Revista Espaço Científico Livre n 18

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ESPAÇO CIENTÍFICO

ISSN 2236-9538 BRASIL, N.18, FEV.-MAR., 2014

REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E RESUMOS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.

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Artigos nas áreas das Ciências Biológicas e Saúde, Ciências Humanas e Sociais & Ciências Exatas e da Terra


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SUMÁRIO EDITORIAL

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ARTIGOS Relações interpessoais nas famílias de dependentes químicos Por Aline Araújo Freitas Silva e Nairan Morais Caldas

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A importância das formas de aplicação da terapia nutricional oral para maior adesão de pacientes oncológicos Por Juliana Corrêa do Nascimento, Derlyane Consolação Simão de Paiva, Bethânia Estevam Moreira Cabral, Ana Carolina Ferreira Félix, Marina Sant’Anna Lopes e Dayse Xavier Amaro Levate

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Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola – relato de uma experiência positiva Por Raquel Tonioli Arantes do Nascimento

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CIF: um passo à frente na história da Fisioterapia brasileira Por Rivaldo Rodrigues Novaes Junior e Eduardo Santana de Araujo

48

Análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material particulado originado da queima de combustíveis Por José Flávio Rocha Gonçalves e Luciana Mascena Silva

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EVENTOS ACADÊMICOS

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NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

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BRASIL, N.18, FEV.-MAR., 2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


EDITORIAL Bem vindo a mais uma edição de Revista Espaço Científico Livre. Nesta edição você leitor encontrará artigos de diversos assuntos. Boa leitura e faça parte também da Revista enviando seu artigo. Boa leitura, Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre

A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação independente, a sua participação e apoio são fundamentais para a continuação deste projeto. O download desta edição terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico.

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Os membros do Conselho Editorial colaboram voluntariamente, sem vínculo empregatício e sem nenhum ônus para a Espaço Científico Livre Projetos Editoriais. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.

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CONSELHO EDITORIAL Claudete de Sousa Nogueira Graduação em História; Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão Educação a Distância; Mestrado em História; Doutorado em Educação; Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Davidson Araújo de Oliveira Graduação em Administração; Especialização em Gestão Escolar, Especialização em andamento em: Marketing e Gestão Estratégica, em Gerenciamento de Projetos, e em Gestão de Pessoas; Mestrado profissionalizante em andamento em Gestão e Estratégia; Professor Substituto da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ederson do Nascimento Graduação em Geografia Licenciatura e Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professor Assistente da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Edilma Pinto Coutinho Graduação em Engenharia Química; Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho; Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos; Doutorado em Engenharia de Produção; Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Francisco Gabriel Santos Silva Graduação em Engenharia Civil; Especialização em Gestão Integrada das Águas e Resíduos na Cidade; Mestrado em Estruturas e Construção Civil; Doutorado em andamento em Energia e Ambiente; Professor Assistente 2 da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Jacy Bandeira Almeida Nunes Graduação em Licenciatura em Geografia; Especialização: em Informática Educativa, em Planejamento e Prática de Ensino; em Planejamento e Gestão de Sistemas de EAD; Mestrado em Educação e Contemporaneidade; Professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Joseane Almeida Santos Nobre Graduação em Nutrição e Saúde; Mestrado em Ciência da Nutrição (Professor da Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (METROCAMP).

Josélia Carvalho de Araújo Graduação em Geografia - Licenciatura; Graduação em Geografia - Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professora Assistente II da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Juliana Teixeira Fiquer Graduação em Psicologia; Especialização em Formação em Psicanálise; Mestrado em Psicologia (Psicologia Experimental); Doutorado em Psicologia Experimental; Pós-Doutorado; Atua no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo. Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; e Doutorado em andamento em Enfermagem. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; e Pós-Doutorado.

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CONSELHO EDITORIAL Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; Doutorado em andamento em Enfermagem; Professora assistente I do Centro Universitário Estácio do Ceará. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; Pós-Doutorado; Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí. Márcio Antonio Fernandes Duarte Graduação em Licenciatura Em Ciências; Graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda; Mestre em em design, pela FAAC-Unesp; Professor da Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista (FAIP). Maurício Ferrapontoff Lemos Graduação em Engenharia de Materiais; Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais; Doutorado em andamento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais; Pesquisador Assistente de Pesquisa III do Instituto de Pesquisas da Marinha. Messias Moreira Basques Junior Graduação em Ciências Sociais; Mestrado em Antropologia Social; Professor substituto da Universidade Federal de São Carlos (UFSCAR). Osvaldo José da Silveira Neto Graduação em Medicina Veterinária; Especialização em Defesa Sanitária Animal; Mestrado em Ciência Animal; Doutorado em andamento em Ciência Animal; Professor de Ensino Superior, Classe III da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Reinaldo Monteiro Marques Graduação em Educação Física; Graduação em Pedagogia; Graduação em Fisioterapia; Especialização: em Técnico Desportivo de Especialização em Voleibol, em Técnico Desportivo de Especialização em Basquetebol, em Fisioterapia Desportiva; Mestrado em Odontologia; Doutorado em Biologia Oral; Coordenador Apefeiçoamento Fisio Esportiva da Universidade do Sagrado Coração. Richard José da Silva Flink Graduação em Engenharia Quimica; Especialização em: Engenharia de Açúcar e Álcool, em Administração de Empresas, em em Engenharia de Produção; Mestrado em Engenharia Industrial; Doutorado em Administração de Empresas; Atua no Instituto de Aperfeiçoamento Tecnológico. Verano Costa Dutra Farmacêutico Industrial; Habilitação em Homeopatia; Mestrado em Saúde Coletiva; Professor do Curso de Enfermagem e Farmácia da FACIDER (Colider – MT).

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COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Editora da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais - Graduada em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO AUTORES Aline Araújo Freitas Silva Docente Assistente do Departamento de Saúde da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Campus Itabuna, Bahia. Pós-graduada em saúde mental em nível de especialização pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC)

José Flávio Rocha Gonçalves Graduando em Engenharia de Informática pela Universidade Federal de Ceará (UFC)

Ana Carolina Ferreira Félix Pós-graduanda em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo

Luciana Mascena Silva Licenciada em Biologia

Bethânia Estevam Moreira Cabral Pós-graduada em Administração Hospitalar pela Faculdade São Camilo Dayse Xavier Amaro Levate Pós-graduada em Nutrição Clínico-esportiva pela Faculdade Castelo Branco

Derlyane Consolação Simão de Paiva Pós-graduanda em Segurança Nutricional e Qualidade dos Alimentos pela Universidade Gama Filho Eduardo Santana de Araujo Fisioterapeuta, Mestre e Doutor em Saúde Pública

Juliana Corrêa do Nascimento Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS)

Marina Sant’Anna Lopes Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS) Nairan Morais Caldas Docente do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Mestre em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie Rivaldo Rodrigues Novaes Junior Fisioterapeuta, Especialista em Administração de Serviços de Saúde BRASIL, n.18, FEV.-MAR., 2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Moluscos e Saúde Pública em Santa Catarina:

subsídios para a formulação estadual de políticas preventivas sanitaristas

de Aisur Ignacio Agudo-Padrón, Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado e Kay Saalfeld O presente trabalho busca preencher uma lacuna nos estudos específicos e sistemáticos sobre a ocorrência e incidência/ emergência geral de doenças transmissíveis por moluscos continentais hospedeiros vetores no território do Estado de Santa Catarina/SC, relacionadas diretamente ao saneamento ambiental inadequado e outros impactos antrópicos negativos ao meio ambiente.

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Métodos de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos: Aplicações em Dessalinização de Sandro Jucá e Paulo Carvalho A presente publicação apresenta uma descrição de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos com três métodos distintos. Tendo como base estes métodos, é disponibilizado um programa de dimensionamento e análise econômica de uma planta de dessalinização de água por eletrodiálise acionada por painéis fotovoltaicos com utilização de baterias. A publicação enfatiza a combinação da capacidade de geração elétrica proveniente da energia solar com o processo de dessalinização por eletrodiálise devido ao menor consumo específico de energia para concentrações de sais de até 5.000 ppm, com o intuito de contribuir para a diminuição da problemática do suprimento de água potável. O programa proposto de dimensionamento foi desenvolvido tendo como base operacional a plataforma Excel® e a interface Visual Basic®.

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Mulheres Negras:

Histórias de Resistência, de Coragem, de Superação e sua Difícil Trajetória de Vida na Sociedade Brasileira de Adeildo Vila Nova e Edjan Alves dos Santos O desafio de estudar a trajetória de mulheres negras e pobres que em sua vida conseguiram romper as mais diversas adversidades e barreiras para garantir sua cidadania, sua vida, foi tratada pelos jovens pesquisadores com esmero, persistência e respeito àquelas mulheres “com quem se encontraram” para estabelecer o diálogo que este livro revela nas próximas páginas, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Serviço Social.

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AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PIGMENTOS PRODUZIDOS POR BACTÉRIAS DO GÊNERO Serratia ISOLADAS DE SUBSTRATOS AMAZÔNICOS de Raimundo Felipe da Cruz Filho e Maria Francisca Simas Teixeira Existem diversos pigmentos naturais, principalmente de origem vegetal, mas poucos estão disponíveis para aproveitamento industrial, pois são de difícil extração, custo elevado no processo de extração ou toxicidade considerável para o homem ou meio ambiente. A atual tendência por produtos naturais promove o interesse em explorar novas fontes para a produção biotecnológica de pigmentos para aplicação na indústria. Este trabalho teve como objetivo a identificação de espécies de Serratia, e entre estas, selecionar uma produtora de maior quantitativo de pigmentos de importância para a indústria alimentícia e farmacêutica.

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O HOMEM, A MORADIA E AS ÁGUAS: A CONDIÇÃO DO “MORAR NAS ÁGUAS” de Moacir Vieira da Silva & Josélia Carvalho de Araújo

Este livro é um estudo que objetiva analisar as imposições socioeconômicas inerentes à condição do “morar” numa área susceptível a alagamentos, no bairro Costa e Silva, Mossoró/Rio Grande do Norte.

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FLUXO DE CO2 DE VEGETAÇÃO INUNDADA POR REPRESAMENTO – QUANTIFICAÇÃO PRÉ ALAGAMENTO de André Luís Diniz dos Santos Alguns estudos recentes indicam que lagos de usinas Hidrelétricas podem emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa, pela liberação de CO2 oriundo da decomposição aeróbica de biomassa de floresta morta nos reservatórios que se projeta para fora da água, e pela liberação de metano oriundo da decomposição anaeróbica de matéria não-lignificada (plantas herbáceas das zonas de desplacamento e macrófitas). No entanto, para quantificar a quantidade de gases de efeito estufa liberada para a atmosfera devido ao alagamento por barragens, é necessário quantificar também o fluxo de CO2 da vegetação que ali estava anteriormente ao represamento. Este trabalho procura descrever um método para calcular o fluxo de gás carbônico da vegetação antes de ser alagada, utilizando o SVAT de interação superfície vegetação atmosfera conhecido como ISBA baseado em Noilhan e Planton (1989); Noilhan e Mahfouf (1996).

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O RINGUE ESCOLAR: O AUMENTO DA BRIGA ENTRE MENINAS de Maíra Darido da Cunha

Esta obra contextualiza historicamente as relações de gênero ao longo da história; identificando em qual gênero há a maior ocorrência de brigas; assim como, elencar os motivos identificados pelos alunos para a ocorrência de violência no ambiente escolar.

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CONSTRUÇÕES GEOGRÁFICAS: teorizações, vivências e práticas Organizadores: Josélia Carvalho de Araújo Maria José Costa Fernandes Otoniel Fernandes da Silva Júnior

Este livro pretende ser uma fonte na qual os profissionais da geografia podem encontrar diversas possibilidades de não apenas refletirem sobre, mas de serem efetivos sujeitos de novas práticas e novas vivências, frente às novas configurações territoriais que se apresentam no mundo atual, marcada por processos modernos e pós-modernos.

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Metodologia do ensino da matemática frente ao paradigma das novas tecnologias de informação e comunicação: A Internet como recurso no ensino da matemática de Paulo Marcelo Silva

Rodrigues Este livro analisa alguns exemplos de recursos encontrados na Internet, ligados a área da Matemática. Especialmente, os aspectos pedagógicos dos mesmos, com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento das relações entre professor e aluno.

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A importância das formas de aplicação da terapia nutricional oral para maior adesão de pacientes oncológicos Juliana Corrêa do Nascimento Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS) Muriaé, MG E-mail: juliana.nascimento@hotmail.com Derlyane Consolação Simão de Paiva Pós-graduanda em Segurança Nutricional e Qualidade dos Alimentos pela Universidade Gama Filho Muriaé, MG E-mail: derlyane_simao@hotmail.com Bethânia Estevam Moreira Cabral Pós-graduada em Administração Hospitalar pela Faculdade São Camilo Muriaé, MG E-mail: bethania_cabral@yahoo.com.br Ana Carolina Ferreira Félix Pós-graduanda em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo Muriaé, MG E-mail: carol.ferreira.felix@gmail.com Marina Sant’Anna Lopes Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS) Muriaé, MG E-mail: ninasantanna@gmail.com Dayse Xavier Amaro Levate Pós-graduada em Nutrição Clínico-esportiva pela Faculdade Castelo Branco Muriaé, MG E-mail: dayseamaro@ig.com.br NASCIMENTO, J.C. et al. A importância das formas de aplicação da terapia nutricional oral para maior adesão de pacientes oncológicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), n. 18, p. 18-30, fev.-mar., 2014. RESUMO O objetivo do presente estudo foi elaborar preparações práticas, simples, de baixo custo, enriquecidas com suplementação

nutricional em pó, e posteriormente avaliar a aceitação dos pacientes em tratamento oncológico em um hospital especializado

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na cidade de Muriaé-MG. Foram escolhidas seis receitas levando em consideração a facilidade, praticidade e custo das mesmas. Todas as receitas foram acrescidas de suplemento nutricional em pó e ofertadas aos pacientes das unidades de internação, que após a degustação, preencheram uma ficha de aceitação com escala hedônica híbrida com as opções: adorei, gostei, indiferente, não gostei e detestei e as faces relativas a estas opções. Os resultados encontrados mostraram que as preparações vitamina de banana e mel, arroz doce e cocada cremosa obtiveram melhor aceitação quando comparadas com as demais, apenas as opções “gostei” e “adorei” foram escolhidas. Já as

preparações como creme de papaia e o creme de cenoura e mandioquinha foram as que apresentaram maior rejeição, sendo assinaladas as opções “detestei”, “não gostei” e “indiferente”. Conclui-se que as preparações oferecidas apresentaram boa aceitação pelos pacientes, e que as mesmas enriquecidas com a suplementação nutricional em pó oferecem maior aporte calórico, o que promove a melhoria do estado nutricional e interfere diretamente na resposta do tratamento destacando a importância do desenvolvimento de diferentes práticas para aplicação da terapia nutricional oral que objetivem maior adesão do paciente oncológico.

