LIVRE
revista
ESPAÇO CIENTÍFICO
ISSN 2236-9538 BRASIL, N.10, OUT.-NOV., 2012
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REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E RESUMOS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.
Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra
SUMÁRIO EDITORIAL
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ARTIGOS Importantes teorias da aprendizagem na educação a distância Por Suely Francisco da Silva
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Compartimentos ambientais, paleoambientes e ocupação humana pretérita: as terras baixas do Jacaré-Guaçu Por Pedro Michelutti Cheliz
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O engenheiro Saturnino de Brito e a urbanização do Rio Grande do Sul (19081929) Por André Luís Borges Lopes
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Da morte sacramentada à medicalizada: transformações fúnebres na Fortaleza oitocentista Por Évila Cristina Vasconcelos de Sá
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A importância da busca ativa de lesões dermatológicas na atenção primária Por Brenda Fernanda Rebelo de Abreu; Camilla Pitanga; Gabriela Haas Henrique; Gabrielle Angelim; Juliana Lepsch; Juliana Gravina; Leticia Caputti; Mariana Branco; Milie Rocha; Natalia Verdial; Rebeca Azevedo Souza; Samara Farias; Eduardo Dâmaso Produção de vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada Por Jaques Nascimento Cavalcante; Léa Cristina Pereira da Trindade Marques; Suély Myiashita Silva; Taíse de Souza Romualdo; Lucinda Giampietro Brandão
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Ferramentas de corte: materiais de construção (base aço rápido e carbonetos) Por Fabrícia Vieira Ramos; Ingrid Pereira de Sousa; Izabela Alves Vieira; Natália Ferreira da Silva; Poliana de Oliveira Felipe; Sandro da Costa Silva
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Trends on Brazilian Real Estate 2012-2016 Por Marcelo Caus Sicoli
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EVENTOS ACADÊMICOS
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
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BRASIL, N.10, OUT.-NOV., 2012 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67
EDITORIAL Saudações... A partir desta edição, o download da Revista Espaço Científico Livre terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico. Informo também que a equipe da Revista Espaço Científico Livre está com um novo projeto, a ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE PROJETOS EDITORIAIS, que tem o objetivo de prestar os serviços de publicação de livros digitais, serviços de revisão, criação de conteúdos digitais entre outros. Caso queira saber mais sobre a ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE PROJETOS EDITORIAIS ou mesmo sobre a nossa revista, envie um e-mail para espacocientificolivre@yahoo.com.br para maiores informações. Obrigado pelo apoio de todos e boa leitura. Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre
A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação nacional disponível para leitura gratuita online à estudantes de escolas técnicas, graduação e profissionais de diferentes áreas. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científica Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.
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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Divulgação - Graduanda em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduanda em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO AUTORES André Luís Borges Lopes Doutorando em História pela PUCRS
Leticia Caputti Médica graduada pela UFRJ
Brenda Fernanda Rebelo de Abreu Graduanda de Medicina pela UFRJ
Lucinda Giampietro Brandão Profª Drª da Faculdade de Tecnologia – Fatec Araçatuba
Camilla Pitanga Graduanda de Medicina pela UFRJ
Marcelo Caus Sicoli MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela UnB, Consultor internacional
Eduardo Dâmaso Médico pediatra do Programa de Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina da UFRJ
Mariana Branco Graduanda de Medicina pela UFRJ
Évila Cristina Vasconcelos de Sá Pós-graduanda em História pela UECE e graduação em História pela UVA
Natália Ferreira da Silva Graduanda de Engenharia de Produção do IFMG
Fabrícia Vieira Ramos Graduanda de Engenharia de Produção do IFMG
Natalia Verdial Graduanda de Medicina pela UFRJ
Gabrielle Angelim Médica graduada pela UFRJ
Pedro Michelutti Cheliz Graduando em Geologia pela UNICAMP
Gabriela Haas Henrique Graduanda de Medicina pela UFRJ
Poliana de Oliveira Felipe Graduanda de Engenharia de Produção do IFMG
Ingrid Pereira de Sousa Graduanda de Engenharia de Produção do IFMG
Rebeca Azevedo Souza Graduanda de Medicina pela UFRJ
Izabela Alves Vieira Graduanda de Engenharia de Produção do IFMG Jaques Nascimento Cavalcante Graduando em Tecnologia em Biocombustíveis pela Fatec Araçatuba
Samara Farias Graduanda de Medicina pela UFRJ Sandro da Costa Silva Prof. de Engenharia "Processos Industriais I e II" do IFMG
Juliana Gravina Graduanda de Medicina pela UFRJ Juliana Lepsch Médica graduada pela UFRJ
Milie Rocha Graduanda de Medicina pela UFRJ
Suely Francisco da Silva Filósofa e graduanda em Pedagogia pela UFRJ Suély Myiashita Silva Graduanda em Tecn. em Biocomb. pela Fatec Araçatuba
Léa Cristina Pereira da Trindade Marques Graduanda em Tecn. em Biocomb. pela Fatec Araçatuba
Taíse de Souza Romualdo Grad. em Tecn. em Biocomb. pela Fatec Araçatuba
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Por que o registro de marca é importante? Marco Antonio Moura de Araújo Especialista em Propriedade Intelectual Rio de Janeiro, RJ E-mail: marco_araujo_adv@globo.com
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egistrar uma marca no Brasil pode parecer, a princípio, para o empresário iniciante, um ato supérfluo porque, no início, ele se vê envolto em despesas para regularizar a empresa e outras tantas para colocá-la em funcionamento.
Entretanto, esse pensamento equivocado pode custar caro se não a médio, mas certamente em longo prazo, exatamente pela ausência do registro da marca. Nesse ponto, surgem imediatamente dois problemas causados pela falta do registro: o primeiro diz respeito à infração em relação à marca de terceiro já registrada ou em processo de registro. Uma vez que o titular de uma marca registrada detecta que você está usando uma marca igual ou semelhante à dele que seja capaz de causar confusão na mente do consumidor, logo ele entra em contato com você através de uma notificação extrajudicial solicitando que você cesse o uso da marca. Mas, muitas vezes, o dono da marca registrada não acredita que você é um usuário de boa-fé, ou seja, que você não teve a intenção de copiar a marca dele, e parte direto para o ajuizamento de uma ação onde o juiz pode, de imediato, determinar que você pare de usar aquela marca que você tanto gosta, que já usa a um certo tempo e com a qual você e seus produtos e/ou serviços são identificados pelo consumidor. Porém, não é só isso (como se “isso” fosse pouco)! Outras tantas vezes o juiz determina também que você indenize o titular da marca registrada pelos prejuízos que teve pelo uso indevido que você fez da marca de terceiro! Olha o tamanho da enrascada em que você se meteu! Só porque quis economizar no registro da marca que você entendia como sendo uma coisa sem importância! O segundo momento em que o registro da marca pode ocasionar prejuízo é quando você tem aquela ideia muito bacana de uma marca para divulgar seus produtos ou serviços e contrata um designer para criar a Logo. Você gosta tanto da marca que pede para ele fazer pra você todo o material de propaganda: cartazes, galhardetes, panfletos, cartões de visitas etc. O negócio está indo muito bem, obrigado! Você começa a ter um lucro melhor do que o esperado. A marca faz sucesso e você então investe na criação de um site. Tudo muito bem, mas o que você não sabe é que na surdina um certo alguém, percebendo que a sua marca faz sucesso, resolve pesquisar e descobre que a sua marca não está registrada. Esse sujeito, então, corre e registra a SUA marca! E, de uma hora para a outra, você começa a receber notificações para que pare de usar a sua marca.
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Você fica chateado, grita, xinga, arranca os cabelos mas, infelizmente tem de encarar a realidade, você não fez o “dever de casa” e vai ter de pagar pelas consequências. Se não conseguir provar que é usuário anterior vai perder a marca e amargar um prejuízo enorme! É que no Brasil o registro da marca não é concedido àquele que usa a marca em primeiro lugar, mas sim a quem pediu o registro da marca primeiro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) através do sistema atributivo de direito. Pode acontecer também de um esperto simplesmente perceber o sucesso que a sua marca está tendo no mercado e começar a usar uma cópia dela. Quando você perceber, ele já terá ganhado bastante às custas da sua marca. E como fazer ele cessar o uso da sua marca? Bem, se você não registrou, meu amigo, sinto muito! É quase impossível fazer ele parar sem gastar um bom dinheiro para provar que já usa a marca antes dele, o que não significa muita coisa, uma vez que no Brasil o direito sobre a marca só se adquire com o registro!
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Importantes teorias da aprendizagem na educação a distância Suely Francisco da Silva Filósofa e graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro – UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mail: suf.ufrj@gmail.com
SILVA, S.F. Importantes teorias da aprendizagem na educação a distância. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 09-12, out.-nov., 2012
RESUMO O presente artigo aborda três teorias da aprendizagem que são discutidas e aplicadas no mundo acadêmico e escolar. Apontando importantes diferenças entre o Construtivismo, o Construcionismo e o Construcionismo Social a autora ressalta o uso destas teorias na Educação. Considerando os avanços tecnológicos e a utilização do computador nas escolas, bem como a valorização que os teóricos construtivistas/construcionistas dão aos
conhecimentos prévios e as descobertas dos estudantes no processo ensino e aprendizagem, as teorias construtivistas/construcionistas são vistas como importantes na Educação a Distância, pois se opõem as práticas tradicionais de ensino, onde o professor é o detentor do conhecimento, apontando novas possibilidades de aprendizagem e relacionamentos na área da educação.
Palavras-chave: Construtivismo; construcionismo; construcionismo social; educação a distância
T
endo a sua fundamentação nas pesquisas de Piaget sobre o desenvolvimento cognitivo, o Construtivismo é uma teoria que busca explicar (através dos estudos das relações entre o individuo e o meio) o modo como às pessoas percebem, aprendem, recordam e pensam a informação. Partindo da ideia de que o homem não nasce inteligente e é influenciado pelo meio social, os construtivistas compreendem que os indivíduos constroem conhecimentos de forma ativa e organizada mediante as interações que realizam com as pessoas e as coisas no mundo (COLL, 1997). Se opondo as práticas tradicionais, a Teoria Construtivista da Aprendizagem reconhece que a aquisição de conhecimentos depende do uso que os indivíduos fazem das suas faculdades mentais diante das realidades que vivenciam no mundo. Neste sentido, os construtivistas propõe a participação ativa dos alunos no processo ensino aprendizagem por meio de pesquisas, experimentação e outras atividades que estimule o funcionamento das estruturas cognitivas e o avanço para novas etapas e descobertas na construção de conhecimentos.
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Expandindo a Teoria Construtivista da Aprendizagem, o matemático Seymour Papert – um dos fundadores do Laboratório de Inteligência Artificial (MIT MEDIA LAB) e pensadores sobre as formas pelas quais as tecnologias podem modificar a aprendizagem desenvolveu a Teoria Construcionista da Aprendizagem. Nesta teoria Papert, além de valorizar a experiência e as relações sociais, defende o engajamento das pessoas na construção de algo que represente a produção dos conhecimentos que adquiriu. Em outras palavras, defende que os indivíduos produzam alguma coisa que seja significativa para si e para as pessoas na sociedade. Isto inclui informações simples, como a elaboração de uma frase e mesmo outros conhecimentos mais complexos, como por exemplo, a construção de uma casa. Para Papert, o conhecimento se efetiva quando os indivíduos exteriorizam de forma concreta suas ideias, tendo por objetivos contribuir com o seu próprio desenvolvimento bem como com o das pessoas na sociedade. Neste caso, a Teoria Construcionista da Aprendizagem envolve dois tipos de construção: a construção das coisas (objetos, artefatos) que o aprendiz efetua a partir de materiais (cognitivos) recolhidos do mundo (exterior) que o rodeia, e a construção (interior) do conhecimento que está relacionado com aquelas coisas (PAPERT, 1985). Partilhando a opinião de que as crianças são as construtoras das próprias ferramentas cognitivas bem como das suas realidades exteriores, Piaget e Papert compreendem que o conhecimento e o mundo são construídos e constantemente reconstruídos através da experiência pessoal, onde cada pessoa ganha existência através da construção do outro. Neste sentido, argumentam que os professores devem compreender a natureza ativa do processo de aprendizagem, no qual os estudantes já estão empenhados de modo a estarem aptos a poderem facilitar e enriquecer esse processo, ao invés de tentarem impor experiências que não fazem sentido. Defendendo comumente a ideia de que o ato de educar consiste em proporcionar aos estudantes oportunidades de se ocuparem em atividades criativas, que alimentam o processo de construção ativa de conhecimentos, os teóricos construtivistas e os construcionistas condenam toda a apresentação de conhecimentos prontos, a rigidez nos procedimentos de ensino, as avaliações padronizadas e a utilização de material didático demasiadamente estranho ao universo dos alunos. Fazendo parte das Teorias Pós Estruturalistas, o Construcionismo Social surge como uma crítica ou mudança de paradigma. Na perspectiva do Construcionismo Social, o conhecimento só deve ser concebido contextualmente, isto é, o conhecimento é algo construído somente de forma coletiva. Neste sentido, o ser humano é pensado como um ser que constrói e produz conhecimentos através do processo interacional, onde a linguagem se estabelece como a mais importante manifestação (BERGER; LUCKMANN, 1995; IÑIGUEZ, 2004; SPINK, 2004). Na visão sócio-histórica o Construcionismo Social é compreendido e defendido como uma perspectiva de observação e análise da realidade que nega qualquer essência nos fenômenos sociais (NOGUEIRA, 1996). Nesta teoria, o foco da atenção se concentra no domínio social, com a defesa de que os fenômenos humanos são criados no contexto de suas interações. Investigando a origem, o processo, os efeitos, os benefícios, os prejuízos, etc. que os fenômenos humanos proporcionam, os construcionistas sociais problematizam as raízes sócio históricas desses fenômenos (BOCK, 2004; CURADO, 2008; IÑIGUEZ, 2004). Considerando as três abordagens teóricas da aprendizagem diferenciadas anteriormente, e os avanços das tecnologias de comunicação virtual (Internet,
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telecomunicações, videoconferência, redes de alta velocidade, etc.) que conectam pessoas que estão distante fisicamente, vale dizer que tais teorias da aprendizagem e meios de comunicação são muito importantes na Educação a Distância, pois favorecem a compreensão do processo ensino-aprendizagem, facilitam às trocas de informações, estimulam as interações humanas e a busca de informações para a construção de novos conhecimentos. Desta forma, todos os envolvidos no processo ensino-aprendizagem devem perceber e compreender que na área educacional, as teorias da aprendizagem aqui apresentadas bem como os meios de comunicação e relacionamentos são instrumentos básicos que devem ser considerados na criação de fenômenos humanos que positivamente contribuem com o processo de desenvolvimento do mundo e dos seres que nele habita e vive. Concernente ao campo da Educação a Distância, o computador é a ferramenta principal para a efetivação do processo ensino-aprendizagem. Através do computador, a interação e a interlocução entre todos os que estão envolvidos no processo educativo é possível. De acordo com os teóricos construtivistas e construcionistas, o uso do computador na Educação a Distância permite aos professores e estudantes receber e responder mensagens, criar listas de discussão, alimentar os debates e pesquisas com textos e páginas da Internet até mesmo fora do horário específico da aula. A partir desta relação, tanto o professor quanto os alunos passam a entender a aula como um processo de intercâmbio e pesquisa, onde o professor assume o papel de um supervisor, um animador, um incentivador dos alunos na instigante aventura do conhecimento. Como ferramenta de trabalho, o computador possui programas e muitas informações que fazem o Ensino a Distância ser uma opção viável aos professores e estudantes. Assim, na busca de conhecimentos e formação escolar/profissional através da modalidade Educação a Distância, é possível perceber diferenças nas relações efetuadas entre os estudantes e o professor/monitor responsável pela dinâmica do processo ensino-aprendizagem. É possível também verificar como os conhecimentos prévios dos estudantes são utilizados na aquisição de novos conhecimentos. Além disto, claramente pode-se notar a importância das teorias construtivistas/construcionistas para o emprego de variadas formas de abordagens didáticas que efetivam o conhecimento e dão suporte ao processo ensinoaprendizagem. Na visão dos construtivistas/construcionistas, considerar tais teorias e utilizar diferentes instrumentos de trabalho para possibilitar a compreensão de determinado assunto e a produção de novos conhecimentos por parte dos estudantes deve ser a prática pedagógica de cada professor. Entretanto, é bom lembrar que tais visões teóricas não se constituem remédio miraculoso, nem instancias normativa pedagógica para os problemas que afetam o ensino. Além disto, que a introdução de novas tecnologias, como o uso de computadores nas escolas, não resolve por si os problemas que existem e os que surgem no sistema educacional. Assim, a existência de diferentes posturas teóricas sobre um mesmo objeto de conhecimento e a ação-reação deve sempre estar baseada em um processo de reflexão fundamentado criticamente.
REFERÊNCIAS BERGER, P.; LUCKMANNT. A construção social da realidade. 12ª edição, Petrópolis: Vozes, 1995
BOCK, A.M.B. A perspectiva sócio histórica de Leontiev e a crítica à naturalização da formação do ser humano: a adolescência em questão. Caderno Cedes, Campinas,
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NOGUEIRA, C. Um novo olhar sobre as relações sociais de gênero: perspectiva feminista crítica na psicologia social. 1996. Tese (Doutorado em Psicologia), Universidade do Minho, Instituto de Educação e Psicologia, Braga, 1996.
v.24, n. 62, p.26-43, abr., 2004. Disponível em: <http;//www.scielo.br/pdf/ccedes/v24n62/20 090.pdf>. Acesso em: 20 nov. 2008. COLL, César. Piaget, o construtivismo e a educação escolar: onde está o fio condutor? Substratum: Temas Fundamentais em Psicologia e Educação, v.1, n.1 (Cem Anos com Piaget). Porto Alegre, Artes Médicas, 1997. p.145-164.
PAPERT, Seymour M. Logo: Computadores e Educação. São Paulo, Editora, Brasiliense, 1985 (edição original EUA 1980).
CURADO, J.C. Gênero e os sentidos do trabalho social. Campo Grande: UCDB, 2008.
PAPERT, Seymour M. A Família em Rede. Lisboa, Relógio D’Água Editores, 1997 (edição original EUA 1996).
EDWARDS, D. Psicologia Discursiva: Teoria da ligação e método como um exemplo. In: IÑIGUEZ, L. Manual de Análise do Discurso em Ciências Sociais. Petrópolis, Vozes, 2004.
SPINK, M.J. Linguagem e produção de sentidos no cotidiano. Porto Alegre: EDIPOCRS, 2004.
Importantes teorias da aprendizagem na educação a distância Suely Francisco da Silva Filósofa e graduanda em Pedagogia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro Rio de Janeiro – UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mail: suf.ufrj@gmail.com
SILVA, S.F. Importantes teorias da aprendizagem na educação a distância. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 09-12, out.-nov., 2012
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Compartimentos ambientais, paleoambientes e ocupação humana pretérita: as terras baixas do Jacaré-Guaçu Pedro Michelutti Cheliz Graduando em geologia pela Universidade de Campinas – UNICAMP Campinas, SP E-mail: pedro.michelutti@yahoo.com.br
CHELIZ, P.M. Compartimentos ambientais, paleoambientes e ocupação humana pretérita: as terras baixas do Jacaré-Guaçu. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 13-27, out.-nov., 2012
RESUMO refere a rochas e relevo – como ponto de partida possível para iniciar discussão entre relação de grupos humanos e paleoambientes. Pretende-se ilustrar a viabilidade de tal abordagem da relação entre compartimentos ambientais e sítios arqueológicos com estudo de detalhes centrado nas imediações da cidade de Araraquara no interior paulista..
Discussão sobre relação entre bases ambientais e ocupação humana são complexas e constituem amplo foco de contendas e debates entre ciências naturais e ciências humanas, incluindo pesquisas ligadas a arqueologia e ocupação humana pretérita. Presente texto propõe o uso de compartimentos ambientais – extensões em área relativamente homogêneas no que se
Palavras-chave: Paleoammbientes; geologia; arqueologia; geomorfologia
1. INTRODUÇÃO
E
m trabalhos de pesquisa arqueológica a busca de compreensão de relações pretéritas entre homem e meio natural encontra múltiplas dificuldades no Brasil. Uma delas é o diminuto conhecimento das ciências naturais de amplas extensões território brasileiro para permitir uma abordagem arqueológica adequada. Tal fato é especialmente verdadeiro quando se tratam de sítios de antiguidade suficiente para que populações antigas tenham encontrado condições ambientais diversas das atuais. A difícil tarefa de se discutir a relação homem-natureza se torna especialmente complexa quando não se sabe exatamente que natureza é esta. Fazem-se necessários estudos específicos com o fim de se inventariar adequadamente caracterização ambiental em que se inserem sítios arqueológicos em estudo.
