LIVRE
revista
ESPAÇO CIENTÍFICO
ISSN 2236-9538 BRASIL, N.11, DEZ.-JAN., 2012/2013
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Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra
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SUMÁRIO EDITORIAL
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ARTIGOS
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Brasília - História da Centralização da Capital do Brasil Por Jessica Aline Tardivo Interdisciplinaridade na escola: História e Literatura - diálogo possível, reflexões necessárias Por Douglas Tomácio Lopes Monteiro; Heloá de Oliveira Carneiro
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As lutas dos subalternos nas organizações populares nos anos 1950 a 1980 Por Michel Serpa Santos
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Eficiência energética: estratégia para redução de custos hospitalares Por Glícia Guiomar Santos Barbieri; Regina Célia Diniz Werner
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Promoção do uso racional de medicamentos na terceira idade Por Adriana Cristina Pavoni de Carvalho; Jaqueline Costa Lima; Juliana Mendes Pedrosa; Patrícia de Lima Lemos; Rayanne Bezerra de Oliveira; Letícia Silveira Goulart
57
Hábitos de automedicación y principales interacciones medicamentosas en una población de ancianos del estado de São Paulo, Brasil Por Alícia Greyce Turatti Pessolato; Andrielle Castilho-Fernandes; Alvaro Carlos Galdos-Riveros; Mara Villas Boas de Carvalho
63
Recensão do Artigo: O trabalho docente no ensino superior de enfermagem Por Laudinéia Maria Neves Dias
78
A cerâmica como ferramenta de corte Por Anderson Roberto Pereira; Victor Correa Viana; Vinícius Melo Cangussu; Wallace Vilas Boas; Sandro da Costa Silva
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EVENTOS ACADÊMICOS
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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO
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BRASIL, N.11, DEZ.-JAN., 2012-2013 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67
EDITORIAL Saudações... Chegamos a edição de n. 11, concluindo 2012 e começando uma nova caminhada para 2013. Em 2012, aumentamos o número de artigos publicados e o alteramos o projeto gráfico buscando sempre a construção de um periódico de qualidade e com interação com o leitor. Através da participação coletiva do leitor, composto por estudantes e profissionais de diversas formações e de todo Brasil, estamos juntos construindo um conteúdo científico que promove a pesquisa e o interesse pela ciência. Continue conosco nesta jornada... Boa leitura e boas festas. Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação independente, a sua participação e apoio são fundamentais para a continuação deste projeto. O download desta edição terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico.
A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação nacional disponível para leitura gratuita online à estudantes de escolas técnicas, graduação e profissionais de diferentes áreas.
Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científica Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.
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Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada como fonte.
Capa: Verano Costa Dutra e Imagem de Ana Batista (http://www.sxc.hu/photo/499495). As figuras utilizadas nesta edição são provenientes dos sites Stock.XCHNG (http://www.sxc.hu) e Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Oscar_Niemeyer). As figuras utilizadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. BRASIL, N.11, DEZ.-JAN., 2012-2013 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Editora da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais - Graduanda em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduanda em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO
AUTORES Adriana Cristina Pavoni de Carvalho Graduanda de Enfermagem UFMT Alícia Greyce Turatti Pessolato Enfermeira, Mestre em Ciências, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia/USP/HCFMRP Alvaro Carlos Galdos-Riveros Químico Farmacêutico, Mestre em Ciências e Doutorando em Química de Proteínas, Metabólitos e sua relação com as Ciências Morfológicas, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia /USP/Instituto Butantan Anderson Roberto Pereira Graduando em Engenharia de Produção do IFMG Andrielle Castilho-Fernandes Biomédica, Doutora em Ciências Médicas, USP/HCFMRP Douglas Tomácio Lopes Monteiro Professor nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciado em história PUC-MG; pedagogo/UEMG; especialista em docência e gestão do ensino superior/PUC-MG; pós-graduando em gestão de pessoas e projetos sociais/UNIFEI, cursou também letras, habilitação língua inglesa/UFMG, atualmente, é aluno do mestrado em educação/UFJF Glícia Guiomar Santos Barbieri Administradora, aluna do Curso de Especialização em Auditoria em Sistemas de Saúde do Centro Univ. São Camilo Heloá de Oliveira Carneiro Professora nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciada em letras/PUC-MG, atualmente estuda disciplinas no programa de mestrado em educação/UFMG Jaqueline Costa Lima Graduanda de Enfermagem UFMT Jessica Aline Tardivo Graduada em Artes Plásticas pela UNIFRAN, graduanda Arquitetura e Urbanismo pela UNICEP e Mestranda em Educação Escolar pela UNESP
Juliana Mendes Pedrosa Graduanda de Enfermagem UFMT Laudinéia Maria Neves Dias Enfermeira. Especialista em PSF, Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias em Lisboa, Portugal – ULHT Letícia Silveira Goulart Professora de Enfermagem da UFMT Mara Villas Boas de Carvalho Enfermeira. Doutora pela USP, Mestre em Educação /PUC Campinas, Enfermeira de Cuidados Paliativos e Controle da Dor, Docente do Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos/UNIFEOB Michel Serpa Santos Graduando do curso de Pedagogia da UFF Patrícia de Lima Lemos Graduanda de Enfermagem UFMT Rayanne Bezerra de Oliveira Graduanda de Enfermagem UFMT Regina Célia Diniz Werner Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professora e Orientadora do Centro Universitário São Camilo Sandro da Costa Silva Professor do IFMG Victor Correa Viana Graduando em Engenharia de Produção do IFMG Vinícius Melo Cangussu Graduando em Engenharia de Produção do IFMG Wallace Vilas Boas Graduando em Engenharia de Produção do IFMG
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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre
Por que o registro de marca é importante? Marco Antonio Moura de Araújo Especialista em Propriedade Intelectual Rio de Janeiro, RJ E-mail: marco_araujo_adv@globo.com
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egistrar uma marca no Brasil pode parecer, a princípio, para o empresário iniciante, um ato supérfluo porque, no início, ele se vê envolto em despesas para regularizar a empresa e outras tantas para colocá-la em funcionamento.
Entretanto, esse pensamento equivocado pode custar caro se não a médio, mas certamente em longo prazo, exatamente pela ausência do registro da marca. Nesse ponto, surgem imediatamente dois problemas causados pela falta do registro: o primeiro diz respeito à infração em relação à marca de terceiro já registrada ou em processo de registro. Uma vez que o titular de uma marca registrada detecta que você está usando uma marca igual ou semelhante à dele que seja capaz de causar confusão na mente do consumidor, logo ele entra em contato com você através de uma notificação extrajudicial solicitando que você cesse o uso da marca. Mas, muitas vezes, o dono da marca registrada não acredita que você é um usuário de boa-fé, ou seja, que você não teve a intenção de copiar a marca dele, e parte direto para o ajuizamento de uma ação onde o juiz pode, de imediato, determinar que você pare de usar aquela marca que você tanto gosta, que já usa a um certo tempo e com a qual você e seus produtos e/ou serviços são identificados pelo consumidor. Porém, não é só isso (como se “isso” fosse pouco)! Outras tantas vezes o juiz determina também que você indenize o titular da marca registrada pelos prejuízos que teve pelo uso indevido que você fez da marca de terceiro! Olha o tamanho da enrascada em que você se meteu! Só porque quis economizar no registro da marca que você entendia como sendo uma coisa sem importância! O segundo momento em que o registro da marca pode ocasionar prejuízo é quando você tem aquela ideia muito bacana de uma marca para divulgar seus produtos ou serviços e contrata um designer para criar a Logo. Você gosta tanto da marca que pede para ele fazer pra você todo o material de propaganda: cartazes, galhardetes, panfletos, cartões de visitas etc. O negócio está indo muito bem, obrigado! Você começa a ter um lucro melhor do que o esperado. A marca faz sucesso e você então investe na criação de um site. Tudo muito bem, mas o que você não sabe é que na surdina um certo alguém, percebendo que a sua marca faz sucesso, resolve pesquisar e descobre que a sua marca não está registrada. Esse sujeito, então, corre e registra a SUA marca! E, de uma hora para a outra, você começa a receber notificações para que pare de usar a sua marca.
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Você fica chateado, grita, xinga, arranca os cabelos mas, infelizmente tem de encarar a realidade, você não fez o “dever de casa” e vai ter de pagar pelas consequências. Se não conseguir provar que é usuário anterior vai perder a marca e amargar um prejuízo enorme! É que no Brasil o registro da marca não é concedido àquele que usa a marca em primeiro lugar, mas sim a quem pediu o registro da marca primeiro no INPI (Instituto Nacional de Propriedade Industrial) através do sistema atributivo de direito. Pode acontecer também de um esperto simplesmente perceber o sucesso que a sua marca está tendo no mercado e começar a usar uma cópia dela. Quando você perceber, ele já terá ganhado bastante às custas da sua marca. E como fazer ele cessar o uso da sua marca? Bem, se você não registrou, meu amigo, sinto muito! É quase impossível fazer ele parar sem gastar um bom dinheiro para provar que já usa a marca antes dele, o que não significa muita coisa, uma vez que no Brasil o direito sobre a marca só se adquire com o registro!
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Brasília - História da Centralização da Capital do Brasil Jessica Aline Tardivo Graduada em Artes Plásticas pela UNIFRAN, graduanda Arquitetura e Urbanismo pela UNICEP e Mestranda em Educação Escolar pela UNESP São Carlos, SP E-mail: jessicabra66@hotmail.com
TARDIVO, J.A. Brasília - História da Centralização da Capital do Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 11-20, dez.-jan. 2012/2013
RESUMO Ideia recorrente na história do Brasil, retomando ao período colonial, a interiorização da capital brasileira se deu em 21 de abril de 1960 quando Brasília foi inaugurada. A transferência da capital do país do Rio de Janeiro para Brasília levou desenvolvimento para o interior do território e concentrou o poder político longe dos centros urbanos da época. Brasília veio a ser erguida no meio do cerrado, em menos de quatro anos, durante o governo do presidente Juscelino Kubitschek de Oliveira. Para ele, foi uma decisão estratégica fugir da instabilidade política do Rio de Janeiro, onde estaria sujeito a golpes. (SANTOS, 2004)
passo no sentido de equilibrar as diferenças de um país dividido entre o litoral populoso, urbanizado e industrializado, e o interior despovoado, pobre e sem infraestrutura. O projeto urbanista com o qual se estruturou a capital federal foi de autoria de Lucio Costa e as edificações modernistas posteriormente adicionadas ao ambiente arquitetônico de Brasília são do mais notável arquiteto brasileiro, Oscar Niemeyer. (SANTOS, 2004) Nesse contexto esta pesquisa visa mostrar a história da criação da cidade de Brasília, como esta foi pensada e planejada, suas modificações ao longo do tempo, sua importância social, econômica e política para pais seguindo os seguintes pontos: plano piloto, estrutura de transporte e circulação, questão habitacional, eixo monumental e cidades-satélites. Tais pontos serão discutidos a fim de narrar a importância de Brasília como cidade moderna e capital do Brasil.
A ideia de se construir Brasília era antiga. José Bonifácio, o Patriarca da Independência, acreditava que a capital deveria ser centralizada no interior do país e foi o primeiro a sugerir o nome para a nova capital, em 1823. A primeira constituição republicana, de 1891 já previa a mudança da capital para o interior, a instalação do Distrito Federal foi o primeiro
Palavras-chave: Centralização da capital do Brasil; plano piloto; cidades satélites ABSTRACT Recurrent idea in the history of Brazil, referring to the colonial period, the internalization of the Brazilian capital was in April 21, 1960 when Brasilia was inaugurated. The transfer of the capital city of Rio de Janeiro to Brasilia led development for the inland and
concentrated political power away from the urban centers of the time. Brasilia came to be erected in the middle of the savanna, in less than four years, during the government of President Juscelino Kubitschek de Oliveira. For him, it was a strategic decision
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to flee political turmoil of Rio de Janeiro, where he was subjected to blows. (SANTOS, 2004)
The project planner with which he structured the federal capital was written by Lucio Costa and modernist buildings later added to the architectural environment of Brasilia is the most notable Brazilian architect Oscar Niemeyer. (SANTOS, 2004)
The idea was to build Brasilia old. Jose Bonifacio, the Patriarch of Independence, believed that the capital should be centralized within the country and was the first to suggest a name for the new capital in 1823. The first republican constitution of 1891 already provided for moving the capital to the interior, the installation of the Federal District was the first step in balancing the differences in a country divided between the coast populous, urbanized and industrialized, and the uninhabited interior, poor and without infrastructure.
In this context, this research aims to show the history of the creation of Brasília, as this was thought out and planned, their changes over time, its social, economic and policy for parents following the following: master plan, transportation infrastructure, and circulation, housing issue, monumental Axis and the satellite cities. These points will be discussed in order to narrate the importance of Brasilia as a modern city and capital of Brazil.
Keyword: Centralization of the capital of Brazil; master plan; satellite cites
1. INTRODUÇÃO
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entralizar a capital era um sonho antigo na história do Brasil, pois o Rio de Janeiro, cidade que se tornou capital em 1763, apresentava diversos problemas, pois era vulnerável a invasões, tinha um clima favorável a epidemias e havia sido palco de inúmeras revoltas, o que a fazia ser considerada um espaço de desordem. Todos esses fatos contribuíram decisivamente para considerar o interior do país como o lugar certo para implantação da capital deste. (SANTOS, 2004) A mudança para o interior já havia sido prevista na primeira constituição republicana em 1981, e no período de 1892 e1896, coube a comissão dirigida pó Luis Crul, diretor do observatório Astronômico, demarcar no planalto central o quadrilátero a ser ocupado pela nova capital. Mantida a menção a uma futura mudança na Constituição de 1934, também se discutiu o assunto na Constituinte de 1946, e houve até um projeto de transferência da capital para o Triângulo Mineiro. Entre 1946 e 1953 novas comissões de localização foram nomeadas, e a última, no governo Café Filho, passou a ter em sua presidência o marechal José Pessoa, responsável pelo Serviço de Documentação Aerofotográfica do Exército. Foi essa comissão que, contando entre outros com o arquiteto e urbanista Affonso Eduardo Reidy, escolheu o local onde deveria ser instalada a nova capital. (SANTOS, 2004) O projeto de construção desta só se efetivou em 1956 na presidência de Juscelino Kubitschek, o qual já afirmava em sua campanha eleitoral que iria cumprir o que era determinado pela lei constitucional. Para execução deste em 15 de março de 1956 o presidente criou a Novacap (Companhia Urbanizadora da Nova Capital), para a qual o engenheiro Israel Pinheiro foi indicado primeiro presidente, Oscar Niemeyer diretor técnico e Lucio Costa arquiteto responsável pelo urbanismo. (SANTOS, 2004) No dia 02 de outubro de 1956, em campo aberto, o presidente Kubitschek assinou o primeiro ato no local da futura capital, lançou então a seguinte proclamação: Deste planalto central desta solidão que em breve se transformará em cérebro das altas decisões nacionais, lanço os olhos mais uma vez sobre o amanhã do meu país e antevejo esta alvorada com fé
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inquebrantável e uma confiança sem limites no seu grande destino (COSTA, 2001, p. 94).
Para construir a nova capital federal foram analisados em um concurso 66 projetos para execução da cidade, e o projeto vencedor dentro dos 66 que estavam concorrendo foi o de Lucio Costa. Com a apresentação de um desenho simples que sintetizava o processo de criação da capital, um gesto de quem sinaliza um lugar, ele partiu do traçado de dois eixos cruzados e em ângulos reto, como uma cruz para criar o projeto, os dois eixos hora chamados de eixo Rodoviário e eixo Monumental. O rodoviário cortaria as áreas residências do plano piloto, seria levemente arqueado para dar a cruz a forma de um avião, nascendo assim a assa norte e asa sul. Já o eixo monumental com 16 quilômetros de extensão seria destinado às autarquias e monumentos, e foi dividido da seguinte maneira: no lado leste se colocariam os prédios públicos e palácios do governo, no centro a rodoviária e a torre de TV, e no lado oeste os prédios do governo do Distrito Federal. (SANTOS, 2004) O plano piloto de Brasília se descreve em diferentes conceitos urbanísticos, conceitos esses que promovem a discussão dessa pesquisa, e os quais são citados a seguir: Organização em dois eixos principais em que se diferenciam claramente a funcionalidade das principais zonas; Uma estrutura hierárquica e regular de vias de circulação; Predominação de zonas verdes e edifícios que não seguem a divisão tradicional de terrenos; Uma organização radial, que impera a separação entre passeios e automóveis; Uma cidade central, que prevê sua ampliação por meio de novos núcleos ou cidades satélites. No dia 21 de abril de 1960 foi inaugurada a nova capital do Brasil com uma missa que arrancou lagrimas de seus futuros moradores. O planejamento urbanístico de Lúcio Costa previa 500 mil habitantes no ano 2000, porém em janeiro deste mesmo ano, uma pesquisa do IBEGE conclui que há 2 milhões de habitantes na capital federal, quatro vezes mais que o planejado. (SANTOS, 2004) 2. DESENVOLVIMENTO 2.1. PLANO PILOTO
O
plano piloto de Brasília foi pensando com as seguintes características consideradas ideais para uma cidade: residências bem ventiladas junto às áreas verdes; separação de residências dos locais de trabalho com as indústrias excluídas do parâmetro urbano; espaço exclusivo para atividades culturais próximo às residências; e separação da circulação de veículos e pedestres (TAVARES,2008). Além disso, o plano piloto foi baseado no formato de um avião, a base da cidade como se fosse a fuselagem de um avião no centro da cidade e suas asas as partes residenciais, e Lucio Costa projetou a cidade em quatro escalas como averiguado na Figura 1.
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Figura 1: Mapa das escalas predominantes de Brasília
A escala monumental a qual tem como princípios e valores intrínsecos aqueles que caracterizam a simbologia do plano como capital e monumento estando configurada ao longo do Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti. É caracterizada pela plasticidade do conjunto arquitetônico, pelas massas edificadas em contraponto ao grandioso canteiro central gramado e livre de ocupação e pela predominância dos espaços abertos e da circulação de veículos em sistema binário de grandes proporções (TAVARES, 2008). A escala residencial concebe os setores destinados a moradia e habitação e tem como principais atributos as superquadras, acesso único de veículos, cinturão verde de emolduramento, paisagismo livre no interior, ampla acessibilidade e transparência visual entre os edifícios de habitação coletiva e, ainda, total liberdade de circulação. A escala gregária representa o centro urbano e está compreendida no entorno da interseção dos Eixos Monumental e Rodoviário. Tem como principais atributos a variedade de usos e gabaritos, a maior liberdade volumétrica possibilitada pela maior densidade de ocupação do solo, a predominância dos volumes edificados, e a presença de elementos representativos da arquitetura modernista (TAVARES,2008). A escala bucólica é a que melhor traduz o espírito da concepção urbanística de Lucio Costa, que entendia que urbanizar consistia em levar um pouco da cidade para o campo e trazer um pouco do campo para o interior da cidade, como evidenciado nos parques públicos, bosques rústicos e orla do Lago Paranoá. Seus elementos determinantes são a predominância do verde, horizontalidade da paisagem, baixas densidades de áreas edificadas, e amplitude visual (visibilidade da linha de cumeada). Não obstante, o projeto do plano piloto da nova capital do Brasil nasceu em dois eixos que se cruzavam em ângulo reto, ou seja, o sinal-da-cruz, depois foi preciso fazer a adaptação à topografia local, ao escoamento das águas, à melhor orientação, arqueando assim um dos eixos a fim de contê-lo no triângulo equilátero que define a área urbanizada, como se vê na Figura 2.
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Figura 2: Croqui de nascimento do Plano Piloto
2.2. ESTRUTURA DE TRANSPORTE E CIRCULAÇÃO
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ara estruturação das vias de transporte e circulação aplicaram-se os princípios francos da técnica rodoviária à técnica urbanística, inclusive com a eliminação dos cruzamentos, conferindo ao eixo arqueado, correlativo às vias naturais de acesso, a função circulatória tronco, com pistas centrais de velocidade e pistas laterais para o tráfego local, e dispondo ao longo desse eixo o grosso dos setores residenciais, demonstrado no croqui da Figura 3.
Figura 3: Croqui da estrutura de transporte e circulação do Plano Piloto
O cruzamento do eixo monumental, de cota inferior, com o eixo rodoviário-residencial impôs a criação de uma grande plataforma liberta do tráfego. O tráfego destinado aos demais setores prossegue, ordenado em mão única, na área térrea inferior coberta pela plataforma e entalada nos dois topos, mas aberta nas faces maiores, área onde se localizou a estação rodoviária interurbana, acessível aos passageiros pelo nível superior da plataforma. Apenas as pistas de velocidade mergulham já então subterrâneas, na parte central desse piso inferior que se espraia em declive até nivelar-se com a esplanada do setor dos ministérios (TAVARES, 2008). Com a introdução de três trevos completos em cada ramo do eixo rodoviário e outras tantas passagens de nível inferior, o tráfego de automóveis e ônibus se processa tanto na parte central quanto nos setores residenciais sem qualquer cruzamento (TAVARES, 2008), Para o tráfego de caminhões estabeleceu-se um sistema secundário autônomo com cruzamentos sinalizados e sem cruzamento ou interferência alguma com o sistema anterior, salvo acima do setor esportivo, e que acede aos edifícios do setor comercial ao nível do subsolo, contornando o centro cívico em cota inferior, com galerias de acesso previstas no terrapleno (TAVARES, 2008).
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Dessa forma, planejado como seria o tráfego de automóveis e caminhões, estabeleceram-se, tanto nos setores centrais como nos residenciais, formas autônomas para o trânsito local dos pedestres a fim de garantir-lhes o uso livre do chão. 2.3. QUESTÃO HABITACIONAL
P
ara a questão residencial encontrou-se como solução criar uma sequência de quadras dispostas em ordem dupla, de ambos os lados da faixa rodoviária, molduradas por uma cinta arborizada, afim de que em cada quadra houvesse uma espécie vegetal, como segue na Figura 4. Tal disposição apresenta a dupla vantagem de garantir a ordenação urbanística mesmo quando varie a densidade, categoria, padrão ou qualidade arquitetônica dos edifícios, e de oferecer aos moradores extensas faixas sombreadas para passeio e lazer, independentemente das áreas livres previstas no interior das próprias quadras (TAVARES, 2008). Dentro das quadras os blocos residenciais podem dispor-se da maneira mais variada, porém obedecendo a dois princípios gerais: gabarito máximo uniforme, talvez seis pavimentos e pilotis, e separação do tráfego de veículos do trânsito de pedestres, sobretudo acesso à escola primária e às comodidades existentes no interior de cada quadra (TAVARES,2008). 2.4. EIXO MONUMENTAL
A
escala monumental foi concebida por Lucio Costa para conferir à cidade nascente a marca inelutável de efetiva capital do país, formada pelo Eixo Monumental, desde a Praça dos Três Poderes até a Praça do Buriti, o qual tem sua configuração mostrada na Figura 5. Para tanto, definiram-se como recursos compositivos, a determinação precisa da implantação dos edifícios; os arranjos dos terrenos em uma série de esplanadas de amplidão e níveis diferenciados; criando lugares por meio da utilização da técnica de terraplenos; e a marcação de pontos focais com edifícios imponentes e obras de arte (TAVARES, 2008).
Figura 4: Croqui da organização habitacional do Plano Piloto
Na extremidade do Eixo Monumental distingue-se, em um primeiro plano, a Praça dos Três Poderes, onde foram situados os edifícios-sede dos Poderes da República, autônomos e em número de três, dispostos na forma elementar de um triângulo equilátero. Em seguida e em outro plano, assentou os ministérios e as autarquias, formando o centro administrativo, assinalado por edificações na forma de lâminas, distribuídas de modo uniforme e sequencial. Nesse ambiente fixouse uma praça autônoma para os ministérios militares e outra para a Catedral, e para os palácios dos ministérios das Relações Exteriores (Palácio do Itamaraty) e da Justiça (Palácio da Justiça) criou-se um caráter simbólico e diferenciado no volume e na posição.
