Revista Espaço Científico Livre n 14

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ESPAÇO CIENTÍFICO

ISSN 2236-9538 BRASIL, N.14, JUN.-JUL., 2013

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SUMÁRIO EDITORIAL

06

ARTIGOS Conversão/Reversão: Uma análise da Religião Islâmica Por Maria Patrícia Lopes Goldfarb e Vanessa Karla Mota de Souza Lima

12

Gestão de pessoas em unidades de alimentação e nutrição: o grande desafio? Por Bethânia Estevam Moreira Cabral e Cláudia Roberta Santos

21

Avaliação de impacto ambiental através da matriz de interação: o caso do manguezal da comunidade Manguinhos (Cabedelo – PB) Por Angelita Carla Pereira Alves e Eduardo Pazera Junior

33

Relação equilíbrio e dor no paciente com fibromialgia Por Carlos Eduardo de Jesus e Rafaela Sanches de Oliveira

42

A nova ordem no mercado de calibração de equipamentos clínicos Por Mauricio F. Castagna

49

Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan Por Pedro Eduardo Silva Ambra

55

A visão dos acadêmicos do curso de serviço social da faculdade do noroeste paranaense sobre a sua futura profissão Por Adrieli Volpato Craveiro, Cíntia Cristina Santana Takemoto e Paula Isamara de Oliveira

61

Narrativas autobiográficas e memórias acadêmicos na formação continuada de professores das escolas do campo Por Silvano Sulzart Oliveira Costa

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EVENTOS ACADÊMICOS

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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BRASIL, N.14, JUN.-JUL., 2013 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


EDITORIAL Saudações leitor da edição de n. 14 da Revista Espaço Científico Livre, convido a leitura deste número, que como sempre apresenta caráter multidisciplinar. E quero agradecer a todos que participaram do processo seletivo para formação do Conselho Editorial da Revista Espaço Científico Livre, foram quase noventa candidatos. Esse número revela a credibilidade e a qualidade que o periódico vem adquirindo edição após edição e tudo graças a participação coletiva. E convido a todos a nos seguir no Twitter em @cientificolivre e a ler o nosso Blog http://espacocientificolivre.blogspot.com.br para ficar sabendo de notícias e novidades do mundo científico/acadêmico. Boa leitura. Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre

A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação independente, a sua participação e apoio são fundamentais para a continuação deste projeto. O download desta edição terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico.

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Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada como fonte.

s b Imagem da capa: Alexandre Moreau (http://en.wikipedia.org/wiki/File:Kairouan %27s_Great_Mosque_courtyard.jpg). As figuras utilizadas nesta edição são provenientes dos sites Stock.XCHNG (http://www.sxc.hu) e Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Portrait_of_Friedrich_Nietzsche.jpg). As figuras utilizadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores.

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CONSELHO EDITORIAL Claudete de Sousa Nogueira Graduação em História; Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão Educação a Distância; Mestrado em História; e Doutorado em Educação. Davidson Araújo de Oliveira Graduação em Administração; Especialização em Gestão Escolar, Especialização em andamento em: Marketing e Gestão Estratégica, em Gerenciamento de Projetos, e em Gestão de Pessoas; e Mestrado profissionalizante em andamento em Gestão e Estratégia. Ederson do Nascimento Graduação em Geografia Licenciatura e Bacharelado; Mestrado em Geografia; e Doutorado em andamento em Geografia. Edilma Pinto Coutinho Graduação em Engenharia Química; Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho; Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos; e Doutorado em Engenharia de Produção. Francisco Gabriel Santos Silva Graduação em Engenharia Civil; Especialização em Gestão Integrada das Águas e Resíduos na Cidade; Mestrado em Estruturas e Construção Civil; e Doutorado em andamento em Energia e Ambiente. Jacy Bandeira Almeida Nunes Graduação em Licenciatura em Geografia; Especialização: em Informática Educativa, em Planejamento e Prática de Ensino; em Planejamento e Gestão de Sistemas de EAD; e Mestrado em Educação e Contemporaneidade. Joseane Almeida Santos Nobre Graduação em Nutrição e Saúde; e Mestrado em Ciência da Nutrição. Josélia Carvalho de Araújo Graduação em Geografia - Licenciatura; Graduação em Geografia - Bacharelado; Mestrado em Geografia; e Doutorado em andamento em Geografia. Juliana Teixeira Fiquer Graduação em Psicologia; Especialização em Formação em Psicanálise; Mestrado em Psicologia (Psicologia Experimental); Doutorado em Psicologia Experimental; e PósDoutorado. Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; e Doutorado em andamento em Enfermagem. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; e Pós-Doutorado. BRASIL, N.14, JUN.-JUL., 2013 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


CONSELHO EDITORIAL Márcio Antonio Fernandes Duarte Graduação em Licenciatura Em Ciências; Graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda; e Mestrado em andamento em Desenho Industrial. Maurício Ferrapontoff Lemos Graduação em Engenharia de Materiais; Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais; e Doutorado em andamento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais. Messias Moreira Basques Junior Graduação em Ciências Sociais; e Mestrado em Antropologia Social. Osvaldo José da Silveira Neto Graduação em Medicina Veterinária; Especialização em Defesa Sanitária Animal; Mestrado em Ciência Animal; e Doutorado em andamento em Ciência Animal. Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; e Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento. Reinaldo Monteiro Marques Graduação em Educação Física; Graduação em Pedagogia; Graduação em Fisioterapia; Especialização: em Técnico Desportivo de Especialização em Voleibol, em Técnico Desportivo de Especialização em Basquetebol, em Fisioterapia Desportiva; Mestrado em Odontologia; e Doutorado em Biologia Oral. Richard José da Silva Flink Graduação em Engenharia Quimica; Especialização em: Engenharia de Açúcar e Álcool, em Administração de Empresas, em em Engenharia de Produção; Mestrado em Engenharia Industrial; e Doutorado em Administração de Empresas. Verano Costa Dutra Farmacêutico Industrial; Habilitação em Homeopatia; e Mestrado em Saúde Coletiva.

Os membros do Conselho Editorial colaboram voluntariamente, sem vínculo empregatício e sem nenhum ônus para a Espaço Científico Livre Projetos Editoriais. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Editora da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais - Graduada em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO AUTORES Adrieli Volpato Craveiro Assistente Social do Hospital Universitário Regional de Maringá – HUM, Professora do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense – FANP Angelita Carla Pereira Alves Especialista em Ciências Ambientais Bethânia Estevam Moreira Cabral Nutricionista, aluna do Curso de Especialização em Administração Hospitalar do Centro Universitário São Camilo – ES Carlos Eduardo de Jesus Fisioterapeuta pela Universidade Nove de Julho Cíntia Cristina Santana Takemoto Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Cláudia Roberta Santos Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professor Orientador do Centro Universitário São Camilo – ES

Paula Isamara de Oliveira Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Pedro Eduardo Silva Ambra Psicólogo, Bacharel em Psicologia e mestrando pela Universidade de São Paulo Rafaela Sanches de Oliveira Fisioterapeuta. Mestranda em Ciências da Saúde pela FMUSP, Especialista em Gerontologia pela UNIFESP, Docente das Disciplinas de Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica e Fisioterapia Reumatológica do Curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho Silvano Sulzart Oliveira Costa Pedagogo, especialista em Psicopedagogia Vanessa Karla Mota Aluna do Bacharelado em Ciências SociaisUFPB/CCHLA/DCS

Eduardo Pazera Junior Doutor em Geografia Maria Patrícia Lopes Goldfarb Doutora em Sociologia/UFPB, Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais/UFPB/CCHLA e dos Programas de PósGraduação em Antropologia –UFPB Mauricio F. Castagna Engenheiro clínico, Administrador e Engenheiro elétrico BRASIL, N.14, JUN.-JUL., 2013 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Moluscos e Saúde Pública em Santa Catarina:

subsídios para a formulação estadual de políticas preventivas sanitaristas

de Aisur Ignacio Agudo-Padrón, Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado e Kay Saalfeld O presente trabalho busca preencher uma lacuna nos estudos específicos e sistemáticos sobre a ocorrência e incidência/ emergência geral de doenças transmissíveis por moluscos continentais hospedeiros vetores no território do Estado de Santa Catarina/SC, relacionadas diretamente ao saneamento ambiental inadequado e outros impactos antrópicos negativos ao meio ambiente.

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Métodos de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos: Aplicações em Dessalinização de Sandro Jucá e Paulo Carvalho A presente publicação apresenta uma descrição de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos com três métodos distintos. Tendo como base estes métodos, é disponibilizado um programa de dimensionamento e análise econômica de uma planta de dessalinização de água por eletrodiálise acionada por painéis fotovoltaicos com utilização de baterias. A publicação enfatiza a combinação da capacidade de geração elétrica proveniente da energia solar com o processo de dessalinização por eletrodiálise devido ao menor consumo específico de energia para concentrações de sais de até 5.000 ppm, com o intuito de contribuir para a diminuição da problemática do suprimento de água potável. O programa proposto de dimensionamento foi desenvolvido tendo como base operacional a plataforma Excel® e a interface Visual Basic®.

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Conversão/Reversão: Uma análise da Religião Islâmica Maria Patrícia Lopes Goldfarb Doutora em Sociologia/UFPB, Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais/UFPB/CCHLA e dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia –UFPB João Pessoa, PB E-mail: patriciagoldfarb@yahoo.com.br Vanessa Karla Mota Aluna do Bacharelado em Ciências Sociais- UFPB/CCHLA/DCS João Pessoa, PB E-mail: vkmota@hotmail.com

GOLDFARB, M.P.L.; MOTA, V.K. Conversão/Reversão: Uma análise da Religião Islâmica. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 12-20, jun.-jul., 2013.

RESUMO Este artigo busca analisar o conceito de Reversão entre adeptos da Religião islâmica no Brasil, traçando as diferenças entre Conversão e Reversão na construção de uma identidade religiosa. Realizamos

uma pesquisa através da Rede de Relacionamentos Orkut, a fim de problematizar a construção de modos islâmicos de pertencimento a uma fé, doutrina e estilo de vida.

Palavras-chave: Reversão; conversão; Islamismo ABSTRACT This article analyzes of reversal between supporters of the Islamic Religion in Brasil, tracing the differences between conversion and reversion in the construction of a religious identity. We conducted a search

through the Orkut network of relationships in order to discuss the construction os Islamic modes of belonging to a faith, doctrine and lifestyle.

Keywords: Reversion; conversion; Islam

1. INTRODUÇÃO

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Islã (do árabe ‫اإل س الم‬, transl. al-Islā1), na perspectiva religiosa dos seus adeptos representa, sobretudo, “eterno”. Para a teologia islâmica, a religião muçulmana significa a verdadeira religião, dada por Deus aos homens sendo,

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Islão provem do árabe Islām, que por sua vez deriva da quarta forma verbal da raiz slm, aslama, e significa "submissão (a Deus). Em árabe Islã significa “submissão à vontade de Deus”, tendo surgido sob a influência do profeta Muhammed. MONTENEGRO, 2000, p. 19.

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portanto, eterna, posto que existiu sempre. Desse modo, o islã é tomado como a religião “natural” da humanidade. Neste artigo, objetivamos analisar a ausência do conceito de conversão na doutrina da salvação islâmica; bem como a importância do conceito de reversão, tendo em vista que para seus adeptos aqueles que se voltam ao islamismo estão retornando à religião estabelecida no princípio ou gênese. Religiões como a Islâmica utilizam-se de conhecimentos e explicações para a fé, o culto e adesão aos princípios religiosos, que são apropriados pelos sujeitos sociais em seus cotidianos. Conforme o sociólogo Max Weber (Weber, 1994), compreendemos as comunidades muçulmanas como uma comunidade de pertencimento e de sentido, cujos membros se sentem pertencentes a uma determinada doutrina, história ou estilo de vida. Tal pertencimento é subjetivamente construído, através da partilha de crenças e valores coletivamente elaborados, como é o caso da “Reversão” para os adeptos da religião islâmica ora analisada. Para a coleta de dados postamos no site de relacionamentos da Internet Orkut 2 um questionamento acerca do significado da conversão/reversão a ser respondida pelos adeptos da religião islâmica em todo Brasil. A nossa análise pautou-se nas respostas dadas por vários internautas. É necessário destacar que todos os informantes/internautas tiveram suas identidades preservadas através de nomes fictícios, resolvemos manter apenas o gênero e a cidade/estado em que residem. 2. CONVERSÃO/REVERSÃO

D

e acordo com o Sheikh Jihad H. Hammadeh da WAMY, a palavra islã significa submissão total e voluntária; não submissão às necessidades do homem comum e sim submissão integral à vontade de Deus, portanto a uma força extraterrena3. O sentido de reversão está diretamente atrelado a compreensão dos adeptos do islamismo de que todos os homens nascem submissos a Deus; daí se origina o termo “Muçulmano” = Muslim = Submetido4. Os discursos religiosos que são veiculados acerca da Reversão pautam-se na ideia tradicionalmente aceita de que este é um fato natural, dado por Deus, essencializado e outorgado pelas figuras de personagens como Abraão, Ismael, Davi, Salomão e até mesmo Jesus Cristo, mencionados no Alcorão e considerados como “submetidos a Deus” e, portanto, muçulmanos. Para muitos estudiosos, a reversão é um conceito inovador na teologia muçulmana, posto que “naturalmente” todos nascem submissos a Deus, muçulmano, cabendo tal proeza apenas ao Islã em diferenciação às demais religiões.

2

Ver Anexo.

3

Assembleia Mundial da Juventude Islâmica. Disponível em: <http://www.religiaodedeus.net/i_s_l_a_m.htm>. 4

“Muçulmano, por sua vez, deriva-se do árabe musli, que designa "aquele que se submete". Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Isl%C3%A3o>.

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Nesse sentido, os muçulmanos têm a convicção de que as demais crenças, em especial o cristianismo e o judaísmo, são uma deturpação da verdadeira fé, propagada por Muhammed e que culminará no retorno de toda a humanidade a uma vida de submissão completa aos preceitos de Allah5 e a sua vontade. Mas como ocorre o processo de reversão para os Muçulmanos? É muito simples se converter ao Islam, basta repetir o testemunho de fé (shahada) na presença de pelo menos um muçulmano. A shahada é feita em árabe assim “Ach hadu an la ilaha ila allah wa ach hadu ana muhammadan rassullullah” que significa 'testemunho que não há outra divindade além de Allah e testemunho que Muhammad é Mensageiro de Allah', depois disse o novo muçulmano ou muçulmana toma um banho completo na sua casa e veste roupas limpas. Já é um muslim (muçulmano em árabe) e todos seus pecados foram apagados6.

Como podemos ver na citação acima, retirada do Blog na Internet denominado “Juventude Muçulmana de Goiânia”, a Conversão seria um processo simples e que pode ser realizada por qualquer um, desde que este testemunhe a existência de um só Deus: Alaah. Já a Reversão seria da propriedade dos Muçulmanos, os que entendem que este último representa um retorno a essência, pois os verdadeiros já nascem monoteístas. Como aponta Talal Asad (1986:14), o Islã, como uma tradição discursiva precisa manter a ortodoxia, o que supõe relações de poder que sustentem o papel das autoridades religiosas ou dos membros em interpretar os textos sagrados e transmitilos para os fiéis. Desse modo, o processo de aprendizado do Islã não envolve apenas o engajamento individual do muçulmano, mas também a mediação daqueles que são autorizados pela tradição religiosa a falar por ela. Podemos verificar a importância da religião como elemento formador do pertencimento identitário dos muçulmanos, pertencentes ao Islã; sendo a Reversão uma característica fundamental na delimitação das fronteiras entre o islamismo e outras religiões; tida como uma particularidade, uma propriedade do mundo muçulmano (Pinto, 1995). Assim, para os adeptos da religião islâmica a “verdade” da sua fé é comprovada pela veracidade do livro sagrado: o Al Corão, tomado como comprovação da sua proeminência e anterioridade sobre outros terrenos religiosos. Conforme nos aponta a antropóloga Francirosy Ferreira (2007), há uma relação de primordialidade no Al Corão e na figura do Profeta, seu primeiro intérprete e pioneiro no estabelecimento de uma ligação originária com Deus. O conceito de reversão é, portanto, fundamental para a legitimação da fé entre os muçulmanos. Neste sentido, nos diz Ferreira (2009: 02): (...) venho sustentado à importância de se referendar o termo revertido/ reversão nos textos que tratam de fiéis que passaram a adotar a religião islâmica, porque o conceito nativo evidencia o fato de que houve um retorno, uma volta ao ponto de partida; em

5

Tido como Deus Único; não havendo assim a ideia cristã de Trindade ou paternidade. Allah seria para os adeptos do Islamismo o responsável por tudo o que acontece; o Criador. 6

In: <http://muculmanaonline.blogspot.com/>

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substituição, ao termo convertido (conversão), tão mais popularmente utilizado na Antropologia e Sociologia da Religião, mas que significa ―o ato de passar dum grupo religioso para outro, duma para outra seita ou religião.

Conforme a citação acima, definir o muçulmano como convertido seria um grande equívoco, pois deixaria de considerar o próprio sentido dado ao “retorno”, atentando apenas para a mudança. Assim, para Ferreira, na concepção islâmica todos nascem muçulmanos, isto é, entregues a Deus, no entanto, saem da “senda reta, do caminho certo”, cujo retorno à religião seria a reversão desse caminho. Com base em Mauss (1974), podemos dizer que a reversão representa um fenômeno social, pois sua valoração encontra sustentação na ideia de Tradição, tradição esta que refere-se a um conhecimento sagrado, do sagrado; que institui uma ordem moral e social, codificada no Al Corão. 3. SIGNIFICADOS DA REVERSÃO NO ISLÃ: UM DEBATE NO ORKUT

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o dia 23/12/2010 ocorreu um debate na internet, cuja tônica principal era o significado da Reversão para o Islã. Tal debate foi por nós incitado, numa Comunidade do site de Relacionamentos Orkut7. Logo o internauta Ibrahim postou a seguinte opinião: Para se reverter ao islã temos que crer que só em Allah e Deus e nada tem poder mais que Allah, e Muhammad o Profeta de Allah. Todos os irmãos estão convidados para vir para a Oração e para a Salvação. Allah é Maior, Allah é Maior, Allah é Maior!.

Como podemos verificar, a reversão está totalmente relacionada à crença e aceitação em um Deus único: Allah, divindade máxima, não havendo possibilidade de outro tipo de competição com este. Já Muhammad é tido como mensageiro de Deus. A maioria dos colaboradores desta pesquisa nos apontou que a reversão é maior que a conversão porque na “verdade” já se nasce muçulmano, e quando se converte de fato se reverte, faz-se uma viagem de retorno a origem. Vejamos o que nos diz outros colaboradores: Reversão é voltar a Deus, e ao monoteísmo, de onde viemos, pois tudo vem de Allah em sua origem. Reversão é como chamamos o ato de voltar a ser muçulmano, partindo do princípio de que Allah é o Único e, portanto tudo é parte de sua criação, então toda a origem de toda pessoa é também muçulmana. Através da reversão eu me tornei muçulmana, no ato da minha Shahadah, o testemunho de que só existe um Deus, Allah é Único e o Único digno de adoração, e Muhammad (que a paz e as bênçãos de Deus estejam sobre ele) é seu último mensageiro (Hananh). Basicamente é o retorno à condição original de pureza; é a rejeição das influências negativas desse mundo e o estudo das boas coisas de deus através do corão. A maior parte dos muçulmanos não é árabe, embora a mídia global insista em usar os radicais para representar o islam. os muçulmanos de correntes tradicionais não aceitam nada que vem da sociedade não árabe. Para eles, todos os aspectos, os diferenciam da sociedade brasileira, ao passo que nada os diferencia do mundo árabe. Para os outros existe um processo de 7

A fim de preservarmos a identidade dos internautas, não divulgaremos o site nem o nome da Comunidade.

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adaptação que ficará mais fácil com a disseminação do Islã no Brasil (Abdul-Alim). Eu sou estudante de psicologia. Fiz a minha reversão ao Islam a pouco mais dois meses atrás depois de estudar sobre o Islam por mais de sete meses seguidos, e se minha participação for útil me disponho então a responder para você. A reversão representada pelo ato da Shahada (testemunho) é um momento em que você ganha uma nova vida de fato. Um portal, onde se deixa tudo o que houve anteriormente, e se torna de fato uma muçulmana. Usamos o termo REVERSÃO porque existe o conceito de que tudo e todos vieram de Allah, que é o Único, o verdadeiro Deus, sendo que só existe um Deus, e só Ele é digno de adoração. Então como tudo e todos vieram Dele, a origem da pessoa é sempre como muçulmana. Neste sentido reverter é "Voltar a Deus". É por isso que usamos o termo REVERSÃO e não CONVERSÃO. Neste sentido, independe a origem étnica da pessoa, todos são iguais, o Islam é para todos, e nem todo árabe é muçulmano, na verdade apenas 18% dos muçulmanos no mundo todo são árabes. Para mim o momento da minha Shahada foi algo muito marcante e que até agora me causa emoção. Eu percorri um longo caminho até aqui, e este caminho não foi nada fácil. Ao longo deste caminho acidentado eu corri o risco de perder a vida muitas vezes, e de fato tive de lutar muito para ter o direito de estar viva de fato. Mas eu considero que fui preservada apesar de pisar em pedras de fogo, que fui conduzida, que fui levada a ser restaurada e vencer todas as pedras do meu caminho. Um dia, quando eu já estava pronta, renascida, quando já existia em mim a serenidade e a paz, eu resolvi estudar a língua árabe, porque desde pequena sempre tive uma ligação forte com a cultura árabe e com o Oriente Médio, apesar de ser descendente de alemães e não de povos do Oriente Médio. Meu pai era grande admirador da cultura árabe e eu talvez por isto e pela forte ligação que sempre tive com ele cresci com este sentimento de admiração e com esta influência. Então a cerca de um ano atrás eu resolvi estudar árabe, e decorridos alguns meses eu resolvi começar a ler o Alcorão em árabe, porque é fato conhecido que, além do Alcorão ser original, ele é escrito em forma de poema, e de extremo requinte e bom gosto em se tratando de poemas. Bem, esta decisão mudou a minha vida, eu me apaixonei pela religião de uma forma tão intensa que isto me fez ver a minha vida inteira por outro ângulo e mergulhar em uma pesquisa intensa a respeito do Islam (...) (Ayunni).

