO MECÂNICA

TRAQUEIA Inicia-se na regiã“ cervical, situada anteri“rmente ao esôfago, descendo em direção ao tórax, sendo que n“ mediastin“ su”eri“r divide-se, dand“ “rigem aos brônquios principais direito e esquerdo3,4. Possui aproximadamente de 12 cm a 15 cm de comprimento e 9 mm a 15 mm de diâmetro no adulto, podendo ser um pouco maior nos idosos2. A traqueia possui uma estrutura mediana composta anteriormente por anéis cartilaginosos unidos entre si por ligamentos anulares, o que visa impedir um possível colapso do tubo aéreo3,4. P“steri“rmente ”“ssui uma ”arede membranácea constituída principalmente por músculo liso e tecido ibr“elástic“4. Próximo de sua extremidade inferior há um desvi“ ”ara a direita em razã“ da ”resença do coração.

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

1.2 MECÂNICA VENTILATÓRIA A unidade respiratória terminal, também c“nhecida c“m“ ácin“ ”ulm“nar, é uma estrutura tridimensional, na qual ocorre o encontro entre o ar e o sangue a ser oxigenado (hematose). A membrana alvéolo capilar onde acontece a hematose é mantida úmida de f“rma que “ “xigêni“ e “ gás carbônic“ ”“ssam ser diss“lvid“s em água ”ara facilitar o processo de difusão6. A superfície onde ocorre a troca de gases deve estar aquecida (até 37ºC) e umedecida “u c“ndici“nada (até 100%), ”ara evitar que as hemácias nã“ desidratem. Além disso, os alvéolos estão envoltos por centenas de capilares sanguíneos, aumentando a superfície de c“ntat“, que ”“ssui ”aredes inas e seletivamente ”ermeáveis de f“rma que a difusã“* ”“ssa “c“rrer facilmente5,6. Send“ c“nsiderad“s verdadeir“s sac“s de ar que ”“ssuem água em suas ”aredes internas, “s alvéolos teriam tendência natural ao colabamento, pois, de acordo com o princípio da tensão supericial, quando se forma uma interface entre as moléculas de água e ar, as m“léculas de água situadas na superfície têm uma forte atração umas pelas “utras, c“m“ c“nsequência a su”erfície da água está sem”re tentand“ se c“ntrair2,6. Dessa forma, a água das ”aredes internas d“s alvé“l“s tensi“na “ colabamento, forçando o ar para fora dos mesmos em direção aos bronquíolos e brônquios. Nesse sentido, o surfactante (substância rica em fosfolipídios) tem o efeito de um detergente, diminuind“ a tensã“ su”ericial da água, evitand“ o colapso alveolar. O surfactante é produzido por células epiteliais tipo II (pneumócitos do tipo II) e recobrem a superfície interna dos alvéolos5,6.

O lux“ sanguíne“ ”ulm“nar é dad“ a ”artir d“ débito cardíaco do coração direito. O sangue é ejetado do ventrículo direito e encaminhado aos ”ulmões ”ela artéria ”ulm“nar, que se ramiica em artérias cada vez menores até se tornarem capilares pulmonares densos em torno dos alvéolos6. O lux“ de sangue nos pulmões não é distribuído por igual em função dos efeitos gravitacionais. Quando a ”ess“a está de ”é, “ lux“ de sangue é men“r n“ á”ice (”arte de cima) d“s ”ulmões e mai“r na base2,5,6. Da mesma forma que nos outros órgãos, a regulaçã“ d“ lux“ sanguíne“ ”ulm“nar é feita ”ela alteração da resistência das arteríolas pulmonares2,6. A distribuição do débito sanguíneo no pulmão é heter“génea devid“ a“ efeit“ da ”ressã“ hidr“stática (gravidade) e à ”resença de vas“s c“la”sáveis e distensíveis (reserva para o esforço). A relação ventilação/perfusão – V/Q – é o principal fator que determina a eiciência da funçã“ ”ulm“nar. Alterações de V/Q levam inicialmente a ↓ pO2. Para ofertar suporte para esse complexo sistema, além de uma extensa rede ca”ilar, é necessári“ um mecanismo de ventilação efetivo para se encher de ar constantemente, funcionando automaticamente, baseado em um mecanismo de retroalimentação. Entretanto, também funciona voluntariamente para dar conta do aumento ou da diminuição da frequência respiratória quando desejado5,6. O aumento ou redução do volume da cavidade t“rácica é determinad“ ”el“ m“viment“ do diafragma e pela elevação das costelas, expandindo ou contraindo os pulmões6. A ventilação corresponde à quantidade de ar inspirada/expirada por minuto. Ela ocorre com inspiração ativa (atuação dos músculos intercostais, cervicoescapular e diafragma) através do aumento d“ v“lume da caixa t“rácica e diminuiçã“ da ”ressã“ intrat“rácica a níveis subatm“sféric“s, ”ermitind“ a entrada do ar6. De outra maneira, a expiração ocorre passivamente através do relaxamento da musculatura ins”iratória. As f“rças elásticas ”ulm“nares fav“recem “ ret“rn“ da caixa t“rácica à ”“siçã“ de equilíbri“ a“ inal da ex”iraçã“4,6 (Fig. 5).