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Na área correspondente as imediações do vale do médio curso do Jacaré-Guaçu tal abordagem encontra condições adequadas para ser executada. Longo histórico de pesquisas de grupos ligados ao CEIMAN ( Centro de estudos Indígenas Miguel Angel Menendez), MAPA ( Museu de Paleontologia e Arqueologia de Araraquara) e a arqueologia de contrato (Zanettini Arqueologia) levantaram significativo registro de sítios e ocorrências líticas nos municípios de Boa Esperança do Sul, Gavião Peixoto e Araraquara. Dentre eles é de especial interesse o sítio lítico Boa Esperança do Sul II, no qual recentes datação por fotoluminescência em estudo de Grossi (2011) atribui datações próximas ao limite entre pleistoceno e holoceno. Dado registro amplo de artefatos arqueológicos e caráter polêmico da datação obtida justifica-se um estudo intensivo em área reduzida para reconstituir condições ambientais encontradas por grupos humanos precursores. Propõe-se a definição de compartimentos ambientais – segmentos relativamente homogêneos referentes a litologia e relevo – como bom ponto de partida para tal tipo de abordagem, acompanhado de breve reconstituição da trajetória paleoambiental e geomorfogenética da área estudada. Espera-se com este procedimento lançar bases para discutir possíveis relações entre quadro ambientais pretéritos e ocupação. 2. MATERIAIS E MÉTODOS
A
creditamos que antes de dar prosseguimento ao trabalho devemos fazer breves comentários a respeito da proposta de buscar discutir relação entre ocupação e condições ambientais face críticas que tal tipo de proposto tem recebido quando se considera conhecimentos relacionados a populações nativas. Tais conflitos e críticas podem ser entendidos como resultado da cisão entre cultura e natureza relacionada a relação ambígua e por vezes conflituosa entre ciências naturais e sociais. A análise de recente corrente de entendimento do pensamento indígena, o chamado perspectivismo ameríndio (Viveiros de Castro, 1996), ilustra adequadamente o quadro em questão. No perspectivismo opta-se por destacar a variedade de critérios usados por múltiplas etnias para criar sistemas taxonômicos que não podem ser compreendidos pela compartimentação homem-natureza. Adotam a noção de que a totalidade dos seres – abrangendo o que a biologia chama de homens, vegetais e animais – seriam dotados todos de capacidade de compreensão e percepção cultural. Compartilhariam os mesmos critérios para classificação dos que lhe cercam – discriminados entre aliados, inimigos, presas e predadores. As distintas classificações – as chamadas múltiplas naturezas – ocorreriam apenas devido a mudança de perspectiva: cada ser classificaria a totalidade dos demais aplicando de forma diferenciada os mesmos conforme a sucessão de existências que viveria. Levanta-se assim uma rediscussão dos estudos que procuravam estabelecer relações entre os homens e a natureza na medida em que a construção conceitual de ambiente para tais povos não é adequada a seu entendimento de mundo. Quanto a afirmações deste gênero julgamos que as várias ciências e campos de estudo operam realizando construções conceituais adequadas a seus fins, sendo que as ciências naturais ao longo de sua existência criaram conceitos diversos de natureza ponderados em critérios específicos. Desta maneira consideramos diferentes estudos da construção cosmológica de mundo por parte dos mais antigos habitantes da América – onde concordamos não caber a inserção da relação homem-ambiente – e pesquisas voltadas a entender como o conjunto destes povos se mesclam com o que é entendido pelas ciências naturais como natureza – o que acreditamos não ter sido inviabilizado, embora seja difícil devido as chagas geradas por abordagens
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deterministas. Realça-se a necessidade de se delimitar com precisão o conceito de ambiente usado na pesquisa. Dentre as construções realizadas pelas ciências naturais julgamos que a do ecossistema é a mais interessante para uma reflexão no sentido apontado. O conceito de ecossistema usualmente atribuído a Tansley (1935) com o passar do tempo salientou e sofisticou sua forma de análise e cisão, em especial com a Teoria Geral dos Sistemas. Possibilitou a ideia de analisar a natureza através de modelos que buscassem inter-relação entre múltiplos elementos bióticos abrangendo a totalidade de manifestações da vida – divididos nos Domínios Bacteria, Archaea e Eucaria - e elementos abióticos – conjunto múltiplo das condições climáticas, litológicas, morfológicas, pedológicas, altimétricas, hidrográficas e hidrológicas. Diante desta amplitude de elementos que integram o ecossistema os caminhos que o presente trabalho podem percorrer são inúmeros, requerendo uma reflexão mais acurada sobre os propósitos do trabalho em questão. Recordar-se de que a proposta é o entendimento não somente dos atributos da paisagem atual mas também de sua dimensão paleoambiental pode fornecer pista clara de direção a seguir. Parece-nos adequado selecionar dentre os atributos dos ecossistemas aqueles de menor sensibilidade as alterações ambientais pretéritas, de forma a escolher os que estiveram em interação com sucessão de gerações humanas por maior extensão temporal. Sob este ponto de vista claramente os elementos abióticos se destacam, mais especificamente os atributos litológicos e morfológicos. Enquanto atributos como condições de fotoiluminação e hidrológicas podem variar significativamente mesmo na escala das décadas as rochas e grandes unidades do relevo se modificam sensivelmente apenas quando considerado a casa de dezenas de milhares de anos. A busca de associações relativamente homogêneas entre litologias e formas será assim o critério balizador para delimitar compartimentos ambientais que auxiliem a explicar relação com o meio de antigas populações no presente trabalho. Dentre as formas de classificações litológicas optou-se por usar as unidades litoestratigráficas como definidas pelo Código Estatigráfico Internacional – extensões rochosas com certa homogeneidade litológica, de posição estratigráfica definida e capaz de ser mapeada em escala adequada. Já entre múltiplos entendimentos do relevo optou-se por priorizar as formas do quarto taxon de análise geomorfológica de Ross (1992), compatíveis com a escala de trabalho aqui proposta. Optou-se por conjunto de procedimentos sucessivos para delimitar amplas extensões de combinações afins de unidades do quarto taxon de análise de Ross e unidades litoestratigráficas. Se recorreu inicialmente a análise das cartas topográficas de 1972 disponibilizadas pela biblioteca Conrado Pasquale do Instituto de Geociências da Universidade de Campinas, a acervo de fotografias aéreas de 1969 disponibilizados no Laboratório de Aerofotometria da Faculdade de Filosofia Letras e História da Universidade de São Paulo e mapas geológicos disponibilizados pela CPRM, em especial a recente edição de 2006 para o estado de São Paulo. Com base no material em questão foram traçados cerca de cinco seções geológicas-geomorfológicas tidas como representativas do conjunto da área. Seguido a este trabalho inicial foram realizados trabalhos de campo com o fim de elucidar eventuais imprecisões do material cartográfico utilizado, observação direta de feições geológicas relevantes e a busca da compreensão de indícios de alterações climáticas mais recentes, a chamada Estrutura Superficial da Paisagem (Ab`Saber,
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1969). Esta fase inclui confecção trajetos inúmeros pela área de estudo, focados sobretudo nas imediações dos limites dos compartimentos em análise e de seções anômalas de maior interesse – com foco especial em trajetos a pé coincidentes com áreas nas quais foram traçados seções geológico-geomorfológicas. Optou-se também pela descrição sumária de certo número de perfis pedológicos em pontos diversos, em especial nas unidades de escavação do trabalho de Grossi (2011) que tivemos oportunidade de acompanhar. Rogamos que com estes procedimentos consigamos nos aproximar de um quadro inicial das condições ambientais com as quais os homens do passado lidaram neste segmento dos Campos de Araraquara. Como dentro das novas formas de compreensão do pensamento ameríndio relacionadas ao perspectivismo o xamã é capaz de compreender os vários níveis de consciência ao transitar entre a multiplicidade de perspectivas possíveis espera-se que o uso adequado dos conceitos de escalas e ordens temporais permitam compreensão ampla de níveis de transformações distintas. 3. ASPECTOS DOS CONHECIMENTOS ACUMULADOS 3.1. Esquema geral das transformações climáticas na transição pleistocenoholoceno
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ace aspecto paleoambiental que trabalho incluí acreditamos ser necessário incluir breve discussão sobre transformações climáticas conhecidas no período temporal focado pelo presente trabalho, da transição entre os períodos pleistoceno e holoceno aos dias atuais. O período pleistoceno se estende de cerca de um milhão e 500 mil anos até cerca de 12500 anos antes do presente. Ele é marcado por registro acurado de glaciações cíclicas sucedidas de períodos interglaciais: calotas de gelo polares sucessivamente se expandem, atingem apogeu e se retraem num intervalo que atravessa dezenas de milênios. Fenômeno inicialmente apenas constatado sem uma busca bem-sucedida de causas coerentes, as glaciações encontraram seu modelo explicativo mais aceito nos estudos no matemático sérvio Milancovitch que através de estudos da mecânica celeste da Terra elencou a conjunção de série de ciclos de movimentos terrestres de abrangências temporais distintas a responsabilidade pelas glaciações. Mesmo com seu modelo teórico incapaz de explicar certas passagens da história natural terrestre, encontra-se até hoje consolidado como esquema mais aceito para a explicação das glaciações. Os esquemas iniciais do Pan-Glacialismo de Agassiz não encontraram durabilidade semelhante. Passou-se da ideia de que a expansão das calotas polares cobrindo sempre a quase totalidade dos dois hemisférios a noção de expansões diferenciadas. A glaciação Wurm-Wiscocin – tida como a mais recente – passa a ser relacionada com recobrimento parcial de terras emersas e oceanos do hemisfério norte sendo seus efeitos no sul indiretos, através das variações eustáticas dos níveis dos mares, alterações das correntes oceânicas e diminuição da temperatura média com seu apogeu registrado há cerca de 13000 anos antes do presente. O declínio das condições glaciais marca o princípio do Holoceno – limite estimado em 12500 anos – e dá inicio a um período transicional entre as antigas condições climáticas do pleistoceno terminal e as vigentes nos dias atuais. Aspectos mais consensuais do intervalo intermediário são retomada das antigas extensões marítimas perdidas com ascensão superior a uma centena de metros do nível médio dos mares
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na costa brasileira e pulso de calor – optimum climático, entre 5000 e 4500 anos antes do presente – que pontualmente fez os níveis dos mares atingirem níveis entre 3 e 5 metros superiores aos atuais antes deles por fim retomarem a patamares próximos aos presentes. Menos consensuais recentemente tem sido outros efeitos relativos as temperaturas medias e índices pluviométricos embora os modelos clássicos apresentem uma diminuição significativa das temperaturas médias associadas a expansão dos climas secos (AB`SABER, 1977). Especificamente quanto a área de estudo recente trabalho de palinologia de Souza (2010) atesta larga extensão do previsto por referidos modelos – clima apresentando condições mais secas que atuais no término do pleistoceno seguido de intervalos diversos de aumento das precipitações. 3.2 Sumário do conhecimento de litologias e formas de relevo na área de estudo
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uito das primeiras impressões humanas sobre as litologias e formas do relevo da área e de suas imediações se perderam, face intensidade com que os antigos grupos indígenas da área foram substituídos pelo complexo cafeeiro. Chegam aos nossos dias ecos e vestígios presentes na toponímia indígena escolhidos para batizar algumas das cidades implantadas da área, que refletem uma certa antiga preferência por balizar com nomes de referenciais naturais áreas percorridas através de ampla e longa expansão territorial de grupos linguísticos pretéritos (AB`SABER, 2001). Outra fonte comumente utilizada para resgatar conhecimentos da área de estudo de pouco valor terá neste trabalho – os relatos dos naturalistas europeus que percorreram o Brasil no século XIX. Afora breves menções sobre características do curso do Tietê por Spix (1848) dificilmente se encontra menção maior a área aqui estudada. Justificase tal fato por no período de ação dos naturalistas a área de estudo ser ainda um distanciado enclave nos desconhecidos sertões do oeste, ficando assim de fora dos roteiros percorridos pelos viajantes europeus. Resta como opção a consulta a relatos de viajantes coloniais que legaram observações de caráter geral úteis e válidas. Pedrosa de Barros (1724) e Juzarte (1769) já registrava descrições referentes a formas de relevo da área de estudo sendo o foco dos registros as dificuldades distintas impostas ao avanço pelas heranças naturais referidas. Neste sentido merecem destaque as repetidas referências a súbito paredão que se ergue como muralha de algumas centenas de metros isolando duas largas extensão de terrenos planos. A extensão de tal conjunto de grandes escarpas em certa medida delimitaram a região histórica dos Campos de Araraquara (Mano, 2006) cujos segredos ocultos pelos paredões íngremes, densos cerradões e vasta ocupação ameríndia por tanto tempo intrigaram os colonizadores estabelecidos no planalto atlântico e depressão periférica paulista Interessante notar também que o que Pedroso e demais viajantes coloniais descreveram como zona de brusca mudança altimétrica pode facilmente ser associado ao que mais tarde foi chamado por Almeida (1964) de Domínio das Cuestas. O eminente geólogo associa as feições morfológicas descritas anteriormente ao limite da extensão do grande conjunto de rochas ígneas mesozóicas da Bacia do Paraná. Muito mais resistentes do que as rochas sedimentares subjacentes, atuariam como verdadeira carapaça protetora contra efeitos da erosão. Protegeriam as áreas que recobrem enquanto as adjacentes não poupadas teriam sido escavadas pelos efeitos intensos da circudesnudação periférica (Ab`Saber, 1954) gerando assim as amplas depressões que as margeam.
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Mais especificamente sobre a zona de estudo, Almeida destaque a existência de um nível de cuestas interno. O primeiro seria o descrito pelos viajantes coloniais mencionados. O segundo seria localizado algumas dezenas de quilômetros a oeste, caracterizados por contrastes morfológicos relativamente suavizados quando comparados ao primeiro grupo. Tal aspecto suavizado é tão extremado que um observador desatento pode mesmo atravessar sem notar os principais componentes que lhe caracterizam, reverso e front. Talvez por isso a quantidade de estudos na área sejam relativamente raros. Afora os trabalhos já citados, é possível lembrar de breve atividade do IPT em segmento noroeste da área de estudo nos anos 80 bem como menções a geologia da área nos clássicos trabalhos de Leonardi (1976), de resto muito centrados no aspecto paleontológico dos icnofósseis dos arenitos da formação Botucatu. Pode-se citar ainda os breves mas numerosos perfis pedológicos ligados aos trabalhos do GEA (Grupo de Estudos de Arqueologia) bem como o trabalho ligado ao DAAE de Piuci e Diniz (1985) com perfis geológicos derivados de sondagens e comentários úteis acerca da caracterização da geologia local. Recentes trabalhos de pesquisadores da Universidade Estadual de Campinas Celarino e Ladeira (2008, 2009 e 2011) e Souza (2010) - introduzem aspectos interessantes ao aqui proposto bem como trabalho de Zancope (2006) sobre rio MogiGuaçu que incluem menções a área estudada. Procuramos assim integrar tal conjunto de dados e questionamentos já existentes aos levantados para confecção deste estudo com o fim de tentar obter modelo com mínimo caráter amplo buscado. 4. COMPARIMENTOS AMBIENTAIS
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combinação da análise das cartas topográficas de 1972 com certo número de trabalhos de campo e revisão do acervo de conhecimentos existentes nos levou a segmentar a área em três compartimentos ambientais distintos. Sua distribuição na área de estudo pode ser observada na Figura 1, sendo elas: Terras Altas de Araraquara: sucessão de interflúvios extraordinariamente aplainados e amplas vertentes em geral pouco íngremes (de inclinação entre 10 e 20 graus) sustentadas por basaltos da Formação Serra Geral, com presença de cobertura sedimentar arenosa não-identificada em seus segmentos internos. Contidas especialmente nos intervalos entre as cotas de 650 e 710 metros. Observar figura 2. Rampas e Patamares Intermediários: alternância de rampas suaves (inclinação entre 5 e 20 graus) ou bruscas (próximos aos 45 graus) com estreitos patamares aplainados (algumas centenas de metros de extensão em planta) – strath terraces - por vezes pontuados por montes desnundacionais com o conjunto seccionado por vertentes de múltiplas categorias de declividades. Marcada pelo contato litológico entre os arenitos e basaltos do grupo São Bento. Abrangem predominantemente intervalos altimétricos entre 650 e 520 metros. Terras Baixas do rio Jacare-Guaçu: presença de amplas planícies de inundação (na casa de alguns quilômetros) e níveis diversos de terraços fluviais associados a arenitos da formação Botucatu ou aluviões e depósitos de sedimentos inconsolidados. Predomínio altimétrico entre 540 e 500 metros. Observar figura 3.
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Figura 1: Localização dos compartimentos ambientais aqui propostos. Fonte: (Pedro Michelutti Cheliz, 2011)
Figura 2: Vertentes de declividades suaves das Terras Altas de Araraquara Fonte: (Desconhecido)
Figura 3: extensões aplainadas das Terras Baixas do Jacaré-Guaçu Fonte: (Pedro Michelutti Cheliz, 2010) 5. ELEMENTOS DA GEOMORFOGÊNESE DE UM SEGMENTO DAS CUESTAS BASÁLTICAS
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inda que se trate de um trabalho voltado para a arqueologia, acreditamos que se torna válido estender-se um pouco sobre a inserção da área no quadro mais amplo do contexto geomorfogenético.
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Com este propósito de pouco utilidade seria a discussão alongada sobre sutilezas do longo período de erosão que originaram os compartimentos ambientais bem como tentativas de estimar extensão total dos períodos de pausas erosivas e incisões no relevo anteriores ao quaternário. Basta para esse proposito se ter a ideia geral de que existem evidências suficientes para sugerir que no pós-cretáceo a área chegou a partilhar de um patamar topográfico comum, cessado quando o processo desnundacional fez aflorar os basaltos da formação Serra Geral. A partir deste momento as resistentes rochas ígneas passaram a atuar como uma verdadeira couraça, minimizando nas áreas que recobriam os efeitos dos processos erosionais que ocasionavam perda topográfica nas imediações não-protegidas por coberturas de derrames ígneos. Escavaram-se assim as depressões que margeiam as Terras Altas e dariam origem aos grandes vales que com ela faz limite, como as Terras Baixas do Jacaré-Guaçu. Associados as transicionais Rampas e Patamares Intermediários, ilustram didaticamente o conceito de erosão diferencial – observar figura 4. Tal longo processo de esculturação não se aproximou de criar contrastes topográficos tão amplos quanto o das escarpas basálticas de Rio Claro e Botucatu mas não chegam a impedir de caracterizar a área no conjunto dos componentes do relevo de cuestas. As Rampas e Patamares Intermediários em muitos sentidos correspondem grosseiramente aos fronts e as Terras Altas aos reversos. O reduzido desnível em relação a nível de base local e menor influência da desnudação periférica (Ab`Saber, 1959) face posicionamento mais distante da periferia da Bacia Sedimentar do Paraná se somam para justificar as formas relativamente suavizadas quando comparada com o primeiro conjunto de cuestas do estado.
Figura 4: Perfil topográfico que transpõe compartimentos ambientais da área de estudo com destaque para inferidos antigos patamares topográficos evidenciados por interflúvios aplainados, strath terraces e terraços aluviais Fonte: (Pedro Michelutti Cheliz, 2011)
Merecem comentários mais precisos os ajustes da gênese das formas quaternários, sobretudo a partir das proximidades da transição pleistoceno-holoceno. Pelos conhecimentos acumulados pode-se ter uma noção de que o longo processo de alternâncias entre períodos de estabilidade fluvial acompanhado da formação de amplas planícies de inundação e intervalos de aprofundamento dos leitos de rios responsáveis pelo gradual entalhamento das unidades da área se mostrou presente também no quaternário. O registro destes processos encontram-se nas formas de
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relevo e solos das atuais Terras Baixas. Particularmente úteis ao retratar tal dinâmica são os trabalhos de análises de terraços fluviais de Souza (2010) e os de sequências pedológicas de Ladeira (2011) para compreender tal dinâmica na adjacente bacia do Rio Mogi-Guaçu. Os estudos mencionados reforçam conhecimentos da dinâmica no Rio Jacaré-Guaçu obtidos pela interpretação de perfis pedológicos nas unidades de escavação realizadas para trabalho de Grossi (2011) bem como datações obtidas no mesmo trabalho. 6. SOBRE LOCALIZAÇÃO PREFERENCIAL DE SÍTIOS: BUSCA POR GEOINDICADORES
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entre os atributos requeridos para ocupação humana a existência de fontes hídricas é comum a todas as unidades estudadas. Pode-se argumentar que a presença de água é relativamente menor nas Terras Altas – em especial quando se considera eventuais populações viventes na transição entre pleistoceno e holoceno – mas não há variação intensidade suficiente para se falar em déficit hídrico. Parece-nos que não é neste critério que podemos encontrar diferenciais capazes de indicar sítios especialmente atrativos para atividades humanas. Uma vez visto que abundância de fontes de água potável é comum a todos os compartimentos, é possível voltar-se para disponibilidade de materiais para confecção de artefatos como fator discriminativo. Neste quesito nota-se clara diferenciação entre compartimentos. Ferramentas criadas a partir de rochas encontram suporte adequado na unidade das Rampas e Patamares Intermediários, capaz de disponibilizar grande abundância de matérias-primas adequadas em intervalo temporal significativo, tanto para populações ameríndias quanto para populações paleoíndias. Especialmente quanto a populações dependentes em maior intensidade de artefatos líticos, nos parece útil nos estender em argumentar como as Rampas e Patamares Intermediários bem como segmentos das Terras Baixos em suas adjacências oferecem melhores condições para populações percursoras. Nelas as fontes de matérias-primas não se reduzem a afloramentos próximos. A alta declividade das Rampas e Patamares favorece a formação de depósitos coluvionares - sobretudo quando se considera a transição pleistoceno-holoceno e o optimum climático – que podem atuar como fontes ainda melhores visto fragmentação dos blocos que o processo de movimento de massa impõe as rochas. Neste sentido é emblemático o sítio Boa Esperança III, instalado imediatamente sobre discreto morrote coluvionar. A ideia das Rampas e proximidades do limite com Terras Baixas como áreas preferenciais para sítios líticos encontra no trabalhado elaborado por Grossi (2011) subsídios para sustentar-se. No trabalho em questão o historiador tomou o cuidado de levantar a localização do conjunto de sítios arqueológicos e ocorrências líticos conhecidas até o momento no centro do estado de São Paulo e organizá-los em material cartográfico. Tomamos a liberdade de selecionar dentre o mapa do autor citado a área coincidente com a estudada no presente texto e sobrepô-la as unidades ambientais que balizam nosso trabalho, chegando aos resultados obtidos na Figura 5.
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Figura 5: distribuição de sítios e ocorrências líticas associadas a Compartimentos Ambientais. Fonte: Adaptado de (GROSSI, 2011; MICHELUTTI, 2011)
Observando a figura 5 nota-se claramente que os sítios arqueológicos e ocorrências líticas conhecidos atualmente quando não estão instalados diretamente nas Rampas se situam ao menos em suas proximidades. Uma vez aceita as Rampas como compartimento de ocupação mais adequado, convém discussão de caráter específico sobre segmentos do compartimento ambiental citado que podem ser particularmente atrativos dentre os demais. Finca-se como central nesta caracterização o fato das Rampas constituírem ampla faixa onde se concentram afloramentos de arenitos da formação Botucatu. A distribuição deles ao longo das Rampas está longe de ser homogênea, existindo segmentos de maior e menor concentração. Dentre os de concentração mais intensa destacam-se segmentos de maior declividade onde devido a inibição da percolação das águas os solos são menos espessos e as rochas melhor preservadas da ação do intemperismo – incluindo os mais próximos ao contato com os basaltos da formação Serra Geral, dotados pela interação com o calor e fluidos dos derrames ígneos cretáceos de extremada resistência. Chega-se ao argumento que adjacências imediatas de tais áreas de grande inclinação das Rampas – preferencialmente em segmentos pontualmente planos tais como strath terraces inferidos, topos de morros e montes denundacionais ou mesmo em terraços fluviais de Terras Baixas próximas – se configuram como as mais adequadas a atrair sítios lítico. Constituem os mais característicos geoindicadores arqueológicos da área de estudo. Representativo deste apontamento é o Sítio Rainha dos Montes, um dos mais ricos na área quando se considera a abundância de ferramentas líticas, localizado justamente no término de uma das mais íngremes extensões das Rampas e Patamares Intermediários em seu segmento nordeste. Adicionalmente podem-se elencar argumentos biogeográficos para justificar as preferências mencionadas. Enquanto as Terras Altas tem em seu suporte favorecimento para predomínios de densos ecossistemas de cerradões as Rampas e Patamares Intermediários apresentam condições mistas para abundância dos menos vigorosos ecossistemas de campos sujos enquanto nas Terras Baixas suas condições
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ambientais favorecem campos limpos. Quando se considera a afirmação de arqueólogos como Prous (1992) de tendência das populações que usavam amplamente tecnologia lítica do sudoeste brasileiro de buscar áreas de vegetação aberta e evitar a fixação em áreas de matas fechadas chega-se a argumento extra para as preferências de fixação anteriormente exposta. Nesta perspectiva se mostra ainda mais atraentes a fixação nos vários níveis aplainados encravados em meio as Rampas ou mesmo em seus sopés. Tal posição possibilitaria ainda proximidade suficiente com Terras Altas para ocasionais incursões de caça e coleta motivadas pela expressiva biomassa dos cerradões e matas atlânticas. 7. BREVES COMENTÁRIOS SOBRE O SÍTIO BOA ESPERANÇA DO SUL II
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entre os sítios documentados na área de estudo julgamos merecer comentários específicos o Sítio Boa Esperança II face resultados obtidos por datação de fotoluminescência (Grossi, 2011), de 14000 +- 3000 anos – valor suficiente para cogitar sua classificação como sítio pleistocênico, categoria de análise complexa e polêmica. Convém lembrar que o primeiro ponto crítico envolvendo tal quadro de sítios é justamente a confirmação da solidez de sua antiguidade. Extremamente frequente é o contexto em que foram encontrados materiais datados colocarem em dúvida a interpretação do resultado obtido. Ainda hoje persistem os que colocam questionamento sobre a origem derivada de atividade humana dos carvões usados para datações no Sítio da Pedra Furada (Piauí) por Guidon. Outro exemplo é o abismo Ponta de Flecha no Médio Ribeira de Iguapé em São Paulo: a associação entre ponta de flechas e dentes de animais pleistocênicos é abalada pelo conjunto apresentar indícios de transporte, sendo modificadas assim as condições originais do sítio. No caso do sítio Alice Boer em Rio Claro (SP) se repetiram dúvidas do contexto do achado face documentação e registro precário das escavações. Interessante notar que com o sítio Boa Esperança II tal dinâmica não ocorre, com inúmeros elementos se integrando para justificar ausência de significativa movimentação vertical. Um dos primeiros é a disposição das peças – logo chama a atenção que valor superior a 80% das centenas de peças que integram a escavação de Grossi (2011) se concentra em faixa de profundidade específica que não excede 20 cm na unidade de escavação. Tal observação se torna ainda mais intrigante quando se considera que o mesmo intervalo marca brusca mudança na granulometria do material da trincheira. Passa-se de gleissolos areno-argilosos para nível de cascalhos com maximum particule size que se aproxima dos 40 cm, em cujos segmentos iniciais se concentra o material arqueológico (observar figura 6). As condições descritas pouco combinam com processos de movimentação vertical. Difícil seria imaginar processo de bioturbação ou de ação erosiva que selecionaria em meio a diversidade de material litológico disponível os de significado arqueológico e os concentraria em faixa tão estreita. O próprio caráter de gleissolo inibe a existência de bioturubação: a diminuta fertilidade do solo mencionado não favorece a instalação dos mais vigorosos ecossistemas de cerrado, diminuindo assim ação da atividade biológica. Numa perspectiva mais ampla o conjunto da trincheira de escavação, da datação obtida e de suas imediações pouco tem de surpreendente quando inseridos no contexto morfogenético da área. Pelo contrário, se encaixam sem grandes
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complicações dentro do esperado dos conhecimentos acumulados da evolução paleoambiental existentes para as escalas subcontinental e local. O nível basal de cascalhos reúne atributos característicos para os depósitos de canais torrenciais característicos da retomada das condições tropicais do pleistoceno terminal – exemplificados pelas descrições de Ab`Saber (1954) e Almeida (1964). Já os registros areno-argilosos que lhe sucedem podem ser associados a antigas planícies de inundação, denunciadas inclusive pela gleissificação. Por fim o terraceamento do conjunto e a continuidade da gleissificação por extensão superior a uma centena de metros denuncia o abandono da antiga planície e aprofundamento do leito do canal – condizente também com registro dos ferricretes encontrados na trincheiras de escavação, que denunciam ao menos duas grandes alterações dos níveis freáticos locais.
