LIVRE
revista
ESPAÇO CIENTÍFICO
ISSN 2236-9538 BRASIL, N.6, FEV.-MAR., 2012
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REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS, RESUMOS E IDEIAS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.
Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra
Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, fev.-mar., 2012
EDITORIAL Bem vindos a mais uma edição bimestral da Revista Espaço Científico Livre. Ficamos contentes, pois cada vez mais recebemos artigos de diferentes áreas e regiões do Brasil e eventualmente até do exterior. Continuem enviando artigos, o objetivo da Revista Espaço Científico Livre é ser o ambiente de promoção e divulgação do conhecimento plural e científico. Nesta edição, teremos sete artigos, tratando de assuntos relacionados a administração, pedagogia, saúde, meio ambiente, história e inclusão. Espero que apreciem mais essa edição. Boa leitura. Verano Costa Dutra Editor
A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação digital distribuída gratuitamente a estudantes de escolas técnicas, graduação e profissionais de diferentes áreas em todo o Brasil.
Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científica Livre, e são de total responsabilidade de seus autores.
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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO Verano Costa Dutra Editor – Farmacêutico Industrial, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Divulgação - Graduanda em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduanda em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO Aline Guimarães Monteiro Trigo Professora Adjunta do CEFET-RJ
Lic Norberto Litvinoff Professor da Universidade de Buenos Aires
Amanda Santos Machado Graduanda em Curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental pela Universidade Veiga de Almeida – RJ
Marcos José Dodorico Graduado em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa e Respectivas Literaturas pela Faculdade de José Bonifácio
Andresa Vaniele Barbosa Pereira Docente da Faculdade de José Bonifácio. Especialista em Educação Especial – Libras Camila Renata Bolsonaro Acadêmica do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Cleonaldo Daniel Rabelo Acadêmico do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Elaine Lopes Fernandes Graduada em Administração com ênfase em Recursos Humanos pela Fac III Heleny Andrade Nunes Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP). Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP) Júlio Gomez Sanchez Júnior Acadêmico do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar
Maria Rosa Pereira Oliveira Acadêmica do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Mariely Andrade Ribeiro dos Santos Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP). Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP) Ricardo Alexandre Volpi Graduado em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa e Respectivas Literaturas pela Faculdade de José Bonifácio Sérgio Comitre Acadêmico do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Waleska Maria dos Santos Graduada em Serviço Social na UFF e pósgraduada em Historia da África e do Negro no Brasil
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SUMÁRIO Interdisciplinalidade: Desafios e possibilidades Por Heleny Andrade Nunes e Mariely Andrade Ribeiro dos Santos
pg. 07
Educação ambiental no Parque Estadual da Chacrinha (RJ) Por Amanda Santos Machado e Aline Guimarães Monteiro Trigo
pg. 17
A inclusão de alunos surdos na rede regular do ensino e a presença do professor interlocutor na sala de aula Por Andresa Vaniele Barbosa Pereira, Marcos José Dodorico e Ricardo Alexandre Volpi
pg. 27
Políticas Públicas de Saúde - A importância do estudo do perfil nutricional de gestantes com sobrepeso para atendimento pré-natal na unidade básica de saúde na cidade de Mauá - SP Por Camila Renata Bolsonaro, Cleonaldo Daniel Rabelo, Júlio Gomez Sanchez Júnior, Maria Rosa Pereira Oliveira e Sérgio Comitre
pg. 36
Problemas sexologicos vistos a la Luz de la Psicohomeopatia Por Lic Norberto Litvinoff
pg. 39
Qualidade de vida no trabalho como um fator motivacional nas organizações Por Elaine Lopes Fernandes
pg. 41
Resistência ou Rendição? Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro Por Waleska Maria dos Santos
pg. 54
Eventos acadêmicos
pg. 75
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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre
NUNES, H.A.; SANTOS, M.A.R. Interdisciplinalidade: Desafios e possibilidades. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 07-16, fev.-mar., 2012
Interdisciplinalidade: Desafios e possibilidades Heleny Andrade Nunes Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP). Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP) Amargosa, BA E-mail: helenyandrade@hotmail.com Mariely Andrade Ribeiro dos Santos Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP). Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP) Amargosa, BA E-mail: marielyoliver@hotmaill.com
RESUMO Este artigo aborda a interdisciplinaridade de forma histórica e crítica cujo processo de especialização e disciplinaridade são entendidos como uma epistemologia, um paradigma a ser superado pelas práticas interdisciplinares. Assim, traz também uma perspectiva filosófica, onde o novo paradigma epistemológico defende a impossibilidade de conceber o conhecimento fora dos moldes de produção em vigor, o qual ainda é produto de um processo de construção histórica, positivista e cartesiana. A abordagem teórica apresentada permite a construção do objeto de pesquisa e dicotomia sujeito/objeto; transita entre as ciências humanas; afirma-se como conceito articulador dentre os campos de pesquisa, por perpassar, de forma dialética, conceitos psicológicos e sociológicos, caracterizando-se como interdisciplinar e aponta alternativas para a questão pedagógica do método interdisciplinar. Palavras-chave: Interdisciplinalidade; educação; epistemologia ABSTRACT This article addresses the interdisciplinary way of historical and critical in the process of specialization and disciplinarity are understood as an epistemology, a paradigm to be overcome by interdisciplinary practices. Thus, it also brings a philosophical perspective, where the new epistemological paradigm advocates the inability to conceive of knowledge out of production molds in place, which still is the product of a process of historical, positivist and Cartesian. The theoretical approach presented allows the construction of the research object and subject / object dichotomy; transits between the humanities, it is stated as a concept articulated in the search fields, for pervade, dialectically, psychological and sociological concepts, characterizing as interdisciplinary and alternative points for the question of teaching method disciplines. Keywords: Interdisciplinarity; education; epistemology
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1. INTRODUÇÃO
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uito já se disse acerca da interdisciplinaridade. Entretanto, ainda não foi possível formalizar um conceito capaz de unir epistemólogos, filósofos e educadores em torno de um consenso. Neste trabalho será mesmo preciso têlo, no momento em que se constata, segundo Japiassú (1996), que a ciência ou algumas teorias científicas renunciaram às pretensões de totalidade e completude, que a ciência busca a universalidade da prática e não de uma teoria afirmada aprioristicamente, Identifica, ainda, que a ciência já não é, em função do processo de disciplinarização. Os objetivos deste artigo são mostrar que os discursos sobre a interdisciplinaridade encontram-se aportados em paradigmas científicos e humanistas. Argumentam que a interdisciplinaridade não pode ser concebida fora dos modos de produção históricos em vigor, significa que é produto de um processo que foi engendrado no meio da construção do conhecimento ao qual subjaz a ciência. Incluindo neste contexto a fragmentação do conhecimento. Nesta abordagem a interdisciplinaridade entendida como produto histórico, apresenta caminhos para a não exclusão e a necessidade de avançar na direção de outro paradigma que permita aproximação maior da visão histórica, implicando de forma coesa que a interdisciplinaridade e especialidade possam conviver de forma harmoniosa. Identifica que os autores referidos situam a interdisciplinaridade no campo da epistemologia sujeito, pelo fato de acepção subjetivista, na qual o homem é superestimado no processo de construção do conhecimento. Apresenta pontos pertinentes em relação á acepção iluminista e rejeitando sua concepção. Portanto a interdisciplinaridade nesta abordagem remete à ideia de método, sugerindo que através dele, seja possível resgatar a ciência dos desvios da especialização no decorrer dos processos que contribuem para a construção do conhecimento no campo ensino-aprendizagem. 2. INTERDISCIPLINARIDA NO CONTEXTO HISTÓRICO
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interdisciplinaridade surgiu meados do século passado, período marcado por movimentos estudantis que reivindicavam um ensino mais contemplador das questões sociais, políticas e econômicas do período, no qual o saber fragmentado, causado por uma epistemologia de cunho positivista fragmentou as disciplinas, caracterizando a divisão nas ciências. Era o saber compartimentado, individualista e cada disciplina singularizava suas informações e métodos, gerando imobilismo no ser aprendente. No entanto, uma única disciplina não poderia dá respostas aos conflitos existentes da época, surge, nesse contexto, a interdisciplinaridade como forma de pensamento para acabar com as rivalidades entre os saberes, por este motivo passa a ser aceito e abraçado por muitos educadores; na perspectiva de garantir a construção do conhecimento de maneira holística e global. Sair de uma concepção fragmentada para uma concepção unitária do conhecimento, ultrapassar a dicotomia entre ensino e pesquisa, tendo como referencia as mudanças paradigmáticas no campo educacional e a contribuição de diversas ciências na construção do saber são caminhos que conduzem uma ação pedagógica interdisciplinar.
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Impossível falar em educação sem ter em mente tempo e espaço. O racionalismo teve seus primeiros passos no século XIII com Tomás de Aquino. Trabalhou para que a igreja viesse a ver o mundo de outra forma, através da observação da natureza, é a existência das coisas nas próprias coisas, através dos sentidos. Assim, a igreja teve seus dogmas e suas tradições quebrados. No entanto, essas ideias foram reprimidas por representarem uma ameaça. Contudo, esses pensamentos não foram arrancados e na idade média surgem com mais vigor, explicações não apenas de cunho teológico, mas também racionalistas e filosóficos. Assim a fé constituída de razão busca explicações. Segundo Morin (2003): Desenvolve-se um turbilhão histórico onde desordens e antagonismos (lutas de Estados, luta de classes, lutas de religiões, lutas de ideias) em vez de contrariá-los, favorecem os desenvolvimentos econômicos, políticos, sociais, culturais, não sem algumas enormes destruições. (MORIN, Edgar, 2003, p.70).
No século XVI, o Racionalismo torna-se mais evidente com as novas teorias da astronomia. Nicolau Copérnico descobre através dos cálculos matemáticos que a Terra gira em torno do Sol, a teoria heliocêntrica, popularizada após por Galileu Galilei. Nesse mesmo período, surge a teoria da evolução de Charles Darwin, consolidando uma nova era para a ciência, assim como Descartes comprovou através da matemática e da física que Galilei estava certo, mas não publicou com medo de ser queimado ou que atrapalhassem seus estudos futuros; desse modo, registrou e também ensinou. A sociedade acreditava que o pensamento racional deveria ser levado à frente, substituindo a fé pela centralidade do homem, caracterizando o Iluminismo (século XVII), que na França ocasionou na Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, Igualdade e Fraternidade, contrariando o absolutismo apoiado pelo clero e pela nobreza; e a classe burguesa e os trabalhadores puderam enfim ampliar as práticas mercantilistas. Durantes este século, o esclarecimento, a busca pela verdade e felicidade fomentava por uma educação não mais eclesiástica, a capacidade de pensar por si próprio conduzia ao homem ficar à frente desse processo, Na Inglaterra, a mecanização dos sistemas de produção desencadeou a Revolução Industrial. A produção deixa de ser artesanal e surge assim a industrialização, e a burguesia torna-se cada vez rica. A máquina a vapor, os grandes teares revolucionam o modo de produzir, ficando de fora milhares de desempregados, portanto a mão-deobra que havia sido usada aos poucos foi sendo substituída por robôs. Nesse contexto as empresas são levadas a buscarem cada vez mais, profissionais qualificadas e especializadas para ocuparem cargos que exigem saberes múltiplo. O tempo parece ter cedido espaço entre o iluminismo e os grandes avanços científicos para Conte. Sua visão positivista desconsidera o conhecimento se não puder ser comprovado cientificamente, para ele o progresso da humanidade depende unicamente da ciência, ela é a única capaz de transformar o planeta em paraíso. Contudo a ciência moderna acabou com as expectativas de harmonia e ordem; o determinismo cotidiano extinguiu com o positivismo; no contexto atual, ao valor dado ao governo da elite intelectual e o fato de desprezar a teologia e a metafísica. Para Santos (2004): O determinismo mecanicista é o horizonte certo de uma forma de conhecimento que se pretende utilitário e funcional, reconhecido menos pela capacidade de compreender profundamente o real do
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que pela capacidade de dominar e transformar. [...] (SANTOS, 2004, p. 31).
O tecnicismo surge nos Estados Unidos, no século XX, e é introduzido no Brasil uma década depois, entre 1960 e 1970, em um sistema capitalista no qual o interesse era apenas produzir indivíduos que atendessem às exigências da sociedade industrial e tecnológica. Assim, a escola teve uma função de destaque, adequar o sistema educacional com a proposta econômica e política do militarismo. A racionalidade operativa e a disciplinalização constituem a ciência moderna, baseada na representação, resultante do tecnicismo. O conhecimento, desse modo, torna-se compartimentado, impossibilitando aos educandos e educadores a dialogicidade com outras áreas do saber. Segundo Morin (2003): Assim, os desenvolvimentos disciplinares das ciências não só trouxeram as vantagens da divisão do trabalho, mas também os inconvenientes da superespecialização, do confinamento e do despedaçamento do saber. Não só produziram o conhecimento e a elucidação, mas também a ignorância e a cegueira. (MORIN, 2003, p. 15).
As associações entre os saberes permitem ao indivíduo contextualizar as informações, transformando-as em conhecimento, contudo a sociedade continua a perpetuar a dicotomia entre ciência social e ciência natural. A economia preocupa-se com o quantificável, o humano, neste cenário, deixa de ser peça fundamental. Logo, o conhecimento deve ser pensado de forma holística, com visão na amplitude sem se esquecer a profundidade que os saberes se apresentam na formação cidadã. 3. PROPOSTA PEDAGÓGICA INTERDISCIPLINAR: CONCEITOS E FUNDAMENTOS
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eflete-se acerca da temática sobre interdisciplinaridade, mas pretende-se apresentar sugestões para a sua efetiva viabilização.
Inicialmente, tenta-se recuperar os fundamentos para a compreensão de uma prática docente interdisciplinar, a partir da discussão dos conceitos considerados significativos acerca do tema. O avanço do conhecimento, a mudança paradigmática acaba por resignifcar conceitos na área da educação, assim, a seguir apresentaremos a nossa compreensão de alguns conceitos. Para Will (1993) a pluri ou multidisciplinaridade enfoca a proximidade, a justaposição de várias disciplinas sem a tentativa de síntese. Já a interdisciplinaridade: consiste na síntese dialética das disciplinas, instaurando um novo nível de linguagem, uma nova forma de pensar e agir, caracterizados por relações, articulações e mobilizações de conceitos e metodologias. Enquanto que a transdisciplinaridade: refere-se à axionomia convergente, busca de valores comuns, é o reconhecimento da interdependência das áreas do conhecimento.
Parafraseando Fazenda (2001), a atitude interdisciplinar é compreensão e vivencia do movimento dialético, é viver o velho para torná-lo novo e admitir que existe sempre algo de velho no novo, velho e novo são faces da mesma moeda. Desta forma, se faz necessário um diálogo entre diferentes atores e formas de conhecimento, trata-se de uma consolidação da intersubjetividade, um pensar que se completa no outro,
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repensando uma totalidade do conhecimento no qual consiste em respeitar as especificidades, na forma de pensar nos aspectos teórico-metodológicos que embasam o fazer pedagógico. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais (2002): A interdisciplinaridade supõe um eixo integrador, que pode ser o objeto de conhecimento, um projeto de investigação, um plano de intervenção. Nesse sentido, ela deve partir da necessidade sentida pelas escolas, professores e alunos de explicar, compreender, intervir, mudar, prever, algo que desafia uma disciplina isolada e atrai a atenção de mais de um olhar, talvez vários (BRASIL, 2002, p.8889).
Nesse sentido, considerando os conceitos apresentados que será sempre revisados com necessidade de definição de um processo de operacionalização da proposta, surgem estratégias metodológicas para uma prática interdisciplinar, como um desafio a ser enfrentado pelos educadores que admitem uma dinâmica no processo de transformação, na construção dos saberes necessários ao enfrentamento de situações advindas das mudanças constantes da sociedade do conhecimento. Assim nas reflexões teóricas apresentadas, propõem-se estratégias metodológicas identificadas com um currículo integrador, que tem como diretriz englobar os saberes de um conjunto de disciplinas dentro de um mesmo eixo investigador, além de considerar os princípios e finalidades do sujeito no que diz respeito à construção do conhecimento, valores, habilidades e competências, que são consequências de um processo sócio-histórico. Do ponto de vista metodológico, pretende-se sistematizar elementos simbólicos e representativos, concretos e racionais que se constituem como objetos de orientação e exercício da prática pedagógica do professor sobre a ótica da interdisciplinaridade com alguns aspectos procedimentais denominados saberes profissionais do professor, Como aponta Demailly (1995, p.153-154) seriam eles “Competências, ética, saberes científicos e críticos, saberes didáticos e competências relacionais, saberes e fazeres pedagógicos e competências organizacionais”. Todavia ao analisar tais aspectos, entende-se que o autor destaca os saberes científicos e críticos a partir de uma concepção teórica e os saberes – saber fazer pedagógico depende da formação do professor para uma prática interdisciplinar. Para Santos (2004): Um currículo de dignidade social e formativa necessita de novos sujeitos epistêmicos, históricos e democráticos, que filtrem política e pedagogicamente aquilo que a tecnociência se nos oferece como subsídio para a formação, como interpretações abstratas e mirabolantes, invenções eficazes, soluções fantásticas, realizações rápidas e perfeitamente generalizáveis. Que esses novos sujeitos históricos mudem intercriticamente esse ethos, conformando em simplificações modelizadas, é o que pretendemos, como um argumento ideológico fundante dessas elaborações. (SANTOS, 2004, p. 126).
Pode-se inferir desse pensamento que é preciso desenvolver competências disciplinares para exercer práticas de interdisciplinaridade. Assim instrumentalizar o professor através de vivências práticas, no sentido de que ele possa contemplar diferentes dimensões consideradas estratégicas para o saber fazer interdisciplinar.
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Neste contexto o planejamento da atividade interdisciplinar, segundo Fazenda (2001), envolve a tríade: necessidade, intenção e cooperação, de modo que o momento gerado tenha como propósito a construção da cidadania e exercício da autonomia pessoal. E necessidade no contexto da escola e envolve múltiplos aspectos e diferentes dimensões da vida social. Desta forma a intenção do projeto pedagógico da escola, da projeção e planejamento das atividades devem está permeados de possibilidades para construção de um conhecimento que se manifeste na atitude, no refazer, rever, reconstruir em vista de sua característica formadora e científica. Com exigência de uma cooperação que se dá a partir da intenção por confrontar posicionamentos, interrogações da realidade, veiculando concepções de valores e principalmente transpor os diferentes campos do conhecimento. A prática interdisciplinar constitui-se de um trabalho coletivo e solidário que exige a descentralização do poder de uma efetiva autonomia do sujeito, seu exercício envolve competências docentes, tais como: perceber-se interdisciplinar, contextualizar os conteúdos, valorizar o trabalho em parceria, desenvolver atitude de pesquisa, valorizar e dinamizar a comunicação, resgatar o sentido de humano e trabalhar com a pedagogia de projetos. A partir do delineamento dessas competências define-se o eixo integrador que deve articular as várias disciplinas, tendo em vista a aprendizagem significativa para o aluno onde o raciocínio pedagógico interdisciplinar incita ao encantamento, ao desafio e ao enfrentamento de situações adversas e plurais, mas também provoca desinteresse naqueles que resistem ao rompimento com os reducionismos e com a racionalidade técnica. Descobrir que a prática pedagógica é um espaço de reflexão e ação interdisciplinar é um passo rumo à percepção do homem em ser inacabado, um peregrino na busca do inesgotável e do respeito às pluralidades, as contingências do contexto sócio-histórico e cultural, traduzidos nas relações consigo mesmo e com os outros. Neste sentido, a prática pedagógica de base positivista torna-se inadequada, pois não há lugar para a visão unilateral, linear e fragmentada de ensino e aprendizagem. Dessa forma, verifica-se que é possível vencer as dificuldades originárias de uma prática pedagógica interdisciplinar quando se descobre novos caminhos para agir dialeticamente, possibilitando a construção coletiva de novos conhecimentos práticos e teóricos, identificando-se com uma categoria de ação que transforma o velho e constrói o novo. Entende-se que essa prática pedagógica requer mudança de atitude do professor frente às formas tradicionais e transmissão de conhecimento, configurando em especialidades isoladas. É preciso refletir sobre a construção do conhecimento, configurando em especialidades isoladas. É preciso refletir sobre a construção do conhecimento, linguagem simbólica e racional que se utiliza no fazer pedagógico. Neste sentido, perceber-se as necessidades da dinâmica de aprendizagem, criando novas alternativas de planejamento e desenvolvimento curricular, resignificando a prática em sala de aula de forma a atender os desafios de aprendizagem sempre que apresentados.
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Para tanto, faz-se necessário articulação e mudanças no contexto escolar de modo a incorporar os resultados da análise obtida que implica na atualização dos saberes e nas relações que definem o ideário pedagógico, político e social comprometido com as mudanças do contexto em que a escola está inserida. Por fim, é importante enfatizar que esse recorte dado e sistematizado nesse trabalho acerca da prática interdisciplinar do professor não pode ser tomado como receita metodológica capaz de prescrever respostas definitivas, trata-se de pontuar algumas considerações sobre essa temática. 4. FRAGMENTAÇÃO DO CONHECIMENTO, ESPECIALIZAÇÃO E INTERDISCIPLINARIDADE
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ão é mais possível se negar que a ciência tem trazido no decorrer dos séculos, inúmeros avanços tecnológicos para a humanidade, tornando-se, cada vez mais poderosa. No entanto, instala-se aí um paradoxo da ciência: a mesma ciência que salva, que promove a evolução traz consigo alguns princípios que fragmenta e causa destruição. O saber científico vive no momento um conflito constantemente permeado por pequenas questões que vêm sendo discutidas e refletidas como o que é e quem a ciência serve. Esta reflexão tem gerenciado problemas no campo cientifico que são refletidos no campo social, já que na modernidade, a sociedade é direcionada pelo que é produzido e imposto cientificamente nos princípios lógicos e ideológicos aos quais aparentemente nos tornamos indiferentes. Segundo Santos (2004): Na ciência moderna o conhecimento avança pela especialização. O conhecimento é tanto mais rigoroso quanto mais restrito o objeto sobre que incide. [...] a excessiva parcelização e disciplinarização do saber cientifico que faz do cientista um ignorante especializado e que isso acarreta efeitos negativos. (SANTOS, 2004, p.46).
