LIVRE
revista
ESPAÇO CIENTÍFICO
ISSN 2236-9538 BRASIL, N.7, ABR.-MAIO, 2012
DISTRIBUIÇÃO ONLINE GRATUITA
REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.
Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra
C ONT ARC OM AAJ UDADAS PE S S OASÉI MPORT ANT E . S E RAAJ UDAC OM QUEE L AS C ONT AM, ÉI MPRE S CI NDÍ VE L .
AABRAL Eéumaa s s oc i a ç ã o1 0 0 %de di c a daàl ut ac on t r aoc â nc e r des a ng ue , c omool i n f omaeal e uc e mi a . E l aof e r e c ea s s i s t ê nc i a p s i c ol óg i c a , j ur í di c aedi v e r s oss e r v i ç osdea poi oquea j uda ma s pe s s oa sae n f r e n t a re s s ade l i c a dadoe nç a . Comoae l a bor a ç ã ode l e i squeg a r a n t e moa c e s s og r a t ui t oac a r í s s i mosme di c a me n t os . P a r ac onnua re s s ei mpor t a n t et r a ba l ho , aABRAL Ec on t ac oms ua doa ç ã o. P or quene s s al ut a , t odaaa j udac ont a .
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SUMÁRIO 5
EDITORIAL
ARTIGOS Apropriações libertárias sobre o espectro radiofônico: as Rádios Livres Por Flora Rodrigues Gonçalves
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História da alfabetização de crianças no Brasil Por Daylane Soares Diniz
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Espiritualidade nas Organizações: os colaboradores estão envolvidos com isso? E as organizações? Por Richard J. S. Flink, Maria Elizabeth Vergilio, Marina Daniele de Oliveira, Maurício Santos Correa e Simone Rodrigues
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Intoxicação medicamentosa em crianças Por Carlos Eduardo Collazo Pontes
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A cinesioterapia como forma de reeducação perineal na dispareunia Por Cristiane Aidas da Rocha e Silva e Roberta dos Reis da Silva
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Um olhar geográfico no campesinato a partir de duas famílias camponesas localizadas em Anori – Amazonas Por André Oliveira Reis, Elisângela Cristina Costa Lemos e Fernanda Cabral Cidade
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EVENTOS ACADÊMICOS
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
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EDITORIAL Saudações a todos os leitores... Através dessa edição a Revista Espaço Científico Livre já está a um ano online, estimulando a construção coletiva do conhecimento. A partir desta edição de um ano, os leitores podem notar alterações gráficas, espero que gostem. Agradecemos a todos que contribuíram e contribuem enviando artigos. Sem a colaboração o projeto da Revista Espaço Científico Livre, uma publicação multidisciplinar de abrangência nacional, não seria possível... Obrigado. Continue essa jornada conosco e boa leitura. Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre
A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação digital distribuída gratuitamente a estudantes de escolas técnicas, graduação e profissionais de diferentes áreas em todo o Brasil. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científica Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.
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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Verano Costa Dutra Editor – Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Divulgação - Graduanda em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduanda em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO André Oliveira Reis Graduando em Geografia pela UFAM Carlos Eduardo Collazo Pontes Farmacêutico Cristiane Aidas da Rocha e Silva Fisioterapeuta Daylane Soares Diniz Graduanda em Pedagogia pela UnB Elisângela Cristina Costa Lemos Graduanda em Geografia pela UFAM Fernanda Cabral Cidade Graduanda em Geografia pela UFAM Flora Rodrigues Gonçalves Antropóloga e Mestre em Antropologia Social pela UFMG
Maria Elizabeth Vergilio Mestre em Engenharia de Produção Marina Daniele de Oliveira Graduada em Administração de Empresas Maurício Santos Correa Graduado em Administração de Empresas Richard J. S. Flink Doutor em Administração Roberta dos Reis da Silva Fisioterapeuta e Acupunturista Simone Rodrigues Graduada em Administração
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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre
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Apropriações libertárias sobre o espectro radiofônico: as Rádios Livres Flora Rodrigues Gonçalves Antropóloga, Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte, MG E-mail: florazappa@yahoo.com.br
GONÇALVES, F.R. Apropriações libertárias sobre o espectro radiofônico: as Rádios Livres. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 08-19, abr.-maio, 2012
RESUMO Associações”.
O objetivo desse trabalho é compreender um tipo peculiar de Rádio que surge ao longo das redes de comunicação como forma de propagação e dispersão que escapam ao esquema organizacional das Rádios Convencionais: as chamadas Rádios Livres.
As Rádios Livres surgiram originariamente no final da década de 60, durante as manifestações estudantis européias, mas a ideia de “Rádio Livre” só ancorou em terras brasileiras em 1982. Se agrupando através de coletivos autogestionados, essas Rádios ocupam uma posição bastante controversa no cenário do país, pois, por transmitirem à revelia das leis de radiodifusão, são, para muitos, sinônimo de Rádios Piratas e Clandestinas.
A partir da etnografia em duas Rádios Livres brasileiras, tratou-se de cartografar as apropriações técnicas e políticas que essas Rádios exercem sob o espectro eletromagnético, além de discutir a articulação entre as formas de organização das Rádios Livre e as múltiplas interações com as redes das quais participam. Para tanto, utilizou-se o estudo de controvérsias do epistemólogo Bruno Latour, além de referenciais antropológicos que compõem o que vem sendo chamado de “Antropologia Pós-Social” ou “Antropologia das
De uma forma geral, o estudo das Rádios Livres aparece como uma maneira de circunscrever as relações sociais que se configuram atualmente nas sociedades contemporâneas, além de constituir um meio alternativo para a ação política.
Palavras-chave: Rádios Livres; redes; estudo de controvérsias; coletivos; comunicação
1. RÁDIOS LIVRES – NO PAÍS DA ALICE 1.1. Um pouco de história
O
movimento de Rádios Livres surgiu na Itália, em 1975, e tinha como objetivo principal romper o monopólio estatal das telecomunicações. Nascidas no bojo de movimentos políticos contestatórios, as rádios livres estimularam as pessoas a passar da condição passiva de
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ouvintes para a de agentes ativos de seu discurso e a colocar no ar as suas ideias, os seus prazeres, as suas músicas preferidas, sem precisar de autorização para isso.1
A Rádio Livre mais conhecida surgiu em 1976, em Bolonha, Itália. A Rádio Alice, de cunho socialista, funcionava em um sistema autogestionário, e se aliava às forças políticas dos estudantes, trabalhadores, donas-de-casa e intelectuais, servindo como instrumentos de comunicação de projetos coletivos, que se expressam em centros político-culturais organizados. Segundo Guatarri (1987), a Rádio Alice era uma Rádio mergulhada na ação política, uma Rádio, como chama o autor, de “Rádio linha de fuga. Agenciamento- teoria-vidaprática-grupo-sexo-solidão-máquina–ternura-carinho.” Para ele, o movimento de Rádios Livres e da Rádio Alice, em particular, era um esboço de um mundo que as próprias pessoas poderiam agenciar, através de uma prática coletiva que se move criando diversas mutações na existência particular. Para Marisa A. Meliani Nunes (1995), A Rádio Alice atuava como força de resistência, emitindo sinais de alerta contra a repressão promovida pela polícia contra os estudantes, divulgando os pontos de perigo e incitando a população a se manifestar a favor dos jovens. No dia 12 de março de 1977, ela transmitiu um desses conflitos. O resultado foi um confronto violento entre os policiais e estudantes, culminando na morte a tiros do estudante Francesco Lorusso e o fechamento da rádio. Neste conflito, a Rádio Alice desempenhou um papel fundamental. Estudantes envolvidos ligavam para Rádio e eram colocados ao vivo no ar, além dos informes periódicos dados pela Rádio indicando os deslocamentos da polícia e os focos de repressão. A Rádio transmitiu a invasão dos policiais até o último momento. Os operadores foram presos e processados, e seus equipamentos destruídos. A última transmissão da Rádio Alice foi a seguinte: ... De todo jeito, a situação continua a mesma. Os policiais estão tentando entrar, com seus casacos anti-balas e pistolas na mão... Dizem que vão derrubar a porta... Eh! Pedimos a todos os camaradas que conhecem nossos advogados que entrem em contato com eles e lhes digam que estamos sitiados (...) Cuidado! Continue agachado! (...) Eles (os policiais) estão dizendo: “abram essa maldita porta!” (...) Estão entrando. Já entraram, estão dentro, estamos com as mãos para o alto! (ruídos)... o microfone...estamos com as mãos para o 2 alto! (ruídos e gritos... silêncio).
A Partir da década de 80, as Rádios Livres alcançam diversos países e chegam como expressão do movimento de democratização da comunicação. Segundo seus integrantes, a maior parte das Rádios Livres parte de um projeto pequeno e local, utilizando-se da radiodifusão através de transmissores clandestinos. Na América Latina são poucos os registros existentes sobre a história das Rádios Livres. Sabe-se da existência de Rádios Livres na Bolívia, na Nicarágua, em El Salvador e em Cuba, sendo este último um caso particular. A Rádio Rebelde, que funcionou em Cuba entre 1958 e 1959, foi um forte instrumento de estratégia políticomilitar utilizado pelos guerrilheiros, entre eles Che Guevara e Fidel Castro, como elo entre o quartel-general e várias frentes guerrilheiras. A população cubana também era informada sobre as ações dos rebeldes pelo rádio, o que explica em grande parte a aceitação dos guerrilheiros pelas comunidades.
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Não se sabe bem ao certo a data da primeira transmissão livre no Brasil. Entretanto, é geralmente aceito que o primeiro sinal de radiodifusão desse tipo de Rádio veio pela Rádio Paranóica, de Vitória, no Espírito Santo, montada em fevereiro de 1971, no auge da ditadura militar, sob o governo de Emílio Médici. Também existem relatos nesta mesma época sobre Rádios Livres em Sorocaba, São Paulo. Conhecido como o “Verão de 82 da Liverpool Brasileira”, Sorocaba sediou mais ou menos 100 Rádios “piratas” em 1982, provocando uma onda de debates e apreensões dessas Rádios na cidade. Não existem maiores relatos sobre essas Rádios, seu funcionamento ou sua programação. Porém, como afirma Coelho Neto (2002), o “Verão” acabou iniciando o movimento em defesa da democratização do espectro eletromagnético. Certamente, uma das Rádios mais famosas da história das Rádios Livres no país é a Rádio Xilique, situada em São Paulo. A Rádio Xilique foi a primeira Rádio Livre a inserir com maior sagacidade o debate sobre temas políticos, além das discussões sobre a impossibilidade de normatização das Rádios Livres. Curiosamente, foi a Rádio Xilique que trouxe, em agosto de 1985, Félix Guattari para uma palestra sobre Rádios Livres, que aconteceu na PUC São Paulo, no Pátio da Cruz. Guattari falou sobre sua experiência na Rádio Tomate, na França. As transmissões da Rádio Xilique eram voltadas para discussões políticos, culturais e sociais, além de programas musicais e de entrevistas. Um exemplo de transmissão da Rádio Xilique, em 1985, segue abaixo: Rádio Xilique. Rádio Livre urgente, em 106 mHz, aberta a todos, exceto a: generais ativos e passivos, senhoras de Santana, falsários, mamães que dizem sempre mentirinhas,(...) crianças que falam sempre a verdade, demagogos (...). Rádio Xilique chama Rádio Alice de Bolonha, Itália (...). Eles têm medo dos velhos por suas memórias. Eles têm medo dos jovens por sua inocência. Eles têm medo de discos e gravações. Eles têm medo dos músicos e cantores. Eles têm medo dos escritores. Eles têm medo dos filósofos. Eles têm medo dos prisioneiros políticos.(...) Eles têm medo da verdade. Eles têm medo da liberdade. Eles têm medo da democracia. Eles têm medo da declaração universal dos direitos do homem. (...) Então, por que diabos estamos com medo deles? (...).3
A Rádio Xilique teve um papel importante nas greves que precederam 1985. A Rádio colocou seu transmissor à disposição da greve geral dos bancários que ocorreu neste mesmo ano, tendo direito à palavra na assembleia paulista na Praça da Sé. Nesta mesma época, foi criada uma cooperativa dos Rádio-Amantes, com o intuito de se solidarizarem em caso de repressão, além de auxiliarem na construção de equipamentos radiofônicos. Não se sabe o fim exato da Rádio Xilique; alguns dizem que ela simplesmente acabou e não se sabe quando; enquanto outros atestam que ela foi fechada pelo Dentel – Departamento Nacional de Telecomunicações, órgão extinto desde a Constituição da República. Hoje, a Rádio Livre mais eminente é a Rádio Muda, Rádio que funciona dentro da Unicamp – Universidade Estadual de Campinas, em Campinas, e que serve de referência para todas as outras Rádios Livres que surgiram em várias partes do país. Essas Rádios se articulam em redes, e constituem aquilo que aqueles que transitam nestas redes chamam de Rizoma de Rádios Livres, espaço no qual se articulam Encontros Nacionais, informações sobre equipamentos de rádio, transmissores, como
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montar uma rádio, fórum de discussões sobre a legislação, sobre o fechamento de rádios, enfim, um espaço para se pensar ações conjuntas entre e com as Rádios Livres de todo o Brasil. Porém, nascendo a partir de uma série de controvérsias políticas e jurídicas, o conceito e significado “Rádio Livre” é apenas para uns. Do ponto de vista da legislação brasileira, as Rádios Livres são ilegais e tidas como clandestinas. Mas quem são os envolvidos? Quais são os porta-vozes e como eles reagem? 2. ACOMPANHANDO AS REDES: ENCONTROS, COTIDIANO E SUBVERSÃO
P
ara compreender a dinâmica e a relativa flexibilidade das Rádios Livres, duas Rádios foram acompanhadas e etnografadas: a Radiola, situada em Belo Horizonte na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG); e a Radio Muda, situada em Campinas na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp); além de acompanhar os Encontros Nacionais de Rádios Livres de 2005 e de 2008. A partir do trabalho de campo, foi possível notar as práticas coletivas de gestão, as ocupações físicas e espaciais do ambiente radiofônico e a articulação dos Encontros Nacionais, além do engajamento político inerente a esse tipo de atividade, pois, antes de tudo, as Rádios Livres são grupos contestadores, que reivindicam do Estado uma democratização dos meios de comunicação, apontando os mecanismos dos órgãos estatais para dificultar ou impedir uma mídia mais inclusiva e comunitária. Podemos notar que “ocupar” é uma palavra bastante frequente nas reuniões das Rádios Livres. No trabalho de campo, acompanhei discussões de como ocupar o dial – a frequência a ser escolhida pela Rádio para a transmissão; as questões sobre os parâmetros técnicos dos equipamentos, as discussões sobre a grade de horários; oficinas para a construção de transmissores; festas para angariar recursos – geralmente dentro das Universidades, etc. Dessa forma, ocupando espaços – físicos e eletromagnéticos – essas Rádios constroem o seu cotidiano a partir de ideias do que elas consideram como apropriação de espaços públicos como forma de contestação política e social. A ocupação do espaço físico para o funcionamento de uma Rádio Livre geralmente acontece em espaços vazios, que pertencem a grêmios estudantis ou diretórios acadêmicos (no caso das Rádios pesquisadas), que são informalmente doados para a construção do estúdio. Mas existem casos em que os espaços ocupados eram depósitos ou salas vazias, que, sem visível serventia, foram invadidos à revelia dos donos oficiais. Já a ocupação do espaço eletromagnético é um pouco diferente. De forma geral, a frequência a ser transmitida por uma Rádio Livre – ou seja, a ocupação eletromagnética - é procurada pelos integrantes através de um rádio difusor comum, no intuito de tentar localizar brechas no dial para assim ocupar um espaço que esteja relativamente livre (lembrando que os espaços eletromagnéticos são ocupados por Rádios outorgadas pelo governo, o que significa que o sinal da Rádio Livre provavelmente vai se sobrepor ao sinal de alguma Rádio que esteja transmitindo “legalmente”). Assim que os integrantes escolhem a frequência, é necessário decidir a potência a ser transmitida e consequentemente a compra do transmissor. Existem transmissores caseiros e transmissores homologados pela ANATEL – Agência Nacional de Telecomunicações. A preferência é a utilização do transmissor caseiro, que é mais baratos e que pode facilmente ser construído pelos integrantes das Rádios.
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A construção de transmissores, aliás, é uma atividade bastante comum nos Encontros Nacionais de Rádios Livres. Além de compartilhar as técnicas de construção e aperfeiçoamento dos transmissores, também é discutido nesses Encontros o uso de software não proprietário – software livre4 - para a transmissão dos sinais de radiodifusão. Observamos que a utilização de software livre é também uma forma política de contestação, pois, ao ir contra a utilização de software proprietários (como o Windows, por exemplo), as Rádios Livres se posicionam contra a comercialização de programas e serviços que, por manterem uma licença livre, podem ser utilizados por qualquer um e não necessitam de serem mercantilizados. É interessante notar o considerável e recente interesse do Governo pelos softwares livres. O Governo Federal, por exemplo, tem um programa de implementação e de ações inclusivas que envolvem os softwares livres, “com a intenção de fortalecer a comunidade do governo, criando mecanismos de colaboração e compartilhamento de informação e de conhecimento, aumentando a interação entre os técnicos do governo e destes com a sociedade”5. Existem também outros programas de inclusão digital que são financiados pelo Ministério da Cultura, como os Pontos de Cultura – e todos se beneficiam dos softwares não proprietários. Será que esse interesse por parte do Governo nos apontaria para um possível diálogo entre os movimentos marginais de mídias livres e o poder centralizador do Estado? Até então não existem muitos estudos sobre a possível parceria entre ambos, mas sabe-se que o interesse dos órgãos estatais pela tecnologia “livre” é grande.
Figura 1 – Oficina de Construção de Transmissor Fonte: (ENCONTRO NACIONAL DE RÁDIOS LIVRES, 2008)
Figura 2 – Oficina de Construção de Transmissor Fonte: (ENCONTRO NACIONAL DE RÁDIOS LIVRES, 2008)
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Figura 3 – Estúdio da Rádio Muda (2009)
Figura 4 – Reunião Radiola (2007)
Ocupações físicas, eletromagnéticas; ilegais ou não, softwares não proprietários: Todos são elementos constitutivos das Rádios Livres, que concretizam a ação política e comunicativa desse tipo de Rádio. Mas isso não é tudo. Além do seu caráter subversivo, essas Rádios se reúnem em uma rede de interconexão muito interessante a qual eles chamam de Rizoma de Rádios Livres. O Rizoma de Rádios Livres ou projeto Radiolivre.org começou em 2003 com a finalidade de dar suporte técnico para que as Rádios Livres fizessem suas próprias transmissões pela internet, troca de informações e parcerias. No Encontro Nacional de Rádios Livres de 2004 foi discutido o que significava um “rizoma” de Rádios Livres, como parte de um projeto maior que abarcaria o wiki Radiolivre.org. Segundo os participantes do Encontro, colocou-se que a ideia de rizoma é baseada no conceito da biologia de rizoma (raízes que se inter-cruzam), no sentido de uma colaboração (financeira, de conteúdo, assessoria jurídica, de equipamentos e servidor) entre as Rádios Livres. Esta ideia foi calcada por integrantes que tinham algum conhecimento sobre as obras de Gilles Deleuze e Félix Guattari, principalmente sobre os volumes que compõem os Mil Platôs6. De forma mais técnica, o Rizoma de Rádios Livres funciona como uma rede de agenciamentos que está conectada a todas as Rádios Livres do país, através, principalmente, do wiki www.radiolivre.org, além de diversos outros tipos de articulações; como a lista de discussões via e-mail, ligações telefônicas, encontros nacionais periódicos, oficinas, etc. Se, por exemplo, uma Rádio Livre é fechada pela Polícia Federal, ou tem algum problema técnico com um transmissor que não funciona, diversos são os arranjos
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dentro do Rizoma de Rádios Livres para que o problema seja resolvido, como comprar um novo transmissor em Campinas e enviar para o Pará, ou simplesmente receber instruções de como sintonizar um transmissor através do wiki, que funciona 24 horas, etc. Mas o Rizoma de Rádios Livres é mais do que um meio de transporte de matéria e de instruções, são informações que circulam e sua lógica de conexões é extremamente complexa. As Rádios Livres nascem e se proliferam em pontos dispersos, onde cada ponto, conectado a outros tantos pontos numa mesma rede de agenciamentos, é autogestado pela complexidade não determinante de sua natureza dispersa. Não é de se estranhar, portanto, que o rizoma tenha sido apropriado como categoria nativa pelos que fazem Rádios Livres, afinal, o rizoma, como “um caso de sistema aberto”7, envolve todos os tipos de articulações, humanas e não humanas. Talvez seja nesse sentido que devemos voltar nossas interpretações, quando um integrante da Rádio Muda disse que não se deveria emanar preocupações demais pela repressão dos órgãos reguladores as Rádio Livres, afinal, “se uma (rádio) fecha em São Paulo, duas abrem no Rio. É assim que eu vejo o rizoma”. De forma geral, é no Rizoma que diversos debates são colocados pelas Rádios Livres de todo o Brasil. Um debate em especial será tratado aqui, fruto de diversos pontos de vista e de diversos porta-vozes, que se envolvem e se sobrepõem, dando voz e germinando um tema assaz controverso: a ilegalidade ou não desse tipo de Rádio. 3. UMA CONTROVÉRSIA (E METODOLOGIA)
A
ntes de partirmos para o desenvolvimento da controvérsia em questão, é necessário fazermos uma breve consideração a fim de explicitar o uso desse tipo de ferramenta “teórica”.
