Revista Espaço Científico Livre n.22

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ESPAÇO CIENTÍFICO

ISSN 2236-9538 BRASIL, N.22, OUT.-NOV., 2014

REVISTA DE PUBLICAÇÃO DE ARTIGOS E RESUMOS DE ALUNOS DE NÍVEL TÉCNICO, SUPERIOR E PROFISSIONAIS DE DIVERSAS ÁREAS DE TODO BRASIL E DIVULGAÇÃO DE DIVERSOS EVENTOS ACADÊMICOS.

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SOBRE O AUTOR DOS CURSOS: Verano Costa Dutra - Farmacêutico e Mestre em Saúde Coletiva pela Universidade Federal Fluminense, possui também habilitação em homeopatia – Editor da Revista Espaço Científico Livre


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SUMÁRIO EDITORIAL

07

ARTIGOS A computação quântica e o iminente fim da Era Moore Por Antonio Arley Rodrigues da Silva, Antonio Moisés Miranda dos Santos & Carlos Anderson Rocha dos Santos

27

Análise dos discursos do capítulo “formação profissional permanente dos professores” dos parâmetros curriculares nacionais (+) orientações educacionais complementares – ciências humanas e suas tecnologias Por Edgar Gomes Júnior

39

O Velho e o Mar: o desespero e a angústia de Santiago, segundo Kierkegaard Por Amélia Jessiely Soares Bento

53

O desperta da comunicação humana: um estudo antropológico e linguístico sobre a origem da fala Por Giovani de Arruda Campos

62

EVENTOS ACADÊMICOS

85

NORMAS PARA PUBLICAÇÃO

99

ERRATA Nas páginas 51 e 52 da Revista Espaço Científico Livre n. 21, no artigo “Os benefícios da implantação da virtualização em um servidor do IFCE campus Tianguá com o XenServer” de Antonio Arley Rodrigues da Silva, Willamys Gomes Fonseca Araújo e Ângelo de Medeiros Lima Júnior, deve-se considerar o Abstract e os Keywords abaixo: ABSTRACT This article presents the use of server virtualization and the benefits of its implementation. It is demonstrated from the hardware configuration, software and services, previously used, to the new solution, which makes use of Citrix XenServer and Citrix XenCenter Application to assist in the administration and maintenance of the installed virtual machines. The study was conducted at the Federal Institute of Education, Science and Technology of Ceara - IFCE in Campus Tianguá. Keywords: Virtualization. XenServer. Virtual Machine. Server. Sustainability.

BRASIL, N.22, OUT.-NOV., 2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


EDITORIAL Bem vindo a mais uma edição da Revista Espaço Científico Livre, Neste mês estamos vivendo a “festa da democracia”, votamos ou decidimos não votar para deputado estadual, deputado federal, senador, governador e presidente. Além da eleição do segundo turno para presidente alguns estados têm ainda a eleição do segundo turno para governador. Devemos ficar atentos para as propostas e escolher aquele ou aquela que melhor nos representarão. Ou também podemos optar por não escolher em não votar. Apesar do voto ser obrigatório, há opções como o voto nulo, o voto em branco ou não votar e justificar em outro município ou nos dias seguintes. Pena que aqueles que foram intimados para trabalharem nas eleições não tem essa alternativa. Enfim, isso é a nossa democracia. Mas devemos lembrar que o candidato que vencer mesmo recebendo ou não o nosso voto, será um representante do nosso país e/ou estado. E que todos podemos e devemos exigir o melhor. Desejo a todos uma boa eleição e uma boa leitura, Verano Costa Dutra Editor da Revista Espaço Científico Livre A Revista Espaço Científico Livre é uma publicação independente, a sua participação e apoio são fundamentais para a continuação deste projeto. O download desta edição terá um valor simbólico de R$ 12,99, para contribuir com a sustentabilidade da publicação. No entanto, a leitura online continuará sendo gratuita e continuará com o compromisso de promover o conhecimento científico.

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Os membros do Conselho Editorial colaboram voluntariamente, sem vínculo empregatício e sem nenhum ônus para a Espaço Científico Livre Projetos Editoriais. Os textos assinados não apresentam necessariamente, a posição oficial da Revista Espaço Científico Livre, e são de total responsabilidade de seus autores. A Revista Espaço Científico Livre esclarece que os anúncios aqui apresentados são de total responsabilidade de seus anunciantes.

Imagem da capa: Ayhan YILDIZ / FREEIMAGES.com As figuras utilizadas nesta edição são provenientes dos sites Free Images (http://ww.freeimages.com) e Wikipédia (http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:John_Lennon_1964_001_cropped.png). As figuras utilizadas nos artigos são de inteira responsabilidade dos respectivos autores. BRASIL, N.22, OUT.-NOV., 2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67


CONSELHO EDITORIAL Claudete de Sousa Nogueira Graduação em História; Especialização em Planejamento, Implementação e Gestão Educação a Distância; Mestrado em História; Doutorado em Educação; Professor Assistente Doutor da Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho (UNESP). Davidson Araújo de Oliveira Graduação em Administração; Especialização em Gestão Escolar, Especialização em andamento em: Marketing e Gestão Estratégica, em Gerenciamento de Projetos, e em Gestão de Pessoas; Mestrado profissionalizante em andamento em Gestão e Estratégia; Professor Substituto da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ). Ederson do Nascimento Graduação em Geografia Licenciatura e Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professor Assistente da Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS). Edilma Pinto Coutinho Graduação em Engenharia Química; Especialização em Engenharia de Segurança do Trabalho; Mestrado em Ciência e Tecnologia de Alimentos; Doutorado em Engenharia de Produção; Professor Adjunto da Universidade Federal da Paraíba (UFPB). Francisco Gabriel Santos Silva Graduação em Engenharia Civil; Especialização em Gestão Integrada das Águas e Resíduos na Cidade; Mestrado em Estruturas e Construção Civil; Doutorado em andamento em Energia e Ambiente; Professor Assistente 2 da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB). Ivson Lelis Gama Doutorado em Química Orgânica pela Universidade Federal Fluminense, Pres. do NDE da Faculdade de Farmácia-FACIDER da Faculdade de Colider. Jacy Bandeira Almeida Nunes Graduação em Licenciatura em Geografia; Especialização: em Informática Educativa, em Planejamento e Prática de Ensino; em Planejamento e Gestão de Sistemas de EAD; Mestrado em Educação e Contemporaneidade; Professor titular da Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Joseane Almeida Santos Nobre Graduação em Nutrição e Saúde; Mestrado em Ciência da Nutrição (Professor da Faculdade Integrada Metropolitana de Campinas (METROCAMP). Josélia Carvalho de Araújo Graduação em Geografia - Licenciatura; Graduação em Geografia - Bacharelado; Mestrado em Geografia; Doutorado em andamento em Geografia; Professora Assistente II da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). Juliana Teixeira Fiquer Graduação em Psicologia; Especialização em Formação em Psicanálise; Mestrado em Psicologia (Psicologia Experimental); Doutorado em Psicologia Experimental; Pós-Doutorado; Atua no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas de São Paulo.

Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; e Doutorado em andamento em Enfermagem.

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CONSELHO EDITORIAL CONSELHO EDITORIAL Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; e Pós-Doutorado. Kariane Gomes Cezario Graduação em Enfermagem; Mestrado em Enfermagem; Doutorado em andamento em Enfermagem; Professora assistente I do Centro Universitário Estácio do Ceará. Livio Cesar Cunha Nunes Graduação em Farmácia; Graduação em Indústria Farmacêutica; Mestrado em Ciências Farmacêuticas; Doutorado em Ciências Farmacêuticas; Pós-Doutorado; Professor Adjunto da Universidade Federal do Piauí. Márcio Antonio Fernandes Duarte Graduação em Licenciatura Em Ciências; Graduação em Comunicação Social Publicidade e Propaganda; Mestre em em design, pela FAAC-Unesp; Professor da Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista (FAIP). Maurício Ferrapontoff Lemos Graduação em Engenharia de Materiais; Mestrado em Engenharia de Minas, Metalúrgica e de Materiais; Doutorado em andamento em Engenharia Metalúrgica e de Materiais; Pesquisador Assistente de Pesquisa III do Instituto de Pesquisas da Marinha. Messias Moreira Basques Junior Graduação em Ciências Sociais; Mestrado em Antropologia Social; Professor substituto da UFSCAR. Osvaldo José da Silveira Neto Graduação em Medicina Veterinária; Especialização em Defesa Sanitária Animal; Mestrado em Ciência Animal; Doutorado em andamento em Ciência Animal; Professor de Ensino Superior, Classe III da Universidade Estadual de Goiás (UEG). Raquel Tonioli Arantes do Nascimento Graduação em Pedagogia; Especialização em Psicopedagogia; Doutorado em andamento em Neurociência do Comportamento; Professor Titular da Universidade Presbiteriana Mackenzie. Reinaldo Monteiro Marques Graduação em Educação Física; Graduação em Pedagogia; Graduação em Fisioterapia; Especialização: em Técnico Desportivo de Especialização em Voleibol, em Técnico Desportivo de Especialização em Basquetebol, em Fisioterapia Desportiva; Mestrado em Odontologia; Doutorado em Biologia Oral; Coordenador Aperfeiçoamento Fisio Esportiva da Universidade do Sagrado Coração. Richard José da Silva Flink Graduação em Engenharia Quimica; Especialização em: Engenharia de Açúcar e Álcool, em Administração de Empresas, em em Engenharia de Produção; Mestrado em Engenharia Industrial; Doutorado em Administração de Empresas; Atua no Instituto de Aperfeiçoamento Tecnológico. Verano Costa Dutra Farmacêutico Industrial; Habilitação em Homeopatia; Mestrado em Saúde Coletiva.

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COLABORADORES EDIÇÃO COLABORADORES DESTA EDIÇÃO EQUIPE REVISTA ESPAÇO CIENTÍFICO LIVRE

Verano Costa Dutra Editor e revisor – Farmacêutico, com habilitação em Homeopatia e Mestre em Saúde Coletiva pela UFF – espacocientificolivre@yahoo.com.br Monique D. Rangel Dutra Editora da Espaço Científico Livre Projetos Editoriais - Graduada em Administração na UNIGRANRIO Verônica C.D. Silva Revisão - Pedagoga, Pós-graduada em Gestão do Trabalho Pedagógico: Orientação, Supervisão e Coordenação pela UNIGRANRIO

AUTORES Edgar Gomes Júnior Aluno da disciplina isolada do mestrado em Estudos de Linguagens do CEFET-MG – Teorias Contemporâneas do Discurso. Bacharel e licenciado em Ciências Sociais Antonio Arley Rodrigues da Silva Prof. de Informática do IFCE Campus Tianguá. pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba – CESUBE, especialista em docência no Bacharel em Ciências da Computação e ensino superior pela – UFTM, especialista Especialista em Redes de Computadores em Gestão Pública na Saúde pela – UFU, professor de sociologia na Secretaria de Antonio Moisés Miranda dos Santos Aluno do curso técnico em Informática do Educação de Minas Gerais – SEE-MG IFCE Campus Tianguá Giovani de Arruda Campos Graduado em Comunicação Social, Carlos Andersos Rocha dos Santos Especialista e MBA em Marketing. Mestre Aluno do curso técnico em Informática do em Comunicação e Cultura. Professor IFCE Campus Tianguá Adjunto e Coordenador dos Cursos de Comunicação Digital da Universidade Paulista (UNIP), Unidade Sorocaba Amélia Jessiely Soares Bento Graduanda em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB)

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL O ARQUITETO EM FORMAÇÃO NA ERA DO DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL OS NOVOS PARADIGMAS DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL NO ENSINO DA ARQUITETURA E URBANISMO

de Cátia dos Santos Conserva O desenvolvimento traz ao mundo, além de conforto e comodidade, danos muito sérios ao meio ambiente pela maneira displicente pela qual fazemos usos dos recursos da terra. O Brasil, inserido em um mundo em pleno desenvolvimento, enfrenta o desafio de educar sua população para formar cidadãos comprometidos com a sustentabilidade em seus aspectos social, econômico e ambiental. Com a Revolução Industrial e o crescimento das cidades, os paradigmas mudaram, de uma visão ecocêntrica passamos para a busca de uma visão mais complexa, a visão da sustentabilidade. Nesse cenário, esse livro apresenta e analisa uma proposta de inserção da Educação Ambiental em uma comunidade acadêmica, na Asa Sul, Brasília-DF.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL A QUESTÃO RACIAL COMO EXPRESSÃO DA QUESTÃO SOCIAL UM DEBATE NECESSÁRIO PARA O SERVIÇO SOCIAL

de Renata Maria da Conceição Este livro tem como objetivo contribuir com o debate acerca da temática da questão étnicoracial no processo de formação em Serviço Social. Essa temática se apresenta relevante para um exercício profissional comprometido com a questão social e com a garantia dos direitos humanos. A pesquisa buscou analisar se a questão étnico-racial está inserida no processo de formação profissional em Serviço Social, com ênfase para identificar a percepção de estudantes do curso de Serviço Social da Universidade de Brasília – UnB sobre a temática étnico-racial como expressão da questão social. A pesquisa realizada justifica-se pelo fato da questão racial ser uma demanda presente no cotidiano do fazer profissional do assistente social.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL ESTUDO DA USINABILIDADE DO POLIETILENO DE ULTRA ALTO PESO MOLECULAR PELA ANÁLISE DA FORÇA DE CORTE de Luiz Otávio Corrêa & Marcos Tadeu Tibúrcio Gonçalves Este livro teve o objetivo realizar um estudo do desempenho do corte do material Polietileno de Ultra Alto Peso Molecular (UHMWPE), em operação de torneamento, através da medição da força principal de corte, analisando-se a influência dos seguintes parâmetros: avanço, velocidade de corte, profundidade de corte e geometria da ferramenta. A medição da força de corte foi feita por um dinamômetro conectado ao sistema de aquisição de dados, durante a usinagem realizada em um torno mecânico horizontal. A partir dos resultados obtidos, foi possível indicar as condições de corte mais adequadas em relação aos valores da força de corte medidas, para as condições de qualidade superficial aceitáveis em operações de desbaste.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Produção da proteína recombinante Fator IX da coagulação sanguínea humana em células de mamífero de Andrielle Castilho-Fernandes, Lucinei Roberto de Oliveira, Marta Regina Hespanhol, Aparecida Maria Fontes & Dimas Tadeu Covas

Esse livro mostra a potencialidade do sistema retroviral para a expressão do FIX humano em linhagens celulares de mamífero e a existência de peculiaridades em cada linhagem as quais podem proporcionar diferentes níveis de expressão e produção do FIX biologicamente ativo. Além de estabelecer toda a tecnologia para geração de linhagens celulares transgênicas produtoras de rFIX e futuros estudos em modelos animais poderão ser conduzidos para a elucidação minuciosa da molécula recombinante rFIX gerada.

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FLUXO DE CO2 DE VEGETAÇÃO INUNDADA POR REPRESAMENTO – QUANTIFICAÇÃO PRÉ ALAGAMENTO de André Luís Diniz dos Santos, Mauricio Felga Gobbi, Dornelles Vissotto Junior & Nelson Luis da Costa Dias Alguns estudos recentes indicam que lagos de usinas Hidrelétricas podem emitir quantidades significativas de gases de efeito estufa, pela liberação de dióxido de carbono oriundo da decomposição aeróbica de biomassa de floresta morta nos reservatórios que se projeta para fora da água, e pela liberação de metano oriundo da decomposição anaeróbica de matéria não-lignificada. No entanto, para quantificar a quantidade de gases de efeito estufa liberada para a atmosfera devido ao alagamento por barragens, é necessário quantificar também o fluxo de gás carbônico da vegetação que ali estava anteriormente ao represamento. Este trabalho procura descrever um método para calcular o fluxo de gás carbônico da vegetação antes de ser alagada, utilizando o SVAT de interação superfície vegetação-atmosfera conhecido como ISBA baseado em Noilhan e Planton (1989); Noilhan e Mahfouf (1996).

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL CARACTERÍSTICAS SÓCIODEMOGRÁFICAS DO PROJETO DE ASSENTAMENTO RECANTO DA ESPERANÇA EM MOSSORÓ/RN de Maxione do Nascimento França Segundo & Maria José Costa Fernandes Este livro analisa os aspectos sóciodemográficos do Projeto de Assentamento Recanto da Esperança, situado no município de Mossoró, no Estado do Rio Grande do Norte (RN).

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AGRICULTURA FAMILIAR E AGROECOLOGIA:

UMA ANÁLISE DA ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES E PRODUTORAS DA FEIRA AGROECOLÓGICA DE MOSSORÓ (APROFAM) - RN de Eriberto Pinto Moraes & Maria José Costa Fernandes Este livro faz uma análise da agricultura familiar e da agroecologia praticada pela Associação dos Produtores e Produtoras da Feira Agroecológica de Mossoró (APROFAM) no Município de Mossoró (RN).

