Conselho Científico Presidente do Conselho Cientíico
Profa Dra Regina Helena Medeiros UCS - Universidade de Caxias do Sul
Prof Doutoranda Adriana Aparecida Paz UFCSPA - Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre a
EXPEDIENTE Editora: Lisiane Palau Azevedo Editora Cientíica: Regina Medeiros Assistente Editorial: Gilberto Dias de Azevedo gilbertolivros@gmail.com Produção: Álvaro Lopes (Publikmais) contato@publikmais.com.br Revisão de Português: Suliani Editograia Vendas: moriaeditora@gmail.com (51) 3351-2361 / 3334-4753 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é um periódico cientíico, cultural e proissional bimestralmente lido por 5.000 proissionais de enfermagem. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem não aceita matéria paga em seu espaço editorial. Circulação: em todo território nacional.
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Profa Dra Maria da Graça de Oliveira Crossetti UFRGS - Universidade Federal do RS
Profa Dra Beatriz Regina Lara dos Santos PUC/RS Profa Dra Dulcinéia Ghizoni Schneider Unisul /SC Prof. Dr. Edison Luiz Devos Barlem FURG/RS
E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Números avulsos: R$ 40,00 Periodicidade: Bimestral Distribuição: Via Correios
Profa MS Graziella Gasparotto Baiocco Grupo Hospitalar Conceição
Profa Doutoranda Nára Selaimen G. de Azeredo Grupo Hospitalar Conceição - Porto Alegre/RS
Profa Dra Iride Cristofoli Caberlon Ulbra - Universidade Luterana do Brasil-Gravataí
A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral. Publica trabalhos originais das diferentes áreas da Enfermagem, Saúde e áreas ains, como resultados de pesquisas, artigos de relexão, relato de experiências e discussão de temas atuais.
ISSN 2236-0417
Profa Dra Nilva Lúcia Rech Stedile UCS - Universidade de Caxias do Sul Profa Dra Regina Gema Santini Costenaro Unifra - Centro Universitário Franciscano Profa Dra Rita Catalina Aquino Caregnato Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
UFSC - Universidade Federal de Santa Catarina
Profa Dra Roseana Maria Medeiros Faculdade da Serra Gaucha /RS
Profa Dra Lisia Maria Fenstersefer Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Profa Dra Sandra Maria Cezar Leal Unisinos - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
Profa Doutoranda Lisnéia Fabiani Bock IPA - Rede Metodista de Educação do Sul
Enfa Estomaterapeuta Silvana Janning Prazeres SOBEST - RS
Profa MS Lucila Corsino de Paiva Faculdade Maurício de Nassau - Natal/ RN
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Profa Dra Luzia Fernandes Milão Ulbra - Universidade Luterana do Brasil
Profa Dra Sonara Lucia Estima Unilasalle - Centro Universitário La Salle
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Revista Sul-Brasileira de Enfermagem reservaProfa Dra Maira Buss Thofehrn se todos os direitos, inclusive os de tradução, em UFPel - Universidade Federal de Pelotas todos os países signatários da Convenção PanAmericana e da Convenção Internacional sobre Prof. Doutorando Marcio Neres dos Santos Grupo Hospitalar Conceição – Porto Alegre - RS Direitos Autorais. Os trabalhos publicados terão seus direitos autorais resguardados pela Moriá Editora que, em qualquer situação, agirá como detentora dos mesmos.
Profa Dra Marlene Gomes Terra UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
Prof Dr Erica Rosalba Mallmann Duarte UFRGS - Universidade Federal do RS a
Seis números anuais: janeiro/fevereiro, março/ abril, maio/junho, julho/agosto, setembro/outubro e Profa Dra Laura Cristina S. Lisboa de Souza novembro/dezembro.
Correspondência: Moriá Editora Ltda. Rua Aracy Fróes, 258 / 902 Jardim Itu Sabará - Porto Alegre/ RS CEP: 91.210-230 Tels.: (51) 9116.9298 / (51) 3334.4753.
Profa Doutoranda Maria Ligia dos Reis Bellaguarda Univali/SC
Profa Dra Nara Marilene Oliveira Giradon Perlini UFSM - Universidade Federal de Santa Maria
a
Profa Dra Juliana Vieira De Araújo Sandri Univali - Universidade do Vale do Itajaí /SC
Data da Impressão: Junho/ 2012.
Profa Doutoranda Maritê Inez Argenta Faculdade Estácio de Sá/SC
Profa MS Terezinha Valduga Cardoso Ulbra - Universidade Luterana do Brasil IAHCS Instituto de Administração Hospitalar e Ciências da Saúde
Profa MS Vera Lucia Fortunato Fortes UPF - Universidade de Passo Fundo
Ficha Catalográfica R 454 Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. - Vol. 1, nº 1(março/abril. 2011). Porto Alegre: Moriá Editora Ltda., 2011. -V. Bimestral ISSN 2236-0417 1. Enfermagem-Periódicos NLM WY 1 Bibliotecária Responsável – Maria Laura Martins Scheidemandel CRB10-581
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Sumário Página 03
Editorial Artigos
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Diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência hospitalar Nursing diagnosis in patients affected by acute coronary syndrome treated by a hospital emergency service Laila Zamariotti Zanella, Altair de Oliveira Mello, Virgínia Bonebegr de Lima, Márcio Neres dos Santos Hábitos de vida dos idosos no território da saúde da família no Município de Canoas /RS Life habits of elderly in the family health territory of Canoas/RS Deise Lima, Maria Renita Burg Figueiredo, Neiva Raffo Wachholz
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Paciente em risco de perfusão tissular cerebral ineicaz pós-trombólise: relato de experiência Patient at risk of ineffective brain tissue perfusion after thrombolysis: experience report Betina Franco, Michelle Dornelles Santarem, Sarah Ceolin Stein, Suimara dos Santos, Janine Abreu Silveira Franceschi, Lurdes Busin
Página 21
O proissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional do idoso institucionalizado Professional Nurses Face the Assessment of Functional Capacity of Institutionalized Elderly Cléton Salbego, Roselaine Boscardin Espindila, Carla da Silveira Dornelles, Gabriela Fávero Alberti
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Vivências de acadêmicas de enfermagem em estágio supervisionado: administrando possíveis falhas no SISPRENATAL de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis Academic experiences of nursing in training supervised: possible failures in managing of SISPRENATAL in a Primary Health Centre the City of Florianópolis Rubia Fernanda Cardoso Amaral, Thayomara de Souza, Thayse Aparecida Palhano de Melo
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Normas para publicação
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Ventilação Mecânica - Implicações para a enfermagem. Aula 3 – Insuiciência Respiratória Aguda – IrpA e Equilíbrio Ácido-Básico
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Eventos Cientíicos
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Notícias - IPA inaugura o maior Laboratório de Enfermagem - RDC 26
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Editorial A Enfermagem e o País que envelhece O envelhecimento populacional é uma constatação inegável, manifesta e universal, merecedora de grande empenho, pois a perspectiva de viver mais é de certa forma desafiante e preocupante, pois, quando somada às disfunções que despendem cuidados, a enfermagem é parte integrante neste contexto. Segundo a Organização Pan-Americana de Saúde, o envelhecimento é entendido como “um processo sequencial, individual, acumulativo, irreversível, universal, não patológico, de deterioração de um organismo maduro, próprio a todos os membros de uma espécie [...], e ainda, como um período que ocorre de forma natural, com evidente diminuição de reserva funcional, que pode evoluir dentro da normalidade1”. A longevidade é um dos grandes triunfos da contemporaneidade em âmbito mundial. Viver mais anos era um fenômeno raro há algumas décadas, porém observa-se que a partir dos anos 90 e, mais acentuadamente no século XXI, as pessoas estão alcançando idades mais avançadas, constatando-se grande número de idosos nas diferentes esferas da sociedade. Desafios impõem-se para o cuidado dessas pessoas que vêm ocupando os andares superiores da pirâmide populacional. Família, profissionais e sociedade necessitam lançar mão de iniciativas que visem à melhor qualidade de vida da população que envelhece diante dos eventos que passam a surgir conforme o crescente na idade. Nos diferentes cenários em saúde, os idosos têm protagonizado os atendimentos, na rede básica ou na demanda hospitalar, exigindo dos profissionais das diferentes especialidades convergir o olhar para a geriatria, tendo como pano de fundo o conhecimento da senescênia, ou seja, das transformações biopsicossociais do envelhecimento humano para sustentar intervenções que amenizem ou controlem situações agudas e, principalmente, crônicas que afetam a saúde. As doenças crônicas vitimizam muitas pessoas, e, os idosos são os principais portadores. Nesse sentido, oferecer tratamento, intervenções e cuidados são constantes para prolongar e qualificar a vida dessas pessoas, mesmo com as limitações impostas pelo processo. A enfermagem mostra-se alerta às questões que envolvem o fenômeno “envelhecer”, tem
evoluído nas pesquisas, pois a temática tem sido opção nos trabalhos de conclusão, monografias, dissertações e teses de doutorado, refletindo em um imenso e incessante acervo de publicações científicas, revelando a preocupação dos enfermeiros em relação ao cuidado específico ao ser que envelhece. O enfermeiro encontra um vasto campo de atuação junto à população idosa, tanto em situações de saúde quanto de doença, valorizando e promovendo situações que evidenciam a qualidade de vida e a participação social, quando se constata a liderança e protagonismo na sociedade, e também quando os profissionais embrenham-se diante da necessidade de cuidados continuados para o idoso inserido em diferentes contextos, incluindo domicilio, instituições de longa permanência e hospitais. O Rio Grande do Sul encontra-se em franco envelhecimento, e cada vez mais os profissionais da enfermagem se deparam com a necessidade de compreender as questões que envolvem o envelhecimento. Independentemente de ser a área de atuação preferencial, o enfermeiro não pode ficar alheio à transição demográfica e epidemiológica, necessitando fomentar reflexões, estudos e um olhar para a longevidade, suas potencialidades e suas implicações.
Prof MS.Vera Lucia F.Fortes Membro do Conselho Editorial da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Mestre em Enfermagem. Especialista em Assistência de enfermagem em Nefrologia e Gerontologia Clínica e Saúde do Idoso.Professora titular da Fundação Universidade de Passo Fundo.
Referencia: 1.Brasil, Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento em saúde da pessoa idosa. Brasília: Ministério da Saúde, 2006.
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Diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência hospitalar Nursing diagnosis in patients affected by acute coronary syndrome treated by a hospital emergency service * Laila Zamariotti Zanella ** Altair de Oliveira Mello
** Virgínia Bonebegr de Lima *** Márcio Neres dos Santos
Resumo – O atendimento à síndrome coronariana aguda (SCA) exige que os profissionais estejam aptos a planejar o cuidado a ser desenvolvido por meio de intervenções especificas e imediatas. Esta pesquisa teve como objetivo identificar os diagnósticos de enfermagem frequentes em pacientes acometidos pela SCA atendidos em um serviço de emergência hospitalar. Foram avaliados 96 pacientes, a maioria homens, com idade média de 46 anos, sendo a principal causa de procura por atendimento a dor torácica. Os diagnósticos mais frequentes foram: intolerância à atividade, 86%; falta de adesão, 47,5%; conforto prejudicado, 46,9%; conhecimento deficiente, 37,7%; nutrição desequilibrada – mais do que as necessidades corporais, 36%. Os resultados deste estudo fornecem subsídios que possibilitam a organização da prática assistencial da enfermagem na área específica, assegurando assistência de saúde mais qualificada e resolutiva. Palavras-chave: Diagnóstico de enfermagem; enfermagem em emergência; síndrome coronariana aguda.
Abstract – The acute coronary syndrome (ACS) care requires able professionals to plan the care to be developed through specific interventions and immediate. This research aimed to identify the frequent nursing diagnosis in patients affected by ACS treated by a hospital emergency service. Was evaluated 96 patients, the majority was men, 46 years as age average, the main cause of care demand was thoracic pain. The most frequent diagnoses were: activity intolerance, 86 %; adherence lack, 47.5 %; affected comfort, 46.9 %; deficient knowledge, 37.7 %; unbalanced nutrition – more than the body needs, 36 %. This study results provide subsidy that enable the organization of practice on nursing assistance into specific area, ensuring a health care more qualified and resolutive. Keywords: Nursing diagnosis; emergency nursing; acute coronary syndrome (ACS).
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Introdução A epidemiologia das doenças cardiovasculares nos países em desenvolvimento apresenta um panorama muito próximo aos dos países desenvolvidos1. Nesse contexto, o infarto agudo do miocárdio (IAM) representa a principal causa de mortalidade e incapacidade no Brasil e no mundo2,3,4 e o seu crescimento acelerado em países em desenvolvimento é um desafio para a saúde pública1,5. Estudos têm demonstrado aumento das doenças cardiovasculares e o seu impacto, principalmente nos grandes centros urbanos, devido ao aumento de longevidade e modificações no estilo de vida, à industrialização e à tecnologia5,6. Assim, de alguma forma, aumentou o sedentarismo, a obesidade e o tabagismo, os quais são importantes fatores de risco para desenvolvimento das doenças coronarianas6,7,8,10,11. A SCA é definida por manifestações clínicas e laboratoriais, podendo manifestar-se com quadros clínicos diversos, tais como angina instável (AI), infarto agudo do miocárdio sem supradesnível do segmento ST (IAMSSST) e infarto agudo do miocárdio com supradesnível do segmento ST (IAMEST)6,7,8,12. Pacientes acometidos pela SCA que foram manejados adequadamente pelo sistema de atendimento pré-hospitalar (APH) e admitidos nos serviços de emergência precocemente fo-
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ram os que mais se beneficiaram com as terapias de reperfusão12. Dessa forma, o indicador de mortalidade intra-hospitalar vem apresentando redução com o advento das unidades especializadas nos serviços de emergência e treinamento das equipes assistenciais. O enfermeiro emergencista deve ser reconhecido pela equipe como um líder assistencial. Para isso, ele deve utilizar o seu julgamento clínico para decidir o foco da assistência de enfermagem a partir da identificação das necessidades do paciente e de sua família, do reconhecimento das prioridades no manejo clínico, do planejamento e da implementação de suas intervenções, isto é, sistematizar o cuidado de enfermagem. A aplicação dessa sistematização da assistência de enfermagem (SAE) ocorre por meio de um método conhecido por processo de enfermagem, definido por cinco etapas (histórico, diagnóstico, prescrição, implementação e evolução de enfermagem) coordenadas entre si, que funcionam como uma estrutura organizada13,14. A etapa deste processo que se destaca é a dos diagnósticos de enfermagem (DE), nos quais são analisados os dados coletados do paciente. Os DE são determinados a partir dos dados obtidos durante levantamento do histórico e da
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avaliação física do paciente. Sua análise permite a identificação das necessidades básicas do ser humano que precisam de atendimento e o reconhecimento do grau de dependência deste atendimento em natureza e extensão. Ainda, eles constituem a base para a escolha de intervenções a fim de se alcançar resultados que são responsabilidade do enfermeiro na assistência prestada ao paciente13,15. Pacientes agudos ou crônicos agudizados – leia-se: uma grande parcela dos que procuram os serviços de emergência – necessitam de uma estrutura organizacional e tecnológica específica. Quanto mais comprometidas as funções orgânicas do paciente, mais planejada deve ser a assistência; assim, a SAE contribui apurando a técnica dos profissionais e organizando com eficiência o atendimento14. Esta pesquisa teve como objetivo identificar os DE, com base na Taxonomia II da North American Nursing Diagnosis Association (NANDA), frequentes em pacientes acometidos por SCA atendidos em um serviço de emergência hospitalar. A partir disso, tentou-se apresentar alguns subsídios para possibilitar uma reflexão sobre os planos de cuidados fornecidos a esses pacientes, a fim de proporcionar uma assistência de enfermagem pautada em evidências.
Revisão da liter atur a
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Na década de 1980 começam a ser criados, nos serviços de emergência, ambientes específicos de atendimento para os pacientes com dor torácica, organizando os fluxos assistenciais com a implantação de protocolos específicos, propiciando maior eficiência, efetividade e redução de custos no tratamento dos pacientes portadores de doenças coronarianas6,8. No Brasil, é a partir da Portaria 2.048/2002 do Ministério da Saúde que são estabelecidos os princípios e as diretrizes dos sistemas estaduais de urgência e emergência, as normas e os critérios de funcionamento na classificação de cadastramento de serviços dessa natureza16.17,18. Atualmente, devido à alta morbimortalidade dos pacientes acometidos por doenças coronárias, os serviços de emergência estão em constante aperfeiçoamento para identificar precocemente os sinais e sintomas dessas doenças, principalmente da síndrome coronariana aguda3,7,9, pelo estabelecimento de protocolos baseados em evidências científicas e por um plano terapêutico multidisciplinar3,7,8,9,11. Apesar da diferenciação da SCA em três formas clínicas, todas dividem, na maioria dos casos, o mesmo substrato fisiopatológico da ruptura da
placa aterosclerótica e consequente trombose superposta, produzindo isquemia miocárdica aguda6,7,8,9,12. Em alguns casos, o fenômeno isquêmico decorre de prolongada redução do fluxo coronário por vasoespasmo arterial localizado ou difuso ou por trombose aguda, na ausência de substrato aterosclerótico angiograficamente visível6,7,8,9. O quadro de sintomas sugestivos de síndrome coronariana aguda é composto por sensação de plenitude gástrica, aperto ou dor na região central torácica persistente por minutos, desconforto torácico irradiado para ombros, pescoço, braços e mandíbula, para as costas ou entre as escápulas e, também, desconforto torácico com sensação de cabeça vazia, síncope, sudorese ou náuseas; dispneia súbita e inexplicável, ocorrendo com ou sem desconforto torácico8,12. Os objetivos do manejo da SCA são estabelecer de modo rápido o diagnóstico e estratificar a doença, atuando sobre os mecanismos fisiopatológicos e priorizando a terapia de reperfusão coronariana6,8,12. O tratamento farmacológico para SCA baseia-se na utilização de medicamentos para aliviar a dor isquêmica, dissolução de coágulos e inibição de trombina e plaquetas6,12. As alternativas para desobstrução da artéria coronária são a terapia fibrinolítica ou intervenção coronária percutânea, realizada na sala de hemodinâmica, após a angiografia coronariana7,8,12. Diante do aumento da complexidade do tratamento da SCA, as enfermeiras estão buscando qualificação profissional em cursos de pós-graduação, com o intuito de atender às necessidades clínicas dos pacientes; contudo, a categoria ainda está mais envolvida nas tarefas assistenciais, muito desvinculadas do pensar a práxis, enfraquecendo-as politicamente19. A sistematização da assistência de enfermagem possibilita a solução de problemas do paciente e habilita o enfermeiro a prescrever os cuidados, diferenciando sua prática dos demais profissionais de saúde15,21. Tendo os diagnósticos de enfermagem como um dos pilares do atendimento, será direcionado o plano terapêutico de cuidados, unindo teoria, formação e prática clínica da enfermagem, ou seja, enfermagem baseada em evidências. Além disso, possibilitará às lideranças e aos administradores de enfermagem a avaliação da sua prática em toda a organização de forma consistente e provocadora de ideias13. A aplicação do processo de enfermagem tem sido uma exigência legal que traz a responsabilização do enfermeiro no processo de cuidar, sendo uma exigência do Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) pela Resolução 358/2009 para todas as instituições de saúde pública e privada, formalmente registrada no prontuário do pacien-
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Diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência hospitalar
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Diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência hospitalar
te. Também é uma orientação da Lei do Exercício Profissional – Lei 7.498/1986 –, que define como atividades privativas do enfermeiro a consulta de enfermagem e a prescrição da assistência de enfermagem22,23. Assim, o enfermeiro continua sendo um dos principais elementos da equipe nos atendimentos prestados no serviço de emergência.