No decorrer do nosso trabalho, o estudo de controvérsias apareceu como forma privilegiada de compreender o cenário o qual as Rádios Livres estão envoltas. Pautado no trabalho do epistemólogo Bruno Latour, o estudo de controvérsias se configurou como meio importante de compreensão da variedade de agências que participam da ação, além de contribuir para o aprofundamento da antropologia das associações. O estudo de controvérsias como forma de desvelar a dimensão política das controvérsias e seus respectivos impactos sociais, abarcando toda uma antropologia do centro8, ganhou força a partir dos anos 80, com os trabalhos de Latour e Collins. Tais trabalhos apontavam a flexibilidade na interpretação dos fatos científicos, além das negociações inerentes à construção de tais fatos. Como nos esclarece Tait Lima (2009): Esses estudos ficaram notabilizados por pesquisadores da vertente norte-americana (...) como Nelkin, Jasanoff (1987), Lacey (2009, 2007, 2002 e 2000) e Sarewitz (2004) que produziram trabalhos preocupados com questões como: a dimensão da autoridade epistemológica da ciência na definição de políticas; a relação entre o conhecimento científico, valores sociais e outros conhecimentos e instituições; a oposição entre saber especializado e leigo; e com os desdobramentos da tecnização de temas para a participação pública.9
Hoje, o estudo das controvérsias sociotécnicas nos apontam para um claro cenário de disputas políticas nas diferentes dimensões da vida social. No nosso caso, a controvérsia abarca porta-vozes como a ANATEL, o Ministério das Comunicações na representação de seu Ministro Hélio Costa, a Polícia Federal, Juízes, Delegados e Associações de Rádios Comerciais de um lado; enquanto do outro lado se posicionam
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as Rádios Livres, Comunitárias, ONG’s que lutam pela democratização dos meios de comunicação – como a Intervozes – e simpatizantes do movimento. Pela densidade e extensão do tema, desenvolveremos somente uma controvérsia, deixando claro que o tema dá margem para inúmeras outras considerações e elucubrações. Dito isto, passemos então para a discussão que consideramos como uma (das muitas) controvérsia em desenvolvimento. As Rádios Livres não participam diretamente dos processos de concessão 10 para o seu funcionamento “legal”. Elas se inserem politicamente no debate por serem catalogadas e classificadas pelos órgãos reguladores, de forma geral, como “Rádios Comunitárias que funcionam ilegalmente”, visto que esses mesmos órgãos não distinguem uma Rádio Livre de outro tipo de Rádio, enquadrando qualquer serviço de radiodifusão de baixa potência dentro dos termos da lei 9.612/98. Mesmo questionando o sistema legislativo e o processo de concessão que envolve a radiodifusão, as Rádios Livres são fechadas e lacradas como qualquer outro tipo de Rádio que não tenha concessão. Por alto, acredita-se que entre 2008 e 2009 foram fechadas 400 Rádios “Piratas” no país. Neste cenário de espreitamento de atividades radiofônicas “clandestinas”, diversos debates são colocados pelos integrantes das Rádios Livres no sentido de compreender e esclarecer os entremeios das leis brasileiras de radiodifusão. Dessa forma, acompanhei nas reuniões e nos Encontros de Rádios Livres diversas discussões nas quais eram feitas tentativas de se compreender o complexo sistema interpretativo entre o capítulo V (Artigos 220, 221, 222, 223 especificamente) da Constituição da República Federativa do Brasil e a Lei n° 9.612 de 19 de fevereiro de 199811. Em linhas gerais, o que os participantes desse tipo de Rádio colocam é que o funcionamento legal das Rádios Livres se apóia principalmente nos artigos da Constituição Federal que garantem a elas não sofrerem qualquer tipo de restrição à manifestação do pensamento, à criação, à expressão e à informação, sob qualquer forma, bem como a preferência na programação das emissoras que atendam aos princípios educativos, artísticos, culturais e informativos, que promovam a cultura nacional e regional e que estimulem a produção independente voltada para a sua divulgação. Portanto, do ponto de vista das Rádios Livres, o não cumprimento desses artigos comporia um quadro de ilegalidade, ou melhor, de inconstitucionalidade. Os órgãos reguladores (principalmente a ANATEL, o Ministério das Comunicações e a Polícia Federal) se amparam na lei 9.612 - que regulamenta os serviços de radiodifusão comunitárias - para analisar os serviços de comunicação de baixa potência – dentre eles as Rádios Livres. O ponto básico que é explicitado nesta lei é a denominação da radiodifusão comunitária como um serviço de frequência modulada, operada em baixa potência (máximo de 25 watts ERP), de cobertura restrita (antena inferior a 30 m) e destinada ao atendimento de determinada comunidade de um bairro ou vila. Outros pontos importantes de origem técnica da lei são os artigos 5° e 9°, que designam um único canal de faixa de frequência para o serviço de radiodifusão comunitária, além de especificar que só uma entidade poderá se habilitar para a prestação de Serviço12. O não cumprimento desta lei implica advertência, multa, interrupção do serviço e outros tipos de penas. Um exemplo recente de uma Rádio Livre fechada é a própria Rádio Muda. Mesmo as Rádios Livres alegando a inconstitucionalidade da lei e os outros porta-vozes – CMI,
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simpatizantes, Intervozes e a ABRAÇO 13 – alegando a inviabilidade da lei, a ANATEL – que diz cumprir ordens do Ministério das Comunicações – continua fechando Rádios que funcionam sem concessão. Segundo Augusto Drumond Moraes, da Sala de Imprensa da Anatel: Radiofrequência é um bem escasso, um serviço outorgado pelo Ministério das Comunicações e fiscalizado pela Anatel. Sua distribuição assemelha-se a uma avenida, cujo controle é necessário para que todo mundo consiga utilizá-la sem causar interferência nos 14 outros.
É contra esse “controle necessário” que as Rádios Livres constroem grande parte do seu argumento, alegando que esse controle é, na verdade, uma transgressão de uma cláusula pétrea e um atentado à liberdade de expressão, apontando as limitações da lei, a falta de vontade política de reformá-la e a burocracia envolvida na repartição do dial. Sobre as limitações da lei, o Consultor Jurídico do Ministério das Comunicações, Marcelo Bechara, anunciou em fevereiro de 2010, pelo Jornal do Brasil, que o Ministério contratou a consultoria da Fundação Getúlio Vargas para modernizar procedimentos internos e, quiçá, apresentar propostas de reforma na legislação da área. Indagado sobre as reivindicações das Rádios “Piratas”, o próprio Ministro do Ministério das Comunicações, Hélio Costa, colocou, segundo o jornal Último Segundo, que atualmente existem cerca de 5 mil rádios clandestinas no Brasil e, que, geralmente, os responsáveis se apropriam de maneira equivocada da denominação Rádio Comunitária para camuflar essa ilegalidade. Atuando sem autorização dos órgãos governamentais responsáveis, as Rádios Clandestinas podem provocar transtornos às instituições democráticas, levar informações sem credibilidade à população e interferir no processo de comunicação de segurança pública. Enquanto as Rádios Livres constroem o seu discurso alegando que a lei ordinária não pode inovar diante da Constituição – sendo a lei ordinária, portanto um ato inconstitucional - órgãos como a Anatel e a Polícia Federal fecham diariamente rádios que não funcionam nos parâmetros legais da lei ordinária 9.612, sustentando nesta lei o seu discurso de legalidade. Ilegais ou não, Piratas ou não, o fato é que, como se vê, essa controvérsia é dura e envolve uma polifonia de vozes. Até onde eu pude perceber, os dois lados se confrontam e não cedem para um diálogo em comum. A controvérsia, como as ondas sonoras, paira no ar. 4. RÁDIOS LIVRES NO CENTRO
A
s Rádios Livres, como movimento de contestação e ação política a fim de fortalecer os canais de expressão popular através de uma mídia aberta, participativa e democrática, esbarram com diversos outros agentes que não reconhecem o tipo inclusivo de ação desse tipo de Rádio. Por estarem envoltas em uma série de controvérsias – vimos apenas uma – as Rádios Livres participam de um debate que circula entre os meios legais de radiodifusão versus seu caráter limitador e centralizador, lembrando que essas são palavras do próprio movimento ao definir a atual legislação de radiodifusão brasileira. Mas isso não é tudo.
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Mesmo circunscritas em controvérsias, diferentes porta-vozes, tecnicalidades e aliados, as Rádios Livres são, atualmente, a expressão de um movimento marginal que discute questões que não são tratadas pela grande mídia – como a divulgação de músicas de artistas independentes, problemas locais que são ignorados pelos órgãos governamentais, alimentação saudável e acessível, economia solidária, hortas comunitárias, projetos de reciclagem, software livre e etc., além da sua concepção aberta e participativa, que abarca toda a comunidade que se situam no em torno dessas emissoras. Reunindo através do que elas chamam de Rizoma de Rádios Livres, essas Rádios se articulam e ganham mais força enquanto movimento social. Além de questionarem as leis referentes à radiodifusão brasileira, elas reivindicam a democratização dos meios de comunicação, o espectro livre e formas não proprietárias de interação midiática. Porém, essas reivindicações ainda geram muitos conflitos – políticos, pessoais, ideológicos. Porém, as Rádios Livres no mostram como coletivos (ou grupelhos, nas palavras de Guatarri) ainda são capazes de mobilizar pessoas, coisas e ideias a fim de reivindicar uma inclusão midiática menos centralizada e espaços de diálogos e ações voltadas para um público que acredita em novas possibilidades de comunicação. O antropólogo Eduardo Viveiros de Castro nos lembra que o conhecimento antropológico é imediatamente uma relação social, “pois é o efeito das relações que constituem reciprocamente o sujeito que conhece e o sujeito que ele conhece, e a causa de uma transformação (toda relação é uma transformação) na constituição relacional de ambos”. Daí compreendermos a relevância social do tema proposto: decifrar as relações sociais que compõem as Rádios Livres como forma de compreender (um pouco) melhor o mundo em que vivemos.
NOTA 1 MACHADO, Arlindo et al. (1987:59)
6 DELEUZE, G. e GUATTARI, F. Mil platôs. (v.1, 2,3,4,5) Rio de Janeiro: E. 34, 1995.
2 op. cit (1987:93/94) 7 Sistema aberto no sentido de um tipo de estrutura na qual os elementos encontramse reunidos numa simultaneidade não unificável.
3 Texto coletado por Marisa Aparecida Meliani Nunes (1995) 4 Segundo o Wikipédia, software livre é qualquer programa de computador que pode ser usado, copiado, estudado e redistribuído sem restrições. O conceito de livre se opõe ao conceito de software restritivo (software proprietário). A maneira usual de distribuição de software livre é anexar a este uma licença de software livre, e tornar o código fonte do programa disponível. Alguns exemplos de software livre: GNU/Hurd, GNU/Linux, BSDs.
8 A primeira crítica, dentre várias, que Latour recebeu, foi a falta de distinção entre o centro e o periférico em cada sociedade, levando muitas vezes às postulações de que o centro para Latour começa na França. Rebatendo esta crítica, o autor coloca que muitas vezes o centro é a periferia do centro, como, por exemplo, as multinacionais, as indústrias, as técnicas: assunto que não desperta muito interesse para os antropólogos. Sobre o assunto, ver: Por uma antropologia do centro 2004.
5 GOVERNO FEDERAL. Disponível em: <http://www.softwarelivre.gov.br/comunidad e-no-governo>
9 TAIT LIMA (2009:3)
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10 É a concessão governamental que define se o funcionamento de uma rádio é legal ou ilegal. As outorgas de concessão ou autorização para serviços de radiodifusão são conferidos por meio de permissão, via Portaria do Ministro de Estado das Comunicações. As outorgas valem por 10 anos e podem ser conferidas em caráter comercial, educativo ou cultural. Toda autorização para execução do serviço de radiodifusão é precedida por um edital de concorrência que estabelece as condições para habilitação dos interessados. O edital é publicado pelo Ministério das Comunicações e define, por exemplo, critérios tais como o município onde será estabelecido o serviço e as características do serviço (FM ou AM, por exemplo).
11 E consequentemente o decreto no 2.615, de 3 de junho de 1998, que aprova o Regulamento do Serviço de Radiodifusão Comunitária. 12 Para a ABRAÇO, ONG’s como a Intervozes e simpatizantes das Rádios Comunitárias, esses detalhes técnicos inviabilizam a aplicação da própria lei, que incorrem em limitações críticas, como o não atendimento de comunidades distintas que estejam em áreas sobrepostas e a falta de garantia de qualidade mínima para recepção – devido a interferências provenientes de radiodifusão comercial. 13 Associação Brasileira de Rádio Comunitária. 14 O Diário de Mogi. Disponível em: <http://www.odiariodemogi.inf.br/cidades/no ticia_view.asp?mat=20335&edit=6>.
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LATOUR, BRUNO. Políticas da Natureza: como fazer ciência na democracia. Bauru, SP: EDUSC, 2004. LIMA, TAIT M. Participação Pública e Controvérsias nas políticas de
COELHO NETO, ARMANDO. Rádio Comunitária não é crime, direito de antena: o espectro eletromagnético como bem difuso. São Paulo: Ícone: 2002.
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MACHADO, Arlindo et al. Rádios livres - a reforma agrária no ar. 2ª ed. São Paulo: Brasiliense, 1987.
em 5 de outubro de 1988. 40 ed, atualizada e ampliada. São Paulo: Saraiva, 2007. GUATTARI, FELIX. Revolução Molecular: Pulsações Políticas do desejo. São Paulo: Brasiliense, 1987.
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GUATTARI, FELIX; ROLNIK, SUELY. “Minorias na mídia: a Rádio Livre” In: Micropolítica – Cartografias do Desejo. 5 ed. Petrópolis: Editora Vozes, 1999. DELEUZE, G. e GUATTARI, F. Mil platôs. (v. 1,2,3,4,5) Rio de Janeiro: E. 34, 1995.
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AGRADECIMENTOS Agradeço ao meu orientador, Prof. Dr. Eduardo Viana Vargas, Professor do Departamento de Sociologia e Antropologia da UFMG, e em especial às pessoas que fazem do movimento das Rádios Livres um contínuo vivo de ideias.
OBSERVAÇÂO Grande parte deste artigo foi desenvolvida a partir de considerações sobre a minha dissertação de mestrado.
Apropriações libertárias sobre o espectro radiofônico: as Rádios Livres Flora Rodrigues Gonçalves Antropóloga, Mestre em Antropologia Social pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Belo Horizonte, MG E-mail: florazappa@yahoo.com.br
GONÇALVES, F.R. Apropriações libertárias sobre o espectro radiofônico: as Rádios Livres. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 08-19, abr.-maio, 2012
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História da alfabetização de crianças no Brasil Daylane Soares Diniz Graduanda em Pedagogia pela Universidade de Brasília (UnB) Brasília, DF E-mail: daylanesoares@gmail.com
DINIZ, D.S. História da alfabetização de crianças no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 20-24, abr.-maio, 2012
RESUMO A alfabetização é uma etapa muito importante na vida de qualquer indivíduo. Através da leitura e da escrita o ser humano compreende o mundo de outra maneira tendo a possibilidade de adquirir novos conhecimentos e podendo expressar suas idéias. A história da alfabetização de crianças em nosso país tem mais visibilidade na história dos métodos de alfabetização, métodos estes, que servem como base de uma discussão
para definir qual a melhor maneira de alfabetizar crianças. Além disso, há disputas relacionadas com explicações para um sério problema: a dificuldade de nossas crianças em aprender a ler e escrever, principalmente na escola pública. Vários debates e estudos em volta destes métodos fazem com que a alfabetização se firme como prática escolar e como objeto de estudo/pesquisa.
Palavras-chave: Alfabetização; criança; método(s)
A alfabetização não pode ser feita de cima para baixo, como uma dádiva ou uma imposição, mas de dentro para fora, pelo próprio analfabeto e apenas com a colaboração do educador (PAULO FREIRE). 1. INTRODUÇÃO
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leitura e a escrita são formas do indivíduo se inserir no meio social e se caracterizar como cidadão participante desde meio. O processo da leitura ocorre antes mesmo da criança entrar na escola, nas situações familiares. Nos primeiros anos de escolarização o professor deve incentivar e instigar seu aluno a ler e trabalhar em cima de leituras significativas para a formação de um indivíduo crítico e reflexivo. A escrita também tem sua importância crucial para a inserção na sociedade e para expressar ideias e sentimentos. O processo da leitura e da escrita foi denominado por nós a partir do início do século XX como alfabetização. Esse processo se torna complexo, pois envolve vários sistemas e habilidades como: linguísticas, motoras e cognitivas.
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2. CONHECENDO A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL
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o Brasil Escravista as crianças escravas aos 6 anos de idade já eram exploradas fazendo pequenas atividades como auxiliares. A partir dos 12 anos já eram vistas como adultas tanto para o trabalho como para a vida sexual. Por outro lado as crianças brancas ao adquirirem 6 anos eram iniciadas nos primeiros estudos de matemática, gramática, língua e boas maneiras. Com a Abolição e a Proclamação da República são abertas as portas para uma nova sociedade com ideias capitalista e urbano – industrial. Neste período havia a intenção de alguns grupos de diminuir a apatia do governo em relação à criança. Tinham como objetivo elaborar leis em favor dos recém-nascidos, dar atenção as crianças pobres e doentes, criar maternidades, creches e jardins de infância. No Brasil o surgimento das creches se deu um pouco diferente do resto do mundo. Aqui, as creches populares, atendiam os filhos das mães que trabalhavam nas indústrias e os filhos das empregadas domésticas, no resto do mundo atendiam apenas filhos de trabalhadoras das indústrias. Estas creches atendiam somente o que se referia à alimentação, higiene e segurança física. Eram chamadas de Casa dos Expostos ou Roda. Passado o tempo, na década de 60 e meados de 70, surge um período de inovação de algumas políticas sociais incluindo a educação. O nível básico é obrigatório e gratuito, o que consta a Constituição. Em 1971 a lei 5692/71, traz o princípio de municipalização do ensino fundamental. Contudo, infelizmente, muitos municípios carentes começaram esse processo sem ajuda do Estado e da União. A evasão escolar e a repetência das crianças das classes pobres no primeiro grau se tornam algo crescente em 1970. Surgiu-se então a educação pré-escolar (chamada educação compensatória) para crianças de quatro a seis anos para suprir as carências culturais existentes na educação familiar da classe baixa. Porém, nessas pré-escolas não haviam professores qualificados e nem remuneração digna. A maioria dos funcionários que trabalhavam nessas escolas eram voluntários, que acabavam por desistir do trabalho. A maioria das creches públicas prestavam um atendimento assistencialista por conta das condições precárias das crianças. Já as particulares desenvolviam de certa forma alguma atividade educativa. A educação infantil foi aplicada no Brasil a partir dos anos 30, sendo muito nova e ineficiente devido a politicagem que favorece a privatização da educação. Pode-se observar que desde o início a educação pública surge de forma precária e sem uma boa estrutura. Com o passar do tempo foram aprimorando-a em termos de políticas públicas, gestões, leis, conteúdos escolares, formação de profissionais qualificados, mas ainda não foi o suficiente. Desde o ensino infantil até o ensino superior somos capazes de apontar erros e carências na educação. Para montarmos uma estrutura de uma educação de qualidade devemos começar reforçando a base e consequentemente a construção será feita de maneira adequada até chegarmos ao topo de maneira firme. Em outras palavras digo que a inicialização da criança na escola, a alfabetização e etapas posteriores deve ocorrer qualificadamente. É vergonhoso que o ensino privado seja melhor do que o ensino público. Os dois devem ter a mesma qualificação para atender a população, mas desde anos atrás as escolas particulares vem ocupando mais espaço na educação brasileira. Em escolas públicas ainda existem crianças de 10 anos que chegam ao 5º ano sem estarem devidamente alfabetizadas, mas esse nem é o maior problema diante de um país que tem mais de 14 milhões de analfabetos, segundo o Ipea. Mas por que isso
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acontece? Uma resposta pode ser falta de qualificação dos professores. E os métodos de alfabetização, será que eles realmente são adequados? 3. MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO
A
alfabetização não se resume à aplicações de rituais repetitivos de cálculo, escrita e leitura. Ela começa a partir do momento que a criança se expressa, quando ela identifica os objetos ao seu redor e fala de sua realidade. O objetivo primordial é a compreensão e apreensão do mundo para que a criança possa se comunicar, adquirir novos conhecimentos e desenvolver o ato crítico e reflexivo. Alfabetização é o processo pelo qual as pessoas aprendem a ler e a escrever. Entretanto, esse aprendizado vai muito além de transcrever a linguagem oral para a linguagem escrita. Alfabetizar-se é muito mais do que reconhecer as letras e saber decifrar palavras. Aprender a ler e a escrever é apropriar-se do código linguístico-gráfico e tornarse, de fato, um usuário da leitura e da escrita (CAGLIARI, 1989).
Passado mais de cem anos desde a implantação do modelo republicano de escola em nosso país pode-se observar que desde aquela época o fracasso escolar na alfabetização vem se tornando um problema que precisa ser solucionado com urgência. Os esforços para a solução desse problema se concentram na questão dos métodos de ensino da leitura e da escrita. Essa questão passou a ser considerada tradicional nas duas últimas décadas. Até o final do Império brasileiro iniciava-se o ensino da leitura lendo-se e copiando-se documentos manuscritos e com as chamadas “cartas de ABC". “Utilizavam-se, nessa época, os métodos da soletração (alfabético), partindo do nome das letras; do fônico, partindo dos sons correspondentes às letras; e da silabação (emissão de sons) partindo das sílabas. Posteriormente, reunidas as letras ou os sons em sílabas, ou conhecidas as famílias silábicas, ensinava-se a ler palavras formadas com essas letras e/ou sons e/ou sílabas e, por fim, ensinavam-se frases isoladas ou agrupadas. Quanto à escrita, esta se restringia à caligrafia e ortografia, e seu ensino, à cópia, ditados e formação de frases, enfatizando-se o desenho correto das letras.” A marcha sintética (de soletração, fônico e silabação) circulara pelo país por muitas décadas. Em 1876 surge um novo método criado pelo poeta português João de Deus que se propaga no início da década de 1880 aqui no Brasil. Este método que é chamado de método da palavração consiste em iniciar o ensino da leitura pela palavra, para depois analisá-la a partir dos valores fonéticos das letras. No ano de 1890 foi reorganizada a Escola Normal de São Paulo e em 1896 criou-se a Escola-Modelo Anexa onde tinha um jardim de infância. Junto com essa escola surge o método analítico de ensino sob forte influência da pedagogia norte-americana que se baseava nos princípios de que a aprendizagem da leitura e da escrita deve ser feita do “todo” para depois proceder a análise de suas partes constitutivas. Os professores que se formavam nessa escola defendiam esse método e com o tempo ajudaram a fazer com que o mesmo fosse de uso obrigatório nas escolas públicas paulistas. Surge então a disputa de qual seria o melhor método, a marcha sintética ou a analítica. Surge resistência do uso do método analítico em 1920. Buscaram-se consolidar os dois tipos básicos de métodos da alfabetização (sintéticos e analíticos), em várias tematizações e concretizações das décadas seguintes. Métodos mistos começam a ser utilizados (sintético-analítico ou vice-versa). As disputas entre os defensores dos
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dois métodos continuaram. Até que a importância do método de ensino passou a ser relativizada devido a reflexão de que onde o como ensinar esta subordinado a maturidade da criança. Passou a ser observado os fracassos das escolas na alfabetização de crianças. Assim, introduz-se no Brasil o pensamento construtivista na alfabetização graças às pesquisas feitas pela argentina Emilia Ferreiro e colaboradores sobre a psicogênese da língua escrita. O construtivismo não é exatamente um método, mas entra em disputa com os defensores dos tradicionais métodos. Emilia Ferreiro baseia-se nos processos de elaboração e aquisição do conhecimento pela criança, ou seja, como ela aprende. Nesta ideia a criança constrói seu próprio conhecimento daí o nome construtivismo. Tem-se hoje, a institucionalização, em nível nacional, do construtivismo em alfabetização como podemos verificar nos Pcn’s. Na década de 1980 houve emergência de uma nova perspectiva sobre a alfabetização gerando uma nova disputa entre seus defensores e o do construtivismo. A perspectiva interacionista caracteriza-se como uma nova didática da leitura e escrita, centrada no texto. A ausência de uma didática no construtivismo abre espaço para novas propostas baseadas em métodos antigos. 4. FORMAÇÃO DO ALFABETIZADOR om ênfase no período republicano brasileiro, o professor alfabetizador/professor primário, tem sua formação em três tipos principais de instituições: a Escola Normal, o Instituto de Educação e a Habilitação Específica para o Magistério. São Paulo foi o principal estado no que se refere a difusão de práticas ao ensino da leitura e escrita e na formação do professor responsável por este ensino. O crescente processo de especialização na alfabetização vem contribuindo para a formação do professor que alfabetiza, porém, é importante destacar, que no Brasil não há um curso específico para esse professor, estando sua formação subsumida a do professor primário. O que deveria ser modificado já que alfabetizar é uma importante missão, logo deveria ter uma formação focada para isso.