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Metodologia do ensino da matemática frente ao paradigma das novas tecnologias de informação e comunicação: A Internet como recurso no ensino da matemática de Paulo Marcelo Silva

Rodrigues Este livro analisa alguns exemplos de recursos encontrados na Internet, ligados a área da Matemática. Especialmente, os aspectos pedagógicos dos mesmos, com o intuito de contribuir para o aperfeiçoamento das relações entre professor e aluno.

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CONSTRUÇÕES GEOGRÁFICAS: teorizações, vivências e práticas

Organizadores: Josélia Carvalho de Araújo Maria José Costa Fernandes Otoniel Fernandes da Silva Júnior

Este livro pretende ser uma fonte na qual os profissionais da geografia podem encontrar diversas possibilidades de não apenas refletirem sobre, mas de serem efetivos sujeitos de novas práticas e novas vivências, frente às novas configurações territoriais que se apresentam no mundo atual, marcada por processos modernos e pós-modernos.

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O RINGUE ESCOLAR:

O AUMENTO DA BRIGA ENTRE MENINAS de Maíra Darido da Cunha

Esta obra contextualiza historicamente as relações de gênero ao longo da história; identificando em qual gênero há a maior ocorrência de brigas; assim como, elencar os motivos identificados pelos alunos para a ocorrência de violência no ambiente escolar.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL O HOMEM, A MORADIA E AS ÁGUAS: A CONDIÇÃO DO “MORAR NAS ÁGUAS” de Moacir Vieira da Silva & Josélia Carvalho de Araújo

Este livro é um estudo que objetiva analisar as imposições socioeconômicas inerentes à condição do “morar” numa área susceptível a alagamentos, no bairro Costa e Silva, Mossoró/Rio Grande do Norte.

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Mulheres Negras:

Histórias de Resistência, de Coragem, de Superação e sua Difícil Trajetória de Vida na Sociedade Brasileira de Adeildo Vila Nova & Edjan Alves dos Santos O desafio de estudar a trajetória de mulheres negras e pobres que em sua vida conseguiram romper as mais diversas adversidades e barreiras para garantir sua cidadania, sua vida, foi tratada pelos jovens pesquisadores com esmero, persistência e respeito àquelas mulheres “com quem se encontraram” para estabelecer o diálogo que este livro revela nas próximas páginas, resultado do Trabalho de Conclusão de Curso para graduação em Serviço Social.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL AVALIAÇÃO DO POTENCIAL BIOTECNOLÓGICO DE PIGMENTOS PRODUZIDOS POR BACTÉRIAS DO GÊNERO Serratia ISOLADAS DE SUBSTRATOS AMAZÔNICOS de Raimundo Felipe da Cruz Filho & Maria Francisca Simas Teixeira Existem diversos pigmentos naturais, principalmente de origem vegetal, mas poucos estão disponíveis para aproveitamento industrial, pois são de difícil extração, custo elevado no processo de extração ou toxicidade considerável para o homem ou meio ambiente. A atual tendência por produtos naturais promove o interesse em explorar novas fontes para a produção biotecnológica de pigmentos para aplicação na indústria. Este trabalho teve como objetivo a identificação de espécies de Serratia, e entre estas, selecionar uma produtora de maior quantitativo de pigmentos de importância para a indústria alimentícia e farmacêutica.

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LEIA E BAIXE GRATUITAMENTE O LIVRO DIGITAL Moluscos e Saúde Pública em Santa Catarina:

subsídios para a formulação estadual de políticas preventivas sanitaristas

de Aisur Ignacio Agudo-Padrón, Ricardo Wagner Ad-Víncula Veado & Kay Saalfeld O presente trabalho busca preencher uma lacuna nos estudos específicos e sistemáticos sobre a ocorrência e incidência/ emergência geral de doenças transmissíveis por moluscos continentais hospedeiros vetores no território do Estado de Santa Catarina/SC, relacionadas diretamente ao saneamento ambiental inadequado e outros impactos antrópicos negativos ao meio ambiente.

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Métodos de Dimensionamento de Sistemas Fotovoltaicos: Aplicações em Dessalinização de Sandro Jucá & Paulo Carvalho A presente publicação apresenta uma descrição de dimensionamento de sistemas fotovoltaicos autônomos com três métodos distintos. Tendo como base estes métodos, é disponibilizado um programa de dimensionamento e análise econômica de uma planta de dessalinização de água por eletrodiálise acionada por painéis fotovoltaicos com utilização de baterias. A publicação enfatiza a combinação da capacidade de geração elétrica proveniente da energia solar com o processo de dessalinização por eletrodiálise devido ao menor consumo específico de energia para concentrações de sais de até 5.000 ppm, com o intuito de contribuir para a diminuição da problemática do suprimento de água potável. O programa proposto de dimensionamento foi desenvolvido tendo como base operacional a plataforma Excel® e a interface Visual Basic®.

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A computação quântica e o iminente fim da Era Moore QUANTUM AND THE COMPUTER WAS IMMINENT END OF PERIOD MOORE

Antonio Arley Rodrigues da Silva Prof. de Informática do IFCE Campus Tianguá. Bacharel em Ciências da Computação e Especialista em Redes de Computadores Tianguá, CE. E-mail: arley@ifce.edu.br Antonio Moisés Miranda dos Santos Aluno do curso técnico em Informática do IFCE Campus Tianguá Tianguá, CE. E-mail: moises.257@hotmail.com Carlos Andersos Rocha dos Santos Aluno do curso técnico em Informática do IFCE Campus Tianguá Tianguá, CE. E-mail: carlosanderson-01@hotmail.com SILVA, A.A.R. da; SANTOS, A.M.M dos; SANTOS, C.A.R. dos. A computação quântica e o iminente fim da Era Moore. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 27-38, out.-nov., 2014. RESUMO Este artigo visa apresentar a computação quântica de forma introdutória, consistindo conceitos básicos da computação clássica e quântica, como a Máquina de Turing, a Lei de Moore, a superposição de estados, qubits, bits algoritmos quânticos e criptografia. É realizado um comparativo entre a computação clássica e a computação quântica, mostrando as

principais vantagens e desvantagens, como também a primeira empresa a fabricar os primeiros computadores quânticos comerciais. O estudo tem como objetivo principal pedagógico, voltado a um público abrangente, que não necessita de prévio conhecimento em computação quântica ou mecânica quântica.

Palavras-chave: Computação Quântica. Algoritmo Quântico. Moore. Criptografia. Qubit. ABSTRACT This article aims to present quantum computing in an introductory way, consisting basics of classical and quantum computation, such as Turing machine, Moore's Law, the state superposition, qubits, quantum bits and encryption algorithms. A comparison between classical computing and quantum computing is

performed, showing the main advantages and disadvantages, as well as the first company to manufacture the first commercial quantum computers. The study's main objective teaching, aimed at a wide audience, which does not require prior knowledge in quantum computing or quantum mechanics.

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Keywords: Quantum computing. Quantum algorithm. Moore. Encryption. Qubit.

1. INTRODUÇÃO

O

desenvolvimento tecnológico da humanidade no século passado foi apoiado na

Ciência da Computação e na Física Quântica. Esta evolução tecnológica possibilitou o desenvolvimento de produtos inovadores para facilitar a vida de

bilhões de pessoas no mundo, diminuindo cada vez mais o tamanho dos componentes e aumentando sua capacidade, até chegar a partículas do tamanho de um átomo, dando início a nanotecnologia.

A capacidade de processamento dos computadores vem aumentando exponencialmente, seguindo a Lei de Moore, diminuindo consideravelmente o tamanho dos transistores, chegando perto do tamanho dos átomos, que é o limite da Lei de Moore. Está previsto que entre 2020 e 2030 os transistores chegarão ao seu limite físico, sendo inevitável a inserção da física quântica na computação.

A física quântica permite que a evolução dos computadores continue, revolucionando a maneira clássica de tratamento de informações, iniciando assim uma nova era de computadores: Computador Quântico. Os computadores quânticos tem potencial para realizar cálculos bilhões de vezes mais rápido que qualquer computador baseado em silício, contudo esta tecnologia, na prática, ainda está a anos de acontecer. Esta capacidade é graças a “superposição de estados quânticos”, que permite o computador quântico assumir simultaneamente 3 estados diferentes (qubit – bit quântico), enquanto que um computador convencional só permite apenas 1 estado (bit) por vez.

Este artigo tem como propósito apresentar a computação quântica de uma forma simples, como o seu surgimento, utilização, comparativo com a tecnologia atual e perspectivas futuras, na expectativa de ser utilizado em cursos de nível médio e superior em várias áreas, como tecnologia, física, química, biomedicina e para o público em geral. Para isto foi utilizada uma pesquisa bibliográfica junto a autores que trabalharam no tema no período de 1960 a 2014. Não são tratados aspectos avançados de física quântica e computação quântica, pois não é objetivo deste trabalho..

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1. ALAN TURING E BIT QUÂNTICO

egundo Mattielo et al (2012), a Ciência da Computação nasceu a partir da

S

Máquina de Turing, desenvolvida pelo matemático inglês Alan Turing em 1936. Esta máquina era uma noção abstrata do Computador Programável e

opera com unidades de informação chamadas bits (binary digit), formadas pelos valores 0 (zero) ou 1 (um), sendo o princípio do funcionamento dos computadores atuais.

Na Máquina de Turing os dados são gravados em uma fita, de comprimento ilimitado, que é dividida em quadrados. Em cada quadrado pode ser armazenado um valor (“0” ou “1”) ou ser deixado em branco. Os valores e espaços em brancos são lidos por um dispositivo de leitura e gravação e então convertidos em instruções (BONSOR, STRICKLAND, 2014).

Na computação quântica as unidades da informação são os bits quânticos (representados por íons, elétrons, fótons, átomos), também chamados de quantum bits ou simplesmente de qubits. Os qubits podem assumir 3 estados diferentes: 0 (zero), 1 (um) ou os valores 0 e 1 simultaneamente. A capacidade do estado assumir dois valores diferentes é chamado de superposição de estados quânticos (FIGUEIREDO, 2013; NASCIMENTO, 2007). De acordo com Nascimento (2007, p. 2), a “propriedade da superposição já foi demonstrada muitas vezes em laboratórios de física em todas as partes do mundo, e é uma verdade incontestável”, representando um aumento na velocidade de processamento em relação aos computadores clássicos.

Os processadores eletrônicos funcionam com milhões de transistores, cada um trabalha com 1 bit. Com o tempo esses transistores ficaram cada vez menores e chegará a um ponto onde será irredutível. Por sua vez, os processadores quânticos supera esse limite dos processadores eletrônicos, funcionando com milhares de anéis por onde os átomos passam. Cada qubit possui três estados, onde são determinados pela rotação dos elétrons que passam por cima dos anéis, podendo girar no sentido horário, anti-horário ou nos dois sentidos ao mesmo tempo permitindo assim que cada qubit armazene dois bits simultaneamente.

29


2.2. LEI DE MOORE hamamos de Lei de Moore o princípio criado por Gordon Earle Moore. Para

C

Moore (1965), “O futuro dos eletrônicos integrados é o futuro dos eletrônicos em si. As vantagens da integração culminarão na proliferação de eletrônicos,

impulsionando esta ciência em diversas novas áreas”. Ainda de acordo com a Lei de Moore a evolução dos microprocessadores terá como base a duplicação da quantidade de transistores a cada ciclo de 18 meses (MOORE, 1965).

A figura 1 mostra a evolução da quantidade de transistores presentes nos processadores de 1971 a 2004, que dobra em um tempo aproximado de Moore, entre 18 e 24 meses.

Figura 1 – Lei de Moore: Evolução da quantidade de transistores em processadores de 1971 a 2004

Após a publicação da Lei de Moore, e depois de ser constatada a eficácia da mesma, surgiu então o princípio de Moore, que seria uma nova regra para a evolução dos processadores. Na época e por algumas décadas depois essa declaração esteve em evidência, porém nos dias atuais a economia e as novas tecnologias estão batendo de

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frente com esta lei. A inserção de mais transistores é possível através da evolução da nanotecnologia, diminuindo o tamanho destes, mas esta redução tem um limite, até chegar ao tamanho de um átomo (MATTIELO, 2012; PINTO, RIBEIRO, MORETTI, 2008).

Com a extinção da lei de Moore levaria os fabricantes de processadores a procurar outra saída para continuar a aumentar a velocidade de seus chips, e é aí que entra a tecnologia quântica, que utilizam o qubit (bit quântico) em vez do bit convencional.

Computadores quânticos poderão um dia substituir os PCs atuais do mesmo modo que os transistores substituíram as válvulas. Mas para isso terão que sofrer alterações, pois segundo a afirmação do professor Andrea Morello, da Universidade de New South Wales, os processadores quânticos não são os mais rápidos, eles perdem seu potencial quando os cálculos a serem executados são simples, como quando você escolhe ver um vídeo, por exemplo. A velocidade da computação quântica se dá pela redução de cálculos para chegar a um determinado resultado, ou seja, não quer dizer que as tarefas são realizadas de forma mais rápida. Para resolver esse problema é preciso trabalhar com operações e algoritmos especiais (SANTOS, 2013; TECMUNDO, 2013) .

Contudo, a lei de Moore encerra em poucos anos como o mesmo já havia previsto, e a computação quântica ainda está sendo estudada, e embora ainda seja misteriosa, suas promessas são revolucionárias no ramo da informática. 2.3. ALGORITMOS QUÂNTICOS DE SHOR E GROVER

A

computação quântica teve início em 1981, com o cientista norte americano

Richard Feynman. Em 1985, Deutsch foi o primeiro a comparar a capacidade dos computadores quânticos com a capacidade dos computadores comuns

na época.

Os computadores quânticos têm como principal finalidade realizar cálculos matemáticos complexos. O americano Peter Williston Shor desenvolveu o primeiro algoritmo quântico, no ano de 1993. O algoritmo quântico propõe fatorar números grandes de uma forma mais eficiente do que um algoritmo clássico, utilizando a transformada de Fourrier. A fatoração de números é utilizada em criptografia,

31


essencial para manter dados sigilosos, como em bancos, governo, lojas virtuais, etc (MATTIELO et al., 2012; NASCIMENTO, 2007).

O problema da fatoração é essencial para os sistemas criptográficos atuais, de forma que a proposição desse algoritmo põe em risco qualquer sistema de segurança (bancos, governos) a partir do momento em que o primeiro computador quântico começar a funcionar (MATTIELO et al., 2012).

Segundo Nascimento (2007), as informações criptografadas com algoritmos clássicos, poderão ser quebradas por computadores quânticos através do algoritmo de Shor. Para exemplificar vamos considerar um número inteiro de 1024 bits, um algoritmo clássico demora 100 mil anos para fatorá-lo, enquanto que um computador quântico precisa de apenas 4,5 minutos, utilizando o algoritmo de Shor. O tempo para fatorar os números cresce exponencialmente para os algoritmos clássicos, enquanto que para o algoritmo de Shor este crescimento é de forma polinomial. O melhor algoritmo clássico para fatorar números grandes inteiros é o General Number Field Sieve (GNFS) (NASCIMENTO, 2007).

O indiano Lev Grover, em 1996, propôs outro algoritmo quântico de grande destaque. O algoritmo tem como finalidade realizar buscas em uma base de dados, com uma vantagem computacional em relação ao método clássico. Na forma clássica são necessários n buscas, enquanto que na quântica são necessárias

buscas,

representando uma diminuição considerável na quantidade de buscas à base de dados. Na prática uma tarefa que precisa de 10.000 buscas no modo clássico, seria realizada com apenas 100 buscas com o algoritmo de Grover, utilizando um computador quântico (MATTIELO et al., 2012).

Entre os campos que podem ter a aplicação do algoritmo de Grover estão a biologia molecular, engenharia genética, sites buscadores, etc. 3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

O

poder de processamento dos Computadores Quânticos é visível quando é

realizada uma comparação entre a quantidade de bits quânticos (qubits) e o seu correspondente clássico em bits. Enquanto os qubits crescem

linearmente, os bits crescem exponencialmente, mais precisamente duplicando, como

32


mostrado na Tabela 1. Um computador com 30 qubits é capaz de processar cerca de 35 milhões de vezes mais bits do que um computador convencional. Tabela 1 – Tabela de equivalência entre qubits (bits quânticos) e bits (bits clássicos) Qubit

Bit

Proporção (Bits/qubits)

1

2

2,00

2

4

2,00

3

8

2,67

4

16

4,00

5

32

6,40

8

256

32,00

9

512

56,89

10

1024

102,40

15

32.768

218,53

20

1.048.576

52.428,80

30

1.073.741.824

35.791.394,13

40

1.099.511.627.776

27.487.790.694,00

Fonte: Santos (2012)

Antes mesmo da fabricação do primeiro computador quântico, vários cientistas desenvolveram algoritmos para tarefas específicas e compatíveis com esta tecnologia. O mais famoso, de Shor, proporciona uma solução rápida para a fatoração de um número inteiro. De acordo com a tabela 2, um algoritmo clássico necessita de 4 dias de processamento para fatorar um número com 512 bits, enquanto que o de Shor realiza a mesma tarefa em apenas 34 segundos. Esta diferença torna-se cada vez maior quando a quantidade de bits aumenta, tornando-se impossível a fatoração de um número com 1024 bits em um computador eletrônico.

