Ano 3 vol 17

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Conselho Científico Presidente do Conselho Científico

Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul

EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilbertolivros@gmail.com Produção: Álvaro Lopes contato@alvarolopes.com.br Revisão de Português: Lisiane Andriolli Danieli

Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 9116-9298 / 9127-9041

Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial.

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Data da Impressão: setembro/2014. Correspondência: Moriá Editora Ltda. Av do Forte ,1573 Caixa Postal 21603 Vila Ipiranga – Porto Alegre/RS Contato: (51) 9116-9298 / 3334-4753 E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.

ISSN 2236-0417

Profa Dra Maira Buss Thofehrn UFPel - Universidade Federal de Pelotas Profa Dra Maria Ribeiro Lacerda Universidade Federal do Paraná/PR Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS

Profa MS Terezinha Valduga Cardoso Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo Prof Dr Wilian Wegner UFRGS - Universidade Federal do RS

Ficha Catalográfica R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 1. Enfermagem-Periódicos NLM WY 1

Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel Revista Sul-Brasileira de Enfermagem CRB10-581

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Sumário Página 03

Editorial

Artigos Página 04

Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática Systematization nursing care: a practical implementation of Fabiani Borges Ugioni Marcolino | Janaina Casagrande | Marílian Lavezzo Fontana | Marcela Vieira Schlickmann | Rosenilda Carboni Tasca Arcenego

Página 10

O idoso do programa hiperdia em um território da saúde da família: peril da população The hiperdia program elderly in a territory of family health: Proile of the population. Fernanda Guimarães | Mª Renita Figueiredo | Daniela da SilvaSchneider | Mitiyo Shoji Araújo

Página 16

Percepções e sentimentos de mulheres submetidas à histerectomia Perceptions and feelings of women subjected to hysterectomy Ana Paula Selle | Priscila Escobar Benetti | Eliane Raquel Rieth Benetti | Joseila Sonego Gomes | Eniva Miladi Fernandes Stumm

Página 22

Trabalhadores de enfermagem sob o panorama dos riscos ocupacionais Workers of nursing in the panorama of occupational risks Cibelle Barcelos Filipini | Lidiane Aparecida Monteiro | Sara Rodrigues Rosado | Eliza Maria Rezende Dázio | Silvana Maria Coelho Leite Fava | Érika de Cássia Lopes Chaves

Página 26

Normas para publicação

Página 28

Curso Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Aula 6: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade

Página 31

Curso Terapia Intravenosa para Enfermagem Aula 6: principais diagnósticos de enfermagem (DE) na Terapia Intravenosa (TIV)

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Congressos e Eventos

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Editorial A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) como um instrumento de segurança no cuidado Para implantar a Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) em um serviço de saúde, o primeiro passo é a construção de um marco conceitual sustentado em teorias de Enfermagem, visando corresponder e representar os objetivos, a filosofia e a missão do serviço de enfermagem. Tal escolha representa os princípios e as crenças da equipe, além da busca de um cuidado humanizado, científico, centrado no indivíduo e, portanto, mais seguro. A SAE contribui para a integralidade do cuidado. Quando o enfermeiro realiza a entrevista clínica e o exame físico, ele identifica as necessidades de cuidado do indivíduo, os pontos fortes que possam contribuir no autocuidado e na promoção da saúde e, assim, conhece a realidade da pessoa a ser cuidada. Dessa forma, se forem considerados os aspectos, físicos, psíquicos, sociais, espirituais, pode-se dizer que o enfermeiro avalia este indivíduo em sua totalidade. Ao interpretar as informações coletadas e definir os diagnósticos de enfermagem, baseado em um julgamento clínico e na validação destes junto ao indivíduo, o enfermeiro estabelece os resultados de enfermagem e elabora as intervenções a serem implementadas por toda a equipe e, posteriormente, avaliadas. Quando se considera que a SAE contribui na comunicação entre os enfermeiros, os técnicos e os auxiliares de enfermagem, entende-se que ela é fundamental para a redução de erros e o estabelecimento de condutas que possam ser seguidas por todos os profissionais na implementação dos cuidados. Os registros de avaliação dos resultados alcançados subsidiam e direcionam as condutas que devem ser mantidas e as que precisam ser revisadas. A SAE pressupõe a participação do indivíduo no cuidado por meio da informação e do consentimento de determinadas intervenções, ou seja, do exercício da sua autonomia. O enfermeiro também exerce sua autonomia pela aplicação dos seus conhecimentos e da sua responsabilidade com uma assistência em que os riscos possam ser controlados ou minimizados. O uso da informática na operacionalização da SAE contribui para otimizar o tempo e favorecer a comunicação entre a equipe, além de potencializar as ações de cuidar, gerenciar, educar e pesquisar, componentes do processo de trabalho do enfermeiro. Para vislumbrar a contribuição da SAE na organização das ações de cuidado e na segurança do indivíduo, é necessário o envolvimento de todo o Serviço de Enfermagem e dos gestores; conhecimento

técnico-científico do enfermeiro e noções sobre a SAE e as teorias de enfermagem pelos técnicos de enfermagem; responsabilidade ético-profissional da equipe; compromisso com a qualidade do cuidado, buscando evitar erros e gerenciar os riscos envolvidos no cuidado à saúde. Outro aspecto fundamental é a supervisão do enfermeiro nas atividades dos técnicos e dos auxiliares de enfermagem. O enfermeiro é responsável por planejar, organizar, coordenar, executar e avaliar a assistência de enfermagem e, desta forma, tem responsabilidade compartilhada pelas ações da equipe de enfermagem. A inclusão do técnico e do auxiliar de enfermagem na SAE, prevista na Resolução Cofen 358/2009, nas etapas do Processo de Enfermagem, que não as privativas do enfermeiro (diagnóstico e prescrição de enfermagem), contribui para evitar a tão discutida cisão entre planejar e executar o cuidado de enfermagem. Portanto, a SAE precisa ser discutida e compartilhada entre toda a equipe de enfermagem para que os técnicos e os auxiliares de enfermagem se reconheçam como agentes deste método de assistência e dos resultados alcançados, visando a qualidade do cuidado e a segurança do indivíduo. Finalizando, destaca-se que a SAE e a sua relação com a segurança do cuidado está bem estabelecida em sustentações teóricas, em relatos de experiências práticas exitosas de várias instituições, em sistemas de auditoria institucionais, enfim, nas instituições de saúde em que ela é aplicada com seriedade e esforço dos enfermeiros e equipe de enfermagem, fundamentada no conhecimento científico, em atitudes éticas e humanizadas. Também está implementada nos serviços de saúde em que há apoio institucional e os gestores têm como prioridade um cuidado seguro e de qualidade, dispondo de pessoal em número suficiente e equipamentos e instrumentos necessários à organização e otimização da SAE. Em suma, em instituições em que o papel da Enfermagem é reconhecido e valorizado como essencial à prevenção de riscos, de erros e de danos aos indivíduos, à recuperação e à promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas cuidadas. Profª. Drª. Dulcinéia Ghizoni Schneider Departamento de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC. Membro do Conselho Científico da Revista Sul - Brasileira de Enfermagem. E-mail de contato: dulcineiags@gmail.com

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Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática Systematization nursing care: a practical implementation of

*Fabiani Borges Ugioni Marcolino **Janaina Casagrande ***Marílian Lavezzo Fontana

****Marcela Vieira Schlickmann *****Rosenilda Carboni Tasca Arcenego

Resumo - O estudo identifica a operacionalização do processo de Sistematização da Assistência de Enfermagem, de maneira informatizada, em uma instituição privada de médio porte do município de Criciúma/SC, verificando fatores que interpõem a realização da operacionalização. Os dados foram coletados num período de 2 meses. A amostra foi constituída por 12 enfermeiros. A pesquisa foi de caráter descritivo de natureza qualitativa. Resultado: faixa etária de 23 á 28 anos. Tempo de formação: 1 a 6 anos. Definição de Sistematização da Assistência de Enfermagem destacam planejamento da assistência, cuidado individualizado e qualificado, e viabilidade da aplicação de seu conhecimento técnico-científico. Nas facilidades mencionam as diretamente ligadas à padronização das informações e a agilidade do processo por estar inserido no prontuário eletrônico. Nas dificuldades relatam não conciliar tempo com atividades burocráticas e assistenciais, ressaltando sobrecarga de trabalho. Em relação à importância da Sistematização da Assistência de Enfermagem relatam uma atividade importante, individualizando o cuidado, humanizando a assistência, reconhecendo e valorizando o profissional enfermeiro. Palavras-chave: Sistematização da Assistência de Enfermagem. Informatização da Sistematização da Assistência de Enfermagem. Instrumentos de trabalho enfermagem,Individualização do Cuidado.

Abstract - The study identifies the operational process of the Nursing Care System, SAE now so computerized in a private mid-size town of Crickhowell (SC), verifying the performance factors that interpose the same. Data were collected over a period of two months. The sample consisted of twelve nurses. Search a descriptive qualitative in nature. Results: age of 23 will be 28 years. Training time 1-6 years. Setting out SAE care planning, individualized care, skilled feasibility of applying their knowledge of the technical / scientific. In the mentioned facilities directly related to the standardization of information and speed the process by being inserted into the electronic medical record. Report no difficulties in reconciling time on bureaucratic activities and care, emphasizing work overload. Regarding the importance of SAE report an important activity, individualized care, humanization of care and recognition of the professional nurse. keywords: Systematization of nursing assistance, SAE computerization, instruments of work nursing.

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Introdução A Sistematização da Assistência de Enfermagem (SAE) deve ser utilizada nas instituições de saúde como uma ferramenta para aplicação de uma metodologia assistencial. Configura-se como uma metodologia para organizar e sistematizar o cuidado, com base nos princípios do método científico. Tem como objetivos identificar as situações de saúde-doença e as necessidades de cuidados de enfermagem, bem como subsidiar as intervenções de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, da família e da comunidade.1 O metodologia utilizada na prática para sistematizar a assistência de enfermagem é o processo de enfermagem. Este é um método de tomada de decisões de forma deliberada que se apoia nos passos do método científico. Embora o processo de enfermagem venha sendo implantado no Brasil desde a década de 1970, quando introduzido por Wanda de Aguiar Horta,

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somente no ano de 2002 a SAE recebeu apoio legal do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN), pela Resolução número 358, para ser implementada em âmbito nacional nas instituições de saúde brasileiras.2 O presente estudo visa identificar como está sendo utilizada a SAE como ferramenta de trabalho sob o olhar dos enfermeiros, identificando seus conhecimentos na realização do processo, suas facilidades e dificuldades. A questão sobre como está sendo utilizada a SAE informatizada é focada na instituição estudada. A temática abordada emergiu da necessidade de avaliar a utilização e efetividade desta ferramenta como instrumento do cuidado. Na instituição em que foi realizado o estudo, a SAE foi implantada no ano de 2011, de maneira informatizada, através de uma ferramenta computacional integrada ao prontuário eletrônico do paciente, a qual viabilizou a prática integral das

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abordagem de solução de problemas, a fim de melhorar a qualidade do atendimento prestado. Avaliamos o processo implementado como um todo, evidenciando as dificuldades e perspectivas desejadas, especialmente com a intenção de contribuir na reflexão sobre os cuidados prestados aos nossos clientes, melhorando a dinâmica da equipe e a qualidade do atendimento. A elaboração da SAE oferece subsídio para a equipe aplicar seus conhecimentos técnico-científicos e humanos na assistência ao paciente e caracterizar sua prática profissional. Para a implantação e operacionalização do cuidar, o enfermeiro usa o método da SAE. Esta sistematização possibilita aos enfermeiros que identifiquem a presença das necessidades humanas básicas afetadas nos pacientes internados nas unidades específicas e, assim, com consequentes diagnósticos classificados e respectivas intervenções de enfermagem estabelecidas que podem caracterizar essas unidades, a equipe de enfermagem consegue prestar uma assistência planejada fundamentada em conhecimentos, viabilizando um cuidado objetivo e individualizado.5 A busca da saúde consiste em uma ação responsável por parte daqueles que devem decidir tipos de tratamento, de pesquisa ou de outras formas de intervenção relativas à humanidade. Por esta razão. a implementação da SAE informatizada qualifica o atendimento prestado. “Para realizar as atividades de cuidado, o enfermeiro necessita de instrumental conceitual e técnico para abordar a realidade da prática. O método é a organização, a sistemática racional de ações para alcançar os objetivos da assistência.”5 O profissional enfermeiro exerce liderança não só em relação à equipe de enfermagem. Também deve contribuir e participar ativamente do processo de promoção, prevenção e recuperação do paciente de forma individual e coletiva.

Métodos Trata-se de uma pesquisa descritiva com abordagem qualitativa. As pesquisas descritivas e exploratórias costumam ser realizadas por pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática.6 A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa, nas ciências sociais, com um nível de realidade que não pode ser quantificado, ou seja, trabalha com o universo de significados, motivos, aspirações, crenças, valores e atitudes, o que corresponde a um espaço mais profundo das relações dos processos e dos fenômenos que não podem ser reduzidos à operacionalização de variáveis.7

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etapas do processo de sistematização da assistência de enfermagem. Essa implantação tratou-se de um processo complexo. A instituição disponibilizava de prontuário eletrônico há cerca de 4 anos, com a ferramenta apta para desenvolvimento da SAE. A implementação da SAE proporciona cuidados individualizados, assim como norteia o processo decisório do enfermeiro nas situações de gerenciamento da equipe de enfermagem.3 A necessidade de sistematizar a assistência de enfermagem incentivou os enfermeiros do hospital, em parceria com a equipe de tecnologia de informação, a elaborar, os cadastros necessários para, então, informatizar SAE. A alimentação do sistema contemplou as seguintes etapas da SAE: anamnese, exame físico, diagnóstico de enfermagem, intervenções de enfermagem e atividades de cuidado. Esta divisão tem cunho apenas didático, uma vez que, na prática assistencial, a SAE é um processo dinâmico com etapas inter-relacionadas.3 Na prática, o enfermeiro realiza anamnese e exame físico do paciente; posteriormente, entra no prontuário eletrônico seleciona a ferramenta SAE; nesta, ele transfere os sinais e sintomas evidenciados na coleta de dados e no exame físico. Na ferramenta eletrônica há todos os sistemas que deverão ser ou que foram avaliados pelo enfermeiro; depois é preciso selecionar os diagnósticos de enfermagem, gerar as intervenções de enfermagem, suas respectivas atividades de cuidados, com aprazamento dos intervalos, e, em seguida, liberar da prescrição de enfermagem. É responsabilidade e dever dos profissionais da Enfermagem registrar, no prontuário do paciente e em outros documentos próprios da área, seja em meio de suporte tradicional (papel) ou eletrônico, as informações inerentes ao processo de cuidar e ao gerenciamento dos processos de trabalho, necessárias para assegurar a continuidade e a qualidade da assistência.4 Após a implantação da ferramenta ocorreu a capacitação coletiva dos enfermeiros e acompanhamento individual para sanar possíveis dúvidas e dificuldades quanto a operacionalização do sistema. Atualmente, é desenvolvida nas unidades de internação nos pacientes com maiores demandas de cuidados e na unidade de terapia intensiva em todos os pacientes. A SAE está baseada nos sistema de classificação de enfermagem da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), do Network Operation Center (NOC) e do network interface controller (NIC), com fundamentação na teoria do autocuidado de Dorothea Orem. A SAE aqui proposta ressalta a importância do cuidado individual mediante uma

Artigo de pesquisa

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Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática


Artigo de pesquisa

Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática

RESULTADOS E DISCUSSÃO 1- CARACTERÍSTICAS DOS SUJEITOS A presente pesquisa possibilitou traçar o perfil dos profissionais de enfermagem que utilizam a SAE como ferramenta de trabalho.

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TABELA 1 – Faixa etária dos entrevistados

Idade 23 a 28 29 a 34 35 a 40 Total

Frequência absoluta 6 5 1 12

Frequência relativa 50% 42% 8% 100%

FONTE: questionário da pesquisa.

Observa-se que a faixa etária que prevaleceu entre os entrevistados foi de 23 a 28 anos, sendo a de menor prevalência de 35 a 40 anos.

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TABELA 2 – Tempo de exercício profissional

Tempo (em anos) >1 1-2 2-4 4-6 Não responderam Total

Frequência absoluta 1 2 2 2

Frequência relativa 7% 20% 20% 20%

4

33%

12

100%

FONTE: questionário da pesquisa.