Conforme vemos na fala acima, para a Reversão é necessário um preparo que a informante traduz como “estudo do Alcorão”. Assim, para os revertidos, a mudança de religião representa uma mudança de identidade, que permite que brasileiros revertidos, não nascidos árabes, possam se considerar iguais aos nascidos, pois todos conhecem a “palavra sagrada”, obviamente escrita em árabe. E a discussão seguiu com novas abordagens. O internauta Paulo (não-muçulmano) indaga um muçulmano a respeito da reversão: - Aminah, seria como voltar ao caminho normal que me afastaram por alguma decisão tomada por outra pessoa, sem que eu pudesse decidir se queria aquilo para mim ou não? Teria algo haver como Predestinação?

As respostas são dadas por Samir e Amir, membros da comunidade muçulmana:

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- Paulo... normalmente a criança é "adestrada" socialmente a seguir certos padrões sociais, como por exemplo, a obedecer ao governo, a respeitar a família, os mais velhos, etc. Também se adestra a criança a acreditar em outra coisa senão o que é natural do ser humano, que é o monoteísmo puro. Assim, acreditamos nós, a criança é desviada do monoteísmo pela imposição de outro tipo de conceito de Deus (Samir). - Não tem a ver com predestinação... A pessoa nasce pura e perfeita, portanto não poderia nascer com nenhuma mácula; então acreditamos que a pessoa nasce em plena comunhão com o Único Deus, portanto puramente monoteísta. Durante a vida pode nos ensinar que há um deus rato, ou um deus boi ou um deus homem e nos desviamos. Então quando decidimos que adoraremos apenas ao único Deus verdadeiro ÚNICO, UNO, INDIVISIVEL, SOBERANO então entendemos que voltamos à crença original e a pura comunhão com o único Deus verdadeiro com o único Deus verdadeiro (Amir).

Paulo – (não-muçulmano) insiste: - Então posso entender que decisões erradas de meus familiares me afastaram do Deus puro e verdadeiro e que ao viver a vida acreditando naquilo que os outros me mostraram e ensinaram, eu me desviei do caminho e que agora adulto tenho o livre-arbítrio de querer ou não voltar a esse Deus Puro e Verdadeiro... e que eu o encontrarei no islã? É mais ou menos isso? (Paulo).

O internauta Houssein responde: A quem não conheceu o Islam será feito um teste que só Allah sabe qual é no dia do Julgamento. Reversão é o seguinte: todas as pessoas quando nascem já nascem como uma crença embutida que é o islam. A pessoa cresce, aprende geralmente à falsa religião de sua localidade e certo dia ela conhece o Islam, então quando entra no Islam não é chamada “conversão” e sim "reversão” porque Deus já fez a pessoa submissa (muçulmana). As explicações acima estão corretas, porém usam o termo "monoteísmo" quando o termo a ser usado é "Islam", todos os enviados eram muçulmanos, e o Islam é a "religião" original e única criada por Deus. Monoteísmo tem vários, o correto é o islam. Esta, portanto é também a explicação do Islam para o que acontecia antes do alcorão, ou seja: já existia o Islam com outros profetas e mensageiros enviados, Muhammad é o ultimo profeta e mensageiro do Islam finalizando a religião iniciada em adão e que teve 124.000 enviados de Deus.

Para o colaborador acima, o Islam é a verdadeira Religião, que se diferencia das “falsas” religiões, posto que seja a única criada por Deus. Assim, ela seria Original, por atestar sua característica essencialmente monoteísta. Historicamente, a compreensão do sentido e significado da Reversão para um adepto do islamismo se confunde com sua identidade muçulmana. É necessário não esquecer, conforme argumentou o antropólogo americano Clifford Geertz (2004), a multiplicidade e variações do mundo muçulmano, que não é, e nem se propõe a ser culturalmente homogêneo. Ele sofre as influências culturais de todas as sociedades por onde encontra adeptos, e estas são diversificadas. No caso do Brasil, existe na concepção de adeptos desta religião, a necessidade da construção de uma “especificidade” do islã para o contexto brasileiro. É usada a

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expressão “New Islã”8, ou como é conhecido entre os muçulmanos nacionais: Novo Islã. No entanto, ao que parece, há opiniões bem contraditórias dentro da comunidade muçulmana no país sobre esse novo “olhar” muçulmano para os revertidos latinoamericanos. É preciso ressaltar, porém, que a despeito dessas novas “visões de mundo”, é consenso a necessidade de preservação da identidade muçulmana, pois o sentido de pertencimento não pode de modo algum ser negligenciado. Posteriormente, com a adesão de vários povos ao islamismo, o seu significado para estes novos adeptos se concentrou nos preceitos religiosos, e na normatividade que estes deveriam ter na orientação da conduta diária da vida. De acordo com Geertz (1978), podemos dizer que a religião é um elemento fundamental do simbolismo humano e um produto da reflexão sobre si mesmo, pois para ele o homem é um animal simbolizante. Verificamos nas falas dos internautas uma forte convicção: todos os muçulmanos consideram-se “submetidos” - pertencentes a uma mesma irmandade, a “UMMAH”, cabendo a eles, distribuídos em todo o mundo, promover a união da Dal-Islam (Casa do Islã). Uma união tanto no aspecto confessional, como político e econômico (Ferreira, 2009). Neste sentido, o evento considerado como fundante da religião islâmica se refere, na concepção dos muçulmanos, como a revelação de uma religião que é eterna. Seria o que acontecera com Muhammed na Arábia do século VII, exemplo de uma reimpressão de algo que existia eternamente. Portanto, para os seus adeptos, o islã não é uma religião fundada por homens, a exemplo do budismo, hinduísmo, cristianismo ou judaísmo, ela é dada pelo próprio Deus. É assim que os muçulmanos compreendem e vivenciam a sua fé. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS: ANALISANDO O TEMPO DA REVERSÃO

O

tempo, portanto, é apreendido no rito da reversão como um retorno a um evento que é fundante na concepção do islã, como o modelo último da religiosidade para os homens. É, pois, um tempo eterno, que demarca um período de retorno, de reencontro com Deus, do caminhar pela “senda reta” em renúncia a todos os desvios que o crente percorreu até aquele momento; marcado por uma forte ênfase nos sentimentos de pertencimento a este universo do eterno sagrado (Weber, 1994). O tempo aparece entre os adeptos pesquisados como ordenador da vida social; é estabelecido no islamismo a partir da compreensão dessa eternidade do sagrado. Isso seria o diferenciador entre o islamismo das demais formas de religiosidade. São as Escrituras sacralizadas que ordenam toda a vida do crente. Partindo do pensamento de Durkheim (1989), podemos dizer que o tempo é objetivamente pensado e apreendido pelos membros de um grupo social, por isso sua organização é coletiva, pois as classificações temporais são tomadas da própria vida social. Há um complexo de sensações e imagens que servem para orientar a duração e caracterização do tempo. Deste modo, na argumentação durkheimiana o tempo é entendido como construto cultural, extremamente importante para a estruturação do real. 8

Esse conceito surgiu numa conversa com adeptos da religião em João Pessoa - Paraíba.

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Desse modo, a vida social passa, então, a ser organizada a partir de suas crenças e os eventos religiosos, demarcam o tempo da rememoração, fundamental para a construção de identidades coletivas. Os internautas constroem discursos que sugerem ideais de reconhecimento coletivo, onde falam de um tempo imemorial e sagrado. A importância desta temporalidade está no fato de que este tempo acaba por construir a própria comunidade de mulçumanos (Alexander, 1997). A temporalidade, portanto, é transformada em qualidade primordial. As origens são imaginadas como tendo ocorrido num tempo específico, sagrado, mitológico, descrito por meio de narrativas. E as comunidades sacralizam tal tempo e seus protagonistas, pois os mitos de origem conferem posições elevadas e explicam as origens dos grupos sociais. “A temporalidade cria uma ordem no tempo, uma ordenação de qualidades categóricas que se transformam no fundamento de reivindicações e privilégios no interior da sociedade” (Alexander, 1997, p. 174). Deste modo, a concretização temporal significa remeter-se a um passado, a sua reconstrução e eternidade; por isso os acontecimentos tidos como originários são permanentemente reconstituídos para legitimar as atuais definições de grupo. É através dessa concepção mais ampla de tempo como algo atrelado ao sagrado e eterno, que a vida própria vida social é organizada e pensada pelos adeptos do islã.

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GEERTZ, Clifford. 1978. Ethos, visão de mundo, e a análise de símbolos sagrados. In: A Interpretação das Culturas. Rio de Janeiro: Zahar Editores.

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PINTO, Paulo G. Hilu da Rocha. 2005. Ritual, etnicidade e identidade religiosa nas comunidades muçulmanas no Brasil. Revista USP, São Paulo, nº 67, setembro/novembro, 2005. Disponível em: <http://www.usp.br/revistausp/67/17pinto.pdf>. Acesso em: 20 set. 2011.

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SOUZA, Vanessa Karla Mota de. 2002. Os árabes: uma abordagem missionária

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_________________________. 2005. Individualismo e cultura. CAOS - Revista Eletrônica de Ciências Sociais, João Pessoa, n.9, p.61-73, set. de 2005.

ANEXO QUESTÕES PROPOSTAS NO SITE DE RELACIONAMENTOS- ORKUT “Olá a todos! Sou Vanessa e sou pesquisadora na área de antropologia. Estou fazendo uma pesquisa relacionada à identidade muçulmana entre brasileiros, e gostaria muito, se possível, de ter a participação de vocês. Serão algumas questões que estou investigando. Gostaria de saber qual o sentido e significado da reversão no islam? Podem trazer suas histórias pessoais, mas, preciso principalmente da concepção teológica da reversão. Para o muçulmano brasileiro, em que o processo de reversão é significativo, tendo em vista não serem de etnia árabe? Há algum nuance que os diferencia? Poderiam me ajudar? Se possível, coloquem idade, gênero, cidade e estado. O nome pode ser optativo, já que posso usar pseudônimos, caso não desejem ter seu nome mencionado na pesquisa. Muito obrigada! Aguardo contato!

Reversão: Uma análise da Religião Islâmica Maria Patrícia Lopes Goldfarb Doutora em Sociologia/UFPB, Professora Adjunta do Departamento de Ciências Sociais/UFPB/CCHLA e dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia –UFPB João Pessoa, PB E-mail: patriciagoldfarb@yahoo.com.br Vanessa Karla Mota Aluna do Bacharelado em Ciências Sociais- UFPB/CCHLA/DCS João Pessoa, PB E-mail: vkmota@hotmail.com

GOLDFARB, M.P.L.; MOTA, V.K. Conversão/Reversão: Uma análise da Religião Islâmica. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 12-20, jun.-jul., 2013.

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Gestão de pessoas em unidades de alimentação e nutrição: o grande desafio? Bethânia Estevam Moreira Cabral Nutricionista, aluna do Curso de Especialização em Administração Hospitalar do Centro Universitário São Camilo – ES Muriaé, MG E-mail: bethania_cabral@hotmail.com Cláudia Roberta Santos Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professor Orientador do Centro Universitário São Camilo – ES Muriaé, MG E-mail: cauberta@hotmail.com

CABRAL, B.E.M.; SANTOS, C.R. Gestão de pessoas em unidades de alimentação e nutrição: o grande desafio? Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 21-32, jun.-jul., 2013.

RESUMO Este estudo teve como objetivo discutir os fatores integrados e analisar a interferência dos mesmos na gestão de pessoas que trabalham em Unidades de Alimentação e Nutrição, bem como seus impactos nos resultados do processo. Para tal, realizouse pesquisa bibliográfica nos periódicos nacionais, monografias e revisões publicadas nas bases de dados LILACS, SCIELO e Google Acadêmico no período de 2000 a 2011, obtendo-se 15 artigos que foram analisados através de leitura

exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. A partir disso foi possível concluir que o nutricionista de produção tem papel fundamental na condução da equipe de trabalho. Apesar das grandes dificuldades observadas nesse sentido, devido às próprias condições desse trabalho, é possível perceber que a busca contínua de conhecimento que embase a técnica de gestão é a ferramenta mais eficaz na busca pelo aprimoramento que traz a equipe à homogeneidade necessária.

Palavras-chave: Relacionamento; produção de alimentos; administração de pessoal

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ABSTRACT This study aimed to discuss the factors integrated and analyze the interference in the management of the same people who work in food and nutrition units, and their impact on the results of the process. To this end, literature search was carried out in national journals, monographs and reviews published in the databases LILACS, SCIELO and Google Scholar from 2000 to 2011, resulting in 15 articles that were analyzed through exploratory reading,

selective, and analytical interpretive. From this it was concluded that the nutritionist production plays a key role in driving the team. Despite the great difficulties encountered in this regard due to the very conditions of work, you can see that the continuous pursuit of knowledge that underpin the management technique is the most effective tool in the quest for improvement that brings the team needed to homogeneity.

Keywords: Relationship; food production; personnel administration

1. INTRODUÇÃO

A

alimentação é uma necessidade básica, um direito humano e, simultaneamente, uma atividade cultural, permeada por crenças, tabus, distinções e cerimônias. Comer é antes de tudo um ato social e não representa apenas o fato de incorporar elementos nutritivos importantes para o nosso organismo e, como toda relação que se dá entre pessoas, traz convívio, diferenças e expressa o mundo da necessidade, da liberdade ou da dominação. Os padrões alimentares de um grupo sustentam a identidade coletiva, posição no grupo, na organização social, e ao mesmo tempo isoladamente podem determinar a identidade individual (PEDRAZA, 2004). De acordo com Costa e Peluzio (2008, p. 9) a nutrição é o processo pelo qual os organismos vivos utilizam substâncias necessárias para a manutenção da vida. Inclui todos os processos necessários para disponibilização de nutrientes dentro da célula. A nutrição ocorre em todos os seres vivos, vegetais e animais. Todo esse processo converge para um objetivo geral: obtenção de energia. Segundo Paula apud Dencker (2004, p. 149.): A Indústria de Serviços de Alimentação (ISA), também chamada Indústria de Restaurantes (IR), engloba todos os serviços que atuam no preparo e fornecimento de qualquer tipo de alimentação e bebidas para serem consumidas pelo cliente no próprio local em que foram preparadas, ou transportadas para consumo em outro lugar.

A Alimentação Coletiva que tem por base para produção as Unidades de Alimentação e Nutrição (UAN) caracteriza-se, a cada dia mais, como uma especialização voltada à administração, no sentido de racionalização, da alimentação de coletividades sadias e enfermas (VASCONCELOS, 2010). As UAN possuem como finalidade administrar a produção de refeições nutricionalmente equilibradas com bom padrão higiênico-sanitário para consumo fora do lar, que possam contribuir para manter ou recuperar a saúde de coletividades, e ainda, auxiliar no desenvolvimento de hábitos alimentares. Atendem clientela definida – comunidade de direito ou de fato – e podem estar situadas em empresas, escolas,

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universidades, hospitais, asilos, orfanatos, dentre outras instituições (COLARES, FREITAS, 2007). Há pouco tempo, o serviço de alimentação era quase ou totalmente inexistente em hospitais, existiam simplesmente cozinhas do tipo doméstico. Quando às instalações, equipamentos e área física, eram pequenas, desfalcadas dos recursos mínimos necessários (humano e material), paredes encardidas de fuligem e com iluminação e ventilação deficiente, e alguns outros aspectos negativos. Somente em meados do século, com o desenvolvimento da ciência da Nutrição é que se percebeu que uma alimentação equilibrada era um recurso importante e muitas vezes vital (MEZZONO, 2002). Quando se trata de uma Unidade de Alimentação e Nutrição hospitalar, considerando todos os critérios para recuperação do Estado Nutricional bem como da saúde do paciente, incute-se ao colaborador uma responsabilidade ainda maior abordando os temas dietoterapia, imunodepressão e cuidados com coletividades enfermas. Pode-se considerar então que o funcionário tem grande participação no processo de recuperação do paciente debilitado a fim de não apenas promover a melhoria do Estado Nutricional, mas também garantir no mínimo a manutenção do mesmo. O presente trabalho tem o objetivo de discutir os fatores integrados e analisar a interferência dos mesmos na gestão de pessoas que trabalham em Unidades de Alimentação e Nutrição. 2. METODOLOGIA

F

oi realizada uma revisão bibliográfica sistemática nos periódicos nacionais através dos bancos de dados LILACS, SCIELO, Google Acadêmico entre julho de 2011 e janeiro de 2012. Ao final do levantamento, obteve-se um total de 25 artigos, publicados no período de 2000 a 2011, destes, apenas 15 foram analisados, por satisfazerem o critério de inclusão, ou seja, abordar tema da gestão de pessoas em Unidades de Alimentação e Nutrição. Além disso, outra fonte de referencia foi utilizada, e 06 livros foram incluídos pela relevância temática. O material foi analisado através de leitura exploratória para conhecimento de todo o material; seletiva, a fim de eleger os artigos pertinentes aos propósitos da pesquisa; analítica, para apreciação e julgamento das informações, e por fim, leitura interpretativa, acompanhada de análise crítica. As palavras-chaves utilizadas foram: Relacionamento. Produção de Alimentos. Administração de Pessoal. Considerando a relevância do acesso a todas essas informações, Carvalho e Kaniski (2000, p 37) afirmam que: as bibliotecas saíram, ou devem sair, da postura de armazenadora de informações para assumir uma postura centrada no processo de comunicação, o que significa abandonar a filosofia de posse e investir na filosofia de acesso. 3. RESULTADOS 3.1. A UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO

A

pesar dos avanços tecnológicos que vêm sendo incorporados a essas unidades, em relação à matéria-prima, aos métodos de trabalho e aos equipamentos, os locais destinados ao preparo das refeições apresentam, em geral, condições físicas inadequadas como: ruído excessivo, temperatura elevada, iluminação deficiente, arranjo físico e instalações precárias (COLARES e FREITAS, 2007).

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Autores como Abreu et al (2002) destacam que o trabalho acelerado frequentemente realizado em condições desfavoráveis, com equipamentos inadequados, ruídos excessivos, calor, umidade e iluminação insuficiente causam desgaste humano, expondo o trabalhador a doenças profissionais. A busca de condições seguras e saudáveis no ambiente de trabalho significa proteger e preservar a vida e, principalmente, é mais uma forma de se construir qualidade de vida. Reforçando, Conceição e Cavalcanti (2001) concordam com essa ideia e afirmam que as UANs apresentam riscos consideráveis de acidentes, em decorrência do intenso movimento, aliado, em geral, à inexperiência pessoal e a um ambiente dotado de grande variedade de equipamentos elétricos. Está amplamente demonstrado que os acidentes em uma UAN têm uma causa e podem ser prevenidos. As causas gerais são: as condições inseguras, equipamento defeituoso, falta de protetores, iluminação e ventilação inadequada, falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) adequados, além de atos inseguros, negligentes, excesso de segurança, confiança, falta de supervisão, falta de cooperação e indiferença quanto à segurança (CONCEIÇÃO; CAVALCANTI, 2001). Matos e Proença (2003) comentam que a preocupação com a saúde do operador da UAN começou a surgir no setor de alimentação coletiva a partir de uma maior conscientização da existência de relação das condições de trabalho e saúde com desempenho e produtividade. Lourenço et al (2006) também corroboram com essa informação, completando que os efeitos sobre a saúde do trabalhador estão mais voltados para a redução dos acidentes de trabalho, melhora da qualidade de vida de seus funcionários, redução dos casos de Lesão por Esforços Repetitivos (LER) relacionadas ao Trabalho (DORT), prevenção da fadiga muscular e articular, correção de vícios posturais, diminuição do absenteísmo e incidência de doenças ocupacionais, aumento da autoestima e disposição para o trabalho e melhora da consciência corporal. Essas patologias são responsáveis por 80% das doenças ocupacionais no Brasil e por isso precisam da atenção de profissionais de diversas áreas na busca de estratégias que visem à prevenção das mesmas, já que podem tornar-se patologias crônicas, gerando prejuízos pessoais, sociais e empresariais (LOURENÇO et al, 2006). Questões relacionadas com os funcionários, como a rotatividade, a polivalência e o absenteísmo, são citadas como dificuldades gerenciais que contribuem com a insegurança alimentar, pois dificultam o desenvolvimento satisfatório do processo produtivo (CAVALLI; SALAY, 2007). Apoiando as dificuldades encontradas no gerenciamento de UAN, Colares e Freitas (2007), afiançam que: Aliado a isso, outros fatores relacionados à organização do trabalho como ritmo e esforço de trabalho intenso, horários prolongados e sobrecarga de trabalho, pressão em função dos horários, exigência de postura inadequada, movimentos repetitivos na execução das tarefas, número insuficiente de trabalhadores em função do custo, normas e práticas exigidas nem sempre bem explicitadas e falta de prescrição clara das pausas de recuperação, influenciam tanto na produtividade como na saúde dos operadores, como vêm mostrando alguns estudos.