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Ainda no mesmo terrapleno do centro administrativo e próximo a este, foram concebidos os setores culturais, e com o objetivo de estabelecer uma relação entre esses dois setores posicionou a pasta da Educação no final da sequência dos edifícios ministeriais, contíguo à Universidade e ao Hospital das Clínicas (TAVARES, 2008). Junto às intenções monumental e simbólica, a observação de Brasília, voltando-se para a Praça dos Três Poderes e a Esplanada dos Ministérios, evidencia o sentimento democrático que inspirou Lucio Costa. A forma de triângulo equilátero da Praça legitima a representatividade, a independência e a harmonia dos três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário). Já a Esplanada dos Ministérios, local das instâncias superiores dos órgãos gestores da vida pública, afirma a função cívica e administrativa da capital. A correlação hierárquica dos edifícios na Praça em si, bem como desta com a Esplanada, arremata a afirmação desse ideal. Na Praça, os três Poderes assentam-se igualmente, mas posicionado no vértice do triângulo voltado para a Esplanada encontra-se o Congresso Nacional, a casa dos representantes do povo, articulando e dominando os dois espaços nobres da cidade (TAVARES, 2008). Não obstante, tem-se o cruzamento dos Eixos Rodoviário e Monumental, que sucede os terraplenos que comportam os centros cívico e administrativo. Como solução para esse cruzamento em níveis distintos criou-se a plataforma rodoviária, que proporcionou, além da solução viária, a criação do centro de diversões da cidade. A oeste da plataforma da rodoviária tem-se a Torre de Televisão e em seguida, entre a Torre e a Praça da Municipalidade (Praça do Buriti) foi localizado o setor esportivo, de um lado o estádio tendo aos fundos o Jardim Botânico, do outro o hipódromo e contíguo, o Jardim Zoológico, constituindo duas imensas áreas verdes, simetricamente dispostas em relação ao Eixo Monumental (TAVARES, 2008). Ademais, em contraposição à Praça dos Três Poderes, a Praça da Municipalidade completa o Eixo Monumental. Para essa praça, Lucio Costa previu a instalação dos edifícios-sede do governo local: a Prefeitura, a Polícia Figura 5: Eixo Monumental Central, o Corpo de Bombeiros e a Assistência Pública. Ainda fazendo parte do setor, a penitenciária e o hospício, as garagens da viação urbana, os quartéis e, numa larga faixa transversal, o setor destinado ao armazenamento e à instalação das pequenas indústrias de interesse local. Por fim, foi instalada a Estação Ferroviária, articulada a uma rodovia destinada aos caminhões. Entretanto, tendo em vista que a posição da Estação e da rodovia para caminhões permaneceu inalterada, a extensão do Eixo Monumental foi
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substancialmente alterada. Como resultado desse deslocamento, a distância entre a Rodoviária e a Estação Ferroviária foi praticamente duplicada, ampliando o território do que então compreendia a escala monumental (TAVARES, 2008). 2.5. CIDADES SATÉLITES
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s cidades satélites do Distrito Federal (DF) que circundam o Plano Piloto formando uma complexa periferia encontram-se ao redor da cidade construída por Juscelino Kubitschek e planejada por Lucio Costa. Hoje em dia, há 30 Regiões Administrativas (RAs) criadas por lei no DF e Brasília é uma dessas regiões, sendo que nenhuma RA pode ser politicamente autônoma do DF, de acordo com a constituição, por isso elas não são e não podem ser municípios. Segundo o Censo Demográfico de 2000, feito pelo IBGE, a população de Brasília é de 198,4 mil habitantes e a do DF é de 2,05 milhões (TAVARES, 2008). Cabe aqui ressaltar que os projetos e implantação das cidades-satélites foram feitos diretamente pela Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap), a qual no inicio admitira três possibilidades com relação ao destino da população obreira que afluía para a construção da nova capital: parte dela retornaria às regiões de origem; outra seria absorvida na lavoura, em pequenas fazendas modelo, conforme convênio estabelecido com o Ministério da Agricultura e a terceira, finalmente, se destinaria a atividades terciárias na própria cidade. Entretanto, tais possibilidades não ocorreram, uma vez que poucos voltaram às regiões de origem e o programa hortigranjeiro fracassou, pois as pequenas fazendas modelo deram lugar a casas de campo para autoridades. Daí a necessidade em que se viu a Novacap, depois da inauguração, de transferir as favelas surgidas em torno dos vários canteiros de obras para núcleos improvisados na periferia urbana, núcleos estes que cresceram e se transformaram nas atuais cidades satélites (TAVARES, 2008). De qualquer forma, as cidades-satélites, que teoricamente deveriam surgir depois que o Plano Piloto estivesse todo ocupado, surgiram antes, invertendo o processo. As unidades de vizinhança do Plano perderam o ingrediente popular que deveriam ter, mas o conjunto urbano, Brasília e as cidades satélites, resultou muito mais próximo da realidade brasileira, com todas as suas discrepâncias. O convívio entre as diferentes camadas sociais transferiu-se para o centro da cidade, graças à localização da Rodoviária (TAVARES, 2008). Na Figura 6 a seguir são destacadas as 19 RAs identificadas pelo Censo Demográfico de 2000, feito pelo IBGE, sendo assim não constam as 30 regiões existentes atualmente, pois ainda não há informação atualizada sobre a localização e população das mesmas.
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Figura 6: Regiões Administrativas do Distrito Federal segundo Censo Demográfico de 2000 feito pelo IBGE
3. CONCLUSÃO
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o exposto acima sobre a trajetória entre a ideia geradora e a cidade atual com suas dezenas de cidades satélites, cabe agora buscar definir qual seria a postura mais adequada diante da Brasília de hoje e visando a Brasília de amanhã. Neste contexto, deve-se atentar para o problema da expansão do Plano Piloto, resguardando, ao mesmo tempo, sua feição original que, apesar de todas as alterações, permanece reconhecível, e tem-se também que procurar preservá-lo, não apenas porque se trata de um fato urbano inédito e representativo de um momento histórico, mas igualmente porque deu certo. Além disso, a preservação da integridade plástica do conjunto urbanísticoarquitetônico do Eixo Monumental, que deu a Brasília sua própria concepção de cidade, encerrando uma dupla dicotomia entre a imagem de civitas, a cidade simbólica da brasilidade, e a de urbs, a cidade do cotidiano, entre uma genealogia antiga e uma moderna, depende de uma postura consciente e clara por parte do poder público. Depende também da consequente utilização dos instrumentos legais existentes, como, por exemplo, o Patrimônio Histórico, para que não ocorram mais incoerências como a construção do edifício do Tribunal de Contas da União, insólita presença contígua à Praça dos Três Poderes. Já no que se refere à proposta residencial multifamiliar das superquadras, fundamental para que Brasília tenha adquirido uma identidade própria como cidade, como urbs, a preservação de suas indispensáveis características de ocupação e gabarito é muito mais vulnerável porque está sujeita às pressões do poder econômico. O número de quadras é limitado, e a demanda será necessariamente crescente, não só das camadas menos favorecidas, que representam cerca de 2/3 da população urbana, gerando grande expansão das cidades-satélites, mas também das várias gradações da classe média. A maneira que parece mais sensata e viável de lidar com este problema é a reserva de áreas contínuas, de domínio público, a serem destinadas a uma futura implantação residencial no estilo das de superquadras, capazes de absorver, por um bom período de tempo, a demanda residencial que fatalmente virá. Para concluir este trabalho, cabe retornar à feição urbana do Plano Piloto a fim de garantir que permaneçam os critérios originais que até hoje prevalecem: gabarito
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uniforme de seis pavimentos nas superquadras 100, 200 e 300, decrescente para leste e oeste, ocupação disciplinada na Esplanada dos Ministérios, arrematada de um lado pela Praça dos Três Poderes, e de outro pela Torre de TV; no centro urbano, o adensamento em altura, como se o conjunto surgisse em torno do cruzamento dos dois eixos, assegurando a continuidade da ordenação visual do Eixo Monumental através do gabarito baixo dos Setores de Diversões.
REFERÊNCIAS COSTA, Ronaldo. Brasília Kubitschek de Oliveira. Rio de Janeiro, Record. 2001. 399 p.
Carlos: EESC USP. 2008. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ 18/18142/tde-18022009-101312/>.
KUBITSCHEK, Juscelino. Por que construí Brasília. Rio de Janeiro, Bloch Editores. 1975. 370 p. LEITÃO, Francisco (org.). Brasília 1960 2010: passado, presente e futuro. Brasília, Secretaria de Estado de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente. 2009. 272 p.
TAVARES, Jeferson. Projetos para Brasília e a cultura urbanística nacional. Dissertação. São Carlos: EESC USP. 2004. Disponível em: <http://www.teses.usp.br/teses/disponiveis/ 18/18131/tde-23092008-111353/>. VASCONCELOS, Adirson. As cidades . Brasília. Ed do autor. 1988. 372 p.
SANTOS, Marcos. Brasília, o lago Paranoá e o tombamento: natureza e especulação na cidade modernista (Dissertação). São
OBSERVAÇÃO Pesquisa apresentada à disciplina Viagem Didática I do curso de Arquitetura e Urbanismo do Centro Universitário Central Paulista.
Brasília - História da Centralização da Capital do Brasil Jessica Aline Tardivo Graduada em Artes Plásticas pela UNIFRAN, graduanda Arquitetura e Urbanismo pela UNICEP e Mestranda em Educação Escolar pela UNESP. São Carlos, SP E-mail: jessicabra66@hotmail.com
TARDIVO, J.A. Brasília - História da Centralização da Capital do Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 11-20, dez.-jan., 2012/2013
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Interdisciplinaridade na escola: História e Literatura - diálogo possível, reflexões necessárias Douglas Tomácio Lopes Monteiro Professor nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciado em história (PUC-MG); pedagogo (UEMG); especialista em docência e gestão do ensino superior (PUC-MG); e pós-graduando em gestão de pessoas e projetos sociais (UNIFEI), cursou também letras, habilitação língua inglesa (UFMG), atualmente, é aluno do mestrado em educação (UFJF) Juiz de Fora, MG E-mail: dtlmeduc@gmail.com Heloá de Oliveira Carneiro Professora nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciada em letras, com habilitação em literatura e língua espanhola (PUC-MG), atualmente estuda disciplinas no programa de mestrado em educação (UFMG) Belo Horizonte, MG E-mail: heloaletras@yahoo.com.br
MONTEIRO, D.T.L.; CARNEIRO, H.O. Interdisciplinaridade na escola: História e Literatura - diálogo possível, reflexões necessárias. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), Brasil, n. 11, p. 21-26, dez.-jan., 2012/2013
RESUMO Com vistas à reflexão acerca das possibilidades advindas de uma proposta interdisciplinar efetiva entre os campos de História e Literatura, desenvolvemos este trabalho. Para tanto, como objeto de análise, adotamos o conto “Esses Lopes”, de Guimarães Rosa, com o qual dialogamos em todo o artigo. Pautados na necessidade cada vez mais crescente de uma visão holística acerca do processo educativo, buscamos salientar a
necessidade de um repensar da prática docente e, por conseguinte, dos alcances que esta obtém ao ser percebida de forma integrada e dialógica. Trata-se, em essência, de um convite à reflexão e ao diálogo entre os diversos campos de saberes, a fim de que, integrados, seja possível o contemplar de um processo ensino-aprendizagem em consonância com uma visão ampla e aprofundada do conhecimento.
Palavras-chave: História; literatura; interdisciplinaridade; prática docente
1. INTRODUÇÃO – EDUCAÇÃO: UM ESPAÇO MULTIFACETADO
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o contexto hodierno, diante de desafios cada vez mais complexos e integrados no âmbito educativo, torna-se ainda mais necessária uma concepção integradora de educação. Não se há mais espaço para um olhar simplista e demasiadamente restrito, que desconsidera o todo em suas múltiplas facetas de manifestação. Tal aspecto se faz sentir, dentre outros fatores, na abordagem dada aos
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diversos conteúdos que compõem a estrutura curricular, bem como também nos postulados oficiais que a referendam, como, por exemplo, os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs). Nesse sentido, caso se almeje uma abordagem não defasada, e em consonância com os debates atuais da educação no tocante à interdisciplinaridade, o profissional docente deve primar por um viés que integre os diversos conhecimentos, de forma a considerá-los em suas conexões e especificidades e, mais que isso, de forma a atrelálos às necessidades discentes. Neste trabalho, pretendemos elucidar possíveis caminhos rumo a essa interdisciplinaridade, ensejando mostrar, através da análise do conto “Esses Lopes”, de Guimarães Rosa, um prolífico diálogo entre as disciplinas de História e Literatura. 2. DESENVOLVIMENTO – “ESSES LOPES”: O (IR) REAL DE GUIMARÃES ROSA m “Esses Lopes”, tem-se a narração, em primeira pessoa, da personagem Flausina: mulher pobre, inicialmente analfabeta, que, embora subjugada às amarras do machismo desmedido, também vislumbra neste uma realidade distinta da vivenciada por ela. Trata-se de uma mulher que se viu presa à indesejada união com o “rompente sedutor” Zé Lopes. Ante a referida união, e aos desprazeres que esta lhe proporcionava, Flausina, tendo conquistado paulatinamente a confiança de seu então parceiro, mata-o.
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Embora os arrenegasse, torna-se amante de outros dois Lopes: Nicão e Sertório, os quais também matou. Tendo herdado todos os bens destes, incluindo filhos – reificados em posses –, já em outra condição social, casa-se com o velhoco1 Sorocabano, outro Lopes. Ao se livrar dele, por fim, desforrada, vive um amor que antes fora idealizado, quando ainda jovem. A partir desse breve resumo do conto roseano, podemos pensar no trajeto pelo qual perpassa o autor, percurso em que se mesclam elementos reais e fictícios. Evidentemente, o conto, enquanto uma obra de arte, não possui, a priori, compromisso com a realidade extra literária, isto é, limita-se à preocupação com a obra em si mesma, assinalando um caráter fictício. Contudo, analisando-a mais atentamente, percebemos que a obra nos revela fatores que permeiam o âmbito de nossa realidade, demarcando a historicidade nela presente, tais como as relações de poder, o papel assumido pela mulher na sociedade brasileira em um dado contexto, a figura masculina e a sua supremacia social, dentre outros. Observamos, então, as possíveis dimensões que um texto literário adquire, ao extrapolarmos a realidade fictícia de uma obra qualquer. Em “Esses Lopes”, no caso de uma análise que não se atente a essas possíveis dimensões, poderíamos restringir a abordagem a aspectos relacionados à forma, como, por exemplo, assinalarmos que neste conto a sintaxe se pauta na oralidade, portanto, constrói-se a partir de períodos curtos e fragmentários. No entanto, tendo em vista as possibilidades supracitadas, cabe-nos pontuar elementos outros que vão ao encontro de uma proposta mais aprofundada e integrada, visto os ganhos desta advindos.
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As expressões em itálico são referências a termos utilizados por Rosa no conto em questão.
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A fim de melhor explicitar o que acima evocamos, no que se refere à historicidade presente no conto, abordaremos um dos exemplos mencionados, qual seja: o papel de subordinação em que se encontra a mulher; neste caso nos ateremos à realidade brasileira. Desde o Brasil colônia, passando pelo Brasil império, até o contexto republicano – aqui consideramos, inclusive, os dias atuais –, historicamente à mulher é atribuído um papel inferiorizado, se comparado àquele destinado ao homem. Colocada à margem nos diversos contextos da sociedade (político, econômico, cultural etc.), a figura feminina teve de lutar por um espaço cada vez mais significativo, que a reconhecesse enquanto sujeito de direitos. Várias foram, e ainda são, as lutas nesse sentido de igualdade de gênero, que demarcaram a história de conquistas e disparidades no tocante aos anseios femininos. No conto analisado, percebemos que Flausina, em certa medida, representa essa imagem subjugada; de uma mulher que, sem muitas escolhas, luta como pode a fim de alcançar sua independência, fosse ela financeira, sentimental, ou cultural. Ao pensarmos, por exemplo, neste último aspecto, identificamos uma mulher que, não tendo acesso à escolarização e sabendo das restrições que lhe eram impostas, vê-se obrigada a burlar silenciosamente a ordem massacrante que a submetia: “Tracei as letras. Carecia de ter o bem ler e escrever, conforme escondida. Isso principiei – minha ajuda em jornais de embrulhar e mais com as crianças de escola” (ROSA, 1967:83). Para ela, se letrar seria uma outra arma rumo a tão almejada ascensão; a luta das letras era também sua luta social. Por sua vez, pensar somente na representação social da personagem Flausina e sublimar o trabalho realizado na e pela linguagem por Guimarães Rosa seria igualmente desconsiderar uma fecunda abordagem, uma vez que este autor inova ao apresentar, na esfera literária, uma construção quase que descomprometida com os rigores gramaticais e eruditismos vocabulares – traço proeminente de seu fazer literário. Dessa forma, além de protagonizar o marginal em si, dando-lhe a voz que outrora lhe fora substancialmente negada em outros movimentos literários, o autor acaba por junto a este trazer suas especificidades, dentre as quais um linguajar demarcado pela riqueza dos regionalismos: “[...] para trás, o que passei, foi arremedando e esquecendo [...] Aos pedacinhos, me alembro” (ROSA, 1967:82). Diante disso, notase, por meio da inserção de tais regionalismos utilizados por Rosa, a renovação e flexibilidade à expressão literária nacional. Outro importante aspecto a ser destacado, e que também permite um recrudescido diálogo entre as disciplinas contempladas, diz respeito à análise da figura do autor. Este, enquanto sujeito historicamente localizado, tem sua voz emanando de um lugar social repleto dos mais diversos interesses, os quais podem ser apreendidos em sua produção. Conforme postulam Flávio Berutti e Adhemar Marques: O texto literário só pode ser compreendido senão em função da posição social de quem enuncia do contexto histórico no qual ele foi escrito. O seu autor é um sujeito histórico, o indivíduo de seu tempo, que produz a sua obra em um determinado momento e lugar; logo
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seu texto é um recorte das representações de um tempo histórico e de um espaço social (BERUTTI; MARUQES. 2009:116).
Vemos, portanto, que à discussão soma-se a importância da tríade produtor, produto e contexto de produção; a qual nos fornece subsídios para uma compreensão mais ampla da obra e de suas possibilidades. Um diálogo se estabelece e, por meio dele, a interdisciplinaridade se efetiva. Se pensarmos em Guimarães Rosa, podemos, por exemplo, nos reportar às vivências do autor nas pequenas cidades interioranas de Minas Gerias, onde teria encontrado parte significativa de referentes da realidade para suas obras. Embora não fosse um marginalizado social, com estes conviveu e a estes cedeu importante espaço em suas produções, caso de Flausina. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS: DO DIÁLOGO À PRÁTICA EFETIVA
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iante do exposto até então, acreditamos serem válidas as reflexões de Caio Boschi (2007), apud Berutti e Marques (2009), o qual afirma que: A literatura auxilia o historiador a repensar e ampliar o leque de seus questionamentos sobre a realidade. Na medida em que tratam da condição humana, a ficção e a poesia são instrumentos importantes para a análise da realidade. Destaca-se ainda a relevância que as imagens têm adquirido como documento. As imagens não são retrato da realidade, mas sim representação dela. De toda forma, são sempre importante fonte informativa da época, das pessoas e das sociedades em que foram produzidas (BOSCHI, 2007:36-37).
De fato, pensar na ampliação desse leque de questionamentos acerca da realidade pressupõe a utilização de materiais diversos e dos mais variados campos do saber. Enquanto docentes de história, é necessário que repensemos a maneira com a qual lidamos (e reconhecemos) os diferentes instrumentos, dentre os quais aqueles que prefiguram o âmbito literário. Entender as convergências e conexões, bem como as singularidades, presentes no diálogo entre a história e a literatura pode ser um essencial meio na busca de um processo ensino-aprendizagem ainda mais significativo e dinâmico. Na verdade, há algum tempo, percebemos que o caminho de nosso processo educativo estabeleceuse por meio da desintegração. Do todo integrado, buscamos a fragmentação isolante. Não pretendemos com isso desconsiderar as particularidades presentes, e necessárias, em cada objeto de estudo e ensino, antes, pelo contrário, as entendemos enquanto pontos essenciais. No entanto, devemos estar cientes de que pensar em um ensino integrador e dialógico é considerar a necessidade dessa interdisciplinaridade e de uma percepção ampla acerca, por exemplo, da sociedade em que nos inserimos e dos processos que nela são engendrados. Estimular a capacidade crítica discente é também acessibilizar o uso de ferramentas que não se limitam a este ou àquele campo do saber, mas que entendam as relações estabelecidas no todo do corpus formal do conhecimento. Sob o mesmo prisma, devemos pensar acerca do professor de literatura, que, por sua vez, não deve restringir seu trabalho à linguagem, mas perceber as imbricadas relações deste com as diversas áreas do conhecimento. Para título de exemplo, analisemos o seguinte enunciado da protagonista do conto: “Me valia ter pai e mãe,
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sendo órfã de dinheiro?” (ROSA, 1967:81). Nessa indagação de Flausina, ou constatação, pois a personagem faz uma pergunta de caráter retórico, o dinheiro é personificado com o intuito apenas de embelezar o texto? No âmbito artístico, o valor estético não funciona como uma maquiagem que mascara as imperfeições, ao contrário, ele, em cada ato de leitura, se bem apreendido pelo leitor, revela a miséria da condição humana. Neste caso específico, temos a supremacia do dinheiro em relação ao ser humano. O leitor, contudo, não deve conceber Flausina com juízos pré e mal formados, aliás, toda forma de julgamento a qualquer personagem pode ser perigosa. Devemos, antes, no caso específico da sagaz Flausina – este não é um pré, nem um inadequado juízo, tendo em vista a reviravolta dada por essa mulher – indagar os motivos pelos quais ela se tornou o que nunca tinha sido. Para não nos estendermos mais em pormenores (os quais não foram mencionados aleatoriamente, uma vez que enquanto docentes somos críticos literários e historiadores que, como arqueólogos, buscam elementos que se integrem a outros para juntos formarem uma unidade coesa e coerente, o que, de certa forma, representa esta proposta), findamos essa análise, observando, então, que o valor estético é mais um aspecto que, aliado ao conteúdo, integra explícita e/ou implicitamente diversas áreas do conhecimento. O trabalho aqui proposto, referente ao conto “Esses Lopes”, mesmo que sumariamente, pode, conforme dito, revelar a importância dos estudos literários numa perspectiva histórica. O que não vale relegá-los, no entanto, a uma abordagem que preze apenas esse aspecto. Sabemos que as condições de produção de qualquer texto interferem não somente em sua estrutura relativamente estável, no que tange ao gênero textual, mas também em seus objetivos específicos, nos interlocutores, nas funções sociocomunicativas etc. No entanto, quando se trata de um texto relativo à esfera literária, cabe a nós, professores de literatura, alargarmos as fronteiras para além das análises discursiva e linguística, uma vez que este texto ultrapassa tais aspectos, abarcando assim as diversas ciências que têm o homem, e aquilo que a ele se atrela, como seu objeto de estudo. Mais uma vez, em voga está a interdisciplinaridade. Este trabalho é apenas o esboço de um caminho, dentre vários outros a serem percorridos. Intentamos demonstrar que, para além das dessemelhanças, existem pontes, muitas das vezes tão mais consistentes que as dissonâncias estabelecidas e, não raro, naturalizadas. Sabemos que um desafio, cotidianamente, nos é proposto: alargar as fronteiras existentes e assinalar as complementares e complexas conexões que permeiam o conhecimento. Embora possa demonstrar-se uma árdua tarefa, se faz necessária, à medida que este conhecimento, se desintegrado, acaba por se revelar incompleto.