Figura 6: esquema simplificado retratando unidade de escavação no Sítio Boa Esperança II Fonte: Adaptado de (GROSSI, 2011)
Tal conjunto de transformações é amplamente similar ao conhecido para a dinâmica fluvial local exemplificado nos trabalhos de Celarino e Ladeira (2011) e Souza (2010). Os trabalhos mencionados registram busco de novo nível de base e abandono das antigas planícies de inundação em algum momento após 10241 anos antes do presente, compatível com as datações obtidas por Grossi que elenca aprofundamento do canal em algum momento após 14500 +-3000 anos antes do presente. Ainda que possa se argumentar que nos terraços do Mogi-Guaçu não foram encontrados níveis
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de clastos basais similares aos de Jacaré-Guaçu tal fato pode ser explicado devido a diminuta presença de afloramentos nas imediações do Mogi-Guaçu quando comparado com imediações do BES II. A diferença nos registros nas duas bacias hidrográficas ilustraria o principio básico da sedimentologia de que granulometria dos depósitos é consequência não somente da energia do mecanismo de transporte mas também da disponibilidade granulométrica dos arredores. Quando inseridos neste contexto, a grande concentração de artefatos se dá justamente na transição da área de escavação como foco de ação de canais torrenciais para local de extravasamento de enchentes periódicas do Rio JacaréGuaçu. É possível imaginar que antes de se passar intervalo temporal necessário para ação das inundações ocultar os seixos sob nova cobertura sedimentar os clastos teriam permanecidos expostos a vista, podendo eventualmente chamar a atenção de populações percursoras. Justificaria se assim a eventual formação ali de sítio-oficina pela abundância e concentração de matérias-primas já em formato adequado para atenuar esforços em conjunto com proximidade de fonte de água potável para amenizar fadiga em meio a seções intensas de trabalho. Em suma o traço marcante do sítio Boa Esperança II e sua datação é o conflito de sua análise sob a perspectiva das ciências da terra e pela ótica arqueológica. Sua inserção no contexto ambiental conhecido parece adequada e distante de causar grandes polêmicas, mas sua aceitação enquanto sítio arqueológico permanece controversa – sobretudo por implicar em revisões sobre antiguidade da presença humana no estado de São Paulo. Dualidade integrante, demandando aprofundamento de debates e questionamentos. 8. CONCLUSÕES
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hegou-se a noção de três compartimentos ambientais para serem usados como balizadores para a discussão entre relação de grupamentos humanos com natureza, cada qual com potencialidades diferenciadas. Acreditamos que as análises três unidades obtidas podem ser extrapoladas para estudos arqueológicos em áreas de relevo de Cuestas, ao menos em suas características mais gerais. Evidências suficientes se integram para sugerir que eventual patamar topográfico póscretáceo comum a área cessou quando processos desnundacionais fizeram aflorar os basaltos da formação Serra Geral. A partir deste momento as resistentes rochas ígneas passaram a atuar como uma verdadeira couraça, minimizando nas áreas que recobriam os efeitos dos processos erosionais que ocasionavam perda topográfica nas imediações não-protegidas por coberturas de derrames ígneos. O presente trabalho elenca elementos que permitem cogitar a ideia de que tal amplo processo de desnudação ao menos parcialmente reproduziu mecanismos quaternários registrados nas atuais Terras Baixas, com a alternância de períodos de consolidação de amplas planícies de inundação seguidos de outros de aprofundamento de canal. Escavariamse assim as depressões margeando Terras Altas, dando origem as Terras Baixas do Mogi-Guaçu e Jacaré-Guaçu. Grupos humanos precursores por fim chegariam a área. Inteligentemente inicialmente aproveitariam-se de atributos naturais derivados de nova transição entre intervalos de predominância erosiva e deposicional desta vez mesclada a retomada da tropicalidade na transição pleistoceno-holoceno. Ocultos tais atributos pelos sedimentos depositados nas enchentes do rio Jacaré-Guaçu voltar-se-iam com mais intensidade para amplas Rampas e seus abundantes afloramentos. Terras Altas seriam reservadas para possíveis excursões de caça e coletas pontuais, face a elevada biomassa
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possível de ser sustentada pelas manchas de latossolos derivados de basaltos. Gênese cultural dos grupos precursores das Terras Baixas do Jacaré-Guaçu se mescla com ambientes oscilantes numa sobreposição dos tempos de mudanças naturais e humanas. Adicionalmente as conclusões específicas para a área de estudo espera-se ter conseguido ilustrar viabilidade da delimitação de compartimentos ambientais como instrumento adequados para balizar debates da relação entre meio natural e ocupação humana pretérita. Observa-se que a já difícil tarefa da arqueologia de inferir com base em registros materiais traços da transformação cultural e de sua relação com o ambiente alcança um novo grau de dificuldade ao considerar que o próprio meio é instável em relação a extensão temporal da presença humana.
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Compartimentos ambientais, paleoambientes e ocupação humana pretérita: as terras baixas do Jacaré-Guaçu Pedro Michelutti Cheliz Graduando em geologia pela Universidade de Campinas – UNICAMP Campinas, SP E-mail: pedro.michelutti@yahoo.com.br
CHELIZ, P.M. Compartimentos ambientais, paleoambientes e ocupação humana pretérita: as terras baixas do Jacaré-Guaçu. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 13-27, out.-nov., 2012
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O engenheiro Saturnino de Brito e a urbanização do Rio Grande do Sul (1908-1929) André Luís Borges Lopes Doutorando em História pela PUCRS Pelotas, RS E-mail: alborgeslopes@yahoo.com.br
LOPES, A.L.B. O engenheiro Saturnino de Brito e a urbanização do Rio Grande do Sul (1908-1929). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 28-43, out.-nov., 2012
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oda investigação defronta-se com a necessidade de selecionar, privilegiar e explicar determinados temas dentro de um quadro bem delimitado. Assim sendo, este trabalho pretende mostrar como as obras do engenheiro Francisco Saturnino de Brito e suas ideias de urbanismo sanitarista, serviram de orientação à formação de um novo plano urbano no Rio Grande do Sul1. Solicitadas no contexto de implantação da República, estas obras surgem como um instrumento político do PRR e de seu novo projeto urbano, orientando assim, o progresso que se impunha com a instalação do novo regime2. Estas obras devem ser pensadas também como um instrumento técnico, calcado em estudos técnicos, elaborado por um especialista bastante sintonizado e atualizado com os conhecimentos de sua época3. De imediato, cabe ressaltar que a carência de trabalhos sobre história da engenharia no Brasil e sobre a atuação dos engenheiros na construção do Estado Brasileiro é notória, a demonstrar que um largo campo de pesquisa continua em aberto, permitindo que a atuação dos engenheiros se torne conhecida para além dos nomes emblemáticos da engenharia nacional, como André Rebouças, Paulo de Frontin, Teodoro Sampaio, Aarão Reis, Pereira Passos, entre outros4. Francisco Saturnino Rodrigues de Brito é um desses nomes que merecem ter a sua atuação analisada com maiores detalhes5.
Engº. Francisco Saturnino R. de Brito Fonte: (BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XXI. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. XII)
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Francisco Saturnino Rodrigues de Brito nasceu no dia 14 de julho de 1864, em Campos, estado do Rio de Janeiro, e faleceu em 10 de março de 1929, aos 65 anos de idade, em Pelotas, enquanto vistoriava obras de saneamento que ele projetara para a cidade6. Formou-se em engenharia civil pela Escola Politécnica do Rio de Janeiro em 1886 e é considerado por muitos como o mais notável engenheiro sanitarista brasileiro, sendo o pioneiro nesta especialidade no país7. Mas antes de conhecermos um pouco mais o nosso personagem e a sua trajetória de atuação, devemos entender melhor o processo de construção do campo da engenharia ao longo da história. O surgimento da engenharia moderna se dá a partir dos séculos XVII e XVIII e dentro de condições históricas específicas. Como consequência, de um lado, da Revolução Industrial e, de outro, do Iluminismo. O surgimento do maquinário a vapor e de outras inovações tecnológicas, impulsionaram o desenvolvimento de novas tecnologias e a busca de soluções para os problemas de transporte e de produção. Estimulando desta forma, o estudo e a pesquisa das ciências físicas e matemáticas e sua aplicação prática. Ao mesmo tempo, desde meados do século XVI, na Europa vivia-se a chamada “Querela entre os Antigos e os Modernos” que opunha os filósofos e artistas defensores da imitação dos modelos clássicos - os Antigos – àqueles que acreditavam no potencial singular de seu próprio tempo de criar novas e melhores formas de arte e filosofia8. A disputa representa um marco na história das ideias, pois ela assinala o início do conflito entre o classicismo e o modernismo, entre a tradição e o progresso. No século XVIII, a corrente dos Modernos foi ganhando cada vez mais força, levando a que as realizações da Antiguidade já não fossem mais consideradas superiores e insuperáveis, ao contrário, eram os feitos da civilização moderna que ganhavam os maiores elogios9. Nesse contexto, as técnicas aplicadas ao campo científico e tecnológico e os inventos resultantes dessas intervenções, também chamados na Idade Média de “artes mecânicas”, se valorizavam juntamente com o estudo das ciências físicas e naturais e também passam a ser concebidos como algo que sucessivas gerações de experimentadores irão aperfeiçoar. O reconhecimento dos resultados sempre novos apresentados por estas “artes” levava à afirmação de que o horizonte cultural dos Antigos era limitado e ressaltava o caráter provisório e historicamente localizado de suas verdades e descobertas. Essa argumentação apoiava-se na “superioridade dos modernos” e estava associada assim às artes mecânicas, à ciência e à progressividade do saber, em contraposição a cultura tradicional, caracterizada pelo imobilismo dos exercícios retóricos e filosóficos do passado. É nesse contexto que tem suas raízes a engenharia contemporânea, voltada desde as origens para a aplicação da técnica a questões concretas e, associada à modernidade10. A engenharia moderna - e a preparação para o exercício dessa função - surge no ambiente militar, em face das novas necessidades de defesa, de transporte e de comunicação dos Estados. Os oficiais-engenheiros irão se aplicar na construção de armamentos, fortificações e pontes e na abertura de estradas, entre outras atividades. Conforme explica Telles, a engenharia moderna nasce dentro dos exércitos; a descoberta da pólvora e depois o progresso da artilharia, obrigaram a uma completa modificação nas obras de fortificação, que, principalmente a partir do século XVII, passaram a exigir profissionais habilitados para o seu planejamento e execução. A necessidade de realizar obras que fossem ao mesmo tempo sólidas e econômicas e, também estradas, pontes e portos para fins militares forçou o surgimento dos oficiaisengenheiros e a criação de corpos especializados de engenharia nos exércitos. Tal se deu em França em 1716, por iniciativa de Vauban e,
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em Portugal, em 1763, no reinado de José I, como parte da reorganização do exército português levada a cabo pelo Marquês de 11 Pombal. .
Segundo esse autor, o termo “engenheiro”, já usado desde o século XVII, designava “tanto em português como em outras línguas, quem é capaz de fazer fortificações e engenhos bélicos”, um profissional polivalente desde suas origens, pois suas funções se confundiam com as do arquiteto e as do construtor, “sendo às vezes difícil distinguir-se o artista do projetista e do empreiteiro de obras”12. A característica militar presente, portanto, no nascedouro dessa profissão será a ela associada e perdurará por mais de um século. Será a chegada da corte portuguesa ao Brasil em 1808 que propiciará a instalação do ensino regular da engenharia no país, uma vez que sua presença passará a requerer obras militares e urbanas destinadas a melhor defendê-la e acomodá-la. Assim, em 1810, o Príncipe Regente, futuro D. João VI, cria a Academia Real Militar no Rio de Janeiro que visava, além da formação de oficiais de engenharia e artilharia, também a de “engenheiros geógrafos e topógrafos que também possam ter o útil emprego de dirigir objetos administrativos de minas, caminhos, portos, canais, pontes, fontes e calçadas”13. Para tanto se dedicava ao ensino das ciências exatas e da engenharia em geral, sob forte influência francesa14, seja no que diz respeito à estruturação do curso, ao currículo e aos livros adotados15. O caráter militar dos cursos de engenharia permanecerá ainda por várias décadas. Em 1823 passa-se a aceitar a matrícula de alunos civis, não mais obrigados a servir o exército, mas apenas em 1842, numa reforma nos currículos dos cursos, criam-se disciplinas pertinentes à engenharia civil e são criados os títulos de Bacharel e Doutor em Matemática e Ciências Físicas e Naturais, primeiros títulos de nível superior em engenharia totalmente desvinculados das características militares16. Em 1858 dá-se a criação da Escola Central e, apesar de ser dedicada exclusivamente ao ensino da engenharia, tendo sido o ensino militar transferido para escola específica (Escola Militar e de Aplicação do Exército), ela continuava a ser um estabelecimento militar subordinado ao Ministério da Guerra. Apenas em 1874, a Escola Central se desvinculará totalmente das suas origens militares e passará a ser denominada Escola Politécnica17. Segundo o Decreto nº. 5529 de 17 de janeiro de 1873 que consta do Relatório do Ministério da Guerra do mesmo ano, a transferência da Escola Central deste ministério para o Ministério do Império não se limitou às responsabilidades burocráticas e às pedagógicas. Assim, o pessoal docente é transferido, o próprio prédio é cedido e uma verba complementar é solicitada pelo Ministério da Guerra para ser transferida ao Ministério do Império a fim de viabilizar o funcionamento da escola18. A Politécnica do Rio de Janeiro, a primeira do país, nasce com um curso estruturado em duas partes: geral19 (2 anos) e específica (3 anos), com as seguintes especializações: Ciências Físicas e Naturais; Ciências Físicas e Matemáticas; Engenheiro Geógrafo20; Engenheiro Civil; Engenheiro de Minas; e Artes e Manufaturas. De acordo com o decreto de criação da escola e seus estatutos, a distribuição das disciplinas pelos diversos cursos e anos era a seguinte21: Curso Geral: 1º ano – 1ª cadeira: Álgebra (teoria geral das equações, teorias e usos dos logaritmos), Geometria no Espaço, Trigonometria Retilínea, Geometria Analítica; 2ª cadeira: Física Experimental e Meteorologia. Aula: Desenho Geométrico e Topográfico.
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2º ano – 1ª cadeira: Calculo Diferencial e Integral, Mecânica Racional e Aplicada às Máquinas; 2ª cadeira: Geometria Descritiva; 3ª cadeira: Química Inorgânica, Noções de Mineralogia, Botânica e Zoologia. Curso de Engenheiros Civis: 1º ano – 1ª cadeira: Estudo dos Materiais de Construção e sua Resistência, Tecnologia das Profissões Elementares, Arquitetura Civil; 2ª cadeira: Geometria Descritiva Aplicada (perspectiva, sombras, estereotomia). Aula: Trabalhos Gráficos. 2º ano – 1ª cadeira: Estradas Ordinárias, Estradas de Ferro, Pontes e Viadutos; 2ª cadeira: Mecânica Aplicada, Máquinas em Geral, Máquinas a Vapor. Aula: Trabalhos Gráficos. 3º ano – 1ª cadeira: Hidrodinâmica Aplicada, Canais, Navegação, Rios e Portos de Mar, Hidráulica Agrícola e Motores Hidráulicos. 2ª cadeira: Economia Política, Direito Administrativo, Estatística. Aula: Trabalhos Gráficos22. Foi essa sólida formação matemática básica, aliada a um currículo “generalista”, que permitiu a muitos dos seus engenheiros uma atuação quase “enciclopédica”, em vários ramos da engenharia: ferrovias, portos, obras públicas e indústrias, e principalmente, permitiu que grandes avanços técnicos fossem feitos mais tarde por engenheiros, em grande parte “autodidatas”23. Francisco Saturnino de Brito foi um desses engenheiros de formação “enciclopédica” e de habilidade de um “autodidata”. Formado em Engenharia Civil pela Escola Politécnica (1881-1886) e no Curso de Artes e Manufaturas no mesmo ano e na mesma instituição (1883-1886), se destacou pelo seu pioneirismo em idealizar novos elementos e materiais destinados ao saneamento das cidades, as redes de esgoto e ao abastecimento d’água. Inaugurando no Brasil uma nova especialidade dentro do campo da engenharia, a ser conhecida como engenharia sanitária24. Saturnino de Brito fazia parte do que Ferreira definiu como “os politécnicos” – categoria intelectual que incluía tanto os bacharéis em ciências, quanto os engenheiros formados na antiga Escola Central e na Escola Politécnica do Rio de Janeiro25. Os politécnicos se reconheceriam a partir de uma matriz ideológica comum, fundada no positivismo e pautada na relação entre a modernização do país e o desenvolvimento científico26. Estes grupos eram conhecidos como “missionários do progresso”, homens de ciência que iriam salvar a nação. Eles eram vistos como portadores de um saber objetivo, oposto ao saber livresco baseado na retórica, característico dos bacharéis. Influenciados pelo positivismo, consideravam-se eles próprios responsáveis pela direção e encaminhamento das reformas necessárias ao progresso e à civilização do país27. Segundo Ferreira a história da tradição positivista no meio científico brasileiro está intimamente relacionada ao ensino da engenharia civil e militar. Por mais que as outras instituições de ensino superior, então existentes tenham também funcionado como foco de irradiação do positivismo, as escolas de engenharia foram, de fato, o ambiente institucional onde professores e alunos tiveram experiência mais intensa de uma cultura positivista que se manifestava não apenas no ensinamento de alguns professores28, mas, sobretudo, na agitada vida extraescolar dos alunos organizada em torno de grêmios, associações e jornais de cunho científico e literário29. Não é difícil entender o interesse despertado pela doutrina positivista entre os alunos. Primeiro em função da importância que atribuía à matemática e às ciências. Segundo, devido à
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oposição tenaz ao espírito legalista encarnado idealmente pelos bacharéis em Direito, a elite da burocracia imperial. E, finalmente, o lugar de destaque reservado à nova elite técnico-científica na nova sociedade que se avizinhava30. Do início de sua atuação profissional, em 1887, até o ano de 1892, Saturnino de Brito traçou e construiu ferrovias pelo interior do Brasil, entre elas a estrada de ferro Leopoldina (MG), estrada de ferro de Tamandaré (PE), e a estrada de ferro de Baturité (CE)31. Foi a partir dessa experiência, em construção de ferrovias, que os serviços de levantamento topográfico tornaram-se ferramentas fundamentais para execução de suas obras sanitaristas. Mais tarde, esses conhecimentos forneceriam as bases para a formulação dos seus planos de conjunto para as cidades. Em Piracicaba (SP), em 1893, que Saturnino de Brito encerrou sua fase de engenheiro ferroviário e iniciou sua carreira de engenheiro sanitário. Na ocasião estava incumbido de fazer os serviços de levantamento topográfico da cidade para a instalação de uma rede de esgotos. No mesmo ano, interrompeu sua carreira para se alistar como voluntário no “Batalhão Benjamim Constant”, em apoio ao Marechal Floriano Peixoto e a República, para lutar contra os revoltosos da Armada32. A partir de 1894, restabeleceu sua carreira de engenheiro, e passou a trabalhar junto à Comissão da Carta Cadastral do Rio de Janeiro, no ano seguinte fez o levantamento das plantas e a organização dos projetos de saneamento da cidade de Vitória (ES). No mesmo ano foi chefe da seção de abastecimento de água na Comissão da Nova Capital de Minas Gerais – Belo Horizonte33. Em 1896, trabalhou como engenheiro da Comissão de Saneamento do Estado de São Paulo. No ano de 1898, organizou trabalhos de esgoto sanitário na cidade de Petrópolis (RJ); saneamento da cidade de Paraíba do Sul (RJ) em 1899; saneamento de Itaocara (RJ) em 1900; levantamento da planta e projetos de saneamento da cidade de Campos (RJ) em 1901, saneamento de Santos (SP) de 1905 a 1909, parecer sobre o abastecimento de água da cidade de Campinas (SP) em 1906; saneamento da cidade do Rio Grande (RS) em 1909; saneamento de Recife (PE) de 1909 a 1918; esgotos da cidade de Paraíba do Norte (PB) em 1913, parecer sobre as obras de saneamento de Belém do Pará em 1914; saneamento da cidade de Curitiba em 1920; saneamento da Lagoa Rodrigo de Freitas (RJ) em 1921-1923; regularização do Rio Tietê (SP) em 1923, e inúmeras outras obras em diversas cidades do Brasil durante a República Velha34. No total sua atuação profissional percorreu 53 cidades brasileiras, sendo que destas, 13 são localizadas no Rio Grande do Sul. A primeira cidade gaúcha a receber intervenções do engenheiro Saturnino de Brito foi à cidade do Rio Grande em 1909 e depois em 192135. Durante o ano de 1919, cinco cidades gaúchas recorreram aos serviços de Saturnino de Brito para a elaboração de seus planos de saneamento e de ampliação de suas redes de água e esgotos: Santa Maria, Cachoeira, Cruz Alta, Passo fundo e Rosário36. No ano de 1920, será a cidade de Santana do Livramento que ira requisitar o trabalho de engenheiro para efetuar seu saneamento37. Em 1922, Saturnino de Brito atuará no saneamento e no projeto de extensão urbana da cidade de São Leopoldo38. Entre 1923 e 1924, Uruguaiana, Iraí e São Gabriel solicitarão ao engenheiro, que elabore obras para o seu saneamento urbano39. Em 1927, Saturnino de Brito irá elaborar planos de saneamento e de extensão da rede de água e esgotos para as cidades de Alegrete40 e Pelotas41. Saturnino de Brito fez uma série de estudos para as cidades do Rio grande do Sul42. Desde sua primeira visita ao estado, em 1908, ele indicou dois pontos básicos “para garantir o progresso – o primeiro era a abertura da barra (do Rio Grande) para o estado; e o segundo era o saneamento para as cidades. O primeiro serviço facilitaria a
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execução já tardia do segundo”43. O Jornal A Federação, do dia 31 de agosto de 1908 transcreve algumas das impressões de Saturnino de Brito sobre o Rio Grande do Sul, mostrando deu discurso sanitarista44: Nem sempre a pressão das necessidades públicas, resultantes do progresso ativo, pode suportar o lento desenvolvimento de certas obras executadas com recursos ordinários. E ainda bem quando essa pressão resulta da supervitalidade, e não das explosões mortíferas, principalmente as de caráter tífico, como sucedeu em muitas cidades de São Paulo, hoje saneadas pela distribuição d’agua e pelas redes de esgotos ou reforma dos esgotos executados por incompetentes ou por meros exploradores de serviços. Foi com a regeneração sanitária das cidades, embora, em algumas delas sejam as obras mal concebidas e mal executadas, que São Paulo debelou a febre amarela e afastou o maior obstáculo ao seu desenvolvimento. Não foi 45 matando mosquitos .
Esta observação final de Saturnino de Brito foi feita em alusão ao processo conduzido por Oswaldo Cruz no Rio de Janeiro para combater a febre amarela46. Para Brito, para o completo saneamento das cidades era necessário a execução de obras de maior envergadura e de maior impacto. Mais adiante o engenheiro enfatiza: O fato é que se cuida das cidades como se cuida dos indivíduos: os princípios fundamentais são os mesmos – os higiênicos; a sua aplicação deve começar desde a aldeia para o organismo “cidade”, como deve começar desde a infância, para o organismo “homem”. (...) Hoje (1908) os administradores inteligentes e previdentes, como o são os das cidades de Rio Grande, Pelotas e Porto Alegre, só para citar as principais, estão prudentemente impondo a seus concidadãos os programas de melhoramentos; mas quem conhece o caráter deste povo, mesmo sem conhecer o estado prevê que amanhã será o próprio povo a exigir que acelerem as obras públicas, que satisfaçam as suas aspirações de ordem e de progresso porque não lhes faltará o justo apoio contemporâneo e o merecido reconhecimento do porvir. A necessidade inadiável do saneamento torna-se patente ao espírito de todos; é desagradabilíssima a impressão que produzem águas 47 servidas correrem pelas sarjetas das ruas .