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Além disso, o custo relativo à produção tem merecido destaque na composição do processo, ficando em alguns casos, a saúde dos trabalhadores, para um segundo momento. Apesar dessa priorização é fato a influência que a saúde exerce sobre produtividade e qualidade (COLARES; FREITAS, 2007). São fatores que influenciam e requerem acompanhamento: o tipo de estrutura da empresa (porte), a movimentação do público (número de refeições por dia) e as refeições oferecidas (desjejum, almoço, jantar e lanche). Com relação à gestão de pessoas deve-se considerar ainda: o quadro de funcionários, o período de trabalho, sexo, idade, salários, tempo de serviço na empresa e escolaridade. Outras informações por parte da empresa também são ponderadas no que diz respeito a essa relação: critérios adotados para contratação e o sistema de avaliação dos funcionários, o oferecimento de recompensas e os benefícios não previstos na legislação trabalhista, o grau de importância dos funcionários, as ocupações ou cargos que encontram dificuldade de contratação no mercado de trabalho. Em estudo realizado por Nonino-Borges et al (2006), também foram constatados, na UAN, que a baixa qualificação da mão de obra existente, por falta de treinamento, motivação e atualização do pessoal; a inadequação e falta de equipamentos e espaço físico e um alto índice de afastamentos por licenças dos servidores; podem ter contribuição importante para inadequações ligadas à produção e distribuição das dietas, tais como: o preparo de dieta para clientes/pacientes que estavam em jejum ou haviam recebido alta; a coleta incorreta da prescrição médica por parte dos auxiliares de nutrição e a falta de padrão durante o porcionamento. Ao acompanhar seu pessoal, supervisionar suas atividades e coordenar todas as ações da UAN, o nutricionista estará desenvolvendo atividades administrativas. Ao elaborar requisições aos fornecedores, fazer registros em formulários, calcular indicadores, estará no exercício de atividades operacionais. Qualquer que seja o tipo de atividade desenvolvida, o importante a ressaltar é que seu trabalho deve ser respaldado nos princípios da Ciência da Nutrição e que o Nutricionista atue verdadeiramente como um agente de saúde. Seu comportamento e sua atuação constituirão os parâmetros de sua credibilidade profissional (TEIXEIRA et al, 2004). 3.2. A GESTÃO DE PESSOAS

A

busca constante por processo de gestão de pessoas faz parte da organização que visa cada vez mais à satisfação de seus funcionários para que, motivados, executem suas tarefas com eficiência e eficácia (PESTANA et al, 2003). Segundo Fisher e Albuquerque (2001, p. 16), gerenciar pessoas ou a gestão de pessoas é a preocupação de muitas organizações para que seus objetivos sejam atingidos, de preferência com a participação de um grupo eficaz e motivado liderado por um gestor. Continuando com a fala e linha de raciocínio dos mesmos autores acredita-se que um líder possa ter como desafios estratégicos nesta atividade, atrair, capacitar e reter talentos; gerir competências, novas relações de trabalho e conhecimento; formar novo perfil do profissional demandado pelo setor; assim também como, manter motivação/clima organizacional; desenvolver uma cultura gerencial voltada para excelência; conciliar redução de custo e desempenho de qualidade e equilibrar qualidade de vida no trabalho.

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Vergara (2000, p. 97) concorda com essa descrição e elenca outras capacidades requeridas para o gestor como: compartilhar visão, missão, objetivos, metas, estruturas, tecnologias e estratégias; perscrutar, monitorar o ambiente externo; contribuir para a formação de valores e crenças dignificantes; ter habilidade na busca de clarificação de problemas; ser criativo e ter iniciativa, comprometimento, atitude sinérgica e ousadia, fazendo da informação sua ferramenta de trabalho. Além disso, estima-se que o mesmo consiga visualizar o sucesso; construir formas de autoaprendizado; conhecer seus pontos fortes e os fracos; ouvir e ser ouvido; reconhecer que todos podem contribuir; viabilizar a comunicação; pensar globalmente e agir localmente; ser ético; reconhecer o trabalho das pessoas e, se possível ter energia radiante (VERGARA, 2000). Pestana et al (2003) afirmam ainda que para poder falar em trabalho de equipe, é preciso entender o significado dessa palavra. Segundo o dicionário Houaiss (2001), equipe é um "conjunto de pessoas que se dedicam à realização de um mesmo trabalho". Esse grupo de pessoas deve saber qual a missão e objetivos da organização na qual ele está inserido. O trabalho em equipe é mais do que uma ferramenta de trabalho. É um recurso primordial para a produtividade, e, para tal, é necessário que a equipe desenvolva atividades para uma determinada missão, projeto ou qualquer desafio dentro da organização. Para obter sucesso na formação de equipes, é necessário haver a ideologia como fator de coesão e atração entre os indivíduos, pois, assim, os grupos se motivam para atingir os mesmos ideais, embora se saiba que é difícil conciliar visões e estilos em torno de um ideal comum nos ambientes de trabalho (PESTANA et al, 2003). Partilhando da mesma opinião, Vergara (2000) cita que a primeira vantagem de se trabalhar em equipe é a agilidade na captação da informação e em seu uso. Outra vantagem é que as equipes têm tendência maior a assumir riscos, porque a responsabilidade pelos resultados fica compartilhada. Por último, quando o poder é compartilhado, normalmente as pessoas sentem-se responsáveis pelo resultado e incorporam o processo, sentindo-se motivadas. O autor ainda menciona que há diferenças entre os membros da equipe em relação aos valores e crenças das pessoas, suas visões do mundo e as motivações que conduzem a seus comportamentos. Para completar, estes itens de diferença acrescentam funções psíquicas, tipos de inteligência, critérios para avaliações, caráter e comportamento. No que se refere à gestão de pessoas fica clara a necessidade de acompanhamento das demais mudanças que vêm ocorrendo na organização, de forma a dar suporte e consistência aos processos de transformação existentes na empresa, e dar condições para a concretização de uma gestão de pessoas descentralizada, integrada e compartilhada (DUTRA; HIPÓLITO; SILVA, 2000). A excelência empresarial está intimamente ligada à excelência gerencial. Para o sucesso empresarial, as principais determinantes estão vinculadas à visão, dedicação e integridade do gerente, e as principais habilidades e ferramentas gerenciais se resumem basicamente em liderança (PESTANA et al, 2003). Dutra, Hipólito e Silva (2000) afirmam ainda que o sistema de gestão por competências tem como principais objetivos: produzir um sentimento de justiça e coerência na gestão das pessoas, homogeneizando os critérios utilizados por cada gestor; oferecer instrumentos que facilitem a orientação dos subordinados quanto às

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possibilidades de desenvolvimento na organização, incentivando a busca contínua por capacitação por parte dos colaboradores e a sua aplicação no contexto organizacional. Agrega-se a esse pensamento ainda que o sistema tem que estabelecer critérios para as diferenciações salariais, em alinhamento com os níveis remuneratórios praticados pelo mercado e finalmente, possibilitar uma integração das diversas práticas de recursos humanos da organização, de forma que aponte para uma mesma direção e se apresente como flexível, assimilando rapidamente mudanças organizacionais e ambientais. Segundo Dutra et al (2000), para obter esses resultados enfatiza-se a importância de se trabalhar com um sistema simples, claro e de fácil compreensão para gestores e colaboradores. As experiências apontam para a necessidade de transparência no processo e de se trabalhar com parâmetros objetivos, que ofereçam resultados positivos e concretos para a organização e para as pessoas. Deveria, também, romper com algumas práticas culturais existentes, como por exemplo, a dificuldade de demissão, embora grande parte dos colaboradores não gozem de estabilidade. Outro aspecto que deve ser considerado crítico para o sucesso do sistema consiste no acompanhamento do processo de desregulamentação do setor e das possíveis consequências para a organização que, ao mesmo tempo em que gera um sentimento coletivo em torno da necessidade de mudança, acaba provocando ansiedade (DUTRA; HIPÓLITO; SILVA, 2000). Dessa forma, percebe-se que a cultura organizacional influencia profundamente a maneira como as ações, atitudes e posturas dos atores sociais vão ser interpretadas e valorizadas no contexto organizacional (VASCONCELOS; MASCARENHAS; PROTIL, 2004). 4. DISCUSSÃO 4.1. A UNIDADE DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO E A GESTÃO DE PESSOAS

T

odo esse processo que envolve recursos humanos é de extrema importância para a UAN e, está diretamente relacionado à qualidade do serviço prestado (ABREU; SPINELLI; ZANARDI, 2003). Um bom líder é o que ajuda os demais a encontrar uma definição de sucesso que seja comum a todos; as melhores equipes nascem da união respeitosa entre um líder capaz e uma equipe brilhante (BENNIS, 2005). Na prática a administração do tempo e a organização são fundamentais nas unidades de alimentação, assim como a contratação de pessoas rápidas, cogentes, com atenção voltada aos detalhes. Em se tratando do setor de Gestão de Pessoas e seus componentes não se pode deixar de mencionar algumas ferramentas que promovem um melhor resultado quando se discorre em relação às UAN. Reforçando as ideias descritas, Cavalli e Salay (2007), enfatizam que as principais ações necessárias seriam aprimorar o processo de recrutamento e seleção e avaliação de desempenho e propiciar qualificação aos funcionários na área de segurança alimentar. A avaliação de desempenho é considerada primordial para verificar problemas, como o absenteísmo no trabalho. Muitas vezes, o próprio funcionário não tem clareza dos dias que deixou de comparecer ao serviço e também dos problemas que causa, como por exemplo, colocar em risco a garantia da qualidade e a segurança alimentar (CAVALLI; SALAY, 2007).

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Para o setor destacam-se a dificuldade de contratação para os cargos, a falta de experiência na área, de responsabilidade na realização de tarefas, de profissionalização e capacitação, o compartilhamento de espaços, produtos, equipamentos de formas distintas, a dificuldade para lidar com conflitos préestabelecidos bem como a própria empatia, e ainda a rotatividade alta da categoria, e também por isso solicitações de salários cada vez mais elevados. Cavalli et al (2007), colocam ainda que os serviços de alimentação atualizaram-se na adoção de tecnologias incorporadas aos equipamentos e instalações, porém, fica uma enorme lacuna de investimentos na área de recursos humanos. Outro fator que compromete o processo produtivo relaciona-se ao sistema gerencial de determinadas organizações que engessam a participação dos funcionários e prende-se à forma de administrar baseada em metodologias punitivas e não educativas, impedindo o desenvolvimento da criatividade, organização, responsabilidade e compromisso que podem, muitas vezes, transformar o funcionário em coparticipante de todos os resultados obtidos. Os próprios cursos de capacitação funcionam como incentivo à educação formal já que nessa área observa-se sério comprometimento no que diz respeito ao nível de escolaridade dos trabalhadores. A qualificação decorrente dos cursos profissionalizantes, os treinamentos realizados e a experiência positiva na área de atuação são fatores que contribuem para a garantia da segurança alimentar nas UAN. Ações como essa ecoam como melhoria na qualificação profissional dos recursos humanos atuantes no setor de produção das refeições, otimizando as contratações e inclusive contribuindo para redução do percentual de turnover. Nada faz sentido se ao se tratar de gestão de pessoas não se colocar primeiramente a figura do gestor da Unidade de Alimentação e Nutrição. A estrutura da UAN deverá estar nas mãos de um gerente eficaz, de perfil realizador, com liderança e capaz de responder às imposições de um mercado competitivo. Um bom líder obtém resultados através de pessoas, motivando-as, gerando confiança e satisfação no trabalho e não perdendo de vista a busca da qualidade. A preocupação com a qualidade garante o crescimento e a profissionalização do setor. Veiros (2002) contribuindo para formação do conceito afirma que o responsável pelo gerenciamento em uma UAN é o nutricionista, profissional com formação especializada para desempenhar as atividades desse setor, entre outros, que incluam a alimentação e a saúde das pessoas. Como atribuição básica do nutricionista em uma UAN, destaca-se a harmonização de trabalhadores, materiais e recursos financeiros no planejamento e na produção de refeições com satisfatório padrão de qualidade, tanto nos aspectos sensoriais como nos nutricionais, microbiológicos e financeiros. O trabalho desse profissional é intercalado pela emoção e capacidade de promover a saúde das pessoas que atende com seu trabalho, consequentemente, sua refeição (VEIROS, 2002). Como se pode intuir, o gerenciamento das UAN apresenta algumas dificuldades, pois possuem estrutura organizacional simples, linear, caracterizada por unidade de comando, representada por um nutricionista responsável técnico e um número pequeno de níveis hierárquicos; há, no entanto, complexidade em seu funcionamento, dependente de fatores como o porte (quantidade e tipo de refeições produzidas) e a

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forma de inserção no mercado (tipo de gerenciamento, próprio ou terceirizado e tipo de contrato, quando administrado por terceiros) (COLARES; FREITAS, 2007). Considerando todos os temas apresentados bem como cada análise minuciosa, confrontada tantas vezes no que expõem a literatura e no que manda a realidade é possível afirmar que fazer gestão de recursos humanos em UAN não é das tarefas a mais fácil. Porém, dentre tantas outras competências do nutricionista, como a Assistência Nutricional, a Nutrição Social, a Nutrição no esporte, no Marketing, entre outras roupagens hoje assumidas pela profissão, talvez não haja uma área que possibilite tanto crescimento pessoal. 5. CONCLUSÃO

A

primeira abordagem a ser concluída é o que rege todo intuito mais profundo e real sugerido nesta pesquisa: A gestão de pessoas em Unidades de Alimentação e Nutrição é o grande desafio no desenvolvimento desse trabalho?

Com os achados a partir da pesquisa foi possível responder ao questionamento proposto e principalmente discutir os fatores integrados fazendo uma análise densa da interferência dos mesmos na Gestão de Pessoas que trabalham em Unidades de Alimentação e Nutrição. Os autores referidos expuseram temáticas que juntas formaram a resposta ao tema indicado. No ano de 2011 foram localizados 04 artigos que referiam principalmente ao tema nutrição, demonstrando que o ‘re’conhecimento da área partiu de estudo prévio antecessor ao que se refere à Gestão de Pessoas. Isso possivelmente devido à maior afinidade com o primeiro assunto. Já no ano seguinte, 2012, no mês de janeiro, foram encontrados 11 artigos, sendo o ano mais produtivo sobre a temática. Obviamente que uma única pesquisa que reúne alguns pontos de vista sobre o assunto exposto não é suficiente para pontuar finalmente um tema tão amplo e subjetivo, porém fica evidente que, de fato, um dos fatores que causam maior impacto no processo UAN é a Gestão de Pessoas. Não há combinação diretamente proporcional de que o exercício da gestão de UAN poderia ao mesmo tempo ser fácil, prazeroso e formador. Considerando o ponto de vista do nutricionista atuante é necessário o desenvolvimento de uma série de predicados inerentes à figura humana e que vão transpor a “receita de bolo” prevista em qualquer formação. Não existe uma fórmula, nem formação para gerenciar pessoas, daí o ensejo para a pesquisa além da necessidade de compartilhar, ainda que pouco, as experiências que podem auxiliar a compor o perfil de um gestor que não possui rótulo. Do ponto de vista do operador/funcionário é compreensível, diante das tantas dificuldades encontradas, como ambientais, salariais, comportamentais, e mesmo de coexistência nessa atmosfera, a resposta insatisfatória em presença do serviço proposto. Sendo assim, compete a esse gestor, ainda que também humano e possivelmente insatisfeito, buscar as condições adequadas, quando possíveis para garantir a melhoria contínua dos processos e resultados.

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A essa capacidade, tantas vezes, tratada de altruísmo ou considerada empatia tem-se uma nova versão para o gestor que muitas vezes se prende somente ao conteúdo aprendido durante a sua graduação. A capacitação dos profissionais da UAN, seja o nutricionista ou auxiliares de cozinha, como estratégia isolada, não causará impacto no que tange à questão proposta. Qualquer formação não pode perder de vista a necessidade de integração dos conhecimentos básicos sobre alimentos, alimentação, nutrição e seres humanos, seja nos aspectos biológicos, psicológicos, socioeconômicos, antropológicos ou individuais. Entre muitos fatores assistidos e discutidos, um dos mais importantes e que depende diretamente do papel do gestor, é lidar com os conflitos agregados a tantas particularidades. A resolutividade de tudo isso indica a dependência de uma formação gerencial ao nutricionista, que funcione como facilitadora para execução do trabalho. Entre tantos conhecimentos necessários tem destaque aqueles que vão desde a Gestão Organizacional e Administrativa, passando pela Gestão Financeira e Contábil, Gestão de Custos e contas hospitalares, Gestão de Marketing, de serviços técnicos, Gestão de Qualidade e finalmente de pessoas, além de tantos outros. Será muito mais desgastante e complexo para o profissional nutricionista e toda sua equipe estruturar um serviço como uma Unidade de Alimentação e Nutrição sem os conceitos e aprendizados inerentes a esses conteúdos. Enfim, pode-se afirmar que apesar de todos os desafios propostos na gestão de pessoas, não é impossível adquirir sucesso e bem-estar exercendo essa função, ainda que o mais difícil seja administrar os recursos humanos, desenvolvendo capacidades que agreguem muito mais valor que apenas o aprendizado técnico. Em tempo, conclui-se que o nutricionista de produção tem papel fundamental na condução da equipe de trabalho. Apesar das grandes dificuldades observadas nesse sentido, devido às próprias condições desse trabalho, é possível perceber que a busca contínua de conhecimento que embase a técnica de gestão é a ferramenta mais eficaz na busca pelo aprimoramento que traz a equipe à homogeneidade necessária.

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AGRADECIMENTOS Meus sinceros agradecimentos à Fundação Cristiano Varella – Hospital do Câncer de Muriaé, que proporcionou este aprendizado e proporciona tantos outros mais a cada dia.

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Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan

Gestão de pessoas em unidades de alimentação e nutrição: o grande desafio? Bethânia Estevam Moreira Cabral Nutricionista, aluna do Curso de Especialização em Administração Hospitalar do Centro Universitário São Camilo – ES Muriaé, ES E-mail: bethania_cabral@hotmail.com Cláudia Roberta Santos Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professor Orientador do Centro Universitário São Camilo – ES Muriaé, ES E-mail: cauberta@hotmail.com

CABRAL, B.E.M.; SANTOS, C.R. Gestão de pessoas em unidades de alimentação e nutrição: o grande desafio? Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 21-32, jun.-jul., 2013.

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Avaliação de impacto ambiental através da matriz de interação: o caso do manguezal da comunidade manguinhos (Cabedelo-PB) Angelita Carla Pereira Alves Especialista em Ciências Ambientais João Pessoa, PB E-mail: carlaalvesjp@yahoo.com.br Eduardo Pazera Junior Doutor em Geografia João Pessoa, PB E-mail: pazera@terra.com.br

ALVES, A.C.P.; PAZERA JUNIOR, E. Avaliação de impacto ambiental através da matriz de interação: o caso do manguezal da comunidade manguinhos (Cabedelo-PB). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 33-41, jun.-jul., 2013.

RESUMO Este trabalho é um relatório de avaliação de impactos ambientais nos manguezais da comunidade Manguinhos em Cabedelo na Paraíba. A pesquisa teve como objetivo avaliar os principais tipos de impactos responsáveis pela degradação e expor os efeitos danosos ao ambiente. Para o desenvolvimento dos estudos foram realizadas revisões bibliográficas, levantamento de informações sobre área de estudo e, sobretudo aplicação, na pesquisa de campo, do Método das Matrizes de Interação de Leopold, que permite abordar as alterações que causam

desequilíbrio ambiental, com maior compreensão da dimensão dos impactos ambientais e seus efeitos negativos. Em relação aos resultados da pesquisa podemos concluir que este manguezal é um ecossistema que apresenta um avançado processo de degradação conseqüência da superexploração humana com uma variedade de impactos ambientais decorrentes do uso impróprio do solo. Temos a perspectiva de contribuir para preservação dos manguezais através da avaliação dos impactos ambientais relatado na pesquisa.

