Ano 3 vol 13

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Conselho Científico Presidente do Conselho Cientíico

Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul

Prof Doutoranda Adriana Aparecida Paz UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre a

EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilbertolivros@gmail.com Produção: Álvaro Lopes (Publikmais) contato@publikmais.com.br Revisão de Português: Suliani Editograia Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 3351-2361 / 3334-4753 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial. Circulação: em todo território nacional. Seis números anuais: janeiro/fevereiro, março/ abril, maio/junho, julho/agosto, setembro/outubro e novembro/dezembro.

Profa Dra Ana Elizabeth Figueiredo PUC/RS

Correspondência: Moriá Editora Ltda. Rua Aracy Fróes, 258 / 902 Jardim Itu Sabará - Porto Alegre/ RS CEP: 91.210-230 Tels.: (51) 9116.9298 / (51) 3334.4753. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.

ISSN 2236-0417

Profa Doutoranda Maritê Inez Argenta Faculdade Estácio de Sá/SC

Prof. Dr. Ari Nunes Assunção Unisc – Universidade de Santa Cruz do Sul

Profa Dra Maria Bettina Camargo Bub UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina

Profa Dra Beatriz Regina Lara dos Santos PUC/RS

Profa Dra Maria da Graça de Oliveira Crossetti UFRGS - Universidade Federal do RS

Profa Dra Dulcinéia Ghizoni Schneider Unisul /SC Prof. Dr. Edison Luiz Devos Barlem FURG/RS Profa Dra Erica Rosalba Mallmann Duarte UFRGS - Universidade Federal do RS Profa Dra Giovana Calcagno Gomes FURG/RS Profa MS Graziella Gasparotto Baiocco Grupo Hospitalar Conceição Profa Dra Iride Cristofoli Caberlon Ulbra - Universidade Luterana do Brasil-Gravataí Profa Dra Juliana Vieira De Araújo Sandri Univali - Universidade do Vale do Itajaí /SC Prof Dr Laura Cristina S. Lisboa de Souza UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina a

Data da Impressão: Abril/ 2013.

Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS

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Profa Doutoranda Maria Ligia dos Reis Bellaguarda Univali/SC Profa Dra Marlene Gomes Terra UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Dra Nara Marilene Oliveira Giradon Perlini UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Doutoranda Nára Selaimen G. de Azeredo Grupo Hospitalar Conceição - Porto Alegre/RS Profa Dra Nilva Lúcia Rech Stedile UCS - Universidade de Caxias do Sul Profa Dra Regina Gema Santini Costenaro Unifra - Centro Universitário Franciscano Profa Dra Rita Catalina Aquino Caregnato Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Dra Roseana Maria Medeiros Faculdade da Serra Gaucha /RS

Profa Dra Lisia Maria Fenstersefer Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Profa Dra Sandra Maria Cezar Leal Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos

Profa Dra Lisnéia Fabiani Bock IPA - Rede Metodista de Educação do Sul

Enfa Estomaterapeuta Silvana Janning Prazeres SOBEST - RS

Profa MS Lucila Corsino de Paiva Faculdade Maurício de Nassau - Natal/ RN

Profa Dra Solange Machado Guimarães Ulbra - Universidade Luterana do Brasil

Profa Dra Luzia Fernandes Milão Ulbra - Universidade Luterana do Brasil

Profa Dra Sonara Lucia Estima Unilasalle - Centro Universitário La Salle

Profa Doutoranda Magada Tessman Schwalm Unesc/SC

Profa Dra Sonia Beatriz Cocaro Souza UFRGS - Universidade Federal do RS

Profa Dra Maira Buss Thofehrn UFPel - Universidade Federal de Pelotas Profa Dra Maria Ribeiro Lacerda Universidade Federal do Paraná/PR

Profa MS Terezinha Valduga Cardoso Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde

Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo

Ficha Catalográfica R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 1. Enfermagem-Periódicos NLM WY 1

1. Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel Revista Sul-Brasileira de Enfermagem 1 2. CRB10-581


Sumário Página 03

Editorial

Artigos Página 04

“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço “I do not know what it was”: the experience of people with face and neck skin cancer Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini | Adriane Lutz | Claudelí Mistura | Bruna Vanessa Costa da Rosa | Michele Carvalho Karkow | Natanna da Rosa

Página 09

Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa Concepts of psychiatric nursing education: an integrative review Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão

Página 14

Incidência de partos pré-termo nas gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga Incidence of premature births in the medical charts at Ana Braga Maternity Heidiany Medim da Mota | Eudiane Parentes Mendes | Graciela Marleny Rivera Chávez | Marcelino da Silva Cavalcante

Página 18

Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26 Puerperal women’s perception of prenatal consultation at UBS União/Canoas-RS – Area 26 Marciele Cristina Guimarães Tozi | Cibeli de Souza Prates

Página 24

Transplante hepático: aceitação e vivências Liver transplantation: acceptance and experiences Luciana Rosa | Monalize de Cássia de Luca | Luciane Bisognin Ceretta | Maria Teresa Brasil Zanine | Mariana de Freitas Comin | Karina Cardoso Gulbis Zimmermann

Página 28

Normas para publicação

Página 31

Curso Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Eventos Cientíicos Aula 2: Relações Humanas perpassando pelo Processo de Trabalho da Enfermagem

Página 36

Curso Terapia Intravenosa para Enfermagem Aula 2 : Revisão da Anatomia, Fisiologia e Histologia do Sistema Vascular

Página 43

Congressos e Eventos

Página 45

Notícias

ERR ATA: Na edição de nº 11, deixamos de colocar a tabela referente ao artigo Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa, motivo este pelo qual o estamos publicando na integra novamente nesta edição.

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Editorial Saúde da mulher e humanização Quando no início dos anos dois mil, o Ministério da Saúde1 lançou a proposta de Humanização do Pré-Natal, Parto e Puerpério, a mobilização dos profissionais de saúde foi motivadora. O Programa tinha o objetivo de garantir adequadamente o acesso, a cobertura e a melhor qualificação do acompanhamento pré-natal, da assistência ao parto e puerpério à gestante e ao recém-nascido. As intenções foram a de democratizar a atenção em saúde e o respeito à cidadania. O direito da mulher e do bebê a uma assistência digna, a partir do pré-natal vinha como uma máxima da práxis em saúde. A Enfermagem em seu extenso e ético exercício de escuta passou a preparar-se como se pela primeira vez estivesse estreando uma relação de acolhimento. Lembro que no cenário hospitalar os enfermeiros mobilizavam-se para procurar mecanismos com os quais pudessem capacitar as equipes de enfermagem e, para de fato, acolher humanamente mulheres em trabalho de parto. Também nos espaços acadêmicos os enfermeiros provocaram movimentos onde não apenas o discurso, mas a prática no ensino e na aprendizagem passou a ser permeada pela bandeira de humanização em Saúde da Mulher. Decorreu que igualmente no campo investigativo emergiram plurais experiências. Das extraídas de atividades onde todos os recursos tecnológicos também somavam para a proposta, até nas situações onde a mulher – vivendo a gravidez, o parto e o puerpério – contava tão somente com a comunidade e com o conhecimento prático das ‘ parteiras’. Mas o anseio não parou por aí. Também invadiu outras dimensões de atuação da Enfermagem. Na Saúde Coletiva a força deste paradigma colaborou sensivelmente para que as prerrogativas e os princípios do SUS servissem de alavanca no desencadeamento do processo de humanização. E ali, a partir do pré-natal, a mulher deveria ser acompanhada pela obliquidade de legitimar a proposta através do desenho coletivo de atenção à saúde em rede. De indicação, a idéia evoluiu para política: a Política de Humanização do Parto e do Nascimento (PHPN). Assim, sua transversalização vem colaborando para uma assistência de maior qualidade. Inegável que a atenção ao pré-natal, parto e puerpério adquiriu qualidade ampliada, reduziu a morbimortalidade materno-infantil, mas também evidente que sua dimensão ainda não atingiu uma ‘cultura imperativa’ entre os vários campos da saúde, nem mesmo nas práticas sociais. Não é novidade que, em muitas situações, a cobertura mínima de consultas em pré-natal não é atingida, mostrando a fragilidade das ações. E mais. Milhares de mulheres continuam sendo atendidas em hospitais - públicos e privados - sem o direito a um acompanhante; mulheres parindo em corredores nos hospitais e por aí afora. Algumas têm acesso

precário ao atendimento; outras, nem este direito adquiriram. O próprio Ministério da Saúde1 reconhece fragilidades. Um bom exemplo são grupos femininos ainda excluídos deste processo. Nesta lógica, o mesmo ministério almeja que eles sejam mais bem acolhidos em razão de suas especificidades: afrodescendentes, indígenas, moradoras e trabalhadoras em zonas rurais, as em sistema prisional e outros. Disto decorre que algumas relevâncias em termos do processo de humanização por áreas de atividade devem ser minimamente reconsideradas. Em nosso caso, como profissionais enfermeiros, pelas características da essência profissional, acredito que o processo de humanização na saúde da mulher é bastante usual. Há sempre a perspectiva de aperfeiçoar. Prova disto são as produções publicadas a respeito da experiência. No contexto geral das áreas que compõem a saúde, porém, as apologias tendem a ser mais salientes. É também fato que a PHPN ainda se dá em um espaço hegemônico. As intenções sobre escuta e acolhimento acontecem mais na ordem individual ou, especificadas em uma área de atuação. Portanto, creio que a PNHPN carece de mais reflexão ambientada na cultura social e, por lógica, na cultura das subjetividades. Acredito que como política deve ser objetada, em termos de integralidade e universalidade – entendidas também como desdobramentos para que o processo de humanização se efetive de fato - pela captura do significado de subjetividade por parte de todos os profissionais da saúde e pelo empoderamento por parte das mulheres. E ainda como compromisso político – sem os quais e, não querendo ser pessimista, pouca mudança ocorrerá nas próximas décadas. Devo me valer de minha consciência para dizer que o discurso instituído na saúde sobre humanização na área de Saúde da Mulher e a política definida pelo Ministério da Saúde1 permanecem distanciados das práticas coletivas. Tenho clareza de que as proposições dentro da PHPN procuram disparar a conexão entre direito e dever. Incluo a convicção de que o Brasil precisa continuar avançando em dimensões internas e internacionais e, nesta trama, a saúde é um dos principais movimentos para o avanço de qualquer nação desde que as inclusões ocorram superando as diferenças e as diversidades culturais. Profª Drª Enfª Roseana M Medeiros Docente e pesquisadora de Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI – campus de Erechim. Referência 1. BRASIL. Ministério da Saúde. Política Nacional de Atenção Integral à Saúde da Mulher – Princípios e Diretrizes, 2011.

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“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço

Ano 2 – Número 13, março/abril 2013 - paginas de 04 a 08

“I do not know what it was”: the experience of people with face and neck skin cancer Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini* Adriane Lutz** Claudelí Mistura***

Bruna Vanessa Costa da Rosa*** Michele Carvalho Karkow**** Natanna da Rosa****

Resumo – Objetivou-se conhecer a experiência de pessoas com câncer de pele que atinge face e pescoço. Investigação de abordagem qualitativa, desenvolvida num serviço de oncologia de um hospital situado na região Noroeste do RS/ Brasil. Os sujeitos foram oito pacientes que responderam a uma entrevista semiestruturada. A análise dos dados seguiu a proposta de análise de conteúdo. Os resultados apontam que a despreocupação no início da lesão posterga a procura pelo serviço de saúde e retarda o diagnóstico. O tratamento iniciado em estágio avançado geralmente envolve cirurgia com consequente alteração da imagem facial e pode comprometer o prognóstico. Conclui-se que desinformação e a falta de conhecimento a respeito do câncer de pele contribui para essa realidade. O enfermeiro pode contribuir para modificar esse cenário desenvolvendo ações educativas em saúde. Palavras-chave: Neoplasias cutâneas; Neoplasias de cabeça e pescoço; Família; Enfermagem.

Abstract – This study aimed to know the experience of people with skin cancer that affects the face and neck. Investigation of qualitative approach, developed in a oncology hospital located in the northwestern part of the RS/Brazil. The research subjects were eight patients who responded to a semistructured interview. Data analysis followed the proposal of Content Analysis. Three categories have emerged: Seeing with the injury: “I do not know what it was”: the perception about the disease and treatment, the family and social life The results indicate that the unconcern with early injury, postponing search for health services and delays the diagnosis. Treatment started at an advanced stage usually involves surgery with consequent alteration of the facial image and may compromise the prognosis. We conclude that misinformation and lack of knowledge about existing skin cancer contributes to this reality. The nurse can help change this scenario developing educational health. Keywords: Skin neoplasms; Head and neck neoplasms; Family; Nursing.

Introdução

decorre do sofrimento que pode provocar, sendo a dor um dos mais importantes, pois sua intensidade costuma estar agravada por fatores psicológicos, como depressão e ansiedade, aliadas à insônia e a debilidade física2. Em relação ao câncer de pele que acomete a região da face e do pescoço, cabe destacar que este pode alterar a imagem facial, em decorrência da lesão em si ou da cicatriz cirúrgica, em menor ou maior dimensão. O comprometimento estético e funcional depende do estágio da neoplasia, enquanto a repercussão no indivíduo estará relacionada às suas estratégias de enfrentamento, importância da imagem corporal e da capacidade de adaptação3. Nesse sentido, estudo realizado em uma clínica cirúrgica com pacientes que apresentavam alteração na imagem facial concluiu que a alteração na face é relatada como uma das maiores dificuldades enfrentadas, devido ao sofrimento decorrente da mudança. Muitos pacientes viviam situações de conflitos, resultado da importância dada à autoimagem e a relação com o que ela representava para si e para os outros4. Considerando que a compreensão sobre o modo como as pessoas percebem suas experiências de adoecimento pode contribuir, para ampliar o conhecimento e direcionar ações de saúde, visando qualificar os cuidados prestados e melhorar

Dentre as neoplasias, o câncer de pele é o tipo mais frequente no Brasil, correspondendo a 25% de todos os tumores malignos registrados no país, sendo mais comum em pessoas com mais de 40 anos e relativamente raro em crianças e negros. Pessoas de pele clara, sensível à ação dos raios solares ou com doenças cutâneas prévias são os grupos mais vulneráveis para seu desenvolvimento1. Pode ser classificado em câncer de pele melanoma e não melanoma1. O melanoma tem origem nas células produtoras de melanina, com predominância em adultos brancos. O não melanoma, que se origina em células basais e escamosas, caracteriza-se por ser de maior incidência e de menor taxa de mortalidade, representando 95% do total dos casos. O não melanoma é o mais comum em pessoas de meia-idade e idosos, embora possa aparecer em pessoas jovens. Geralmente surge em áreas muito expostas ao sol, como rosto, pescoço, orelha, lábios e dorso da mão. Entre as pessoas que tiveram câncer do tipo não melanoma, aproximadamente 35% a 50% delas poderão desenvolver outro, num prazo de 5 anos após o diagnóstico1. As neoplasias, de modo geral, ainda são doenças muito temidas e associadas à morte. Esse temor

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“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço

Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, realizada no Centro de Tratamento Oncológico (CACON) do Hospital de Caridade de Ijuí/RS. A amostra do estudo foi intencional, constituída por oito sujeitos, cinco mulheres e três homens, com diagnóstico de câncer de pele que atingiu, anatomicamente, face e pescoço. Todos se encontravam em tratamento, sendo sete radioterápicos e um quimioterápico. Como critério de inclusão definiu-se que os participantes deveriam estar em tratamento oncológico no serviço mencionado, ter ciência de seu diagnóstico confirmado pelo médico assistente e apresentar capacidade de compreensão e de comunicação verbal. A coleta de dados foi realizada por entrevista semiestruturada, gravada e posteriormente transcrita, e foi conduzida a partir das seguintes questões: Conteme: como surgiu esta lesão em sua face ou pescoço? Fale-me: como tem sido a sua vida desde que se confirmou o diagnóstico de câncer de pele? A análise dos dados seguiu os passos metodológicos da análise de conteúdo, modalidade temática6: ordenação dos dados, etapa em que ocorreu a transcrição das entrevistas; leituras do material coletado e organização dos relatórios; classificação dos dados, quando foi realizada a leitura exaustiva e repetida das informações obtidas e construção das categorias empíricas do estudo por convergência de ideias; e análise final, trabalhada pela articulação entre os mesmos e os referenciais teóricos, de acordo com a questão da pesquisa e os objetivos. Os aspectos éticos relativos à pesquisa com seres humanos foram observados, conforme determina a Portaria 196/96 do Ministério da Saúde7. A pesquisa foi aprovada pelo CEP/Unijuí Parecer 137/2008. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido e foram identificados com a letra E, significando entrevistado, e a numeração cronológica conforme ocorreram as entrevistas.

Resultados e discussão Quanto ao perfil dos sujeitos, a idade variou entre 52 e 86 anos. Sete eram casados e um viúvo. A

Percebendo-se com a lesão: “Eu não sabia o que er a” O câncer de pele é, muitas vezes, identificado tardiamente, pois as pessoas demoram a procurar os serviços de saúde, e o diagnóstico das lesões é realizado quando se apresentam em estágio avançado. Nesse sentido, os participantes do estudo mencionaram, várias vezes, o fato de não terem valorizado os sinais iniciais de alteração na pele, procurando ajuda somente quando estes se tornavam exacerbados: “Eu tinha uma verruguinha e eu arranhei com a unha. Era do lado do nariz. Daí começou aquela feridinha e foi indo, se alastrando ligeiro e daí eu já vi que não era ferida qualquer. Eu disse que isso só podia ser um câncer. Mas eu esperei um pouco mais para consultar.” (E7) “Começou com uma ferida bem pequena do lado esquerdo do nariz, e eu não dei bola, depois ficou maior. Só depois de um ano eu procurei um médico. Aí ele queimou e piorou.” (E1)

A falta de conhecimento da população, assim como o possível despreparo ou descaso dos profissionais da saúde em identificar sinais presuntivos de câncer de pele, tende a dificultar o diagnóstico e o tratamento precoce. Cabe destacar que os profissionais de saúde desempenham importante papel educacional junto à população, orientando e conscientizando quanto aos fatores de risco e os sinais e sintomas do câncer de pele. A avaliação física minuciosa

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Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini | Adriane Lutz | Claudelí Mistura | Bruna Vanessa Costa da Rosa | Michele Carvalho Karkow | Natanna da Rosa

Metodologia

profissão das mulheres era do lar e a dos homens, agricultor. Três mulheres eram analfabetas e duas tinham ensino fundamental incompleto. Os três homens referiram não ter completado a quarta série do ensino fundamental. O tempo decorrido desde o diagnóstico foi de seis meses a 12 anos. Dois indivíduos não tinham indicação para cirurgia reparadora; os demais já a haviam realizado. A localização das reconstituições cirúrgicas foi: ramo medial do nariz (extremidade do nariz); região infraorbital; septo lateral esquerdo do nariz; região cervical posterior; túnica conjuntiva da pálpebra inferior; e gânglio cervical direito. Considerando o objetivo proposto pelo estudo, buscou-se, a partir da leitura exaustiva das entrevistas, apreender os conteúdos manifesto e agrupá-los conforme a semelhança de significados. Dessa forma, emergiram-se três categorias de análise: Percebendo-se com a lesão: “Eu não sabia o que era”; a percepção sobre a doença; e o convívio familiar e social.

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a qualidade de vida das pessoas, entende-se que a realização de investigações científicas constitui-se em recursos para desenvolver e atualizar conhecimentos de cuidado ao paciente oncológico5. Assim, definiu-se como questão norteadora desta pesquisa: qual a vivência de pessoas portadoras de câncer de pele que acomete a face e o pescoço? Frente ao exposto, o estudo tem como objetivo conhecer a experiência de pessoas portadoras de câncer de pele que acomete face e pescoço.


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“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço

por um profissional, tanto da área médica quanto da enfermagem, possibilita ser identificada a predisposição de indivíduos com risco de desenvolverem essa doença. Ao realizar o exame físico completo é possível identificar lesões sugestivas de malignidade e conduzir a diagnósticos precoces8. Pelos depoimentos pode-se perceber que alguns profissionais de saúde emitiram diagnósticos equivocados e adotaram condutas que postergaram a solução do problema.

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“Apareceu primeiro uma casquinha que secava e saía. Depois vinha outra, até que formou uma ferida. Fui procurar um médico e ele queimava a ferida. Daí sarava. Dali a pouco voltava de novo. Aí procurei outro médico, que disse que era câncer de pele” (E4).