Palavras-chave: Suplemento nutricional, desnutrição, terapia nutricional oral

1. INTRODUÇÃO

O

câncer é uma enfermidade multifatorial crônica, caracterizada pela proliferação desordenada das células anormais até a formação de uma massa de tecido, o tumor. Seu desenvolvimento pode ocorrer através das seguintes formas, interação de fatores endógenos (causados pela dieta), fatores ambientais, além de alterações genéticas que ocorrem nos tecidos (GARÓFOLO, A. et al., 2004; JORDE et al., 2004). As modalidades terapêuticas incluem a cirurgia, a imunoterapia, a hormonioterapia, a quimioterapia e a radioterapia, estas produzem sintomas que causam náusea, vômito e inapetência alimentar, o que pode alterar e agravar o estado nutricional do paciente (ARGILÉS, 2010; ANDREOLI et al., 1994). O estado nutricional apresenta expressiva importância no tratamento do paciente oncológico. E com frequência, estes cursam com déficits nutricionais que interferem na tolerância à terapia empregada. A reduzida tolerância limita a dose e a eficácia do tratamento oncológico, resultando em toxicidade severa e diminuição dos efeitos desejados, podendo levar à morte (MERCADANTE, 1996). Alguns efeitos colaterais do tratamento de quimioterapia - náuseas, vômitos, anormalidades no paladar, alterações de preferências alimentares, mucosite, estomatite, diarreia e constipação, entre outros - são capazes de proporcionar redução da ingestão alimentar e, consequentemente, depleção do estado nutricional (DIAS et al., 2006). Os pacientes portadores de neoplasia maligna apresentam alto risco nutricional, sendo a desnutrição o diagnóstico secundário mais comum entre eles (WILSON, 2000). A terapia nutricional em oncologia deve contemplar inúmeras variáveis, relacionadas com o próprio tumor, com o impacto deste no metabolismo do doente e com as características individuais de cada paciente (WAITZBERG, 2004). A via oral é preferencial sempre que o paciente mantiver condições de deglutição, sem apresentar comprometimento em seu nível de consciência. O ato de alimentar-se de

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maneira tradicional está diretamente relacionado à percepção da saúde ou da doença do indivíduo por representar sensação de bem-estar ao paciente (CANDELA et al., 2008). A suplementação oral é considerada o método mais simples e menos invasivo, capaz de proporcionar maior aporte nutricional, pois fornece quantidades adequadas de nutrientes, proteínas, energia, vitaminas e minerais ao paciente (OLIVEIRA, 2007). São muitos os benefícios sugeridos da suplementação oral: o aumento do apetite, ganho de peso, diminuição da toxicidade gastrintestinal, melhora do estado de atividade, melhora da resposta imunológica, porém o alto custo e o incômodo gerado pela monotonia do sabor reduzem a aceitação pelo paciente (SCHUEREN, 2007). Hoje o mercado disponibiliza diversos tipos de suplementos nutricionais orais com fórmulas elaboradas para atender as condições clínicas que cursam as demandas nutricionais e que correspondem à oferta de nutrientes específicos. (PINHEIRO, 2011; BARACOS; MACKENZIE, 2006; ABCOUWER; SOUBA, 2003). A suplementação é composta por uma mistura de diversos macronutrientes (proteínas, carboidratos, gorduras) e micronutrientes (vitaminas, minerais e oligoelementos), possui alta densidade calórica, a maioria contêm 1.5kcal/ml a 2.4kcal/ml, variam com 300kcal por porção (125-220ml). Pode-se apresentar na forma líquida e em pó (STRATTON et al., 2003; NICE, 2006). Há também os suplementos nutricionais isentos de sabor que são bem aceitos nos pacientes em tratamento de quimioterapia devido o alto potencial de êmese. Para os pacientes com desconforto gastrintestinal são indicados os suplementos com alta densidade calórica e de baixo volume, estes ofertam calorias e proteínas adequadas com volume reduzido, favorecendo a aceitação (BENTES, 2011). Estes suplementos são administrados como complemento à dieta normal e não como substitutos de refeições. Porém é importante revelar as alterações do paladar, que podem influenciar na aceitação da suplementação nutricional nos pacientes oncológicos, nos quais as percepções do sabor e do odor estão alteradas (CLYDESDALE, 1994; HUTTON, 2006). Para o sucesso desta terapia é essencial que seja feito um trabalho educativo com o paciente de forma a informá-lo sobre o valor nutricional do suplemento, assim ele será incentivado e motivado ao uso do mesmo (HESSOV, 1997). Nesse contexto a análise sensorial pode ser uma aliada quando direciona o profissional a utilizar o produto com a melhor aceitação. O desenvolvimento de preparações atrativas e criativas que contemplem suplementos nutricionais em sua composição se faz necessário para pacientes oncológicos devido à grande prevalência de desnutrição entre eles, aliada à baixa adesão à suplementação nutricional oral observada. Quando comparados aos demais pacientes hospitalizados, cerca de 80% dos pacientes oncológicos apresentam desnutrição já no momento do diagnóstico (MARTINS; LEME; SARON, 2006), soma-se a isso as alterações de paladar originadas em consequência do tratamento antineoplásico que causa distorções na percepção do sabor dos alimentos, sensação de sabor residual metálico ou acentuada percepção do sabor amargo, o que provoca inapetência e leva o paciente a não aderir

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satisfatoriamente ou rejeitar completamente a suplementação nutricional (ELMAN; PINTO; SILVA, 2007). As deficiências na gustação reduzem o prazer e o conforto provenientes da alimentação, sendo fatores de risco para as deficiências nutricionais. Dessa forma é importante que esses pacientes com alterações na percepção do sabor possam fazer suas escolhas alimentares com base em preparações que lhes atraiam, sendo o desenvolvimento de novas preparações uma vantagem que permite melhorar a ingestão alimentar oral. Além disso, a elaboração de alimentos enriquecidos com suplementos possibilita também aumentar seu valor nutricional e contribuir para o alcance do aporte nutricional necessário (ELMAN; PINTO; SILVA, 2007). Considerando o exposto e a necessidade de divulgar preparações que auxiliem no controle da inapetência bem como resposta ao tratamento proposto, a pesquisa teve o objetivo de demonstrar a elaboração de receitas práticas, simples, de baixo custo, enriquecidas com suplementação nutricional em pó, e posteriormente avaliar a aceitação dos pacientes buscando contribuir para melhoria do estado nutricional, aumentar a adesão da suplementação, envolvendo toda equipe multidisciplinar, especialmente enfermagem. 2. METODOLOGIA

O

presente estudo foi desenvolvido com pacientes em tratamento oncológico em um hospital na cidade de Muriaé-MG, no período de setembro a novembro de 2012.

O local possui 144 leitos, realizando em média 13.500 atendimentos/mês – ambulatórios (triagem, quimioterapia e radioterapia), unidades de internação (quimioterapia, clínica/cuidados paliativos, cirúrgica), UTI, centro cirúrgico e pronto atendimento – com estimativa de 2100 casos novos para o ano de 2012. A instituição filantrópica é especializada em oncologia e possui prevalência dos seguintes cânceres: próstata (25%), mama (17%) e esôfago (7%), com taxa de ocupação de 59,9% e média de permanência de 6,7 dias. O Serviço de Nutrição e Dietética do hospital, que contempla UAN e Nutrição Clínica, produz em média 550 refeições/dia para pacientes, podendo ser específicas para atender os gostos individuais, buscando, desta forma, aumentar a ingestão alimentar. Além disso, possui refeitório próprio que distribui em média 650 refeições diárias para colaboradores e acompanhantes. O perfil por sexo na instituição é de 57,5% homens e 42,5% mulheres, sendo as neoplasias mais prevalentes na faixa etária de 46 e 55 anos (26%). Participaram do estudo, 78 pacientes que realizaram terapia nutricional oral nas unidades de internação cirúrgica, clínica e quimioterapia, no período referido. Os critérios de inclusão/exclusão foram pacientes em terapia nutricional oral contínua, estando estes internados nos setores descritos no período determinado, com possibilidade de consumo da preparação devido à dieta prescrita pelo médico. Antes da oferta foram realizadas pelas nutricionistas análise das dietas dos pacientes contidas no sistema de gestão clínica adotado pelo hospital. Inicialmente foi elaborado e entregue um folder explicativo (ANEXO I), voltado para a equipe de enfermagem. O folder trazia os benefícios da suplementação nutricional

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para o paciente e a importância do profissional de enfermagem enquanto responsável pela entrega do suplemento no hospital, ressaltando a validade de seu trabalho. Após a primeira sensibilização, foram escolhidas seis receitas levando em consideração a facilidade, praticidade e custo das mesmas. Todas foram acrescidas de suplemento nutricional em pó e preparadas pelas estagiárias no Serviço de Nutrição e Dietética da instituição, sempre sob supervisão das nutricionistas. As receitas elaboradas foram: vitaminas de banana e mel, creme de papaia, bebida de maracujá e morango, arroz doce, cocada cremosa e creme de mandioquinha e cenoura (ANEXO II). Após a realização das receitas, estas foram oferecidas aos pacientes das unidades de internação de quimioterapia, clínica e cirúrgica pelas estagiárias de nutrição juntamente com a nutricionista responsável. A coleta de dados foi realizada através de visitas aos leitos pós a degustação, onde os pacientes preencheram uma ficha de aceitação com escala hedônica híbrida (ANEXO III) no próprio leito. A escala compreendia as seguintes opções: adorei, gostei, indiferente, não gostei e detestei, bem como as fisionomias relativas a estas opções. Foi entregue um folder (ANEXO II) contendo as receitas avaliadas e informações sobre importância e benefícios da suplementação nutricional. Após isso, a aceitação foi calculada através de percentual. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

F

oram adaptadas seis receitas para serem testadas e divulgadas entre os pacientes, a fim de contribuir para que os mesmos tenham opções alimentares aceitáveis e mais palatáveis para consumirem durante o tempo de tratamento e de expressão dos sintomas. Considerou-se a praticidade um dos critérios para seleção das receitas, além do custo e possibilidade de ser enriquecida com suplementos. A Tabela 1 apresenta a aceitação dos pacientes às receitas propostas durante a realização do projeto. Tabela 1 – Teste de aceitação das receitas enriquecidas com suplemento nutricional Preparações Detestei Não gostei Indiferente Gostei Adorei (%) (%) (%) (%) (%) Vitamina de 66,6 33,6 banana e mel Creme de 5,8 5,8 11,7 47,3 29,4 papaia Bebida de 5 5 75 15 maracujá e morango Arroz doce 50 50 Cocada 44,4 55,5 cremosa Creme de 7,6 30,7 38,4 23 cenoura e mandioquinha

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Verificou-se que as preparações - vitamina de banana e mel, arroz doce e cocada cremosa - obtiveram melhor aceitação quando comparadas às demais, sendo apenas as opções “gostei” e “adorei” escolhidas. A vitamina de banana e mel apresentou 66,6% da opção “gostei” e 33,6% “adorei”. Metade dos participantes gostou e os 50% restantes adoraram a preparação do arroz doce. Já a cocada cremosa obteve 44,5% da opção “gostei” e 55,5% “adorei”. A bebida de maracujá e morango apresentou boa aceitação. Apesar de 5% dos participantes que assinalaram a opção “não gostei” e 5% “indiferente”, a maioria, 75% marcaram a opção “gostei” e 15% “adorei”. Ao analisar os resultados apresentados acima verificamos uma preferência para preparações adocicadas. Em seu estudo de revisão Silva, 2006 reforça o fato de que muitos pacientes desenvolvem intolerâncias a determinados alimentos devido a distorções na percepção de sabores e disserta sobre os estudos iniciais sobre o paladar alterado de pacientes com câncer que utilizaram um método que detecta concentração percebida de soluções de cloreto de sódio (salgado), ácido hidroclórico e cítrico (azedo), ureia (amargo) e sacarose (doce) para determinação do limiar de reconhecimento para cada um e das preferências entre eles. Alguns estudos apontam um limiar de reconhecimento elevado para o doce, sendo aumentada a preferência por alimentos com essa característica (FRANKMAN, 1998; SILVA, 2006). O creme de papaia e o creme de cenoura e mandioquinha foram os que apresentaram maior rejeição, sendo assinaladas as opções “detestei”, “não gostei” e “indiferente”. Estes somados apresentaram um percentual de 23,3% e 38,3%, respectivamente às preparações citadas. Estudos de sensibilidade de paladar, em oncologia, têm mostrado limiar diminuído para o amargo e algum aumento muito leve nos limiares para o azedo e o salgado. O limiar de paladar diminuído para o amargo foi associado à aversão a alimentos que possam produzir sabor residual amargo quando processados e também a carnes, enquanto os limiares consideravelmente baixos para sabor salgado foram correlacionados com a maior dificuldade de aceitação desses tipos de alimentos, sendo os alimentos doces de maior preferência, como citado anteriormente (FRANKMAN, 1998; SILVA, 2006; TORRES; FERREIRA, 2003). Corroborando essa ideia, Huber e Terezhalmy (2003) e Vissink et al. (2003) afirmam que pacientes em procedimento de radioterapia podem apresentar inapetência devido a perda do paladar que ocorre devido à alteração na percepção dos sabores ácido e amargo, sendo mais comumente afetada no início da irradiação, enquanto que as áreas sensíveis ao doce e salgado são atingidas conforme a continuidade do tratamento. Sabe-se que essas alterações da sensação são transitórias e o retorno da percepção dar-se-á por volta de dois a quatro meses após a radioterapia. O tratamento quimioterápico também pode apresentar diversos efeitos colaterais. Esse processo, dependendo do paciente, causa alterações no organismo, que podem ser leves ou agudas (ICESP, 2013). Os efeitos colaterais da quimioterapia e radioterapia atuam influenciando diretamente na diminuição da ingestão alimentar, o que mostra o efeito da terapia antitumoral como mais um fator que contribui para a perda ponderal nestes indivíduos. Desta forma, a dietoterapia mostra-se como um elemento importante a fim de evitar o agravamento da depleção nutricional presente nestes pacientes (TEIXEIRA, 2002).