Palavras-chaves: Manguezal; avaliação de impacto ambiental; preservação

1. INTRODUÇÃO

P

ara falar de Impacto ambiental se faz necessário defini-lo ou conceituá-lo. Segundo Guerra A.T. & Guerra A.J.T. (2001) esta expressão compreende uma série de modificações causadas ao meio ambiente, interferindo na estabilidade dos ecossistemas que podem ser negativos e positivos. De acordo com Branco (1988) impacto ambiental pode ser entendido como uma espécie de “trauma ecológico”, efeito

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de um fenômeno da natureza ou ação socioeconômica provocando desarmonia no meio ambiente. Desde que o homem surgiu na Terra vem se organizando em sociedade e modificando a natureza. No princípio os problemas ambientais eram irrelevantes, pois se limitavam apenas na interferência da natureza em busca de alimentos, esta dependência obrigou os seres humanos ao nomadismo por milhares de anos. O primeiro tipo de impacto ambiental provocado pelas sociedades humanas, provavelmente, relacionou-se ao seu próprio desenvolvimento como a descoberta e domínio do fogo. A evolução do hominídeo possibilitou ao homem neolítico a utilização de novas técnicas, ampliando seu domínio sobre o meio ambiente, o que provocou aumento dos impactos antrópicos, esse período foi caracterizado como o início da domesticação de animais e plantas, permitindo o desenvolvimento da agricultura (Branco, op.cit.). A partir do século XVIII, com o advento da Revolução Industrial, os impactos ambientais aumentavam em intensidade e extensão devido à disfunção da tecnologia industrial e o elevado crescimento demográfico, o que gerou uma urbanização desordenada com falta de infraestrutura dando origem aos bairros operários. 2. AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL

O

Brasil não visa o desenvolvimento socioeconômica sustentável, resultando na exploração dos recursos naturais (Branco, op.cit.). Cubatão-SP é exemplo de exploração industrial e recuperação ambiental parcial, inserida numa área de estuário com grandes extensões de manguezais e áreas adjacentes dominadas pela Serra do Mar, ou seja, inadequada para instalação do primeiro e mais importante complexo industrial1 brasileiro. Os manguezais foram desmatados e aterrados, os esgotos e vazamentos das indústrias contaminaram os rios; surgiram vários formas de poluição, os troncos das árvores apodreceram em consequência da poluição. Sem a cobertura vegetal o escorregamento da encosta da Serra do Mar ameaçava soterrar as fábricas. Os resultados dos impactos surgiram nos anos setenta, o “paredão da Serra do Mar” impedia a dispersão dos gases e poeiras emitidas pelas indústrias no inverno e as inversões térmicas provocaram problemas pulmonares e intoxicação em centenas de pessoas, e também ocorreu malformação genética em crianças, devido à exposição ao benzeno e organoclorados. A falta de planejamento ambiental tornou Cubatão o “vale da morte”. Através da mobilização social foi criada a “Associação das Vítimas da Poluição e das Más condições de vida de Cubatão” que lançou um programa de controle da poluição ambiental, com o objetivo de reduzir a emissão de poluentes. Financiadas pelo Banco Mundial as indústrias instalaram filtros catalisadores redutores e realizaram treinamento dos seus operários. A partir destas medidas Cubatão reescreveu sua história (Mello, 2004). Os manguezais de Cubatão sofreram diferentes impactos ambientais por quatro 1

As principais indústrias instaladas são: refinarias de petróleo, rodeada de diversas indústrias petroquímicas; indústria química que utilizam o petróleo, ou subprodutos de refinamento, como material para matéria-prima para fabricar plásticos, tintas, e uma infinidade de itens sintéticos; uma enorme siderúrgica que produz aço em larga escala; fabricação de cimento, fertilizante; indústria de celulose e papel; entre outras (Branco, 1988, p.39-40).

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décadas, mas atualmente o complexo industrial é um importante sítio para aves aquáticas migratórias do litoral sudeste de São Paulo. A economia sempre prevalece sobre o meio ambiente e esta realidade vem nos trazendo vários problemas ambientais, que podem ser evitados com medidas sustentáveis (Mello, op.cit.). A humanidade depende dos recursos naturais para sobreviver, mas há necessidade de manter o equilíbrio ambiental. Os manguezais são constantemente atingidos por agentes poluidores, o que pode acarretar mudanças nos ambientes terrestres. Na Tab.1 podemos observar as principais alterações que ocorrem no mundo: Tabela 1 – Os Tipos de Impactos Ambientais em Áreas Costeiras Fenômenos naturais Atividades humanas Frentes atmosféricas Extrativismo vegetal e Furacões e ventos fortes animal Inundações Agricultura e Pecuária Fluxo das águas Mineração Tempestades Atividade portuária Erupções vulcânicas Indústria Marés extremas Especulação Imobiliária Linhas elétricas Rodovias e Ferrovias Oleodutos e Gasodutos Aterros sanitários Áreas de despejo e empréstimo Salinas e Barragem Usinas atômicas e Guerras Fonte: (CINTRÓN; SHAEFFER-NOVELLI, 1983)

No Brasil, a política nacional do meio ambiente tem por meta a preservação e recuperação da qualidade do meio ambiente associando-se aos aspectos socioeconômicos. A avaliação de impacto é um mecanismo de política ambiental constituída por um conjunto de procedimentos capazes de assegurar um exame sistemático dos impactos. Para elaboração de estudos de impactos ambientais são necessárias informações cartográficas atuais em escalas adequadas; informações de qualidade completa e atualizadas dos aspectos físicos, biológicos e socioeconômicos; trabalhos de campo (inventários fotográficos, mapeamento, coletas de materiais, aplicação de questionários e entrevistas), que são essenciais para complementação do trabalho (Guerra & Cunha, 1999). A Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo sugere o seguinte roteiro (Diodato, 2005): I - Meio Físico       

Caracterização do clima e condições meteorológicas da área Caracterização da qualidade do ar na região Caracterização dos níveis de ruído na região Caracterização dos aspectos geológicos da região Caracterização dos aspectos geomorfológicos da região Caracterização dos tipos de solo da região Caracterização dos recursos hídricos da região

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II - Meio Biológico   

Caracterização dos ecossistemas terrestres na região Caracterização e análise dos ecossistemas aquáticos da área Caracterização e análise dos ecossistemas de transição da área

III - Meio Antrópico     

Caracterização da dinâmica populacional da área Caracterização do uso e ocupação do solo, com informações em mapa. Quadro referencial do nível de vida da área Dados sobre a estrutura produtiva e de serviços Caracterização da organização social da área

Nos estudos de Impactos Ambientais não existe um procedimento e metodologia completa ou ideal para atender os diferentes tipos de estudos. A escolha da metodologia deve se relacionar aos princípios a serem adotados e adaptados à realidade de cada estudo. Segundo Guerra & Cunha (1999) os procedimentos e metodologias utilizados para avaliação de impacto ambiental são: a) O Método AD HOC; b) O Método das listagens de controle (Check List); d) O Método de superposição; e) O Método das redes de interação (Networks); f) Método dos modelos de simulação. O Método da Matriz de Impactos Ambientais é um dos mais difundidos nacional e internacionalmente. A matriz é formada por duas listas com informações relacionadas, correspondendo às ações que podem causar impactos ambientais e seus respectivos efeitos, bem como, suas magnitudes e intensidades determinadas por dados matemáticos. Este método foi selecionado por possuir critérios que permitem um trabalho minucioso dos impactos ambientais, pois ao cruzar as informações pode-se realizar uma análise criteriosa com identificação, classificação além da valorização dos impactos que realmente são significativos. 3. DESCRIÇÃO DA ELABORAÇÃO DA MATRIZ DE IMPACTOS AMBIENTAIS.

U

ma matriz compreende um conjunto de informações cruzadas que corresponde a ações que podem causar impactos ambientais. Aí descreve-se sua magnitude e intensidade, sendo necessária uma matriz para representar cada alternativa a ser avaliada. Isto permite uma visão mais integrada dos fatores que afetam um determinado ecossistema. No processo de classificação considerou-se a seguinte representação: 1. Tipo de Impacto - Discriminação consequente dos seus efeitos, podendo ser direto ou indireto. 2. Categoria do Impacto - Considerando-se o impacto adversativo representado na matriz pela cor azul e os benéficos pela cor verde. 3. Área de Abrangência - O impacto foi classificado conforme sua área de abrangência local, sendo identificado sua área de influência direta e indireta. 4. Duração - É o tempo em que o impacto atua na área em que se manifesta,

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variando de temporária a permanente. 5. Reversibilidade - Quando é possível reverter a tendência, levando-se em conta a aplicação de medidas para reparação do mesmo, ou a suspensão da atividade geradora. 6. Magnitude e Intensidade - Levando-se em conta a força com que o impacto se manifesta. Considerou-se, uma escala de 1 a 10, representada pela seguinte valoração: 

1 a 3 = intensidade fraca;

4 a 7 = intensidade média;

8 a 10 = intensidade forte. Foram utilizados os símbolos: Forte

Médio

Fraco

Não observado

4. RELATÓRIO DEMONSTRATIVO DO TRABALHO DE CAMPO

P

rimeiramente é feito o reconhecimento da área de estudo seguido de observações, onde foram identificados e classificados os impactos ambientais atuantes na área. Na avaliação dos impactos ambientais com base nas Matrizes de Interação deve-se escolher uma área-chave, com maior concentração de atributos observáveis, tais como: área de maior extensão, diversidade de impactos, estágio de degradação acelerado, problemas enfrentados pela comunidade ribeirinha, etc. Deve-se utilizar um aparelho de GPS portátil, para se estabelecer com precisão geográfica os pontos de observações. Utilizaremos, como exemplo, a Matriz aplicada na comunidade Manguinhos ( em Cabedelo-PB), onde se verificou na listagem quinze impactos potenciais, dentre os quais foram detectados sete impactos ambientais, que provocam onze efeitos adversos visualmente perceptíveis (Tab.2).

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Em relação às magnitudes registradas das inter-relações, entre os impactos e os efeitos, observa-se que a magnitude forte obteve o maior percentual de acordo com a Fig. 1 abaixo. Vale ressaltar, que apenas analisamos os efeitos atuantes na área e que os dados foram adquiridos através de regra de três simples, considerando um total de 51 pontos de inter-relação distribuídos em: 30 fortes, 15 médios e 6 fracos.

Figura 1 – Magnitude das inter-relações dos Impactos ambientais mais significativos.

De acordo com a Matriz não foram encontrados impactos como: carcinocultura, agricultura, rodovias, ferrovias e queimadas. Dentre os impactos avaliados, quatro se destacam por serem extremamente atuantes, com duração permanente, além de deterem um maior número de efeitos negativos: 1. Desmatamento - atividade muito frequente na área que acarreta vários efeitos negativos como:       

Revolvimento de sedimento; Morte de organismos; Erosão; Diminuição da biodiversidade; Geração de conflitos sociais; Proliferação de pragas e doenças; Diminuição dos recursos pesqueiros. 2. Detritos – são lançados resíduos orgânicos acima da capacidade de absorção local, juntamente com outros materiais de longa decomposição como: chiclete que leva 5 anos para se decompor; filtro de cigarro (entre 1 a 2 anos); metal e plástico (leva mais de 100 anos); tecido que demora 6 meses a 1 ano; papel de 3 ou mais anos; madeira, mais de 13 anos; borracha e vidro - tempo indeterminado. 3. Esgoto - a questão sanitária é precária na área. Os sistemas de lençóis freáticos são superficiais, o que torna impróprio o uso de fossas sépticas devido à contaminação. 4. Moradias ilegais - Manguinhos não é propriamente uma comunidade formada por pescadores, mas de migrantes que vieram, principalmente, dos municípios adjacentes provenientes do êxodo rural. A invasão da área de manguezal está

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relacionada com problemas sociais como a falta de moradia. O manguezal foi escolhido pela disponibilidade de alimento proteico e localização geográfica próxima ao centro da cidade. Os impactos provocam efeitos simultâneos. Vale ressaltar que os impactos são reversíveis em sua maioria, ou seja, através de medidas de preservação, os efeitos podem se tornar menos degradantes, o que pode colaborar também para melhorar a qualidade de vida da população. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O

s manguezais da comunidade Manguinhos ( em Cabedelo-PB) apresentam uma diversidade de impactos ambientais, relacionados com o avanço da urbanização desordenada, seja em decorrência da falta de informação das comunidades circunvizinhas, seja pela negligência de parte da população, bem como, também pela omissão das autoridades quanto ao uso, ocupação e conservação deste ambiente costeiro. Os processos de urbanização, juntamente com a industrialização, se desenvolvem sem seguir uma tendência organizada, abrangendo áreas inapropriadas como os manguezais. A presença constante de detritos variados, emissão direta de rejeitos sanitários e desmatamentos em vários trechos dos manguezais ocasionam a diminuição expressiva de espaços físicos e espécies da fauna e flora. O desrespeito ao meio ambiente, a carência de fiscalização e monitoramento dos órgãos públicos e os desenvolvimentos urbanos sem metas sustentáveis representam grandes ameaças à sobrevivência dos mangues. Nos últimos anos o Governo Federal, através do IBAMA, vem gastando enormes quantias na fiscalização de desmatamento. No entanto, tal verba, cerca de R$ 30 milhões, destina-se na sua maioria a ecossistemas do norte do país, o que acaba por “abandonar” a fiscalização de florestas litorâneas do nordeste. É preciso que sejam repassados ao IBAMA da Paraíba, recursos suficientes para uma melhor fiscalização das suas áreas costeiras. A adoção de medidas simples e eficientes permitiria um desenvolvimento menos degradante resolvendo boa parte dos problemas de degradação dos manguezais da comunidade Manguinhos ( em Cabedelo-PB)de Cabedelo, tais como:         

Mutirões permanentes de limpeza organizados pelos próprios moradores; Não capturar os caranguejos na época de reprodução; Coleta diária de lixo na orla costeira pela prefeitura; Implantação de saneamento básico pelo governo; Não alterar o curso hidrológico e topográfico permitindo o fluxo da maré; Utilização dos produtos extraídos dos manguezais de forma que não seja prejudicial ao ecossistema; Discussões permanentes sobre educação ambiental em escolas e associações comunitárias; Replantio das áreas desmatadas com mudas típicas; O engajamento e vontade política do Município e Governo do Estado para preservar o manguezal como área de proteção permanente.

É preciso frear e punir empresas e especuladores imobiliários que não respeitam as áreas demarcadas, vetando qualquer acordo que possibilite a exploração em áreas de manguezal. É necessário que tenhamos consciência que nos restou bem pouco deste ecossistema, e que a poluição destas áreas não destrói apenas o ambiente. Sua degradação repercute em prejuízos econômicos à sociedade que passa a pagar por

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serviços que antes não eram necessários. Quando conservamos os manguezais contribuímos para a preservação da biodiversidade existente neste meio natural, bem como, estamos contribuindo para melhorar as condições de vida das comunidades que dependem desse ecossistema.

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Avaliação de impacto ambiental através da matriz de interação: o caso do manguezal da comunidade manguinhos (Cabedelo-PB) Angelita Carla Pereira Alves Especialista em Ciências Ambientais João Pessoa, PB E-mail: carlaalvesjp@yahoo.com.br Eduardo Pazera Junior Doutor em Geografia João Pessoa, PB E-mail: pazera@terra.com.br

ALVES, A.C.P.; PAZERA JUNIOR, E. Avaliação de impacto ambiental através da matriz de interação: o caso do manguezal da comunidade manguinhos (Cabedelo-PB). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 33-41, jun.-jul., 2013.

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Relação equilíbrio e dor no paciente com fibromialgia Carlos Eduardo de Jesus Fisioterapeuta pela Universidade Nove de Julho São Paulo, SP E-mail: fisio_eduardo@yahoo.com.br Rafaela Sanches de Oliveira Fisioterapeuta. Mestranda em Ciências da Saúde pela FMUSP, Especialista em Gerontologia pela UNIFESP, Docente das Disciplinas de Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica e Fisioterapia Reumatológica do Curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho São Paulo, SP E-mail: rafaela_sanches@yahoo.com.br

JESUS, C.E.; OLIVEIRA, R.S. Relação equilíbrio e dor no paciente com fibromialgia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 42-48, jun.-jul., 2013.

RESUMO A fibromialgia é uma síndrome dolorosa crônica associada a pontos dolorosos denominados tender points. São sintomas acompanhantes: fadiga, distúrbio do sono, cefaléia crônica, fraquezas musculares, diminuição da resistência muscular, parestesias, tremor em extremidades e tonturas. Sintomas estes que podem comprometer significativamente o equilíbrio do individuo e neste caso ocasionar quedas entre outras manifestações. Devido ao conjunto de manifestações clínicas frequentes nos pacientes fibromiálgicos, este estudo teve por objetivo verificar a relação entre o equilíbrio e a intensidade da dor do paciente com fibromialgia, realizando uma revisão de literatura de artigos cientifico publicados no período de 2000 a 2012. Os bancos de dados consultados foram Bireme, Lilacs e Scielo. Para buscar os artigos utilizamos os seguintes descritores em saúde: fibromialgia, dor, equilíbrio postural, avaliação e acidente por queda; em língua

inglesa e portuguesa. Dos 84 artigos encontrados foram eliminados 44, devido a pouca relação com o tema. Diretamente relacionado ao tema proposto foram encontrados poucos estudos então optamos por analisar os resultados provenientes de artigos que avaliam a sintomatologia do paciente, mesmo que não fosse objetivo a correlação entre dor e equilíbrio. Observamos que os sintomas dolorosos causam impacto negativo no equilíbrio funcional dos fibromiálgicos, isto porque quanto mais intensa a dor maior o sedentarismo, a imobilidade, o descondicionamento cardiovascular, a fraqueza muscular e até mesmo a intensidade dos sintomas depressivos. Concluímos, através dos estudos pesquisados que existe uma relação negativa entre intensidade da dor e equilíbrio nos pacientes portadores de fibromialgia, visto que quanto maior a intensidade da dor apresentada menor o equilíbrio funcional.

Palavras-chave: Fibromialgia; equilíbrio postural; dor, marcha; acidente por quedas

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1. INTRODUÇÃO

A

Fibromialgia é uma síndrome reumática caracterizada por dor musculoesquelética crônica não inflamatória e difusa, associada a dores na palpação de locais específicos denominados tender points possui distribuição universal, não havendo diferenças significantes em populações de diferentes etnias ou condições socioeconômica. Embora acometa todas as faixas etárias, o pico de incidência ocorre entre os 35 e 60 anos de idade, com incidência para o sexo feminino (6 a 10 mulheres para cada 1 homem), tendo um diagnóstico extremamente clínico não havendo alterações laboratoriais específicas (ESPIRITO SANTO, 2009). O quadro clínico é bastante diversificado cursando com distúrbios do sono (sono não reparador), zumbido, fadiga, cefaleia crônica, distúrbios psíquicos, rigidez matinal, perfil psicológico associado ao perfeccionismo, à autocrítica severa. Os sintomas podem ser tão intensos que levam a interferência na qualidade de vida do paciente, influenciando os lados profissional, social e pessoal (HAUN, FERRAZ E POLLAK, 1999). Além dos sintomas já citados, são encontrados nesses pacientes: fraquezas musculares, diminuição da resistência muscular, parestesias e tremor em extremidades, tonturas, sintomas que comprometem significativamente o equilíbrio do individuo podendo ocasionar quedas. A manutenção do equilíbrio, também denominado como controle postural, é definida durante situações estáticas e dinâmicas, ou seja, o corpo deve ser capaz de se manter estável tanto em repouso quanto em movimento (HAUN, FERRAZ E POLLAK, 1999; MIYAMOTO et al, 2004). Para manter o equilíbrio é necessário que ocorra uma perfeita integração dos sistemas denominados intrínsecos (sistema nervoso central, sistema sensorial, sistema hemodinâmico e sistema osteoarticular), e extrínsecos (ambiente adaptado), quando não há uma harmonia desses sistemas, o paciente pode vir a sofrer quedas, podendo trazer conseqüências graves como: fraturas, traumas, dor e incapacidade, além disso, convivem diariamente com o medo de cair limitando progressivamente suas atividades de vida diárias (SOUZA et al, 2008). Diante da vasta sintomatologia associada à fibromialgia, principalmente alterando a funcionalidade do sistema muscular esquelético, ocasionando a dor e outros prejuízo funcionais, surgiu a pergunta deste estudo: verificar a relação existente entre a intensidade da dor e o equilíbrio nos pacientes portadores de fibromialgia. 2. METODOLOGIA

T

rata-se de uma revisão de bibliográfica, realizada no período de agosto de 2011 a março de 2012. Para a seleção dos artigos foram utilizados os descritores em saúde: Fibromialgia, Equilíbrio Postural, Dor, Marcha, Acidente por Quedas; em língua portuguesa e Inglesa para artigos publicados no período entre 1999 e 2012. As bases de dados pesquisadas foram BIREME, LILACS e SCIELO, também foram observadas referências bibliográficas dos próprios artigos em busca de outros trabalhos relevantes para a compreensão do tema. Um total de 84 artigos foram identificados e 44 excluídos, uma vez que não mencionavam a fibromialgia. De todas as referências listadas, foram selecionadas somente as publicadas em periódicos de língua portuguesa, inglesa e espanhola, totalizando 40 referências bibliográficas e destas 28 foram utilizadas na redação desta revisão.