Desta forma, no mundo do trabalho a ciência vem se configurando de maneira disciplinar até culminar no alto nível de especialização do conhecimento, onde se encontra atualmente. Esta não traz somente vantagens, mas propõe uma fragmentação do saber. Na sociedade moderna, portanto, o que impera é a especialização e a fragmentação do saber e o sistema político neste contexto pode ser considerado tecnocracia, à medida que se recorre sempre aos especialistas para as tomadas de decisões sociopolíticas. Segundo Morin (1997): A tendência para a fragmentação, para a disjunção, para a esoterização do saber científico tem como conseqüência a tendência para o anonimato. A especialização generaliza-se e atinge não somente as ciências naturais como também as antropossociais, Trazendo um vazio de subjetividade inerente a estas áreas do conhecimento. (MORIN, 1997, p. 17).
Assim, tomados por alto grau de alienação, são deixados por conta dos especialistas por acreditar que são os mais sábios, o destino de todo o planeta, volta-se para homens, aos quais são lhes confiados à responsabilidade de assegurar à humanidade uma sobrevivência,
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Desta forma, utilizam linguagem técnica não acessível à sociedade, o que torna a ciência e sua própria tomada de decisões mais distantes da realidade, e cada vez mais voltada a interesses que não são comuns para todos. E por se estar demasiadamente especializados, desfragmentados na forma de pensar, de entender e ver o mundo instaura grande alienação. Como afirma Morin (1999): O próprio especialista torna-se ignorante de tudo aquilo que não concerne a sua disciplina e o não-especialista renuncia prematuramente a toda possibilidade de refletir sobre o mundo, a vida, a sociedade deixando esse cuidado aos cientistas (MORIN, 1999, p. 17). O alto nível de especialização e de racionalidade afasta a ciência da subjetividade. E a falta de subjetividade afasta o saber científico do real. A ciência, portanto, não consegue refletir sobre o real apesar de considerar-se reflexo do mesmo. Na verdade, ela transforma o real em técnica, em teoria, mas não reflete sobre esta realidade. Segundo Morin (1997): Estamos nos aproximando de uma revolução na história do saber em que este deixa de ser pensado, meditado, refletido e discutidos por seres humanos e se destina a ser cada vez mais acumulado em banco de dados, para ser depois computado por instâncias manipuladoras, o Estado em primeiro lugar (MORIN, 1999, p. 17).
Nesse sentido, se torna necessário que a racionalidade prevaleça sobre a subjetividade, onde o cientista se apresente numa posição excluída de sua própria ação, e, portanto, de sua própria responsabilidade. É o que Morin chama da ciência sem consciência. A ciência não consegue refletir sobre si mesma, que dirá pensar de maneira interdisciplinar, considerando posições de outros especialistas, chegando a um consenso que reúna não somente um interesse, mas interesses comuns. Para auto explicar-se, a ciência adota apenas caráter objetivo e teórico. Reflexo disso é o próprio método da experimentação. A ciência é, portanto, ao mesmo tempo dominadora (pois é detentora do poder e busca sempre a verdade) e dominada. Assim o conhecimento científico na modernidade configura-se como fragmentado, superficial em sua complexidade, demasiadamente objetivo e técnico, e realiza-se segundo interesses dominantes, mas não da sociedade como um todo. Instala-se, nesse contexto, a necessidade de reflexão sobre que caminhos cientistas e o próprio conhecimento científico poderiam seguir para que se tornassem mais significativos. Como afirma Silva (2007): As epistemologias solidárias são aquelas que não se fazem partindo da hierarquização das diversas racionalidades do mundo real. [...] não se fazem, principalmente, contra o senso comum, mas em um diálogo criterioso com os saberes e valores do cotidiano. (SILVA, revista de Filosofia, 2007, p 83).
É necessária uma conversão de atenção científica, tornando-se fundamental uma revisão da epistemologia e consequentemente de uma renovação da pedagogia do conhecimento científico. Nesse sentido é que Hilton Japiassú (1976) trabalha a ideia
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de patologia do saber e aponta a ciência moderna, propondo uma discussão crítica acerca dos conceitos sobre interdisciplinaridade, transdisciplinaridade e multidisciplinaridade levando-nos a rever tais conceitos. Para Japiassú (1976): Uma exigência interna dessas ciências, como uma necessidade para uma melhor inteligência da realidade que elas nos fazem conhecer, enfatizando a importância do interdisciplinar se impor tanto para a formação do homem quanto para responder às necessidades da ação (JAPIASSÚ, 1976, p. 29).
Nesta proposta, pode-se inferir que muito do que é considerado interdisciplinar no trabalho científico, na verdade se caracteriza mais como ações multidisciplinares, porque segundo este autor, tanto o multi como o pluridisciplinar realizam apenas o agrupamento, a justaposição intencional ou não de certos módulos disciplinares (disciplina aqui entendida no mesmo sentido que ciências especializadas). Como afirma Japiassú (1976): O espaço do interdisciplinar, quer dizer, seu verdadeiro horizonte epistemológico, não pode ser outro senão o campo unitário do conhecimento. Jamais esse espaço poderá ser constituído pela simples adição de todas as especialidades nem tampouco por uma síntese de ordem filosófica dos saberes especializados. (JAPIASSÚ, 1976, p.74).
Assim, uma característica central da interdisciplinaridade consiste no fato de que ela incorpora os resultados de várias disciplinas, compara, julga e promove a integração dos mesmos. Parafraseando o autor uma postura interdisciplinar dentro das ciências levaria mais em consideração a importância do indivíduo e das questões inerentes à sociedade enquanto formada e pesquisada por seres humanos (JAPIASSÚ, 1976, p. 75). Desta forma, a desfragmentação da sociedade, bem como a falta de reflexão sobre sua condição e seus caminhos no futuro diante de posturas realmente interdisciplinares e próximas do real no âmbito das ciências poderiam ser realidades passíveis de modificações. Essa postura refletiria em outros níveis das sociedades remetendo a uma reflexão na busca de uma compreensão e cooperação por ações mais significativas para com o mundo e os seres humanos. Portanto, diante das reflexões realizadas e tomando como base a problemática da ciência e do saber interdisciplinar proposta por alguns autores, pode-se entender que se torna cada vez mais evidente a necessidade da discussão que emerge acerca do papel que a ciência tem desempenhado na atual sociedade. Neste contexto e frente a esta possível realidade, deve-se interrogar como a postura científica torna-se reflexo da sociedade, fragmentada e desconectada com o valor subjetivo inerente aos seres humanos, assim como de que maneira a própria ciência massifica e intensifica, através dessa postura problemas da fragmentação da sociedade em detrimento do conhecimento concebido nas mais variadas esferas científicas. Um saber, uma postura interdisciplinar é evidentemente necessária na atualidade onde o interdisciplinar em quanto proposta para o campo de valorização do conhecimento pode levar a ciência para construção de novas epistemologias tornando
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os pensamentos, ações e práticas mais significativas para educação na atual sociedade.
NOTA Este trabalho foi elaborado com fins avaliativos da disciplina Currículo, do curso Educação e Interdisciplinaridade pela UFRB-CFP, sob orientação dos docentes Gilfranco Lucena e Wilson Correia.
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Interdisciplinalidade: Desafios e possibilidades Heleny Andrade Nunes Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB-CFP). Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela UFRBCFP Amargosa, BA E-mail: helenyandrade@hotmail.com Mariely Andrade Ribeiro dos Santos Graduada no curso Normal Superior pela Faculdade de Ciências Educacionais (FACE). Graduanda no curso de Filosofia pela UFRB-CFP. Pós-graduanda em Interdisciplinaridade e Educação pela UFRB-CFP Amargosa, BA E-mail: marielyoliver@hotmaill.com
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Educação ambiental no Parque Estadual da Chacrinha (RJ) Amanda Santos Machado Graduanda em Curso de Bacharelado em Engenharia Ambiental pela Universidade Veiga de Almeida – RJ Rio de Janeiro, RJ E-mail: amandasantosmachado@ig.com.br Aline Guimarães Monteiro Trigo Professora Adjunta do CEFET-RJ Rio de Janeiro, RJ E-mails: amonteiro@cefet-rj.br; aj.trigo@ig.com.br
RESUMO Este artigo demonstra a importância da educação ambiental na primeira etapa de desenvolvimento cognitivo da criança, por meio da abordagem construtivista, que explica a aquisição do conhecimento na perspectiva daquele que aprende, e da aplicação de atividades lúdicas, influenciando, a forma como as crianças irão lidar com o mundo que os cerca. O estudo iniciou-se a partir da experiência adquirida durante o trabalho voluntário realizado em uma Área de Proteção
Ambiental (APA), a APA do Marapendi, para que depois fosse viabilizado no Parque Estadual da Chacrinha, localizado também no município do Rio de Janeiro. No Parque, vários tipos de projetos de educação ambiental foram elaborados, permitindo desenvolver uma maior percepção ambiental acerca das causas e consequências da degradação ambiental e contribuir para a formação de um cidadão crítico e consciente ambientalmente.
Palavras-chave: Educação Ambiental; atividades lúdicas; projetos ambientais
1. INTRODUÇÃO
O
tema educação ambiental é um assunto que vem sendo bastante discutido, devido às atuais condições ambientais. No entanto, poucos projetos vêm sendo desenvolvidos especificamente com crianças, considerando que as mesmas constituem a geração futura, responsável também pela preservação do planeta. A ausência de projetos que atuem de forma integrada a outras disciplinas, nas instituições de ensino, está associada, principalmente, à falta de capacitação de professores e orientadores para atuar na área ambiental, bem como à sobrecarga de conteúdo, que não permite a realização de trabalhos relacionados aos temas transversais. Outro fator que dificulta a integração dos indivíduos ao meio ambiente é o apelo tecnológico, com o aumento de jogos, brinquedos eletrônicos, TV’s, que afastam as crianças do ambiente natural em que estão inseridas, principalmente do convívio com os indivíduos e a natureza.
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Portanto, este trabalho vem demonstrar a importância da educação ambiental na etapa da educação infantil (crianças até 6 anos de idade), de forma que não seja abordada apenas como uma parte da ciência biológica, mas sim, uma área de conhecimento que deve estar integrada às demais áreas de conhecimento humano, seja em caráter formal ou informal. Neste estudo, a maneira com que a criança será estimulada se dá por meio da aplicação de atividades lúdicas e interativas, e tendo como princípio básico para a construção do conhecimento a abordagem construtivista de Piaget. Isto permite incentivar a criança a pensar e refletir, demonstrando, na prática, as causas e as consequências das ações antrópicas prejudiciais e favoráveis ao meio ambiente. Acredita-se, com isso, que o indivíduo cresça com uma visão mais ampla sobre o que se deve fazer com os recursos naturais e a forma de preservá-los, tornando-o, questionador e praticante de ações em prol de um ambiente sustentável. 2. UMA FORMA ABRANGENTE DE EDUCAÇÃO: A EDUCAÇÃO AMBIENTAL
A
tingir todos os cidadãos, através de um processo pedagógico participativo permanente, incutindo no educando uma consciência crítica sobre a problemática ambiental, de forma que seja capaz de captar a origem e a evolução de problemas ambientais, é o desafio da educação ambiental. A proposta de educação ambiental apresentada por Telles et al. (2007) vai ao encontro ao que o Ministério da Educação e Cultura (2009) espera que ocorra com aqueles que venham trabalhar com a educação ambiental, no qual o indivíduo adquire consciência do seu meio ambiente, passando a interagir com este, por meio de conhecimentos, experiências, habilidades e valores, sendo capaz de agir, individual e coletivamente, para a melhoria das problemáticas ambientais. Educação Ambiental trata-se de um processo contínuo de aprendizagem das questões relacionadas ao espaço onde ocorre interação dos componentes bióticos e abióticos, os quais regem a vida em todas as suas formas. Dessa maneira, a Educação Ambiental propicia o aumento de conhecimentos, a mudança de valores e o aperfeiçoamento de habilidades, que materializam as condições básicas para que o ser humano assuma atitudes e comportamentos que estejam em harmonia com o meio ambiente (MEC, 2009, p. 50).
O episódio Rio – 92 estendeu e demonstrou a todos indivíduos e setores governamentais e não governamentais a preocupação ambiental, na qual a educação ambiental foi caracterizada por: Incorporar as dimensões socioeconômicas, política, cultural e histórica, não podendo se basear em pautas rígidas e de aplicação universal, devendo considerar as condições e estágio de cada país, região e comunidade, sob uma perspectiva histórica. Assim sendo, a educação ambiental deve permitir a compreensão da natureza complexa do meio ambiente e interpretar a interdependência entre os diversos elementos que conformam o ambiente, com vista a utilizar racionalmente os recursos no presente e no futuro (CORDANI, 1997, p.33).
Sete anos depois, a lei nº 9795, de 27 de abril de 1999, veio formalizar o processo de educação ambiental, por meio da Política Nacional de Educação Ambiental, afirmando que:
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“Educação ambiental é um componente essencial e permanente da educação nacional, devendo estar presente, de forma articulada, em todos os níveis e modalidades do processo educativo, em caráter formal e não-formal” (art. 2º) (BRASIL, 1999). É importante ressaltar a ação dos vários integrantes do espaço escolar na construção das condições necessárias para que a escola alcance junto aos alunos uma visão socioambiental e que isto se perpetue para o ambiente externo à escola. Para tanto, Prado et al. (2005) esclarecem que os professores e orientadores/ monitores educacionais precisam dominar o assunto e buscar com os alunos/crianças mais informações, no decorrer das atividades. Seja, pesquisando em livros, conversando com os colegas das outras disciplinas, ou convidando pessoas da comunidade para fornecer informações, através de pequenas entrevistas. No espaço fora da escola, deve haver uma maior flexibilidade no uso de métodos que promovam a educação ambiental, principalmente para um público que apresenta características variadas, segundo a faixa etária, nível de escolaridade, nível de conhecimento da problemática ambiental, entre outros aspectos (CASTRO, 2004). Neste contexto, vem sendo construídas atividades lúdicas que fazem com que eles interajam uns com os outros e expressem suas opiniões sobre variados temas ambientais, considerando que se trata de um indivíduo que se encontra em constante modificação emocional, cognitiva e social. Significando assim, que as vivências adquiridas ao longo de seu desenvolvimento influenciarão no comportamento futuro. Segundo Noal (2005), as atividades em educação ambiental precisam incentivar a ruptura com os pressupostos da educação moderna, sob pena de se continuar a reproduzir tudo o que ajudou a “mutilar” a educação como um todo, o que inviabiliza a realização da Educação Ambiental como uma prática que leve à reflexão e ao alargamento do conceito e da cidadania. Neste estudo, o foco se dá nos indivíduos de até 6 anos, que se encontram na educação infantil, que é a primeira etapa do desenvolvimento cognitivo da criança e que influencia, diretamente, na forma como ela irá lidar com o mundo que a cerca. A criança, independentemente de sua idade, é um indivíduo com seu desenvolvimento físico, motor, emocional, cognitivo, e social em fase de construção. Portanto, é capaz de se expressar, assimilar conhecimentos e construir a sua realidade quando está praticando alguma atividade. O uso da abordagem construtivista de Piaget (2005) explica a aquisição do conhecimento científico na perspectiva da criança ou daquele que aprende. O seu estudo é principalmente centrado em compreender como o aprendiz passa de um estado de menor conhecimento a outro de maior conhecimento, o que está intimamente relacionado com o desenvolvimento pessoal do indivíduo. Para Piaget (2005), o sujeito estabelece a ação de troca com o meio, a partir de duas dimensões: a assimilação e a acomodação. Estes aspectos são importantes para conhecer e compreender a relação de interação do indivíduo com seu ambiente. Por isso, esse sujeito age ativamente sobre o objeto, de forma assimilá-lo, apropriando-se desse objeto. Com isto, cria para este objeto um significado próprio, na medida em que o interpreta de acordo com a sua possibilidade. Ou talvez, o sujeito por não ter as estruturas cognitivas suficientemente maduras, age no sentido de se transformar ajustando-se às resistências impostas pelo objeto do conhecimento e agindo sobre suas próprias estruturas, alterando-as para acomodar o objeto experimentado. E assim, estas duas dimensões, assimilação e acomodação, estão intimamente ligadas,
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de forma que, sem assimilação (interpretação ativa), de determinado objeto (conteúdo) não haveria a acomodação das estruturas psicológicas do aluno. O uso das atividades lúdicas, segundo Telles et al. (2007), ajuda a estimular as crianças a pensar e refletir com o objetivo de que elas cresçam com uma visão ampla sobre os recursos naturais e para que no futuro venham a preservar o meio ambiente. Essas atividades por serem executadas, na maioria das vezes, em grupo proporcionam uma interatividade maior entre os indivíduos e um desenvolvimento no comportamento futuro dos mesmos. 3. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTUDO: PARQUE ESTADUAL DA CHACRINHA
O
Parque Estadual da Chacrinha está localizado no bairro de Copacabana, no município do Rio de Janeiro. Apesar de se encontrar em uma área urbana densamente ocupada como Copacabana, o parque representa o último refúgio para algumas espécies como o mico-estrela, o gambá, o tatu, o gavião-carijó, a coruja, o anu-branco, o anu-preto e o sanhaço. Desempenha, ainda, um papel de destaque para a amenização do clima e preservação do ecossistema. Na flora do parque podem ser encontradas espécies como embaúba, guatambu e paineira (INEA, 2011). Muito procurado por moradores vizinhos e alunos das escolas próximas, o parque apresenta espaços destinados à recreação, esporte e ginástica. As trilhas são bastante utilizadas por visitantes e montanhistas, e dão acesso ao alto do Morro de São João. 4. METODOLOGIA
O
s projetos desenvolvidos no Parque da Chacrinha têm por objetivo estimular um processo de atividade coletiva que desenvolva a percepção ambiental, permitindo aos indivíduos encontrar soluções para os impactos ambientais.
O tema a ser trabalhado pelos projetos no Parque é “Ecossistemas da cidade do Rio de Janeiro” que visa fornecer informações sobre os ecossistemas da cidade do Rio de Janeiro, evidenciando as características do ecossistema, os animais e vegetais nativos e introduzidos. Dessa forma, torna-se possível identificar as causas dos impactos ambientais sofridos pelas espécies de fauna e flora desse ambiente. A implantação dos projetos segue uma sistemática que é empreendida junto ao público infantil: 1) Explorar e entender a situação problemática; 2) Identificar os elementos do meio (a água do rio e os animais ribeirinhos, por exemplo) e os personagens ou grupos implicados (habitantes, associações de moradores do bairro, o prefeito, o governo e outros, por exemplo); 3) Identificar e compreender as opiniões e os valores de cada um; 4) Definir o problema, guiando-se pelo que percebem ou entendem dele (por exemplo: a água cheira mal, a água está contaminada, ninguém cuida do rio, etc.); 5) Refletir sobre a relação entre as posições e valores das pessoas em uma situação problemática, assim como sobre a complexidade de situações deste tipo; 6) Identificar e avaliar as soluções possíveis; 7) Escolher uma solução (ou um conjunto de soluções).
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Serão descritos para o tema selecionado, os projetos que foram desenvolvidos no Parque da Chacrinha, de forma lúdica, enfocando a faixa etária, o tempo estimado da atividade, os materiais, o método e os resultados esperados. a) Projeto Painéis Informativos:
Materiais necessários: Cartolina, cola, recortes de revistas e textos. Tempo estimado: De 5 até 10 minutos. Faixa etária: A partir de 4 anos. Método:
Através da construção de painéis, com o uso da cartolina, cola, recortes e textos informativos, esta atividade tem o objetivo de mostrar e relatar para as crianças algumas características dos ecossistemas encontrados. Cabe ressaltar que as informações devem ser passadas de maneira diferenciada de acordo com a idade e a compreensão do grupo de crianças. O monitor deve realizar perguntas constantes que estimulem o interesse pelo assunto, como por exemplo: “O que está sendo mostrado nos painéis?”, “Qual é a diferença entre tais animais?”, “Em quais ambientes encontram-se esses animais?”, e assim por diante, dificultando as perguntas de acordo com a idade do indivíduo. Normalmente, trabalha-se com o questionamento que estimula o aprendizado e favorece a aceitação da informação. O objetivo é que a criança participe da atividade e perceba, junto com o monitor, os impactos presentes nos ecossistemas, estimulando-os a buscar soluções para os problemas encontrados.
Resultado esperado:
Espera-se que a criança assimile a informação e tome consciência de que o ecossistema faz parte do ambiente em que ela vive, do qual a mesma depende, e por isso, deve utilizar os recursos naturais de forma racional, contribuindo para a qualidade ambiental do ecossistema e de sua própria qualidade de vida. b) Projeto Vivendo e Brincando com o Meio Ambiente:
Materiais necessários: Gibis, cartilhas e lápis. Tempo estimado: 30 a 40 minutos, em média. Faixa etária: De 4 a 12 anos. Método:
Figura 1: Cartilha desenvolvida pelos monitores no Parque Estadual da Chacrinha
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Este projeto é composto por duas atividades, as quais são: “Interagindo com o meio ambiente” e “Leitura de gibis e cartilha” (Figura 1). A primeira consiste em levar a turma de crianças para um ambiente: jardim de uma escola ou para o próprio Parque da Chacrinha, identificando os seres vivos que podem ser encontrados neste local: plantas, insetos, etc. Busca-se, neste momento, incentivar a curiosidade do grupo. Deve-se enfatizar a necessidade de informá-los acerca de não emitirem barulhos e andarem sempre pela trilha como medida de segurança, a fim de observar uma maior quantidade de animais. Fala-se acerca da importância do ecossistema, dos seres habitantes, dos seres intrusos e da interação do homem com o meio, verificando a capacidade do grupo em encadear e operar as situações vivenciadas. A duração desta atividade varia com a faixa etária. Geralmente crianças mais jovens não têm muita resistência e cansam facilmente. Neste caso, é indicado que a atividade seja realizada de 15 a 20 minutos no máximo, já com crianças mais velhas, de 9 a 12 anos, pode-se estimar um tempo de 25 a 30 minutos. A distribuição e leitura de gibis e cartilhas podem ser feitas como opção durante as atividades. A duração da mesma está em torno de 10 a 15 minutos, para crianças que ainda não sabem ler, o monitor deve orientar a realização desta atividade. É um momento em que as crianças podem desenvolver sua capacidade de raciocínio e concentração, bem como relembrar as informações durante a primeira atividade. As cartilhas trazem atividades para colorir e jogos que buscam estimular a capacidade de pensar.
Resultado esperado:
Com essas atividades, espera-se que as crianças sejam capazes de captar e assimilar as informações relacionadas ao ecossistema, reconhecendo, principalmente, as causas e as consequências ao ambiente. c) Projeto Horta no Parque:
Materiais necessários: Aventais, composto orgânico, sementes, materiais para formar os canteiros (redes ou estacas de madeiras), regador e pá. Tempo estimado: 30 minutos. Faixa etária: De 4 até 12 anos. Método:
Figura 2: Horta no Parque Estadual da Chacrinha
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O Projeto Horta no Parque (Figura 2) trata de ensinar as noções básicas de como “cultivar um alimento” em uma horta. Esta atividade pode ser desenvolvida nas escolas e nos parques, como foi evidenciado na figura. A atividade inicia no preparo dos canteiros, na produção do composto orgânico, na semeadura, no transplante, no plantio até a colheita. Os alimentos presentes na horta são alface, chicória, cenoura, rabanete, beterraba e plantas aromáticas, como manjericão, alecrim e pimenta. No Parque da Chacrinha, foi realizada a atividade com crianças com deficiência física e mental. O composto orgânico foi produzido pelas crianças a partir de uma mistura de restos de vegetais e animais em decomposição.
Resultado esperado:
Espera-se que as crianças saibam “trabalhar” em grupo, respeitando os colegas e reconhecendo a importância dos recursos naturais, como solo, água, ar e sol no desenvolvimento dos vegetais e legumes. d) Projeto Pescando Consciência:
Materiais necessários: Caixote, cartolina, serragem, fita, canetinha e lápis de cor, tesoura, cola, e saco plástico preto picotado. Tempo estimado: 1 hora. Faixa etária: De 6 até 9 anos. Método:
Produz-se uma lagoa poluída, utilizando caixote, cartolina, serragem e plástico preto picado. Na lagoa, observam-se, além da poluição, os seres que nela vivem. Os peixes são produzidos com cartolina, canetinha e fita. Neles, estarão descritas informações sobre a poluição ou sobre o ecossistema daquela lagoa. Ao pescar o peixe, a criança deverá ler a mensagem, no caso de uma pergunta, deverá respondê-la. A partir de então, o monitor mediará as respostas e passará as informações sobre os aspectos e impactos verificados na lagoa. Deve ficar atento com as crianças que ainda não estão completamente alfabetizadas, tendo o monitor o dever de ler a mensagem para o aluno, evitando constrangimentos e recolhimento da criança.
Resultado esperado:
Espera-se que a criança entenda as informações passadas e conheça mais sobre os ecossistemas de suas vizinhanças. e) Projeto Role Play
Materiais necessários: Textos informativos e materiais para a dramatização de acordo com a situação. Tempo estimado: No máximo 40 minutos, havendo a realização de uma tarefa a cada mês e por turma. Faixa etária: De 7 a 12 anos. Método:
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Figura 3: Role play
O role play consiste em organizar uma dramatização baseada em um problema ambiental em que as crianças representam os protagonistas do caso (Figura 3). Através da atividade, procura-se fazer com que as crianças deem suas opiniões sobre as causas e a gravidade do problema e proponham soluções. O projeto costuma ser desenvolvido em escolas e parques destinados à proteção ambiental. O projeto é composto por duas partes:
Primeira parte: Introduzir a atividade a partir da leitura do texto que apresenta o problema ambiental, pedindo para as crianças definirem o problema. Segunda parte: Realização da prática. Recomenda-se:
1. Antes do jogo:
Definir e esclarecer os objetivos da atividade com as crianças; Entender o problema ou a situação e definir os personagens que serão representados; Estabelecer e esclarecer as regras do jogo: repartir os papéis, dar detalhes sobre as etapas do jogo e a duração da atividade, etc; Coletar as informações necessárias para o desempenho dos diferentes papéis.
2. Durante o jogo:
Animar e dinamizar os diálogos, orientando as crianças em torno dos objetivos e quanto ao tema central; Estimular a participação de cada um no diálogo; Não censurar as discussões, mas assegurar um clima de respeito mútuo; Inverter os papéis para que cada jogador represente diferentes papéis e experimente outros pontos de vista; Ajudar com perguntas para esclarecer as discussões de cada um; Interromper o jogo quando for necessário para buscar informações adicionais.
3. Depois do jogo:
Identificar o aprendizado adquirido.
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Resultado esperado:
Espera-se que as crianças aprendam a considerar em suas decisões/ opiniões os problemas sociais e ambientais, além de apreciar sua importância. Por meio do roleplay, aprende-se também a argumentar e desenvolver habilidades para comunicar-se, negociar e tomar decisões. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
B
uscou-se desenvolver a percepção ambiental dos indivíduos/crianças a partir de atividades lúdicas fora do espaço escolar – Parque Estadual da Chacrinha, contribuindo na formação de um cidadão crítico e consciente ambientalmente que saiba identificar a causa de um impacto em uma área degradada e respeitar o espaço do próximo. O monitor deve propiciar para as crianças o acesso ao ambiente, identificando os elementos naturais e experiências diferentes das de casa, enriquecendo sua vivência. Ao longo das atividades, a abordagem construtivista é verificada, considerando os conhecimentos prévios e a utilização das atividades lúdicas, que propiciam condições adequadas ao desenvolvimento físico, motor, cognitivo e social das crianças. Por fim, os projetos de educação ambiental foram apresentados e diferenciados pela faixa etária, tempo de duração da mesma e descrição dos métodos. Os resultados demonstraram que um novo conhecimento é possível de ser construído/ trabalhado. É comprovado que a criança assimila conhecimentos e constrói a sua realidade quando está praticando alguma atividade lúdica. Portanto, espera-se que, com a futura implantação dos projetos, o aprendiz espelhe a experiência adquirida, modificando a realidade de acordo com os valores recém adquiridos. Os projetos desenvolvidos no Parque Estadual da Chacrinha podem ser implementados em outras áreas de proteção ambiental, possibilitando o envolvimento de todos, por meio dos mais jovens que devem disseminar a informação para a comunidade.
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PEREIRA, A.V.B.; DODORICO, M.J.; VOLPI, R.A. A inclusão de alunos surdos na rede regular do ensino e a presença do professor interlocutor na sala de aula. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 27-35, fev.-mar., 2012
A inclusão de alunos surdos na rede regular do ensino e a presença do professor interlocutor na sala de aula Andresa Vaniele Barbosa Pereira Docente da Faculdade de José Bonifácio. Especialista em Educação Especial – Libras José Bonifácio, SP E-mail: desavani@yahoo.com.br Marcos José Dodorico Ricardo Alexandre Volpi Graduados em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa e Respectivas Literaturas pela Faculdade de José Bonifácio José Bonifácio, SP
RESUMO Todas as pessoas que possuem necessidades educativas especiais têm o direito de acesso à saúde, lazer, trabalho, educação e demais recursos que são necessários ao pleno desenvolvimento do ser humano. No entanto, ao longo da história, as pessoas com necessidades especiais foram julgadas incapazes de realizarem atividades consideradas normais ao ser humano “normal”. Essas pessoas foram então excluídas da sociedade e seus direitos, principalmente os de acesso ao trabalho e educação, foram desrespeitados. O objetivo desta pesquisa é observar as práticas e estratégias didático-metodológicas e pedagógicas desenvolvidas pelos professores de escolas públicas que lidam com alunos surdos. A partir das informações coletadas, constatouse que o sistema de ensino regular não está preparado para receber e lidar com os alunos, “surdos”. As escolas são carentes de recursos básicos necessários ao processo de inclusão e os professores não estão preparados para recebê-los. Como consequência não desenvolve práticas e estratégias pedagógicas que atendam às necessidades educacionais desses alunos. Palavras-chave: Inclusão; educação; libras; surdos ABSTRACT All persons who have special educational needs have the right to access to health, leisure, work, education and other resources that are necessary to the full development of the human being. However, throughout history, people with special needs were judged incapable of undertaking activities regarded as normal to the human being “normal”. These people were then excluded from society and their rights, especially the access to employment and education, were not respected. The goal of this research is to observe practices and methodological and didactic strategies-teaching developed by
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public school teachers who deal with deaf students. From the information gathered, it was noted that the regular education system isn't prepared to receive and deal with the students, “deaf”. Schools are lacking basic features required for the process of inclusion and teachers are not ready to receive them. As a consequence not develops pedagogical practices and strategies that meet the educational needs of these students. Keywords: Inclusion; education; libras; deaf
1. INTRODUÇÃO
O
interesse pela educação das pessoas surdas surgiu pela percepção da necessidade de aprofundar conhecimentos e construir novos saberes sobre a inclusão na rede regular de ensino. A inclusão dessas pessoas se apresenta como um fato novo para a maioria dos professores e profissionais ligados à educação, surgindo como um grande desafio para todos, pois uma escola inclusiva deve oferecer ao aluno surdo possibilidades reais de aprendizagem, caso contrário, estará realizando uma inclusão precária. A presente pesquisa buscou compreender o processo de inclusão de alunos surdos na perspectiva de ambiente de aprendizagem em contexto de uma sala onde os sujeitos (professores e alunos) envolvidos são na sua maioria ouvintes, refletir sobre a educação e inclusão na rede regular de ensino e analisar como vem sendo realizado esse processo, as dificuldades encontradas pelos alunos surdos no âmbito educacional. No decorrer da pesquisa, foi possível visualizar que não há uma efetiva inclusão das crianças com necessidades educativas especiais nas escolas. O aluno com surdez sofre um despreparo acadêmico por parte da escola, pois os profissionais da educação não se encontram preparados para trabalhar o aluno com relação à diferença linguística e sociocultural. Durante a realização do presente trabalho, os conteúdos pesquisados foram por meio de livros específicos, artigos que mencionam o assunto e pesquisa de campo. 2. LEGISLAÇÕES QUE AMPARAM O ALUNO SURDO
A
tualmente pode-se evidenciar que a realidade da educação brasileira se encontra em um patamar aquém das expectativas. Sabe-se que ainda há legislações a qual determinam que os indivíduos com necessidades educacionais especiais sejam atendidos pela rede regular de ensino. Observa-se ainda o maior problema da rede de ensino e das escolas é moroso, mas partindo do princípio de “igualdade de oportunidade” e “educação para todos”. A Constituição Federal de 1988 garantem tais direitos. Seus artigos dizem: Art. 205. Trata a educação, como direito de todos e dever do Estado e da família, a mesma deve – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; Já o Art. 208. Postula que é dever do Estado com a Educação sendo a mesma efetivada mediante a garantia de: III ¬ atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, Preferencialmente na rede regular de ensino (BRASIL, 1988).
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Observando a Constituição Federal, é inegável que as oportunidades educacionais devem ser ampliadas para uma grande parcela da população brasileira, àqueles que são considerados como pessoas que possuem necessidades educativas especiais, pois, no seu artigo 205, é estabelecido que a educação seja um direito de todos, e também direito das pessoas com necessidades especiais. Tendo em vista que esses alunos possuem os mesmos direitos que os alunos “ditos normais” e que eles devem ser incluídos nas salas regulares, evidencia-se que muitas instituições ainda utilizam o pretexto de não estarem preparadas para não receberem esses alunos. Nesse contexto, Mantoan afirma: Muita gente continua acreditando que o melhor é excluir, manter as crianças em escolas especiais, que dão ensino adaptado. Mas já avançamos. Hoje todo mundo sabe que elas têm o direito de ir para a escola regular. Estamos num processo de conscientização (MARTOAN, 2005).
Nesse contexto de inclusão educacional, observa-se que inserir o indivíduo surdo na sala de aula regular acabam se deparando com professores sem nenhum preparo e capacitação para trabalhar com esses alunos surdos. O Decreto 5626 de 22 de dezembro de 2005 no seu artigo 22 explana a garantia do direito à educação das pessoas surdas ou com deficiência auditiva: Art. 22. As instituições federais de ensino responsáveis pela educação básica devem garantir a inclusão de alunos surdos ou com deficiência auditiva, por meio da organização de: II - escolas bilíngues ou escolas comuns da rede regular de ensino, abertas a alunos surdos e ouvintes, para os anos finais do ensino fundamental, ensino médio ou educação profissional, com docentes das diferentes áreas do conhecimento, cientes da singularidade linguística dos alunos surdos, bem como com a presença de tradutores e intérpretes de Libras - Língua Portuguesa. § 1o São denominadas escolas ou classes de educação bilíngue aquelas em que a Libras e a modalidade escrita da Língua Portuguesa sejam línguas de instrução utilizadas no desenvolvimento de todo o processo educativo. § 2o Os alunos têm o direito à escolarização em um turno diferenciado ao do atendimento educacional especializado para o desenvolvimento de complementação curricular, com utilização de equipamentos e tecnologias de informação.
De acordo com as políticas estabelecidas pelo governo federal, os discentes surdos não devem mais ficar segregados nas escolas especiais. Eles devem ser atendimentos desde o princípio da escolarização em unidades escolares regulares com a presença de um intérprete que traduza as aulas ministradas em Língua Portuguesa (modalidade oral) em Língua Brasileira de Sinais (Libras) e o contra turno seja preenchido por atividades específicas para surdos abordadas pelo professor especialista de Língua Brasileira de Sinais. Silva (2001) relata que o direito do aluno surdo à educação por meio da língua de sinais está assegurado na Declaração de Salamanca, no artigo 19 “Políticas educacionais deveriam levar em total consideração as diferenças e as situações
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individuais. A importância da linguagem de sinais como meio de comunicação entre os surdos, por exemplo, deveria ser reconhecida”. No processo inclusivo dos discentes surdos, o que se vislumbra na prática é professores tentando se comunicar com os alunos surdos de qualquer forma, sem mesmo acreditarem na efetividade de tal procedimento. 3. INCLUSÃO EDUCACIONAL DO DISCENTE SURDO
P
essoas que possuem surdez, com perda maior ou menor da percepção auditiva, representam uma clientela específica, com aspectos que não podem ser desconsiderados e necessitam de métodos e estratégias de ensino diferenciadas, recursos didáticos que o auxiliem na aquisição e desenvolvimento da linguagem. De acordo com o Brasil, MEC/SEESP (1994) a deficiência auditiva pode manifestar-se como:
Surdez leve / moderada: é aquela em que a perda auditiva é de 70 decibéis, que dificulta, mais não impede o indivíduo de se expressar oralmente, bem como de perceber a voz humana com ou sem a utilização de um aparelho auditivo.
Surdez severa / profunda: é a perda auditiva acima de 70 decibéis, que impede o indivíduo de entender, com ou sem aparelho auditivo, a voz humana, bem depois, “acreditar que o surdo não desenvolva o pensamento abstrato (ou que o mesmo seja pobre) é uma inverdade.
Pode-se dizer que as dificuldades encontradas pela maioria dos surdos acontecem pelo fato de as línguas orais serem as únicas utilizadas pela maioria das comunidades, não havendo para o surdo a possibilidade de adquiri-la espontaneamente. A surdez, por si só, não poderia ser obstáculo para o desenvolvimento intelectual da criança surda, a mudez e a falta de linguagem é que se tornam o problema. A educação tem por tarefas trabalhar essas questões. A LIBRAS - Língua Brasileira de Sinais é língua natural da comunidade surda brasileira e, segundo Quadros (1997), essa língua desponta de acordo com as necessidades naturais e específicas dos indivíduos possuírem um código linguístico para expressar suas ideias, sentimentos e ações. Sendo assim, a Libras é oriunda da necessidade de os surdos se comunicarem e fazerem parte da sociedade, já que não conseguem se expressar pela língua oral utilizada pelos ouvintes. Ao discorrer sobre a Língua de Sinais, Quadros e Karnopp (2004) são enfáticas quando afirmam que: Ao contrário do que muitos imaginam as Línguas de Sinais não são simplesmente mímicas e gestos soltos, utilizados pelos surdos para facilitar a comunicação. São línguas com estruturas gramaticais próprias. Atribui-se às Línguas de Sinais o status de língua porque elas também são compostas pelos níveis linguísticos: o fonológico, o morfológico, o sintático e o semântico (QUADROS; KARNOPP, 2004).
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Ainda segundo Quadros (1997), o aspecto principal que diferencia as Línguas de Sinais das demais línguas é a sua modalidade visual-espacial. Ao percorrer a trajetória histórica do povo surdo e suas diferentes representações sociais, procura-se a compreensão do porquê que muitos indivíduos surdos sofreram os fracassos da inclusão, nas escolas de ouvintes. De acordo com Strobel (2006), no decorrer da história da humanidade, os estereótipos que se referem ao povo surdo demonstram o excessivo domínio do “ouvintismo”, relativo a qualquer situação relacionada à vida social e educacional dos indivíduos surdos. São poucos os registros que comprovem essa dominação, em relação ao povo surdo, mas observou-se que no decorrer da história o povo ouvinte sempre tomou decisões de como deveria ser a educação dos surdos. Segundo Silva (2001), a surdez é vista como o principal motivo de retardo da linguagem ou da perturbação que ela provoca no desenvolvimento geral, indiretamente, Wammes (2007) diz que, no passar do tempo, pode-se perceber que com a preocupação educacional de surdos começaram a surgir numerosos professores que desenvolveram, simultaneamente, seus trabalhos com os indivíduos surdos e de maneira independente, em diferentes lugares da Europa. Strobel (2006) ressalta que havia professores que se abocavam na tarefa de comprovar a veracidade da aprendizagem dos sujeitos surdos ao usar a língua de sinais e o alfabeto manual e em muitos lugares havia professores surdos: [...] quase metade dos professores eram surdos. Não existiam audiologistas, terapeutas de reabilitação, ou psicólogos educacionais e, para a maioria, nenhum destes eram aparentemente necessários. [...] pelo contrário a criança e o adulto surdo eram descritos em termos culturais: que escola frequentaram, quem eram os seus parentes e amigos surdos (caso os houvesse), quem era a sua esposa surda, onde trabalhavam, quais as equipes desportivas de surdos e organizações de surdos a que pertenciam, qual o serviço que prestavam à comunidade dos surdos? (LANE, 1992 apud STROBEL, 2006).
A inclusão dos surdos no contexto escolar gera uma série de discussões, pois sabemos que não é suficiente apenas eles frequentem os bancos escolares, mas que sejam atendidos em todas as suas especificidades, conforme lhes garante a Lei nº 9394/1996 - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Brasileira (LDB), a qual é enfática ao estabelecer pessoas com necessidades educacionais especiais sejam atendidas por profissionais habilitados, sejam eles especializados ou devidamente capacitados para que possam atuar de forma eficiente com qualquer discente em sala de aula. O professor deve atuar de modo que valorize todas as diferenças, valorizando o exercício da cidadania e preparando seus alunos para serem inseridos nos mais variados contextos sociais. A realidade revela o desconhecimento e o despreparo dos professores para lidar com o aluno surdo. É possível evidenciar que a linguagem utilizada no processo de comunicação dentro das instituições da rede regular é totalmente oralista, assim as escolas aceitam a Língua de Sinais, mas não a oferecem aos discentes surdos salas de recursos, pois sala de recursos não existe em todas as instituições, em nossa Diretoria de Ensino só há na cidade de Mirassol, dessa forma, levam-nos a sua interdição, pois são tratados como se fossem ouvintes e, consequentemente, devem desenvolver a fala.
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A inclusão do aluno surdo na rede regular de ensino deve ser promovida por toda a comunidade escolar e principalmente aos professores envolvidos diretamente com esses discentes, que devem promover o seu desenvolvimento integralmente, de forma similar ao discente ouvinte e, como diz Lorenzzetti (2003), proporcionando formas de interações e oferecendo-lhes uma educação que valorize a diversidade, em especial, as variadas formas de comunicação. É importante que os profissionais da rede regular atuantes em instituições de ensino que possuem discentes surdos inseridos estejam preparados e aptos para atender às necessidades desses alunos, seja no contexto escolar ou social. Os profissionais da educação necessitam perceber o discente surdo como alguém que possui uma diferença linguística e cultural. [...] Compreendemos que não basta apenas transmitir nossos conhecimentos. É preciso que saibamos compreender, ouvir, atender as angústias, os anseios, ás lutas e, principalmente, reconhecer as conquistas, por menores que sejam, pois é de pequenos fragmentos que se constroem “pavilhões”. (LORENZETI, 2006).
Nesse contexto, de acordo com Mantoan (2005), o ideal é que uma criança surda adquira conhecimentos com um professor especialista de Libras (Língua Brasileira de Sinais). Isso porque, para ser alfabetizada em língua portuguesa, a sua L2, o discente surdo deveria ser atendido por um professor de língua portuguesa capacitado para isso. Sendo assim, a função do professor regente é trabalhar os conteúdos, mas as parcerias entre os profissionais são muito produtivas. Quando nas turmas regulares houver a presença de um discente surdo, e o professor regente for ministrar uma aula, por exemplo, sobre “Relevo”, o professor trará para a sala fotos, gravuras e vídeos relacionados ao assunto. Posteriormente, o professor de L2 explana o conteúdo e o significado dos novos vocábulos. Ao ministrar o novo conteúdo, é essencial que o professor regente utilize material de apoio visual, pois são excelentes recursos que facilitam a compreensão do conteúdo. Buscando verificar como esse processo inclusivo é realizado na rede regular de ensino, foi realizada uma pesquisa campo em uma escola estadual de José Bonifácio, onde se encontram alunos surdos incluídos na mesma sala com alunos ouvintes. Foram distribuídos doze questionários para os professores que lecionam para os alunos surdos, mas os professores não responderam o questionário em anexo alegando falta de tempo, apenas uma professora respondeu pensando que fosse a direção da escola que tivesse solicitado. Na escola em questão, há dois alunos surdos incluídos, um no 7º ano do Ensino Fundamental e outro no 1º ano do Ensino Médio. A professora que respondeu a pesquisa leciona no Ensino Fundamental e não vê que a inclusão é algo positivo, porque se percebe que o aluno não tem bagagem suficiente para o convívio em sala regular, pois há uma grande carência de assistência na rede pública no que se refere a crianças surdas, ou seja, esses alunos apresentam deficiências que já deveriam estar sanadas com os anos anteriores. Por exemplo, desconhece completamente o alfabeto na língua de sinais.
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As crianças surdas deveriam chegar à escola com sua capacidade de comunicação desenvolvida. O ensino de Libras deveria ocorrer logo nos primeiros anos de vida, então outros setores da sociedade também são responsáveis, a escola sozinha não dá conta de resolver este problema. A escola oferece um interlocutor para que este passe ao aluno todo conteúdo ministrado. Porém, esse recurso é recente e por isso o aluno apresenta um déficit muito grande de conhecimento dos anos anteriores, o que acaba comprometendo a aprendizagem em todos os aspectos. Ainda de acordo com a professora, a presença do interlocutor na sala de aula é muito positiva no que se refere ao relacionamento do aluno com a classe, porém esse interlocutor enfrenta, assim como o professor, grande dificuldade no que se refere à construção do conhecimento em virtude do déficit de aprendizagem dos anos anteriores. Segundo a professora, percebe-se que começa a haver um interesse por parte do aluno na aprendizagem, embora, em alguns momentos, tem a dificuldade de aceitar o interlocutor por se julgar diferente dos demais. Ela relata que fez uma introdução do curso de Libras, no entanto, ficou surpresa ao perceber que o aluno desconhecia a língua de sinais. Dessa forma, ela afirma que a presença do interlocutor é de grande importância, pois o aluno incluído é completamente surdo. A docente entrevistada diz que para a inclusão dos surdos acontecer com êxito, seriam necessário materiais didáticos direcionado a eles para que pudessem acompanhar adequadamente a aula, (livros traduzidos em Libras). Por meio dele o professor interlocutor poderá trabalhar e ensinar esse aluno surdo com mais facilidade, caso ele não conheça a Língua de Sinais. 4. CONCLUSÃO
A
pós ter sido realizado um trabalho de pesquisa teórica em livros específicos, artigos que abordam o assunto e também o trabalho de pesquisa campo, surgem algumas preocupações em relação ao aprendizado e ao convívio desses alunos em sala de aula. A inclusão, a princípio, é algo relativamente “novo”, e reconhecemos que tudo quando surge há necessidade de aperfeiçoamento e melhorias, no entanto, a educação de modo geral é assegurada pela Constituição Federal de 1988 como sendo direito de todos e garante não só o aprendizado, mas a preparação para o total exercício de cidadania e qualificação para o trabalho. Conforme prevê o art. 205 da Constituição Federal, a educação é dever do Estado e da família e deve ser promovida e incentivada pela sociedade, e nesse aspecto notamos que o Estado cumpre com sua obrigação, reunindo todos os alunos surdos em escolas “Pólos” e inserindo o professor intérprete nessas escolas, além de promover cursos de capacitação para os professores da rede regular de ensino, mas o que é evidenciado segundo Bueno, Ferreira, Pereira (2010): … é possível evidenciar que os cursos de capacitação são oferecidos aos profissionais da rede estadual e municipal de ensino. De acordo com as colocações dos mesmos, mostrou-se que os professores não os buscam, pois sabem que se estiverem preparados terão
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Percebe-se que existe uma despreocupação dos professores regentes em buscar conhecimento para oferecer atendimento ao aluno surdo. Eles visualizam o professor interlocutor como total responsável pela educação do aluno surdo. Lacerda (2009) é enfática ao afirmar que é importante que o professor regente conheça língua de sinais, não deixando toda responsabilidade da comunicação com o intérprete, visto que o seu papel é interpretar. A responsabilidade de ensinar é do professor. Um outro fator observado é a falta de conhecimento dos surdos, pois falta-lhes conhecimento de mundo e muitas vezes o conhecimento da própria Língua Brasileira de Sinais, o que dificulta e muito o trabalho do professor interlocutor, que ao invés de lhe transmitir o conteúdo didático, tem que lhe ensinar sinais básicos de comunicação. Ainda existe a questão do professor que, mesmo fazendo cursos de formação para o trabalho com os alunos surdos, continuam resistentes, demonstrando que, mesmo amparada por lei, à inclusão desses alunos ainda é permeada por muitos preconceitos comprometendo a qualidade da inclusão na rede regular de ensino. Em 2010 foi o primeiro ano em que houve a presença do professor interlocutor na sala de aula e que, embora haja várias dificuldades e muitos problemas, percebe-se que aos poucos os alunos adquirem maior contato com a Libras, assim, Consequentemente, aumentando seu convívio social e seu conhecimento de mundo, mesmo ainda estando longe de ser a forma adequada ideal de educação e reconhecendo as diversas dificuldades encontradas pelos professores, espera-se para o futuro algumas melhorias, como a implantação de salas bilíngue, cuja regência é realizada por um professor regente bilíngue, fluente em Língua de Sinais e a presença do intérprete nas séries finais do Ensino Fundamental, para que os alunos surdos possam chegar ao ensino médio com iguais condições de aprendizado que os alunos ouvintes.
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A inclusão de alunos surdos na rede regular do ensino e a presença do professor interlocutor na sala de aula Andresa Vaniele Barbosa Pereira Docente da Faculdade de José Bonifácio. Especialista em Educação Especial – Libras José Bonifácio, SP E-mail: desavani@yahoo.com.br Marcos José Dodorico Ricardo Alexandre Volpi Graduados em Letras com Habilitação em Língua Portuguesa e Inglesa e Respectivas Literaturas pela Faculdade de José Bonifácio José Bonifácio, SP
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BOLSONARO, C.R. et al. Políticas Públicas de Saúde: A importância do estudo do perfil nutricional de gestantes com sobrepeso para atendimento pré-natal na unidade básica de saúde na cidade de Mauá - SP. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 36-38, fev.-mar., 2012
Políticas Públicas de Saúde: A importância do estudo do perfil nutricional de gestantes com sobrepeso para atendimento prénatal na unidade básica de saúde na cidade de Mauá – SP Camila Renata Bolsonaro1; Cleonaldo Daniel Rabelo2; Júlio Gomez Sanchez Júnior3; Maria Rosa Pereira Oliveira4; Sérgio Comitre5 Acadêmicos do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Santo André, SP E-mails: (1) milinha_bolsonaro@hotmail.com; (2) bemloko9@hotmail.com; (3) juliodudao@hotmail.com; (4) mariarosa131@gmail.com; (5) sergio.comitre@br.henkel.com
Palavras-chave: Movimento de mulheres negras; organização não governamental; período neoliberal
RESUMO
O
acompanhamento nutricional adequado é fator positivo para um eficaz prénatal. A mortalidade materna e fetal, bem como, o desenvolvimento da gestação, toma formas significativas em relação ao aspecto nutricional quando tomamos conhecimento da sua influência sobre as gestantes e conceptos. Os nutrientes adquiridos pela gestante por meio da alimentação contribuem para o crescimento do bebê. Assim, mães que não têm alimentação adequada possuem maior risco de darem à luz a bebês que necessitarão de maiores cuidados. Uma dieta balanceada deve conter nutrientes necessários para o desenvolvimento do bebê e saúde da mãe. Foi realizado um estudo com embasamento teórico e revisão bibliográfica que fundamenta a pesquisa em campo com objetivo de avaliar quais as causas relacionadas à má nutrição que contribuem para o aumento dos índices de mortalidade intra-uterina, das doenças gestacionais relacionadas à alimentação inadequada e ao sobre peso materno. Faz parte do Curso Superior de Gestão Hospitalar que os pesquisadores e autores do artigo realizem uma pesquisa quantitativa, descritiva, exploratória e transversal utilizando questionário aplicado a 44
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BOLSONARO, C.R. et al. Políticas Públicas de Saúde: A importância do estudo do perfil nutricional de gestantes com sobrepeso para atendimento pré-natal na unidade básica de saúde na cidade de Mauá - SP. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 36-38, fev.-mar., 2012
gestantes que acompanharam pré-natal na Unidade Básica de Saúde Santista, na cidade de Mauá. Os resultados foram positivos, 86% das gestantes concordaram que devem comer a quantidade certa para sua nutrição e do bebê sem exageros, 84% entendem que uma alimentação rica em vitaminas previne o desenvolvimento de doenças relacionadas à má nutrição. As políticas públicas voltadas ao acesso aos alimentos contribuiriam com redução dos custos em atendimentos e tratamentos de patologias relacionadas à má nutrição. As gestantes quando orientadas tendem a fazer o que é saudável, se for dado condições a possibilidade do projeto ter sucesso será maior.
NOTA Este artigo foi realizado através da orientação das professoras Marinalva Chiafarelo Santos Ulian e Nilze Fávero.
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Políticas Públicas de Saúde: A importância do estudo do perfil nutricional de gestantes com sobrepeso para atendimento pré-natal na unidade básica de saúde na cidade de Mauá - SP Camila Renata Bolsonaro1; Cleonaldo Daniel Rabelo2; Júlio Gomez Sanchez Júnior3; Maria Rosa Pereira Oliveira4; Sérgio Comitre5 Acadêmicos do 6º semestre em Tecnologia em Gestão Hospitalar Santo André, SP E-mails: (1) milinha_bolsonaro@hotmail.com; (2) bemloko9@hotmail.com; (3) juliodudao@hotmail.com; (4) mariarosa131@gmail.com; (5) sergio.comitre@br.henkel.com
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LITVINOFF, L.N. Problemas sexologicos vistos a la Luz de la Psicohomeopatia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 39-40, fev.-mar., 2012
Problemas sexologicos vistos a la Luz de la Psicohomeopatia Lic Norberto Litvinoff Professor da Universidade de Buenos Aires Buenos Aires, Argentina E-mail: norberto.litvinoff@gmail.com
RESUMO Atacaremos en esta nota las mas conocidas disfunciones masculinas,impotencia,eyaculacion precox,ausencia de deseo o deseo incontrolable, dejando para la proxima entrega las disfunciones sexuales femininas.
Q
ue maravilla es la sexualidad humana cuando se ejercita en el marco del Amor y las sanas costumbres!!
Como cambia el humor,la experiencia de vida,como mejora el estado de animo de las personas normales cuando pueden ejercer sin limites ese increible regalo que nos dio la Naturaleza al hacernos macho y hembra,al poner en nosotros la llama del Deseo, el afan de la Busqueda, la Eterna union inmemorial en haras de la Reproduccion o simplemente del Goce!! Pero no todos pueden disfrutar de tan magico regalo, hombres y mujeres por igual se ven impedidos por sintomas, por dolencias,por problemas que hacen que aquello que prometia ser el Paraiso se convierta en el Infierno del Dolor y la Verguenza. Aparecen en esta zona tan sensible los fantasmas de la prohibicion y del pecado, que impiden el sano ejercicio de la Sexualidad sin limites y entonces muchas veces se recurre a drogas “heroicas” de la farmacopea alopatica y se medica verdaderamente “a pasto” con antidepresivos para la eyaculacion precox y Viagra para la impotencia, dejando asi en la delicada configuracion de estos organos tan sensibles, la Marca, la Impronta de estas substancias que lejos de curar se convierten rapidamente en “adictivas” dejando al paciente prisionero cronico de un consumo forzoso y oneroso,de un sintoma que ya no remite si no es con la substancia indicada (y cada vez en mayor dosis) para regocijo de los Laboratorios y sufrimiento del corazon y el bolsillo del Hombre que padece. Logicamente muchos se rebelan contra esta nueva injusticia, mas aun los conocen las bondades del tratamiento homeopatico llevado a cabo por un profesional humanizado, que no atiende a numeros si no a personas, que nunca esta apurado sino que sabe esperar, que sabe no solo oir si no escuchar... escuchar bien la trama angustiante de la frustracion sexual. Y si esta escucha personalizada se acompaña con los poderosos remedios que nos legara. Samuel Hahnemann ningun milagro es imposible,ninguna curacion se hace
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LITVINOFF, L.N. Problemas sexologicos vistos a la Luz de la Psicohomeopatia. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 39-40, fev.-mar., 2012
remota y vuelve rapidamente y sin dependencia,la vieja y querida alegria que la sexualidad nos brinda para beneficio de la Pareja Humana... El Remedio Constitucional sabiamente elegido muchas veces basta para devolver el bienestar al hombre acosado por problemas sexuales, cuantas veces una sola toma de Lycopodium devuelve la potencia añorada en aquellos que coinciden con sus sintomas, cuantas veces una sola toma de Selenium levanta el miembro rebelde que se esconde avergonzado, cuantas veces unos pocos globulos de Sulphur restauran facilmente lo que nunca deberia suceder....pero sucede!!!! Sabemos que la Damiana (Turnera Afrodisiaca) es capaz de devolver el brillo del Deseo a unos ojos que ya no miraban al sexo, y que prodigios hace Staphisagria cuando la masturbacion hizo perder las erecciones y quedo como resultado una persona facilmente ofendidiza que sufre las palabras como heridas cortantes. Agnus Castus (del griego y el latin: Casto) sabe retardar las eyaculaciones hasta limites insospechados,por algo los guerreros Romanos dejaban esas hojas en la vagina de sus mujeres cuando partian por meses enteros a la guerra!!! Que poderosos son los antipsicoticos Thuya y Nitric Acidum cuando la falencia sexual es subsecuente a una gonorrea,cuand “lloro el nene”, la tipica blenorragia maltratada y suprimida, atrayendo nuevamente el “carisma” sexual tan anelado. Como olvidarnos de Bryonia con este “keynote” verdaderamente inolvidable “deseos intensos de evacuar antes del coito”... “diarrea antes del coito” que verdaderamente sorprendente es la sabia Homeopatia Unicista. Y asi como la ausencia de deseo,la falta de ereccion(que no es lo mismo!) o la eyaculacion incontrolable,ingobernable y frustrante encuentran su panacea sin contraindicaciones en los blancos globulitos dinamizados,sabiamente elgidos según la “totalidad de los sintomas”, tambien la excesiva sexualidad,la obsesion por la lujuria, la “adiccion al sexo” mas dolorosa que la peor de las torturas encuentra rapido y eficaz alivio en los conocidos remedios del “Don Juan” conquistador insasiable que nunca dice “basta!” dejando un tendal de corazones heridos a su paso... el suyo propio en primer lugar!!! Como cambia todo ese funesto cuadro “Fluoric Acidum” cuando concuerda en su patogenesia,como vuelve a la salud el “picaflor” aventurero y pasa a ejercitar su sexualidad responsablemente,busca pareja estable,aprende a cultivar a Eros en la Calidad y no en la cantidad!!!!!! Cientos miles de ejemplos podria dar cualquier homeopata, mostrando como se curaron definitivamente dolencias sexuales que con otros sistemas no-homeopaticos se hubieran cronificado para siempre.dejando al paciente atado a la adiccion del Viagra que ya despues no se puede abandonar jamas,que exige cada vez una dosis mas fuerte... mas fuerte... (y mas cara...!!!) Hoy disponemos de un arsenal inigualable de mas de quinientos especificos y Decenas de Constitucionales,que cuando son aplicados con sabio criterio Unicista devuelven al Hombre que Padece lo que el Hombre nunca deberia haber perdido... la mas amplia Libertad y Creatividad para disfrutar los Espacios sagrados del Amor y del Goce. La salud sexual y la curacion de las disfunciones sexuales pueden y deben ser tratadas, solo la Homeopatia sabe hacerlo humanamente en la conjugacion de una escucha verdaderamente atenta y poderosas substancias dinamizadas de efecto seguro y no-adictivas.
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Qualidade de vida no trabalho como um fator motivacional nas organizações Elaine Lopes Fernandes Graduada em Administração com ênfase em Recursos Humanos pela Fac III Campinas, SP E-mail: lanyfernandes@hotmail.com
RESUMO Com a necessidade das empresas se tornarem mais competitivas no mercado é necessário a busca pela qualidade total da empresa e promover a qualidade de vida para os funcionários, pois eles são quem representam a empresa. Um programa adequado de qualidade de vida para os trabalhadores busca uma organização mais humanizada e proporciona
condições de desenvolvimento do individuo, assim gerando satisfação e motivação, fazendo com que os colaboradores se empenham muito mais em suas atividades na empresa, criando e desenvolvendo soluções. Por meio de referências bibliográficas este artigo trata sobre a importância da Qualidade de Vida para o sucesso da organização.
Palavras-chave: Qualidade de vida; satisfação; motivação; sucesso ABSTRACT The necessity of the companies in becaming more competitive in the market it is essential the search for the total quality of the company and to promote the life quality for the employees, because they are who represent the company. An appropriate program of life quality for the workers looks for an organization more humanized and it provides conditions of
the individual's development, generating satisfaction and motivation, causing the collaborators insist much more in their activities in the company, creating and developing solutions. Through bibliographical references this article treats about the importance of the Quality of Life for the success of the organization.
Keywords: Quality of life; satisfaction; motivation; success
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1. INTRODUÇÃO
A
tualmente há uma competição muito grande entre as organizações. A concorrência está cada vez mais forte. Busca-se novas tecnologias, inovações e soluções para os clientes. Tornar-se mais atrativa que o concorrente virou prioridade.
O cliente externo está muito mais exigente, a qualidade no serviço não é mais um diferencial, é um requisito básico que o consumidor espera. Apesar de muitas empresas, as maquinas são quem produzem grande parte de seus produtos, não pode-se esquecer que são pessoas que operam as máquinas, montam estratégias, produzem com qualidade, criam novos produtos, fazem o marketing da empresa e solucionam problemas, assim sem as pessoas as máquinas não funcionariam com qualidade e eficiência, pois as maquinas não pensam. Desta forma manter pessoas talentosas é uma necessidade das organizações no cenário atual. Com a globalização dos negócios, o desenvolvimento tecnológico, o forte impacto da mudança e o intenso movimento pela qualidade e produtividade, surge uma eloquente constatação na maioria das organizações: o grande diferencial, a principal vantagem competitiva das empresas decorre das pessoas que nela trabalham. São as pessoas que mantêm e conservam o status quo já existentes e que geram e fortalecem a inovação que deverá vir a ser (CHIAVENATO, 2004, p.VII).
As organizações devem considerar que seus funcionários são seus parceiros e realizar ações para obter deles o máximo de rendimento em seu trabalho. O fortalecimento da parceria entre empresa e colaborador acontece no desenvolvimento mutuo: da empresa, como instituição e da pessoa como individuo profissional. Há uma escassez de bons funcionários no mercado de trabalho, assim é preciso cuidar de seus talentos para que eles não saiam pela porta da frente. Mas o que as empresas podem fazer para manter os colaboradores motivados, assim produzindo com qualidade? Muitos são os fatores que levam o funcionário a satisfação com o trabalho, dentre eles a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Há inúmeros artigos publicados sobre a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT), como uma melhoria da saúde por meio de novas formas de organizar o trabalho. O assunto sobre a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem despertado interesse de muitos administradores pela contribuição que pode oferecer para a satisfação dos funcionários e para a produtividade. Em consequência do ritmo intenso de trabalho que as empresas estão vivendo a preocupação com a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) passou a ser necessidade para os colaboradores. De Lucca Neto (1999, p.32) apud França afirma que “os programas de qualidade de vida são exigências dos tempos. Expressam um compromisso com os avanços da ciência, da civilização e da cidadania. E ainda, por isso, um desafio para muitos”.
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A empresa tem por obrigação legal fornecer um local de trabalho onde os funcionários possam trabalhar com saúde e segurança, mas para que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) seja um fator motivador é preciso ir além deste item. Um bom programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) refere-se à preocupação com o bem estar geral e à saúde dos trabalhadores no desempenho das tarefas levando em conta os aspectos físicos e psicológicos, ações em área de lazer, favorecer um clima interno participativo, receptivo ao relacionamento em todos os níveis de cargo, consiste no bem estar dos colaboradores, comunidade e até do planeta. Para alcançar níveis elevados de qualidade e produtividade, as organizações precisam de pessoas motivadas que participem ativamente nas tarefas que executam assim os programas de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) tem sido utilizado como uma ferramenta de gestão. Se a empresa não oferecer boas condições de trabalho certamente terá funcionários desmotivados e como consequência não conseguirá atingir os objetivos, portanto para uma empresa ter sucesso é necessário que se preocupe com a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). São muitos os benefícios de um programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) como: redução do absenteísmo, redução da rotatividade pessoal, atitude favorável ao trabalho para a criação de novos processos, redução da fadiga, promoção da saúde e segurança, integração social, desenvolvimento e aumento da produtividade. 2. QUALIDADE DE VIDA NO TRABALHO ara que as organizações possam enfrentar os desafios, a concorrência e serem capazes de cada vez mais inovar suas estratégias, produtos e serviços, as empresas devem ter bons colaboradores, pois são deles que vêm a força de trabalho, a inteligência, decisões, atitudes e as novas ideias.
P
Os executivos das organizações têm reconhecido a necessidade de gerar satisfação e lealdade entre seus funcionários, para se tornar destaque no mercado de trabalho perante seus concorrentes, clientes internos e externos, pois sabem que eles são a maior riqueza que uma empresa pode cultivar e com isso, estará sempre em crescimento. “O Capital Humano é o lugar onde se iniciam todas as escalas: a fonte de inovação. O dinheiro fala, mas não pensa. As máquinas trabalham, muitas vezes muito melhor que qualquer ser humano poderia trabalhar, mas não criam.” (PONTES, 2005, p. 2). As empresas precisam reconhecer e motivar os seus funcionários antes que eles peçam para ser reconhecidos, porque muitas vezes, a partir desse momento, pode ser tarde demais. No cenário atual uma das maneiras de motivar os colaboradores gerando a satisfação no trabalho é oferecer Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). “A motivação é o processo responsável pela intensidade, direção e persistência dos esforços de uma pessoa em relação ao alcance de uma determinada meta” (ROBBINS, 2005 p.88).
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Muitas são as teorias da motivação e de todas as teorias podemos observar que a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) influência a resposta do colaborador em sua motivação para com a empresa. Podemos destacar algumas teorias como: Teoria das Necessidades: Segundo o autor Abram Maslow dentro de cada ser humano existe a hierarquia de 05 necessidades – fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto realização – e à medida que cada uma delas é satisfeita, a seguinte torna-se dominante. No plano de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) a empresa pode promover ações que satisfaça os níveis hierárquico dos colaboradores. Pode ir mais além, por meio do líder que conhece bem sua equipe, é possível identificar se algum funcionário está passando por alguma necessidade. Por exemplo, se um funcionário está com dificuldades financeiras, assim não podendo satisfazer a necessidade fisiológica, a empresa não irá motivar este funcionário colocando o seu caso de sucesso no jornal da empresa e sim promovendo alguma ação para que este funcionário seja capaz de suprir a sua necessidade fisiológica. Assim é necessário tentar conhecer a realidade de cada colaborador para encontrar formas corretas de motivá-los para a melhor obtenção de resultados individuais. Teoria X e Teoria Y: Segundo o autor Mc Gregor propôs duas visões distintas do ser humano, uma negativa. Teoria X – tem a premissa de que os colaboradores não gostam de trabalhar, são preguiçosos, evitam responsabilidades e precisam ser coagidos para mostrar desempenho. E outra visão positiva, teoria Y – tem a premissa de que os funcionários gostam de trabalhar, são criativos, buscam responsabilidades e podem demonstrar auto realização. Mc Gregor acreditava que para maximizar a motivação dos funcionários, a empresa teria que propor ideias como a do processo decisório participativo, a das tarefas desafiadoras com muita responsabilidade e a de um bom relacionamento da equipe, ações que podem ser consideradas em um programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). Teoria de dois fatores: Segundo o autor Frederick Herzberg, menciona que os fatores intrínsecos estão associados à satisfação como o trabalho, enquanto fatores extrínsecos estão relacionados com a insatisfação. Os fatores higiênicos são capazes de produzir a insatisfação como a política e a administração da empresa, as relações interpessoais com os supervisores, condição de trabalho, salário e segurança no trabalho. Os fatores motivadores são geradores de satisfação como realização, reconhecimento, o próprio trabalho, responsabilidade e desenvolvimento. No programa da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) também é possível desenvolver ações que geram a satisfação e cuidar dos fatores higiênicos que geram a insatisfação. Teoria ERG: Clayton Alderfer trabalhou em cima da hierarquia das necessidades, de Maslow para alinhá-la melhor e chamou de teoria ERG. Acreditava que há três grupos de necessidades essenciais: Existência, Relacionamento e Crescimento. No programa de Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) podem-se realizar ações para atender estas necessidades dos colaboradores, gerando a motivação. Desenvolver ações que promovam a Qualidade de Vida no trabalho é essencial nos dias de hoje, na qual as pessoas vêm trabalhando cada vez mais, assim tem tido cada vez menos tempo para si mesmo e para a sua família. Acreditava-se que as pessoas
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iriam desfrutar do progresso alcançado, das novas tecnologias, invenção de novas máquinas... porém, a rotina de trabalho está cada vez mais desgastante e massacrante, por isso é necessário tornar a QVT como uma ferramenta gerencial na vidas dos colaboradores, para que os mesmo se sintam satisfeito com o trabalho. “Facilitar ou trazer a satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de suas tarefas, sempre foi preocupação da raça humana” (RODRIGUES, 1999, p.66). Historicamente exemplificando, os ensinamentos de Euclides sobre os princípios da geometria serviram de inspiração para a melhoria do método de trabalho dos agricultores, assim como a lei das alavancas, de Arquimedes veio diminuir o esforço físico de muitos trabalhadores. Apesar da Qualidade de Vida no trabalho ser um assunto antigo nunca na história se falou tanto sobre a Qualidade de vida psicológica para o colaborador como requisito de satisfação. Pessoas trabalham no mínimo 8horas por dia, mais o tempo de locomoção de sua residência ao trabalho e do trabalho à residência, porém para dar conta ao trabalho, os funcionários têm realizado um grande numero de horas extras, sem contar o trabalho aos sábados, domingos e feriados. E ainda levam-se para casa os problemas, as tensões e as angustias vividas no ambiente de trabalho. O funcionários passaram a ser este super profissional exigido nos dias de hoje, até que o trabalho afete sua vida pessoal, como um enfarte, um divórcio, um filho carente da atenção dos pais, buscando suprir estas necessidades nas ruas... , assim consequentemente afeta o trabalho na empresa, impedindo de realizar o bom trabalho que o colaborador vem desenvolvendo na organização. Por isto as organizações precisaram refletir cada vez mais sobre a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT). É muito importante levar em consideração que o funcionário tem emoções, sentimentos e uma vida pessoal. Não pode se imaginar que o colaborador ao entrar na empresa irá se desligar do mundo lá fora e pensar apenas no trabalho. As organizações precisam tirar da ideia de que os funcionários trabalham apenas para receber um salário ao final do mês, o colaborador tem ambições, cria expectativa, busca crescimento profissional e envolve-se com a empresa, assim não se pode tratar o funcionário como apenas uma peça para a organização. Percebido cada vez mais que o funcionário é um ser humano, mais a empresa precisa se preocupar com a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) para facilitar, trazer a satisfação ou bem estar, por meio de suas ações. Cada funcionário é único, assim um fator que leva a satisfação e como consequência a motivação de um colaborador difere um do outro, por isto é importante o papel do gestor, peça fundamental para realizar um programa de Qualidade de Vida do colaborador com eficiência. As ações de QVT devem ser percebidas pelas duas partes: para o funcionário, elevando o seu nível de satisfação pessoal e também pela empresa para que aumente a produtividade como resultado do trabalho desenvolvido para o funcionário. O programa de QVT deve gerar uma organização mais humanizada, na qual o trabalhador irá se dedicar mais em seu trabalho.
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Não há Qualidade de Vida no Trabalho sem qualidade total, ou seja, sem que a empresa seja boa. Não confundir QVT com política de benefícios, nem com atividade festivas de congraçamento, embora essas sejam importantes em uma estratégia global. A qualidade tem a ver, essencialmente com a cultura da organização. São fundamentalmente os valores, a filosofia da empresa, sua missão, o clima participativo, o gosto por pertencer a ela e as perspectivas concretas de desenvolvimento pessoal que criam a identificação empresa - empregado. O ser humano fazendo a diferença na concepção da empresa e em suas estratégias (MATOS, 1997, p.40).
Assim desenvolver programa de QVT vai muito além de fornecer benefícios e realizar algumas festinhas. É um programa em que todos os níveis da empresa devem estar envolvidos e participando. Para Chiavenato (2004, p.449) A QVT envolve uma constelação de fatores, como:
A satisfação com o trabalho executado; As possibilidades de futuro na organização; O reconhecimento pelos resultados alcançados; O salário percebido; Os benefícios auferidos; O relacionamento humano dentro do grupo e da organização; O ambiente psicológico e físico de trabalho; A liberdade e responsabilidade de tomar decisões; As possibilidades de participar.
A qualidade do trabalho elevada conduz um clima de confiança e respeito mutuo, no qual as pessoas tendem a aumentar suas contribuições. O investimento nas pessoas que trabalham nas organizações é o que torna uma excelente empresa para se trabalhar. Para aumentar a produtividade, qualidade no serviço prestado, inovação, manter os talentos é preciso aumentar a satisfação e a felicidade dos funcionários, assim influenciando na fidelidade com a empresa e um maior desempenho. As melhores empresas para se trabalhar já sabem que investir em pessoas é o caminho para o resultado de grandes negócios. Em Setembro de 2009 o Guia Você S/A Exame divulgou o rank das 150 melhores empresas para se trabalhar. A Guia Exame criou uma espécie de ISO para a gestão de pessoas no Brasil. As empresas eleitas no ranking anual tornam-se referência para o mercado, atraem e retêm os melhores talentos, ganham admiração de clientes e fornecedores. Utilizamos como base a pesquisa de 2009, pois quando iniciamos este trabalho não havia sido concluído a pesquisa das melhores empresas para se trabalhar de 2010. Em 2009, 491 empresas se inscreveram para participarem da pesquisa. Do total, 223 companhias, situadas em 103 cidades do pais, passaram pelo processo de visita e entrevista realizadas com os funcionários e dirigentes pela equipe de Você S/A. Das 150 as 10 melhores escolhidas são: 1º lugar: Caterpillar
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2ª lugar: Masa 3ª lugar: Volvo 4ª lugar: Laboratório Sabin 5ª lugar: Eurofarma 6ª lugar: BV Financeira 7ª lugar: Chemtech 8ª lugar: CPFL 9ª lugar: Plascar 10ª lugar: Landis + Gyr Conheça uma pouco sobre a melhor empresa para se trabalhar no Brasil, eleita em 2009 pela revista EXAME que investe muito no desenvolvimento e no bem-estar dos colaboradores e garante um ótimo clima de trabalho. A Caterpillar passou por momentos difíceis, as exportações de máquinas despencaram desde o final de 2008 e a companhia teve de demitir quase 1000 pessoas. Além disso, em fevereiro, parte dos colaboradores teve o contrato de trabalho suspenso por cinco meses, por meio do programa lay off, para se dedicar a 60 horas de treinamento por mês na própria empresa. “Também recebemos treinamento para outras funções. Não houve reclamação porque ninguém quer sair daqui”, diz um colaborador. “Sabemos que aqui o foco é o funcionário”, diz um colaborador. Não é exagero. A Caterpillar investiu 32 milhões de reais em programas de saúde, têm dois ambulatórios médicos internos e médicos disponíveis 24 horas. Para atender também os familiares, a empresa construiu a Vila Saúde, voltada para a prevenção e promoção da saúde. Seu programa para tratamento de dependentes químicos teve um índice de recuperação dos pacientes de 66% em 2008. A empresa paga acima da media do mercado e vincula a remuneração com o desempenho dos colaboradores. O turnover é de menos de 1%, prova de que quem entra na empresa não quer sair. A organização investe pesado em educação, no ano passado, foram gastos 5,5 milhões de reais em programas educacionais e treinamentos. A liderança também desempenha papel especial na Caterpillar, que acredita que a principal característica do líder é sua motivação e a capacidade de deixar um legado. "Nosso relacionamento com as chefias é excelente. Temos um diálogo aberto", diz um funcionário. Em 2008, eles sugeriram 46315 ideias de melhoria nos processos de produção e 79% delas foram implementadas. Com a participação do time, a Caterpillar conseguiu uma economia de 1 milhão de reais. A empresa investe no desenvolvimento sustentável para melhorar a cidade e usa o trabalho voluntário de 280 pessoas, das quais 40 são da Caterpillar. Outro projeto importante é o Pequeno Cidadão que ajuda 100 crianças carentes, onde as crianças têm aulas de manhã, depois vão para o Serviço Social da Indústria (Sesi) ter aulas de informática, esportes e até gastronomia. Quando elas completam 18 anos, podem ser contratadas pela empresa. Os comentários dos funcionários da MASA empresa que ficou em 2º lugar nas melhores empresas para se trabalhar deixam claro que acreditam que a MASA realmente é uma empresa com Qualidade de Vida. “Muitas empresas aqui em Manaus mandaram gente embora ou os funcionários entraram em greve. Aqui, isso dificilmente vai acontecer porque nós somos valorizados”, conta um colaborador. “Já está na nossa cabeça que precisamos dar
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valor à equipe”, resume um gerente. E a equipe responde. “O relacionamento humano e o apoio gerencial são imensos. O que eu posso dizer é que se melhorar estraga”, diz um colaborador. Na Volvo empresa eleita em 3º lugar, como melhor empresa para se trabalhar, os funcionários valorizam a liberdade de se expressar. Cada equipe tem autonomia para gerenciar os projetos, sugerir melhorias, coordenar as reuniões... “O objetivo é ter um canal direto com o pessoal, para agilizar processos e estimular pro atividade e criatividade”, diz Carlos Morassutti, diretor de RH. O diretor geral da Accor Services Brasil, Oswaldo Melantonio afirma que “Um ótimo lugar para se trabalhar permite o desenvolvimento e produtividade das pessoas que se esforçam em atender as necessidades dos clientes com qualidade e dedicação.” As melhores empresas para se trabalhar mostram que têm uma política organizada de gestão em Qualidade de Vida de Trabalho. Um ponto positivo em ser classificada em uma grande empresa para se trabalhar é a exposição do nome da organização no mercado, assim atraindo grandes talentos. Muitas empresas instituem programas aleatórios para o bem estar dos colaboradores, porém não trazem bons resultados, pois um programa de QVT deve ter um direcionamento e acompanhamento. Por exemplo, instituir a ginástica laboral é muito importante, porém é preciso também corrigir os erros de ergonomia, caso contrario o ambiente de trabalho continuará causando problemas físicos. Para desenvolver um bom programa de Qualidade de Vida no Trabalho é preciso que a organização tenha uma estratégia e não meras ações superficiais de bem estar aos colaboradores. A professora Dra.Suzana da Rosa Tolfo em seu artigo – Como transformar sua empresa num excelente lugar para se trabalhar, menciona que se uma empresa pretende ser considerada um grande lugar para se trabalhar, deve atender os seguintes pontos: 1. Ter boas políticas e práticas de gestão de pessoas, que incluam desde planejamento, recrutamento e seleção de pessoal, remuneração e benefícios, avaliação de desempenho, treinamento, desenvolvimento e educação, oportunidades de carreira e processo de desligamento articulados de forma sistêmica e percebidos como justos pelos trabalhadores; 2. Constitucionalismo, ou seja, adoção de normas e regras voltadas para padrões de igualdade e respeito a diversidade; 3. Oportunidade de uso e desenvolvimento das competências e capacidades; 4. Possibilidade de conciliar trabalho e outras esferas da vida, como família, sem que o tempo dedicado a um deles se sobreponha por demais em relação aos outros; 5. Possibilidade de entender o processo total do trabalho e a sua contribuição para os resultados, bem como identificar sentido naquilo que faz;
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6. Ter um bom clima organizacional, com relacionamentos interpessoais saudáveis e chefias preparadas; 7. Ter condições de segurança e busca de saúde física e mental; 8. Ter uma cultura na qual os valores expostos se aproximam dos valores praticados. Para Sucesso (1998, p.56), pode-se dizer, de maneira geral, que a Qualidade de Vida no Trabalho abrange:
Renda capaz de satisfazer às expectativas pessoais e sociais; Orgulho pelo trabalho realizado; Vida emocional satisfatória; Auto-estima; Imagem da empresa junto à opinião publica; Equilíbrio entre trabalho e lazer; Horários e condições de trabalho sensatos; Oportunidade e perspectiva de carreira; Lideres preparados; Clima satisfatório; Possibilidade de uso potencial; Respeito aos direitos; e Justiça nas recompensas.
Uma das doenças da atualidade que poderia ser evitada com um programa de Qualidade de Vida no Trabalho é o Estresse. A Organização Mundial da Saúde afirma que o estresse é uma “epidemia global”, pois as pessoas vivem um tempo de grandes exigências, são constantemente chamadas a lidar com novas informações. O ser humano precisa constantemente adaptar-se com pressões externas (família, trabalho e meio social) e internas (autocrítica, responsabilidades). Qualidade de Vida no Trabalho é o conjunto de ações de uma empresa que envolve a implantação de melhorias e inovações gerenciais e tecnológicas no ambiente de trabalho. A construção da Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) ocorre a partir do momento em que se olha a empresa e as pessoas com um todo (FRANÇA, 1997, p.80).
A sociedade vive novos modelos no estilo de vida dentro e fora das organizações, gerando assim novos valores e demanda para os programas de Qualidade de Vida. Um ponto importante para desenvolver o programa de QVT e um grande desafio é conciliar os objetivos e metas da empresa com as necessidades dos profissionais que lá trabalham, outro desafio reside na grande diversidade das preferências dos trabalhadores e seu grau de importância que cada trabalhador dá às suas necessidades, por isto é importante o papel dos gestores e lideres, pois estes estão mais próximos dos trabalhadores para identificar suas necessidades. O papel do líder e seu estilo de liderança são fundamentais para desenvolver a satisfação dos funcionários no trabalho. Contribuem para a motivação da equipe, o comprometimento dos funcionários, a confiança na empresa, a segurança e o sentimento de valorização do funcionário conquistado por meio de feedback , respeito e credibilidade.
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Os investimentos em Qualidade de Vida no Trabalho são inevitáveis para as empresas, mas é preciso que as organizações se preocupem mais com a participação dos trabalhadores no processo, mesmo que seja necessário adequar novos métodos para que os funcionários se envolvam. É preciso se reinventar sempre, repensar seus métodos de trabalho e sua gestão, para a busca continua na melhoria dos processos, gerando a Qualidade de Vida no Trabalho. Para administrar o bem estar dos colaboradores há um leque de fatores para serem observados relacionados com a qualidade de vida como: inquietudes individuais e coletivas, pressões, conciliação entre trabalho, família e consumo, hábitos alimentares e cuidados físicos, saúde, estilo de vida, impactos tecnológicos... esses fatores devem provocar novas atitudes nas empresas e mudança no modo de vidas das pessoas para a busca da qualidade de vida dentro e fora do trabalho. As competências para a gestão da Qualidade de Vida no Trabalho podem ser identificadas nas áreas de saúde, benefícios, gestão de pessoas, engenharia de produção, sistema de gestão da qualidade, pesquisa, inovação e tecnologia, marketing e responsabilidade social (FRANÇA, 2004, p.30). Já no foco pessoa, a temática de QVT também estende levantamentos de riscos ocupacionais do trabalho, ergonomia, questões de saúde e segurança do trabalho, carga mental, esforço repetitivo, comunicação, tecnologia, psicologia do trabalho, processos comportamentais, expectativas, motivação, liderança, fidelidade e empregabilidade (FRANÇA, 2004, p.23).
É preciso a compreensão melhor do lado humano nas organizações, com isso a construção de uma nova forma de administrar o bem estar, gerando a possibilidade de viver melhor nas empresas com a gestão da Qualidade de Vida no Trabalho. Outro ponto que a organização deve conhecer para desenvolver a QVT, além do conhecimento da pessoa é o significado do trabalho e a educação corporativa. O autor Wagner Campos em seu artigo como anda sua qualidade de vida no ambiente de trabalho, afirma que as pessoas quando passam horas e horas em determinada atividade não conseguem produzir mais nada. Ele atribui esse fracasso à má qualidade de vida no trabalho, a mente precisa descansar, sair da rotina. Processar novas informações por meio de ambientes diferentes dos quais se passa a maior parte do tempo utilizando os cinco sentidos para o que o colaborador descanse e se revigore. De acordo com dados do INSS, são contabilizados aproximadamente 26.645 casos de doenças relacionadas ao trabalho por ano, sendo as LER/DORT a segunda causa de afastamento do trabalho no Brasil. Levantamentos do Instituto Nacional de Prevenção às LER/DORT indicam que o custo decorrente de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais para as empresas é de R$12,5 bilhões/ano e para o Brasil chega a R$ 20 bilhões todos os anos. Promover um lugar seguro e adequado para o colaborador trabalhar é requisito básico nas organizações atualmente, é preciso fornecer um lugar de trabalho onde se minimize os acidentes e as chances de ocorrer as doenças físicas (como LER, DORT, problemas de coluna, surdez ...), proporcionado um ambiente silencioso, com luz
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adequada, cadeiras e mesas em altura ideal e outras formas de cuidar da ergonomia do trabalhador. Cuidar da saúde física do colaborador não é muito difícil, basta apenas a empresa querer investir, mas cuidar da saúde mental é o grande desafio. Os transtornos mentais vêm se destacando de forma preocupante. O psicólogo e professor Marcos Bueno de Catalão, explica que a chegada da tecnologia nas empresas tem causado grande impacto na saúde dos trabalhadores. Os funcionários são vitimas de elevada pressão e competição, devido às exigências do mercado a empresa precisa atingir níveis muito altos na produção e na prestação de serviço. As organizações estão impondo um ritmo acelerado e de muita qualidade, os funcionários tem dificuldade em acompanhar, diferente das máquinas os colaboradores tem limitações e desgastes que precisam ser respeitados. As doenças mentais são responsáveis por cinco das dez principais causas de afastamento de trabalho no País, sendo a primeira delas a depressão, o que representa um gasto de R$ 2,2 bilhões por ano. Os números aparecem num levantamento sobre infraestrutura dos serviços de saúde mental no Brasil feito pela Universidade Federal de São Paulo em parceria com o Ministério da Saúde. Segundo o INSS os transtornos mentais ocupam a 3ª posição entre as causas de concessão de benefícios previdenciário como auxilio doença com o afastamento de trabalho por mais de 15 dias e aposentaria por invalidez. Um estudo pela Universidade de Brasília junto ao INSS aponta que 48,5% dos trabalhadores que se afastam por mais de 15 dias de serviço padecem de algum tipo de doença mental. Percebido que o ambiente de trabalho é um grande fator que influência diretamente a saúde mental se as empresas não passarem a adotar uma nova postura gerando Qualidade de Vida no trabalho, muitos funcionários ficaram doentes. As organizações estão sempre em busca de melhores resultados e existem diversas formas para se alcançar resultados expressivos e com qualidade, uma delas é a implantação de um rígido modelo baseado na QVT, onde todas as tarefas são voltadas a contemplar requisitos que tragam satisfação em se trabalhar, um ambiente propicio ao desenvolvimento das tarefas, com profissionais motivados e integrado, um bom relacionamento da equipe, propiciando à empresa funcionários saudáveis e uma maior produtividade. Para a implementação de um programa de gestão de Qualidade de Vida no Trabalho, pode se começar por uma pesquisa de clima e assim identificar os pontos mais críticos que levam os colaboradores a insatisfação com o trabalho e assim promover ações para os mesmo se empenhem mais. É importante lembrar que ao identificar estes pontos críticos não pode se desenvolver apenas ações pontuais e sim ser alinhado ações com uma política de gestão. A QVT só faz sentido quando deixa de ser restrita a programas internos de saúde ou lazer e passa a ser discutida em um sentido mais amplo, sendo um diferencial competitivo para a empresa.
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Atualmente um grande anseio do ser humano é a busca da qualidade de vida, a busca pelo bem estar. É importante que as empresas ofereçam esta qualidade, já que o ser humano passa boa parte do seu tempo se dedicando nas organizações. É necessário oferecer a garantia da plena vitalidade e saúde, a saúde não seria a ausência de doença, mas o completo bem estar biológico, psicológico e social – conceito adotado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1986. Os programas de Qualidade de Vida do Trabalhador mudam comportamentos, atuam preventivamente, reduzem os custos e contribuem para atrair e reter colaboradores, além de ser necessário para obter a motivação e comprometimentos dos colaboradores. 3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O
s colaboradores podem representar o fracasso ou o sucesso de uma organização. As pessoas podem colocar o seu talento a disposição das organizações, podem ser leais, desde que as organizações as respeitem, valorizem e abram as portas para as oportunidades.
Além dos desafios da competição entre as empresas, as organizações têm um desafio interno, precisam aprofundar na compreensão da busca de um equilíbrio entre a condição de vida e habito saudáveis dos funcionários. Precisam instituir a Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) que é a soma da satisfação das necessidades físicas, psicológicas e sociais. A busca pela qualidade total, antes voltada apenas para o aspecto organizacional, serviços e produtos, agora tem um foco para a Qualidade de Vida do Trabalhador, buscando uma participação maior por parte dos funcionários, descentralização das decisões, ambiente físico seguro e confortável, oportunidade de crescimento e desenvolvimento pessoal e profissional, atividades de lazer e entre outras ações. A implementação de um programa de qualidade de vida como uma ferramenta de gestão proporciona à organização colaboradores com maior resistência ao estresse, maior motivação, maior eficiência no trabalho, maior estabilidade emocional e melhor relacionamento, com isto a empresa teria trabalhadores mais saudáveis, menor absenteísmo e rotatividade, menor custo com saúde e acidentes, melhor imagem no mercado, maior produtividade, um melhor ambiente de trabalho, assim atraindo e retendo bons funcionários. A satisfação do cliente interno, que são os funcionários da empresa, reflete diretamente na qualidade do produto final ou na prestação de serviço, por isto é importante pensar em Qualidade de Vida na empresa. Já que passamos a maior parte de nosso tempo nas organizações, seria o ideal transformar a empresa em um lugar mais prazeroso e saudável para a execução do trabalho. Local onde pudéssemos, de fato, passar algumas horas vivendo, criando e realizando plenamente o trabalho com qualidade, satisfação e alegria.
REFERÊNCIAS CHIAVENATO, Idalberto. Recursos Humanos, o capital humano nas organizações, São Paulo,
8ªed., Atlas, 2004.
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Qualidade de vida no trabalho: análise do caso de colaboradores de uma empresa do ramo de metalurgia de Ponta Grossa - PR. Revista Digital, Buenos Aires, ano 12, n.
Qualidade de vida no trabalho como um fator motivacional nas organizações Elaine Lopes Fernandes Graduada em Administração com ênfase em Recursos Humanos pela Fac III Campinas, SP E-mail: lanyfernandes@hotmail.com
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SANTOS, W.M. Resistência ou Rendição? Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 54-69, fev.-mar., 2012
Resistência ou Rendição?Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro Waleska Maria dos Santos Graduada em Serviço Social na UFF e pós-graduada em Historia da África e do Negro no Brasil Rio de Janeiro, RJ E-mail: waleskasantos@ibest.com.br
Palavras-chave: Movimento de mulheres negras; organização não governamental; período neoliberal
1. APRESENTAÇÃO
O
presente ante projeto possui como objeto de estudo a análise das práticas das organizações não governamentais fundadas por militantes de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, frente a trajetória dos movimentos sociais.
Os movimentos sociais no Brasil ganharam visibilidade na década de 70, após o período de Ditadura Militar, trazendo para a sociedade civil uma forma de mobilização que pode potencializar transformações estruturais, e intervir na qualidade de vida de extensas camadas da população brasileira. Caracterizavam-se com um discurso anti-Estado, frente à política e às questões sociais apresentadas. Petras (1999, p. 263) enfatiza que: “os movimentos sociais surgem devido à incapacidade do sistema institucional estabelecido em dar resposta aos problemas sociais”. Nesta perspectiva, surge o Movimento Negro Unificado Contra a Discriminação Racial, (MNUCDR) em Julho de 1978, como um dos objetivos a luta contra o racismo em âmbito nacional. O fato é que algumas militantes observando as opressões sofridas no interior do Movimento Negro iniciaram um processo de constituírem seu próprio espaço. O Movimento de Mulheres Negras (MMN) surgiu na década de 90, através da demanda das mulheres negras que não se viam representadas pelo Movimento Negro e nem pelo Feminista. Com a política neoliberal, haverá grande incentivo do Estado para que a chamada responsabilização pelo enfrentamento da questão social seja feita pela sociedade civil,
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via organizações não governamentais, com isto muitas militantes optaram em sair do MMN e migrarem para as ONGs a fim dar maior visibilidade a questão da mulher negra brasileira. Sendo assim, para podermos refletir sobre o processo de formação e consolidação desse movimento, teremos que percorrer dois caminhos distintos, mas não antagônicos. Ao constituírem ONGs observa-se uma maior visibilibidade perante os financiadores em contrapartida, haverá uma perda no processo de politização tão presente no movimento social, pois o Estado passa a ser concebido no mesmo campo. Consideramos que tanto os fatores endógenos quanto os exógenos, de alguma forma, influíram sobre o processo em andamento. O que se faz necessário é investigar com maior profundidade em que medida essas organizações não governamentais contribuíram para a visibilidade da mulher negra e suas especificidades. Essas mudanças foram uma necessidade deste grupo de mudar sua estratégia para resistir a um sistema excludente ou uma forma de se render ao capitalismo? O projeto foi estruturado de acordo com o referencial teórico metodológico marxista considerando que as questões enfrentadas no cotidiano só podem se compreendidas se as inserirmos no contexto social do qual fazem parte. Para Karl Marx (1982), a realidade não é caótica, desordenada ou fragmentada, incompreensível em sua totalidade. Ela possui uma dimensão concreta, que deve ser apreendida, trazendo a representação caótica da realidade (abstração) inicialmente para o plano do concreto idealizado (pensado) e, a partir de categorias históricas de produção material, chegar finalmente à totalidade concreta, síntese de muitas determinações e unidade do diverso. Outrossim, a realidade concreta também não é fruto do pensamento humano, ou sua consciência, mas justo o contrário. A temática do Movimento de Mulheres Negras (MMN) e sua migração em Organizações Não Governamentais (ONGs) tornaram-se evidente a partir da III Conferência Mundial Contra o Racismo, realizada em Durban, África do Sul, em 2001, tendo importância política e ideológica. No plano político, nessa conferência foram discutidas as origens e causas do racismo, da discriminação racial e xenofobia, sofrida especialmente pela mulher negra, tendo como resultado efetivo da conferência, uma declaração e uma plataforma de ação, documento no qual foram enfocadas medidas para prevenção, educação e proteção no âmbito nacional. No plano ideológico, a partir desse evento, ficam evidentes as mudanças ocorridas no seio do Movimento de Mulheres Negras. Se o I Encontro Nacional de Mulheres Negras (ENMN), ocorrido em Valença em 1988, contou com a participação de 450 militantes discutindo de forma receosa sobre os objetivos do MMN, em Durban percebe-se outro cenário. Segundo a estimativa, havia aproximadamente quatro mil representantes de ONGs, de toda parte do mundo, discutindo de forma coesa sobre as questões inerentes ao racismo e a mulher negra. Esse fenômeno será denominado de “onguização” por Santos (2005). A escolha em trabalhar com o tema se alimentou pela escassez de pesquisas acadêmicas sobre a diminuição dos movimentos de mulheres negras face ao aumento do número de ONGs fundadas pelas militantes.
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Com base no referencial teórico deste trabalho, percebe-se a inexistência de autores que abordam movimentos sociais na perspectiva do Terceiro setor utilizando como eixo raça e gênero e analisando suas consequências no cenário brasileiro. Utilizando os principais autores que norteia esse trabalho, percebe-se que autoras como Rosália Lemos (1997), em sua dissertação de Mestrado: Feminismo Negro em construção: a organização do movimento de mulheres negras do Rio de Janeiro resgata as diversas organizações de mulheres negras que surgiram na década de 80, como alternativa ao feminismo e ao movimento negro, já Matilde Ribeiro (1995), busca fazer um breve registro focando o processo organizativo das mulheres negras em diálogo com a inclusão de gênero e raça nas políticas públicas e Leila González (1982), através de sua experiência como militante do movimento negro, aborda a importância do movimento de mulheres negras. Na perspectiva da abordagem de movimento social e ONGs, Maria Gohn (1998), retrata de forma perspicaz a trajetória e as mudanças dos movimentos sociais ao longo dos últimos anos e suas implicações no cenário brasileiro. Roberto Leher (2005) enfatiza a importância a cerca das reflexões das práticas sociais e culturais dos movimentos sociais na América latina e as formas de dominação das políticas neoliberais situada na sociedade, Montaño (2005) em sua produção: “Terceiro setor e questão social: crítica ao padrão emergente de intervenção social”, trabalha com as transformações do movimento social e o papel ideológico que o “Terceiro Setor” cumpre na implementação das políticas neoliberais, já em Estado, Classe e Movimento Social (2010) com Maria Lúcia Duriguetto numa perspectiva marxista apresenta as principais visões sobre Estado, Classe e Movimento social, destinando um capítulo a realizar um brilhante debate teórico dos chamados “Novos Movimentos Sociais”, na qual nosso objeto de estudo se enquadra. Somente o autor Márcio dos Santos (2005), em sua dissertação de mestrado: A persistência Política dos Movimentos Negros Brasileiros: Processo de Mobilização à 3º Conferência Mundial das Nações Unidas Contra o Racismo aborda o processo de “onguização dos movimentos negro”¹, através de entrevista com militares analisou que sentido que esta ideia tem para os militantes entrevistados e que tipo de relevância possui para o contexto. Após esse levantamento, verificou-se uma inexistente discussão sobre este assunto no seio do MMN, neste sentido, a presente pesquisa possui caráter inovador contribuindo com a produção científica nesta área temática. Para isso, justifica-se a realização deste Projeto de Pesquisa que visa analisar a prática das organizações fundadas por militantes do movimento de mulheres negras do Rio de Janeiro e sua contribuição para visibilidade social e política das mulheres negras. Importante pontuar que a escolha em trabalhar com o tema prima contribuir para um olhar mais amplo de suas práticas e evoluções recentes ocorrida no Movimento de Mulheres Negras e nas organizações não governamentais. Gohn (1998, p.11): “O despreparo dos movimentos possibilitou que novas ONGs, e outras entidades associativas do chamado Terceiro Setor, ocupassem aqueles espaços”. A reflexão de Gohn retrata para uma demanda questionada entre os militantes que sentiam a necessidade de capacitar para melhor compreender e enfrentar as questões sociais postas, mas devido ao fator tempo e financeiro estas questões ficavam relegadas a planos secundários. Se no movimento de mulheres negras, não havia oportunidade para uma capacitação pelo fator tempo e dinheiro, nas organizações não
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governamentais a capacitação muitas das vezes estavam incluídas nos projetos financiados por órgãos internacionais ou estatais. Gonh (1998, p.13) afirma que neste momento começa a aparecer um novo perfil dos militantes: ... eles passaram a questionar a dedicação total e exclusiva exigida por muitas organizações que estruturavam os movimentos (...). acrescenta-se que a crise econômica também levou muitos militante a priorizar a sobrevivência pessoal e de sua família, em emprego de dedicação exclusiva e que exigem qualificação.Muitas lideranças e assessores foram defender teses, ministrar aula nas universidades, trabalhar em ONGs em contratos por projetos com tempo delimitado (GONH, 1998).
De certo, houve transformações profundas nos movimentos negros, principalmente nos movimentos de mulheres negras. O “processo de onguização dos movimentos negros” é caracterizado por diversos fatores, dentre eles a preocupação das militantes por uma educação continuada que possa analisar a sua prática. Tal constatação não justifica o fenômeno de “onguização do movimento negro”. Em outras palavras não foi meramente a demanda educacional que fez com que houvesse um aumento extraordinário no número de ONGs constituídas por militantes. Outros fatores que pretendemos aprofundarmos nesse trabalho contribuíram para esta “onguização dos movimentos negros”. Por fim, destacamos que essa pesquisa contribuirá para literaturas mais críticas sobre a questão de gênero e raça rompendo com opiniões naturalizadas e do senso comum, visto que cada objeto de pesquisa possui subjetividades que precisam ser levadas em conta pelo pesquisador, ou seja, “compreender a lógica que é própria ao objeto visto que este objeto é próprio”, conforme Karl Marx (apud NETTO, 2007. p. 78)². 2. OBJETIVOS 2.1. OBJETIVO GERAL
A
nalisar a prática das organizações, fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro, e sua contribuição para visibilidade social e política da mulher negra.
2.2. OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Verificar a missão e prática política das ONGs fundadas por militantes do Movimento de Mulheres negras do Rio de Janeiro;
Investigar se as práticas das organizações não governamentais contribuem para efetivar os objetivos institutos no encontro nacional do movimento de mulheres;
Compreender em que medida as ONGs fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras mantém uma vertente de atuação política no âmbito dos Movimentos sociais.
3. PROBLEMATIZAÇÃO
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P
rocuraremos elucidar o aparecimento do Movimento de Mulheres Negras no cenário político a partir das relações de exploração capitalista, para tanto trazemos para essa discussão alguns conceitos sobre movimentos sociais de alguns autores, como Ilse Scherer-Warren (2007), Gonh (1997), Montaño e Duriguetto (2010) objetivando compreender os conceitos e como ele se codifica ao longo do processo histórico gerando com isto divergências e contradições. Do ponto de vista de Ilse Scherer-Warren (IISE SCHERER-WARREN apud DOMINGUES, 2007, p.144), define movimentos sociais como: um grupo organizado, sob liderança determinada ou não; possuindo programa, objetivos ou plano comum baseando-se numa mesma doutrina, princípios valorativos ou ideologia; visando um fim específico ou uma mudança social (IISE SCHERER-WARREN apud DOMINGUES, 2007, p.144).
Na perspectiva de Gonh (1997,p. 1982) movimentos sociais são: um conjunto de ações coletivas dirigidas tanto á reivindicações de melhores condições de trabalho e vida, de caráter contestatório, quanto inspirado pela construção de uma nova sociabilidade humana, o que significa em última análise a transformação das condições econômicas, sociais e políticas fundantes da sociedade atual (GONH, 1997, p. 1982).
Ambos os autores estão de acordo que os movimentos sociais que emergem com o final da Ditadura Militar objetivavam o enfrentamento das expressões da questão social ocasionada pela crise Capital/Trabalho, contribuindo para a organização e conscientização da sociedade civil com vistas a realização do controle social com relação a ação estatal, caracterizando-se ainda como um processo educativo e de aprendizagem para seus protagonistas. Enfatizando os conceitos apresentados, Montaño (2010. p. 338) afirma que os movimentos sociais constituem movimento de luta de classe, ou seja, possui como característica desenvolver seus “processos de luta de classe particularmente no interior do âmbito da produção, portanto, questionando a contradição capital/trabalho, mediantes greves, paralisações da produção, ocupação de espaços de trabalho etc” Além deste conceito os definem como movimento sindical (tratado como movimento social clássico) e “novos movimentos sociais”. Os movimentos sociais sindicais (clássicos) define como objetivos de luta os limites na exploração da força de trabalho e/ou transformação da ordem (objetivo evolucionário, desenvolvido a partir da consciência de classe questionando a propriedade privada). Já os Novos Movimentos Sociais, tratado ora como alternativo ora como complementar do movimento sindical tem seus objetivos de luta não diretamente ligada à questão da exploração, mas ao acesso de bens e serviços. De certo, independente da termologia empregada pelos autores para denominar os movimentos sociais (Gohn define os “movimentos sociais” como movimentos populares ou identitários), o fato é que nos últimos anos tem havido mudanças neste movimento. Os movimentos sociais no Brasil ganharam visibilidade na década de 70, após o período de Ditadura Militar, trazendo para a sociedade civil uma forma de mobilização que pode potencializar transformações estruturais e intervir na qualidade
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SANTOS, W.M. Resistência ou Rendição? Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 54-69, fev.-mar., 2012
de vida de extensas camadas da população brasileira. Caracterizavam-se com um discurso anti- Estado, frente à política e as questões sociais apresentadas. Todavia, a partir dos anos 90, em fase da velocidade das mudanças econômicas e tecnológicas dos tempos neoliberais globalizados, ascenderá uma nova forma de luta dentro dos movimentos sociais. Esses movimentos estão mais voltados para um debate focalizado, não questionado nem os fundamentos da divisão em classes, nem da exploração ou da desigualdade social (naturalizando tais condições). A sociedade será convidada a participar numa pseudodemocracia. O movimento social clássico será visto como estruturas passadas, utópicas e perigosas, conforme a definição de movimentos sociais sob a ótica de Danton e Kuecler (1990, p.227) afirmam que movimento sociais é “um setor significativo da população que desenvolve e define interesses incompatíveis com a ordem política e social existente e que os seguem por vias institucionais invocando a força física ou da coerção”. Com isto a sociedade passa a conceber os “novos movimentos sociais” como estruturas modernas que juntamente com o Terceiro Setor e as Organizações não Governamentais estarão mais qualificadas para o enfrentamento da questão social. É relevante destacar a crítica de Montaño (2005, p.241), na qual aponta que o surgimento dos novos movimentos sociais e organizações não-governamentais têm como objetivo: retirar o Estado da responsabilidade de intervenção na questão social e transferi-los para a esfera do Terceiro Setor não é por motivos de eficiência (como se as ONGs fossem, naturalmente, mais eficientes que o Estado), nem apenas por razões econômicas... O motivo para isto é fundamentalmente político-ideológico: retirar e esvaziar a dimensão de direito universal do cidadão em relação a políticas sociais de qualidade; criar uma cultura de auto culpa pelas mazelas que afetam a população, e de auto-ajuda e ajuda mútua para seu enfrentamento (MONTAÑO, 2005, p. 241).
Essa estratégia citada pelo autor faz parte das características neoliberal (1990) que tem como principal característica a pouca intervenção do Estado nas questões sociais, política de privatizações: abertura da economia para a entrada de multinacionais e aumento da produção, neste período, houve um expressivo aumento das questões sociais representada pela desigualdade e miséria, as políticas sociais serão relegadas a segundo plano, ocasionando mobilizações populares ameaçando a ordem estatal. Dessa maneira, o Estado começou a financiar e promover estratégias ideológicas para intervir na sociedade civil e enfraquecer os movimentos sociais para isto será utilizado estratégias para consolidar as práticas incentivando a responsabilidade das causas sociais para a sociedade civil e as organizações não governamentais. Behring (2003, p.65) denominará de “clientelismo Pós Moderno” ou “Neocorporativismo”, onde segundo a autora a sociedade civil é domesticada, sobretudo seus impulsos mais críticos por meio da distribuição e disputa dos recursos públicos para ações focalizadas. Dentre a diversidade de movimentos sociais no cenário dos anos 90, intitulado de Novos Movimentos Sociais, o presente estudo foca no movimento de mulheres negras.
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O Movimento Negro surge fortemente em São Paulo, após um ato público que reuniu duas mil pessoas no Teatro Municipal denunciando e exigindo providências das autoridades, frente ao racismo em que foram vítimas, quatro atletas negros, do time de voleibol, do Clube de Regatas Tietê, e, também, a violência contra o operário negro Robson Silveira da Luz, que foi torturado e morto por policiais sob acusação de ter roubado fruta na feira. A luta racial era um dos objetivos desse movimento, que reunia homens e mulheres negras. Após esta manifestação, o Movimento Negro Unificado contra a Discriminação Racial (MNUCDR) realizou sua primeira assembleia nacional a fim de traçar caminhos para a busca da unificação nacional da luta contra a discriminação racial. Conforme o movimento se ampliava, na mesma proporção aumentavam também as pautas de reivindicações, principalmente advindas das mulheres negras que eram a maioria no grupo e exigiam uma participação igualitária na tomada de decisões e na ocupação de postos de liderança, até então, implicitamente vetados a elas. Entretanto, apesar de compartilhar das mesmas finalidades, a mulher negra começou a observar práticas opressoras no interior do movimento. Mesmo que representassem um número expressivo, as militantes tinham funções secundárias, e as discussões sobre gênero não faziam parte das pautas de reuniões. As militares acreditavam que ao levar essas discussões de gênero para o interior do Movimento Negro Unificado, os homens negros passariam pelo questionamento de seus próprios comportamentos em relação às mulheres negras, militantes ou não. Esse Movimento Negro Brasileiro não deixou de reproduzir as práticas de opressão e sexistas originárias da ideologia dominante. Notadamente, Bairros (2005) identifica uma distância entre o discurso, que geralmente é de exaltação à mulher negra e a prática desses homens, que é de confinamento da mulher militante ao tarefismo, à ausência de representatividade nas instâncias de direção do Movimento Negro. Em todas as épocas a mulher é dita como inferior, seja pelos aspectos físicos, religiosos, culturais ou sociais. Essa identidade construída socialmente serve de justificativa para a opressão e subordinação das mulheres, para com os homens. A mulher fica relegada a condições subalternas e a manutenção dessas dimensões ideológicas tem sido fundamental para a sustentação de um sistema opressivo e principalmente para a manutenção do capitalismo, pois, na medida em que a sustentação desse sistema se dá na forma de exploração da classe trabalhadora, a mulher negra será a mais explorada. Ressaltamos que a opressão em relação ao gênero feminino é vivenciada por mulheres brancas e não-branca, entretanto segundo Collins: A opressão da mulher negra é estruturada dentro de três dimensões que se inter-relacionam: primeiro, a dimensão econômica que é traduzida através da exploração do trabalho dessas mulheres segundo a dimensão política que nega às mulheres negras os direitos e privilégios rotineiramente delegados aos cidadãos brancos: e, a terceira, a dimensão ideológica que insiste em qualificar as mulheres negras dentro de determinados papéis e que muito contribuem para justificar o sistema de opressão a que estão inseridas (COLLINS apud SILVA, 2000. p.20).
Reafirmando essa posição, Collins (1989. p.780) complementa que a mulher negra, assim como a mulher branca, é oprimida pelo homem branco, porque ele, inserido numa ideologia patriarcal e eurocêntrica, acredita que tem maiores qualidades físicas, biológicas, intelectuais, de liderança para gerir a sua vida e a de outrem. E é oprimida
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também pelo homem negro, que muito embora partilhe com ela uma experiência histórica e cultural comum, não deixou de ser influenciado pela mesma ideologia patriarcal que sedimenta o inconsciente coletivo. É, ainda, oprimida pela mulher branca, dada as circunstâncias históricas. Essas duas formas de opressão, a de gênero e a de raça, atravessadas pela de classe, têm impedido, ou melhor, relegado, às mulheres negras um papel social de baixo prestígio na esfera social. Diante deste fato, algumas mulheres sentiram necessidade de um espaço onde pudessem discutir suas questões específicas, visto que, não se sentia contemplado pelo movimento negro e nem pelo feminista. Por essa razão, de forma inicialmente tímida formaram o Movimento de Mulheres Negras, porém após diversas articulações, tornou-se contestador, e com objetivos de denunciar as desigualdades sexuais, sociais e raciais existentes. Ao estudarmos a origem do Movimento de Mulheres Negras, encontramos divergências, ou seja, alguns autores como Matilde Ribeiro (1995), a organização do movimento se deu em 1988 com o I Encontro Nacional de Mulheres Negras (ENMN) ocorrido em Valença. Outras autoras, como Eliane Borges da Silva (2000), afirmam que o início do movimento foi em Bertioga, São Paulo, em 1985, no III Encontro Feminista Latino-Americano e do Caribe (EFLAC). Rosália Lemos (1997) defende que, a articulação do movimento de mulheres negras inicia-se em 1950, com o Conselho de Mulheres Negras. Apesar de considerar todos os encontros importantes para a constituição do MMN para este trabalho optou-se em constituir a partir do III Encontro Feminista LatinoAmericano e do Caribe (EFLAC), visto que os desentendimentos ocorridos durante este encontro, sobre o direito ou não de um grupo de mulheres participarem, sem ter feito a inscrição, fará com que um grupo de mulheres negras pense de forma mais incisiva sobre a necessidade da criação de um movimento. O marco principal desde encontro foi a participação de mulheres do Rio de Janeiro, que foram impedidas de atuar no encontro devido a não terem cumprido os tramites normais (inscrições e pagamento prévio). Diante deste fato, resolveram permanecer no local do lado de fora, realizando seu próprio encontro como forma de protesto. Apesar do incidente ocorrido, Silva considera que houve dois saldos positivos neste encontro: Primeiro, ao fato de mulheres negras mostrarem-se interessadas nas questões de gênero e brigar, literalmente para ter o direito de participar do III Encontro, mostrando com essa atitude terem amadurecido sobre a importância do feminismo para sua práxis cotidiana e de sua presença nesses eventos; segundo, ao reconhecimento demonstrando na própria agenda do evento (feminismo e racismo), da interrelação dessas questões (SILVA 2000 p. 35).
Entretanto, a opinião da autora não é unânime, visto que, Lemos considera que tal atitude de não pagar inscrição foi premeditada “para que houvesse o racha no movimento feminista e para que possibilitasse maior visibilidade ao novo feminismo que estava se formando...” (1997.p.252). Em 1987, com o IX Encontro Nacional Feminista, as Mulheres Negras não se veem contempladas com as reflexões ocorridas nesse encontro o que:
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SANTOS, W.M. Resistência ou Rendição? Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), Brasil, n. 6, p. 54-69, fev.-mar., 2012 Tornam visíveis que os problemas em relação a incorporação da questão racial, nas práticas e nas formulações teóricas do movimento feminista, tem a ver com o racismo fortemente existente em nossa sociedade. As mulheres negras são vistas como cidadãs de segunda categoria: a referência as mulheres é feita como se estas fossem sujeitos genéricos, a questão racial aparece como sendo de responsabilidade das mulheres negras. Pode-se dizer , que numa sociedade em que a questão racial ainda é um tabu as conquistas do movimento feministas acabaram por privilegiar a mulher branca (RIBEIRO, 1995, p.48).
A partir desse encontro, “as mulheres negras se fecham na posição de que o Movimento Feminista é orientado por uma definição elitista, exclusiva, opressora e autoritária da mulher” conforme relata Silva (2000, p.25). Logo elas resolveram antes do I Encontro Nacional de Mulheres Negras realizar encontros estaduais, a fim de amadurecer algumas ideias e unir forças. Entretanto, o encontro ocorrido em Moquetá, na cidade de Nova Iguaçu, no ano de 1987, acabou causando constrangimento, porque algumas mulheres não-brancas não tiveram sua entrada permitida. As mulheres negras não perceberam naquele momento que a discussão sobre raça e gênero, não se limitava apenas a elas, e, para que haja uma democracia racial é necessário que todos possam participar. Após este encontro e fóruns, em 1988, em Valença, Rio de Janeiro, foi realizado o I Encontro de Mulheres Negras, que ocorreu com muitas críticas do Movimento Negro e Feminista, que viam, nessa atitude, um enfraquecimento e divisor de águas. Já no II Encontro Nacional de Mulheres Negras, ocorrido em 1991 na Bahia, houve momento de brigas e discussões entre as militantes negras, na concepção de Ribeiro, os debates foram intensos, demonstrando as diversas concepções políticas. A dificuldade do MMN em definir conceitos a cerca da organização de mulheres negras no nível nacional (estabelecer diretrizes) foi justamente por não ter conseguido trabalhar com essas diferenças, o que terminava por impor um modelo que acreditava caber em todos os “sujeitos” que julgava a representar. Visualizaram a questão de forma essencialista, sem se dar conta que ali estavam os fundamentos para se viver uma cidadania plena, um movimento democrático. Tal qual fizeram os demais movimentos (feminista e negro) universalizaram um tipo de mulher negra, sufocando aquelas que não se adequavam a ele... O encontro foi realizado em condições bastante desfavoráveis, reflexo da crise da qual passava o Movimento de Mulheres Negras: a desproporcionalidade das participantes em relação aos Estados, as lutas internas, a falta de diretrizes estabelecidas dentro de uma prática democrática mais definida, a escassez de recursos mínimos para as entidades, enfim uma série de fatores apontava para a necessidade de reavaliar o próprio movimento no sentido de garantir maior mobilização e participação das mulheres negras de todo o país... (RIBEIRO, 1995 p. 452).
É nítida na exposição da autora, a ausência da perspectiva classista, o que compromete a capacidade do movimento de projetar e implementar ações que tenham como horizonte a necessidade de construção das transformações sociais, que suprem a exploração e a opressão a que está submetido o conjunto da classe trabalhadora. Complementando, Montaño (2010. p. 338) afirma os movimentos sociais constituem movimentos de lutas de classe, ou seja, possui como característica:
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O MMN apresentou em sua trajetória política, dificuldades de partilhar posições e realizar uma discussão classista, gerando divergências e saídas de algumas militantes que optaram com a constituição do período neoliberal constituírem organizações nãogovernamentais. O período neoliberal no Brasil que teve início no governo de Fernando Collor de Melo (1990-1992) e se intensificou no de Fernando Henrique Cardoso (1995- 2002); tem como alguns princípios básicos a pouca intervenção do Estado nas questões sociais, política de privatizações; abertura da economia para a entrada de multinacionais e aumento da produção, com o objetivo básico para atingir o desenvolvimento econômico. Tal política teve como consequências, as privatizações em massa, flexibilização dos direitos trabalhistas, prevalência do capital financeiro-especulativo sobre o de investimento produtivo e a focalização e seletividade das políticas sociais. Com isto, houve um expressivo aumento das questões sociais representada pela desigualdade e miséria, as políticas sociais serão relegadas a segundo plano, ocasionando mobilizações populares ameaçando a ordem estatal. Dessa maneira, era necessário começar a financiar e promover estratégias ideológicas para intervir na sociedade civil e enfraquecer os movimentos sociais, ou seja, criar um “amortecedor social”. O Estado utilizará de estratégias para consolidar as práticas incentivando a responsabilidade das causas sociais para a sociedade civil e as organizações governamentais, conforme discurso apresentado por Ruth Cardoso, em 1995, quando era presidente do Conselho da Comunidade Solidária: ... acredito que o fortalecimento da sociedade civil e de sua atuação no campo do desenvolvimento social é o caminho correto para que possamos superar essa herança pesada de injustiça e exclusão. Não considero esse caminho correto pelo simples fato de que aliviaria a tarefa do governo, retirando de seus ombros uma parcela de sua responsabilidade. Não se trata disso, mas sim de reconhecer que a ação do terceiro setor no enfrentamento de questões diagnosticadas pela própria sociedade nos oferece modelos de trabalho que representam modos mais eficazes de resolver problemas sociais (CARDOSO1994. p.82).
As organizações não-governamentais serão concebidas como estruturas inovadoras, e passam a ter maior credibilidade com a sociedade, recebendo recursos financeiros internacionais e do Banco Mundial. Elas se estruturaram como empresas e se autodenominaram cidadãs, por se apresentarem sem fins lucrativos, progressivamente passaram a definir seus próprios espaços de atuação, estabelecendo agendas e estratégias. Neste contexto, Konrad afirma que poderá haver uma mediação entre a atuação das ONGs e os movimentos sociais, desde que não se perda a sua ideologia, visto que como afirma Gramsci: “não existe apenas positividades ou negatividades em lados opostos, mas sim um terreno de lutas dos movimentos e sujeitos históricos”. Ribeiro traz a contribuição que: “A migração de ativistas de movimentos sociais em ONGs possui duas consequências: pela primeira vez o grupo tem uma maneira sólida
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de se fazerem ouvir, mas, por outro lado as ONGs acabam por se tornar mais pacientes com as ações governamentais” (RIBEIRO, 2005). Nas exposições dos autores, percebemos que apesar da visibilidade dada a questão racial que sempre foi vista como questão cultural e não pública, há uma fragmentação e perda de forças políticas. O elemento classe social se perde e o que era uma reivindicação por direito a melhores condições de vida, alimentação, moradia, entre outros, muda de configuração passando de luta de classes a movimentos isolados de determinados grupos que objetivam causas especificas. Ao assumirem essa nova roupagem, haverá a perda do seu caráter militante e reivindicatório, “porque suas ações passaram a ser mais propositivas do que revindicativas (GOHN,2004 p.2) a partir da criação das ongs –tornando-se pessoa jurídica – essas passam a cumprir as exigências do Estado ou da esfera privada, muitas vezes até mesmo reproduzindo suas ideologias, a fim de preitear o financiamento destes para o cumprimento dos objetivos propostos. Tais objetivos são em grande parte para suprir as lacunas deixadas pelo Estado enquanto provedor das necessidades públicas em diferentes esferas da sociedade civil (saúde, educação, lazer, moradia, segurança etc.). Podemos assim dizer que esses novos movimentos sociais, também passaram por crises de identidade, pois ao invés de romper com o processo de dominação, exercido pelo Estado estão juntando-se a ele em parceria. Essa decisão afeta os militantes conservadores que não aceitará essas mudanças acusando de “traidores”. Em meio a essas ocorrências alguns desses movimentos sociais resistem às crises e mantiveram suas táticas, estratégias e práticas de ações. Um exemplo disso é o Fórum de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. O que se faz necessário é investigar com maior profundidade em que medida essas organizações não governamentais contribuírem para a visibilidade da mulher negra e suas especificidades. Essas mudanças foram uma necessidade deste grupo de mudar sua estratégia para “resistir a um sistema excludente” ou uma forma de se “render ao capitalismo”? 4. METODOLOGIA
A
presente pesquisa é de natureza qualitativa, uma vez que serão analisados os fatos e dados relacionados à prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro. Nas palavras de Minayo (1994.p.45): “A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se preocupa com um nível de realidade que não pode ser quantificado”. Tal temática torna-se estimulante é dinâmica, na medida em que conforme afirma Minayo (2007.p.14): a realidade social é a cena e o seio do dinamismo da vida individual e coletiva com toda a riqueza de significados dela transbordante. Essa mesma realidade é mais rica que qualquer teoria, qualquer pensamento e qualquer discurso que possamos elaborar sobre ela (MINAYO, 2007, p. 14).
Para tanto, a pesquisa terá como procedimento metodológicos um mapeamento inicial e a caracterização das principais ONGs no Rio de Janeiro que possuem em sua
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direção militantes do Movimento de Mulheres Negras. Em seguida será realizada uma revisão bibliografia nos catálogos da biblioteca da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), no CCBB (Centro Cultural do Banco do Brasil) e na UCAM (Universidade Cândido Mendes) que deverá demarcar a trajetória do Movimento de Mulheres Negras através de documentos que possibilitará uma análise, ainda que sintética, dos dilemas internos e externos vividos por esse movimento. Paralelo a essa pesquisa, serão buscados os debates em outras universidades e órgãos que envolvam movimentos sociais e organização não-governamentais, mesmo que polêmicos e contraditórios, pois certamente serão de grande importância para compreendermos esse contexto. O processo de coleta de dados será realizado através de entrevistas semi estruturadas, visto que, segundo Queiroz (1998.p.206), o mesmo “possibilita que o pesquisador, de tempos em tempos, efetue uma intervenção para trazer o informante aos assuntos que pretende investigar”, além de delimitar o volume de informações, obtendo um melhor direcionamento. Acredito que respostas espontâneas, questões e reações inesperadas da pessoa entrevistada poderão ser de grande utilidade para a pesquisa. Também realizaremos a técnica de observação participante nas ONGs, pois a vivência, a participação, e a proximidade do objeto de pesquisa, são fundamentais para o entendimento das questões dadas. A análise do material será realizada através da técnica de analise de conteúdo, que segundo Minayo (2003, p.74) enfatiza que a análise de conteúdo visa verificar hipóteses e ou descobrir o que está por trás de cada conteúdo manifesto. “(...) o que está escrito, falado, mapeado, figurativamente desenhado e/ou simbolicamente explicitado sempre será o ponto de partida para a identificação do conteúdo manifesto (seja ele explícito e/ou latente)”. Neste sentido, a pesquisa terá três eixos de analise:
A missão e prática política das ONGs fundadas por militantes do Movimento de Mulheres negras do Rio de Janeiro;
As práticas das organizações não governamentais contribuem para efetivar os objetivos institutos no encontro nacional do movimento de mulheres;
Em que medida as ONGs fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras mantém uma vertente de atuação política no âmbito dos Movimentos sociais.
A análise de conteúdo possui como etapas metodológicas à pré-análise, que consiste no levantamento e organização do material, além da identificação dos indicadores ou eixo de análise, que subsidiarão as reflexões interpretativas da mensagem; o estudo exploratório do material levantado; e a análise e interpretação dos dados, que consiste na identificação da significância do material resultante da análise, por meio de regras anteriormente definidas na pré-análise. É nessa etapa que se efetiva o tratamento qualitativo dos dados, buscando identificar e analisar dimensões analíticas e variáveis associadas aos eixos de análise: (...) a análise de conteúdo parte de uma leitura de primeiro plano das falas, depoimentos e documentos, para atingir um nível mais profundo, ultrapassando os sentidos manifestos do material. Para
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A autora relembra que a análise de conteúdo deve ser objetiva e sistemática, buscando a complementaridade da abordagem qualitativa e quantitativa, entendendo que é importante estudar a frequência para que os temas tenham a medida exata de sua importância. 5. CONCLUSÃO
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onforme exposto na introdução desse trabalho, o objetivo centra-se na prática política das organizações não-governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro durante o período neoliberal. A fim de analisarmos e concluirmos esse trabalho, propusemos analisar a mulher negra, os movimentos sociais e o processo de “onguização”. Ao analisarmos a mulher negra, percebemos que muito além dos estereótipos da mulata, mãe preta, há pesquisas que comprovam que estas estão em último na escala da pirâmide social, e que apesar de representar 44% da população brasileira, este grupo muitas das vezes se torna invisível aos olhos do poder público, da educação, da saúde público ferindo a constituição Federal artigo 5º , na qual afirma que todos são iguais perante a lei, há uma discrepância bastante evidente entre raça , gênero e classe social que precisa urgentemente ser combatida, seja através de políticas pública ou manifestações sociais, percebendo a importância desse viés para uma mudança societária, algumas mulheres negras iniciaram um processo de militância no movimento feminista e negro. No primeiro consideravam que o fato de pertencerem ao mesmo gênero poderiam sentir-se à vontade para expor suas opiniões, e, já no segundo, afirmavam que apesar de não pertencerem do mesmo gênero compartilhavam as dores do preconceito e da discriminação. Contudo, as mulheres negras depararam com reprodução de práticas discriminatórias e sentiram a necessidade da criação de um movimento específico. O movimento de Mulheres Negras - MMN foi constituído durante um período marcado por contradições que irão refletir diretamente nas práticas políticas dessas militantes. O período denominado de Neoliberal surge enquanto uma resposta da crise do liberalismo e do Estado de Bem-Estar Social e tem como principal característica a despolitização do Estado e a transferência de responsabilidade social para o terceiro setor. Nesse sentido, durante este trabalho observamos um aumento expressivo de formação de organização não-governamentais principalmente constituídas por militantes do MMN. Os motivos que levaram as militantes a optarem a migrarem para estas instituições são diversos: divergências políticas, rachas, projetos pessoais, propostas, o fato é que realizarem está escolha haverá uma significativa desmobilização do movimento de mulheres negras da qual faziam parte. O incentivo de constituição de ONGS pelo Estado foi uma estratégia criada pelo mesmo a principio por dois motivos nítidos: transferir a responsabilidade de demandas sociais, neste caso, as demandas raciais e de gênero que a essa altura era impossível ignorar devido a grande mobilização e manifestos do MMN, e enfraquecimento dos movimentos sociais, pois à medida que optam construírem uma organização nãogovernamentais, a militância fica em planos secundários. De fato, a formação das
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ONGS proporcionou visibilidade, organização e prestígio perante a sociedade e o Estado que viam nestas estruturas inovadoras capazes de diminuir as mazelas sociais em contrapartida os movimentos sociais eram vistas enquanto estruturas antigas que não foram capazes de amenizar as mazelas, pelo contrário ajudou a aumentá-las. Nas organizações foi permitido viabilizar tema pouco discutido nos movimentos sociais, houve uma fragmentação, onde a cada organização geria suas demandas conforme objetivos e princípios pessoais. É importante sinalizar, que está entrada do Estado com as Organizações não governamentais só foi possível, pois o mesmo percebeu um discurso fragmentado, focalizado e individualista do movimento de mulheres negras. Ao analisarmos os encontros realizados pelo MMN, percebemos um discurso fragmentado, voltado para questões particulares, lutas de vaidades sobressaíram a questões políticas e classistas, havendo com isto desarticulação do movimento, brigas e rachas, apesar de alguns movimentos de mulheres negras, como o coletivo de mulheres Negra do Rio de Janeiro, coordenado pela militante Klátia Lima sobreviver a está crise. Neste trabalho foi possível analisarmos dois vieses para a migração de militantes negras para ONGS. A primeira se deve a visibilidade que foi possível graças a inserção de militantes nas organizações não-governamentais. A questão racial foi sempre vista como questões culturais e não políticas, como se nossas demandas se relegassem apenas questões culturais, ao constituírem essas organizações foi possível apontar outras demandas sociais, torna-las públicas ao poder público e trabalhar para amenizá-la. A segunda contrapôs a primeira, visto que ao optarem por este caminho, o movimento de mulheres negras perde o discurso unificado que possuíam deixando a luta focalizada e individualizada, havendo uma perda de fortalecimento na luta contra o Estado e a favor da igualdade. É importante sinalizar que as especificidades de nós mulheres negras é fundamental é não pode ficar “debaixo do tapete” como conforme ocorrido no movimento negro e feminista, entretanto é necessário não esquecermos que muito além das especificidades, há uma luta classista e global, onde a mulher negra trabalhadora e inserida de forma perversa na sociedade e explorada, visto que o capitalismo é um sistema que se alimenta e se beneficia do racismo. Analisar esse contexto é vermos de forma macro e crítica a questão da mulher negra e não apenas de maneira micro e especifico. Pois ao assumirem o discurso das especificidades como primordial, o MMN elabora um debate superficial e fácil de ser cooptado pela ideologia dominante. Concluo, com novas problemáticas para posteriores trabalhos: De que forma as MMN estão mesmo que isoladamente fazendo com que haja transformação socio-racial? Podemos chamá-la, portanto de novos movimentos sociais? Estamos utilizando a questão racial enquanto moeda de troca para favorecimentos financeiros, prestígios ou será uma nova forma de resistência assim como nos quilombos?Em contrapartida e os movimentos sociais que sobreviveram ao período neoliberal quais são seus avanços, seus ganhos perante a questão racial? As experiências profissionais na qual obtive trabalhando numa ONG tida ação afirmativa me impulsionada afirmar que poucos temos feito na prática que precisamos ir além do que discursos e projetos bonitos de cunho afirmativo e necessário irmos além comprarmos verdadeiramente a divida que a sociedade possuem com o povo afro-brasileiro, especificamente da mulher negra, atualmente representamos ¼ da
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população brasileira. Acreditamos assim com Gohn que a luta social se personifique conforme período e que os movimentos sociais, as organizações não governamentais poderão ser um meio para o combate a luta social,o que vai defini-la é a maneira como seus dirigentes irão encara-la: de uma forma resistente ou uma rendição? Eis a questão!
NOTAS 1 Termo utilizado por Santos em sua dissertação de mestrado para denominar o processo de migração dos movimentos sociais para as ONGs por militantes a partir da década de 90. 2 “Saisir la logique qui est propre à l’objet en que cet objet est propre.”. Cf. MARX, Karl. Critique du droit politique. Paris: Editions Sociales,1975. p.49. Apud NETTO, José Paulo. Crise do socialismo e ofensiva neoliberal. São Paulo: Cortez, 2007. p. 78.
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NOTA Este trabalho trata-se de um anteprojeto de mestrado.
Resistência ou Rendição? Um estudo sobre a prática das organizações não governamentais fundadas por militantes do Movimento de Mulheres Negras do Rio de Janeiro Waleska Maria dos Santos Graduada em Serviço Social na UFF e pós-graduada em Historia da África e do Negro no Brasil Rio de Janeiro, RJ E-mail: waleskasantos@ibest.com.br
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AMDE – Associação Amigos dos Deficientes A AMDE é um Núcleo Terapêutico especializado para Atendimentos às pessoas com Síndrome do Autismo. Todos os atendimentos são individualizados, portanto supre as necessidades individuais dos atendidos. Além do atendimento individual com a criança que tem a síndrome do autismo, acolhemos as famílias promovendo atividades com objetivo sócio-assistencial e inclusão social. Nossos atendimentos iniciaram em outubro de 2010 à domicílio. Atualmente atendemos na nossa sede, contamos com uma equipe multidisciplinar completa: Assistente Social, Fisioterapeuta, Fonoaudióloga, Terapeuta Ocupacional, Psicóloga, Psicopedagoga, Professora, Educador Físico, Enfermeira e cuidadoras.
Caminhe com a AMDE! Agende a sua visita e apaixone-se!!! Nossos Contatos: Telefone (15) 32111955 ou (15) 32110314 Rua Gonçalves Dias, 606 Vila Gabriel. Sorocaba – SP Site: www.nossolaramde.com.br E-mail: associacaoamde@hotmail.com
O que é o Autismo? Foi descrito pela primeira vez em 1943, pelo médico austríaco Leo Kanner, trabalhando no Johns Hopkins Hospital, em seu artigo Autistic disturbance of affective contact, na revista Nervous Child, vol. 2, p. 217-250. No mesmo ano, o também austríaco Hans Asperger descreveu, em sua tese de doutorado, a psicopatia autista da infância. Embora ambos fossem austríacos, devido à Segunda Guerra Mundial não se conheciam. A palavra “autismo” foi criada por Eugene Bleuler, em 1911, para descrever um sintoma da esquizofrenia, que definiu como sendo uma “fuga da realidade”. Kanner e Asperger usaram a palavra para dar nome aos sintomas que observavam em seus pacientes. Apesar do grande número de pesquisas e investigações clínicas realizadas em diferentes áreas e abordagens de trabalho, não se pode dizer que o autismo é um transtorno claramente definido. Há correntes teóricas que apontam as alterações comportamentais nos primeiros anos de vida (normalmente até os 3 anos) como relevantes para definir o transtorno, mas hoje se tem fortes indicações de que o autismo seja um transtorno orgânico. Apesar disso, intervenções intensivas e precoces são capazes de melhorar os sintomas. Em 18 de Dezembro de 2007, a Organização das Nações Unidas decretou todo 2 de abril como o Dia Mundial do Autismo. Em 2008 houve a primeira comemoração da data pela ONU.
Definição Interesses restritos e repetitivos, como empilhar objetos, são comuns em crianças com autismo. Caso eles sejam focalizados para uma atividade útil socialmente podem ajudar no desenvolvimento de habilidades excepcionais. O autismo é um transtorno definido por alterações presentes antes dos três anos de idade e que se caracteriza por alterações qualitativas na comunicação, na interação social e no uso da imaginação. Definição da Autism Society of American – ASA (1978) Autism Society of American = Associação Americana de Autismo. O autismo é uma inadequacidade no desenvolvimento que se manifesta de maneira grave por toda a vida. É incapacitante e aparece tipicamente nos três primeiros anos de vida. Acomete cerca de 20 entre cada 10 mil nascidos e é quatro vezes mais comum no sexo masculino do que no feminino. É encontrado em todo o mundo e em famílias de qualquer configuração racial, étnica e social. Não se conseguiu até agora provar qualquer causa psicológica no meio ambiente dessas crianças que possa causar a doença. Segundo a ASA, os sintomas são causados por disfunções físicas do cérebro, verificados pela anamnese ou presentes no exame ou entrevista com o indivíduo. Incluem: 1. Distúrbios no ritmo de aparecimentos de habilidades físicas, sociais e linguísticas. 2. Reações anormais às sensações. As funções ou áreas mais afetadas são: visão, audição, tato, dor, equilíbrio, olfato, gustação e maneira de manter o corpo. 3. Fala e linguagem ausentes ou atrasadas. Certas áreas específicas do pensar, presentes ou não. Ritmo imaturo da fala, restrita compreensão de ideias. Uso de palavras sem associação com o significado. 4. Relacionamento anormal com os objetivos, eventos e pessoas. Respostas não apropriadas a adultos e crianças. Objetos e brinquedos não usados de maneira devida. Definição do DSM-IV-TR (2002) O Transtorno Autista consiste na presença de um desenvolvimento comprometido ou acentuadamente anormal da interação social e da comunicação e um repertório muito restrito de atividades e interesses. As manifestações do transtorno variam imensamente, dependendo do nível de desenvolvimento e da idade cronológica do indivíduo. Definição da CID-10 (2000) Autismo infantil: Transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos; b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade(auto-agressividade). Características do autismo Existem muitos graus de autismo, mas quanto mais cedo a criança for identificada e começar o treinamento de habilidades sociais, melhor será seu desenvolvimento. Segundo a ASA (Autism Society of American), indivíduos com autismo usualmente exibem pelo menos metade das características listadas a seguir: 1. Dificuldade de relacionamento com outras pessoas 2. Riso inapropriado 3. Pouco ou nenhum contato visual
4. Aparente insensibilidade à dor 5. Preferência pela solidão; modos arredios 6. Rotação de objetos 7. Inapropriada fixação em objetos 8. Perceptível hiperatividade ou extrema inatividade 9. Ausência de resposta aos métodos normais de ensino 10. Insistência em repetição, resistência à mudança de rotina 11. Não tem real medo do perigo (consciência de situações que envolvam perigo) 12. Procedimento com poses bizarras (fixar objeto ficando de cócoras; colocar-se de pé numa perna só; impedir a passagem por uma porta, somente liberando-a após tocar de uma determinada maneira os alisares) 13. Ecolalia (repete palavras ou frases em lugar da linguagem normal) 14. Recusa colo ou afagos 15. Age como se estivesse surdo 16. Dificuldade em expressar necessidades - usa gesticular e apontar no lugar de palavras 17. Acessos de raiva - demonstra extrema aflição sem razão aparente 18. Irregular habilidade motora - pode não querer chutar uma bola, mas pode arrumar blocos. Observação: É relevante salientar que nem todos os indivíduos com autismo apresentam todos estes sintomas, porém a maioria dos sintomas está presente nos primeiros anos de vida da criança. Estes variam de leve a grave e em intensidade de sintoma para sintoma. Adicionalmente, as alterações dos sintomas ocorrem em diferentes situações e são inapropriadas para sua idade. Vale salientar também que a ocorrência desses sintomas não é determinista no diagnóstico do autismo, para tal, se faz necessário acompanhamento com psicólogo ou psiquiatra. Diagnóstico Os sistemas diagnósticos (DSM-IV e CID-10) têm baseado seus critérios em problemas apresentados em três áreas, com início antes dos três anos de idade, que são: a) comprometimento na interação social; b) comprometimento na comunicação verbal e não-verbal, e no brinquedo imaginativo; c) comportamento e interesses restritos e repetitivos. É relevante salientar que essas informações devem ser utilizadas apenas como referência. Além de destacar a importância do diagnóstico precoce "porque quanto mais cedo é identificado um transtorno, mais rápido o curso normal do desenvolvimento pode ser retomado. Porém os resultados dependem não somente da identificação dos atrasos e da indicação dos tratamentos adequados e eficazes, mas da aceitação dessa condição diferenciada pelas famílias e pelo futuro de cada um, que não dominamos nem sabemos", como explica o psiquiatra da infância e adolescência Walter Camargos Jr. Recomenda-se caracterizar a queixa da família: sinais, sintomas, comportamento, nível de desenvolvimento cognitivo e escolar do indivíduo - quando for o caso, relacionamento inter-pessoal, investigar os antecedentes gineco-obstétricos, história médica pregressa, história familiar de doenças neurológicas, psiquiátricas ou genéticas, analisar os critérios do DSM-IV-TR ou da CID-10, realizar avaliações complementares (investigações bioquímicas, genéticas, neurológicas, psicológicas, pedagógicas, fonoaudiológicas, fisioterápicas), pensar a respeito do diagnóstico diferencial, investigar a presença de comorbidades, classificar o transtorno, planejar e efetivar o tratamento. Muitas vezes, o autismo é confundido com outras síndromes ou com outros transtornos globais do desenvolvimento, pelo fato de não ser diagnosticado através de exames laboratoriais ou de imagem, por não haver marcador biológico que o caracterize, nem necessariamente aspectos sindrômicos morfológicos específicos; seu processo de reconhecimento é dificultado, o que posterga a sua identificação.
Um diagnóstico preciso deve ser realizado, por um profissional qualificado, baseado no comportamento, anamnese e observação clínica do indivíduo. O autismo pode ocorrer isoladamente, ser secundário ou apresentar condições associadas, razão pela qual é extremamente importante a identificação de comorbidades bioquímicas, genéticas, neurológicas, psiquiátricas, entre outras. Condições que podem estar associadas ao Autismo: Acessos de raiva, Agitação, Agressividade, Auto-agressão, auto-lesão (bater a cabeça, morder os dedos, as mãos ou os pulsos),Ausência de medo em resposta a perigos reais Catatonia, Complicações pré, peri e pósnatais, Comportamentos autodestrutivos, Déficits de atenção, Déficits auditivos, Déficits na percepção e controle motor, Déficits visuais, Epilepsia , Esquizofrenia, Hidrocefalia, Hiperatividade, Impulsividade, Irritabilidade, Macrocefalia, Microcefalia, Mutismo seletivo, Paralisia cerebral, Rspostas alteradas a estímulos sensoriais (alto limiar doloroso, hipersensibilidade aos sons ou ao toque, reações exageradas à luz ou a odores, fascinação com certos estímulos), Retardo mental, Temor excessivo em resposta a objetos inofensivos, Transtornos de alimentação (limitação a comer poucos alimentos), Transtornos de ansiedade, Transtornos de linguagem, Transtorno de movimento estereotipado, Transtornos de tique, Transtornos do humor/afetivos (risadinhas ou choro imotivados, uma aparente ausência de reação emocional), Transtornos do sono (despertares noturnos com balanço do corpo). Exames O diagnóstico do autismo é feito clinicamente, mas pode ser necessário a realização de exames auditivos com a finalidade de um diagnóstico diferencial. Outros exames devem ser considerados não para diagnóstico, mas com a finalidade de se realizar um bom tratamento. São eles: ácidos orgânicos, alergias alimentares, metais no cabelo, perfil ION, imunodeficiências, entre outros. Texto extraído do site: http://pt.wikipedia.org/wiki/Autismo Sites de apoio: http://autismoamor.blogspot.com/ Álbum no picasa com muitos materiais http://picasaweb.google.com.br/lungwitz.andrea134 http://www.revistaautismo.com.br/ http://www.cedapbrasil.com.br/portal/ CAMINHE COM A AMDE! Hoje para darmos sustentabilidade aos trabalhos, organizamos eventos, cursos, bazares e precisamos da ajuda de Empresas e pessoas Física, dispostas a se comprometerem em nos auxiliar no que se refere a zerar o número de crianças sem atendimento, visto que nosso trabalho é gratuito, considerando a vulnerabilidade social das famílias. SEJAM BEM-VINDOS! Presidente da AMDE: José Osvaldo Gonçalves Orientadora Pedagógica: Andrea Lungwitz Cléto “Se você não puder curar a criança autista, ame-a. De todo o seu coração, com todo o seu amor e toda a sua aceitação. Alguma tarefa importante ela está desempenhando junto de você, certamente para proveito de ambos. Uma luz transcendental que irá iluminar uma felicidade com a qual você nem imaginou que pudesse existir: Confie, trabalhe e espere.” Hermínio Correa de Miranda.
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Biológicas e Saúde XVIII CONGRESSO MUNDIAL DE ERGONOMIA E XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE ERGONOMIA De 12 a 16 de fevereiro de 2012. Local: Recife, PE. Maiores informações em: http://www.iea2012.org/index_pt.htm
XIII ENCONTRO NACIONAL DE PROFISSIONAIS EM PESQUISA CLÍNICA Em 17 de março de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.sbppc.org.br/site/index.php?option=com_wrapper&Itemid=19&mod=restrito/ AgendaCursos&idd=82
I SEMINÁRIO SOBRE AUTISMO EM SOROCABA Em 28 mar. 2012. Local: Sorocaba, SP. Maiores informações em: andrea.amdesorocaba@hotmail.com
CIÊNCIAS E COGNIÇÃO 2012 – II ENCONTRO ANUAL DE CIÊNCIAS E COGNIÇÃO De 28 a 30 de março de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://cienciasecognicao.org/evento/
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XXVII SEMANA ACADÊMICA VETERINÁRIA (SACAVET) & IX SIMPÓSIO DE PRODUÇÃO ANIMAL (SIMPROPIRA) De 31 de março a 05 de abril de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.sacavet.com.br/
XVI SINE - SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE NEUROENDOCRINOLOGIA De 12 a 14 de abril de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.sine2012.com.br/
VIII SIMPÓSIO BRASILEIRO DE FARMACOGNOSIA E I INTERNATIONAL SYMPOSIUM OF PHARMACOGNOSY De 18 a 22 de abril de 2012. Local: Ilhéus, BA. Maiores informações em: http://www.sigaeventos.com.br/VIII_SBFGNOSIA/
1° FÓRUM NACIONAL DE RACIONALIDADES MÉDICAS E PRÁTICAS De 25 a 28 de abril 2012. Local: Niterói, RJ. Maiores informações em: http://www.forumrmpics2012.com.br/
III CONGRESSO SUL-BRASILEIRO DE MEDICINA DE FAMÍLIA E COMUNIDADE De 26 a 28 de abril de 2012. Local: Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), em Florianópolis/SC. Maiores informações em: http://sulbrasileiromfc.com.br/index.php
WORLD NUTRITION RIO 2012 De 27 a 30 de abril de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.worldnutritionrio2012.com.br/
10º CONGRESSO INTERNACIONAL DA REDE UNIDA De 06 a 09 de maio de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://conferencias.redeunida.org.br
V SeCiEnf – SEMANA CIENTÍFICA DE ENFERMAGEM – UFU De 07 a 11 de maio de 2012. Local: Uberlândia, MG (Universidade Federal de Uberlândia, campus Umuarama, bloco 2A) Maiores informações em: http://www.daan.famed.ufu.br/; nailineptu@hotmail.com
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IV MOSTRA ACADÊMICA DE ENFERMAGEM DA UFC Em 18 e 19 de maio de 2012. Local: Fortaleza - CE / Departamento de Enfermagem da Universidade Federal do Ceará. Maiores informações em: http://www.guiadeenfermagem.com.br
VIII CONGRESSO GOIANO DE FISIOTERAPIA De 01 a 03 de junho de 2012. Local: Centro de Convenções de Goiânia, Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.congressogoiano.com.br; cgofisio@terra.com.br
10º CONGRESSO INTERNACIONAL DE BIOLOGIA CELULAR & 16º CONGRESSO BRASILEIRO DE BIOLOGIA CELULAR De 25 a 28 de julho de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.sbbc.org.br/iccb
XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE NEUROLOGIA De 04 a 09 de agosto de 2012. Local: Goiânia, GO. Maiores informações em: http://www.neurogoiania2012.com.br/
IV FÓRUM INTERNACIONAL SOBRE SEGURANÇA DO PACIENTE: ERROS DE MEDICAÇÃO De 17 a 18 de agosto de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.ismp-brasil.org/
6º CONGRESSO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA De 13 a 16 de setembro de 2012. Local: Natal, RN. Maiores informações em: http://www.sbf.org.br/
XXII SIMPÓSIO DE PLANTAS MEDICINAIS DO BRASIL De 18 a 21 de setembro de 2012. Local: Bento Gonçalves, RS. Maiores informações em: http://simposioplantasmedicinais.blogspot.com/
III SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE PLANTAS MEDICINAIS E NUTRACÊUTICAS (3SIPMN) E III CONFERÊNCIA DO INSTITUTO NACIONAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DE FRUTOS TROPICAIS De 14 a 19 de outubro de 2012. Local: Centro de Convenções de Aracaju/SE Maiores informações em: http://www.3ismnp.com.br/
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III CONFERENCE OF NATIONAL INSTITUTE OF SCIENCE & TECHNOLOGY FOR TROPICAL FRUITS
Theme: “Brazilian Heritage: Current Status & Perspectives” 14 - 19 October 2012 Aracaju - SE, BRAZIL
CIC - Centro de Convenções E-mails: 3ismnp@gmail.com / 3rdismnp@gmail.com
Website: http://www.3ismnp.com.br SPONSORS UFS - sbCTA - CNPq - CAPES - FAPITEC - SEDETEC SEBRAE- Aquarela Soluções Web Governo do Estado - Prefeitura Municipal de Aracaju
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Exatas e da Terra 1º ENCONTRO DE CINÉTICA E DINÂMICA QUÍMICAS DOS PAÍSES DO CONE SUL De 28 de fevereiro a 02 de março de 2012. Local: Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.pgqu.net/; workshop-cinetica@gmail.com
XV SIMPÓSIO LUSO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL De 18 a 21 de março de 2012. Local: Belo Horizonte, MG. Maiores informações em: http://www.abesdn.org.br/eventos/abes/xv_silubesa/email.html
VII FÓRUM BRASILEIRO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL - 2012 De 28 a 31 de março de 2012. Local: Salvador, BA. Maiores informações em: http://midiasocial.rebea.org.br/foruns-de-ea
IX CONGRESSO NACIONAL DE MEIO AMBIENTE DE POÇOS DE CALDAS De 23 a 25 de maio de 2012. Local: Poços de Caldas, MG. Maiores informações em: http://www.meioambientepocos.com.br/
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XXXII CONGRESSO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE COMPUTAÇÃO (CSBC) De 16 a 19 de julho de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://www.imago.ufpr.br/csbc2012/
CONGRESSO INTERNACIONAL DA ASSOCIATION FOR TROPICAL BIOLOGY AND CONSERVATION (ATBC) De 19 a 22 de junho de 2012. Local: Bonito, MS. Maiores informações em: http://www.atbc2012.org/
XIX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA (COBEQ 2012) De 09 a 12 de setembro de 2012. Local: Búzios, RJ. Maiores informações em: http://www.cobeq2012.com.br/
SEEMTEC'2012 - SEMANA DO ENSINO MÉDIO E TÉCNICO DO COTUCA & II MOSTRA DE TRABALHOS DE CURSOS TÉCNICOS De 10 a 13 de setembro de 2012. Local: Centro de Convenções da Unicamp, Campinas, SP. Maiores informações em: http://seemtec2012.cotuca.unicamp.br/; seemtec@cotuca.unicamp.br
XXXIV CONGRESSO NACIONAL DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL De 17 a 21 de setembro de 2012. Local: Águas de Lindóia, SP. Maiores informações em: http://www.cnmac2012.org.br/
VI ENCONTRO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE PÓSGRADUAÇÃO E PESQUISA EM AMBIENTE E SOCIEDADE (ANPPAS) De 18 a 21 de setembro de 2012. Local: Belém, PA. Maiores informações em: http://www.anppas.org.br/novosite/index.php?p=oque
10º P&D DESIGN - CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN De 10 a 13 de outubro de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.peddesign2012.ufma.br/home/
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EVENTOS ACADÊMICOS: Ciências Sociais e Humanas PRÊMIO MARTA ROSSETTI BATISTA 2012 Inscrições de 06 de fevereiro a 06 de março de 2012 Maiores informações em: http://www.ieb.usp.br; difusieb@usp.br; (11)3091-1149
1°ENCONTRO DE DIVULGAÇÃO DE CIÊNCIA E CULTURA De 6 a 8 de março de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://edicc1.wordpress.com/
VI SIMPÓSIO MINEIRO DE INTERCORRÊNCIAS EM CIRURGIA PLÁSTICA De 09 e 10 de março de 2012. Local: Ouro Preto, MG. Maiores informações em: http://www.ufop.br/
2º CONGRESSO BRASILEIRO DE DIREITO COMERCIAL De 23 e 24 de março de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.congressodireitocomercial.org.br/
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Maiores informações em: http://www.co
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I SIMPÓSIO SOBRE ENSINO DE DIDÁTICA DO LEPED (LABORATÓRIO DE ESTUDOS E PESQUISAS EM DIDÁTICA E FORMAÇÃO DE PROFESSORES DA FACULDADE DE EDUCAÇÃO DA UFRJ) Em 27 e 28 de março de 2012. Local: Rio de Janeiro, RJ. Maiores informações em: http://www.leped-feufrj.com.br/pages/eventos/i-simposio.php
INTERDIDÁTICA De 16 a 19 de abril de 2012. Local: São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.interdidatica.com.br/
3º ENCONTRO MERCOSUL DOS ESTUDANTES DE ADMINISTRAÇÃO (EMEAD 2012) De 20 a 22 de abril de 2012. Local: Juiz de Fora, MG. Maiores informações em: http://www.culturadigital.br/almanakut/2011/12/21/emead2012-encontro-mercosul-dos-estudantes-de-administracao/
SEMINÁRIO INTERNACIONAL HISTÓRIAS DO PÓS-ABOLIÇÃO NO MUNDO ATLÂNTICO De 14 a 16 de maio de 2012. Local: Niterói, RJ. Maiores informações em: http://posabolicaomatlantico.wordpress.com/
VIII ENCONTRO REGIONAL DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DE POLÍTICA E ADMINISTRAÇÃO DA EDUCAÇÃO (ANPAE) SUDESTE & XII ENCONTRO ESTADUAL DA ANPAE - SP De 17 a 19 de maio de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.fe.unicamp.br/encontro.anpae/
X SIMPÓSIO NACIONAL DE DIREITO CONSTITUCIONAL De 24 a 26 de maio de 2012. Local: Curitiba, PR. Maiores informações em: http://www.abdconst.com.br/simposios.php
XIII SIMPÓSIO NACIONAL DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA E HISTÓRIA DAS RELIGIÕES De 29 de maio a 01 de junho de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.gphstereligiao.blogspot.com/
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XXI ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO NACIONAL DOS PROGRAMAS DE PÓSGRADUAÇÃO EM COMUNICAÇÃO – Compós 2012 De 12 a 15 de junho de 2012. Local: Juiz de Fora, MG. Maiores informações em: http://www.compos.org.br/
31° ENCONTRO ESTADUAL DE ESTUDANTES DE PEDAGOGIA - EEEPe - Ceará De 13 a 15 de junho de 2012. Local: Universidade Estadual Vale do Acaraú - UVA Sobral, CE. Maiores informações em: http://www.capedueva.blogspot.com
28ª REUNIÃO BRASILEIRA DE ANTROPOLOGIA (RBA) De 02 a 05 de julho de 2012. Local: PUC-SP, São Paulo, SP. Maiores informações em: http://www.28rba.abant.org.br/
18º CONGRESSO DE LEITURA DO BRASIL (COLE) De 16 a 20 de julho de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.18cole.com.br/
XVI ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICAS DE ENSINO (ENDIPE) De 23 a 26 de julho de 2012. Local: Campinas, SP. Maiores informações em: http://www.endipe2012.com.br/
8º ENCONTRO DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE CIÊNCIA POLÍTICA (ABCP) De 01 a 04 de agosto de 2012. Local: Gramado, RS. Maiores informações em: http://www.abcp2012.sinteseeventos.com.br/
4º ENCONTRO INTERNACIONAL DE HISTÓRIA COLONIAL De 03 a 06 de setembro de 2012. Local: Belém, PA. Maiores informações em: http://www.ufpa.br/cma/eihc_belem/
18º CONGRESSO INTERNACIONAL ABED DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (CIAED) De 23 a 26 de setembro de 2012. Local: São Luís, MA. Maiores informações em: http://www.abed.org.br/congresso2012/chamadatc.asp
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“O tempo que você gosta de perder não é tempo perdido” Bertrand Russell (1872-1870)
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