REFERÊNCIAS FORTES, Rita Félix. Representação da imagem feminina e do mito da cordialidade em Guimarães Rosa: uma leitura comparativa com Borges, Flaubert, Musil, D’aurevilly e Poe. Disponível em:
BERUTTI, Flávio Costa; MARQUES, Adhemar Martins. Ensinar e aprender história. Belo Horizonte: RHJ, 2009. 187p. BOSCHI, Caio César. Por que estudar história? São Paulo: Ática, 2007. 72p.
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ROSA, João Guimarães. Tutaméia. Rio de Janeiro: José Olympio, 1967.
<http://iel.unicamp.br/revista/index.php/seta /article/viewFile/276/238>. Acesso em: 10 set. 2011.
Interdisciplinaridade na escola: História e Literatura - diálogo possível, reflexões necessárias Douglas Tomácio Lopes Monteiro Professor nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciado em história (PUC-MG); pedagogo (UEMG); especialista em docência e gestão do ensino superior (PUC-MG); e pós-graduando em gestão de pessoas e projetos sociais (UNIFEI), cursou também letras, habilitação língua inglesa (UFMG), atualmente, é aluno do mestrado em educação (UFJF). Juiz de Fora, MG E-mail: dtlmeduc@gmail.com Heloá de Oliveira Carneiro Professora nas redes pública e privada de ensino, bacharel/licenciada em letras, com habilitação em literatura e língua espanhola (PUC-MG), atualmente estuda disciplinas no programa de mestrado em educação (UFMG) Belo Horizonte, MG E-mail: heloaletras@yahoo.com.br
MONTEIRO, D.T.L.; CARNEIRO, H.O. Interdisciplinaridade na escola: História e Literatura - diálogo possível, reflexões necessárias. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), Brasil, n. 11, p. 21-26, dez.-jan., 2012/2013
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As lutas dos subalternos nas organizações populares nos anos 1950 a 1980 THE STRUGGLES OF THE WORKING CLASS IN THE POPULAR ORGANIZATIONS IN THE YEARS 1950 TO 1980 Michel Serpa Santos Graduando do curso de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense, Núcleo Estudos e Pesquisas em Filosofia Política e Educação (Nufipe), Bolsista PIBIC/CNPQ Niterói, RJ E-mail: michel.serpa@gmail.com
SANTOS, M.S. As lutas dos subalternos nas organizações populares nos anos 1950 a 1980. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 27-35, dez.-jan., 2012/2013
RESUMO O presente artigo trata de parte do projeto de pesquisa de iniciação cientifica, Pibic/UFF, inciado em agosto de 2010, que se propõe a investigar as lutas populares no período de 1950 a 1980. Partindo das perspectivas da educação popular ao longo
desses 40 anos, queremos analisar as propostas sociais e políticas de um projeto de sociedade alternativo que começou a ser elaborado no âmbito dessas experiências em contraposição ao modelo hegemônico imposto neste período.
Palavras-chave: Filosofia; política; educação popular ABSTRACT This article is a part of the research project of scientific trainee, named Pibic/UFF, initiated in August 2010, which proposes to investigate the popular struggles in the period about 1950 to 1980. From the perspective of popular education along
these 40 years, we want to examine the proposals for a social and political alternative project of society that began to be elaborated within these experiences as opposed to the hegemonic model imposed during this period.
Keywords: Philosophy; politics; popular education
1. INTRODUÇÃO
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artindo do pressuposto de que toda construção teórico-ideológica não pode ser considerada à parte de uma totalidade, que com base material e histórica da existência humana, não podemos desvincular a realidade econômica da condição de classe e da práxis político-pedagógica, podemos afirmar que há uma relação muito intima entre filosofia, política e educação, que poderá ser contrastada com o momento histórico mundial de acirramento das contradições sociais, geradas
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pelo processo de acumulação capitalista. Na verdade é Marx quem vai preconizar essa intima relação, e Gramsci partirá dela para mostrar “que filosofia e educação precisam se tornar ‘política efetiva’, práticas socializadas de novos projetos históricos, se quiserem ter sentido para as classes subalternas” (GRAMSCI, 1975, p.1066) (SEMERARO, 2004:36). Procuramos aqui investigar a intima relação entre filosofia, política e educação, na busca por aspectos que evidenciem os traços autônomos e originais de uma filosofia que se apresenta como alternativa frente às propostas educativas dominantes e ao sistema vigente de sociedade. Para isso, iremos dividir o artigo em duas partes, na primeira vamos concentrar os esforços no espaço de tempo que vai dos anos 1949 até 1964 e num segundo momento, procuraremos analisar os anos de 1964 a 1988. Pretendemos analisar os conceitos de “libertação”, “democracia” e “hegemonia” em Antonio Gramsci, verdadeiros paradigmas da filosofia da educação popular brasileira, enquanto expressam os anseios e lutas dos que buscam se libertar não apenas de uma ditadura, mas da longa história de (neo)colonialismo externo e interno. Os fundamentos e a consistência das suas formulações serão examinados na interação com o contexto histórico, na vinculação à filosofia latino-americana e no embate crítico com algumas correntes filosóficas contemporâneas. O pensamento utópico que influenciou os jovens dos anos 1949 a 1964, buscou entender a educação como um “ato político” (FREIRE, 1982:23) que, na época, eclodiu com um florescimento espantoso de práticas político-pedagógicas e de criações teóricas que tiveram no conhecimento da “libertação” a temática aglutinadora, assim, a educação popular adquiriu nas lutas pela “libertação”, progressivamente, o surgimento de novos atores sócio-políticos e de questões até então pouco consideradas, como gênero, raça, etnias, culturas, sexualidade, desejo, poder, subjetividade, ética, arte, ecologia, o que definitivamente ampliou os horizontes teóricos dos movimentos populares daquela época. 1.1. CONTEXTO HISTÓRICO-POLÍTICO DE 1949 A 1964 artindo da constituição de 1937, criadora do “Estado Novo”, e culminando no final do “pacto populista” (1945 – 1964), um período de barganha entre os trabalhadores e o Estado, o Brasil tinha como as figuras mais proeminentes de sua política Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, mas vê no rápido governo de Jânio Quadros e na confusa gestão de João Goulart (1957 a 1961) seu período de euforia econômica em que “a taxa de crescimento real foi de 7% ao ano e, aproximadamente, 4% per capita” (SKIDMORE, THOMAS, 1988. In SEMERARO, 1994:24). Porém, o Presidente Goulart não obteve o apoio das forças armadas e as “bases populares de seu governo não eram sólidas, devido ao nível cultural, ao grau de interesses e ao nível real de consciência política do povo” (ROMANELLI, 2007:53). Acrescentamos a isso o descontentamento das esquerdas por conta de sua atuação política considerada de ‘centro’ a contar do fato de que, no limiar dos anos 1960, jovens partindo da ótica das classes dominadas, envolverem-se em atividades de educação popular, na mobilização das massas e na construção de uma consciência sociopolítica, nos perguntamos: o que poderia derivar dessa efervescência que tanto incomodava o modelo sócio-político hegemônico?
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Os jovens que tinham nas práticas político-educativas seu maior espaço de expressão, no qual vinham elaborando um modelo progressista que romperia com os modelos tradicionais e ultrapassariam os horizontes da educação oficial, objetivaram através de atividades de educação popular, de mobilização das massas e da construção da
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consciência sociopolítica, criar e desenvolver “uma consciência crítica, na participação popular, na concepção de um socialismo humanista e democrático” (SEMERARO, 1994:32). Esse projeto de transformação da sociedade como um sonho possível suscitou preocupações nas classes dominantes por conta da multiplicação dos levantes por toda parte. Em 1956, surgiu o Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB) com o objetivo de “elaborar uma ideologia que sustentasse os dois grandes eixos do populismo: o nacionalismo e o desenvolvimentismo” (SEMERARO, 1994:24). Para o Instituto a condução do processo de desenvolvimento estaria nas mãos da burguesia industrial, sendo ela a única classe capaz de implementar as necessárias medidas corretivas e conduzir a nação ao “progresso”. Mas, a partir da tomada de consciência e o fortalecimento progressivo dos setores populares com intensa mobilização política de vários segmentos da sociedade civil, podemos considerar que o antídoto do populismo havia sido gerado de suas próprias entranhas, aumentando as pressões populares por maiores reivindicações sociais, elevando e acirrando o debate ideológico, fazendo crescer o pensamento marxista no meio intelectual e, “diante das rachaduras do ‘pacto populista’, da crise de hegemonia do bloco dirigente e da inconsistência dos partidos tradicionais, delineavam-se os primeiros sinais de construção de uma nova força com base nos movimentos populares” (SEMERARO, 1994:27) que de 1961 a 1963 conseguiram organizar mobilizações em quase todos os setores da sociedade. Naquele período surgiram diversos movimentos como a Juventude Universitária Católica (JUC), berço de importantes líderes do movimento estudantil e político desde aquela época, a Ação Popular (AP), o Movimento de Educação de Base (MEB), o Movimento de Sindicalização Rural, que exercia papel educativo, além da militância, e os Movimentos de Educação e Cultura Popular, que objetivaram influenciar o sistema educacional brasileiro, através da dialógica freireana, onde a preocupação com a educação era muito forte e a consciência de ser ‘colonizado’ caminhava para o enfrentamento entre aqueles que defendiam a “modernização” e o “desenvolvimento” para se integrar ao sistema e os que almejavam uma saída através do rompimento com os dominadores e a dominação exercida, construindo um caminho de “libertação” e “da criação de um projeto próprio de sociedade” (SEMERARO, 2004:37). É nessa direção que as audaciosas experiências político-pedagógicas da UNE, do MCP de Recife, do MEB, dos movimentos populares, de diversos sindicatos rurais, da JUC, da JEC, da Ação Popular (AP) etc., apontavam para uma educação que visava a conscientização política para a libertação dos subalternizados. Assim, podemos destacar os governos populistas junto ao nacionalismo como elementos históricos importantes na impressão da cena social e o significativo crescimento do medo entre os latifundiários e a burguesia industrial de uma subjacente política de massas que crescia em dimensões assustadoras no governo de João Goulart (Jango), como um fator que culminaria no golpe militar de 31 de março de 1964, onde todos foram surpreendidos pela rápida reação dos militares e o apoio de camadas da sociedade que mais adiante sofreriam em sua própria carne o apoio ao assustador e velho modelo implantado de assalto, a ditadura. 2. RESISTÊNCIA PÓS GOLPE: DE 1964 A 1988
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golpe militar foi como uma ducha de água bem fria nos movimentos populares. As atuações dos militares eram contra tudo aquilo que eles consideravam como subversivo e criminoso por um suposto patriotismo cego, beiravam um nacionalismo desenfreado. Sintetizando a época Scocuglia vai dizer que em virtude dos “protestos, passeatas, métodos ativos, professores progressistas, organização
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estudantil, repressão, Ato Institucional nº 5 (AI-5, e o artigo 477), tortura, desaparecimentos, métodos tecnicistas, autoritarismo exacerbado, delações... e tanto mais. Educação e política nunca andaram tão juntas, inseparáveis” (SCOCUGLIA, 2007:18). É bem verdade que a repressão foi a primeira medida tomada pelo governo militar, todos que eram suspeitos de ideias contrarias ao regime, foram perseguidos, presos, exilados ou mortos. Para se ter uma ideia, uma simples roda de amigos, numa esquina de uma das ruas de qualquer cidade do Brasil, era motivo suspeito para as autoridades policiais. Os números da repressão no regime autoritário são surpreendentes: “17 atos institucionais, 130 atos complementares [...], 11 decretos secretos e 2.260 decretos-lei, 80 brasileiros foram banidos do território nacional por motivos políticos e uma dezena de milhares deixaram o País em virtude de ameaças e perseguições de caráter político-ideológico, cerca de 400 pessoas foram mortas ou se encontram desaparecidas” (CUNHA, 1991:36-45). Até os dias atuais familiares dos desaparecidos procuram na justiça burguesa o direito de acesso aos arquivos militares, no objetivo de encontrar alguma notícia sobre o paradeiro de seus entes queridos, ainda o Congresso Nacional foi fechado por três vezes e os parlamentares cassados. No campo da educação, os militares procuraram atacar de forma brutal tudo aquilo que poderia parecer com a ideia “comunista”, por isso “reitores foram demitidos, programas educacionais e sistemas educativos foram atingidos” (CUNHA, 1991:3645). As únicas pessoas confiáveis, para os militares, eram eles próprios e mesmo assim existiam, dentro dos quartéis, “sessões” de monitoramento interno com objetivo de vigiar os próprios militares. Na busca pelo desenvolvimento do capitalismo moderno, programas de educação como a “cruzada ABC”, “dirigida por missionários norte-americanos”, com dinheiro dos Estados Unidos da América, procuravam substituir projetos de educação de massas. No sistema educacional, aqueles que defendiam o ensino público, gratuito e de qualidade foram substituídos, aos poucos, por aqueles que desejavam a “hegemonia” da escola privada, subsidiada com verbas do Estado. Os conselheiros do Conselho Federal de Educação que concordavam com o regime foram mantidos e tiveram seu mandato prorrogado, professores e estudantes foram expulsos das instituições em que lecionavam ou estudavam. A fúria repressiva cassou, também, funcionários do MEC, das secretarias estaduais e municipais de educação e simples professores foram demitidos quando não concordavam com a política governista. Em fevereiro de 1969 foi lançado o decreto-lei 477, segundo o qual cometeria ‘infração disciplinar’ o professor, o aluno ou o funcionário de qualquer estabelecimento de ensino, público ou privado, que praticasse atos destinados à organização de movimentos ‘subversivos’, passeatas, desfiles ou comícios não autorizados ou deles participar, bem como conduzir ou realizar, confeccionar, imprimir, ter em depósito, distribuir material ‘subversivo’ de qualquer natureza, sendo professor ou funcionário o infrator, seria demitido e proibido de ser nomeado por cinco anos, sendo estudante, acarretaria o desligamento do curso e proibido de entrar em outro por três anos. As apurações do processo de infração deveriam ser feitas por processo sumário, ou seja, um processo breve em que a sentença seria dada em, no máximo, 48 horas, até esse período o acusado teria que apresentar a sua defesa. Se o júri não fosse montado e não desse o veredicto nesse prazo, o próprio agente da repressão, que também era visado, seria expulso do estabelecimento e proibido de lecionar, tido como um professor ‘subversivo’. Somente em 1979 que o decreto-lei 477 e outras medidas repressivas foram revogados, porém, mesmo antes de baixado o A.I. 5 ou o decreto-lei
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477, todos os professores eram considerados suspeitos de ‘subversão’, tendo que apresentar um “atestado de ideologia” emitido pelo DOPS (Departamento de Ordem Política e Social). As universidades tinham assessorias de segurança e informação, professores tinham negado seus pedidos de bolsas de estudo e licenças para comparecer a congressos técnicos. Ainda não se sabe quantos professores e quantos estudantes tiveram seu trabalho ou seus estudos prejudicados pela repressão, mas sabemos que tudo isso colocou o Brasil numa ‘marcha lenta’ rumo a melhorias de ensino, pesquisa e, até mesmo, qualidade de vida da população. A apatia e o desespero foram os dois componentes mais letais que a repressão pôde trazer, porém a resistência de alguns lutadores pode trazer aos apáticos e desistentes o ânimo restaurador de suas energias, fazendo-os lutar pela democratização do ensino em nosso país. Em 1970 o governo autoritário afirmava que a economia estava indo bem, porém o que se percebia era o contrário, principalmente para a classe menos favorecida, para os críticos. No entanto, uns estavam se beneficiando da miséria de outros, então alguns argumentadores do regime procuraram explicações para a miséria e exploração do povo fora do campo econômico, e foi na educação que eles resolveram jogar toda culpa pela miséria dos brasileiros. Se o problema era porque a renda estava mal distribuída, a resposta era simples: “a renda está mal distribuída porque uns tinham mais acesso à escola do que outros” (CUNHA,1991:36-45). A educação foi posta como papel milagroso para os problemas sociais e a mídia de massa foi um dos maiores difusores dessa ideologia. O governo procurou lançar programas que contavam com apoio do rádio e da televisão, tais como o Movimento Brasileiro de Alfabetização (MoBrAl) e o Projeto Minerva, além de medidas como dobrar o tempo de escolaridade obrigatória de quatro para oito anos, porém a realidade mostrava que as condições de escolarização pioravam cada vez mais, principalmente na base escolar. Os excluídos da escola aumentaram de um milhão em 1970 a 1980 e isso demonstra que a política educacional pretendida mantinha-se cada vez mais lesiva aos interesses fundamentais do povo brasileiro. O número de iletrados diminuía a números irrisórios se comparados à quantidade de verbas dispostas a tal fim. O governo vangloriava-se de mais alunos nas escolas, porém essa escolarização demonstrou-se “insuficiente” e insatisfatória, os pedagogos e economistas da educação pareciam ignorar que o analfabetismo só foi superado pela expansão das oportunidades de ensino público e gratuito acompanhado de significativas melhorias no padrão de vida das classes populares e por meio de campanhas maciças de educação popular. O que ficou demonstrado foi a procura pela formação de uma base maciça de eleitores para a sustentação política do regime, porém o que se formavam eram eleitores para o Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e, enquanto o governo se gabava dos dados que mostravam um aumento no número de alfabetizados, “os dados estatísticos escondiam as elevadíssimas taxas de evasão e os métodos pedagógicos eram inadequados aos analfabetos visados” (CUNHA, 1991:36-45). O ensino superior de qualidade demonstrou-se cada vez mais limitado, geralmente direcionado à população rica, pois o ensino de má qualidade era ministrado em instituições particulares que eram, geralmente, mais procuradas pela parte pobre da população tendo em vista os péssimos ensinos fundamental e médio ministrados nas escolas públicas. Isso, sem contar os milhões de crianças e jovens que só tinham o primário e ficaram com um padrão de estudo baixo, não conseguindo dar continuidade em seus estudos e tornando-se, em muitos casos, mão de obra barata e qualificada.
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Tudo isso não resolvia o problema social das classes populares, que eram mantida em sua posição. Retratos desta realidade banhados a sangue, suor e lágrimas farão o grande educador Paulo Freire reconhecer “que a verdade do sistema dominante encontra-se nos horrores impostos aos países dominados. Partindo da óptica desses, por meio de uma re-elaboração contínua das suas experiências educativas” (SCOCUGLIA, 1999). 3. A MARCA POPULAR DA EDUCAÇÃO ELABORADA POR PAULO FREIRE E GRAMSCI
A
qui, trataremos breve e basicamente do desenvolvimento do pensamento singular daquele que é considerado o maior educador brasileiro, Paulo Freire. Podemos sintetizar seu pensamento como uma teia educacional “filosóficopolítico-pedagógica, na qual reinterpreta criativamente elementos da fenomenologia (FIORI, 1970:3-16), horizontes marxistas (TORRES, 2003:181–228), aspectos de um cristianismo social que fazia parte dos “pobres”, dos “colonizados”, dos índios, dos negros, das mulheres, dos “condenados da terra” uma força histórica capaz de recriar a realidade “desde el reverso” (GUTIERREZ, 1970)” (In.: SEMERARO, 2004:37). Inicialmente podemos localizar em 19581 elementos que permaneceram na concepção educativa de Paulo Freire, como a perspectiva de que o processo educativo não deveria ser realizado nem “para” nem “sobre” os educandos, mas “com” eles, conclamando-os a participarem de todo o processo pedagógico e político em que estão envolvidos. Sabemos também que daqueles anos “à primeira metade dos anos oitenta, parte significativa dos trabalhos realizados sobre a obra de Paulo Freire tem como base de referência teórica exclusiva proposições colocadas nas reflexões oriundas das primeiras experiências com a alfabetização de adultos no Brasil, entre 1961 e abril de 1964, girando em torno do que se conhece como ‘Método Paulo Freire’” (SCOCUGLIA, 1999:8). Neste período ele dedica-se à prática educativa no Movimento de Cultura Popular de Recife, inserindo-se no quadro da prática da educação popular brasileira, cuja presença dos católicos progressistas era marcante. Os ativistas cristãos animavam os movimentos de educação e cultura popular com o objetivo de educar politicamente o povo para a participação que orientasse o país a uma ampla reforma de suas velhas e injustas estruturas. Assim, o papel da educação dialógico-política seria tanto o de “catalizar” o processo de conscientização, quanto o de evitar um dos possíveis males do desenvolvimento moderno: o advento da massificação dos Seres Humanos através de uma educação mecanicista, voltada mais para o mercado do que para a emancipação humana. Ou seja, o método de Freire partindo da suposição de localizar na espécie humana uma especificidade que a distingue dos demais animais, trabalha o conceito antropológico de “cultura”. Tendo como início dois objetivos básicos: o primeiro é o de mostrar aos educandos que eles são pessoas que “fazem cultura”, valorizando a cultura popular e combatendo o discurso que os caracteriza como “incultos”; o segundo é o de fazer com que os educandos desnaturalizem sua própria existência, estranhem a si mesmos, e percebam que, como seres de cultura, podem modificar suas vidas através de uma ação político-cultural – como o próprio ato de se alfabetizar.
1
“A Educação dos Adultos e As Populações de Marginais: O Problema dos Mocambos”, relatoria da comissão integrada por Paulo Freire, e componente do Relatório Final do Seminário Regional de Educação de Adultos, preparatório ao 2º Congresso de Educação de Adultos, realizado no Rio de Janeiro.
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Na célebre obra “Pedagogia do Oprimido”, Freire está mais preocupado em diferenciar as ações dialógicas das ações manipuladoras ou de conquista, mas na prática a linha que divide uma da outra é muito tênue e praticamente invisível, “especialmente nos momentos em que a efervescência político-ideológica é acentuada (como nos anos 60). As forças políticas, precisamente por serem políticas, desejam e apostam na melhor possibilidade de “vencer”. Neste sentido, a manipulação (“das consciências”) ganha terreno”, assim “a educação deixa de ter ‘certos aspectos políticos’ para ‘ser política em sua integridade’. O autor não consegue desvencilhar o ato educativo do ato político” (SCOCUGLIA , 2001:347). Scocuglia ao analisar o pensamento de Freire descobre uma ligação com as ideias de Gramsci, para o qual a luta ideológica é tão importante quanto a do “campo da economia. Em outras palavras, as lutas no território da ‘superestrutura’ contribuem efetivamente para a construção de uma contra-hegemonia dos subalternos. Com efeito, o político italiano defende um caminho triplo para tal construção: o investimento na ‘crise de hegemonia’/’crise de autoridade’; a ‘guerra de posição’ e a ‘ação dos intelectuais’ orgânicos ou aliados dos subalternos” (SCOCUGLIA, 2001:347). A problematização através da dialógica freireana é extremamente importante para uma escola que pretende ter papel destacado na construção de uma contrahegemonia, para isso precisamos construir uma pedagogia que entre em conflito com as relações existentes que “afirme uma concepção de educação básica (fundamental e média) pública, laica, unitária, gratuita e universal, centrada na ideia de direito subjetivo de cada Ser Humano” (FRIGOTTO, 2002:26), que forme sujeitos autônomos capazes de serem seus próprios dirigentes de sua própria história, que compreendem que “não é suficiente conhecer o conjunto das relações enquanto existe em um dado momento como um dado sistema, mas importa conhecê-los geneticamente em seu movimento de formação, já que todo indivíduo não é somente a síntese das relações existentes, mas também é a história destas relações, isto é, o resumo de todo passado” (GRAMSCI. In. VENTURA, 2011). 4. CONCLUSÕES
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o iniciarmos as análises dos fatos históricos construídos pelos Movimentos Populares no período de 1949 – 1964, notamos um conjunto de iniciativas para tirar a educação da sombra e de um plano secundário. Observamos que os movimentos reivindicavam não apenas uma universalização de um direito, mas principalmente uma educação que pudesse valorizar de sua cultura e a consciência histórica de mundo e servir como instrumento para a população encontrar o seu destino. O sucesso e reconhecimento do método Paulo Freire é um pequeno exemplo, assim como movimentos iniciados e incentivados pelas organizações estudantis, pela “esquerda católica”, que apontavam para uma mudança social a ser modelada com as mãos de todos aqueles que participaram desse período de efervescência e nacionalidade Num país com as proporções do Brasil e com o contraste social causado em maior parte pela péssima distribuição de renda, alguns chegavam a pensar que poderia se delinear até uma revolução. Os setores que acreditavam nisso arregaçaram as mangas e partiram com força para cima deste ideal. Por isso, na década de 1960 vimos movimentos de educação popular surgirem e serem extintos após o golpe de 1964, que foi uma verdadeira barreira de aço, somente transposta após 30 anos de massacre aos Movimentos Populares.