No Rio Grande do Sul da República Velha a Religião da Humanidade ou Positivista tinha um dos seus centros mais fortes de penetração, influenciando a política, através da constituição castilhista, a filosofia, e certamente a organização do espaço urbano através da ideologia e da técnica. O universo do positivismo se compunha de três aspectos fundamentais: “o científico, vinculado aos intelectuais, o político, que se ateria ao sentido partidário e administrativo, e o religioso, para aqueles que aceitassem a totalidade da doutrina”48. Apesar do positivismo não possuir definições ou enunciados físico-espaciais, estava profundamente enraizado na corporação dos engenheiros, que tiveram um papel destacado na sua introdução e difusão no estado. Os engenheiros poderiam assim, através da religião, modificar o comportamento da população e cumprir sua função social, e através do serviço público, com a contribuição da ciência, efetuar as mudanças em direção ao progresso49. A modernização das cidades, pela organização e reforma do espaço urbano, era uma dessas mudanças. Nesse meio, a atuação de Saturnino de Brito é inquestionável e se estende por todo o estamento técnico brasileiro nas três primeiras décadas do século XX. Autor de obras redigidas e publicadas em francês, como “Le Tracé Sanitaire des Villes”50, constituiu referência nacional pelo seu trabalho no saneamento e
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remodelação do Porto de Santos e por dezenas de planos de saneamento, melhoramentos e expansão das principais capitais e cidades brasileiras. Com profunda influência do pensamento positivista, Saturnino de Brito formulava uma visão holística do meio urbano e representava a cidade como um organismo em expansão. Segundo Andrade, Brito dividia o crescimento das cidades em três fases, correspondentes, até certo ponto, aos três estágios da evolução intelectual da humanidade, fixados pela filosofia Comtiana51. A primeira delas é dominada pelo acaso e parece corresponder ao lento processo de expansão das cidades coloniais brasileiras, onde o capricho dos proprietários não resultara, segundo Brito, num traçado artístico. Na segunda fase de crescimento das cidades, já esta consolidada a situação fundiária, vigorando os interesses particulares, que promovem uma especulação do solo urbano, sobre tudo nas áreas centrais, e detêm o controle sobre as decisões das administrações locais. Esta etapa corresponde, de certo modo, as condições urbanas descritas por médicos e higienistas, nas primeiras décadas do século XIX, ao estudarem cidades como o Rio de Janeiro, Recife e Santos, em que o rápido aumento e adensamento populacionais criaram condições de insalubridade urbana, favorecendo a proliferação de doenças epidêmicas52. Após essas fases viciosas do crescimento das cidades, a realização de um vasto programa de obras de saneamento, segundo um plano geral, garantido por uma legislação adequada, possibilitaria a cidade atingir a última fase de seu crescimento, a cidade ideal da utopia sanitarista – a cidade como “um corpo são e belo”53. A expansão urbana imprevisível, bem como o predomínio dos interesses particulares – que constituem, para Brito, as características principais das duas primeiras fases do crescimento do organismo citadino – eram considerados os fatores responsáveis por cidades insalubres e desordenadas. Contra o acaso, Saturnino de Brito propunha o plano de conjunto da cidade, o qual prevê sua expansão e projeta as obras de saneamento, bem como outros melhoramentos urbanos. Sempre pensados em conjunto, esses planos de expansão possuíam programas previamente estabelecidos, onde normalmente se fazia a divisão das cidades em zonas, a fim de facilitar a execução dos trabalhos e possibilitar a previsão das necessidades futuras. Neles, as ruas eram traçadas de acordo com a topografia do terreno, adequada às condições locais de cada região, e com as necessidades do trânsito. Como regra, os cemitérios não eram colocados em pontos altos da cidade, ocupando esses lugares os reservatórios de distribuição de água, entre outras obras54. Dentro de sua visão organicista, pensava em todos os detalhes do projeto levando sempre em consideração a expansão da cidade. Um desses exemplos é a solução que Saturnino de Brito propunha em relação à necessidade futura de ampliação das ruas. Para evitar maiores transtornos, planejava tabuleiros gramados e arborizados, laterais ou centrais, vislumbrando um alargamento posterior sem grandes gastos55. Para Saturnino de Brito, as obras para o saneamento de uma cidade compreendiam, conforme a necessidade e realidade social, no enxugamento de águas superficiais estagnadas; drenagem (valas e condutos subterrâneos) para o enxugo do subsolo das regiões pantanosas circunvizinhas; retificação dos cursos de água; dessecamento de pântanos, arrasamento de morros, arborização do solo, aterro, suprimento de água potável, esgotos pluviais e sanitários; habitações salubres (familiares, coletivas, fábricas, hospitais etc.); calçamentos, iluminação artificial, jardins e remoção e incineração do lixo56. Ainda a respeito do saneamento de uma cidade, afirmava o
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engenheiro, que este não dependia unicamente das modificações saneadoras do meio físico, mas seria resultado da “atmosfera moral” que envolve o meio social57. Na sua concepção, o urbanismo era a arte de projetar e construir as cidades primeiramente do ponto de vista da salubridade, seguido pela circulação, sem se descuidar da estética. Por isso, denominava de urbanismo sanitarista aquele que adapta o desenho urbano à lógica dos fluidos e das circulações, ou seja, traça as primeiras linhas do desenho levando em conta o sanitário, através do esquema de escoamento das águas, circulação do ar e penetração da luz solar, deixando os demais aspectos subordinados a esses58. Em se tratando da salubridade das habitações, condenava as construções em lotes estreitos e profundos, carentes da penetração de luz solar, o que em sua opinião contribuía para a criação de quarteirões compactos, sombrios e insalubres. Dessa forma, afirmava: “A casa doentia faz moradores doentes, e não há drogas que curem estes sem que seja aquela previamente curada, isto é, saneada”59. Todos os projetos de Francisco Saturnino de Brito iniciavam-se por um estudo detalhado da área de intervenção, considerando-se aspectos físicos; localização dos rios, canais, lagoas, pântanos, serras, morros, aspectos urbanos; localização de cemitérios, matadouros, mercados, cais, além de condições climáticas, serviços urbanos, possibilidades de expansão da malha, cálculos de estatística demográfica, ou seja, ele realizava um levantamento preciso dos diversos vetores que envolviam a cidade60. Algo inédito para sua época, e que nos permite equiparar aos diagnósticos típicos do planejamento urbano moderno. Rigoroso na racionalidade funcional, na técnica e na economia, publicou diversos artigos no Brasil e no exterior todos envolvendo a consciência sanitária61. Através de suas obras procurou inserir na nascente ordem republicana, uma nova concepção de higiene, esclarecendo dúvidas no que diz respeito às novas práticas sociais e ao uso das novas instalações sanitárias. Desta forma, o urbanismo sanitarista brasileiro tem no engenheiro Saturnino de Brito o seu pioneiro. A grande ressonância e a influência de suas obras e ideias possibilitaram a criação de uma forma urbana original, cujo elemento norteador e de maior destaque era o saneamento62. Estabelece-se a partir de seus trabalhos, então, uma nova forma de pensar as cidades, criando-se um novo vocabulário, um novo método de observação e análises para resolverem os problemas da cidade moderna. Assim, através de seu urbanismo sanitarista as principais cidades brasileiras, das três primeiras décadas do século XX, adquiriram novas formas que marcaram de modo decisivo suas estruturas urbanas até os dias atuais. Sanear, prever e embelezar, tornar as cidades sadias, planejadas e formosas, eis, portanto, os objetivos principais das intervenções urbanísticas realizadas por Brito ao longo de sua trajetória.
NOTAS 1
A obra de Haussmann em Paris foi o grande paradigma urbanístico que orientou todas as transformações urbanísticas do período. As cidades que precisavam se modificar e se adaptar aos tempos modernos, buscaram no exemplo de Paris, o modelo para suas realizações. No Brasil, a referência ao modelo francês seria ainda reforçada pelo forte fascínio que o modelo da república francesa exercia sobre a classe política brasileira, assim como pelo ideário positivista Comteano. O tecnicismo e a cientifização dos diagnósticos e das propostas de intervenção urbana traria destaque para profissionais engenheiros em todo o Brasil, como Saturnino de Brito, Francisco Pereira Passos (RJ), Teodoro Sampaio (BA, SP), Aarão Reis e Lourenço Baeta Neves (MG), entre outros.
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Desde o inicio da era republicana e por quase quarenta anos, o Rio Grande do Sul foi governado por apenas um partido, o Partido Republicano Rio-Grandense (PRR), de cunho essencialmente positivista e voltado a um projeto de modernização conservadora; comandado inicialmente por Júlio de Castilhos, autor da primeira constituição republicana gaúcha, e depois por seu sucessor Borges de Medeiros. Júlio de Castilhos montou e estruturou o partido, o governo e o Estado republicano, moldados na doutrina Comteana e governou o estado de 1894 a 1898. Borges de Medeiros governou o estado de 1898 a 1928, com apenas um intervalo na administração de Carlos Barbosa (1908-1913), e foi sucedido por Getúlio Vargas, eleito por uma composição de forças mais amplas, encerrando a hegemonia absoluta do PRR na política gaúcha. PESAVENTO, Sandra. História do Rio Grande do Sul. Porto Alegre, Mercado Aberto, 1982 e FÉLIX, Loiva Otero. Coronelismo, Borgismo e Cooptação Política. Porto Alegre: Mercado Aberto, 1987. 3
É no pensamento urbanístico europeu e americano que Saturnino de Brito ira buscar subsídios para solucionar os problemas técnicos e sanitários que envolvem as cidades brasileiras durante a República Velha. Suas principais influências se deram através das idéias de profissionais como Camilo Sitte (1843-1903); com a noção de pinturesco (conciliação entre arte e técnica na construção das cidades), de Ebenezer Howard (1850-1928); com o conceito de cidade-jardim, da Sociedade Francesa dos Urbanistas (SFU); com a idéia dos planos de expansão e embelezamento, e do plano L’Enfant para Washington (1791), que serviu de referência concreta de um plano para uma cidade em terreno que não possuía uma malha urbana implantada. Ao transpor para o Brasil tais princípios técnicos e artísticos, Saturnino de Brito procurava adaptá-los a realidade das cidades brasileiras, inaugurando assim procedimentos e técnicas de intervenção inéditas no planejamento das cidades. 4
Os dois volumes da obra de Pedro Carlos da Silva Telles são uma tentativa de traçar um quadro amplo da engenharia no Brasil, do século XVI ao século XX, e, portanto, encontramos na obra esboços biográficos de vários engenheiros. TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil. 2 Vols. Rio de Janeiro: LTC, 1984. Além dessa referência e de outras que já se encontram especificadas nas notas, é importante citar: BARATA, Mario. Escola Politécnica do Largo de São Francisco: berço da engenharia nacional. Rio de Janeiro: Associação dos antigos alunos da Escola Politécnica / Clube de Engenharia, 1973; CARVALHO, José Murilo de. A escola de Minas de Ouro Preto: o peso da Glória. 2ª ed. Revista, Belo Horizonte: Ed. UFMG, 2002; CARVALHO, Maria Alice de Rezende de. O Quinto Século: André Rebouças e a Construção do Brasil. Rio de Janeiro: Revan / IUPERJ / UCAM, 1998; CURY, Vânia Maria. Engenheiros e Empresários: O Clube de Engenharia na gestão de Paulo de Frontin (1903-1933). Niterói: UFF, Doutorado em História, 2000; FERREIRA, Luiz Otávio. Os politécnicos: ciência e reorganização social segundo o pensamento positivista da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1862-1922). Rio de Janeiro: UFRJ, Dissertação de Mestrado em Sociologia, 1989; HARDMAN, Francisco Foot. Trem Fantasma: A Modernidade na Selva. São Paulo: Companhia das Letras, 1991; MARINHO, Pedro Eduardo de Monteiro Eduardo Mesquita de Monteiro. Engenharia Imperial: O Instituto politécnico Brasileiro (1862-1880). Niterói: UFF, Dissertação de Mestrado em História, 2002; PARDAL, Paulo. Memórias da Escola Politécnica. Rio de Janeiro: UFRJ e Xerox do Brasil, 1994; VARGAS, Milton. História da ciência e da tecnologia no Brasil: uma súmula. São Paulo: Humanitas / FFLCH / USP, 2001; FADEL, Simone. Meio Ambiente, Saneamento e Engenharia no período do Império a Primeira República: Fábio Hostílio de Moraes Rego e a Comissão Federal de Saneamento da Baixada Fluminense. São Paulo: USP, Tese de Doutorado em História Social, 2006; SOUZA, Kátia Maria de. Teoria e prática: a formação e a produção de engenheiros e arquitetos no Rio de Janeiro (1890 – 1910). Rio de Janeiro: UFRJ, Tese de Doutorado em História e Teoria da Arte, 2008 e BENCHIMOL, Jaime Larry. Pereira Passos: um Haussmann Tropical. Rio de Janeiro: SMCTE / RJ, 1992. 5
Carlos Roberto Monteiro de Andrade foi o primeiro a compreender a relevância das obras de Saturnino de Brito, e este autor é uma referência básica e fundamental para aqueles que se dedicam a analisar a trajetória de Brito. ANDRADE, Carlos R. M. D. A peste e o plano: o urbanismo sanitarista do Engenheiro Francisco Saturnino de Brito. São Paulo: USP, Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, 1992.
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6
Diário Popular. Doutor Saturnino de Brito. Pelotas, 12 de março de 1929.
7
ALVARENGA, Octavio Mello. Grandes vultos da engenharia brasileira: Saturnino de Brito. Rio de Janeiro: Clube de Engenharia, 1979. 8
Para uma análise mais detalhada da Querela, ver: BAUMER, Franklin L. O pensamento europeu moderno: séculos XVII e XVIII. Trad. Maria Manuela Alberty. Lisboa: Edições 70, 1990. 9
Ibidem, p. 138-159.
10
A expressão “modernidade”, como precisou Touraine, está diretamente vinculada a um modo de civilização fundado no racionalismo, na organização da produção visando a otimização dos resultados, numa consciência burguesa e secularizada, assim como em manifestações psicológicas ou espirituais que dela decorrem, a modernidade também se caracteriza pela fé inabalável na razão e pela crença indestrutível na idéia de progresso e pela oposição resoluta à tradição. TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994, p. 11-19. 11
TELLES, Pedro Carlos da Silva. História da Engenharia no Brasil (Séculos XVI a XIX). Rio de Janeiro: LTC, 1984, p. 2. 12
Ibidem, p. 4.
13
Ibidem, p. 69.
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A França era até então o único país que dispunha de escolas que ministravam cursos regulares que emitiam diplomas de engenheiros. A École des Ponts et Chaussées, a École Nationale Supérieure de Mines e a École Polythecnique foram criadas entre 1750 e 1795. A Alemanha cria sua primeira escola apenas em 1799 e em outros países da Europa e nos Estados Unidos elas chegaram já no século XIX. Em 1841 na Inglaterra, 1855 na Escócia e 1853 nos Estados Unidos. CARVALHO, José Murilo de. O ensino da engenharia científica no mundo: uma criação do século XVIII. REM: Revista da Escola de Minas. Ouro Preto: v. 48, n. 3, p. 220-226, jul./set. 1995. 15
TELLES, op. cit., p. 476.
16
CASTRO, M. F. de Oliveira. A Matemática no Brasil. IN: AZEVEDO, Fernando de. As ciências no Brasil. 2ª. Ed., Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1994, 2 vol., p. 15-26. 17
TELLES, op. cit., p. 84.
18
IMPÉRIO DO BRASIL. Relatório do Ministério da Guerra - 1873. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1874, p. 38-39. Disponível em: http://brazil.crl.edu/bsd/bsd/u2215/index.html. Acessado em 04/08/09. 19
Formação básica inicial, comum a todos os cursos.
20
Título dado aos concluintes do 1º ano do curso de Engenharia Civil.
21
Devido à importância para a realização desta pesquisa, analisar-se-à somente o conteúdo do currículo do curso de Engenharia Civil. 22
IMPÉRIO DO BRASIL. Decreto 5.600, de 25 de abril de 1874. Disponível em: <http://www.camara.gov.br/internet/infdoc/conteudo/colecoes/legislacao/legimpcd-06/leis1874v1e2/pdf52.pdf>. Acesso em: 09 ago. 2009. Durante todo o Império e até 1890 a Escola Politécnica regeu-se por estes estatutos e este foi o currículo vigente neste período. TELLES, op. cit., p. 386-387. 23
Ibidem, 380.
37
24
SAMPAIO, Geraldo F. Saneamento de uma cidade: apontamentos para projetar de acordo com os ensinamentos de Saturnino de Brito. Rio de Janeiro: Oficinas Gráficas do S.G.E., 1952, p. 5. 25
FERREIRA, Luiz Otávio. Os politécnicos: ciência e reorganização social segundo o pensamento positivista da Escola Politécnica do Rio de Janeiro (1862-1922). Rio de Janeiro: UFRJ, Dissertação de Mestrado em Sociologia, 1989. 26
FERREIRA, Luiz Otávio. O ethos positivista e a institucionalização da ciência no Brasil no início do século XIX. Fênix – Revista de História e Estudos Culturais. Julho/ Agosto/ Setembro de 2007, Vol. 4, Ano IV, nº 3, p. 7. Disponível em: <http://www.revistafenix.pro.br/artigos12.php>. Acesso em: 29 jul. 2009. 27
KROFF, Simone Petragllia. Sonho da razão, alegoria da ordem: o discurso dos engenheiros sobre a cidade do Rio de Janeiro no final do século XIX. IN: KROFF, Simone; HERSCHMANN, Micael; NUNES, Clarice (orgs.). Missionários do progresso: médicos, engenheiros e educadores no Rio de Janeiro – 1870-1937. Rio de Janeiro: Diadorim, 1996, p. 69-154. 28
Da Escola Politécnica podemos citar: Aarão Reis, Paulo de Frontin, Benjamin Constant, entre outros. 29
FERREIRA, Luiz Otávio. 2007, p. 8.
30
CASTRO, Celso. Os militares e a república: um estudo sobre cultura e ação política. Rio de Janeiro: J. Zahar, 1995, p. 67. 31
BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. I. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, p. 9. 32
BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XXII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. 7. Para uma maior compreensão deste período, ver: SAES, Quilherme Azevedo Marques de. A República e a espada: a primeira década republicana e o Florianismo. São Paulo: USP, Dissertação de Mestrado em História Social, 2005. 33
NEVES, Lourenço Baeta. Saturnino de Brito: esboços de estudos de sua extraordinária atuação pela felicidade hygida do Brasil. Rio de Janeiro, S/Ed., 1935, p. 44. 34
ANDRADE, Carlos R. M. D. Saturnino de Brito - Um projetista de cidades. Revista Arquitetura e Urbanismo. São Paulo: Pini (72), jun./ jul. 1997, p. 12-14 e LEME, Maria Cristina da Silva (Org.). Urbanismo no Brasil – 1895 – 1965. São Paulo: Studio Nobel, FAUUSP, FUPAM, 1999, p. 453-455. 35
A primeira obra, de 1909, foi um plano de saneamento referente a projetos de instalação de redes de água e esgotos para a cidade. A segunda obra, de 1921, é um projeto de captação de água das dunas do Rio Grande. BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. X. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, p. 9-22. 36
BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XI. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1943, p. 8. 37
BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. 7. 38
Ibidem, p. 6.
39
Ibidem, p. 6-7.
40
Ibidem, 8.
38
41
BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XIII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. 6. 42
Tendo em vista “a manifesta conveniência da adoção de um plano geral para a execução de obras de saneamento e de redes de água e esgotos para as nossas cidades e também a importância técnica de tais serviços”, em 1920, Saturnino de Brito foi contratado pelo Presidente do estado Borges de Medeiros para a elaboração, execução e fiscalização de todos os projetos e obras de saneamento que seriam realizados nos municípios gaúchos. GOVERNO DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. Mensagem enviada à Assembléia dos Representantes do Estado do Rio Grande do Sul pelo Presidente Antonio Augusto Borges de Medeiros na 4ª Sessão Ordinária da 8ª Legislatura em 20 de setembro de 1920. Porto Alegre: Oficinas Typographicas d’ “A Federação”, 1920, p. 55-56. 43
BRITO, F. Saturnino R. de. Saneamento do Rio Grande. Porto Alegre: Oficina Gráfica do Instituto de Eletrotécnica da Escola de Engenharia de Porto Alegre, 1918, p. 15. 44
O século XIX foi considerado por alguns historiadores como o “século da higiene” no mundo europeu, pois diversas ações médicas ali se desenvolveram, fomentando estudos sobre a ressonância do meio sobre as pessoas. O chamado “Higienismo ou Sanitarismo” alterou hábitos arraigados, redesenhando radicalmente a cidade e construindo uma nova cultura técnica. Sua difusão implicou em enormes rupturas nas formas de sociabilidade urbana. As ações higienistas baseavam-se na “teoria dos meios”, criada por Hipócrates – o ar, as águas e os lugares –, onde este traçou os contornos da higiene pública em relação à escolha dos lugares e ao planejamento das cidades. Hipócrates, em sua teoria relacionava as características do meio físico – clima, posição geográfica, qualidade da água – às condições de saúde das cidades. Outra teoria que influenciou a ação dos higienistas na modificação do espaço urbano foi a “teoria dos fluídos”, ou dos “miasmas”. Essa teoria foi desenvolvida no século XIX na Europa, e segundo ela, as febres e outras doenças tinham origem nas emanações de gases produzidos pela matéria animal e vegetal em putrefação, assim como pelas águas estagnadas. Dessa forma, a estagnação desses elementos era seriamente condenada, pelos preceitos de higiene propostos pelos sanitaristas. Essas idéias sobre a necessidade de circulação dos elementos naturais remontam as descobertas de William Harvey (1578-1657) sobre circulação do sangue, contidas em sua obra “De motu cordis”, publicada em 1628, e que permitiu uma maior compreensão do corpo humano. Além de seus estudos terem contribuído para o desenvolvimento da saúde pública, Harvey colaborou para mudanças urbanísticas posteriores, já que, os reformadores urbanos do século XVIII passaram a pensar a cidade como um corpo, onde as artérias e veias eram as vias por onde seus habitantes, hemácias e leucócitos, locomoviam-se e, dessa maneira, não poderiam jamais ficar obstruídas. Desde então, as palavras “artérias” e “veias”, entre outros termos médicos, foram incorporadas ao vocabulário do urbano. SENNETT, Richard. Carne e pedra. Rio de Janeiro: Record, 2001, p. 213-225. 45
A Federação. Porto Alegre: 31 de Agosto de 1908.
46
A teoria dos meios propugnada por Saturnino de Brito opunha-se a teoria microbiana de Pasteur. Contrário à vacinação obrigatória e as manifestações do que chegou a chamar de “terrorismo sanitário”, Brito ridicularizava a idéia de que micróbios ou mosquitos poderiam ser responsáveis por doenças. Suas criticas, em determinados momentos, ultrapassaram este nível e passaram a remeter-se diretamente ao campo profissional. Observa-se em Brito uma notável autovalorização profissional, que absolutizava a importância do saber do engenheiro sanitário frente às outras profissões que também tinham como espaço de atuação a cidade. Os médicos, por exemplo, são duramente criticados por não perceberem que “de nada adianta combater as moléstias através de práticas profiláticas policiais senão há o menor cuidado com o ambiente insalubre e com as instalações domiciliares”. Brito defende contra esse “higienismo despótico” um higienismo pedagógico, educativo e moderado. BRITO, op. cit., vol. XXII, p. 4344. 47
A Federação. Porto Alegre: 31 de Agosto de 1908.
39
48
SOARES, Mozart Pereira. O positivismo no Brasil: 200 anos de Auguste Comte. Porto Alegre: AGE / EDUFRGS, 1998, p. 72. 49
VARGAS, Milton. História da ciência e da tecnologia no Brasil: uma súmula. São Paulo: Humanitas/FFLCH/USP, 2001, p. 48. 50
Escrito entre 1915/1916 para a Exposição “Lá Cité Reconstituée”, realizada em 1916 na cidade de Paris, e promovida pela Association Générale des Hygiénistes et Techniciens Municipaux, da qual Brito era um membro de honra. Nesta obra estão sistematizados os princípios teóricos do urbanismo sanitarista proposto por Saturnino de Brito. BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XX. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. 23157. 51
ANDRADE, Carlos R. M. D. Camillo Sitte, Camille Martin e Saturnino de Brito: traduções e transferências de idéias urbanísticas. IN: RIBEIRO, Luís César de Queiroz & PECHMAN, Robert (Orgs.). Cidade, Povo e Nação: gênese do urbanismo moderno. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1996, p. 294. 52
Ibidem, p. 295.
53
Ibidem, p. 296.
54
BRITO, op. cit., vol. III, p. 187.
55
BRITO, op. cit., vol. XX, p. 16.
56
BRITO, op. cit., vol. IV, p. 379 - 380.
57
BRITO, op. cit., vol. III, p. 193.
58
BRITO, op. cit., vol. VIII, p. 37.
59
Ibidem, p. 38.