Na tabela prevalece o tempo de formação de 1 a 6 anos. 2- CONTEXTUALIZANDO O INSTRUMENTO SAE Esta categoria foi elaborada para avaliar o conceito, as facilidades, as dificuldades e a importância da utilização do SAE. 2.1 Definição do instrumento SAE Os entrevistados destacam a SAE como instrumento que possibilita planejar o cuidado individualizado e qualificado ao paciente, aplicando o conhecimento técnico e cientifico. Obteve-se, também, a descrição somente da sigla da SAE. “O instrumento possibilita planejar o cuidado.” (E1) “O instrumento SAE delega e organiza o cuidado individualizado.” (E2) “O instrumento planeja o cuidado individualizado e qualificado ao paciente.”(E3) “SAE visa aplicar o conhecimento técnico e cientifico.” ( E4) “Instrumento metodológico e cientifico, distribui as fases do cuidado.” (E5) “SAE: Sistematização da Assistência de Enfermagem.” (E6)

A sistematização da assistência de enfermagem organiza o trabalho quanto ao método, ao pessoal e aos instrumentos, o que possibilita a operacionalização do processo de enfermagem.10 Para o COFEN a SAE é definida como: [...] uma atividade privativa do enfermeiro que utiliza método e estratégia de trabalho científico para a identificação das situações da saúde/doença, subsidiando a prescrição e implementação das ações de assistência de enfermagem, que contribuem para a promoção, prevenção, recuperação e reabilitação da saúde do indivíduo, família e comunidade.2

Nesse contexto, a SAE tem sido objeto de diversos estudos, tanto na formação como nos serviços

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O local de estudo foi um hospital privado de médio porte localizado na região carbonífera do sul de Santa Catarina. A coleta de dados teve inicio após a aprovação do projeto de pesquisa pela Comissão de Ética de Enfermagem da instituição. Para atender os critérios éticos, foram seguidas as recomendações da Resolução 196/96, do Conselho de Saúde.8 Os dados foram coletados no período de 2 meses, compreendidos entre novembro e dezembro do ano de 2011, por meio da aplicação de um questionário composto de questões abertas. Neste, a formulação e a ordem das questões foram fixas, mas o respondente poderia dar uma resposta tão longa quanto desejasse.7 Os enfermeiros participantes receberam o termo de consentimento Livre e Esclarecido. A amostra foi composta por 12 enfermeiros. A instituição conta com uma equipe de 19 enfermeiros, dos quais cinco não participaram por serem os autores do estudo e dois por não estarem vinculados à assistência. Os dados foram analisados através da análise de conteúdos, trata-se de um conjunto de técnicas de análise das comunicações, utilizando procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens.9 As respostas foram transcritas dos questionários e agrupadas, fazendo-se uma pré-análise para registro das diferenças e semelhanças. Em seguida foram comparadas com o referencial teórico, calculada a frequência das variáveis categóricas e realizada a análise descritiva das variáveis numéricas.7


Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática

“O instrumento ser no prontuário eletrônico.” (E1) “O instrumento ser padronizado e alimentado.” (E2) “O instrumento ser por sistemas.” (E3) “Avaliação de qualidade.” (E4)

As facilidades mencionadas para a execução da SAE estão relacionadas, de forma geral, à informatização do sistema (prontuário eletrônico) e facilidade de manuseio devido ao instrumento estar cadastrado por sistema (sistema cardiorrespiratório, sistema gastrintestinal, etc.). O conhecimento para a realização dessa prática é o motivo principal que leva os profissionais a executarem a SAE, a partir do compromisso e envolvimento dessa metodologia no planejamento do cuidado de enfermagem. A SAE promove eletiva qualidade na assistência; contribui para autonomia profissional; favorece aos enfermeiros a flexibilidade do pensamento individual; melhora a comunicação; e previne erros, omissões e repetições desnecessárias.12 Ainda no sentido de operacionalizar a SAE, surge o uso do computador como uma ferramenta e um facilitador na implementação da SAE, operacionalizando o PE de modo rápido e preciso, o que possibilita a otimização dos serviços de saúde.13 2.4 Dificuldades de realizar SAE Destaca-se a sobrecarga de trabalho como principal dificuldade de realizar a SAE. Outros profissionais apontam a demora de realizar o instrumento e alguns relatam pacientes sem alterações como justificativa que dificultam a realização do processo: “Conciliar tempo.” (E1) “Sobrecarga de trabalho.” (E2) “Demora no processo.” (E11) “Pacientes sem alterações.” (E9)

Em pesquisa realizada em um hospital filantrópico, foram destacados problemas, principalmente relacionados à sobrecarga de trabalho associada aos desvios de função e, ainda, ao número insuficiente de profissionais para o desempenho da atividade.14

2.5 A importância de realizar a SAE Todos os participantes definem como importante realizar a SAE, pois o cuidado fica humanizado, contínuo e de qualidade, valorizando a assistência de enfermagem. “O cuidado fica humanizado.” (E12) “O cuidado fica continuo.” (E8) “O cuidado fica de qualidade e eficaz.” (E4) “Valorização da assistência de enfermagem.” ( E5)

Na Resolução 358/2009 da COFEN, percebe-se que a implementação da SAE constitui, efetivamente, melhora na qualidade da assistência de enfermagem. A melhora da qualidade da assistência constitui o objetivo principal dos profissionais comprometidos com sua prática e significa a melhor forma de atender as necessidades dos pacientes por meio dos cuidados que lhes são prestados.12 Considera-se a enfermagem como uma profissão crucial para a construção de uma assistência qualificada em saúde, cuja metodologia de trabalho deve ser clara, prática e coerente com a realidade local.16

CONCLUSÃO Diante do objetivo de identificar como está sendo aplicado a SAE a partir do olhar dos enfermeiros de um hospital que disponibiliza esta ferramenta implantada de maneira informatizada há cerca de um ano, pode-se perceber que, para os profissionais, SAE é sinônimo de planejamento da assistência, de cuidado individualizado e qualificado, viabilizando a aplicação de conhecimentos técnico e científico. Entre as facilidades mencionadas, podemos destacar as diretamente ligadas à padronização das informações e a agilidade do processo por estar inserido no prontuário eletrônico. Quanto às dificuldades para a realização da SAE, relatam não conseguir conciliar tempo com atividades burocráticas e assistenciais, ressaltando, assim, sobrecarga de trabalho. Contudo, em relação à importância da SAE para os pacientes, concordam ser uma

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2.2 Facilidades de realizar SAE De acordo com o questionamento acerca das facilidades na realização do SAE, ressalta-se a utilização de um sistema informatizado e alimentado como um instrumento que possibilita planejar o cuidado individualizado e qualificado ao paciente, aplicando o conhecimento técnico e científico:

No relato obtido de “pacientes sem alterações”, analisamos a fala como uma possível falta de conhecimento sobre a utilização do instrumento como parte do processo do cuidado. As dificuldades do enfermeiro no processo de enfermagem são permeadas de peculiaridades e estão relacionadas com o próprio ensino da graduação, sua relação teórico-prática nos campos de estágio e, até mesmo, com características individuais de aprendizagem.15

Artigo de pesquisa

de saúde, com a finalidade de aprimorar o conhecimento cientifico dos cuidados em enfermagem, assegurar uma assistência individualizada e garantir autonomia profissional.11


atividade de suma importância, destacando a individualização do cuidado, a humanização na assistência, a qualidade, a continuidade desse cuidado prestado e, principalmente, o reconhecimento e a valorização do profissional enfermeiro. Este estudo, como vários outros realizados acerca do tema, remete à questão dificuldade; no entanto, vale ressaltar que nesta situação não estamos falando do processo de implantação. Conseguimos, com profissionais comprometidos, implantar uma ferramenta que contemplasse todo esse processo, que para muitos é complexo; o que se precisa são de enfermeiros que utilizem esse instrumento tão rico que foi desenvolvido. Isso nos leva ao seguinte questionamento: por que ainda temos tantas dificuldades para aplicação desse processo? Talvez nossa resposta esteja na descrença e rejeição dos próprios enfermeiros, que, acomodados nas atividades burocráticas, às vezes usam todas as estratégias possíveis para não participarem das mudanças, ainda não engajados no planejamento da assistência. Afinal, estão passando por um processo de mudança, de um modelo assistencial não sistematizado para um modelo que valoriza a verdadeira atuação do enfermeiro, exige certos critérios para que se cumpra, como a revisão de conceitos, o rompimento de hábitos e costumes e a conscientização do impacto da mudança pretendida sobre a organização e a qualidade da assistência.2 O estudo indica que, com a realização da SAE, ocorreu melhora na qualidade da assistência de enfermagem prestada aos pacientes da referida instituição, visto que essas pessoas foram avaliadas pelo profissional enfermeiro e receberam a atenção devida e necessária para seu restabelecimento. Percebe-se, com a realização deste estudo, uma clara diferença entre as atividades e responsabilidades dos enfermeiros quando avaliamos a sistematização de enfermagem realizada antes e depois que a ferramenta informatizada foi implantada na instituição. Anteriormente, a assistência era prestada sem sistematização, os cuidados prescritos eram fundamentados na doença de base do paciente e não existia uma metodologia específica. O grupo de enfermeiros que participaram da pesquisa foi de enfermeiros jovens, maioria com menos de 30 anos de idade. Sobre ao tempo de exercício profissional, observa-se uma variação de tempo, com no máximo 6 anos de experiência profissional. O que sugere, de certa forma, maior aceitação e adesão destes ao novo, ao desafio, principalmente quando se trata de um instrumento informatizado.

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Precisa-se de uma equipe de enfermagem que acredite que somente com a realização da SAE acontecerá uma organização do trabalho na instituição, assim como o reconhecimento profissional como detentores de saberes próprios e específicos e, ainda, a expansão do aprendizado em decorrência da necessidade que essa prática exige. Para isso, enquanto instituição e grupo de estudos, devemos reconhecer as dificuldades apontadas, proporcionando a escuta das percepções destes profissionais e a valorização dos aspectos facilitadores, os quais poderão auxiliar como indicadores no processo de manutenção e ajustes necessários para melhorias na realização da SAE.

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Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática


Sistematização da Assistência de Enfermagem: da implantação à prática

Recebido: 19.08.2013 Aprovado: 15.03.2014 *Enfermeira do Hospital São João Batista; especialista em pacientes críticos pela Universidade do Extremo Sul Catarinense (UNESC) e Gestão em Saúde e Controle de Infecção Hospitalar pelo Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (INESP). **Enfermeira do Hospital São João Batista; especialista em Gestão Hospitalar pela Escola Superior de Criciúma (ESUCRI). ***Enfermeira do Hospital São João Batista; especialista em Enfermagem do Trabalho pela Escola Superior de Criciúma (ESUCRI). ****Enfermeira do Hospital São João Batista; especialista em Unidade de Terapia Intensiva pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). *****Enfermeira do Hospital São João Batista; especialista em Unidade de Terapia Intensiva pela Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

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16. BITTAR,D,B; PEREIRA,L,V; LEMOS,R,C,A; Sistematização da Assistência de Enfermagem ao paciente crítico: proposta de instrumento de coleta de dados. Texto e Contexto – Enfermagem, vol.15 nº4 Florianópolis. out./dez., 2006. 17. VALL, Janaina e SILVA, Sandra Honorato da. Metodologia do trabalho fundamentada no método científico: opinião de enfermeiras e acadêmicas de enfermagem. Revista da Rede de Enfermagem do Nordeste, Fortaleza: UFC/FFOE, v. 4, n. 1, p. 56-62, jan./jun., 2003.

Artigo de pesquisa

de enfermagem: proposta de um software-protótipo. Ver Lat Am Enfermagem 2005;13(6):937-43. 14. BACKES DS, Esperança MP, Amaro AM, Campos IEF, Cunha AO, et. al. Sistematização da assistência de enfermagem: percepção dos enfermeiros de um hospital filantrópico. Acta SCI Health SCI 2005;27(1):25-9. 15. HERMIDA PMV, Araújo IEM. Sistematização da assistência de enfermagem: subsídios para a implantação. Rev Bras Enferm. 2006;59(5):675-9.


O IDOSO DO PROGRAMA HIPERDIA EM UM TERRITÓRIO DA SAÚDE DA FAMÍLIA: perfil da população The hiperdia program elderly in a territory of family health: Proile of the population. *Fernanda Guimarães **Maria Renita Figueiredo

***Daniela da SilvaSchneider ****Mitiyo Shoji Araújo

Resumo - Este estudo tem como objetivo identificar o perfil dos idosos atendidos no programa de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e diabetes melito (DM) tipo II, além de conhecer sua autoavaliação da saúde. Trata-se de um estudo exploratório-descritivo com abordagem quantitativa. A amostra compreende 121 idosos com 60 anos ou mais, moradores do bairro Mathias Velho, Canoas/RS, na Unidade Básica de Saúde (UBS) União, atendidos pela equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), da área 26. Os dados foram coletados pelos pesquisadores, nos domicílio, através de instrumento contendo 16 questões objetivas, respeitando os aspectos éticos. Os resultados evidenciaram: população feminina (61,2%); com idade entre 60 e 64 anos (52,9%); com Ensino Fundamental incompleto (60,3%); renda per capita de um salário mínimo (62,8%); casados (60,3%); aposentados ou pensionistas (71,1%); com HAS (69,4%); e com DM tipo II (30,6%). A saúde foi melhor autoavaliada pelos idosos que não apresentam comorbidades cardíacas associadas à HAS e ao DM. A maioria dos idosos frequenta regularmente os serviços de saúde e segue o tratamento proposto. Palavras-chave: Idoso. Diabetes melito tipo II. Hipertensão. Hiperdia.

Abstract - This study aims to indetify the profile of the elderly in the hypertension program and type II diabetes mellitus and know their self raited health. This is an exploratory-descriptive study with a quantitative approach. The sample comprises 121 elderly aged 60 or older residing in Mathias Velho Neighborhood, Canoas/RS, at UBS Union, served by the FHS-Family Health Strategy team, of area 26. The data were colected through the Intrument containing 16 objective questions, by researches, at home, respected the ethical aspects. The results showed a female population(61,2%); aged between 60 and 64 years old(52,9%); with incomplete primary education(60,3%); retired-pensioner(71,1%); 69,4% with HAS and 30,6% with type II DM. Health was better self rated by the elderly who do not have cardiac comorbidities associated with HAS and DM. The most elderly regularly attend health services and follow the proposed treatment. Keywords: Elderly. Diabetes Mellitus type II. Hypertension. Hiperdia.

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Introdução De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população com faixa etária acima de 65 anos deve passar de 14,9 milhões (7,4%), em 2013, para 58,4 milhões (26,7%), em 2060;1 consequentemente, doenças próprias do envelhecimento passaram a ganhar maior expressão no conjunto da sociedade.2 Embora o envelhecimento populacional seja uma conquista da humanidade, é um fenômeno que tem consequências socioculturais e político-econômicas, sendo um grande desafio elaborar e, principalmente, implantar políticas públicas que promovam com qualidade e equidade a longevidade da população.3 Do ponto de vista biológico, o envelhecimento caracteriza-se por um processo dinâmico e progressivo, com alterações morfológicas, funcionais e bioquímicas, provocando redução da capacidade funcional e maior vulnerabilidade a doenças. Considerando-se, porém, a condição sócio-histórica do ser humano, o enve-

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lhecimento também deve ser entendido como um processo heterogêneo, influenciado não apenas por fatores biológicos e genéticos, mas também socioculturais. No Brasil, um dos marcos legais fundamentais no que se refere à garantia do direito à saúde da pessoa idosa, no contexto do Sistema Único de Saúde (SUS), consiste na publicação da Política Nacional do Idoso.4 Já nas diretrizes do Pacto pela Vida, em Defesa do SUS e da Gestão, a saúde do idoso é estabelecida como uma das seis prioridades. A partir disso, é aprovada a Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, a qual tem por finalidade recuperar, manter e promover a autonomia e a independência dos indivíduos idosos, direcionando medidas coletivas e individuais de saúde para esse fim, em consonância com os princípios e diretrizes do SUS.4 No campo da saúde coletiva, a informação epidemiológica deve ser valorizada por sua capacidade em prever eventos e possibilitar o diagnóstico

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(IAM) e doença renal crônica terminal;12 diante dessas doenças, ocorre um grande impacto nos serviços de saúde, gerando um aumento no número de internações hospitalares. Esta pesquisa propõe e tem por objetivo estabelecer o perfil do paciente idoso cadastrado no Programa Hiperdia, área 26, na Unidade Básica de Saúde (UBS) União, bairro Mathias Velho, em Canoas/RS, e atuar na intervenção e promoção da saúde, implantando cuidados que colaborem na melhora da qualidade de vida destes usuários, atendendo suas necessidades e possibilitando o tratamento domiciliar, diminuindo o número de internações hospitalares.