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Com o surgimento do método analítico, a Escola Normal busca fazer uma formação sobre o que mais havia de moderno na época (método analítico), em uma “elite” de professores. Foi assim, que estes professores espalharam o método analítico pelo país. No ano de 1947 adequando-se a Lei Orgânica do Ensino normal a formação de professores primários e pré-primários recebeu o nome de “Curso Normal” com duração de três anos. Em 1980 com o objetivo de tentar combater a formação precária dos professores o Estado de São Paulo criou alguns Centros Específicos de Formação e Aperfeiçoamento do Magistério (Cefam). Neste momento importante se disseminou os cursos de Pedagogia como licenciatura, nos quais os professores das séries iniciais se formavam em nível superior, como é até hoje. A formação destes professores ainda tem muito o que melhorar, deve-se rever o currículo do curso de Pedagogia e capacitar enfim os muitos professores que ainda existem pelo Brasil a fora sem formação específica para estar dentro de sala de aula. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A
história da alfabetização no Brasil seguiu um caminho de metodização a uma desmetodização do ensino da escrita e da leitura. Hoje em dia a maneira aconselhada pelo Pcn para se alfabetizar é segundo as perspectivas construtivistas, porém vários métodos ainda são utilizados.
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A discussão dos métodos e da maneira de se alfabetizar são importantes, mas o grande objetivo é fazer com que a criança aprenda a ler, escrever e interpretar, independente do método que se utiliza. Que a criança desenvolva suas habilidades e que seja autora de seu aprendizado sendo o professor apenas um mediador mas que não deixa de ser extremamente importante nesse processo. Logo sua formação deve ser cada dia mais aprimorada. O professor alfabetizador tem a honrada missão de iniciar seus alunos no mundo da leitura e da escrita e realmente para as crianças é um mundo novo, cheio de descobertas. A educação não pode ser vista como uma transmissão de informações, o desafio deste século é ensinar a conhecer, transformar informações em conhecimento.
REFERÊNCIAS BORBA, Milena. História da Educação Infantil. [S.I.], 2009. Disponível em: <http://milenalopes.blogspot.com/2009/02/h istoria-da-educacao-infantil.html> Acesso em: 10 jan. 2011.
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MORTATTI, Maria Rosário Longo. Notas para uma história da formação do alfabetizador no Brasil. [S.I.], 2008. Disponível em: <http://www.rbep.inep.gov.br/index.php/ RBEP/article/viewFile/882/1152> Acesso em: 11 jan. 2011.
CHARTIER, Anne-Marie. Ler e escrever: Entrando no Mundo da Escrita. Porto Alegre: Artemed Editora, 1996.
Sonhos e Poesias: frases de Paulo Freire. [S.I.], 2009. Disponível em: <http://sonhosepoesiasempre.blogspot.com /2009/03/frases-de-paulo-freire.html> Acesso em: 08 jan. 2011.
FERREIRO, Emília e TEBEROSKY, Ana. Psicogênese da Língua escrita. Porto Alegre: Artemed Editora, 1999.
OBSERVAÇÂO Daylane Soares Diniz é graduanda em Pedagogia pela UnB. Nascida em 1991 na cidade de Brasília ingressou na faculdade em 2009. Foi professora auxiliar de uma turma de alfabetização, é pesquisadora e colaboradora do projeto Memória da Educação no Distrito Federal (PIBEX/UnB), que tem como objetivo a construção de um museu da educação, e atualmente é professora auxiliar de uma turma do Jardim II.
História da alfabetização de crianças no Brasil Daylane Soares Diniz Graduanda em Pedagogia pela Universidade de Brasília (UnB) Brasília, DF E-mail: daylanesoares@gmail.com
DINIZ, D.S. História da alfabetização de crianças no Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), Brasil, n. 7, p. 20-24, abr.-maio, 2012
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Espiritualidade nas Organizações: os colaboradores estão envolvidos com isso? E as organizações? Richard J. S. Flink Doutor em Administração (UNIP) Maria Elizabeth Vergilio Mestre em Engenharia de Produção (UNIP) Marina Daniele de Oliveira Graduada em Administração de Empresas (UNIP) Maurício Santos Correa Graduado em Administração de Empresas (UNIP) Simone Rodrigues Graduada em Administração (UNIP) Sorocaba, SP E-mail: advance@advanceassessoria.com.br
FLINK, R.J.S. et al. Espiritualidade nas Organizações: os colaboradores estão envolvidos com isso? E as organizações? Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 25-41, abr.-maio, 2012
RESUMO A espiritualidade tem sido observada como uma característica desejada por colaboradores e pelas organizações onde trabalham. Cada vez adquire mais importância, tendo em vista que se trata de um tema bastante atual, e que as empresas buscam, sempre mais, novas formas de alcançar a excelência, não só na produção, nos lucros ou na responsabilidade social, mas também no seu caráter humano diante de seus colaboradores. Um tema que não deve ser confundido com práticas religiosas, mas que assume o importante papel de reconhecer que as pessoas possuem uma vida interior, que alimenta e é alimentada por um trabalho significativo. Entretanto,
pouco se conhece sobre os impactos que a Espiritualidade Organizacional gera no desempenho. A presente pesquisa tem como objetivo analisar o conceito e sua aplicação na organização e foi desenvolvida em campo em um grupo empresarial nacional. A análise dos resultados comprovou que há o reconhecimento da importância da espiritualidade nas organizações, porém motivos como o desconhecimento do verdadeiro sentido, dos benefícios e consequências, falta de disseminação pela liderança e a falta de tempo e pessoal qualificado, dificultam o processo de implementação e seu desenvolvimento nas organizações.
Palavras-chave: Espiritualidade; espiritualidade organizacional; desempenho empresarial
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ABSTRACT The spirituality has been observed as a desired characteristic by employees and the organizations where they work for. It has becoming more important each time, considering that this is a current issue and the companies are looking for new ways to get excellence, not only in terms of production, profits or social responsibility, but also in its human character in towards your employees. One topic that mustn’t be confused with religious practices, but it assumes an important role in recognizing that people have an internal life, that feeds and is fed with a significant job. However, just a little is known about the impact of
Organizational Spirituality in the performance results. This research has as objective to analyze this concept and its application in organizations and was developed in field in the local industrial group. The result’s showed that there is a recognition of the importance of the spirituality in organizations, but reasons like unknowledge issues about its true meaning, about its benefits and consequences, lack of spread by leadership and lack of time and qualified people, the implementation and development process become too difficult.
Keyword: Spirituality; organizational spirituality; enterprise performance
1. INTRODUÇÃO
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entro do contexto da Gestão de Pessoas, ao que tudo indica, temas como “valorização do capital humano”, “programas de retenção de talentos” etc, não têm sido o bastante para mover colaboradores no engajamento às organizações em que trabalham. Assim, é consenso que se faz necessário buscar novos caminhos de se encorajar trabalhadores a se moverem na direção a que se deseja a organização (CARVALHO, 2007). Um deles é o resgate de valores e de sentido da vida, diante de uma sociedade individualizada e desumanizante (DOS SANTOS, 2009). A gestão de pessoas propriamente dita também já passou pelo mesmo problema, onde os sistemas de gestão não davam conta das mudanças ocorridas nos anos 90, surgindo o uso mais frequente da chamada gestão por competências (FLINK, 2009). É nesta seara que surge o conceito de espiritualidade. A busca pela espiritualidade e suas diferentes formas de mediação e expressão têm, ainda que discretamente, emergido como possibilidade de resposta nesta busca de sentido, tanto na literatura nacional acadêmica como na profissional, como solução para o aumento de produtividade. Está também relacionada como meio de se propiciar a felicidade do individuo em seu trabalho e em sua organização. (DOS SANTOS, 2009). Empresas estão aumentando rapidamente o uso do aspecto da espiritualidade dentro de sua gestão com o intuito de criar um ambiente de trabalho melhor para seus colaboradores. O efeito do uso da espiritualidade no ambiente de trabalho na eficácia das equipes de trabalho tem sido percebido e traduzido em atributos como confiança, criatividade e respeito, aumentado assim a satisfação entre seus membros, o desempenho de suas equipes e reduzindo conflitos (DANIEL, 2010). Quase sempre quando o tema espiritualidade aparece no mundo corporativo, gestores acreditam que ele esteja relacionado diretamente a práticas religiosas e que, caso haja motivação para com ele, poderão surgir sérios conflitos no ambiente de trabalho, mas
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não se trata disso. Esse é o primeiro preconceito com relação ao tema. Não se está falando em transformar a organização em uma igreja, nem mesmo de incorporar ao seu cotidiano práticas religiosas, mas da espiritualidade simples e genuína, independente de religião. Oliveira (1997, p.5) chama atenção para o fato que as empresas desumanizaram as relações de produção e as práticas gerenciais despersonalizaram as relações humanas no processo de produção. O autor conclama: “Neste momento, quando se procura repensar os postulados básicos da administração, torna-se necessário analisar, com profundidade e sem preconceitos, o papel do afeto e das emoções nos modelos organizacionais”. E enfatiza a necessidade de re-humanizar as organizações e de as teorias organizacionais repensarem seus modelos relativos ao fenômeno humano, no sentido do “homem, como ser racional”. Os novos modelos descrevem o homem como um fenômeno complexo no qual o fator psíquico resulta da integração do corpo físico com o meio social. Nesta visão o homem é bem mais que um ser puramente racional, é também visto pela dimensão afetiva e pela dimensão emocional (OLIVEIRA, 1997, p.6).
Todavia, a literatura que relaciona o comportamento organizacional positivo com a espiritualidade nos locais de trabalho é rara. A relativa juventude da presença de ambos os temas na literatura organizacional ajuda a compreender essa escassez. (REGO; SOUTO e CUNHA, 2007; DE PAULA e COSTA, 2008). Assim, o assunto é de relevância tanto para a comunidade acadêmica quando para o meio empresarial, o que justifica este estudo, sendo a espiritualidade um fenômeno complexo que não pode mais ser ignorado pela sociedade e pelas organizações (JUDGE, 1999; SANDERS III et al., 2003 in: REGO, SOUTO e CUNHA, 2007). Rego, Souto e Cunha (2007) citam diversos autores (Benefiel, 2003; Butts, 1999; Cavanagh & Bandsuch, 2002; Garcia-Zamor, 2003; Giacalone & Jurkiewicz, 2003; Jurkiewicz & Giacalone, 2004; Konz & Ryan, 1999; Milliman et al., 1999; Mitroff & Denton, 1999; Neck & Milliman, 1994; Sanders III et al., 2003), os quais argumentam e afirmam que a espiritualidade contribui para o desempenho organizacional. Por exemplo, Krishnakumar e Neck (2002) Rego; Souto e Cunha (2007a) sugerem que a espiritualidade pode incrementar o potencial intuitivo e criativo dos colaboradores, fomentar a honestidade e a confiança entre os membros organizacionais, entre eles e outros stakeholders (e.g., clientes), incrementar o sentimento de realização pessoal dos indivíduos, revigorar o empenhamento dos colaboradores na organização e promover o desempenho organizacional. Também Waddock (1999, p. 336) aduz que a “junção da mente, do coração, da alma e do corpo, individual e coletivamente (…) pode ajudar as empresas, públicas ou privadas, a reconhecer a importância da comunidade como base sobre a qual o sucesso, até mesmo a sobrevivência, pode ser construído.” Também é notório o crescimento da preocupação dos trabalhadores com o equilíbrio entre o trabalho e a vida pessoal. As empresas em geral utilizam os chamados “horários estendidos”, onde a impessoalidade e insegurança das pessoas imperam, com a consequente redução da qualidade de vida das pessoas. O uso da espiritualidade é visto como um antídoto a isto (FRAY e COHEN, 2009 in: HAYDEN e BARBUTO, 2011).
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1.1. Objetivos
O
objetivo principal deste estudo é contribuir para elucidação do tema “espiritualidade nas organizações”, avaliando se e quanto os trabalhadores estão envolvidos com isso. Como objetivos secundários tem-se a intenção de despertar uma reflexão das pessoas na tentativa de beneficiar a qualidade de vida individual e coletiva por meio do equilíbrio das relações líderes/trabalho, buscando assim uma melhoria de desempenho; identificar as ideias predominantes no grupo empresarial avaliado, bem como os líderes dessas empresas auxiliam seus colaboradores na busca do equilíbrio espiritual. 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Conceito de Espiritualidade nas Organizações
P
ara Freitas (2000) apud Carvalho (2007), a empresa moderna tem assumido diversos papéis que buscam oferecer respostas em diferentes aspectos, além do material, que é óbvio: fornecer uma identidade, suprir necessidades afetivas, dar sociabilidade, desenvolver uma cultura organizacional que forneça um conjunto de valores que constituam um código de conduta, tentando despertar o amor e a devoção da sociedade. Todos estes itens influem diretamente na produção de um sistema simbólico que dá uma representação do ser humano, do que é valor da vida, de qual saber importa, dos modelos que se devem seguir, do que é transcendente e sagrado. Para Moggi e Burkhard (2004) a espiritualidade nas organizações pode ser entendida como a prática, por parte das empresas e seus líderes, do entendimento de que os colaboradores possuem uma vida interior e são seres integrais, que desempenham outros papéis em suas vidas. O trabalho, realizado com um sentido de comunidade, influencia e é influenciado pelo desenvolvimento dos aspectos da vida dos indivíduos. Para Oliveira (2001), atualmente, existem três tipos de empresas: o primeiro tipo é a que vive a era do conhecimento apenas, ou seja, ainda não abriu os olhos para a realidade da era das habilidades pessoais. Essa empresa tem os olhos voltados para o passado. O segundo tipo é aquela que está além da era do conhecimento, isto é, valoriza e aplica o conhecimento, mas ao mesmo tempo, está descobrindo que as habilidades pessoais estão de fato fazendo as coisas acontecerem. São as empresas que estão vivendo a era das habilidades pessoais e, por consequência, tem em seu pessoal, um expressivo conjunto de habilidades que as tornam, eficazmente, diferenciadas. Esta é a empresa do presente. O terceiro tipo de empresa é o que vive a era da espiritualidade. Esta é a empresa que tem o melhor pessoal para adaptar-se às mudanças e, principalmente, as melhores ferramentas para gerarem mudanças. Essa é a empresa do futuro, a que valoriza o conhecimento e as habilidades pessoais e sabe, sobretudo, que todo o ser humano é um ser espiritual, e como tal, deve ser tratado e valorizado. Para Chalegre (2003), a espiritualidade é a superação do pequeno e poderoso ego particular e a compreensão interna de que a vida tem um escopo mais alto do que obter tudo para si. Infelizmente, vive-se em uma sociedade que enfatizou de tal modo o sucesso individual que esse passou a ser um obstáculo para o sucesso coletivo. Por isso, as empresas e países são instituições que precisam tremendamente de uma visão abrangente, participativa, de cada pessoa; construir um caráter com essa visão é transformar o mundo e direcionar os esforços. É dar um espírito mais amplo e idealístico a cada um.
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Espiritualizar uma cultura não significa somente ritualizá-la, mas também gerar o clima motivador de mudanças de atitudes. A empresa que vive a era da espiritualidade é a empresa que se antecipa ao futuro. É aquela que visualiza, à sua frente, o sucesso empresarial. Portanto, para não ser atropelada pela velocidade das mudanças, o ideal é que a empresa já comece a viver a era da espiritualidade. Por isso, o segredo que caracteriza uma empresa espiritualmente desenvolvida é o dom que ela tem de transformar-se continuamente e, assim, reagir às mudanças no mundo dos negócios. A espiritualidade no local de trabalho pode ser definida como “o reconhecimento de que os empregados têm uma vida interior que alimenta, e é alimentada, pela realização de trabalho com significado num contexto de comunidade” (Ashmos & Duchon, 2000, p. 137). Já para Giacalone e Jurkiewicz (2003) têm um modo diferente de definição: “um quadro de valores organizacionais evidenciado na cultura, que promove a experiência de transcendência dos empregados através dos processos de trabalho, facilitando o seu sentido de conexão com os outros de um modo que lhes proporciona sentimentos de plenitude e alegria.”. E poder-se-ia definir espiritualidade no local de trabalho por pelo menos mais uma dezena de autores (quadro 01). Definições de Espiritualidade A preocupação com a forma de expressão pessoal Envolve fundamentos e crenças pessoais Forma como o indivíduo vive em relação às mais profundas verdades do universo Nossa resposta a um anseio humano profundo e misterioso para a auto-transcendência, para encontrar nosso lugar Uma maneira de ser e de experimentar o que vem da consciência de uma dimensão transcendental e que é caracterizada por determinados valores identificáveis com respeito à própria vida e o que quer que se considere ser o final. Uma dimensão transcendente dentro da experiência humana… descoberta nos momentos em que o indivíduo questiona o significado da existência pessoal e tenta se colocar dentro de um contexto ontológico mais amplo. Uma experiência subjetiva do sagrado Um princípio pessoal de vida que foca uma qualidade transcendente do relacionamento com Deus O reino vasto do potencial humano que trata os fundamentos finais com as entidades mais elevadas, com Deus, com a vida, com a compaixão, com o propósito. O esforço humano para o poder de transformação atual na vida: é a atração e o movimento da pessoa humana para o divino. Pertence à uma capacidade própria e tendência inatas; busca transcender/ultrapassar o foco atual da excentricidade, o que vai além e envolve o aumento do conhecimento e amor. Uma força interior que inspira propósitos que vão além de si próprio e que dão o significado e os sentidos da vida
Fonte Emmons (1995) Wong (1998). P. 364 Bregmann and Thierman (1995). P. 149 Benner (1989). P. 20 Elkins ET AL. (1988). P. 10 Shafranske and Gorsuch (1984). P. 231 Vaughn (1991). P. 105 Emblen (1992). P. 45 Tart (1975). P. 5 Dale (1991). P. 5 Chandler e Holden (1992) Mcknight (1984). P. 142
Quadro 01: Diferentes definições de espiritualidade no local de trabalho Fonte: (MARSCHKE, PREZIOSI, HARRINGTON, 2008) No aspecto da liderança, Cacioppe (2000, p. 48) apud Rego, Souto e Cunha (2007a) enfatiza que “os líderes de empresas bem sucedidos do século XXI serão líderes espirituais. Sentir-se-ão confortáveis com a sua própria espiritualidade, e saberão como nutrir o desenvolvimento espiritual dos outros.
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Assim, entender sobre liderança dentro do contexto espiritualidade é imprescindível. 2.2. Liderança
A
liderança do século XXI deve ser a de desencorajar a existência de seguidores, que significa permitir que os outros ajam, incentivando o uso das suas visões como fundamento para outras que muitas vezes podem ser melhores. (DEDE, 1993). O líder deve determinar a direção que inspire compromisso, focada no ambiente externo e que oriente o futuro, deve ser estrategista que planeje, que seja inovador e que conduza mudanças, encorajando a confiança mútua, a aceitação, cooperação e festejando as realizações dos indivíduos e da equipe. (ASANOME, 2001). Atualmente, líderes desenvolvem tarefas complexas para ajudar suas organizações a manter a performance em uma economia desafiante e ao mesmo tempo manter relevância em um meio ambiente dinâmico. (VICERE, 2004). Shechtman (2003) diz que o sucesso de um líder tem muito mais a ver com o nível pessoal de autoconhecimento do que com os graus e programas de estudo que ele tem acumulado. As informações de hoje e a era da alta tecnologia traz dificuldades para ser um líder, sendo que eles devem navegar em um labirinto de possibilidades de negócios e inspirar e motivar pessoas no nível pessoal, devem tomar boas decisões e construírem fortes relacionamentos. (JOHNSON, 2004). Como efeito elucidativo, quadro 02 apresenta algumas definições de liderança. Autor
Definição Influência interpessoal exercida em uma dada Chiavenato situação e dirigida através do processo de (1999) comunicação humana para a consecução de um ou mais objetivos específicos É o processo de influenciar os outros para entenderem e concordarem sobre as Kouzes (1997) necessidades a serem feitas e como fazê-las efetivamente. É a presença e o espírito do indivíduo que lidera Yukl (2002) e o relacionamento que se cria com as pessoas chefiadas. É a capacidade de uma comunidade humana configurar seu futuro e, especificamente, de Senge (2000) sustentar seus processos de mudanças significativos, necessários para que isso aconteça. É a capacidade mudar a cultura... de iniciar Schein (1992) evolutivamente mudanças nos processos que são mais adaptativos. Quadro 02: Diferentes definições de liderança O conceito de liderança, portanto, não é novo e já bastante debatido, cabendo aqui apenas uma referência ao tema, partindo a seguir, para o entendimento de liderança no contexto da espiritualidade.