Estudo de coorte. Foi desenvolvido em um hospital de referência para atendimentos cerebrocardiovasculares da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. A amostra representativa da população estudada calculada foi de 96 indivíduos, considerando o tamanho da população infinito, com precisão absoluta de 10%, prevalência esperada de 50% (variabilidade máxima) e nível de confiança de 95%. Foram incluídos pacientes atendidos na emergência durante os meses de setembro de 2011 a março de 2012. Fizeram parte dos critérios de exclusão: idade menor de 18 anos, casos de transferência inter-hospitalar ou com atendimento inicial em outra instituição, retorno por surgimento de complicação após liberação do atendimento inicial e casos em que não houve consentimento do paciente ou familiar para a participação na pesquisa. Os dados foram obtidos por meio de instrumento estruturado que permitiu a coleta do histórico e exame físico dos pacientes, utilizando como referencial o modelo conceitual de Horta15. O instrumento foi aplicado no momento da chegada dos pacientes na emergência, após o atendimento inicial. A partir dos dados coletados, foram estabelecidos os diagnósticos de enfermagem utilizando a Taxonomia II da NANDA. A análise das informações foi realizada pelo programa estatístico Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), versão 17.0 para Windows. Foi respeitada a Resolução do Conselho Nacional de Ética em Pesquisa nº 196, de 1996, para pesquisa em seres humanos.
Resultados e discussão Participaram do estudo 96 pacientes. Quanto ao sexo, a prevalência de homens (57,4%) foi maior do que a de mulheres (42,6%). A idade variou de 34 a 88 anos, sendo a idade média de 46 anos. A maioria dos pacientes (71,3%) chegou à emergência hospitalar por meios próprios (carro privado ou transporte coletivo), tendo recebido atendimento pré-hospitalar apenas 28,7% dos indivíduos avaliados. As causas da procura por
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Quadro1: Distribuição dos diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por SCA na emergência hospitalar (Página 08) A assistência de enfermagem se dá nos estados de desequilíbrio do ser humano e tem como objetivo satisfazer as suas necessidades básicas afetadas15. As necessidades psicobiológicas agruparam maior número de diagnósticos, 17 no total, enquanto na categoria psicossocial foi identificado apenas um: falta de adesão. Não foi encontrado nenhum diagnóstico que caracterizasse necessidades psicoespirituais no momento da avaliação primária, o que pode ser explicado pelo fato de não ser o momento adequado para abordar o tema devido à prioridade das necessidades fisiológicas. Na subcategoria que corresponde às necessidades relacionadas à via aérea/respiração, encontraram-se os seguintes diagnósticos: ventilação espontânea prejudicada (13,4%), padrão respiratório ineficaz (7,2%), débito cardíaco diminuído (5,2%,) risco de perfusão tissular cerebral ineficaz (6,4%), risco de perfusão tissular cardíaca diminuída (4%) e intolerância à atividade (86%). Tais diagnósticos apontam para prevenção e recuperação imediata da hipoxemia. Deve ser oferecido oxigenioterapia por cateter a 3L/minuto a todos os pacientes sob avaliação para cardiopatia isquêmica. Estudos experimentais apontam a oxigenioterapia como redutor da elevação do segmento ST em infartos13,26. Neste grupo, também foi encontrado o diagnóstico com maior frequência no estudo, intolerância à atividade, o qual está relacionado à falta de energia para suportar ou completar as atividades requeridas, sendo que a sobrecarga cardíaca prejudica o dispêndio de energia e, consequentemente, o coração fica com seu trabalho de bombeamento reduzido13,24. O diagnóstico risco de sangramento foi encontrado em 6,3% dos pacientes. O risco de sangramento está principalmente ligado aos medicamentos fibrinolíticos e antiagregantes plaquetários
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Metodologia
atendimento foram: dor torácica típica (33,4%), síncope (32,3%), cefaleia (14,6%), dor abdominal (10,4%), parestesia nos membros superiores (6,2%) e indisposição (3,1%). Os diagnósticos de enfermagem encontrados foram agrupados em categorias que correspondem às necessidades humanas básicas apresentadas por Horta15, as quais representam estados de tensões, conscientes ou inconscientes, resultantes dos desequilíbrios hemodinâmicos dos fenômenos vitais, e foram denominadas como necessidades psicobiológicas, psicossociais e psicoespirituais15.
intervenção multidisciplinar, focando na educação desses pacientes para o autocuidado29.
Consider ações finais O DE é a segunda etapa no processo de enfermagem, tem sido objeto de investigação e vem representando um dos principais passos da SAE. Ele fornece a base para a escolha e a individualização do cuidado, com vistas ao alcance dos melhores resultados do paciente24. A classificação de DE seguindo uma taxonomia serve para padronizar e nortear as condutas de enfermagem. É importante destacar que a taxonomia de classificação da NANDA oferece uma série de opções, mantendo a autonomia do enfermeiro na escolha da melhor conduta para o paciente. O enfermeiro instrumentalizado terá capacidade de avaliar os pacientes com sinais e sintomas (as características definidoras) e habilidades técnicas para prestar os cuidados de forma sistemática e efetiva, isto é, ter melhor acurácia ao desenvolver o DE. Assim, a identificação dos DE em pacientes acometidos por SCA tem como objetivo tornar o cuidado mais qualificado e resolutivo. Os DE são facilitadores da comunicação profissional e direcionam as intervenções de enfermagem. A falta de estudos semelhantes com pacientes acometidos por SCA reforça a relevância deste estudo, o qual pode prestar informações para investigações futuras.
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que são administrados na tentativa de restabelecer o fluxo coronariano6,7,8. Na subcategoria correspondente às necessidades nutricionais, encontraram-se os diagnósticos de enfermagem: nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais (36%), risco de glicemia instável (25%) e volume de líquidos excessivo (4%). A obesidade, o diabetes e dislipidemias são fatores de risco para SCA. A dieta é considerada o principal atenuante dos fatores de risco modificáveis, a fim de que previna ou retarde o desenvolvimento de complicações cardiovasculares7,8. Na subcategoria “conforto”, o diagnóstico “conforto prejudicado” ganhou destaque, pois foi relacionado a 46,9% dos pacientes, seguido de “dor aguda” com 35,4% e “náusea” 10,4%. Sabe-se que a dor tem sua origem no comprometimento do fluxo sanguíneo coronário, sendo proporcional ao grau de isquemia miocárdica25. A sua presença deve ser considerada e avaliada pelo enfermeiro, exigindo raciocínio clínico e apurado resultando em intervenções clínicas específicas e na implementação de medidas adequadas para o seu controle24. Em relação ao Domínio I da Nanda – Enfrentamento/tolerância ao estresse –, o estudo aponta que 22% dos pacientes pesquisados possuíam o DE ansiedade. Embora, nem todos os pesquisados verbalizassem, muitos demonstravam em gestos ou expressões características relacionadas ao DE, sendo definido como preocupação ou medo relacionado à morte13. Achados na literatura sugerem que pacientes cardíacos possuem maior risco de níveis de ansiedade elevados27. Na subcategoria “princípios de vida”, a qual se refere às necessidades psicossociais, encontrou-se o diagnóstico “falta de adesão” em 47,5% dos pacientes. Entre 20 a 50% dos pacientes não são aderentes aos tratamentos28. Vários fatores estão envolvidos na determinação da adesão do paciente ao tratamento, que incluem entre outros: a natureza da doença, as crenças de saúde do paciente, o comportamento dos profissionais da equipe de saúde, a complexidade do regime terapêutico e os efeitos colaterais dos medicamentos28. Um fator de suma importância na interação paciente-equipe é a comunicação, a qual deve ocorrer no contexto da compreensão do indivíduo utilizando termos simples na linguagem cotidiana. Independente do nível sociocultural do indivíduo, a informação reforça as suas atitudes proativas em relação à doença28,29. Na subcategoria “percepção/cognição”, foram encontrados os diagnósticos: “conhecimento deficiente” com 37,7% e “memória prejudicada” 8,7%. Outro estudo também apresentou resultado semelhante quanto ao conhecimento e à adesão dos pacientes ao tratamento28,29. Reiners apontou para necessidade de um programa de orientação com
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Artigo de Pesquisa
Diagnósticos de enfermagem em pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência hospitalar
12. Field JM, Hazinski MF, Sayre M, et al. Part 1 Executive Summary: 2010 American Heart Association Guidelines for Cardiopulmonary Resuscitation and Emergency Cardiovascular Care. Circul 2010 Nov 2; 122(18 Suppl 3):S640-56. 13. North American Nursing Diagnosis Association. Diagnósticos de enfermagem da NANDA: definições e classificação 2009-2011. Tradução de Regina Machado Garcez. Porto Alegre: Artmed; 2010. 14. Bittar DB, Pereira LV, Lemos RCA. Sistematização da assistência de enfermagem ao paciente crítico: proposta de instrumento de coleta de dados. Texto Contexto Enferm 2006 Out/Dez; 15(4):617-28. 15. Horta WA. Processo de enfermagem. São Paulo: EPU; 1979. 16. Medeiros RM, Santos MN. Construindo Indicadores de Qualidade Assistencial em um Serviço de Urgência e Emergência. Porto Alegre: GHC; 2010. Projeto de Pesquisa. (Especialização em Enfermagem). Serviço de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Gerência de Pacientes Externos, Grupo Hospitalar Conceição, 2010. 17. Gomes A. Emergência: planejamento e organização da unidade. Assistência de enfermagem. São Paulo: Pedagógica e Universitária; 1994. 18. Brasil. Ministério da Saúde. Portaria 2.048 de 05 de novembro de 2002. Aprova o Regulamento Técnico dos Sistemas Estaduais de Urgência e Emergência. [acesso em 2010 Nov 1]. Disponível em:http:// www.saude.mg.gov.br/atos_normativos/legislacao-sanitaria/estabelecimentos-de-saude/urgencia-e-emergencia/portaria_2048_B.pdf. 19. Barros ALBL, Ganzarolli MZ. A evolução da assistência de enfermagem em cardiologia no Brasil. In: Quilici AP et al. Enfermagem em Cardiologia. São Paulo: Atheneu; 2009. 20. Mancia JR, Unicovsky MAR. O trabalho de enfermagem em pronto socorro: um saber em discussão. Brasília: ABEN; 2010.
Categoria
Domínio Nanda I
Necessidades psicobiológicas
Atividades/ repouso
21. Castilho NC, Ribeiro PR, Chirelli MQ. A implementação da sistematização da assistência de enfermagem no serviço de saúde hospitalar do Brasil. Texto Contexto Enferm 2009 Abr/Jun; 2(18):280-9. 22. Conselho Federal de Enfermagem. Lei n. 7.498 de 25 de junho de 1986. Dispõe sobre a regulamentação do exercício da Enfermagem e dá outras providências. [acesso em 2010 Nov 1]. Disponível em: http://www.portalcofen.gov.br/2007/materias.asp? ArticleID=22&sectionID=35. 23. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução n. 272 de 27 de agosto de 2002. Dispõe sobre a Sistematização da Assistência de Enfermagem – SAE – nas Instituições de Saúde Brasileiras. [acesso em 2010 Out 29]. Disponível em: http://www.bve.org.br/2007/mate rias. asp?article ID=1256. 24. Silva ER, Lucena AF. Diagnósticos de Enfermagem com base em sinais e Sintomas. Porto Alegre: Artmed; 2011. 25. Cintra E, Nishide VM, Nunes WA. Assistência de Enfermagem ao paciente gravemente enfermo. São Paulo: Atheneu; 2008. 26. ACLS. Suporte Avançado de Vida para Cardiologia. Livro do profissional de saúde. Amer Heart Assoc 2008. Prod. Editorial. Prous Science SP. 27. Ana BS. Abordagem multiprofissional do paciente cardiopata. Enfermagem em cardiologia. In: Quilici AP et al. Enfermagem em Cardiologia. São Paulo: Atheneu; 2009. 28. Danielli HD et al. Fatores de risco cardiovascular, prevenção e adesão. In: Quilici AP et al. Enfermagem em Cardiologia. São Paulo: Atheneu; 2009. 29. Reiners AO, Nogueira MS. Conscientização do usuário hipertenso para adesão ao tratamento. Rev. Latino-Am. Enfermagem 2009 Jan/ Fev; 17(1):59-65.
Sinais e sintomas
Diagnósticos de enfermagem
Fatores relacionados ou de risco
F
Cianose (PCO2 aumentado) aumento da FC, dispneia.
Ventilação espontânea prejudicada Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Fatores metabólicos Contratilidade alterada
13,4%
Crepitações, dispneia, ortopneia.
Padrão respiratório ineficaz Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Fadiga Dor
7,2%
Crepitações, dispneia, ortopneia, distensão de jugular, edema, sopros, palpitações,cianose.
Débito cardíaco diminuído Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Contratilidade alterada FC/ritmo alterados Pré e pós-carga alteradas
5,2%
Não se identificam sinais e sintomas, mas fatores de risco.
Risco de perfusão tissular cerebral ineficaz Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Hipertensão
6,4%
Não se identificam sinais e sintomas, mas fatores de risco.
Risco de perfusão tissular cardíaca diminuída Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Espasmo da a. coronariana Dor torácica Hipertensão Tabagismo
Não se identificam sinais e sintomas, mas fatores de risco.
Risco de sangramento Domínio 4: Atividade/repouso Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Efeitos secundários ao tratamento Medicações
6,3%
Dispneia, dor torácica, palpitações, presença de problemas circulatórios.
Intolerância à atividade Domínio 4: Atividade/ Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Desequilíbrio entre oferta e demanda de O2
86%
Ascite, crepitações, dispneia, Volume de líquidos excessivo Congestão pulmonar Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 04 a 09 distensão jugular, edema, PA Domínio 2: Nutrição Ingestão excessiva de elevada, Classe Hidratação Laila Zamariotti Zanella / Altair de Oliveirasopros Mello / Virgínia Bonebegr de 5: Lima / Márcio Neres dos Santossódio
8
Nutrição
Nutrição desequilibrada: mais do que Peso aumentado (20% acima as necessidades corporais Revista Sul-Brasileira de Enfermagem do ideal para a altura) Domínio 2: Nutrição Classe 1: Ingestão
Ingestão excessiva em relação às necessidades metabólicas
4%
4%
36%
diovasculares/pulm.
Tabagismo
Risco de sangramento identificam Efeitos secundárioshospitalar Diagnósticos de enfermagemNão emse pacientes acometidos por síndrome coronariana aguda na emergência Domínio 4: Atividade/repouso sinais e sintomas, mas ao tratamento 6,3% Classe 4: Respostas carfatores de risco. Medicações diovasculares/pulm.
Nutrição
Necessidades psicobiológicas
Percepção/ cognição
Conforto
Segurança/ proteção
Enfrentamento/ Tolerância ao estresse.
Necessidades psicossociais
Princípios de vida
Dispneia, dor torácica, palpitações, presença de problemas circulatórios.
Intolerância à atividade Domínio 4: Atividade/ Classe 4: Respostas cardiovasculares/pulm.
Desequilíbrio entre oferta e demanda de O2
86%
Ascite, crepitações, dispneia, distensão jugular, edema, PA elevada, sopros
Volume de líquidos excessivo Domínio 2: Nutrição Classe 5: Hidratação
Congestão pulmonar Ingestão excessiva de sódio
4%
Peso aumentado (20% acima do ideal para a altura)
Nutrição desequilibrada: mais do que as necessidades corporais Domínio 2: Nutrição Classe 1: Ingestão
Ingestão excessiva em relação às necessidades metabólicas
36%
Não se identificam sinais e sintomas, mas fatores de risco
Risco de glicemia instável Domínio 2: Nutrição Classe 4: Metabolismo
Aumento de peso Controle de medicamentos
25%
Seguimento inadequado de instruções
Conhecimento deficiente Domínio 5: Percepção/cognição Classe 4: Cognição
Interpretação errônea de informações Limitação cognitiva
37,7%
Memória prejudicada Domínio 5: Percepção/Cognição Classe 4: Cognição
Hipóxia
8,7%
Dor torácica, síncope
Dor aguda Domínio 12: Conforto Classe 1: Conforto físico
Agente lesivo biológico (isquemia)
35,4%
Alteração na PA Relato de náusea
Náusea Domínio 12: Conforto Classe 1: Conforto físico
Dor Fármacos
10,4%
Ansiedade Padrão de sono prejudicado Medo
Conforto prejudicado Domínio 12: Conforto Classe 1: Conforto físico
Fatores relacionados não estão descritos pela NANDA I
46,9%
Não se identificam sinais e sintomas, mas fatores de risco
Risco de quedas Domínio 11: Segurança/proteção Classe 2: Lesão física
Medicamentos inibidores de ECA Anti-HAS
36,2%
Nervosismo Preocupação
Ansiedade Domínio 9: Enfrentamento ao estresse Classe 2: Reações de enfrentamento
Estado de saúde
22%
Expressão de dificuldades com os regimes prescritos Falha em manter compromissos agendados
Falta de adesão Domínio 10: Princípios da vida Classe 3: Coerência atos
Complexidade Capacidade das pessoas
47,5%
Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 04 a 09
Recebido 08.06.2012 Aprovado 19.06.2012 * Laila Zamariotti Zanella – Enfermeira. Especialista em Urgência, Emergência e Terapia Intensiva pelo IEP-HMV. Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HNSG. ** Altair de Oliveira Mello e Virgínia Bonebegr de Lima – Acadêmicos de Enfermagem na Escola de Enfermagem da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – EEUFRGS. Bolsistas Voluntários de Iniciação Científica. *** Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutorando em Biologia Celular e Molecular Aplicada à Saúde. Mestre em Educação. Especialista em Auditoria em Saúde e Gestão de Recursos Físicos e Tecnológicos em Saúde. Docente do IEP-HMV e docente convidado da Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da EEUFRGS. Membro do staff de Enfermagem do Serviço de Emergência do HNSC/GHC.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
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HÁBITOS DE VIDA DOS IDOSOS NO TERRITÓRIO DA SAÚDE DA FAMÍLIA NO MUNICÍPIO DE CANOAS/RS Life habits of elderly in the family health territory of Canoas/RS * Deise Lima ** Maria Renita Burg Figueiredo
*** Neiva Raffo Wachholz
Resumo – O estudo teve como objetivo identificar os hábitos de vida prevalentes nos idosos pertencentes às equipes de Estratégia de Saúde da Família (ESF), do Município de Canoas/ RS, em relação ao uso de álcool e fumo, bem como a adesão à prática de atividades físicas. Trata-se de um estudo descritivo com abordagem quantitativa, desenvolvido com 500 idosos nas 39 equipes de Estratégia em Saúde da Família. Resultados: 65% dos idosos referiram nunca consumir bebida alcoólica; 52% não possuem o hábito de fumar e 53% não realizam nenhum tipo de atividade física. Cabe aos profissionais que integram a equipe de saúde, estimular os idosos a adotarem práticas saudáveis de vida na rotina diária. Palavras-chave: Idosos; qualidade de vida; envelhecimento.
Abstract – The study aimed to identify life habits prevalent in the elderly belonging to the Family Health teams in the city of Canoas/RS, in relation to use of alcohol and tobacco, as well as adherence to physical activity. It is a descriptive study with quantitative approach, developed with 500 elderly in the 39 teams of the Family Health Strategy. Results: 65% of elderly said they never consumed alcohol, 52% do not have the habit of smoking and 53% did not do any physical activity. Thus, it is for professionals within the health care team, encourage older people to adopt more healthy living habits as routine. Keywords: Elderly, quality of life, aging.
Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 10 a 15
Introdução Considera-se idoso todo o cidadão com 60 anos ou mais, conforme a definição do Estatuto do Idoso – Lei 10.741/20031, e da Política Nacional do Idoso na Lei 8.842/19942. Já envelhecimento tem seu significado ampliado, uma vez que é um processo natural que ocorre desde o nascimento até a morte. Caracteriza-se por uma série de alterações e adaptações que acontecem com o passar dos anos no organismo humano3. O envelhecimento provoca alterações e desgastes em vários sistemas funcionais que se sucedem de forma progressiva e irreversível. O momento em que essas transformações surgem, quando passam a ser percebidas e como evoluem, diferencia-se de um indivíduo para o outro4. Não se fica velho aos 60 anos. O envelhecimento é um processo natural, normal e dinâmico que de transformação ao longo de toda a experiência de vida do ser humano, por meio de escolhas e de circunstâncias, e não uma doença. Enquanto o envelhecimento é inevitável e irreversível, as condições crônicas e incapacitantes que frequentemente o acompanham podem ser prevenidas ou retardadas, não só por intervenções médicas, mas também por intervenções sociais, econômicas e ambientais5. Em gerações passadas, as pessoas eram acometidas por inúmeras infecções e doenças crônicas ainda quando jovens, e a velhice era sinônimo de doença, limitação física e, consequentemente, sofrimento. Atualmente, com o aumento da expectativa de vida e melhora das condições
10
gerais de saúde da população, homens e mulheres atingem os 70 ou 80 anos em pleno vigor físico, exercendo suas atividades profissionais de forma plena, podendo não apresentar nenhum problema de saúde ou condição crônica incapacitante6. A expectativa brasileira é ter 13% de idosos em 20203. A população com 60 a 69 anos representava 5,5% e com mais de 70 anos 4,6% em 2008, totalizando 10,1% de idosos. Já os homens vivem em média 68,7 e as mulheres 76,4 anos7. Para 2025, a população brasileira, que era essencialmente jovem, tem previsão de ser a sexta maior população idosa do mundo, chegando em 2050 a ser composta majoritariamente por idosos em relação às crianças abaixo dos 15 anos8. O Rio Grande do Sul, no ano de 2009, apresentou uma das maiores expectativas de vida do país, chegando a 75,5 anos, ocupando o terceiro lugar entre os estados brasileiros9. O crescente número de pessoas idosas resultou em problemas de ordem social, econômica e de saúde, os quais exigem determinações legais e políticas públicas capazes de oferecer suporte ao processo de envelhecimento, buscando atender às necessidades desse estrato populacional. Faz-se necessária a adoção de hábitos saudáveis de vida, como a atividade física e o abandono de maus hábitos como o tabagismo e consumo de álcool. A realidade do envelhecimento populacional no país demonstra que não há outro caminho senão o investimento articulado em programas de atenção aos idosos10.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
Hábitos de vida dos idosos no território da saúde da família no Município de Canoas/RS
Trata-se de investigação descritiva e exploratória de abordagem quantitativa. A população foi constituída por idosos residentes em territórios da Estratégia de Saúde da Família do Município de Canoas/RS. O estudo integra uma pesquisa maior
Resultados Participaram da pesquisa 500 idosos, sendo a maioria (63,60%) pertencia ao sexo feminino; 54,4% eram idosos-jovens na faixa etária de 60 a 69 anos.
Revista Sul-Brasileira de Enfermagem
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Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 10 a 15
Método
intitulada ”Envelhecimento e saúde: perfil do idoso com 60 anos ou mais, usuário dos serviços de atenção primária a saúde”, desenvolvida em 2010-2011 pelo Curso de Enfermagem da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA, em parceria com a Secretaria Municipal de Canoas. O município de Canoas, segundo o Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE)9, possui população de 324.025 habitantes, dos quais 168.011 mulheres e 156,014 homens, sendo 100% a população urbana. Possui 39 equipes de ESF, das quais 11 estão cadastradas no Ministério da Saúde, localizadas nas regiões noroeste e sudeste do município, contemplando uma população aproximada de 144.000 habitantes. Estima-se que 10% da população, seja constituída de idosos. A referida pesquisa se desenvolveu junto aos idosos cadastrados pelas equipes de ESF, no período de julho de 2010 a julho de 2011. Foram entrevistados 500 idosos pelos profissionais de saúde, junto às UBS por ocasião de algum atendimento na unidade. Os agentes comunitários de saúde, enfermeiros e acadêmicos de enfermagem receberam capacitação pelas pesquisadoras para fazerem a coleta de dados junto aos idosos. A amostra compreende 3,47% do total de idosos cadastrados pelas equipes de ESF. Não teve recusas por parte dos idosos e todos os entrevistados apresentaram condições de responder à entrevista. O instrumento original foi elaborado com 60 questões objetivas baseadas no “Caderno de Atenção Básica, no 19 – Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa”8, que propõe uma avaliação global da pessoa idosa dando ênfase ao seu estado funcional e à sua qualidade de vida. Nesta pesquisa foram analisadas hábitos de vida do idoso – tabagismo, uso de bebida alcoólica e atividade física –, correspondendo às questões 13 a 24 do referido instrumento. Os dados foram armazenados e analisados através programa Epi Info, versão 3.4.3, e os resultados apresentados em forma de gráficos e tabela. Cada instrumento recebeu um número (registro) para preservar a identificação dos entrevistados, garantindo seu anonimato. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética da Universidade Luterana do Brasil (Ulbra), sob nº 210-386H, e pela Secretaria Municipal de Saúde. Aos entrevistados foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Artigo de Pesquisa
Deise Lima / Maria Renita Burg Figueiredo/Neiva Raffo Wachholz
À medida que um indivíduo envelhece, sua qualidade de vida é fortemente determinada por sua habilidade de manter autonomia e independência e, portanto, dependente do controle das prováveis doenças crônicas já presentes11. Neste contexto, um envelhecimento bem-sucedido é acompanhado de qualidade de vida e bem-estar e deve ser almejado pelos profissionais da saúde que trabalham na assistência aos indivíduos e famílias. A saúde apresenta forte impacto sobre a qualidade de vida, principalmente em se tratando de idosos. A representação negativa, normalmente associada ao envelhecimento, tem como um de seus pilares o declínio biológico, ocasionalmente acompanhado de doenças e dificuldades funcionais com o avançar da idade12. A promoção do envelhecimento saudável foi assumida como propósito basilar na Política Nacional de Saúde do Idoso, desenvolvendo ações que orientem os idosos e os indivíduos em processo de envelhecimento quanto à importância da melhoria das habilidades funcionais, adotando precocemente hábitos saudáveis de vida e eliminando comportamentos nocivos à saúde13. As ações locais que visam à promoção da saúde da população idosa devem ser norteadas pelas estratégias tais como divulgação da Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS)14; alimentação saudável; prática corporal e atividade física; prevenção e controle do tabagismo; redução da morbimortalidade em decorrência do uso abusivo de álcool e outras drogas entre outras. Nesse contexto, cabe à equipe de saúde e em especial ao enfermeiro informar, orientar e apresentar alternativas que visem à adoção de hábitos saudáveis pelos idosos. De acordo com a concepção de promoção da saúde, o idoso deve decidir livremente seu estilo de vida, contrariando algumas vezes os profissionais da saúde15. Este estudo, encomendado pelos gestores municipais ao Curso de Enfermagem da Universidade, com vistas a colaborar no planejamento de políticas públicas de saúde voltadas aos idosos residentes neste município, teve como objetivo identificar os hábitos relacionados ao uso de álcool e fumo, bem como a adesão à prática de atividades físicas entre idosos pertencentes às equipes de Estratégia Saúde da Família.
Artigo de Pesquisa
Humanização hora do revisãono bibliográica Hábitos de vida dos idosos nona território daparto: saúdeuma da família Município de Canoas/RS
Na situação conjugal, houve predominância dos idosos casados (48,20%), seguidos dos viúvos (36,00%) e em menor frequência os solteiros (5,8%). Em relação à escolaridade dos idosos pesquisados, verificamos que foi predominante a condição de alfabetizados, que perfizeram 81% da amostra; 40,6% apresentavam entre de 1 a 4 anos de estudo; 14,6% dos entrevistados se disseram analfabetos absolutos. Os resultados referentes aos hábitos de vida dos idosos como consumo de álcool, fumo e atividade física, serão apresentados em gráficos e tabela a seguir.
O Gráfico 2 aponta que dentre os idosos entrevistados em relação ao seu hábito de fumar (consumo de tabaco), 262 (52%) referiram que nunca tiveram o hábito de fumar; 65 (13%) fumam frequentemente; 7 (1%) fumam raramente e 164 (21%) se disseram ex-tabagista. Dois entrevistados (1%) não responderam a essa pergunta. Gráfico 3: Prevalência da prática de atividades físicas pelos idosos. Canoas, 2011
Gráfico 1: Prevalência do consumo de bebidas alcoólicas por idosos. Canoas, 2011
Fonte: Instrumento de pesquisa.
Dos idosos entrevistados, 263 (53%) informam não realizar nenhum tipo de atividade física; 152 entrevistados (30%) realizam frequentemente pelo menos algum tipo; 37 (8%) realizam raramente (esporadicamente) e 37 (7%) disseram que pararam de realizar. Os que não informaram, compõem um total de 11 idosos (2%).
Fonte: Instrumento de pesquisa.
Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 10 a 15
Tabela 1: Tipos de atividade física praticada pelos idosos. Canoas, 2011
Gráfico 2: Prevalência do consumo de tabaco por idosos. Canoas, 2011
Fonte: Instrumento de pesquisa.
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Fonte: Instrumento de pesquisa. Obs.: Questões de múltipla escolha.
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Deise Lima / Maria Renita Burg Figueiredo/ Neiva Raffo Wachholz
Com relação ao consumo de bebida alcoólica, 322 (65%) referiram que nunca consomem bebida alcoólica; 17 (3%) consomem frequentemente; 75 (15%) consomem raramente; 77 (21%) pararam de consumir, sendo que 9 (2%) dos entrevistados não responderam a esta pergunta
Hábitos de vida dos idosos no território da saúde da família no Município de Canoas/RS
Em relação ao consumo de álcool, destaca-se que 21% são ex-usuários, grupo que necessita de um olhar mais atento dos profissionais para controlar o consumo ou evitar a retomada do antigo hábito. Ainda 18% referiram fazer uso rara e/ou frequentemente. No Brasil, o uso do álcool é um desafio para o Ministério da Saúde, pois 17,6% das pessoas com 15 anos de idade ou mais afirmam passar por episódios de ingestão excessiva de bebida alcoólica7. Os resultados deste estudo vêm ao encontro da estatística nacional e de estudos epidemiológicos, os quais evidenciaram que 80% da população já consumiu bebidas alcoólicas e apenas 20% das pessoas são abstêmias. Estima-se que cerca de 10 a 20% da população idosa seja alcoolista16. A atividade física é realizada por 30% dos idosos pesquisados, destacando-se a caminhada (68,95%), a qual não requer maior investimento público, seguida de bicicleta (12,10%). Mas, 53% dos idosos referiram não realizar nenhuma atividade física, apesar da ampla divulgação nos meios de comunicação dos benefícios para a saúde e a longevidade. Corroborando com os resultados, Miranda17 refere que a maior parte da população idosa é inativa parcial ou completamente. Para Gobbi et al.18, a estimativa é de que 60 a 70% da população não participa de programas regulares de exercícios físicos. Conforme Ministério da Saúde8, a inatividade física é um dos fatores de risco mais importantes para as doenças crônicas, associada à dieta inadequada e ao uso do tabaco. É bastante pre-
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Deise Lima / Maria Renita Burg Figueiredo/Neiva Raffo Wachholz
Discussão
valente a inatividade física entre idosos. O estilo de vida moderno propicia o gasto de maior parte do tempo livre em atividades sedentárias, como assistir televisão. Qualquer indivíduo que adote um estilo de vida ativo, abolindo definitivamente o sedentarismo, terá uma diminuição de 40% no risco de morte por doenças cardiovasculares e, associado a uma dieta adequada, é capaz de reduzir em 58% o risco de progressão de diabetes melitus tipo II, demonstrando que uma pequena mudança de hábitos pode provocar grande melhoria na saúde e na qualidade de vida. Além de todos os benefícios inerentes à prática de atividade física com regularidade, os exercícios podem atuar como medicamentos, tanto prevenindo algumas doenças quanto ajudando no tratamento de outras. Os idosos que se exercitam de maneira regular consomem, em média, 34% menos remédios do que os sedentários19. A caminhada é o tipo de atividade física informada também em outros estudos como a principal em frequência de realização, por não requer nenhum treinamento prévio nem gastos associados, ser simples de se executar, o que facilita e socializa sua realização. Em relação ao fumo, 52% dos idosos referiram que nunca fumaram e 21% já foram expostos em algum momento da vida. Assim como os que pararam de consumir bebidas alcoólicas, estes também precisam muito do apoio dos profissionais da saúde e da família para não retornarem ao vício e reduzir os danos decorrentes do uso do fumo. Sabe-se que o abandono do tabagismo, em qualquer idade, reduz o risco de morte e melhora a condição geral de saúde, uma vez que a suspensão do fumo é acompanhada por um aumento no tempo de sobrevida, em virtude da redução dos danos biológicos induzidos pelo cigarro20,21. Os idosos que fumam até um maço de cigarros por dia, se abandonassem o vício aos 70 anos, apresentariam um aumento em sua sobrevida de aproximadamente 20%, o que representa um acréscimo de 2 ou 3 anos em sua expectativa de vida20. No Brasil, o tabagismo teve redução em virtude de várias políticas públicas com destaque para o Programa Nacional de Controle do Tabaco (PNCT), pois, em 2008, 17,2% da população fumava, em comparação a 34,5%, em 1989, quando o programa teve início7. Alcançou a proposta de reduzir a prevalência dos fumantes brasileiros e a consequente morbimortalidade por doenças relaciona-
Artigo de Pesquisa
A Tabela 1 mostra os tipos de atividade física mais frequentemente praticados pelos idosos deste estudo. Destaca-se à caminhada, realizada por 68,95% da população estudada, seguida de bicicleta (12,10%) e ginástica (5,27%). Em relação ao tempo médio de realização da atividade física regular (em anos), encontramos 35,37% dos idosos que realizam regularmente atividade física há menos de um ano. Já 15,85% informaram realizar algum tipo de atividade física regular entre dois e três anos e 10,98% dos entrevistados estão entre os que realizam alguma atividade regular entre cinco e dez anos. Parte dos idosos estudados praticantes de atividade física regular dizem fazê-la há mais de 10 anos, correspondendo a 23,17% do total da amostra.
Hábitos de vida dos idosos nona território daparto: saúdeuma da família Município de Canoas/RS Humanização hora do revisãono bibliográica
das ao tabaco. Esse programa utiliza também as estratégias de prevenção da iniciação ao tabagismo, proteção da população contra a exposição ambiental à fumaça dos cigarros, promoção e apoio ao abandono do hábito de fumar, mediante a sensibilização e capacitação de profissionais de saúde. Desde 2002, foi incluído o tratamento contra o fumo nos serviços do Sistema Único de Saúde22. Consideramos como limitação do estudo a não inclusão de idosos acamados ou sem condições físicas de deslocamentos à UBS para receberem algum atendimento de saúde.
É papel de toda a equipe de saúde fazer com que idosos percebam-se úteis na sociedade, estimulando-os para que lutem por melhorias sociais e pela adoção de políticas públicas que visem à melhoria de vida de toda a comunidade. Isso levará a diversos benefícios, entre eles a promoção da saúde e da qualidade de vida desses indivíduos. Com o aumento do número de idosos, ocorre simultaneamente um aumento das doenças associadas ao envelhecimento, destacando-se as crônico-degenerativas. Por isso, torna-se uma questão prioritária na promoção da saúde pública a implementação da prática desportiva e a redução do sedentarismo como estratégica fundamental para a promoção da saúde enquanto qualidade de vida. Assim como o sedentarismo, o tabagismo representa um importante acelerador no processo de envelhecimento, comprometendo não apenas a expectativa, mas principalmente a qualidade de vida. Cabe aos profissionais da saúde, com destaque para aqueles que trabalham diretamente com as famílias e grandes grupos coletivos, promover o desestímulo aos hábitos saudáveis de vida. O desencorajamento do uso de fumo, drogas e álcool, deve ser trabalhado pelos profissionais desde a educação até o auxílio ao abandono desses hábitos pelos adultos e idosos. Os profissionais da ESF e todos os profissionais da saúde devem contemplar nas suas ações diárias principalmente as questões do alcoolismo, por afetar a vida de muitas famílias, exigindo uma intervenção adequada ao problema. As equipes de saúde podem também utilizar os recursos disponíveis na comunidade como os Alcoólicos Anônimos (AA) entre outros. Na rede básica de saúde faz-se necessário implantar políticas que promovam mudanças de comportamento, por meio de programas educa-
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Referências 1. Brasil. Lei nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Ministério da Saúde, 2003. 2. Brasil. Gabinete do Ministro de Estado da Saúde (BR). Portaria Nº 1.395 de 9 de dezembro de 1999. Aprova a Política Nacional de Saúde do Idoso e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial, 1999; Seção I, nº 237-E, p. 20-4. 3. Zago AS. Exercício físico e o processo saúde-doença no envelhecimento. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2010; Rio de Janeiro, 13(1). Disponível em: http://revista.unati.uerj.br/. Acesso: janeiro 2011. 4. Oliveira AC et al. Qualidade de vida em idosos que praticam atividade física: uma revisão sistemática. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, 2010; Rio de Janeiro 13(2). Disponível em: http://revista. unati.uerj.br/. Acesso: dezembro 2010. 5. Brasil . Decreto nº 1.948 de 3 de julho de 1996. Regulamenta a Lei nº 8.842, de 4 de janeiro de 1994, que dispõe sobre a Política Nacional do Idoso, e dá outras providências. Brasília: Diário Oficial; 1996. 6. Varella D, Jardim C. Bebidas alcoólicas. 1ª ed. São Paulo: Gold; 2009. 63p. (Coleção Doutor Drauzio Varella – Guia Prático de Saúde e Bem-Estar). 7. Paim J. et al. O sistema de saúde brasileiro: história, avanços e desafios. Relatório The Lancet. Saúde no Brasil. Maio 2011. Londres, Inglaterra. Disponível em: http://www.thelancet.com/. Acesso: julho 2011. 8. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Envelhecimento e Saúde da Pessoa Idosa. 1ª ed. Brasília: Ministério da Saúde; 2006. 192p. (Série A. Normas e Manuais Técnicos. Caderno de Atenção Básica, 19). 9. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Síntese de Indicadores Sociais: uma análise das condições de vida da população brasileira 2010. Rio de Janeiro, nº 27, 2010. Disponível em: http:// www.ibge.gov.br/. Acesso: julho 2011. 10. Martins JJ et al. Políticas públicas de atenção à saúde do idoso: reflexão acerca da capacitação dos profissionais da saúde para o cuidado com o idoso. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2007; Rio de Janeiro, 10(3).
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Consider ações finais
tivos, criação de espaços públicos para a prática de esportes e exercícios físicos, bem como proibição à propaganda que estimule o tabaco ou o álcool em todas as suas formas e orientação para que o usuário assuma seu autocuidado e sua corresponsabilidade com as práticas saudáveis de vida. Os idosos de hoje foram expostos a fatores de risco para doenças crônico-degenerativas no passado, decorrentes de modismos de época e desconhecimento dos malefícios – tabaco e álcool –, fazendo-se necessário estimular os bons hábitos de vida entre estes idosos a fim de evitar maiores danos à saúde e, ao mesmo tempo, trabalhar com os mais jovens e crianças na formação de hábitos saudáveis de vida, constituindo-se um desafio para a enfermagem atual. O grande desafio que a longevidade coloca sobre os profissionais da área da saúde é o de conseguir uma sobrevida cada vez maior, com qualidade de vida cada vez melhor. O enfermeiro, com seus cuidados, colabora para que o idoso não apenas aumente os anos vividos, mas, concomitantemente, melhore a qualidade de vida.