43


3. REVISÃO DE LITERATURA

E

studos recentes têm referido que pacientes com Fibromialgia apresentam alterações no equilíbrio (JONES et al, 2009; RUSSEK, FULK, 2009). O grande número de comorbidades que a Fibromialgia causa e o estilo de vida sedentário leva ao declínio das habilidades físicas, debilidade funcional e aumento dos riscos para incapacidades (MANNERKORPI, SVANTESSON, BROBERG, 2006; BENNETT et al, 2007). O conjunto dos sintomas como fadiga, rigidez, dor, problemas com o sono, ansiedade e depressão parecem ter mais responsabilidade pela falta de equilíbrio do que somente a dor. Além disso, fraqueza muscular, flexibilidade reduzida podem contribuir também para uma alteração no controle do equilibro (JONES et al, 2008). Sugere-se que a fibromialgia não se limita a uma desordem musculoesquelética, mas primeiramente uma alteração no sistema nervoso central, o qual pode incluir problemas com o equilíbrio e marcha. E estas disfunções no equilíbrio e marcha são importantes fatores limitantes para atividades de pacientes com Fibromialgia (KHAN, 2006). Portanto, em circunstâncias em que o músculo tem dor envolvida, o corpo ativa automaticamente um mecanismo compensatório para prevenir dores musculares (PIERRYNOWSKI, TIIDUS, GÁLEA, 2005). Em uma revisão sistemática realizada por MORELAND et al (2004), verificou-se que a fraqueza muscular é um fator de risco independente para quedas. Pacientes com fibromialgia apresentaram a função muscular alterada onde a forca muscular, resistência à fadiga e tolerância a postura estática estavam significantemente reduzidas em relação ao grupo controle no estudo de MAQUET et al (2004). O equilíbrio e a estabilidade postural são tarefas muito complexas, que consistem de vários subsistemas neurais que podem ser afetados pela Fibromialgia, problemas com o equilibro vêm sendo relatados como um dos dez maiores sintomas debilitantes com prevalência de 45% à 68% (JONES, 2009; HORAK, 2007; BENETT et al, 2007; KATZ et al ,2007). . Além do mais, no ultimo ano há uma alta incidência de relatos de quedas em pacientes com fibromialgia de 34,4%, maior do que o encontrado em pacientes em idosos, por exemplo, cujo fenômeno é bastante estudado e a incidência ficam entre 25% e 35% (RUSSEK, FULK, 2009). No estudo de Souza foi encontrada correlação positiva entre a pontuação da escala de equilíbrio de Berg e a pontuação da EVA, sugerindo que quanto maior a dor do paciente, pior seu equilíbrio funcional (PARRACA et al, 2010). Segundo SHUMWAYCOOK e WOOLLACOTT (2003), cada ponto a menos na Escala de Berg é associado a um aumento de 3 a 4 % no risco de quedas, considerando uma pontuação entre 56 e 54 pontos. Já entre 54 e 46 pontos, cada ponto a menos eleva o risco de quedas de 6 a 8 %. Isto significa que algumas fibromiálgicas têm até 60 % de aumento do risco de quedas. Estudos têm observado que pacientes com fibromialgia têm a força de extensão e flexão da articulação do joelho e extensão multi-articular da perna diminuídos em relação a pessoas saudáveis. Assim, isto suportaria a observação da diminuição da força muscular geral em pacientes com fibromialgia. Entretanto, essas pacientes podem ter construído estratégias para evitar contrações rápidas devido à dor e por este motivo realizariam testes de força com menor intensidade do que pessoas saudáveis (LAMÉ et al, 2005; VALKEINEN et al, 2008). A dor musculoesquelética crônica e difusa é uma condição associada com o risco de queda (LEVEILLE et al, 2001). Como a fibromialgia se caracteriza por dor musculoesquelética crônica e difusa e associada frequentemente a distúrbios do sono, fadiga, cefaleia crônica e distúrbios psíquicos como a depressão, estes aspectos podem contribuir para a diminuição do equilíbrio nessas pacientes (LEVEILLE et al, 2002; LAMÉ et al, 2005). Davis verificou que há correlação entre os escores nas

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escalas Activities-specific Balance confidence Scale (ABC) e Berg, demonstrando que quanto menor o escore na escala ABC, menor na escala de Berg, demonstrando que menor autoconfiança levou ao pior desempenho no teste de equilíbrio (DAVIS et al, 2008). Encontra-se correlação negativa entre a pontuação da escala de equilíbrio de Berg e a pontuação da EVA, sugerindo que quanto maior a dor do paciente, pior seu equilíbrio funcional (SOUZA et al, 2008). Segundo estudo de Kim, três novas descobertas para a queda e falta de equilibrio em Fibromialgia: 1. equilíbrio, 2. confiança subjetiva, e 3. queda com frequência. Todos foram prejudicadas em Fibromialgia, em comparação com o grupo controle. Todos os cinco subcomponentes do Bestest foram anormais, e significativamente diferentes dos controles, indicando que nenhum componente do balanço foi o responsável pela pontuação falta de equilíbrio total. Estes achados são consistentes de que Fibromialgia afeta vários subsistemas responsáveis pelo controle postural (JONES et al, 2009). Segundo SANTOS et al (2006), pacientes com fibromialgia tem pior qualidade de vida e níveis mais altos de depressão quando comparado com o grupo controle. Isto sugere que pode haver relação entre fibromialgia e depressão e que este pode ser considerado um sintoma secundário da fibromialgia. A fibromialgia constitui uma dor crônica sem causa etiopatogênica clara, observa-se uma parte de hipersensibilidade generalizada em varias regiões do corpo acompanhado de sinais evidentes de hiperexcitabilidade do sistema nervoso central. A evidência clinica e experimental que é adquirido nos últimos anos permite afirmar os funcionamentos cerebrais, que nos pacientes com fibromialgia de certa forma se encontra desorganizado. Segundo os estudos a dor desencadeia uma resposta de stress caracterizada por alterações neuroendócrinas, cognitiva, fadiga, ansiedade, depressão alterações de humor e em geral déficit do estado de saúde e da qualidade de vida. Por sua vez é bastante provável que o mal-estar generalizado (limitações e as capacidades cognitivas do individuo), facilita os pensamentos e estratégias negativas e acabe deteriorando as relações sociais (MONTOYAA et al, 2006). Bishop indica a dor como um preditor significativo da diminuição no equilíbrio e mobilidade, mas não o medo de cair (BISHOP et al, 2007). Segundo estudo comparando pacientes fibromiálgicos com controle, realizado por Watson e colaboradores, o grupo FM apresentou significativamente mais sintomas neurológicos que o grupo controle em 27 de 29 categorias, com as maiores diferenças observadas para, falta de equilíbrio (63% versus 4%), fraqueza (58% versus 2%) e formigamento (54% versus 4%) nos braços ou pernas. Falta de equilíbrio ou coordenação, formigamento ou fraqueza nos braços ou pernas e dormência em qualquer parte do corpo correlacionados com as devidas conclusões exame neurológico no grupo (WATSON et al, 2009). Hassett e colaboradores, compararam um grupo de pacientes com FM e um grupo de pacientes saudáveis e observou uma maior incidência de depressivos e equilíbrio prejudicado nos fibromiálgicos em comparação com pacientes do grupo saudável. Houve uma associação entre os problemas que afetam o equilíbrio e comorbidade psiquiátrica, com pacientes com depressão reativa tem uma perda do equilíbrio com uma chance maior respectivamente (HASSETT et al, 2008).

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4. CONCLUSÃO

A

dor repercute diretamente em um conjunto de sintomas como fadiga, rigidez, problemas com o sono, ansiedade e depressão. O paciente que tem o quadro de dor limita seus movimentos, causando a si mesmo diminuição da força muscular, resistência à fadiga e tolerância à postura estática e rigidez, diminuindo gradativamente as suas atividades como a marcha, aumentando a sua incapacidade e o risco de quedas. Esses pacientes criam estratégias, modificando o uso de sua musculatura para não sentir dor, aumentando o seu quadro de depressão, e sua insegurança nas realizações de suas atividades. Os estudos sugerem que pacientes com Fibromialgia que apresentaram um alto índice de dor têm alta prevalência de quedas, déficit no desempenho funcional, mobilidade e força muscular reduzida, características estas observadas em populações idosas, as quais fazem crescer a preocupação de como elas podem ser expostas precocemente aos efeitos adversos da idade. Observou-se, durante a revisão bibliográfica, a escassez de publicações que avaliem o equilíbrio dos pacientes portadores de fibromialgia e que relacionasse os resultados com a intensidade da dor. Sugerimos realização de ensaios clínicos e estudos transversais para verificar se existe esta relação e assim permitir a tomada de medidas preventivas e terapêuticas eficazes para melhora a qualidade de vida desta população.

REFERÊNCIAS HAUN, M.V.A.; FERRAZ, M.B.; POLLAK, D.F. Validação dos critérios do Colégio Americano de Reumatologia (1990) para classificação da fibromialgia, em uma população brasileira. Rev Bras Reumatol., São Paulo, v.39, n.4, p.221-30, 1999.

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Relação equilíbrio e dor no paciente com fibromialgia Carlos Eduardo de Jesus Fisioterapeuta pela Universidade Nove de Julho São Paulo, SP E-mail: fisio_eduardo@yahoo.com.br Rafaela Sanches de Oliveira Fisioterapeuta. Mestranda em Ciências da Saúde pela FMUSP, Especialista em Gerontologia pela UNIFESP, Docente das Disciplinas de Fisioterapia Geriátrica e Gerontológica e Fisioterapia Reumatológica do Curso de Fisioterapia da Universidade Nove de Julho São Paulo, SP E-mail: rafaela_sanches@yahoo.com.br

JESUS, C.E.; OLIVEIRA, R.S. Relação equilíbrio e dor no paciente com fibromialgia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 42-48, jun.-jul., 2013.

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A nova ordem no mercado de calibração de equipamentos clínicos Mauricio F. Castagna Engenheiro clínico, Administrador e Engenheiro elétrico São Bernardo do Campo, SP E-mail: mauricio@acruxsolutia.com.br

CASTAGNA, M.F. A nova ordem no mercado de calibração de equipamentos clínicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 49-54, jun.-jul., 2013.

RESUMO A atividade de calibração dos equipamentos clínicos tem sido intensa nos últimos anos por conta das ações regulatórias e de entidades como a ONA, no intuito de melhorar a confiabilidade dos aparatos utilizados no diagnóstico e no tratamento de pacientes. A iniciativa privada, por sua vez, reagiu imediatamente

e vem aumentando a oferta de serviços, competindo por espaço no mercado e os tomadores de serviço, ou seja, aqueles que deveriam impor as regras do mercado, não tem reagido na mesma velocidade. Por conta disso temos observado a queda na qualidade dos serviços de calibração pela falta de controle dos operadores.

Palavras-chave: Calibração; equipamentos clínicos; engenharia clínica; mercado de calibração; regulatório; certificado de calibração; mercado de serviços

1. INTRODUÇÃO uem observa o mercado da saúde, especificamente os serviços de engenharia pôde notar com bastante clareza que, desde meados de 2003 os preços médios dos serviços de calibração tem apresentado um movimento de queda acentuado a tal ponto de ficar difícil tanto para os tomadores de serviço como para os prestadores, de se estabelecer um referencial de preços. Em 2002 um certificado de calibração para um ventilador pulmonar (independente de marca) era oferecido em torno de 500,00 a 750,00, e eram poucas as empresas que se declaravam qualificadas para o serviço. Hoje, nove anos depois, é fácil encontrar empresas que cobram em torno de 80,00 ou até menos para os mesmos ventiladores, e dezenas de empresas que oferecem o serviço, ou seja, uma taxa de queda de 22% ao ano. Qual foi a causa e como o mercado tem reagido a esse reajuste negativo?

Q

2. O QUE MOTIVOU A BAIXA?

E

m uma realidade em que a inflação do setor de serviços nos últimos 5 anos tem estado na faixa de 5,8%1 ao ano, por conta de um crescimento do PIB médio de 4,6%2 no mesmo período, o que explica essa queda de preços contrariando a tendência do mercado de serviços? Sabemos que os preços praticados sempre 1 2

Fonte: IBGE, Ipea Fonte: Banco Central

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refletem a capacidade de atendimento frente a demanda, e portanto, refletem o mercado. E se o mercado tem demonstrado crescimento, porque os preços têm apresentado movimento contrario? Ou seja, o que percebemos não é simplesmente uma reação matemática ao movimento natural do mercado mas sim a presença de outro fator determinante mais forte que a busca das instituições por um serviço de qualidade. Para entender esse fenômeno temos que analisar o mercado, o que consiste basicamente em analisar os dois lados, o da demanda e o da oferta.

Durante a era Lula a economia brasileira teve um considerável crescimento, atingindo patamares de 6 %3 ao ano nos seus melhores dias, frente aos 2,7% ainda no governo anterior, o que não quer dizer muita coisa porque se tratou também de um reflexo do crescimento mundial. Também houve um considerável aumento na carga tributária 3

Fonte: Banco Central, IBGE

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injetando 5,6 bi4 a mais por ano no setor publico da saúde desde 2005, e assim tanto o setor privado quanto o setor público foram beneficiados com as políticas financeira e tributária dos últimos anos. Ponto positivo para a demanda.

Outro fator importante a considerar pelo lado da demanda foi o fortalecimento das políticas regulatórias e programas de gestão da qualidade. O surgimento da ANVISA em janeiro de 99 e a publicação das RDC’s foram um incentivo muito forte para as políticas da qualidade que já vinham se instalando (ONA, CQH, JCAHO, ISSO 9000, etc.) e trouxeram consigo o tema da calibração, que até então era uma novidade para as instituições de saúde e seus Engenheiros Clínicos. Estes tinham pouco conhecimento do tema naquela época. Desta forma estava montado o cenário para o crescimento da demanda por serviços, pela injeção de dinheiro público e pelas novas exigências regulatórias e da qualidade. Mas então, se a demanda cresceu de forma tão acelerada e não haviam os prestadores de serviço para atendê-la, o que fez com que o preço do serviço não disparasse junto? Essa sim seria a reação natural. Obviamente, de olho no que estava acontecendo e, percebendo a oportunidade, um grande número de empresas se lançou (e ainda vem se lançando) no mercado oferecendo os serviços de calibração. Eram empresas que migraram dos serviços de manutenção, de engenharia clinica e até das representações comerciais para aproveitar um momento de abertura. Não eram tradicionalmente da área de metrologia, de forma que não tinham a estrutura adequada e nem profissionais especializados e, a calibração que estavam oferecendo, muito longe do tecnicamente ideal, estava sendo aceita pelo mercado. Na falta de qualificação a única forma de conquistar market share foi oferecendo menor preço, resultando numa curiosa reação contraria ao que parecia ser a tendência natural de

4

Fonte: IBGE e Ministério da Fazenda

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valorização, e este sim foi o fator determinante pelo lado da oferta que levou ao barateamento do mercado de calibração. Entendendo então o que aconteceu, o mercado respondeu a alta do consumo com aumento de oferta, e o tomador de serviços não foi seletivo na escolha do fornecedor, recusando os prestadores desqualificados. A falta da prática de qualificação de fornecedor, por despreparo ou mesmo por força econômica, permitiu o estabelecimento de serviços de baixa qualidade. 3. REFLEXOS NO MERCADO

M

as afinal, o que significa tudo isso então como atividade comercial? O ambiente competitivo com a consequente redução de preços permitiu que os hospitais pudessem implementar programas de calibração de forma mais ampla, ampliando os cuidados com os equipamentos com acompanhamento metrológico regular e criterioso. Algo impensável no inicio de 2000 para a maioria dos hospitais, que não encontravam respaldo legal para justificar a contratação deste tipo de serviço. Da mesma forma que a guerra de preços entre operadoras de saúde popularizou o acesso a rede privada de Hospitais entre a classe média de uma forma geral, os hospitais foram beneficiados com essa nova realidade. Obviamente a guerra de preços, de uma forma ou de outra, é acompanhada por queda da qualidade, como tem acontecido nos dois casos, nas operadoras de saúde e nas empresas prestadoras de serviços de calibração, reforçando para os Engenheiros Clínicos a necessidade de se trabalhar com a qualificação de fornecedores, de se avaliar de forma critica os certificados e os resultados das calibrações e de incorporar em seu arcabouço de conhecimentos mais esta disciplina e todos os seus melindres. O setor ainda está em crescimento. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) o Brasil foi considerado o segundo maior mercado de saúde privada do mundo, e recentemente fomos apontados como a 6ª economia no mundo de acordo com dados do Centro de Economia e Pesquisa de Negócios (CEBR), o que significa que “a coisa” ainda vai esquentar bastante. O que precisamos pensar é como regular esta atividade, melhorando a qualidade dos serviços de calibração e mantendo o mesmo patamar de preços, é importante que cada vez mais os gestores de Engenharia adotem esta pratica como parte da rotina, elevando o padrão de qualidade no cuidado com os equipamentos. 4. COMO REGULAR

S

e é fato que a regulamentação compulsória aplicada por agencias governamentais trariam, junto com os benefícios, efeitos colaterais indesejáveis (O que é obrigatório generaliza uma necessidade particular que nem sempre se aplica em todos os casos criando um problema ao invés de uma solução), então a melhor regulação aconteceria pelos tomadores de serviço que, neste caso, são os Engenheiros Clínicos, ou os gestores da tecnologia qualquer que seja sua formação ou nome de cargo, avaliando criticamente a qualidade do serviço prestado versus o preço e contratando mediante especificações e tolerâncias definidas nos processos clínicos, e desta forma rejeitando as empresas despreparadas ou mau intencionadas. Somente por meio da atuação consciente e preparada dos gestores poderá acontecer naturalmente o equilíbrio entre a oferta e a demanda sem interferências governamentais. Equilíbrio natural é o que pregava o economista Adam Smith nas primeiras décadas de 1700.

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A minha preocupação está na figura dos gestores. É da mão deles que este equilíbrio será encontrado. Será que temos Engenheiros Clínicos suficientemente preparados para conduzir uma seleção de prestadores de serviço em um mercado crescente e altamente competitivo sem que se perca o foco do que é necessário metrologicamente? Como anda a disciplina de metrologia nos cursos de Engenharia Clinica que tem se proliferado Brasil afora? Quanto vale este serviço para o Hospital? E para o Engenheiro Clinico? Tenho observado nos hospitais pelo país como são jovens os profissionais que estão liderando as equipes de Engenharia. Os grandes hospitais, por exemplo, já tem alcançado a excelência na gestão de EC, e muitos estão bem preparados neste tema, mas eles representam apenas 2% dos estabelecimentos do país, enquanto nos restantes 98% eu tenho presenciado situações preocupantes de profissionais muito aquém do que seria tolerável na condução de um programa de calibração, contratando pelo menor preço absoluto (como se fossem instituições públicas) deixando de lado os valores representativos de empresas qualificadas, colocando por terra nossa discussão por uma regulação natural do mercado. 5. CONCLUSÃO

O

papel da calibração é tornar conhecido o erro inerente e consequentemente a incerteza da medição de um instrumento no momento de sua utilização para que seja levado em consideração no processo clinico do Hospital quando, por exemplo, da monitoração dos parâmetros fisiológicos, ou da manutenção da temperatura de incubadoras ou do volume de medicamento infundido durante tratamento, ou qualquer que seja o processo em que o erro associado ao mensurando tenha influencia direta na efetividade do tratamento/diagnóstico, e também que as devidas correções sejam adotadas segundo o resultado obtido, ou seja, a calibração não é uma atividade demandada pela Engenharia como alguns a consideram. Na verdade é uma atividade controlada pela Engenharia mas demandada pelo corpo clinico. O Engenheiro Clinico por sua vez tem, no universo metrológico, a missão de promover a adequação dos resultados da calibração com as demandas do processo clinico de tratamento/diagnóstico, e no universo mercadológico avaliar criticamente os fornecedores contratados no que concerne a qualidade do serviço prestado, e o valor destes serviços. A guerra de preços que tem tomado conta do mercado pelo excesso de liberdade na concorrência tem comprometido substancialmente a qualidade oferecida dos serviços e deve ser combatida. Como tomador de serviço, o Engenheiro Clinico representa hoje a grande força potencial na mudança deste cenário, por mais que ele desconheça essa realidade. Estamos vivendo o momento da convergência, encarando de frente a decisão entre estabelecer uma nova ordem no mercado ou seguir neste processo autodestrutivo. Qual será a opção que vamos escolher?

REFERÊNCIAS “The 2011 Report on Calibration Services: World Market Segmentation by City” Professor Philip M. Parker, PhD.

“Estudo da oferta e demanda por serviços laboratoriais de ensaios e calibração – ODSLEC”, INMETRO - 2009.

“Global Calibration Services Market”, June 2012 - Robert Liley.

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A nova ordem no mercado de calibração de equipamentos clínicos Mauricio F. Castagna Engenheiro clínico, Administrador e Engenheiro elétrico São Bernardo do Campo, SP E-mail: mauricio@acruxsolutia.com.br

CASTAGNA, M.F. A nova ordem no mercado de calibração de equipamentos clínicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 49-54, jun.-jul., 2013.

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Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan Pedro Eduardo Silva Ambra Psicólogo, Bacharel em Psicologia e mestrando pela Universidade de São Paulo São Paulo, SP E-mail: pedro.ambra@gmail.com

AMBRA, P.E.S. Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 55-60, jun.-jul., 2013.

RESUMO estudos feministas –, pode ser lido a partir de uma sobreposição problemática entre a noção de homem e de sujeito. Por fim, criticas externas à psicanálise serão igualmente lidas neste contexto, buscando fornecer elementos para uma crítica da lógica da sexuação.

O artigo buscará apresentar pontualmente questões relativas às possibilidades de definição e operação da noção de “homem” dentro do arcabouço teórico lacaniano. Dentro desta temática, serão igualmente propostos limites internos à psicanálise, cujo eco ideológico – já denunciado por

Palavras-chave: Psicanálise; Lacan; gênero; masculino; construcionismo

1. INTRODUÇÃO que é o homem? A pergunta suscita ambiguidade uma vez que neste caso a semântica da linguagem natural é dúbia. Fora de uma relação sintática, não é possível afirmar com exatidão se se trata aqui do homem sinônimo de pessoa, cidadão e sujeito ou se a pergunta faria referência ao homem como pessoa do sexo masculino, definido em relação à mulher. A duplicidade apresentada pela questão pode dar a dimensão da problemática noção de masculino.1

O

Os desenvolvimentos da psicanálise lacaniana, através de sua tentativa de formalização da metapsicologia por meio da lógica e da importância dada à linguística e ao social permitem avanços nos estudos sobre gênero, principalmente no que diz respeito à desvinculação biológica de sua compreensão de sujeito. Os avanços teóricos das ciências humanas em tais estudos teriam, portanto, em Lacan uma possibilidade de ancoragem no que diz respeito à psicologia, ao passo que a psicanálise poderia igualmente beneficiar-se dos trabalhos realizados em outros domínios.

1

Este artigo é fruto de uma pesquisa de mestrado financiada pela FAPESP, junto ao departamento de Psicologia Social da USP.