MÉTODOS Trata-se de um estudo exploratório-descritivo, abordagem quantitativa, com idosos (≥ 60 anos de idade) não institucionalizados, cadastrados no Programa Hiperdia, na atenção básica da Unidade Básica de Saúde União, área geográfica 26, atendida por professores e alunos da saúde da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA), na cidade de Canoas/RS. Em 2011, a área 26 foi assumida pela ULBRA/Canoas como campo de atuação dos profissionais e acadêmicos da saúde da Universidade. Nessa referida área, em 2012, foram cadastrados, na ficha A do Ministério da Saúde, 3.367 habitantes e identificados 219 idosos a partir de 60 anos. Foram entrevistados 121 idosos cadastrados no Hiperdia da área 26, no período de dezembro de 2012 a julho de 2013. Os critérios de inclusão foram: ser idoso com HAS e ou DM tipo II autorreferidas na ficha A. A coleta de dados deu-se por meio de entrevista, no domicílio, utilizando-se um questionário com 16 questões objetivas, preenchido pelos pesquisadores. Todos os idosos foram: pesados, medidos quanto sua altura e circunferência abdominal; verificado a pressão arterial e a glicemia capilar. Todos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Para as variáveis: pressão arterial, diabetes melito e referência do índice de massa corporal (IMC) e glicemia capilar foram utilizados os valores de referência dos Cadernos de Atenção Básica e Sociedade Brasileira de Cardiologia.9,12, 19 Para a análise foi utilizado o programa estatístico SPSS11.5 e aplicado o teste qui-quadrado para analisar a associação entre variáveis. Para a verificação de associação significativa entre as variáveis foi utilizado o Teste Exato de Fisher. Para as análises dos resultados, o nível de significância máximo assumido foi de 5% (desvio-padrão [p] ≤ 0,05).

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precoce, especialmente em relação às doenças crônicas, e, assim, retardar o aparecimento desses agravos e melhorar a qualidade de vida e abordagem terapêutica.3 O monitoramento das condições de saúde de uma determinada população é um instrumento-chave para orientar estratégias de prevenção, que devem ter como objetivo: interferir favoravelmente na história natural da doença; antecipar o surgimento de complicações; prevenir as exacerbações e complicações das doenças crônicas; aumentar o envolvimento do paciente no autocuidado e construir uma base de dados sobre os doentes crônicos.5 As doenças crônicas não transmissíveis são as principais fontes de carga de doenças no Brasil, devido ao crescimento da renda, industrialização e mecanização da produção, facilidade no acesso a alimentos em geral e globalização de hábitos não saudáveis, expondo a população ao risco de desenvolverem doenças cardiovasculares, maior causa de morte no Brasil, e diabetes melito (DM).6 As taxas de mortalidade dessas patologias estão diminuindo por meio de políticas públicas, provavelmente pela atenção primária, a qual trabalha com promoção, prevenção e controle de saúde dos usuários que se apresentam em situação de risco, como obesidade e sedentarismo. O DM representa, no mundo atual, uma epidemia que traz consigo grandes desafios para o setor da saúde. As consequências humanas, sociais e econômicas são devastadoras; milhares de mortes anualmente relativas ao DM e suas complicações.7 Pacientes adultos com DM tipo II têm de 2 a 4 vezes mais chances de desenvolver doenças cardiovasculares e acidentes vasculares encefálicos; também é a causa mais comum de amputações de membros inferiores não traumáticas, diminuição e/ou perda visual irreversível e doença renal crônica terminal.8 O Programa Hiperdia destina-se ao cadastramento e acompanhamento de portadores de hipertensão arterial sistêmica e ou diabetes melito atendidos na rede ambulatorial do SUS.10 Um dos benefícios do programa é conhecer o perfil epidemiológico da hipertensão arterial sistêmica (HAS) e do DM na população. A HAS é a mais frequente das doenças cardiovasculares. Estima-se que, no Brasil, cerca de 17 milhões de indivíduos sejam portadores de hipertensão arterial, correspondendo a 35% da população com idade de 40 anos ou mais. Esse número é crescente, e, além disso, está aumentando o número de crianças e adolescentes com a doença.11 A HAS também é o principal fator de risco para as complicações mais comuns, como acidente vascular encefálico, infarto agudo do miocárdio

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O idoso do Programa Hiperdia em um território da saúde da família: perfil da população


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O idoso do Programa Hiperdia em um território da saúde da família: perfil da população

A presente pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ULBRA, sob número 09683512.8.0000.5349, tendo aprovação da Secretaria Municipal da Saúde de Canoas.

RESULTADOS

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Tabela 1. Autoavaliação da saúde dos idosos em relação aos indicadores de glicemia capilar HGT, hemoglicoteste; IMC, índice de massa corporal; p, desvio-padrão; PA, pressão arterial. Canoas/RS, 2013.

Fonte: coleta de dados.

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Os resultados oriundos da análise dos dados quantitativos mostram que a maioria dos usuários do Programa Hiperdia entrevistada foi mulheres (61,2%), com baixo índice de escolaridade (60,3%), com Ensino Fundamental incompleto, seguido 9,1% com Ensino Fundamental completo e 27,3% com Ensino Médio ou Superior completo. Em relação à ocupação, a maioria era de aposentado ou pensionista (71,1%) seguido por do lar (20,7%). O estado civil dos idosos é casado (60,3%) e viúvos (27,3%). A renda familiar é de um salário mínimo para 51,2%, e 40,5% recebem mais de um salário mínimo. A idade da maioria dos usuários esteve na faixa etária entre 60 e 79 anos (93,4%). Já 69,4% da população pesquisada é portadora de HAS e 30,6% de DM. O Ministério da Saúde4 refere que 35% da população com mais de 40 anos podem apresentar HAS e que 6% da população brasileira adulta já desenvolveram DM tipo II. Em relação à autoavaliação da saúde dos entrevistados com presença ou não de DM tipo II, os resultados mostram que os idosos portadores de DM autoavaliaram sua saúde como sendo boa (14,5%) e média (11,5%). Os melhores resultados estão presentes em idosos que não desenvolveram

DM, isto é, avaliaram melhor sua saúde como sendo muito boa (9,1%); boa (30,5%); média (24,0%); e ruim (4,0%). A Tabela 1 apresenta a autoavaliação de saúde dos entrevistados, classificando sua saúde em: muito boa, boa, média e ruim, convivendo com as patologias DM e HAS. Os que consideravam sua saúde como muito boa foram os que apresentaram os melhores indicadores de glicemia normal (68,8%), a pressão arterial normal (31,3%), mas o IMC alterado, com sobrepeso (37,5%). Os idosos que consideram sua saúde como boas apresentam glicemia normal (59,3%), são pré-hipertensos (48,1%), mas apresentam IMC alterado, com sobrepeso (33,3%) e obesidade tipo I (33,3%). Dos que consideravam sua saúde ruim, 50% têm a glicemia e o IMC dentro da normalidade, mas 37,5% são pré-hipertensos. Não foi observada significância estatística no cruzamento das variáveis, pois nenhum resultado apresentou o desvio-padrão igual ou inferior a 0,05. A autoavaliação dos idosos convivendo com doenças coronarianas que muitas vezes limitam a realização de suas atividades de vida diária teve os seguintes números: 33,3% consideram sua saúde excelente, e 27,8% consideram boa. Nos entrevistados que não apresentam doenças coronarianas, o índice de autoavaliação da sua saúde foi mais bem avaliado como excelente (66,7%). O mesmo desempenho pode ser observado nos que referiram não apresentar angina, IAM e ataque cardíaco.


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Tabela 2. Frequência da ida dos idosos aos serviços de saúde e a relação das suas condições Clínicas. HGT, hemoglicoteste; IMC, índice de massa corporal; p, desvio-padrão; PA, pressão arterial. Canoas/RS, 2013.

Pela realização do cruzamento entre as variáveis hemoglicoteste (HGT), pressão arterial (PA) e IMC com a frequência de visitas à consulta médica em UBS ou Clínicas, verificou-se que os usuários com glicemia normal (84,6%) comparecem mais vezes ao serviço de saúde, chegando a totalizar mais de quatro consultas ao ano (52,9%). Já 61,4% dos idosos entrevistados realizam consultas de 1 a 3 vezes. Acredita-se que estes aderiram ao tratamento medicamentoso, pois estão com a glicemia normal e frequentam regularmente o serviço de saúde para acompanhamento com os profissionais da Estratégia de Saúde da Família. Os usuários com pré-hipertensão são os que apresentaram o percentual com maior destaque (53,8%) para a não realização de consultas médicas/clinicas no último ano. Os idosos com IMC alterado, no estágio de sobrepeso (40,4%) comparecem a consultas anuais de 1 a 3 vezes; os obesos classificados como de nível I, II e III totalizam 30,8%, os quais não realizaram nenhuma consulta médica no último ano. Sabe-se que a obesidade é um fator importante na predisposição do surgimento de doenças coronarianas, DM e HAS. Os idosos com obesidade nos níveis I, II, III que visitaram o serviço de saúde de saúde quatro ou mais vezes totalizaram 39,2%. O que demonstra que a população, em parte, frequenta os serviços de saúde buscando o acompanhamento e orien-

tações de promoção e prevenção em saúde de doenças associadas ao DM e a HAS.

DISCUSSÃO O perfil epidemiológico dos 121 idosos portadores de HAS e ou DM tipo II foi constituído na maioria por mulheres (61,2%). Isso corrobora o estudo realizado com 872 idosos não institucionalizados, que apresentaram 60 anos ou mais, residentes no estado de São Paulo/SP, no qual 60,3% eram mulheres.13 Também em outro estudo de São Paulo,8 com 1.949 idosos, 57,3% eram mulheres; em Fortaleza/CE, com 546 idosos, 65,1% da amostra eram mulheres.14 O perfil epidemiológico dos indivíduos atendidos no Hiperdia de uma ESF em Minas Gerais teve predomínio do sexo feminino (66,7%), pois, no planeta, a população feminina é maior que a masculina. Este fato explica, em parte, a maior proporção de mulheres acometidas, e, ainda, as que são diagnosticadas por procurarem com mais frequência os serviços de saúde.14 Em relação à idade, observou-se maior prevalência (52,9%) na faixa etária de 60 a 64 anos. A ocupação da população em 71,1% é aposentada ou pensionista e 20,7% realizam tarefas do lar. Ainda, 5,8% exercem atividades formais como trabalhadores da construção civil, do comércio e empregadas domésticas.

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Fonte: coleta de dados


Os idosos trabalhadores ocupam papel econômico central na vida das famílias em que os mais jovens estão desempregados ou subempregados, assumindo o papel de provedores do domicílio.14 Uma parcela considerável de idosos possui condições de trabalhar e o fazem. Constatada essa necessidade de manutenção no mundo laboral, é preciso garantir uma qualidade de vida melhor a esse indivíduo.15, 16 Observou-se a baixa escolaridade dos idosos entrevistados, pois 60,3% tinham o Ensino Fundamental incompleto (menos de oito anos de estudo). Pesquisa realizada nas cidades de Botucatu, Campinas e São Paulo13 mostrou menor prevalência de diabéticos entre idosos com maior escolaridade; daqueles com oito ou mais anos de escolaridade, 20% eram portadores de DM; nos que estudaram no período de até sete anos, a prevalência foi de 78,2%. Em estudo realizado em Uberaba/MG com 1.378 idosos, referente à escolaridade, o maior percentual de idosos sem HAS possui de 4 a 8 anos de estudo, diferente daqueles que desenvolveram HAS (32,4%) que referiram de 1 a 4 anos de estudo. Ainda, 56,7% tinham o Ensino Fundamental incompleto.14 A renda mais significativa dos idosos foi de um salário mínimo (51,2%), bem como a renda per capita também foi de um salário mínimo (62,8%). Em pesquisa realizada na cidade do Rio de Janeiro,8 as variáveis: escolaridade, renda familiar per capita e atividade de trabalho, não apresentaram associação significativa com o DM, indicando que a prevalência da doença não teve influência de fatores sócio-econômicos. Referente à situação conjugal/estado civil nesse estudo, 60,3% dos idosos entrevistados foram casados e 27,3% viúvos, o que vêm ao encontro com a pesquisa realizada na cidade de São Paulo,8 com 55% casados e 28% viúvos. Também é observada alta prevalência de DM em idosos casados (59%) e viúvos (29%), em um total de 1.949 entrevistados. A autopercepção da saúde é um importante indicador de qualidade de vida e de morbidade, com fácil captação em inquéritos de saúde.16 Os portadores de DM tipo II avaliaram sua saúde como boa e média em 26%. Já os idosos que não desenvolveram o DM, autoavaliaram mais positivamente sua saúde (boa/média, 54,5%). Na pesquisa realizada em São Paulo,8 23,7% dos idosos consideraram sua saúde ruim ou muito ruim; também em outro estudo na mesma cidade,13 18,8% referiram ter saúde ótima/excelente, 62,2% responderam ser boa, e 15,4% consideraram como ruim/muito ruim. A referida patologia é uma doença que pode causar várias complicações e limitações, as quais podem interferir na percepção sobre sua saúde.17 Outros autores acreditam que a autopercepção positiva da saúde possibilita maior envolvimento dos indivíduos em relação ao tratamento e ao controle da doença.14 Neste estudo, 53,3% avaliaram sua saúde

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nem ruim, nem boa, e 26,7% consideraram boa.14 Na autoavaliação mais positiva da saúde foram usuários com níveis glicêmicos normais, bem como os níveis pressóricos normais, porém com sobrepeso. Alguns idosos (45,5%) tiveram a presença de patologias associadas à HAS e ao DM, como as doenças cardiovasculares. A presença de antecedentes de problemas cardiovasculares foi referida por 50% dos sujeitos, ou seja, 16,7% já sofreram infarto agudo do miocárdio; 13,9%, acidente vascular encefálico; 25%, outras complicações cardíacas.14 Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS),4 a HAS e o DM representam dois dos principais fatores de risco para as doenças cardiovasculares, as quais constituem a principal causa de morbimortalidade da população brasileira. Dos idosos entrevistados, 69,4% apresentavam HAS, os demais 30,6% eram portadores de DM tipo II e alguns destes também tinham HAS. Os principais fatores responsáveis pelo aumento da prevalência do DM tipo II e da HAS são as alterações no estilo de vida, uma vez que suas características estão relacionadas a fatores hereditários, ao estilo de vida, e a manifestação após os 35 anos de idade.5 Conforme dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia,19 35% da população brasileira adulta acima de 40 anos apresenta HAS e mais de 12 milhões de brasileiros são portadores de DM tipo II. Em relação à frequência ao serviço de saúde por parte dos idosos do Hiperdia, os que apresentam a glicemia normal visitam regularmente os serviços públicos de saúde, mas 53,8% dos pré-hipertensos e 38,5% dos com sobrepeso não frequentam de forma regular a UBS.

CONSIDER AÇÕES FINAIS Esta pesquisa permitiu traçar o perfil dos idosos que possuem HAS e/ou DM tipo II. Foi possível identificar, nos 121 idosos, que a maioria era: mulheres na faixa etária de 60 a 64 anos; casados ou viúvos; aposentados ou pensionistas, com baixa escolaridade; e renda de um salário mínimo. Os que consideraram sua saúde excelente/ótima realizam visitas médicas periódicas 3 a 4 vezes ao ano. No estudo, observou-se que, dos idosos cadastrados no Programa Hiperdia, a maioria segue regularmente o tratamento e realiza consultas com profissionais da saúde periodicamente. Os usuários que apresentaram glicemia normal tiveram maior índice de visita ao serviço de saúde, mostrando que o portador de DM tem preocupação com níveis glicêmicos alterados. Os idosos que estão pré-hipertensos não realizaram visitas no serviço de saúde no último ano, revelando despreocupação ou falta de conhecimento sobre os malefícios que a pressão arterial sistêmica alterada acarreta na sua saúde e suas possíveis complicações futuras.