33


Tabela 2 – Comparação dos tempos de fatoração entre o algoritmo clássico e o de Shor Tamanho do

Algoritmo Clássico

Algoritmo de Shor

número n (bits) 512

4 dias

34 segundos

1024

100 mil anos

4,5 minutos

2048

100 mil bilhões de anos

36 minutos

4096

100 bilhões de quatrilhões de

4,8 horas

anos Fonte: Oliveira (2009)

Em 2010, um grupo de cientistas de vários países conseguiu quebrar uma criptografia RSA-764, com 233 dígitos em 2,5 anos, utilizando um cluster com centenas computadores. Se fosse utilizar apenas um computador com processador AMD Opteron 2,2 GHz e com 2 GB de RAM, esta tarefa seria realizada em 1500 anos (AOKI et al., 2010). A evolução e surgimento da computação quântica permitiria que a solução fosse encontrada em poucas horas.

Em 2011, foi lançado o primeiro computador quântico comercial da história, chamado de D-Wave One (DW1). Seu processador tinha 128 Qubits, sendo assim muito mais rápido que os computadores convencionais. No ano de 2013, foi lançada a nova versão do computador quântico, o D-Wave Two (DW2), com um processador de 512 qubits. Comparado com um computador convencional, o DW2 é cerca de 3600 vezes mais rápido (JONES, 2013).

O D-Wave Two opera a uma temperatura de 0,02 Kelvin (-273 °C aproximadamente), necessita apenas de 15,5 Kilowatts de consumo para chegar a essa temperatura tão baixa e utiliza cerca de 10 m2 de área, enquanto os supercomputadores atuais necessitariam de milhares de Kilowatts e de uma área bem maior.

Em 2013 Google, NASA e Associação de Pesquisa Espacial das universidades dos EUA, se uniram para instalar um DW2, em um laboratório da NASA. Entre as áreas de atuação está a inteligência artificial, resolver problemas nunca resolvidos, explorar possíveis aplicações da computação quântica e descobrir quais aplicações roda melhor no computador quântico ou em maquinas convencionais, fazendo assim uma comparação de seus desempenhos (JONES, 2013).

34


O Google lançou em maio de 2014 um simulador online de um computador quântico, chamado “Quantum Computing Playground”, capaz de simular um CQ de 22 qubits. No simulador é possível encontrar algoritmos prontos para serem compilados e executados, como o de Shor e Grover, sendo possível escrever novos códigos e salvá-los na plataforma (GOOGLE, 2014).

A NASA vem fazendo simulações em máquinas, visando aplicações para coordenar dados que vem do espaço, veículos robóticos e agendamento de operações em satélites.

Outra área que está sendo afetada é a criptografia. Como o sistema de criptografia atual utiliza a fatoração de números inteiros, a computação quântica poderia decifrar facilmente a criptografia utilizada em milhares de sistemas e sites. Isto abre um precedente para que criminosos virtuais consigam quebrar a criptografia de vários sistemas. Para contornar esta situação vários cientistas já estão desenvolvendo criptografia quântica.

Até o momento ainda não foi construído um computador quântico universal, que pode ser programado para qualquer tipo de problema. 4. CONCLUSÃO

P

ara tarefas mais comuns como navegar na internet, fazer planilha eletrônica, editar um texto, assistir vídeo, entre outros, o computador convencional continua eficiente para executá-las. Entretanto em problemas de difícil

solução e em inteligência artificial, a computação quântica vem sendo estudada para otimizar a resolução destes problemas.

A capacidade de processar vários dados simultaneamente atribui à computação quântica uma grande vantagem em relação à computação clássica, na execução de sistemas que exigem uma grande quantidade de processamento de dados e não sequenciais. A popularização desta tecnologia poderá afetar vários sistemas que utilizam criptografia para transferência de dados, obrigando às empresas procurarem novas formas de criptografia.

35


O preço, as condições necessárias para o funcionamento e limitação na atuação, faz com que o computador quântico seja voltado para testes em laboratórios. Através do barateamento e popularização desta tecnologia, espera-se que os computadores convencionais possam ser substituídos por computadores quânticos.

Com o desenvolvimento da tecnologia, espera-se que consiga evoluir para contribuir com a humanidade com pesquisas em medicina, farmácia, engenharia, robótica e até mesmo para ser usado como um computador convencional, permitindo com que a evolução do poder de processamento dos computadores consiga romper a Lei de Moore, dando início a uma nova geração da computação.

Recomenda-se uma pesquisa prática ou aprofundada sobre o assunto para trabalhos futuros, podendo este trabalho ser utilizado como fundamento teórico da computação quântica.

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GREGO, M. Computador quântico já funciona. INFO, São Paulo, SP, 2007. Disponível em: <http://info.abril.com.br/aberto/infonews/022 007/15022007-3.shl>. Acesso em 15 maio 2014.

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FIGUEIREDO, F. S. Simulação de Circuitos Quânticos. Dissertação. Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto. Disponível em: <http://sigarra.up.pt/feup/pt/publs_pesquisa. show_publ_file?pct_gdoc_id=300811>. Acesso em 13 maio 2014. ITWEB. O fim Disponível em:

da

Lei

de

OLIVEIRA, I. S. et al. Emaranhamento. Revista Ciência Hoje, Rio de Janeiro, v. 2, n. 249, p. 28-37, 2008. Disponível em: <http://assinaturadigital.cienciahoje.org.br/r evistas/revistas//249/files/assets/basichtml/page28.html>. Acesso em 16 maio 2014.

Moore?

36


MARTINS, E. É hora de descobrir os segredos da computação quântica. Tecmundo. Disponível em: <http://www.tecmundo.com.br/computacaoquantica/2666-e-hora-de-descobrir-ossegredos-da-computacao-quantica.htm>. Acesso em 14 maio 2014.

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NASCIMENTO, A. E.; MARTIN, B. S.; NAKAMURA, R. M. Computação Quântica. Instituto de Computação, UNICAMP, Campinas, SP, 2007. Disponível em: <http://www.ic.unicamp.br/~rodolfo/Cursos/ mc722/2s2007/trabalhos/g09_texto.pdf>. Acesso em 13 maio 2014.

A computação quântica e o iminente fim da Era Moore Antonio Arley Rodrigues da Silva Prof. de Informática do IFCE Campus Tianguá. Bacharel em Ciências da Computação e Especialista em Redes de Computadores Tianguá, CE. E-mail: arley@ifce.edu.br Antonio Moisés Miranda dos Santos Aluno do curso técnico em Informática do IFCE Campus Tianguá Tianguá, CE. E-mail: moises.257@hotmail.com Carlos Andersos Rocha dos Santos Aluno do curso técnico em Informática do IFCE Campus Tianguá Tianguá, CE. E-mail: carlosanderson-01@hotmail.com

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SILVA, A.A.R. da; SANTOS, A.M.M dos; SANTOS, C.A.R. dos. A computação quântica e o iminente fim da Era Moore. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 27-38, out.-nov., 2014.

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Análise dos Discursos do Capítulo “Formação Profissional Permanente dos Professores” dos Parâmetros Curriculares Nacionais (+) Orientações Educacionais Complementares – Ciências Humanas e suas Tecnologias ANALYZES THE DISCOURSES OF THE CHAPTER "PERMANENT PROFESSIONAL TEACHER EDUCATION" DOCUMENT MORE NATIONAL CURRICULUM PARAMETERS (PCN +) OF HIGH SCHOOL, SUPPLEMENTAL EDUCATIONAL GUIDELINES - HUMANITIES AND ITS TECHNOLOGIES

Edgar Gomes Júnior Aluno da disciplina isolada do mestrado em Estudos de Linguagens do CEFET-MG – Teorias Contemporâneas do Discurso. Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba – CESUBE, especialista em docência no ensino superior pela – UFTM, especialista em Gestão Pública na Saúde pela – UFU, professor de sociologia na Secretaria de Educação de Minas Gerais – SEE-MG Belo Horizonte, MG E-mail: egomesjunior@gmail.com GOMES JÚNIOR, E. Análise dos Discursos do Capítulo “Formação Profissional Permanente dos Professores” dos Parâmetros Curriculares Nacionais (+) Orientações Educacionais Complementares – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 39-52, out.-nov., 2014. RESUMO O presente artigo analisa os discursos do capítulo “Formação Profissional Permanente dos Professores” do documento Parâmetros Curriculares Nacionais mais (PCN+) do Ensino Médio, Orientações Educacionais Complementares – Ciências Humanas e suas Tecnologias. A escolha desse corpus de análise, apresenta-se pelo de fato ser um importante documento institucional do Governo Federal da educação básica nacional. O texto em questão é analisado a partir da teoria do Patrick Charaudeau, das visadas discursivas, dos modos de organização do discursos, a quem que ela é dirigida, qual é o contrato estabelecido além dos seus efeitos pretendidos ou

desejados pelos autores. Trata-se de um documento dirigido ao professor, ao coordenador ou dirigente escolar do ensino médio e aos responsáveis pelas redes de educação básica. Um dos pontos analisados, é como o texto tenta romper uma relação de hierarquia e distanciamento do locutor com o seu destinatário, porém, logo nas primeiras manifestações percebe a presença implícita e explicita das relações como da injunção, alternando com modo descritivo e a frequente tentativa de persuasão dentro argumentação, evocando outras vozes, contidas em outros textos, como as Diretrizes Curriculares Nacionais. Outro ponto analisado é o distanciamento das propostas a prática sem um

39


compromisso com exequibilidade ou não das propostas contidas no documento. Elas contem uma formação discursiva que pretende impressionar o seu interlocutor e

os próprios setores que não lidam diretamente com a educação, mas orbitam esse espaço social, se enquadrando como potenciais leitores desse texto.

Palavras-chave: Análise discursos. Parâmetros curriculares. Charaudeau. ABSTRACT This article analyzes the discourses of the chapter "Permanent Professional Teacher Education" document more National Curriculum Parameters (PCN +) of high school, Supplemental Educational Guidelines Humanities and its technologies. The choice of this corpus analysis, is presented through the institutional fact be an important document of the Federal Government's national basic education. The text in question is analyzed from the theory of Patrick Charaudeau, discursive affected, modes of organization of discourse, to whom it is addressed, which is the established contract beyond its intended effect or desired by the authors. It is a document addressed to the teacher, the school coordinator or director of secondary education and networks responsible for basic education. One of the

points discussed is how the text tries to break off a relationship of hierarchy and distance the talker to the addressee, but from the first manifestations realizes the implicit and explicit presence of relations as the injunction, alternating with descriptive mode and the frequent attempts persuasion in argument, evoking other voices, contained in other texts, such as the National Curriculum Guidelines. Another issue discussed is the distance of the proposed practice without a commitment to practicability or otherwise of the proposals in the document. They contain a discursive formation that you want to impress your interlocutor and own the sectors that do not deal directly with education, but this belong to that environment education, framing as potential readers of this text.

Keywords: Discourse analysis. Curriculum guidelines. Charaudeau.

1. INTRODUÇÃO DAS CONSIDERAÇÕES INICIAIS ste artigo pretende analisar os discursos contidos no capítulo “Formação

E

Profissional e Permanente dos Professores” do PCN mais. Analisar do ponto de vista dos contratos estabelecidos, das diferentes visadas discursivas, além

dos seus diferentes modos discursivos em que eles se inserem.

Esse PCN mais, foi publicado no ano de 2002, como uma forma de complementação do PCN do Ensino Médio do ano de 1999, como elencado: Sem pretensão normativa e de forma complementar aos Parâmetros Curriculares Nacionais para o Ensino Médio, as orientações educacionais aqui apresentadas têm em vista a escola em sua totalidade, ainda que este volume se concentre nas disciplinas da área de Ciências Humanas e suas Tecnologias (BRASIL, p.4, 2001).

40


Esse capítulo, se divide em três partes, a saber, cada qual contendo características diferentes, quanto as suas formações discursivas. A primeira parte é uma introdução, a segunda parte um sub item intitulado “o papel da escola na formação docente” e a terceira parte outro sub item intitulado “as práticas do professor em permanente formação”.

Outro aspecto sobre o documento em análise é que a educação básica no Brasil passava por um momento de transição, por conta das mudanças trazidas pela reforma, advinda da nova Lei de Diretrizes e Bases, de 1996. Assim ele apresenta no seu corpo, várias marcas dessa passagem histórica.

Este momento de transição é elencado como uma das motivações para produção desse texto institucional, como citado: Buscando contribuir para a implementação das reformas educacionais, definidas pela nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (...) a presente publicação tem como meta, entre seus objetivos centrais, facilitar a organização do trabalho da escola, em termos desta área de conhecimento (…). (BRASIL, p.4,2001).

Um outro ponto que chama a atenção, nesse capítulo escolhido, é o fato dele tratar sobre um assunto que normalmente não é tratado nesse tipo de documento, sobre a formação dos educadores. Esse ponto é demonstrado explicitamente no trecho do documento (BRASIL, 2001:99) não haveria razão aparente para discutir a formação inicial docente – competência do ensino superior – num documento dirigido a educadores que atuam no ensino médio. No entanto, há vários motivos para justificar que se levante essa problemática aqui e agora. Fato esse que levanta uma série de hipóteses sobre a intenção dos atores, sendo os autores designados, falando em nome do Ministério da Educação do Brasil (MEC).

Nesse artigo, serão utilizados fragmentos do documento, alguns excertos do capítulo, com marcações de grifos, afim de tentar facilitar a análise dos elementos e marcas dos discursos e dos seus modos de organização.

41


Do contrato comunicacional O contrato que o texto estabelece é o de prescrição, de “orientação” institucional, como os professores, orientadores, diretores, e os demais profissionais da educação “devem” agir, fazer para que possa ocorrer a “formação profissional permanente”.

Para Charaudeau (2004) em toda troca comunicacional são criadas as expectativas nesse processo de troca entre o locutor e o seu interlocutor, como salienta: […] por isso podemos falar de “contrato de comunicação”: todo domínio de comunicação propõe a seus parceiros um certo número 1 de condições que definem a expectativa (enjeu) da troca comunicativa, que, sem o seu reconhecimento, não haveria possibilidade de intercompreensão{...}(CHARAUDEAU, 2004, p.10).

Modos de enunciação textual

O texto em questão apresenta quanto a sua construção modal de organização, há a dominação do modo delocutivo da evidência, alternando para o modo da obrigação, e da apreciação. Sobre as modalidades delocutivas, Charaudeau (2012) assinala que: as modalidades delocutivas são desvinculadas do locutor e do interlocutor. O propósito existe em si, e se impõe aos interlocutores em seu modo de dizer: “asserção” ou “discurso relatado”. (...) a asserção enquanto fenômeno da enunciação, é uma modalidade que está incluída no delocutivo, não dependendo nem do locutor nem do interlocutor, o que explica o apagamento de vestígios desses dois parceiros nas configurações linguística (CHARAUDEAU, 2012, p.100).

Sobre essas formas de organização, temos que lembrar que não são formas categorizantes e fixas. Fatores como a situação de comunicação, junto com os modos de organização do discurso assim como o gênero, elas vão sempre influenciar nesse contrato estabelecido.

Ainda sobre os modos de organização dos discursos, o texto apresenta uma variação de tipologia textual, entre os modos descritivo e argumentativo. No modo descritivo, no que Charaudeau (2012:122) define como os procedimentos de construção objetiva do mundo, e quanto a finalidade, da situação de comunicação, a de explicar, e quanto ao gênero textual, alternando entre os “modos de usar” e o texto científico. 1

O termo da língua francesa “enjeu” utilizada por Charaudeau define o que está “em jogo” no processo do contrato comunicacional

42


Na encenação descritiva, o autor, ou os autores falam em nome de uma instituição, no caso a voz oficial do estado, o Ministério da Educação do Brasil (MEC). Dessa forma, esse descritor apresenta de forma implícita. Quanto aos efeitos, é identificado efeito do saber. O texto faz crer que o interlocutor, ou o possível leitor do texto já possui um saber adquirido anteriormente, pois, no texto ele apresenta-se dentro de um ambiente criado, onde o locutor leva a acreditar que os professores, diretores e os demais profissionais da educação já vivenciassem o mesmo ambiente, com o uso do verbo na primeira pessoa do plural, o que pode ser destacado no seguinte trecho:

Excerto 1

Se quisermos que a escola média seja também um ambiente culturalmente rico, é preciso, evidentemente, equipá-la com livros e recursos audiovisuais, com a assinatura de jornais e revistas, com laboratórios, com meios para desenvolver atividades artísticas e desportivas. Grifo nosso (BRASIL, 2002, p.101).