60
Todas as etapas destes trabalhos foram registradas primeiramente em Relatórios de Projetos, e depois de concluídas as obras, em Relatórios de Obras. Entre 1943 e 1944, o Ministério da Educação e Saúde publicou as “Obras Completas” do engenheiro, em 23 volumes, que incluem todos os principais trabalhos publicados por Brito no Brasil e no exterior. Estas obras incluem os planos de saneamento das principais cidades brasileiras realizados por Saturnino e também publicações de caráter teórico-metodológico relacionados a Engenharia Sanitária, ao Urbanismo e a Sociologia Urbana. 61
Profissional mundialmente reconhecido, Brito fazia parte de diversas sociedades científicas dos Estados Unidos, da França e da Inglaterra, colaborando assiduamente com suas revistas. Em 1926 o governo francês, por proposta da “Association Générale des Hygiénistes et Techniciens Municipaux”, concedeu-lhe a Legião de Honra no grau de “Chevalier de la Légion D’Honneur”, na qualidade de “savant et ami de la France”. BRITO, F. Saturnino R. de. Obras completas. Vol. XXII. Rio de Janeiro: Imprensa Nacional, 1944, p. 57. 62
DANTAS, Ana Caroline de Carvalho Lopes, Sanitarismo e Planejamento Urbano: a trajetória das propostas urbanísticas para Natal entre 1935 e 1969. Natal: UFRN, Dissertação de Mestrado em Arquitetura e Urbanismo, 2003, p. 54.
40
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42
O engenheiro Saturnino de Brito e a urbanização do Rio Grande do Sul (19081929) André Luís Borges Lopes Doutorando em História pela PUCRS Pelotas, RS E-mail: alborgeslopes@yahoo.com.br
LOPES, A.L.B. O engenheiro Saturnino de Brito e a urbanização do Rio Grande do Sul (1908-1929). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 28-43, out.-nov., 2012
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Da morte sacramentada à medicalizada: transformações fúnebres na Fortaleza oitocentista Évila Cristina Vasconcelos de Sá Pós-graduanda em História pela Universidade Estadual do Ceará – UECE e graduação em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA Fortaleza, CE E-mail: evilacrislive@hotmail.com
SÁ, E.C.V. Da morte sacramentada à medicalizada: transformações fúnebres na Fortaleza oitocentista. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 44-54, out.-nov., 2012
RESUMO Este trabalho pretende analisar as atitudes dos fortalezenses perante a morte no século XIX. Período este escolhido, por representar dois estilos de sepultamento: nas Igrejas e nos cemitérios. Estas práticas funerárias eram influenciadas de acordo com duas concepções distintas: a primeira modalidade de inumações refere-se à força que a religião católica tinha nos fortalezenses oitocentistas: ao se enterrarem no solo sagrado (dentro das igrejas ou em sua calçada), estariam mais protegidos e perto de Deus. Já a segunda forma de enterros, destaca-se pela
secularização da importância do bem morrer e também por outros fatores que contribuíram para esta mudança de ritos mortuários: crescimento e ornamentação da cidade de acordo com o molde francês, imposição da medicina social (de acordo com a formação dos médicos vindos da Faculdade de Medicina do Rio de Janeiro), e a partir daí repudiar os enterros realizados em locais de convivência dos vivos, mostrando o cadáver como causador de doenças, assemelhando este como o lixo, exalador de aromas fétidos e propagador de miasmas.
Palavras-chave: Práticas urbanas; transformações nos costumes fúnebres; medicina social
1. Tudo “cadáver” da mesma cova! : os sepultamentos nas igrejas
O
s fortalezenses também davam importância para o último sacramento nos tempos coloniais. A religiosidade daqui era o alicerce dos costumes de Fortaleza, principalmente na hora da partida para o céu, isto é, da morada eterna. Prova disso, encontra-se nos Livros de Assentamento de Óbitos (Arquivo Histórico da Arquidiocese de Fortaleza). Este tipo de documento fúnebre detalha a condição social e econômica dos indivíduos, bem como o local de sepultura, cor, sexo, estado civil, idade, causa da morte. Vejamos o que Maria Luiza Marcílio afirma também sobre a importância dos Registros de Óbitos que abrangia:
44
(...) toda a sociedade, independentemente de riqueza ou posição social, dos senhores aos escravos, dos citadinos ao do campo e ao índio, em suas aldeias. A única condição a ser era de ter sido batizado na fé católica, e raros eram os indivíduos que dela escapavam. (...) Os registros paroquiais de óbitos mostram-nos, em primeiro lugar o peso e a frequência da morte, na longa duração; esta demografia da morte que, no passado, era desigualmente distribuída no tempo, com oscilações periódicas, numa época de morte não controlada, inexorável mesmo, nos tempos de “crise”, das epidemias devastadoras. São os registros de óbitos que nos podem revelar uma geografia diferencial da morte, certamente mais intensa nos grandes centros urbanos do que nos campos (MARCÍLIO, 1983, p. 66).
Nenhuma pessoa batizada (até os escravos) não deixava de inserirem-se nestes registros pós-morte. Interessante também, percebermos que a partir deles encontramos detalhes de como a morte era representada na vida dos fortalezenses desde a época em que eram enterrados nas Igrejas. Em Fortaleza, a Igreja do Rosário, consistia em ser o local mais procurado para os sepultamentos da população alencariana. Antes de relatarmos o cotidiano dos sepultamentos no território sagrado, é oportuno entendermos detalhes desta paróquia. A mesma, foi o primeiro edifício eclesiástico construído da atual capital cearense. Como afirma Bezerra de Menezes (1993) a Igreja de Nossa Senhora do Rosário, também conhecida como capela, passou por várias etapas de construção, tanto no seu tipo de material, como por seus períodos de demolição e por novas edificações. A sua primeira construção (em taipa e palha) data-se em 1730, por um negro (do qual Menezes não menciona o nome), destinada como local de rezas e novenas, e também de “descanso eterno” dos livres e escravos da vila da Fortaleza de Nossa Senhora d’Assunção. Passaram-se alguns anos, e em 28 de dezembro de 1753 a Igreja foi supostamente demolida a mando da Irmandade que passou a ser reedificada em pedra e cal, tendo sua capela-mor concluída em 1755 também à custa de arrecadações oriundas de esmolas e por festas da Padroeira. Vale lembrarmos que o foco do nosso trabalho é perceber como este recinto sagrado servia de instrumento e local para o primeiro estilo de ritos fúnebres em Fortaleza. Até na hora da morte as pessoas se diferenciavam. Desde o período colonial, precisamente no século XVI, haviam irmandades formadas por leigos, isto é, por pessoas comuns da sociedade. No caso de Fortaleza, a confraria mais conhecida era denominada por Irmandade do Rosário dos Homens Pretos. Mas por que era denominada desse modo? Devido ao fato, dessa irmandade ser formada e gestada apenas por indivíduos negros. Como afirma a resolução de nº 209 publicada em 1840: Art. 1. A irmandade de Nossa Senhora do Rosario desta cidade, e seu termo, é composta de homens pretos de ambos os sexos, tanto forros como escravos, e se outras pessoas de differentes qualidades quizerem ser admittidas nesta irmandade serão aceitas, porém por 1 devoção.
1
Biblioteca Pública Governador Menezes Pimentel (BPGMP), Setor de Obras Raras.
Resolução nº. 209, de 1º de setembro de 1840, op. cit.
45
Entretanto, na hora a morte, não eram todos os participantes da Irmandade que tinham o privilégio de terem um lugar “mais protegido” pelos santos, isto é, perto do altar: Art. 16. (...) de grades acima só serão sepultados o rei, a rainha e os empregados da mesa, quando fallecerem no seu anno, assim como seus filhos menores até sette annos ou legítimos, ou illegítimos reconhecidos por seus pais. Da mesma graça gozarão os bemfeitores desta igreja, e com especialidade o bemfeitor Antonio Ribeiro Guimarães, e outro qualquer que quizer gozar desta graça obterá licença do Exmº Prelado Diocesano; pagando porem uma certa quantia para esta irmandade que será estipulada na mesa (BATISTA, 2003, p.46, Op. Cit.).
Mesmo assim, os altos cargos da Irmandade tinham que ter renda para serem sepultados nos locais mais requisitados da Igreja. Através da investigação nos livros de óbito, podemos observar que os enterros “das grades para cima”, eram destinados aos “brancos” abastados. Os negros, geralmente eram enterrados no adro da Igreja, assim, mostrando que os supostos enterros dos “homens pretos” da irmandade “não saíram do papel”, isto é, da lei. Exemplo disto encontra-se nos Livros de Óbito: Aos vinte e nove de janeiro de mil oito centos e trinta e oito faleceo possuindo febre o preto João Arruda, com idade de vinte e cinco annos mais ou menos, escravo do Sargento mor João Facundo de Castro Meneses, o qual foi p. mim encomendado, e sepultado no Adro da Matris desta Freguesia no mesmo dia supra, involto em 2 habito branco, e para constar mandei fazer este assento q. assigno.
O que suponhamos, na prática, os escravos, apesar de terem alguma ligação com a Irmandade, no final de tudo, não teriam renda para serem enterrados com “toda a pompa”. Vale destacar, segundo João José Reis (1991), qualquer pessoa podia se enterrar nas igrejas, no entanto havia uma hierarquia do local e do tipo de sepultura. Havia dois planos de enterro: dentro da igreja ou em seu adro (calçada). As covas do adro eram gratuitas e destinadas aos enterros dos escravos e pessoas livres muito pobres (REIS, 1991, p. 175) Nos registros de óbito aparecem à distinção social em relação ao local de sepultamento: quanto mais perto do altar, maior era a opulência do indivíduo: Aos quinze de Fevereiro de mil oito centos trinta e oito, falesceo de parto a Adulta D. Maria Eugenia d’ oliveira, com idade de quarenta annos, casada que era com Manoel Jacinto Selly, a qual foi por mim parocho abaixo assignado solenemente encomendada, e sepultada na capella de Nossa Senhora do rosário que serve de Matris desta Freguezia das grades para cima no mesmo dia supra, involta em habito Franciscano, e para constar mandei fazer este assento que 3 assigno.
D. Eugênia supostamente seria da elite fortalezense, pois como no documento indica, foi majestosamente inumada perto das grades do altar. Também vale informar que os párocos não encomendavam gratuitamente todos os habitantes de Fortaleza. Assim, para ser “solenemente encomendado”, necessitava ter bastante renda para o tanto 2
Livro de óbitos da Freguezia de São José de Fortaleza. Iniciado em 24 de Setembro de 1825. Encerrado em 25 de Março de 1851. 3 Livro de óbitos da Freguezia de São José de Fortaleza. Iniciado em 24 de Setembro de 1825. Encerrado em 25 de Março de 1851.
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para pagar a paróquia, quanto para o governo, como informa a Lei de número 137, de 10 de setembro de 1838, artigo 1º: 5º. Por cada acompanhamento, encomendação solenne, incesação com capa de aspergs, a que o parocho assistir, terá três mil réis, e cada sacerdote mil réis: e para o sacristão de acompanhamento com cruz e thurbulo. 6º. Por cada enterramento privado de adulto ou parvulo com encomendação resada terá o paracho novecentos e sessenta mil réis, e para a fabrica, das grades para cima, mil e duzentos, e das grades para baixo seiscentos e quarenta réis, e por aprontar cova, cobri-la duzentos réis; esta disposição não comprehende os miseráveis. 7º. Por cada ofício solenne e capa de aspergs quatro mil réis para o parocho também terá quatro mil réis por cada missa cantada: parta cada assistente de coro mil e seiscentos réis, e os dois cantadores da estante dous mil réis para cada um dos sacerdotes que forem com o parocho para o altar na missa cantada; e para o sacristão do ofício, missa, e de administrar o thuribulo mil e seiscentos reis. Por cada offício parochial, quando o se lhe pedir que o faça, dez mil réis; por cada Te Deum a que assistir dous mil réis e o mais sacerdotes mil 4 réis.
Percebemos neste artigo, que para cada detalhe da cerimônia fúnebre é munida de algum valor: receber a fumaça do incenso, a água benta, o canto do coral, as novenas, e até para abrir a cova! Entretanto, como toda na regra há uma exceção, percebe-se este detalhe: os miseráveis não pagam. Assim, podendo incluir pessoas livres muito pobres ou escravos (supostamente pertencentes a pessoas que já não podiam ou não queriam pagar para o seu enterro, também por motivos de status: dos escravos se enterrarem em locais afastados dos brancos). Interessante também analisarmos a diferença de preço do local de sepultamento dentro a igreja: mil e duzentos réis para as grades de cima, e seiscentos e quarenta réis para as grades de baixo. Assim, apesar da Igreja ser um local público, os seus serviços não são, pois imaginemos uma pessoa que falece em uma família não provida de bens ou rendas, como poderia pagar todos estes detalhes indicados na lei acima? Supostamente apenas a “encomendação da alma”, o hábito e a sepultura: adereços básicos de um enterro cristão. É o que geralmente encontramos na maioria dos assentamentos de óbitos casos de pessoas livres não tão ricas como a D. Eugênia (cujo seu assentamento foi citado acima). Aos dez de maio de mil oito centos trinta e oito, faleceo de parto a Adulta Isabel Athamaria de Jesus, com idade de trinta e oito annos, casada que era com João José da Costa, o q. foi p. mim encomendada, e sepultada na Matris desta Prov.ª no mesmo dia supra, involta em habito branco, e p. constar mandei fazer este 5 assento q. assigno.
Percebe-se que alguns casos, os párocos não registram o local exato sepultura dentro da igreja. Mas há uma precisão neste caso: o enterro fora simples. No mais, o mais importante era estar guardado no solo sagrado. Em relação aos enterros dos escravos, nota-se que seu local de proteção divina após a vida terrena encontra-se no lado de fora da igreja, isto é, em seu adro. E assim morreu-se por alguns anos, até 4
Lei nº 137 de 10 de setembro de 1838. In: Colleção de Leis, decretos e regulamentos da Província do Ceará. Parte I.Ceará: Typografia Commercial, 1862. 5 Livro de óbitos da Freguezia de São José de Fortaleza. Iniciado em 24 de Setembro de 1825. Encerrado em 25 de Março de 1851.
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chegarem os médicos acusando tudo o que denegria a salubridade da Cidade, cujo tema será abordado no próximo tópico deste capítulo. 2. OS MORTOS INCOMODAM OS VIVOS: O SEPULTAMENTO NO CEMITÉRIO DO CROATA, VULGO SÃO CASIMIRO
S
abe-se que em torno do final da primeira metade do século XIX, Fortaleza aumentou demograficamente, devida sua prosperidade econômica (como a cultura do algodão), bem como a chegada dos retirantes e epidemias. Para adequar os moradores a uma vida mais organizada e higiênica foram criados os Códigos de Postura. No entanto, alguns hábitos dos fortalezenses estavam incomodando a convivência, atingindo a preocupação dos médicos e dos governantes. Tudo o que prejudicasse a salubridade da Cidade, isto é, a qualidade dos dois elementos indispensáveis à vida humana: o ar e a água estavam sujeitos à eliminação. Deste modo, estes assuntos começam a entrar no discurso dos Presidentes de Província. Cinco de clarão uniformemente que jasendo as agoas em terreno paludoso cheio de destroços animais e vegetaes; e chegando ao assude e seguindo por longo espaço a estrada do Cocó, impossível he que não sejão perniciosas a saúde e que suas qualidades morbificas não tomem incremento a medida que cessarem as chuvas , que pela evaporação e infiltração, deminuindo-se a massa das agoas, entrem em decomposição as materias extranhas que nellas se achão. O sexto professor pelas experiências que fez não concorda com seos colegas, e julga potáveis as agoas em questão, se feixando for o assude, e todo o espaço por onde ordinariamente correm para 6 elle.
Entende-se que a partir desta fala, os governantes preocupam-se com a qualidade da água, e menciona uma medida para sanar este problema: fechar o açude (para não contamina-lo). Assim, os políticos da província cearense, começaram a planejar maneiras de melhorar a salubridade dos meios urbanos. Para isto criaram-se uma lei em 5 de outubro de 1837, aprovada pelo presidente José Martiniano de Alencar: Art. 3. Fica igualmente autorizado para mandar engajar um doutor em medicina para vim residir nesta capital, offerecendo-lhe o ordenado annual de Rs: 1:200$. Pagos mensalmente pelos cofres da província. Art. 4: O médico assim engajado será obrigado a curar grátis a pobreza e os presos pobres, e juntamente a dar impulso à vaccina, 7 de acordo com o cirurgião a quem se commeter este trabalho.
Como afirma Sebastião Rogério (2001), dentre 1850-1860, dois médicos formados nas faculdades do Rio de Janeiro impuseram os saberes médicos-higienistas em Fortaleza: Lourenço de Castro e Silva e Liberato de Castro Carreira. Suas principais preocupações focavam-se (especificamente de Castro Carreira) em sanear o meio urbano, transferir o matadouro público (pelo fato do mesmo comprometer o ar da Cidade com sua demasiada quantidade de sangue e matérias decompostas); proibir a prática de salgamento de couros nas vias centrais; eliminação de águas paradas nos quintais e na criação de porcos no perímetro urbano; bem como o costume de se jogar ou enterrar lixo e detritos nas ruas. 6
Falla que recitou o presidente da província do Ceará na ocasião da abertura da assembléia legislativa provincial no 1º. De agosto do corrente ano (1838). 7 Lei de nº 106 de 5 de outro de 1837.In: Colleção de Leis, decretos e regulamentos da Província do Ceará.Parte I.Ceará: Typografia Commercial, 1862.
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O médico José Lourenço tampouco participou na propagação do saber científico a fim de combater as moléstias a insalubridade de Fortaleza. Chegando a relatar para o Presidente da Província cearense em 1841 sobre: (...) os ventos do sul, q. vem agora causando a sensação de um frio desagradável quando nos achamos abrasado de calor e cobertos de suor em rasão da estação calmosa, tem sem duvida a essas enfermidades, q. sob diversos symthomas se tem manifestado. Pneumonias, pleurismas, hepatites e intemittentes perniciosas são em geral o =catarrão= para cujo tratamento tendo por vezes sido 8 chamado.
Assim, fica notável o almejo dos médicos em obter uma Cidade salubre. O motivo de estarmos relatando sobre as transformações do conceito de higiene na Fortaleza oitocentista é de suma importância para entendermos o motivo central da mudança das atitudes dos fortalezenses perante a morte. È através deste pensamento de higienizar a Cidade, que os cadáveres em putrefação entrarão na lista de elementos que comprometem a salubridade pública. Agora, o que mais importa para os vivos é a sua vida terrena, não a espiritual. Deste modo, os médicos começarão a condenar a prática de sepultamentos nas igrejas, por considerar este lugar, como local de convivência cotidiana. Entretanto, há outros motivos que causam a recusa de enterros na Igreja do Rosário: o aumento da população não compete mais ao tamanho da igreja. Como relata o Presidente Manoel Felisardo em seu relatório de 1838: A saúde pública reclama que a única e pequenina Igreja que existe nesta Capital, cesse o damnoso uso de sepultarem-se todos quantos aqui falecem. He de maior importância que com a brevidade possível, para o Poente da Cidade, na altura pouco mais do Paiol da Pólvora, que fica no caminho do Aronches se construa um cemitério. Excudado he estender-me sobre a necessidade desta medida: vós sós testemunhas deo pestífero ar que se respira na Igreja do Rozário, e deveis estar convencidos que graves males podem provir da inspiração dos miasmas exalados continuamente de innumeros corpos em putrefação, apenas cobertos com pequenas camadas de 9 terra mal apertados e algumas toboas apresentando grandes fendas.
Vejamos claramente a intenção desta fala: transferir o local de sepultamentos para fora do centro urbano de Fortaleza, perto de uma estrada. E mais: justifica o motivo da construção do cemitério, ocasionado pelo cheiro forte dos corpos em putrefação, que sai das grandes rachaduras do solo, contaminando o ar dos que estão na Igreja. Assim, esta prática de inumações nas Igrejas deixa de ser “redentoras” para “contaminadoras”. Por outro lado, como era de se esperar, o médico Castro Carreira convence o povo a aceitar os enterros Cemitério S.Casemiro: “já sobre nós vai aparecendo algum de civilização, fazendo-nos conhecer, o q eu a Europa culta julgado maior necessidade; afastar dos vivos as perniciosas emanações aos mortos”10.Castro Carreia vai mais além: acusa os sepultamentos como algo supersticioso, digamos inviável para a situação científica da qual o mundo se encontra. 8
Relatório do Médico da Pobreza, José Lourenço de Castro e Silva, ao Presidente da Província. 2 de Julho de 1841. Caixa não catalogada-papeis avulso-classificada por epidemias. Arquivo Público do Estado do Ceará. 9 Falla que recitou o Presidente da província do Ceará na ocassião da abertura da Assembléia Legislativa Provincial no 1º. De agosto do corrente ano. [1838]. p.04. 10 Jornal O Cearense, de 03 de fevereiro de 1848.
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(...) que há de resgatar os Templos do desdouro, do aviltamento, a que a vaidade, a estupidez, e a supertição, os reduziu, tornando-os a caza de oração em receptáculos de podridão e seminário dos males 11 que são conseqüências inevitáveis do ar viciado.
Carreira critica a atitude de enterros nas igrejas como um ato de falta de inteligência, de vergonha, escondida na vaidade e supertição das pessoas, que em vez de “salvar”, como a maioria da população pensava, estavam na realidade prejudicando a saúde dos mesmos. A construção do Cemitério foi concomitante a Santa Casa de Misericórdia, que também segundo o relatório de Presidente da Província, provavelmente inaugura-se em 1855, porém sem conclusão da obra: “Por mais que desejasse, não me foi possível concluir o Hospital de Caridade, no qual se trabalha.”12 A construção do Cemitério do Croatá inicia-se em 1847, porém sem muitas rendas para sua conclusão, fazendo o Presidente da Província Ignácio Correia solicitar verbas para a retomada da construção: (...) lembra-vos para este fim os rendimentos do cimiterio para cuja construcção deveis igualmente decretar quantitativo: com isto fareis um idelevel serviço a vossos concidadãos, e mereceis deles 13 bençãoes de reconhecimento e gratidão.
Enquanto o cemitério estava em processo de construção, do Dr. Castro Carreira faz um estudo com um vigário que aponta nos anos de 1845 (249 óbitos), 1846 (286), e 1847 (286 mortes). Assim fazendo o médico entrar em conclusão, que o cemitério comporta mais de oitocentos cadáveres por ano. 14 No mais, o médico relata também o período certo de reabertura das covas: três anos: Alem das 800 sepulturas para que há espaço no chão, S. Exc.mandou fazer catacumbas nas paredes posteriores, cujo numero ainda ignoro, mas que nunca será menor de cincoenta. Por conseguinte sem temor de ser contradito, poso a venturar que o Cemitério offerece possibilidades para que cada sepultura se conserve intacta por três annos, tempo mais que muito suffucuente 15 para total comsumpção de hum cadáver.
Perfeito. Para o médico, nada melhor poderia ter acontecido: um cemitério longe do perímetro urbano, fora que os supostos miasmas iriam para outra direção contrária do perímetro urbano: “a sotavento da cidade, e sendo levados pelos ventos geraes das quadras Leste e Sul, as emanações que a exhalar-se posão dos cadáveres que ali se interrarem, nenhum damno cauzarão a saúde dos habitantes”.16 Não se sabe ao certo o primeiro sepultamento no Cemitério do Croatá. O que podemos mencionar segundo os Livros de Assentamentos de Óbito, o referido enterro de um menino escravo de nove anos, ocorrido em maio de 1848: 11
Idem. Biblioteca Pública do Estado do Ceará. Relatório apresentado pelo Excellentissimo Senhor Conselheiro Vicente Pires da Motta ao Excellentissimo Senhor Tenente-Coronel José Antonio Machado 3º Vice-Presidente da Província, no acto de lhe passar-lhe a administração da mesma. Ceará. Typografia Cearense. 1855. 13 Relatório apresentado a Assembléia legislativa Provincial do Ceará. Pelo Presidente da mesma Província o coronel Ignácio Correia de Vasconcelos em 1º. De julho de 1847.p. 24 14 Jornal O Cearense, 03/02/1848. 15 Idem. 16 Ibidem. 12
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Aos seis de mil oito centos e quarenta e oito faleceu de vida presente de espasmos. O parvulo Manoel escravo do Major Lourenço com idade de nove anno pouco mais ou menos e foi por licença minha encomendado pello Capelão Alexandre Francisco Cerbelo Verdeixa em habito branco e foi sepultado no Cimiterio do Croata no dia 17 seguinte e para constar mandei fazer este em que m. assigno.
Vale destacar que os Livros de Assentamento são registros católicos, assim deixando claro que não temos certeza se algum indivíduo fora da religião católica foi sepultado no Cemitério do Croatá. A década de 1850 começou a mudar o pensamento dos gestores da cidade em relação que o Cemitério do Croatá era a solução para os problemas destinação dos cadáveres. Este período foi marcado pela difusão da epidemia de febre amarela, fazendo o Cemitério São Casemiro minúsculo à demanda de enterros. Fazendo o presidente solicitar verbas para a ampliação do cemitério: O antigo cemitério publico desta cidade, já não era suficiente para os enterramentos que nella se fazião mesmo em templos ordinários. Esta circunstancia e a possibilidade de se manifestar nesta capital a epidemias de cholera morbus, levarão-me a mandar augmentar o referido cemitério, dando-lhe mais 150 palmos de frente, e 30 de fundo; isto é, tornando-o trez vezes maior.Essa obra ainda não se 18 acha acabada; mas em cazo de necessidade poderá servir.
Assim mesmo aumentando 150 palmos de frente e 30 de fundo, o Cemitério do Croatá não solucionava seus problemas, pois agora eram as areias do Morro do Croatá que cobriam do cemitério, pois: “O cemitério com effeito está ficando sepultado pelas áreas, cuja invazão não pode ser desviado, alem de que já quase dentro da cidade” 19. Com estes detalhes: falta de espaço, perigo de contaminação de doenças e desgaste cometido pelas areias e pela sua localização, o cemitério do Croatá já não tinha mais motivo de funcionar. O memorialista João Nogueira (1981) em seu livro Fortaleza Velha fez uma crítica sobre o processo de desativação do cemitério do Croatá para o São João Batista. O autor chega a comentar que apesar dos americanos terem como característica a ambição pelo dólar, havia-se respeito pelos cemitérios antigos, dos quais depois de fechados, e ajardinados, ninguém poderia destruir. No entanto, em Fortaleza, pertencente a “uma sociedade católica e de sentimentos religiosos tão vivos quanto aquela tratasse com semelhante desprezo aquilo que em toda parte é venerado!” (NOGUEIRA, 1981, p. 75), ou seja, a população fortalezense, não dava mais atenção ao seu “Cemitério Velho”. Também segundo Nogueira (1981), o Cemitério São Casemiro ficou “esquecido” até a reforma da Estação João Felipe em 1879. O local da nova oficina da estação, fora construída sobre os antigos túmulos e covas. O autor ainda relata o caso da exumação de uma sepultura encontrava-se “os restos de uma moça, com as suas longas tranças, trajando ainda um rosário, que a piedade dos tempos seus, no Grande Momento, lhe pusera nas mãos. Quem era? Ninguém mais o sabia”. (NOGUEIRA, 17
Livro de óbitos da Freguezia de São José de Fortaleza. Iniciado em 24 de Setembro de 1825. Encerrado em 25 de Março de 1851. 18 Relatório com que o Excellentisimo Senhor Doutor Francisco Xavier Paes Barreto passou a administração da Província ao segundo Vice-Presidente da mesma. O excellentíssimo Senhor Joaquim Mendes da Cruz Guimarães, em 9 de abril de 1856.Ceará.Typografia Cearense. 19 Jornal O Cearense, 05/08/1862.
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1981, p. 76), deste modo, declarando sua insatisfação diante a crueldade que tiveram com a identidade destas pessoas que tanto contribuíram para a construção de Fortaleza, bem como o desrespeito dos princípios católicos, pois o Cemitério é considerado como um local sagrado, por isso tampouco denominado de “Campo Santo”. Em relação a indivíduos enterrados no São Casimiro e posteriormente trasladados para o São João Batista, podemos destacar os restos mortais do Antônio Rodrigues Ferreira, mais conhecido como “o Ferreira Boticário”. Em seu Testamento elaborado em 1859, depois editado pela Revista do Instituto do Ceará em 1877, revela suas últimas vontades: Quero que em meu Testamento, logo eu fallecer e tenha de dar-se meu corpo à sepultura, faça vestir-me em meu hábito ordinário casaca, calça e collete preto, para assim ser sepultado no cemitério desta cidade no mesmo logar onde existem os restos mortaes de minha mulher e demais pessoas da família, e que o caixão em que for o meo corpo (...) seja de maior simplicidade (...) Declaro mais que é minha vontade o não haver por minha morte toques dos sinos sinão aquelles signaes recommendados pelo rito da Igreja, somente as ecomendações que a mesma Igreja ordena, com toda simplicidade que exige o ato religioso, sem pompa alguma (...) Quero que a trasladação dos meos restos mortaes se faça para o logar de ser collocada a respectiva campa, e se possa convenientemente fazer essa trasladação de todos os restos mortaes meos, de minha mulher e mais pessoas da minha família, que estavam sempre no mesmo jazigo; e nesse dia mandarà o meo testamenteiro resar uma missa 20 por alma de todos.
Mal sabia o Boticário Ferreira seu destino pós-sepultamento. Como o proprietário deste Testamento almejava, precavia se caso o túmulo de sua família precisasse ser exumado e trasladado, teria que ser todos juntos. Porém, não se sabe ao certo se sua família foi também descansar no Cemitério São João Batista.
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FERREIRA, Antonio Rodrigues. Testamento de Antonio Rodrigues Ferreira. In: Revista e Boletins do Instituto do Ceará. Anno I. Fortaleza, 1887. Disponível em: <http://www.ceara.pro.br/Instituto-site/Rev-apresentacao/RevPorAno/1887/1887TestamentodeAntonioRodriguesFerreira.pdf>. Acesso em: 05 jan. 2011.
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Da morte sacramentada à medicalizada: transformações fúnebres na Fortaleza oitocentista Évila Cristina Vasconcelos de Sá Pós-graduanda em História pela Universidade Estadual do Ceará – UECE e graduação em História pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – UVA Fortaleza, CE E-mail: evilacrislive@hotmail.com
SÁ, E.C.V. Da morte sacramentada à medicalizada: transformações fúnebres na Fortaleza oitocentista. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 44-54, out.-nov., 2012
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A importância da busca ativa de lesões dermatológicas na atenção primária Brenda Fernanda Rebelo de Abreu¹; Camilla Pitanga¹; Gabriela Haas Henrique¹; Gabrielle Angelim³; Juliana Lepsch³; Juliana Gravina¹; Leticia Caputti³; Mariana Branco¹; Milie Rocha¹; Natalia Verdial¹; Rebeca Azevedo Souza¹; Samara Farias¹; Eduardo Dâmaso² ¹Alunas de Graduação Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ ²Médico Pediatra do Programa de Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina da UFRJ ³Médica graduada em Julho 2011 pela Faculdade de Medicina da UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mails: jugravina@hotmail.com (Juliana Gravina); damasoejr@yahoo.com.br (Eduardo Dâmaso)
ABREU, B.F.R. et al. A importância da busca ativa de lesões dermatológicas na atenção primária. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 55-61, out.nov., 2012
RESUMO Alguns estudos, nacionais e internacionais, mostram que doenças dermatológicas têm grande importância na demanda do atendimento primário. A maioria dos casos pode ser resolvida com orientação, acompanhada ou não de prescrição por médico generalista. A capacitação universitária eficiente nesta área forma um profissional com habilidade para diagnosticar e tratar corretamente as lesões, motivo dos atendimentos, evitando muitas vezes a referência do usuário, desnecessariamente, ao atendimento especializado. Para o diagnóstico de tais afecções, com frequência, é necessária a busca ativa de lesões dermatológicas, assim como ações de promoção e prevenção, uma vez que os usuários não
interpretam tal manifestação, como doença. Este trabalho foi elaborado por alunas de diferentes períodos da graduação da Faculdade de Medicina da UFRJ, bolsistas do PET- Saúde, durante curso de nivelamento dos conhecimentos das dermatoses mais frequentes, necessário para a participação de pesquisa que se baseou nesta área. Esta revisão teve como objetivo realizar uma revisão sistemática das dermatoses mais comuns da infância e associá-las a diversas modalidades de ações de prevenção, promoção de saúde e busca ativa, de modo a alcançar o diagnóstico precoce e redução da morbidade agregada a estas afecções, demonstrando sua importância perante aos atendimentos na unidade básica de saúde.
Palavras-chave: Dermatologia; atenção primária à saúde; educação em saúde
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The importance of active search of skin lesions in primary care ABSTRACT Some national and international studies (papers) have shown that skin diseases are of great importance in primary care. Most cases can be solved with orientation and/or prescription by a general physician. An efficient training in this area while still in college enables a professional to diagnose correctly and treat injuries, the reason of the appointment, often avoiding referring the patient, unnecessarily, to specialized care. The diagnosis of such conditions often requires the active search for skin lesions, as well as health promotion and prevention, since users do not interpret these as diseases. This work was accomplished by some students from the
Medical School of Federal University of Rio de Janeiro (UFRJ), all members of the PET-Saúde, during the process of learning the most frequent dermatological conditions, what was necessary for the research that followed in this area. This review aimed to perform a systematic review of the most common childhood skin diseases and to associate them with various forms of prevention, health promotion and active search, in order to achieve early diagnosis and reduce morbidity associated with these disorders, demonstrating the importance of the consultations in primary health care unit.
Keywords: Dermatology; primary health care; health education
1. INTRODUÇÃO
A
s doenças de pele, cabelo e unhas constituem motivo frequente da procura do atendimento ao serviço primário de saúde. Estudo desenvolvido pela Sociedade Brasileira de Dermatologia em 2006 revelou que, no Brasil, as cinco principais causas de consultas de pacientes com até 15 anos nos ambulatórios de dermatologia compreendiam acne, dermatite atópica, verrugas de origem viral, micoses superficiais e outras dermatites: eczema, desidrose e pitiríase Alba. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2006). O estudo onde foi avaliada a prevalência de dermatoses na rede básica de saúde de Campinas identificou 24% de pacientes com queixas e/ou achados dermatológicos (SANTOS et al, 2007). De acordo com Feldman e colaboradores (1998), nos Estados Unidos, 9% de 3,5 bilhões de consultas médicas realizadas em ambulatórios gerais e de especialidades, em um período de cinco anos de acompanhamento, ocorreram por queixa dermatológica - média de 63,2 milhões de consultas por ano (FELDMAN et al, 1998). Várias dermatoses geram impacto no estado emocional, nas relações sociais e nas atividades cotidianas dos pacientes, em razão dos estigmas causados pela aparência das lesões (FINLAY e KHAN, 1994). Estima-se que, pelo menos, um terço dos pacientes com doenças de pele tenha repercussões emocionais à sua dermatose e alguns estudos evidenciam que dermatoses de baixa morbidade provocam impacto semelhante a doenças como asma e epilepsia (MADHULIKA e ADITYA, 1996; THOMAS, 2004). Apesar de não serem ameaçadoras à vida nem fisicamente debilitantes, podem afetar gravemente funções psicológicas e sociais dos indivíduos (ABDEL-HAFEZ et al, 2009). Dessa forma, é de extrema importância o diagnóstico e tratamento adequados para as dermatoses mais frequentes, pois os pacientes teriam a resolução do quadro reduzindo a morbidade associada. Fazem-se necessários, portanto, conhecimento e treinamento suficientes na área da dermatologia (SANTOS et al, 2007; FINLAY e KHAN, 1994) para a correta avaliação e tratamento dos casos que podem ser
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resolvidos, encaminhando apenas os que necessitam de acompanhamento especializado. Essa medida ainda contribuiria para a redução do contingente de pacientes de nível primário transitando aos níveis secundário e terciário de saúde (MADHULIKA; ADITYA, 1996; THOMAS, 2004), reduzindo assim o custo desses atendimentos para a saúde pública (ABDEL-HAFEZ et al, 2009). O conhecimento dermatológico aprimorado possibilita a busca ativa de lesões, contribuindo para a detecção e diagnóstico precoce, reduzindo assim a morbidade associada aos quadros. Esta pode ser realizada através de campanhas, ações educativas, pesquisa durante visitas domiciliares realizadas por agentes comunitários de saúde (ACS), enfermeiros e médicos. Este método promove o aumento do vínculo do usuário ao profissional de saúde, além de ser um veículo para a promoção da educação da população. Sendo assim, objetivamos realizar uma revisão não sistemática sobre as dermatoses mais frequentes na infância e associá-las a diversas metodologias para a realização de busca ativa, prevenção e promoção da saúde, de modo a alcançar o diagnóstico precoce e redução da morbidade agregada a estas afecções. 2. DESENVOLVIMENTO
N
o contexto de saúde da família a busca ativa é de extrema importância, funcionando como um instrumento para a detecção das afecções dermatológicas que passariam despercebidas, sendo negligenciadas pelos usuários. Além disso, tem o papel de contribuir com o diagnóstico precoce, prevenindo a morbidade resultante da doença como também sua disseminação entre os contactantes. Promover o tratamento dessas afecções possibilita a melhora da qualidade de vida do paciente fazendo com que a busca ativa funcione como um método de promoção em saúde. Dentre as dermatoses a serem diagnosticadas precocemente a Hanseníase se mostra como uma das principais preocupações dos autores, visto que o controle da infecção previne a ocorrência de incapacidades secundárias à ausência de tratamento (GONÇALVES, 1979). Por se tratar de uma doença infecciosa de evolução lenta, esta permite que com o diagnóstico precoce possamos reduzir a cadeia de transmissão diminuindo o tempo de exposição e contágio de comunicantes, reduzindo assim a morbidade associada (LASTÓRIA et al, 2003). Nesse contexto, vemos que a busca ativa aparece como importante ferramenta para a manutenção da ausência da doença. Para a detecção do maior número de casos novos, Lastória e Putinatti (2004) mostra a necessidade da busca ativa como principal método de diagnóstico de infecção. Outras dermatoses merecem destaque como objetivo de diagnóstico precoce por sua prevalência, importância, e potencial de desenvolvimento de complicações. Uma delas é a acne, dermatose crônica de alta frequência (85%). Tem por característica o envolvimento de adolescentes em sua maioria. Esses pacientes estão desenvolvendo suas identidades frente a muitas mudanças físicas e psicológicas. A intensidade das lesões nem sempre é proporcional a ansiedade por elas geradas (TABORDA et al, 2010). Mesmo lesões leves têm influência na auto-estima e comportamento dos adolescentes. Aplicando a busca ativa a este contexto, podemos avaliar a importância das lesões para esses pacientes, observando o peso da doença em suas atividades cotidianas. Desta forma, seu tratamento deve ser priorizado diante da observação do indivíduo em sua integralidade como já evidenciado por Menezes e Bouzas (2009), que mostram a importância da imagem corporal para o bom desenvolvimento
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psicológico de seus pacientes, dando a devida importância à acne vulgar como desencadeante de transtornos emocionais. As ectoparasitoses como pediculose e escabiose, também desenvolvem papel importante pela necessidade de controle de infecção e redução da cadeia de transmissão. São muito comuns em comunidades de nível sócio-econômico inferior, por vezes cursando com infestações severas e suas complicações. Estima-se que até dois terços da população de aglomerados urbanos de grandes cidades são afetados por pelo menos uma ectoparasitose, mais comumente pelo piolho ou pelo ácaro Sarcoptes scabiei -“sarna” (WILCKET et al,2002). Mesmo diante de sua importância epidemiológica, vemos que tais afecções são negligenciadas pelas autoridades sanitárias e pelos próprios pacientes como evidenciado por Heukelbach et al (2004). Sendo assim, a busca ativa possibilita o diagnóstico da infestação e seu tratamento visando a redução da transmissão e de possíveis complicações como infecções bacterianas da pele possibilitadas pela quebra das defesas cutâneas. Para a manutenção da qualidade de vida e ausência de doença, são utilizados diferentes métodos de busca ativa, assim como ações de prevenção e promoção da saúde. Quando nos referimos à prevenção, fazemos alusão a um conjunto de ações antecipadas, baseadas no conhecimento da história natural, a fim de tornar improvável o progresso posterior da doença, reduzindo consequentemente sua incidência e prevalência. Para tanto, podemos utilizar como ferramentas as ações educativas pela equipe de saúde, assim como campanhas de dermatoses ou até mesmo visitas domiciliares. A educação da população é fundamental para alcançarmos a prevenção. Contamos ainda com ações de promoção da saúde, que se refere um conceito mais amplo, envolvendo estratégias que enfatizam a transformação das condições de vida, representando um processo social, político e econômico, visando aumentar o controle sobre determinantes indiretos da saúde. Ou seja, ao priorizarmos o ambiente no qual o usuário está inserido, podemos melhorar sua qualidade de vida e, em consequência, sua saúde. Dentre estas estratégias podemos citar a visita domiciliar, que pode ser realizada por ACS, enfermeiro ou médico. Nesta visita são avaliados inúmeros fatores, como o ambiente em que a família está inserida e seu entorno, além de hábitos familiares que podem ser considerados fatores de risco para o desenvolvimento e transmissão de doenças dermatológicas. Neste âmbito, cada profissional de saúde citado tem uma importância diferente. Um ACS, ao ser parte integrante da comunidade, pode ver além do ambiente familiar, o que possibilita a obtenção de informações fidedignas sobre as condições de vida de forma mais abrangente. Um enfermeiro ou médico podem levar informações técnicas, porém em linguagem apropriada, de modo a orientar a prevenção das dermatoses contagiosas e promover modificações ambientais que dificultem uma nova contaminação. Outra ferramenta a ser utilizada é a realização de campanhas de dermatoses. Através destas estimula-se a suspeição por parte do paciente de que ele ou sua família sejam portadores de doenças dermatológicas. Com isso, aumentamos o número de diagnósticos precoces e reforçamos a importância destas afecções, comumente negligenciadas. Além disso, possibilita-se a ampliação da cobertura do atendimento oferecido nas unidades, pois muitas vezes indivíduos que não são acompanhados se interessam pelo tema abordado. Por vezes são realizadas ações educativas que visam a transmissão do maior número de informações referentes à saúde da comunidade. “O fim da ação educativa é
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desenvolver no indivíduo e no grupo a capacidade de analisar criticamente a sua realidade; de decidir ações conjuntas para resolver problemas e modificar situações; de organizar e realizar a ação, e de avaliá-la com espírito crítico” (BRASIL, 1981). No âmbito dermatológico possibilita que os usuários, que não obtiveram treinamento técnico, possam detectar em pessoas de seu convívio alterações compatíveis com patologias discutidas em tais ações. Reconhecer o usuário como sujeito portador de um saber sobre sua saúde-doença-cuidado, capaz de estabelecer uma interlocução dialógica com o serviço de saúde e de desenvolver uma análise crítica sobre a realidade. A educação dialógica trata-se de um recurso por meio do qual o conhecimento cientificamente produzido no campo da saúde, intermediado pelos profissionais de saúde, atinge a vida cotidiana das pessoas. Uma vez que a compreensão dos condicionantes do processo saúde-doença oferecem subsídios para a adoção de novos hábitos e condutas de saúde (ALVES, 2005). As ações educativas, além deste papel fundamental de fornecer informação à população, que garante prevenção e promoção de saúde concomitantemente, permite aumentar o vínculo entre o usuário e a unidade e equipe de saúde. As ações educativas podem ser realizadas através de panfletos, palestras, jogos, campanhas, ou seja, o profissional de saúde deve eleger a metodologia que prevê que será mais bem aceita naquela comunidade. O objetivo da educação dialógica não é o de informar para saúde, mas de transformar saberes existentes, entendendo que educar para a saúde implica ir além da assistência curativa, significa dar prioridade a intervenções preventivas e promocionais, tornando a ação mais efetiva e abrangente. Para isto ele deve conhecer a comunidade à qual assiste, corroborando com o conceito da ESF. Por fim, o diagnóstico precoce pode ser realizado a partir de busca ativa dentro do consultório médico. Ainda que o achado dermatológico não seja a causa da procura por atendimento, o médico deve estar preparado para a pesquisa de lesões que indiquem enfermidades. A busca poderá ser realizada por anamnese e exame físico. Esta rotina representa uma importante ferramenta para aumento da resolutividade do médico de família, culminando com a redução da necessidade de consultas ao especialista. 3. CONCLUSÃO
V
isto que as lesões de pele são queixas frequentes, o exame dermatológico se apresenta de grande importância no atendimento médico (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DERMATOLOGIA, 2006). Em paralelo, ainda há afecções dermatológicas que não geram motivo para procura médica, mas que podem caracterizar manifestações sistêmicas facilmente diagnosticadas. A capacitação de graduandos e da equipe médica (BRASIL, 1981) proporciona o diagnóstico e tratamento precoce dessas lesões (SANTOS et al, 2007). A busca ativa atua como instrumento para detecção de afecções dermatológicas, contribuindo para redução da morbidade e prevenindo disseminação para contactantes (LASTÓRIA e PUTINATTI, 2004). No contexto da Atenção Primária à Saúde ancorada na Estratégia Saúde da Família, a ação conjunta de agentes da saúde (ACS), enfermeiros e médicos permite a investigação de dermatoses que necessitam de acompanhamento e desfecho clínico. Assim, se faz necessário o incentivo do olhar por essa perspectiva clínica não só no âmbito especializado, mas também ao nível generalista (SANTOS et al, 2007), no sentido de promoção de saúde e prevenção de doenças, contribuindo para manutenção da qualidade de vida dos pacientes (GONÇALVES, 1979; LASTÓRIA et
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al, 2003), além de reduzir os custos para a saúde publica nos setores secundários e terciários da saúde.
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A importância da busca ativa de lesões dermatológicas na atenção primária Brenda Fernanda Rebelo de Abreu¹; Camilla Pitanga¹; Gabriela Haas Henrique¹; Gabrielle Angelim³; Juliana Lepsch³; Juliana Gravina¹; Leticia Caputti³; Mariana Branco¹; Milie Rocha¹; Natalia Verdial¹; Rebeca Azevedo Souza¹; Samara Farias¹; Eduardo Dâmaso² ¹Alunas de Graduação Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ ²Médico Pediatra do Programa de Atenção Primária à Saúde da Faculdade de Medicina da UFRJ ³Médica graduada em Julho 2011 pela Faculdade de Medicina da UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mails: jugravina@hotmail.com (Juliana Gravina); damasoejr@yahoo.com.br (Eduardo Dâmaso)
ABREU, B.F.R. et al. A importância da busca ativa de lesões dermatológicas na atenção primária. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 55-61, out.nov., 2012
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Produção de vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada Jaques Nascimento Cavalcante1; Léa Cristina Pereira da Trindade Marques2; Suély Myiashita Silva3; Taíse de Souza Romualdo4 Graduandos em Tecnologia em Biocombustíveis pela Fatec Araçatuba Araçatuba, SP E-mails:(1) magus_jnc@hotmail.com; (2) vertys2@yahoo.com.br; (3) smyashitas@hotmail.com; (4) tsr328@hotmail.com Lucinda Giampietro Brandão Professora da disciplina Processos Fermentativos da Faculdade de Tecnologia – Fatec Araçatuba. Farmacêutica bioquímica pela UEL, Mestre pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Doutora pela FMRP-USP com doutoramento sanduíche no National Institutes of Health - NIH - USA Araçatuba, SP E-mail: f.diadema.dir@centropaulasouza.sp.gov.br
CAVALCANTE, J.N. et al. Produção de vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 62-68, out.-nov., 2012
RESUMO Desde o início dos tempos o homem teve contato com os processos de fermentação. A primeira tentativa do homem de cultivar as videiras tem registros arqueológicos datando de 6500 anos a.C. O material de partida para a maioria dos vinhos são as uvas para extração do mosto a ser fermentado como a Vitis vinifera, mas também se usa a Vitis labrusca. Apesar da existência de apenas algumas principais espécies de uva há muitos diferentes cultivares que têm diferentes composições, teores de açúcar e pigmentação, diferentes e são usadas para diferentes tipos de vinho. Sendo assim, os principais componentes do mosto são água carboidrato, glicose, frutose, outros, ácidos orgânicos, sais inorgânicos, nitrogênio e fenóis. Estes componentes estão também presentes no vinho e diferentes concentrações como diminuição da concentração dos açúcares além da presença de etanol (8-15%) e outros álcoois (0,01-0,04%). Dessa forma, o
objetivo deste trabalho foi produzir vinho em condições artesanais partir da fermentação de uvas do cultivar Niágara Rosada Para isto foram selecionados dois quilos de uva cultivar Niágara maduras que foram lavadas e esmagadas manualmente. Este conteúdo ficou sob maceração e depois foi filtrado, prensado e o líquido resultante transferido para uma garrafa de vidro, estéril que foi fechada com uma rolha adaptada com bico dosador de inox, no qual foi conectada uma mangueira plástica atóxica transparente de 50 cm. A outra ponta da mangueira foi inserida em um copo com água. A garrafa foi mantida em temperatura ambiente (32ºC) para finalizar a fermentação. Ao final da fermentação garrafa foi fechada com rolha comum deixada envelhecer e rotulada. Ao final do processo, o vinho apresentou cor rosa translúcida, com aroma e sabor muito agradável e palatável. Todas as etapas de fabricação do vinho de forma industrial puderam ser realizadas de forma artesanal
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desde o esmagamento da uva, maceração, separação, prensagem, fermentação, envelhecimento e envase. Sendo assim o objetivo do trabalho em produzir vinho
artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada foi atingido e o vinho degustado.