Hábitos de vida dos idosos no território da saúde da família no Município de Canoas/RS
17. Miranda RD. Atividade física e envelhecimento. Sala de condicionamento físico on-line da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP). São Paulo, 2011. Disponível em: http://www.scf.unifesp.br/ artigos/artigo_1_geriatria.htm. Acesso: fevereiro 2011. 18. Gobbi S, Villar R, Zago AS. Bases teórico-práticas do condicionamento físico. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2005. 284 p. 19. Universidade Federal de São Paulo (Unifesp); Centro de Estudos e Laboratório de Aptidão Física de São Caetano do Sul (Celafiscs). Exercícios reduzem o uso de remédios. Jornal Vale do Sinos, São Leopoldo, 23 a 29 ago 2010. Caderno Viver com Saúde, p. 3. 20. Goulart D et al. Tabagismo em idosos. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia 2010. Rio de Janeiro, 13(2). Disponível em: http:// revista.unati.uerj.br/ Acesso: abril 2011. 21. Bratzler DW, Oehlert WH, Austelle A. Smoking in the elderly: it’s never too late to quit. The Journal of the Oklahoma State Medical Association 2002. Oklahoma, Estados Unidos da América, 95(3). 22. Machado JB, Lopes MHI. Abordagem do tabagismo na gestação. Rev Scientia Medica, 19(2), abril de 2009.
Recebido 31.01.2012 Aprovado 18.06.2012
* Enfermeira, aluna do Curso de Especialização em Estratégia em Saúde da Família para Enfermeiros - ULBRA Canoas/RS. E-mail: deise_lima@ hotmail.com ** Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva/ULBRA. Professora do Curso de Graduação e Especialização de ESF da ULBRA Canoas/RS. Orientadora do trabalho. *** Enfermeira, Mestre Epidemiologia/UFRGS, Professora do Curso de Graduação e Especialização de Enfermagem/ULBRA Canoas/RS, Enfermeira da Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre/RS. e-mail: neivarw@gmail.com.
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11. Paschoal SMP. Qualidade de vida do idoso: construção de um instrumento de avaliação através do método do impacto clínico. 2004. 245f. Tese (Doutorado em Medicina). Universidade de São Paulo, São Paulo; 2004. 12. Assis M org. Envelhecimento ativo e promoção da saúde: Reflexão para as ações educativas com idosos. Revista de APS (Atenção Primária em Saúde) 2005. Rio de Janeiro, 8(1):15-24. Disponível em: http:\\www.unati.uerj.br/. Acesso: junho 2011. 13. Gordilho A. et al. Desafios a serem enfrentados no terceiro milênio pelo setor saúde na atenção integral ao idoso. Rev Brasileira de Geriatria e Gerontologia, Rio de Janeiro, 2000. 90p. 14. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Política Nacional de Promoção da Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 60p. 15. Derntl AM. As muitas autonomias e o autocuidado. Gerontologia, São Paulo, 6(4), 1998. 16. Lucena MG. Educação popular em saúde: abordagem intergeracional do alcoolismo numa Unidade de Saúde da Família. 2006. 220f. Dissertação (Mestrado em Educação). Centro de Educação da Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 2006.
Paciente em risco de perfusão tissular cerebral ineficaz pós-trombólise: relato de experiência Patient at risk of ineffective brain tissue perfusion after thrombolysis: experience report *Betina Franco ** Michelle Dornelles Santarem ***Sarah Ceolin Stein
**** Suimara dos Santos *****Janine Abreu Silveira Franceschi ******Lurdes Busin
Resumo – Introdução: Os diagnósticos, intervenções e resultados de enfermagem vêm sendo avaliados por meio de estudos clínicos. Objetivo: Identificar os diagnósticos selecionados para paciente que sofreu acidente vascular cerebral, submetido à terapia trombolítica propondo intervenções e avaliações. Métodos: Estudo de caso de paciente atendido em serviço de emergência em 2012. As informações foram coletadas no prontuário eletrônico e analisadas com base nos referenciais da NANDA-I/NIC/NOC. Resultados: Paciente feminina, 58 anos, com queixas de tonturas, confusão mental, dificuldade para falar e déficit de força em hemicorpo direito. Após 24 horas da trombólise apresentava agitação, desorientação no tempo, espaço e força preservada. O diagnóstico risco de perfusão tissular cerebral ineficaz foi iniciado devido às possíveis complicações decorrentes da trombólise. Os resultados a partir da NOC foram: nível de confusão aguda e estado neurológico: consciência. A intervenção selecionada foi: monitorização neurológica. Conclusão: Os resultados selecionados pela NOC foram alcançados pela equipe de enfermagem. Palavras-chave: Acidente vascular cerebral; processo de enfermagem; terapia trombolítica; diagnóstico de enfermagem.
Abstract – Introduction: Diagnoses, interventions and outcomes of nursing have been evaluated through clinical studies. Goal: To identify diagnoses chosen for patients who have suffered strokes and were referred to thrombolytic therapy, and then propose interventions and evaluations. Methods: Case study of a patient in an Emergency Service in 2012. The information was collected in the electronic health record and analyzed based on NANDA-I/NIC/NOC linkages. Results: Female patient, 58 years old, with complaints of dizziness, confusion, difficulty of speaking and deficit of strength in right hemibody. Twenty-four hours after the thrombolysis she presented agitation, disorientation in time and space, but force was preserved. The diagnosis of risk for ineffective cerebral tissue perfusion was proposed due to potential complications arising from thrombolysis. The results from NOC were: acute confusion level and neurological status: consciousness. The intervention chosen was: neurological monitoring. Conclusion: The results selected by NOC were achieved by the nursing team. Keywords: Stroke; nursing process; thrombolytic therapy; nursing diagnosis.
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Introdução Acidente vascular cerebral (AVC) é uma alteração da circulação cerebral que ocasiona um déficit transitório ou definitivo no funcionamento de uma ou mais partes do cérebro pela inadequada perfusão deste local1. É classificado em dois grandes grupos: AVC isquêmico (AVCi) e AVC hemorrágico. O mais frequente, em cerca de 85% dos casos, é o AVCi, que se caracteriza pela interrupção do fluxo sanguíneo (obstrução arterial por trombos ou ê mbolos) em uma determinada área do encéfalo, tratados com trombolíticos em alguns casos2,3,4. O AVC é uma das doenças que mais matam no Brasil e no mundo. De acordo com a American Stroke Association, o AVC matou cerca de 150 mil norte-americanos em 2011 e custou mais de 60 bilhões de dólares ao país. No Brasil este dano atinge cerca de 100 mil vitimas por ano5. O AVC ocorre em todas as idades, mas a incidência dobra a cada década após os 65 aos de idade6,7. Grande parte dos pacientes com AVC evolui com incapacidades e prejuízos sensórios-motores8. O cuidado na fase aguda deve ser ágil e efetivo para impedir a morte do tecido cerebral.
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Para isso, é necessário um conjunto mínimo de tecnologias disponíveis no tempo correto, como a realização da tomografia computadorizada e a disponibilidade de trombolítico, ativador do plasminogênio tecidual recombinante (rt-PA). O trombolítico deve ser administrado idealmente em até quatro horas e meia após o início dos sintomas9. O uso de exames de imagem para o cuidado do AVCi é relevante para o diagnóstico diferencial, a definição e a prescrição terapêutica dos cuidados adequados10,11,12,13. O uso do rt-PA, quando administrado ao paciente nas primeiras 4 horas e 30 minutos por via intravenosa, demonstrou diminuição na incapacidade funcional no grupo que utilizou a droga em relação ao placebo, sendo, no momento, um dos principais tratamentos específicos recomendados para a fase aguda do AVC isquêmico (nível de evidência 1A). Para a administração do trombolítico e monitorização durante e após sua aplicação, é necessário que o paciente seja acompanhado numa unidade vascular (UV)14,15. A unidade vascular tem área física definida e equipe própria dentro do serviço de emergência
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Métodos Trata-se de um estudo de caso desenvolvido na Emergência do HCPA sobre um paciente admitido na UV em março de 2012. Estudo de caso é um método de investigação que pretende descrever de modo preciso os comportamentos de um indivíduo. O indivíduo, neste procedimento, é o principal foco de observação21. Envolve várias fontes de uma informação, que são encontradas com a finalidade de realizar um estudo das necessidades dos pacientes, com a possibilidade para solucionar ou reverter os problemas encontrados22. O HCPA é uma instituição pública, geral, de grande porte, universitária e vinculada ao Ministério da Educação e à Universidade Federal do Rio Grande do Sul. O Serviço de Emergência é composto pelas seguintes áreas: Acolhimento com Avaliação e Classificação de Risco, Pediatria, Unidade de Observação Verde, Unidade de Observação Laranja, Unidade de Internação, Unidade Vascular e Box de Urgência. Neste box são atendidos os pacientes com instabilidades clínicas e apresentando risco iminente de morte. A coleta dos dados foi realizada por meio de pesquisa no prontuário eletrônico do paciente, anamnese e exame físico de enfermagem, diagnósticos levantados, prescrição de enfermagem e evolução diária. Em um segundo momento, os pesquisadores de caso discutiram os dados obtidos com base na literatura para estabelecer os resultados e as intervenções. Os resultados foram selecionados a partir da NOC, que é composta por domínios, classes, resultados, indicadores e escalas de mensuração. Cada escala é constituída de modo que o quinto ponto, ou seja, a pontuação final, represente a condição do paciente mais desejável ao resultado23. Para isso, utiliza-se a escala de Likert24. A seguir elegeram-se as atividades e intervenções da NIC a fim de complementar aquelas já prescritas e propor novas ações. Por fim, os resultados foram mensurados utilizando a NOC baseada nas evoluções do paciente. Os resultados foram avaliados em três momentos: na admissão, após 24 e 72 horas da realização da terapia trombolítica. O presente estudo de caso está vinculado ao projeto maior “Desenvolvimento de estudos clínicos sobre o processo de enfermagem” aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa CEP/HCPA (n.100505).
Resultados e discussão A paciente em estudo tinha 58 anos e sua ocupação era do lar. Portadora de hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, dislipidemia e retardo mental leve por deficiência de vitamina B12. Procedente da cidade de Porto Alegre, procurou o SE
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com leitos específicos destinados ao atendimento de pacientes com doenças vasculares agudas: o AVC é uma delas. O objetivo primordial da unidade vascular é tornar mais rápido, mais fácil e mais seguro o tratamento da fase aguda das doenças vasculares, independentemente das emergências superlotadas14,15. Neste contexto, a enfermagem vem identificando e atuando juntamente com os inúmeros avanços tecnológicos, disparando os protocolos assistenciais e valorizando o cuidado ao ser humano. A metodologia do processo de enfermagem tem sido utilizada com o objetivo de melhorar a assistência, o gerenciamento, o ensino e a pesquisa de enfermagem16. O processo de enfermagem (PE) possui como propósito principal prover uma abordagem para identificar as necessidades do cliente, da família e da comunidade a fim de implementar o cuidado necessário à situação identificada17. Seu emprego está previsto como atribuição essencial do enfermeiro18,19. O mesmo possui cinco etapas: anamnese e exame físico, diagnóstico de enfermagem (DE), planejamento da intervenção (ou plano de cuidados) ou prescrição de enfermagem, implementação ou execução da intervenção e avaliação do resultado ou evolução de enfermagem20. Hoje existem diversas taxonomias de enfermagem tais como a North American Nursing Diagnosis Association International (NANDA-I) para a seleção de DE, a Nursing Interventions Classification (NIC) para definição das intervenções e a Nursing Outcomes Classification (NOC) para a avaliação dos resultados. Essas têm sido bastante utilizadas no contexto brasileiro20. No HCPA o PE integra o prontuário eletrônico desde ano 2001, sendo que as etapas de anamnese e exame físico, diagnóstico, prescrição e evolução de enfermagem estão disponíveis no Aplicativo de Gestão Hospitalar (AGH). É importante ressaltar que a avaliação da efetividade das intervenções de enfermagem está em fase de estruturação para, futuramente, a informatização, segundo a NOC. A ligação entre os diagnósticos levantados, as intervenções propostas e a avaliação de resultados vem sendo avaliada por meio de estudos clínicos no Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA). Para tanto, estudos de caso vêm sendo realizados desde dezembro de 2001 pela Comissão do Processo de Enfermagem (COPE), visando propiciar discussões sobre a aplicação do mesmo e colaborando com a discussão referente à acurácia diagnóstica20. O presente estudo tem como objetivo identificar os diagnósticos de enfermagem selecionados para um paciente submetido à terapia trombolítica por AVC isquêmico, propondo intervenções e avaliação de resultados de enfermagem segundo a NIC e NOC.
Artigo de Reflexão
Betina Franco / Michelle Dornelles Santarem / Sarah Ceolin Stein / Suimara dos Santos / Janine Abreu Silveira Franceschi / Lurdes Busin
Paciente em risco de perfusão tissular cerebral ineicaz pós-trombólise: relato de experiência
do HCPA, acompanhada da filha, por apresentar tonturas, confusão mental, dificuldade para falar e perda de força em hemicorpo direito. Segundo informações relatadas pela filha, os sintomas haviam iniciado duas horas e trinta minutos antes da chegada da paciente ao Serviço de Emergência. Acolhida pela enfermeira da classificação de risco, os sinais e sintomas de possível AVCi agudo foram reconhecidos e avaliada conforme Protocolo de Manchester. A paciente foi classificada com o atendimento muito urgente, de cor laranja, com prioridade de atendimento em até 10 minutos25. Encaminhada ao Box de urgência, o protocolo institucional de AVCi agudo teve continuidade, sendo providenciada a realização de tomografia computadorizada de crânio e avaliação de médico neurologista. Confirmado o diagnóstico de AVCi agudo e seus critérios de inclusão de terapia trombolítica, a paciente foi transferida para a UV do serviço de emergência, onde iniciou-se a infusão do rtPA. Na reavaliação, após 24 horas do tratamento com a trombólise, a paciente apresentava agitação, desorientação no tempo e espaço, melhora da fala e sua força nos quatro membros estava recuperada e preservada. Os DE identificados como prioritários para o caso, baseados nos fatores de risco, sinais e sintomas foram: risco de perfusão tissular cerebral ineficaz, relacionado às possíveis complicações decorrentes da trombólise e confusão aguda, devido à desorientação apresentada pela paciente26. Em estudo semelhante, realizado em uma unidade de terapia intensiva em pacientes com AVC, o diagnóstico de enfermagem risco de perfusão tissular cerebral ineficaz também foi levantado pelos enfermeiros. Os demais DE prevalentes identificados no estudo foram: perfusão tissular ineficaz periférica, mobilidade física prejudicada, comunicação verbal prejudicada, deglutição prejudicada, débito cardíaco diminuído, troca de gases prejudicada, constipação, risco para aspiração, risco para infecção e risco de glicemia instável foram também determinados no estudo acima descrito. Salientamos que o presente estudo objetivou levantar DE prioritário ao caso, devido às caracteristicas do serviço de emergência considerando a superlotação enfrentada27. A intervenção selecionada, a partir da NIC, foi: monitorização neurológica, com as respectivas atividades a serem desenvolvidas pela equipe de enfermagem: aplicar a escala de glasgow, monitorar força muscular, monitorar alterações da simetria facial, monitorar o tamanho, formato, simetria e reação das pupilas, monitorar nível de orientação quanto ao tempo, espaço e pessoa, comunicar alteração do nível de consciência, orientar paciente no tempo e espaço, tranquilizar
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paciente, promover segurança e conforto, vigiar sensório, usar declarações simples e diretas, estimular a presença dos familiares, comunicar alterações do padrão respiratório, verificar pressão arterial e oximetria digital28. Essas intervenções encontram-se no aplicativo de gestão hospitalar (AGH) sistema informatizado do HCPA, e os enfermeiros utilizam as mesmas em suas ações diárias quando se deparam com a apresentação de um caso de AVC. É imprescindível o seguimento e aplicação destas intervenções para os pacientes portadores da doença. Não foram localizados estudos semelhantes com a mesma abordagem para este tipo de pacientes. Os resultados alcançados pela equipe de enfermagem foram listados nos Quadros 1 e 2, com os respectivos indicadores pontuados em escala Likert. Como já relatado, os resultados foram avaliados em três momentos: na admissão, após 24 e 72 horas da realização da terapia trombolítica. No Quadro 1, observa-se que os indicadores: desorientação no tempo, espaço e pessoa foram avaliados inicialmente como grave (1 ponto na escala Likert), visto que a paciente apresentava desorientação alo e autopsíquica. Após 24 horas esses indicadores foram reavaliados e através das intervenções – monitorar nível de orientação quanto ao tempo, espaço e pessoa, orientar paciente no tempo e espaço, usar declarações simples e diretas e estimular a presença dos familiares –, o indicador desorientação na pessoa evoluiu para nenhum (5 pontos), uma vez que a paciente passou a reconhecer a si e a seus familiares sem nenhuma dificuldade. Os indicadores desorientação no tempo e espaço evoluíram para moderado (3 pontos). Após 72 horas os indicadores desorientação tempo e espaço evoluíram para leve (4 pontos), pois a paciente alternava períodos de desorientação no tempo e espaço, e o indicador desorientação na pessoa, manteve -se em nenhum (5 pontos). Os indicadores inquietação e agitação, também apresentados no Quadro 1, foram avaliados inicialmente como graves (1 ponto na escala Likert), devido à necessidade inclusive de contenção mecânica. Através das intervenções - tranquilizar paciente, promover segurança e conforto, vigiar sensório, nível de consciência e estimular a presença dos familiares –, após 24 horas, esses indicadores evoluíram para moderado (3 pontos). Após 72 horas, reavaliados como leves (4 pontos) com o auxílio dos familiares. Conforme demonstrado no Quadro 2, pode-se perceber que o indicador obediência aos comandos, avaliado na admissão como gravemente comprometido (1 ponto), por apresentar hemiparesia à direita, após 24 horas da infusão do rtPA, evoluiu para levemente comprometido (4 pontos), a mesma apresentava força preservada em quatro
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Artigo de Reflexão
Participação dos de pais no cuidado à criança revisão integrativa literatura Paciente em risco perfusão tissular cerebralhospitalizada: ineicaz pós-trombólise: relato deda experiência
Paciente em risco de perfusão tissular cerebral ineicaz pós-trombólise: relato de experiência
Os diagnósticos prioritários ao estudo de caso foram risco de perfusão tissular ineficaz e confusão aguda devidos às condições neurológicas da paciente e às possíveis complicações decorrentes da trombólise. Os resultados da NOC representaram uma forma de avaliar as ações de enfermagem, as quais foram satisfatórias e alcançadas pela equipe. Os estudos clínicos vêm sendo realizados mensalmente no HCPA e colaboram com a discussão referente à acurácia diagnóstica em enfermagem. Nível de confusão aguda Graduação geral
Grave 1
ANEXOS Quadro 1: Avaliação inicial e resultados alcançados para o nível de confusão aguda
Substancial 2
Moderado 3
Leve 4
Nenhum 5
Indicadores: Desorientação no tempo Desorientação no espaço Desorientação da pessoa Inquietação Agitação
Avaliação inicial Avaliação após 24 horas do rtPA Avaliação após 72 horas do rtPA Ano 2 – Número 8, Maio/Junho 2012 - paginas de 16 a 20
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Consider ações finais
Ressaltamos a importância da atuação do enfermeiro no reconhecimento das manifestações clinicas do AVCi e na sistematização do cuidado, otimizando o atendimento ao paciente. Consideramos viável o profissional enfermeiro oferecer à equipe profissional que atua na emergência treinamentos e capacitações específicas para atender com agilidade e competência este tipo de patologia. Pesquisas sobre as ligações NANDA-I, NIC e NOC são recentes e novos estudos validando intervenções e resultados devem ser realizados para outros diagnósticos de enfermagem. Através de pesquisas com este enfoque é possível o uso de uma linguagem padronizada, qualificando a assistência de enfermagem e orientando assim uma prática clínica direcionada para os pacientes acometidos de AVCi.
Artigo de Reflexão
membros, porém não atendia aos comandos devido à confusão aguda. Após 72 horas, o indicador foi reavaliado como não comprometido (5 pontos), a mesma já obedecia a todos os comandos verbais. É importante ressaltar que a avaliação desses indicadores foi dificultada pelo leve retardo mental prévio da paciente, sendo necessária, por vezes, a participação dos familiares nos cuidados diários.
Quadro 2: Avaliação inicial e resultados alcançados para estado neurológico: consciência Estado neurológico: consciência Graduação Geral
Gravemente comprometido 1
Muito comprometido 2
Moderadamente comprometido 3
Levemente comprometido 4
Não comprometido 5
Graduação Geral
Avaliação inicial Avaliação após 24 horas do rtPA Avaliação após 72 horas do rtPA
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Recebido em 18.06.2012. Aprovado em 01.07.2012.
* Betina Franco – Especialista em Enfermagem em Cardiologia, Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HCPA. Membro da Comissão do Processo de Enfermagem (COPE) do HCPA. Email: bfranco@hcpa.ufrgs.br. ** Michelle Dornelles Santarem – Especialista em Enfermagem de Emergência, Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HCPA. Preceptora da Residência Integrada Multiproissional em Saúde (RIMS) do HCPA com ênfase em Adulto Crítico. *** Sarah Ceolin Stein – Especialista em Gestão Hospitalar, Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HCPA. **** Suimara dos Santos – Especialista em Terapia Intensiva, Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HCPA. ***** Janine Abreu Silveira Franceschi – Especialista em Terapia Intensiva, e em Enfermagem em Cardiologia, Enfermeira Assistencial do Serviço de Emergência do HCPA. ****** Lurdes Busin – Enfermeira Especialista em Administração Hospitalar, Professora da Escola de Enfermagem da UFRGS. Chefe do Serviço de Enfermagem em Emergência do HCPA.
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Betina Franco / Michelle Dornelles Santarem / Sarah Ceolin Stein / Suimara dos Santos / Janine Abreu Silveira Franceschi / Lurdes Busin
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Artigo de Reflexão
Participação dos de paisperfusão no cuidado à criança revisão integrativa literatura Paciente em risco tissular cerebralhospitalizada: ineicaz pós-trombólise: relato deda experiência
O profissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional do idoso institucionalizado Professional Nurses Face the Assessment of Functional Capacity of Institutionalized Elderly * Cléton Salbego ** Roselaine Boscardin Espindila
*** Carla da Silveira Dornelles **** Gabriela Fávero Alberti
Resumo – O envelhecimento da população brasileira tem ocorrido em crescente velocidade, sem precedentes e, consequentemente, tem causado impacto na economia do sistema de saúde. A capacidade funcional é um dos importantes marcadores de um envelhecer bem-sucedido e da boa qualidade de vida dos idosos. O presente estudo visa relatar uma experiência acadêmica ocorrida durante as práticas curriculares da disciplina de Saúde do Idoso na Sociedade Assistencial Santa Izabel, Instituição de Longa Permanência da cidade de Santiago, RS. Neste estudo, pretende-se reletir sobre a atuação do proissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados, a partir de fatores relacionados à capacidade destes indivíduos em realizar atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção de suas atividades básicas e instrumentais. Durante as práticas curriculares utilizou-se como instrumento de avaliação o Índice de Katz, que possibilitou elencar as fragilidades dos sujeitos, utilizando como método a entrevista, e o acolhimento. Os resultados obtidos pela aplicação deste índice evidenciaram que podem ser decorrentes do processo natural de envelhecimento do ser humano perdas cognitivas que em muitos casos são o motivo da institucionalização dos sujeitos. As percepções acadêmicas elencadas durante as práticas foram apresentadas aos proissionais da entidade para que pudessem usá-las no cuidado aos idosos. Palavras-chave: Envelhecimento; capacidade funcional; idoso institucionalizado.
Abstract – The aging of the population has been increasing in speed, unprecedented and therefore has caused an impact on the economy of the health system. Functional capacity is one of the important markers of a successful aging and quality of life for seniors. This study aims to describe an experience that occurred during the academic curriculum practices of the discipline of the Elderly Health Care Society in Santa Izabel, Long Term Institution of Santiago, RS. This study aims to relect on the role of the professional nurse in the assessment of functional capacity of elderly subjects, from factors related to the ability of individuals to perform physical and mental activities required for the maintenance of its basic and instrumental activities. During the curriculum practices was used as an evaluation tool, the Katz Index to rank the possible weaknesses of the subjects, using the interview method, and the host. The results obtained through the application of this index showed that may result from natural aging process of the human being, cognitive losses that in many cases is the reason for the institutionalization of the subject. The perceptions listed during the academic practices were presented to the professional body to enable them to use them in caring for the elderly. Keywords: Aging; functional capacity; institutionalized elderly.
O envelhecimento da população brasileira tem ocorrido com crescente velocidade nos últimos anos. Como resultado deste, evidencia-se o aumento de idosos portadores de patologias crônicas degenerativas. Considera-se pessoa idosa o sujeito que tiver idade igual ou superior a sessenta anos. Dados recentes publicados pela Organização das Nações Unidas (ONU) salientaram que o Brasil ocupará, em 2025, o sexto lugar entre os países com maior quantidade de pessoas idosas1. Para tanto, as instituições de longa permanência tornaram-se alternativas no processo de construção social da velhice e, consequentemente, para o cuidado. Muitas são as alterações anatômico-fisiológicas que acometem os idosos, limitando sua
capacidade funcional, tais como: redução do volume muscular, aumento de gordura e tecido conjuntivo, redução da força e da capacidade aeróbica e neurológica2. Diante desse quadro, evidencia-se que os idosos necessitam de profissionais capacitados para trabalhar com essas alterações. Nesse contexto surge o profissional enfermeiro, que por sua formação profissional, possui capacidades de prestar assistência integral a estes sujeitos, preconizando humanização, acolhimento, emancipação e autonomia do sujeito. Com o passar do tempo, o idoso vai perdendo gradativamente sua autonomia, ficando dependente de familiares ou cuidadores para a realização de práticas e atividades rotineiras. De
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INTRODUÇÃO
modo geral, a capacidade de funcionar de maneira independente declina com a idade e este declínio é influenciado por um conjunto de fatores biológicos, psicológicos e sociais3. A permanência dos idosos em instituições de longa permanência muitas vezes é a melhor alternativa para a família, uma vez que não há disponibilidade de suporte familiar, psicológico e financeiro de que estes necessitam. Seguindo esta ideia, para alguns idosos estar institucionalizado significa ter acesso a uma assistência integral, humanizada, e com uma visão holística da equipe de enfermagem, mas a família deve estar sempre participativa para garantir a excelência da assistência. A avaliação da capacidade funcional surge como um novo paradigma de assistência à saúde, particularmente relevante para o idoso. A saúde dentro dessa ótica passa a ser resultante da intervenção multidimensional entre saúde física e mental, independência na vida etária, integração social, suporte familiar e independência econômica. Qualquer uma dessas dimensões, se comprometida, pode afetar a capacidade funcional de um idoso4. O presente relato de experiência tem por objetivo refletir sobre a atuação do enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados, a partir de fatores relacionados à capacidade dos indivíduos em realizar atividades físicas e mentais necessárias para a manutenção de suas atividades básicas e instrumentais, tais como tomar banho e vestir-se, preparar refeições e alimentar-se, usar telefone e caminhar certa distância, tendo como instrumento de compilação de dados o Índice de Katz.
Metodologia Este trabalho está embasado nas práticas curriculares da disciplina de Enfermagem Aplicada à Saúde do Idoso, realizada no V semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da URI – Campus Santiago. Tais práticas ocorreram no primeiro semestre de 2011, nas dependências da Sociedade Assistência Santa Izabel do município de Santiago/RS, totalizando 30 horas, sob acompanhamento da professora supervisora da disciplina. Atualmente, a instituição de longa permanência possui cerca de 66 idosos, sendo alguns deles portadores de patologias degenerativas que, como resultado, acometem sua capacidade funcional. Durante as práticas curriculares, utilizou-se o Índice de Katz como instrumento de avaliação das
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capacidades funcionais do ser idoso. Cada acadêmico tinha como objetivo avaliar os sujeitos a fim de identificar fragilidades (quando houvesse), utilizando como método a entrevista e o acolhimento. Mediante a utilização do Índice de Katz, esperou-se identificar as principais dificuldades encontradas pelos idosos ao desenvolver atividades motriciais cotidianas, como tomar banho, vestir-se, alimentar-se, marchar, equilibrar-se.
Resultados e discussão A avaliação funcional é definida como “uma tentativa sistematizada de mensurar os níveis nos quais uma pessoa se enquadra, numa variedade de áreas, tais como: integridade física, qualidade da automanutenção, qualidade no desempenho dos papéis, estado intelectual, atividades sociais, atitudes em relação a si mesmo e ao estado emocional”5. Para Martins6, a independência funcional define-se como a capacidade de realizar atividades por seus próprios meios ligados à mobilidade e à capacidade funcional do indivíduo. Com o passar dos anos, o idoso começa a sentir prejudicada ou perder gradativamente sua funcionalidade motora ou psicológica. No contexto familiar, evidencia-se hoje que o idoso vem sendo privado deste convívio, ocasionando sua migração, algumas vezes involuntária, para as instituições de longa permanência. Nesses espaços, os sujeitos passam a vivenciar uma nova realidade, um novo modelo familiar, onde pode vir a não ser aceito. O acometimento emocional é um dos reflexos na saúde do idoso que ocorre com mais frequência nestas instituições, e a falta de profissionais capacitados pode prejudicar seu estado emocional4. Após a aplicação do instrumento, constatou-se que alguns dos sujeitos estudados possuem fragilidades. Nessa conjuntura, foi possível orientar os profissionais da instituição para atentarem às particularidades de cada sujeito. Dentre os cuidados de enfermagem executados pela equipe observou-se que o Índice de Katz não faz parte da rotina da instituição, mesmo sendo perceptível sua importância.
Consider ações finais O processo de envelhecimento tem influência significativa na independência e capacidade funcional do ser humano. A utilização de instrumentos de avaliação funcional geriátrica, como
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Relato de Experiência
O proissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional do idoso institucionalizado
O proissional enfermeiro frente à avaliação da capacidade funcional do idoso institucionalizado
Referências 1. Silvestre JÁ, Costa Neto MM. Abordagem do idoso em programas de saúde da família. Cad. Saúde Pública [online] 2003; 19(3). 2. Alves MJM. Peril da capacidade funcional do idoso. Caxambu-MG, 2008. http://www.abep.nepo.unicamp.br/encontro2008/docspdf/ABEP2008_1534.pdf. Acesso em 10 de outubro de 2011 às 08h. 3. Guccione AA. Fisioterapia geriátrica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 4. Freitas EV et al. Tratado de geriatria e gerontologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2002. 5. Oliveira DLC, Goretti LC, Pereira LSM. O desempenho de idosos institucionalizados com alterações cognitivas em atividades de vida diária e mobilidade: estudo piloto. Rev. Bras. isioter. 2006. São Carlos, 10(1). 6. Martins GB. Avaliação da capacidade funcional de idosos institucionalizados e não institucionalizados. http://www.isio-tb. unisul.br/Tccs/06b/gilmara/artigogilmara.pdf. Acesso em 14 de outubro de 2011 às 14h e 15min.
* Cléton Salbego – Acadêmico do 7º semestre do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – URI, Campus Santiago/RS. E-mail: cletonsalbego@hotmail.com. ** Roselaine Boscardin Espindila – Enfermeira. Especialista em Saúde Coletiva. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santiago/RS. Orientadora. E-mail: rosebespindola@gmail. com. *** Carla da Silveira Dornelles – Enfermeira. Especialista em Enfermagem em Oncologia. Docente do Curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santiago/RS. E-mail: dornellescsd@gmail.com. **** Gabriela Fávero Alberti – Graduanda em Enfermagem pela Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões – Campus Santiago/RS. E-mail: g_falberti@hotmail.com.
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Relato de Experiência
o Índice de Katz, facilita a obtenção de informações que proporcionarão aos profissionais da saúde melhor acompanhamento do progresso de cuidados que tendem a ser mais apropriados a cada caso. Frente a essas considerações, percebemos que a presença do enfermeiro em instituições asilares é de grande importância, tendo em vista que este profissional possui as competências necessárias para planejar e executar planos de cuidados que venham a avaliar, minimizar danos e proporcionar envelhecimento com autonomia e independência.
Vivências de acadêmicas de enfermagem em estágio supervisionado: administrando possíveis falhas no SISPRENATAL de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis Academic experiences of nursing in training supervised: possible failures in managing of SISPRENATAL in a Primary Health Centre the City of Florianópolis * Rubia Fernanda Cardoso Amaral ** Thayomara de Souza
*** Thayse Aparecida Palhano de Melo
Resumo – O presente trabalho trata de um relato de experiência vivenciada por acadêmicas da sétima fase do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) enquanto desenvolveram o Estágio Supervisionado I. A ação foi desenvolvida em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Município de Florianópolis. Por meio do processo de administração foram analisados relatórios de gestão e levantados alguns problemas da UBS, elegendo como prioridade as falhas apresentadas pelo relatório SISPRENATAL. Os dados foram obtidos por meio de registros de prontuário, icha do SISPRENATAL, listagem das gestantes, icha consolidada das gestantes. Quanto à ação de análise dos dados, percebe-se o grau de complexidade em entender e encontrar os dados necessários para um achado mais idedigno; questiona-se, desta maneira, a forma dinamizada desse sistema de informação e o apoio técnico na rede de Florianópolis. Palavras-chave: Enfermagem; atenção primária à saúde; sistema de registros; administração de serviços de saúde.
Abstract – The present work is a report of the experience lived by undergraduate nursing students of the Federal University of Santa Catarina (UFSC) while in the Supervised Internship I. The intervention was developed in a Primary Health Centre (PHC) in the city of Florianopolis. Through the process of administration and analyzing reports, we have raised some problems of the (PHC), electing as priorities faults shown by the SISPRENATAL (an information system) report in which we have believed we could detect where errors occur: if in assistance to the pregnant or in data processing; and what we could do to improve it. Data were obtained at medical chart daily care registration card of, list of the pregnant women, consolidated sheet of pregnant women. As for the action of data analysis we realize the degree of complexity to understanding and inding the necessary data, we ask ourselves about the way this system is streamlined in assistance network in Florianópolis. Keywords: Nursing; primary health care; information systems; health services administration.
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Introdução O presente trabalho trata de um relato de experiência vivenciada por acadêmicas da sétima fase do curso de enfermagem da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), onde desenvolveram o Estagio Supervisionado I, pré-requisito da disciplina INT 5161 – Administração. O Estágio Supervisionado I tem como objeto vivenciar a prática do enfermeiro coordenador de uma Unidade Básica de Saúde (UBS), utilizando uma experiência concreta de planejamento, execução e avaliação de estágio supervisionado. O estágio foi desenvolvido em cinco semanas, sendo a primeira para reconhecimento da Unidade Básica de Saúde e território; a segunda, para o nível Central e Regional; a terceira, para elaboração do planejamento; a quarta, para implementação e avaliação do planejamento; e a quinta, para diagnóstico do planejamento da UBS, relatório e avaliação das atividades desenvolvidas. Para tanto, durante o Estágio Supervisionado I, foi elaborada uma ação de curto prazo que necessitasse de baixo custo de material, pouco tempo para executar as quatro ferramentas básicas para as ações administrativas: planejar, organizar, executar, e avaliar.
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A ação foi desenvolvida pelas acadêmicas em uma UBS do município de Florianópolis. Por meio do processo de administração/gestão realizaram a análise de relatórios de gestão e construíram o levantamento de alguns problemas da UBS, elegendo como prioridade as falhas apresentadas pelo relatório SISPRENATAL, no qual acreditavam poder detectar os erros, se era no momento da assistência à gestante ou no processamento dos dados, e o que poderiam fazer para melhorar.
Metodologia Durante o estágio em de administração/gestão na UBS, foram levantados alguns problemas, e eleita como prioritária a divergência de dados do SISPRENATAL. Os dados foram obtidos por meio de registros de prontuário (SISPRENATAL, evolução, vacinação), ficha de registro diário dos atendimentos das gestantes no SISPRENATAL, listagem das gestantes no SISPRENATAL, ficha consolidada das gestantes, no período de 30 de setembro de 2008 a 1º de outubro de 2009.
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Vivências de acadêmicas de enfermagem em estágio supervisionado: administrando possíveis falhas no SISPRENATAL de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis
O Programa de Humanização no Pré-Natal e Nascimento (PHPN), “instituído pelo Ministério da Saúde, por meio da Portaria/GM nº 569, de 01/06/2000, é baseado nas análises das necessidades de atenção específica à gestante, ao recém-nascido e à mulher no período pós-parto”¹. No SISPRENATAL está definido o elenco mínimo de procedimentos para uma assistência de pré-natal adequada. Permite o acompanhamento das gestantes, desde o início da gravidez até a consulta de puerpério. A partir da publicação da Portaria de Adesão, o município deve começar o cadastramento das gestantes no PHPN utilizando o SISPRENATAL. A cada mês, o município recebe um incentivo por cada gestante cadastrada no SISPRENATAL. Os retornos da gestante para consulta e os exames realizados no pré-natal devem ser registrados na Ficha de Acompanhamento Diário da Gestante e digitados no SISPRENATAL. O município recebe o incentivo quando o cumprimento do elenco de procedimentos e a devida alimentação do SISPRENATAL estiverem concluídos, finalizando assim a assistência pré-natal. A não alimentação do SISPRENATAL implica a impossibilidade do faturamento do incentivo, mesmo que toda a assistência tenha sido prestada as gestantes². Conforme a ficha consolidada das gestantes (incluindo gestantes com mais de um ano de
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Resultados e discussão
DUM), a amostra total foi de 48 pacientes; com a primeira consulta realizada entre 30-9-2008 e 30-10-2009; a mesma ficha apresenta o total de conclusões quanto ao componente I-1 de captação tardia foi de 22,9 % (11). Para a análise foram selecionadas 28 gestantes com DUM até 30-32009 para ter um dado real quanto ao acompanhamento gestacional; todavia, entre desses dados 31,4% (8) são de captação tardia, e 1% (1) concluiu. Foi excluído da análise o número de captação tardia. O total da amostra assim ficou de 19 gestantes. Quanto à realização de exames, fica evidente que muitos profissionais solicitam os exames necessários; porém, quanto à ausência de dados nos registros consta “gestante encaminhada por ser de alto risco”, levando a entender que esta pode ter abandonado o tratamento na rede pública ou o próprio pré-natal; parece haver erro de digitação no nível central, “solicitação tardia de exames”. Em relação à situação vacinal das gestantes, observamos que ocorrem divergências nos dados, quanto ao registro de datas, como, por exemplo: 1 – vacinada em 1899; 2 – imune ou reforço sem datas anteriores da 1ª e 2ª dose; 3 – datas iguais da 1ª e 2ª dose; 4 – gestantes com “mais de 5 anos da última dose” constando que está imune, sendo que necessitaria, no caso de gestante, uma dose de reforço, paciente ter sido encaminhada para sala de vacinação (conforme evolução) e não ter dados de vacinação. Foram realizadas somente 8 consultas de puerpério, um índice baixo para o número de gestantes que estavam realizando acompanhamento de pré-natal. Já 9 gestantes estavam sem dados de puerpério, número muito elevado e deve chamar a atenção das coordenadoras para estarem analisando com mais frequência os relatórios gerados pelo programa SISPRENATAL e providenciar modificação para modificar esta situação, reforçar com os profissionais os registros no programa não somente na evolução, realizar busca ativa das gestantes faltosas (por meio dos agentes comunitários de saúde ou outros meio de comunicação) ou tentar resgatar e acompanhar as gestantes que realizam pré-natal particular ou de alto risco, para haver uma maior interação e observação destas gestantes. Com relação ao número de consultas de pré-natal, segundo o PHPN, são necessárias no mínimo seis consultas². Percebeu-se que segundo o relatório da UBS a maioria está realizando somente cinco consultas; contudo, segundo o programa SISPRENATAL e os registros das evoluções, há mais de seis consultas. Assim, pode-se inferir que o cri-
Relato de Experiência
Elencaram-se algumas atividades a serem realizadas: analisar os dados dos relatórios gerados pelo sistema e compará-los com os prontuários; detectar onde estava ocorrendo a falha do programa SISPRENATAL; expor o problema para o nível central, responsável pelo programa; participar da reunião da Unidade, utilizando o espaço para sensibilizar os profissionais expondo os resultados e repassando informações acerca do SISPRENATAL; confeccionar um painel com os dados encontrados e informações que os profissionais precisam atentar na hora da consulta de pré-natal; desenvolver estratégias para melhorar captação precoce de gestantes, busca ativa de faltosas no pré-natal e puerpério pela Equipe de Saúde da Família. Foi elaborado um cronograma compatível com as atividades a serem realizadas e o tempo de estágio. Iniciou-se a busca de embasamento teórico para análise dos registros e posterior comparação com os dados. A análise dos dados obtidos baseou-se na Portaria GM/MS nº 569/GM, de 1º de junho de 2000, que estabelece o Programa de Humanização no Pré-natal e Nascimento e Protocolo de Atenção Integral à Saúde da Mulher da Prefeitura Municipal de Florianópolis.
Relato de Experiência
Vivências de acadêmicas de enfermagem em estágio supervisionado: administrando possíveis falhas no SISPRENATAL de uma Unidade Básica de Saúde do Município de Florianópolis
tério estabelecido pelo PHPN está sendo parcialmente cumprido, porém deve ser reforçado com os profissionais a inclusão dos dados da consulta no sistema e informar o nível central sempre que o sistema não captar os dados, observando que pode ser um erro durante a captação.
Consider ações finais
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Recebido 21.06.2012 Aprovado 30.06.2012 * Rubia Fernanda Cardoso Amaral – Enfermeira. Mestranda do curso de Pós-Graduação em Enfermagem UFSC. Graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista de Iniciação Cientíica PIBIC/CNPq. Florianópolis, SC. Brasil. E-mail: rubiafca@hotmail. com. ** Thayomara de Souza – Enfermeira. Acadêmica de Enfermagem. Monitora de Histologia do Departamento de Ciências Morfológicas – UFSC. Florianópolis, SC. Brasil. *** Thayse Aparecida Palhano de Melo – Enfermeira da Estratégia de Saúde da Família do Município do Rio de Janeiro. Especialista em Saúde Mental e Atenção Psicossocial pela Escola Nacional de Saúde Pública. Graduada pela Universidade Federal de Santa Catarina. Bolsista de Iniciação Cientíica CNPq no período 2007/2010. Rio de Janeiro, RJ. Brasil.
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Rubia Fernanda Cardoso Amaral / Thayomara de Souza / Thayse Aparecida Palhano de Melo
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Quanto à ação de análise dos dados do SISPRENATAL no contexto desta Unidade Básica de Saúde, pode-se realizar as seguintes contribuições: (1) há significativo grau de complexidade em entender e encontrar os dados necessários para um achado mais fidedigno; (2) é questionável a forma como está dinamizado este sistema de informação e como está sendo o apoio técnico na rede de Florianópolis e quem são os atores envolvidos (profissionais da assistência direta, gestão, entre outros); (3) por outro lado, há pessoas envolvidas em todo o processo do SISPRENATAL conscientes
e preocupadas em providenciar às gestantes um pré-natal humanizado. É fundamental ter sempre o sistema atualizado e em pleno funcionamento, para que sejam repassados os recursos necessários para planejamento de ações territoriais, a fim de que os órgãos competentes (Secretaria Municipal de Saúde e Ministério da Saúde, por exemplo) possam realizar análise fidedigna do acompanhamento e assistência ao pré natal, já que esta reflete também no índice de mortalidade materno-infantil.
Normas para publicação A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem é uma publicação bimestral, que tem por objetivo ser um dos principais veículos de divulgação do conhecimento na área de enfermagem no Brasil, promovendo, o desenvolvimento técnico-científico dos profissionais, publicando trabalhos originais e inéditos, de revisão, atualização ou relatos de casos/experiências. Seu conselho editorial, que tem caráter consultivo, é constituído por pesquisadores em enfermagem, de origem institucional diversificada, e é o principal responsável pela qualidade do conteúdo da revista. Apresentação do manuscrito 1. Os manuscritos apresentados devem destinar-se exclusivamente à Revista Sul-Brasileira de Enfermagem, não sendo permitida sua apresentação simultânea a outro periódico, no que se refere ao texto, às figuras ou tabelas, quer na íntegra ou parcialmente, excetuando-se resumos ou relatórios preliminares publicados em anais de reuniões científicas. 2. Nas pesquisas envolvendo seres humanos, os autores deverão enviar uma cópia de aprovação emitida pelo Comitê de Ética, reconhecido pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (CONEP), segundo as normas da Resolução do Conselho Nacional de Saúde – CNS 196/96 ou órgão equivalente no país de origem da pesquisa. O número do processo/projeto deverá constar no método do trabalho. 3. A Revista Sul-Brasileira de Enfermagem adota as normas do Comitê Internacional de Editores de Revistas Médicas (estilo Vancouver), publicadas no New England Journal of Medicine 1997; 336:309. 4. Figuras e tabelas deverão ser apresentadas em arquivo com boa resolução e separadas do texto (imagens com mínimo de 300 dpi). 5. O(s) autor(es) dos textos são por eles inteiramente responsáveis, devendo assinar e encaminhar a declaração de responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, conforme modelo abaixo. Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais. Vimos submeter à aprovação da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem o artigo ____________________ ______________________________________________ ______________________________________________ _______ e informamos que todos os procedimentos éticos devidos foram observados. Declaramos que o trabalho é inédito e está sendo enviado com exclusividade à Revista. Concordamos que, em caso de aceitação do mesmo, os direitos autorais a ele referentes passarão a ser propriedade exclusiva da Revista Sul-Brasileira de Enfermagem. Categoria do artigo: ____________________________
Assinatura dos Autores: _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ _______________________________________ Data: _____/_____/_____. 6. O(s) autor(es) deve(m) especificar no artigo indicação de financiamentos relacionados ao trabalho a ser publicado. Categorias de manuscritos aceitos pela Revista (A) Artigos originais/Pesquisas – Investigação baseada em dados empíricos, concluída, utilizando metodologia científica e que possam ser aplicadas e generalizadas. Devem atender aos princípios de objetividade e clareza da questão norteadora. Sua estrutura deve conter. – Introdução: apresentação e delimitação do assunto tratado, os objetivos da pesquisa e outros elementos necessários para situar o tema do trabalho. – Objetivo: especifica de maneira clara e sucinta a finalidade da pesquisa, com detalhamento dos aspectos que serão ou não abordados. Os objetivos podem ser definidos como gerais ou específicos a critério do autor. – Revisão da literatura: levantamento selecionado da literatura sobre o assunto que serviu de base à investigação do trabalho proposto. Proporciona os antecedentes para a compreensão do conhecimento atual sobre um assunto e esclarece a importância do novo estudo. Em algumas áreas, já existe a tendência de limitar a revisão apenas aos trabalhos mais importantes, que tenham relação direta com a pesquisa desenvolvida, priorizando as publicações mais recentes. Quando não houver necessidade de um capítulo para a Revisão da Literatura em função da extensão histórica do assunto, ela poderá ser incluída na Introdução. – Método: descrição completa dos procedimentos metodológicos que permitam viabilizar o alcance dos objetivos. Devem ser apresentados: tipo de pesquisa, dados sobre o local onde foi realizada a pesquisa, população estudada, tipo de amostra, variáveis selecionadas, material, equipamentos, técnicas e métodos adotados para a coleta de dados, incluindo os de natureza estatística. – Resultados: devem ser apresentados de forma clara e objetiva, sem interpretações ou comentários pessoais, podendo, para maior facilidade de compreensão, estar acompanhados por gráficos, tabelas, figuras, fotografias etc. – Discussão: deve restringir-se aos dados obtidos e aos resultados alcançados, enfatizando os novos
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e importantes aspectos observados e discutidas as concordâncias e divergências com outras pesquisas já publicadas. – Conclusões: correspondem aos objetivos ou hipóteses de maneira lógica, clara e concisa, fundamentadas nos resultados e discussão, coerentes com o título, proposição e método. Incluem-se ainda as Referências Bibliográficas (12 páginas de Word, espaçamento duplo). (B) Artigos de revisão – Estudo crítico, abrangente e sistematizado da literatura sobre um assunto de interesse para o desenvolvimento da Enfermagem, devendo apresentar análise e conclusão. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). (C) Artigos de atualização ou divulgação – Trabalhos descritivos e interpretativos, com fundamentação sobre a situação global em que se encontra determinado assunto investigativo ou potencialmente investigativo. (05 páginas de Word, espaçamento duplo) (D) Experiência profissional/Relato de caso – Descrição de experiências assistenciais e de extensão, estudos avaliativos, originais contendo análise de implicações conceituais ou descrição de procedimentos com estratégias de intervenção, evidência metodológica apropriada de avaliação de eficácia, de interesse para a atuação de enfermeiros em diferentes áreas. (09 páginas no Word, espaçamento duplo). Processo de julgamento dos manuscritos Após o recebimento, o artigo é inicialmente analisado quanto ao cumprimento das normas estabelecidas para publicação, sendo sumariamente devolvido em caso de não atendimento. Se aprovado, é encaminhado para avaliação de dois consultores ad hoc, escolhidos entre pesquisadores de renomada competência na área do artigo, que exibirão seus pareceres aceitando, recomendando modificações ou recusando o mesmo. (Em qualquer situação os autores serão comunicados.) Havendo discordância nos pareceres, o manuscrito é encaminhado a um terceiro relator. O anonimato é garantido durante todo o processo de julgamento. Os pareceres dos relatores são analisados pelo Conselho Editorial que, se necessário, indica as alterações a serem efetuadas. Os trabalhos seguem para publicação somente após a aprovação final dos pareceristas e do Conselho Editorial. Após a aceitação do trabalho, os autores serão comunicados da decisão, com a data prevista para publicação, o volume e o fascículo da Revista na qual o artigo será publicado. Os artigos não publicados não serão devolvidos, serão destruídos seis meses após o final dos trâmites da revista.
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Preparo dos manuscritos
• Folha de rosto com título que identifique o conteúdo em português e inglês, contendo o(s) nome(s) do(s) autor(es), a titulação e a instituição a que pertence(m). Serão aceitos até seis autores. • Resumo informativo em português e inglês (summary) com até 150 palavras. • Quatro unitermos (palavras-chave) que permitam identificar o assunto do artigo, apresentados em português e inglês (keywords). • Dados que permitam sua compreensão, como explicações sobre o sentido das abreviaturas e símbolos. • Errata: após a publicação do artigo, os autores, se identificarem a necessidade de uma errata, deverão enviá-la à Secretaria da Revista imediatamente e de preferência por e-mail. Referências bibliográficas (Exemplos) Artigos de periódicos:
• Padrão: Elias MS, Cano MAT, Mestriner W Jr, Ferriani MGC. A importância da saúde bucal para adolescentes de diferentes estratos sociais do município de Ribeirão Preto. Rev Latino-Americana de Enfermagem 2001 jan.; 9 (1):88-95
• Artigo com indicação de subtítulo: Diniz NMF, Lopes RLM, Almeida MS, Gesteira SMA, Oliveira JF. Psicodrama com estratégia pedagógica: vivências no ensino de graduação na área da saúde da mulher. Rev. Latino-am. Enfermagem 2000 ago.; 8(4):88-94. Materiais em formato eletrônico:
• Artigo de periódicos: Braga EM, Silva MJP. Como acompanhar a progressão da competência no aluno de enfermagem. Rev Esc Enfermagem USP (periódico na Internet). 2006 (citado 2006 set. 28);40(3): (cerca de 7 p). Disponível em: http://.ee.usp.br/reeusp/upload/ pdf/258.pdf • Livro ou monografias: Alvarenga, RE. Cuidados paliativos domiciliares: percepções do paciente oncológico e seu cuidador. Porto Alegre: Moriá; 2005. Calil AM, Paranhos WY. O enfermeiro e as situações de emergência. São Paulo (SP): Atheneu; 2007 • Capítulo do livro ou monografia: Debert GG. Problemas relativos à utilização da história de vida e história oral. In: Cardoso RCL. A aventura antropológica. Teorias e pesquisa. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra; 1998. p.64-78.
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• Dissertação e tese: Amarante ST. Análise das condições ergonômicas do trabalho das enfermeiras de centro cirúrgico. (dissertação). São Paulo (SP): Escola de Enfermagem/ USP; 1999. • Anais: Carreiro FA. A Equipe de Enfermagem e o Corpo (do) Queimado Durante a Balneoterapia. In: Anais do 11º CBCENF-Congresso Brasileiro dos Conselhos de Enfermagem; 2008 ago. 31 a set. 03; Belém-PA, Brasil. Envio do manuscrito Os artigos originais encaminhados para avaliação e publicação deverão ser enviados por e-mail ou correio para o endereço da editora constante no final destas normas, aos cuidados do Conselho Científico, sendo que um dos autores deverá ser assinante da revista.
Os trabalhos que forem encaminhados via correio deverão ser acompanhados de CD, uma cópia impressa com figuras e tabelas, juntamente com a Declaração de Responsabilidade e Cessão de Direitos Autorais, assinada por todos os autores, através de carta registrada ou sedex. Recomenda-se o uso do programa Word (papel formato A4; margens: superior 1,5 cm, inferior 1 cm; laterais 3 cm), bem como a fonte Times, tamanho 12, entrelinha dupla, em uma coluna. Pode conter ilustrações que sejam relacionadas com o assunto e tenham boa qualidade para impressão em cores ou em preto e branco (300 dpi). Texto justificado e com número de página no rodapé. Moriá Editora Ltda. Revista Sul-Brasileira de Enfermagem Rua Aracy Fróes, 258 / 902 - Jardim Itu-Sabará - Porto Alegre/RS / CEP: 91210-230. E-mail: revistasulbrasileira@gmail.com Tel. (51) 3351.2361.
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ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA
Ventilação Mecânica Implicações para a enfermagem Márcio Neres dos Santos / Fábio da Rosa / Odon Melo Soares
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Aula 1 – Abordagem da Via Aérea – Anatomia e Fisiologia da Via Aérea – Mecânica Ventilatória – Avaliação da Via Aérea e Ventilação
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Aula 2 – Via Aérea Difícil e Dispositivos Extraglóticos – Identiicação da Via Aérea Difícil – Intervenções na Via Aérea e Ventilação – Intubação Endotraqueal – Intubação em Sequência Rápida – Dispositivos Extraglóticos – Máscara Laríngea, Dispositivo Esofágico de Multilúmen (Combi Tube) e Tubo Laríngeo – Cricotireoidostomia por Punção e Cirúrgica
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Aula 3 – Insuiciência Respiratória Aguda – IrpA e Equilíbrio Ácido-Básico – IrpA – Conceitos Básicos de Equilíbrio Ácido-Base – Princípios Básicos de Interpretação de Gasometria
Aula 4 – Ventilação Mecânica Invasiva – Breve Histórico da Ventilação Mecânica – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios de Ventilação Mecânica – Parâmetros Básicos e Fases do Ciclo Ventilatório na Ventilação Mecânica – Modalidades Ventilatórias Aula 5 – Ventilação Mecânica Não Invasiva – Conceito – Objetivos e Indicações – Princípios Básicos de Ventilação Mecânica Não Invasiva Aula 6 – Cuidados de Enfermagem com Pacientes em Ventilação Mecânica – Aspiração de Vias Aéreas – Protocolo PAV – Cuidados com Ventilação Mecânica
Nossos Facilitadores Márcio Neres dos Santos – Enfermeiro. Doutorando em Biologia celular e Molecular.Mestre em Educação. Especialista em Recursos Físicos e Tecnológicos em Saúde e Especialista em Auditoria em Saúde. Aperfeiçoamento em Terapia Intensiva. Orientador da Residência Integrada em Saúde (GHC), Ênfase Atenção ao Paciente Crítico. Assistente de Coordenação do Serviço de Emergência do Hospital Nossa Senhora da Conceição do Grupo Hospitalar Conceição (GHC). Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV) e no Centro de Educação Tecnológica e Pesquisa em Saúde (GHC/MS). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência da UNISINOS. E-mail: nerespoa@gmail.com Fábio Rosa – Enfermeiro. Mestrando em Enfermagem.Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva e Especialista em Dinâmica e Gestão de Grupo. Enfermeiro do CTI Adulto do Hospital Mãe de Deus (HMD). Atua como docente na Escola Proissional do Instituto de Cardiologia/Fundação Universitária de Cardiologia (IC FUC). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS e do Curso de Especialização em Enfermagem em Terapia Intensiva da UNISINOS. E-mail:Fabio_nurse@yahoo.com.br Odon Melo Soares – Enfermeiro. Especialista em Enfermagem em Terapia Intensiva. Enfermeiro da UTI Adulto do Hospital de Clinicas de Porto Alegre (HCPA).. Atua como docente colaborador no Instituto de Ensino e Pesquisa do Hospital Moinhos de Vento (IEP/HMV). Docente convidado do Curso de Especialização em Enfermagem em Urgência e Emergência Adulto e Pediátrica da UFRGS. E-mail:odonmelo@gmail.com
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ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA VentIlAção MecânIcA - IMplIcAções pARA A enfeRMAgeM 5 – VENTILAÇÃO AULA 3 – INSUFICIêNCIA AULA RESPIRATóRIA AgUdA MECÂNICA – IRPA E EqUILíBRIO ÁCIdO-BÁSICO
Aula 3 – Insuficiência Respir atória Aguda – IrpA e Equilíbrio Ácido-Básico Nesta aula serão abordados aspectos relacionados a insuficiência respiratória, conceitos básicos de equilíbrio ácido-base e de interpretação da gasometria arterial, possibilitando identificar alterações dos princípios fisiológicos e bioquímicos e implementar condutas adequadas para os devidos tratamentos.
1 Insuficiência respiratória (IRpA)
Tabela 1: Sinais de insuiciência respiratória4 • Dispneia • Taquipneia • Bradipneia • Alterações do nível de consciência • Cianose • Respiração paradoxal • Batimento de asa de nariz • Uso de musculatura acessória • Tiragem intercostal e supraclavicular intercostais • Respiração oral, extensão da cabeça, fala fragmentada, frases curtas, desconforto supino Fonte:5,6
Tabela 2: Causas mais comuns de insuiciência respiratória9 Insuiciência respiratória tipo I
Insuiciência respiratória tipo II
• Pneumonia;
• Alterações do SNC;
• Atelectasia;
• Alterações neuromusculares periféricas;
• Edema pulmonar;
• Disfunção da parede torácica e pleura;
• Embolia pulmonar;
• Obstrução das vias aéreas superiores.
• Quase afogamento; • Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) agudizada; • Asma grave; • Pneumotórax Fonte:5,6
A insuficiência respiratória aguda é a rápida deterioração da função respiratória. Provoca manifestações clínicas mais intensas e, frequentemente, alterações do equilíbrio ácido-básico9. A insuficiência respiratória crônica caracteriza-se por alterações das trocas gasosas de maneira progressiva, e as manifestações clínicas podem ser mais sutis, sem alterações gasométricas do equilíbrio ácido-básico, tal condição é a DPOC avançada9. A insuficiência respiratória pode ser dividida em relação a pressão parcial dos gases2,4: 1. Hipoxêmica – ao ar ambiente PaCO2 < 50 – 60 mmHg, relação PaO2/FiO2 anormal; 2. Hipercápnica – PaCO2 > 50 mmHg com pH < 7,35; 3. Mista. A gasometria arterial é diagnóstica e ferramenta importante que revela valores anormais, resultado em prejuízo das trocas gasosas, que leva a hipoxemia e/ou hipercapnia2,9. Os profissionais de saúde devem reconhecer prontamente os sinais e sintomas de desconforto respiratório e dar início a ações específicas que minimizem o desconforto e previnam complicações.
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A respiração é um processo cíclico que resulta da realização de um trabalho mecânico por parte dos músculos respiratórios que fazem cair a pressão nos alvéolos e provocam a aspiração do ar desde a abertura das vias aéreas até a membrana de troca gasosa6. Através dos pulmões, estruturas elásticas na caixa torácica, é realizada a troca gasosa contínua entre o ar inspirado e o sangue da circulação pulmonar com o objetivo de remoção do gás carbônico e suprir de oxigênio os órgãos e tecidos para a manutenção de suas funções vitais5. A IRpA é definida pela incapacidade dos pulmões de exercerem suas funções básicas de ventilação e oxigenação, resultando em prejuízo das trocas gasosas, que leva a hipoxemia e/ ou hipercapnia2,9. Na IRpA ocorre a disfunção súbita da ventilação pulmonar e/ou oxigenação do organismo humano, apresentando diversos sinais de desconforto respiratório (Tabela 1), podendo acarretar a necessidade de ventilação mecânica para a segurança do paciente4,5. O papel do enfermeiro, nas emergências respiratórias, é fundamental pela sua presença constante, geralmente sendo o primeiro profissional a identificar e avaliar mudanças no quadro clínico decorrente de alterações respiratórias9.
IRpA é uma emergência com elevada mobimortalidade, onde todo profissional de saúde deve atuar imediatamente identificando rápido o diagnóstico e a determinação da etiologia (Tabela 2) para que se ofereça a terapêutica específica adequada, pois pode evoluir rapidamente com hipoxia acentuada, arritmias, instabilidade hemodinâmica, parada cardiorrespiratória e óbito4.
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Se o paciente apresentar sinais de desconforto respiratório acentuado, a instituição de uma via aérea artificial (intubação traqueal) e ventilação mecânica invasiva serão determinantes no tratamento2.
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2 Princípios básicos de equilíbrio ácido-base A manutenção do equilíbrio ácido-base é uma função vital do organismo vivo. Desvios de acidez sistêmica em qualquer direção podem impor consequências adversas e quando grave pode ameaçar a própria vida8. O organismo funciona por meio de inúmeras reações químicas que, para ocorrerem de maneira ótima, dependem de alguns fatores, entre eles a concentração dos íons hidrogênio, que, para manter a precisa regulação o organismo, utiliza diversos mecanismos fisiológicos¹. Na definição proposta por Bronsted, ácido é a substância que pode doar ion H+, e base, a que aceita íon H+ ¹. Alterações na concentração do H+ resultam em ganho ou perda de íons hidrogêncio pelas proteínas, resultando em alterações na sua distribuição, configuração molecular e em seu funcionamento¹. Em uma unidade de terapia intensiva, 90% dos pacientes apresentam distúrbios do equilíbrio ácido-base¹. O pH sanguíneo é discretamente alcalino em relação à água, pois tem seus valores normais compreendidos na faixa de 7,35 a 7,45. Valores menores caracterizam as acidemias, ao passo que valores maiores são compreendidos como alcalemias. Os limites de pH sanguíneo compatível com a vida situam-se entre 6,8 e 8,01,7. A avaliação do estado ácido-básico do sangue é fundamental, pois, além dos desvios propriamente ditos, pode fornecer dados sobre a função respiratória e as condições de perfusão tecidual7. A variação na concentração de íons hidrogênio e do dióxido de carbono é detectada pelo sistema de quimiorreceptores periféricos, principalmente os corpúsculos carotídeos e aórticos, e regula a ventilação pulmonar, controlando, consequentemente, a taxa de extração de CO2 dos componentes sanguíneos nos alvéolos pulmonares. As concentrações do bicarbonato e do íon hidrogênio são reguladas por meio de suas quantidades excretadas na urina. Dessa forma, na presença de distúrbios primários, os sistemas tampão atuam para atenuar variações do pH. Tais adaptações são chamadas de mecanismos compensatórios¹.
2.1 Água corpor al A água é fundamental para a vida, é o solvente universal onde ocorrem as reações bioquímicas e
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o transporte de substâncias, contribuindo também com a manutenção do equilíbrio térmico celular. O controle adequado da água corporal é essencial para manutenção da homeostase; a perda deste controle faz parte da fisiopatologia de muitas doenças¹. O volume total de água (VTA) representa 50 a 70% do peso do corpo humano¹. A ingestão de água ocorre em bebidas (80%) e alimentos (20%), sendo regulada pelo mecanismo de sede e influenciada por fatores psicossociais¹. Para sobrevivência e manutenção da homeostase, nosso estado de organização corpórea, é necessária a separação do corpo em diversos compartimentos, cada qual com composições e características próprias, permitindo que as reações biológicas aconteçam de modo organizado e controlado¹. As perdas através da pele e pulmões ocorrem por evaporação e são chamadas de insensíveis, pois não existem mecanismos fisiológicos regulatórios sobre eles. A produção endógena de água é bastante semelhante à perda insensível pulmonar: do ponto de vista de balanço hídrico, pode-se considerar que um anula o outro. A perda insensível pela pele ocorre independente da sudorese e também em pessoas que não possuem glândulas sudoríparas1. A produção de urina é a única perda de água cuja regulação é ativamente controlada pelo metabolismo. Os rins controlam a produção de urina, de modo a manter o balanço corporal de água equilibrado¹.
2.2 Osmolaridade A água se distribui pelo corpo de maneira homogênea, isto é, sua concentração é constante nos diversos tecidos. A concentração de água pode ser expressa indiretamente pela osmolaridade da solução, que é a concentração de solutos osmoticamente ativos por litro de solução¹. O processo de difusão da água chama-se osmose; portanto, ocorre do local de menor concentração de soluto para o de maior concentração, através da membrana celular que separa os compartimentos extra e intracelular¹. A distribuição entre os compartimentos corpóreos do fluido administrado depende da sua osmolaridade. O fluido isotônico permanece todo no extravascular e não altera o intravascular. O fluido hipertônico expande o extravascular à custa de transferência de água do intravascular. O fluido hipotônico expande tanto o extra quanto o intravascular. Deve-se ter este conceito sempre em mente e associado a um entendimento claro dos objetivos da administração de fluidos para o paciente¹.
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2.3 Ânion GAP
tendência de variação do pH (acidose/alcalose). Existem quatro tipos, que serão abordados a seguir¹.
O ânion gap (AG) representa a diferença entre os ânions e cátions não mensuráveis e é calculado por meio da fórmula:
2.5.1 Acidose metabólica
AG= Na+ - (HCO3-+Cl-) • Seu valor normal varia entre 8 e 12 mEq/L1,6. Independente do pH, para que o equilíbrio eletrolítico do plasma seja mantido, o total de cátions deve ser igual ao total de ânions, onde o principal cátion do plasma é o Na+, ao passo que os principais ânions são o Cl- e Bic. Os demais íons do plasma serão denominados “não mensuráveis”, por sua baixa concentração no plasma em relação ao Na+, Cl- e Bic¹.
2.4 Sistema tampão
Equação que demonstra o sistema tampão: CO2 + H2O n H2CO3 n H+ + HCO3-
2.5 Distúrbios primários São aqueles que cursam com variações das concentrações de CO2 e de HCO3-, gerando a
Causas acidose metabólica¹: • Acúmulo de substâncias ácidas • Perda de fluidos contendo bicarbonato • Retenção apenas de H+ O acúmulo de substâncias ácidas se dissocia em H+ + base aniônica (ex.: ácido lático = H+ + lactato), onde o bicarbonato é consumido para tamponar o H+, ocorrendo acúmulo de bases aniônicas (ex.: lactato, sulfato, fosfato, cetoânions) que provocam o aumento do ânion gap (AG) definidas como ânions não mensuráveis; estes estando aumentados, o cloreto costuma estar dentro da faixa normal (acidoses nomoclorêmicas)¹. A perda de fluidos contendo bicarbonato e a retenção de H+ onde o ânion gap está normal, não ocorrendo acúmulo de ânions não mensuráveis, a redução do bicarbonato provoca alterações na relação de ânions/cátions do sangue, as quais são normalizadas pelo aumento de cloreto sanguíneo (acidose metabólica hiperclorêmicas)¹. Suas principais causas são descritas na Tabela 3. Tabela 3: Causas de aumento do ânion gap Ânion gap aumentado (normoclorêmicas)
Ânion gap normal (hiperclorêmicas)
Redução da excreção de ácidos • Insuficiência renal (aguda e crônica)
Perda de bicarbonato digestivo • Diarreia • Fístula entérica,, biliar ou pancreática • Alça jejunal, alça ileal • Drenagem externa pelo pâncreas ou intestino delgado • Derivação ureteral (ureterossigmoidostomia) • Fármacos
Produção de ácidos aumentada • Cetoacidose: diabética, alcólica, jejum • Acidose lática • Intoxicações: metanol, etilenoglicol, salicilatos
Perda de bicarbonato renal • Acidose tubular renal • Inibidores da anídrase carbônica • Hiperparatireoidismo primário • Ausência de regeneração de bicarbonato • Insuficiência suprarrenal • Diurético poupadores de K+ • Uso de cloreto de amônia • Uso de hidrocloreto de lisina ou arginina Retenção primária de H+ • Fase de resolução da cetoacidose diabética • Nutrição parenteral total •Fase inicial da insuficiência renal crônica
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Para manter o pH em limites compatíveis com os processos vitais, o organismo lança mão de uma série de mecanismos regulatórios que são: sistema tampão (instantâneo), componente respiratório (minutos) e componente renal (horas a dias)7. Tampões são substâncias que impedem a alteração do pH de uma solução, quando ácidos ou bases são adicionados a estas substâncias que são capazes de se ligar reversivelmente aos íons hidrogênio, de forma a minimizar as variações do pH1,2. O sistema tampão bicarbonato/ácido carbônico é o principal mecanismo de controle do pH extracelular, e os sistemas pulmonar e renal são responsáveis pela eliminação do hidrogênio produzido durante o metabolismo celular. Os pulmões são responsáveis pelo controle dos níveis séricos de dióxido de carbono (CO2), produto do metabolismo celular (ácido volátil) que, quando dissolvido em água, transforma-se em ácido carbônico (H2CO3-) no líquido extracelular e vice-versa2,3. Os rins excretam os ácidos não voláteis e regulam o nível sérico de bicarbonato (HCO3-) por meio da reabsorção tubular do HCO3- filtrado e da excreção, pela secreção de íons H+, excreção de acidez titulável e excreção de amônia (NH4)2,3.
É definida por uma diminuição dos níveis sanguíneos de bicarbonato, independentemente do pH1.
ATUALIZAÇÃO EMTERAPIA TERAPIAINTENSIVA INTENSIVA ATUALIZAÇÃO VentIlAção MecânIcA - EM IMplIcAções pARA A enfeRMAgeM ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA AULA 2 – ATENdIMENTO A PCR NO AdULTO: Oque quemudou? mudou? AULA 2 – ATENdIMENTO A PCR NO AdULTO: AULA 3 – INSUFICIêNCIA RESPIRATóRIA AgUdA – IRPA EOO EqUILíBRIO ÁCIdO-BÁSICO AULA 2 – ATENdIMENTO A PCR NO AdULTO: que mudou? AULA 5 – VENTILAÇÃO MECÂNICA Retenção primária de H+ • Fase de resolução da cetoacidose diabética • Nutrição parenteral total • Fase inicial da insuiciência renal crônica Fonte:1,8
Nas acidoses metabólicas com AG normal por perda de bicarbonato renal (acidose tubular renal), normalmente há disfunção renal associada, e a excreção de H+ encontra-se prejudicada¹. Na acidose metabólica grave há intensa depleção de bicarbonato (<10 mEq/l), o pH pode cair para níveis inferiores a 7,10, trazendo condições ameaçadoras à vida, fenômeno acompanhado por um aumento característico de ventilação, principalmente do volume corrente (respiração de Kussmaul), na tentativa de aumentar o pH sanguíneo com a eliminação de CO2 ¹.
Manifestações clínicas Quando há intensa depleção de bicarbonato (<10 mEq/L), o pH pode cair para níveis inferiores a 7,10, trazendo condições ameaçadoras à vida, afetando os sistemas respiratório, cardíaco e nervoso, conforme Tabela 4.
MÁRCIO NERES DOS SANTOS / FÁBIO DA ROSA / ODON MELO SOARES
Tabela 4: Principais alterações clínicas devido a depleção de bicarbonato Sistemas
Manifestações
Respiratório
• Aumento da ventilação e volume corrente (respiração de Kussmaul). • Tentativa de aumentar o pH sanguíneo com eliminação de CO2, causando alcalose respiratória compensatória.
Cardíaco
• Depressão da contratibilidade cardíaca intrínseca e vasodilatação arterial periférica. • Diminuição do débito cardíaco, hipotensão e hipoperfusão tecidual. • Venoconstrição e aumento da resistência vascular pulmonar. • Diminuição da complacência central e vascular pulmonar pode predispor edema pulmonar.
SNC
• Cefaleia, letargia, estupor e até coma. • Diminui a ainidade da hemoglobina ao oxigênio, aumentando a sua liberação nos tecidos periféricos. • Melhora oxigenação celular em pacientes com hipoxia tecidual.
Fonte:1
Acidose lática e sepse Acidose lática é a causa mais comum de acidose metabólica em pacientes hospitalizados e ocorre sempre que há acúmulo de ácido lático no organismo¹.
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A hipovolemia decorrente da vasodilatação e do aumento da permeabilidade vascular, depressão miocárdica, anemia e hipoxemia são principais fatores que levam à diminuição da oferta tecidual de oxigênio na sepse; portanto, os tecidos carecem de oxigênio e passam a realizar metabolismo anaeróbico. Ocorre quando a pressão parcial de oxigênio nos tecidos é inferior a 20 mmHg, o que resulta na produção de ácido lático¹,6. O lactato é um marcador de hipoxia tecidual e tem relação direta com prognóstico na sepse. Pacientes que apresentam queda igual ou maior que 10% no lactato em relação ao valor basal têm chance significativamente maior de sobreviver¹.
Cetoacidose É uma desordem em que a deficiência de insulina e o excesso de glucagon produzem aumento da síntese hepática de cetoácidos e acúmulo destas substâncias, que são os corpos cetônicos (Ex.: acetona, ácido acetoacético e ácido beta-hidroxibutírico), utilizados pelas células como fonte de energia alternativa na falta de glicose; são produzidos pelo fígado na diabetes mellitus tipo I descompensada, intoxicação alcoólica e jejum prolongado1,7.
Insuficiência renal Os rins atuam de forma importante no equilíbrio ácido-base eliminando todo o excesso de H+ que é produzido diariamente pelo organismo, sobretudo por meio do metabolismo proteico, liberado na forma de NH4+, depois de se ligar H+ ao NH3+ (amônia)¹. A hiperpotassemia é outro fator que pode contribuir para o surgimento de acidose metabólica nos pacientes com insuficiência renal¹.
Tr atamento O tratamento consiste em corrigir o distúrbio que originou a alteração. Nas acidoses com AG aumentado (normoclorêmicas), como na acidose lática e na cetoacidose, o simples tratamento da condição de base faz com que os ânions acumulados sejam metabolizados em bicarbonato, revertendo a acidose. Há necessidade de administração de bicarbonato de sódio somente nas acidemias graves1,2. Na cetoacidose diabética, a hidratação do paciente e a administração de insulina são, geralmente, suficientes para corrigir o problema de base6. Nas acidoses metabólicas com AG normal (hiperclorêmicas), indica-se a reposição de bases, pois nessas situações os ânions acumulados não
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ATUALIZAÇÃO EM TERAPIA INTENSIVA VentIlAção MecânIcA - IMplIcAções pARA A enfeRMAgeM AULA 2 – ATENdIMENTO A NO AdULTO: O que mudou? AULA 3 – INSUFICIêNCIA RESPIRATóRIAPCR AgUdA – IRPA E EqUILíBRIO ÁCIdO-BÁSICO
são metabolizáveis, sendo indicada terapia com álcalis, por via oral ou intravenosa, atingindo um bicarbonato sérico de 20 a 22 mEq/L1.
Parênquima
Enisema Pneumoconiose Bronquite Bronquiolite Pneumonia Edema pulmonar Sindrome do desconforto respiratório do adulto
Neuromuscular
Poliomielite Cifoescoliose Miastenia Distroias musculares Lesão medular Paralisia do nervo frênico Sindrome de Guillain-Barré
2.5.2 Acidose respir atória Em condições patológicas, o aumento da PCO2 arterial ocorre quase exclusivamente por dificuldade de eliminação pulmonar; o aumento de CO2 se acompanha de uma redução do pH, causando a acidose respiratória6. Na acidose respiratória, a redução da ventilação alveolar (VA) pode ser consequência de uma diminuição global da ventilação-minuto (VM), decorrente de depressão respiratória central, aumento do trabalho respiratório, obstrução das vias aéreas ou disfunção neuromuscular; ou aumento da ventilação do espaço morto (VD), que surge na doença respiratória obstrutiva crônica, no tromboembolismo pulmonar e na maioria das formas agudas de insuficiência respiratória1,4. A produção de CO2 pode estar aumentada em pacientes que recebem alimentação parenteral rica em glicose e nos casos em que ocorre aumento do metabolismo como sepse, crise tireotóxica, febre, hipertermia maligna1.
Causas de acidose respir atória
Tabela 5: Principais causas de acidose respiratória
Obesidade e hipoventilação
Tr atamento O tratamento, além da terapêutica para o evento causador ou desencadeador, é dirigido à causa da hipoventilação alveolar, mantendo oxigenação e ventilação adequadas: manutenção das vias aéreas livres, correção da hipoxia, remoção de secreções e tratamento das infecções respiratórias; quando os sintomas estão presentes muitas vezes, pode implicar intubação traqueal e ventilação mecânica, a não ser que um fator etiológico simples possa ser tratado rapidamente1,7. Na maioria dos casos a acidose respiratória crônica ocorre em pacientes com DPOC retentor crônico de CO2; sendo muito difícil de corrigir, raramente é tratada com ventilação mecânica, devendo-se melhorar a função pulmonar (abandono do tabagismo, uso de O2, fisioterapia respiratória e reabilitação cardiopulmonar) e prevenir os fatores que comumente desencadeiam as agudizações desses pacientes1.
2.5.3 Alcalose metabólica Distúrbio bastante frequente na prática clínica, a alcalose metabólica primária é caracterizada pelo aumento do pH arterial (ou redução na concentração de H+), um aumento na concentração plasmática de HCO3- e uma hipoventilação compensatória, resultando no aumento da PaCO21. A elevação primária de HCO3- no plasma é usualmente induzida por perda de H+ pelo trato gastrointestinal (vômitos ou sonda nasogástrica) ou pela urina1.
Central
Fármacos (anestésicos, morina, sedativos) AVC Infecção
Causas de alcalose metabólica
Vias respiratórias
Obstrução Asma
As principais causas de alcalose metabólica são apresentadas na Tabela 6.
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A acidose respiratória primária é definida por uma PaCO2 > 45 mmHg, independentemente do pH. A retenção de CO2 cursa com acidose, a qual gera estímulo para um mecanismo compensatório renal por meio da retenção de bicarbonato; começa em 12 a 24 horas e só é concluída em torno de cinco dias4. O aumento rápido nos níveis de PaCO2 pode resultar em quadro de cefaleia, ansiedade, dispneia, combatividade, confusão mental, psicose e alucinações, que pode evoluir para o estado de estupor, convulsões e coma, se não revertido. Devido ao efeito vasodilatador cerebral do CO2, também podem estar presentes sintomas de hipertensão intracraniana1,8. As principais causas de acidose respiratória são apresentadas na Tabela 5.
Outras Fonte:1
VentIlAção MecânIcA IMplIcAções pARA A enfeRMAgeM ATUALIZAÇÃO- EM TERAPIA INTENSIVA AULA 3 – INSUFICIêNCIA RESPIRATóRIA AgUdA – IRPA EOEqUILíBRIO ÁCIdO-BÁSICO AULA 2 – ATENdIMENTO A PCR NO AdULTO: que mudou? Tabela 6: Causas de alcalose metabólica
Tabela 7: Principais causas de alcalose respiratória Aguda
Perda gastrointestinal
Vômitos Adenoma viloso Aspiração gástrica Cloridorreia congênita
Perda renal
Diuréticos de alça e tiazídicos Excesso de mineralocorticoides Estados pós-hipercapnia crônica Baixa ingesta de cloro Dose alta de derivados da penicilina Síndrome de Bartter Hipercalcemia/hipoparatireoidismo
Inluxo intracelular íons hidrogênio
de
Hipopotassemia
Retenção de bicarbonato
Transfusão sanguínea maciça Administração de NaHCO3 Síndrome do leite alcalino
Alcalose de contração
Diurético de alça Perda gástrica em pacientes com acloridria Perda por suor na ibrose cística
Outras Fonte:1]
Síndrome de Liddle
Manifestações clínicas Não existem sintomas são decorrentes da hipovolemia ou dos distúrbios hidroeletrolíticos associados como: astenia, cãibras, hipotensão postural, polidipsia, poliúria, parestesias e espasmos musculares1.
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Tr atamento Alcalemias leves são bem toleradas, porém, quando graves (pH>7,60) ou sintomáticas, devem ser tratadas urgentemente. A reposição de cloretos é a principal medida terapêutica para a alcalose metabólica na maioria dos pacientes, além da suspensão do uso de diuréticos e da administração de antieméticos no caso de vômitos e bloqueadores de secreção gástrica1,7.
2.5.4 Alcalose respir atória As alcaloses de origem respiratória são decorrentes da diminuição da PaCO2 arterial. O mecanismo de toda alcalose respiratória é a hiperventilação alveolar. Esse mecanismo diminui a PaCO2 e aumenta a relação HCO3/PaCO2, elevando assim o pH4.
Causas de alcalose respir atória As principais causas de alcalose respiratória são apresentadas na Tabela 7.
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Crônica
• Ansiedade, histeria (síndrome da hiperventilação) • Dor • AVC • Insuiciência hepática • Tromboembolismo pulmonar • Edema pulmonar moderado • Hipoxia • Febre • Sepse • Hiperventilação por ventilação mecânica Fonte:1
• Alta altitude • Doença hepática crônica • Trauma, tumores ou infecção do SNC • Intoxicação crônica por salicilatos • Gravidez • Anemia grave
Tr atamento O único tratamento satisfatório para a alcalose respiratória é a resolução da causa básica, devendo-se suspender ou tratar o fator desencadeandor sempre que possível. Os pacientes com síndrome de hiperventilação se beneficiam de tranquilização, respiração em saco de papel durante os ataques sintomáticos, para respirarem ar rico em CO2, e controle do estresse emocional1,4,7.
2.5.5 Distúrbios mistos Em geral, as respostas compensatórias não proporcionam completa compensação da anormalidade inicial. Diferenças individuais na magnitude da resposta compensatória podem originar um distúrbio secundário, caracterizando um distúrbio misto. É necessário verificar a adequação do mecanismo compensatório a partir da seguinte equação:2 delta PCO2 = 1,20 x delta HCO3• Valor calculado < valor obtido na gasometria (acidose mista: metabólica e respiratória) • Valor calculado = valor obtido na gasometria (acidose metabólica compensada) • Valor calculado > valor obtido na gasometria (distúrbio misto: acidose metabólica e alcalose respiratória) • Considerar valor padrão de PCO2 = 40 e HCO3-= 25, para calcular o delta nas equações Fonte: Adaptado2.
3. Princípios básicos de interpretação de gasometria A gasometria arterial reflete a oxigenação, a adequação das trocas gasosas nos pulmões e o estado acido-básico e devem ser interpretados conjuntamente com a história clínica do paciente e o exame físico9.
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A Tabela 8 identifica valores normais da gasometria arterial em ar ambiente: Tabela 8: Valores normais da gasometria arterial Gasometrial arterial – ar ambiente pH
7,35 a 7,45
PaO2
80 a 100 mmHg
PaCO2
35 a 45 mmHg
HCO3
22 a 26 mmHg
BE
-2 +2 mEq/l
Sat O2
92 a 100%
Hipoxemia:
PaO2 < 60 mmHg
Hipercapnia:
PaCO2 > 45
PaO2/FiO2 < 300 = LPA PaO2/FiO2 < 200 = SDRA Fonte:2,7
3.1 Passos par a a interpretação gasométrica1,9 u Avaliar a oxigenação a PaO2 e a SaO2 • Se PaO2 está abaixo do valor norma, existe hipoxemia
u Se pH normal a Independente do distúrbio, o pH encontra-se balanceado. a Avaliam-se para identificar a etiologia, alterações: • HCO3- metabólico • PaCO2 respiratório
u Obs.: o pH sempre estará mais próximo do distúrbio primário, independente da compensação. Exemplo 1 Analisar a gasometria arterial: pH = 7,30; pCO2 = 19 e HCO3- = 9
delta delta delta delta
PCO2 = PCO2 = PCO2 = PCO2 =
1,20 1,20 1,20 19,2
x delta HCO3x (25 – 9) x (116) mmHg
3. PCO2 esperada é 40 – 19,2 = 20,8 mmHg 4. PCO2 calculada > PCO2 da gasometria, indica acidose metabólica devidamente compensada pela hiperventilação pulmonar. Exemplo 2 Analisar a gasometria arterial: PH = 7,25, pCO2 = 33 e HCO3- = 19 1. Analisar o distúrbio primário, pH menor que 7,35 configura acidose. Avaliar os níveis de pCO2 e HCO3-. O HCO3- diminuído indica acidose metabólica. 2. Analisar se o distúrbio é simples ou misto, aplicando a seguinte equação: delta delta delta delta
PCO2 = PCO2 = PCO2 = PCO2 =
1,20 x delta HCO31,20 x (25 – 19) 1,20 x (6) 7,2 mmHg
3. A pCO2 esperada é 40 – 7,2 = 32,8 mmHg 4. pCO2 gasometria > pCO2 calculada, indica acidose respiratória associada
Referências 1. Lopes RD. Equilíbrio ácido-base e hidroeletrolítico. 3ª ed. São Paulo: Atheneu; 2009. 2. Silva GF, Vattino MFF. Distúrbios hidroeletrolíticos no paciente critico. In: Padilha, KGP et al. Enfermagem em UTI: cuidando do paciente crítico. 1ª ed. São Paulo: Manole; 2010. 3. Wyngaarden JB, Smith Jr LH, Bennett J. Tratado de medicina interna.19ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan; 2002. 4. Lopes DL, Talo FS. Desequlíbrio ácido-básico nos distúrbios respiratórios. In: Lopes DL et al. Guia de ventilação mecânica para medicina. São Paulo: Atheneu; 2011. 5. Viana RAPP. Enfermagem em terapia intensiva – práticas baseadas em evidências. São Paulo: Atheneu; 2011. 6. Cintra EA et al. Assistência de enfermagem ao paciente crítico. São Paulo: Atheneu; 2000. 7. Furoni RM et al. Distúrbios do equilíbrio ácido-básico. Rev. Fac. Ciênc. Méd. Sorocaba 12(1):5-12, 2010. 8. Adrogué HJ, Madias NE. Disorders of acid-base balance. The schrier atlas of diseases of the kidney. Vol. 1. 9.Kalinowski CE. Programa de atualização em enfermagem – saúde do adulto. Porto Alegre: Artmed; 2006.
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u Avaliar estado acidobásico a Se pH > 7,45 • Há alcalemia, o distúrbio predominante é alcalose; • Avaliam-se alterações para identificar a etiologia: • HCO3- metabólicos • PaCO2 respiratório a Se pH < 7,35 • Há acidemia, o distúrbio predominante é acidose; • Avaliam-se alterações para identificar a etiologia: • HCO3- metabólico • PaCO2 respiratório
1. Analisar o distúrbio primário, pH menor que 7,35 configura acidose Avaliar os níveis de pCO2 e HCO3-. O HCO3- diminuído indica acidose metabólica. Nesse caso observa-se também uma diminuição da pCO2, indicando uma compensação respiratória. 2. Analisar se o distúrbio é simples ou misto, aplicando a seguinte equação:
*Envie seu evento para divulgação em nosso calendário: revistasulbrasileira@gmail.com
Congressos e Eventos em 2012 Evento
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Data
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IV Simpósio Brasileiro de Estomaterapia
Estação das Docas – Belém/PA
01 a 04 de agosto
www.simposiobelem.com.br
15º CBCEnf
Centro de Convenções de Fortaleza/CE
09 a 12 de agosto
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IV Fórum Internacional sobre Segurança do Paciente - Erros de Medicação
Minascentro Belo Horizonte /MG
17 e 18 de agosto
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Auditório Oscar Machado – IPA Metodista Sul
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VIII Encontro de Enfermagem do GHC
SESC Campestre (Av. Protásio Alves, 6220 - Alto Petrópolis - Porto Alegre/RS).
30 e 31 de agosto
www.ghc.com.br
SENADEn: Seminário Nacional de Diretrizes para a Educação em Enfermagem
Universidade da Amazônia Unama Campus BR
III Mostra de Pesquisa em Enfermagem
Auditório Oscar Machado e Salas –Centro Universitário Metodista –IPA-Porto Alegre/RS
03 de setembro
No local
V Congresso Iberolatinoamericano Sobre Ulceras Y Heridas
Radisson Montevideo, Uruguai.
12 a 14 de setembro
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VI Simpósio de Enfermagem Unimed Nordeste-RS
Auditório do Hospital Unimed Caxias do Sul/RS
13 e 14 de setembro
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II Seminário Regional de Sistematização da Assistência de enfermagem: ensinar, implantar e implementar.
Universidade do Vale do Itajaí - Centro de ciência da saúde. Auditório 1 bloco F4
13 e 14 de setembro
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IV Congresso Brasileiro de Enfermagem em Dermatologia
Hotel Stella Maris – Salvador/BA Convidada Especial: Carol Dealey
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9ª Jornada Brasileira de Enfermagem Geriátrica e Gerontológica
Ponta Mar Hotel Fortaleza/CE
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III Jornada de Prevenção e Tratamento de Lesões de Pele da Santa Casa de Porto Alegre
Centro de Eventos da PUC Porto Alegre/RS
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www.santacasa. org.br/eventos
03 a 05 de outubro
www.eventos.santacasa.tche.br
29 de outubro a 01 de novembro
www.abennacional.org.br
XXXI Encontro de Enfermagem do Anfiteatro Hugo Gerdau Hospital da Criança Santo Antônio Santa Casa de Porto Alegre/RS 64º CBEn – Congresso Brasileiro de Enfermagem
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Centro de Eventos da PUC Porto Alegre/RS
30 de www.abeneventos.com. agosto a 01 br/13senaden/inscricoes.html de setembro
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NOTÍCIAS IPA inaugur a o maior Labor atório de Enfermagem
No dia 21 de junho, às 18h30min, foi oficialmente inaugurado o laboratório de enfermagem do Centro Universitário Metodista, do IPA, na unidade Dona Leonor (Rua Dona Leonor, 340), com a presença de autoridades, representantes de entidades parceiras, lideranças de turma e professores. Atualmente é considerado o maior laboratório da região sul, com equipamentos tecnológicos de ponta, contribuindo no processo ensino/aprendizagem e desenvolvimento de habilidades, por meio de atividades e dinâmicas que problematizam o cenário atual de saúde e desenvolvem a reflexão e a atitude humana no cuidado de enfermagem, bem como a integralidade na atenção à saúde. No Laboratório de Enfermagem do IPA, alunos e professores têm acesso integrado a disciplinas do curso, a projetos de extensão e à comunidade, além do atendimento individual e em grupos (com monitorias pré-agendadas). O mesmo foi planejado com equipamentos adequados ao ensino, dentre eles manequins para simulação de procedimentos, leitos hospitalares e de Terapia Intensiva, macas, materiais cirúrgicos, materiais de primeiros socorros e para atendimento pré-hospitalar, equipamentos audiovisuais, além de sala para consulta de enfermagem. Conta também com uma sala de vacinas, importante espaço implementado com a parceria do Núcleo de Imunizações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, o que oportunizará aos alunos também a simulação de atividades de vacinação que são desenvolvidas nas unidades básicas de saúde. Os manequins, em modelos adulto, infantil e neonatal, possibilitam simular em caráter experimental procedimentos desempenhados pelos
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enfermeiros nos diferentes níveis de atenção à saúde, como reanimação cardiorrespiratória, ausculta cardíaca e respiratória, avaliação neurológica, sondagens vesicais e gástricas, aplicação de medicamentos injetáveis, punção endovenosa e arterial, realização de curativos e outros procedimentos invasivos. O contato prévio do estudante com procedimentos realizados em manequins para o desenvolvimento de habilidades minimiza o impacto psicológico quando da execução de técnicas frente ao paciente. Isso reforça a relevância do laboratório para treinamento e repetição, com o objetivo de o estudante adquirir segurança para o cuidado com as pessoas em situação real. Durante a cerimônia, o professor Roberto Pontes da Fonseca, Reitor do Centro Universitário Metodista, do IPA, deu as boas-vindas aos(às) professores(as) e alunos(as) ao laboratório. “É um espaço de reflexão e de identidade com os seus limites e com as suas potencialidades”, frisou, deixando ainda um recado para os(as) alunos(as)
do Curso de Enfermagem: “Que vocês possam se preocupar com o ser humano, possam se preocupar com a qualidade de vida do ser humano. E se tem algo de que nós estamos precisando, não é somente cuidado técnico e do cuidado especializado, mas, também, do tratamento humanizado, que se voltem para as necessidades das pessoas”. O Laboratório de Enfermagem é uma grande conquista, não só da instituição, mas dos(as) alunos(as) e professores(as). Para a professora Me. Lisnéia Fabiani Bock, Coordenadora do curso de Enfermagem, “o curso teve muito apoio institucional, de todos os setores, para que conseguíssemos concluir o projeto. Foi um trabalho bastante rápido
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e ágil. O laboratório vem realmente acrescentar no ensino e na qualificação do(a) aluno(a). É um grande diferencial do Curso de Enfermagem do IPA”, afirmou. Os estudantes consolidam o aprendizado atuando em atividades comunitárias e hospitalares, como o Complexo Hospitalar Santa Casa, Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre, Hospital Ernesto Dornelles, Hospital Militar de Porto Alegre, Hospital Presidente Vargas e outras instituições conveniadas, dentre elas a Secretaria de Saúde do Município de Porto Alegre e o Grupo Hospitalar Conceição. Informações para visitação: (51) 3316.2114 Assessoria de Imprensa do IPA Colaboração: Pumaira Coronel
RDC 26 Os profissionais da categoria estão à frente de praticamente todos os programas prioritários estabelecidos pelo Ministério da Saúde. Mas, por outro lado, se isso traz um grande aumento de responsabilidade, expondo a importância do profissional, não temos visto avanços significativos nas políticas de valorização, apoio e defesa das demandas da categoria nos últimos 10 anos. Neste momento, em conjunto com a Enfermeira Drª Débora Feijó Vieira, Presidente do Departamento de Enfermagem da AMIB, e com o Enfermeiro Rogério Daroncho, Presidente do Departamento de Enfermagem da Sociedade de Terapia Intensiva do Rio Grande do Sul (SOTIRGS), estamos muito preocupados com a RDC nº 26 e articulando pela sua revogação. É preciso que os Enfermeiros, Técnicos de Enfermagem e Auxiliares de Enfermagem se unam pela revogação da RDC nº 26, cuja elaboração foi feita de forma unilateral pela ANVISA. Não podemos permitir que questões tão importantes para a população e para a categoria como esta grave decisão que afetará a área de saúde seja tomada dentro de gabinetes, sem diálogo e sem transparência. Para todos entendermos do que estamos tratando, em fevereiro de 2010 foi editada a Resolução RDC nº 7, que dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e dá outras providências. Esta resolução foi aprovada após negociação com as entidades representativas das categorias profissionais. Um dos pontos mais polêmicos nas negociações foi a razão enfermeiro/paciente. A reivindicação era a proporção de 1 enfermeiro para 5 pacientes, mas, ao final da rodada, a decisão acabou sendo de 1 enfermeiro para cada 8 pacientes. Esta pro-
porção, apesar de não ser o ideal, foi estipulada como mínima, de forma a contemplar as necessidades dos pacientes em estado crítico, além de propiciar um cuidado mais seguro. Entretanto, de maneira unilateral e sem qualquer participação das entidades nem do COFEN, a ANVISA, por meio da resolução RDC nº 26, em 11 de maio de 2012 alterou a Resolução RDC nº 07, aumentando a relação para 1 enfermeiro para cada 10 pacientes em cada turno, além de suprimir a exigência de um técnico de enfermagem por UTI para serviços de apoio assistencial. A alteração desta resolução também tem implicações sobre a legislação da enfermagem, como a Lei do Exercício Profissional (Lei nº 7.498/86) e a Resolução COFEN nº 293/2004, onde é também abordada a questão de quantitativo de pessoal de enfermagem. Ou seja, esta RDC atinge principalmente o paciente do SUS e aquelas UTIs que têm mais dificuldades, indo contra tudo que se tem defendido em relação à segurança do paciente. Estivemos em Brasília, reunidos com os Deputados da Bancada Federal Gaúcha, explicando a decisão tomada pela ANVISA e como ela afeta a todos de forma negativa. Temos que colocar de forma muito clara para a sociedade e para os parlamentares que é o próprio conceito de UTI que está em jogo, visto que é impossível um cuidado intensivo com um enfermeiro cuidando de dez pacientes. Enfermeiro Ricardo Rivero Presidente do Conselho Regional de Enfermagem do Rio Grande do Sul
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