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2.2.1 Líder espiritualizado
O
s líderes eficazes usam sempre uma variedade de estilos de liderança e também não se prendem a um único estilo, de forma a perder oportunidades para ajudar as pessoas a sair de uma posição de dependência para uma posição de interdependência. Verifica-se, portanto, que a qualidade do líder não está em somente conversar, mas sim, no sentir e ouvir, com toda a atenção os outros. É de fundamental importância que os líderes conheçam muito bem todos os seus colaboradores, do que eles gostam e não gostam de fazer; o que julgam que realizam muito bem e o que acreditam que precisam melhorar; o que valorizam mais na vida e o que não ocupa lugar de destaque no conjunto de suas pretensões pessoais e profissionais. No domínio da liderança, Cacioppe (2000, p. 48) enfatiza que “os líderes de empresas bem sucedidos do século XXI serão líderes espirituais. Sentir-se-ão confortáveis com a sua própria espiritualidade, e saberão como nutrir o desenvolvimento espiritual dos outros. Os líderes mais bem sucedidos de hoje já aprenderam esse segredo.” Strack et al (2002) argumenta que os líderes mais desenvolvidos em termos da sua espiritualidade estão capacitados para implementar cinco práticas de liderança eficaz e alcançar resultados mais positivos para as suas organizações. Fry (2003, p. 708), assevera que as organizações “que não fizerem as necessárias mudanças para incorporar a espiritualidade no trabalho também fracassarão na realização da transição para o paradigma da aprendizagem organizacional necessário ao sucesso no século XXI”. (REGO; SOUTO e CUNHA, 2007a; REGO; SOUTO e CUNHA, 2007b). 3. METODOLOGIA
O
presente trabalho classifica-se como uma pesquisa empírica de abordagem quantitativa. Para Lima (2004 p.26,27) a pesquisa empírica está caracterizada como pesquisa de abordagem quantitativa no método survey, que é o método que atualmente melhor representa as características da pesquisa quantitativa por que corresponde a uma abordagem do fenômeno investigado envolvendo a realização de uma pesquisa de campo, na qual a coleta de dados é feita por meio de aplicação de questionário e/ou, a técnica survey está entre as mais utilizadas (FILIPPINI 1997; BERTO, 2000). A pesquisa é do tipo exploratória, uma vez que o objetivo desse estudo é o ganho de dados preliminares em um determinado tópico, que no caso são as técnicas/métodos de avaliação de competências, provendo uma base para survey mais aprofundadas (FORZA, 2001). O modelo escolhido para a pesquisa foi o utilizado por Rego, Souto e Cunha (2007) pela amplitude dos seus 5 critérios para o estudo da espiritualidade no local de trabalho. O questionário desenvolvido por esses autores foi utilizado, acrescentandose mais 6 itens. A escolha da empresa se deu pelo fato da mesma ser uma autêntica representante da empresa nacional, tendo mais de 50 anos e pertencente à uma família influente no cenário brasileiro, além do fato da direção da mesma ter aprovado a pesquisa e consequentemente, o uso de seus colaboradores. A pesquisa foi realizada através dos questionários aplicados a 23 colaboradores em posições gerenciais, administrativas e
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técnicas. Este número de colaboradores não está dentro de critérios de amostragem, pois não houve intenção de extrapolar dados. Para este estudo, esclarece-se que a definição da espiritualidade nas organizações utilizada foi como sendo constituída pelas oportunidades para levar a cabo trabalho com significado, no contexto de uma comunidade, experimentando um sentido de alegria e de respeito pela vida interior. Esta definição orientou o processo de operacionalização do construto pelos autores do questionário já citados, que leva em consideração cinco dimensões: sentido de comunidade na equipe, alinhamento entre os valores organizacionais e individuais, sentido de préstimo/utilidade para a comunidade (trabalho com significado), sentido de alegria no trabalho e oportunidades para a vida interior. As três primeiras foram consideradas por Milliman et al (2003) apud Rego; Souto e Cunha (2007a) como as dimensões mais importantes na predição das atitudes e comportamentos no trabalho. O sentido de alegria no trabalho emergiu como dimensão autônoma na análise fatorial, sendo uma sub-dimensão da dimensão mais ampla identificada por Milliman et al (2003) apud Rego; Souto e Cunha (2007a) e por Ashmos e Duchon (2000) apud Rego; Souto e Cunha (2007a) como “trabalho com significado”. As oportunidades para a vida interior foram incluídas por serem consideradas na maior parte das definições de espiritualidade no local de trabalho. (DUCHON e PLOWMAN, 2005) in: REGO, SOUTO e CUNHA, 2007). Os itens acrescentados foram: definição de espiritualidade; espiritualidade individual, espiritualidade da empresa; espiritualidade dos líderes; satisfação quanto ao trabalho; sentimento de realização profissional e desempenho no trabalho. Rego, Souto e Cunha (2007) realizaram um trabalho que vem sendo referência para o meio científico quanto o assunto da espiritualidade nas organizações. Em 2007 no Brasil, os autores pesquisaram a correlação positiva existente entre espiritualidade e desempenho. O estudo abordou 254 colaboradores em 48 organizações de diferentes setores de atividades. O método de análise foi a autodescrição dos colaboradores através de questionários quanto sua produtividade, empenho e espiritualidade experimentada na organização. Após a aplicação dos questionários e apuração dos mesmos constatou-se que os funcionários consideram o seu ambiente de trabalho como moderadamente espiritual. O empenho afetivo é moderado/elevado, o normativo e especialmente o instrumental denotam cotações baixas. E os indivíduos tendem a se autodescreverem como bastante produtivos. (REGO, SOUTO & CUNHA, 2007 in: DE PAULA e COSTA, 2008). 4. ANÁLISE DOS RESULTADOS
A
través dos dados levantados, tornou-se perceptível o interesse dos colaboradores da empresa analisada, em relação ao assunto, como também o grau de seus conhecimentos, as dificuldades na implementação da espiritualidade e o que esperam como benefícios para as suas organizações. 4.1. Características da amostra quanto a sexo e posição ocupada
D
os colaboradores que participaram da pesquisa, 44% são do sexo feminino e 56% do sexo masculino, sendo que 48% do total destes ocupam posições gerenciais, 39% administrativas e 13% funções técnicas. As figuras 1 e 2 ilustram estes dados.
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Sexo dos Colaboradores
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
10
13
Feminino
Masculino
Figura 1 – Participação em relação ao sexo dos colaboradores
Perfil dos Colaboradores - Cargo
10 9 8 7 6 5 4 3 2 1 0
11
9 3
Gerencial
Administrativo
Técnico
Figura 2 – Distribuição dos colaboradores por tipo de função. 4.2. Análise dos resultados da pesquisa 1ª Avaliação
A
primeira avaliação da pesquisa buscou avaliar a opinião dos colaboradores sobre o conceito da Espiritualidade Organizacional. Embora o tema esteja sendo amplamente discutido no meio profissional, frequentemente as pessoas possuem conceitos imprecisos a seu respeito. Cada participante deveria escolher 3 alternativas dentre as 9 apresentadas. A tabela 1 ilustra os resultados obtidos. Somados os principais percentuais, 69% correspondeu a fatores ligados à empresa ou ao indivíduo, no que diz respeito à gestão e à liderança, não ligados a aspectos religiosos. Apena 13% associaram o conceito a Deus. Isto demonstra que o termo espiritualidade no local de trabalho tem um entendimento como relaciona a teoria, levantadas no item “revisão bibliográfica deste artigo”.
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Questão - O que você entende como Espiritualidade no contexto Organizacional Atributo de uma pessoa íntegra, centrada em princípios Reflexos no cotidiano da busca da vida eterna com Deus Sentimento relacionado a um bom Clima Organizacional Reconhecimento de que se pertence a um todo maior que a vida humana, independentemente da existência de um Deus. Equilíbro Emocional Habilidade de conciliar o trabalho com os demais aspectos da vida Sinergia, habilidade de trabalhar em equipe Busca de paz interior por meio de técnicas de meditação
14 9 14
20% 13% 20%
4
6%
9 7 11 1
13% 10% 16% 1%
Tabela 1 – Conceitos de Espiritualidade no contexto Organizacional na visão dos colaboradores As questões seguintes tratam de avaliações da espiritualidade pessoal, da empresa e dos líderes, avaliando o comprometimento dos participantes, entre outros itens. Com o intuito de facilitar o entendimento das respostas dadas pelos participantes, para cada frase, somou-se as pontuações do termômetro (escala de seis pontos, indo do mais alto, azul; ao mais baixo, marrom, para facilitar a visualização e o entendimento). Os campos destacados em azul (alto) e os destacados em vermelho (baixo) foram considerados como percentual de concordância em relação aos dois extremos do termômetro (considerando muito alto e alto, como alto e baixo e muito baixo, para baixo). 2ª avaliação
D
os respondentes, 91% acreditam ser pessoas espiritualizadas e somente 9% discordam um pouco que seja, em serem uma pessoa espiritualizada.
A avaliação do grau de espiritualidade da empresa onde trabalham foi bem diferente, sendo o percentual de concordância de 39% contra 61% que disseram ser baixa a espiritualidade na empresa. A avaliação para os gestores indica uma espiritualidade na média, ou seja, 48% acreditam que seus líderes são espiritualizados, ante 52% que disseram o contrário. Provavelmente, a alta discrepância entre a avaliação da Espiritualidade individual e a dos líderes e da Organização se deve ao fato de que o ser humano tende a ser mais crítico e rigoroso quando avalia outras pessoas ou grupos que quando faz um auto julgamento, ou realmente a empresa onde trabalham é considerada de baixa espiritualidade. Assim, pode ser até que as pessoas queiram se engajar, mas podem sentir falta de um incentivo da organização e das lideranças. A tabela 2 ilustra os dados desta seção.
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Muito Alto Questão - Avaliação da Espiritualidade Pessoal A minha Espiritualidade é... Eu me considero uma pessoa espiritualizada
3 5 8
10 11 21
Muito baixo 7 5 12
2 2 4
Muito Alto Questão - Avaliação da Espiritualidade da Empresa A espiritualidade da empresa onde trabalho é... A organização onde trabalho pode ser considerada uma empresa espiritualizada
2 2
6 1 7
3 3 6
2 2 4
0
Muito baixo 4 5 9
7 7 14
Muito Alto Questão – Avaliação da Espiritualidade dos Líderes da Empresa A espiritualidade dos líderes da empresa onde trabalho é... Acredito que os líderes desta empresa são pessoas espiritualizadas
0
5 6 11
1 2 3
Muito baixo 6 6 12
7 7 14
4 4 8
1 1 2
Alto Baixo 91% 91% 91%
9% 9% 9%
Alto Baixo 43% 35% 39%
57% 65% 61%
Alto Baixo 48% 48% 48%
52% 52% 52%
Tabela 2 - Avaliações da espiritualidade pessoal, da empresa e dos líderes 3ª Avaliação
P
ara as questões abaixo, pertencentes ao que chamou-se de terceira avaliação, todas foram avaliadas como satisfatórias (acima de 83% de muito alto ou alto, como indicado na tabela 3). Entretanto, pode-se observar que para cada questão, há alguns respondentes que não estão satisfeitos quanto ao trabalho que desempenham, não estão realizados no que fazem e acreditam ter um desempenho abaixo do seu potencial. Uma pesquisa de clima organizacional poderá dar respostas dos motivos e ajudar a empresa a se realizarem ou consequentemente, a desempenharem melhor suas funções. Muito Alto Questão - Satisfação quanto ao trabalho A minha satisfação quanto a meu trabalho é... O meu trabalho me traz um sentimento de satisfação interior.
3 3 6
13 10 23
Muito baixo 6 8 14
1 2 3
Muito Alto Questão - Sentimento de realização profissional Até este momento da minha carreira profissional, posso me considerar uma pessoa realizada profissionalmente.
0
Muito baixo
96% 91% 93%
Alto Baixo
6
12
2
1
1
83%
17%
1
6
12
2
1
1
83%
17%
1 1 2
12 9 21
Muito baixo 8 9 17
2 2 4
1 1
0
Alto Baixo 91% 86% 89%
Tabela 3 - Avaliação do trabalho 4ª Avaliação item “Respeito à Individualidade” avalia a liberdade que as pessoas recebem para agirem de maneira natural e a valorização da individualidade no ambiente de trabalho. De forma geral, os participantes concordam que sua individualidade é respeitada (76%, vide tabela 4).
O
Nota-se que a baixa concordância refere-se aos cargos administrativos, onde provavelmente não há credibilidade perante os seus liderados e parceiros de trabalho.
35
4% 9% 7%
1
Muito Alto Questão - Desempenho no Trabalho Levando em conta meu potencial, meu desempenho nessa organização é... Estou trabalhando em um nível alto de produtividade
0
Alto Baixo
9% 14% 11%
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Muito Alto Questão - Respeito à Individualidade A minha individualidade é valorizada no meu local de trabalho. Nesta empresa, não sou forçado a seguir um modelo de personalidade, mas tenho oportunidades
1
1
Muito baixo
3
12
6
6
13
4
9
25
10
1
0
1
Alto Baixo 70%
30%
83%
17%
76%
24%
Tabela 4 - Avaliação Respeito à Individualidade 5ª Avaliação uando questionados a respeito da contribuição que prestam à sociedade como um todo, os participantes apresentaram o índice de concordância de 86%; ou seja; acreditam que de alguma forma, o trabalho que exercem é útil à sociedade, entendo assim, seu papel e importância dentro da organização, sentindo orgulho de pertencer à mesma. Há ainda uma percepção de que a empresa tem participação nisso, conforme 2ª questão mostrada na tabela 5, onde 78% respondeu que a organização onde trabalha ajuda a ser útil à sociedade.
Q
Muito Alto Questão - Sentimento de contribuição à sociedade Quando trabalho, sinto que sou útil à sociedade. A organização onde trabalho me ajuda a ser útil à sociedade. Vejo que existe uma relação entre meu trabalho e benefícios para a sociedade como um todo
Muito baixo
Alto Baixo
4 2
8 6
10 10
3
1 2
96% 78%
4% 22%
1
7
11
3
1
83%
17%
7
21
31
6
4
86%
14%
0
Tabela 5 - Avaliação de Contribuição à Sociedade 6ª Avaliação
A
maioria dos participantes (81%, conforme tabela 6) concorda que há uma ligação entre os valores individuais e organizacionais, o que deve contribuir para a implementação da estratégia empresarial, pois ela dá sustentabilidade ao negócio, garantida pelos funcionários quando estão engajados. Os valores são inegociáveis e representam o direcionamento para as ações e os comportamentos (SPRANGER, 1928). Muito Alto Questão - Alinhamento dos valores do indivíduo com os da organização A organização respeita a minha "vida interior" Sinto-me bem com os valores que predominam na organização O trabalho que realizo está ligado com aquilo considero importante na vida. No meu trabalho, não me sinto pressionado a agir contra meus valores de conduta.
3 3 3 3 12
6 9 9 9 33
Muito baixo 9 6 7 7 29
3 2
5
2 4 1 1 8
2 2 4
Alto Baixo 78% 75% 86% 86% 81%
Tabela 6- Avaliação do alinhamento entre os valores individuais e organizacionais 7ª Avaliação
D
os itens que compõem a Espiritualidade Organizacional, o Sentimento de Comunidade na Equipe apresentou 72% de grau de concordância. O intuito desta avaliação é identificar a existência de apoio e preocupação mútua entre os membros da equipe e o que as pessoas estão ligadas umas às outras por um propósito comum.
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22% 25% 14% 14% 19%
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O grau de concordância não muito satisfatório, de 72º neste item, pode estar sendo impactado pelo baixo grau de espiritualidade encontrado na organização (39%, conforme 2ª avaliação). Neste item, mais uma vez aparece (tabela 7, questão 3) o entendimento de que individualmente os colaboradores se acham espiritualizados (neste caso, sentimento de comunidade), mas o mesmo nível não ocorre na organização. Muito Alto Questão - Sentimento de comunidade na equipe As pessoas que trabalham comigo sentem-se parte de uma família. As pessoas que trabalham comigo apóiam umas às outras. Existe um espírito de comunidade em minha equipe de trabalho. As pessoas que trabalham comigo estão ligadas entre si por um propósito comum. Os membros da minha equipe se preocupam realmente uns com os outros.
1 2 2
5
8 7 8 6 7 36
Muito baixo 7 7 9 10 9 42
7 6 3 6 6 28
1 1 1 1 4
0
Alto Baixo 70% 70% 83% 70% 70% 72%
30% 30% 17% 30% 30% 28%
Tabela 7- Avaliação de comunidade na equipe 8ª Avaliação
A
s questões listadas abaixo procuraram verificar se os participantes têm alcançado o equilíbrio entre as áreas sociais, financeira, familiar, de saúde e intelectual em suas vidas.
As respostas mostraram que o desenvolvimento intelectual, financeiro e familiar foram considerados satisfatórios, com percentuais acima de 80%. Entretanto, baseando-se nas respostas quanto ao cuidado com o físico e desenvolvimento intelectual, não se pode dizer que os participantes estão se desenvolvendo e se exercitando regularmente. Supõe-se que o pouco tempo livre fora do trabalho seja a principal razão pela qual os aspectos físicos tenham sido considerados menos satisfatórios que os demais. Nota-se que as 12 pessoas com baixo nível de satisfação no exercício físico são do sexo feminino, o que nos leva a crer que exerçam outros papeis fora da empresa (casa, filhos e esposa). Muito Alto Questão - Equilíbrio de papéis Tenho desfrutado de uma vida social satisfatória. Tenho uma vida financeira saudável. Estou satisfeito com minha vida familiar. Exercito meu corpo regularmente. Creio que tenho me desenvolvido intelectualmente.
1 10 1 1 13
10 10 10 6 10 46
Muito baixo 9 8 3 4 6 30
2 2
1 2
1
5 4 13
1 1 5
6 1 8
Alto Baixo 83% 83% 100% 48% 74% 77%
Tabela 8- Avaliação do Equilíbrio de Papéis 9ª Avaliação
A
s questões listadas na tabela 9 trataram a respeito do comprometimento dos participantes.
O comprometimento afetivo está relacionado basicamente a sentimentos de orgulho e simpatia do indivíduo para com a organização. As respostas mostraram que há uma relação satisfatória (acima de 83%) entre as opiniões dos participantes.
37
17% 17% 0% 52% 26% 23%
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O grupo empresarial avaliado é do tipo empresa familiar, onde nota-se um grande afeto entre os funcionários e a organização (83% na 3ª questão). Muito Alto Questão - Comprometimento Afetivo Sinto orgulho em dizer a outras pessoas que faço parte desta organização. Tenho uma forte ligação de simpatia por esta organização. Sinto-me parte da "família" desta empresa.
7 6 5 18
8 11 6 25
Muito baixo 5 3 8 16
2 2 1 5
1 1 3 5
0
Alto Baixo 87% 87% 83% 86%
13% 13% 17% 14%
Tabela 9- Avaliação de Comprometimento Afetivo 10ª Avaliação
Q
uando indagados com relação ao Comprometimento Normativo, considera-se baixo o nível de concordância (58%, conforme tabela 10).
Nota-se que uma das mudanças mais notáveis no ambiente de trabalho em anos recentes foi o rápido desaparecimento do protótipo do funcionário leal, que costumava trabalhar 30 ou 40 anos na mesma empresa e depois recebia um relógio de ouro e se aposentava. Muitos trabalhadores hoje em dia têm empregos distintos em empresas diversas ao longo de sua vida profissional, e podem não cultivar fidelidade alguma que os prenda a uma companhia qualquer durante muito tempo. De igual modo, muitas empresas não têm nenhuma lealdade em especial para com seus funcionários. O aquecimento do mercado pode ser o principal fator que influenciou a baixa concordância, porém quando comparado com Comprometimento Instrumental, que é decorrente da permanência na empresa, nota-se que as pessoas estão mais confiantes em suas capacidades e em seus potenciais. Muito Alto Questão - Comprometimento Normativo Não deixaria esta organização, pois sinto que tenho obrigações para com as pessoas que aqui trabalham. Mesmo que isso me trouxesse vantagens, sinto que não deveria abandonar esta empresa agora. Sinto que, mesmo se recebesse uma oferta melhor de emprego, não seria correto deixar esta organização. 0
Muito baixo
4
10
4
1
4
61%
39%
6
9
4
2
2
65%
35%
5
6
5
4
3
48%
52%
15
25
13
7
9
58%
42%
Muito Alto Questão - Comprometimento Instrumental Muitos aspectos da minha vida se desestruturariam caso eu saísse desta empresa Mantenho-me nesta organização porque sinto que não seria fácil ser admitido em outra empresa. Continuo nesta organização porque, se saísse, teria que fazer grandes sacrifícios pessoais. Sinto que possuiria poucas alternativas de emprego caso saísse desta empresa. O fato de que eu teria poucas chances em outras empresas é o principal motivo que me mantém nessa organização
1
1
2
Alto Baixo
Muito baixo
Alto Baixo
3
6
5
3
5
43%
57%
1
3
8
4
7
17%
83%
1
2
6
4
9
17%
83%
1
5
4
3
10
26%
74%
4
4
4
11
17%
83%
20
27
18
42
24%
76%
6
Tabela 10 - Avaliação de Comprometimento 5. CONCLUSÕES
O
objetivo principal deste estudo foi contribuir para elucidação do tema “espiritualidade nas organizações”, avaliando se e quanto os trabalhadores estão envolvidos com isso. A maioria soube distinguir espiritualidade de religião
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sendo que 69% correspondeu a fatores ligados à empresa ou ao indivíduo, no que diz respeito à gestão e à liderança, não ligados a aspectos religiosos. Apena 13% associaram o conceito a Deus. Portanto, pode-se dizer que estão envolvidos com o tema e que não houve dificuldades para a definição dos conceitos. Assim com no trabalho de Rego; Souto e Cunha, (2007) apud De Paula e Costa, (2008), que encontraram resultados de que os funcionários consideram o seu ambiente de trabalho como moderadamente espiritual; encontrou-se um baixo grau de espiritualidade no grupo empresarial avaliado (39%, conforme 2ª avaliação). Este resultado confirma que ainda há um gap entre a teoria e a prática, sendo esta última ainda incipiente em termos de uso. Já para o comprometimento afetivo encontrado pelos mesmos autores como sendo moderado/elevado, o mesmo não ocorreu nos achados deste estudo, sendo que as respostas mostraram que há uma relação satisfatória (86%) entre as opiniões dos participantes. Para o comprometimento normativo e especialmente o instrumental denotam cotações baixas, tanto no estudo de quanto no presente estudo (58% e 24% respectivamente). Nesta mesma linha de raciocínio, em ambos os estudos os indivíduos tendem a se autodescreverem como bastante produtivos (89%). Assim, podemos concluir que há certamente uma dicotomia entre itens que versam sobre espiritualidade e os indivíduos na organização. A análise dos resultados comprovou que há o reconhecimento da importância da espiritualidade nas organizações, porém motivos como o desconhecimento do verdadeiro sentido, dos benefícios e consequências, falta de disseminação pela liderança e a falta de tempo e pessoal qualificado, dificultam o processo de implementação seu desenvolvimento nas organizações. Como objetivos secundários teve-se a intenção de despertar uma reflexão das pessoas na tentativa de beneficiar a qualidade de vida individual e coletiva por meio do equilíbrio das relações líderes/trabalho. O estudo mostrou que esta relação ainda é frágil e assim, os líderes dessas empresas ainda não estão aptos a auxiliarem seus colaboradores na busca do equilíbrio espiritual. A grande maioria dos colaboradores consultados acredita que existe uma forte tendência para o desenvolvimento da espiritualidade dentro de suas organizações.