Na sua construção argumentativa

É importante lembrarmos, que trata-se de um texto multimodal, quanto aos seus modos de organização. Na primeira parte, e na segunda, do subcapítulo “a escola como espaço de formação docente”, é o modo argumentativo que predomina, porém com passagens do modo descritivo. Na parte final, no subcapítulo “as práticas do professor em permanente formação” ocorre uma predominância do modo descritivo, principalmente da forma injuntiva prescritiva, onde o texto preocupa em dar “orientações” de como os seus interlocutores devem fazer para melhorar o processo de formação. O texto, em relação a situação que ele estabelece de troca é monologal2, visto que não há um diálogo direto com o seus interlocutores.

2

Para Charaudeau há duas formas diferentes da relação quanto as formas de interação dos locutores com os seu interlocutores: a monologal e a dialogal. A primeira, apesar de estar dirigido ao terceiro, ao interlocutor, porém não há a presença física do mesmo. E a dialogal quando ocorre a relação de diálogo, face a face.

43


A argumentação nesse texto procura estabelecer elementos de ordem lógica, para que o interlocutor possa se “convencer” de que ele tem ou precisa fazer para que ocorra o processo de formação.

Outro aspecto, que está implícito na cena argumentativa, são os efeitos do saber do texto. Apesar de haver um apagamento das vozes do(s) autores do texto citado, ele é um texto que diz em nome de uma instituição, o ministério da educação. Instituição, que na prática é quem regulamenta, fiscaliza a educação nacional. Ela é investida de um poder de estado. Somente o fato de ser um texto documento, oficial do ministério da educação, ele já carrega consigo essas vozes com efeito prescritivo, e também regulamentadores.

A priori, analisando o texto, ele se tenta apagar essa voz institucionalizante, principalmente, utilizando termos como “orientações” no corpo do texto. Porém, logo na sequência é perceptível as formas de prescrição, como no trecho citado abaixo:

Excerto 2

Como profissional, o professor tem de fazer ajustes permanentes entre o que planeja e aquilo que efetivamente acontece na sua relação com os alunos, sendo que esses ajustes podem exigir ação imediata para mobilizar conhecimentos e agir em situações não previstas. Grifo nosso.(BRASIL, 2002, p.103).

Excerto 3 [...] participar da elaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; zelar pela aprendizagem dos alunos; estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade (BRASIL, 2002, p.101).

44


Outro dispositivo utilizado, até com uma certa frequência, são os usos das citações. Elas irão cumprir dois papeis no texto em questão. Um primeiro papel, que para Charaudeau (2012, p.240) ela consiste em referir-se, o mais fielmente possível, (ou pelo menos dando uma impressão de exatidão) as emissões escritas ou orais de outro locutor, e também como uma fonte de verdade, testemunho de um saber. E segundo, ela apresenta-se como uma voz que manda, imperativa. Como há a estratégia, de não parecer que o texto dá uma ordem, mas sim orienta, as citações, fazendo referência a um outro documento institucional, as Diretrizes Curriculares Nacional, ou a um estudo realizado sobre a temática, ou mesmo trecho da Lei de Diretrizes e bases de 1996, para fazer crer que não são autores que estão prescrevendo o que fazer , mas existe um outro documento que dá essa ordem. Como pode ser observado na passagem que segue:

Para melhor demonstrar, utilizaremos o esquema proposto por Charaudeau no modo de organização do discurso argumentativo, com o texto em análise:

MODELO PROPOSTO POR PATRICK CHARAUDEAU

Figura 1 – Análise da cena argumentativa do PCN+ dentro do modelo de Patrick Charaudeau

Nesse modelo, trazemos de forma mais ampla, sobre o objetivo do argumento do texto. Nas propostas sobre o mundo, elas são identificadas pelas orientações que o texto pretende passar para a formação profissional permanente dos professores. É nessa proposta que o sujeito argumentante, no caso o Governo Federal, o ministério da educação e os autores por ele escolhido, vão tentar estabelecer uma verdade, uma proposição do que fazer, ou o que deverá ser feito ao Sujeito alvo, para que ocorra o processo de formação.

45


Para Charaudeau (2008) a encenação argumentativa consiste, como o sujeito argumentante, com os procedimentos do modo argumentativo, vão utilizá-los com relação ao o seu interlocutor. Para ele, esses procedimentos tem por função validar uma argumentação, isto é, mostrar que o quadro de questionamento, a proposição, é justificada. E para isso é necessário produzir a prova.

Dentro da cena argumentativa, são vários os dispositivos utilizados pelo locutor, para atingir o seu propósito, de persuasão. Um dos estatutos é do questionamento, um recurso

bem

utilizado

no

texto,

dentro

dos

procedimentos

da encenação

argumentativa, como abaixo:

Excerto 4

Há uma questão que é preciso responder, quando se pretende que a escola seja espaço formativo do professor. Se partirmos de escolas que já tinham problemas a sanar, mesmo antes da reforma educacional, que com dificuldade tentam dominar os elementos essenciais para implementar as reformas, não é despropositado pretender que elas possam fazer um serviço que não foi feito nos centros formadores, em condições presumivelmente mais favoráveis? (...)

Pode-se questionar essa sugestão de que a escola assuma mais essa responsabilidade, a rigor tarefa da universidade, além dos desafios que já enfrenta para se reformular e atualizar.(...)Grifo nosso (BRASIL, 2002, p.101).

Das visadas discursivas

É importante, primeiramente, antes de entrarmos nas visadas discursivas pretendida pelo texto de sabermos em qual ancoragem social3 que se apresenta este documento onde se dão essas possíveis trocas comunicacionais.

3

Charaudeau define a ancoragem social do discurso, como sendo onde se darão a construção e as trocas dos discursos. Ele vai dizer sobre os “domínios da prática linguageira” que vão definir a identidade dos atores envolvidos, os papéis que devem representar, o que faz com que as significações dos discursos que circulam nesse espaço sejam fortemente dependentes de seus enunciadores.

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Nesse caso, temos um texto produzido por um conjunto de autores, que dizem em nome do Ministério da Educação, para um grupo de interlocutores – os profissionais da educação básica – com o intuito de apresentar orientações de como executar a formação profissional permanente dos professores.

Sobre as visadas, em Charaudeau (2004) elas correspondem a uma intencionalidade psico-sócio-discursiva que determina a expectativa “enjeu” do ato da linguagem do sujeito falante e, por conseguinte da própria troca linguageira. Elas devem ser consideradas do ponto de vista da instância de produção que tem em perspectiva um sujeito destinatário ideal, mas evidentemente elas devem ser reconhecidas como tais pelas instância de recepção.

Diante do exposto, percebe que há uma expectativa dos autores, quanto ao texto surtir o efeito desejado, citado acima. Porém, os professores e demais profissionais da educação, os destinatário do documento em questão eles reconhecem as propostas contidas no texto?

Sobre a teoria das visadas, podemos classificar o texto em quatro visadas diferentes. Na primeira, estabelece a visada da prescrição, onde o locutor MEC está na posição de “madar fazer” e o receptor, os profissionais da educação na posição de “dever fazer”.

Na segunda, uma visada da informação, onde o MEC, estando na posição do saber, enquanto órgão oficial e responsável pelas diretrizes educacionais e do outro lado os profissionais, na condição de “dever saber”, até por todos estarem envolvidos nas funções.

Na terceira, a visada de instrução , onde o MEC se encontra ao mesmo tempo em posição de autoridade e da instituição legítima para transmitir o “saber fazer”. Nessa condição os profissionais da educação se encontram na posição de “dever saber fazer”.

E na quarta situação, a visada de demonstração onde o MEC está numa condição de especialista, ele estabelece a verdade e mostra as provas. Já os receptores, os professores e demais profissionais envolvidos, estão numa certa posição de terem de receber, terem de avaliar a verdade, para terem a capacidade de fazê-lo.

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Como o próprio autor salienta, essas categorias não são totalmente fixas. Elas dependeram de vários outros elementos, como a identidade dos participantes, os lugares onde vão se estabelecer essas possíveis trocas. A análise dos jogos discursivos

Se há um reconhecimento de vários problemas tanto na educação básica, quanto na formação dos professores, qual seria o interesse de trazer um capítulo, num texto oficial, com aproximadamente sete páginas, e no último capítulo do PCN?

Sem a pretensão de aprofundar nas intenções, mas há a percepção de um altruísmo que Charaudeau em Discursos das mídias, no capítulo o que quer dizer informar, vai aprofundar como esses modos discursivos atuam na prática informativa. Mesmo a obra tratando quase exclusivamente dos efeitos dos textos descritivos, do modo da informação, ele traz uma importante contribuição para o objeto de análise, conforme a seguir: A informação é, numa definição empírica mínima, a transmissão de um saber, com a ajuda de uma determinada linguagem, por alguém que o possui a alguém que se presume não possuí-lo. (…) Essa definição mínima, por mais altruísta que pareça, suscita problemas consideráveis: quem é o benfeitor e quais são os motivos de seu ato de informação? Qual é a natureza do saber a ser transmitido e de onde ele vem? Quem é esse outro para quem a informação é transmitida e que relação mantém com o sujeito informador? Enfim, qual é o resultado pragmático, psicológico, social desse ato e qual é o seu efeito individual e social? (CHARAUDEAU, 2013, p.33).

Se o texto traz, logo no início, que não haveria razão para discutir a formação docente, sendo ela uma competência do ensino superior, então porque trazer a discussão num documento não dirigido para esse fim? Qual, de fato, seria a “influência” a provocar ou provocada na estrutura real da educação básica, com um texto apresentado no final de um documento institucional, o PCN (+)?

Os textos do PCN, de cada área, são desenvolvidos por um grupo, geralmente de pesquisadores e professores que estão ligados à uma instituição de ensino superior federal, ligadas à estrutura organizacional do MEC. Geralmente, o MEC escolhe quais

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serão as universidades envolvidas com o seu grupo de pesquisadores que participarão do desenvolvimento desses documentos.

Dessa forma, são utilizados alguns estatutos como forma de tentar neutralizar o emissor, porém mesmo as marcas implícitas aparecem. Dentro dos procedimentos da encenação argumentativa, Patrick Charaudeau (2008) cita que os procedimentos semânticos consistem em utilizar um argumento que se funda num consenso social pelo fato de que os membros de um grupo sociocultural compartilham determinados valores, em determinados domínios de avaliação. No texto em estudo, há o predomínio do domínio da verdade, que pertencem ao âmbito do saber como princípio único da explicação dos fenômenos do mundo.

Para demonstrar no texto, o emissor utiliza as marcas dessa estratégia argumentativa, que se funda no consenso social, de compartilhamento de determinados valores, como segue:

Excerto 5

Sendo essa herança histórica, não há dúvida de que tais deficiências estão hoje dificultando o trabalho escolar e, portanto, demandam ações no próprio âmbito escolar, já que há consenso de que a formação é mais eficaz quando inserida na realidade em que o professor atua cotidianamente, como prática diária, e não à distância, em caráter eventual. Grifo nosso (BRASIL, 2002, p.100).

Não cabe aqui aprofundar, ou mensurar em quais graus se dão os efeitos práticos . Porém,o texto acaba por fugir da prática social. Ele se apresenta de difícil materialização. Os verbos, indicando comandos do “o que fazer” ao professor demonstra um certo distanciamento com a realidade. Talvez muito mais uma vontade dos autores, onde o texto, para eles, serviria como essa ferramenta na hipótese de um certo uso político, no interior das próprias estruturas governamentais, como cita Foucault (1970) que o discurso, aparentemente, pode até nem ser nada de por aí além, mas no entanto, os interditos que o atingem, revelam cedo, de imediato, o seu vínculo ao desejo e ao poder. Nessa condição, as relações entre o poder, a política, e o discurso, estão interligadas num processo que Foucault (1970, p.2) salientava onde o discurso não é simplesmente aquilo que se traduz as lutas ou os sistemas de

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dominação, mas é aquilo pelo qual e com o qual se luta, é o próprio poder de que procuramos assenhorar-nos.

A abstração do discurso do texto, e seu distanciamento com a prática, trazendo propostas com uma visão simplista de como resolver o problema da formação, e da prática pedagógica do professor.

Outro aspecto analisado é como ele fala do ambiente ideal, onde e como essas propostas formativas para o professor iriam acontecerem. Se não tiver, se a escola não o propiciá-lo, fica uma negativa, uma impossibilidade das propostas acontecerem. Mas, o texto não tenta explicar como se chegará ao ambiente ideal, propício para que as propostas apresentadas passem a funcionar.

2. DAS CONSIDERAÇÕES FINAIS

O

texto procurou analisar os discursos contidos no capítulo “ a formação

profissional Curriculares

permanente Nacional

dos mais,

professores”

contido

(PCN

orientações

+)

-

nos

Parâmetros educacionais

complementares – ciências humanas e suas tecnologias quanto às teorias do Patrick Charaudeau.

O artigo inicia fazendo um breve histórico e contextualização do período quando foi concebido o documento, resgatando a reforma na educação trazida pela lei de diretrizes e bases de 1996, onde é instituído os parâmetros curriculares.

Na sequência, ele vai falar do contrato comunicacional, que há um domínio de um texto institucional prescritivo, onde o MEC, em uma estratégia de “orientações” prescreve o que deverá ser feito pelos profissionais da educação para que ocorra a formação permanente dos mesmos.

Na cena argumentativa, cada divisão de capitulo apresenta um predomínio diferente, porém mantendo uma característica multimodal. Na primeira parte, e na segunda, do subcapítulo “a escola como espaço de formação docente”, é o modo argumentativo que predomina, porém com passagens do modo descritivo e no subcapítulo final ”as praticas do professor em permanente formação” ocorre um predomínio do modo descritivo. São feitas análises de procedimentos e estratégias utilizadas, como as

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citações, os questionamentos, para composição modelo argumentativo, e como ocorrem a persuasão.

Em seguida, o artigo faz uma análise das visadas discursivas, onde são identificadas quatro formas diferentes presentes no capítulo analisado, sendo elas as visadas da prescrição, informação, instrução e da demonstração e como elas aparecem no documento. Na última divisão a “análises dos jogos discursivos” é discutido várias condições e hipóteses quanto aos efeitos pretendidos pelo texto, e principalmente pelos atores envolvidos. Assim, são trazidos elementos como o que e porque informar, de Charaudeau, sobre o que se pretende quando se apresenta uma informação, sendo que toda informação por mais gratuita que possa parecer, porém ele tem um fim. Acrescentamos Foucault, quanto a ordem dos discursos, na relação que os discursos estabelecem com o poder, quanto ao quem o detém e como o utiliza. A análise passa pelos atores envolvidos e quais as suas relações de poder, tanto o existente, quando falamos dos autores quanto ao que se pretende. Assim como são estabelecidas hipóteses da ocorrência do capítulo da formação, em um PCN, relacionando com os possíveis interesses dos atores envolvidos, tanto os autores enquanto o governo.

REFERÊNCIAS BRASIL, 2002. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares nacionais do Ensino Médio mais (+). Orientações Educacionais Complementares – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Disponível em <http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/C ienciasHumanas.pdf>. Acesso em 20 jun. 2014.

Mello. Gêneros reflexões em análise do discurso. Belo Horizonte, Nad/Fale-UFMG, 2004. Disponível em: <http://www.patrickcharaudeau.com/Visadas-discursivasgeneros.html>. Acesso em 24 jul. 2014. __________. Linguagem e discurso: modos de organização. Tradução Angela M. S. Corrêa & Ida Lúcia Machado. 2. ed., 1 reimp.São Paulo: Contexto, 2012.

CHARAUDEAU, Patrick. Discurso das Mídias. Tradução Angela M. S. Corrêa. 2. ed. - São Paulo: Contexto, 2013.

FOUCAULT, Michel. A Ordem do Discurso. Tradução: Edmundo Cordeiro/Antônio Bento. Paris: Gallimards, 1971.

__________. "Visadas discursivas, gêneros situacionais e construção textual", in Ida Lucia Machado e Renato de

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ANÁLISE DOS DISCURSOS DO CAPÍTULO “FORMAÇÃO PROFISSIONAL PERMANENTE DOS PROFESSORES” DOS PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (+) ORIENTAÇÕES EDUCACIONAIS COMPLEMENTARES – CIÊNCIAS HUMANAS E SUAS TECNOLOGIAS Edgar Gomes Júnior Aluno da disciplina isolada do mestrado em Estudos de Linguagens do CEFET-MG – Teorias Contemporâneas do Discurso. Bacharel e licenciado em Ciências Sociais pelo Centro de Ensino Superior de Uberaba – CESUBE, especialista em docência no ensino superior pela – UFTM, especialista em Gestão Pública na Saúde pela – UFU, professor de sociologia na Secretaria de Educação de Minas Gerais – SEE-MG Belo Horizonte, MG E-mail: egomesjunior@gmail.com GOMES JÚNIOR, E. Análise dos Discursos do Capítulo “Formação Profissional Permanente dos Professores” dos Parâmetros Curriculares Nacionais (+) Orientações Educacionais Complementares – Ciências Humanas e suas Tecnologias. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 39-52, out.-nov., 2014.