Palavras-chave: Vinho; fermentação; Niágara rosada; uva Grape Niágara Rosada fermentation for homemade wine ABSTRACT Since the beginning of time man has had contact with the fermentation processes. The first man's attempt to cultivate the vines have archaeological records dating to 6500 years BC. The starting material for the majority of wines are grapes to extract the juice to be fermented as Vitis vinifera, but also uses the Vitis labrusca. Despite the existence of only a few main species of grapes there are many different cultivars that have different compositions, sugar contents and pigmentation, and are used for different types of wine. Thus, the main components of the must are carbohydrates, water, glucose, fructose, other organic acids, inorganic salts, nitrogen and phenolics compounds. These components are also present in wine and different concentrations decreased as the concentration of sugars and the presence of ethanol (8-15%) and other alcohols (0.01 to 0.04%). Thus, the objective was to produce wine in artisanal conditions fermenting ograpes Niagara Rosada. For this were selected two Kg of ripe grapes
growing. Niagara were washed and crushed manually. This content was soaking in and then was filtered, pressed and the resulting liquid transferred to a sterile glass bottle, which was closed with stoppers fitted with a stainless steel dosing chamber, which was connected to a nontoxic transparent plastic hose of 50 cm. The other end of the hose was inserted into a glass of water. The bottle was kept at room temperature (32oC) to finish fermentation. At the end of the fermentation bottle was closed with a stopper and labeled common left grow old. At the end of the process, the wine showed translucent red, with aroma very pleasant and palatable. All manufacturing steps in an industrial wine could be made by hand since grape crushing, maceration, sorting, pressing, fermentation, aging and bottling. Therefore the aim of the work in producing handcrafted wines from the fermentation of Niagara Rosada grape and the wine tasted was reached.
Keywords: Wine; fermentation; Niagara rosada; grape
1. INTRODUÇÃO
D
esde o início dos tempos o homem teve contato com os processos de fermentação. Há indícios do homem lidando com processo fermentativo estampados nas paredes das cavernas, como o vinho, que é um dos produtos de fermentação que mais encantou no homem Prova disto é a presença do vinho na maioria dos rituais religiosos existentes no mundo (GUARINELLO, 1997). A primeira tentativa do homem de cultivar as videiras tem registros arqueológicos datando de 6500 anos a.C., sendo que a primeira evidência do domínio da fabricação do vinho esta por volta de 6000 A.C na região que hoje é compreendida como Irã. Textos de escritores como Plínio (o velho), Teofrasto e Hipócrates relatam técnicas e uso do vinho na antiga Grécia como, por exemplo, a adição de cal virgem ao mosto ou a queima de fumo de enxofre para a desinfecção do vinho. Até meados do século XIX pouco havia se modificado as técnicas de fabricação do vinho. Dentre as mudanças
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ocorridas podemos citar a utilização de garrafas e rolhas para armazenar o vinho, no século XVII, porém somente no século XIX com as pesquisas de Louis Pasteur teve grandes avanços com a relação aos domínios do processo de fermentação de bebidas (HUTKINS, 2006. Tradução nossa). O Estado de São Paulo destaca-se como o maior produtor nacional de uva para mesa com, aproximadamente sendo que as cultivares de uva comum como a Niágara Rosada, correspondem a 89,1% das videiras e a 48,2% da produção de uva no Estado. As Regionais Agrícolas (EDR) de Campinas e Itapetininga respondem por 77,5 e 10,4% da produção de Niágara Rosada enquanto a Regional Agrícola de Jales apresenta 2,2% (INSTITUTO DE ECONOMIA AGRÍCOLA, 2010). A região vitícola do Sul de Minas Gerais, composta principalmente pelos municípios Caldas, Andradas e Santa Rita é tradicional no cultivo uvas origem americana (Vitis labrusca e Vitis bourquina), com área de produção estabilizada em torno de 350 ha. Entre as principais cultivares utilizadas tem-se Niágara Rosada e Niágara Branca destinadas para elaboração de vinhos e sucos e, no caso da Niágara Rosada, para consumo in natura (PROTAS et al., 2006). O planejamento da colheita deve ser feito quando a uva está madura e para ter este conhecimento sabe-se que o clima um dos fatores que mais influem no acúmulo de açúcares. Portanto, é interessante conhecer o comportamento das curvas de maturação e desenvolver métodos para a estimativa do teor de sólidos solúveis, como por exemplo, com base em dados meteorológicos (PEDRO JUNIOR et al., 1997). Como a colheita deve ser feita quando a uva está com sua maturação ideal que no caso das uvas destinadas ao consumo in natura é estabelecida principalmente pela determinação do teor de sólidos solúveis totais e pela relação sólidos solúveis/acidez, (GIL; PSZCZÓLKOWSKI, 2007). Já para elaborar vinhos de qualidade, a relação açúcar/acidez total não é garante que a uva seja colhida em seu potencial máximo de maturação devendo ser considerados aspectos como peso das bagas, potássio, pH, compostos fenólicos, antocianinas e precursores de aromas (AUGUSTIN; GLORIES, 1992; GUERRA, 2002; GIL; PSZCZÓLKOWSKI, 2007). O material de partida para a maioria dos vinhos são as uvas para extração do mosto a ser fermentado como a Vitis vinifera, mas também se usa a Vitis labrusca. Apesar da existência de apenas algumas principais espécies de uva há muitos diferentes cultivares que têm diferentes composições, teores de açúcar e pigmentação, diferentes e são usadas para diferentes tipos de vinho. Sendo assim, os principais componentes do mosto são água (70%), carboidratos (15%), glicose (8%), frutose (8%), outros (1%), ácidos orgânicos (0,5%), sais inorgânicos (0,3%), nitrogênio (0,1%) e fenóis (0,1%). Estes componentes estão também presentes no vinho e diferentes concentrações como diminuição da concentração dos açúcares além da presença de etanol (8-15%) e outros álcoois (0,01-0,04%) (HUTKINS, 2006, p. 371, tradução nossa). Sendo assim, após colheita a uva pra produção de vinho deve ser processada e passando por várias etapas como esmagamento, maceração (no caso dos vinhos tintos), separação (cascas, sementes, bagaço), prensagem, fermentação (iniciada já após o esmagamento), envelhecimento e envase. Sendo o processo de fermentação realizado por microrganismos como membros do gênero Saccharomyces que representam menos de 10% da população de leveduras inicial já que população de leveduras no início é dominada por Kloeckera apiculata e só mais tarde o ambiente
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começa a ficar adequado para S. cerevisiae e outras váriedades tolerentes ao etanol, como as Saccharomyces spp. (HUTKINS, 2006, p. 371, tradução nossa). Os mostos de uvas após a fermentação por Saccharomyces cerevisiae e Kloeckera apiculata produzem de compostos voláteis de aroma como acetato de etila, acetato de isoamila, isobutanol e este foram avaliados por Mamede e Pastore (2004) sendo que o mosto fermentado pela Kloeckera apiculata apresentou concentrações dentro de limites aceitáveis para vinho. Nos dias de hoje, cada vez mais as pessoas estão se interessando em ter bens cada vez mais personalizados e com características únicas. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi produzir vinho em condições artesanais a partir da fermentação alcoólica de uvas da cultivar Niágara Rosada o qual terá características e identidade únicas. 2. MATERIAIS E MÉTODOS
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oram selecionados dois quilos de uva cultivar Niágara maduras. As mesmas foram lavadas com água corrente em temperatura ambiente e disponibilizadas em um recipiente de acrílico, com capacidade para dois litros.
As uvas já lavadas foram então esmagadas com as mãos, liberando a polpa e o caldo de cada fruta e transferidas para outro recipiente de acrílico, também com capacidade para dois litros. Este recipiente com mosto de uva e todas as outras partes da mesma foi mantido levemente fechado com tampa permanecendo nestas condições por 48 horas em temperatura ambiente (32oC), sou seja, foi mantido em maceração. Ao final deste período, o conteúdo foi filtrado com peneira de náilon (separação) e o bagaço prensado para extração total do liquido (prensagem). O mesmo foi transferido para uma garrafa de vidro, estéril que foi fechada com uma rolha adaptada com bico dosador de inox, no qual foi conectada uma mangueira plástica atóxica transparente de 50 cm. A outra ponta da mangueira foi inserida em um copo com água. A garrafa foi mantida em temperatura ambiente (32oC) por mais 48h para finalizar a fermentação. No final da fermentação, ou seja, a mangueira e a rolha adaptada foram retiradas e a garrafa foi fechada com rolha comum deixada envelhecer. O rótulo da garrafa foi criado no programa Word 2007, impresso em papel A4 branco utilizando impressora comum de jato de tinta colorida, recortado com tesoura e aderido com fita tartam larga. Ao final deste processo, o vinho apresentou cor rosa translúcida, com aroma e sabor muito agradável e palatável. 3. RESULTADO
O
bserva-se abaixo na Figura 1 a e b o vinho produzido.
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Figura 1: Garrafa de vinho produzido (a) e pronto para degustação (b)
4. DISCUSSÃO
D
urante a fabricação do vinho ocorreram vários tipos de fermentação e todas elas sem nenhuma adição de produtos químicos para controle microbiano e nem mesmo adição de microrganismos para realização das fermentações desejadas e necessárias. No caso da produção natural de vinho tinto pode-se inocular linhagens de microrganismos fermentadores antes da retirada dos bagos, sementes e casca. Este processo se assemelha ao da fermentação natural onde os microrganismos estariam se reproduzindo (metabolismos aeróbios) e estariam iniciando os processos fermentativos (metabolismos anaeróbios). Algumas vinícolas preferem deixar a temperatura entre 20 e 30oC, pois, evitam a perda de etanol e componentes voláteis que propiciariam do aroma e da acidez do vinho. Durante o período de inicial de maceração houve a multiplicação dos microrganismos, como membros do gênero Saccharomyces e Kloeckera apiculata, por processo aeróbio onde os açúcares glicose e frutose entram em metabolismo aeróbio produzindo energia e precursores para a multiplicação celular destes, através da glicólise e do ciclo de ácido cítrico. Já no processo de fermentação (anaeróbico) o mesmo é realizado pelos mesmos microrganismos, como membros do gênero Saccharomyces que representam menos de 10% da população de leveduras inicial já que população de leveduras no início é dominada por Kloeckera apiculata. Este organismo produz até 6% de etanol a partir de glicose e frutose, no entanto, tem uma tolerância de etanol baixa, sendo inibida por 3% a 4% etanol. Assim, embora K. apiculata esteja entre as primeiras a crescer no mosto, os seu número não é normalmente mantido além do quinto dia de fermentação.Contudo, pensa-se que este organismo primeiramente produz pequenas quantidades de varios ácidos, ésteres, glicerol e outros componentes de sabor, alguns dos quais podem ou não ser desejável Como a concentração de etanol aumenta e o potencial redox é reduzido, devido a formação de CO2, o ambiente começa a selecionar para S. cerevisiae e outras váriedades tolerentes ao etanol, Saccharomyces spp.
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Já na maceração no mosto onde não há contato com o oxigênio inicia-se o processo de fermentação (metabolismo anaeróbio) onde o piruvato é transformado em acetaldeído (liberando dióxido de carbono) seguido da transformação do mesmo em etanol. Após este processo onde os açúcares foram consumidos, iniciou-se a fermentação malolática. Este processo em si trata-se da conversão do ácido dicarboxílico em acido málico que é mono carboxílico, reduzindo assim acidez do vinho. Entre as bactérias que podem fazer este tipo de processo estão a Leuconostoc oenos e varias espécies de Lactobacillus e muitas delas são encontradas naturalmente no mosto de uva. Dessa forma, para produção de vinho além da fermentação alcoólica tem-se a fermentação malolática. Embora as leveduras não-Saccharomyces cerevisiae participem apenas do início da fermentação, elas exercem grande contribuição para a qualidade do aroma do vinho pela capacidade de produzir ésteres e álcoois em concentração superior às leveduras Saccharomyces cerevisiae. Considerando que o a qualidade sensorial do vinho é o fator mais importante durante sua fabricação. O aroma do vinho é formado pela presença de compostos voláteis que impressionam o sistema olfativo. Foram utilizadas apenas uvas, porém, alguns vinhos podem ser produzidos á partir da adição de uma pequena quantidade de outras frutas (amora, morangos, framboesas) que podem ser utilizadas como substrato. O ideal é que as frutas forneçam açúcares livres suficientes para o crescimento das leveduras e para a produção da concentração de álcool, com taxa em torno de 12%. Apesar da uva Niágara Rosa ser usada para consumo in natura, a mesma foi usada para produção de vinho por ser mais facilmente encontrada na região e mais acessível. Com isto o vinho resultante tem uma coloração rosada. 5. CONCLUSÃO
T
odas as etapas de fabricação do vinho de forma industrial puderam ser realizadas de forma artesanal desde o esmagamento da uva, maceração, separação, prensagem, fermentação, envelhecimento e envase. Sendo assim o objetivo do trabalho em produzir vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada foi atingido.
NOTA Este artigo foi escrito de acordo com o trabalho prático que realizado para a disciplina de Processos Fermentativos, ministrada pela professora doutora Lucinda Giampietro Brandão da Faculdade de Tecnologia – Fatec Araçatuba.
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Produção de vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada Jaques Nascimento Cavalcante1; Léa Cristina Pereira da Trindade Marques2; Suély Myiashita Silva3; Taíse de Souza Romualdo4 Graduandos em Tecnologia em Biocombustíveis pela Fatec Araçatuba Araçatuba, SP E-mails:(1) magus_jnc@hotmail.com; (2) vertys2@yahoo.com.br; (3) smyashitas@hotmail.com; (4) tsr328@hotmail.com Lucinda Giampietro Brandão Professora da disciplina Processos Fermentativos da Faculdade de Tecnologia – Fatec Araçatuba. Farmacêutica bioquímica pela UEL, Mestre pela Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP-USP), Doutora pela FMRP-USP com doutoramento sanduíche no National Institutes of Health - NIH - USA Araçatuba, SP E-mail: f.diadema.dir@centropaulasouza.sp.gov.br
CAVALCANTE, J.N. et al. Produção de vinho artesanal a partir da fermentação de uvas Niágara Rosada. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 62-68, out.-nov., 2012
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Ferramentas de corte: materiais de construção (base aço rápido e carbonetos) Fabrícia Vieira Ramos¹; Ingrid Pereira de Sousa¹; Izabela Alves Vieira¹; Natália Ferreira da Silva¹; Poliana de Oliveira Felipe¹; Sandro da Costa Silva² ¹Alunas de graduação em Engenharia de Produção do Instituto Federal Minas Gerais (IFMG) – Campus Governador Valadares ² Professor do IFMG – Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mails: fabriciavramos@gmail.com (Fabrícia Vieira Ramos); ingridps26@gmail.com (Ingrid Pereira de Sousa); izabelaav@gmail.com (Izabela Alves Vieira); natipoby@gmail.com (Natália Ferreira da Silva); polianafelipeifmg@gmail.com (Poliana de Oliveira Felipe); sandro.costa@ifmg.edu.com.br (Sandro da Costa Silva)
RAMOS, F.V. et al. Ferramentas de corte: materiais de construção (base aço rápido e carbonetos). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 69-74, out.-nov., 2012
RESUMO O presente trabalho visa realizar uma revisão bibliográfica sobre materiais para fabricação de ferramentas de corte utilizadas na usinagem, mais especificamente os carbonetos e aços rápidos. Desde muito tempo, as ferramentas de corte eram usadas para auxiliar o trabalho manual e industrial do homem. Mas, com a finalidade de usinar
diferentes materiais, iniciou-se uma busca por novas ligas metálicas que suprissem essa necessidade de forma eficiente. Com o passar dos anos as ferramentas de corte foram se aprimorando e materiais cada vez mais resistentes foram sendo descobertos e utilizados nessas atividades de corte e usinagem.
Palavras-chave: Usinagem; Ferramentas de corte; materiais para ferramenta ABSTRACT This paper aims to make a literature review about materials for the production of cutting tools used in machining, more specifically the carbides and high speed steels. For a long time, the cutting tools were used to help manual labor and industrial of the man. However, with the finality to machine
different materials, began a search for new alloys which could supply the need of efficient shapes. In the course of time the cutting tools have improved and more resistent materials have been discovered and used for those activities of cutting and machining.
Keywords: Machining; cutting tools; materials for tool
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1. INTRODUÇÃO
O
uso das ferramentas de corte decorre desde as eras pré-históricas, estas tinham a função de suplementar a força humana para atividades como lavrar a terra, cortar e conformar alguns materiais de uso no cotidiano. Na época, estes instrumentos eram feitos de pedra ou de madeira. A necessidade de ferramentas com maior dureza se fez presente e a busca por novos materiais foi cada vez mais frequente. Mas, as duas mais significativas foram à extração de ferro do minério e a possibilidade de temperar aços em água, depois de aquecido em temperaturas elevadas. Com o passar do tempo o material usado na fabricação de ferramentas sofreu inúmeras transformações que trouxeram melhoria para a indústria de usinagem. Os materiais para ferramentas de corte podem ter sua base em aço rápido, carbonetos e em cerâmica, neste artigo aprofundaremos no estudo das duas primeiras. 2. HISTÓRICO
R
obert Mushet, em 1868 (FERRARESI, 1970) teve papel significativo para o avanço da fabricação de aços para ferramentas, pois foi ele que pela primeira vez admitiu que a adição de certos elementos de liga, como o manganês, poderia tornar o aço mais duro, incentivando que outros estudiosos pudessem aperfeiçoar o uso dessas ferramentas e a concepção de novos metais de maior dureza. Assim, alguns anos depois, Taylor, White e outros, desenvolveram um tipo de aço que foi um protótipo dos modernos aços rápidos. No início do século XX, a fabricação do aço passou a ser feito em fornos elétricos, possibilitando maior controle da qualidade. Segundo Ferraresi, em 1939, Gill desenvolveu aços super-rápidos (altos teores de carbono e vanádio). Ao mesmo tempo, Haynes introduzia uma liga fundida composta de cromo, tungstênio e cobalto, que possuía excelentes propriedades de corte, o que trazia maior velocidade no corte do que as do aço rápido. Baseado nas patentes de Lohmann e Schroter teve início, mais tarde, a produção industrial de metal duro marca Widia e logo após, graças ao trabalho de vários estudiosos, surgiram a classe dos metais duros mais complexas que permitiam usinagem de materiais de cavacos mais longos e a utilização de velocidades mais elevadas. 3. LIGAS METÁLICAS
P
ara melhores esclarecimentos da constituição dos materiais de construção das ferramentas de corte é de extrema importância compreender as propriedades físicas e químicas das ligas metálicas e dos Carbonetos.
Entende-se por liga metálica a união de dois ou mais metais, podendo ainda incluir os não-metais. Esse novo material possuirá propriedades diferentes das substâncias que o geraram, dependendo de sua nova estrutura. Neste trabalho será dada ênfase nas ligas de Ferro, chamadas Aço.
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Os Carbonetos, também conhecidos como Carbetos ou Carburetos, são encontrados na natureza em forma de minério e estes são compostos inorgânicos binários, ou seja, combinação de Carbono com algum metal. Os Carbonetos são divididos em iônicos e covalentes, desses apenas os covalentes serão abordados. Os carbonetos covalentes têm esse nome devido as suas ligações serem fortes, resultando em um material extremamente duro. 4. MATERIAIS PARA FERRAMENTAS DE CORTE
O
s materiais que constituem as ferramentas de corte são os responsáveis pelo seu desempenho e conferem-lhes características físicas e propriedades mecânicas. Os materiais mais comuns são: aço-carbono, aço rápido, metal duro e cerâmica. 4.1. AÇO CARBONO Os aços-carbono foram os primeiros a serem utilizados na fabricação de ferramentas de corte nos primórdios dos processos de usinagem. Apesar de já serem conhecidos aços mais eficientes como ferramentas, os açoscarbono continuam sendo utilizados por diversos fatores, como: custo inferior comparado com os demais, melhor usinagem, fácil disponibilidade, entre outros. É recomendado para pequenas produções pois é pouco resistente a temperaturas de corte superiores a 250ºC, daí a desvantagem de usarmos baixas velocidades de corte.
Sob o ponto de vista de Rufino e outros, a respeito do controle das propriedades do aço, o carbono é o elemento mais importante. Os outros elementos de liga presentes nos aços-carbono utilizados na fabricação de ferramentas de corte são: Silício, Manganês, Enxofre e Fósforo, Vanádio, Cromo, Tungstênio e Molibdênio. Sendo esses dois últimos, formadores de carbonetos. 4.2. AÇO RÁPIDO
O
aço rápido é um dos diversos materiais utilizados para construir ferramentas de usinagem. Este nome deve-se ao fato de que na época em que foi desenvolvido, teve um desempenho de velocidade de corte acima dos valores de outros tipos de ferramentas, além de manter elevada dureza quando utilizado no corte rápido dos metais, podendo ser submetido a temperaturas de até 600°C. O aço rápido é formado por uma liga composta pelos seguintes compostos: carbono, molibdênio, tungstênio e vanádio. Este tipo de liga é comum como matéria prima na confecção de ferramentas tais como: fresas, brocas, ferramentas de torneamento,
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serras, machos e cossinetes, alargadores e escareadores, além de matrizes de estampagem, prensagem e forjamento que demandam por elevada resistência ao desgaste. Existem também os bits (ferramenta em que o próprio corpo constitui os ângulos de corte) fabricados em aço rápido (também cobalto ou metal duro), disponíveis em barras cilíndricas ou lâminas (para bedames), utilizados geralmente no torneamento para cortar metais de diversos tamanhos e espessuras de maneira rápida e precisa. Eles são utilizados para fabricação de ferramentas de corte e a vantagem da utilização dos bits de aço rápido é a otimização do tempo (FerraWidia).
Uma estimativa feita na década de 1990, revelou que o aço rápido participava com cerca de 46% (JESUS, 2004) da produção de ferramentas utilizadas nos processos de corte. A complexidade, matéria-prima e custo de fabricação inviabiliza uma produção em larga escala de ferramentas a partir de outros materiais, estimando que dificilmente este tipo de material perde espaço no mercado na fabricação destas ferramentas. 4.3. LIGAS FUNDIDAS
S
urgiram na mesma época dos aços rápidos, porém eram mais duras, à base de cobalto-cromo-tungstênio com carbono acima de 1,5%.
As ferramentas produzidas com essas ligas possuem alta resistência à oxidação, corrosão e choque. São empregadas geralmente no torneamento. Porém seu uso tem entrado em desuso devido a escassez de matéria-prima (aumento do custo).
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4.4. METAL DURO - CARBONETOS o mais importante material usado para ferramentas. Fabricado pela metalurgia do pó, possui excelente combinação de resistência ao desgaste, tenacidade, resistência mecânica e dureza à temperatura ambiente (combinações possíveis obtidas pela variação da composição). Metal duro é o nome dado a uma liga de carboneto de tungstênio, liga basicamente composta de Carbono, tungstênio e proporções menores de outros materiais como o cobalto. Este material pode ser formado por outros carbonetos como, Titânio, Molibdênio, Tântalo, Nióbio que em combinações a outras substâncias tomam novas características e participam de grupos específicos de acordo com o material a ser usinado.
É
Sua fabricação é rigorosamente controlada observando as características físicas do produto final. De acordo com Ferraresi, a ISO (International Organization for Standardization – Organização Internacional de Padronização) recomendou o agrupamento do metal duro em três grandes grupos: Grupo P (Azul) para usinagem de metais e ligas ferrosos com cavacos contínuos, Grupo M (Amarela) para usinagem de aço inoxidável e aço fundido e Grupo K (Vermelho) para usinagem de ferro fundido cinzento, ferro fundido maleável, metais e ligas com cavaco curto e materiais não metálicos. 5. CONCLUSÃO
A
escolha do material ferramental dependerá basicamente da constituição da peça a ser usinada, dureza, tenacidade, ductibilidade e outras propriedades físicas e químicas, custo, disponibilidade, dimensão, o acabamento desejado para o produto final, dentre outros fatores que influenciam diretamente nos processos de produtos usinados. Dentre os materiais existentes para fabricação de ferramentas de corte, os mais utilizados, até o momento, em processos de usinagem, são os abordados neste trabalho.