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Espiritualidade nas Organizações: os colaboradores estão envolvidos com isso? E as organizações? Richard J. S. Flink Doutor em Administração (UNIP) Maria Elizabeth Vergilio Mestre em Engenharia de Produção (UNIP) Marina Daniele de Oliveira Graduada em Administração de Empresas (UNIP) Maurício Santos Correa Graduado em Administração de Empresas (UNIP) Simone Rodrigues Graduada em Administração (UNIP) Sorocaba, SP E-mail: advance@advanceassessoria.com.br
FLINK, R.J.S. et al. Espiritualidade nas Organizações: os colaboradores estão envolvidos com isso? E as organizações? Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 25-41, abr.-maio, 2012
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Intoxicação medicamentosa em crianças Carlos Eduardo Collazo Pontes Farmacêutico pós-graduado em Saúde Pública Rio de Janeiro, RJ E-mail: carlos.ecp1000@gmail.com
PONTES, C.E.C. Intoxicação medicamentosa em crianças. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 42-51, abr.-maio, 2012
RESUMO Os medicamentos são responsáveis por uma grande parcela das intoxicações, porém se forem tomados cuidados básicos, os eventos adversos e os acidentes tendem a diminuir. Crianças são curiosas, levam tudo à boca. Além disso, muitos pais subestimam seus atos, aumentando o número de acidentes medicamentosos, que após acontecerem não são facilmente revertidos, visto que são poucas as substâncias, seguras e eficazes, para o tratamento de intoxicações. O presente estudo pretende identificar o perfil das intoxicações em crianças, a fim de evitá-las, para tanto foi utilizada revisão bibliográfica, pois ao tratar os pequenos, é fundamental que se tenha conhecimento que os medicamentos podem levar à morte ou causar lesões irreversíveis. Como forma de
monitoramento e controle dos casos de intoxicação, existe o Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos (CNMM), além do projeto de Hospitais Sentinela, ambos preocupados com o uso racional do medicamento. Outra forma de prevenção é o projeto de lei nº 4841-A/94, que está em tramitação no Congresso Nacional, e estabelece o uso, por todas as indústrias farmacêuticas, de embalagens de segurança. Entretanto, nenhuma destas medidas irá adiantar se as práticas de prescrição e as políticas de saúde não forem revistas. É necessário que sejam estabelecidos critérios para cada situação clínica, com uso de medicamentos nas doses e por um período adequado, levando a uma maior eficácia, efetividade, eficiência e segurança.
Palavras-chave: Intoxicação medicamentosa; crianças; prevenção
1. INTRODUÇÃO
A
Organização Mundial de Saúde (OMS) descreve acidente como um acontecimento independente da vontade humana, desencadeado pela ação repentina e rápida, de causa externa, produtora ou não de lesão corporal e/ou mental. Os acidentes têm relação com vários fatores comuns: sociais, ecológicos, culturais, relacionados à civilização, à condição física ou psicológica e individual, ao crescimento e desenvolvimento, principalmente das crianças. Enfatiza-se que não existem locais sem risco, mas maior perigo em determinados locais (ALEIXO; ITINOSE, 2000).
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Para Lefévre (1991), o medicamento tornou-se um símbolo representativo dessa sociedade. A comercialização dos medicamentos é notória e apresenta uma ênfase invejável por outros produtos de consumo, carreando um poderio econômico das multinacionais que não evidencia preocupação com qualidade de vida da sociedade. Crianças, principalmente menores de cinco anos de idade, por natureza, são mais curiosas. Por estarem na fase oral, o relacionamento com o ambiente se dá por meio da prática de levar objetos e substâncias à boca. Além disso, é muito comum que pais e responsáveis subestimem seus atos, levando a uma incidência preocupante de intoxicações na infância (ALCÂNTARA et al., 2003; RAMOS et al., 2005), que podem ocorrer em qualquer lugar e variam segundo o tipo, a gravidade e a extensão do dano ocasionado. Os acidentes na infância acontecem independentes da classe socioeconômica, idade, sexo e cor dos pequenos e podem ser manifestados de várias formas, de acordo com a faixa etária na qual se enquadra (SANTOS, 1988). Em decorrência de tais fatos o presente estudo tem como objetivos identificar o perfil das intoxicações em crianças com a finalidade de evitá-las; descrever e discutir os diversos aspectos que envolvem o uso e o risco dos medicamentos; alertar sobre os efeitos adversos associados à exposição infantil e avaliar as leis e ações regulatórias existentes no Brasil. Visto que são poucos os antídotos e antagonistas disponíveis, seguros e eficazes, indicados no tratamento das intoxicações, portanto o principal "tratamento" das exposições tóxicas é a prevenção, ativa e passiva, para reversão desse quadro. Destaca-se a educação pública permanente e o estabelecimento dos centros de controle de intoxicação, como o Sistema Nacional de Informações TóxicoFarmacológicas (SINITOX), que funcionam como sentinelas, levando à adoção de políticas públicas adequadas de toxicovigilância (BUCARETCHI; BARACAT, 2005). Entretanto, a quantidade de Centros de Controle de Intoxicações, mais concentrados na região sudeste do país, é insuficiente para registrar todos os casos ocorridos no Brasil e a notificação destes é espontânea, ocorrendo grande sub-notificação e subregistro de casos de intoxicações, influenciadas pela dificuldade de acesso aos serviços de saúde e pelos diagnósticos incorretos (MENDONÇA; MARINHO, 2005). A implantação e obrigatoriedade de embalagens mais seguras (Embalagem Especial de Proteção à Criança - EEPC), em nosso país, precisa deixar de ser um Projeto de Lei (nº 4841-A/94), que vem tramitando há mais de dez anos sem conseguir aprovação para ser uma Lei rígida e eficaz. 2. METODOLOGIA
O
presente trabalho é uma revisão bibliográfica, onde considerou-se os casos de intoxicações em crianças de ambos os sexos, nos anos de 1980 a 2008. Os descritores usados para a pesquisa dos dados foram: medicamentos, crianças, exposição, Brasil, riscos, efeitos adversos, automedicação, venda sem receita, intoxicação medicamentosa, acidentes domésticos, acidentes infantis, envenenamento infantil, farmacovigilância. Para abranger um número de textos suficientes, foram utilizados descritores em português e inglês. As principais bases de dados pesquisadas foram Scielo e MEDLINE. Os dados coletados foram organizados em três partes. Na primeira parte foram selecionadas informações gerais sobre os medicamentos (uso, mecanismo de ação, efeitos, dose, intoxicação). Na segunda parte, foram analisados os efeitos adversos associados à exposição infantil aos medicamentos (manifestações clínicas e intoxicação). Na terceira parte, foram reunidos dados regulatórios (ANVISA) que relacionavam os riscos do uso de medicamentos pelos pais (medicamentos ao alcance das crianças - intoxicações) e quais as Leis ou Portarias existentes.
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3. MEDICAMENTOS: USOS E INTOXICAÇÕES
O
s medicamentos são os principais agentes tóxicos, correspondendo a 28% dos casos de intoxicação humana registrados, anualmente, pelo Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas (SINITOX) (FIOCRUZ, 2004). Dentre estes, benzodiazepínicos, antigripais, antidepressivos e antiinflamatórios são os que mais intoxicam, sendo que 35% destes casos ocorrem em crianças, menores de cinco anos (BERBER et al., 2007). A ingestão excessiva de altas doses de ferro, sem acompanhamento médico é outra importante causa de intoxicação infantil, visto que este é corrosivo à mucosa gástrica e, normalmente, é utilizado em gestantes e no tratamento de doenças hematológicas. O sulfato ferroso, assim como outros medicamentos, são amplamente utilizados e de fácil acesso às crianças nos domicílios. O uso de medicamentos pelos indivíduos requer cuidados básicos para que transcorra de modo a reduzir os efeitos adversos que os mesmos podem causar. Trazendo como enfoque o uso de medicamentos pela criança, é importante ressaltar que o medicamento deve acompanhar uma prescrição médica, e que os pais serão orientados por este profissional ou outro integrante da equipe de saúde que possua competência para tal atribuição. Dentre os cuidados que devemos ter ao administrar medicamentos às crianças, é preciso que conheçamos os fatores que contribuem para as intoxicações. O recém-nascido, por exemplo, está vulnerável às intoxicações medicamentosas, portanto, quando subestimamos as dosagens prescritas, os resultados (intoxicações) são atribuídos à negligência ou desconhecimento da família ou responsável pelas crianças. Com o evoluir do crescimento e desenvolvimento infantil, as crianças se tornam mais curiosas e capazes de alcançar os objetos, de manuseá-los e, principalmente, de conduzi-los à boca, portanto, são nesses momentos de descoberta e entretenimento, que ocorrem acidentes medicamentosos com repercussões graves e até mesmo letais. Nesse contexto, é de vital importância a prevenção e a efetivação da educação em saúde para que os pais repassem para seus filhos o risco sobre a ingestão de medicamentos sem a supervisão ou a completa administração por um adulto responsável (ALCÂNTARA et al., 2003). No Centro de Informação Toxicológica do Rio Grande do Sul (CIT/RS) no período de 1980 a 1986, crianças entre dois e três anos apresentaram maior frequência de intoxicações, com 38,6% de 9.095 intoxicações notificadas (RAHDE et al., 1987). Porém, a grande maioria das exposições nesse grupo é não-intencional (99,4%), com menor morbidade e letalidade quando comparada a outros grupos etários pediátricos, como os adolescentes, que apresentam 45,9% de exposições intencionais (BUCARETCHI e BARACAT, 2005). Já os pré-adolescentes (10 a 14 anos) constituem uma faixa etária em que a questão das intoxicações é discutida com menor frequência. Este fato se deve a esses jovens não ser mais tão crianças para experimentarem as consequências das intoxicações acidentais infantis e, por outro lado, não possuírem autonomia suficiente para ter acesso ao consumo de drogas. Além disso, parecem ainda não encarar o suicídio como uma possível solução para seus problemas existenciais, uma vez que para esses pré-adolescentes, como também para as crianças menores de dez anos e adultos com oitenta ou mais anos, o suicídio não constitui a principal circunstância dos óbitos por intoxicação registrados pelo SINITOX (BOCHNER, 2006).
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No Brasil, segundo informações do próprio SINITOX, os medicamentos ocupam o primeiro lugar entre os agentes causadores de intoxicações em seres humanos e o segundo lugar nos registros de mortes por intoxicação. A cada 20 segundos, um paciente dá entrada nos hospitais brasileiros com quadro de intoxicação provocado pelo uso incorreto de medicamento (ANVISA, 2005). 3.1 Efeitos adversos associados à exposição infantil aos medicamentos
A
exposição do organismo humano a uma substância química, origina interações que resultam em reações benéficas, adversas (Quadro 1) ou, quando em doses excessivas, em intoxicações. A patologia é tratada, ocasionando, invariavelmente, efeitos adversos e, em doses excessivas ou sem a orientação adequada, podem prejudicar o tratamento, induzindo a complicações indesejáveis e, até mesmo, irreversíveis, principalmente, em crianças e idosos, pois são mais suscetíveis às reações uma vez que, no primeiro caso, o processo de maturação orgânica ainda não está concluído e, no último, as modificações fisiológicas que acompanham o processo de envelhecimento já se encontram presentes. Portanto, não é correto pensar que os tratamentos para tosse, resfriado e outras patologias freqüentes são inofensivos e podem ser tomados sem prescrição e orientação médica (ALCÂNTARA et al., 2003). Quadro 1 – Efeitos indesejáveis dos medicamentos • super-dosagem relativa – quando um fármaco é administrado em doses habituais, mas apesar disso, suas concentrações são superiores às habituais. • efeitos colaterais – são os inerentes à própria ação farmacológica do medicamento e o aparecimento é indesejável em um momento determinado de sua aplicação. • efeitos secundários – são devidos não à ação farmacológica principal, mas, como conseqüência do efeito buscado. • idiossincrasia – se define como uma sensibilidade peculiar a um determinado produto. Em geral, considera que se trata de um fenômeno de base genética. • hipersensibilidade alérgica – para sua produção é necessária a sensibilização prévia do indivíduo e a mediação de algum mecanismo imunológico. Trata-se de reações de intensidade claramente não relacionada com a dose administrada; • tolerância – fenômeno pelo qual, em caso de administração repetida, contínua ou crônica de um fármaco na mesma dose, diminui progressivamente a intensidade dos efeitos. Fonte: (ALCÂNTARA et al., 2003) Um exemplo clássico é o tratamento das infecções respiratórias agudas (IRA), onde, embora a maioria dos analgésicos e antiinflamatórios não-esteroidais (AINES) seja de venda livre, não são raros os casos de intoxicação, particularmente em crianças de baixa idade. Os casos de intoxicações geralmente ocorrem devido à ingestão acidental desses medicamentos ou seu uso inadequado. Não raramente, os pais exageram no uso de antitérmicos para “tratar” a febre, sem levar em conta a dose e os intervalos seguros para cada medicamento. Porém, a febre é um mecanismo de defesa, e o uso de antitérmicos e AINES pode comprometer a resposta imunológica, logo, a orientação sobre o uso adequado desses medicamentos se faz necessária (Quadro 2) (BRICKS, 2003).
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Quadro 2 - Medidas preconizadas para evitar a toxicidade de analgésicos e antiinflamatórios não-esteroidais 1. Informar aos pais sobre os riscos desses medicamentos. 2. Deixar, por escrito, instruções sobre dose apropriada para o peso da criança, intervalo de uso. 3. Desmistificar o conceito de que toda febre precisa ser tratada. 4. Alertar as famílias sobre os perigos do uso de medicamentos de venda livre para combater os sintomas respiratórios concomitantemente com antitérmicos. 5. Orientar as famílias sobre as contraindicações específicas de cada antitérmico. 6. Lembrar que não há necessidade de utilizar AINES para tratar os sintomas das IRA, tendo em vista que o processo é autolimitado. 7. Apesar de o acetaminofeno ser considerado o analgésico mais seguro, deve-se ter cautela com sua utilização em condições em que existe aumento de risco, como o uso simultâneo de drogas de metabolização hepática, diabetes, desnutrição, jejum prolongado e doenças hepáticas agudas ou crônicas. 8. Quando a criança apresenta febre que não cede com o uso de antitérmicos, é preciso reavaliar o diagnóstico, evitando-se a administração de doses repetidas de medicamentos. 9. Não existem estudos sobre a efetividade e os riscos associados ao uso alternado de deferentes antitérmicos. 10. Lembrar que todo medicamento deve ser guardado em embalagem e local seguro, fora do alcance das crianças. Fonte: (BRICKS, 2003) Ao tratar crianças, é fundamental que o responsável tenha conhecimento que as doses medicamentosas estão relacionadas com o peso da criança e a dose administrada, sem esquecer, também, que podem levar à morte ou serem responsáveis por lesões irreversíveis (ALCÂNTARA et al., 2003). A maioria das intoxicações, envolvendo crianças, ocorre nas residências, alcançando cerca de 66% dos casos atendidos, sendo 90% considerados acidentais. A ocorrência pode ser através dos enganos que os pais ou responsáveis cometem durante a administração do medicamento, ou pode ser ocasionado por não seguirem corretamente o horário, induzirem super-dosagens, que produzem intoxicação devido ao efeito cumulativo da substância e desconhecimentos dos inúmeros fatores de risco que acompanham as crianças em seu desenvolvimento (ALCÂNTARA et al., 2003). Outro fator é a utilização abusiva, pelas indústrias farmacêuticas, de embalagens atraentes, medicamentos coloridos e adocicados, com sabor de frutas e formato de bichinhos, o que colabora ainda mais para o aumento das intoxicações acidentais em crianças (MARGONATO et al., 2008). Associa-se o estresse familiar à ocorrência de intoxicações com crianças. Como exemplos de estresse familiar consideram-se doença grave na família, perda de pais, avós ou irmão gêmeo no último mês, mãe grávida, mudança de casa nos últimos três meses, ausência de um dos pais (inclui separações e divórcios e também ausência temporária), pai desempregado, pai ou mãe ansiosos ou deprimidos (BORTOLETTO; BOCHNER, 1999). Os dados de literatura indicam que, na prática, os médicos muitas vezes não estão atentos para a possibilidade de eventos adversos a drogas e, mesmo quando
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reconhecem a existência de eventos adversos relacionados ao uso dos medicamentos, são poucos motivados para comunicá-los aos órgãos competentes. Quando um medicamento é liberado para o comércio, os dados sobre sua segurança têm muitas limitações e, raramente os estudos realizados têm poder suficiente para detectar efeitos adversos a drogas que ocorrem com freqüência inferior a 1/1.000 exposições. Desta forma, a detecção de eventos raros, na maioria das vezes, só ocorrerá após a liberação do medicamento para o comércio e dependerá da farmacovigilânica (BRICKS, 1998). Por isso, mesmo com as dificuldades de se reconhecer uma reação adversa produzida por medicamento, as possibilidades de preveni-la aumentariam se o médico orientasse sobre medidas gerais de segurança (Quadro 3) e o profissional, que prescreve o medicamento, conhecendo a farmacodinâmica e a farmacocinética da substância química, orientasse o paciente sobre as reações secundárias à ingestão desses (ALCÂNTARA et al., 2003). Quadro 3 – Recomendações da Academia Americana de Pediatria 1. Os medicamentos que não estejam em uso e também os desnecessários devem ser descartados de modo seguro. 2. Os frascos de medicamentos devem ser fechados com a tampa de segurança logo após o uso. 3. Nunca se deve falar com a criança que o medicamento é doce. 4. As substâncias tóxicas e medicamentos devem ser mantidos em suas embalagens originais e nunca passados para outras. 5. Os produtos com possibilidade de causar intoxicações não devem ficar à vista e ao alcance das crianças. 6. Os profissionais da saúde que cuidam de crianças devem dar orientação aos pais e responsáveis a respeito da prevenção de intoxicações. 7. Não há recomendação de se usar, rotineiramente, o xarope de ipeca, em casa, para tratamento de intoxicações. 8. Diante da possibilidade de a criança ter ingerido substâncias tóxicas, a primeira atitude a ser tomada pelos responsáveis é entrar em contato, por telefone, com o centro de assistência toxicológica para receberem orientação. Dessa forma, o número do centro deve estar sempre disponível, perto do telefone. Fonte: (PAES; GASPAR, 2005) 4. AÇÕES REGULATÓRIAS RELACIONADAS AO RISCO DE INTOXICAÇÕES
M
esmo antes da Segunda Guerra, o uso indiscriminado de medicamentos, sem a mínima comprovação de toxicidade, causaram os primeiros grandes episódios de morbi-mortalidade, como o ocorrido pelo uso do etilenoglicol no xarope de sulfanilamida, em 1937. Esse fato levou à morte de dezenas de crianças e ajudou a fomentar novas ações reguladoras, sem evitar que novas tragédias acontecessem (NEGREIROS, 2006). O segundo evento se deu no final da década de 1950, quando a talidomida (Contergan®) – um medicamento sedativo/hipnótico desenvolvido pela indústria alemã Chemie Grünenthal, amplamente prescrito e utilizado em larga escala por mulheres grávidas em vários países levou ao aparecimento de malformações raras, conhecidas como amelia e focomelia, que se caracterizam pela redução em diferentes graus (focomelia) ou pela total ausência (amelia) de um ou mais membros. Em virtude deste acontecimento, que ficou registrado na história como a “Tragédia da Talidomida” a
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inquietude quanto à inocuidade de xenobióticos passou a ser uma preocupação da Saúde Pública. As agências regulatórias e os organismos internacionais pertinentes, por sua vez, tornaram mais rigorosas as exigências quanto aos estudos de segurança e eficácia de novos medicamentos. Este fato acabou sendo o marco no processo do surgimento da farmacovigilância. (OLIVEIRA et al., 1999; SEVALHO, 2001). No Brasil, as ações de monitoramento começaram oficialmente em 2001, com a criação do Centro Nacional de Monitorização de Medicamentos (CNMM), sediado na Unidade de Farmacovigilância (Ufarm) da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), por meio da portaria MS/GM nº. 696 ANVISA/MS, de 7 de maio de 2001. O CNMM tem como objetivo identificar, precocemente, uma nova reação adversa ou aumentar o conhecimento de uma reação adversa pouco descrita que tenha uma possível relação de causalidade com os medicamentos comercializados. O Brasil foi admitido pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como o 62º país a fazer parte do Programa Internacional de Monitoramento de Medicamentos. Até o ano de 2004, a Ufarm recebeu 3.585 notificações de reações adversas a medicamentos (RAM) e 1.745 notificações de desvio de qualidade. Uma estratégia da Ufarm é o desenvolvimento da farmacovigilância descentralizada, através da criação das unidades estaduais de farmacovigilância (BEPA, 2005). O Projeto Hospitais Sentinela, criado em 2002, foi a primeira estratégia adotada pela ANVISA para obter informações sobre o desempenho e segurança de produtos de saúde, ao mesmo tempo em que estimula o uso racional (adequado) de medicamentos e tecnologias em saúde. A Rede Nacional de Hospitais Sentinela é composta, atualmente, por 104 hospitais sentinelas e 89 colaboradores, com destaque para unidades de saúde públicas e de ensino. Esses hospitais são sensibilizados para a notificação de eventos adversos e queixas técnicas relacionados a produtos para a saúde. São também capacitados para o gerenciamento de tecnologias e controle de riscos (ANVISA, 2005). Através da resolução SES N°2.697, de 28 de março de 2005, foi instituído o programa de farmacovigilância do Estado do Rio de Janeiro, integrado ao Sistema Nacional de Farmacovigilância, com o objetivo de monitorar os eventos adversos associados a medicamentos no âmbito estadual. Os métodos utilizados pelo programa incluem a coleta e análise das notificações espontâneas de eventos adversos a medicamentos e, complementarmente, a realização de estudos fármaco-epidemiológicos. (NEGREIROS, 2006). A ANVISA, ao lançar o projeto das Farmácias Notificadoras, ampliou as fontes de notificação de casos suspeitos de efeitos adversos a medicamentos e de queixas técnicas de medicamentos, em parceria com o Centro de Vigilância Sanitária e o Conselho Regional de Farmácia de cada estado, estimulando o desenvolvimento de ações de saúde em farmácias e drogarias. A proposta é que a farmácia, pública ou particular, deixe de ser estabelecimento meramente comercial e agregue o valor de utilidade pública. O farmacêutico, ante as queixas dos consumidores, deve notificar, ao CNMM, problemas relacionados a medicamentos. Com essa nova postura, criou-se um elo entre a população e o Governo (ANVISA, 2008). Para que os estabelecimentos recebam o selo de “Farmácia Notificadora”, é necessário que estejam de acordo com as exigências da Vigilância Sanitária e do Conselho e que o farmacêutico permaneça no estabelecimento durante todo o horário de funcionamento. Atualmente, 13 estados (MT, TO, CE, PI, BA, DF, GO, MG, MS, SP, PR, PA, SC) já participam do programa (ANVISA, 2008).