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Recebido: 03.08.2014 Aprovado: 14.08.2014 *Acadêmica do oitavo semestre do curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Campus Canoas. E-mail: nandaulbra@ bol.com.br. **Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva, professora do curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, Canoas/RS. ***Enfermeira, Mestre em Enfermagem. Professora do curso de Enfermagem – ULBRA, Canoas/RS. ****Enfermeira, Mestre em Saúde Mental. Professora do curso de Enfermagem – ULBRA, Canoas/RS.

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REFERÊNCIAS

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Os indivíduos com IMC alterado, classificados no estágio de sobrepeso (40,4%), frequentam o serviços de até três vezes ao ano, indicando que esta população demonstra interesse em melhorar este indicador de saúde. Já os idosos obesos nos níveis I, II e III (30,8%) ficaram ausentes no último ano das visitas ao serviço de saúde. Sabe-se que a obesidade é um fator extremamente importante para o surgimento de patologias como HAS e DM. A presença de patologias cardiovasculares associadas à HAS e ao DM foi observada em 45,5% da população estudada, destacando-se a doença coronariana seguida de angina. Acredita-se que os resultados desta pesquisa possam subsidiar os profissionais que atuam na área 26 da UBS União para desenvolverem programas que contemplem as necessidades dos idosos cadastrados no programa Hiperdia, colaborando na prevenção da HAS e DM tipo II. Faz-se necessário maior atenção na ampliação de políticas públicas que visam à prevenção de doenças cardiovasculares, bem como promoção de saúde que estimule a população na adesão de hábitos de vida saudável, como a prática de exercícios físicos e o acompanhamento regular pela equipe de saúde da ESF.


PERCEPÇÕES E SENTIMENTOS DE MULHERES SUBMETIDAS À HISTERECTOMIA Perceptions and feelings of women subjected to hysterectomy

*Ana Paula Selle **Priscila Escobar Benetti ***Eliane Raquel Rieth Benetti

****Joseila Sonego Gomes *****Eniva Miladi Fernandes Stumm

Resumo - Esta pesquisa busca apreender percepções e sentimentos experienciados por mulheres submetidas à histerectomia, desde o conhecimento do diagnóstico até o tratamento cirúrgico. Estudo qualitativo, realizado com 15 mulheres, definido pelo método de exaustão. Instrumentos de coleta de dados: entrevista, diário de campo, roteiro com dados sociodemográficos e clínicos. Projeto aprovado por Comitê de Ética, parecer número 289/2010. Emergiram cinco categorias analíticas: decisão pela cirurgia; cirurgia: resolução dos problemas versus ansiedade e medo da morte; dor no pós-operatório imediato; necessidade de controles periódicos e repercussões na qualidade de vida; implicações da cirurgia. Esses resultados podem ampliar pesquisas e ações em saúde direcionadas à população feminina. Palavras-chave: Saúde da Mulher. Histerectomia. Enfermagem. Pesquisa qualitativa.

Abstract - The research objective is understood perceptions and feelings of women subjected to hysterectomy, from diagnostic to chirurgic treatment. It’s a qualitative research, realized with a sample of 15 women, using the exhaustion method. The instruments of data collection were interviews, field diary and sociodemographic and clinical data. The project was approved by the Ethics Committee, with nº 289/2010. Were five analytical categories: the decision for surgery; surgery: resolution of problems X anxiety and fear of death; pain in the immediate postoperative period; need for periodic controls and impact on quality of life; implications surgery. The results may instigate enlarge searches and actions on health directed at the female population. Keywords: Women’s Health. Hysterectomy. Nursing. Qualitative research.

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Introdução A ocorrência de uma cirurgia é motivo de mobilização emocional para o paciente e sua família. Sentimentos de inquietação, insegurança e medo são percebidos e atribuídos à natureza intervencionista do tratamento terapêutico proposto e às necessidades emocionais das pacientes submetidas ao tratamento cirúrgico. A cirurgia ginecológica trata do aparelho genital feminino, das afecções cirúrgicas da mulher relacionadas às mamas e à pelve. Não existem registros exatos da época em que a cirurgia iniciou, mas sabe-se que tanto a obstetrícia quanto a ginecologia foram separadas da cirurgia geral no começo do século XIX.1 Por ser o útero um órgão associado à reprodução e socialmente vinculado à feminilidade e sexualidade, sua extirpação pode interferir tanto na expressão da sexualidade feminina quanto na imagem corporal e na vida social.2 Do ponto de vista quantitativo, no Brasil, a cada ano, cerca de 300 mil mulheres têm a indicação de histerectomia e necessitam de cirurgia.3 Para o Sistema Único de Saúde (SUS), a histerectomia representa a segunda cirurgia mais realizada entre

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mulheres em idade reprodutiva, sendo superada apenas pela cesárea.4 Nesse sentido, cabe aos profissionais da saúde responsáveis pelo cuidado dessas mulheres conhecimentos específicos referentes às implicações psicológicas e orgânicas envolvidas neste procedimento. Pesquisas nacionais referentes à histerectomia ainda são reduzidas e avaliam determinados serviços de forma isolada.5 Em relação aos fatores de risco, a renda familiar per capita relativamente maior, a ausência de filhos ou ter até três filhos, a necessidade de assistência médica por alterações menstruais, o histórico de distúrbio menstrual ou a morbidade decorrente do colo uterino, a internação hospitalar ginecológica e a ligadura tubária antes dos 30 anos de idade predispõem a mulher a histerectomia.4 Essa cirurgia pode ser indicada em casos de endometriose, infecções nos órgãos reprodutores, cistos ovarianos recorrentes, hipermenorreia e neoplasia maligna do útero, colo uterino e ovários.5 Por ser um método irreversível, que visa restituir a saúde da mulher, proporcionar bem-estar e remover o risco de morte pode implicar em alterações físicas, emocionais e no cotidiano.1

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Mulheres submetidas à histerectomia podem enfrentar inúmeros problemas, entre eles o sentimento de mutilação.6 Nesse sentido, os profissionais da saúde vivenciam inquietações relacionadas ao cuidado dessas mulheres de maneira holística, individualizada e integral, especialmente quando em idade reprodutiva. A cirurgia pode solucionar o problema de um órgão, mas repercute na condição de ser mulher, repleto de subjetividade, aspecto importante no cuidado.7 Consideradas as inúmeras repercussões que podem advir de uma histerectomia no processo de viver das mulheres, é essencial que tais possibilidades sejam problematizadas. É necessário que as equipes instrumentalizem-se para a discussão dessa temática, com objetivo de tornar essa cirurgia um processo terapêutico tanto do ponto de vista biológico quanto psicossocial e influenciar no modo como as mulheres conduzirão suas vidas depois da recuperação. Diante do exposto, pretendeu-se, com esse estudo, apreender as percepções e os sentimentos experimentados por mulheres submetidas à histerectomia, desde o conhecimento do diagnóstico até o tratamento cirúrgico.

METODOLOGIA

Foram entrevistadas 15 mulheres, de 32 a 65 anos. Quanto à situação conjugal, 12 eram casadas e as demais separadas judicialmente. Dentre as sujeitas da pesquisa, 14 eram mães, 12 professaram a religião católica e três a evangélica. Em relação à escolaridade, nove cursaram o Ensino Fundamental incompleto, quatro o Ensino Médio completo, uma o ensino superior incompleto e uma o superior completo. Quanto ao tempo de histerectomia, este variou de 8 meses a 22 anos e os motivos foram: metrorragia, menorragia, hiperplasia e hipertrofia uterina, leiomioma, anemia ferropriva por metrorragia, carcinoma, endometriose e prolapso uterino. Da busca de apreender o conteúdo nas falas das mulheres, emergiram cinco categorias, analisadas e descritas sequencialmente. Categoria 1 - A decisão pela cirurgia A análise das falas referentes à decisão em realizar a histerectomia mostra que ela se deu em função da orientação médica aliada aos sintomas e resultados de exames. “Comentei com o médico que não queria fazer a cirurgia por modismo, faria se precisasse mesmo e foi o que aconteceu. Fiz os exames e ele falou que teria que fazer a cirurgia, não tinha mais opção.” (E4) “No preventivo deu NIC III [neoplasia intraepitelial]; depois o doutor tirou um pedacinho para biópsia, aí tinha que fazer a cirurgia.” (E9)

Pela análise do dia a dia de 25 mulheres histerectomizadas no Hospital Universitário da Universidade Federal de Juiz de Fora, os autores concluíram que a pessoa, ao sentir a necessidade de uma cirurgia, não controla seu estado de saúde, sente-se ameaçada diante da indicação do médico assistente ou pelo fato de lutar pela vida.7 Os fragmentos das falas citadas demonstraram essa percepção. Os sintomas físicos sentidos pelas pesquisadas, antes da cirurgia, compreenderam: fluxo sanguíneo intenso, hemorragia, hipermenorreia, dor, cansaço, distensão abdominal e fraqueza, os quais contribuíram para a decisão de realizar a cirurgia. “Antes da cirurgia eu tinha um fluxo de menstruação muito forte e com o tempo foi se agravando, provocava hemorragia, às vezes ficava de 30 a 40 dias menstruada.” (E1) “Antes da cirurgia me sentia muito fraca, até para trabalhar não me sentia bem.” (E8) “Antes da cirurgia eu tinha muita dor nas costas, na barriga, tinha a barriga inchada.” (E11)

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Estudo qualitativo, descritivo, realizado em um município do noroeste do Rio Grande do Sul, com 15 mulheres, residentes no meio urbano. Os critérios de inclusão foram idade superior a 18 anos e ter sido submetida à histerectomia. A busca das mulheres ocorreu com o auxílio das agentes comunitários de saúde, e a coleta de dados foi realizada nos respectivos domicílios, nos meses de outubro e novembro de 2010. Para coleta de dados, foi utilizada a entrevista aberta, gravada e transcrita na íntegra, com a questão norteadora: “Conte-me como foi para você ser submetida à histerectomia?” O número de sujeitos foi definido pelo método de exaustão; dessa forma, a repetição de informações indicou o término da coleta de dados. A análise dos dados foi realizada seguindo preceitos da análise de conteúdo temática, que procura conhecer aquilo que está por trás das palavras. A operacionalização foi efetuada por meio de pré-análise, exploração do material e tratamento e interpretação dos resultados.8 Assim, emergiram cinco categorias. Os preceitos éticos da Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde9 foram observados, sendo o projeto de pesquisa aprovado por Comitê de Ética em Pesquisa sob o parecer número 289 de 03/11/2010. Para preservar a identidade das mulheres, elas foram identificadas por E1 (entrevistada 1), E2, E3 e assim sucessivamente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

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Percepções e sentimentos de mulheres submetidas à histerectomia


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Dimensões Percepções da gerência e sentimentos em enfermagem: de mulheres facilidades submetidas e limitações à histerectomia para a prática

A maneira como as pessoas lidam com sintomas físicos varia e merece reflexões do profissional de saúde.10 Existem pessoas que banalizam sintomas sérios ou procuram assistência em fase já avançada da doença. No cotidiano, a mulher não ostenta, como uma decisão para si, o cuidado com a própria saúde, apenas vai em busca de assistência quando tem dor, sangramento, prolapso vaginal ou uterino.7 “Antes da cirurgia estava sempre sentindo “aquilo” caído e dor, começou a pressionar.” (E12) “Eu tinha muita dor, um peso [...], daí apareceu esses miomas, ficava seguidamente menstruada, durante dias.” (E15)

Categoria 2 – Cirurgia: resolução dos Problemas versus ansiedade e medo da morte

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A opção pela histerectomia repercute na vida da mulher e a subjetividade interfere nesse processo. Observa-se, nas falas, que a cirurgia foi percebida como resolução dos problemas e alívio dos sintomas físicos: “Quando recebi a noticia que ia fazer a histerectomia, fiquei faceira, ia parar os problemas de menstruação. Fiquei um ano tendo hemorragia, não dava mais.” (E3) “Como eu tinha muita dor, inclusive nas relações sexuais, para mim eu achei que foi a melhor solução.” (E13) “Quando fiquei sabendo que ia fazer a cirurgia, nem me assustei porque sabia que um dia eu ia ter que fazer e nem deu tempo de pensar.” (E6)

Com objetivo de conhecer representações sociais de 12 mulheres histerectomizadas e identificar fatores que interferiram no seu processo de viver, um estudo destacou que algumas avaliaram

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“Quando fiquei sabendo que teria que fazer cirurgia (eu nunca tinha feito antes), fiquei nervosa... na cirurgia, inclusive, estava nervosa, mas foi tudo bem.” (E10) “Me senti nervosa porque foi a primeira cirurgia que eu fiz.” (E14)

Em um estudo que avaliou sentimentos de pacientes no pré-operatório, os autores evidenciaram ausência de comunicação efetiva por barreiras que impediram uma relação terapêutica, e os pacientes continuavam ansiosos e deprimidos na internação, por falta de orientação e apoio dos profissionais de saúde quanto à cirurgia.13 As orientações e a sistematização da assistência de enfermagem no pré-operatório tendem a reduzir ansiedades, medos e dúvidas e preparar o paciente para essa experiência. No presente estudo constatou-se que as mulheres sentiram muito medo da morte por ocasião do diagnóstico e do tratamento necessário, e conhecer esses sentimentos oportuniza um atendimento individualizado a essas mulheres. “Fiquei com muito medo de morrer.” (E2) “Quando soube, achei que ia morrer [...]; o médico falou câncer, pensei que teria que fazer quimioterapia. A primeira coisa que pensei foi nas meninas, só chorava [...].” (E9)

O cuidado à mulher no perioperatório pode ser realizado por meio da consulta de enfermagem; a possibilidade de dispor de novos espaços de cuidado em saúde favorece o vínculo entre profissional e sujeito, ameniza a angústia e o sofrimento.14 Assim, a consulta de enfermagem deve ser embasada em uma relação de confiança, compromisso, ética e corresponsabilidades.15 A busca pela integralidade do atendimento revela-se pelo encontro, conversa, atitude do profissional de saúde que procura com prudência reconhecer, para além das demandas explícitas, as necessidades das mulheres.

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Em um estudo que investigou a frequência e os fatores associados a leiomiomas uterinos, com 125 mulheres de 30 a 50 anos de idade, os autores concluíram que há maior incidência de leiomioma uterino em mulheres de mais idade que não pariram; além disso, os autores sinalizam que os leiomiomas estão presentes em no mínimo 25% das mulheres em idade reprodutiva.11 Ainda, instrumentos utilizados para avaliar a qualidade de vida em mulheres com neoplasia ginecológica mostraram que a dor de uma malignidade afeta a pessoa como um todo, traz sofrimento e compromete a qualidade de vida.12 Nesse sentido, destaca-se a importância dos profissionais de saúde conhecerem os fatores associados ao diagnóstico, sinais e sintomas apresentados, indicações de cirurgia, além dos sentimentos e necessidades que se fazem presentes nessas situações.

a cirurgia como negativa, como a interrupção de um sonho, a impossibilidade de ser mãe, o desinteresse sexual e a interferência na vida matrimonial.2 Já outras avaliaram como uma maneira de resgatar sua vida social e de reaver sua liberdade, com repercussões positivas na qualidade de vida.2 Quanto à ansiedade sentida pelas mulheres, permeava no pré-operatório, por reviver a cirurgia, ou pelo medo do desconhecido. Diante da remoção de um tumor, a ansiedade pode se associar ao medo do câncer e suas consequências, aliada ao estresse da paciente e sua família. As mulheres podem apresentar sintomas psicológicos, físicos, síndrome pós-menopausa e necessitar mais dos serviços de saúde após a histerectomia, e outras percebem melhora na sua saúde.


Percepções e sentimentos de mulheres submetidas à histerectomia

“Quando eu estava acordando da cirurgia, senti muita dor na barriga, uma dor que eu não sei explicar [...]; não consegui suportar e pedi, por favor, para a enfermeira me ajudar,” (E1) “Foi uma cirurgia muito dolorida [...]; eu achei horrível; depois que acorda da anestesia sente muita dor, tipo uma queimação.” (E5)

O controle da dor pós-operatória é essencial para a assistência integral e individualizada, visto que estímulos dolorosos prolongados predispõem complicações no pós-operatório. Para o controle da dor é indicada a abordagem multimodal, a qual inclui as técnicas farmacológicas e não farmacológicas, com o objetivo de bloquear a geração, transmissão, percepção e apreciação dos estímulos nociceptivos.16 A avaliação da dor deve ser realizada periodicamente em todos os pacientes cirúrgicos no período pós-operatório, a fim de garantir o bem-estar e reduzir complicações relacionadas à dor. Categoria 4 - Necessidade de controles periódicos e repercussões na qualidade de vida Ser submetida à histerectomia requer da mulher atenção especial no que tange controles periódicos de saúde, com repercussões na qualidade de vida. Na busca de compreender como mulheres com neoplasia maligna e seus familiares enfrentam a doença, os resultados apontam que conviver com um câncer implica em prosseguir com a certeza de que se teve uma doença grave e que requer atenção redobrada a tudo que ocorre de diferente em seu corpo, seguido de busca por assistência médica.17 Nas falas a seguir, nota-se que elas entendem a necessidade de controles periódicos, os realizam e conhecem os efeitos colaterais dos hormônios. “Um ano depois, retornei para os exames de rotina, como faço até hoje, o médico me perguntou como estava me sentindo, eu disse que estou vivendo, não sinto nada, parece um sonho [...].” (E1)

Sobre a atuação da equipe de saúde no cuidado à mulher submetida à histerectomia, atualmente, as políticas públicas colaboram para melhoria na assistência, busca ativa e orientações durante sua permanência no hospital. A referida equipe deve suprir necessidades emocionais das mulheres e seus familiares. Quanto às mudanças nas percepções das mulheres pesquisadas referentes à qualidade de vida, nas falas da maioria emerge satisfação, prazer em viver, trabalhar, ausência de sangramento, fraqueza, debilidade, dentre outros. “Graças a Deus, não tenho mais hemorragia, tenho mais ânimo, vontade de viver, trabalhar, coisa que eu não tinha mais força. Hoje me sinto bem, devia ter feito antes.” (E8) “Depois da cirurgia me sinto melhor, 100%, não me arrependo de ter feito.” (E11) “Minha qualidade de vida mudou muito; como eu ficava menstruada frequentemente, ia transar e não sabia o que vinha, se era sangue [...]. Para mim, nesse sentido, foi bom”. (E15)

A histerectomia pode ocasionar implicações na vida da mulher. O útero possui função biológica e fisiológica aliada à maternidade e sexualidade, e sua remoção pode intervir de forma negativa na autoimagem, na qualidade de vida, nas relações sociais, na vida matrimonial e/ou relações afetivas.16 A maioria das mulheres interpreta a histerectomia como mutiladora, com influência emocional na saúde sexual, relata que antes da cirurgia sentiram medo e receio, e, após, um olhar positivo para a sexualidade.18 As mulheres compreendem a importância de cuidar de si e de realizar os exames periódicos, e possuem conhecimento referente ao uso de hormônios e efeitos colaterais. A maioria relata melhora na qualidade de vida, aspecto que pode ser considerado positivo. Considera-se que compete aos profissionais da saúde ajudar essas mulheres, no sentido de fornecer informações precisas, monitorar e proporcionar apoio emocional. Categoria 5 – Implicações da cirurgia Após a histerectomia, a mulher se depara com uma nova condição que pode, igualmente, trazer vários sentimentos e repercussões em sua vida. As informações referentes às necessidades e dificuldades sexuais no climatério são essenciais para promover qualidade de vida às mulheres. É importante que elas e seus parceiros conheçam as mudanças orgânicas e comportamentais do

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As mulheres relataram que no pós-operatório imediato, ao cessar o efeito anestésico, sentiram uma dor intensa e de difícil mensuração. Neste aspecto, a avaliação dos resultados de programas educacionais referentes à dor pós-operatória, constatou que os referidos programas melhoraram a dor pós-operatória, porém não interferem na internação, percepção de conforto e alteração do humor.14 Os fragmentos das falas mostram que as mulheres pesquisadas sentiram dor no pós-operatório imediato.

“Hoje tenho que tomar hormônios e sei que pode dar câncer, mas frequentemente faço mamografia, fico atenta a qualquer coisa.” (E3)

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Categoria 3 - A dor no pós-operatório imediato


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Dimensões da gerência em enfermagem: facilidades e limitações para a prática Percepções e sentimentos de mulheres submetidas à histerectomia

processo de envelhecer, o que favorece identificar eventuais dificuldades sexuais e intervenções terapêuticas. “Depois da cirurgia vem a tal da menopausa... Tive ressecamento vaginal, ansiedade, sistema nervoso alterado [...]”. (E4) “Levei um ano para me preparar para isso e depois levei mais um ano pra aceitar, porque logo depois que passou uns sete meses começou a me dar calorões, com 45 anos”. (E15)

Quanto a mudanças no plano sexual, observou-se, nas falas das mulheres que elas ocorreram, algumas associadas à cirurgia, presença de mitos, e outras à idade, inclusive perda da libido e necessidade de mais carinho antes do ato sexual.

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Mitos referentes à ausência do útero, como perda da feminilidade, ficar fria, diferente, transformação na imagem corporal, intervenção na afetividade, na sexualidade e percepções do companheiro em relação a elas foram identificados em 10 mulheres no pré-operatório de histerectomia.3 Na avaliação do impacto da histerectomia na sexualidade de mulheres, mais da metade dos sujeitos da pesquisa sentiram insegurança, com impacto na vida sexual, aliada a tristeza por perder o órgão.19 Assim, evidencia-se que a histerectomia repercute na vida da mulher, física e psicologicamente. “Em um domingo à tarde pensei em me matar. Meu marido saiu, daí eu me preparei, escrevi uma carta de duas folhas. Aí eu pensei “será que eu vou fazer isso?” [...], queimei a carta e no dia seguinte pedi ao meu marido para me levar ao médico.” (E7) “Depois da cirurgia eu engordei muito, 20 quilos [...]; com ansiedade, passo comendo, o estomago está cheio, mas tem que fica comendo. Parece que vem tudo com mais intensidade [...].” (E4)

Nesse prisma, a atuação dos profissionais de saúde à mulher no perioperatório de histerectomia deve incluir orientações direcionadas às mudanças físicas e psíquicas. Quanto ao plano sexual, considerar as especificidades de cada mulher e, no que tange a ansiedade e depressão, ambas frequentes, passíveis de ocorrer, ocorre a necessidade de uma abordagem clara, simples e de fácil entendimento.

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CONSIDER AÇÕES FINAIS Este estudo possibilitou apreender percepções e sentimentos vivenciados por mulheres submetidas à histerectomia. Constatou-se que as mulheres vivenciaram diferentes sentimentos e várias mudanças no cotidiano após a cirurgia, tanto fisicas quanto psíquicas, grande parte delas com repercussões positivas em sua saúde e, consequentemente, na qualidade de vida. À enfermagem, na atenção à mulher no perioperatório de histerectomia, destaca-se a necessidade de estabelecer uma relação de confiança e empatia para qualificar o cuidado. Considera-se que os profissionais que atuam no cuidado a essas mulheres podem minimizar os sentimentos vivenciados por elas a partir de ações simples, como ouvir até o acompanhamento, análise e encaminhamento aos demais profissionais da área. Ainda, o estudo permite ampliar conhecimentos sobre a temática e possibilita, como profissional da saúde, qualificar a assistência a mulheres no perioperatório de histerectomia, bem como, continuamente, orientando-as, proporcionando bem-estar, com repercussões positivas no enfrentamento da doença. Os resultados podem ser importantes para acadêmicos, profissionais da saúde e pesquisadores, no sentido de instigar reflexões, discussões e favorecer o planejamento de ações preventivas e promocionais de saúde direcionadas à população feminina.

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“Não sei se antes eu era 100% em termos de sexo, agora sou 1%. De repente é minha cabeça, mas não é mais a mesma coisa, parece que não tem mais aquele estímulo [...].” (E8) “Eu me sinto melhor agora porque não tem a menstruação, só que aquela vontade de ter relação, não dá, só com muitas preliminares.” (E9) “É diferente, não tem mais aquele prazer, não é como antes, acho que muda um pouco, o médico diz que é psicológico [...], demora mais para entrar no clima, de repente pode ser desinformação.” (E15)

Assim, a comunicação é uma estratégia de produzir saúde e envolve não somente a capacidade de se fazer claro, mas, sobretudo, de escutar o outro de forma acolhedora. Para sensibilizar e mobilizar os indivíduos, é preciso atingir a subjetividade, não apenas conceder-lhes informação.15 Destaca-se que a enfermagem não deve se eximir da responsabilidade do acompanhamento da mulher, independente do tipo de tratamento e do nível de complexidade do sistema no qual ela esteja sendo atendida. Salienta-se que o relacionamento interpessoal satisfatório no cuidado é de alta importância, pois o enfermeiro poderá contribuir com o conhecimento e a tranquilidade durante a realização de procedimento cirúrgico ginecológico, como no caso da histerectomia.


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*Enfermeira. Egressa do curso de Enfermagem da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul − UNIJUI. **Acadêmica do curso de Enfermagem, bolsista de Iniciação Científica PIBIC/CNPq. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul − UNIJUI. ***Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Hospital Universitário de Santa Maria (HUSM). Docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul − UNIJUI. ****Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul − UNIJUI. *****Enfermeira. Doutora em Ciências. Docente da Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul − UNIJUI.

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Recebido: 02.08.2014 Aprovado: 19.08.2014

Artigo original

Ana Paula Selle | Priscila Escobar Benetti | Eliane Raquel Rieth Benetti | Joseila Sonego Gomes | Eniva Miladi Fernandes Stumm

Percepções e sentimentos de mulheres submetidas à histerectomia


TRABALHADORES DE ENFERMAGEM SOB O PANORAMA DOS RISCOS OCUPACIONAIS Workers of nursing in the panorama of occupational risks

*Cibelle Barcelos Filipini *Lidiane Aparecida Monteiro *Sara Rodrigues Rosado

**Eliza Maria Rezende Dázio **Silvana Maria Coelho Leite Fava **Érika de Cássia Lopes Chaves

Resumo - Os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais podem ser causados por diversos fatores de risco, os quais são potencialmente capazes de prejudicar a qualidade da assistência prestada e a saúde dos trabalhadores. Trata-se de uma revisão narrativa da literatura que teve como objetivo identificar, a partir das evidências científicas disponíveis na literatura, os principais riscos ocupacionais presentes no cotidiano dos trabalhadores de enfermagem. A busca de dados foi realizada na Biblioteca Virtual em Saúde, por meio dos descritores: enfermagem; risco ocupacional; trabalho e saúde. Pode-se perceber que, dentre os diversos riscos ocupacionais existentes na prática da enfermagem, os recorrentes são os riscos biológicos, os ergonômicos e os psicossociais. Os profissionais potencialmente expostos a esses riscos precisam estar informados e treinados para evitar tais problemas, ao passo que métodos de controle devem ser instituídos para prevenção dos acidentes de trabalho. Palavras-chave: Enfermagem. Risco ocupacional. Trabalho. Saúde.

Abstract - Work accidents and occupational diseases can be caused by several risk factors, which can potentially harm the quality of care and health of workers. It is a narrative literature review aimed to identify from the available evidence in the literature, the main occupational risks in the everyday of nursing. The data search was conducted in the Virtual Health Library, through descriptors: Nursing; Occupational Risk; Work and Health can be noticed that among the various occupational hazards existing in nursing practice, are the most occurring biological hazards, ergonomic risks and psychosocial. Professionals potentially exposed to these risks need to be informed and trained to avoid such problems, whereas control methods should be instituted to prevent accidents. Keywords: Nursing; Occupational risk; Labor; Health.

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INTRODUÇÃO Em tempos modernos, o processo humano de socialização tem sido marcado pelo crescimento das incertezas e da sensação de fragilidade diante dos diversos fatores de risco e de vulnerabilidade com os quais todas as pessoas, direta ou indiretamente, entram em contato. No âmbito das práticas laborais de saúde, essas questões se fazem ainda mais presentes, uma vez que envolvem profissionais que estão permanentemente expostos a múltiplos e variados riscos relacionados a agentes químicos, físicos, biológicos, psicossociais e ergonômicos.1 Atualmente, considera-se que o conceito de risco abrange praticamente todas as dimensões da vida e se constitui em um processo dinâmico inerente à existência humana. Os acidentes de trabalho e as doenças ocupacionais podem ser causados por diversos fatores de risco, dentre os quais se destacam: os riscos ergonômicos, psicossociais, químicos, físicos e biológicos, potencialmente capazes de prejudicar a produtividade, a qualidade da assistência prestada e a saúde dos trabalhadores.2 É notório que na prática da enfermagem a existência do risco ocupacional apresenta visibili-

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dade multifatorial, pois permeia todo o processo de trabalho, seja no âmbito hospitalar ou na saúde pública. Em ambos os cenários, são desempenhadas inúmeras atividades que expõem os profissionais da área a uma enorme variedade de riscos e agravos.3 Nesse sentido, é importante mencionar que o gerenciamento dos riscos deve incorporar, além do conhecimento e do monitoramento das situações de risco, atitudes efetivas capazes de proporcionar o controle e a melhoria contínua do processo de trabalho relacionado à segurança e à saúde dos trabalhadores.4 O presente artigo teve como objetivo identificar, a partir das evidências científicas disponíveis na literatura, os principais riscos ocupacionais presentes no cotidiano dos trabalhadores de enfermagem. Justifica-se a relevância desta pesquisa, visto que todo ambiente laboral deveria ser movido por momentos de reflexão para a otimização da atividade profissional segura, evitando-se riscos desnecessários e, ao mesmo tempo, garantindo-se a melhoria da qualidade de vida dos trabalhadores.

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Trabalhadores de enfermagem sob o panorama dos riscos ocupacionais

RESULTADOS E DISCUSSÃO Os artigos encontrados foram lidos, analisados e discutidos, com a finalidade de evidenciar informações pertinentes e elucidativas ao objetivo proposto. Após a leitura e a análise dos artigos encontrados, emergiu a seguinte categoria: Principais Riscos Ocupacionais no Trabalho da Enfermagem A terminologia “risco” é utilizada em saúde nos campos de estudo da epidemiologia, bioética e biossegurança. O risco pode ser compreendido como a probabilidade da ocorrência de um determinado evento, em geral avaliado como negativo.7 A Resolução 196/96, versão 2012, do Conselho Nacional de Saúde, que dispõe sobre pesquisas envolvendo seres humanos, define risco como sen-

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O presente estudo constitui-se em uma revisão narrativa da literatura. O objetivo de uma revisão de literatura é mapear, caracterizar e sumarizar o estado atual de conhecimento sobre determinado tema e problema, identificando aspectos que merecem ser ressaltados e mais estudados.5 A revisão de literatura ou narrativa é apropriada para descrever e discutir o desenvolvimento ou o “estado da arte” de um determinado assunto, sob o ponto de vista teórico ou contextual. Para a realização desta revisão narrativa da literatura, o primeiro passo adotado foi localizar o descritor ou palavra-chave. O descritor é uma terminologia autorizada e reconhecida mundialmente, designada para facilitar o acesso à informação nos bancos de dados. Os Descritores em Ciências da Saúde (DECS) e o vocabulário da língua inglesa Medical Subject Headings (MeSH) foram criados em 1963 pela base de dados MEDLINE. Esses vocabulários são como um filtro entre a linguagem utilizada pelo autor e a terminologia da área.6 Os descritores ou palavras-chave utilizados neste estudo foram: risco ocupacional; enfermagem; trabalho e saúde. A busca de dados foi realizada por meio da Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), que disponibiliza acesso livre e gratuito às informações técnico-científicas publicadas nacional e internacionalmente nas seguintes bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SCIELO); Literatura Latino-Americana do Caribe em Ciências de Saúde (LILACS); National Library of Medicine (MEDLINE); Índice Bibliográfico Espanhol em Ciências da Saúde (IBECS) e COCHRANE Library.

do uma possibilidade de danos à dimensão física, psíquica, moral, intelectual, social, cultural ou espiritual do indivíduo.8 Observa-se que cada categoria profissional apresenta especificidades ligadas ao seu passado histórico, podendo estar sujeita a maiores ou menores riscos ocupacionais na atividade laboral, de acordo com a organização do processo de trabalho, com as relações institucionais, com seu nível de hierarquia e com seu papel na sociedade.4 Entende-se por riscos ocupacionais os agentes físicos, químicos e biológicos existentes nos ambientes de trabalho que, em função de natureza, concentração, intensidade ou tempo de exposição, são capazes de causar danos à saúde do trabalhador. Os agentes físicos correspondem às diversas formas de energia, como ruídos, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas, radiações ionizantes, radiações não ionizantes, bem como o infrassom e o ultrassom. Os agentes químicos são substâncias, compostos ou produtos que podem penetrar no organismo pela via respiratória (nas formas de poeiras, fumos, névoas, neblinas, gases e vapores) ou que, pela natureza da atividade de exposição, podem ser absorvidos por meio da pele ou por ingestão. Os agentes biológicos, por sua vez, referem-se às bactérias, aos fungos, aos bacilos, aos parasitas, aos protozoários, aos vírus, entre outros.9 O ambiente de trabalho em saúde tem sido considerado insalubre por agrupar pacientes portadores de diversas enfermidades infectocontagiosas e viabilizar inúmeros procedimentos capazes de oferecer riscos de acidentes e doenças para os trabalhadores.1 Estudo revela que trabalhadores do setor da saúde estão expostos a riscos ocupacionais peculiares à sua atividade, como risco biológico (evidenciado pelo contato com microrganismos); físico (condições inadequadas de iluminação, temperatura, ruído, radiações, etc.); químico (manipulação de desinfetantes, medicamentos, etc.); psicossocial (atenção constante, pressão da chefia, estresse e fadiga, ritmo acelerado, trabalho em turnos alternados, etc.); e ergonômico (peso excessivo, trabalho em posições incômodas).10 Assim, os profissionais potencialmente expostos a esses riscos precisam estar informados e treinados para evitar tais problemas enquanto métodos de controle sejam instituídos para a prevenção de acidentes.9 No Brasil, foram criadas Portarias pelo Ministério do Trabalho, denominadas Normas Regulamentadoras (NRs), com o intuito de eliminar ou controlar os riscos ocupacionais. De modo geral, as NRs abrangem temas como: identificação das condições de riscos presentes no trabalho; caracterização da exposição e da quantificação dessas condições de

Artigo de pesquisa

MÉTODO


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risco; e discussão e definição de alternativas para a eliminação ou para o controle de tais situações.11 É possível afirmar que entre os diversos riscos ocupacionais presentes na prática de enfermagem, os recorrentes são os biológicos (envolvendo os acidentes com materiais perfurocortantes), os ergonômicos e os psicossociais (estresse).12 Acidentes que ocorrem com perfurocortantes contaminados podem acarretar doenças como hepatite B (transmitida pelo vírus HBV), hepatite C (transmitida pelo vírus HCV) e Síndrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS (transmitida pelo vírus HIV).13 Nota-se que os trabalhadores da área da saúde estão constantemente expostos a essas infecções por meio do contato com ferimentos percutâneos (ocasionado por picada de agulha ou por corte com objeto agudo) ou pelo contato com membranas, mucosas e pele com sangue ou outros fluidos corpóreos potencialmente infectados.14 A maioria das exposições percutâneas está associada à retirada de sangue ou à punção venosa periférica (30 a 35% dos casos), entretanto, também existem exposições envolvendo procedimentos com cateteres para terapia intravenosa, para flebotomia, com lancetas para punção digital e para coleta de hemocultura.15 Outro grande risco para a saúde dos trabalhadores de enfermagem é o ergonômico. A equipe de enfermagem permanece a maior parte do tempo realizando suas atividades laborais em pé. Isso ocasiona aos trabalhadores uma ampla incidência de dores nas costas, sendo responsável por 80% da fadiga no trabalho, interferindo em sua produtividade e em sua capacidade funcional.16 Além disso, outro fator que contribui para o aparecimento de lesões lombares nos profissionais da saúde é a exposição às cargas fisiológicas. Em muitas ocasiões, os trabalhadores precisam transportar pacientes e manter-se em uma postura inadequada e incômoda para protegê-los e colocá-los em posição adequada. A exposição prolongada e constante a essas cargas podem causar doenças osteoarticulares com limitações físicas.17 Dessa forma, torna-se evidente a necessidade de as instituições realizarem investimentos em treinamento, para que os trabalhadores adotem posturas corretas, garantindo, também, a modernização de equipamentos capazes de reduzir o desgaste causado pelas cargas fisiológicas.18 Além das cargas fisiológicas, o estresse demonstra ser um fator preponderante para ocasionar acidentes ocupacionais. O próprio ambiente de trabalho da enfermagem, por si só, acarreta elevados níveis de estresse e de tensão. Nesse sentido, observa-se que os indivíduos ficam mais propensos a acidentes em situações em que existam sobrecarga de trabalho e ausência de lazer, pois acabam adotando posturas de cansaço e de insatisfação diante de seu ambiente laboral.13

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A enfermagem é considerada uma profissão que sofre o impacto total, imediato e concentrado do estresse, advindo do cuidado constante com pacientes críticos, com situações imprevisíveis e com a execução de tarefas, muitas vezes, angustiantes.12 O estresse pode propiciar e facilitar o aparecimento de diversas doenças aos indivíduos acometidos por esse mal. Cada vez mais, acredita-se que alguns fatores desencadeantes do estresse vêm comprometendo a qualidade de vida dos sujeitos nas mais diversas dimensões: profissional, social e biológica.4 Se não houver diagnóstico e tratamento adequado para o alívio de tensões, a pessoa pode apresentar sintomas que vão desde tristeza profunda até crise de depressão. Além dos problemas de ordem mental, outras doenças biológicas podem também acometer o trabalhador, como úlceras, hipertensão arterial, herpes, infartos e acidentes vasculares encefálicos. Cabe salientar, entretanto, que não é o estresse que causa essas doenças, mas abre caminho para que elas apareçam, uma vez que reduz a defesa imunológica dos indivíduos.19 Para evitar a ocorrência de tais riscos à saúde do trabalhador, é imprescindível a adequação da carga horária, a compensação justa e a garantia de boas condições de segurança e saúde laboral. Os trabalhadores e empregadores precisam cumprir as normatizações existentes, como aquelas descritas nas Normas Regulamentadoras, objetivando minimizar os fatores de risco presentes nos ambientes laborais dos estabelecimentos de saúde.20 O desafio da enfermagem consiste em reorientar sua prática profissional dentro da perspectiva de transformação do processo de trabalho, no sentido de diminuir o impacto de sua divisão social e organização que interferem no desgaste físico e psíquico do trabalhador, buscando respeitar o direito de viver e trabalhar em condições econômicas e sociais dignas.3 É indispensável que as instituições adotem programas e ações voltados para a vigilância e manutenção da saúde dos trabalhadores. É importante que a Enfermagem, como profissão que faz parte do coletivo dos trabalhadores de saúde, reflita sobre sua relevância não somente enquanto força produtiva, mas também como categoria profissional exposta a grandes cargas geradoras de desgastes e de agravos à saúde.21 Torna-se imprescindível intervir nesse contexto de forma multi e transdisciplinar, buscando contribuir para um maior entendimento acerca dos riscos ocupacionais e de sua relação com a organização do processo de trabalho em saúde, objetivando desenvolver novas práticas que promovam condições dignas e seguras para o desempenho profissional.

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Trabalhadores de enfermagem sob o panorama dos riscos ocupacionais


Trabalhadores de enfermagem sob o panorama dos riscos ocupacionais

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Recebido: 30.09.2013 Aprovado: 25.06.2014 *Enfermeira. Mestranda pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem (PPGENF) da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL/MG. **Enfermeira. Doutora em Enfermagem, Docente da Escola de Enfermagem e do PPGENF da Universidade Federal de Alfenas – UNIFAL/MG.

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A realização deste estudo propiciou um momento de reflexão e de discussão a respeito dos riscos ocupacionais mais frequentes no desenvolvimento do processo de trabalho em enfermagem. É possível perceber que, entre os diversos riscos ocupacionais presentes na prática de enfermagem, os recorrentes são os biológicos (envolvendo os acidentes com materiais perfurocortantes), os ergonômicos e os psicossociais (estresse). Nesse sentido, faz-se necessário transformar a dimensão humana do trabalho, a fim de se minimizar ações que contribuam para a incidência de tais situações. As instituições precisam, também, desenvolver treinamentos para sistematizar as práticas preventivas, bem como promover um ambiente harmonioso que auxilie o aspecto biopsicossocial do trabalhador. Pode-se dizer que a prevenção dos riscos ocupacionais representa um grande esforço para os atores sociais envolvidos no processo trabalhador/ instituição. Permanece, dessa forma, o desafio de se garantir a segurança dos profissionais da área da saúde para que estes sejam capazes de efetuar seus papéis de forma segura e eficaz.

8. Conselho de Saúde (Brasil). Resolução nº196, de 10 de outubro de 1996, versão 2012. Dispõe sobre aprovar as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisas envolvendo seres humanos. Brasília, 12 de novembro de 1991. Disponível em: <http://conselho.saude.gov.br/web _ comissoes/conep/aquivos/resolucoes/23 _ out _ versao _ final _ 196 _ ENCEP2012. pdf>. Acesso em: 18 set. 2013. 9. Marziale MHP, Nishimura KYN, Ferreira MM. Riscos de contaminação ocasionados por Acidentes de Trabalho com Material Pérfuro-Cortante entre Trabalhadores de Enfermagem. Revista Latino-Americana de Enfermagem 2004; 12(1): 36-42. 10. Marziale MHP. Condições ergonômicas da situação de trabalho, do pessoal de enfermagem em uma unidade de internação hospitalar. (tese). São Paulo: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, 1995. 11. Ministério do Trabalho e Emprego (Brasil). Norma Regulamentadora 9, de 08 de junho de 1978. Dispõe sobre o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais. Brasília (DF), 29 de dez 1994. Disponível em: <http://portal.mte.gov.br/data/files/ FF8080812BE914E6012BEF1CA0393B27/nr _ 09 _ at.pdf>. Acesso em: 20 jan. 2013 12. Ribeiro RP, Martins JT, Marziale MHP, Robazzi MLCC. O adoecer pelo trabalho na enfermagem: revisão integrativa. Revista da Escola de Enfermagem da USP 2012; 46(2): 495-504. 13. Brandão PS. Biossegurança e AIDS: as dimensões psicossociais do acidente com material biológico no trabalho em hospital. (dissertação). Rio de Janeiro: Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, 2000. 14. US. Public Health Service. Update U.S. Public Health Service Guidelines for the Management of Occupational Exposure to HBV, HCV, and HIV and Recommendations for Postexposure Prophylaxis. Morbidity and Mortality Weekly Report 2001, 50(11): 1-52. 15. Rapparini C. Riscos biológicos e profissionais de saúde: procedimentos clínicos. (online). 2005 (citado 2013 jan. 29); (1-5 p). Disponível em: <http://www.sbac.org.br/pt/conteudos/ qualinews/artigos/c02.htm>. Acesso em: . 16. Marziale MHP, Melo MRC, Silva EM. A postura corporal adotada pela enfermeira durante a execução de seu trabalho. Revista Brasileira de Saúde Ocupacional 1991; 19(73): 19-24. 17. Ribeiro EJG, Shimizu HEri. Acidentes de trabalho com trabalhadores da Enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem 2007; 60(5): 535-540. 18. Alexandre NMC. Contribuição ao estudo das cervicodorsolombalgias em profissionais de enfermagem. (tese). Ribeirão Preto: Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto/USP, 1993. 19. Men L. Pesquisas sobre stress no Brasil: saúde, ocupações e grupos de risco. Campinas: Papirus, 1996. 20. Dalri RCMB, Robazzi MLCC, Silva LA. Riscos ocupacionais e alterações de saúde entre trabalhadores de enfermagem brasileiros de unidades de urgência e emergência. Ciencia Y Enfermeria 2010; 16(2): 69-81. 21. Cavalcante CAA, Enders BC, Menezes RMP, Medeiros SM. Riscos Ocupacionais do Trabalho em Enfermagem: uma análise contextual. Revista Ciência, Cuidado e Saúde 2006; 5(1): 88-97.

Artigo de revisão

CONCLUSÃO


Normas para publicação A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral, que tem por objetivo ser um dos principais veículos de divulgação do conhecimento na área de enfermagem no Brasil, promovendo, o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais, publicando trabalhos originais e inéditos, de revisão, atualização ou relatos de casos/experiências. Seu conselho editorial, que tem caráter consultivo, é constituído por pesquisadores em enfermagem, de origem institucional diversificada, e é o principal responsável pela qualidade do conteúdo da revista. Apresentação do manuscrito 1. Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, no que se refere ao texto, às figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. 2. Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa. O número do processo/projeto deverá constar no método do trabalho. 3. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336:309. 4. Figuras e tabelas deverão ser apresentadas em arquivo com boa resolução e separadas do texto (imagens com mínimo de 300 dpi). 5. O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a declaração de responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, conforme modelo abaixo. Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais. Vimos submeter à aprovação da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem o artigo _____________________________ _____________________________________________________ ____________________________________ e informamos que todos os procedimentos éticos devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito e está sendo enviado com exclusividade à Revista. Concordamos que, em caso de aceitação do mesmo, os direitos autorais a ele referentes passarão a ser propriedade exclusiva da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Categoria do artigo: _________________________ Assinatura dos Autores: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Data: _____/_____/_____.

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6. O(s) autor(es) deve(m) especificar no artigo indicação de financiamentos relacionados ao trabalho a ser publicado. Categorias de manuscritos aceitos pela Revista (A) Artigos originais/Pesquisas – Investigação baseada em dados empíricos, concluída, utilizando metodologia científica e que possam ser aplicadas e generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora. Sua estrutura deve conter. – Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. – Objetivo: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor. – Revisão da literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução. – Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza estatística. – Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou comentários pessoais, podendo, para maior facilidade de compreensão, estar acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc. – Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os novos e importantes aspectos observados e discutidas as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência profissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações con-

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ceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial. Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista. Preparo dos manuscritos • Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s) nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras. • Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográficas (Exemplos) Artigos de periódicos: • Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95 • Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no

ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4);88-94. Materiais em formato eletrônico: • Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/ reeusp/upload/pdf/258.pdf • Livro ou monografias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005. Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007 • Capítulo do livro ou monografia: Debert, GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78. • Dissertação e tese: Amarante ST. Analise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/USP; 1999. • Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA, Brasil. Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico. Os autores deverão ser assinantes da revista. Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm; laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé. Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Av do Forte ,1573 Caixa Postal 21603 Vila Ipiranga – Porto Alegre/RS E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Contato: 51.9116.9298 / 3334.4753

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Curso

Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Maira Buss Thofehrn

Aula 1: Relações Humanas no Trabalho: uma reflexão acerca da equipe na área da saúde Aula 2: Relações Humanas perpassando pelo Processo de Trabalho da Enfermagem Aula 3: Relações Humanas Saudáveis na Equipe de Enfermagem

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Aula 4: Relações Humanas no Trabalho: liderança na enfermagem

Aula 5: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: empoderamento político

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Aula 6: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade

Organizador a: Mair a Buss Thofehrn Pós-doutora em enfermagem, Conselheira cientiica da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Professora do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem.

Colabor adores Isabel Cristina de Oliveira Arrieira Doutoranda em Enfermagem pelo Programa de Pós-Graduação em Enfermagem da UFPEL. Fátima Rosângela Soares Enfermeira Membro do núcleo de estudos em práticas de saúde e enfermagem -NEPEn. Linha de Pesquisa- Processo de trabalho em saúde e enfermagem. Caroline Dias Enfermeira Membro do núcleo de estudos em práticas de saúde e enfermagem -NEPEn. Linha de Pesquisa- Processo de trabalho em saúde e enfermagem.

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ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA RELAÇÕESAULA HUMANAS NO TRABALHO DA ENFERMAGEM 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA

Aula 6: Relações Humanas no Tr abalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade INTRODUÇÃO Observamos que o atendimento das necessidades biológicas, psicológicas e sociais não dá conta da complexidade que se caracteriza a assistência integral requerida pelo paciente e sua família. É preciso cuidar do ser humano na sua integralidade e isto implica também cuidar daquilo que não é visível e palpável. A busca e o estudo da espiritualidade entre profissionais da saúde são imprescindíveis para um cuidado integral, além de atender os avanços.

O trabalho da enfermagem ao estar envolto pela multidimensionalidade age na dimensão da materialidade, da subjetividade e da espiritualidade. A materialidade refere-se à explicação racional e lógica para todo e qualquer fenômeno. A subjetividade relaciona-se a emoções, sentimentos, ideias e preferências que são próprios de cada sujeito. A espiritualidade reporta-se às questões ligadas à busca pelos sentidos e significados mais expressivos, que transcendem a vida cotidiana e ao propósito da existência humana. No que se refere ao aspecto racional da dimensão da materialidade elucida-se a superação dos principais problemas de saúde relacionados ao aumento de doenças crônico-degenerativas na população, por meio de mudanças profundas no modo de vida das pessoas. Essas transformações só ocorrem quando são mobilizadas forças excepcionais nos usuários e nos grupos, algo que a educação em saúde tradicional, centrada no repasse de informações, pouco acrescenta. Neste sentido, a força da espiritualidade pode ser vista como um instrumento de promoção da saúde, na medida em que lida com as dimensões pouco conscientes do ser, cujos embasamentos estão nos valores, nas motivações profundas e no sentido da existência individual e coletiva das pessoas.2 Assim, vai-se além da dimensão da subjetividade a qual se depara com sensações emocionais presentes no cotidiano de cada ser humano, sem a necessidade de momentos de profunda reflexão. Sendo a espiritualidade pouco reconhecida como prática científica, justifica-se o cuidado espiritual pela necessidade apresentada pelo paciente. Considerando que o paciente criticamente enfermo tende a buscar apoio na sua crença religiosa, cabe ao profissional aceitá-la e proporcionar-lhe o atendimento espiritual de que necessita. Esse atendimento, prestado por pessoas especificamente preparadas para esse fim, baseia-se no pressuposto de que tanto os profissionais como o usuário dos serviços de saúde devem ser cuidados na totalidade de suas dimensões física, emocional, intelectual, social, cultural, espiritual e profissional.3

Este estudo traz uma reflexão acerca da inclusão da espiritualidade no processo de trabalho da equipe de enfermagem. A utilização da espiritualidade no contexto de trabalho estaria em sintonia com o movimento de valorização e de humanização das organizações. O aspecto espiritual na gestão das organizações tem sido reafirmado em termos de vantagens, não apenas de natureza financeira, mas igualmente de natureza coletiva e social. Aponta-se, sobretudo, para ganhos de satisfação no trabalho, maior comprometimento, maior vinculação à organização a partir de um trabalho com sentido claro, comparativamente a outras organizações onde essa dimensão não está presente.4 Assim é preciso mencionar ainda que as principais razões que os doentes referem em relação à importância dos profissionais de saúde atenderem às necessidades espirituais são: que estes compreendam a forma como as suas crenças interferem no seu problema de saúde; que os entendam melhor como pessoas; que os profissionais de saúde ajudem a construir um sentido de esperança realista; que sejam capazes de os ouvir.5 A dimensão espiritual tem uma natureza sistêmica e que pela ética e estética harmoniza todas as dimensões da pessoa em seus relacionamentos com outros. A dimensão espiritual é considerada como fundamental para a re-humanização do trabalho dos profissionais da saúde.6 O ser humano constitui-se por uma complexidade em que todos os aspectos devem ser considerados durante a atenção, assim a realização de um cuidado integral rompe com o modelo biomédico, o qual centra-se no atendimento apenas das necessidades referentes ao âmbito físico. No contexto vivido assiste-se a um interesse crescente pelas investigações sobre as relações entre o corpo e a mente, o que de algum modo espelha a mudança de paradigma nos cuidados de saúde, de uma abordagem biológica para uma abordagem globalizante, em que as necessidades espirituais são parte integrante das necessidades físicas e psicológicas.7

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MAIRA BUSS THOFEHRN | ISABEL CRISTINA DE OLIVEIRA ARRIEIRA | FÁTIMA ROSÂNGELA SOARES | CAROLINE DIAS

O texto traz uma breve reflexão acerca da espiritualidade no processo de trabalho da enfermagem a partir da consideração da multidimensionalidade que se caracteriza o cuidado de enfermagem. A inclusão da espiritualidade vem ao encontro da busca de humanização na saúde já que o aspecto espiritual na gestão das organizações tem sido reafirmado em termos de vantagens, não apenas de natureza financeira, mas igualmente de natureza coletiva e social.


MAIRA BUSS THOFEHRN | ISABEL CRISTINA DE OLIVEIRA ARRIEIRA | FÁTIMA ROSÂNGELA SOARES | CAROLINE DIAS

VENTILAÇÃO MECÂNICA IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM RELAÇÕES HUMANAS-NO TRABALHO DA ENFERMAGEM AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA NÃO INVASIVA AULA 6: A ESPIRITUALIDADE NO PROCESSO DE TRABALHO DA ENFERMAGEM

Ainda outros autores corroboram com esta idéia, reforçando a abertura de profissionais de saúde para outras necessidades que não somente as ligadas à doença física, ou seja, o reconhecimento de outras necessidades também faz parte da integralidade. O profissional comprometido com a integralidade busca por meio de seus saberes e práticas atender a pessoa de acordo com as suas necessidades.8 Nesta expressão há a relação da espiritualidade com produtividade. Esta relação se explica considerando que a espiritualidade proporciona harmonia pessoal, fator importante para o desempenho de atividades profissionais do exercício laboral. É o reconhecimento que o trabalho transcende os aspectos materiais e que num ambiente harmônico aumenta a possibilidade de encontrar a felicidade e de se trabalhar melhor. Para Sounders (2005) se nos aproximamos para além de nossa capacidade profissional, com nossa comum humanidade vulnerável, poderemos interagir com os pacientes sem haver a necessidade de palavras de nossa parte, mas somente respeito profundo. Um ouvir atento de ambos tocará em seu interior e acredito que esta interação é que possibilita a troca de afetos entre a equipe, os usuários e os cuidadores.9 Os pacientes durante o processo de adoecimento encontraram diversos profissionais da saúde. Cada encontro provê uma oportunidade de comunicação. Muito do que comunicamos é por meio da linguagem verbal, mas muito também comunicamos pela linguagem não-verbal.10 Salgado, Rocha e Conti (2007) ao investigarem o desconforto dos profissionais em abordar este assunto, ressaltam que para se ter uma visão integral do ser humano, é preciso admitir a existência de algo mais, além do corpo biológico que alguns chamam de alma ou de espírito e principalmente o poder de comando que este exerce sobre o organismo. Revelam que por ser esta uma questão polêmica no âmbito da ciência e consequentemente da saúde, os profissionais adquirem uma postura reservada e insegura a respeito.11 Fica evidente que não se pode sobreviver com saúde sem uma intensa relação solidária com os outros. Assim, a doença, à medida que pode fortalecer a interação solidária e a amorosidade, contribui para a saúde da sociedade.2 Com isso entendemos que a ética do cuidado e das virtudes apresenta-se como apropriada e necessária na atenção aos usuários e seus familiares. A ética do cuidado destaca essencialmente a natureza vulnerável e dependente dos seres humanos. Portanto, enfatiza que a ética não somente diz respeito ao processo de decidir, mas também envolve a qualidade das relações, tais como continuidade, abertura e confiança.10 Em nosso processo de trabalho na saúde conquistamos vários avanços que emergiram após

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a implantação do Sistema Único de Saúde, tais como o reconhecimento do direito à saúde, a ampliação do conceito de saúde considerando os aspectos físicos, sociais, psicológicos e espirituais, a implantação da política nacional de humanização, como política de inclusão de todos os sujeitos, ou seja, usuários, trabalhadores e gestores, na construção da saúde individual e coletiva e a educação permanente em saúde que ressalta a necessidade de desenvolvermos habilidades de acordo com a realidade imposta no cotidiano de trabalho, além de considerar o local de trabalho como espaço de discussão e apropriação de novos conhecimentos. Desta forma o processo de trabalho passa a ser vivenciado de modo coletivo, isto é, de modo interdisciplinar no qual dependemos de uma série de instrumentos operacionais. Observamos que o atendimento das necessidades biológicas, psicológicas e sociais não dá conta da complexidade que se caracteriza a assistência integral requerida pelo paciente e sua família. É preciso cuidar do ser humano na sua integralidade e isto implica também cuidar daquilo que não é visível e palpável. A busca e o estudo da espiritualidade entre profissionais da saúde são imprescindíveis para um cuidado integral, além de atender os avanços do mundo contemporâneo. Referências 1.Arrieira, IC. O.etal. A espiritualidade no processo de trabalho da Enfermagem. In: Thofehrn, MB.et al. (Orgs.) Práticas de gestão e gerenciamento no processo de trabalho em saúde. Pelotas:Editora Universitária UFPel, 2009. 2.Vasconcelos, EM. - A Espiritualidade na Educação Popular.1ª ed. São Paulo: editora Hucitec, 2006. 3.Savoldi, NA. ; Neves, EP.; Santos, I, Mauro, MYC. Em busca do bem-estar e do modo de ser do trabalhador saudável. Esc Anna Nery RevEnferm 2003; 7(3): 413-23. 4.Siqueira, D. O labirinto religioso ocidental. Da religião a espiritualidade. Do institucional ao não convencional. Soc. estado. v.23 n.2 Brasília 2008. 5. Maccord, G, Gilchirist,VJ, Grossman, SD, et al. Discussing spirituality with patients: a rational and ethical approach. Ann Fam Med 2004; 2(4):356-61. 6.Mendes, IAC; Trevizan, MA; Ferraz,CA; Fávero,N. The Re-Humanization of the Executive Nurse´s Job: A Focus on the Spiritual Dimension Rev. Latino-Am. Enfermagem vol.10 no.3 Ribeirão Preto May/June 2002. 7.Pinto, C. Pais-Ribeiro, JL. Construção de Uma Escala de Avaliação da Espiritualidade em Contextos deSaúde. ARQUIVOS DE MEDICINA, 21(2):47-53 ©ArquiMed, 2007. 8.Mattos, RA; Pinheiro, R. Os sentidos da integralidade na atenção e no cuidado à saúde. Rio de Janeiro, ABRASCO, 2001. 9.Saunders, C. Foreword. In: Doyle D, Hanks G, Cherny N, Calmon K, editors. Oxford Textbook of Palliative Medice. 3ª ed. UK: Oxford University Press; 2005. p.20. 10.Pessini, L; Bertachini, L. Novas perspectivas em cuidados paliativos:ética, geriatria, gerontologia, comunicação e espiritualidade. O MUNDO DA SAÚDE — São Paulo, ano 29 v. 29 n. 4 out./dez. 2005 11.Salgado, APA, Rocha, RM, Conti, CC. O enfermeiro e a abordagem das questões religiosas. RevEnferm UERJ 2007; 15(2): 223-8.

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Curso

TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM Graziella Gasparotto Baiocco

Aula 1: Princípios da Terapia Intravenosa para o Enfermeiro e Segurança do paciente

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Aula 2: Anatomia e fisiologia do sistema vascular

Aula 3: Avaliação da rede venosa e opções para escolha do acesso Aula 4: Curativo e estabilização dos acessos

Aula 5: Complicações da Terapia Intravenosa e intervenções

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Aula 6: Principais Diagnósticos de Enfermagem na Terapia Intravenosa

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Aula 7: Especificidades da Terapia Intravenosa

Organizador a: Enfermeir a Gr aziella Gasparotto Baiocco Mestre em Medicina e Ciências da Saúde pela PUC – RS, Especialista em Nefrologia pela SOBEN, Especialista em Terapia Intensiva pela UNISINOS – RS. Enfermeira do setor de Gerenciamento de Risco do Grupo Hospitalar Conceição. Membro da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente - Rebraensp. Membro do Conselho Cientíico da Revista Sul- Brasileira de Enfermagem. Email: grazigasparotto@terra.com.br

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TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM AULA 6: PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM (DE) NA TERAPIA INTRAVENOSA (TIV)

GRAZIELLA GASPAROTTO BAIOCCO

AULA 6: PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM (DE) NA TERAPIA INTRAVENOSA (TIV) O Conselho Federal de Enfermagem determina desde 2002 a aplicação da Sistematização da Assistência de Enfermagem em todos os ambientes de cuidados à saúde por meio do Processo de Enfermagem1(PE). O Diagnóstico de Enfermagem (DE) é definido como um julgamento clínico sobre as respostas do indivíduo, da família ou da comunidade a problemas de saúde reais ou potenciais. Por meio dele podemos selecionar as intervenções de enfermagem necessárias para atingir os objetivos da assistência de enfermagem.2 Durante a terapia intravenosa, o papel do enfermeiro inicia-se desde a indicação e implantação de um cateter em veias periféricas, estendendo-se até os cuidados com a pele, com o cateter, com a administração de medicamentos, detecção de situações de riscos e promoção das intervenções necessárias.1 A utilização de vasos pelos profissionais da área da saúde para fins terapêuticos deve estar embasada na diversidade de equipamentos e soluções, na habilidade profissional relacionada às tecnologias disponíveis e na avaliação clínica do paciente. Tais aspectos, incluindo a previsão de tempo de tratamento, definem o melhor dispositivo venoso para ministrar a terapêutica endovenosa.3 O estabelecimento do acesso venoso periférico obtido por meio de cateteres intravenosos periféricos, ou cateteres centrais de inserção periférica, é uma das intervenções de enfermagem mais realizadas na prática clínica e o procedimento invasivo mais executado na assistência ao paciente hospitalizado. Avaliar a qualidade dos cuidados prestados e identificar melhores práticas de intervenção é essencial para prestar assistência qualificada e demonstrar segurança ao paciente.3 A avaliação do paciente visando ao planejamento da assistência de enfermagem tem como base a coleta de informações relevantes, obtidas por observação, exame físico, entrevista com o paciente e/ou cuidador/família e evolução diária.4 Envolver o paciente/família no tratamento é fundamental, explicando a necessidade de utilização de um acesso venoso central com todas suas implicações.4 Considerando os fatores de risco ao paciente em utilização de cateteres venosos, são abordados alguns diagnósticos de enfermagem e as intervenções mais indicadas nessas situações para alcançar os resultados pelos quais o enfermeiro é responsável.3 Os principais títulos dos Diagnósticos de Enfermagem segundo a NANDA – I), associados a

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aspectos frequentes da TIV, após a avaliação dos enfermeiros:2,4 1. Ansiedade; 2. Atividade de recreação deficiente; 3. Conhecimento deficiente; 4. Distúrbio na imagem corporal; 5. Dor aguda; 6. Fadiga; 7. Hipotermia; 8. Integridade da pele prejudicada; 9. Medo; 10. Mobilidade física prejudicada; 11. Perfusão tissular ineficaz; 12. Proteção ineficaz; 13. Risco de infecção; 14. Risco de lesão; 15. Termorregulação ineficaz; 16. Risco de trauma vascular; 17. Volume de líquidos deficiente; 18. Volume de líquidos excessivo; 19. Manutenção ineficaz da saúde; 20. Intolerância à atividade. A intervenção Punção Venosa (4190) tem relação com a inserção de agulha em uma veia periférica para administração de líquidos, sangue ou medicamentos. As atividades pertinentes são:3,5 • Verificar a prescrição para a terapia endovenosa (EV); • Orientar o paciente sobre o procedimento; • Manter técnica asséptica rigorosa; • Identificar se o paciente é alérgico a algum medicamento ou a fita adesiva; • Identificar se o paciente possui distúrbios de coagulação ou está tomando medicamentos que possam afetar a coagulação; • Solicitar ao paciente que não se movimente durante a venopunção; • Oferecer apoio emocional, se apropriado; • Solicitar aos pais que segurem e confortem o filho, quando for o caso; • Selecionar uma veia adequada para a venopunção; • Puncionar o braço oposto em caso de pacientes com fístulas ou desvios arteriovenosos; • Escolher um tipo adequado de agulha, com base no propósito e na duração esperada de uso; • Escolher uma agulha de calibre 18 ou 20, se possível, para a administração de sangue e hemocomponentes em adultos;

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TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM AULA 6: PRINCIPAIS DIAGNÓSTICOS DE ENFERMAGEM (DE) NA TERAPIA INTRAVENOSA (TIV)

• Orientar o paciente a manter a extremidade em um nível inferior ao do coração; • Massagear o braço do paciente da extremidade proximal à distal, quando apropriado; • Aplicar fricções suaves na região da punção após a aplicação do garrote, quando apropriado; • Limpar a região com solução adequada, com base no protocolo da instituição; • Inserir a agulha conforme as instruções do fabricante; • Determinar a colocação correta, observando o sangue na câmara de esguicho ou no equipo; • Remover o garrote assim que o sangue retornar; • Prender a agulha com segurança no local, usando fita adesiva; • Aplicar um pequeno curativo transparente estéril sobre o local da inserção; • Identificar o curativo do local de inserção EV; • Colocar uma tala no braço, quando necessário, tendo cuidado para não comprometer a circulação; • Manter as precauções padronizadas.