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O Velho e o Mar: o desespero e a angústia de Santiago, segundo Kierkegaard THE OLD MAN AND THE SEA: DESPAIR AND THE ANGUISH OF SANTIAGO, ACCORDING KIERKEGAARD

Amélia Jessiely Soares Bento Graduanda em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Bananeiras, PB E-mail: ameliajessiely@gmail.com BENTO, A.J.S. O Velho e o Mar: o desespero e a angústia de Santiago, segundo Kierkegaard. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 53-61, out.nov., 2014. RESUMO O artigo trata da análise da obra O Velho e o Mar (1999), do escritor norte-americano Ernest Hemingway e visa a analisar o desespero e a angústia presentes no protagonista Santiago. O romance narra as aventuras do velho Santiago, pescador experiente que, encontrando-se há mais de oitenta dias sem conseguir pescar, lançase ao mar e tem o barco arrastado por um espadarte de mais de cinco metros. Analisado à luz do filósofo dinamarquês

Soren Kierkegaard, utilizando-se suas obras: O Conceito de Angústia (2010) e O Desespero Humano (1988), o presente artigo estabelece parâmetros, para uma melhor compreensão dos fatores envolvidos nessa delicada situação trabalhada em O Velho e o Mar (1999), a fim de se constatar o alcance das suas teses, em relação à angústia e ao desespero sentidos pelo protagonista, na obra citada.

Palavras-chave: O Velho e o Mar. Angústia. Desespero. Filosofia. Literatura. ABSTRACT The article deals with the analysis of the novel The Old Man and the Sea (1999), by American writer Ernest Hemingway and aims to analyze the despair and anguish present in the protagonist Santiago. The novel chronicles the adventures of the old Santiago, experienced fisherman, lying for more than eighty days without getting fish, cast into the sea and have the boat dragged by a swordfish over five feet. Analyzed in the light of the Danish

philosopher Soren Kierkegaard, using his works: The Concept of Anxiety (2010) and The Human Despair (1988), this paper establishes parameters for a better understanding of the factors involved in this delicate situation worked in The Old and the Sea (1999), in order to realize the scope of their claims in relation to the anguish and despair felt by the protagonist in the work cited.

Keywords: The Old Man and the Sea. Anguish. Despair. Philosophy. Literature.

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1. INTRODUÇÃO Terá quaisquer planos ou estará apenas tão desesperado como eu? (HEMINGWAY,1999)

O

artigo em questão analisa o romance O Velho e o Mar (1999), do escritor

norte-americano Ernest Hemingway, e objetiva demonstrar o desespero e a angústia presentes na obra, cujos fundamentos são reforçados em nossa

análise, a partir de bases filosóficas. Tendo como ponto de partida o próprio enredo da narrativa são estabelecidos parâmetros de acordo com o comportamento do idoso Santiago (protagonista), tendo em vista uma melhor compreensão dos fatores envolvidos nessa delicada situação trabalhada no texto da obra. Tais parâmetros de comportamento serão observados à luz de Kierkegaard, em suas obras: O Conceito de Angústia (2010) e O Desespero Humano (1988), a fim de se constatar o alcance das suas teses, dentro desta obra de Hemingway.

Reafirma-se, no entanto, no recorrer da análise, que o texto literário caracteriza-se por seus múltiplos níveis possíveis de leitura, que vão desde o metafórico ao factual, sem prejuízo ao conteúdo e que estes dois níveis devem ser levados em consideração no momento em que um leitor estabelece contato com uma obra literária.

De acordo com as análises, é possível perceber que o Velho Santiago atravessa períodos de angústia e de desespero, enquanto experimenta a solidão e a fome em alto mar, sendo rebocado por um peixe.

E como veremos a seguir, muitas das situações vividas por Santiago, podem ser relacionadas com as obras O Conceito de Angústia (2010) e O Desespero Humano (1988) do filósofo dinamarquês, Soren Kierkegaard. 2. A ANGÚSTIA E O DESESPERO DE SANTIAGO EM KIERKEGAARD

A

obra O Velho e o Mar (1993) de Ernest Hemingway, ambientada em Cuba, é

marcada pela história de Santiago, um velho pescador que está há oitenta dias sem pescar. A ausência da pesca coloca-o em um momento de

descrença de si, de sua capacidade e prejudica a sua interação com os outros

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pescadores, por sentir-se incapaz e velho. A sua busca por um bom peixe o faz encontrar-se e capturar um espadarte de mais de cinco metros, e ser por ele arrastado por dias, em mar aberto, largado à sua própria sorte, exposto as intempéries, ao cansaço extremo e vivendo um período de descobertas de si, de seus sentimentos e suas crenças. A busca de Santiago, muito mais que uma pesca, é pela prova definitiva de sua capacidade. O espadarte capturado é trazido para a praia de maneira improvisada, amarrado ao barco de Santiago, e acaba sendo devorado por tubarões em seu regresso, contrariando as expectativas do velho pescador. O Velho e o Mar apresenta uma saga de encontro de Santiago consigo mesmo, onde muitas vezes o protagonista, muito mais que Santiago, são os sentimentos despertados por sua busca, em um misto de angústia, desespero, fé e força de vontade.

A angústia e o desespero estão presentes no livro O Velho e o Mar em diversas passagens, no sentido do sofrimento do Velho e na necessidade de provar sua força e capacidade a si mesmo e aos pescadores da vila em que mora.

O desespero de Santiago (o Velho) se apresenta quando o protagonista avalia o que perdeu. Na vastidão do momento, o Velho experimenta a sensação de abandono do seu companheiro de pesca, o abandono da sorte e tudo isso como consequência da atual falta de pesca. No entanto, não apenas esses sentimentos nortearão o desespero do Velho, mas também a iminência da morte tem um papel fundamental no momento em que ele se lança ao mar. Quando Santiago se encontra com a proximidade do fim, com a certeza do tempo que está passando, o temor aparece na forma de desespero.

Porém, é importante notar que a morte, como o fim da vida física, não é o ponto culminante do desespero de Santiago. O ponto culminante do seu desespero e de sua angústia é a impossibilidade de pescar antes de morrer. Vejamos o que Kierkegaard nos informa sobre isso:

Esta ideia de doença mortal deve ser tomada num sentido particular. A letra significa um mal cujo termo é a morte, e serve então de sinônimo duma doença da qual se morre. Mas não é nesse sentido que se pode designar assim o desespero (KIERKEGAARD, 1988, p. 199).

Não é apenas o medo de morrer que acompanha o protagonista. O medo da morte do seu ideal é que compõe essa síntese de desespero, coragem e angústia. Essa

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afirmação fica ilustrada quando, cansado e já de posse do peixe, Santiago reclama das dores e pontua, vide grifo: Porque terá dado ele este sacão, pensou. O fio deve ter escorregado na corcunda do dorso. Por certo que as costas dele não lhe doem como as minhas. Mas não pode ficar eternamente a rebocar o barco, por grande que seja. Agora estou livre de tudo que poderia atrapalhar, e tenho muita linha de reserva: é tudo quanto um homem pode querer. Peixe! - disse a meia voz. – Hei de ficar contigo até morrer (HEMINGWAY, 1999, p. 28, grifo nosso).

A dor física não apresenta, nesse momento, qualquer ponto decisivo. Não importa a Santiago as dores porque nessa situação o mal que o Velho sente não é apenas físico. Ele sintetiza toda a esperança de finalmente conseguir curar o mal que o acompanha, o desespero que só será curado no momento em que o seu objetivo for alcançado ou, se acaso assim suceder, morrendo na tentativa voraz de conseguir o objeto de desejo. Quanto a isso, observamos em: Assim, estar mortalmente doente é não poder morrer, mas neste caso a vida não permite esperança e a desesperança é a impossibilidade da última esperança, a impossibilidade de morrer. Enquanto ela é o supremo risco, tem-se confiança na vida; mas quando se descobre o infinito do outro perigo, tem-se confiança na morte. E quando o perigo cresce ao ponto de a morte se tornar a esperança, o desespero é o desesperar de nem sequer poder morrer (KIERKEGAARD, 1988, p. 198).

Durante o trajeto, não apenas o desespero fica evidente. A angústia, companheira do protagonista, terá um papel importante durante todos os momentos de análise do Velho sobre a situação na qual se encontra. Isso se evidencia no momento em que o narrador-protagonista se vê com o espadarte e analisa a sua condição, pois há um Velho, sozinho, sendo rebocado por um peixe de proporções muito maiores que seu próprio barco. Nas palavras do narrador, vemos: “Não pode saber que é um só contra ele, nem que é um velho. Mas que grande peixe!” (HEMINGWAY, 1999, p. 26). Segundo Kierkegaard (2010), a angústia é compreendida como um presságio da liberdade e é dúbia, pois é uma força que atrai e repele, mas pode vir a ser uma grande edificadora de forma a incentivar a se ter a percepção mais clara das possibilidades perante a realidade. Quando todas as perdas – o seu companheiro de pesca, o respeito dos outros pescadores e a própria fonte de subsistência - se somam, abate-se sobre o protagonista a angústia. Como vai ser agora? Sozinho, sem pescar, sem sorte? Será possível ainda conviver com os pescadores da vila, mesmo voltando

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diariamente sem nenhuma carga em seu barco? Sobre a perda, Kierkegaard anuncia que

é inegável, pois a fé perde ao ser assim despojada do que lhe pertence

legitimamente:

sua

pressuposição

histórica

(KIERKEGAARD, 2010, p. 12).

A vida do pescador muda drasticamente quando ele para de pescar, não apenas do ponto de vista social, mas do ponto de vista moral, haja vista que a sua pressuposição como pescador seria pescar para sua própria subsistência. Nesse momento, o Velho se vê moralmente afetado pela observação de que nada, além da derrota, restava-lhe: “A vela estava remendada com quatro velhos sacos de farinha e, assim ferrada, parecia o estandarte da perpétua derrota” (HEMINGWAY, 1999, p. 04). Segundo Kierkegaard (2010), “[...] que a angústia apareça é aquilo ao redor do que tudo gira. O homem é uma síntese do psíquico e do corpóreo” (p. 47).

Assim, Santiago, exposto a todas as intempéries, sofre a angústia desencadeada por essa situação em que, além da situação externa, desdobra-se a situação interna que se apresenta como um palco de vorazes conflitos sobre a obtenção ou não do seu objeto, pois “O homem que desespera tem um motivo de desespero” (KIERKEGAARD, 1988, p. 200). Portanto, a busca por um peixe está além da simples busca por um pescado: essa busca do narrador-protagonista é uma procura pela cura dos males que agora o cercam – a angústia e o desespero.

A angústia que norteia o Velho, desde a decisão de regressar ao mar até os momentos em que ele consegue pescar o espadarte, varia conforme o momento e o nível de desespero em que ele se encontra. Dado o primeiro momento no mar, em que sente a linha puxar e a cana se dobra, o pescador suplica, na expectativa de ter fisgado o peixe. O narrador evidencia a angústia sentida nas súplicas que faz durante todo o momento de espera, no qual ele ora sente o peso do peixe, ora conclui que o peixe está nadando por longe. É o que se vê em: Este, das profundas, é mês de estar no bom tamanho, pensou. Come-as, peixe. Come-as. Faze favor de as comer. Como estão frescas, e tu a seiscentos pés, nas trevas, nessa água fria. Dá outra volta no escuro e volta a comer nelas. Sentiu o ligeiro e delicado puxão e depois um puxão mais forte, quando a cabeça da sardinha teria custado mais a arrancar do anzol. Depois, mais nada. Anda disse alto o velho. – Dá uma volta. Cheira-as. Pois não são boas? Come nelas, que ainda há a tuna. Tesa e fresca e saborosa. Não te

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acanhes, peixe. Come. Esperou com a linha entre o polegar e o dedo, observando-a e às outras linhas, porque o peixe podia ascender ou afundar-se mais nas águas. Houve então o mesmo delicado toque. – Há-de morder - disse o velho, em voz alta. – Deus permita que ele morda. Não mordera, todavia. Fora-se embora, e o velho nada sentia. – Não pode ter ido. Deus sabe que não pode. Está a dar uma volta. Talvez já tenha engolido um anzol, e ainda se lembre um pouco. Sentiu de novo o suave puxão, e ficou feliz (HEMINGWAY,1999, p.23).

É possível reconhecer a expectativa e a espera, como também o desespero de ter perdido a sua chance de retornar à praia com a sua pesca. Nesse sentido, Kierkegaard (2010) aponta que o sujeito deve entender a origem do problema e descobrir que “é capaz de”. Dessa forma, tais compreensões funcionam como veículo para superação do ser em angústia. Trazendo esta premissa para o romance em análise, percebemos que o Velho vê-se diante da possibilidade de pescar um peixe de bom tamanho que seria a oportunidade de demonstrar a si mesmo e aos outros que ele, apesar da idade, é capaz de pescar. Sendo assim, Quando, pois, se admite que a proibição desperta o desejo, obtém-se ao invés da ignorância um saber [...] A infinita possibilidade de sercapaz-de, que a proibição despertou, aproxima-se agora ainda mais porque esta possibilidade manifesta uma outra possibilidade como sua consequência (KIERKEGAARD, 2010, p. 48).

O ápice da empreitada de Santiago não se dá quando ele percebe que o espadarte fora mortalmente ferido. Após o Velho atingir o peixe com o arpão, apesar disto conferir a Santiago uma grande vitória momentânea, observamos as sombras de culpa que se apresentam com relação à validade de conquista do protagonista, na passagem que se segue. Devem ter-lhe levado um quarto, e da melhor carne. Quem me dera que tivesse sido um sonho, que eu nunca o tivesse pescado. Lamento muito, peixe. Assim, nada está bem. - Calou-se, e nem queria olhar para o peixe. Este, exangue e lavado pelas águas, estava da cor do estanho dos espelhos, mas as listras ainda se viam. - Não devia ter saído tão para o largo, peixe. Nem por ti, nem por mim. Desculpa, peixe (HEMINGWAY, 1999, p. 59).

Isto tudo não tira do Velho o mérito de sua conquista. Afinal, o ápice está no retorno: a volta à praia, o reencontro do que Santiago havia perdido que era, nada além, do que ele mesmo. O desespero é perder-se e não conseguir retornar a si, tão distante e tão próximo. Quanto a isso, o filósofo dinamarquês questiona:

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De onde vem então o desespero? Da relação que a síntese estabelece consigo própria, de modo que a relação depende de si própria. Esta relação é o espírito, o eu, e nela jaz a responsabilidade da qual depende todo o desespero, desde que existe (KIERKEGAARD, 1988, p. 198).

O que move o protagonista desde o momento inicial é esses dois sentimentos: o desespero e a angústia. Ambos, diversas vezes, são apenas um, confundidos mediante a situação na qual o Santiago encontra-se. Durante todo o tempo em que o Velho esteve no mar, ele foi assaltado por medo, dores, e nenhuma delas foi capaz de afastá-lo do seu destino, porque é justamente o destino que o causava temor, em outras palavras, não apenas morrer, mas morrer sem conseguir o que fora buscar. Segundo Kierkegaard, “o desespero é precisamente a inconsciência em que os homens estão do seu destino espiritual” (1988, p. 199).

A narração do protagonista traz, a cada momento, a sensação de desespero no leitor. Acompanhando toda a trajetória do Velho é possível perceber como são poderosos esses sentimentos quando somados. Nos momentos em que a busca parece infrutífera, conforme se vê em: “[...] quem me dera que tivesse sido um sonho. Quem sabe? Podia ter acabado bem” (HEMINGWAY, 1999, p. 59). No momento em que o espadarte passa a rebocar a embarcação até o momento em que Santiago o vê saltar e, o momento mais angustiante: o ataque dos tubarões ao peixe, o protagonista comprova que o desespero é a mola propulsora de toda aquela busca porque a consciência do seu desespero – essa consciência que trará sossego ao final da saga – é a “divina felicidade” (KIERKEGAARD, 198, p. 205). Baseado nessa dita felicidade, confiando nela, o protagonista atravessa toda essa série de intempéries, para, ao final, lograr êxito em sua jornada. O fato do peixe não chegar completo à praia não diminui seu mérito. O desespero e a angústia do caminho, eram apenas os norteadores para que o Velho Santiago encontrasse a cura, como o fez ao concluir que novamente teria a companhia de Manolim e a admiração dos pescadores da vila, quando, no seu retorno, apesar de ter o peixe despedaçado, o pescador venceu o desespero quando conseguiu demonstrar que era capaz de pescar. Se até o fim nada além desta felicidade, se possui para viagem, nada se ganha com isso, pois só se possui desespero. E precisamente, porque ele não é senão a dialética, o desespero é a doença que, pode-se dizer, o pior mal é não ter sofrido [...] e é uma divina felicidade suportá-la, se bem que seja a mais nociva de todas, quando não queremos curar-nos dela. Tanto é assim que, salvo nesse caso, sarar é uma felicidade, e que a infelicidade é a doença (Kierkegaard, 1988, p. 205).

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Santiago não obteve felicidade plena ou uma segurança isenta de dores durante o seu trajeto. Ao contrário, a capacidade de conviver e aceitar o desespero o fez forte para que ele alcançasse novamente a praia, mas não como o velho Santiago que estava há oitenta dias sem pescar e que era julgado como salão. O Santiago que retornou à praia era novamente aquele campeão, como na queda de braço contra o homem forte das docas. Era o Santiago que havia se perdido de si e que, agora, encontrava-se consigo mesmo. Ainda era um homem velho, mas agora um novo homem que lutou com seu próprio desespero e o venceu.

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

U

tilizando as teorias de Kierkegaard, nas obras O Conceito de Angústia (2010) e O Desespero Humano (1988), percorremos toda a jornada de Santiago, desde o momento em que ele decide provar a si mesmo que é capaz de

pescar – pois embarca solitário, em uma trajetória na qual, além de um espadarte de cinco metros, ele encontra a si próprio – até o encontro do protagonista com a cura para o desespero e a angústia que o moveram desde o primeiro momento. Também foi possível observar que as teorias do filósofo dinamarquês ilustram a empreitada vivida pelo protagonista Santiago, possibilitando-nos a compreensão sobre os processos existencialistas que acompanham o Velho a partir da tomada de consciência da existência do seu desespero.

As concepções de angústia e desespero defendidas por Kierkegaard (1988; 2010) ficam ilustradas na obra de Hemingway (1999), como grandes motivadoras de seu personagem narrador-protagonista, Santiago, e todas as intempéries que ele vive até encontrar a cura para os males que o afligiam.

Ademais, concordamos que O Velho e o Mar (1952, primeira edição), de Ernest Hemingway, trata-se de uma narrativa sobre a angústia que nasce da solidão e do desespero que se apossa do homem que se acha quase vencido. Fala sobre as limitações humanas, na perspectiva da consciência de si mesmo.

A narrativa, em um curto espaço de tempo, acompanha Santiago, narradorprotagonista, num dia de pesca que podia ser igual a qualquer outro. Ele segue para o mar com seu barco solitário e põe-se a pescar, disposto a provar, mais para si do que para qualquer outro, que apesar de velho, ainda é um bom pescador.

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O velho Santiago, morador de uma vila de pescadores, está decidido a rever a situação atual e, como já está há oitenta e quatro dias sem pescar, não aceita a ideia de retornar a praia sem nenhum peixe. O imenso mar, palco do romance, é a fonte de todas as inquietações. Imersas nele, várias espécies repousam ou caçam e, uma delas em especial, um espadarte de mais de cinco metros, cuja vida irá cruzar com a do velho e marcar a vida do último física e psicologicamente.

Ao avançarmos para uma consideração a mais, resolvemos concluir nossas breves observações ao trazer esta passagem de O Velho e o Mar: “Mas o homem não foi feito para a derrota. – disse em voz alta - Um homem pode ser destruído, mas não derrotado” (HEMINGWAY, 1999, p. 26). Nesse encontro, homem contra peixe, cria-se uma dimensão em que só há a existência do Velho, do peixe e do mar, em cuja existência os três se fundem em um único e inconstante ser que, preso, debate-se e não desiste em momento algum.

REFERÊNCIAS HEMINGWAY, Ernest. O Velho e o Mar. Tradução: Fernando de Castro Ferro. São Paulo: Bertrand Brasil, 1999.

______. O Conceito de Angústia: uma simples reflexão psicológico-demonstrativo direcionada ao problema dogmático do pecado hereditário Col. Pensamento Humano. Tradução de Álvaro Luiz Montenegro Valls. 2. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes; São Paulo, SP: Editora Universitária São Francisco, 2010.

KIERKEGAARD, Soren. O Desespero Humano. Col. Os Pensadores. Tradução Carlos Grifo; Maria José Marinho; Adolfo Casais Monteiro. 3 ed. São Paulo: Nova Cultural, 1988.

O Velho e o Mar: o desespero e a angústia de Santiago, segundo Kierkegaard Amélia Jessiely Soares Bento Graduanda em Letras pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) Bananeiras, PB E-mail: ameliajessiely@gmail.com BENTO, A.J.S. O Velho e o Mar: o desespero e a angústia de Santiago, segundo Kierkegaard. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 53-61, out.nov., 2014.

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O DESPERTAR DA COMUNICAÇÃO HUMANA: um estudo antropológico e linguístico sobre a origem da fala THE AWAKENING OF HUMAN COMMUNICATION: AN ANTHROPOLOGICAL AND LINGUISTIC STUDY OF THE ORIGIN OF SPEECH

Giovani de Arruda Campos Graduado em Comunicação Social, Especialista e MBA em Marketing. Mestre em Comunicação e Cultura. Professor Adjunto e Coordenador dos Cursos de Comunicação Digital da Universidade Paulista (UNIP), Unidade Sorocaba Sorocaba, SP E-mail: giovaniunipfoto@hotmail.com CAMPOS, G. de A. O despertar da comunicação humana: um estudo antropológico e linguístico sobre a origem da fala. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 62-xx, out.-nov., 2014. RESUMO Este estudo tem como objetivo pensar a origem da fala e seus desdobramentos até a emergência da linguagem. A partir de estudos arqueológicos, antropológicos, linguísticos e outros, esta pesquisa traz à tona analise da estrutura anatômica necessária para produção da fala, as passagens evolutivas que desencadearam tais especializações, os períodos e provável localização de tal emergência, bem como sua influência no desenvolvimento de cultura oral, no

surgimento de protolínguas e suas ramificações. Estudo interdisciplinar cujo propósito é se aproximar as questões elementares da comunicação oral, preenchendo lacunas históricas e conceituais, oferecendo novas teorias e bibliografias sobre o tema em questão e, com isso, contribuir para o desenvolvimento epistemológico do campo da Comunicação, mais especificamente, as disciplinas Teorias e História da Comunicação.

Palavras-chave: Comunicação. Fala. Origem da Fala. Protolínguas. Linguagem. ABSTRACT This study aims to reflect the origin of speech and its aftermath until the emergence of language. From archaeological, anthropological, linguistic and other, this research brings up analysis of anatomical structures necessary for speech production, the evolutionary passages that led to such specializations, periods and probable location of such

emergencies and their influence on development oral culture, the emergence of proto languages and its ramifications. Interdisciplinary study whose purpose is to approach the elementary questions of oral communication, filling historical and conceptual gaps, offering new theories and bibliographies on the subject in question and, thus, contribute to the epistemological

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development of the field of communication, more specifically, the disciplines theories

and History of Communication.

Keywords: Communication. Speech. Origin of Speech. Proto Languages. Language.

1. INTRODUÇÃO A palavra a ser dita, a palavra a ser escutada, a palavra em busca de sua legitimação, a palavra que se prolifera. Vera Veiga França

N

as últimas décadas, a descoberta de novos sítios arqueológicos e consequente ampliação do conhecimento da filogenia humana, provocou revisões e releituras sobre as origens da fala. Análises de artefatos

encontrados na Europa e na África revelaram evidências de embrião social sugerindo a presença de linguagem articulada há pelo menos 70 mil anos.

E, embora essas descobertas sejam oriundas de estudos paleontológicos, antropológicos e áreas correlatas, tais revelações podem contribuir para o campo da Comunicação, preenchendo lacunas epistemológicas sobre a origem histórica da comunicação humana e outros paradigmas facilmente encontrados em estudos do campo.

A comunicação humana tem um começo bastante nebuloso. Realmente não sabemos como foi que os homens primitivos começaram a se comunicar entre si, se por gritos ou grunhidos, como fazem os animais, ou se por gestos, ou ainda por combinações de gritos, grunhidos e gestos” (BORDENAVE, 2006, p. 23).

Em outro exemplo, Perles observa que esses processos comunicativos emergiram “há tanto tempo que quase nunca são mencionados ou percebidos pelo homem, mas os seus traços se conservam e, vez ou outra, se fazem presentes nos gestos, expressões e ruídos que emitimos” (PERLES, 2007, p. 5). Porém, embora as questões levantadas pelos teóricos acima sejam suficientes para legitimar esse trabalho, um estudo sobre a origem da fala, pode contribuir também ao gerar subsídios essenciais para compreensão de outras comunicações, pois, como observou Bordenave, há pouco consenso sobre o assunto,

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Os primeiros sons usados para criar uma linguagem eram imitações dos sons da natureza: o cantar do pássaro, o latido do cachorro, a queda d’água, o trovão. Outros afirmavam que os sons humanos vinham das exclamações espontâneas como o “ai” da pessoas ferida, o “ah” de admiração, o “grrr” da fúria. (Ibidem, 2006, p. 24).

Nesse sentido, tais ideias servem de ponto de partida para pesquisas sobre o momento em que essa capacidade de comunicação surge na história do homem, em que condições físicas e ambientais, e ainda em que local/região se deu seu surgimento. Sabe-se que a Comunicação “não foi inventada pela imprensa, pela TV, pela Internet. A modernidade não descobriu a comunicação”, pois, “os homens sempre se comunicaram, aquilo que podemos intuir como o embrião da vida social” (FRANÇA, 2007, p. 41). No entanto, são necessários mais esclarecimentos sobre esse despertar. Por isso, pensar as questões envolvidas nesse processo comunicativo, elementar na vida do homem, pode enriquecer o arcabouço cultural do estudante de comunicação ao intercambiar conceitos e teorias de outras ciências, como a Paleontologia, Antropologia, Arqueologia, Linguística etc., áreas fronteiriças aos estudos da Comunicação, especificamente, as disciplinas História da Comunicação, Comunicação Aplicada, Semiótica e Teorias da Comunicação.

Estudo que se inicia através de uma análise da anatomia envolvida na produção da fala, isto é, os principais órgãos e sistemas que compõem essa estrutura que, no decorrer da evolução humana, se especializaram e permitiram a fala articulada. Síntese que remonta processos seletivos, em primatas que viveram há pelo menos 1,8 milhões de anos que por sua vez, resultou na emergência do Homo Sapiens. Em seguida, a apresentação dos mais recentes estudos que buscam uma provável localização espacial dessa capacidade, seus desdobramentos na cultura do período e a influência de tal emergência no desenvolvimento de protolínguas, que por sua vez, propiciaram o aparecimento de diversas línguas faladas que se espalharam por todos os continentes.

Salientamos que esse trabalho não tem a pretensão, nem condições de encerrar o assunto, ao contrário, a partir dessas perspectivas, espera-se abrir caminho para outros estudos, provocando o debate construtivo e, sobretudo, contribuindo para construção do campo da Comunicação.

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2. ANTROPOLOGIA DA FALA ARTICULADA

A

s questões que envolveram a origem da fala são fascinantes, pois, remetem a um processo que se deu há milhares de anos. Como únicos representantes dessa capacidade, entender como esse processo se deu é, de certa forma,

entender como nos tornamos humanos. Entendimento que continua em aberto, desafiando pesquisadores de diversos campos científicos à encontrar o “elo” perdido sobre a origem da fala.

Ciências como a Arqueologia, a Paleontologia, a Neurolinguística, a Antropologia, entre outras áreas que, através de teorias e metodologias específicas, buscam evidências e explicações sobre os processos evolutivos que diferenciaram o os homem de todas as outras espécies da natureza, neste caso, as especializações que permitiram a fala. Especializações que se iniciam há milhões de anos, conforme relata FERREIRA et. al. (2000):

O modo de comunicação entre os animais seja sob a forma sonora, olfativa ou visual, dentre outras, é um fenômeno dos mais primitivos nas espécies e fator básico para adaptação e sobrevivência destas. (...) Desenvolvida inicialmente para o contato entre semelhantes, e, em seguida, com outros seres que coabitam num mesmo espaço físico, ela se mostra como um fenômeno adaptativo fundamental à vida animal e em constante processo de aprimoramento (FERREIRA, et. al., 2000, p. 189).

Segundo os estudos de Ferreira et. al.(Ibidem), nos ancestrais do homem, a comunicação tinha como funções a sobrevivência e a reprodução, assim como encontramos em primatas e em outros mamíferos, onde os processos comunicativos são utilizados como alerta de perigo, de aproximação de possíveis predadores, ou para “rituais” de acasalamento nos períodos de reprodução. Porém, esses processos primitivos, de alguma forma contribuíram para origem da fala. O desenvolvimento de múltiplos processos gestuais, faciais e sonoroverbais, acompanhados de especializações hemisféricas elaboradas, já claramente presentes nos primatas inferiores”, proporcionaram, ao longo da evolução, o surgimento da linguagem humana nos padrões que conhecemos e utilizamos atualmente (FERREIRA, et. al., 2000, p. 189).

Processos gestuais presente nos primatas que viviam nas copas das árvores, onde a utilização das mãos era fundamental para alimentação, na apreensão de frutos nesse ambiente arbóreo, que também lhes servia de camuflagem contra possíveis

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predadores. Porém, o uso das mãos como “atividade exploratória”, permitira que “ao longo da evolução, ganhos funcionais que influenciarão de forma marcante na gênese da linguagem. (FERREIRA, et. al., 2000, p. 190), neste caso podemos relacionar esses ganhos aos gestos, que compõem a fala humana, isto é, “o gesto é anterior à palavra. Dedos e braços falaram milênios antes da voz” (CÂMARA CASCUDO, 1987).

Nesse sentido, a evolução de funções específicas de organismos complexos não se dá de forma linear e diretamente no(s) órgão(s), sistema(s) ou aparelho(s) envolvido no processo em si, ao contrário, partes até então sem relação nenhuma com a função analisada, influenciaram de forma decisiva no seu desenvolvimento, como a nova função das mãos que se dá nos Australopithecus Africanus, mas que influenciaria de forma decisiva as estruturas envolvidas na fala articulada que emergira no Homo Sapiens. A ilustração a seguir mostra relação evolutiva do Australopithecus com o Homo Sapiens.

Fig. 1: Adaptado de (FERREIRA, et. al., 1999, p. 191)

Outro exemplo desse modus operandis da natureza, foi a passagem da vida arbórea para vida terrestre, pois ao ficar em pé, aproximadamente em 1,8 milhões de anos atrás o Homos Erectus, sobre duas pernas, em vez de sobre quatro,(...) se libertaram da necessidade de respirar em sincronia com o passo, limitação a que estão sujeitos vários outros animais, como os cães e os cavalos. Depois de libertados, os pulmões de nossos antepassados bípedes puderam modular a respiração de forma sutil, o que talvez tenha contribuído para a evolução da fala. A ligação entre o andar ereto e a fala é um dos muitos vívidos exemplos da enigmática evolução de nossos corpos (STANFORD, 2004, p. 14).

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Nesse sentido, a postura vertical do Homos Erectus permitiu também a independência do aparelho respiratório, que por sua vez influenciou maior controle da respiração, que futuramente seria essencial para capacidade do Homo Sapiens emitir sons modulados. Costa salienta que a posição “ereta vertical iria permitir ao homem a estilização das linguagens gestual, tátil e hormonal em modalidades artísticas”. (COSTA, 1999, p. 148).

Resumindo, com maior independência das mãos e do sistema respiratório de suas funções primeiras, esse indivíduo daria seus primeiros passos para o desenvolvimento de uma expressividade, isto é, mímicas animalescas, gestos rudimentares conforme ilustra Machado - “os homens das cavernas, com seu cérebro rudimentar, devia se comunicar através de gestos, posturas, gritos e grunhidos, assim como os demais animais não dotados da capacidade de expressão mais refinada.” (MACHADO, 2013). Encontramos uma boa ilustração cinematográfica dessas perspectivas em 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), onde Stanley Kubrick e Arthur C. Clark, logo no início do filme retratam um ambiente estéreo, onde hominídeos, através de gestos, grunhidos, sons desarticulados de forma animalesca tentam entender o mundo adverso ao seu redor. (KUBRICK; CLARK, In: SCHETTINO, 2006).

No entanto, tão importante quanto à independência das mãos, da conquista da posição ereta, foi desenvolvimento do aparelho auditivo no contexto da linguagem. Segundo Costa, no que tange a evolução dos órgãos envolvidos na fala, “fomos brindados com um aparelho específico e altamente especializado.” (COSTA, 1999, p. 148). Em seus estudos, Costa observou que a capacidade de ouvir fora mais importante que a fala nos primórdios do homem, pois, sua função estaria estreitamente associada à sobrevivência em ambiente primitivo. Por outro lado, o aparelho fonador se deu de forma completamente diferente, isto é, sua existência, desde o início, dependeu do desenvolvimento e interação de diferentes sistemas, órgãos e aparelhos do corpo humano. Nesse sentido, o aparelho fonador, na escala evolutiva se desenvolveu mais recentemente que o aparelho auditivo. A verdade, como resume Costa “a audição veio primeiro e foi seguida pelas inflexões musicais da fonação, até que finalmente o ser humano inventasse a linguagem”. (Ibidem)

No entanto, a anatomia da fala ainda não estava pronta, outra estrutura fundamental para fala estaria se especializando. Trata-se da cavidade bucal, ou conforme define Costa, “sistema articulador onde o som fundamental é decomposto em sons de fala

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(fonemas) através do mecanismo de articulação no qual tomam parte os lábios, dentes, língua, palatos duro e mole, mandíbula e a própria laringe”. (COSTA, 1999, p. 149). A figura a seguir ilustra essa evolução ao comparar os cranianos e o aparelho fonador do Homo Erectus, Homo Nieanderthalensis e Homo Sapiens:

Fig. 2: Adaptado de (TATTERSALL, 2007, p. 74)

Segundo Tattersall (TATTERSALL, 2006, p. 74), mínimas diferenças anatômicas e estruturais permitiram que Homo Sapiens desenvolvesse gama completa de sons exigidos na fala articulada. No entanto, mesmo com a estrutura pronta para fonação há milhares de anos, os Homo Sapiens não a desenvolveu de imediato. Faltava ainda o desenvolvimento de um órgão capaz de gerenciar sistemas, órgãos e estruturas envolvidas no processo da fala. Que fosse capaz de produzir pensamentos complexos e relacionar esses pensamentos a fonemas. Estamos falando do cérebro humano, que nesta evolução, “o crescimento das regiões frontais médias, particularmente o das regiões pré-centrais e dos giros frontal médio e inferior, possui importância capital nos mecanismos de expressão da linguagem (FERREIRA, et. al., 1999, p. 193).

Tattersall observou ainda que essa nova espécie possuía modificações neurais que permitira um novo comportamento que “ocorreu na linguagem dando surgimento a uma entidade nova e simbolicamente expressiva.” (TATTERSALL, 2006, p. 71). Segundo Costa, Dentre todas as espécies animais, é no ser humano que esta função atinge o seu “estado da arte” particularmente graças a um cérebro extremamente bem desenvolvido. Em nenhuma outra espécie as informações recebidas ou repassadas recebem um tratamento tão especial e diferenciado como no homem (COSTA, 1999, p. 155).

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Costa estima que esse novo comportamento se deu “em algum momento há cerca de 60 mil e 50 mil anos” (COSTA, 1999, p. 155), quando o homem teria conquistado seu cérebro sofisticado, ou seja, “sistema nervoso que permite a codificação (transmissão organizada) e a decodificação (tradução dos símbolos recebidos em informação) das nossas mensagens acústicas.” (Ibidem, 1999, p. 149). Mudança, que segundo Klein, capacitaria o homem a “se adaptar ao ambiente, não pela anatomia ou fisiologia, mas pela cultura. (KLEIN, 2004, p. 20). Recentes estudos redefinem o espaço geográfico de sua emergência. Atkinson, propõem um “único "eureca" linguístico há uns 70 mil anos na África, que teria, inclusive, uma associação com os primeiros indícios de arte e adornos corporais, também datados dessa época. Segundo essa visão, a linguagem complexa teria sido uma das ferramentas centrais para que a humanidade moderna avançassem pelos continentes e acabasse suplantando, de algum modo, hominídeos como os neandertais da atual Europa (MIRANDA, G. 2011).

Tattersall sugere ainda que esse florescimento tenha surgido, primeiramente, em crianças em contexto lúdico, onde “uma pré-linguagem como essa pode ter envolvido palavras – sons – mantidas juntas com significado aditivo. É difícil imaginar que, uma vez feita essa invenção, a sociedade como um todo não fosse adotá-la em algum momento.” (TATTERSALL, 2006, p. 74). Nesse mesmo estudo, justificando sua teoria, Tattersall relata que, em uma ilha japonesa, macacos que viviam na praia foram alimentados por pesquisadores com batata-doce. Essas iguarias ficavam cobertas de areia e logo os jovens macacos começaram a lavá-las para retirar a areia. Levou um tempo para que os adultos aprendessem: primeiros as fêmeas e apenas por ultimo os machos dominantes (TATTERSALL, 2006, p. 74).

Porém, é prematuro afirmar que a fala surgira em crianças, porém, esses estudos ao menos permitem entender as características envolvidas na fala e certa aproximação quanto a localização e período de sua emergência, isto é, em algum lugar da África entre 70 a 50 mil anos atrás. Porém, falta-nos entender ainda, quais foram às primeiras palavras pronunciadas pelo homem? Que nome se deu para esse sistema de palavras? Pesquisadores identificaram essa linguagem primordial? A seguir, apresentaremos subsídios que possibilitem maior aproximação a esse entendimento.

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3. O AMANHECER DA LINGUAGEM

omo delineado anteriormente, a fala é resultado de processos evolutivos, de

C

especializações de sistemas e órgãos, que permitiram seu florescimento há 70 mil anos. Capacidade de comunicação essencial para o desenvolvimento

de uma cultura oral que definiria o futuro da espécie humana em relação a seus oponentes.

Dentre os fatores de tal emergência, a capacidade cognitiva complexa seria o motivo principal para esse afloramento, pois a fala articulada é resultado de uma sapiência, sem precedentes, em relacionar sons com objetos (animais, ambientes, artefatos), classificando esses objetos e seres através de fonemas, que permitiram o desenvolvimento de palavras, que por sua vez resultaram linguagem. Aldo Bizzocchi(2010), em seu estudo sobre a origem da linguagem, explica essa diferença entre os Neandertais e o Homo Sapiens, Até onde se sabe, os neandertais que habitavam o Hemisfério Norte quando o Homo sapiens lá chegou também não conheciam a linguagem articulada. Por isso, o máximo que um neandertal conseguia dizer aos companheiros era alguma coisa do tipo: “mamute morto, tigre” (apontando para o norte), “fruta” (apontando para o oeste). Já o Homo sapiens era capaz de, na mesma situação, dizer algo como: “Há um mamute morto lá ao norte, mas ontem havia tigres na vizinhança, de modo que, se formos até lá e eles ainda estiverem no local, devemos estar prontos para nos deslocar para o oeste, onde há muitas frutas boas e pouco perigo”. Portanto, a vantagem evolutiva que a linguagem articulada nos proporcionou é evidente – caso contrário, ainda haveria neandertais sobre a Terra! (BIZZOCCHI, 2010, p. 50).

Estudos recentes pressupõem seu acontecimento há 50 mil anos, quando abrupta mudança de comportamento do homem é observada nas sofisticadas ferramentas, pinturas, esculturas e gravuras encontradas por pesquisadores, que por sua vez relacionaram tais artefatos à esse período. Segundo Murray Gell-Mann e Merritt Ruhlenb, A causa dessa mudança brusca foi atribuída ao aparecimento da linguagem humana totalmente moderna, e esta é uma conjectura plausível. No que diz respeito à linguagem, Bengtson e Ruhlen apresentaram evidências que sugerem que todos ou quase todos atestada línguas humanas compartilham uma origem comum (GELLMANN, RUHLEN, 2011, p. 01).

Linguagem moderna que teria ampliado as possibilidades de transmissão de valores, tradições, conhecimentos etc., isto é, do desenvolvimento de uma cultura simbólica.

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Porém, era preciso organizar esse conhecimento oral para que este fosse transmitido para outras gerações, o que se presume, teria influenciado o desenvolvimento de linguagem mais sofisticada. Linguistas e arqueólogos falam de uma protolíngua que seria a mãe de todas as línguas, inclusive de outras protolínguas.

Porém, se todas as línguas descendem de uma mesma língua original, é lógico pensar que esta deve ter surgido em um mesmo lugar. Sobre isso, Heronides Moura e Morgana Cambrussi explicam que, se todas as línguas descendem de proto línguas específicas e já extintas, é possível supor que todas essas proto línguas descendam de uma única língua-mãe, a língua-mãe de todas as línguas? Em tese, sim, pois se supõe que o homo sapiens desenvolveu a linguagem em algum ponto do território da África, mas isso aconteceu dezenas de milhares de anos atrás, de modo que é muito difícil dizer como seria essa língua original (MOURA; MORGANA, 2008, p. 23).

Segundo Atkinson (2011) essa ebulição linguística teria sua origem, mais precisamente, no centro-sul da África, onde em seus estudos fora possível encontrar a maior quantidade de fonemas, fator determinante para se definir a riqueza de uma língua, conforme explica a seguir, ""a menor unidade sonora, que permite a diferenciação entre as palavras"" altera-se conforme a localização geográfica. A maior quantidade de fonemas se concentra no seria o "marco zero" das línguas, o centro-sul da África. Conforme os idiomas vão se afastando dessa aparente fonte comum, eles vão ficando empobrecidos em fonemas - com menos tipos de vogais, consoantes e tons (variantes "musicais" das sílabas, comuns em línguas como o chinês, por exemplo) (MIRANDA apud ATKINSON, 2011).

A hipótese de Atkinson, que relaciona a quantidade fonemas à originalidade da língua, permitiu, através de pesquisa com mais de 500 línguas no mundo inteiro, definir o seguinte mapa linguístico:

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Fig 3: Infográfico Fonemas, Fonte: <http://www1.folha.uol.com.br>

Nesse sentido, a pesquisa de Atkinson(2011) revela que quanto maior a quantidade de fonemas mais rica seria essa língua, e onde se encontram as línguas com maior quantidade de fonemas seria no continente Africano, berço da humanidade. Nesse sentido, a medida que se afastava do local de origem, o homem, além de se adaptar a novas realidades ambientais e climáticas, também adaptava a sua linguagem. Distanciamento que no decorrer dos milhares de anos, provocaria diferenças fonéticas a ponto de as línguas ficarem irreconhecíveis. Eis a razão pela qual as línguas se diversificam: as migrações humanas. Quando membros de um agrupamento humano, que inicialmente falam uma mesma língua, deslocam-se para uma região distante, ao longo do tempo, introduzem mudanças inconscientes na sua língua de origem, ao ponto de criarem línguas bem distintas, como são o grego e o sânscrito. (MOURA; MORGANA, 2008, p. 22)

Quentin Atkinson(2011) estimou ainda que há 09 mil anos, uma protolíngua emerge onde hoje é localizada a Turquia. Trata-se da protolíngua indo-europeia, língua mãe da família que leva seu nome e que é responsável por diversas línguas faladas no mundo. Primeiramente, se ramificando pela Europa, Ásia e África, e posteriormente, devido à expansão de povos antigos (e não tão antigos assim) conquistaram outros continentes como o Americano, a Oceania, novamente a África etc. A ilustração a seguir delineia graficamente o tronco indo-europeu e suas ramificações.

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Fig. 4: Tronco Indo-europeu, Fonte: <http://www.ime.usp.br>

Estudos linguísticos revelam o surgimento de outras protolínguas em períodos ainda não revelados, tais como, a protolíngua afro-asiática que pode preencher esse hiato entre o surgimento da linguagem e as previsões de Atkinson(2011), pois se a linguagem emerge no centro sul Africano, há 50 mil anos, como a primeira protolíngua (indo-europeia) emergira há 09 mil anos na Eurásia? Além disso, outros estudos estimam períodos diferentes, conforme observa Baima, Enquanto alguns defendem que ele surgiu há 9 mil anos com os primeiros agricultores na região da Anatólia, hoje Turquia, outros acreditam que ele é originário de tribos de pastores nômades que viveram nas estepes ao Norte do Mar Negro cerca de 5 mil anos atrás. (BAIMA, 2012).

Segundo os arqueólogos Vitor Mair e David Anthony, a falta de evidências arqueológicas é grande calcanhar de Aquiles da pesquisa de Atkinson, ao contrário da hipótese dos nômades das estepes asiáticas que “é apoiada por diversos achados, como locais de sepultamento, que podem ser datados de forma confiável” (MAIR; ANTHONY apud BAIMA, 2012).

Todavia, o estudo de Atkinson(2011) tem seu valor ao oferecer uma nova abordagem sobre o assunto, novas ferramentas para pesquisadores que buscam a origem da linguagem em seus estudos, e ainda, devido a grande repercussão de sua teoria, círculos acadêmicos de diversas partes do mundo, retomam seus estudos sobre esse tema tão relevante para ciência que investiga o comportamento humano.

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4. CONSIDERAÇÕES FINAIS

P

ensar a comunicação oral, e seus desdobramentos desde sua emergência é pensar sobre a origem da própria espécie humana. A premissa de que o homem é um ser da comunicação se confirma nesse estudo, pois, foi a partir

da linguagem articulada que se diferenciou dos outros animais da natureza. Especialização que percorreu longo período evolutivo resultando em estrutura capaz de simbolizar e relacionar objetos (coisas) em pensamentos abstratos, relacionandoos a sons que permitiram a fala articulada.

Estudo que propiciou entendimentos sobre a complexa anatomia existente por de traz do ato da fala, isto é, a estrutura biológica necessária, composta por órgãos e sistemas que permitem o homem pronunciar sons modulados. Além disso, essa pesquisa permitiu aproximação do lugar e do período da emergência desse comportamento, isto é, em algum ponto no centro-sul da África entre 70 à 50 mil anos atrás.

Processo comunicativo que se aprimorou e permitiu o surgimento de embriões sociais que se organizaram em torno de linguagem comum. Grupo de indivíduos que se expandiram, migraram e consigo levaram sua cultura, incluindo a linguagem que continuou se modificando, se legitimando, propiciando o surgimento de outras protolínguas, entre elas a indo-europeia que emergira há 09 mil anos, na Eurásia, atual Turquia e se ramificou em centenas de outras línguas, muitas delas faladas na atualidade. Linguagem que despertou há milhares de anos, supostamente em uma criança, que ressurge e se pronuncia, todos os dias, em nossas palavras, em nossas falas.

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SCHETTINO, Paulo B. C. Teorias da Comunicação: um método - As teorias da comunicação mediadas pelo cinema. São Paulo: Portal Intercom, 2006. Disponível em: <http://www.intercom.org.br/papers/naciona is/2006/resumos/R0807-1.pdf>. Acesso em 04 jul. 2011.

HOHLFELDT, A.; MARTINO, L. C.; FRANÇA, V. V. Teorias da Comunicação: conceitos, escolas e tendências. 7 Ed. Rio de Janeiro: Vozes, 2007. KAJI-MARKENFELDT, A. R., “A Transformação do Macaco em Homem”: O processo de hominização através da linguagem e do trabalho. 2006. 190 p. Dissertação (Mestrado em Psicologia) – Universidade de Brasília, Brasília, 2006. Disponível em: <http://repositorio.unb.br/bitstream/10482/2 466/1/Alessandra%20Ribeiro%20KajiMarkenfeldt_A%20transforma%C3%A7%C 3%A3o%20do%20macaco%20em%20hom em.pdf>. Acesso em 23 nov. 2013.

STANFORD, CRAIG. Como nos tornamos humanos: um estudo da evolução da espécie humana. Rio de Jnaeiro: Ed. Campus, 2004. TATTERSALL, I. Como nos tornamos humanos. Scientific American Brazil, [S.l.], n. 17, [2001]. Disponível em: <http://www.4shared.com/office/jqKM1geJ/ Como_nos_tornamos_humanos__Ia.html>. Acesso em 26 dez. 2013. .

KUPER, Adam. Cultura: A Visão dos Antropólogos. EDUSC. Bauru. 2002

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OBSERVAÇÃO Este trabalho foi apresentado no Grupo de Trabalho Teorias da Comunicação, 4ª Conferência ICA América Latina, Universidade de Brasília, 26 a 28 de março de 2014.

O despertar da comunicação humana: um estudo antropológico e linguístico sobre a origem da fala Giovani de Arruda Campos Graduado em Comunicação Social, Especialista e MBA em Marketing. Mestre em Comunicação e Cultura. Professor Adjunto e Coordenador dos Cursos de Comunicação Digital da Universidade Paulista (UNIP), Unidade Sorocaba Sorocaba, SP E-mail: giovaniunipfoto@hotmail.com CAMPOS, G. de A. O despertar da comunicação humana: um estudo antropológico e linguístico sobre a origem da fala. Revista Espaço Científico Livre, Duque de Caxias, n. 22, p. 62-76, out.-nov., 2014.

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE

II CONFERÊNCIA INTERNACIONAL DE PESQUISA EM RECURSOS HUMANOS EM ENFERMAGEM E EM SAÚDE De 20 a 22 de outubro de 2014. Local: São Paulo, SP. Saiba mais em: http://www.ee.usp.br/site/index.php/eventos/mostrar/1649

XII JORNADA ACADÊMICA DE ODONTOLOGIA De 23 a 25 de outubro de 2014. Local: Teresina, PI. Saiba mais em: http://www.jaoufpi.com.br

MESTRADO E DOUTORADO EM BIOÉTICA/UNB Inscrições até 24 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.unb.br/posgraduacao/stricto_sensu/editais/12015/edital_bioetica_md_1201 5.pdf

DOUTORADO EM FISIOTERAPIA/UFSCAR Inscrições até 27 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ppgft.ufscar.br/processo-seletivo

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MESTRADO EM ENFERMAGEM/UFAL Inscrições até 30 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-nutricao-processo-seletivo-2015-1

MESTRADO E DOUTORADO EM BIOLOGIA CELULAR E ESTRUTURAL/UVF Inscrições até 30 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufv.br/dbg/biocel/

IV CONGRESSO DE FARMÁCIA HOSPITALAR EM ONCOLOGIA DO INCA De 30 de outubro a 1º de novembro de 2014. Rio de Janeiro, RJ. Saiba mais em: http://www.regencyeventos.com.br/evento/index.php?cod_eventos=49&cod_conteudos =311

MESTRADO E DOUTORADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE/UFAL Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-doutorado-em-ciencias-da-saude

MESTRADO E DOUTORADO EM BOTÂNICA/UFV Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.posbotanica.ufv.br/?informativo=programa-de-posgraduacao-em-botanica-divulga-edital-do-processo-seletivo-i2015

III CONGRESSO BRASILEIRO DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA DO INCA / VI JORNADA INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA / V JORNADA LUSOBRASILEIRA EM NUTRIÇÃO ONCOLÓGICA De 31 de outubro a 1º de novembro de 2014. Local: Salvador, BA. Saiba mais em: http://www.abmeventos.org.br/evento/iii-congresso-brasileiro-denutricao-oncologica-do-inca/index.cfm

MESTRADO E DOUTORADO EM MEDICINA TOPICAL/FIOCRUZ Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://portal.fiocruz.br/pt-br/content/medicina-tropical-divulga-chamadade-selecao-para-mestrado-e-doutorado-2015

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MESTRADO EM ENSINO NA SAÚDE/UFAL Inscrições até 03 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-ensino-na-saude-1

MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE/UFMT Inscrições de 03 a 11 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufmt.br/ufmt/site/editais/detalhes/721/9/Cuiaba

1º CONGRESSO BRASILEIRO DE PROMOÇÃO DA SAÚDE De 04 a 07 de novembro de 2014. Local: Maringá, PR. Saiba mais em: http://www.cbips.com.br/pt/

MESTRADO E DOUTORADO EM ENFERMAGEM/UFRJ Inscrições até 05 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.eean.ufrj.br

MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS/UFAL Inscrições até 05 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-ciencias-farmaceuticas-1

SEMINÁRIO INTERNACIONAL: SEGURANÇA DO PACIENTE E TRABALHO DE ENFERMAGEM Em 06 e 07 de novembro de 2014. Local: São Paulo, SP. Saiba mais em: http://www.ceapee.com.br/index.php/eventos/19-inscrabertas

DOUTORADO EM CIÊNCIAS AMBIENTAIS/UNESC Inscrições até 07 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unesc.net/portal/capa/index/231/0/0/componente/processo/ver/1/111/2015/ 1

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1ª JORNADA DE FÍSICA MÉDICA E DO PROGRAMA DE RESIDÊNCIA EM FÍSICA MÉDICA DO INCA Em 07 e 08 de novembro de 2014. Local: Rio de Janeiro, RJ. Saiba mais em: https://inscricaoonline.inca.gov.br/ie_eventos/eventos_hotsite.asp?id=1843&ID_IDIOM A=1

CONGRESSO INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA SIMPÓSIO NACIONAL DE NUTRIÇÃO CLÍNICA Em 07 e 08 de novembro de 2014. Local: Rio de Janeiro, RJ. Saiba mais em: http://www.expohealth.com.br/

MESTRADO EM PROMOÇÃO DA SAÚDE/UNISC Inscrições até 13 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

MESTRADO EM BIOLOGIA DE FUNGOS, ALGAS E PLANTAS/UFSC Inscrições até 14 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://ppgfap.posgrad.ufsc.br/editais-e-processo-seletivo/edital-deselecao-de-mestrado-2015/

MESTRADO EM CIÊNCIAS APLICADAS A PRODUTOS PARA SAÚDE/UFF Inscrições até 26 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.farmacia.uff.br/2014-10-07/ppg-caps-divulga-edital-deselecao-para-o-mestrado-2015

DOUTORADO EM BIOLOGIA COMPUTACIONAL E SISTEMAS/FIOCRUZ Inscrições até 30 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://pgbcs.ioc.fiocruz.br/processo-seletivo-em-biologiacomputacional-e-sistemas-doutorado-2014

MESTRADO EM ALIMENTOS E NUTRIÇÃO/UNIRIO Inscrições de 05 a 23 de janeiro de 2015. Saiba mais em: http://www2.unirio.br/unirio/ccbs/ppgan/homologacao-inscricao-edital2o-sem-2013/edital-selecao-2014-1/view

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS EXATAS E DA TERRA

X SIMPÓSIO NACIONAL DE GEOMORFOLOGIA De 18 a 23 de outubro de 2014. Local: Manaus, AM. Saiba mais em: http://www.sinageo.org.br/index2.php

XX CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA QUÍMICA De 19 a 22 de outubro de 2014. Local: Florianópolis, SC. Saiba mais em: http://www.cobeq2014.com.br/

II SEMANA DE ECONOMIA De 20 a 23 de outubro de 2014. Local: Rio Branco, AC. Saiba mais em: http://www.ufac.br/portal/events/ii-semana-de-economia

SIMPÓSIO DE PAISAGISMO De 20 a 24 de outubro de 2014. Local: São Paulo, SP. Saiba mais em: http://www.sp.senac.br/jsp/default.jsp?newsID=DYNAMIC,oracle.br.dataservers.Conte ntEventDataServer18,selectEvent&template=946.dwt&event=2466&utm_source=twitte r&utm_medium=po&utm_campaign=eventos

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VIII SEMANA DE ZOOTECNIA De 20 a 24 de outubro de 2014. Local: Rondonópolis, MT. Saiba mais em: http://www.ufmt.br/ufmt/site/userfiles/eventos/eb74cced66a7dcdc4ea7e78ad4174043.p df

MESTRADO EM SAÚDE COLETIVA/UFMT Inscrições de 20 a 24 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufmt.br/ufmt/site/editais/detalhes/712/9/Cuiaba

SEMINÁRIO OPERAÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR Em 21 de outubro de 2014. Local: Rio Branco, AC. Saiba mais em: http://www.ufac.br/portal/events/seminario-de-comercio-exterior

1º CONGRESSO IBERO-AMERICANO DE SUPERFÍCIE, MATERIAIS E APLICAÇÕES DE VÁCUO De 21 a 24 de outubro de 2014. Local: Natal, RN. Saiba mais em: http://icsmva.org/

11ª SEMANA DO PRODUTOR RURAL DO MEIO NORTE (RURALTEC) De 22 a 24 de outubro de 2014. Local: Teresina, PI. Saiba mais em: http://www.ufpi.br/noticia.php?id=27349

MESTRADO EM CIÊNCIA DOS MATERIAIS/UFSCAR Inscrições até 24 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ppgcm.ufscar.br

I SEMINÁRIO SOBRE PESQUISA, GESTÃO E CONSERVAÇÃO DE RECURSOS HÍDRICOS De 29 a 31 de outubro de 2014. Local: Cuiabá, MT. Saiba mais em: http://isgecorh.wix.com/isemirh

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MESTRADO E DOUTORADO EM ARQUITETURA E URBANISMO/UFAL Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-e-doutorado-em-arquitetura-e-urbanismo-1

MESTRADO EM ECONOMIA/UFMT Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufmt.br/ufmt/site/editais/detalhes/681/9/Cuiaba

MESTRADO E DOUTORADO EM MATEMÁTICA/UFBA Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.pgmat.ufba.br/PG-MAT-UFBA/Bem-vindo/Bem-vindo.html

MESTRADO EM MESTRADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS/UFMG Inscrições até 31 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.cepcon.face.ufmg.br/phocadownload/mestrado/downloads/2014/Edital2015. pdf

ESTUDOS E PESQUISAS EM EDUCAÇÃO E ESPIRITUALIDADE De 03 a 11 de novembro de 2014. Local: Recife, PE. Saiba mais em: http://encontroespiritualidade.wordpress.com/inscricao/

II SEMANA DE ENGENHARIA De 03 a 07 de novembro de 2014. Local: Bacanga, MA. Saiba mais em: http://iisenge.com.br

III FECINAC - FEIRA ESTADUAL DE CIÊNCIAS DA NATUREZA DO ACRE Em 06 e 07 de novembro de 2014. Local: Rio Branco, AC. Saiba mais em: http://www.ufac.br/portal/events/iii-fecinac-feira-estadual-de-cienciasda-natureza-do-acre

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CONGRESSO BRASILEIRO DE ENGENHARIA E CIÊNCIAS DOS MATERIAIS De 09 a 13 de novembro de 2014. Local: Cuiabá, MT. Saiba mais em: http://www.cbecimat.com.br/

MESTRADO EM FÍSICA/UFMT Inscrições de 10 a 14 de novembro de 2014. Saiba mais em: https://sites.google.com/a/fisica.ufmt.br/ppgfisica/inscricao-e-selecao

MESTRADO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL/UNISC Inscrições até 14 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

MESTRADO E DOUTORADO EM DESENVOLVIMENTO REGIONAL/UNISC Inscrições até 20 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

VIII ENCONTRO REGIONAL NORTE DA ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE EDUCAÇÃO MUSICAL (ABEM) De 25 a 27 de novembro de 2014. Local: Rio Branco, AC. Saiba mais em: http://abemeducacaomusical.com.br/regionais/regional_norte_trabalhos.asp

JORNADA DE INFORMÁTICA DO MARANHÃO Em 26 e 27 de novembro de 2014. Local: Bacanga, MA. Saiba mais em: http://nca.ufma.br/~jim2014/

MESTRADO EM FÍSICA/UFRGS Inscrições até 27 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.if.ufrgs.br/posfis/index.php/br/

MESTRADO EM SISTEMAS E PROCESSOS INDUSTRIAIS/UNISC Inscrições até 28 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

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EVENTOS ACADÊMICOS: CIÊNCIAS SOCIAIS E HUMANAS

XX CIENTEC - SEMANA DE CIÊNCIA, TECNOLOGIA E CULTURA "(RE)ENCONTRO DE TODOS NÓS" De 21 a 24 de outubro de 2014. Local: Natal, RN. Saiba mais em: http://www.sistemas.ufrn.br/portal/PT/evento/138645442#.VEAy1PldXgo

MESTRADO EM DIREITO/UFAL Inscrições até 28 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-direito-1

MESTRADO EM SERVIÇO SOCIAL/UFAL Inscrições até 28 de outubro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-em-servico-social-processo-seletivo-2015-1

MESTRADO E DOUTORADO EM LETRAS E LINGUÍSTICA/UFAL Inscrições até 02 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.ufal.edu.br/utilidades/concursos-e-editais/posgraduacao/mestrado-e-doutorado-em-letras-e-linguistica-1

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II COLÓQUIO INTERNACIONAL SOBRE EPISTOLOGRAFIA “Artífices da Correspondência” Em 03 e 04 de novembro de 2014. Local: São Paulo, SP. Saiba mais em: http://www.ieb.usp.br/evento/artifices-da-correspondencia

IX FESTIVAL SHAKESPEARE De 03 a 06 de novembro de 2014. Local: Teresina, PI. Saiba mais em: http://festivalshakespeare2014.wordpress.com/

MESTRADO EM EDUCAÇÃO/UNISC Inscrições até 10 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

XVII ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO De 10 a 14 de novembro de 2014. Local: Fortaleza, CE. Saiba mais em: http://www.uece.br/eventos/xviiendipe/

I COLÓQUIO LUSO-BRASILEIRO DE ESTUDOS CLÁSSICOS: COTIDIANO E SOCIABILIDADES NO IMPÉRIO ROMANO De 11 a 13 de novembro de 2014. Local: Vitória, ES. Saiba mais em: http://www.historia.ufes.br/conteudo/i-col%C3%B3quio-luso-brasileirode-estudos-cl%C3%A1ssicos-%E2%80%93-cotidiano-e-sociabilidades-noimp%C3%A9rio

XVII ENDIPE – ENCONTRO NACIONAL DE DIDÁTICA E PRÁTICA DE ENSINO De 11 a 14 de novembro de 2014. Local: Fortaleza, CE. Saiba mais em: http://endipe.pro.br/site/xvii-endipe2014/

SEMANA ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS De 11 a 14 de novembro de 2014. Local: Teresina, PI. Saiba mais em: http://www.ufpi.br/semanadecs2014

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I ENCONTRO NACIONAL DO GRUPO DE TRABALHO GÊNERO/ANPUH Em 19 e 20 de novembro de 2014. Local: Vitória, ES. Saiba mais em: http://www.legpv.ufes.br/inscri%25C3%25A7%25C3%25B5es

MESTRADO E DOUTORADO EM DIREITO/UNISC Inscrições até 20 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

MESTRADO EM LETRAS/UNISC Inscrições até 21 de novembro de 2014. Saiba mais em: http://www.unisc.br/pg

V ENCONTRO NORTE-NORDESTE DE HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO De 23 a 26 de novembro de 2014. Local: Teresina, PI. Saiba mais em: http://www.ufpi.br/vennhe/

VI ENCONTRO DE EDUCADORES De 25 a 28 de novembro de 2014. Local: Bacanga, MA. Saiba mais em: https://educacao.ufma.br/web/index.php?content=news&selected=132

II JORNADA INTERDISCIPLINAR DE FILOSOFIA De 26 a 28 de novembro de 2014. Local: Pinheiro, MA. Saiba mais em: http://jinterfil.blogspot.com.br/

III SIMPÓSIO FORMAÇÃO DE PROFESSORES E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS 4ª MOSTRA PEDAGÓGICA DO COLÉGIO DE APLICAÇÃO Em 27 e 28 de novembro de 2014. Local: Florianópolis, SC. Saiba mais em: http://simposioformacaoufsc.paginas.ufsc.br

XIV ENCONTRO HUMANÍSTICO De 01 a 05 de dezembro de 2014. Local: São Luís, MA. Saiba mais em: http://www.encontrohumanistico.eventos.dype.com.br/site/capa

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• Título: português e em inglês; • Resumo: máximo de 250 palavras em português e em inglês; • Palavras-chave: português e em inglês; • O(s) autor(es) devem escrever um breve currículo de no máximo 3 linhas; • As referências bibliográficas são obrigatórias e devem seguir as normas da ABNT; • O número total de ilustrações (se houver) não deve exceder seis; • Recomenda-se que o artigo seja estruturado com: introdução, metodologia, resultados, discussão, conclusão e referências; • O artigo deve ser enviado com espaçamento simples entre linhas, Arial 11 e com no máximo de 12 páginas; • Os textos devem ser digitados no programa Word (Microsoft) ou Writer (BrOffice). A Revista Espaço Científico Livre se reserva ao direito de fazer alterações de ordem normativa, ortográfica e gramatical, com vistas a manter o padrão culto da língua, respeitando, porém, o estilo do(s) autor(es) que, por sua vez, recebem informações periódicas a respeito do andamento da avaliação. Observações de envio: 1. Assunto: título abreviado do artigo ou resumo; 2. Corpo da Mensagem: Deve conter o título do artigo ou resumo e nome do autor(es) responsável(is) pela pré-publicação e contatos seguido por uma declaração na qual os autores garantem que: o artigo é original e nunca foi publicado e, caso seja aceito para publicação, que todos os autores tenha participado na construção e elaboração do trabalho. Deve-se afirmar que todos os autores leram e aprovaram a versão que está sendo enviada e que nenhuma informação tenha sido omitida sobre instituições financeiras ou acordos entre os autores e as empresas ou pessoas que possam ter interesse material na matéria tratada no artigo. Agradecimentos às pessoas que fizeram contribuições substanciais para o artigo devem ser citadas. 3. O(s) autor(es) deve(m) solicitar o envio por parte da Revista Espaço Científico Livre da AUTORIZAÇÂO para ser preenchida e enviada para espacocietificolivre@yahoo.com.br BRASIL, N.22, OUT.-NOV., 2014 ISSN 2236-9538/ CNPJ 16.802.945/0001-67



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