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Entretanto, atualmente, os registros ainda não refletem a real magnitude do problema, devido a fatores como a sub-notificação e a tendência de registro apenas dos casos mais agudos, com sinais clínicos mais exuberantes, caracterizando um grave problema de saúde pública, que atinge, predominantemente, crianças entre os dois e três anos de idade (MATOS et al., 2002). Apesar do risco de intoxicação medicamentosa infantil ser muito grande, uma das formas de ser prevenido é por meio de embalagens de segurança, conforme estabelece o projeto de lei nº 4841-A/94, que está em tramitação no Congresso Nacional (BERBER et al., 2007). Outra forma é a implementação de programas educacionais e de prevenção nas escolas, creches, comunidades, associados aos cuidados com a armazenagem de medicamentos e produtos químicos de uso doméstico, que contribuirão de forma significativa para a diminuição destes casos (BORTOLETTO; BOCHNER, 1999). 5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
O
medicamento é sem dúvida um recurso de saúde, um instrumento social que cura e salva, mas que também adoece e mata, por isso, embora a maioria das exposições tóxicas em crianças seja acidental e de baixa gravidade, é essencial que os cursos de graduação em Medicina e os programas de residência médica em pediatria melhorem o seu conteúdo sobre essa temática. É fundamental que os pediatras eduquem seus pacientes quanto às medidas básicas de prevenção e que tenham sempre disponível o número do telefone do centro de controle de intoxicações para consulta a qualquer hora, orientando que façam o mesmo àqueles que cuidam de crianças. Além disso, é necessário intensificar os métodos preventivos contra a intoxicação medicamentosa na infância, passando pela educação em saúde, para que a vida humana não seja enquadrada na lógica do mercado, passando a ser “algo” que possa ser obtida pelo consumo indiscriminado e desumano. O investimento em recursos de saúde nos centros de controle de intoxicação no Brasil, visando qualidade, qualificação e aumento da capacidade de atendimento também é fundamental para evitar tais acidentes e possíveis óbitos. As práticas de prescrição e políticas de saúde relacionadas ao uso de medicamentos devem ser revistas, estabelecendo critérios para o uso racional dos medicamentos, a fim de que se use a medicação apropriada para cada situação clínica, nas doses que satisfaçam as necessidades individuais, por um período adequado, o que implicaria na eficácia, efetividade, eficiência e segurança. Por fim, a utilização desnecessária de fármacos pode causar riscos para a criança e para a comunidade, além de desperdiçar recursos que seriam mais bem direcionados para a prevenção de doenças.
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PONTES, C.E.C. Intoxicação medicamentosa em crianças. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 42-51, abr.-maio, 2012
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A cinesioterapia como forma de reeducação perineal na dispareunia Roberta dos Reis da Silva Fisioterapeuta e Acupunturista Rio de Janeiro, RJ E-mail: betareiss@yahoo.com.br Cristiane Aidas da Rocha e Silva Fisioterapeuta Rio de Janeiro, RJ E-mail: cris.aidas@gmail.com
SILVA, R.R.; SILVA, C.A.R. A cinesioterapia como forma de reeducação perineal na dispareunia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 52-63, abr.-maio, 2012
RESUMO O comportamento sexual está sendo o mais estudado nas últimas décadas do que em outras épocas. A ginecologia teve um avanço em áreas como a infertilidade, a oncologia ginecológica, a mastologia, o climatério, a reprodução humana e as disfunções sexuais.
moderna, havendo a independência sexual da mulher. No entanto, com toda essa modernidade há mulheres que ainda hoje, queixam-se de eventuais distúrbios sexuais. A fisioterapia tem surgido como possibilidade terapêutica e preventiva na área da uroginecologia especificamente nas disfunções sexuais.
Mudanças sociais estão acontecendo ao longo dos anos, propiciando uma postura entre as mulheres diferente da mulher
Palavras-chave: Ginecológico; assoalho pélvico; exercícios terapêuticos ABSTRACT The sexual behavior has been much more studied in recent decades than at any other times. The gynecology had a breakthrough in areas such as infertility, gynecologic oncology, the mastology, the climacteric, human reproduction and sexual dysfunctions.
Physiotherapy has emerged lately as a new feature for the treatment and prevention in the field of urogynecology in both genders. It has a potential role to ensure improvements in people’s sexual health. This paper describes the use of therapeutic exercises for perineal rehabilitation and the body’s awareness of the pelvic floor muscles in women. It explains the essential importance from the physiotherapy in the treatment of Dyspareunia.
Social Changes are occurring over the years, providing a change of attitude of the modern woman, such as their sexual independence, for instance. However, today there are still some women who complain about lots of sexual disorders.
Keywords: gynecological, pelvic floor, therapeutic exercise
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1. INTRODUÇÃO
A
sexualidade é um processo amplo e muitas vezes complexo. Projeta-se no corpo todo, não se limitando aos órgãos sexuais ou ao ato sexual. Complexo também quando depende de nossa cultura que diferencia a sexualidade masculina da feminina (MEDEIROS et al., 2004). Apesar do conhecimento dos médicos em relação as preocupações sexuais e disfunções sexuais ainda há dificuldades de integração com suas pacientes. Nolasco (2007) afirmou que a presença de uma fisioterapeuta é fundamental para um controle palpatório e intravaginal na reeducação perineal pois a maioria das mulheres são incapazes de realizar uma contração dos músculos do assoalho pélvico somente pela simples instrução verbal. No assoalho pélvico, cada sistema orgânico (urinário, genital, intestinal) atravessa a pelve e sai através de seu próprio orifício, mas estão intrincadamente relacionados na função e no suporte anatômico. Um distúrbio da sustentação pélvica pode gerar uma disfunção em um desses sistemas. Além de manter a continência urinária e fecal, os músculos do assoalho pélvico também participam da responsividade sexual feminina normal (WALL, 2005). O assoalho pélvico é um conjunto de partes moles que fecham a pelve, sendo formado por músculos, ligamentos e fáscias. Suas funções são de sustentar os órgãos pélvicos e abdominais, mantendo as continências urinária e fecal. Os músculos do assoalho pélvico também participam da função sexual e distendem-se em sua porção máxima na passagem do produto conceptual (NOLASCO et al., 2007). Para a Organização Mundial de Saúde (2008), a felicidade sexual é uma condição inseparável da questão da saúde, onde a falta de prazer pode desencadear múltiplos problemas como uma constante tensão e mau humor, depressão, insônia, entre outros. Com isso, a Fisioterapia assume importância na informação e conscientização do sistema musculoesquelético do assoalho pélvico (MEDEIROS et al., 2004). Os recursos de tratamento utilizados pela fisioterapia para a reeducação perineal, como a utilização da bola suíça, cones vaginais, biofeedbacks, eletroterapia e a cinesioterapia têm como finalidade melhorar a força de contração das fibras musculares, uma resistência a fadiga, melhorando a mobilidade, a flexibilidade, reeducando a musculatura do períneo e um rearranjo espástico lombo pelvico (NOLASCO et al., 2007). A reeducação da musculatura do assoalho pélvico torna-se essencial no programa, uma vez que a pelve, estaticamente equilibrada, contribuirá para a manutenção de um posicionamento correto das vísceras abdominais e um perfeito funcionamento dos órgãos de sustentação, favorecendo assim uma correta transmissão das pressões intra-abdominais, além de melhorar a função sexual. A informação e a conscientização representam uma fase essencial neste processo (RODRIGUES et al., 2005). O Fisioterapeuta como conhecedor do declínio das capacidades funcionais torna-se um agente incentivador atuando na prevenção e não apenas na reabilitação (MARINHO; ARAÚJO, 2004).
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O objetivo deste estudo foi descrever e analisar por meio de revisão de literatura a intervenção da Fisioterapia através da cinesioterapia, na reeducação perineal, detectando aspectos físicos como dores musculares que alteram a ação muscular e assimetria do tônus que por ventura estejam dificultando a qualidade de vida em mulheres. 2. DISFUNÇÃO SEXUAL FEMININA
A
disfunção sexual ainda alcança status de importante problema da saúde da mulher e consequentemente afeta a qualidade de vida. As disfunções sexuais tanto em Homem quanto em Mulheres aumentam conforme o passar dos anos.
No Brasil, pesquisas realizadas por ABDO em 2004 com 3.148 mulheres de dezoito cidades (Estudo da Vida Sexual do Brasileiro- EVSB), encontrou os seguintes dados:
50,9% alguma disfunção sexual; 8,2% inibição do desejo sexual; 26,6% transtorno de excitação sexual; 26,2 % transtorno orgásmico; 17,8 % Dispareunia; 7,7 % Vaginismo.
A disfunção sexual caracteriza-se por falta, excesso, desconforto e/ou dor na expressão e no desenvolvimento do ciclo ( ABDO; FLEURY, 2006). Há alterações de fatores internos como intelecto, cognição, emoção e déficit na imagem corporal e de fatores externos, como ambiente social e cultural, sistema econômico, hábitos e costumes. Segundo a OMS considera-se que no mínimo de seis meses de sintomatologia é critério indispensável para a caracterização da disfunção. Devendo investigar as condições do(a) parceiro(a), para afastar possíveis equívocos de interpretação entre o quadro clinico do paciente. A queixa da paciente aliada à presença de alguns elementos da anamnese é fundamental ( BARAM, 2005). As disfunções sexuais incluem: Distúrbios do desejo sexual; Distúrbios de excitação sexual; Distúrbios de orgasmo; Distúrbios de dor sexual e Distúrbios sexuais devido a condições médicas sistêmicas e abuso de drogas lícitas e ilícitas (BARAM, 2005). Podem ser classificadas entre disfunção primária (sempre ocorreu) e secundária (após um período de função sexual normal), bem como entre disfunção generalizada (presente com qualquer parceria) e situacional (presente em determinadas circunstâncias e /ou parcerias) considerando a idade e a experiência da mulher (BARAM,2005). Os distúrbios de dor sexual são o Vaginismo, contração involuntária da musculatura perineal e a Dispaurenia, dor genital que ocorre antes, durante ou após o coito, na ausência de vaginismo (BARAM, 2005). 3. Abordaremos neste trabalho o tratamento da Dispaurenia associando a importância da cinesioterapia na reeducação perineal
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Dispaurenia é uma das disfunções sexuais mais comuns vistas pelo ginecologista, e estima-se que afete cerca de dois terços das mulheres durante toda a vida. É um distúrbio psicofisiológico que levando em consideração fatores psicológicos e físicos na avaliação do paciente (ETIENNE; WAITMAN, 2006).
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Alterações fisiológicas que ocorrem durante a excitação sexual podem ser responsáveis pela dor presente durante o coito, mas ausente em outros momentos. Dores musculoesqueléticas podem alterar o ciclo de resposta sexual por assimetria do tônus e da ação muscular, tanto a hipotonia pode inibir e dificultar a resposta sexual, quanto fibras hipertônicas podem ter sua ação reduzida ou gerar contrações espasmódicas em áreas de difícil localização, perineal ou abdominal (ETIENNE; WAITMAN, 2006). A dor pode ocorrer associada à estimulação da genitália externa, a penetração (dor no meio da vagina) e ao orgasmo. Quando ocorre dor associada à penetração profunda pode ser associada a alongamento dos músculos esfíncter externo do ânus, diafragma pélvico e musculatura da parede Antero-lateral do abdome e lubrificação vaginais inadequados (ETIENNE; WAITMAN, 2006). O relaxamento pélvico decorre da hipotonia da musculatura do assoalho pélvico ocasionada pelo hipoestrogenismo e pela ação da própria gravidade no decorrer dos anos. Estes sintomas se apresentam já que essa musculatura é responsável pela sustentação das vísceras pélvicas, pelo controle do esfíncter e pela função sexual. Os músculos que tem influência na atividade sexual são o levantador do ânus, bulbucavernoso, pubococcícigeo e isquicavernoso com contrações voluntárias e rítimicas involuntárias (ETIENNE; WAITMAN, 2006). Uma pelve levará o músculo levantador do ânus um constante estado de contração, uma vez que os movimentos de retroversão pélvica e verificação do sacro têm inicio na região do períneo. O desequilíbrio pélvico pode levar a um déficit muscular da musculatura perineal e colaborar, negativamente para as disfunções sexuais, já que o mecanismo esfincteriano está prejudicado. A hipertonia do levantador do ânus é uma das causas da Dispareunia (MATHEUS, 2006). A dispareunia é um transtorno sexual caracterizado pela sensação de dor genital durante o ato sexual. Pode ocorrer tanto em homens quanto em mulheres, mas é mais comum entre as mulheres. A dor geralmente é sentida durante o ato sexual, mas pode ocorrer também antes e depois do intercurso. As mulheres podem descrever a dor como uma sensação superficial, ou até mesmo profunda; e a intensidade pode variar de um leve desconforto até uma forte dor aguda. É mais frequente do que se pensa, podendo atingir até 50% das mulheres com vida sexual ativa. Para que o distúrbio seja denominado dispareunia, a dor deve provocar sofrimento ou dificuldade nas relações interpessoais e não ser causada exclusivamente pela falta de lubrificação vaginal, por vaginismo (contrações involuntárias dos músculos da vagina), por condições médicas gerais ou pela ação de substâncias ou medicamentos. A dispareunia leva frequentemente à rejeição ao ato sexual, com consequências graves para o relacionamento atual e comprometimento dos futuros, diminuindo o desejo sexual em diversos graus (ETIENNE; WAITMAN, 2006). A dispareunia pode ser causada por fatores orgânicos ou psicológicos. Importante destacar que o distúrbio se origina na interação de um conjunto de fatores e não de uma causa isolada. Destacamos os seguintes (CAVALCANTI, 2004). Fatores Orgânicos: Infecções genitais, tais como candidíase (monilíase), tricomoníase, etc. Doenças de pele que acometem a região genital: foliculite, pediculose púbica (“chato”), psoríase; Doenças sexualmente transmissíveis, como cancro mole, granuloma inguinal, etc; Infecção ou irritação do clitóris; Doenças que acometem o ânus; Irritação ou infecção urinária; Pós cirurgia (histerectomia parcial ou total); e Fatores
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Psicológicos: Dificuldade em compreender e aceitar a sexualidade de uma maneira saudável; Crenças morais e religiosas muito rígidas; Educação repressora; Medos e tabus irracionais quanto ao contexto sexual; Falta de desejo em fazer sexo com o(a) parceiro(a); Medo de machucar o bebê, quando durante a gestação; Falta de informação;Traumas infantis relacionados à sexualidade; Sentimento de culpa na vivência da sexualidade. Em uma relação sexual onde a mulher está preocupada, triste, assustada, sejam esses motivos desencadeados por fatores internos ou externos, ela não tem condições de se excitar. Para que isso ocorra, ela precisa estar bem, presente naquele momento da relação. Com a excitação ela ficará lubrificada, o que proporcionará conforto durante o ato em si. Por outro lado, a mulher mal estimulada, com sentimentos ruins relacionados ao encontro sexual, não se excitará adequadamente. Sem excitação não haverá boa lubrificação, logo ela sentirá dor ao ser penetrada. Isso tornará a relação empobrecida, desgastada para o casal, e assim, os conflitos na relação se agravarão cada vez mais. A mulher, com medo de sentir dor novamente na relação, vai evitar o encontro sexual. E novamente o conflito poderá aparecer. Isso tenderá a se tornar um ciclo vicioso, no qual a dor gera medo, o medo gera tensão, e esta gera dor ainda maior. No entanto essas alterações podem ser revertidas através da Fisioterapia consideravelmente através de cinesioterapia (exercícios terapêuticos perineais), os quais garantem a hipertrofia da parede pélvica principalmente do músculo pulbococcígeo (que se contrai ritmicamente durante o orgasmo), além de manter a lubrificação vaginal melhorando no desenvolvimento sexual ( ANDERSON; GENADRY, 2005). 4. CINESIOTERAPIA NA DISFUNÇÃO SEXUAL-DISPAREUNIA
A
avaliação fisioterapeutica de pacientes que apresenta disfunções sexuais é dividida basicamente em três etapas: análise e mensuração da função sexual (questionário- anexo I),da postura física e do assoalho pélvico (AFA- anexo II). Com o objetivo de normalização da mobilidade da pelve e do tônus dos músculos pélvicos, em especial do assoalho pélvico (MORENO, 2009). É de extrema importância usarmos o teste Perfect (anexo II) para quantificar a intensidade, a duração e a sustentação da contração desses músculos pois, inevitavelmente os mesmos podem entrar em fadiga e a paciente não vai conseguir realizar a sequência , o que poderá gerar frustrações e ansiedade , sendo causa de abandono do tratamento (MORENO, 2009). Na anamnese, permite ao fisioterapeuta traçar corretamente um plano de tratamento e consequentemente a eficácia dos resultados. Oferece uma visão holística da paciente, incluindo o impacto da doença em sua qualidade de vida. Questões como situação afetiva e conjugal, conhecimentos sobre sexualidade, história de vida, iniciação sexual e relacionamentos anteriores e capacidades de percepção e comunicação das dificuldades sexuais e quando e como a paciente apresenta dificuldades- antes, durante ou a pós o ato sexual (MORENO, 2009). É importante ressaltar que a terapia sexual trata-se de uma área profissional e científica, onde qualquer profissional da área de saúde habilitado poderá atuar (ETIENNE; WAITMAN, 2006).
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O exame físico com o intuito de diagnóstico e tratamento das disfunções sexuais apresentam peculiares específicas no caso do exame sexólogo (auxilia a compreender a resposta sexual do/a cliente e permite ao mesmo/a conhecer, compreender e aceitar seu próprio corpo (ETIENNE; WAITMAN, 2006). No exame ginecológico (considera-se o diagnóstico, acompanhamento e prevenção de possíveis doenças relacionadas com órgãos do sistema reprodutivo) e o exame fisioterapêutico (consiste no exame interno e externo, focando a mobilidade e integridade dos componentes do tecido muscular, pele, tecido conjuntivo e ligamentos) ( SACOMORI; CARDOSO, 2008). Devemos salientar que no tratamento dessas mulheres com o atendimento de uma equipe multidisciplinar, Fisioterapeuta e/ou Psicólogo e/ou Ginecologista será de extrema importância (ETIENNE; WAITMAN, 2006). No programa de tratamento para Dispareunia é abordado a cinesioterapia (reeducação perineal), eletroestimulação, massoterapia perineal e alongamentos, todos com o objetivo de normalização do tônus (ETIENNE; WAITMAN, 2006). A cinesioterapia do assoalho pélvico compreende-se basicamente na realização dos exercícios de alongamento, que objetiva trabalhar a musculatura perineal. O trabalho ativo concomitante aumenta a percepção, o controle e o fortalecimento muscular. No entanto, a dosagem do tempo de exercício é essencial, uma vez que a musculatura do assoalho pélvico pode rapidamente entrar em fadiga. Assim, exercícios de maior potência serão mais eficientes com menor número de repetições, com o aumento gradativo da intensidade da força e do tempo de sustentação da contração (MORENO, 2009). Como a musculatura está em hipertonia, faz-se necessário o relaxamento dos músculos do períneo bem como dos músculos acessórios como os adutores da coxa, obturador interno, piriforme, glúteo, abdominais e lombares (MORENO, 2009). O relaxamento pode ser realizado por meio de alongamentos, que será manipulado pelo fisioterapeuta (MORENO, 2009). Os exercícios são realizados mais facilmente na posição prona ou supina, em que não a ação da gravidade dificultando a contração perineal (MORENO, 2009). A razão temporal contração e repouso (em segundos) pode ser respectivamente, 5:5, 10:10, 2:2 com o objetivo de aumentar o recrutamento tanto das fibras musculares do tipo I (exercícios com contrações lentas e prolongadas) quanto das do tipo II (exercícios compostos de contração forte se rápidas) (MORENO,2009). A frequência do tratamento varia de duas a três vezes por semana, por no mínimo de três meses, tempo necessário para obtenção de hipertrofia e, consequentemente, de força muscular (ETIENNE; WAITMAN, 2006). 5. CINESIOTERAPIA
A
cinesioterapia para o assoalho pélvico compreende exercícios para a normalização do tônus muscular. É empregada tanto para o fortalecimento das áreas hipotônicas como para o relaxamento das áreas hipertônicas (ETIENNE; WAITMAN, 2006).
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Quando os MAP se encontram em hipotonia, devemos realizar os exercícios de fortalecimento com tempo de contração e de relaxamento, medidos em segundos, para a normalização do tônus das fibras rápidas e lentas. Devem ser realizados primeiramente na posição supina. Os joelhos devem estar em flexão, com as coxas e as pernas abertas apenas o correspondente á largura dos quadris, e os pés devem estar apoiados na mesa. Está posição favorece a percepção e exige menor esforço muscular por não sofrer a ação direta da gravidade e do peso corporal da paciente (ETIENNE; WAITMAN, 2006). Posteriormente, outras posições serão introduzidas, com grau crescente de dificuldade: semi-sentada (maior ação dos abdominais); com as coxas em maior abdução (ação dos músculos transversos do períneo); sentada ereta com e sem apoio das costas com e apoio dos pés; sentada com varias inclinações (maior trabalho de um dos quadrantes do períneo); em pé com os pés separados apenas a largura dos quadris; em pé com as pernas em maior abertura e em rotação interna e externa; por ultimo, na posição de cócoras, com ou sem apoio elevado dos calcanhares e com os joelhos mais aproximados ou afastados (se as condições físicas da paciente o permitirem) (ETIENNE; WAITMAN, 2006). Nos casos em que a musculatura encontra-se em hipertonia, como na dispareunia, faz-se necessário o relaxamento do MAP, bem como dos músculos acessórios (adutores da coxa, obturadores interno e externo, piriformes, glúteos, abdominais e lombares) (ETIENNE; WAITMAN, 2006) . O relaxamento pode ser realizado através de alongamentos e de exercícios respiratórios de acordo com a necessidade de cada caso. Na realização dos exercícios, poderá ser enfatizada a respiração diafragmática, com ênfase na diminuição da atividade dos músculos da respiração (ETIENNE; WAITMAN, 2006). A respiração é o grande diferencial. A respiração eficiente está diretamente ligada à saúde. Ela estimula as células, aumenta a oxigenação do sangue, elimina os gases nocivos e, junto com os exercícios, ajuda a relaxar os músculos, diminuindo o nível de tensão, ajudando no controle dos movimentos (CAMARÃO, 2004). Inspire pelo nariz e expire pela boca. Na inspiração você leva o ar para a parte lateral da sua caixa torácica; na expiração você ativa o transverso abdominal, usando a imagem do umbigo colado a sua coluna. Essa contração deverá ser mantida durante todos os exercícios, ajudando na estabilização da região lombar e pélvica (CRAIG, 2005). A respiração abdominal diafragmática deve ser realizada constantemente, pois favorece a descida do diafragma, melhorando a oxigenação sanguínea e, principalmente, proporcionando um relaxamento total. Técnica respiratória – inspirar pelo nariz de forma gradual e profunda, dilatando o abdômen, como se fosso uma grande bexiga; espirara pela boca, sentindo o abdômen esvaziar (BARBOSA, 2004). 5.1. Exercícios para alongamento da região pélvica utilizando a respiração (DANTAS, 2005)
P
aciente sentado, tronco ereto, pernas afastadas e flexionadas para frente, tocando as solas dos pés uma contra a outra e distantes cerca de dois palmos dos quadris. Mãos apoiadas uma em cada tornozelo correspondente.
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Pedir para que o paciente contraia o abdômen, formando uma curvatura côncavo da coluna vertebral desde a região cervical até a região coccígea. Pedir para inspirar profundamente e tentar tocar a cabeça em direção aos pés durante o esforço, e depois expirar lentamente. Com os cotovelos, empurrar os joelhos contra o solo. Pedir para o paciente afastar as pernas estendendo-as lateralmente. Repetir o mesmo movimento descrito anteriormente, desta vez, acentuando a projeção da báscula da bacia para trás, como se “arrebitasse” o quadril. Pedir para expirar sempre que aproximar mais o tronco do solo. Pedir que o paciente mantenha o afastamento lateral das pernas e flexionar ambos os joelhos e pés, sem que eles desloquem da posição em que se encontram. Tentar executar o movimento de supinação de ambas as coxas e pernas de forma que a região plantar dos pés se mantenha em contato com o solo e no prolongamento do joelho correspondente. Sempre coordenando com o movimento respiratório, para que haja melhor distribuição de energia e relaxamento no momento do esforço. Voltando a posição vertical do tronco, pedir para que o paciente segure na lateral externa da coxa correspondente e imprimir, pedir para que o paciente realize uma resistência contra as coxas, ate unir totalmente as pernas ( DANTAS, 2005). 6. CONCLUSÃO
A
o término desse estudo pode-se concluir que a cinesioterapia e o alongamento da musculatura do assoalho pélvico feminino já se tornou um importante complemento para inúmeros programas de tratamentos utilizados na fisioterapia uroginecológica. Sabemos que a disfunção sexual, é um importante problema da saúde da mulher, e afeta muito a qualidade de vida. É e causada por um conjunto de fatores e não por uma causa isolada. A Dispareunia é um transtorno sexual que traz diversas alterações tanto fisiológicas como psicológicos para mulher. Ainda não se sabe ao certo até que ponto e por quanto tempo consegue-se manter os resultados obtidos pela reeducação perineal. A prática da cinesioterapia favorece o prognóstico de lesão e patologias que acometem o assoalho pélvico, por promover aumento da força muscular, e ao mesmo tempo o relaxamento da mesma, obtendo assim um conforto maior para o paciente e melhor qualidade de vida. Dessa forma, espera-se que este trabalho possa despertar interesse para a realização de novas pesquisas sobre a dispareunia principalmente a de campo, onde ainda não existe um estudo.
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ANEXOS Anexo I Avaliação Fisioterapêutica Data da avaliação: __ /__ / __. Tel: _________________ Nome: _________________________________________________________ End: __________________________________________________________ Bairro: _________________ Cidade: _________________ CEP: ___________ DN: ___ / ___ / ___. Idade: __________________________________ Situação afetiva / conjugal : _________________________________________ Ocupação: _____________________________ Religião: _________________ Peso: _____________ Altura: _____________ Origem étnica: _____________ Indicação: ______________________________________________________ QUEIXA PRINCIPAL: _______________________________________________________________________________________________ ______________________________________________________________________________________________ Início dos sintomas: _______________________________________________ História pregressa: _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ ____________________________________________________ Antecedentes pessoais: ( ) Fumante ( ) Disfunções Pulmonares ( ) Alergias ( ) Disfunções Cardíacas ( ) Disfunções Circulatórias ( ) Disfunções Renais ( ) Disfunções Ginecológicas ( ) Hipertensão arterial sistêmica (HAS) ( ) Outros: ______________________________________________________ ( ) Cirurgias: Quantas? _____________ Quais? ________________________ _______________________________________________________________ _______________________________________________________________ Abuso ou dependência de drogas: ( ) não ( ) sim Traumas psicológicos/ abuso sexual ou violência sexual : ( ) não ( ) sim OBS:___________________________________________________________________________________________ _______________________________________________________________________________________________ ___________ Antecedentes ginecológicos: Clinico: _________________________________________________________ Menarca: ____________________ Menopausa: ________________________ Data da ultima menstruação: ___ / ___/ ___. Ciclos: regular ( ) irregular ( ). Antecedentes obstétricos: № de gestações: _____ № de partos: ______ Normais: ______ Cesáreas: ______ Abortos: _______ Peso do maior e do menor recém-nascido: _____________________________ Atividade sexual: ( ) exerce ( ) não exerce ( ) satisfeita ( ) insatisfeita ( ) indiferente Tem desejo: ( ) ocasionalmente ( ) sempre ( ) nunca Tem excitação: ( ) ocasionalmente ( ) sempre ( ) nunca Tem orgasmo: ( ) ocasionalmente ( ) sempre ( ) nunca Dor: ( ) ocasionalmente ( ) sempre ( ) nunca Em que posição: _____________________________________________ Relacionamento com o parceiro: _____________________________________ Perda de urina: ( ) sim ( ) não ( ) antes ( ) durante ( ) após o coito Frequência: ( ) ocasionalmente ( ) sempre ( ) nunca Observações: ____________________________________________________ Medicação em uso: ( ) diuréticos ( ) tranquilizantes ( ) hormônios ( ) corticosteróides ( ) anticolinérgicos ( ) outros: _______________________________________________________ Exames complementares: __________________________________________ _______________________________________________________________ Hábitos alimentares e de toalete: ____________________________________ Escala de qualidade de vida: 0____________________________5____________________________10 cm Expectativa quanto ao tratamento: ___________________________________ Avaliação física postural:
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BRASIL, N.7, ABR.-MAIO, 2012 ISSN 2236-9538 Postura geral: frente/costas/perfil Cabeça Ombros Coluna dorsal Coluna lombossacra Pelve: História de traumas físicos e/ou cirúrgicos: Queda com o quadril no chão: ( ) sim ( ) não Queda de escada: ( ) sim ( ) não Acidente com fratura/luxação de quadril, vértebras lombares e/ou MMII: ( ) sim ( ) não Cirurgia abdominal, pélvica e/ou urogenital: ( ) sim ( ) não Qual? __________________________________________________________ Sintomas de dor pélvica: ( ) sim ( ) não Tempo: _____ Nota para dor:_____ Endometriose: ( ) sim ( ) não ( ) Retroversão ( ) Anteroversão ( ) Rotação da Pelve Mobilidade: ______________________________________________________ Assoalho pélvico: Laceração perineal: _______________________________________________ Grau: __________________________________________________________ Sensibilidade à palpação: __________________________________________ Reflexo clitoridiano: _______________________________________________ Reflexo bulbocavernoso: ___________________________________________ Reflexo Sacral: ___________________________________________________ Abertura vagianal: ________________________________________________ Consciência perineal: ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim ( ) 1.ª vez ( ) a partir da 2.ª vez Contração perineal: ( ) simétrica ( ) assimétrica ( ) paradoxal Força muscular do Assoalho Pélvico ( MAP): ( ) zero ( ) 1 ( ) 2 ( ) 3 ( ) 4 Contrações rápidas: ________ № de repetições Contrações lentas: ________ № de repetições Compreensão dos exercícios perineas: ( ) ótima ( ) boa ( ) regular ( ) ruim Observações: ____________________________________________________
Anexo II Escala de Ortiz Grau 0: Sem função perineal Grau 1: Função perineal objetiva ausente, reconhecida somente á palpação. Grau 2: Função perineal objetiva débil, reconhecida somente á palpação. Grau 3: Função perineal objetiva e resistência opositora, não mantida á palpação. Grau 4: Função perineal objetiva e resistência opositora mantida á palpação por mais de cinco segundos. Escala de Oxford Grau 0: Ausência de contração dos músculos perineais. Grau 1: Esboço de contração dos músculos não sustentada. Grau 2: Presença de contração de pequena intensidade,mas que se sustenta. Grau 3: Contração sentida com um aumento da pressão intravaginal, que comprime os dedos do examinador com pequena elevação da parede vaginal posterior. Grau 4: Contração satisfatória, que aperta os dedos do examinador com elevação da parede vaginal posterior em direção á sínfise púbica. Grau 5: Contração forte, compressão firme dos dedos do examinador com movimento positivo em relação á sínfise púbica. Teste PERFECT P= Power (força muscular): Avalia a presença e a intensidade da contração voluntária do assoalho pélvico, graduando-se de 0 a 5 de acordo com a escala de Oxford. E= Endurance (manutenção da contração): é uma função do tempo (em segundos)em que a contração voluntária é mantida e sustentada (o ideal é por mais de 10 segundos), sendo o resultado da atividade de fibras musculares lentas. R= Repetição das contrações mantidas: Número de contrações com duração satisfatória (5 segundos) que a paciente consegue realizar após um período de repouso de 4 segundos entre elas. O número conseguido sem comprometimento da intensidade é anotado. F= Fast (número de contrações rápidas): Medida da contratilidade das fibras musculares rápidas determinadas após 2 minutos de repouso. Anota-se o número de contrações rápidas de 1 segundo ( até dez vezes).
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E= every, C= contractions, T= timed: É a medida do examinador para monitorizar o progresso da paciente através da cronometragem de todas as contrações. Coordenação: É importante monitorizar a habilidade da paciente de relaxar de maneira rápida e completa. Um relaxamento parcial ou muito lento significa uma coordenação insatisfatória, enquanto um relaxamento total e rápido significa uma coordenação satisfatória.
Anexo III
Fonte: (DANTAS, 2005)
A cinesioterapia como forma de reeducação perineal na dispareunia Roberta dos Reis da Silva Fisioterapeuta e Acupunturista Rio de Janeiro, RJ E-mail: betareiss@yahoo.com.br
Cristiane Aidas da Rocha e Silva Fisioterapeuta Rio de Janeiro, RJ E-mail: cris.aidas@gmail.com
SILVA, R.R.; SILVA, C.A.R. A cinesioterapia como forma de reeducação perineal na dispareunia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 52-63, abr.-maio, 2012
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Um olhar geográfico no campesinato a partir de duas famílias camponesas localizadas em Anori - Amazonas André Oliveira Reis Elisângela Cristina Costa Lemos Fernanda Cabral Cidade Graduandos em Geografia pela UFAM Manaus, AM E-mail: nanda_city@yahoo.com.br
REIS, A.O.; LEMOS, E.C.C.; CIDADE, F.C. Um olhar geográfico no campesinato a partir de duas famílias camponesas localizadas em Anori - Amazonas. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 64-70, abr.-maio, 2012
RESUMO Conhecer a realidade camponesa é uma necessidade para se compreender o camponês. O campesinato surge como local de reprodução do camponês formando um sistema que o possibilita exercer sua liberdade, ainda que sobre a
sombra do capitalismo. Este artigo visa compreender o camponês inserido no Amazonas com um olhar que identifique suas principais características e como ela reage a penetração do capitalismo no campo.
Palavras-chave: Penetração do capitalismo; compreender a realidade camponesa; amazonas
1. INTRODUÇÃO
O
modo de vida que conhecemos hoje com pessoas passando apressadas para todos os lados, preocupadas com seus mais diversos interesses, vivendo em imensas cidades onde há construções em todas as direções e onde a vida é guiada pela sede insaciável do capitalismo é possível encontrar o modo de vida que antecedeu o atual? Antes de responder a esta pergunta faz-se necessário entender o modo de vida que deu origem há esses tempos modernos, que no caso é o modo de vida camponesa. Antes de a cidade ser o local de moradia da maior parte da população mundial a vida local girava em torno do campo, onde famílias camponesas produziam tudo que era necessário á sua sobrevivência. No final do século XIX e no início do século XX o Mir Russo se destaca por ter como base do seu modo de produção o campesinato, que existiu por muito tempo até a
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Revolução Russa. A base desse modo de vida era a agricultura familiar, que consiste em: Ter a gestão feita por proprietários, os responsáveis pelo empreendimento serem ligados entre si por laços de parentescos, o trabalho é fundamentalmente familiar, o capital pertence à família, o patrimônio e os ativos são objeto de transferência intergeracional no interior da família e os membros da família vivem na unidade produtiva (ALMEIDA, 2006).
Este modo de reprodução do trabalho familiar chamou a atenção de diversos pensadores da época como Lenin, Kautsky e Chayanov, estes relataram o modo de vida camponês no Mir Russo e no campo rural alemão. A corrente de Lenin defendia a generalização das relações de produção na agricultura que resultaria em duas classes sociais (burguesia rural e proletariado rural), desta forma desintegração do campesinato seria inevitável. Já a corrente de Kautsky, defendia a penetração de relações capitalistas de produção no mercado através da separação dos meios de produção entres os burgueses e proletariados rurais, inserção do mercado no campo e a também separação dos vínculos comunitários rurais (OLIVEIRA, 1996). Ambos, Lenin e Kautsky, acreditavam que o fim do campesinato era uma consequência necessária e inevitável, pois para se alcançar o socialismo desejado por eles o campesinato deveria dar lugar ao sistema capitalista de produção para que enfim se chegasse ao tão sonhada revolução socialista. (ALMEIDA, 2006) Em oposição a essas teorias autoritárias ao campesinato Chayanov surge com sua vertente teórica que rompe qualquer associação do fim do campesinato em decorrência da penetração de relações capitalistas no campo. Para Chayanov a penetração do capitalismo mudava as combinações de tarefas, o camponês deixou de fazer o seu pão, sua roupa, por exemplo, e passou a se especializar mais na agricultura e, portanto o modo de vida do camponês não desaparece com o avanço do capitalismo no campo. Ele também explica que o camponês ao contrario do capitalista não visa o lucro quando vende suas mercadorias, apenas almeja o seu bem-estar e da sua família. Por assim dizer, para Chayanov o capitalismo defende a permanência dos camponeses, pois dependem deles já que alguém tem que produzir o que o capital não produz. Voltando a indagação inicial do texto, bem, esta é uma questão agrária difícil de ser respondida para muitos. Onde termina a agricultura familiar e inicia-se capitalismo no campo, qual o limite do avanço do capitalismo para que este não interfira na essência do camponês? Essas também são outras questões que são constantemente levantadas para se entender à questão agrária atual. Desta forma, a parte teórica juntamente com a prática é fundamental para se compreender o camponês de hoje. O fato é que, sim, o modo de vida camponês existe nos dias de hoje, porém de modo diferente do campesinato que antecedeu o modo de vida que conhecemos hoje, e este fato se deve a permanência e resistência da essência do camponês mesmo com o rápido desenvolvimento do capitalismo no campo. Então este artigo insere-se no contexto de compreender de forma primária a relação que o camponês tem com o capitalismo. Como resultado tem-se uma visão bastante
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particular a partir da experiência de passar quarenta e oito horas em companhia dessas duas famílias, onde tivemos a oportunidade de conviver e conhecer essa diferente realidade nos tornando camponeses mesmo que por um dia. Também é interessante ressaltar o local de moradias dessas duas famílias. A cidade de Anori (figura 1) está distante 234 quilômetros de Manaus por meio fluvial, a oeste. O município está localizado bem a beira do Lago de Anori e em consequência disto sofre bastante nas épocas de cheias e vazantes. No ano de 2009 o estado do Amazonas sofreu a maior cheia de sua história e Anori devido sua localização geográfica ficou praticamente quase toda submersa. Durante a seca o principal problema é o acesso, tendo em vista que os barcos não têm mais condições de atracarem a beira da cidade já que o Lago recua aproximadamente cinco quilômetros no ápice da seca. Tornando o abastecimento da cidade e o escoamento da produção bastante difícil nessa época. Sua população de aproximadamente 16.317 mil habitantes (IBGE, 2010), os sítios estão localizados em um ponto mais afastado da cidade em um ramal de difícil acesso da estrada Anori-Codajás na comunidade São Geraldo.
Figura 1. Mapa de localização de Anori – AM, 2010 Fonte: Ministérios dos Transportes e Google Maps. Org: Heitor Pinheiro
2. FAMÍLIA CAMPONESA E SEU MODO DE VIDA
A
partir de um roteiro de perguntas e um questionário disponibilizado pela disciplina de Geografia Agrária do curso de geografia da Universidade Federal do Amazonas foi e possível orientar nossa pesquisa de forma a facilitar nossa compreensão na relação camponesa com o urbano. As questões do questionário eram sobre os dados pessoais da família como número de pessoas da família, idade, local de nascimento e história. As perguntas eram sobre
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os dados da propriedade (área total e plantada, quais culturas plantadas e a forma de apropriação da terra) e questões relacionadas a aspectos sociais, administrativos e organizacionais em que era enfatizado a relação do camponês fora da propriedade, se trabalhavam para outras pessoas ou contratavam pessoas fora do circulo familiar para trabalhar, se pertenciam a alguma associação o cooperativa. Quanto ao roteiro, este nos orientava em verificar a força de trabalho familiar, a ocorrência de ajuda mútua na comunidade, o volume da produção e benefícios sociais que a família eventualmente receber. A seguir um resumo dos questionários e roteiros de perguntas aplicados em cada família: 2.1. Família Silva
A
penas três pessoas moram na propriedade, os pais, senhor Hilário e dona Lucileide Silva, e o filho mais novo que não quis trabalhar na cidade grande, sua exposa mora em Anori com os filhos pequenos, pois só tem escola na cidade. Quando é final de semana, feriados e férias escolares a família se reúne na propriedade. Esta família está a doze anos instalados na comunidade, seu terreno possui 600.000 m² com quatro hectares plantados. O título da posse da terra só foi adquirido no ano de 2005 quando a Prefeitura Municipal juntamente com o governo estadual regularizou legalmente a situação dos moradores da comunidade São Geraldo. Na área plantada, além das plantações para consumo próprio com hortaliças e frutas, a família se dedica a extração do açaí nativo principal fonte de renda junto com o carvão. A família Silva tem uma peculiaridade bastante interessante, as principais fontes de renda da família provêm tanto da força plena como também da força marginal. Entende-se por força plena aquela em que os membros da família, em geral homens e meninos a partir de 14 anos, estão em fase produtiva, ou seja, os que empregam mais força física no terreno cuidando da plantação e criação de animais de difícil trato. Enquanto as forças marginais restringem geralmente as mulheres, crianças e anciões da família. Nesta atividade não é exigido muita a força do membro da família, porém são fundamentais para permanência da família camponesa (TEPICHT, 1973). Desta forma a colheita do açaí é de responsabilidade do marido e do filho devido a dificuldade é pegar um cacho de açaí do pé (figura 2), enquanto a produção do carvão é feita pela esposa (figura 3).
Figura 2: Sr. Hilário “trepando” no açaizeiro Fonte: (FERNANDA CIDADE, 2011)
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Figura 3: Dn. Lucileide fazendo carvão Fonte: (ELISÂNGELA LEMOS)
A produção de carvão juntamente com o corte das madeiras em pranchões e tábuas (figura 4) é recurso utilizado por muitas famílias para aproveitar as madeiras serradas no processo de criação do roçado no terreno das famílias, tendo em vista que o terreno precisa estar roçado para que se possam plantar as culturas. E na família Silva não é diferente, a produção do carvão passa a ser umas das principais atividades da família. E os pranchões foram utilizados nas construções da casa dos pais e dos filhos, tanto em Manaus como em Anori.
Figura 4: Sr. Hilário carregando os pranchões de madeira Fonte: (FERNANDA CABRAL CIDADE, 2011)
O cacau e o cupuaçu são também são outras fontes de renda, porém com a grande cheia que aconteceu em 2009 a propriedade praticamente alagou e a família perdeu a plantação de cacau e cupuaçu que colheria esse ano. Outra questão interessante é que a família recebe dois benefícios sociais, o seguro defeso e a bolsa família no valor de R$ 118,00. O senhor Hilário apesar de não mais exercer a profissão de pescador é sócio da Associação de Pescadores de Anori, e com isso recebe o seguro defeso, que são quatro parcelas mensais do salário mínimo distribuídas nas épocas em que é proibida a pesca para a venda. 2.2. Família Costa
E
ssa família possui o sítio de nome três irmãos cuja extensão territorial é de 30 hectares. Esta UDC (Unidade Doméstica Camponesa) pertence ao senhor Artur Rocha da Costa, morador da região que possui título provisório da terra a partir
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do ano de 2006. O núcleo familiar desta UDC é composto por 05 pessoas, classificadas de acordo com suas faixas etárias. 0 -14 anos Homem Mulher 01 02
14-60 anos Homem Mulher 01 01
+ 60 anos Homem Mulher -
A primeira faixa etária de 0 e 14 anos não mora na unidade camponesa por coabitarem com os pais em Anorí. A segunda faixa etária também mora em Anorí por ainda não conseguir se manter apenas com a produtividade da sua terra. A forma encontrada para que haja o uso da terra ocorre da seguinte forma; o pai do senhor Artur Senhor João é responsável por arrendar a terra durante os dias de semana, durante o final de semana quem fica responsável pelo uso da terra é o próprio dono do terreno. Essa UDC possui uma diversidade de culturas temporárias, perenes e de extrativismo. As temporárias são mandioca e milho, as perenes limão e banana e as extrativistas açaí e cupuaçu. Sabendo – se que esta udc se utiliza das pluriatividades para complementar a sua renda podemos dizer que o uso destes trabalhos acessórios não implica na descaracterização da atividade camponesa. E por pluratividade entende-se, segundo Schineider: [...] refere-se a situações sociais em que os indivíduos que compõem uma família com domicílio rural passam a se dedicar ao exercício de um conjunto variado de atividades econômicas e produtivas, não necessariamente ligadas à agricultura ou ao cultivo da terra, e cada vez menos executadas dentro da unidade de produção (SCHNEIDER, 2003).
Foi perceber a partir de relatos das duas famílias a falta de ajuda mútua na comunidade refletindo certa individualidade do camponês no campo, algo bastante comum a um cidadão urbano. 3. CONCLUSÃO
A
s duas unidades familiares analisadas nos fazem refletir o quão próximo e o quão distante as realidades camponesas e urbanas estão entre si e o fato das duas dependerem simultaneamente uma da outra. Depois de um olhar geográfico nas duas residências estudadas, estas poderiam muito bem ser confundidas com qualquer outra residência situada na periferia de Manaus quando levamos em conta o que tem dentro da casa e os desejos materiais dos membros da família. A presença do televisor com antena externa, o celular multifuncional carregando em cima do refrigerador ao lado de um som relativamente moderno e a moto estacionada na garagem, podem se contradizer com conceitos criados para se definir uma família camponesa e suas necessidades. Porém quando olhamos pela janela da casa em vemos um jardim suspenso, um poço artesiano, uma diversidade de árvores frutíferas ao alcance da mão, um quintal a perder de vista que abriga a renda da família, o vizinho mais próximo a mais de duzentos metros de distância, enfim nos damos conta da realidade camponesa.
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Um camponês é o criador de sua própria existência, diferentemente do trabalhador assalariado presente na cidade, ele tem livre e total acesso a sua produção, o excedente da sua produção é que vem a ser sua renda. Por isso que após um estudo do comportamento do camponês é que se realmente o compreende (OLIVEIRA, 1996). É claro que as duas famílias analisadas não representam o geral do campesinato amazonense, porém mostram uma realidade que deve ser considerada e levada em questão. A unidade familiar localizada a beira do rio e a outra a beira da estrada vão mostrar realidade diferentes, porém não vão deixar de serem camponeses como um morador da parte rica da cidade e outro morador da parte pobre não deixam de serem urbanos. A penetração do capitalismo é evidente no campesinato atual, inclusive nas famílias camponesas mais distantes e miseráveis do Brasil, porém a sua essência não se perdeu, e a prova é sua existência e resistência até os dias de hoje.
REFERÊNCIAS ALMEIDA, Rosimeire Aparecida. (Re) criação do campesinato, identidade e distinção: a luta pela terra e o habitus de classe. São Paulo: Editora da UNESP, 2006.
OLIVEIRA. Ariovaldo Umbelino de. A agricultura camponesa no Brasil. São Paulo: Editora da UNESP, 2006. SCHNEIDER, Sérgio. Teoria social, agricultura familiar e pluratividade. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v.18, n. 51, fev., 2003.
IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Portal Cidades. Disponível em: <http://www.ibge.gov.br>. Acesso em: 01 nov. 2011.
TEPICHT J. Marxisme et agriculture: le payson polonais. Paris: Armand Colin, 1973.
OBSERVAÇÂO Este artigo foi apresentado na disciplina de Geografia Agrária do Departamento de Geografia do Instituto de Ciências Humanas e Letras da UFAM, ministrada pelo Prof.. Dr. Manuel de Jesus Masulo da Cruz.
Um olhar geográfico no campesinato a partir de duas famílias camponesas localizadas em Anori – Amazonas André Oliveira Reis Elisângela Cristina Costa Lemos Fernanda Cabral Cidade Graduandos em Geografia pela UFAM Manaus, AM E-mail: nanda_city@yahoo.com.br
REIS, A.O.; LEMOS, E.C.C.; CIDADE, F.C. Um olhar geográfico no campesinato a partir de duas famílias camponesas localizadas em Anori - Amazonas. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 7, p. 64-70, abr.-maio, 2012
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Biológicas e Saúde EVENTO DA CAMPANHA NACIONAL PELA ASSISTÊNCIA E PELOS DIREITOS DA PESSOA COM AUTISMO De 06 a 07 de abril de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.ama.org.br/
XVI SINE - SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NEUROENDOCRINOLOGIA De 12 a 14 de abril de 2012. Local: Belo Horizonte, MG . Maiores informações em: http://www.sine2012.com.br/
II SIMPÓSIO DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA EJENUTRI - UNESP Botucatu Em 21 de abril de 2012. Local: Anfiteatro do Instituto de Biociências da Unesp de Botucatu, SP Maiores informações em: http://www.ejenutri.com.br ; ejenutri@yahoo.com.br
VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE FARMACOGNOSIA E I INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF PHARMACOGNOSY De 18 a 22 de abril de 2012. Local: Ilhéus - BA. Maiores informações em: http://www.sigaeventos.com.br/VIII_SBFGNOSIA/
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1° FÓRUM NACIONAL DE RACIONALIDADES MÉDICAS E PRÁTICAS De 25 a 28 de abril 2012. Local: Niterói, RJ. Maiores informações em: http://www.forumrmpics2012.com.br/
III CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE De 26 a 28 de abril de 2012. Local: Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis/SC. Maiores informações em: http://sulbrasileiromfc.com.br/index.php
I CONGRESSO BRASILIENSE DE MEDICINA DO TRABALHO & I ENCONTRO DE MÉDICOS DO TRABALHO DO CENTRO-OESTE De 26 a 28 de abril de 2012. Local: Brasília, DF. Maiores informações em: http://www.abramt.org.br/
WORLD NUTRITION RIO 2012 De 27 a 30 de abril de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.worldnutritionrio2012.com.br/
10º CONGRESSO INTERNACIONAL DA REDE UNIDA De 06 a 09 de maio de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://conferencias.redeunida.org.br
V SeCiEnf – SEMANA CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM – UFU De 07 a 11 de maio de 2012. Local: Uberlândia, MG (Universidade Federal de Uberlândia, campus Umuarama, bloco 2A) Maiores informações em: http://www.daan.famed.ufu.br/ ; nailineptu@hotmail.com
IV MOSTRA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM DA UFC Em 18 e 19 de maio de 2012. Local: Fortaleza - CE / Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Maiores informações em: http://www.guiadeenfermagem.com.br
SIMILE: SIMPÓSIO MINEIRO SOBRE LEISHMANIOSE De 22 a 24 de maio de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.vet.ufmg.br/eventos/exibir/68/
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IX CONGRESSO DO NÚCLEO DE PSIQUIATRIA DO ESTADO DO CEARÁ De 24 a 26 de maio de 2012. Local: Fortaleza, CE. Maiores informações em: http://congressonupec.webnode.com/
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V SeCiEnf – SEMANA CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM – UFU De 07 a 11 de maio de 2012. Local: Uberlândia, MG (Universidade Federal de Uberlândia, campus Umuarama, bloco 2A) Maiores informações em: http://www.daan.famed.ufu.br/ ; nailineptu@hotmail.com
IV MOSTRA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM DA UFC Em 18 e 19 de maio de 2012. Local: Fortaleza - CE / Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Maiores informações em: http://www.guiadeenfermagem.com.br
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I ENCONTRO BRASILEIRO DE ANÁLISE DO COMPORTAMENTO E TERAPIA COGNITIVO-COMPORTAMENTAL DE CASAIS De 23 a 25 de maio de 2012. Local: São Paulo, Rua Vergueiro, 1211, no Campus Paraíso da Universidade Paulista UNIP. Maiores informações em: http://www.wix.com/iebactcc/iebactcc2012#
26° CONGRESSO BRASILEIRO DE COSMETOLOGIA De 29 a 31 de maio de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.fcecosmetique.com.br/index.php?pgID=congressoshome&mi=060000000000&cID=7
II SEMANA ACADÊMICA DE BIOMEDICINA DA UFPR De 28 de maio a 1º de junho de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://cabiomufpr.blogspot.com.br/
VIII CONGRESSO GOIANO DE FISIOTERAPIA De 01 a 03 de junho de 2012. Local: Centro de Convenções de Goiânia, Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.congressogoiano.com.br ; cgofisio@terra.com.br
RIO+20: UNITED NATIONS CONFERENCE ON SUSTAINABLE DEVELOPMENT De 20 a 22 de junho de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.uncsd2012.org/rio20/
10º CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOLOGIA CELULAR & 16º CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOLOGIA CELULAR De 25 a 28 de julho de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.sbbc.org.br/iccb
XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA De 04 a 09 de agosto de 2012. Local: Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.neurogoiania2012.com.br/
VII SEMANA ACADÊMICA DE FARMÁCIA DA UNICAMP (SAF) De 14 a 18 de agosto de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.unicampsaf.com.br/
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IV FÓRUM INTERNACIONAL SOBRE SEGURANÇA DO PACIENTE: ERROS DE MEDICAÇÃO De 17 a 18 de agosto de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.ismp-brasil.org/
6º CONGRESSO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA De 13 a 16 de setembro de 2012. Local: Natal, RN. Maiores informações em: http://www.sbf.org.br/
XXII SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL De 18 a 21 de setembro de 2012. Local: Bento Gonçalves, RS. Maiores informações em: http://simposioplantasmedicinais.blogspot.com/
III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E NUTRACÊUTICAS (3SIPMN) E III CONFERÊNCIA DO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE FRUTOS TROPICAIS De 14 a 19 de outubro de 2012. Local: Centro de Convenções de Aracaju/SE Maiores informações em: http://www.3ismnp.com.br/
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Exatas e da Terra V ENCONTRO INTERNACIONAL DE ASTRONOMIA E ASTRONAÚTICA De 19 a 21 de abril de 2012. Local: Campos dos Goytacazes, RJ. Maiores informações em: http://meeting.passeiopeloceu.org/
VII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AMBIENTAL De 29 a 30 de abril de 2012. Local: Criciúma, SC. Maiores informações em: http://www.temeventos.com/viisbea/
II WORKSHOP APECS-BRASIL De 14 a 17 de maio de 2012. Local: Universidade Federal de Rio Grande - FURG, Rio Grande, RS. Maiores informações em: http://apecs-brasil-iiworkshop.blogspot.com/
IV SIMPÓSIO BRASILEIRO DE SISTEMAS ELÉTRICOS De 15 a 18 de maio de 2012. Local: Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.sbse.org.br/
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XXXI ENCONTRO ESTADUAL DE GEOGRAFIA De 18 a 20 de maio de 2012. Local: Universidade Federal de Rio Grande - FURG, Rio Grande, RS. Maiores informações em: http://agb-portoalegre.webnode.com.br/xxxi-encontroestadual-de-geografia/
WORSHOP "PRESERVAÇÃO DE PAPÉIS E BENS CULTURAIS: O USO DA RADIAÇÃO IONIZANTE" De 22 a 24 de maio de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: workshoppapeis@gmail.com
IX CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS De 23 a 25 de maio de 2012. Local: Poços de Caldas, MG. Maiores informações em: http://www.meioambientepocos.com.br/
4º SIMPÓSIO DE SEGURANÇA ALIMENTAR De 29 a 31 de maio de 2012. Local: Gramado, RS. Maiores informações em: http://www.sbctars.ufrgs.br/ssa4/
IX FENACAM 2012 - FEIRA INTERNACIONAL DE AQUICULTURA De 11 a 14 de junho de 2012. Local: Natal, RN. Maiores informações em: http://www.fenacam.com.br/
V SIMPÓSIO DE CONTROLE DE QUALIDADE DO PESCADO - SIMCOPE De 19 a 21 de junho de 2012. Local: Santos, SP. Maiores informações em: http://www.simcope.com.br/
CONGRESSO INTERNACIONAL DA ASSOCIATION FOR TROPICAL BIOLOGY AND CONSERVATION (ATBC) De 19 a 22 de junho de 2012. Local: Bonito, MS. Maiores informações em: http://www.atbc2012.org/
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VII SIMPÓSIO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO DA REGIÃO NORDESTE SEPRONe 2012 De 26 a 29 de junho de 2012. Local: Universidade Federal Rural do Semi-Árido Mossoró/RN Maiores informações em: http://www.seprone2012.com.br ; contato@seprone2012.com.br
AQUACIÊNCIA 2012 De 01 a 05 de julho de 2012. Local: Palmas, TO. Maiores informações em: http://aquaciencia.com.br/
XXXII CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO (CSBC) De 16 a 19 de julho de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://www.imago.ufpr.br/csbc2012/
5TH LNCC MEETING ON COMPUTATIONAL MODELING De 16 a 19 de julho de 2012. Local: Petrópolis, RJ. Maiores informações em: http://www.lncc.br/meeting2012/
12 ERGODESIGN USIHC De 12 a 16 de agosto de 2012. Local: Natal, RN. Maiores informações em: http://www.ergodesign-usihc.com.br/2012/
CONGRESSO ABIPTI (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INSTITUIÇÕES DE PESQUISA TECNOLÓGICA E INOVAÇÃO) 2012 De 14 a 16 de agosto de 2012. Local: Brasília, DF. Maiores informações em: http://www.abipti.org.br/congresso2012
PETROLEUM AND CHEMICAL INDUSTRY CONFERENCE - BRASIL (IV PCIC BR) De 27 a 29 de agosto de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.ieee.org.br/pcicbr/index.htm
28º CONGRESSO BRASILEIRO DA CIÊNCIA DAS PLANTAS DANINHAS De 03 a 06 de setembro de 2012. Local: Campo Grande, MS. Maiores informações em: http://www.congressosbcpd.com.br/
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XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA (COBEQ 2012) De 09 a 12 de setembro de 2012. Local: Búzios, RJ. Maiores informações em: http://www.cobeq2012.com.br/
SEEMTEC'2012 - SEMANA DO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO DO COTUCA & II MOSTRA DE TRABALHOS DE CURSOS TÉCNICOS De 10 a 13 de setembro de 2012. Local: Centro de Convenções da Unicamp, Campinas, SP. Maiores informações em: http://seemtec2012.cotuca.unicamp.br/ ; seemtec@cotuca.unicamp.br
SEMINÁRIO DA AGROINDÚSTRIA - SEMINAGRO De 11 a 14 de setembro de 2012. Local: UFPB – Campus III – Bananeiras, PB. Maiores informações em: http://www.seminagro.com/
XXXIV CONGRESSO NACIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL De 17 a 21 de setembro de 2012. Local: Águas de Lindóia, SP. Maiores informações em: http://www.cnmac2012.org.br/
VI ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE (ANPPAS) De 18 a 21 de setembro de 2012. Local: Belém, PA. Maiores informações em: http://www.anppas.org.br/novosite/index.php?p=oque
10º P&D DESIGN - CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN De 10 a 13 de outubro de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.peddesign2012.ufma.br/home/
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Sociais e Humanas VII CONGRESSO DE DIREITO UFSC 2012 De 10 a 13 de abril de 2012. Local: Florianópolis, SC. Maiores informações em: http://www.congressodireitoufsc.com.br/
INTERDIDÁTICA De 16 a 19 de abril de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.interdidatica.com.br/
90 ANOS DA SEMANA DE ARTE MODERNA: DEBATES De 17 a 20 de abril de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.ieb.usp.br ; difusieb@usp.br
II ENCONTRO LUDOVICENSE DE FENOMENOLOGIA, PSICOLOGIA FENOMENOLÓGICA E FILOSOFIAS DA EXISTÊNCIA - CRISE, CULTURA E CONTEMPORANEIDADE De 18 a 20 de abril de 2012. Local: Centro de Ciência Humanas - UFMA, São Luís, MA. Maiores informações em: profjeanmarlos@ufma.br ; profjeanmarlos@yahoo.com.br
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3º ENCONTRO MERCOSUL DOS ESTUDANTES DE ADMINISTRAÇÃO – EMEAD 2012 De 20 a 22 de abril de 2012. Local: Juiz de Fora, MG. Maiores informações em: http://www.culturadigital.br/almanakut/2011/12/21/emead2012-encontro-mercosul-dos-estudantes-de-administracao/
SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIAS DO PÓS-ABOLIÇÃO NO MUNDO ATLÂNTICO De 14 a 16 de maio de 2012. Local: Niterói, RJ. Maiores informações em: http://posabolicaomatlantico.wordpress.com/
V SEMANA DO ASSISTENTE SOCIAL DA UNIMONTES De 14 a 18 de maio de 2012. Local: Montes Claros, SP. Maiores informações em: http://www.unimontes.br/index.php/component/content/article/57-agenda/7802-14-a18052012
SIMPÓSIO FAIP/FAEF De 15 a 18 de maio de 2012. Local: FAIP - Marília, SP. Maiores informações em: (14) 3481-7737
VIII ENCONTRO REGIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO (ANPAE) SUDESTE & XII ENCONTRO ESTADUAL DA ANPAE - SP De 17 a 19 de maio de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.fe.unicamp.br/encontro.anpae/
X SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL De 24 a 26 de maio de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://www.abdconst.com.br/simposios.php
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IV SITRE – SIMPÓSIO INTERNACIONAL TRABALHO, RELAÇÕES DE TRABALHO, EDUCAÇÃO E IDENTIDADE De 28 a 30 de maio de 2012. Local: Auditório Neidson Rodrigues - FAE - UFMG, Pampulha, Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.sitre.cefetmg.br ; inscricaositre@gmail.com
I ENCONTRO REGIONAL DE GEOGRAFIA URBANA E ENSINO INCLUSIVO DE GEOGRAFIA NA AMAZÔNIA - EGUEAM De 28 de maio a 1º de junho de 2012. Local: Parintins, AM. Maiores informações em: http://www.egueam2012.blogspot.com/
XIII SIMPÓSIO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E HISTÓRIA DAS RELIGIÕES De 29 de maio a 01 de junho de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.gphstereligiao.blogspot.com/
III CONGRESSO EM DESENVOLVIMENTO SOCIAL De 30 de maio a 01 de junho de 2012. Local: Montes Claros, MG. Maiores informações em: http://www.congressods.com.br/
I CONGRESSO INTERNACIONAL VERTENTES DO INSÓLITO FICCIONAL; IV ENCONTRO NACIONAL O INSÓLITO COMO QUESTÃO NA NARRATIVA FICCIONAL & XI PAINEL REFLEXÕES SOBRE O INSÓLITO NA NARRATIVA FICCIONAL De 04 a 06 de junho de 2012. Local: Instituto de Letras da UERJ (campus Maracanã), RJ. Maiores informações em: http://www.sepel.uerj.br/eventos.html
ENCONTRO NACIONAL DE DIREITOS ANIMAIS De 07 a 10 de junho de 2012. Local: Porangaba, SP. Maiores informações em: http://www.enda.org.br/
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XXI ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO – Compós 2012 De 12 a 15 de junho de 2012. Local: Juiz de Fora, MG. Maiores informações em: http://www.compos.org.br/
31° ENCONTRO ESTADUAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA - EEEPe - Ceará De 13 a 15 de junho de 2012. Local: Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA Sobral, CE. Maiores informações em: http://www.capedueva.blogspot.com
28ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (RBA) De 02 a 05 de julho de 2012. Local: PUC-SP, São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.28rba.abant.org.br/
18º CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL (COLE) De 16 a 20 de julho de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.18cole.com.br/
XVI ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO (ENDIPE) De 23 a 26 de julho de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.endipe2012.com.br/
4º CONGRESSO INTERNACIONAL DE PEDAGOGIA SOCIAL De 25 a 27 de julho de 2012. Local: UNISAL, UNICAMP E UNISAL, Campinas, SP; Maiores informações em: http://www.fe.unicamp.br/cips4
8º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA (ABCP) De 01 a 04 de agosto de 2012. Local: Gramado, RS. Maiores informações em: http://www.abcp2012.sinteseeventos.com.br/
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IX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENSINO SUPERIOR A DISTÂNCIA De 19 e 21 de agosto de 2012. Local: Recife, PE. Maiores informações em: http://ww2.ead.ufrpe.br/ead/ESUD_2012/index.html
V ENCONTRO ESTADUAL DE HISTÓRIA De 21 a 24 de agosto de 2012. Local: Caicó, RN. Maiores informações em: http://www.rn.anpuh.org/evento_5eeh.shtml
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4º ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL De 03 a 06 de setembro de 2012. Local: Belém, PA. Maiores informações em: http://www.ufpa.br/cma/eihc_belem/
18º CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (CIAED) De 23 a 26 de setembro de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.abed.org.br/congresso2012/chamadatc.asp
XVII CONAD – CONGRESSO NACIONAL DE ADMINISTRAÇÃO De 27 a 29 de setembro de 2012. Local: Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.conad.adm.br/
IV CONGRESSO INTERNACIONAL DO IBDFAM E O IV CONGRESSO DE DIREITO DE FAMÍLIA DO MERCOSUL De 18 a 21 de outubro de 2012. Local: Gramado, RS. Maiores informações em: http://www.ibdfam2012.eventize.com.br/
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BRASIL, N.7, ABR.-MAIO, 2012 ISSN 2236-9538
“Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças” Charles Robert Darwin (1809 - 1882)
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