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Contudo, mesmo não partilhando de um modelo explicativo que tem no orgânico sua base, as formulações lacanianas a respeito do masculino parecem apresentar sua compreensão de homem de forma similar à de sujeito, definindo desta forma a mulher como sua versão deturpada ou não-toda. Desenha-se assim o convite a uma hipótese a ser trabalhada, visando demonstrar de que forma a psicanálise carregaria ainda a marca de uma concepção que toma o masculino como modelo da subjetividade. Assim, buscaremos neste ensaio apresentar pontualmente a noção de masculino em Lacan, bem como algumas possíveis limitações internas à própria psicanálise e críticas externas, a partir de autores construcionista. A partir da década de 1950, as influências do estruturalismo, da linguística, da filosofia e da lógica auxiliarão Lacan a realizar seu retorno à Freud de maneira a recolocar em novos termos algumas das formulações centrais da teoria psicanalítica. No caso do Édipo, valendo-se de desenvolvimentos antropológicos de Lévi-Strauss (SALES, 2008), Lacan retoma o caráter mítico do complexo, em especial no que diz respeito à sua natureza estrutural. Em outras palavras, poder-se-ia entender a travessia do Édipo e do complexo de castração como transformações de relações entre elementos contingentes, e nunca necessários. Se para Freud o Édipo é construído sobre a família nuclear burguesa, em Lacan a castração poderia ser operada, por exemplo, pelo duplo turno de trabalho de um pai viúvo. Trata-se de um terceiro que triangulará e estabelecerá regras na relação dual entre dois sujeitos. De maneira similar à prevalência do significante sobre o significado, na qual o sentido emana não do referente tido como real mas da relação entre signos, a figura paterna – de natureza imaginária – de Freud, é em Lacan lida também enquanto função paterna, portanto, de forma majoritariamente simbólica. Da mesma forma que no complexo de Édipo o acento é colocado nas relações e não na essência dos elementos em jogo, a compreensão de sexo2 em Lacan é também estrutural. Tal noção pode ser lida não mais enquanto eco de uma diferença anatômica primordial – tal como em Freud – ou de forma simétrica e complementar entre um homem e uma mulher – como em Lévi-Strauss –, mas antes enquanto modalidade de posicionamento em relação à lei simbólica. Para Fink: De acordo com Lacan, os homens e mulheres são definidos de formas diferentes com relação à linguagem, isto é, com relação à ordem simbólica. [...] aqueles que, a partir de uma perspectiva psicanalítica, são considerados homens – independente da sua constituição biológica/genética – são totalmente determinados pela “função fálica”. (FINK, 1998, p. 133).

Redefinindo a questão em termos linguísticos, Lacan trabalha com uma conceituação de sexos majoritariamente sintática e não semântica, ou seja, o que estaria em jogo seriam a função e relação entre o masculino e o feminino enquanto estruturas dentro de um todo e, portanto, suas definições não poderiam ser descritas per se, enquanto significados absolutos. As proposições teóricas sobre o tema apresentam-se de forma mais clara no ensino de Lacan a partir do final dos anos de 1960, quando são introduzidas formulações complementares para a descrição da chamada sexuação. Tais desenvolvimentos 2

Optamos por utilizar sexo e não gênero uma vez que o autor opta por este vocábulo, ao entender que o sexo biológico não é relevante na constituição subjetiva, sendo o único sexo o do sujeito, que pode ou não coincidir com seu corpo.

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recolocam as explicações considerando cada vez mais o chamado registro do Real, trazendo a tona modelos explicativos apresentados em termos lógicos e de relações matemáticas. Em seu seminário Encore, de 1972/1973, Lacan apresenta a fórmula da sexuação, na qual descreverá de forma detida e exclusiva as diferenças sexuais sob a ótica da psicanálise que desenvolve. A descrição, de caráter já completamente desvinculado de atribuições biológicas para os sexos, dá-se a partir de modalidades de relações dos sujeitos com objetos. Mais precisamente, o autor demonstrará como estas relações nunca ocorrem de fato e como o sujeito na verdade irá apenas encontrar no outro seu próprio objeto, donde a inexistência da relação sexual. Neste sentido, homens e mulheres posicionar-se-iam diferentemente frente aos seus desejos e em relação à lei da linguagem, que estruturaria o inconsciente para o autor. Em linhas gerais, o homem que atravessou o complexo de Édipo estaria sujeito necessária e completamente à lei simbólica. De forma análoga à linguística, na qual a palavra só é possível quando o objeto que ela designa é ausente, no homem o desejo só é possível pela ausência do objeto desejado. Ausência esta que pode ser exemplificada de forma imaginária pela impossibilidade do infans possuir sua mãe. Esta falta princeps fundará o homem para Lacan, que assumirá e se relacionará a partir desta lei simbólica impeditiva, denominada pelo autor como Nome-do-Pai. “O homem é completamente determinado pela castração simbólica, isto é, cada pedaço dele recai sob o domínio do significante” (FINK, p. 137). O homem está sujeito à castração simbólica, pois há uma lei, um impeditivo, traduzido em termos imaginários por um “não!” paterno. O homem relaciona-se exclusivamente dentro da lógica da castração simbólica, mas por meio de um objeto específico. Trata-se do objeto a, operador teórico considerado pelo próprio Lacan como sua contribuição mais importante à psicanálise. (LACAN, 1974) Este objeto pode ser definido neste momento da obra do autor como objeto causa do desejo, uma vez que ele está além de qualquer significação. Não se trata de um objeto qualquer que em um ou outro momento representaria para o homem seu desejo3, mas antes a causa fundamental e estruturalmente impossível fazer calar. Para Fink, trata-se da “capacidade de desejar como real, não significado” (FINK, 1995, p. 129). 2. QUESTÕES INTERNAS À NOÇÃO DE MASCULINO EM LACAN

A

problemática que se desenha neste caso é que as formulações de Lacan específicas para a descrição do homem são aparentemente as mesmas para a definição de sujeito dentro da psicanálise por ele proposta. A divisão subjetiva, a impossibilidade do desejo, a relação necessária com a lei simbólica e a relação de fantasia proporcionada pelo objeto causa do desejo são os operadores teóricos e relações fundamentais de descrição do sujeito em Lacan, não de sexo. Coincidentemente ou não, Lacan escolhe para representar o homem em seu diagrama da sexuação exatamente o mesmo símbolo que utiliza no o restante da sua obra para designar o sujeito barrado, dividido, $ (LACAN, 1973/2006, p.99).

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Na tragédia de Shakespeare, Romeu, que morrerá por amor a Julieta, era perdidamente apaixonado por Rosalina, pouco antes de conhecer a primeira. Exemplifica-se como o objeto do desejo pode migrar no homem, mas nunca o objeto causa do desejo: este seria a falta fundamental que moveria Romeu em direção às suas mais diferentes paixões.

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A mulher para o autor seria não-toda, uma vez que não estaria por completo submetida à lei da castração – ainda que sua relação majoritária seja com o falo. A mulher teria então a possibilidade de um gozo suplementar (LACAN, 1973/2006, p.94), que consistiria em uma possibilidade outra de relação, exemplificada pelo gozo religioso, no qual o corpo como um todo estariam em uma relação direta com o grande Outro, neste caso, Deus. Fink apresenta sua leitura desta possibilidade feminina como uma espécie de “sublimação lacaniana”, uma vez que se trata de um caso especial, no qual A Coisa freudiana4 encontra um significante (FINK, 1995, p. 143). Neste sentido, a conhecida afirmação de Lacan “a mulher não existe” parece ser uma síntese que revelaria também a dificuldade em teorizar-se ou definir de forma clara e circunscrita o que sua psicanálise define por mulher. Dificuldade esta que propomos ser fruto de uma concepção similar de homem e sujeito, pois quando o sujeito não é homem, ele deixa de existir e/ou passa a ser não-todo. Outro problema diz respeito à especificação das relações apresentadas pelo autor. Não parece claro se o diagrama da sexuação é uma forma de compreensão de relações isoladas, na qual um sujeito poderia em um momento ocupar uma posição e em outro momento outra, ou se estaria em jogo uma estrutura fixa de subjetividade. Caso se trate de uma estrutura fixa, sua coexistência com as estruturas clínicas clássicas apresenta-se como uma nova questão. Uma última questão é relacionada às própria estruturas clínicas, uma vez que esta conceituação de sexo possivelmente funcionaria majoritariamente na neurose (FINK, 1995, p.133), uma vez que na perversão e na psicose a submissão à lei simbólica não se opera desta forma. A limitação da teoria lançaria todos os sujeitos destas duas outras estruturas clínicas a condição de assexuados, ou, no mínimo, fora da possibilidade de uma (não) relação sexual. 3. QUESTÕES EXTERNAS À PSICANÁLISE ubin – na entrevista concedida à Judith Butler, intitulada “Tráfico sexual” – pontuará diretamente alguns problemas relativos à abordagem psicanalítica de Lacan. Para a autora, apesar das possibilidades de trabalho proporcionadas pela psicanálise de inspiração francesa, a ênfase na linguagem diminuiria a importância do social na constituição subjetiva. Para Rubin: “A psicanálise lacaniana é muito útil para lidar com estruturas de gênero e desejo, mas tem seu preço. Eu me preocupava com as tendências totalizantes em Lacan, e com o caráter não-social de sua concepção de simbólico” (RUBIN, p. 165).

R

Um exame detalhado da noção de simbólico mostra, contudo, que a mesma é compreendida e descrita precisamente em termos sociais. Na primeira fase do ensino de Lacan, o simbólico é o registro que congrega todo o tipo de determinação linguística do inconsciente. Mais precisamente, o inconsciente e suas expressões funcionariam a partir de modelos linguísticos, que para o autor são necessariamente construídos a partir do Outro. Em um conhecido aforismo, Lacan é categórico ao afirmar que “o inconsciente é o discurso do Outro”. Este grande Outro não seria nada senão o “tesouro dos significantes”, o conjunto – social – de todos os elementos que compõe uma cadeia significante e, portanto, que definem o sujeito. Ou seja, a linguagem não representaria

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Ver Seminário VII

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para o autor uma unidade absoluta e hermética, mas antes como produto do social – ainda que também o produza. Em um segundo momento teórico, Lacan desenvolverá o dispositivo dos discursos5, visando operacionalizar determinados modos de funcionamento social em sua interface com funcionamento subjetivo. A novidade seria que a construção e escolha dos discursos teria uma raiz histórica e concreta e não subjetiva ou transcendente. Por exemplo, o chamado discurso do Mestre seria fruto do modo de produção capitalista, no qual um senhor extrai a mais-valia de seu escravo, fundando um modo de funcionamento social baseado na produção e seu potencial excesso ou escassez. Desta forma este discurso teria claros correlatos subjetivos. O “mais-de-gozar” representaria este excesso de gozo que é subtraído ao sujeito, mas que, no entanto, sustentará e produzirá formas de relação que o incluam, de forma não apenas análoga, mas homóloga ao modo de produção capitalista. Dito de outra forma, a raiz da subjetividade seria para Lacan radicalmente social e não transcendental. Contudo, se na psicanálise a subjetividade pode ser socialmente fundada e compreendida, o mesmo não pode ser dito a respeito da extensão e do caráter universal da relação sexual e sua “natural” incidência na constituição de uma identidade sexual. Rubin em “Pensando sobre sexo”, defende que a sexualidade seria um produto humano, como qualquer outro. Neste sentido, afirma – parafraseando Lévi-Strauss – que sua posição em relação à biologia e à sexualidade seria um “kantismo sem uma libido transcendental”. (RUBIN, 2003, p.20) Contudo, mesmo os rompimentos teóricos e institucionais de Lacan aparentemente não foram capazes de retirar do centro de sua teoria a posição de pedra angular ocupada pela libido. Neste mesmo sentido, Vance em “A antropologia redescobre a sexualidade: um comentário teórico” pontua que, apesar dos desenvolvimentos construcionistas, no domínio da antropologia o sexo era ainda tido como uma essência básica e necessária, apenas com diferentes expressões em cada cultura (VANCE, 1995, p. 18). Por exemplo, o fato de em determinada tribo a homossexualidade ser condenada e em outra permitida, parece ser interpretado dentro do modelo de influência cultural como a expressão de uma “pulsão sexual” universal, apenas desenvolvida diferentemente em cada contexto. Neste conjunto de abordagens antropológicas, o social teria um papel restrito: ele pode modelar, mas não participar da gênese do sexual. A crítica de Vance à compreensão da sexualidade como núcleo duro e universal na antropologia parece-nos igualmente pertinente para os desenvolvimentos da psicanálise, inclusive Lacaniana. Ao utilizar-se do operador teórico “gozo”, Lacan parece reintroduzir declaradamente a dimensão sexual em sua metapsicologia, que até então poderia ser descrita em termos de relações linguísticas e significantes. Ainda que no Seminário XVI a utilização da noção de gozo se dê em função da homologia proposta ao conceito de “mais-valia” – de raiz social e notadamente construída – o primeiro é tido como necessariamente presente. Seja em sua expressão na repetição ou no sofrimento, o gozo em Lacan mostra que mesmo uma psicanálise que rejeita o biológico e considera o social em sua análise, pode, ainda sim, operar com uma pettia principi que vê a determinação sexual como um componente universal e totalizante na constituição subjetiva. 5

Ver Seminário XVII

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Buscou-se apresentar a tentativa lacaniana de operar teoricamente a constituição do sexo – em termos do próprio autor – ou do gênero e como a mesma poderia representar avanços no que tange às psicanálises que têm no biológico ou no ideológico modelo familiar vitoriano ancoragens que permitem pensar o gênero. No entanto, por um lado, limites internos que dizem respeito à coincidência da noção de masculino com a categoria de sujeito e à não aplicação dos desenvolvimentos acerca da sexuação para todas as estruturas clínicas, e por outro lado, a crítica da centralidade a-histórica da libido na psicanálise colocam a xeque a possibilidade da utilização da teoria lacaniana no quadro de uma compreensão construcionista de gênero.

REFERÊNCIAS sexualidade”, In: Cadernos Pagu, (21), Campinas: Unicamp, 2003, p. 01-88.

COSTA, J. F. A face e o verso: estudos sobre homoerotismo II; São Paulo: Escuta, 1995.

RUBIN,G., BUTLER, J., Tráfico sexual – Entrevista. Cadernos Pagu, 21, 2003, p. 157-209.

FINK, B. O sujeito lacaniano. Rio de Janeiro: Zahar, 1998. LACAN, J. Séminaire, livre XX: Paris: AFI, 1974.

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_________. Séminaire, livre XX – 19721973: Paris: Éditions du Seuil, 2006.

VANCE, C. A antropologia redescobre a sexualidade: um comentário teórico. Physis: Revista de Saúde Pública, Rio de Janeiro, UERJ, v. 5, nº 1, 1995, p. 7-31.

RUBIN, G. “Pensando sobre sexo: Notas para uma teoria radical da política da

Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan Pedro Eduardo Silva Ambra Psicólogo, Bacharel em Psicologia e mestrando pela Universidade de São Paulo São Paulo, SP E-mail: pedro.ambra@gmail.com

AMBRA, P.E.S. Pode a psicanálise pensar o Homem? Notas sobre a noção de masculino em Lacan. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 55-60, jun.-jul., 2013.

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A visão dos acadêmicos do curso de serviço social da faculdade do noroeste paranaense sobre a sua futura profissão Adrieli Volpato Craveiro Assistente Social do Hospital Universitário Regional de Maringá – HUM, Professora do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense – FANP Nova Esperança, PR E-mail: adrielivolpato20@gmail.com Cíntia Cristina Santana Takemoto Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Nova Esperança, PR E-mail: cintiacris2000@yahoo.com.br Paula Isamara de Oliveira Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Nova Esperança. PR E-mail: paula_isamara@hotmail.com

CRAVEIRO, A.V.; TAKEMOTO, C.C.S.; OLIVEIRA, P.I. A visão dos acadêmicos do curso de serviço social da faculdade do noroeste paranaense sobre a sua futura profissão. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 61-68, jun.-jul., 2013.

RESUMO A forma como a profissão do Serviço Social encontra-se na atualidade é resultado de um contexto histórico em que diversos determinantes proporcionaram a formatação da profissão. Os acadêmicos do curso de Serviço Social, principalmente aqueles que estão no último ano da graduação, possuem uma imagem da profissão, sendo que esta questão acaba contribuindo para a formatação do que é o Serviço Social. Nesta perspectiva, o objetivo deste artigo foi verificar a imagem que os acadêmicos do quarto ano do curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense têm da sua futura

profissão. Neste sentido, percebeu-se que a imagem que os acadêmicos têm da profissão se diferencia de acadêmico para acadêmico, sendo que, de forma geral, as respostas apresentaram o Serviço Social enquanto uma profissão que atua nas expressões da questão social, que viabiliza os direitos sociais e que realiza uma análise crítica do contexto social. Contudo, encontramos entre as respostas uma postura conservadora ligada ao ajustamento social; além disso, alguns acadêmicos associaram a imagem da profissão enquanto uma profissão que não é valorizada.

Palavras-chave: Serviço Social; assistente social; profissão; acadêmicos

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1. INTRODUÇÃO

D

urante o decorrer da trajetória histórica da profissão do Serviço Social, a mesma vem sofrendo inúmeras transformações, sendo que, o contexto social, histórico e econômico são fundamentais para sua configuração na sociedade contemporânea. A imagem que se tem do Serviço Social também encontra-se vinculada a um processo histórico que permite a formatação daquilo que se espera desta profissão. Neste sentido, os próprios acadêmicos do curso de Serviço Social, enquanto futuros profissionais, no decorrer da sua formação, acabam adquirindo conhecimento que, de certa forma, os direciona para’ a formulação de uma visão de sua própria profissão, contribuindo, dessa forma, para a construção da autoimagem do Serviço Social. Nesta perspectiva, o presente artigo tem, enquanto principal objetivo, verificar a imagem que os acadêmicos do quarto ano do curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense têm da sua futura profissão. 1.1. A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL

O

surgimento da profissão do Serviço Social não é fruto de um contexto isolado, ao contrário; se dá em um determinado tempo histórico quando teve a necessidade de profissionais que responderiam a demandas específicas. Assim, realizando uma análise histórica em torno do surgimento da profissão do Serviço Social, percebemos que esta encontra a sua origem na transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, com o agravamento da questão social1, sendo legitimada como profissão a partir da divisão sócio-técnica do trabalho. O processo de profissionalização do Serviço Social se da mediante o estabelecimento de espaço na divisão social do trabalho na ordem monopólica, em que a base para a profissionalização está nas formas como o Estado burguês vai enfrentar a questão social por meio das políticas sociais. De acordo com Netto (1992), o capitalismo monopolista potencializa as contradições fundamentais do capitalismo e traz novas contradições e antagonismos; enquanto profissão, o Serviço Social é indivorciável da ordem monopólica, ela cria e funda a profissionalização do Serviço Social e a intervenção nesta área reproduz as dimensões das respostas integradoras pertinentes à essência das políticas para a preservação e o controle da força de trabalho. Desta forma, o Serviço Social nasce para executar as políticas sociais do Estado, assim, usado como instrumento da burguesia para manter a ordem social. Contudo, a profissão do Serviço Social vai se modificando com o passar do tempo, ganhando novas bases de intervenção de acordo com a dinâmica da vida em sociedade. Com isso, no decorrer do tempo histórico, o Serviço Social busca os 1

A questão social não é se não as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operaria e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu conhecimento como classe por parte do operário e do Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesa, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção. O Estado passa a intervir diretamente na relação entre empresariado e a classe trabalhadora, estabelecendo não só uma regulamentação jurídica do mercado de trabalho, através de legislação social e trabalhista especifico, mas gerindo a organização e prostração dos serviços sociais, como um novo tipo de enfrentamento da questão social (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007, p77).

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fundamentos, consequentemente, redirecionando a sua atuação profissional. Nesta perspectiva, esta profissão acaba ganhando características diferenciadas em cada contexto sócio-político e cultural, embora, em todos os lugares, as suas protoformas estejam respaldadas pela dinâmica da ordem monopólica. Na sociedade brasileira, por exemplo, a atividade do Serviço Social, nasce vinculada à ideologia da classe burguesa, sendo este um marco fundamental na sua identidade enquanto profissão. De acordo com Iamamoto (1995), sua profissionalização se ergue como uma articulação composta de restauração e conservadorismo, condensada especialmente no campo ideológico da Igreja Católica e com grande apoio do Estado. Assim, ao analisarmos a história do Serviço Social brasileiro, percebemos que tal profissão, da sua origem até o decorrer da década de 1950, atuará para a manutenção do projeto conservador burguês. Contudo, o Serviço Social brasileiro passa a questionar as suas práticas tradicionais e a repensar as suas ações cotidianas, principalmente a partir do final da década de 1950 e o início da década de 1960, culminando em 1965, com o chamado Movimento de Reconceituação 2 que proporcionará o repensar e o questionamento da prática tradicional. “A Reconceituação, tomada como movimento ou processo que emergiu em 1965, constitui um marco inarredável e incontornável da história do Serviço Social latinoamericano” (NETTO, 2005, p.6). Nesse contexto, o Serviço Social buscará romper com o conservadorismo e o resultado é o de um processo histórico vinculado à luta de classes. Assim, o Movimento de Reconceituação proporcionará que os Assistentes Sociais passem a ver e a entender a sociedade de outra maneira, deixando as teorias conservadoras e se aproximando cada vez mais da teoria marxista. Neste sentido, esta profissão é consequência do momento histórico proporcionado pelo Movimento de Reconceituação e é sobre a formatação do Serviço Social na atualidade que discutiremos no próximo tópico. 2. A PROFISSÃO DO SERVIÇO SOCIAL NA CONTEMPORANEIDADE

O

Serviço Social, enquanto profissão inserida na divisão sócio-técnica do trabalho, possui a sua formatação e postura oriundas do processo histórico, sendo que, desde o Movimento de Reconceituação, grande parcela dos Assistentes Sociais passa a direcionar a sua atuação por meio de ações que contrariam a prática profissional conservadora. Assim, para Netto (2005), é na passagem dos anos de 1980 para os anos de 1990 que o Serviço Social alcançará a sua maturação profissional, sendo esta expressa pelas rupturas com o tradicional conservadorismo. Assim, a década de 1990 trará um direcionamento profissional diferente daquele encontrado nas protoformas. A partir de então, o Serviço Social norteará suas ações por meio do chamado projeto ético-político. De acordo com Gomes (2009), o projeto ético-político profissional pode ser entendido como uma referência da cultura contemporânea no Serviço Social e um confronto 2

O Movimento Reconceituação está intimamente vinculado ao circuito sócio político latino americano da década de 1960 em nosso subcontinente, como observou um dos seus protagonistas, a ruptura com o Serviço Social tradicional se inscreve na dinâmica de rompimento das amarras imperialistas, de luta pela liberação nacional e de transformação da estrutura capitalista excludente, concentradora, exploradora (FALEIROS, 1987, p 51. Apud. NETTO, 2005,p.9).