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Sabemos que as mudanças são fruto de um lento processo de persuasão e catarse, e muitas vezes se apresenta com a forma preconizada pelo pensador italiano Vico, ou seja, em períodos cíclicos que evoluem, apresentando os mesmos traços de épocas anteriores. Por isso o trabalho educativo de um centro de cultura popular não pode limitar-se a simples enunciação teórica de um principio metódico claro, mas deve surgir através de uma problematização intensa da sociedade em que vivemos, partindo para a construção de um sujeito político capaz de conduzir sua própria história, não perdendo de vista toda história da qual ele faz parte. Refletindo sobre o assunto, pensamos que os traços fundamentais de um projeto político-pedagógico brasileiro, não “pode perder de vista a condição de ‘colonização’ e de ‘dominação’” (SEMERARO, 2004:38) que o capitalismo impõe na América Latina. Sabendo da necessidade de analisar com atenção o contexto histórico, “os atores, as circunstâncias, as ideologias e as forças políticas em jogo tanto no Brasil como no cenário mundial, quando se quer pensar e realizar um projeto de país voltado para a elevação social e intelectual da grande maioria da população empobrecida” (SEMERARO, 2004:38), além de “potencializar as formas de resistência e as contrapropostas que inúmeros sujeitos sociais, mesmo reprimidos e desqualificados, vêm desenvolvendo para afirmar sua liberdade e criar sua própria identidade política, construindo representações e modos de viver alternativos aos modelos que são impostos de fora e pelo alto” (SEMERARO, 2004:38). A proposta de analisar o período em pauta vai de encontro com a de recriar a democracia e um “Estado ético-político”, que possa partir da participação das classes populares organizadas na sociedade civil, preconizando uma educação que vise um projeto de socialização e democratização, onde aqueles que se compreendem como subalternos possam ter o controle dos setores estratégicos da sociedade, passando de atores passivos a atores ativos no processo de decisão dos rumos da sociedade, uma vez que “se os colonizados não se erguerem em massa, não haverá na metrópole nenhuma força organizada que defenda sua causa” (SARTRE, 1994:39. In.: SEMERARO, 2004:38).
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FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler em três artigos que se completam. São Paulo: Cortez/Associados, 1982. RIBEIRO, Marlene. Pedagogia e educação popular: o curso de pedagogia na perspectiva de um projeto de educação das camadas subalternas. In.: Revista Temas em Educação, João Pessoa, UFPB, 1995. ROMANELLI, Otaíza de Oliveria. História da educação no Brasil: 1930/1973. 32ª edição. Petrópolis, RJ: Vozes, 2007.
SEMERARO, Giovanni. A Primavera dos Anos 1960: A Geração de Betinho. Edições Loyola, 1994.
SCOCUGLIA, Afonso Celso. A história das idéias de Paulo Freire e a atual crise
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____________________. Gramsci e a Sociedade Civil: Cultura e Educação Para a Democracia. Petrópolis: Vozes, 2ª Edição, 2001.
____________________. Da Libertação à Hegemonia: Freire e Gramsci no Processo de Democratização do Brasil. In.: Revista de Sociologia e Política, nº 29, novembro de 2007, Curitiba. (pp. 95 a 105).
____________________. Linhas de Uma Filosofia Política da Educação Brasileira. In.: Revista Movimento, Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense, n. 10. Editora da UFF, setembro de 2004. (pp. 35 a 49).
VENTURA, Jaqueline P. A Trajetória Histórica da Educação de Jovens e Adultos Trabalhadores. In.:Trabalho e Educação de Jovens e Adultos. Brasília: Liberlivro, 2011.
OBSERVAÇÃO Este trabalho foi apresentado na IV Seminário Científico Internacional Teoria Política do Socialismo: Antonio Gramsci: A Periferia e os Subalternos, em Marília/SP.
As lutas dos subalternos nas organizações populares nos anos 1950 a 1980 Michel Serpa Santos Graduando do curso de Pedagogia da Universidade Federal Fluminense, Núcleo Estudos e Pesquisas em Filosofia Política e Educação (Nufipe), Bolsista PIBIC/CNPQ Niterói, RJ E-mail: michel.serpa@gmail.com
SANTOS, M.S. As lutas dos subalternos nas organizações populares nos anos 1950 a 1980. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 27-35, dez.-jan., 2012/2013
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Eficiência energética: estratégia para redução de custos hospitalares ENERGY EFFICIENCY: A STRATEGY TO REDUCE COSTS HOSPITAL Glícia Guiomar Santos Barbieri Administradora, aluna do Curso de Especialização em Auditoria em Sistemas de Saúde do Centro Universitário São Camilo, unidade Vitória Vitória, ES E-mail: glicia.barbieri@gmail.com Regina Célia Diniz Werner Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professora e Orientadora do Centro Universitário São Camilo – ES, unidade Vitória Vitória, ES E-mail: rwdiniz@terra.com.br
BARBIERI, G.G.S.; WERNER, R.C.D. Eficiência energética: estratégia para redução de custos hospitalares. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 3656, dez.-jan., 2012/2013
RESUMO A Energia Elétrica têm fundamental importância na prestação dos serviços hospitalares, pois nas instituições hospitalares as atividades são constantes e intensas 24 horas por dia, e decorrente disso as quantidades de energia elétrica gastas são expressivas, impactando seus custos. Este estudo teve como objetivo, demonstrar que a implantação de projetos de eficiência energética podem se constituir como alternativa para redução dos custos hospitalares com energia elétrica. Realizouse pesquisa bibliográfica nos periódicos nacionais, através de uma pesquisa na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Google Acadêmico, obtendo-se 15 artigos, duas monografias e um capítulo de livro que foram analisados através de leitura exploratória, seletiva, analítica e interpretativa. Inicialmente optou-se por
utilizar como material, artigos científicos por considerar a acessibilidade deste tipo de publicação. Decorrente da necessidade de aumentar o material pesquisado incluiu-se duas monografias e um capítulo do livro Conservação de Energia – Eficiência Energética de Instalações e Equipamentos, publicado em conjunto pela FUPAI e PROCEL. Conclui-se ser possível a redução de custos hospitalares com a implantação de projetos de eficiência energética, aumentando a sobrevivência e competitividade dos hospitais. Sugere-se, portanto que estudos como estes sejam produzidos, divulgados e publicados com o objetivo de demonstrar os conhecimentos ora produzidos num importante momento político, social e econômico em que vivem todos os países que discutem suas políticas de meio ambiente e de sustentabilidade.
Palavras-chave: Diagnóstico energético; eficiência energética; gestão de custos; energia elétrica; hospitais
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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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rescentes gastos, problemas de financiamentos e limitações impostas pelos usuários dos serviços hospitalares, tornou a analise dos custos na área hospitalar um tema relevante nos últimos anos. Com o mercado cada vez mais competitivo os hospitais necessitam de informações gerenciais de qualidade que venham a subsidiar a administração destas organizações na tomada de decisão (WORM; BRANDT, 2007). Por serem organizações semelhantes às outras organizações, os hospitais devem ter uma gestão profissional, visando a sua sustentabilidade, ou seja, sobrevivência em longo prazo. Necessitam se modernizar para enfrentar as dificuldades e adotar um sistema de gestão e um sistema de apuração de custos, que facilite atingir as metas propostas (WORM; BRANDT, 2007). A apuração dos custos hospitalares serve de instrumento eficaz de gestão, e o acompanhamento dos serviços e o controle destes permitem implantar ações visando um melhor desempenho, baseadas na possível redefinição das prioridades essenciais, aumento da produtividade e racionalização do uso de recursos. Ambos necessários para uma boa gestão hospitalar (WORM; BRANDT, 2007). Um hospital, onde são desenvolvidas atividades de diversos níveis de complexidade dependem do suporte do sistema de energia elétrica, que deve ser seguro e eficiente, para que os equipamentos funcionem de maneira adequada. Como funcionam durante 24 horas e dependem deste insumo, o custo com o consumo de energia elétrica é representativo em seu orçamento, sendo importante a implantação de programas de eficientização e racionalização do uso da energia (FIGUEIREDO, 2003). O setor hospitalar, que possui custos com eletricidade representados por 23,7% dos gastos com operação e manutenção, utiliza uma gama de usos finais que empregam de maneira intensiva a energia, possibilitando significativa redução no consumo, através da aplicação de projetos de eficiência energética (PEE) (DUARTE et al, 2008, p.1).
Estas organizações hospitalares apresentam oportunidade de redução de custos e de economia de energia através de um melhor gerenciamento da instalação, adoção de equipamentos tecnologicamente mais avançados e eficientes, alterações de algumas características arquitetônicas, utilização de técnicas modernas de projeto e construção, alterações dos hábitos dos usuários e de algumas rotinas de trabalho (FIGUEIREDO, 2003). Neste contexto infere-se que os projetos de eficiência energética, quando implantados, tornam-se um aliado para que essas instituições possam reduzir os seus custos e aumentar a sua competitividade.
2. OBJETIVOS
D
emonstrar que a implantação de projetos de eficiência energética podem se constituir como alternativa para redução dos custos hospitalares com energia elétrica.
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3. METODOLOGIA
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levantamento da produção científica sobre o tema auditoria energética foi realizado nos periódicos nacionais através de uma pesquisa na base de dados Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Google acadêmico. Inicialmente optou-se por utilizar como material, artigos científicos por considerar a acessibilidade deste tipo de publicação. Decorrente da necessidade de aumentar o material pesquisado incluiu-se duas monografias e um capítulo do livro Conservação de Energia – Eficiência Energética de Instalações e Equipamentos, publicado em conjunto pela FUPAI e PROCEL Utilizou-se para a busca, as seguintes palavras-chave: diagnóstico energético, eficiência energética, energia elétrica, gestão de custos e hospitais. Ao final do levantamento, obteve-se um total de 228 artigos sendo que, destes, apenas 15 foram analisados, por satisfazerem o critério de inclusão, ou seja, abordar a temática referente a diagnóstico energético como estratégia para redução de custos nos hospitais. Procedeu-se, então, à análise do material, seguindo-se as etapas: leitura exploratória, a fim de conhecer todo o material; leitura seletiva, através da qual foram selecionados os artigos pertinentes aos propósitos da pesquisa; leitura analítica dos textos, momento de apreciação e julgamento das informações, evidenciando-se os principais aspectos abordados sobre o tema. Finalmente, leitura interpretativa, onde se busca saber sobre o que o autor realmente disserta, qual informação pretende apresentar, conferindo um significado mais amplo aos resultados obtidos com a leitura analítica. [...] nesta etapa o pesquisador correlaciona afirmações do autor com os problemas que ele está investigando e para os quais está buscando soluções [...]1. 4. ESTABELECIMENTOS DE SAÚDE
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egundo Vargas Junior (2006, p.10), “os estabelecimentos de saúde podem ser divididos em clínicas, postos de saúde, prontos socorros, ambulatórios e hospitais”.
De acordo com a AMS (2002), citado por Vargas Júnior (2006), 11% de todos os estabelecimentos de saúde são hospitais, que se diferenciam dos demais pela possibilidade de oferecer leitos para internação de pacientes. O Hospital é uma prestadora de serviço, cujos serviços são: prevenir, diagnosticar e restaurar as doenças, educar e desenvolver pesquisas para a geração de saúde possui vida própria podendo ser pública ou privada e seu objetivo final é o restabelecimento da vida humana. Também é uma empresa lucrativa, mas para isso tem que ter uma boa sistemática de apuração de custos, o que a maioria não tem (BELTRAME, 2005).
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Disponível em: <http://integral.objectis.net/Leitura2/newsitem_view?month:int=6&year:int=2008>. Out. 2010.
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Um hospital é também uma unidade econômica que possui vida própria e, difere de outras empresas porque o seu objetivo básico é a prevenção, manutenção ou restabelecimento da saúde. Assim em uma organização hospitalar, o seu propósito é representado por uma série de serviços prestados a um paciente (BRITO; FERREIRA, 2006). Estes estabelecimentos de saúde, cujo desenvolvimento de suas atividades ocorre durante as 24 horas do dia, têm um grande consumo decorrente disso, de energia elétrica e térmica (COSTA, 2006). França e Soares (2008) reforçam este conceito, pois para eles o hospital é um prestador de serviço que não para, funciona 24 horas por dia e 365 dias por ano. Possuem equipamentos que dependem 100% da energia elétrica para funcionar, e exigem uma continuidade desta, sendo então importante para oferecer serviços hospitalares da melhor qualidade. Portanto o impacto da energia elétrica no custo operacional, e enfim, no resultado econômico financeiro é relevante. Neste cenário é fácil entender que qualquer redução representa economia financeira que poderá ser aplicada em maior qualidade no atendimento hospitalar (COSTA, 2006). Figueiredo (2003) concorda com esta afirmação quando relata que os complexos hospitalares apresentam oportunidade de redução de custos e de economia de energia através de um melhor gerenciamento da instalação, adoção de equipamentos tecnologicamente mais avançados e eficientes, alterações de algumas características arquitetônicas, utilização de técnicas modernas de projeto e construção, alterações dos hábitos dos usuários e de algumas rotinas de trabalho. 5. GESTÃO DE CUSTOS HOSPITALARES
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a visão de Brito e Ferreira (2006), gerir é mais amplo do que administrar, pois visa fazer acontecer conduzindo a organização a alcançar os seus objetivos.
É preciso ampliar o conhecimento visando uma gestão hospitalar baseada não apenas no desempenho passado, mas estar aberto às transformações do mercado e as novas tendências, ou seja, se antecipar às mudanças, estar voltado para a realidade e as pressões do meio que o envolve (BRITO; FERREIRA, 2006). Para estes autores a gestão de custos hospitalares tem como uma das finalidades, prover uma série de informações para o controle dos gastos internos. Como estes custos têm crescido com certa intensidade nos últimos anos torna-se importante a sua racionalização e contenção. Esta gestão torna-se relevante na área da saúde “[...] por envolver aspectos relacionados aos crescentes gastos públicos na área e a disseminação de métodos adequados de apuração e mensuração dos mesmos [...]” (WORM; BRANDT, 2007, p. 1). Embora os hospitais sejam considerados instituições humanitárias, encontram os mesmos problemas econômicos das outras empresas. Para sobreviverem em longo prazo devem adotar não só um sistema de gestão, mas um sistema de apropriação de custos que permita alcançar os objetivos traçados. Necessitam de informações gerenciais de qualidade que sirvam de subsidio na tomada de decisão e permitam que sobrevivam em um mercado cada vez mais competitivo (WORM; BRANDT, 2007).
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As organizações de saúde passam a ter necessidade de instrumentos de gestão econômica, sem os quais não conseguirão sua manutenção e sobrevivência. Sem uma cultura existente que meça custos e resultados discursar sobre eficiência é vazio. “A qualidade associada à utilização racional dos recursos deve ser o novo desafio” (DALLORA; FOSTER, 2008, p. 135). Um dos princípios básicos da economia da saúde visa adotar medidas racionalizadoras, com a redução de custos que não propicie impactos negativos nos níveis desta. Conclui-se que se deve aumentar a eficiência dos serviços, sem prejudicar a eficácia e a efetividade da saúde. É um processo desafiador que deve aliar qualidade na prestação de serviços com a escassez de recursos. (DALLORA; FOSTER, 2008). “Acrescentar o critério de eficiência não significa contrapor-se a outros objetivos sanitários e de solidariedade. Melhorar a eficiência permite alcançar maiores níveis de saúde e de solidariedade a partir de recursos determinados” (SAES apud DALLORA; FOSTER, 2008, p. 138). 6. USO INTELIGENTE DE ENERGIA
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evido ao aumento do número de estabelecimentos, decorrente de novas doenças, envelhecimento da população e ressurgimento/persistência de doenças antigas, e do avanço das tecnologias e equipamentos, a participação do setor de saúde no consumo de energia elétrica vem aumentando (VARGAS JÚNIOR, 2006). Mesmo representando uma parcela reduzida no custo total, a energia não possui outros substitutos a não ser a própria energia, e sem ela os processos não se desenvolvem. Por isso é importante buscar meios inteligentes para o uso racional desta (NOGUEIRA, 2006). Figueiredo (2003) ao dissertar sobre o perfil de consumo dos prédios de poder público, o que inclui os hospitais, conclui que os grandes responsáveis pelo consumo de energia elétrica são climatização (ar condicionado) e iluminação. Percebe também que deve haver uma parcela referente aos inúmeros equipamentos dos médicos, mas conclui que não são maiores do que os dois citados anteriormente. Reforçando esta linha de raciocínio Jannuzzi (2006), concorda que um dos grandes responsáveis pelo consumo de energia elétrica em instalações elétricas hospitalares tem sido a iluminação elétrica. De acordo com Vargas Júnior (2006) o principal insumo energético utilizado nos hospitais é a energia elétrica, cuja participação no consumo de energia limita-se entre 50 a 100%. Esta é utilizada pelo setor hospitalar principalmente nos sistemas de iluminação, ar condicionado, equipamentos médicos, bombeamento e aquecimento de água. Após o racionamento de energia ocorrido no Brasil em 2001, alguns programas de reeducação do uso de energia elétrica através da racionalização e conservação vêm sendo incentivado. Estas ações visam diminuir os investimentos no setor elétrico, sem comprometer a sua confiabilidade, e também reduzir as despesas dos consumidores com este insumo (COSTA, 2006). Conservar energia, ou seja, gastar com eficiência, não é só importante por reduzir
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custos, mas também para garantir reservas para aqueles que no futuro continuarão precisando dela, já que o gasto para economizar 1 kW é menor do que o gasto para gerá-lo, além de ajudar na questão ambiental (VARGAS JÚNIOR, 2006). Os recursos energéticos vêm se tornando escassos no contexto atual vivido pela sociedade, surgem então tecnologias alternativas para auxiliar a suprir esse consumo energético, principalmente de maneira ecológica. Decorrente disto passou-se a dar enfoque em âmbito mundial para buscar novas soluções visando diminuir o desperdício, a poluição do meio-ambiente, e gastos em termos financeiros (COSTA, 2006). Estudos realizados pelo Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL) sinalizam que o consumo com energia elétrica pode ser reduzido no mínimo em 20% se for utilizado tecnologia mais eficiente e ocorrer mudanças na cultura do desperdício de energia. As principais oportunidades de economia de energia elétrica são as melhorias em procedimentos operacionais, dimensionamento dos sistemas, troca dos equipamentos obsoletos e uso das tecnologias eficientes (COSTA, 2006). 7. EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
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o setor hospitalar, onde custos com eletricidade representam 23,7% dos gastos com operação e manutenção, por utilizar de maneira intensiva a energia, aplicar projetos de eficiência energética possibilita redução no seu consumo (DUARTE et al, 2008). Segundo Nogueira (2006, p. 129) “a rigor, promover a eficiência energética é essencialmente utilizar o conhecimento de forma aplicada, empregando os conceitos da engenharia, da economia e da administração aos sistemas energéticos”. Considera como argumento equivocado relacionar o aumento da eficiência energética a um custo muito elevado e de retorno difícil. Dois pontos são importantes na sua visão “[...] não existe ação sensata para o uso racional de energia que não tenha economicidade” e “[...] economizar energia não é sovinice, mas inteligência” (NOGUEIRA, 2006, p.145). Conservar energia elétrica não é racionamento; não implica em perda de qualidade de vida conforto, segurança e não compromete a produtividade ou desempenho da produção. Ao contrário, a conservação de energia elétrica permite continuar a oferecer os serviços necessários utilizando-se uma quantidade menor de energia elétrica (JANNUZZI; SWISHER, 1997, apud VARGAS JÚNIOR, 2006, p. 21).
Oliveira (2006) defende que eficiência energética é reduzir o desperdício e as perdas de energia sem reduzir o fornecimento de energia. A gestão energética compreende um conjunto de medidas e práticas que potencializam a eficiência da utilização da energia. Aumentar esta eficiência energética resulta em produzir mais com menos (MOREIRA; DIPP; KAEHLER, 2002). A eficiência energética abrange o conjunto de ações de racionalização, que levam à redução do consumo de energia, sem perda na quantidade ou qualidade dos bens e serviços produzidos, ou no conforto disponibilizado pelos sistemas energéticos utilizados (GODOI; OLIVEIRA JÚNIOR, 2009).
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Na opinião da empresa distribuidora de energia elétrica de Minas Gerais, Companhia Energética de Minas Gerais (CEMIG, 2003) citado por Sampaio (2005), deve-se implementar o uso eficiente e a conservação de energia em todo tipo de unidade consumidora, compreendendo desde residências e pequenos consumidores até grandes consumidores onde a redução no consumo constitui uma importante economia. Os benefícios para as instituições decorrente da implantação de ações corretivas são vários, iniciando com a redução das despesas das contas de energia, diminuição das manutenções corretivas, melhora significativa da especificação e consequente compra de equipamentos, tornando-os mais adequados ao trabalho a que se propõem (FIGUEIREDO, 2003). Combater o desperdício de energia elétrica é vantajoso para os usuários, que educados refletem estas atitudes em suas residências, para a instituição e também para o país, que terá seus recursos naturais melhor aproveitados. É preciso envolver todas as pessoas da instituição, não só a parte técnica, convencendo-as da veracidade e eficácia das ações a serem praticadas, visando alcançar um melhor resultado (FIGUEIREDO, 2003). O envolvimento de todo o corpo funcional garante o sucesso do programa de eficiência na sua implantação. Todos devem entender que o sistema elétrico é um recurso vital para o bom desenvolvimento das atividades no hospital, e como tal deve ser bem cuidado, sofrer manutenções e atualizações periódicas. Existem três maneiras básicas de usar a energia eficientemente: hábitos inteligentes, equipamentos eficientes e projetos inteligentes. “Eficiência só se consegue com trabalho conjunto entre as diversas áreas, agregando informação clara e objetiva das metas e benefícios alcançados” (FIGUEIREDO, 2003, p.20). É preciso, talvez, humildade para reconhecer que promover a eficiência energética é um processo, uma postura sujeita a recaídas e nunca uma conversão milagrosa ou uma rápida vitória. Esta luta apenas se inicia com a Auditoria Energética, mas como diziam os antigos, o início é metade da façanha (NOGUEIRA, 2006, p.146).
8. PROGRAMAS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
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uando a organização almeja reduzir os custos com energia, a primeira alternativa ou ação que esta deve buscar é implantar um programa de gestão energética. Esta implantação requer mudanças nos processos, nos hábitos e rotinas de trabalho, o que na maioria das vezes torna-se um obstáculo difícil de ser superado (ELETROBRÁS/PROCEL; EFFICIENTIA/FUPAI, 2005). Existem no Brasil, advindos do apoio e/ou incentivo do Ministério de Minas e Energia, alguns instrumentos que visam à promoção da eficiência energética e conservação de energia, tanto do ponto de vista de leis e decretos, quanto de programas (SOUZA et al, 2009). As leis que tratam especificamente de programas de eficiência energética, foram homologadas em 24 de julho de 2000 (Lei n.º 9.991), e em 17 de outubro de 2001 (Lei n.º 10.2952). A Lei n.º 9.991 foi regulamentada pelo Decreto n.º 3.897, criando o fundo setorial de energia - CT-ENERG que além de disponibilizar recursos legais para 2
Regulamentada pelo Decreto n° 4.059, de 19 de dezembro de 2001.
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aplicação em pesquisa e desenvolvimento, também os distribui para programas de eficiência energética (GODOI; OLIVEIRA JÚNIOR, 2009). De acordo com o disposto nesta Lei, Souza et al (2009) afirmam que as Empresas concessionárias ou permissionárias de distribuição de energia elétrica, devem aplicar um percentual mínimo da Receita Operacional Líquida (ROL) em Programas de Eficiência Energética (PEE), segundo as diretrizes da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL ). O objetivo desses programas é demonstrar à sociedade a importância e a viabilidade econômica de ações de combate ao desperdício de energia elétrica e de melhoria da eficiência energética de equipamentos, processos e usos finais de energia. Para isso, buscase maximizar os benefícios públicos da energia economizada e da demanda evitada no âmbito desses programas. Busca-se, enfim, a transformação do mercado de energia elétrica, estimulando o desenvolvimento de novas tecnologias e a criação de hábitos racionais de uso da energia elétrica (SOUZA et al, 2009, p.11).
Em 28 de março de 2007, a Lei n.º 11.465, alterou os incisos I e III do caput do art. 1º da Lei 9.991, de 24 de julho de 2000, para: [...] Art. 1º. As concessionárias e permissionárias de serviços públicos de distribuição de energia elétrica ficam obrigadas a aplicar, anualmente, o montante de, no mínimo, setenta e cinco centésimos por cento de sua receita operacional líquida em pesquisa e desenvolvimento do setor elétrico e, no mínimo, vinte e cinco centésimos por cento em programas de eficiência energética no uso final, observado o seguinte: I - até 31 de dezembro de 2010, os percentuais mínimos definidos no caput deste artigo serão de 0,50% ([cinquenta] centésimos por cento), tanto para pesquisa e desenvolvimento como para programas de eficiência energética na oferta e no uso final da energia; [...] (SOUZA et al, 2009, p.7)
A Lei n° 10.295, de 17 de outubro de 2001, conhecida como a Lei de Eficiência Energética, “estabelece o processo para a adoção de níveis máximos de consumo específico de energia, ou mínimos de eficiência energética, de máquinas e aparelhos consumidores de energia fabricados ou comercializados no País” (SOUZA et al, 2009, p. 11). Na visão de Geller (2003) citado por Vargas Júnior (2006), o Governo Federal é um dos agentes mais importantes no incentivo a projetos que visam à conservação de energia elétrica. Instituiu em 1985 o Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica (PROCEL), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia e implementado pela Eletrobrás. Em 18 de julho de 1991, o PROCEL foi transformado em Programa de Governo, tendo suas abrangência e responsabilidades ampliadas. Somente em 1995, foi criado um núcleo específico para prédios do poder público e em 2003 implantado uma espécie de subnúcleo chamado de PROCEL Hospitalar, que visava implementar projetos de eficiência em hospitais. O Programa de Eficiência Energética visa otimizar a utilização de energia elétrica através de orientações, direcionamento, ações e controles sobre recursos humanos, materiais e econômicos, reduzindo os índices globais e específicos da quantidade de energia
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elétrica necessária para a obtenção do mesmo resultado ou produto (OLIVEIRA, 2006, p.11).
Este Programa utiliza recursos da Eletrobrás e da Reserva Global de Reversão (RGR) fundo federal constituído com recursos das concessionárias, proporcionais ao investimento de cada uma, e de entidades internacionais (SOUZA et al, 2009). Em 12 de fevereiro de 2008 a Resolução Normativa nº 300, aprovou o aperfeiçoamento do Manual para Elaboração do Programa de Eficiência Energética (ANEEL, 2008) guia de procedimentos para elaboração e execução de projetos de eficiência energética regulados pela ANEEL dirigido às Empresas3. Este Manual (ANEEL, 2008) apresenta a tipologia dos projetos que podem ser realizados com recursos do PEE, a saber: Projetos Educacionais - dirigido à formação do público escolar e comunidades constituídas de consumidores de baixo poder aquisitivo. Gestão Energética - destinados a melhorar a gestão energética na administração pública federal, estadual e municipal. Comércio e Serviços - realizados em instalações comerciais e no setor de serviços. Industrial - realizados em instalações industriais. Atendimento a Comunidades de Baixo Poder Aquisitivo - dirigidos a comunidades constituídas de unidades consumidoras de baixo poder aquisitivo. Poder Público - realizados em instalações de responsabilidade de pessoa jurídica de direito público. Residencial - realizado em unidade consumidora residencial, com ações de combate ao desperdício de energia elétrica e eficientização de equipamentos. Rural - realizados em unidade consumidora localizada em área rural e com atividades rurais, que atue sobre os processos e métodos de produção rural, como substituição de bombas e motores por equipamentos de maior rendimento e eficiência energética. Serviço Público - realizados em instalações de serviço público, visando à melhoria da eficiência energética de sistemas de abastecimento de água, esgotamento sanitário, tração elétrica e demais serviços públicos. Projetos pelo Lado da Oferta - Somente poderão ser incluídos projetos destinados à melhoria do fator de carga do sistema elétrico por meio de: Redução e/ou deslocamento da demanda de ponta e introdução de novas modalidades tarifárias que estimulem a mudança de hábito do consumidor. Projeto Piloto - Projeto promissor, inédito ou inovador, incluindo pioneirismo tecnológico e buscando experiência para ampliar, posteriormente, sua escala de 3
Disponível em: <http://pessoal.utfpr.edu.br/sola/arquivos/GuiaGesta20Energetica.pdf>. Set. 2010.
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execução. Não deverão ser incluídos custos relativos à pesquisa e/ou desenvolvimento tecnológico. Projeto Prioritário - Projeto de grande relevância e abrangência, concebido no âmbito de uma política nacional de eficiência energética, tais como: substituição de geladeiras em grande escala, iluminação pública, substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares, eficientização de sistemas de abastecimento público de água e de irrigação. Projeto Cooperativo - desenvolvido de forma cooperativa, por duas ou mais Empresas, buscando economias de escala, complementaridade de competências, aplicação das melhores práticas e a produtividade e qualidade dos projetos realizados. 9. COMISSÃO INTERNA DE CONSERVAÇÃO DE ENERGIA4
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ara implantar um programa de gestão energética nas empresas, inicialmente deverá ser constituída uma Comissão Interna, que estabelecerá os principais usos da energia nas instalações desta, visando definir o programa de treinamento mais adequado. É preciso criar uma comissão especial, que deve ser composta por colaboradores de diferentes áreas da própria instituição promovendo intercâmbio entre eles e também entre as áreas, intitulada Comissão Interna de Racionalização do uso da Energia (CIRE), que tenha como objetivo maior a coordenação do programa de uso eficiente (FIGUEIREDO, 2003). Já Oliveira (2006) a intitula como Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE) citando que foram instituídas na administração pública federal pelo Decreto nº 99.656 de 26/10/90. O objetivo destas é propor, estabelecer e acompanhar medidas que resultem na utilização racional de energia elétrica, bem como, controlar e divulgar as informações mais relevantes. A forma como foi concebida aplica-se a toda instalação, seja ela do setor privado, federal, estadual e municipal. Mesmo sendo referenciadas por títulos diferentes, estas devem se empenhar constantemente em cumprir as metas estabelecidas, bem como as exigências e determinações dos órgãos governamentais no que se refere ao uso da energia elétrica (FIGUEIREDO, 2003). As principais atribuições desta comissão são: analisar as potencialidades de redução de consumo de energia e, em função desta análise, estabelecer metas de redução; gerenciar as contas de energia elétrica e seus aspectos técnicos; acompanhar e divulgar os resultados obtidos em relação às metas propostas; orientar e subsidiar as comissões de licitações para aquisição de equipamentos eficientes e conscientizar e motivar os funcionários (FIGUEIREDO, 2003, p.16). Por ter sido instituída e regulamentada através de Decreto, será adotada neste artigo a nomenclatura Comissão Interna de Conservação de Energia (CICE). Ela deverá estar 4
Disponível em: <http://pessoal.utfpr.edu.br/sola/arquivos/GuiaGestaoEnergetica.pdf>. Set. 2010.
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ligada diretamente à direção da empresa, levando em conta o propósito e a abrangência dos serviços que realizará. Deverá elaborar um plano de trabalho, com a descrição dos objetivos, metas, cronogramas de execução e estratégia de ação. Isto é importante, pois deve ser proativa. Uma das primeiras atribuições da CICE é realizar ou contratar um diagnóstico energético, que permitirá conhecer o desempenho energético da instituição. 10. AUDITORIA ENERGÉTICA OU DIAGNÓSTICO ENERGÉTICO importante o aporte de conhecimento no que se refere ao termo auditoria energética. Considerar a análise sob a ótica do senso comum promove o entendimento deste como sendo “a análise sistemática dos fluxos de energia em um sistema particular, buscando discriminar as perdas e orientar um programa de uso racional de insumos energéticos” (NOGUEIRA, 2006, p.130).
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Esta compreensão do início dos anos 1980 demonstra que as “auditorias energéticas difundiram-se sobretudo aplicadas a contextos industriais e tendo como estímulo básico o contexto de custos energéticos crescentes” (NOGUEIRA, 2006, p.130). Percebe-se então que por uma questão de terminologia, diagnóstico é um estudo superficial enquanto auditoria trata-se de um estudo minucioso. Da etimologia vem que, como a raiz latina de auditoria, auditio, é a mesma de auditório, audição e audiência, há uma imediata vinculação com o ato passivo de ouvir. Junto com a auditoria energética, outros termos têm sido empregados com o mesmo objetivo, como “análise energética” e “diagnóstico energético”, algumas vezes causando equívocos, já que o estudo das perdas na cadeia de transformações energéticas pode ser desenvolvido com variado grau de desagregação. Além disso, a prática foi cunhando alguns termos de forma bem delimitada, e assim, em certos contextos, “diagnóstico” refere-se a um estudo superficial, enquanto “auditoria” seria um estudo minucioso. A rigor, deveria ser adotada a terminologia definida internacionalmente [...] (NOGUEIRA, 2006, p.130).
Sendo assim, evita-se a utilização do termo auditoria adotando-se então diagnostico em função da conotação fiscalizadora e punitiva (NOGUEIRA, 2006). Para estabelecer as prioridades, implantar os projetos de melhoria e de redução de perdas e acompanhar seus resultados é preciso conhecer, diagnosticar a realidade energética. As etapas de um programa de uso racional de energia dividem-se em identificar, quantificar, modificar e acompanhar. Isto é válido para instalações novas (caráter preventivo) ou instalações existentes (caráter corretivo). Destas quatro etapas, a auditoria atende as duas primeiras. Ao realizá-la pretende-se responder questões importantes: Quanta energia está sendo consumida, quem está consumindo energia e como se está consumindo energia, com qual eficiência? (NOGUEIRA, 2006). [...] As auditorias energéticas constituem um instrumento essencial de diagnóstico, preliminar básico para obter as informações requeridas para a formulação e acompanhamento deste Programa de redução de desperdícios de energia (NOGUEIRA, 2006, p.134).
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Duarte et al. (2008) disserta ser primordial realizar diagnóstico energético, sendo este aplicado a todos os usos finais (sistema composto por equipamentos que consomem energia elétrica), presentes na instalação hospitalar. Neste diagnóstico é feito um levantamento minucioso dos equipamentos que utilizam energia elétrica, programas de manutenção, eficiência energética, processos utilizados, detectando desperdícios e propondo mudanças, substituições, entre outros, visando à redução do consumo. De acordo com este autor, a auditoria energética é um elemento essencial para conscientizar, esclarecer e envolver os colaboradores de uma empresa com o uso racional da energia. A necessidade de auditoria energética em grandes prédios se faz necessária para detectar possíveis índices de desperdício e perdas para assim buscar meios a remediar tais situações e ainda implantar um plano de conscientização quanto ao uso racional da energia (OLIVEIRA, 2006, p. 1). O diagnóstico energético deve ser realizado por um profissional ou por uma empresa especializada em uso eficiente de energia. Deve contemplar a avaliação de todos os sistemas consumidores de energia existentes em uma unidade consumidora, observando as condições de operação, a fim de identificar pontos de desperdício de energia e consequentemente a sua racionalização, devendo orientar a implementação das medidas de eficientização (KRAUSE apud OLIVEIRA, 2006; DUARTE et al, 2008; MOREIRA, DIPP; KAEHLER, 2002). 11. PROJETOS DE EFICIÊNCIA ENERGÉTICA (PEE)
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esde a sua criação diversas instituições tem se beneficiado com a implantação dos projetos de eficiência energética, alcançando resultados significativos. No intuito de confirmar o que foi demonstrado na revisão bibliográfica deste estudo detalham-se os resultados alcançados por várias instituições hospitalares, localizadas em diferentes regiões do Brasil. Inicialmente apresenta-se a experiência realizada no Hospital Universitário de Mato Grosso do Sul5 que foi inaugurado em 1970 e está localizado no campus da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul no município de Campo Grande. Possui área total de 36.000 m², sendo que a área construída é de 28.300 m², com uma estrutura composta por 76 consultórios, 9 centros cirúrgicos, 296 leitos, centro obstétrico com 4 salas e 1.106 funcionários. É alimentado por uma rede de energia elétrica em alta tensão (13,8 kV) da concessionária Empresa de Energia Elétrica de Mato Grosso do Sul (ENERSUL) e sua medição de energia é realizada em alta tensão. A classe de tarifação contratada junto à concessionária é a de tarifação horo–sazonal azul e classe de tensão A4. A demanda contratada de ponta é da ordem de 550 kW, e fora de ponta é da ordem de 1.000 kW, o consumo médio é de 27.391 kWh no horário de ponta e de 286.920 kWh no horário fora de ponta. Foram realizados cinco estudos de eficientização energética no Hospital Universitário: Projeto Microturgn - Valor do Projeto: R$ 800.000,00; 5
Disponível em: <http://www.cice.ufms.br/hu.html>. Set.2010.
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Projeto Enersul - análises preliminares indicaram um potencial de economia de energia no sistema de condicionamento de ar, de aproximadamente 37%, com a redução do consumo de energia elétrica em 34.734 kWh/mês, proporcionando uma economia aproximada de R$ 12.222,66 na fatura de energia atual, e um retorno financeiro de 53 meses. Valor do projeto: R$ 800.448,40; Programa Eletrosul Procel Hospitalar - O Hospital Universitário de Campo Grande foi contemplado após levantamento realizado na instituição em outubro de 2004, quando se constatou a necessidade da implantação de um programa de conservação de energia elétrica. Os dois maiores percentuais de consumo eram o sistema de iluminação precário, representando 13% do consumo, seguido do sistema de condicionamento de ar que representava 33% do total. O convênio firmado entre a Eletrosul e o Hospital terá duração de cinco anos e outras medidas devem ser adotadas, nesse período, buscando o máximo de eficiência energética. Entre os hospitais públicos já atendidos pelo Procel, através da Eletrosul, o HU recebeu o maior volume de recursos até o momento, na ordem de R$ 870,4 mil; Grupo Gerador Diesel - implantação de um grupo gerador diesel para atendimento de consumo no horário de ponta. A operação do grupo gerador diesel se dará junto com a mudança do contrato de tarifação, de horo–sazonal azul para horo–sazonal verde. Valor do projeto: R$ 852.320,00; Caldeira à Vapor - A finalidade da caldeira é fornecer vapor d’água ao Hospital, cujo atendimento é dividido em: lavanderia (70% da produção), nutrição (20% da produção) e esterilização (10% da produção). Potência gerada mensalmente por cada método de eficientização implantado no HU. Projeto Microturgn (julho/2008) 6.000 kWh/mês Projeto Enersul (setembro/2007) 49.011 kWh/mês Programa Eletrosul Procel Hospitalar 75.863 kWh/mês Grupo Gerador Diesel (em estudo) 27.291 kWh/mês Quadro 1 – Potência Gerada Mensalmente
Com a implantação dos sistemas de eficientização energética, foi possível gerar uma economia considerável dada pela soma de todos os sistemas citados. A seguir temos um resumo da economia gerada por cada um deles bem como o total obtido. Economia em R$ proporcionada por cada método de eficientização implantado no HU Projeto Microturgn (julho/2008) R$ 221,78 Projeto Enersul (setembro/2007) R$ 17.245,00 Programa Eletrosul Procel Hospitalar R$ 27.376,00 Grupo Gerador Diesel (em estudo) R$ 33.720,00 Caldeira à Vapor (operando a gás natural) R$ 23.000,00 Total R$ 101.562,78 Quadro 2 – Economia em R$ proporcionada
Outra experiência na área de redução de custos energéticos é a do Hospital Geral de
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Itapecerica da Serra6 que é uma entidade pública, administrada pelo Seconci SP OSS, que atende exclusivamente aos usuários do Sistema Único de Saúde - SUS, dentro dos princípios da gratuidade, equidade e universalidade. O Hospital é referência para as regiões de Itapecerica da serra, São Lourenço da Serra, JuquitibaEmbu e Guaçu. O projeto de redução de consumo de energia elétrica visa além da economia de um recurso natural finito e economia financeira, também contribuir para a consciência ambiental. Baseado nas premissas anteriormente citadas, o HGIS, através de sua Engenharia Predial, desenvolveu ações que visam: verificação, análise e acompanhamento dos resultados; acompanhar a evolução do consumo de energia elétrica, seus custos específicos, economias em kWh e reais, facilitando o controle dos resultados e técnicas que aperfeiçoem a dispersão da luz alinhada a tecnologia de equipamentos que consomem menos energia. Para viabilizar este projeto e estruturar as fases para implantação, foi realizado, inicialmente, um diagnóstico situacional pela Engenharia Predial que constatou, a saber: excesso de iluminação em áreas de circulação; falta de iluminação em áreas como assistencial; desperdício de energia em áreas comuns e excesso de lâmpadas incandescentes; A partir destas constatações, elaborou-se então, um plano de execução dos trabalhos, que foi dividido em duas grandes fases: A primeira, de ação imediata, objetivou corrigir rapidamente os problemas encontrados no diagnóstico. Esta fase iniciou-se em março de 2008 e conclui-se em junho de 2008, através das seguintes ações: Instalação de sensores de presença, para conter desperdício de energia; Redimensionamento de luminárias onde havia excesso ou falta de iluminação; Extinção de lâmpadas incandescentes, estas foram substituídas por lâmpadas compactas ou fluorescentes; Ronda dos eletricistas noturnos para conscientização e fiscalização de lâmpadas acesas por esquecimento; Levantamento da carga de potencia elétrica; Alternância no desligamento de luminárias de áreas comuns, sem afetar o processo das áreas assistências; Apresenta-se a seguir, os resultados encontrados da conclusão da primeira fase: Consumo de energia em 2007: Mar. a Dez.: 1.391.792.80 kWh no período; Consumo de energia em 2008: Mar. a Dez.: 1.382.794.34 kWh no período;
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Disponível em: <http://www.hgis.org.br/sistemas/sgi/.../Projeto_Eficiencia_Energetica.pdf>. Set. 2010.
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Resultado Preliminar: redução de 8.998,46 kWh. A Segunda fase do projeto iniciou-se em maio de 2009, através da parceria do HGIS e as empresas AES Eletropaulo (Concessionária responsável pela operação de serviços de energia elétrica na capital de São Paulo) e a ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica, autarquia sob regime especial, vinculada ao Ministério das Minas e Energia, a fim de desenvolver ações no sistema de iluminação. Os resultados previstos para a segunda fase após a execução das ações planejadas eram: Redução do consumo de energia Redução de Estimativa de
Da ordem de 24 % ao mês 28.333.33 kWh /mês 340.000,00 kWh /ano
Quadro 3 – Resultados Previstos
No site ANEEL, foram obtidas informações atualizadas do dia 10 de setembro de 2010 referentes às reduções de consumo após a implantação do projeto, cuja previsão de término era outubro de 20097: Energia Economizada Global (MWh/ano) 289,45
Demanda Retirada de Ponta Global (KW) 289,45
RCB Global 0,63
Custo Total Empresa Proponente 267.292,00
Quadro 4 – Redução de Consumo
Os próximos projetos foram incluídos no Programa de Eficiência Energética da Empresa Energisa Sergipe – Distribuidora de Energia S.A (Antiga: Empresa Energética de Sergipe S/A – ENERGIPE) 8. Este programa é referente ao Ciclo 2006/2007 e foi aprovado através do Despacho nº. 974, de 04 de abril de 2007, dessa Agência. Através do Oficio nº. 0205/2008SPE/ANEEL, de 7 de julho de 2008, a Superintendência de Pesquisa e Desenvolvimento e Eficiência Energética, ressaltou o atraso na apresentação do Relatório Final por parte da Energisa Sergipe, relativamente ao prazo estabelecido no supracitado Despacho, que foi apresentado em 24 de novembro de 2008. Importante ressaltar também os projetos Eficiência Energética do Hospital Garcia Moreno Filho, Hospital da Policia Militar e da Associação Beneficente São Francisco, caracterizados como do tipo de Poderes Públicos, que apresentaram elevado conteúdo social, contribuindo para redução do consumo/demanda e em consequência da conta de energia dessas entidades, ensejando a melhoria da qualidade de atendimento dos Poderes Públicos do Estado de Sergipe na área da saúde. Tiveram como objetivo promover a eficientização energética no sistema de iluminação e climatização destes hospitais, visando à redução de demanda no horário de ponta e a redução de consumo de energia, propiciando, por conseguinte a redução de custos e otimização do uso de energia nas instalações. 7
Disponível em: <http://www.aneel.gov.br/arquivos/Excel/PEE%20Consulta%20Projetos.xls>. Set. 2010. 8 Disponível em: <http://www.paraiba.energisa.com.br/sergipe/.../RELATORIOFINAL%20ESEPEECiclo2006-2007.pdf>. Set. 2010.
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Foram desenvolvidos conforme as seguintes etapas: 1ª Etapa – Auditoria Energética, Estudos Detalhados (Diagnóstico / Projeto Executivo); 2ª Etapa – Aquisição dos Materiais / Equipamentos a serem utilizados no projeto; 3ª Etapa – Realização de Instalação e Montagem; 4ª Etapa – Medições e Verificação dos Resultados do projeto; 5ª Etapa - Acompanhamento (Engenharia e Supervisão Técnica) e 6ª Etapa – Administração. A princípio foi realizada uma auditoria energética, onde foi possível diagnosticar a ineficiência no sistema de iluminação e no sistema de climatização dos hospitais e com base nestes dados coletados no local puderam-se indicar as ações de eficientização. Antes de iniciar a execução dos projetos foi realizado um novo levantamento para verificar se as condições de utilização do sistema de iluminação e de climatização continuavam as mesmas, conforme o levantamento realizado na primeira auditoria energética. Após os cálculos e constatação de viabilidade econômica, foi realizada a implementação do projeto, substituindo as tecnologias obsoletas, por tecnologias mais eficientes nos sistemas de iluminação e climatização, com as seguintes substituições: lâmpadas fluorescentes, lâmpadas incandescentes, reatores eletromagnéticos, luminárias existentes e aparelhos de ar condicionado, tipo janela, com vida útil avançada e baixa eficiência, por aparelhos de maior rendimento, reconhecido pelo PROCEL-INMETRO. A avaliação dos resultados foi realizada através do Plano de Monitoração e Verificação que comparou as situações dos sistemas antes e depois da execução das ações de eficiência energética. Foram medidos circuitos elétricos amostrais dos sistemas de iluminação e ar condicionado, no período anterior e posterior a efetivação das ações. Esta atividade contou sempre com o acompanhamento de funcionário do departamento de manutenção dos Hospitais. A Energisa SE fará a medição do consumo mensal, 03 (três) meses após a implementação do projeto, e também o acompanhamento do consumo da unidade por 12 (doze) meses após a eficientização, através da analise das contas de energia, com ações de reeducação e uso racional da energia. Já os próximos projetos apresentados foram incluídos no Programa de Eficiência Energética da Empresa EDP ESCELSA9 do Espírito Santo. Este programa é referente ao Ciclo 2001/2002. O Projeto abrangeu o Hospital Evangélico, localizado no Bairro Alecrim em Vila Velha ES, com uma área construída de 8.000 m², que têm uma relevante importância pelo nível de frequência da comunidade de Vila Velha, com a modernização dos sistemas de iluminação e condicionamento ambiental propondo um elenco de medidas com consequente redução do consumo e demanda de energia elétrica, sendo elas: Substituição do sistema de iluminação composto por luminárias, lâmpadas (fluorescentes, incandescentes, mistas e vapor de mercúrio) e reatores convencionais eletromagnéticos, por conjuntos eficientes com luminárias 9
Disponível na empresa EDP Escelsa. Projetos de Eficiência Energética Ciclo 2001/2002.
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reflexivas, lâmpadas fluorescentes econômicas, lâmpadas vapor de sódio, lâmpadas fluorescentes compactas e reatores eletrônicos para as lâmpadas fluorescentes tubulares. Substituição do sistema de ar condicionado do tipo janela, por aparelhos de ar condicionado tipo janela e Split com compressores rotativos de maior rendimento. Após a realização do diagnóstico energético ocorreram algumas mudanças de quantitativos, potência e especificação técnica, alterando inicialmente as metas previstas. O valor total do projeto que inicialmente era R$ 141.202,00 passou para R$ 155.902,00, realizando no final o valor de R$ 164.421,59. Deste valor total o hospital desembolsou apenas R$ 5.434,18, ficando o restante a cargo da concessionária. . Metas Itens Alterada Realizada Prevista Energia Economizada (MWh/ano)
215,52
273,36
273,36
Demanda Retirada da Ponta (kW/ ano)
55
62
62
Quadro 5 – Metas e Resultados Finais
Dentre os projetos realizados no Espírito Santo inclui-se também o Projeto que abrangeu o Hospital Metropolitano, localizado no Bairro Laranjeiras, Município da Serra - ES, com uma área construída de 7.000 m², que têm uma relevante importância pelo nível de frequência da Grande Vitória, consistindo em um elenco de medidas de eficiência energética com atuação nos sistemas de iluminação, ar condicionado e aquecimento de água para banho dos pacientes. Na etapa do diagnóstico verificou-se que alguns equipamentos de ar condicionado de janela apresentaram um EER compatível com os de equipamentos eficientes, tornando desnecessária sua substituição. Conforme disposto anteriormente, o sistema de aquecimento solar apresentou significativa alteração em relação ao projeto original. Em função disso, foi definida uma parte do telhado como o local apropriado para instalação do maior número de painéis solares, entretanto descobriu-se que parte da laje sob esse telhado estava comprometida com sérias fissuras, sendo necessária inclusive a revisão do projeto estrutural. As outras partes do telhado disponíveis apresentaram sombreamento, eram distantes das prumadas das descidas de água e havia ainda dificuldades estruturais para a locação dos reservatórios. Em virtude do exposto, foi solicitada consultoria externa, para que realizasse um préprojeto com estudo de sombreamento e distribuição das placas e reservatórios, visando atender as particularidades da instalação. Após a elaboração do estudo e nova coleta de preços, com especificações técnicas adequadas às necessidades do hospital, foi emitido o pedido de compra e contratação de terceiro. O valor previsto total do projeto era R$ 186.265,00, realizando após algumas
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alterações R$ 200.441,96. Deste valor total o hospital desembolsou apenas R$ 16.500,00 ficando o restante a cargo da concessionária. Itens
Metas Prevista
Alterada
Realizada
Energia Economizada (MWh/ano)
283,81
288
254,68
Demanda Retirada da Ponta (kW) ano
73
69
69
Quadro 6 – Metas e Resultados Finais
Encerrando os relatos sobre os projetos de redução de custos energéticos em área hospitalar apresenta-se o Projeto que abrangeu o Hospital Santa Rita de Cássia, localizado em Vitória, capital do Espírito Santo, com área de 20.000 m2. O mesmo tem uma relevante importância na comunidade capixaba, uma vez que este é referência no Estado para o tratamento de câncer, de maneira a se tornar um caso exemplar para o setor hospitalar e a sociedade em geral. O objetivo era implantar medidas que consistiam na modernização dos sistema atuais de iluminação e de ar condicionado, com consequente redução do consumo e demanda de energia elétrica, substituindo o sistema de iluminação atual, por conjuntos eficientes (luminárias reflexivas, lâmpadas fluorescentes econômicas e reatores eletrônicos) e o sistema de ar condicionado com aparelhos de janela antigos com compressor alternativo, por compressor rotativo. Devido à necessidade de atualização de diagnóstico energético efetuado, ocorreram algumas mudanças de quantitativos, potência e especificação técnica no projeto, alterando inicialmente as metas previstas. O valor previsto total do projeto era R$ 326.063, realizando após algumas alterações R$ 273.678,55. Deste valor total o hospital desembolsou apenas R$ 3.750,00, ficando o restante a cargo da concessionária. Itens
Metas Prevista
Alterada
Realizada
Energia Economizada (MWh/ano)
586,26
396,41
396,41
Demanda Retirada da Ponta (kW) ano
134
91
91
Quadro 7 – Metas e Resultados Finais
12. CONSIDERAÇÕES FINAIS
I
nsumo fundamental para assegurar o desenvolvimento econômico e social de um país, a energia não deve ser usada de maneira desmedida, de forma ineficiente e irresponsável, gerando desperdícios. Sua racionalização apresenta-se como alternativa de baixo custo e de curto prazo de implantação. Em alguns casos, apenas com mudanças de procedimentos e de hábitos pode-se obter significativas economias. As instituições hospitalares são prestadores de serviço que não param, funcionam 24 horas por dia, 365 dias por ano, portanto de maneira ininterrupta, dependendo fortemente da energia. Seus equipamentos dependem 100% da energia elétrica para
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funcionar, sendo então importante para oferecer serviços hospitalares da melhor qualidade. Decorrente disso os custos com o seu uso é parcela significativa no custo total, sendo assim relevante no resultado econômico financeiro. Diferentes autores citados neste estudo concordam em ser primordial a adoção de medidas para o seu uso racional como alternativa para reduzir custos. Reforçando estes pensamentos, os resultados da implantação de projetos de eficiência energética em diversos hospitais do Brasil, aqui apresentados, demonstram ser possível a redução de custos hospitalares, aumentando a sobrevivência e competitividade dos hospitais. A área de auditoria demonstra relevante contribuição para que a assistência a saúde seja prestada de forma mais eficiente e econômica sem que para isto seja preciso diminuir a qualidade dos serviços prestados aos usuários do sistema de saúde, seja ele público ou privado. Sugere-se, portanto que estudos como estes sejam produzidos, divulgados e publicados com o objetivo de demonstrar os conhecimentos ora produzidos num importante momento político, social e econômico em que vivem todos os países que discutem suas políticas de meio ambiente e de sustentabilidade.
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Eficiência energética: estratégia para redução de custos hospitalares Glícia Guiomar Santos Barbieri Administradora, aluna do Curso de Especialização em Auditoria em Sistemas de Saúde do Centro Universitário São Camilo, unidade Vitória Vitória, ES E-mail: glicia.barbieri@gmail.com Regina Célia Diniz Werner Enfermeira, Mestre em Saúde Coletiva. Professora e Orientadora do Centro Universitário São Camilo – ES, unidade Vitória Vitória, ES E-mail: rwdiniz@terra.com.br
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BARBIERI, G.G.S.; WERNER, R.C.D. Eficiência energética: estratégia para redução de custos hospitalares. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 3656, dez.-jan., 2012/2013
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Promoção do uso racional de medicamentos na terceira idade PROMOTION OF RATIONAL USE OF DRUGS IN THE ELDERLY Adriana Cristina Pavoni de Carvalho¹, Jaqueline Costa Lima², Juliana Mendes Pedrosa³, Patrícia de Lima Lemos4, Rayanne Bezerra de Oliveira5 Graduandas do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis Rondonópolis, MT E-mails: (1) diparoni@hotmail.com; (2) jackllima@hotmail.com; (3) juliana.ufmt@yahoo.com.br; (4) patylima89@hotmail.com; (5) rayanne.b.o@gmail.com Letícia Silveira Goulart Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis, MT. Curso de Enfermagem, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis Rondonópolis, MT E-mail: lgoulart77@yahoo.com.br
CARVALHO, A.C.P. et al. Promoção do uso racional de medicamentos na terceira idade. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 57-62, dez.-jan., 2012/2013
RESUMO O uso de medicamentos impõe uma maior interação dos idosos com os familiares e profissionais de saúde. Nesse sentido, o presente trabalho teve por objetivo a promoção do uso racional de medicamentos entre idosos atendidos no Programa de Saúde da Família Dom Bosco do Município de Rondonópolis-MT. O projeto atendeu 238 idosos cadastrados na unidade de saúde. Foram realizadas visitas domiciliares, nas quais avaliou-se os medicamentos consumidos pelos idosos através de uma entrevista. A partir destas
informações, os idosos foram orientados sobre as formas corretas do consumo de medicamentos, perigos da prática de automedicação, riscos das interações farmacológicas. Durante a visita, os idosos também tiveram oportunidade de sanar algumas dúvidas que apresentaram quanto aos medicamentos por eles consumidos. Os resultados foram positivos, visto que, foi criado um vínculo de confiança entre as acadêmicas e o público alvo, o que possibilitou uma evolução favorável na adesão às orientações fornecidas.
Palavras-chave: Idosos; medicamentos; saúde ABSTRACT The use of drugs requires greater interaction the elderly the family members and health professionals. In this sense, the present study aimed to promote the rational use of drugs by elderly users of the Basic Health Unit Dom Bosco, the city of Rondonopolis / MT. The project assisted
238 elderly registered at the health unit. Home visits were conducted in which we evaluated the drugs consumed by the elderly through an interview. From this information, the elderly were asked about the correct forms of drug use, dangers of the practice of self-medication, risk of drug
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interactions. During the visit, the elderly also had the opportunity to clarify some questions you had about the drugs they consumed. The results were positive, since it was created a bond of trust between the
academics and the target audience, which allowed a favorable evolution in accession to the instructions provided.
Keywords: Elderly; drugs; health
1. INTRODUÇÃO
E
nvelhecer pode ser definido como um processo de desgaste cumulativo, irreversível, universal e não patológico que provoca a deterioração do organismo, tornando-o progressivamente incapaz de cumprir com as funções fisiológicas básicas (BEGLINGER, 2008). As múltiplas alterações apresentadas pelos idosos fazem com que sejam consumidores de grande número de medicamentos e esses, embora utilizados em muitas ocasiões, quando mal utilizados podem desencadear graves complicações (MARIN, et al., 2010). O uso de medicamentos constitui hoje uma epidemia entre idosos, cuja ocorrência tem como cenário o aumento exponencial da prevalência de doenças crônicas, limitações e dependência que acompanham o avançar da idade, o poder da indústria farmacêutica e do marketing dos medicamentos e a medicalização presente na formação de parte expressiva dos profissionais da saúde (SECOLI, 2010). O fácil acesso a medicações e a baixa frequência de uso de recursos não farmacológicos para o manejo de problemas médicos também contribuem para o consumo elevado de medicamentos pela população de idosos (ROZENFELD, 2003; RODRIGUES et al., 2007). A maior utilização de medicamentos por idosos ocorre entre as mulheres e as classes medicamentosas mais consumidas pelos pacientes acima de 60 anos são os fármacos cardiovasculares seguidos por medicamentos para o sistema nervoso e medicamentos para o trato gastrointestinal (FANHANI et al., 2007; RODRIGUES et al., 2007, RIBEIRO et al., 2008). Efeitos colaterais, interações e reações medicamentosas adversas, dificuldades no cumprimento da prescrição e gastos excessivos no cuidado à saúde são alguns desdobramentos indesejáveis decorrentes do uso de concomitante de vários medicamentos (ROCHA et al., 2008). A falta de entendimento, esquecimento, diminuição da acuidade visual e destreza manual que ocorrem no idoso, contribuem para que haja grande quantidade de erros durante a administração de medicamentos devido à complexidade dos esquemas terapêuticos. A utilização de medicamentos impõe uma maior interação dos idosos com os familiares e profissionais de saúde. Neste sentido ações educativas que visem orientar os idosos quanto à forma correta do consumo de medicamentos, os riscos da automedicação e do abandono da terapia revestem-se de extrema importância (LYRAJÚNIOR, 2008). A promoção do uso racional de medicamentos por idosos poderá contribuir com a qualidade de vida desta população, reduzindo os efeitos adversos e intoxicações decorrentes da prática da automedicação, além de possibilitar um maior sucesso com a terapêutica devido ao consumo correto dos fármacos. O presente trabalho teve por objetivo promover o uso racional de medicamentos entre idosos atendidos no Programa de Saúde da Família (PSF) Dom Bosco do Município de Rondonópolis-MT,
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além de prevenir os casos de interações farmacológicas inadequadas e auxiliar no sucesso terapêutico destes. 2. METODOLOGIA
P
articiparam do estudo 238 idosos de ambos os sexos, com idade acima de 60 anos, cadastrados no PSF Dom Bosco de Rondonópolis-MT. O PSF possui aproximadamente 300 idosos cadastrados, sendo o PSF do município que atende o maior número de idosos. O presente estudo foi realizado através de visitas domiciliares, nas quais foram analisados os medicamentos consumidos pelos idosos através de uma entrevista. As orientações realizadas durante a entrevista foram referentes às formas corretas de ingestão de medicamento, indicações, horário correto da ingestão, malefícios da interrupção do tratamento, prazo de validade dos medicamentos, riscos da automedicação, local de armazenamento e interações com chás. Durante o contato com os participantes da pesquisa também foram realizadas orientações sobre tratamento e prevenção da hipertensão, uma vez que esta patologia afeta a maioria da população acima de 60 anos. Durante a visita aos idosos houve esclarecimento de dúvidas quanto aos medicamentos por eles consumidos. O contato com os participantes foi mediado pelo enfermeiro do PSF que forneceu o endereço residencial dos idosos cadastrados. Durante as visitas também foram distribuídos folhetos educativos abordando o tema do projeto para que os idosos pudessem atuar como multiplicadores das informações recebidas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
O
projeto em questão contribuiu para a promoção da saúde dos usuários de medicamentos, tendo como foco o bem estar e a melhoria da qualidade de vida dos idosos, através do uso racional de medicamentos.
A abordagem do idoso em seu domicílio possibilitou lidar com a dimensão subjetiva presente nas relações estabelecidas entre as acadêmicas e os idosos, proporcionando a criação de um vínculo entre os mesmos, o que favoreceu o alcance do objetivo proposto. Vínculo significa: [...] o profissional de saúde ter relações claras e próximas com o usuário, integrando-se com a comunidade em seu território, no serviço, no consultório, nos grupos e se tornar referência para o paciente, individual ou coletivo, que possa servir à construção de autonomia do usuário (KERBER, KIRCHHOF, CEZAR-VAZ, 2008).
A vinculação estabelecida com os usuários por meio da visita domiciliar foi obtida com uma forma de tratamento adequado, com respeito à sua individualidade, às diferenças de linguagem, de cultura, de valores, e assumindo uma posição de escuta atenciosa, direcionando todo o foco de atenção para aquele indivíduo naquele momento ímpar da relação. No momento da abordagem domiciliar o público alvo mostrou-se receptivo e colaborativo ao interagir de forma satisfatória, superando nossas expectativas. Segundo Kerber, Kirchhof, Cezar-Vaz (2008) durante a visita domiciliar as pessoas sentem-se seguras e confortáveis com a atenção recebida.
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No decorrer das visitas a maioria dos entrevistados apresentou algumas dúvidas, dentre as quais, as mais frequentes foram quanto à forma de ingestão do medicamento e indicação. Foi possível perceber, ainda, que os idosos possuíam déficit de conhecimento em relação à diferença entre os medicamentos genéricos, de referência e similar, ao horário correto de administração de diuréticos e a forma de armazenamento dos medicamentos. De acordo com Blanski e Lenardt (2005) esse déficit pode ser explicado pelo fato do idoso ainda não receber uma abordagem médica ou multidisciplinar adequada em hospitais e unidades de saúde, provavelmente porque esses mesmos profissionais não tiveram formação e capacitação apropriada para o tratamento dessa faixa etária. Observou-se ainda que a maioria dos idosos fazia uso de automedicação, alguns desconheciam a duração da terapia medicamentosa e outros abandonavam o tratamento por não conhecerem os efeitos adversos dos fármacos. A prática da automedicação pode constituir fator de risco, sendo que a utilização de medicamentos sem indicação por profissional habilitado pode aumentar o número das substâncias usadas pelos idosos, levando ao mascaramento de sintomas, a interações medicamentosas e a efeitos adversos possíveis (BORTOLON, et al, 2008). Assim, é dever dos profissionais da área da saúde orientar a população no uso racional dos medicamentos, possibilitando então, um tratamento mais eficaz, capacitando o idoso para saber lidar com os possíveis efeitos colaterais e interações medicamentosas e contribuindo para adesão ao tratamento (ANDRADE, SILVA, FREITAS, 2004). Segundo Rocha et al (2008) a não adesão ao tratamento pode estar relacionada ao acometimento de reações adversas causadas pelo medicamento. O efeito indesejado pode ser decisivo para promover a interrupção do tratamento. Nesta reação, uma decisiva orientação ao idoso facilitaria a volta da adesão ao tratamento. Outro fator relevante a não adesão ao tratamento está relacionada com maior ênfase aos fármacos que atuam no sistema cardiovascular. Conforme Paiva (2006) a ausência de sintomas na hipertensão arterial pode prejudicar o paciente, contribuindo para falhas na continuidade do tratamento. O envolvimento de toda equipe de saúde em ações educativas que auxiliem o idoso no seguimento da terapia medicamentosa torna-se fundamental tanto para a identificação de possíveis problemas que possam interferir na sua adesão à prescrição como também para a conscientização acerca de uma farmacoterapia responsável. Neste contexto, é importante que os profissionais envolvidos, médicos, farmacêuticos, enfermeiros, desenvolvam um relacionamento colaborador com o usuário, para que o idoso se sinta à vontade para relatar com fidedignidade sua conduta. A vulnerabilidade dos idosos aos eventos adversos relacionados a medicamentos é bastante alta, o que se deve a complexidade dos problemas clínicos, à necessidade de múltiplos agentes, e às alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas inerentes ao envelhecimento. Neste cenário, o grande desafio dos enfermeiros no Brasil que esta envelhecendo é contribuir na promoção do uso racional dos medicamentos. Algumas estratégias podem ajudar a prevenir e minimizar os eventos adversos, tais como, realizar ações educativas aos usuários, especialmente no que concerne à prática da automedicação, orientar acerca dos riscos da interrupção, troca, substituição ou inclusão de medicamentos sem conhecimento dos profissionais da saúde, informar sobre o aprazamento criterioso dos horários da prescrição médica, de modo a evitar a administração simultânea de medicamentos que podem interagir entre si ou com alimentos, além de realizar monitoramento das reações adversas que podem implicar em desfechos negativos.
60
4. CONCLUSÃO
O
s resultados obtidos no presente estudo foram positivos, visto que, foi criado um vínculo de confiança entre as acadêmicas e o público alvo, o que possibilitou uma evolução favorável na adesão às orientações fornecidas. A promoção do uso racional de medicamentos por idosos contribuiu com a qualidade de vida desta população, podendo desta forma, reduzir os efeitos adversos e intoxicações decorrentes da prática da automedicação e provavelmente possibilitou um maior sucesso com a terapêutica devido ao consumo correto dos fármacos.
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Promoção do uso racional de medicamentos na terceira idade Adriana Cristina Pavoni de Carvalho¹, Jaqueline Costa Lima², Juliana Mendes Pedrosa³, Patrícia de Lima Lemos4, Rayanne Bezerra de Oliveira5 Graduandas do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis Rondonópolis, MT E-mails: (1) diparoni@hotmail.com; (2) jackllima@hotmail.com; (3) juliana.ufmt@yahoo.com.br; (4) patylima89@hotmail.com; (5) rayanne.b.o@gmail.com Letícia Silveira Goulart Professora do Curso de Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis, MT. Curso de Enfermagem, Instituto de Ciências Exatas e Naturais, Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), campus de Rondonópolis Rondonópolis, MT E-mail: lgoulart77@yahoo.com.br
CARVALHO, A.C.P. et al. Promoção do uso racional de medicamentos na terceira idade. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 57-62, dez.-jan., 2012/2013
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Hábitos de automedicación y principales interacciones medicamentosas en una población de ancianos del estado de São Paulo, Brasil HÁBITOS DE AUTOMEDICAÇÃO E PRINCIPAIS INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS EM UMA POPULAÇÃO DE ANCIÃOS DO ESTADO DE SÃO PAULO, BRASIL Alícia Greyce Turatti Pessolato Enfermera. Master en Ciencias con enfasis en Células-madre, Embriologia y Placentologia, Facultad de Medicina Veterinária y Zootecnia de la Universidade de São Paulo/USP- São Paulo y por el Hemocentro del Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – HCFMRP, Universidad de São Paulo/USP – Ribeirão Preto São Paulo, SP E-mail: aliciagreyce@gmail.com Andrielle Castilho-Fernandes Biomédica. Doctora en Ciencias Médicas, Facultad de Medicina de Ribeirão Preto, USP – Ribeirão Preto y por el Hemocentro del Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – HCFMRP, Universidade de São Paulo/USP – Ribeirão Preto E-mail: andrielle_dcf@yahoo.com Alvaro Carlos Galdos-Riveros Químico Farmacêutico, Master em Ciencias y aluno de Doctorado em Química de Proteínas, Metabólitos e sua relação com as Ciencias Morfológicas, Facultad de Medicina Veterinária y Zootecnia de la USP y por el Instituto Butantan São Paulo, SP E-mail: alvarogaldos@usp.br Mara Villas Boas de Carvalho Enfermera. Doctora en Enfermeria por la Universidade de São Paulo/USP, Master en Educación por la Pontifícia Universidad Católica de Campinas/PUCCampinas, Enfermera de Cuidados Paliativos y Control del Dolor, Evaluadora del Ministerio de Educação e Cultura MEC/INEP, Docente del Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos/UNIFEOB – São João da Boa Vista, SP São Paulo, SP E-mail: carvalho-mara@uol.com.br
PESSOLATO, A.G.T. et al. Hábitos de automedicación y principales interacciones medicamentosas en una población de ancianos del estado de São Paulo, Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 63-77, dez.-jan., 2012/2013
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RESÚMEN Objetivo: identificar las principales interacciones medicamentosas y analizar possibles ingestiones de plantas “medicinales” a los cuales personas longevas de comunidades de convivência de la ciudad de São João da Boa Vista, en el estado de São Paulo, Brasil estaban sujetas. Metodología: se efectuo un estúdio analítico-comparativo de cuantificación de datos referentes a las condiciones farmacológicas de personas longevas provenientes de comunidades de la región. Resultados: se identifico que 42,8% de los
medicamentos utilizados eran prescribidos, 57,2% eran para consumo auto-medicativo y 77% de los ancianos investigados hacian uso de plantas “medicinales” asociadas o no a la terapia alopática. Conclusion: debido a la importancia de esta problemática, es fundamental fornecer capacitación de profisionales en el campo de la Educación aplicada a salud y del trabajo de la Enfermeria en particular, para favorecer los procesos de cuidado, cuidado personales y de fines terapéuticos para los problemas de salud de esta población.
Descriptores: Automedicación; envejecimiento; prescripciones de medicamentos; atención de enfermería; viviendas para ancianos RESUMO “medicinais” a que idosos de lares de convivência do município de São João da Boa Vista – SP estavam submetidos. Metodologia: estudo analítico-comparativo de quantificação de dados referentes às condições farmacológicas de idosos institucionalizados. Resultados: identificouse que 42,8% dos medicamentos utilizados eram prescritos, 57,2% eram para consumo auto-medicativo e 77% dos idosos pesquisados faziam uso de plantas “medicinais” associadas ou não a terapia halopática. Conclusão: dada à importância desta temática, é fundamental subsidiar a capacitação de profissionais no campo da Educação em saúde e do trabalho da Enfermagem em particular, para favorecer os processos de cuidado, autocuidado e de resolutividade terapêutica para os problemas de saúde desta população.
Introdução: o envelhecimento populacional tem ocorrido mais acentuadamente em países em desenvolvimento, atingindo no Brasil 64 milhões de pessoas em 2050. Este processo tem implicações sobre os serviços de saúde em termos de atendimento da demanda e de custeio. A maior prevalência de patologias crônicas faz dos idosos constantes usuários dos serviços de saúde e por conseqüência, usuários aumentados de diversos tipos de medicamentos. Associado a isso, déficits cognitivos e visuais comumente presente nesta população, comprometem o reconhecimento do medicamento e o cumprimento da prescrição terapêutica adequada, levando a prática da automedicação e manutenção da polifarmácia. Objetivo: identificar as principais interações medicamentosas e analisar possíveis ingestões de plantas
Palavras-chave: Automedicação; envelhecimento; prescrições de medicamentos; cuidados de enfermagem; habitação para idosos
1. INTRODUCCIÓN
E
l envejecimiento poblacional que ocurre en países desarrollados ha acarreado desafíos para la salud pública contemporánea. Además, en las ultimas décadas este hecho esta volviéndose más acentuado en países en desarrollo, debido a la caída en los índices de mortalidad, reducción de las tasas de fecundidad y también el aumento de la expectativa y calidad de vida de la población (LIMA-COSTA; BARRETO; GIATTI, 2003; VERAS, 2007).
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En Brazil, el número de habitantes con mas de 60 años de edad paso de los 3 millones en 1960 para 7 millones en 1975, 14 millones en 2002 y 17 millones en 2006, demostrando un incremento de 600% en menos de 50 años. En 2008, esta población alcanzo 18 millones de personas, representando 9,5% de los habitantes del Brazil. Se espera que estas cifras deben alcanzar los 32 millones en 2025, y en 2050 alcanzara la marca de 64 millones de personas, representando aproximadamente 30% de la población brasilera (VERAS, 2007), lo que corresponderá a la sexta población mas numerosa de ancianos en el mundo (LOYOLA FILHO et al., 2005). El envejecimiento poblacional tiene todavía implicaciones sobre los servicios de salud en lo que compete a la capacidad de atendimiento de la demanda y de costo. La búsqueda por nuevos modelos institucionales que propicien ambientes y cuidados específicos, conservando y promoviendo los derechos fundamentales del anciano como ser humano, deben ser incentivados. Los ancianos que viven en comunidades presentan un perfil diferenciado caracterizado por el sedentarismo, carencia afectiva, pérdida de autonomía causada por incapacidades físicas o mentales, ausencia de familiares para ayudar tanto en el cuidado como con lo financiero (DAVIM et al., 2011). En esta problemática, el anciano institucionalizado constituye también, en la mayoría de veces, un grupo privado de sus proyectos, porque se encuentra alejado de la familia, hogar, amigos, de relaciones en las cuales su historia de vida fue construida (FREIRE-JR; TAVARES, 2004). La mayor prevalencia de patologías crónicas en ancianos los torna constantes usuarios de los servicios de salud, lo que por consecuencia va a generar un aumento en el consumo de medicamentos por parte de estos usuarios (COELHO-FILHO; UCHOA; COSTA, 2006). Los ancianos brasileños consumen cerca de 50% de los medicamentos prescritos para toda la población (PENTEADO et al., 2002). El elevado consumo de medicamentos acaba por ofrecer riesgos a la salud de ancianos, pues las asociaciones medicamentosas unidas a otros factores fisiológicos inherentes al envejecimiento pueden acarrear cambios en la farmacocinética, absorción, biosíntesis de los componentes bioquímicos en medicamentos (SECOLI, 2001), aumentar la incidencia de reacciones adversas, interacciones medicamentosas y utilización inadecuada que pueden elevar la intensidad de patologías prexistentes (PENTEADO et al., 2002). Los ancianos son victimas del aumento de deficiencia cognitiva y visual que acaba por dificultar el reconocimiento del medicamento y el cumplimiento de la prescripción terapéutica adecuada, generando así otro riesgo relacionado al consumo de drogas tan específicamente potentes. Tales factores, en la presencia de enfermedades concomitantes y de consumo simultáneo de un número mayor de fármacos, aumentan la probabilidad de ocurrir interacciones medicamentosas y reacciones adversas (LOYOLA FILHO et al., 2005; ROZENFELD, 2003). Existe todavía, los problemas venideros del consumo de medicamentos sin prescripción, la denominada automedicación, la cual esta presente en varios contextos socio-económico-demográfico y cultural de diferentes poblaciones. En la cultura brasileña, específicamente, existe la “adoración a la pastilla”, que eleva la medicalización que en la mayoría de casos es desnecesaria (BARROS, 2004). El creciente uso indiscriminado e irracional de la automedicación puede encontrar apoyo en las innegables ganancias terapéuticas obtenidas, en la lógica del mercado que todo transforma en mercadería y en la multiplicidad de productos farmacéuticos lanzados día a día por la publicidad y por la simbolización de salud y/o cura que ellos
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mismos pueden representar (ARRAIS et al., 1997; BARROS; JOANY, 2002; BARROS, 2004). En este contexto, la “salud inmediata” es el resultado deseado y/o rápido, y propone el significado del proceso simbólico de una realidad material representada por formas farmacéuticas variadas como píldoras, soluciones y ampollas, las cuales se remiten al concepto de Salud (LEFÈVRE, 1987). Esa simbología de salud puede explicar las altas tasas de consumo de medicamentos como antibióticos, analgésicos y vitaminas (HAAK, 1989; CARVALHO; LUPPI; REIS, 2007). En este sentido, es probable que los individuos bajo la etiqueta de “salud inmediata” deseen vivenciar estados mas concretos de salud, como por ejemplo, el alivio (de dolor o desconforto) proporcionado por analgésicos y afíns; potencia y/o longevidad proporcionada por suplementos alimenticios como vitaminas, estimulante y algunas drogas como cocaína; sensación de protección proporcionada por vacunas y antibióticos; desconexión o alivio de la realidad, proporcionado por calmantes y por algunas drogas (llamados “paraísos artificiales”), entre otros casos (LEFÈVRE, 1987; COSTA et al., 2002). En el momento en que se constituyo como un símbolo, el medicamento ofrece “economía” ahorra el trabajo duro y personal necesario para que se obtenga salud. Realiza un “corto circuito”, buscando terminar la enfermedad como indicador o síntoma de problemas, contradicciones, dificultades, injusticias, tanto en lo personal como en lo social (LEFÈVRE, 1987). Aunque el uso irracional de medicamentos ocurra en gran escala, la automedicación no puede ser mas vista como una actividad ilegal (HAAK, 1989). Además del uso exagerado de medicamentos, los sistemas nacionales de restricción a los remedios contribuyen para el aumento de esta practica popular, visto que históricamente son considerados poco eficientes. Bisson (2003) afirmo que en el Brasil no hay reglamentación ni orientación para usuarios de medicamentos que pueden ser adquiridos sin prescripción medica, a pesar de existir leyes reglamentadas por la Agencia Nacional de Vigilancia Sanitaria (ANVISA) para la venta y propaganda de este grupo de fármacos. Entre tanto, el Ministerio de Salud viene el control de innúmeras drogas con potencial teratogenico, como la Talidomida en 1961 y el Lipostabil en 2003. En el 2006, la ANVISA (2011) y El Ministerio de Salud del Brazil (HOEFLER, 2009) iniciaron la campaña “La información es el mejor remedio”, con el objetivo de alertar a la población sobre los riesgos de la automedicación. Según el estudio “Configuración del Complejo Económico de Salud”, realizado por el Ministerio de Salud en conjunto con la Universidad de Campinas – SP (UNICAMP), 50% de las ventas de los medicamentos en las farmacias brasileñas se destinan a la automedicación. En 2009, el ministro de salud, Jose Gomes Temporão, advirtió en entrevista colectiva sobre los riesgos de la automedicación: “La automedicación, además de desaconsejada, pude ser muy perjudicial. […] La automedicación puede maquillar síntomas, alterar los síntomas y crear resistencia al tratamiento”. De un modo general tanto la ANVISA cuanto el Ministerio de Salud reconocen que las problemas de prescripción y de automedicación son desafíos para la cultura brasileña, de modo que el proceso de concientización demanda tiempo y esfuerzos frente a la educación de las personas (ANVISA, 2011). Estos dos problemas sirvieron como estimulo para la realización de um estudio analítico de las condiciones medicamentosas a que los ancianos de las comunidades de convivencia del município de São João de Boa Vista – SP pudiesen estar siendo sometidos, así como la identificación de intereses farmacológicos/populares que pudieran ser encontradas.
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2. OBJETIVO
I
dentificar las condiciones farmacológicas a que los ancianos de comunidades de convivência del município de São João de Boa Vista – SP estan sometidos, las principales interacciones medicamentosas, los posibles problemas que llevan a los ancianos a no establecer uma rutina de ingestion de medicamentos previamente descritos, asi como a analizar posibles ingestiones medicamentosas de la llamada medicina “popular” (mates, hierbas, ungüentos) com la realidad cognitivo-visual limitante de la referida población en estúdio. 3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
S
e trata de um estúdio analítico-comparativo de cuantificación de datos referentes a las condiciones farmacológicas a que 13 ancianos mayores de 60, residentes em três moradas de convivência de ancianos del município de São João de Boa Vista – SP estaban sometidos durante el período estudiado. Las colectas de datos fueron realizadas durante el período universitario referente a la materia “Proceso de cuidar del Anciano” cursada en el 6º semestre de estudio del curso de Enfermeria. Los indivíduos incluídos en este estúdio fueron seleccionados al azar y entrevistados a travez de la aplicación de un cuestionario oral preestablecido, adaptado verbalmente al nivel cognitivo y auditivo de cada paciente investigado, con preguntas dirigidas con respecto a la caracterización habito-comportamental y preguntas abiertas destinadas a conocer actitudes relativas a las practicas terapéuticas utilizadas por ellos. 4. RESULTADOS
A
l principio, todos los ancianos incluidos en la investigación respondieron preguntas relativas apenas a las medicaciones prescritas por el medico y negaron habitos de automedicación. Después de algunos procedimientos rutinarios inherentes de la practica (como conferencia de los plazos de validad de los medicamentos; confirmación de la correcta conducta terapéutica por parte del paciente anciano; y cuidados de enfermería prestados en la prevención de enfermedades/accidentes y valorando el autocuidado/calidad de vida), paulatinamente se formo un vinculo terapéutico que hizo posible la identificación de la real situación con relación al uso de medicamentos en esa población. Las “farmacias” domesticas fueron conferidas y muchas veces se hizo necesaria la retirada de algunos medicamentos que estaban con el plazo de validad caducado, medicaciones en rotulos diferentes de la medicación encontrada o que poseían alteraciones de las características externas de las mismas. En esos momentos fue posible identificar el conocimiento de los ancianos sobre cada fármaco encontrado. Al preguntarse cuál era el uso de cada medicamento individualmente, la dosis, horario en que debían ser ingeridos y duración del tratamiento, los pacientes mostraron dudas, confusión y ansiedad, demostrando así, la falta de información a respecto de los mismos cuando fueron prescritos por el medico y la necesidad de un asesoramiento rigoroso relativo a la rutina diaria de medicaciones debido a la propia disminución cognitiva por parte de ellos. Se encontraron 70 farmacos em las denominadas “farmacias domesticas” de los pacientes investigados, de los cuales 42,8% eran prescritos por médicos y 57,2% eran
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para automedicarse, “prescritos” generalmente, por conocidos no calificados o por ellos (Grafico 1). Gráfico 1 – Porcentual de medicamentos prescritos y no prescritos encontrados en los ancianos investigados.
Entre los medicamentos prescritos, los mas utilizados fueron los con acción terapéutica conocidos como diuréticos (7,15%), antihipertensivos (7,15%), antiepilépticos (7,15%), anticoagulantes (5,72%) y vasodilatadores coronarios (2,86%) (Tabla 1). Dentro de los observados em autoprescripción, los mas utilizados fueron antiinflamatórios no esteroideos – AINEs – (14,26%), benzodiazepínicos (8,56%), vasodilatadores (5,7%), antiacidos e inhibidores de secreción acido estomacal (5,7%), laxantes (2,85%), estimulantes peristálticos (2,85%), antibióticos (2,85%) y antifiseticos (1,42%) (Tabla 1).
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Tabla 1 – Relación total de hábitos medicamentosos encontrados en la poblacion de ancianos investigados Componente natural
Medicación prescritas
Automedicación
Hidroclorotiazida Ácido acetilsalicílico
Dexametasona Diclofenaco
Nombre popular Terere Café
Biperideno
Polivitamínico
Guaco
Carbamazepina
Cinarizina
Jurubeba
Fenobarbital
Dipirona
Colfrei
Bromazepam
Diazepam
Bálsamo
Dimeticona Estazolam
Bisacodil Nimesulida
Melhoral Marcela
Ácido ascórbico
Paracetamol
Baspo
Captopril
Fluoxetina
Boldo
Glibenclamida
Propranolol
Favaca
Propatilnitrato
Metoclopramida
Erva-doce
Isossorbida
Diltiazem
Alevante
Fenitoína
Etoricoxib
Metildopa
Cimetidina
Ervacidreira Menta
Amiodarona
Colchicina
Santa Maria
Amoxicilina Metenamina Acetonida triancinolona Acetato de clostebol+ neomicina Cetoconazol+ betametasona Bicarbonato de Sódio
Chuchú Arnica Cipó assumo
Nombre científico Shinus molle Coffea arabica Mikania glomerata Solanum lycocarpum Symphytum officinale Myroxylon peruiferum Drimys winteri Egletes viscosa Buddleja brasiliensis Plectranthus barbatus Ocimum basilicum Foeniculum vulgare Curcuma zedoaria Cymbopogon citratus Mentha arvensis Coronopus didymus Sechium edule Arnica montana Mikania glomerata
Ginkgo
Ginkgo biloba
Cardosanto
Silybum marianum
Sulfato de Magnésio Complexo Senna 46
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Se observo que 61,4% de los pacientes investigados hacian uso de AINEs tanto prescritos como no prescritos y 30,8% utilizaban anticoagulantes y/o diureticos o antihipertensivos asociados. Otras clases farmacológicas bastante utilizadas asociadamente fueron los benzodiazepínicos-antiepilepticos (30,8%), los antiácidos (23,1%) y los antidepresivosantiparkinsonianos (7,7%). Ademas de las medicaciones citadas, se identifico tambien que 77% de los pacientes investigados hacían uso de plantas “medicinales” para el alivio de trastornos gastrointestinales, dolores en el cuerpo, perturbación emocional, irritación, síntomas de resfriado, eliminación de helmintos y reducción de la hipertensión arterial. De este total, 15,4% de los pacientes dejaban de hacer uso de medicaciones alopáticas, sometiéndose al efecto de los fitoterapicos (Tabla 1). 5. DISCUSIÓN
A
unque el gobierno brasileño se empeñe cada vez mas en campañas contra la automedicación, es posible encontrar muchas farmacias donde medicamentos son recomendados sin orientación profesional adequada por parte del quimico farmacéutico responsable y vendidos sin prescripción medica, lo que facilita la creación y mantenimiento de las “farmacias domiciliares”. En este estudio, los datos encontrados demuestran que el consumo de medicamentos no prescritos por los ancianos entrevistados fue 1,32 veces mayor que el consumo de medicamentos prescritos. Dada las debidas proporciones de las muestras de poblaciones estudiadas, Loyola Filho y colaboradores (2005) diferentemente encontraron que aproximadamente 69,1% de los ancianos entrevistados habían consumido apenas medicamentos prescritos, 10,7% habían consumido medicamentos prescrito y no prescritos. En relación a lo encontrado en ancianos residentes en países desarrollados (STOLLER, 1988; WOO et al., 1995; ESPINO et al., 1998), lo encontrado en este estudio sobre el consumo de medicamentos prescritos fue significativamente inferior y el consumo de medicamentos no prescritos fue significativamente superior. Además, los AINEs, principales medicamentos no prescritos, fueron los mismos observados en países desarrollados (MAY et al., 1982; HELLING et al., 1987; STOLLER, 1988; CHRISCHILLES et al., 1992; LASSILA et al., 1996; STOEHR et al., 1997). Una de las causas del alto índice de automedicación es sin duda el elevado costo de una consulta medica (HAAK, 1989) y la mala utilización del servicio publico de salud, la cual por un lado demuestra el poco caso o desconocimiento en relación a las normas reglamentarias, pero por otra evidencia las dificultades de acceso a una atención medica y farmacéutica adecuada (ARRAIS et al., 1997). La consulta medica esta fuertemente asociada al consumo de medicamentos prescritos, pues aumenta la posibilidad de generar una prescripción medicamentosa. En relación al consumo de medicamentos sin prescripción, algunos investigadores consideran las asociaciones negativas entre automedicación y consulta medica un indicativo de la substitución de la atención formal a la salud por la automedicación (LOYOLA FILHO et al., 2005). Datos recientes sugieren que la adherencia de un tratamiento medicamentoso puede estar relacionado al costo de las medicaciones, al bajo nivel de capital social y puede
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ser modificado por multiples factores contextuales (LUZ; LOYOLA FILHO; LIMACOSTA, 2011). Los problemas que generaron la automedicación en este estudio, de modo general no justificarían el uso de medicamentos, tratándose de enfermedades autolimitadas o supuestas carencias nutricionales (ARRAIS et al., 1997). Algunos cambios en relación a esto pueden ser considerados como en los casos de consultas mensuales con profesionales de la salud para tratamiento de enfermedades crónicas como Hipertensión o Diabetes, al igual que el paciente traiga los medicamentos ofrecidos por el programa (HiperDia, en este caso) (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2010), proponiendo un mejor control y disminución de casos en que cual el anciano tenga que “prescribir” para algún conocido (amigos, familiares) algún medicamento que fue usado por el, pues ese medicamento fue recomendado por personas que muchas veces carecen de conocimientos sobre el area de salud, además de la influencia de prescripciones anteriores (ARRAIS et al., 1997), entre los cuales el 60% de las automedicaciones, del punto de vista biomédico, debe ser considerados como irracionales (HAAK, 1989). Los antibióticos y analgésicos tienen un pasado mas largo que los preparados de vitaminas, por ejemplo. Se espera que estos vengan a ser los mas utilizados en la automedicación, ya que la amplia frecuencia con que médicos y vendedores de farmacia los recomiendan. Gripe y fiebre son tratados frecuentemente con el mismo medicamento, así como dolor de barriga y diarrea (HAAK, 1989). En este estudio, el dolor represento una de las mayores influencias en la adopción y escogida de la automedicación. Además de eso, el descubrimiento de la prescripción médica, a través de la alteración del dosaje prescrito, cuando, por ejemplo, no ingieren el medicamento, pues estaban sintiéndose bien (lo que fue dicho muchas veces por los ancianos), también es considerada una forma de autodeterminación que señala formas de autodeterminación (SOUZA; LOPES, 2007). La mala calidad en la decisión en términos del valor intrínseco de los medicamentos buscados y frecuencia de asociaciones medicamentosas reflejan plenamente el mercado farmacéutico brasileño, caracterizado por la predominancia de productos desnecesarios, intensamente difundidos para el publico en general (ARRAIS et al., 1997). La predominancia de analgésicos entre los medicamentos mas buscados es un hecho común tanto en la automedicación practicada en el Brazil como en otros países. El aspecto preocupante se correlaciona con la prevalencia del uso de la Dipirona, medicamento cuya seguridad ha sido bastante discutida (ANVISA, 2011). Entre las causas para eso incluyen la falta de recursos financieros, la ausencia o la imposibilidad de acceso a los servicios de salud y la ignorancia de los peligros asociados a los medicamentos en cuestión (ARRAIS et al., 1997). El efecto de la edad sobre el consumo de medicamentos entre ancianos es diferenciado para los medicamentos con o sin prescripción medica. Estudios epidemiológicos longitudinales y transversales evidenciaron un significativo aumento del uso de medicamentos prescritos con el avance en la edad. Ese cuadro puede ser causado por el aumento de las enfermedades con la edad, por el aumento de visitas a uno o mas médicos y por la necesidad de utilizar combinaciones medicamentosas. Por otro lado, la influencia de la edad en el uso de medicamentos no prescritos es controversia. Diversos trabajos mostraron que la automedicación en ancianos no es afectada por la edad, al paso que, en otros, fue observado aumento o disminución de la automedicación con el aumento de la edad (LOYOLA FILHO et al., 2005). En este trabajo fue observado el aumento en el consumo de medicamentos no prescritos, pero la prevalencia de medicaciones prescritas con la edad fue considerada estable.
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Esta problemática exige que se analicen también la dimensión de la autonomía del individuo en realizar el tratamiento casero sin la consulta al profesión al de salud, o la necesidad de buscar un servicio de salud. Se cree que la condenación pura y simple de la automedicación, interfiere en el poder del individuo de decidir sobre su propio cuerpo. Se cuestiona la necesidad imperativa de los tratamientos prescritos por profesionales, cuando esa práctica no puede ser relativizada. Según Souza e Lopes (2007), esa cuestión merece ser pensada a la luz de los procesos que han influenciado la medicalización creciente de las practicas de la salud. En este contexto queda claro que el medicamento es apenas una de las mercaduriassimbolo posibles de ser ofrecidas al consumo. Otras serian, por ejemplo, las cirugías, que con todo su formidable aparato visual, producen un incontestable efecto simbolico en el ciudadano común (LEFÈVRE, 1987). Interesantemente, cerca del 61% de ancianos investigados hacian uso de AINEs y 30,8% utilizaban independientemente anticoagulantes, diuréticos o antihipertensivos. La interacción de esos medicamentos puede provocar disminución en los efectos de los mismos, causar un posible aumento de los niveles séricos de potasio y aumentar el riego de hemorragias (AME, 2004), lo que para un anciano es un serio problema de salud. Otras clases farmacológicas utilizadas como los benzodiazepinicos y los antiepilépticos (30,8%), antiácidos (23,1%) y los antidepresivos y antiparkinsonianos (7,7%) al interactuar entre si pueden causar disminución de los niveles sanguíneos de los mismos, disminución de sus concentraciones, aumentar el riesgo de hepatoxicidad, dificultar la absorción entre eles, aumentar el efecto de ambas drogas y causar depresión del SNC (AME, 2004), lo que puede ocasionar en los ancianos complicaciones fisiológicas mayores, aumentar el riesgo de caídas (COUTINHO; SILVA, 2002), dificultar la metabolización necesaria de otros medicamentos, causar congestión intestinal, depresión, disminución de raciocinio y perdida de la memoria. Sumado a esto, 80% de los ancianos estudiados hacían uso de preparados caseros de plantas para el tratamiento de las mas variadas enfermedades. Un gran agravante en esta practica es que algunas plantas utilizadas poseen efecto terapéutico todavía discutido y dependiendo del tipo de preparación, pueden ejercer actividad altamente toxica por si sola, siendo desconocido sus efectos al interactuar con otras sustancias medicamentosas. Souza y Lopes (2007) observaron que la subcategoria alternativa popular para la practica automedicativa y utilización de sustancias naturales fue la opción menos relatada. Este hecho sugiere que los entrevistados podrían estar avergonzados en referirse al profesional de salud que utiliza este medio de cura popular, puesto que son prácticas no legitimizadas por la Ciencia y por la Medicina. Se observo que la mayoría de ancianos hacia uso de esta practica, porque se encontraron indicios de esos conocimientos en personas mas viejas y oriundas de la clase rural, como observado en esta investigación. Considerando las alteraciones farmacocinéticas, es importante destacar que en el paciente, como es el anciano, la distribución del fármaco es alterada debido al aumento en la proporción del tejido adiposo, que puede ocasionar acumulo de fármacos lipofilicos y aumento de la vida-media. Todavía ocurre que la disminución de volumen del plasma y de agua total, reduciendo significativamente la distribución de fármacos hidrofilicos, minimizando la concentración plasmática proteica y elevando la cantidad de fármaco libre, lo que contribuye potencialmente para la toxicidad, siendo necesario el ajuste de la dosis por medio de la monitorización terapéutica (BISSON, 2003; SOUZA; SANTOS; SILVEIRA, 2008).
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Además de los problemas anteriormente citados, existe en la literatura científica una preocupación con algunos medicamentos que son considerados inadecuados para el anciano, con posibilidad de Reacciones Adversas a los medicamentos, con la polifarmacia (definida como la utilización de varios medicamentos concomitantes y/o uso excesivo de medicamentos, o uso de por lo menos un medicamento desnecesario), con la redundancia terapéutica, y con las interacciones medicamentosas potencialmente peligrosas. Esos factores cuando aliados a la automedicación y la prescripción inadecuada, contribuyen para el fallo terapéutico, además de generar gastos desnecesarios (MOSEGUI et al., 1999; COELHO FILHO; MARCOPITO; CASTELLO, 2004; LOYOLA FILHO et al., 2005; LEMOS; SOUZA; MENDES, 2006). Un aspecto a ser discutido para la reducción de este problema podría ser el aumento de la práctica de visitas domiciliarias por parte del área de Enfermería y Farmacia (Atención Farmacéutica) en el ámbito asilar, pues la estrecha relación con el anciano, la familia y la comunidad entienden que el profesional de la salud del area de enfermería podría desarrollar una visión mas aguda cuanto a la automedicación, que es vista como práctica común, con riesgos serios a la salud y que exige mucha cautela en las intervenciones realizadas (VALENÇA; GERMANO; MENEZES, 2010). Esto facilitaría un mejor acompañamiento de los hábitos medicativos de los ancianos, además de aclarar y orientar posibles errores en la practica sobre los mismos, bien como del uso de mates de plantas que no se han comprobado que son “medicinales” que acaban siendo utilizados en demasía por los ancianos en situaciones tanto de síntomas de resfriados como para síntomas de “olvido”. Nuestros datos presentados confirman la importancia del estudio de la automedicación, principalmente en ancianos, y apoyan la hipótesis de la ingenua y excesiva creencia de la sociedad actual en el poder de los medicamentos, lo que contribuye para la creciente demanda de productos farmacéuticos para cualquier tipo de transtorno, por mas banal y autolimitado que sea. Tales resultados refuerzan la necesidad de informar a la población sobre el uso adecuado de medicamentos, además de medidas cavibles que garantan la oferta de productos necesarios, eficazes, seguros y de precio accesible (ARRAIS et al., 1997). Por eso, nuevos estudios son necesarios para permitir una comprensión mas profunda de los mecanismos envueltos en esas asociaciones y sus consecuencias para las condiciones de salud de la población longeva, con el objetivo de desmentir posibles poderes “mágicos” y simbolicos de fármacos. 6. CONSIDERACIONES FINALES
E
l presente estúdio rebelo que la población de ancianos investigada utiliza una gran cantidad de medicamentos no prescribidos y muchas veces, indicados para determinadas patologias que ellos no presentan.
Reflexionando sobre la “realidad de los ancianos” es necesario la comprensión de ese proceso de creciente medicalización, a fin de que se insista en la valoración de las potencialidades de los ancianos y en el estimulo de la autonomía, autodeterminación y preservación de la independencia física y mental de esta población significativamente usuaria y consumidora de practicas terapéuticas. De esta manera, se piensa que se puede subsidiar la capacitación de profesionales en el campo de Educación en salud y del trabajo de Enfermeria en particular, favoreciendo los procesos de cuidado, autocuidado y de resolutividad terapéutica para
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los problemas de salud de la población longeva. Para eso, nuevos estudios son necesarios para permitir una comprensión mas profunda de los mecanismos envueltos en esas asociaciones y sus consecuencias para las condiciones de salud de la población longeva.
AGRADECIMIENTOS A los ancianos domiciliados en las comunidades, por el consentimiento y aceptación en participar del trabajo. A la Secretaria Municipal de Salud de São João de Boa Vista, São Paulo – Brazil por la concesión del campo de estudios.
FUENTES DE FINANCIAMIENTO Autofinanciado.
CONFLICTO DE INTERÉS Los autores declaran no tener conflictos de interés.
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Hábitos de automedicación y principales interacciones medicamentosas en una población de ancianos del estado de São Paulo, Brasil Alícia Greyce Turatti Pessolato Enfermera. Master en Ciencias con enfasis en Células-madre, Embriologia y Placentologia, Facultad de Medicina Veterinária y Zootecnia de la Universidade de São Paulo/USP- São Paulo y por el Hemocentro del Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – HCFMRP, Universidad de São Paulo/USP – Ribeirão Preto São Paulo, SP E-mail: aliciagreyce@gmail.com Andrielle Castilho-Fernandes Biomédica. Doctora en Ciencias Médicas, Facultad de Medicina de Ribeirão Preto, Universidad de São Paulo/USP – Ribeirão Preto y por el Hemocentro del Hospital das Clínicas de Ribeirão Preto – HCFMRP, USP – Ribeirão Preto E-mail: andrielle_dcf@yahoo.com Alvaro Carlos Galdos-Riveros Químico Farmacêutico, Master em Ciencias y aluno de Doctorado em Química de Proteínas, Metabólitos e sua relação com as Ciencias Morfológicas, Facultad de Medicina Veterinária y Zootecnia de la USP y por el Instituto Butantan São Paulo, SP E-mail: alvarogaldos@usp.br
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Mara Villas Boas de Carvalho Enfermera. Doctora en Enfermeria por la Universidade de São Paulo/USP, Master en Educación por la Pontifícia Universidad Católica de Campinas/PUCCampinas, Enfermera de Cuidados Paliativos y Control del Dolor, Evaluadora del Ministerio de Educação e Cultura MEC/INEP, Docente del Centro Universitário da Fundação de Ensino Octávio Bastos/UNIFEOB – São João da Boa Vista, SP São Paulo, SP E-mail: carvalho-mara@uol.com.br
PESSOLATO, A.G.T. et al. Hábitos de automedicación y principales interacciones medicamentosas en una población de ancianos del estado de São Paulo, Brasil. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 63-77, dez.-jan., 2012/2013
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Recensão do Artigo: O trabalho docente no ensino superior de enfermagem Laudinéia Maria Neves Dias Enfermeira, especialista em PSF, Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias em Lisboa, Portugal – ULHT Mutum, MG E-mail: laudineia_dias@yahoo.com.br
DIAS, L.M.N. Recensão do Artigo: O trabalho docente no ensino superior de enfermagem. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 78-80, dez.jan., 2012/2013
RESUMO Dentro do contexto das recentes reformas curriculares realizadas na graduação em Enfermagem, surgem questionamentos acerca das mudanças do trabalho e novos conceitos cotejados para a docência no referido curso superior. Tais questões
problematizam a eficácia, eficiência e qualidade do processo de ensinoaprendizagem, constituindo um foco de intensas discussões sobre qual o papel deverá ser assumido para a construção do profissionalismo docente em Enfermagem.
Palavras-chave: Docência; enfermagem; ensino superior
E
sta obra de Maria de Guadalupe Mestrinho, intitulada o Trabalho Docente no Ensino Superior de Enfermagem, centra-se na abordagem das questões sobre como estão os professores de educação em enfermagem a construir o profissionalismo docente, face às mudanças no ensino superior com a nova proposta curricular. Aborda, também, a priori, questões ligadas às formas como se exigem novas competências destes docentes frente às mudanças encontradas e/ou requeridas. Ou seja, que posturas são esperadas destes atores educacionais, que perspectivas apontam e os (possíveis) caminhos para se alcançar esta tão propalada proposta de inovação curricular nos cursos de enfermagem e o trabalho inerente ao mesmo. Este artigo faz-nos (profissionais do ramo de Enfermagem) refletir sobre as questões expostas, considerando que, mudanças vêm ocorrendo em um ritmo acelerado e às vezes é necessário lançar mão de competências cada vez mais exigentes no mundo do trabalho, exigindo cada vez maiores desempenhos dos professores de enfermagem. E as questões que imediato se apresentam são as seguintes: A quem se deve as mudanças educativas?, ou seja, de onde parte os anseios por estas mudanças? Existe a necessidade de repensar o ensino e implantar novos modos de trabalho
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docente na formação dos profissionais de enfermagem? As mudanças de conceitos no ensino superior impuseram alguma transformação na maneira de atuar dos professores no ensino de enfermagem? Este artigo apresenta um contributo significativo para se repensar os desafios que os professores enfrentam em ter que ensinar o cuidado de enfermagem e lidar com as alterações na academia, considerando que o curso de Enfermagem é realizado parte teórico, parte prático. Esta obra representa um relevância significativa para o planejar do ensino, o cuidado com os futuros envolvidos que se beneficiarão do trabalho profissional, a técnica em si e as modalidades do trabalho docente. Conforme relata a autora, a enfermagem pode ser ensinada, praticada e investigada pelos professores, através de práticas profissionais adequadas e competentes. Mestrinho (2007) sublinha o profissionalismo docente e os papéis sócio-profissionais dos professores de enfermagem nas escolas, onde, em geral convivem com diversas mudanças, tais como de ambiente profissional, de clientela assistida, de envolvimento da equipe e mudanças extra e intracurriculares. Com isto, abre-se cada vez mais espaço para questionamentos acerca do sistema educativo, incluindo, neste debate novas tecnologias, modernização da grade curricular, do método de avaliação educacional a fim de obter cada vez mais cidadãos conscientes de seus direitos e deveres na sociedade em que vivem. O que o texto nos revela é que, na medida em que os avanços tecnológicos dos meios de comunicação e dos recursos de informática progridem, aceleram-se as mudanças em todos os níveis e modalidades de ensino. Com isso, fica evidente a questão das mudanças do trabalho docente de enfermagem e das reformas curriculares, anunciando-se, desta forma, o novo advento de uma visão mais ampliada, holística do homem sobre o mundo e sobre o universo, não perdendo de vista que o profissional graduado em enfermagem tem responsabilidades para com este sujeito, implicando na formação desta visão sofisticada. É com base nesta linha de pensamento, que a autora sustenta que vem emergindo novos conceitos sobre a docência que vem se preocupando com a eficácia, a eficiência e a qualidade do processo de ensino-aprendizagem, no referido curso. Onde eficácia se refere à capacidade de contemplar as necessidades da sociedade, procurando fazer o que deve ser feito. É um atributo que diz a respeito à possibilidade da ação desenvolvida resultar na solução do problema para o qual está dirigida. Eficiência refere-se à relação custo benefício, ou seja, a capacidade do enfermeirodocente de utilizar bem os recursos disponíveis e produzir a maior quantidade possível de ações, bem como mobilizar recursos de áreas afins, resultando, desta forma, num eficiente e competente processo de ensino- aprendizagem. Neste sentido, trabalhar a questão de investimento na estrutura, recursos, processos e atualização, utilizando os meios oferecidos e disponíveis através das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação no processo ensino-aprendizagem, podese obter um ensino de enfermagem fortificado e que atenda de maneira ampla as necessidades das sociedades atuais. Esta perspectiva construtora visa redefinir o profissionalismo docente de enfermagem como uma missão de grande responsabilidade, considerando que os professores têm
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de ensinar o cuidado de enfermagem aos estudantes e lidar com as alterações na academia. Como relata a autora, referindo que as ações docentes estão intrinsecamente ligadas a noção de profissionalidade na qual engloba: saberes, praticas, atitudes no desempenho docente promovendo articulações com o conceito de competência que o docente deverá resgatar e conduzir sua função. O artigo define a palavra competência, como a capacidade de mobilizar diversos recursos cognitivos para fazer as situações prática, integrando saberes, saberes fazer e atitudes. Neste aspecto, o trabalho docente de Enfermagem funciona como mola propulsora para que se tenha o indivíduo/cidadão recebendo de forma equânime os serviços ofertados pelos órgãos públicos de saúde. Em síntese, o artigo que recenseámos de MESTRINHO (2007) mostra-nos a necessidade de se repensar o ensino superior de enfermagem e programar novos modos de trabalho no processo de atuação do docente. Concluindo, o profissionalismo docente está diretamente articulado a competência, e que mudanças podem ocorrer, mas faz-se mister unir dois aspectos: profissionalismo e competência, promovendo, assim, uma maior qualidade na educação Superior em Enfermagem.
REFERÊNCIAS MESTRINHO, Maria de Guadalupe (2007). O Trabalho Docente no Ensino Superior de Enfermagem. Escola Superior de
Enfermagem de Lisboa. A Escola e o mundo do trabalho, XVII Colóquio afirse secção portuguesa, 12 páginas.
Recensão do Artigo: O trabalho docente no ensino superior de enfermagem Laudinéia Maria Neves Dias Enfermeira, especialista em PSF, Mestranda em Ciências da Educação pela Universidade Lusófona de Humanidades e tecnologias em Lisboa, Portugal – ULHT Mutum, MG E-mail: laudineia_dias@yahoo.com.br
DIAS, L.M.N. Recensão do Artigo: O trabalho docente no ensino superior de enfermagem. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 78-80, dez.jan., 2012/2013
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A cerâmica como ferramenta de corte Anderson Roberto Pereira¹; Victor Correa Viana²; Vinícius Melo Cangussu³; Wallace Vilas Boas4 Graduandos em Engenharia de Produção do IFMG - Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mails: (1) apereira@cemig.com.br; (2) viana.de.ru@gmail.com; (3) viniciusmelocangussu@gmail.com; (4) wallace.siqueira@cemig.com.br Sandro da Costa Silva Professor do IFMG – Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mail: sandro.costa@ifmg.edu.com.br
PEREIRA, A.R. et al. A cerâmica como ferramenta de corte. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 81-85, dez.-jan., 2012/2013
RESUMO Ao longo de milhares de anos, a cerâmica tem sido usada e adaptada aos mais diversos tipos de trabalhos humanos. Seja na arte, na construção civil, em utensílios básicos, na composição de peças ou ferramentas, a cerâmica vêm revelando cada vez mais seu potencial como material
de importância econômica. O objetivo deste trabalho é apresentar a cerâmica como ferramenta de corte, mostrando características que a tornam empregável na indústria da usinagem, bem como as vantagens e desvantagens da sua utilização.
Palavras-chave: Cerâmica; ferramentas de corte; usinagem ABSTRACT For thousand of years, the ceramics has been used and adapted for the most variable kind of human works. Whether in art, in civil construction, in basic itens, in the composition of parts or tools, the ceramics has revealed your potential as a material of
economics relevance. The objective of this paper is to present the ceramics as a cutting tool, showing characteristics which make it usable in the industry of machining, such as its advantages and disadvantages at it's utilization.
Keywords: Ceramics; cutting tools; machining
1. INTRODUÇÃO
E
xistem inúmeras aplicações da cerâmica na atualidade. Por ser um material extremamente antigo, este foi adquirindo novas utilizações ao longo do tempo, o que resultou num material amplamente empregado de diversas formas. No artesanato, a criação de objetos decorativos e utilitários gera renda para muitas pessoas, que utilizam desse meio para seu sustento. Na arquitetura, é utilizada na fabricação de telhas, tijolos, azulejos e louças sanitárias. Com o avanço da ciência e
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da tecnologia, a indústria se expandiu e a cerâmica passou a atender um exigente mercado de construção civil, de equipamentos médicos e de alta tecnologia, como os atuais condutores cerâmicos de energia. Além disso, vem sendo utilizada em tecnologia de ponta, como por exemplo: aplicações aeroespaciais, produção de nanofilmes e sensores para detectar gases tóxicos. Na área da usinagem, é utilizada como ferramenta de corte por possuir características desejáveis no corte de materiais duros. Apesar disso, as ferramentas de corte de cerâmica possuem uma pequena fatia no total de vendas de ferramentas de usinagem, algo em torno de 5% do total (RIBEIRO et al., 2007).
Figura 1 – Pastilha de cerâmica
2. SURGIMENTO DA CERÂMICA NA INDÚSTRIA
S
egundo DINIZ, não é de hoje que o material cerâmico é utilizado como ferramenta de corte em processos de usinagem. Desde a década de 50, a cerâmica foi introduzida na indústria como ferramenta. Porém só foi a partir da década de 80 que este material começou a ganhar espaço no mercado como ferramenta de corte para materiais usináveis. Isso foi possível após muitos estudos que possibilitaram desenvolvimentos conseguidos no campo das propriedades da cerâmica. 3. CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E DO PROCESSO DE USINAGEM
A
s cerâmicas possuem características químicas importantes que contribuem para a sua aplicação em diversas atividades. Atuam como isolantes de alta-voltagem, em resistores e capacitores (que possuem inúmeras aplicações na indústria moderna, por exemplo: supercondutores de alta temperatura, velas de combustão internas de motores). O fato de este material resistir à altas temperaturas, torna desejável sua aplicação nas indústrias de usinagem, altos-fornos siderúrgicos e usinas nucleares. Na área da usinagem, a cerâmica é utilizada como uma ferramenta de corte, pois apresenta várias características tais como alta dureza a quente permitindo altas velocidades de corte (FERRARESI, 2003). Ela também possui grande estabilidade química evitando oxidação e difusão, alta resistência à compressão e ainda apresenta como uma das principais características um baixo coeficiente de atrito, isso permite um acabamento de alta qualidade. Por resistirem às altas temperaturas, os insertos de cerâmica permitem obter velocidades de corte pelo menos três vezes maior que os insertos de metal duro comuns (aços temperados e ferros fundidos coquilhados). Nessas condições de corte, o nível de cavaco removido aumenta 70% em comparação com o metal duro
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(RIBEIRO et al., 2007). Além disso, estas podem ser afiadas novamente, o que aumenta o nível de economia. Porém a cerâmica possui algumas características que limitam a sua aplicação como ferramenta de corte no processo de usinagem. Podemos enumerar algumas das principais restrições do seu uso, como a alta fragilidade e a baixa condutividade térmica, o que logicamente dificulta a transferência de calor e faz com que a região próxima do contato cavaco-ferramenta e peça-ferramenta atinjam altas temperaturas (DORÉ et al., 2007). Outra característica é que a cerâmica possui baixa tenacidade, o que facilidade a formação de trincas e a quebra da ferramenta (MACHADO et al., 2009). 4. O BITS DE USINAGEM E A CERÂMICA
O
Bits de usinagem é um pequeno prisma feito de aço rápido, que constitui a cunha e o cabo da ferramenta em uma única peça. Usado na usinagem e torneamento de peças, tem entre suas características a resistência do seu corpo e a capacidade de ser afiado várias vezes, o que torna o processo mais barato. Esse material tem que ter alta tenacidade, pois a tensão da usinagem é transferida para toda a ferramenta. Por outro lado, ele não pode ser muito caro, sendo assim, ele perderia sua vantagem econômica.
Figura 2 – BITS x Pastilha de Cerâmica Essas características incompatibilizam a fabricação de um bits de cerâmica no estágio atual da tecnologia, já que a cerâmica não suporta muita tensão e é um material bem mais dispendioso que o aço rápido. 5. VANTAGENS ECONÔMICAS DA CERÂMICA COMO FERRAMENTA DE CORTE
A
s ferramentas de corte de cerâmica ainda têm uma grande dificuldade de substituírem outras ferramentas de corte e serem usadas em maior escala.
Um dos motivos determinantes para a sua baixa participação no mercado é seu alto custo. Além disso, possuem a necessidade de serem constantemente repostas pelo seu alto desgaste. Outro fator relevante é sua baixa tenacidade que gera quebra e lascamento. No entanto, conforme mostra a tabela 1.0, pode ser mais viável utilizar a cerâmica, mesmo com seu alto custo de implantação.
83
Material
Custo Relativo da Ferramenta (US$)
Velocidades de corte Custo de típicas (m/min) Usinagem US$/pol³
Aço-carbono
0,1
12,2
0,25
Aço rápido Liga Fundida
0,5 2
27,5 45,8
0,13 0,06
Metal duro
5,25
152,5
0,04
Material cerâmico
12
244
0,02
Tabela 1 – Relação custo benefício dos materiais para ferramenta Fonte: (FERRARESI, D., Fundamentos da Usinagem dos Metais. 2003)
Conforme mostra a Tabela 1, o material cerâmico destaca-se por possuir o maior preço unitário, seguido pelo Metal duro. Os materiais mais baratos são o Aço-carbono, o Aço rápido e a liga fundida. Entretanto, podemos perceber que o alto custo do material cerâmico é compensado pelo seu custo de usinagem que é o menor em relação aos demais devido a sua alta velocidade de corte. 6. CONCLUSÃO
A
o longo da pesquisa observou-se que não existe uma ferramenta de corte que seja melhor do que todas as outras, mas existe uma ferramenta mais adequada para cada projeto desenvolvido pela empresa. Fatores como tempo disponível, capital suficiente para a compra das ferramentas e qualidade de acabamento da peça usinada são os aspectos que deverão ser levados em conta, na hora da escolha ou não da cerâmica como ferramenta de corte. Sendo assim, a ferramenta de corte de cerâmica é indicada para produtos que exijam um acabamento superficial com baixa rugosidade, produção em larga escala e pra quem deseje uma economia em longo prazo, levando em conta sua boa relação custo-benefício.
REFERÊNCIAS DINIZ, L. S.; SANTOS, C. A.C. “Analise das Tensões Térmicas em Materiais Cerâmicos”. In: CONEM 2000, 2000, Natal, RN, CONEM 2000, Rio de Janeiro, Associação Brasileira de Ciências Mecânicas, 2000.
Cerâmica Al2O3+Y2O3+NBC na Usinagem de Ferro Fundido Vermicular. 2007. FERRARESI, D. Fundamentos da Usinagem dos Metais. 2003. MACHADO, A. R. et al. Teoria da Usinagem dos Materiais. 2009. RIBEIRO, M. V. et al. Aplicação de Ferramentas Cerâmicas no Torneamento de Cilindros Laminadores. 2007.
DORÉ, C. et al. Avaliação do Desempenho de Ferramentas de
A cerâmica como ferramenta de corte Anderson Roberto Pereira¹; Victor Correa Viana²; Vinícius Melo Cangussu³; Wallace Vilas Boas4 Graduandos em Engenharia de Produção do IFMG - Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mails: (1) apereira@cemig.com.br; (2) viana.de.ru@gmail.com; (3) viniciusmelocangussu@gmail.com; (4) wallace.siqueira@cemig.com.br
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Sandro da Costa Silva Professor do IFMG â&#x20AC;&#x201C; Campus Governador Valadares Governador Valadares, MG E-mail: sandro.costa@ifmg.edu.com.br
PEREIRA, A.R. et al. A cerâmica como ferramenta de corte. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 11, p. 81-85, dez.-jan., 2012/2013
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VII CONGRESSO BRASILEIRO DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO De 20 a 23 de maio de 2013. Local: Cuiabá, MT. Maiores informações em: http://www.ufmt.br/cbhe7/
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