A não investigação logo que inicia o aparecimento das lesões coloca o paciente em risco, uma vez que não possui um diagnóstico definido. Quanto mais cedo se diagnosticar e tratar qualquer tipo de câncer, melhor será o prognóstico; caso contrário, a doença evolui e, muitas vezes, o tratamento se torna menos eficaz8. A enfermagem, dentre todas as especialidades, tem a possibilidade de. ao entrar em contato com as pessoas, identificar lesões que possam ser sugestivas de neoplasia. Para isso, deve estar familiarizada com os sinais e sintomas das lesões, atenta para a história familiar e ao exercício de atividades de risco, como as relacionadas a longa exposição solar8. Nesse contexto, a enfermagem encontra-se em uma posição ímpar também quanto à possibilidade de orientação e esclarecimento sobre os fatores de risco, os cuidados para prevenção da neoplasia e as lesões que podem constituir-se em sinal de alerta.

A percepção sobre a doença e o tr atamento Os entrevistados relataram ter buscado tratamento quando desconfiaram que a lesão não era normal ou quando estava causando-lhes desconforto e dor. Dentre os sinais e sintomas mencionados destaca-se a produção de exsudato, presença de sangramentos, odor fétido, prurido e muita dor: “Saía um pus, uma coisa esquisita e sangue. O doutor fazia curativo. Mas incomodava bastante, doía, ardia, parecia que tava queimando, doía o pescoço. Começou a crescer. Eu tinha vontade de arranhar as paredes de tanta dor. Comecei a tomar morfina.” (E5)

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Como a evolução das lesões malignas de pele é lenta, o paciente tende a negligenciar a necessidade de avaliação. A dor, presente em estágios avançados, é um dos sintomas mais mencionados pelos pacientes e envolve dimensões físicas e psicossociais. A dor oncológica é um desconforto comumente experimentado pelo doente com câncer, sendo apontado com muita frequência, acometendo cerca de 50% dos doentes em todos os estágios da doença e em torno de 70% daqueles com doença avançada9. A maioria dos participantes deste estudo realizou ressecção cirúrgica e reconstituição da área afetada. A intervenção cirúrgica se faz necessária quando a extensão da lesão e o tipo de tumor necessitam que se faça a exérese para que o paciente tenha um bom prognóstico e melhor qualidade de vida. “Eu fiz a cirurgia confiante, e não senti mais aquela dor. Fiquei faceira, fiquei feliz porque achei bom o que fizeram.” (E3) “Eu fiquei contente, aceitei bem. Eu quis fazer a cirurgia, não estranhei nada. Podia comer bem, podia falar. Foi melhor para mim.” (E2)

A realização da cirurgia representa a possibilidade de remoção do tumor e uma condição melhor do que a apresentada. Ressalta-se, contudo, que cada paciente tem um modo singular de enfrentar a doença e o tratamento, dependendo de sua personalidade, seu contexto familiar e social, seus princípios, valores e crenças4. Alguns entrevistados mostraram ter se sentido perturbados quando o método de tratamento proposto foi a cirurgia. A perspectiva de alteração da imagem é manifestada por reações de insegurança, estando, geralmente, relacionada à aparência e à estética: “Eu estava muito feia, toda roxa, mas eu sou forte e pensei: vai ficar bom e vai dar tudo certo!” (E8) “Eu pensava que nunca mais ia ficar gente. Pensava que ia ficar um monstro. Eu não acreditava que ia ficar bom de novo, porque agora tu quase não enxerga o que tinha no meu rosto. Ou enxerga?” (E7)

A realização da cirurgia suscita sentimentos ambíguos: o desejo de remoção do tumor e a preocupação com a aparência. Distúrbios emocionais vinculam-se à provável alteração física provocada

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“Primeiro fui tratado para tratamento de canal, depois fui mandado para um especialista de olhos, até que cheguei em outro médico que fez biopsia e disse que era câncer de pele.” (E7)

“A ferida foi crescendo, crescendo, até que ela ficou deste tamanho. Doía, me incomodava, sangrava. Isso aqui era tudo cheio de tumorzinho. Embaixo do nariz e por dentro, tá em carne viva.” (E6)


pela cirurgia e a projeção sobre o resultado. Nessa perspectiva, a região da face e do pescoço confere, simbolicamente, a identidade social, crucial na formação de autoimagem. Esta é a parte do corpo não coberta com roupas, estando sempre à mostra. Qualquer tipo de alteração na imagem corporal nessa região pode acarretar efeitos psicológicos, muitas vezes maiores que os decorrentes de transformações em qualquer outra área do corpo humano5. As dificuldades advindas da alteração da imagem corporal podem levar o paciente à exclusão do convívio social e afetar significativamente sua qualidade de vida e autopercepção. A alteração da imagem facial, em especial, é percebida pelos pacientes com câncer de pele como algo mutilador, que desfigura e transforma a imagem do corpo como um todo, interferindo na identidade do indivíduo4. É preciso fortalecer e encorajar os pacientes para enfrentar a situação, principalmente quando deprimidos e receosos diante da desfiguração da aparência relacionada ao tratamento cirúrgico, pois estes, em alguns casos, tendem ao isolamento e dificilmente expressam seus sentimentos de insegurança, desespero e medo relacionado ao aspecto ou aparência da área reconstituída.

O convívio familiar e social A compreensão, o apoio, a solidariedade da família no momento do diagnóstico e durante o tratamento são fundamentais para a reabilitação do paciente. Os entrevistados relataram ter-se sentido mais confiantes e esperançosos pelo apoio recebido de seus familiares. “Eles me apoiaram, estavam sempre de acordo para que eu fosse consultar e fazer a cirurgia. Me ajudaram muito.” (E2)

O suporte emocional e o apoio da família proporcionam segurança e amparo à pessoa doente. A percepção do cuidado, da proteção e da solidariedade dos familiares serve como estímulo para realização do tratamento e para recuperar a autoestima10-11. Contudo, os pacientes demonstraram sentimentos de medo de serem rejeitados pela sua família e pelos amigos próximos. Temem deparar-se com uma reação que conduza a uma situação embaraçosa ou gere constrangimento, seja pela maneira de olhar das pessoas ou pela formulação de perguntas indesejáveis. Por isso se isolam e se afastam

“Com os familiares não afetou, mas eu me retraí, fiquei mais em casa.” (E6)

As atividades cotidianas e o convívio social podem ser alterados devido à falta de conhecimento sobre a patologia. A crença de que o câncer pode ser contagioso leva à adoção de cuidados desnecessários que interferem na dinâmica familiar, cerceiam a convivência e a participação nos rituais da família: “Eu cuido pra não tomar mate com ninguém. Minha comida, a minha filha faz. Eu tô vivendo separado. Eu penso que fica até bonito, porque pode alguém pensar que pega nele. E pode até ser, né. Por que não? Outras coisas também pegam. Então eu tenho esses cuidados. Eu que resolvi isso, nada me foi mandado.” (E7)

Para evitar possíveis situações que possam causar constrangimento, os pacientes adotam mudanças nos hábitos de vida, como não cozinhar, não fazer as refeições com os demais membros da família, falar e sorrir em público, passear. De certa forma, algumas pessoas impõem-se uma autoexclusão, não se permitindo viver o dia a dia como um ser humano normal4. Estar com câncer pode determinar certa discriminação e rejeição social, desde no âmbito familiar até nas atividades produtivas, onerando substancialmente o paciente que, além da doença, dos exames agressivos e das cirurgias, necessita enfrentar a desconsideração social12.

Consider ações finais O estudo revelou que o diagnóstico inicial de câncer de pele nem sempre é feito no momento em que os pacientes procuram o serviço de saúde. Muitas vezes, são demandadas várias visitas a diversos profissionais até obter o diagnóstico definitivo. Por outro lado, a demora do indivíduo em procurar um serviço da saúde compromete o prognóstico da doença. Se o tratamento é iniciado em estágio avançado da doença, nem sempre é possível remover o tumor, e as cirurgias resultam em alterações da imagem facial. Aprender a viver com a nova aparência pode causar sofrimento aos pacientes e prejudicar o convívio familiar e social, levando-os ao isolamento e à solidão. Diante do exposto, os resultados do estudo permitem inferir que a experiência das pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço, participantes deste estudo, é resultado da desinformação

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“Eu tenho bastante apoio do meu marido. Eu tenho um filho que não quis casar só para me cuidar. Ele e meu marido me protegem. Eu tive apoio de toda a minha gentarada.” (E3)

do convívio social e, principalmente, de pessoas que não fazem parte do grupo familiar:

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“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço


e da falta de conhecimento a respeito do câncer de pele. Faz-se importante resgatar, neste momento, que o perfil dos colaboradores era formado por pessoas com poucos anos de estudo e agricultores, que trabalham expostos ao sol. Nessa perspectiva, o enfermeiro, bem como toda a equipe de enfermagem, pode contribuir sobremaneira para modificar esse cenário, atuando na educação das populações, principalmente daquelas que têm maior risco de desenvolver câncer de pele. Além disso, faz-se importante estar atento, em todas as oportunidades da prática profissional, para identificar sinais sugestivos dessa neoplasia, o que representa a possibilidade de encaminhamento para diagnóstico e tratamento precoce. No que tange ao cuidado de pessoas hospitalizadas com o diagnóstico de câncer de pele, a enfermagem, além de atender às necessidades básicas e de rotina, desenvolve cuidados específicos, relacionados ao tratamento e à recuperação, que podem ser fundamentais para o processo de aceitação da nova imagem. Como consideração final, destaca-se a necessidade de estratégias e políticas públicas que permitam avançar na adoção de medidas preventivas, como o incentivo e a distribuição de filtro solar às pessoas consideradas de alto risco, assim como na qualificação dos profissionais, visando ao diagnóstico precoce. Tais ações podem ajudar a evitar prejuízos aos pacientes e gastos elevados ao sistema público de saúde.

Referências 1. Inca. Instituto Nacional do Câncer. Tipos de câncer. Disponível em: http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/ tiposdecancer/site/home. Acessado em: 10 fev. 2012. 2. Siqueira KM, Barbosa MA, Boemer MR. O vivenciar a situação de ser com câncer: alguns des-velamentos. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2007 jul/ago; 15(4):93-100. 3. Mostardeiro SCTS, Pedro ENR. O cuidado de enfermagem em situações de alteração da imagem facial. Rev Gaúcha Enferm 2011 jun; 32(2):294-301. 4. Mostardeiro SCTS, Pedro ENR. Pacientes com alteração da imagem facial: circunstâncias de cuidado. Rev Gaúcha Enferm 2010 mar; 31(1):100-7. 5. Silveira CS, Zago MMF. Pesquisa brasileira em enfermagem oncológica: uma revisão integrativa. Rev Latino-am Enfermagem 2006; 14(4):614-9. 6. Minayo MCS. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 31ª ed. Petrópolis: Vozes; 2012. 7. Brasil. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. Resolução nº 196/96; Normas para pesquisa, envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde; 1996. 8. Inca. Instituto Nacional de Câncer (Brasil). Ações de enfermagem para o controle do câncer: uma proposta de integração ensino-serviço/Instituto Nacional de Câncer. 3ª ed. rev. atual. ampl. Rio de Janeiro: INCA; 2008. 9. Waterkemper R, Reibnitz KS. Cuidados paliativos: a avaliação da dor na percepção de enfermeiras. Rev Gaúcha Enferm 2010; 31(1):84-91. 10. Smeltzer SC, Bare BG. Tratado de enfermagem médicocirúrgica. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2000. 11. Sales CA, Matos PCB, Mendonça DPR, Marcon SS. Cuidar de um familiar com câncer: o impacto no cotidiano de vida do cuidador. Rev Eletr Enf [Internet]. 2010 out/dez; 12(4):616-21. 12. Linard AG, Silva FAD, Silva RM. Mulheres submetidas a tratamento para câncer de colo uterino: percepção de como enfrentam a realidade. Revista Brasileira de Cancerologia 2002; 48(4):493-8.

Recebido 06.03.2013 Aprovado 01.05.2013 * Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta do Departamento de Enfermagem e do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Santa Maria (PPGEnf/UFSM). Santa Maria/RS. Brasil. E-mail: nara.girardon@ gmail.com. ** Enfermeira. Graduada pela Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí). Ijuí/RS, Brasil. *** Enfermeira. Mestranda do PPGEnf da UFSM. Santa Maria/RS. Brasil. **** Acadêmica do Curso de Graduação em Enfermagem da UFSM. Santa Maria/RS. Brasil.

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Nara Marilene Oliveira Girardon-Perlini | Adriane Lutz | Claudelí Mistura | Bruna Vanessa Costa da Rosa | Michele Carvalho Karkow | Natanna da Rosa

Ano 2 – Número 13, março/abril 2013 - paginas de 04 a 08

Artigo original

“Eu não sabia o que era”: a experiência de pessoas com câncer de pele que acomete face e pescoço


Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa Concepts of psychiatric nursing education: an integrative review

* Elitiele Ortiz dos Santos ** Beatriz Franchini

*** Denise Gamio Dias ****Fernanda Tristão

Resumo - Objetivo: identificar e analisar a produção científica que discute o processo de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica/saúde mental. Materiais e Métodos: realizou-se uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados SciELO e LILACS no período de 2004 a outubro de 2011. Resultados e Discussão: foram encontradas doze publicações que atenderam os critérios de inclusão. Após a leitura na integra, os artigos foram agrupados em duas temáticas por similaridade de conteúdo. Conclusões: visualizou-se de maneira ampla como está a formação dos alunos no engajamento do movimento da Reforma Psiquiatra, bem como, refletir sobre a percepção dos professores sobre essa temática e suas práticas colaborativas para humanização no cuidado em liberdade. Palavras-chave: enfermagem psiquiátrica; ensino; saúde mental; publicações.

Summary - Objective: identify and analyze the scientific production that discusses the process of teaching about psychiatric nursing/mental health. Materials and Methods: was performed an integrative review of literature in the databases SciELO and LILACS in the period of 2004 to October of 2011. Results and Discussion: were found twelve publications that met the inclusion criteria. After the full reading, the articles were grouped by similarity on two thematic content. Conclusions: it is viewed broadly how is the formation of the students in the engagement of the movement of Psychiatric Reform as well as reflect about the perception of teachers about this subject and their collaborative practices for the humanization care in freedom. Keywords: psychiatric nursing; teaching; mental health; publications.

Introdução integralidade das ações no cuidar; definem os princípios fundamentais para formação de profissionais críticos, reflexivos, inseridos no contexto histórico- social, pautados em princípios éticos e capazes de intervirem nos problemas/situação de atenção a saúde, onde se insere a atenção à SM da população.² Nessa perspectiva que os currículos de enfermagem foram se moldando, direcionando suas práticas educativas em articulação aos serviços substitutivos. Com isso, o presente ensaio tem por objetivo apresentar uma revisão integrativa de literatura a fim de identificar e analisar a produção científica no processo de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica com foco na SM no período de 2005 a novembro de 2011.

Metodologia Realizou-se uma revisão integrativa por ser um método que propõe uma análise ampla da literatura para obter entendimento de um determinado tema, e promover discussões sobre métodos, resultados de pesquisas e reflexões de futuros estudos3.

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A educação é um assunto discutido pela sociedade no que tange sua relevância para modificar as práticas profissionais. Nos meios acadêmicos, principalmente, transformações relacionadas a metodologia de ensino estão sendo discutidas com maior atenção, uma vez que se almeja profissionais com tecnologias diferenciadas de ação voltadas para o crescimento econômico, social e de saúde. No campo da Saúde Mental (SM), as diretrizes políticas vigentes no país confirmam a necessidade de estimular práticas de ensino, pesquisa e extensão que favoreçam atitudes de profissionais em relação à assistência à SM.¹ Essas mudanças repercutiram no meio acadêmico a partir da década de 70 com a Reforma Psiquiátrica (RP) no Brasil, com propostas de reabilitação e reinserção social do portador de sofrimento psíquico. Na área da enfermagem, mudanças foram aprovadas através da resolução CNE/CES Nº03 de 07/11/2005 Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF) que explicitam a necessidade do compromisso com os princípios da Reforma Sanitária Brasileira, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS) e garantia da


Revisão Integrativa

Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa

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Resultados e discussões Visualiza-se na tabela 1 as publicações referentes à temática proposta. Foram encontradas na base de dados SciELO duas publicações, cinco na base de dados LILACS e cinco artigos disponíveis em ambas bases de dados. Todos os documentos são publicações nacionais, oito publicados em São Paulo, um no Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Goiás e em Santa Catarina. Percebemos um predomínio de publicações na região sudeste, que pode ser em decorrência das muitas escolas de enfermagem com estruturas propícias à produção do conhecimento científico, bem como à grande quantidade de docentes e trabalhadores proporcional à demanda da região mais populosa do país4. A análise dos documentos evidenciou que cinco artigos foram publicados em 2005 e dois artigos em 2006, 2008, 2009 e 2010 entre eles, quatro têm caráter metodológico qualitativo, um é quantitativo e qualitativo; quatro artigos de reflexão, quatro revisões bibliográficas e um relato de experiência. Com rela-

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ção à profissão dos autores, em dois artigos encontraram-se formações distintas da enfermagem, um formado em medicina e outro em enfermagem e psicologia, contudo, ambos não foram de autoria única.

Pr áticas de ensino sobre saúde mental O estudo que analisou as tendências das pesquisas de enfermagem psiquiátrica (EP) e SM no período de 10 anos demonstrou que reduziram-se dos programas curriculares as abordagens psicopatológicas, atribuindo relevância aos aspectos sociais e emocionais do portador de transtorno mental. Novos modelos de cuidado inserem-se nos cronogramas das disciplinas, como o relacionamento e a comunicação terapêutica. Igualmente, é necessário que o aluno experimente a prática, conheça as ações de enfermagem, tenha manejo clínico e dessa forma enfrente seus medos, ansiedades e talvez preconceitos5. Um estudo realizado em Ribeirão Preto (SP) com o curso de enfermagem na disciplina de SM analisou quais saberes e habilidades os alunos identificam como necessários para a reabilitação psicossocial. Os alunos demonstraram saber intervir nos problemas do usuário e fazer uso de recursos comunicativos, como escutar, arbitrar, negociar, além de recursos relacionais como a empatia. Os alunos reconhecem o usuário como ator do próprio cuidado, o que valoriza a autonomia e expressa o conceito de cidadania1. Em Santa Catarina estudantes refletiram sobre possibilidades de ensino no atendimento à crise, utilizando a criatividade e tecnologia como instrumentos pedagógicos. A publicação sugeriu aproximação do curso de enfermagem aos cursos de jornalismo, artes ou comunicação social para construção de materiais audiovisuais com situações hipotéticas ao atendimento à crise e possibilidades de intervenções6. Foi apresentado um relato de experiência do ensino em EP/ SM na Universidade Federal de Goiás, o qual oportuniza estágios voluntários na prática de EP aos alunos interessados. Nos semestres do curso quando os mesmos adentram o hospital, são incentivados a integrarem a SM com cuidados assistenciais aos portadores de diversas patologias. Outro método de ensino é a utilização da Educação de Laboratório que possibilita o aluno experimentar situações vivenciadas com a devida teorização7. Na análise de produção científica dos Encontros de Pesquisadores em SM e Encontro de Especialistas em EP, ressaltou-se que espaços de discussão como esses encontros, são práticas de ensino que contribuem para definir o papel do enfermeiro psiquiátrico perante a equipe de saúde, bem como a amplia-

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Foi realizada a busca de artigos em duas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) de 2004 a outubro de 2011. Essas bases de dados foram escolhidas por serem umas das principais fontes de publicação da área da saúde. Determinou-se a busca nesse espaço de tempo considerando que a lei que redireciona o modelo assistencial em SM foi aprovada em 2001 (Lei 10.216/2001), de forma que esse recorte constituise no período da implantação dos serviços substitutivos que repercutiram nos espaços acadêmicos por meio de debates e experiências curriculares. Os descritores utilizados para localizar os artigos foram consultados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) sendo eles: enfermagem psiquiátrica, ensino, saúde mental. Só foram considerados documentos denominados artigos, independente do idioma e que se encontravam disponíveis na integra. A busca inicial resultou em 49 publicações, sendo seis encontrados em ambas as bases de dados. Considerando os critérios de exclusão, 21 artigos foram excluídos da amostra, pois não foram publicados no período analisado; dois não estavam disponíveis online; doze eram outros tipos de publicações e dois abordavam ensino médio de enfermagem. Para melhor organizar as informações construiuse um instrumento com os dados dos artigos, entre eles, título, autor, revista, ano, país e fonte. Após agrupou-se os artigos por similaridade de conteúdos: Práticas de ensino sobre SM e Perspectivas dos alunos e docentes acerca da abordagem psicossocial nas práticas curriculares.


ção desta atuação através da divulgação de experiências inovadoras e possibilidades assistenciais. O estudo mostrou que muitas escolas de enfermagem inserem nos cronogramas das disciplinas assuntos referentes ao relacionamento e a comunicação terapêutica4. Temas como esse, também são preconizados em Escolas de Graduação em Enfermagem de São Paulo, o qual destaca que algumas dessas, priorizam o ensino do relacionamento terapêutico de forma a estruturar o bloco teórico conforme as necessidades evidenciadas pelos alunos ou oportunidades oferecidas pelos campos de estágios8. Entretanto, no estudo das diretrizes curriculares nacionais referentes ao ensino da EP e SM percebe-se que apesar da reorientação nos Projetos Pedagógicos, observam-se processos conservadores que dificultam o aluno a atingir as competências para atuar em SM, o que os levam a buscar nos cursos de especialização alternativas para solucionar a falta de competência na área. Destaca-se que não basta apontar as fragilidades, é necessário superar desafios, implementar as mudanças e coloca-las em prática2. A interdisciplinaridade na formação do profissional de enfermagem é destacada por um estudo de reflexão teórica, no qual conteúdos de disciplinas interagem e estabelecem conexões e mediações. É preciso considerar as relações entre práticas, saberes e discursos que fundam a própria psiquiatria e refletir sobre as condições que possibilitam a constituição de um saber sobre a “loucura” e das práticas de intervenção sobre esta9.

a necessidade transformação de conteúdo e prática e afirma a concepção de saúde como processo, na perspectiva de produção de qualidade de vida, enfatizando ações integrais e de promoção de saúde. No campo do ensino e pesquisa trata-se de consolidar a aquisição teórica, no ponto de vista crítico com a contribuição dos conceitos da saúde coletiva11. Os resultados do estudo que buscou compreender o processo ensino-aprendizagem na perspectiva do professor e aluno que vivenciaram a disciplina de enfermagem psiquiátrica e SM na universidade de SP demonstram que os professores almejam um aluno inserido na realidade, que considere o paciente com dimensões biopsicossociais. O aluno se vê como aquele que quer conhecer os determinantes do adoecer mental e satisfazer curiosidades sobre como é ser portador de transtorno mental. Nesse sentido que professores e alunos descobriram potencialidades pessoais e profissionais12. Considerando as expectativas dos docentes de enfermagem sobre o ensino em SM, evidenciou-se uma preocupação dos mesmos em mostrar ao aluno que o portador de transtorno psíquico é um ser como os outros e que a doença mental é uma expressão do sofrimento humano. Além disso, os professores demonstram interesse com a humanização do atendimento em SM e relações interpessoais estabelecidas entre alunos e pacientes, diminuindo inseguranças e a rotulagem social do considerado “diferente”13.

Perspectivas dos alunos e docentes acerca da abordagem psicossocial nas práticas curriculares

O processo de ensino aprendizado que contribui para transformação nas práticas de SM, está sendo instituído nos cursos de enfermagem aqui analisados, de forma que cada universidade encontra meios criativos, alternativos ou inovadores de ensino. O aluno sente-se motivado quando a universidade se preocupa e investe na sua formação através de modificações curriculares que se adéquem as necessidades. Com essa análise espera-se contribuir com avanços e desafios expressos nessa trajetória, a fim de propor reflexão e ação na educação e formação do indivíduo.

Conclusões

Referências 1. Barros S, Claro, HG. Processo ensino aprendizagem em saúde mental: o olhar do aluno sobre reabilitação psicossocial e cidadania. Rev Esc Enferm USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2011 nov. 17); 45(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v45n3/ v45n3a22.pdf 2. Fernandes J, Sadigursky D, Silva RMO, Amorim AB, Teixeira GAS, Araújo MCF. Ensino da enfermagem psiquiátrica/

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Na publicação referente à revisão de literatura de 2000 à 2005 identificou-se na perspectiva dos professores e alunos que a reformulação de práticas curriculares deve promover sintonia entre o ensino de enfermagem e as propostas da política de SM. Muitos estágios curriculares são realizados em hospitais psiquiátricos, o que acentua a manutenção do modelo manicomial, mostrado-se contraditório à abordagem teórica das disciplinas. Ressaltou-se a necessidade de educação permanente dos profissionais, tendo em vista promover uma formação interdisciplinar no campo da SM10. Um estudo reflexivo sobre o processo de trabalho em SM reconhece que a nova orientação do modelo assistencial impõe a implantação de uma rede de cuidados. Trata-se de ruptura paradigmática, conceitual e ética que desperta no educando

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Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa


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saúde mental: sua interface com a Reforma Psiquiátrica e diretrizes curriculares nacionais. Rev Esc Enferm USP (periódico na internet). 2009 (citado 2011 nov. 17); 43(4): (cerca de 6 p). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/reeusp/ v43n4/a31v43n4.pdf Brevidelli MM, De Domenico EB. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2a ed. São Paulo (SP): Iátria; 2008. Munari DBM, Oliveira NFO, Saeki T, Souza MCBM. Análise da produção científica dos encontros de pesquisadores em enfermagem psiquiátrica e saúde mental. Rev Latino-am Enferm (periódico na internet). 2008 (citado 2011 nov. 17); 16(3): (cerca de 7 p). Disponível em www.scielo.br/pdf/rlae/ v16n3/pt _ 22.pdf Silveira BV, Soares AN, Reinaldo AMS. Tendências das pesquisas de enfermagem psiquiátrica e saúde mental no período de 1998 a 2008. Cogitare Enferm (periódico na internet). 2010 (citado 2011 nov. 18); 15(3): (cerca 7 p). Disponível em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/cogitare/ article/view/18899/12207 Rodrigues J; Pinho LB; Spricigo JS; Santos MA. Uso da criatividade e da tecnologia no ensino da crise em enfermagem psiquiátrica e saúde mental. SMAD Ver. Eletrônica de saúde mental álcool drog (periódico na internet). 2010 (citado 2011 nov. 17);6(1): (cerca de 4 p). Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/smad/v6n1/11.pdf. Munari DB, Godoy MTH, Esperidião E. Ensino de enfermagem psiquiátrica / saúde mental na faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Esc Anna Nery R Enferm (periódico na internet). 2006 (citado 2011 nov. 17); 10(4): (cerca de 9 p). Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/ean/v10n4/v10n4a10.pdf

8. Kantorski LP, Pinho LB, Saeki T, Souza MCBM. Relacionamento terapêutico e ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental: tendências no Estado de São Paulo. Rev Esc Enferm USP (periódico na internet). 2005 (citado em 2011 nov. 17); 39(3): (cerca de 7p). Disponível em: http://www. scielo.br/pdf/reeusp/v39n3/10.pdf. 9. Tavares CMM. A interdisciplinaridade como requisito para a formação da enfermeira psiquiátrica na perspectiva da atenção psicossocial. Texto Contexto Enferm (periódico na internet). 2002 (citado 2011 nov. 19);14(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://www.scielo.br/pdf/tce/v14n3/v14n3a12.pdf 10. Jorge MSB, Abreu AGC, Lopes CHAF, Morais APP, Guimarães JMX. Saúde Mental e suas dimensões: análise documental das publicações de periódicos de 2000 a 2005, Rev Gaúcha Enferm (periódico na internet). 2008 (citado 201 nov. 17); 29(3): (cerca de 6 p). Disponível em: http://seer.ufrgs.br/ RevistaGauchadeEnfermagem/article/viewFile/6776/4079 11. Silva ALA, Fonseca RMGS. Processo de trabalho em saúde mental e o campo psicossocial. Rev Latino-am Enfermagem (periódico na internet). 2005 (citado 2011 Nov 17); 13(3): (cerca de 8 p). Disponível em: http://www.scielo.br/ pdf/rlae/v13n3/v13n3a20.pdf. 12. Campoy MA, Merighi MAB, Stefanelli MC. O ensino de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica: visão do professor e do aluno na perspectiva da fenomenologia social. Rev Latino-am Enferm (periódico na internet) 2005 (citado 2011 nov 17); 13(2): ( cerca de 7 p). Disponível em: http:// www.scielo.br/pdf/rlae/v13n2/v13n2a06.pdf 13. Kantorski LP, Pinho LB, Saeki T, Souza MCBM. Expectativas de docentes sobre o ensino do cuidado em saúde mental. Rev Eletr Enf (periódico na internet) 2006 (citado 2011 nov. 17); 8(3): (cerca de 6 p). Disponível em: http://www.fen.ufg. br/revista/revista8 _ 3/v8n3a07.htm.

Pr áticas de ensino sobre saúde mental

Ano 2 – Número 13, março/abril 2013 - paginas de 09 a 13

Título

Autor

Revista

Ano

País

Fonte

Processo ensino aprendizaBarros, Sônia; Claro, Heloísa Garcia gem em saúde mental: o olhar do aluno sobre reabilitação psicossocial e cidadania

Revista Escola 2011 de Enfermagem da USP

Brasil

Lilacs

Tendências das pesquisas de enfermagem psiquiátrica e saúde mental no período de 1998 a 2008

Silveira, Belisa Vieira da; Soares, Amanda Nathale

Cogitare Enfermagem

2010

Brasil

Lilacs

Uso da criatividade e da tecnologia no ensino da crise em enfermagem psiquiátrica e saúde mental

Rodrigues, Jeferson; Pinho, Leandro Barbosa de; Spricigo, Jonas Salomão; Santos, Silvia Maria Azevedo dos

Revista eletrônica de saúde mental álcool e drogas

2010

Brasil

Lilacs

Ensino da enfermagem psiquiátrica/saúde mental: sua interface com a Reforma Psiquiátrica e diretrizes curriculares nacionais

Fernandes, Josicelia Dumêt; Sadigur- Revista Escola 2009 sky, Dora; Silva, Rosana Maria de Oli- de Enfermagem veira; Amorim, Aclair Bastos; Teixeira, da USP Giselle Alves da Silva; Araújo, Maria da Conceição Filgueiras de

Brasil

Lilacs/ scielo

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Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão

Tabela 1: Separação dos artigos por similaridade de conteúdo, caracterizando-os com título, autores, revista, ano, país e fonte das publicações científicas encontradas nas bases de dados LILACS e SciELO sobre enfermagem psiquiátrica, ensino e saúde mental no período de 2004 a outubro de 2011.


Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa

Munari, Denize Bouttelet; Oliveira, Nunila Ferreira de; Saeki, Toyoko; Souza, Maria Conceição Bernardo deMello e

Revista Latino americana de Enfermagem

2008

Brasil

Lilacs/ scielo

Ensino de enfermagem psiquiátrica / saúde mental na faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Goiás

Munari, Denize Bouttelet; Godoy, Maria Tereza Hagen; Esperidião, Elizabeth.

Revista Escola 2006 de Enfermagem Anna Nery

Brasil

Lilacs /scielo

Relacionamento terapêu-tico e ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental: tendências no Estado de São Paulo

Kantorski, Luciane Prado; Pinho, Leandro Barbosa de; Saeki, Toyoko; Mello e Souza, Maria Conceição Bernardo de

Revista Escola 2005 de Enfermagem da USP

Brasil

Lilacs/ scielo

A interdisciplinaridade como requisito para a formação da enfermeira psiquiátrica na perspectiva da atenção psicossocial

Tavares, Cláudia Mara de Melo

Texto & Contexto enfermagem

Brasil

Lilacs/ scielo

2005

Revisão Integrativa

Análise da produção científica dos encontros de pesquisadores em enfermagem psiquiátrica e saúde mental

Saúde mental e suas dimensões: análise documental das publicações de periódicos de 2000 a 2005

Jorge, Maria Salete Bessa; Abreu, Ana Gabriela Cardoso de; Lopes, Consuelo Helena Aires de Freitas; Morais, Ana Patrícia Pereira; Guimarães, José Maria Ximenes

Revista Gaúcha 2008 de Enfermagem

Brasil

Lilacs

Expectativas de docentes sobre o ensino do cuidado em saúde mental

Kantorski, Luciane Prado; Pinho, Leandro Barbosa de; Saeki, Toyoko; Souza, Maria Conceição Bernardo de Mello e

Revista Eletrônica de Enfermagem

2006

Brasil

Lilacs

Processo de trabalho em saúde mental e o campo psicossocial

Silva, Ana Luisa Aranha; Fonseca, Rosa Maria Godoy Serpa da

Revista Latino americana de Enfermagem

2005

Brasil

Scielo

Revista Latino americana de Enfermagem

2005

Brasil

Scielo

O ensino de enfermagem em Campoy, Marcos Antonio; Merighi, saúde mental e psiquiátrica: Miriam Aparecida Barbosa; Stevisão do professor e do aluno fanelli, Maguida Costa na perspectiva da fenomenologia social

Recebido 01.07.2012 Aprovado 12.10.2012 * Acadêmica da Faculdade de Enfermagem (FEN)/Universidade Federal de Pelotas (UFPel). elitiele _ ortiz@hotmail.com. ** Professora Assistente da FEN/ UFPel. beatrizfranchini@hotmail.com *** Professora Assistente da FEN/UFPel. denisegamiodias@hotmail.com **** Professora Assistente da FEN/UFPel. fs.tristao@terra.com.br

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Ano 2 – Número 13, março/abril 2013 - paginas de 09 a 13

Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão

Perspectivas dos alunos e docentes acerca da abordagem psicossocial nas pr áticas curriculares.


Incidência de partos pré-termo nas gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga Incidence of premature births in the medical charts at Ana Braga Maternity

* Heidiany Medim da Mota ** Eudiane Parentes Mendes

*** Graciela Marleny Rivera Chávez **** Marcelino da Silva Cavalcante

Resumo – Objetivou-se analisar, em prontuários de gestantes atendidas na maternidade Ana Braga, a incidência de partos pré-termo no primeiro semestre de 2008; verificar fatores sociodemográficos; averiguar se houve acompanhamento pré-natal efetivo; investigar as causas da prematuridade e identificar a classificação do recém-nascido quanto o baixo peso ao nascer e a idade gestacional. É um estudo descritivo, transversal, retrospectivo, exploratório, com abordagem quantitativa. Os sujeitos foram 260 gestantes. Utilizou-se um formulário para coleta. As variáveis foram fatores: sociodemográficos, assistenciais, obstétricos e relacionados ao recém-nascido. Por se tratar de um estudo local, o mesmo servirá para comparação com outros estudos de incidência de partos pré-termo no Brasil, voltando-se, portanto, à prevenção de sua ocorrência, enfatizando assim a validade da atenção preventiva no pré-natal. Palavras-chave: Partos pré-termo; Gestantes; Recém-nascidos.

Abstract – This work analyzed the incidence of premature births in the medical charts at Ana Braga Maternity Ward in 2008. It also verified factors: socio-demographic, which had influence in those occurrences, and the existence of effective prenatal medical care. Stud descriptive, transversal, retrospective, exploratory study, with a quantitative approach in 2008. Subjects were 260 pregnant.The instrument used to collect data was a form. Likewise it investigated the causes of prematurity and identified which classification each newborn child belongs. Since this is a local study, it will serve for comparison with other studies of the incidence of preterm births in Brazil, turning, so to prevent their occurrence, thus emphasizing the value of preventive care in prenatal care. Keywords: Premature labor; Pregnant woman; Newborn child.

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Introdução O parto pré-termo é o que ocorre antes de 37 semanas completas de gestação (259 dias contados a partir do primeiro dia do último período menstrual). Concomitantemente, é recém-nascido de baixo -peso aquele com peso inferior a 2.500 g1. O parto pré-termo é a principal causa de mortalidade perinatal em todo mundo, com incidência de aproximadamente 10% em nosso meio, apresenta etiologia multifatorial. Condições socioeconômicas desfavoráveis, precária assistência pré-natal e presença de infecções geniturinárias são os principais fatores predisponentes para à prematuridade espontânea². O recém-nascido pré-termo pode ser classificado de acordo com a idade gestacional e quanto ao peso ao nascimento³. Quanto à idade gestacional, o recém-nascido pode ser classificado como: prematuro limítrofe – inclui recém-nascido pré-termo (RNPT) com idade gestacional entre 35 a 36 semanas; moderadamente prematuro – inclui os RNPT com idade gestacional entre 31 a 34 semanas; prematuro extremo – compreende todos os RNPT com idade gestacional menor ou igual a 30 semanas. Justifica-se a realização deste estudo, levando em conta que o parto pré-termo é um importante fator no que diz respeito à mortalidade neonatal

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imediata e tardia, possibilitando a análise dos fatores de risco e das consequências que este traz tanto para a gestante quanto para o concepto, tornando a pesquisa uma fonte de dados significativos, contribuindo assim, para que novos questionamentos sejam levantados sobre esse problema de saúde pública. E ainda, por se tratar de um estudo local, o mesmo servirá para comparação com outros estudos de incidência de partos pré-termo no Brasil, voltando-se, portanto, à prevenção de sua ocorrência, enfatizando assim, a validade da atenção preventiva no pré-natal. Os objetivos deste estudo configuram-se em: analisar em prontuários de gestantes atendidas na maternidade Ana Braga a incidência de partos pré-termo no primeiro semestre de 2008; verificar os fatores sociodemográficos que influenciaram nessa ocorrência; averiguar se houve acompanhamento pré-natal efetivo; investigar as causas da prematuridade; e identificar em qual classificação com relação ao baixo peso ao nascer e a idade gestacional se enquadraram os recémnascidos. As categorias para baixo peso ao nascimento são: baixo peso (< 2.500 g); muito baixo peso (< 1.500 g); extremo baixo peso (< 1.000 g)4.

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Incidência de partos pré-termo nas gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga

O estudo caracterizou-se como descritivo, transversal, retrospectivo, exploratório, com abordagem quantitativa. Foi realizado um levantamento de dados, que teve como cenário de estudo a Maternidade Ana Braga, maior maternidade pública do Amazonas. A mesma é referência para gravidez de alto risco e está localizada na Zona Leste de Manaus/ Amazonas/Brasil. A amostra foi composta de 260 prontuários de gestantes diagnosticadas com parto prétermo no primeiro semestre de 2008. As informações das gestantes foram captadas mediante a ficha de admissão das mesmas, juntamente com o Sistema de Prontuários da Maternidade, o SAME (Sistema de Arquivo Médico de Estatística). O instrumento utilizado para coleta de dados foi um formulário. A execução desta proposta atendeu às recomendações para a realização de pesquisas da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS) e da Comissão Nacional de Ética e Pesquisa (CONEP). O projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Amazonas – UEA, localizado na Escola Superior de Ciências da Saúde – ESA, o qual obteve o parecer de aprovação do CEP no dia 16 de outubro de 2009, dando início, assim, à coleta de dados. Por se tratar de um estudo com dados secundários, foi solicitada a dispensa do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE).

RESULTADOS E DISCUSSÃO Dos 4.138 partos realizados na Maternidade Ana Braga, no primeiro semestre de 2008, 3.878 foram registrados como a termo ou pós-termo, e um total de 260 foram registrados como partos pré-termo (PP). Desses últimos registros foram retiradas as informações que se adequavam ao formulário construído especificamente para a identificação dos dados da pesquisa. Alguns estudos mostram índices diferentes, obtidos em hospitais de referência para gestação de alto risco: no Serviço de Obstetrícia do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Universidade Estadual de Campinas, foram encontrados 12% de prematuridade6; numa análise retrospectiva de 90 partos prematuros eletivos ocorridos no período de fevereiro de 1993 a outubro de 1994, na Clínica Obstétrica da Faculdade de Medicina da USP, a incidência encontrada foi de 22%7.

Quanto à faixa etária das gestantes, a pesquisa identificou que 58,1% tinham entre 20 a 34 anos, 33,8% tinham menos de 20 anos e apenas 8,1% tinham 35 ou mais anos. Em um estudo epidemiológico de corte transversal realizado no município de Guarapuava-PR, com uma amostra de 106 prematuros vivos e suas respectivas mães (101), no período de janeiro a junho do ano de 2005, foram relatados os seguintes resultados: 54% das mães estavam na faixa etária entre 20 e 34 anos, considerado período reprodutivo; 12% estavam na faixa etária entre 35 e 45 anos; 30%, na faixa etária entre 15 e 19 anos; e 4% na faixa etária igual ou menor que 15 anos8. Somando-se as duas últimas faixas etárias, ou seja, todos os menores de 19 anos, consideradas adolescentes, constataramse 34% da amostra, não diferindo dos resultados encontrados.

Fatores assistenciais O número de gestantes que realizaram de 4 a 6 consultas de pré-natal chegou a 32,7%, um total de 24,2% dos casos não foram registrados, 18,5% fizeram de 1 a 3 consultas, seguidas de 18,1% que não realizaram nenhuma consulta de pré-natal; por fim, 6,5% realizaram de 7 ou mais consultas. Foi demonstrado8 que 32% das gestantes realizaram 7 ou mais consultas, 51% realizaram de 4 a 6 consultas, 14% realizaram de 1 a 3 consultas e 3% não realizaram nenhuma consulta. Para os autores, esse resultado indica que, apesar da padronização no serviço de saúde quanto à realização do acompanhamento do pré-natal, ainda há baixa adesão a esse protocolo.

Fatores obstétricos Quanto à causa da prematuridade, observou-se que: 74,6% ignorados/não registrados; 8,1% infecção uterina; 7,7% gemelaridade; 6,5% síndrome hemorrágica; 1,9% infecção urinária; 0,8% insuficiência placentária; 0,4% patologia uterina. Em um estudo prospectivo descritivo, realizado na Clínica Obstétrica do Hospital Universitário Unidade Materno-Infantil – HU-UMI9, no período de janeiro de 2001 a fevereiro de 2002, foram observadas 100 mulheres em trabalho de parto pré-termo para verificar a associação com diversas patologias. Dentre as encontradas, destacam-se: a ruptura prematura pré-termo de membranas, sendo a principal causa de prematuridade associada a 39% dos casos, seguida de trabalho de parto pré-termo com 24%

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MATERIAIS E MÉTODOS

Fatores sociodemogr áficos

Artigo de Pesquisa

As consultas de pré-natal direcionadas ao parto pré-termo devem ser frequentes, e aos exames rotineiros acrescentam-se outros. Assim, o primeiro exame ultrassonográfico deve ser realizado o mais precoce possível e repetido a cada 4 a 6 semanas5.


dos casos, óbito fetal de causa desconhecida 15%, hipertensão arterial sistêmica 13%, placenta prévia 6% e descolamento prematuro da placenta 3%.

Fatores relacionados ao recém-nascido pré-termo Quanto ao peso ao nascer, verificou-se que 50% dos recém-nascidos tiveram baixo peso ao nascer (BPN), isto é, menos que 2.500 g; 23,1% de casos que não se enquadraram nessa classificação, ou seja, peso maior que 2.500 g; 10,8% tiveram extremo baixo peso (EBP), ou seja, menos que 1.000 g; outros 10% tiveram muito baixo peso (MBP), isto é, menos que 1.500 g; por fim, 6,1% dos casos não foram registrados. Com relação ao peso do nascimento, foi confirmado8 que 1% dos recém-nascidos tiveram peso ignorado; 1%, peso maior que 3.500 g; 4%, peso entre 3.100 e 3.499 g; 16%, peso entre 2.600 e 3.000 g; 27%, peso entre 2.000 e 2.499 g; 42% entre 1.000 e 1.999 g; e 9% menor que 1.000 g. Isso demonstra que 22% dos nascidos vivos prematuros apresentaram peso normal ao nascimento e 78% apresentaram baixo peso ao nascer, sendo que, desses, 17% apresentaram peso insuficiente ao nascer (PIN), 29% baixo peso ao nascer (BPN) e 54% muito baixo peso ao nascer (MBPN), resultado este que difere do encontrado no presente estudo. Ao utilizar a classificação do recém-nascido no que se refere à idade gestacional, foi visto que 53,5% foram classificados como prematuros limítrofes de 35 a 36 semanas, seguidos de 26,9% como prematuros moderados de 30 a 34 semanas e 19,6% classificados como prematuros extremos com idade gestacional menor que 30 semanas. Afirmou-se, ainda10 que cerca de 75% das mortes neonatais estão relacionadas ao parto pré-termo ou às manifestações no recém-nascido pré-termo. O estudo referente ao número de óbitos11, em todas as classes de tempo de gestação, foi de 4 óbitos, totalizando 12 óbitos. Ao relacionar o número de óbitos com os prematuros nas três classes de tempo de gestação, observou que a classe de 28 a 31 semanas, que corresponde à prematuridade moderada, foi a que apresentou maior número de óbitos, correspondendo a 47,4%.

CONSIDER AÇÕES FINAIS A incidência de partos pré-termo encontrada entre as gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga em 2008 foi significativa (6,3%), dado este que vai de encontro com o que relata a literatura. Vale ressaltar que as causas da prematuridade são

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multifatoriais, ou seja, incluem-se desde os fatores sociais, econômicos E demográficos, até os fatores obstétricos, os quais podem ser detectados precocemente durante as consultas de pré-natal, caso estas sejam iniciadas no primeiro trimestre da gestação e realizadas adequadamente, para depois serem trabalhadas pela equipe multidisciplinar, responsável pela assistência à saúde da mulher. Quanto aos fatores sociodemográficos, observou-se que 58,1% das gestantes tinham entre 20 a 34 anos, resultado positivo quando se trata de uma gravidez de alto risco, ou seja, idade menor que 15 e maior que 35 anos. No que diz respeito aos fatores assistenciais, observou-se que 32,7% realizaram de 4 a 6 consultas, o que está abaixo do número considerado ideal para uma gravidez saudável, com mínimo de intercorrências possíveis, possibilitando, assim, menos riscos para a vida da gestante e de seu concepto. Observou-se que 74,6% dos casos foram ignorados ou não registrados no que diz respeito à causa da prematuridade, a qual, dentre todas as variáveis pesquisadas, foi a mais prejudicada. No entanto, sabe-se que o PP tem várias etiologias; dentre as encontradas, destacou-se com significância, a infecção intrauterina com 8,1%, seguida da prenhez gemelar com 7,7%, o que não difere da literatura; 48,5% das gestantes tiveram partos normais, enquanto 42,3% deram à luz com indicação de cesariana, índice este que está acima do preconizado pela OMS, isto é, taxas de no máximo 15%. Acredita-se que esse resultado tenha sido influenciado por se tratar de uma maternidade de referência para gravidez de alto risco. Quanto aos fatores relacionados ao recémnascido pré-termo, quando classificados quanto ao baixo peso ao nascer, percebeu-se que 50% tiveram BPN (< 2.500 g); quanto à classificação segundo a idade gestacional, verificou-se que 53,5% foram classificados como prematuros limítrofes (35 a 36 semanas). Diante do exposto, pode-se afirmar que o estudo da incidência de PP teve significância, partindo do princípio que os fatores predisponentes analisados tiveram relevância quando comparados à literatura. Sendo assim, cabe ao enfermeiro, saber lidar com essa situação no âmbito do pré-natal, agindo precocemente, ou seja, na prevenção e promoção da saúde da gestante e seu concepto, bem como no âmbito hospitalar, no caso da situação já instalada, assegurando o respeito e a assistência necessária a ambos, garantindo-lhes assim o cumprimento do direito à saúde que lhes é devido e estabelecido em lei.

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Artigo de Pesquisa

Incidência de partos pré-termo nas gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga


Incidência de partos pré-termo nas gestantes atendidas na Maternidade Ana Braga

Recebido 29.07.2011 Aprovado 18.03.2013 * Acadêmica de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas – Formanda 2010-1. ** Acadêmica de Enfermagem da Universidade do Estado do Amazonas – Formanda 2010-1. *** Enfermeira especialista, professora da Universidade do Estado do Amazonas – Orientadora. **** Enfermeiro especialista, professor da Universidade do Estado do Amazonas – Co-orientador.

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1. Febrasgo. Tratado de obstetrícia da Febrasgo. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. 2. Bertini AM et al. Prematuridade. In: Tratado de obstetrícia Febrasgo. Rio de Janeiro: Revinter; 2001. 3. Marcondes E et al, org. Pediatria básica. 9ª ed. São Paulo: Sarvier; 2002. 4. Montenegro CAB, Rezende Filho J. Obstetrícia fundamental. 11ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008. 5. Brasil. Ministério da Saúde. Gestação de alto risco. Secretaria de Políticas, Área Técnica da Saúde da Mulher. Brasília; 2006. p. 48. 6. Simões JA, Giraldo PC, Cecatti JG. Complicações perinatais em gestantes com e sem vaginose bacteriana. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 1998; 20(8):437-41.

7. Perroni AG, Bittar RE. Fonseca, ESB. Prematuridade eletiva: aspectos obstétricos e perinatais. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia 1999; 10:67-71. 8. Ramos HADC, Cuman RKN. Fatores de risco para prematuridade: pesquisa documental. Revista de Enfermagem 2009 abr-jun; 13(2):297-304. 9. Martins MDG et al. Patologias associadas a prematuridade. [acesso em 2009 set 27]. Disponível em: http://www. huufama.br/.../patologia _ associadas _ prematuridade. pdf 10. Kenner C. Enfermagem neonatal. Rio de Janeiro: Reichmann & Affonso; 2001. 11. Castro GG de. Caracterização das crianças prematuras nascidas na cidade de Patrocínio/MG, no ano de 2004: uma contribuição da fisioterapia para o programa saúde da criança. Dissertação (Mestrado em Saúde). Universidade de Franca, Franca/SP; 2005.

Artigo de Pesquisa

REFERÊNCIAS


Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26 Puerperal women’s perception of prenatal consultation at UBS União/Canoas-RS – Area 26 * Mariana Ferreira Arrieche Lopez

** Beatriz Sebben Ojeda

* Marciele Cristina Guimarães Tozi

** Cibeli de Souza Prates

Resumo – A adesão da gestante ao pré-natal é fundamental e está relacionada ao vínculo com os profissionais e o serviço de saúde. O objetivo deste estudo, caracterizado como qualitativo do tipo descritivo-exploratório, foi identificar a percepção das puérperas sobre o atendimento recebido no pré-natal, bem como suas críticas e sugestões para melhoria da qualidade da assistência. A população foi constituída por 10 puérperas que realizaram pré-natal na UBS União/Canoas-RS, na Área 26. Os dados foram coletados em setembro de 2012, por meio de entrevista semiestruturada e, posteriormente, analisados com a técnica de análise temática proposta por Minayo. Os resultados demonstraram que grande parte das mulheres encontrava-se satisfeita em relação ao pré-natal realizado. Dentre os pontos negativos, estava a dificuldade na interação médico-paciente. Conclui-se que algumas práticas de saúde precisam ser revistas pelos profissionais, tendo como foco a garantia da completa adesão das gestantes ao pré-natal. Palavras-chave: Percepção; Pré-natal; Mulheres; Consulta.

Abstract – Adherence of pregnant women to prenatal care is fundamental and is related to the bond they establish with health professionals and services. This qualitative study, which is characterized as descriptive-exploratory, aimed at identifying puerperal women’s perception of assistance provided by a prenatal care service, as well as their criticisms and suggestions to improve the assistance quality. The population consisted of 10 puerperal women that attended UBS União/Canoas-RS, area 26, for prenatal care. Data were collected in September 2012 by means of a semi-structured interview and were later analyzed using the thematic analysis technique as proposed by Minayo. The results showed that most women were satisfied with the prenatal care they received. Among the negative aspects, it was the difficulty found in the interaction between physician and patient. It was concluded that some health practices should be reviewed by the professionals, by focusing on the guarantee of total adherence of pregnant women to prenatal care. Keywords: Perception; Prenatal care; Women; Consultation.

Ano 2 – Número 12, março/abril 2013 - paginas de 18 a 23

Introdução A adesão da gestante ao pré-natal é fundamental e está relacionada ao vínculo com os profissionais e o serviço de saúde1. Em 1983, o MS criou o Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher (PAISM), priorizando a assistência à mulher no ciclo gravídico-puerperal2. Além deste, em 2000 foi criado o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento (PHPN), levando em conta a necessidade de mudança para maior humanização e preservação dos direitos da mulher grávida, garantidos através do acesso facilitado ao serviço de saúde, cobertura e qualidade do acompanhamento durante o pré-natal, parto e puerpério ao binômio mãe-bebê. No mesmo ano, o DATASUS lançou o Sistema de Informação Sobre Prénatal (SISPRENATAL) com a finalidade de monitorar as gestantes inseridas no PHPN1. Nesse contexto, pode-se observar que os serviços de saúde estão passando por uma melhoria na qualidade da assistência de pré-natal, podendo aumentar a satisfação da usuária. Partindo desse pressuposto, os profissionais de saúde devem atentar para a humanização da assistência prestada às suas pacientes, possibilitando maior adesão ao prénatal e melhor resultado obstétrico e perinatal3.

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Um maior vínculo com a gestante ocorre através da qualidade da comunicação, em que a escuta ativa proporciona a efetividade da relação usuária-serviço de saúde e, ao mesmo tempo, possibilita ao profissional de saúde a compreensão do modo de vida de cada ser humano dentro do seu contexto cultural. O tempo disponibilizado nas consultas para ouvir, observar, planejar e implementar ações de saúde eficazes não só contribui para o aumento da satisfação das gestantes, como desperta nelas sentimentos de confiança e acolhimento3-4. As consultas de pré-natal de baixo risco são realizadas pelo médico e/ou enfermeiro na Unidade Básica de Saúde (UBS), e ambos têm o dever de fazer deste um momento de diálogo em que a escuta aberta e sem preconceitos dê a mulher segurança e liberdade1. Dessa forma, faz-se necessário o conhecimento da opinião das puérperas a respeito do atendimento que receberam durante o pré-natal, bem como de suas críticas e sugestões, possibilitando aos profissionais o conhecimento das fragilidades e potencialidades da assistência e do serviço para que, aos poucos, seja dada ênfase às necessidades da usuária. A percepção dessas mulheres possibilitará o aprimoramento dos métodos de trabalho no âmbito da atenção primária em saúde.

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Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26

O presente estudo segue uma abordagem qualitativa do tipo descritivo-exploratória. A população foi composta por 10 puérperas maiores de 18 anos que realizaram consultas de pré-natal com a equipe 26 da ULBRA na UBS União Canoas-RS no período de março a agosto de 2012. A coleta das informações foi realizada através de uma entrevista semiestruturada contendo 10 perguntas abertas. As entrevistas foram feitas no domicílio das usuárias em setembro de 2012, após as participantes terem lido e assinado o consentimento pré-informado. Os critérios de inclusão para a constituição da população da pesquisa foram os seguintes: puérperas com mais de 18 anos que realizaram no mínimo uma consulta de prénatal com a equipe 26 da ULBRA na UBS União, do bairro Mathias Velho, do município de Canoas, no período de março a agosto de 2012, e que aceitaram participar desta pesquisa. O estudo foi iniciado após a aprovação do projeto pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA, com o Protocolo 86932. Seguindo os aspectos éticos, foi formulado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, atendendo ao disposto na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde(5). Para que o anonimato fosse mantido, a cada participante da pesquisa foi designado um cognome característico de sentimentos diversos, são eles: Amizade, Alegria, Amor, Respeito, Confiança, Carinho, Paz, Ternura, Felicidade e Segurança. A análise das informações foi realizada através da técnica de análise de conteúdo temática proposta por Minayo6. Tal técnica divide-se em três etapas: pré-análise (leitura flutuante, constituição do corpus, formulação de hipótese e objetivos); exploração do material; tratamento dos resultados obtidos e interpretação6. As informações obtidas foram agrupadas em categorias para posteriormente serem interpretadas.

RESULTADOS E DISCUSSÃO Seguindo a metodologia escolhida para a análise das informações e para facilitar sua compreensão, após a leitura detalhada das entrevistas, foram elaboradas três categorias: 1) A percepção sobre o pré-natal realizado; 2) Consulta de enfermagem e consulta médica; 3) Sugestões sobre a consulta de pré-natal.

A maioria das puérperas relatou ter ficado satisfeita com o atendimento recebido pelos profissionais da UBS União durante as consultas de pré-natal. Elas citaram, ao longo das entrevistas, alguns fatores que foram primordiais para o alcance de tal satisfação. A adesão ao pré-natal é importantíssima e está intimamente ligada ao vínculo que a gestante cria com os profissionais e o serviço de saúde. Esse vínculo é estabelecido através do acolhimento prestado pela equipe em todas as consultas de pré-natal1. Nas falas abaixo fica claro que o acolhimento foi fator fundamental para a satisfação das mulheres em relação ao atendimento recebido durante as consultas de pré-natal: [...] quando entrava nas consultas, me sentia tão à vontade que nem queria ir embora [...] tenho a impressão de que até tomava tempo demais deles, mas a conversa era tão boa [...] todos eram muito atenciosos [...] (Amizade). [...] fui muito bem atendida, eles estavam sempre de bom humor [...] eu me sentia bem durante as consultas [...] era como se fossem amigos [...] (Alegria).

A recomendação do número de consultas de pré-natal do MS foi conquistada pelos profissionais de saúde dessa UBS, fazendo uso da influência que obtiveram junto das gestantes por conta do vínculo formado. É o que vemos nos relatos a seguir: [...] todos me acolheram muito bem. Não posso reclamar, foi por isso que fui a oito consultas. Sempre que saía de uma, pretendia voltar na outra [...] (Confiança). [...] eu ia embora depois da consulta sempre com a ideia de voltar na próxima [...] considero todos como amigos lá [...] são pessoas ótimas [...] sinto até saudades de lembrar [...] (Amizade).

Outro aspecto que se mostrou relevante para as puérperas foi a preocupação que os profissionais demonstraram com a saúde delas e do feto durante as consultas de pré-natal. [...] eles se preocupavam comigo [...] às vezes, eles me encontravam na rua e vinham perguntar como eu e o bebê estávamos [...] (Carinho).

Dentro das expectativas do usuário em relação ao encontro com o profissional de saúde, destacam-se a busca pela resolutividade dos problemas, juntamente com a qualidade do atendimento prestado. À medida que os profissionais demonstram responsabilidade para com o estado de saúde dos usuários, estes passam a ter sentimentos de confiança em seu trabalho3.

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METODOLOGIA

A percepção sobre o pré-natal realizado

Artigo de Reflexão

Diante do exposto acima, este estudo teve como objetivo geral identificar a percepção das puérperas sobre o atendimento recebido no pré-natal, bem como suas críticas e sugestões para melhoria da qualidade da assistência.


Artigo de Reflexão

Perfil epidemiológico pacientes hipertensos cadastrados no na Hiperdia em uma Estratégia de 26 Saúde da Percepção dasdos puérperas sobre a consulta de pré-natal UBS União/Canoas-RS – Área Família (ESF) de um município do Vale do Rio Jacuí/RS

[...] eles me examinavam tanto e faziam um monte de perguntas, que eu saía da consulta com certeza de que eu e o bebê estávamos super bem [...] (Alegria). [...] lá no posto, eles ficavam preocupados se eu não ia à consulta [...], quando chegava lá, eles me examinavam toda para saber se estava tudo bem comigo e se o bebê estava normal [...] (Paz).

Conforme destacado nas falas acima, o exame físico realizado pelos profissionais de saúde deve ser completo, englobando vários sistemas corporais, seguido pelo exame ginecológico e obstétrico1. É através do exame físico que se obterão os parâmetros para avaliar possíveis alterações subsequentes7. [...] sempre tive problemas nas minhas gestações devido à pressão alta [...], mas como nessa última fiz todo o pré-natal, foi possível controlar [a pressão], nem eu nem o bebê sofremos riscos [...] (Amor).

[...] adorei o grupo de gestantes [...] eu dizia o que não sabia, e eles me explicavam [...] eu podia conversar com outra gestante, que tinha mais experiência, e ela ia me contando coisas que eu não sabia [...] (Carinho).

O MS ressalta que as consultas de pré-natal poderão ser realizadas tanto na unidade de saúde quanto durante visitas domiciliares1. Na fala abaixo, observa-se que a enfermeira, analisando a situação da usuária e levando em conta a importância da assistência ao pré-natal, se deslocou até o domicílio da gestante para a realização da consulta. [...] eu não podia ir ao posto fazer as consultas porque não tinha com quem deixar meus outros filhos. Daí, a enfermeira veio fazer a consulta aqui em casa [...] (Paz)

. Durante as visitas domiciliares, o profissional de saúde trabalha com uma tecnologia leve, produzida através do trabalho vivo, que se entende como encontros em que acontecem os momentos das falas, escutas e interpretações. Poderão desenvolver-

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[...] quando a enfermeira chegou aqui em casa junto com a agente de saúde, eu me senti importante de verdade [...] foi aí que eu percebi que o pré-natal é coisa séria, porque, se não fosse ela, não teria vindo até aqui [...] ela me orientou sobre a gestação, e eu perguntei até sobre problemas das outras crianças [...] (Paz).

Ainda com relação às visitas domiciliares, também encontramos relatos em que o Agente Comunitário de Saúde (ACS) atua auxiliando na adesão das mulheres a uma quantidade maior de consultas de pré-natal. [...] a agente de saúde sempre passava lá em casa [...] às vezes, eu tinha esquecido a consulta, e ela me lembrava e insistia para que eu fosse. Foi só por esse motivo que eu fiz 10 consultas [...] (Carinho).

O ACS deve servir de elo entre as ações de saúde desenvolvidas pelos profissionais da unidade básica e a comunidade11. Dentre as atribuições dos ACS, segundo a Portaria nº 1.88612, estão: o acompanhamento, monitoramento, prevenção de doenças e promoção da saúde a grupos detalhados, como, por exemplo, gestantes, puérperas, hipertensos e outros; e a prática de ações educativas. Tais ações foram evidenciadas na fala abaixo: [...] outra coisa que me ajudou muito foram as visitas da agente de saúde. Ela me lembrava os dias das consultas, marcava uns exames para mim. Sempre quando ela passava aqui pela rua, parava para perguntar como eu estava [...] (Confiança).

Em contrapartida, algumas entrevistadas apresentaram insatisfação em relação ao atendimento recebido durante as consultas de pré-natal. Elas citam, nas falas abaixo, fatores como a falta de atenção e conhecimento por parte dos profissionais de saúde como determinantes para a formação de tal opinião. [...] fui mal atendida [...] parece que ninguém tinha interesse de verdade na saúde da gente [...] só faziam por fazer [...], mas eu até acho que eles devem ter muita gente para atender, por isso não dão muita atenção [...] (Ternura). [...] eles ficavam perdidos durantes as consultas [...] não sabiam nem por onde começar [...] eu perguntava algumas coisas, e eles não sabiam responder [...] (Felicidade).

Os profissionais de saúde devem sempre dispensar uma atenção especial às gestantes, objetivando

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Ano 2 – Número 12, março/abril 2013 - paginas de 18 a 23

Algumas das entrevistadas demonstraram, ainda, a satisfação com relação ao grupo de gestantes realizado pela professora enfermeira juntamente com os acadêmicos de enfermagem. Nesses grupos, há oportunidade para que os participantes expressem seus problemas e reflitam sobre eles através da troca de experiências comuns, pois, quando um dos componentes expõe algo, está possibilitando que outros se identifiquem com a mesma situação. Há a manifestação de dúvidas e dificuldades de cada um e de todos, e esse se torna o principal potencial terapêutico do grupo de gestantes8-9.

se, também, a confiabilidade e a esperança, com produção de relações de vínculo e aceitação(10).


Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26

mor [...] iam conversando e me explicando tudo, daí, eu não tinha medo de perguntar, e elas sempre me davam uma resposta [...] (Respeito). [...] o médico não falava quase nada, fazia só umas perguntas. Quando eu perguntava, ele respondia bem rápido [...] eu não gostava [...], mas é porque ele deve ter pouco tempo [...] (Paz).

[...] as enfermeiras e aqueles médicos lá do posto não são obstetras [...] não sabem tratar da gente [...] acabei desistindo de fazer o pré-natal ali por isso [...] (Segurança). [...] eles não tinham interesse em tratar da gente [...] faziam algumas perguntas e mandavam embora. Acho que é porque eles não sabiam o que fazer [...] tinha que ter um obstetra no posto [...] (Felicidade).

O tempo de duração da consulta está intimamente relacionado com o grau de satisfação da usuária com a assistência prestada pelos profissionais de saúde. Fica claro que, quanto maior a duração da consulta, menor será a insatisfação(3).

Consulta de enfermagem e consulta médica Nesta categoria, traçaremos um panorama das percepções das puérperas a respeito das consultas de enfermagem e da consulta médica de pré-natal. As consultas de enfermagem foram consideradas pela maioria das mulheres como um momento de diálogo aberto e esclarecimento de dúvidas, diferentemente das consultas médicas, em que elas encontraram dificuldades na interação médico-usuária, prejudicando a qualidade da assistência. Nas falas abaixo, encontramos tais evidências:

O bom atendimento tem por base a qualidade da comunicação e a escuta ativa. Deve estar permeado de informações e enfatizar o esclarecimento de todas as dúvidas apresentadas pelas mulheres. O desenvolvimento de sentimentos de confiança acarretará a formação de vínculo entre a usuária e o serviço de saúde(1,3). Um aspecto importante para que a otimização na prestação da assistência seja alcançada é o bom acolhimento prestado à mulher desde sua chegada à unidade de saúde, abrindo espaço para que ela expresse suas angústias e preocupações, ouvindo suas queixas e atendendo de forma resolutiva às suas necessidades(1,8). O acolhimento está presente em todas as relações de cuidado, inclusive ao receber e escutar as pessoas(13).

[...] com as enfermeiras, eu gostei mais [...] elas demoravam mais conversando e examinando a gente [...] (Confiança). [...] nas consultas com os médicos, eu ficava esperando que eles conversassem comigo, me explicassem as coisas, mas eles não faziam nada disso [...] eram só umas perguntinhas, e, quando eu via, a consulta já tinha acabado [...] (Ternura). Através dos relatos podemos observar que, para algumas mulheres, a consulta médica foi percebida apenas como um momento para mostrar exames realizados e receber a prescrição de medicamentos, com escassez de diálogo e de exame físico, deixando uma lacuna no que se refere à integralidade da assistência preconizada pelo PHPN. Nas falas abaixo, encontramos tais evidências: [...] o médico via uns exames que eu tinha feito e, se precisava, ele me dava uns remedinhos, mas era só isso a consulta [...] (Amor). [...] os médicos conversavam bem pouco, e alguns nem examinavam. Mas eu sei que a consulta médica é mais para a gente receber as receitas, se tivesse exames, eles olhavam [...] (Alegria). Muitas puérperas entrevistadas deixaram claro o desejo que tinham em relação a realizar as consultas de pré-natal apenas com as enfermeiras e apontaram as consultas médicas como não sendo estritamente necessárias para o bom andamento do pré-natal. Nas falas abaixo, observamos tais opiniões: [...] a consulta com o médico era mais porque tinha que fazer [...] se pudesse, eu teria feito as consultas só com as enfermeiras [...] (Carinho). [...] uma vez, fui ao posto para uma consulta com o médico e pedi se não poderia ser com as enfermeiras [...] não deixaram porque já estava marcado [...] fiquei bem chateada [...] (Paz).

[...] as enfermeiras já me recebiam de bom hu-

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[...] nas consultas com as enfermeiras, tinha mais conversa, eu perguntava sobre tudo. Elas se tornaram minhas amigas [...] me examinavam bem e sempre conversando comigo [...] eu não queria mais sair de lá [...] (Amizade). [...] a consulta com o médico, eu achei mais fria [...] ele não dava muita conversa para a gente, só fazia umas perguntas rápidas [...] eu me sentia encabulada e acabava não falando quase nada [...] só ia nessas porque tinha que ir, mas era bem ruim [...] (Alegria).

Artigo de Reflexão

manter e recuperar seu bem-estar e evitar problemas futuros11. Outro ponto a destacar é que algumas mulheres, seja por falta de informação, seja por questão cultural, ainda mantêm a ideia de que as consultas de pré-natal só devem ser realizadas por profissionais médicos que tenham especialização em obstetrícia.


Artigo de Reflexão

Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26

Conforme o estabelecido pelo Decreto 94.406/8714, o pré-natal de baixo risco pode ser inteiramente acompanhado pelo(a) enfermeiro(a). Caso ocorram determinantes para uma gestação de alto risco, a gestante será encaminhada a um atendimento especializado através do sistema de referência e contrarreferência do município8. Além disso, a Lei 7.498/86(15), que dispõe sobre a regulamentação do exercício da enfermagem, refere que são de competência do(a) enfermeiro(a) a realização de consultas de enfermagem e a prescrição da assistência de enfermagem. Cabe-lhe, ainda, a prescrição de medicamentos estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada pela instituição de saúde, bem como a prestação de assistência de enfermagem à gestante, parturiente e puérpera e a realização de atividades referentes à educação em saúde. [...] para mim, o médico e a enfermeira faziam a mesma coisa [...] não sei por que tem que ter essas consultas com os médicos, nem precisava [...] (Confiança). [...] eu não sei por que as enfermeiras não podem fazer o pré-natal todo [...] (Amor).

Aqui descrevemos as principais sugestões que as puérperas identificaram para a melhoria no atendimento ao pré-natal. Essas sugestões deverão ser vistas pelos profissionais de saúde como uma possibilidade de rever alguns aspectos, na busca de melhorias na qualidade do cuidado prestado, com base nas necessidades das usuárias. Grande parte das mulheres destacou a necessidade de realizar consultas de pré-natal com maior duração. Tal sugestão foi enfatizada por elas, principalmente, em relação à consulta médica. [...] acho que uma boa sugestão é eles aumentarem o tempo que a gente fica na consulta, porque, daí, dá tempo de perguntar e de eles examinarem bem a gente [...], mas isso é mais para os médicos [...] (Carinho). [...] os médicos poderiam demorar mais examinando a gente e conversando. As consultas deles são muito rápidas [...] (Ternura).

Como já mencionado, o tempo de duração da consulta interfere na satisfação do usuário. Em um estudo realizado incluindo esse tema, observou-se que 31,8% dos entrevistados demonstraram satisfação com consultas que ultrapassam os 20 minutos16. O exame físico também aparece como fundamental para as mulheres, pois contribui para que elas se sintam seguras em relação à sua saúde e à do filho. Muitas alegam que não foram examinadas

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[...] se eles me examinassem melhor nas consultas, eu teria ficado mais tranquila [...] (Respeito). [...] teve consultas em que nem me examinaram, daí, eu ficava com medo de ter alguma coisa errada comigo ou com o bebê e eles não se darem conta [...] (Segurança).

Alguns relatos apontaram a demora em relação aos exames laboratoriais e a importância que esses exames têm para a garantia do bom andamento da gestação. [...] achei muito ruim para fazer os exames que eles pedem [...] alguns, a gente marca e demoram a serem feitos; outros, o resultado vem tanto tempo depois, que já nem precisa mais [...] e, sem esses exames, como o médico vai saber se está tudo normal? (Amor).

Os exames laboratoriais são de grande importância, pois proporcionam mais autonomia ao profissional de saúde quanto à identificação de potenciais riscos à gestante11. Para finalizar as sugestões, algumas puérperas citaram como importante receber a visita do profissional de saúde ao menos uma vez durante a gestação, com o objetivo de inteirar-se das condições de vida da usuária e, a partir daí, planejar métodos assistenciais mais adequados. [...] eu queria ter recebido pelo menos uma visita da enfermeira ou do médico. Daí, eles iriam ver que não é tão fácil, para mim, ir às consultas e fazer tudo o que eles mandam certinho [...] (Amor). [...] se algum deles viesse aqui em casa, iria ver que as coisas não são como eles pensam [...] (Respeito).

A prática da visita domiciliar é essencial para a compreensão dos condicionantes que afetam a vida do cidadão10. O profissional de saúde, tendo contato com o domicílio do usuário, poderá desenvolver ações e interações com toda a família, não considerando somente os problemas do paciente, mas também os fatores sociais, os recursos disponíveis no local, as condições de higiene e de segurança e o grau de esclarecimento da família17.

CONSIDER AÇÕES FINAIS Através da análise das entrevistas foi possível observar que a maioria das mulheres se mostrou satisfeita com o atendimento prestado pelos profissionais de saúde. Fatores como a formação de vínculo e o acolhimento recebido por elas, unidos à preocupação demonstrada pelos profissionais em manter a

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Sugestões sobre a consulta de pré-natal

de forma completa em todas as consultas e sugerem que os exames sejam mais detalhados.


Percepção das puérperas sobre a consulta de pré-natal na UBS União/Canoas-RS – Área 26

1. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humanizada – Manual Técnico. Brasília: Ministério da Saúde; 2005. 2. Ministério da Saúde. Programa de Assistência Integral à Saúde da Mulher. Bases de ação programática. Brasília: Ministério da Saúde; 1984.

Recebido 22.04.2013 Aprovado 05.05.2013 * Acadêmica do oitavo semestre do Curso da Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Campus Canoas. E-mail: marcieletozi@hotmail.com. ** Enfermeira. Mestre do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, campus Canoas. Orientadora. E-mail: cibeliprates@yahoo.com.br.

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Artigo de Reflexão

saúde do binômio mãe-bebê, foram mencionados como fundamentais para a efetiva adesão ao prénatal. O grupo de gestantes teve destaque entre as falas, sendo apontado como um momento de grande aprendizagem e trocas entre as participantes. A visita domiciliar mostrou-se importante para a continuidade do pré-natal e proporcionou, através da valorização do ser humano, a conquista da confiança da usuária. Quanto à atuação do ACS, percebe-se seu papel como facilitador de acesso e na adesão das puérperas ao pré-natal mais completo possível. Ficou clara a preferência das mulheres pelas consultas de pré-natal realizadas com as enfermeiras da UBS. Dentre os motivos para tal, estão o diálogo aberto, a escuta ativa e o maior tempo dedicado às consultas. As consultas médicas foram percebidas pelas usuárias como muito rápidas e com o objetivo de mostrar exames e receber prescrições de medicamentos. Para concluir, solicitamos às puérperas sugestões para possível melhoria do atendimento. Dentre as principais, destacaram-se: consultas com tempo maior; necessidade de exame físico mais detalhado; mais agilidade em relação à marcação e realização dos exames laboratoriais; necessidade de receber visita domiciliar do profissional de saúde. Com base no exposto acima, deixamos o presente artigo como forma de reflexão e possível avaliação das práticas de saúde que vêm sendo desenvolvidas pelos profissionais em relação às consultas de pré-natal. Desejamos que este estudo contribua para a melhoria da qualidade da assistência em pré-natal, atendendo às necessidades das usuárias.


Transplante hepático: aceitação e vivências Liver transplantation: acceptance and experiences * Luciana Rosa ** Monalize de Cássia de Luca *** Luciane Bisognin Ceretta

**** Maria Teresa Brasil Zanine ***** Mariana de Freitas Comin ****** Karina Cardoso Gulbis Zimmermann

Resumo – O transplante hepático é um procedimento terapêutico complexo cada vez mais eficaz, sendo comprovada a melhoria da qualidade de vida e a reintegração do cidadão na sociedade. Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa do tipo descritivo que teve como objetivo geral reconhecer a adesão ao tratamento do transplantado hepático. Os dados foram coletados na farmácia-escola de uma universidade do Sul de Santa Catarina com seis pacientes transplantados hepáticos cadastrados no sistema. O estudo evidencia o transplantado como um sujeito comprometido com a sua produção de saúde na vida pós-transplante hepático. Observou-se que os participantes possuem conhecimento e vontade de aprender e reinventar diariamente seu autocuidado relacionado ao tratamento. Palavras-chave: Enfermagem; Terapia; Qualidade de vida; Educação em saúde.

Abstract – Liver transplantation is a complex therapeutic procedure increasingly being proven effective at improving the quality of life of citizens and reintegration into society. This is a study with a qualitative descriptive that aimed to recognize the adherence of the transplanted liver. Data were collected in pharmacy school at a University of Southern Santa Catarina with six liver transplant patients registered in the system. The study shows the transplanted as a guy committed to the production of health in life after liver transplantation. It was observed that the participants have knowledge and willingness to learn and reinvent your daily self-care related to your treatment. Keywords: Nursing; Therapy; Quality of life; Health education.

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Introdução O transplante hepático (TH) é o tratamento indicado quando o portador da doença hepática possui uma vida limitada sem muitas chances de sobrevivência. O sucesso desse procedimento, todavia, depende de inúmeros fatores, como medicação correta, cuidado nutricional, acompanhamento especializado, preparação e dedicação dos profissionais de saúde como de seus familiares1-2. Após o transplante, a sistematização da assistência de enfermagem deve ter como objetivo garantir uma recuperação segura, prevenindo e detectando precocemente as complicações que podem surgir na vivência e adesão ao tratamento3-4. Adesão ao tratamento implica ações adquiridas com a apropriação do conhecimento através da educação em saúde com a participação do paciente e equipe multiprofissional como sujeitos ativos no processo3. O fígado desempenha funções vitais à saúde do organismo, e sua compreensão é fundamental para análise dos processos patológicos que acometem o órgão. Ele tem como principal função digestiva a secreção da bile, e é essencial na regulação do metabolismo dos carboidratos, das proteínas e dos lipídios, no armazenamento de substâncias e na degradação e excreção de hormônios5-6. Diversos fatores, incluindo infecções crônicas, alterações genéticas e metabólicas, podem deter-

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minar um estado de inflamação crônica do fígado, o que resulta na produção de tecido conectivo no parênquima hepático; em consequência, a fibrose progride de maneira variável de acordo com a doença e com os fatores individuais e ambientais7. A maioria dos pacientes com doença hepática em fase terminal apresenta cirrose, principal razão para o TH na população adulta1. O TH é um procedimento terapêutico complexo cada vez mais eficaz nos dias de hoje, sendo comprovada a melhoria da qualidade de vida, bem como a de sua família através da reintegração do indivíduo à sociedade8-9. Com o progresso da técnica cirúrgica, houve uma significativa melhora na sobrevida dos pacientes transplantados nas ultimas décadas, e com isso um aumento progressivo do número de transplantes hepáticos realizados em vários países10. Enfatiza-se a importância da educação em saúde para que o processo de adesão ao tratamento do TH possa se tornar uma experiência positiva para o paciente, a família e a equipe multidisciplinar8. Descortina-se para a enfermagem um vasto campo a ser trabalhado referente à adesão ao TH. Estes pacientes necessitam de orientação constante da equipe multidisciplinar à medida que dúvidas possam surgir e o enfermeiro é peça fundamental neste trabalho, pois seu planejamento é baseado na sistematização da assistência de enfermagem9. Cabe ao enfermeiro repassar as orientações quanto

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à importância e à necessidade de aderir ao tratamento pós-TH para o paciente e sua família, pois ensinar o paciente é uma ferramenta para garantir independência e detecção precoce de algumas complicações11-12. O TH surge na vida do paciente como uma possibilidade para melhorar sua qualidade de vida e esperança de cura, proporcionando-lhe um renascer para outra vida13, uma vez que a doença avançada compromete o paciente de forma física e emocional. A partir desse pressuposto, o estudo teve como objetivo reconhecer a adesão ao tratamento do TH, pois enfatiza-se a importância de perceber criticamente esta adesão e sua relevância no cotidiano dos transplantados, relatando suas atitudes para melhorar sua qualidade de vida, bem como evidencia as habilidades e competências da enfermagem na sistematização da assistência.

Método

Resultados e discussão Durante a realização das entrevistas, observou-se que os participantes possuem uma grande preocupação em manter pelo maior tempo possível a sobrevida de seu enxerto, o que pode ser observado pelas seguintes falas: Sigo religiosamente o esquema da medicação e sei que a falta dela pode causar sérios problemas [...] Não posso ficar um dia em falta. (T2)

Observa-se que é de grande valor o conhecimento do paciente através da educação em saúde acerca de sua terapia para manter uma qualidade de vida significativa. Neste ínterim, o papel da enfermagem torna-se primordial na educação destes indivíduos bem como de sua família inserida neste contexto de produção de saúde. A partir da implantação do SUS, o trabalho educativo necessitou ser reestruturado de forma a contribuir para a melhoria da qualidade de vida da população. A educação em saúde deve estimular a adoção voluntária de mudanças de comportamento, sem nenhuma forma de coação ou manipulação. As informações sobre saúde e doença devem ser discutidas com os indivíduos e grupos populacionais para, a partir dessa reflexão, ser possível a opção por uma vida mais saudável16. A consulta médica periódica no pós-transplante também faz parte da adesão ao tratamento, pois é nestes encontros que se realiza a avaliação geral e dosagem sanguínea de diversos marcadores importantes para o controle do enxerto e possíveis sinais de rejeição, fatores que podem influenciar a qualidade de vida do transplantado hepático17. Os participantes do estudo, de modo bastante significativo, responderam que valorizam a consulta médica periódica, pois torna-se a referência na avaliação a adesão ao tratamento. Sim realizo minhas consultas. Não perco por nada do mundo. Realizo duas consultas de 4 em 4 meses [...]. (T4) Realizo minhas consultas a cada 90 dias e não perco nenhuma delas. (T5) Até hoje não perdi nenhuma consulta, faço a cada 6 meses. (T6)

Quando questionado aos participantes se faziam uso de bebidas alcoólicas no pós-TH, todos foram enfáticos em responder que o álcool não faz parte de suas vidas, principalmente pelas consequências funestas que o mesmo provoca no sistema hepático: Não! Hoje mantenho distância de qualquer tipo de bebida alcoólica [...]. (T3) Antes do transplante fazia uso de conhaque socialmente. Hoje não faço uso de nenhum tipo de bebida alcoólica, pois sei o dano que pode oferecer [...]. (T4) Não! Antes mesmo do transplante não fazia uso de bebidas alcoólicas. (T6)

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Utilizou-se a pesquisa descritiva, com abordagem qualitativa, procurando desenvolver declarações de verdades relevantes que possam ser utilizadas para explicar ou descrever as relações causais de interesse14. A presente pesquisa foi realizada com um grupo de seis pacientes transplantados hepáticos cadastrados na farmácia-escola de uma universidade do sul catarinense. A coleta de dados foi realizada no mês de outubro de 2012, sendo utilizada como instrumento de coleta a entrevista semiestruturada Para análise, utilizou-se a técnica de análise simples de conteúdo proposta por Minayo. Inicialmente os dados foram organizados por temas abordados e fez-se a leitura exaustiva dos mesmos, interpretando -os e embasando-os à luz das referências disponíveis sobre cada assunto15. O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) da Escola de Enfermagem conforme a Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), com o número de protocolo 111.936/2012. Para preservação da identidade dos participantes e manutenção do sigilo das informações obtidas através da realização das entrevistas, utilizou-se a sigla “T” para identificar cada transplantado hepático.

Depois que passei por um período de início de rejeição por falta de tomar meus medicamentos sigo religiosamente meus horários [...]. (T6)

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Transplante hepático: aceitação e vivências


A doença hepática é uma importante complicação provocada pelo álcool. A expressão histológica reflete a instalação de lesões agudas, como a esteatose e a hepatite alcoólica, ou crônica, como a hepatite crônica ativa, esclerose da veia centrolobular, cirrose e carcinoma hepatocelular. A abstinência tem importante papel em todas as formas de doença hepática alcoólica, porém, quando a falência hepática se instala, o transplante de fígado é aceito como terapia mais eficaz, sendo a recidiva de ingesta alcoólica baixa no pós-TH18. Durante o desenvolvimento da pesquisa, procurou-se identificar como estava sendo realizado o suporte nutricional do transplantado hepático, pois a adesão ao tratamento também é complementada por mudanças dietéticas realizadas19. Tenho tanto cuidado com minha alimentação que algumas pessoas me consideram estressada. Sigo uma dieta à base de verduras cozidas, boa ingesta de água mineral, frios, em especial queijo e mortadela, porém, escolho os alimentos só com o rótulo do Ministério da Saúde [...]. (T1)

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Utilizo uma dieta conforme as orientações são repassadas, salada cozida, água mineral, pouco sal e açúcar, pois também sou diabético [...]. (T3)

A educação alimentar e nutricional está vinculada à produção de informações que possam subsidiar a tomada de decisões por parte dos indivíduos, dando-lhes o direito de optar por alimentos mais saudáveis. A atual Política Nacional de Alimentação e Nutrição evidencia a necessidade de construir um processo de educação permanente acerca das questões referentes à alimentação e à nutrição, preconizando que deverão ser estabelecidos consensos sobre métodos, conteúdos e técnicas educativas, sendo considerados os diferentes espaços geográficos, econômicos e culturais20. Fatos importantes foram os achados encontrados nos participantes quando questionados sobre o entendimento de adesão ao tratamento, vindo as respostas ao encontro da literatura. Aderir ao tratamento é com certeza seguir todas as orientações que são repassadas e buscar saber sobre minha nova condição e quais os cuidados a serem seguidos. Tenho em casa álcool gel espalhados por todos os cantos, uso sabonetes antibacterianos, cuido de minha alimentação, realizo consultas e tomo meus medicamentos corretamente [...]. (T1) Adesão é fazer o tratamento da melhor forma possível, seguir todas as orientações rigorosamente, evitar animais, não ingerir álcool e ter uma alimentação saudável. (T5)

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Seguir à risca todas as orientações. Praticar esportes, alimentar-se corretamente, tomar medicação diariamente e não perder as consultas agendadas. (T6)

Segundo a Organização Mundial de Saúde, adesão ao tratamento são ações que vão desde o uso correto das medicações prescritas até medidas de prevenção ao consumo do álcool e tabaco, passando por prática de atividade física, reeducação alimentar e mudanças no estilo de vida. Além disso, inclui análise da participação do paciente e da equipe multiprofissional como sujeitos ativos no processo do tratamento3. O transplantado hepático, perante sua vivência e adesão ao tratamento, procura manter sua qualidade de vida consciente dos benefícios e das dificuldades no período pós-TH. Ao encontro destas informações, os participantes da pesquisa mostraram mais benéficos que dificuldades enfrentadas. Não possuo nenhuma dificuldade. O transplante me trouxe a vida, pois tenho certeza que já estaria morta. Antes do transplante, vivia deprimida, com mal-estar, fraqueza, hoje minha vida mudou completamente, sou disposta, tenho amigos e vontade de viver [...]. (T2) O transplante inverteu o papel: tive que recomeçar no fim da vida! Trouxe-me muita esperança de viver novamente. Hoje sou uma pessoa animada, disposta, tenho um bem-estar e vontade de viver [...]. (T5)

Esse entendimento é encontrado em estudos enfatizando que a qualidade de vida deve valorizar a perspectiva da pessoa em relação às várias dimensões de sua vida, e não só em relação à intensidade de sintomas de sua doença. Deve ser vista subjetivamente como a satisfação da pessoa com os domínios da vida que são por ela percebidos como os mais importantes. O investimento das pessoas com doenças crônicas na conquista de uma vida com mais qualidade pode ser construída e consolidada, num processo que inclui a reflexão sobre o que é decisivo para a sua qualidade de vida e o estabelecimento de metas a serem atingidas, tendo como inspiração o desejo de ser feliz21.

Consider ações finais O estudo demonstrou que os transplantados apresentaram, quanto à adesão ao tratamento, mais benefícios que dificuldades enfrentadas, evidenciando comprometimento com a sua produção de saúde na vida pós-transplante hepático. Observou-se que possuem conhecimento e vontade de aprender e reinventar diariamente seu autocuidado. Apesar do transplantado se considerar responsável pela sua adesão, a enfermagem pode ser con-

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Transplante hepático: aceitação e vivências


siderada como uma perspectiva ímpar no contexto do tratamento do TH. Entretanto, torna-se necessário o comprometimento destes profissionais e do Estado a fim de que a sistematização da assistência de enfermagem seja parte fundamental nos protocolos do tratamento do transplante e que a consulta de enfermagem seja realizada concomitante com a avaliação dos demais membros da equipe de saúde que acompanham estes pacientes. A educação em saúde continua sendo a chave mestra para a diminuição das iniquidades sociais. Só poderemos construir um espaço de troca de saberes quando profissionais de saúde, usuários e gestores trabalharem com corresponsabilidades na produção de saúde. É recomendável que novos estudos sejam construídos dentro do tema abordado para dar continuidade a melhores subsídios que venham corroborar de forma significativa a adesão e vivência no TH, sugerindo trabalhos de abordagem tanto qualitativa quanto quantitativa, abrangendo maior número de participantes, bem como maior tempo de observação desta modalidade de tratamento para a falência hepática.

Referências

Recebido 22.10.2012 Aprovado 14.03.2013 * Luciana Rosa. Mestre. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. ** Monalize de Cássia de Luca. Graduada Enfermagem. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. *** Luciane Bisognin Ceretta. Doutora. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. **** Maria Teresa Brasil Zanine. Especialista. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. ***** Mariana de Freitas Comin. Mestre. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC. ****** Karina Cardoso Gulbis Zimmermann. Mestre. Universidade do Extremo Sul Catarinense – UNESC.

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Ano 2 – Número 12, março/abril 2013 - paginas de 24 a 27

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7. Gleisner AM. Benefício da sobrevida do transplante hepático em longo prazo de acordo com a gravidade da doença hepática no momento da inclusão em lista. Porto Alegre; 2009. 8. Cintra V, Sanna MC. Transformações na administração em enfermagem no suporte aos transplantes no Brasil. Revista Brasileira de Enfermagem 2005; 58(1):78-81. 9. Neto ML. História do transplante de fígado: revisão de literatura. Revista da Universidade Católica de Goiás 2004; p. 1381-92. 10. 10 Coelho JU, Trubian OS, Freitas ACT, Parolin MB, Schulz GJ. . Comparação entre o custo do transplante hepático cadavérico e o intervivos. Revista Associação Médica Brasileira. São Paulo; 2005. 11. Sasso KD, Galvão CM, Silva Jr OC, França AVC. Transplante de fígado: resultados de aprendizagem de pacientes que aguardam a cirurgia. Revista Latino America de Enfermagem. Ribeirão Preto. 2005 jul/ago; Vol 13. 12. Parolin MB, Coelho JCU, Costa PB, Pimentel SK, Santos-Neto LE, Vayego SA. Retorno ao trabalho de pacientes adultos submetidos a transplante de fígado. Arquivos de Gastroenterologia. São Paulo. set 2001; Vol 38. 13. Medeiros CR. Aprendendo a redesenhar a convivência conjugal a partir da expectativa do transplante hepático. Recife; 2008. 14. Creswell JW. Projeto de pesquisa: métodos qualitativos, quantitativos e mistos. 2a ed. Porto Alegre: Artmed; 2007. 15. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. 11ª ed. São Paulo: Hucitec; 2008. 16. Alves GG, Aerts D. As práticas educativas em saúde e a estratégia saúde da família. Ciência e saúde coletiva [online]. 2011; 319-25. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ icse/v9n16/v9n16a04.pdf. 17. Ravagnani LMB, Domingos NAM, Miyazaki MCOS. Qualidade de vida e estratégias de enfrentamento em pacientes submetidos a transplante renal. Estude Psicologia. [online]. 2007; 177-84. Disponível em http://www.scielo.br/pdf/epsic/ v12n2/a10v12n2.pdf. 18. Vieira A, Rolim EG, Capua JRA, Szutan, LA. Recidiva da ingesta alcoólica em pacientes candidatos a transplante hepático: análise de fatores de risco. Arquivos de Gastroenterologia. [online]. 2007; 205-9. Disponível em http://www. scielo.br/pdf/ag/v44n3/a05v44n3.pdf. 19. Alvares-da-Silva MR, Gottschall CBA, Waechter FL, Hadlich E, Sampaio JÁ, Francesconi CFM. . O uso de nutrição enteral precoce pós-transplante hepático adulto. Arquivos de Gastroenterologia. São Paulo, set 2004; Vol 41. 20. Souza SMFC, Lima KC, Miranda HF, Cavalcanti FID. Utilização da informação nutricional de rótulos por consumidores de Natal, Brasil. Revista Panamericana en Salud Publica. Washington, maio 2011; Vol 29. 21. Souza SS, Bonetti A, Meirelles BHS, Mattosinho MMS, Coelho MS, Argenta C. Viver com doença crônica em uma comunidade pesqueira. Acta Paulista de Enfermagem. São Paulo, abr 2010; Vol 23.

Artigo de Pesquisa

Luciana Rosa | Monalize de Cássia de Luca | Luciane Bisognin Ceretta | Maria Teresa Brasil Zanine | Mariana de Freitas Comin | Karina Cardoso Gulbis Zimmermann

Transplante hepático: aceitação e vivências


Normas para publicação A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral, que tem por objetivo ser um dos principais veículos de divulgação do conhecimento na área de enfermagem no Brasil, promovendo, o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais, publicando trabalhos originais e inéditos, de revisão, atualização ou relatos de casos/experiências. Seu conselho editorial, que tem caráter consultivo, é constituído por pesquisadores em enfermagem, de origem institucional diversificada, e é o principal responsável pela qualidade do conteúdo da revista.

Apresentação do manuscrito 1. Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, no que se refere ao texto, às figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. 2. Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa. O número do processo/projeto deverá constar no método do trabalho. 3. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336:309. 4. Figuras e tabelas deverão ser apresentadas em arquivo com boa resolução e separadas do texto (imagens com mínimo de 300 dpi). 5. O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a declaração de responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, conforme modelo abaixo. Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais. Vimos submeter à aprovação da Revista Sul -Brasileira de Enfermagem o artigo ____________ ____________________________________________ ____________________________________________ __________________ e informamos que todos os procedimentos éticos devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito e está sendo enviado com exclusividade à Revista. Concordamos que, em caso de aceitação do mesmo, os direitos autorais a ele referentes passarão a ser propriedade exclusiva da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Categoria do artigo: _________________________ Assinatura dos Autores:

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_______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Data: _____/_____/_____. 6. O(s) autor(es) deve(m) especificar no artigo indicação de financiamentos relacionados ao trabalho a ser publicado. Categorias de manuscritos aceitos pela Revista (A) Artigos originais/Pesquisas – Investigação baseada em dados empíricos, concluída, utilizando metodologia científica e que possam ser aplicadas e generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora. Sua estrutura deve conter. – Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. – Objetivo: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor. – Revisão da literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução. – Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza estatística. – Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou comentários pessoais, podendo, para maior facilidade de compreensão, estar acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc. – Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os novos e importantes aspectos observados e discutidas as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou

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hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência profissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial. Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista. Preparo dos manuscritos

• Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s) nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras.

• Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográficas (Exemplos) Artigos de periódicos:

• Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95

• Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4);88-94. Materiais em formato eletrônico:

• Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/reeusp/upload/ pdf/258.pdf • Livro ou monografias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005. Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007 • Capítulo do livro ou monografia: Debert, GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78.

• Dissertação e tese: Amarante ST. Analise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1999. • Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA,

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Brasil. Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico. Os autores deverão ser assinantes da revista. Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm;

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laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé. Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Rua Aracy Fróes, 258 / 902 - Jardim Itu-Sabará - Porto Alegre/RS / CEP: 91210-230. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Tel. (51) 3351.2361.

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Curso

Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Maira Buss Thofehrn

Aula 1: Relações Humanas no Trabalho: uma reflexão acerca da equipe na área da saúde Aula 2: Relações Humanas perpassando pelo Processo de Trabalho da Enfermagem Aula 3: Relações Humanas Saudáveis na Equipe de Enfermagem

Aula 4: Relações Humanas no Trabalho: liderança na enfermagem Aula 5: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: empoderamento político Aula 6: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade

Organizador a: Mair a Buss Thofehrn Doutora em Enfermagem, Conselheira cientifica da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Professora do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem.

Colabor adores Maira Buss Thofehrn - Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas – UFPEL. Leandro Rauber Joner - Enfermeiro. Membro do Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem – NEPEn. Linha de Pesquisa – Processo de trabalho em saúde e enfermagem. Adrize Rutz Porto - Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS. Michelle Barboza Jacondino - Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPEL. Francielli Silvério Lima - Acadêmica do 8º semestre da Faculdade de Enfermagem da UFPEL. Bolsista do Projeto Avaliação Participativa do Processo de Trabalho da Equipe de Enfermagem do Hospital Escola de Pelotas. Lauren Sallaberry Ferreira - Mestre em Política Social pelo Programa de Pós-Graduação em Política Social da Universidade Católica de Pelotas – UCPEL.

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EM TERAPIA INTENSIVA AULA 2: RELAÇÕES HUMANASATUALIZAÇÃO PERPASSANDO PELO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA

INTRODUÇÃO O texto traz uma breve reflexão acerca do processo de trabalho em enfermagem, traçando algumas marcas históricas das diversas mudanças no mundo do trabalho e as relações humanas que atravessam as práticas de trabalho na enfermagem. Evidencia as transformações no trabalho de forma geral, as quais perpassaram também para o setor de serviços, incluindo a prestação dos serviços de saúde e, essencialmente, o modo de trabalhar da enfermagem. As diferentes organizações do trabalho influenciaram a enfermagem, que adotou os modelos taylorista/fordista e também o toyotismo para desenvolver a prática profissional, perpetuando algumas características até os dias de hoje. Enfim, propõe também discutir a importância de refletir sobre o trabalho na enfermagem e a importância de relações humanas saudáveis, principalmente por este trabalho profissional ser composto de diversas categorias e, portanto, parcelar e fragmentado consolidando o modo de produção capitalista que reforça a produtividade e distancia os trabalhadores da totalidade do processo de trabalho. O trabalho é o eixo central para se compreender uma sociedade e as relações humanas constituintes, visto que é a partir das práticas de trabalho que ocorrem as modificações da realidade(1). No pensamento marxista, a categoria trabalho é o pilar preponderante, pois desempenha papel fundante no desenvolvimento da humanidade, expressado como fio condutor da obra marxiana, desde suas primeiras elaborações teóricas até as da sua maturidade, na busca de explicitar, como os seres humanos se produzem e reproduzem em sua existência2. Nessa perspectiva, o trabalho deve ser compreendido na medida em que os processos são organizados e executados em certo momento da história, o que torna importante considerar o cenário atual, sendo o modo de produção capitalista o componente da organização dos processos de trabalho1. Atenta-se para a breve contextualização de acontecimentos importantes no mundo do trabalho brasileiro. Após a Revolução Industrial, houve expansão da criação de indústrias, contribuindo positivamente para o aumento da riqueza da nação, de modo que favoreceu o crescimento do setor de serviços, a adoção de novas tecnologias, tanto na informática e eletroeletrônica quanto em equipamentos mais sofisticados na área da saúde3. A partir do surgimento do capitalismo, o

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trabalho começou a ser moldado e transformado, e nasceram novas formas de organização do trabalho, como taylorismo, fordismo e o toyotismo(4). O taylorismo tem como objetivo nortear o processo de trabalho, a fim de aumentar a produtividade por meio da aplicação do conhecimento, da otimização do tempo e maximização dos recursos4. Nesse sistema de organização do trabalho, o trabalhador é apenas uma massa bruta que recebe ordens, sem oportunidade de expor suas opiniões ou mudanças. Visando obter maior produção e eficiência no trabalho, a enfermagem adotou o método de trabalho funcional, precursor de Frederick Winslow Taylor, garantindo maior agilidade na execução das tarefas. Sendo assim, a enfermagem institui-se nos princípios tayloristas, a fim de desenvolver a prática dentro da modalidade funcional, evidenciando e reforçando a divisão do trabalho5. O fordismo foi outro processo de organização de trabalho que marcou a Revolução Industrial. Henry Ford (1863-1947) criou a linha de montagem para a fabricação de determinado produto, elevando o grau de mecanização do trabalho, reduzindo ainda mais a autonomia dos trabalhadores4. Desse modo, a fragmentação do trabalho atingiu os serviços de saúde, com forte implementação na área da enfermagem. É possível pressupor que a ideologia dominante do sistema capitalista auxiliou a cristalizar e perpetuar a divisão do trabalho na enfermagem, com vistas ao lucro e ao aumento da produção de cada trabalhador para as instituições de saúde; com essa segregação, os profissionais de enfermagem distanciaram-se do todo referente ao processo de produção6. O toyotismo iniciou após a crise do fordismo/ taylorismo, na segunda metade do século XX, com a reestruturação do capital e a implementação de máquinas informatizadas. Surgiu a era da informatização, na qual foi possível armazenar e processar as informações em tempo nunca visto até então. Entretanto, o modo de organização teve pontos positivos e negativos, pois, na mesma forma que otimizava o tempo e potencializava a criação de novas tecnologias, reduzia drasticamente o número de trabalhadores, já que as máquinas faziam o trabalho anteriormente realizado pelos funcionários4. Nessa perspectiva, é essencial entender que o trabalho em saúde é um ramo de prestação de serviços que exerce atividades essenciais para a vida humana, sendo identificada como uma produção imaterial, em que o produto é indissociável do processo que o produz7.

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AULA 2: RELAÇÕES HUMANAS PERPASSANDO PELO PROCESSO DE TR ABALHO DA ENFERMAGEM


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VENTILAÇÃO - IMPLICAÇÕES PARA A AULA 2: RELAÇÕES HUMANASMECÂNICA PERPASSANDO PELO PROCESSO DEENFERMAGEM TRABALHO DA ENFERMAGEM AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA

Cabe destacar que, em meio às revoluções industriais, a classe trabalhadora da área da saúde também realizou movimentos trabalhistas, reivindicando a inclusão do direito à saúde para todos os brasileiros e não somente para quem tinha poder aquisitivo. Como consequência, a Constituição de 1988 foi uma das conquistas da população e um avanço no sentido da universalização dos direitos3. Desse modo, a organização da enfermagem coincide com o modo de produção capitalista, já que seu surgimento esteve ligado ao desenvolvimento do capitalismo. Desde a origem da profissão, com Florence Nightingale, a enfermagem é responsável pela assistência do cuidado, a enfermeira passa a assumir o trabalho de supervisora, é detentora de um saber não apenas tecnicista, mas também de ensino, gerenciamento e pesquisa8. Vale ressaltar que no trabalho da enfermagem a interação com os diversos profissionais da saúde conta ainda com a influência da hierarquização, fator determinante das relações humanas no trabalho. O processo de trabalho dos profissionais de saúde tem: como finalidade, a ação terapêutica; como objeto de trabalho, os indivíduos saudáveis, doentes ou com potencial para adoecer necessitando preservar a saúde ou prevenir doenças; como instrumental de trabalho, os instrumentos materiais e as condutas que representam o nível técnico do conhecimento, que é o saber de saúde(3); e como finalidade do trabalho, o cuidado, o qual dá sentido e fundamenta à ação da enfermagem6. Nesse sentido, na equipe de enfermagem o enfermeiro possui ensino superior completo, o que leva a ser considerado o detentor do conhecimento científico e o responsável por sistematizar o cuidado, assim como líder da equipe. Já os técnicos e auxiliares de enfermagem não tiveram em sua formação o mesmo conteúdo e preparo para realizar algumas atividades específicas do enfermeiro, como o gerenciamento do processo de trabalho; entretanto, os mesmos têm a responsabilidade de realizar suas atividades rotineiras, lembrando que o enfermeiro irá arcar com a responsabilidade pelas ações da equipe. É importante ressaltar também que o trabalho da enfermagem é realizado de forma fragmentada, o que amplia a lacuna entre os profissionais de enfermagem, indo contra a proposta de cuidado integral e intensificando a lógica tecnicista9. O trabalho em saúde envolve diversas categorias profissionais, cada qual com sua formação e práticas de trabalho características, constituídas por núcleos profissionais específicos, mas que possuem uma relação que os une ao usuário do serviço de saúde a quem este trabalho será prestado10. Na história da humanidade ocorreram muitas transformações políticas, sociais, culturais, industriais

e tecnológicas. Todas essas mudanças acarretam modificações também no modo de trabalho, tornando o ambiente laboral um local com maior competitividade entre os funcionários e empresas, assim como aumentando os conflitos e discussões. O trabalho em saúde é desenvolvido como um trabalho coletivo, realizado por diversos profissionais treinados para exercer diferentes ações, as quais são necessárias para assistir o usuário. Apesar de haver diversas características de conhecimentos e prática nas diferentes áreas de atuação dos profissionais da saúde, este trabalho é parte de um conjunto que tem como finalidade a assistência ao ser humano. Desse modo, torna-se fundamental o envolvimento dos diversos profissionais da saúde e a organização do processo de trabalho para que o resultado seja um cuidado de qualidade com foco na integralidade11. Na enfermagem não é diferente. A interação entre os indivíduos gera muitas vezes situações conflituosas, tornando importante o gestor ter o conhecimento de como resolver e negociar os conflitos12. Uma das possibilidades para minimizar os enfrentamentos na enfermagem é criar espaço de diálogo entre os trabalhadores, por meio de reuniões formais e informais, possibilitando maior comunicação e permitindo a formação de vínculos12. Nesta conjuntura, a valorização do trabalhador deve despertar cada vez mais interesse das instituições de saúde que necessitam preocupar-se com um desempenho de qualidade no trabalho, pois, ao valorizar os recursos humanos, as organizações têm como resposta maior produtividade e, consequentemente, satisfação dos trabalhadores13. Para que se possa estruturar e desvendar como se dá o trabalho efetivo a ser realizado, é preciso remeter novamente ao processo de avaliação do trabalho, utilizando indicadores e avaliações junto à equipe e aos clientes, de modo constante, para que possa ser analisado o resultado das ações e assim permitir reavaliar o trabalho. Classicamente, os indicadores são entendidos como medida-síntese, na qual se encontra informação relevante ao estado de saúde, sendo instrumentos que permite avaliar o desenvolvimento do trabalho que está sendo seguido13. A SAE (Sistematização da Assistência de Enfermagem) funciona como um desses indicadores, sendo vista como um instrumento de trabalho do enfermeiro que possibilita organizar e guiar as ações da enfermagem, além de auxiliar o profissional no desenvolvimento de uma assistência de qualidade, de modo a ajudar na identificação das necessidades dos pacientes, apresentando assim uma proposta de cuidados14. A enfermagem, também conhecida como profissão do cuidar, tem a possibilidade de trabalhar, de maneira indissociável, com o ensino, o gerenciamento e a pesquisa. Esses profissionais

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AULA 2: RELAÇÕES HUMANAS PERPASSANDO PELO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM

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ideias, agir frente aos problemas que aparecerem e conhecer cada um da sua equipe, de forma a propiciar um ambiente de trabalho agradável e formar vínculos profissionais saudáveis9. Outro ponto válido de ressaltar é a importância da dinâmica dos grupos como instrumento de trabalho, o que torna mais seguro para o enfermeiro assumir as responsabilidades das ações da equipe frente ao cuidado, lembrando que por vezes não é o enfermeiro que executa atividades da prática assistencial, contudo, é o mesmo que responde legal e moralmente pelo fazer de sua equipe20. Importa ressaltar a Política Nacional de Humanização (PNH), também intitulada HumanizaSUS, a qual apresenta a humanização como eixo norteador das práticas de atenção e gestão em todas as instâncias do Sistema Único de Saúde21. A PNH favoreceu o acompanhamento do processo de qualificação da saúde e dos profissionais, através de princípios norteadores como: a) valorizar a dimensão subjetiva e social em todas as práticas de atenção e gestão; b) estimular os processos relacionados à saúde e aos indivíduos; c) fortalecer a equipe multiprofissional; d) utilizar de educação permanente, comunicação22. A clínica ampliada é outra ferramenta que pode ser utilizada para auxiliar na organização do processo de trabalho. Ela visa à produção do cuidado voltado para os clientes, percebendo o enfermo com um olhar mais amplo, através das dimensões sociais e subjetivas do processo saúde/ doença e de seu resultado23. Outro foco de estratégia é a qualificação dos profissionais por meio da Educação Permanente em Saúde (EPS), da qual faz parte de uma política do SUS que visa ampliar o conhecimento e possibilitar a transformação das práticas atuais pela capacitação e formação dos trabalhadores de saúde. Nessa direção, a EPS opera processos de aprendizagem nos quais o próprio profissional analisa seu desempenho profissional, influenciando assim o conhecimento a respeito de seu fazer, podendo identificar fragilidades e potencialidades para possíveis transformações do ambiente laboral24. Para que haja melhoria na qualidade da assistência e das relações humanas, é necessária a adesão dos profissionais para uma prática profissional participativa, com trabalho criativo baseado em princípios éticos e legais, identificando as reais necessidades da sociedade, permitindo obter o reconhecimento por parte da clientela do valor social do cuidado humano25. Assim, é relevante investir em pesquisas que visem discutir o processo de trabalho em saúde e enfermagem e promover debates entre os trabalhadores sobre questões tangenciais do trabalho, tais como relações humanas, satisfação profis-

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constituem o maior contingente de trabalhadores da área da saúde e, por este motivo, é importante conhecer o processo de trabalho e as dificuldades que enfrentam no seu cotidiano, no intuito de valorizar a categoria profissional. Por ser um trabalho muitas vezes insalubre, árduo, de cobrança por parte da chefia, sem o devido olhar dos gestores, acaba tornando-se um serviço desgastante15. No que tange ao âmbito do trabalho hospitalar, a sobrecarga de trabalho leva ao descompasso da organização no trabalho, acarretando acúmulo de funções e prejudicando não só o cuidado ao cliente mas também a saúde do profissional. Estudos apontam que aspectos como remuneração salarial, ambiente laboral, relações interpessoais e valorização do trabalho são fatores que podem interferir na qualidade da prestação de cuidado e aumentar o absenteísmo16. Além disso, atividades rotineiras e repetitivas, falta de apoio e reconhecimento por parte da instituição empregadora, aliados a fatores pessoais, como cansaço, tensão muscular, cefaleia, irritabilidade, ansiedade, entre outros, podem acarretar estresse aos profissionais de enfermagem, o que, por sua vez, acaba por interferir na assistência ao paciente17. Dessa forma, o profissional acaba se frustrando na medida em que possui os requisitos básicos para prestação da assistência, porém a escassez de recursos humanos e materiais não o deixam prestar um cuidado com melhor qualidade se tivesse provimento de tais recursos. A enfermagem está bastante atrelada à cultura do “silêncio” pelo receio de represálias e punições, pelo fato de que os trabalhadores da saúde têm a cultura de punição individual, não de segurança18. Assim sendo, o profissional acaba gerando e aparentando um ambiente de trabalho saudável, no qual só compromete e oculta o real sofrimento e impotência frente ao caso. Em decorrência disso, no momento em que os profissionais aceitam trabalhar nessas condições laborais inadequadas, não estão somente enganando a si próprios e impedindo a própria valorização, mas também submetendo a prestação do cuidado necessário ao cliente a essas condições19. Portanto, existe a necessidade de chamar a atenção dos gestores e trabalhadores para uma mudança no ambiente laboral dos profissionais, para com isso proporcionar adequadas condições de trabalho e, consequentemente, uma prestação de serviços efetiva e com qualidade. Algumas estratégias de organização no processo de trabalho da enfermagem podem ser analisadas e avaliadas, entre elas a importância do enfermeiro-líder na sua equipe. Com isso almeja-se um enfermeiro comprometido com o trabalho, por meio de uma liderança que influencie a equipe de forma positiva, através de suas atitudes e atribuições, sabendo comunicar-se, expor boas


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AULA 2: RELAÇÕES HUMANAS PERPASSANDO PELO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM

sional, relações de poder, participação coletiva na decisão terapêutica do cliente, remuneração salarial, lideranças, entre outras contendas. É, portanto, pertinente a reflexão contínua da equipe de enfermagem acerca do trabalho para a contribuição do fortalecimento e consolidação da enfermagem enquanto ciência, tecnologia e inovação. REFERÊNCIAS 1. Marx K. O capital: crítica da economia política. Tradução Reinaldo Sant’Anna. 29ª ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira; 2011 2. 2 Jost A, Schlesener AH. Trabalho e formação humana: observações acerca dos escritos de Marx. 6º Colóquio Internacional Marx e Engels; 2009. 3. Pires DEP. Reestruturação produtiva e trabalho em saúde no Brasil. 2ª ed. São Paulo: Annablume; 2008. 4. Freitas LG. Saúde e processo de adoecimento no trabalho dos professores em ambiente virtual [tese]. Brasília: Universidade Federal de Brasília; 2002. 5. Spagnol CA, Fernandes MS, Flório MCS, Barreto RASS, Sant’Ana RPM, Carvalho VT. O método funcional na prática da enfermagem abordado através da dinâmica de grupo: relato de uma experiência. Rev Esc Enf USP 2001 jun; 35(2):122-9. 6. Jacondino MB. Objeto, finalidade e instrumentos de trabalho dos enfermeiros em um hospital de ensino [dissertação]. Pelotas: Universidade Federal de Pelotas, Curso de Enfermagem, departamento de Pós-Graduação em Enfermagem; 2012. 7. Murofuse NT. O adoecimento dos trabalhadores de enfermagem da Fundação Hospitalar do Estado de Minas Gerais: reflexo das mudanças no mundo do trabalho [tese]. Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, São Paulo; 2004. 8. Almeida MCP, Rocha JSY. O saber da enfermagem e sua dimensão prática. 2ª ed. São Paulo; 1986. 9. Amestoy SC, Cestari ME, Thofehrn MB, Milbrath VM. Características que interferem na construção do enfermeiro-líder. Acta Paul Enferm 2009; 22(1):673-6. 10. Bertoncini JH, Pires DEP, Ramos FRS. Dimensões no trabalho da enfermagem em múltiplos cenários institucionais. Revista Tempus Actas de Saúde Coletiva 2011 mar; 5(1):123-32. 11. Souza SS. Reflexões de profissionais de saúde acerca do seu processo de trabalho. Rev Eletr Enferm 2010; 12(3):449-5.

12. Corradi EM, Zgoda LTRW, Paul MFB. O gerenciamento de conflitos entre a equipe de enfermagem. Cogitare Enferm 2008 mar; 13(2):184-93. 13. Santos FSB. Construindo um método de acompanhamento avaliativo e avaliando processos de formação: em foco o curso de humanização da atenção e gestão em saúde do Mato Grosso. Relatório de Consultoria apresentado para o Ministério da Saúde. Brasília; 2008. 14. Menezes SRT, Priel MR, Pereira LL. Autonomia e vulnerabilidade do enfermeiro na prática da sistematização da assistência de enfermagem. Rev Esc Enferm USP 2011; 45(4):953-8. 15. Silva AP, Queiroz ES. O estresse e sua relação com a jornada de trabalho da enfermagem em unidade hospitalar. NBC – Periódico Científico do Núcleo de Biociências 2011; 1(1). 16. Wagner LR, Thofehrn MB, Amestoy SC, Porto AR, Arrieira ICO. Relações interpessoais no trabalho: percepção de técnicos e auxiliares de enfermagem. Cogitare Enfermagem 2009; 14(1):107-13. 17. Belancieri MF, Bianco MHB. Estresse e repercussões psicossomáticas em trabalhadores da área da enfermagem. Rev Texto e Contexto de Enfermagem 2004; 1(13):124-31. 18. Lehmann DF, Page N, Kirshman K, Sedore A, Guharoy R, Medicis J. Every error a treasure: improving medication use with a nonpunitive reporting system. Jt Comm J Qual Patient Saf 2007; 33(7):401-7. 19. Lunardi VL, FilhoWDL. O poder nas organizações e a ética da enfermagem. In: Malagutti W, Caetano KC. Gestão do serviço de enfermagem no mundo globalizado. 1ª ed. Rio de Janeiro: Rubio; 2009. 20. Thofehrn MB, Amestoy SC, Dal Pai D, Palma JS, Porto AR, Joner LR. A dinâmica de grupo enquanto instrumento no processo de trabalho da enfermagem. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem 2011; 1(1) :4-8. 21. FurtadoTTG.. “HumanizaSUS”: uma avaliação política da política [dissertação]. Maranhão: Universidade Federal do Maranhão; 2011. 22. Ministério da Saúde. HumanizaSUS: Política Nacional de Humanização da Atenção e Gestão do SUS. Brasília; 2004. 23. Junges JR, Selli L, Soares NA, Fernandes RBP, Schreck M. Processos de trabalho no Programa Saúde da Família: atravessamentos e transversalidades. Rev Esc Enferm USP 2009; 43(4):937-44. 24. Matumoto S et al. A prática clínica do enfermeiro na Atenção Básica: um processo em construção. Rev Latino-Am Enfermagem 2011; 19(1). 25. Pires D, Gelbcke FL, Matos E. Organização do trabalho em enfermagem: implicações no fazer e viver dos trabalhadores de nível médio. Trabalho, Educação e Saúde 2004; 2(2):311-25.

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Curso

TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM Graziella Gasparotto Baiocco

Aula 1 : Princípios da Terapia Intravenosa para o Enfermeiro e Segurança do paciente Aula 2 : Revisão da Anatomia, Fisiologia e Histologia do Sistema Vascular Aula 3: Avaliação da rede venosa e opções para escolha do acesso Aula 4: Curativo e estabilização dos acessos Aula 5: Complicações da Terapia Intravenosa e intervenções Aula 6: Principais Diagnósticos de Enfermagem na Terapia Intravenosa

MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES

Aula 7: Especificidades da Terapia Intravenosa

Organizador a: Enfermeir a Gr aziella Gasparotto Baiocco Mestre em Medicina e Ciências da Saúde pela PUC – RS, Especialista em Nefrologia pela SOBEN, Especialista em Terapia Intensiva pela UNISINOS – RS. Enfermeira responsável pelo setor de Segurança do Paciente do Grupo Hospitalar Conceição. Membro do Conselho Científico da Revista Sul- Brasileira de Enfermagem. Professora Convidada do Instituto de Ensino e Pesquisa da Associação Hospitalar Moinhos de Vento, Instrutora do Centro de Treinamento C-Vist para o Curso de habilitação de enfermeiros para inserção e manutenção do CCIP guiados por ultrasom. Email: grazigasparotto@terra.com.br

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TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM 2ª AULA: REVISÃO DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR

2ª AULA: REVISÃO DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR As estruturas dos vasos sanguíneos variam consideravelmente, refletindo suas diferentes funções. Grandes artérias têm mais tecido elástico em suas paredes, especialmente a aorta, a qual, por sua vez, ramifica-se inúmeras vezes para formar as arteríolas, que possuem menos elastina e mais músculo liso quando comparadas às artérias maiores. Assim, o papel dessas arteríolas está relacionado ao controle do fluxo. Depois, as arteríolas ramificam-se extensamente até se transformarem em capilares, caracterizados por uma fina camada de células endoteliais. Os capilares, na sua continuidade, pelo sentido do fluxo sanguíneo, desembocam nas vênulas e veias, as quais possuem um pouco de elastina, colágeno e músculo liso – nas veias, essa formação diferencia-se por maior quantidade de músculo liso, fato que determina a capacidade de regular o volume venoso. As veias têm capacidade de armazenamento de sangue maior que as artérias, compreendendo cerca de 75%, em comparação aos 20% das artérias e aos 5% do volume nos capilares1. Histologia dos vasos sanguíneos As paredes das artérias e veias contêm três camadas distintas: uma interna, a túnica íntima; uma intermediária, a túnica média; uma externa, a túnica adventícia (Figura 1). Figura 1. Histologia de artérias e veias - Pag 41

Figura 2. Estrutura dos vasos sanguíneos - Pag 41

Desde o coração até os capilares periféricos, o sangue passa por uma série de artérias de diâmetros cada vez menores. A seguir, são descritas essas artérias, além dos capilares, das vênulas e das válvulas venosas.

São conhecidas como de condução, caracterizadas por grandes vasos, com diâmetro de até 2,5cm. Exemplo: tronco pulmonar, aorta e seus ramos principais, como artérias pulmonares, carótidas comuns, subclávias e ilíacas comuns. Artérias musculares São artérias de distribuição, ou de médio calibre, que conduzem o sangue dos órgãos internos e músculos esqueléticos. Têm diâmetro de aproximadamente 0,4 cm e apresentam uma túnica média mais espessa, que proporciona, via sistema nervoso autônomo, maior variação do diâmetro do vaso. Exemplo: artérias carótidas externas, artérias braquiais, artérias femorais e artérias mesentéricas. Arteríolas São muito menores que as artérias musculares, com diâmetro de 30 µm, com uma túnica adventícia pouco definida. Como característica, respondem ao sistema nervoso autônomo e ao sistema endócrino com contrações e relaxamentos, controlando o fluxo. Capilares São os mais delicados vasos e permitem trocas entre sangue e líquido intersticial. O diâmetro médio de um capilar é de 8 µm. Assim, menores e em maior número, fazem com que o fluxo seja menor quando comparado com outros vasos, possibilitando maior contato com as células, interstício ou alvéolos para fazer as trocas. As veias coletam o sangue de todos os tecidos e órgãos, retornando ao coração. Com o fluxo, o sangue segue das vênulas para as veias de grande calibre. Em geral, apresentam um diâmetro maior do que as artérias correspondentes que se encontram em um mesmo segmento do corpo. Vênulas São as menores veias e coletam sangue dos capilares. Possuem diferenças em sua estrutura e diâmetro, que pode variar de 50 a 20 µm. As veias de médio calibre variam de 2 a 9 mm de diâmetro; as de grande calibre possuem paredes mais espessas que as demais e incluem as veias cava superior e inferior e suas tributárias.

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A estrutura das paredes confere considerável resistência às artérias e veias, que, com a elasticidade e capacidade contrátil, garantem regulagens de pressão e fluxo (Figura 2). Diferenciando artérias e veias, a primeira mantém o fluxo centrífugo, levando o sangue para os órgãos e tecidos do corpo; a segunda mantém o fluxo centrípeto, drenando o sangue que já realizou a troca com os tecidos para o coração. A parede das artérias é mais espessa em relação às veias, isso porque as túnicas médias das artérias têm mais fibras musculares lisas e fibras de elastina do que as veias2.

Artérias elásticas


TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM 2ª AULA: REVISÃO DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR

Válvulas venosas O sistema venoso possui um sistema de válvulas formadas por pregas das túnicas íntimas, as quais desempenham uma função importante para manter o fluxo unidirecional. Nos membros inferiores, a ação da gravidade pode impedir o bom retorno venoso devido à pressão sanguínea muito baixa; assim, as válvulas compartimentalizam o peso do sangue. Aliado a esse mecanismo, existe a bomba muscular, que facilita a propulsão do sangue para o coração(2) (Figura 3). Figura 3. Válvulas venosas - Pag 42

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Principais veias A veia cefálica nasce no lado radial do arco venoso dorsal, ascende lentamente na face anterior do antebraço e braço, correndo ao nível do ombro, no sulco deltopeitoral (entre os músculos peitoral maior e deltoide). Perfura, então, a fáscia clavipeitoral e termina na veia axilar. A veia basílica nasce no lado medial do arco venoso dorsal, ascende mediamente na face anterior do antebraço e depois na face posterior do mesmo lado do antebraço, para o cotovelo e, se junta, via intermédia do cotovelo, à veia cefálica, onde ela se torna maior do que esta. Na metade do braço ela perfura a fáscia profunda, acompanha a artéria braquial junto com as veias braquiais e, ao nível da borda do músculo redondo maior, une-se àquelas veias para formar a veia axilar. No seu trajeto pelo antebraço, a veia cefálica e a veia basílica recebem diversas tributárias e a possibilidade de variações é muito grande. A veia intermédia do cotovelo ou antecubital mediana é uma anastomose oblíqua, altamente variável, entre a veia basílica e a veia cefálica, e drena, via veia intermédia do antebraço, a face anterior do antebraço. A veia intermédia basílica e a veia intermédia cefálica formam conexões entre a veia basílica, a veia cefálica e a veia intermédia do antebraço. A topografia das veias superficiais varia até no mesmo indivíduo quando se comparam o membro superior direito e o esquerdo. A região do cotovelo tem particular importância, pois as veias que aí são encontradas, sendo superficiais e calibrosas, são utilizadas com frequência na prática hospitalar. A veia axilar forma-se, mais frequentemente, pela união da veia basílica com as veias braquiais, ao nível da borda inferior do músculo redondo maior. Entretanto, duas variações podem ocorrer: (1) as veias braquiais se unem em veia única que, a seguir, com a veia basílica, formam a veia axilar2; a veia basílica pode desembocar em uma das veias braquiais antes que elas se unam para formar a veia axilar.

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A veia axilar se continua na veia subclávia, ao nível da borda externa da primeira costela, e esta, por sua vez, forma com a veia jugular interna, a veia braquiocefálica. As veias braquiocefálicas, direita e esquerda, se unem na veia cava superior que desemboca no átrio direito do coração. Principais veias dos membros superiores e tórax e suas características VEIA BASÍLICA •0,6 – 0,8 mm diâmetro • ± 24 cm comprimento VEIA CEFÁLICA •0,4 – 0,6 mm diâmetro • ± 38 cm comprimento VEIA AXILAR •1 – 1,6 cm diâmetro • ± 13 cm comprimento VEIA SUBCLÁVIA •1,5 – 1,9 cm diâmetro •5,5 – 6 cm comprimento VEIA BRAQUIOCEFÁLICA OU VEIA INOMINADA •1,5 – 1,9 cm diâmetro •2,5 – 3 cm comprimento VEIA CAVA SUPERIOR •2-3 cm diâmetro •6-7 cm comprimento •Fluxo sanguíneo 2-2.5 l/min •Porção distal no saco pericárdico •Átrio direito ao nível do 3° espaço intercostal Estruturas associadas Quando tratamos de uma técnica de inserção de um cateter por veia periférica, devemos estar atentos para as outras estruturas anatômicas que compõem o membro escolhido, buscando prevenir acidentes e possíveis problemas, principalmente no ato da punção venosa. Tendão do bíceps – encontra-se no centro da fossa antecubital. É considerado como ponto de diferenciação entre os sistemas venosos basílico e cefálico. Deve ser localizado antes da punção. Artérias – as principais artérias de membros superiores são: ulnar, radial e braquial. Nervos – três nervos principais: cubital mediano, radial e lateral cutâneo. Distribuição do sangue O sangue é distribuído de forma desigual no corpo. O coração, as artérias e os capilares contêm normalmente de 30 a 35% do volume sanguíneo (aproximadamente 1,5 l de sangue total) e o

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sistema venoso, o restante (65 a 70% ou em torno de 3,5 l)2. Os valores de volume também variam conforme a atividade realizada pelo corpo em determinadas situações e conforme a superfície corporal de cada indivíduo.

Quando a artéria femoral chega à região posterior do joelho, passa a chamar-se poplítea, dando origem, na perna, às artérias tibial posterior, tibial anterior e fibular, que irão até o pé para formar as artérias plantar medial, lateral, arqueada e o arco plantar profundo (Figura 4).

Distribuição dos vasos sanguíneos Figura 4. Ramificação arterial - Pag 42

Veias Todo o sangue do corpo é drenado pelas veias até as veias cavas inferior e superior para chegar ao coração – átrio direito. A veia cava superior recebe o sangue da cabeça, pescoço, tórax, ombro e membros superiores. Na cabeça, existem as veias superficiais menores que drenam o sangue para temporal superficial, facial e maxilar. Estas drenam para a veia do pescoço mais superficial, chamada de veia jugular externa e interna. A veia jugular interna drena o sangue utilizado pelo encéfalo; a jugular externa segue no pescoço sobre o músculo esternocleidomastoide até desembocar na subclávia do lado correspondente. A jugular interna desemboca junto com a subclávia para formar a veia braquiocefálica direita e esquerda. O retorno venoso do membro superior começa na mão, com o arco venoso palmar superficial e profundo, passando para as veias do antebraço, intermédia do antebraço, basílica, cefálica, consideradas superficiais, radial e ulnar, consideradas profundas. Quando a ramificação chega à articulação do cotovelo, na região anterior, forma-se a intermédia do cotovelo, que comunica a basílica, na região medial do membro superior, com a cefálica, na região lateral do membro superior. Na região profunda do cotovelo, as veias radial e ulnar unem-se para formar a veia braquial, que passa pela região axilar para ser chamada de veia axilar, a qual continua até a clavícula onde vai ser chamada de subclávia. As veias subclávias direita e esquerda comunicam-se com as veias jugulares internas direita e esquerda do mesmo lado para formar a veia braquiocefálica direita e esquerda, que formam a cava superior, terminando, no átrio direito, a drenagem do membro superior. A veia cava superior recebe o sangue da drenagem torácica pela veia torácica interna e pelas veias ázigo e hemiázigo2. O retorno venoso do membro inferior começa nas veias plantares, conduzindo o sangue para as veias profundas, tibial anterior, posterior e veia fibular. O arco venoso dorsal do pé drena para as veias superficiais, safena magna e parva. As veias tibial anterior, posterior e fibular seguem na perna até o joelho onde se unem para formar a veia poplítea. A veia safena parva também desemboca na poplítea; já a veia safena magna segue medialmente na perna e coxa para desembocar na veia da coxa, que se localiza acima do joelho e

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Artérias As ramificações artérias na circulação sistêmica começam na artéria aorta, que, por sua vez, tem origem no ventrículo esquerdo. Os primeiros ramos da artéria aorta são as coronárias direita e esquerda. A aorta é dividida em três partes: ascendente, curva e descendente. A curva origina três outras artérias chamadas tronco braquiocefálico arterial, carótida esquerda e artéria subclávia esquerda. Essas ramificações conduzem o sangue para a cabeça, o pescoço, os ombros e os membros superiores. O tronco braquiocefálico forma a artéria subclávia direita e a artéria carótida comum direita. As artérias subclávias direita e esquerda chegam ao nível da região axilar e recebem o nome de artéria axilar; após, ela chega ao braço onde passa a se chamar artéria braquial, suprindo o membro superior. A mesma artéria, quando chega à região do antebraço, origina duas artérias, que, pela sua localização associada aos ossos, recebem os nomes de artérias ulnar e radial, que continuam até a mão onde formam anastomoses com arco palmar superficial e profundo. As ramificações das artérias carótidas comuns ocorrem com a formação da artéria carótida interna, que supre o encéfalo, e externa, que supre o pescoço, a faringe, o esôfago, a laringe, a mandíbula e a face. A parte descendente da aorta, localizada na região torácica, é agrupada anatomicamente em ramos viscerais e ramos parietais. Os primeiros são responsáveis pelo suprimento dos órgãos do tórax – ramos bronquiais, ramos pericárdicos, ramos mediastinais e ramos esofágicos –, enquanto os segundos suprem a parede do tórax – as artérias intercostais posteriores e as artérias frênicas superiores. O primeiro ramo arterial no sentido do fluxo é o tronco celíaco, que, por sua vez, divide-se em artéria hepática comum, esplênica e gástrica; o segundo ramo é a mesentérica superior; o terceiro ramo são as renais direita e esquerda; o quarto ramo, a mesentérica inferior. No local onde termina a artéria aorta, são formadas duas ramificações chamadas de ilíacas comuns direita e esquerda, que se subdividem, cada uma delas, em ilíaca interna e externa, a qual transporta o sangue até a coxa. A ilíaca externa passa o ligamento inguinal, abaixo do qual está a chamada artéria femoral, que sofre inúmeras ramificações menores para suprir a coxa, seguindo para região posterior dela.


TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM 2ª AULA: REVISÃO DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR

é chamada de veia femoral, fazendo associação com o osso da coxa. Quando a veia femoral entra na pelve, passando pelo ligamento inguinal, recebe o nome de veia ilíaca externa, que continua até encontrar a veia ilíaca interna, a qual drena o sangue da parte interna da pelve. Essa junção das veias ilíacas origina a veia ilíaca comum do lado correspondente, que se comunica com a veia com o mesmo nome do outro lado para formar a veia cava inferior, localizada na altura da base do osso sacro. A veia cava inferior drena o sangue das vísceras abdominais, como, por exemplo, rins, intestinos, fígado, diafragma, além do sangue que vem do membro inferior até o átrio direito. Os sistemas de drenagem dos intestinos fazem com que o sangue venoso passe pelo fígado, gerando o sistema porta, formado pelas veias mesentérica superior, mesentérica inferior e esplênica, que se unem para formar a veia porta, a qual entra no fígado. Depois de o sangue passar pelo fígado, ele é drenado pela veia hepática para a veia cava inferior, assim, o fígado recebe, através do sangue, os nutrientes e desempenha a sua função, além de regular os níveis de glicose ou aminoácidos no sangue circulante2 (Figura 5). Figura 5. Ramificação venosa - Pag 42

Circulação fetal A circulação do feto é diferente da circulação do adulto, pois os pulmões e os intestinos daquele não funcionam; consequentemente, toda a circulação que passa por esses órgãos tem um objetivo diferente em relação àquela após o nascimento. No caso dos pulmões, o sangue não é oxigenado e, quando volta ao coração, precisa de comunicações existentes entre o sistema arterial e as paredes do coração. As comunicações tornam o sangue do feto, oxigenado pela mãe, misto, ou seja, arterial misturado com venoso. As principais alterações anatômicas são a presença do ducto arterioso, que comunica o troco pulmonar com a artéria aorta, e o forame oval, que comunica o átrio direito com o esquerdo. Além disso, há a chegada, no fígado, de uma veia umbilical responsá-

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vel por conduzir o sangue arterial da mãe, que vai acabar chegando ao átrio direito. Também existem duas artérias umbilicais que servem para levar o sangue do feto para a mãe. A artéria umbilical e as duas veias umbilicais formam o cordão umbilical. Após o nascimento, essas comunicações se fecham, fazendo com que não ocorra mais a mistura do sangue venoso do lado direito do coração com o sangue arterial do lado esquerdo (Figura 6). Figura 6. Circulação fetal - Pag 42 Referências 1. Aires MM. Fisiologia. 2ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 1999. 2. Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. 6ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2009. 3. Canterle DB. In: Baiocco et al. Cateter central de inserção periférica – CCIP na prática de enfermagem. Porto Alegre: Moriá; 2013.

Sites recomendados Canadian Intravenous Nurses Association (CINA) http://web.idirect.com/csotcina/html Intravenous Access Network (INSERT) http://www.ivteam.com Intravenous Nurses Society http://www.ins1.org League of Intravenous Therapy Education (LITE) http://www.lite.org National Association of vascular Access Devices (NAVAN) http://www.navannet.org Hadaway Associates http://www.hadawayassociates.com www.ctav.com.br www.cdc.gov www.riscobiologico.org www.ccih.med.br www.sobeti.com.br www.bd.com.linfusion/links www.apecih.org.br www.ons.org/jobs.shtml PICC Excellence,Inc http://www.piccexcellence.com Departamento de Terapia Intravenosa (SOBETI) http://www.terapia-iv@uol.com.br www.who.int/patient-safety/en www.anvisa.gov.br

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TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM 2ツェ AULA: REVISテグ DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR

Figura 1. Histologia de artテゥrias e veias

Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 572 p.

Figura 2. Estrutura dos vasos sanguテュneos.

Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 573 p.

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TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM 2ª AULA: REVISÃO DA ANATOMIA, FISIOLOGIA E HISTOLOGIA DO SISTEMA VASCULAR

Figura 3. Válvulas venosas.

Figura 5. Ramificação venosa.

Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 578 p.

Figura 4. Ramificação arterial.

Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 581 p.

Figura 6. Circulação fetal.

Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 601 p. Fonte: Martini FH, Timmons RBT. Anatomia humana. Porto Alegre: Artmed; 2009. 581 p.

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*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com

Congressos e Eventos em 2013 Evento

Local

Data

Informações

IV Congresso Brasileiro de Enfermagem em Emergência

Fecomercio – São Paulo - SP

10 A 12 de julho

www.cobeem.com.br

11º Congresso Brasileiro de Enfermagem de Centro Cirúrgico, RA e CME

Palácio de Convenções do Anhembi

24 a 27 de julho

www.sobecc.org.br

IX Encontro de Enfermagem do Grupo Hospitalar Conceição

SESC Campestre (Av. Protásio Alves 6220, Alto Petrópolis, Porto Alegre – RS)

01 e 02 de agosto

www.ghc.com.br

11º Sinaden-Simpósio Nacional de Diagnóstico em Enfermagem

Curitiba - PR

01 a 03 de agosto

www.abeneventos.com.br

ConTIC -Congresso Tecnologia e Humanização na Comunicação em Saúde

Ribeirão Preto - SP

05 a 07 de agosto

www.conticsaude.com.br

XXXII Encontro de Enfermagem do Hospital da Criança Santo Antônio

Anfiteatro Hugo Gerdau

07 a 09 de agosto

eventos.santacasa. tche.br/eventos

Congresso da Sociedade de Cardiologia do Estado do Rio Grande do Sul

Gramado - RS

08 a 10 de agosto

www.socergs.org. br/congresso

II Congresso Sul-Brasileiro de Dor

Hotel Plaza São Rafael – Porto Alegre - RS

16 e 17 de agosto

www.congressodedor.com.br

IX Encontro Nacional de Gerenciamento de Enfermagem

Gramado - RS

26 a 28 de agosto

www.sobragen.org.br

33ª Semana Científica do Hospital de Clinicas de Porto Alegre

Auditório José Baldi

26 a 30 de agosto

semana@hcpa.ufrgs.br

XI Jornada de Psiquiatria da APRS

Gramado - RS

05 a 07 de setembro

www.jornadaaprs.org.br

X Jornada de Enfermagem do Instituto de Cardiologia de Porto Alegre

Anfiteatro do Centro Cultural Rubem Rodrigues

12 e 13 de setembro

enfermagem@ cardiologia.org.br

65º Congresso Brasileiro de Enfermagem

Sul América – Rio de Janeiro - RJ

07 a 10 de outubro

www.abeneventos.com.br

36º Congresso Brasileiro de Pediatria

Expotrade – Curitiba - PR

08 a 12 de outubro

www.cbpediatria.com.br

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem

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Congressos e Eventos em 2013 Evento

Local

Data

Informações

V Curso de Eletrocardiograma para a Enfermagem

Anfiteatro do Centro Cultural Rubem Rodrigues Fundação Instituto de Cardiologia

19 de outubro

enfermagem@ cardiologia.org.br

11º Encontro de Higienização e Lavanderia Hospitalar da Região Sul

Anfiteatro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - RS

24 e 25 de outubro

www.aphilav.com.br

IV Simpósio de Gestão em Serviços de Enfermagem

Auditório 220 – Prédio 1 – Ulbra/Canoas - RS

25 e 26 de outubro

( 51 ) 3332-8622

I Curso de Ausculta Cardíaca e Pulmonar para a Enfermagem

Anfiteatro do Centro Cultural 23 de Rubem Rodrigues Fundação novembro Instituto de Cardiologia

enfermagem@ cardiologia.org.br

V Congresso Brasileiro de Enfermagem Pediátrica e Neonatal

FAURGS-Gramado-RS

29 a 01 de novembro

Congresso.sobep.org.br

VII Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal

Centro de Eventos da UFSC

30 de outubro a 01 de novembro

www.cobeon2013.com

IV Congresso Brasileiro de Tratamento de Feridas

João Pessoa - PB

12 a 15 de novembro

www.sobenfee.org.br

EM BREVE NOVOS LANÇAMENTOS! Urgência e emergência na prática de enfermagem - 1ª edição Organizadores: Márcio Neres dos Santos e Odon Melo Soares

A criança e o adolescente: O que, como e por que cuidar? - 1ª edição Organizadoras: Fatima Rejane Ayres Florentino | Simone Travi Canabarro

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Para mais informações e pré-venda:

Revista Sul-Brasileira Enfermagem moriaeditora@gmail.com | (51)de 9116.9298 / 3334-4753


Notícias Ministério da Saúde destaca atuação de Conselhos Profissionais para ações de segurança do paciente O Programa estabelece, ainda, a criação do Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP) O Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), juntamente com os demais Conselhos Profissionais da área de Saúde, participaram do lançamento nesta segunda-feira (1º de abril de 2013) do Programa Nacional de Segurança do Paciente. O programa é resultado da experiência acumulada pela Rede Sentinela, um conjunto de hospitais que atuam fortemente na notificação de eventos adversos que afetam a assistência ao paciente. O objetivo de todo o Programa é promover melhorias relativas à segurança do paciente, de forma a prevenir e reduzir a incidência de eventos adversos. Entre as ações está a obrigatoriedade para que os hospitais e serviços de saúde implantem, um Núcleo de Segurança do Paciente. O Núcleo será uma referência dentro de cada instituição na promoção de uma assistência segura e também na orientação aos pacientes, familiares e acompanhantes de pessoas internadas. Também passará a ser obrigatória a notificação mensal de eventos adversos associados à assistência à saúde. Para isso, a ANVISA vai colocar à disposição de todos os profissionais e serviços de saúde a Ficha de Notificação de Eventos Adversos. O formulário será hospedado no site da Agência e será o canal oficial para a notificação de situações adversas. Os

serviços de saúde que não se adequarem a nova norma poderão perder o alvará de funcionamento. De acordo com o Ministro da Saúde, Alexandre Padilha, a existência de um sistema de notificação compulsória é fundamental para que as medidas necessárias sejam tomadas no tempo correto. “A notificação é muito importante para se investigar o que levou ao evento e para que se tome uma ação pontual de prevenção, é o que permite também uma ação local das vigilâncias sanitária”, afirmou Padilha. O Programa estabelece, ainda, a criação do Comitê de Implementação do Programa Nacional de Segurança do Paciente (CIPNSP). Composto por representantes do governo, da sociedade civil, de entidades de classe e universidades, tem por objetivo promover e apoiar a implementação de iniciativas voltadas à segurança do paciente em diferentes áreas da atenção à saúde. O Comitê também será uma referência para a tomada de decisão na área e de apoio à implantação do Programa . Fonte: http://novo.portalcofen.gov.br/ms-destaca-atuacao-de-conselhos-profissionais-para-acoes-de-seguranca-do-paciente _ 18926.html

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Acessado em 06.04.2013 00:36

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