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aberto e democrático que direciona a atuação dos Assistentes Sociais. Neste sentido, o projeto ético-político desta categoria é expresso em três documentos básicos: Código de Ética Profissional dos Assistentes Sociais de 1993, Lei que Regulamenta a Profissão do Serviço Social de 1993 e Diretrizes Curriculares para os cursos de Serviço Social de 1996. Assim: A dimensão política do projeto é claramente enunciada: ele se posiciona a favor da equidade e da justiça social, na perspectiva da universalização cidadania são explicitamente postas como garantia dos direitos civis, políticos e sociais das classes trabalhadoras correspondente, o projeto se declara radicalmente democrático – considerada a democratização como socialização da participação política e socialização da riqueza socialmente produzida (MOTA, 2006, p142).

A atuação do profissional na contemporaneidade deve ter com base a equidade, ou seja, tratar de forma desigual os desiguais, visando, desta forma, ao atendimento das necessidades básicas da população que vive em situação de vulnerabilidade social na perspectiva da garantia dos direitos sociais, proporcionando, desta forma, mecanismos para o alcance da tão sonhada justiça social. Embora esta profissão seja guiada pelo projeto ético-político do Serviço Social, encontra inúmeros desafios na atualidade, entre os quais destacamos a condição de trabalhador assalariado. Segundo Iamamoto (2001), o Serviço Social dispõe de algumas características de uma profissão liberal, como, por exemplo, a existência de uma relativa autonomia por parte do Assistente Social, e requer compromisso e valores, princípios éticos, explicitados no código de ética profissional. Por outro lado, o Assistente Social afirma-se enquanto trabalhador assalariado passando por uma relação de compra e venda de sua força de trabalho por empregadores estatais ou privados, neste sentido, mesmo os Assistentes Sociais sendo proprietários de sua força de trabalho qualificado, não dispõem de todos os meios para efetivar sua ação, ou seja, parte dos instrumentos da atividade do Assistente Social são fornecidos pelas entidades empregadoras. De acordo com Iamamoto (2001), se dispusesse de todas as condições necessárias, o Assistente Social venderia serviços e não sua capacidade de trabalho, afirmando-se como um profissional liberal. Assim, de certa maneira, não se tem uma total independência na definição de prioridades e nas formas de execução do trabalho, dependendo de forma direta do seu empregador. Assim, observamos que, por um lado, o Serviço Social, enquanto profissão, avançou de forma considerável nas últimas décadas, conquistando espaço no mercado de trabalho, contudo, à profissão enfrenta inúmeros desafios em seu cotidiano devido a sua condição de trabalhador assalariado, o que faz com que os Assistentes Sociais busquem novas estratégias de intervenção de acordo com os princípios que guiam o seu projeto ético-político. 2.1. A VISÃO DOS ACADÊMICOS DO CURSO DE SERVIÇO SOCIAL DA FACULDADE DO NOROESTE PARANAENSE – FANP SOBRE SUA FUTURA PROFISSÃO

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om o objetivo de verificar como os acadêmicos do quarto ano do curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense entendem a sua futura profissão, realizamos uma coleta de dados por meio de um questionário que foi entregue aos acadêmicos do ultimo ano. No momento da coleta dos dados,

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estudavam vinte e três acadêmicos (23) no 4º ano do curso de Serviço Social desta instituição de ensino superior, sendo que, destes, apenas onze (11) acadêmicos responderam o questionário, nove entregaram em branco e três não estavam em sala de aula. Assim, para a sistematização e análise dos dados, consideraremos apenas os acadêmicos que o responderam. Neste sentido, o questionário foi construído objetivando captar a visão dos acadêmicos em relação a sua futura profissão, por meio do conhecimento que alcançaram até o presente momento da graduação. Desta forma, perguntamos como os sujeitos da pesquisa definiriam a profissão do Serviço Social e as respostas foram as seguintes: Os acadêmicos 01 e 03 compreendem que o Serviço Social é uma profissão: Que trabalha na garantia de direitos Sociais com as expressões da questão social na sociedade (ACADEMICO 01). Como uma profissão que surgiu para mudar a cara das expressões da questão social, para trazer, construir uma sociedade mais justa e igualitária, fazendo com que tenhamos mais direitos (ACADÊMICO 03).

Como podemos observar nas respostas acima, o acadêmico 01 enfatiza que o Serviço Social é fundamental para a garantia dos direitos sociais, sendo que, tanto o acadêmico 01 quanto o acadêmico 03 considera a atuação da profissão frente às expressões da questão social. Contudo, as definições trazidas pelos acadêmicos vêm ao encontro as palavras de Iamamoto (2007), pois a autora destaca ser a expressão da questão social o objeto de trabalho do Assistente Social. Já o acadêmico 02, embora relate sobre a atuação do Assistente Social frente às expressões da questão social, em relação à definição da profissão, apresenta uma postura conservadora, enfatizando a ideia de que o Serviço Social deve buscar o ajustamento do indivíduo à sociedade. O profissional é responsável pelo bem estar do meio social, desenvolve programas e projetos. O Assistente Social trabalha com a questão de integrar o indivíduo na sociedade, na tentativa de diminuir as expressões da questão social (Acadêmico 02).

Por meio desta definição, o acadêmico utiliza uma ideia de ajustamento do indivíduo à sociedade, também podemos observar a expressão “integrar o indivíduo”, como se a sociedade por si só fosse perfeita e o indivíduo errado por não se integrar. De acordo com Iamamoto (2001), existem algumas marcas da origem da profissão, que subsistem até hoje, encontramos sinais do reformismo conservador acentuando esta prática e sua justificação teórico-ideológica mudando de forma, preservando seus compromissos sócio-políticos com o conservadorismo do Serviço Social. Os acadêmicos 04, 05 e 06 tiveram uma definição semelhante em relação à profissão do Serviço Social, relatando a prática profissional enquanto um mecanismo de garantia dos direitos sociais como podemos observar: O Serviço Social é uma profissão que ter como objetivo estar informando e orientando a população de seus direitos (ACADÊMICO 04). A Viabilização de direitos. Busca o acesso e garantia dos direitos. (ACADÊMICO 05).

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O Serviço Social não e como todos pensam que é entregar cesta básica, mas sem a garantir os direitos dos usuários (ACADÊMICO 06).

Tais respostas apresentam uma visão crítica em relação à definição da profissão, de acordo com os princípios que norteiam o projeto ético político do Serviço Social na sociedade contemporânea. Neste sentido, as respostas vêm ao encontro da discussão realizada por Iamamoto (2007) em que a autora enfatiza que a profissão do Serviço Social possui um projeto ético político que visa à defesa dos direitos de cidadania, os valores democráticos na perspectiva da equidade e da justiça social. Assim, também observamos nessas respostas que a linguagem é instrumento fundamental na atuação profissional principalmente no que se refere às orientações, podendo ter uma relativa autonomia através desta, sendo que, de acordo com Iamamoto (2001), o principal instrumento de trabalho do Assistente Social é a linguagem. Os acadêmicos 07 e 08 apresentam uma definição por meio da importância da formação crítica que estes profissionais recebem para atuar na realidade social: Deveriam formar acadêmicos mais críticos para assim fazer o seu trabalho com mais eficácia (ACADÊMICO 07). O Serviço Social possui uma característica fundamental que norteia a profissão que é a análise critica. Um critério fundamental para compreender a dialética derivada dos processos sociais, o que diferencia de muitas outras profissões, tornando-se única ao atender às demandas emanescentes da contradição de classe no cenário globalizado (ACADÊMICO 08).

Por meio das falas a cima, observamos a importância enfatizada pelos acadêmicos 07 e 08 no que se refere à análise crítica da sociedade para a eficiência do trabalho profissional do Serviço Social, neste sentido, é de fundamental importância a formação de um profissional que entenda as contradições de classe presentes no capitalismo monopolista, fruto da exploração de uma classe sobre a outra, sendo que, é por meio desta visão crítica que o Assistente Social norteará sua atuação profissional em consonância com o projeto ético-político do Serviço Social. Diferente desta visão crítica, observamos as respostas dos acadêmicos 09, 10 e 11, que não atribuem uma definição específica em relação à profissão, apenas relatam em suas respostas que esta é pouco valorizada no que se refere as suas ações cotidianas e que ainda carece de conquistas, como se observam nas respostas abaixo: O Serviço Social é muito amplo mais ainda falta muitas conquistas (ACADÊMICO 09). Pouco valorizada (ACADÊMICO 10). Pouco valorizada, sendo tratada com menosprezo (ACADÊMICO 11).

Assim, observamos que as definições trazidas pelos acadêmicos 09, 10 e 11 se resumem a não-valorização da profissão do Serviço Social. Observa-se que esta questão está diretamente ligada à condição de trabalhador assalariado, uma vez que o Assistente Social está propício às consequências negativas que envolvem o mundo do trabalho. Neste sentido, esta questão vem ao encontro das ideias postas por Montaño (2007), em que o autor realiza uma análise em torno da subalternidade da profissão do Serviço Social relatando que este se encontra nesta condição devido a sua condição de trabalhador assalariado. Além disso, o autor enfatiza que esta relação de

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subalternidade também se encontra vinculada ao fato de ser o Serviço Social uma profissão composta por mulheres, ou seja, eminentemente feminina, dentro de uma sociedade marcada por rígidos padrões machistas. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O

surgimento da profissão do Serviço Social se dá em um determinado tempo histórico quando se tem necessidade de profissionais que respondam a demandas específicas, sendo que o processo de profissionalização ocorre mediante o estabelecimento de espaço na divisão social do trabalho, na ordem monopólica, usado como instrumento da burguesia para manter a ordem social. Contudo, a profissão do Serviço Social, com o passar do tempo histórico, vai se modificando e ganhando novas bases de intervenção de acordo com a dinâmica da vida em sociedade. Sendo que, atualmente, os Assistentes Sociais possuem um novo direcionamento profissional, diferente de suas protoformas, e a favor da equidade e da justiça social. Neste sentido, por meio da pesquisa realizada, percebemos que os acadêmicos do curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense não possuem uma definição única em relação à profissão, sendo que, os mesmos apresentam diferentes concepções. Observamos que algumas destas associaram a profissão a uma postura crítica da sociedade que vem ao encontro do projeto ético político do Serviço Social no que tange á atuação frente ás expressões da questão social em uma perspectiva de viabilização dos direitos sociais. Contudo, encontramos entre os acadêmicos posturas conservadoras que retratam a profissão em uma perspectiva de ajustamento social. Por meio da pesquisa, também pudemos verificar que alguns acadêmicos, ao buscarem definir esta profissão, reduziram ao fato deste não ser valorizada, sendo esta que esta questão pode estar diretamente associada ao fato de ser o Assistente Social um trabalhador assalariado, estando vulnerável ás consequências negativas ligadas ao mundo do trabalho. Por fim, cabe destacar que os acadêmicos sujeitos da pesquisa não apresentam uma definição única em relação à profissão do Serviço Social expondo diferenças associadas com a realidade vivenciada por tais. Assim, percebemos que a concepção da profissão é consequência de inúmeros componentes fundamentais, entre os quais destacamos a formação profissional e a experiência vivenciada pelos próprios acadêmicos na prática de estágio.

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A visão dos acadêmicos do curso de serviço social da faculdade do noroeste paranaense sobre a sua futura profissão Adrieli Volpato Craveiro Assistente Social do Hospital Universitário Regional de Maringá – HUM, Professora do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense – FANP Nova Esperança, PR E-mail: adrielivolpato20@gmail.com Cíntia Cristina Santana Takemoto Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Nova Esperança, PR E-mail: cintiacris2000@yahoo.com.br Paula Isamara de Oliveira Acadêmica do Curso de Serviço Social da Faculdade do Noroeste Paranaense Nova Esperança. PR E-mail: paula_isamara@hotmail.com

CRAVEIRO, A.V.; TAKEMOTO, C.C.S.; OLIVEIRA, P.I. A visão dos acadêmicos do curso de serviço social da faculdade do noroeste paranaense sobre a sua futura profissão. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 14, p. 61-68, jun.-jul., 2013.

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Narrativas autobiográficas e memorias acadêmicos na formação continuada de professores das escolas do campo Silvano Sulzart Oliveira Costa Pedagogo, especialista em Psicopedagogia Vera Cruz, BA E-mails: sulzarty@hotmail.com / sulzart@gmail.com

COSTA, S.S.O. Narrativas autobiográficas e memorias acadêmicos na formação continuada de professores das escolas do campo. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), Brasil, n. 14, p. 69-76, jun.-jul., 2013.

RESUMO O resumo ora apresentado busca refletir sobre a utilização das narrativas autobiográficas na formação de professores para a educação do campo. No contexto da educação do campo a escola passa a ser reconhecida como espaço de reflexão da realidade da comunidade local, suas linguagens, formas de vida e, sobretudo de seu desenvolvimento humano e social. A escuta e o registro das vozes nos processos formativos e de escolarização possibilita rememorar e compartilhar experiências e potencializar práticas no campo pedagógico, ético e político. O trabalho foi realizado através da pesquisa qualitativa, utilizando-se da entrevista semiestruturada e da elaboração de memoriais acadêmicos, no município de Castro Alves com 48 professores em

formação continuada no programa denominado Plataforma Freire, tendo com fundamentação teórica os estudos dos seguintes pesquisadores: Gaston Pineau (2006), Josso (2004), Nóvoa (1988), Schon (2000), Dominicé, (1988), Souza (2008), Arroyo (2004,1999), Bobbio (1997) Bosi (1992), Ferreira ( 2000), Mendonça (1999), Neves (1998), Caldart (2000), Freire (1987), Arelano ( 2005), dentre outros que discutem a educação do campo e das narrativas autobiográficas no contexto da formação de professores, tendo em vistas que a abordagem auto (biográfica) e heterobiográfica na formação inicial de professores, possibilita aprendizagens sobre si, sobre a profissão e a construção da identidade docente, bem como viabiliza a ressignificação das práticas de ensino.

Palavras-chave: Autobiografia; educação do campo; narrativas

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ABSTRACT The abstract presented here reflects about the use of autobiographical narratives in the training of teachers for rural education. In the context of rural education school shall be recognized as a place of reflection of the reality of the local community, their languages, ways of life and especially of their human and social development. Listening and recording of voices in the formative processes and schooling allows recall and share experiences and enhance practice in educational, ethical and political. The study was conducted through qualitative research using semi-structured interview and academic preparation of memorials in the city of Castro Alves with 48 teachers in continuing education program called the Platform Freire, and with

theoretical studies of the following researchers Gaston Pineau (2006), Josso (2004), Nóvoa (1988), Schon (2000), Dominicé, (1988), Souza (2008), Arroyo (2004.1999), Bobbio (1997) Bosi (1992), Ferreira (2000), Mendoza (1999), Neves (1998), Caldart (2000), Freire (1987), Arelano (2005), among others that discuss the education field and autobiographical narratives in the context of teacher education, taking into approach views the self (biographical) and heterobiográfica in initial teacher training, enables learning about themselves, about the profession and the construction of teacher identity and enables the redefinition of teaching practices.

Keywords: Autobiography; rural education; narratives

1. INTRODUÇÃO

S

abe-se que a formação não pode ser considerada como o único fator determinante de uma atuação “boa” ou “ruim” do profissional da educação. O momento histórico e social, como são entendidos os conceitos de escola e de ensinar e aprender dita as concepções dos professores e devem ser considerados para entendermos a Formação Inicial/continuada. A educação do campo como instrumento de formação do individuo, precisa mobilizar a permanência do mesmo em seu local de origem de forma sustentável transformando numa condição indispensável para enfrentar os desafios do mundo globalizado. No contexto da educação do campo a escola passa a ser reconhecida como espaço de reflexão da realidade da comunidade local, suas linguagens, formas de vida e, sobretudo de seu desenvolvimento humano e social. A escuta e o registro das vozes nos processos formativos e de escolarização possibilita rememorar e compartilhar experiências e potencializar práticas no campo pedagógico, ético e político. Desta forma compreende-se que a formação docente não se reduz, exclusiva ou principalmente, a processos mentais, cujo suporte é a atividade cognitiva dos indivíduos, mas é também um saber social que se manifesta nas relações complexas entre professores e alunos. Há que “situar o saber do professor na interface entre o individual e o social, entre o ator e o sistema, a fim de captar a sua natureza social e individual como um todo” (Tardif, 2002, p.16). Pesquisadores como Gaston Pineau (2006), Marie-Cristine Josso (2004), Antonio Nóvoa (1988), Ana Chrystina Mignot (2008), Donald Schon (2000), Pierre Dominicé, (1988), Elizeu Clementino de Souza (2008) dente outros, afirmam que o trabalho com os conceitos ligados à reflexão sobre a prática profissional, tornou-se um dos

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caminhos de construção do conhecimento docente, pois possibilita aos profissionais da educação a (re) significação se saberes e práticas. Falar de si, socializar seus dilemas, no grupo, é condição necessária mas não suficiente para a tomada de consciência de si e da alteridade. A transformação das representações sociais exigiu mudanças nas práticas sociais, uma nova forma de (inter)agir no mundo. Para isso, foi preciso ir além do discurso oral, foi preciso narrar por escrito, sua história de vida, rever a trajetória estudantil, analisar a experiência profissional no memorial de formação (Passeggi, 2008).

Com base no exposto pretende-se compreender como a escrita de si, possibilita ao educador, meios na construção da sua identidade docente e na transformação de suas práticas de ensino. Conforme anunciado no resumo, o objetivo principal é refletir sobre as narrativas auto (biográficas) no contexto da formação de docentes em formação continuada que atuam em escolas do campo, como também discutir perspectivas teóricas sobre a abordagem auto- biográfica no contexto das práticas pedagógicas . Parafraseando Sousa (2008) as biografias são bastante utilizadas em pesquisas na área educacional como fontes históricas, devendo cada texto escrito ser utilizado como objeto de análise considerando, sobretudo, o contexto de sua produção, sua forma textual e o seu conteúdo em relação ao projeto de pesquisa ou de formação a que esteja vinculado. 2. A EDUCAÇÃO DO CAMPO

A

Educação do Campo, onde também se situa a educação popular, que antes era estudada fora de seu contexto, e hoje torna-se objeto de discussão no meio dos sujeitos que a compõem, os educadores, educandos e camponeses, diferentemente de outros momentos, em que a educação rural era objeto de discussão dissociada dos sujeitos sociais que nela atuam, tendo em vista que tempo, memória, espaço e história caminham juntos. A Escola do Campo apresenta elementos que necessitam de estudo e pesquisa, como: a sua democratização, a resistência e a renovação das lutas e dos espaços físicos, assim como as questões ambientais, políticas, de poder, científicas, tecnológicas, sociais, culturais e econômicas que são vivenciadas neste espaço. Leite (1999) afirma que, A educação rural no Brasil, por motivos [socioculturais], sempre foi relegada a planos inferiores e teve por retaguarda ideológica o elitismo acentuado do processo educacional aqui instalado pelos jesuítas e a interpretação político-ideológica da oligarquia agrária, conhecida popularmente na expressão: “gente da roça não carece de estudos. Isso é coisa de gente da cidade” (Leite, 1999, p. 14).

Para Arroyo (2001) olha-se para a Escola do Campo hoje, com um olhar onde se desconsidera a memória e as tradições, que devem ser valorizadas e atualizadas no presente, conferindo qualidade às classes multisseriadas brasileiras, tornando o ensino nelas desenvolvido de igual, ou melhor, qualidade do que o das classes seriadas: desafio pretensioso, mas possível.

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A educação do campo tem suas especificidades e particularidades, devendo também ter uma atenção diferenciada não só para o currículo e avaliação da aprendizagem como também para a formação dos professores. O Campo não é só um lugar voltado para a agricultura, existem neste espaço, fatores que merecem atenção. Segundo Fernandes et al. ( 2004) o campo é: (...) lugar de vida, onde as pessoas podem morar, trabalhar, estudar com dignidade de quem tem o seu lugar, a sua identidade cultural. O campo não é só o lugar da produção agropecuária e agroindustrial, do latifúndio e da grilagem de terra. O campo é espaço e território dos camponeses e dos quilombolas (...) (Fernandes et al., 2004, p. 137).

Conforme salienta Fernandes e Molina (2204) na Primeira Conferência Nacional por uma Educação Básica do Campo, “O movimento Por uma Educação do Campo recusa essa visão [do latifúndio], concebe o campo como espaço de vida e resistência, onde camponeses lutam por acesso e permanência na terra e para edificar e garantir um modus vivendi que respeite as diferenças quanto à relação com a natureza, com o trabalho, sua cultura, suas relações sociais. Esta neoconcepção educacional não está sendo construída para os trabalhadores rurais, mas por eles, com eles, camponeses. Um princípio da Educação do Campo é que sujeitos da educação do campo são sujeitos do campo: pequenos agricultores, quilombolas, indígenas, pescadores, camponeses, assentados e reassentados, ribeirinhos, povos de florestas, caipiras, lavradores, roceiros, semterra, agregados, caboclos, meeiros, [boias-frias].” (Fernandes e Molina, 2005, p 9).

3. AS NARRATIVAS AUTOBIOGRÁFICAS

A

formação docente é um espaço onde os saberes e práticas vão sendo ressiginificados e reconstextualizados, constituindo-se em um espaço de produção de novos conhecimentos, de troca de diferentes saberes, de repensar e refazer a prática do professor, da construção de novas competências. Considerando a complexidade do processo de formação inicial do profissional docente e a utilização das narrativas auto (biográficas) no contexto de formação inicial de professores, questionamos: De que maneira a abordagem auto (biográfica), possibilita aos professores na formação inicial aprendizagens sobre si, sobre a profissão e a construção da identidade docente bem como transformações nas suas práticas . Qual a importância da escrita de si e sobre si no contexto da formação inicial do educador e da pesquisa em educação? Como a abordagem auto (biográfica) e heterobiográfica pode ser utilizada metodologicamente na formação de professores das escolas do campo? Josso (2004) salienta que a escrita narrativa funciona num primeiro plano na perspectiva das competências verbais e intelectuais, porque faz o sujeito entrar em contato com suas lembranças e evocar as “recordações-referências” que esteja implicado com o tema conhecimento de si e formação; fazendo com que este revele o que “aprendeu experiencialmente nas circunstâncias da vida” (Josso, 2004: 31). Desta forma a educação desenvolvida nos meios rurais torna-se objeto de discussão dos sujeitos que a compõem, nas narrativas e memórias dos educadores e camponeses, diferentemente de outros momentos, em que a educação rural era objeto de discussão dissociada dos sujeitos sociais que nela atuam.

72


Desta forma as narrativas, tal qual os lugares da memória, são instrumentos importantes de preservação e transmissão das heranças identitárias e das tradições. Narrativas sob a forma de registros orais ou escritos são caracterizadas pelo movimento peculiar à arte de contar, de traduzir em palavras as reminiscências da memória e a consciência da memória no tempo. As narrativas e memórias, são peculiares, incorporam dimensões matérias, sociais, simbólicas e imaginárias. Plenas de dimensão temporal, e tem na experiência sua principal fonte (Benjamin, 1994, p. 98). Josso (2004) salienta que a escrita narrativa funciona num primeiro plano na perspectiva das competências verbais e intelectuais, porque faz o sujeito entrar em contato com suas lembranças e evocar as “recordações-referências” que esteja implicado com o tema conhecimento de si e formação; fazendo com que este revele o que “aprendeu experiencialmente nas circunstâncias da vida” (Josso, 2004: 31) Percebe-se que o trabalho biográfico revela-se como importante recurso para a descoberta de si, existindo assim a apropriação de trajetórias pessoais, constituíndo um exercício para que as experiências de vida, de profissão, e de formação sejam refletidas no processo de formação docente. Essa longa busca de si torna-se fundamental num contexto que exige forte consistência pessoal (Dominicé, 1988), além de favorecer a descoberta do sentido do que se viveu, o reconhecimento de valores e projetos que promovam desenvolvimento e realização pessoal. Na perspectiva de proporcionar o desenvolvimento de competências reflexivas, e de ressignificação dos discussões e dos sabres, a formação inicial docente apresenta-se como sendo uma condição imprescindível para o desenvolvimento da retextualização dos saberes, propiciando o desenvolvimento de competências voltadas para o exercício da identidade docência. É neste contexto que a abordagem auto (biográfica) tem sentido na formação do educador. O processo de formação torna-se uma longa busca de si em um mundo que demanda uma forte consistência pessoal para enfrentar os desafios que cada um deve encarar na sociedade atual. Essa experimentação existencial irá de certo surpreender, particularmente em contextos de conformidade social, porque ela favorecerá trajetórias insólitas e opções aparentemente contraditórias (Dominicé, 1988, p 45).

4. OS MEMORIAIS ACADÊMICOS

O

trabalho auto (biográfico), tem sido utilizado no campo da formação do educador, promovendo reflexões significativas sobre a formação docente. As narrativas auto (biográficas) centradas na reconstrução de histórias de formação têm propiciado o conhecimento sobre as histórias de vida, de formação e de profissão dos profissionais docentes, especificamente na elaboração dos memoriais acadêmicos. Segundo Sousa (2008) A utilização das histórias de vida com enfoque nos memoriais acadêmicos ou de formação desencadeia importantes embates teóricos no decorrer de sua evolução, travando uma luta sucessiva pelo reconhecimento de seu caráter científico, enquanto método autônomo de investigação. Por ser mais uma alternativa de mediação entre as histórias individuais e sociais, pessoais e profissionais, o interesse na utilização de tal método é crescente nas últimas décadas em diferentes áreas do conhecimento (Sousa, 2008 p 90).

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Nesse sentido compreende-se que a abordagem autobiográfica como recurso didático na formação docente tem sido utilizado no campo da formação do educador, promovendo reflexões significativas sobre tal formação, visto que as narrativas são centradas na reconstrução de histórias de formação têm propiciado o conhecimento sobre as histórias de vida, de formação e de profissão dos profissionais docentes. De acordo com Sousa (2008) as historias de vida quando enfocada nos memoriais acadêmicos, apresenta uma gama de debates teóricos que vem crescendo nas últimas décadas. Considerando a importância da escrita de si, e do trabalho didático da construção das memórias acadêmicos na formação do educador Sousa (2008) afirma que: O trabalho auto (biográfico) possibilita a descoberta de aspectos decisivos da vida pessoal presentes na interioridade e na relação com o mundo, que de outra forma permaneceriam ocultos e, em muitos casos, desconhecidos. Esse caminho de apropriação de si é também estimulado pela troca realizada entre os pares (heterobiografia) que ajuda a aprofundar e compreender melhor os aspectos importantes da trajetória formativa (Souza, 2008, p 22).

Com a produção dos memoriais acadêmicos, descrevendo as trajetórias profissionais, de vida, de profissão e de formação, a subjetividade configura-se como elemento constitutivo das representações sobre o vivido. Promove a reflexividade da prática docente. O ato de rememorar a partir da interiorização e exteriorização nos faz apreender no tempo e no espaço a organização das lembranças pessoais e profissionais numa perspectiva de formação tão importante e singular, fundamental para a formação docente no contexto da contemporaneidade. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

C

ompreende-se que na formação continuada o profissional passa por um processo de reflexão da prática, e ao mesmo tempo questiona as teorias e assume uma postura profissional reflexiva. Desta forma observou-se o quanto a escrita de si, torna-se necessária na pesquisa em educação, potencializado mecanismos para oferecer ao professor, durante a formação, a possibilidade de melhor conhecer-se e vivenciar a abertura para a alteridade e a reflexibilidade da pratica docente. Na perspectiva de proporcionar o desenvolvimento de competências reflexivas, e de ressignificação dos saberes, a formação continuada de docente apresenta-se como sendo uma condição imprescindível para o desenvolvimento da retextualização dos saberes, propiciando o desenvolvimento de competências voltadas para o exercício da identidade docência. É neste contexto que a abordagem auto (biográfica) tem sentido na formação continuada dos professores das escolas do campo. Notou-se também o quanto a formação continuada não se faz antes da mudança de postura do docente, pois cada educador deve ser responsável pela sua postura e ação educativa, e esta mudança ocorre aos poucos, durante o processo de reflexão, os saberes docentes que vão sendo recontextualizados. Esta postura, por si só, já é suficientemente instigadora e desafiadora para uma reflexão da prática com efeitos diretos no exercício da ação educativa. Sendo assim, as histórias de vida, de profissão e de formação são significativas para o profissional e para a construção da identidade docente, que é favorecida também pelo trabalho autobiográfico e heterobiográfico, pois esses propiciam a reflexão direta sobre

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as vivências, a identificação do sentido do que se viveu e a apropriação de si, “transformando”, assim, as vivências ou experimentações em experiências.

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Narrativas autobiográficas e memorias acadêmicos na formação continuada de professores das escolas do campo Silvano Sulzart Oliveira Costa Pedagogo, especialista em Psicopedagogia Vera Cruz, BA E-mails: sulzarty@hotmail.com / sulzart@gmail.com

COSTA, S.S.O. Narrativas autobiográficas e memorias acadêmicos na formação continuada de professores das escolas do campo. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), Brasil, n. 14, p. 69-76, jun.-jul., 2013.

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13º CONGRESSO DE STRESS DA ISMA-BR, 15º FÓRUM INTERNACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO, 5º ENCONTRO NACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA NA SEGURANÇA PÚBLICA, 5º ENCONTRO NACIONAL DE QUALIDADE DE VIDA NO SERVIÇO PÚBLICO & ENCONTRO NACIONAL DE RESPONSABILIDADE SOCIAL E SUSTENTABILIDADE De 18 a 20 de junho de 2013. Local: Porto Alegre, RS. Mais informações em: http://www.ismabrasil.com.br/congressos/congresso-2013

IV CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM EM EMERGÊNCIA, II CONGRESSO INTERNACIONAL DE ENFERMAGEM EM EMRGÊNCIA & II CONGRESSO BRASILEIRO DE FISIOTERAPIA EM EMERGÊNCIA De 10 a 12 de julho de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.cobeem.com.br/cobeem2013/

11º CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM DE CENTRO CIRÚRGICO De 24 a 27 de julho de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.itarget.com.br/newclients/congresso-sobecc2013/

CONGRESSO RIOPHARMA 2013 De 14 a 16 de agosto de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.crf-rj.org.br

I CONGRESSO DE SAÚDE COLETIVA DA AP4 De 19 a 22 de agosto de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://congressosaudeap4.dyndns.org:8180

XXVIII REUNIÃO ANUAL DA FEDERAÇÃO DE SOCIEDADES DE BIOLOGIA EXPERIMENTAL (FESBE) De 21 a 24 de agosto de 2013. Local: Caxambu, MG. Mais informações em: http://www.fesbe.org.br

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IX ENCONTRO NACIONAL DE GERENCIAMENTO EM ENFERMAGEM De 26 a 28 de agosto de 2013. Local: Gramado, RS. Mais informações http://www.sobragen.org.br/index.php?option=com_content&view=article&id=95&Itemi d=114#

III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE SAÚDE QUÂNTICA E QUALIDADE DE VIDA De 14 a 15 de setembro de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.simposiosaudequantica.com.br/pt/index.php

59º CONGRESSO BRASILEIRO DE GENÉTICA De 16 a 19 de setembro de 2013. Local: Águas de Lindóia, SP. Mais informações em: http://www.sbg.org.br/59CBG/index.html

SECOND BRAZILIAN WORKSHOP ON ASTROBIOLOGY De 23 a 27 de setembro de 2013. Local: Guarujá, SP. Mais informações em: 2ndbwa@gmail.com

4º CONGRESSO VEGETARIANO BRASILEIRO De 25 a 29 de setembro de 2013. Local: Curitiba, SC. Mais informações em: http://www.vegfest.com.br/sobre-o-veg-festival-e-iv-congressovegetariano/veg-festival/sobre-o-veg-festival-iv-congresso-vegetariano

XVIII CONGRESSO BRASILEIRO DE TOXICOLOGIA De 07 a 10 de outubro de 2013. Local: Porto Alegre, RS. Mais informações em: http://www.cbtox2013.com.br/

65º CBEN - CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM De 07 a 10 de outubro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://eventos.wincentraldeeventos.com.br/65cben/ins1b.php?eventosSID=5f49ca2377 a6bbe4e69e5a1a6e9e32ef

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XXIII ENCONTRO BRASILEIRO DE MALACOLOGIA - XXIII EBRAM & I SIMPÓSIO LATINO-AMERICANO DE JOVENS TAXONOMISTAS De 22 a 25 de outubro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: https://www.facebook.com/SociedadeBrasileiraDeMalacologia?fref=ts

VI SEMANA CIENTÍFICA DA ENFERMAGEM - UFU De 04 a 08 de novembro de 2013. Local: Universidade Federal de Uberlândia - UFU, Campus Umuarama, Uberlândia – MG. Mais informações em: diretorioacademicoenfufu@yahoo.com.br

IX CONGRESSO BRASILEIRO DE FARMÁCIA HOSPITALAR De 14 a 16 de novembro de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.sbrafh.org.br/site/public/news/phpinIfys.pdfjuliana@parque.ufrj.br

CONGRESSO BRASILEIRO DE HEMATOLOGIA, HEMOTERAPIA E TERAPIA CELULAR De 07 a 10 de novembro de 2013. Local: Brasília, DF. Mais informações em: http://www.hemo.org.br/

VI CONGRESSO CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE De 14 a 17 de novembro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.lappis.org.br/site/noticias/videos/367-vi-congressociencias-sociais-e-humanas-e-saude-2013.html

Leia e baixe gratuitamente o livro digital Moluscos e Saúde Pública em Santa Catarina: subsídios para a formulação estadual de políticas preventivas sanitaristas de AISUR IGNACIO AGUDOPADRÓN, RICARDO WAGNER AD-VÍNCULA VEADO e KAY SAALFELD, publicado pela Espaço Científico Livre Projetos Editoriais em http://issuu.com/espacocientificolivre

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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Exatas e da Terra LIVRO DIGITAL DISPONÍVEL PARA LEITURA E DOWNLOAD GRATUITO

MÉTODOS DE DIMENSIONAMENTO DE SISTEMAS FOTOVOLTAICOS: APLICAÇÕES EM DESSALINIZAÇÃO Autores: Sandro Jucá e Paulo Carvalho Em: http://issuu.com/espacocientificolivre / http://issuu.com/espacocientificolivre/docs/metodosdedimensionamentodesiste masfotovoltaicos

SELEÇÃO AO MESTRADO DE FÍSICA DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM FÍSICA DA UFRGS Até 05 de julho de 2013. Mais informações em: http://www.if.ufrgs.br/posfis/index.php/br/

XV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA De 08 a 12 de julho de 2013. Local: Vitória, ES. Mais informações em: http://www.xvsbgfa.com.br/

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51º CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASIELIRA DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO E SOCIOLOGIA RURAL De 21 a 24 de julho de 2013. Local: Belém, PA. Mais informações em: http://sober.org.br/congresso2013/entidade-promotora/

XXXIV CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIA DO SOLO De 28 de julho a 02 de agosto de 2013. Local: Florianópolis, SC. Mais informações em: http://www.eventossolos.org.br/cbcs2013/

XLII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA (CONBEA 2013) De 04 a 08 de agosto de 2013. Local: Fortaleza, CE. Mais informações em: http://www.sbea.org.br/conbea2013/

8ª EDIÇÃO DA OLIMPÍADA DE QUÍMICA DO RIO DE JANEIRO (OQRJ) Destinada à alunos do ensino médio. Inscrições até 09 de agosto de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.dctc.puc-rio.br/olimpiadasquimica/

X SEQ - SEMANA DE ENGENHARIA QUÍMICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO CARLOS De 12 a 16 de agosto de 2013. Local: São Carlos, SP. Mais informações em: http://www.seq.deq.ufscar.br/

13º ENCONTRO DE PROFISSIONAIS DA QUÍMICA DA AMAZÔNIA De 20 a 23 de agosto de 2013. Local: Belém, PA. Mais informações em: http://www.crq6.org.br/

XXI SIMPÓSIO INTERNACIOAL DE ENGENHARIA AUTOMOTIVA De 22 a 23 de agosto de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://aea.org.br/v1/calendario/xxi-simposio-internacional-deengenharia-automotiva/

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X ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA De 17 a 21 de setembro de 2013. Local: Vitória, ES. Mais informações em: http://www.ecoeco.org.br/encontro2013/

X CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA - INICIAÇÃO CIENTÍFICA De 29 de setembro a 02 de outubro de 2013. Local: Vassouras, RJ. Mais informações em: https://servicos.ufrrj.br/eventos/index.php/cobeq/xcobeq

53º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA De 14 a 18 de outubro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.abq.org.br/cbq/

55º CONGRESSO BRASILEIRO DO CONCRETO De 29 de outubro a 01 de novembro de 2013. Local: Gramado, RS. Mais informações em: http://www.ibracon.org.br/eventos/55cbc/

V SIMPÓSIO DE RESTAURAÇÃO ECOLÓGICA De 04 a 08 de novembro de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.ibot.sp.gov.br / http://www.infobibos.com/rad/

8º CONGRESSO INTERNACIONAL DA BIOENERGIA De 05 a 07 de novembro de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.bioenergia.net.br/congresso/br/projeto.php

Leia e baixe gratuitamente o livro digital Métodos de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos: Aplicações em Dessalinização de Sandro César Silveira Jucá e Paulo Cesar Marques de Carvalho, publicado pela Espaço Científico Livre Projetos Editoriais em http://issuu.com/espacocientificolivre

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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Sociais e Humanas XXI ENCONTRO SUL-MATO-GROSSENSE DE GEÓGRAFOS & V ENCONTRO REGIONAL DE GEOGRAFIA De 26 a 28 de junho de 2013. Local: Dourado, MS. Mais informações em: http://www.xxiensul.com.br/

XV SBGFA - SIMPÓSIO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA FÍSICA APLICADA De 08 a 12 de julho de 2013. Local: Vitória, ES. Mais informações em: http://www.xvsbgfa2013.com.br/

XI ENCONTRO NACIONAL DE EDUCAÇÃO MATEMÁTICA De 18 a 21 de julho de 2013. Local: Curitiba, PR. Mais informações em: http://enem2013.pucpr.br/

65ª REUNIÃO ANUAL DA SBPC De 21 a 26 de julho de 2013. Local: Recife, PE. Mais informações em: http://www.sbpcnet.org.br/recife/home/

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26° CONGRESSO MUNDIAL DE FILOSOFIA DO DIREITO E FILOSOFIA SOCIAL DA INTERNATIONALE VEREINIGUNG FÜR RECHTS De 21 a 27 de julho de 2013. Local: Belo Horizonte, MG. Mais informações em: http://ivr2013.org/hotsite/portugues/

SNH2013 - XXVII SIMPÓSIO NACIONAL DE HISTÓRIA - CONHECIMENTO HISTÓRICO E DIÁLOGO SOCIAL De 22 a 26 de julho de 2013. Local: Natal, RN. Mais informações em: http://www.snh2013.anpuh.org/site/capa

V SEMINÁRIO DE PESQUISAS EM ENVELHECIMENTO, III SIMPÓSIO SOBRE A DOENÇA DE ALZHEIMER & I CONGRESSO SULBAHIANO DE APOSENTADOS De 24 a 26 de julho de 2013. Local: Ilhéus, BA. Mais informações em: http://www.uesc.br/noticias/?acao=exibir&cod_noticia=2627

VII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ESTUDOS DE GÊNEROS TEXTUAIS De 03 a 06 de setembro de 2013. Local: Fortaleza, CE. Mais informações em: http://www.7siget.com/br/index.php

III SIMPÓSIO BAIANO DE LICENCIATURAS De 07 a 09 de agosto de 2013. Local: Cruz das Almas, BA. Mais informações em: http://ufrb.edu.br/sbl2013/

III CONGRESSO NACIONAL DE GERÊNCIA DE PROJETOS De 14 a 16 de agosto de 2013. Local: Salvador, BA. Mais informações em: http://conference.arenainterativa.com.br/cngp2013/

XVII CONGRESSO DA SOCIEDADE DE ARQUEOLOGIA BRASILEIRA – ARQUEOLOGIA SEM FRONTEIRAS De 25 a 30 de agosto de 2013. Local: Aracaju, SE. Mais informações em: http://www.xviicongresso.sabnet.com.br/

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II CONGRESSO INTERNACIONAL DA FACULDADE DE LETRAS DA UFRJ De 02 a 05 de setembro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.cifale.letras.ufrj.br/

XVI CONGRESSO BRASILEIRO DE SOCIOLOGIA De 10 a 13 de setembro de 2013. Local: Salvador, BA. Mais informações em: http://www.sbs2013.sinteseeventos.com.br/

V ENCONTRO DE HOSPITALIDADE E TURISMO De 25 a 27 de setembro de 2013. Local: Niterói, RJ. Mais informações em: http://www.proac.uff.br/turismo/

V SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO TECNOLÓGICA E I SEMANA ACADÊMICA DE PROPRIEDADE INTELECTUAL De 25 a 27 de setembro de 2013. Local: Aracaju, SE. Mais informações em: http://www.portalmites.com.br/simtec2013/

III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL De 02 a 03 de outubro de 2013. Local: São Paulo, SP. Mais informações em: http://www.fmcsv.org.br/Pt-br/noticias/aconteceu/Paginas/O-IIISimp%C3%B3sio-Internacional-de-Desenvolvimento-Infantil-j%C3%A1-tem-data!.aspx

XVII CONGRESSO DA SOCIEDADE INTERAMERICANA DE FILOSOFIA De 07 a 11 de outubro de 2013. Local: Salvador, BA. Mais informações em: http://www.sif2013.org/spip.php?rubrique6

XXIII SEMINÁRIO NACIONAL DE PARQUES TECNOLÓGICOS E INCUBADORAS DE EMPRESAS De 14 a 17 de outubro de 2013. Local: Recife, PE. Saiba mais em: http://www.seminarionacional.com.br/

VI CONGRESSO CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS EM SAÚDE De 14 a 17 de novembro de 2013. Local: Rio de Janeiro, RJ. Mais informações em: http://www.lappis.org.br/site/noticias/videos/367-vi-congressociencias-sociais-e-humanas-e-saude-2013.html

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