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O Consenso Nacional de Nutrição Oncológica recomenda o início da terapia nutricional para os pacientes que se encontram desnutridos ou em risco nutricional. A suplementação oral deve ser indicada sempre que a ingestão alimentar for inferior a 75% das necessidades nutricionais por um período de até cinco dias consecutivos (BRASIL, 2009). Em um trabalho realizado com pacientes desnutridos hospitalizados evidenciou que 64% daqueles que receberam suplementação alimentar apresentaram ganho ponderal, enquanto que 73% do grupo controle apresentaram perda de peso, mostrando que aqueles que receberam suplementação nutricional durante a hospitalização aumentaram significativamente a ingestão de nutrientes e apresentaram ganho de peso, evidenciando que a suplementação alimentar oral deve ser utilizada como tratamento de escolha para pacientes desnutridos (MCWHINTER; PENNINGTON, 1996). 4. CONCLUSÃO

C

onclui-se a importância do desenvolvimento de diferentes práticas para aplicação da terapia nutricional oral que objetivem maior adesão do paciente oncológico, como por exemplo, a elaboração ou adaptação de receitas. Ressalta-se a necessidade de maior divulgação dessas práticas, visto que as receitas testadas e ofertadas aos pacientes demonstram que podem ser aliadas importantes no controle da inapetência alimentar devido a sua praticidade, facilidade de preparo e baixo custo. As preparações oferecidas apresentaram boa aceitação pelos pacientes, e quando enriquecidas com a suplementação nutricional em pó oferecem maior aporte calórico, o que promove a melhoria do estado nutricional e interfere positivamente na resposta ao tratamento. A atuação do profissional nutricionista durante o período de internação através de visitas diárias, intervenções e orientações nutricionais é indispensável para que o paciente coloque em prática e dê continuidade ao que foi proposto, em seu domicílio. Outro item relevante é a figura da equipe de enfermagem como participante tanto na distribuição quanto na adesão do paciente à suplementação através de seu cuidado contínuo. Sendo assim, o objetivo descrito foi alcançando considerando que a pesquisa veio corroborar a importância e necessidade de divulgação de práticas e políticas hospitalares que tenham como finalidade apresentar preparações testadas, buscando inovações com criatividade para utilização principalmente para o paciente oncológico.

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25


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ANEXO I

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ANEXO II

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ANEXO III Escala de aceitação Hedônica hibrida

Preparação:________________________________________________________ Nome:_________________________________________________Data __/__/__

A importância das formas de aplicação da terapia nutricional oral para maior adesão de pacientes oncológicos

Juliana Corrêa do Nascimento Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS) Muriaé, MG E-mail: juliana.nascimento@hotmail.com Derlyane Consolação Simão de Paiva Pós-graduanda em Segurança Nutricional e Qualidade dos Alimentos pela Universidade Gama Filho Muriaé, MG E-mail: derlyane_simao@hotmail.com Bethânia Estevam Moreira Cabral Pós-graduada em Administração Hospitalar pela Faculdade São Camilo Muriaé, MG E-mail: bethania_cabral@yahoo.com.br Ana Carolina Ferreira Félix Pós-graduanda em Nutrição Clínica pela Faculdade São Camilo Muriaé, MG E-mail: carol.ferreira.felix@gmail.com Marina Sant’Anna Lopes Nutricionista pela Faculdade de Minas (FAMINAS) Muriaé, MG E-mail: ninasantanna@gmail.com Dayse Xavier Amaro Levate Pós-graduada em Nutrição Clínico-esportiva pela Faculdade Castelo Branco Muriaé, MG E-mail: dayseamaro@ig.com.br

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NASCIMENTO, J.C. et al. A importância das formas de aplicação da terapia nutricional oral para maior adesão de pacientes oncológicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 22369538), n. 18, p. 18-30, fev.-mar., 2014.

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Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola – relato de uma experiência positiva CHILDREN WITH DEVELOPMENTAL DYSLEXIA IN SCHOOL - REPORT OF A POSITIVE EXPERIENCE NIÑOS CON DISLEXIA DEL DESARROLLO EN LA ESCUELA - INFORME DE UNA EXPERIENCIA POSITIVA

Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo, SP E-mail: rtonioli@gmail.com NASCIMENTO, R.T.A. Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola – relato de uma experiência positiva. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 31-37, fev.-mar., 2014. RESUMO A elaboração e a condução das atividades pedagógicas desenvolvidas para as crianças portadoras da Dislexia do Desenvolvimento tem sido um tema bastante discutido no contexto escolar, uma vez que sua etiologia embora conhecida traga certa dificuldade no momento de lidar com as atividades em sala de aula; traz também a dúvida do que se pode ter de expectativa no desenvolvimento escolar e cognitivo dos alunos portadores deste transtorno. Este

artigo procura expor, mesmo que brevemente, o conceito de Dislexia do Desenvolvimento e relata, em seguida, a experiência positiva do trabalho realizado em uma escola particular da cidade de São Paulo, mostrando o crescimento na produção de texto de uma criança após um ano de trabalho; e explica também quais os recursos utilizados para que o objetivo fosse alcançado.

Palavras-chave: Dislexia; psicopedagogia; desenvolvimento cognitivo; educação especial ABSTRACT The preparation and conduct of educational activities designed for children with Dyslexia Development has been a much discussed topic in the school context, since its known etiology but bring some difficulty when dealing with the activities in the classroom, it also brings the question of

what can be expected in the development of academic and cognitive development of students with this disorder. This article seeks to explain, even briefly, the concept of Developmental Dyslexia and reports, then the positive experience of work in a private school in the city of São Paulo,

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showing the growth in the production of text from a child after one year work, and also

explains what resources are used for which the goal was achieved.

Keywords: Dyslexia; educational psychology; cognitive development; special education RESUMEN La preparación y realización de actividades educativas para los niños con dislexia de desarrollo ha sido un tema muy discutido en el contexto de la escuela, ya que su etiología conocida, pero trae algunas dificultades cuando se trata de las actividades en el aula, sino que también trae la cuestión de lo que se puede esperar en el desarrollo de desarrollo académico y cognitivo de los alumnos con este

trastorno. En este artículo se trata de explicar, aunque sea brevemente, el concepto de dislexia evolutiva y los informes, entonces la experiencia positiva de trabajo en un colegio privado de la ciudad de São Paulo, mostrando el crecimiento en la producción de texto de un niño después de un año trabajar, y también explica por qué se utilizan los recursos para que el objetivo se logró.

Palabras clave: Dislexia; psicología de la educación; el desarrollo cognitivo; la educación especial

1. INTRODUÇÃO

O

s distúrbios ou transtornos de aprendizagem são caracterizados por uma desordem orgânica. De acordo com a definição estabelecida em 1981 pelo National Joint Comittee for Learning Disabilities (Comitê Nacional de Dificuldades de Aprendizagem), Distúrbios de aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo heterogêneo de alterações manifestas por dificuldades significativas na aquisição e uso da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas alterações são intrínsecas ao indivíduo e presumivelmente devidas à disfunção do sistema nervoso central. Apesar de um distúrbio de aprendizagem poder ocorrer concomitantemente com outras condições desfavoráveis (por exemplo, alteração sensorial, retardo mental, distúrbio social ou emocional) ou influências ambientais (por exemplo, diferenças culturais, instrução insuficiente/inadequada, fatores psicogênicos), não é resultado direto dessas condições ou influências” (COLLARES; MOYSÉS, 1992). Segundo Lefèvre (1975), que introduziu este termo, distúrbio de aprendizagem significa: Síndrome que se refere à criança de inteligência próxima à média, média ou superior à média, com problemas de aprendizagem e/ou certos distúrbios do comportamento de grau leve a severo, associados a discretos desvios de funcionamento do Sistema Nervoso Central (SNC), que podem ser caracterizados por várias combinações de déficit na percepção, conceituação, linguagem, memória, atenção e na função motora.

Fonseca (1995) traz que o distúrbio de aprendizagem está relacionado a um grupo de dificuldades específicas e pontuais, caracterizadas pela presença de uma disfunção neurológica, enquanto que a dificuldade de aprendizagem é um termo mais global e abrangente com causas relacionadas ao sujeito que aprende, aos conteúdos pedagógicos, ao professor, aos métodos de ensino, ao ambiente físico e social da escola. Ciasca e Rossini (2000, p. 66), entretanto, defendem que a dificuldade de aprendizagem é um déficit específico da atividade acadêmica, enquanto o distúrbio de

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aprendizagem é uma disfunção intrínseca da criança relacionada aos fatores neurológicos. As pessoas que apresentam algum tipo de Transtornos de Aprendizagem vivem uma situação diferente quando comparados aos indivíduos que apresentam apenas dificuldades para aprender. Uma vez diagnosticados, estes pacientes necessitam adequações específicas para conviver (pelo resto da vida) com o problema. Muitos são capazes de ter sucesso no trabalho e atingir bons níveis acadêmicos, enquanto outros, infelizmente, não. Estes distúrbios são difíceis de identificar antes do período de escolarização, mas quando as crianças são devidamente acompanhadas por seus mediadores (neste caso, a família e os integrantes do grupo escolar), cuja função é acompanhar e facilitar seu desenvolvimento, é perfeitamente possível de ser diagnosticado e intermediado (DSM IV, 2003). 2. DISLEXIA DO DESENVOLVIMENTO termo ‘dislexia’ foi usado pela primeira vez em 1887 pelo neurologista alemão R. Berlin em seu artigo “Eine Besondere Art von Wortblindheit (Dyslexia)”, cuja tradução livre é “Uma forma diferente de cegueira para palavra (Dislexia)”. No entanto, o termo ‘cegueira para palavra’ foi usado originalmente em 1878 para descrever a condição de pacientes com lesão cerebral que perderam as habilidades de leitura. Em 1896, o médico inglês Pringle Morgan descreveu uma criança com dificuldade de leitura, nomeando esta dificuldade como ‘cegueira congênita’, que o déficit encontrava-se na via visual e, portanto, durante algum tempo, a dislexia foi objeto de estudo da oftalmologia (LUKASOVA; BARBOSA; MACEDO, 2009). Na América, o conceito de “Dislexia do Desenvolvimento” foi promovido por Samuel T. Orton em um trabalho publicado em 1937 chamado ‘Reading, Wrinting and Speech Problems in Children’ (ELLIS, 1992).

O

Dislexia do Desenvolvimento é um dos transtornos que mais afetam a aprendizagem e, segundo a Associação Internacional de Dislexia, é um transtorno específico, sendo caracterizado pela dificuldade na correta e/ou fluente leitura de palavras, na escrita e nas habilidades de decodificação, interferindo na ampliação do vocabulário e conhecimentos gerais, quando se comparam sujeitos com todas as habilidades preservadas e outros com transtornos de leitura e escrita com a mesma idade, escolaridade e nível de inteligência (LUKASOVA; BARBOSA; MACEDO, 2009). Segundo o DSM IV (2003) o Transtorno de Leitura ou Dislexia é caracterizado por um rendimento da leitura inferior ao esperado considerando sua idade cronológica e nível de inteligência normal; afetar significativamente suas atividades diárias, inclusive rendimento escolar; não coexistir déficits sensoriais, além daqueles associados a este transtorno. Em indivíduos com Transtorno da Leitura ou Dislexia, a leitura oral caracteriza-se por distorções, substituições ou omissões; tanto a leitura em voz alta quanto a silenciosa caracteriza-se por lentidão e erros de compreensão (DSM IV, 2003). Na Dislexia do Desenvolvimento pesquisas tem demonstrado que áreas cerebrais envolvidas responsáveis por processos perceptuais, cognição e tarefas metacognitivas estão alteradas (ETCHEPAREBORDA, 2003), acarretando num conjunto heterogêneo de manifestações que prejudicam as habilidades sensoriais e linguísticas. Neurobiologicamente, durante o desenvolvimento embrionário podem ocorrer algumas anomalias que provoquem disfunções neurais, comprometendo o desenvolvimento do processamento do som, cuja localização cerebral encontra-se na região têmporo-

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parietal esquerda, responsável pela análise da palavra escrita (AFIFI; BERGMAN, 2008). 3. INTERVENÇÃO PSICOPEDAGÓGICA ESCOLAR – RELATO DE CASO

E

ste breve relato tem por objetivo exemplificar e auxiliar outros profissionais no cotidiano escolar com crianças portadoras da dislexia do desenvolvimento, uma vez que trabalhar diariamente com os alunos portadores tem sido um grande desafio para a escola e profissionais educadores que nela atuam. O processo de identificação é lento, não só porque precisamos conhecer o conceito de cada tipo de distúrbio, como também obter dados bem embasados para se pedir uma avaliação diagnóstica à família; e, embora o processo de avaliação e diagnóstico seja bastante longo, nos fornece informações relevantes sobre as habilidades já desenvolvidas pela criança (aspectos positivos) e outras que ainda estão em desenvolvimento. Portanto, o primeiro passo para saber exatamente como trabalhar com este aluno é ter em mãos todo o processo avaliativo, ou seja, os relatórios emitidos pelos mais diversos profissionais – podendo citar: neuropediatra, fonoaudióloga, neuropsicóloga e psicopedagoga – e suas recomendações para o tratamento. Isto posto, segue o relato de um caso. A.C.S.S é uma criança com 8 anos de idade, sendo que foi diagnosticada aos 7; estuda em um colégio particular da cidade de São Paulo, no 3º ano do Ensino Fundamental I; sua família é bastante presente e comprometida com o crescimento dela, o que de ante mão, favorece todo o processo de diagnóstico e intervenção. O levantamento de hipóteses de que seu desenvolvimento em leitura e escrita não estava adequado quando comparada às outras crianças da mesma faixa etária iniciou em 2010, quando frequentava as salas de 1º do Ensino Fundamental I; o colégio a acompanhou criteriosamente ao longo dos meses para não alarmar os familiares sem dados concretos. Em 2011, quando a aluna, embora com muitas dificuldades – relação fonema-grafema e grafema-fonema, ritmo extremamente lento, trocas fonológicas em quase todas as palavras (/m/ por /n/, /c/ por /g/, /p/ por /b/, /t/ por /d/), entre outras características – foi encaminhada para avaliação neuropsicológica, a princípio, e reencaminhada para os outros profissionais em seguida. Seu diagnóstico foi o de Dislexia do Desenvolvimento e nos relatórios emitidos pelos profissionais para escola seguiam as seguintes recomendações:        

sentar-se próxima à professora, de modo que a professora possa observá-la e encorajá-la a solicitar ajuda; os profissionais que atuam junto à crianças nunca devem sugerir que a criança é lenta, preguiçosa ou pouco inteligente, bem como evitar comparações de suas produções aos de seus colegas; não solicitar para que ela leia em voz alta na frente da classe, a não ser que aceite este desafio; sua habilidade e conhecimento devem ser julgados mais pelas respostas orais que escritas; sempre que possível pedir à criança que reconte, com suas próprias palavras, o que a professora pediu para ela fazer, pois isso ajuda na memorização; a apresentação de material escrito deve ser cuidadosa, com cabeçalhos destacados, letras claras, maior uso de diagramas e menor uso de palavras escritas; o ambiente de trabalho deve ser quieto e sem distratores; incentivar sua autoconfiança da criança, mostrando suas habilidades em outras áreas (música, esporte, artes, tecnologia etc.).

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O processo interventivo, desta forma, foi delineado principalmente por meio de dois métodos de alfabetização, o multissensorial e o fônico. Multissensorial, porque entendemos que as crianças não apreendem as informações por nós profissionais da mesma maneira – busca combinar diferentes modalidades sensoriais no ensino da linguagem escrita às crianças. Unido estas modalidades auditivas, visuais, sinestésica e tátil, serve como um facilitador a leitura e a escrita ao estabelecer a conexão entre aspectos visuais (a forma ortográfica da palavra), auditivos (a forma fonológica) e sinestésicos (os movimentos necessários para escrever aquela palavra); e fônico porque muitas pesquisas tem demonstrado a eficiência deste método no desenvolvimento da consciência fonológica e habilidade de leitura e escrita em crianças portadoras da Dislexia do Desenvolvimento, conforme Capovilla (2002) e Capovilla e Capovilla (2002b). Cabe aqui uma breve observação quanto ao Método Fônico, visto que os procedimentos fônicos são importantes tanto para a aquisição regular de leitura e escrita quanto para a intervenção nas dislexias, devendo ser utilizados preventivamente, ou seja, na Educação Infantil ou fase pré-escolar devemse introduzir atividades fônicas. Para exemplificar este breve estudo seguem duas atividades (Figuras 1 e 2) – uma realizada ainda quando a aluna estava em processo de avaliação diagnóstica, em 2011, e a segunda, no início de março de 2012.

Figura 1 – Escrita livre realizada em fevereiro de 2011 (“Raquel foi para o shopping com minha mãe e não tinha ninguém para brincar”) Fonte: (Elaboração própria, 2011)

Figura 2 – Atividade de ditado realizada em março de 2012 Fonte: (Elaboração própria, 2012)

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

E

mbora seja um distúrbio de difícil diagnóstico e intervenção, tem sido cada vez mais comum encontrar crianças com Dislexia do Desenvolvimento no contexto escolar. Assim como para alunos considerados ‘normais’, não se pode generalizar e tratar todos os alunos disléxicos com o mesmo tipo de intervenção, uma vez que cada um possui suas particularidades e necessidades. Desta forma, cabe aos educadores conhecer o contexto cultural e familiar no qual este aluno está inserido para poder orientá-los no trabalho a ser desenvolvido em parceria com a escola, contatar outros profissionais que o acompanham para que haja um alinhamento de trabalho e condução do mesmo, e, não menos importante, conhecer o conceito do distúrbio – sua etiologia, características, sintomatologia, entre outros – para, não apenas intervir, mas identificar outros possíveis casos, inclusive, precocemente.

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ETCHEPAREBORDA, M.C. La intervéncion em los transtornos disléxicos:

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Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola – relato de uma experiência positiva Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie São Paulo, SP E-mail: rtonioli@gmail.com NASCIMENTO, R.T.A. Crianças com dislexia do desenvolvimento na escola – relato de uma experiência positiva. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 31-37, fev.-mar., 2014.

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CIF: um passo à frente na história da Fisioterapia brasileira Rivaldo Rodrigues Novaes Junior Fisioterapeuta, Especialista em Administração de Serviços de Saúde Santos, SP E-mail: rivaldonovaes@yahoo.com.br Eduardo Santana de Araujo Fisioterapeuta, Mestre e Doutor em Saúde Pública Santos, SP E-mail: edusantana@usp.br NOVAES JUNIOR, R.R.; ARAUJO, E.S. CIF: um passo à frente na história da Fisioterapia brasileira. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 38-47, fev.mar., 2014. RESUMO A Fisioterapia é uma profissão que se estabeleceu no Brasil no século passado, com avanços importantes após sua regulamentação, em1969. Em sua atuação clínica, o fisioterapeuta executa o processo fisioterapêutico, que inclui a avaliação, o diagnóstico, a determinação dos objetivos de tratamento, a seleção de recursos terapêuticos, a aplicação de recursos terapêuticos, a reavaliação e a alta. A área ainda precisava de uma linguagem padronizada e, do ponto de vista de

informação em saúde, de uma ferramenta para notificação de casos. A CIF veio cobrir essa lacuna porque serve como guia de nomenclatura sobre funcionalidade humana e, ao mesmo tempo, como ferramenta para descrição de diagnósticos. Assim, tal classificação servirá para o estabelecimento de um padrão de qualidade e controle de serviços fisioterapêuticos, garantindo maior qualidade no atendimento ao usuário dos sistemas de saúde.

Palavras-chave: CIF; fisioterapia; história ABSTRACT Physiotherapy is a profession that was established in Brazil in the last century, with important advances after its regulation, at 1969. In his clinical work, the professional performs the physical therapy process, which includes assessment, diagnosis, determination of treatment goals, the selection of therapeutic resources, the application of therapeutic resources, reassessment and discharge. The area still needed a standardized language and, from

the point of view of health information, a tool for reporting cases. The ICF serves as a guide gap for the naming of human functionality and, at the same time, as a tool for diagnostic description. Thus, this classification will serve to establish a standard of quality and control about physiotherapy services, ensuring the highest quality service to the users of the health systems.

Keywords: ICF; physiotherapy; history

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1. INTRODUÇÃO

A

o longo dos últimos anos, alguns modelos de classificação de incapacidades foram propostos a fim de nortear as discussões e as pesquisas sobre funcionalidade e incapacidade. Foi baseada no modelo de Saad Nagi que a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou, para fins de pesquisa, a primeira classificação, chamada International Classification of Impairments, Disabilities and Handcaps (ICIDH) em 1976 (SAMPAIO, 2005). A ICIDH foi traduzida em Portugal e ficou conhecida no Brasil como “Classificação Internacional das Deficiências, Incapacidades e Desvantagens (CIDID)”, que propunha uma sequência em que as alterações funcionais ocorriam devido a uma determinada doença, ou seja, um modelo de causalidade linear. A palavra “deficiência” foi conceituada como anormalidade de órgãos, sistemas ou estruturas do corpo. O termo “incapacidade” foi definido como resultado da deficiência no desempenho funcional. “Desvantagem” referia-se à adaptação do indivíduo ao meio, considerando suas deficiências e incapacidades. Em 1993, a ICIDH sofreu uma revisão, sendo lançada a ICIDH-2 (BUCHALLA, 2003). Após alguns anos, a OMS usou a experiência e as dificuldades dos locais que vinham aplicando a ICIDH-2 para elaborar duas versões para novos testes: a ICIDH-2 alfa, e depois, a ICIDH-2 beta. Estas foram testadas em dezenas de países e os resultados foram apresentados em novembro de 2000, em Madrid, Espanha. Antes da versão beta, alguns pontos negativos foram apontados, como a falta de abordagem dos aspectos sociais e ambientais e a falta de relação entre as dimensões da classificação. Um indivíduo pode ter alguma incapacidade, mesmo que esta não seja decorrente de doença alguma, além de que o ambiente pode influenciar positiva ou negativamente na função corporal, na participação social e nas atividades cotidianas. No total, desde os primeiros estudos, foram 25 anos de pesquisa e, após todos os testes, a Assembléia Mundial de Saúde aprovou a atual “Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde (CIF)”, no ano de 2001. O modelo que anteriormente descrevia, como uma sequência linear, as condições decorrentes das doenças, proposto pela ICIDH, foi alterado para um modelo multidirecional. A Figura 1 apresenta o esquema onde as condições funcionais do indivíduo dependem não só da doença, mas também do meio ambiente físico e social, das diferentes percepções culturais e atitudes em relação à deficiência, da disponibilidade de serviços e da legislação (FARIAS, 2005). A 54ª Assembléia da Organização Mundial de Saúde foi em maio de 2001, quando houve a aprovação deste novo modelo. O uso da nova versão da classificação foi recomendado para os países membros através da resolução WHA54.21. Após sua aprovação na Assembléia Mundial de Saúde, a CIF passou a fazer parte da chamada família de classificações internacionais da Organização Mundial de Saúde. A OMS também avalia e seleciona classificações de outras organizações que as submetem para fazer parte da família. A CIF, na direção inversa, foi construída pela própria OMS e submetida à avaliação e aprovação pelos países membros.

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Figura 1 – Interação entre os componentes da CIF Fonte: Adaptado de (OMS, 2001)

As classificações das áreas da saúde facilitam o levantamento, a consolidação, a análise e interpretação de dados, a formação de bases nacionais consistentes e permitem a comparação de informações de saúde sobre populações ao longo do tempo entre regiões e países (FARIAS, 2005). 2. NOÇÕES SOBRE A CIF

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ma das principais diferenças entre a ICIDH, que não fazia parte da família de classificações, e a CIF, é a inserção do novo modelo, reflexo de uma abordagem que prioriza a funcionalidade como componente da saúde e considera o ambiente como um facilitador ou como uma barreira para o desempenho das funções e tarefas. Este modelo propõe outro paradigma, que consiste em uma abordagem mais ampla, biopsicossocial, onde a funcionalidade é vista como um componente da saúde. O ponto mais importante é o fato de considerar a incapacidade como resultado de um conjunto de situações e condições que incluem o ambiente, as condições de vida e as condições pessoais. Assim, o modelo de classificação de funcionalidade e incapacidade deixa de ver o indivíduo como uma pessoa com certa deficiência, mesmo que temporária, e dá ênfase a todos os componentes que favorecem e dificultam a execução das suas atividades, tanto biológicas quanto sociais. Isto reflete a mudança da visão baseada na doença para a visão baseada na funcionalidade como componente essencial da saúde (NORDENFELT, 2003). Dentro deste contexto, a saúde é vista como um recurso para a vida, enfatizando os recursos sociais, pessoais e a capacidade física. Esta é a multidirecionalidade do modelo da CIF, em que os fatores ambientais, sociais e pessoais não são menos importantes que a presença de doença na determinação da função, da atividade e da participação. Com isso, a CIF e seu modelo ganham grande importância epidemiológica, já que o fator social é determinante para o nível de saúde de uma população. Além da área da saúde, outras áreas podem se beneficiar com seu uso, como assistência social e advocacia. Na CIF, o termo “funcionalidade” é explorado em seu aspecto positivo, embora a classificação permita que se avaliem os graus de perda funcional. Tendo em vista as funções dos órgãos e sistemas, as estruturas do corpo, as limitações da atividade e de participação e as condições ambientais, a CIF identifica o que um indivíduo consegue fazer em sua vida cotidiana.

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Outro dos principais objetivos da Classificação Internacional de Funcionalidade é fornecer uma linguagem comum e padronizada para descrição da saúde e dos estados relacionados. Este sistema codificado pode permitir a comparação de dados entre serviços, setores de atenção à saúde, acompanhamento da evolução, diferenças entre estados, regiões, países e continentes. Conforme a estrutura da CIF, a “incapacidade” é resultante da interação de vários fatores, entre eles: a disfunção, a limitação das atividades, a restrição da participação social e influência dos fatores ambientais. A CIF assume uma posição neutra em relação à etiologia, diferente da CID-10, de modo que os usuários podem desenvolver inferências causais utilizando métodos e técnicas adequados (OMS, 2003). De qualquer modo, a funcionalidade e a incapacidade podem estar associadas às doenças ou também serem decorrentes delas. Portanto, apesar de ser totalmente possível o uso das classificações independentemente, a CIF e a CID-10 são complementares (OMS, 2003). O uso das duas classificações pode refletir em informações mais detalhadas e completas sobre o estado de saúde da população. A CIF é uma classificação hierarquizada e utiliza um sistema alfanumérico no qual as letras b, s, d e e são utilizadas para indicar, respectivamente, funções do corpo, estruturas do corpo, atividades e participação e fatores ambientais. Estas letras são seguidas por um código que começa com o número do capítulo (um dígito), seguido pelo segundo nível (dois dígitos), pelo terceiro nível (um dígito) e pelo quarto nível (um dígito). Estes níveis existem porque categorias mais amplas podem ter subcategorias mais detalhadas. Por exemplo, a categoria Mobilidade, que está dentro de “Atividades e Participação”, tem subcategorias como: andar, sentar-se e transportar objetos. A um indivíduo podem ser atribuídos códigos de diferentes níveis, que podem ser independentes ou estarem inter-relacionados. Os códigos só estão completos com a presença do “qualificador”, que indica a magnitude do nível de saúde (por exemplo, gravidade do problema). Os qualificadores são representados por um ou mais números, colocados após o código e separados por um ponto. A utilização de qualquer código deve estar acompanhada de um qualificador. Sem ele, os códigos não têm significado. O qualificador dá sentido ao código, indicando, por exemplo, o grau de perda funcional, estrutural ou o grau de perda da capacidade. Os qualificadores também permitem que se classifiquem as barreiras e os facilitadores, mostrando o impacto dos fatores ambientais e sociais na funcionalidade (SCHEIDERT, 2003). Diferentemente da classificação com a CID-10, que é uma classificação de doenças na qual, em geral, cada diagnóstico tem apenas um código, na CIF, uma alteração funcional poderá ter vários códigos de cada parte da classificação. 3. PERSPECTIVAS SOBRE O USO CLÍNICO E EPIDEMIOLÓGICO DA CIF

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ontudo, do ponto de vista epidemiológico, a CIF constitui um instrumento mais adequado do que a CID-10, uma vez que permite que se conheçam os determinantes da incapacidade, fatores ambientais e fatores sociais (OMS, 2003). Isto pode favorecer e facilitar a elaboração de medidas preventivas mais amplas e efetivas. Assim como, pode nortear os profissionais da Saúde Funcional na determinação de condutas terapêuticas e na determinação dos critérios de alta. A CIF e seu modelo tornam-se importantes ferramentas epidemiológicas e clínicas

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direcionando o trabalho na prática da Fisioterapia e de outras especialidades envolvidas nos processos de reabilitação. Atualmente, os contextos sociais, psicológicos e ambientais são considerados de essencial importância para a saúde e qualidade de vida. Os profissionais de saúde devem basear-se no modelo da Classificação Internacional de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde para um completo entendimento dos processos de saúde. (SAMPAIO, 2005). A funcionalidade tornou-se o ponto central para avaliação e determinação de condutas, inclusive em pacientes com condições crônicas (BROCKOW et al., 2004). Historicamente, os primeiros usos de medidas de função e incapacidade foram em SAÚDE FUNCIONAL, especialmente, em Fisioterapia. Diversos modelos de avaliação foram criados para se determinar o grau de função e de capacidade de indivíduos que estejam passando por um processo de recuperação funcional. Estes modelos são prioritariamente subjetivos e servem para determinar o estado funcional no início de um programa de recuperação da função e da capacidade, assim como, para acompanhar a evolução durante este processo. A multiplicação de medidas subjetivas, muitas vezes, avalia de forma diferente a mesma função. Por exemplo, o Índice de Barthel e a Escala MIF avaliam independência funcional, a Dinamometria Isocinética e o Teste Manual de Força Muscular avaliam força muscular, a Fotogoniometria e a Goniometria Convencional avaliam amplitude de movimento, e assim por diante. A seleção de cada instrumento depende da preferência de cada serviço. A utilização destas diferentes formas por cada grupo de profissionais, de cada clínica, de cada hospital, em cada região e em cada país, torna impossível a coleta de dados estruturados para que se obtenha informações epidemiológicas sobre funcionalidade, incapacidade e qualidade de vida das populações. É clara, portanto, a necessidade de uma padronização de linguagem. Falar e registrar de uma forma padrão propicia a melhora da comunicação entre os profissionais da área de saúde, profissionais de outras áreas e usuários, gerando a possibilidade da criação de uma base para alimentar sistemas de informação nos serviços de saúde, entre estes serviços, entre as esferas de atenção, entre regiões de um mesmo país, entre países e entre continentes. A utilização de um sistema codificado pode, ainda, auxiliar os fisioterapeutas na organização das informações e no estabelecimento de uma linguagem comum para a descrição dos estados relacionados à funcionalidade, já que, atualmente, diversos métodos expressam o grau de função e capacidade do paciente. A comunidade científica e os profissionais de saúde têm se mobilizado para a utilização da classificação porque a consideram eficaz, porém, reconhecem o alto nível de complexidade nela contido. 4. FISIOTERAPIA: SEU DESENVOLVIMENTO NO BRASIL E A APLICABILIDADE DA CIF NA ÁREA DE ATUAÇÃO

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entre as áreas da saúde, uma das que mais tem relação com a funcionalidade e incapacidade é a Fisioterapia. A função e o movimento são os objetos de estudo do fisioterapeuta. Portanto, estes profissionais que trabalham com recuperação funcional, prevenção de incapacidades e com qualidade de vida, historicamente, são os que mais tendem a ter contato com a CIF. Antes de detalhar o

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envolvimento existente entre a CIF e a Fisioterapia, será necessária uma revisão sobre o desenvolvimento da profissão enquanto campo do conhecimento. A Fisioterapia só surgiu no Brasil no século XIX. Os primeiros serviços organizados se desenvolveram após a chegada da família real portuguesa, em 1808. Com os monarcas, vieram os nobres e o que havia de recursos humanos de várias áreas para servir à elite portuguesa. Dentre todas as contribuições do reinado, o surgimento das primeiras escolas de ensino médico destacou-se como a grandiosa obra dos portugueses no país, em particular os avanços obtidos na cidade do Rio de Janeiro. No século XIX, os recursos fisioterápicos (termo da época) faziam parte da terapêutica médica e, assim, há registros da criação, no período compreendido entre 1879 e 1883, do serviço de eletricidade médica e também do serviço de hidroterapia no Rio de Janeiro, existente até os dias de hoje, sob denominação de "Casa das Duchas". O médico Arthur Silva, em 1884, participou intensamente da criação do primeiro serviço de Fisioterapia da América do Sul, organizado enquanto tal, mais precisamente no Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro (NOVAES, 2000). Essa visão ampla de compromisso com os indivíduos que sofriam algum agravo à saúde, engajando-se num tratamento mais eficaz que promovesse sua reabilitação, uma vez que as incapacidades físicas por vezes excluíam-no socialmente, levou aqueles médicos a serem denominados médicos de reabilitação. Então, o termo “reabilitação” começou a ser utilizado como sinônimo de recuperação funcional e diminuição (ou prevenção) de incapacidades, diferente da definição contemporânea. Um acontecimento importante para a aceleração do desenvolvimento da Fisioterapia foi a 2ª Grande Guerra. Os reflexos desta estão no desenvolvimento da Fisioterapia enquanto prática recuperadora de sequelas físicas. Houve uma modernização dos serviços de Fisioterapia no Rio de Janeiro e em São Paulo, e a criação de novos serviços em outras capitais do país (NOVAES, 2000). Assim, em 1951 foi inaugurado em São Paulo, na USP, o primeiro curso no Brasil para a formação de técnicos em Fisioterapia. Com o passar dos anos, se tornou uma profissão de nível superior, acompanhada do desenvolvimento tecnológico e da legislação. Atualmente, o Brasil tem uma das legislações mais avançadas sobre Fisioterapia. A profissão foi definida como a ciência da saúde voltada ao estudo, prevenção e tratamento dos distúrbios cinético-funcionais intercorrentes em órgãos e sistemas do corpo humano. O fisioterapeuta fundamenta suas ações em mecanismos terapêuticos próprios, sistematizados pelos estudos da biologia, das ciências morfológicas, das ciências fisiológicas, da patologia, da bioquímica, da biofísica, da biomecânica, da cinesia, da sinergia funcional, e da cinesia patológica de órgãos e sistemas do corpo humano e as disciplinas comportamentais e sociais. O fisioterapeuta é um profissional de saúde habilitado à construção do diagnóstico dos distúrbios cinético-funcionais, chamado “diagnóstico cinesiológico-funcional”, à prescrição das condutas fisioterapêuticas, à sua ordenação e indução no paciente bem como, o acompanhamento da evolução do quadro clínico funcional e das condições para alta (BATALHA, 2002). Por muitas vezes o termo “reabilitação” ainda é usado como sinônimo de Fisioterapia, ou faz referência à prática profissional do fisioterapeuta. O Ministério da Saúde (MS) não define reabilitação como uma especialidade ou como uma área de conhecimento. Reabilitação é reconhecida como um processo de desenvolvimento de capacidades, habilidades, recursos pessoais e comunitários que facilitem a independência e a

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participação social das pessoas frente à diversidade de condições e às necessidades presentes no cotidiano. Dentro deste contexto, Fisioterapia e reabilitação não são sinônimos. Reabilitação é um processo pelo qual um indivíduo passa para retornar às suas atividades habituais de vida, não é área do conhecimento, nem especialidade da saúde. O fisioterapeuta é, apenas, um dos profissionais que se envolve com os processos de reabilitação. Portanto, reabilitação não é só Fisioterapia, muito menos, Fisioterapia só reabilitação. Com esta evolução, e considerando a transição epidemiológica no mundo, a Fisioterapia passou a ser uma das atividades profissionais mais importantes para identificação de alterações funcionais e prevenção de incapacidades. Com a publicação da CIF, a identificação padronizada da funcionalidade passou a ser possível. Daí a importância dos fisioterapeutas conhecerem e utilizarem a classificação, pois são gerados dados que podem ser transformados em importantes informações epidemiológicas sobre qualidade de vida, já que o aumento da expectativa de vida não é, em geral, acompanhado da ausência de incapacidade (LAURENTI, 2003). 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A

CIF contém uma série de atualizações no campo de como se pensar e trabalhar a funcionalidade e a incapacidade. A classificação, entre outros aspectos, busca dar maior importância aos fatores ambientais na funcionalidade humana. Em geral, a produção da área de Fisioterapia sobre a Classificação de Funcionalidade, Incapacidade e Saúde está voltada para testes e criação de formas de como operacionalizar o uso da classificação na prática clínica. Não há ênfase sobre a visão epidemiológica da classificação Ainda existe muita discordância entre os pesquisadores sobre como operacionalizar o uso da CIF, apesar de todos concordarem que ela deve ser utilizada. A CIF, em Fisioterapia, tem uso clínico e uso epidemiológico. Os trabalhos permitiram concluir que a utilização dos qualificadores é imprescindível para o acompanhamento clínico dos pacientes. Porém, a utilização dos códigos sem os qualificadores pode ser uma saída para facilitar e gerar informações epidemiológicas sobre funcionalidade e incapacidade. A CIF, segundo SHEURINGER (2005), é uma excelente ferramenta de trabalho para acompanhamento de pacientes que estejam num processo de recuperação funcional, principalmente quando usada por uma equipe interdisciplinar. Na prática, a própria extensão e complexidade da classificação impedem seu uso efetivo. Apesar da dificuldade que os profissionais encontram em utilizá-la, a CIF é vista como uma saída para a resolução de um problema em Fisioterapia: a unificação da linguagem. Com o passar do tempo, muitos instrumentos subjetivos e objetivos de mensuração da funcionalidade e da capacidade foram criados à fim de nortear a prática clínica e ajudar na determinação dos objetivos à curto, médio e longo prazo. Existe uma boa perspectiva sobre a CIF, mas, na prática, há barreiras da própria classificação que dificultam sua implantação.

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A CIF, como visto, serve como guia de atuação e de modelo de atenção de saúde funcional. Ainda, sob discussão, o modelo da CIF definiu conceitos básicos para funcionalidade, incapacidade e saúde. Considera a existência da multicausalidade e coloca a percepção individual do paciente como um dos pontos principais para determinação de sua qualidade de vida. Este modelo pluralizado ajuda aos profissionais na determinação dos objetivos de tratamento, até porque, determinar as necessidades individuais depende da percepção dos próprios indivíduos avaliados. Assim, a presença de doença tem importância igual à de outros fatores, tais como, fatores pessoais, ambientais e sociais. Este ponto não foi observado por alguns dos autores pesquisados, pois o pensamento de causalidade linear parece estar enraizado. Pode-se concluir que um dos caminhos é ensinar o modelo da CIF e sua terminologia nos cursos de graduação e pós-graduação em Saúde. Como classificação ou como modelo, a CIF tende a servir como base para a estruturação dos serviços de Fisioterapia tanto como guia para a prática clínica como para formação de um sistema de informação.

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Relações interpessoais nas famílias de dependentes químicos Aline Araújo Freitas Silva Docente Assistente do Departamento de Saúde da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Campus Itabuna, Bahia. Ex-bolsista do Programa de Bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Pós-graduada em saúde mental em nível de especialização pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Ilhéus, BA E-mail: lineafreitas@gmail.com Nairan Morais Caldas Docente do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Mestre em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ilhéus, BA E-mail: nairanmorais@yahoo.com.br SILVA, A.A.F.; CALDAS, N.M. Relações interpessoais nas famílias de dependentes químicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 48-56, fev.-mar., 2014. RESUMO Este trabalho teve por objetivo conhecer a dinâmica familiar de pessoas usuárias de crack, álcool e outras drogas por meio da avaliação de publicações que abordam a dinâmica familiar de dependentes químicos e os sentimentos envolvidos nas relações existentes, com intuito de contribuir para um maior aprofundamento do conhecimento pelos profissionais da saúde envolvidos no cuidado a essas famílias. Tratou-se de uma revisão de literatura com consulta a artigos científicos encontrados na base de dados, SCIELO, LILACS e nos acervos do Ministério da Saúde e livros didáticos, entre o período de março de 2010 a maio de 2010, mediante as palavras-chave; dependentes químicos, família, usuário de álcool e outras drogas. A família é descrita como um sistema

aberto, no sentido de suas trocas com o meio, em que cada membro está interligado de forma que a mudança em uma das partes provoca reverberação em toda a estrutura. Diversos fatores influenciam no relacionamento familiar como a violência, presença de sentimentos de raiva, culpa medo, vergonha e desesperança, bem como comportamentos apegados, superprotetores, permissivos e dificuldades na comunicação e na coesão familiar. Contudo acredita-se que apesar dos problemas que acometem essas famílias, elas são intrinsecamente saudáveis, competentes e podem, se orientadas, desenvolver formas assertivas de lidar com o problema da dependência e, consequentemente, melhorar a qualidade da relação familiar.

Palavras-chave: Dependentes químicos; família; usuário de álcool e outras drogas

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1. INTRODUÇÃO

O

uso de substâncias psicoativas tomou proporção de grave problema de saúde pública no País encontrando ressonância nos diversos segmentos da sociedade, pela relação comprovada entre o consumo e agravos sociais que dele decorrem ou que o reforçam. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cerca de 10% das populações dos centros urbanos de todo o mundo consomem abusivamente substâncias psicoativas, independentemente de idade, sexo, nível de instrução e poder aquisitivo (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2004). Estudos realizados no Brasil pelo CEBRID – Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas em 2005 demonstram que, o uso na vida para qualquer droga (exceto tabaco e álcool) foi de 22,8% dos entrevistados sendo que a região nordeste teve a maior porcentagem, 27.6% já fizeram uso de alguma outra droga. Também afirma que a dependência do álcool ocupa a 4º posição no grupo das doenças mais incapacitantes, considerando a prevalência global (SENAD, 2005). Segundo Orth e Moré (2008) “a drogadição se expressa no indivíduo através da conduta adicta que, por sua vez, sustenta o processo da dependência química, constituindo um circuito que se retroalimenta constantemente e que está presente, seja na presença de drogas lícitas ou socialmente aceitas, ou ilícitas”. Esse circuito, uma vez estabelecido, afeta diretamente as relações interpessoais, uma vez que cada indivíduo desse sistema exerce influência no outro, que acaba influenciando um terceiro, que volta a influenciar o primeiro, fechando o ciclo que se repete continuamente. A família é considerada então como o primeiro e principal sistema, onde se observam as consequências, tanto na saúde de seus membros, como na extrema fragilização das relações familiares. O sistema familiar não é uma instituição estática, portanto vêm sofrendo modificações ao longo do tempo, tanto nos espaços das construções ideológicas, quanto no papel que exerce na organização da vida social. Os pais antes com o papel apenas de cuidadores assumem também a função de educadores transformando-se gradualmente em orientadores e hoje atuam como amigos, funcionando como apoio para os filhos (SENAD, 2009). A família apresenta-se como lugar de troca, de construção de personalidade e, ao mesmo tempo, lugar de conflitos e tensões, na qual as relações são estabelecidas de maneira singular a cada família, influenciado por crenças, culturas e diversos contextos sociais (SENAD, 2009). Nesse sistema o usuário de substâncias psicoativas assume o papel de dependente e os demais, sobretudo os de maior afinidade com ele, de co-dependentes. O termo codependente surgiu nos estudos da psicoterapia no final dos anos 70 inicialmente usado para descrever as pessoas cuja vida era afetada por alguém dependente de drogas ou álcool. Ballone (2006) descreve que os codependentes podem ser considerados todos aqueles ligados emocionalmente ao dependente, e que em resposta a drogadição do familiar atuam na tentativa de remover as consequências do abuso, com objetivo de minimizar ou de esconder o ocorrido, impelidos em proteger o dependente, na maior parte do tempo, esquecendo de sua própria vida, auto - anulando-se. Dessa forma o co-dependente apresenta uma enorme dificuldade em pedir e aceitar ajuda, vivendo

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em função do dependente e reagindo somente a drogadição e as consequências desta. Para este mesmo autor a codependência se manifesta de duas maneiras: como uma tentativa de domínio em todas as coisas da pessoa problema, incluindo horário de tomar banho, alimentação, vestuário, enfim, tudo o que diz respeito à vida do outro. Em segundo, tomando para si as responsabilidades da outra pessoa, respondendo então com um intenso sentimento de culpa (BALLONE, 2006). Hintz (2002) considera que a estrutura familiar é bastante influente na prevenção ou redução do uso de drogas, independente da sua configuração, continua sendo necessária para o ser humano, sendo sua base nutricional afetiva. Entende-se que cada família apresenta uma estrutura particular com a presença de padrões e características idealizadas ou já estabelecidas no sistema familiar, as quais organizam a estabilidade desta em termos de sustentar uma dinâmica relacional. Quando há uma mudança nesse padrão por algum membro, altera-se então o funcionamento dessa família podendo originar uma instabilidade dessas relações. Observa-se, assim, então que o problema da dependência química é parte do funcionamento familiar, e contribui para a estabilidade desse sistema, visto que a família tem capacidade de modificar suas estruturas quando se produzem mudanças em seu meio. Apresenta-se uma pesquisa bibliográfica que teve por objetivo analisar publicações científicas que abordam a dinâmica familiar de dependentes químicos e os sentimentos envolvidos nas relações existentes, com intuito de contribuir para um maior aprofundamento do conhecimento pelos profissionais da saúde envolvidos no cuidado a essas famílias. 2. MÉTODOS

R

ealizou-se revisão de literatura com consulta a artigos científicos encontrados na base de dados, SCIELO, LILACS e nos acervos do Ministério da Saúde e livros didáticos, entre o período de março de 2010 a maio de 2010, a partir das seguintes palavras-chave: dependentes químicos, família, usuário de álcool e outras drogas. Foram identificados Dos artigos identificados, foram selecionados 9 artigos publicados entre o período de 2002 a 2009, e analisados pela identificação de temas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

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os artigos selecionados alguns não relatavam apenas sobre as relações existentes nas famílias de dependentes químicos, outros estudos foram realizados com grupos específicos restringindo a determinada faixa etária e população, o que permitiu abordar diversos ambientes familiares em diferentes contextos. As pesquisas que serão abordadas mostram aspectos presentes nas relações existentes no universo familiar de dependentes de substâncias psicoativas. Alguns autores descrevem a família como um sistema aberto, no sentido de suas trocas com o meio, em que cada membro está interligado de forma que a mudança em uma das partes provoca reverberação em toda a estrutura e cada um, por sua vez, é agente participante desse fenômeno (ARAGÃO, 2009; ORTH e MORÉ, 2008). A convivência dos familiares com o usuário de substâncias psicoativas, como uma via de mão dupla, também é afetada na medida em que a dependência química evolui e se desenvolve.

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3.1 A FAMÍLIA E O DEPENDENTE DE ÁLCOOL

O

DSM-IV observa alguns pontos para caracterizar a dependência da substância: maior tolerância; síndrome de abstinência; desejo persistente ou esforços mal sucedidos no sentido de controlar ou reduzir o uso da substância; consumo frequente e em maiores quantidades; atividades sociais, ocupacionais ou recreativas são abandonadas ou reduzidas em virtude do seu uso; apesar de o indivíduo ter a consciência de apresentar um problema físico ou psicológico causado pela substância, ainda assim persiste o seu consumo (SENAD, 2009). Consideramos então que suas consequências atingem não apenas o dependente, bem como todo o núcleo familiar. Kearns-Bodkin e Leonard apud Aragão (2009) verificaram que existe uma associação entre o uso do álcool por parte de um dos cônjuges e a qualidade da relação conjugal, com enfraquecimento do vínculo conjugal mediante o decorrer do tempo de exposição à doença. Evidenciam também que o alcoolismo do parceiro foi um dos fatores mais frequentes em relação à agressão a mulheres. Outro estudo evidenciou em mulheres esposas de dependentes de álcool a diminuição da libido, ou seja, diminuem o interesse pelo sexo, na maioria das vezes relacionada com alto grau de stress vivido, devido ao envolvimento emocional que estabelecem com que os cercam (LIMA et al., 2007). O indivíduo que porta a síndrome de dependência do álcool se abstém de assumir qualquer tipo de responsabilidade e a inversão de papéis e funções se torna comum, determinando diversos conflitos na dinâmica familiar. Foram mencionados por esposas de alcoolistas diversos fatores que contribuem para dificuldades no relacionamento familiar como à responsabilidade por tudo que diz respeito à família como educação dos filhos, cuidado com a casa; a não obtenção de ajuda no cuidar do esposo e as frequentes agressões verbais, humilhações e ameaças realizada pelo companheiro (LIMA, AMAZONAS e MOTTA, 2007). A desesperança dos familiares entendida nesse contexto como nexo causal entre depressão e suicídio foi evidenciada no estudo de Aragão (2009) no qual 28% dos familiares apresentavam diagnósticos de transtornos de ansiedade e depressão. De acordo com o estudo de Nasi e Hildebrandt (2007) o relacionamento familiar é um dos aspectos mais comprometidos em consequência do alcoolismo, uma vez que as relações interpessoais podem estar permeadas pelos sentimentos de raiva e culpa, frequentemente associados ao abandono e negligência por parte do alcoolista, outro aspecto se refere à mudança de comportamento quando o usuário está fazendo uso de bebidas alcoólicas, agindo de forma agressiva e violenta com a família, ocasionando um sentimento de medo e ansiedade nestes. Ainda é descrita uma maior preocupação com relação aos filhos, o sentimento de medo é constante de que estes se tornem dependentes do mesmo modo que os pais. Segundo este mesmo autor a família também pode adotar regras que contribuem para o alcoolista continuar com o uso de bebidas, como não falar a respeito do abuso do álcool, talvez como uma estratégia para proteger seus membros da dor emocional. As famílias que lidam com dependentes químicos sentem-se envergonhadas e culpam tanto a si como aos outros pelo abuso de substâncias em suas famílias. Embora sofra muitas vezes, com medo de agressões por parte do alcoolista é ela, que, geralmente o

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apóia para que prossiga em busca de tratamento e na sua recuperação, dessa maneira estimulam os indivíduos fazendo com que se sintam valorizados reforçando o vínculo existente entre ambos. 3.2 A FAMÍLIA E O USUÁRIO DE DROGAS ILÍCITAS

A

ideia de que há influência da família no desenvolvimento da drogadição é constatada na literatura científica e pelos profissionais que a acolhem em suas práticas de intervenção, os quais são desafiados rotineiramente pela complexidade da temática, não podendo definir apenas um tipo de funcionamento familiar. Embora haja famílias de dependentes químicos que não podem ser consideradas disfuncionais, o que observamos na maioria das vezes é um ciclo em que a não-funcionalidade e o abuso de drogas reforçam-se. Dessa maneira há um funcionamento patológico com relação à comunicação, ao estabelecimento de regras e limites, e afeto, onde se baseiam as relações. (GUIMARÃES et al., 2009; ORTH; MORÉ, 2008). Além disso, nessas famílias, há na maioria dos casos, ausência de um dos progenitores, frequentemente o pai, ou então dos dois, seja por separação ou morte. Isso acontece em decorrência do alto índice de divórcios e até mesmo de mães que assumem sozinhas a maternidade, hoje é bastante comum a família monoparental, ou seja, aquela na qual o filho é criado somente pelo pai ou pela mãe. No que dizem respeito à dinâmica dos relacionamentos na família, estudos mostram que nas famílias com dependentes masculinos, a figura materna mantém um comportamento apegado, superprotetor, permissivo com o dependente, e este ocupa uma posição favorecida em relação aos outros filhos. As mães dos usuários geralmente os descrevem como bem educados e afirmam que não deram trabalho. Em compensação, os pais são vistos como ausentes, desapegados e fracos, e por sua vez, com uma disciplina rude e incoerente, e as relações estabelecidas são difíceis, com efetivo distanciamento afetivo (ORTH e MORÉ, 2008). Já as usuárias do sexo feminino mantêm com a mãe uma relação de rivalidade e as vêem como figuras autoritárias e superprotetoras e os pais são caracterizados como incapazes, indulgentes, sexualmente agressivos (ORTH; MORÉ, 2008). Pratta e Santos apud Guimarães et al. (2009) revelam, em seu estudo comparativo entre adolescentes dependentes e não dependentes de drogas, que um ambiente familiar no qual não existe espaço para expressar sentimentos, ideias e opiniões nem outra possibilidade de ser ouvido e/ou compreendido é apontado pelas adolescentes dependentes de drogas como um dos aspectos negativos da dinâmica familiar. Outro estudo sobre a opinião de adolescentes do ensino médio acerca do seu relacionamento familiar, e o que poderia ser melhorado na relação com os pais no diaa-dia, a categoria mais frequente para o grupo de usuários é a da “dinâmica familiar” onde os principais pontos a serem melhorados seriam: o diálogo, a compreensão e o tempo que passam juntos. Ainda no que se refere a essa categoria, o percentual obtido para os usuários de substâncias psicoativas foi significantemente maior quando comparado ao índice verificado para o grupo de não usuários. Na categoria aspectos afetivos os temas mais presentes foram falta de diálogo, compreensão, seguido de amizade e amor (PRATTA; SANTOS, 2007). Mais um dado que chama a atenção foi a porcentagem significantemente maior de adolescentes usuários do sexo masculino que avaliam o seu relacionamento com a

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mãe como sendo “regular”, comparativamente ao percentual verificado para os adolescentes do grupo de não usuários do sexo masculino para esta mesma categoria de avaliação (PRATTA; SANTOS, 2009). Para esses autores, a comunicação familiar é fundamental, uma vez que funciona como um dos meios para que a relação entre pais e filhos seja satisfatória. A comunicação quando não é efetiva determina o empobrecimento nessa relação, sustentando de certa maneira as negligências parentais no sentido da omissão de uma conduta que acolhesse a temática. Guimarães et al. (2009) em seu estudo evidenciou que a falta de disciplina e de limites é frequentemente encontrada entre os adolescentes dependentes de drogas, é referido também pelos pais dificuldade em passar normas e limites para seus filhos. Essas famílias parecem possuir uma incapacidade para criar e educar seus filhos, o que resulta em vínculos familiares precários. Sem essa relação de confiança e afeto entre pais e filhos, os adolescentes não aceitam a autoridade e o estabelecimento de regras dos pais. Além da comunicação a coesão familiar, ou seja, a proximidade entre os familiares é evidenciada na literatura por diversos autores. Um estudo realizado por Volk et al. citado por Rezende (1997) que buscou comparar famílias com dependentes de drogas e famílias sem problema de uso de substância psicoativa, constatou que a grande diferença significativa entre os grupos encontra-se na variável “grau de coesão” da família, o qual é menor nas famílias de usuários, uma vez que estas foram caracterizadas como sendo mais desligadas e descompromissadas do que as famílias dos indivíduos que não utilizam substâncias psicoativas (PRATTA; SANTOS, 2009). Algumas famílias estabelecem uma postura de aceitação do uso de substâncias psicoativas, sendo que este padrão de uso se encontra inserido na realidade do núcleo familiar como um processo natural, outras adotam um sentimento de negação, evitando a aceitação do uso como um problema a ser enfrentado pela família. Yen et al. apud Guimarães et al. (2009) relatam que, quando os adolescentes percebem que os pais consideram normal o seu abuso de drogas, isso tem uma influência bastante negativa no processo de dependência desses adolescentes. Esses pais não conseguem ser efetivos com relação à disciplina de seus filhos já que considera o abuso de drogas um fenômeno normal e esperado entre os adolescentes. Já Orth e Moré (2008) observaram a predominância do sentimento de negação, vergonha, presença da mentira e da cumplicidade entre alguns membros, instaurandose assim um clima de segredo. A regra nessas famílias era não falar sobre a droga e negar o problema existente, como uma forma de proteger o membro adicto e a própria família. A relação entre violência intrafamiliar e dependência de drogas também é conhecida, observa-se tanto agressões físicas como psicológicas, além de vivenciar situações de abuso físico, frequentemente convivem em situações sociais vulneráveis onde observa pais, irmãos, vizinhos e outros membros da família em outras situações de violência. Guimarães et al. (2009) relata que meninas dependentes de drogas com frequência sofrem maus-tratos na família. É interessante notar que as meninas geralmente percebem como sendo pior o abuso psicológico (humilhações, xingamentos, agressões verbais) que o físico, diferentemente dos meninos os quais relatam sofrer mais com o abuso físico que o psicológico.

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O comportamento dos dependentes de substâncias psicoativas se altera e com isso as relações existentes também, dessa maneira algumas relações ficam restritas ou são rompidas e novas são criadas. Os adictos tendem a estabelecer relações externas (grupos de amigos) fortes e que, em situações de conflito, buscam refúgio nesses amigos, construindo uma falsa ideia de independência, que é formada, também, pela relação que essas pessoas mantêm com a subcultura na qual estão inseridas. Mesmo assim, as alianças entre os membros familiares são muito fortes e explícitas, principalmente as mães dos dependentes as quais se relacionam com estes de forma a não haver uma separação entre si, o que torna a relação simbiótica, na qual a mãe se apega ao filho desde a tenra idade e trata-o como se tivesse idade menor do que realmente tem (ORTH; MORÉ, 2008). Dessa forma diversos fatores contribuem nas relações familiares, desde fatores de ordem comportamentais, psicológicos e físicos, comprometendo positivamente ou negativamente o desenvolvimento dessas relações. Contudo, acredita-se que a despeito dos padrões disfuncionais que acometem essas famílias, elas são intrinsecamente saudáveis, competentes e podem, se orientadas, desenvolver formas assertivas de lidar com o problema da dependência e, consequentemente, melhorar a qualidade da relação familiar (MATOS et al., 2008). 4. CONCLUSÃO

A

través dos estudos podem-se compreender sobre o funcionamento, comportamentos e características das relações familiares existentes entre os familiares de dependentes de substâncias psicoativas, visto que o problema da dependência química é parte do funcionamento familiar, e contribui para o equilíbrio desse sistema. Constatou-se que a comunicação e a coesão familiar são fundamentais para as relações entre os membros da família, de maneira que se fazem prejudicadas nas famílias com dependentes químicos. Além disso, foi possível evidenciar as dificuldades encontradas por essas famílias devido à dependência química de um dos membros sendo os principais sentimentos: raiva, ressentimento, descrédito, dor, impotência, medo do futuro, falência, desintegração, solidão diante do resto da sociedade, culpa e vergonha pelo estado em que se encontram. A dificuldade dos pais em manter regras e limites é um fator existente nessas relações, bem como em muitas famílias a violência verbal e física. Esses autores identificam as características básicas das famílias de adolescentes dependentes de drogas como sendo as seguintes: administração insatisfatória da família, negligência, indisciplina e falta de interesse pelas atividades diárias de seus filhos, comunicação não efetiva, falta de afeto e processos familiares que envolvem interações baseadas em ameaças e medo. Diante dos resultados deste percebe-se a necessidade de acompanhar as famílias dos dependentes, uma vez que eles também adoecem sem fazer uso de substâncias psicoativas. A temática da dependência química deve ser abordada sob uma perspectiva da integralidade e ampliada em diversos aspectos no universo individual, social e familiar. O apoio familiar é vital para a reestruturação do dependente químico, já que, tanto o processo de adoecimento quanto a recuperação interferem na dinâmica familiar.

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Como descreve Matos, Pinto e Jorge, (2008) a realização de grupos de orientação familiar em dependência química no qual os resultados foram favoráveis, pois as famílias sentiram-se acolhidas e revelaram que o grupo possibilitou a “aquisição de novas amizades” o “resgate da autoestima” e o reconhecimento em relação aos sentimentos negativos, principalmente de “vergonha”, “impaciência” e “desespero”. Este tema merece atenção e deve ser considerado de suma importância, uma vez que diversos estudos apontam que a questão do relacionamento familiar pode funcionar tanto como um fator de risco quanto de proteção em relação ao uso de substâncias. Nota-se então a necessidade de mais estudos procurando compreender não apenas como se dão essas relações, mas contribuindo com a melhoria na qualidade dessas relações, partindo de uma comunicação dialógica, visto que essas famílias são capazes de desenvolver recursos importantes para contribuir com o desenvolvimento de estratégias no âmbito familiar.

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Relações interpessoais nas famílias de dependentes químicos Aline Araújo Freitas Silva Docente Assistente do Departamento de Saúde da Faculdade de Tecnologia e Ciências (FTC), Campus Itabuna, Bahia. Ex-bolsista do Programa de Bolsas da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (FAPESB), vinculado ao Programa de Iniciação Científica da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC). Pós-graduada em saúde mental em nível de especialização pela Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC) Ilhéus, BA E-mail: lineafreitas@gmail.com Nairan Morais Caldas Docente do Departamento de Saúde da Universidade Estadual de Santa Cruz (UESC), Mestre em enfermagem pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) Ilhéus, BA E-mail: nairanmorais@yahoo.com.br SILVA, A.A.F.; CALDAS, N.M. Relações interpessoais nas famílias de dependentes químicos. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 48-56, fev.-mar., 2014.

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Análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material particulado originado da queima de combustíveis José Flávio Rocha Gonçalves Graduando em Engenharia de Informática pela Universidade Federal de Ceará (UFC) Pacatuba, CE E-mail: flavio@gtel.ufc.br Luciana Mascena Silva Licenciada em Biologia Pacatuba, CE E-mail: lumascena2@gmail.com GONÇALVES, J.F.R.; SILVA, L.M. Análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material particulado originado da queima de combustíveis. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 57-63, fev.-mar., 2014. RESUMO Este trabalho trata da análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material

particulado originado combustíveis.

da

queima

de

Palavras-chave: Filtração; lã de vidro

1. INTRODUÇÃO 1.1. QUESTÃO(ÕES) OU PROBLEMA(S) A SER(EM) RESOLVIDO(S)

D

evido aos grandes problemas de poluição do ar em Maracanaú, uma cidade que tem um dos maiores polos industriais do estado do Ceará e cuja população sofre com os efeitos da emissão de gases poluentes na atmosfera, resolvemos apresentar nossa proposta de projeto de contenção desses poluentes, em especificamente materiais particulados. Apesar do uso obrigatório, os sistemas catalisadores, responsáveis pela diminuição das substâncias nocivas tanto para o meio ambiente quanto para a saúde da população, nem sempre têm sua aquisição viável. Os altos custos dos materiais e principalmente o custo de manutenção constante desestimula sua procura.

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É difícil estabelecer níveis críticos de poluição do ar em um ambiente, já que também é difícil a detecção de poluentes que, mesmo em pequenas concentrações, são altamente prejudiciais. A dificuldade é maior ainda quando se trata de isolar o efeito danoso quando a população está exposta aos poluentes em grandes períodos de tempo. O decréscimo da resistência física, a indisposição, o agravamento de enfermidades e a necessidade de se permanecer em casa são efeitos de um ambiente cujo ar não tenha níveis normais de poluição. Em muitos casos de morte por doenças respiratórias, principalmente no grupo de risco, não é feita nenhuma relação à poluição do ar, que nem sequer é citada em um diagnóstico. Questionando para alguns habitantes dos bairros do Acaracuzinho e Distrito Industrial, ambos em Maracanaú, onde também tiramos muitas fotos de fábricas emitindo fumaça escura, percebemos que todas as pessoas ou sofrem ou pelo menos têm algum familiar ou amigo que é afetado por problemas respiratórios, cujas causas se atribuem a qualidade do ar. Assim, podemos ver que na mentalidade de boa parte das pessoas a emissão de poluentes na atmosfera está apenas relacionada a questões puramente de preservação do meio ambiente e manutenção da vida na terra, sendo esquecidos os prejuízos locais, com um ar mais denso e nocivo que compromete a saúde das pessoas e a vida de nossas crianças e idosos. Problemas de poluição do ar estão entre os principais riscos de se viver em regiões metropolitanas. Não importa se estamos andando de ônibus no meio do trânsito ou indo à padaria, estamos sempre sujeitos a este tipo de ameaça. Seja de fontes estacionárias ou móveis, a poluição regional do ar sempre encontra suas vítimas onde quer que estejam. Ela não faz distinção entre as pessoas, podendo atingir todas as classes sociais e de qualquer idade, principalmente idosos, crianças e pessoas debilitadas que formam o grupo de risco. Muitos problemas respiratórios são causados pela inalação de substâncias como monóxido de carbono, óxidos de nitrogênio e material particulado. Doenças como enfisema, bronquite, doença pulmonar obstrutiva crônica, pneumonias, infecções no trato respiratório superior, asma, insuficiência cardíaca, quadros isquêmicos coronarianos, arritmias diversas e até mesmo casos de asfixia são comumente encontrados em regiões onde há uma intensa concentração de indústrias. Nosso projeto propõe um mecanismo alternativo com baixo custo para controlar a emissão de poluentes do ar, originados da queima de combustíveis, como forma de proteger a saúde da população e do meio ambiente. E assim, contribuir com o desenvolvimento de procedimentos que venha a amenizar a degradação ambiental, melhorando a qualidade do ar em locais industrializados. Por volta de 1661, cientistas da Grã-Bretanha descobriram que a poluição industrial podia afetar a saúde das pessoas e as plantas das redondezas. Com o crescimento industrial nos séculos XVIII e XIX, aumentaram os danos para a saúde das pessoas e para o meio ambiente. Entretanto, ninguém pensava que a poluição pudesse ser transportada para muito longe. Então, em 1881, um cientista norueguês descobriu um fenômeno que ele chamou de precipitação suja, o qual ocorria na costa oeste da Noruega, onde não havia indústria poluidora. Ele suspeitou que viesse da GrãBretanha. Hoje os cientistas provam, sem sombra de dúvida, que a poluição é conduzida pelo ar a grandes distâncias. Se alguma prova adicional fosse necessária, seria fornecida pelo acidente na usina nuclear de Chernobyl, que produziu chuva radioativa em áreas da Europa Oriental e Ocidental. Os efeitos dessa chuva radioativa sobre o ambiente podem perdurar por dezenas de anos.

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Os países escandinavos reconheceram que a chuva ácida era uma das causas principais da acidificação de seus lagos. Muita pesquisa tem sido desenvolvida para mostrar as relações significativas entre as precipitações de dióxido de enxofre e os danos ambientais. Aceitando essa evidência, a maioria dos países concorda em reduzir suas emissões. Alguns, entretanto, mostram muita má vontade e afirmam que são necessárias evidências mais contundentes para provar se o dióxido de enxofre causa de fato um grande malefício ao meio ambiente. 1.2. ATIVIDADES INDUSTRIAIS E QUALIDADE AMBIENTAL DO MUNICÍPIO DE MARACANAÚ

A

atividade industrial é determinante na dinâmica social e econômica do município. O Distrito Industrial de Maracanaú ocupa uma área de 1.100 hectares, correspondendo a 12,35% da área do município. Emprega 16,5 mil pessoas, nas mais de 100 empresas instaladas no três polos industriais (DIF I, DIF III e DI 2000), sendo que 15 mil estão alocadas nas 75 indústrias do primeiro polo industrial implantado no Ceará. Dessa mão-de-obra, 50% reside em Maracanaú ou nos conjuntos habitacionais que circundam a zona industrial (FIEC, 2004). De ritmo relativamente lento desde sua fundação, a dinâmica de ocupação da cidade, a partir da instalação do distrito e da construção dos conjuntos habitacionais em seu entorno, passou a se processar de forma acelerada e intensiva, gerando problemas que alteraram profundamente a sua dinâmica social e ambiental. Esse processo de urbanização desordenada acarretou em elevados níveis de degradação ambiental e de qualidade de vida da população local decorrentes, principalmente, da concentração de equipamentos urbanos como edificações comerciais, residenciais (conjuntos habitacionais Jereissati I e II, Novo Maracanaú, Industrial, Acaracuzinho, Novo Oriente e Timbó), e atividades industriais (Distrito Industrial I, Distrito Industrial 2000, Distrito Industrial III). Nas cidades, o uso do solo se dá através da substituição dos elementos naturais da paisagem pelos materiais que compõem a estrutura urbana. Essa substituição promove alterações nas variáveis climáticas locais. O material usado nas construções provoca mudanças no balanço de radiação, afetando consequentemente os valores de temperatura. A evaporação diminui em função da canalização dos cursos d’água, da impermeabilização dos solos e da retirada da cobertura vegetal, reduzindo os índices de umidade relativa do ar. A verticalização interfere na dispersão de calor e de poluentes. As atividades industriais poluem o ar intraurbano, entre outras. Em Maracanaú, as instalações industriais provocaram a retirada da cobertura vegetal, a impermeabilização dos solos, aumento na circulação de veículos e a concentração de uma série de equipamentos urbanos. Taís modificações vêm interferindo nas características do sítio urbano local, promovendo alterações em seu balanço energético e, por conseguinte, gerando ambientes climáticos desconfortáveis para a população ali residente. A construção do distrito acarretou profundas mudanças de ordem social e econômica para a população que reside em suas adjacências, porém tais transformações não foram acompanhadas pelo poder público no que tange a qualidade ambiental e de vida da população. A cidade, como um todo, cresceu sem um planejamento adequado, porém os conjuntos habitacionais construídos na periferia do distrito, representam o ambiente onde o balanço de energia local mais sofre alterações.

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A carência de medidas planejadoras pode ser facilmente observada quanto à disposição dos Distritos Industriais em relação à direção predominante dos ventos, o que prejudica a qualidade do ar e o conforto térmico nesses conjuntos habitacionais. Os conjuntos foram construídos à oeste do distrito industrial, para onde normalmente se dirigem os ventos no local (leste para oeste), ocasionando a dispersão de vários tipos de poluentes pelas residências. Essas unidades habitacionais representam, dessa forma, a total ausência de planejamento na orientação do desenvolvimento industrial do município, no controlo do uso do solo local e com a qualidade de vida da população que habita essa área. Tratam-se dos ambientes mais afetados pelas atividades industriais, e correspondem aos segmentos da superfície municipal mais alterados no que diz respeito a seu clima urbano enquanto componente da qualidade do ambiente. 1.3. HIPÓTESES

O

s mecanismos que atualmente realizam o tratamento de gases têm um alto custo, como caixas de fumaça e sistemas catalizadores, por isso é necessária a busca por alternativas a esses mecanismos que sejam eficientes e viáveis. Uma dessas alternativas é o tratamento de baixo custo dos gases que saem dos escapamentos de automóveis e fábricas utilizando lã de vidro. Por este motivo, procuramos projetar modelos que teriam a mesma finalidade, porém de baixo custo, utilizando fibra de lã de vidro. Além da grande capacidade de adsorção, a lã de vidro tem como características:          

São incombustíveis, evitando a propagação das chamas e o risco de incêndio; Reduz o consumo de energia do sistema de ar condicionado; Não favorecem a proliferação de fungos ou bactérias; Não deteriora nem apodrece; Sua capacidade isolante não diminui com o passar do tempo; Aplicações mais comuns da lã de vidro: Isolação térmica; Isolamento das paredes divisórias internas; Isolação acústica em paredes duplas e forros; Absorção acústica em ambientes diversos.

O seguinte projeto visa aplicar a lã de vidro na absorção de fuligem, absorvendo da fumaça que saí das chaminés os poluentes, o material particulado. Há neste caso uma filtração que torna a fumaça que antes saia escura em fumaça branca. 1.4. OBJETIVOS (GERAL E ESPECÍFICOS) 1.4.1. GERAL

P

ropor um mecanismo alternativo com baixo custo para controlar a emissão de poluentes do ar, originados da queima de combustíveis, como forma de proteger a saúde da população e do meio ambiente. E assim, contribuir com o desenvolvimento de procedimentos que venha a amenizar a degradação ambiental, melhorando a qualidade do ar em locais industrializados.

60


1.4.2. ESPECÍFICOS       

Estudar os mecanismos de funcionamento das caldeiras e de veículos automotores; Verificar os resíduos produzidos diariamente por essas caldeiras e veículos e o nível de poluição atmosférica concentrado no município de Maracanaú; Traçar um paralelo entre esse novo mecanismo e os que são usados hoje; Verificar os custos desse mecanismo filtrante; Verificar seu efeito na quantidade de poluentes reduzidos e emitidos no ar; Verificar a utilidade da lã de vidro e suas características; Comprovar sua eficácia e viabilidade na filtração de material particulado proveniente que sai da combustão.

2. METODOLOGIA (DESCRIÇÃO DETALHADA DOS MÉTODOS, PROCEDIMENTOS E MATERIAIS) Materiais utilizados na experimentação:        

Malha de lã de vidro com 5mm de espessura e 18,75cm² de superfície; Telas de metal de para evitar o vazamento de resíduos de lã de vidro para o ambiente; Luvas para o caso de manuseio da lã de vidro por um longo período de tempo; Gel capilar sem álcool, apenas um grama; Mini-forno de 13 cm de altura e volume de 1625cm³, cuja chaminé tem 17cm de altura e secção horizontal de 18,75cm²; Para a combustão utilizamos 105g de carvão vegetal e 20ml de gasolina comum; Pacotes plásticos para o empacotamento da lã de vidro juntamente com os resíduos coletados, para análise, armazenagem, reutilização em outras aplicações ou descarte; Cola epóxi para a vedação do filtro e colagem do filtro na chaminé.

Atentando para o tipo de caldeira utilizada, constrói-se o aparelho para filtragem e se realizam todas as etapas até o produto final: 

  

Construção do filtro: o filtro é construído de acordo com as proporções da caldeira e o tipo de material a ser utilizado como combustível, tal como o tempo da combustão. Nestas condições podemos atender as exigências para uma melhor eficiência da filtragem. Para o mini-forno de 1625cm³ da nossa experimentação utilizamos malha de lã de vidro com 5mm de espessura e 18,75cm² de superfície, um grama de gel capilar sem álcool, tela metálica para evitar a emissão de resíduos da malha no ambiente. A malha de lã de vidro é aderida a tela metálica através do gel capilar. Instalação do filtro: a instalação do filtro deve seguir às regras de segurança apropriadas. Ele deve ser colocado no topo da chaminé, atentando para o nível de resistência dos materiais. Filtragem: a fumaça que sai na chaminé carrega uma grande concentração de resíduos particulados. Estes são retidos pelo sistema de filtragem. Recolhimento do material particulado: O suporte com o filtro é retirado para a troca de lã (a periodicidade desta troca depende do tempo de exposição aos resíduos, do volume da lã de vidro, dos tipos de resíduos gerados, etc.). A partir daí, o filtro é levado para um local seco e arejado, onde se deve trocar toda a lã de vidro para então colocar o filtro novamente na chaminé da caldeira.

61


Destino da lã de vidro utilizada, juntamente com os resíduos: a lã de vidro depois de utilizada como meio filtrante pode ser encaminhada para a construção civil, já que suas propriedades isolantes térmico-acústicas permanecerem intactas.

3. RESULTADO E ANÁLISES DE DADOS

C

onseguimos com êxito fazer a filtragem da fumaça escura que saia da chaminé do mini-forno que construímos e assim obtivemos fumaça branca que causa menos danos ao meio ambiente e à saúde da população, constatada por Escala de Ringelman. A eficiência estava mais expressiva quando analisamos a lã de vidro após a experimentação e observamos que estava muito escura, pela grande quantidade de material retido realizando então grande contenção de partículas de cinzas, sinal de que realmente a filtragem ocorreu. Para o reaproveitamento, podemos encaminhar a lã de vidro, já utilizada, para a construção civil, já que pode ser aplicada como isolante térmico e acústico no interior de paredes. Através da Escala de Ringelman, constatamos uma redução da densidade de MP após a instalação do filtro. Antes da instalação, observamos uma densidade na faixa 80% de MP, após, observamos que essa taxa caiu para a faixa 20%, uma redução de aproximadamente 75%. Realizamos as análises de Espectroscopia Raman no departamento de Física da Universidade Federal do Ceará, onde observarmos a presença de material coletado de constituição predominantemente carbonosa, o que nos dá fortes indícios de que seja MP. Através da Microscopia Eletrônica de Varredura - MEV do Departamento de Física-Universidade Federal do Ceará, observamos que as partículas obtidas são de tamanhos e de formas variáveis, com os particulados podendo alcançar desde alguns milímetros até a escala de mícrons, e quando o pó é aderido à lã de vidro, uma camada escura ao redor das fibras é formada, tanto nos testes da lã sem gel como com gel, mas esta última verifica-se também que as fibras se aderem umas às outras, em um efeito de cola selante, diminuindo os riscos de se soltarem. Também realizamos Espectroscopia Dispersiva de raio-X EDX do Departamento de Física da Universidade Federal do Ceará, onde podemos observar que o principal elemento constituinte do produto da combustão é o carbono, o que também se justifica na Espectroscopia Raman, sendo considerável o aumento na porcentagem atômica do elemento carbono na lã de vidro, pela análise de antes e depois da sua utilização como filtro, isto indica que a lã de vidro serve como um bom dispositivo para a retenção dos poluentes provenientes da combustão. Dos resultados de EDX, a utilização do gel não acarreta em um considerável aumento percentual na quantidade atômica do elemento carbono, porém é necessário, já que seu efeito de cola selante evita com que resíduos de lã de vidro escapem para o ambiente, o que se justifica na MEV. O resultado foi satisfatório, visto que encontramos uma maneira de reduzir a emissão de poluentes na atmosfera utilizando um mecanismo de baixo custo, em que há um beneficiamento ambiental, social e econômico. 4. CONCLUSÃO

A

ssim, podemos concluir que a melhor forma de se resolver os problemas de poluição do ar é com a busca por métodos de reduzir a emissão de poluentes, procurando saídas atrativas tanto por eficiência quanto por economia, e principalmente com a conscientização da população sobre o que estamos respirando, com a consciência de que a emissão de poluentes na atmosfera não é um problema tão distante da nossa realidade.

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Os efeitos dos altos níveis das substancias tóxicas podem atingir todos nós, mesmo que não percebamos. É pelo risco que corremos, principalmente estando em uma região industrial ou de tráfego intenso, que é preciso a busca por uma melhor qualidade de vida, associada principalmente a manutenção da qualidade do ar e preservação do meio ambiente. A proporção em que se desenvolve a pesquisa, os objetivos também estão sendo alcançados. Nossas hipóteses estão sendo confirmadas, principalmente pelas análises de campo e de laboratório, visto que a utilização da lã de vidro como meio filtrante é viável, eficaz e econômica. Obtivemos informações importantes acerca dos mecanismos encontrados em nossa região e podemos traçar um paralelo entre o nosso e os aplicados nas caldeiras de nossa cidade. Dentre nossos próximos passos estão construir filtros em larga escala, aprimorando a técnica de construção dos mesmos, e conscientizar as pessoas sobre os riscos que os resíduos particulados trazem para a saúde e meio ambiente.

REFERÊNCIAS HINRICHS, A.R. Energia e Meio Ambiente. São Paulo: Thomson Pioneira, 2003.

LEIS, HECTOR R. Ecologia e política mundial. Petrópolis: Vozes, 2005; p. 203 207.

BRANCO, S.M.; MURGEL, E. Poluição do Ar. 2º ed. São Paulo: Editora Moderna, [2004].

COMPANHIA Ambiental do Estado de São Paulo. Poluentes do ar e seus efeitos na saúde. São Paulo, [20-?]. Disponível em: <http://www.cetesb.sp.gov.br/Ar/ar_saude.a sp>.

DREW, D. Processos interativos homemmeio ambiente. São Paulo: Bertrand Brasil, 2002.

Análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material particulado originado da queima de combustíveis José Flávio Rocha Gonçalves Graduando em Engenharia de Informática pela Universidade Federal de Ceará (UFC) Pacatuba, CE E-mail: flavio@gtel.ufc.br Luciana Mascena Silva Licenciada em Biologia Pacatuba, CE E-mail: lumascena2@gmail.com GONÇALVES, J.F.R.; SILVA, L.M. Análise da aplicação da lã de vidro reciclada como meio filtrante para a redução da emissão de material particulado originado da queima de combustíveis. Rev. Esp. Cient. Livre (ISSN 2236-9538), n. 18, p. 57-63, fev.-mar., 2014.

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA CONGRESSO DE MATEMÁTICA APLICADA E COMPUTACIONAL – I CMAC-SUL De 19 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Curitiba, PR. Saiba mais em: http://cmac.org.br/sul/2014/home

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III SIMPÓSIO EM PRODUÇÃO ANIMAL E RECURSOS HÍDRICOS – SPARH De 20 a 21 de março de 2014. Local: São Carlos, SP. Saiba mais em: http://www.cppse.embrapa.br/III-sparh

1º SIMPÓSIO INTERNACIONAL DE ONCOLOGIA VETERINÁRIA De 21 a 23 de março de 2014. Local: Botucatu, SP. Saiba mais em: http://www.fmvz.unesp.br/#!/eventos/1-simposio-internacional-deoncologia-veterinaria/

XII Congresso APA – Produção e Comercialização de Ovos De 25 a 27 de março de 2014. Local: Ribeirão Preto, SP. Saiba mais em: http://www.funep.org.br/mostrar_evento.php?idevento=389

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XII SIMPÓSIO ÍTALO-BRASILEIRO DE ENGENHARIA SANITÁRIA E AMBIENTAL De 02 a 04 de julho de 2014. Local: Natal, RN. Saiba mais em: http://www.abes.locaweb.com.br/XP/XP-EasyPortal/Site/XPPortalPaginaShow.php?id=743

XLIII CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA De 27 a 31 de julho de 2014. Local: Campo Grande, MS. Saiba mais em: http://www.sbea.org.br/conbea2013/

CONGRESSO NACIONAL DE ENGENHARIA MECÂNICA De 10 a 15 de agosto de 2014. Local: Uberlândia, MG. Saiba mais em: http://www.conem2014.com.br/

SIMPÓSIO LATINO AMERICANO DE CANOLA - SLAC De 19 a 21 de agosto de 2014. Local: Passo Fundo, RS. Saiba mais em: http://www.cnpt.embrapa.br/eventos/2013/slac/index.html

COBRAMSEG 2014: XVII CONGRESSO BRASILEIRO DE MECÂNICA DOS SOLOS E ENGENHARIA GEOTÉCNICA; VII CONGRESSO LUSO-BRASILEIRO DE GEOTECNIA; VI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE MECÂNICA DAS ROCHAS; VI SIMPÓSIO BRASILEIRO DE JOVENS GEOTÉCNICOS De 09 a 13 de setembro de 2014. Local: Goiânia, GO. Saiba mais em: http://www.qeeventos.com.br/qeeventos/site/cobramseg-2014.aspx

X SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA De 18 a 23 de outubro de 2014. Local: Manaus, AM. Saiba mais em: http://www.sinageo.org.br/index2.php

XX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA De 19 a 22 de outubro de 2014. Local: Florianópolis, SC. Saiba mais em: http://www.cobeq2014.com.br/

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS CONFERÊNCIA NACIONAL DE EDUCAÇÃO 2014 (CONAE) De 17 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Brasília, DF. Saiba mais em: http://conae2014.mec.gov.br/index.php

IV CONGRESSO INTERNACIONAL SOBRE PROFESSORADO PRINCIPIANTE E INSERÇÃO PROFISSIONAL À DOCÊNCIA De 19 a 21 de fevereiro de 2014. Local: Curitiba, PR. Saiba mais em: http://www.congreprinci.com.br/

CONGRESSO CATARINENSE DE RECURSOS HUMANOS - CONCARH De 20 a 21 de março de 2014. Local: Joinville, SC. Saiba mais em: http://abrhsc.org.br/eventos/2014/?pag=home&evento=10

18º ENCONTRO REGIONAL DOS ESTUDANTES E PROFISSIONAIS DE ADMINISTRAÇÃO De 25 a 28 de abril de 2014. Local: Maceió, AL. Saiba mais em: http://www.eread.com.br/

II CONGRESSO NACIONAL DE FORMAÇÃO DE PROFESSORES De 07 a 09 de abril de 2014. Local: Águas de Lindoia, SP. Saiba mais em: http://www.geci.ibilce.unesp.br/logica_de_aplicacao/site/index_1.jsp?id_evento=31

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7º SEMINÁRIO NACIONAL O PROFESSOR E LEITURA DO JORNAL De 24 a 25 de abril de 2014. Local: Campinas, SP. Saiba mais em: http://correio.rac.com.br/correio_escola/7seminario/index.php

VIII JORNAP – JORNADA CIENTÍFICA DE ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA De 13 a 15 de maio de 2014. Local: Araraquara, SP. Saiba mais em: http://jornap.org/

XII SEMINÁRIO DE LINGUÍSTICA APLICADA / VIII SEMINÁRIO DE TRADUÇÃO De 30 de abril a 03 de maio de 2014. Local: Salvador, BA. Saiba mais em: http://www.slastrad2014.ufba.br/

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XVII CONGRESSO INTERNACIONAL DA ALFAL De 14 a 19 de julho de 2014. Local: João Pessoa, AL. Saiba mais em: http://www.alfal2014brasil.com/

CONBRAD - CONGRESSO BRASILEIRO DE ADMINISTRAÇÃO De 09 a 12 de setembro de 2014. Local: Maringá, PR. Saiba mais em: http://www.conbrad.com.br/institucional.php

XVII ENDIPE – ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO De 11 a 14 de novembro de 2014. Local: Fortaleza, CE. Saiba mais em: http://endipe.pro.br/site/xvii-endipe2014/

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