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Ferramentas de corte: materiais de construção (base aço rápido e carbonetos) Fabrícia Vieira Ramos¹; Ingrid Pereira de Sousa¹; Izabela Alves Vieira¹; Natália Ferreira da Silva¹; Poliana de Oliveira Felipe¹; Sandro da Costa Silva² ¹Alunas de graduação em Engenharia de Produção do Instituo Federal Minas Gerais (IFMG) – Campus Governador Valadares ² Professor do IFMG – Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mails: fabriciavramos@gmail.com (Fabrícia Vieira Ramos); ingridps26@gmail.com (Ingrid Pereira de Sousa); izabelaav@gmail.com (Izabela Alves Vieira); natipoby@gmail.com (Natália Ferreira da Silva); polianafelipeifmg@gmail.com (Poliana de Oliveira Felipe); sandro.costa@ifmg.edu.com.br (Sandro da Costa Silva)
RAMOS, F.V. et al. Ferramentas de corte: materiais de construção (base aço rápido e carbonetos). Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 69-74, out.-nov., 2012
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Trends on Brazilian Real Estate 2012-2016 Marcelo Caus Sicoli MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), Consultor internacional Brasília, DF E-mail: contact@enterbrazil.com
SICOLI, M.C. Trends on Brazilian Real Estate 2012-2016. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 75-80, out.-nov., 2012
ABSTRACT Article based on interview for a Canadian radio in May 2012. It focuses mainly on real estate market of Brazil addressing how economic growth has been driven by trends such as the pre-salt exploration, world cup
in 2014 Olympic Games in 2016 and growth of the Brazilian middle class. Talks about real estate valuation, finance and key locations and types of investments in the segment.
Keywords: Real Estate Market; Real Estate; financing; Brazilian economy; economic trends; real estate investment; financial analysis; foreign investment; the future of the Brazilian economy; economic growth Tendências de Imóveis do Brasil 2012-2016 RESUMO Artigo baseado em entrevista concedida a rádio canadense em maio de 2012. Concentra-se principalmente no mercado imobiliário do Brasil abordando como o crescimento econômico tem sido impulsionado por tendências como: a
exploração do pré-sal, copa do mundo em 2014, jogos olímpicos em 2016 e crescimento da classe média brasileira. Fala sobre valorização de imóveis, financiamento e principais locais e modalidades de investimento no segmento.
Palavras-chave: Mercado imobiliário; Imóveis; financiamento; economia brasileira; tendências econômicas; investimento imobiliário; análise financeira; investimento estrangeiro; futuro da economia brasileira; crescimento econômico
1. INTRODUCTION
B
razil is the fifth largest country in the world in terms of territory, with almost 200 million inhabitants. Portuguese is its official language, unlike many of its neighbors, which speak Spanish. The largest cities are Sao Paulo (business capital of the country), Rio de Janeiro, Salvador (in the northeast of the country) and Brasilia (official capital). Even though those are the largest cities, good investment opportunities are not restricted to them.
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In 2010, Brazil jumped to 5th place ranking in attracting foreign investment from 2009 to 2010, or 10 positions, according to a report by UNCTAD. In the same year, the Country received U.S.$ 48.4 billion and attracted 3.9% of direct investments in the world, a figure 86.7% higher than the US$ 25.9 billion that was attracted in the previous year. Brazil only lagged behind the United States, China, Hong Kong and Belgium in the ranking of preferred destinations of the flows global foreign investment. In 2011, the country received US$66,6 billion, placing Brazil in the 4th position worldwide. In 2011, Brazil surpassed the UK, to become the world's sixth largest economy. Besides, in 2012, A.T. Kearney FDI Confidence Index ranked Brazil in the third place in terms of willingness to investment by top global executives, ahead of the USA and only behind China and India. Brazil has a woman as a President now. She is Ms. Dilma Rousseff, who replaced President Lula, who stayed in power for 8 years or two terms (2002-2010). With regards to its social classes, the class C has continued to grow in Brazil in 2011, although at a slower pace. The participation in this social stratum total population was 54% last year. In that year, class C received 2.7 million Brazilians. Today, it is estimated that 103 million people are part of this class. To belong to the class C in Brazil, an individual needs to have an monthly income of US$ 620 to US$ 2670 (exchange rate of may 2012). Today in Brazil 54% are in this middle class, 11% in upper middle class, 24% in lower middle class and 11% are considered extremely poor. When it comes to economy, the Brazilian economy is expected to grow at 4.0% a year from 2011 to 2014, from a small growth of 2.7% in 2011. Most importantly four major events and trends tend to attract huge investments and to propel its infrastructure development: 1- Pre-salt oil exploration: Brazil is a world leader of extracting oil from deep waters. Many foreign companies are willing to explore this market directly or to be a service or product provider to PETROBRAS, the largest company in Brazil. 2- Brazil has a housing deficit of 8 million residential units: In 2009, under president Lula's, a program called “My house, my life” was launched aimed at building 1 million homes for low income individuals. After 2 years, they were able to build just half of it. In 2012, president Dilma launched the sequel “My house, my life 2”, with the goal of building 2 million homes at this time. The housing deficit in Brazil nowadays is roughly 8 million units. Most of this deficit in the poorest income bracket, which includes people that make less then two minimum wages, that is US$700,00. 3- World cup of soccer in 2014. The event will be held in 12 different cities. 4- Summer Olympic games in Rio in 2016. In 2007 the Pan-American games were held in the city with great success so part of the infrastructure is already prepared. All these four events or trends will generate and demand billions of investment in transportation, sanitation, housing, stadiums, telecommunication, security and
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infrastructure in general. Airports and ports in Brazil in general are adequate to the country´s needs. There is a chance the work will not be completed on time for the events. Nowadays, the construction sector accounts for 20% of the Brazilian GDP. Inexperienced international investors tend to see Latin American countries as being the same thing. Actually, countries are very different, with different levels of social development, and with huge differences in terms of political organization and economy. Since we are talking about the Brazilian Real estate, as far as safety is concerned Brazil is a very safe country. Laws are respected (unlike events observed recently in Argentina and Bolivia). In the Real Estate market, either in the eyes of a small family who is buying its first property or through the eyes of a big corporate investor, they will deal with big companies. Usually companies with stocks in the Brazilian stock exchange, who are serious and professional. There are no hidden fees, paying off officials or any kind of bribery involved. Very important information is that historically interest rates in Brazil (for loans in general, or for remunerating the Brazilian bonds) were among the highest in the world. President Dilma, is making serious efforts to start a constant decrease in the interest rates. A lower basic interest rate will result in lower remuneration for investors in fixed income or Brazilian bonds, and also increase consumption in general (electronics cars etc) as well because it becomes cheaper to finance a house or any consumer good. Nowadays the interest rate on a loan for residential properties will range from 8% to 12%. 2. WHAT ARE THE MOST IMPORTANT TRENDS? HOW THE GOVERNMENT IS ACTING TOWARDS THIS?
P
re-salt oil exploration, millions of houses for the poor, World cup in 2014 and Olympic games in 2016 are important elements to foster development and investment.
The construction sector in Brazil, especially the one focused on the housing market has been growing constantly in the last decade. This generates an increase in prices of land. Also increase in prices of machinery and heavy machinery and inputs (concrete, material in general) which reflected in an increase of prices of houses in general of course. Due to the shortage of specialized labor in the civil construction (here including very qualified professionals like engineers and managers as well as blue collar workers) salaries in the construction industry have grown substantially. It's interesting to note, that while Brazil makes up about 40 000 engineers a year, Russia, India and China make up 190,000, 220,000 and 650,000, respectively. According to estimates by the Federal Council of Engineering Brazil has a deficit of 20 000 engineers per year. In the country's 600,000 engineers, equivalent to six workers per thousand workers. In the United States and Japan, the proportion is 25 engineers per thousand workers, according to publications from the Ministry of Education.
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In recent years one could see the IPO (Initial Public Offering) of many construction companies or companies directly linked to them like real estate companies. Nowadays in BOVESPA (the Brazilian stock exchange) there are 5 companies selling construction material, 23 in properties construction (including residential, corporate buildings and shopping malls), like Cyrela, MRV, Brmalls, Gafisa, Tecnisa, Brookfield etc and few others in construction retail, consultancy, commercial brokerage and so on. So from 2006, on these companies raised a lot of money in the stock market (through IPOs), a great part of this money coming from international investors (around 75%). These companies went to the market to buy land to build their projects and started many constructions at the same time. These companies then realized they were not capable of having so many projects simultaneously (due to lack of material, workers, management skills, etc) many buildings ended up not being delivered on time. People got mad because of these delays and even moved a few lawsuits against these firms. Finally, it's important to mention that although Brazil is facing this “so-called” real estate boom, the stocks of these companies in general were not performing well in the market. Their prices lost a lot of value recently. 3. IN CITIES LIKE SAO PAULO, RIO DE JANEIRO OR BRASILIA EVEN AN UPPER MIDDLE CLASS FAMILY IS NOT ABLE TO FINANCE MOST OF THE NEW RESIDENTIAL BUILDINGS. HOW IS THAT?
T
he housing deficit in Brazil nowadays is around 8 million units. Most of this deficit (around 90%) in the poorest income bracket (below two minimum wages). The minimum wage in Brazil R$622(equivalent to US$345)
President Dilma launched “my house, my life 2”, with the goal of building 2 million homes at this time. However, when talking about homes for the middle class the prices of houses and apartments grew a lot recently. Although, in Brasilia for example you can see an immense offer of units. There are huge neighborhoods with high buildings which were born no more than 10 years ago with hundreds of units available. Despite of that, prices still are going up. Last year (2011) Brazil had a real estate valuation on prices of 28% compared to 2010, only behind India, whose index was 35%. From 2009 to 2010 the increase on average stayed at 24%. However, the growth will be more modest in 2012.
So when thinking of Real Estate as a form of investment, it was indeed a good one. Very few financial investments (like stocks, funds, gold etc could generate this kind of return). But these huge jumps in prices are not expected to be seen this year (2012) neither in the following years. Sometimes when considering an average income of an upper middle class family and the price of some apartments in good neighborhoods in Sao Paulo, Rio de Janeiro or Brasilia, it is just impossible for them to think of buying them. So a few families find a better deal to rent apartments instead of buying. Although, recently (may 2012) the basic interest rate in the country (regulated by the Brazilian central bank) has been lowered again, making loans in general cheaper for consumers.
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In Brazil, a long-term loan for buying properties will have an interest rate ranging from 8% to 13% per year. One individual can compromise up to 30% of its income and finance the property up to 30 years. Brazilians in the last years have invested a lot in the American real estate market, especially in the State of Florida, city of Miami. Brazilians would see a price of a luxury building in Miami and compare it to options available in Brazil, to be shocked by the difference. Miami was much cheaper than most major Brazilian cities. So a few people (rich Brazilians) decided to buy a second home in Florida for leisure only. 4. IS THERE A REAL ESTATE BUBBLE IN BRAZIL? There is a big debate over this in Brazil. A few analysts believe that prices just underwent a phase of readjustment, since they stayed low for many years. The recent economic stability of the country, enabled people to make long-term plans as well as having more money available for loans, linked to an increase on the purchase power and income of families, suggests there is not a bubble. Another fact worth mentioning is that most purchases of properties in Brazil (either residential or commercial) are done by final users. Investors represent no more than 15%. Besides, when one compares the Real Estate credit as a proportion of GDP, Brazil has a still a lot of space for development. In Brazil, only an equivalent to 5% of the GDP goes to housing credit, while in countries like Mexico 11%, Chile 18,5%, UK 87% and in the USA, who has an economy 7 times larger than the Brazilian around 81%. So there is considerable room for increasing the credit in Brazil. The pessimists donâ&#x20AC;&#x2122;t believe that the bubble will burst as seen in the USA with properties losing a lot of their value (30% to 60%). However, in many regions prices are so high that regular families are not able neither to buy nor finance them as previously stated. Additionally, a regular and very conservative financial investment in Brazil, like a savings account will pay an investor free of taxes a net 0,5% per month, many apartments in major cities are not being rented by 0,5% per month of its price. So in a few cases, it's a good moment to sell properties and invest the money in something else. 5. FOR BIG FOREIGN INVESTORS, INTERESTED IN INVESTING IN THE BRAZILIAN REAL ESTATE MARKET IN BRAZIL, WHAT WOULD YOU RECOMMEND?
T
here are basically three ways:
Number one: In the stock exchange. There are around 30 stocks of construction companies or companies directly linked to them. There are other financial instruments available in the market these investments (usually acronyms CRI, FII LCIs) are tax free. Number two: Real Estate funds. Although they have existed for decades in other countries they are beginning to be known by Brazilians recently. These funds consists
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on a financial institution buying or building a building/facility/factory and renting it to a company. The rent will them be divided to the members of the fund discounting all taxes and management costs. This is a very interesting alternative for individuals of for companies. One can be part of this fund, or “quote and quote” owe a building or part of it with little capital (let's say US$1000 ) or invest even millions of dollars in this fund if he wishes. Finally, number three: more restricted to big investors, is to buy a whole building or floors on a building and then rent it. Corporate buildings in cities like Sao Paulo and Rio for example, can generate to its owners incomes of 0,5 % up to 1% per month. According to the Brazilian legislation, foreigners will have to pay 15% on its earnings. So as analysts can see in developed economies, it's not easy to have a monthly return of 0,5% let alone 1% per month in most categories of investment. The Real Estate market in Brazil is a good alternative to diversify investments with a great deal of security. HOT PLACES: Sao Paulo: Itaim Bibi, Vila Nova Conceição e Vila Olímpia Rio de janeiro: Barra da Tijuca e Recreio, Freguesia-Jacarepaguá) Brasilia: Hotels and commercial (Plano Piloto, Samambaia e Lago Norte).
Trends on Brazilian Real Estate 2012-2016 Marcelo Caus Sicoli MBA em Marketing e Bacharel em Relações Internacionais pela Universidade de Brasília (UnB), Consultor internacional Brasília, DF E-mail: contact@enterbrazil.com
SICOLI, M.C. Trends on Brazilian Real Estate 2012-2016. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 10, p. 75-80, out.-nov., 2012
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III SIMPÓSIO MINEIRO DE SAÚDE De 17 a 19 de outubro de 2012. Local: Diamantina, MG. Maiores informações em: http://www.simposiomineirodesaude.com.br/site/
11º CONGRESSO PAULISTA DE MEDICINA DO ESPORTE De 18 a 20 de outubro de 2012. Local: Ribeirão Preto, SP. Maiores informações em: http://www.congressospamde2012.com.br/
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I ERECO – ENCONTRO REGIONAL DE ECOLOGIA De 22 a 26 de outubro de 2012. Local: Centro de Biociências, UFRN, Natas, RN. Maiores informações em: http://ereconatal.wix.com/iereco#!home/mainPage
1ª CONFERÊNCIA EM SAÚDE SILVESTRE E HUMANA De 24 a 26 de outubro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.saudesilvestre.com.br/
I CONGRESSO DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA FIEP/AM 2012 De 24 a 27 de outubro de 2012. Local: Manaus, AM. Maiores informações em: http://www.fiepam.com.br
64º CBEN – CONGRESSO BRASILEIRO DE ENFERMAGEM De 29 de outubro a 01 de novembro de 2012. Local: Porto Alegre, RS. Maiores informações em: http://www.abeneventos.com.br/64cben/
XXXI CONGRESSO BRASILEIRO DE HOMEOPATIA De 13 a 17 de novembro de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.congressohomeopatia2012.com.br
10º CONGRESSO BRASILEIRO DE SAÚDE COLETIVA De 14 a 18 de novembro de 2012. Local: Porto Alegre, RS. Maiores informações em: http://http://www.saudecoletiva2012.com.br
XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOMEDICINA 2012 & I CONGRESSO INTERNACIONAL De 14 a 18 de novembro de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.abbm.org.br/index.php
CBIS 2012 - XIII CONGRESSO BRASILEIRO DE INFORMÁTICA EM SAÚDE De 19 a 23 de novembro de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://www.sbis.org.br/indexframe.html
3º CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA De 27 a 29 de novembro de 2012. Local: Campina Grande, PB. Maiores informações em: http://www.conaef.com.br
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Exatas e da Terra DESIGN ESSENCIAL 2012 De 19 de setembro a 23 de novembro de 2012. Local: São Paulo. Maiores informações em: http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=DYNAMIC,oracle.br.dataservers.Conte ntEventDataServer18,selectEvent&template=946.dwt&event=1327
52º CONGRESSO BRASILEIRO DE QUÍMICA De 14 a 18 de outubro de 2012. Local: Recife, PE. Maiores informações em: http://www.abq.org.br/cbq/
III CONGRESSO LATINO AMERICANO HABITAT POPULAR De 15 a 17 de outubro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.ippur.ufrj.br / http://www.iaen.edu.ec/wordpress/
32º ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDANTES DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO (ENEGEP) De 15 a 18 de outubro de 2012. Local: Belém, PA. Maiores informações em: http://www.eneeamb.com/
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SEMANA NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA 2012 De 15 a 21 de outubro de 2012. Maiores informações em: http://semanact.mct.gov.br/index.php/content/view/5391.html
II SEMANA ACADÊMICA DE ENGENHARIA ELÉTRICA De 22 a 26 de outubro de 2012. Local: Palmas, TO. Maiores informações em: http://www.site.uft.edu.br/index.php?option=eventos&task=mostraeventos&id_evento= 360&Itemid=315
7º ETMQ – ENCONTRO TÉCNICO DE MATERIAIS E QUÍMICA De 24 a 26 de outubro de 2012. Envio de resumos: até 02 de setembro de 2012. Local: Auditório do Centro de Gestão Tecnológica (CGTEC) da COPPE, no Centro de Tecnologia 2 (CT2) da Universidade Federal do Rio de Janeiro – RJ Maiores informações em: https://www.mar.mil.br/ipqm/v.1.0.0/paginas/ETMQ7/index.html
6º SIMPÓSIO BRASILEIRO EM QUÍMICA MEDICINAL (BRAZMEDCHEM2012 De 28 a 31 de outubro de 2012. Local: Canela, RS. Maiores informações em: http://www6.ufrgs.br/brazmedchem2012/index.php
5º CONGRESSO INTERNACIONAL DE INOVAÇÃO De 30 a 31 de outubro de 2012. Local: Porto Alegre, RS. Maiores informações em: http://www.fiergs.org.br/inovacao2012/default.asp
REUNIÃO BRASILEIRA DE CORRELAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS De 03 a 11 de novembro de 2012. Local: Corumbá, MS. Maiores informações em: http://www.cnps.embrapa.br/rcc/index.html
VIII SEMANA DE EXTENSÃO, PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO DO UNIRITTER De 05 a 09 de novembro de 2012. Local: Porto Alegre e Canoas, RS. Maiores informações em: http://www.uniritter.edu.br/eventos/sepesq/viii_sepesq/
XIV FIMAI – FEIRA INTERNACIONAL DE MEIO AMBIENTE INDUSTRIAL E SUSTENTABILIDADE De 06 a 08 de novembro de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.fimai.com.br/pages/conteudo.aspx?mn=8
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VI FECTI – FEIRA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO De 10 a 11 de novembro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.cederj.edu.br/divulgacao/fecti
IV SIMCRA – SIMPÓSIO DE CONSTRUÇÕES RURAIS E AMBIENTES PROTEGIDOS De 07 a 09 de novembro de 2012. Local: Centreinar, Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG. Maiores informações em: http://www.simcra.ufv.br/index.html
OLIMPÍADA DO CONHECIMENTO SENAI SESI De 12 a 18 de novembro de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.senaiolimpiadas.com.br/
CONVENÇÃO DE CONTABILIDADE DO ESTADO DO PIAUÍ De 22 a 24 de novembro de 2012. Local: Teresina, PI. Maiores informações em: http://www.crcpi.org.br
XV ENCONTRO DE MODELAGEM COMPUTACIONAL & III ENCONTRO DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DOS MATERIAIS De 28 a 30 de novembro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://webmail.iprj.uerj.br/xvemc/
15º CONGRESSO UNIDAS & II CONGRESSO INTERNACIONAL DE GESTÃO EM SAÚDE De 02 a 04 de dezembro de 2012. Local: Salvador, BA. Maiores informações em: pesquisaunidas2011@unidas.org.br / http://www.unidas.org.br/institucional/inst_eventos.php?indice=88&modulo=apresentac ao
SEMINÁRIO NACIONAL DO BENZENO De 05 a 06 de dezembro de 2012. Local: Brasília, DF. Maiores informações em: http://www.cni.org.br/benzeno/?__akacao=1016573&__akcnt=8c07a9fa&__akvkey=37 44&utm_source=akna&utm_medium=email&utm_campaign=Comercial%20%20SESI%20-%20Benzeno
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Sociais e Humanas XIV ENCUENTRO INTERNACIONAL HUMBOLDT - LA HORA DE LA “DESGLOBALIZACIÓN” De 15 a 19 de outubro de 2012. Local: Las Termas de Río Hondo, Santiago del Estero – Argentina Maiores informações em: http://www.encuentroshumboldt.org/
IV CONGRESSO INTERNACIONAL DO IBDFAM & IV CONGRESSO DE DIREITO DE FAMÍLIA DO MERCOSUL De 18 a 21 de outubro de 2012. Local: Gramado, RS. Maiores informações em: http://www.ibdfam2012.eventize.com.br/
I CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE PRÁTICAS CLÍNICAS - DIÁLOGO ENTRE A CLINICA E A FILOSOFIA De 24 a 26 de outubro de 2012. Local: Universidade do Estado do Rio de Janeiro UERJ Maiores informações em: http://www.ifen.com.br
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XIII ENANCIB – ENCONTRO NACIONAL DE PESQUISA EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO De 28 a 31 de outubro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.enancib2012.icict.fiocruz.br
III ENCONTRO NACIONAL DE HISTÓRIA DO PENSAMENTO GEOGRÁFICO & I ENCONTRO NACIONAL DE GEOGRAFIA HISTÓRICA De 05 a 10 de novembro de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.3hpg1gh.net/apres.html
IV ENCONTRO DE PESQUISA EM INCLUSÃO ESCOLAR & II SIMPÓSIO NACIONAL De 28 a 31 de outubro de 2012. Inscrições até 03 de agosto de 2012. Local: Universidade Federal de Sergipe em Aracaju, SE. Maiores informações em: http://www.nupieped.com.br / http://nupiepedufs.blogspot.com.br
II SIMPÓSIO NACIONAL E INTERNACIONAL DE GEOGRAFIA E RELIGIÃO Em 29 de outubro de 2012. Local: Auditório 11 UERJ, Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.simposiodonepec.blogspot.com.br/
IV SEMINÁRIO DE GEOGRAFIA, TURISMO E PATRIMÔNIO CULTURAL De 30 a 31 de outubro de 2012. Local: Auditório 11 UERJ, Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://seminariogeografiapatrimoniocultural.blogspot.com.br/
III ENCONTRO REGIONAL NORTE E NORDESTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA SOCIAL (ABRAPSO) De 01 a 03 de novembro de 2012. Local: Maceió, AL. Maiores informações em: http://www.encontro2012.nne.abrapso.org.br
XIX EMEJ – ENCONTRO MINEIRO DE EMPRESAS JUNIORES De 15 a 18 de novembro de 2012. Local: Center Convention, Uberlândia, MG Maiores informações em: http://www.emej.com.br
II SIMPÓSIO NACIONAL DE JORNALISMO CIENTÍFICO De 28 a 29 de novembro de 2012. Local: Campos dos Goytacazes, RJ Maiores informações em: http://uenf.br/eventos/simposiojc2012/
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Tema
Qual é a melhor fonte de energia para nosso futuro? Público-alvo
Envio das obras
Estudantes do ensino médio (regular, especial e integrado à educação profissional) das redes pública e privada do Brasil, orientados por professores das escolas
Os trabalhos deverão ser enviados para o e-mail cienciaparatodos@unesco.org.br e os desenhos deverão ser enviados para o endereço:
Categorias
Ciências Naturais da UNESCO SAUS Quadra 05, Bloco H, Lote 6, Ed. IBICT/UNESCO, sala 1004, CEP 70070 - 912, Brasília - DF, Brasil
Trabalho Escrito e Desenho
Prazo para envio
Cerimônia de premiação
3 de setembro de 2012
Será realizada durante as celebrações
Ficha de inscricão
do Dia Mundial da Ciência pela Paz e
As Fichas de Inscrição estão disponíveis no site do Concurso
pelo Desenvolvimento (10 de novembro)
http://eventos.unesco.org.br/diadaciencia cienciaparatodos@unesco.org.br • (061) 2106-3640 /diadaciencia
/diadaciencia
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“Nós não estamos numa época de mudanças, mas sim em uma mudança de época.” Chris Anderson
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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre