Conselho Científico Presidente do Conselho Científico
Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul
EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilbertolivros@gmail.com
Profa Doutoranda Adriana Aparecida Paz UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre
Profa Dra Maria Bettina Camargo Bub UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
Profa Dra Ana Elizabeth Figueiredo PUC/RS
Profa Dra Maria da Graça de Oliveira Crossetti UFRGS - Universidade Federal do RS
Prof. Dr. Ari Nunes Assunção Unisc – Universidade de Santa Cruz do Sul Profa Dra Beatriz Regina Lara dos Santos PUC/RS
Produção: Álvaro Lopes (Publikmais) contato@publikmais.com.br
Profa Dra Dulcinéia Ghizoni Schneider Unisul /SC
Revisão de Português: Suliani Editograia
Profa Dra Edaiane Joana Lima Barros HU/FURG/RS
Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 3351-2361 / 3334-4753 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial.
Prof. Dr. Edison Luiz Devos Barlem FURG/RS Profa Dra Erica Rosalba Mallmann Duarte UFRGS - Universidade Federal do RS Profa Dra Giovana Calcagno Gomes FURG/RS Prof MS Graziella Gasparotto Baiocco Grupo Hospitalar Conceição Profa Dra Iride Cristofoli Caberlon Ulbra - Universidade Luterana do Brasil-Gravataí
Seis números anuais: janeiro/fevereiro, março/ abril, maio/junho, julho/agosto, setembro/outubro e novembro/dezembro.
Profa Dra Juliana Vieira De Araújo Sandri Univali - Universidade do Vale do Itajaí /SC Profa Dra Lisia Maria Fenstersefer Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos Profa Dra Lisnéia Fabiani Bock IPA - Rede Metodista de Educação do Sul
Correspondência: Moriá Editora Ltda. Rua Aracy Fróes, 258 / 902 Jardim Itu Sabará - Porto Alegre/ RS CEP: 91.210-230 Tels.: (51) 9116.9298 / (51) 3334.4753.
Profa MS Lucila Corsino de Paiva Faculdade Maurício de Nassau - Natal/ RN
E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com
Profa Doutoranda Magda Tessman Schwalm Unesc/SC
Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios
Profa Dra Luzia Fernandes Milão Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
Profa Dra Maira Buss Thofehrn UFPel - Universidade Federal de Pelotas
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais.
Profa Dra Maria Ribeiro Lacerda Universidade Federal do Paraná/PR Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS Profa Dra Maritê Inez Argenta Faculdade Estácio de Sá/SC
Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.
ISSN 2236-0417
Profa Dra Marlene Gomes Terra UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Dra Nara Marilene Oliveira Giradon Perlini UFSM - Universidade Federal de Santa Maria Profa Doutoranda Nára Selaimen G. de Azeredo Grupo Hospitalar Conceição - Porto Alegre/RS Profa Dra Nilva Lúcia Rech Stedile UCS - Universidade de Caxias do Sul Profa Dra Regina Gema Santini Costenaro Unifra - Centro Universitário Franciscano
a
Circulação: em todo território nacional.
Data da Impressão: janeiro/2014.
Profa Dra Maria Ligia dos Reis Bellaguarda Univali/SC
Profa Dra Rita Catalina Aquino Caregnato Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Dra Roseana Maria Medeiros URI-Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões-Campus Erechim/RS Profa Dra Sandra Maria Cezar Leal Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos Enfa Estomaterapeuta Silvana Janning Prazeres SOBEST - RS Profa Dra Solange Machado Guimarães Ulbra - Universidade Luterana do Brasil Profa Dra Sonara Lucia Estima Unilasalle - Centro Universitário La Salle Profa Dra Sonia Beatriz Cocaro Souza UFRGS - Universidade Federal do RS Profa Dra Suzane Beatriz Frantz Krug UNISC /Universidade de Santa Cruz do Sul Profa MS Terezinha Valduga Cardoso Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo Prof Dr Wilian Wegner Centro Universitário Metodista IPA/RS Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA)/RS
Ficha Catalográfica R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 1. Enfermagem-Periódicos NLM WY 1
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel CRB10-581
1
Sumário Página 03
Editorial
Artigos Página 04
Página 12
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas The vaccine situation of children and the parents reasons for delaying the vaccines Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo A gestão dos serviços de enfermagem: peril dos gestores e atualização legislativa The management of nursing services: proile of managers and legislative update Maritê Inês Argenta | Eliane Cândida Martins | Sheila Cristina Ferraz
Página 16
Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática Dimensions of management in nursing: facilities and limitations for practice Cibelle Barcelos Filipini | Lidiane Aparecida Monteiro | Aline Neves Oliveira | Eliza Maria Rezende Dázio | Érika de Cássia Lopes Chaves | Zélia Marilda Rodrigues Resck
Página 20
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte Occurrence of adverse events in hospitalized children: an integrative review Ezequiel Teixeira Andreotti | Miriam Buógo
Página 26
Normas para publicação
Página 28
Curso Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Eventos Cientíicos Aula 4: Relações Humanas no Trabalho: liderança na enfermagem
Página 32
Curso Terapia Intravenosa para Enfermagem Aula 4: Curativo e estabilização dos acessos
Página 35
Notícias
Página 39
Congressos e Eventos
2
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Editorial Qualidade e segurança A gestão de risco hospitalar está relacionada a processos assistenciais e administrativos a fim de promover a segurança dos pacientes e profissionais envolvidos com o cuidado na saúde. Estudos identificaram que a atividade de saúde envolve muitos riscos, causando danos aos pacientes, aos profissionais e à comunidade. Nós, profissionais de saúde, necessitamos desenvolver uma visão crítica para sermos agentes de mudança, visando à adoção de melhores práticas assistenciais, enfocadas em aspectos de risco e segurança nas diversas operações e atividades que ocorrem nos sistemas de saúde. Acima de tudo, precisamos ser profissionais capazes de melhorar a qualidade de vida da sociedade em geral, dentro de padrões que possam ser difundidos de forma eficaz e a custo efetivo, permitindo mais elevado nível de socialização de uma medicina de qualidade. O tema de Gestão de Risco torna-se progressivamente mais importante à medida que as pesquisas avançam, mostrando-se um nicho de conhecimento específico, com necessidade de pessoas tecnicamente capacitadas para coordenar e implementar ações de segurança na área hospitalar e, recentemente, tornando-se uma exigência do Ministério da Saúde a partir da RDC 36/2013 da ANVISA.
O objetivo da resolução é instituir ações para a promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos serviços de saúde, sejam públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares. A organização das instituições deve constituir um Núcleo de Segurança do Paciente (NSP), com funcionamento sistemático, sendo composto por equipe multiprofissional, desenvolvendo ações integradas e articuladas com foco na segurança do paciente. Tais ações podem ser vinculadas às Metas Internacionais de Segurança do Paciente, que permeiam diferentes processos da Gestão de Risco. O NSP precisa instituir um Plano de Segurança do paciente em Serviços de Saúde, estabelecendo estratégias e ações de gestão de risco de acordo com a sua instituição. Outro ponto importante da RDC 36/2013-ANVISA é o processo de vigilância, monitoramento e notificações de eventos adversos, visto que as notificações devem ser realizadas mensalmente pelo NSP, por meio de ferramentas eletrônicas disponibilizadas pela ANVISA. Uma mudança dessa natureza deve estar amparada por equipe preparada para o planejamento e a execução de tais atividades, considerando que o envolvimento da alta direção das instituições tem papel fundamental nessa mudança de paradigma.
Enf. Ms Fernanda de Menezes Guimarães Gerente Técnica do Hospital Mãe de Deus. Mestre em Administração e Negócios. Coordenadora do Curso de Pós-Graduação e Especialização em Gerenciamento de Risco e Segurança Hospitalar – UNISINOS – Escola Superior de Saúde – Porto Alegre/RS. Enf. Débora Rosilei Miquini de Freitas Cunha Chefe de Enfermagem dos Serviços de Saúde Mental do Sistema de Saúde Mãe de Deus. Especialista em Gerenciamento dos Serviços de Enfermagem. Especialista em Saúde Pública. Especializanda em Gestão de Risco e Segurança Hospitalar. Mestranda em Saúde Coletiva.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
3
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas The vaccine situation of children and the parents reasons for delaying the vaccines *Viviane Aparecida Zopelaro de Melo
**Maria Renita Burg Figueiredo
Resumo – Entre as mais efetivas ações de prevenção da saúde, está a vacinação das crianças contra as principais doenças preveníveis por imunização. O estudo teve como objetivo verificar se o esquema vacinal das crianças que aguardavam atendimento pediátrico estava completo e, ainda, identificar quais os fatores que influenciam os pais ou responsáveis a não vacinarem seus filhos em dia. Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva com abordagem quantitativa. Foram investigados 150 responsáveis pelas crianças, que aguardavam atendimento médico em cinco Unidades Básicas de Saúde do município de Canoas/RS, respeitando-se os aspectos éticos. Foram entrevistados responsáveis por crianças cujas idades variam entre 10 dias a 12 anos. Das cadernetas analisadas, 90% estavam com calendário vacinal em dia. Os familiares faltosos com calendário vacinal justificam-se pelo aguardo da consulta médica; ou devido à doença; ou, ainda, por esquecimento e falta de vacina na UBS. Avaliar o cartão vacinal por ocasião da consulta médica torna-se um grande aliado na identificação de crianças com alguma vacina em atraso, monitorando, dessa forma, os faltosos. Palavras-chave: Imunização; vacinação; calendário vacinal; epidemiologia.
Abstract – Among the most effective prevention actions, is children vaccination against major preventable diseases by immunization. The study aimed to verify if the vaccination scheme of children who wait for pediatric attendance was complete, and identify which factors influence parents or responsible to not vaccinate their kids in time. It has been a descriptive exploratory search with quantitative approach. It was investigated one hundred and fifty responsible for children who were waiting for medical attendance in five basic health units from Canoas/RS, respected the ethical aspects. It was interviewed children’s responsible whose ages range from 10 days to 12 years old. About the vaccine cards analyzed, ninety percent of them were updated. The parents omission on the vaccination schedule, justified that they were waiting for the medical appointment; due to the sickness in the child; forgetfulness and lack of vaccine in the BHU (Basic Health Unit). To verify the vaccination card by occasion of the medical appointment becomes a great ally in the identification of children that missed the vaccine, monitoring in this way the omission. Keywords: Immunization; vaccination; vaccination schedule; epidemiology.
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Introdução Quando um profissional trabalha em prevenção em saúde, um de seus âmbitos de atuação, realiza intervenções orientadas para evitar o surgimento de doenças específicas, reduzindo sua incidência e prevalência nas populações. Sendo assim, a vacinação ocupa lugar de destaque, pois atua com eficiência na prevenção das doenças comuns da infância e na diminuição da taxa de mortalidade infantil1. As vacinas, ao serem introduzidas no organismo, desencadeiam uma reação do sistema imunológico (semelhante ao que ocorreria no caso de uma infecção por determinado agente patogênico), estimulam a formação de anticorpos e tornam o organismo imune a esse agente e às doenças por ele provocadas2. O Ministério da Saúde mantém controladas as seguintes doenças: sarampo, tétano neonatal, as formas graves de tuberculose, difteria, tétano acidental, poliomielite, rubéola, diarreias por rotavírus e a coqueluche. Em 1973, o governo brasileiro criou o Programa Nacional de Imunização (PNI), uma estratégia de prevenção e/ou controle da incidência de doenças infectocontagiosas. O PNI tinha como
4
objetivo principal normatizar as ações de vacinação em todo o território nacional, pois alguns Estados vacinavam sua população apenas durante as campanhas, enquanto outros tinham calendário de vacinação e uma Norma Estadual de Imunização. O PNI só ganhou legislação específica em 1975, com a Lei 6.259 e o Decreto 78.231, de 1976, dando ênfase às atividades permanentes de vacinação e contribuindo para fortalecer institucionalmente o Programa3-6. Com isso, o PNI ajustou-se aos objetivos e diretrizes do Programa Ampliado de Imunizações (PAI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS). Anteriormente, as ações de imunização eram marcadas pela atuação isolada de programas nacionais para o controle de doenças específicas, como: Campanha de Erradicação da Varíola, Plano Nacional de Controle da Poliomielite e Controle da Tuberculose. A partir de então, o Ministério da Saúde define as vacinas obrigatórias do calendário vacinal, permitindo às unidades federadas proporem medidas complementares no âmbito de seu território3-4. O calendário nacional de vacinação possui imunobiológicos voltados para a prevenção de
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Existem crianças com o esquema vacinal em dia, e outras com vacinas em atraso. É importante ter conhecimento do problema, para poder atuar solucionando-o, além de mapear os cartões de vacina das crianças, visando à regularidade nas imunizações pendentes a fim de evitar agravos. A rede pública coloca à disposição de toda a população os imunobiológicos de rotina, nos postos de vacinação, e os imunobiológicos especiais nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE). A razão pela qual surgiu tal estudo se deve à importância de conhecer as necessidades e dúvidas que cercam pais ou responsáveis em relação às imunizações previstas pelo cartão de vacina da criança. O que nos motivou a realizar esta pesquisa foi o fato de a pesquisadora trabalhar na área infantil e observar que nem todas as crianças estão com o esquema vacinal em dia. Assim, surgem questionamentos a respeito dos motivos pelos quais surgem atrasos vacinais dessas crianças. Os profissionais da saúde têm a função de apoiar, informar e promover a vacinação à população brasileira e assim diminuir, ou, até mesmo, erradicar várias doenças no território brasileiro. A equipe de enfermagem tem papel fundamental nas estratégias de vacinação, pois o enfermeiro planeja, organiza, coordena, executa e faz avaliação tanto da estratégia como da cobertura vacinal e taxa de abandono, o que possibilita perceber a realidade, avaliar os caminhos, construir um referencial futuro, estruturando o trâmite adequado e reavaliando todo o processo6. A vacinação da criança, no Brasil, está em ritmo crescente, o que indica que uma visão ativa e consciente dos benefícios das imunizações substituiu possíveis desconhecimentos ou resistências por parte das mães em relação à vacinação15. Assim, o estudo tem por objetivos verificar se o esquema vacinal das crianças que aguardam atendimento pediátrico está completo; e, ainda, identificar quais os fatores que influenciam os pais ou responsáveis a não vacinarem seus filhos conforme o calendário.
Metodologia Trata-se de uma pesquisa exploratório-descritiva com abordagem quantitativa. Os dados foram coletados junto aos pais ou responsáveis pelas crianças que aguardavam consulta com médico pediatra, em cinco Unidades Básicas de Saúde (UBS), do município de Canoas. Foi contemplada uma UBS em cada quadrante do município e uma na região central, ou seja, uma UBS nos bairros Mathias Velho, Rio Branco, Guajuviras, Niterói e Centro.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
5
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
doenças, como: tuberculose, hepatite b, tétano, sarampo, difteria, poliomielite, rotavírus, coqueluche, meningite, febre amarela, caxumba, rubéola e varicela, tendo como meta vacinar todos os brasileiros em todas as fases da sua vida e orientar os profissionais da sala de vacina a prestarem assistência à clientela com segurança e responsabilidade3. A vacinação é uma ação integrada e rotineira dos serviços de saúde, pertencendo ao nível de atenção primária de baixa complexidade e de grande importância na promoção da saúde infantil, além de ser obrigação instituída no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), constituindo-se no procedimento de melhor relação custo e efetividade no setor saúde7-8. A cobertura vacinal é entendida como a proporção de crianças que receberam o esquema completo de vacinação. O esquema completo é entendido como a aplicação de todas as vacinas preconizadas pelo PNI, as doses aplicadas nas idades corretas, bem como respeitados os intervalos corretos9. A vacinação de rotina consiste no estabelecimento de um calendário nacional de vacinação que deve ser aplicado a cada pessoa a partir do seu nascimento, visando a garantir a prevenção específica das doenças no indivíduo e, no âmbito coletivo, a interrupção da transmissão9. Em março de 2010 foi introduzida, no calendário vacinal brasileiro da criança, a vacina antipneumocócica. O Ministério da Saúde, com a finalidade de atingir um grupo etário maior, adotou inicialmente quatro esquemas diferenciados conforme a faixa etária de início do esquema de vacinação. Para crianças de dois até seis meses de idade é ministrada a primeira dose inicial a partir de dois meses de idade. O esquema consiste em três doses de 0,5 ml, com intervalo de pelo menos, um mês entre elas; contudo, o PNI adota na rotina o intervalo de dois meses entre as doses. Dessa forma, o esquema será de dois, quatro e seis meses. Uma dose de reforço é recomendada pelo menos seis meses após a última dose do esquema primário, estando esta preferencialmente entre os 12 e 15 meses de idade10. O Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilâncias Municipais em Saúde, mantém o PNI, a fim de proporcionar maior qualidade de vida para as crianças e familiares, evitando possíveis patologias e internações11-12. O Estatuto da Criança e do Adolescente aborda, como um direito da criança, o recebimento de imunizações descritas no calendário vacinal nacional7. É dever da família assegurar com absoluta prioridade a efetivação dos direitos referentes à vida, à saúde, à alimentação da criança. O atendimento médico à criança é assegurado através do Sistema Único de Saúde (SUS), com a garantia de acesso universal e igualitário ao serviço7.
Artigo de pesquisa
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Artigo de pesquisa
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Para a realização do estudo foi elaborado um instrumento de coleta de dados, com 18 questões fechadas e três abertas, contendo dados de identificação da criança, do pai ou responsável, além de uma questão aberta sobre o motivo do atraso da vacina conforme previsto no cartão vacinal. O instrumento foi preenchido pela pesquisadora e foi realizado teste piloto. Foram entrevistados todos os pais ou responsáveis pelas crianças que aguardavam consulta pediátrica nas cinco UBS pesquisadas do município de Canoas, em dois turnos, em cada UBS. Os pais aceitaram participar do estudo. A média de crianças atendidas por um profissional pediatra em cada turno foi de 15 crianças. Assim, a amostra prevista para este estudo foi de 30 crianças por UBS, totalizando 150 entrevistas de pais ou responsáveis por crianças que aguardavam consulta com pediatra. Conforme Resolução 466/201214, no que diz respeito à pesquisa com seres humanos, todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Os dados foram coletados no período de agosto e setembro de 2010, após o parecer favorável do Comitê de Ética da Ulbra e autorização da Prefeitura Municipal de Canoas. Os dados foram submetidos aos procedimentos de estatística descritiva.
Percebe-se menor escolaridade dos acompanhantes das crianças, na UBS, dos bairros Guajuviras e Niterói, pois 20% têm Ensino Fundamental incompleto. O bairro com maior escolaridade é o centro, local em que 52% possuem Ensino Médio completo. Assim, pode-se afirmar que 33% dos responsáveis usuários das UBS, onde foi realizada a pesquisa, possuem Ensino Médio completo. O estudo realizado pelo Grupo Hospitalar Conceição, na periferia da zona norte de Porto Alegre/ RS, em 199516, mostrou atraso vacinal das crianças, cujas mães possuíam maior grau de escolaridade. As figuras 3 e 4 apresentam a ocupação dos entrevistados com seu respectivo bairro de residência.
Foram entrevistados 150 responsáveis pelas crianças que aguardavam atendimento médico em cinco UBS. Os entrevistados eram responsáveis pelas crianças entre 10 dias de vida até 12 anos de idade. Foi possível avaliar 120 cadernetas de vacinação, representando 80% da amostra, pois 20% dos responsáveis não portavam a carteira de vacinação por ocasião da consulta com o pediatra. Os responsáveis entrevistados, em 97%, foram os pais e 3% os avós. Em relação ao sexo, 96% pertencem ao sexo feminino; 4% ao sexo masculino; 91% referiram ser de cor branca; 9% referiram ser da raça negra. A escolaridade dos entrevistados está apresentada na Figura 1, com seus respectivos bairros de atendimento nos serviços de saúde.
Na UBS do bairro Guajuviras, 80% das pessoas entrevistadas têm como ocupação o trabalho em seu domicílio. Nos demais bairros, os valores não divergem muito. As figuras 5 e 6 apresentam a renda familiar com o respectivo bairro de residência.
6
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Resultados
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Artigo de pesquisa
Em relação à renda, 13% dos residentes no bairro Guajuviras possuem renda familiar de menos de um salário mínimo; um bairro de grande vulnerabilidade social, portanto. No entanto, os bairros Rio Branco, Mathias Velho e Centro possuem 67% de entrevistados com renda acima de um salário mínimo. No estudo de Moraes e Ribeiro17, a renda familiar teve influência no calendário de vacina das crianças estudadas, pois as que residiam em locais de maior pobreza tinham um atraso, no esquema vacinal, 12% maior, se comparadas às que tinham melhores condições de vida. As figuras 7 e 8 mostram as características das crianças em relação ao bairro que residem e à idade das mesmas.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
7
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
Percebe-se menor renda familiar dos entrevistados na UBS do bairro Guajuviras, pois
A faixa etária com o maior número de crianças (31%) é a das com menos de um ano de idade. O bairro Niterói teve 50% nesta faixa etária e os bairros Mathias Velho e Centro representam o menor índice nessa idade (20%). Sabe-se que é no primeiro ano de vida que a criança recebe o maior número de vacinas, conforme o PNI, estabelecendo-se relevante ação de prevenção de doenças infectocontagiosas18. Das 150 crianças do estudo, somente 36% frequentam a escola; destas, 13% estudam em Escola de Educação Infantil e 23% estão matriculadas em Escola de Ensino Fundamental, o que pode ser considerado um agravante, visto que somente este percentual é monitorado pelas direções das escolas, justificando, talvez, como um dos motivos de faltosos no calendário vacinal. Em geral, as mães ativas no mercado de trabalho conseguem matricular seus filhos em escolas municipais de Educação Infantil. Sendo assim, precisam apresentar a cópia da caderneta de vacina com esquema vacinal em dia para obterem a vaga. No município de Canoas, a Secretaria Municipal de Educação define as vagas por sorteio público, nas escolas de Educação Infantil, para os inscritos segundo critério socioeconômico, que é de um salário mínimo e meio per capita, mediante a comprovação da renda. Em 2010, o município possuía 31 escolas de Educação Infantil próprias e 20 instituições conveniadas ou contratadas19. Foi perguntado aos familiares das crianças que aguardavam atendimento com pediatra, no dia da entrevista, qual era o motivo da consulta. Foram relatados motivos como febre, diarreia e dor, conforme o Quadro 2. Para melhor compreensão, as respostas foram agrupadas em padrões de saúde funcionais, sendo os seguintes: eliminação, atividade-exercício e cognitivo-perceptivo.
Artigo de pesquisa
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Diagnósticos de enfermagem
Fatores relacionados
Risco de função respiratória prejudicada
Presença de secreção excessiva
Características definidoras
Dor aguda
Agitação, ansiedade, irritabilidade.
Diarreia
Fezes líquidas e soltas
Hipertermia
Pele quente ao toque e ruborizada
O diagnóstico de risco de função respiratória prejudicada não apresenta características definidoras por ser um diagnóstico de possibilidade e não de precisão. Já os diagnósticos de dor aguda, diarreia, hipertermia estão definidos pelos seus sinais e sintomas. O estudo realizado por Prietsch et al.13 apontou as doenças respiratórias como um número significativo de agravos de saúde no inverno. As vacinas do sarampo, difteria, coqueluche, haemophylus influenzae e a antipneumocócica previnem estas doenças respiratórias. A vacina rotavírus previne as diarreias. Todos os imunobiológicos são oferecidos pela rede pública de saúde. Os motivos da consulta médica, informados pelos pais ou responsáveis das crianças no dia da entrevista no serviço de saúde, permitiram identificar os seguintes diagnósticos de enfermagem: hipertermia, risco de função respiratória prejudicada e dor aguda. Outro problema de saúde importante é a diarreia, que ocorre em nível mundial; suas causas se modificam de acordo com os determinantes ambientais, nutricionais e socioeconômico-culturais. A diarreia é uma das doenças mais frequentes na infância. Apesar dos esforços para sua redução, a diarreia continua sendo um grave problema de saúde pública nos países subdesenvolvidos20-21. A Figura 9 mostra os motivos de as crianças terem tido internações hospitalares e o bairro da sua residência. Figura 9: Motivos de hospitalização das crianças de acordo com o bairro de residência. Canoas 2010 (n. 30).
Fonte: Instrumento de pesquisa.
8
Na Figura 10 observam-se os entrevistados que possuíam caderneta de vacina, no momento da entrevista, por bairro de atendimento no serviço de saúde. No bairro Guajuviras encontra-se o maior número de responsáveis portando a caderneta de vacinação, representando 100%, e o bairro Mathias Velho com o menor índice (63%) de responsáveis com a caderneta no momento da entrevista. A Figura 11 mostra que, dos 150 entrevistados, 120 estavam com a caderneta de vacina no momento da abordagem, o que é representado no gráfico como 100% e 80% respectivamente; 20% não portavam a mesma, alegando esquecimento. Assim, dos 120 entrevistados com a caderneta de vacina, no momento da abordagem, 90% estavam com calendário vacinal em dia, sendo que 12 crianças estavam com atraso vacinal. As figuras 12 e 13 apresentam o resultado da análise do cartão vacinal por bairro de atendimento no serviço de saúde.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Quadro 2: Diagnósticos de enfermagem referentes aos motivos que levaram os familiares das crianças a buscar ajuda no serviço de saúde (Canoas, 2010). Fonte: Carpenito25.
Das 150 crianças deste estudo, 25% já estiveram hospitalizadas, e os motivos das internações referidos pelos responsáveis foram: infecções no trato urinário, infecções respiratórias, infecções gastrointestinais, cirurgias de apendicectomia e amigdalectomia, prematuridade, problemas hematológicos, como anemia e plaquetopenia. No estudo de Hayakawa et al.22, os prematuros apresentam uma sobrevida aumentada devido aos avanços científicos e tecnológicos. Por serem, muitas vezes, prematuros extremos, há um índice de reinternação maior em relação à criança a termo. Essas reinternações ocorrem por motivos cirúrgicos e infecções, que representam um pouco mais de 62,6% dos casos. O mesmo estudo mostrou ainda que as crianças que faziam acompanhamento ambulatorial eram a minoria em internações; aquelas que não faziam acompanhamento ambulatorial representavam duas vezes mais reinternações. Os autores destacam, como responsável pela não internação das crianças, o aleitamento materno. Sugerem o uso da amamentação exclusiva para evitar novas hospitalizações. A Figura 10 apresenta o número de crianças com a caderneta de vacina no momento da entrevista, por bairro de atendimento no serviço de saúde.
Tabela 1: Motivos do atraso vacinal referidos pelos responsáveis das crianças Motivos dos atrasos no calendário vacinal
n
%
Doenças
4
33
Falta vacina na UBS
3
25
Aguardar dia da consulta
3
25
Esquecimento
2
17
12
100
Total Fonte: Instrumento de pesquisa.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
9
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
A Figura 12 apresenta o esquema vacinal das crianças: dessas, 108 com calendário de vacina em dia, 30 casos não puderam ser verificados por não estarem com a caderneta de vacina no momento da entrevista e 12 crianças estavam com calendário vacinal incompleto. Na Figura 13 mostra-se o percentual de cobertura vacinal das crianças, distribuídas por bairro: destaca-se o bairro Mathias Velho com a maior cobertura do calendário vacinal (95%), vindo ao encontro do preconizado pelo MS; o bairro Centro com menor índice de calendário vacinal em dia (84%). É importante destacar que no bairro central residem moradores com melhores condições socioeconômicas em relação ao bairro Mathias Velho, que apresenta grande vulnerabilidade social. Desde 2003, o bairro Mathias Velho tem implantado a Estratégia de Saúde da Família (ESF), com 100% de área coberta, apesar de várias equipes estarem incompletas, principalmente pela falta de agentes comunitários de saúde e de médicos. Neste estudo, no bairro Centro, a renda familiar é maior em relação aos outros bairros, (Figura 5), mas foi o bairro com maior atraso no esquema de vacina das crianças que frequentaram a UBS por ocasião da entrevista (16%). Do calendário nacional de vacina, preconizado pelo Ministério da Saúde, para a criança, destacam-se neste estudo a VOP (contra poliomielite) e VORH (contra rotavírus), pois estas vacinas estavam em dia em todas as crianças. Já, a antipneumocócica teve o maior índice de crianças faltosas, justificado pelos responsáveis devido à falta da referida vacina nas UBS. Talvez isso possa ser atribuído pelo fato de a vacina ter entrado no calendário da criança em 2010, e o Ministério da Saúde estar com dificuldade de abastecimento da mesma nos municípios. No estudo realizado em 200812, também no município de Canoas/RS, foram analisados 2.747 cartões vacinais de crianças de zero a 6 anos, sendo 1.286 de escolas infantis públicas e 1.461 de escolas infantis privadas. Nas escolas públicas, 6% das crianças receberam as vacinas com atraso, ou seja, fora do prazo estabelecido pelo Ministério da Saúde. Os
maiores percentuais de atraso foram na DPT (com 12,3% na dose de reforço e 5,3% de atraso na primeira dose) e na terceira dose da hepatite (4,1%). Ainda, nas escolas privadas, 95,3% estavam em dia. Pesquisa realizada nas UBS do município de Canoas, em 2004, encontrou 81,6% de crianças com o cartão vacinal atualizado1. Observou-se, durante a coleta de dados, que as crianças atendidas no bairro Centro, em um número considerável, residiam em outros bairros. Segundo seus responsáveis, buscaram recursos de saúde no Centro pela facilidade do acesso e pela oferta de consultas com pediatra em número expressivo, atendendo adequadamente à demanda. Assim, não se sabe se a cobertura vacinal por bairro é a mais real, visto que há deslocamento dos moradores para a região central. Por ocasião da Campanha Nacional de Vacinação, em quatro unidades de saúde, no município de Campo Grande/MS, verificou-se que 87,3% das crianças na faixa etária de zero a 5 anos estavam com o cartão vacinal atualizado23. O PNI propõe que os faltosos (vacinas atrasadas) sofram uma busca semanal ou quinzenal, de acordo com as possibilidades existentes6. O Serviço de Imunologia da Secretaria Municipal de Saúde de Canoas apresenta, nos seus registros anuais, a cobertura vacinal global do município. No ano de 2009, mostrou uma excelente cobertura vacinal em relação à vacina de BCG, com 96,2%, a qual foi a única que atingiu a meta do Ministério da Saúde de 95%. As demais vacinas são: tetravalente (teve 90,26%), hepatite B (85,15%), Sabin (90,97%), triviral (90,89%) e rotavírus (71,27%)24. O presente estudo mostra que, dos entrevistados que portavam caderneta de vacina no momento da entrevista, 90% estavam em dia com o esquema vacinal, incluindo as vacinas acima citadas, com exceção da antipneumocócica, que foi inclusa recentemente no calendário vacinal, por isso apresentou maior número de atrasos da vacina. Já as vacinas Sabin e rotavírus, tiveram uma cobertura de 100% entre as crianças pesquisadas. A Tabela 1 mostra as razões apresentadas pelos entrevistados da não vacinação das crianças.
Artigo de pesquisa
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Artigo de pesquisa
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Observa-se que o motivo que mais foi referido pelos responsáveis das crianças ao justificarem a não vacinação em dia da criança sob seus cuidados foi a doença da criança (33%), seguido de “estava aguardando a consulta com o médico para completar o esquema vacinal” (25%), além do “esquecimento” (17%). Também apareceu como motivo a falta de vacina na Unidade Básica de Saúde. A vacina referida é a antipneumocócica, que entrou no calendário vacinal recentemente e para a qual a procura está sendo maior que a oferta. Os resultados deste estudo vêm ao encontro da pesquisa realizada em Canoas no ano de 20041; os responsáveis justificaram a não vacinação pelo esquecimento da data de vacinação, doença da criança, falta de quem levasse a criança ao serviço de saúde, dificuldade de acesso à UBS e horário de funcionamento da UBS. Os entrevistados foram questionados sobre considerar importante vacinar seu filho, solicitando-lhe a justificativa da sua afirmação. De forma unânime, todos responderam ser muito importante. Justificaram assim suas afirmativas: para prevenir doenças (95%), porque é bom para saúde (3%) e porque é gratuito (2%). Neste estudo, os resultados vêm ao encontro dos levantados na cidade de Bauru/SP18. Os entrevistados responsáveis pelas crianças com menos de 6 anos de idade, residentes nos bairros periféricos, relataram como principal motivo de imunizar as crianças a prevenção de doenças.
A vacinação nas crianças é uma ação eficaz da atenção básica, atuando na prevenção de várias doenças. O enfermeiro é o profissional de referência para as questões de imunização, cabendo a ele a responsabilidade de gerenciar as salas de vacina e desenvolver ações que garantam uma assistência de enfermagem com qualidade nas imunizações, realizando educação continuada com toda a equipe atuante nos serviços de saúde. Neste estudo, foram entrevistados 150 familiares das crianças que aguardavam atendimento médico no momento da entrevista. Destas, foram analisadas 120 cadernetas de vacina de crianças entre 10 dias a 12 anos de idade, pois as demais não portavam a referida caderneta. Pode-se observar que 90% das crianças estavam com calendário vacinal em dia. As que não estavam foram justificadas como: esquecimento, aguardando dia da consulta, criança estava doente e falta de imunobiológicos nas unidades.
10
Referências 1. Figueiredo MRB, Wagner L, Silveira DM, Aerts DRGC, Araújo MS, Groenwald RM, Kovalzki RM. Atraso vacinal em crianças moradoras em Canoas/RS, 2004. Logos. Revista de Divulgação Científica, dez. 2004; 15:57-63.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Consider ações finais
Os motivos que levaram os pais e/ou responsáveis pela criança a buscarem atendimento médico foram: dor, hipertermia, diarreia e risco de função respiratória prejudicada. Em nível mundial, muitas crianças deixam de ser vacinadas pelos mais diferentes fatores, que abrangem desde o nível cultural e econômico dos pais até causas relacionadas a crenças, superstições, mitos e credos religiosos. Há um consenso revelando que escolas podem servir como locais que visem à prevenção e à promoção da saúde, exigindo os cartões de vacinação em dia por ocasião da matrícula. Neste estudo somente 36% frequentam a escola, fato que pode ter colaborado para 90% das crianças estarem com a caderneta atualizada. As oportunidades perdidas de vacinação constituem algumas das principais causas de baixas coberturas. Aproveitar para administrar a vacina ou para encaminhar para receber o imunobiológico deve ser obrigação de todos os integrantes das equipes de atenção básica. Se há crianças não vacinadas, faz-se necessário investigar suas causas para que se ampliem as coberturas vacinais. Assim, todos os profissionais da saúde da rede básica devem estar voltados a identificar possíveis crianças com cartão vacinal não atualizado. Para isso, os pais devem ser orientados para trazer o cartão da criança ao procurar qualquer atendimento nos serviços de saúde. Os profissionais devem estar aptos a identificar possíveis atrasos no calendário da criança e ter preocupação constante no seu trabalho com as vacinas, não perdendo a oportunidade de atualizá-las por ocasião da consulta ao pediatra e consultas de enfermagem, desta forma monitorando os faltosos. O atendimento de rotina deve incluir o monitoramento da vacinação. Sugere-se que esta pesquisa seja repetida em todas as UBS de Canoas, pois esta amostra foi nos quatro quadrantes e região central. Desta forma, ter-se-á um conhecimento real da cobertura vacinal das crianças que frequentam as UBS do município. Sugere-se ainda que a mesma seja efetuada fora dos dias de vacinação, para se obter um resultado concreto da situação. As capacitações periódicas dos profissionais que atuam nas UBS quanto à identificação de possíveis faltosos com o calendário são importantes, pois contribuem para a obtenção da meta de vacinação proposta pelo Ministério da Saúde.
A situação vacinal das crianças e as razões dos pais para o atraso das vacinas
Recebido 08.10.2013 Aprovado 27.12.2013 * Acadêmica do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil-ULBRA, Campus Canoas/RS. E-mail: vivi _ zopelaro@yahoo.com.br. ** Ms Saúde Coletiva. Enfermeira. Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil-ULBRA, Campus Canoas/RS.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
11
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 04 a 11
Viviane Aparecida Zopelaro de Melo | Maria Renita Burg Figueiredo
13. Prietsch SOM, Fischer GB, César JA, Lempek BS, Barbosa Jr. LV, Zogbi L, Cardoso OC, Santos AM. Doença respiratória em menores de 5 anos no sul do Brasil: influência do ambiente doméstico. [acessado em 2010 novembro 3]. Disponível em: http://regional.bvsalud.org. 14. Conselho Nacional de Saúde. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisas Envolvendo Seres Humanos. Resolução 466/2012. Disponível em: http://www.ufrgs.br/bioetica. 15. Pugliesi MV, Tura LFR, Andreazzi MFS. Mães e vacinação das crianças: estudo de representações sociais em serviço público de saúde. Rev. Bras. Saude Mater. Infant, jan/mar 2010; 10(1). 16. Miranda AS, Scheibel IM, Tavares MRG, Takeda SMP. Avaliação da cobertura vacinal do esquema básico para o primeiro ano de vida. Grupo Hospitalar Conceição – Serviço de Saúde Comunitária – Unidade Valão, Porto Alegre/RS, Brasil. Rev. Saúde Pública. 29(3). São Paulo, jun 1995. [acessado em 2010 novembro 3]. Disponível em: www.scielo. br/scielo.php?pid=S0034-89101995000300008. 17. Moraes JC, Ribeiro MCSA. Desigualdades sociais e cobertura vacinal: uso de inquéritos domiciliares. Rev Bras Epidemiol, 2008; 113-24. 18. Gatti MAN, Oliveira LR. Crianças faltosas à vacinação, condições de vida e concepção sobre vacina: um inquérito domiciliar. Mestrado. 2005. [acessado em 2010 out. 27]. Disponível em: www.bvsalud.org. 19. Canoas, Secretaria Municipal da Educação. Inscrições para Escolas de Educação infantil têm início em cinco de outubro. [acessado em 2010 out. 18]. Disponível em: www.canoas.rs.gov.br. 20. Oliveira TCR, Latorre MRDO. Tendências da internação e da mortalidade infantil por diarreia: Brasil, 1995 a 2005. Mestrado. 2009. Rev Saúde Pública, 2010; 44(1):102-11. 21. Teixeira JC, Heller L. Fatores ambientais associados à diarreia infantil em áreas de assentamento subnormal em Juiz de Fora, Minas Gerais. [acessado em 2010 novembro 3]. Disponível em: www.scielo.br. 22. Hayakawa LM, Souza SNDH, Bengozi TM, Schmidt KT, Rossetto EG. Incidência de reinternação de prematuros com muito baixo peso nascidos em Hospital Universitário Esc. Anna Nery. Rev Enferm, abr/jun 2010; 14(2):324-9. 23. Pereira IC. Situação vacinal e motivos para a não vacinação em crianças de 0 a 6 anos no município de Campo Grande/MS. 2000. [acessado em 2010 outubro 25]. Disponível em: www.scielo.com.br. 24. Canoas. Secretaria Municipal de Saúde de Canoas. Vigilância Epidemiológica. PPI 2001-2005. Relatório impresso. 25. Carpenito LJ. Manual de diagnósticos de enfermagem. 10ª ed. Porto Alegre: Artmed; 2006.
Artigo original
2. Cavalcante, CAA. Vacinação e biossegurança: o olhar dos profissionais de enfermagem. 2006. Dissertação (mestrado). Universidade Federal Rio Grande do Norte. Natal, RN. [acessado em: 2010 abril 14]. Disponível em: ftp://ftp.ufrn.br/pub/biblioteca/ext/bdtd/CleoniceACA.pdf. 3. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Programa Nacional de Imunizações 30 anos – Ministério da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, Série C. Projetos e Programas e Relatórios 2003. [acessado 2010 abril 14]. Disponível em: http://portal .saude.gov.br/ portal/arquivos/pdf/livro _ 30 _ anos _ pni.pdf. 4. Ministério da Saúde. Sistema de Informação do Programa Nacional de Imunizações – SI-PNI. [acessado em 2010 outubro 5]. Disponível em: portal.saude.gov.br/portal/arquivos/pdf/si _ pni _ api.pdf. 5. Trevisan S, Coutinho SED. Perfil epidemiológico da coqueluche no Rio Grande do Sul, Brasil: estudo da correlação entre incidência e cobertura vacinal (periódico on-line). Jan. 2008. [acessado em 2010 abril 12]. Disponível em: http://regional.bvsalud.org. 6. Queiroz, SA et al. Atuação da equipe de enfermagem na sala de vacinação e suas condições de funcionamento [acessado em 2010 novembro 12]. Disponível em: www.revistarene.ufc.br/revista/index. php/revista/article/download/.../pd. 7. Brasil. Lei nº 8069, de 13 de julho de 1990. Presidência da República, Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos. [acessado em 2010 abril 13]. Disponível em: www.planalto.gov.br/ccivil. 8. França ISX, Simplício DN, Paulino FA, Brito VRS. Cobertura vacinal e mortalidade infantil em Campina Grande, PB, Brasil (periódico online). 2009. [acessado em 2010 abril 10]. Disponível em: Rev. Bras Enf. mar./ abr. 2009; 62(2):258-64. 9. Barata RB, Castro PC, Moraes JC, Ribeiro MCSA, Simões O. Qual é a cobertura vacinal real? Epidemiologia e Serviços de Saúde. 2003. [acessado em 2010 abril 10]. Disponível em: http://www.scielo.com. 10. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Coordenação Geral do Programa Nacional de Imunizações. Proposta para introdução da vacina Pneumocócica 10-Valente (conjugada) no calendário básico de vacinação da criança. Incorporação março 2010. Brasília, fev. 2010. Disponível em: portal.saude.gov.br/.../intro _ pneumococica10 _ val _ 04 _ 02 _ 10. 11. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Imunização (PNI). Saúde e Ciências para Todos. Agência Fiocruz de Notícias. 2009. [acessado em 2010 out 14]. Disponível em: http://www.fiocruz.br. 12. Figueiredo MRB, Mello AM, Cantele LA, Enloft L, Araujo MS, Caregnato RCA, Wagner L. Imunização das crianças das escolas públicas de Canoas. Revista Logos, jul/dez 2008; 19(2):65, 67, 73.
A gestão dos serviços de enfermagem: perfil dos gestores e atualização legislativa The management of nursing services: proile of managers and legislative update
* Maritê Inês Argenta ** Eliane Cândida Martins
*** Sheila Cristina Ferraz
Resumo: A gerência de enfermagem é um instrumento de política, e a Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) é considerada uma ferramenta gerencial que organiza o processo de trabalho da categoria. Objetivo: identificar o perfil profissional dos gerentes de enfermagem com foco na atualização sobre a SAE. Método: Abordagem qualitativa, dados coletados via entrevista semiestruturada, com 9 enfermeiros gestores. A análise dos dados foi realizada pela proposta de Minayo. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa nº 208.154. Resultados: A gestão dos serviços é genuinamente feminina, com idade >40 anos, tempo de atuação e na gestão se manteve >10 anos, característica do modelo de escolha que se dá via carreira funcional. A maioria dos entrevistados apresentou qualificação na área da gestão, em contraponto com a capacitação sobre a SAE. Conclusões: Implementar a SAE, como determina a legislação, é uma questão deontológica à profissão, e as políticas institucionais são preditoras para esse sucesso. Palavras-chave – Enfermagem; gerência; administração hospitalar; Sistematização da Assistência de Enfermagem.
Abstract: The nursing management is a policy instrument, the systematization of nursing assistance (SAE) is considered a management tool that organizes the work process category. Objective: To identify the professional profile of nurse managers focusing on update on the NCS. Method: Qualitative collected via semi-structured interviews with nine nurses managers. The data analysis performed by the proposed Minayo. The approval by the Ethics in Research 208,154. Results: The service management is genuine female, aged >40 years, duration of action and the management remained >10 years, characteristic of the model of choice that gives functional career path. Most had qualifications in the area of management, in contrast with training on NCS. Conclusions: Implementing the NCS, as required by law, is a matter of professional conduct profession and institutional policies that are predictive of success. Keywords: Nursing; management; hospital administration; Care System Nursing.
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 12 a 15
Introdução A gerência de enfermagem constitui um importante instrumento de política, ao incorporar um caráter articulado e interativo na ação gerencial, a qual é determinada e determinante do processo de organização nos serviços de saúde, sendo ainda fundamental na efetivação de políticas públicas de saúde1. O gerenciamento é uma das dimensões que constroem a prática da enfermagem, dentre o cuidar, o pesquisar e o ensinar². O trabalho da enfermagem é desempenhado em equipe, visando ao cuidado ao indivíduo, à família e à comunidade, fundamentado nas necessidades sociais, biológicas e de saúde³. É orientado sob o amparo da divisão pormenorizada, em que os enfermeiros controlam a totalidade da assistência de enfermagem, assumindo a gerência de enfermagem das instituições de saúde4. As atribuições gerenciais de enfermagem estão estabelecidas na Resolução 302/2005, segundo a qual o enfermeiro pode ocupar, em qualquer esfera, cargo de direção geral nas instituições de saúde públicas e privadas, cabendo-lhe, ainda, privativamente, a direção dos serviços de enfermagem5.
12
Tendo em vista as competências do enfermeiro para a gestão dos serviços de saúde, cabe a ele o gerenciamento e a administração, tanto de recursos materiais quanto humanos, e, dessa forma, desenvolver competências para ser empreendedor, gestor e líder da equipe de saúde com princípios éticos e bioéticos6. A Sistematização de Assistência de Enfermagem (SAE) é considerada um instrumento gerencial que organiza o processo de trabalho da enfermagem, pois oferece subsídios para o desenvolvimento de métodos/metodologias interdisciplinares e humanizados de cuidado. Tem como sustentação o método, os recursos humanos e os instrumentos de trabalho, possibilitando, assim, a operacionalização do Processo de Enfermagem (PE)7-9. Espera-se dos gestores de enfermagem conhecimento das ferramentas disponíveis que constituem a SAE – compreende-se aqui a necessidade de capacitação/atualização – bem como da relevância desta no campo do cuidado de enfermagem. Nesse sentido, os enfermeiros gerentes são peças fundamentais para o
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
desenvolvimento da SAE, por facilitar a assistência de enfermagem e por sua responsabilidade e envolvimento da equipe10. Esta pesquisa foi orientada pelo referencial teórico de processo de trabalho e teve como objetivo identificar o perfil profissional dos gerentes de enfermagem com foco na atualização sobre a SAE.
Perfil profissional dos participantes
MÉTODO Estudo descritivo-exploratório com abordagem qualitativa, realizado com nove enfermeiros que atuam no cargo de gerência dos hospitais públicos que integram a 18ª Regional de Saúde de Santa Catarina, localizados na região da Grande Florianópolis, com abrangência de 994,687 mil habitantes11. Utilizaram-se como critérios de inclusão, aceitar participar da pesquisa e não haver conflitos de interesse; como critérios de exclusão, a não aceitação em participar da pesquisa, a presença de conflitos e a ausência no local de trabalho por férias e/ou licença/atestado. A amostra inicial prevista foi composta de 11 enfermeiros que atenderam aos critérios de inclusão preestabelecidos. Foram entrevistados nove enfermeiros, sendo que um foi excluído pelo critério de exclusão, possuir conflitos de interesse, e outro por não aceitar participar da pesquisa. Os dados foram coletados no período de março a abril de 2013, por meio de entrevista semiestruturada, com auxílio de um roteiro preestabelecido. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas. A análise dos dados coletados foi alicerçada na proposta dialética de Minayo201223, em estes foram ordenados e codificados, a fim de compor as categorias temáticas emergidas dos relatos. Como determina a Resolução 466/2012 do Conselho Nacional de Saúde (CNS), embasada nos quatro referenciais básicos da ética e bioética – autonomia, não maleficência, beneficência e justiça12 –, todos os preceitos foram respeitados e, para garantia de anonimato e privacidade dos participantes, estes foram identificados pela letra E de enfermeiro seguida do número cardinal correspondente à ordem de realização das entrevistas. Os dados somente foram coletados após a aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa do Instituto de Cardiologia de Santa Catarina sob o parecer 208.154, de 28/02/2013, e o aceite dos participantes mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os participantes do estudo são funcionários estaduais que desempenham a função de gerentes dos serviços de enfermagem nas instituições públicas integrantes da 18ª Regional de Saúde do Estado de Santa Catarina. Com a finalidade de analisar o perfil profissional dos participantes, a Tabela 1 apresenta as características principais apuradas no estudo. Tabela 1: Perfil dos gerentes de enfermagem, da 18ª Regional de Saúde de Santa Catarina – 2013 Características
N
(%)
Masculino
2
25
Feminino
7
75
2
22
41 a 50 anos
5
55
> 51 anos
2
22
1
11
Sexo
Idade 30 a 40 anos
Estado civil Solteiro Casado
6
67
Outros
2
22
3
33
21 a 30 anos
5
55
>31 anos
1
11
3
33
5 a 10 anos
5
55
11 a 18 anos
1
11
Tempo de atuação profissional 10 a 20 anos
Tempo de atuação na gerência <5 anos
Pós-graduação Especialização
7
88
Doutorado
1
11
Não possui
1
11
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Outro vínculo empregatício Possuem
2
25
Para alcançar o objetivo proposto para o presente estudo, os resultados foram desdobrados em duas macrocategorias: perfil profissional dos participantes e atualização dos gestores sobre a Sistematização
Não possuem
7
75
Na Tabela 1 observa-se a predominância de mulheres no cargo pesquisado, fator que remete aos
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
13
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 12 a 15
Maritê Inês Argenta | Eliane Cândida Martins | Sheila Cristina Ferraz
da Assistência de Enfermagem. O corpus desta pesquisa foi composto por nove enfermeiros, funcionários estaduais que desempenham a função de gerentes dos serviços de enfermagem nas instituições públicas integrantes da 18ª Regional de Saúde do Estado de Santa Catarina.
Artigo de Pesquisa
A gestão dos serviços de enfermagem: perfil dos gestores e atualização legislativa
aspectos sócio-históricos da profissão. Esse cenário é avaliado de forma positiva, uma vez que a gestão feminina é vista como sendo mais democrática, que constrói novos mecanismos para tomada de decisões e de responsabilidades compartilhadas13. Ao analisar a idade dos participantes da pesquisa, temos uma fatia majoritária com idade acima de 40 anos, o que contraria estudos atuais, em que os padrões modernos de gerência apostam em profissionais mais jovens14. Quanto à atuação profissional da maior parte dos gerentes de enfermagem, os resultados mostram períodos superiores a dez anos, tendo atuado em outros cargos antes de ascender à gerência. A relevante experiência na área justifica a incorporação dessa força de trabalho nos cargos de gestão. Os gestores devem ter conhecimento suficiente para garantir o andamento do serviço, outro fator de importância ao se considerar a visão holística requerida do gestor acerca da missão, da visão e das rotinas do serviço. O tempo de atuação na gerência dos serviços variou entre três meses a dezoito anos. Outros estudos corroboram os achados ao afirmar que o setor público predominantemente elege normas gerenciais mais tradicionais, em que a construção de carreiras rígidas ao longo da vida profissional é levada em consideração quando há escolha dos gerentes14. Quanto à qualificação profissional, quatro dos sete participantes realizaram curso/especialização na área da gestão em saúde, fator que também é encontrado em outro estudo15. A falta de gestão profissionalizada constitui uma problemática, além da escassez de profissionais gestores e das mudanças constantes do modelo administrativo influenciado pelo arcaico clientelismo e pela ingerência político-partidária. O desafio permanente para a institucionalização do SUS é de formar gestores, em todas as alçadas (federal, estadual e municipal), comprometidos com o estabelecimento de planos de cargos, carreiras e salários específicos para o campo político-gerencial de forma a realizar processos seletivos adequados à qualificação e à experiência dos profissionais no exercício dessas funções, considerando ser essencial uma avaliação das competências profissionais, além da obrigatoriedade de qualificação no campo da gestão como antecedente para ocupar o cargo de gestor15-17. Outro fator apontado foi o quesito vínculo trabalhista: o fato de a maioria (75%) dedicar-se somente à instituição que gerencia constitui um fator positivo, uma vez que possibilita o aprimoramento na área da gestão e maior disponibilidade14.
Atualização dos gestores sobre a SAE O sucesso institucional está atrelado ao gerenciamento das equipes de enfermagem, uma vez que
14
representam a grande maioria dos trabalhadores das instituições de saúde; por isso, espera-se do profissional enfermeiro que esteja no cargo da gerência conhecimento e interação com todo ambiente organizacional. O principal intuito foi investigar que conhecimentos os gestores de enfermagem têm sobre a SAE, além de analisar como é realizada a atualização destes sobre a temática. Os participantes do estudo afirmaram, em sua unanimidade, que as instituições em que trabalham oportunizam a sua participação em grupos de pesquisa e eventos científicos, que fornecem educação continuada e capacitação sobre a SAE. Entretanto, cinco (56%) dos respondentes não realizaram nenhum curso de capacitação sobre a SAE, um agravante, considerando que o conhecimento é fator fundamental para o aprimoramento profissional e para a qualidade dos serviços prestados em saúde. A concreta implementação das resoluções do Cofen 358/2009 e 293/2004, neste caso, não depende somente do comprometimento dos gerentes dos serviços de enfermagem em desenvolver o PE em todas suas etapas, bem como conhecimento para utilizar o sistema de classificação de paciente no dimensionamento de pessoal18. Depende, sim, de uma articulação política que envolva a Secretaria de Estado de Saúde através da superintendência dos hospitais próprios, o Conselho Regional de Enfermagem no intuito de responsabilizar os demais gestores dos serviços de saúde, no sentido de melhorar o quadro de pessoal de enfermagem nas instituições, a fim de garantir a implementação da SAE, e, ao mesmo tempo, assegurar o cuidado. Para garantir a implementação de um método de trabalho para a enfermagem, faz-se necessária a capacitação de todos os membros da equipe de saúde, incluindo os gestores, para seja entendida e solidificada. Nas instituições de saúde, faz-se necessária a construção de conhecimentos e de instrumentos materiais ou metodológicos para melhorar a qualidade na assistência19. O saber é instituído como um bem primordial na práxis do enfermeiro e confere aos profissionais segurança na tomada de decisões com relação ao paciente, à equipe e às atividades administrativas20. É necessário contextualizar o cenário em que ocorreu este estudo, que foi composto por hospitais da rede pública estadual que atende 100% SUS e que os gestores de enfermagem não têm autonomia de contratação de pessoal de enfermagem, pois, apesar de realizarem o dimensionamento de pessoal como exigido pelo Cofen, não têm disponibilidade de pessoal, pois a liberação fica na dependência da autorização do governador. Esse cenário complexo e multifacetado em que se encontram as instituições públicas caracteriza um enorme desafio na implementação da SAE21.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Maritê Inês Argenta | Eliane Cândida Martins | Sheila Cristina Ferraz
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 12 a 15
Artigo de Pesquisa
A gestão dos serviços de enfermagem: perfil dos gestores e atualização legislativa
A gestão dos serviços de enfermagem: perfil dos gestores e atualização legislativa
As discussões acerca do conhecimento essencial sobre a SAE e a responsabilidade social dos gerentes de enfermagem foram apontadas neste estudo, que evidenciou o perfil do profissional do gestor de enfermeiro e sua atualização no que tange a determinação legislativa da profissão. No quesito perfil profissional, evidenciou-se que os enfermeiros que ocupam cargo de gerência são majoritariamente enfermeiras, na faixa etária acima de 40 anos. Quanto à capacitação profissional, a maioria é qualificada cientificamente na área da gestão e no mesmo sentido mais de 70% dedica seu tempo profissional exclusivamente à instituição que gerencia. Um ponto de forte provocação foi o fato de a maioria dos gestores de enfermagem não se atualizarem no âmbito da legislação profissional, quesito da Resolução 358/2009 que propugna a Sistematização da Assistência de Enfermagem, em todas as instituições em que haja cuidados de enfermagem, sendo um desafio à saúde e uma questão deontológica da profissão a ciência sobre o assunto ser tão necessária. Ainda se esperam políticas institucionais concretas em prol da implantação da SAE, o que poderá proporcionar um novo caminho para cientificidade da enfermagem, pois os raciocínios clínicos são preditores para o sucesso da implantação da SAE.
REFERÊNCIAS 1. Kurcgant P, Siqueira VT. Satisfação no trabalho: indicador de qualidade no gerenciamento de recursos humanos em enfermagem. Rev. Esc. Enferm USP (periódico na Internet). 2012 (citado 2012 nov 24); 46(1): (cerca de 7 p). Disponível em: http://www.scielo.br/scielo. php?pid=S0080-62342012000100021&script=sci _ arttext. 2. Ribeiro sob, Sampaio SF. O processo de trabalho em enfermagem: revisão de literatura e percepção de seus profissionais. In: Anais do XIV Encontro de Iniciação Científica da PUC-Campinas; 2009, set 29-30; São Paulo, Brasil. 3. Cardoso GB, Silva ALA. O processo de trabalho na enfermagem: articulação das tecnologias do cuidado. Rev enferm. UERJ, 2010; 18(3):451-5. 4. Pires, D. A enfermagem enquanto disciplina, profissão e trabalho. Rev. Brasileira de enfermagem, 2009; 62(5):753-7.
Recebido 01.10.2013 Aprovado 30.10.2013
* Doutora pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Florianópolis, SC, Brasil. ** Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Estácio de Sá-SC, São José, SC, Brasil. *** Graduada em Enfermagem pelo Centro Universitário Estácio de Sá-SC, São José, SC, Brasil.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
15
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 12 a 15
Maritê Inês Argenta | Eliane Cândida Martins | Sheila Cristina Ferraz
CONSIDER AÇÕES FINAIS
5. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 302/2005. Dispõe da responsabilidade técnica de enfermeiro(a), em virtude de chefia de serviços de enfermagem, nos estabelecimentos que dispõe dos cuidados de enfermagem. Disponível em: http://novo.portalcofen.gov. br/resoluo-cofen-3022005 _ 4337.html?print=1. Acesso em: 07 nov 2012. 6. Brasil, Ministério da Educação. Parecer CNE/CES no 1.133/2001. Estabelece Diretrizes Curriculares Nacionais dos Cursos de Graduação em Enfermagem, Medicina e Nutrição. Disponível em: http://portal.mec.gov. br/cne/arquivos/pdf/2001/pces1133 _ 01.pdf. Acesso em: 09 abr 2013. 7. Nascimento, K. et al. Sistematização da assistência de enfermagem: vislumbrando um cuidado interativo, complementar e multiprofissional. Rev Esc Enferm USP. São Paulo, v. 42, n. 4, p. 643-648 2008. 8. Santos MI, Santos WL. Uso da sistematização da assistência de enfermagem (SAE): uma ferramenta para realização da auditoria de qualidade. Revista de Divulgação Científica Sena Aires. 2012; 1(2):179-84. 9 Conselho Federal de Enfermagem. Resolução COFEN 358/2009. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE – nas Instituições de Saúde Brasileiras. Disponível em: http://novo.portalcofen. gov.br/index.php?s=358%2F2009. Acesso em: 07 nov 2012. 10 Mendes RF et al. Significados e possibilidades que tecem a gerência em enfermagem – o compromisso com a assistência. Rev Brasileira do Oeste Mineiro, 2011; 2(1):176-89, Minas Gerais. 11. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Banco de dados. Cidades. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/cidadesat/painel/painel. php?codmun=420540. Acesso em: 13 maio 2013. 12. Brasil, Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Comissão Nacional de Ética em Pesquisa. 466 do CNS que trata de pesquisas em seres humanos e atualiza a resolução 196. A presente Resolução incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, referenciais da bioética, tais como, autonomia, não maleficência, beneficência, justiça e equidade, dentre outros, e visa a assegurar os direitos e deveres que dizem respeito aos participantes da pesquisa, à comunidade científica e ao Estado. Projetos de pesquisa envolvendo seres humanos deverão atender a esta Resolução. Disponível em: http://conselho.saude.gov.br/ resolucoes/2012/Reso466.pdf. Acesso em: 23 ago 2013. 13. Melo MCOL, Lopes ALM. Empoderamento de mulheres gerentes: a construção de um modelo teórico de análise. Rev Gestão e Planejamento, Salvador, 2012. 12(3):648-67. 14. Nóbrega MFB, Matos MG, Silva LMS, Jorge MSB. Perfil gerencial de enfermeiros que atuam em um hospital público federal de ensino. Rev. enferm. UERJ, 2008; 16(3):333-7. 15. Furukawa PO, Cunha ICKO. Perfil e competências de gerentes de enfermagem de hospitais acreditados. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 2011; 19(1):[cerca de 9p]. 16. Paim JS, Teixeira CF. Configuração institucional e gestão do Sistema Único de Saúde: problemas e desafios. Ciênc. saúde coletiva, 2007; 12, suppl.:1819-29. 17. Deckman LR, Deon SMP, Silva EF, Lorenzini E. Competência gerencial na enfermagem: uma revisão integrativa. Revista Eletcrônica Gestão & Saúde. 2013; 04(2):389-400. 18. Fuly PSC, Leite JM, Lima SBS. Correntes de pensamentos nacionais sobre sistematização da assistência de enfermagem. Rev. Bras. Enferm. 2008; 6(61):883-7, Brasília. 19. Leopardi MT. Teoria e método em assistência de enfermagem. 2ª ed. Florianópolis: Soldasoft; 2006. 20. Silva EGC, Oliveira VC, Neves GBC, Guimarães TMR. O conhecimento do enfermeiro sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem: da teoria à prática. Rev. esc. enferm. USP [periódico na Internet]. 2011; 45(6):1380-6. 21. Silva MM, Moreira MC. Desafios à sistematização da assistência de enfermagem em cuidados paliativos oncológicos: uma perspectiva da complexidade. Rev. Eletr. Enf. [periódico na Internet].2010; (citado 2013 ago 23); 12(3): (cerca de 7 p.). Disponível em: http://www.revistas.ufg.br/ index.php/fen/article/view/7274/7866. 22. Oliveira FMCSN, Ferreira EC, Rufino NA, Santos MSS. Educação permanente e qualºidade da assistência à saúde: aprendizagem significativa no trabalho da enfermagem Rev Aquichan (periódico da Internet). 2011 (citado 2013 out 02); 11(1): (cerca de 7 p.). Colômbia. Disponível em: http:// www.scielo.org.co/pdf/aqui/v11n1/v11n1a05.pdf. 23. MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento - pesquisa qualitativa em saúde. Petrópolis: HUCITEC, 2012.
Artigo original
Um desses caminhos está atrelado à educação permanente, a qual, para a saúde, constitui tática essencial às modificações do trabalho no setor para que venha a ser um lugar de atuação crítica, reflexiva, compromissada e tecnicamente competente. A educação permanente é considerada um importante instrumento na construção da competência do profissional, contribuindo para a organização do trabalho. O principal desafio da educação permanente é estimular o desenvolvimento da consciência nos profissionais sobre seu contexto, pela sua responsabilidade em seu processo permanente de capacitação22.
Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática Dimensions of management in nursing: facilities and limitations for practice
* Cibelle Barcelos Filipini * Lidiane Aparecida Monteiro * Aline Neves Oliveira
** Eliza Maria Rezende Dázio ** Érika de Cássia Lopes Chaves ** Zélia Marilda Rodrigues Resck
Resumo – Este estudo teve como objetivo identificar as facilidades e limitações existentes no desenvolvimento do trabalho gerencial do enfermeiro, face às dimensões da gerência. Trata-se de uma revisão integrativa, realizada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde, com os descritores “Enfermagem”, “Trabalho” e “Gerência”. Utilizaram-se como critérios de inclusão artigos em inglês, espanhol e português, disponíveis na íntegra, realizados no Brasil, publicados entre 2003 e 2013. Os critérios de exclusão foram: teses, dissertações, livros, resumos e artigos que não responderam à questão norteadora. Encontraram-se na primeira busca 30 artigos e, após a leitura, foram selecionados 13. Observou-se que a falta de motivação, o excesso de atribuições burocráticas e a ausência de conhecimento da política local foram alguns dos aspectos limitantes no desenvolvimento efetivo da gerência. Evidencia-se a necessidade de os profissionais aplicarem essas dimensões em sua prática profissional de forma a garantir a totalidade da assistência e do gerenciamento em enfermagem. Palavras-chave: Trabalho; saúde; enfermagem; gerência.
Abstract – The present study aimed to analyze the advantages and limitations in the development of managerial work of nurses, given the dimensions of management. It is an integrative review conducted in the Virtual Health Library with the keywords “Nursing”, “Work” and “Management.” Used as inclusion criteria articles in English, Spanish and Portuguese, available in full, conducted in Brazil and published between 2003 and 2013 and as exclusion criteria: dissertations, theses, books, abstracts and articles that did not answer the main question. It was found in an initial search 130 articles and after reading, 13 were selected. It was observed that the lack of motivation, excessive bureaucratic assignments and lack of knowledge of local politics were some of the limiting aspects in the development of effective management. Highlights the need for professionals apply these dimensions in their professional practice to ensure all assistance and nursing management. Keywords: Labor; health; nursing; management.
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 16 a 19
Introdução Os processos gerenciais dos serviços de enfermagem têm se configurado muito distantes do esperado, visto que, na atualidade, observa-se a reprodução do trabalho arraigado a teorias administrativas clássicas, com características de hierarquização e de submissão, priorizando a obediência às normas e aos padrões preestabelecidos1. É importante ressaltar que os princípios que norteiam o gerenciamento de enfermagem não são estáticos, neutros, absolutamente racionais ou eminentemente técnicos e não se limitam nem se moldam objetivando apenas à resolução dos problemas que se apresentam no cotidiano de trabalho. Tais princípios são dinâmicos e assumem dimensões que devem ser articuladas à assistência2. Essas abordagens enfatizam conceitos de flexibilidade, redução da hierarquia, trabalho em equipe e descentralização das decisões e visam, ainda, à satisfação dos usuários, à produtividade e à responsabilidade compartilhada3. O paradigma adotado pela enfermagem no gerenciamento dos serviços de saúde necessita de transformações capazes de propor meios eficazes de adequar os modelos administrativos,
16
abstendo-se de atuar no individualismo e na inflexibilidade, assim como de desconsiderar a gestão participativa e democrática e de inviabilizar a articulação entre processos administrativos e assistenciais4. O presente estudo teve como objetivo identificar as facilidades e as limitações existentes no desenvolvimento do trabalho gerencial do enfermeiro, em face das dimensões da gerência. Sua realização possui fundamental importância para o direcionamento das intervenções gerenciais, buscando subsidiar ações mais assertivas bem como articular as diversas dimensões da gerência aos processos de trabalho em enfermagem.
MÉTODO Trata-se de uma revisão integrativa da literatura. Esse tipo de revisão objetiva agrupar e sintetizar resultados de estudos de maneira sistemática e ordenada, a fim de contribuir para o aprofundamento do tema delimitado5. Para operacionalizá-la, percorreram-se os passos que seguem. A primeira etapa consistiu na escolha do tema e na elaboração da questão norteadora: “Quais as
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
RESULTADOS Ao analisar os 13 artigos incluídos nesta revisão, constatou-se que no período de 2003 a 2013, três (23,08%) foram publicados no ano de 2003; dois (15,38%) em 2005; três (23,08%) em 2006; um (7,70%) em 2007 e quatro (30,76%) no ano de 2010. A maior parte dos artigos, seis (46,17%), foi produzida na Região Sudeste, sendo que das regiões Norte e Oeste nenhum estudo foi contemplado.
Quanto ao nível de evidência e ao tipo de estudo, todos os artigos compreendidos nesta revisão (100%) atenderam ao nível IV. Notou-se predominância de pesquisas não experimentais de natureza qualitativa (46,15%). Apenas três artigos (23, 08%) abordaram claramente os conceitos das dimensões de gerência no trabalho de enfermagem.
DISCUSSÃO Após a análise dos artigos, emergiram quatro categorias relacionadas às dimensões do trabalho gerencial do enfermeiro, apresentadas e discutidas abaixo. Tabela 1: Artigos que contemplaram as dimensões da gerência em enfermagem
Dimensão Técnica A primeira categoria aborda a Dimensão Técnica que se relaciona às habilidades práticas do trabalho gerencial do enfermeiro, como atividades de coordenação, de supervisão e de controle da equipe, por meio da administração direta da assistência, dos funcionários, da unidade e da elaboração de escalas8-9. Ressalta-se que cabe ao enfermeiro organizar o trabalho e regularizar as intervenções assistenciais e organizacionais relativas aos bens de consumo, ou seja, previsão, provisão, armazenamento, checagem e manutenção de materiais e de equipamentos10. Entretanto, em meio às tantas atribuições burocráticas e administrativas, o enfermeiro gerente acaba distanciando-se cada vez mais de seu principal foco de assistência, o cuidado. Os conceitos e as teorias clássicas da administração permeiam as intervenções gerenciais do enfer-
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
17
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 16 a 19
facilidades e limitações no desenvolvimento do trabalho gerencial do enfermeiro, face às dimensões da gerência?”. Na segunda etapa, foram selecionados os artigos que constituíram a amostra. A busca de dados foi realizada em março de 2013, nas bases de dados da Biblioteca Virtual em Saúde (LILACS, MEDLINE, IBECS, Cochrane Library) com os descritores “Enfermagem”, “Trabalho” e “Gerência”. Foram incluídos artigos em inglês, em espanhol e em português na íntegra, realizados no Brasil e publicados de 2003 a 2013. Foram excluídas teses, dissertações, livros, relatórios, resumos, e artigos que não responderam à questão norteadora. Na terceira etapa, realizou-se a leitura flutuante dos resumos dos artigos selecionados, identificando o objeto, os objetivos do estudo e os resultados. Em seguida, aplicou-se um instrumento, previamente construído, validado6 e adaptado pelos pesquisadores, com o intuito de melhor atender aos objetivos dessa revisão. O instrumento contempla os seguintes itens: identificação do estudo; palavras-chave; objetivos; referencial teórico; características metodológicas; nível de evidência; resultados e conclusão; viés/ limitação; conceito das dimensões da gerência de enfermagem e facilidades e limitações no desenvolvimento do trabalho gerencial do enfermeiro, face às dimensões da gerência. Na primeira busca, encontraram-se 130 artigos e, posteriormente, foram selecionados 13 para constituir a amostra. Na quarta etapa, deu-se a análise e a interpretação dos resultados, buscando informações pertinentes e elucidativas ao objetivo proposto. Os estudos incluídos nesta revisão receberam um código com sequência alfanumérica (A1 a A13) para facilitar a identificação dos mesmos. Além disso, ressalta-se que os artigos foram analisados quanto ao nível de evidência, seguindo a classificação de Melnyk e de Fineout-Overholt7. No que diz respeito aos aspectos éticos, ressalta-se a preservação da autoria e o referenciamento das pesquisas utilizadas para elaboração deste artigo. Cabe lembrar ainda que a revisão integrativa dispensa a submissão do estudo ao Comitê de Ética em Pesquisa devido ao seu perfil científico.
Artigo de revisão
Cibelle Barcelos Filipini | Lidiane Aparecida Monteiro | Aline Neves Oliveira | Eliza Maria Rezende Dázio | Érika de Cássia Lopes Chaves | Zélia Marilda Rodrigues Resck
Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática
meiro, contribuindo para uma gestão autoritária e centrada principalmente em procedimentos. As dificuldades relacionadas à efetivação da Dimensão Técnica concentram-se na tensão existente entre os direitos dos pacientes e as prerrogativas dos profissionais e serviços de saúde11. Destacam-se, ainda, a insatisfação, a falta de motivação e de criatividade por parte dos enfermeiros gerentes, levando ao desenvolvimento de tarefas, muitas vezes, limitadas e repetitivas3. Notou-se que nenhuma facilidade referente a essa dimensão foi mencionada nos estudos analisados.
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 16 a 19
Dimensão Comunicativa A segunda categoria aborda a Dimensão Comunicativa, que se constitui em um elemento fundamental para a coordenação e para a efetivação do processo de liderança. Tal dimensão tem por objetivo estabelecer metas, canalizar energias, identificar e solucionar problemas, incrementando a eficiência de cada unidade de trabalho e da organização como um todo12. Implica, portanto, crescimento de diferentes formas dos sujeitos envolvidos no processo de cuidar, visto que estão inseridos num campo interacional único capaz de contribuir significativamente para a qualificação da equipe de enfermagem13. Para a maioria dos profissionais de enfermagem, a comunicação restringe-se a termos de procedimentos técnicos e de rotinas de atividades diárias, evidenciando, assim, a necessidade de se desenvolverem as habilidades de escuta, de comunicação e de bom relacionamento, a fim de incluí-las nas tomadas de decisões no processo do cuidar14. As facilidades relacionadas à Dimensão Comunicativa referem-se à coordenação, à efetivação do processo de liderança, a melhorias nas relações de trabalho da equipe e à consequente cooperação para um projeto comum12. Contudo, várias limitações referentes à comunicação foram encontradas, destacando-se principalmente os equívocos de interpretação e a falta de articulação e de compressão do problema. A prevalência de uma comunicação obscura e incompreensível, bem como as percepções de posição/status por parte dos gerentes, contribuem para a falta de confiança e de cooperação entre as equipes. Além disso, fatores pessoais, como irritação do receptor em relação ao transmissor, diferentes estilos de comunicação e falta de retorno no feedback, que muitas vezes ocorre por meio de correio eletrônico, podem comprometer seriamente os processos comunicativos e a qualidade da assistência oferecida15. Nesse sentido, a equipe de enfermagem deve ser capaz de evitar falhas na comunicação, executando atividades e adotando comportamentos que possibilitem a troca de informações pertinentes para o trabalho em equipe16.
18
Dimensão Política A terceira categoria relaciona-se à Dimensão Política, que abrange toda modalidade de direção de grupos sociais envolvendo poder, administração e organização na saúde, nos cenários público e privado. Expressa, ainda, a importância da articulação entre o processo de gerenciamento, as políticas sociais e a saúde. O processo de trabalho gerencial do enfermeiro é um instrumento potente para a efetivação de políticas, visto que a gerência é condicionada pela forma como se organiza a produção dos serviços de saúde e pelo modelo técnico-assistencial vigente17. Entretanto, cabe ressaltar que uma dificuldade apontada neste estudo refere-se à ausência de formulações teóricas de políticas voltadas para o gerenciamento das instituições. Percebe-se que os estudos sobre política na gerência de enfermagem ainda são incipientes no cenário brasileiro. Nesse sentido, é de fundamental importância que sejam realizados trabalhos sobre a Dimensão Política para subsidiar e fortalecer a identidade da enfermagem enquanto profissão cuidadora e gestora dos serviços de saúde.
Dimensão do Desenvolvimento de Cidadania A quarta categoria diz respeito à dimensão voltada para o Desenvolvimento da Cidadania, que sugere o estabelecimento de uma relação dialógica capaz de mediar teoria e prática, visando à construção de vínculo entre os agentes do processo de trabalho e os usuários do serviço de saúde18. O desenvolvimento da cidadania constitui-se em um elemento fundamental para a efetivação das práticas de cuidado de forma a atender às necessidades de cada usuário19. O gerenciamento do cuidado exige do enfermeiro uma visão que integre valores e lógicas diferenciadas, impressos nas necessidades dos usuários, tornando indispensável o envolvimento do profissional nas inter-relações pessoais, no sentido de dar conta das peculiaridades do processo de trabalho20. Observa-se que a proposição de escuta ativa aos usuários e a identificação dos interesses dos vários atores do processo de trabalho em enfermagem têm aberto caminho para novas alternativas e possibilidades de transformação do cuidado em saúde21. Entretanto, resultados de um estudo mostram que, para a maioria dos profissionais de enfermagem, a concepção de gerenciamento abrange somente questões de controle, de organização, de planejamento e de recursos, não sendo reveladas as demais dimensões da gerência referentes à política, à comunicação e à cidadania22.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Cibelle Barcelos Filipini | Lidiane Aparecida Monteiro | Aline Neves Oliveira | Eliza Maria Rezende Dázio | Érika de Cássia Lopes Chaves | Zélia Marilda Rodrigues Resck
Artigo de revisão
Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática
Foi possível perceber uma carência de estudos que abordem o desenvolvimento da cidadania como parte do trabalho em enfermagem. Além disso, nada foi encontrado sobre facilidades ou limitações no desempenho da gerência frente a essa dimensão, sendo imprescindível que os enfermeiros reconheçam a importância da articulação das mesmas em sua prática gerencial. A gestão consiste em uma arte e, como tal, transcende a lógica da racionalidade, da capacidade analítica e do domínio da técnica, devendo incorporar-se estreitamente às dimensões de comunicação, de intuição e de cidadania23.
CONSIDER AÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS 1. Magalhães AMM, Duarte ERM. Tendências gerenciais que podem levar a enfermagem a percorrer novos caminhos. Revista Brasileira de Enfermagem 2004; 57(4):408-11. 2. Azzolin GMC, Peduzzi M. Processo de trabalho gerencial e processo de enfermagem na perspectiva de docentes de enfermagem. Revis-
Recebido 30.09.2012 Aprovado 29.11.2013 * Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL/MG. ** Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Docente da Escola de Enfermagem e do PPGENF da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL/MG.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
19
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 16 a 19
Percebe-se, diante dos estudos analisados, que as dimensões da gerência relacionadas ao processo de trabalho em enfermagem apresentaram-se distanciadas da prática profissional. Observou-se que a falta de motivação, o excesso de atribuições burocráticas, as falhas na comunicação, a ausência de conhecimento da política local e a dificuldade de vinculação entre os agentes do processo de trabalho e os usuários do serviço de saúde foram aspectos limitadores para o desenvolvimento efetivo da gerência. Em contrapartida, as facilidades encontradas neste estudo referem-se às habilidades de comunicação, que norteiam as relações interpessoais e o gerenciamento do enfermeiro. O conhecimento sobre as dimensões no âmbito da gerência de enfermagem pretende formar profissionais crítico-reflexivos e ativos diante das demandas do mercado de trabalho. Nesse sentido, devem ser abordadas estratégias que viabilizem o ensino/desenvolvimento dessas dimensões durante a graduação, no intuito de transformar a administração em enfermagem e eliminar a dissociação entre teoria-prática. Evidencia-se, enfim, a necessidade de os profissionais reconhecerem e aplicarem essas dimensões em sua prática profissional de forma a garantir a totalidade da assistência e do gerenciamento em enfermagem.
ta Gaúcha de Enfermagem 2007; 28(4):549-55. 3. Fernandes MS, Spagnol CA, Trevizan MA, Hayashida M. A conduta gerencial da enfermeira: um estudo fundamentado nas teorias gerais da administração. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2003; 2(11):161-7. 4. Jorge MSB. Gerenciamento em Enfermagem: um olhar crítico sobre o conhecimento produzido em periódicos brasileiros (2000-2004). Revista Brasileira de Enfermagem 2007; 60(1):81-6. 5. Mendes KDS, Silveira RCC, Galvão CM. Revisão integrativa: método de pesquisa para a incorporação de evidências na saúde e na enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem 2008; 17(4):758-64. 6. Ursi ES. Prevenção de lesões de pele no perioperatório: revisão integrativa da literatura. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 2005. 7. Melnyk BM, Fineout-Overholt E. Evidence– Based Pratice in nursing and healthcare. In: Making the case for evidence– based practice and culticating a spirit of inquiry. A guide to best Pratice, 1ª ed. Philadelphia: Lippincott, Williams-Wilkins; 2011. 8. Santos JLG, Garlet ER, Lima MADS. Revisão Sistemática sobre a dimensão gerencial no trabalho do enfermeiro no âmbito hospitalar. Revista Gaúcha de Enfermagem 2009; 3(30):525-32. 9. Willig MH, Lenardt MH, Trentini M. Gerenciamento e cuidado em unidades de hemodiálise. Revista Brasileira de Enfermagem 2007; 59(2):177-82. 10. Rodrigues FCP, Lima MADS. A multiplicidade de atividades realizadas pelo enfermeiro em uma unidade de internação. Revista Gaúcha de Enfermagem 2004; 25(3):314-22. 11. Aguiar ABA, Costa RSB,Weirich CF, Bezerra ALQ. Gerência dos Serviços de Enfermagem: um estudo bibliográfico. Revista Eletrônica de Enfermagem 2005; 7(3):318-26. 12. Quinn RE. Competências gerenciais: princípios e aplicações. Rio de Janeiro: Elsevier; 2003. 13. Stefanelli MC, Carvalho EC, Arantes EC. Comunicação e enfermagem. In: Stefanelli MC, Carvalho EC. A comunicação nos diferentes contextos da enfermagem. Barueri: Manole; 2005. 14. Santos I, Oliveira SEM, Castro CB. Gerência do processo de trabalho em enfermagem: liderança da enfermeira em unidades hospitalares. Texto & Contexto Enfermagem 2006; 15(3):393-400. 15. Brusamolin L, Montezeli JH, Peres AM. A utilização das competências gerenciais por enfermeiros de um pronto atendimento hospitalar. Revista de Enfermagem UFPE 2010; 4(2):808-14. 16. Silva MJP. “Ela volta todo dia. O que ela quer”: comunicação na atenção primária à saúde. In: Santos AS, Miranda SMR, organizadores. A enfermagem na gestão em atenção primária à saúde. Barueri: Manole; 2006. 17. Campos GWS, Merhy EE, Nunes ED. Planejamento sem normas. São Paulo: Hucitec; 1994. 18. Hausmann M. Análise do processo de trabalho gerencial do enfermeiro em um hospital privado no município de São Paulo: possibilidades para o gerenciamento do cuidado. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 2006. 19. Garlet ER, Trindade LL, Lima MADS, Bonilha ALL. The resignification of management processes in care procedures in nursing. Online Brazilian Journal of Nursing 2006; 5(3):1-10. 20. Ferraz CA. As dimensões do cuidado em enfermagem: enfoque organizacional. Acta Paulista de Enfermagem 2000; 13(1):91-7. 21. Balsanelli AP, Jericó MC. Os reflexos da gestão pela qualidade total em instituições hospitalares brasileiras. Acta Paulista de Enfermagem 2005; 18(4):397-402. 22. Passos JP, Ciosak SI. A concepção dos enfermeiros no processo gerencial em Unidade Básica de Saúde. Revista Escola de Enfermagem da USP 2006; 40(4):464-8. 23. Bueno AA, Bernardes A. Percepção da equipe de enfermagem de um serviço de atendimento pré-hospitalar móvel sobre o gerenciamento de enfermagem. Texto & Contexto Enfermagem 2010; 19(1):45-53.
Artigo de revisão
Cibelle Barcelos Filipini | Lidiane Aparecida Monteiro | Aline Neves Oliveira | Eliza Maria Rezende Dázio | Érika de Cássia Lopes Chaves | Zélia Marilda Rodrigues Resck
Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte Occurrence of adverse events in hospitalized children: an integrative review * Ezequiel Teixeira Andreotti
** Miriam Buógo
Resumo – Este trabalho tem como objetivo conhecer as vivências dos discentes do curso de graduação em enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA com o processo de morte. A pesquisa, com abordagem qualitativa, de caráter exploratório-descritivo, foi realizada com sete alunos do referido curso, utilizando entrevista semiestruturada. Os dados, após análise, foram agrupados em quatro temas: vivências dos acadêmicos, sofrimento dos acadêmicos, humanização do cuidado com a morte e o morrer, expectativas no ensino do cuidado com a morte e o morrer. A morte é um fato que poderá ser vivenciado pelos estudantes de enfermagem durante sua formação, provocando sofrimento nos acadêmicos. Nesse sentido, experiências pessoais e profissionais devem ser consideradas, a fim de que o processo de formação sobre o cuidado com a morte não seja aviltado. Embora o ensino na graduação amplie a visão sobre a práxis do cuidado de enfermagem com a morte/ morrer, observa-se que os acadêmicos se sentem despreparados para enfrentar tal circunstância. Palavras-chave: Morte; estudantes de enfermagem; atitude frente à morte; tanatologia.
Abstract – This work aims to know the experiences of students from the undergraduate nursing at Methodist University Center of IPA with the process of death. The research, a qualitative approach, exploratory-descriptive nature, was conducted with seven students of that course, using semi – structured interview. The data, after analysis, were grouped into four themes: experiences of academics, academic distress, humanization of care with death and dying, expectations of care in teaching with death and dying. Death is a fact that can be experienced by student nurses during their training, resulting in academic distress. In this sense, personal and professional experiences should be considered, so that the process of training on the care of the dying is not debased. While teaching at undergraduate magnify the view of the practice of nursing care with death/dying, it is observed that the students feel unprepared to face such a circumstance. Keywords: Death; nursing students; attitude to death; thanatology.
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 20 a 24
Introdução A morte pode ser vivenciada durante o período de formação acadêmica dos profissionais da saúde. Os discentes, ao se depararem com tal situação, terão a possibilidade de usar o conhecimento adquirido, a partir das experiências de vida e da trajetória acadêmica. No entanto, para que haja compreensão do significado de morte e do morrer, é necessário o entendimento do fenômeno. O morrer pode ser considerado como todo o processo que antecede a morte. Por outro lado, a morte é aquele momento único que sucede somente à pessoa que está morrendo1. Esse entendimento é imprescindível, pois os estudantes de enfermagem, ao se depararem com situações de morte, podem se sentir incapazes de lidar com tal situação e relacionar essa dificuldade à carência, ou mesmo à ausência, de discussões sobre o assunto, no âmbito acadêmico, circunstância que, entretanto, não deve ficar distante do cenário de prática2. Nesse processo, são diversos os sentimentos dos estudantes de enfermagem: medo, angústia, frustração, impotência por não ter conseguido evitar a morte daquele paciente. Vê-se, dessa forma, que ainda perdura o modelo biológico no que se refere
20
à preservação da vida, não preparando os acadêmicos para vivenciar a morte2-4. Portanto, o profissional de saúde necessita compreender o processo que envolve a morte e não somente explicar sua ocorrência. Nesse sentido, é indispensável que a educação esteja além das considerações biológicas da morte, levando os discentes a refletirem sobre o tema. Para tanto, devem os estudantes apropriar-se de uma gama de conhecimentos cujos conteúdos estejam relacionados à questão – sociologia, antropologia, filosofia, psicologia – bem como ampliar o autoconhecimento, buscando um permanente trabalho na esfera emocional5. Na atualidade, como tentativa de desmitificar o evento morte, têm surgido discussões sobre essa temática, constatando-se maior produção de trabalhos científicos por parte dos profissionais de saúde em geral, possibilitando ações de cuidado mais eficazes ao paciente terminal, assim como melhor acompanhamento a seus familiares6. Vê-se, desse modo, que o estudo do evento morte é essencial para a formação dos profissionais da saúde, para que possam criar habilidades técnicas e psíquicas para o enfrentamento de situações que
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte
Trata-se de um estudo com abordagem qualitativa, de caráter exploratório-descritivo8. A pesquisa ocorreu no Centro Universitário Metodista do IPA, localizado na cidade de Porto Alegre/RS. A coleta de dados realizou-se durante os meses de agosto e setembro de 2012. Participaram da pesquisa sete alunos(as) do Curso de Graduação em Enfermagem, da referida instituição de ensino: dois do 4º semestre, dois do 5º, um do 6º e dois do 8º. Como critério de amostra, foi utilizada a saturação dos dados9. Como critério de inclusão, foi considerado o fato de os discentes terem cursado o 4º semestre do Curso, pois esses acadêmicos, possivelmente, já vivenciaram, nos campos de estágio, circunstâncias relacionadas ao evento morte. Foram excluídos da pesquisa os estudantes do 7º semestre, uma vez que o pesquisador cursava o respectivo semestre. A coleta de dados ocorreu por meio de entrevista semiestruturada, gravada em equipamento de MP3 e transcrita na íntegra, a partir de um formulário com perguntas abertas sobre o tema. Para a análise dos dados, foi empregada a técnica de análise temática10, seguindo, de forma sistemática, as etapas: pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação8. O estudo foi realizado após ter sido aprovado e autorizado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Centro Universitário Metodista do IPA, no dia 28 de agosto de 2012, conforme protocolo 237/2012, respeitando os princípios éticos e de acordo com a resolução 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde, que regulamenta a pesquisa envolvendo seres humanos no Brasil11.
Após a análise dos dados, foram elaborados quatro temas que respondem ao objetivo da pesquisa: vivências dos acadêmicos; sofrimento dos acadêmicos; humanização do cuidado com a morte e o morrer; expectativas no ensino do cuidado com a morte e o morrer.
Vivências dos acadêmicos As entrevistas com os estudantes de enfermagem sobre suas experiências com o processo de morte mostraram que estas situações foram vivências tanto profissionais como pessoais, sendo que as pessoais estão relacionadas com o acompanhamento a familiares. O relato de um acadêmico exemplifica sua experiência pessoal de cuidado: A experiência que vivenciei foi da minha mãe [...]. Ela tinha leucemia mieloide aguda, foi internada [...] durante 60 dias mais ou menos [...] eu cuidei dela todo o tempo, fiquei com ela [...], até o óbito (ACAD ENF 01).
Pode-se dizer que essa vivência, envolvendo aspectos emocionais e espirituais, apresenta-se como uma oportunidade ao discente para ampliar sua visão sobre a vida e a morte, repensar a fragilidade humana, bem como assinala a necessidade de o ser humano cuidar de si para melhor cuidar do outro. Nesse sentido, há estudo12 que destaca a relevância de maior atenção às necessidades emocionais, espirituais e socioculturais de pacientes, assim como de profissionais da saúde envolvidos na assistência do processo de morte. As vivências com a morte, no cotidiano de trabalho, são referiras por alunos que exercem, na sua maioria, a função de técnico de enfermagem. Duas vezes vivenciei, na unidade pós-cirúrgica, foi após uma cirurgia bariátrica, [...], essa cirurgia teve uma reação à anestesia na sala cirúrgica [...]. E ela teve uma parada, eles reanimaram e fizeram todo o procedimento, mas não se salvou. E a outra foi [...], fez uma cirurgia de gastrectomia [...], foi para unidade pós-cirúrgica. E aí ela faleceu também lá (ACAD ENF 06).
Tendo em vista os depoimentos dos acadêmicos, é possível dizer que a singularidade que cada estudante imputa às suas experiências prévias influencia diretamente o seu processo de aprendizado sobre a morte e o morrer. Desse modo, cada ser humano apresentará um comportamento para enfrentar essas situações conforme suas vivências pessoais e sua formação cultural13. A soma dos saberes adquiridos na universidade com os conhecimentos contraídos no desenvolvimento de suas vidas é uma
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
21
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 20 a 24
Ezequiel Teixeira Andreotti | Miriam Buógo
MATERIAS E MÉTODOS
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Artigo de pesquisa
envolvam essa questão7. Uma das formas encontra-se na humanização do cuidado no processo de fenecer, tendo em vista a prática de proporcionar uma assistência de qualidade ao usuário, respeitando-o em sua singularidade. Considera-se, então, o aspecto norteador deste estudo a identificação das vivências dos discentes do Curso de Graduação em Enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA em relação ao processo de morte. O objetivo geral desta pesquisa é conhecer as vivências dos discentes do curso de graduação em enfermagem, do Centro Universitário Metodista do IPA, com o processo de morte. Os objetivos específicos são: identificar as vivências pessoais e profissionais com o evento morte, relacionar as vivências dos discentes com a humanização do cuidado, identificar as expectativas dos acadêmicos acerca do ensino com o processo de morte.
Artigo de pesquisa
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte
das possibilidades de repensar a formação sobre o enfretamento do cuidado frente à morte e o morrer.
O sofrimento dos acadêmicos O referido tema expõe o sofrimento dos discentes de enfermagem ao se confrontarem com o processo de morte. São variadas as reações e sentimentos desencadeados pelos acadêmicos ao se depararem com a morte: alguns ficam em silêncio, se isolam, choram, negam e até racionalizam para justificar a finitude do ser humano, usando esses mecanismos de defesa como forma de amenizar seu sofrimento14. A relação familiar, elucidada na fala a seguir, traz a dificuldade da assimilação do papel de cuidador ante a morte:
O relato acima mostra a comparação que o acadêmico de enfermagem faz ao se confrontar com o fenômeno de fenecimento de um familiar e o de um paciente no hospital: o sofrer é mais intenso quando o indivíduo em iminência de morte é membro da própria família do que outra pessoa que não tem esses laços afetivos. Vê-se, então, que, independente do contexto hospitalar ou domiciliar, faz-se necessário trabalhar sentimentos como culpa, angústia e sofrimento desencadeados em circunstâncias de morte, tanto no ambiente acadêmico como no ambiente familiar, os quais poderão afetar os alunos, não só nos aspectos cognitivos, mas afetivos e sociais da vida profissional5. Outro acadêmico, no desempenho de suas funções como técnico de enfermagem, verbaliza seu sofrimento. Foram [experiências] que mais me marcaram, foi uma quando trabalhei na emergência pediátrica, que a criança chegou em parada [...] e a mãe disse que não era para fazer nada. A mãe disse que só tinha trazido a criança para morrer ali [...]. A segunda [...], na internação pediátrica [...], uma menina que tinha fibrose cística [...]. Ficou a manhã inteira sofrendo, porque os médicos não queriam sedar ela e nós demos um banho para ela ficar um pouquinho melhor e ela veio a óbito, também foi bem triste. (ACAD ENF 05)
A aparente sensibilidade do acadêmico, ao verbalizar suas experiências nesse processo de morte
22
Humanização do cuidado com a morte e o morrer Com o propósito de tornar o cuidado mais humanizado em relação ao evento morte, serão expostos os elementos para a prática do cuidado profissional de enfermagem. [...] todo procedimento eu faço como se ele estivesse ainda sentindo dor, sabe, eu vou tirar uma sonda, eu vou fazer tudo da forma mais cuidadosa, independente daquela pessoa estar morta ou não; para mim ele ainda tem um sentimento, então eu faço tudo [...], como eu quero que seja feito para mim em toda a realização de qualquer procedimento [...]. (ACAD ENF 02)
As palavras do acadêmico de enfermagem expressam a importância de se colocar na situação do outro indivíduo ao realizar funções profissionais, tanto no que se refere a questões humanas como técnicas. A empatia faz com que haja um processo de identificação da situação em que o outro se encontra, envolve compreensão e capacidade de sentir o que aquele indivíduo está sentindo, aceitando sua singularidade. Essa capacidade leva à formação de um vínculo entre os profissionais de saúde e o cliente15. Os relatos dos alunos evidenciam a necessidade do cuidado mais humano com os familiares, com o paciente falecido (corpo), com o espaço físico para onde é levado, isto é, o morgue. O morgue, assim vou te falar, não tem ninguém ali para cuidar do corpo, quem abre a porta do morgue é um segurança [...]. Não é possível que um hospital desse tamanho [...], com todos os profissionais preocupados com bioética, ética e todas essas questões, não se preocupe com o morgue do hospital [...]. Será que não dá pra humanizar esse local, ajeitar [o morgue], não é só um corpo, aquilo ali foi uma vida, teve toda uma vida. Tem familiares que se preocupam ainda com aquele corpo. (ACAD ENF 05)
A observação do discente demonstra indignação no que diz respeito à valorização dada pelos profissionais ao espaço físico do morgue, ressaltando a relevância do processo de humanização do local e dos profissionais que ali atuam. O morgue ou necrotério é um ambiente onde se encontram
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Ezequiel Teixeira Andreotti | Miriam Buógo
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 20 a 24
Vivenciei situações dentro do hospital, onde o processo de morte, que tu vês outros familiares se despedindo, é uma coisa, te causa sentimento (sofrer), te causa dor também, que é a partida e tal. Agora, quando é na tua família é sempre diferente, tu nunca sabes/podes imaginar, prever, dizer, eu não, eu vou agir assim, de uma forma diferente, eu vou conseguir controlar, não, é inexplicável. (ACAD ENF 04)
de pacientes pediátricos, denota sua impotência diante do fato, da tristeza e da aceitação da morte pelo familiar do paciente. Estudos3 citam que os enfermeiros, na proximidade de óbito de um paciente que recebeu horas de cuidados, estão suscetíveis a sentimentos de impotência e culpa. Essa consciência é resultado de uma formação defensiva e biológica em relação à morte.
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte
Expectativas no ensino do cuidado a morte e o morrer As considerações feitas pelos acadêmicos sobre o ensino do cuidado no processo de morte e do morrer destacam a relevância da família durante o fenômeno de fenecer. Assim, as palavras de um acadêmico corroboram esta ideia: “Eu acho que é isso que eu acabei de dizer, que a família sempre é importante [...], o apoio da família, eu acho que isso é bem importante como enfermeiro” (ACAD ENF 05).
É de extrema importância que os profissionais da saúde consigam enxergar o processo de morte de forma plena, acolhendo a família, ponto essencial para o melhor enfrentamento da situação de quem é cuidado, pois transmite conforto e carinho ao paciente18. Os entrevistados afirmam não se sentirem aptos para encarar o evento morte. Necessitam não só conteúdos teóricos, como palestras e seminários, mas de uma disciplina de caráter tanatológico que vá além de conceitos rotineiros, usando ferramentas que aproximem os alunos da realidade.
Ezequiel Teixeira Andreotti | Miriam Buógo
[...]. Porque eles [docentes] só fazem seminários, debates e dão palestras. (ACAD ENF 06)
No relato, o entrevistado expressa a necessidade de uma abordagem mais prática sobre o evento morte durante a graduação em enfermagem, pois essa temática afeta tanto o psíquico como o físico dos estudantes. Ao mesmo tempo, os discentes reconhecem que o ensino de graduação vem ampliando o conhecimento sobre o cuidado. Sendo assim, esperam que os futuros cuidadores realizem o preparo do corpo de forma humanizada. [...] Então a minha expectativa é essa que as pessoas tomem cuidado na hora do preparo de um corpo. [...] Não que eu como técnica não cuidasse, eu cuidava, mas o agrupamento da faculdade me ajudou a ampliar mais o meu cuidado [...]. (ACAD ENF 02)
CONSIDER AÇÕES FINAIS Os elementos expostos nesta pesquisa, apesar de estarem restritos a alguns discentes do Curso de Graduação de Enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA, confirmam a dificuldade de enfrentamento do evento pela complexidade da situação. Foi possível perceber, por meio da pesquisa, que a confluência das vivências pessoais, profissionais e acadêmicas, juntamente com os conhecimentos adquiridos no Curso de Enfermagem, constitui uma das formas mais adequadas para lidar com o processo de morte e do morrer. Os entrevistados fazem distinção do tipo de sentimento que os acomete ao presenciar a morte de um membro da família e a de um paciente no hospital. Afirmam que o sofrer se torna mais intenso quando é um familiar, devido aos laços afetivos. Nessas circunstâncias, tal distanciamento afetivo no ambiente profissional pode ser consequência de uma formação defensiva e biológica relacionada à temática morte, como se a arte de cuidar fosse somente para preservar a vida, não preparando os profissionais da saúde para vivenciar a morte. Os participantes do estudo esperam que a temática em questão seja abordada com uma visão mais prática nas grades curriculares desde o início do curso de enfermagem. Para tanto, sugere-se um ensino multidisciplinar e transdisciplinar nos cursos da área de saúde da instituição. O trabalho evidenciou que, apesar de o ensino, durante a graduação, desenvolver a visão sobre a práxis do cuidado de enfermagem, os acadêmicos sentem-se despreparados para lidar com a morte/ morrer. Fomenta a necessidade de mais publicações científicas sobre a temática morte, para que os profissionais de saúde possam ampliar seus conhecimentos a respeito do assunto e, assim, sentirem-se mais seguros em relação à aceitação da finitude humana, para melhor exercerem a atividade profissional que escolheram.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
23
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 20 a 24
[...] ter uma cadeira de enfermagem que trabalhasse com essa parte de morte. Porque a morte atinge tanto o psicológico da pessoa como a parte física, como o trabalho, porque, às vezes, tu podes meio desconcentrar no teu trabalho com aquele fato que ocorreu
Nessas observações, a acadêmica expõe sua expectativa em relação à humanização do cuidado com o corpo sem vida. Assinala que a formação acadêmica alargou sua visão sobre o cuidado. Estudos19 ressaltam a importância da educação para a morte nas universidades. Desse modo, a abordagem do conteúdo deve seguir uma hierarquia de tópicos, a fim de que as grades curriculares propiciem novas perspectivas para que o futuro enfermeiro possa dar uma assistência adequada aos pacientes.
Artigo de pesquisa
os pacientes após terem recebido a alta de óbito16. Desse modo, é imprescindível que os enfermeiros dispensem maior consideração para quem faleceu, pois a despersonalização do corpo sem vida direciona à práxis de cuidados impessoais17.
REFERÊNCIAS 1. Araújo PVR, Veira MJ. A questão da morte e do morrer. Revista Brasileira de Enfermagem. 2004; 57(3):361-3. 2. Bernieri J, Hirdes A. O preparo dos acadêmicos de enfermagem brasileiros para vivenciarem o processo morte-morrer. Texto & Contexto Enfermagem. 2007; 16(1):89-96. 3. Brêtas JRS, Oliveira JR, Yamaguti L. Reflexões de estudantes de enfermagem sobre morte e o morrer. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2006; 40(4):477-83. 4. Oliveira J, Brêtas JRS, Yamaguti L. A morte e o morrer segundo representações de estudantes de enfermagem. Revista da Escola de Enfermagem da USP. 2007; 41(3):386-94. 5. Oliveira WIA, Amorim RC. A morte e o morrer no processo de formação do enfermeiro. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2008; 29(2):191-8. 6. Oliveira SG, Quintana AM, Bertolino KCO. Reflexões acerca da morte: um desafio para enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem. 2010; 63(6):1077-80. 7. Mochel EG, et al. Análise da formação tanatológica do aluno de enfermagem da universidade federal do maranhão, Brasil. Invest Educ Enferm. 2008; 29(2):230-7. 8. Minayo MCS. O desafio do conhecimento: pesquisa qualitativa em saúde. São Paulo: Hucitec; 2010. 9. Fontanella BJB, Ricas J, Turato ER. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde: contribuições teóricas. Caderno de Saúde Pública. 2008; 24(1):17-27.
10. Minayo MCS. O desafio da pesquisa social. In: Minayo MCS, Deslandes SF, Gomes R. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. Petrópolis: Vozes; 2008. 11. Ministério da Saúde (BR). Portaria nº 196/96: dispõe sobre diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa com seres humanos. Brasília (DF): Conselho Nacional de Saúde; 1996. 12. Pereira LA, Thofehrn MB, Amestoy SC. A vivência de enfermeiras na iminência da própria morte. Revista Gaúcha de Enfermagem. 20008; 29(4):536-42. 13. Takahashi CB, et al. Morte: percepção e sentimentos de acadêmicos de enfermagem. Arquivo de Ciências em Saúde. 2008; 15(3):132-8. 14. Mota MS, et al. Reações e sentimentos de profissionais da enfermagem frente à morte dos pacientes sob seus cuidados. Revista Gaúcha de Enfermagem. 2011; 32(1):129-35. 15. Peçanha LN, Santos LS. Cuidando da vida: olhar integrativo sobre o ambiente e o ser humano. São Carlos, SP: EduFSCar; 2009. 16. Maia MLF. Narrativas de formação de uma acadêmica de enfermagem frente ao processo de cuidado, morte e morrer. (dissertação). Porto Alegre: Centro Universitário Metodista do IPA; 2012. 17. Parece AMGGM. Vivências dos enfermeiros relativamente a cuidados post mortem em unidades de medicina. (dissertação). Portugal: Faculdade de Medicina de Lisboa; 2010. 18. Waldow VR. Atualização do cuidar. Aquichan, Chía, Colômbia. 2008; 8(1):85-96. 19. Kovács MJ. Morte existência humana: caminhos de cuidados e possibilidades de intervenção. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2008.
Recebido 29.11.2013 Aprovado 19.12.2013 * Enfermeiro graduado e Mestrando em Biociências e Reabilitação pelo Centro Universitário Metodista do IPA. ** Enfermeira, Mestre em Enfermagem pela EEUFRGS, docente do Curso de Enfermagem do Centro Universitário Metodista do IPA.
24
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Ezequiel Teixeira Andreotti | Miriam Buógo
Ano 3 – Número 15, julho/agosto 2013 - paginas de 20 a 24
Artigo de pesquisa
Vivências dos discentes de um curso de graduação em enfermagem com o processo de morte
Normas para publicação Assinatura dos Autores: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________
A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral, que tem por objetivo ser um dos principais veículos de divulgação do conhecimento na área de enfermagem no Brasil, promovendo, o desenvolvimento técnicocientífico dos profissionais, publicando trabalhos originais e inéditos, de revisão, atualização ou relatos de casos/experiências. Seu conselho editorial, que tem caráter consultivo, é constituído por pesquisadores em enfermagem, de origem institucional diversificada, e é o principal responsável pela qualidade do conteúdo da revista.
6. O(s) autor(es) deve(m) especificar no artigo indicação de financiamentos relacionados ao trabalho a ser publicado.
Apresentação do manuscrito
Categorias de manuscritos aceitos pela Revista
1. Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, no que se refere ao texto, às figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. 2. Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa. O número do processo/projeto deverá constar no método do trabalho. 3. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336:309. 4. Figuras e tabelas deverão ser apresentadas em arquivo com boa resolução e separadas do texto (imagens com mínimo de 300 dpi). 5. O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a declaração de responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, conforme modelo abaixo.
(A) Artigos originais/Pesquisas – Investigação baseada em dados empíricos, concluída, utilizando metodologia científica e que possam ser aplicadas e generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora. Sua estrutura deve conter. – Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. – Objetivo: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor. – Revisão da literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução. – Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza estatística. – Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou comentários pessoais, podendo, para maior facilidade de compreensão, estar acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc. – Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os novos e importantes aspectos observados e discutidas
Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais. Vimos submeter à aprovação da Revista SulBrasileira de Enfermagem o artigo _____________ ____________________________________________ ___________________________________________ __________________ e informamos que todos os procedimentos éticos devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito e está sendo enviado com exclusividade à Revista. Concordamos que, em caso de aceitação do mesmo, os direitos autorais a ele referentes passarão a ser propriedade exclusiva da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Categoria do artigo: _________________________
Data: _____/_____/_____.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
25
as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência profissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial. Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista. Preparo dos manuscritos
• Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s)
26
nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras. • Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográficas (Exemplos) Artigos de periódicos:
• Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95 • Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4);88-94. Materiais em formato eletrônico:
• Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/reeusp/ upload/pdf/258.pdf • Livro ou monografias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005. Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007
• Capítulo do livro ou monografia: Debert, GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78.
• Dissertação e tese: Amarante ST. Analise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/ USP; 1999.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
• Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA, Brasil. Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico. Os autores deverão ser assinantes da revista. Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente
com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm; laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé. Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Rua Aracy Fróes, 258 / 902 - Jardim ItuSabará - Porto Alegre/RS / CEP: 91210-230. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Tel. (51) 3351.2361.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
27
Curso
Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Maira Buss Thofehrn
P
Aula 1: Relações Humanas no Trabalho: uma reflexão acerca da equipe na área da saúde
P P
Aula 2: Relações Humanas perpassando pelo Processo de Trabalho da Enfermagem Aula 3: Relações Humanas Saudáveis na Equipe de Enfermagem
P
Aula 4: Relações Humanas no Trabalho: liderança na enfermagem
Aula 5: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: empoderamento político Aula 6: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade
Organizador a: Mair a Buss Thofehrn Doutora em Enfermagem, Conselheira cientiica da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Professora do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem.
Colabor adores Simone Coelho Amestoy Doutora em Enfermagem. Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. Veridiana Correa Ávila Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa NEPEN (Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem. Linha de Pesquisa)- Processo de trabalho em Saúde e Enfermagem. Helen Nicoletti Fernandes Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas. Membro do grupo de pesquisa NEPEN (Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem. Linha de Pesquisa)- Processo de trabalho em Saúde e Enfermagem. Gabriela Rodrigues Rosinha Enfermeira. Membro do grupo de pesquisa NEPEN (Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem. Linha de Pesquisa)- Processo de trabalho em Saúde e Enfermagem.
28
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
EMTRABALHO TERAPIA INTENSIVA RELAÇÕESATUALIZAÇÃO HUMANAS NO DA ENFERMAGEM AULA – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 4: 5LIDERANÇA NA ENFERMAGEM
Aula 4: Relações Humanas no Tr abalho: lider ança na enfermagem pela complexidade ou pela subestimação do seu potencial4. Um estudo recente reforça a afirmação mencionada, pois também obteve como resultados que os enfermeiros possuem dificuldades de compreender o que é liderança e estão pouco instrumentalizados para colocá-la em prática no ambiente hospitalar6. Neste contexto, destaca-se o diálogo para aproximar o pensar e o agir dos sujeitos dirigidos ao mundo a ser transformado e humanizado. O diálogo não pode ser reduzido a um simples ato de depositar ideias, porque sem ele não há comunicação, nem pensar crítico, só por meio do diálogo é possível administrar diferentes conflitos e igualmente se constrói laços e relações7. No entanto, entre os membros da equipe de enfermagem é comum a falta de diálogo e o levantamento desse tipo de problema, que pode se manter por anos acarretando um desgaste desses trabalhadores e a construção de relações em ambientes de trabalho pouco saudáveis8. O enfermeiro em seu ambiente de trabalho deve estimular o estabelecimento de relações baseadas na confiança. Convém esclarecer que a confiança vai tornando os sujeitos dialógicos, cada vez mais, companheiros em busca de um objetivo em comum, com a humildade dos seres abrindo os caminhos e o pensar com esperança dando força para juntos traçarem metas para trabalhar com liderança em enfermagem7. Sendo a liderança uma competência profissional desenvolvida pelo enfermeiro, a fim de facilitar a coordenação da equipe, as potencialidades de cada membro, compreende-se a mesma como um suporte para o encadeamento das relações interpessoais, em que o enfermeiro-líder tem consciência de que exerce influência e é influenciado pelos seus colaboradores8. Sendo assim, a liderança pode auxiliar o enfermeiro na construção de um ambiente de trabalho satisfatório, propiciando o estabelecimento de vínculos profissionais saudáveis e de processos dialógicos efetivos entre o enfermeiro e demais profissionais da equipe, auxiliando na qualificação do cuidado9. Desta forma, vislumbra-se a liderança como uma competência que pode ser aprendida e desenvolvida, por meio de uma educação que valorize o contexto dos atores, enquanto seres capazes de realizar transformações e fazer a diferença em seu meio. A educação tem sido considerada como instrumento para mudanças e transformações em uma sociedade, transformações essas de cunho social e educacional que têm repercutido nos modos
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
29
MAIRA BUSSTHOFEHRN | SIMONE COELHO AMESTOY | VERIDIANA CORREA ÁVILA | HELEN NICOLETTI FERNANDES | GABRIELA RODRIGUES ROSINHA
Entre a multiplicidade de atividades desenvolvidas pelo enfermeiro, destaca-se a dimensão gerencial da sua atuação. Este profissional necessita atuar frente ao gerenciamento do cuidado, o qual exige do enfermeiro uma visão que agregue e aceite os valores e as lógicas diferenciadas, avaliados nas necessidades dos usuários, sendo indispensável um envolvimento do profissional nas inter-relações, com a potencialidade de criatividade e autonomia, no sentido de dar conta das obrigações do processo de trabalho1. Na enfermagem, destacam-se características que exige do enfermeiro uma visão gerencial que integre valores impressos nas necessidades do profissional nas inter-relações, na sua potencialidade de criatividade e autonomia, no sentido de dar conta das necessidades do processo de trabalho1. Dessa forma, a liderança consiste em um processo grupal, no qual ocorre influência interpessoal com a finalidade de obter objetivos; portanto, representa um sentido de ação, um senso de movimento, passível de ser aprendida. Para tanto, o enfermeiro-líder deve apresentar características de personalidade que facilitem o exercício da liderança, como a flexibilidade, o saber ouvir, apoiar o grupo e ser facilitador do trabalho2. Enfatiza-se que a equipe se espelha no modelo que acredita ou percebe como necessário para a execução de suas práticas de atendimento à clientela, a partir daí o comportamento do líder vai gerar um reflexo no desempenho do grupo de trabalho3. Na vida profissional do enfermeiro, a liderança torna-se essencial, pois estar apto para se comunicar claramente com o grupo, demonstrar ser capaz de solucionar conflitos e ter iniciativa nas tomadas de decisões são atributos que garantem um desempenho satisfatório para garantir uma qualidade na assistência em saúde4. Em função de diferentes conflitos que precisam ser conduzidos pelo enfermeiro-líder, a liderança e a comunicação se fazem necessárias, internamente numa equipe e com os demais profissionais. Tendo em vista que na equipe de enfermagem existe um espaço para construir novos laços e relações, para compartilhar opiniões, identifica-se que a comunicação será uma ferramenta para a construção de relações mais harmônicas e democráticas5. Para o enfermeiro tem sido um desafio o exercício da liderança em suas atividades diárias. Isso pode ser explicado, pela dificuldade de alguns enfermeiros em exercerem a função de liderança,
MAIRA BUSSTHOFEHRN | SIMONE COELHO AMESTOY | VERIDIANA CORREA ÁVILA | HELEN NICOLETTI FERNANDES | GABRIELA RODRIGUES ROSINHA
VENTILAÇÃO MECÂNICA IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM RELAÇÕES HUMANAS-NO TRABALHO DA ENFERMAGEM AULA AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA 4: LIDERANÇA NA ENFERMAGEM
de produzir e nos diferentes campos do saber e de produção de bens e de serviços. Compreende-se, assim que a educação é uma estratégia para que o indivíduo tenha capacidade e possibilidade de construir-se dentro do mundo do trabalho, como sujeito que constrói e desconstrói, em um movimento dinâmico e complexo intercedido, por valores políticos, culturais e éticos10. Pode-se dizer que o aprendizado consiste em uma ferramenta capaz de impulsionar o crescimento organizacional, entretanto, para que isso realmente aconteça não basta investir apenas no aprimoramento pessoal, mas também no desenvolvimento interpessoal, visto que o trabalho é estruturado de maneira coletiva8. Nesta perspectiva, para que o enfermeiro dê conta das exigências atuais do mercado de trabalho e desenvolva as características citadas, torna-se essencial abordar a liderança na formação acadêmica. No contexto atual, a formação de enfermeiros capazes de atender as necessidades dos indivíduos e coletividades, torna-se essencial repensar nas discordâncias existentes entre o ensino e às exigências do mercado de trabalho, sendo que está engajado um modelo econômico e social, competitivo, individualizado e alienante. Revelado o exposto, existe uma responsabilidade das Instituições de Ensino Superior (IES) que é a formação de líderes, críticos, reflexivos, politizados capazes de atuar de forma coerente, a fim de criar e recriar sua realidade8. Cabe destacar que no ano de 2001 foram instituídas as Novas Diretrizes Curriculares Nacionais baseadas em competências, para o curso de graduação de enfermagem, das quais se destaca: a atenção à saúde, tomada de decisões, comunicação, administração e gerenciamento, educação permanente e liderança11. No que se refere à aprendizagem da liderança, torna-se a formação de líderes um desafio a ser conquistado, cabendo às instituições formadoras disponibilizarem meios para o alcance da competência profissional quanto à liderança12. Todavia, o modelo de ensino na enfermagem, ainda vigorante em instituições de formação de profissionais de saúde, é formado através de características próprias da escola tradicional, cujo perfil do profissional em formação é enfatizado no desenvolvimento de habilidades técnicas, de execução mecânica e acrítica de procedimentos manuais, no conhecimento clínico para a averiguação da prescrição médica e no desenvolvimento da competência administrativa voltada para o gerenciamento do serviço e não do cuidado, em prol dos interesses da instituição e dos profissionais que nela atuam e não das necessidades da população13. Em contra partida, com o intuito de facilitar a formação de enfermeiros-líderes, apresenta-se a
30
liderança baseada no diálogo, pois se acredita que a mesma poderá contribuir na construção prática de relações mais emancipatórias, autônomas e dialógicas entre profissionais de saúde9. Nesta realidade, surge a importância de abordar liderança na enfermagem, que deve ser trabalhada na graduação desde os semestres iniciais, tangenciando cada disciplina, porque independente da área de atuação, o enfermeiro irá executar ações gerenciais, que se tornarão mais acessíveis aos profissionais que dominam esta competência. No entanto, se torna relevante que os docentes conheçam a trajetória de vida do aluno, pois alguns poderão ter características que facilitem o exercício da liderança, enquanto outros necessitarão de mais estímulos para desenvolvê-la. Sendo assim, a formação dos enfermeiros precisa semear a crítica, a reflexão, a autonomia e, consequentemente, a capacidade de liderar8. Também se torna relevante, o compromisso com a formação dos futuros enfermeiros que, além de competências na técnica e no cuidado humano, deverão estar sintonizados com o papel social da enfermagem, que sejam cidadãos éticos, compromissados com eles próprios e com o outro e em condições de atuar em uma sociedade impregnada de incertezas. Ao construir o conhecimento teórico-prático o aluno, por meio da interação, da prática social e das diferentes realidades, incorpora no seu agir a responsabilidade da sua aprendizagem. Deste modo, ao propiciar diferentes métodos de aprendizagem; em diferentes cenários de práticas se proporciona ao aluno o aprimoramento de conceitos adquiridos anteriormente, permitindo que se torne um agente de mudança e de novos significados, recriando, assim, novos saberes e práticas14. Silva e Sena abordam a formação do enfermeiro como uma compreensão do ensino, um processo construído por docentes e acadêmicos que se movimentam como sujeitos que determinam as práticas de saúde, de educação e de controle social. Nessa construção, os sujeitos definem as estratégias que sustentam o modelo de ensino, destacando-se as práticas pedagógicas, a organização curricular, os conteúdos, os mecanismos de avaliação e os cenários de aprendizagem15. Ainda destaca-se o diálogo como uma estratégia que oferece ao educador e aos educandos, a manifestação de dúvidas, iniciativas e oposição de argumentos, desse modo possibilita que o trabalho educacional e o aprendizado sejam construídos entre relações horizontais. Por sua vez o comprometimento é uma condição para o professor se conscientizar da importância do seu papel e assumir a responsabilidade da educação16. Frente ao exposto, incluir a liderança de forma transversal nos currículos dos Cursos de Enfermagem pode tornar-se um instrumento auxíliar para
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
RELAÇÕES HUMANAS NO TRABALHO DA ENFERMAGEM AULA 4: LIDERANÇA NA ENFERMAGEM
Referências 1. Ferraz CA. As dimensões do cuidado em enfermagem: enfoque organizacional. Acta Paul. Enferm. 2000;.13:91-7. 2. Lourenço MR, Trevizan MA. Líderes da enfermagem brasileira - sua visão sobre a temática da liderança e sua percepção a respeito da relação liderança & enfermagem.Rev. Latinoam. Enferm. 2001 mai; 9(3):14-9. 3. Santos I, Castro CB. Estilos e dimensões da liderança: iniciativa e investigação no cotidiano do trabalho de enfermagem hospitalar. Texto Contexto Enferm. 2008 out-dez; 17(4):734-42. 4. RibeiroM, Santos SL, MeiraTGBM. Reflexão sobre liderança em enfermagem. Esc. Anna Nery Rev. Enferm. 2006 abril; 10(1):109-15. 5. Gelbcke FL, Souza LA, Dal Sassoi GK, Nascimento E,Bulb MBC. Liderança em ambientes de cuidados críticos:reflexões e desafios à Enfermagem Brasileira. Rev. Bras.Enferm. 2009jan-fev; 62(1): 136-9. 6. Amestoy SC. Liderança como instrumento no processo de trabalho da enfermagem [Dissertação]. Rio Grande: Universidade Federal do Rio Grande;2008. 128f.
7. Freire P. Pedagogia do oprimido. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 2005. 8. Amestoy SC,Cestari ME,ThofehrnMB,Milbrath VM,Trindade LL, BACKES, VMS. Processo de Formação de Enfermeiros Líderes. Rev. Bras. Enferm. 2010 nov-dez; 63(6): 940-5. 9. AmestoySC, BackesVMS, TrindadeLL, CaneverBP.Produção científica sobre liderança no contexto da enfermagem. Rev. Esc. Enferm. USP. 2012; 46(1): 277-33. 10. Ricaldoni CAC, Sena RR. Educação permanente: uma ferramenta para pensar e agir no trabalho da enfermagem.Rev. Latinoam. Enferm. 2006 nov-dez; 14(6). 11. Brasil. Conselho Nacional de Educação. Câmara de Educação Superior. Resolução CNE/CES n. 3, de 7 de novembro de 2001. Institui Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Brasília (DF); 2001. 12. Simões ALA, Fávero N. Aprendizagem da liderança: opinião de enfermeiros sobre a formação acadêmica. Rev. Latinoam.Enferm. 2000 jul; 8(3): 91-96. 13. Loureiro MM, Vaz MRC. A busca de novos modelos de ensino: condição essencial para a transformação do modelo assistencial de Enfermagem. Texto Contexto Enferm. 2000; 9(2): 226-37. 14. Corbellini VL, et al. Nexos e desafios na formação profissional do enfermeiro.Rev. Bras. Enferm. 2010 jul-ago; 63(4): 555-60. 15. Silva KL, Sena RR. A formação do enfermeiro: construindo integralidade do cuidado.Rev. Bras. Enferm. 2006jul-ago; 59(4): 488-91. 16. Vasconcelos ML. Docência e autoridade no ensino superior: uma introdução ao debate. In: Teodoro A, Vasconcelos ML, organizadoras. Ensinar e aprender no ensino superior. São Paulo(SP): Cortez; 2003. 17. Avila VC,Amestoy SC,Porto AR,ThofehrnMB, Trindade LL, Figueira AB. Visão dos Docentes de Enfermagem sobre a Formação de Enfermeiros-Líderes. Revista CogitareEnferm. 2012 out-dez; 17(4): 621-7. 18. Menegaz JC, Backes VMS, Amestoy SC.Formação política para fortalecimento de liderança em enfermagem: um relato sobre a experiência. Enferm. em Foco.2012; 3(4): 190-193.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
31
MAIRA BUSSTHOFEHRN | SIMONE COELHO AMESTOY | VERIDIANA CORREA ÁVILA | HELEN NICOLETTI FERNANDES | GABRIELA RODRIGUES ROSINHA
o desenvolvimento pessoal e profissional do acadêmico para os cenários de trabalho, surgindo o desafio de desenvolver no campo prático, o gerenciamento e a liderança frente a uma equipe17. Destaca-se ainda a necessidade de adotar programas de desenvolvimento de líderes e projetos de educação permanente nos serviços de saúde, a fim de aprimorá-los na aplicação da liderança, com base no estabelecimento de um processo comunicacional eficiente, a fim de estimular a autonomia, a coresponsabilização e a valorização do líder e de seus colaboradores, com vistas ao atendimento das demandas de saúde da população18.
Curso
TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM Graziella Gasparotto Baiocco
P P
Aula 1: Princípios da Terapia Intravenosa para o Enfermeiro e Segurança do paciente Aula 2: Anatomia e fisiologia do sistema vascular
Aula 3: Avaliação da rede venosa e opções para escolha do acesso Aula 4: Curativo e estabilização dos acessos
P
Aula 5: Complicações da Terapia Intravenosa e intervenções Aula 6: Principais Diagnósticos de Enfermagem na Terapia Intravenosa Aula 7: Especificidades da Terapia Intravenosa
Organizador a: Enfermeir a Gr aziella Gasparotto Baiocco Mestre em Medicina e Ciências da Saúde pela PUC – RS, Especialista em Nefrologia pela SOBEN, Especialista em Terapia Intensiva pela UNISINOS – RS. Enfermeira do setor de Gerenciamento de Risco do Grupo Hospitalar Conceição. Membro do Conselho Cientíico da Revista SulBrasileira de Enfermagem. Professora Convidada do Instituto de Ensino e Pesquisa da Associação Hospitalar Moinhos de Vento, Instrutora do Centro de Treinamento C-Vist para o Curso de habilitação de enfermeiros para inserção e manutenção do CCIP guiados por ultrassom. Email: grazigasparotto@terra.com.br
32
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
P
TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM AULA 3: AVALIAÇÃO DA REDE VENOSA E OPÇÕES PARA ESCOLHA DO ACESSO
AULA 4: CUR ATIVO E ESTABILIZAÇÃO DOS ACESSOS O risco de infecção primária associada a cateteres venosos está relacionado tanto ao paciente e seus mecanismos de defesa, quanto aos cuidados prestados no ambiente hospitalar e também na assistência domiciliar. Os fatores relacionados ao paciente nem sempre podem ser modificados, já os fatores relacionados aos cuidados relacionados à assistência à saúde, podem e devem ser reavaliados e alterados sempre que necessário, em benefício do paciente1. As atuais técnicas de assistência à saúde tornaram indispensáveis o uso de dispositivos intravasculares que são indicados para administração de soluções endovenosas, medicamentos, hemotransfusões, nutrição parenteral e para monitoração do estado hemodinâmico em pacientes críticos. Entretanto, desde o início do uso dos primeiros cateteres intravasculares, tornaram-se evidentes os riscos de infecção associada a seu uso. Durante os 50 primeiros anos da terapia intravenosa, o curativo de cateteres intravenosos mais comumente utilizados era realizado com gaze estéril e fita adesiva. Os curativos transparentes estéreis foram utilizados inicialmente na metade dos anos 1970 para prevenir infecções de cateteres venosos periféricos e centrais7. Através da medicina baseada em evidências, são publicadas recomendações a fim de prevenir ou minimizar os riscos infecciosos. Esta aula de revisão foi elaborada com base nas últimas recomendações publicadas sobre medidas preventivas relacionadas ao acesso intravascular e objetiva informar aos diversos profissionais que utilizam dispositivos endovenosos, a fim de garantir uma assistência mais segura1. Para a elaboração desta aula utilizou-se dos Manuais da Agência Nacional de Vigilância Sanitária – ANVISA de 2010 e 20132,3 sobre Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, que utilizam a Classificação das Recomendações por Nível de Evidência, de acordo com a Canadian Task Force on the Periodic Health Examination, descrita abaixo4:
Força da recomendação: A - Boa evidência que sustente a recomendação; B - Moderada evidência que sustente a recomendação; C - Pobre evidência que sustente a recomendação.
Também foram utilizados as Diretrizes Práticas para Terapia Infusional da Infusion Nurses Society, INS 20135 e os Guidelines do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), 20116. Como princípio de segurança coloca-se o conceito de que estabilizar significa fixar o cateter de forma a minimizar os deslocamentos no interior do vaso, preservar a integridade do acesso, evitando assim perdas de cateteres e complicações nos acessos. Também reforça-se que a estabilização não interfira no acesso e monitorização do sítio de inserção, deve ser feita de forma asséptica e com materiais estéreis. Recomendações para estabilização: • A cânula do cateter deverá ser estabilizada com fita adesiva estéril, antes de se realizar o curativo/cobertura; • O sítio de inserção do cateter prevê o acesso direto à circulação e o produto/material que entra em contato com o sítio de inserção deverá ser estéril; • A estabilização do cateter deverá ser realizada utilizando técnica asséptica (AI); • A estabilização dos cateteres não deverá interferir no seu acesso, na monitorização do sítio de inserção ou impedir a infusão da terapia; • Após a aplicação do curativo, proceder a identificação do mesmo com data e nome do profissional responsável pelo procedimento. Coberturas: • O propósito da cobertura é: 1) proteger o sítio de punção e minimizar a possibilidade de infecção por meio da interface entre a superfície do cateter e a pele e 2) fixar o dispositivo no local e prevenir a movimentação do dispositivo com dano ao vaso. • A cobertura deve ser estéril podendo ser semioclusiva (gaze ou fixador) ou membrana transparente semipermeável (AI).; • A cobertura não deve ser trocada em intervalos pré-estabelecidos; a recomendação de tro-
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
33
GRAZIELLA GASPAROTTO BAIOCCO
Classificação das recomendações por nível de evidência de acordo com a Canadian Task Force on the Periodic Health Examination:
Qualidade da evidência: I - Evidência de >1 estudos randomizados e controlados; II - Evidência >1 estudos bem desenhados, não randomizados, estudos analíticos casocontrole ou cohort (preferencialmente abrangendo >1 centro), múltiplas séries de casos, ou de resultados impactantes de experimentos não controlados; III - Evidências advindas de opinião de especialistas, baseada em experiência clínica, estudos descritivos, ou consensos de grupos de especialistas.
GRAZIELLA GASPAROTTO BAIOCCO
TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM AULA 3: AVALIAÇÃO DA REDE VENOSA E OPÇÕES PARA ESCOLHA DO ACESSO
ca para o filme transparente é de 7 em 7 dias; e a cobertura com gaze estéril e fita adesiva deve ser feita pelo menos a cada 48 horas (AI); • A cobertura deve ser trocada imediatamente, se houver suspeita de contaminação, e sempre quando úmida, solta, suja ou com a integridade comprometida; • A cobertura transparente quando utilizada em acessos venosos periféricos deve ser trocada respeitando o tempo de permanência do dispositivo que varia de 72 a 96 horas ou quando a integridade estiver comprometida (AI); • Para pacientes com sudorese intensa, sangramentos, drenagem de fluidos, prefira a cobertura de gaze estéril e fita adesiva, • Proteger o sítio de inserção com plástico durante o banho quando utilizada cobertura não impermeável; • Realizar a limpeza do sítio de inserção com clorexidina alcoólica 0,5% (AI); • Registrar no prontuário do paciente diariamente a avaliação de rotina e condições gerais do sítio de inserção; • O uso de luvas estéreis e máscara estão indicados quando o dispositivo for de longa permanência e o paciente estiver imunodeprimido; • Não utilizar compostos a base de acetona, éter, benzina, álcool para remoção dos curativos; • Na retirada do curativo ou cobertura transparente, sustentar a pele, segurando-a, tracionar as bordas da película a fim de que ocorra o rompimento das fibras e sua remoção seja assim facilitada, preservando desta forma a sua integridade. Cobertura ou esponja impregnada com gluconato de clorexidina5,6: • O uso desta película tem demonstrado redução significante das ocorrências de infecção de corrente sanguínea relacionada ao cateter. Entretanto não existem recomendações específicas por parte do Centers for Disease Control and Prevention (CDC), bem como evidências científicas provenientes de estudos clínicos e randômicos com esse tipo de curativo9,10,11. • Pode ser utilizada para a redução da infecção por corrente sanguínea, em situações nas quais as taxas de infecções persistirem acima do valor máximo aceitável, a despeito da implantação de todas as outras medidas de prevenção supracitadas, quando houver histórico de múltiplas infecções de corrente sanguínea e a disponibilidade de acessos vasculares for limitada ou ainda quando a consequência de eventual bacteremia relacionada a cateter for muito grave (por exemplo, em pacientes com próteses endovasculares) (BI) e para cateteres de longa permanência7. A troca dos curativos impregnados deve ser feito a cada 7 dias, devido ao tempo de ação dos agentes químicos7.
34
No que concerne aos dispositivos para estabilização, no mercado existe um dispositivo de fixação chamado StatLock®, que serve para estabilizar o cateter, permitindo uma fixação segura favorecendo comodidade para o paciente e equipe. Tem uma excelente aderência evitando migrações, infecções diminuindo os custos hospitalares, é estéril e com boa durabilidade, a troca deve ser feita a cada 7 dias com a cobertura transparente8.
Fonte: Advancing the delivery of health care. Copyright© 2011 C. R. Bard.
O enfermeiro deve avaliar o paciente, o acesso venoso, as características individuais de cada terapia, e assim selecionar o melhor material, visando minimizar os riscos relacionadas à assistência à saúde, preservando as técnicas assépticas e garantindo a qualidade e segurança no tratamento. Referências: 1. Normas e rotinas técnico-operacionais - CIH/HNSC/GHC - Prevenção de infecções relacionadas à terapia endovenosa – dezembro/2010. 2. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Indicadores Nacionais de Infecções Relacionadas Assistência à Saúde Setembro de 2010. 3. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde Agosto de 2013. 4. Canadian Task Force on the Periodic Health Examination. Can Med Assoc J. 1979 November 3; 121(9): 1193–1254. 5. Brasil, Infusion Nurses Society – INS Brasil. Diretrizes Práticas para Terapia Infusional. São Paulo: 2013. 6. Centers for Disease Control and Prevention (CDC). Vital Signs: Central line – associated blood stream infections – United States, 2001, 2008 and 2009. MMWR Morb Mortal Wkly rep. 04 mar. 2011. 7. Harada MJCS, Pedreira MLG. Terapia intravenosa e infusões. São Caetano do Sul; 2011. 8. Baiocco G. G. et al. Cateter Central de Inserção Periférica – CCIP na prática de enfermagem. Porto Alegre, Editora Moriá, 2013. 9. Phillips L.D. Manual of I.V. therapeutics: evidence-based practice for infusion therapy. 5 ed. Philadelphia: F.A.Davis; 2010. Techniques for peripheral infusion therapy. P. 303-401. 10. Sharpe EL. Tiny patients, tiny dressings: a guide to the neonatal PICC dressing change. Advances in Neonatal care. 2008;8(3):150-62. 11. Casey AL, Elliott TSJ. Prevention of central venous catheter-related infection: update.Br J Nurs. 2010;19(2):78-87.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
NOTÍCIAS NOTÍCIAS RESOLUÇÃO - RDC Nº 36, DE 25 DE JULHO DE 2013. Institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde e dá outras providências. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos III e IV, do art. 15 da Lei n.º 9.782, de 26 de janeiro de 1999, o inciso II, e §§ 1° e 3° do art. 54 do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I da Portaria nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de æΩ2006, republicada no DOU de
CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Seção I Objetivo Art. 1º Esta Resolução tem por objetivo instituir ações para a promoção da segurança do paciente e a melhoria da qualidade nos serviços de saúde. Seção II Abrangência Art. 2º Esta Resolução se aplica aos serviços de saúde, sejam eles públicos, privados, filantrópicos, civis ou militares, incluindo aqueles que exercem ações de ensino e pesquisa. Parágrafo único. Excluem-se do escopo desta Resolução os consultórios individualizados, laboratórios clínicos e os serviços móveis e de atenção domiciliar. Seção III Definições Art. 3º Para efeito desta Resolução são adotadas as seguintes definições: I - boas práticas de funcionamento do serviço de saúde: componentes da garantia da qualidade que asseguram que os serviços são ofertados com padrões de qualidade adequados; II - cultura da segurança: conjunto de valores, atitudes, competências e comportamentos que determinam o comprometimento com a gestão da saúde e da segurança, substituindo a culpa e a punição pela oportunidade de aprender com as falhas e melhorar a atenção à saúde; III - dano: comprometimento da estrutura ou função do corpo e/ou qualquer efeito dele oriundo, incluindo doenças, lesão, sofrimento, morte, incapacidade ou disfunção, podendo, assim, ser físico, social ou psicológico; IV - evento adverso: incidente que resulta em dano à saúde; V - garantia da qualidade: totalidade das ações sistemáticas necessárias para garantir que os serviços
21 de agosto de 2006, e suas atualizações, tendo em vista o disposto nos incisos III, do art. 2º, III e IV, do art. 7º da Lei n.º 9.782, de 1999, e o Programa de Melhoria do Processo de Regulamentação da Agência, instituído por meio da Portaria nº. 422, de 16 de abril de 2008, em reunião realizada em 23 de julho de 2013, adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, DiretorPresidente determino a sua publicação: prestados estejam dentro dos padrões de qualidade exigidos para os fins a que se propõem; VI - gestão de risco: aplicação sistêmica e contínua de políticas, procedimentos, condutas e recursos na identificação, análise, avaliação, comunicação e controle de riscos e eventos adversos que afetam a segurança, a saúde humana, a integridade profissional, o meio ambiente e a imagem institucional; VII - incidente: evento ou circunstância que poderia ter resultado, ou resultou, em dano desnecessário à saúde; VIII - núcleo de segurança do paciente (NSP): instância do serviço de saúde criada para promover e apoiar a implementação de ações voltadas à segurança do paciente; IX - plano de segurança do paciente em serviços de saúde: documento que aponta situações de risco e descreve as estratégias e ações definidas pelo serviço de saúde para a gestão de risco visando à prevenção e a mitigação dos incidentes, desde a admissão até a transferência, a alta ou o óbito do paciente no serviço de saúde; X - segurança do paciente: redução, a um mínimo aceitável, do risco de dano desnecessário associado à atenção à saúde; XI - serviço de saúde: estabelecimento destinado ao desenvolvimento de ações relacionadas à promoção, proteção, manutenção e recuperação da saúde, qualquer que seja o seu nível de complexidade, em regime de internação ou não, incluindo a atenção realizada em consultórios, domicílios e unidades móveis; XII - tecnologias em saúde: conjunto de equipamentos, medicamentos, insumos e procedimentos utilizados na atenção à saúde, bem como os processos de trabalho, a infraestrutura e a organização do serviço de saúde
CAPÍTULO II DAS CONDIÇÕES ORGANIZACIONAIS Seção I Da criação do Núcleo de Segurança do Paciente Art. 4º A direção do serviço de saúde deve constituir o Núcleo de Segurança do Paciente (NSP) e nomear a sua composição, conferindo aos membros autoridade, res-
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
35
NOTÍCIAS ponsabilidade e poder para executar as ações do Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde. § 1º A direção do serviço de saúde pode utilizar a estrutura de comitês, comissões, gerências, coordenações ou núcleos já existentes para o desempenho das atribuições do NSP. § 2º No caso de serviços públicos ambulatoriais pode ser constituído um NSP para cada serviço de saúde ou um NSP para o conjunto desses, conforme decisão do gestor local do SUS.
XI - notificar ao Sistema Nacional de Vigilância Sanitária os eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde; XII- manter sob sua guarda e disponibilizar à autoridade sanitária, quando requisitado, as notificações de eventos adversos; XIII - acompanhar os alertas sanitários e outras comunicações de risco divulgadas pelas autoridades sanitárias. Seção II
Art. 5º Para o funcionamento sistemático e contínuo do NSP a direção do serviço de saúde deve disponibilizar: I - recursos humanos, financeiros, equipamentos, insumos e materiais; II - um profissional responsável pelo NSP com participação nas instâncias deliberativas do serviço de saúde.
Do Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde Art. 8º O Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde (PSP), elaborado pelo NSP, deve estabelecer estratégias e ações de gestão de risco, conforme as atividades desenvolvidas pelo serviço de saúde para:
Art. 6º O NSP deve adotar os seguintes princípios e diretrizes: I - A melhoria contínua dos processos de cuidado e do uso de tecnologias da saúde; II - A disseminação sistemática da cultura de segurança; III - A articulação e a integração dos processos de gestão de risco; IV - A garantia das boas práticas de funcionamento do serviço de saúde. Art.7º Compete ao NSP: I - promover ações para a gestão de risco no serviço de saúde; II - desenvolver ações para a integração e a articulação multiprofissional no serviço de saúde; III - promover mecanismos para identificar e avaliar a existência de não conformidades nos processos e procedimentos realizados e na utilização de equipamentos, medicamentos e insumos propondo ações preventivas e corretivas; IV - elaborar, implantar, divulgar e manter atualizado o Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde; V - acompanhar as ações vinculadas ao Plano de Segurança do Paciente em Serviços de Saúde; VI - implantar os Protocolos de Segurança do Paciente e realizar o monitoramento dos seus indicadores; VII - estabelecer barreiras para a prevenção de incidentes nos serviços de saúde; VIII - desenvolver, implantar e acompanhar programas de capacitação em segurança do paciente e qualidade em serviços de saúde; IX - analisar e avaliar os dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde; X - compartilhar e divulgar à direção e aos profissionais do serviço de saúde os resultados da análise e avaliação dos dados sobre incidentes e eventos adversos decorrentes da prestação do serviço de saúde;
36
I - identificação, análise, avaliação, monitoramento e comunicação dos riscos no serviço de saúde, de forma sistemática; II - integrar os diferentes processos de gestão de risco desenvolvidos nos serviços de saúde; III - implementação de protocolos estabelecidos pelo Ministério da Saude; IV - identificação do paciente; V - higiene das mãos; VI - segurança cirúrgica; VII - segurança na prescrição, uso e administração de medicamentos; VIII - segurança na prescrição, uso e administração de sangue e Hemocomponentes; IX - segurança no uso de equipamentos e materiais; X - manter registro adequado do uso de órteses e próteses quando este procedimento for realizado; XI - prevenção de quedas dos pacientes; XII - prevenção de úlceras por pressão; XIII - prevenção e controle de eventos adversos em serviços de saúde, incluindo as infecções relacionadas à assistência à saúde; XIV- segurança nas terapias nutricionais enteral e parenteral; XV - comunicação efetiva entre profissionais do serviço de saúde e entre serviços de saúde; XVI - estimular a participação do paciente e dos familiares na assistência prestada. XVII - promoção do ambiente seguro
CAPÍTULO III DA VIGILÂNCIA, DO MONITORAMENTO E DA NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS. Art. 9º O monitoramento dos incidentes e eventos adversos será realizado pelo Núcleo de Segurança do Paciente - NSP. Art. 10 A notificação dos eventos adversos, para fins desta Resolução, deve ser realizada mensalmente pelo
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
NOTÍCIAS NSP, até o 15º (décimo quinto) dia útil do mês subsequente ao mês de vigilância, por meio das ferramentas eletrônicas disponibilizadas pela ANVISA. Parágrafo único - Os eventos adversos que evoluírem para óbito devem ser notificados em até 72 (setenta e duas) horas a partir do ocorrido. Art. 11 Compete à ANVISA, em articulação com o Sistema Nacional de Vigilância Sanitária: I - monitorar os dados sobre eventos adversos notificados pelos serviços de saúde; II - divulgar relatório anual sobre eventos adversos com a análise das notificações realizadas pelos serviços de saúde; III - acompanhar, junto às vigilâncias sanitárias distrital, estadual e municipal as investigações sobre os eventos adversos que evoluíram para óbito.
CAPÍTULO IV DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS. Art. 12 Os serviços de saúde abrangidos por esta Resolução terão o prazo de 120 (cento e vinte) dias para a estruturação dos NSP e elaboração do PSP e o prazo de 150 (cento e cinquenta) dias para iniciar a notificação mensal dos eventos adversos, contados a partir da data da publicação desta Resolução. Art. 13 O descumprimento das disposições contidas nesta Resolução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. Art. 14 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. DIRCEU BRÁS APARECIDO BARBANO
Ministério da Saúde amplia par a 69 anos a idade máxima par a doação Brasil realiza anualmente a coleta de 3,6 milhões de bolsas de sangue. Com a medida, outros dois milhões de brasileiros poderão doar. Teste NAT torna-se obrigatório nos serviços públicos e privados. O Ministério da Saúde ampliou para 69 anos a idade máxima para doação de sangue no Brasil, o que amplia em dois milhões o público potencial de doadores. A atual faixa etária para doação é de 16 a 67 anos. Países como EUA, França e Espanha já trabalham com a faixa etária de até 69 anos. O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, também assinou nesta terça-feira (12), em Brasília, portaria que torna obrigatória a realização do teste NAT (teste de ácido nucleico) em todas as bolsas de sangue coletadas no país. Atualmente, são coletadas no Brasil 3,6 milhões de bolsas por ano, o que corresponde ao índice de 1,8%. Embora o percentual esteja dentro dos parâmetros da OMS, o Ministério da Saúde trabalha para chegar ao índice de 3%. Em 2012, o Ministério da Saúde reduziu a idade mínima para doação de 18 para 16 anos (com autorização do responsável). Com a expansão das idades mínima e máxima dos doadores, houve a abertura para 8,7 milhões novos voluntários. “A qualidade da rede de sangue brasileira já é reconhecida internacionalmente. A implantação do teste NAT e o questionário (aplicado nos hemocentros
aos doadores) complementam o controle do sangue doado, por meio de testes já realizados no SUS”, salientou o ministro Alexandre Padilha, lembrando que a totalidade do sangue coletado na rede pública já é testada pelo NAT. Durante o evento, o ministro anunciou que a Fiocruz desenvolve tecnologia para detecção da hepatite B no teste NAT com previsão de uso a partir do segundo semestre de 2014. O Sistema Único de Saúde oferta, desde a década de 90, os testes para detecção dos vírus das hepatites B e C, HIV, Doenças de Chagas, Sífilis e Malária (na Região Norte). O teste NAT será realizado de forma adicional (para detecção de HIV e hepatite tipo C) somado aos exames de sorologia que continuarão sendo aplicados. O Ministério da Saúde também distribui vacina para prevenção da hepatite B. “Celebramos a adoção do teste NAT, tecnologia já adotada em outros países e que representa o que há de mais avançado no mercado para a detecção dos vírus da hepatite C e HIV”, afirmou o presidente da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH), Carmino Antonio de Souza.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
37
NOTÍCIAS TESTE NAT - Com a nova portaria do Ministério da Saúde, todo sangue coletado no país deverá passar obrigatoriamente pelo teste NAT para a detecção dos vírus HIV e da Hepatite C. O sangue captado para doação deve ser submetido ao exame no momento da coleta.O exame reduz a chamada “janela imunológica” para a identificação mais rápida destes vírus. Desde 2011, o NAT está em fase de implementação por meio do desenvolvimento gradativo de tecnologia nacional, sem importação de produtos e com rigorosos processos que garantem a qualidade do sangue. O NAT brasileiro é produzido pelo laboratório público Bio-Manguinhos, da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A universalização do teste NAT ocorre após a implantação, em 14 estados, de centros de referência para a realização dos testes (sítios testadores), que são responsáveis por analisar as amostras nos respectivos estados e nos estados de sua abrangência. Por exemplo, as amostras de sangue coletadas no Acre, Roraima e Rondônia são transportadas em até 24 horas para o HEMOAM – hemocentro testador no Amazonas. A devolução do resultado do teste para o estado de origem ocorre em até 48 horas. Este modelo segue exemplo de países como EUA, Japão e Austrália, que também optaram pela centralização dos exames. Atualmente, 75% da coleta de sangue no país é feita na rede pública e 25%, na rede privada. Os hemocentros de todo o país terão 90 dias para se adequar às novas regras, que serão fiscalizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária).
Outra novidade é que o Ministério da Saúde, a partir de 2014, irá financiar todos os gastos dos sítios testadores para implantação do NAT, incluindo recursos humanos e armazenagem das amostras. Atualmente, já é pago os kits (para realização do teste) e transporte das amostras. Para isso, o Ministério da Saúde vai dobrar os investimentos, alcançando R$ 64 milhões por ano. VANTAGENS - O NAT reduz a janela imunológica ou o tempo em que o vírus permanece indetectável por testes de 22 para 10 dias, no caso do HIV; e de 35 para 12 dias, em relação ao vírus da Hepatite tipo C. O NAT identifica o material genético do vírus e não os anticorpos (como ocorre em outros exames), o que permite um resultado mais rápido e eficaz. Por exemplo, os demais métodos sorológicos identificam a doença a partir da produção de anticorpos após a infecção provocada pela doença. Desta forma, os anticorpos contra o HIV somente são detectados no sangue com 22 dias, após a contaminação, e os de HCV, com 70 dias. REDE PARA DOAÇÃO – O Sistema Único de Saúde (SUS) conta com 32 hemocentros coordenadores e 368 regionais e núcleos de hemoterapia distribuídos em todo o país. O investimento do Ministério da Saúde na rede de sangue em hemoderivados chegou a R$ 1,1 bi em 2012. Os recursos foram aplicados no custeio do serviço, na qualidade da coleta e na modernização das unidades, inclusive com a implantação de tecnologias mais seguras.
Fonte:http://portalsaude.saude.gov.br/index.php/cidadao/ principal/agencia-saude/noticias-anteriores-agencia-saude/6906- acessado em 07.01.2014.
38
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com
Congressos e Eventos em 2014 Evento
Local
Data
Informações
Humanidades & Humanização em Saúde
Centro de Convenções Rebouças – São Paulo - SP
31 de março a 1 de abril
www.congressohumaniza .com.br
I Congresso Internacional sobre Segurança do Paciente – ISMP Brasil
Centro de Artes e Convenções da UFOP - Ouro Preto -MG
10 a 12 de abril
www.ismp-brasil. org/congresso
Senabs - Seminário Nacional de Diretrizes de Enfermagem
Campo Grande - MS
27 a 30 de abril
www.abennacional.org.br
XXXII Semana de Enfermagem da Santa Casa de Porto Alegre
Anfiteatro Hugo Gerdau – Porto Alegre - RS
15 e 16 de maio
www.eventos. santacasa.tche.br
II Simpósio Internacional de Especialidades Pediátricas
Auditório Moise Safra – São Paulo - SP
30 e 31 de maio
www.einstein.br
14° SENADEn Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem
Maceió – AL
06 a 08 de agosto
www.wineventos.com.br
XVIII Jornada Internacional de Terapia Intensiva
Anfiteatro Hugo Gerdau – Porto Alegre - RS
11 a 13 de setembro
www.eventos.santacasa. tche.br
66º Congresso Brasileiro de Enfermagem
Hangar Centro de Convenções - Belém -PA
27 a 30 de outubro
www.abennacional.org.br
XXXIII Encontro de Enfermagem do Hospital da Criança Santo Antônio
Anfiteatro Hugo Gerdau – Porto Alegre - RS
29 a 31 de outubro
www.eventos. santacasa.tche.br
5º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Dermatologia
Atlântico Búzios Convention & Resorts Armação dos Búzios - RJ
19 A 22 de novembro
www.sobende.org.br
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
39
“Faça Coaching!!!” Agora você tem a oportunidade de ter o seu Coaching Pessoal e Proissional! No mundo moderno, atingir resultados e ao mesmo tempo realizar-se com eles se tornou mais do que uma necessidade: é quase uma obrigação. O Coaching hoje é reconhecido como uma técnica poderosa e eficaz. Tem se mostrado extremamente importante tanto no mundo corporativo como para as pessoas em geral que buscam formas de melhorar sua performance e atingir os resultados desejados. O Coaching é um processo de desenvolvimento pessoal utilizado como diferencial na formação de profissionais nas mais diversas áreas de atuação do mercado de trabalho. Neste sentido, tenho aplicado o processo de Coaching como suporte ao desenvolvimento de pessoas e profissionais que desejam atingir metas pessoais e ou coletivas no cenário empresarial. O Coaching é um processo integrado por atuações voltadas ao auto-desenvolvimento (Coach Pessoal), bem como, de apoio ao líder no investimento de competências junto a melhoria comportamental de seus liderados (Coach Professional), orientando de forma autêntica e intencional a mantê-los sempre alinhados e congruentes com suas metas e seus objetivos. Esta prática é cultivada através da “Arte de Fazer Perguntas”. Este diário não poderia começar de forma diferente, senão com a provocação em forma de perguntas que nos faz agir – ou reagir. Portanto, você frequentemente tem a sensação de que algo está inadequado na sua vida? Faz sentido para você o que você faz? Você acredita que poderia obter
40
mais satisfação pessoal ou profissional, mas não sabe como? Gostaria de fazer algo diferente? Percebe que as atribulações do dia-a-dia parecem afastar você cada vez mais dos seus ideais? Sente-se desmotivado e com receio de ir adiante? Enxerga os seus desafios maiores que as suas capacidades? E, mesmo assim você acaba deixando essas inquietações de lado e segue levando uma vida repleta de insatisfações? Ou simplesmente enxerga que você pode muito mais? Já pensou que talvez não esteja utilizando todo seu potencial? Você pode refletir e encontrar respostas para essas e outras questões através de um processo de Coaching definindo assim, o seu plano de desenvolvimento! Este é um processo singular em sua vida. Para tal, estamos lhe oferecendo uma sessão pró-bônus como cortesia. Esta se constitui em uma reunião com conteúdo específico para Coaching Personalizado. Basta mencionar que leu este anuncio na Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Para utilizá-la agende a sua primeira sessão sem ônus através do celular
(51) 8501.9877 Será um prazer compartilhar deste momento único de seu crescimento pessoal e profissional. Grande abraço, Jane Biehl Personal & Professional Coach Membro da Sociedade Brasileira de Coaching
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem