Revista Espaço Científico Livre n.17

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ESPAÇO CIENTÍFICO

ISSN 2236-9538 BRASIL, N.17, DEZ.-JAN., 2013-2014

REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E RESUMOS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.

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Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra


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SUMÁRIO EDITORIAL

05

ARTIGOS Operações Unitárias no processo de obtenção de biodiesel de dendê Por Marcia Nalesso Costa Harder, Daiane Aline da Silva , Isabel Cristina Morais, Mariane Vicentini, Janaina Rodrigues da Cunha & Nadia Monique Stocco

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Antigos dilemas, atuais temas – discussões iniciais sobre gênero Por Nima I. Spigolon

31

A historicidade do aluno e seu uso na aproximação com o professor Por Paulo Marcelo Silva Rodrigues

42

A filosofia experimental e o desenvolvimento da química como ciência Por Tiago Fernandes da Silva & Roberta Dorneles Ferreira da Costa

48

Influência de características antropométricas e de gênero na compressão sobre o disco intervertebral entre L5/S1 mediante levantamento de materiais Por Enrique Diez Parapar

58

Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência Por Valdenir Almeida da Silva & Katiany Pereira Sampaio

64

Água: um recurso vital e barato de preservar Por Nuno Domingues

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EVENTOS ACADÊMICOS

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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BRASIL, N.17, DEZ.-JAN., 2013-2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


EDITORIAL Bem vindo leitor a mais uma edição de Revista Espaço Científico Livre. Estamos concluindo mais um ano e começando outra jornada. Em 2013 a população mostrou que quer mudanças. E essas mudanças podem ocorrer através da educação, pois como já disse o grande Nelson Mandela: “A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo”. Façamos todos então o uso dessa arma, a educação, para mudar o mundo.

Boa leitura, Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre

A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação independente, a sua participação e apoio são fundamentais para a continuação deste projeto. O download desta edição terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico.

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Este conteúdo pode ser publicado livremente, no todo ou em parte, em qualquer mídia, eletrônica ou impressa, desde que a Revista Espaço Científico Livre seja citada como fonte.

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Os membros do Conselho Editorial colaboram voluntariamente, sem vínculo empregatício e sem nenhum ônus para a Espaço Científico Livre Projetos Editoriais. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes. Imagem da capa: Wikimedia Commons/ Antonio Rusconi (http://commons.wikimedia.org/wiki/File:Baroque_garden_gnome_statue_%22Alchemist%22_at_Weike rsheim_castle,_Germany.jpg). As figuras utilizadas nesta edição são provenientes dos sites Stock.XCHNG (http://www.sxc.hu) e Wikip[edia / South Africa The Good News (http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/14/Nelson_Mandela-2008_%28edit%29.jpg). As figuras utilizadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. BRASIL, n.17, DEZ.-JAN.., 2013-2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


CONSELHO EDITORIAL Claudete de Sousa Nogueira Graduação em História; Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão Educação a Distância; Mestrado em História; Doutorado em Educação; Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Davidson Araújo de Oliveira Graduação em Administração; Especialização em Gestão Escolar, Especialização em andamento em: Marketing e Gestão Estratégica, em Gerenciamento de Projetos, e em Gestão de Pessoas; Mestrado profissionalizante em andamento em Gestão e Estratégia; Professor Substituto da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ederson do Nascimento Graduação em Geografia Licenciatura e Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professor Assistente da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Edilma Pinto Coutinho Graduação em Engenharia Química; Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho; Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos; Doutorado em Engenharia de Produção; Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Francisco Gabriel Santos Silva Graduação em Engenharia Civil; Especialização em Gestão Integrada das Águas e Resíduos na Cidade; Mestrado em Estruturas e Construção Civil; Doutorado em andamento em Energia e Ambiente; Professor Assistente 2 da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Jacy Bandeira Almeida Nunes Graduação em Licenciatura em Geografia; Especialização: em Informática Educativa, em Planejamento e Prática de Ensino; em Planejamento e Gestão de Sistemas de EAD; Mestrado em Educação e Contemporaneidade; Professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Joseane Almeida Santos Nobre Graduação em Nutrição e Saúde; Mestrado em Ciência da Nutrição (Professor da Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (METROCAMP). Josélia Carvalho de Araújo Graduação em Geografia - Licenciatura; Graduação em Geografia - Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professora Assistente II da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Juliana Teixeira Fiquer Graduação em Psicologia; Especialização em Formação em Psicanálise; Mestrado em Psicologia (Psicologia Experimental); Doutorado em Psicologia Experimental; Pós-Doutorado; Atua no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; e Doutorado em andamento em Enfermagem. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; e Pós-Doutorado.

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CONSELHO EDITORIAL Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; Doutorado em andamento em Enfermagem; Professora assistente I do Centro Universitário Estácio do Ceará. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; Pós-Doutorado; Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí. Márcio Antonio Fernandes Duarte Graduação em Licenciatura Em Ciências; Graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda; Mestrado em andamento em Desenho Industrial; Professor da Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista (FAIP). Maurício Ferrapontoff Lemos Graduação em Engenharia de Materiais; Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais; Doutorado em andamento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais; Pesquisador Assistente de Pesquisa III do Instituto de Pesquisas da Marinha. Messias Moreira Basques Junior Graduação em Ciências Sociais; Mestrado em Antropologia Social; Professor substituto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Osvaldo José da Silveira Neto Graduação em Medicina Veterinária; Especialização em Defesa Sanitária Animal; Mestrado em Ciência Animal; Doutorado em andamento em Ciência Animal; Professor de Ensino Superior, Classe III da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Reinaldo Monteiro Marques Graduação em Educação Física; Graduação em Pedagogia; Graduação em Fisioterapia; Especialização: em Técnico Desportivo de Especialização em Voleibol, em Técnico Desportivo de Especialização em Basquetebol, em Fisioterapia Desportiva; Mestrado em Odontologia; Doutorado em Biologia Oral; Coordenador Apefeiçoamento Fisio Esportiva da Universidade do Sagrado Coração. Richard José da Silva Flink Graduação em Engenharia Quimica; Especialização em: Engenharia de Açúcar e Álcool, em Administração de Empresas, em em Engenharia de Produção; Mestrado em Engenharia Industrial; Doutorado em Administração de Empresas; Atua no Instituto de Aperfeiçoamento Tecnológico. Verano Costa Dutra Farmacêutico Industrial; Habilitação em Homeopatia; Mestrado em Saúde Coletiva; Atua no Serviço Brasileiro de Resposta Técnica (SBRT).

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Editora da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais - Graduada em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO AUTORES Daiane Aline da Silva Tecnóloga em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba Enrique Diez Parapar Fisioterapeuta e Professor de Educação Física Isabel Cristina Morais Tecnóloga em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba Janaina Rodrigues da Cunha Tecnóloga em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba Marcia Nalesso Costa Harder Professora Doutora do curso de Tecnologia em Biocombustíveis na Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba. Mariane Vicentini Tecnóloga em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba

Nadia Monique Stocco Tecnóloga em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba

Nima I. Spigolon Doutoranda em Educação, área de concentração: Ciências Sociais na Educação, sob a orientação da profª Drª Débora Mazza. Bolsista CAPES, integrante do Grupo de Políticas Públicas e Educação (GPPE), da Faculdade de Educação da UNICAMP Nuno Domingues Engenheiro Mestre Eletrotécnico

Paulo Marcelo Silva Rodrigues Mestre no Ensino em Ciência e Matemática pela Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – CE) e Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Lúcio Packter (Porto Alegre – RS) Roberta Dorneles Ferreira da Costa Farmacêutica pela UFRGS Tiago Fernandes da Silva Farmacêutico e Mestre em Ciências Químicas pela UFRJ BRASIL, n.17, DEZ.-JAN., 2013-2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Moluscos e Saúde Pública em Santa Catarina:

subsídios para a formulação estadual de políticas preventivas sanitaristas

de Aisur Ignacio Agudo-Padrón, Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado e Kay Saalfeld O presente trabalho busca preencher uma lacuna nos estudos específicos e sistemáticos sobre a ocorrência e incidência/ emergência geral de doenças transmissíveis por moluscos continentais hospedeiros vetores no território do Estado de Santa Catarina/SC, relacionadas diretamente ao saneamento ambiental inadequado e outros impactos antrópicos negativos ao meio ambiente.

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Métodos de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos: Aplicações em Dessalinização de Sandro Jucá e Paulo Carvalho A presente publicação apresenta uma descrição de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos com três métodos distintos. Tendo como base estes métodos, é disponibilizado um programa de dimensionamento e análise econômica de uma planta de dessalinização de água por eletrodiálise acionada por painéis fotovoltaicos com utilização de baterias. A publicação enfatiza a combinação da capacidade de geração elétrica proveniente da energia solar com o processo de dessalinização por eletrodiálise devido ao menor consumo específico de energia para concentrações de sais de até 5.000 ppm, com o intuito de contribuir para a diminuição da problemática do suprimento de água potável. O programa proposto de dimensionamento foi desenvolvido tendo como base operacional a plataforma Excel® e a interface Visual Basic®.

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Mulheres Negras:

Histórias de Resistência, de Coragem, de Superação e sua Difícil Trajetória de Vida na Sociedade Brasileira de Adeildo Vila Nova e Edjan Alves dos Santos O desafio de estudar a trajetória de mulheres negras e pobres que em sua vida conseguiram romper as mais diversas adversidades e barreiras para garantir sua cidadania, sua vida, foi tratada pelos jovens pesquisadores com esmero, persistência e respeito àquelas mulheres “com quem se encontraram” para estabelecer o diálogo que este livro revela nas próximas páginas, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Serviço Social.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PIGMENTOS PRODUZIDOS POR BACTÉRIAS DO GÊNERO Serratia ISOLADAS DE SUBSTRATOS AMAZÔNICOS de Raimundo Felipe da Cruz Filho e Maria Francisca Simas Teixeira Existem diversos pigmentos naturais, principalmente de origem vegetal, mas poucos estão disponíveis para aproveitamento industrial, pois são de difícil extração, custo elevado no processo de extração ou toxicidade considerável para o homem ou meio ambiente. A atual tendência por produtos naturais promove o interesse em explorar novas fontes para a produção biotecnológica de pigmentos para aplicação na indústria. Este trabalho teve como objetivo a identificação de espécies de Serratia, e entre estas, selecionar uma produtora de maior quantitativo de pigmentos de importância para a indústria alimentícia e farmacêutica.

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O HOMEM, A MORADIA E AS ÁGUAS: A CONDIÇÃO DO “MORAR NAS ÁGUAS” de Moacir Vieira da Silva & Josélia Carvalho de Araújo

Este livro é um estudo que objetiva analisar as imposições socioeconômicas inerentes à condição do “morar” numa área susceptível a alagamentos, no bairro Costa e Silva, Mossoró/Rio Grande do Norte.

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FLUXO DE CO2 DE VEGETAÇÃO INUNDADA POR REPRESAMENTO – QUANTIFICAÇÃO PRÉ ALAGAMENTO de André Luís Diniz dos Santos Alguns estudos recentes indicam que lagos de usinas Hidrelétricas podem emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa, pela liberação de CO2 oriundo da decomposição aeróbica de biomassa de floresta morta nos reservatórios que se projeta para fora da água, e pela liberação de metano oriundo da decomposição anaeróbica de matéria não-lignificada (plantas herbáceas das zonas de desplacamento e macrófitas). No entanto, para quantificar a quantidade de gases de efeito estufa liberada para a atmosfera devido ao alagamento por barragens, é necessário quantificar também o fluxo de CO2 da vegetação que ali estava anteriormente ao represamento. Este trabalho procura descrever um método para calcular o fluxo de gás carbônico da vegetação antes de ser alagada, utilizando o SVAT de interação superfície vegetação atmosfera conhecido como ISBA baseado em Noilhan e Planton (1989); Noilhan e Mahfouf (1996).

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O RINGUE ESCOLAR: O AUMENTO DA BRIGA ENTRE MENINAS de Maíra Darido da Cunha

Esta obra contextualiza historicamente as relações de gênero ao longo da história; identificando em qual gênero há a maior ocorrência de brigas; assim como, elencar os motivos identificados pelos alunos para a ocorrência de violência no ambiente escolar.

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CONSTRUÇÕES GEOGRÁFICAS: teorizações, vivências e práticas Organizadores: Josélia Carvalho de Araújo Maria José Costa Fernandes Otoniel Fernandes da Silva Júnior

Este livro pretende ser uma fonte na qual os profissionais da geografia podem encontrar diversas possibilidades de não apenas refletirem sobre, mas de serem efetivos sujeitos de novas práticas e novas vivências, frente às novas configurações territoriais que se apresentam no mundo atual, marcada por processos modernos e pós-modernos.

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Operações Unitárias no processo de obtenção de biodiesel de dendê UNIT OPERATIONS IN PRODUCTION PROCESS OF PALM BIODIESEL OPERACIONES UNITARIAS EM LA PRODUCCIÓN DEL BIODIESEL DE PALMA Marcia Nalesso Costa Harder Professora Doutora do curso de Tecnologia em Biocombustíveis na Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba. Piracicaba,SP E-mail: marcia.harder@fatec.sp.gov.br Daiane Aline da Silva, Isabel Cristina Morais, Mariane Vicentini, Janaina Rodrigues da Cunha, Nadia Monique Stocco Tecnólogas em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba Piracicaba, SP HARDER, M.N.C. et al. Operações Unitárias no processo de obtenção de biodiesel de dendê. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 17-30, dez.-jan., 2013-2014. RESUMO Várias são as etapas de Operações Unitárias que envolvem a produção de Biodiesel. Estas etapas vão desde a coleta da matéria-prima até a obtenção final do Biodiesel e tratamento dos resíduos. O objetivo deste trabalho não foi produzir o Biocombustível em questão, mas realizar um levantamento bibliográfico sobre todas

as operações que envolvem a produção do Biodiesel, destacando a produção de Biodiesel de dendê. Mediante o que foi desenvolvido, conclui-se de forma sucinta que as Operações Unitárias envolvidas na produção de Biodiesel podem ser desenvolvidas em qualquer escala de produção da mesma maneira.

Palavras-chave: Biocombustíveis;, dendê; Operações Unitárias; processos de obtenção de Biodiesel ABSTRACT There are several stages of Unit Operations involving the Biodiesel production. These steps range from the collection of raw material to achieve a final Biodiesel and waste treatment. The objective of this work was not producing the biofuel in question, but do a literature review on all operations

involving the production of biodiesel, highlighting the production of palm biodiesel. Upon which was developed, we concluded succinctly that the Unit Operations involved in the production of biodiesel can be developed on any scale of production in the same way.

Keywords: Biofuels; palm oil; Unit Operations; procedures for obtaining Biodiesel

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RESUMEN Hay varias etapas de las Operaciones Unitarias relacionadas con la producción de Biodiesel. Estas medidas van desde la recogida de materia prima para conseguir un biodiesel final y tratamiento de residuos. El objetivo de este trabajo no se estaba produciendo el biocombustible en cuestión, pero no una literatura en todas las operaciones relacionadas con la

producción de biodiesel, destacando la producción de biodiesel de palma. Una vez que se ha desarrollado, se concluye de manera sucinta que las Operaciones Unitarias involucradas en la producción de biodiesel se puede desarrollar en cualquier escala de la producción de la misma manera.

Descriptores: Biocombustibles; aceite de palma; Operaciones Unitarias; procedimientos para la obtención de biodiesel

1. INTRODUÇÃO

U

m dos grandes destaques da atualidade na área de biocombustíveis é o interesse pelo uso de recursos naturais baseados em materiais lignocelulósicos para a produção de etanol ou por fontes produtoras de lipídeos usados para a produção de biodiesel. A utilização de fontes alternativas para combustível começou a surgir quando foi criado o motor de ciclo diesel por Rudolf Diesel [1858-1913] no século XIX. Esse motor foi construído para operar com óleo mineral, no entanto por ordem do governo francês, foi testado com óleo vegetal especificamente óleo de amendoim. Mas nesse período a grande quantidade de petróleo inviabilizou o emprego do óleo vegetal como combustível, passando a ser utilizado o óleo diesel produzido através do petróleo. O óleo vegetal só voltou a ser usado como alternativa do combustível fóssil na segunda guerra mundial e também durante a crise do petróleo em 1970 onde havia incertezas com relação à demanda de petróleo. Vale lembrar que nesse período da crise internacional petrolífera a indústria sucroalcooleira também teve seu período de crescimento; no Brasil criou-se o Programa do Álcool Brasileiro (PROÁLCOOL) (RAMOS et al., 2003; COSTA, 2009). No entanto o óleo vegetal usado diretamente como combustível causa danos ao motor devido a sua alta viscosidade e baixa volatilidade, causando danos como a formação de depósito de carbono por combustão incompleta, a diminuição na eficiência de lubrificação do óleo pela ocorrência de polimerização e atomização ineficiente ou entupimento dos sistemas de injeção (DOURADO et al., 2004; FERREIRA, OLIVEIRA, SCABIO, 2005). Por isso a solução foi submeter o óleo diesel a um processo químico que resultou no biodiesel que tem um melhor desempenho. O biodiesel é um substituto para o diesel de petróleo que pode ser produzido por óleos vegetais, gorduras de animais e óleos de frituras. É quimicamente definido como um éster derivado de um ácido graxo do petróleo. Para produzir biodiesel é realizada, essencialmente, uma reação química seguida por uma série de operações unitárias que visam purificar o biodiesel produzido. A reação química é chamada de transesterificação (Figura 1), ou esterificação e resulta da quebra da estrutura molecular do óleo, chamado triglicerídeo, para produzir o biodiesel, formado por uma série de ésteres de ácidos graxos (RAMOS et al., 2009).

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Figura 1: Representação da reação de transesterificação a partir de óleo de soja Fonte: (FERREIRA, OLIVEIRA, SCABIO, 2005)

O biodiesel é um combustível mais favorável que o diesel por ser biodegradável, não tóxico, contribui para um balanço significativo de CO 2 na atmosfera e quando queimado, mesmo em mistura com o diesel de petróleo, reduz a emissão de material particulado, segundo o Ministério da Ciência e Tecnologia do país. A adição de 2 a 5% de biodiesel no diesel de petróleo resultará em uma redução significativa do material particulado liberado na atmosfera, sendo assim, em longo prazo uma maior eficiência, pois contribui com a melhoria na qualidade de vida da população diminuindo assim os gastos com saúde podendo direcionar esses recursos para outros seguimentos da sociedade (RAMOS et al., 2009). O maior programa de biodiesel no mundo é o europeu, no Brasil sua introdução na matriz energética começou em 02 de julho de 2003, por um decreto da Presidência da República, com a intenção de fazer um estudo sobre a utilização do biodiesel dando origem ao projeto PNPB (Programa Nacional de Produção e Uso do Biodiesel) que foi oficialmente lançado em 06 dezembro de 2004, e em 13 de janeiro de 2005 foi publicada a Lei Federal 11.097 que estabelecia a obrigatoriedade de uma percentagem mínima de biodiesel no diesel vendido em qualquer parte do país, que começou com 2% em janeiro de 2008, depois em julho de 2008 foi para 3% e em julho de 2009 para 4%, a mistura é feita pelas distribuidoras de combustível, assim como ocorre na adição de álcool a gasolina. Com isso há uma obrigatoriedade no aumento da produção de biodiesel no país além de investimentos em tecnologias para uma maior produção e um menor custo, afinal hoje o preço é 30% maior que o do diesel (COSTA, 2009). O Biodiesel O biodiesel é um combustível similar ao diesel obtido do petróleo e teoricamente pode ser feito a partir de qualquer óleo de origem animal ou vegetal, inclusive sebos, banha, gordura de esgoto, óleo de fritura etc. O biodiesel é produzido pela reação chamada "transesterificação", na qual se mistura o óleo a um álcool e um catalisador (substância alcalina). A transesterificação não é a única rota para produção de biodiesel, mas é a mais utilizada em todo o mundo. O álcool utilizado na produção do biodiesel pode ser metanol ou etanol. No Brasil é utilizado mais o etanol, afinal temos uma grande disponibilidade desse álcool (EMBRAPA, 2013). Em Costa (2009) a definição para biodiesel adotado pela Lei Federal nº 11.097 de 13/09/2005 é: “Biodiesel: bicombustível derivado de biomassa renovável para o uso em motores a combustão interna com ignição por compressão ou, conforme o regulamento, para a geração de outro tipo de energia, que possa substituir parcial ou totalmente combustíveis de origem fóssil”. Segundo o mesmo autor, definição americana do biodiesel, aceita pelo National Biodiesel Board – NBB, através da especificação ASTM D6751/2002, estabelece que: “Biodiesel é um combustível composto de mono-alquil-éster de cadeia longa de ácido

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graxo, derivado dos óleos vegetais ou gorduras animais, designado B100. Biodiesel é tipicamente produzido através da reação de óleos vegetais ou gorduras animais com álcool, como metanol ou etanol, na presença de catalisadores, para se produzirem mono-alquil ésteres e glicerina, que é removida”. No Brasil a soja tem um grande mercado já estabelecido, pois essa oleaginosa tem um potencial muito grande como modelo para o desenvolvimento e melhoria nos processos de produção do biodiesel. A Associação Brasileira dos Produtores de Óleos Vegetais já demonstraram que a soja está preparada para atender a demanda nacional de misturar 5% no diesel. A Embrapa (Empresa Brasileira de Pesquisas Agropecuárias) também já demonstrou que o Brasil tem 90 milhões de hectares disponíveis para a agricultura, e que se considerar somente a soja como matéria prima para produção de biodiesel seriam necessários 3 milhões de hectares para atender a demanda dos 5% (RAMOS et al., 2009). Observa-se que o biodiesel contém essencialmente estrutura molecular de diferentes ésteres de ácidos graxos que não incorpora enxofre e aromáticos e conta com uma grande quantidade de oxigênio. Por isto, na queima do biodiesel tem-se baixas emissões de dióxido de carbono, ausência de dióxido de enxofre e baixa emissão de hidrocarbonetos. As características dos produtos de combustão podem contribuir na amenização dos problemas do aquecimento global e na emissão de gases do efeito estufa (CONECTE, 2013). Em uma planta de produção de biodiesel são envolvidas diversas operações unitárias visando purificar o biodiesel. Além da reação química de transesterificação ou esterificação que resulta na quebra molecular do óleo chamado triglicerídeos, essa reação química é realizada em um reator químico no qual os reagentes e a reação acontecem mediante controle rigoroso da agitação, temperatura, tempo de reação e pressão do sistema, todos esses chamados de parâmetros do processo (COSTA, 2009). As Operações Unitárias consistem em etapas básicas de um processo, estando interligadas a fim de criar um processo como um todo. Um processo tem várias operações unitárias presentes para que se possa obter o produto desejado, Cada operação unitária segue as mesmas leis da física e deve ser utilizada em todas as indústrias químicas. Suas técnicas são baseadas em princípios teóricos ou empíricos de transferência de massa, de calor, de quantidade de movimento, termodinâmica, biotecnologia e cinética química. Desta forma, os processos podem ser estudados de forma simples e unificada (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). Logo as operações que estão presentes no processo de produção do biodiesel são as mesma que estão presentes na produção do sabonete e sabões, na produção de açúcar e álcool, enfim seus princípios teóricos são sempre os mesmos. O dendezeiro (Elaeis guineenses Jacq.) é uma palmeira de origem africana e, no Brasil, as maiores áreas cultivadas encontram-se na região amazônica. Seu principal produto é o óleo extraído da polpa do fruto, conhecido como óleo de palma, e se destaca por possuir elevada produção de óleo por unidade de área (BAZILIO et al., 2012). O objetivo desta pesquisa é, através de revisão de literatura, mostrar as operações unitárias existentes no processo de produção do biodiesel.

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2. REVISÃO DA LITERATURA 2.1. OPERAÇÕES UNITÁRIAS NO PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL 2.1.1. Operações de Transferência de Massa As operações unitárias estão ligadas aos processos de separação que dependem apenas de diferenciações nas propriedades físicas e não do comportamento químico. Os processos de separação estão fundamentados ou em uma diferença na composição das fases em equilíbrio ou sobre uma diferença na taxa de transferência de massa dos componentes da mistura (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.1.2. Transporte Na produção de biodiesel o número de oleaginosas que podem participar do o processo é muito grande, inclusive cada região tem uma cultura que se adapta melhor as condições climáticas, ao solo, relevo e outros fatores naturais (TRZECIAK et al., 2008; BIODIESELBR, 2013). Por isso, o transporte deve ser feito de acordo com as características da cultura e da região. Deve ser levado em consideração também a distância entre a lavoura e a usina. Contudo, deve-se também levar em conta o tipo de sistema de circulação de transporte mais adequado à mobilidade do produto final, ao custo e a área geográfica. 2.1.3. Esterilização Esterilização é um processo que promove completa eliminação ou destruição de todas as formas de microrganismos presentes: vírus, bactérias, fungos, protozoários, esporos, para um aceitável nível de segurança. O processo de esterilização pode ser físico, químico, físico- químico. Não são todas as culturas que necessitam passar pela operação unitária de esterilização, no dendê, por exemplo, se faz necessário a esterilização com vapor para inativar as enzimas presentes no fruto, paralisar a degradação do fruto e facilitar a separação dos frutos dos cachos (SOUZA, 2010). 2.1.4. Extração líquido-líquido A extração líquido-líquido é também denominada extração por solvente, onde a separação de um determinado componente de uma solução homogênea se faz pela adição de um solvente, em que o determinado componente desejado da solução seja solúvel a esse solvente e se separe por concentração de equilíbrio em cada fase. Um exemplo desse processo é a utilização de hexano como solvente na extração de óleo de soja (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.1.5. Extração A extração é a retirado do óleo contido em uma oleaginosa. A extração do óleo vegetal nas indústrias é feita com hexano, um derivado do petróleo. Apesar do alto rendimento, o hexano consumido no país é importado e, durante a extração, ele precisa ser recuperado por destilação, viabilizando seu uso apenas em grande escala. A extração por prensagem com álcool, criada nos anos de 1930 na Manchúria (China), é uma alternativa válida para grãos oleaginosos ricos em óleo. Existem vários tipos de extração: extração a frio, a quente e por solvente (EMBRAPA, 2013).

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Extração a frio em primeira e única prensagem é realizada com matérias primas de primeira qualidade. Estes óleos não passam por nenhum processo de refino e não têm adição de qualquer componente químico em sua fabricação, garantindo desta forma sua estrutura original (PRESERVA MUNDI, 2013). A extração com solventes é uma técnica relativamente moderna, usada para obter maior rendimento ou produtos que não podem ser obtidos por nenhum outro processo. As plantas são imersas no solvente adequado, acetona ou qualquer outro derivado do petróleo e a separação realiza-se quimicamente, pela destilação em temperaturas especiais que causam somente a condensação do óleo e não dos solventes. Extração com solventes consiste basicamente na transferência de íons, específicos, de uma solução pouco concentrada para outra, mais concentrada, por meio de um fenômeno onde um soluto se distribui entre dois solventes imiscíveis, em contato (EMBRAPA, 2013). 2.1.6. Filtração, centrifugação e sedimentação A filtração, a centrifugação ou a sedimentação são operações que separam partículas sólidas de líquidos. Essas operações não envolvem transferência de massa, por isso são operações de separação mecânica, pois os componentes já são fisicamente diferentes, de modo que um procedimento mecânico é o ideal para essas separações (FOUST et al., 1982; FERRARI, OLIVERIA, SCABIO, 2005; GENEROSO, 2011). Filtração é uma operação que tem por finalidade separar o sólido do líquido, através da passagem da solução por sistema permeável capaz de reter partículas sólidas, O nome dado á substância que passa pelo filtro é “filtrado”. O filtro é construído por fibras entrelaçadas, formando uma peneira microscópica (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.1.7. Lavagem A lavagem tem como objetivo a eliminação de contaminantes, na produção de biodiesel elimina contaminantes como glicerol, etanol, resíduos de sais sólidos e sabão. A lavagem também pode eliminar óleo vegetal que não reagiu. O uso de água acidificada reduz a formação de emulsões durante a lavagem causada pela formação de sabões (FOUST et al., 1982; FERRARI, OLIVEIRA, SCABIO, 2005; GENEROSO, 2011). Segundo os mesmos autores, hoje na indústria vem sendo testado a lavagem a seco, por meio de resinas de troca iônica e silicato de magnésio para neutralizar as impurezas, esse novo tipo de lavagem tem a vantagem de não produzir efluentes, porém não possui ainda resultados comprovados cientificamente. 2.1.8. Evaporação Na operação de evaporação concentra-se uma solução por meio da vaporização do solvente na ebulição por transferência de calor do meio calefator para a solução e por transferência simultânea de calor e de massa do líquido para a fase vapor (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.1.9. Secagem A secagem é uma operação que separa um líquido de um sólido pela vaporização do líquido, ou seja, é transferência de um líquido que está num sólido molhado para uma

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fase gasosa não saturada. O menor teor de umidade que se pode atingir no processo de secagem com um sólido nas condições a que está submetido, é quando a taxa aproxima-se de zero, chegando num teor de umidade de equilíbrio (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.1.10. Destilação Destilação é uma operação unitária que pode ser denominada de fracionamento ou destilação fracionada. A separação dos componentes de uma solução ou mistura líquida está baseada nas diferenças de volatilidade, em que uma fase vapor entra em contato com uma fase líquida, transferindo massa do líquido para o vapor e vice-versa. A transferência de massa do líquido pela vaporização e do vapor pela condensação é simultânea, tendo como resultado final o aumento da concentração do componente mais volátil no vapor e do menos volátil no líquido (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). A utilização da destilação é amplamente empregada para a dissociação de misturas líquidas em componentes mais ou menos puros, sendo que grandes quantidades de energia são necessárias por envolver as etapas de vaporização e condensação (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). Dentre as vantagens da destilação, a maior é a não necessidade da adição de substância pra efetivar a separação. Como exemplo, nas aplicações da destilação encontra-se a fabricação do aço, que utiliza oxigênio puro; e o petróleo cru que é separado em diversas frações em grandes colunas de destilação (FOUST et al., 1982; GENEROSO, 2011). 2.2. PROCESSO DE PRODUÇÃO DO BIODIESEL

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s processos de produção do biodiesel originaram-se dos processos de fabricação de glicerina, emulsões e sabonetes que com o passar dos anos foram aperfeiçoadas e patenteadas dando origem à base para o estudo de plantas de biodiesel. Em 1942, já havia descrições de processos para a produção de sabonetes sem impurezas (COSTA, 2009). No processo de produção do biodiesel podem ser utilizados óleos de origens animal ou vegetal ou óleos residuais (fritura). Para que a reação aconteça é utilizado um reagente, geralmente álcool pode ser o etílico ou metílico. O álcool deve ser utilizado em excesso visto que a reação é altamente reversível, isto é, a tendência de formação dos produtos é a mesma da formação dos reagentes. Por isto, o uso do álcool em excesso força que a reação ocorra somente no sentido da formação dos produtos, mas mesmo assim a conversão total não será realizada em uma única etapa, pois alem de ser uma reação reversível tem também a ocorrência de reações secundarias como saponificação. Além da matéria prima e do reagente utilizados no processo, um catalisador é utilizado, que consiste em uma base forte (hidróxido de sódio ou de potássio), que tem função acelerar a velocidade da reação (CONECTE, 2013). Pighinelli (2010) descreve adequadamente todas as Operações Unitárias que envolvem desde a secagem dos grãos até a extração por prensagem da matériaprima: 

A secagem é uma operação unitária e é utilizada para adequar as matériasprimas aos teores de umidade adequados. Ela pode ser feita em secador

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convectivo conjugado de fluxo paralelo e perpendicular para uma escala experimental. No caso de grãos, estes são acondicionados em bandejas e levados ao secador por um tempo necessário, até atingir o teor de umidade desejado. Já no caso da umidificação, ela pode ser feita com um borrifador com quantidade de água adequada, no caso de matérias-primas que apresentem um teor de umidade menor que o recomendado. A próxima operação unitária do processo é o aquecimento dos grãos, que pode ser feito com um cozedor construído a partir de uma betoneira comum, conectada a um aquecedor alimentado a gás. Mantêm-se os grãos no aquecedor até atingir a temperatura necessária. O próximo passo do processo é a prensagem da matéria-prima, essa operação unitária, tem o objetivo a extração do óleo. Para cada tipo de grão a ser prensado, é feita uma regulagem da prensa. A torta serve como indicador dessa regulagem, que saindo quebradiça indica que não está bem regulada.

O processo mais utilizado nos dias de hoje é a “transesterificação via catálise alcalina utilizando triglicerídeos com acidez menor que 1, baixa umidade, álcool anidro de baixa massa molecular, temperaturas próximas do ponto de ebulição do álcool, pressão atmosférica, processos contínuos com um ou dois reatores em série, e as operações unitárias de separação, purificação e recuperação” (COSTA, 2009). A transesterificação é tecnicamente mais viável com o metanol do que com o etanol porque a água existente nele retarda a reação. O uso do etanol anidro minimiza esse revés, mas não soluciona, pois mesmo sem a retardação da reação temos também o problema de separação da glicerina, que no caso do meio metílico é muito mais facilitada (RAMOS et al., 2003). O reator é o equipamento que vai acoplar a matéria a ser modificada pelo processo de transesterificação. Dentro dele ocorre controle de temperatura e pressão, e a agitação é feita por duas paletas acionadas por um motoredutor (PIGHINELLI, 2010). Segundo Costa, há vários estudos que descrevem os processos de transesterificação. Alguns utilizaram um reator, outros utilizaram dois reatores em série na etapa de transesterificação, além dos processos de separação e purificação dos subprodutos e matérias-primas, envolvendo as operações unitárias de destilação, lavagem, decantação e aquecimento. Outros estudos acrescentaram a essas operações, um stipper (COSTA, 2009). No processo de produção do biodiesel deve ser reduzida ao máximo a presença de contaminantes, pois eles podem acarretar o desregulamento ou degradação do motor. Por essas razões são especificadas normas rígidas para a produção do biodiesel, no Brasil a ANP já disponibilizou essas normas que foram criadas de acordo com as normas já existentes em países produtores de biodiesel como a Alemanha e Estados Unidos. Dentre essas normas estão ponto de fulgor, teor de água e sedimentos, viscosidade, cinzas, teor de enxofre, corrosidade ao cobre, resíduos de carbono, número de acidez, cor e aspecto dentre outros. Essas normas que estão na portaria ANP nº 255 da Agência Nacional do Petróleo, ainda são provisórias podendo sofrer modificações futuras (RAMOS et al., 2003). Logo após a reação de transesterificação, ocorre a decantação formando-se duas fases, a fase éster que tem menor densidade (constituída por éster, álcool, catalisador residual e triglicerídio que não reagiu); e a fase glicerol (constituída por glicerol, álcool e catalisador residual). Em seguida as fases são levadas para o evaporador. Essa

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operação tem o objetivo de evaporar todo excesso de etanol presente a uma temperatura de aproximadamente 80ºC, já que o ponto de ebulição normal do etanol é de 78,4ºC. Esse etanol coletado pode ser purificado e reciclado ao sistema. Ou também a fase éster pode ser lavada com água para remover o metanol residual e o glicerol, pois esses são solúveis em água e o éster não. A maneira como essa separação, recuperação e purificação é feita está diretamente relacionada com a qualidade do biodiesel, estabelecendo as quantidades de água, triglicerídeo, álcool, glicerol e ácidos graxos livres (LIMA, 2008; COSTA, 2009). O metanol residual presente nas fases éster e glicerol pode ser recuperado para voltar a etapa de transesterificação, através da operação unitária de destilação e posterior condensação do metanol que é aquecido até sua ebulição (COSTA, 2009). A etapa de purificação, no processo de produção do biodiesel, começa depois da decantação da reação de transesterificação. Dentre os tratamentos mais utilizados para essa purificação segundo Pighinelli (2010) está a lavagem com água e água acidificada. Essa operação unitária tem o objetivo de eliminar os contaminantes como a glicerina livre, sabões, metais, excesso de álcool, catalisador, entre outros. É importante destacar que essa etapa de purificação é feita nas duas fases, éster e glicerol, com o mesmo objetivo dito anteriormente, tornando os dois produtos formados (biodiesel e glicerina) aptos para a comercialização, ou seja, dentro dos padrões exigidos nacional e internacionalmente. Além da lavagem com água e água acidificada, há a lavagem com sílica e a purificação por destilação. A maior vantagem da lavagem é a eficiente remoção dos contaminantes, já as desvantagens são: provável indisponibilidade de água, exigência de um pré-tratamento antes da lavagem, diminuição de rendimento pela perda de biodiesel na água, tempo e custo para a secagem dos ésteres, a formação de sabões exigindo múltiplas lavagens, e um longo tempo de decantação e investimentos com centrifugação (PIGHINELLI, 2010). De acordo com o mesmo autor, a indústria vem utilizando a chamada lavagem a seco, feita através de resinas de troca iônica e silicatos de magnésio, para neutralizar impurezas, com a vantagem de não produzir efluentes líquidos. Mas essa prática ainda não possui teorização científica, só sendo encontrados em catálogos de fabricantes. A filtração é uma operação que tem por objetivo a retirada de materiais sólidos em suspensão, e pode ser feita após a lavagem com sílica para sua retirada do éster ou para a limpeza de um óleo residual, iniciando o processo de produção do biodiesel a partir dele e não de grãos, por exemplo (LIMA, 2008; PIGHINELLI, 2010). O objetivo da destilação é produzir um combustível dentro das especificações, por isso é a etapa final do processo (PIGHINELLI, 2010). Para o mesmo autor, a produção de biodiesel é uma prática com muitas variáveis por envolver vários tipos de oleaginosas e técnicas diferentes. A importância de se produzir um biodiesel com alto grau de pureza é grande, já que a presença de contaminantes pode deteriorar o combustível, formando depósitos no motor, obstrução no filtro e problemas mecânicos no sistema de injeção do veículo. Em resumo Costa (2009) descreve o processo de produção do biodiesel (Figura 2): O processo se inicia com a entrada do óleo de soja refinado no primeiro reator mantido á 60°C e pressão atmosférica. Excesso de

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metanol é adicionado ao reator com o catalisador metóxido de sódio. A transesterificação entre o triglicerídeo e o metanol na presença de catalisador forma metil éster (biodiesel) e glicerol. Os produtos da reação são separados no primeiro decantador nas fases glicerol (glicerol, metanol e metóxido de sódio) e a fase éster (metil éster, óleo e metanol). A fase do glicerol é coletada num tanque e a fase éster vai para o segundo reator, também mantida a 60°C e pressão atmosférica. Um processo similar ao anterior ocorre no segundo reator, usando excesso de metanol, catalisador e o segundo decantador. A fase glicerol vai para o tanque e a fase éster é aquecida à 70° e vai para a etapa de lavagem do éster. As impurezas presentes na fase éster, como metanol e glicerol livre, são separadas do metil éster. Esta separação é feita por lavagem da fase éster com água á 70°C. A fase aquosa é coletada no tanque, e o éster lavado é enviado para um decantador. A fase aquosa remanescente é separada do metil éster no tanque. O éster é então aquecido á 95° no aquecedor e finalmente enviado para um secador a vácuo, com pressão absoluta da ordem de 4,7kPa (35mmHg), para remover traços de umidade presente . Obtendo-se o biodiesel (COSTA, 2009).

Figura 2: Fluxograma do Processo de Produção do Biodiesel. Fonte: Imagem do autor

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2.3. PRODUÇÃO DE BIODIESEL DE DENDÊ

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e acordo com Bazilio et al. (2012), no Brasil, dentre os óleos vegetais, empregados na produção de biodiesel, o dendê se sobressai aos demais, sendo uma opção ao diesel de petróleo e contribuindo para a geração de um mercado para a produção em grande escala de biodiesel. Além de ocupar uma posição de destaque na produção e geração de energia renovável de origem agrícola, o país dispõe de extensas áreas agricultáveis que podem ser incorporadas ao processo produtivo de maneira sustentável. A produção do biodiesel apresenta muitas variáveis no seu processo de obtenção e, por conseqüência, as operações unitárias modificam-se dependendo da variedade de oleaginosas; como poderá ser visualizado na Figura 3. Para exemplificar as diferenças e elucidarmos a pesquisa trataremos a seguir do processo de produção do biodiesel através do dendê descrito por SOUZA (2010): 

A primeira etapa no processo de produção do biodiesel de dendê é a esterilização. Essa operação unitária tem o objetivo de conservar a matériaprima, inativando as enzimas do fruto, paralisando o processo de degradação e a facilitação da separação dos frutos dos cachos. Em seguida os frutos seguem para o debulhador que separa os frutos do cacho. Esses cachos são encaminhados para o campo e utilizados como adubo. Depois os frutos seguem para o digestor que tem o objetivo de romper as células oleosas para facilitar a extração. O próximo passo é a prensagem, onde o óleo de dendê cru é extraído e encaminhado para o desaerador para a retirada de partículas pesadas e filtragem. A torta resultante do processo de extração contém fibras e nozes. Essas nozes são encaminhadas a um polidor de cilindros cujo objetivo é a retirada das fibras restantes. As nozes seguem para um secador para o desprendimento das amêndoas e depois para uma descascadora centrífuga onde são quebradas. Essas amêndoas seguem para a extração de óleo, chamado óleo de palmiste.

Souza (2010) também descreve as etapas do beneficiamento do óleo cru: “O beneficiamento do óleo cru é composto pela clarificação, depuração e secagem”. Antes da clarificação, o óleo é peneirado e encaminhado a um ciclone para eliminação de impurezas. No clarificador, há a decantação e separação entre o óleo limpo e a borra (MARZULLO, 2007; SOUZA, 2010). A depuração e secagem consistem em retirar a umidade contida no óleo. Desse processo resulta em efluente líquido denominado pome. O óleo segue para tanques de armazenagem com sistema de aquecimento para impedir a solidificação (EMBRAPA/MAPA, 1995; SOUZA, 2010). A última etapa do processo de produção do biodiesel é o refino, que tem como objetivo a redução de acidez do óleo bruto, ou seja, a eliminação de ácidos graxos livres, e tendo como resultante um óleo composto somente por glicerídeos (SOUZA, 2010). Depois o óleo cru segue para a reação de transesterificação que não difere das descrições já citadas anteriormente (Figura 3).

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Figura 3: Fluxograma do Processo de Produção do Biodiesel de uma Matéria-Prima Oleaginosa Fonte: (DIAS, 2011)

3. CONCLUSÃO

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oi possível mostrar de forma reduzida e prática as operações unitárias utilizadas no processo de produção do biodiesel, e que estas não se diferem nas escalas experimental e industrial.

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Saberes: das Tecnologia – de Blumenal. do Biodiesel.


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Operações Unitárias no processo de obtenção de biodiesel de dendê Marcia Nalesso Costa Harder Professora Doutora do curso de Tecnologia em Biocombustíveis na Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba. Piracicaba,SP E-mail: marcia.harder@fatec.sp.gov.br Daiane Aline da Silva, Isabel Cristina Morais, Mariane Vicentini, Janaina Rodrigues da Cunha, Nadia Monique Stocco Tecnólogas em Biocombustíveis da Faculdade de Tecnologia de Piracicaba “Dep. Roque Trevisan” - FATEC Piracicaba Piracicaba, SP HARDER, M.N.C. et al. Operações Unitárias no processo de obtenção de biodiesel de dendê. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 17-30, dez.-jan., 2013-2014.

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Antigos dilemas, atuais temas – discussões iniciais sobre gênero OLD DILEMMAS, CURRENT ISSUES – INITIAL DISCUSSIONS ON GENDER Nima I. Spigolon Doutoranda em Educação, área de concentração: Ciências Sociais na Educação, sob a orientação da profª Drª Débora Mazza. Bolsista CAPES, integrante do Grupo de Políticas Públicas e Educação (GPPE), da Faculdade de Educação da UNICAMP Campinas, SP E-mail: professoranima@gmail.com SPIGOLON, N.I. Antigos dilemas, atuais temas – discussões iniciais sobre gênero. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 31-41, dez.-jan., 2013-2014. RESUMO Este artigo foi desenvolvido mediante participação na Disciplina – Gênero, Trabalho e Política, sob orientação das docentes: Ângela M. Carneiro Araújo, Márcia Leite e Maria Rosa Lombardi, com base no Programa de Pós-graduação da Faculdade de Educação, da UNICAMP, durante o primeiro semestre/2012. Sua caracterização se viabiliza em discorrer sobre gênero e mulher a partir da bibliografia indicada na ementa. De início apresentamos uma discussão geral, notando-se a relevância que compõem a temática na contemporaneidade. Em

seguida, problematizamos a dicotomia nos espaços público e privado, assumindo uma dimensão objetiva que se complementa nos conflitos trabalho profissional e doméstico. Tentamos estabelecer relações entre as discussões do grupo e as fundamentações teóricas, a fim de se ampliar o foco dos debates sobre alguns aspectos da temática em torno da condição feminina numa perspectiva de gênero, cuja discussão é transversal e representa grande conquista histórica. Concluí-se, há antigos dilemas que surgem como atuais temas.

Palavras-chave: Gênero; mulher; vida profissional e familiar ABSTRACT This article was developed through participation in Discipline – Gender, Work and Policy, below orientation of the teachers: Ângela M. Carneiro Araújo, Márcia Leite and Maria Rosa Lombardi, based in the Program of Post-graduation of UNICAMP’s College of Education, during the first semester/2012. Its characterization makes feasible in broach about gender and woman whereof the bibliography referral in the syllabus. Originally we introduce a general discussion, noting the relevancy that arranges the theme in contemporaneity. Hereupon, we

problematize the dichotomy in public and private spaces, assuming an objective dimension that complement in professional and menial work. We try establishing relation between the discussion of the group and theoretical foundations, in order to broaden out the focus of discussion about some aspects of the theme around the female condition in a perspective of gender, whose discussion is transverse and represents quite an achievement historical. Gather that, there are old quandaries that appear like current themes.

Keywords: Gender; woman; work and family life

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1. INTRODUÇÃO

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á antigos dilemas que surgem como atuais temas. Enquanto discussões iniciais tentei estabelecer relações entre a disciplina, o grupo e as fundamentações teóricas, a fim de ampliar o foco dos diálogos sobre aspectos da condição feminina numa perspectiva de gênero e, sobretudo diante dessa proposta, não ter receio de estar aqui, em processo de construção, cuja prática de transformação se dá entre a pesquisa, seus resultados e o debate público. Para apoiar a análise desenvolvida, discorro sobre algumas acepções. Trata-se de um lado, do enfoque mais superficial e subjetivo sobre gênero e mulher. Depois, os enfoques seguintes, a meu ver associados a conteúdos mais complexos entre sobre a dicotomia da participação das mulheres nos espaços público e privado; em seguida me permito ir mais além com o desafio do conflito doméstico e profissional. Finalizo, articulando as discussões e reflexões sobre a temática sistematizada, e, portanto, tentar compreender como a condição feminina pode representar uma barreira para a percepção da atuação de determinados atores na sociedade contemporânea. A delimitação dos subitens se aportou na possibilidade de analisar brevemente as implicações das relações de gênero para as mulheres inseridas no campo educacional, sob a influência da pesquisa que desenvolvo, tendo em vista que a mesma se articula com questões de gênero que explicitam as condições sociais das mulheres. O tema gênero vem concitando a atenção de pesquisadores em diferentes áreas do conhecimento por diversos países do mundo, inclusive no Brasil, especialmente nas últimas décadas. Ademais no campo da Educação, a temática tem se destacado como educação das mulheres ou educação e gênero, sinalizado desde a Conferência “Educação para Todos”, em 1990 em Jomtien, as grandes conferências acontecidas sob a égide da Organização das Nações Unidas (ONU), como as de Desenvolvimento (Copenhague), de População (Cairo), da Mulher (Pequim), cujo tema esteve nas pautas. Mediante uma perspectiva histórica, Alvarez considera o avanço perceptível do tema, que não parece, pois, divergir da realidade brasileira traçada por ela sobre as experiências vivenciadas por mulheres numa ampla variedade de organizações, tanto na sociedade civil quanto na política, caracterizando o período contribui para estudos sobre mulher/relações de gênero em geral, denominado como “mosaico da diversidade”: O “mosaico da diversidade” evidenciado nas experiências organizativas das mulheres durante a transição brasileira do governo autoritário foi, de fato, surpreendente. Mulheres encabeçaram protestos contra a violação dos direitos humanos pelo regime; mulheres pobres e da classe trabalhadora inventaram soluções criativas para enfrentar as necessidades da comunidade em resposta à grosseira negligência governamental com os serviços sociais e urbanos básicos; mulheres trabalhadoras engrossaram as fileiras do novo movimento sindical brasileiro; mulheres rurais lutaram por seu direito à terra que estava crescentemente sendo usurpada pelo agronegócio para exportação; mulheres afro-brasileiras juntaram-se ao Movimento Negro Unificado (MNU) e ajudaram a forjar outras expressões organizadas de um crescente movimento [antirracista] de

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consciência negra; lésbicas brasileiras juntaram-se aos homossexuais para lançar luta contra a homofobia; mulheres jovens e estudantes universitárias integraram movimentos estudantis militantes; algumas pegaram em armas contra o regime militar e outras ainda trabalharam em partidos da oposição legalmente sancionados. A partir dos anos 1980, milhares de mulheres envolvidas nestas e em outras lutas coletivas tinham passado a se identificar como feministas. (ALVAREZ, Sonia E., 1994 – tradução nossa).

São expressivas as questões abordadas, pois confirmam atualidade e relevância em distintas instâncias sociais, legitimadas na academia como objeto de estudo, pois as questões de gênero não mais se limitam às preocupações e discussões exclusivamente do universo de militantes e feministas. Sob a perspectiva de “mosaico” em torno das relações entre homens e mulheres, é possível que numa configuração mais ampla assuma características coletivas de uma sociedade, cuja diversidade de suas manifestações é forte indicadora de sua importância social. 2. RETIRANDO DO INVÓLUCRO: GÊNERO E MULHER Ninguém nasce mulher: torna-se mulher. Nenhum destino biológico, psíquico, econômico define a forma que a fêmea humana assume no seio da sociedade; é o conjunto da civilização que elabora esse produto intermediário entre o macho castrado que qualificam de feminino. Só a mediação de outrem pode constituir um indíviduo como outro. (BEAUVOIR, 1970, p. 323).

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screvia Simone de Beauvoir (1970) que a disputa durará enquanto os homens e as mulheres não se reconhecerem como semelhantes, isto é, enquanto se perpetuar a feminilidade. Amaral (2008), entendendo “feminilidade” como construção1, traz à tona que se deve refletir, pois, sobre as razões históricas que fundaram a sociedade patriarcal e a sustentam, e sob a perspectiva de Beauvoir tratou a mulher como um “segundo sexo”, silenciando-a e relegando-a para um lugar de subalternidade. Beauvoir sintetiza a desmistificação radical da condição feminina ao mostrá-la como uma condição social. Á partir da célebre: “On ne naît pas femme, on le devient”2 Beauvoir (1970), desafia e questiona a noção de que a biologia é determinante para os papéis atribuídos às mulheres e de que existe uma “essência feminina”. Amaral (2008) afirma que Beauvoir irá apontar possibilidades que visam à igualdade entre os seres humanos. De acordo com Kofes, o “segundo sexo” define-se, no primeiro parágrafo, como um livro “sobre a mulher”: “Durante muito tempo eu hesitei em escrever um livro sobre a mulher” é a frase com que Simone de Beauvoir inicia o livro e, em seguida pergunta: “Mas há mesmo mulheres?”. Concluindo, afirma:

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AMARAL (2008) defende que a teorização de Beauvoir é a partir da dupla edificação deste conceito dentro do paradigma patriarcal – o “feminino” como essência e o “feminino” como código de regras comportamentais. In: Jornal “Público”, 09 de janeiro de 2008, centésimo aniversário do nascimento de Simone de Beauvoir, Porto, Portugal, disponível http://feministactual.wordpress.com [Acesso 2012-04]. 2

Frase considerada marco, pois a partir dela teóricas feministas como Scott irão, nos anos 1980, refletir sobre o estabelecimento da diferença entre sexo e gênero (diferença sexual socialmente construída).

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Em um encadeamento argumentativo vai afirmar que nem todo “ser humano fêmea” é necessariamente mulher, de que mulher é um ser humano como o homem, mas todo ser humano é singularmente situado, e que recusar as noções do eterno feminino, de alma negra, do caráter judeu, não nega que existam judeus, negros e mulheres. (KOFES, 1993, p. 26).

É importante fazer referências a esta perspectiva, inclusive de uma sociedade predominantemente “machista”, uma sociedade onde a fronteira que separa o “mundo dos gêneros” (masculino/feminino) está bem definida (ainda que haja sempre espaço para transgressão, a deambulação inter-mundus). Portanto, as conceituações de Beauvoir, entendidas como uma forma particular de percepção permite problematizar a historicidade do movimento feminista como a configuração de um movimento abrangente e civilizatório, trazendo à tona conflitos e sinalizando possibilidades para se retirar do invólucro as discussões entre gênero e mulher, e tecer a História que não dispensou e não dispensa a participação das mulheres. Na contemporaneidade, para Scott – uma das principais teóricas sobre estudos de gênero, gênero é uma categoria analítica3, é a organização social da diferença sexual, não refletindo ou implementando diferenças físicas e naturais entre homens e mulheres, gênero seria o conhecimento que estabelece significações para diferenças corpóreas. Afirma Johan Scott e, estou me atendo a esta autora pelo impacto de sua obra para tais estudos, que as diferenças entre os sexos constituem um aspecto primário da organização social, que estas diferenças são fundamentalmente culturais. Entretanto, para Kofes, há um referente que permanece: as diferenças sexuais: Mulher, como grupo ou categoria, para Scott, e se eu a leio bem, não teria um estatuto de objeto em si mesmo, e quando, e se, pesquisado, seria através de um instrumento analítico – gênero – com múltiplas e complexas significações. A resultante sendo um conhecimento que não se parcializa pelo seu objeto empírico. (KOFES, 1993, p. 21).

Nessa perspectiva, segundo Paraíso (1997), Scott propõe a construção de uma teoria com potencial analítico para o campo do gênero por acreditar que esse conceito tem a possibilidade de oferecer “novas questões aos pesquisadores/as, novas respostas para velhas questões, além de dar visibilidade a grupos que têm sido escondidos nas análises mais tradicionais” (PARAÍSO, 1997, p.26). Assim, as possibilidades de discussão propostas neste texto se ampliam. Na conjuntura atual, mesmo constatando a proliferação de discussões sobre as relações entre homens e mulheres e a ocupação diferenciada das mulheres nos diversos espaços sociais, ainda herdamos uma cultura que mantém uma estrutura de poder social organizada em torno dos interesses masculinos, que, de acordo com as teorias feministas, tem caracterizado a maior parte das sociedades. “[...] não se pode conceber mulheres, exceto se elas forem definidas em relação aos homens, nem homens, exceto quando eles forem diferenciados das mulheres” (SCOTT, 1990, p.87), são as relações de poder que fazem com que a “diferença” adquira um aspecto negativo ou positivo.

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Scott, J. W., Gender and the politcs of history, Columbia University Press, New York, 1988.

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O conceito proposto por Scott (1990) surge como uma ferramenta teórica para perceber que as instituições sociais, como a justiça, a igreja e a escola, por exemplo, expressam relações sociais de gênero. Isso leva a pensar na ideia de formação, socialização ou educação dos sujeitos e da produção de “homens” e “mulheres” nessas diferentes instituições. Ao propor novos olhares para a história, a historiadora feminista Scott inaugura outra dimensão para os estudos de homens e mulheres, uma virada linguística para estudos da área, “afirmando que a linguagem não seria propriamente uma representação da realidade feita pelos sujeitos, mas sim constituidora dos sujeitos e da realidade” (LOURO, 1995, p.110). Destarte, essa ferramenta teórica parece ser potencialmente fértil para estudos e pesquisas em geral, e da educação em particular. Outro aspecto importante na argumentação de Scott (1990) é a desconstrução do caráter permanente da oposição binária masculino-feminino, pois há um pensamento dicotômico e polarizado sobre os gêneros. Para Louro “usualmente se concebem homem e mulher como polos opostos que se relacionam dentro de uma lógica invariável de dominação-submissão” (LOURO, 1997, p.31). Desconstruir essa polaridade significa problematizar tanto a oposição entre eles quanto a unidade interna de cada um. Como Scott considero que gênero, ao contrário de sexo, era socialmente construído e refletia sobre todos os aspectos da vida, incluindo sexualidade, identidade, política e divisão de trabalho, argumenta que “as mulheres e os homens eram definidos em termos recíprocos e nenhuma compreensão de um deles podia ser alcançada por um estudo separado.” (SCOTT, 1990, p. 5). Ao ser capaz de questionar a polaridade homem/mulher, ou melhor, de desconfiar de sua naturalidade, podemos perceber processos históricos de construção e, em particular, o papel das diversas instâncias e práticas educativas nessa construção. Podemos, inclusive, propor ações para que a construção do gênero se faça por meio de sua desconstrução, e consequentemente, de muitas mudanças (LOURO, 1995, p.116). 3. DE REFLEXÕES A REFLEXOS: PÚBLICO E PRIVADO A pessoa humana é algo concreto e não uma abstração. Elza Freire (in FREIRE,1978, p. 39)

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o sentido em que, na atualidade, a vida privada e a pública se entrelaçam, às vezes contrariando as teses mais radicais sobre a privatização da “família” e as lutas de caráter feminista, a primeira é, como vários autores e pesquisadores sustentam, cada vez mais permeada por mecanismos que são característicos da segunda. Mediante a perspectiva relacional e histórica de gênero, é mister destacar que a História mais recente, imbricada nas grandes transformações desencadeadas pelo advento das tecnologias desde o século XX, permite apontar para o fato de que as reivindicações dos direitos da mulher surgem a partir século XVIII, com o advento do Iluminismo e da Revolução Francesa4, que é para sintetizar, uma atitude geral de pensamento e ação. Os iluministas admitiam que os seres humanos estão em condição de tornar este mundo melhor, mediante introspecção, livre exercício das capacidades humanas e engajamento político-social. 4

Datam desta época as primeiras obras de caráter feminista, escritas por mulheres como as inglesas Mary Wortley Montagu (1689-1762) e Mary Wollstonecraft (1759-1797).

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Num corte universalista de análise, posso dizer que isso ao difundir os ideais de liberdade, fraternidade e igualdade, terá contribuído para a constatação tão expansiva de uma retórica da democracia, que possivelmente extravasou progressiva e intensamente da esfera pública para a esfera privada. Embora as evidências desses acontecimentos não encontrem respaldo numa vertente mais radical das maneiras de fazer ao encontro da, por muitos desejadas, igualdade de gênero, a adesão à norma produziu com certeza transformações contemporâneas na sociedade. Isso conduz a várias interpretações e possibilidades de análise, como por exemplo, à percepção de que, com efeito, seria ou não lícito apontar para o fato de que mais rapidamente as mulheres ganharam o direito legítimo à sua independência econômica do que os homens assumiram responsabilidades das atividades domésticas nos espaços do universo doméstico. Na prática do cotidiano, as diferenças entre os indivíduos, cada vez mais compreendidas como subjetivas, nutrem-se das identidades de gênero, ainda que delineadas por traços de polaridade tradicional, proporcionada em sua maioria pela incorporação de certos valores modernistas. A distinção entre o domínio público e o privado é ao mesmo tempo fundamental e muito antiga no pensamento político. Certamente, os contornos do privado e do público variaram de acordo com a época, mas ainda assim podem-se verificar algumas constantes: o governo é sempre da competência do público, enquanto que o doméstico faz invariavelmente parte do privado. (LAMOUREUX in HIRATA (Org.), 2009, p. 208).

No que concerne a examinar essa questão, com retoques de controvérsia, polêmica e mediações, acerca dos espaços aonde há possibilidades para se estabelecer as relações e se desenvolver o convívio em sociedade, mediante o exposto anteriormente é possível discutir que a “vida pública” e a “vida privada” tenham “gênero”, o gênero masculino em oposição à “vida de casa”, ao espaço doméstico, associado ao gênero feminino. Certamente que esta dicotomia espaço casa/espaço rua nem tampouco é pós-moderna recente e nem é característica remota da antiguidade. A este propósito é interessante recordar um provérbio da sociedade Cabila citado por Bourdieu (2002, p. 89): “O homem é a lâmpada de fora, a mulher a lâmpada de dentro”. Em contraponto a essa reflexão acerca das relações entre as esferas públicas e privadas, pode-se sinalizar que inter-relações favorecem a formação de indivíduos com identidades pessoais fortalecidas, reflexivas e dialogais, assim estes indivíduos tenderiam a comportarem-se assim em ambas as esferas: pública e privada. Marodin (1997) defende que igualdade não significa fazer as mesmas tarefas. Considero como a autora que espaços públicos e privados podem e devem ser ocupados por ambos os sexos numa relação de respeito às diferenças sem preconceitos e estereótipos, pois, o importante é o sentido de reciprocidade onde se reconhecem que as respectivas contribuições têm valor e fazem parte de um equilíbrio e completa ao afirmar que a verdadeira igualdade entre homens e mulheres se faz pelo reconhecimento das diferenças e a consciência de sua complementaridade. Resistências a essa vertente são em grande número: mesmo hoje, vencidos os préconceitos e pré-juízos iniciais, é comum identificar nos discursos dos homens críticas que podem se caracterizar por revanchismo ou disputas de poder. É frequente ainda a opinião mais conservadora que identifica e segrega numa maior igualdade entre homens e mulheres uma ameaça de iminente catástrofe social. Dessa maneira, posicionamentos extremos e retrógrados, além de desqualificar a mudança masculina,

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incluem em seus argumentos críticas díspares aos movimentos de emancipação feminina. Em papéis que se alternam e se alteram, homens e mulheres se encontram, desencontram e re-encontram publicizando o privado, experienciando contrastes que se apresentam diferentes porém não antagônicos, de antigos dilemas e atuais temas, para que as relações sejam afetivas e efetivas nos dois espaços, público e privado. Como a epígrafe, entendo que a pessoa, aqui nesse artigo representada pela mulher é “algo concreto” e, embora as incursões realizadas em torno da temática de gênero possam assumir conotações de “abstração” para grande parte da população, acadêmica ou leiga, em qualquer parte do mundo, ousado sugerir ou até afirmar que diante dessa perspectiva rompe-se de vez com o mito de que as feministas brasileiras e latino-americanas, europeias e asiáticas são predominantemente brancas de classes sociais mais favorecidas, nível intelectual alto, estigmatizadas como “mal-amadas” e, interpretadas como “vendidas ao imperialismo”, às vezes reflexos, outras reflexões. 4. MINÚCIAS ENTRE CONFLITOS: PROFISSIONAL E DOMÉSTICO Mulher é desdobrável. Eu sou. (ADÉLIA PRADO, poema Com licença poética, 1976)

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discussão entre vida doméstica e profissional é um dos maiores dilemas do público e privado, enfatizando que pelos discursos das mulheres, às vezes não nos livramos do machismo.

A complexidade e atualidade do tema gênero continua com mais visibilidade nesse momento do texto, no qual me dedico a tentar estabelecer discussões e análises iniciais em torno da relação entre vida doméstica e da ascensão profissional, abordando-as inclusive a partir das condições de trabalho. Importante ressaltar que a predominância de normas igualitárias enquanto dever – ser da divisão do trabalho entre cônjuges é uma realidade contemporânea, inclinação que tem vindo, ao longo do tempo, a acentuar-se, sobretudo no campo profissional. Produziu-se assim, certo descompasso entre igualdade doméstica e igualdade profissional, discrepância com que muitas mulheres, legitimam as suas múltiplas jornadas de trabalho. Segundo Amâncio (2007) a tendência igualitária dominante assume, entretanto, um peso maior ou menor consoante a contextos sociais. Então, mulheres mais escolarizadas afirmam a norma igualitária de modo mais marcado, enquanto, mulheres com baixos níveis de escolaridade acentuam menos esta norma, sobretudo no campo doméstico, já que a igualdade profissional é sempre pauta no discurso feminino. Isso torna evidente que os dispositivos que organizam os locais de convivência, ainda se mostram sexuados e que ao se olharem assim o imaginário está distante da realidade. Nessa perspectiva, apesar da maioria de disposições igualitárias, as posições das mulheres, no espaço e tempo sociais, vêm introduzindo variações significativas. Hirata e Kergoat (2008) redefinem o conceito de divisão sexual do trabalho, ao apresentar distinções entre os princípios que a constituem, bem como as modalidades assumidas no decorrer da história, assim evidenciam a permanência da distância entre os sexos e desconstruir o paradoxo de que “tudo muda, mas nada muda” (HIRATA & KERGOAT, 2008, p. 267), ou seja, tudo muda, mas as desigualdades continuam. De acordo com as autoras, no artigo sobre a divisão sexual do trabalho na França, no Japão e Brasil se percebe uma nova configuração não somente atrelada á segmentação do trabalho (no âmbito profissional e doméstico) entre os sexos, mas igualmente da fragmentação das atividades trabalhistas assalariadas e domésticas entre mulheres cuja origem social, étnica e geográfica se apresentam distintas.

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A relação entre responsabilidades domésticas e as ocupações e ascensões trabalhistas é amplamente debatida nos mais diversos aspectos, incluindo a questão do tempo nas duas esferas, acrescentando a essa perspectiva os efeitos da maternidade e o impacto das condições de trabalho, bem como as políticas públicas sobre a inserção profissional e carreira das mulheres e homens. Ressalto que, apesar das práticas se manterem forte e frequentemente marcadas pela desigualdade de gênero, a importância da incorporação da igualdade deve se constituir em luta diária. Nesse campo de estudo, são significativas as referências, teóricas e conceituais, das pesquisadoras ao afirmar que: A abordagem em termos de complementaridade entre os sexos insere-se na tradição funcionalista da complementaridade de papéis e remete a uma conceitualização em termos de vínculo social. Ela é coerente com a [ideia] de uma repartição entre mulheres e homens do trabalho profissional e doméstico e, dentro do primeiro, a repartição entre tipos e modalidades de empregos que permitem a reprodução dos papéis sexuados (HIRATA & KERGOAT, 2008, p. 270).

Hirata & Kergoat (2008), discorrerem sobre essa ideia de “complementaridade” entre os sexos e salientam que esta “conciliação” pode ganhar as seguintes formas: 1) modelo tradicional (mulheres no seio da família, homens no trabalho); 2)modelo da conciliação (na realidade apenas as mulheres conciliam o trabalho com a vida familiar); 3) o paradigma da parceria (vem mais de uma ideia de conciliação do que de conflito, assim homens e mulheres seriam parceiros e sua relação não seria marcada por poder e desigualdade); 4) modelo de delegação (mulheres delegam suas tarefas domésticas a outras mulheres – a delegação substituiria assim a dupla jornada de trabalho). Apesar de todas as ambivalências, é inegável que um eixo de mudança, particularmente influente no contexto histórico, sinalizando a adesão aos ideais de igualdade de gênero, a par, na prática, com a massiva expansão do trabalho profissional feminino, mesmo e, sobretudo quando acompanhada por vida doméstica e núcleo familiar. Enfim, mesmo com certa continuidade das desigualdades entre homens e mulheres, a eleição de normas igualitárias e complementaridades parecem situar-se no vértice da erosão dos aspectos mais institucionalistas da família, contribuindo para a aproximação de que “Mulher é desdobrável” e, no escrever poético de Adélia, somos muitas. Considero “desdobrável” de forma crítica e reflexiva que, assim foram e vão se constituindo as minúcias entre o doméstico e profissional, o mundo familiar e mundo do trabalho, que se desdobram em discussões de gênero, sem fazer gênero apenas. 5. ENSAIO DE EPÍLOGO: CONCLUSÕES PRELIMINARES Não há uma atividade do país, transformadora, que não tenha o coração, o braço e a cabeça da mulher (CLARA CHARF no vídeo “Mulheres do Brasil, Presente!” – I Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres).

guisa de conclusão, o debate é extenso, a questão é instigante, e acredito que foi possível apontar, através dos dilemas e conflitos apresentados, que o momento de discussões em torno de gênero irrompe e ultrapassa a ação e a luta apenas de mulheres.

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A trajetória do movimento também possibilita a reflexão dentro, me atrevo a dizer, de uma epistemologia do pensamento feminista. Não nos foi possível identificar ou reduzir a temática como complexa contradição ou simples disputa de extremos entre homens e mulheres. Portanto, acredito que a legitimidade das identidades, sejam elas coletivas ou individuais, em espaços públicos ou privados, conflitos domésticos e profissionais ainda são como mistério aos nossos olhos, todavia, o véu aos poucos é retirado. Isso foi se tornando perceptível durante o processo de construção do texto, quando as aproximações objetivas e subjetivas foram se intercalando com o meu tema de pesquisa5, que por si só, constitui-se tema de gênero. Concomitantemente a isso, entendo que os movimentos feministas e acadêmicos isoladamente não são suficientes para mediar tais pontos de tensão e estrangulamento entre o direito de lei, mas não direito exercido, superando as diferenças e as desigualdades, pois a idéia de igualdade que se defende é de uma igualdade que pretende universalizar os direitos, pairando acima de quaisquer diferenças. Então, é preciso que a teoria política estabeleça diálogos com a teoria feminista (a teoria feminista é um discurso muito politizado- ela se inscreve na Política reclamando novos referenciais e princípios de estrutura e funcionamento da vida dos homens e mulheres em sociedade) e, juntas enfrentem as desigualdades sociais, que no caso específico do Brasil, como bem discorre Bila Sorj 6 tem marcas profundas de gênero e raça além das de classe, etnia, geração e opção sexual. Avalio que a discussão de gênero é transversal, em sendo assim é fundante pensar nas relações de gênero como relações de classe e relações sociais também, assumindo uma importante dimensão e representando grande conquista histórica. Ao parafrasear Clara Charf, num movimento e momento pioneiro para a luta das mulheres no Brasil, sou solidária com ela ao re-afirmar que “Não há uma atividade do país, transformadora, que não tenha o coração, o braço e a cabeça da mulher.” Diante dessa perspectiva rompe-se de vez com o mito de que as feministas brasileiras são predominantemente brancas de classes sociais mais favorecidas, nível intelectual alto, estigmatizadas como “mal-amadas” e, equivocadamente interpretadas como “vendidas ao imperialismo”. Então, a partir desse texto pretendo ingressar nas fileiras do gênero para discutir o desconhecido e o cotidiano, as leituras emancipatórias e libertárias, os sonhos pessoais e profissionais, a política e a escola, a religiosidade e a sexualidade, os dissabores e os amores, revelando as lutas silenciosas e os mecanismos ocultos que conformaram as escolhas, os gestos, as sensibilidades de nós, mulheres! Por último acredito que tal processo já demonstra na prática a possibilidade de um mundo que considere a eqüidade de gêneros, cujo olhar se desloca no sentido de que os processos de feminização e precarização acontecem quando o Estado não se volta para as políticas públicas que contemplem essas relações e qual o sentido social e estrutural de uma discussão que faz emergir possibilidades que não existiam antes. Nas diversas incursões para se constituir esse texto, ora nas aulas da disciplina e nos estudos dirigidos, ora nas fotos e nos fatos dos movimentos, nas falas das próprias militantes, tentei captar e perceber a inegável diversidade de faces, ideologias, vozes, 5

Projeto de Pesquisa sobre Elza Freire. Consultar: SPIGOLON, Nima I. Pedagogia da Convivência: Elza Freire – uma vida que faz Educação. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) – UNICAMP. 6

Para aprofundar vide BORJ, Bila. Gênero, democracia e sociedade brasileira. In: BRUSCHINI, Cristina; UNBEHAUM, Sandra. Gênero, democracia e sociedade brasileira. São Paulo: Editora 34, 2002.

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perspectivas, experiências, projetos políticos e pedagógicos, mas, sobretudo, a vida das mulheres que outrora e agora se proclamam feministas, é possível apontar para a principal fonte de inspiração, cultural e social, fonte de coragem, criatividade e superação, a fim de continuarmos a trilhar nossas utopias feministas e a tecer nossas ideologias femininas. Aos poucos, avançando ou aparentemente retroagindo, esse movimento sai da abstração e se torna algo concreto, ganha corpo nas práticas sociais, nos movimentos de mulheres de diferentes classes, etnias, gerações e opções sexuais.

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Antigos dilemas, atuais temas – discussões iniciais sobre gênero Nima I. Spigolon Doutoranda em Educação, área de concentração: Ciências Sociais na Educação, sob a orientação da profª Drª Débora Mazza. Bolsista CAPES, integrante do Grupo de Políticas Públicas e Educação (GPPE), da Faculdade de Educação da UNICAMP Campinas, SP E-mail: professoranima@gmail.com SPIGOLON, N.I. Antigos dilemas, atuais temas – discussões iniciais sobre gênero. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 31-41, dez.-jan., 2013-2014.

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A historicidade do aluno e seu uso na aproximação com o professor Paulo Marcelo Silva Rodrigues Mestre no Ensino em Ciência e Matemática pela Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – CE) e Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Lúcio Packter (Porto Alegre – RS) Fortaleza, CE E-mail: paulomsrodrigues@yahoo.com.br RODRIGUES, P.M.S. Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 42-47, dez.-jan., 20132014. RESUMO A proposta do referido artigo é expor sobre a Historicidade, método utilizado na Filosofia Clínica como forma de conhecer o indivíduo. Esse conhecimento da história do ser humano pode ser usado como uma maneira de ampliação e reforço do elo existente entre professor e aluno na escola de forma a reduzir as estranhezas entre esses atores. Para o alcance desse objetivo iniciaremos o trabalho apresentando algumas considerações introdutórias a respeito da Historicidade dada como método. Além disso, dois

importantes teóricos serão visitados neste trabalho, o historiador alemão Wilhelm Dilthey, que nos traz o princípio para a Historicidade abordado na Filosofia Clínica e do educador brasileiro Paulo Freire, que apresenta um olhar sobre as relações existentes entre professor e aluno através da sua Práxis da Libertação. Da exposição dessas duas mentes e de seus pensamentos tiraremos uma conclusão que pode servir como uma ferramenta importante para a melhor relação aluno e professor.

Palavras-chave: Historicidade; práxis da libertação; filosofia clínica; educação ABSTRACT The purpose of this article is to expose on Historicity, method used in Clinical Philosophy as a way of knowing the individual. This knowledge of the history of man can be used as a way of broadening and strengthening the link between teacher and student in the school to reduce the oddities between these actors. To achieve this goal we will start by presenting some introductory remarks about the Historicity as given method. Moreover, two important

theorists will be visited in this study, the German historian Wilhelm Dilthey, which brings us to the Historicity principle discussed in Clinical Philosophy and the Brazilian educator Paulo Freire, featuring a look at the relationship between teacher and student through your Praxis of Liberation. Exposure of these two minds and we will take your thoughts a conclusion that can serve as an important tool for better student-teacher relationship.

Keywords: Historicity; praxis of liberation; clinical philosophy; education

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1. INTRODUÇÃO

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Filosofia Clínica é um método novo de fazer terapia e fundamenta-se inteiramente em teorias filosóficas acadêmicas. Criado pelo filósofo e psicanalista Lúcio Packter, na década de 1980, ela é uma terapia filosófica que não concebe qualquer doença ou distúrbio psíquico do comportamento, afastando-se, assim, do conceito psicológico da cura. A Filosofia Clínica é uma prática de alteridade que traz 2.500 anos de filosofia para atender a subjetividade de qualquer indivíduo. Historicamente, sempre houve um caráter terapêutico na filosofia, um cuidar do ser na sua formação humana, procurando atender a natureza de seus problemas e suas angústias e ajudá-lo, em seu livrearbítrio, diante das múltiplias e diferentes opções de escolhas da vida (GOYA, 2008). Não existe um método único na prática da Filosofia Clínica, existem sim métodos. Packter admite que para a fundamentação do seu trabalho, ele foi levado a utilizar diferentes métodos que o ajudou na estruturação lógica e formal da sua terapia filosófica e ilustra esses métodos em: Historicidade, Fenomenologia, Empírico e Analítica da Linguagem, Esteticidade e Matemática Simbólica. A Historicidade é utilizada para obter dados com segurança do partilhante (pessoa que procura o filósofo clínico e que compartilha sua vida e sua suas questões. Ele toma parte ativamente de todo o processo clínico). Na educação, este método pode ser utilizado para conhecermos as pessoas com quem relacionamos no trabalho (escola), percebendo as expectativas e as expressões dos nossos alunos (AIUB, 2005). Deste modo, este texto se limitará ao método da Historicidade, apontando alguns elementos que demonstrem a ideia de Dilthey sobre “vida humana” o que influenciou na concepção de seu conceito, e colocaremos a importância da história do aluno na visão do maior educador brasileiro, Paulo Freire. 2. WILHELM DILTHEY E A VIDA HUMANA rtega y Gasset em seu artigo Aurora da razão histórica comenta que Dilthey, na segunda metade do século 19, traz a luz uma nova realidade através de sua descoberta: a vida humana. Essa descoberta faz com que o referido autor do artigo apresente Dilthey como o “maior pensador” daquele século (ORTEGA Y GASSET, 2006).

O

Segundo Ortega y Gasset (2006), a descoberta de Dilthey provoca uma nova visão na Filosofia fazendo-o assumir que o homem não tenha uma natureza, e sim uma história. O historiador alemão concebe que a “vida humana” é resultante de três fatores: destino, acaso e caráter. Disso decorre que o homem não mais poderia ser estudado pelas ciências ou pela filosofia como um ser dotado de uma razão universal, única ou absoluta, assim como pensa Hegel que chama essa razão de “Espírito”. Desta forma, Dilthey apresenta a razão histórica e a ideia de que “vida humana” se submete a uma dimensão histórica-social do homem: Dilthey dá a entender que a inteligência não é uma faculdade de pensar ou conjunto de formas abstratas, separáveis de seu conteúdo, e que seja, portanto, igual em todos os homens de todos os tempos. Pensar é já e desde logo partir de certas ideias determinadas, de certas convicções básicas que resultam de todos os ensaios

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intelectuais feitos pelo passado até a data em que começamos a pensar. Como o estrato mais profundo de nossa subjetividade, formam o subsolo mental desde o qual iniciamos nossa própria obra de conhecimento. Este subsolo de nossa pessoa intelectual pertence, pois, à difusa coletividade que é a espécie humana até nosso tempo. O intelecto do indivíduo não é, portanto, individual no sentido de que esteja em sua mão forjar-se a nihilo todas suas ideias; pelo contrário, está desde logo constituído pela herança do coletivo histórico. Neste sentido, perfeitamente empírico e nada vago ou místico, quem pensa em mim não sou eu somente, mas também todo o passado humano. (ORTEGA Y GASSET, 2006, p.193). 1

A realidade humana é tomada, a partir deste momento, como objeto do conhecimento científico e Dilthey se dá conta de que a “vida humana” constitui uma realidade que não pertence ao universo dos físicos (uma criação do homem para compreender a vida que lhe é própria). O que Dilthey revela é que a “vida humana” deve ser considerada como o centro do universo do conhecimento. Estabelecido isso, tornouse necessário redimensionar, também, o mundo das ciências que passa a adquirir um papel instrumental e secundário em consideração a uma realidade maior. Nesta perspectiva, uma nova forma de estudar a mente humana fez-se necessário, onde as realidades físicas e psíquicas representam parcialmente a realidade total da “vida humana”. Esta nova forma de estudar a mente partir das experiências “daquilo que me passa a mim e que te passa a ti, onde eu e tu não somos senão isto que nos passa”. Este novo estuda da mente passa a fornecer os instrumentos necessários à compreensão científica do indivíduo na dimensão da sua história (LAGE, 2003). Lage (2003) comenta que a razão histórica, projeto da vida intelectual de Dilthey, estabelece as condições para o conhecimento da “vida humana”. Os fatos da vida, históricos por excelência, somente podem ser apreendidos na totalidade das experiências que as compõe. Assim, as ciências não devem apenas conhecer a história, mas também conhecer historicamente. O conhecimento, segundo Dilthey, fundamenta-se em proposições válidas, e tais proposições podem ser buscadas na estrutura da “vida anímica” ou “nos fatos da consciência” do indivíduo. A vida humana oferece a quem observa a possibilidade de obter das experiências vividas às informações que mostrem as relações do sujeito. E para compreender esse sujeito é mister acessar os conteúdos e as relações entre esses conteúdos presentes na consciência (validade objetiva do pensar), analisar esse pensamento e a sua lógica. Esses conteúdos sofrem alterações em virtude da enorme quantidade de relações do indivíduo com o mundo, e é a partir dessas relações que o sujeito sente toda a força de seus sentimentos oriundos de sua percepção dos fenômenos. É aqui que se apresenta o conceito de Historicidade (SILVA, 2009). 3. PAULO FREIRE E A PRÁXIS DA LIBERTAÇÃO

O

pernambucano Paulo Freire, o maior educador brasileiro com reconhecimento a nível internacional, preocupava-se em quebrar o elo existente entre o dominador e dominado. Esta terrível relação, oriunda uma sociedade opressora, se refletia na sala de aula por meio da educação bancária, onde a educação passa a ser um ato de depositar, no qual os alunos são os depósitos e o professor é aquele que deposita. Na educação bancária da educação, o conhecimento é um dom concedido por aqueles que se consideram seus possuidores 1

Tradução do autor.

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àqueles que se considera que nada sabem. Mostrar a ignorância sobre o outro é uma característica de uma ideologia da opressão. Neste cenário, Freire procurou um método para romper esta perniciosa relação entre dominador e dominante, a qual ele denominou de conscientização. A conscientização é a ultrapassagem da esfera espontânea de apreensão da realidade para chegar a uma crítica na qual a realidade se dá como objeto cognoscível e na qual o homem assume uma posição epistemológica. A conscientização é um compromisso histórico, é uma inserção crítica da história e implica que o homem assume o papel do sujeito que faz e refaz o mundo, criando em sua existência um material que a vida lhes oferece. Ela é fundamentada na relação consciência – mundo (FREIRE, 2001). Na visão de Freire (2001), a conscientização convida a assumir uma posição utópica frente ao mundo. A utopia não é o irrealizável, e sim a denúncia dos atos desumanizantes e o anúncio de ações humanizantes, dentro de um compromisso histórico. A ação humanizante é senão o trabalho de desvelar os mitos que enganam e ajudam a manter a realidade dos atos desumanizantes. Para realizar essa humanização, ou seja, a eliminação da opressão é necessária ir além das situações onde pessoas são servidas (dominadores) e outras possuem um caráter domesticado (dominados). A humanização é o ato de conhecer a situação existencial real ou existencial construída pelo aluno. As palavras de Freire, a seguir, obtidas de sua obra Pedagogia da Autonomia confirmam a informação anteriormente dita: Preciso, agora, saber ou abrir-me à realidade desses alunos com quem partilho a minha atividade pedagógica. Preciso tornar-me, se não absolutamente íntimo de sua forma de estar sendo, no mínimo, menos estranho e distante dela. E a diminuição de minha estranheza ou de minha distância da realidade hostil em que vivem meus alunos não é uma questão de pura geografia. Minha abertura à realidade negadora de seu projeto de gente é uma questão de real adesão de minha parte a eles e a elas, a seu direito de ser. Não é mudando-me para uma favela que provarei a eles e a elas minha verdadeira solidariedade política sem falar ainda na quase certa perda de eficácia de minha luta em função da mudança mesma (FREIRE, 2002, p. 51).

E Freire conclui o seu discurso: O fundamental é a minha decisão ético-política, minha vontade nada piegas de intervir no mundo. [...] No fundo, diminuo a distância que me separa das condições malvadas em que vivem os explorados, quando, aderindo realmente ao sonho de justiça, luto pela mudança radical do mundo e não apenas espero que ela chegue porque se disse que chegará. Diminuo a distância entre mim e a dureza de vida dos explorados não com discursos raivosos, sectários, que só não são ineficazes porque dificultam mais ainda a minha comunicação com os oprimidos. Com relação a meus alunos, diminuo a distância que me separa de suas condições negativas de vida na medida em que os ajudo a aprender não importa que saber, o do torneiro ou o do cirurgião, com vistas à mudança do mundo, à superança das estruturas injustas, jamais com vistas à sua imobilização (FREIRE, 2002, p. 51).

O docente, quando humanizado, chegar a um nível crítico de conhecimento, começando pela experiência que o aluno tem de seu contexto real. Uma prática libertadora advinda do professor toma como ponto de partida a historicidade do seu

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aluno. 4. CONCLUSÃO

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Historicidade é o método da Filosofia Clínica que permite obter do partilhante as informações necessárias que possibilitem responder a pontos de sua vida por ele questionados. Este método pode ser trabalhado pelo professor para que possa tirar de seus alunos saberes importantes e utilizá-los dentro do seu planejamento pedagógico. Com este método, os alunos irão relatar suas histórias de vida e estarão repassando informações com relação as suas frustrações, desejos e expectativas, podem também relatar dados sobre a comunidade onde estão inseridos e o contexto de vida de cada um deles. É um tipo de conhecimento do sujeito que pode ser visto tanto numa perspectiva individual, como também, numa perspectiva coletiva, ou seja, da interação do ser com as pessoas que estão ao seu redor. O professor pode conseguir essas informações de uma maneira bem fácil, através de uma conversa informal com seus alunos, ou sugerindo a eles que escrevam uma redação (texto) onde são livres para relatar sobre sua vida. Nesta pequena ação, o professor coleta dados sobre as famílias dos alunos, visão que eles têm da escola e as relações existentes com o ambiente. Com as informações a disposição, o professor pode elaborar em seu planejamento escolar, aulas que podem valorizar seus alunos através de atividades de caráter mais humanísticos, voltados para a realidade deles, desenvolvendo suas competências, habilidades e buscando uma formação voltada para a cidadania. É importante dizer que o professor não é um filósofo clínico habilitado, isso significa que ele não pode usar o método da historicidade em uma terapia em grupo, e sim, usar o método como recurso para auxiliar no planejamento de suas aulas, e consequentemente, diminuir as estranhezas existentes entre professor e aluno, assim como defendia o educador Paulo Freire, através do diálogo, meio condutor para conhecer a realidade que cerca os alunos e para despertar o desejo de compreender e transformar o mundo.

REFERÊNCIAS AIUB, Mônica. Filosofia Clínica Educação. Rio de Janeiro: Wak, 2005.

e

LAGE, Sérgio Felipe de Lima. Dilthey e Freud: a psicanálise frente à epistemologia das ciências do espírito. Rio de Janeiro: PUC, Departamento de Psicologia, 2003.

FREIRE, Paulo. Conscientização – Teoria e Prática da Libertação. São Paulo: Centauro, 2001.

ORTEGA Y GASSET, José. Kant, Hegel y Dilthey. México: Hunab Ku – Projecto Baktun, 2006.

FREIRE, Paulo. Pedagogia da Autonomia. São Paulo: Paz e Terra, 2002.

SILVA, Rodrigo Fernandes da. O conceito de vivência em Wilhelm Dilthey. Revista de Teoria da História, Goiânia, vol. 1, ago., 2009.

GOYA, Will. A Escuta e o Silêncio. Goiânia: UCG, 2008.

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A historicidade do aluno e seu uso na aproximação com o professor Paulo Marcelo Silva Rodrigues Mestre no Ensino em Ciência e Matemática pela Universidade Federal do Ceará (Fortaleza – CE) e Especialista em Filosofia Clínica pelo Instituto Lúcio Packter (Porto Alegre – RS) Fortaleza, CE E-mail: paulomsrodrigues@yahoo.com.br RODRIGUES, P.M.S. Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 42-47, dez.-jan., 20132014.

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A filosofia experimental e o desenvolvimento da química como ciência THE EXPERIMENTAL PHILOSOPHY AND THE DEVELOPMENT OF CHEMISTRY AS SCIENCE Tiago Fernandes da Silva Farmacêutico e Mestre em Ciências Químicas pela UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mail: tiagofernandes@ufrj.br Roberta Dorneles Ferreira da Costa Farmacêutica pela UFRGS Rio de Janeiro, RJ E-mail: roberta_fdacosta@yahoo.com.br SILVA, T.F.; COSTA, R.D.F. A filosofia experimental e o desenvolvimento da química como ciência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 48-57, dez.-jan., 2013-2014. RESUMO Com a construção do conhecimento ao passar dos séculos, o homem começou a se questionar do que são feitas todas as coisas. A partir de então, lançando olhar para si próprio e ao seu redor, grandes filósofos começaram a observar com maior atenção as questões da natureza. Séculos mais tarde, estas reflexões foram além. A partir do momento que a astronomia de Copérnico e Galileu foi aceita, a associação estável entre a religião, os princípios

morais e o esquema descritivo da natureza até então prevalecentes foram abaladas. A nova filosofia passou a colocar tudo em dúvida. Bacon cria então um novo naturalismo, ou seja, a ideia de que as qualidades naturais são estabelecidas pela via empírica e experimental e não por via especulativa. Com as contribuições de Robert Boyle, tal filosofia foi determinante na construção da Química como Ciência.

Palavras-chave: Ciência; química; experimental ABSTRACT Over centuries humans became more concerned about knowledge. They began to wonder the origin of things. Moreover, great philosophers decided to analyze nature issues. In the moment that the Astronomy of Copernicus and Galileo became prominent the stable association among religion, moral principles and nature was

affected. The new philosophy was skeptic. Bacon created a new concept of naturalism, which was the idea that qualities are established by empirical and experimental ways not by speculation. Robert Boyle`s thoughts were, in addition, decisive for the construction of chemistry as a science.

Keywords: Science; chemistry; experimental

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1. INTRODUÇÃO

A

definição sobre o que é ciência não pode se deter a qualquer conhecimento ou prática sistemática. No entanto, hoje está bem claro que a ciência parte do racional e da organização das variáveis existentes. Neste sentido a Ciência Química não deve ser vista de forma pragmática, mas deve ser compreendida de forma epistemológica, com o devido debruçar em cada tijolo que participa da construção dos alicerces que a fundamenta ao longo dos anos (MORAN, 2005; OKI et al., 2008). A descrição da natureza existente até a era medieval tinha poucas características do que conhecemos hoje como ciência. No que abrange a química, os estudiosos eram conhecidos como alquimistas. A separação entre religião, misticismo e observações lógicas da natureza era completamente nebulosa, conforme representado pela gravura da Figura 1 (GREENBERG, 2003).

Figura 1: O Laboratório de alquimia. Alchemist’s Laboratory Fonte: ALCHEMYLAB. Disponível em: <http://www.alchemylab.com/AJ8-2.htm>. Acesso em: 15 abr. 2012.

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A alquimia, outrora, postulava o estado fundamental da matéria que formaria todas as coisas chamadas de Matéria Prima. Thales de Miletus, 624-548 AD, propôs que a água seria a Matéria Prima. Enquanto seu discípulo, Empédocles de Agrigento, 500420 AD, propôs que todas as coisas consistiam de quatro principais elementos de iguais importâncias: terra, ar, fogo e água. Pensamentos similares quanto à abordagem de quatro elementos emergiram no Egito, Índia e China 1500 AD (GREENBERG, 2000; MORAN, 2005; DANOWSKI, 2007). Com o passar dos séculos, os filósofos naturais gregos continuaram a desenvolver a alquimia. Demócritus, 460-370 AD, descreveu dois relativos entre si presentes na natureza: os átomos, algo que não poderia ser dividido constituinte de todas as coisas, e o vácuo. Cabe ressaltar que a concepção do átomo de Democritus é diferente do que conhecemos hoje, pois qualificava os átomos segundo as propriedades dos materiais que formavam. No entanto, o pensador teve uma contribuição importante ao vislumbrar a existência do vácuo (MORAN, 2005). Em contrapartida, Aristóteles era um antiatomista, fazia oposição à ideia de existência do vácuo, defendia a existência dos quatro elementos: água, fogo, terra e ar. Não obstante, fazia acréscimo de um quinto elemento, o éter, o celestial. Tamanha foi sua influencia histórica que seus pensamentos permaneceram até meados dos anos 1600 DC fundamentando diversos conceitos teológicos hoje remanescentes, também inspirados no geocentrismo, que se propagaram possivelmente devido ao Alexandre o Grande, seu aluno (GREENBERG, 2000; MORAN, 2005; DANOWSKI, 2007). Na idade medieval, ainda contaminado pelas ideias dos antigos alquimistas, os estudiosos da época, ou alquimistas, lançavam seus olhares para a natureza de forma condicionada aos antigos dogmas. Neste contexto podemos destacar Paracelso, que organizou o senso comum criado pela sociedade da época sobre o conhecimento de ervas na produção de elixires, na tentativa de cura das mais variadas doenças. Contudo, seus métodos eram rudimentares não dispondo de nenhuma metodologia específica ou indício de comprovação dos resultados obtidos; (GREENBERG, 2000; MORAN, 2005).

Figura 2: Paracelso Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Paracelso>. Acesso em: 15 abr. 2012.

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A partir da nova filosofia, compreendida após as ideias de Copérnico e Galileu, tudo fora colocado em dúvida, o mundo, Deus e o homem. Diante disso, Descartes e Bacon propuseram dois caminhos diferentes para a busca do conhecimento: o dedutivo e o indutivo, relacionados respectivamente as duas principais formas para se chegar ao conhecimento na idade moderna: o racional e o empírico, respectivamente (PORTUGAL, 2002). Descartes acreditava que o processo cognitivo se dava a partir da dedução, através de conhecimentos fundamentais exemplificados pela matemática, a qual resultaria na compreensão da ciência de forma geral, na tentativa de explicar os fenômenos por meio de termos mensuráveis, independentemente de sua aplicação (KOVAC, 2006). Expôs seu método em seu trabalho: "O Discurso sobre o método", sugeria que tudo era dúbio até que fosse confirmado pelo raciocínio lógico na forma de proposições autoexplicativas, assim como a geometria (DESCARTES, 1996).

Figura 3: René Descartes Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ren%C3%A9_Descartes>. Acesso em: 15 abr. 2012.

Por outro lado, Bacon expôs que a construção do conhecimento deveria ser por outro caminho. Reivindicava uma nova ciência, baseada em experimentos organizados e cooperativo com o registro sistemático dos resultados. Nesse contexto, afirmava que poderiam ser determinadas leis gerais somente quando os experimentos tivessem produzido dados suficientes (SIRIHAL, 2002; CINTAS, 2003) (BACON, 1999). Através da observação fiel da realidade, propôs que as ideias onde as qualidades dos fenômenos naturais são estabelecidas pela via empírica e não pela via especulativa (BACON, 1999).

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Figura 4: Francis Bacon Fonte: WIKIPÉDIA. Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Francis_Bacon_(fil%C3%B3sofo)>. Acesso em: 15 abr. 2012.

O mesmo autor defendia que a filosofia experimental deveria ser uma nova técnica de raciocínio que viria estabelecer a ciência natural sobre bases sólidas. Seu principal objetivo era demonstrar a consolidação do domínio do homem sobre a natureza, conhecido como “Grande Instauração”, Instauratio Magna. A ideia central de seus trabalhos continha que a filosofia é o pensamento indutivo. Não obstante, definiu, em oposição a Aristóteles, que seu trabalho continha indicações verdadeiras acerca da interpretação da natureza (BACON, 1999). Arquitetava desta forma, uma reforma completa do conhecimento, tendo como finalidade servir ao homem, dando-lhe o poder sobre a natureza. Ademais, o filósofo explicitava que o processo cognitivo tem origem nas observações desprovidas de teorias pré-concebidas, mas através de observações criteriosas, numerosas e repetíveis e, sobretudo, não conflitantes entre si (GONÇALVES et al., 2006). Os dados deveriam ser coletados através de observações e organizados racionalmente buscando-se correlações, que por meio da indução poderia resultar na elaboração de leis e teorias científicas; da observação de uma variável para um sistema maior (GONÇALVES et al., 2006). Considerava-se que o verdadeiro filósofo natural, cientista da natureza, deveria promover um acúmulo sistemático do conhecimento, e ainda, descobrir uma forma de proporcionar o avanço do conhecimento (PORTUGAL, 2002). Exposto na sua principal obra: Novum Organum, o método científico fornece as regras para a observação da natureza e relaciona-se a parte referente à sistematização e padronização da observação com o experimento (BACON, 1999). Adicionalmente, é proposta a construção da Tabela de Descoberta, onde são apontados três tipos: a tábua da presença, registro de presenças das formas que se investigam; a tábua de ausência, controle de situações nas quais as formas pesquisadas se revelam ausentes; e a tábua da comparação, registro de variações que as referidas formas manifestam (BACON, 1999). Correlacionando-se todas as informações obtidas, seria possível eliminar as causas que não tem relação com o fenômeno assistido e, através do registro da presença, bem como das variações percebidas, seria possível chegar à verdadeira causa de um fenômeno. Estas tábuas fazem ainda, uma distinção entre a experiência vaga, conhecimentos coletados ao acaso, e a experiência documentada, observação metódica e passível de verificações empíricas (BACON, 1999).

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Bacon também discute as possíveis causas do erro na busca do conhecimento. Segundo ele, para se conseguir o conhecimento correto da natureza e descobrir os meios de torná-lo eficaz, o investigador precisa libertar-se dos chamados "Ídolos", que levam a noções falsas (SILVA, 2010). Esses Ídolos seriam: Ídolos da Tribo: erros relacionados aos vícios inerentes à própria natureza humana Em alusão aos sentidos, sentimentos, vontades, preconceitos e as impressões. Os homens tendem a simplificar o universo através da interpretação de seus sentidos não sendo capaz de explorar todos os detalhes (BACON, 1999; COIMBRA, 2008). Ídolos da Caverna: erros relacionados à pessoa, não à natureza humana; mas às diferenças individuais de habilidade e capacidade. Cada pessoa possui sua própria caverna, que interpreta e distorce a luz da natureza, em alusão ao “Mito da Caverna” presente no livro “A República” de Platão associado por Coimbra. (BACON, 1999; COIMBRA, 2008). Ídolos do mercado: erros relacionados à ambiguidade das palavras; onde a linguagem é a responsável, já que uma mesma palavra pode ter sentidos diferentes dependendo do interlocutor (BACON, 1999; COIMBRA, 2008). Ídolos do Teatro: erros relacionados aos sistemas filosóficos e em regras falseadas de demonstração referem-se aos dogmas para explicar a natureza. Nestes casos esses sistemas seriam puras invenções, como as peças de teatro ficcionais (BACON, 1999; COIMBRA, 2008). Ainda no século XVII, o método proposto por Bacon começou a ter aplicações em diversas áreas do conhecimento. Paralelamente a este momento, a Química começa a se transformar em um campo de estudo com objetivos e métodos perfeitamente delimitados, sendo os primórdios da Ciência Química. Nesta evolução coube um papel de destaque a Robert Boyle que, com o livro “O Químico Cético”, publicado em 1661, deu um passo decisivo para a afirmação da Química como uma área de pesquisa autônoma. Seguindo o exemplo das obras de Galileu Galilei, que possuía uma característica transversal para apresentar seu estudo científico, o autor redigiu seu livro em forma de um diálogo entre três personagens: um aristotélico, um defensor das teorias da alquimia médica de Paracelso e um Químico cético (BOYLE, 1661; rept. 1911). Partindo do pensamento defendido pelo último, antevia novos horizontes para a Química elevando a novos patamares. A obra conclui com a defesa da teoria atomista de Pierre Gassendi e do emprego de um método de raciocínio científico como o propagado por Descartes, baseado em ideias "claras e distintas" (MEDEIROS, 2005).

Figura 5: Robert Boyle Fonte: REICH-CHEMISTRY. Disponível em: <http://reichchemistry.wikispaces.com/~Sir+Robert+Boyle~~>. Acesso em: 15 abr. 2012.

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O autor testemunhava o que realmente entendia como certo na pesquisa dos fenômenos da natureza e caminhava para reafirmação do método crucial para o desenvolvimento da ciência de hoje, podendo ser observado na forma que conduzia seus trabalhos, olhava as variáveis individualmente, e os fenômenos observados deveriam constituir um tema especial de estudo (ZATERKA, 2004). O que segundo acreditava, este rigor deveria ser estendido para todos os tipos de pesquisa, desde a investigação do comportamento das estrelas as doenças do corpo humano (ZATERKA, 2004). Considerando que Boyle se trava de um químico além de físico e filósofo, não obstante, era um hábil experimentador tendo realizado várias descobertas. Desenvolveu o método para o isolamento do fósforo e metanol; investigou os ácidos e os álcalis e descreveu vários experimentos úteis para análise química qualitativa (ZATERKA, 2001). Podemos observar a austeridade de seu método experimental em suas obras pela riqueza de detalhes observacionais contidos, como por exemplo: o desprendimento de gás, mudança de cor e aparência dos alvos de estudos, como o cheiro produzido; fornecendo atributos experimentais para então formulação da teoria racional envolvida aos fenômenos observados, semelhante aos que é preconizado hoje (BOYLE, 1661; rept. 1911; ZATERKA, 2001). Um aspecto importante, que implica no estreitamento de Boyle às ideias de Bacon, está implícito na crença que somente poderemos atingir a natureza se a atormentarmos com bons experimentos e boas observações (ZATERKA, 2006). Portanto, a partir de processos que estão além da percepção comum busca-se menos o conhecimento das essências reais e voltando-se para os efeitos, ou seja, para o “método histórico comum” (ZATERKA, 2006). Tais pensamentos resultaram nos inúmeros experimentos produzidos estimulados, ressaltando a importância dos mesmos, para o desenvolvimento da Ciência Química. Seu experimento mais famoso foi desenvolvido em 1670, aborda o comportamento dos gases, exemplificado neste novo paradigma do desenvolvimento humano. Utilizouse de um tubo de vidro em forma de J com 5,18cm, vedou sua extremidade inferior; fazendo uso de mercúrio, aprisionou uma determinada quantidade de ar na parte vedada. Observou ainda que se dobrasse quantidade de mercúrio contido no tubo, o volume de ar na outra extremidade se reduziria à metade. No entanto, caso ele reduzisse pela metade, o volume do ar dobraria. Estas observações estão incluídas na famosa lei de Boyle: “Em uma temperatura constante, o volume e a pressão de um gás são inversamente proporcionais”. (BASSALO, 1996; PIRES, 2010).

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Figura 6: O experimento de Robert Boyle e suas verificações experimentais Fonte: PIRES, R.G. Relações Entre História e Filosofia da Ciência e o Ensino por Investigação: Utilização de Experimentos Históricos no Ensino de Química. Monografia apresentada ao Curso de Especialização do ENCI- Ensino de Ciências por Investigação. UFMG, 2010. Disponível em: <http://www.cecimig.fae.ufmg.br/wpcontent/uploads/2007/10/Ronaldo_G_Pires_monografia_ENCI1.pdf.>

Observa-se em suas obras grande atenção à filosofia experimental da natureza, onde se acreditava que a mesma seria sempre, de alguma maneira, imperfeita e limitada, tendo constantemente que se aprimorar pela ampliação do campo de objetos da experiência científica (ZATERKA, 2004). Embora os próprios fenômenos possam ser incompreensíveis, inexplicáveis, ou mesmo, algumas vezes, contraditórios, o objetivo do filósofo natural, era fornecer explicações inteligíveis e consistentes aos fenômenos da natureza (ZATERKA, 2004). Entretanto, os trabalhos de Boyle tinham um limite intransponível, pois seu ceticismo defendido em seu livro “O Químico Cético”, se restringia aos dogmas científicos, oriundo de correntes de pensamentos de filósofos da antiguidade que não aceitavam as novas evidências, mas não era estendido aos dogmas religiosos que possuía. Acreditava que a obrigação e o dever da razão não é ensinar coisas sobrenaturais, mas conduzir a um mestre sobrenatural, ou seja, Deus (ZATERKA, 2002). 2. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O

s pensamentos de Bacon foram indispensáveis para o desenvolvimento da Ciência que conhecemos hoje, influenciando inúmeros filósofos importantes para a consolidação das diversas áreas do conhecimento. Seu método baseado na coleta de dados a partir de criteriosa interpretação fomentou a realização de experiências robustas em busca da verdade científica, através de observações sistemáticas das leis da natureza, a partir de avaliações isentas de preconceitos e “ídolos”. Contudo, o método de Bacon possuía lacunas, pois dentre outros aspectos, considerava irrelevante a formulação das hipóteses ao acreditar que a simples disposição ordenada dos dados levaria à hipótese correta. E ainda, relutava a reconhecer a importância da dedução matemática para o avanço da ciência. Enquanto que Boyle foi decisivo para afirmação do método científico que conhecemos hoje, e no desenvolvimento da Ciência principalmente no que se refere à Ciência Química. Envolvido no empirismo de Bacon, apropriou-se do racionalismo de Descarte

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na ignição da química a partir de experimentos muito bem delineados, que quando processados resultariam em fórmulas matemáticas que explicariam e documentariam fenômenos da natureza. Apesar de parecer contraditório em sua filosofia, Boyle construiu seu método experimental com elementos característicos: a crítica ao dogmatismo científico e ao uso exclusivo da matemática; e por outro lado enaltecia a necessidade da experimentação e observação da história natural e do recurso às hipóteses. Suas convicções religiosas, apesar de limitá-lo, podem ter sido incentivadoras de seus trabalhos, como alvo de seus estudos, pois trazia a Filosofia Experimental da Natureza como ferramenta primordial para o desenvolvimento da razão humana, uma vez que acreditava que através deste processo o homem chegaria mais próximo de Deus, isto contido no fragmento: “O livro da natureza é um pedaço de tapeçaria enrolado, belo e grande, que não somos capazes de ver inteiro de uma só vez, mas devemos nos satisfazer em esperar, pouco a pouco, pela descoberta de sua beleza e simetria, como ela gradualmente se torna mais e mais manifesta ou revelada” (BOYLE, 1772; ZATERKA, 2002). Filosofia Experimental esta, impregnada de valores religiosos, mas eficiente na consolidação e desmistificação da Química, em detrimento da alquimia, e em favor da Ciência. Feito imprescindível para o desenvolvimento científico, onde o conhecimento deve ser cético e dinâmico, livre de todas as algemas preconcebidas que nos predem.

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A filosofia experimental e o desenvolvimento da química como ciência Tiago Fernandes da Silva Farmacêutico e Mestre em Ciências Químicas pela UFRJ Rio de Janeiro, RJ E-mail: tiagofernandes@ufrj.br Roberta Dorneles Ferreira da Costa Farmacêutica pela UFRGS Rio de Janeiro, RJ E-mail: roberta_fdacosta@yahoo.com.br SILVA, T.F.; COSTA, R.D.F. A filosofia experimental e o desenvolvimento da química como ciência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 48-57, dez.-jan., 2013-2014.

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Influência de características antropométricas e de gênero na compressão sobre o disco intervertebral entre L5/S1 mediante levantamento de materiais Enrique Diez Parapar Fisioterapeuta e Professor de Educação Física Mogi das Cruzes, SP E-mail: enrique.parapar@edpconsultoria.com.br PARAPAR, E.D. Influência de características antropométricas e de gênero na compressão sobre o disco intervertebral entre L5/S1 mediante levantamento de materiais. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 58-63, dez.-jan., 20132014. RESUMO O presente artigo tem o objetivo de analisar a influência do peso, estatura e gênero nos resultados obtidos em avaliações tridimensionais biomecânicas utilizando o programa da Universidade de Michigan,

especificamente na compressão sobre o disco intervertebral entre a quinta vértebra lombar (L5) e primeira vértebra sacrococcígea (S1).

Palavras-chave: Biomecânica; peso; estatura; gênero; compressão

1. INTRODUÇÃO

A

quantificação da sobrecarga sobre a coluna vertebral na movimentação de materiais constitui umas das formas eficazes de analisar riscos à saúde e segurança do trabalhador. O programa de Análise Tridimensional Biomecânica da Universidade de Michigan permite estabelecer a sobrecarga sobre o disco intervertebral entre L5/S1. O presente artigo discorrerá sobre como as características antropométricas e de gênero podem influenciar na compressão lombo-sacra, permitindo, dessa forma, a adoção de medidas preventivas, considerando-se fatores como peso, estatura e sexo dos trabalhadores. 2. MÉTODO

P

ara a mensuração da sobrecarga biomecânica sobre o disco entre L5/S1, foram realizadas 90 (noventa) análises, sendo 45 (quarenta e cinco) indivíduos do sexo masculino e 45 (quarenta e cinco) do sexo feminino utilizando o protocolo

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de avaliação tridimensional computadorizada. O modelo tridimensional biomecânico é uma ferramenta desenvolvida pela Universidade de Michigan, EUA. Este programa de computador informa a força de compressão nos discos da coluna vertebral naquela tarefa, informando também a porcentagem de trabalhadores capazes de fazer aquela tarefa em cada uma das articulações do corpo. Em cada análise, o indivíduo levantou um material com 25,0 kg utilizando as duas mãos e flexionando o tronco à frente mantendo os joelhos em extensão, apanhando-o sobre um palete com 12,0 cm de altura do piso. Vide figura 1. O registro da compressão sobre o disco intervertebral foi obtido quando o indivíduo se encontrava com o tronco a 45° na fase ascendente do levantamento do material.

Figura 1 – Levantamento de Materiais

Visando comparar os resultados obtidos, as avaliações foram realizadas em dois grupos, sendo 45 indivíduos do sexo masculino e 45 do sexo feminino. Os dois grupos foram subdivididos em turmas com estaturas entre 1,50m e 1,90m e pesos corporais que variaram entre 40,0 kg e 100,0 kg, cada qual com seu respectivo índice de Massa Corporal (IMC) obtido através de equação: Peso / Altura x Altura. Vide Tabela 1.

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Tabela 1 – Perfil Antropométrico Estatura (m) Peso (kg) I.M.C. (kg.m²) 40,0 17,77 45,0 20,00 1,50 50,0 22,22 55,0 24,44 60,0 26,66 45,0 18,74 50,0 20,82 1,55 55,0 22,90 60,0 24,98 65,0 27,06 50,0 19,53 55,0 21,49 1,60 60,0 23,44 65,0 25,40 70,0 27,35 55,0 20,21 60,0 22,04 1,65 65,0 23,88 70,0 25,72 75,0 27,55 60,0 20,77 65,0 22,50 1,70 70,0 24,23 75,0 25,96 80,0 27,69 65,0 21,23 70,0 22,86 1,75 75,0 24,49 80,0 26,13 85,0 27,76 70,0 21,61 75,0 23,15 1,80 80,0 24,70 85,0 26,24 90,0 27,78 75,0 21,92 80,0 23,38 1,85 85,0 24,84 90,0 26,30 95,0 27,76 80,0 22,17 85,0 23,55 1,90 90,0 24,94 95,0 26,32 100,0 27,71 O protocolo da análise tridimensional biomecânica calcula os resultados através da obtenção das seguintes variáveis:

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    

Posição do corpo; Estatura (m) do indivíduo; Peso (kg) do indivíduo; Sexo do indivíduo; Peso do material levantado.

3. RESULTADOS

I

ndivíduos com características antropométricas e gêneros distintos submetidos à mesma sobrecarga ao levantar materiais sofrem a mesma compressão mecânica sobre o disco intervertebral localizado entre L5/S1? Os resultados apontam que não. Os dados expostos na tabela 2 indicam que os resultados variam conforme o peso, estatura e gênero do indivíduo. Ao levantar materiais na posição da figura 1, o disco intervertebral é comprimido e o núcleo pulposo, que se encontra em seu interior, desloca-se para trás, acarretando riscos de lesões sobre a coluna vertebral. Baseado nos resultados obtidos, o programa de análise tridimensional biomecânica da Universidade de Michigan diz que:   

O sexo feminino sofre maior compressão sobre o disco intervertebral. A diferença é de 20% em relação ao sexo masculino; Indivíduos com maior índice de massa corporal (IMC) sofrem maior compressão sobre o disco intervertebral; Indivíduos com menor índice de massa corporal (IMC) são menos afetados nesse tipo de movimentação de materiais.

Ao analisar os resultados, é possível deduzir que indivíduos com maior índice de massa corporal (IMC) podem sofrer maiores danos sobre a coluna ao movimentar materiais pesados. Estudos de Chaffin (1991) apontam a relação entre a carga suspensa entre os níveis L5 e S1. O National Institute for Occupational Safety and Health (NIOSH) estabeleceu os limites individuais para o levantamento, o transporte e a deposição manuais de cargas em 1/3 do peso corporal do indivíduo. Além disso, determinou que a compressão máxima sobre o disco entre L5/S1 da coluna vertebral durante esse tipo de atividade é de 640,0 kg enquanto que o limite inferior considerado como sobrecarga inicia-se em 340,0 kg.

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Tabela 2 – Resultados Estatura (m)

1,50

1,55

1,60

1,65

1,70

1,75

1,80

1,85

1,90

Peso (kg)

I.M.C. (kg.m²)

40,0 45,0 50,0 55,0 60,0 45,0 50,0 55,0 60,0 65,0 50,0 55,0 60,0 65,0 70,0 55,0 60,0 65,0 70,0 75,0 60,0 65,0 70,0 75,0 80,0 65,0 70,0 75,0 80,0 85,0 70,0 75,0 80,0 85,0 90,0 75,0 80,0 85,0 90,0 95,0 80,0 85,0 90,0 95,0 100,0

17,77 20,00 22,22 24,44 26,66 18,74 20,82 22,90 24,98 27,06 19,53 21,49 23,44 25,40 27,35 20,21 22,04 23,88 25,72 27,55 20,77 22,50 24,23 25,96 27,69 21,23 22,86 24,49 26,13 27,76 21,61 23,15 24,70 26,24 27,78 21,92 23,38 24,84 26,30 27,76 22,17 23,55 24,94 26,32 27,71

62

Sobrecarga (Kg) Sexo Masculino Sexo Feminino 348,0 387,9 360,3 401,5 372,6 415,0 384,7 428,4 396,7 441,5 371,2 414,0 386,8 428,0 39,62 44,16 408,6 455,2 420,9 468,6 395,0 440,8 407,8 454,9 420,5 468,8 433,1 482,4 445,2 496,4 419,3 468,1 432,3 482,3 445,2 496,4 457,9 510,2 470,7 524,2 444,0 495,9 457,2 510,3 470,4 524,4 483,2 538,4 496,1 552,1 469,2 524,1 482,6 538,6 495,9 552,9 509,0 566,9 522,0 580,7 494,9 552,7 508,4 567,3 521,8 581,6 535,1 595,6 548,1 609,5 520,8 581,6 534,5 596,2 548,0 610,6 561,4 624,6 574,6 638,4 547,1 610,8 560,0 625,4 574,5 639,7 588,0 653,8 601,3 667,5


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4. DISCUSSÕES E CONCLUSÕES

O

paradigma de que indivíduos com maior índice de massa corporal (IMC) representam menor risco ao levantar materiais fica prejudicado, uma vez que os dados obtidos nesta pesquisa mostram justamente o contrário. Dessa forma, os responsáveis em cuidar da saúde e segurança do trabalho devem atentar para o fato de que medidas preventivas devem ser consideradas e aplicadas a todos os trabalhadores cuja tarefa implica na movimentação de materiais.

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Influência de características antropométricas e de gênero na compressão sobre o disco intervertebral entre L5/S1 mediante levantamento de materiais Enrique Diez Parapar Fisioterapeuta e Professor de Educação Física Mogi das Cruzes, SP E-mail: enrique.parapar@edpconsultoria.com.br

PARAPAR, E.D. Influência de características antropométricas e de gênero na compressão sobre o disco intervertebral entre L5/S1 mediante levantamento de materiais. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 58-63, dez.-jan., 20132014.

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Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência STUDY OF PAIN IN AN INTERDISCIPLINARY CONTEXT: REPORT OF EXPERIENCE ESTUDIO DEL DOLOR EN UN CONTEXTO INTERDISCIPLINARIO: INFORME DE LA EXPERIENCIA Valdenir Almeida da Silva Enfermeiro, mestre em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia, membro do Núcleo de Estudo para Valorização do Envelhecimento – NEVE Salvador, BA E-mail: valdenirenf@yahoo.com.br Katiany Pereira Sampaio Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho Salvador, BA E-mail: kati.sampaioenf@yahoo.com.br SILVA, V.A.; SAMPAIO, K.P. Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 64-70, dez.-jan., 20132014. RESUMO Objetivo: Relatar a experiência vivenciada por dois enfermeiros, enquanto estudantes de graduação em Enfermagem, em uma Liga Acadêmica para o Estudo da Dor. Método: Relato de experiência no qual se pontua a vivência de dois enfermeiros, enquanto estudantes, na Liga Acadêmica para o Estudo da Dor (LAED) da Universidade Federal da Bahia, no período de maio de 2005 a maio de 2007. Resultados: Destaca-se a forma de

ingresso LAED, as atividades desenvolvidas, os desafios encontrados, as contribuições obtidas e a importância da interdisciplinaridade para uma maior compreensão, avaliação e intervenção neste fenômeno multidimensional que é a dor. Conclusão: A experiência foi enriquecedora despertando-se para a responsabilidade profissional e social diante do paciente com dor.

Palavras-chave: Equipe de assistência ao paciente; comunicação interdisciplinar; dor; enfermagem ABSTRACT Objective: To report an experience of two nurses, while graduate students in nursing, in an Academic League for the Pain Studies. Method: Report of experience in which it punctuates the experiences of two

nurses, while students in the Academic League for the Pain Studies (ALPS), in Federal University of Bahia from May 2005 to May 2007. Results: The study highlights the way to join the ALPS, the activities,

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challenges encounters, the contributions received and the importance of the interdisciplinarity for greates understanding, assessment and intervention in this multidimensional phenomenon that is the

pain. Conclusion: The experience was enriching awake the professional and the social responsibility among people with pain.

Keywords: Patient care team; interdisciplinary communication, pain; nursing RESUMEN Objetivo: Presentar la experiencia de dos enfermeros, mientras que los estudiantes de graduación en enfermería, en una Liga Académica para el Estudio del Dolor. Método: Informe de experiencia en la que se puntúa la experiencia de dos enfermeros, mientras que los estudiantes en la Liga Académica para el Estudio del Dolor (LAED), de la Universidad Federal de Bahía de mayo 2005 a mayo de 2007. Resultados: El estudio pone de relieve la

manera de entrar en LAED, las actividades, las dificultades encontradas, las contribuciones recibidas y la importancia de la interdisciplinariedad para una mayor comprensión, evaluación e intervención en este fenómeno multidimensional que es el dolor. Conclusión: La experiencia fue enriquecedora despertar a la responsabilidad profesional y social en el paciente con dolor.

Descriptores: Grupo de atención al paciente; comunicación interdisciplinaria; dolor; enfermería

1. INTRODUÇÃO

A

dor crônica é considerada um problema social e de saúde pública causando forte impacto na economia mundial. Dados epidemiológicos apontam que a prevalência da dor crônica nas comunidades em geral varia de 7% a 40%, sendo persistente e intensa em 8% dos indivíduos. De 10 a 40% das pessoas apresentam dor com duração superior a um dia, pelo menos uma vez ao ano (TEIXEIRA; YENG; ROMANO; FERNANDES, 2004). Em estudo realizado no Brasil com pessoas que sofriam de dor crônica, foi constatado que 94,9% apresentavam comprometimento da atividade profissional (KRELING; CRUZ; PIMENTA, 2006). Já em pesquisa realizada com 505 funcionários de uma universidade pública do Paraná encontrou-se uma prevalência de dor crônica de 61,4% (TEIXEIRA; SHIBATA; PIMENTA; CORRÊA, 1995). Com relação aos modelos de tratamento, a literatura aponta como adequado a abordagem da dor em um contexto multidisciplinar onde os aspectos biológicos, psicológicos, sociais e culturais possam ser entendidos e considerados ao se implementar um tratamento (TEIXEIRA; YENG; ROMANO; FERNANDES, 2004). Uma questão que tem dificultado o tratamento da dor de forma eficaz é a abordagem incipiente do tema nos currículos básicos dos cursos de saúde. Sabe-se que a dor crônica tem se revelado como um problema de saúde pública com repercussões sociais graves. Por outro lado, não há correspondência quantitativa de profissionais qualificados para atender a clientela afetada. Além disso, a dor é influenciada por multifatores, o que, por sua vez, exige uma abordagem sob várias óticas. Diante desta realidade, vislumbramos na LAED a possibilidade de entender as nuances das manifestações álgicas em um contexto multi e interdisciplinar. Ressaltamos que esta foi uma experiência valorosa dentro da universidade cuja lógica de formação está centrada em um modelo que não privilegia a interação entre os diferentes cursos. Neste modelo de extensão universitária os estudantes de cursos da

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área da saúde são supervisionados e coordenados por professores de suas respectivas disciplinas, em estudos sobre o tema dor e em atividades práticas. O modelo de ligas, por sua vez, revela-se apropriado para melhorar a qualidade do ensino sobre dor e tem servido como instrumento de introdução à pesquisa nesta área de interesse (TEIXEIRA; YENG; ROMANO; FERNANDES, 2004). A Liga Acadêmica para o Estudo da Dor da Universidade Federal da Bahia (LAED) foi fundada no ano de 2001 com a finalidade de: proporcionar ao estudante um contato mais direto com o tema a fim de que entenda as proporções que este alcança; propiciar espaço para desenvolver atividades de caráter acadêmico, tais como cursos e seminários; prover ao estudante a noção de interdisciplinaridade a partir da vivência de uma equipe para os cuidados do paciente com dor; propiciar espaços de desenvolvimento para uma visão abrangente e interdisciplinar acerca das terapêuticas farmacológicas e não farmacológicas da dor (BAHIA, 2001). A LAED está vinculada à Pró-Reitoria de Extensão da Universidade Federal da Bahia (UFBA), sendo um projeto do Diretório Acadêmico da Faculdade de Medicina desta universidade. É regida por um estatuto e composta por acadêmicos dos cursos de Enfermagem, Fisioterapia, Medicina, Odontologia, Psicologia e Farmácia de diversas Instituições púbicas e privadas de Ensino Superior de Salvador – Bahia. O grupo se reúne uma vez por semana para estudar, discutir e planejar as suas atividades. O motivo que nos levou a ingressar na LAED foi a incipiência que sentíamos da abordagem do tema dor no curso de graduação em Enfermagem (da UFBA) em contraposição à demanda existente nos serviços de saúde, percebida durante a realização de atividades práticas. Além disso, a participação em uma Jornada Interdisciplinar da Dor promovido pelo Centro de Dor da UFBA, em 2004, despertou nossa atenção e interesse pelo tema. Assim, este artigo tem como objetivo relatar a experiência vivenciada por dois enfermeiros, enquanto estudantes, na Liga Acadêmica para o Estudo da Dor da UFBA. 2. MÉTODO

E

ste é um relato de experiência no qual se pontua a vivência de dois enfermeiros, enquanto estudantes de graduação em Enfermagem, na Liga Acadêmica para o Estudo da Dor (LAED) da Universidade Federal da Bahia. Destacam-se as atividades desenvolvidas no período de maio de 2005 a maio de 2007, os desafios encontrados, as contribuições obtidas e a importância da interdisciplinaridade para uma maior compreensão da dor. Estas contribuições tiveram suas extensões mais amplamente compreendidas quando do exercício profissional. No cenário real do trabalho em enfermagem, tem-se inevitavelmente contato com profissionais de diversas áreas e esta interação requer habilidade para o estabelecimento de uma comunicação eficaz tendo em vista a efetivação de cuidados abrangentes e adequados às necessidades das pessoas de quem se cuida. No que se refere às pessoas com dor, esta abordagem ampla faz-se patente. Assim, valoriza-se a experiência vivida da LAED como um elemento que facilitou a inserção em equipes de trabalho interativas além de ter favorecido uma compreensão mais abrangente da pessoa com sintomas de dor, tão presentes no contexto hospitalar. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

P

ara ingressar na LAED foi necessária a submissão a um processo seletivo composto por duas fases. Na primeira, respondeu-se a uma prova de conhecimentos gerais sobre dor e na segunda, passou-se por uma entrevista com a comissão de seleção, sendo então selecionados. Estava-se no mês de março

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do ano de 2005 quando se soube, através de cartazes, da abertura do processo seletivo para ingresso na LAED. Após inscrição e submissão ao processo seletivo, ingressou-se na LAED juntamente com estudantes dos cursos de Fisioterapia, Medicina, Odontologia e Psicologia. Ao longo do período compreendido entre os meses de maio de 2005 a junho de 2006, foram desenvolvidas diversas atividades as quais são descritas em seguida. 

Curso Básico sobre Dor: durante este curso, os novos ingressantes na LAED tiveram a oportunidade de assistir a aulas ministradas por profissionais de diferentes áreas sobre fisiopatologia da dor, avaliação da dor, síndromes dolorosas, terapêuticas analgésicas farmacológicas e fisioterápicas no controle da dor. Este curso teve duração de 15 horas.

Inserção no Ambulatório de Dor: acompanhou-se, durante este período, a interação de uma equipe multiprofissional no atendimento ao paciente com dor crônica. Percebeu-se o quanto é importante a interação entre a equipe articulando seus saberes e problematizando as diferentes situações apresentadas (PEDUZZI, 2001). Neste sentido, ressalta-se a importância de que haja não apenas multidisciplina no tratamento da dor, mas que os diferentes profissionais possam interagir a fim de melhor compreender esse fenômeno segundo suas diferentes causas, apresentações e repercussões. A interdisciplinaridade se apresenta, então, neste contexto, como uma oportunidade de ampliação da nossa visão de mundo, de nós mesmos e da realidade, no propósito de superar a visão disciplinar (VILELA; MENDES, 2003; OLIVEIRA; SILVA; LEITÃO, 2010). Neste sentido, as mudanças de processos hierarquizados se dão a partir de profissionais que sejam capazes de discutir e compreender o trabalho numa perspectiva interdisciplinar, sendo que estas iniciativas devem ganhar espaço já no ambiente acadêmico (FURTADO; SANTOS; SILVA; SOUZA, 2010).

Apresentação de estudos: (estas exposições davam-se pelo menos duas vezes em cada mês.) Os membros da LAED, individualmente ou em dupla, escolhiam um tema do seu interesse relacionado com dor e apresentava ao grupo. Depois de cada exposição os assuntos eram debatidos a fim de ampliar a compreensão dos mesmos, sempre enfatizando o olhar das diversas disciplinas e a interação entre estes olhares.

Organização de Eventos: organizou-se os Mini-Curso Dor no Contexto Hospitalar, com carga horária de 08 horas e Terapias Complementares para o Tratamento da Dor, com carga horária de 12 horas. Nesta atividade, profissionais de várias áreas com experiência sobre o tema foram convidados para fazerem as suas considerações. A realização destes eventos foi importante, pois fortaleceu o grupo como unidade e o contato com profissionais da área, além de ampliar as ações para a comunidade, tendo participado do evento aproximadamente 100 profissionais e estudantes.

Organização de Aulas Públicas: nestas aulas, profissionais de diferentes especialidades eram convidados para uma palestra interativa com a comunidade acadêmica. As aulas eram divulgadas em todas as Universidades que possuíam cursos da área da saúde e humanas e ocorriam durante a semana em período noturno com carga horária entre duas a 03 horas. Durante esta palestra, apresentávamos a LAED, seu objetivo e seus participantes e

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convidávamos aos estudantes interessados a participar dos próximos processos seletivos. Atividades administrativas: inerentes ao funcionamento da LAED são relativas ao planejamento das atividades e divisão de funções. Cada integrante tinha a oportunidade de atuar como membro de uma coordenação (Administração, Comunicação, Planejamento e Finanças) além de opinar sobre atividades a serem desenvolvidas e temas a serem discutidos.

Construção e apresentação de trabalhos sobre o tema sob a forma de pôster e comunicação oral em dois importantes eventos para a comunidade acadêmica e categoria profissional de enfermagem: IX Semana de Mobilização Científica promovido pela Universidade Católica de Salvador, 24º e 25º Seminário Estudantil de Pesquisa da UFBA e 58º Congresso Brasileiro de Enfermagem.

Confraternizações: atividades realizadas fora do ambiente acadêmico com o intuito de finalizar as tarefas do ano de 2005 e de recebermos os novos membros, em maio de 2006. Destaca-se nestas atividades a interação que houve entre os participantes, ampliando a coesão do grupo o que, sem dúvida, contribui para uma melhoria no andamento das tarefas da LAED.

Planejamento e execução do processo seletivo para novos membros da LAED: esta atividade deu-se durante o primeiro semestre do ano de 2006 e 2007. Com o apoio de profissionais, nas respectivas áreas, selecionamos dez novos membros que iniciaram suas atividades na liga no mês de maio de 2006. Esta tarefa nos tornou mais maduros no processo de tomada de decisão na medida em que detínhamos a responsabilidade pela constituição e continuação da LAED, haja vista o desligamento de alguns membros mais antigos.

Proposta e inclusão de graduandos em Farmácia no processo seletivo. Esta iniciativa se deu visto a importância destes profissionais no processo de compreensão e tratamento da dor, bem como vislumbramos uma maneira de discutir com os mesmos, através da presença de outros profissionais no grupo, a importância das terapias não farmacológicas complementares.

Considerando os fatores positivos e negativos que se vivenciou durante o período em questão, são feitas em seguida algumas considerações. Um desafio enfrentado foi a superação da visão uniprofissional historicamente propagada, dificultando uma maior integração das idéias. Um fator dificultador foi a necessidade de compartilhamento do tempo com as atividades específicas do curso de graduação em Enfermagem. Apesar das dificuldades, ressaltamos a significância da interação com outros estudantes dos cursos de Fisioterapia, Medicina, Odontologia e Psicologia de diferentes Universidades. Superadas as dificuldades, conseguiu-se desenvolver uma forma de compreender o fenômeno dor, além da compreensão da relevância do trabalho e comunicação em equipe. Considera-se que este período contribuiu para o amadurecimento nas relações como estudantes, futuros profissionais, naquele momento membros de uma equipe interdisciplinar. Compreende-se que cada ser tem sua própria forma de pensar, agir e fazer segundo seu corpo de conhecimentos teóricos e práticos. Respeitar esta territorialidade é premissa básica para o bom andamento de um trabalho em equipe com pretensões que vão além da multidisciplinaridade.

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4. CONCLUSÃO

E

ste artigo teve como objetivo relatar a experiência vivenciada por dois enfermeiros, enquanto estudantes, na Liga Acadêmica para o Estudo da Dor da UFBA, visando contribuir com o aprofundamento dos estudos interdisciplinares sobre dor. Considerou-se a experiência como enriquecedora para o processo ensinoaprendizagem na assistência de enfermagem à pessoa com dor. Durante o período, teve-se oportunidade de desenvolver estudos e de lidar com a diversidade de posicionamentos e opiniões, o que auxiliou na ampliação do entendimento da dor em suas interfaces. Pertencer à Liga também auxiliou quanto à incipiência da abordagem do assunto no currículo da graduação em Enfermagem. Por fim, consideramos a experiência como muito produtiva, mas entendemos que estudar, discutir, praticar e compartilhar ideias e sensações com um grupo multiprofissional possibilitou-nos compreender mais amplamente os fatores multidimensionais e valorizar a vivência no contexto real do trabalho nos quais interagem as pessoas em situação álgica, agregando os conhecimentos diversos a fim de dispensar o melhor cuidado viabilizando-se o alívio e o conforto. No entanto, entendemos que este é um processo complexo e não se esgota em um período tão curto. Pertencer à LAED despertou para a responsabilidade profissional e social diante dos cidadãos que têm o curso de suas vidas interceptado pela dor.

REFERÊNCIAS TEXEIRA, M.J. et al. Abordagem multi e interdisciplinar de pacientes com dor crônica. In: LEÃO, E.R. Dor – 5º Sinal Vital: reflexões e intervenções de enfermagem. 1. ed. Curitiba: Maio; 2004.

VILELA, E.M; MENDES, I.J.M. Interdisciplinaridade e saúde: estudo bibliográfico. Rev. Latino-am. Enferm., v. 4, n. 11; 2003; p. 525-31.

KRELING, M.C.G.D; CRUZ, D.A.L.M; PIMENTA, C.A.M. Prevalência de dor crônica em adultos. Rev Bras Enferm., v. 59, n. 4; 2006; p. 509-13.

OLIVEIRA, R.M.; SILVA, L.M.S.; LEITÃO, I.M.T.A. Análise dos saberes e práticas sobre a avaliação da dor no contexto hospitalar. Rev Enferm UFPE on line., v. 4, n. 3; 2010; p. 53-61. Disponível em: <http://www.ufpe.br/revistaenfermagem/ind ex.php/revista/article/view/995/pdf_132>. Acesso em: 27 out. 2010.

TEIXEIRA, M.J. et al. Dor no Brasil: estado atual e perspectivas. In: TEIXEIRA, M.J; CORRÊA, C.F; PIMENTA, C.A.M. org. Dor: conceitos gerais. São Paulo (SP): Limay; 1995.

FURTADO, M,S. et al. Refletindo sobre a interdisciplinaridade na formação acadêmica através dos projetos de extensão. Rev Enferm UFPE on line, v. 4, n. spe; 2010; p. 346-52. Disponível em: <http://www.ufpe.br/revistaenfermagem/ind ex.php/revista/article/view/1024/pdf_94>. Acesso em: 27 out. 2010.

BAHIA. Universidade Federal da Bahia. Pró-Reitoria de Extensão. Estatuto da Liga Acadêmica para o estudo da Dor. Salvador: 2001. PEDUZZI, M. Equipe multiprofissional de saúde: conceito e tipologia. Rev. Saúde Pública, v. 35, n. 1; 2001; p. 103-9.

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Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência Valdenir Almeida da Silva Enfermeiro, mestre em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia, membro do Núcleo de Estudo para Valorização do Envelhecimento – NEVE Salvador, BA E-mail: valdenirenf@yahoo.com.br Katiany Pereira Sampaio Enfermeira, Pós-Graduada em Enfermagem do Trabalho Salvador, BA E-mail: kati.sampaioenf@yahoo.com.br SILVA, V.A.; SAMPAIO, K.P. Estudo da dor em um contexto interdisciplinar: relato de experiência. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 64-70, dez.-jan., 20132014.

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Água: um recurso vital e barato de preservar Nuno Domingues Engenheiro Mestre Eletrotécnico Lisboa, Portugal E-mail: nndomingues@gmail.com DOMINGUES, N. Água: um recurso vital e barato de preservar. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 71-79, dez.-jan., 2013-2014. RESUMO A água é um fator essencial à vida e ao desenvolvimento humano, quer em termos de quantidade quer em termos de qualidade. A sua preservação e fundamental. Numa habitação há um enorme desperdício de água que pode ser facilmente aproveitada para fins não

potáveis sem custos e sem perda de conforto. Mas um grande aproveitamento gratuito e a água da chuva, que «nos cai do céu de graça. Esta comunicação apresenta um caso de estudo de um apartamento no centro de uma grande cidade.

Palavras-chave: Pluviosidade; aproveitamento pluvial; construção eficiente

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1. INTRODUÇÃO

A

s figuras seguintes mostram o índice de pluviosidade nacional para o ano de 2010:

Figura: Precipitação de 2010 Fonte: Instituto de Meteorologia, Portugal, (http://www.meteo.pt/pt/oclima/acompanhamento/index.jsp?selTipo=m&selVar=rr&selAno=-1)

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Verifica-se que a água pluvial é um recurso renovável, abundantemente em várias alturas do ano (em certas zonas) e gratuito. Assim, porque não aproveitá-lo para fins não potáveis? A figura seguinte mostra a capitação urbana, i.e., o consumo médio por habitante da cidade:

Em Portugal, a capitação urbana é cerca de 25% inferior à média europeia e cerca de 45% inferior à média do sudoeste europeu. Apesar disso, há melhorias que podem ser implementadas de modo a preservar melhor este recurso, sem perder qualidade de vida. As figuras seguintes mostram a matriz da água na cidade de Lisboa (dados de 2004):

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Dos 94 milhões de m3 de água potável que entraram em Lisboa em 2004, 74,5 milhões de m3 correspondem a consumo efetivo e 19,5 milhões de m3 a perdas físicas resultantes de fugas e/ou rupturas na rede de distribuição. Verifica-se também que 60 milhões de m3 de água são de precipitação. O consumo total de água potável no Concelho de Lisboa ascende a cerca de 74,5 milhões de m3, o que representa 12% do consumo total de água potável em Portugal. Atendendo ao número de habitantes no Concelho de Lisboa (556.797), o consumo urbano diário de água per capita é de cerca de 367 Litros/habitante. Do total, os consumos em Lisboa dividem-se pelos seguintes setores:

Figura: Consumo de água de Lisboa Fonte: (Matriz da Água de Lisboa, 2004, Lisboa E-Nova-Agência Municipal de EnergiaAmbiente de Lisboa)

O abastecimento de água potável no Conselho de Lisboa é proveniente de captações superficiais (Barragem do Castelo de Bode: 61% e Valada Tejo: 23%) e captações subterrâneas (Nascente Olhos de Água: 4% e Outros: 12%). Os custos do fornecimento de água potável aos clientes são cada vez maiores e isso reflete-se no preço. A água que alimenta as cidades percorre centenas de km, com complexos circuitos de tratamento, monitorização, controle e distribuição. Assim, deve-se poupar água com diversas práticas comportamentais (como por exemplo, fechar a torneira enquanto escovamos os dentes e o chuveiro enquanto nos ensaboamos) e tecnológicas (como por exemplo, adquirir adaptadores para reduzir o caudal das torneiras mas manter o volume de saída). Mas, além de economizar água, pode-se rentabilizá-la melhor. Hoje em dia, na grande maioria dos edifícios, a água pluvial vai diretamente para o sistema de esgoto, mas boa parte dela pode ser facilmente reutilizada. A água passou a ser um bem tão raro que as utilizações de água potável para fins não potáveis já não fazem sentido e devem ser evitadas. Em Lisboa, o consumo doméstico divide-se nas seguintes utilizações:

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Figura: Consumo doméstico de água Fonte: (Matriz da Água de Lisboa, 2004, Lisboa E-Nova-Agência Municipal de EnergiaAmbiente de Lisboa)

2. CASO DE ESTUDO

N

uma habitação pode-se utilizar a água pluvial para os autoclismos, lavar roupa e loiça na máquina, nos ferros de caldeira, etc. Basta ter torneiras externas dedicadas. A água pluvial não contém impurezas e químicos (como o calcário) que corroem e estragam as máquinas como a água da torneira. Por isso, a lavagem de metais (como manípulos das torneiras) com água pluvial tem a vantagem de não deixar manchas quando seca e não é necessário utilizar tanto os produtos de limpeza (o que é importante para quem tem alergias ou para as grávidas, mas também para a carteira). A água pluvial pode servir também para lavar os carros. Nos condomínios, a água pluvial pode ser utilizada para lavar as partes comuns e para lavagens gerais. A água pluvial utilizada para fins não potáveis pode fazer poupar entre 30 a 50% da água para consumos domésticos. Em locais com grandes áreas ajardinadas e campos de golfe, só isso já é suficiente, uma vez que toda a água da chuva será reaproveitada e bem utilizada, mas podem ser adaptados a sistemas de irrigação para as lavouras que sejam mais eficientes (como o sistema gota-a-gota). Os consumos de água da Câmara Municipal de Lisboa por utilização são os seguintes:

Figura: Consumo de água da Câmara Municipal de Lisboa Fonte: (Matriz da Água de Lisboa, 2004, Lisboa E-Nova-Agência Municipal de EnergiaAmbiente de Lisboa)

Em 2004, a utilização de água não potável na cidade de Lisboa ultrapassou os 80% (jardins, lavagem de ruas, bombeiros, piscinas, etc).

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Sintra, sendo uma cidade periférica com mais espaços verdes e ajardinados, utilizou 66,6% da água para regas. A figura seguinte apresenta a distribuição por utilização para esta cidade:

Nos serviços públicos, zonas de grande comércio ou empresas com muitos funcionários, a água tem maioritariamente fins não potáveis, por isso o aproveitamento das águas pluviais para fins sanitários e de limpeza é importante. Em diversas indústrias a água pluvial pode até ser utilizada para arrefecimento de equipamentos e máquinas, com a mesma vantagem e reduzindo significativamente os custos. Em zonas de abastecimento deficiente, a disponibilidade de recursos hídricos armazenados gera autonomia. Nos serviços de combate a fogos, pode servir como reserva para abastecimento das viaturas após combate aos incêndios. Captar a água pluvial para uma futura utilização não só é uma prática econômica e ecológica, mas também boa para o sistema de abastecimento e tratamento. A água é uma fonte da natureza que está a ser canalizada ou engarrafada e, através de uma infraestrutura, distribuída aos consumidores. A isto está associado um sistema tarifário e de taxação que é suportado pelos consumidores e pelos contribuintes. Além disso, diminui a quantidade de água que vai para o sistema público de esgotos para ser tratado e diminui as descargas de grandes quantidades em pouco tempo reduzindo o perigo de cheias, entupimentos e rebentamentos de canos nas épocas de chuva forte. Isso é mais provável em regiões com grandes áreas impermeabilizadas, como as grandes cidades e suas periferias. As figuras seguintes mostram a impermeabilização do solo nalgumas cidades e nas diversas freguesias de Lisboa, respectivamente. Em nível internacional verifica-se que Lisboa é uma, mas cidades com maior impermeabilização do solo. Em nível local verifica-se que existem muitas freguesias com a quase totalidade do seu solo impermeabilizado. Este é um fato de risco de cheia e de inundações.

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Figura: Inundações Fonte: (EEA, 2011, disponível em: <http://www.eea.europa.eu/articles/urban-soil-sealing-ineurope>)

Figura: Impermeabilização do solo em Lisboa Source: Construção Sustentável 2011, http://construcaosustentavel.pt

3. ENQUADRAMENTO LEGAL

P

rograma Nacional para o Uso Eficiente da Água (Resolução do Conselho de Ministros n.º 113/2005, de 30 de Junho), Plano Nacional da Água (D.L. n.º 112/2002, de 17 de Abril), Lei da Água (Lei n.º 58/2005, de 29 de Dezembro, que transpõe a Directiva 2000/60/CE) e Plano Estratégico de Abastecimento de Água

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e Saneamento de Águas Residuais para o período 2007-2013 (PEAASAR II, Despacho n.º 2339/2007, de 14 de Fevereiro). 4. CONCLUSÕES

H

á duas possibilidades de se efetuar o aproveitamento: ter o depósito no telhado logo abaixo dos coletores ou ter o depósito num piso inferior e depois fazer a elevação e dar pressão da água através de uma bomba. Existem 4 grandes inconvenientes neste último sistema: ser mais caro, o sistema extra de válvulas (e sua manutenção e limpeza), o consumo da bomba e a possibilidade da bomba desferrar por falta de água do tanque (requer equipamento extra como uma bóia ou um sensor de nível). Para utilizações domésticas, basta o depósito estar no piso de cima para se poder utilizar, mas é conveniente estar a dois andares de altura (cerca de 6 metros) para ter pressão suficiente para funcionar para as máquinas de lavar louça e roupa. Sem água de qualidade, adaptada aos usos necessários, põe-se em risco a saúde pública, por isso é necessário não permitir um contacto entre a água pluvial e a água da rede, para evitar assim um possível contagio e/ou contaminação da água da rede. Há legislação Europeia sobre isto. Uma outra forma de aproveitar a água é reutilizar (por exemplo, nas sanitas e nas regas) as águas cinzentas ou saponáceas (por exemplo, as que foram utilizadas nos banhos ou chuveiros). Para os consumidores de forma geral, este sistema pode ter um aspecto educativo: ter um recurso guardado num espaço finito conduz a medidas de poupança e gestão que podem sensibilizar para a correta utilização dos restantes recursos e energia. Os recursos hídricos, por serem essenciais ao Desenvolvimento Sustentável em todas as suas dimensões são uma das grandes questões estratégicas no cenário de Alterações Climáticas que caracteriza este início do século XXI. Em 2003 as Nações Unidas estabeleceram a UN-Water, uma estrutura coordenadora das atividades relacionadas com esta temática nas diversas agências da ONU. No ano seguinte, na sequência da Cimeira da Terra de Joanesburgo de 2002, as Nações Unidas declararam a década de 2005 a 2015 como sendo a Década Internacional de Ação “Água para a Vida”, conscientes da importância deste recurso para a configuração de um Desenvolvimento Sustentável e o cumprimento dos Objetivos do Milênio. As crescentes necessidades de água, a limitação dos recursos hídricos e os conflitos entre alguns usos exigem que o planejamento e a gestão da utilização da água se façam em termos racionais e otimizados. A qualidade da água para consumo humano é um indicador de desenvolvimento de um país. Racionalizar os recursos hídricos é uma nova maneira de enfrentar os problemas trazidos pela urbanização.

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REFERÊNCIAS REFERÊNCIAS INSTITUTO DE METEOROLOGIA, Portugal. Disponível em: <http://www.meteo.pt/pt/oclima/acompa nhamento/index.jsp?selTipo=m&selVar =rr&selAno=-1>.

BANCO MUNDIAL. Disponível em: <http://www.worldbank.org/>. [4] INAG. <http://www.inag.pt/>. [5] EPAL. <http://www.epal.pt/epal/>.

EUROSTAT. Disponível em: <http://epp.eurostat.ec.europa.eu/portal /page/portal/eurostat/home/>.

CONSTRUÇÃO SUSTENTÁVEL. <http://construcaosustentavel.pt>;

Água: um recurso vital e barato de preservar Nuno Domingues Engenheiro Mestre Eletrotécnico Lisboa, Portugal E-mail: nndomingues@gmail.com DOMINGUES, N. Água: um recurso vital e barato de preservar. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 17, p. 71-79, dez.-jan., 2013-2014.

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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre


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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

SEMINÁRIO CIENTÍFICO DO VAREJO FARMACÊUTICO De 30 a 31 de janeiro de 2014. Local: Porto Alegre/Santa Maria, RS Saiba mais em: http://ictq.com.br/portal/seminarios/iii-seminario-cientifico-do-varejofarmaceutico%23ixzz2n0WCnItN

IV MOSTRA NACIONAL DE EXPERIÊNCIAS EM ATENÇÃO BÁSICA / SAÚDE DA FAMÍLIA De 12 a 15 de março de 2014. Local: Brasília, DF. Saiba mais em: http://www.mostrasaude.net/

3º ENCONTRO DOS COMITÊS DE ÉTICA EM PESQUISA Em 20 de março de 2014. Local em: Bauru, SP. Saiba mais em: http://www.centrinho.usp.br/eventos/info/historico.php?id=37

SIMPÓSIOS DE ENFERMAGEM, FISIOTERAPIA, PERFUSÃO / CONGRESSO ACADÊMICO EM CIRURGIA CARDIOVASCULAR / SIMPÓSIO CONJUNTO COM A ASSOCIAÇÃO DE MEDICINA INTENSIVA BRASILEIRA (AMIB) De 03 a 05 de abril de 2014. Local: Porto de Galinhas, PE. Saiba mais em: http://www.sbccv.org.br/41congresso/inscricoes.asp

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11º CONGRESSO INTERNACIONAL DA REDE UNIDA De 10 a 13 de abril de 2014. Local: Fortaleza, CE. Saiba mais em: http://www.redeunida.org.br/congresso2014

IV SIMPÓSIO ACADÊMICO DE BIOLOGIA MARINHA De 18 a 23 de agosto de 2014. Local: Tramandaí, RS. Saiba mais em: http://www.sabmar.com.br/

IV SIMPÓSIO ACADÊMICO DE BIOLOGIA MARINHA De 18 a 23 de agosto de 2014. Local: Tramandaí, RS. Saiba mais em: http://www.sabmar.com.br/

XVII SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA E FISIOTERAPIA EM TERAPIA INTENSIVA De 03 a 06 de setembro de 2014. Local: Salvador, BA. Saiba mais em: http://www.sifr.com.br/

XXIII CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO / V CONGRESSO IBEROAMERICANO DE NUTRIÇÃO / III SIMPÓSIO IBERO-AMERICANO DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA / II SIMPÓSIO IBERO-AMERICANO DE NUTRIÇÃO EM PRODUÇÃO DE REFEIÇÕES / II SIMPÓSIO IBERO-AMERICANO DE NUTRIÇÃO CLÍNICA De 17 a 20 de setembro de 2014. Local: Vitória, ES. Saiba mais em: http://www.conbran.com.br/

SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE CIÊNCIAS DO ESPORTE De 02 a 04 de outubro de 2014. Local: São Paulo, SP. Saiba mais em: http://www.simposiocelafiscs.org.br/

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA XXX CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOLOGIA De 04 a 07 de fevereiro de 2014. Local: Porto Alegre, RS. Saiba mais em: http://www.cbz2014.com.br/site/capa

XXXVII CONGRESSO PAULISTA DE FITOPATOLOGIA De 11 a 13 de fevereiro de 2014. Local: Botucatu, SP. Saiba mais em: http://fepaf.org.br/Cont_Default.aspx?curso=907

CONGRESSO DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL – I CMAC-SUL De 19 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Curitiba, PR. Saiba mais em: http://cmac.org.br/sul/2014/home

II CONGRESSO MINEIRO DE ENGENHARIA DE ALIMENTOS De 19 a 22 de fevereiro de 2014. Local: Lavras, MG. Saiba mais em: http://www.cmeaufla.com/site/cmea_2014.php

III SIMPÓSIO EM PRODUÇÃO ANIMAL E RECURSOS HÍDRICOS – SPARH De 20 a 21 de março de 2014. Local: São Carlos, SP. Saiba mais em: http://www.cppse.embrapa.br/III-sparh

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1º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ONCOLOGIA VETERINÁRIA De 21 a 23 de março de 2014. Local: Botucatu, SP. Saiba mais em: http://www.fmvz.unesp.br/#!/eventos/1-simposio-internacional-deoncologia-veterinaria/

XII Congresso APA – Produção e Comercialização de Ovos De 25 a 27 de março de 2014. Local: Ribeirão Preto, SP. Saiba mais em: http://www.funep.org.br/mostrar_evento.php?idevento=389

XII SIMPÓSIO ÍTALO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL De 02 a 04 de julho de 2014. Local: Natal, RN. Saiba mais em: http://www.abes.locaweb.com.br/XP/XP-EasyPortal/Site/XPPortalPaginaShow.php?id=743

XLIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA De 27 a 31 de julho de 2014. Local: Campo Grande, MS. Saiba mais em: http://www.sbea.org.br/conbea2013/

SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE CANOLA - SLAC De 19 a 21 de agosto de 2014. Local: Passo Fundo, RS. Saiba mais em: http://www.cnpt.embrapa.br/eventos/2013/slac/index.html

X SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA De 18 a 23 de outubro de 2014. Local: Manaus, AM. Saiba mais em: http://www.sinageo.org.br/index2.php

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

III SEMINÁRIO NACIONAL DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO De 28 a 31 de janeiro de 2014. Local: Itabaiana, SE. Saiba mais em: http://marcomtulio.wix.com/senal/

CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014 (CONAE) De 17 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Brasília, DF. Saiba mais em: http://conae2014.mec.gov.br/index.php

IV CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE PROFESSORADO PRINCIPIANTE E INSERÇÃO PROFISSIONAL À DOCÊNCIA De 19 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Curitiba, PR. Saiba mais em: http://www.congreprinci.com.br/

18º ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO De 25 a 28 de abril de 2014. Local: Maceió, AL. Saiba mais em: http://www.eread.com.br/

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II CONGRESSO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES De 07 a 09 de abril de 2014. Local: Águas de Lindoia, SP. Saiba mais em: http://www.geci.ibilce.unesp.br/logica_de_aplicacao/site/index_1.jsp?id_evento=31

7º SEMINÁRIO NACIONAL O PROFESSOR E LEITURA DO JORNAL De 24 a 25 de abril de 2014. Local: Campinas, SP. Saiba mais em: http://correio.rac.com.br/correio_escola/7seminario/index.php

XII SEMINÁRIO DE LINGUÍSTICA APLICADA / VIII SEMINÁRIO DE TRADUÇÃO De 30 de abril a 03 de maio de 2014. Local: Salvador, BA. Saiba mais em: http://www.slastrad2014.ufba.br/

II WORKSHOP SOBRE GRAMATICALIZAÇÃO De 07 a 08 de maio de 2014. Local: Niterói, RJ. Saiba mais em: http://www.workshopgramaticalizacao.uff.br/

SITRE – SIMPÓSIO INTERNACIONAL, TRABALHO, RELAÇÕES DE TRABALHO, EDUCAÇÃO E IDENTIDADE De 26 a 28 de maio de 2014. Local: Belo Horizonte, MG. Saiba mais em: http://www.sitre.cefetmg.br/

XVII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ALFAL De 14 a 19 de julho de 2014. Local: João Pessoa, AL. Saiba mais em: http://www.alfal2014brasil.com/

XVII ENDIPE – ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO De 11 a 14 de novembro de 2014. Local: Fortaleza, CE. Saiba mais em: http://endipe.pro.br/site/xvii-endipe2014/

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Figura: Nelson Mandela Fonte: (WIKIPÉDIA / SOUTH AFRICA THE GOOD NEWS, 2008)

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