Conselho Científico Presidente do Conselho Cientíico
Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul
Prof Doutoranda Adriana Aparecida Paz UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre a
EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilbertolivros@gmail.com Produção: Álvaro Lopes (Publikmais) contato@publikmais.com.br Revisão de Português: Suliani Editograia Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 3351-2361 / 3334-4753 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial. Circulação: em todo território nacional.
Profa Dra Ana Elizabeth Figueiredo PUC/RS
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Prof. Dr. Ari Nunes Assunção Unisc – Universidade de Santa Cruz do Sul
Profa Dra Maria da Graça de Oliveira Crossetti UFRGS - Universidade Federal do RS
Profa Dra Beatriz Regina Lara dos Santos PUC/RS Profa Dra Dulcinéia Ghizoni Schneider Unisul /SC Prof. Dr. Edison Luiz Devos Barlem FURG/RS
E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservase todos os direitos, inclusive os de tradução, em todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Direitos Autorais.
Profa Dra Marlene Gomes Terra UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
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Profa Dra Iride Cristofoli Caberlon Ulbra - Universidade Luterana do Brasil-Gravataí
Seis números anuais: janeiro/fevereiro, março/ abril, maio/junho, julho/agosto, setembro/outubro e Profa Dra Laura Cristina S. Lisboa de Souza novembro/dezembro.
Correspondência: Moriá Editora Ltda. Rua Aracy Fróes, 258 / 902 Jardim Itu Sabará - Porto Alegre/ RS CEP: 91.210-230 Tels.: (51) 9116.9298 / (51) 3334.4753.
Profa Doutoranda Maria Ligia dos Reis Bellaguarda Univali/SC
Profa Dra Nara Marilene Oliveira Giradon Perlini UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
a
Profa Dra Juliana Vieira De Araújo Sandri Univali - Universidade do Vale do Itajaí /SC
Data da Impressão: Dezembro/ 2012.
Profa Doutoranda Maritê Inez Argenta Faculdade Estácio de Sá/SC
Profa Dra Nilva Lúcia Rech Stedile UCS - Universidade de Caxias do Sul Profa Dra Regina Gema Santini Costenaro Unifra - Centro Universitário Franciscano Profa Dra Rita Catalina Aquino Caregnato Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
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Profa Dra Roseana Maria Medeiros Faculdade da Serra Gaucha /RS
Profa Dra Lisia Maria Fenstersefer Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Profa Dra Sandra Maria Cezar Leal Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Profa Doutoranda Lisnéia Fabiani Bock IPA - Rede Metodista de Educação do Sul
Enfa Estomaterapeuta Silvana Janning Prazeres SOBEST - RS
Profa MS Lucila Corsino de Paiva Faculdade Maurício de Nassau - Natal/ RN
Profa Dra Solange Machado Guimarães Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
Profa Dra Luzia Fernandes Milão Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
Profa Dra Sonara Lucia Estima Unilasalle - Centro Universitário La Salle
Profa Doutoranda Magada Tessman Schwalm Unesc/SC
Profa Dra Sonia Beatriz Cocaro Souza UFRGS - Universidade Federal do RS
Profa Dra Maira Buss Thofehrn UFPel - Universidade Federal de Pelotas Profª Drª Maria Ribeiro Lacerda Universidade Federal do Paraná/PR
Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos.
Profa MS Terezinha Valduga Cardoso Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde
Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo
Ficha Catalográfica
A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.
ISSN 2236-0417
R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 1. Enfermagem-Periódicos NLM WY 1 Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem CRB10-581
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Sumário Página 03
Editorial
Artigos Página 04
Página 8
Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa Concepts of psychiatric nursing education: an integrative review Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência Patients coping with the diagnosis of acute myocardial infarction in emergency room Eveline dos Santos Soares | Maria Salete Salvaro | Mágada Tessmann Schwalm | Karina Cardoso Gullis Zimermann | Maria Tereza Brasil Zanini
Página 14
Gestão da dor no pós-operatório imediato: relato de experiência Management of pain in the immediate postoperative: report of an experience Nery José de Oliveira Junior | Márcia Rejane Strapasson | Deise Simão Arregino | Carize da Silva Costa | Sheila Renata Zortéa | Daniela Correa
Página 18
Peril epidemiológico dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) de um município do Vale do Rio Jacuí/RS Epidemiological proile of the hypertensive patients registered in the Hiperdia in a strategy of Family Health Program (ESF) from a township of Vale do Rio Jacuí/RS Graziella Gasparotto Baiocco | Leidinara Maiara Gonçalves
Página 24
Relato de experiência da enfermeira que atua na saúde do trabalhador Experience report of the nurse who works in occupational health Mariane Rita Inácio | Luciane B.Ceretta | Mágada T. Schwalm | Valdemira Santina Dagostin | Maria Tereza Soratto
Página 29
Normas para publicação
Página 31
Notícia
Página 42
Ventilação Mecânica - Implicações para a enfermagem. Aula 6 – Cuidados de Enfermagem com Pacientes em Ventilação Mecânica
Página 51
Eventos Cientíicos
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Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Editorial Enfermeiros X Papai Noel
É somente quando chega o final de cada ano que a maioria das pessoas começam a pensar no seu próximo e a serem mais sensíveis, talvez porque percebam que mais um ano se passou e mais uma vez não tiveram tempo ou até não se lembraram de suas promessas em anos passados quando diziam que queriam ser mais presentes, mais caridosas, ajudariam mais crianças carentes, pessoas necessitadas, etc., etc., etc. Então começamos a refletir sobre o profissional de enfermagem, aquele que em qualquer dia no ano se preocupa com a dor, o cuidado e o próximo, que sofre junto com os pacientes terminais e suas famílias, que está sempre presente com uma palavra afável e um sorriso que parece dizer: “Eu conheço seu sofrimento. Fique tranquilo, vai dar tudo certo”. Muitos devem pensar: “Ah, mas esta é a profissão deles, ganham para isto”. Não! Não é assim que funciona. Convivendo com eles no seu dia a dia, percebemos que vai além da profissão e da remuneração: é amor, puro amor ao próximo, pois, diga-se de passagem, o salário destes profissionais não faz jus à profissão que requer, além do amor, um pouco da vida de cada um deles. Privam-se de inúmeros desejos e horas com as famílias para atender aqueles que talvez nunca mais na vida encontrem. De repente, deparamo-nos com uma pergunta. – Por que no lugar do “bom velhinho” não usamos o enfermeiro como símbolo de Natal, pois este sim é a imagem que melhor traduz a bondade e dedicação ao próximo. Desejamos a todos vocês, profissionais de enfermagem, não apenas um 2013, mas uma vida inteira repleta de realizações e felicidades.
Os editores
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
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Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa
Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 04 a 07
Concepts of psychiatric nursing education: an integrative review * Elitiele Ortiz dos Santos ** Beatriz Franchini
*** Denise Gamio Dias **** Fernanda Tristão
Resumo – Objetivo: identificar e analisar a produção científica que discute o processo de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica/saúde mental. Materiais e métodos: realizouse uma revisão integrativa de literatura nas bases de dados SciELO e LILACS no período de 2004 a outubro de 2011. Resultados e discussão: foram encontradas doze publicações que atenderam aos critérios de inclusão. Após a leitura na íntegra, os artigos foram agrupados em duas temáticas por similaridade de conteúdo. Considerações finais: visualizouse de maneira ampla como está a formação dos alunos no engajamento do movimento da reforma psiquiátrica, bem como refletiu-se sobre a percepção dos professores sobre essa temática e suas práticas colaborativas para humanização no cuidado em liberdade. Palavras-chave: Enfermagem psiquiátrica; ensino; saúde mental; publicações.
Abstract – Objective: identify and analyze the scientific production that discusses the process of teaching about psychiatric nursing/mental health. Materials and methods: was performed an integrative review of literature in the databases SciELO and LILACS in the period of 2004 to October of 2011. Results and discussion: were found twelve publications that met the inclusion criteria. After the full reading, the articles were grouped by similarity on two thematic content. Conclusions: it is viewed broadly how is the formation of the students in the engagement of the movement of Psychiatric Reform as well as reflect about the perception of teachers about this subject and their collaborative practices for the humanization care in freedom. Keywords: Psychiatric nursing; teaching; mental health; publications.
Introdução
atenção à saúde, onde se insere a atenção à SM da população2. Nessa perspectiva os currículos de enfermagem foram se moldando, direcionando suas práticas educativas em articulação aos serviços substitutivos. Com isso, o presente ensaio tem por objetivo apresentar uma revisão integrativa de literatura a fim de identificar e analisar a produção científica no processo de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica com foco na SM no período de 2004 a novembro de 2011.
A educação é um assunto discutido pela sociedade no que tange a sua relevância para modificar as práticas profissionais. Nos meios acadêmicos, principalmente, transformações relacionadas à metodologia de ensino estão sendo discutidas com maior atenção, uma vez que se almejam profissionais com tecnologias diferenciadas de ação voltadas para o crescimento econômico, social e de saúde. No campo da saúde mental (SM), as diretrizes políticas vigentes no país confirmam a necessidade de estimular práticas de ensino, pesquisa e extensão que favoreçam atitudes de profissionais em relação à assistência à SM1. Essas mudanças repercutiram no meio acadêmico a partir da década de 1970 com a reforma psiquiátrica (RP) no Brasil, com propostas de reabilitação e reinserção social do portador de sofrimento psíquico. Na área da enfermagem, mudanças foram aprovadas através da Resolução CNE/CES nº 03 de 07/11/2005 – Diretrizes Curriculares Nacionais do Curso de Graduação em Enfermagem (DCN/ENF) – que explicitam a necessidade do compromisso com os princípios da reforma sanitária brasileira, com ênfase no Sistema Único de Saúde (SUS) e garantia da integralidade das ações no cuidar; definem os princípios fundamentais para formação de profissionais críticos, reflexivos, inseridos no contexto histórico-social, pautados em princípios éticos e capazes de intervirem nos problemas/situações de
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Metodologia Realizou-se uma revisão integrativa por ser um método que propõe uma análise ampla da literatura para obter entendimento de um determinado tema e promover discussões sobre métodos, resultados de pesquisas e reflexões de futuros estudos3. Foi realizada a busca de artigos em duas bases de dados: Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) de 2004 a outubro de 2011. Essas bases de dados foram escolhidas por serem umas das principais fontes de publicação da área da saúde. Determinou-se a busca nesse espaço de tempo considerando que a lei que redireciona o modelo assistencial em SM foi aprovada em 2001 (Lei 10.216/2001), de forma que esse recorte constitui-se no período da implantação dos serviços substitutivos que repercutiram nos espaços acadêmicos por meio de debates e experiências curriculares.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa
Visualizam-se na Tabela 1 as publicações referentes à temática proposta. Foram encontradas na base de dados SciELO duas publicações, cinco na base de dados LILACS e cinco artigos disponíveis em ambas bases de dados. Todos os documentos são publicações nacionais, oito publicados em São Paulo, um no Rio de Janeiro, Ceará, Bahia, Goiás e em Santa Catarina. Percebemos um predomínio de publicações na região sudeste, que pode ser em decorrência das muitas escolas de enfermagem com estruturas propícias à produção do conhecimento científico, bem como à grande quantidade de docentes e trabalhadores proporcionalmente à demanda da região mais populosa do país4. A análise dos documentos evidenciou que cinco artigos foram publicados em 2005 e dois artigos em 2006, 2008, 2009 e 2010; entre eles, quatro têm caráter metodológico qualitativo, um é quantitativo e qualitativo; quatro artigos de reflexão, quatro revisões bibliográficas e um relato de experiência. Com relação à profissão dos autores, em dois artigos encontraram-se formações distintas da enfermagem, um formado em medicina e outro em enfermagem e psicologia, contudo, ambos não foram de autoria única.
Pr áticas de ensino sobre saúde mental O estudo que analisou as tendências das pesquisas de enfermagem psiquiátrica (EP) e SM no período de 10 anos demonstrou que se reduziram
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Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 04 a 07
Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão
Resultados e discussões
dos programas curriculares as abordagens psicopatológicas, atribuindo relevância aos aspectos sociais e emocionais do portador de transtorno mental. Novos modelos de cuidado inseremse nos cronogramas das disciplinas, como o relacionamento e a comunicação terapêutica. Igualmente, é necessário que o aluno experimente a prática, conheça as ações de enfermagem, tenha manejo clínico e dessa forma enfrente seus medos, ansiedades e talvez preconceitos5. Um estudo realizado em Ribeirão Preto (SP) com o curso de enfermagem na disciplina de SM analisou quais saberes e habilidades os alunos identificam como necessários para a reabilitação psicossocial. Os alunos demonstraram saber intervir nos problemas do paciente e fazer uso de recursos comunicativos, como escutar, arbitrar, negociar, além de recursos relacionais como a empatia. Os alunos reconhecem o usuário como ator do próprio cuidado, o que valoriza a autonomia e expressa o conceito de cidadania1. Em Santa Catarina, estudantes refletiram sobre possibilidades de ensino no atendimento à crise, utilizando a criatividade e a tecnologia como instrumentos pedagógicos. A publicação sugeriu aproximação do curso de enfermagem aos cursos de jornalismo, artes ou comunicação social para construção de materiais audiovisuais com situações hipotéticas ao atendimento à crise e possibilidades de intervenções6. Foi apresentado um relato de experiência do ensino em EP/SM na Universidade Federal de Goiás, o qual oportuniza estágios voluntários na prática de EP aos alunos interessados. Nos semestres do curso, quando os mesmos adentram o hospital, são incentivados a integrarem a SM com cuidados assistenciais aos portadores de diversas patologias. Outro método de ensino é a utilização da Educação de Laboratório, que possibilita ao aluno experimentar situações vivenciadas com a devida teorização7. Na análise de produção científica dos encontros de pesquisadores em SM e encontro de especialistas em EP, ressaltou-se que espaços de discussão como esses encontros são práticas de ensino que contribuem para definir o papel do enfermeiro psiquiátrico perante a equipe de saúde, bem como a ampliação desta atuação através da divulgação de experiências inovadoras e possibilidades assistenciais. O estudo mostrou que muitas escolas de enfermagem inserem nos cronogramas das disciplinas assuntos referentes ao relacionamento e à comunicação terapêutica4. Temas como esse também são preconizados em escolas de graduação em enfermagem de São Paulo, com destaque para algumas delas que priorizam o ensino do relacionamento terapêutico de forma a estruturar o bloco teórico conforme as necessidades
Artigo de revisão
Os descritores utilizados para localizar os artigos foram consultados no Descritores em Ciências da Saúde (DeCS), sendo eles: enfermagem psiquiátrica, ensino, saúde mental. Só foram considerados documentos denominados artigos, independentemente do idioma e que se encontravam disponíveis na integra. A busca inicial resultou em 49 publicações, sendo seis encontrados em ambas as bases de dados. Considerando os critérios de exclusão, 21 artigos foram excluídos da amostra, pois não foram publicados no período analisado; dois não estavam disponíveis online; doze eram outros tipos de publicações e dois abordavam ensino médio de enfermagem. Para melhor organizar as informações, construiu-se um instrumento com os dados dos artigos, entre eles, título, autor, revista, ano, país e fonte. Após agruparamse os artigos por similaridade de conteúdos: Práticas de ensino sobre SM e Perspectivas dos alunos e docentes acerca da abordagem psicossocial nas práticas curriculares.
evidenciadas pelos alunos ou oportunidades oferecidas pelos campos de estágios8. Entretanto, no estudo das diretrizes curriculares nacionais referentes ao ensino da EP e SM percebe-se que, apesar da reorientação nos projetos pedagógicos, observam-se processos conservadores que dificultam ao aluno atingir as competências para atuar em SM, o que os leva a buscar nos cursos de especialização alternativas para solucionar a falta de competência na área. Destaca-se que não basta apontar as fragilidades; é necessário superar desafios, implementar as mudanças e colocá-las em prática2. A interdisciplinaridade na formação do profissional de enfermagem é destacada por um estudo de reflexão teórica, no qual conteúdos de disciplinas interagem e estabelecem conexões e mediações. É preciso considerar as relações entre práticas, saberes e discursos que fundam a própria psiquiatria e refletir sobre as condições que possibilitam a constituição de um saber sobre a “loucura” e das práticas de intervenção sobre esta9.
professor e do aluno que vivenciaram a disciplina de enfermagem psiquiátrica e SM na Universidade de São Paulo demonstram que os professores almejam um aluno inserido na realidade, que considere o paciente com dimensões biopsicossociais. O aluno se vê como aquele que quer conhecer os determinantes do adoecer mental e satisfazer curiosidades sobre como é ser portador de transtorno mental. Nesse sentido, professores e alunos descobriram potencialidades pessoais e profissionais12. Considerando as expectativas dos docentes de enfermagem sobre o ensino em SM, evidenciouse uma preocupação dos mesmos em mostrar ao aluno que o portador de transtorno psíquico é um ser como os outros e que a doença mental é uma expressão do sofrimento humano. Além disso, os professores demonstram interesse com a humanização do atendimento em SM e relações interpessoais estabelecidas entre alunos e pacientes, diminuindo inseguranças e a rotulagem social do considerado “diferente”13.
Perspectivas dos alunos e docentes acerca da abordagem psicossocial nas pr áticas curriculares
Consider ações finais
Na publicação referente à revisão de literatura de 2000 a 2005 identificou-se na perspectiva dos professores e alunos que a reformulação de práticas curriculares deve promover sintonia entre o ensino de enfermagem e as propostas da política de SM. Muitos estágios curriculares são realizados em hospitais psiquiátricos, o que acentua a manutenção do modelo manicomial, mostrado-se contraditório à abordagem teórica das disciplinas. Ressaltouse a necessidade de educação permanente dos profissionais, tendo em vista promover uma formação interdisciplinar no campo da SM10. Um estudo reflexivo sobre o processo de trabalho em SM reconhece que a nova orientação do modelo assistencial impõe a implantação de uma rede de cuidados. Trata-se de ruptura paradigmática, conceitual e ética que desperta no educando a necessidade de transformação de conteúdo e prática e afirma a concepção de saúde como processo, na perspectiva de produção de qualidade de vida, enfatizando ações integrais e de promoção de saúde. No campo do ensino e pesquisa, trata-se de consolidar a aquisição teórica do ponto de vista crítico com a contribuição dos conceitos da saúde coletiva11. Os resultados do estudo que buscou compreender o processo ensino-aprendizagem na perspectiva do
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O processo de ensino-aprendizado que contribui para transformação nas práticas de SM está sendo instituído nos cursos de enfermagem aqui analisados, de forma que cada universidade encontra meios criativos, alternativos ou inovadores de ensino. O aluno sente-se motivado quando a universidade se preocupa e investe na sua formação através de modificações curriculares que se adequem às necessidades. Com essa análise espera-se contribuir com avanços e desafios expressos nessa trajetória, a fim de propor reflexão e ação na educação e formação do indivíduo.
Referências 1. Barros S, Claro, HG. Processo ensino aprendizagem em saúde mental: o olhar do aluno sobre reabilitação psicossocial e cidadania. Rev Esc Enferm USP (periódico on-line). 2006 (acesso em 17 nov 2011); 45(3): (cerca de 7 p.). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/reeusp/ v45n3/v45n3a22.pdf. 2. Fernandes J, Sadigursky D, Silva RMO, Amorim AB, Teixeira GAS, Araújo MCF. Ensino da enfermagem psiquiátrica/saúde mental: sua interface com a Reforma Psiquiátrica e diretrizes curriculares nacionais. Rev Esc Enferm USP (periódico on-line). 2009 (acesso em 17 nov 2011); 43(4): (cerca de 6 p). Disponível em http://www.scielo.br/ pdf/reeusp/v43n4/a31v43n4.pdf. 3. Brevidelli MM, De Domenico EB. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2. ed. São Paulo (SP): Iátria; 2008. 4. Munari DBM, Oliveira NFO, Saeki T, Souza MCBM. Análise da produção científica dos encontros de pesquisadores em enfermagem psiquiátrica e saúde mental. Rev Latino-am Enferm (periódico on-line).
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Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão
Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 04 a 07
Artigo de revisão
Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa
Concepções de ensino sobre a enfermagem psiquiátrica: uma revisão integrativa
Recebido 01.07.2012 Aprovado 12.10.2012 * Acadêmica da Faculdade de Enfermagem (FEN)/Universidade Federal de Pelotas (UFPel). elitiele _ ortiz@hotmail.com ** Professora Assistente da FEN/UFPel. beatrizfranchini@hotmail.com *** Professora Assistente da FEN/UFPel. denisegamiodias@hotmail.com **** Professora Assistente da FEN/UFPel. fs.tristao@terra.com.br
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Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 04 a 07
Elitiele Ortiz dos Santos | Beatriz Franchini | Denise Gamio Dias | Fernanda Tristão
formação da enfermeira psiquiátrica na perspectiva da atenção psicossocial. Texto Contexto Enferm (periódico on-line). 2002 (acesso em 19 nov 2011);14(3): (cerca de 7 p.). Disponível em http://www.scielo. br/pdf/tce/v14n3/v14n3a12.pdf. 10. Jorge MSB, Abreu AGC, Lopes CHAF, Morais APP, Guimarães JMX. Saúde Mental e suas dimensões: análise documental das publicações de periódicos de 2000 a 2005, Rev Gaúcha Enferm (periódico on-line). 2008 (acesso em 17 nov 201); 29(3): (cerca de 6 p.). Disponível em http://seer.ufrgs.br/RevistaGauchadeEnfermagem/ article/viewFile/6776/4079. 11. Silva ALA, Fonseca RMGS. Processo de trabalho em saúde mental e o campo psicossocial. Rev Latino-am Enfermagem (periódico online). 2005 (acesso em 17 nov 2011); 13(3): (cerca de 8 p.). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n3/v13n3a20.pdf. 12. Campoy MA, Merighi MAB, Stefanelli MC. O ensino de enfermagem em saúde mental e psiquiátrica: visão do professor e do aluno na perspectiva da fenomenologia social. Rev Latino-am Enferm (periódico on-line) 2005 (acesso em 17 nov 2011); 13(2): ( cerca de 7 p.). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/rlae/v13n2/v13n2a06.pdf. 13. Kantorski LP, Pinho LB, Saeki T, Souza MCBM. Expectativas de docentes sobre o ensino do cuidado em saúde mental. Rev Eletr Enf (periódico on-çine) 2006 (acesso em 2011 nov. 17); 8(3): (cerca de 6 p.). Disponível em http://www.fen.ufg.br/revista/revista8 _ 3/v8n3a07.htm.
Artigo de revisão
2008 (acesso em 17 nov 2011); 16(3): (cerca de 7 p.). Disponível em www.scielo.br/pdf/rlae/v16n3/pt _ 22.pdf. 5. Silveira BV, Soares AN, Reinaldo AMS. Tendências das pesquisas de enfermagem psiquiátrica e saúde mental no período de 1998 a 2008. Cogitare Enferm (periódico on-line). 2010 (acesso em 18 nov 2011); 15(3): (cerca 7 p.). Disponível em http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/ cogitare/article/view/18899/12207. 6. Rodrigues J; Pinho LB; Spricigo JS; Santos MA. Uso da criatividade e da tecnologia no ensino da crise em enfermagem psiquiátrica e saúde mental. SMAD Ver. Eletrônica de saúde mental álcool drog (periódico on-line). 2010 (acesso em 17 nov 2011); 6(1): (cerca de 4 p.). Disponível em http://pepsic.bvsalud.org/pdf/smad/v6n1/11.pdf. 7. Munari DB, Godoy MTH, Esperidião E. Ensino de enfermagem psiquiátrica / saúde mental na faculdade de enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Esc Anna Nery R Enferm (periódico online). 2006 (acesso em 17 nov 2011); 10(4): (cerca de 9 p.). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/ean/v10n4/v10n4a10.pdf. 8. Kantorski LP, Pinho LB, Saeki T, Souza MCBM. Relacionamento terapêutico e ensino de enfermagem psiquiátrica e saúde mental: tendências no Estado de São Paulo. Rev Esc Enferm USP (periódico on-line). 2005 (acesso em 17 nov 2011); 39(3): (cerca de 7p.). Disponível em http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v39n3/10.pdf. 9. Tavares CMM. A interdisciplinaridade como requisito para a
O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 04 a 07
Patients coping with the diagnosis of acute myocardial infarction in emergency room * Eveline dos Santos Soares ** Maria Salete Salvaro *** Mágada Tessmann Schwalm
**** Karina Cardoso Gullis Zimermann ***** Maria Tereza Brasil Zanini
Resumo – O infarto agudo do miocárdio é o processo pelo qual o tecido miocárdico é destruído em regiões desprovidas de um suprimento sanguíneo adequado. Este estudo tem como objetivo conhecer o enfrentamento do cliente com diagnóstico médico de infarto agudo do miocárdio na emergência. O estudo é de cunho qualitativo, descritivo, de campo. A análise e interpretação dos dados qualitativos foram realizadas pela categorização dos dados. Diante da amostra perceberam-se os mais diversos sentimentos no enfrentamento do infarto agudo do miocárdio, como: impotência, medo do desconhecido, medo da morte, tristeza e dor. Concluímos que o processo de trabalho no Centro de Dor Torácica, pronto atendimento, é um desafio constante, pois os profissionais atuam com o limiar da vida, e é imprescindível uma equipe qualificada e ágil para atender as emergências. Palavras-chave: Urgência e emergência; infarto agudo do miocárdio; enfrentamento.
Abstract – Acute myocardial infarction is the process whereby the myocardial tissue is destroyed in regions where blood supply is insufficient. This study aims at evaluating the patients coping with a diagnosis of Acute Myocardial Infarction in the emergency room. This is a qualitative, descriptive and exploratory field research. Qualitative data were analyzed by categorizing data. Results show diverse feelings in coping with acute myocardial infarction, such as impotence, fear of the unknown, fear of death, grief and pain. Concluding, it is possible to say that the work process in the cardiac emergency is a constant challenge, as professionals work with the threshold of life, and a qualified and agile team is essential to meet emergencies. Keywords: Emergency; acute myocardial infarction; coping with.
Introdução
oferecendo carinho, atenção, informando sobre os procedimentos a serem realizados, compreendendo suas características, entre outros procedimentos, fará a grande diferença em seu processo de reabilitação. Por outro lado, o manejo com as doenças cardiovasculares merece destaque nas ações de saúde. Dentre elas podemos citar o Plano de Ações e Estratégias para o Enfrentamento das Doenças Crônicas no Brasil, 2011 a 2022. O plano visa preparar o país nos próximos dez anos para enfrentar e deter as doenças crônicas, dentre as quais o infarto agudo do miocárdio. Como resposta ao desafio das doenças crônicas, o Ministério da Saúde do Brasil tem implementado importantes políticas de enfrentamento, com destaque para a organização da vigilância, cujo objetivo é conhecer a distribuição, a magnitude e a tendência das ocorrências das doenças crônicas, seus agravos, os fatores de risco e apoiar as políticas públicas de promoção da saúde. O plano aborda os quatro principais grupos de doenças – cardiovasculares, câncer, respiratórias crônicas e diabetes –, seus fatores de risco em comum modificáveis (tabagismo, álcool, inatividade física, alimentação não saudável, obesidade) e define diretrizes e ações em vigilância, informação, avaliação, monitoramento, promoção da saúde e cuidados integrais.
O presente estudo objetivou identificar o enfrentamento do cliente com o diagnóstico médico de infarto agudo do miocárdio na emergência, assistidos em um hospital privado, no sul do Estado de Santa Catarina. Diante da prática assistencial vivenciada como enfermeira do Centro de Dor Torácica, pronto atendimento, cuja unidade tem o objetivo de atender clientes com queixa de dor no peito, objetivando atingir um diagnóstico rápido e preciso, agilizando o atendimento, percebeu-se que, mesmo de forma empírica, quando encaminhados à sala de primeiro atendimento, apresentam diagnósticos de enfermagem de medo, angústia e dor. O medo da morte e a dúvida do desconhecido são comuns no pronto atendimento. O cliente encontra-se em um ambiente desconhecido, profissionais também desconhecidos, equipamentos que muitas vezes permanecem com seus alarmes ligados, produzindo ruídos que suscitam maior dúvida em relação ao prognóstico. Esses sentimentos potencializam o estresse e são geradores de ansiedade, o que em muitos casos compromete o quadro clínico do cliente. A vivência profissional revela que acolher o cliente com sintomas de dor torácica, na sala de emergência,
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METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa do tipo descritiva. A análise e a interpretação dos dados foram realizadas pela categorização, através da ordenação, classificação
e análise final dos dados pesquisados. A amostra constituiu-se de dez clientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. O instrumento utilizado para coleta de dados foi a entrevista semiestruturada, realizada após a manifestação do aceite com assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética da Unesc, protocolo número 317/2011. Os aspectos éticos seguem os princípios da Resolução 196/96 do CONEP – Conselho Nacional de Pesquisa2.
APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS Apresentam-se neste capítulo os resultados dos dados coletados durante a realização da pesquisa. Quadro 1: Caracterização dos entrevistados Gênero
Idade
Participante
Profissão
Masculino
40 – 50
8
Funcionário público, empresário.
Feminino
50 – 70
2
Aposentadas
Fonte: Dados coletados pelas pesquisadoras, 2011.
No estudo evidenciou-se a predominância no gênero masculino. Os fatores de risco responsáveis pelo desenvolvimento das doenças cardíacas são história familiar de doença arterial coronariana e idade superior a 45 anos para homens3. A proteção das mulheres, antes da menopausa, parece estar relacionada a alguns mecanismos da fisiologia reprodutiva, responsáveis por uma proteção hormonal. Após os 50 anos, com o advento da menopausa, as mulheres tornam-se tão vulneráveis ao infarto quanto os homens da mesma faixa etária. Há também os fatores de risco não modificáveis nos homens, como idade, sexo e história familiar. No entanto, existem os fatores que podem ser modificáveis para o desenvolvimento do infarto: tabagismo, bebidas alcoólicas, sedentarismo e alimentação, entre outros. O Ministério da Saúde lançou no ano de 2011 um Plano de Ações Estratégicas das Doenças Crônicas, 2011-2022. Este define e prioriza as ações e os investimentos necessários para preparar o país para enfrentar e deter as doenças crônicas nos próximos 10 anos, dentre elas o infarto agudo do miocárdio. O objetivo é o de promover o desenvolvimento de políticas públicas efetivas para o controle das doenças crônicas e seus fatores de risco. A maioria das mortes por doenças crônicas são as doenças cardiovasculares. As principais causas dessas doenças incluem fatores de risco modificáveis, como o tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas, inatividade física e alimentação inadequada.
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Nesse sentido, o profissional enfermeiro tem uma grande responsabilidade em estar capacitando profissionais de saúde para prestar atendimento de excelência a estes pacientes. É também responsável em estar implantando protocolos para o atendimento ao cliente com infarto agudo do miocárdio promovendo políticas de educação em saúde, estimulando e orientado o cliente para o autocuidado. Considera-se muito importante o atendimento inicial ao cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. As primeiras horas farão a grande diferença na recuperação. Faz parte do processo de recuperação e tratamento a admissão do cliente na unidade de emergência, por sua magnitude, a despeito da existência de procedimentos terapêuticos capazes de melhorar o prognóstico do cliente. O infarto agudo do miocárdio causa necrose do tecido cardíaco, em decorrência do deficiente suprimento sanguíneo, consequente da oclusão de um vaso coronariano causada por trombo ou estenose, destruindo o tecido miocárdico e comprometendo fisiologicamente todo o organismo, causando lesões irreversíveis ao paciente, quando não a morte. A unidade de emergência não é apenas um serviço com equipamentos especiais, mas sim a prestação da assistência ao enfermo hemodinamicamente grave, como um dos fatores primordiais, que muitas vezes chega neste setor inconsciente e acompanhado pelos familiares1. Este cuidado deve ser realizado por meio de um relacionamento interpessoal, cujo instrumento se dá por via da comunicação verbal ou não verbal, e o toque, contribuindo para amenizar a ansiedade e o medo do desconhecido desses doentes. A unidade de emergência é um local onde é prestado atendimento rápido, ágil, garantindo todas as maneiras de sustentação da vida, assegurando atendimento efetivo, além de prestar apoio emocional ao cliente e à família para que possam enfrentar positivamente o quadro clínico. Nesse sentido, necessita o enfermeiro apodera-se de conhecimentos técnicos e científicos para garantir um cuidado de qualidade. Visando responder à pergunta de pesquisa, o enfrentamento do cliente com o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência é nosso desafio premente.
Artigo de pesquisa
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O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
Artigo de pesquisa
O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
Sentimentos na admissão na unidade de dor tor ácica Quando entrevistados os clientes acerca dos sentimentos na admissão da unidade, obtivemos os seguintes resultados: • Dor, medo, angústia, impotência, tristeza.
[...] tive muito medo do desconhecido [...]. Por isso, faz-se necessário que a equipe de enfermagem envolva-se com o cliente no momento de admissão na unidade de emergência; este deve ser o pré-requisito para humanização, na tentativa de amenizar esses medos. O serviço de enfermagem do Centro de Dor Torácica não utiliza em seu processo de trabalho uma teoria de enfermagem específica que norteie seu serviço.
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[...] medo de como seria minha vida daqui para frente [...] Na verdade, os sentimentos citados acima, de impotência e medo do desconhecido, são experimentados quando o cliente se defronta com algo que parece ser, ou de fato é, perigoso ou ameaçador. Esses sentimentos desencadeiam uma reação de ansiedade que se torna constante e se exacerba quando a ameaça de perda é real.
Impacto do diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
• Impotência, intranquilidade, medo, resistência. O cliente, quando é admitido na unidade de emergência, se depara com dificuldades psicológicas, pelo fato de estar inserido numa unidade de emergência, um local destinado a atender pacientes de menor a maior complexidade, situações de urgência e emergência que possam oferecer risco de vida, e com diagnóstico médico de infarto agudo do miocárdio, considerado a causa líder de mortalidade no mundo.
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[...] me senti impotente, não poderia fazer mais nada. [...] fui muito resistente no momento que o médico me informou que eu estava infartado. As doenças ocorrem na vida dos clientes, levando-os a se deparar com limitações, frustrações e perdas, entre outras. Essas mudanças são definidas pelo tipo de doença e o significado que o paciente e família atribuem a ela.
Sentimentos ocasionados a partir do encaminhamento par a a unidade de ter apia intensiva ou hemodinâmica • Medo, intranquilidade, morte, angústia.
Os clientes com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio necessitam de hospitalização, porém, o tratamento inicial é realizado na sala de emergência, e posteriormente são encaminhados à Unidade de Terapia Intensiva ou Hemodinâmica Cardíaca. Percebemos nesse momento os diversos sentimentos vivenciados pelos clientes pesquisados. A Unidade de Terapia Intensiva caracteriza-se como uma unidade reservada, complexa, dotada de monitorização contínua, fornecendo suporte e tratamento intensivo, equipamentos específicos para diagnóstico e vigilância por 24 horas4. [...] quando fui para a UTI coloquei na mão de Deus, achava que iria morrer. [...] sentimento de morte. [...] senti uma angústia, nunca tinha ido para a UTI e eu não sabia o que ia acontecer. Embora faça parte do ciclo natural da vida, a morte ainda nos dias atuais é um tema bastante polêmico, por vezes evitado e por muitos não compreendido, gerando medo e ansiedade. Nas unidades de terapia intensiva suas nuanças são acentuadas por serem locais onde o viver e o morrer se aproximam com maior frequência. Em se tratando de cuidados a paciente críticos, lembramos que o enfermeiro utiliza um método para sistematizar este cuidado, denominado Sistematização
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É perceptível na admissão dos clientes, na unidade de dor torácica, a expressão facial de medo, angústia, tristeza e impotência, já que foram surpreendidos com uma dor no peito, provocando de certa forma uma desestruturação em níveis biopsicossociais, inicialmente marcado por alto nível de ansiedade.
A informação do diagnóstico de infarto agudo do miocárdio traz muito estresse/medo, afetando o paciente e gerando dúvidas e incertezas existenciais. Vejamos algumas falas:
da Assistência de Enfermagem. Esta é uma atividade privativa do enfermeiro. A Sistematização da Assistência de Enfermagem foi desenvolvida como método específico para aplicação da abordagem científica ou da solução de problemas em saúde. Elencamos abaixo principais diagnóstico de enfermagem relacionados às demandas terapêuticas apresentadas pelo cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio. D.1. Ansiedade relacionada a morte, à incerteza quanto ao prognóstico caracterizado por relatos de medo do processo de morrer. D.2. Medo, relacionado à falta de familiaridade com experiência ambientais, caracterizado relato de autossegurança diminuída. D.3. Fadiga, relacionada ao estresse, caracterizado por cansaço.
Perspectiva par a volta à atividade labor al
• Cautela, atividades com restrição, mudança no estilo de vida, invalidez, esperança.
[...] sei que não poderei mais pegar peso, terei que diminuir as minhas atividades [...] [...] pensei que não pudesse mais retornar ao trabalho, vou poder fazer tudo, mas com cautela, estou feliz por isso [...] [...] mudança de vida [...]
Acolhimento da equipe de saúde • Acolhido, protegido; rápidos, atenciosos.
O acolher é tornar o atendimento humanizado, ouvir, respeitar, ser resoluto nas situações críticas e ser também o apoio para o cliente que se encontra em uma situação emergencial, que necessita, além do acolhimento, de agilidade e eficácia.
[...] a equipe é muito atenciosa e rápida [...] [...] me senti muito acolhido pela equipe, foram muito atenciosos comigo e minha esposa [...] [...] eles foram muito rápidos, senão não resistiria [...]
Percepção de si e da família diante do diagnóstico médico de infarto agudo do miocárdio
• Mudança de vida, preocupação quanto ao futuro. Diante do exposto, percebeu-se uma profunda reflexão dos clientes com relação ao diagnóstico de infarto internados no Centro de Dor Torácica. Relatam os aspectos negativos atribuídos ao infarto em sua vida e ressaltam a dificuldade encontrada para lidar com suas potencialidades humanas, por se encontrarem despreparados para essa súbita sobrecarga sensorial. A equipe de enfermagem trabalha no sentido do autocuidado, para que o próprio cliente realize benefícios deliberadamente com a finalidade de manter a vida, a saúde e o bem-estar no processo de reabilitação. “As práticas de autocuidado são condutas aprendidas e determinadas pela cultura do grupo a qual ao pessoa pertence”6:118. [...] depois desse susto, sei que tenho que me cuidar mais, e seguir as orientações do meu médico e tomar os remédios certinhos [...].
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Percebemos que para alguns entrevistados a experiência de ter enfartado gerou esperança, para outros invalidez, outros ainda foram desafiados a realizar uma mudança profunda no estilo de vida. O estilo de viver do homem atual gera estresse, sedentarismo, alimentação irregular e prática de comportamentos não saudáveis e de risco, gerando assim uma consequência em longo prazo prejudicial à saúde. O investimento na conquista de uma vida com melhor qualidade pode ser construído e consolidado em um processo que inclui reflexão sobre o que é definitivo para sua qualidade de vida.
O Ministério da Saúde define acolhimento como: recepção ao usuário, desde a sua chegada, responsabilizando-se integralmente por ele, ouvindo sua queixa, permitindo que ele expresse suas preocupações, angústias, e, ao mesmo tempo, colocando os limites necessários, garantindo atenção resolutiva e articulação com os outros serviços de saúde para a continuidade da assistência, quando necessária5. O ato de acolher permite o encontro, o relacionamento com cliente e família e os demais membros da equipe, assim gerando relações humanizadas entre quem cuida e quem é cuidado. Acolher significa receber, recepcionar e, também, aceitar o outro como sujeito de direitos e desejos e como corresponsável pela produção da saúde, tanto na perspectiva individual como do ponto de vista coletivo. Vejamos algumas falas:
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O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
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O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
[...] sei que daqui para frente terei que mudar, será uma mudança radical na minha vida [...].
Representação da internação Vejamos o que representou a internação para os entrevistados: • Mudança de vida, reflexão, seguimento da dieta.
[...] pensei muito nas loucuras que eu fazia... agora terei que diminuir tudo de exagero, bebida, alimentação, sedentarismo; caso queira viver, terei que me habituar com os hábitos saudáveis [...]. [...] transformação na minha vida [...].
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[...] representou tudo na vida! Eu já sentia essas dores há muito tempo, e demorei em procurar médico, mas daqui para frente será diferente [...]. A associação do estresse mental com eventos arrítmicos relaciona-se com a hiperatividade simpática e uma redução da atividade parassimpática, além da presença de isquemia. Essas alterações favoreceriam a instabilidade elétrica miocárdica, levando ao desenvolvimento de arritmias ventriculares letais. “O enfrentamento no processo saúde-doença faz com que algumas pessoas reflitam sobre o seu dia a dia e ao mesmo tempo optem por uma vida mais harmoniosa e tranquila. O momento da internação hospitalar para muitos serve, além da recuperação, para replanejamento e redimensionamento acerca da existência humana e de tudo aquilo que possa prolongar a vida”3:109. Enfrentamento do cliente com infarto agudo do miocárdio
• Impotência, incerteza; tranquilidade, naturalidade, fé. A experiência do infarto agudo do miocárdio é vivenciada de forma individual, isto é, varia de paciente para paciente, gênero, cultura, papel social e expectativa de vida. O infarto agudo do miocárdio diferencia-se das demais enfermidades pela abrupta modificação
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[...] tive muita fé, eu sabia que ia dar certo [...]. [...] tive muito medo, pensei que eu fosse morrer [...]. A espiritualidade expressada pela oração e a crença em Deus é considerada um recurso para minimizar o próprio sentimento, bem como para fortalecer a esperança de sobrevivência e de recuperação. Alguns clientes expressam o infarto como acontecimento que lembra a morte, entre outros aspectos, a sensação de morte iminente, de não ter esperanças em viver, dúvidas de como seria a vida depois do infarto e sentir a morte em si traduz medo, ansiedade e angústia, pertinente ao desencadeamento de vários níveis de uma doença de aspecto tão mórbido e devastador. Enfrentar o quadro clínico de infarto agudo do miocárdio faz compreender o significado da doença, já que possui algumas especificidades. É saber o sentido expresso pelo paciente de tudo que vivenciou, seus desejos, medos, intenções. Isso possibilita verificar o âmbito de atuação da enfermagem, para posterior entendimento das necessidades do cliente e melhor adaptação a uma diferente circunstância de vida. Na situação de enfrentamento da doença percebeu-se o desgaste emocional e o trauma do cliente, já que essa doença é ameaçadora de morte, envolvendo limitação física. Representa para muitos uma perda, nada menos do que a exigência de passar pelo luto por não ter mais a saúde completa, significando também um abalo a sua onipotência, que é uma das características marcantes na personalidade do paciente coronariano. Relatam os aspectos negativos atribuídos ao infarto em sua vida e ressaltam a dificuldade encontrada para lidar com as suas limitações.
CONSIDER AÇÕES FINAIS As experiências vividas pelos clientes no enfrentamento do infarto agudo do miocárdio são as mais diversas e diferentes. Partimos do pressuposto que cada um dos entrevistados traz
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A unidade de internação tem como foco o tratamento do cliente e seus familiares, unido à prevenção. Dessa forma, faz-se necessário trabalhar de maneira intensiva a educação do cliente, desde o primeiro dia de internação, permitindo que ele conheça a sua doença, os seus medicamentos, os fatores de risco e como minimizá-los, fazendo com que diminua a probabilidade de reinternação. Vejamos algumas falas:
ocorrida no cotidiano das pessoas. O indivíduo está inserido em uma trajetória de vida, ativo e engajado socialmente, e repentinamente defronta-se com seu coração em mau funcionamento, inserido num ambiente hospitalar. Adoecer, na maioria das vezes, desencadeia sofrimento emocional vinculado ao medo de morte, do desconhecido, solidão, angústia. Para outros, esse momento conturbado e de hospitalização representa sentimentos de fé.
Além de um atendimento eficaz, o enfermeiro humaniza. Quando falamos de sofrimento, as percepções de dor ou de prazer no corpo para serem humanizadas necessitam ser reconhecidas pelo outro. Para o profissional de saúde, a humanização depende da capacidade de falar, de ouvir e de perceber. Ouvir as queixas com paciência, ser sincero, leal ao cliente, perceber seus sentimentos faz crescer o elo profissional-cliente porque é o momento da identificação dos sentidos do ser humano. A experiência vivenciada no Centro de Dor Torácica reforça a ideia que o enfermeiro é o profissional que se distingue dos outros membros da equipe de saúde, uma vez que ele geralmente está mais próximo dos clientes, utiliza uma linguagem acessível, possui maior interação, desempenha papel acolhedor, resultando em uma percepção diferenciada da pessoa assistida, possibilitando o cuidado integral e humanizado.
REFERÊNCIAS 1 Salome P, Martins R, Esposito M. Guia prático de UTI. São Paulo: Ed. Atheneu; 2009. 2 Ministério da Saúde (BR). Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96, estabelece as diretrizes e normas regulamentadoras de pesquisa envolvendo seres humanos. Brasília: Ministério da Saúde; 1996. 3 Zambonato D, Stamm EMF, Kirchner, RM, Berlize EM, Lana MM, Schmidt DL. Fatores de risco de idosos que sofreram infarto agudo do miocárdio. R Técnico-Cienta Enferm 2011; 9(27):116-22. 4 Cheregatti AL, Amorim CP, organizadores. Enfermagem: unidade de terapia intensiva. São Paulo: Martinari; 2010. 5 Ministério da Saúde (BR). Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 6 Silva DC. A contribuição do acolhimento com a classificação de risco nos serviços de urgência para a organização e gerenciamento. R. Técnico-Cient Enferm 2010; 8(25):187-95. 7 Plano de ações e Estratégias para o enfrentamento das Doenças Crônicas não Transmissíveis (DCNT) no Brasil. Brasília DF. 21 de julho. Ministério da Saúde. 8 Diagnóstico de Enfermagem da NANDA: definições e classificações 2007 – 2008/ ; Tradução Regina Machado Arcez. Porto Alegre: Artmed; 2008; 396 p.
Recebido 29.03.2012 Aprovado 13.10.2012 * Enfermeira. Especialista em Urgência e Emergência pela UNESC. Professora do Curso Técnico em Enfermagem. E-mail: evesoares@hotmail.com ** Enfermeira. Mestre. Professora do Curso de Enfermagem da UNESC. Email: mssalvaro@unesc.net *** Enfermeira. Mestre em Educação Coordenadora do Curso de Enfermagem da UNESC. E-mail. mts@unesc.net **** Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora do curso de enfermagem da Unesc. E-mail: karina@unesc.net ***** Enfermeira. Professora do Curso de Graduação em Enfermagem da UNESC. Especialista. E-mail: mbz@unesc.net
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consigo uma experiência de vida, cercado por uma rotina, estilos de vida, vivências, entre outros. Nesse sentido, faz-se necessário que nós, enquanto equipe de enfermagem, saibamos aprender e a conhecer as estratégias de enfrentamento vivenciadas, contribuindo, assim, para maximizar os resultados da assistência de enfermagem. Os sentimentos no enfrentamento são os mais diversificados. Citamos: impotência, angústia, medo, medo da morte e mudança de vida. O enfermeiro deve ser muito bem qualificado para trabalhar com este tipo de paciente, cuidando-o numa visão holística. Outro fator importante que levantamos é da necessidade do enfermeiro adotar o processo de enfermagem, pois ele dá visibilidade ao seu trabalho e garante uma assistência de enfermagem qualificada. O início da assistência ao paciente infartado começa com a percepção das suas necessidades, planejadas em assistência integral e humanizada, visando ao cuidado com o cliente infartado e suas especificidades biológicas, sociais e psicológicas, com o intuito de diminuir o sofrimento vivenciado. O estudo evidenciou que a dificuldade vivida pelos clientes com diagnóstico de infarto foi insuficiente conhecimento sobre a doença. O desconhecimento no enfrentamento da doença aumenta as chances de os clientes sentirem-se com maior medo, incertezas e até medo da morte. Por outro lado, evidenciou-se que outros clientes enfrentaram o diagnóstico de infarto agudo do miocárdio de forma positiva, descrevendo-o como tranquilidade, confiança na equipe e fé. O processo de trabalho na emergência cardiológica é um desafio constante, pois os profissionais atuam com o limiar da vida, e é imprescindível uma equipe qualificada e ágil para atender às emergências. O perfil esperado do enfermeiro para esta unidade é conhecimento científico, prático e técnico, a fim de que possa tomar decisões rápidas e concretas, transmitindo segurança para toda a equipe e principalmente diminuindo os riscos que ameaçam a vida do cliente.
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O enfrentamento do cliente com diagnóstico de infarto agudo do miocárdio na emergência
Gestão da dor no pós-operatório imediato: relato de experiência
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Management of pain in the immediate postoperative: report of an experience * Nery José de Oliveira Junior ** Márcia Rejane Strapasson *** Deise Simão Arregino
**** Carize da Silva Costa ***** Sheila Renata Zortéa ****** Daniela Correa
Resumo – Este trabalho busca relatar a experiência do enfermeiro na gestão da dor no pós-operatório imediato baseado no protocolo de atendimento hospitalar. Trata-se de um relato de experiência a partir das vivências no desenvolvimento de atividades em uma sala de recuperação pós-anestésica de um hospital de grande porte na cidade de Porto Alegre/RS. Do relato da experiência emergiram duas categorias: protocolo de avaliação da dor na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) e a atuação da enfermagem no cuidado à dor do paciente na admissão, durante a internação até a alta da SRPA. Este estudo possibilitou inferir que a partir da inclusão da avaliação da dor como quinto sinal vital, os pacientes puderam deixar a sala de recuperação sem ou com uma dor menor de 4, podendo dar continuidade à gestão da sua dor na unidade de destino, pois todos os profissionais de enfermagem da instituição encontravam-se capacitados para tal avaliação e que que o protocolo da dor possibilita sistematizar o cuidado. Palavras-chave: Avaliação da dor; assistência no período pósoperatório; enfermagem em sala de recuperação.
Abstract – This paper seeks to relate the experience of nurses in the management of pain in the immediate postoperative care protocol based hospital. This is a report based on experiences during activities developed in a room post-anesthesia recovery of a large hospital in Porto Alegre / RS. From experience report emerged two categories: protocol for assessing pain in the Recovery Room Post-Anesthesia (RRPA) and the role of nursing care pain in the patients on admission, during hospitalization and the discharge from the RRPA. This study allowed us to infer that from the inclusion of the assessment of pain as the fifth vital sign, patients were able to leave the recovery room with or without a pain under four, and can continue to manage their pain on the destination unit, once that all nursing staff of the institution was trained for such evaluation and the pain protocol allows systematizing care. Keywords: Evaluation of pain; assistance in postoperative period, nursing in recovery room.
Introdução
sinal vital e a sua mensuração no pós-operatório imediato assume importância fundamental sobre as ações da equipe de saúde quanto ao manejo, à satisfação, à insatisfação e ao conforto, proporcionando ao cliente influência no julgamento em relação à assistência prestada3. A avaliação e o tratamento da dor iniciam na admissão do paciente e devem ser contínuos durante a evolução clínica do cliente6. A persistência da dor pode ocasionar: ansiedade, angústia, elevação da pressão arterial, aumento da frequência cardíaca e respiratória, entre outras consequências, que podem resultar em hipoventilação, aumento do trabalho cardíaco e diminuição da perfusão sanguínea periférica. Nos quadros hemorrágicos os estímulos nociceptivos podem agravar o choque, pelo aumento do trabalho do ventrículo esquerdo e redução da oferta de oxigênio7. A qualidade do gerenciamento da dor instituído no pós-operatório é a única variável onde a equipe pode e tem a obrigação de interferir visando a uma melhor recuperação do paciente8. Os indivíduos, de modo geral, sabem o que é dor, porém, torna-se difícil descrever a própria dor e impossível conhecer exatamente a experiência de dor de outra pessoa. Essa dificuldade decorre do fato de que a dor é uma experiência individual, com
Diariamente, são realizados inúmeros procedimentos cirúrgicos no meio hospitalar, e a dor é uma das principais complicações do pós-operatório imediato¹. A dor aguda pós-operatória é resultado do trauma cirúrgico local e tem objetivo protetor, sinalizando ao organismo que existe lesão. Nesse período, a dor é muito desconfortável, já que provoca alterações não só anatômicas e fisiológicas, mas também sintomas psicológicos negativos. A Sociedade Internacional para o Estudo da Dor (IASP) define dor como uma experiência sensitiva emocional desagradável relacionada à lesão tecidual, real ou potencial, que se modifica de pessoa para pessoa2,3, e que sofre interferências quanto à sua intensidade e qualidade. Trata-se de uma manifestação subjetiva, que envolve mecanismos físicos, psíquicos e culturais. A dor é um sintoma desagradável comum nas doenças cirúrgicas, no momento do diagnóstico como no pós-operatório4, sendo caracterizada como uma das principais causas de sofrimento humano, comprometendo a qualidade da recuperação de um pós-operatório, refletindo no seu estado físico e psicossocial5. A dor é o quinto
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e fisiológicas da dor, tais como: expressão facial, inquietação, posicionamento protetor, insônia, ansiedade, irritabilidade, sudorese, palidez, taquicardia, taquipneia, hipertensão, entre outras. O interesse em realizar este estudo referente à avaliação da dor no pós-operatório imediato surgiu a partir da vivência de um dos autores como enfermeiro gestor de sala de recuperação anestésica e da constatação de que a gestão da dor no pós-operatório apesar de ser o quinto sinal vital constituído, ainda é pouco presente na prática assistencial das instituições de saúde. Neste cenário emergiu a seguinte questão que norteou este estudo: Como é realizada a gestão da dor no pósoperatório imediato de um hospital privado de Porto Alegre/RS? Diante desses aspectos, este estudo tem como objetivo descrever as experiências do enfermeiro na gestão da dor no pós-operatório imediato baseado no protocolo de atendimento hospitalar.
METODOLOGIA Trata-se de uma pesquisa descritiva e analítica, do tipo relato de experiência, na qual se faz a descrição do trabalho desenvolvido pelo enfermeiro atuante na sala de recuperação pós-anestésica (SRPA) na gestão da dor, realizada pelos enfermeiros em meio às atividades assistenciais, gerenciais e educativas em enfermagem. O campo do estudo foi a sala de recuperação pós-anestésica de um hospital privado de Porto Alegre/RS que atende usuários de planos de saúde e/ou particulares com equipes médicas cadastradas no hospital. A SRPA se localiza no segundo andar do hospital, próxima ao bloco cirúrgico, e conta com a capacidade de 13 leitos, a fim de receber pacientes oriundos do centro cirúrgico, centro de terapia vascular e centro de diagnóstico por imagem. Passam por esta SRPA em média 600 pacientes por mês. O atendimento na SRPA é realizado por uma equipe multidisciplinar composta de médicos, enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, técnicos de enfermagem, técnicos administrativos e outros. O recorte temporal descrito neste relato de experiência percorre os anos de 2011 a 2012, período no qual foi elaborado o protocolo de avaliação da dor pós-anestésica nesta instituição, constituindo-se em experiência para um dos autores do estudo, o qual constitui a população do estudo. Para elaboração do estudo foram percorridas as seguintes etapas: estabelecimento da hipótese e objetivo do relato de experiência; estabelecimento do período do estudo; definição das informações a serem extraídas para elaboração de categorias do estudo e concomitante discussão. Para nortear esta
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características próprias do organismo, associada a sua história passada, além do contexto no qual ela é percebida9. Há mais de 10 anos foi publicada pela Joint Comission on Accreditation on Heathcare Organizations (JCAHO) uma norma que descreve a dor como quinto sinal vital10. A queixa de dor deve ser sempre valorizada e respeitada, devido ao desconforto que cada cliente manifesta. Durante a hospitalização, alguns clientes são submetidos a procedimentos cirúrgicos, o que desencadeia um processo de dor na sala de recuperação pós-anestesia5. Embora a dor se faça tão presente nesse cotidiano e seus estudos tenham evoluído muito nos últimos anos, ainda existem lacunas no conhecimento sobre esse evento. Vale ressaltar que a equipe de enfermagem é quem efetivamente convive mais tempo com o cliente; dessa forma, faz-se necessário que saiba conhecer os sinais de dor para assim buscar intervir corretamente no seu alívio3-4,11. Os instrumentos para mensurar a dor podem ser unidimensionais ou multidimensionais. Entre as escalas unidimensionais destacam-se as numéricas (utilizam categorias numéricas), as verbais (categorias adjetivais) e as analógico-visuais (julgamentos visu-ais). A Escala Visual Numérica (EVN) é uma das mais usadas, graduada de zero a dez, na qual zero significa ausência de dor e dez, a pior dor imaginável12,13; a Escala Visual Analógica (EVA), é um instrumento simples, sensível e reprodutível, permitindo análise contínua da dor, consiste de uma faixa limitada de 10 cm de comprimento, a qual representa o contínuo da experiência dolorosa e tem em suas extremidades palavras-âncora como: sem dor e pior dor possível13. Sem dúvida, ambas possuem vantagem de facilitar o contato cuidadorcliente, ao compartilhar a intensidade da dor, e fornece ao cliente um instrumento para “se fazer entender”. Para a avaliação multidimensional, a dor é caracterizada em três dimensões: a sensorial-discriminativa (referente às características espaciais, de pressão, de tensão, térmicas e de vivacidade da dor), a motivacional-afetiva (que se traduz por sentimentos de cansaço, de medo, de punição) e a cognitivoavaliativa (que se refere à situação global vivenciada pelo indivíduo). O fenômeno multidimensional destaca a importância das palavras, caracterizadas como descritores de dor13. A experiência dolorosa é evento muito amplo, não se resumindo apenas à intensidade. As características da dor também devem ser avaliadas, incluindo o seu início, local, irradiação, periodicidade, tipo de dor, duração e fatores desencadeantes. É importante observar as reações comportamentais
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Nery José de Oliveira Junior | Márcia Rejane Strapasson | Deise Simão Arregino | Carize da Silva Costa | Sheila Renata Zortéa | Daniela Correa
Gestão da dor no pós-operatório imediato: relato de experiência
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Gestão da dor no pós-operatório imediato: relato de experiência
RELATANDO A EXPERIÊNCIA
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Protocolo de avaliação da dor na SRPA Todos os pacientes que ingressam nesta unidade têm seus sinais vitais aferidos na primeira hora de 15-15 min, na segunda hora 30-30 min, na terceira hora de 1-1 h e a partir daí de 2-2 horas dependendo da estabilidade do paciente. Busca-se a mensuração da dor com o objetivo de melhor interpretar essa experiência complexa e poder determinar e avaliar a melhor conduta terapêutica. A mensuração, ao ser mais fidedigna, propicia a determinação se os riscos de um dado tratamento superam os danos causados pelo problema clínico. A avaliação da dor como quinto sinal vital entra junto na aferição dos sinais vitais, sendo que quando o paciente vier a apresentar dor menor ou igual a três serão ofertadas medidas de conforto, como: melhorar o posicionamento do paciente; avaliar condições do ambiente (frio, calor, barulho, etc.); comunicar ao enfermeiro e aguardar orientação; reavaliar a dor em uma hora, repetindo o procedimento de avaliação da dor. Se o paciente apresentar dor maior ou igual a quatro, o mesmo será medicado de acordo com a prescrição médica e reavaliado em 30 min de acordo com o Programa Operacional Técnico (POT) da Instituição. Na dor aguda deverá ser instituído protocolo de avaliação e tratamento, que passará a utilizar instrumento específico. O profissional médico deverá ser incluído no processo de instituição e monitoramento das dosagens adequadas conforme protocolo (normas para o tratamento da dor). Mediante a ausência da dor, a reavaliação deverá ser realizada conforme a rotina da verificação dos sinais vitais de cada unidade assistencial.
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Atuação da enfermagem no cuidado à dor do paciente na admissão, durante a internação até a alta da SRPA A equipe de enfermagem atuante na SRPA deve estar atenta para prestar o suporte necessário ao paciente, pois o momento da recuperação é um período que se caracteriza pela criticidade da estabilização hemodinâmica do paciente. Neste período, se a dor não for gerenciada com efetividade, pode-se prejudicar e ou retardar a recuperação do paciente. O profissional deve valorizar a dor do paciente sempre e em todas as circunstâncias, uma vez que se caracteriza como um sinal subjetivo, envolto pela cultura, pelas crenças e pelos modos de vida. Na admissão na SRPA, o paciente deve ser acomodado e aquecido, seguido da verificação dos sinais vitais. Após esse período, faz-se necessário deixar o paciente relaxar e descansar do procedimento a que foi submetido, evitando assim o estresse e estímulo à dor, provocados por agitação, ansiedade, emoções, entre outras causas. Depois da recuperação do paciente, é importante o preparo para a alta, sempre assistida por um profissional da equipe de enfermagem, a fim de dar apoio para levanta-se, alimentar-se, e aos poucos deixar a cama e vestir-se. O fechamento encerra-se com a alta, atividade privativa do profissional médico. No entanto, em algumas situações o pró-rio enfermeiro ou técnico de enfermagem acompanham o paciente até a saída do hospital, proporcionando com este gesto a implementação do acolhimento e articulação com a política de humanização preconizada pelo Ministério da Saúde. Dessa forma, a organização de saúde busca fidelizar o cliente, pois em futuras internações o hospital e equipe de enfermagem serão referência para o paciente, os familiares e amigos.
CONSIDER AÇÕES FINAIS Este estudo possibilitou relatar o cuidado da equipe de enfermagem junto ao cliente com dor, intervindo de maneira positiva, respeitando a individualidade e subjetividade do paciente, contribuindo assim para a realização de um cuidado humanizado. A partir da inclusão da avaliação da dor como quinto sinal vital, os pacientes puderam deixar a SRPA sem dor ou com uma dor menor que quatro, podendo dar continuidade ao controle da sua dor na unidade de internação, pois todos os profissionais de enfermagem estão capacitados para tal avaliação. A avaliação da dor de forma contínua possibilita o planejamento do esquema terapêutico, de acordo com as necessidades pessoais, e permite avaliar a
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Nery José de Oliveira Junior | Márcia Rejane Strapasson | Deise Simão Arregino | Carize da Silva Costa | Sheila Renata Zortéa | Daniela Correa
pesquisa formulou-se a questão: Como a temática da gestão da dor no pós-operatório imediato está sendo abordada em um hospital privado de Porto Alegre/RS? Para análise das informações selecionadas foi construído um quadro sinóptico, que contemplou os aspectos considerados pertinentes: protocolo existente e atuação da enfermagem no cuidado à dor do paciente na admissão, permanência até a alta da SRPA. É importante ressaltar que não foi necessário submeter o estudo à avaliação de Comitê de Ética em Pesquisa, por se tratar de um relato de experiência profissional com uma proposta de contribuição a partir da vivência do cotidiano em SRPA.
Gestão da dor no pós-operatório imediato: relato de experiência
1 Silva AP, Moraes MW. Incidência de dor no pós-operatório de cirurgia plástica estética. Rev Dor 2010; [periódico on-line]. abr-jun 2010 [acesso em 07 maio 2011]; 15(2):270-276. Disponível em http://www.dor.org.br. 2 International Association for Study of Pain (IASP). Concensus development conference statement: the integrated approach to the management of pain. 1994; 6(3): (Document number – 491-292). 3 Rigotti MA, Ferreira AM. Intervenções de enfermagem ao paciente com dor. Arq Ciênc Saúde. jan-mar 2005; 12(1):50-4. [acesso em 10 maio 2011]. Disponível em http://www.cienciasdasaude.famerp.br.
Recebido 19.06.2012 Aprovado 26.09.2012 * Enfermeiro. Especialista em Terapia Intensiva. MBA em Gestão em Saúde. Enfermeiro de apoio na gestão do Centro Cirúrgico, Centro de Materiais Esterilizados e Sala de Recuperação Pós-Anestésica do Hospital Mãe de Deus. Professor Substituto do Departamento de Enfermagem MédicoCirúrgica da Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). E-mail: nery.oliveirajr@gmail.com ** Enfermeira. Especialista em Enfermagem Obstétrica. Enfermeira gestora da Materno Infantil do Hospital Universitário da ULBRA/Sistema de Saúde Mãe de Deus. Mestranda em Enfermagem pela Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Integrante GEMBE/ UFRGS. E-mail: marcirejane@yahoo.com *** Enfermeira assistencial da Sala de Recuperação do Hospital Mãe de Deus. E-mail: deise.arregino@hotmail.com **** Enfermeira. Universidade do Vale do Rio dos Sinos. E-mail: carizegularte@hotmail.com ***** Enfermeira assistencial Centro Obstétrico do Hospital Universitário da ULBRA/Sistema de Saúde Mãe de Deus. E-mail: sheila.zortea@ maededeus.com.br ****** Acadêmica de Enfermagem da Escola de Enfermagem da UFRGS. E-mail: novo.dani.c@gmail.com
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REFERÊNCIAS
4 Sousa FAEF. Dor: o quinto sinal vital. Rev. Latino-Am. Enfermagem [serial on-line]. jun 2002 [acesso em 10 maio 2011]; 10(3):446-447. Disponível em http://www.scielo.br. 5 Pimenta CA, Santos EM, Chaves LD, et al. Control of the postoperative pain. Rev Esc Enferm USP 2001; 35(2):180-3. 6 Bassanezi BSB, Oliveira Filho, AG. Analgesia pós-operatória. Rev. Col. Bras. Cir. Rio de Janeiro, abr 2006; 33(2). 7 Bagatini A, Fuhrmeister AVA, Fortis EF, Nora F, Mendes F, Meyer I, et al. Anestesia: a vitória sobre a dor. Porto Alegre: SARGS; 2001. 8 Sakata RK, Hisatugo MKI, Aoki SS, Vlainich R, Issy AM. Avaliação da dor. In: Cavalcanti IL, Maddalena ML, editores. Dor. Rio de Janeiro: SAERJ; 2003. p. 53-94. 9 Sousa FAEF, Hortense P. Mensuração da dor. In: Chaves LD, Leão ER, editores. Dor: 5º sinal vital, reflexões e intervenções de enfermagem. Curitiba: maio 2004. p. 75-84. 10 Booss J, Drake A, Kerns RD, Ryan B, Wasse L. Pain as the 5th vital. Joint Commission on Accreditation of Healthcare Organizations; 2000 [acesso em 08 maio 2011]. Disponível em http://www.va.gov. 11 Pedroso RA, Celich KLS. Dor: quinto sinal vital, um desafio para o cuidar em enfermagem. Texto contexto – enferm. [periódico on-line]. jun 2006 [acesso em 07 maio 2011]; 15(2):270-276. Disponível em http:// www.scielo.br. 12 Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor. Hospital sem dor: Diretrizes para implantação da dor como 5° sinal vital. [acesso em 07 maio 2011] ; Disponível em http://www.dor.org.br. 13 Pereira LV, Sousa FAEF. Mensuração e avaliação da dor pósoperatória: uma breve revisão. Rev. Latino-Am. Enfermagem [periódico on-line]. jul 1998 [acesso em 04 maio 2011]; 6(3):77-84. Disponível em http://www.scielo.br.
Relato de Experiência
eficácia dos tratamentos implementados de modo confiável, otimizando a assistência aos pacientes por meio dos cuidados proporcionados pela equipe multiprofissional. A implementação do protocolo de cuidado específico para o gerenciamento da dor qualifica e padroniza os processos de enfermagem na SRPA. Acredita-se que este estudo possa contribuir na construção do cuidado gerencial da dor focado na integralidade, na universalidade e na equidade dos processos de enfermagem em sala de recuperação anestésica, conforme as linhas de cuidado de cada organização de saúde.
Perfil epidemiológico dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) de um município do Vale do Rio Jacuí/RS
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Epidemiological proile of the hypertensive patients registered in the Hiperdia in a strategy of Family Health Program (ESF) from a township of Vale do Rio Jacuí/RS * Graziella Gasparotto Baiocco
** Leidinara Maiara Gonçalves
Resumo – Este estudo objetivou conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia em uma Estratégia da Saúde da Família (ESF) de um município do Vale do Rio Jacuí/RS e quais os fatores de risco relacionados. Tem cunho quantitativo descritivo com delineamento transversal. Os dados foram obtidos entre fevereiro e abril de 2011, em busca nos 149 prontuários adequados aos critérios de inclusão. Dentre os fatores considerados modificáveis podem-se constatar alterações nos níveis de PA em 47% da amostra, Índice de Massa Corporal (IMC) 86,6%, quanto à Circunferência Abdominal (CA) 76,5% estão com medida acima do ideal. Em posse dos dados contidos neste estudo, é possível verificar que há necessidade de aplicar junto a estes pacientes métodos para um melhor controle da PA visando à melhoria da qualidade de vida evitando um crescente aumento das patologias associadas e comorbidades que a HAS causa quando não ou mal tratada. Palavras-chave – Hipertensão; Hiperdia; Pacientes.
Abstract – This study intended to know the epidemiological profile of the hypertensive patients registered in the Hiperdia in a strategy of family Health program (ESF) from a township of Vale do Rio Jacuí/RS and which risk factors were related to that. Regarding quantitative descriptive nature with transversal delineation, the data was got within February and April/ 2011, seeking for the 149 prompt-books, appropriate to the criteria of inclusion. Among the factors considered modifiable, changes in the levels of blood pressure (PA) could be noticed in 47% of the sample, body mass index (IMC) 86%, in relation to the abdominal circumference (CA) 76,5% , this one over the ideal measure. Based on the data presented in this study, it’s possible to verify that there is need to apply to these patients methods for a better control of blood pressure (PA), aiming the improvement of life quality and avoiding an increase of the associated pathologies and comorbidities that the systemic blood hypertension (HAS) causes when not or badly-treated. Keywords – Hypertension; Hiperdia; Patients.
Introdução
Segundo dados recentes do Ministério da Saúde², a proporção de brasileiros diagnosticados com hipertensão arterial cresceu de 21,5%, em 2006, para 24,4%, em 2009. Os dados fazem parte de levantamento anual do Ministério da Saúde e foram divulgados no dia 26 de abril de 2010. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. As medidas que visam a modificar os hábitos e estilo de vida, quando implementados no próprio hipertenso ou naqueles de alto risco para o desenvolvimento de HA, podem levar à redução significativa dos níveis tensionais³. Estudos da OMS mostram que a hipertensão arterial e seus agravos são as principais causas de morte no mundo e indicam, ainda, que em 2020 continuará sendo a primeira. Afirmam, também, que em muitas regiões está havendo uma transição epidemiológica caracterizada pela mudança da prevalência de determinadas patologias: conforme as doenças infectocontagiosas estão diminuindo, as complicações cardiovasculares aumentam de forma assustadora4. Conhecer o perfil dos pacientes hipertensos e observar as comorbidades associadas é de suma
A hipertensão arterial (HA) é considerada um problema de saúde pública. O aumento dos índices de hipertensos na população é alarmante, e isso pode ser constatado pelos levantamentos do Ministério da Saúde (MS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de aumentar progressivamente, esses índices assustam, pois a faixa etária dos pacientes diminui cada vez mais, bem como os riscos que a doença traz com ela, e, apesar do tratamento ser proporcionado gratuitamente para a população em geral, por vezes é negligenciado pelos portadores de hipertensão. A hipertensão arterial – doença causada pelo aumento da contração das paredes das artérias para fazer com que o sangue circule pelo corpo, e por esse esforço aumentado atribui-se vários danos a outros órgãos – é o mais importante fator de risco para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares e, apesar de já ter se passado um século após a primeira medida da pressão arterial, ainda são discutidos os níveis considerados normais ou anormais para tal¹.
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Perfil epidemiológico dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia em uma Estratégia de Saúde da Família (ESF) de um município do Vale do Rio Jacuí/RS
Objetivos Buscou-se por meio deste estudo alcançar os objetivos que seguem: como objetivo geral, conhecer o perfil epidemiológico dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia em uma ESF de um município do Vale do Rio Jacuí, Rio Grande do Sul, e quais os fatores de risco relacionados; como objetivos específicos, analisar as medidas antropométricas constantes no cadastro do Hiperdia e a relação entre os níveis pressóricos, conhecer os fatores de risco dos pacientes hipertensos cadastrados no Hiperdia, verificar o histórico familiar destes pacientes, identificar a presença de doenças concomitantes à hipertensão no cadastro dos pacientes e observar o percentual de pacientes em uso de terapia medicamentosa e não medicamentosa.
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Segundo dados do Ministério da Saúde², hipertensão arterial é uma doença causada pelo aumento da contração das paredes das artérias para fazer com que o sangue circule pelo corpo, e esse esforço aumentado acarreta vários danos a outros órgãos. A hipertensão é definida como uma pressão arterial sistólica superior a 140mmHg e diastólica superior a 90mmHg durante um período sustentado, com base em duas ou mais aferições em dois ou mais contatos com o profissional de saúde5,¹. Essas elevações pressóricas ocasionam diversos danos em vários órgãos do corpo humano, entre elas doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, doença arterial crônica, doença arterial periférica, entre outras6. Ainda para os mesmos autores, a predisposição genética é um fator que não age sozinho; ela interage com o meio ambiente, mas, em se tratando de uma população com o mesmo tipo de interação do ambiente, o fator genético vai acabar interferindo
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Referencial teórico
nos níveis pressóricos se comparadas umas com as outras7. A hipertensão arterial sistêmica (HAS) é um problema grave de saúde pública no Brasil e no mundo. Ela é um dos mais importantes fatores de risco para o desenvolvimento de doenças cardíacas, cerebrais e renais, sendo responsável por pelo menos 40% das mortes por acidente vascular encefálico (AVE), por 25% das mortes por doença arterial coronariana e, em combinação com o diabete, 50% dos casos de insuficiência renal terminal. Com o critério atual de diagnóstico de hipertensão arterial (PA 140/90 mmHg), a prevalência na população urbana adulta brasileira varia de 22,3% a 43,9%, dependendo da cidade onde o estudo for conduzido. A principal relevância da identificação e controle da HAS reside na redução das suas complicações e agravos. Dentre as doenças cardiovasculares, o AVE e o infarto agudo do miocárdio (IAM) são as mais prevalentes, sendo responsáveis por 65% dos óbitos na faixa etária de 30 a 69 anos, ou seja, adultos em plena fase produtiva. Haja vista o seu caráter crônico e incapacitante, podendo deixar sequelas para o resto da vida, são de grande importância. Dados do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) demonstram que 40% das aposentadorias precoces decorrem destas doenças8. Um aspecto interessante analisado pela Sociedade de Cardiologia de São Paulo, que não pode ser esquecido, se dá quanto à epidemiologia da HA no Brasil, que apresenta aspectos peculiares e coincidentes com outros países com impacto importante no perfil de mortalidade, tais como a desigualdade social na distribuição do risco de morte, no acesso ao diagnóstico de HA e na proporção de indivíduos com pressão arterial elevada8. Ainda sobre este assunto a SOCESP (2009) afirma que o acesso dos pacientes para o controle e verificação da pressão arterial também apresenta diferencial nas capitais do Sul e do Sudeste em relação ao Norte; é mais comum entre as mulheres entre pessoas com instrução formal acima do ensino fundamental. A mesma distribuição ocorreu na avaliação do diagnóstico de pressão arterial, que se apresentou com proporção sempre maior em relação àqueles em situação social desfavorável, identificada pela educação formal. Estudos da OMS mostram que HAS e seus agravos são as principais causas de morte no mundo, e ainda analisam prospectivamente que em 2020 elas continuarão sendo a primeira. Ainda afirmam que em muitas regiões está havendo uma transição epidemiológica caracterizada pela mudança da prevalência de determinadas doenças, pois, conforme as doenças infectocontagiosas estão diminuindo, as complicações cardiovasculares aumentam de forma assustadora4.
Artigo de pesquisa
importância para a equipe de Estratégia de Saúde da Família (ESF), para que se possam elaborar planos e estratégias que visem à melhoria da qualidade de vida dos pacientes, bem como conhecer a relação entre as medidas antropométricas que constam no cadastro do Hiperdia e os fatores de risco para estes pacientes. Com os dados obtidos, tem-se a possibilidade de observar o número de pacientes com níveis de pressão arterial alterados mesmo com o uso de medicamentos e o percentual de pacientes hipertensos em uso somente de medidas não medicamentosas para o controle da pressão arterial, assim sendo possível traçar-se metas visando à melhoria da qualidade de vida destes pacientes.
As medidas que visam a modificar os hábitos e estilo de vida, quando implementados no próprio hipertenso ou naqueles de alto risco para o desenvolvimento de HA, podem levar à redução significativa dos níveis tensionais3. O percentual de hipertensos não passa de 14% na população até os 34 anos. Dos 35 aos 44 anos, a proporção sobe para 20,9%. O índice salta para 34,5%, dos 45 aos 54, e para 50,4%, dos 55 aos 64 anos. Esse aumento na ocorrência da doença, de acordo com a idade, é resultado de padrões alimentares e de atividade física ao longo da vida, além de fatores genéticos, estresse e outros determinantes, e é nesse momento que a equipe da ESF tem papel primordial, educando, ensinando e incentivando adoção de meios de vida saudável e administração correta dos medicamentos9. O cadastro do Hiperdia foi criado pelo Ministério da Saúde em 2001, com o objetivo de disponibilizar melhor as informações referentes aos pacientes hipertensos e diabéticos; houve assim então a elaboração do sistema de cadastramento e acompanhamento de hipertensos e diabéticos (Hiperdia)10. O sistema Hiperdia tem por finalidades permitir o monitoramento dos pacientes captados no Plano de Reorganização da Atenção a Hipertensão e ao Diabete Mellitus e facilitar a distribuição dos medicamentos aos pacientes cadastrados. O sistema pode ser implantado em diferentes unidades e serve para alimentar o banco de dados, gerando a base nacional de cadastro de portadores de hipertensão e diabete mellitus10. O cadastro contém dados relevantes sobre o paciente, podendo mostrar fatores de risco e comorbidades associadas, facilitando, assim, a visualização dos pacientes com melhora da estratificação de fatores e áreas de risco10.
Método A pesquisa a ser apresentada, quanto aos objetivos a que se propôs, foi de cunho quantitativo descritivo com delineamento transversal. A população envolvida no estudo foi composta por todos os prontuários de pacientes adultos cadastrados no programa Hiperdia. A amostra a ser pesquisada foi composta por 149 prontuários de pacientes (acima de 18 anos) cadastrados no programa Hiperdia. Como critérios de inclusão, foram os prontuários de pacientes que tinham os dados completos para a pesquisa, sendo utilizados os cadastros de todos os pacientes hipertensos e/ou hipertensos e diabéticos que constaram no Hiperdia da ESF em questão. Como critérios de exclusão do estudo, foram os prontuários
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dos pacientes considerados apenas diabéticos, cadastros incompletos, assim como os de menores de 18 anos. Após a aprovação do estudo pela Banca Avaliadora do Curso de Enfermagem da Universidade Feevale, este foi encaminhado para avaliação do Comitê de Ética em Pesquisa da Instituição de Ensino Superior e também foi apresentado à Coordenação de Enfermagem da instituição na qual foi realizado o estudo, e somente após a aprovação de ambos deu-se início à coleta de dados para pesquisa. Na instituição onde foi realizado o estudo, os objetivos foram esclarecidos, bem como sua importância para a pesquisadora e a instituição. A pesquisa contou com o apoio e participação indireta da equipe profissional envolvida no trabalho da ESF, facilitando o acesso aos prontuários. Foi assinado pela aluna pesquisadora e pela pesquisadora responsável o Termo de Compromisso para Utilização de Dados. No que se refere à ética da pesquisa envolvendo seres humanos, a Resolução 196/1996, do Conselho Nacional de Saúde, incorpora quatro pressupostos básicos, sendo eles: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, assegurando direitos e deveres à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado11. A coleta dos dados ocorreu a partir de busca nos cadastros do Hiperdia que se enquadraram nos critérios de inclusão para a pesquisa. Os dados foram coletados nos meses de fevereiro, março e abril de 2011, no período da tarde, na sala da enfermagem no posto da ESF. Os dados coletados foram alocados em uma planilha específica para cada tipo de ocorrência, possibilitando, após, a formação de dados estatísticos sobre a amostra analisada. A apresentação dos resultados ocorreu pela estatística descritiva através das medidas de tendência central (média e mediana) e de variabilidade (desvio padrão e amplitude interquartis), bem como a distribuição absoluta e relativa (n - %). A simetria das distribuições contínuas foi avaliada pelo teste de Kolmogorov-Smirnov. Para a comparação de proporções entre as categorias de uma mesma variável (Análise Univariada) foi utilizado o teste Quiquadrado, levando em consideração a distribuição teórica de homogeneidade entre as categorias comparadas. Na análise inferencial, para comparação das variáveis quantitativas entre dois grupos independentes, foram utilizados os testes t-Student e de Mann-Whitney. Para a comparação das variáveis categóricas os testes Qui-quadrado de Pearson com correção de continuidade e Exato de Fisher por simulação de Monte Carlo.
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Resultados Os resultados apresentados referem-se a uma amostra de 149 pacientes onde a proporção do sexo feminino, 61,1% (n=91), se mostrou significativamente mais elevada (c2calc=6,923; p=0,008), quando comparada ao sexo masculino, 38,9% (n=58).
ao peso, a média foi de 79,2 kg (DP=15,6), sendo que os pesos mínimos e máximos foram de 47,0 e 139,0 kg. O IMC oscilou entre 19,1 e 51,0, com média de 30,2 (DP=5,1) kg/m2. Quanto a classificação do IMC, se mostrou significativamente elevada (2calc=59,721; p<0,001) a proporção de pacientes com sobrepeso, 39,6% (n=59), e obesidade de grau 1, 29,5% (n=44), quando comparada as demais classificações, observa-se na Figura 3.
Artigo de pesquisa
Os dados receberam tratamento estatístico utilizando-se o software Statistical Package to Social Sciences for Windows (SPSS), versão 17.0, adotandose, para critérios de decisão, o nível de significância (a) de 5%.
Figura 3: Distribuição relativa para a classificação do IMC.
Figura 1: Distribuição relativa do sexo.
Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
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Figura 2: Distribuição relativa para a classificação da PA.
Na avaliação da medida da cintura, a média foi de 102,2 (DP=11,9) cm, com o mínimo de 73,0 e o máximo de 147,0 cm. Considerando as médias em cada sexo, observou-se que no masculino a média foi de 105,4 (DP=11,0) cm e no feminino de 99,9 (DP=11,9) cm. Para a classificação da medida da cintura, 76,5% (n=114) dos investigados foram caracterizados com medidas inadequadas e esta proporção se mostrou significativamente mais elevada (c2calc=40,102; p<0,001) que a observada no grupo com medidas adequadas, 23,5% (n=35), como pode ser verificado na Figura 4. Figura 4: Distribuição relativa para a classificação da medida da cintura.
Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
No que diz respeito às informações antropométricas, a estatura média foi de 1,62 (DP=0,09) m, com o mínimo de 1,42 e o máximo de 1,88. Quanto
Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
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No que diz respeito à pressão arterial (sistólica/ diastólica), a média foi de 132,4/81,9 mmHg (DP=19,8/11,1mmHg), sendo que, 47,0% (n=70) dos investigados apresentaram PA acima da normalidade (PA>140/90 mmHg). Quando o paciente apresentou pelo menos uma das PAs igual ou superior ao ponto de corte foi classificado com PA acima da normalidade, o que pode ser visto na Figura 2.
Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
Artigo de pesquisa
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No que diz respeito aos fatores de risco e doenças concomitantes, predominou de forma significativa a presença de sobrepeso, 86,6% (n=129) (c2calc=36,723; p<0,001), e antecedentes familiares cardiovasculares, 67,8% (n=101) (c2calc=8,333; p=0,048). Também, observou-se que mais da metade dos pacientes se declararam sedentários, 55,0% (n=82), 38,3% (n=57) apresentaram diabetes e o tabagismo foi observado em 14,8% (n=22) da amostra (Cf. Figura 5). Figura 5: Distribuição relativa para os fatores de risco e doenças concomitantes.
A presença de complicações foi caracterizada pelo infarto, observado em 10,7% (n=16) dos pacientes, pelo AVC, 10,1% (n=15), pela doença renal, 7,4% (n=11), assim como a ocorrência de outras coronariopatias, detectada em 26,2% (n=9) dos investigados, verifica-se na Figura 6. Figura 6: Distribuição relativa para a presença de complicações.
Os resultados apontaram que dentro do total da amostra pesquisada de 149 pacientes, 96% fazem uso de medicamentos e, ainda assim, 47% do total estão com a pressão arterial acima dos níveis considerados normais, o que pode ter inúmeras explicações, dentre elas a de que estes pacientes podem estar tomando o medicamento de forma incorreta. A estratégia de saúde da família, em se tratando do aconselhamento e educação de seus pacientes, consegue criar formas de estes fazerem uso de seus medicamentos de forma correta, usando vários artifícios para isso e ainda disponibiliza aos mesmos de forma mais fácil e prática os medicamentos de que eles necessitam para o tratamento de sua doença. Ainda pode-se constatar que 86,6% estão com sobrepeso e 76,5% têm circunferência abdominal com medida considerada inadequada, o que os coloca em risco cardiovascular, cerebrovascular e renal. A ESF tem como prioridade a educação para a prevenção das doenças e dos agravos trazidos por elas. Existem diversas medidas não medicamentosas que favorecem os pacientes com DCNT trazendo-lhes maior expectativa e qualidade de vida, o que com certeza se faz necessário em um grupo de pacientes com o perfil dos avaliados neste estudo. Em posse destes dados, a Unidade de Estratégia de Saúde da Família que atende tais pacientes poderá perceber com mais clareza o perfil de seus hipertensos e traçar planos que possam levar à melhoria da qualidade de vida dos mesmos, visando diminuir os agravos trazidos junto à HAS quando não tratada. É importante registrar que a adoção da Estratégia de Saúde da Família como política prioritária de atenção básica, pela maneira como está formada sua equipe e estruturado o processo de trabalho, compreende as condições mais favoráveis de acesso às medidas de todos os setores e de forma integral que a abordagem das DCNT exige. A ESF tem papel muito importante no tratamento e manutenção dos pacientes com DCNT, tendo em vista que está mais próxima e tem maior vínculo com a comunidade, conhece seus costumes e práticas e por isso tem como montar uma estratégia mais adequada para a população que atende, podendo, assim, obter maior sucesso com os projetos que institui.
Referências Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
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1 Maciel CM, Marin Neto JA. Manual de condutas clínicas cardiológicas. São Paulo: Segmento Farma; 2005. v. 1.
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Fonte: elaborada com base nos resultados da pesquisa.
Consider ações finais
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Recebido 27.08.2012 Aprovado 19.10.2012 * Professora Orientadora. Enfermeira Mestre. Grupo Hospitalar Conceição. ** Enfermeira pela Universidade Feevale – Novo Hamburgo/RS.
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7 Braunwald E, Zipes DP, Libby P. Tratado de medicina cardiovascular. São Paulo: Roca; 2003. 8 Brasil. Ministério da Saúde. HiperDia – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Rio de Janeiro; 2002. 9 Brasil. Ministério da Saúde. Coordenação de Gestão da Atenção Básica. Saúde da Família. Disponível em www.saude.gov.br. Acesso em 01 out 2010. 10 Brasil. Ministério da Saúde. HiperDia – Sistema de Cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos. Rio de Janeiro; 2002. 11 Brasil. Ministério da Saúde. Conselho Nacional de Saúde. Resolução 196/96. Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos. Brasília; 1996.
Artigo de pesquisa
2 Brasil, Ministério da Saúde. Portal da Saúde. Notícias. Hipertensão avança e atinge 24,4% dos brasileiros. Publicado em: 26 abr. 2010. Disponível em www.Saude.gov.br-Principal. Acesso em 21 ago 2010. 3 Francischetti EA, Sanjulian AF. Tópicos especiais em hipertensão arterial. São Paulo: BBS; 2005. 4 Amodeo C, et al.; SOCESP. Tratado de cardiologia. 2. ed. São Paulo: Manole; 2009. 5 Smeltzer SC, Bare BG. Brunner e Sudarth: tratado de enfermagem médico-cirúrgica. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 6 Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Hipertensão arterial sistêmica para o Sistema Único de Saúde. Caderno de Atenção Básica, Brasília, n. 15, 2006.
Relato de experiência da enfermeira que atua na saúde do trabalhador
Ano 2 – Número 11, novembro/dezembro 2012 - paginas de 14 a 17
Experience report of the nurse who works in occupational health *Mariane Rita Inácio ** Luciane B.Ceretta *** Mágada T. Schwalm
*** Valdemira Santina Dagostin ***** Maria Tereza Soratto
Resumo – A pesquisa teve como objetivo conhecer a atuação da enfermeira no Programa Empresa Amiga do Trabalhador. Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e de campo, do tipo relato de experiência. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados a entrevista com a enfermeira do trabalho que participa do desenvolvimento do programa. A atribuição do enfermeiro na saúde do trabalhador engloba desde ações de promoção e prevenção na saúde do trabalhador; ações educativas; gerenciamento; coordenação da equipe de enfermagem e organização do Programa pesquisado. Iniciativas que se propõe para estruturar ações de promoção e prevenção da saúde do trabalhador devem ser contempladas nos serviços de saúde, de forma a garantir a implementação da política de saúde do trabalhador. Palavras-chave: Saúde do trabalhador; cuidado; enfermagem do trabalho.
Abstract – The research aimed to the nurse’s role in the Program Friendly Company Worker. It is a qualitative research approach, and descriptive field, type experience report. It was used as a data collection instrument to interview with the nurse of the work that participates in the development of the program. The allocation of nurses in the health of the worker includes from actions of promotion and prevention in the health of the worker; educational activities; management and coordination of the nursing team and organization of the Program searched. Initiatives which it proposes to structure shares of health promotion and prevention of worker should be covered in the health services, in order to ensure the implementation of health policy of the worker. Keywords: Occupational health; care; occupational health nursing.
Introdução
O profissional enfermeiro do trabalho especialista em saúde ocupacional que presta assistência de enfermagem aos trabalhadores promove a saúde, evitando os riscos ocupacionais, visando ao bem-estar físico e mental dos trabalhadores, como também gerenciando a assistência, sendo o responsável técnico pelas ações e pela equipe de enfermagem4. O enfermeiro do trabalho atua determinando os cuidados na saúde do trabalhador, promovendo ações de promoção e prevenção e ações educativas e de orientações à saúde, prevenindo doenças ocupacionais e acidentes de trabalho, buscando, dessa forma, medidas de melhoria de qualidade de vida do trabalhador. Como profissional trabalhadora no serviço público de saúde, o Programa Empresa Amiga do Trabalhador desenvolvido em um município do extremo sul do Estado de Santa Catarina despertou a curiosidade da pesquisadora, por ser um programa novo, considerado referência nacional e atender de forma humanizada os trabalhadores nas empresas. Surgiram inquietações sobre o tema: Como é organizado? Quem faz parte da equipe multiprofissional do Programa? Como o município desenvolveu o olhar para a saúde do trabalhador? Quantas empresas já foram atendidas? Quais as atividades que são realizadas no Programa? Qual o papel da enfermeira no processo de trabalho referente ao Programa? O que suscitou a busca
A Política Nacional de Saúde do Trabalhador, do Ministério da Saúde, em vigor desde 2004, visa à redução das doenças e dos acidentes relacionados ao trabalho, mediante a execução de ações educativas de saúde voltadas para a prevenção de doenças, promoção, reabilitação e vigilância na área da saúde1,2. Com a constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica da Saúde, a saúde do trabalhador se inscreveu definitivamente como política de saúde. A enfermagem do trabalho contemporânea se estrutura na Política Nacional de Segurança e Saúde do Trabalhador e visa garantir que o trabalho, base da organização social e direito humano fundamental, seja realizado em condições que contribuem para melhor qualidade de vida e saúde ao trabalhador, visando à realização pessoal e social e à redução da morbi-mortalidade dos trabalhadores mediante a execução de ações integradas e articuladas de prevenção, promoção, reabilitação e vigilância da área de saúde do trabalhador1,3. Após a Primeira Guerra Mundial o movimento operário adquiriu bases sólidas e atingiu grande força política. A principal reivindicação foi a redução da jornada de trabalho, que posteriormente deu lugar à luta pela melhoria das condições de trabalho, segurança, higiene e prevenção de doenças3.
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Relato de experiência da enfermeira que atua na saúde do trabalhador
Trata-se de uma pesquisa de abordagem qualitativa, descritiva e de campo, do tipo relato de experiência, com a enfermeira atuante no Programa Saúde do Trabalhador em um município do extremo sul de Santa Catarina. Realizou-se a seleção intencional da enfermeira que participa da equipe multiprofissional do programa pesquisado. As entrevistas foram realizadas pela pesquisadora na Secretaria Municipal de Saúde, nos meses de maio e junho de 2012. Realizou-se a transcrição das falas das entrevistas, sendo garantido o anonimato e sigilo referente ao sujeito da pesquisa. As entrevistas serão arquivadas pela pesquisadora durante cinco anos, conforme recomendações da Resolução 196/96(5). Para preservar o sigilo, de acordo com as diretrizes e normas regulamentadoras da citada Resolução, que envolvem pesquisa com seres humanos e grupos vulneráveis, utilizou-se a denominação “enfermeira” no relato da fala. Este estudo foi aprovado pelo CEPUNESC (CAAE: 02979912.2.0000.0119).
Revisão de liter atur a A enfermagem vem ampliando, a cada dia, o seu espaço na área da saúde, tanto no contexto nacional quanto no cenário internacional. O enfermeiro assume um papel cada vez mais decisivo e proativo no que se refere à identificação das necessidades de cuidado da população, bem como na promoção e proteção da saúde dos indivíduos em suas diferentes dimensões6. A enfermagem pode ser amplamente definida como a ciência do cuidado integral e integrador em saúde, tanto no sentido de assistir e coordenar as práticas de cuidado quanto no de promover e proteger a saúde dos indivíduos, famílias e comunidades. O enfermeiro tem voltado, crescentemente, o seu foco de atenção para a educação, promoção e proteção da saúde6. O papel do enfermeiro é reconhecido, pela capacidade e habilidade de compreender o ser humano como um todo, pela integralidade da assistência à saúde, pela capacidade de acolher e identificar-se com as necessidades e expectativas dos indivíduos e famílias, pela capacidade de
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Material e métodos
acolher e compreender as diferenças sociais, bem como, pela capacidade de promover a interação e a associação entre os usuários, a equipe de saúde da família e a comunidade6. Neste contexto surge o enfermeiro atuando na promoção, proteção, prevenção e reabilitação na saúde do trabalhador. A saúde do trabalhador é uma área da saúde pública que tem as relações existentes entre o trabalho e a saúde como objeto de estudo e intervenção, e os seus objetivos são de promover e proteger a saúde dos trabalhadores mediante ações de vigilância aos riscos, às condições e às doenças ocupacionais, bem como de organizar e prestar assistência aos trabalhadores7. Entre os determinantes da Saúde do trabalhador estão os condicionantes sociais, econômicos, tecnológicos e organizacionais que respondem pelos fatores de risco ocupacionais presentes nos processos de trabalho e nas condições de vida. Nessa perspectiva, o foco das ações de saúde do trabalhador está voltado para alterações deste processo com atuação multiprofissional7. Reconhecer o usuário enquanto trabalhador, no acolhimento, nas consultas, nas visitas domiciliares e nas atividades de grupo, é essencial para o desdobramento da ação de cuidado na saúde do trabalhador. O profissional de saúde, durante essas abordagens, deve identificar a atividade que o trabalhador exerce e, se necessário, colher uma breve história profissional que orientará a identificação dos possíveis riscos à saúde, o estabelecimento da relação entre a doença ou a queixa apresentada e seu trabalho, e a definição das ações de intervenção8. Dentre os profissionais, encontra-se o enfermeiro, que deve ter capacidade de ação multidisciplinar e possuir conhecimentos para aproveitar as ferramentas disponíveis a fim de identificar os agravos e minimizar os danos causados pelo trabalho7. Atuar na promoção da saúde almeja valorizar o ser humano em sua totalidade e contribuir na redução de acidentes e doenças do trabalho, para o que a formação de qualidade do enfermeiro do trabalho é o diferencial3. Expectativas, motivação e potencialidades agregam contribuições para uma governança contextualizada do processo educativo e demandas da contemporaneidade para a enfermagem do trabalho. Na promoção da saúde, o ser humano é valorizado e contribui para a redução de acidentes e doenças do trabalho, o que qualifica o enfermeiro diferencialmente. O estudo do impacto do trabalho na saúde é, com certeza, uma área de grande importância para a enfermagem e outras profissões de saúde ou das que tratam da interferência deste na qualidade de vida dos indivíduos7. A enfermagem do trabalho representa segmento especializado da assistência de enfermagem à saúde
Artigo de pesquisa
de respostas para a pergunta de pesquisa? Qual a experiência vivenciada pela enfermeira que atua na saúde do trabalhador no referido Programa? A partir desses questionamentos e consequentes reflexões tem-se como objetivo de pesquisa conhecer a atuação da enfermeira na saúde do trabalhador por meio do programa “Empresa Amiga do Trabalhador”, promovido pela Secretaria de Saúde de um município do extremo sul de Santa Catarina.
do trabalhador, sendo responsável pela elaboração, investigação, execução e avaliação de planos e programas de proteção à saúde nesse campo1.
Progr ama Empresa Amiga do Tr abalhador É um programa que atende aos colaboradores de empresas em um município do extremo sul do Estado de Santa Catarina, que oferece serviços de prevenção, promoção e educação em saúde e disponibiliza atendimento com o propósito de garantir o acesso dos trabalhadores aos serviços de saúde – já que as unidades de saúde funcionam apenas em expediente comercial –, buscando encontrar diretamente no local de trabalho os colaboradores da empresa. A Empresa Amiga do Trabalhador é composta por uma equipe de enfermagem que possui: um coordenador, uma enfermeira do trabalho, uma técnica de enfermagem e uma estagiária do Curso de Enfermagem, que se deslocam da Secretaria de Saúde e visitam as empresas cadastradas, isto é, visitam todos os dias uma empresa por dia, realizando as seguintes tarefas: aferição de pressão arterial; coleta de sangue para exames de laboratório; coleta de preventivo, orientações sobre o toque de mama e prevenção de câncer; exames preventivos para doenças sexualmente transmissíveis; entrega de resultado de exames, se houver alteração encaminhamento do paciente para unidade básica de saúde do bairro que o indivíduo reside e agendamento da consulta com o médico especialista9. A equipe da Secretaria de Saúde já visitou a 40ª empresa para dar esclarecimentos importantes sobre cuidados para evitar doenças e realizar exames preventivos. Pela predominância masculina, os principais assuntos abordados foram a necessidade da realização de exames para detecção de câncer de próstata, cuidados para evitar as doenças sexualmente transmissíveis, além do acompanhamento da pressão arterial e taxas de colesterol e glicose. A poucos dias de completar três meses de existência, o Programa de Saúde do Trabalhador ultrapassou a marca de mil trabalhadores atendidos, onde ocorreram as coletas de exames e orientação aos trabalhadores sobre os cuidados e hábitos para manter uma vida saudável9.
Resultados A enfermeira entrevistada tem 34 anos, atua no Programa há cinco meses e possui especialização em Saúde da Família e aperfeiçoamento em Saúde do Trabalho.
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O programa foi inaugurado no dia 6 de janeiro de 2012, sendo que já foram atendidas, até junho de 2012, 71 empresas de diversos ramos: têxtil, cerâmico, metalúrgico, entre outros. A enfermagem do trabalho inseriu-se nas empresas com papel determinante na promoção e prevenção à saúde, cuidando da saúde do trabalhador, que muitas vezes não realiza tais procedimentos de prevenção a doenças por falta de tempo e orientações à saúde. A enfermeira do trabalho, colaboradora do programa, diz ter percebido “o interesse dos trabalhadores, que os mesmos no início sentiamse tímidos e alguns achavam desnecessária a realização dos procedimentos e exames no local de trabalho, acreditando que devem procurar os cuidados de saúde quando realmente necessários, esquecendo-se da prevenção, mas que com a conquista da confiança dos trabalhadores, eles mesmos procuram cuidar da saúde com maior frequência” (Enfermeira). Segundo a enfermeira do trabalho, participam da equipe do Programa quatro colaboradores; sendo um coordenador; uma enfermeira do trabalho; uma técnica de enfermagem e uma estagiária do curso de Enfermagem. A enfermeira entrevistada informa que a organização do Programa é realizada em oito etapas: “1ª etapa: Temos um coordenador, [...], o qual capta as empresas, através do e-mail do Programa Saúde do Trabalhador; 2ª etapa: É agendada uma empresa por dia, geralmente, no horário que fica melhor para os trabalhadores; 3ª etapa: É comunicado à equipe do local, ou seja, a empresa que será atendida assim como quais procedimentos serão realizados; 4ª etapa: A equipe se encontra na sede do Programa que fica na Secretaria Municipal de Saúde, às 7h, para depois se deslocar de ônibus até o local; 5ª etapa: Chegando na empresa, o coordenador faz a abertura do programa, após é entregue a placa “[...] Amiga do Trabalhador”, e iniciam-se as atividades com a enfermeira realizando as palestras; 6ª etapa: Entrega dos exames coletados nos laboratórios conveniados daquela semana; 7ª etapa: Buscar os resultados e relacionar com as nossas datas; se algum vier alterado, é agendado automaticamente com um especialista da rede; 8ª “etapa: As unidades de saúde ficam responsáveis pelo acompanhamento posterior.” (Enfermeira). A equipe de enfermagem visita todos os dias uma empresa diferente cadastrada no programa e realiza as seguintes tarefas:
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Relato de Experiência
Relato de experiência da enfermeira que atua na saúde do trabalhador
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Discussão O Programa Saúde do Trabalhador tem por objetivos a promoção e a proteção da saúde dos trabalhadores, compreendendo procedimentos de diagnóstico, tratamento e reabilitação de forma integrada no Sistema Único de Saúde (SUS)10-12. A vigilância à saúde do trabalhador necessita de uma atuação contínua e sistemática, ao longo do tempo, no sentido de detectar, conhecer, pesquisar e analisar os fatores determinantes e condicionantes dos agravos à saúde relacionados aos processos e ambientes de trabalho, em seus aspectos tecnológico, social, organizacional e epidemiológico, com a finalidade de planejar, executar e avaliar intervenções sobre esses aspectos, de forma a eliminá-los ou controlá-los11. A vigilância da saúde do trabalhador visa à promoção da saúde e à redução da morbimortalidade da população trabalhadora, por meio da integração de ações que intervenham nos agravos e seus determinantes decorrentes dos modelos de desenvolvimento e processo produtivos8. Nesse contexto, surge a figura do trabalhador como polo central e sujeito ativo no processo saúde/
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Segundo a enfermeira, as empresas solicitantes demonstram interesse na participação no Programa, chegando a ocorrer filas para o atendimento dos trabalhadores, devido à aceitação e adesão ao programa. O papel da enfermagem no processo de trabalho no programa é “conscientizar a população para a saúde preventiva, buscando o cuidado mesmo antes de a doença se manifestar (Enfermeira).
doença10,12 e a compreensão da saúde como direito, vinculando-se, como campo institucional, aos princípios do Sistema Único de Saúde (SUS)12. A diminuição ou eliminação dos agravos à saúde do trabalhador estão em grande parte relacionados à capacidade de o trabalhador de entender a importância dos cuidados e medidas de proteção que no ambiente de trabalho4. Muitos acidentes podem ser evitados por meio de programas de orientação promovidos pelo enfermeiro do trabalho, a quem cabe encetar a aplicabilidade de um programa de orientação e esclarecimento para maior adesão dos trabalhadores, a fim de diminuir e até mesmo extinguir os acidentes ocupacionais, tornando imprescindível sua participação nas medidas preventivas para proteger-se e manter um ambiente seguro para os demais trabalhadores4. Este trabalho foi desenvolvido segundo a perspectiva da participação da sociedade em espaços privados, tendo como foco processos amplos de mobilização social, que envolvem um conjunto de homens e mulheres, trabalhadores de empresas do município atendidos pelo Programa de Saúde do Trabalhador. A implantação do Programa foi considerada referência nacional, por ser um programa único em todo o Brasil. O momento das visitas é considerado oportuno para expor aos trabalhadores das empresas a importância do cuidado da saúde, prevenindo doenças ou acidentes de trabalho. Para atender a esta demanda, o Programa de Saúde do Trabalhador foi uma estratégia viável encontrada para atuação na prevenção e controle das doenças e na saúde do trabalhador. Percebese a necessidade de implantar ações incentivadoras e estudos voltados para a saúde do trabalhador nas instituições de saúde, contemplando a equipe multidisciplinar, em todas as suas dimensões, no que diz respeito à saúde do trabalhador, atuando em ambiente saudável9. O articular da integração da equipe de trabalho em saúde do trabalhador prima pela interdisciplinaridade nas ações de vigilância em saúde, na integração metodológica e na reconstrução em saúde coletiva, configurando-se como uma prática educativa de promoção da saúde, cujas bases centram-se no aprendizado mútuo e no inovar dos modos de se desenvolverem metodologias e teorias que se integrem ao SUS13. Os conhecimentos da área de saúde do trabalhador tornam-se no momento atual ainda mais necessários na formação dos enfermeiros frente ao aumento da duração na vida profissional, o qual se deve ao envelhecimento da população que tem como consequência o aumento da exposição aos riscos à saúde ocupacional, tendo como um dos resultados a ocorrência de acidentes de trabalho11.
Relato de Experiência
– confecção do cartão SUS aos trabalhadores que ainda não possuem; – aferição de PA; – coleta de sangue para exames de laboratório; – realização de preventivo do colo uterino (papanicolau); – Exame clínico da mama em homens e mulheres e orientação sobre o autoexame de mamas; – orientação às mulheres sobre a prevenção do câncer de útero e mamas; – solicitação de mamografia para as mulheres com idade acima de 50 anos; – realização de palestras sobre doenças sexualmente transmissíveis (DSTs); câncer de mama e colo uterino; – entrega de resultado dos exames; se houver alterações, encaminha-se ao médico especialista (liga-se para a unidade do bairro em que o paciente reside, agenda-se a consulta e encaminha-se o paciente); – realização de exames preventivos para doenças sexualmente transmissíveis (HIV/VDRL); – Vacinação hepatite B e tétano. (Enfermeira)
Relato de Experiência
Relato de experiência da enfermeira que atua na saúde do trabalhador
A importância do tema vigilância em saúde do trabalhador como subsídio para o desenvolvimento de ações de saúde do trabalhador no SUS impõe a necessidade de inclusão de conteúdos sobre a temática na formação do enfermeiro, inclusive através do desenvolvimento de habilidades na construção e no manejo de sistemas de informação11. Na política de saúde do trabalhador surgem desafios em direção ao desenvolvimento sustentável e à necessidade de considerar a categoria trabalho como determinante nos processos saúde-doença. Crescem as demandas de sofrimentos psíquicos que desafiam a gestão, os profissionais do SUS e demais setores12. Os desafios encontrados na saúde do trabalhador reforçam a importância do papel da atenção primária em saúde para o cuidado da população e dos trabalhadores de modo particular, que adoecem e morrem em função das atividades de trabalho que desenvolvem8.
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A atribuição do enfermeiro na saúde do trabalhador engloba desde ações de promoção e prevenção na saúde do trabalhador; ações educativas; gerenciamento e coordenação da equipe de enfermagem e organização do Programa pesquisado. Dessa forma, cabe ao enfermeiro do trabalho buscar medidas de promoção à saúde, prevenção da doença e de acidentes de trabalho no âmbito da saúde ocupacional. Essas iniciativas que se propõe para estruturar ações de promoção e prevenção da saúde do trabalhador devem ser contempladas nos serviços de saúde, de forma a garantir a implementação da política de saúde do trabalhador.
Referências 1 Custódio IL et al. Saúde do trabalhador: caracterização das dissertações e teses nacionais de enfermagem, 2003-2007. Rev Enferm, UERJ, Rio de Janeiro, 2010 out/dez [Acesso em 26 abr 2012].; 18(4):604-9. Disponível em www.facenf.uerj.br/v18n4/v18n4a17.pdf. 2 Silva RV et al. Saúde do trabalhador e atualização da legislação. Florianópolis: Coren/SC, 2011. 129 p.
Recebido 09.07.2012 Aprovado 17.11.2012 * Acadêmica da 7ª Fase do Curso de Enfermagem, UNESC. ** Doutorado em Ciências da Saúde, Mestrado em Enfermagem, Coordenadora UNASAU, Coordenadora Adjunta e Professora do Curso de Enfermagem – UNESC. *** Doutoranda em Ciências da Saúde, Mestrado em Educação, Coordenadora e Professora do Curso de Enfermagem – UNESC. **** Mestrado em Ciências da Saúde, Professora do Curso de Enfermagem – UNESC. ***** Mestrado em Educação, Professora do Curso de Enfermagem – UNESC. Correspondência: Maria Tereza Soratto – Email: guiga@engeplus.com.br; guiga@unesc.net
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Consider ações finais
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as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência profissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial. Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista. Preparo dos manuscritos
• Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s)
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nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras. • Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográficas (Exemplos) Artigos de periódicos:
• Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95 • Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4);88-94. Materiais em formato eletrônico:
• Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/reeusp/ upload/pdf/258.pdf • Livro ou monografias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005. Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007 • Capítulo do livro ou monografia: Debert, GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78.
• Dissertação e tese: Amarante ST. Analise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/ USP; 1999.
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• Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA, Brasil. Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico, sendo que um dos autores deverá ser assinante da revista. Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente
com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm; laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé. Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Rua Aracy Fróes, 258 / 902 - Jardim ItuSabará - Porto Alegre/RS / CEP: 91210-230. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Tel. (51) 3351.2361.
NOTÍCIA RDC-7 entra em vigor em fevereiro A partir de 25 de fevereiro, a Resolução da Diretoria Colegiada número 7, publicada pela ANVISA há três anos, entra em vigor no próximo mês. As unidades de terapia intensiva de todo o país tiveram três anos para implantar as recomendações da RDC-7, publicada pela ANVISA em 25 de fevereiro de 2010. O documento foi o primeiro passo para a implantação de uma série de medidas para que as mais de duas mil e trezentas Unidades de Terapia Intensiva em nosso país sejam mais seguras e que o atendimento ao paciente crítico seja de alta qualidade, com profissionais bem preparados. A AMIB – Associação de Medicina Intensiva Brasileira teve participação importante na elaboração do documento. “Foi o resultado de anos de luta da categoria que ainda não contava com um documento que trouxesse as mínimas regras para abertura e funcionamento das UTIs brasileiras. É uma grande conquista, uma vez que já conseguiremos melhorar, em muito, a assistência e qualidade no atendimento oferecido aos pacientes”, disse o Dr. José Mário Teles, presidente da AMIB. O presidente da AMIB ressalta, ainda, que o documento é muito importante, e a AMIB, nesses três anos, auxiliou os coordenadores de UTIs para que pudessem aplicar as medidas até o prazo limite que termina no próximo mês. “Não foi fácil, mas entendemos que seja um caminho determinante para a especialidade e, principalmente, para pacientes”, disse Dr. Ederlon
Rezende, presidente passado da AMIB. De acordo com o médico, o documento consolida uma luta antiga e constante da associação que é a busca de qualidade de serviços, processos e, principalmente, capacitação da equipe multidisciplinar da medicina intensiva. Para auxiliar os profissionais coordenadores das Unidades de Terapia Intensiva, a ANVISA atendeu as solicitações de esclarecimentos quanto à aplicação do regulamento pelo setor regulador. A proposta de regulamentação, segundo a ANVISA, visa à melhoria da qualidade da assistência em medicina intensiva, com foco na segurança do paciente. Após a plena implantação da RDC, caberá ainda à AMIB fazer gestões junto à ANVISA, no sentido de buscar outros indicadores de qualidade, além daqueles documentados na instrução normativa número 4. Mas a AMIB que a Resolução é um grande avanço para a organização das UTIs. A definição mínima de estrutura, equipamentos e pessoal busca garantir a assistência com qualidade e segurança no atendimento do paciente crítico. Fonte: http://www.amib.org.br/detalhe/noticia/ rdc-7-entra-em-vigor-em-fevereiro/ Publicada em 10/01/2013 às 10h44
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NOTÍCIA Diário Oficial REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL Imprensa Nacional BRASÍLIA – DF Nº 37 – DOU de 25/02/10 – seção 1 – p. 48 Ministério da Saúde . Agência Nacional de Vigilância Sanitária RESOLUÇÃO-RDC Nº 7, DE 24 DE FEVEREIRO DE 2010 Dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. A Diretoria Colegiada da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, no uso da atribuição que lhe confere o inciso IV do Art.11 do Regulamento aprovado pelo Decreto nº 3.029, de 16 de abril de 1999, e tendo em vista o disposto no inciso II e nos §§ 1º e 3º do Art. 54 do Regimento Interno aprovado nos termos do Anexo I daPortaria nº 354 da ANVISA, de 11 de agosto de 2006, republicada no D.O.U., de 21 de agosto de 2006, em reunião realizada em 22 de fevereiro de 2010; adota a seguinte Resolução da Diretoria Colegiada e eu, Diretor-Presidente, determino sua publicação: Art. 1º Ficam aprovados os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva, nos termos desta Resolução. CAPÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES INICIAIS Seção I Objetivo Art. 2º Esta Resolução possui o objetivo de estabelecer padrões mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente. Seção II Abrangência Art. 3º Esta Resolução se aplica a todas as Unidades de Terapia Intensiva gerais do país, sejam públicas, privadas ou filantrópicas; civis ou militares. Parágrafo único. Na ausência de Resolução específica, as UTI especializadas devem atender os requisitos mínimos dispostos neste Regulamento, acrescentando recursos humanos e materiais que se fizerem necessários para atender, com segurança, os pacientes que necessitam de cuidados especializados. Seção III Definições Art. 4º Para efeito desta Resolução, são adotadas as seguintes definições: I - Alvará de Licenciamento Sanitário: documento expedido pelo órgão sanitário competente Estadual, do Distrito Federal ou Municipal, que libera o funcionamento dos estabelecimentos que exerçam atividades sob regime de Vigilância Sanitária.
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II - Área crítica: área na qual existe risco aumentado para desenvolvimento de infecções relacionadas à assistência à saúde, seja pela execução de processos envolvendo artigos críticos ou material biológico, pela realização de procedimentos invasivos ou pela presença de pacientes com susceptibilidade aumentada aos agentes infecciosos ou portadores de microrganismos de importância epidemiológica. III - Centro de Terapia Intensiva (CTI): o agrupamento, numa mesma área física, de mais de uma Unidade de Terapia Intensiva. IV - Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH: de acordo com o definido pela Portaria GM/MS nº 2616, de 12 de maio de 1998. V - Educação continuada em estabelecimento de saúde: processo de permanente aquisição de informações pelo trabalhador, de todo e qualquer conhecimento obtido formalmente, no âmbito institucional ou fora dele. VI - Evento adverso: qualquer ocorrência inesperada e indesejável, associado ao uso de produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária, sem necessariamente possuir uma relação causal com a intervenção. VII - Gerenciamento de risco: é a tomada de decisões relativas aos riscos ou a ação para a redução das conseqüências ou probabilidade de ocorrência. VIII - Hospital: estabelecimento de saúde dotado de internação, meios diagnósticos e terapêuticos, com o objetivo de prestar assistência médica curativa e de reabilitação, podendo dispor de atividades de prevenção, assistência ambulatorial, atendimento de urgência/ emergência e de ensino/pesquisa. IX - Humanização da atenção à saúde: valorização da dimensão subjetiva e social, em todas as práticas de atenção e de gestão da saúde, fortalecendo o compromisso com os direitos do cidadão, destacandose o respeito às questões de gênero, etnia, raça, religião, cultura, orientação sexual e às populações específicas. X - Índice de gravidade ou Índice prognóstico: valor que reflete o grau de disfunção orgânica de um paciente. XI - Médico diarista/rotineiro: profissional médico, legalmente habilitado, responsável pela garantia da continuidade do plano assistencial e pelo acompanhamento diário de cada paciente. XII - Médico plantonista: profissional médico, legalmente habilitado, com atuação em regime de plantões. XIII - Microrganismos multirresistentes: microrganismos, predominantemente bactérias, que são resistentes a uma ou mais classes de agentes amtimicrobianos. Apesar das
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denominações de alguns microrganismos descreverem resistência a apenas algum agente (exemplo MRSA - Staphylococcus aureus resistente à Oxacilina; VRE Enterococo Resistente à Vancomicina), esses patógenos frequentemente são resistentes à maioria dos agentes antimicrobianos disponíveis. XIV - Microrganismos de importância clínicoepidemiológica: outros microrganismos definidos pelas CCIH como prioritários para monitoramento, prevenção e controle, com base no perfil da microbiota nosocomial e na morbi-mortalidade associada a tais microrganismos. Esta definição independe do seu perfil de resistência aos antimicrobianos. XV - Norma: preceito, regra; aquilo que se estabelece como base a ser seguida. XVI - Paciente grave: paciente com comprometimento de um ou mais dos principais sistemas fisiológicos, com perda de sua autoregulação, necessitando de assistência contínua. XVII - Produtos e estabelecimentos submetidos ao controle e fiscalização sanitária: bens, produtos e estabelecimentos que envolvam risco à saúde pública, descritos no Art.8º da Lei nº. 9782, de 26 de janeiro de 1999. XVIII - Produtos para saúde: são aqueles enquadrados como produto médico ou produto para diagnóstico de uso “in vitro”. XIX - Queixa técnica: qualquer notificação de suspeita de alteração ou irregularidade de um produto ou empresa relacionada a aspectos técnicos ou legais, e que poderá ou não causar dano à saúde individual e coletiva. XX - Regularização junto ao órgão sanitário competente: comprovação que determinado produto ou serviço submetido ao controle e fiscalização sanitária obedece à legislação sanitária vigente. XXI - Risco: combinação da probabilidade de ocorrência de um dano e a gravidade de tal dano. XXII - Rotina: compreende a descrição dos passos dados para a realização de uma atividade ou operação, envolvendo, geralmente, mais de um agente. Favorece o planejamento e racionalização da atividade, evitam improvisações, na medida em que definem com antecedência os agentes que serão envolvidos, propiciandolhes treinar suas ações, desta forma eliminando ou minimizando os erros. Permite a continuidade das ações desenvolvidas, além de fornecer subsídios para a avaliação de cada uma em particular. As rotinas são peculiares a cada local. XXIII - Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados de Enfermagem: índice de carga de trabalho que auxilia a avaliação quantitativa e qualitativa dos recursos humanos de enfermagem necessários para o cuidado. XXIV - Sistema de Classificação de Severidade da Doença: sistema que permite auxiliar na identificação de pacientes graves por meio de indicadores e índices de gravidade calculados a partir de dados colhidos dos pacientes.
XXV - Teste Laboratorial Remoto (TRL): Teste realizado por meio de um equipamento laboratorial situado fisicamente fora da área de um laboratório clínico. Também chamado Teste Laboratorial Portátil - TLP, do inglês Point-of-care testing - POCT. São exemplos de TLR: glicemia capilar, hemogasometria, eletrólitos sanguíneos, marcadores de injúria miocárdia, testes de coagulação automatizados, e outros de natureza similar. XXVI - Unidade de Terapia Intensiva (UTI): área crítica destinada à internação de pacientes graves, que requerem atenção profissional especializada de forma contínua, materiais específicos e tecnologias necessárias ao diagnóstico, monitorização e terapia. XXVII - Unidade de Terapia Intensiva - Adulto (UTI-A): UTI destinada à assistência de pacientes com idade igual ou superior a 18 anos, podendo admitir pacientes de 15 a 17 anos, se definido nas normas da instituição. XXVIII - Unidade de Terapia Intensiva Especializada: UTI destinada à assistência a pacientes selecionados por tipo de doença ou intervenção, como cardiopatas, neurológicos, cirúrgicos, entre outras. XXIX - Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTI-N): UTI destinada à assistência a pacientes admitidos com idade entre 0 e 28 dias. XXX - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica (UTI-P): UTI destinada à assistência a pacientes com idade de 29 dias a 14 ou 18 anos, sendo este limite definido de acordo com as rotinas da instituição. XXXI - Unidade de Terapia Intensiva Pediátrica Mista (UTIPm): UTI destinada à assistência a pacientes recémnascidos e pediátricos numa mesma sala, porém havendo separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. CAPÍTULO II DAS DISPOSIÇÕES COMUNS A TODAS AS UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA Seção I Organização Art. 5º A Unidade de Terapia Intensiva deve estar localizada em um hospital regularizado junto ao órgão de vigilância sanitária municipal ou estadual. Parágrafo único. A regularização perante o órgão de vigilância sanitária local se dá mediante a emissão e renovação de alvará de licenciamento sanitário, salvo exceções previstas em lei, e é condicionada ao cumprimento das disposições especificadas nesta Resolução e outras normas sanitárias vigentes. Art. 6º O hospital no qual a Unidade de Terapia Intensiva está localizada deve estar cadastrado e manter atualizadas as informações referentes a esta Unidade no Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde (CNES). Art. 7º A direção do hospital onde a UTI está inserida deve garantir: I - o provimento dos recursos humanos e materiais necessários ao funcionamento da unidade e à continuidade da
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atenção, em conformidade com as disposições desta RDC; II - a segurança e a proteção de pacientes, profissionais e visitantes, inclusive fornecendo equipamentos de proteção individual e coletiva. Art. 8º A unidade deve dispor de registro das normas institucionais e das rotinas dos procedimentos assistenciais e administrativos realizados na unidade, as quais devem ser: I - elaboradas em conjunto com os setores envolvidos na assistência ao paciente grave, no que for pertinente, em especial com a Comissão de Controle de Infecção Hospitalar. II - aprovadas e assinadas pelo Responsável Técnico e pelos coordenadores de enfermagem e de fisioterapia; III - revisadas anualmente ou sempre que houver a incorporação de novas tecnologias; IV - disponibilizadas para todos os profissionais da unidade. Art. 9º A unidade deve dispor de registro das normas institucionais e das rotinas relacionadas a biossegurança, contemplando, no mínimo, os seguintes itens: I - condutas de segurança biológica, química, física, ocupacional e ambiental; II - instruções de uso para os equipamentos de proteção individual (EPI) e de proteção coletiva (EPC); III - procedimentos em caso de acidentes; IV - manuseio e transporte de material e amostra biológica. Seção II Infraestrutura Física Art. 10 Devem ser seguidos os requisitos estabelecidos na RDC/Anvisa n. 50, de 21 de fevereiro de 2002. Parágrafo único. A infraestrutura deve contribuir para manutenção da privacidade do paciente, sem, contudo, interferir na sua monitorização. Art. 11 As Unidades de Terapia Intensiva Adulto, Pediátricas e Neonatais devem ocupar salas distintas e exclusivas. § 1º Caso essas unidades sejam contíguas, os ambientes de apoio podem ser compartilhados entre si. § 2º Nas UTI Pediátricas Mistas deve haver uma separação física entre os ambientes de UTI Pediátrica e UTI Neonatal. Seção III Recursos Humanos Art. 12 As atribuições e as responsabilidades de todos os profissionais que atuam na unidade devem estar formalmente designadas, descritas e divulgadas aos profissionais que atuam na UTI. Art. 13 Deve ser formalmente designado um Responsável Técnico médico, um enfermeiro coordenador da equipe de enfermagem e um fisioterapeuta coordenador da equipe de fisioterapia, assim como seus respectivos substitutos. § 1º O Responsável Técnico deve ter título de especialista em Medicina Intensiva para responder por UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica, para responder por UTI Pediátrica; título de especialista em
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Pediatria com área de atuação em Neonatologia, para responder por UTI Neonatal; § 2º Os coordenadores de enfermagem e de fisioterapia devem ser especialistas em terapia intensiva ou em outra especialidade relacionada à assistência ao paciente grave, específica para a modalidade de atuação (adulto, pediátrica ou neonatal); § 3º É permitido assumir responsabilidade técnica ou coordenação em, no máximo, 02 (duas) UTI. Art. 14 Além do disposto no Artigo 13 desta RDC, deve ser designada uma equipe multiprofissional, legalmente habilitada, a qual deve ser dimensionada, quantitativa e qualitativamente, de acordo com o perfil assistencial, a demanda da unidade e legislação vigente, contendo, para atuação exclusiva na unidade, no mínimo, os seguintes profissionais: I - Médico diarista/rotineiro: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino e vespertino, com título de especialista em Medicina Intensiva para atuação em UTI Adulto; habilitação em Medicina Intensiva Pediátrica para atuação em UTI Pediátrica; título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia para atuação em UTI Neonatal; II - Médicos plantonistas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, em cada turno. III - Enfermeiros assistenciais: no mínimo 01 (um) para cada 08 (oito) leitos ou fração, em cada turno. IV - Fisioterapeutas: no mínimo 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração, nos turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas diárias de atuação; V - Técnicos de enfermagem: no mínimo 01 (um) para cada 02 (dois) leitos em cada turno, além de 1 (um) técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial em cada turno; VI - Auxiliares administrativos: no mínimo 01 (um) exclusivo da unidade; VII - Funcionários exclusivos para serviço de limpeza da unidade, em cada turno. Art. 15 Médicos plantonistas, enfermeiros assistenciais, fisioterapeutas e técnicos de enfermagem devem estar disponíveis em tempo integral para assistência aos pacientes internados na UTI, durante o horário em que estão escalados para atuação na UTI. Art. 16 Todos os profissionais da UTI devem estar imunizados contra tétano, difteria, hepatite B e outros imunobiológicos, de acordo com a NR 32 - Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde estabelecida pela Portaria MTE/GM n.º 485, de 11 de novembro de 2005. Art. 17 A equipe da UTI deve participar de um programa de educação continuada, contemplando, no mínimo: I - normas e rotinas técnicas desenvolvidas na unidade; II - incorporação de novas tecnologias; III - gerenciamento dos riscos inerentes às atividades desenvolvidas na unidade e segurança de pacientes e profissionais. IV - prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde.
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§ 1º As atividades de educação continuada devem estar registradas, com data, carga horária e lista de participantes. § 2º Ao serem admitidos à UTI, os profissionais devem receber capacitação para atuar na unidade. Seção IV Acesso a Recursos Assistenciais Art. 18 Devem ser garantidos, por meios próprios ou terceirizados, os seguintes serviços à beira do leito: I - assistência nutricional; II - terapia nutricional (enteral e parenteral); III - assistência farmacêutica; IV - assistência fonoaudiológica; V - assistência psicológica; VI - assistência odontológica; VII - assistência social; VIII - assistência clínica vascular; IX - assistência de terapia ocupacional para UTI Adulto e Pediátrica X - assistência clínica cardiovascular, com especialidade pediátrica nas UTI Pediátricas e Neonatais; XI - assistência clínica neurológica; XII - assistência clínica ortopédica; XIII - assistência clínica urológica; XIV - assistência clínica gastroenterológica; XV - assistência clínica nefrológica, incluindo hemodiálise; XVI - assistência clínica hematológica; XVII - assistência hemoterápica; XVIII - assistência oftalmológica; XIX - assistência de otorrinolaringológica; XX - assistência clínica de infectologia; XXI - assistência clínica ginecológica; XXII - assistência cirúrgica geral em caso de UTI Adulto e cirurgia pediátrica, em caso de UTI Neonatal ou UTI Pediátrica; XXIII - serviço de laboratório clínico, incluindo microbiologia e hemogasometria; XXIV - serviço de radiografia móvel; XXV - serviço de ultrassonografia portátil; XXVI - serviço de endoscopia digestiva alta e baixa; XXVII - serviço de fibrobroncoscopia; XXVIII - serviço de diagnóstico clínico e notificação compulsória de morte encefálica. Art. 19 O hospital em que a UTI está inserida deve dispor, na própria estrutura hospitalar, dos seguintes serviços diagnósticos e terapêuticos: I - centro cirúrgico; II - serviço radiológico convencional; III - serviço de ecodopplercardiografia. Art. 20 Deve ser garantido acesso aos seguintes serviços diagnósticos e terapêuticos, no hospital onde a UTI está inserida ou em outro estabelecimento, por meio de acesso formalizado: I- cirurgia cardiovascular, II - cirurgia vascular; III - cirurgia neurológica;
IV - cirurgia ortopédica; V - cirurgia urológica; VI - cirurgia buco-maxilo-facial; VII - radiologia intervencionista; VIII - ressonância magnética; IX - tomografia computadorizada; X - anatomia patológica; XI - exame comprobatório de fluxo sanguíneo encefálico. Seção V Processos de Trabalho Art. 21 Todo paciente internado em UTI deve receber assistência integral e interdisciplinar. Art. 22 A evolução do estado clínico, as intercorrências e os cuidados prestados devem ser registrados pelas equipes médica, de enfermagem e de fisioterapia no prontuário do paciente, em cada turno, e atendendo as regulamentações dos respectivos conselhos de classe profissional e normas institucionais. Art. 23 As assistências farmacêutica, psicológica, fonoaudiológica, social, odontológica, nutricional, de terapia nutricional enteral e parenteral e de terapia ocupacional devem estar integradas às demais atividades assistenciais prestadas ao paciente, sendo discutidas conjuntamente pela equipe multiprofissional. Parágrafo único. A assistência prestada por estes profissionais deve ser registrada, assinada e datada no prontuário do paciente, de forma legível e contendo o número de registro no respectivo conselho de classe profissional. Art. 24 Devem ser assegurados, por todos os profissionais que atuam na UTI, os seguintes itens: I - preservação da identidade e da privacidade do paciente, assegurando um ambiente de respeito e dignidade; II - fornecimento de orientações aos familiares e aos pacientes, quando couber, em linguagem clara, sobre o estado de saúde e a assistência a ser prestada desde a admissão até a alta; III - ações de humanização da atenção à saúde; IV - promoção de ambiência acolhedora; V - incentivo à participação da família na atenção ao paciente, quando pertinente. Art. 25 A presença de acompanhantes em UTI deve ser normatizada pela instituição, com base na legislação vigente. Art. 26 O paciente consciente deve ser informado quanto aos procedimentos a que será submetido e sobre os cuidados requeridos para execução dos mesmos. Parágrafo único. O responsável legal pelo paciente deve ser informado sobre as condutas clínicas e procedimentos a que o mesmo será submetido. Art. 27 Os critérios para admissão e alta de pacientes na UTI devem ser registrados, assinados pelo Responsável Técnico e divulgados para toda a instituição, além de seguir legislação e normas institucionais vigentes.
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Art. 28 A realização de testes laboratoriais remotos (TLR) nas dependências da UTI está condicionada ao cumprimento das disposições da Resolução da Diretoria Colegiada da Anvisa - RDC nº 302, de 13 de outubro de 2005. Seção VI Transporte de Pacientes Art. 29 Todo paciente grave deve ser transportado com o acompanhamento contínuo, no mínimo, de um médico e de um enfermeiro, ambos com habilidade comprovada para o atendimento de urgência e emergência. Art. 30 Em caso de transporte intra-hospitalar para realização de algum procedimento diagnóstico ou terapêutico, os dados do prontuário devem estar disponíveis para consulta dos profissionais do setor de destino. Art. 31 Em caso de transporte inter-hospitalar de paciente grave, devem ser seguidos os requisitos constantes na Portaria GM/MS n. 2048, de 05 de novembro de 2002. Art. 32 Em caso de transferência inter-hospitalar por alta da UTI, o paciente deverá ser acompanhado de um relatório de transferência, o qual será entregue no local de destino do paciente; Parágrafo único. O relatório de transferência deve conter, no mínimo: I - dados referentes ao motivo de internação na UTI e diagnósticos de base; II - dados referentes ao período de internação na UTI, incluindo realização de procedimentos invasivos, intercorrências, infecções, transfusões de sangue e hemoderivados, tempo de permanência em assistência ventilatória mecânica invasiva e não-invasiva, realização de diálise e exames diagnósticos; III - dados referentes à alta e ao preparatório para a transferência, incluindo prescrições médica e de enfermagem do dia, especificando aprazamento de horários e cuidados administrados antes da transferência; perfil de monitorização hemodinâmica, equilíbrio ácidobásico, balanço hídrico e sinais vitais das últimas 24 horas. Seção VII Gerenciamento de Riscos e Notificação de Eventos Adversos Art. 33 Deve ser realizado gerenciamento dos riscos inerentes às atividades realizadas na unidade, bem como aos produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária. Art. 34 O estabelecimento de saúde deve buscar a redução e minimização da ocorrência dos eventos adversos relacionados a: I - procedimentos de prevenção, diagnóstico, tratamento ou reabilitação do paciente; II - medicamentos e insumos farmacêuticos; III - produtos para saúde, incluindo equipamentos; IV - uso de sangue e hemocomponentes; V - saneantes; VI - outros produtos submetidos ao controle e fiscalização sanitária utilizados na unidade.
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Art. 35 Na monitorização e no gerenciamento de risco, a equipe da UTI deve: I - definir e monitorar indicadores de avaliação da prevenção ou redução dos eventos adversos pertinentes à unidade; II - coletar, analisar, estabelecer ações corretivas e notificar eventos adversos e queixas técnicas, conforme determinado pelo órgão sanitário competente. Art. 36 Os eventos adversos relacionados aos itens dispostos no Art. 35 desta RDC devem ser notificados à gerência de risco ou outro setor definido pela instituição, de acordo com as normas institucionais. Seção VIII Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde Art. 37 Devem ser cumpridas as medidas de prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS) definidas pelo Programa de Controle de Infecção do hospital. Art. 38 As equipes da UTI e da Comissão de Controle de Infecção Hospitalar - CCIH - são responsáveis pelas ações de prevenção e controle de IRAS. Art. 39 A CCIH deve estruturar uma metodologia de busca ativa das infecções relacionadas a dispositivos invasivos, dos microrganismos multirresistentes e outros microrganismos de importância clínicoepidemiológica, além de identificação precoce de surtos. Art. 40 A equipe da UTI deve colaborar com a CCIH na vigilância epidemiológica das IRAS e com o monitoramento de microrganismos multirresistentes na unidade. Art. 41 A CCIH deve divulgar os resultados da vigilância das infecções e perfil de sensibilidade dos microrganismos à equipe multiprofissional da UTI, visando a avaliação periódica das medidas de prevenção e controle das IRAS. Art. 42 As ações de prevenção e controle de IRAS devem ser baseadas na avaliação dos indicadores da unidade. Art. 43 A equipe da UTI deve aderir às medidas de precaução padrão, às medidas de precaução baseadas na transmissão (contato, gotículas e aerossóis) e colaborar no estímulo ao efetivo cumprimento das mesmas. Art. 44 A equipe da UTI deve orientar visitantes e acompanhantes quanto às ações que visam a prevenção e o controle de infecções, baseadas nas recomendações da CCIH. Art. 45 A equipe da UTI deve proceder ao uso racional de antimicrobianos, estabelecendo normas e rotinas de forma interdisciplinar e em conjunto com a CCIH, Farmácia Hospitalar e Laboratório de Microbiologia. Art. 46 Devem ser disponibilizados os insumos, produtos, equipamentos e instalações necessários para as práticas de higienização de mãos de profissionais de saúde e visitantes. § 1º Os lavatórios para higienização das mãos devem estar disponibilizados na entrada da unidade, no posto
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de enfermagem e em outros locais estratégicos definidos pela CCIH e possuir dispensador com sabonete líquido e papel toalha. § 2º As preparações alcoólicas para higienização das mãos devem estar disponibilizadas na entrada da unidade, entre os leitos e em outros locais estratégicos definidos pela CCIH. Art. 47 O Responsável Técnico e os coordenadores de enfermagem e de fisioterapia devem estimular a adesão às práticas de higienização das mãos pelos profissionais e visitantes. Seção IX Avaliação Art. 48 Devem ser monitorados e mantidos registros de avaliações do desempenho e do padrão de funcionamento global da UTI, assim como de eventos que possam indicar necessidade de melhoria da qualidade da assistência, com o objetivo de estabelecer medidas de controle ou redução dos mesmos. § 1º Deve ser calculado o Índice de Gravidade / Índice Prognóstico dos pacientes internados na UTI por meio de um Sistema de Classificação de Severidade de Doença recomendado por literatura científica especializada. § 2º O Responsável Técnico da UTI deve correlacionar a mortalidade geral de sua unidade com a mortalidade geral esperada, de acordo com o Índice de gravidade utilizado. § 3º Devem ser monitorados os indicadores mencionados na Instrução Normativa nº 4, de 24 de fevereiro de 2010, da ANVISA §4º Estes dados devem estar em local de fácil acesso e ser disponibilizados à Vigilância Sanitária durante a inspeção sanitária ou quando solicitado. Art. 49 Os pacientes internados na UTI devem ser avaliados por meio de um Sistema de Classificação de Necessidades de Cuidados de Enfermagem recomendado por literatura científica especializada. §1º O enfermeiro coordenador da UTI deve correlacionar as necessidades de cuidados de enfermagem com o quantitativo de pessoal disponível, de acordo com um instrumento de medida utilizado. §2º Os registros desses dados devem estar disponíveis mensalmente, em local de fácil acesso. Seção X Recursos Materiais Art. 50 A UTI deve dispor de materiais e equipamentos de acordo com a complexidade do serviço e necessários ao atendimento de sua demanda. Art. 51 Os materiais e equipamentos utilizados, nacionais ou importados, devem estar regularizados junto à ANVISA, de acordo com a legislação vigente. Art. 52 Devem ser mantidas na unidade instruções escritas referentes à utilização dos equipamentos e materiais, que podem ser substituídas ou complementadas por manuais do fabricante em língua portuguesa.
Art. 53 Quando houver terceirização de fornecimento de equipamentos médico-hospitalares, deve ser estabelecido contrato formal entre o hospital e a empresa contratante. Art. 54 Os materiais e equipamentos devem estar íntegros, limpos e prontos para uso. Art. 55 Devem ser realizadas manutenções preventivas e corretivas nos equipamentos em uso e em reserva operacional, de acordo com periodicidade estabelecida pelo fabricante ou pelo serviço de engenharia clínica da instituição. Parágrafo único. Devem ser mantidas na unidade cópias do calendário de manutenções preventivas e o registro das manutenções realizadas. CAPÍTULO III DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA ADULTO Seção I Recursos Materiais Art. 56 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Adulto, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente. Art. 57 Cada leito de UTI Adulto deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais: I - cama hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios; II - equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; III - estetoscópio; IV - conjunto para nebulização; V - quatro (04) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos: VI - fita métrica; VII - equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: a) freqüência respiratória; b) oximetria de pulso; c) freqüência cardíaca; d) cardioscopia; e) temperatura; f) pressão arterial não-invasiva. Art. 58 Cada UTI Adulto deve dispor, no mínimo, de: I - materiais para punção lombar; II - materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; III - oftalmoscópio; IV - otoscópio; V - negatoscópio; VI - máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: 01 (uma) para cada 02 (dois) leitos; VII - materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado;
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VIII - aspirador a vácuo portátil; IX - equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”); X - ventilômetro portátil; XI - capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; XII - ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor, cada equipamento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos, XIII - equipamento para ventilação pulmonar mecânica não invasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar mecânico microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não invasiva; XIV - materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; XV - materiais para drenagem torácica em sistema fechado; XVI - materiais para traqueostomia; XVII - foco cirúrgico portátil; XVIII - materiais para acesso venoso profundo; XIX - materiais para flebotomia; XX - materiais para monitorização de pressão venosa central; XXI - materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos; XXII - materiais para punção pericárdica; XXIII - monitor de débito cardíaco; XXIV - eletrocardiógrafo portátil: 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos; XXV - kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXVI - equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; XXVII - marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos; XXVIII - equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos; XXIX - materiais para curativos; XXX - materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado; XXXI - dispositivo para elevar, transpor e pesar o paciente; XXXII - poltrona com revestimento impermeável, destinada à assistência aos pacientes: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração. XXXIII - maca para transporte, com grades laterais, suporte para soluções parenterais e suporte para cilindro de oxigênio: 1 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXIV - equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cardioscopia; freqüência respiratória) específico(s) para transporte, com bateria: 1 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
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XXXV - ventilador mecânico específico para transporte, com bateria: 1(um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVI - kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVII - cilindro transportável de oxigênio; XXXVIII - relógios e calendários posicionados de forma a permitir visualização em todos os leitos. XXXIX - refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e registro de temperatura. Art. 59 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa. Art. 60 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos incisos XXV e XXXVI do Art 58, devem conter, no mínimo: ressuscitador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril. §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados pela unidade e baseados em evidências científicas. §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endotraqueais de tamanhos adequados, por exemplo); §4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre prontos para uso. CAPÍTULO IV DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA PEDIÁTRICAS Seção I Recursos Materiais Art. 61 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Pediátrica, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente. Art. 62 Cada leito de UTI Pediátrica deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais: I - berço hospitalar com ajuste de posição, grades laterais e rodízios; II - equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável, com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; III - estetoscópio; IV - conjunto para nebulização; V - Quatro (04) equipamentos para infusão contínua e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos;
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VI - fita métrica; VII - poltrona removível, com revestimento impermeável, destinada ao acompanhante: 01 (uma) por leito; VIII - equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: a) freqüência respiratória; b) oximetria de pulso; c) freqüência cardíaca; d) cardioscopia; e) temperatura; f) pressão arterial não-invasiva. Art. 63 Cada UTI Pediátrica deve dispor, no mínimo, de: I - berço aquecido de terapia intensiva: 1(um) para cada 5 (cinco) leitos; II - estadiômetro; III - balança eletrônica portátil; IV - oftalmoscópio; V - otoscópio; VI - materiais para punção lombar; VII - materiais para drenagem liquórica em sistema fechado; VIII - negatoscópio; IX - capacetes ou tendas para oxigenoterapia; X - máscara facial que permite diferentes concentrações de Oxigênio: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; XI - materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado; XII - aspirador a vácuo portátil; XIII - equipamento para mensurar pressão de balonete de tubo/cânula endotraqueal (“cuffômetro”); XIV - capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; XV - ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, devendo dispor cada equipamento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. XVI - equipamento para ventilação pulmonar nãoinvasiva: 01(um) para cada 10 (dez) leitos, quando o ventilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não invasiva; XVII - materiais de interface facial para ventilação pulmonar não-invasiva: 01 (um) conjunto para cada 05 (cinco) leitos; XVIII - materiais para drenagem torácica em sistema fechado; XIX - materiais para traqueostomia; XX - foco cirúrgico portátil; XXI - materiais para acesso venoso profundo, incluindo cateterização venosa central de inserção periférica (PICC); XXII - material para flebotomia; XXIII - materiais para monitorização de pressão venosa central; XXIV - materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva: 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 10 (dez) leitos;
XXV - materiais para punção pericárdica; XXVI - eletrocardiógrafo portátil; XXVII - kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXVIII - equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade; XXIX - marcapasso cardíaco temporário, eletrodos e gerador: 01 (um) equipamento para a unidade; XXX - equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXXI - materiais para curativos; XXXII - materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado; XXXIII - maca para transporte, com grades laterais, com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXIV - equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, pressão arterial não-invasiva; cardioscopia; freqüência respiratória) específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXV - ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVI - kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXVII - cilindro transportável de oxigênio; XXXVIII - relógio e calendário de parede; XXXIX - refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos, com monitorização e registro de temperatura. Art. 64 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela Anvisa. Art. 65 Os kits para atendimento às emergências, referidos nos incisos XXVII e XXXVI do Art 63, devem conter, no mínimo: ressuscitador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril. §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados pela unidade e baseados em evidências científicas. §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endotraqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
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§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre prontos para uso. Seção II UTI Pediátrica Mista Art. 66 As UTI Pediátricas Mistas, além dos requisitos comuns a todas as UTI, também devem atender aos requisitos relacionados aos recursos humanos, assistenciais e materiais estabelecidos para UTI pediátrica e neonatal concomitantemente. Parágrafo único. A equipe médica deve conter especialistas em Terapia Intensiva Pediátrica e especialistas em Neonatologia. CAPÍTULO V DOS REQUISITOS ESPECÍFICOS PARA UNIDADES DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAIS Seção I Recursos Materiais Art. 67 Devem estar disponíveis, para uso exclusivo da UTI Neonatal, materiais e equipamentos de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente. Art. 68 Cada leito de UTI Neonatal deve possuir, no mínimo, os seguintes equipamentos e materiais: I - incubadora com parede dupla; II - equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; III - estetoscópio; IV - conjunto para nebulização; V - Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluidos (“bomba de infusão”), com reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos; VI - fita métrica; VII - equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: a) freqüência respiratória; b) oximetria de pulso; c) freqüência cardíaca; d) cardioscopia; e) temperatura; f) pressão arterial não-invasiva. Art. 69 Cada UTI Neonatal deve dispor, no mínimo, de: I - berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos; II - equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) leitos; III - estadiômetro; IV - balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos; V - oftalmoscópio; VI - otoscópio; VII - material para punção lombar; VIII - material para drenagem liquórica em sistema fechado;
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IX - negatoscópio; X - capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um) para cada 5 (cinco) leitos; XI - materiais para aspiração traqueal em sistemas aberto e fechado; XII - aspirador a vácuo portátil; XIII - capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos; XIV - ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipamento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. XV - equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não invasiva; XVI - materiais de interface facial para ventilação pulmonar não invasiva (máscara ou pronga): 1 (um) por leito. XVII - materiais para drenagem torácica em sistema fechado; XVIII - material para traqueostomia; XIX - foco cirúrgico portátil; XX - materiais para acesso venoso profundo, incluindo cateterização venosa central de inserção periférica (PICC); XXI - material para flebotomia; XXII - materiais para monitorização de pressão venosa central; XXIII - materiais e equipamento para monitorização de pressão arterial invasiva; XXIV - materiais para cateterismo umbilical e exsanguíneo transfusão; XXV - materiais para punção pericárdica; XXVI - eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital; XXVII - kit (“carrinho”) contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração; XXVIII - equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade; XXIX - equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; XXX - materiais para curativos; XXXI - materiais para cateterismo vesical de demora em sistema fechado; XXXII - incubadora para transporte, com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXIII - equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; XXXIV - ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração;
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XXXV - kit (“maleta”) para acompanhar o transporte de pacientes graves, contendo medicamentos e materiais para atendimento às emergências: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração. XXXVI - cilindro transportável de oxigênio; XXXVII - relógio e calendário de parede; XXXVIII - poltronas removíveis, com revestimento impermeável, para acompanhante: 01 (uma) para cada 05 leitos ou fração; XXXIX - refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade, com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos de 24 horas. Art. 70 Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados neste regulamento técnico, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela ANVISA. Art. 71 Os kits para atendimento às emergências referidos nos incisos XXVII e XXXV do Art 69 devem conter, no mínimo: ressuscitador manual com reservatório, cabos e lâminas de laringoscópio, tubos/cânulas endotraqueais, fixadores de tubo endotraqueal, cânulas de Guedel e fio guia estéril. §1º Demais materiais e medicamentos a compor estes kits devem seguir protocolos assistenciais para este fim, padronizados pela unidade e baseados em evidências científicas. §2º A quantidade dos materiais e medicamentos destes kits deve ser padronizada pela unidade, de acordo com sua demanda. §3º Os materiais utilizados devem estar de acordo com a faixa etária e biotipo do paciente (lâminas de laringoscópio, tubos endotraqueais de tamanhos adequados, por exemplo);
§4º A unidade deve fazer uma lista com todos os materiais e medicamentos a compor estes kits e garantir que estejam sempre prontos para uso. CAPÍTULO VI DAS DISPOSIÇÕES FINAIS E TRANSITÓRIAS Art. 72 Os estabelecimentos abrangidos por esta Resolução têm o prazo de 180 (cento e oitenta) dias contados a partir da data de sua publicação para promover as adequações necessárias do serviço para cumprimento da mesma. § 1º Para cumprimento dos Artigos 13, 14 e 15 da Seção III - Recursos Humanos e do Art 51 da Seção IX - Avaliação do Capítulo II, assim como da Seção I - Recursos Materiais dos Capítulos III, IV e V estabelece-se o prazo de 03 (três) anos; § 2º A partir da publicação desta Resolução, os novos estabelecimentos e aqueles que pretendem reiniciar suas atividades devem atender na íntegra às exigências nela contidas, previamente ao início de seu funcionamento. Art. 73 O descumprimento das disposições contidas nesta Resolução constitui infração sanitária, nos termos da Lei n. 6.437, de 20 de agosto de 1977, sem prejuízo das responsabilidades civil, administrativa e penal cabíveis. Art. 74 Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação.
DIRCEU RAPOSO DE MELLO Fonte : http://www.saude.mg.gov.br/atos _ normativos/ legislacao-sanitaria/estabelecimentos-de-saude/ uti/RDC-7 _ ANVISA%20240210.pdf/
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Ventilação Mecânica Implicações para a enfermagem Márcio Neres dos Santos / Fábio da Rosa / Odon Melo Soares
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Aula 1 – Abordagem da Via Aérea – Anatomia e Fisiologia da Via Aérea – Mecânica Ventilatória – Avaliação da Via Aérea e Ventilação
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Aula 2 – Via Aérea Difícil e Dispositivos Extraglóticos – Identiicação da Via Aérea Difícil – Intervenções na Via Aérea e Ventilação – Intubação Endotraqueal – Intubação em Sequência Rápida – Dispositivos Extraglóticos – Máscara Laríngea, Dispositivo Esofágico de Multilúmen (Combi Tube) e Tubo Laríngeo – Cricotireoidostomia por Punção e Cirúrgica Aula 3 – Insuiciência Respiratória Aguda – IrpA e Equilíbrio Ácido-Básico – IrpA – Conceitos Básicos de Equilíbrio Ácido-Base – Princípios Básicos de Interpretação de Gasometria
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Aula 4 – Ventilação Mecânica Invasiva – Breve Histórico da Ventilação Mecânica – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios de Ventilação Mecânica – Parâmetros Básicos e Fases do Ciclo Ventilatório na Ventilação Mecânica – Modalidades Ventilatórias
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Aula 5 – Ventilação Mecânica Não Invasiva – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios Básicos de Ventilação Mecânica Não Invasiva
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Aula 6 – Cuidados de Enfermagem com Pacientes em Ventilação Mecânica – Aspiração de Vias Aéreas – Protocolo PAV – Cuidados com Ventilação Mecânica
Nossos Facilitadores Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutorando em Biologia celular e Molecular.Mestre em Educação. Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos em Saúde e Especialista em Auditoria em Saúde. Aperfeiçoamento em Terapia Intensiva. Orientador da Residência Integrada em Saúde (GHC), Ênfase Atenção ao Paciente Crítico. Assistente de Coordenação do Serviço de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV) e no Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde (GHC/MS). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência da UNISINOS. E-mail: nerespoa@gmail.com Fábio Rosa – Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem.Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva e Especialista em Dinâmica e Gestão de Grupo. Enfermeiro do CTI Adulto do Hospital Mãe de Deus (HMD). Atua como docente na Escola Proissional do Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia (IC FUC). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Terapia Intensiva da UNISINOS. E-mail:Fabio_nurse@yahoo.com.br Odon Melo Soares – Enfermeiro. Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva. Enfermeiro da UTI Adulto do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA).. Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS. E-mail:odonmelo@gmail.com
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ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA VENTILAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA AULA 6 – CUIDADOS DE ENFERMAGEM COM PACIENTE EM VENTILAÇÃO MECÂNICA
Aula 6 – Cuidados de enfermagem com paciente em ventilação mecânica A ventilação mecânica é uma das principais terapias utilizadas para a manutenção da vida de pacientes gravemente enfermos. Atualmente, o uso desse método ultrapassa os limites das unidades de terapia intensiva, sendo estendida para outros ambientes, tais como as unidades de urgência e emergência. Diante deste contexto, as intervenções de enfermagem para pacientes sob ventilação mecânica são fundamentais para o melhor prognóstico e desfecho, assim como na redução sensível da mobimortalidade. É de conhecimento que a ventilação mecânica inverte o processo fisiológico normal da ventilação/ respiração, isto é, ao instaurar uma pressão positiva durante a fase inspiratória, é desencadeada uma série de efeitos diferentes em órgãos e sistemas que poderão repercutir como complicações clínicas1-2. Na equipe multiprofissional que presta cuidados diretos aos pacientes sob ventilação mecânica, o enfermeiro destaca-se por ser um dos primeiros a identificar alterações, monitorizar e avaliar frequentemente o estado respiratório e hemodinâmico do doente. Além disso, cabe ao enfermeiro a gestão dos processos assistenciais referentes às medidas educativas e preventivas que possam impedir ou eliminar possíveis complicações.
Prevenção da pneumonia associada à ventilação mecânica
Reforçando o que foi relatado anteriormente sobre a epidemiologia da PAV no Brasil, as taxas podem variar de acordo com a população e os métodos diagnósticos disponíveis. Porém, a literatura tem demonstrado que a incidência desta infecção aumenta com a permanência da ventilação mecânica e aponta taxas iniciais de aproximadamente 3% por dia, durante os primeiros cinco dias de ventilação, aumentando 2% para cada dia subsequente3.
Devido à elevada incidência de PAV, é recomendado a realizar vigilância com definições padronizadas nas unidades críticas, assim como traçar o perfil epidemiológico da PAV e, sobretudo associar essas taxas com as medidas de prevenção pertinentes. Os dados podem ser transformados em informações importantes para a formatação de indicadores clínicos assistenciais, qualificando o cuidado prestado ao paciente sob ventilação mecânica.
Os pacientes críticos que necessitam de ventilação mecânica invasiva fazem parte de um grupo de risco aumentado para pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV). A PAV é a segunda causa de infecção em unidades de terapia intensiva (UTI) norte-americanas e a mais frequente em UTIs na Europa ocidental3. No Brasil, ainda há carência de uma base de dados nacional e estudos multicêntricos. Grande parte das informações sobre PAV partem de experiências individuais que a demonstram como as infecções mais frequentes dentro das unidades de terapia intensiva3-4. A PAV está associada ao aumento da mortalidade e à elevação dos custos devido à maior permanência em UTI e uso de antimicrobianos de amplo espectro3. A PAV é considerada uma doença infecciosa de diagnósticoimprecisoemulticausal.Essascaracterísticas associam à PAV grande divergência relacionada a diagnóstico, tratamento e medidas preventivas. A seguir, de forma esquemática, apresentamos os fatores de risco para aquisição da PAV, os quais podem ser agrupados em quatro categorias3:
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MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES
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VENTILAÇÃO MECÂNICA - IMPLICAÇÕES PARA A ENFERMAGEM AULA – VENTILAÇÃOCOM MECÂNICA NÃO AULA 6 – CUIDADOS DE5ENFERMAGEM PACIENTE EMINVASIVA VENTILAÇÃO MECÂNICA
Diante disso, faz-se necessário que a equipe multidisciplinar atue baseada nas melhores evidências, formatando protocolos e intervenções que garantam a redução da incidência de PAV5. Os cuidados gerais necessários para prevenção da PAV incluem: manter a posição do paciente em 30-45º; higiene adequada das mãos dos profissionais; realização de aspiração traqueal de forma asséptica, evitando a contaminação do circuito ventilatório, além dos cuidados para não lesionar as vias aéreas durante a aspiração; cuidados com uso de corticoideterapia; profilaxia de úlceras de pressão e de distensão gástrica, dando preferência para a nutrição enteral, pois está associada com menor regurgitação gastresofágica, quando comparada com o uso de sonda gástrica5. Outro cuidado que impacta na prevenção da PV é a manutenção correta da pressão de cuff (Pcuff) nos pacientes submetidos à ventilação mecânica. A excessiva pressão pode comprometer
a microcirculação da mucosa traqueal e causar lesões isquêmicas; porém, se a pressão for insuficiente, pode haver dificuldade na ventilação com pressão positiva e vazamento da secreção subglótica por entre o tubo e a traqueia3. A pressão do cuff do tubo orotraqueal ou da traqueostomia deve ser suficiente para evitar o vazamento de ar e a passagem de secreção (microaspiração) que fica acima do balonete. Recomenda-se, portanto, que esta pressão permaneça entre 20 e 25 mmHg3,12-13. As melhores evidências para o cuidado adequado no controle da PAV estão reunidas em três guidelines publicados pelo CDC (Centers for Disease Control and Prevention) no ano de 1997, atualizado e ampliado em 2004, e pela ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) no ano de 2009. Com base nesses três documentos, apresentamos na Tabela 1 o resumo das principais recomendações para o controle e prevenção de fatores de risco associados ao tratamento com ventilação mecânica.
Tabela 1. Prevenção de fatores de risco associados ao tratamento com ventilação mecânica
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Realizar a higiene das mãos antes e após manipular artigos ou prestar atendimento ao paciente, independentemente do uso de luvas.
Dar preferência à ventilação não invasiva (VNI) com o objetivo de reduzir PAV, pois o risco aumenta de 6 a 21 vezes se associada ao uso de intubação endotraqueal e ventilação mecânica invasiva (VMI).
Implementar protocolos e pausa de sedação diária que facilitem o desmame, reduzindo do tempo de exposição à VM. Manutenção da pressão do balonete do tubo traqueal entre 20 e 25 mmHg, sendo uma estratégia de prevenção para evitar que a secreção subglótica se acumule acima deste e desça para a árvore respiratória inferior.
São necessários mais estudos para que a indicação tubo endotraqueal com lúmen dorsal acima do balonete para permitir drenagem por sucção contínua ou intermitente das secreções traqueais acumuladas na região subglótica.
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Em relação à periodicidade de troca do sistema fechado de aspiração, não há uma recomendação formal baseada em evidência. Entretanto, se o sistema de aspiração for aberto, o cateter deve ser estéril e de uso único. É recomendado manter a cabeceira elevada (30°-45°) com o objetivo de reduzir o risco de PAV em pacientes com maior probabilidade de aspiração (ventilação mecânica e nutrição enteral), pois a posição supina em pacientes recebendo nutrição enteral é um fator de risco independente para pneumonia hospitalar. Higiene oral de pacientes sob ventilação mecânica está indicada, havendo evidência do benefício de uso de clorexidina (0,12%) na redução de taxas de PAV. É recomendado manter níveis glicêmicos entre 80-100 mg/dL, pois estão associados com menor letalidade, menos infecções da corrente sanguínea, menor frequência de insuficiência renal dialítica, menos dias sem antibióticos, menor tempo de permanência sob ventilação mecânica e menor permanência em UTI. Esterilização ou desinfecção e manutenção de artigos e equipamentos de assistência respiratória. Para realização desses processos, utilizamos as recomendações do CDC para sugestão de implementação de medidas gerais indicadas para tais procedimentos.
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Trocas periódicas do circuito respiratório durante o uso no mesmo paciente não estão recomendadas, pois não há evidência de que esta estratégia reduza o risco de PAV. O uso de sistema de aspiração fechado multiuso ou aberto de uso único como estratégia e prevenção de PAV não está bem esclarecido. O sistema de aspiração fechado apresenta vantagens práticas (menor dispersão de aerossóis, não abertura do sistema de ventilação invasiva em pacientes que necessitem de PEEP alto; menores alterações fisiológicas), embora não haja evidência clara que suporte tal conduta. Não há recomendação em termos de prevenção de PAV sobre a escolha do uso de luvas estéreis ou não para realizar a aspiração endotraqueal. Trocar o dispositivo de troca de calor e umidade (heat and moisture exchanger – HME) em uso no mesmo paciente quando ocorrer disfunção mecânica ou se tornar visivelmente sujo, conforme rotina da instituição. Recomenda-se que o dispositivo de troca de calor e umidade não seja trocado antes de 48 horas, sendo que o manual canadense de prevenção de pneumonia recomenda a troca entre 5 a 7 dias.
Trocar os circuitos respiratórios no mesmo paciente, quando estiverem visivelmente sujos ou com mau funcionamento mecânico ou conforme rotina da instituição. Trocar o dispositivo de bolsa mascara a valva (ambu); entre o uso em diferentes pacientes, esterilize ou realize desinfecção de alto nível em dispositivos reutilizáveis Evitar extubação não programada (acidental) e reintubação, pois aumenta o risco de aspiração de patógenos da orofaringe para vias aéreas inferiores e risco de PAV.
Assegurar que as secreções acima do balonete do tubo são removidas antes de desinflar o balonete em preparação para a remoção do tubo endotraqueal. Rotineiramente verificar o posicionamento da sonda para alimentação enteral.
Não é recomendado desinsuflar o cuff do balonete do tubo endotraqueal para passagem de sondas ou drenos.
Fonte: Adaptado de4-6.
A aspiração traqueal é um procedimento realizado pela equipe de enfermagem frequente e essencial em pacientes sob ventilação mecânica. O procedimento permite retirada do excesso de secreção traqueal, garantindo a melhora da oxigenação e impedindo que o lúmen do tubo seja obstruído resultando em aumento do trabalho respiratório, evitando assim as atelectasias e infecções pulmonares (ver Tabela 2)6-7. ASPIRAÇÃO TRAQUEAL Retirada passiva das secreções, com técnica asséptica, por um cateter conectado a um sistema de vácuo, introduzido na via aérea artificial. As duas formas para realizar a aspiração traqueal ocorrem por meio do sistema aberto de aspiração (SAA) ou do sistema fechado de aspiração (SFA).
Por ser um procedimento invasivo, a aspiração traqueal pode causar traumatismo brônquico, broncoespasmo, hipoxemia, alterações do ritmo cardíaco, instabilidade hemodinâmica, aumento da pressão intracraniana, estimulo do reflexo vagal causado pela introdução excessiva da sonda e a transmissão de infecções respiratórias pela abertura do sistema e da não utilização de equipamentos de proteção individual1,6,8-10. O procedimento realizado através do SAA requer a desconexão do paciente do circuito do ventilador para introduzir, de forma asséptica, a sonda de aspiração6. Alguns estudos demonstram que o uso do SAA decorre da desconexão do ventilador conjuntamente com a pressão negativa do vácuo, leva a intensa perda de volume pulmonar e consequente hipoxemia10. No SFA o cateter utilizado é de múltiplo uso, coberto por uma envoltura transparente, flexível e estéril para prevenir contaminação, que fica conectado por meio de um tubo-T, localizado entre a via aérea artificial e o Y do circuito do ventilador5-10. Existe uma possível vantagem do sistema fechado em relação à manutenção da pressão positiva das vias aéreas. Além disso,
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Procedimento de enfermagem no paciente sob ventilação mecânica: aspiração traqueal
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este tipo de sistema de aspiração pode ser útil em pacientes infectados com patógenos multirresistentes, como a Staphylococcus aureus ou Mycobacterium tuberculosis3-11. Até o momento, não há evidências que demonstrem a eficácia e efetividade da relação do SAA x SFA5. Tabela 2. Objetivos da aspiração traqueal Manter via aérea pérvia Retirar secreções de vias aéreas inferiores Estimular o reflexo da tosse Preparar para extubação Coletar amostra de aspirado traqueal Melhorar o padrão ventilatório e conforto para o paciente Evitar e não provocar mais complicações, danos, agravos e iatrogenias Nas tabelas 3 e 4 são apresentadas as principais indicações e o procedimento de aspiração traqueal.
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Tabela 3. Indicações para aspiração traqueal Secreções visíveis ou audíveis Ruídos adventícios ou ausência de murmúrios vesiculares Aumento do trabalho respiratório Suspeita de aspiração gástrica ou VAS Diminuição da saturação de oxigênio SPO2 > 90% Gasometria alterada Mudanças radiológicas coerentes com retenção de secreção pulmonar Aumento do pico de pressão inspiratório ou VAC diminuído Tabela 4. Procedimento de aspiração traqueal Reunir o material: par de luvas; cateter de aspiração nº 12 ou 14; flaconete de SF 0,9% 10 ml; aspiração a vácuo e extensão; ambu completo com O2 10 l/min Lavar as mãos Comunicar o procedimento ao paciente Elevar decúbito em 30 a 45° Utilizar precaução padrão Preparar o material Realizar a técnica de aspiração de preferência por duas pessoas
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Colocar a sonda no extensor de aspiração Realizar manobra de hiperoxigenação quando disponível Colocar a luva estéril (toque único) na mão dominante Retirar a sonda com a mão dominante do invólucro de forma asséptica Abrir o vácuo com a outra mão Realizar o registro após procedimento (aspecto, quantidade e odor) Desconectar o respirador do TOT Introduzir a sonda clampeada no tamanho adequado (resistência ou tosse tracionar 1 cm) Desclampear e retirar a sonda em movimentos circulares; Não ultrapassar 15 segundos durante a aspiração Atenção quanto à instilação de SF 0,9% – Deve ser utilizado somente em casos necessários (secreção espessa ou tampão). – SF 0,9% não é mais eficaz do que um cateter de aspiração na indução do reflexo da tosse. – O fluxo do soro é capaz de deslocar bactérias colonizadas ao longo da via aérea até as vias aéreas inferiores. Cuidados de enfermagem ao paciente sob ventilação mecânica invasiva O ventilador mecânico, a via aérea artificial e o cuidado necessário para manter a ventilação mecânica requerem conhecimentos e habilidades de enfermagem especializados. O foco do cuidado para o paciente em ventilação mecânica é holístico. Os cuidados devem estar direcionados para implementar intervenções que impeçam ou minimizem as complicações14. Dentre os cuidados usuais, devem estar à higienização das mãos antes e após a manipulação do aparelho de VM, a fim de evitar a infecção respiratória15,16. A sistematização da assistência do enfermeiro (Tabela 5) deve: prever meios de comunicação alternativos com os pacientes; avaliar rotineiramente a relação inspiração/expiração; avaliar altos e baixos picos de pressão; proteger pele e face nos locais de maior pressão do cadarço de fixação; evitar tração da cânula por meio de utilização de dispositivos do circuito respiratório; acompanhar a realização de exames no leito por outros profissionais; realizar ausculta pulmonar e avaliar o uso de musculatura acessória; realizar
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aspiração traqueal, avaliando a característica da mesma; manter mecanismos de monitorização invasiva e não invasiva; trocar circuitos conforme rotina estabelecida pelo Serviço de Controle de Infecção Hospitalar; e identificar sinais de infecção (leucocitose, hipertermia e bastonetes acima de 10% no hemograma)16. Os cuidados com as vias aéreas e com o tubo endotraqueal são fundamentais, pois o manejo adequado pode prevenir complicações. É importante salientar que a função de fixação é realizada pelo cadarço ou dispositivo adesivo especial, juntamente com o correto posicionamento do sistema de filtro e traqueia (os quais exercem tração devido a seu
peso). No entanto, a hiperinsuflação ocasiona aumento da pressão sobre os tecidos, provocando isquemia, perda de cartilagem, evoluindo para estenose e traqueomalácia (flacidez da parede em razão da atrofia das fibras elásticas longitudinais)17. A pressão de perfusão traqueal varia de 2530 cm H2O, sendo recomendada uma pressão de insuflação (cuff) em torno de 30 cm H2O (20 a 25 mmHg). Os tubos de alto volume e baixa pressão não mantêm a pressão contínua dentro do balonete; portanto, é necessária a verificação periodicamente, a cada 6-8 horas. O túbulo do balonete é frágil e deve-se tomar cuidados com cortes, tração ou até mesmo furos15-16,18.
Tabela 5. Cuidados de enfermagem na VM Vigilância constante Monitorização de trocas gasosas e padrão respiratório Coloração da pele Padrão respiratório: expansão torácica, simetria, uso de musculatura acessória Avaliação abdominal: ausculta, palpação, percussão e movimentação Eliminações: vômitos, diurese, evacuações, drenagens por sondas, sudorese Sinais de retenção hídrica
Sinais vitais Pressão venosa central (PVC) Circuitos respiratórios: posicionamento, escape de ar, acotovelamento e tracionamento do circuito Aspiração de secreções pulmonares
Controle nutricional
Higiene oral, troca de fixação do TOT/TQT, mobilização do TOT Monitorização do balanço hidroeletrolítico e peso corporal Umidificação e aquecimento do gás inalado
Observação do circuito do ventilador
Observação dos alarmes do ventilador
Nível de sedação do paciente e de bloqueio neuromuscular Orientação de exercícios
Observação do sincronismo entre o paciente e a máquina Preenchimento dos formulários de controle
Apoio emocional ao paciente
Controle de infecção
Controle da pressão do balonete
Desmame Embora traga inúmeros benefícios, a utilização de ventilação mecânica pode acarretar diversas complicações. A ventilação mecânica altera a mecânica pulmonar e a função respiratória, podendo, além de afetar outros órgãos, causar
grande morbidade ou mortalidade19. Dentre as complicações provenientes da terapêutica de VM (Tabela 6), podem-se citar a alcalemia e acidemia, infecções de trato respiratório, incoordenação muscular respiratória, hipotensão
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Avaliação dos sinais vitais e monitorização cardiovascular Observação dos sinais de hiperinsuflação
Controle de sinais vitais e monitorização cardiovascular Observação dos sinais neurológicos – nível de consciência Grau de distensão de veias das regiões cervical e supraclaviculares Batimentos de asa de nariz
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arterial, disfunção pancreática, microaspiração, lesões labiais, dentárias e de mucosas, síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA), entre outras16,19. Tabela 6. Principais complicações relacionadas ao uso de ventiladores mecânicos
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Diminuição do débito cardíaco Alcalose respiratória aguda Elevação da pressão intracraniana Meteorismo (distensão gástrica maciça) Pneumonia associada a VM Atelectasia Barotrauma Fístula broncopleural Complicações relacionadas com o uso de tubos orotraqueais (TOT) ou de traqueostomias (TQT) extubação acidental Lesões de pele e/ou lábios Lesões traqueais O paciente sob ventilação mecânica está vulnerável a inúmeras adversidades no ambiente de cuidado crítico. O enfermeiro é o membro da equipe com maior potencial para estabelecer protocolos assistenciais para a educação e prevenção desses eventos, principalmente aqueles relacionados com a PAV. A equipe de enfermagem deve sempre manter vigilância contínua e sistemática, evitando ou detectando complicações precocemente. Ao enfermeiro cabe a elaboração de um plano de cuidados adequado às necessidades do paciente e às suas especificidades. Além disso, a educação permanente e o trabalho interdisciplinar são fundamentais para manter uma assistência qualificada aos pacientes submetidos à VM. Referências 1. Mendes NT, Tallo FS, Guimarães HP. Guia de ventilação mecânica para enfermagem. São Paulo: Atheneu; 2011.
Fábio Rosa
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2. Klamburg J, de Latorre FJ, Masclan JR. Complicações da ventilação mecânica. In: Net BS. Ventilação Mecânica. 3ª ed. São Paulo: Revinter; 2002. 3. Aranha LF, et al. Infecções do trato respiratório – Orientações para prevenção de infecções relacionadas à assistência à saúde. Brasília: Agência Nacional de Vigilância Sanitária; 2009. 4. Camargo LFA, et al. Diretrizes sobre Pneumonia Asssociada a Ventilação Mecânica (PAV). São Paulo: Office Editora e Publicidade; 2006. 5. Pagotto IM, et al. Comparação entre os sistemas aberto e fechado de aspiração: revisão sistemática. Rev. bras. ter. intensiva. 2008; 20(4):331-9. 6. Tablan OC, et al. CDC Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. Guidelines for preventing health care-associated pneumonia, 2003: Recommendations of CDC and the Healthcare Infection Control Practices Advisory Committee. MMWR Recomm Rep. 53(RR-3):1-36 7. Jongerden IP, Rovers MM, Grypdonck MH, Bonten MJ.Open and closed endotracheal suction systems in mechanically ventilated intensive care patients: a meta-analysis. Crit Care Med. 2007; 35(1):260-70. 8. Martins JJ, Maestri E, Dogenski D, Nascimento ERP, Silva RM et al. Necessidade de aspiração de secreção endotraqueal: critérios utilizados por uma equipe de enfermagem de uma unidade de terapia intensiva. Cienc Cuid Saude 2008; 7(4):517-22. 9. Zeitoun SS, Gonçalves SR, Barros ALBL, Diccini S. Sistema aberto de aspiração endotraqueal X sistema fechado de aspiração endotraqueal: relação custo/benefício e implicações para a assistência de enfermagem. Acta Paul Enf. 2000; 13(II):230-4. 10. Lopes FM, López MF. Impacto do sistema de aspiração aberto de fechado na incidência de pneumonia associada à ventilação mecânica: revisão de literatura. Rev Bras Terap Intens. 2009; 21(1):80-8. 11. Lasocki S, Lu Q, Sartorius A, Fouillat D, Remerand F, Rouby JJ. Open and closed-circuit endotracheal suctioning in acute lung injury: efficiency and effects on gas exchange. Anesthesiology. 2006; 104(1):39-47. 12. Lorente L, Blot S, Rello J. Evidence on measures for the prevention of ventilatorassociated pneumonia. Eur Respir J. 2007; 30(1):1193-207. 13. Guidelines for the Management of Adults with Hospital-acquired, Ventilatorassociated, and Healthcare-associated Pneumonia. This official statement of the American Thoracic Society and the Infectious Diseases Society of America. Am J Respir Crit Care Med 2005; 171(1):388-416. 14. Drinker P, Shaw LA. An apparatus for the prolonged administration of artificial respiration. A desing for adults and children. J Clin Invest, 1929; 7(1):229-247. 15. Harley MV, Tyler MA. Ineffective airway clarence related to neuromuscular dysfunction. Nurs Clin North Am.1987; 22(1):151-66. 16. Oliveira SA, Marques IR. Assistência de enfermagem ao pacente submetido à ventilação invasiva. Rev Enferm UNISA 2007; 8 (1):62-6. 17. Padilha KG, et al. Enfermagem em UTI: Cuidando do Paciente Crítico. 1ª ed. São Paulo: Manole, 2010. p. 37-45. 18. Morton PG, Fontaine DK, Hudak CM, Gallo BM. Cuidados críticos de enfermagem: uma abordagem holística. 8ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2007. 19. Carvalho CRR, Toufen JC, Franca AS. Ventilação mecânica: princípios, análise gráfica e modalidades ventilatórias. III Consenso Brasileiro de Ventilação Mecânica. J Bras. Pneumol 2007; 33 (Supl), 54-70.
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Odon Melo Soares
Em 2013 dois novos cursos... Curso de
Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem Maira Buss Thofehrn
Aula 1: Relações Humanas no Trabalho: uma reflexão acerca da equipe na área da saúde Aula 2: Relações Humanas perpassando pelo Processo de Trabalho da Enfermagem Aula 3: Relações Humanas Saudáveis na Equipe de Enfermagem Aula 4: Relações Humanas no Trabalho: liderança na enfermagem Aula 5: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: empoderamento político Aula 6: Relações Humanas no Trabalho da Enfermagem: dimensão da espiritualidade
Organizador a: Mair a Buss Thofehrn Doutora em Enfermagem, Conselheira cientiica da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, Professora Adjunta da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Professora do Programa de Pós-Graduação da Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, Pesquisadora do Núcleo de Estudos em Práticas de Saúde e Enfermagem.
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Curso de
TERAPIA INTRAVENOSA PARA ENFERMAGEM Graziella Gasparotto Baiocco
AULA 1 : Princípios da Terapia Intravenosa para o Enfermeiro e Segurança do paciente AULA 2 : Anatomia e fisiologia do sistema vascular AULA 3: Avaliação da rede venosa e opções para escolha do acesso AULA 4: Curativo e estabilização dos acessos AULA 5: Complicações da Terapia Intravenosa e intervenções AULA 6: Principais Diagnósticos de Enfermagem na Terapia Intravenosa AULA 7: Especificidades da Terapia Intravenosa
Organizador a: Enfermeir a Gr aziella Gasparotto Baiocco Mestre em Medicina e Ciências da Saúde pela PUC – RS, Especialista em Nefrologia pela SOBEN, Especialista em Terapia Intensiva pela UNISINOS – RS. Atua como Enfermeira Assistencial no setor de Hemodiálise do Grupo Hospitalar Conceição e do Instituto de Doenças Renais Ltda. Membro do Conselho Cientíico da Revista Sul- Brasileira de Enfermagem. Professora Convidada do Instituto de Ensino e Pesquisa da Associação Hospitalar Moinhos de Vento, Instrutora do Centro de Treinamento C-Vist para o Curso de habilitação de enfermeiros para inserção e manutenção do CCIP guiados por ultrasom. Email: grazigasparotto@terra.com.br
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Evento
Local
Data
Informações
Ausculta Cardíaca
Instituto de Cardiologia de Porto Alegre - RS
13 de abril
www.cardiologia.org.br
Semana de Enfermagem
Instituto de Cardiologia de Porto Alegre - RS
13 a 17 de maio
www.cardiologia.org.br
17º Seminário Nacional de Pesquisa da Enfermagem
Natal - RN
02 a 05 de junho
www.abeneventos.com.br
XII Simpósio da Sociedade Brasileira de Enfermagem em Oftalmologia
Ribeirão Preto - SP
21 e 22 de junho
cenacon@cenacon.com.br
IV Congresso Brasileiro de Enfermagem em Emergência
Fecomercio – São Paulo - SP
10 a 12 de julho
www.cobeem.com.br
Jornada de enfermagem em cardiologia
Instituto de Cardiologia de Porto Alegre - RS
11 e 12 de julho
www.cardiologia.org.br
11º Congresso Brasileiro de Enfermagem de Centro Cirúrgico, RA e CME
Palácio de Convenções do Anhembi
24 a 27 de julho
www.sobecc.org.br
11º Sinaden-Simpósio Nacional de Diagnóstico em Enfermagem
Curitiba - PR
01 a 03 de agosto
www.abeneventos.com.br
ConTIC -Congresso Tecnologia e Humanização na Comunicação em Saúde
Ribeirão Preto - SP
05 a 07 de agosto
www.conticsaude.com.br
IX Encontro Nacional de Gerenciamento de Enfermagem
Gramado - RS
26 a 28 de agosto
www.sobragen.org.br
65º Congresso Brasileiro de Enfermagem
Sul América – Rio de Janeiro - RJ
07 a 10 de outubro
www.abeneventos.com.br
11º Encontro de Higienização e Lavanderia Hospitalar da Região Sul
Anfiteatro do Hospital de Clínicas de Porto Alegre - RS
24 e 25 de outubro
www.aphilav.com.br
IV Congresso Brasileiro de Tratamento de Feridas
João Pessoa - PB
12 a 15 de novembro
www.sobenfee.org.br
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*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com
Congressos e Eventos em 2013
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