• Manter assepsia para paciente de risco; • Providenciar cuidado adequado à pele em áreas edemaciadas; • Examinar a pele e as mucosas em busca de hiperemia, calor extremo ou drenagem; • Obter hemoculturas, se necessário; • Promover ingestão nutricional adequada; • Encorajar a ingestão de líquidos, quando adequado; • Encorajar o repouso; • Monitorar as mudanças no nível de energia/ mal-estar; • Encorajar o aumento da mobilidade e do exercício, quando adequado; • Orientar o paciente e a família sobre sinais e sintomas de infecção e sobre o momento de relatá-los ao provedor de cuidados de saúde; • Retirar flores e plantas naturais das áreas de pacientes, quando adequado; • Comunicar infecções suspeitas à equipe do controle de infecções; • Comunicar culturas positivas à equipe do controle de infecções.

A intervenção Controle de Infecção (6540) pretende minimizar a aquisição de agentes infecciosos. As atividades relacionadas são:3,5

A boa prática é vital para o desempenho adequado das funções do enfermeiro, principalmente no controle de infecções e complicações relacionadas a TIV.1 Para a otimização de todos os aspectos da TIV é necessário garantir qualidade na assistência prestada, e o PE, auxilia os enfermeiros, embasando suas ações na resolução de possíveis problemas e selecionando as melhores intervenções a serem propostas.1 A importância do PE no cotidiano do enfermeiro é ressaltada, por se tratar de uma metodologia de trabalho já estabelecida e largamente utilizada que organiza e torna cada vez mais visível a atividade desse profissional. O processo proporciona a qualificação da assistência de enfermagem, pois se vale de uma metodologia científica para a prática assistencial realizada por enfermeiro. Destacam-se, nessa assistência, os registros das ações de enfermagem, que documentam e respaldam legalmente o trabalho.3

• Alocar o espaço físico adequado a cada paciente; • Limpar adequadamente o ambiente após o uso de cada paciente; • Trocar o equipamento para cuidados do paciente conforme protocolo da instituição; • Instituir precauções designadas pela instituição; • Ensinar uma melhor lavagem das mãos aos funcionários de saúde; • Orientar o paciente sobre técnicas adequadas de lavagem das mãos; • Orientar os visitantes para que lavem as mãos ao entrarem e saírem do quarto do paciente; • Usar o sabão antimicrobiano para lavar as mãos; • Lavar as mãos antes e após cada atividade de cuidado ao paciente.

• Monitorar sinais, sintomas sistêmicos e locais de infecção; • Monitorar vulnerabilidade à infecção; • Seguir as precauções para neutropenia, quando apropriado; • Examinar todos os visitantes quanto à presença de doença transmissível;

REFERÊNCIAS 1. Harada, M.J.C.; Pedreira, M.L.G. Terapia Intravenosa e Infusões. São Caetano de Sul: Yendis, 2011. 2. NORTH AMERICAN NURSING DIAGNOSIS ASSOCIATION. Diagnóstico de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2012-2014. Porto Alegre: Artmed, 2013. 3. Predebon, C et al in Baiocco, G G et al. Cateter Central de Inserção Periférica – na prática de enfermagem. Moriá Editora; 2013. 4. NANDA International. Nursing Diagnoses: Definitions and Classification 2009-2011. Ames: Wiley, Blackwele, 2009. 5. Moorhead S, Johnson, Meridean M. Classificação dos resultados de enfermagem. 3ª. ed. Porto Alegre: Artmed, 2008.

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GRAZIELLA GASPAROTTO BAIOCCO

A intervenção Proteção contra Infecção (6550) objetiva a prevenção e detecção precoce em paciente de risco. As atividades relativas são:3,5


*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com

Congressos e Eventos em 2014 Evento

Local

Data

Informações

V Simpósio de Gestão em Serviços de Enfermagem

Centro de Eventos Hotel Continental – Porto Alegre - RS

10 e 11 de setembro

(51) 3332.8622

XVIII Jornada Internacional de Terapia Intensiva

Anfiteatro Hugo Gerdau – Porto Alegre - RS

11 a 13 de setembro

www.eventos. santacasa.tche.br

Palácio das Convenções Anhembi – São Paulo - SP

17 a 20 de setembro

www.sobecc.org.br

URI Campus Erechim

16 e 17 de outubro

www.uricer.edu.br

VII Curso de Eletrocardiograma: noções básicas para enfermagem

Auditório do Centro Cultural Rubem Rodrigues -Instituto de Cardiologia /FUC

18 de outubro

(51) 3230.3630 / 3230.3600 ramal 3825

II Seminário Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente – REBRAENSP – Polo RS

Centro Universitário Metodista – IPA Auditório Oscar Machado – Porto Alegre - RS

25 e 26 de setembro

www.rebraensp.com.br

VII Simpósio Internacional de Enfermagem – AMIB & ABENTI em Terapia Intensiva

Hotel Estanplaza Internacional – São Paulo - SP

26 e 27 de setembro

www.amib.org.br

X ENENGE

Búzios – Rio de Janeiro - RJ

25 a 28 de outubro

www.sobragen.org.br

66º Congresso Brasileiro de Enfermagem

Hangar Centro de Convenções – Belém - PA

27 a 30 de outubro

www.abennacional.org.br

XXXIII Encontro de Enfermagem do Hospital Santo Antônio

Anfiteatro Hugo Gerdau – Porto Alegre - RS

29 a 31 de outubro

www.eventos. santacasa.tche.br

IX Congresso Brasileiro de Queimaduras

Serrano Resort Convenções & SPA – Gramado -RS

29 de outubro a 01 de novembro

www.sobenfee.org.br

I Simpósio Internacional de Enfermagem em Centro Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material e Esterilização

Hospital Israelita Albert Einstein – Auditório Moise Safra – 1º andar, bloco A

03 e 04 de novembro

www.einstein.br/ simposio-de-enfermagem

XIX Congresso Brasileiro de Medicina Intensiva

Centro de Convenções Goiânia - GO

06 a 08 de novembro

www.amib.org.br

IV Fórum Internacional de Transplantes do Aparelho Digestivo

Centro de Convenções Rebouças – São Paulo - SP

12 a 14 de novembro

www.fitx2014.com

5º Congresso Brasileiro de Enfermagem em Dermatologia

Atlântico Búzios Convention & Resorts – Armação dos Búzios - RJ

19 a 22 de novembro

www.sobende.org.br

9º Simpósio Internacional de Esterilização e Controle de Infecção Hospitalar I Congresso Nacional de Enfermagem em Urgências e Emergências XV Encontro de Enfermagem do Alto Uruguai

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Agenda de En fer m a g e m

2015.

Com acabamento de luxo, sob medida para planejar e facilitar o dia-a-dia. Elaborado para profissionais de enfermagem e estudantes. • Dados Pessoais, • Calendário 2014, 2015 e 2016 com feriados e planejamento 2015, • Pensamentos e Citações, • Agenda Diária. Incluí: Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem-Metodologia da Assistência de Enfermagem - Anamnese - Ectoscopia - Exame Físico - Escalas de Glasgow, Ramsay, Morse e Braden - Particularidades em Pediatria e Obstetrícia - Focos de Ausculta Cardíaca e Pulmonar - Anatomia de Superfície - Doenças de Notificação Compulsória - Calendário de Vacinação -Siglas e Abreviaturas comuns na Saúde. Prática, moderna e totalmente atualizada, é uma fonte diária de informação e utilidade no planejamento e coordenação dos compromissos pessoais e profissionais. Adquira já a sua com desconto especial de lançamento!

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Atualização na Assistência à Saúde da Mulher com ênfase em Saúde Coletiva

Organizadoras: Roseana Maria Medeiros Cibele Sandri Manfredini

1. Retrospectiva da Assistência à Saúde da Mulher no Brasil - PAISM; SUS; - ESF 2. A Consulta de Enfermagem - atenção integral à saúde feminina 3. Atenção Integral à Saúde da Mulher no Ciclo Reprodutivo 4. Atenção Integral à Saúde da Mulher no Período Gravídico-Puerperal 5. Climatério 6. Atenção Integral à Saúde da Mulher

Na próxima edição... 36

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NOTÍCIAS

Marco Civil da Internet: tem mais a ver com saúde do que você pensa Marco regulatório estabelece direitos par a o paciente em suas inter ações on-line com toda a cadeia de prestadores de serviços na saúde Autor: Gustavo Artese1

A Lei no 12.965 de 23 de abril de 2014, o chamado Marco Civil da Internet (“MCI”) trouxe um novo regime institucional em matéria de preservação do direito à privacidade no Brasil. Éramos o único país membro do G20 que não contava com regulação específica. Não apenas isso: o MCI é apenas o primeiro passo em direção à regulamentação do tema, já que o Poder Executivo (Ministério da Justiça) trabalha na confecção de lei específica voltada à proteção sobre dados pessoais. A maior novidade, no entanto, é que a tutela do direito à privacidade passa a ter caráter administrativo, na medida em que passa a ser de competência da administração pública, inclusive a partir da imposição de penalidades. Está baseada, na nova lei e em princípios gerais de proteção ao consumidor, a atuação da Secretaria Nacional do Consumidor (SENACON), em especial, de seu Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC), no recente caso em que aplicou à Oi/Velox, multa de R$ 3,5 milhões de Reais em razão de suposta quebra de privacidade de dados de navegação de seus clientes. E o que isso tem a ver com a área de saúde? Tudo. A proteção à privacidade dos indivíduos é importante em qualquer área da atividade humana. Na área de saúde, no entanto, a importância é fundamental, já que a disseminação indevida de informações sensíveis do paciente é porta de entrada para situações de constrangimento público e para graves episódios de discriminação. A questão fica ainda mais delicada se pensarmos que, se por um lado, a disseminação indevida de informações pode prejudicar vidas, por outro, a disponibilidade e integridade, para a equipe médica, das informações de saúde de um paciente pode ser essencial para salvar sua vida. De outra perspectiva, é na saúde, sem sombra de dúvidas, que se verifica a maior tensão entre a necessidade de fluxo desimpedido de informações, de um lado, e a obrigação de sigilo e confidencialidade, de outro. É nesse contexto que a chegada do MCI como marco regulatório inicial para a proteção de dados

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de natureza pessoal, se faz importante. Primeiro, porque o MCI já estabelece direitos para o paciente em suas interações on-line com toda a cadeia de prestadores de serviços na saúde (e.g. operadoras de planos de saúde, hospitais e clínicas, laboratórios), direitos esses, cuja inobservância sujeita a penalidades severas, como, por exemplo, multa máxima de 10% do faturamento bruto do grupo econômico do infrator. Segundo, porque a existência de normas de privacidade, tanto afeta os projetos de interoperabilidade de sistemas eletrônicos de saúde, quanto demanda o incremento de investimentos em gestão da segurança da informação. Terceiro, porque traz nova luz a uma série de normas já vigentes sobre o tema da privacidade na saúde e inspira o surgimento de novas regulamentações gerais e específicas. Diferentemente do que aconteceu nos EUA, que conta com norma matriz sobre o tema, o já famoso Heatlh Insurance Portability and Accountability Act (HIPAA), a tendência brasileira aponta para uma série de normas e reguladores (e.g. CFM, ANS, Ministério da Saúde, Anvisa e a Autoridade Garante – uma espécie de agência reguladora específica para o tema da privacidade). Nesse contexto, atividades de compliance serão, não apenas indispensáveis, mas também complexas. Sempre que vou ao médico ou ouço sobre políticas públicas na área médica, sou instado a acreditar que estratégias de prevenção superam, por vários motivos, a abordagem curativa. Compliance em privacidade e segurança da informação são, por enquanto, métodos de prevenção. Você vai esperar que se tornem remédio? 1.Master of Laws (LL.M.) pela Universidade de Chicago e Líder das Práticas de Direito Digital, Privacidade e Propriedade Intelectual do escritório Vella, Pugliese, Buosi e Guidoni Advogados.

Fonte: http://www.saudebusiness365.com.br/noticias/detalhe/44527/ marco-civil-da-internet-tem-mais-a-ver-com-saude-do-que-voce-pensaAcessado em 16.09.2014

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Ministro da Saúde e diretores da ANVISA lançam programas de monitoramento

A ANVISA lançou, na quinta-feira (18 de setembro), o Programa Nacional de Verificação da Qualidade de Medicamentos (Proveme) e o Projeto Monitoramento de Materiais de Uso em Saúde Comercializados no Brasil. Na cerimônia, estiveram presentes o Ministro da Saúde, Arthur Chioro, o representante do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento ( PNUD), Jorge Chediek, o Diretor do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), Eduardo Leal, além de todos os diretores da Agência. O Proveme vai analisar, inicialmente, amostras mensais dos medicamentos do Aqui Tem Farmácia Popular e do Farmácia Popular. O Projeto Monitoramento de Materiais de Uso em Saúde Comercializados no Brasil irá monitorar uma vasta gama de produtos para saúde disponíveis no mercado, como implantes ortopédicos, próteses de mama e equipamentos para diagnósticos. Durante a cerimônia, Arthur Chioro lembrou que esta uma reedição do Proveme. “O Programa representa a qualificação de um esforço, que ganhou outro patamar: sai de uma dimensão localizada e passa a uma dimensão sistêmica”, explicou. Nesse início, a estimativa é que o Proveme analise cinco mil amostras em 18 meses. Os laboratórios serão remunerados por cada laudo apresentado por meio de uma parceria com o PNUD. O segundo projeto irá monitorar cerca de três mil produtos 36 meses. Entre os parceiros, estão os laboratórios das universidades federais de Campina Grande, de Santa Catarina e de São Carlos, além do Instituto Nacional de Tecnologia (INT) e os serviços nacionais de Aprendizagem Industrial da Bahia e do Rio Grande do Sul. As informações geradas pelos dois projetos serão registradas no Sistema de Gerenciamento de Amostras (SGAWeb), que também foi lançado nesta quinta-feira. Nele, os laboratórios poderão registrar amostras recebidas, resultados de análises e laudos analíticos.

O sistema começou a ser desenvolvido em 2011 pelo INCQS, em parceria com a ANVISA. A intenção é que o SGAWeb seja utilizado por todos os laboratórios da rede de vigilância sanitária, incluindo os centrais, regionais, municipais e a rede credenciada. “Se dois ou três laboratórios analisarem amostras de lotes diferentes de produtos, a informação estará organizada dentro do sistema. Isso mudará o padrão de análise e terá grande valor para o sistema de vigilância nas áreas de pesquisa e de intervenção sanitária”, afirmou Barbano. A ANVISA também inaugurou hoje o Centro de Gerenciamento de Informações sobre Emergências em Vigilância Sanitária (eVISA). A nova unidade da agência será um centro responsável pela organização dos processos de captação, monitoramento e resposta a emergências em vigilância sanitária. O eVISA foi inspirado na concepção da Rede Global de Alerta e Resposta para Emergências em Saúde Pública, constituída por centros instalados em vários países e na sede da Organização Mundial da Saúde (OMS), em Genebra. Para o ministro da Saúde, Arthur Chioro, além de avançar na agenda de proteção do cidadão e regulação do setor, as iniciativas apresentadas são importantes para a vigilância sanitária, principalmente para consolidação de um complexo industrial de saúde. “São ferramentas importantíssimas na modernização dos processos administrativos. Essa é a agenda que o Brasil espera da Anvisa e de toda a rede comprometida com a agilização dos procedimentos, com a incorporação tecnológica, a concessão de registros e com o monitoramento. Podemos ganhar a agilidade que o Brasil precisa para competir e gerar empregos”, sintetizou Chioro. Fonte: http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/anvisa+portal/anvisa/ sala+de+imprensa/menu+-+noticias+anos/2014+noticias/ministro+da+saude+e+diretores+da+anvisa+lancam+programas+de+monitoramento Acessado em 18.09.2014.

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