Fig. 5 – Inspiração e expiração. Fonte: Copyright © 2007, 2003 by Mosby, Inc., an affiliate of Elsevier Inc.

* Difusão: corresponde ao movimento passivo dos gases, sem consumo energético, entre os dois lados da membrana alvéolo-capilar, a favor do seu gradiente de pressão5.

52

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


EM TERAPIA INTENSIVA VENTILAÇÃO ATUALIZAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NODA ADULTO: O que mudou? AULA 1. ABORDAGEM VIA AÉREA

Considerações importantes! – O volume das vias aéreas é de cerca 150 ml. Assim, quando é inspirado o volume corrente, cerca de 500 ml, nem todo este volume atinge os alvéolos para a troca de gases. 500ml - 150ml = 350ml – O es”aç“ m“rt“ isi“lógic“ ”“de ser considerado como os alvéolos que não participam das trocas gasosas. Em certas condições patologias “ es”aç“ m“rt“ isi“lógic“ ”“de t“rnar-se mai“r que o anatômico, sugerindo um defeito entre ventilação/perfusão. – A efetividade da ventilação pode ser estimada pelas seguintes fórmulas: Volume pulmonar total = frequência da ventilação x volume corrente Ventilação alveolar = frequência da ventilação x (volume corrente – volume do espaço morto anatômico)

Quadro 1 – Volumes e capacidades respiratórias de adultos saudáveis Volume 500 ml ou 0,5 l Volume de ar inspirado corrente (Vc) ou 6 a 7 ml/kg ou expirado a cada respiração em repouso Ca”acidade residual funcional (CRF)

1,5 a 3,4 l

É “ v“lume de gás que permanece nos pulmões após uma expiração espontânea

Volume residual (VR)

1,2 l

É “ v“lume que permanece nos pulmões após a expiração mais vig“r“sa. F“rnece ar aos alvéolos para oxigenar o sangue mesmo entre as respirações

Volume minuto (Vm)

6 l/min

É a quantidade t“tal de ar novo respirado a cada minuto, equivalente a“ Vc x FR

Fonte: Adaptado de Van de Graff K. Sistema respiratório. In: Anatomia Humana. 6ª ed. Barueri: Manole, 2003; p. 621.

O oxigênio é transportado de duas formas no sangue: dissolvido e ligado à hemoglobina6, sendo que apenas 2% são dissolvidos e os 98%

* Pressão alveolar: é a pressão interna do pulmão, no momento de repouso, ou seja, não se inspira nem expira a pressão alveolar é de 0 cmH2O (sendo na realidade a pressão atmosférica)4,6.

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

53

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

O lux“ de ar n“ sistema res”iratóri“ é diretamente proporcional ao gradiente de pressão e inversamente relacionado à resistência das vias aéreas. Sendo assim, o diâmetro do bronquíolo determina a resistência a“ lux“ de ar. Esse lux“, ”“r sua vez, está ass“ciad“ a“ lux“ sanguíne“ a“ red“r d“s alvé“l“s ”“r mecânism“s l“cais, ist“ é, “ CO2 dilata os bronquíolos e a diminuição de O2 contrai as artérias pulmonares5. Por exemplo: quando um ”aciente está c“m “ CO2 aumentad“ há uma dilataçã“ d“s br“nquí“l“s. O sistema ”arassim”átic“ causará br“nquic“nstriçã“ em res”“sta a“ estímul“ irritante. C“m“ nã“ existe inervaçã“ sim”ática signiicativa n“s br“nquí“l“s, a adrenalina será a alternativa para fazer broncodilatação. Durante a ins”iraçã“ a caixa t“rácica se expande por causa da musculatura, o que expande também o pulmão. De acordo com as leis da física, quand“ “ v“lume de gás s“fre um aument“ súbit“ sua pressão diminui, assim, durante a inspiração a ”ressã“ alve“lar* cai ”ara cerca de -1 cmH2O. Já na expiração ocorre o oposto do descrito acima e a pressão aumenta para cerca de 1 cmH2O, fazendo com que o ar saia pelas vias respiratórias5,6. Além do surfactante para impedir o colapso ”ulm“nar, se faz necessária a ”ressã“ intra”leural (pressão existente entre a pleura parietal e visceral, é sempre negativa, pois existe uma drenagem constante do líquido intersticial pelos ductos linfátic“s, send“ n“ re”“us“ -5 cmH2O)5,6. Durante a expansão do pulmão a pressão intrapleural ica mais intensa e negativa, cerca de -7 cmH2O (inspiração). Na expiração, a pressão intrapleural aumenta ”ara -3cm H2O. Esta pressão é sempre negativa, nunca positiva 4,5,6. As diferenças de pressão (gradiente) resultam da capacidade de deformação (complacência) e de retorno à posição de repouso (elasticidade) d“ ”ulmã“ e da caixa t“rácica. A ”erda da complacência aumenta o trabalho respiratório (é a energia dispendida na mobilização do pulmão e da caixa t“rácica, devend“ ser “ men“r ”“ssível para evitar fadiga respiratória)5,6. O espaço morto é o volume das vias aéreas e dos pulmões que não participam da troca de gases. É um term“ geral que se refere tant“ a“ real espaço morto anatômico das vias de condução (inclui nariz e/ou boca, traqueia, brônquios e bronquíolos. Não inclui os bronquíolos respiratórios e os alvéolos), quanto ao espaço morto funcional ou isi“lógic“ (é “ v“lume t“tal d“s ”ulmões que nã“ participa das trocas gasosas. Inclui o espaço morto anatômico das vias condutoras mais um espaço morto funcional nos alvéolos)4,5,6.


TERAPIA INTENSIVA VENTILAÇÃOATUALIZAÇÃO MECÂNICA - EM IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA 2 – ATENDIMENTO A PCR NO ADULTO: O que mudou? AULA 1. ABORDAGEM DA VIA AÉREA

restantes sã“ ligad“s às hem“gl“binas. O CO2 é trans”“rtad“ n“ sangue s“b três f“rmas: c“m“ CO2 diss“lvid“, c“m“ carbanin“en“gl“bina (CO2 ligado à hem“gl“bina) e c“m“ bicarb“nat“ (HCO3-), que é uma f“rma química m“diicada d“ CO2. O HCO3- é quantitativamente a mais im”“rtante dessas três formas2,6. Assim temos: 5% dissolvido por Lei de Henry (constante de solubilidade), 3% como carbamin“em“gl“bina e 90% c“m“ HCO3-. A respiração é controlada pelo centro respiratório no bulbo e pela ponte, que recebe informações sensoriais dos quimiorreceptores centrais n“ tr“nc“ encefálic“, de quimi“rrece”t“res periféricos nos corpos carotídeos e aórticos e de mecanorreceptores nos pulmões e nas articulações. Os quimiorreceptores centrais são sensíveis principalmente às alterações do pH do LCR, send“ que diminuições d“ ”H ”r“v“cam hi”erventilaçã“. Já “s quimi“rrece”t“res ”eriféric“s são sensíveis principalmente ao O2, com a hipoxemia provocando hiperventilação2,4,6.

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

1.3 AVALIAÇÃO DA VIA ÁEREA E VENTILAÇÃO A avaliação da via aérea e a ventilação adequada são prioridades nos pacientes clínicos e traumatizados agudos. Os doentes agudos apresentam riscos elevados de comprometimento da via aérea, tais como: diminuição do sensório, insuiciência res”iratória aguda, “bstruções, entre outros. Esse grupo de pacientes deve receber oxigênio suplementar e ser alvo de medidas para manter as vias aéreas pérvias. Os objetivos da avaliação e tratamento da via aérea e ventilação são: – Assegurar uma via aérea ”ermeável; – Estabelecer oxigenação adequada; – F“rnecer ventilaçã“ adequada; – Monitorar permanentemente o doente. Na avaliação da via aérea devemos procurar os seguintes sinais: Aspecto geral e grau de desconforto do doente Observar a entrada e a saída de ar Profundidade da ventilação Frequência res”iratória Evidência de pneumotórax hipertensivo Trauma t“rácic“ fechad“ “u ”enetrante Ex”ansibilidade t“rácica e simetria Murmúrio vesicular Tardiamente, checar a “ximetria de ”uls“, CO2 expirado

54

Sinais que podem comprometer a via aérea: ver, ouvir e sentir. VER Presença de sangue, vômito, alimentos e outros corpos estranhos na cavidade oral Palidez ou cianose Agitação psicomotora Alteração do nível do sensório Trauma de face grave Trauma de laringe, pescoço ou traqueia OUVIR Roncos e gorgolejos Rouquidão aguda Incapacidade de falar Estridor SENTIR Diminuição da movimentação de ar Cre”itaçã“ óssea, instabilidade da ”arede t“rácica Enisema subcutâne“ Avaliando a ventilação Técnica adequada para ventilar o paciente Tamanh“ de máscaras e cânulas adequadas Via aérea pérvia – paciente sem necessidade de aspiração de VAS Movimentação da parede do tórax – atentar para assimetria, movimentos paradoxais, uso da musculatura acessória, esforço respiratório Padrão respiratório – taquipneia, bradipneias, etc. Ausculta pulmonar – atentar a ausência ou diminuição de murmúrios vesiculares Monitorização respiratória – oximetria e ca”n“graia

Exame físico da via aérea O exame físic“ deverá ser realizad“ sem”re que possível, prevendo a possibilidade de uma via aérea difícil “u nã“. Existem divers“s ”redit“res a”licáveis às vias aéreas e à ventilação2. OBESE2,7 As características que podem fazer prever uma ventilaçã“ difícil ”“r máscara facial f“ram sumariadas segundo a palavra inglesa OBESE, um acrônimo para Obesidade (índice de massa

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA ATUALIZAÇÃO EMINTENSIVA TERAPIA VENTILAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA AINTENSIVA ENFERMAGEM AULA 2 – ATENDIMENTOAULA A PCR NO ADULTO: OMECÂNICA que mudou? 5 – VENTILAÇÃO AULA 1. ABORDAGEM DA VIA AÉREA

corporal acima de 26 kg/m2), presença de Barba, idade superior a 55 anos (Elderly), doentes que ressonam (Snorers) e doentes com ausência de dentes (Edentulous). Estas características podem im”licar numa deiciente ada”taçã“ da máscara facial à face do doente, bem como uma obstrução a“ lux“ de ”assagem d“ ar n“ m“ment“ da ventilação. A presença de dois destes fatores indica uma alta probabilidade de ventilação difícil usand“ máscara facial (sensibilidade = 0,72 e es”eciicidade = 0,73)2,4,7.

Grau I

Visualização do palato mole, úvula, amígdalas, pilares amigdalinos anteriores e posteriores

Grau II

Visualização do palato mole, amígdalas e úvula

Grau III

Visualização do palato mole e da base da úvula

Grau IV

O palato mole não é visível

Fonte: Copyright © 2007, 2003 by Mosby, Inc., an affiliate of Elsevier Inc.

LEMON Esse método foi usado por Ron Walls no seu National Emergency Airway Management Course, e descrito através do método que adota o acrônimo LEMON2,4,7: Look externally – observação externa, Evaluate 3-3-2 rule – avaliaçã“ da regra 3-3-2, Escala de Mallampati (Fig. 6), Neck mobility – obstrução e mobilidade do pescoço. Na observação externa deve ser avaliada a presença de barba “u big“de, f“rma facial an“rmal, má nutriçã“ extrema, ausência de dentes, traumatismo facial, obesidade, incisivos muito proeminentes, arco palatino muito alto ou pescoço curto. Segundo a regra 3-3-2, “ d“ente deve ter 3 ded“s de distância entre os incisivos superiores e inferiores quando da abertura da boca, 3 dedos de distância entre o mento e o início do pescoço e 2 dedos entre a cartilagem tiroideia e a mandíbula. Qualquer valor inferi“r a estas referências ”“derá c“ndici“nar uma diiculdade acrescida na intubaçã“8. Escore de Mallampati

A ”róxima aula será a c“ntinuaçã“ dessa primeira parte e serão discutidos os equipamentos utilizados no acesso e manutenção das vias aéreas, as indicações e observações relevantes, assim como a via aérea difícil. Referências

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

55

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

1. American College Surgeons. ATLS – Advanced Trauma Life Support Student Course Manual. 8ª ed. Chicago: American College Surgeons; 2008. 2. Walls RM. Guia Prático para o Manejo da Via Aérea na Emergência. 3. ed. Porto Alegre: Artmed; 2011. 3. Nasi LA. Rotinas em Pronto Socorro. 2ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2005. 4. Redden RJ. Anatomic considerations in anesthesia. In: Hagberg CA, ed. Handbook of difficult airway management. Philadelphia: Churchill Livingstone; 2000: 1-3. 5. Palomo JSH. Enfermagem em Cardiologia: cuidados avançados. Barueri: Manole; 2007. 6. Zuniga QGP. Ventilação Mecânica Básica para enfermagem. Rio de Janeiro: Atheneu; 2004. 7. Langeron O, Masso E, Huraux C, Guggiari M, Bianchi A, Coriat P, Riou B. Prediction of difficult mask ventilation. Anesthesiology. 2000; 92:1229-1236. 8. Hagberg CA Current Concepts in the Management of the Difficult Airway. Anesthesiology News. 2010; 36(05):1-23.


Congressos e Eventos em 2012

*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com

Evento

Local

Data

Informações

20ª Jornada Sul-Brasileira de Dermatologia

Costão do Santinho Resort & Spa Florianópolis /SC

19 a 21 de abril

www.oceanoeventos.com.br

Brasil+enf -Congresso de Enfermagem

Fiesta Bahia Hotel Salvador/BA

20,21 de abril

brasilenf@atualizacursos.com. br (71) 3444-7952 3240-7171

III Simpósio Internacional de Enfermagem

Auditório do Hospital Samaritano São Paulo/SP

26, 27 de abril

impiesamaritano@ expansaoeventos.com.br www.expansaoeventos.com.br

23ª Semana de Enfermagem do HCPA

Hospital de Clinicas de Porto Alegre/RS

09 a 11 de maio

www.hcpa.ufrgs.br

XXX Semana de Enfermagem da Santa Casa de Porto Alegre

Anfiteatro Hugo Gerdau Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre/RS

10,11 de maio

Fone: (51) 3214.8504 Fax: (51) 3214-8385

II Jornada Internacional de Enfermagem- A Visibilidade Profissional do Enfermeiro: Avanços e Conquistas

Unifra – Santa Maria /RS

29 a 31 de maio

http://www.unifra.br/eventos/ jornadadeenfermagem/ eventos.asp

XII Encontro de Especialistas em Enfermagem Psiquiátrica

Hotel Dan Inn Ribeirão Preto/SP

04 a 06 de junho

XXXIII Congresso da SOCESP

Transamérica Expo Center São Paulo/SP

07 a 09 de junho

encontro@eerp.usp.br www.fierp.org.br/encontro/ saudemental2012 socesp@socesp.org.br www.socesp.org.br

31ª Jornada Catarinense de Enfermagem

Centro de Eventos da UFSC – Florianópolis/SC

12,13 de junho

XXXIV Congresso da SBHCI XV Jornada Brasileira de Enfermagem em Hemodinâmica e Cardiologia

Centro de Convenções de Salvador/BA

20 a 22 de Junho

www.aben-sc.org.br/31_ jornada (48) 3223-1482 (11) 3849-5034 ou eventos@ sbhci.org.br

I Simpósio Catarinense de Promoção da Saúde

Auditório da Reitoria da UFSC – Florianópolis/SC

02 e 03 de julho

www.aben-sc.org.br/simposio_ sc/inscricoes.php

8º Simpósio Internacional de Esterilização e Controle de Infecção Hospitalar

Palácio das Convenções do Anhembi São Paulo/SP

26 a 28 de Julho

portal.sobecc.org.br

15º CBCEnf

Centro de Convenções de Fortaleza/CE Radisson Montevideo, Uruguai.

09 a 12 de agosto 12 a 14 de setembro

www.coren-ce.com.br

IV Congresso Brasileiro de Enfermagem em Dermatologia

Hotel Stella Maris – Salvador/BA Convidada Especial: Carol Dealey

19 a 21 de setembro

www.sobende.org.br

9ª Jornada Brasileira de Enfermagem Geriátrica e Gerontológica

Ponta Mar Hotel Fortaleza/CE

19 a 21 de setembro

aben@aben-ce.com.br www.aben-ce.com.br

III Jornada de Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele da Santa Casa de Porto Alegre

Anfiteatro Hugo Gerdau – Santa Casa de Porto Alegre/ RS

64º CBEn – Congresso Brasileiro de Enfermagem

Centro de Eventos da PUC Porto Alegre/RS

V Congresso Iberolatinoamericano sobre Ulceras y Heridas

56

www.heridasenred.com

26 a 29 de www.santacasa.org.br/eventos setembro 29 de outubro a 01 de novembro

www.abennacional.org.br

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


Palavra da autora A assistência à saúde prestada pela enfermagem busca a utilizaçã“ de melh“res ”ráticas e deve embasar-se em evidências ”ara cum”rir suas atividades cotidianas. Os processos empíricos hoje devem dar lugar às evidências cientíicas e agregar as novas tecnologias ao fazer da enfermagem, e assim facilitar inúmeros procedimentos antes tidos como complexos. O ato de uma punção venosa periférica pode t“rnar-se c“m”lex“ e demandar tem”“ da equi”e de saúde, quando o paciente apresentar edema dos membros superiores. A punção de uma fístula arteri“ven“sa ”ara realizaçã“ de hem“diálise ”“de t“rnar-se inviável na ”resença de hemat“mas. Em torno de 90% dos pacientes internados necessitam de algum tipo de intervenção intravenosa, seja para coleta de exames para diagnóstico ou para o seu tratamento. A terapia intravenosa é de responsabilidade do enfermeiro, ou seja, sua instalação, manutenção, atendimento das complicações e avaliação do término da terapia. A demanda tecn“lógica na área da saúde é imensa, es”eciicamente na área da tera”ia intraven“sa. Curativ“s estéreis ”ara a adequada estabilização dos dispositivos, cateteres biocompatíveis, controladores de infusões precisos, sistemas fechados de infusão, conectores de ”ressã“ ”“sitiva ”ara im”edir “ relux“ de sangue,

equi”ament“s ”“rtáteis de ultrass“n“graia ”ara punções venosas à beira do leito, venoscopia, Cateteres Centrais de Inserçã“ Periférica (CCIP), são algumas das ferramentas que facilitam o cotidiano da enfermagem. A ca”acitaçã“ se faz necessária. O treinament“ das equipes, educação continuada e permanente são de fundamental importância para o sucesso da terapia intravenosa, pois esta etapa do tratamento requer o preparo e a colaboração de todos os membros da equipe de saúde. O Cateter Central de Inserçã“ Periférica (CCIP) é um dis”“sitiv“ legalizad“ ”el“ C“fen/C“ren que deve ser agregad“ ”el“ enfermeir“ à área da terapia intravenosa, na sua inserção, manutenção e retirada. O livr“ intitulad“ Cateter Central de Inserçã“ Periférica – CCIP na ”rática de Enfermagem ”ela Edit“ra M“riá reúne “ c“nheciment“, a ”rática e as evidências de ”r“issi“nais ex”erientes na área da saúde e visa ser referência para o embasamento das equi”es, a im de que ”“ssam instrumentalizarse nas suas instituições de trabalho. N“ssa ”r“issã“ é inde”endente, tem legislaçã“ própria e visa alcançar a excelência para os pacientes. Para tanto, a necessidade de atualização e aperfeiçoamento deve ser uma constante. Somente assim poderemos fazer com que n“ssa ”r“issã“ seja rec“nhecida ainda mais, nos dando a certeza de que somos insubstituíveis. Enfermeira Graziella Gasparotto Baiocco Organizadora e autora do livro Cateter Central de Inserção Periférica – CCIP – na Prática de Enfermagem

LANÇAMENTO Em Breve

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

57


58

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.